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Multilateralismo, regionalismo e o Mercosul* o Rodrigo Sabbatini* objetivo deste- afiigQ-éaoalLsam a do Mercosul à luz de um debate conceituai sobre as opções normativas de liberalização e integração comercial, resumidas pelas denominações regionalismo e multilateralismo. A partir de uma revisão bibliográfica que procurou cobrir a re- cente literatura sobre o tema, discutiu-se por que o Mercosul se caracteriza como um bloco regional aberto, adaptado às novas teorias do comércio interna- cional, e detentor de outras vantagens dinâmicas não tradicionais (políticas, por exemplo). 1 - Um debate A retomada, exitosa a partir dos anos 80, da regionalização de jure, quer por questões políticas, quer por razões econômicas de facto (Oman, 1994), reinstalou um debate conceituai que não se restringe aos círculos acadêmicos, mas serve aos ditames da política econômica — especialmente em seu matiz comercial. Grosso modo, tal "debate" procura contrapor as vantagens teóricas e polí- ticas de aparatos institucionais e normativos dedicadas à integração regional em relação àquelas voltados a uma integração multilateral. Às correntes do regionalismo e do multilateralismo oferecer-se-iam "pacotes" conceituais, que referendariam decisões de política econômica destinadas a implementar blocos regionais ou a intensificar as relações econômicas de forma multilateral. ' Este artigo está baseado em versão modificada dos itens 1.3 e 1.4 de Sabbatini (2001) e é parte Integrante dos resultados preliminares do projeto de pesquisa Internacionalização Produtiva da Indústria Brasileira nos Anos 90, com apoio da FAPESP (Processo 1999/ /03267-9) ' Pesquisador do NEIT-IE da Unicamp e Professor da Facamp. O autor agradece os comentá- rios de Mariano Laplane, Fernando Sarti e Célio Hiratuka.

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Page 1: Multilateralismo, regionalismo e o Mercosul* - Administração · benefícios para o bem-estar econômico, evitando, sempre que possível, qual ... apelo regional; - eficiência da

Multilateralismo, regionalismo e o Mercosul*

o Rodrigo Sabbatini*

obje t ivo deste-afi igQ-éaoalLsam a do Mercosu l à luz de um deba te concei tuai sobre as opções normat ivas de l iberal ização e in tegração comerc ia l , resumidas pelas denominações regional ismo e

mul t i la tera l ismo. A partir de uma revisão bibl iográf ica que procurou cobrir a re­cente l i teratura sobre o tema, d iscut iu-se por que o Mercosu l se caracter iza como um bloco regional aberto, adaptado às novas teor ias do comérc io interna­c ional , e detentor de outras vantagens d inâmicas não tradic ionais (polít icas, por exemplo) .

1 - Um debate A re tomada , ex i tosa a part ir dos anos 80, d a reg iona l ização de jure, quer

por ques tões polí t icas, quer por razões econômicas de facto (Oman , 1994), re instalou um debate concei tuai que não se restr inge aos círculos acadêmicos , mas serve aos d i tames da polí t ica econômica — espec ia lmente e m seu mat iz comerc ia l .

Grosso modo, tal "debate" procura contrapor as van tagens teór icas e polí­t icas de apara tos inst i tucionais e normat ivos ded icadas à in tegração regional em re lação àque las vo l tados a uma integração mul t i la teral . À s correntes do r e g i o n a l i s m o e do m u l t i l a t e r a l i s m o o ferecer-se- iam "paco tes" conce i tua is , que re ferendar iam dec isões de polít ica econômica des t inadas a imp lementar b locos regionais ou a intensif icar as relações econômicas de fo rma mult i lateral.

' Este artigo está baseado em versão modificada dos itens 1.3 e 1.4 de Sabbatini (2001) e é parte Integrante dos resultados preliminares do projeto de pesquisa Internacional ização Produt iva da Indústr ia Brasi leira nos Anos 90, com apoio da FAPESP (Processo 1999/ /03267-9)

' Pesquisador do NEIT-IE da Unicamp e Professor da Facamp. O autor agradece os comentá­rios de Mariano Laplane, Fernando Sarti e Célio Hiratuka.

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' Para um tratamento formal de uniões aduaneiras e áreas de livre-comércio em contraste com liberalizações sem preferências, consultar Viner (1950) para a interpretação original ou El-Agraa (1982) para um survey teórico sobre a questão.

- "A perspectiva vineriana, embora não irrelevante, deve ser secundária em modelos teóricos que analisam o novo regionalismo." (Ethier, 1998, p.1150).

Deba te c o m ares de confronto, expressos e m boa par te da l i teratura ded icada essenc ia lmen te ao tema, pode ser s intet izado corno segue .

1.1 - Multilateralismo

O m u l t i l a t e r a l i s m o defende que a perseguição do l ivre-comércio deve ser o objet ivo dos policy makers, espec ia lmente por ser a única pos tura que garan­tiria a max im ização do bem-estar econômico dos agentes envolv idos no merca­do mundia l . De fato, defensores dessa corrente, descendentes da tradição libe­ral de Ricardo, en tendem que quaisquer obstáculos ao comérc io mundia l preju­d icam a perfei ta a locação dos recursos e, por ex tensão, o bem-es ta r (welfare) mundial .

O ob je t ivo pr imord ia l , por tanto, ser ia adequar as n o r m a s e as regras do comércio mundial ao ideal do livre-comércio e a seus teoricamente inquestionáveis benef íc ios para o bem-es ta r econômico , ev i tando, sempre que possíve l , qua l ­quer t ipo de rest r ições, inclusive aquelas representadas por aco rdos regionais preferenciais (desde áreas de l ivre-comércio até uniões aduanei ras) , potenciais focos de desv io de comérc io e, por conseguinte, de bem-estar. ' O s acadêmicos que de fendem o mul t i la tera l ismo — Bhagwat i 1993 ou Bhagwat i , G reenway e Panagar iya (1998) , por exemp lo — concent ram suas crí t icas ao reg ional ismo inic ialmente at ravés da ót ica v iner iana, identi f icando na possib i l idade de desvio de comérc io o caráter inerentemente prejudicial ao welfare desses acordos pre­ferencia is . Ver -se-á ad iante q u e as novas teor ias do comérc io pe rm i tem o rela­xamento das impl icações da problemát ica trade diversion/trade creation, o que, por sua vez , permi te acatar o regional ismo mesmo dent ro da lógica or todoxa (Ethier, 1998)2.

