movimento pÓs-modernoarquitetura.weebly.com/uploads/3/0/2/6/3026071/ta094_02.pdf · sobre si mesmo...
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Introdução
O MODERNISMO em arquitetura pode ser considerado
um movimento utópico e vanguardista, cuja influência na sociedade começou a diminuir
na década de 1960.
Isto se deu inclusive pela perda de direção moral e espiritual
representada pela morte de seus principais mestres: Frank Lloyd
Wright (1959), Le Corbusier (1965), Mies van der Rohe e
Walter Gropius (1969). House #22 (1960, Los Angeles CA)
Pierre Koenig (1925-)
Para os críticos contemporâneos,
o PENSAMENTO MODERNO quis se eternizar
através de uma ideologia de constante mudança
sobre si mesmo para algo que é novo e garantido
por ser produto constante da invenção ou de um
ato criativo sempre original.
Isto o tornou insubstituível como a própria palavra
“moderno”. Foi por isso que, na segunda metade
do século XX, passou-se a adotar o termo “PÓS-
MODERNO”, que significaria a sua superação ou
mesmo o repúdio de uma continuidade.
O FUNCIONALISMO, segundo os pós-modernos,
superestimou a contribuição
de grandes personalidades criativas, diminuindo ou
anulando a contribuição coletiva para a mudança da
cidade e da cultura dos diversos lugares.
Ele teria desconsiderado a TRADIÇÃO e CULTURA POPULAR, transformando arquitetura em uma mistura
de genialidade, individualidade e pureza.
Seagram Building (1957/58, New York, EUA)
Mies van der Rohe (1886-1969)
Tais críticas embasaram o chamado MOVIMENTO PÓS-MODERNO, o qual passou a reunir uma série de
experiências que mantêm diferenças apostas entre si, mas que têm em comum a ideia de revitalizar a arquitetura como ARTE, assumindo uma posição de reabilitar a HISTÓRIA e
retomando conexões com o passado antigo e moderno.
Robert Venturi (1925-) Vanna House Chestnut Hill (1962/64, Philadelphia PA)
Secretariado (1947/50, Chandigarh, Índia)
Le Corbusier (1887-1965)
Embora o termo “pós-moderno” contenha a ideia de ruptura com
o moderno, esse movimento não se considera contra o modernismo
propriamente dito, do qual é estágio de sua evolução iniciada com a
Revolução Industrial (1750-1830), mas sim como antítese
ao INTERNATIONAL STYLE, ou seja, ao conjunto estilístico-formal
fixo que resultou do período entre-guerras (1915/45).
Museum of Modern Art – MoMA (1939, New York – EUA) Philip Goodwin (1882-1935) & Edward Stone (1902-78)
Para os pós-modernos, esse estilo “universal” negava os próprios princípios modernistas, que pregavam uma arquitetura
libertadora, vital e dinâmica, ligada aos problemas
contemporâneos; e não uma arquitetura cristalizada em
valores formais.
Ele teria destruído a
continuidade morfológica da arquitetura, pois não colocava a
origem de qualquer forma na choça ou cabana pré-histórica,
mas na GEOMETRIA.
Phillip Johnson (1906-2005) Lincoln Center for Performing Arts
(1956/61, New York EUA)
Palácio do Congresso (1955/60, Brasília DF) Oscar Niemeyer (1907-)
Pós-Modernidade
Em termos gerais, PÓS-MODERNIDADE é
o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas a
partir da segunda metade do século XX, em especial
com o Neorrealismo, a Pop Art e a nova Filosofia.
Torre Velasca (1950/58, Milano Italia) BBPR Studio
NEORREALISMO
(Décadas 1930/40)
Arte de caráter social, crítico e engajado, manifesta a partir da
retomada da FIGURAÇÃO e ênfase às ideias de identidade,
liberdade e nacionalismo, especialmente em ex-colônias.
Diego Rivera (1886-1957)
José Orozco (1883-1949)
NEORREALISMO
ITALIANO (1945/60)
Expresso através do cinema do segundo pós-guerra, voltava-se a
temas da REALIDADE socioeconômica daquele país, buscando um
caráter documental e protagonizado por pessoas marginalizadas.
