movimento literário realismo: o estilo de machado de assis
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ESCOLA ESTADUAL PROFESSOR JOÃO CRUZ
Título: O Realismo machadiano
Disciplina: Língua Portuguesa
Professora: Maria Piedade Teodoro da Silva
Alunos: Andressa de Paula Rosa nº4
Maria Eduarda de Almeida Manja nº 28
Maria Julia Gomes dos Santos nº 29
Série: 2º ano do Ensino Médio B
Jacareí
2014
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Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3
2. MOVIMENTO LITERÁRIO REALISMO .................................................................................... 4
2.1. Surgimento na Europa ........................................................................................................... 4
2.2. Principais Características ...................................................................................................... 5
2.3. Realismo no Brasil ................................................................................................................. 6
2.3.1. Contexto histórico ...............................................................................................................6
2.3.2. Características do Realismo literário ...................................................................................7
2.4 Machado de Assis: escritor de todos os tempos ................................................................... 7
2.4.1 Quem é Machado de Assis? ................................................................................................7
2.4.2 O contista Machado de Assis ...............................................................................................9
2.4.3 O romancista Machado de Assis...........................................................................................9
2.4.4 O cronista Machado de Assis ............................................................................................. 10
2.4.5 O crítico e ensaísta Machado de Assis................................................................................ 11
2.4.6 Características e estilo machadiano .................................................................................... 13
2.4.7 Obras ............................................................................................................................... 16
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 18
4. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 19
5. ANEXOS ...................................................................................................................................... 20
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1. INTRODUÇÃO
O trabalho a ser apresentado é referente ao Movimento Literário Realismo, cujo
tema a ser abordado é: “Movimento Literário Realismo: o estilo de Machado de Assis”. O
motivo da realização dessa pesquisa, então, é, principalmente, atender às exigências dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e ao Currículo de Educação do Estado de São
Paulo, além da busca de agregar novos conhecimentos ao grupo sobre Machado de
Assis.
Os objetivos a serem alcançados na realização desse trabalho são buscar mostrar
as características do Movimento Literário Realismo, conhecer as principais correntes
filosóficas e ideológicas que influenciaram essa manifestação Literária no Brasil e
apresentar características do estilo machadiano, para isso é necessário responder aos
questionamentos relacionados às características não só do Movimento Literário Realismo
no Brasil, mas também as principais concepções filosóficas e ideológicas que
influenciaram esse movimento no Brasil, além das características do estilo machadiano e
obras relevantes desse representante maior do Movimento Literário Realismo no Brasi l.
Aguarda-se, com esse trabalho de pesquisa, além de buscar responder as
questões sugeridas, conseguir entender um pouco mais sobre o Realismo e,
principalmente, conhecer mais sobre o trabalho de Machado de Assis.
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2. Movimento Literário Realismo
Gustave Flaubert, um dos principais escritores do Realismo
europeu, destaca pela obra Madame Bovary, afirmava que a função do
artista é somente a de representar o que é visível para todos. A visão irônica
e pessimista da humanidade faz de Flaubert um grande moralista, que levou
à perfeição o ideal do romance realista de harmonizar a arte e a realidade.
Sua obra se caracteriza pelo cuidado na sintaxe, na escolha do vocabulário
e na estrutura do enredo.
2.1 Surgimento na Europa
O Realismo é um movimento artístico-literário que surgiu em meados do século XIX
na Europa, influenciado pelo cientificismo da época; por isso os artistas e escritores
buscavam usar da realidade para criar os seus enredos, assim, deixando a imaginação de
lado e passaram a retratar, tanto nos textos quanto na pintura, o modo de vida das
pessoas comuns.
O século XIX foi marcado por muitos acontecimentos importantes, destacando-se a
segunda Revolução Industrial e o surgimento do movimento operário. Nesse momento, a
indústria passa a financiar pesquisas científicas e a direcionar seus resultados para a
aplicação em processos de produção, foi desse período que vem o grande
desenvolvimento da ciência e dos processos de fabricação nesse período.
