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Apoiantes do ex-Presidente montaram acampamento junto à prisão de Curitiba p18
PT ainda acredita que Lula da Silva será candidato
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ADRIANO MIRANDA
Mário Centeno avisa que não vai pôr “em risco” sucesso alcançadoOpinião Na semana em que o Programa de Estabilidade será aprovado, o ministro das Finanças avisa que Portugal não pode voltar a entrar em défi ce excessivo nem pôr em risco os resultados Economia, 16/17 e Editorial
SíriaAssad volta a usar armas químicas para esmagar resistênciaMundo, 21
Edição Lisboa • Ano XXIX • n.º 10.215 • 1,20€ • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • Director: David Dinis Adjuntos: Diogo Queiroz de Andrade, Tiago Luz Pedro, Vítor Costa Directora de Arte: Sónia Matos
Número de alunosciganos na escola duplicoup2 a 5
Programas Aldeias Seguras e Pessoas Seguras são apresentados hoje pelo ministro Eduardo Cabrita e abrangem 189 municípios Sociedade, 12
Fogos Aldeias de risco vão ter planos de evacuação e locais de refúgio
ISNN-0872-1548
ESTA SEXTA-FEIRA 13,SÓ VAI TER MEDO
QUEM NÃO APOSTAR.
jogossantacasa.pt
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2 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
EDUCAÇÃO
Número de ciganos na escola obrigatória duplicou em 19 anosAderiram ao pré-escolar. Estão a entrar no secundário. Mas o insucesso ainda marca a vida de muitos alunos ciganos. Quase dois terços dos inscritos no 2.º ciclo em 2016 já tinham chumbado alguma vez, mostra um estudo que será apresentado hoje. Desde os anos 1990 que não se fazia um levantamento nacional desta realidade
Ana Cristina Pereira
A mudança está a acontecer,
ainda que devagarinho,
dentro da população cigana
portuguesa. Em 2016/2017,
havia pelo menos 11.018
crianças e jovens de etnia
cigana matriculados no ensino
obrigatório. Há 20 anos eram quase
metade disso: 5921.
O Perfi l Escolar da Comunidade Ci-
gana, que caracteriza os alunos ma-
triculados nas escolas públicas do
continente no ano lectivo 2016/2017,
é divulgado hoje. Foi feito com base
nas respostas de 563 estabelecimen-
tos de ensino de 809 inquiridos. Ou
seja, 246 não responderam ao ques-
tionário electrónico que lhes foi en-
viado pelos serviços do Ministério
da Educação pedindo informação
sobre os alunos matriculados. Na
abertura deste 3.º período, o minis-
tro Tiago Brandão Rodrigues irá ao
Agrupamento de Escolas de Coruche
visitar um exemplo de boas práticas
— o “Aquém das salas de vidro”, que
visa incluir as crianças ciganas no
pré-escolar.
É a primeira vez, desde os anos
1990, que o Ministério da Educação
procura conhecer, à escala nacional,
a situação escolar dos alunos ciga-
nos. A recolha de dados, trabalhada
pela Direcção-Geral de Estatísticas
da Educação (DGEEC), a que o PÚ-
BLICO teve acesso, está prevista na
Estratégia Nacional para a Integração
das Comunidades Ciganas, cuja revi-
são se encontra em discussão pública
desde ontem.
Desde logo, nota-se que o pré-
escolar assusta cada vez menos as
famílias ciganas. Já o tinham frequen-
tado 62% das crianças que entraram
para o 1.º ciclo em 2016. E isso “é
fundamental para um percurso es-
colar bem sucedido”, diz Maria José
Casa-Nova, coordenadora do Obser-
vatório das Comunidades Ciganas,
uma unidade informal que faz parte
do Alto Comissariado para as Migra-
ções (ACM).
No levantamento feito no ano lecti-
vo de 1997/98, não havia dados sobre
pré-escolar. Estavam 5420 crianças
ciganas matriculadas no 1.º ciclo, 374
no 2.º ciclo, 102 no 3.º ciclo e 16 no
secundário. Já em 2016/2017, havia
1945 a frequentar o pré-escolar, 5879
o 1.º ciclo, 3078 o 2.º ciclo, 1805 o
3.º ciclo e 256 o secundário. Mesmo
tirando o pré-escolar, é perto do do-
bro — e, como se disse, só estão a ser
contabilizadas as respostas de 563
escolas das 809 inquiridas.
A presença destes alunos diminui
à medida que a escolaridade sobe,
o que tende a ser atribuído, sobre-
tudo, à preservação da virgindade
das raparigas como baluarte da
honra das famílias e à centralidade
do casamento, que em muitas co-
munidades costuma ser celebrado
em idades precoces. Há uma quebra
do 1.º para o 2.º ciclo. No 3.º ciclo
“é o descalabro”, como diz Bruno
Gonçalves, um dos mais destacados
activistas ciganos.
É inegável que muito poucos che-
DESTAQUE
c
gam ao secundário, mas há sinais de
mudança. Maria José Casa-Nova cha-
ma a atenção para o facto de haver
quase tantas raparigas como rapa-
zes a frequentar esse nível de ensino
(elas são 46% dos alunos), apesar de
eles não terem “constrangimentos
socioculturais”. Na sua opinião, is-
so “signifi ca que a realidade está em
processo de mudança”. Estarão as
raparigas a provocá-la. “São aquelas
que revelam maior vontade de con-
tinuidade escolar”, afi rma.
Elevado insucessoPara a grande maioria das comunida-
des ciganas, a escola é uma realidade
do pós-25 de Abril de 1974. O que está
a gerar esta crescente adesão, ainda
que lenta? Bruno Gonçalves, dirigen-
te das Letras Nómadas, começa por
mencionar o efeito de políticas pú-
blicas como o rendimento mínimo
garantido, criado em 1996 e entretan-
to convertido em rendimento social
de inserção. Aquela medida, como o
abono, força as famílias a deixar as
crianças fazer a escolaridade obri-
gatória. Muitas não se podem dar ao
luxo de perder o direito a tais presta-
ções pecuniárias. “Com a queda da
venda ambulante, algumas famílias,
embora não todas, também apostam
um pouco mais na escolaridade
Com a queda da venda ambulante, algumas famílias apostam mais na escolaridade dos filhos Bruno GonçalvesDirigente das Letras Nómadas
Apesar do maior número de alunos ciganos nas escolas, o insucesso escolar continua a ser uma realidade
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 3
“O abandono precoce das raparigas não é inevitável”
Um misto de preocupação
e optimismo. É assim que,
numa pequena entrevista
feita por email, o ministro
da Educação, Tiago Brandão
Rodrigues, reage ao estudo
Perfil Escolar da Comunidade
Cigana, que caracteriza os alunos
matriculados nas escolas públicas.
Como é que interpreta os dados do Perfi l Escolar da Comunidade Cigana?Com natural preocupação, mas
com real optimismo. Subsistem
difi culdades, sobretudo ao nível
do sucesso escolar de muitos
alunos ciganos, mas também já
existe muito maior participação
no pré-escolar e nas actividades
de enriquecimento curricular. Isto
são sinais positivos de autêntica
integração, verdadeiramente
importantes para o percurso
educativo das crianças. Este
estudo mostra ainda que temos
um número signifi cativo de alunos
ciganos no ensino secundário, o
que indica que estão a fazer-se
progressos mensuráveis.
Há uma tendência para colocar a tónica na desvalorização da escola, na centralidade do casamento, nas raparigas enquanto guardiãs da honra das famílias ciganas, isto é, para responsabilizar as crianças e as suas famílias. Que responsabilidade deve assumir a escola? No que é que a escola tem falhado?O estudo mostra uma relevante
tendência de mudança. Já
encontramos raparigas ciganas
também no 3.º ciclo do ensino
básico e no ensino secundário,
em proporções não distantes das
dos rapazes. Isto signifi ca que o
abandono precoce das raparigas
não é inevitável. Em todo o caso,
existe trabalho a fazer nas escolas,
no sentido de se afi rmar o respeito
pela diversidade cultural e,
paralelamente, o direito à educação
de todos e à liberdade de cada um
escolher, em consciência e sem
pressões, o seu percurso de vida.
Muitas das nossas escolas já fazem
este trabalho com muita qualidade,
mas estamos a criar condições —
com outras áreas governativas e
no âmbito da revisão da Estratégia
Nacional de Integração das
Comunidades Ciganas — para que
todas o façam com maior qualidade
e profundidade.
O que pode a escola fazer para melhorar os indicadores?Deve trabalhar com a comunidade,
incluindo as instituições sociais, os
pais e outros agentes comunitários,
para poder desenvolver soluções
educativas que sejam aceites e
promovidas por todos. O Plano
Nacional de Promoção do Sucesso
Escolar e o reforço da autonomia
das escolas servem também
para isso. As escolas são espaços
fundamentais para mostrar
que existem diversas culturas
— que convivem e merecem ser
conhecidas e respeitadas — e, ao
mesmo tempo, para trabalhar
com alunos e as suas famílias,
no reconhecimento do que é o
exercício de uma plena cidadania,
em termos de direitos e
deveres. Isto não pode
ser pontual, deve ser
absolutamente estrutural. É
isso que estamos também a
fazer e a construir com
a Estratégia Nacional
de Educação para
a Cidadania,
assim como
com projectos,
em diferentes
contextos,
que procuram
contextualizar a intervenção,
trabalhando directamente com
as comunidades. É importante
também não esquecer a educação
de adultos, até porque é conhecido
que quando os pais voltam aos
estudos também os percursos dos
fi lhos saem benefi ciados.
Há uma elevada percentagem de crianças e jovens ciganos fora do ensino regular. O encaminhamento começa ainda no 1.º ciclo. A escola está a empurrar estes alunos para essas vias?O grande desafi o é prevenir o
insucesso, uma vez que tem
muito melhores resultados
do que qualquer forma de o
tentar remediar. É neste sentido
que temos desenvolvido uma
intervenção precoce muito
alargada e profunda, no âmbito
dos TEIP, do Programa Nacional
de Promoção do Sucesso Escolar,
das tutorias, para que possamos
prevenir o insucesso logo desde o
1.º ciclo. Os resultados já começam
a surgir, com a redução das taxas
de insucesso e também com a
redução do número de turmas com
percursos alternativos, que decorre
dessa redução do insucesso.
Há escolas com predominância de crianças ciganas. E turmas inteiras quase só com crianças ciganas. Qual a sua posição sobre esta concentração, involuntária no caso das escolas, voluntária no caso das turmas?Não apoiamos esse tipo de
soluções. Elas são, efectivamente,
um obstáculo à inclusão e ao
sucesso dos alunos. A plena
integração dos alunos ciganos é
algo muito positivo para todos os
alunos. E os normativos são
claros quanto à aplicação
de critérios de igualdade
de oportunidades,
não discriminação e
utilização de critérios
de heterogeneidade
na constituição das
turmas.
Tiago Brandão Rodrigues Há uma mudança relevante: “Já encontramos raparigas ciganas no 3.º ciclo e no secundário”
EntrevistaAna Cristina Pereira
FOTOS: ADRIANO MIRANDA
Não apoiamos esse tipo de soluções [turmas só de alunos ciganos]. São, efectivamente, um obstáculo à inclusão Tiago Brandão RodriguesMinistro da Educação
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4 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
EDUCAÇÃO
DESTAQUE
dos fi lhos, para que eles tenham uma
alternativa”, explica.
No entender deste mediador cul-
tural, “há que trabalhar no sucesso
educativo, pois há ainda poucas ex-
pectativas a uma alternativa que não
a venda”. “O preconceito tem sido
um obstáculo. Há poucas experiên-
cias e poucos exemplos de ciganos
bem aceites no mercado laboral. Os
que existem vivem na clandestinida-
de étnica.”
Com efeito, o insucesso continua a
ser uma realidade bem conhecida de
muitos destes estudantes. De acordo
com o retrato feito às escolas, a taxa
de aproveitamento escolar dos alu-
nos ciganos matriculados em 2016/17
foi de 56,2% — 61,6% no 1.º ciclo,
49,1% no 2.º ciclo, 49,4% no 3.º ci-
clo e 64% no secundário. Estes dados
dizem respeito apenas a estudantes
que estiveram na escola em que se
matricularam até ao fi m do ano. Há
669 (6% do total de 11.018) que foram
transferidos e para esses não são dis-
ponibilizados números sobre o seu
sucesso ou insucesso escolar.
A percentagem de chumbos é ele-
vada, a julgar pelo indicador usado
pelo ministério: 48,1% dos matricula-
dos em 2016/17 nos diferentes níveis
de escolaridade já tinham, ao longo
da sua vida escolar, chumbado um
ou mais anos. No 2.º e 3.º ciclos (do
5.º ao 9.º ano) a maioria já conhecia
essa realidade: 64% e 58%, respec-
tivamente.
Sair do ensino regularNeste cenário, as crianças começam
cedo a sair do ensino regular. Esta-
vam 78 alunos do 1.º ciclo noutras
ofertas formativas. No 2.º ciclo, 406.
No 3.º ciclo, 578, o que quer dizer
que perto de um terço dos estudan-
tes a frequentar aquele nível de en-
sino estavam, por exemplo, em tur-
mas PIEF — Programa Integrado de
Educação e Formação ou Percursos
Curriculares Alternativos.
Alguns acabam por desistir. Se-
gundo a DGEEC, pelo menos 6%
dos alunos não chegaram ao fi m do
ano de 2016/17. Mas a situação difere
muito entre ciclos e regiões do país.
Olhando apenas para 2.º ciclo, por
exemplo, a taxa dos que deixaram a
escola era de 11,3% — sendo que na
Área Metropolitana de Lisboa che-
gava aos 17,5%.
Estatísticas de 2015/16, também
da DGEEC, mas para a população
escolar total (alunos de todas as et-
Urbana em 2017, 32% da população
cigana vive em “habitação não clás-
sica”, isto é, barracas ou tendas, au-
tocaravanas ou roulotes.
“As reprovações também têm que
ver com questões de falta de compe-
tências básicas que não foram adqui-
ridas nas escolas-gueto”, considera
Bruno Gonçalves. “Se só há meninos
ciganos, não há muitos exemplos a
seguir. A motivação na aprendizagem
é menor. Por muito que haja esfor-
ço dos professores, é difícil pedir a
crianças que estejam num patamar
de outras crianças não ciganas que
têm pais que tiveram tradição escolar
e que têm capacidades para estimu-
lar em casa o ensino.”
Coimbra com sucessoNão é o mesmo em todo o lado, como
já se disse. Maria José Casa-Nova en-
fatiza “a existência de distritos onde
as taxas de sucesso são elevadas”. É
“o caso de Coimbra, que apresenta o
maior número de alunos ciganos no
ensino secundário (65) e a mais ele-
vada taxa de sucesso para este nível
de ensino (94,2%)”.
Parece-lhe que interessa “realizar
estudos qualitativos que permitam
conhecer e compreender” o que ali
se passa.
Na estratégia de integração que
agora deve ser renovada, o minis-
tério compromete-se a reforçar e a
qualifi car a intervenção das escolas
para promover o sucesso escolar dos
alunos ciganos. Este esforço deve-
rá passar pela “produção de orien-
tações, divulgação de boas práticas e
reforço da formação dos professores
e pessoal não docente”.
Bruno Gonçalves e outros dirigen-
tes associativos reclamam bolsas e
programas especiais de apoio ao es-
tudo. “Há muito que a Letras Nóma-
das quer criar um mini-Opré [Chava-
lé] no 3.° ciclo”, diz, numa referência
ao projecto-piloto que aquela asso-
ciação desenvolveu com a Plataforma
Portuguesa para os Direitos das Mu-
lheres em 2015/2016, que assenta em
acompanhamento e bolsa de estudo,
e se tornou uma política pública no
ano lectivo de 2016/2017. O progra-
ma, agora desenvolvido com o ACM
e com a Rede Portuguesa de Jovens
para a Igualdade entre Homens e Mu-
lheres, disponibilizou mais bolsas de
estudo universitárias. Neste momen-
to, estão 29 no ensino superior.
Os cuidados com a recolha de dados
A Constituição coloca fortes restrições à recolha de dados étnico-raciais. Havia dúvidas se era
possível obter os necessários para traçar o Perfil Escolar da Comunidade Cigana. A Direcção-Geral da Educação (DGE) teve de perguntar à Comissão Nacional de Protecção da Dados (CNPD) se autorizava. A CNPD não se opôs porque os estudantes não eram susceptíveis de identificação. A informação seria recolhida e “transmitida pelos agrupamentos de escolas/escolas por referência aos números totais de alunos que por ciclo/nível de ensino têm tais características étnicas, de forma agregada”. Os dados apresentados foram obtidos através de um questionário electrónico elaborado pela Direcção-Geral de Educação. A Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares disponibilizou-o na área privada das escolas. Responderam 563 escolas — 385 tinham alunos de etnia cigana e 178 não. Outras 246 nunca responderam. A Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência procedeu ao tratamento dos dados. A.C.P.
nias), apontavam para uma taxa de
retenção e desistência global no 2.º
ciclo de 8,6%. Mas nem o indicador
é o mesmo (já que junta abandono
e chumbos) do usado neste estudo
sobre os alunos ciganos, nem as com-
parações com a população em geral
são fáceis.
Numa nota enviado ao PÚBLICO,
o ministério lembra, de resto, que
muitos dos estudantes ciganos vivem
numa situação de vulnerabilidade,
pelo que qualquer comparação com
os estudantes em geral deve ser feita
com muito cuidado. A maior parte
destes jovens (67%) tem acção so-
cial. Segundo um estudo feito pelo
Instituto de Habitação e Reabilitação
Beneficiaram de apoiossocioeconómicos
Retenção em anos anteriores
Respostas de 503 escolas
3.º CICLO
2.º CICLO1805
3078
8730(67,7%)
SECUNDÁRIO256
11.018
TOTAL12.963
Alunos do básicoe secundário
Pré-escolar
Comunidade cigana nas escolas públicasem 2016/2017
Quantas escolas foram inquiridase quantas responderam
385 (47,6%)TÊM ALUNOS CIGANOS
Em agrupamento Não agrupada369 16
1945
Alunos matriculados por distritoBásico e secundário
SecundárioBásico
196211101101798809731
595494430403410406352307255288197114
1089
67
2313
10171110725
15697
72Vila Real
V. CasteloGuardaCoimbraLeiriaBragançaPortalegreC. BrancoÉvoraViseuBragaSantarémAveiroFaroBejaSetúbalPortoLisboa
Com mais do que uma retenção
Com uma retenção
Sem retenção
19,7%
44,3%
42%
18,6%
39,4%
16,8%14,5%
36%
68,8%
Fonte: Perfil Escolar da Comunidade Cigana − Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 5
A questão ocupa há muito
estudiosos da população
cigana como Olga Magano
e Maria Manuela Mendes,
do Centro de Investigação
e Estudos em Sociologia
do ISCTE — Instituto Universitário
de Lisboa. De que se constrói o
desencontro entre a população
cigana e o sistema de ensino?
Os distritos com maior número
de alunos de etnia cigana são Lisboa
(1962), Porto (1110) e Setúbal (1101),
segundo um estudo divulgado hoje
pelo Ministério da Educação, refe-
rente ao ano lectivo 2016/2017. Em
2013/2015, aquelas investigadoras
procuraram respostas nos dois pri-
meiros. Andaram pelos bairros do
Cerco e do Lagarteiro, no Porto, mas
também no da Biquinha, em Mato-
sinhos, no 2 de Maio, em Lisboa, no
Casal do Silva, na Amadora, e no
Quinta da Fonte, em Loures. Fizeram
observação directa, entrevistaram
ciganos residentes (73) e dinamiza-
ram grupos focais com encarregados
de educação ciganos, professores e
técnicos (71).
O 1.º ciclo é um dado adquirido.
Aí, os professores nem assinalaram
grande diferença entre ciganos e
não ciganos em matéria de sucesso
escolar. Os problemas começam a
surgir na transição para o 2.º ciclo.
As crianças nem sempre sabem as
matérias que estão para trás e têm
de enfrentar uma diversidade de pro-
fessores e disciplinas. A maior parte
começa a faltar.
Magano e Mendes denotaram no
discurso de professores e técnicos
tendência para reproduzir ideias fei-
tas. E, ao mesmo tempo, difi culdade
em valorizar os aspectos positivos
que podem advir da convivência
cultural. Uns e outros entendiam
que havia diferença de género e as-
sumiam que, a partir de certa idade,
os pais iam incentivar as raparigas a
abandonar a escola. Ninguém negará
o fechamento relacionado com a his-
tória de exclusão, a defesa da cultura
cigana, o estilo de vida. E é conheci-
da a vigilância reservada às meninas,
nas quais a tradição assenta a honra
De que se faz o desencontro com a escola?
das famílias, bem como a centralida-
de do casamento, que é ainda muito
precoce (embora menos).
Num artigo intitulado “Constran-
gimentos e oportunidades para a
continuidade e sucesso das pessoas
ciganas”, publicado na revista de so-
ciologia Confi gurações em Dezembro
de 2016, as investigadoras aludem a
outros factores: o defi citário estímulo
cognitivo, os fracos recursos linguís-
ticos, a pouca motivação para apren-
der, a inexistência de “expectativas
em relação à escola — muitas vezes
reforçada pelo desconhecimento de
pessoas ciganas que tenham conclu-
ído o 9.º e o 12.º ano ou até mesmo
ingressado o ensino superior” — e
a “ausência de oportunidades e de
impactos da escolarização na vida
profi ssional”.
Aquelas estudiosas realçam o
contexto. As crianças ciganas por-
tuguesas, como as de outros países,
“aprendem, quase sempre, em am-
bientes desqualifi cados e segregados
e muitas vezes são discriminadas pe-
los/as professores/as e vítimas de um
ambiente hostilizante”.
O estudo foi feito em agrupamen-
tos escolares abrangidos pelo Pro-
grama Territórios Educativos de
Intervenção Prioritária. Talvez por
isso, o absentismo e o abandono não
surpreendessem os técnicos. Refe-
riam os Percursos Curriculares Al-
ternativos e as turmas do Programa
Integrado de Educação e Formação
como opção.
Ambas lamentam que parte destes
alunos continue à margem, em es-
colas ou turmas frequentadas quase
só por ciganos. “Acaba por não ha-
ver um convívio intercultural”, diz
Magano, professora auxiliar do De-
partamento de Ciências Sociais e de
Gestão da Universidade Aberta. Tan-
to ela como Maria Manuela Mendes,
professora auxiliar na Faculdade de
Arquitectura da Universidade de Lis-
boa, fazem a defesa da contratação
de mediadores culturais. Não como
“apagadores de fogos”, mas como
construtores de relações de confi an-
ça através de um trabalho continua-
do. Ana Cristina Pereira
Aprendem, quase sempre, em ambientes desqualificados e segregados e muitas vezes são discriminadas pelos professores e vítimas de um ambiente hostilizante Olga Magano e Maria Manuela Mendes, investigadoras
ALGARVE
ALENTEJO
AM LISBOA
CENTRO
NORTE
1.º CICLO5879
229 (50,8%)222 (49,2%)
253(49,5%)
258 (50,5%)
204(47%)230(53%)
208 (51,1%)199 (48,9%)
56 (439,4%)86(60,6%)
451
511
434
407
142
Percentagem de escolas com alunos ciganosPor NUTS II
246 (30,4%)178 (22%)
134 21044 36
NÃO RESPONDERAMNÃO TÊM
A
B
C D
EA B C D E
Total de escolas que responderam ao inquérito
Com alunos ciganos
NORTE CENTRO AM LISBOA ALENTEJO ALGARVE
TOTAL
Algarve
Alentejo
Área Metropolitana de Lisboa
Centro
NorteENSINO BÁSICO
63,461,2
63,864,5
44,849,3
49,350,8
58,061,1
55,356,7
Feminino Masculino
Alunos com aproveitamentoNão inclui alunos transferidos durante o ano lectivo, em %
TOTAL
Algarve
Alentejo
Área Metropolitana de Lisboa
Centro
NorteENSINO SECUNDÁRIO
54,553,8
73,873,4
25,066,7
72,747,4
500
64,163,9
Aproveitamento e abandonoNão inclui alunos transferidos durante o ano lectivo.Para os cálculos foram contabilizados 10.349 alunos ciganos matriculados e que não foram transferidos de escola
2,2%11,3% 8,8%
SecundárioTotal básico3.º Ciclo2.º Ciclo1.º Ciclo
AbandonoAproveitamento
RaparigasRapazes
17,2%
20,2% 62,6%
61,6%49,1% 49,4%
5,9% 5,6%
56%64%
PÚBLICO
39289 190 198 93
61% 66,5% 72% 78% 82,4%
Este é o terceiro e último de uma série de trabalhos sobre as comunidades ciganas e a escola. Ver mais em www.publico.pt
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6 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
POLÍTICA
Beijos apaixonados para acabar com as discriminações
NUNO FERREIRA SANTOS
Filmagens do videoclip do festival; em baixo, João Gomes de Almeida e Gonçalo Franco
Um empregado de cozinha de um
restaurante chinês sai pela porta
das traseiras para despejar o lixo.
Uma jovem de blusão preto e aus-
cultadores ao pescoço aproxima-se,
atira-se para os seus braços e beija-o
longa e sensualmente. “Inês, avança
para ele. agarra-o com força contra
ti. Isso...”, “Deixa-te ir, ela é que con-
trola”, ouve-se, a espaços, no silên-
cio do set. “Continua.” Dois minutos
depois, já ambos estão sem fôlego
quando se ouve “Corta!”, e os dois
suspiram ruidosamente de alívio,
quase engasgados, e refi lam. “É a
chamada ‘política em apneia’”, co-
menta alguém, entre risos, na zona
do estúdio na penumbra.
Por alguns minutos, os dois jovens
actores descontraem-se no alto de
uma estrutura de andaimes, com
plásticos e luzes, um cenário mini-
malista que servirá, horas depois,
para gravar mais beijos apaixona-
dos mas com outros protagonistas.
Depois do cozinheiro chinês e da
refugiada, no corredor de uma em-
presa, uma cigana cruzar-se-á com
um executivo mulato que se dirige
à máquina do café; dois atletas, ele
brasileiro, ela muçulmana, cruzam-
se na pista de atletismo onde trei-
nam; e uma mulher negra, de 60
anos, será abordada pela patroa
(uma “tia” da sua idade, bem con-
servada) quando limpa um espelho.
Todas as cenas terminam com um
beijo envolvente, de desejo. Confuso?
Se olharmos em volta, encontramos
estas pessoas quase todos os dias na
rua, nos transportes, num café, no
centro comercial. Porque Portugal
é uma sociedade inclusiva, embora
aqui e ali ainda subsistam, enraiza-
dos, alguns (muitos) preconceitos.
As quatro histórias são contadas,
sem palavras e com muitos close-up
da mudança de atitude nos rostos,
num vídeo de um minuto que servi-
rá para promover o Festival Política,
que decorre no Cinema São Jorge,
em Lisboa, entre os dias 19 e 22 de
Abril. O spot é lançado hoje nas redes
sociais e dentro de dias na televisão.
Depois de a edição inaugural do festi-
Portugal, o PS e o PAN também o usa-
ram na campanha das autárquicas.
Portugal tolerante...“Desta vez quisemos falar de Portu-
gal enquanto país multicultural e to-
lerante, embora ainda persista muito
racismo e xenofobia de forma mais
ou menos escondida”, conta João
Gomes de Almeida. “Pegámos no
preconceito e nas fobias e descons-
truímo-los num fi lme que também
se quer estético. Para mostrar que
somos feitos de diversidade usamos
quatro casais em que todos os ele-
mentos correspondem aos estereóti-
pos mais básicos. Há sempre alguma
tensão entre os personagens, que de-
pois evoluem para um beijo apaixo-
nado”, descreve Gonçalo Franco ao
PÚBLICO num intervalo das fi lma-
gens que decorreram num pavilhão
na zona da Expo. “Portugal made
of diversity, made of love” (Portugal
feito de diversidade, feito de amor)
é a ideia que fi ca no fi nal do spot.
“Até podia ser um vídeo para o
turismo; o que queremos mostrar é
que tudo isto é possível em Portugal
e que somos um país tolerante”, jus-
tifi ca João Almeida. “No ano passado
[com a abstenção], fi zemos pelo lado
negativo, com uma realidade que é
muito portuguesa [o homem a comer
uma bifana no café e a comentar a ac-
tualidade, com referências à guerra
do Ultramar] mas com um conceito
universal; desta vez vamos pelo ca-
minho do sentimento mais puro, que
é o amor, e que é igualmente percebi-
do de forma universal. Por isso nem
precisa de diálogos.”
... ou só de fachada?Bárbara Rosa, jurista de direito pú-
blico, co-organizadora e fundadora
do Festival Política com o jornalista
Rui Oliveira Marques, lembra que o
último relatório das Nações Unidas
sobre migrações (2016) diz que “a
cada minuto há 20 pessoas a serem
deslocadas, de forma forçada, do
local onde vivem. Temos assistido à
manifesta incapacidade de resposta
da Europa e à forma crescente como
as migrações mexem com todos os
preconceitos que temos, de forma
mais ou menos dissimulada”.
“Há uma visão idealizada sobre a
nossa capacidade de integração dos
imigrantes. Temos a ideia de que aco-
lhemos bem. Mas no plano concreto
somos muito mais racistas, xenófo-
bos, sexistas e homofóbicos do que
realmente mostramos. Por exemplo,
na forma como se aplicam as leis e
até como o próprio Estado contribui
para combater (ou não) esses precon-
ceitos. Quantas vezes ouvimos falar
de problemas de imigrantes com o
SEF, das difi culdades na aplicação
da lei da nacionalidade ou das regras
de permanência no país?”, questiona
Rui Oliveira Marques.
No ano passado, os organizadores
tiveram alguma difi culdade para ex-
plicar o conceito do Festival Políti-
ca. “As pessoas estranharam o nome
porque associam o termo ‘política’
apenas a ideologia — de direita ou de
esquerda. Tivemos de fazer um traba-
lho pedagógico de dizer que a políti-
ca parte também da sociedade civil e
que esta tem um papel e um impacto
fundamentais”, conta o organizador.
Porque tudo é política, até um beijo.
