mulher 24 horas - 104 - junho-2014 - sindibancários es · elas contam um pouco da ... as vassouras...
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Em 2014, o Sindicato dos Bancários/ES completou 80 anos. As mulheres bancárias fo-ram protagonistas dessa história, estando à frente de importantes momentos e lutas da categoria. À medida que o Sindicato tra-çava e empunhava as bandei-ras por melhores condições de trabalho e de vida, as bancárias iam além e se organizavam tam-bém em prol da igualdade entre homens e mulheres, dentro e fora dos bancos.
Essa organização ficou mais forte com a criação do Coletivo de Mulheres do Sindicato, há cerca de 20 anos. Desde então, o Coletivo vem realizando diversas ações e debates para fortalecer a luta femi-nista e ampliar as conquistas das mulheres bancárias. Neste ano, foi um marco para o Coletivo a reali-zação do III Encontro Estadual da Mulher Bancária, cujos principais momentos são resgatados nessa edição do Mulher 24 Horas.
Além da cobertura do En-contro, você confere uma entre-vista exclusiva com bancárias que integram o Coletivo de Mu-lheres. Elas contam um pouco da trajetória desse grupo, que repre-senta um importante capítulo nos 80 anos de história do Sindicato dos Bancários.
Editorial
Informativo do Sindicato dos Bancários/ES - Coordenador Geral: Carlos Pereira de Araújo - Diretor de Imprensa: Jonas Freire Santana - Editoras: Bruna Mesquita Gati - MTb 3049-ES, Elaine Dal Gobbo - MTb 2381-ES e Ludmila Pecine dos Santos - MTb 2391-ES - Diagramação: Jorge Luiz (MTb 041/96) - nº 104 - Junho/2014 - [email protected] - Tiragem: 10.000 exemplares
Mulher 24 HORAS
Vinte anosem oitenta
Encontro reúne bancárias em debate sobre“Mulher e Poder”
VEJA NESTA EDIÇÃO
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HORAS
Coisas de MulherO cuidar e o tecer silenciosos.Privados espaços e primários instrumentos.Trabalho desqualificado garantindo a reprodução da vida.Pouco ser.Muitos seres.
No caldeirão da criatividade, tudo ferve e transforma.As vassouras varrem mentiras.Desmancham segredos.Afirmam verdades. Muito se perde nas vivas fogueiras.Ousadas e pensadoras meninas!
Femininos saberes. Tantos feitos.Muitos afazeres para conceber.Até parir a FELIZ CIDADE!
Maria Helena
Na Conferência Estadual da categoria, bancárias debatem
igualdade de gênero
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Mulheres debateram a desigualdade de gênero e a presença feminina nos bancos
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Encontro debate desafios da mulher bancária
Nos dias 04 e 05 de abril, bancárias do Espírito Santo se reuniram no III
Encontro Estadual da Mulher Bancária. Com o tema “Mulher e Poder”, o evento contou com a participação de cerca de 150 mulheres nos dois dias de programação. O Encontro foi realizado nos auditórios do Hotel Alice e do Sindibancários/ES, no Centro de Vitória.
Fotos: Sérgio Cardoso
A ApresentAção da peça teatral “Carne – Patriarcado e Capitalismo” marcou a abertura do encontro, no auditório do Alice Vitória Hotel. Abordando de forma crítica e lúdica a exploração do trabalho feminino, a violência contra as mulheres e a divisão de tarefas domésticas e sociais, a peça foi apresentada pela Companhia de Teatro Kiwi, de São Paulo.
no 2º diA do evento, uma místicarelembrou as mulheres consideradas bruxas no período da Idade Média por deterem o conhecimento do preparo de chás com ervas medicinais.
A diretorA do Sindibancários/ES , Lucimar Barbosa, também participou desse painel e apresentou o balanço dos 20 anos do Coletivo de Mulheres. O jornal Mulher 24 horas e os encontros estaduais foram alguns dos pontos abordados por Lucimar.
o pAineL “Mulher e poder – espaço público e privado” abriu o segundo dia do encontro. A doutora em Ciências Sociais, Liliana Segnini, falou sobre a desigualdade de gênero no traba-
lho bancário. O painel também abordou a rea-lidade das ban-cárias no Brasil, que foi apresen-tada pela secre-tária de mulhe-res da Contraf, Deise Reccoaro.
MuLher e poder no sindicalismo foi tema do painel com a diretora do Sindibancários/ES, Rita Lima, que falou sobre a luta e atuação das bancárias no Sindicato. Em 80 anos, o Sindibancários/ES teve 200 homens na diretoria e apenas 37 mulheres.
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Palavra de Mulher
Como era tratada a ques-tão da mulher no sindicato dos Bancários antes da criação do Coletivo de Mulheres?ritA LiMA: A questão da mulher não era uma pauta do Sindicato nos anos 80. A ideia que prevalecia era a de que havia necessidade de re-solver os problemas de classe. Dessa forma, os problemas das mulheres e de outros grupos específicos também seriam resolvidos. O Brasil havia aca-bado de sair da ditadura militar, período no qual a maioria dos militantes vinham de organiza-ções muito centradas na discus-são geral de classe. Por isso, era difícil sensibilizá-los sobre a ne-cessidade de discutir sobre a opres-são à mulher. Porém, as mulheres do Sindibancários/ES já tinham forte participação nas atividades do 8 de março, construindo a luta pelo fim da violência contra a mulher no Estado.