Roberto Rosselini (1906-77)
Vittorio De Sica (1901-74)
Luchino Visconti (1906-76)
Ernesto Nathan Rogers (1909-69)
NEORREALISMO NA
ARQUITETURA ITALIANA
(Décadas de 1950/60)
Cadeira PS16 (1956)
Franco Albini (1905-77)
Casa alle Zattere (1953/58, Veneza Itália)
Ignazio Gardella (1905-99)
Torre Velasca (1950/51 – 1956/58, Milano It.) Studio BBPR Gian Luigi Banfi (1910-45) Lodovico Barbiano di Belgiojoso (1909-2004) Enrico Peressuti (1908-76) Ernesto Nathan Rogers (1909-69)
26 andares 106 m Il Duomo (108 m)
Casa Lina (1966/67)
Casa De Bonis (1971/77)
Casa Cresta
(1977/83, Terni
Itália)
Mario Ridolfi (1904-84)
Desenhos de M. Ridolfi
Coca-cola plan (1958) Robert Rauschenberg (1925-2008)
POP ART Roy Lichtenstein (1923-97) Whaam! (1963)
Jasper Johns (1930-) Three Flags (1958)
Mesa, cadeira e cabide (1969)
Allen Jones (1937-)
Andy Warhol (1928-87)
Campbell’s Soup (1968)
Andy Warhol (1928-87) Marilyn (1962)
Marilyn Monroe’s Lips (1962)
Two Dollar Bill (1962)
Triple Elvis (1964)
Repository (1961) George Brecht (1926-2008)
Claes Oldenburg (1929-) Soft Toilet (1966)
POP ART
Richard Hamilton (1922) O que será que torna os interiores
das nossas casas de hoje tão diferentes, tão sedutores? (1956)
A bigger splash (1967) David Hockney (1937-)
Entre suas bases filosóficas, destacaram-se as ideias de:
Jean-François Lyotard (1924-98), através de La condition post-moderne (1979);
David Harvey (1935-), com The condition of postmodernity (1989);
Fredric Jameson (1934-), através do livro Post-modernism (1991);
Perry Anderson (1940-), com The origins of postmodernity (1998).
Jean-François Lyotard
(1924-98) Perry Anderson
(1940-)
David Harvey
(1935-)
Fredric Jameson
(1934-)
Típico das sociedades pós-industriais (Europa, EUA e
Japão), o ambiente pós-moderno é dominado pela
TECNOCIÊNCIA (PC’s, CD’s, DVD’s, laser,
biotecnologia, etc.).
Esta é aplicada à informação e comunicação, onde a
tecnologia eletrônica passa a manipular a
SOCIEDADE DE MASSA através da
saturação de informações, diversões e serviços.
Como marco do pós-modernismo na arquitetura, em 1977, o norte-americano CHARLES JENCKS (1939-)
lançou seu livro The language of post-modern
architecture (“Linguagem da arquitetura pós-moderna”),
no qual constatava a “morte” do MODERNISMO, não
centralizado nas reais exigências humanas, mas em um mítico homem moderno.
Charles Jencks
(1939-)
Ironicamente, Jencks estabelecia como marco para a “morte” do modernismo o dia 15/07/1972, às 3h32min, por ocasião da demolição do Complexo Habitacional de Pruitt-Igoe (1955/61), em St. Louis EUA, obra do arquiteto nipo-
americano Minoru Yamazaki (1912-86).
Minoru Yamazaki (1912-86) Pruitt-Igoe Residential (1955/61, St. Louis)
Implosão (15/07/1972,
3h32min)
Na PÓS-MODERNIDADE, tenta-se resgatar o status da
profissão do arquiteto, retomando as questões de
contexto, tradição e ornamento.
A relação forma/função muda para forma/conteúdo, passando a haver a intervenção de outros parâmetros diversos no projeto arquitetônico, cujo significado
torna-se muito mais perturbador.