Festival Política regressa ao Cinema São Jorge, em Lisboa, entre 19 e 22 de Abril. Para discutir as discriminações, os direitos humanos e os refugiados — com poucos políticos e muita sociedade civil
Inclusão Maria Lopes
val, no ano passado, se ter debruça-
do sobre a abstenção, este ano o foco
estará nas questões da igualdade e
da não-discriminação, com especial
atenção aos direitos humanos e refu-
giados. A experiência anterior correu
tão bem que dos dois dias de activi-
dades se passou para quatro, entre
debates, simples conversas — como a
que reúne deputados e participantes [email protected]
— exibição de fi lmes e performances,
workshops, actividades para crian-
ças, exposições e concertos.
João Gomes de Almeida, director
criativo da agência 004, e Gonça-
lo Franco, da Krypton Filmes, que
assinam o spot, têm desta vez uma
responsabilidade acrescida. No ano
passado, o seu vídeo para divulgar
o festival questionava o alheamento
dos eleitores que, ao não votarem,
deixam que as decisões políticas aca-
bem por ser tomadas por um estere-
otipado português preconceituoso
— racista, chauvinista, homofóbico,
xenófobo e saudosista dos tempos do
Salazarismo. Se por cá o impacto foi
limitado, o vídeo acabou por ser apro-
veitado em França, na segunda ron-
da das presidenciais, quando se ex-
tremou o apelo ao voto, por activistas
contra Marine Le Pen mas também
contra Jean-Luc Mélenchon: tornou-
se viral nas redes sociais e teve mais
de 1,2 milhões de visualizações. Em
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 7
Uma, duas, três, quatro bocas es-
cancaradas na cara de um homem
negro. “Que direitos?” A imagem, no
site festivalpolitica.pt, representa o
que os quatro dias da iniciativa (de
19 a 22 deste mês) pretendem que se
faça: debater, intervir, pensar, ver,
partilhar, participar num programa
intenso, que recupera e “engorda” o
esqueleto do ano passado.
Os políticos de profi ssão vão apa-
recer só uma vez: dia 20, às 18h30 os
participantes vão conversar cinco mi-
nutos com os deputados André Silva
(PAN), José Luís Ferreira (PEV), Antó-
Filmes, debates, música e cinco minutos com deputados
nio Filipe (PCP), José Manuel Pureza
(BE), Susana Amador (PS), Sandra
Pereira (PSD) e um ainda não indica-
do pelo CDS. Mas em todo o resto dos
quatro dias é a sociedade civil que
impera em variadas vertentes, mas
onde a cultura tem presença de peso.
Num cinema como o São Jorge não
poderiam faltar fi lmes. E há muitos
nos ciclos de cinema LGBT, sobre
igualdade de género e sobre racismo.
Entre outros, passa o documentário
Pela Mão de Alice, de Raquel Freire,
sobre o percurso de Boaventura
Sousa Santos; e o fi lme que marca a
sessão ofi cial de abertura do festival
(dia 19, às 21h30) é a antestreia de
A Morte de Estaline, do britânico Ar-
mando Iannuci, proibido na Rússia.
Há ainda debates sobre a diversida-
de religiosa (quais e como se expres-
sam os diversos cultos em Portugal?),
o papel das comunidades ciganas
(como mudar o preconceito sobre
esta comunidade?, qual o papel da
mulher cigana nesse processo?), a
relação entre o humor (como des-
montar os preconceitos que grassam
nas redes sociais através do riso?) e a
justiça (a lei é racista?, o sistema ju-
dicial português protege os cidadãos
contra o racismo e a xenofobia?) e o
racismo, a forma como a tecnologia
pode ajudar a combater a violência e
a reforçar a democracia, a Lisboa fo-
ra dos roteiros turísticos que acolhe
tanta diversidade; workshops sobre
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Quisemos falar de Portugal enquanto país multicultural e tolerante, embora ainda persista muito racismo e xenofobiaJoão Gomes de AlmeidaDirector criativo da agência 004
capoeira (pelo Chapitô), e até sobre
a forma como as crianças olham a in-
terculturalidade e os que são diferen-
tes de si na cidade. E concertos com a
Orquestra Metropolitana de Lisboa, o
Fado Bicha; performances como psss,
de Zacarias Gomes; a exposição Li-
bertador Dispensado, de Nuno Bet-
tencourt e Ruy Otero; a videoinstala-
ção Grândola RMX, de José Meirinhos
O festival, que é uma co-produção
com a EGEAC e se insere nas come-
morações de Abril da cidade, tem
entrada livre e tradução para língua
gestual portuguesa. M.L.
O Festival Política decorre no Cinema São Jorge, em Lisboa, entre os dias 19 e 22 de Abril
1 Kit Escola para uma turma de 40 crianças
para todas as crianças
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8 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
POLÍTICA
Arquitectura
Europeias e legislativas
PCP Entrevista República Centro-Africana Carreiras contributivas
PS à espera de soluções para lei vetada por Marcelo
Mário Centeno: “alinhamento” de eleições “adequado”
Comunistas criticam Governo mas não querem ruptura
Presidente salienta o “milagre” dos portugueses
Militar português ferido em Bangui encontra-se bem
BE apresenta projecto de lei no Parlamento
O líder parlamentar do PS, Carlos César, vai esperar pelas propostas dos partidos que “aprovaram e estragaram” a lei que repõe a possibilidade de engenheiros civis poderem assinar projectos, vetada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para decidir o que farão os socialistas.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, disse ontem que seria “adequado” alinhar as eleições legislativas com a votação para o Parlamento Europeu, o que anteciparia o escrutínio nacional em alguns meses. A declaração foi feita em resposta a uma pergunta na conferência Ulisses 2018.
O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, fez ontem, num almoço com militantes na Amadora, duras críticas ao Governo, mas avisou que isso não significa uma ruptura com o PS, e apresentou o seu partido “não como uma força de bloqueio mas como força de construção”.
Marcelo Rebelo de Sousa recusa-se a atribuir o “milagre” da recuperação económica a um governo e diz que ele é o resultado do sacrifício de todos os portugueses. Numa entrevista ao jornal La Voz de Galicia, diz que a sua relação com o primeiro-ministro não mudou após os incêndios do ano passado.
O militar português ao serviço da ONU na República Centro-Africana “está bem e a recuperar favoravelmente”, revelou o porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas. O militar português “sofreu ferimentos ligeiros”, depois de ter sido atingido por estilhaços de granada numa operação em Bangui.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, anunciou ontem que o partido apresenta na quarta-feira na Assembleia da República um projecto de lei com “o compromisso não cumprido do Governo da segunda fase para acesso às reformas das longas carreiras contributivas”.
Centenas de emigrantes
acompanharam ontem em Paris
a homenagem que o Presidente
da República e o primeiro-
ministro portugueses fi zeram
aos soldados lusos que se
bateram há cem anos na Batalha
de La Lys, na I Guerra Mundial.
Marcelo Rebelo de Sousa e
António Costa começaram
por descerrar uma placa
comemorativa do centenário da
batalha e deslocaram-se para
o Arco do Triunfo para uma
cerimónia no monumento ao
Soldado Desconhecido.
MÁ
RIO
CRU
Z/LU
SA
Breves
Três mil militares da GNRvão estar de prevenção a incêndios já em Maio
I Grande Guerra Marcelo e Costa homenagearam militares lusos
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10 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
SOCIEDADE
Um cão como ligação entre o mundo e uma criança autista
Poderá um cão ajudar crianças com
perturbação do espectro do autis-
mo? O presidente da Associação
Portuguesa de Cães de Assistência
(APCA) não tem dúvidas: “Sim, po-
de.” Um cão, treinado, diz Rui Elvas,
será um ponto de focalização para
a criança, ajudando-a em momen-
tos de maior ansiedade. “Uma ida
ao centro comercial, com todos os
estímulos visuais e sonoros, pode
ser muito difícil para uma criança
com autismo. Um cão de assistência
será uma espécie de porto seguro”,
exemplifi ca ao PÚBLICO o respon-
sável pela APCA.
A associação, que nasceu há
quatro anos, já treinou 11 cães para
acompanhar crianças com pertur-
bações do espectro do autismo, e
dos 240 pedidos que tem em lista
de espera, 70% são para este tipo de
patologia. O primeiro a ser treinado,
há dois anos, foi o Sinatra, um labra-
dor. O último foi a cadela Lia, que
aterrou no fi nal da semana passada
na Madeira, mesmo no meio da fa-
mília de Francisco, de quatro anos,
a quem, em Março de 2016, os mé-
dicos diagnosticaram autismo.
É ele que corre todo o comprimen-
to do pequeno cais da praia de Ma-
chico, a segunda cidade da ilha, a 30
quilómetros a leste do Funchal. Uma
após outra, vai retirando da praia de
calhau rolado pequenas pedras que
depois atira com cuidados mil para o
mar. Lia, um cão-d’água português,
está deitada a observar.
A interacção entre os dois é nula,
neste momento. Rui Elvas nota que
é cedo. Lia — o nome foi escolhido
para rimar com “ia”, um dos poucos
sons que Francisco já articula — tem
quatro meses, e chegou à Madeira
naquele mesmo dia. É o início de um
processo longo de familiarização e
treino, que, segundo Rui Elvas, vai
ajudar a criança a lidar com as an-
siedades e frustrações que acompa-
nham o autismo.
São cada vez mais as famílias que recorrem a cães de assistência para acompanhar crianças com autismo. Associação portuguesa tem treinado cães para Portugal e outros países. Há 240 pedidos em lista de espera
Cães de assistênciaMárcio Berenguer
“Enquanto os adultos pressionam
a criança, o cão de assistência não
pede nada em troca. Não exige, não
força. Está simplesmente lá para ela”,
sintetiza o presidente da APCA.
Carla Pereira, 47 anos, mãe de
Francisco, quer acreditar que sim.
Que vai ajudar a ligar o fi lho ao mun-
do. Conheceu a APCA no fi nal do
ano passado, no dia de Natal. Uma
reportagem na televisão contava a
história da entrega de um cão a uma
família com três crianças com per-
turbações do espectro do autismo,
nos Açores. “Estava a ver e pensei:
porque não? Mal não irá fazer”, re-
corda ao PÚBLICO, enquanto acom-
panha o vaivém do fi lho, entre o iní-
cio da praia e o meio do cais.
As difi culdades de linguagem e de
socialização de Francisco confundi-
ram no início a família e os médicos.
“Pensámos que era surdez, e fi ze-
mos uma imensidão de exames, mas
o Francisco não tinha problemas de
audição”, conta Carla Pereira, que
ensina Matemática na escola secun-
dária da cidade.
Quando o diagnóstico de autismo
foi feito, já a família desconfi ava. O
atraso na linguagem foi o primeiro
sinal de alerta. As difi culdades de
socialização, a confi rmação.
Desde então, Francisco é acom-
panhado pelo Centro de Desenvol-
vimento da Criança, no Serviço de
Pediatria do Hospital Dr. Nélio Men-
donça, no Funchal. Terapia da fa-
la. Terapia ocupacional. Psicologia.
Quando falou com o neuropediatra
sobre o que tinha vista na televisão,
o clínico não se opôs. “Mal não fa-
rá”, ouviu Carla Pereira.
Em Fevereiro, dois meses depois
de ter conhecido o trabalho da AP-
CA, já Rui Elvas estava na Madeira
a visitar a família. O objectivo é per-
ceber quais são as necessidades da
criança. O contexto familiar e que
tipo de cão se adequa melhor.
“Não saltar, não ladrar”Neste caso, foi escolhido um cão-
d’água português, que, aponta Rui
Elvas, é uma raça com características
muito próprias que vão ao encontro
das necessidades das crianças com
perturbações do espectro do autis-
mo. À cabeça, está a maior esperança
média de vida (14/15 anos) quando
comparada com outras raças, o que
garante à partida mais tempo com
a criança/jovem. “Em segundo lu-
gar, amadurecem mais rápido, o que
permite que comecem a ser treina-
dos mais cedo”, enumera Rui Elvas,
apontando para Lia, que se mantém
imóvel e em silêncio. “Se fosse um
labrador, com esta idade, não estava
quieto”, compara o treinador.
Lia, continua, teve de esperar
quatro meses para ser entregue,
por ser essa a idade mínima para
poder ser vacinada contra a raiva e
viajar de avião. Não fosse isso, podia
ter sido introduzida na família mais
cedo. “O normal é acontecer entre
as oito e as 12 semanas, para o cão
se habituar aos movimentos muitas
vezes bruscos e aos barulhos que as
crianças fazem.”
Outra vantagem do cão-d’água
é o pêlo. Esta raça, originária do
Algarve, que ganhou nova vida em
2009 quando foi adoptada pelos
Obama na Casa Branca, tem cabe-
lo em vez de pêlo. “A questão das
alergias não se coloca, o que é uma
enorme vantagem.”
A primeira fase do treino do ani-
mal é a obediência, como se fosse
um normal cão doméstico. “É im-
portante estabelecer três regras
simples: não saltar, não ladrar e
não morder”, enumera Rui Elvas,
que nesta fase, como na seguinte, se
limita a orientar a família. “A ideia é
supervisionar e facilitar, promoven-
do sempre a relação entre o cão e a
nova família.”
O segundo momento do treino
é mais técnico. Específi co para a
criança a quem o cão irá prestar
assistência. No caso das perturba-
Enquanto os adultos pressionam a criança, o cão de assistência não pede nada em troca. Não exige, não forçaRui ElvasPresidente da APCA
ções de autismo, os cães são treina-
dos para acompanhar a criança de
forma a estarem presentes quando
for necessário acalmá-las. “Existe
muitas vezes a tendência para as
crianças fugirem, e o cão é treina-
do para evitar isso.”
Um grupo de 13Tudo isto custa dinheiro. A aquisi-
ção, o treino e a certifi cação de um
cão de assistência para crianças com
autismo atingem os cinco mil euros.
No Orçamento do Estado para este
ano, por força de uma proposta do
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 11
Não existe, ainda, qualquer “evi-
dência científi ca” de que um cão de
assistência possa contribuir para a
terapêutica das crianças com per-
turbação do espectro do autismo.
Guiomar Oliveira, coordenadora da
Unidade de Neurodesenvolvimento
e Autismo do Centro de Desenvolvi-
mento da Criança, do Centro Hospi-
talar e Universitário de Coimbra, diz
ao PÚBLICO que não é “claro” quais
os “outcomes mensuráveis” na inte-
racção animal-criança-família para
ser possível avaliar o resultado.
O que existe, continua a docente
da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de Coimbra, é um estudo
publicado no Canadá em 2016 que
revela uma diminuição dos níveis de
stress parental após a introdução de
um cão de assistência. “Ainda assim
teríamos de saber de que tipo de au-
tismo estamos a falar, bem como de
que tipo de família. Ou seja, haverá
muitas variáveis a considerar nestas
conclusões”, ressalva a especialista
em neurodesenvolvimento, admitin-
do que, “se não for nocivo” para a
criança, não vê “contra-indicação”
num cão de assistência.
Também Carlos Nunes Filipe, psi-
quiatra e director clínico da Asso-
ciação Portuguesa para as Perturba-
ções do Desenvolvimento e Autismo
(APPD) em Lisboa, sublinha que não
existem estudos que indiquem que
um cão de assistência possa desem-
penhar um papel no tratamento do
autismo. “É uma perturbação gené-
tica, e por isso um cão não tem im-
plicações na terapêutica”, observa,
acrescentando que eventuais benefí-
cios vão depender de vários factores.
“A criança pode, por exemplo, ter
medo do cão.”
Por outro lado, nota o psiquiatra,
se entre os dois se estabelecer uma
relação de “confi ança e segurança”,
um cão de assistência pode trazer
benefícios para a criança. “Não há
qualquer indicação, mas também
não existe nada em contrário”,
conclui Carlos Nunes Filipe, com-
parando o autismo com outras
Faltam estudos que provem que animais ajudam, mas também não prejudicam
perturbações genéticas como, por
exemplo, a trissomia 21. “Um cão
ou outro animal não vão infl uenciar
o tratamento.”
O último estudo epidemiológico
sobre a prevalência do autismo em
Portugal foi feito em 2000 e coorde-
nado por Guiomar Oliveira. O traba-
lho teve como população-alvo mais
de 330 mil crianças em idade esco-
lar de Portugal continental e Açores,
nascidas em 1990, 1991 e 1992. E per-
mitiu concluir que uma em cada mil
tinha alguma perturbação do espec-
tro do autismo. Números que estão
em linha com outros países.
Tanto Guiomar Oliveira como Car-
los Nunes Filipe recusam a ideia de
que os casos de autismo estejam a
aumentar no país.
“O que está a aumentar é o con-
ceito clínico para o diagnóstico da
perturbação do espectro do autismo,
que é cada vez mais abrangente, tam-
bém em Portugal”, argumenta Guio-
mar Oliveira. O psiquiatra da APPD-
Lisboa concorda.
“O que tem variado é o critério.
Existe hoje uma maior abrangência
e um maior conhecimento, que fa-
zem com que a nossa percepção seja
maior”, explica Carlos Nunes Filipe,
apontando os Açores como a região
do país com maior prevalência de au-
tismo. Do lado oposto está o Alen-
tejo, sendo que no Algarve os casos
são também “raros” em relação ao
resto do país.
O aumento da idade paterna e a
reduzida diversidade genética da po-
pulação de uma determinada região
têm sido apontados como factores
que podem infl uenciar o risco de au-
tismo. Márcio Berenguer
GREGÓRIO CUNHA
Carla Pereira, 47 anos, mãe de Francisco, quer acreditar que Lia vai ajudar a ligar o filho, Francisco, ao mundo
A APCA, que tem também treina-
do animais para a Dinamarca, Suíça,
Alemanha, Luxemburgo, Angola e
vai estar dentro de semanas em In-
glaterra, nasceu em 2014 e integra,
entre treinadores, terapeutas, ve-
terinários e psicólogos, um total de
13 pessoas.
A ideia de constituir uma asso-
ciação sem fi ns lucrativos surgiu
quando uma família bateu à porta
da K9 Training Center, a escola de
treino canino que Rui Elvas mantém
no Estoril, a perguntar se podiam
treinar um cão de assistência para
uma criança diabética. “Percebemos
que essa área não estava a ser traba-
lhada e decidimos criar a associação
para dar resposta a estas situações.”
Para além dos 11 cães treinados para
dar assistência a crianças com autis-
mo, a APCA já entregou outros oito,
para patologias tão distintas como
a diabetes (cães são treinados para
supostamente detectarem crises de
hipoglicemia) ou a mobilidade re-
duzida. O objectivo, diz Rui Elvas, é
continuar a ajudar as pessoas.
1Uma em mil crianças tem uma perturbação do espectro do autismo, diz estudo coordenado por Guiomar Oliveira
Não há qualquer indicação [de que tenham uma função terapêutica], mas também não existe nada em contrárioCarlos Nunes FilipePsiquiatra
PAN, foi incluindo uma alínea que
prevê o apoio fi nanceiro às escolas
que certifi cam os cães de assistência.
Mas até agora nada foi concretizado.
Por isso, a APCA tem de ser criati-
va. “Vamos retirando parcelas das
famílias que podem pagar, para que
outras, que não têm possibilidades
económicas, possam também ser
apoiadas” explica Rui Elvas. Muitas
vezes não é sufi ciente. A associação
tem recorrido ao crowdfunding ou a
eventos para angariação de fundos,
como o que aconteceu em Dezem-
bro, nos Açores.
Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
12 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
SOCIEDADE
Será lançada uma campanha sobre “medidas de autoprotecção”
O alvo são 189 dos 308 municípios
portugueses com freguesias onde há
risco de incêndios fl orestais. As al-
deias vão ter um plano especial que
contempla a existência de planos de
evacuação e locais de refúgio pre-
viamente estabelecidos. Será ainda
indicado um “ofi cial de segurança
da aldeia”, que terá como missão
transmitir avisos à população, or-
ganizar a evacuação do aglomera-
do em caso de necessidade e fazer
acções de sensibilização junto dos
moradores.
As medidas constam dos progra-
mas Aldeia Segura e Pessoas Seguras
que vão ser hoje apresentados pe-
lo Governo com a assinatura de um
protocolo entre a Autoridade Na-
cional de Protecção Civil (ANPC) a
Associação Nacional de Municípios
Portugueses (ANMP) e a Associação
Nacional de Freguesias (Anafre).
Segundo revelou ao PÚBLICO o
Ministério da Administração Interna
(MAI), ainda este mês será feito o
trabalho de organização no terre-
no pelas três entidades envolvidas,
estando prevista a sua implementa-
ção no próximo mês, cabendo aos
municípios e às juntas de freguesia a
sua dinamização junto das diversas
aldeias com risco de incêndios.
O Aldeia Segura — que já tinha si-
do referido pelo primeiro-ministro
a 25 de Março quando vários mem-
bros do Governo estiveram no ter-
reno em acções de limpeza de terre-
nos — bem como o Pessoas Seguras
assentam em três pontos distintos:
“Gestão de combustível, plano de
evacuação de aldeias e campanha
de sensibilização.”
Além da nomeação em cada al-
deia da fi gura do “ofi cial de seguran-
ça”, da sinalização de caminhos de
evacuação e da defi nição de locais
de refúgio, o programa tem ainda
como objectivo “sensibilizar popu-
lações para o que fazer em caso de
incêndio e como evitar comporta-
mentos de risco”. Nesse sentido será
feita uma campanha a nível nacional
Aldeias vão ter planosde evacuação, locais de refúgio e “oficial de segurança”
ADRIANO MIRANDA
IncêndiosLuciano Alvarez
Programa Aldeias Seguras é hoje apresentado. Envolve Protecção Civil, câmaras e juntas de freguesia
para passar nas rádios, televisões,
jornais e redes sociais, com início
previsto para Maio.
Esta campanha terá como tema
“medidas gerais de autoprotecção”:
“É vital a conjugação de esforços en-
tre o poder central e o poder local,
com o objectivo de prevenir e dimi-
nuir os efeitos dos incêndios rurais”,
faz saber o MAI.
O papel das autarquias “vai ser
fundamental” no programa de mo-
do a “incentivar a participação das
populações” e “reforçar a consci-
ência colectiva de que a protecção
e a segurança são responsabilidades
de todos”.
Dez mil kitsCaberá ainda aos municípios “imple-
mentar estratégias de protecção de
aglomerados populacionais face a
incêndios rurais”; “criar dinâmicas e
hábitos com base no conceito de au-
toprotecção”; “familiarizar as popu-
lações com as condutas adequadas
a observar em caso de evacuação
ou confi namento, treinando-as para
esse efeito” e sensibilizar as popula-
ções para “a adopção de práticas e
comportamentos que minimizem o
risco de incêndio rural e aumentem
a segurança das comunidades”.
Já a ANPC compromete-se a pro-
duzir e disponibilizar à ANMP e à
Anafre a “enumeração de critérios
para a identifi cação de locais de
refúgio nos aglomerados” e a “im-
plementação de medidas de pre-
venção, identifi cação de refúgio e
sinalização de evacuação” previstas
nos programas, bem como “a densi-
fi cação da rede automática de avisos
à população”.
Na responsabilidade da Autorida-
de Nacional de Protecção Civil fi cará
ainda a implementação de mecanis-
mos de aviso à população; defi nição
de condutas pessoais de autopro-
tecção a adoptar pelos cidadãos; a
realização de campanhas locais de
sensibilização e de informação so-
bre as medidas autoprotecção e a
realização de exercícios/simulacros
para testar os planos.
Nesse sentido, a ANPC vai tam-
bém lançar uma campanha de
sensibilização de âmbito nacional
direccionada para a diminuição de
comportamentos de risco e para a
adopção de condutas de autoprotec-
ção. Promete igualmente distribuir
sinalética e dez mil kits de autopro-
tecção a nível nacional.
Um jovem de 20 anos morreu ontem
e quatro outros fi caram gravemente
feridos na sequência do despiste, no
concelho de Nisa, de um autocarro
que transportava 48 estudantes. Os
jovens regressavam de uma viagem
de fi nalistas, que os levara a Huelva,
no Sul de Espanha.
Do despiste, que se deu às 17h56,
perto da barragem do Fratel, numa
estrada descrita pelas autoridades
como “perigosa e com muita sinistra-
lidade”, resultaram ainda 29 feridos
ligeiros, que foram encaminhados
para os hospitais de Portalegre, Cas-
telo Branco e Abrantes. Segundo fon-
te do Comando Operacional Distrital
de Portalegre, 15 estudantes foram
assistidos no local, tendo sido depois
encaminhados para a biblioteca mu-
nicipal de Nisa, onde aguardaram pe-
la chegada dos pais.
“Quer os 12 feridos que deram en-
trada no hospital de Abrantes quer
os 15 estudantes e o motorista que
foram encaminhados para Portalegre
não parecem ter lesões de maior e
deverão ter alta nas próximas horas”,
adiantou, ao início da noite, ao PÚ-
BLICO o secretário de Estado adjunto
e da Saúde, Fernando Araújo. A essa
hora tinham já sido afastadas também
as preocupações relativamente a uma
estudante que sofrera um traumatis-
mo cranioencefálico. “Ficará segura-
mente internada, mas está estável e
consciente e os exames não demons-
traram nenhuma lesão major”, acres-
centou Araújo, que mobilizou duas
equipas de psicólogos para apoiar
as vítimas e respectivos familiares.
Mais de 30 dos estudantes aciden-
tados eram fi nalistas da escola secun-
dária Frei Heitor Pinto, na Covilhã,
e os restantes frequentavam outra
escola do concelho de Belmonte. A
viagem foi organizada pela X Travel,
uma empresa especializada em via-
gens de fi nalistas, que, ao início da
noite, segundo adiantou ao PÚBLICO,
estava ainda a tentar apurar as causas
do capotamento do autocarro.
Despiste provoca morte de um estudante
AcidenteNatália Fariae Claudia Carvalho SilvaOs estudantes eram quase todos da Covilhã e vinham de uma viagem de finalistas quando autocarrose despistou
O ministro da Administração Interna garantiu ontem que, pela “primeira vez
desde sempre”, a Liga dos Bombeiros estará presente no Comando Nacional de Operações e que vai haver um aumento superior a 10% na remuneração dos operacionais, quando integrados no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais. “Teremos uma participação reforçada dos bombeiros no dispositivo, numa interligação que lhes permitirá estar presentes ao lado da Autoridade Nacional de Protecção Civil”, afirmou Eduardo Cabrita, explicando ainda que a Liga dos Bombeiros vai estar presente no Comando Nacional e vai assumir funções de ligação “em todos os comandos distritais”. Lusa
Bombeiros vão ganhar mais 10%
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 13
LOCAL
Premiada rede que defende a cultura dos mares e dos rios
A Rede Nacional da Cultura dos Ma-
res e dos Rios (RNCMR) vai ser distin-
guida na edição de 2018 dos Prémios
Excellens Mare, pelo “papel funda-
mental na promoção das culturas
marítimas e de Portugal”, conforme
explica em comunicado a PwC Portu-
gal — entidade responsável pela atri-
buição do prémio. A rede nacional
foi premiada na categoria Identitas
Mare, que reconhece aqueles que se
fazem valer das temáticas marítimas
para impulsionarem projectos que
promovam o desenvolvimento cul-
tural. Este galardão pretende servir
como um “reconhecimento da ex-
celência e do mérito presentes nas
actividades do mar”.
O almirante José Bastos Saldanha,
vice-presidente da RNCMR e membro
da Sociedade de Geografi a de Lisboa
(SGL), diz ao PÚBLICO que o prémio,
que será entregue no sábado numa
cerimónia na Figueira da Foz, é um
“reconhecimento do trabalho reali-
zado e da fi nalidade [da RNCMR]”,
mostrando-se muito satisfeito pela
distinção da organização que foi ini-
ciada por um conjunto de cidadãos
em 2002, na Nazaré. O almirante afi r-
ma que o grupo defende a “preserva-
ção da cultura do mar” através de um
esforço conjunto entre organismos
locais que, através das suas realida-
des distintas, simbolizam o que há de
característico, e distintivo, nos patri-
mónios que se pretendem preservar.
A rede foi criada há 16 anos quan-
do um grupo de cidadãos preocupa-
dos com a perda de infl uência do
mar na cultura portuguesa decidiu
juntar-se e redigir a Declaração da
Nazaré. Esse manifesto — datado
de 11 de Maio de 2002 — tem como
objectivo “proteger, valorizar e di-
vulgar o património, a cultura e as
identidades singulares de cada co-
munidade” relacionada com o mar,
explica Bastos Saldanha, que fez par-
te do grupo inicial de pessoas que
assinaram o documento e entre as
quais estavam Mário Ruivo, biólogo
e antigo governante, o antropólogo
Luís Martins ou o geógrafo Henrique
Souto, por exemplo.
Organismo que reúne cidadãos e instituições espalhadas pelo país vai ser distinguido pelos Prémios Excellens Mare pelo seu trabalho de preservação de património da costa portuguesa
da região sul do país pertencentes à
RNCMR. A Sociedade de Geografi a
de Lisboa, por exemplo, é uma das
principais impulsionadoras.
Ao longo da sua história, o organis-
mo tem promovido vários encontros
e seminários, que funcionam como
um espaço de debate para os mem-
bros da organização. No seminário
mais recente — que decorreu, em du-
as fases, com encontros em Lisboa e
Esposende — a principal preocupa-
ção prendeu-se com o património
identitário e cultural das comunida-
des de sargaceiros.
Uma das lutas mais antigas desta
rede diz respeito às embarcações tra-
dicionais: a preservação de catraias,
catraios, canoas, faluas e muitas ou-
tras tipologias de embarcação — que
constituem marcas identitárias das
comunidades ligadas ao mar — tem si-
PatrimónioMiguel Dantas
PEDRO CUNHA
A preservação das embarcações tradicionais tem sido uma das lutas desta rede que reúne parceiros de todo o país
do prejudicada, consideram, por en-
traves legislativos. Já há mais de meia
década que a RNCMR defende que
estas embarcações possam navegar
com menos restrições, de modo a
manter a memória do seu uso viva
entre as populações.
