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TATIANA COSTA ELIZEU
A EFICÁCIA JURÍDICO-SOCIAL DA LEI 9.261 DE 10 DE JANEIRO DE 1996: UMA JUSTIFICATIVA PARA A
INFORMALIDADE
MONOGRAFIA
Universidade Federal de Viçosa Viçosa-MG
2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS SECRETARIADO EXECUTIVO TRILÍNGUE
A EFICÁCIA JURÍDICO-SOCIAL DA LEI 9.261 DE 10 DE JA NEIRO
DE 1996: UMA JUSTIFICATIVA PARA A INFORMALIDADE
Monografia apresentada ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Viçosa, como exigência da Disciplina SEC 499 - Monografia - e como requisito para a conclusão do curso de Secretariado Executivo Trilíngue, tendo como orientadora a Professora. Débora Menjivar.
TATIANA COSTA ELIZEU
Viçosa-MG Brasil 2009
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A monografia intitulada
A EFICÁCIA JURÍDICO-SOCIAL DA LEI 9.261 DE 10 DE JA NEIRO
DE 1996: UMA JUSTIFICATIVA PARA A INFORMALIDADE
Elaborada por
Tatiana Costa Elizeu
Como exigência da Disciplina SEC-499 – Monografia requisito para
conclusão do Curso de Secretariado Executivo Trilíngue, foi aprovada por
todos os membros da banca examinadora.
Viçosa, 08 de junho de 2009.
______________________
Profa. Débora Menjivar (DPD/UFV)
Orientadora
_______________________
Prof. Odemir Vieira Baêta (DLA/UFV)
________________________
Prof. Fernando Laércio Alves da Silva (DPD/UFV)
Nota:_____
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a Nossa Senhora, por estarem sempre guiando os meus passos e
as minhas decisões, por mais difíceis que elas sejam. Por me deixarem calma e serena nas
horas de ansiedade e por estarem sempre há minha frente, me protegendo de tudo aquilo
que possa vir a me ferir.
Aos meus pais, Nelson e Cidinha, os quais sem, não seria ninguém. Obrigada pela
educação maravilhosa, por me ensinarem os verdadeiros valores que uma pessoa deve
carregar consigo. Obrigada pelo apoio e por não desistirem de mim, mesmo nas horas em
que parecia não ficar claro ao certo as minhas verdadeiras intenções.
Ao meu namorado (e futuro marido) Alex, que incondicionalmente esteve ao meu
lado durante todo este período de graduação. Obrigada pelo carinho em todos os momentos;
pela força, quando pensava em desistir; pelo companheirismo; por me ajudar a levantar
quando precisava de um apoio; por me consolar, quando precisa de um ombro; pelos
ouvidos, quando muitas e muitas vezes precisava desabafar. Obrigada por todo amor que
tem por mim, nosso amor é verdadeiro e não imagino outro futuro sem ser ao seu lado.
A minha orientadora Débora, por me orientar quando estava desorientada, por me
acalmar, sempre dizendo que podíamos terminar o trabalho, por tornar este trabalho o mais
prazeroso possível. Obrigada por ser a pessoa que é.
Ao Luisinho, que me acolheu no momento em que cheguei a esta instituição e
sempre esteve ao meu lado, me aconselhando, me ensinando, me escutando. Você merece o
sucesso em sua vida e com certeza, faz parte da minha história. Serei eternamente grata por
tudo.
As minhas queridas amigas, Beth, Lidiane e Cinthia, que me apoiaram, me
ajudaram, em todos os momentos, mesmo com toda a distância em que algumas se
encontravam.
Ao Departamento de Letras que me ajudou na minha formação profissional, aos
funcionários, por estarem sempre a disposição a ajudar no que fosse necessário.
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Aos professores, que procuravam sempre me ensinar da melhor forma o conteúdo
necessário não apenas da disciplina ministrada, mais também, lições de vida, as quais
levarei comigo para sempre.
A Universidade Federal de Viçosa, por permitir que eu cursasse e concluísse o curso
no qual desejei.
Obrigada a todos, que de uma forma ou de outra, contribuíram para que eu chegasse
a esse momento.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 8
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA.................... ...........................................10 3.OBJETIVOS.....................................................................................................................11
4. METODOLOGIA...........................................................................................................12
4.1 População e amostra....................................................................................................13
4.2 Método e Técnicas de coleta de dados........................................................................13
4.3 Método de análise de dados........................................................................................14
4.4 Limitação dos Métodos de coleta de dados................................................................14
5. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA.....................................................................15
5.1 Aspectos históricos da profissão de secretariado executivo.......................................15
5.1.1 Surgimento da profissão de secretariado executivo e sua regulamentação.........15
5.2 A Profissão de secretariado executivo........................................................................17
5.2.1. As artibuições do secretário executivo pela Lei 9261/96...................................17
5.2.2. As exigências da legislação para o exercício da profissão de Secretariado
Executivo e as conseqüências pelos descumprimentos
5.2.3. Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e Federação Nacional das
Secretárias e Secretários (FENASSEC). ......................................................................21
5.3 Ainformalidade na profissão de secretariado executivo.............................................21
5.3.1 Conceito de informalidade profissional...............................................................21
5.3.2 Constatações sobre a informalidade na profissão de secretariado.......................23
5.4 A Eficácia jurídico-social da norma jurídica..............................................................27
5.4.1 Conceito de norma jurídica..................................................................................27
5.4.2. Eficácia formal da norma jurídica.......................................................................28
5.4.3. Eficácia social da norma jurídica........................................................................30
5.5 A Eficácia jurídico-social da lei 9261 de 10 de janeiro de 1996.................................33
5.5.1 A Eficácia jurídica da lei 9261/96........................................................................33
5.5.2 A Eficácia social da lei 9261/96. Justificando a informalidade.........................33
6.CONCLUSÃO..................................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................39
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APÊNDICE01.....................................................................................................................41
APÊNDICE 02....................................................................................................................42
ANEXO : Lei 9.261/96 de 10 de janeiro de 1996, que regulamenta a profissão de
Secretariado Executivo..........................................................................................................43
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RESUMO
ELIZEU, Tatiana Costa. MENJIVAR, Débora Fernandes Pessoa Madeira. A Eficácia jurídico-social da lei 9.261 de 10 de janeiro de 1996: Uma justificativa para a informalidade. 32 pág. Monografia (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue) Viçosa: UFV/DLA, 2009. Esta pesquisa foi escrita com a finalidade de analisar a eficácia jurídico-social da lei 9.261 de 10 de janeiro de 1996, verificando se ela atinge os objetivos pelos quais foi proposta, podendo justificar através desta análise, a informalidade na profissão de secretariado executivo. Foi feita uma pesquisa bibliográfica acerca do tema sobre o histórico da profissão, a legislação que a regulamenta, conceito de informalidade e sua atuação na profissão e conceito de eficácia jurídica e eficácia social. Em seguida, foram feitas entrevistas em empresas nas cidades de Belo Horizonte e Viçosa, no estado de Minas Gerais, através de questionários semi-estruturados. É uma pesquisa de caráter exploratório, descritiva e qualitativa e possui uma abordagem hipotética dedutiva. Com a bibliografia analisada, pode-se concluir que a lei 9261/96, que regulamenta a profissão de secretariado executivo, alcançou sua eficácia jurídica a partir da data que a lei entrou em vigor, contudo, ela ainda não possuiu uma total eficácia social, devido a falta de informação por parte das empresas e, algumas vezes, dos próprios profissionais. Foi observado que as secretárias formadas em secretariado executivo, possuem um maior conhecimento acerca da lei do que as profissionais não graduadas e , mesmo exercendo na maioria das vezes a mesma função, as secretárias executivas não-formadas, admitem que o curso de secretariado executivo poderia trazer um maior nível de conhecimento para atuar na função.
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1. INTRODUÇÃO
A profissão de Secretariado Executivo vem crescendo e conquistando o seu espaço
a cada dia.
Segundo a Lei 9.261 de 10 de janeiro de 1996 – Lei 9261/96 -, criada com o
objetivo de minimizar a informalidade na profissão, são atribuições do Secretario
Executivo, planejar, organizar e direcionar os serviços de secretaria; oferecer assistência e
assessoramento direto a executivos; coletar informações para a consecução de objetivos e
metas da empresa; redigir textos profissionais especializados, incluindo em idioma
estrangeiro; interpretar e sintetizar dados extraídos de documentos; taquigrafar ditados,
discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em idioma estrangeiro; ser apta
a ler, escrever e traduzir em idioma estrangeiro, afim de atender às necessidades de
comunicação da empresa; registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas;
capacidade de orientação e avaliação e seleção da correspondência para fins de
encaminhamento a chefia e conhecimentos protocolares.
Contudo, segundo Salles 2004, as empresas passaram a exigir mais do profissional
em Secretariado Executivo, fazendo dele uma peça estratégica dentro da organização. O
profissional precisa ter competência para promover e participar do processo de gestão e
desenvolvimento tanto das empresas privadas, quanto das públicas, atingindo assim, as
metas de produtividade e qualidade almejadas pelas empresas.
