movimento pÓs-modernoarquitetura.weebly.com/uploads/3/0/2/6/3026071/ta094_02.pdf · sobre si mesmo...

35
MOVIMENTO PÓS-MODERNO Antonio Castelnou

Upload: vandung

Post on 09-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MOVIMENTO PÓS-MODERNO

Antonio Castelnou

Introdução

O MODERNISMO em arquitetura pode ser considerado

um movimento utópico e vanguardista, cuja influência na sociedade começou a diminuir

na década de 1960.

Isto se deu inclusive pela perda de direção moral e espiritual

representada pela morte de seus principais mestres: Frank Lloyd

Wright (1959), Le Corbusier (1965), Mies van der Rohe e

Walter Gropius (1969). House #22 (1960, Los Angeles CA)

Pierre Koenig (1925-)

Para os críticos contemporâneos,

o PENSAMENTO MODERNO quis se eternizar

através de uma ideologia de constante mudança

sobre si mesmo para algo que é novo e garantido

por ser produto constante da invenção ou de um

ato criativo sempre original.

Isto o tornou insubstituível como a própria palavra

“moderno”. Foi por isso que, na segunda metade

do século XX, passou-se a adotar o termo “PÓS-

MODERNO”, que significaria a sua superação ou

mesmo o repúdio de uma continuidade.

O FUNCIONALISMO, segundo os pós-modernos,

superestimou a contribuição

de grandes personalidades criativas, diminuindo ou

anulando a contribuição coletiva para a mudança da

cidade e da cultura dos diversos lugares.

Ele teria desconsiderado a TRADIÇÃO e CULTURA POPULAR, transformando arquitetura em uma mistura

de genialidade, individualidade e pureza.

Seagram Building (1957/58, New York, EUA)

Mies van der Rohe (1886-1969)

Tais críticas embasaram o chamado MOVIMENTO PÓS-MODERNO, o qual passou a reunir uma série de

experiências que mantêm diferenças apostas entre si, mas que têm em comum a ideia de revitalizar a arquitetura como ARTE, assumindo uma posição de reabilitar a HISTÓRIA e

retomando conexões com o passado antigo e moderno.

Robert Venturi (1925-) Vanna House Chestnut Hill (1962/64, Philadelphia PA)

Secretariado (1947/50, Chandigarh, Índia)

Le Corbusier (1887-1965)

Embora o termo “pós-moderno” contenha a ideia de ruptura com

o moderno, esse movimento não se considera contra o modernismo

propriamente dito, do qual é estágio de sua evolução iniciada com a

Revolução Industrial (1750-1830), mas sim como antítese

ao INTERNATIONAL STYLE, ou seja, ao conjunto estilístico-formal

fixo que resultou do período entre-guerras (1915/45).

Museum of Modern Art – MoMA (1939, New York – EUA) Philip Goodwin (1882-1935) & Edward Stone (1902-78)

Para os pós-modernos, esse estilo “universal” negava os próprios princípios modernistas, que pregavam uma arquitetura

libertadora, vital e dinâmica, ligada aos problemas

contemporâneos; e não uma arquitetura cristalizada em

valores formais.

Ele teria destruído a

continuidade morfológica da arquitetura, pois não colocava a

origem de qualquer forma na choça ou cabana pré-histórica,

mas na GEOMETRIA.

Phillip Johnson (1906-2005) Lincoln Center for Performing Arts

(1956/61, New York EUA)

Palácio do Congresso (1955/60, Brasília DF) Oscar Niemeyer (1907-)

Pós-Modernidade

Em termos gerais, PÓS-MODERNIDADE é

o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas a

partir da segunda metade do século XX, em especial

com o Neorrealismo, a Pop Art e a nova Filosofia.

Torre Velasca (1950/58, Milano Italia) BBPR Studio

NEORREALISMO

(Décadas 1930/40)

Arte de caráter social, crítico e engajado, manifesta a partir da

retomada da FIGURAÇÃO e ênfase às ideias de identidade,

liberdade e nacionalismo, especialmente em ex-colônias.