Segundo Bhagwat i (1993) , a onda regional ista dos úl t imos anos (second regionalism) ser ia inopor tuna, embora inevitável, porque do tada de apelo polít i­co. De fato, embo ra se jam admit idos pontos favoráveis ao regional ismo, o autor cons idera-os excess ivamen te l igados à polí t ica, s e m e lementos cata l isadores na esfera econômica e, portanto, f rágeis do ponto de v ista c ient í f ico. A inda que

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1.2 - Regionalismo

A emergênc ia prát ica de acordos regionais deu-se e m concomi tânc ia a recentes desenvo lv imentos teór icos. De fato, o novo contex to econômico mun ­dial es t imu lou o aparec imento de novas teor ias expl icat ivas do comérc io inter­nacional . Mode los baseados e m concei tos c o m o concor rênc ia monopol ís t ica e aprove i tamento de economias de escala puderam responder às novas mot iva­ções dos f luxos reais, sobretudo aqueles referentes a comérc io intra-industrial e entre países c o m do tação de fatores semelhantes. ' ' Por exemp lo , o uso de mode los de economia monopol ís t ica é mais afei to a u m a real idade do comérc io internacional baseado nas estratégias de empresas t ransnac iona is , mui tas ve­zes regentes das novas fo rmas produt ivas e par t ic ipantes de um "ol igopól io mundia l " , que , por sua vez , es t imula o comérc io intraf i rma tanto de produtos f inais quan to de insumos intermediár ios.*

Tais teor ias, ao q u e s t i o n a r e m , mas não r e c h a ç a r e m (K rugman , 1988, p.44) o poder expl icat ivo de concei tos como o das van tagens compara t i vas , permi tem sus tentar de fo rma teór ica processos h is tor icamente inevi táveis de regional ização. O u seja, para autores c o m o Krugman (1988), Dornbusch (1989) e Di Fillipo (1997), esquemas normat ivos de integração regional ser iam est imu-

Segundo Krugman (1993, p.75), "(...) a questão normativa é: a formação destes blocos [regionais de comércio] resultará em criação ou desvio de comércio? A resposta é clara: mais pesquisa é necessária". Ver Helpman e Krugman (1985) ou Krugman (1988; 1990); surveys em Helpman (1999), Ocampo (1993) e Harris (1995).

' Ver Cfiesnais (1996) ou Oman (1994).

fosse possíve l acei tar benef íc ios e m termos polí t icos e benef íc ios indiretos (e incertos) de bem-estar , a ef ic iência de acordos regionais ser ia uma asser t iva inconclusa.^ M e s m o ass im, autores c o m o Bhagwat i , G r e e n w a y e Panagar iya (1998) p rocu ram sustentar, teor icamente , a re levância do desv io de comérc io para a f o rmação de b locos preferencia is , porque isso a inda representa efei tos deletér ios para o s i s tema mund ia l .

Nesse sent ido, a so lução normat iva para o imperat ivo econômico ser ia o apro fundamento daJibexaJJzaçãoemesçaJa mundia l d e j ses . A so lução mult i lateral ser ia o objet ivo, teór ico e de pol í t ica econômica , a ser at ingido, e m det r imento de opções regionais.

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" Krugman (1988; 1993), Dornbush (1989), Ftankel (1997), Fernandéz (1997), Puga e Venables (1996), dentre outros

lados e, ao m e s m o tempo, est imular iam o comérc io intra-industr ial e o aprove i ­tamento de econom ias de escala, capac i tando as economias para inserções mais d inâmicas no cenár io capital ista global . Esquemas de in tegração reforça­r iam laços de in tercâmbio entre países de estrutura produt iva seme lhan te , ao permi t i rem, por u m lado, a ampl iação da escala e aprove i tamentos de econo­mias re lac ionadas, e, por outro, o incent ivo ao desenvo lv imen to de progresso técnico, potenc ia l izado por um esforço c o m u m repart ido ent re empresas e ins­t i tu ições dos pa íses assoc iados (Di Fil l ipo, 1997, p.30-31).

Vár ios anal is tas en tendem a possibi l idade teór ica e a inevi tabi l idade his­tór ica de p rocessos de reg ional ismo, sobretudo se o mov imen to de in tegração entre países de uma mesma região cumprir as vezes de uma etapa a n t e c e s s o r a de uma c rescente l iberal ização rnult i lateral.

Ass im, acei ta-se que a instituição normat iva de acordos regionais de livre--comérc io pode, se contro lados certos fatores polít icos, est imular uma trajetória rumo a uma só l ida l ibera l ização mais amp la (ser iam casos de building blocks), apesar de os r iscos do processo propiciarem entraves a esse objet ivo pr imordial (casos de stumbling blocks). A fas tados os r iscos, acordos e b locos regionais, ser iam não a p e n a ^ um secondbest, mas , fundamenta lmente , uma e tapa cons­trut iva rumo a u m a postura de l iberal ização cada vez ma is amp la .

Frankel (1997) entende que elementos que favorecem a formação de building blocks t êm preva lec ido sobre fatores que poder iam levar a b locos fechados , prejudiciais ao objet ivo maior da l iberalização geral . Elenca fatores posit ivos aos building blocks, s in te t izados c o m o segue :

- e f e i t o lock-in e m o b i l i z a ç ã o r e g i o n a l , p romovendo a i r reversib i l idade das med idas l iberal izantes, mais fac i lmente ado tadas se assoc iadas ao apelo regional ;

- e f i c i ê n c i a d a n e g o c i a ç ã o a pa r t i r d e m a i o r e s u n i d a d e s , ag i l izando rodadas de negociação (é mais exeqüível negociar c o m 10 blocos do que c o m u m a cen tena de pequenos países, por exemplo ) ;

- o b t e n ç ã o d e a p o i o p o l í t i c o à l i b e r a l i z a ç ã o a p a r t i r d e f o r t a l e c i ­m e n t o d e a g e n t e s e x p o r t a d o r e s , esca lonando, ass im , o apo io interno e m função de benef íc ios conseguidos c o m a reg ional ização por setores especí f icos;

- " l ibera l ização compet i t i va" , ou o efeito-demonstração provocado pela proli­feração de acordos regionais, incentivando sucessivas rodadas de liberalização;

Adilson
Highlight
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- c r e s c i m e n t o c o n t í n u o d o s b l o c o s r e g i o n a i s , expl ic i tado pe los ped i ­dos de adesão a um bloco já const i tuído.

Segundo o autor, ta is fatores t ê m prevalec ido sobre e lemen tos que co lo­c a m em r isco a t ra jetór ia const rut iva dos b locos regionais. Fatores negat ivos, como o aumento do poder de barganha dos blocos ( incentivando o protecionismo contra terce i ros) , a man ipu lação de interesses (por par te de setores benef ic ia­dos c o m acordo regional) , a ex istência de recursos l imi tados para negoc iação (podem se exaur i r na rodada regional de l iberal ização) e o apoio esgo táve ídas f irmas à l iberalização contínua (podem se satisfazer apenas c o m regionalização), são a lguns obstácu los dos building blocks, que, no entanto , são compensados pelos efeitos que beneficiam etapas futuras de liberalização (Frankel, 1997, p.227).

O Banco Mundia l (Trade..., 1999), ao descrever van tagens polít icas (como segurança, poder de barganha e efeitos lock-in) e econômicas l igadas agora às van tagens não t radic ionais (compet ição e escala, comérc io e local ização), de­fende que a nova onda regionalista conta com três características diferenciadoras do regional ismo do pós-guerra , a saber:

- p rocuram t ranscender questões tarifárias como o centro d inâmico do pro­cesso, buscando uma "integração profunda", inclusive no campo cultural ;

- cons t i tuem-se c o m o blocos abertos, compromet idos c o m o incent ivo (boosting) e não c o m o contro le do comérc io in ternac ional ;

- e, f ina lmente , permi tem acordos entre países na es fera nor te-su l , antes inviabi l izados pelo apego a teorias tradicionais do comérc io internacional.