Com isso, o profissional de Secretariado Executivo adquire novas habilidades,
tornando-se polivalente, atualizado, produtivo, começando a participar estrategicamente na
gestão da empresa, agora não mais recebendo ordens e sim orientando subordinados, dando
opiniões, sempre focando na obtenção de resultados. O Secretário Executivo torna-se
definitivamente um assessor, com excelentes conhecimentos, capaz de lidar com autonomia
com os negócios da organização.
No entanto, mesmo com toda a valorização da profissão, ainda pode-se ver um
desrespeito à lei que protege os direitos atinentes à profissão, pois ainda hoje, pessoas sem
formação acadêmica superior são contratadas para a função do Secretário Executivo.
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Pode-se dizer que, quando existe uma lei que regulamenta determinada profissão e
esta, por sua vez, não é aplicada de forma correta, abre-se espaço para a desvalorização
profissional.
Afinal, o que dizer dos milhares de estudantes que estudam Secretariado Executivo
atualmente no Brasil, que esperam encontrar, ao ingressarem no mercado de trabalho, uma
regulamentação adequada, de forma a se sentirem protegidos juridicamente e, por sua vez,
encontram milhares de profissionais graduados em áreas distintas da sua, ocupando os
cargos de assessoria1.
Com milhares de profissionais trabalhando atualmente na informalidade, e com a
falta de fiscalização dos órgãos responsáveis, fica difícil revelar de forma clara e objetiva o
nível da informalidade na profissão de Secretariado Executivo. Sabe-se apenas que são
muitos e que a cada dia, a tendência desde número só se fará crescer, devido a oferta do
mercado de trabalho nessa área.
Sendo assim, torna-se necessário uma análise da lei que habilita os profissionais de
Secretariado Executivo, analisando sua real eficácia no mercado de trabalho, apontando as
possíveis falhas, para que possa haver um real reconhecimento da profissão citada e os
direitos e deveres podendo ser cumpridos dentro da lei.
Pretendeu-se, portanto, com este trabalho, a realização de uma análise da profissão
de secretariado executivo, a constatação da informalidade presente nesta profissão com o
fito de estudar as repercussões da lei 9261/96, que regulamenta a profissão sob analise e a
sua eficácia jurídico-social.
1 Nota do autor. Apesar de não constar nesta pesquisa, dados específicos acerca desta afirmação, tem-se que, durante o curso de secretariado, através das aulas, e muitos autores já lidos, mencionam esta realidade.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA: PROBLEMA
Existem hoje profissionais trabalhando atualmente na informalidade, e com a falta
de fiscalização do Governo Federal, fica difícil revelar de forma clara e objetiva o nível da
informalidade na profissão de Secretariado Executivo. Sabe-se apenas que são muitos e que
a cada dia, a tendência desde número só se fará crescer, devido a oferta do mercado de
trabalho nessa área.
Como previamente descrito, a Lei 9261/96, objetivando regulamentar a profissão de
secretariado executivo, trouxe em seu texto as atribuições de secretário e a quem seria
atribuído o status de secretário.
Todavia, mesmo com a promulgação da referida lei, sabe-se da existência de uma
latente informalidade, o que ocasiona, no âmbito acadêmico e profissional, múltiplos
questionamentos, quais sejam:
Há um mercado de trabalho secretarial, após a edição da lei, que afronta a legislação
diretamente? Há informalidade? A Lei 9261/96, mesmo que vigente ou desde a sua
vigência, atingiu os seus fins? A lei 9261/96 é eficaz jurídica e socialmente? A
informalidade na profissão de Secretariado Executivo pode ser atribuída à ineficácia da Lei
9261/96?
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3. OBJETIVOS
O presente trabalho teve por objetivo geral analisar a Lei 9261/96, desde o seu
surgimento até os dias atuais, no que se refere à sua eficácia tanto jurídica como social.
Ademais, visou-se fazer um diálogo entre esta eficácia ou não e a informalidade no
mercado de trabalho secretarial.
Para se alcançar este objetivo, buscou-se estudar o histórico da profissão de
secretariado executivo, as atribuições e funções do profissional de secretariado, os
conceitos e delineamentos jurídicos acerca do tema – eficácia social e jurídica -, além de se
ter objetivado constar a informalidade e a possível ineficácia por meio da técnica de
entrevistas.
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4. METODOLOGIA
A presente pesquisa trouxe um tema por demais conhecido, entretanto, pouco
explorado no âmbito acadêmico. Falar sobre informalidade, ineficácia de regras no Brasil é
algo comum não somente no que se refere à Lei 9261/96, mas também em outras searas do
conhecimento.
Desta maneira, para realização e desenvolvimento deste trabalho foi necessário,
objetivando o embasamento o seu teórico, uma ampla pesquisa bibliográfica, visando à
coleta de dados acerca da profissão de Secretariado Executivo e acerca das regras
concernentes a eficácia jurídico-social da Lei 9261/96.
Em seguida, com o fim de coletar dados para resolver o problema central desta
pesquisa; se há ou não ineficácia da Lei 9261/96, se há ou não informalidade na profissão
de Secretariado Executivo, realizou-se a seleção de profissionais graduados e não-
graduados que praticam profissionalmente o Secretariado Executivo, para entrevistas.
A entrevista foi selecionada neste trabalho como a técnica adequada para coleta de
dados sobre a realidade do mercado de trabalho secretarial e como forma de colher
informações que permitam uma conclusão também adequada sobre a problemática.
Neste sentido, confirma Antônio Carlos Gil dizendo que “a entrevista é, portanto,
uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico,
em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de
informação”. Noutro ponto do texto, o mesmo autor menciona ser a entrevista uma técnica
mais flexível, que permite a obtenção de um maior número de respostas. (GIL, 2008, p.109-
110).
As entrevistas, então, foram realizadas através de um questionário semi-estruturado,
sobre sua atuação no mercado de trabalho e tiveram por objetivo analisar de forma
qualitativa2 as reais competências que um secretário executivo formado possui a capacidade
de exercer com maior domínio que o não formado.
2 “A pesquisa qualitativa seria uma obra ‘artesanal’, criativa, que, no entanto, deve ter rigor na técnica escolhida, pois não é uma simples coleta de opiniões dos pesquisados. Ela tem três etapas básicas: preparação prévia; definição e ação”. (SILVA; SILVEIRA, 2004, p.144).
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Importante mencionar que as entrevistas não tiveram uma amostra significativa para
que se chegasse a um resultado quantitativo, representado em gráficos ou índices, mas os
entrevistados e as informações prestadas por eles serviram de base para que se pudesse
explorar a problemática e se chegar a uma conclusão concisa acerca dela.
4.1 População e amostra
Para participar deste projeto, foram selecionadas secretárias formadas e não-
formadas em secretariado executivo de empresas de diferentes segmentos. São empresas do
segmento hospitalar, engenharia, mineração, de entidades privadas que visam ao interesse
público, em atividades de apoio ao empreendedorismo. No total, foram quatro empresas da
cidade de Belo Horizonte e uma empresa na cidade de Viçosa, ambas cidades do estado de
Minas Gerais.
4.2 Método e técnicas de coleta de dados
Foi previamente3 marcado com todas as secretárias executivas um encontro para
finalidade de desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica. Antes de iniciar a entrevista,
foi esclarecido o objetivo dela e do trabalho e questionado se elas permitiriam a utilização
dos dados coletados para os fins propostos. Após a expressa aceitação pelas secretárias
executivas entrevistadas, foi aplicado um questionário semi-estruturado, avaliando as
funções exercidas por cada uma, a importância que cada uma exerce dentro da organização
e opiniões pessoais acerca da eficácia da lei de Secretariado Executivo e sua aplicabilidade
no mercado de trabalho.
3 Segundo Gil (GIL, 2008, p. 116), “para que a entrevista seja adequadamente desenvolvida, é necessário, antes de mais nada, que o entrevistador seja bem recebido. Algumas vezes o grupo de pessoas a ser entrevistado é preparado antecipadamente, mediante comunicação escrita ou contato pessoal prévio”. No caso do presente trabalho, foi feita por e-mail o contato prévio, o que permitiu esta receptividade.
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4.3 Método de análise de dados
Com o fim de coletar o maior número de dados relevantes e visando manter a
veracidade das informações concedidas, a entrevista com cada secretária foi
respectivamente gravada, com a devida autorização da secretária executiva, e, após,
transcrita exatamente da forma como ocorreu, não havendo de forma alguma, qualquer tipo
de edição nas mesmas.
Concorda Gil (GIL, 2008, p. 119), sobre a eficácia deste método de coleta de dados:
“A gravação eletrônica é o melhor modo de preservar o conteúdo da entrevista. Mas é
importante considerar que o uso do gravador só poderá ser feito com o consentimento do
entrevistado”.
