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Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E EMPRESARIAIS
UNIVERSIDADE DO MINDELO
CURSO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE EMPRESAS
MORTALIDADE EMPRESARIAL
CASO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
EM SÃO VICENTE
Rosilda Lima Fortes
Mindelo – Dezembro de 2013
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes II
Rosilda Lima Fortes
MORTALIDADE EMPRESARIAL
CASO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
EM SÃO VICENTE
Memória monográfica apresentada á
Universidade do Mindelo como exigência
Parcial para a obtenção do grau de Licenciatura
Em Organização e Gestão de Empresas.
Orientador: Mestre José Augusto Lopes da Veiga
Mindelo – Dezembro de 2013
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes III
DECLARAÇÃO
Rosilda Lima Fortes, autora da Monografia
Intitulada “Mortalidade Empresarial: caso das
pequenas e médias empresas em São Vicente”
declara que, salvo fontes devidamente citadas
e referidas, o presente documento é fruto do
seu trabalho pessoal, individual e original.
Mindelo, 06 de Dezembro de 2013
Rosilda Lima Fortes
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes IV
DEDICATÓRIA
No culminar de mais uma etapa importante
da minha vida, dedico este trabalho aos meus
queridos Pais. À minha mãe pela sua incondicional
dedicação, carinho e valores que me transmitiu
e que norteiam a minha vida e à memória do
meu Pai, pelo seu amor inestimável.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes V
AGRADECIMENTOS
Correndo risco de esquecer de pessoas importantes nesta aventura que me conduziu a
esta fase da minha vida académica, começo por agradecer a todos os que de maneira
directa e indirecta me ajudaram para que hoje estivesse escrevendo este trabalho de
investigação científica, resultado destes quatro anos de licenciatura em organização e
gestão de empresas.
Em primeiro lugar começo por agradecer a Deus, por possibilitar que eu esteja vivendo
este momento único na minha vida.
A minha mãe, Rufina Lima, aos meus irmãos e à minha família que, de uma maneira ou
de outra, ajudaram-me, para que hoje esta etapa do meu percurso seja uma realidade.
Agradeço, de maneira muito especial, ao meu orientador, Mestre José Augusto Lopes da
Veiga, que colaborou comigo de forma imparcial, de modo a alcançar os meus
objectivos e também ao coordenador do curso Eng.º Emanuel Spencer pelo eminente
apoio para realização deste curso.
Aos outros professores da Universidade do Mindelo, por todo o respeito, dedicação e
incentivo recebido durante o período que estudei na Universidade.
A todos os colegas de sala, pelo companheirismo, amizade e pelos momentos felizes
vividos durante todo o Curso.
E, finalmente, agradeço a todos os que me apoiaram e encorajaram ao longo do curso
com palavras de conforto e coragem nos momentos quando tudo estava difícil e parecia
tudo perdido. As minhas sinceras palavras de gratidão.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes VI
EPÍGRAFE
“Em todas as coisas o sucesso
depende de uma preparação prévia,
e sem tal preparação o falhanço é certo”.
(Confúcio)1
1 Pensador e filósofo chinês
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes VII
RESUMO
As pequenas e médias empresas (PME´s) são essenciais para o crescimento e
desenvolvimento económico de qualquer nação. No entanto, grande parte das novas
empresas encerra suas actividades nos primeiros anos de funcionamento. O objectivo
deste trabalho é apontar os principais factores propulsores da mortalidade de PME´s em
São Vicente. Os procedimentos metodológicos contaram com a aplicação de um
questionário a quinze empresários de negócios não bem-sucedidos. A pesquisa
identificou factores que podem levar as PME´s à mortalidade precoce e concluiu que a
causa disto ocorre devido a um conjunto de factores associados que, acumulados,
contribuem para o fenómeno. Os principais deles são os seguintes: baixo lucro; falta de
clientes; tributação exagerada2; problemas com a concorrência.
Palavras-chaves: Mortalidade das Empresas, Empreendedor, PME´s,
2 Tributação exagerada refere-se as receitas derivadas (imposto) que o Estado recolhe do patrimônio dos
indivíduos, usando do seu poder fiscal (poder de tributar), mas controlado por normas de direito público
que formam o Direito Tributário. Normalmente o não pagamento deste, acarreta irremediavelmente
sanções civis e penais impostas à entidade ou indivíduo não-pagador, sob forma de leis.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes VIII
ABSTRACT
Small and medium enterprises (SME’s) are essential for economic growth and
development of any nation. However, most of the new companies end their business in
the early years of operation. The objective of this paper is to show the main drivers of
mortality factors of SME’s in São Vicente. The methodological procedures relied on the
application of a questionnaire endorsed to fifteen business entrepreneurs who did not
succeed. The research identified factors which can lead SME’s to early mortality, and
concluded that, the cause of this is due to the accumulation of a number of associated
factors. The main ones are: low income, lack of customers; very high taxes, problems
with competition.
Keywords: Entrepreneur, SME’s, Corporate Mortality.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes IX
ÍNDICE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
1. A INVESTIGAÇÃO ................................................................................................ 3
1.1. Justificação do tema ....................................................................................... 3
1.2. Pergunta de partida ......................................................................................... 4
1.3. Hipóteses de pesquisa..................................................................................... 4
1.4. Objectivos do estudo ...................................................................................... 5
1.4.1. Objectivo Geral........................................................................................... 5
1.4.2. Objectivos específicos ................................................................................ 5
1.5. Metodologia ................................................................................................... 5
1.5.1. Método de investigação .............................................................................. 6
1.5.2. Recolha de dados da investigação .............................................................. 6
1.5.3. Método de Selecção da Amostra ................................................................ 7
1.5.4. Análise de dados ......................................................................................... 8
2. ABORDAGEM TEÓRICA .................................................................................... 9
2.1. As empresas.................................................................................................... 9
2.1.1. Definições e conceitos .................................................................................... 9
2.1.2. Evolução da empresa .................................................................................... 11
2.1.3. Classificação das empresas .......................................................................... 14
2.1.3.1. Classificação segundo a dimensão da empresa ..................................... 14
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes X
2.1.3.2. Classificação segundo o sector de actividade ....................................... 18
2.1.3.3. Classificação de acordo com o âmbito geográfico ............................... 19
2.1.3.4. Classificação Segundo a Forma Jurídica .............................................. 20
2.2. Empreendedorismo .............................................................................................. 24
2.2.1. Surgimento e crescimento ............................................................................ 24
2.2.2. Empreendedorismo versus empreendedor ................................................... 28
2.2.3. Características do empreendedor ................................................................. 33
2.2.4. Factores da envolvente que fomentam o empreendedorismo ...................... 36
2.2.5. Factores que podem atrapalhar o desenvolvimento da actividade
empreendedora …………………………………………………………………..40
2.2.6. Empreendedorismo em Cabo Verde ............................................................ 42
2.2.7. Contributo do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo Verde...... 45
2.2.8. Instituições de apoio ao empreendedorismo em Cabo Verde ...................... 47
2.3. Financiamento das PME em Cabo Verde ............................................................ 51
2.3.1. Formas de financiamento ............................................................................. 51
2.4. Mortalidade Empresarial ..................................................................................... 58
2.4.1. Factores contribuintes da mortalidade das empresas ................................... 60
2.4.2. Factores que tornam um negócio bem-sucedido .......................................... 63
3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................... 65
CONCLUSÃO ............................................................................................................... 82
Recomendações .............................................................................................................. 85
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XI
Limitações de pesquisa ................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 89
ANEXOS ...................................................................................................................... 93
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XII
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Principais caracteristicas das Pequenas e Médias Empresas ................... 16
Quadro 2 - Efectivo das PME´s em Cabo Verde (Ano 2010) ................................... 18
Quadro 3 - Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo
empreendedor a partir da idade média .................................................................. 27
Quadro 4 - Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores .................... 32
Quadro 5 - Situação actual em Cabo Verde .............................................................. 43
Quadro 6 - Classificação dos factores contribuintes para a mortalidade ................... 62
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comparação entre empresa tradicional e empresa moderna ........................ 13
Tabela 2 - Caracteristicas das Sociedades Comerciais .................................................. 22
Tabela 3 - As empresas em Cabo Verde segundo a forma jurídica de 1997 - 2010 ...... 23
Tabela 4 - As causas mais comuns de falhas de negócio .............................................. 62
Tabela 5 - Razões da abertura da empresa..................................................................... 72
Tabela 6 - Motivos da extinção da empresa .................................................................. 79
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XIV
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Objectivos da empresa .................................................................................. 11
Figura 2 - Factores que influenciam o processo empreendedor .................................... 38
Figura 3 - Modelo conceptual do empreendedorismo e do crescimento económico .... 40
Figura 4 - Definições de Mortalidade ............................................................................ 59
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XV
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico nº 1 - Sexo, representação do número de pessoas inquiridas ........................... 65
Gráfico nº 2 - Idade, representação do número de pessoas inquiridas .......................... 65
Gráfico nº 3 - Habilitação escolar ................................................................................. 67
Gráfico nº 4 - Formação profissional ............................................................................ 68
Gráfico nº 5 - Ocupação antes da abertura a empresa ................................................... 68
Gráfico nº 6 – Responsabilidades .................................................................................. 69
Gráfico nº 7 - Percepção da probabilidade de êxito ...................................................... 70
Gráfico nº 8 - Orientação para o futuro ......................................................................... 70
Gráfico nº 9 - Adaptação das mudanças do meio envolvente ....................................... 71
Gráfico nº 10 - Iniciativa para a criação da empresa ..................................................... 73
Gráfico nº 11 - Ramo de actividade da empresa ........................................................... 73
Gráfico nº 12 - Tipo de Financiamento ......................................................................... 74
Gráfico nº 13 - Facilidade de Financiamento ................................................................ 75
Gráfico nº 14 - Duração de funcionamento da empresa ................................................ 75
Gráfico nº 15 - Nº de trabalhadores ............................................................................... 76
Gráfico nº 16 - Formação especifica ............................................................................. 76
Gráfico nº 17 - Incentivos as PME´s ............................................................................. 77
Gráfico nº 18 - Gestão da empresa ................................................................................ 78
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XVI
Gráfico nº 19 - A empresa tinha contabilidade organizada? ......................................... 78
Gráfico nº 20 - Sentimento que ficou quando encerrou a empresa ............................... 80
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XVII
LISTA DE ABREVIATURAS
ADEI – Agência para Desenvolvimento Empresarial e Inovação
AJEC – Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde
CSC-CV – Código das Sociedades Comercias Cabo-verdianas
ENI – Empresas em Nome Individual
FDP – Fundo de Desenvolvimento das Pescas
GEM – Global Entrepreneurship Monitor
I&D – Investigação e Desenvolvimento
INE – Instituto Nacional de Estatística
NFM – Necessidades de Fundo de Maneio
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento económica
PIB – Produto Interno Bruto
PME – Pequenas e Médias Empresas
RE – Recenseamento Empresarial
SA – Sociedade Anónima
SCR – Sociedade de Capital de Risco
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Assistência Empresarial
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes XVIII
SPQ – Sociedade Por Quotas
SPSS - Statistical Package for Social Sciences
SV – São Vicente
TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 1
INTRODUÇÃO
A dinâmica e o crescimento da economia dos países em desenvolvimento, os chamados
países emergentes, dependem em grande parte da capacidade de criar empresas
económicas e financeiramente sustentáveis com capacidade para gerar trabalho e
rendimento para a população activa, levando estes países a alcançar uma maior
produção de bens e serviços e um posicionamento mais estratégico na economia global.
Portanto, a presença das pequenas e médias empresas (PME) no contexto
socioeconómico de um país é muito importante, pois, essas empresas proporcionam
uma energia vital para a economia, e em Cabo verde estas vem alcançando cada vez
mais uma maior participação. De acordo com os dados do IV Recenseamento
Empresarial (RE) realizado pelo Instituto Nacional e Estatísticas (INE) em 2010, Cabo
Verde tinha um total de 8899 empresas, das quais 1744 se encontravam em São Vicente
(SV). Contudo, as PME em Cabo Verde, totalizavam 97% do total das empresas em
cabo Verde, destacando-se como geradoras de ocupação e rendimento no país,
contribuindo de forma crescente para o aumento do produto interno bruto (PIB).
Porém, há um facto que compromete um maior crescimento do número de empresa, e
por conseguinte da economia, que é o alto índice de mortalidade precoce das PME,
gerado por diferentes elementos e condições ligadas a estas unidades de produção.
O presente trabalho está estruturado em cinco (5) capítulos, sendo a introdução, e a
conclusão, capítulos muito importantes, mas que não foram enumerados.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 2
Sendo assim, no primeiro capítulo enumerado apresenta-se a investigação que se
distribui na justificação do tema, no objecto de pesquisa, nos objectivos do trabalho, as
hipóteses, a relevância do estudo, e também é apresentada a metodologia utilizada para
o desenvolvimento e análise da pesquisa.
O segundo capítulo está dividido em três subcapítulos, que diz respeito a abordagem
teórica. No primeiro subcapítulo, abordamos o conceito das empresas, mais
especificamente as PME, também a evolução das empresas, e a classificação das
empresas. No segundo fala-se do surgimento e crescimento do empreendedorismo,
definição de empreendedorismo versus empreendedor, características do empreendedor,
factores da envolvente que fomentam o empreendedorismo, factores que podem
atrapalhar o desenvolvimento da actividade empreendedora, empreendedorismo em
Cabo Verde, contributo do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo Verde,
instituições de apoio ao empreendedorismo em Cabo Verde, e financiamento das PME
em Cabo Verde e no terceiro falamos da mortalidade das empresas, conceito, factores
contribuintes para a mortalidade das empresas, e os factores que tornam um negócio
bem-sucedido.
Por fim, o terceiro capítulo enumerado, onde são apresentados e analisados os dados
conseguidos através da aplicação do questionário.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 3
1. A INVESTIGAÇÃO
1.1. Justificação do tema
A escolha do tema “Mortalidade Empresarial: caso das pequenas e médias empresas em
São vicente” prende-se com a curiosidade de poder compreender melhor quais são as
razões que levam as empresas, particularmente em São Vicente, a fecharem as portas
após um período de funcionamento.
Ora, numa conjuntura global caracterizada por padrões elevados de competitividade,
constitui um desafio para as empresas atingir níveis mais elevados de eficiência e
optimização dos recursos. A sobrevivência e a sustentabilidade das empresas
dependerão certamente disso.
Este tema é dirigido às PME, e por isso apoia-se na importância que estas vêm
assumindo no desenvolvimento económico do País e na sua capacidade de criar riqueza.
Em Cabo Verde, as PME afiguram-se, sem dúvida nenhuma, como alavanca para o
crescimento económico, pois o papel estratégico que estas desempenham actualmente é
fundamental, não obstante, conforme se afirmou acima, elas operarem em ambientes
altamente competitivos e com escassos recursos.
Os desafios que enfrentam os novos empreendedores e a representatividade das PME
determinam a necessidade de isolar os aspectos causadores do fracasso, para se poder
entender melhor todos os fenómenos que, de uma forma ou de outra, influenciam a
mortalidade das PME em São Vicente. Isto porque, como se sabe, a mortalidade precoce
das mesmas é um factor preocupante e implica o agravamento dos problemas
socioeconómicos, como o desemprego, a diminuição do nível de rendimento e
sobretudo a diminuição da competitividade da nossa economia.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 4
Esse fenómeno tem atraído a atenção de alguns analistas nacionais, pelo que merece
uma especial atenção.
1.2. Pergunta de partida
A pergunta de partida deve exprimir o mais exactamente possível o que se procura
saber, elucidar, ou compreender melhor (Quivy e Campenhoudt, 1998)3. Ela constitui,
segundo os mesmos autores, o primeiro fio condutor de uma investigação. Deve
apresentar qualidades de clareza, de exequibilidade e de pertinência.
Assim, o problema que serve de guia a esta investigação é o seguinte:
• Que factores provocam a mortalidade precoce das pequenas e médias
empresas em São Vicente?
1.3. Hipóteses de pesquisa
Uma hipótese é um enunciado formal das relações entre duas ou mais variáveis. Fornece
a investigação um fio condutor particularmente eficaz que permite, do momento em que
ela é formulada, substituir a questão da pesquisa, mesmo que esta deve permanecer
presente na mente do investigador (Quivy e Campenhoudt, 1998).
Para responder a essa problemática construímos as seguintes hipóteses:
H1 - A mortalidade de pequenas e médias empresas depende mais das capacidades
pessoais do empreendedor do que de factores externos.
3 Quivy, R. & Campenhoudt, L. Manual de investigação em ciências sociais (1998)
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 5
H2 - A dificuldade de acesso ao crédito é um factor contribuinte para a mortalidade das
PME´s;
1.4. Objectivos do estudo
1.4.1. Objectivo Geral
Identificar e analisar os principais factores que influenciam a mortalidade das pequenas
e médias empresas sedeadas em São Vicente.
1.4.2. Objectivos específicos
- Analisar as causas da mortalidade nas PME em SV;
- Identificar a relação existente entre a cultura empreendedora e o fracasso das PME;
- Descrever as principais características dos empreendedores mal sucedidos em SV.
1.5. Metodologia
Para a realização deste trabalho de pesquisa, utilizou-se alguns procedimentos que serão
descritos pormenorizadamente para facilitar a sua compreensão. Serão particularmente
destacados o enfoque da pesquisa, o tipo de estudo, a abordagem utilizada, o método de
recolha de dados, a definição da amostra utilizada e os softwares utilizados para o
tratamento dos dados.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 6
1.5.1. Método de investigação
Para alcançar os objectivos definidos, optou-se por uma abordagem quantitativa através
da aplicação de um inquérito dirigido aos operadores que tiveram que fechar as suas
empresas.