A coordenadora dos museus mu-
nicipais de Esposende, Ivone Maga-
lhães, explica ao PÚBLICO que “exis-
te um vazio legal” para estas embar-
cações tradicionais, e sugere que
Portugal siga o exemplo espanhol,
onde estas possuem “uma licença
específi ca” que permite o seu funcio-
namento. Os regulamentos de segu-
rança que estas embarcações têm de
cumprir, e que obrigam a adaptações
construtivas, também são um factor
impeditivo para a sua circulação, co-
mo refere a historiadora. Texto edi-tado por Abel Coentrão
sende, Benjamim Pereira, garante
que a RNCMR “não trabalha para
os prémios”, mas assume que esta
distinção constituiu uma “agradável
surpresa”. Relativamente às princi-
pais preocupações da rede, refere a
questão da “erosão costeira”, para a
qual este grupo tem alertado através
de “conferências e fóruns”
O almirante Bastos Saldanha diz
que esta decisão de atribuir a pre-
sidência da RNCMR aos municí-
pios refl ecte a evolução da institui-
ção. De acordo com o almirante, as
entidades locais que fazem parte da
RNCMR têm nos municípios os or-
ganismos que lhes permitem tomar
acção efectiva perante as suas pre-
ocupações: “É a transição de uma
rede de carácter local para nacio-
nal”, atesta. Esse carácter nacional é
confi rmado por várias organizações
A RNCMR promove a cooperação
entre as entidades locais que, com o
passar dos anos, se vão juntando à
rede. Mediante o crescimento dessa
teia de contactos, a presidência do
organismo foi delegada no municí-
pio da Póvoa de Varzim, em 2011.
Passados dois anos, foi a vez de o
município de Esposende assumir a
presidência da rede, mandato bienal
que foi renovado no fi nal de 2016.
O presidente da Câmara de Espo-
A rede nasceu com a aprovação da Declaração da Nazaré, um manifesto datado de 2002
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14 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
Novas baterias de lítio chegam emcinco anos com marca portuguesa
John Bannister Goodenough é um
homem muito alto. Tem 95 anos, um
sorriso rasgado e uma gargalhada
contagiante — porque é demorada,
sonora, enfática. Reservaram-lhe
uma cadeira de rodas para se deslo-
car até à Sala de Actos da Faculdade
de Engenharia da Universidade do
Porto (FEUP), onde decorreu uma
palestra sobre o futuro do armaze-
namento de energia, e na qual ele
era o convidado especial. Mas ele
dispensou-a, e veio pelo próprio pé,
agarrado a uma pequena bengala e
muito sorridente. John Goodenou-
gh não é só grande na compleição.
No currículo, sobretudo, é um gi-
gante, repetidas vezes considerado
pela academia sueca quando chega
a época do Nobel para a área de Físi-
ca. É considerado o pai das baterias
de iões de lítio, a invenção do início
dos anos 1990 que revolucionou o
mundo da tecnologia, e o dia-a-dia
de hoje, com gadgets e equipamen-
tos electrónicos a funcionar sem
fi os, em todo o lado, através de ba-
terias recarregáveis. E por isso já re-
cebeu vários prémios e comendas
internacionais.
Goodenough é professor na Uni-
versidade de Austin, no Texas, e re-
cusa reformar-se. Continua a ir tra-
balhar todos os dias e a liderar uma
equipa de investigadoras para a qual
requisitou Helena Braga, a profes-
sora da FEUP, que naquela palestra
fazia uma espécie de honras das ca-
sa, apesar de actualmente estar em
sabática para poder continuar a in-
vestigação que iniciou no Texas. Es-
tavam ambos em Portugal para falar
do futuro das baterias e da forma de
armazenar energia. Goodenough já
viveu muito, e prepara-se para viver
o tempo sufi ciente para deixar a sua
marca numa outra revolução que,
de novo, irá ter impactos globais: a
do armazenamento de energia e da
mobilidade eléctrica.
Portugal vai ocupar um lugar privilegiado na revolução em curso no sistema de captação, armazenamento e utilização da energia. E não só porque tem uma das maiores reservas mundiais daquele mineral. Quem o diz é Helena Braga, que está entre as peças-chave desta revolução
Energia Luísa Pinto
Nobel tem passado a vida a fazer. E
a única certeza que ele deixou na
palestra em que participou na FEUP
é que será preciso até cinco anos,
no máximo, para a venda desta no-
va geração de baterias já estar no
mercado. Não diz quem as fabricará,
nem em que país. Porque há muitos
contactos com indústrias e marcas
de vários pontos do globo. “Fomos
contactados por mais de 60 empre-
sas”, admitiu Helena Braga. “Mas
pode escrever o que eu digo. Daqui
a cinco anos, já haverá muitas dessas
baterias no mercado. E daqui a 20,
sabemos lá onde estaremos!”
O lugar de PortugalMas o que falta, afi nal, para que essas
baterias comecem a ser vendidas? A
tecnologia está descoberta, investi-
gada, prototipada. A indústria, como
demonstrou a Efacec e a CaetanoBus,
ECONOMIA
O criador da bateria de iões de lítio
sabe do que é que o mercado neces-
sita para que a mobilidade eléctrica
tenha o impulso que já ninguém se
atreve a negar que é tão desejável
quanto necessária. “Já há cidades
no mundo onde não se consegue
respirar. O mundo já está prepara-
do para entrar numa era de pós-car-
bonização”, afi rmou. “Já sabemos
como transformar o sol e o vento em
energia, mas ainda não aprendemos
a armazená-la com efi cácia. É isso
que queremos descobrir. Obrigado
por me terem emprestado a Helena
Braga para descobrirmos esse cami-
nho”, dizia ele sorridente à plateia,
que lotou a sala.
Na verdade, o caminho está mais
ou menos descoberto. E foi Helena
Braga, quando se lembrou de “soli-
difi car” o electrólito que permite que
as baterias de iões de lítio funcionem,
quem o identifi cou. Foi em 2014 que
a investigadora, agora com 46 anos,
fez a primeira publicação sobre a
tecnologia de electrólitos de vidro.
A primeira patente foi assinada por
ela, e por Jorge Ferreira, do Labora-
tório Nacional de Engenharia e Geo-
logia (LNEG). As outras seis já foram
patentes americanas, com a Universi-
dade do Texas ao barulho. Mas Maria
Helena Braga está em todas.
Um electrólito de vidroAs baterias de iões de lítio que ain-
da hoje são usadas, e que John Goo-
denough ajudou a inventar já nos
anos 80 do século passado, usam
electrólitos líquidos para transpor-
tar os íons de lítio entre o ânodo (o
lado negativo da bateria) e o cátodo
(o lado positivo da bateria). Se uma
célula de bateria é carregada muito
rapidamente, pode causar dendri-
tos, causando um curto-circuito que
pode levar a explosões e incêndios
— porque o líquido do electrólito é
infl amável. É preciso revestir cada
uma das células das baterias, estas
tornam-se pesadas e espaçosas. Por
isso, as baterias dos automóveis da
Tesla, por exemplo, o fabricante que
decidiu avançar com a tecnologia
existente, são desmesuradas e ocu-
pam um espaço tão importante nos
carros. A bateria de 85kWh da Tesla
consiste num gigante de 16 módulos
de 444 células cada — o que dá um
total de mais de 7100 células para
uma autonomia ainda considerada
insufi ciente para muitos.
A descoberta de Helena Braga
mudou não só o electrólito, subs-
tituindo o líquido pelo vidro, como
a arquitectura da bateria. E as três
arquitecturas diferentes em que está
a trabalhar — e todas patenteadas —
têm em comum o facto de o electró-
lito não ser infl amável, ser um bom
condutor de iões de lítio e de sódio
(esta é outra novidade importante:
vai ser possível fazer baterias não só
com lítio mas também com sódio,
mineral muito mais fácil de extrair
através da dessalinização da água do
mar, por exemplo), ser mais leve e
não usar materiais perigosos ou não
recicláveis.
A principal inovação destas novas
baterias é fazer depender a capaci-
dade de armazenamento de energia
a partir do ânodo, em vez do tradi-
cional cátodo, através do electrólito
sólido de vidro, que permite a utili-
zação de um ânodo construído em
metais alcalinos sem a formação dos
chamados “dendritos”, e que são o
que provoca os curto-circuitos in-
ternos. Resultado, será uma bateria
mais segura, tem até três vezes mais
capacidade de armazenamento, é
mais leve e mais barata, podendo,
ainda, ser usada em maiores ampli-
tudes térmicas.
“E vai poder armazenar com mais
efi cácia as energias do sol e do ven-
to, para serem usadas quando forem
precisas. E ela ainda não quer que
se diga, mas também já estamos a
estudar baterias que se autocarre-
gam”, avisou Goodenough, dirigin-
do-se à plateia com a intenção, so-
bretudo, de exortar os estudantes e
os engenheiros a “não terem medo
de pensar e de experimentar”. É,
afi nal, o que o eterno candidato ao
E vai poder [a nova bateria] armazenar com mais efi cácia as energias do sol e do vento, para serem usadas quando for preciso
John Bannister GoodenoughProfessor na Universidade de Austin, no Texas
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 15
NELSON GARRIDO
John Goodenough, pai das baterias de iões de lítio, acompanhado à sua direita por Helena Braga e à sua esquerda por Joana Espain, investigadoras da faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
também presentes na palestra, aguar-
dam, ora com serenidade, ora com
impaciência, que o mercado se defi -
na. Tiago Ramos, membro da equipa
de desenvolvimento da mobilidade
eléctrica da CaetanoBus, lembra
que houve alturas em que tiveram
de mudar de tecnologia três vezes no
mesmo ano. A Efacec, a empresa que
há menos de dois meses inaugurou
uma nova unidade de mobilidade
eléctrica e foi directamente desafi a-
da a abraçar o projecto, esclareceu
que não constrói baterias. O seu ne-
gócio é “desenvolver tecnologia que
as carregue rapidamente”, lembrou
Nuno Silva, director de tecnologia e
Inovação do grupo Efacec.
O que temos, então, é um peque-
no grande hiato. Por um lado, existe
um modelo científi co que foi pes-
quisado e prototipado. Por outro,
temos a indústria a tentar antecipar
como as coisas vão evoluir, e de que
lado avançaram mais rápido ou com
maior fi abilidade. “Estar sempre a
mudar de tecnologia não é interes-
sante para ninguém”, sintetiza.
Porque não podem ser os próprios
investigadores, a universidade, a fa-
zer esse trabalho? “Nós fi zemos o
nosso. O que nos compete é ter es-
tabilizado e desenvolvido o que é e
como deve ser cada célula de uma
bateria. Mas falta quem construa
a bateria propriamente dita. Tem
de ser a indústria a fazer esse sca-
le up [subida de nível]”, responde
Helena Braga. John Goodenough é
o que parece mais certo de todos:
“Não se preocupem. Não vai ser
preciso sequer cinco anos para co-
meçarmos a ver essas baterias a ser
construídas e vendidas, um pouco
por todo o lado”, assegura. Só não
diz quem será o primeiro — por-
LNEG experimenta processos de obtenção de lítio mais económicos
Portugal tem a sexta maior reserva mundial de lítio, mas até ao momento o lítio português não é
usado senão em aplicações cerâmicas. Uma das razões prende-se com o custo e a dificuldade em obter carbonato de lítio das reservas existentes no país, sobretudo quando comparada com a “facilidade” com que ele é extraído dos lagos salgados na América do Sul. Por isso são tão importantes os projectos-piloto que o Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) tem vindo a desenvolver.
Em Portugal, o lítio aparece normalmente associado a rochas (pegmatitos), o que obriga a um esforço de extracção do minério, e a sua posterior transformação em metal. Um dos projectos em que o LNEG participou, e em que usou lepidolite proveniente da região de Gonçalo, na Guarda, permitiu descobrir uma fórmula para reduzir o consumo energético da extracção de lítio do minério. “Este método permite reduzir
o consumo energético da extracção de lítio do minério, tornando o processo mais eficiente e económico, pois reduz a temperatura de processamento de cerca de 1000°C no máximo de 150°C”, explica fonte do LNEG. Este projecto foi desenvolvido com equipas do Instituto Superior Técnico e do Centro de Recursos Naturais e Ambiente.
Num outro projecto, financiado pelo H2020, e que conta com a participação da Universidade do Porto (FCUP e FEUP) e parceiros internacionais, o LNEG abre as portas da sua lavaria para um ensaio-piloto que já é o primeiro exemplo da actividade que pode ser desenvolvida pela Unidade Experimental Minero-Metalúrgica, cuja criação foi recomendada ao Governo pelo Grupo de Trabalho do Lítio. Trata-se de um ensaio-piloto industrial de produção de concentrados de lepidolite, imprescindível para a valorização económica dos minérios.
“Este ensaio-piloto foi precedido de um
programa de investigação experimental, em que foi testada a aplicação de várias tecnologias de processamento de minérios para as fases de pré-concentração, nomeadamente a separação óptica e de concentração por flutuação”, lê-se na informação oficial divulgada pelo LNEG, que explica que para além do minério do Jazigo de Alvarrões (Gonçalo-Guarda), foram também trabalhadas amostras dos jazigos de Länttä (Keliber), na Finlândia, e de Cinovec, na República Checa. Fonte do laboratório do Estado confirmou ao PÚBLICO que esta primeira experiência minero-metalúrgica em relação ao lítio já devolveu resultados muito entusiasmantes, “passíveis de serem replicados pela indústria”.
Actualmente, o Governo está a preparar os concursos públicos internacionais com os quais pretende encontrar os concessionários que poderão ficar a explorar as áreas de lítio em Portugal. L.P.
que não pode, e porque não quer.
“As baterias de iões de lítio para
alguns gadgets electrónicos vão con-
tinuar a existir, e vai haver baterias
de electrólitos sólidos para automó-
veis. Isso é que nós queremos ver
acontecer, porque isso é que traz a
mudança de que o mundo necessita.
Vai haver baterias sólidas de lítio pa-
ra uns fabricantes, vai haver baterias
de sódio, que têm menos capacida-
de, mas também serão mais baratas,
para outros”, diz Goodenough.
E qual é o papel que Portugal
pode vir a assumir nessa pequena
grande revolução? Poderá ser, tam-
bém, por ter entre fronteiras uma
das maiores reservas de lítio da Eu-
ropa? Um aluno chegou a perguntar
a Helena Braga se achava viável que
a Tesla instalasse em Portugal uma
nova fábrica de baterias. A investi-
gadora recusou-se a responder em
nome da Tesla, mas não resistiu a
lembrar que Portugal já ocupa um
lugar de reconhecido destaque nes-
ta “pequena grande revolução”.
“Temos sido notícia pelas vezes
em que conseguimos ser auto-
sufi cientes só com a produção de
energia renovável. Já estamos nos
radares do mundo por causa disso”,
admitiu. A última vez foi há apenas
uma semana, altura em que se sou-
be que a produção de electricidade
renovável no mês de Março ultrapas-
sou o consumo de Portugal conti-
nental, algo “inédito” e considerado
um marco histórico. O que Helena
Braga não quis admitir é que Portu-
gal está no centro desta revolução
também por causa dela. John Goo-
denough, do alto dos seus 95 anos,
não se cansou de o dizer.
Fomos contactados por mais de 60 empresas (...). Daqui a cinco anos, já haverá muitas dessas baterias no mercado
Helena BragaProfessora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
6.ªPortugal tem a sexta maior reserva mundial de lítio, mas até ao momento o lítio português não é usado senão em aplicações cerâmicas
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16 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
ECONOMIA
Portugal está melhor. Vive o seu
melhor desempenho económico
e fi nanceiro de várias décadas.
Em 2017, o PIB cresceu
2,7% e o emprego 3,2%. Este
crescimento traduziu-se num
défi ce público de 0,9% do PIB, o
mais baixo da nossa democracia.
O excedente primário fi xou-
se em 3%. A dívida pública
caiu mais de quatro pontos
percentuais.
O desempenho das contas
públicas é assinalável. Os
portugueses cumpriram os seus
compromissos. E continuarão a
fazê-lo.
Esta credibilização permite
que Portugal possa usufruir
plenamente dos benefícios do
crescimento económico atual da
Europa.
Portugal cresce, aliás, mais
do que a Europa. O emprego e o
investimento crescem o dobro
da média da União Europeia. O
desemprego cai mais do que em
qualquer outro país da área do
euro.
Mas fruindo do momento,
temos de nos preparar para o
futuro. Não podemos perder
mais uma oportunidade.
Perante cenários económicos
mais adversos, o passado
recente na área do euro
mostrou que o saldo das contas
públicas se deteriora em média
três pontos percentuais. Em
Portugal, a experiência viva na
nossa memória comprova-o.
Assim, a trajetória de melhoria
do saldo orçamental em 2017
foi essencial para garantir que o
país atinja o objetivo de médio
prazo e não volte a entrar
em Procedimento por Défi ce
Excessivo.
Cumprir compromissos
Cumprimos na íntegra os
compromissos assumidos para
2017.
As prestações sociais fi caram
a um milhão de euros do
previsto. Em 35.600 milhões de
euros de execução é um desvio
de 0,0028%!
O conjunto da despesa com
consumo intermédio, pessoal
e corrente, num total de 36,2
mil milhões de euros, fi cou 51
milhões abaixo do previsto, um
desvio de apenas 0,14%!
A despesa primária aumentou
os 2% previstos face a 2016. Mas
em algumas áreas o crescimento
foi superior.
No SNS, a despesa cresceu
3,5% em 2017. Mas, entre
fevereiro de 2015 e fevereiro de
2018, o crescimento da despesa
com saúde atinge os 13%. Na
escola pública, em 2017, a
despesa com pessoal cresceu
1,6% e com bens e serviços
cresceu 5,3%.
É, pois, falsa a ideia de que o
défi ce tenha sido atingido por
reduções do lado da despesa
dedicada ao funcionamento dos
serviços públicos.
A melhoria dos indicadores
orçamentais não foi transversal
aos diferentes subsetores da
administração pública. Nas
autarquias locais, a despesa
efetiva cresceu mais de
9%, tendo-se, igualmente,
deteriorado o saldo orçamental
nas regiões autónomas.
Mais crescimento...
O desempenho económico
português é excelente. O
crescimento superior a 2%
ocorre num ambiente de
redução da dívida do Estado,
das famílias e das empresas,
que se traduz na redução do
endividamento externo e num
aumento da poupança. Em 2007,
o crescimento de 2,5% ocorreu
com um défi ce orçamental de
3%, mais do triplo do de 2017.
Entre 1996 e 2001, o crescimento
económico médio situou-se no
3,7%, mas os défi ces foram em
média de 4,0%.
O crescimento da atividade
económica e o aumento sem
precedentes do emprego em
Portugal estão na origem de
uma receita fi scal e contributiva
superior à esperada.
Em 2017, houve mais
430 milhões de euros de
OpiniãoMário Centeno
A credibilidade da política económica, 2017
havido lugar a alterações nas
taxas dos principais impostos,
isto é, sem aumento do
esforço fi scal das famílias e das
empresas portuguesas.
... e menos despesa com juros
A redução da fatura com juros
face ao orçamentado, menos
contribuições sociais e mais 450
milhões de receitas correntes
(inclui fi scais) do que o previsto
no Programa de Estabilidade
(PE) de 2017, sem que tenha
Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 17
ECONOMIA
MIGUEL MANSO
O défi ce fi cou mil milhões de euros abaixo do previsto há um ano no Programa de Estabilidade. Metade deste resultado deveu-se à menor despesa em juros, a outra metade foi possibilitada pelo crescimento económico
adiados, investimentos em
capital nos maiores bancos foi
essencial.
Podemos querer procurar
mais indicadores para o trabalho
que tem vindo a ser feito, mas
nada é mais positivo para os
portugueses do que a colossal
redução do pagamento de juros.
E assim reforçamoso investimento
O investimento público cresceu
25% em 2017. O Estado investiu
mais 682 milhões de euros do
que em 2016. O investimento
deve ser devidamente planeado
e executado.
Em 2017, cumprimos também
na despesa de capital, que
fi cou apenas 2% abaixo do
inscrito no PE de 2017, apesar
da redução da receita de capital
e da execução de fundos mais
reduzida nesta fase do PT2020.
Em suma, o défi ce fi cou mil
milhões de euros abaixo do
previsto há um ano no Programa
de Estabilidade. Metade deste
resultado deveu-se à menor
despesa em juros, a outra
metade foi possibilitada pelo
crescimento económico.
Gerar confiança
Sem a credibilidade da execução
orçamental de 2016 e 2017, que
só esta solução governativa
trouxe ao país, não teríamos
a redução de juros observada,
nem o ganho de confi ança
interna e externa, que trouxe
o crescimento económico, o
investimento e o emprego.
Estes saldos orçamentais
são historicamente baixos
para Portugal. Mas não são
extraordinários nos outros países
europeus. Podemos tomar como
exemplo a experiência da Bélgica
que reduziu o rácio da dívida
pública de 130,5% em 1995, um
valor próximo do registado em
Portugal em 2016, para 94,7% em
2005.
A trajetória de redução do
défi ce deve ser equilibrada, mas
efetiva. Se em 2017 cumprimos
essa redução com mais despesa
na saúde, mais despesa na
educação e menos despesa
com juros, devemos manter
esse equilíbrio no futuro. Para
o conseguir, temos de manter
a trajetória de redução da
dívida, manter o esforço de
racionalização e de efi ciência da
despesa pública.
A execução orçamental em
2018 é disso um exemplo.
Temos um reforço da despesa
social bastante mais forte do
que em 2016 e 2017. Iniciámos
o processo de valorização das
carreiras, depois de sete anos
de congelamento. Reduzimos
as taxas de IRS para todas as
famílias portuguesas.
Sabemos o valor destas
políticas para famílias com
taxas de poupança reduzidas
em consequência da crise, do
desemprego, da emigração
e do aumento dos impostos.
Mas também sabemos que
o futuro se constrói hoje
e sem estabilidade não o
conseguiremos alcançar.
O Governo continuará
a devolver confi ança com
políticas que criem emprego
e conduzam ao aumento do
investimento. Continuará,
também, a apostar em áreas
fundamentais para o nosso
futuro como a Educação e a
Saúde, assegurando margem
fi scal e orçamental para fazer
face a futuras crises. Para que
os resultados conquistados não
sejam efémeros.
Os poderes públicos são a
maior fonte de “paciência” e
estabilidade numa sociedade.
O contrário é o berço do
populismo das receitas fáceis.
No fi nal desta legislatura,
face às condições iniciais que se
caracterizavam por um sistema
bancário em crise e em iminente
resolução, em que imperava a
falta de confi ança, o pagamento
de juros terá diminuído mais de
800 milhões de euros. Não há
nenhum indicador melhor do
que este para sintetizar o sucesso
da economia e da sociedade
portuguesa, porque este é o
único que chega mesmo a todos
os portugueses.
E, podem crer, não o vamos
colocar em risco. Devemos isso a
Portugal.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
455 milhões de euros, explica
também a melhor execução
orçamental de 2017. A saída
do Procedimento por Défi ce
Excessivo, a melhoria do rating e
o reembolso antecipado de parte
da dívida ao FMI são as causas
próximas desta redução.
O comportamento no
mercado da dívida é, sem
dúvida, o resultado do rigor
e da credibilidade da política
económica. A estabilização
do setor fi nanceiro, com a
concretização dos, sempre
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18 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
MUNDO
A prisão não é o fi m do candidato à presidência e o PT aposta nisso
Às primeiras horas da primeira ma-
nhã que Lula da Silva passou preso
já se viam as primeiras tendas e até
casas de banho portáteis trazidas pe-
los apoiantes do ex-Presidente para
as imediações do edifício da Superin-
tendência em Curitiba. Será ali mon-
tado o quartel-general do movimento
de resistência contra aquilo que di-
zem ser a prisão ilegítima de Lula,
com o objectivo único de impedir a
esquerda de regressar ao poder.
A primeira noite de Lula na pri-
são foi “tranquila”, de acordo com
um comunicado emitido pelo Par-
tido dos Trabalhadores, em que foi
também deixado o apelo para que os
seus apoiantes inundem o local com
cartas dirigidas ao ex-Presidente. São
esperados cerca de 40 autocarros
com pessoas para se concentrarem
em Curitiba nos próximos dias, diz
o jornal Folha de São Paulo.
Menos tranquila parece ser a dis-
cussão em curso no seio do partido,
que enfrenta agora a orfandade, ao
ver o seu líder histórico na prisão e
em sério risco de não poder apre-
sentar-se como candidato às eleições
presidenciais de Outubro. A impren-
sa brasileira dá conta de um debate
interno entre os que defendem a con-
tinuidade de Lula na “chapa” eleito-
ral e os que pedem a contemplação
de um “plano B”.
Ofi cialmente, a estratégia do PT
continua a ser uma só — a de manter
a candidatura Lula, independente-
mente do que venha a acontecer. A
detenção de sábado não mata, por
si só, as hipóteses de Lula continuar
como candidato, mas muito daquilo
que será o futuro do homem que li-
dera as intenções de voto está depen-
dente dos prazos dos tribunais.
O grande entrave à candidatura
de Lula chama-se Lei da Ficha Lim-
pa, ironicamente aprovada em 2010
durante a sua própria presidência, e
que inviabiliza que políticos conde-
nados em segunda instância possam
candidatar-se a cargos públicos. Essa
é precisamente a situação de Lula,
depois da decisão do Tribunal Regio-
nal Federal de Porto Alegre, que em
O novo quartel-general dos apoiantes de Lula da Silva passou a ser Curitiba, onde já está montado um acampamento. Ninguém quer sequer ouvir falar de um “plano B” para as eleições de Outubro
a candidatura de Lula, há sempre a
possibilidade de serem apresentados
recursos, adiando por mais tempo a
sua inviabilização defi nitiva. Ao mes-
mo tempo, permanece em cima da
mesa uma eventual reversão por
parte do Supremo Tribunal Federal
da decisão de permitir a prisão de
condenados em segunda instância.
Esta semana, o STF vai pronunciar-
se sobre casos que envolvem outros
condenados no âmbito da Lava-Jato
e a defesa de Lula vai tentar que a
questão volte a estar na agenda.
O factor crucial é o tempo que to-
das estas decisões podem vir a tomar.
Se forem lentas, Lula pode chegar
ao dia da primeira volta ainda como
candidato, e ver a candidatura inva-
lidada antes da eleição fi nal — abrin-
do caminho à passagem do terceiro
BrasilJoão Ruela Ribeiro
ANTONIO LACERDA/EPA
Curitiba vai passar a ser o quartel-general dos apoiantes de Lula da Silva, que prometem não arredar pé
mais votado a progredir para a se-
gunda volta. Num caso extremo, é
até possível que Lula possa vencer
as presidenciais, mas a sua candida-
tura seja anulada por uma decisão
judicial já como Presidente eleito, diz
a BBC. Seriam então convocadas no-
vas eleições.
A estratégia de manter a candi-
datura de Lula o máximo de tempo
possível “faz sentido, pressupondo
que os prazos da Justiça serão demo-
rados”, diz ao site UOL o professor
da Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais, Malco Camargos.
No entanto, avisa, “temos visto que,
com Lula, o tempo da Justiça tem si-
do sempre diferente, mais rápido do
que o normal”.
presidenciais, algo que deve acon-
tecer até 17 de Setembro. Enquanto
essa avaliação é feita, a candidatura
pode organizar acções de campanha,
mesmo com Lula preso. Cabe ao juiz
que o condenou, Sergio Moro, ou ao
responsável pela execução da pena,
estabelecer de que forma poderá Lu-
la exercer esse direito.
Meios para campanha“Se a lei permite que a pessoa seja
candidata enquanto seu caso está em
análise, devem ser dados os meios
para fazer a campanha”, disse à BBC
Brasil um procurador eleitoral sob
anonimato. Seria então possível que
Lula pudesse abandonar o local de
detenção para gravar anúncios de
campanha, por exemplo.
Mas mesmo que o STE decida vetar
Muito daquilo que será o futuro da candidatura de Lula da Silva à presidência está dependente dos prazos dos tribunais [email protected]
Janeiro confi rmou a condenação por
corrupção e lavagem de dinheiro e
aumentou a pena para 12 anos e um
mês de prisão.
No entanto, a aplicação da Lei da
Ficha Limpa só será possível no mo-
mento em que o Supremo Tribunal
Eleitoral apreciar as candidaturas às
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 19
Lula da Silva: os tribunais o condenam, a história o absolverá
O processo Lula da Silva põe
a nu de forma gritante que
algo está podre no sistema
judicial brasileiro, evidenciando
procedimentos e práticas
incompatíveis com princípios e
garantias fundamentais de um
Estado de direito democrático, os
quais devem ser denunciados e
democraticamente combatidos.
Totalitarismo e selectividade
da acção judicial. O princípio
da independência dos tribunais
constitui um dos princípios
básicos do constitucionalismo
moderno como garantia do direito
dos cidadãos a uma justiça livre
de pressões e de interferências,
quer do poder político quer
de poderes fácticos, nacionais
ou internacionais. O reforço
das condições de efectivação
daqueles princípios dá-se através
de modelos de governação do
judiciário com ampla autonomia
administrativa e fi nanceira. Mas,
numa sociedade democrática, esse
reforço não pode resvalar para
um poder selectivo e totalitário,
sem fi scalização e sem qualquer
sistema de contrapesos. O
processo Lula da Silva evidencia
um judiciário em que tal
resvalamento está em curso. Eis
dois exemplos. É clara a disjunção
entre o activismo judiciário contra
Lula da Silva — célere, efi caz e
implacável na acção (Sérgio Moro
decretou a prisão de Lula escassos
minutos após ser notifi cado da
decisão de indeferimento do
habeas corpus, do qual ainda
era possível recorrer, e desde a
denúncia à execução da pena
decorreram menos de dois anos)
— e a lentidão da acção judicial
contra Michel Temer e outros
políticos da direita brasileira. E
não pode colher o argumento de
que essa inacção foi bloqueada
por manobras do poder político
porque não se conhece igual
activismo do judiciário na
denúncia dessas manobras e em
procurar ultrapassá-las. O segundo
é a restrição totalitária de direitos
e liberdades constitucionalmente
consagradas. Num Estado
de direito democrático, os
tribunais têm de ser espaços de
aprofundamento de direitos.