Por não haver um número considerável de entrevistas a ponto de ter um número
relevante para expor em gráficos ou tabelas e por ser uma pesquisa de análise qualitativa,
sua interpretação foi feita de forma generalizada, através da utilização do método dedutivo.
4.4 Limitação dos métodos de coleta de dados
Houve secretárias não graduadas que, após darem as entrevistas, não aceitaram que
as mesmas fossem liberadas para serem anexadas a pesquisa, o que gerou um número
desproporcional entre a quantidade de secretárias graduadas e não-graduadas em
secretariado executivo.
Dificuldades em encontrar um horário para que a entrevista fosse concedida também
fez com que houvessem inúmeros cancelamentos e, com isso, entrevistas deixaram de ser
concedidas para que não atrapalhassem no cronograma previamente estipulado para o
desenvolvimento da pesquisa.
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5. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
5.1. Aspectos históricos da profissão de secretariado executivo
5.1.1.Surgimento da profissão de secretariado executivo e sua regulamentação:
Segundo Natalense 1998, a profissão Secretário faz parte do contexto histórico
desde a Idade Antiga, quando a profissão era executada pelos Escribas4.
Já na Idade Média, mudou-se o conceito da profissão, que voltou-se mais para a
área política, econômica e social. Desta maneira, eram os monges, geralmente, que atuavam
como secretários, exercendo as funções de copistas e arquivistas.
Com as Revoluções Comercial e Industrial5 , a história do profissional de
secretariado obteve discretas e positivas mudanças. A nova estrutura comercial exigia um
profissional com capacidade de assessorar administrativamente.
Até este período da história, a profissão era exercida eminentemente pelos homens.
Contudo, com as duas grandes guerras mundiais, as mulheres passaram a executar esta
função, já que os homens precisavam estar no campo de batalha. Desde então, a profissão
se tornou quase uma exclusividade feminina.
No Brasil, as secretárias foram conquistando seu espaço de forma gradativa e
contínua. No início, por não possuir nenhum modelo feminino a ser seguido, a mulher
executava suas funções de forma semelhante ao que fazia em casa, o que a limitou em
exercer apenas algumas técnicas secretariais, como por exemplo: datilografar e arquivar
documentos e atendimento telefônico.
. Na década de 70, com a chegada cada vez mais constante de empresas se
instalando no país, houve um avanço na profissão. Começaram a surgir cursos de
4
Povo que domina a escrita, redigindo, classificando, arquivando e executa ordens, foram eles quem desenvolveram a escrita e o comércio. 5
A Revolução Industrial representa um marco histórico não apenas no que se refere ao secretariado executivo, mas para a história mundial. A sociedade, antes organizada sob forma ruralista e estamental, viu-se inserida em centros urbanos com estrutura de organização e divisão de trabalho. Nesse sentido, necessária seria a atuação das secretárias como forma de apoio no setor organizacional.
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treinamento para as secretárias, o fez com que as mesmas se unissem e criassem
movimento de associação da classe secretarial, o que deu ainda mais força para as
profissionais, pois elas começaram a entender o papel que exerciam dentro das instituições
e, conseqüentemente, deram início para a divulgação na nova visão do profissional no
mercado.
Nos anos 80, a classe secretarial obteve uma grande conquista: em 30/09/1983, foi
aprovado o Código de Ética da Secretária Brasileira e em 30/09/1985, o então presidente da
republica José Sarney, sancionou a lei 7.377/1985, que regulamentou a profissão do
Secretário, estabelecendo pioneiramente os critérios para exercer a profissão em Técnico
em Secretariado e Secretário Executivo.
Por fim, em 1996, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso complementa a
Lei 7377/85, com a lei 9261/96.
Atualmente, as secretárias se tornaram parte estratégica da empresa, graças a
capacidade do profissional em pensar estrategicamente, compreendendo a dinâmica do
mercado profissional e, com isso, assumir novas responsabilidades e cargos de gestão.
Afim de concretizar a permanência da profissão secretária no mercado de trabalho,
foi escolhido o dia 30/09 como o dia nacional da classe. Charles Scholes foi o inventor da
máquina de escrever e como esta foi uma ferramenta extremamente importante para uma
maior eficácia por parte dos profissionais, decidiu-se homenagear o seu inventor,
consolidando o dia do aniversário de sua filha como também o dia da secretária.
Todavia, mesmo diante da trajetória dos profissionais de secretariado executivo e da
conquista alcançada com a regulamentação da profissão, hoje as secretárias vivem a
problemática da informalidade neste campo de trabalho: em decorrência da insuficiente e
pouco realista Lei 9261/96, a profissão tem sido exercida por profissionais não capacitados
e não habilitados, gerando uma desvalorização dos profissionais habilitados para tal função.
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5.2. A profissão de secretariado executivo
5.2.1. As atribuições do Secretário Executivo pela Lei 9.261/96
Segundo a Lei 9.261/96, o profissional em Secretariado Executivo precisa possuir as
seguintes atribuições: capacidade de planejar, organizar e direcionar os serviços de
secretária, afim de que a empresa possa estar sempre atualizada e preparada para qualquer
eventualidade que possa vir a surgir no cotidiano do trabalho; prestar assistência e
assessoramento direto aos executivos, estando à disposição para representá-lo, e deixando-o
a par das atividades que precisam ser efetuadas; coletar informações, selecionando os dados
importantes para a consecução dos objetivos da empresa; redigir textos profissionais
especializados, padronizando e facilitando o fluxo de informações externa e internamente
da empresa; estar apto a taquigrafar ditados, discursos, conferências, palestras de
explanações, inclusive em idioma estrangeiro, documentado dessa forma, todas as
atividades e eventos realizados pela organização; possuir conhecimento em idioma
estrangeiro para poder redigir e traduzir documentos, atendendo assim, as necessidades de
comunicação da empresa; registro e distribuição de expediente e outras tarefas
correlatas; avaliar e orientar a distribuição das correspondências, afim de selecionar a
informação que será levada a chefia e, com isso, não sobrecarregar a direção com
informações que podem ser consideradas irrelevantes; e por fim, o profissional em
Secretariado Executivo deve possuir conhecimentos protocolares para eventuais
cerimônias.
Já o Técnico em Secretariado, segundo a Lei 9.261/96, não precisa assumir tantas
atribuições. Perante a lei, o profissional precisa apenas organizar e conservar os arquivos do
secretário; classificar, registrar e distribuir as correspondências para seus respectivos
setores; redigir e datilografar documentos de rotina sejam eles na língua materna ou
estrangeira; e por fim, executar tarefas rotineiras de escritório como os de recepção, registro
de compromissos, informações e atendimento ao público.
Nota-se uma visível diferença de atribuições entre o profissional Secretariado
Executivo e o Técnico em Secretariado. Aqueles que exercem a profissão em Secretariado
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Executivo, possuem funções consideradas mais estratégicas para a organização, estando em
contato direto com os executivos, participando de forma mais efetiva nas decisões da
empresa. O Técnico em Secretariado, executa funções mais administrativas, pouco
humanizadas e mais mecânicas.
Apesar da notável diferença que será visualizada neste trabalho em momento
oportuno, a lei de secretariado executivo não traz significativas diferenças entre o técnico e
o profissional formado em secretariado executivo, o que desde já demonstra a inadequação
da norma jurídica com a realidade de fato dos profissionais desta área.
Nesse caso, entende-se como necessária uma reformulação na lei atual para que
sejam estabelecidas regras mais claras e distintas sobre a diferenciação dos profissionais,
suas atribuições, afim de que não haja equivoco na hora de sua contratação. Ou seja, um
profissional técnico ser contratado como executivo e vice e versa.
5.2.2. As exigências da legislação para o exercício da profissão de Secretariado Executivo
e as conseqüências pelos descumprimentos delas
Pereira 2005, Faz-se saber que para que uma lei possa entrar em vigor, ela precisa
passar por três etapas: o início de sua vigência, a continuidade e, por fim, sua cessação.
Mesmo sabendo que a partir do momento que a lei entra em vigor, o princípio da
obrigatoriedade da lei faz se valer, ou seja, todo indivíduo residente no país deve submeter-
se as normas rezadas na mesma não podendo se escusar do seu cumprimento com a
alegação de não conhecê-la.
A Lei 9261/96 reza as atribuições do profissional de Secretariado Executivo e
Técnico em Secretariado. Contudo, este trabalho tem por hora, analisar somente o
profissional de Secretariado Executivo, seus direitos e deveres para com a legislação
brasileira.
A profissão do secretário executivo já existia antes mesmo da primeira lei ser
promulgada e com ela, profissionais não graduados que tinham o “status” profissional de
secretários.
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“Depreende-se que a pretensão está voltada às situações anteriores a vigência da
referida lei e visa manter a continuidade do “status”profissional já consolidado.”
(PARECER, 1996, p.47).
A Lei de Secretariado Executivo, de 1996, regulamentou três situações distintas, em
seu art. 2º, estabelecendo as circunstâncias em que um profissional será considerado apto ao
exercício da profissão de secretário executivo:
a) Determinou que o profissional diplomado no Brasil por curso superior em
secretariado será considerado secretário executivo; ou o portador de qualquer diploma de
nível superior que, na data de vigência da lei, houver comprovado, através de declarações
de empregadores, o exercício efetivo, durante trinta e seis meses, das atribuições de
secretário.