Phillip Johnson (1906-2005) AT& T (Sony) Building (1979/84, New York – EUA)
Faculty Club University of California (1966/68, Santa Barbara CA) Charles Moore (1925-93)
As principais causas do
MOVIMENTO
PÓS-MODERNO na arquitetura foram:
Descontentamento generalizado diante da estética e do pensamento modernos, que não vinham mais atender à lógica do sistema, desta vez mais voltada ao consumo (arquitetura como bem-de-consumo) e aos reflexos dos mass media (influências decisivas do marketing); Walter Gropius (1883-1969)
e Le Corbusier (1886-1965)
DESPERTAR HISTÓRICO, representado pela maior
conscientização da importância do passado e da memória para a
manutenção da identidade cultural e limitação do desperdício energético
(boom das revitalizações e das reciclagens);
DESPERTAR ECOLÓGICO, resultado da progressiva crise
ambiental: a natureza passa a ser vista como algo limitado, formado por um
conjunto de ecossistemas do qual o homem faz parte e é responsável pela
manutenção de seu equilíbrio;
EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA decorrente dos avanços trazidos pela informática, que vai influenciar todo o processo de produção e uso da arquitetura (Era da Informação).
Kisho Kurokawa (1934-) Fukuoka Bank
(1971/75, Fukuoka , Japan)
Hyatt Hotel (1990, San Diego CA) Michael Graves (1934-)
Movimento Pós-Moderno
Com o PÓS-MODERNISMO, houve uma (re) aproximação entre a cultura popular e a erudita,
através da revalorização da FORMA em detrimento da FUNÇÃO e da retomada da escala
humana, do passado (história) e do caráter simbólico da arquitetura (linguagem significativa).
As várias correntes que surgiram a partir das décadas de 1950 e 1960 podem ser agrupadas, de
modo esquemático, em 03 (três) grupos conforme a postura que mantém em relação ao moderno:
PÓS, TARDO ou NEOMODERNISMO.
Projetando-se mais para
o passado, o PÓS-MODERNISMO
propriamente dito reúne as tendências que negam a
arquitetura modernista, resgatando a relação com a
história através do ornamento simbólico, da prática
contextual e/ou do retorno a tradições vernaculares.
Destacam-se os formalistas e os contextualistas.
Teatro del Mondo (1979/80, Veneza, Itália)
Aldo Rossi (1931-97)
Robert Venturi (1925-)
Delaware House (1987/93, New Castle DE)
Cuckoo Clock (1986)
Projetando-se incisamente para
o futuro, já o ULTRA ou
TARDOMODERNISMO engloba as tendências que dão continuidade ao pensamento
moderno, adaptando-o a novas perspectivas, mas mantendo sua relação com a tecnologia,
funcionalidade e universalismo. São seus principais expoentes os tecnicistas e os brutalistas.
Peachtree Plaza Hotel (1976, Atlanta GO) John Portman (1924-)
Retomando a relação com o presente, o
NEOMODERNISMO aborda as tendências que
discutem uma nova modernidade, incorporando questões como identidade
cultural, presença histórica, reflexão ecológica e tecnologia
avançada. Exemplificam-se com os minimalistas e os
maximalistas, entre outros.
Casa Gaspar (1992, Cadiz, Espanha)
Alberto Campo Baeza (1946-)
Coop Himmelb(l)au (1968) ARC Environmental
(1993/95, Viena – Áustria)
MIT Simmons Hall
(2002, Cambridge MA)
Steven Holl (1947-)
Walt Disney Concert Hall (2003, Los Angeles CA) Frank Gehry (1929-)
Hearst Tower (2006, N. York) Norman Foster (1935-)
Leitura Complementar
APOSTILA – Capítulos 11 e 12.
COLIN, S. Pós-modernismo: repensando a arquitetura. Rio de Janeiro: Uapê, 2004.
JAMESON, F. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. 2. ed. São Paulo: Ática, 1997.
JENCKS, C. El linguaje de la arquitectura pós-moderna. Barcelona: Gustavo Gili, 1997.
LYOTARD, J. F. A condição pós-moderna. 7. ed. São Paulo: José Olympio, 2002.
PORTOGHESI, P. Depois da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2002.