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Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção do 2º Ciclo em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março. Orientadora: Professora Doutora Cláudia Dias Co-Orientador: Professor Doutor Nuno Corte-Real Catarina Araújo Porto, setembro de 2015

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Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em

idosos

Dissertação apresentada com vista à obtenção do 2º Ciclo

em Atividade Física para a Terceira Idade, ao abrigo do

Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março.

Orientadora: Professora Doutora Cláudia Dias

Co-Orientador: Professor Doutor Nuno Corte-Real

Catarina Araújo

Porto, setembro de 2015

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Araújo, C. (2015). Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade

física em idosos. Porto: Araújo, C. Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Palavras-chave: MOTIVAÇÃO; IDOSOS; MODELO TRANSTEÓRICO DA

MUDANÇA DO COMPORTAMENTO; TEORIA DA AUTO DETERMINAÇÃO

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III

“A mãe é eterna, o pai imortal.”

Mia Couto

Aos meus pais pelo apoio incondicional

e incessante em todos os momentos da

minha vida. Obrigada por me terem

“segurado” a mão com tanta determinação,

pois só assim consegui chegar onde cheguei.

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V

AGRADECIMENTOS

Sendo esta dissertação um trabalho académico, tenho que agradecer às

pessoas que me acompanharam e apoiaram nesta etapa.

Começo por agradecer à minha orientadora Cláudia Dias, que, com a sua

experiência, me guiou neste trabalho e ao Professor Nuno Corte-Real que,

apesar de longe, conseguiu ajudar-me a criar um caminho a seguir.

Não podia deixar de fora desta secção o Fernando Lemos, estudante de

doutoramento da FADEUP, porque sem ele este trabalho não acabava este ano.

Por todas as dicas, os e-mails e ajudas que me deu, OBRIGADA!

Aos utentes e auxiliares do Centro de Dia da Associação Nun’Álvares de

Campanhã o meu muito obrigada pela disponibilidade, simpatia e compreensão

durante a recolha dos dados.

Um agradecimento a todos os atletas de Natação Adaptada do Futebol

Clube do Porto e respetivos pais pelo apoio, paciência e compreensão.

Aos que me acompanham diariamente, os MEUS, os MELHORES, os

amigos: às babes GC que, apesar das diferenças de idades entre todas nós, me

ajudaram a crescer, em especial à Fátinha, à Tininha e à Tocas pelo apoio e

paciência durante este ano; à Ju que, por muito longe que estivesse, esteve

sempre presente, à Carlotinha e à Raquel que viveram isto tudo comigo e, a elas,

mil desculpas pela falta de companhia na faculdade mas elas sabem que não

gosto de trabalhar acompanhada; ao Gonçalo pelo incentivo e apoio durante todo

este ano e todos os outros que esteve ao meu lado com o mesmo apoio; à Xana

por, nestes 12 anos juntas, me ter mostrado o que é a amizade verdadeira, e

pelo apoio, incentivo e ajuda durante esta etapa; à minha Bárbara também pelo

apoio e incentivo e por estar lá sempre, mesmo que não consigamos estar juntas

tantas vezes quanto gostaríamos, fazendo juz à frase: “A amizade verdadeira é

aquela que o tempo não apaga e a distância não consegue separar”.

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VI

À minha Ellie por todas as torturas que me ajudavam a sair da monotonia

desta dissertação, Obrigada bebé!

A toda a minha Família que, incondicionalmente e à sua maneira, sei que

me vão apoiar sempre.

Aos meus queridos Irmãos, Joana e Luís, pela paciência, compreensão e

incentivo em todos os momentos.

E, por último, porque os últimos são sempre os primeiros, aos meus

queridos Paizinhos pelos 24 anos de muita paciência, proteção, apoio, carinho e

amor, porque sem isso tudo não me teria tornado na pessoa que sou hoje! Muito,

muito, muito Obrigada!

A todos, um grande OBRIGADA por fazerem parte da minha vida.

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VII

ÍNDICE

Agradecimentos _______________________________________________ V

Índice de quadros ______________________________________________ IX

Índice de anexos ______________________________________________ XI

Resumo _____________________________________________________ XIII

Abstract _____________________________________________________ XV

Abreviaturas ________________________________________________ XVII

1. Introdução ________________________________________________ 1

2. Revisão da Literatura _______________________________________ 5

2.1. O envelhecimento e a sociedade ____________________________________ 7

2.2. Envelhecimento ativo, atividade física e seus benefícios ______________ 8

2.3. Motivação para a prática de atividade física _________________________ 10

2.4. Modelo transteórico de mudança do comportamento ________________ 12

2.5. Teoria da auto determinação _______________________________________ 16

3. Enquadramento ___________________________________________ 21

3.1. Objetivos gerais ___________________________________________________ 21

3.2. Amostra __________________________________________________________ 21

4. Estudo 1: Motivação para a prática de atividade física em idosos –

estudo baseado no modelo transteórico __________________________ 23

4.1. Introdução ________________________________________________________ 25

4.2. Instrumentos _____________________________________________________ 27

4.3. Procedimentos estatísticos ________________________________________ 27

4.4. Apresentação de resultados _______________________________________ 29 4.4.1. Estados de mudança do comportamento _________________________________ 29 4.4.2. Balanço decisional _____________________________________________________ 30

4.5. Discussão ________________________________________________________ 33

5. Estudo 2: Auto determinação para a prática de atividade física em

idosos – estudo baseado na teoria da auto determinação ____________ 37

5.1. Introdução ________________________________________________________ 39

5.2. Instrumentos _____________________________________________________ 41

5.3. Procedimentos ____________________________________________________ 41

5.4. Apresentação de resultados _______________________________________ 43

5.5. Discussão ________________________________________________________ 47

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VIII

5.5.1. Relação entre o modelo transteórico e a teoria da auto determinação ________ 49

6. Conclusões e Sugestões ___________________________________ 51

7. Referências ______________________________________________ 53

8. Anexos _________________________________________________ XIX

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IX

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Composição do agregado em função dos estados de mudança___29

Quadro 2 – Diferenças entre sexos no balanço decisional_________________30

Quadro 3 – Diferenças entre grupos de prática no balanço decisional________30

Quadro 4 – Relação entre a prática desportiva e os prós e contras__________30

Quadro 5 – Relação entre os prós e contras com os estados de mudança____31

Quadro 6 – Relação entre tipos de regulação e grupos de prática___________43

Quadro 7 – Relação entre tipos de regulação e composição do agregado_____44

Quadro 8 – Relação entre os estados de mudança e os tipos de regulação___44

Quadro 9 – Relação entre o balanço decisional e os tipos de regulação______45

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XI

ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo I – Questionário aplicado no estudo___________________________XXI

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XIII

RESUMO

Com um elevado número de idosos em Portugal e com a baixa adesão por parte

desta faixa etária à atividade física, levando a uma deterioração da qualidade de

vida desta população, o objetivo deste estudo foi perceber o nível de motivação

para a prática de atividade física de idosos inseridos num centro de dia, tendo

como base do estudo o Modelo Transteórico da Mudança do Comportamento e

a Teoria da Auto Determinação. Foi então utilizado um inventário composto por

três questionários: "Questionário dos Estados de Mudança”, “Questionário

Balanço Decisional” para o Modelo Transteórico e o BREQ-2 para a Teoria da

Auto Determinação, utilizámos ainda um conjunto de questões socio-

demográficas. Os resultados mostraram que mais de metade da amostra não

praticava atividade física e, por isso encontravam-se no estado de inatividade

(pré-contemplação, contemplação e preparação). O grupo de idosos que viviam

sozinhos apresentou valores mais altos de regulação intrínseca, já os que viviam

acompanhados por parentes ou cônjuges apresentaram valores mais elevados

de amotivação. No que diz respeito ao balanço decisional, os indivíduos

praticantes mostraram um valor superior na relação com os não praticantes. Nos

grupos da composição do agregado os idosos que viviam sozinhos

apresentaram um valor de balanço decisional superior aos restantes grupos. Na

relação entre as duas teorias, os resultados mostraram que quanto mais ativo

for o indivíduo, maior será o tipo de regulação do comportamento, isto é,

indivíduos nos estados de ação e manutenção apresentaram níveis superiores

de regulação do comportamento (identificada e intrínseca). Quanto mais ativo é

o indivíduo, maior será o nível de motivação para a prática de atividade física e

a sua perceção das vantagens associadas a essa atividade.

Palavras-chave: MOTIVAÇÃO; IDOSOS; MODELO TRANSTEÓRICO DA

MUDANÇA DO COMPORTAMENTO; TEORIA DA AUTO DETERMINAÇÃO

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XV

ABSTRACT

With a high number of elderly people in Portugal and with a low accession to

physical activity by this age group, leading to a deterioration of quality of life of

this population, the aim of the study was to perceive the motivation level to do

physical activity in elderly inserted in a day care based on Transtheoretical Model

and Self-Determination Theory. The inventory used was composed by three

questionnaires: the “Stages of change questionnaire”, the “Decisional balance

questionnaire” to the Transtheoretical Model and the “Behavioral Regulation in

Exercise Questionnaire” (BREQ-2) to Self-Determination Theory”. It was also

used a set of socio-demographic questions. The results showed that more than

half of the sample did not perform any physical activity and so they were in a state

of inactivity (pre contemplation, contemplation and preparation). The group of

elderly who lived alone showed higher levels of intrinsic regulation and the ones

that lived with family members or their spouses showed higher lever of

amotivation. Regarding decisional balance, the practitioner individuals presented

a higher level compared to non-practitioner individuals. In the groups of

household composition the elderly living alone demonstrated a higher level of

decisional balance regarding other groups. Linking both theories, the results

showed that the more active the individual is, the higher the behavior regulation

will be, that is, individuals in stages of action and maintenance presented higher

levels of behavior regulation (identified and intrinsic). The higher the level of

activity of the individual, the higher the level of motivation to physical activity and

its perception about the advantages tied to that activity.