Neste item, a lei considerou como secretário, o profissional formado na área e o que,
formado em outra área, em nível superior, comprovar exercício da profissão. A contagem
do prazo previsto na lei será feita tendo por data base a data da entrada em vigor da referida
lei, qual seja, a data da sua publicação.
b) Determinou que o profissional com curso técnico em secretariado ou aquele que,
com curso técnico em outra área, comprova o exercício, por trinta e seis meses, das
atribuições de secretário, na data de vigência da lei, será considerado técnico em
secretariado executivo.
A lei, então, utilizou da mesma medida para atribuir a profissionais formados em
Secretariado Executivo, ou técnicos não específicos na área de Secretariado, o status de tal
e Amaury Mascaro atribui a norma, neste sentido, um ponto positivo:
“verifica-se que a Lei nº 9.267/96 é louvável, na medida que beneficia a categoria, por tipificar como secretário e técnico em secretariado aqueles que comprovem, através de declarações de empregadores, ter desenvolvido as atribuições mencionadas nos arts. 4º e 5º, respectivamente, durante pelo menos trinta e seis meses, na data de início de vigência desta lei (...)”. (NASCIMENTO, 1996, p. 04)
20
c) Por fim, a lei de 1996 fez-se complementar, ao acrescentar o artigo terceiro6,
exigindo que os profissionais que exercem a profissão há cinco anos ininterruptos, ou dez
anos intercalados, fossem considerados, por lei, profissionais de secretariado executivo na
data da vigência da lei, dando a esses secretários seus direitos adquiridos.
Segundo Amauri Mascaro Nascimento (NASCIMENTO, 1996, p.04):
“a lei 9261/96 foi promulgada para atender às necessidades dos profissionais que, embora atuassem como secretários e técnicos em secretariado, não preencham o requisito escolaridade exigido pela legislação anterior, expressamente revogada nesta parte (art. 2º)”.
Seguindo, desta maneira, este raciocínio, pretendeu o legislador não desestabilizar o
status adquirido pelo profissional que já atuava no mercado como secretário. Atribuiu à
situação deste tipo de profissional o caráter de direito adquirido.
Segundo (MONTORO 2005), direito adquirido é aquele que já se incorporou ao
patrimônio ou personalidade do indivíduo.
Para Gabba (apud NASCIMENTO: GABBA, 1891), direito adquirido:
“é todo aquele que, a) é conseqüência de um fato idôneo de produzi-lo em virtude da lei do tempo em que este fato foi realizado, embora a ocasião, de o fazer valer não se tivesse apresentado antes da existência de uma lei nova sobre o mesmo objeto; b) que nos termos da lei sob o império da qual se deu o fato de que se originou, entrou a fazer parte do patrimônio de quem o adquiriu”.
Logo, para os indivíduos que não se encaixam nas exceções da Lei. 9261/96, faz-se
obrigatório o diploma do curso superior de secretariado executivo para o exercício da
profissão. Toda e qualquer pessoa que estiver em desconformidade com essas regras, estão
submetidos às iras da norma trabalhista acerca da fiscalização do trabalho.
A fiscalização da regularidade e normalidade do exercício e cumprimento das regras
atinentes ao trabalho compete às Delegacias Regionais do Trabalho.
6 Art. 3º. Fica assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos termos do
artigo anterior, contem pelo menos (cinco) 5 anos ininterruptos, ou 10 (dez) intercalados, de exercício em atividades próprias de secretária, na data de início da vigência desta lei, e sejam portadores de diplomas ou certificados de alguma graduação de nível superior ou de nível médio.
21
O fato é que a Constituição Federal de 1988, em seu art. 21º, menciona que
"Compete à União - Inciso XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho".
Desta maneira, o Ministério do Trabalho, através das Delegacias Regionais do Trabalho e
devidamente instruídas pelos auditores fiscais trabalhistas, deveriam fiscalizar o
cumprimento das regras, o que não tem sido feito, no que tange à profissão de secretário
executivo, com eficácia.
5.2.3. Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) e Federação Nacional das
Secretárias e Secretários (FENASSEC)
Existem atualmente várias nomenclaturas para identificar a profissão de
Secretariado Executivo, o que acaba dificultando ainda mais sua fiscalização. A CBO
(Classificação Brasileira de Ocupações), instituída por uma portaria ministerial número
397, de 9 de outubro de 2002, tem como objetivo identificar as ocupações no mercado de
trabalho.
A profissão de Secretariado Executivo pode ser identificada em várias
nomenclaturas, o que acaba ajudando as empresas a burlar a lei e contratar profissionais
não capacitados para atuarem na função de secretários executivos.
A Federação Nacional das Secretárias e Secretários (FENASSEC), criada em 31 de
agosto de 1988 em Curitiba, no estado do Paraná, é composta por 28 sindicatos, que
trabalham em conjunto para que os padrões internacionais e de vanguarda da profissão de
Secretariado Executivo, que vem crescendo a cada dia, seja respeitada.
Pode-se dizer que a FENASSEC vem contribuindo de forma considerável para a
valorização do profissional de Secretariado Executivo no mercado de trabalho.
5.3. A informalidade da profissão de secretariado executivo
Discorrer sobre a informalidade é uma tarefa árdua tendo em vista a extensão da
relevância do assunto em diversos ramos do conhecimento.
22
Trata-se, em princípio, de um problema social ante o fato da inexistência de um
mercado de trabalho que comporte o excesso de mão-de-obra. Entretanto, por outro lado, o
Estado atual7, impossibilitado de conferir renda através de trabalhos formais, que possam
ser controlados e tributados por ele, vê-se atado de possibilidades de impedir toda a
informalidade e, sendo assim, há quem defenda a informalidade como solução ou, senão,
no mínimo como inevitável diante das circunstâncias sociais atuais.
Dessa maneira, o tema puro e simples da informalidade pode e deve ser objeto de
pesquisa da Sociologia, da história, do Direito, da Administração e, entre tantos outros
ramos, da área de Secretariado Executivo, tendo em vista que os profissionais desta área do
conhecimento perpassam por uma fase em que a informalidade no exercício da profissão
ainda existe e requer estudos específicos.
5.3.1. Conceito de informalidade profissional
O conceito de informalidade profissional vem abrangendo-se ao longo do tempo.
Segundo Ricardo Antunes 2006, Cacciamalli 1986, existem duas formam de defini-la. A
primeira seria aqueles que exercem uma determinada função sem o devido registro, sendo
assim, contratados de forma ilegal, sem os direito as garantias sociais. A segunda classe
seria referente àqueles trabalhadores que estão no mercado por conta própria, ou seja,
prestam serviços, visando apenas o sustento da família, sem qualquer organização ou
registro das atividades exercidas.
Pode- se dizer que esta forma de trabalho irregular não acontece apenas no Brasil,
mais sim no mundo todo e que ela se intensificou com a cultura capitalista atual, que visa o
acúmulo de capital, ou apenas a busca por obte-lo.
Segundo Sabadini, a informalidade no Brasil vem crescendo de forma gradativa e
constante. De 36,6% em 1986, aumentou para 37,6% em 1990 e chegou na casa dos 50,8%
7 Atualmente, a partir da promulgação da CR-88, o Brasil encontra-se em fase de construção do Estado Democrático de Direito, em que o Estado deixa de ser o responsável por suprir toda e qualquer necessidade dos entes componentes do seu povo – como no Estado Social -, e passa a suprir as necessidades básicas deste, conferindo aos seus cidadãos autonomia para realizar suas outras necessidades e para participar das decisões de interesse coletivo.
23
em 2000. O que torna estes números cada vez mais elevados e leva a informalidade a
atingir até 60% da população, a quem não resta outra opção, segundo Poshuna 1999, seria a
falta de incentivos, ou seja, uma lei que se faça cumprir para que essa regularização
aconteça e a criação de novos investimentos para ampliar a oferta de trabalho
regulamentado.
Outras variáveis também possuem suas parcelas no cenário atual em que se vive,
como o desemprego, que leva cada vez mais indivíduos a procurarem o trabalho autônomo
como forma de sobrevivência e políticas neoliberais que foram ao longo do tempo sendo
implantados no Brasil. No entanto, a cultura capitalista se torna a principal responsável pela
realidade atual do mercado de trabalho.