De fato, novas teor ias, já d iscut idas anter iormente, amp l iam os leques de benefíc ios da in tegração, sobretudo porque permi tem que mercados pequenos un idos reg iona lmen te a l cancem econom ias de esca la , r e d u z a m poderes monopól icos internos (com benefícios para o bem-estar) e atra iam Invest imento Estrangeiro Direto ( lED) c o m benefíc ios para a rede industr ial .

De forma semelhante, ao descrever vantagens não tradicionais do regiona­l ismo, isto é, van tagens não compat íve is c o m mode los econômicos t radic io­nais, Fernandéz (1997, p.30) a rgumenta que acordos de comérc io regionais permi tem reduzir incer tezas, aumen tando credib i l idade e s ina l izando, por um lado, uma trajetória de l iberal ização; e, por outro, permit indo hor izontes polít icos e econômicos estáveis e atraentes para invest imentos, inclusive est rangei ros di retos. Trajetór ia e hor izonte que não apenas favorecer iam, mas ser iam pré--requisi tos de uma l ibera l ização ampla (Ibid., p.30)

Por sua vez, Krugman (1993, p.75) af irma que o regional ismo não é apenas u m a etapa mais ef icaz de l iberal ização, porém é a única opção nesse sent ido. "(...) por uma sér ie de razões, a capac idade para se empreender u m a so lução cooperat iva e m nível mult i lateral está e m decl ínio, enquan to e m nível regional permanece razoavelmente forte."

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eo de Uoijüii-oiitavaü/BibiiolBca 35

Ainda que sua postura seja parcial, posto que aceita apenas acordos entre países centrais (acordos t ipo norte-sul) em detr imento de acordos na periferia (tipo sul-sul), Krueger (1995, p.111) entende que, mesmo para os países em desenvolvi­mento, zonas de livre-comércio (ZLCs) regionais são uma oportunidade de acesso a mercados importantes, que, no entanto, não ocasionam o enfraquecimento de relações multi laterais. De fato,"(...) atualmente, sem dúvida, as Z L C s podem con­tribuir (...) a o i n v é s d e c o r r o e r o s i s t e m a abe r t o d e c o m é r c i o mul t f la tera i " .

Também Bergsten (1998, p.15) afirma que os patrocinadores do regionalismo

"(...) a rgumentam que os acordos regionais p romovem comércio mais l ivre e m u l t i l a t e r a l i s m o em pelo menos dois sent idos: o de que a cr iação de comérc io excede o desvio de comérc io e o de que acordos regionais contr ibuem para a dinâmica tanto interna quanto internacional que amplia, em vez de diminuir, as perspectivas de liberalização global".

Em s u m a , apesar de d ivergências entre os graus de pro fund idade da in tegração regional sobre os benefíc ios — se econômicos ou polí t icos — , os anal is tas e m ques tão en tendem que processos regional is tas estão e m sintonia c o m o objet ivo da l iberal ização comerc ia l mais amp la .

1.2.1 - R e g i o n a l i s m o d o t i p o s u l - s u l

Por out ro lado, outros procuram demonst ra r que processos de in tegração regional , m e s m o aqueles empreend idos pela periferia ( integrações t ipo sul-sul) e aqueles e m que prevalece algum tipo de desvio de comércio,^ podem promover benefíc ios econômicos , d inâmicos e estát icos. De fato, ao se retomar a d iscus­são das novas teor ias do comérc io , pode-se indicar a lguns dos benef íc ios pre­sentes e m acordos comerc ia is entre países per i fér icos.

Dornbusch (1989) parte do princípio de que u m a união aduane i ra pode representar, an tes de tudo, um benefíc io socia l , sobre tudo se representar um grau de pro teção que a soc iedade estaria d isposta a aceitar, de modo a garant ir a presença de produção industrial local. Mesmo que ineficiente nos termos orto­doxos , isto é, gerando desvio de comérc io , a manutenção de produção regional pode ser ace i táve l soc ia lmente , p romovendo , ao longo do tempo , benef íc ios c o m o cr iação d e comérc io , acesso preferencia l a novos mercados , cr iação d e b e n s r e g i o n a i s , ge ração de renda, dentre outros.

• "Mesmo acordos preferenciais de comércio que têm desvio de comércio podem incrementar o bem-estar de seus membros ao influenciar seus termos de troca e sua capacidade de realizar economias de escala." (Mansfield e Milner, 1999, p.593).

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O benefíc io da cr iação de comérc io é tanto maior quanto maior a possibi l i ­dade de comp lementação setorial e especial ização intra-industrial. M e s m o sen­do u m a e tapa provisór ia e transi tór ia rumo ao mul t i la tera l ismo, u m a integração regional ser ia capaz de implementar economias de esca la reconver tedoras da capac idade compet i t iva industrial no ambiente integrado.

O benef íc io do acesso ao mercado , ignorado pela teor ia t radic ional , torna possíve l , por exemp lo , t ransferências de renda intra-região, que , por sua vez , to rnam-reg iona lmentaneut rospossíve is -pre ju ízos-macroeconômicos adv indos da fo rmação da união. De fato, "(...) o que para um país sóc io é desv io de comérc io e pe rda de renda tarifária é lucro para os outros sóc ios" (Dornbusch , 1989). Bens regionais são ganhos competi t ivos, pois, devido à proximidade geo­gráf ica, ocorre redução dos custos de t ransporte dos produtos, inferindo rendas indisponíveis e m um processo unilateral de abertura.

Dornbusch af i rma, ainda, que a união aduanei ra pode reverter os efeitos negat ivos dos custos ineficientes resultantes da proteção regional através de três formas. A primeira é a obtenção de vantagens comparat ivas regionais, que se dá com processos possíveis de complementar idade industrial. Em ambiente regional l iberal izado, essas especial izações incitam a intensif icação da produt iv idade, aumentando as vantagens comparat ivas regionais, reconvertendo, assim, a velha estrutura produt iva, sem, no entanto, desindustr ial izar qualquer dos sócios que, devido à especial ização setorial, mantém pelo menos a lguma produção.

Outro benefíc io social , segundo Dornbusch (1989), diz respeito à possibi l i ­dade de imp lementação de economias de esca la dev ido à amp l iação dos mer­cados (os nacionais poder iam ser muito pequenos para a mon tagem de plantas mín imas) e às comp lemen tações setor ia is. Tais economias de esca la induzem a novos ganhos de produtividade, melhorando o componente de compet i t iv idade da indústr ia regional izada.

Por f im, a úl t ima fo rma de redução de custos é a amp l iação do leque de produtos para consumo , cuja grande var iedade traz benef íc ios sociais e, mais importante, o aumento da concorrência dentro da região. Quanto maior o merca­do cr iado, maior a possib i l idade de que a indústr ia regional encont re um equil í­brio ol igopól ico não prejudicial, novamente incent ivando o aumento de produtivi­dade. Ass im , esse autor af i rma que, apesar de custos econômicos , u m a união aduane i ra cria compensações , cujos benefíc ios podem min imizar tais custos e, mais , t rans formar a estrutura industr ial da região, capac i tando-a compet i t iva-mente : uma "(...) união aduanei ra pode ser uma al ternat iva mui to impor tante para d iminuir os custos da subst i tu ição de impor tações med ian te in tegração regional" (Dornbusch, 1989).