Tanto o Darwinismo como as demais ciências da época enfatizavam
a experimentação, a observação dos fenômenos naturais para deles retirar
leis universais da natureza. Alguns estudiosos da cultura tentaram aplicar
essas leis ao funcionamento das sociedades humanas, constituindo o
cientificismo, uma forma de conhecimento fundada no saber científico que
causos grande confronto de boa parte da intelectualidade europeia com a
Igreja católica. (BARRETO, 2010)
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2.2. Principais Características
As características principais do Movimento Literário Realismo, na pintura e na
literatura, eram, principalmente, a oposição aos ideais do Romantismo. Os artistas e
escritores buscavam uma linguagem capaz de abordar de modo mais realista o cotidiano
dos ricos e pobres. Diferentemente do Romantismo, o texto realista criticava a vida
burguesa. O escritor, dessa forma, se colocava como crítico, mostrando a incoerência
entre as atitudes e crenças dos indivíduos, assim, eles usavam das formas artísticas e
literárias para denunciar os comportamentos errôneos das pessoas e os fatos políticos a
que se opunham.
“Ataco a família lisboeta, - a família lisboeta produto do namoro, reunião
desagradável de egoísmos que se contradizem, e mais tarde ou mais cedo
centro de bambochata [...], um pequeno quadro doméstico, extremamente
familiar a quem conhece bem a burguesia de Lisboa”. (Carta a Teófilo
Braga, anexo A)
“Apresentando um pequeno quadro doméstico da sociedade portuguesa −
o formalismo convencional, a beatice, o charlatanismo, a gravitarem em
torno de uma pobre mulher arrasada de lirismo e exacerbada na sua
sensualidade pelos vícios de uma educação precária, visava Eça
demonstrar que esses elementos combinados tinham de dar
inevitavelmente os resultados que ele apontava: adultério, cretinização
geral, decadência. Demonstrava essas consequências com a alta
finalidade doutrinária e moral de provocar o horror por tais situações, para
que tudo se refizesse em novas bases. Aliás, não se compreenderia que o
homem que renegara a arte pela arte, a arte sem finalidades morais e
sociais imediatas, se abalançasse a escrever romances, perdendo de vista
o lado doutrinário de suas funções”. (Moog, Op. cit., p. 218)
A estética realista apresenta ao leitor um misto de sentimentos, oscilando entre a
luta para mudar o mundo e as desilusões, que são representadas de várias formas:
decepção relacionada ao poder de transformação da realidade, sátira aos costumes,
críticas às atitudes e à moral de alguns grupos sociais. Para se representar tais
características foi criada a figura do anti-herói: personagens comuns tendo retratadas
suas fraquezas e seus erros. “O anti-herói caracteriza-se basicamente como um ser
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humano comum, até medíocre, ou por apresentar extremas imperfeições de caráter ou de
comportamento.” (BARRETO, 2010)
As obras realistas se preocupavam grandemente com o comportamento das
personagens, investigando suas fraquezas e perturbações emocionais. “A procura pela
“palavra justa”, que permitisse penetrar nas consciências humanas, servia para levar ao
leitor a análise psicológica – esta se tornaria uma das marcas registradas desse período.”
(BARRETO, 2010)
O Realismo promove uma grande invasão de privacidade para analisar os dilemas
vividos por cada indivíduo, ou seja, o escritor realista pega para si o papel de analista da
sociedade e do homem e, o entender de que a sociedade funciona de modo parecido à
natureza, o faz adotar uma conduta próxima à do cientista, assim, ele observava as
coisas visíveis para entender os indivíduos e, a partir disso, descobrir o funcionamento da
sociedade.
A tendência da prosa realista, portanto, é a de fixar tipos sociais.
Personagens não representam somente a si mesmos, manifestam
características que os vinculam a uma parcela social. A vida da sociedade
burguesa torna-se objeto do olhar atento do narrador que, descrevendo
ações individuais, mostra hábitos e valores de toda uma classe.