Ora, o que se assiste no Brasil
é precisamente o contrário. A
Constituição brasileira determina
que ninguém será considerado
culpado até ao trânsito em julgado
de sentença condenatória, isto
é, até que se esgotem todas as
possibilidades de recurso. A
Constituição Portuguesa tem
uma norma semelhante, e
não se imagina que o Tribunal
Constitucional português viesse
determinar que uma pessoa fosse
presa com o seu processo em
recurso no Supremo Tribunal
de Justiça. Ora, foi isso mesmo
o que a maioria dos juízes do
Supremo Tribunal Federal
brasileiro fez: restringiu direitos
e liberdades constitucionais ao
determinar que, mesmo não
tendo o processo transitado em
julgado, Lula da Silva poderia
começar a cumprir pena. Qual
a legitimidade social e política
do poder judicial para restringir
direitos e liberdades fundamentais
constitucionalmente consagrados?
Como pode um cidadão ou uma
sociedade fi car à mercê de um
poder que diz ter razões legais que
a lei desconhece? Que confi ança
pode merecer um sistema judicial
que cede a pressões militares
que ameaçam com um golpe se a
decisão não for a que preferem,
ou a pressões estrangeiras, como
as que estão documentadas de
interferência do Departamento
de Justiça e do FBI dos EUA no
sentido de agilizar a condenação e
executar a prisão de Lula?
Falta de garantias do processo
criminal. O debate mediático
em torno da prisão de Lula
enfatiza o facto de o processo
ter sido apreciado e julgado
por um tribunal de segunda
instância que não só confi rmou
a sua condenação como ainda
agravou a pena. Este agravamento
obrigaria a uma justifi cação
adicional de culpabilidade.
Infelizmente, a hegemonia
ideológica de direita que domina
o espaço mediático não permite
um debate juridicamente sério
a este respeito. Se tal fosse
possível, compreender-se-ia quão
importante é questionar as provas
materiais, as provas directas dos
factos em que assentou a acusação
e a condenação. Ora essas
provas não existem no processo.
A acusação e a condenação a
12 anos de prisão de Lula da
Silva funda-se, sobretudo, em
informações obtidas através de
acordos de delação premiada
e em presunções. Acresce que
as condições de recolha e de
validação da prova difi cilmente
são escrutináveis, dado que quem
preside à investigação e valida as
provas é quem julga em primeira
AnáliseBoaventura Sousa Santos
instância, ao contrário do que, por
exemplo, acontece em Portugal,
onde o juiz que intervém na fase
de investigação não pode julgar
o caso, permitindo, assim, um
verdadeiro escrutínio da prova.
O domínio do processo, na fase
de investigação e de julgamento,
por um juiz confere a este um
poder susceptível de manipulação
e de instrumentalização política.
Compreende-se a magnitude do
perigo para a sociedade e para o
regime político no caso de este
poder não se autocontrolar.
Instrumentalização da luta
contra a corrupção. O debate sobre
o caso Lula protagonizado por
um sector do judiciário polariza
o combate contra a corrupção,
colocando de um lado os actores
judiciais do processo Lava-
Jato, a eles colando o combate
intransigente contra a corrupção,
e do outro todos aqueles
que questionam métodos de
investigação, atropelos aos direitos
e garantias constitucionais,
defi ciências da prova, atitudes
totalitárias do judiciário,
selectividade e politização
da justiça. Essa polarização
é instrumental e visa ocultar
justamente atropelos vários
do judiciário, quer quando age
quer quando se recusa a agir. O
roteiro mediático da demonização
do PT é tão obsessivo quanto
grotesco. Consiste na seguinte
equação: corrupção-igual-a-Lula-
igual-a-PT. Quando se sabe que
a corrupção é endémica, atinge
todo o Congresso e supostamente
o actual Presidente da República.
O Estado de São Paulo de 7 de
Abril é paradigmático a este
respeito. Conclui o roteiro com a
seguinte diatribe: “A exemplo do
que aconteceu com Al Capone, o
célebre gângster americano que
foi preso não em razão de suas
inúmeras actividades criminosas,
mas sim por sonegação de
impostos, o caso do triplex, que
rendeu a ordem de prisão contra
Não vamos sair de Curitiba. A nossa prioridade é a libertação de LulaGleisi HoffmannPresidente nacional do PT
Lula, está muito longe de resumir
o papel do ex-presidente no
petrolão.” Esta narrativa omite
o mais decisivo: no caso de Al
Capone, os tribunais provaram de
facto a sonegação dos impostos,
enquanto, no caso de Lula da
Silva, os tribunais não provaram
a aquisição do apartamento. Por
incrível que pareça, da leitura das
sentenças tem de concluir-se que
a suposta prova é mera presunção
e convicção dos magistrados.
A campanha antipetismo faz
lembrar a campanha anti-
semitismo dos tempos do
nazismo. Em ambos os casos, a
prova para condenar consiste
na evidente desnecessidade de
provar.
Os democratas e os muitos
magistrados brasileiros que com
probidade cívica e profi ssional
servem o sistema judicial sem
se servirem dele têm uma tarefa
exigente pela frente. Como sair
com dignidade deste pântano
de atropelos com fachada legal?
Que reforma do sistema judicial
se impõe? Como organizar os
magistrados dispostos a erguer
trincheiras democráticas contra
o alastramento viscoso de um
fascismo jurídico-político de
tipo novo? Como reformar o
ensino do direito de modo a
que perversidades jurídicas
não se transformem, pela
recorrência, em normalidades
jurídicas? Como devem as
magistraturas autodisciplinar-se
internamente para que os coveiros
da democracia deixem de ter
emprego no sistema judicial? A
tarefa é exigente, mas contará com
a solidariedade activa de todos
aqueles que em todo o mundo
têm os olhos postos no Brasil e
se sentem envolvidos na mesma
luta pela credibilidade do sistema
judicial enquanto factor de
democratização das sociedades.
A campanha antipetismo faz lembrar a campanha anti--semitismo do nazismo. Em ambos os casos, a prova para condenar consiste na evidente desnecessidade de provar
Director do Centro de Estudos Sociais
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 21
As imagens são aterradoras e lem-
bram outras imagens, outras crian-
ças mortas em fi la, algumas crianças
vivas, com máscaras para as ajudar
a respirar. Diferentes ONG médicas
e os Capacetes Brancos, grupo de
resgate que actua nas áreas rebel-
des da Síria, asseguram que foi
usado gás de cloro e outro gás que
não identifi cam no ataque contra
Douma, que matou pelo menos 70
pessoas.
Bashar al-Assad e Governo de
Moscovo garantem que o ataque
com armas químicas neste último
bastião de rebeldes nos arredores
de Damasco não aconteceu e que
as imagens “são fabricadas”. O re-
gime sírio nunca admitiu atacar a
sua população com armas quími-
cas, mas já o fez várias vezes no pas-
sado, como confi rmam as Nações
Unidas em diferentes relatórios e a
União Europeia.
Segundo testemunhos que che-
gam da cidade cercada por tropas
leais a Assad, é provável que o nú-
mero de mortos dos bombardea-
mentos de sábado cresça. Há quem
fale de 150 mortos. A confi rmar-se,
este pode vir a ser o pior ataque
com este tipo armamento desde
o de Agosto de 2013, quando 1400
pessoas (incluindo 400 crianças)
morreram em raides com gás sarin
na mesma região.
Na altura, a Administração de Ba-
rack Obama ameaçou Assad com
uma intervenção — o uso de armas
de destruição maciça era a “linha
vermelha” imposta pela Casa Bran-
ca. O que acabou por se seguir foi
um acordo negociado por Mosco-
vo para a Síria inventariar e abdicar
de todas as suas armas químicas,
mas sabe-se que continuaram a ser
usadas em diferentes zonas do país,
como Alepo.
Agora é Donald Trump que ame-
aça Assad: “um animal” que “pa-
gará um preço muito alto” por es-
te “ataque irracional”, escreveu o
Presidente americano no Twitter.
“Neste momento estamos a anali-
sar o ataque”, disse à televisão ABC
De acordo com os Capacetes Brancos, “70 pessoas sufocaram até à morte”, mas as vítimas poderão ser mais. Douma é o último bastião rebelde nos arredores de Damasco e está sob intensos bombardeamentos
balha com hospitais sírios, confi r-
maram a morte de pelo menos 70
pessoas junto de médicos que se en-
contram em Douma. “Já há muito
poucos médicos para tratar tantas
vítimas”, acrescenta ainda Ahmad
Tarakji, presidente da SAMS.
Famílias inteirasHá relatos de famílias inteiras mor-
tas na cave das suas casas, onde ti-
nham procurado abrigo dos cons-
tantes bombardeamentos. Tawfi q
Shamaa, um médico sírio a viver em
Genebra, membro da UOSSM, disse
também à Reuters que os mortos
são 150. “A maioria são civis, mu-
lheres e crianças encurraladas em
abrigos subterrâneo.”
“Armas químicas como o gás de
cloro chegam às caves. As pessoas
que lá estavam fi caram intoxicadas,
por isso é que há tantas vítimas”, ex-
plica Shamaa. De acordo com vários
residentes, em Douma estão ainda
SíriaSofia Lorena
EMAD ALDIN/EPA
Entre as muitas imagens de pessoas mortas, chegam também algumas de sobreviventes
mais de cem mil pessoas cercadas
e a precisar de assistência urgente.
A pedido dos EUA e de outros di-
plomatas, o Conselho de Segurança
da ONU deverá reunir-se hoje para
debater este último ataque.
Douma é a única cidade da região
de Ghouta Oriental, nos arredores
de Damasco, a escapar ao controlo
do regime. Ghouta resiste há quatro
anos a um cerco, mas desde Feve-
reiro que a falta de alimentos aliada
aos duros bombardeamentos russos
e ao avanço de forças terrestres sí-
rias e libanesas tem permitido ao re-
gime recuperar o controlo de quase
toda a área.
Segundo o Observatório Sírio
dos Direitos Humanos (associação
ligada à oposição com uma rede de
activistas e médicos no terreno), a
ofensiva contra Ghouta já matou
mais de 1600 civis.
Assad “pagará” por ataque químico que fez dezenas de mortos, diz Trump
MUNDO
No ano passado, os Estados Unidos
lançaram 59 mísseis contra uma ba-
se aérea síria em resposta a um ata-
que com gás sarin atribuído a Assad.
“Setenta pessoas sufocaram até à
morte e centenas continuam a sufo-
car”, disse à Al-Jazira Raed al-Saleh,
chefe dos Capacetes Brancos. Se-
gundo Saleh, a maioria das vítimas
são mulheres e crianças.
“Douma tem sido sujeita a inten-
sos ataques aéreos e a maior parte
da cidade está destruída”, descre-
veu à mesma televisão o médico
Moyaed al-Dayrani. “Agora estamos
a lidar com mais de mil casos de pes-
soas com problemas para respirar
depois de a bomba-barril com gás
de cloro ter sido largada. O número
de mortos deverá aumentar.”
Diferentes organizações, como a
Associação Médica Sírio-Americana
(SAMS, na sigla inglesa) ou a União
de Organizações de Ajuda Médica
(UOSSM), ONG americana que tra-
“A maioria dos mortos são civis, mulheres e crianças encurraladas em abrigos subterrâneos”
Thomas Bossert, conselheiro de Se-
gurança Interna e Contraterrorismo
da Casa Branca. “Todas as opções
estão em cima da mesa”, acrescen-
tou Bossert.
“Muitos mortos, incluindo mu-
lheres e crianças, em ataque QUÍ-
MICO irracional na Síria”, escreveu
Trump. “A área das atrocidades está
cercada pelo Exército Sírio, com-
pletamente inacessível ao resto do
mundo. Presidente [Vladimir] Pu-
tin, a Rússia e o Irão são responsá-
veis por apoiarem o Animal Assad.”
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22 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
MUNDO
“Só temos uma via, construir a República catalã, dentro ou fora”
OMER MESSINGER/EPA
Carles Puigdemont em Berlim, rodeado de deputados catalães e de outros apoiantes
O historiador Agustí Colomines não
precisa de esperar. Já sabe que “o
referendo de 1 de Outubro foi a ma-
nifestação democrática mais impor-
tante na Catalunha”. Aconteça o que
acontecer. “Para a nossa geração,
para quem viveu o 1 de Outubro, é
equivalente à chegada da democracia
para os nossos pais e a guerra de 1936
para os nossos avós”.
Colomines também é político,
deputado da Coligação Juntos pela
Catalunha ( JxC), liderada a partir de
Bruxelas por Carles Puigdemont, o
líder destituído por Madrid depois de
declarar a independência e organizar
o referendo de 1 de Outubro.
Como Colomines, todos os inde-
pendentistas que na sexta-feira à
noite passaram por Lisboa para uma
sessão de solidariedade “com os pre-
sos políticos” continuam a referir-se
a Puigdemont como president.
A sessão decorreu no Auditório Al-
meida Santos da Assembleia da Re-
pública, uma sala com 200 lugares
que não chegaram para a audiência
que quis ouvir representantes dos
três partidos independentistas e da
Associação Nacional Catalã, a maior
organização civil pró-soberanismo.
A iniciativa, aberta pelo politólogo
André Freire e encerrada pelo his-
toriador Fernando Rosas, segue-se
ao abaixo-assinado que ambos (e
Manuel Loff ) promoveram a exigir
a liberdade dos políticos catalães, um
manifesto assinado por deputados
do Bloco de Esquerda, do Partido So-
cialista, do Partido Comunista, pelo
deputado do PSD Ulisses Pereira e
pelo deputado do PAN, André Silva,
entre outros. Na sessão, os catalães
tiveram na mesa a seu lado o depu-
tado socialista Tiago Barbosa Ribeiro
e a bloquista Isabel Pires.
Colomines, protagonista de uma
das intervenções mais aplaudidas,
quis sublinhar que “a luta da Cata-
lunha é a luta dos direitos cívicos e
políticos de todos”.
“Só temos uma via, construir a
República. É isso ou a morte. Seja
dentro ou fora do país”, afi rmou.
Para Colomines, é urgente que os
deputados do Parlamento autonómi-
co consigam investir um presidente,
mas “esse será apenas instrumental”
e “servirá para recuperar a autono-
mia” — o artigo 155 da Constituição,
que permitiu a Madrid assumir a go-
vernação da Catalunha, fi cará em vi-
gor até à formação de um governo.
“Não precisamos de Puigdemont
na Catalunha. Se for o caso, come-
çamos a construir a República fora”,
disse Colomines. Em declarações ao
PÚBLICO, o deputado afi rmou acre-
ditar que será possível formar um
novo executivo “em duas semanas”,
admitindo que isso aconteça sem o
apoio da CUP (Candidatura de Unida-
de Popular). Depois de terem tentado
e falhado investir Puigdemont (que
não apareceu), Jordi Sànchez (ex-lí-
der da ANC e “número dois” da JxC,
que o juiz não deixou sair da cadeia),
os dois grandes grupos parlamenta-
res independentistas, JxC e ERC (Es-
querda Republicana da Catalunha),
viram os quatro deputados da CUP
chumbar a investidura de Jordi Turull
( JxC), entretanto preso.
Da prisão de Sànchez, a 16 de Ou-
tubro, falou Adrià Alsina, da ANC,
que recordou que só pôde abraçá-lo
e desejar-lhe “boa sorte” antes de o
ver entrar na Audiência Nacional de
Madrid. Sànchez, acusado de “sedi-
ção” por causa de uma manifestação
a 20 de Setembro, prestara declara-
ções de manhã; no regresso à sala do
tribunal, à tarde, a juiz Carme Lame-
la ordenou a prisão preventiva sem
possibilidade de fi ança.
Agradecendo a “normalidade actu-
al” a um representante da embaixada
de Espanha que viu na assistência, o
deputado da ERC Ferran Civit disse
ter começado a semana “com mem-
bros da Generalitat no exílio” e que
a terminaria sábado, na cadeia de Es-
tremera, a visitar “o vice-presidente
da Generalitat” destituído (e presi-
dente do seu partido), Oriol Junque-
ras. “É esta a normalidade que me
permite o Estado espanhol”.
Mireia Cantenys, da CUP, celebrou
a decisão dos juízes alemães, que não
admitiram a acusação de rebelião na
petição de entrega de Puigdemont
emitida pela Justiça espanhola. “Esta
semana, o Estado espanhol foi um
pouco mais desmascarado”.
Representantes de todos os partidos independentistas estiveram em Lisboa numa sessão de solidariedade com os políticos na cadeia. Deputado do partido de Puigdemont diz que ele nem é preciso em Barcelona
CatalunhaSofia Lorena
Madrid critica “declarações infelizes” de Berlim sobre Puigdemont
Governo de Rajoy claramente embaraçado com decisão judicial alemã
Oministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha recusou ontem alimentar o “historial de tensões” com a
Alemanha depois de um tribunal federal do país ter recusado o pedido de entrega pelo delito de rebelião do líder catalão destituído, Carles Puigdemont. Interrogado à margem da Convenção Nacional que o PP realiza em Sevilha, Alfonso Dastis defendeu a necessidade de “despolitizar” o assunto.
A decisão do Tribunal Supremo do estado de Schleswig-Holstein, na quinta-feira, deixou o Governo de Mariano Rajoy claramente embaraçado. Os juízes consideram que a acusação de rebelião (já há 13 dirigentes independentistas
pronunciados por este crime no Tribunal Supremo, em Madrid) é inadmissível por não se cumprir o “requisito de violência” — o que põe em causa a estratégia da Justiça espanhola e do próprio Governo contra os organizadores do referendo sobre a independência.
A ministra alemã da Justiça, a social-democrata Katarina Barley, considerou a decisão “absolutamente correcta”, dizendo ainda que “esperava” que os juízes deixassem Puigdemont em liberdade sob fiança, como aconteceu. Barley disse até que se o Supremo espanhol não justificasse que o catalão cometeu outros delitos, este passaria a ser
“um homem livre num país livre, quer dizer, na Alemanha”. Para Dastis, estas foram “declarações infelizes”.
Ao mesmo tempo que recusaram aceitar a entrega de Puigdemont, detido a 25 de Março, quando regressava de carro a Bruxelas, os juízes aceitaram avaliar o procedimento por desvio de
fundos. Se a decisão final for favorável à extradição por este
crime, o ex-diridente não poderá ser julgado por outros delitos em Espanha, pelo menos antes de ser julgado pelo de corrupção.
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 23
MUNDO
SIMON DAWSON/REUTERS
Ainda havia longas filas de eleitores, mesmo depois da hora do fecho das urnas
As eleições legislativas húngaras de
ontem fi caram marcadas por uma
forte participação, que obrigou ao
adiamento da divulgação das pro-
jecções dos resultados. À hora de
fecho desta edição, muito tempo
para lá do fecho ofi cial das mesas
de voto, ainda permaneciam fi las
de eleitores à espera para depositar
o voto. Sondagens à boca das urnas
apontavam para uma tendência de
descida dos partidos que suportam
o Governo, pondo em risco a maio-
ria qualifi cada que detinham na As-
sembleia Nacional.
Desde 2010 que a coligação lide-
rada pelo partido anti-imigração
Fidesz venceu duas eleições com
maiorias de dois terços, que possibi-
litou fazer uma nova Constituição.
Para a queda dos partidos go-
vernamentais terá contribuído a
forte participação eleitoral, que
terá ultrapassado os 70% e bati-
do o recorde desde o colapso do
Participação recorde nas eleições húngaras aponta para queda do Fidesz
regime pró-soviético, em 1989.
Vários minutos depois da hora do
encerramento ofi cial das mesas de
voto (18h em Portugal continental)
ainda era possível ver longas fi las de
eleitores a votar, atrasando a divul-
gação dos resultados. Foi também
registado um considerável aumento
da votação dos húngaros que vivem
no estrangeiro.
A perda da maioria qualifica-
da da coligação era uma possibi-
lidade prevista por poucas son-
dagens, uma vez que o Governo
de Viktor Orbán exerce um forte
controlo sobre a imprensa e os or-
ganismos eleitorais. A revelação,
nos últimos tempos, de suspeitas
de corrupção envolvendo fi guras
do Fidesz também terá prejudicado
o Governo. Os observadores inter-
nacionais da OSCE marcaram para
hoje uma conferência de imprensa
para fazerem um balanço da jorna-
da eleitoral.
Os resultados evidenciam tam-
bém um esforço de última hora
entre a oposição para coordenar o
voto útil em várias circunscrições
onde a posição do Fidesz era menos
sólida, dizem os analistas. Uma das
críticas mais frequentes é a falta de
alternativa séria aos partidos do Go-
verno por parte de uma oposição
dividida e que esteve recentemente
envolvida em casos de corrupção.
Segundo as sondagens, o parti-
do de extrema-direita Jobbik foi o
que mais benefi ciou com a queda
do Fidesz, reforçando a sua posição
como líder da oposição. Perante o
discurso mais extremo do Fidesz,
o Jobbik tem aparecido com uma
imagem mais moderada.
A campanha foi dominada pelo
tema da imigração. O Fidesz defen-
de uma forte limitação na entrada
de estrangeiros na Hungria, espe-
cialmente de países africanos e do
Médio Oriente. Durante a campa-
nha, Orbán falou de uma “invasão
muçulmana” do país contra a qual
o seu Governo deveria lutar.
O Governo construiu uma veda-
ção de arame farpado na fronteira
húngara com a Sérvia e a Croácia
para impedir a passagem de mi-
grantes que nos últimos anos têm
tentado alcançar a Europa, em fuga
de confl itos e perseguições políticas
nos seus países de origem.
EuropaJoão Ruela Ribeiro
Maioria de dois terços dos partidos governamentais em risco. Jobbik foi o partido que saiu mais beneficiado da votação
O Governo de Orbán exerce um forte controlo sobre a imprensa, os tribunais e os organismos eleitorais
O exército israelita disse estar a ana-
lisar a morte do fotojornalista pa-
lestiniano Yasser Murtaja, baleado
na sexta-feira junto à fronteira de
Gaza com Israel, quando usava um
colete que claramente identifi cava
a sua profi ssão e cobria a repressão
violenta feita pelos militares aos
protestos da Marcha do Retorno
palestiniana. “As Forças de Defesa
de Israel não disparam intencional-
mente contra jornalistas”, afi rma o
exército, numa declaração citada
pelo site Ynetnews, do jornal Yedio-
th Ahronoth.
Nessa sexta-feira em que pelo
menos nove palestinianos foram
mortos por snipers israelitas, que
têm ordem para disparar com ba-
las reais, os manifestantes tinham
montado uma acção concertada
para queimar pneus. O objectivo
era produzir uma cortina de fumo
espessa que cegasse a pontaria dos
soldados. Pelo menos cinco jorna-
listas fi caram feridos pelos tiros dos
militares, segundo o Sindicato dos
Jornalistas Palestinianos, citado pelo
Washington Post. Todos estavam cla-
ramente identifi cados como tal.
“O alvo era claramente os jornalis-
tas”, disse à AFP Motazem Murtaja,
irmão do repórter assassinado, que
também estava na manifestação.
Yasser Murtaja tinha um capacete
e um colete de protecção. Mas a bala
ainda assim entrou pela lateral e o
que parecia ser um pequeno feri-
mento revelou-se fatal.
Murtaja, de 31 anos, casado e com
um fi lho de dois anos, foi um dos
fundadores da agência de Gaza Ain
Media, que trabalhou para clientes
estrangeiros, como a BBC e a Al-Ja-
zira em inglês. Foi um dos primei-
ros jornalistas a usar câmaras em
drones em Gaza. Mas nunca tinha
saído dali.
Centenas de pessoas participaram
no funeral. O corpo foi coberto com
uma bandeira palestiniana e com
o colete a dizer “Press” que usava
quando foi morto. O cortejo funerá-
rio desfi lou pela Cidade de Gaza.
Israel vai analisar morte de jornalista
Gaza
Mesmo com colete a dizer Press, fotojornalista palestiniano foi morto por snipers. Outros repórteres foram feridos
Breves
Alemanha
França
Polícia impede atentados na Meia Maratona de Berlim
Príncipe herdeiro saudita inicia périplo europeu
A polícia alemã deteve várias pessoas sob a suspeita de estarem a preparar um atentado para a Meia Maratona de Berlim, que se realizou ontem na capital da Alemanha. Segundo o jornal Die Welt, uma destas pessoas estava a planear um atentado à facada, e os detidos serão quatro, com ligações a Anis Amri, o tunisino com ligações a militantes islâmicos que em Dezembro de 2016 investiu contra um mercado de Natal em Berlim com um camião, matando 12 pessoas. Os suspeitos detidos tinham entre 18 e 21 anos, disse a polícia, que não avançou mais informações para não perturbar a investigação que está ainda a decorrer.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, chegou ontem a Paris, onde deu início a um périplo europeu, depois de ter passado três semanas nos EUA. Amanhã, Salman encontra-se com o Presidente francês, Emmanuel Macron, para discutir a situação na Síria e no Iémen, e também o acordo nuclear com o Irão, diz a Reuters. A visita acontece numa altura em que o Governo francês tem sido criticado por vender armas à coligação liderada por Riad que tem bombardeado o Iémen e estão marcadas acções de protesto contra a visita. De Paris, o príncipe herdeiro do regime saudita segue para Espanha. MBS, como é conhecido, é visto como um líder reformista a nível interno.
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24 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
CIÊNCIA
Adja
nyA exploradora, e outros heróis do planeta Terra
Segunda edição da National Geographic Summit é a 11 de Abril, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Adjany Costa é uma das oradoras na sessão com seis especialistas
A exploradora angolana Adjany
Costa tem uma história para contar
sobre uma parte do nosso planeta
que até há pouco tempo era um
quase um segredo. Aliás, tem mui-
tas histórias. É directora em Angola
do projecto Okavango da National
Geographic, que está a estudar uma
vasta área de território inexplorado
que abrange vários países, desde o
Botswana a Angola, Namíbia e Zâm-
bia. Foi a única mulher na equipa
da primeira expedição que partiu
em 2015 à procura da nascente do
rio Cuito. Voltou diferente. Moldada
por um rio e uma terra com poucas
pessoas e muita vida selvagem, in-
vadida por sons, cheiros e imagens
que quer ajudar a preservar acima
de tudo. Adjany Costa assume que
agora pertence ao Okavango. Na
quarta-feira vai partilhar o palco do
Coliseu de Recreios, em Lisboa, com
outros cinco corajosos e inspirado-
res oradores convidados para a Na-
tional Geographic Summit 2018 que
convida os portugueses para “uma
viagem arrebatadora e extraordiná-
ria à volta do planeta”.
Adjany Costa está descalça num
palco a falar sobre o Projecto Oka-
vango desenvolvido no Sudeste de
Angola. É assim que vemos a jovem
e bonita exploradora angolana da
National Geographic num vídeo pu-
blicado na Internet no fi nal de 2016
que dura 18 minutos e acaba com
uma plateia a aplaudir de pé. Isto
depois de a ouvir contar o que viu,
sentiu, cheirou na incrível viagem em
que conheceu, pela primeira vez, a
“mãe Cuito”. Isto depois de a ouvir
defender de uma forma desarmante
a preservação daquela área selvagem
inexplorada, literalmente minada
por uma guerra civil e abandonada
durante décadas, onde encontrou
aldeias que não recebiam gente de
fora há 40 anos. Adjany assume que
agora pertence ao Cuito e a tudo o
que envolve e alimenta a bacia do
Okavango, no Botswana. “Ter? Qual-
quer um pode ter. Mas o que pode-
mos ser? Só sendo, só pertencendo,
é que podemos fazer”, defende.
Ao telefone, numa conversa com o
PÚBLICO, sentimos a mesma força,
coragem e convicção da mulher de
vestido preto, cabelos ao vento e pés
descalços que vimos no vídeo. O úni-
co momento em que nos parece inse-
gura é quando falamos sobre os seus
parceiros no palco do Coliseu dos
Andrea Cunha FreitasRecreios. “Quando descobri que ia
partilhar o palco, por exemplo, com
a Sylvia Earle, quase tive um ataque
cardíaco”, confessa. Além de Sylvia
Earle, que, no programa da conferên-
cia que tem o PÚBLICO como media
partner, é apresentada simplesmente
como “a mais conceituada bióloga
marinha do planeta”, haverá ainda a
presença do astronauta como maior
número de dias consecutivos no es-
paço, Terry Virts, o “ultrapremiado”
fotógrafo especializado em vida sel-
vagem, Charlie Hamilton James, a
activista norte-coreana Hyeonseo
Lee e a jornalista da casa “Nat Geo”
Mariana van Zeller.
Enfrentar os medosSabendo um pouco das aventuras
que Adjany Costa viveu nos últimos
anos, rodeada de crocodilos do ta-
manho da sua canoa, atravessando
áreas repletas de minas deixadas
pela guerra, mordida por escorpi-
ões, empurrada por hipopótamos e
com muitas noites e dias na “solidão
acompanhada” de uma região sel-
vagem em Angola, é difícil acreditar
que o seu coração acelere por causa
de uma conferência em Lisboa. “Te-
nho muito mais medo da sociedade
do que da vida selvagem”, explica. É
fácil perceber porquê. A vida selva-
gem já faz parte dela. Ou, como ela
prefere dizer, já lhe pertence.
Como é que isto aconteceu? Recu-
amos a 2014 quando Adjany Costa ti-
nha 25 anos. A bióloga marinha, nas-
cida e criada em Luanda, já sabia que
não queria fi car “fechada laboratório
a trabalhar”. Assistia-se a uma gran-
de mudança na biodiversidade e no
fl uxo de água que entrava no delta do
Okavango, no Botswana. Era preciso
perceber o que estava a causar estas
mudanças, para além do Botswana
e do delta. A investigação tinha de
chegar a áreas desconhecidas que
poderiam estar relacionadas com es-
tas alterações no Okavango. Sabia-se
que aquela água vinha de Angola, dos
rios Cubango e Cuito. Adjany, já espe-
cializada em impactos ambientais e
consultoria ambiental, foi desafi ada a
(literalmente) embarcar numa aven-
tura que tinha como missão chegar
à nascente do rio Cuito, em Angola,
e descer as águas em canoas até ao
delta do Okavango, no Botswana.