E mais , a in tegração regional , ao representar uma " l ibera l ização protegi ­da", a inda que possa signif icar desvio de comérc io , permi te o decis ivo apoio

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polít ico de atores produt ivos, que , pelos menos nos países la t ino-amer icanos, sempre f o r a m , no mín imo , ret icentes quanto à l ibera l ização comerc ia l . Se e s ­ses atores o p e r a m e m indústr ias c o m economias de esca la , de fenderão estra­tégias de in tegração regional , j á que não serão imed ia tamente expos tos à c o n ­corrênc ia in ternacional ampl iada e, a lém disso, ob terão acesso pr iv i legiado a novos mercados . Dessa fo rma, segundo Mansf ie ld e Mi lner (1999, p.604), a opção desses a tores pe la in tegração regional é função da expecta t iva de a u ­mento de compet i t iv idade e não apenas da possível pro teção temporár ia repre­sentada pela regional ização.

N e s s e m e s m o sent ido, K rugman (1988) a f i rma que as novas teor ias expl icat ivas do comérc io internacional são per fe i tamente apl icáveis a países menos desenvo lv idos . U m a vez integrados, vantagens c o m o economias de e s ­ca la poder iam ser melhor aprovei tadas por ambos os países que t ê m do tação de fatores seme lhan tes , tal c o m o em integrações regionais do t ipo nor te-nor te. Desse m o d o , a emergênc ia de comérc io intra-industrial ev idenciar ia benefíc ios advindos da integração, mesmo que tal intercâmbio representasse, n u m pr imei­ro momen to , desv io d e comérc io .

Surveys de O c a m p o (1993), Harr is (1995) e Di Fil l ipo (1997) t a m b é m de­mons t ram que , de fato, as novas teor ias podem ser adap tadas para a compre ­ensão da inserção comerc ia l de países e m desenvo lv imento e, por ex tensão, podem justif icar, inclusive teor icamente, processos de integração regional entre países peri fér icos.

Por e x e m p l o , Di Fi l l ipo (1997, p.30) a f i rma q u e , para os pa íses lat ino--amer i canos , a a d e s ã o a fo rmas mul t i la tera is ou m e s m o a aber tu ras uni la te­rais es t imu lam o comérc i o inter- industr ia l , c o m re f lexos na de te r io ração dos te rmos t roca e ou t ros pontos negat ivos ao desenvo l v imen to sus ten táve l . Por ou t ro lado , a a d e s ã o a a c o r d o s reg iona is na A m é r i c a La t ina , tan to e m es fe ra hemis fér ica (do t ipo norte-sul) quanto e m esfera sub- reg iona l (do t ipo sul -sul ) , t em es t imu lado moda l i dades de comérc io intra- industr ia l e in t raf i rma, re lacio­nados c o m o ap rove i tamen to de economias de esca la e espec ia l i zação e va ­lendo-se das es t ra tég ias das empresas t ransnac iona is (ET) . De fa to , ao se a u m e n t a r a esca la da d e m a n d a , ou ao se garant i r a c e s s o a ou t ros mercados , pode-se atra i r i nves t imentos d i re tos es t range i ros , que , por sua vez , p o d e m gerar ex te rna l idades posi t ivas, sobre tudo no campo tecno lóg ico , que , por seu turno, pode auxi l iar na trajetória de ruptura com a cond ição per i fér ica. Também para Ethier (1998) acordos de integração regional na peri fer ia são apelo para a a t ração d e l E D , que bene f i c iam os receptores e, ao i n c r e m e n t a r e m a c o m p e ­t ição entre países pela at ração desses invest imentos v ia pro l i feração de acor­dos reg iona is , i n c r e m e n t a m , a inda mais , a l ibera l ização genera l i zada do co­mérc io mund ia l .

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'Cepal (Regionalismo..., 1994), Prado(1995; 1997), Deviin (1996), Cisnerose Campbell (1996), Mendoza (1996), dentre outros.

' "Em resumo o regionalismo aberto é um acordo preferencial que cria comércio entre os membros do acordo, sem incrementar as barreiras preexistentes em relação ao restante dos países do mundo." (Cepal, 1998a, item II).

'°Ver Hufbauer (1999) para uma visão não otimista do acesso de países em desenvolvimento a mercados centrais.

Também a d v o g a m nesse sent ido anal istas' ' e policy makers da Amér i ca Lat ina, para os qua is os acordos de in tegração da região cata l isados nos anos 90 (no tadamente Mercosu l , Car i com, Pacto Andino) p r o m o v e m opor tun idades de inserção externa das economias regionais mais compat íve is c o m um desen­vo lv imento sustentáve l e d inâmico, s e m , no entanto, se iso larem e m blocos fechados.

Ass im c o m o precon izado por Bergsten (1998), o rgan ismos internacionais c o m o a C e p a l de fendem que acordos-de integração regional p r imem pela possi­bi l idade de cons t ru í rem trajetórias "para fora", isto é, que es t imu lem a inserção recíproca de terce i ros mercados , at ravés de acordos mult i laterais ou "b loco a bloco". Ser ia , por tanto, o r e g i o n a l i s m o a b e r t o (Regional ismo. . . , 1994) a mais adequada fo rma de integração dos países da Amér i ca Lat ina, espec ia lmente porque permi te se valer das van tagens (econômicas , pol í t icas e cul turais) da integração entre semelhan tes , ao m e s m o tempo em que permi te u m a inserção ativa na g lobal ização.

Entende-se que o r e g i o n a l i s m o a b e r t o poderia promover maiores benefí­cios para a região do que l iberal izações uni laterais, a lém de se adaptar tanto às novas caracter íst icas do capi ta l ismo mundia l (regional ização de jure) quanto às novas teor ias de comérc io exter ior e funções normat ivas de polí t ica econômica {building blocks).

O Quadro 1 procura sintet izar as opções de polít ica econôm ica a part ir do debate entre mult i lateral ismo e regional ismo, acei tando que este últ imo preten­de sempre ser aberto, no conceito da Cepal (Regionalismo..., 1994; Cepal, 1998a)^ ou de Bergsten (1998) , e compat íve l c o m as regras mult i laterais (por exemp lo , art igo XXIV do GATT) . As opções t a m b é m var iam con fo rme o t ipo de acordo regional, a saber acordos entre países desenvolvidos (N-N), entre desenvolv idos e em desenvolv imento (N-S) e entre países em desenvolv imento (S-S). Regiona­l ismos aber tos vert icais (do t ipo N-S) podem fragilizar a posição compet i t iva dos países e m desenvo lv imento , m e s m o que pudessem ter acesso aos mercados desenvolvidos, sobretudo porque poderiam continuar a sofrer, e m diversos setores, for tes restr ições não tari fárias às suas exportações.^°

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Quadro 1

Síntese das opções normativas de adesão a esquemas de integração econômica

DiSCRliVli NAÇÃO TEORIA ECONÔ­MICA

OBJETI­VOS DECLARA­DOS

INSTITU-CIONALI-DADE

VANTAGENS PARA MEMBROS

RISCOS PARA PAÍSES EM DESENVOL­VIMENTO

Multilateralismo Vantagens compara­tivas

Livre--comércio global

Fóruns multilate­rais

Welfare mundial Deterioração dos termos de troca Especiali­zação regressiva Unilatera-lismo

Regiona­lismo aberto

N-N (1)

Livre--comércio global

União Aduaneira

N-S (2) Concor­

rência imperfeita

Livre--comércio global

Área de Livre--comércio

S-S (3)

Desenvol­vimento sustentável da periferia

União Aduaneira

Welfare mundial mais eficiente Acesso a mercados Economias de escala lED Poder de barganha Segurança

Redução de lED Isolamento Unilatera-lismo e protecionismo

Welfare mundial mais eficiente Acesso a mercados Economias de escala lED Poder de barganha Segurança

Deterioração dos termos de troca Especiali­zação regressiva Unilatera-lismo e prolecionis-rno

Welfare mundial mais eficiente Acesso a mercados Economias de escala lED Poder de barganha Segurança Progresso técnico Competitividade Inserção ativa na globalização

Redução de Welfare Isolamento

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Bhagwati (1993), Krugman (1993), Dornbush (1989), Bergsten (1998), BIRD (1999), Fernandéz (1997), Di Fillipo (1997), Cepal (1994), dentre outros

(1) N-N - referência a acordos entre países desenvolvidos (2) N-S - referência a acordos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento (3) S-S - referência a acordos entre países em desenvolvimento.