(BARRETO, 2010)
2.3. Realismo no Brasil
2.3.1 Contexto histórico
O último quarto do século XIX foi marcado por vários acontecimentos importantes,
como a Abolição da Escravatura, o fim da Monarquia e o inicio da era republicana, Foi um
período de grande produção intelectual que além da ficção, foi descoberto de modo mais
sistemático, a critica literária, os estudos históricos e o pensamento filosófico culturalista,
que analisa os fenômenos individuais e coletivos a partir dos traços da cultura. O diálogo
entre o Brasil e parte da Europa se fez de modo cada vez mais intenso, ora funcionando
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como um referencial para a cultura, ora servindo de modelo imitado pelas elites, que se
sentiam “modernas” ao adotar posturas intelectuais que não condiziam com a realidade
social brasileira. Com um olhar atento, os escritores da época souberam transpor para o
contexto da literatura, muitas vezes de modo cômico e mordaz, os impasses vivenciados
pela sociedade. A imagem de uma elite que adaptava as ideologias progressistas a seus
próprios interesses constituiu um dos maiores alvos da critica do Realismo brasileiro. O
retrato da convivência contraditória entre o regime de escravidão e o pensamento liberal
tornou-se um dos temas mais recorrentes do Realismo literário do país.
2.3.2 Características do Realismo literário
COMPARAÇÃO DO REALISMO COM O ROMANTISMO
REALISMO ROMANTISMO
Distanciamento do narrador Narrador em primeira pessoa
Valoriza o real Valoriza o que se sente
Objetividade Subjetividade
Imagens reais Imagens fantasiadas, “perfeitas”
Aversão ao amor platônico Amor platônico
Real, verídico Sonho, fantasia
Análise do comportamento Crises do coração
Imagem 1: Comparação do Realismo com o Romantismo. Tabela feita pelo grupo.
2.4 Machado de Assis: escritor de todos os tempos
2.4.1 Quem é Machado de Assis?
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 21
de junho de 1839, pobre, filho de um mestiço chamado Francisco José de Assis e de
Maria Leopoldina Machado de Assis, marcou a história da literatura brasileira. Ainda
criança,”Machadinho” como era conhecido, perdeu sua mãe.
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Durante sua infância e adolescência, fora criado por Maria Inês, sua madrasta. A
falta de dinheiro o obrigava a dividir seu tempo entre estudar e o trabalhar como vendedor
de doces. Ainda sobre condições ruins, demonstrou ter grande facilidade de aprendizado
e, graças a essa facilidade, alcançou boa posição como funcionário público,
proporcionando tranquilidade financeira. Casado com Caroline Xavier de Novais,
Machado dedicou-se à literatura e produziu a melhor prosa brasileira do século XIX.
Considerado pela critica o maior escritor brasileiro de todos os tempos, Machado
de Assis escreveu romances, peças de teatro, poesias, contos e crônicas, além de ter tido
importante participação na área do jornalismo. A grande transformação na literatura
machadiana, contudo, ocorreu com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas,
obra de 1881, marco inicial do Realismo literário no Brasil. Logo na abertura do romance,
o narrador-personagem evidencia uma das tônicas da escrita realista de Machado de
Assis: a ironia. Narrado por um defunto, de maneira digressiva, o romance apresenta a
vida desperdiçada do anti-herói Brás Cubas. Essa obra irônica de Machado de Assis
eleva a literatura brasileira a um patamar jamais alcançado.
“Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou
pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha
morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas
considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu
não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem
a campa foi outro berço [...]” (ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de
Brás Cubas, 1881)
Da fase realista de Machado de Assis contam-se cinco romances: Memórias
Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1899), Esaú e
Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Em todos eles estão presentes o
desmascaramento dos interesses e a precariedade das relações sociais. E entre seus
mais de duzentos contos realistas estão presentes: Missa do galo, A cartomante, Uns
braços e O espelho.
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2.4.2 O contista Machado de Assis
Reconhecido como um dos melhores contistas da língua portuguesa, Machado de
Assis alinha o olhar atento aos costumes da sociedade do Segundo Reinado e dos
primeiros anos da República e a capacidade singular de investigar o caráter e o modo
como as pessoas se posicionam no mundo. Seus contos, porém, não abordam somente o
universo da classe senhorial, em muitos deles, os protagonistas são personagens
pertencentes à classe média, movendo-se em um horizonte carente de perspectivas
materiais, mas também de ideias próprias. Há ainda contos em que os protagonistas
pertencem às camadas mais desfavorecidas da sociedade.
“Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe
queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso,
quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo.”
(ASSIS, A cartomante, 1884)
2.4.3 O romancista Machado de Assis
Através do romance, Machado de Assis teria alcançado, segundo alguns críticos, o
apogeu de sua produção. Evidentemente o romance permite um melhor aprimoramento
nos detalhes, e por conta disso, Machado ficava muito a vontade para escrever romances.
Suas obras apresentam várias fases e, em 1872, fora publicado o primeiro dos
seus inúmeros romances, chamado Ressurreição, logo após vieram A mão e luva, Helena
e Iaiá Garcia, estes representam a primeira fase da produção romancista de Machado de
Assis. Nessas obras já estão presentes algumas características da sua fase realista, o
interesse pela análise psicológica das personagens, humor e cortes no desenvolvimento
da narrativa.
Sua obra Memórias Póstumas de Brás Cubas marca o início de sua segunda fase
de produção. Incluem-se nesse grupo os romances Dom Casmurro, Quincas Borba, Esaú
e Jacó e Memorial de Aires. “Machado de Assis, ao analisar psicologicamente as
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personagens, entra na alma de cada uma delas, trazendo todos os defeitos da conduta
humana (egoísmo, luxúria, vaidade, etc).” (GOMES, InfoEscola).
O humor machadiano nos romances é repleto de ironias e pessimismo. Para ele, a
vida nada mais é do que um palco onde os homens lutam entre si para realizar seus
desejos de riqueza e a religião não passa de uma máscara para esconder a podridão das
pessoas.
A soma era enorme. A razão é que eu andava carregado de
promessas não cumpridas. A última foi de duzentos padre-nossos e
duzentas ave-marias, se não chovesse em certa tarde de passeio a Santa
Teresa. Não choveu, mas eu não rezei as orações. (ASSIS, Machado de.
Dom Casmurro, 1899).
Outra característica da obra machadiana é a não linearidade nos fatos da narrativa, sendo
que para dar sentido a tais fatos era necessária a análise da consciência.
2.4.4 O cronista Machado de Assis
Machado transformou a crônica em um gênero literário valorizado. Foi ele quem criou os
pilares da crônica brasileira e, com a publicação de um livro contendo uma série de
crônicas chamadas “Bons dias”, escritas entre 1888 e 1889, Machado trata com ironia a
questão da abolição da escravatura, que havia ocorrido no dia 13 de maio de 1888, eram
tão fascinantes e perigosas por conta de suas críticas, que nenhuma delas era assinada
com seu nome, apenas com “Boas noites”; mas só se soube que esta séria era dele na
década de 1950. Seus escritos fizeram história em jornais como o Diário do Rio de
Janeiro e a Gazeta de Notícias, pois, como se sabe, crônica é “coisa de jornal”. A última
série publicada por Machado, chama-se “A Semana”, publicada entre 1892 e 1897.
“A Semana” é de longe a série maior, a mais ambiciosa, a mais próxima ao
nosso mundo, e dela vêm praticamente todas as crônicas mais célebres:
“O sermão do diabo”, “Conversa de burros”, “O punhal de Martinha”, “O
autor de si mesmo” etc. Todo mundo sabia que estas crônicas eram dele –
só ele para escrever com aquela graça, muitas vezes com um gostinho
amargo. Não assinou, mas agora não era para esconder sua identidade.
Pelo contrário, em alguns momentos fala de si mesmo, seja para queixar-
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se de suas enxaquecas, ou para lembrar a primeira vez que viu sua futura
mulher, em 1868, no Cassino Fluminense, ou as suas conversas sobre
literatura com José de Alencar na livraria Garnier, ou um encontro com um
burro semi-morto na Praça Quinze. A variedade dos assuntos é quase sem
limite, tratados sempre com a ironia, o inesperado que fazia com que os
leitores esperassem, a cada domingo, a elegância descontraída destas
obrinhas de mestre. (GLEDSON, 2013)
2.4.5 O crítico e ensaísta Machado de Assis
Em sua crítica literária, Machado antecipou linhas de encaminhamento de
realização em sua produção, ainda que seja pelo negativo: o que vai condenar servirá
como modelo negativo para o que vai empreender como escritor.