A pesquisa realizada é de carácter exploratória, uma vez que procura-se o
aprofundamento do assunto investigado.
De acordo com Marconi e Lakatos (2006) Apud Oliveira (2011):
“Os estudos exploratórios são investigações de pesquisa empírica cujo
objectivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla
finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador
com o ambiente, facto ou fenómeno para a realização de uma pesquisa futura
mais precisa ou modificar e esclarecer conceitos”.
A pesquisa realizada é também uma pesquisa bibliográfica, pois por conceito, a
pesquisa bibliográfica, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema
de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, pesquisas, monografias,
teses, material cartográfico etc. No estudo foram utilizados livros, artigos, opiniões
online, teses, monografias e outras fontes.
1.5.2. Recolha de dados da investigação
Para a recolha de dados aplicou-se um questionário junto dos proprietários e gerentes
das empresas que já se encontram fechadas, constituído por questões fechadas e também
por questões de múltipla escolha, de modo a obter uma série de possíveis respostas. O
referido questionário tem por objectivo identificar o perfil empreendedor dos
proprietários e conhecer as causas que levaram à mortalidade das empresas. Marconi e
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 7
Lakatos (2006) são citados por Oliveira (2011) que diz que, as perguntas de múltipla
escolha são perguntas fechadas mas que apresentam uma série de possíveis respostas e
ainda esclarecem que “O questionário é um instrumento de colecta de dados construído
por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a
presença do entrevistador”.
1.5.3. Método de Selecção da Amostra
Neste trabalho utilizou-se como método de selecção da amostra o método não
probabilístico ou de amostragem não aleatória simples. Este tipo de amostragem é feito
quando o pesquisador está interessado na opinião de determinados elementos da
população mas não representativos dela. Esta técnica não permite generalizar os dados
obtidos, pois, segundo Hill (2005), (…) em rigor, os resultados e as conclusões só se
aplicam a amostra, não podendo ser extrapolados com confiança para o universo.
O universo da pesquisa corresponde à lista facultada pela Repartição de Finanças da
Ilha de São Vicente, cuja população não ultrapassa 34 empresas, tendo em conta os anos
de estudo de 2010 e 2011.
O número de inquéritos aplicados, explica-se pelo facto da lista fornecida pela
Repartição de Finanças ter apenas trinta e quatro (34) empresas que fecharam o seu
negócio, e muitas delas já não terem contactos válidos, pelo que só foi possível
contactar apenas quinze (15).
Tendo em conta a realidade e o anteriormente citado, em rigor não podemos extrapolar
para o universo das empresas em estudo nesta investigação.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 8
No entanto, dada a semelhança dos casos em estudo, é possível proceder a alguma
generalização das conclusões para o universo das PME em situação a mortalidade.
1.5.4. Análise de dados
Para a análise e tratamento dos dados recolhidos através do questionário utilizou-se o
software estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 20.0 e o Excel 2007.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 9
2. ABORDAGEM TEÓRICA
2.1. As empresas
2.1.1. Definições e conceitos
O tecido empresarial tem vindo a sofrer inúmeras mudanças voltadas para a valorização
e desenvolvimento de uma cultura empresarial que prima pelo esforço contínuo, pela
flexibilidade, pela investigação científica e tecnológica, com o propósito de valorizar
cada vez mais os recursos humanos.
Em todos os sistemas económicos existem empresas nos mais diversos sectores e
subsectores ou ramos de actividade económica, em que a finalidade é produzir bens e
serviços destinados à comercialização com intuito de satisfazer não só em termos
quantitativo, mas também de forma qualitativa as necessidades humanas.
Todos os esforços realizados a favor das empresas visam a agregação de valores e
objectivam a melhoria contínua do processo de produção de bens e serviços. Mas, de
acordo com Chiavenato (2002):
“o avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si
apenas, não produzem efeito se a qualidade de administração efectuada sobre
os grupos organizados de pessoas não permitir uma aplicação efectiva dos
recursos humanos e materiais (…) ”.
Existe um leque muito diversificado de definição do conceito de empresa. Segundo
Santos e Lemos (S/d), “a empresa é toda a organização dos factores produtivos, capital e
trabalho, com os objectivos essenciais de prestação de bens e/ou serviços á comunidade
onde se insere, podendo ter finalidade lucrativa ou não”.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 10
Nesta mesma linha de pensamentos, Santos (1982) é citado por Chiavenato (2007) que
diz que:
“A empresa é comumente definida pelos economistas como uma unidade
básica do sistema económico, cuja principal função é produzir bens e
serviços. Para conseguir fabricar seus produtos, ou oferecer seus serviços, a
empresa combina diversos fatores de produção, ou seja, os recursos naturais,
o capital e o trabalho necessários para o desempenho da função produção”.
Já para Veiga (2008), “A empresa é um conjunto de factores de produção reunidos sob a
autoridade de um indivíduo (empresário) ou de um grupo, com o objectivo de realizar
um rendimento monetário através da produção de bens e serviços”.
No âmbito do IV Censo Empresarial realizada pelo INE em 2010,
“A empresa é uma entidade correspondendo a uma unidade jurídica ou ao
mais pequeno agrupamento de unidades jurídicas ou institucionais, dotada de
autonomia de organização e de decisão na afectação de recursos às suas
actividades de produção, exercendo uma ou várias actividades, num ou vários
locais e que sejam fixas, visíveis, registadas ou não”.
Assim também, de acordo com o Código das Sociedades Comerciais Cabo-Verdianas
(CSC-CV), a empresa é “uma actividade organizada, com carácter económico e
profissional, constituída com o fim de produzir o lucro. O titular da empresa poderá ser
um comerciante em nome individual ou uma sociedade”.
Todas essas definições convergem para os objectivos que norteiam de uma forma geral
qualquer empresa, conforme sabiamente representado por Chiavenato (2007), na figura
que se segue:
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 11
Figura 1 - Objectivos da empresa
Fonte: Chiavenato (2007)
Numa perspectiva dinâmica pode-se dizer que na época industrial, quando o recurso
estratégico era o capital, o objectivo da empresa podia ser apenas obter lucros. Mas na
era da globalização, o recurso estratégico é a informação, o conhecimento e a
criatividade, pois concordamos que só há um modo de uma empresa ter acesso a esses
bens, isto é, através da valorização dos recursos humanos.
2.1.2. Evolução da empresa
Com a sedentarização, o homem criou a associação económica vinculada à família que
se dedicava a prática de actividades diversas, através de técnicas rotineiras, com vista a
garantia da subsistência.
Segundo Chiavenato (2002), apud Rodrigues (2012), tudo começou com a invenção da
máquina a vapor por James Watt (1736 - 1819) e a sua aplicação à produção surgiu
numa nova concepção de trabalho que modificou completamente a estrutura social e
comercial da época, provocando profundas e rápidas mudanças de ordem económica,
política e social que, em um lapso de um século, foram maiores do que as mudanças
Objectivos
empresariais
Directos
Indirectos
Lucro
Satisfação de necessidades dos clientes
Finalidades sociais
Produção ou comercialização de bens
Prestação de serviços
Actividades comunitárias
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 12
ocorridas em todo o milénio anterior. É a chamada revolução industrial que se iniciou
na Inglaterra e que originou a transformação de muitos paradigmas empresariais.
A rápida e intensa introdução das máquinas nas oficinas provocou fusões de
pequenas oficinas que passaram a integrar outras maiores, e que, aos poucos
foram crescendo e transformando em fábricas. O operário foi substituído pela
máquina nas tarefas em que se podia automatizar e acelerar pela repetição.
Com o aumento dos mercados decorrente da redução de preços e
popularização dos produtos, as fábricas passaram a exigir grandes
contingentes humanos. A mecanização do trabalho levou a divisão do
trabalho e a simplificação das operações, substituindo os ofícios tradicionais
por tarefas automatizadas e repetitivas, que podiam ser executadas com
facilidade de controlo. (Chiavenato, 1995)
Seguindo assim, de acordo com Henriques e Leandro, (2002), “a Revolução Industrial
operou uma profunda transformação na sociedade. As mudanças técnicas e
tecnológicas, então verificadas, implicaram alterações a nível da organização da
produção, com recurso à energia em larga escala e à necessidade da concentração. Surge
a empresa capitalista – a fábrica – que vai reunir capital e trabalho, sob a autoridade de
um empresário, tendo em vista a obtenção de lucro”.
A Revolução Industrial foi um marco fundamental para a mudança de paradigma
empresarial, o que é um processo contínuo, em que o capital fundamental já não é o
recurso económico básico, mas antes o saber, dando ênfase uma vez mais, ao factor
humano como sendo aquele que detêm a sabedoria. Quem lidera esse novo processo não
são os capitalistas, mas sim os trabalhadores do saber, canalizando o conhecimento aos
diversos ramos de actividade. Assim, as tecnologias da informação são cada vez mais
consideradas como uma arma estratégica no desenvolvimento das empresas e das
sociedades (Veiga, 2008).
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 13
Atendendo à dinâmica da evolução, a caracterização das duas gerações de empresas são
diferentes e pode ser espelhada de forma resumida no seguinte:
Tabela 1 - Comparação entre empresa tradicional e empresa moderna
Fonte: Henriques e Leandro, (2002)
Através desta tabela pode-se fazer uma análise comparativa da evolução da empresa,
tanto nos seus aspectos internos como externos, traduzindo sinais de maior
complexidade no funcionamento da mesma e a necessidade da sua adaptação
permanente para fazer face às novas exigências impostas.
Empresa Tradicional Empresa Moderna
Frequente Empresário individual que utiliza livremente
os seus bens
Partilha de património entre os detentores do capital e do
poder dos gestores
Prevalência das finalidades económicas Pluralidade de objectivos
Cálculo económico Decisões estratégicas
Inovação Valorização da informação
Quando existem accionistas, estes fornecem o capital e
exercem o
Aceita a existência de interesse contraditório cuja
conciliação se impõe:
- Poder através dos seus votos Empresa – lucro/investimento
Progresso económico Trabalhadores – Salário/participação
Accionistas – dividendo/valorização do capital
Estado – receitas fiscais/política económico-social
Consumidores – menores preços/melhor qualidade
Progresso económico, técnico e social
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 14
2.1.3. Classificação das empresas
Na perspectiva de Costa e Ribeiro (2004), “as formas que as empresas podem assumir
são muito variadas, sendo possível distingui-las segundo a dimensão, sector de
actividade, a forma jurídica e o âmbito geográfico”. De facto, é uma necessidade
diferenciar as empresas, visto que tem objectivos diferenciados a cumprir e por isso,
estruturam-se de forma diferente.
2.1.3.1. Classificação segundo a dimensão da empresa
A dimensão da empresa é uma das formas de diferenciação mais importante. Para se
medir o tamanho de uma empresa utilizam-se vários critérios que são complementares,
tais como o número de trabalhadores, o volume de vendas, os activos que a empresa
possui, entre outros, dependendo de país para país. Tanto em Cabo Verde como em
outros países as empresas classificam-se em:
Micro empresas
Pequenas empresas
Médias empresas
Grandes empresas
Para responder às necessidades deste trabalho, concentramo-nos na classificação e
definição dos critérios das PME.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 15
É senso comum que, as PME, sempre exerceram um papel proeminente na economia
mundial, constituindo um grande propulsor do desenvolvimento. Essa importância é
confirmada a partir da (1) Contribuição significativa na geração do produto nacional; (2)
Absorção de mão-de-obra, inclusive a menos qualificada; (3) Flexibilidade local,
desempenhando importante papel de interiorização do desenvolvimento; (4) Carácter
predominantemente nacional, pois há utilização absoluta do capital privado nacional e
(5) Desempenho de actividades de auxílio às grandes empresas, como distribuição e
fornecimento, actividades as quais efectuaria com pouca eficácia.
Diria, portanto, que as PME são cada vez mais caracterizadas como potenciais
geradoras de emprego e de rendimento, o que pode contribuir não só para o
desenvolvimento económico e social de um país, mas também para o crescimento
económico.
Contradizendo o acima exposto, Garcia (2000) argumenta que até ao fim da década de
70, as PME eram consideradas irrelevantes para a economia de um país, mas nos anos
da década de 80, com o aumento da concorrência dos mercados e a maior utilização da
tecnologia nos processos produtivos, iniciou-se uma mudança de paradigma, ou seja,
uma mudança na forma de organização económica que enfatizava apenas as grandes
empresas estratégicas para a economia nacional.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 16
As PME também possuem características próprias que as distinguem das grandes
empresas. Estas características referem-se tanto a sua forma de organização, quanto ao
seu relacionamento com clientes, fornecedores, instituições governamentais, e demais
actores do seu entorno. O quadro 1 ilustra as principais características deste tipo de
empresa.
Quadro 1 - Principais características das PME
Fonte: Fundación Cotec, Estudios 7
Algumas das características apontadas como: estrutura organizacional simples, pouca
burocracia, rapidez de resposta, flexibilidade, etc, são altamente desejáveis, tendo em
vista que permitem uma reacção mais rápida num contexto de rápidas mudanças. Já
características como: limitações de recursos humanos e financeiros representam
obstáculos ao desenvolvimento das PME.
Estrutura organizacional simples
Limitação de recursos humanos
Ausência de burocracia interna
Baixo grau de diversificação produtiva
Limitação de recursos financeiros
Produção para mercados locais e especializados
Proximidade do mercado e do cliente
Rapidez de resposta
Flexibilidade e adaptabilidade a mudanças do entorno
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 17
Relativamente à definição “PME” esta é sem dúvida, ambígua e imprecisa, pois,
normalmente não existe, para o efeito, uma definição universalmente aceite. A
classificação das mesmas pode depender, entre outras coisas, do grau de
desenvolvimento do país onde encontram-se instaladas. Dornelas (2001) entende que o
que é - pequeno para um país onde os sectores sejam totalmente industrializados, pode
ser - médio em uma economia em desenvolvimento, e o que é - médio no primeiro
poderá ser considerado - grande no segundo. Estes adjectivos deverão estar, por
conseguinte, em função do sector económico e também do maior ou menor grau de
desenvolvimento de cada sociedade.
A legislação cabo-verdiana reconhece no seu (Decreto-Lei nº40/90 de 6 de Junho) que
as PME são todas aquelas que apresentam as seguintes características:
Possuir mais de cinco trabalhadores e menos que cinquenta trabalhando de
forma permanente; as receitas anuais não devem ultrapassar os duzentos
milhões de escudos; o seu capital social seja detido em mais de 75% por
investidores de nacionalidade Cabo-verdiana; não detenha participações
financeiras noutras empresas que não sejam PME nacionais.
Já a INE no seu II º RE (2002) define os critérios de classificação de empresas a partir
do número de trabalhadores conforme se segue:
a) 1 – 5 Trabalhadores: Pequena Empresa
b) 6 – 20 Trabalhadores: Média Empresa
c) Mais de 20 Trabalhadores: Grande Empresa
Alguns elementos são comuns nas definições apresentadas sobre PME, ou seja, esta,
independente da actividade que exerça, geralmente é dirigida pelo seu proprietário. Ela
possui um quadro reduzido de pessoal, não possui uma posição dominante do mercado
onde actua, não dispõe de elevados recursos financeiros, não está ligada directa ou
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 18
indirectamente a grandes grupos económicos e tem o valor de seu capital e o
facturamento anual reduzidos.
Em Cabo Verde, a promoção de incentivos à criação e ao crescimento de actividades
das PME é considerada um dos vectores integrantes na redução da pobreza, da exclusão
social e determinante na melhoria do nível do bem-estar dos cabo-verdianos, porque
crê-se que a sua dinamização incentiva as camadas pobres da sociedade e não só, a
criarem os seus próprios negócios e a providenciarem os seus rendimentos.
O peso das PME no tecido económico nacional é apresentado no quadro a seguir:
Quadro 2 - Efectivo das PME´s em Cabo Verde (2010)
Categoria
Empresa Efectivo %
Micro 5.250 58,99
Pequena 2.859 32,13
Média 560 6,29
Grande 230 2,59
Total 8.899 100,00
Fonte: INE, IAE 2010
2.1.3.2. Classificação segundo o sector de actividade
A classificação das empresas segundo o sector de actividade também é muito
importante. Para pertencer a um determinado sector, implica ter certas características
em relação à estrutura da empresa, à gestão e aos seus comportamentos, enquanto
actividade exercida.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 19
Sector primário – pertence ao sector primário todas as empresas que desempenham
uma actividade ligada à natureza, tais como agricultura, pesca, caça, energia eólica,
extracção de petróleo, entre outros.
Sector secundário - agrupa todas as actividades industriais, isto é, aquelas que são
objectos de um processo de transformação de matérias-primas e outros componentes,
em produtos acabados. As actividades mais destacadas nesse quadro são, a construção, a
metalurgia, a química, construção de maquinaria, a construção naval, os automóveis, a
aeronáutica, o têxtil, a manufactura, a transformação alimentar, etc.
Sector terciário – é o sector dos serviços. Enquadram as actividades comerciais e as
demais actividades prestadoras de serviços. Representa o grau mais elevado e tido
muitas vezes, como indicador do nível económico do país, pela prevalência da
percentagem da população activa.
2.1.3.3. Classificação de acordo com o âmbito geográfico
Local - A maior parte da sua actividade é desenvolvida em uma cidade ou numa zona.
Regional - Seu âmbito de actuação se estende a toda comunidade a que pertence e com
unidades produtivas em distintos lugares, com a sua rede de vendas ao longo de toda a
região.