Key-words: MOTIVATION; ELDERLY; TRANSTHEORETICAL MODEL; SELF-

DETERMINATION THEORY

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XVII

ABREVIATURAS

ANOVA – Análise de Variância

AVD – Atividades de Vida Diária

BREQ-2 – Behavioral Regulation in Exercise Questionnaire

Dp – Desvio Padrão

p – Nível de Significância

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

INE – instituto Nacional de Estatística

MTT – Modelo Transteórico da Mudança de Comportamento

TAD – Teoria da Auto Determinação

P – Praticantes

NP – Não Praticantes

OMS – Organização Mundial de Saúde

WHO – World Health Organization

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1. INTRODUÇÃO

Hoje em dia, em Portugal, os idosos representam cerca de 19% da

população (Instituto Nacional de Estatística [INE], 2013). Segundo esta entidade,

8% era a percentagem da população idosa portuguesa no ano de 1960. Após 30

anos, as pessoas acima dos 65 anos já representavam mais de 13% da

população e, 52 anos depois do primeiro estudo da população, os idosos

passaram a representar mais 11% da população portuguesa, em comparação

com o estudo inicial (1960), registando-se assim mais do dobro da população

idosa relativamente a 1960. O INE estima que em 2035 a população idosa

poderá atingir 26%.

Em comparação com outros países da Europa, Portugal encontra-se entre

os países mais envelhecidos, e a Suécia, com menor crescimento do número de

gerontes, equipara-se a Portugal com igual percentagem de idosos. A Itália

(21%) e a Alemanha (20%) são os países europeus com maior percentagem de

população idosa, tendo a Itália registado um aumento de 12% desde 1960 e a

Alemanha de 10%. A Irlanda registou o menor crescimento de idosos e tem

apenas 12% de gerontes, mais 1% do que em 1960 (INE). Esta discrepância de

números poderá ter a ver com diferentes fatores possíveis, tais como: a

diminuição da natalidade, o aumento da qualidade de vida e, por conseguinte, o

aumento da esperança média de vida.

Várias são as definições e considerações acerca da palavra e do processo

de envelhecimento. Karinkanta et al. (2005) consideram o envelhecimento como

um processo que afeta a funcionalidade, mobilidade, saúde, e que o impede de

ter uma vida autónoma e saudável, impedindo o indivíduo idoso de ter uma boa

qualidade de vida”.

Cada vez mais, os idosos vivem mais anos, por isso a qualidade de vida

torna-se um fator crucial para a sua existência e, se falamos em qualidade de

vida, não podemos deixar de parte a saúde. Spirduso (1994) afirma que a saúde

é um processo de constante adaptação a uma vida com qualidade física,

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psíquica e social. Saúde não é a ausência de doença mas sim, como refere a

Organização Mundial de Saúde (OMS), “um completo bem-estar físico, psíquico

e social”. No entanto não se pode descurar a afirmação de Segre & Ferraz (1997)

que põe a hipótese de saúde ser um estado de consolidação entre o sujeito e a

sua realidade. Por todas estas razões, é aconselhado aos idosos a participação

ativa na aquisição e manutenção de uma vida saudável, mesmo que por vezes

a doença esteja presente.

A saúde pode então ser influenciada positivamente pela atividade física

pois, por um lado, a sua prática proporciona aos indivíduos uma sensação de

bem-estar, aumentando a auto estima e melhorando o estado físico e psíquico

de quem a pratica, e por outro contribui também para uma melhor qualidade de

vida através da melhoria da dimensão física, que é normalmente a primeira a

mostrar sintomas do envelhecimento.

Com o passar dos anos, é visível uma maior adesão ao exercício por parte

dos idosos em busca de um estilo de vida mais saudável, de forma a prolongar

a sua existência, uma vez que o conhecimento de uma parte desta população

sobre o exercício é esse mesmo, de que o exercício prolonga a vida. No entanto,

a atividade física não dá mais anos à vida mas pode dar mais vida aos anos, tal

como afirma Zambrana (1991). Os idosos procuram estar menos cansados, estar

mais predispostos a fazer as várias tarefas do dia-a-dia, contudo, a atividade

física chega mais além, proporciona um estilo de vida mais saudável.

Infelizmente os idosos tornam-se sedentários com o passar dos anos e a adesão

a um estilo de vida saudável tende a diminuir com a idade.

A motivação para a prática de atividade física pode variar de acordo com a

faixa etária. De certa forma, as crianças procuram a diversão e o jogo, já os

adolescentes para além de procurarem o exercício pelo jogo e diversão, também

o fazem pela estética do corpo e socialização. No caso dos adultos, estes

procuram melhorar e manter uma boa condição física, sendo a estética, a

socialização, o entretenimento e a saúde alguns outros fatores que levam esta

faixa etária a procurar a atividade física. Os idosos já começam a perceber a

importância da atividade física e, por isso, têm como prioridade a saúde, no

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3

sentido de prolongarem uma boa qualidade de vida e a sua autonomia,

mantendo um estilo de vida saudável.

Relativamente ao trabalho propriamente dito, este terá como base a Teoria

da Auto Determinação (TAD) (Ryan & Deci, 2002) e o Modelo Transteórico da

Mudança do Comportamento (MTT) (Prochaska & DiClemente,1983). A primeira

divide-se em cinco tipos de regulação do comportamento: amotivação,

motivação externa, introjectada, identificada e intrínseca. Da externa à

introjectada, as regulações estão relacionadas com razões externas ao indivíduo

para a prática de atividade física, como recompensas. Os dois últimos tipos de

auto determinação mencionados relacionam-se mais com o prazer pela prática

de exercício. O MTT divide-se em cinco estados de mudança: pré-contemplação,

contemplação, preparação, ação e manutenção. É um modelo de mudança

intencional que se concentra nas decisões do indivíduo perante a atividade física

(Velicer et al., 1998).

Assim sendo, pretende-se estudar a influência de fatores como a

composição do agregado familiar e os grupos de prática na realização de uma

determinada atividade física, constituindo-se este o objetivo da dissertação.

Com o propósito de responder a este objetivo, foi realizada uma revisão da

literatura para definir o estado atual do conhecimento em relação aos assuntos

abordados no trabalho: o envelhecimento na sociedade, a atividade física e os

seus benefícios, a motivação para a prática de atividade física e os modelos

abordados em cada estudo, isto é, o MTT e a TAD. De seguida são definidos os

objetivos gerais do trabalho, a amostra e a sua caracterização e dividiu-se o

restante conteúdo em dois estudos. O estudo um aborda a motivação para a

prática de atividade física em idosos com base no MTT e o estudo dois aborda

a mesma motivação com base na TAD seguido de uma comparação entre as

teorias abordadas. Cada estudo apresenta a sua própria metodologia, descrita a

seguir aos objetivos específicos, que inclui os instrumentos utilizados e os

procedimentos estatísticos de cada investigação. Os estudos incluem ainda uma

parte de apresentação de resultados e de discussão dos mesmos, terminando

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4

com uma conclusão onde foram incluídas algumas sugestões para estudos

futuros.

No final deste trabalho podemos encontrar as referências bibliográficas e

ainda alguns anexos que foram considerados pertinentes para a investigação.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

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2.1. O envelhecimento e a sociedade

O conceito de envelhecimento tem vindo a ser alterado ao longo do tempo.

Parente (2006) define o envelhecimento humano como um processo de

transformação do organismo que se reflete nas suas estruturas físicas e na

capacidade cognitiva do indivíduo. Farinatti (2002) acrescenta que o

envelhecimento é um processo que afeta progressivamente a adaptabilidade

fisiológica, levando o organismo a tornar-se cada vez mais vulnerável tornando

mais difícil conseguir manter a homeostasia.

O conceito de envelhecimento para Perracini (2005) é um pouco mais

completo. O autor refere que o envelhecimento se caracteriza por alterações

biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais. Refere ainda que estas alterações

podem aumentar a exposição a situações de incapacidade funcional e a

situações de vulnerabilidade.

O envelhecimento é então um processo de alterações biológicas,

psicológicas, cognitivas e sociais que tornam o idoso num ser mais vulnerável,

com menos capacidade de adaptabilidade e, por conseguinte, com menor

qualidade de vida, que podem levar a situações de doença e consequentemente

à morte.

Com todas as adversidades resultantes do envelhecimento, a importância

do idoso vai-se tornando cada vez mais reduzida e este deixa de perceber qual

é o seu papel na sociedade, deixa de perceber qual o sentido a dar à sua própria

vida e surge o sentimento de inutilidade e de insegurança (Fassino et al., 2002).

A atividade física passa então a ter um papel muito importante para estes

indivíduos, proporcionando-lhes uma forma de diversão, aprendizagem e

convívio, ajudando-os a melhorar ou manter a sua qualidade de vida, a sua

saúde, tanto física como psíquica, e fazendo com que se sintam produtivos,

ativos e vivos.

Zimerman (2000) diz que as alterações psicológicas apresentadas pelo

ser humano no processo de envelhecimento têm como resultado a dificuldade

de assumir novos papéis sociais e adaptar-se aos mesmos, elevada falta de

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motivação, uma autoestima muito baixa e depressão. Por vezes, estes

resultados estão associados à demência, observada em indivíduos com idades

avançadas, onde a cognição dos mesmos é afetada. A funcionalidade destes

indivíduos permanece intacta, no entanto têm dificuldade em realizar atividades

direcionadas para a função motora.