E m síntese, resta a percepção de que tal "debate" encont ra d ivergênc ia apenas e m relação aos meios de se atingir um único f im, o l ivre-comércio m u n ­dia l . A p e n a s a lguns anal is tas en tendem que o reg iona l ismo ent re países de m e s m a est ru tura possa conter e lementos d inâmicos de desenvo lv imen to sus-

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" Ver Bird (Trade..., 1999), Frankel (1997), Krueger (1995), Fouquin e SIroen (1998), Puga e Venables (1996), Fernandéz (1997), dentre outros.

tentável . De fato, não obstante as n o v a s t e o r i a s do comérc io , é preciso ressal­tar que , e m gera l , o mainstream da teor ia econômica en tende que apenas o mul t i la tera l ismo — antes, durante , ou depo is de conso l idados esquemas de regional ização — é capaz de max imizar o bem-estar mund ia l . O u se ja, apenas um processo amp lo de l iberal ização comerc ia l , ca lcado na inex is tência d e tar i ­fas de importação e/ou de acordos preferenciais, poder ia alocar, adequadamen­te, van tagens compara t i vas , estát icas e d inâmicas de cada país a um s is tema internacional de comérc io equi l ibrado, que, somen te por isso, ser ia capaz de max imizar benefíc ios e uti l idades de todas as pessoas (os consumidores racio­nais) e países envo lv idos . Ass im , áreas regionais d e l iv re-comérc io ou uniões aduane i ras não fa r iam sent ido no longo prazo e, mais , ser iam deletér ias para todo o resto do m u n d o .

De fato, o "debate" tangenc ia questões re lac ionadas ao desenvo lv imento econômico , no sent ido em que ambas as correntes, e m maior ou menor grau, p rocuram atingir o l ivre-comércio, o que, fata lmente, poderá perpetuar signif ica­tivas di ferenças entre países no s is tema mundial de t rocas. A excess iva preocu­pação dos "regional istas" em fomenta rem o mult i lateral ismo expl ica, por exem­plo, por que boa p a r t e " de seus defensores entende que acordos de integração regional do t ipo su l -su l , ou entre países peri fér icos, a m e a ç a m não apenas o "desenvo lv imento" dos países part ic ipantes, mas todo o s is tema mund ia l .

A a m e a ç a concret izar-se- ia porque acordos do t ipo su l -su l , sobre tudo se d iscr iminados cont ra terceiros, p rovocar iam distorções art i f iciais na "vocação" natural dos países envo lv idos. Isto é, o pr incípio das van tagens compara t i vas permeia o objet ivo-f im da retórica de boa parte dos "regionalistas". E e m nenhum m o m e n t o d iscu tem que alterar a dotação de fatores e m d i reção a setores não "compet i t ivos" é um imperat ivo de países subdesenvo lv idos , que , somen te as­s im, poder iam romper a l imitação da inerente deter ioração dos te rmos de t roca e m sua pauta de comérc io . Pauta for temente inf luenciada por commodities pr i­már ias , que , até hoje, mais de 50 anos após Prebisch (1949) , t êm u m a elast ic i-dade-preço muito e levada quando da retração da demanda internacional .

Por outro lado, mesmo críticos da estratégia de desenvolvimento por substitui­ção de importações — estratégia sugerida pela Cepal para o rompimento da condi­ção periférica da América Latina imposta pela divisão internacional do trabalho — como Dombush (1989) entendem que, de acordo com as novas teorias do comércio, processos de integração sul-sul podem beneficiar os países em desenvolvimento.

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2 - O debate e o Mercosul É a partir dessa contenda entre regionalistas e mult i lateral istas que, c o m a

par t ic ipação de au tores que advogam a integração t a m b é m entre países e m desenvo lv imento , se fomen tou um debate sobre a capac idade de o Mercosu l estar, ou não , adequado às regras do jogo mult i lateral. A partir d e Laird (1997) e, sobre tudo, Yeats (1997) , passou-se a discutir, em a lguns c í rcu los acadêmicos e pol í t icos dos pa íses centra is , a f i l iação do Mercosu l ao s i s tema mund ia l .

Yeats (1997) cr i t ica os pressupostos e a lguns dos pr imei ros resul tados do Mercosu l . S e g u n d o e s s e autor, dados empír icos ind icar iam q u e o a u m e n t o d o comérc io int ra-regional estar ia baseado e m desvio de comérc io . T raba lhando apenas c o m dados de expor tação, Yeats cr ia índices que p re tendem medir as d is torções comerc ia is presentes no Mercosu l . De acordo c o m esses dados , o aumen to do comérc io deu-se exc lus ivamente por fo rça dos aco rdos pre feren­ciais ent re os m e m b r o s , pr inc ipalmente porque fo ram benef ic iados setores e m que notadamente os países da região não ter iam nenhuma van tagem compet i t i ­va fora de u m bloco l iberal izado internamente (setores intensivos e m capi ta l , c o m o o setor de t ranspor te) .

D e f a t o , as m u d a n ç a s no p a t a m a r dos índ i ces p r o p o s t o s "( . . . ) f o r a m p r o v a v e l m e n t e ma is m a r c a d a m e n t e in f luenc iadas por fa to res c o m o m u d a n ­ças d i f e renc ia i s nas ba r re i ras c o m e r c i a i s (corno a q u e l a s q u e a c o m p a n h a ­ram a f o r m a ç ã o do M e r c o s u l ) " (Yeats, 1997 , p.11). E m a i s , p a r a o autor , os p r o d u t o s ( i n t ens i vos e m cap i ta l ) cu jas e x p o r t a ç õ e s i n t ra - reg ião m a i s c r e s ­c e r a m f o r a m a q u e l e s e m que o Mercosu l não v e m d e m o n s t r a n d o c a p a c i d a ­de p a r a e x p o r t a r c o m p e t i t i v a m e n t e pa ra n e n h u m ou t ro l uga r (Yea ts , 1 9 9 7 , p .20) . O u s e j a , s ã o a q u e l e s p a r a os qua i s os p a í s e s da r e g i ã o não t ê m , t e o r i c a m e n t e , v a n t a g e m c o m p a r a t i v a . i s t o é, a m e t o d o l o g i a d e s e n v o l v i d a

"(...) a teoria econômica sustenta que paises em desenvolvimento não têm vantagens comparativas em mercadorias intensivas em capital (...)." (Yeats, 1997, p.14), Se o comér­cio intra-regional cresce nesses setores, estaria evidenciado o desvio de comércio.