Machado, como sabemos, foi crítico antes de ser romancista. "O passado,
o presente e o futuro da literatura brasileira" é de 1858, mas seu primeiro
romance, Ressurreição, só surge em 1872. Assim, é importante
acompanhar a evolução do pensamento crítico de Machado, talvez para
chegar a conclusões sobre a certeza ou não de suas opiniões, para
entender como foram se estruturando as opções do escritor em sua própria
obra, no diálogo com seu pensamento crítico. (JOBIM, 1979)
Machado aproveita mais seu tempo em criações próprias, e não na crítica, embora
no início de sua carreira ele ainda praticasse com um objetivo especial. Tratava-se de um
crítico que acreditava que a crítica era uma missão a ser cumprida, e pretendia não
apenas produzir comentários, mas apontar caminhos para os escritores.
Em relação ao autor português Eça de Queirós, o fato de que Machado nesta
crítica à obra O primo Basílio, está produzindo uma justificativa para o projeto literário que
vai empreender em sua chamada fase madura.
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Machado, em vez de produzir críticas que expressem sua posição em relação à
criação literária, pronuncia-se sobre a criação literária em críticas a outros escritores: o
que neles elogia é o que adotará como prática; o que condena é o que evitará
Aos 26 anos de idade, Machado argumenta que, para mudar a situação de aflição
que estava ocorrendo, era preciso estabelecer a crítica pensadora, sincera, perseverante
e elevada, pois seria este o meio de "reerguer os ânimos" dos escritores, portanto, é uma
certa intervenção pedagógica, em que o crítico é considerado guia e conselheiro. Para
ele, um crítico que não seja educado, que não seja delicado nas observações que faça ao
autor que examina, dificilmente será levado em consideração pelo criticado. "Uma crítica
que, para a expressão das suas ideias, só encontra fórmulas ásperas, pode perder a
esperança de influir e dirigir." (JOBIM, 1979)
A crítica pretende dirigir e influenciar os contemporâneos, não é de se admirar que
também exista uma referência explícita de Machado à atuação do crítico como membro
de uma comunidade literária contemporânea, invocando a necessidade de independência
em relação ao meio em que emerge a crítica. Mantendo a coerência de aconselhar e
guiar, Machado não se atreve a tecer considerações sobre o comportamento adequado
para a recepção da crítica. Machado, em seu "O ideal do crítico", diz: "A tolerância é ainda
uma virtude do crítico."
É preciso que o crítico seja tolerante, mesmo no terreno das diferenças de
escola: se as preferências do crítico são pela escola romântica, cumpre
não condenar, só por isso, as obras-primas que a tradição clássica nos
legou, nem as obras meditadas que a musa moderna inspira; do mesmo
modo devem os clássicos fazer justiça às boas obras dos românticos e dos
realistas, tão inteira justiça, como estes devem fazer às boas obras
daqueles. (JOBIM, 1979)
Escrito por Machado no ano de 1879, o texto A Nova Geração, trata-se de um
ensaio crítico a respeito da condição da Literatura Brasileira na época e das
manifestações, principalmente poéticas, de escritores contemporâneos desse período.
Em seu ensaio, Machado relata a situação da Literatura Brasileira, afirmando que a
nova geração de escritores surgiu a partir do fim do Romantismo, passando por
transformações em busca de uma identidade própria.
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A respeito do fim do Romantismo, Machado diz que o período passou,
acabou ou morreu porque, como todos os demais períodos, foi um
movimento mortal. De acordo com o autor, no fim do Romantismo, o estilo
poético já não fazia mais sentido, tratando de assuntos triviais e
exagerando no sentimentalismo. Em consequência disso, os romancistas
perderam a força e passaram a ser alvo de desdém para os novos poetas.
(Disponível em:
<http://lounge.obviousmag.org/entre_meios/2014/02/machado-de-assis-e-
a-literatura-brasileira-do-seculo-19.html#ixzz3JwH3qLZ2>. Acessado em:
23 de novembro de 2014 às 21:35
Para Machado de Assis, essa atitude de desprezo tomada pela nova geração de
escritores fazia sentido, pois é normal que surjam outras maneiras de ver o mundo e que
as antigas sejam deixadas de lado. Machado afirma que era necessário reconhecer que o
Romantismo teve seu valor e que serviria de inspiração ou influência para as futuras
gerações de escritores.