As diversas alterações provocadas pelo envelhecimento parecem ser

mais evidentes em indivíduos com baixo nível de atividade física. Este nível

diminuto leva à diminuição da capacidade funcional do indivíduo idoso (Tribess

& Virtuoso, 2005).

2.2. Envelhecimento ativo, atividade física e seus benefícios

Um estilo de vida ativo parece proporcionar uma boa capacidade de

locomoção e de exercer atividades de vida diária (AVD) aos idosos, permitindo-

lhes então manter uma qualidade de vida e um bem-estar positivos. Este estilo

de vida parece ser uma forma de atrasar o processo de degeneração provocado

pelo envelhecimento. (Brill, 2004)

Vários autores (Spirduso et al., 2005; Cress et al., 2004) defendem que

um envelhecimento ativo pode melhorar as funções cognitivas, sociais e físicas

do idoso, contribuindo assim para um possível aumento da sua qualidade de

vida. Para Velardi (2003) é cada vez maior a importância da criação de iniciativas

de promoção da saúde para apoiar estilos de vida ativos, considerando a velhice

como uma faixa etária produtiva e positiva.

Segundo Spirduso (2005), não é possível parar o processo de

envelhecimento, no entanto é possível atenuar o seu avanço. Segundo o mesmo

autor, a taxa de mortalidade está associada a diversos fatores, influenciados uns

pelos outros, nomeadamente a saúde, o nível de atividade física, a qualidade de

vida, a função cognitiva e os indicadores demográficos. Com a perda destes

fatores, o organismo perde a sua homeostasia podendo levar à morte. Isto pode

ser evitado com uma alimentação cuidada, com um estilo de vida ativo e com a

participação em atividades físicas moderadas.

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Os conceitos de atividade física e de exercício físico têm sido muitas

vezes confundidos. A atividade física é definida por Oliveira & Maia (2001) como

qualquer movimento realizado nas atividades diárias, em atividades desportivas

mais ou menos organizadas, no trabalho, entre outros contextos. Já Mazo (2008)

considera a atividade física como qualquer movimento voluntário que leva o

indivíduo a um dispêndio energético. A mesma autora dá outro sentido ao

exercício físico, afirmando que este é uma subcategoria da atividade física, no

entanto, é uma atividade física planeada e estruturada, com um determinado

objetivo que passa por melhorar ou manter a condição física ou a saúde do

indivíduo.

Tal como é descrito na Carta Europeia do Desporto (Artigo 2º, 1.a , 2001):

“entende-se por “desporto” todas as formas de atividades físicas que, através de

uma participação organizada ou não, têm por objetivo a expressão ou o

melhoramento da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações

sociais ou a obtenção de resultados na competição a todos os níveis”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010): “Em adultos

com idade igual ou superior a 65 anos a atividade física pode incluir atividades

de lazer como caminhar, dançar, jardinar, nadar e andar de bicicleta, tarefas

domésticas ou mesmo exercício físico planeado, no contexto das atividades de

vida diária, família e comunidade.”

Como dizem Paterson et al.(2007), para esta faixa etária (65 a 90 anos)

as recomendações passam por manter a funcionalidade e a independência,

incluindo outros objetivos como alongar o tempo de vida, diminuir o risco de

doenças crónicas e diminuir também o período de incapacidade e dependência.

A inatividade física na terceira idade parece proporcionar visíveis efeitos

prejudiciais para a saúde física, psicológica e social do idoso. São esses efeitos

que vão acelerar de uma forma generalizada o processo de envelhecimento,

prejudicando a qualidade de vida da pessoa idosa (Spirduso et al., 2005).

Como Pinto et al. (2001) afirmam, a prática de atividade física contraria os

efeitos do envelhecimento, tanto a nível físico como psíquico. Os mesmos

autores referem ainda que os sistemas cardiovascular, respiratório e neurológico

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são positivamente beneficiados pela prática de atividade física. A locomoção é

também beneficiada com essa mesma prática. Batty (2002) afirma que, se essa

prática não for contraproducente, existe uma vantagem significativa na

diminuição do risco de doenças coronárias através do desenvolvimento da

aptidão cardiorrespiratória e da prática de atividade física.

Segundo Spirduso et al. (2005), indivíduos com níveis de atividade física

moderada e elevada apresentam uma função cognitiva também elevada. Larson

et al. (2006) sugerem que a prática de atividade física regular está intimamente

ligada com o atraso do aparecimento de demência e da doença de Alzheimer.

Ferris et al. (2005) referem ainda mais benefícios, nomeadamente um

relacionamento entre o treino de resistência e melhorias significativas na

qualidade do sono.

De acordo com o estudo de Doimo et al. (2008), o tempo livre dos idosos

é passado a assistir televisão, tendo pouco envolvimento em atividades físicas.

No entanto, as atividades domésticas representam o contexto físico e estar com

os membros da família o contexto social, ajudando a prevenir ou retardar

doenças do foro físico e psíquico, e também a melhorar a sua qualidade de vida.

Em suma, é fundamental para aqueles que envelhecem, para além de

uma boa alimentação, a manutenção de atividade física geral, no sentido de

manter uma boa saúde física, psíquica, cognitiva e social, retardando o

aparecimento de doenças e, consequentemente, a morte.

2.3. Motivação para a prática de atividade física

Estar motivado significa estar movido para realizar uma determinada

tarefa. Segundo Ryan & Deci (2000) uma pessoa que não sinta o impulso ou

inspiração para uma tarefa é considerada amotivada, enquanto, uma pessoa que

esteja com energia e disposição para uma tarefa é considerada motivada. Os

mesmos autores referem que os indivíduos não só têm diferentes quantidades

como têm também diferentes tipos de motivação, isto é, os indivíduos podem

variar tanto no nível de motivação como na orientação da mesma.

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11

A motivação é definida por Rego (1995) como um conjunto de fatores que

influenciam o comportamento humano. Tal como Moras (2004) que menciona

que, uma vez que a palavra “motivação” deriva do latim (movere) o conceito diz

respeito aos fatores que iniciam ou estimulam um determinado comportamento.

Samuslki (1995) define-a como todos os fatores que determinam a atualização

de comportamentos, sendo caracterizados por um processo ativo intencional e

com um objetivo, que pode depender de fatores pessoais ou ambientais

(intrínsecos e extrínsecos).

Já Littman (1958) e Balaguer (1994), dizem que a motivação se

caracteriza como um processo ou condição que se pode assumir como

fisiológico ou psicológico, inato ou adquirido, interno ou externo ao indivíduo.

A motivação é de extrema importância para a atividade física, uma vez

que o sucesso dos indivíduos que a praticam está relacionado com a disposição

que têm pela e para a mesma. Estar motivado para uma atividade não significa

que o indivíduo tenha uma performance excelente, assim como o inverso, se o

indivíduo for muito bom nessa tarefa, não significa que esteja totalmente

motivado para a mesma. No entanto, o sucesso é mais facilmente alcançável se

a sua motivação for elevada (Mulan & Markland,1997).

Alves et al. (1996) mencionaram que quando o indivíduo é movido por

fatores relacionados com a prática em si e pelos sentimentos envolvidos na

mesma, designa-se de motivação intrínseca, uma vez que são fatores internos

à pessoa, e declararam que este tipo de motivação é o mais importante para a

permanência na atividade física. Os mesmos autores afirmaram ainda que existe

outro tipo de motivação relacionada com fatores externos à pessoa ou com

recompensas associadas à prática de atividade física e nomeiam-na de

motivação extrínseca, dado que os fatores que influenciam a pessoa são

externos à mesma.

Moran (2004) define a motivação intrínseca como a vontade que a pessoa

tem para participar numa atividade por si, e pelo prazer e satisfação que a

participação lhes dá. Segundo o mesmo autor, a motivação extrínseca pode

aplicar-se sempre que o indivíduo está envolvido numa tarefa principalmente

Page 30: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

12

devido a fatores ou restrições externas ao mesmo. Por exemplo, um idoso com

problemas de saúde que é aconselhado a iniciar um desporto, supõe-se que a

sua motivação será maioritariamente extrínseca, uma vez que o fator que

influencia a prática é a saúde (fator externo ao indivíduo) e não uma questão de

prazer ou satisfação que essa prática poderá provocar.

Alguns estudos (Freitas et al., 2007; Ribeiro et al., 2012) mostram alguns

dos principais fatores que levam os idosos a participar numa atividade física:

melhorar ou manter o estado de saúde;

aumentar o contato social;

prevenir doenças;

aprender novas atividades;

aumentar a auto-estima.

Nos mesmos estudos foram ainda acrescentados outros fatores como:

indicação médica, melhorar a qualidade do sono, evitar a solidão, reduzir o nível

de stress, melhorar a qualidade de vida e perda de peso.

Também noutros estudos (Andreotti e Okuma, 2003; Gomes e Zazá,

2009) a principal razão que leva um idoso a participar numa atividade física é a

saúde, que, nesta idade mais avançada se encontra mais débil. A questão social

parece ser também importante para os indivíduos nesta faixa etária,

considerando importante a prática de atividade física para adquirir novas

amizades e evitar a solidão.