Nacional - São as empresas que operam dentro da fronteira de um país, abrangendo as
suas actividades por todas as regiões.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 20
Internacional - São as empresas que operam em mais de um país. Podem variar o seu
grau de internacionalização, desde da simples empresa exportadora que vende ao
estrangeiro, até as empresas transnacionais que tem negócios em diferentes países, com
cooperadores de várias nacionalidades e que operam num mercado global.
2.1.3.4. Classificação Segundo a Forma Jurídica
Às diferentes formas jurídicas, correspondem á diferentes exigências, em especial no
que respeita ao número de sócios, ao valor e representação do capital social, bem como
à responsabilidade perante terceiros. Esta é uma das formas de elevada importância para
fazer face a classificação das empresas. O CSC-CV diferencia as seguintes formas
jurídicas:
Sociedade anónima – É uma sociedade cujo capital está dividido por acções, sendo a
responsabilidade de cada accionista limitado ao valor das acções por ele subscritas.
(art.º 342º CSC-CV)
Sociedades por quotas – São sociedades de pessoas, em que o capital está dividido em
quotas. Todos os sócios são responsáveis solidariamente pelo valor das entradas. (art.º
275º CSC-CV). De acordo com o Art.º 274º do CSC-CV, a firma das sociedades por
quotas pode ser formada pelo nome, firma de algum ou de todos os sócios, ou ainda
pela reunião dos dois, utilizando ou não a sigla. Em qualquer caso concluirá pela
expressão - Limitada ou pela abreviatura - Lda.
Sociedades unipessoais por quotas – De acordo com o Art.º 336º do CSC-CV, as
sociedades unipessoais por quotas podem ser constituídas com um único sócio, desde
que este seja uma pessoa singular. Ele não pode constituir mais do que uma sociedade
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 21
unipessoal. A firma desta sociedade deve ser formada pela expressão - sociedade
unipessoal, pela palavra - Limitada ou pela abreviatura - Lda.
Sociedade em nome colectivo - A responsabilidade de cada sócio é ilimitada e
subsidiária em relação à sociedade e solidariamente perante os sócios (art.º 259º CSC-
CV). De acordo com o Art.º 260º do CSC-CV, do contrato de sociedade devem constar:
a espécie e a caracterização da entrada de cada sócio em indústria ou bens, assim como
o valor atribuído aos bens; o valor atribuído à indústria com que os sócios contribuam,
para o efeito da repartição de lucros e perdas; a parte social corresponde à entrada com
bens de cada sócio. Não podem ser emitidos títulos representativos de partes sociais.
Sociedade em comandita - Cada sócio responde apenas pela sua entrada e os sócios
comanditados respondem pelas dívidas da sociedade nos mesmos termos que os sócios
da sociedade em nome colectivo (Art.º 459º CSC-CV).
Sociedade em comandita por acções – Não pode constituir-se com menos de dois
sócios comanditários. Os sócios possuem sempre o direito de fiscalização assim como
os sócios de sociedades em nome colectivo (Art.º 472ºCSC-CV). Não há representação
do capital por acções. Na sociedade em comandita por acções só as participações dos
sócios comanditários são representadas por acções.
Após uma breve sintetização das classificações jurídicas acima referidas, a seguir
apresenta-se na tabela 2, o resumo das características das sociedades comerciais em
Cabo Verde.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 22
Tabela 2 - Características das Sociedades Comerciais
TIPO JURIDICO
CARACTERISTICAS CAPITAL
SOCIAL RESPONSABILIDADE
Nº de SÓCIOS
Sociedade anónima
- No mínimo 2 sócios
2.500.000$00 Limitada
- Contribuições em
indústrias
- As acções devem ter o
mesmo valor nominal
Sociedade por
quotas
- Não são admitidas
contribuições em
indústrias
200.000$00 Limitada
Sociedade
unipessoal por
quota
- Uma única pessoa
singular é titular do
capital social
200.000$00 Limitada - São admitidas
contribuições em outras
empresas
Sociedade em
comandita
- Não são admitidas
contribuições em outras
indústrias
Reúne sócios de
responsabilidade limitada
e sócios de
responsabilidade
ilimitada
Sociedade em
nome colectivo
- São admitidas
contribuições em outras
indústrias
Ilimitada e subsidiária
Fonte: CSC-CV
Aproveitando a mesma linha de pensamento sobre as classificações das empresas,
apresentamos um estudo realizado pelo INE (1997), relativamente ao primeiro RE das
empresas em Cabo Verde, comparado com o ultimo recenseamento até agora realizado,
ou seja o IV RE (2010).
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 23
Constata-se que no ano de 1997, a maioria das empresas eram considerados como
Empresas de Nome Individual (ENI), pois num universo de 5950 empresas existentes
em Cabo Verde estas equivaliam a um total de 91%. Um total de 6% pertenciam as
denominadas de Sociedades por Quotas (SPQ) e as restantes ocupavam um total de 3%.
Em relação ao ano de 2010, num total de 8899 Empresas, a maioria classifica-se como
ENI, correspondendo a 76%. A seguir aparece as SPQ que representam 19%, e por fim
as Sociedades Anónimas (SA) em junção com as outras equivalendo a um total de 5%
das empresas.
Tabela 3 - As empresas em Cabo Verde segundo a forma jurídica de 1997 - 2010
Forma Jurídica
Ano
Percentual
Ano
Percentual 1997 2010
Nº Empresas Nº Empresas
ENI 5432 91% 6769 76%
SPQ 368 6% 1724 19%
SA e Outras 150 3% 406 5%
TOTAL 5950 100% 8899 100% Fonte: Análise do Autor, adaptado do I e IV RE do INE.
O resultado deste estudo permite concluir que os empresários cabo-verdianos
apresentam uma certa tendência em abrir empresas que se classificam como ENI e as
SPQ, por estas apresentarem características que mais se enquadram as nossas
realidades.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 24
2.2. Empreendedorismo
2.2.1. Surgimento e crescimento
A palavra empreendedorismo deriva o francês “entre” e “prendre” que quer dizer algo
como “estar no mercado entre o fornecedor e o consumidor” (Sarkar, 2010).
O conceito existe há muito tempo mas foi evoluindo com o decorrer do tempo, a medida
que a estrutura económica mundial mudava e tornava-se mais complexa, fazendo com
que este se tornasse o centro das políticas públicas na maioria dos países.
Segundo Sarkar (2010), os pesquisadores do empreendedorismo estavam de acordo que
o conceito de empreendedorismo estaria nas obras de Richard Cantillon, [um
economista francês de destaque no século XVIII], que teria sido o primeiro responsável
pelo seu aparecimento. Este descrevia o empreendedor como uma pessoa que comprava
matéria-prima por um preço certo para revende-lo por um preço incerto, lucrando assim,
além do esperado, uma vez ter inovado e aproveitado as potencialidades e
oportunidades, assumindo assim todos os riscos.
Tomando a ideia de Dornelas, (2001), um exemplo mais citado para justificar o
surgimento do termo empreendedorismo pode ser creditado a Marco Polo, “que tentou
estabelecer rotas comerciais para o oriente. Como empreendedor/intermediário, Marco
Polo assinava um contrato com um homem de recursos (actualmente conhecido como
capitalista) para vender as suas mercadorias. Enquanto o capitalista era quem corria os
riscos passivamente, o comerciante aventureiro assumia o papel activo no negócio
suportando todos os riscos físicos e emocionais, e caso o negócio fosse bem-sucedido,
cabia ainda ao capitalista a maior parte do lucro”.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 25
Assim dando enfâse ao estudo de Oliveira (2011), foi no século XVII que ocorreram os
primeiros indícios de relação entre assumir riscos e o empreendedor:
“Nessa época, Richard Cantillon, importante escritor e economista do século,
foi um dos primeiros a diferenciar o empreendedor do capitalista. Cantillon
distinguiu o empreendedor como sendo aquele que assumia riscos e o
capitalista como aquele que fornecia o capital. No século XVIII, o capitalista
e o empreendedor foram finalmente diferenciados, devido ao início da
industrialização. Em finais do século XIX e início do século XX, foram
confundidos com frequência com os gerentes ou administradores (facto que
ocorre até os dias de hoje). Eram analisados de um ponto de vista económico
como aqueles que organizam a empresa, pagam os empregados, planeiam,
dirigem e controlam as acções desenvolvidas na organização, mas sempre a
serviço do capitalista”.
Além de referir o surgimento, pode focar-se ainda no grande crescimento do
empreendedorismo no mundo, que dia após dia é ampliado e refinado.
De acordo com Dornelas (2001), o avanço tecnológico aliado com a sofisticação da
economia e dos meios de produção de bens e serviços gerou uma necessidade de
formalização dos conhecimentos que antes eram obtidos de forma empírica. Esses
factores nos levam ao que é chamado actualmente de “A era do Empreendedorismo”,
pois são os empreendedores que estão actualmente criando novas relações de trabalho,
novos empregos, e gerando riqueza para a sociedade.
“Há bons anos atrás era considerado loucura um jovem recém-formado
aventurar-se na criação de um negócio, pois os empregos oferecidos pelas
empresas ou instituições eram convidativos com salários estáveis e
possibilidade de crescimento dentro das organizações” (Dornelas, 2001).
Mas hoje, os países, conjuntamente com as empresas que abarcam programas de
incentivo ao empreendedorismo, estimulam o cidadão comum a abrir um pequeno
negócio por conta própria para seguir feliz até o fim da vida, sempre com a noção de
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 26
que, embora se trate de um conceito simples, assimila-lo na prática requer habilidades,
características, virtudes, comportamentos e conhecimentos específicos que não são
encontrados em fonte de literatura, isto é, requer a necessidade de sermos adaptáveis,
flexíveis e empreendedores, até porque podemos observar que o emprego para toda a
vida já não existe, e por isso é fulcral pensar em hipóteses de gerar o próprio emprego.
Segundo Dornelas (2001), “o interesse pelo empreendedorismo se estende pelo mundo,
atraindo a atenção de muitas organizações”. Um estudo da Global Entrepreneurship
Monitor4 (GEM, 1999) mostra alguns exemplos nesse sentido:
No final de 1998, o Reino Unido publicou um relatório a respeito do seu futuro
competitivo, enfatizando a necessidade de desenvolver iniciativas para
intensificar o empreendedorismo;
A Alemanha implementou programas que destinam recursos financeiros e apoio
na criação de novas empresas;
Em 1995, o decénio do empreendedorismo foi lançado na Finlândia;
Em Israel implementaram várias iniciativas, por meio de programas de
incubadoras tecnológicas, e até a data já se haviam estabelecidos mais de
quinhentos negócios nas 26 incubadoras do projecto, até a data existentes;
Na França promoviam o ensino do empreendedorismo nas universidades;
Apesar de todo o interesse, uma definição concisa e internacionalmente aceita ainda não
surgiu. Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível deparar com várias
4 O projecto GEM é o maior estudo de empreendedorismo realizado em todo o mundo. Tem como
objectivo analisar a relação entre o nível de empreendedorismo e o nível de crescimento económico em
vários países e, simultaneamente, determinar as condições que fomentam e travam as dinâmicas
empreendedoras em cada país.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 27
definições diferentes na literatura associada ao termo empreendedor e ao
empreendedorismo. Para facilitar o entendimento, é importante relacionar as principais
definições utilizadas a partir da Idade Média (Quadro 3).
Quadro 3 - Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor
a partir da idade média
Período Autor Conceito
Idade Média Desconhecido Participante e pessoa encarregada de projectos de produção em
grande escala
Século XVII Desconhecido Pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato
de valor fixo com o governo
1725 Richard Cantillon Pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital
1803 Jean Baptiste Say Lucros do empreendedor separados dos lucros de capital
1876 Francis Walker Distinguir entre os que forneciam fundos e recebiam juros e
aqueles que obtinham lucro com habilidades administrativas
1934 Joseph Schumpeter O empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda
não foi testada
1961 David McClelland O empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados
1964 Peter Drucker O empreendedor maximiza oportunidades
1975 Albert Shapero O empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos
sociais e económicos e aceita os riscos do fracasso.
1980 Karl Vesper O empreendedor é visto de modo diferente por economistas,
psicólogos, negociantes e políticos.
1983 Gifford Pinchot O intra-empreendedor é um empreendedor que actua dentro de uma
organização já estabelecida.
1985 Robert Hisrich O empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com
valor, dedicando tempo e os esforços necessários, assumindo riscos
financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as
consequentes recompensas da satisfação económica e pessoal.
2001 José Carlos Assis
Dornelas
O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem, se
antecipa aos factos e tem uma visão futura da organização.
Fonte: adaptado por Mendes (2006)
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 28
Portanto, não é nada mau referir que, o empreendedorismo é um forte combustível para
o crescimento económico, uma vez que fomenta o emprego, a prosperidade, e sobretudo
a competitividade entre as empresas, gerando valor aos produtos e serviços.
2.2.2. Empreendedorismo versus empreendedor
O conceito de empreendedorismo existe há bastante tempo, contudo a sua popularidade
renasceu nos últimos tempos, tornando uma das mais recentes áreas de estudo, como se
tivesse sido uma descoberta súbita. As definições do tema são as mais diversas e tem
sido utilizado com diferentes significados, onde actualmente não se pode dizer que
exista uma definição unânime e consensual.
Segundo Dornelas (2001), o empreendedorismo é o envolvimento de pessoas que em
conjunto levam a transformação de ideias em oportunidades. E o autor ainda considera
que se as oportunidades forem bem implementadas levará a criação de negócios de
sucesso.
Partindo da mesma ideia, um conceito de empreendedorismo aceite pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)5, é referida como sendo a
dinâmica de identificação e aproveitamento económico de oportunidades (Costa, 2008).
Mendes (2006), parte do conceito de outros autores definindo o empreendedorismo
como sendo “o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço
necessários, assumindo riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes, e
5 OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) é uma organização
internacional composta por 30 países, que tem como objectivos, coordenar políticas económicas e sociais,
apoiar o crescimento económico sustentado, aumentar o emprego e a qualidade de vida dos cidadãos e
manter a estabilidade financeira, entre outros.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 29
recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência económica
social”.
Schumpeter (1982) associa o conceito de empreendedorismo ao processo de inovação
tecnológica e criatividade: o empreendedor é aquele que destrói a ordem económica
existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de
organização ou pela exploração de novos recursos e materiais. (Mendes, 2006)
Oliveira (2011), adapta-se também ao conceito de novos autores e diz que “o
empreendedorismo não é um acontecimento inato: é antes determinado pelas condições
da envolvente que se manifestam a diversos níveis”.
Seguindo esse contexto, Dornelas (2001), diz que :
“Hoje em dia, cada vez mais acredita-se que o processo empreendedor6 pode
ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de
uma gama de factores internos e externos ao negócio, do perfil empreendedor
e de como ele administra as adversidades que encontra no dia-a-dia de seu
empreendimento”.
Ou seja, por outras palavras, o empreendedorismo é algo que concordamos sim, estar
inerente aos seres humanos, uma vez que estes podem apresentar características
empreendedoras na sua própria personalidade, nomeadamente quando conseguem
detectar oportunidades onde outros nada vêem, mas, por outro lado, o
empreendedorismo é algo que também pode ser atingido, através do estímulo da
6 Processo empreendedor envolve todas as funções, acções, e actividades associadas com a percepção de
oportunidades e criação de meios para persegui-las.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 30
criatividade e da eficiência alcançando a inovação, bastando para isso, que se procurem
oportunidades.
É a partir dessa síntese de pensamento contemporâneo que Morris et al. (1994),
propõem a seguinte definição de empreendedorismo:
“O empreendedorismo é uma actividade processual (um processo).
Geralmente envolve as seguintes contribuições: uma oportunidade; um ou
mais indivíduos pró-activos; um contexto organizacional; risco; inovação; e
recursos. Pode produzir os seguintes resultados: uma nova empresa ou
empreendimento; valor; novos produtos ou Processos; lucro ou benefício
pessoal; e crescimento”.
Para se ter maior sucesso quanto a compreensão da importância de se conhecer o que é
empreendedorismo, torna-se também necessário entender o que é ser empreendedor, e
atendendo a definição do termo existem muitas, mas uma das mais antigas e que talvez
melhor reflita o espírito empreendedor é dada na citação de Dornelas (2001):
“O empreendedor é aquele que destrói a ordem económica existente pela introdução de
novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela
exploração de novos recursos e materiais”.
De acordo com Dornelas (2001), outros autores também partiam de uma abordagem
diferente, citando o seguinte: “o empreendedor é aquele que cria um equilíbrio,
encontrando uma posição clara e positiva em um ambiente de caos e turbulência, ou
seja, identifica oportunidades na ordem presente”.
Já para o próprio autor, ele considera o empreendedor como aquele que detecta uma
oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo assim riscos
calculados.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 31
Ainda para Dornelas (2001), um dos principais atributos do empreendedor “é identificar
oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio
lucrativo”. Ele defende também que, em qualquer definição de empreendedorismo
encontram-se pelo menos, os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:
Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.
Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa transformando o ambiente
social e económico onde vive.
Aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar
Quanto a Chiavenato (2007)
“O empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera um negócio para realizar
uma ideia ou projecto pessoal, assumindo riscos e responsabilidades
inovando continuamente. O empreendedor é a energia da economia, a
alavanca dos recursos, o impacto de talentos e ainda, o farejador de
oportunidades”.
Portanto seguindo o raciocínio diria que como exemplo de empreendedor, pode ter-se:
- Um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela;
- Uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja na
forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda de seus
produtos e/ou serviços, agregando novos valores;
- Um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o
surgimento de valores adicionais, etc.
