monitorização da praga florestal - apfc · conclusões e recomendações o platypus cylindrus é...

Monitorização da

praga florestal

Platypus cylindrus na

Herdade dos Leitões Pedro Pacheco Marques

Fundação João Lopes Fernandes - Herdade dos Leitões

Coruche, 25 Maio 2013

Localização da Herdade dos Leitões

História da Herdade dos Leitões

Cronologia:

1928 – João Lopes Fernandes herda a

Herdade dos Leitões;

1928 a 1940 - Período Cerealífero ;

1941 - 1952 - Período de Adensamento

e Instalação do Povoamento Alinhado;

1953-1975 - Período Vieira Natividade;

1968 – Morte de Joaquim Vieira

Natividade;

1973 – Morte de João Lopes Fernandes;

1974 – Revolução de 25 de Abril;

1975-1983 - Período da Reforma

Agrária;

1983 a 2008 - Recuperação de Gestão

Mais Adequada;

2008-2010 – Preparação para

certificação da gestão florestal;

2010-2013 – Gestão florestal certificada

Área total actual: 740 ha

Área de montado de sobro: 661,74ha

Sobreiros produtivos: 71 sb/ ha

Objectivo estratégico

A Herdade dos Leitões tem como

objectivo a silvo-pastorícia em regime

de produção integrada:

• Aproveitamento agrícola para

produção de pastagens e forragens

• Respeito pela sustentabilidade do

meio

• Manutenção da biodiversidade e o

bem-estar das populações locais.

Inventário de sobreiros mortos em Março

2011

Avaliação de sobreiros mortos ou

decrépitos em Março 2011

Porte Morto % Vivo % TOTAL %

Virgem 135 18,9% 22 12,3% 157 17,6%

Secundeira 61 8,6% 10 5,6% 71 8,0%

Pequeno 124 17,4% 15 8,4% 139 15,6%

Médio 284 39,8% 84 46,9% 368 41,3%

Grande 109 15,3% 48 26,8% 157 17,6%

TOTAL 713 100,0% 179 100,0% 892 100,0%

Evolução da mortalidade (1983-2012)

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

1983 1987 1991 2000 2003 2005 2008 2010 2011 2012

Mo

rtalid

ad

e (

sb

/ha/a

no

)

Ano

Mortalidade na Herdade dos Leitões

Principal agente causal:

Platypus cylindrus em 57% dos sobreiros marcados

Sobreiros com Platypus cylindrus marcados para

abate

Porte Morto % Vivo % TOTAL %

Virgem 14 4,0% 10 6,4% 24 4,7%

Secundeira 27 7,7% 7 4,5% 34 6,7%

Pequeno 56 16,0% 9 5,7% 65 12,8%

Médio 176 50,3% 70 44,6% 246 48,5%

Grande 77 22,0% 61 38,9% 138 27,2%

TOTAL 350 100,0% 157 100,0% 507 100,0%

Sintomatologia da praga

As folhas do sobreiro

tornam-se avermelhadas ou

acastanhadas.

Primeiro, seca uma pernada e

posteriormente as seguintes

até a copa ficar sem folhas

verdes.

As folhas permanecem

aderentes durante uns meses

a um ano caindo

posteriormente;


Existência de pequenos orifícios

circulares de cerca de 2 mm com

serrim de cor alaranjada a

amarelada no lado do tronco e ou

dos ramos que apresentam folhas

secas.

Este fenómeno decorre

normalmente entre a primavera e

o outono;

Na base do troco vê-se muitas

vezes grande quantidade de

serrim fino que se vai acumulando

proveniente dos orifícios do

tronco.


Os ataques manifestam-se em árvores de todas as idades, desde os

sobreiros com cortiça virgem até a árvores maiores, aparentemente sãs

ou debilitadas por desfolhas, doenças ou após o descortiçamento.

Os pequenos cortes do entrecasco que ocorrem durante o

descortiçamento favorecem a entrada do insecto na árvore.

É frequente observarem-se sinais do insecto em árvores moribundas

ou mortas que ainda mantenham um certo grau de humidade, assim

como em ramos ou braças de sobreiros partidos pelo vento.

Os ataques verificam-se em todos os tipos de solo e em todas as

exposições.


A morte da árvore, dependendo do seu vigor e do nível de ataque, ocorre entre 3

a 18 meses após o ataque pelos insectos.


A maioria dos sobreiros atacados tem associado o Carvão do entrecasco,

Hypoxylon mediterraneum

Biologia e ciclo de vida

5,5 mm

O Platypus cylindrus é um insecto da família dos Coleópteros que mede

entre 5 a 8 mm de comprimento.


São insectos Ambrósia que se alimentam de fungos por eles

transportados e que se desenvolvem nas galerias que escavam no tronco

dos sobreiros.


O ciclo de vida, do ovo ao adulto, geralmente dura cerca de 5 meses. Mais

de uma geração insectos pode utilizar um único sistema de galerias,

deslocando-se no seu interior o que contribui para a dispersão dos

esporos dos fungos. Quando as condições no interior do tronco se

alteram, os insectos procuram um novo hospedeiro.