2.4. Modelo transteórico de mudança do comportamento

O MTT (Prochaska & DiClemente,1983), visto inicialmente como um

modelo de integração de mudança do comportamento dos indivíduos e a sua

manutenção, é composto por cinco estados de mudança: pré-contemplação,

contemplação, preparação, ação e manutenção. Segundo Prochaska & Velicer

(1997), este modelo é resultado da análise comparativa das principais teorias da

Page 31: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

13

psicoterapia e da mudança do comportamento e foi desenvolvido inicialmente

para explicar as mudanças nos comportamentos de dependência (tabagismo,

alcoolismo). Velicer et al. (1998) afirmam que o MTT traça a forma como as

pessoas alteram os comportamentos de risco ou adotam comportamentos

positivos. Tal como referem os autores, é um modelo de mudança intencional

que se concentra nas decisões do indivíduo. Ainda o mesmo trabalho descreve

este modelo como uma interpretação da mudança como um processo,

envolvendo o progresso através dos cinco estados que são reflexo da dimensão

temporal dos comportamentos:

Pré-contemplação – é descrito como sendo um estado em que se

encontram os indivíduos que não têm qualquer intenção de mudar o seu

comportamento num futuro relativamente próximo (seis meses). As razões pelas

quais estes indivíduos se encontram neste estado passam pela falta de

informação sobre as possíveis consequências do seu comportamento e pela

perda de confiança nos benefícios desse comportamento. Os autores referem

ainda que, noutras teorias, estes indivíduos são considerados resistentes ou

desmotivados.

Contemplação – neste estado, os indivíduos têm a intenção de

mudar o seu comportamento nos seis meses subsequentes, estando mais

informados sobre os benefícios e desvantagens que esse comportamento lhes

pode trazer. Segundo os autores, os indivíduos podem ficar neste estado durante

longos períodos de tempo, uma vez que é criado um equilíbrio entre os prós e

os contras tornando-se num processo mais moroso.

Preparação – nesta fase, os indivíduos estão dispostos a mudar o

comportamento num futuro muito próximo (um mês). Os autores referem que o

objetivo destes indivíduos passa por planear o comportamento (começar a

realizar uma tarefa). Sugerem ainda que estes são os indivíduos que devem ser

recrutados para a prática de exercício, uma vez que têm mais facilidade em

alterar o seu comportamento em relação a essa prática.

Ação – esta é descrita pelos autores da teoria como a fase em que

os indivíduos modificaram de forma evidente o seu comportamento nos últimos

seis meses e acreditam que é benéfico para eles próprios e para a sua saúde

Page 32: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

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esse mesmo comportamento. Velicer, e os seus colaboradores afirmam ainda

que este é um estado crítico para uma recaída, por isso deve-se vigiar o indivíduo

e o seu comportamento para evitar esse desvio da progressão.

Manutenção – os autores descrevem a fase de manutenção como

o estado em que os indivíduos trabalham com o propósito de evitar as recaídas,

no entanto, ao contrário do estado anterior (ação), já não põe em prática os

processos de mudança, uma vez que a recaída é menos frequente. A confiança

na sua mudança de comportamento é cada vez maior, reduzindo ainda mais as

hipóteses de recaída. (Prochaska & Velicer, 1997)

Marcus & Lewis (2003) descreveram os cinco estados no contexto da

atividade física identificando quais os comportamentos que os indivíduos têm em

cada um deles. No primeiro estado, Pré-contemplação, os indivíduos não são

ativos nem têm a intenção de alterar esse comportamento. O papel e os

benefícios da atividade física não são conhecidos por esta população e os

contras, como a falta de tempo ou o cansaço que poderá provocar a atividade,

são muitas vezes o que os leva a não acreditar nesses benefícios. No segundo

estado, Contemplação, os indivíduos não são fisicamente ativos mas pretendem

começar uma atividade. Segundo os autores, os prós e os contras, neste estado,

já são conhecidos e ponderados e, nesse sentido, o início da sua participação

numa atividade deve ser feito passo a passo, para evitar a desistência que pode

acontecer se os objetivos propostos forem demasiado altos e lentamente

alcançáveis pelo indivíduo. No terceiro estado, Preparação, os dois autores

situam os indivíduos que começam a envolver-se numa atividade lentamente,

com o propósito de atingir os níveis recomendados de prática. Os objetivos

destes indivíduos, tal como no estado anterior, não devem ser demasiado altos

para que não haja uma recaída e consequente abandono da prática. No

penúltimo estado, Ação, os indivíduos praticam atividade física de acordo com

os níveis recomendados mas há menos de seis meses. Os objetivos dos

indivíduos nesta fase devem ser de curto e de longo prazo para estimular a sua

permanência na atividade. Segundo os autores, períodos de férias, doença, ou

cansaço da atividade são fatores de risco para uma recaída e possível abandono

Page 33: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

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da atividade. O último estado, Manutenção, é semelhante ao estado anterior,

com a particularidade de o indivíduo ser participante de uma atividade há mais

de seis meses. O risco de recaída é menor, uma vez que, segundo os autores,

os indivíduos estão mais interessados e motivados para a prática dessa

atividade. No entanto esse cenário é possível no caso de a atividade se tornar

aborrecida ou se o indivíduo não conseguir atingir os seus próprios objetivos.

Foi provado (Prochaska et al., 1994) que o processo de mudança do

comportamento não é um processo linear, no entanto, o mesmo autor afirma ser

possível uma mudança crescente pelos cinco estados, da menos motivada à

mais motivada. Uma recaída não significa que o indivíduo volte à fase inicial. O

que acontece é que, depois da recaída, o indivíduo tem sempre em mente o seu

objetivo final, que o fará voltar a progredir no que diz respeito à mudança do

comportamento. Ou seja, os indivíduos podem evoluir ou retroceder em cada

estado, ao longo do processo de mudança.

Prochaska & Velicer (1997) acrescentaram o Balanço Decisional como um

conceito chave ao MTT e que, teoricamente, está relacionado com a mudança

do comportamento. O Balanço Decisional, segundo os autores, revela a

ponderação dos prós e contras da mudança de comportamento, por parte do

indivíduo. Já segundo Gorely & Gordon (1995) este conceito é descrito como

uma forma de supervisionar os eventuais ganhos (prós) e perdas (contras) de

uma determinada decisão.

Durante a prática de exercício, o indivíduo identifica mais vantagens (prós)

do que desvantagens (contras). Se o contrário acontecer, então o praticante

estará próximo do abandono ou da mudança de exercício (Gorely & Gordon

1995). Reed (1999) identifica, relacionadas com este conceito, quatro dimensões

ligadas aos benefícios da mudança de comportamento (prós/contras):

1) benefícios ou prejuízos utilitários para o próprio;

2) benefícios ou prejuízos utilitários para outros;

3) auto-aprovação ou auto-desaprovação;

4) aprovação ou desaprovação dos outros.

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16

Segundo o mesmo autor, em cada uma das fases de mudança o balanço

entre os prós e os contras varia, com maior incidência nos estados iniciais (pré-

contemplação, contemplação e preparação).

O MTT ajudou em diversas investigações (Cramp e Bray, 2009; Dwyer et

al., 1998; Lapier et al., 2009), que estudaram a motivação e a mudança de

comportamento perante uma determinada atividade física.

2.5. Teoria da auto determinação

A TAD (Ryan & Deci, 1985), tal como identificam Deci & Ryan (2008) é

uma teoria sobre a motivação humana que, assim como refere Serra (2010), se

centra no desenvolvimento e funcionamento da personalidade em sociedade, e

nas causas e consequências do comportamento autodeterminado de cada

indivíduo.

Para Barbeau et al. (2009), as necessidades psicológicas de autonomia,

relacionamento e competência prevêem os tipos de motivação. Isto é, um

indivíduo com a capacidade de regular as suas ações (autonomia), com a

capacidade de eficácia na interação com o meio envolvente (competência) e a

capacidade de desenvolver ligações e relações interpessoais (relacionamento),

é considerado um indivíduo auto determinado (Serra, 2010). O conjunto destes

três fatores podem determinar a regulação do comportamento do sujeito. O

mesmo autor afirma que é esperado que a motivação auto determinada esteja

positivamente associada à atividade física.

Segundo Ryan & Deci (2000), a TAD faz a distinção entre os diferentes

tipos de motivação e as diferentes razões ou objetivos que levam um indivíduo

a uma determinada ação.

Um dos princípios da TAD é que a motivação varia em diversas formas

que pode ir da mais controlada à mais autónoma. No tipo de motivação mais

controlada, o indivíduo é movido por fatores essencialmente externos, enquanto

na mais autónoma, os fatores internos ao indivíduo são os predominantes na sua

motivação. No entanto, nenhum indivíduo é apenas motivado por fatores internos

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ou por fatores externos. Todos podem reunir fatores tanto internos como

externos, contudo, e variando de indivíduo para indivíduo, os fatores internos

poderão estar mais presentes do que os externos, assim como o contrário (Deci

& Ryan, 2002).

A ausência de motivação é denominada por Ryan & Deci (2000) de

amotivação e é definida pela ausência de autodeterminação uma vez que não

tem controlo nem competência. O sujeito neste estado de motivação não valoriza

ou deixa de valorizar a atividade, não se sente competente na realização da

mesma e deixa de acreditar ou nunca acreditou nos resultados que poderia obter

com a prática dessa atividade (Ryan & Deci, 2007).

Os dois tipos de motivação autodeterminada mais controlada são a

regulação externa e a regulação introjectada. Segundo Ryan & Deci (2000) a

regulação externa é o tipo de motivação mais controlada e menos autónoma. Os

autores afirmam que esta forma se define por uma obrigação externa, isto é, o

indivíduo realiza determinada atividade por uma recompensa ou para evitar um

castigo. Em atletas profissionais, as recompensas monetárias, ou em idosos,

uma obrigação externa vinda do seu médico ou da sua família para realizar

desporto, são exemplos de regulação externa. A regulação introjectada, é dada

pelos mesmos autores como um tipo de motivação auto determinada que, ainda

com fatores externos, centra-se mais no indivíduo e no seu auto controlo e auto

aprovação. O indivíduo sente necessidade de realizar determinada tarefa para

se sentir bem consigo próprio, no sentido de fugir à ansiedade, culpa e outros

sentimentos negativos que poderão surgir se não a realizar, tal como referem

Ryan & Deci (2007).