“defendemos que a informalidade é parte integrante do modo capitalista de produção e varia, em maior ou menor escala, em função do estágio de acumulação capitalista e do tipo de política econômica adotado em cada país. Portanto, a informalidade desempenha uma função subordinada e integrada à lógica da acumulação capitalista, mesmo quando não participa diretamente na produção de mais –valia”.( SABADINI, NAKATANI)
Esta forma de trabalho não registrada, possui características peculiares, o que
facilita a sua identificação. São elas: os trabalhadores informais tradicionais, que requerem
pouca capitalização, visam apenas o consumo individual ou familiar. Dentro dessa
categoria, existem os menos instáveis e os instáveis. Os menos instáveis são aqueles que
possuem o mínimo conhecimento profissional, os instáveis são aqueles recrutados
temporariamente, sendo remuneráveis pelo serviço realizado, ocupam serviços que
requerem pouca qualificação. Os trabalhadores assalariados sem registro, que são
funcionários com pouco nível de instrução, possuem grande rotatividade nas empresas, pois
as mesmas têm o objetivo de manter a rotatividade de seus empregados e com isso, manter
os salários baixos. E os trabalhadores por conta própria, são aqueles que prestam serviços
para uma pessoa ou empresa, não possuindo vínculo algum com instituições comerciais.
5.3.2. Constatações sobre a informalidade na profissão de Secretariado Executivo
24
Para chegar a um consenso sobre o grau da informalidade na profissão de
Secretariado Executivo, é importante diferenciar os dois tipos existentes de informalidade.
Existem os trabalhadores autônomos, aqueles que trabalham a margem do Governo e
existem ainda, aqueles trabalhadores que, não obtendo nenhum tipo de comprovação sobre
a sua formação acadêmica, atuam no mercado de trabalho exercendo uma função para a
qual não houve uma preparação adequada para fazê-lo. No caso deste trabalho, iremos nos
focar na segunda opção. É necessário que deixemos claro que estes profissionais
irregulares, atuam como secretários executivos, sem obterem uma graduação em
Secretariado Executivo e sem possuir registro na DRT. Mesmo esses trabalhadores não
estando, perante a lei, de acordo com as normas estabelecidas, são tratados pelas empresas
da mesma forma que um profissional graduado, ou seja, elas garantem a eles todos os
direitos que um profissional graduado também teria. Isso acontece porque as empresas
atualmente não vem solicitando no momento da contratação comprovantes que atestem a
formação superior em Secretariado Executivo.
Como já mencionado neste trabalho, para exemplificar tal afirmação, foram feitas
entrevistas com secretárias formadas e não formadas em Secretariado Executivo, com o
intuito de analisar as funções que cada uma exerce, como elas são exercidas e quais as
principais diferenças entre os profissionais. Foram escolhidas quatro empresas na cidade de
Belo Horizonte -MGi e uma empresa na cidade de Viçosa, ambas no estado de Minas
Gerais.
Fora dito também, que esta pesquisa é de caráter qualitativo e, como tal, não tem
como objetivo expressar em gráficos e/ou tabelas a situação da informalidade na profissão.
Tendo que uma pesquisa de caráter qualitativo tem por objetivo ver em âmbito geral Ela
tem como objetivo apenas comprovar o que foi afirmado neste trabalho, não podendo desta
forma, ser utilizado como um número representativo na sua conclusão. Como dito por
Denzin e Lincoln apud Cínthia (DENZIN; LINCOLN, 2000. Apud CRUZ, 2008),
pesquisadores que adotam esta linha qualitativa em pesquisas, analisam suas pesquisas em
seus cenários naturais, tendo como objetivo compreender, interpretar o fenômeno de acordo
com os seus significados que as pessoas atribuem a ele.
25
Desta maneira, ao ser questionada sobre a diferença que a graduação em
Secretariado Executivo fez no seu ambiente de trabalho, uma secretária executiva
(V.M.M.O.) de uma empresa de grande porte localizada na cidade de Belo Horizonte disse:
“Com certeza, aumentou muito o meu conhecimento ... Numa faculdade, se tem a parte
prática e teórica, então é possível conhecer novas experiências, novas maneiras de
trabalhar, tem exemplos e com isso amplia muito seu conhecimento.”
Outra secretária (N.G.V.), de outra empresa de grande porte da cidade de Belo
Horizonte foi categórica ao dizer que o estudo é fundamental em qualquer área. Ela disse:
“acredito que depois que entrei para o curso e que me formei, tenho hoje a mente mais
aberta para mundo no qual vivemos, afinal, ele está em constante mudança e evolução e o
estudo faz uma grande diferença. Acredito que a graduação específica em Secretariado
Executivo, faz com que o profissional volte para a profissão com mais carinho, mais amor e
mais respeito a própria profissão.”
Inclusive, esta opinião sobre a contribuição que o curso superior em secretariado
executivo pode trazer ao profissional da área também é dividida entre os não graduados.
Foram feitas entrevistas com secretárias não formadas que atuam no mercado de trabalho
em Viçosa-MG, que alegam que se tivessem a formação na área, com certeza
incrementariam e muito as suas funções na empresa.
(M.S.B.C.), que exerce a função de secretária executiva há 17 anos alega: “Com a
graduação provavelmente aprenderia ainda alguma coisa a mais”.
(J.F.L.), que está no mercado de trabalho há 3 anos, ao ser questionada se sente-se
tão hábil quanto um profissional graduado, respondeu: “Não, porque eu acredito que o
profissional graduado, ele possui um conhecimento técnico na área “né”, que a gente não
possui, porque nós possuímos mais a parte prática, a vivência desse profissional, mais eu
acho que o profissional de secretariado, eu acho que tem uma visão diferente que nós temos
para a execução da mesma função.”
Ao serem questionadas sobre a lei que regulamenta a profissão, houve uma grande
divergência entre as profissionais graduadas e não graduadas. As com formação em
secretariado executivo, mesmo não sabendo em detalhes o texto escrito na lei, sabiam de
sua existência, e em geral, do que a lei tratava.
26
“...é muito importante essa lei “né”, para todo profissional, eu acho que todos inclusive tem uma coisa que assegura “né”, a profissão de cada um, então acho importante essa lei para o profissional de Secretariado.” Relatou K.M..
Outra profissional, (V.M.M.O.), ao ser questionada sobre a eficácia da lei, é
categórica ao afirmar:
“Ela é eficaz, porém, ela não é divulgada. A maioria das pessoas não conhecem essa lei. Então assim, a lei “ta” lá, prontinha, tem todas as orientações, tem tudo que realmente o profissional precisa pra seguir, mais as empresas não conhecem.”
Por outro lado, as que não possuíam formação na área em questão, não sabiam de
sua existência, nem do que ela se tratava. Foi necessária uma breve explicação da lei em
todas as entrevistas e tornou-se inviável as questões sobre sua eficácia. As respostas quando
se entrava da questão jurídica foram todas as mesmas: “sinceramente essa lei, eu não
conheço.” Relatou (M.S.B.C.). “Não, não conheço.” Relatou (J.F.L.). “Não conheço.”
Respostas como estas nos fazem averiguar que a lei de Secretariado Executivo
mesmo tendo sido promulgada, tornando-se assim, uma norma obrigatória, não atinge a
sociedade de forma completa, abrindo margem para a informalidade. Pode-se constatar que
nem as profissionais que atuam na área sem formação, nem as empresas que as contratam,
sabem da existência desta lei e, se sabem, não se mobilizam para se fazer cumprir a norma
estipulada em caráter geral.
Isto fica claro quando a secretária (J.F.L.) relata a exigência que a empresa para a
qual trabalha realiza: “...a empresa incentiva, quer que a gente esteja estudando “né”,
buscando novos caminhos, mais específica na área de secretariado executivo não, mais eles
querem que a gente tenha uma formação superior.”
Tais constatações deixam uma enorme insatisfação por parte das profissionais
graduadas, que se prepararam para exercer tal função. Em nenhum momento, nenhuma das
entrevistadas formadas se mostra oposta ao fato de secretárias executivas que possuem
formação em outra área estarem atuando na profissão, mais elas expressam sim, a vontade
de que a lei seja cumprida e que todos os profissionais que atuam nessa área, se
profissionalizem de acordo como que é regido pela lei. (N.G.V.) afirma:
27
“eu... respeito até quem... quem... ama a profissão e que... exerce, que está exercendo, mais eu acho assim, uma pessoa que entra na área de Secretariado, gostando da profissão e... se gosta realmente não tem porque e não tem como é... ela ficar na área sem se especializar. Uma pessoa que ama o que faz, ela vai ficar mesmo querendo se aperfeiçoar, ser melhor naquilo e para você ser melhor, você vai se graduar, vai procurar saber sobre a lei, vai querer entender tudo e querendo entender, você vai querer participar de tudo, então não tem porque uma pessoa que esteja na área, que goste realmente, que não esteja fazendo curso, ou que faça um curso paralelo, ou que se já tem uma graduação, mais que faça uma compensação, entra em contato com o sindicato veja o que pode ser feito...”.
Atualmente no Brasil, presenciamos diariamente episódios que descrevem os níveis
de informalidade no país e as conseqüências destes fatos. Os profissionais ficam à deriva de
um mercado de trabalho especializado que não possui capacidade de absorver todos os
trabalhadores.
Desta maneira, quanto aos profissionais de secretariado executivo, o que se pôde
constatar, não em índices relevantes, mas através dos dados coletados, é que ainda há uma
persistente informalidade na profissão, ainda não existe a preocupação empresarial de
exigir a graduação e ainda não se tem noção dos implementos técnicos e de conhecimento
que o curso pode trazer ao profissional regulamentado.