Partindo desse pressuposto conforme afirmam os autores, pode concluir-se que o
empreendedor é aquele que consegue visualizar oportunidades de forma diferenciada e
criativa, combinando recursos, trabalho, materiais e outros activos, para tornar seu valor
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 32
maior do que antes, e isto muitos não conseguem, ficando assim evidenciada a diferença
do cidadão empreendedor dos demais, pois, como já dizia Dornelas (2001), “o
empreendedor de sucesso leva consigo uma característica singular, que é o facto de
conhecer como poucos o negócio em que actua”.
Quadro 4 - Comparação entre gerentes tradicionais e empreendedores
Fonte: Dornelas (2001).
O quadro mostra que cabe ao gerente tradicional gerir os recursos disponíveis enquanto
que ao empreendedor cabe-lhe multiplicar os recursos e utilizá-los de forma
surpreendente em favor próprio e da sociedade.
Temas Gerentes Tradicionais Empreendedores
Motivação
principal
Promoção e outras recompensas tradicionais da
corporação, como secretária, status, poder etc.
Independência, oportunidade para criar
algo novo, ganhar dinheiro
Referência de
tempo
Curto prazo, gerenciando orçamentos semanais,
mensais etc. e com horizonte de planeamento
anual
Sobreviver e atingir cinco a dez anos de
crescimento do negócio
Atividade Delega e supervisiona Envolve-se diretamente
Status Preocupa-se com o status e como é visto na
empresa
Não se preocupa com o status
Como vê o risco Com cautela Assume riscos calculados
Falhas e erros Tenta evitar erros e surpresas Aprende com erros e falhas
Decisões Geralmente concorda com seus superiores Segue seus sonhos para tomar decisões
A quem serve Aos outros (superiores) A si próprio e a seus clientes
Histórico familiar Membros da família trabalharam em grandes
empresas
Membros da família possuem pequenas
empresas ou já criaram algum negócio
Relacionamento
com outras pessoas
A hierarquia é a base do relacionamento As transações e acordos são a base do
relacionamento
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 33
Enfim, as diferentes interpretações e apropriações da ideia de Empreendedorismo,
permitem-nos perceber as especificidades do papel do empreendedor e do
empreendedorismo na contemporaneidade, embora, a discussão acerca dos limites entre
um conceito e outro continua a existir. De qualquer forma, por mais alterações,
modificações e outros significados que ocorram com estes conceitos ao longo dos anos,
um elemento de continuidade permanece inalterado: a centralidade do papel da empresa
neste processo, produzindo mudanças económicas e criação de riquezas.
2.2.3. Características do empreendedor
Algumas características são decisivas para quem pretende aventurar-se pelo mundo dos
negócios. Existem pessoas que parecem ter nascido com capacidade de organizar e
dirigir uma iniciativa de negócio, assumindo os riscos associados ao processo de
iniciação, mas a maioria dos empreendedores aprende a sê-lo através do estudo e
acompanhamento de sucessos de outros empreendedores com experiência.
Para Dornelas (2001), o empreendedor de sucesso possui algumas características extras,
como:
1. São visionários – Têm a visão de como será o futuro para o negócio e sua vida,
e o mais importante, eles têm a habilidade de implementar seus sonhos.
2. Sabem tomar decisões – Não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões
corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo um fator
chave para o seu sucesso. E mais, além de tomar decisões, implementam suas ações
rapidamente.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 34
3. São indivíduos que fazem a diferença – Os empreendedores transformam algo
de difícil definição, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona, transformando
o que é possível em realidade. Sabem agregar valor aos serviços e produtos que
colocam no mercado.
4. Sabem explorar ao máximo as oportunidades:
Para a maioria das pessoas, as boas ideias são daqueles que as veem primeiro,
por sorte ou acaso;
Para os visionários (os empreendedores), as boas ideias são geradas daquilo que
todos conseguem ver, mas não identificam algo prático para transformá-las em
oportunidades, através de dados e informação;
O empreendedor é um exímio identificar de oportunidades, sendo um indivíduo
curioso, criativo, e atendo a informações, pois sabe que as suas chances melhoram
quando o seu conhecimento aumenta.
5. São determinados e dinâmicos – Eles implementam suas acções com total
comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os obstáculos, com uma
vontade ímpar de fazer acontecer. Cultivam um inconformismo diante da rotina.
6. São dedicados – Eles se dedicam 24h por dia, 7 dias por semana, ao negócio.
São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando
encontram problemas pela frente.
7. São optimistas e apaixonados pelo que fazem – Elas adoram o seu trabalho,
sendo esse amor o principal combustível que os mantém cada vez mais animados e
autodeterminados, tornando-os os melhores vendedores de seus produtos e serviços,
pois sabem, como ninguém, como fazê-lo.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 35
8. São independentes e constroem seu próprio destino – Eles querem estar à
frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem criar algo novo e
determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos.
9. São líderes e formadores de equipas – Têm um senso de liderança incomum.
São respeitados e adorados por seus pares, pois sabem valorizá-los, estimulá-los e
recompensá-los, formando um time em torno de si.
10. São bem relacionados (networking) – Sabem construir uma rede de contatos
que os auxiliam nos ambientes interno e externo da empresa, junto a clientes,
fornecedores e entidades de classe.
11. São organizados – Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos
materiais, humanos, tecnológicos, e financeiros, de forma racional, procurando o melhor
desempenho para o negócio.
12. Planeiam, planeiam, planeiam – Os empreendedores de sucesso planejam
cada passo, desde o primeiro rascunho do plano de negócios, até a apresentação do
plano a investidores e superiores, sempre tendo como base a forte visão de negócio que
possuem.
13. Possuem conhecimento – São sedentos pelo saber e aprendem continuamente,
pois sabem que quanto maior o domínio sobre um rumo de negócio, maior é a sua
chance de êxito.
14. Assumem riscos calculados – Talvez essa seja a característica mais conhecida
dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos
calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as reais chances de sucesso. Assumir
riscos tem relação com desafios. E para o empreendedor, quanto maior o desafio, mais
estimulante será a jornada empreendedora.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 36
15. Criam valor para a sociedade – Os empreendedores utilizam seu capital
intelectual para criar valor para a sociedade, através da geração de emprego,
dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de
soluções para melhorar a vida das pessoas.
Em suma, os empreendedores são orientados para a prossecução de objectivos
desafiantes, acreditam no controlo sobre o seu destino e são muito independentes. No
que refere à administração dos seus negócios tendem a focalizar-se no futuro, ignorando
a gestão corrente dos problemas organizacionais. Porém, nem todas as pessoas com este
perfil que se lançam no mundo dos negócios são bem-sucedidas, pois, poucas conhecem
bem o negócio em que actuam, e ter este bom conhecimento, requer tempo e
experiencia. Na verdade, entre todos os novos negócios, são mais aqueles que fecham
prematuramente por serem criados por pessoas entusiasmados e sem o devido preparo,
do que aqueles que sobrevivem ou crescem.
2.2.4. Factores da envolvente que fomentam o empreendedorismo
As empresas vivem em um mercado muito dinâmico e competitivo, com advento da
globalização e avanços tecnológicos, e as fronteiras entre os países no mundo dos
negócios não existem mais. Uma empresa que entra no mercado hoje tem que estar
ciente que está num contexto global, que sua concorrência trata-se de uma esfera
mundial onde reúne milhões de empresas, que estão cada vez mais, atrás de novos
clientes (Pinheiro et al. 2012).
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 37
Assim diz-se que, a dinâmica do empreendedorismo é influenciada pelas alterações das
condições na envolvente, tais como as recessões económicas, o forte crescimento
económico, as disfunções tecnológicas, as mudanças organizacionais e as
reestruturações sectoriais, sendo também importante a existência de um ambiente
propício e facilitador em termos económicos e políticos. Por isso, podem-se encontrar
países, regiões, organizações ou pessoas mais empreendedoras do que outros.
Seguindo esta linha de ideias, segue-se Dornelas (2001), que acredita que, embora a
decisão de se tornar empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso, ele acredita
também que a decisão ocorre devido a factores externos, ambientais e sociais, a aptidões
pessoais ou ao somatório de todos esses, que são críticos para o surgimento e
crescimento de uma nova empresa. Ele também acredita que, “os factores pessoais
podem gerar inovação, como podem também gerar a abertura de um negócio já
existente no mercado”. Esses factores estão ligados ao facto da pessoa, em desenvolver
um projecto que deseja alcançar realização pessoal, possuir experiência em uma
determinada área e dessa forma pedir demissão do emprego e abrir seu próprio negócio,
sabendo que assumirá riscos. Porém, factores como, criatividade e oportunidades no
mercado podem fazer com que o negócio seja algo lucrativo e de sucesso.
Outros factores que podem influenciar são os factores sociais, o mercado, por exemplo,
com sua competitividade.
Há ainda os factores organizacionais referentes aos produtos que a empresa oferece, se
estes atendem às expectativas de seus clientes, as estratégias que a empresa vai utilizar
para competir nesse mercado, sua relação com os clientes, fornecedores, missão, visão,
valores, todos esses factores que podem influenciar o processo empreendedor.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 38
A figura 2, exemplifica alguns factores que mais influenciam o processo empreendedor
durante cada fase da aventura empreendedora.
Figura 2 - Factores que influenciam o processo empreendedor
Fonte: Dornelas (2001)
Em adaptação ao estudo de Sarkar (2010), o projecto da GEM analisa 9 factores que
considera essenciais para a actividade empreendedora, factores que designa de
condições estruturais do empreendedorismo num país.
1) Apoio Financeiro - Disponibilidade de recursos financeiros, capital próprio e fundos
de amortização de dívida para empresas novas e em crescimento, incluindo bolsas e
subsídios.
2) Políticas Governamentais - Grau em que as políticas governamentais relativas a
impostos, regulamentações e sua aplicação são neutras no que diz respeito à dimensão
das empresas e grau em que estas políticas incentivam ou desincentivam empresas
novas e em crescimento.
3) Programas Governamentais - Existência de programas, em todos os níveis de
governação (nacional, regional e municipal), que apoiem directamente negócios novos e
em crescimento.
4) Educação e Formação - Grau em que a formação sobre a criação ou gestão de
negócios novos e em crescimento é incluída no sistema de educação e formação, bem
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 39
como a qualidade, relevância e profundidade dessa educação e formação para criar ou
gerir negócios pequenos, novos ou em crescimento.
5) Transferência de Investigação e Desenvolvimento (I&D) - Grau em que a I&D a
nível nacional conduz a novas oportunidades comerciais; assim como o acesso (ou falta
de acesso) à I&D por parte dos negócios pequenos, novos ou em crescimento.
6) Infra-estrutura Comercial e Profissional - Influência das instituições e serviços
comerciais, contabilísticos e legais, que permitem a promoção dos negócios pequenos,
novos ou em crescimento.
7) Abertura do Mercado/Barreiras à Entrada - Grau em que se impede que os
acordos e procedimentos comerciais sejam alvo de mudanças e substituições,
impossibilitando empresas novas e em crescimento de estar em concorrência e de
substituir fornecedores e consultores de forma recorrente.
8) Acesso a Infra-estruturas Físicas - Acesso a recursos físicos (comunicação,
transportes, utilidades, terra) a preços que não sejam discriminatórios para negócios
pequenos, novos ou em crescimento.
9) Normas Sociais e Culturais - Grau em que as normas sociais e culturais vigentes
encorajam (ou não encorajam) iniciativas individuais que levam a novas formas de
conduzir negócios e actividades económicas e, por sua vez, contribuem para uma maior
distribuição da riqueza e do rendimento.
É fundamental que os países tenham pessoas capazes de, por um lado, reconhecer
oportunidades de negócio valiosas e, por outro lado, perceber que detêm as
competências necessárias para explorar estas oportunidades.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 40
Fonte: Adaptado de Sarkar, 2010 (Relatório GEM 2007)
2.2.5. Factores que podem atrapalhar o desenvolvimento da
actividade empreendedora
Alguns factores são dificultadores ou impeditivos para a criação e administração de um
negócio, ou seja, podem atrapalhar o desenvolvimento da actividade de um
empreendedor.
Neto (2004) relaciona quatros itens importantes:
• Querer ganhar dinheiro rapidamente: Essa necessidade tende a direccionar o
sujeito a pensar somente no curto prazo. Para que uma organização consiga se perpetuar
Figura 3 - Modelo conceptual do empreendedorismo e do crescimento económico
Contexto
social,
cultural e
político
Condições Nacionais
Gerais
Condições estruturais
do empreendedorismo
- Apoio Financeiro
- Politicas
Governamentais
- Educação e qualificação
- Transferência de Tecnologia - Infra-estruturas
comerciais e profissionais
- Barreiras de entrada
(Abertura de Mercado)
- Acesso a infra-estruturas
físicas
- Normas Culturais e
Sociais
Grandes Empresas
Micro, pequenas e
médias Empresas
Capacidade de
Empreendedor
-Competências
-Motivação
Oportunidade para o
empreendedorismo
-Existência
-Percepção
Crescimento
Económico
Nacional
Dinâmica dos negócios
(Empresas e empregos)
-Nascimento
-Mortes
-Expansão
-Retracção
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 41
ou pelo menos ganhar maior longevidade, ela precisa desenvolver planeamentos de
curto, médio e longo prazo;
• Empreender para encobrir o medo de uma futura demissão de emprego: Esse
factor pode ser problemático, ou seja, a criação de um negócio por necessidade e não
competência;
• Querer mostrar o quanto é capaz: Quando esta necessidade é forte num
indivíduo, ele tem uma tendência de sempre querer encobrir seus erros, a valorizar mais
o luxo das instalações do que o negócio e sua eficiência, desviando a atenção do que é
realmente essencial para o negócio;
• Vingar-se de situações de menosprezo ou indiferença: A indiferença e a
humilhação, por exemplo, podem criar padrões internos ao indivíduo que podem levá-lo
a repetir tais situações na sua actividade como empreendedor, prejudicando o bom
desenvolvimento da actividade.
Considerando a existência de factores relacionados às pessoas, que podem ser
prejudiciais à actividade do empreendedor, é importante o indivíduo tentar reconhecê-
los, e assim, procurar resolve-los. Essa resolução pode ser de forma individual ou
através de ajuda profissional.
Criar e administrar um negócio por si só já não é tão simples, considerando variáveis
externas, como crises e políticas governamentais que funcionam como complicadoras
para a actividade empreendedora. Por isso, reduzir os factores inerentes ao indivíduo,
que podem atrapalhar a sua actividade profissional, é fundamental para se chegar ao
sucesso como empreendedor
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 42
2.2.6. Empreendedorismo em Cabo Verde
Empreendedorismo…. É esta a palavra de ordem num país tão pequeno e com tão poucos recursos.
Infelizmente não existe dados suficientes sobre o empreendedorismo em Cabo Verde, o
que vai permitir responder a esse trabalho com base em intuições, porque, as
instituições como a INE, a ADEI (Agencia para o Desenvolvimento Empresarial e
Inovação), a AJEC (Associação dos Jovens Empresários de Cabo Verde), Cabo Verde
investimentos (Agência Cabo-verdiana de Promoção de Investimentos), apenas
fornecem pistas em termos de empreendedorismo em Cabo Verde.
Apesar da inexistência de dados sobre o empreendedorismo em Cabo Verde, da
inexistência de um estudo realizado aprofundado, e também por este ser um tema novo
em Cabo Verde, será tomada por base a metodologia do estudo GEM, dos nove (9)
factores base que são utilizados para melhor se entender o nível, os factores
impulsionadores e os constrangimentos do empreendedorismo no país na qual a AJEC7
realizou uma simulação8 sobre o nível das condições estruturais do empreendedorismo
em Cabo Verde.
Para cada um dos factores identificou-se, no quadro seguinte, a seguinte situação actual
para Cabo Verde.
7 AJEC é uma entidade sem fins lucrativos que tem o objectivo de desenvolver e representar as jovens
lideranças empresariais cabo-verdianas.
8 Deve-se referir que a simulação se baseia em evidências e na percepção dos consultores da AJEC
relativamente às questões abordadas, não foi realizado qualquer inquérito / pesquisa exaustiva.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 43
Quadro 5 - Situação actual em Cabo Verde
FACTORES
IMPULSIONADORES
SITUAÇÃO ACUAL
Apoio Financeiro - Fundos de Financiamento de Capital Próprio Inexistentes
- Associação de Business-Angels9 criada mas ainda não funcionou
Subsídios governamentais inexistentes
Politicas Governamentais - Contratos públicos não favorecem as novas empresas
- Apoio as Empresas é uma prioridade, caso da ADEI
- Melhoria do Ambiente de Negócios (Processo Administrativo)
Programas Governamentais - Parques tecnológicos e incubadoras inexistentes
- Inexistência de um único local para obtenção de informações
sobre apoios
Educação e Formação - Pouca estimulação a criatividade, auto-suficiencia e
iniciativa/atitude
- Preparação inadequada para a criação e desenvolvimento de novas
empresas
- Formação em empreendedorismo pouco eficiente / eficaz
Transferência de investigação e
desenvolvimento
- Nenhuma ligação entre as universidades e as empresas (I&D –
Investigação e Desenvolvimento)
- Pouca capacidade de adquirir tecnologia recente e nenhum
subsídio governamental
Infraestrutura comercial e
Profissional
- Mercado de Consultoria desenvolvido com várias empresas
nacionais e estrangeiras, contudo o custo é ainda elevado para as
novas empresas
Abetura de mercado/barreiras de
entrada
- Mercado aberto a novas empresas
Acesso a estruturas físicas - Custos são considerados elevados pelos empresários:
Comunicações, electricidade, entre outros
- Problemas na distribuição – transportes inter-ilhas
Fonte: Autor adaptado da Ajec (2010)
Como se pode constatar, Cabo Verde encontra-se bem posicionado no que diz respeito
às “Politicas Governamentais” e “Abertura do Mercado / Barreiras à Entrada” contudo
não constata-se qualquer política que incentive ou desincentive empresas novas e/ou em
crescimento.