“Disse logo que sim, não hesitei”,
lembra, frisando que mais do que
os seus medos teve de ultrapassar a
resistência dos pais que nunca apro-
varam estas viagens que põem a sua
vida em risco. Principalmente o pai,
recorda, que tinha estado naquela
zona durante a guerra civil. Mas era
demasiado tarde para a demover.
Lições da “mãe Cuito”Chegou a sítios onde nunca ninguém
terá estado antes. Adormeceu ao som
de insectos, sapos e outros rugidos
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 25
situação de diminuição de precipita-
ção, esclarece.
Junto das (raras) populações que
encontraram a viver naquele territó-
rio, identifi caram necessidades, cos-
tumes, hábitos, crenças e os meca-
nismos de dependência dos recursos
que ali existem. Esta é uma terra que
depois de povoada com minas duran-
te a guerra foi abandonada e onde
fi cou muito pouca gente, lamenta Ad-
jany Costa, que insiste que ainda há
muitas pessoas que pensam que no
seu país só Luanda importa, só Lu-
anda é Angola. “Não é”, assegura. Na
sua primeira expedição, Adjany pas-
sou por algumas aldeias com poucos
habitantes (variavam entre 50 e 350)
e a esmagadora maioria desligada do
mundo exterior. “Numa das aldeias,
percebemos que aquelas pessoas nos
últimos 40 anos só viram gente a par-
tir e não tinham tido ainda nenhuma
visita, ninguém a chegar”, conta.
Proteger os ‘guardiões do rio’E agora, o que fazer com tudo o que
viram, ouviram, registaram nas ex-
pedições? “A ideia é combinar todos
os dados e trabalhos que temos feito
para efectivamente proteger aquela
área. Queremos enquadrar tudo isto
em programas nacionais de conser-
vação já existentes para abranger
aquela área e benefi ciar a biodiversi-
dade, o ecossistema, as comunidades
e o país”, diz. Adjany Costa sublinha
que, no meio de todas as acções que
podem ser pensadas, é essencial refe-
rir a “necessidade de colocar a comu-
nidade no centro de tudo”. Todos os
planos de gestão devem ser focados
na comunidade e nos seus hábitos.
“Eles é que vão fazer conservação.
Eles não são só os guardiões daquela
área. São os donos. Eles é que deci-
dem”, avisa.
Assim, o plano passa por “usar os
seus hábitos, tradições e o conheci-
mento extremo que eles têm daquela
área, acrescentar elementos de ciên-
cia e sustentabilidade e dar-lhos para
que possam ter alternativas de vida
mais ligadas à conservação, dar-lhes
literalmente o benefício da conserva-
ção nas suas vidas”. São comunida-
des onde não existem escolas, aces-
so a cuidados de saúde, empregos,
alerta a bióloga.
Nas expedições que fazem, os ex-
ploradores vão deixando algumas
pistas para um futuro diferente. Por
exemplo: “Ficámos em aldeias, onde
dormimos, pagámos pelos serviços,
alimentação, acomodação, visitas
guiadas à fl oresta, pagámos uma
quantia extra por animais ou pegadas
que vimos. Para que eles comecem
a ver que as condições de vida deles
podem melhorar se aproveitarem a
biodiversidade e olharem para ela
como uma riqueza, um investimen-
to.” Adjany garante que, apesar de
ser uma das suas principais fontes
de rendimento, “eles não gostam de
caçar”. “Caçam para puder comprar
sal, óleo, sabão, roupa, para pagar
um livro para que um vizinho ensine
o seu fi lho a ler... coisas básicas.”
Assim, apoiados na conservação
e sustentabilidade, os cientistas do
Programa Okavango propõem al-
ternativas. “O meu doutoramento
é sobre isso. Passa por identifi car
essas possibilidades para melhoria
de condições de vida destas pesso-
as.” Eles querem? “Muito! Sabem
que a exploração insustentável que
agora estão a fazer do ambiente está
errada. Eles é que o dizem. Pedem
alternativas.”
Adjany Costa reconhece que o fac-
to de terem chegado até estas zonas
desertas e remotas abriu caminho a
outros que, agora, podem aprovei-
tar estas novas rotas para explorar
a região. Já há, por exemplo, cami-
ões a chegar a algumas aldeias para
ir comprar mel, o que pode incenti-
var as populações a explorar mais a
fl oresta. “Mas para proteger aquele
lugar, tínhamos de chegar lá. É o efei-
to negativo de uma acção necessária
para uma mudança positiva. Temos
de saber gerir isso.”
Adjany Costa sabe que vai ser pre-
ciso investir “tempo, dinheiro, pensa-
mento, esforço” durante vários anos
para que essa mudança positiva se
torne uma realidade. Mas essa meta
no horizonte nem sequer existia “on-
tem”, em 2015, quando a equipa de
exploradores chegou pela primeira
vez às margens do rio Cuito. Foi duro
e, cada vez que volta, será duro. Mas,
Adjany Costa assegura que vale a pe-
na. Passou por vários momentos de
inferno, para conhecer o paraíso. “A
minha mãe humana educou-me até
chegar a um ponto e a minha ‘mãe
Cuito’, a mãe-natureza, moldou-me e
mudou a visão que tenho da vida.”
FOTOS: PETE MULLER/NATIONAL GEOGRAHIC
A minha mãe humana educou-me até chegar a um ponto e a minha ‘mãe Cuito’, a mãe-natureza, moldou-me e mudou a visão que tenho da vida
Adjany CostaBióloga marinha
beu que pertencia àquele lugar. Con-
ta que fechou os olhos e conseguiu
“ver” o que estava à sua volta com
todos os outros sentidos, o cheiro, o
som. O búfalo que se escondia num
arbusto, o bebé elefante ao longe.
“Chorei.”
E, nesse momento, sentiu que já
era fi lha da “mãe Cuito”, uma mãe
que nunca mais deixou de a chamar
para junto dela. E ela volta sempre,
apesar dos protestos dos “outros”
pais, lá longe, na cidade de Luanda.
“A ‘mãe Cuito’ é uma daquelas mães
angolanas, de amor duro, que nos en-
sina que temos de passar por muito
e mostrar que mereces para receber
uma recompensa.” Adjany Costa está
a falar de um rio. Entre as “lições de
vida” desta mãe-natureza, confi rma
que aprendeu que devemos sempre
contar com o inesperado, que a vi-
da é (como um rio) feita de curvas e
contracurvas e “há sempre que res-
peitar os donos da casa”, neste caso,
“os guardiões do rio”, as pessoas e
animais que ali vivem.
Adjany Costa foi a única mulher
na equipa do programa Okavango da
National Geographic que realizou a
primeira expedição em 2015. A mis-
são que deveria durar 83 dias, afi nal
prolongou-se por 121. O projecto so-
ma actualmente oito expedições e há
já uma nova viagem marcada para
Abril, rumo ao rio Zambeze e ao seu
afl uente Cuando, para confi rmar se
também estas águas desaguam no
delta do Okavango. Adjany Costa par-
ticipou em todas as expedições reali-
zadas até agora, umas por água (nos
rios Cuito e Cubango) e outras por
terra (de bicicleta e de carro) para
estudar lagoas e outros territórios.
Desde que o projecto começou,
foram identifi cadas mais de mil es-
pécies, entre mamíferos, aves, peixes
e répteis. “Entre outras coisas fan-
tásticas, percebemos, por exemplo,
que um cão selvagem angolano que
se julgava extinto continuava ali, e
encontrámos populações de chitas
naquela área, o que foi totalmente
inesperado”, conta, adiantando que
entre o milhar de espécies identifi -
cadas estão “24 novas espécies po-
tencialmente novas para a ciência”.
Entre o que viu de novo, a bióloga
marinha destaca uma árvore que se
adaptou de forma invulgar ao am-
biente e às ameaças e que se virou
ao contrário, ou seja, explica Adjany:
“Cresce para dentro do chão.”
Além dos resultados científi cos, há
ainda o que chama “frente geográfi -
ca e comunitária” do projecto. “Não
gosto de dizer que descobrimos, mas
já conseguimos as coordenadas de
mais de 16 nascentes de diferentes
rios, a maior parte são lagoas enor-
mes, uma torre de água.” São peda-
ços de água ligados por um solo que
funciona como uma esponja, que
“guarda” água e permite a estabili-
dade do sistema, por exemplo, numa
Adjany Costa é directora em Angola do programa Okavango da National Geographic, liderado por Steve Boyes (em cima à esquerda). Ao lado, vemos a exploradora durante uma expedição em 2017 ao rio Cubango. Desde 2015 foram realizadas oito expedições eAdjany participou em todas
animais — “quem acha que na fl oresta
encontra o silêncio está muito enga-
nado, há muito barulho e sobretudo
à noite” — acordou com a agitação
dos pássaros numa tenda com vis-
ta para um rio que alguns dizem ser
verde e outros vêem azul-turquesa.
Mergulhou nessas águas com uma
caneca na mão para saborear uma
água que jura que é diferente de to-
das as outras. “Sabe a pureza.” De
caneca na mão e todos os sentidos
em alerta, para detectar crocodilos
ou outras ameaças. Teve medo, mui-
tas vezes. E avançou, sempre. Foi,
lembra, junto ao rio Cuito que perce-
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26 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
CULTURA
A galáxia portuguesa de Antonio Tabucchi na Gulbenkian
Um dia, em Janeiro de 1991, Anto-
nio Tabucchi sentou-se num café
em Paris para anotar um sonho que
tivera com o pai. As frases surgiam-
lhe vivas e ele queria apanhá-las
com a mínima intervenção do seu
Superego. Quando o empregado
veio ver se queria mais alguma coi-
sa, perguntou-lhe se era escritor.
Disse que sim. “Italiano?” Sim. E
o que escrevera aos seus leitores
de Itália? Foi então que Tabucchi
notou que o diálogo com o seu pai
italiano, no seu caderno, estava em
português. “... Eu, escritor italia-
no, ao transcrever o meu sonho,
tinha escrito em português.” Nas-
cia assim o único livro de Antonio
Tabucchi escrito numa língua que
não o italiano, Requiem. A história
vem contada num texto que integra
o mais recente livro de Tabucchi pu-
blicado em Portugal, Autobiografi as
Alheias (D. Quixote), volume que re-
úne textos sobre as criações do es-
critor que morreu a 25 de Março de
2012 e que sai justamente quando
a Fundação Gulbenkian apresenta
Galáxia Tabucchi, um ciclo dedica-
do ao escritor e à sua relação com
Portugal e que integra ainda uma
exposição, conferências, cinema e
leituras musicadas.
“No ano passado, quando fez cin-
co anos da morte do Antonio, houve
várias manifestações públicas para
o celebrar, congressos em Itália, em
Paris, no Japão, e começou-se a falar
de que seria importante e oportuno
fazer uma coisa assim em Portugal”,
diz ao PÚBLICO Maria José Lancas-
tre, viúva de Antonio Tabucchi, ex-
professora de Literatura Portuguesa
na Universidade de Pisa, e curadora
desta Galáxia, durante uma visita
guiada à exposição que tem como
título nada mais do que Tabucchi e
Portugal. “Há muitos especialistas
no mundo que estudam a obra do
Antonio e quando chegam à parte
A relação de Tabucchi com Portugal está no centro de uma homenagem ao escritor seis anos depois da sua morte. Na Fundação Gulbenkian arranca hoje uma conferência, ponto alto da programação
EscritoresIsabel Lucas
de Portugal têm apenas umas no-
ções. Esta é uma maneira de os tra-
zer aqui para não só conhecem a
geografi a, as pessoas, o ambiente
português que infl uenciaram o seu
trabalho e ao mesmo tempo incitar
os portugueses a ocuparem-se da
obra do Antonio.”
Dois países, duas línguasÉ uma relação de 46 anos. De 1966
até morrer, Antonio Tabucchi viveu
entre dois países, duas línguas e a
paixão, primeiro por Fernando Pes-
soa e logo depois por Maria José Lan-
castre, com quem se casou e veio a
ter fi lhos e netos. Ela não esconde a
emoção ao percorrer a parede com-
prida da galeria do piso inferior do
edifício-sede da Gulbenkian. São,
simbolicamente, 46 artigos. Neles,
o rosto de Antonio Tabucchi, autor
de quase 40 títulos entre romance,
novela, ensaio em diferentes perío-
dos da sua vida. “Foi uma ideia da
Maria Helena Borges quando foi lá
a casa e viu a quantidade de jornais
e revistas portugueses que tinham
publicado recensões e entrevistas
com o Antonio. Foi ela quem focou
esta iniciativa. Ela estava interessada
na relação entre Tabucchi e Portu-
gal. Aderi logo”, conta Maria José
Lancastre sem tirar os olhos da pa-
rede onde essas páginas aparecem
ampliadas, e é possível ler os textos
enquanto se vê o conteúdo das nove
vitrinas que compõem a exposição,
preenchidas com objectos pessoais,
livros, fotografi as, cadernos e até um
poema inédito dedicado a Lisboa e
que ajudam a entender não apenas a
biografi a como a relação do escritor
com o país de Pessoa.
“Digo que fi z uma sopa da pedra
na Gulbenkian”, brinca Maria Hele-
na Borges. A directora adjunta do
Programa Gulbenkian Língua e Cul-
tura Portuguesas refere-se à ideia
inicial de um colóquio de dois dias
que foi crescendo para se transfor-
mar nesta Galáxia. “Depois da pri-
meira conversa perguntámo-nos:
e se além disso fi zéssemos uma pe-
A ligação à língua portuguesa levou-o ao Brasil, onde conheceu Drummond; a Macau, para estudar a obra de Camilo Pessanha; aos Açores, de que resultaria o livro A Mulher de Porto Pym
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 27
FOTOS: NUNO FERREIRA SANTOS
Maria José Lancastre na exposição. Nas vitrinas há objectos pessoais, livros, fotos, cadernos e até um poema inédito
que tinha que ver com céu, conste-
lações, estrelas e galáxias está mui-
to presente na obra do Antonio. E
mesmo na biografi a, quando o avô
lhe mostrava o céu e lhe ensinava as
constelações e a primeira vontade
dele foi ser astrónomo”.
Um percurso psicológicoAlém da exposição iconográfi ca e
documental que foi inaugurada on-
tem, 8 de Abril, e se irá manter até 7
de Maio, arranca hoje, dia 9, a con-
ferência que reúne especialistas na
obra de Tabucchi e será exibido ho-
je o fi lme Requiem, de Alain Tanner
na Sala Polivalente da Colecção Mo-
derna da Gulbenkian. Terça-feira,
dia 10, a conferência termina com
leituras por parte de Jorge Silva Me-
lo e Fabrizio Gifuni musicadas por
Carlos Martins e Carlos Barretto.
Em vésperas da abertura, Maria
José Lancastre revê as legendas que
hão-de acompanhar a exposição.
Há um primeiro texto já colado na
parede que inaugura a espécie de
“percurso psicológico” que ali co-
meça. São palavras de José Cardo-
so Pires, amigo de Tabucchi, sobre
aquele que é o livro mais célebre
do escritor italiano, Afi rma Pereira.
“Afi rma este teu Cardoso que o que
Afi rma Pereira é coisa de muito pen-
sar”, e continua: “Porque é de es-
crita ousada pela descontracção de
contar e surpreendente pela simpli-
cidade com que nos deixa um lastro
tormentoso ao descrever a tomada
de consciência (tão desprotegida,
tão natural) dum homem solitário.”
É a nota de que naquele espaço se
irá tratar dessa ligação ao mundo
português de Tabucchi.
“Era uma ligação de grande cari-
nho mútuo, a do Antonio com Por-
tugal”, sublinha Maria José Lancas-
tre diante da primeira vitrine on-
de se vê o passe de autocarro de
Tabucchi quando ia da sua aldeia,
na Toscana, para o liceu, em Pisa;
um caderno de linhas preenchido
com uma caligrafi a bem desenha-
da, uma fotografi a com os colegas
de escola e com a professora que o
ensinou a ler e a escrever. “Era con-
siderado um bom aluno pela pro-
fessora que fi cou amiga dele até ao
fi m da vida. Ainda é viva; mora em
Florença. Era muito nova quando
foi professora do Antonio, teria uns
20 anos. Deve ter agora quase 90.
Tenho cartas recentes dela para ele;
acompanhou sempre a sua carrei-
ra”, salienta a viúva, que escolheu
cada um daqueles objectos. Entre
eles o primeiro passaporte do escri-
tor. A data é 1963, tinha Tabucchi
20 anos. “Fez uma primeira viagem
a Paris, mas depois fi cou lá um ano,
e lá descobre o Fernando Pessoa
e decide aprender português. Vai
para Pisa, tem a professora que
lhe ensina português e vem numa
viagem a Portugal em 1965, quan-
do Gino Saviotti, um intelectual, é
director do Instituto. Fala com ele
e depois diz-lhe: ‘Tenho uma neta
que está agora na praia com uma
amiga. Foi aí que nos conhecemos e
fi cámos amigos. Depois eu fui a Itá-
lia e pronto.’” Maria José Lancastre
resume assim uma vida apontando
quena exposição no hall do museu?
Depois descobrimos que coincidia
com a festa do Cinema Italiano e
então, porque não mostrar um do-
cumentário feito por alunos univer-
sitários de Siena sobre Tabucchi? E
depois a galeria do piso 01 estava va-
ga nesta altura e a exposição podia
crescer. Perguntámos à Cinemateca
se não se poderia exibir o Requiem,
o fi lme que resultou da adaptação
do único romance em português
escrito por ele. E porque não tam-
bém fazer uma sessão de leitura e
música?” Nasceu assim a Galáxia
Tabucchi, metáfora que refere a
diversidade de interesses do autor
e alude a um gosto antigo, como
conta Maria José Lancastre “Tudo o
1963Entre os objectos expostos está o primeiro passaporte do escritor. A data é 1963, tinha Tabucchi 20 anos, e com ele fez a primeira viagem a Paris
fotografi as e parando num recorte
de jornal. O ano é 1966. “Ele veio a
Portugal com uma bolsa. Um jorna-
lista fez uma reportagem e pergun-
tou a alguns alunos, entre os quais
o Antonio — foi apanhado na foto-
grafi a —, o que estavam a ler. Ele
está a ler Herberto Helder.”
A ligação à poesia é grande. Es-
creveu poemas e escreveria o tal,
dedicado a Lisboa, mas várias vezes
haveria de afi rmar que o talento de
poeta era coisa que não lhe assistia.
A sua obra irá refl ectir essa proximi-
dade, como a outras artes. A amiza-
de com os surrealistas, por exem-
plo. Entre eles, Alexandre O’Neill
e Mário Cesariny. Há fotos com um
e com o outro. Numa, está com Ce-
sariny na praia, os dois de calções.
Trocaram correspondência. E Ta-
bucchi escreveria um ensaio, La Pa-
rola Interdetta: Poeti Surrealisti Por-
toghesi, onde, além de traduções de
poemas de Pessoa, traduzia poetas
surrealistas.
Brasil, Macau, AçoresA ligação à língua portuguesa levou-
o ainda ao Brasil, onde conheceu
Carlos Drummond de Andrade;
a Macau, para estudar a obra de
Camilo Pessanha; aos Açores, de
que resultaria um livro, A Mulher
de Porto Pym. Não que os lugares
o levassem à escrita, como refere
Maria José Lancastre, mas às vezes
acontecia. E estão outros livros que
saiam desta relação. Requiem, com
destaque e a mitologia que dele nas-
ceu quando ele escreve sobre a in-
capacidade de passar para italiano
o sonho narrado em português. E
há Afi rma Pereira, cujo protagonista
haveria de fi car para sempre ligado
à fi gura de Marcello Mastroianni e
ao fi lme de Roberto Faenza, de 1996.
Uma personagem que lhe apareceu
assim: “O doutor Pereira visitou-me
pela primeira vez numa tarde de Se-
tembro de 1992. Naquela época não
se chamava ainda Pereira, não tinha
os traços defi nidos. Era algo de va-
go, de fugidio e de esfumado, mas
tinha já vontade de ser protagonista
de um livro: era apenas uma perso-
nagem à procura de autor. Não sei
porque me escolheu a mim para ser
contado. Uma hipótese possível é
que no mês anterior, num dia tórri-
do de Agosto em Lisboa, também eu
tinha feito uma visita.” É outro dos
textos que compõem Autobiografi as
Alheias, o livro que acaba de sair e
que, com outros de Tabucchi, irá
estar à venda na sala da exposição.
“Achámos importante que houvesse
livros, já que se está a falar da obra
de um escritor”, refere Maria Helena
Borges, chamando a atenção para o
facto de haver ainda exemplares em
várias línguas para folhear. “Ajuda
a criar proximidade, a alimentar a
curiosidade”, acrescenta.
Estamos na presença de livros de
argumento português, como nota
Maria José Lancastre, sublinhan-
do o diálogo que Tabucchi sempre
manteve com artistas, escritores, in-
telectuais portugueses. É o título,
aliás, das duas últimas vitrines, onde
se podem ver fotografi as do autor
de A Cabeça Perdida de Damasceno
Monteiro com artistas e intelectu-
ais portugueses, desde os anos 70,
com José de Guimarães, Alexandre
Delgado O’Neill, Costa Pinheiro, Vas-
co Graça Moura, Fernando Lopes,
Joao Bénard da Costa, José Barrias,
José Cardoso Pires, Sophia de Mello
Breyner, Eduardo Lourenço, Mário
Soares ou Paula Rego.
Por fi m, na parede do fundo, há
um vídeo com passagens de duas
entrevistas de Antonio Tabucchi à
RTP. Uma de 1994 a Maria João Sei-
xas e outra de 1997 a António Mega
Ferreira, mais precisamente 14 e 9
minutos onde revela como começou
a sua paixão por Portugal, a relação
com a crítica, com Lisboa, com ou-
tros escritores.
Há muitos especialistas no mundo que estudam a obra do Antonio e quando chegam à parte de Portugal têm apenas umas noções. Esta é uma maneira de os trazer aquiMaria José LancastreViúva de Antonio Tabucchi
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28 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
CULTURA
Nas fotografi as de Raparigas de Ga-
za, projecto de longa duração da
fotojornalista Monique Jaques, há
sempre uma estranha sensação de
alegria e tristeza no rosto das pes-
soas fotografadas. São jovens mu-
lheres que vivem num dos territó-
rios mais controlados do mundo,
segregadas e rodeadas de pobreza
numa sociedade extremamente
conservadora. Apesar de todos os
obstáculos com que se deparam, es-
tas raparigas encontram na prática
de surf ou em namoricos secretos
a resiliência e ânimo para acredi-
tarem que um dia tornarão os seus
sonhos realidade.
Monique Jaques mostra como é
crescer e ser mulher na Faixa de
Gaza: a pobreza e a violência estão
presentes, mas também há sonhos e
esperança nas raparigas que um dia
serão mulheres. A exposição que
explora as vidas de jovens mulheres
nesta região tumultuosa do Médio
A fotojornalista brasileiro-americana Monique Jaques abre-nos as fronteiras de Gaza na exposição Raparigas de Gaza, que pode ser visitada ao ar livre no Parque das Nações, em Lisboa
FotografiaSebastião Almeida
Oriente, Raparigas de Gaza, pode
ser visitada ao ar livre na Alameda
dos Oceanos, no Parque das Nações,
até 30 de Abril. Está inserida na
programação do Abril em Lisboa,
da EGEAC, que neste ano se volta a
centrar nos direitos humanos e traz
para a rua um trabalho que tem a
ambição de chegar ao maior núme-
ro de pessoas possível.
Num café junto ao local onde a
exposição começa a ser prepara-
da, Monique Jaques, em conversa
com o PÚBLICO, revela que não é a
primeira vez que visita Lisboa. En-
quanto fala vai observando com
atenção a montagem das estruturas
Partir ou fi car? Em Gaza não é fácil crescer mulher, diz Monique Jaques
A fotojornalista na Alameda dos Oceanos, local da exposição, e, em baixo, quatro fotografias do projecto Raparigas de Gaza: Monique quis fugir do lugar--comum de violência e repressão que povoa o imaginário da maioria das pessoas quando pensam na Faixa de Gaza
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 29
CULTURA
SEBASTIÃO ALMEIDA
FOTOS: MONIQUE JAQUES
ência das opções que tem à sua vol-
ta. De se questionar se quer ou não
casar-se e das coisas que lhe iam in-
teressando à medida que crescia”,
acrescenta a fotojornalista.
Sabah, uma jovem de 14 anos,
costuma ocupar o seu tempo a
praticar surf nas praias de Gaza.
O problema, segundo Monique, é
que “quando as raparigas chegam a
uma determinada idade e se come-
ça a pensar no casamento, a família
acredita que certas coisas não deve-
rão ser feitas e que as raparigas têm
de manter uma postura reservada”.
Aos 16 anos a vida muda para as
adolescentes de Gaza. A pressão
do casamento e o controlo imposto
pelas famílias funcionam quase co-
mo uma segunda ocupação. Ser-se
mulher em Gaza é difícil e guardar
um segredo ainda mais, afi rma a
jornalista. Esta realidade contrasta
com alguns indicadores: os níveis
de literacia em Gaza são dos mais
elevados do mundo. Quase toda a
gente vai para a universidade, “mas
um dos motivos para isso acontecer
é o facto de não haver muito mais
para fazer”, esclarece.
Monique Jaques conseguiu en-
contrar no dia-a-dia uma realidade
que muitas vezes passa desperce-
bida a quem olha para Gaza de fo-
ra. A fotógrafa, cujos trabalhos são
regularmente publicados em jor-
nais como o The New York Times ou
o The Guardian, procurou contar
histórias sobre o que é crescer mu-
lher e a autodescoberta de perceber
como é a vida adulta. Fê-lo recor-
rendo às entradas dos diários que
as jovens fotografadas escreveram
ao longo de cinco anos. Não é a sua
história, reconhece. E a única coi-
sa que tinha a dizer, expressou-a
através das fotografi as que deram
origem ao livro Gaza Girls: Gro-
wing Up in the Gaza Strip, publica-
do no início do ano. Os desejos de
menina estão lá, afi nal de contas
em Gaza a infância e adolescência
também existem. “Eu quero voltar
a casa, mas também quero ver o
mundo.” Ouvir uma rapariga a di-
zer isso, afi rma, traduz-se no dis-
curso de qualquer outra criança da
mesma idade. “Os pensamentos e
sentimentos que elas têm são iguais
às de todas as outras raparigas no
mundo.”
E por estas raparigas serem co-
mo todas as outras, a atenção em
relação ao que se passa à volta delas
está sempre presente. Monique e as
raparigas trocam mensagens qua-
se todos os dias e falam bastante
sobre o que se está a passar na re-
gião. “Elas não vão às manifesta-
ções, mas fazem uso das redes so-
ciais para erguerem as suas vozes
e contarem ao mundo aquilo que
se passa”, confessa.
Ser-se mulher numa prisão a
céu aberto como Gaza não é fácil,
mas as raparigas que preenchem
as telas dos cubos instalados numa
das avenidas mais movimentadas
do Parque das Nações, tornam-no
mais possível. Serão elas, um dia,
as vozes de uma geração que fi cou
com o mundo por ver, mas que o
vai criando à sua maneira dentro
dos limites físicos e psicológicos
que lhes são impostos.Texto edi-tado por Isabel Coutinho
revelou-se algo totalmente diferen-
te daquilo que o Google lhe mostra-
va quando procurava informações
ou imagens da região. “As raparigas
que conheci eram pessoas muito
interessantes que estavam a apenas
a tentar descobrir quem eram num
mundo em constante mudança.”
Aos 16 anos, a vida mudaA certeza da necessidade de contar
as histórias das raparigas de Gaza
tornou-se urgente para a fotógrafa
e assim começaram as visitas quase
mensais ao território, ao longo de
cinco anos. De início, Monique en-
controu alguma resistência por
parte das famílias que assumiam
uma postura muito protectora em
relação às suas fi lhas. Mas percebeu
que estas raparigas que se deixa-
vam fotografar eram iguais às de
qualquer outro país, não fosse o
facto de viverem numa terra da
qual não podem sair.
Monique apercebeu-se de que
as histórias destas mulheres nun-
ca eram contadas: “Estas raparigas
não entendiam o porquê de querer
contar as suas histórias. Dizer-lhes
que as suas vidas importavam era
algo que nunca tinham ouvido”,
assegura ao PÚBLICO. Uma das ra-
parigas que seguiu durante mais
tempo, Yara, tem agora 15 anos. Co-
nheceu-a quando tinha sete anos e
acompanhou-a durante o início da
sua adolescência. “Eu vi-a mudar
como rapariga, a deixar de ser uma
menina inocente e a ganhar consci-
“Estas raparigas não entendiam o porquê de querer contar as suas histórias. Dizer-lhes que as suas vidas importavam era algo que nunca tinham ouvido”
Elas não vão às manifestações, mas fazem uso das redes sociais para erguerem as suas vozesMonique JaquesFotojornalista
de metal que em breve ganharão a
forma de oito cubos que serão re-
vestidos com 22 fotografi as do seu
projecto. “É uma outra forma de
mostrar ao público um trabalho di-
ferente daquilo que normalmente
se vê sobre Gaza”, conta a fotojor-
nalista brasileiro-americana que
em 2012, quando chegou à Faixa
de Gaza para cobrir o confl ito ar-
mado entre o Exército israelita e o
Hamas, deparou com um cenário
conturbado.
Depois de fazer fotografi as do
confl ito, Monique Jaques, 33 anos,
apercebeu-se de que era apenas
mais uma jornalista entre outros
tantos que registam fotografi as de
violência e repressão. Foi durante
essa primeira viagem que se cru-
zou com a ideia de uma realidade
diferente daquela que tinha expe-
rienciado até então. A tradutora
que acompanhou a jornalista nos
primeiros tempos garantiu-lhe que
a vivência da cidade e dos seus ha-
bitantes nem sempre era essa, as-
sombrada por bombardeamentos e
confl itos incessantes. “Isto só acon-
tece de dois em dois anos. De res-
to, as pessoas têm vidas normais”,
conta Monique, parafraseando as
palavras que a seduziram a fi car e
descobrir a “verdadeira Gaza”.