Por fim, o detalhe principal do ensaio crítico se dá somente nas últimas linhas,
quando Machado, humildemente, refere-se a si próprio como “um crítico que também foi
poeta [...] que na crítica e na poesia, despendeu alguns anos de trabalho, não fecundo
nem grande, mas assíduo e sincero”. Essas palavras revelam a grandiosidade do escritor,
que muito contribuiu para a Literatura Brasileira, tanto em textos objetivos e críticos
quanto em textos subjetivos e literários.
2.4.6 Características e estilo machadiano
A obra machadiana assume uma originalidade despreocupada com os modos
literários que dominavam seu tempo. Os acadêmicos que estudam seu estilo não podem
deixar de notar cinco fundamentais enquadramentos em seus textos: elementos clássicos
(equilíbrio, concisão, contenção lírica e expressional), resíduos românticos (narrativas
convencionais ao enredo), aproximações realistas (atitude crítica, objetividade, temas
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contemporâneos), procedimentos impressionistas (recriação do passado através da
memória) e antecipações modernas (o elíptico e o alusivo engajados a um tema que
permite diversas leituras e interpretações).
Se os realistas que seguiam os preceitos de Flaubert esqueciam do narrador por
trás da objetividade narrativa, Machado de Assis optou por os métodos para cultivar o
fragmentário e interferir na narrativa dialogando com o leitor, comentando seu próprio
romance com filosofias, metalinguagens, intertextualidade, assim sendo, o autor
interrompe a narrativa para dialogar com o leitor a respeito do próprio romance ou sobre o
caráter de alguma personagem, ou sobre qualquer outro tema.
Num processo próximo ao do "impressionismo associativo", há de
certo uma ruptura com a narrativa linear, de modo que as ações não
seguem um fio lógico ou cronológico, mas que é relatado conforme surgem
na memória das personagens ou do narrador. (Wikipédia, a enciclopédia
livre)
Machado de Assis, como um exímio e intelectual leitor, utiliza em seus escritos caráteres
de arquétipos (antigas impressões sobre algo), como exemplo os irmãos Pedro e Paulo,
em Esaú e Jacó, remontam à rivalidade bíblica de Esaú e Jacó, mas dessa vez no mundo
atual, personificando a nova República e a já caída Monarquia, e em seu outro romance,
Dom Casmurro, o ciúme de Bentinho remonta o drama Otelo de Willian Shakespeare.
Jantei fora. De noite fui ao teatro. Representava-se justamente Otelo, que
eu não vira nem lera nunca; sabia apenas o assunto, e estimei a
coincidência. [...] não me pude furtar à observação de que um lenço bastou
a acender os ciúmes de Otelo e compor a mais sublime tragédia desse
mundo [...] Tais eram as ideias que me iam passando pela cabeça, vagas
e turvas, à medida que o mouro rolava convulso, e Iago destilava a sua
calúnia. [...] O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu devia morrer.
Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suas palavras amorosas e puras,e a
fúria do mouro, e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos do
público. (ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. 1899).
Em suas obras também é possível perceber a presença do pessimismo. Suas últimas
obras de ficção enxergam a vida, o homem e a sociedade de uma maneira desencantada,
acreditam que ele não gostava e não aceitava nenhum valor de seu tempo, o importante para ele
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era desmascarar a hipocrisia política e social existente naquela época. O último capítulo de
Memórias Póstumas de Brás Cubas, mostra o pessimismo da fase madura de Machado.
Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade
do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento.
Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não
comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de D.
Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e
outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e
conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao
chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo,
que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos,
não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. (ASSIS,
Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881).
Sua preocupação com o psicológico das personagens obrigava-no a escrever em
uma narrativa lenta que não prejudicasse nenhum detalhe para não prejudicar o enredo.
Sua atenção desvia-se quase sempre do coletivo para a mente e a alma do ser humano.