Já um pouco mais autónoma, a regulação identificada é definida por Ryan

& Deci (2000) como uma valorização individual e consciente. O indivíduo realiza

determinada tarefa com um objetivo que é importante para si, no sentido de ter

mais valor para si próprio. Ryan & Deci (2007) referem ainda que os resultados

são as principais razões para que o indivíduo realize a atividade, mas também

pela sua própria valorização, tornando este num comportamento auto aprovado

e mais autónomo.

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18

Como motivação mais autodeterminada temos a regulação intrínseca, que

diz respeito a fatores internos ao indivíduo. O mesmo realiza determinada tarefa

com o intuito de tirar prazer da mesma, englobando os sentimentos de satisfação

inerentes a essa realização. Um idoso pode ser autodeterminado para a prática

de desporto pelos sentimentos positivos que esta lhe proporciona durante e

depois da mesma, isto é, não precisa de ter alguém a incentivá-lo para essa

prática uma vez que sabe que se irá sentir bem. (Ryan & Deci, 2000)

Tal como mencionam os mesmos autores, um indivíduo não está apenas

extrinsecamente motivado ou intrinsecamente motivado. O comportamento

envolve vários fatores que poderão ser tanto externos como internos ao

indivíduo. Por exemplo, um idoso pratica exercício com o objetivo de afetar

positivamente a sua saúde (motivação controlada), no entanto, a satisfação e o

divertimento que esse exercício lhe proporciona (motivação autónoma) também

influenciam na motivação. Isto é, as razões que levam um indivíduo a praticar

determinada atividade variam entre extrínsecas e intrínsecas, no entanto, são

essas razões que nos permitem identificar qual o nível de auto determinação

desse mesmo indivíduo.

Ryan (1995) afirma que o desenvolvimento do indivíduo pelas formas de

auto determinação não tem necessariamente de ser contínuo, é possível adotar

qualquer regulação em qualquer ocasião, tendo em conta experiências

anteriores. Segundo Ryan & Deci (2002), um indivíduo pode apresentar uma

combinação de regulações motivacionais ao mesmo tempo, mostrando ainda

que as várias regulações atuam juntas no mesmo indivíduo.

Vários autores (Deci & Ryan, 2008; Markland & Ingledew, 2007; Ryan &

Deci, 2002) mostram que os indivíduos autonomamente motivados para uma

atividade apresentam sentimentos mais positivos, níveis mais elevados de

competência percebida e de auto aprovação e estão mais predispostos a

manterem-se nessa mesma atividade do que aqueles que são movidos por

fatores controlados.

Estudos têm mostrado que a regulação identificada, a regulação integrada

e a motivação intrínseca, sendo as formas de motivação mais autodeterminadas,

Page 37: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

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estão intimamente ligadas a níveis mais elevados de atividade física (Barbeau et

al., 2009; Russell & Bray, 2009).

Yannick et al. (2010) mostraram que a prática de atividade física e a

permanência na mesma podem estar associadas a diferentes razões, isto é,

diferentes motivações podem conduzir ao mesmo resultado para pessoas

diferentes.

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3. Enquadramento

3.1. Objetivos gerais

Perante a baixa adesão à atividade física de pessoas com idades iguais ou

superiores a 65 anos, decidiu-se estudar a motivação para este tipo de atividades

em utentes de um centro de dia. Foi utilizada a TAD e o MTT, com o objetivo de

perceber quais os níveis de motivação desta população e o seu comportamento

perante a atividade física.

3.2. Amostra

Os dados foram recolhidos no Centro de Dia da Associação Nun’Álvares

de Campanhã, localizada no distrito do Porto. O Centro de Dia tem um total de

64 utentes e 42 deles foram incluídos neste estudo, sendo que 30 eram mulheres

e 12 eram homens. Qualquer utente podia ser incluído na amostra,

independentemente das doenças que pudessem ter e da frequência da prática

desportiva. Foram excluídos apenas aqueles que não se encontravam lúcidos e

com doenças que afetassem a capacidade cognitiva (Alzhemier ou Demência).

A média de idades dos indivíduos que compuseram esta amostra era de 81

anos para o sexo feminino e 83 para o sexo masculino, idades que variavam

entre os 69 e os 88 anos.

Dos 42 idosos, 38,1% eram praticantes de atividade física e 61,9% eram

não praticantes.

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4. ESTUDO 1: MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE

ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS – ESTUDO BASEADO

NO MODELO TRANSTEÓRICO

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4.1. Introdução

O envelhecimento é definido como um processo de transformação do

organismo nos seus níveis biológico, psicológico, cognitivo e social. Estas

transformações podem desencadear uma maior exposição a situações de

vulnerabilidade deixando o idoso com menos capacidade de adaptação e

diminuindo a sua qualidade de vida. (Farinatti, 2002; Parente, 2006; Perracini,

2005).

Uma vida ativa e saudável é o que é aconselhado aos indivíduos com

idade igual ou superior a 65 anos (Spirduso et al., 2005). Aos benefícios físicos

que a atividade física lhes proporciona como a melhoria e manutenção da

capacidade física, da flexibilidade, da resistência cardiovascular e do equilíbrio

(Cress et al., 2004), podem ser acrescentados os benefícios psicológicos como

evitar a depressão e retardar a demência, e sociais como a interação social e

evitar a solidão (Doimo et al., 2008; Pinto et al., 2001).

O MTT (Prochaska & DiClemente,1983), visto inicialmente como um

modelo de integração de mudança do comportamento dos indivíduos e a sua

manutenção, é composto por cinco estados de mudança: pré-contemplação,

contemplação, preparação, ação e manutenção. Velicer et al. (1998) afirmam

que este modelo traça a forma como as pessoas alteram os comportamentos de

risco ou adotam comportamentos positivos. Segundo os mesmos autores, o

modelo é constituído por estados de mudança do comportamento que permitem

saber as intenções do indivíduo em relação a um determinado comportamento.

O estado de pré-contemplação é onde se encontram todos os indivíduos que

não têm qualquer intenção de iniciar uma atividade num futuro relativamente

próximo. Neste, o indivíduo não tem confiança nessa atividade e nos seus

benefícios, essencialmente por falta de informação. No estado de contemplação,

os indivíduos têm a intenção de iniciar uma atividade num futuro próximo. Neste

segundo estado os indivíduos encontram-se mais informados para a atividade

em questão e sobre os seus benefícios e desvantagens. Os indivíduos que se

encontram no estado de preparação pretendem mudar o seu comportamento

num futuro muito próximo e estão num processo de planeamento desse

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comportamento. Ação é o estado em que os indivíduos alteram de forma clara o

seu comportamento, iniciando uma atividade. Sabem que é benéfico para eles

por isso têm a intenção de permanecer nessa atividade. Por fim, manutenção é

o estado em que os indivíduos já realizam uma atividade há algum tempo (6

meses ou mais) mas trabalham para evitar uma recaída para um estado menos

ativo. Estes indivíduos apresentam maior confiança na atividade em que

praticam. (Prochaska & velicer, 1997).

O MTT identifica então em qual dos estados de mudança se situa cada

indivíduo e, através do balanço decisional, avalia a capacidade do indivíduo

identificar os prós ou contras associados ao exercício.

Este estudo centrou-se não só nas diferenças existentes nas mudanças

de comportamento entre os idosos que praticavam desporto e aqueles que não

praticavam, como também entre os idosos que viviam sozinhos e aqueles que

viviam acompanhados, estudando então questões sociais da prática de atividade

física na terceira idade. Assim, pretendeu-se identificar na amostra os estados

de mudança do comportamento e o balanço decisional em função do sexo, do

nível de prática de atividade física e da composição do agregado da amostra e

verificar as relações entre o nível de prática e a constituição do agregado familiar

com os prós e contras associados a este tipo de atividades.

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4.2. Instrumentos

O instrumento utilizado neste estudo foi um inventário composto por três

questionários. O primeiro é uma versão adaptada e traduzida pelo Gabinete de

Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

(FADEUP) do "Questionário dos Estados de Mudança”, desenvolvido por

Prochaska (1991) que identifica em qual dos cinco estados de mudança do

comportamento se encontra cada um dos indivíduos inseridos na amostra. Este

questionário é constituído uma pergunta com cinco opções de resposta que

correspondem, cada uma, a um dos estados de mudança.

O segundo questionário é o “Questionário Balanço Decisional”, versão

traduzida e adaptada pelo Gabinete de Psicologia do Desporto da FADEUP

(2006), desenvolvido também por Prochaska (1991) e determina a perceção dos

aspetos positivos e negativos (prós e contras) associados ao exercício. É

composto por 10 questões com cinco possibilidades de resposta ordenadas de

um a cinco, sendo que um significa “discordo totalmente” e cinco “concordo

totalmente”.

O terceiro é um questionário composto por perguntas sociodemográficas e

sobre hábitos e frequência de prática de atividade física.

4.3. Procedimentos estatísticos

Para a análise dos dados foi utilizado o programa estatístico Statístical

Package for the Social Sciences (S.P.S.S.) para o Windows, versão 20.0.

Na análise descritiva foi utilizado o teste T de medidas independentes para

as variáveis com dois grupos e o teste de ANOVA para as variáveis com três ou

mais grupos. Para comparações entre as variáveis foi utilizado o teste qui-

quadrado. O valor de significância nos testes estatísticos foi fixado em p≤0,05.

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4.4. Apresentação de resultados 4.4.1. Estados de mudança do comportamento

Dos 42 idosos que compuseram a amostra, 33,3% encontravam-se no

estado de pré-contemplação, 11,9% no estado de contemplação, 16,7% no

estado de preparação, 14,3% no estado de ação e 23,8% no estado de

manutenção.