Monique quis fugir do lugar-co-
mum de violência e repressão que
povoa o imaginário da maioria das
pessoas quando pensam na Faixa
de Gaza e dar voz às raparigas e
mulheres que lá vivem. A cidade
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macaco foi raptado por uma mercenária japonesa e os heróis desta saga têm agora de partir
numa viagem pelo Pacífico em busca da pequena mascote. A bordo de um navio cheio de
mulheres, pela primeira vez na história o último homem perde o protagonismo e percebemos
como é a vida das mulheres num mundo sem homens e à beira do fim. Afinal, a praga pode
tê-las poupado, mas o apocalipse deixou um rasto monstruoso de miséria e loucura.
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Público Classifi cados • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 31
CONVOCATÓRIANos termos do n.º 2, do Artigo 1.º do Regu-lamento Eleitoral do Comité Português para a UNICEF, convoco a Assembleia Geral Extraor-dinária para o dia 10 de Maio de 2018, pelas 19.00 horas, nas instalações da Av. António Augusto de Aguiar, 21 - 3.º Esq.º, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:
1. Eleição dos membros dos Órgãos Sociais para o triénio 2018/2020:
a. Mesa da Assembleia Geral; b. Conselho de Administração; c. Conselho Fiscal.
As candidaturas deverão ser dirigidas ao Pre-sidente da Mesa da Assembleia Geral, até ao dia 24 de Abril de 2018.
Na falta de quórum, a Assembleia reunirá meia hora depois da hora indicada em se-gunda convocatória com qualquer número de Associados presentes no pleno uso dos seus direitos.
A documentação relevante à ordem de traba-lhos estará disponível para consulta na sede do Comité, de acordo com os prazos previs-tos.
Lisboa, 9 de Abril de 2018
O Presidente da Mesa da Assembleia GeralJosé Luís Seixas
Rua de S. Nicolau, 109 (Espadim)1100-548 Lisboa
Tel. 21 346 99 50 - Fax 21 343 00 65Tm: 925 005 709
Email: [email protected] Baixa Chiado. Saída pela Rua do Crucifi xo.
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AVALIADOR OFICIAL CREDENCIADO PELA CASA DA MOEDA (INCM)AVALIADOR OFICIAL CREDENCIADO PELA CASA DA MOEDA (INCM)
Estimados Clientes, por motivos de obras,a partir de dia 19 de Junho, passamos a funcionar
na mesma rua no número 109 (Espadim)
SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA
Assembleia Geral Ordinária
CONVOCATÓRIANos termos do Art.º 30.º dos Estatutos é convocada para o dia 8 de Maio de 2018, às 17h00, a Assembleia Geral Ordinária com a seguinte Ordem de Trabalhos:
- Admissão de novos Sócios.
Lisboa, 5 de Abril de 2018
O PresidenteProf. Cat. Luís Aires-Barros
Telefs. 21 342 54 01 - 21 342 50 68 - Fax 351 21 346 45 53e-mail: soc.geografi [email protected]
RUA DAS PORTAS DE SANTO ANTÃO, 1001150-269 Lisboa
SINDICATO PORTUGUÊS DOS ENGENHEIROS
GRADUADOS NA UNIÃO EUROPEIA
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA
Nos termos do artigo 32.º e do número 1 do Artigo 34º, e, com o fim de exercer as competências previstas nas alíneas b) e c) do Artigo 31º dos Estatutos, convoco a Assembleia-Geral do SPEue para reunir em, sessão ORDINÁRIA, no próximo dia 21 de abril de 2018, às 11 horas, na Sede do SPEue – Sindicato Português dos Engenheiros Graduados na União Europeia, sita à Praceta Bernarda Ferreira de Lacerda, 48, no Porto, com a seguinte, ORDEM DE TRABALHOS: 1. Aprovar o Relatório e Contas da Direção Nacional e o parecer do Conselho Fiscal,
relativos ao ano de 2017. 2. Apreciar e deliberar sobre o Orçamento Geral proposto pela Direção Executiva, para o
ano de 2018.
Porto, 6 de abril de 2018.
O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral João Afonso Meira de Sá
NOTAS: a) A Assembleia-Geral funcionará à hora prevista em 1ª Convocatória com pelo menos a presença de metade
dos associados e, em 2ª Convocatória, meia hora depois, com qualquer número de presenças. b) O respectivo Relatório, Contas e Orçamento, encontram-se disponíveis para consulta na Sede do SPEue,
sita à Praceta Bernarda Ferreira de Lacerda, 48, no Porto.
Praceta Bernarda Ferreira de Lacerda, 48 – 4200-601 PORTO � Telef.: +351 225 420 390 E-mail: [email protected]
REPÚBLICAFEDERATIVA DO BRASIL
Consulado-Geral do Brasil em Lisboa
EDITAL DE CASAMENTOTania Maria Pederneiras, Vice-Cônsul do Brasil em Lisboa, usando das atri-buições que lhe confere o art.º 18 da Lei de Introdução ao Código Civil, faz saber que pretendem casar Francisco Pereira Gaspar, natural de Acopiara, Ceará, Brasil, nascido a 02/04/1966, residente e domiciliado na Rua de São Ciro, n.º 5 - R/C Direito, Lisboa, Portugal, Código Postal: 1200-830, nesta jurisdição con-sular, fi lho de Francisco Pereira Gaspar e de Terezinha Sampaio do Vale e Irene Aparecida Neris, natural de Londrina, Paraná, Brasil, nascida a 01/10/1965, residente e domiciliado na Rua de São Ciro, n.º 5 - R/C Direito, Lisboa, Portugal, Código Postal: 1200-830, nesta jurisdi-ção consular, fi lha de António Francisco Neris e de Leonor Tacasse Neris.Apresentaram os documentos exigidos pelo Art.º 1.525 do Código Civil.Se alguém souber de algum impedimen-to, oponha-o na forma da Lei. Lavrado o presente para ser afi xado em lugar visível da Chancelaria deste Consulado-Geral.
Mônica Sodré da HoraOfi cial de Registro Civil “ad-hoc”
Fundada em 1988 pelo Professor Doutor Carlos Garcia, a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer - Alzheimer Portugal é uma Instituição Particular de Solidariedade Social. É a única organização em Portugal, de âmbito nacional, especifi camente constituída para promover a qualidade de vida das pessoas com demência e dos seus familiares e cuidadores. Tem cerca de dez mil associados em todo o país.
Oferece Informação sobre a doença, Formação para cuidadores formais e informais, Apoio domiciliário, Apoio Social e Psicológico e Consultas Médicas da Especialidade.Como membro da Alzheimer Europe, a Alzheimer Portugal participa ativamente no movimento mundial e europeu sobre as demências, procurando reunir e divulgar os conhecimentos mais recentes sobre a Doença de Alzheimer, promovendo o seu estudo, a investigação das suas causas, efeitos, profi laxia e tratamentos.
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Centro de Dia Prof. Doutor Carlos Garcia: Av. de Ceuta Norte, Lote 1, Loja 1 e 2 Quinta do Loureiro, 1350-410 Lisboa - Telefone: 213 609 300 - E-mail: [email protected], Centro de Dia e Apoio Domiciliário «Casa do Alecrim», Rua Joaquim Miguel Serra Moura, n.º 256 - Alapraia, 2765-029 Estoril - Telefone: 214 525 145 - E-mail: [email protected]
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Delegação Norte da Alzheimer Portugal: Centro de Dia «Memória de Mim», Rua do Farol Nascente, n.º 47A R/C, 4455-301 Lavra - Telefone: 229 260 912 | 226 066 863 - E-mail: [email protected]ção Centro da Alzheimer Portugal: Centro de Dia do Marquês, Urb. Casal Galego - Rua Raul Testa Fortunato n.º 17, 3100-523 Pombal - Telefone: 236 219 469 - E-mail: [email protected]
Núcleo de Aveiro: Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, Complexo Social da Quinta da Moita - Oliveirinha 3810 Aveiro, Telefone: 234 940 480 - E-mail: [email protected]ção da Madeira da Alzheimer Portugal: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 Funchal
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32 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
SAIR
CINEMASLisboa Cinema City AlvaladeAv. de Roma, nº 100. T. 218413040Madame M12. 13h40, 15h50, 17h40, 21h50; A Hora Mais Negra M12. 19h30; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 17h30; O Último Retrato M12. 13h30; A Idade da Pedra M6. 15h30 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 22h; Manifesto M12. 13h05, 15h, 21h55; O Terceiro Assassinato M12. 19h15; Aparição M12. 17h; Maria Madalena M12. 19h30; Operação Entebbe 21h40; Peter Rabbit M6. 13h45, 15h20, 17h25 (V.Port./2D); Setembro a Vida Inteira 19h45 Cinema IdealRua do Loreto, 15/17. T. 210998295Cinema Novo M12. 19h45; No Intenso Agora M12. 15h30, 21h30; Custódia Partilhada M12. 18h CinemaCity Campo PequenoCentro de Lazer do Campo Pequeno. T. 217981420The Post M12. 18h50; A Forma da Água M16. 19h20, 00h25; Black Panther M12. 21h25, 00h10; Hostis M12. 21h45; A Agente Vermelha M16. 21h15, 00h05; A Idade da Pedra M6. 13h15, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Gringo M14. 00h30; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 16h, 18h30, 21h30, 00h15; Maria Madalena M12. 13h20, 21h55; Sherlock Gnomes M6. 15h10 (V.Port./2D); Braven M12. 16h10, 13h15, 22h, 23h55; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h10, 15h30, 18h20, 21h10, 24h; Peter Rabbit M6. 13h25, 15h30, 17h35, 19h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h20, 15h50, 17h10, 18h40, 19h35, 21h50, 00h20; Bullet Head - O Último Golpe M16. 13h35, 15h40, 17h35, 19h30 Cinemas Nos Alvaláxia Estádio José Alvalade, Campo Grande. T. 16996Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 21h; Réplica Violenta M16. 14h20, 16h40, 19h10, 21h35; As Cinquenta Sombras Livre M16. 15h30, 18h10, 20h50; Black Panther M12. 14h, 17h, 21h10; A Agente Vermelha M16. 15h20, 18h20, 21h25; Tomb Raider: O Começo M12. 13h20, 16h, 18h40, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 13h25, 15h50, 18h (V.Port./2D); Braven M12. 14h10, 16h20, 19h, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h30, 16h50, 21h30; Operação Entebbe 21h15; Peter Rabbit M6. 13h40, 16h10, 18h50 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h50, 16h30, 19h05, 21h40; Encontro Silencioso M12. 13h35, 15h40, 17h50, 21h50; Bullet Head - O Último Golpe M16. 13h45, 17h15, 19h30, 21h45 Cinemas Nos AmoreirasAv. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996Madame M12. 13h10, 15h40, 18h20, 21h10, 23h40; A Forma da Água M16. 12h40, 15h20, 20h50, 23h30; Lady Bird M14. 13h30, 16h20, 19h, 21h50, 00h05; Tomb Raider: O Começo M12. 21h40, 00h20 ; Manifesto M12. 13h50, 16h, 18h40, 21h30, 23h50; O Capitão M16. 18h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h40, 16h50, 21h, 24h; Peter Rabbit M6. 12h45, 15h, 17h15, 19h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h, 15h50, 18h30, 21h20, 00h10 Cinemas Nos ColomboAv. Lusíada. T. 16996Madame M12. 12h50, 15h10, 17h30, 20h40, 23h20; Black Panther M12. 13h, 16h, 21h30, 00h30; A Agente Vermelha M16. 20h30, 23h40; Tomb Raider: O Começo M12. 12h40, 15h20, 18h, 21h20, 24h; Sherlock Gnomes M6. 13h10, 15h30, 17h50 (V.Port./2D); Braven M12. 21h45, 00h15; Ready Player One: Jogador 1 M12. 14h, 17h10, 20h50, 00h10; Operação Entebbe 19h; Peter Rabbit M6. 13h20, 15h50, 18h10 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 12h55, 15h40, 18h20, 21h, 23h50; Encontro Silencioso M12. 13h25, 15h35, 17h45, 21h10, 23h30; Batalha do
Pacífico: A Revolta M12. 13h30, 16h10, 18h45, 21h35, 00h20 Cinemas Nos Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996Réplica Violenta M16. 18h10, 21h, 23h50; Black Panther M12. 12h50, 15h50, 18h40, 21h30, 00h30; A Agente Vermelha M16. 21h40, 00h35; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 16h10, 18h50, 21h50, 00h25; Sherlock Gnomes M6. 13h30, 15h40 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h30, 15h30, 21h20, 00h20 (2D), 18h20 (3D); Peter Rabbit M6. 13h, 15h20, 17h20, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h20, 16h, 21h10, 00h10 (2D), 18h30 (3D) Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Colo M16. 16h30, 21h45; Lady Bird M14. 14h30, 19h15; Manifesto M12. 13h25, 15h25, 17h20, 19h30, 21h30; O Capitão M16. 13h, 15h15, 17h30, 19h45, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 19h; Custódia Partilhada M12. 13h, 15h, 17h, 21h45 NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362Chavela M12. 13h45, 15h45, 17h45, 19h45, 21h45 UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. Botticelli - Inferno 16h30; Poveri ma Ricchi 19h; Dove Non ho Mai Abitato 21h30; Cinema Paraíso M12. 13h40, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Rock’n Roll M12. 16h15, 19h, 21h45; Madame M12. 13h50, 16h20, 18h45, 21h25, 23h50; A Hora Mais Negra M12. 13h45, 00h20; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 16h25, 21h45; Chama-me pelo Teu Nome M14. 18h55; Linha Fantasma M12. 19h; Black Panther M12. 00h05; Hostis M12. 21h35, 00h25; Eu, Tonya M16. 13h30; A Agente Vermelha M16. 16h, 21h30, 00h25; Lady Bird M14. 16h50, 21h50; Gringo M14. 13h40, 00h25; Ciúme M12. 14h; Tomb Raider: O Começo M12. 14h, 24h; Manifesto M12. 13h30, 15h45, 17h50, 22h, 00h25; Maria Madalena M12. 13h35, 16h15, 21h45, 00h20; O Capitão M16. 18h55; Wonderstruck: O Museu das Maravilhas M12. 13h40, 16h15, 18h50; Ready Player One: Jogador 1 M12. 14h, 17h, 21h15, 00h15 (2D), 18h50 (3D); Operação Entebbe 14h15, 16h45, 19h10, 21h40, 00h10; Peter Rabbit M6. 14h, 16h15, 18h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h50, 16h30, 21h30, 00h05 (2D), 19h (3D); Peter Rabbit M6. 19h55 (V.Orig./2D)
Almada Cinemas Nos Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Madame M12. 13h20, 15h45, 18h, 21h, 23h30; Réplica Violenta M16. 13h50, 16h15, 19h10, 21h50, 00h10; Black Panther M12. 12h30, 15h30, 18h25, 21h25, 00h25; Hostis M12. 20h55, 00h05; A Agente Vermelha M16. 12h25, 15h25, 18h25, 21h30, 00h30; A Idade da Pedra M6. 13h50, 16h20 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 21h55, 00h15; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 15h50, 18h50, 21h40, 00h20; Sherlock Gnomes M6. 13h, 15h15, 17h30, 19h40 (V.Port./2D); Braven M12. 13h40, 15h55, 18h15, 20h45, 23h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Operação Entebbe 18h45, 21h15, 23h50; Peter Rabbit M6. 13h30, 16h, 18h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h10, 24h; Encontro Silencioso M12. 12h40, 15h10, 17h20, 19h30, 22h, 00h10; Bullet Head - O Último Golpe M16. 13h45, 16h10, 18h35, 20h50, 23h15; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. Sala 4DX - 14h, 16h30, 19h, 21h45, 00h20 (3D)
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Ferdinando M6. 16h05 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da Estrada M16.
[email protected] estreia
Batalha do Pacífico: A RevoltaDe Steven S. DeKnight. Com Scott Eastwood, Tian Jing, Adria Arjona, Karan Brar. China/EUA. 2018. 111m. Acção, Aventura. M12. Quando seres alienígenas
emergiram das profundezas
do Oceano Pacífi co, nenhuma
nação estava preparada para o
que se aproximava. Os ataques
deram início a uma guerra sem
precedentes. Embora conscientes
do poder dos inimigos, os seres
humanos criaram máquinas
de guerra aptas a uma luta
corpo-a-corpo: os jaegar, robôs
colossais comandados por pilotos
neurologicamente conectados.
Bullet Head - O Último GolpeDe Paul Solet. Com Adrien Brody, Rory Culkin, Antonio Banderas, John Malkovich. BUL/EUA. 2017. 93m. Drama, Thriller. M16. Para despistar a polícia depois de
um golpe que lhes rendeu uma
enorme quantia de dinheiro, três
criminosos resolvem esconder-se
dentro de um grande armazém
abandonado. Julgando-se a salvo,
não imaginam o perigo que terão
de enfrentar...
ChavelaDe Daresha Kyi, Catherine Gund. Com Pedro Almodóvar, Elena Benarroch, Miguel Bosé. EUA/ESP/MEX. 2017. 93m. Drama, Biografia. M12. Um documentário sobre Chavela
Vargas, uma das maiores fi guras
da canção mexicana do século
XX, cuja voz peculiar foi várias
vezes incluída na banda sonora
de fi lmes de Pedro Almodóvar.
Aqui, é revelado um pouco
mais sobre a sua vida através de
imagens de arquivo e de uma
entrevista inédita dada duas
décadas antes da sua morte, a 5
de Agosto de 20112.
Cinema NovoDe Eryk Rocha. BRA. 2016. 90m. Documentário. M12. Este fi lme é uma ambiciosa
tentativa de “história do
cinema por ele próprio”,
centrada nos anos
da explosão do
Cinema Novo.
Inteiramente
composto por imagens de
arquivo retiradas aos fi lmes ou
de intervenções televisivas dos
seus principais cineastas, este
documentário dá imagem e voz a
um elenco vasto.
Cinema ParaísoDe Giuseppe Tornatore . Com Antonella Attili, Enzo Cannavale, Isa Danieli, Leo Gullotta. ITA/FRA. 1989. 120m. Drama. M12. Salvatore Di Vitta, um
reconhecido cineasta italiano,
recebe um telefonema
inesperado da sua mãe na Sicília,
onde nasceu e cresceu, que
lhe dá a conhecer a morte de
Alfredo, o projeccionista local
que deixava Totó - o diminutivo
por qual Salvatore era conhecido
- ver todos os fi lmes que
passavam pelo Cinema Paraíso.
Encontro SilenciosoDe Miguel Clara Vasconcelos. Com Ágata Pinho, Alexander David, Isabel Costa. POR. 2017. 83m. Drama, Aventura. M12. Cinco universitários organizam
um encontro secreto numa
aldeia isolada. Crentes de
que obedecendo às regras do
dux entrarão no mundo da
verdadeira sabedoria, eles
aceitam submeter-se cegamente
às suas ordens. O que daí resulta
é uma verdadeira visita ao
inferno...
MadameDe Amanda Sthers. Com Toni Collette, Harvey Keitel, Rossy
de Palma, Michael Smiley. FRA. 2017. 91m. Drama, Comédia. M12. Anne e Bob são dois milionários
norte-americanos que se mudam
para Paris na esperança de
reacender a paixão há muito
perdida. Quando, durante um
jantar de amigos, a supersticiosa
Anne se dá conta de que tem 13
convidados à mesa, obriga uma
das suas empregadas a juntar-se
a eles e assumir a personagem de
uma aristocrata espanhola.
ManifestoDe Julian Rosefeldt. Com Cate Blanchett, Erika Bauer, Ruby Bustamante. ALE. 2015. 95m. Drama. M12. Com realização do artista plástico
Julian Rosefeldt e com Cate
Blanchett como protagonista,
um fi lme onde personagens
questionam o papel do artista
através de textos da autoria de
Rosefeldt, a partir de cerca de 60
originais de artistas, arquitectos,
fi lósofos e realizadores dos
séculos XIX e XX.
Réplica ViolentaDe Brett Donowho. Com Bruce Willis, Cole Hauser, Shawn Ashmore, Ashton Holmes. GB/EUA/CAN. 2018. 86m. Drama, Acção. M16. Quando a namorada de Roman
MacGregor é raptada, ele e os
seus irmãos, Brendan e Deklan,
recentemente chegados do
Iraque, decidem salvá-la por
sua conta e risco. Durante o
processo, os três unem forças
com um detective que já há muito
tenta encontrar provas contra
o perigoso líder de uma rede de
tráfi co humano.
The Wailing - O LamentoDe Na Hong-jin. Com Kwak Do-won, Hwang Jung-min. EUA/Coreia do Sul. 2016. 156m. Thriller. M16. Um japonês chega a uma aldeia
remota da Coreia do Sul e instala-
se numa casa abandonada.
Pouco depois, os habitantes
começam a revelar sintomas
de uma enfermidade que os
torna violentos. Essa
agressividade dá
origem a uma série
de homicídios...
uliar foi várias
banda sonora
ro Almodóvar.
um pouco
vida através de
vo e de uma
a dada duas
sua morte, a 5
12.
BRA. 2016.tário. M12.ambiciosa
ória do
róprio”,
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com um detectiv
tenta encontrar
o perigoso líder
tráfi co humano.
The Wailing - ODe Na Hong-jinwon, Hwang JuCoreia do Sul. 2ThThThThThThThThThThThThThThThThThThTTTTTTTTTTTTTTT riller. M16.Um japonês che
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 33
SAIR
17h15; Réplica Violenta M16. 13h45, 15h30, 19h30, 21h40, 23h40; The Post M12. 22h; As Cinquenta Sombras Livre M16. 23h50; Black Panther M12. 15h50, 18h35, 21h20, 00h10; Hostis M12. 21h20; A Agente Vermelha M16. 18h25, 21h15, 00h05; A Idade da Pedra M6. 13h40, 15h40, 17h40 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 13h55, 19h40; Gringo M14. 13h40; Tomb Raider: O Começo M12. 13h35, 16h20, 19h10, 21h45, 00h15; The Strangers - Predadores da Noite M16. 00h30; Maria Madalena M12. 13h20, 16h10; Sherlock Gnomes M6. 13h20, 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h10, 24h; Operação Entebbe 21h55, 00h25; Peter Rabbit M6. 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h35 (V.Port./2D) ; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h30, 15h45, 18h40, 19h20, 21h50, 00h20; The Wailing - O Lamento M16. 19h, 00h15 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. Coco M6. 16h05 (V.Port./2D); Ferdinando M6. 13h35 (V.Port./2D); Réplica Violenta M16. 14h20, 16h50, 19h15, 21h50; Black Panther M12. 18h25, 21h15; A Agente Vermelha M16. 21h20; Snow: Uma Viagem Heróica M6. 14h15 (V.Port./2D); A Idade da Pedra M6. 13h50, 16h20 (V.Port./2D); Gringo M14. 19h20, 21h50; Tomb Raider: O Começo M12. 13h45, 16h30, 19h10, 21h50; Maria Madalena M12. 16h35; Sherlock Gnomes M6. 14h05, 16h40, 19h (V.Port./2D); Braven M12. 14h15, 16h45, 19h05, 21h45; Ready Player One: Jogador 1 M12. 14h, 17h, 21h15 (2D), 18h30 (3D); Operação Entebbe 21h40; Peter Rabbit M6. 13h40, 16h10, 18h40, 21h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h40, 16h25, 21h35 (2D), 19h10 (3D); Bullet Head - O Último Golpe M16. 14h10, 16h45, 19h15, 21h40
Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 212069440Réplica Violenta M16. 19h20, 21h20, 00h20; Sherlock Gnomes M6. 15h20, 17h20 (V.Port./2D); Braven M12. 21h40; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h45, 18h40, 21h35; Peter Rabbit M6. 15h10, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h30, 18h30, 21h30
Cascais Cinemas Nos CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Madame M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h40, 00h15; Gringo M14. 21h20, 00h10; Tomb Raider: O Começo M12. 13h, 15h40, 18h25, 21h10, 23h50; Sherlock Gnomes M6. 13h50, 16h20, 18h40 (V.Port./2D); Braven M12. 21h30, 00h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h40, 16h50, 20h30, 23h30; Operação Entebbe 12h55, 15h20, 17h55, 20h50, 23h40; Peter Rabbit M6. 13h25, 15h50, 18h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h10, 16h10, 18h50, 21h, 24h; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. Sala Imax ? 12h40, 15h10, 17h40, 20h40, 23h20 O Cinema da Villa - CascaisAvenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Shopping Center). T. 215887311Madame M12. 16h30, 19h20, 21h40; Tomb Raider: O Começo M12. 21h40; Sherlock Gnomes M6. 14h, 16h30 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h15, 16h, 18h45, 21h30; Peter Rabbit M6. 14h30, 17h, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h, 16h30, 19h10, 21h30
Caldas da Rainha Cineplace - Caldas da RainhaLa Vie Caldas da Rainha Shopping Center. Réplica Violenta M16. 17h40, 19h40, 21h40; A Agente Vermelha M16. 21h30; Tomb Raider:
O Começo M12. 16h30, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 15h40 (V.Port./2D); Braven M12. 14h20, 19h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h40, 18h30, 21h20; Peter Rabbit M6. 15h, 17h10, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h30, 16h50, 21h30 (2D), 19h10 (3D)
Sintra Cinema City BelouraBeloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643Cinema Paraíso M12. 21h55; Madame M12. 15h50, 17h40, 19h30, 21h45; Ferdinando M6. 16h10 (V.Port./2D); A Hora Mais Negra M12. 18h30; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 19h35; The Post M12. 22h; A Forma da Água M16. 17h25; A Agente Vermelha M16. 21h10; A Idade da Pedra M6. 15h25 (V.Port./2D); Lady Bird M14. 19h50; Com Paixão M12. 19h20; Tomb Raider: O Começo M12. 21h40; Maria Madalena M12. 15h35, 21h30; Sherlock Gnomes M6. 15h40 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 16h, 18h50, 21h20; Peter Rabbit M6. 15h30, 17h35, 19h40 (V.Port./2D), 17h40 (V.Orig./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h20, 17h30, 19h40, 21h50; The Wailing - O Lamento M16. 11h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352Réplica Violenta M16. 14h, 16h, 18h, 21h, 21h50; Black Panther M12. 15h30, 18h10, 21h10; A Agente Vermelha M16. 21h25; Tomb Raider: O Começo M12. 15h50, 18h50, 21h25; Braven M12. 14h, 16h, 18h, 20h, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h40, 18h30, 21h30; Peter Rabbit M6. 15h10, 17h15, 19h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h50, 18h40, 21h20
Leiria Cinema City LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das Mestras. T. 244845071Cinema Paraíso M12. 19h35; Black Panther M12. 21h30; A Agente Vermelha M16. 21h10; A Idade da Pedra M6. 16h20 (V.Port./2D); Tomb Raider: O Começo M12. 16h10, 18h50, 22h; Sherlock Gnomes M6. 15h50 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h40, 17h50, 21h20; Operação Entebbe 22h10; Peter Rabbit M6. 15h25, 17h30, 19h15, 21h35 (V.Port./2D) ; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h20, 16h, 17h30, 18h40, 19h50, 21h40; The Wailing - O Lamento M16. 18h30 Cineplace - Leiria ShoppingCC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516Madame M12. 17h30, 19h30, 21h40; Réplica
Violenta M16. 15h40, 17h50, 19h50, 21h50; A Idade da Pedra M6. 15h30 (V.Port./2D); Gringo M14. 21h50; Tomb Raider: O Começo M12. 16h30, 21h30 (2D), 19h (3D); Sherlock Gnomes M6. 14h30 (V.Port./2D); Braven M12. 17h20, 22h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h50, 18h40, 21h30; Operação Entebbe 15h, 19h40; Peter Rabbit M6. 15h20, 17h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h40, 17h, 21h40 (2D), 19h20 (3D)
Loures Cineplace - Loures ShoppingQuinta do Infantado, Loja A003. Madame M12. 17h40, 19h40, 21h40; Réplica Violenta M16. 15h50, 17h0, 19h50, 21h50; Snow: Uma Viagem Heróica M6. 14h (V.Port./2D); A Idade da Pedra M6. 15h40 (V.Port./2D); Gringo M14. 21h50; Tomb Raider: O Começo M12. 18h50, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 14h50, 16h50 (V.Port./2D); Braven M12. 17h, 21h30; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h50, 18h40, 21h30; Operação Entebbe 14h50, 19h10; Peter Rabbit M6. 15h20, 17h30 (V.Port./2D), 19h40 (V.Orig./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 14h40, 17h, 21h40 (2D), 19h20 (3D)
Montijo Cinemas Nos Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Réplica Violenta M16. 19h40, 21h50; A Agente Vermelha M16. 21h10; Tomb Raider: O Começo M12. 13h05, 15h50, 18h30, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 13h20, 15h30, 17h35 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h55, 16h10, 21h; Operação Entebbe 13h15, 15h40, 18h25, 21h15; Peter Rabbit M6. 13h40, 16h, 18h20 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h, 15h45, 21h30 (2D), 18h40 (3D)
Odivelas Cinemas Nos Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996Black Panther M12. 21h20; Gringo M14. 21h30; Tomb Raider: O Começo M12. 12h50, 15h30, 18h30, 21h10; Sherlock Gnomes M6. 13h20, 16h, 18h40 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h40, 17h, 20h40; Peter Rabbit M6. 13h, 15h, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h15, 15h50, 18h20, 21h
Miraflores Cinemas Nos Dolce Vita MirafloresC. C. Dolce Vita - Av. das Túlipas.