Quais foram as primeiras atividades realizadas pelo Co-letivo?LuCiMAr BArBosA: Junto com a secretaria de formação e o Núcleo de Educação Popular 13 de maio, foi realizado um curso de gênero no Sin-dicato a partir do qual foi convoca-do o I Encontro Estadual da Mulher
Uma trajetória de lutaNeste ano o Coletivo de
Mulheres completa 21 anos. E quem conta essa trajetória são algumas de suas integrantes. Com a palavra, as diretoras do Sindibancários, Rita Lima, Lucimar Barbosa, Renata Garcia e as ex-diretoras Bernadeth Martins eAngela Barone
Bancária, em 1993. Nele foram deli-beradas ações que estão sendo apli-cadas até hoje, como o jornal Mulher 24h, realização de mesas redondas, debates sobre linguagem de gênero, entre outros. Outra atividade im-portante, realizada em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo, sob coordenação do professor Timóteo Camacho, foi uma pesquisa sobre o perfil da categoria no Espírito Santo, sob o recorte de gênero.
BernAdeth MArtins: No início do Coletivo de Mulheres e da construção do trabalho da secreta-ria de formação, foi deliberado que, no momento de fazer a composição das turmas, era preciso garantir pelo menos 30% de mulheres. Isso ga-rantiu que delegadas sindicais e di-rigentes de base tivessem acesso ao processo de formação, incentivando a participação feminina.
Como surgiu o Mulher 24h?AnGeLA BArone: O jornal Mulher 24h nasceu com o nome de Mulher Bancária, um jornal de pre-
paração para o I Encontro Estadual das mulheres da categoria. A ideia do jornal era ser um elemento cen-tral para dar visibilidade aos deba-tes internos do Coletivo. Os temas abordados surgem da necessidade de aprofundamento temático e da discussão sobre os problemas que afetam as mulheres como um todo. Portanto, o jornal se tornou um espa-ço de formação, dando apoio ao de-senvolvimento das ações do Coletivo
de Mulheres.
Atualmente, qual o principal desafio do Coleti-vo de Mulheres?renAtA GArCiA: Garantir a participação nas reuniões e espa-
ços do Coletivo é um desafio. A in-tenção era de que a participação fos-se para além das diretoras liberadas, o que aconteceu em alguns momen-tos específicos, mas de forma muito tímida. As mulheres tinham dificul-dade de participar dos espaços do Sindicato por conta da dupla jornada de trabalho. Muitas precisam sair do banco e ir direto pra casa para cuidar dos filhos, e esse é um problema que persiste. O envolvimento das mulhe-res de base, das bancárias aposenta-das e das funcionárias do Sindicato continua sendo um desafio.
“Garantir a participação nas reuniões e espaços do Coletivo é um desafio. A
intenção era de que a participação fosse para além das diretoras liberadas”
Uma trajetória de luta
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Mulheres defendem igualdade de oportunidades
Mulher 24 HORAS
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Pela primeira vez, as bancárias se reuniram em uma plenária de mulheres durante a Confe-
rência Estadual da categoria, realiza-da de 16 a 18 de maio, em Guarapari.
Durante a atividade, as ban-cárias avaliaram como organizar, fortalecer e ampliar a presença fe-minina nas lutas da categoria. Elas também debateram questões como o assédio moral, que vitimiza mais mulheres do que homens, e a pro-posta de licença paternidade de 180 dias.
Para a diretora do Sindi-bancários/ES, Lucimar Barbosa, a plenária foi um importante espaço de avaliação. “Tivemos a oportuni-dade de ouvir das bancárias como elas veem a política de gênero que o Sindicato desenvolve. A partir dessa avaliação, podemos aperfei-
Bancárias capixabas se reuniram na Plenária das
Mulheres durante a Conferência Estadual dos Bancários.
Sérgio Cardoso
çoar e ampliar nossas ações”, diz.
desAFios
A representante das mulhe-res na Fetraf – RJ/ES, Iracini Veiga, também participou da atividade. “A plenária foi espaço para discutir importantes questões, como a igual-dade de gênero e a violência con-tra a mulher no sistema financeiro, onde ela é punida por várias razões, principalmente no momento da ma-ternidade. Nosso desafio é eterno e, aos poucos, vamos conquistando nosso espaço”, destaca.
O debate de gênero vem sen-do fortalecido pelo Sindibancários/ES. Em abril, foi realizado o III En-contro Estadual da Mulher Bancária. Para garantir a participação femini-na nos dois eventos, foi disponibili-zada creche para as crianças.
REIVINDICAÇÕES DAS BANCÁRIASConheça as principais cláusulas da
minuta relacionada às questões de gênero discutidas na reunião do Coletivo Nacio-nal de Mulheres da Contraf. As propostas serão encaminhadas para a Conferência Interestadual dos Bancários do RJ e ES, que será no dia 19 de julho.
Plano de Cargos e Salários Mesa temática sobre igualdade de
oportunidades Promoção de igualdade de oportunida-
des para todos e todas Combate ao assédio sexual Ausências remuneradas
CAMPANHA SALARIAL
Participe do projeto cultural “Na Boca do Caixa”, que irá reunir,
mensalmente, no Centro Sindical, músicos e artistas bancários em uma animada confraternização.
Informações: www.bancarios-es.com.br