No sexo masculino, 41,7% encontravam-se no estado de pré-

contemplação e 25,0% no estado de manutenção. No sexo feminino, 30,0% das

mulheres encontravam-se no estado de pré-contemplação e 23,3% no estado de

manutenção.

O teste para verificar a existência de diferenças entre os sexos nos estados

de mudança determinou que p>0,05, mostrando que não existe uma diferença

significativa do sexo dos participantes em função dos estados de mudança do

comportamento.

Para a composição do agregado foram criados três grupos: parentes,

cônjuge e sozinho. O grupo de indivíduos que apresenta como agregado um

parente encontram-se 44,4% deles no estado de pré-contemplação e 33,3% no

estado de manutenção. Para o grupo de indivíduos que vive com o cônjuge,

40,0% estão no estado de pré-contemplação e 20,0% no estado de manutenção.

Nos indivíduos que vivem sozinhos, 26,1% encontram-se no estado de pré-

contemplação e 17,4% no estado de manutenção, apresentando, este grupo, um

equilíbrio maior entre os estados de mudança. O Quadro 1 apresenta a

percentagem de idosos dos três grupos para cada estado de mudança do

comportamento.

Quadro 1 – Composição do agregado em função dos estados de mudança

Parentes Cônjuge Sozinho

Pré-contemplação 44,4% 40,0% 26,1%

Contemplação 11,1% 0% 17,4%

Preparação 0% 10,0% 26,1%

Ação 11,1% 20,0% 13,0%

Manutenção 33,3% 30,0% 17,4%

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Nesta análise não foram encontradas diferenças significativas nos

estados de mudança, uma vez que o valor de p>0,05 (p=0,94).

4.4.2. Balanço decisional

O Quadro 2 apresenta as diferenças entre sexos na variável balanço

decisional. Essas diferenças não se mostraram significativas, já que p>0,05.

Quadro 2 – Diferenças entre sexos no balanço decisional

Verificou-se a existência de diferenças significativas relativas à prática

desportiva no balanço decisional e, tal como se observa no Quadro 3, p≤0,001.

Quadro 3 – Diferenças entre grupos de prática no balanço decisional

Média DP t p

Não praticante 1,40 1,47 4,12 ≤0,001

Praticante 2,71 0,54

Na análise da relação entre a prática desportiva e os prós e contras

associados ao exercício o teste mostrou que a diferença entre os resultados dos

indivíduos praticantes e não praticantes é significativa tanto para os contras

como para os prós (p<0,05), como é possível observar no Quadro 4.

Quadro 4 – Relação entre a prática desportiva e os prós e contras

Média DP t p

Masculino 1,90 1,53 0,00 1,00

Feminino 1,90 1,31

Média DP t p

Contras Não praticante 2,68 0,94

3,42 0,002 Praticante 1,94 0,45

Prós Não praticante 4,08 1,01

2,69 0,01 Praticante 4,65 0,32

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O teste da análise das diferenças entre os grupos da composição do

agregado no balanço decisional mostrou que não existem diferenças

significativas entre os grupos, uma vez que p>0,05. No entanto, o grupo de

idosos que viviam sozinhos mostrou valores superiores de balanço decisional

relativamente aos idosos dos outros grupos da variável composição do

agregado.

A análise da relação entre os prós e contras do exercício com os estados

de mudança está apresentada no Quadro 5.

Quadro 5 – Relação entre prós e contras com os estados de mudança

Prós Contras

Média DP Média DP

Pré-contemplação 3,63 1,11 2,84 1,04

Contemplação 4,44 0,82 2,84 1,03

Preparação 4,71 0,25 2,23 0,52

Ação 4,50 0,28 2,00 0,51

Manutenção 4,74 0,33 1,90 0,45

p 0,01 0,03

O teste mostrou que a relação entre os grupos é significativa, uma vez

que p<0,05 para as duas variáveis.

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33

4.5. Discussão

Neste estudo foi possível verificar que a amostra total apresentou valores

mais altos no estado de pré-contemplação do que no estado de manutenção,

mostrando que a inatividade física está muito presente nesta faixa etária. A

diferença entre os sexos não foi significativa, no entanto, observou-se uma

percentagem maior de homens no estado de pré-contemplação. No estado de

manutenção esta diferença é mínima, mostrando que não existe diferença entre

sexos para este estado. Uma possível explicação para haver grande

percentagem de indivíduos no estado de pré-contemplação, sugerida por Nigg

et al. (1999), é o facto de os idosos sofrerem de doenças crónicas, levando-os a

descartar a atividade física como opção para o tratamento dessas doenças. Os

indivíduos que sofrem destas doenças podem beneficiar com a prática de

atividade física a nível da saúde física, assim como podem evitar o isolamento e

outros problemas provocados pelo sedentarismo.

Wallace et al. (1995) determina que o apoio social é fundamental para

haver mais motivação para a prática de atividade física. Segundo o autor, a

família e os amigos têm um papel importante para com os idosos na sua

adaptação e adesão a uma determinada atividade.

No presente estudo, na análise da composição do agregado no MTT, os

valores percentuais para os três grupos (parentes, cônjuge e sozinho) foram

mais elevados para o estado de pré-contemplação. A comparação entre grupos

não foi significativa, no entanto, conseguimos observar que os grupos de

indivíduos que viviam com parentes e com o cônjuge obtiveram valores

superiores para o estado de pré-contemplação do que o grupo de indivíduos que

vivia sozinho. No entanto, para o estado de manutenção estas diferenças

mantiveram-se, isto é, apesar de muito próximos, os valores foram superiores

para os grupos de idosos que viviam acompanhados. Podemos afirmar que

apesar de apresentar valores mais baixos na manutenção, o grupo de idosos

que viviam sozinhos têm mais tendência a vir a iniciar uma atividade, uma vez

que se encontram distribuídos de forma relativamente uniforme pelos restantes

estados. Situação que não se observa nos outros dois grupos, uma vez que

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34

apresentaram uma percentagem baixa nos estados de contemplação,

preparação e ação. Seefeldt et al. (2002) pressupõe que quanto mais apoio

social os idosos têm, maior será o nível de atividade física. No entanto, os

resultados deste estudo foram contrários à pressuposição do autor referido. Esta

situação pode dever-se ao facto de os idosos estarem inseridos num centro de

dia e, por esse motivo, os que viviam sozinhos procuravam mais apoio nos

restantes utentes do centro (local onde decorriam as aulas de atividade física)

enquanto os que viviam acompanhados procuravam nos familiares e cônjuges.

No que diz respeito ao balanço decisional, na diferença entre sexos não

foram observadas diferenças significativas. Os dois grupos apresentaram os

mesmos valores médios. Tanto os homens como as mulheres apresentaram um

valor baixo de balanço decisional, fortalecendo os resultados da elevada

inatividade física desta amostra, isto é, como identificaram mais contras em

relação à atividade física, não veem a mesma como uma mais valia para si e,

por conseguinte, não têm intenção de a realizar.

Na comparação entre grupos de prática desportiva, o balanço decisional

mostrou valores significativamente mais elevados para o grupo que praticava

desporto, como seria de esperar. Relativamente aos prós e contras os resultados

foram igualmente significativos. O grupo de praticantes mostrou valores

superiores para os prós, enquanto para o grupo de não praticantes foram

observados valores médios superiores para os contras, mostrando diferenças

significativas entre os grupos de prática desportiva nos prós e contras

associados ao exercício. Os indivíduos mais motivados eram aqueles que

praticavam atividade física e foram os que identificaram mais prós associados a

este tipo de atividade, enquanto os não praticantes eram os menos motivados e,

por conseguinte, identificaram mais contras.

Não foram observadas diferenças significativas dos valores entre os

grupos da composição do agregado, o que significa que esta variável não

provoca efeito sobre o balanço decisional. No entanto, é de salientar que o grupo

de idosos que vivia sozinho obteve uma média superior às dos restantes grupos.

Apesar de, nos estados de mudança, o grupo de indivíduos que viviam sozinhos

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35

não terem obtido os valores mais altos no estado de manutenção, estes foram

mais baixos no estado de pré-contemplação. Ou seja, os valores de balanço

decisional mostraram que os indivíduos que viviam sozinhos identificaram os

aspetos positivos associados à atividade física, enquanto os indivíduos que

viviam acompanhados, apresentando um valor mais baixo do balanço decisional,

confirmaram os valores elevados no seu estado de pré-contemplação.

Na análise da relação entre os prós e contras associados ao exercício

com os estados de mudança foi possível observar uma evolução decrescente no

que diz respeito aos contras e uma evolução relativamente crescente no que diz

respeito aos prós, nos estados de mudança. Os idosos vão identificando mais

prós e menos contras conforme vão adquirindo mais motivação para a prática de

exercício. Aqueles que se encontravam num estado inativo identificaram mais

contras, como por exemplo, o facto de se sentirem desconfortáveis com a prática

de uma atividade ou porque lhes ocuparia demasiado tempo, já aqueles que se

encontravam em estados mais ativos, assimilaram mais prós associados ao

exercício e identificaram sensações prazerosas provenientes da prática em

questão. Os valores observados foram significativos assim como noutros

estudos relacionados com o MTT e a atividade física (Gorely e Gordon, 1995;

Marcus et al., 1994).

Este estudo ajudou a compreender que uma parte significativa dos idosos

não conhecem os benefícios da atividade física, por isso apresentaram pouca

motivação para a sua prática. Este problema pode ser minimizado através da

promoção da atividade física no centro de dia em que a amostra se encontra

inserida.