A experiência, é claro, constitui importante qualidade ao secretario na prática
profissional, isto como em qualquer outra profissão. Ocorre que ainda, no Brasil, caminha-
se a passos curtos para a percepção da real necessidade e exigência de que esta experiência
seja acompanhada pela formação especifica na área.
5.4. A eficácia jurídico-social da norma jurídica
5.4.1. Conceito de norma jurídica
28
Antes mesmo de adentrar no tema proposto neste tópico, a eficácia da norma
jurídica, necessária é a análise do conceito de norma jurídica para devida caracterização da
Lei de Secretariado Executivo como tal.
Comumente, visualiza-se o direito como lei e, quando isto não ocorre, iguala-se a
noção de lei e norma, ambas como regras, padrões de conduta. Todavia, direito não se
reduz à lei e tampouco a norma se iguala à lei.
O termo “lei” comporta três significados, o de legere8, ligare9 e eligere10. Desta
maneira, lei é um tipo de norma, uma regra escrita que possui um processo de surgimento e
legitimação próprio, a ser observado pelo legislador.
Lado outro, o termo “norma jurídica” é mais amplo, pois que envolve todas as
formas jurídicas de regramento de uma sociedade. Sendo assim, a decisão de um processo,
seja ele cível ou criminal, é um tipo de norma, mas não é lei; os princípios jurídicos são
normas, mas não são necessariamente leis.
Importante aclarar tema tão nebuloso com os dizeres de Dimitri Dimoulis 2007,
segundo o qual “muitos doutrinadores consideram que o termo ‘norma jurídica’ indica uma
categoria geral que é subdividida em duas espécies: as regras jurídicas (concretas) e os
princípios jurídicos (abstratos)”.
Dessa maneira, tem-se que a lei é um tipo de norma que se refere a uma regra de
conduta formalizada de forma escrita e respeitado o devido processo legislativo. É o que
descreve Paulo Nader: “Distinção há entre norma e lei. Esta é apenas uma das formas de
expressão das normas, que se manifesta também pelo Direito Costumeiro e, em alguns
países, pela jurisprudência” (NADER, 2005, p. 83).
Por fim, tem-se que a profissão de secretariado executivo foi regulamentada pela lei
9261, este tipo de norma escrita que, portanto, passou pelo devido processo legislativo.
8 Verbo latim, que significa ler, portanto, lei como norma escrita, que se lê.
9 Verbo latim que significa ligar, obrigar, vincular, portanto alei como algo que obriga as pessoas a certas maneiras de agir.
10 O verbo latino significa escolher, eleger, tendo em vista ser a lei a norma escolhida pelo legislador para reger a sociedade e a vida humana.
29
5.4.2. Eficácia formal da norma jurídica
Como explicitado acima, lei é uma regra escrita e, para que ela seja de obrigatória
observância, deve ser ela eficaz.
Toda lei, segundo Montoro 2005, possui os elementos material, formal e
instrumental.
A matéria refere-se ao conteúdo da regra, que sempre será geral, no sentido de
atingir um número indeterminado de destinatários, visando o bem comum, de todos e não o
conjunto de interesses individuais de cada destinatário.
O elemento formal refere-se à observância da competência para legislar, a lei
somente ser criada pelo órgão competente de um determinado Estado e sob a observância
do processo legislativo descrito na Constituição do país.
No Brasil, o processo legislativo se divide em iniciativa de lei, votação do projeto
de lei nas casas legislativas, são ou veto do projeto aprovado pelo chefe do poder executivo,
publicação e promulgação.
Por fim, “o elemento instrumental da lei é sua fórmula escrita. A lei é sempre
formulada num texto escrito dividido em artigos e, muitas vezes, em capítulos, títulos,
seções etc. O que lhe dá maior concisão, clareza e segurança.” (MONTORO, 2005, p. 389).
Uma lei, no Estado brasileiro, tem o seu conteúdo – matéria -, e sua escrita
enunciados pelo poder legislativo, através do processo legislativo. Sendo assim, toda vez
que este processo é devidamente observado e a lei é devidamente promulgada, tem-se que
esta lei é obrigatória e, portanto, eficaz formalmente.
A eficácia jurídica – ou formal -, de uma lei, portanto, depende da observância dos
requisitos formais, que se divide em dois aspectos: objetivo e subjetivo.
Subjetivamente, deve a lei ser elaborada e aprovada por quem possua competência
para tal. Em regra, o Poder Legislativo é que tem competência para aprovar ou não um
projeto de lei.
30
Objetivamente, deve o projeto de lei passar pelo devido processo legislativo11, que
se compõe de algumas partes, descritas na Seção VIII da Constituição Federativa do Brasil
de 1988, a partir do art. 59.
Em curtas palavras, tendo em vista não ser objeto deste trabalho o estudo do
processo legislativo, este divide-se em iniciativa, aprovação, sanção, promulgação,
publicação e vigência.
A iniciativa compreende a apresentação do projeto de lei em uma das casas
legislativas por pessoa ou órgão competente para que possa o projeto ser analisado. Nas
palavras de Alexandre de Moraes 2003, “a iniciativa de lei é a faculdade que se atribui a
alguém ou a algum órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo”..
Na fase de aprovação, também chamada de constitutiva, segundo Morais e Silva
1998, o projeto apresentado será analisado pelas duas casas legislativas (Câmara dos
Deputados e Senado Federal), onde ele será amplamente discutido e votado como
aprovado, aprovado com ressalvas ou reprovado.
Após aprovação do projeto de lei, tendo ele sido aceito pelas casas legislativas, será
sancionado pelo Presidente da República. Trata-se, então, esta fase “a adesão do chefe do
Poder Executivo ao projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo” Silva, 1998. Nesta fase,
o Presidente poderá sancionar o projeto, que significa concordar com os termos da
aprovação pelo Poder Legislativo, ou vetá-lo – não concordar -, o que pode ser feito parcial
ou totalmente.
Tendo sido sancionado o projeto de lei, ele será incorporado à legislação brasileira
e, após, publicado, quando o ato normativo alcança a publicidade.
Tendo a lei aprovada observado todo este tramite, ela possuirá eficácia jurídica.
Todavia, importante mencionar a diferença entre eficácia jurídica e validade.
Uma norma é eficaz juridicamente quando observa todos estas etapas que foram
acima descritas, mas é só é válida quando for vigente, ou seja, quando for determinada
como obrigatória.
11 “O termo processo legislativo pode ser compreendido num duplo sentido, jurídico e sociológico. Juridicamente, consiste no conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção das leis e atos normativos que derivam diretamente da própria constituição(...)”. (MORAES, 2003, p. 524).
31
Também não é objeto do presente trabalho a discussão delongada da vigência de
uma lei, mas o fato é que ela pode se tornar vigente em três hipóteses: a) imediatamente
quando da publicação da norma; num período de vacatio legis12 determinado; ou, quando
nada estiver expresso na norma, em 45 dias após sua publicação.
Por derradeiro, cumpre explicar que a norma que tenha passado pelo devido
processo legislativo e que seja vigente é, indiscutivelmente, eficaz juridicamente e
obrigatória pela atual regulamentação sobre o assunto no Direito Brasileiro.
5.4.3. Eficácia social da norma jurídica
Acerca da eficácia social de uma regra de direito, questiona-se: será que toda vez
que uma regra – lei – é promulgada ela alcança observância de todos os destinatários?
A eficácia formal, como foi visto acima, refere-se ao caráter impositivo, obrigatório
de uma regra de direito. Tendo a lei sido promulgada, ela é formalmente válida e eficaz, ela
deve formalmente ser observada por todos, sob pena de se sofrer as sanções13 nela
previstas.
Há de se ressaltar, no entanto, que a lei e qualquer outro tipo de norma jurídica
visam ao interesse coletivo. “O direito nasce da sociedade. Em cada momento ele é
resultado de um complexo de fatores sociais. Podemos dizer, acompanhando Michael
Virally, que o fenômeno jurídico é apenas uma face de um fenômeno global, infinitamente
mais complexo, que é a realidade social” (MONTORO, 2005, P. 664).
Partindo deste pressuposto de que o Direito decorre da sociedade, tem-se que esta é
fator de alteração do direito e este, uma vez alterado, também é capaz de mudar a
sociedade. Para isso, no entanto, não basta a promulgação de leis que não se aplicam a uma
realidade social ou que não se adéquam a ela.
12 Segundo PEREIRA (PEREIRA, 2005, p. 115-117) vacatio legis é o período de vacância da lei, entre a sua publicação e a sua obrigatoriedade. Durante este período, a lei ainda não é obrigatória, mas decorrido o prazo, ela se tornará vigente, obrigatória.
32
Para que uma lei seja eficaz plenamente, é necessário que a lei seja promulgada –
segundo o processo legislativo – e que a sociedade a observe, estabeleça a nova lei como
uma nova realidade social.