9 Associação Business Angels - Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, com o objectivo de
promover a criação e gestão de uma rede de Business Angels, no país. Normalmente Business Angels são
investidores informais, frequentemente empreendedores de sucesso com meios económicos, que investem
o seu dinheiro e know-how em projectos de capital semente e de capital inicial com potencial de
crescimento. São ainda parceiros de negócio, que partilham o risco e procuram recuperar o investimento a
médio prazo.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 44
Relativamente às restantes condições estruturais para o empreendedorismo, o cenário é
claramente de um país que está a iniciar a introdução do empreendedorismo como factor
de desenvolvimento do país:
Sistema financeiro pouco desenvolvido para o aparecimento de novos negócios
com uma dependência quase exclusiva do sector bancário para o financiamento de
negócios;
Inexistência prática de programas de apoio ao aparecimento de novos negócios
(programas em fase de projectos e sem efeitos práticos até agora);
Ligeira introdução de conteúdos sobre o empreendedorismo sem a qualidade
exigida e efeitos práticos desejados, contudo é de salutar o reconhecimento por parte das
entidades responsáveis pela Educação e Formação Profissional da necessidade de
introduzir o tema empreendedorismo na Educação e Formação;
Em termos de I&D ainda não arrancamos…
Há-de salientar que este se refere a um período de há mais de dois (2) anos atrás e onde
novas mudanças com certeza poderão ter ocorridos.
Outro tópico extra a abarcar, seria a competitividade, no qual Milton Paiva10
(2010), diz
que Cabo Verde não tem alcançado resultados satisfatórios comparado aos concorrentes
mundiais.
Segundo o mesmo autor, o relatório do Doing Business do Banco Mundial (2011)
coloca o país na 132ª posição (num universo de 183 países avaliados), tendo destacado a
10
Membro do conselho executivo da AJEC
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 45
fraca performance nos itens encerramento de empresas (183ª posição), contratação de
trabalhadores (167ª), (dados de 2010), acesso ao crédito (152ª), protecção de
investidores (132ª), Iniciando o Negócio (120ª), entre outros. Reforçando esta
percepção, Cabo Verde aparece na 117ª posição (num total de 139 países) no Relatório
de Competitividade Global 2010/2011 do World Economic Forum.
Ainda, segundo Paiva, vários estudos têm apontado como principais factores limitativos
do crescimento económico em Cabo Verde: (i) o ambiente de negócios ainda pouco
flexível e não ajustado às dinâmicas exigidas pelo sector privado; acesso ao capital,
especialmente por parte das PME’s; (ii) o custo elevado de factores de produção,
especialmente telecomunicações, energia, água e saneamento; (iii) a natureza
arquipelágica do país, agravada pelo deficiente sistema de transporte inter- ilhas; e (iv)
ambiente pouco propício para a inovação como factor de competitividade e crescimento
económico;
“Este é o ambiente que temos com pontos fortes e fracos, um ambiente de
carências mas felizmente que, ter várias carências, não é um factor
completamente negativo no mundo dos negócios. É que onde há Carências
(serviços, empresas, condições) significa que abundam oportunidades de
mudanças empresariais” (Milton Paiva, 2010)
2.2.7. Contributo do empreendedorismo no desenvolvimento de Cabo
Verde
Dada a importância do empreendedorismo para o desenvolvimento económico, os
empreendedores deverão estar atentos a novas formas de fazer negócios, baseada na
crescente velocidade da informação e na necessidade de se trabalhar colectivamente:
parcerias e alianças estratégicas.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 46
Segundo Dias e Levy (2010), vários estudos evidenciam uma importância considerável
do empreendedorismo como motor essencial para o desenvolvimento económico e
social sustentado de uma região e de um país. Assim, pela análise de vários trabalhos
publicados, e segundo a AJEC, desenvolver indivíduos empreendedores e organizações
empreendedoras no país é o caminho certo para:
1. Criação de emprego, incluindo o auto-emprego – isto porque as PME são
muito importantes na criação de emprego, sendo a sua quota de criação de emprego
muitas vezes superior ao peso na economia, pois, no cenário que se vive actualmente
(crise), as grandes empresas apostam no despedimento em massa, e reestruturações,
enquanto que as PME tendem a manter-se sendo que, as que desaparecem, logo surgem
outras no seu lugar, contribuindo assim positivamente para a criação de emprego.
2. Aumento da inovação e da competitividade – É cada vez mais relevante para
Cabo Verde a necessidade de um sector privado mais inovador e competitivo, pois, a
entrada de novas empresas implica aumento da concorrência, mais eficiência e mais
inovação. Exemplificando, vejamos o caso concreto no sector das telecomunicações
com a entrada de um novo operador: novos produtos, preços mais baixos, tecnologia
mais moderna, etc.
A transformação de ideias em oportunidades económicas está no centro das actividades
de empreendedorismo. Ele é a fonte de inovação e mudança e contribui para a melhoria
da produtividade e competitividade económica do país.
3. Criação de riqueza e desenvolvimento – o espírito empresarial contribui para
o crescimento económico e pode ainda contribuir para reforçar a coesão económica e
social de regiões menos desenvolvidas para estimular a actividade económica, a criação
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 47
de emprego e a integração dos desempregados no meio laboral. A forma como a
actividade empreendedora afecta o crescimento económico passa por três vectores
principais: (i) Inovação; (ii) Acréscimo de concorrência; (iii) Criação de empresas e de
emprego.
4. Opção de carreira – Neste mundo globalizado, em que o “emprego para a vida”
é cada vez mais incerto, é interessante constatar que os projectos empresariais se
assumem como alternativa para as pessoas, mesmo com realização pessoal.
Em conclusão, todas estas razões demonstram ligação entre o Desenvolvimento de um
País e o empreendedorismo como sendo muito próximas.
2.2.8. Instituições de apoio ao empreendedorismo em Cabo Verde
ADEI
A ADEI é dotada de capacidade e autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
Trabalha na promoção do sector privado nacional e da inovação, na identificação e
eliminação dos constrangimentos ao desenvolvimento empresarial, no aproveitamento
das oportunidades do mercado, visando fundamentalmente a constituição de um sector
privado forte e competitivo.
Objectivos e finalidades da ADEI
A ADEI tem por objecto, a promoção da competitividade e o desenvolvimento das PME
em todos os aspectos relevantes e em consonância com as políticas do Governo,
trabalhando em estreita ligação com os parceiros nacionais e internacionais ligados ao
sector.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 48
É também finalidade da ADEI a promoção da inovação e o desenvolvimento da
capacidade empresarial nacional e a melhor utilização da capacidade produtiva instalada
no quadro da política de desenvolvimento dos sectores da indústria, comércio,
agricultura, turismo e serviços, definida pelo Governo, visando particularmente a
melhoria do ambiente de negócios. Em ordem à realização do seu objectivo, cabe à
ADEI, nomeadamente:
a) Assistir os promotores e empresas na elaboração, avaliação e ou reformulação dos
estudos e projectos;
b) Prestar assistência técnica às micro, pequenas e médias empresas, auxiliando-as a
superar as suas deficiências e problemas de ordem técnica, de gestão financeira e
comercial ou de organização, bem como a melhorar a sua produtividade e a capacidade
competitiva nos mercados internos e externos;
c) Recolher e divulgar ideias de projectos potencialmente viáveis;
d) Gerir programas próprios e colaborar na gestão de programas específicos de apoio e
assistência ao sector empresarial de que venha a ser encarregado pelo Governo e
assegurar o cumprimento da lei e os compromissos assumidos para com o Estado;
e) Assistir os promotores na organização e lançamento de novas empresas,
nomeadamente empresas que desenvolvam actividades com base no conhecimento e nas
novas tecnologias de informação e comunicação (TIC)
f) Fomentar e apoiar a inovação;
g) Promover a criação de redes de empresas, incentivando o estabelecimento de alianças
estratégicas;
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 49
h) Dinamizar os contactos de promotores e empresas nacionais com parceiros técnicos
ou financeiros e prestar assistência técnica especializada nas negociações respectivas;
i) Desenvolver um serviço de informação e vulgarização empresarial, através da recolha
sistemática, tratamento e divulgação de informações relevantes;
j) Promover e organizar cursos e seminários sobre temas ligados às pequenas e médias
empresas;
k) Promover a formação de formadores e consultores nacionais para as pequenas e
médias empresas;
l) Promover e fomentar acções visando a criação ou melhoria de infra-estruturas e
serviços de apoio à actividade empresarial.
Fundo de Desenvolvimento das Pescas (FDP)
O FDP é uma instituição especial de crédito que tem por objecto o exercício de
actividade restrita de crédito e outras actividades de financiamento ao sector das pescas,
estando igualmente, autorizada a receber depósitos e a aplicar os fundos recebidos na
concessão de crédito ao sector das pescas e na aquisição de participações financeiras,
podendo ainda realizar operações ou serviços complementares dessa actividade,
compatíveis com a sua natureza.
Objectivos do FDP
O FDP tem por outro lado, como objecto fundamental, além a prática dos actos
inerentes à actividade bancária e de crédito, outras atribuições como:
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 50
a) Promover o fomento e o desenvolvimento do sector das pescas, duma forma
harmoniosa, em consonância com os planos estratégicos de desenvolvimento do sector
aprovados pelo Governo;
b) Apoiar através da concessão de incentivos e financiamentos, a realização de
projectos e empreendimentos que possuam relevância económica e social, e que visem o
desenvolvimento do sector das pescas (…);
c) Realização de operações de crédito á actividade das pescas a curto, médio e
longo prazo;
d) Prestação de garantias a terceiros destinadas a assegurar o cumprimento das
obrigações;
e) Promoção e gestão de linhas de crédito para os sectores da pesca e aquacultura;
AJEC
A AJEC é uma associação de direito privado que tem por objecto a reunião dos jovens
empresários com vista à satisfação dos interesses comuns e ao melhor desenvolvimento
das suas actividades profissionais, nomeadamente nas vertentes de formação,
informação, apoio técnico e, no geral, na representação dos interesses e na identificação
e estabelecimento dos meios e instrumentos que permitam o acesso à função e
desenvolvimento da actividade empresarial.
Objectivos da AJEC
a) Representar os jovens empresários, defender os seus interesses e apresentar propostas
aos poderes executivo e legislativo;
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 51
b) Incentivar/promover o empreendedorismo - dar aos jovens empresários a
oportunidade de conhecer pessoas do meio empresarial e trocar experiências com outras
lideranças;
c) Apoiar os jovens empresários - contribuir para a sua capacitação através de cursos,
workshops, visitas técnicas, debates e palestras;
d) Incentivar a responsabilidade social nas empresas
2.3. Financiamento das PME em Cabo Verde
Uma vez que o empreendedor se encontra na fase inicial de implementação do seu
negócio, a falta de capital, quer para o arranque da actividade, quer sobretudo, para o
seu crescimento é uma das principais causas para o insucesso das empresas. Muitas
vezes, o dinheiro gerado pelas vendas não é suficiente para cobrir as necessidades de
capital – investimento em instalações e equipamento, constituição de inventário,
pagamentos a fornecedores, entre outros. Como à medida que o negócio cresce, essas
necessidades de capital tendem a aumentar, a empresa tem que garantir outras opções de
financiamento. Porém, mais do que definir quanto precisa, o empresário tem que definir
quais as fontes de financiamento adequadas para suprir as suas necessidades.
2.3.1. Formas de financiamento
Genericamente existem duas fontes de financiamento ao dispor do empreendedor, para
financiar a actividade da sua empresa: Capitais próprios ou capitais alheios
Tipicamente, os capitais próprios são aqueles que não têm qualquer contrapartida fixa
de remuneração, ou seja, trata-se de capital que pode ou não ser remunerado de acordo
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 52
com a rendibilidade gerada pela empresa. Os capitais alheios, por seu lado, são aqueles
que têm à partida uma remuneração mínima fixada (que pode ser uma taxa fixa ou
variável, de acordo com uma taxa de referência de mercado) e que em regra possuem
um esquema de reembolso previamente definido.
As formas de financiamento podem ainda ser classificadas quanto a sua maturidade.
Segundo Rodrigues (2012), elas podem ser classificados em dois grandes grupos em
função do prazo: crédito de curto prazo e crédito de médio e longo prazo. As formas de
financiamento a curto prazo destinam-se a apoiar as operações de tesouraria das
empresas: aquisição e armazenagem de mercadorias e as necessidades de fundo de
maneio (NFM).
Crédito de Fornecedores
Esta forma de financiamento tem benefícios para a gestão de tesouraria a curto prazo,
contudo é fundamental relacionar os prazos médios de pagamentos e os prazos médios
de recebimentos, de modo a estabelecer uma situação de tesouraria sem dificuldades
imediatas (Rodrigues, 2012).
Crédito Bancário
É a operação pela qual uma instituição bancária coloca à disposição de um cliente
determinado montante e este se compromete a reembolsar a instituição na data fixada
antecipadamente, acrescido dos juros previamente combinados. O crédito bancário
poderá tomar a forma de crédito directo, caso a instituição bancária colocar fundos a
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 53
disposição de empresas e particulares (ex: desconto de letras, de livranças e abertura de
crédito através de conta corrente ou de empréstimo (Veiga, 2008).
Sociedades de Cessão Financeira – Factoring
As PME enfrentam várias dificuldades e desafios no seu esforço de desenvolvimento e
crescimento. Uma das barreiras inerentes às PME, que em Cabo Verde assume realce
particular, é a relativa inexequibilidade de recurso ao crédito bancário como meio
favorável de financiamento de necessidades de capital de períodos curtos resultantes,
principalmente, de estratégias comerciais de dilatação de prazos médios de
recebimentos.
O recurso aos contratos de factoring é uma das ferramentas mais construtivas que as
PME dispõem para transpor a restrição referida e manter um negócio saudável, dado
que através da sua utilização, é possível obter uma antecipação dos recebimentos dos
seus clientes, sem o acréscimo da dívida.
Por conceito, o Factoring é uma actividade de financiamento desenvolvida por uma
instituição financeira especializada na compra de créditos de curto prazo que
as empresas detêm sobre os respectivos clientes ou outros devedores. Ao adquirirem
esses créditos, estas instituições assumem a respectiva cobrança, podendo ou não
assumir o risco de incumprimento no pagamento pelos devedores.
De uma forma simplificada, pode-se dizer que o mecanismo do factoring envolve 4
fases:
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 54
1) Na primeira fase, a empresa aderente ou fornecedora, vende à empresa devedora
ou cliente, bens ou serviços a prazo, emitindo uma factura;
2) Na segunda fase, a empresa aderente cede o seu crédito de curto prazo à empresa
de factoring;
3) Na terceira fase, a empresa de factoring efectua o adiantamento dos valores que
a empresa aderente tem a receber, actualizados e descontados de uma taxa previamente
acordada;
4) Na última fase, a empresa devedora ou cliente, paga o montante em dívida, no
prazo estipulado, à sociedade de factoring e não à empresa fornecedora.
Empréstimos em Conta Corrente
Trata-se de contas correntes em que a instituição bancária coloca à disposição da
empresa um limite de crédito contratado. Geralmente estas contas são válidas por 180
dias, podendo no entanto ser renovadas ciclicamente. Implicam o pagamento de juros
por parte da empresa contraente e uma garantia. (Veiga 2008)
O financiamento a médio e longo prazo destina se apoiar as aquisições de
equipamentos e a construção de infra-estruturas.
Paralelamente, existem também diversas formas de financiamento a médio e longo
prazo
Auto Financiamento
Caracteriza-se pela retenção de parte dos lucros obtidos quer na gestão eficiente dos
activos quer no controle dos custos para realização de novos investimentos.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 55
O auto financiamento reforça a imagem da empresa, aumenta o poder de negociação
face a terceiros, é uma fonte gratuita de fundos, minimiza o recurso a fundos externos e
permite uma maior flexibilidade na tomada de decisões de investimento (Rodrigues,
2012).
Na mesma linha de pensamento, Veiga (2008) entende que os meios financeiros obtidos
e retidos na empresa, deverão permitir o reembolso de dívidas de médio e longo prazo,
assegurar a manutenção da actividade produtiva da empresa e garantir o seu
crescimento. Este tipo de financiamento apresenta algumas vantagens e desvantagens.
Vantagens
1) É uma forma de financiamento que se traduz numa poupança a nível dos custos
administrativos dado que não é necessário a emissão de qualquer título;
2) Evita a desestabilização do núcleo accionista dado a não ocorrência do efeito de
diluição do controle;
3) Reduz os lucros presentes, mas com o intuito de aumentar os lucros futuros;
Desvantagens
1) Traduz-se numa penalização dos accionistas que têm que receber uma parcela
menor dos dividendos, o que pode dificultar futuras operações de aumento de capital
social.
Reforço dos Capitais Próprios
Segundo Veiga (2008), através de operações diversas de reforço da estrutura do capital
próprio, as empresas poderão aumentar os meios financeiros à sua disposição. Nesta
forma de financiamento incluem-se os aumentos de capital, as prestações suplementares
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 56
de capital, a criação de reservas de reavaliação, a diminuição da distribuição de
resultados ou a emissão de títulos de participação.