FARMÁCIAS
Lisboa/Serviço PermanenteAtena (Anjos - Chile) - Av. Almirante Reis, 88 B - C - Tel. 218121773 Duque de Ávila (Nossa Senhora de Fátima) - Av. Duque de Ávila, 32 C/D - Tel. 213543495 Nova dos Olivais (Santa Maria dos Olivais) - Rua de Manhiça, Lote 469-A - Tel. 218516402 Luciano Cordeiro - R. Luciano Cordeiro, 73 Conde Redondo - Tel. 213156381
Outras Localidades//Serviço PermanenteAlandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Santos Pinto Alcácer do Sal - Alcacerense Alcobaça - Epifânio Alcochete - Cavaquinha, Póvoas (Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer - Varela Aljustrel - Pereira Almada - Marisol Almodôvar - Ramos Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Casal da Mira, Melo Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Nova, Peralta (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do Intendente) Barrancos - Barranquense Beja - Santos Belmonte - Costa, Central (Caria) Bombarral - Franca Borba - Carvalho Cortes Cadaval - Misericórdia Caldas da Rainha - Maldonado Campo Maior - Campo Maior Cascais - Parque do Estoril Lda. (Estoril), Rana (Rana) Castelo Branco - Nuno Alvares Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Covilhã - da Alameda Cuba - Da Misericórdia Elvas - Sousa Estremoz - Grijó Évora - Paços Ferreira do Alentejo - Salgado Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Vitória Gavião - Mendes (Belver), Gavião Grândola - Pablo Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) Lagoa - José Maceta Lagos - A Lacobrigense Loulé - Silveira Algarve, Martins, Algarve (Quarteira) Loures - Santo António dos Cavaleiros, Banha (S. Cosme) Lourinhã - Correia Mendes (Moita dos Ferreiros), Leal (Rio Tinto) Mafra - Ferreira (Malveira), Costa Maximiano (Sobreiro) Marvão - Roque Pinto Mértola - Pancada Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Misericórdia Montijo - Diogo Marques Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Faria Mourão - Central Nazaré - Sousa, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos), Senhora da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Oeiras - Ribeiro Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Rocha Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Central do Pinhal Novo Penamacor - Melo Peniche - Higiénica Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Chambel Suc. Portel - Fialho Portimão - Carvalho Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz - Moderna Santiago do Cacém - Corte Real Seixal - Além Tejo Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva, Farinha (Cernache do Bonjardim) Sesimbra - da Cotovia Setúbal - Bocagiana, Cunha Pinheiro Silves - Cruz de Portugal, Dias Neves Sines - Atlântico, Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Rodrigues Garcia (Agualva), Domus Massamá (Massamá), Dumas Brousse (Rinchoa) Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Montepio Artistico Tavirense Torres Vedras - Torres Vedras Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Nova Alverca Vila Real de Santo António - Carrilho Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito - Baronia Redondo - Alentejo
Gringo M14. 21h20; Tomb Raider: O Começo M12. 22h; Sherlock Gnomes M6. 14h50, 17h, 19h10 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h, 18h, 21h, 24h; Peter Rabbit M6. 15h10, 17h30, 19h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h30, 18h30, 21h30
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 249830752Tomb Raider: O Começo M12. 21h10; Braven M12. 21h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h45, 15h30, 18h20; Peter Rabbit M6. 13h, 15h20, 18h30 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h, 15h40, 18h10, 21h15, 23h35
Torres Vedras Cinemas Nos Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Gringo M14. 21h40; Tomb Raider: O Começo M12. 13h, 15h45, 18h40, 21h20; Sherlock Gnomes M6. 12h50, 15h, 17h20, 19h30 (V.Port./2D); Braven M12. 21h; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h45, 17h, 20h45; Peter Rabbit M6. 13h10, 15h30, 18h (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h30, 16h, 18h30, 21h30
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 243309340Réplica Violenta M16. 16h, 18h30, 21h20; Hostis M12. 21h; Tomb Raider: O Começo M12. 15h50, 18h30, 21h10; Maria Madalena M12. 15h40, 18h20; Ready Player One: Jogador 1 M12. 15h25, 18h10, 21h15; Operação Entebbe 21h45; Peter Rabbit M6. 15h20, 17h30, 21h40 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 15h45, 18h40, 21h30
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. António Manuel Gamito, 11. T. 265522446Chavela M12. 21h30 Cinema City Alegro SetúbalCentro Comercial Alegro Setúbal. T. 265239853Cinema Paraíso M12. 19h; Três Cartazes à Beira da Estrada M16. 14h; Réplica Violenta M16. 13h30, 15h20, 19h25, 21h40, 23h40; Patrulha de Gnomos M6. 13h15, 15h10 (V.Port./2D); Black Panther M12. 18h40, 21h25, 00h10; A Agente Vermelha M16. 21h15, 00h05; A Idade da Pedra M6. 13h40, 15h40, 17h40 (V.Port./2D); Gringo M14. 21h55, 00h20; Tomb Raider: O Começo M12. 13h40, 16h10, 17h05, 19h30, 22h, 00h30; The Strangers - Predadores da Noite M16. 23h50; Maria Madalena M12. 16h20; Sherlock Gnomes M6. 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.Port./2D) ; Ready Player One: Jogador 1 M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h10, 24h; Operação Entebbe 21h35; Peter Rabbit M6. 11h20, 13h25, 15h30, 17h35, 19h40, 21h45 (V.Port./2D) ; Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 13h25, 15h45, 17h10, 18h30, 19h40, 21h50, 00h15; The Wailing - O Lamento M16. 23h55
Évora Cinemas Nos Évora PlazaCentro Comercial Évora Plaza, loja n.º 1, Rua Luís Adelino Fonseca, lote 4. A Agente Vermelha M16. 21h, 24h; Tomb Raider: O Começo M12. 13h10, 15h50, 18h40, 21h40, 00h25; Aparição M12. 21h10, 23h50; Sherlock Gnomes M6. 13h, 15h10, 17h10, 19h10 (V.Port./2D); Ready Player One: Jogador 1 M12. 12h20, 15h20, 18h20, 21h20, 00h20; Peter Rabbit M6. 13h20, 16h, 18h10 (V.Port./2D); Batalha do Pacífico: A Revolta M12. 12h50, 15h40, 18h30, 21h30, 00h10
AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
Aparição mmmmm – mmmmm
Cinema Novo mmmmm mmmmm mmmmm
Colo mmmmm mmmmm mmmmm
Custódia Partilhada – mmmmm mmmmm
Hostis mmmmm – –Madame – mmmmm –Manifesto – mmmmm mmmmm
No Intenso Agora mmmmm mmmmm mmmmm
Operação Entebbe mmmmm – –The Wailing - O Lamento – mmmmm mmmmm
Ready Player One mmmmm mmmmm mmmmm
O Terceiro Assassinato – mmmmm mmmmm
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34 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
CINEMACold Mountain AXN Black, 22hBaseado no romance homónimo
de Charles Frazier, Cold Mountain
conta a história de Inman ( Jude
Law), um soldado ferido durante a
Guerra Civil americana, que tenta
regressar a casa, nas montanhas
da Carolina do Norte, onde a sua
amada, Ada (Nicole Kidman), o
espera. Ada, por seu turno, tenta
gerir e proteger a quinta do pai
com a ajuda de Ruby (Renée
Zellweger, Óscar de Melhor Actriz
Secundária). Um multipremiado
drama, de Anthony Minghella.
Um Homem SingularAXN White, 23h10Los Angeles, 30 de Novembro
de 1962. Depois da trágica morte
de Jim (Matthew Goode), seu
companheiro dos últimos 16
anos, nada parece fazer sentido
para o professor George Falconer
(Colin Firth). Tudo lhe relembra
a felicidade perdida e nem a sua
velha amiga Charley ( Juliane
Moore) o consegue tirar do torpor
em que vive. Mas um encontro
com Kenny (Nicholas Hoult), um
jovem aluno das suas aulas de
inglês que parece seguir os seus
passos durante todo um dia,
vai fazer renascer a vontade de
começar tudo de novo. De Tom
Ford, valeu a Colin Firth o prémio
de Melhor Actor no Festival de
Veneza.
Nós Controlamos a NoiteHollywood, 23h15Nova Iorque, fi m dos anos 1980.
Com a explosão do tráfi co de
droga, a máfi a russa estende
a sua infl uência ao mundo da
noite. Bobby ( Joaquin Phoenix) é
o jovem gerente de um bar com
ligações àquele grupo criminoso.
Para continuar a sua ascensão
profi ssional, esconde o facto de
Joseph, o irmão, e Burt, o pai,
pertencerem à polícia nova-
iorquina. Mas a cada dia que passa,
os confrontos entre a máfi a e as
autoridades são mais violentos
e, face às ameaças contra a sua
família, Bobby terá de escolher de
que lado da batalha está. De James
Gray.
Diário de Uma Criada de Quarto RTP2, 23h49Adaptação cinematográfi ca do
romance homónimo do escritor,
crítico de arte e jornalista Octave
Mirbeau por Benoît Jacquot
(Adeus, Minha Rainha). Célestine
deixa Paris e vai trabalhar como
criada de quarto para a casa dos
Lanlaire, uma família endinheirada
de uma zona rural francesa. Jovem
e muito bela, vai evitando os
avanços do patrão, que usa da sua
posição de poder para seduzir as
empregadas. É então que conhece
Joseph, um homem que guarda
os seus próprios segredos e que
a ajuda a lidar com a senhora
da casa, uma pessoa autoritária
e caprichosa que inveja a sua
juventude e beleza…
INFORMAÇÃO
Prós e Contras: Eutanásia RTP1, 21h07Três projectos de lei entraram
no Parlamento, mas há quem
considere que este é um assunto
que deve ser decidido após
referendo. Quem, como e quando
deve decidir o momento da nossa
morte?
SÉRIES
For the People Fox Life, 22h20Passada no tribunal distrital do
Sul de Nova Iorque, uma série
que segue advogados em início
de carreira que integram a defesa
e a acusação nos casos de maior
relevo e maior risco do país...
e, enquanto isso, as suas vidas
vão-se cruzando dentro e fora da
sala de audiência. Com Jasmin
Savoy Brown, Wesam Keesh e Britt
Robertson.
Chicago Fire TVI, 1h20A segunda temporada de uma
série que segue o quotidiano dos
bombeiros e paramédicos do
51.º Quartel. Jesse Spencer é o
tenente Matthew Casey, o líder da
equipa de operacionais que reúne
o intrépido ten. Kelly Severide
(Taylor Kinney), o veterano
chefe Wallace Boden (Eamonn
Walker), Gabriella Dawson (Monica
Raymund), uma paramédica
de racciocínio rápido e grande
coragem, a efi ciente e dedicada
Leslie Shay (Lauren German), o
experiente bombeiro Christopher
Hermann (David Eigenberg) e
o novato Peter Mills (Charlie
Barnett).
DOCUMENTÁRIO
Terra Secreta História, 22h03Craig Beals, professor de Ciências
de um liceu em Montana, tem uma
missão na vida: explorar e revelar
os segredos mais surpreendentes
do planeta. Desta feita, investiga
um dos maiores mistérios da
América, mesmo junto a sua casa:
o supervulcão de Yellowstone.
Televisão [email protected]
FICAR
RTP 16.30 Bom Dia Portugal 10.00 A Praça 12.13 As Receitas Lá de Casa 13.00 Jornal da Tarde 14.19 O Sábio 14.45 Agora Nós 17.30 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 19.59 Telejornal 21.07 Prós e Contras: Eutanásia 22.40 Anos a Viver Perigosamente 23.39 Sem Ofensa 0.37 O Sábio 1.03 5 Para a Meia-Noite 2.44 Missão: 100% Português 3.43 Televendas
RTP 27.00 Zig Zag 10.31 Bob’s Burgers 10.53 Euronews 11.36 Lendas do Tofu 12.04 Curso de Cultura Geral 12.59 Candice Renoir 14.00 Sociedade Civil: Pontes de Portugal 15.03 A Fé dos Homens 15.37 Uma Nova Vida 16.30 Magnífica Itália 16.59 Zig Zag 20.58 Bob’s Burgers 21.20 Hora da Sorte - Lotaria 21.30 Jornal 2 22.12 Crónicas, uma História Familiar 23.15 Visita Guiada 23.49 Diário de uma Criada de Quarto 1.24 Club Atlas 1.56 Esec-Tv 2.24 Sociedade Civil 3.26 SMS - Ser Mais Sabedor 3.50 Euronews 5.02 Bem-Vindos a Beirais 5.48 Os Nossos Dias
SIC6.00 Edição da Manhã 9.30 Queridas Manhãs 13.00 Primeiro Jornal 14.45 Mar Salgado 16.15 Sol de Inverno 18.15 Dr. Saúde 19.15 Linha Aberta 19.57 Jornal da Noite 21.35 Vidas Opostas 22.25 Paixão 23.00 Espelho d’Água 23.55 O Outro Lado do Paraíso 0.50 Investigação Criminal 1.45 CSI: Cyber 2.45 Poderosas
TVI6.00 Todos Iguais 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.00 SOS 24 14.45 Sedução 15.30 Espírito Indomável 16.15 A Tarde é Sua 19.10 Apanha se Puderes 19.58 Jornal das 8 21.30 A Herdeira 22.45 Jogo Duplo 23.50 Secret Story 7 - Late-Night Secret 1.20 Chicago Fire 2.17 Anjo Meu 2.46 Olhos de Água
TVC111.15 The Accountant - Acerto de Contas 13.25 A Cidade Perdida de Z 15.40 Foge 17.25 Viver Depois de Ti 19.20 La La Land: Melodia de Amor 21.30 Gru - O Maldisposto 3 (V.O.) 23.05 A Canção de Lisboa (2016) 1.00
A Última Rapariga 2.30 Goat 4.20 Última Chamada Para Lado Nenhum
FOX MOVIES9.08 Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado 10.34 Ninja 11.54 Convoy: O Comboio dos Duros 13.42 O Passado Não Perdoa 15.40 Dias do Paraíso 17.07 (500) Dias Com Summer 18.37 O Resgate do Soldado Ryan 21.15 Barb Wire: Bela e Perigosa 22.49 Desperado (1995) 0.27 Oficial e Cavalheiro 2.25 Os Três Dias do Condor 4.17 O Regresso do Ninja Americano
CANAL HOLLYWOOD10.30 Touro Enraivecido 12.40 Alex e Emma 14.15 O Fundamentalista Relutante 16.25 Gangsters da Velha Guarda 18.05 Getaway - Em Fuga 19.40 Tango e Cash 21.30 Desaparecido em Combate 23.15 Nós Controlamos a Noite 1.15 O Escolhido 2.55 Sleepers - Sentimento de Revolta 5.20 Assassinos
AXN13.12 Mentes Criminosas 13.56 Investigação Criminal 16.15 Nome de Código: Cloverfield 17.32 Investigação Criminal 18.17 Mentes Criminosas 19.49 Chicago Fire 20.35 The Blacklist 21.24 S.W.A.T.: Força de Intervenção 23.11 Chicago Fire 0.06 Out of Time - Tempo Limite 1.54 S.W.A.T.: Força de Intervenção 2.41 Castle 4.11 Castle 4.55 Investigação Criminal
AXN BLACK13.31 Stay - Entre a Vida e a Morte 15.03 iZombie 16.34 A Casa Assombrada 18.01 As Quatro Penas Brancas 20.08 Casanova 22.00 Cold Mountain 0.34 O Comboio das 3 e 10 2.30 As Quatro Penas Brancas 4.33 Velas Negras
AXN WHITE14.28 The Player 15.14 Dr. Ken 15.38 A Teoria do Big Bang 16.01 Enquanto Estiveres Aí... 17.33 A Mulher da Casa 19.15 Psych - Agentes Especiais 20.49 A Teoria do Big Bang 21.12 Dr. Ken 21.38 A Teoria do Big Bang 23.10 Um Homem Singular 0.46 Dr. Ken 1.09 Crossing Lines 2.02 The Player 2.48 Mágoas de Grandeza 3.32 Infiéis 4.18 Crossing Lines 5.10 The Player
FOX13.58 Hawai Força Especial 15.31 Investigação Criminal: Los Angeles 17.04 C.S.I. 17.53 C.S.I. Miami 18.44 Hawai Força Especial 20.24 Investigação Criminal: Los Angeles 22.15 The Walking Dead 23.15 Legion 0.19 Resident Evil: Ressurreição 2.05 Hawai Força Especial 3.34 C.S.I. Miami
FOX LIFE14.41 Abduction of Angie 16.08 Heart of the Matter 17.36 A Lover Betrayed 19.05 Ossos 20.39 Anatomia de Grey 22.20 For the People 23.12 Lei & Ordem: Unidade Especial 0.05 Resposta Rápida 1.40 Star 2.24 No Limite 3.21 Rizzoli & Isles 4.50 Ossos
DISNEY15.21 Lab Rats 16.08 Gravity Falls 16.53 Phineas e Ferb 17.41 Mickey Mouse - Edição Especial 18.05 Star Contra as Forças do Mal 18.29 A Lei de Milo Murphy 18.53 Miraculous - As Aventuras de Ladybug 19.42 A Irmã do Meio 20.30 Bizaardvark
DISCOVERY17.20 Alasca: A Última Fronteira 19.10 Desmontar a História 23.50 Aliens: Ficheiros Abertos 0.40 Desmontar a História 2.15 Segredos do Universo Com Morgan Freeman 3.00 Caçadores de Mitos: A Nova Geração 4.30 Leilões Em Família 5.00 Caçadores de Leilões
HISTÓRIA17.00 Top 10 da Antiguidade 18.23 A Maldição do Republic 20.37 O Preço da História 22.03 Terra Secreta 22.45 Megaterramoto 0.15 Apocalipse Climático 1.39 Caça aos Nazis 3.12 Animais e Nazis 4.05 Hitler
ODISSEIA17.42 Zâmbia Selvagem 18.29 Mergulhar Com Tubarões 19.20 Titãs das Profundezas 20.11 Mortos de Tanto Rir! 20.57 Resgate na Praia 21.42 Perigo Extremo 22.30 Cyberwar 23.13 Gaycation 23.58 Cyberwar 0.42 1000 Formas de Morrer 1.25 O Guerreiro Mais Letal 2.09 Diários da Bicicleta 2.55 Mortos de Tanto Rir! 3.44 Resgate na Praia 4.15 Perigo Extremo 5.10 Selvagens
Os mais vistos da TVSábado, 7
FONTE: CAEM
TVISICTVISICSIC
13,611,6
10,69,18,8
Aud.% Share
27,123,223,219,823,2
RTP1
RTP2
SICTVI
Cabo
11,5%%
1,316,4
19,7
38,2
A Herdeira IIPaixão IIJornal Das 8Jornal Da NoiteEspelho D'água
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 35
CRUZADAS 10.215
SUDOKU
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Madeira
NascentePoente
Marés
Preia-mar
Leixões Cascais Faro
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Viana do Castelo
Braga7º 16º
Porto8º 14º
Vila Real3º 12º
8º 14º
Bragança3º 12º
Guarda0º 6º
Penhas Douradas-2º 3º
Viseu2º 10º
Aveiro7º 14º
Coimbra6º 12º
Leiria6º 14º
Santarém5º 16º
Portalegre3º 10º
Lisboa6º 15º
Setúbal6º 16º Évora
5º 15º
Beja5º 15º
Castelo Branco4º 12º
Sines7º 15º
Sagres9º 16º
Faro7º 16º
CorvoGraciosa
Faial
Pico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
15º 19º
13º 19º
FloresTerceira11º 18º
14º 18º
14º 20º
12º 18º
17º
15º
07h0920h08
1-2m
2m
17º
2-3m
18º1-2m
18º
5-6m
11h03 2,423h29 2,5
17h10 1,506h02* 1,4
10h39 2,423h07 2,6
16h47 1,605h39* 1,5
10h36 2,323h07 2,5
16h47 1,505h40* 1,4
4-5m
4-5m
2-3m
13º
14º
17º
Lua Nova
02h5716 Abr.
Horizontais: 1. Faz pressão de cima para baixo. Restabelecer a saúde de. 2. Pontapé numa bola. Ligação (fig.). 3. Sucedâneo do iodofórmio. Tanque onde se espremem ou pisam certos frutos. 4. Armada Portuguesa (sigla). Substituir por coisa nova ou melhor. 5. Corrida de embarcações. Artigo antigo. 6. Presidente da República (abrev.). Espaço de 12 meses. Oferta Pública de Aquisição (acrónimo). 7. Antes do meio-dia. O qual. Seguir até. 8. Comida típica com peixe, azei-te de dendê e quiabo (Angola). Milímetro (abrev.). 9. Abreviatura de Anno Domini. Que produz leite. 10. Tentativa. Partícula de negação. 11. Plantio de amieiros. Mula.
Verticais: 1. Ranger. Respeita. 2. Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Espécie de pato. 3. Sigla de Liquid Cristal Display. Almofariz. Letra grega correspondente a n. 4. Derrama lágrimas. Coima. 5. Tocador de aulo ou de flauta. Fiel. 6. Tinta-da-china. 7. Regaço. Alternativa. Possui. 8. Eu te saúdo! (interj.). Nome da letra M. 9. Prazer. Jazigo de minérios. 10. Em forma de asa. Décima sexta letra do alfabeto grego. Batráquio. 11. Grande porção (popular). Desenho humorístico ou satírico publicado normalmente em revistas ou jornais.
Depois do problema resolvido encontre o título de uma obra de Hong Zheng (3 palavras).
Solução do problema anteriorHorizontais: 1. Arruma. Algo. 2. Manso. Pluri. 3. EM. Esfiapar. 4. CERRADA. 5. BOCA. AM. 6. Auxese. Abar. 7. Vial. NE. Ulo. 8. Ar. Estuar. 9. Ciar. Rena. 10. Anormal. Lã. 11. Rodo. Mau. Ou.Verticais: 1. Amei. Avatar. 2. RAM. Buir. No. 3. Rn. Coxa. COD. 4. Use. Celeiro. 5. MOSCAS. Sam. 6. Fe. ENTRAM. 7. Pira. Eu. LA. 8. Alarma. Ar. 9. Lupa. Burel. 10. Gradual. NÃO. 11. Oira. Roda.Provérbio: Em boca cerrada não entram moscas.
Problema 8204Dificuldade: Fácil
Problema 8205Dificuldade: Médio
Solução do problema 8202
Solução do problema 8203
© Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
JOGOS
BRIDGE
Oeste Norte Este Sul 1♥2♥ (1) X passo 3♥passo 4♥ Todos passam
Leilão: Equipas ou partida livre. (1) Michael´s cue-bid – bicolor espadas e um naipe menor, 5-5 pelo menos.
Carteio: Saída: A♣. Oeste joga de segui-da o Rei e a Dama de paus, onde Este assis-te das três vezes e Sul corta. Qual a melhor linha de jogo?
Solução: Apesar da intervenção de Oeste sugerir que esteja curto a copas, não é ne-cessário correr o risco de jogar copa para o Ás e outra copa para o 10 para fazer a passagem ao Valete, pois pode perder pa-ra um Valete segundo em Oeste. Graças à técnica de “redução de trunfo” é sempre possível capturar um Valete de trunfo à quarta em Este, e sem grande dificulda-de. Vejamos: jogue copa para o Ás e outra
Dador: SulVul: Todos
NORTE♠ K42♥ A6♦ K9632♣ 753
SUL ♠ AJ♥ KQ10943♦ A105♣ J6
OESTE♠ Q10973♥ 5♦ Q7♣AKQ102
ESTE♠ 865♥ J872♦J84♣ 984
João Fanha/Pedro Morbey ([email protected])
copa para o Rei. Quando Oeste não assistir não desespere, jogue agora Ás, Rei e espa-da cortada e Ás, Rei e ouro para fora. A duas cartas do fim, um dos adversário encontra-se em mão e na sua mão terá Q10 de copas e Este J8, as duas últimas vazas serão suas, assim como o contrato.
Considere o seguinte leilão:Oeste Norte Este Sul passo passo passo?
O que marca com a seguinte mão?♠4 ♥KJ10972 ♦K1052 ♣K2
Resposta: Abra em 2 copas. Como já haví-amos referido, as barragens em quarta po-sição tem um significado diferente das que são feitas nas outras posições de abertura. Com um bom naipe sexto e cerca de uma dezena de pontos não hesite em abrir em 2 fraco, em quarta posição.
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36 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
DESPORTO
Jogadores 1, Bruno Carvalho 0
Bruno de Carvalho saiu ontem do
banco de suplentes de Alvalade com
difi culdades em andar, no fi nal de
uma partida em que o conjunto “leo-
nino” bateu o Paços de Ferreira, por
2-0, mantendo as distâncias para os
lugares cimeiros da classifi cação da
Liga. Não se sabe o que sucedeu exac-
tamente ao presidente do Sporting,
que horas antes do encontro publi-
cou um comunicado no qual reitera-
va críticas aos jogadores, mantendo
a intenção de colocar sobre a alça-
da disciplinar os 18 que o criticaram
publicamente. O que não oferece
dúvidas é que, apesar da vitória da
equipa, a sua noite foi aziaga e não
apenas por motivos físicos.
Se os 41 mil espectadores que se
deslocaram ao estádio para assistir à
partida servirem de barómetro para
avaliar o estado de espírito da massa
associativa e adepta do clube em re-
lação à crise que estalou esta semana
na família “leonina”, Bruno de Car-
valho está a perder o braço-de-ferro
com a equipa. O próprio presidente
do Sporting o comprovou quando,
corajosamente, se sentou no banco e
foi brindado com uma chuva de asso-
bios e alguns lenços brancos, que se
repetiram ao intervalo e no fi nal.
Os jogadores, pelo contrário, me-
receram aplausos e palavras de in-
centivo da maioria das bancadas,
exceptuando da zona reservada à Ju-
ventude Leonina. Antes do apito ini-
cial, a claque mostrou uma tarja crí-
tica: “Jogadores: amar e sentir o clu-
be. Tudo o que vocês não sentem.”
Na partida propriamente dita, a
recente crise não causou mossa aos
futebolistas da casa, ou pelo menos
estes não o demonstraram. Frente a
um adversário que está a atravessar
uma boa fase, tendo inclusivamente
derrotado o FC Porto em casa (1-0),
o Sporting mostrou serenidade, con-
centração e paciência para impor os
seus argumentos.
Mesmo sem uma exibição de en-
cher o olho, o conjunto de Jorge Je-
sus, esteve sempre acima do Paços.
Não foi exactamente dominador, mas
controlou o encontro para evitar sur-
presas, especialmente depois de ter
inaugurado o marcador, aos 20’.
Um cruzamento da esquerda de
Bryan Ruiz, um toque subtil de cabe-
ça de Bruno Fernandes e outro cabe-
ceamento do incontornável Bas Dost
para as redes. O 24.º golo do ponta-
de-lança holandês no campeonato
tranquilizou a equipa.
O Paços de Ferreira defendia bem
(apesar da passividade no primeiro
golo), com as suas linhas muito próxi-
mas, criava difi culdades à construção
dos lisboetas, dividia a posse de bola
e até conseguia algumas transições
ofensivas esporádicas, mas nunca
representou grande perigo para a
baliza defendida por Rui Patrício.
A perder ao intervalo, os “cas-
tores” tiveram de arriscar mais e
o Sporting aproveitou para lançar
contra-ataques venenosos e passou
a ter mais espaço para organizar o
seu jogo ofensivo. Depois de quatro
ameaças (três delas consecutivas, aos
52’), os “leões” conseguiam mesmo
ampliar a vantagem, numa grande
jogada inventada por Gelson Martins,
aos 65’.
O extremo roubou uma bola à
defesa contrária, combinou com
Bruno Fernandes e fez um passe
atrasado que Bryan Ruiz concluiu
com o segundo golo. Os festejos dos
jogadores foram efusivos, mas bem
longe do banco onde estava Bruno
de Carvalho.
O resultado estava selado e o en-
contro, apesar das reacções das
bancadas, acabou por ser uma es-
pécie de anticlímax face aos aconte-
cimentos que a antecederam. Com
Crónica de jogoPaulo Curado
Sporting derrotou o Paços de Ferreira sem difi culdades numa partida em que os adeptos aplaudiram a equipa e apuparam o presidente
REACÇÃO
Tivemos uma semana complicada. Nunca tinha passado por uma situação como esta.Tive que perceber que tinha que defender um clube. Eu é que tive sempre do lado dos jogadores.Hoje tinha de haverjogo e com os melhores
Jorge JesusSporting
Positivo/Negativo
JogadoresApesar da “surpresa” que tiveram antes do encontro a equipa comportou-se de forma profissional e acabou por merecer o apoio dos adeptos. Foi uma espécie de bofetada de luva branca ao presidente.
Bryan RuizUma assistência e um golo do costa-riquenho transformaram-no na grande figura do encontro.
Bruno de CarvalhoFoi afoito ao ir para o banco, mas terá comprovado que está a perder os adeptos nesta “guerra” que iniciou com os jogadores. No final do jogo foi à sala de imprensa para queixar-se de “ingratidão”, repreendendo aqueles que o ofenderam das bancadas.
Sporting 2Bas Dost 20’, Bryan Ruiz 66’
Paços de Ferreira 0
Jogo no Estádio José Alvalade, em Lisboa.
Assistência 40.868 espectadores
Sporting Rui Patrício, Battaglia, Coates, Mathieu, Ristovski, Gelson, Wendel (Lumor, 67’), Bruno Fernandes (Palhinha, 88’), Acuña a67’, Bas Dost e Bryan Ruiz (Montero, 87’). Treinador Jorge Jesus.
Paços de Ferreira Mário Felgueiras, João Góis, Rui Correia, Miguel Vieira, Filipe Ferreira, Assis a86’, Rúben Micael (Vasco Rocha, 75’), Pedrinho, Mabil (Quiñónes, 58’), Luiz Phellype a37’ (Bruno Moreira, 73’) e Xavier. Treinador João Henriques.
Árbitro Bruno Esteves (AF Setúbal)
Bryan Ruiz festeja o segundo golo do Sporting frente ao Paços de Ferreira
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 37
MIGUEL A. LOPES/LUSA
a ameaça dos castigos aos jogadores
contestatários a pairar resta agora
saber o ambiente que Jesus terá no
balneário para preparar a recepção
ao Atlético de Madrid. Os “leões”
vão entrar com uma desvantagem
de dois golos na segunda mão dos
quartos-de-fi nal da Liga Europa, na
próxima quinta-feira.
Para já, o comportamento da
equipa foi profi ssional e agradou os
adeptos. Estes poderão ser defi nitiva-
mente conquistados se os jogadores
conseguirem inverter a sua sorte na
segunda competição da UEFA ou, pe-
lo menos, se derem melhor réplica
do que aquela que ofereceram na ca-
pital espanhola. O treinador confes-
sou no fi nal do jogo que nunca pas-
sou por nada idêntico e disse ter es-
tado sempre do lado dos seus atletas.