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37

5. ESTUDO 2: AUTO DETERMINAÇÃO PARA A PRÁTICA

DE ATIVIDADE FÍSICA EM IDOSOS – ESTUDO BASEADO

NA TEORIA DA AUTO DETERMINAÇÃO

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39

5.1. Introdução

O envelhecimento é definido como um processo de transformações

biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais (Perracini, 2005). Estas

transformações podem desencadear uma maior exposição a situações de

vulnerabilidade (Farinatti, 2002), deixando o idoso com menos capacidade de

adaptação a nível fisiológico e cognitivo, diminuindo a sua qualidade de vida

(Parente, 2006).

Spirduso et al. (2005) aconselham uma vida ativa aos indivíduos com

idade igual ou superior a 65 anos. Além dos benefícios físicos que a atividade

física lhes proporciona como a melhoria e manutenção da capacidade física, da

flexibilidade, da resistência cardiovascular e do equilíbrio (Cress et al., 2004),

podem ser acrescentados os benefícios psicológicos como evitar a depressão e

retardar a demência, e sociais como a interação social e evitar a solidão (Doimo

et al., 2008; Pinto et al., 2001).

A TAD (Ryan & Deci, 1985), tal como defendem Deci & Ryan (2008) é

uma teoria sobre a motivação que, tal como refere Serra (2010) se centra no

desenvolvimento e funcionamento da personalidade em sociedade, e nas

causas e consequências do comportamento auto determinado de cada indivíduo.

Ryan (1995) afirma que o desenvolvimento do indivíduo pelas formas de

auto determinação não tem necessariamente de ser contínuo. O mesmo autor

defende que é possível adotar qualquer regulação em qualquer ocasião, tendo

em conta experiências anteriores. Segundo Ryan & Deci (2002), um indivíduo

pode apresentar uma combinação de regulações motivacionais ao mesmo

tempo. Mostrando ainda que as várias regulações atuam juntas no mesmo

indivíduo.

Os dois tipos de motivação auto determinada mais controlada são a

regulação externa e a regulação introjetada. Segundo Ryan & Deci (2000) a

regulação externa é o tipo de motivação mais controlada e menos autónoma. Os

autores afirmam que esta forma se define por uma obrigação externa, o indivíduo

realiza determinada atividade por uma determinada recompensa. A regulação

introjetada, é dada pelos mesmos autores como um tipo de motivação auto

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40

determinada que, ainda com fatores externos, se centra mais no indivíduo e no

seu auto controlo e auto aprovação. O indivíduo sente necessidade de realizar

determinada tarefa para se sentir bem consigo próprio, no sentido de fugir à

ansiedade, culpa e outros sentimentos negativos que poderão surgir se não a

realizar, tal como referem Ryan & Deci (2007).

Já um pouco mais autónoma, a regulação identificada é dada por Ryan &

Deci (2000) como uma valorização individual e consciente. O indivíduo realiza

determinada tarefa com um objetivo que é importante para si, no sentido de ter

mais valor para si próprio. Ryan & Deci (2007) referem ainda que os resultados

e a sua própria valorização são as principais razões para que o indivíduo realize

a atividade.

Como motivação mais auto determinada temos a regulação intrínseca,

que diz respeito a fatores internos ao indivíduo. O mesmo realiza determinada

tarefa com o intuito de tirar prazer da mesma. Esta forma de motivação engloba

os sentimentos de satisfação inerentes à prática de determinada atividade. Um

idoso pode ser auto determinado para a prática de desporto pelos sentimentos

positivos que esta lhe proporciona durante e depois da mesma. (Ryan & Deci,

2000)

O estudo centrou-se, por isso, em apurar o nível de auto determinação da

amostra, verificando as diferenças entre sexo, grupos de prática e composição

do agregado com os tipos de regulação do comportamento, no sentido de

perceber quais as variáveis que afetavam a auto determinação para a prática de

atividade física. Por fim pretendeu-se verificar a relação entre a TAD e o MTT,

para perceber se os tipos de regulação do comportamento estão relacionados

com os estados de mudança e com o balanço decisional.

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41

5.2. Instrumentos

Para este estudo, o instrumento utilizado foi um inventário composto por

dois questionários. O primeiro, o Behavioural Regulation in Exercise

Questionnaire (BREQ-2), diz respeito aos tipos de regulação do comportamento

associados ao processo motivacional ininterrupto da TAD e foi desenvolvido por

Markland & Tobin (2004) a versão utilizada é a versão traduzida e adaptada por

Palmeira et al. (2007). Este questionário é composto por cinco dimensões

(amotivação, regulação externa, regulação introjetada, regulação identificada e

regulação intrínseca) expostas por 19 questões com cinco possibilidades de

resposta de zero a quatro, sendo que zero significa “não é verdade para mim” e

quatro “muitas vezes é verdade para mim”. O instrumento em questão identifica

em qual dos cinco tipos de regulação se encontra cada idoso, isto é, se estão

mais ou menos auto determinados para a prática de exercício físico.

O segundo é um questionário composto por perguntas sociodemográficas

e perguntas sobre hábitos e frequência de prática de atividade física.

5.3. Procedimentos

Para a análise dos dados foi utilizado o programa estatístico Statístical

Package for the Social Sciences (S.P.S.S.) para o Windows, versão 20.0.

Na análise descritiva foi utilizado o teste T de medidas independentes para

as variáveis com dois grupos e o teste de ANOVA para as variáveis com três ou

mais grupos. Para comparações entre as variáveis foi utilizada a estatística

inferencial do teste qui-quadrado e o teste de correlação de Spearman. O valor

de significância nos testes estatísticos foi fixado em p≤0,05.

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43

5.4. Apresentação de resultados

Na análise das diferenças entre os sexos nos tipos de regulação do

comportamento, o sexo masculino apresentou valores de amotivação maiores

do que o sexo feminino, assim como de regulação intrínseca, apesar de serem

valores muito próximos. Verificou-se ainda que não houve uma diferença

significativa entre sexos nos tipos de regulação do comportamento, uma vez que

todos apresentaram valores de p>0,05.

Na análise da relação entre os tipos de regulação do comportamento com

os grupos de prática, os idosos praticantes apresentaram valores médios

superiores para a regulação intrínseca, enquanto os não praticantes apresentam

valores médios superiores para a amotivação.

Foi possível observar a existência de diferenças significativas entre todos

os tipos de regulação do comportamento, exceto na regulação externa. É

possível observar os resultados no Quadro 6.

Quadro 6 – Relação entre tipos de regulação e grupos de prática

Média DP t p

Amotivação não praticante 1,13 1,27

4,18 ≤0,001 praticante 0,06 0,19

Externa não praticante 1,37 1,03

0,67 0,51 praticante 1,13 1,28

Introjectada não praticante 1,42 0,92

-0,75 0,46 praticante 1,63 0,72

Identificada não praticante 2,72 1,24

-2,88 0,01 praticante 3,52 0,54

Intrínseca não praticante 2,77 1,17

-3,76 ≤0,001 praticante 3,70 0,38

A análise das diferenças entre os grupos da composição do agregado nos

tipos de regulação do comportamento foi feita através da determinação dos

valores médios para os três grupos da composição do agregado (parentes,

cônjuge e sozinho) em cada tipo de regulação. Os valores mostraram que os

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44

indivíduos que viviam com parentes (ex: filhos, sobrinhos, irmãos) tinham um

nível de amotivação superior em relação aos restantes grupos. Os indivíduos

que viviam sozinhos apresentaram valores médios superiores na motivação

intrínseca em relação os indivíduos que viviam com os parentes ou com os seus

cônjuges. O teste realizado mostrou que estas relações não foram significativas.

Os resultados desta análise estão apresentados no Quadro 7.

Quadro 7 – Relação entre tipos de regulação e composição do agregado

Parentes Cônjuge Sozinho

Amotivação Média 0,97 0,45 0,74

DP 1,56 0,85 1,06

Externa Média 1,44 1,33 1,18

DP 1,06 1,43 1,05

Introjectada Média 1,37 1,20 1,68

DP 0,66 1,08 0,79

Identificada Média 2,70 3,17 3,09

DP 1,26 0,85 1,15

Intrínseca Média 3,17 2,75 3,27

DP 0,97 1,32 0,96

Verificou-se a relação entre os estados de mudança e os tipos de regulação

do comportamento. O teste revelou a existência de uma relação entre os vários

estados de mudança e as regulações intrínseca, identificada e a amotivação. O

mesmo não aconteceu com as regulações introjetada e externa. Para as

correlações significativas, p<0,05, como se observa no Quadro 8.

Quadro 8 – Relação entre os estados de mudança e os tipos de regulação

Estados de Mudança (p)

Amotivação ≤0,001

Externa 0,55

Introjectada 0.23

Identificada ≤0,001

Intrínseca ≤0,001

Page 63: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

45

O teste para verificar a relação entre o balanço decisional e os tipos de

regulação do comportamento apresentou a existência de uma correlação entre

o balanço decisional e as regulações intrínseca e identificada e a amotivação. O

mesmo não aconteceu com as regulações introjetada e externa, uma vez que

p>0,05. Os resultados estão apresentados no Quadro 10.

Quadro 10 – Análise da relação entre o balanço decisional e os tipos de regulação

Balanço Decisional (p)

Amotivação ≤0,001

Externa 0,44

Introjectada 0.08

Identificada ≤0,001

Intrínseca ≤0,001

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47

5.5. Discussão

Na análise da diferença entre sexos, os idosos do sexo masculino

mostraram valores superiores de amotivação. Apesar de este grupo ter mostrado

também valores mais elevados na motivação intrínseca, estes valores não foram

significativos. O que significa que o sexo não provoca efeito no nível de

motivação para a prática de atividade física, nesta amostra. Estudos

relacionados com a TAD têm mostrado também uma baixa relação entre os

fatores demográficos, como o sexo e a idade, e os tipos de regulação do

comportamento (Dacey, 2004; Gonzalez-Cutre & Sicilia, 2012). No entanto, no

estudo de Mulan & Markland (1997), os resultados mostraram maior auto

determinação para o sexo masculino e menor para o sexo feminino, contrariando

os resultados deste estudo para os níveis de amotivação.