Leasing – Em Cabo Verde
“Segundo o Decreto-Lei nº 45/95 de 11 de Setembro da Colectânea de
Legislação Financeira de Cabo verde (2007), a locação financeira (leasing),
enquanto meio alternativo e complementar das modalidades clássicas de
financiamento, pode desempenhar no País um papel importante no domínio
do investimento privado. Assim, torna-se oportuno, para já, criar um
enquadramento legal para as sociedades que têm por objecto exclusivo essa
actividade, as quais encontram-se previstas no nº2 do artigo 14 do Decreto-
Lei nº2 52/E/90, de 4 de Julho, seguindo-se-lhe a adopção do regime jurídico
daquele contrato. A sociedade de locação financeira é uma instituição para
bancária que tem como objecto exclusivo o exercício, nos termos do presente
diploma e demais legislação aplicável da actividade de locação financeira”
(Rodrigues, 2012).
De acordo com Rocha (2008) citado por Rodrigues (2012), este é um instrumento de
financiamento ao qual a empresa pode recorrer quando não pretende afectar grandes
quantidades de capital para ter acesso a um determinado bem, (normalmente trata-se de
bens de equipamento). Num contrato leasing, o proprietário do equipamento (o
locador), autoriza o utilizador (o locatário) a dispor do equipamento em troca de
pagamentos periódicos, que incluem capital e juros. Findo o prazo de vigência do
contrato, o locador pode adquirir o equipamento, mediante o pagamento de um valor
residual. Este tipo de financiamento é sobretudo aconselhável para a aquisição de
equipamentos que, ou não são estratégicos para a empresa, ou apenas serão utilizados
por um período de tempo limitado.
Ela apresenta algumas vantagens e desvantagens:
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 57
Vantagens
1) Ao diferir os pagamentos, a empresa consegue garantir uma melhor liquidez.
2) Rapidez de resposta e processo administrativo simples.
3) Existência de opção de aquisição do equipamento ou imóvel no final do
contrato, mediante o pagamento do valor residual acordado inicialmente.
Desvantagens
1) Não ser proprietária do equipamento, tendo por isso que indemnizar a locadora
no caso de surgir algum acidente com o equipamento da sua responsabilidade.
2) Não fornece o direito de propriedade, enquanto decorre o contrato. Tal facto
poderá assumir uma situação vantajosa, caso o locatário tenha a intenção de não adquirir
o bem, optando pela sua renovação por tecnologia mais recente;
3) Penalizações significativas por incumprimentos contratuais, ou por exemplo, por
resolução antecipada do contrato.
Sociedades de Capital de risco (SCR)
As SCR têm por objecto o apoio e promoção do investimento e da inovação tecnológica
em projectos ou empresas através da participação temporária no respectivo capital
social. Constitui objecto acessório das sociedades de capital de risco a prestação de
assistência na gestão financeira, técnica, administrativa e comercial das sociedades em
cujo capital social participem.
Ao participar no capital da PME, a SCR está a partilhar com o empresário o risco
decorrente do seu investimento, pelo que irá manter um diálogo permanente com as
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 58
equipas dirigentes, concedendo-lhes, simultaneamente, apoios a vários níveis. A SCR
apoia, ainda, a PME na procura de outro tipo de financiamentos, tornando mais fácil a
obtenção de créditos de médio e longo prazo junto de instituições financeiras e ajudando
na preparação e na colocação de acções e obrigações no mercado.
2.4. Mortalidade Empresarial
Em muitos estudos encontrados, várias são as respostas imediatas para explicação do
sucesso das empresas, mas não possuem estudos precisos para os fracassos dos mesmos,
o que dificulta a possibilidade de prever os problemas. “O fracasso é um órfão”. Eis o
motivo pela qual se levanta primeiramente sua delimitação conceitual.
Mortalidade Precoce é definida teoricamente como sendo a baixa formal de uma nova
empresa junto aos órgãos oficiais antes de alcançar a maturidade do negócio, ou seja, as
empresas que deram baixa formal, isto é, pediram a extinção do mesmo nas repartições
de finanças, dentro do prazo de 3 anos após a data da sua constituição.
Na contribuição de Cochran (1981), ele questiona os conceitos, definições e métodos
utilizados, mostrando que há muita polémica e complexidade no estudo da mortalidade
das empresas. Sua pesquisa identifica problemas conceituais que demonstram que não
há uma uniformidade na definição do conceito de mortalidade, para o qual existe pelo
menos 5 definições conforme mostra a figura abaixo.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 59
Legenda:
A: Mortalidade Formal: Empresas que deram baixa formal junto aos órgãos oficiais
B: Encerramento das actividades com dívidas a credores sem baixa formal
C: Encerramento das actividades para evitar perdas e dívidas sem baixa formal
D: Empresas Vendidas ou transformadas em outras actividades
E: Descontinuidade da empresa por qualquer outra razão
Fonte: Cochran (1981)
É por isso que, para efeito desta pesquisa, adoptamos a definição de mortalidade
Formal, principalmente pela disponibilidade de informações junto a Repartição de
Finanças especialmente na ilha de São Vicente.
Normalmente, os índices de mortalidade das empresas devido a crise mundial e não só,
são altíssimos e interfere na economia de todo o país, e cabo Verde não foge a regra de
empresas que fecham as portas após um tempo de funcionamento, embora este termo
mortalidade não seja muito estudado no nosso país.
Figura 4 - Definições de Mortalidade
E
D
C
B A
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 60
Segundo Ferreira (2006), as elevadas taxas de mortalidade de empresas sempre
despertaram o interesse dos pesquisadores em diversas partes do mundo, e Davis (1939)
já as estudava no final da década de 30. Sua pesquisa realizada com base nos dados da
empresa Dun & Bradstreet, mostra que, em algumas cidades dos Estados Unidos, a
mortalidade das PME chegava a 77,5% ao final do terceiro ano de existência.
Portanto, é importante que o empreendedor esteja atento aos factos que estejam
acontecendo em seu ambiente, a fim de que o mesmo possa tomar acções antecipadas
com o intuito de prevenir problemas.
2.4.1. Factores contribuintes da mortalidade das empresas
Neste tópico busca-se organizar os principais factores contribuintes da mortalidade
precoce de novas empresas, classificando e analisando esses factores, com o objectivo
de levantar hipóteses que expliquem a mortalidade das empresas nos primeiros anos de
actividade.
Portanto, os factores que contribuem para a mortalidade precoce de empresas são
diversas e as pesquisas realizadas por instituições desse ramo, como o Serviço
Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE)11
,apontam em várias
direcções. Em resumo, podem ser listadas de entre outras, as seguintes variáveis que
contribuem para o processo de mortalidade precoce das empresas:
11 O SEBRAE é um serviço social autônomo, que objetiva auxiliar o desenvolvimento
de micro e pequenas empresas, estimulando o empreendedorismo no país.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 61
1. Falta de experiencia do empreendedor
2. Baixo nível de escolaridade do empreendedor
3. Falta de habilidade na gestão empresarial do empreendedor
4. Falta de profissionalização na relação com os sócios
5. Falta de acesso ao crédito
6. Falta de mão-de-obra qualificada
7. Falta de planeamento estratégico
8. Falta de consultoria especializada (contabilístico e jurídico)
9. Baixa qualidade de produto/serviço
10. Baixa inovação de produtos e serviços (diferenciação)
11. Dificuldade de pagar os impostos
12. Dificuldade em atender aos procedimentos legais e fiscais
13. Fraca competitividade em comparação com a concorrência no mercado
14. Dificuldade em atrair e manter clientes
15. Falta de profissionalismo na relação com, parceiros comerciais (fornecedores, e
distribuidores).
16. Problemas com o ambiente externo (económico, político, tecnológico, socio-
ambiental)
Com base nas causas inicialmente identificadas, podemos dividir os factores
contribuintes para a mortalidade de uma empresa em três (3) grandes blocos de
variáveis, conforme é demonstrado no quadro.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 62
Quadro 6 - Classificação dos factores contribuintes para a mortalidade
1- O EMPREENDEDOR 2- O NEGÓCIO 3- O AMBIENTE EXTERNO
- Competência na gestão
empresarial
- Experiência no ramo
- Nível de escolaridade
- Profissionalismo na relação
com sócios
- Acesso ao crédito
- Mão-de-obra qualificada
- Planeamento estratégico
- Suporte jurídico e contábil
- Qualidade
produtos/serviços
- Inovação produtos/ serviços
- Burocracia legal, fiscal
- Competição dos concorrentes
- Demanda dos clientes
- Fornecedores, distribuidores e
parceiros
- Carga de impostos
- Aspectos económicos, políticos,
tecnológicos, socias e ambientais
Fonte: Análise do autor
Já citado por Chiavenato (2007), “nos novos negócios, a mortalidade prematura é
elevadíssima, pois os riscos são inúmeros e os perigos não faltam.” Diante disso ele
aponta algumas das possíveis causas de mortalidade nas empresas, que são apresentadas
na Tabela4.
Tabela 4 - As causas mais comuns de falhas de negócio
Inexperiência
- Incompetência do empreendedor
- Falta de experiencia de campo
- Falta de experiencia profissional
- Experiencia desequilibrada
Factores económicos
- Lucros insuficientes
- Juros elevados
- Perda de mercado
- Mercado consumidor restrito
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 63
- Nenhuma viabilidade futura
Vendas Insuficientes
- Fraca competitividade
- Recessão económica
- Vendas insuficientes
- Dificuldades de stocks
Despesas excessivas - Dívidas e cargas demasiadas
- Despesas operacionais
Outras causas - Negligencia
- Capital insuficiente
- Clientes insatisfeitos
- Fraudes
Fonte: Chiavenato (2007)
2.4.2. Factores que tornam um negócio bem-sucedido
Para Chiavenato (2007) o que torna um negócio bem-sucedido é saber evitar ou
neutralizar as ameaças e saber identificar as oportunidades em ambientes turbulentos,
sabendo escolher o negócio mais oportuno e susceptível ao êxito.
O autor também destaca factores relacionados ao espírito empreendedor, como o desejo
de independência profissional, oportunidade de trabalhar no que gosta, desejo pessoal
de reconhecimento e prestigio, descoberta de oportunidades que outros ignoram ou
subestimam, desafios de aplicar recursos próprios e habilidades pessoais em um
ambiente desconhecido, além de um planeamento sólido e detalhado daquilo que se
pretende fazer, e o capital financeiro adequado para se tocar o negócio.
Assim como, Dornelas (2001), também destaca a importância de um bom planeamento
para o sucesso de um negócio, além da capacitação de gestão contínua.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 64
Neste caso conforme observado, nota-se que além da capacitação e recursos financeiros
necessários para se abrir um negócio, o sucesso também está relacionado com as
características pessoais do empreendedor, apresentadas como o “espírito
empreendedor”.
Mais pormenorizadamente, diria que o sucesso de um negócio é isso:
1. Estimulação do comportamento empreendedor nos cidadãos
Disciplinas específicas de empreendedorismo nas escolas
2. Estimulação de um planeamento do negócio antes da abertura
Elaboração dos planos de negócio
3. Maior capacitação em gestão empresarial para quem já abriu o negócio
Relacionamento com clientes
Estratégia de comunicação
Monitoramento sistemático do fluxo de receitas e despesas
Administração adequada do saldo de caixa
Controlo detalhado dos custos
Maior busca por apoio profissional
4. Crescimento contínuo e moderado da economia (com preços moderados)
5. Evitar que os problemas pessoais dos sócios afectem o negócio.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 65
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Masculino
Feminino
87%
13%
3. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
A pesquisa ora analisada é fruto da aplicação de um questionário junto aos responsáveis
pelas PME que encerraram as actividades, de forma precoce, na cidade do Mindelo –
SV, cujo objectivo consiste em avaliar as principais causas da mortalidade dessas
empresas.
Num universo de 34 empresas, enviamos 20 questionários, dos quais se obteve resposta
somente de 15 inquiridos, sendo que 87% da amostra são do sexo masculino e os 13%
restantes do sexo feminino, conforme se pode constatar no gráfico nº1 que se segue
abaixo.
Gráfico nº 1 - Sexo
Fonte: Análise do Autor
Logo, é logico perante aos olhos dos leitores que a tendência ao fechamento das
empresas inclina-se mais para o sexo masculino, talvez também, por estes serem os que
mais abrem as empresas em São Vicente.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 66
Gráfico nº 2 - Idade
Fonte: Análise do Autor
De acordo com o gráfico nº 2 há uma acentuada concentração dos proprietários e/ou
gerentes nas faixas etárias entre os 36 e 40 anos de idade, e dos 41 aos 50 anos de idade
correspondendo ambos quase o mesmo percentual de 26% e 27% dos inquiridos. O
resto dos colaboradores distribui-se por outras faixas etárias: 20% dos inquiridos têm
idade entre 31 e 35 anos, 13% dos inquiridos têm mais de 60 anos, e 7% dos inquiridos
igualmente têm idade compreendida entre 25 e 30 anos e entre 51 e 60 anos.
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%
25 - 30 Anos
31 - 35 Anos
36 - 40 Anos
41 - 50 Anos
51 - 60 Anos
> 60 Anos
7%
20%
26%
27%
7%
13%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 67
Gráfico nº 3 - Habilitação escolar
Fonte: Análise do autor
De acordo com o grau académico dos inquiridos, podemos verificar a seguinte
distribuição:
Licenciatura e Ensino secundário completo, estão representados ambos por 26,7%, com
Mestrado e Ensino secundário incompleto 20%, e Ensino primário completo 6,7% dos
inquiridos;
Isso leva a concluir segundo o gráfico que, quanto maior o nível de escolaridade, maior
é a chance de mortalidade, mas que por mera vontade não se pode adiantar a ideia, pois
normalmente pode-se relacionar a ideia de maior nível de escolaridade versus maior
vontade e autonomia, e maior experiencia versus maior nível de risco, e em alguns
casos, isso leva como consequência final a mortalidade, caso este, que é pode ser
evitado por pessoas contrárias (com menor nível de escolaridade e menos experiencia, e
por conseguinte menos vontade de arriscar num próprio negocio).
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0
Ensino primário completo
Ensino secundário incompleto
Ensino secundário completo
Licenciatura
Mestrado
6,7
20,0
26,7
26,7
20,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 68
Gráfico nº 4 - Formação profissional
Fonte: Análise do autor
Questionado aos nossos inquiridos acerca de possuírem ou não formação profissional,
73% dizem ter formação profissional, ambos distribuídos nas áreas técnicas,
económicas e sociais, e 27% destes dizem não possuir nenhum tipo de formação
profissional.
Gráfico nº 5 - Ocupação anterior a abertura a empresa?
Fonte: Análise do autor
Imediatamente antes de abrirem seu negócio, cerca de 40% dos inquiridos eram
empregados de empresas privadas, 33% dizem que já eram proprietários de outra
empresa, 20% eram funcionários públicos, e apenas 7% estavam desempregados,
0% 20% 40% 60% 80%
sim
nao
73%
27%
0% 10% 20% 30% 40%
Empregado(a) de empresa privada
Desempregado
Proprietário de outra empresa
Funcionário publico
40%
7%
33%
20%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 69
perante as 6 opçoes de resposta que oferecemos, em que a opção “outro” e “autónomo”,
não foi escolhido por nenhum dos inquiridos.
Observe-se que a participação dos desempregados parece ser relativamente pequena
entre as pessoas que abrem formalmente um novo negócio. Esse facto pode ser reflexo
de uma maior dificuldade dessas pessoas no processo de abertura de uma nova empresa,
com uma menor propensão a se tornarem empreendedores, maior tendência em migrar
para actividades informais ou mesmo a falta de capital.
Gráfico nº 6 – Gosta de assumir responsabilidades?
Fonte: Análise do autor
Analisando as respostas dos inqueridos relativamente ao seu próprio perfil pode-se
constatar que 73% afirma que gosta de assumir responsabilidade “sempre” enquanto
que 20% afirma gostar de assumir responsabilidade “por vezes” e 7% dizem que
“raramente” gostam de assumir responsabilidades, e outra opção não escolhida por
nenhum dos inquiridos foi “ocasionalmente”.
0% 20% 40% 60% 80%
Sempre
Por vezes
Raramente
73%
20%
7%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 70
Gráfico nº 7 – Apercebe-se das suas probabilidades de êxito?
Fonte: Análise do autor
No que diz respeito à percepção das suas probabilidades de êxito, 60% dos inquiridos
"por vezes" apercebem-se das suas probabilidades de êxito, 33% "sempre" apercebem-
se das suas probabilidades de êxito, apenas 7% "ocasionalmente" apercebem-se das suas
probabilidades de êxito, e “raramente” foi a outra opção não escolhida no entanto, por
nenhum dos inquiridos.
Com estes resultados pode-se considerar que os inquiridos demonstram autoconfiança e
segurança na obtenção de êxito.
Gráfico nº 8 – Possui orientação para o futuro?
Fonte: Análise do autor
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Sempre
Por vezes
Ocasionalmente
33%
60%
7%
0% 20% 40% 60% 80%
Sempre
normalmente
20%
80%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 71
Quanto à orientação para o futuro, foi aplicada uma questão com quatro (4) opções de
resposta, em que mais de metade dos inquiridos (80%) possui “normalmente”
orientação para o futuro, enquanto que 20% possui “sempre” orientação para o futuro, e
as restantes opções como “raramente” e “nunca” foram descartadas pelos nossos
inquiridos.