De qualquer manei ra, é mister acrescentar que o debate aqui apresentado não está definido nem teórica, nem polit icamente. Por meio de desenvolv imentos empír icos, não é a inda possível determinar vantagens d inâmicas nem para as teses regional istas, n e m para aquelas mult i lateral istas. Cabe , a seguir, discutir como o processo de integração do Mercosul se posic iona nessa problemát ica.

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pe lo au to r e seu re fe renc ia l conce i tua i ind ica r iam que o d e s v i o de c o m é r c i o se ev i denc ia no a u m e n t o de índ ices de expo r tação in t ra - reg ião re fe ren tes a se to res e m que , t e o r i c a m e n t e , pa íses c o m o os do C o n e Su l não t ê m v a n t a ­g e n s c o m p a r a t i v a s . E, se não as t ê m , o Me rcosu l p re jud i ca o b e m - e s t a r mund ia l .

De fato,

"(...) e m resumo, as ev idênc ias suge rem que o Mercosu l está se t o rnando menos , e não mãis7 ir i térnãciòriãlrr iênTé^õrnpeti t^ produtos em que o comércio está sendo mais rapidamente reorientado para a região.(.. .) Ev idências sugerem que as própr ias barreiras comerc ia is do Mercosu l são a causa . (...) Ass im, p rodutores locais estar iam tendo grandes incentivos para operar com os preços maiores d isponíve is nas vendas dos mercados do Mercosu l " (Yeats, 1997, p.18).

Por conseqüênc ia ,

"(. . .) is to reduz e x p o r t a ç õ e s po tenc i a i s de t e r c e i r o s m e r c a d o s pa ra o M e r c o s u l e, s o b d i ve rsas c i r cuns tânc ias , p o d e reduz i r seu b e m - e s t a r [ d o s t e r c e i r o s m e r c a d o s ] e m r e l a ç ã o a u m a l i be ra l i zação m u l t i l a t e r a l m e n t e não d i s c r i m i n a t ó r i a . E m a i s , is to suge re que , g raças às barre i ras d iscr iminatór ias , os c o n s u m i d o r e s d o s m e r c a d o s i n t e rnos ao M e r c o s u l n ã o e s t ã o t e n d o a c e s s o a m e r c a d o r i a s de m a i o r q u a l i d a d e e m e n o r p r e ç o " (Yea ts , 1997 , p.30).

O u seja, estar ia desenhado o risco de o Mercosu l (mas t a m b é m de qua l ­quer acordo preferencial regional) prejudicar tanto seu próprio bem-estar como o bem-estar mund ia l . Para esse autor, por tanto, o Mercosu l ser ia deletér io não apenas por ser um acordo regional preferencia l , mas , sobre tudo , por ser ent re países de estrutura econômica semelhante e c o m ausênc ia de van tagens c o m ­parat ivas e m diversos produtos objetos de t ransação. Ser ia o Mercosul prejudi­cial por ser um acordo regional e, pior, prejudicial por ser um acordo do t ipo su l --su l .

Ev identemente , este art igo, in ic ialmente d ivu lgado na imprensa internaci­ona l , susc i tou d ive rsas cr í t icas e rea f i rmações da impor tânc ia do Mercosu l , presentes, por exemplo, em Deviin (1996), Cisneros e Campbel l (1996), Mendoza (1996) e Cohen (1996) e Machado e Markwa id (1997) .

A s pr incipais crí t icas fo ram dir igidas à metodo log ia e às omissões do au ­tor. De fa to , o autor não trata das impor tações, var iáve l f undamen ta l para se verif icar se há desvio, ou não, de comérc io . Nesse ínterim, dados apresentados

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Tabela 1

Tarifas e outras taxas, por produtos, no Mercosul — 1986 e 1995

W 1986 1995(2)

T- B-^sil g - Uruguai Ãrf- Brasil Uruguai

Alimentos e animais,, 35,3 84,8 23,7 40,8 11,0 11,1 10,9 11,2 11,0

Beb idasefumo 38,0 118,6 34,9 43,5 17,9 18,0 16,6 17,6 18,0 Materiais crus, exceto combustíveis 37,9 56,6 20,9 30,3 5,3 5,2 5,3 5,1 5,3 Combustíveis e lubrlfi- V cantes 36,5 28,7 3,1 41,2 0,7 5,4 0,5 0,6 0,7 Óleos vegetais e ani­mais 35,5 79,8 23,7 29,4 8,2 8,0 8,2 8,1 8,2 Produtos químicos 33,8 66,9 10,6 28,8 8,9 8,8 8,2 8,3 9,0 Produtos manufatura­dos 44,9 88,1 22,1 40,6 13,8 13,0 12,7 12,9 13,1 Máquinas e equipa­mentos de transporte 46,6 81,8 15,2 31,4 10,6 16,8 6,9 6,9 13,9 Outras manufaturas., 44,6 99,6 27,7 41,4 16,8 16,6 14,8 15,3 16,2

Outros 28,1 74,2 30,0 21,9 7,1 7,1 7,1 7,1 7,1

Média 40,9 79,8 20,1 35,8 10,9 12,0 9,6 9,7 11,3

FONTE: ECHAVARRIA, J Tariffs, preferences and trade expansion in ttie Mercosur, apud Mendoza (1996).

NOTA- Além da fonte citada na tabela, ver, também, Estevadeordal, Goto e Saez (2000), que reafirmam a redução tarifária intrabloco, mas principalmente unilateral dos países membros, mesmo após a retomada de algumas barreiras tarifárias e não tarifárias pós-crise do México em 1995

(1) Standart International Trade Classification (2) Em janeiro de 1995, os países do Mercosul implementaram a TEC em 85% das mercadorias Cada pais vem podendo manter certo número de exceções, que serão linearmente eliminadas até 2006

pelos crí t icos ind icam que o processo de l iberal ização comerc i a l do Mercosu l não pre tende excluir terceiros mercados , ao contrár io.

Por e x e m p l o , no q u e se refere às tar i fas , a m é d i a da Tar i fa E x t e r n a C o m u m (TEC) é s e m p r e mu i to infer ior àque las p ra t i cadas 10 a n o s an tes da i m p l a n t a ç ã o do M e r c o s u l . Isso se deve ao fa to de que os pa íses e n v o l v i d o s já v i n h a m p ra t i cando m e d i d a s l ibera l i zan tes de f o r m a mu l t i l a te ra l , o q u e é mui to ma is compat íve l c o m u m " reg iona l ismo aber to " (Reg iona l ismo. . . , 1994) do que c o m um stumbling block, c o m o suger i r ia o t raba lho de Yea ts . A l i ás , m e s m o au to res q u e c o n s i d e r a m pouco a fo r t unado o re to rno c o m f o r ç a do reg iona l i smo d e f e n d e m q u e a d e t e r m i n a ç ã o das T E C s ba i xas con f i gu ra r i a medida amen izadora da ineficiência deletér ia dos acordos regionais (por e x e m ­plo, B h a g w a t i , 1993 ) .

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' Próxy para os países desenvolvidos, teoricamente dotados de vantagens comparativas nos produtos mais sofisticados.