A análise dos tipos de regulação do comportamento em função da prática

de atividade física mostrou que existem diferenças significativas entre os dois

grupos (praticantes e não praticantes) na amotivação, na regulação identificada

e na motivação intrínseca. O grupo de praticantes mostrou valores superiores na

motivação intrínseca e o grupo de não praticantes apresentou maior nível de

amotivação. O que significa que o grupo que praticava atividade física estava

mais auto determinado para essa prática do que o grupo que não praticava. No

entanto, apesar de baixos, os indivíduos praticantes mostraram valores de

amotivação, sustendando a afirmação de Ryan & Deci (2002), que diziam que

um só indivíduo pode apresentar várias regulações ao mesmo tempo e que,

essas regulações, podem atuar juntas.

Segundo Wilson (2003), alguns fatores motivacionais, podem assumir

uma regulação diferente com o tempo, nomeadamente quando o indivíduo

começa a considerá-los importantes e a apreciar os resultados dessa

participação. Por exemplo, a saúde, sendo um fator de regulação externa, pode

assumir uma regulação identificada ou até mesmo intrínseca quando o idoso

assume a importância da prática de exercício para a melhoria da sua saúde. Este

fator pode ser ainda de regulação externa quando o idoso pratica atividade física

para melhoria da sua saúde, apenas por ordem ou sugestão médica. Ou seja, o

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48

grupo de idosos que praticavam atividade física, apesar de mais motivados,

também apresentaram valores de amotivação, o que significa que, praticavam

porque o médico e os familiares lhes diziam que lhes fazia bem praticar. Alguns

dos idosos desta amostra apresentaram intenção de iniciar a prática de atividade

física, no entanto, não lhes é possível por motivos de saúde.

Relativamente à análise dos grupos da composição do agregado nos tipos

de regulação de comportamento, os valores não foram significativos, no entanto

foi possível observar que os idosos que viviam sozinhos apresentaram maior

motivação intrínseca do que os restantes grupos. Um dos motivos que podem

levar a estes resultados é o facto de este grupo ser composto por pessoas que

passam mais tempo sozinhas e, por esse motivo, procuram a atividade física

como forma de socialização para fugir também ao sentimento de inutilidade e

insegurança que falam Fassino et al. (2002).

O grupo de idosos que vivia com parentes mostrou um nível de

amotivação superior em relação aos restantes grupos. Estes valores podem

resultar de maiores limitações físicas, uma vez que grande parte da amostra que

se encontrava no nível de amotivação é por motivos de saúde, ou pelo facto de

não terem tanta necessidade de socialização por viverem acompanhados. O

grupo que vivia com o cônjuge apresentou menores valores de amotivação e

também de para a motivação intrínseca. O apoio social tem vindo a mostrar-se

fundamental para as pessoas idosas uma vez que o indivíduo se sente estimado

e amado, o que ajuda a despertar uma sensação de autonomia da sua própria

vida (Nogueira, 2001). Ingledew et al. (2004) consideram que a prática facilita a

socialização e que, o facto de reconhecido positivo por parte de outras pessoas,

é uma necessidade nesta faixa etária. Assim, os idosos que vivem sozinhos têm

tendência estar mais auto determinados a realizar atividades como forma de

socialização.

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49

5.5.1. Relação entre o modelo transteórico e a teoria da auto determinação

Nos resultados da relação entre os estados de mudança do

comportamento e os tipos de regulação do comportamento os valores para três

tipos de regulação (amotivação, identificada e intrínseca) foram significativos.

Significa que existe uma relação entre estes tipos de regulação e os estados de

mudança do comportamento do modelo transteórico. Esta relação existe, uma

vez que os idosos com mais auto determinação para a prática de desporto se

encontravam em estados de mudança mais ativos, enquanto aqueles que

apresentaram menos auto determinação se encontravam em estados menos

ativos, tal como no estudo de Thogersen-Ntoumani & Ntoumanis (2006). Mulan

& Markland (1997) mostraram também que os indivíduos em estados de

mudança mais ativos (ação, manutenção), apresentam mais auto determinação

do que aqueles em estados de mudança menos ativos (pré-contemplação,

contemplação, preparação).

Como afirmaram Wilson et al. (2003), o nível de motivação por aspetos

intrínsecos aumenta conforme o tempo de prática. Os indivíduos vão adquirindo

os seus próprios objetivos e aumentam o gosto pela prática.

Deci & Ryan (1987) afirmaram que os indivíduos mostram mais interesse

e persistência em atividades que consideram apoiar a auto determinação, do que

em atividades que eles consideram que controlam o seu comportamento.

Na relação entre o balanço decisional e os tipos de regulação do

comportamento, os resultados mostraram que a amotivação, a regulação

identificada e a motivação intrínseca têm uma relação significativa com o balanço

decisional. Como dizem Meurer et al. (2011), a perceção dos prós associados à

prática de atividade física permite aos idosos uma maior valorização do

comportamento ativo. Os idosos mais auto determinados para a prática de

desporto conseguiram identificar os prós associados à atividade física e os

menos auto determinados identificaram mais contras, sendo por isso, os valores

do balanço decisional superiores nos idosos mais auto determinados e inferiores

nos idosos menos auto determinados.

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50

O estudo ajudou a compreender que a auto determinação pode ser

afetada pelo ambiente em que vivem os idosos. Se estes estão rodeados de

família, não sentem tanta necessidade de realizar uma atividade, já os gerontes

que vivem sozinhos sentem necessidade de conviver e utilizam as aulas de

atividade física para esse fim. A falta de saúde de alguns idosos não lhes permitia

a prática de qualquer atividade física, no entanto, e após a realização dos

questionários, percebi, como professora da população que compõe a amostra,

que a auto determinação e a motivação para essa prática está presente, uma

vez que alguns dos utentes do centro de dia já se vão apercebendo que a

atividade física é uma mais valia para eles e para a sua saúde. Tal como foi

mostrado no estudo de Meurer et al. (2012) uma das principais razões para a

procura da atividade física nesta faixa etária é a melhoria e manutenção da

saúde física e psíquica. No entanto, Wilson & Rogers (2002) mostraram que,

quando existe um contexto saudável para a socialização, poderá existir também

com maior facilidade um desenvolvimento da auto determinação.

Page 69: Motivação e Auto Determinação para a prática de …...Motivação e Auto Determinação para a prática de atividade física em idosos Dissertação apresentada com vista à obtenção

51

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Foi possível notar uma baixa adesão à atividade física na amostra,

superior para o sexo masculino. No entanto, os resultados apresentados

mostraram pouca relevância relativamente ao sexo dos participantes e às teorias

abordadas.

Para os grupos da composição do agregado, os idosos que viviam com

parentes mostraram níveis superiores de inatividade, encontrando-se no estado

de pré-contemplação e também de amotivação. Levando a supor que estes

idosos que tinham um apoio maior da família não procuravam tanto a atividade

física como aqueles que viviam sozinhos ou com os respetivos cônjuges. O

grupo de idosos que viviam sozinhos apresentou valores mais elevados de

regulação intrínseca. Uma vez que a atividade física lhes era apresentada no

centro de dia em que estavam inseridos, os idosos que viviam sozinhos

procuravam uma interação e uma socialização maior no centro que não

encontram em casa. Os valores não foram significativos para estes grupos, tanto

no MTT como na TAD.

Relativamente ao balanço decisional, os praticantes mostraram identificar

mais prós associados ao exercício, obtendo um valor de balanço decisional mais

elevado do que os não praticantes que identificaram mais contras. Com a prática,

os idosos começam a conhecer e compreender os benefícios da atividade física.

O que acontece nos idosos não praticantes é que não conhecem esses

benefícios. Outro fator importante que explica a baixa adesão a atividades físicas

são as doenças. Os idosos não praticantes apresentaram valores (baixos) de

regulações identificada e intrínseca, no entanto, as suas limitações não lhes

permitiam aderir a uma atividade. Na composição do agregado os valores não

foram significativos, no entanto mostraram a importância da atividade física

inserida neste tipo de instituições, uma vez que os idosos que viviam sozinhos

percecionaram mais prós do que aqueles que viviam acompanhados.

A relação entre as duas teorias abordadas mostrou-se significativa para

as regulações de amotivação, identificada e intrínseca com os estados de

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52

mudança e o balanço decisional. Esta análise mostrou que os idosos inativos

apresentaram menos auto determinação para a prática desportiva, enquanto os

idosos ativos apresentaram maior auto determinação. O balanço decisional

comprova que os indivíduos mais ativos e mais auto determinados identificaram

mais prós associados a essa atividade, já os indivíduos inativos e menos auto

determinados para a prática desportiva identificaram mais contras.

Em estudos futuros sugere-se:

a realização de um estudo longitudinal com promoção de um programa

de exercício, para avaliar a mudança dos comportamentos da amostra;

um aprofundamento das questões de saúde dos participantes, que

poderão ajudar a compreender a questão da baixa adesão e da elevada

inatividade comprovada neste estudo.

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53

7. REFERÊNCIAS

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treinador. Lisboa, Edições PsicoSport.

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Brill, P. (2004). Functional fitness: an introduction to creating effective programs

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8. ANEXOS

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Anexo I – Questionário aplicado no estudo

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