Com este resultado, pode-se dizer que os inquiridos possuem, de certa forma, uma visão
clara e objectiva do futuro, fixando os objectivos que pretendem atingir, por forma a
aproveitar em antecipação as oportunidades que se lhes oferecem, uma vez que das
opções oferecidas todos os inquiridos optaram pela opção “normalmente” e “sempre”.
Gráfico nº 9 – Consegue adaptar-se as mudanças do meio envolvente?
Fonte: Análise do autor
Relativamente à facilidade de adaptação, o gráfico mostra que os 100% dos inquiridos
conseguem adaptar-se facilmente às mudanças do seu meio envolvente, pois das
possíveis respostas, “raramente” e “não” foram elimindas das possibilidades de
resposta, e das outras, 33% "sempre" tem facilidade de adaptação e 67% "normalmente
tem facilidade de adaptação.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Sempre
Normalmente
33%
67%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 72
Significa que na sua maioria, os inquiridos possuem capacidade para se ajustarem fácil e
rapidamente às mudanças que ocorrem no seu meio envolvente.
Tabela 5 - Razões da abertura da empresa
Porque abriu a empresa?
%
Para ser uma fonte de rendimento
22%
Resolveu arriscar
8%
Estava desempregado
0%
Trabalhava antes no ramo e então resolveu legalizar
14%
Tinha experiência anterior
17%
Oportunidade de negócio
31%
Fez curso sobre o assunto
3%
Estava insatisfeito no emprego
6%
TOTAL
100% Fonte: Análise do autor
No que diz respeito aos motivos que levaram a abertura das empresas dos nossos
inquiridos, foram oferecidos 8 possíveis respostas, conforme pode constatar-se na tabela
apresentada. Ocorre que, segundo as respostas obtidas o que mais prevalece para a
abertura da empresa foram a questão da existência de uma oportunidade de negócio
correspondendo a 31% das respostas, e para ser uma fonte de rendimento 22%. Outras
razões citadas foram “tinha experiência anterior” (17%), “trabalhava antes no ramo e
então resolveu legalizar o negócio” (14%), “resolveu arriscar” (8%), “estava insatisfeito
no emprego” (6%), e por fim com menor representatividade, os inquiridos que tinham
feito curso sobre o assunto com apenas 3%.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 73
Gráfico nº 10 – De quem foi a iniciativa para a criação da empresa?
Fonte: Análise do autor
Relativamente ao quesito de quem foi a iniciativa para a criação da empresa, 53% dos
inquiridos dizem que a iniciativa foi própria, 33% dizem que foi de familiares e apenas
13% referem ter sido de amigos a iniciativa para a criação de empresas, descartando
assim, “outros”, como possibilidade de resposta.
Isso leva a concluir que a maioria dos inquiridos acredita em si mesmo e na sua
capacidade de criar a sua própria empresa.
Gráfico nº 11 - Ramo de actividade da empresa?
Fonte: Análise do autor
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Pessoal
Familiar
Amigos
53%
33%
13%
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Construção civil
Comércio
Indústria
Prestação de serviços
Outro
27%
47%
7%
13%
7%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 74
Quanto a questão relacionada com o ramo de actividade da empresa dos nossos
inquiridos 47% destes dizem ser comercio, 27% dizem ser construção civil, 13% dizem
ser uma empresa de prestação de serviços, e 7% distribuem-se igualmente em indústrias
e outro tipo de empresa.
Gráfico nº 12 - Tipo de Financiamento da empresa?
Fonte: Análise do autor
Para a abertura do negócio, 47% dos empreendedores fizeram uso de capital próprio,
27% recorreram a empréstimos bancários, 20% fizeram uso da poupança familiar,
apenas 6% citaram outras fontes de recursos, e nenhum dos inquiridos escolheram as
opções como “negociou prazos com fornecedores” e “empréstimos com amigos” como
possíveis respostas.
Esses dados revelam que os novos proprietários dependem principalmente de recursos
pessoais para abrir sua empresa, e como se vê, não é muito alta a participação de
recursos de terceiros, em especial, dos empréstimos bancários para empresas recém-
abertas, pois segundo os inquiridos a recorrência a empréstimos bancários, é quase a
mesma percentagem que o uso da poupança familiar.
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Capital próprio
Poupança familiar
Empréstimo Bancário
outras fontes
47%
20%
27%
6%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 75
Gráfico nº 13 – Houve facilidade de Financiamento?
Fonte: Análise do autor
Segundo os nossos inquiridos na questão de facilidade de financiamento da empresa,
73% dizem que não houve facilidade de financiamento da empresa, e 27% dizem ter
facilidade no financiamento da empresa.
Isso prova que a aquisição da participação de terceiros como por exemplo as instituições
bancarias para facilitar o financiamento da empresa não é muito.
Gráfico nº 14 - Duração de funcionamento da empresa?
Fonte: Análise do autor
Quanto a duração do funcionamento da empresa 40% dos nossos inquiridos dizem que a
empresa durou um pouco mais de cinco anos, 27% dizem que a empresa durou entre os
0% 20% 40% 60% 80%
Sim
Não
27%
73%
0% 10% 20% 30% 40%
< 1 Ano
1 - 2 Anos
3 - 4 Anos
4 - 5 Anos
> 5 Anos
7%
13%
27%
13%
40%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 76
3 aos 4 anos, 13% distribui-se igualmente em empresas que duraram entre os 4 e os 5 e
1 e 2 anos, e apenas 7% dos inquiridos afirmam que a empresa funcionou por um
período menor de um ano.
Gráfico nº 15 – Quantos trabalhadores tinha a empresa?
Fonte: Análise do autor
Relativamente ao quesito de quantos trabalhadores tinha a empresa, 53% dos inquiridos
responderam que a empresa tinha menos de 5 trabalhadores, 34% disseram que a
empresa tinha entre 5 á 10 trabalhadores, e 13% disseram que a empresa tinha mais de
50 trabalhadores, o que corresponde a um número um pouco elevado tendo em conta
que o estudo se refere a pequenas e médias empresas.
Gráfico nº 16 – O trabalhadores possuíam formação específica?
Fonte: Análise do autor
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
< 5
5 - 10
> 50
53%
34%
13%
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Sim
Maioria
Minoria
Não
14%
33%
13%
40%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 77
Questionado aos nossos inquiridos se os trabalhadores das suas empresas possuíam
formação especifica, 40% disseram que nenhum possuía formação, 33% disseram que a
maioria, 14% todos possuíam formação especifica, e 13% disseram que uma minoria
dos trabalhadores é que possuíam formação especifica.
Pois, podemos concluir, através dos dados aqui representados que uma das principais
causas da inviabilidade do negócio, era o facto da maioria do capital humano não
possuir nenhuma formação específica, relativamente a área que estavam laborando,
facto esse que pode ser explicado por possuírem pouca experiência e não exigirem
salários altos.
Gráfico nº 17 – Tem conhecimento dos incentivos as PME?
FontFonte: Análise do autor
Nesta questão, 60% dos inquiridos têm conhecimento sobre os incentivos as PME´s, e
40% disseram que não conhecem os incentivos as PME´s.
O que leva a concluir que, ou os inquiridos não procuraram buscar os conhecimentos,
ou as entidades devem procurar formas de maior divulgação de modo a chegar a todos.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Sim
Não
60%
40%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 78
Gráfico nº 18 – Como era a gestão da empresa?
Fonte: Análise do Autor
Relativamente a questão, de como era a gestão da empresa, 67% dizem que a gestão era
boa, e a restante 33% dizem que a gestão era suficiente. Essa questão vai de encontro ao
gráfico nº 16, onde 40% dos trabalhadores não tinham formação específica,
demonstrando assim neste ponto que o factor escolaridade não foi primordial para uma
gestão competente do negócio. E das outras opções de escolha, nenhum dos inquiridos
tinha uma gestão muito boa, ou uma gestão má.
Gráfico nº 19 - A empresa tinha contabilidade organizada?
Fonte: Análise do autor
Segundo os nossos inquiridos na questão da empresa ter ou não contabilidade
organizada, 73% assumem que a empresa tinha contabilidade organizada como
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Boa
Suficiente
67%
33%
0% 20% 40% 60% 80%
Sim
Não
73%
27%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 79
ferramenta de gestão e 27% dessas empresas não utilizam-se desses demonstrativos
contábeis para basear suas decisões gerenciais.
Tabela 6 - Motivos da extinção da empresa
Motivos da extinção da empresa
%
Lig
ad
os
a p
róp
ria e
mp
resa
Baixo Lucro
52%
Fechou para abrir uma empresa maior
0%
Problemas com os sócios
7%
Problemas com a mão-de-obra qualificada
0%
Problemas de contabilidade e documentação
0%
Mudança no ramo do negócio
4%
Tinha poucos clientes
22%
Falta de planeamento
0%
Outros
15%
TOTAL
100%
Em
ter
mos
pes
soais
Arrumou um emprego
0%
Problemas de saúde
0%
Falta de experiencia
0%
Outro
100%
TOTAL
100%
Lig
ad
os
ao m
eio
exte
rno
Impostos altos
42%
Problemas com clientes
16%
Problemas com concorrência
32%
Situado em local inadequado
0%
Instalações inadequadas
0%
Outro
11%
TOTAL
100% Fonte: Análise do autor
Com a finalidade de um melhor entendimento dos motivos que levaram as empresas a
encerrar as suas actividades de maneira precoce, a análise deste tópico foi dividida em
três blocos, buscando classificar os motivos ligados a empresa, ao empreendedor, e ao
ambiente externo.
E as respostas dos nossos inquiridos foram:
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 80
Ligados a própria empresa - baixo lucro (52%), poucos clientes (22%), outros
motivos (15%), problemas com os sócios (7%), mudança no ramo de negócio (4%).
Em termos pessoais – segundo os inquiridos nenhuma das possíveis respostas
apresentadas foram válidas, sendo que outros motivos para o encerramento levou a total
das percentagens, acumulando assim os 100%.
Ligados ao meio externo – impostos altos (42%), problemas com concorrência
(32%), problemas com clientes (16%), e por fim outros motivos (11%), são estes os
responsáveis por tornar o negócio inviável.
Destaca-se que algumas das respostas constituem faces distintas de um mesmo
problema. Por exemplo, o baixo lucro, o item mais citado pelos inquiridos, pode estar
associada ao número reduzido dos clientes, da concorrência elevada ou mesmo de
impostos altos.
Gráfico nº 20 - Sentimento que ficou quando encerrou a empresa?
Fonte: Análise do autor
Segundo o quesito de que sentimento ficou ao encerrar a empresa, 33% dos nossos
inquiridos ficaram tristes/magoados, 20% ficaram aliviados, outros 20% ficaram com
um sentimento de perda, 13% dizem que não sentiram nada ao fechar o negócio, e 7%
0% 10% 20% 30% 40%
Frustração/Perda
Tristeza/mágoa
Não sentiu nada
Alivio/tranquilidade
Arrependimento
Outro
20%
33%
13%
20%
7%
7%
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 81
das respostas dos nossos inquiridos distribui-se igualmente para um sentimento de
arrependimento e por outro sentimento não especificado.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 82
CONCLUSÃO
Esta monografia pretende de maneira objectiva auxiliar postulantes a abrirem negócios,
seja pela realização de um sonho de independência financeira, falta de sustento
ocasionado pela falta de um emprego ou a descoberta de um nicho de mercado a ser
explorado.
A motivação que nos levou a realizar este estudo é a inquietante falência de novos
negócios no nosso país, que embora as estatísticas não apontam a percentagem de
empresas que fecharam, mas o patamar é considerável.
Assim, os resultados deste estudo permitiram, com base na extensa literatura
pesquisada, identificar e caracterizar diversos factores contribuintes para a mortalidade
precoce das PME em São Vicente. Os principais deles são os seguintes: baixo lucro;
falta de clientes; tributação exagerada; problemas com a concorrência.
O estudo conclui que não existe um factor específico que possa ser responsabilizado
isoladamente pelo encerramento precoce das actividades de uma empresa. Os factores
contribuintes para a mortalidade são bastante interligados e dependem de certa forma da
actuação do empreendedor, pois, normalmente ele é o principal responsável por
pesquisar o mercado que deseja explorar, seus clientes e concorrentes, escolher os
sócios, funcionários e parceiros que o irão auxiliar no esforço de abrir e gerir a empresa,
escolher o ponto onde instalar sua empresa, definir as características dos produtos e
serviços que irá comercializar e preparar a empresa para enfrentar os desafios do
ambiente externo na qual está inserida.
Analisando o segmento das PME observamos que grande parte das empresas que
encerraram as suas actividades em São Vicente é do sector de comércio,
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 83
correspondendo a 47% do total das empresas estudadas. Os negócios são montados em
grande parte com recursos próprios (73%), advindos da poupança pessoal, familiar e
outras fontes, o que explica os resultados que mostram que alguns empresários, embora
um número razoavelmente pequeno, dizem não ter dificuldades para conseguir
empréstimos.
A conclusão a que se chega sobre este aspecto é a de que os empresários não contraem
empréstimos, não porque possuem todo o capital de que precisam, muito pelo contrário,
normalmente começam o negócio sem ter recursos suficientes. O que os afasta do
financiamento de terceiros normalmente são os juros altos, a dificuldade em dar
garantias de comprovação de rendimento, por ser uma PME, e a burocracia das
instituições financeiras.
Também conclui-se, de acordo com a tabela 25 (nos anexos), que os empreendedores
com maior ano de escolaridade permaneceram com o negócio um maior tempo no
mercado, o que quer dizer que o factor escolaridade é importante a ser levado em conta,
para quem quer abrir um negócio, mesmo contradizendo o acima exposto (gráfico nº 3),
que quanto maior o nível de escolaridade, maior são as chances de mortalidade da
empresa, é por isso, que deve realçar a ideia de que isso apenas não chegue, deve ser
associado a alguma experiencia profissional.
Foram atingidos os objetivos gerais deste trabalho no momento em que foram
identificados e analisados os principais factores que influenciam a mortalidade nas
pequenas e médias empresas sedeadas em São Vicente.
Apesar de todo o exposto neste trabalho, ainda um conjunto de acções de apoio poderão
ser adoptados para reduzir a mortalidade das empresas, articuladas de acordo com as
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 84
necessidades específicas de cada sector no processo da abertura de um novo negócio,
pois, há ainda muitas fragilidades diante das empresas perante os diversos factores
apontados por Chiavenato (2007) como a falta de capacitação dos gestores, falta de
capital e financiamento, desconhecimento do mercado e do publico alvo, de entre
outros.
Confrontação das hipóteses:
No quadro da confrontação das hipóteses formuladas para este estudo, concluímos que
não nos é possível confirmar a primeira hipótese. As respostas obtidas pelos inquiridos
são vazias e não nos direcciona para factores pessoais como causa da mortalidade
precoce das empresas. Como se pode verificar, as respostas dos inquiridos foram
inconclusivos. Das quatro respostas opcionais sugeridas no questionário, a totalidade
dos inquiridos (100%) não identificaram nenhuma delas como sendo as causas da
mortalidade das suas empresas. As razoes são, portanto, outras não especificadas.
Relativamente a segunda hipótese: “A dificuldade de acesso ao crédito é um factor
contribuinte para a mortalidade das PME”. Para efeito desta pesquisa, utilizou-se a
seguinte definição para a variável acesso ao crédito: a facilidade ou a complexidade de
regras e exigências para a concessão de empréstimos.
A análise dos dados efectuados aponta-nos para a confirmação desta hipótese. O
cruzamento de dados realizado, conforme se pode ver na tabela 26 anexa (duração de
funcionamento da empresa e facilidade de financiamento) nota-se que, mais de metade
dos inquiridos não tiveram facilidade de financiamento para um começo sólido do
negócio. Por outro lado, a análise do tipo de financiamento das empresas feita do
gráfico nº 12, mostra que apenas 27% dos inquiridos abriram seus negócios com recurso
a empréstimos bancários.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 85
Recomendações
Esta pesquisa buscou contribuir para a discussão dos factores que levam novos negócios
ao insucesso, analisando os principais aspectos e formas para reduzir os índices de
mortalidade das empresas, sem contudo ter a pretensão de esgotar o assunto.
No decorrer da pesquisa, cada empreendedor teve a oportunidade de escolher e dar
sugestões no intuito de tornar mais fácil o processo de criação e gestão de um negócio,
para outras pessoas que, eventualmente tenham interesse em constituir empresas de
pequeno porte.
Recomenda-se assim o seguinte:
- Que o empreendedor não crie a empresa apenas por motivos pessoais de fonte de
rendimento e de independência financeira mas sim que procure identificar uma real
oportunidade de negócio dentre as ideias que surgiram.
- Que os empreendedores, antes de abrir a empresa, façam as contas do investimento
inicial que terão que desembolsar com a compra de equipamentos, máquinas, móveis,
eventuais obras de adequação do imóvel onde irão instalar sua empresa, levantem os
custos com a constituição da empresa e que reservem também capital suficiente para
manter o capital de giro (fundo de maneio) por pelo menos 6 meses após a abertura do
negócio.
- Instalar a empresa num local estratégico, de modo a poder adequar a identidade do seu
mix de produtos com o perfil da clientela local.
Entretanto, as principais recomendações para o período anterior a abertura da empresa
são as de que o empreendedor se prepare e estude o ramo antecipadamente e, se
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 86
possível, trabalhe algum tempo, pelo menos um ano, em actividades semelhantes às que
ele irá desenvolver no negócio que pretende dirigir. É importante que ele realize cursos
de gestão de empresas, principalmente que escolha o capital humano da empresa com
muito rigor profissional, desde os sócios, passando pelos funcionários, privilegiando as
competências necessárias para a tarefa para a qual estão sendo contratados, além de
buscar parceiros externos, como fornecedores, distribuidores e representantes que sejam
confiáveis e eficientes.