Fonte: INRB


Fonte: INRB

Age

nte

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Larvas

Ovos

Ninfas

Adultos em voo


Um insecto adulto pode viver cerca de 2 anos e cada casal, que só acasala

com um parceiro, pode dar origem a cerca de 500 insectos.


As galerias, onde se desenvolvem os fungos, podem cortar

completamente a seiva da árvores provocando a sua morte.

Monitorização e controlo da praga

Em Maio de 2011 foram instaladas

armadilhas Wita trap bark beetle”,

também designadas por “Slot trap”.

Foram instaladas inicialmente 40

armadilhas distantes cerca de 150

metros e posteriormente mais 30.

Em 2013 foram instaladas mais 30

ficando uma rede de 100

armadilhas.

As armadilhas foram iscadas com

feromona específica para Platypus

cylindrus “Cilindriwit ®”.


As armadilhas foram colocadas suportadas por vergas de ferro ou

presas nas vedações a cerca de 1m – 1,30m de altura.


As feromonas são substâncias

químicas que servem

principalmente para atrair

parceiros sexuais. No caso

específico são atraídas

principalmente as fêmeas de

Platipus cylindrus, numa relação

de 10 fêmeas para 1 macho.

As feromonas têm uma duração

de cerca de 2 meses, perdendo

eficácia ao longo do tempo de

permanência no campo.


Foram realizadas contagens periódicas dos insectos capturados em cada

uma das armadilhas.


As armadilhas foram visitadas regularmente, no máximo de 30 dias em

30 dias, para manutenção.


Foi ainda realizada uma experiência sobre a distância de voo dos

insectos, coordenada pelo INRB, tendo sido capturados, marcados e

libertados novamente, 128 insectos, em dois locais distintos.

Resultados

Apenas foi capturado um dos 128 insectos libertados.

Este insecto percorreu uma distancia de 162 metros.

Foi capturado na armadilha mais próxima do local de libertação.

Há que repetir a experiencia para aferir a metodologia e retirar

conclusões mais sólidas.

Resultados

0,82

80,65

69,67

61,32

10,91

111,42

101,58

45,84

101,74

42,00

144,91

32,65

20,22

16,97

0 0 0 0

16,71

75,62

65,45

22,36

31,18

15,38

2,39 1,57 5,44

20,61

6,39 4,63 0 0,88

y = -0,7605x + 68,625 R² = 0,255

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Captura de Platypus cylindrus da Herdade dos Leitões em 2011-2013 Média Semanal por Armadilha

Média Semanal por Armadilha Linear (Média Semanal por Armadilha)

Resultados

5,36

0,82

80,65

69,67

61,32

10,91

111,42

101,58

45,84

101,74

42,00

144,91

32,65

20,22

16,97

0,00 0,00 0,00 0,00

16,7

75,6

65,4

22,4

31,2

15,4

2,4 1,6 5,4

21,7

6,39 4,63 0,0 0,9

24,93

0

20

40

60

80

100

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140

160

02-M

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08-M

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29-M

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Capturas e Platypus cylindrus entre 2011 e 2013

Média Semanal por Armadilha

ANO 1

ANO 2

Ano 3

Resultados

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

N.º Platypus - Armadilha n.º 70 – Valores absolutos

N.º Platypus

Resultados

Ano 1

N.º Armadilha N.º Capturas Max.

6 3.528 1

33 3462 2

21 3429 3

34 3060 4

13 2809 5

Ano 2

N.º Armadilha N.º Capturas Max.

60 3.509 1

59 2425 2

70 2358 3

6 2138 4

41 1813 5

Capturas de 1 Maio 2011 a 30 Abril 2013

Resultados

Ano 1

N.º Armadilhas N.º Capturas Média

70 107.719 1539

Ano 2


70 53.301 761

Total


70 161.020 2300

Capturas de 1 Maio 2011 a 30 Abril 2013

Resultados

Entre 1 de Maio de 2011 e 30 de

Abril de 2013 foram capturados

161.020 insectos adultos de

Platypus cylindrus:

146.528 fêmeas

14.492 machos

Prole potencial de insectos

capturados:

73.264.100 insectos

Conclusões e recomendações

O Platypus cylindrus é actualmente uma praga florestal que provoca,

de forma rápida, a morte de milhares de sobreiros, tendo

consequências negativas na economia das explorações suberícolas.

A praga provavelmente está disseminada por toda a região, podendo,

com a decrepitude e envelhecimento dos montados atingir

proporções incontroláveis com consequências imprevisíveis.

O abate sanitário dos sobreiros mortos ou atacados com esta praga

é essencial para a manutenção das vitalidade do montado. Há que

sensibilizar os serviços oficiais para a resposta célere aos pedidos de

abates.

É urgente alertar os subericultores para a sua monitorização e

controle, sendo necessário agir o quanto antes, sobre pena de

permitir a delapidação irreversível dos povoamentos de sobreiro da

Região.

Obrigado! Pedro Pacheco Marques

[email protected]

[email protected]

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