Devi in (1996) a f i rma que , se Yeats t ivesse anal isado as impor tações , per­ceber ia que , por exemp lo , e m setores intensivos em capital e bens de consumo duráveis , o c resc imento das importações intra-regionais foi levemente super ior às impor tações de terce i ros mercados . De acordo c o m as Tabelas 2 e 3, en­quanto as importações médias intra-regionais de máquinas e mater iais de trans­porte c resceram 113% entre 1992-94 e 1997-99, as impor tações or ig inár ias da O C D E " , nesses m e s m o s setores, aumen ta ram 1 0 3 % no per íodo. No total dos setores, as compras do Mercosui-or ig inár iasdentro-da própr ia região aumenta ­ram 9 8 % , ao passo que as compras da O C D E evolu í ram 91 %, revelando, mais u m a vez, equi l íbr io de d inamismo da região em re lação a seus sóc ios e a seus parceiros mais desenvolv idos.

De fato, a impor tânc ia dos países da O C D E como parceiros comerc ia is do Mercosu l pe rmanece estáve l , c o m pequenas a l terações. N o caso das impor ta­ções , a par t ic ipação da O C D E aumen tou de 6 0 % para 6 2 % do total impor tado pela região no período considerado. Nas exportações, a part ic ipação dos países mais desenvo lv idos reduziu-se de 5 7 % para 5 0 % do total comerc ia l i zado pelo Mercosu l , reve lando que , m e s m o com preferências int ra-regionais e o cresc i ­mento signif icat ivo das expor tações intra-regionais ( 90% entre 1992-94 e 1997--99) , os pa íses desenvo lv idos represen tam o dest ino de m e t a d e das expor ta ­ções do Mercosu l .

E m s u m a , a c o n s o l i d a ç ã o do Mercosu l p ó s - T r a t a d o de O u r o Pre to e m 1995 não a l te rou s ign i f i ca t i vamen te , pe lo lado das e x p o r t a ç õ e s , a pos i ção de global traderúos p r inc ipa is sóc ios reg iona is , n e m , pe lo lado das impor ta ­ç õ e s , pe rm i t i u , ao con t rá r io do p recon i zado por Yeats (1997) , desv ios s ign i ­f i ca t i vos , p o s t o q u e a pa r t i c i pação dos pa íses d e s e n v o l v i d o s c o m o o r i g e m das c o m p r a s in te rnac iona is se man teve , inc lus ive e m p rodu tos de ma io r v a ­lor a g r e g a d o (em to rno de 7 5 % das c o m p r a s reg iona is de m á q u i n a s e m a t e ­riais de t ranspor te f o ram real izadas na O C D E tanto no per íodo 1992-94 quan ­to no 1997-99). A lém disso, o argumento pode ser reaf i rmado pela consta tação de que o sa ldo c o m e r c i a l do Mercosu l c o m a O C D E sa iu de u m superáv i t m é d i o e m 1992 -94 de U S $ 2,8 b i lhões pa ra um déf ic i t de U S $ 17 b i lhões e m 1997 -99 , c o m ma is de US$ 2 4 b i lhões de déf ic i t no cap í tu lo m á q u i n a s e mater ia is de t r anspo r t e , a l iás já def ic i tár io e m 1992 -94 ( U S $ 10 ,8 b i l hões ) .

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Tabela 2

Importações médias, por parceiros selecionados, no Mercosul e na OCDE — 1992-94 e 1997-99

(US$ milhões)

1992-94 1997-99 SICT

Total Alimentos 3 465 Bebidasje fumo 364 Matérias-primas não comestí­veis 2 305 Combustíveis 6 158 Óleos e gorduras 262 Produtos químicos 7 398 Manufaturas classificadas por tipo de material 5 481 Máquinas e material de trans­porte 20 083 Manufaturados diversos 3 827 Outros 61 TOTAL 49 405 FONTE DOS DADOS BRUTOS: Dataintal.

OCDE Mercosul Total OCDE Mercosul

1 056 268

824 1 305

74 5 442

2 859

15 242 2 569

25 29 665

1 915 59

563 771 143 945

1 616

3 033 439

26 9 510

5 691 751

3 047 7 259

413 14 785

1 416 363

1 125 1 499

122 10 785

11 128 6 299

40 775 7 248

96 91 193

30 546 4 536

30 56 721

3 557 323

980 1 432

234 1 982

2 872

6 470 937

14 18 800

Tabela 3

Exportações médias, por parceiros selecionados, no Mercosul e na OCDE — 1992-94 e 1997-99

(US$ milhões)

SICT Total

Alimentos 14 111 Bebidas e fumo 1 233 Matérias-primas não comestí­veis 6 709 Combustíveis 2 003 Óleos e gorduras 1 877 Produtos químicos 3 236 Manufaturas classificadas por tipo de material 12 552 Máquinas e material de trans­porte 9 702 Manufaturados diversos 3 760 Outros 430 TOTAL 55 612

FONTE DOS DADOS BRUTOS: Dataintal

1992-94 1997-99

OCDE Mercosul Total OCDE Mercosul

9 154 908

5 003 802 419

1 429

6 657

4 467 2 726

151 31 713

1 879 181

463 732 141 991

1 765

3 051 521

12 9 736

21 098 1 901

9 945 3 113 3 315 4 952

11 207 1 123

7 150 864 450

1 819

14 024 7 714

15716 3 763 1 501

79 328

6 494 2 205

526 39 552

3 533 414

874 1 141

232 1 989

2 898

6 464 966

11 18 522

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""(...) o marco daquilo que foi denominado como 'regionalismo aberto', isto é, um processo de crescente interdependência econômica a nível regional, impulsionado tanto por acordos preferenciais de integração como por outras polít icas em um contexto de abertura e desregulamentação, com o objetivo de aumentar a competitividade dos países da região e de constituir, se possível, uma base para uma economia internacional mais aberta e transparen­te" (Regionalismo,.., 1994: apresentação).

Entre os fatores d inâmicos, t ambém excluídos da crít ica de Yeats e de boa par te dos mul t i la teral is tas, que p o d e m benef ic iar o Mercosu l es tá a a t ração de lED. T raba lhos c o m o os de Laplane etal. (2000), Lap lane e Sart i (1999) e mes­m o de Cisneros e Campbel l (1996) demonst ram que invest imentos de empresas t ransnac iona is são incent ivados pela conso l idação de prát icas l iberal izantes dent ro de um marco de integração sub-reg iona l , posto que esta, dent re outras co isas, p romove a ampl iação do mercado interno, principal fator atrat ivo de lED nacasõ la t ino-amer icano._SegundoQunh ing (1994), o Invest imento Estrangeií:o Direto pode gerar external idades, que a u m e n t a m a compet i t i v idade do país re­ceptor. Por exemplo , o lED pode possibil itar produtos, recursos ou capac i tações antes ind isponíve is ; pode incentivar a ampl iação de mecan i smos de P&D e/ou de inovações gerenc ia is ; pode acelerar p rocessos de ap rend i zagem, seja dos fo rnecedores , seja dos compet idores locais; pode criar mercados adic ionais ; pode incent ivar amp l iação de al ianças e parcer ias c o m empresas internacio­nais , expand indo o comérc io exter ior e a cooperação tecno lóg ica intraf i rmas; pode incent ivar novas a locações geográf icas internas de ag lomerações indus­tr ia is; en f im, o lED "(...) pode interagir c o m as van tagens compet i t i vas já ex is­ten tes dos países hospede i ros e afetar, de vár ias mane i ras , suas van tagens compet i t ivas futuras" Dunning (1994, p.31).