Diego Rivera (1886-1957)

José Orozco (1883-1949)

MURALISMO

MEXICANO

Diego Rivera (1886-1957) e Frida Kahlo (1907-54)

Retirantes (1944)

Café (1935) Lavrador de Café (1934)

O Mestiço (1934)

Cândido Portinari (1903-62)

NEORREALISMO

ITALIANO (1945/60)

Expresso através do cinema do segundo pós-guerra, voltava-se a

temas da REALIDADE socioeconômica daquele país, buscando um

caráter documental e protagonizado por pessoas marginalizadas.

Roberto Rosselini (1906-77)

Vittorio De Sica (1901-74)

Luchino Visconti (1906-76)

Ernesto Nathan Rogers (1909-69)

NEORREALISMO NA

ARQUITETURA ITALIANA

(Décadas de 1950/60)

Cadeira PS16 (1956)

Franco Albini (1905-77)

Casa alle Zattere (1953/58, Veneza Itália)

Ignazio Gardella (1905-99)

Torre Velasca (1950/51 – 1956/58, Milano It.) Studio BBPR Gian Luigi Banfi (1910-45) Lodovico Barbiano di Belgiojoso (1909-2004) Enrico Peressuti (1908-76) Ernesto Nathan Rogers (1909-69)

26 andares 106 m Il Duomo (108 m)

Casa Lina (1966/67)

Casa De Bonis (1971/77)

Casa Cresta

(1977/83, Terni

Itália)

Mario Ridolfi (1904-84)

Desenhos de M. Ridolfi

Coca-cola plan (1958) Robert Rauschenberg (1925-2008)

POP ART Roy Lichtenstein (1923-97) Whaam! (1963)

Jasper Johns (1930-) Three Flags (1958)

Mesa, cadeira e cabide (1969)

Allen Jones (1937-)

Andy Warhol (1928-87)

Campbell’s Soup (1968)

Andy Warhol (1928-87) Marilyn (1962)

Marilyn Monroe’s Lips (1962)

Two Dollar Bill (1962)

Triple Elvis (1964)

Repository (1961) George Brecht (1926-2008)

Claes Oldenburg (1929-) Soft Toilet (1966)

POP ART

Richard Hamilton (1922) O que será que torna os interiores

das nossas casas de hoje tão diferentes, tão sedutores? (1956)

A bigger splash (1967) David Hockney (1937-)

Entre suas bases filosóficas, destacaram-se as ideias de:

Jean-François Lyotard (1924-98), através de La condition post-moderne (1979);

David Harvey (1935-), com The condition of postmodernity (1989);

Fredric Jameson (1934-), através do livro Post-modernism (1991);

Perry Anderson (1940-), com The origins of postmodernity (1998).

Jean-François Lyotard

(1924-98) Perry Anderson

(1940-)

David Harvey

(1935-)

Fredric Jameson

(1934-)

Típico das sociedades pós-industriais (Europa, EUA e

Japão), o ambiente pós-moderno é dominado pela

TECNOCIÊNCIA (PC’s, CD’s, DVD’s, laser,

biotecnologia, etc.).

Esta é aplicada à informação e comunicação, onde a

tecnologia eletrônica passa a manipular a

SOCIEDADE DE MASSA através da

saturação de informações, diversões e serviços.

Como marco do pós-modernismo na arquitetura, em 1977, o norte-americano CHARLES JENCKS (1939-)

lançou seu livro The language of post-modern

architecture (“Linguagem da arquitetura pós-moderna”),

no qual constatava a “morte” do MODERNISMO, não

centralizado nas reais exigências humanas, mas em um mítico homem moderno.

Charles Jencks

(1939-)

Ironicamente, Jencks estabelecia como marco para a “morte” do modernismo o dia 15/07/1972, às 3h32min, por ocasião da demolição do Complexo Habitacional de Pruitt-Igoe (1955/61), em St. Louis EUA, obra do arquiteto nipo-

americano Minoru Yamazaki (1912-86).

Minoru Yamazaki (1912-86) Pruitt-Igoe Residential (1955/61, St. Louis)

Implosão (15/07/1972,

3h32min)

Na PÓS-MODERNIDADE, tenta-se resgatar o status da

profissão do arquiteto, retomando as questões de

contexto, tradição e ornamento.

A relação forma/função muda para forma/conteúdo, passando a haver a intervenção de outros parâmetros diversos no projeto arquitetônico, cujo significado

torna-se muito mais perturbador.