O fato é que “toda a ordem positiva e cada norma ou instituição jurídica em
particular se inspiram em determinados valores sociais. Isto é, procuram assegurar o
respeito efetivo àqueles valores que os membros da sociedade aceitam como válidos e
consideram necessários à convivência social”. (MONTORO, 2005, p. 666).
Se é certo que a sociedade é fator de influência na construção e transformação do
fenômeno jurídico, é também correto enunciar que o direito, como sistema de controle
social, também exerce forte influência sobre a sociedade. Sendo assim, tem-se que um vez
criada uma lei, esta deve conter inspirações e valores que expressam uma necessidade
social, mas, ao mesmo tempo, a sociedade, a curto ou a longo prazo também deve adequar-
se à nova realidade jurídica.
Todavia, caso não ocorra esta adaptação social, e a lei promulgada, formalmente
eficaz, não for observada e sua aplicabilidade sequer for fiscalizada pelos órgãos
competentes, a lei fica eivada ao insucesso, à inobservância e, conseqüentemente para a
existir somente numa realidade formal, mas não numa realidade social, ela classifica-se
como ineficaz socialmente.
Desta forma, partindo da opinião de Reale 2002, de que o direito é um fato social de
maneira que quando uma norma de conduta é elaborada, ela enuncia um dever ser – uma
conduta esperada pela sociedade, considerada correta. Em outras palavras, as normas
jurídicas nada mais são que uma expressão das necessidades sociais.
Desta feita, quando uma lei é elaborada, passado o processo legislativo e entrando
ela em vigor, que, como já visto, implica em obrigatoriedade - segundo Caio Mário da Silva
Pereira 2005: “Uma vez em vigor, a lei é uma ordem dirigida à vontade geral. É obrigatória
para todos” -, tem-se a idéia de que uma necessidade social fora suprida tendo em vista o
alcance, pela norma, de eficácia jurídica.
Segundo Reale 2002, para que uma norma tenha eficácia social, a sociedade deve
aderir espontaneamente ao mandamento descrito da norma; deve haver uma adesão
espontânea do espírito à norma. Dessa maneira, a norma deve ser válida juridicamente e
eficaz socialmente.
33
Não basta que uma regra jurídica se estruture, pois é indispensável que ela satisfaça a requisitos de validade, para que seja obrigatória. A validade de uma norma de direito pode ser vista sob três aspectos: o da validade formal ou técnico-jurídica (vigência), o da validade social (eficácia ou efetividade) e o da validade ética (fundamento). (REALE. 2002, p. 105)
Assim, a regra, que não deveria admitir exceções, é de que a eficácia jurídica
implica em eficácia social, no entanto, esta conclusão, num Estado tão grande e com uma
diversidade cultural considerável, é falha, utópica, praticamente impossível. O que deve ser
observado, no entanto, é se a norma efetivamente não é aplicada socialmente ou se é a
sociedade que ainda não se adaptou ao mandamento normativo.
34
5.5. A eficácia jurídico-social da Lei 9261 de 10 de janeiro de 1996
5.5.1. A eficácia jurídica da Lei 9261/96
Como explicitado no capitulo 4, item 4.2, a eficácia jurídica de uma lei decorre da
observância do devido processo legislativo, partindo-se do pressuposto de que a regra de se
criar justifica-se por uma real necessidade social.
A lei de secretariado executivo, como também já foi exposto, representa uma
conquista da classe dos secretários e, neste sentido, tem-se a observação da necessidade
social.
Todavia, independente de a referida lei ter se adequado de forma satisfatória ou não
às necessidade da classe, o fato é que a lei passou pelo devido processo legislativo.
O projeto de lei foi iniciado em 1987 (P.L. 170 de 1987) e, passado todo o tramite, a
lei foi publicada em 11 de janeiro de 1996. No caso desta lei, o seu artigo segundo prevê
que a sua vigência iniciará tão logo ocorra a sua publicação, de maneira que ela se tornou
obrigatória neste momento.
Por fim, tem-se que não há como questionar a eficácia jurídica da lei, tendo em vista
a observância de todos os requisitos para que ela ocorra.
5.5.2. A eficácia social da Lei 9261/96: justificando a informalidade
Como também mencionado no capítulo sobre eficácia social, esta se perfaz pela
observação e aplicabilidade da norma na sociedade.
Foi visto também que o surgimento de uma norma jurídica dá-se por uma
necessidade social e que, quando uma norma é criada, tanto o direito, quanto a sociedade,
passam por um processo de adaptação à nova regra.
Em relação à lei de Secretariado Executivo, esta, como já mencionado, alcançou sua
eficácia jurídica, mas será que terá ela alcançado sua eficácia social? Será que a sociedade
35
adaptou-se a este novo regramento, ou será que a lei publicada possui elementos suficientes
para que ocorra esta adaptação? Existe uma fiscalização eficiente para averiguar a aplicação
desta lei?
O termo eficácia social já indica a necessidade de que seja feita uma análise na
sociedade acerca da aplicação da norma. Desta forma, não há como coletar dados
bibliográficos em torno de sua eficácia social, seja da Lei 9261/96, seja de qualquer norma
jurídica.
Com o fito de identificar o porquê da Lei 9261/96 não ter atingido ainda a eficácia
social que se espera dela, procurou-se esclarecer o que as secretárias graduadas e não
graduadas pensam a respeito da situação que a classe vive atualmente, visando o
entendimento sobre a informalidade na profissão e sua conseqüente ineficácia social.
As secretárias executivas de Belo Horizonte citam que o fato da classe ainda não
possuir um conselho, dificulta e muito a aplicação correta da mesma, devido a grande
demanda de profissionais atualmente no mercado.
“Nós temos a lei, mais não temos uma federação que possa fazer isso. Isso é feito pelo ministério do trabalho e o ministério do trabalho não tem condição de chegar numa empresa para saber se “ta”, quem “ta” trabalhando é um profissional de Secretariado. Então nós precisamos de uma federação e, isso ai, “ta” sendo, nós estamos lutando por isso, para poder então ter essa fiscalização. A partir do momento que tiver essa fiscalização, com certeza vão mudar a visão “né”, elas não vão contratar uma pessoa que não seja profissional. Então, infelizmente nós ainda não temos isso ai.” Diz (V.M.M.O.).
Pode-se perceber, portanto, que a falta de fiscalização, se torna um fato
determinante para inobservância das exigências legais. Todas as secretárias entrevistadas
foram categóricas ao afirmar que existe uma fiscalização interna, em relação aos serviços
prestados pela empresa, sem qualquer observação por parte do profissional que a efetua.
“Não... não... de fora não. Somente há fiscalização interna.” diz (V.A.B.). Não... não...
não... nunca ouvi falar.” relata (D.G.F.).
36
“Existe a Delegacia Regional do Trabalho que hoje é responsável pra ir nas empresas para averiguar se todas as secretárias tem a formação acadêmica, se estão dentro da lei “né”, no caso que tem o direito adquirido, as que não tiverem o curso, no nosso caso “né”, secretariado, se elas tem o direito adquirido na época da lei que já estiverem trabalhando, mais na verdade, a gente sabe que isso não acontece. “ explica (N.G.V.).
Relato este que também foi feito pelas secretárias não graduadas: “não, nunca veio.
Durante os 3 anos que eu estou aqui, nunca veio não.” (J. F.L.) diz, “Não. Nenhum órgão
externo.” afirma (M.S.B.C.). No caso da empresa analisada em Viçosa, pode-se perceber
através dos relatos coletados que a própria empresa não se preocupa em colocar
profissionais especializadas para atuar na área. Ao serem questionadas da possibilidade da
empresa em questão, oferecer apoio para que as secretárias fizessem o curso de secretariado
executivo, elas responderam que tal incentivo não ocorre, ocorre sim para que elas tenham
um curso superior, mais não necessariamente no curso que corresponde na área atuante.
(M.S.B.C.) diz:
“Não exigência no cargo... não exigência na... no curso de secretariado, mais igual quando a gente fica, sabe do trabalho que a gente tem, sabe do “que que” a gente faz, é... do compromisso que a gente tem com a empresa, então eles trazem, a gente tem uma melhoria de questão até salarial, a superintendente ela exige muito é um curso superior, que... não que possa ser em qualquer área, mais uma coisa que vá acrescentar pra mim e pra fazer o que eu gosto e eu gosto muito de fazer o que eu faço e essa questão de prestações de contas, são coisas assim que eu gosto muito, então eu to fazendo “né”, já comecei esse ano o curso de processo gerenciais que é um curso superior tecnólogo “né”, “to” gostando bastante, igual eu “to” falando, acrescenta alguma coisa no que a gente faz, mais a exigência que ela faz não nem assim exigência, como que fala, é... sugerindo “né”, se você quer, porque que não faz o superior, vai se muito mais reconhecido, vai trazer conhecimentos, é... com o superior você traz o conhecimento, tudo no dia-a-dia a gente vai aprendendo.