A s s i m , a conso l idação do mercado ampl iado reg iona lmente incent iva a a t ração de lED, que , por sua vez, pode p romover impactos amp l iadores da compet i t i v idade local , possibi l i tando a capac i tação d inâmica e c rescente dos países envo lv idos. Não obstante tais benef íc ios teór icos, cabe ressal tar que a inda não se pode af i rmar se tais invest imentos v ê m gerando externa l idades posi t ivas ao s is tema econômico do Mercosu l .

Os benef íc ios da integração são aceitos ass im teor i camente e por fo rma­dores de polí t icas, c o m o , por exemplo , Cepal (Regional ismo. . . , 1994) . Nessa ót ica, o Mercosu l insere-se insuspei tamente no que o o rgan ismo de terminou c o m o reg ional ismo aberto^", ou seja, uma e tapa "natural" , não d iscr iminatór ia para terce i ros mercados , segura e adequada para conci l iar p rocessos de de­senvo lv imento c o m u m a trajetória l iberalizante rumo a uma inserção das econo-

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Deviin e Ffrench-Davis (1998, p.14) ressaltam, ademais, que acordos como o Mercosul foram facilitados por prévia liberalização unilateral, mas, ao mesmo tempo, servem como "janelas de oportunidade" para a continuidade dessa liberalização, criando efeitos de lock--in.

mias la t ino-amer icanas de fo rma mais mult i lateral . Na nova v isão cepa l ina , a integração traz benef íc ios c o m o aprovei tamento de economias de escala ; redu­ção de rendas improdut ivas der ivadas de falta de concorrênc ia; inf luência posit i ­va para a t ração de lED ; redução de custos de t ransação; incorporação de pro­gresso técn ico em vár ios níveis inovat ivos; espec ia l ização int ra industr ia l ; a u ­mento da p rodução e da produt iv idade agrícolas; incent ivo ao a u m e n t o dos in­vest imentos e poupança internas, via adoção de polít icas coordenadas ; aperfe i ­çoamen to das inst i tu ições nacionais e regionais; dent re out ros.

"Por consegu in te , os efeitos que a in tegração exerce sob re as taxas de c resc imen to dos países part ic ipantes no p rocesso p o d e m ser cons ideráveis e duradouros. (...) A integração pode lograr um mode lo de d e s e n v o l v i m e n t o que impu ls ione, de mane i ra s imu l t ânea , o c resc imento e a equidade." (Regional ismo.. . , 1994) .

M e s m o Yeats (1997, p.29) em ponderação ad hoc en tende que : " ( . . . ) os acordos comerc ia is do Mercosu l , a u m só tempo, c r iam e desv iam comérc io e é bom lembrar que m e s m o uniões aduaneiras que têm desvio de comérc io p o d e m intensif icar seu bem-es ta r econômico se levarem à redução dos preços de pro­dução e c o n s u m o " (Ibid.).

A l ém d isso, t raba lhos c o m o o de Estevadeorda l , Goto e S a e z (2000) pro­cura ram pos ic ionar o Mercosu l dentro de t ipologias acei tas c o m o benéf icas ao bem-estar mundia l , c o m o aquela proposta por Ethier (1998). De fato, o Mercosul enca ixa-se e m c a d a u m a das se is caracter ís t icas apon tadas por Ethier (1998, p.1150-1152) que exp l ic i tam o novo caráter — benéf ico — do reg iona l ismo, a saber:

- é um acordo heterogêneo em que países pequenos se assoc iam c o m um maior (Paragua i e Brasi l , por exemplo) ;

- é um acordo e m que todos os membros p r o m o v e r a m impor tantes refor­mas l iberal izantes uni laterais; '^

- é u m acordo e m q u e a l iberal ização intrabloco n ã o é tão marcan te c o m o previsto (basta ver as listas de exceção à TEC e as medidas protecionistas ent re Brasi l e Argent ina no biênio 1999-00) , sobre tudo e m re lação à l iberal ização uni lateral;

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- é um acordo e m que não apenas os países pequenos f izeram conces ­sões econômicas e m benefício c o m u m dos sóc ios, mas t a m b é m e m que o líder concedeu at ivamente, o que diverge da assert iva de Ethier (para o qual os atuais acordos são one-sided), mas explicita õ caráter l iberalizante do bloco;

- é u m acordo q u e se pre tende pro fundo, isto é, não se p reocupa apenas e m reduzir barrei ras comerc ia is , mas busca harmon izar pol í t icas e re-gras. d i recionando-se para um mercado c o m u m , ainda que de fornriaTnais escalonada;

- f ina lmente, é um acordo entre v iz inhos geográf icos, c o m relat iva proximi­dade cul tural .

Conclusão Conc lu i -se que as crí t icas e m re lação ao Mercosul estão apo iadas pelo

contex to de um "debate" , dent ro da teor ia econômica t radic ional , que d iscute benef íc ios e en t raves ao l ivre-comérc io (e ao bem-es ta r mundia l ) de ações normat ivas em esfera regional ou mult i lateral. Nessas duas ót icas, para a maior parte dos anal is tas, o Mercosu l caracter iza-se c o m o um obstácu lo ao l ivre--comérc io (por ser u m acordo regional) e a o welfare mundia l (por ser um acordo regional do t ipo sul -sul ) .

Por outro lado, anal istas que interpretam acordos regionais do t ipo sul-sul a partir das novas teorias do comérc io internacional, mas , sobre tudo, a partir da percepção de u m a realidade e m que as empresas t ransnacionais se pos ic ionam como atores principais do capital ismo contemporâneo, entendem que o Mercosul se const i tu i c o m o um aparato de in tegração apto a capaci tar os pa í ses -mem­bros a u m a inserção mais at iva e construt iva e m u m a g lobal ização que reforça laços h ierárquicos centro-per i fer ia e impõe sér ias restr ições aos países e m de­senvolvimento.^^ A o par disso, a consti tuição do Mercosul a inda está e m sintonia c o m o objet ivo do l ivre-comércio mundia l , pos to que , c o m o u m aco rdo regional aber to , se subme te lega lmente à inst i tucional idade do GATT e da O M C e t e m , desde sua const i tu ição, todos os e lementos que o carac ter izam c o m o um"( . . . ) claro exemplo do novo regional ismo que contribui para expandir e preservar regi­mes l iberais de l ivre-comércio" (Estevadeordal , Goto e Saez, 2000 , p.30).

• Ver Oman (1994) ou Furtado (1999),

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O Mercosul teria, dessa fo rma, potencial para desempenhar um papel cons­trut ivo, não apenas para a l iberal ização mult i lateral fu tura, mas , pr inc ipalmente, para o desenvo lv imento econômico dos pa íses -membros . Até sua pr imeira de­zena de anos, o Mercosul cumpriu o papel de mecanismo auxiliar de l iberalização mais amp la , visto que se caracter izou, c o m o foi v is to, c o m o um bloco aber to . Se será capaz de desempenhar papel fomentador no desenvolvimento econômico de seus m e m b r o s , capac i tando-os , ass im, a par t ic iparem de fo rma at iva na nova o rdem mundia l , apenas estudos futuros poderão demonstrar .

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