Sua economia no vocabulário é rara na literatura brasileira, ainda mais se for comparada
com Castro Alves e José de Alencar que tendem ao uso ilimitado de adjetivos e
advérbios.
A temática de Machado envolve desde o uso de citações se referindo a eventos de
sua época até os conflitos da condição humana, é capaz de retratar desde relações
homossexuais e homoeróticas, como no conto "Pílades e Orestes", até temas mais
complexos como a escravidão. Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, narra o que seria
uma das páginas de ficção mais intrigantes já escritas sobre o escravismo: o negro liberto
compra seu próprio escravo.
Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto que vergalhava
outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas únicas
palavras: - “Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!” Mas o
primeiro não fazia caso e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada
nova. [...] Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho?
Nada menos que o meu moleque Prudêncio, o que meu pai libertara
alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a benção,
perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele – É sim, nhonhô. (ASSIS
Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881)
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3. Considerações Finais
Com o desenvolvimento desse trabalho, adquirimos mais conhecimento sobre o
Movimento Literário Realismo, que é o principal tema a ser abordado no 4º Bimestre.
Neste trabalho nos centramos, principalmente, em expor as características do maior
escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis. Assim, conseguimos entender
da melhor forma possível a importância desse escritor para a literatura do Brasil e do
mundo.
Ao fim desse trabalho, conseguimos, enfim, responder às perguntas de pesquisa
sobre esse movimento literário, da melhor maneira possível, e com uma linguagem
adequada que jovens e adultos possam entender, além de agregar conhecimento aos
participantes do grupo sobre esse movimento que é um tema muito importante e muito
abordado em vestibulares e que irá ser muito importante para nossa carreira acadêmica.
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4. Referências
ASSIS, Machado de. Dom Casmurro, 1899
ASSIS Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881
BARRETO, Ricardo Gonçalves. Português Ensino Médio: Ser Protagonista. São
Paulo SM, 2010
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Gustave_Flaubert>. Acesso em: 16 de
novembro de 2014, às 15:14
Disponível em: <http://pt.slideshare.net/clauheloisa/machado-de-assis-e-dom-
casmurro?qid=d2e22134-2055-4c4e-b461-
1a29f74c6700&v=default&b&from_search=1>. Acesso em: 17 de novembro de
2014 às 13:25
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/biografia-machado-
assis.htm>. Acessado em: 17 de novembro de 2014 às 13:57
Disponível em: <http://www.infoescola.com/literatura/machado-de-assis/>.
Acessado em: 19 de novembro de 2014 às 14:27
Disponível em: <http://pre-vestibular.arteblog.com.br/56466/MACHADO-DE-ASSIS-
romancista-contista-cronista-poeta-e-muito-mais/>. Acessado em: 19 de novembro
de 2014 às 14:50
Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis#Biografia>.
Acessado em: 19 de novembro de 2014 às 15:09
Disponível em: <http://www.blogdacompanhia.com.br/2013/04/machado-de-assis-
o-cronista/>. Acessado em: 23 de novembro de 2014 às 19:55
Disponível em:
<http://machadodeassis.net/download/numero05/num05artigo07.pdf>. Acessado
em: 23 de novembro de 2014 às 21:32
Disponível em: <http://lounge.obviousmag.org/entre_meios/2014/02/machado-de-
assis-e-a-literatura-brasileira-do-seculo-19.html#ixzz3JwH3qLZ2>. Acessado em:
23 de novembro de 2014 às 21:35
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Caroline Xavier de Novais, esposa de Machado.
Morro do livramento, a seta indica onde, supostamente, Machado nasceu e passou sua infância.
Ministério da Indústria, onde Machado começou a trabalhar em cargo público.
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Machado de Assis (em vermelho) juntamente com seus companheiros na Academia Brasileira de
Letras.
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Machado sendo socorrido na rua em mais uma de
suas crises de epilepsia.
Estudante e amigos saindo da Academia Brasileira de Letras carregando o caixão do autor.
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4
Caricatura de Machado de Assis publicada no jornal O Globo
Selo postal, de 1958, em homenagem à Machado de Assis.
Itens pessoais do autor, o livro é Memorial de Aires com uma dedicatória assinada pelo próprio
autor.