Vencida a fase de planeamento e pesquisa e cumpridas as etapas necessárias para
garantir uma base sólida para a empresa, torna-se imprescindível que:
- A contratação da mão-de-obra para a empresa seja bem estudada, visto que, se não
contratar, muitas vezes poderá ter a sua capacidade produtiva limitada, o que pode levar
a perda de clientes, entretanto se contratar funcionários demais pode ter custos fixos
desnecessários e incompatíveis com o volume de receita da empresa, o que pode
inviabilizar o negócio.
- Com relação aos funcionários o empreendedor deve ter em mente que a qualidade é
importante, portanto deverá oferecer aos seus colaboradores treinamento (formação) e
actualização nas tarefas sob sua responsabilidade.
- A gestão de relacionamento com o cliente deve ser uma preocupação constante e deve
ser feita de maneira profissional. Por exemplo os critérios para dar crédito aos clientes,
aceitar pagamentos a prazo e outras vantagens devem ser estudadas de acordo com
critérios rigorosos que classifiquem os clientes por perfil e capacidade de pagamento.
- Encante o cliente buscando oferecer produtos de qualidade, padronização;
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 87
- Entende e acompanhe as actividades da contabilidade que é de muita importância
- Que conceda atenção especial aos sócios, especialmente quanto às suas competências,
experiencia, responsabilidade, compromisso, pontualidade e honestidade, visto que
estas características afectam directamente a visão que os clientes e o mercado têm da
empresa.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 88
Limitações de pesquisa
Apesar do rigor com que se empreenderam a colecta de dados, os procedimentos
metodológicos e a análise dos resultados, o estudo apresenta algumas limitações.
Dificuldade na obtenção de informações, pois os proprietários e/ou gerentes envolvidos
com as empresas que faliram frequentemente omitem factos;
Apesar dos números oficiais indicarem o fechamento de muitas PME, observa-se um
alto índice de empresas que não efectuam sua baixa perante a Repartição de Finanças, e
tal fato, dificulta a realização de estudos para medir e entender o fenómeno da
mortalidade precoce de empresas, embora o estudo limitou-se a analisar a influência e
factores contribuintes para a mortalidade precoce de pequenas e médias empresas nos
anos de 2010 e 2011 em São Vicente, não tendo de propósito a intenção de esgotar este
assunto no país todo, pois é extremamente difícil o acesso as informações acerca da
mortalidade empresarial
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 89
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INE (2010), quarto Recenseamento Empresarial, Praia.
Sebrae, Índice de Mortalidade das micro e pequena empresa,
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 93
ANEXOS (1)
Questionário sobre Mortalidade Empresarial: Caso das PME´s em
S.Vicente
Chamo-me Rosilda Lima Fortes, finalista do ano lectivo 2011/12 do curso de
Organização e Gestão de Empresas, Licenciado na Universidade do Mindelo.
Estando em fase de realização do meu trabalho de fim de curso sobre o tema:
“Mortalidade Empresarial: caso das PME´s em São Vicente”, o presente questionário
servirá de suporte para a sua realização, cujo objectivo é Identificar e analisar os
principais determinantes/factores que influenciam a mortalidade das pequenas e médias
empresas sediadas em São Vicente.
Agradecia muito se pudesse colaborar comigo, respondendo ao questionário.
Garanto o anonimato e a confidencialidade das suas respostas.
Por favor evite deixar sem responder a nenhuma questão. Assim que preencher o
questionário agradecia que o enviasse para o meu correio electrónico: rosycv-
Na escolha da sua resposta assinala com um X a sua resposta, para facilitar na análise
dos dados.
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 94
Dados estatísticos
P1- Sexo
1. Masculino __
2. Feminino __
P2 – Idade
1. <25 Anos __
2. 25 – 30 Anos __
3. 31 – 35 Anos __
4. 36 – 40 Anos __
5. 41 – 50 Anos __
6. 51 – 60 Anos __
7. >60 Anos __
P3 – Habilitação Escolar
1. Ensino Primário Incompleto __
2. Ensino Primário Completo __
3. Ensino Secundário Incompleto__
4. Ensino Secundário Completo __
5. Licenciatura __
6. Mestrado __
7. Doutoramento __
8. Formação Profissional __
P4 – Tem Formação Profissional
1- Sim___
2- Não___
P5 - Ocupação anterior a abertura da empresa
1. Empregado(a) de empresa privada __
2. Desempregado(a) __
3. Autónomo(a) __
4. Proprietário(a) de outra empresa __
5. Funcionário(a) pública __
6. Outro __
P6 – Gosta de assumir responsabilidade?
1. Sempre __
2. Por vezes __
3. Ocasionalmente __
4. Raramente __
P7 – Apercebe-se das suas probabilidades de êxito?
1. Sempre __
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 95
2. Por vezes __
3. Ocasionalmente __
4. Raramente __
P8 – Possui orientação para o futuro?
1. Sempre __
2. Normalmente __
3. Raramente __
4. Nunca __
P9 – Consegue adaptar-se facilmente às mudanças do seu meio envolvente?
1. Sempre __
2. Normalmente __
3. Raramente __
4. Não _
P10 – Porque abriu a empresa? (Múltiplas escolhas)
1. Para ser uma fonte de rendimento __
2. Resolveu arriscar __
3. Estava desempregado __
4. Trabalhava antes no ramo e então resolveu legalizar o negócio __
5. Tinha experiência anterior__
6. Oportunidade de negócio __
7. Estava aposentado __
8. Fez curso sobre o assunto __
9. Estava insatisfeito no emprego __
P11 – De quem foi a iniciativa para a criação da empresa
1. Pessoal __
2. Familiar __
3. Amigos __
4. Outro __
P12 – Ramo de actividade da empresa
1. Construção Civil __
2. Comércio __
3. Indústria __
4. Prestação de serviço __
5. Outro __
P13 – Qual foi o tipo de financiamento da empresa?
1. Capital Próprio __
2. Poupança Familiar __
3. Negociou prazos com fornecedores __
4. Empréstimo Bancário __
5. Empréstimos com amigos __
6. Outras
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 96
7. Fontes __
P14 – Houve facilidade de financiamento da empresa?
1. Sim __
2. Não __
P15 – Duração do funcionamento da empresa
1. <1 Ano __
2. 1 – 2 Anos __
3. 3 – 4 Anos __
4. 4 – 5 Anos __
5. > 5 Anos __
P16 – Quantos trabalhadores tinha a empresa
1. <5 __
2. 5 – 10 __
3. 10 – 20 __
4. 20 – 50 __
5. > 50 __
P17 – Os trabalhadores possuíam Formação específica?
1. Sim __
2. Maioria __
3. Minoria __
4. Não __
P18 – Tem conhecimento dos incentivos as PME´s?
1. Sim __
2. Não __
P19 – Como era a gestão da sua empresa?
1. Muito boa __
2. Boa __
3. Suficiente __
4. Má __
P20 – A sua empresa tinha contabilidade organizada?
1. Sim __
2. Não __
P21 – Em termos pessoais quais foram os motivos da extinção da empresa?
1. Arrumou um emprego __
2. Problemas de saúde __
3. Falta de experiencia __
4. Outro __
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 97
P22 – Motivos da extinção ligados a empresa
1. Baixo lucro __
2. Fechou para abrir uma empresa maior __
3. Falta de dinheiro __
4. Problemas com os sócios __
5. Problemas com mão-de-obra qualificada __
6. Problemas de contabilidade e documentação __
7. Mudança no ramo de negócio __
8. Tinha poucos clientes __
9. Falta de planeamento __
10. Outros __
P23 – Motivos da extinção Ligados ao meio externo
1. Impostos altos __
2. Problemas com clientes __
3. Problemas com concorrência __
4. Situado em local inadequado __
5. Instalações inadequadas __
6. Outros __
P24 – Qual o sentimento que ficou quando encerrou a actividade?
1. Frustração/perda __
2. Tristeza/mágoa __
3. Não sentiu nada __
4. Alívio/tranquilidade __
5. Arrependimento __
6. Outro __
P25 – Quais recomendações deixaria aos novos empreendedores?
1. Pesquisar e estudar o ramo antecipadamente __
2. Não abrir empresa/ter um emprego __
3. Fazer um bom planeamento __
4. Ter um sítio estratégico __
5. Ter capital suficiente __
6. Ter cuidado com os sócios __
7. Ter cuidado com a gestão __
8. Cuidado com os clientes __
9. Buscar inovação/diferencial __
10. Ter experiencia no ramo __
11. Buscar oportunidades __
12. Cuidado com a contabilidade __
13. Outro___Indique___________________________________________________
________________________________________________________________
Obrigado!
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Rosilda Lima Fortes 98
ANEXOS (2)
Analise dos dados no programa SPSS Statistics 20.0
Sexo
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Masculino 13 86,7 86,7 86,7
Feminino 2 13,3 13,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 1
Idade
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
25 - 30 Anos 1 6,7 6,7 6,7
31 - 35 Anos 3 20,0 20,0 26,7
36 - 40 Anos 4 26,7 26,7 53,3
41 - 50 Anos 4 26,7 26,7 80,0
51 - 60 Anos 1 6,7 6,7 86,7
> 60 Anos 2 13,3 13,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 2
Habilitação Escolar
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Ensino primário completo 1 6,7 6,7 6,7
Ensino secundário
incompleto 3 20,0 20,0 26,7
Ensino secundário completo 4 26,7 26,7 53,3
Licenciatura 4 26,7 26,7 80,0
Mestrado 3 20,0 20,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 3
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 99
Tem formação profissional
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
sim 11 73,3 73,3 73,3
nao 4 26,7 26,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 4
Ocupação anterior a abertura da empresa
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Empregado(a) de empresa
privada 6 40,0 40,0 40,0
Desempregado 1 6,7 6,7 46,7
Proprietário de outra
empresa 5 33,3 33,3 80,0
Funcionário publico 3 20,0 20,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 5
Gosta de assumir responsabilidade?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sempre 11 73,3 73,3 73,3
Por vezes 3 20,0 20,0 93,3
Raramente 1 6,7 6,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 6
Apercebe-se das suas probabilidades de exito?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sempre 5 33,3 33,3 33,3
Por vezes 9 60,0 60,0 93,3
Ocasionalmente 1 6,7 6,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 7
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 100
Possui orientação para o futuro?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sempre 3 20,0 20,0 20,0
Normalmente 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 8
consegue adaptar-se facilmente as mudanças do seu meio envolvente?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sempre 5 33,3 33,3 33,3
Normalmente 10 66,7 66,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 9
Porque abriu a empresa?
Frequency Percent
Missing System 15 100,0
Tabela 10
Para ser uma fonte de rendimento
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 8 53,3 53,3 53,3
Não 7 46,7 46,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Resolveu arriscar
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 3 20,0 20,0 20,0
Não 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Estava desempregado
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 101
Trabalhava antes no ramo e resolveu legaliza-lo
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 5 33,3 33,3 33,3
Não 10 66,7 66,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tinha experiencia anterior
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 6 40,0 40,0 40,0
Não 9 60,0 60,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Oportunidade de negócio
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 11 73,3 73,3 73,3
Não 4 26,7 26,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Fez curso sobre o assunto
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 1 6,7 6,7 6,7
Não 14 93,3 93,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
estava insatisfeito no emprego
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 2 13,3 13,3 13,3
Não 13 86,7 86,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 102
De quem foi a iniciativa para a criação da empresa?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Pessoal 8 53,3 53,3 53,3
Familiar 5 33,3 33,3 86,7
Amigos 2 13,3 13,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 11
Ramo de actividade da empresa
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Construção civil 4 26,7 26,7 26,7
Comércio 7 46,7 46,7 73,3
Indústria 1 6,7 6,7 80,0
Prestação de serviços 2 13,3 13,3 93,3
Outro 1 6,7 6,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 12
Qual foi o tipo de financiamento da empresa?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Capital próprio 7 46,7 46,7 46,7
Poupança familiar 3 20,0 20,0 66,7
Empréstimo Bancário 4 26,7 26,7 93,3
outras fontes 1 6,7 6,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 13
Houve facilidade de financiamento a empresa
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 4 26,7 26,7 26,7
Não 11 73,3 73,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 14
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 103
Duração de funcionamento da empresa
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
< 1 Ano 1 6,7 6,7 6,7
1 - 2 Anos 2 13,3 13,3 20,0
3 - 4 Anos 4 26,7 26,7 46,7
4 - 5 Anos 2 13,3 13,3 60,0
> 5 Anos 6 40,0 40,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 15
Quantos trabalhadores tinha a empresa?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
< 5 8 53,3 53,3 53,3
5 - 10 5 33,3 33,3 86,7
> 50 2 13,3 13,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 16
Os trabalhadores possuiam Formação especifica?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 2 13,3 13,3 13,3
Maioria 5 33,3 33,3 46,7
Minoria 2 13,3 13,3 60,0
Não 6 40,0 40,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 17
Tem conhecimento dos incentivos as PME´s?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 9 60,0 60,0 60,0
Não 6 40,0 40,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 18
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 104
Como era a gestão da sua empresa?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Boa 10 66,7 66,7 66,7
Suficiente 5 33,3 33,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 19
A sua empresa tinha contabilidade organizada?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 11 73,3 73,3 73,3
Não 4 26,7 26,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 20
Em termos pessoais qual foi o motivo da extinçao da empresa?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Outro 15 100,0 100,0 100,0
Tabela 21
Motivos da extinção ligados a empresa
Frequency Percent
Missing System 15 100,0
Tabela 22
Baixo Lucro
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 14 93,3 93,3 93,3
Não 1 6,7 6,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Fechou para abrir uma empresa maior
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 105
Problemas com os sócios
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 2 13,3 13,3 13,3
Não 13 86,7 86,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Problemas com mão de obra qualificada
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Problemas de contabilidade e documentação
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Mudança no ramo de negócio
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 1 6,7 6,7 6,7
Não 14 93,3 93,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tinha Poucos clientes
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 6 40,0 40,0 40,0
Não 9 60,0 60,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Falta de planeamento
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Outros
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 4 26,7 26,7 26,7
Não 11 73,3 73,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 106
Motivos da extinção ligados ao meio externo
Frequency Percent
Missing System 15 100,0
Impostos altos
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 8 53,3 53,3 53,3
Não 7 46,7 46,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Problemas com clientes
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 3 20,0 20,0 20,0
Não 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Problemas com concorrência
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 6 40,0 40,0 40,0
Não 9 60,0 60,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Situado em Local inadequado
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Instalações inadequadas
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Outros
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 2 13,3 13,3 13,3
Não 13 86,7 86,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 107
Sentimento que ficou quando encerrou a empresa?
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Frustração/Perda 3 20,0 20,0 20,0
Tristeza/mágoa 5 33,3 33,3 53,3
Não sentiu nada 2 13,3 13,3 66,7
Alivio/tranquilidade 3 20,0 20,0 86,7
Arrependimento 1 6,7 6,7 93,3
Outro 1 6,7 6,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Tabela 23
Quais recomendações deixaria aos novos
empreendedores?
Frequency Percent
Missing System 15 100,0
Tabela 24
Pesquisar e estudar o ramo antecipadamente
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 10 66,7 66,7 66,7
Não 5 33,3 33,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Não abrir empresa/ter um emprego
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Fazer um bom planeamento
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 7 46,7 46,7 46,7
Não 8 53,3 53,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 108
Ter um sitio estratégico
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 5 33,3 33,3 33,3
Não 10 66,7 66,7 100,0
Total 15 100,0 100,0
Ter cuidado com os sócios
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 3 20,0 20,0 20,0
Não 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Ter cuidado com a gestão
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 7 46,7 46,7 46,7
Não 8 53,3 53,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Cuidado com os clientes
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 3 20,0 20,0 20,0
Não 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Buscar inovação/diferencial
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 6 40,0 40,0 40,0
Não 9 60,0 60,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Ter experiencia no ramo
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 3 20,0 20,0 20,0
Não 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 109
Buscar oportunidades
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid Não 15 100,0 100,0 100,0
Cuidado com a contabilidade
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 1 6,7 6,7 6,7
Não 14 93,3 93,3 100,0
Total 15 100,0 100,0
Outro
Frequency Percent Valid Percent Cumulative
Percent
Valid
Sim 3 20,0 20,0 20,0
Não 12 80,0 80,0 100,0
Total 15 100,0 100,0
Habilitação Escolar * Duração de funcionamento da empresa Crosstabulation
Count
Duração de funcionamento da empresa Total
< 1 Ano 1 - 2 Anos 3 - 4 Anos 4 - 5 Anos > 5 Anos
Habilitaç
ão
Escolar
Ensino primário completo 0 0 1 0 0 1
Ensino secundário incompleto 0 1 0 1 1 3
Ensino secundário completo 1 0 2 0 1 4
Licenciatura 0 0 1 0 3 4
Mestrado 0 1 0 1 1 3
Total 1 2 4 2 6 15
Tabela 25
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente
Rosilda Lima Fortes 110
Duração de funcionamento da empresa * Houve facilidade de financiamento a
empresa Crosstabulation
Count
Houve facilidade de financiamento a empresa
Total Sim Não
Duração de funcionamento da empresa
< 1 Ano 0 1 1
1 - 2 Anos
1 1 2
3 - 4 Anos
2 2 4
4 - 5 Anos
0 2 2
> 5 Anos 1 5 6
Total 4 11 15
Tabela 26
Mortalidade Empresarial: Caso das PME em São Vicente