Phillip Johnson (1906-2005) AT& T (Sony) Building (1979/84, New York – EUA)

Faculty Club University of California (1966/68, Santa Barbara CA) Charles Moore (1925-93)

As principais causas do

MOVIMENTO

PÓS-MODERNO na arquitetura foram:

Descontentamento generalizado diante da estética e do pensamento modernos, que não vinham mais atender à lógica do sistema, desta vez mais voltada ao consumo (arquitetura como bem-de-consumo) e aos reflexos dos mass media (influências decisivas do marketing); Walter Gropius (1883-1969)

e Le Corbusier (1886-1965)

DESPERTAR HISTÓRICO, representado pela maior

conscientização da importância do passado e da memória para a

manutenção da identidade cultural e limitação do desperdício energético

(boom das revitalizações e das reciclagens);

DESPERTAR ECOLÓGICO, resultado da progressiva crise

ambiental: a natureza passa a ser vista como algo limitado, formado por um

conjunto de ecossistemas do qual o homem faz parte e é responsável pela

manutenção de seu equilíbrio;

EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA decorrente dos avanços trazidos pela informática, que vai influenciar todo o processo de produção e uso da arquitetura (Era da Informação).

Kisho Kurokawa (1934-) Fukuoka Bank

(1971/75, Fukuoka , Japan)

Hyatt Hotel (1990, San Diego CA) Michael Graves (1934-)

EVOLUÇÃO DE MANHATTAN (NYC): 1890 – 1940 – 1990 – 2015

Movimento Pós-Moderno

Com o PÓS-MODERNISMO, houve uma (re) aproximação entre a cultura popular e a erudita,

através da revalorização da FORMA em detrimento da FUNÇÃO e da retomada da escala

humana, do passado (história) e do caráter simbólico da arquitetura (linguagem significativa).

As várias correntes que surgiram a partir das décadas de 1950 e 1960 podem ser agrupadas, de

modo esquemático, em 03 (três) grupos conforme a postura que mantém em relação ao moderno:

PÓS, TARDO ou NEOMODERNISMO.

Projetando-se mais para

o passado, o PÓS-MODERNISMO

propriamente dito reúne as tendências que negam a

arquitetura modernista, resgatando a relação com a

história através do ornamento simbólico, da prática

contextual e/ou do retorno a tradições vernaculares.

Destacam-se os formalistas e os contextualistas.

Teatro del Mondo (1979/80, Veneza, Itália)

Aldo Rossi (1931-97)

Robert Venturi (1925-)

Delaware House (1987/93, New Castle DE)

Cuckoo Clock (1986)

LAS VEGAS (NEVADA, EUA)

Projetando-se incisamente para

o futuro, já o ULTRA ou

TARDOMODERNISMO engloba as tendências que dão continuidade ao pensamento

moderno, adaptando-o a novas perspectivas, mas mantendo sua relação com a tecnologia,

funcionalidade e universalismo. São seus principais expoentes os tecnicistas e os brutalistas.

Peachtree Plaza Hotel (1976, Atlanta GO) John Portman (1924-)

CHICAGO

(ILLINOIS, EUA)

Mies van der Rohe (1886-1969)

Retomando a relação com o presente, o

NEOMODERNISMO aborda as tendências que

discutem uma nova modernidade, incorporando questões como identidade

cultural, presença histórica, reflexão ecológica e tecnologia

avançada. Exemplificam-se com os minimalistas e os

maximalistas, entre outros.

Casa Gaspar (1992, Cadiz, Espanha)

Alberto Campo Baeza (1946-)

Coop Himmelb(l)au (1968) ARC Environmental

(1993/95, Viena – Áustria)

MIT Simmons Hall

(2002, Cambridge MA)

Steven Holl (1947-)

Walt Disney Concert Hall (2003, Los Angeles CA) Frank Gehry (1929-)

Hearst Tower (2006, N. York) Norman Foster (1935-)

Leitura Complementar

APOSTILA – Capítulos 11 e 12.

COLIN, S. Pós-modernismo: repensando a arquitetura. Rio de Janeiro: Uapê, 2004.

JAMESON, F. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. 2. ed. São Paulo: Ática, 1997.

JENCKS, C. El linguaje de la arquitectura pós-moderna. Barcelona: Gustavo Gili, 1997.

LYOTARD, J. F. A condição pós-moderna. 7. ed. São Paulo: José Olympio, 2002.

PORTOGHESI, P. Depois da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2002.