“É... a empresa incentiva, quer que a gente esteja estudando “né”, buscando novos
caminhos, mais específica na área de secretariado executivo não, mais eles querem que a
gente tenha uma formação superior.” relata (J.F.L.).
Percebe-se com esses relatos que a lei, mesmo eficaz juridicamente, ainda não
atinge como um todo a sociedade.
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Agora, quando existe uma lei que por si só é eficaz juridicamente, espera-se que
com o tempo ela venha a ficar também, eficaz socialmente. Afinal, o que é necessário para
ela se tornar eficaz num âmbito social e deixar a informalidade? Seria talvez o tempo no
qual a população precisa para se adaptar a nova realidade?
Desde que a primeira lei que regulamenta a profissão de secretariado executivo fora
promulgada em 1985, já se passaram 24 anos e, desde que em 1996, o então Presidente da
República Fernando Henrique Cardoso promulgou à Lei 9261 com ressalvas, se passaram
13 anos. Não seria esse, tempo mais que suficiente? Será que apenas com a criação do
Conselho de Secretariado Executivo, a realidade do profissional irá se desenvolver?
Já podemos perceber que a eficácia social da Lei 9261, não acontecerá por si só,
será necessária a realização de um trabalho profundo com a sociedade brasileira, para que a
mesma consiga entender e, o principal, aceitar a nova norma.
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6. CONCLUSÃO
Este trabalho teve por objetivo analisar a eficácia jurídica e social da Lei 9261/96.
Com o desenvolvimento desta pesquisa, pode-se concluir que: a Lei 9261/96 atingiu sua
eficácia jurídica no momento em que passou por todos os tramites do processo legislativo
para ser promulgada.
Foi visto que este processo constitui-se nas seguintes etapas: a iniciativa de criar a
lei através de um projeto, que será votado pelas casas legislativas, sendo aprovada ou não
pelos chefes do poder executivo, sua publicação e, por fim, sua promulgação.
Tem-se, portanto, como inquestionável a sua eficácia jurídica. Contudo, a referida
lei não atingiu de forma total sua eficácia social, devido à sua inobservância, pelos
destinatários da norma, tornando-a assim, excludente da realidade social. Por sua vez, os
órgãos competentes, por não fiscalizarem a sua aplicabilidade na sociedade, contribuem
para a ineficácia. Como a referida lei não se tornou ainda uma realidade social, ela se
classifica, atualmente, como ineficaz socialmente.
O fato é que, como também mencionado durante o desenvolvimento deste trabalho,
a conclusão sobre a ineficácia social de um norma não é algo tão simples tendo em vista
que, por vezes, a sociedade pode levar muito tempo para se adaptar ao novo regramento.
Todavia, no que se refere à lei 9261/96, esta já está vigente a um tempo
relativamente longo e como não há prazo nem procedimento para constatação da eficácia
social das normas, ainda pairam dúvidas sobre a adaptação social ou não à norma.
Pode-se, então, concluir que a lei não é, por completo, ineficaz socialmente, tendo
em vista que há secretárias contratadas, atualmente, seguindo os requisitos legais. Por outro
lado, pelas entrevistas, pôde-se constatar que as contratações, na maioria das vezes, não
decorrem de um conhecimento da lei ou de sua aplicação, mas da própria exigência do
mercado. Desta maneira, percebeu-se uma inexistência de adaptação social à lei até o
presente momento, o que não pode, por si só, ser uma dado conclusivo acerca da total e
permanente ineficácia social da lei.
Devido a esta “tópica” ineficácia social, constatou-se também a existência da
informalidade na profissão de secretariado executivo, visto que, existem secretárias
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executivas não formadas em secretariado executivo exercendo a profissão, mesmo após a
lei 9261/96 ter sido promulgada, com a ressalva de que apenas até a data da lei de vigência,
os profissionais que não possuíam formação em secretariado executivo e que tinham 5 anos
ininterruptos ou 10 anos intercalados na profissão, poderiam ser considerados perante a lei,
secretários executivos - profissionais estas, que não possuem um curso superior ou técnico
em secretariado executivo e nem registro no DRT.
No entanto, as empresas os consideram secretários executivos e concedem os
mesmos direitos que até então seriam concedidos aos profissionais com a devida formação
e registro. Contudo, é importante a constatação de que esta realidade já vem apresentando
melhoras, pelo menos nos grandes centros. Durante o período no qual esta pesquisa foi
realizada, pôde-se notar que as empresas têm exigido do profissional em secretariado
executivo o registro profissional que o qualifica para exercer tal função. Mudança esta que
ainda não se pôde notar nos pequenos centros.
Diante desta realidade, percebeu-se a necessidade da criação do Conselho de
Secretariado (que ainda está em tramite no Governo), para que haja uma melhor
fiscalização perante as empresas, afim de que os profissionais, caso expressem um real
desejo em permanecer atuando na profissão, se qualifiquem, afim de erradicar a
informalidade, tornando assim, a lei9261/96, eficaz também, socialmente. A eficácia social
ainda é passível de ser alcançada.
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BIBLIOGRAFIA
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SILVA,José Maria. SILVEIRA,Emerson Sena da. Apresentação de Trabalhos Acadêmicos: Normas e Técnicas. ed. Templo. Juiz de Fora; 2004
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APÊNDICE 01
Questionário para as Secretárias Executivas com formação em Secretariado Executivo:
1. Nome
2. Idade
3. Estado Civil
4. Habilitada em Secretariado Executivo?
5. Há quanto tempo você exerce a profissão?
6. Você acredita que o tempo de profissão faz com que você não precise da graduação
em secretariado executivo?
7. Assessora quantos executivos?
8. Descreva suas principais funções na empresa para a qual trabalha.
9. Você consideraria alguma dessas funções estratégicas para a empresa?
10. Você acredita que sua formação acadêmica a ajudou a desempenhar as funções
exigidas pela empresa?
11. O que você acha da Lei 9261/96? Você a considera eficaz? Ela está atingindo os
fins para as quais foi proposta? Você se considera protegida juridicamente?
12. O que você pensa sobre os profissionais que exerce a função de Secretário
Executivo, sem possuírem formação acadêmica específica?
13. Existe a fiscalização de por algum órgão externo com o objetivo de averiguar se
você está apta para exercer as atribuições de secretariado executivo?
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APÊNDICE 02
Questionário para as Secretárias Executivas sem formação em Secretariado Executivo:
1. Nome
2. Idade
3. Estado Civil
4. Habilitada em Secretariado Executivo?
5. Há quanto tempo você exerce a profissão?
6. Você acredita que o tempo de profissão faz com que você não precise da graduação
em secretariado executivo?
7. Assessora quantos executivos?
8. Descreva suas principais funções na empresa para a qual trabalha.
9. Você consideraria alguma dessas funções estratégicas para a empresa?
10.Você acredita que tais funções poderiam ser melhor desenvolvidas se tivesse uma
formação apropriada?
11. O que você acha da Lei 9261/96? Você a considera eficaz? Ela está atingindo os
fins para as quais foi proposta? Você se considera protegida juridicamente?
12. Você se considera tão hábil quanto um profissional graduado?
13. A empresa em que trabalha já fez alguma exigência de que você tivesse alguma
formação específica para atuar na área?
14. Existe a fiscalização de por algum órgão externo com o objetivo de averiguar se
você está apta para exercer as atribuições de secretariado executivo?
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ANEXO - Lei 9.261 de 10 de janeiro de 1996, que regulamenta a profissão de
Secretário Executivo.
LEI Nº 9.261, DE 10 DE JANEIRO DE 1996.
Mensagem de veto Altera a redação dos incisos I e II do art. 2º, o caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A Lei nº 7.377, de 30 de setembro de 1985, passa a vigorar com a seguinte redação para os incisos I e II do art. 2º, para o art. 3º, para o inciso VI do art. 4º e para o parágrafo único do art. 6º:
"Art. 2º ......................................................................
I - Secretário Executivo:
a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, legalmente reconhecido, ou diplomado no exterior por curso superior de Secretariado, cujo diploma seja revalidado na forma da lei;
b) portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de início da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no art. 4º desta Lei;
II - Técnico em Secretariado:
a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado, em nível de 2º grau;
b) o portador de certificado de conclusão do 2º grau que, na data da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no art. 5º desta Lei.
Art. 3º É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos termos do artigo anterior, contém pelo menos cinco anos ininterruptos ou dez anos intercalados de exercício de atividades próprias de secretaria, na data da vigência desta Lei.
Art. 4º ...........................................................................
.....................................................................................
VI - (VETADO)
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.....................................................................................
Art. 6º ............................................................................
Parágrafo único. No caso dos profissionais incluídos no art. 3º, a prova da atuação será feita por meio de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social e através de declarações das empresas nas quais os profissionais tenham desenvolvido suas respectivas atividades, discriminando as atribuições a serem confrontadas com os elencos especificados nos arts. 4º e 5º."
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 10 de janeiro de 1996; 175º da Independência e 108º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Paulo Paiva
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 11.1.1996