CLASSIFICAÇÃOI LIGA
Jornada 29V. Guimarães-Rio Ave 3-0Tondela-Portimonense 1-1Estoril-Marítimo 2-2Feirense-Sp. Braga 2-2V. Setúbal-Benfica 1-1Desp. Chaves-Belenenses 1-1FC Porto-Desp. Aves 2-0Sporting-Paços Ferreira 2-0Moreirense-Boavista 20h, SPTV
J V E D M-S P1. Benfica 29 23 5 1 75-17 742. FC Porto 29 23 4 2 72-16 733. Sporting 29 22 5 3 55-18 684. Sp. Braga 29 21 2 6 65-26 655. Rio Ave 29 13 4 12 35-38 436. Marítimo 29 12 7 10 33-41 437. Desp. Chaves 29 10 7 12 34-46 378. Boavista 28 11 4 13 29-38 379. V. Guimarães 29 11 3 15 38-51 3610. Portimonense 29 9 8 12 44-50 35 11. Belenenses 29 8 9 12 26-37 3312. Tondela 29 8 7 14 32-41 3113. V. Setúbal 29 6 10 13 35-52 28 14. P. Ferreira 29 7 7 15 30-49 28 15. Desp. Aves 29 6 7 16 29-45 2516. Moreirense 28 6 7 15 25-43 2517. Feirense 29 7 3 19 27-44 2418. Estoril 29 6 5 18 26-58 23
Próxima jornada Paços Ferreira-Sp. Braga, Portimonense-Estoril, Desp. Aves-Feirense, Boavista-Desp. Chaves, V. Guimarães-V. Setúbal, Marítimo-Moreirense, Benfica-FC Porto, Belenenses-Sporting, Rio Ave-Tondela
II LIGAJornada 32Sp. Braga B-Cova da Piedade 1-0Nacional-Académica 1-0 Leixões-Santa Clara 1-0 Oliveirense-Sporting B 4-2Famalicão-Gil Vicente 2-0Sp. Covilhã-Varzim 2-0Penafiel-Benfica B 1-1Ac. Viseu-Real 2-2Arouca-V. Guimarães B 0-1FC Porto B-U. Madeira 2-l
J V E D M-S P1. Nacional 32 16 11 5 63-40 592. Santa Clara 32 16 7 9 44-34 553. Penafiel 32 15 9 8 48-38 54 4. Arouca 32 15 9 8 37-27 545. FC Porto B 32 16 4 12 46-43 526. Académica 32 15 6 11 53-36 517. Ac. Viseu 32 13 12 7 42-34 518. Leixões 32 12 12 8 43-36 489. Famalicão 32 13 7 12 40-38 4610. V. Guimarães B 32 13 6 13 41-43 4511. Benfica B 32 12 6 14 47-54 4212. Oliveirense 32 11 9 12 37-39 42 13. Sp. Covilhã 32 11 9 12 30-35 4214. Varzim 32 10 10 12 34-36 4015. Cova da Piedade 31 10 7 14 30-36 3716. Gil Vicente 32 8 9 15 26-39 3317. Sporting B 32 8 8 16 40-60 3218. União da Madeira 32 8 8 16 33-44 3219. Sp. Braga B 31 6 12 13 31-42 3020. Real 32 7 7 18 40-51 28
Próxima jornada Sporting B-Famalicão, Cova da Piedade-Oliveirense, V. Guimarães B -Penafiel, Varzim-Ac. Viseu, Real-Sp. Covilhã, Gil Vicente-Sp. Braga B, Santa Clara-Arouca, Benfica B-Leixões, U. Madeira-Nacional, Académica-FC Porto B
O presidente do Sporting, Bruno de
Carvalho, voltou a recorrer ao Fa-
cebook para criticar elementos do
plantel que, sem nomear, acusou de
“insinuações, intrigas e manipula-
ções de grupo”. Num comunicado
publicado a cerca de três horas do
encontro entre o Sporting e o Paços
de Ferreira em Alvalade, o líder “le-
onino” anunciou que “serão man-
tidos os processos disciplinares”
anunciados na sequência de uma
tomada de posição dos atletas con-
tra as críticas do presidente. Bruno
de Carvalho aproveitou ainda para
revelar o que se passou na véspera,
dando conta de pormenores da reu-
nião que o juntou a si, a Jorge Jesus
e ao plantel do clube.
“Quando a equipa de futebol re-
gressou de Madrid, os jogadores
pediram uma reunião com o presi-
dente. A mesma fi cou de imediato
marcada para este domingo, após
o jogo com o Paços de Ferreira. Em
seguida, foram ter com o treinador
abordando o mesmo assunto. A reu-
nião voltou a ser confi rmada, com
acordo de todos (...). Para espanto
do presidente, do treinador e de-
mais pessoas da estrutura, e ao arre-
pio de tudo o que estava combinado
entre todos, os atletas decidiram tra-
tar através dos seus Instagram aqui-
lo que tinha sido reclamado pelos
próprios como devendo ser tratado
internamente”, começou por afi r-
mar Bruno de Carvalho.
Depois, o líder “leonino” deu a
sua versão dos factos ocorridos no
sábado. “Durante o dia de ontem,
realizaram-se duas reuniões em
que, além do presidente, estiveram
presentes o team-manager, o treina-
dor e os atletas do plantel principal.
Coisa estranha, quisemos tratar de
tudo em família e dentro de casa,
como aliás nos tem sido pedido, e
eis que hoje [ontem] está tudo na
praça pública, plantado em todos
os jornais, com vários factos detur-
pados, truncados ou, simplesmente,
aldrabados”, acusa Bruno de Car-
valho.
O presidente sportinguista aponta
depois o dedo a alguns jogadores,
Bruno de Carvalho volta à carga e mantém processos disciplinares a jogadores
embora sem os nomear: “Na pri-
meira reunião, fi caram claras duas
coisas: a total lealdade do treinador
perante o presidente e quem foram
os grandes mentores de toda esta
questão, de que fazem parte jogado-
res que, há anos, exigem sair do clu-
be de todas as maneiras e feitios.”
Bruno de Carvalho revelou ainda
que um jogador o acusou de ter pe-
dido ao líder da claque Juventude
Leonina para agredir jogadores, ne-
gando que tal fosse verdade.
Bruno de Carvalho nega ainda
que tenha havido um pedido de re-
tratamento do presidente por parte
dos atletas. “É claro para todos que
quem manda no clube é o presiden-
te, pelo que os retratamentos ou não
Bruno de Carvalho
que possa ter necessidade de fazer
acontecerão sempre em actos elei-
torais ou AG com os Associados, e
nunca por exigência de assalariados
ou colaboradores do clube”, lê-se no
comunicado.
O homem forte de Alvalade, con-
tudo, voltou a apontar o dedo aos
atletas: “O presidente foi claro e
reafi rmou que no Sporting CP não
podemos estar perante grupos de
atletas que se queiram comportar
de forma sobranceira, e que têm,
de uma vez por todas, que se focar
na obrigação e missão de conquistar
títulos e agradar e fazer felizes os só-
cios e adeptos do Sporting CP. Não
podemos compactuar com jogui-
nhos de ‘bastidores’ internos, pre-
judicando os grupos e com atitudes
de ‘ameaças e pressões’ a colegas”,
acrescentou.
Para o fi m fi caram as “lições”. “O
presidente faz e age como quer e on-
de quer, sendo que a única coisa que
o move é e será sempre a defesa dos
superiores interesses do Sporting
CP”; “o presidente não age a mando
nem de atletas, nem de treinadores,
nem de presidentes ou membros de
outros órgãos sociais”; “o presidente
chegou à conclusão que a suspensão
imposta aos atletas não teria efeito
de castigo mas apenas serviria para
ser mais uma desculpa para que não
pudessem cumprir as suas funções
e as obrigações para que são pagos”
e “serão mantidos os processos dis-
ciplinares”.
Horas antes, também a Juventude
Leonina, uma das claques do Spor-
ting, tinha publicado um comunica-
do em que lançava alguns recados.
Começando por afi rmar que aquela
claque “não apoia um presidente,
um treinador ou um jogador” mas
“a instituição”, a Juve Leo “exige a
todos os profi ssionais que represen-
tam o Sporting Clube de Portugal ati-
tude, compromisso e que honrem e
dignifi quem um clube centenário”.
E termina, em jeito de aviso: “A Ju-
ventude Leonina estará atenta e não
irá permitir que ninguém ponha em
causa o nome e imagem do Sporting
Clube de Portugal.”
“O presidente foi claro e reafi rmou que no Sporting CP não podemos estar perante grupos de atletas que se queiram comportar de forma sobranceira”
Se querem a demissão há sítios próprios. Assobios, sim senhor. Agora, quem me chamou o que chamou, peço que vão chamar nomes mas à família delesBruno de CarvalhoPresidente do Sporting
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38 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
DESPORTO
Otávio, agarrado por um colega festeja o seu golo frente ao Desportivo das Aves
JOSÉ COELHO/LUSA
A história recente mostrava que, na
véspera de defrontar o Benfi ca, o
FC Porto fraquejava — uma derrota
e três empates nos jogos anteriores
aos últimos quatro clássicos com os
benfi quistas —, mas, desta vez, os
portistas não vão defrontar o rival
de Lisboa beliscados por um deslize.
Pressionado pelo triunfo na véspera
do Benfi ca, o FC Porto não facilitou
na recepção ao Desportivo das Aves
e arrumou a questão num abrir e
fechar de olhos. Com golos de Alex
Telles, de grande penalidade, e Otá-
vio, a equipa de Sérgio Conceição
amarrou a vitória (2-0) nos primei-
ros 11 minutos e pôde então trocar o
“chip” e controlar o ritmo da parti-
da, já a pensar no clássico da próxi-
ma semana, no Estádio da Luz.
Com Danilo KO até ao fi nal da épo-
ca, e Marega e Corona ainda sem
condições para irem a jogo, Concei-
ção fez duas mudanças relativamen-
te ao “onze” que há uma semana
baqueou no Restelo: Osorio e Maxi
deram o lugar a Marcano e Otávio.
Com os lugares de despromoção
um ponto mais próximo (Feirense
e Estoril empataram), José Mota pro-
curou jogar no Dragão com caute-
las (4x5x1), mas com os dois golos
sofridos de rajada, a estratégia do
Desp. Aves nem tempo teve para ser
realmente testada.
Com um ritmo alto, os portistas ra-
pidamente empurraram os avenses
para perto da sua baliza e o primeiro
golo demorou oito minutos: Tissone
derrubou Ricardo na área e, desta
vez, não foi Sérgio Oliveira, Brahimi
ou Aboubakar a marcar a grande
penalidade. Alex Telles assumiu a
responsabilidade e, com um rema-
te de qualidade, não deu hipóteses
de defesa a Adriano. Três minutos
depois, Braga tentou aliviar dentro
da área, mas a bola acabou por ba-
ter nos pés de Otávio e só parou no
fundo da baliza do Desp. Aves.
A partir daí, com os pratos da
balança a penderem claramente
para os “dragões”, o jogo foi outro.
Apesar de os avenses, em contra-
ataque, lançarem tímidas amea-
ças, o FC Porto pôde dar-se ao luxo
de baixar o ritmo e gerir o esforço,
mas o terceiro dos “azuis-e-bran-
cos” esteve sempre mais próximo
do que o primeiro dos forasteiros.
Porém, Brahimi (acertou na barra),
Herrera, Soares e Alex Telles não
conseguiram voltar a bater Adriano.
Com a imprescindível vitória, o FC
Porto chegará no próximo fi m-de-se-
mana ao Estádio da Luz a um ponto
do Benfi ca e com hipóteses de reas-
sumir a liderança. Para o Desp. Aves,
o desafi o seguinte também será qua-
se uma “fi nal”: os avenses recebem
o Feirense e se perderam caem para
os lugares de despromoção.
Crónica de jogoDavid Andrade
Com golos de Alex Telles e Otávio, os “dragões” derrotaram o Desportivo das Aves, por 2-0, reduziram para um ponto a desvantagem para o Benfi ca e no próximo fi m-de-semana vão discutir a liderança na Luz
Em 11 minutos, o FC Porto trocou o “chip” a pensar no clássico
FC Porto 2Alex Telles 8’ (g.p.), Otávio 11’
Desp. Aves 0
Estádio do Dragão, no Porto
FC Porto Casillas, Ricardo, Marcano, Felipe, Alex Telles, Herrera, Sérgio Oliveira, Otávio (Óliver, 78’), Brahimi, Soares (Gonçalo Paciência, 88’), Aboubakar (Hernâni, 62’) Treinador Sérgio Conceição
Desp. Aves Adriano, Rodrigo a47’ Ponck, Diego Galo, Nildo, Amilton, Tissone, Falcão (Fariña, 55’), Pedrinho (El Houni, 72’), Braga a67’ (Derley, 82’), Guedes. Treinador José Mota
Árbitro Nuno Almeida (AF Algarve)
Positivo/Negativo
Alex Telles e RicardoOs dois laterais do FC Porto assumiram o protagonismo na partida e estiveram na origem da quase totalidade das oportunidades de golos dos “azuis-e-brancos”.
HerreraAo contrário de Sérgio Oliveira, que atravessa um momento de menor fulgor, o internacional mexicano está num excelente momento de forma.
AdrianoO experiente guarda-redes brasileiro evitou com um punhado de boas defesas que o Desp. Aves saísse do Dragão com uma derrota pesada.
AboubakarQualquer semelhança entre as exibições do avançado camaronês no início da época e as actuais é pura coincidência. Nos últimos 12 jogos, Aboubakar marcou apenas um golo.
REACÇÕES
“Foi uma primeira parte muito bem conseguida. Mais golo, menos golo, penso que o importante foi a resposta séria”Sérgio ConceiçãoFC Porto
“Um golo fortuito condicionou a nossa estratégia. São cinco finais que temos agora para disputar”
José MotaDesp. Aves
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 39
DESPORTO
Cristiano Ronaldo marcou mas o Real Madrid não venceu
O Real Madrid estava avisado. A úl-
tima vitória que os “merengues” ti-
nham conseguido sobre o Atlético
de Madrid foi na época de 2013-14.
Depois disso, quatro jogos, com
dois triunfos para os “colchoneros”
e outros tantos empates. Ontem, no
Santiago Bernabéu, num derby em
que estava em disputa a hipótese
de a equipa de Zinedine Zidane se
aproximar do segundo posto da Liga
espanhola, na posse dos homens de
Diego Simeone, novo empate, deixou
os dois rivais à mesma distância de
quatro pontos, mas o Real caiu para
quarto, fruto do triunfo do Valência
sobre o Espanyol, com golo do ex-
benfi quista Rodrigo.
Nem o golaço de Cristiano Ronal-
do, aos 53’, com um pontapé de pri-
meira de pé direito, foi sufi ciente pa-
ra garantir o triunfo ao Real. É que
ainda os homens de branco estavam
a festejar a vantagem e já o francês
Antoine Griezmann, oportuno, após
um ressalto de bola na área adver-
sária, repunha a igualdade.
O português, que marcou o seu
46.º golo da época, em 43 jogos
(dos quais 26 foram em 2018, em
apenas 17 encontros), foi substituído
aos 64’ por Benzema e foi um dos
homens do jogo. O outro foi Oblak.
O guarda-redes esloveno negou ou-
tros dois golos ao português, aos 10’
e 20’, viu Marcelo acertar nos fer-
ros da sua baliza, aos 42’, e já per-
to do fi m, salvou os “colchoneros”
da derrota ao opor-se de forma su-
Atlético de Simeone volta a bater o pé ao Real de Zidane
SUSANA VERA/REUTERS
Futebol internacional Jorge Miguel Matias
Ronaldo marcou para os “merengues”, mas Griezmann repôs a igualdade para os “colchoneros”
a igualdade pelo mexicano “Chi-
charito” (73’), que tinha entrado em
campo instantes antes. Já o Arsenal,
sofreu para vencer em sua casa o
antepenúltimo Southampton, onde
Cédric foi titular, mas um “bis” de
Danny Welbeck, ajudou ao resulta-
do fi nal de 3-2, permitindo aos “gun-
ners” reforçarem o sexto lugar.
Em Itália, o Nápoles “salvou-se”
nos instantes fi nais. Com Mário Rui
a titular, a formação orientada por
Maurizio Sarri recebeu o Chievo Ve-
rona e só garantiu os três pontos no
período de descontos. Mais. Só a um
minuto dos 90’ deixou de estar em
desvantagem.
Sarri começou a desconfi ar de que
a tarde seria de sofrimento quando
o belga Dries Mertens, aos 51’, des-
perdiçou uma grande penalidade. O
cenário piorou aos 73’, depois de o
polaco Stepinski ter deixado o San
Paolo em estado de choque com o
golo que inaugurou o marcador. Mas
os napolitanos ainda foram a tempo
de dar a volta ao texto. O também po-
laco Milik (89’) repôs a igualdade e o
guineense Diawara, já nos descontos,
consumou a reviravolta. O Nápoles
segue assim no segundo lugar, a qua-
tro pontos da líder Juventus.
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Breves
Ciclismo
Voleibol
Peter Sagan vence pela primeira vez a Paris-Roubaix
Benfica bate Castêlo da Maia e conquista Taça de Portugal
O ciclista eslovaco Peter Sagan (Bora-Hansgrohe), tricampeão do mundo de estrada, venceu ontem a clássica Paris-Roubaix, ao atacar a mais de 50km da meta. Sagan, de 28 anos, impôs-se ao suíço Silvan Dillier (AG2R La Mondiale), cumprindo os 257km da 106.ª edição da prova em 5h54m06s. O português Nelson Oliveira (Movistar) caiu, tal como em 2017, e pode ter fracturado uma clavícula. Já Nuno Bico foi 91.º, a 17m41s do vencedor. Quem também caiu e ficou em estado grave foi o belga Michael Goolaerts (Vérandas Willems-Crélan).
O Benfica conquistou ontem a sua 17.ª Taça de Portugal, depois de derrotar o Castêlo da Maia na final, por 3-1. Os maiatos até entraram melhor, ao vencerem o primeiro parcial por 26-24, mas as “águias” reencontraram-se no segundo set e não mais deixaram o Castêlo tomar as rédeas do encontro, fechando os parciais em 25-18, 25-22 e 25-12.
blime a um livre de Sérgio Ramos.
Satisfeito com o resultado deve ter
fi cado o Barcelona, agora ainda mais
líder, já que passou a ter 11 pontos
de vantagem sobre o segundo a sete
jornadas do fi nal da prova.
Em Inglaterra, o campeão Chelsea
não foi além de um empate caseiro
a um golo com o vizinho West Ham
— João Mário foi titular e acabou
substituído aos 85’ — e fi cou ainda
mais longe dos lugares de acesso à
Liga dos Campeões (é agora quinto,
a dez pontos do Tottenham, quarto).
Em Stamford Bridge, Azpilicueta deu
vantagem aos “blues”, aos 39 minu-
tos, mas os “hammers” repuseram
CLASSIFICAÇÃOESPANHAJornada 31Deportivo-Málaga 3-2Alavés-Getafe 2-0Celta de Vigo-Sevilha 4-0Betis-Eibar 2-0Barcelona-Leganés 3-1Levante-Las Palmas 2-1Real Madrid-Atlético de Madrid 1-1Real Sociedad-Girona 5-0Valência-Espanyol 1-0Villarreal-Athletic Bilbau 20h, SP-TV2
J V E D M-S P1. Barcelona 31 24 7 0 79-16 792. Atl. de Madrid 31 20 8 3 51-15 683. Valência 31 20 5 6 59-31 654. Real Madrid 31 19 7 5 77-34 645. Betis 31 15 4 12 52-53 496. Villarreal 30 14 5 11 40-34 477. Sevilha 31 14 4 13 39-50 468. Girona 31 12 8 11 44-48 449. Celta de Vigo 31 12 7 12 50-4 4310. Eibar 31 11 7 13 36-45 4011. Getafe 31 10 9 12 35-30 3912. Real Sociedad 31 10 7 14 56-52 3713. Athletic Bilbau 30 8 12 10 30-34 3614. Leganés 31 10 6 15 26-39 3615. Espanyol 31 8 12 11 26-38 3616. Alavés 31 11 2 18 28-45 3517. Levante 31 6 13 12 28-45 3118. Deportivo 31 5 8 18 29-63 2319. Las Palmas 31 5 6 20 22-63 2120. Málaga 31 4 5 22 19-48 17
Próxima jornadaGirona-Betis, Sevilha-Villarreal, Barcelona-Valência, Leganés-Celta de Vigo, Las Palmas-Real Sociedad, Athletic Bilbau-Deportivo, Eibar-Alavés, Atlético de Madrid-Levante, Getafe-Espanyol, Málaga-Real Madrid
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40 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
DESPORTO
AHMED JADALLAH/REUTERS
Sebastian Vettel deixou novamente Lewis Hamilton para trás
Depois da relativa monotonia do
Grande Prémio (GP) da Austrália,
que abriu a temporada de Fórmula
1, há 15 dias, a corrida do Bahrein
não defraudou ontem os apreciado-
res mais emotivos da competição
rainha do desporto automóvel. Não
houve novidade em relação ao ven-
cedor, o que signifi ca que Sebastian
Vettel continua a surpreender e a
bater a Mercedes. Mas o triunfo só
foi confi rmado mesmo no fi nal.
O alemão da Ferrari partia da pole
position e não se deixou ultrapas-
sar pela concorrência. Já o campeão
mundial Lewis Hamilton, apontado
como o grande candidato a mais um
título este ano, voltou a não ser feliz.
Arrancou da nona posição da grelha,
foi galgando posições ao longo da
corrida, mas fi cou-se pelo terceiro
lugar do pódio, atrás do seu compa-
nheiro de equipa Valtteri Bottas.
E foi o Mercedes do finlandês
quem maior luta deu a Vettel, ao
Vettel volta a surpreender e a bater Hamilton e a Mercedes
ponto de ter ameaçado o triunfo
do alemão nas derradeiras voltas,
quando Hamilton já estava distante
para ambicionar algo mais.
“Não tinha nada controlado, sa-
bia que ele [Bottas] me ia apanhar,
tentei ser o mais perfeito possível,
cuidei dos pneus e resultou”, resu-
miu o piloto da Ferrari, que não es-
condeu a euforia pelo triunfo ainda
aos comandos do monolugar: “Meus
pneus acabaram! Mamma mia!”
Mas nem tudo foi perfeito para a
equipa italiana no Barhein. É que
Kimi Raikkonen protagonizou um
acidente arrepiante numa paragem
para trocar de pneus. A equipa auto-
rizou o fi nlandês da Ferrari a voltar à
pista antes que um dos pneumáticos
estivesse correctamente fi xado. O
piloto acelerou e passou por cima
da perna esquerda do seu mecânico
(que sofreu uma fractura) quando
este ainda tentava terminar a opera-
ção e acabou por ter de abandonar a
prova ainda na zona das boxes.
Na corrida, uma das grandes sur-
presas acabou por ser o quarto lugar
alcançado pelo jovem francês, de
22 anos, Pierre Gasly. Distante dos
três homens da frente, o piloto da
Toro Rosso acabou por superar ad-
versários com melhores argumentos
competitivos.
Fórmula 1Paulo Curado
Piloto da Ferrari venceu segunda corrida da temporada à frente de Bottas e Hamilton e lidera confortável o campeonato
Miguel Oliveira garantiu ontem,
no Circuito Termas de Rio Hondo,
na Argentina, o primeiro pódio da
época. Na segunda de 19 provas do
Mundial de motociclismo de Moto2,
o piloto da KTM, que iniciou a prova
na sétima posição, partiu muito bem
e chegou ao segundo lugar logo na
primeira volta, mas após uma corri-
da emocionante e intensa, terminou
atrás de dois pilotos da Kalex: Mattia
Pasini e Xavi Vierge.
Com a pista no Norte da Argenti-
na com bastantes zonas húmidas e
sujas, o que difi cultava as ultrapas-
sagens, Miguel Oliveira começou
ao ataque e ainda antes da segunda
curva já era vice-líder, começando a
pressionar Mattia Pasini. A 11 voltas
do fi nal, o português concretizou a
ultrapassagem mas, pouco depois, o
italiano respondeu e obrigou Olivei-
ra a sair da trajectória para evitar o
contacto, perdendo duas posições.
No quarto lugar, o motard da KTM
iniciou nova recuperação e ainda vol-
tou à liderança, mas outra manobra
arriscada de Pasini levou o piloto de
Almada a abrir a trajectória e a cair,
mais uma vez, para quarto. Com qua-
tro voltas para o término da corrida,
Miguel Oliveira ainda se aproximou
dos primeiros, mas apenas conse-
guiu recuperar um lugar.
Miguel Oliveira garante na Argentina o primeiro pódio da época
No fi nal, o “44” da KTM admitiu que
deixou “a porta aberta” em alguns
momentos da corrida, mas disse que
”ainda assim é um desfecho bastante
positivo”: “Levamos muitos pontos
para casa e estou feliz por conseguir
este pódio.”
MotociclismoDavid Andrade
O português chegou a liderar, mas concluiu a segunda prova do Mundial de Moto2 no terceiro lugar
NICOLAS AGUILERA/EPA
Miguel Oliveira conseguiu na Argentina o melhor resultado da época
GP do Bahrein
Próxima corrida: GP da China, a 15 de Abril
Mundial de pilotos
Mundial de construtores
CLASSIFICAÇÕES
1.º S. Vettel Ferrari 1h32m01,940s2.º V. Bottas Mercedes a 0,699s3.º L.Hamilton Mercedes a 6,512s4.º P. Gasly Toro Rosso a 62,234s5.º K. Magnussen Haas a 1m15,046s6.º N. Hulkenberg Renault a 1m39,024s7.º F. Alonso McLaren a 1 volta8.º S. Vandoorne McLaren a 1 volta9.º M. Ericsson Sauber a 1 volta10.º E. Ocon Force India a 1 volta11.º C. Sainz Renault a 1 volta12.º S. Perez Force India a 1 volta13.º B. Hartley Toro Rosso a 1 volta14.º C. Leclerc Sauber a 1 volta15.º R. Grosjean Haas a 1 volta16.º L. Stroll Williams a 1 volta
1.º Sebastian Vettel 50 pts2.º Lewis Hamilton 333.º Valtteri Bottas 224.º Fernando Alonso 165.º Kimi Räikkönen 15
1.º Ferrari 65 pts2.º Mercedes 553.º McLaren 224.º Red Bull 205.º Renault 15
GP da ArgentinaMotoGP1.º Cal Crutchlow (Honda) 40m36,342s2.º Johann Zarco (Yamaha) a 0,251s3.º Alex Rins (Suzuki) a 2,501sMundial pilotos1.º Cal Crutchlow (Honda) 38 pontos2.º Andrea Dovizioso (Ducati) 353.º Johann Zarco (Yamaha) 28Moto21.º Mattia Pasini (Kalex) 40m37,538s2.º Xavi Vierge (Kalex) a 0,850s3.º Miguel Oliveira (KTM) a 1,414sMundial pilotos1.º Mattia Pasini (Kalex) 38 pontos2.º Lorenzo Baldassarri (Kalex) 333.º Francesco Bagnaia (Kalex) 32(…)5.º Miguel Oliveira (KTM) 27Moto31.º Marco Bezzecchi (KTM) 41m43,822s2.º Aron Canet (Honda) a 4,689s3.º Fabio Giannantonio (Honda) a 4,963Mundial pilotos1.º Aron Canet (Honda) 40 pontos2.º Jorge Martin (Honda) 30 pontos3.º Marco Bezzecchi (KTM) 27 pontos
Próxima corrida: GP EUA, 22 Abril
CLASSIFICAÇÕES
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CHEGOU A COLECÇÃO DAS GRANDES OBRAS DA BD ITALIANA.Colecção Bonelli,10 livros inéditos e exclusivos, em capa dura.Chegou a primeira colecção editada em Portugal, inteiramente dedicada à BD italiana. Reunindo oito das mais famosas personagens da Bonelli, com volumes a cores e volumes a preto e branco, numa edição inédita e exclusiva em capa dura, a Colecção Bonelli traz-nos 10 volumes com histórias inéditas em português, de Tex a Dampyr, de Dylan Dog a Dragonero. Às quintas-feiras, a arte italiana chega em forma de quadradinhos.
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QUINTA, 12 ABRCOM O PÚBLICO
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42 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
ESPAÇO PÚBLICOO Governo apresenta hoje o programa Aldeias Seguras, através do qual as aldeias de maior risco vão ter um plano especial
que prevê a existência de planos de evacuação, locais de refúgio e um “oficial de segurança da aldeia”, que terá como missão, entre outras, organizar a evacuação do aglomerados em caso de necessidade. Um conjunto de medidas do Ministério da Administração Interna, liderado por Eduardo Cabrita, que se saúda. V.C.
Sérgio Conceição tinha dado o mote, na véspera do jogo entre o FC Porto e o Desportivo das Aves. Na jornada a seguir
à derrota no Restelo, que fez com que os “azuis e brancos” perdessem a liderança do campeonato, o treinador dos portistas declarou que o mais importante era reagir. E foi isso mesmo o que os “dragões” fizeram antes do clássico com o Benfica, do próximo domingo, fundamental para o desfecho deste campeonato. J.M.M.Eduardo Cabrita Sérgio Conceição
CARTAS AO DIRECTOR
Boas notícias sopram de FrançaNa busca de restaurar a confi ança
dos eleitores franceses, numa
classe política largamente
desacreditada, procurando
igualmente acelerar o processo
legislativo, Governo e líder
do Senado terão alcançado
um acordo em que o número
de deputados, na Assembleia
Nacional e no Senado sofrerá uma
redução da ordem dos 30%.
Defendo, para Portugal,
que o número de deputados
da Assembleia da República,
e os membros das autarquias,
devem ser substancialmente
reduzidos, para que os custos do
funcionamento das instituições
da democracia sejam menos
onerosos e as suas decisões sejam
também menos burocratizadas e,
consequentemente, mais céleres e
efi cientes.
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
No que aos deputados diz
respeito, tenho sido menos
ambicioso ao propor que a
redução seja de 49 parlamentares,
não chegando aos 30% da França,
fi cando pelos 21,3%.
Não sendo ingénuo, não
tenho ilusões de que os partidos
políticos portugueses, por sua
iniciativa, alguma vez imitarão
os seus colegas gauleses, donde
concluir que só forças externas
aos partidos poderão reforçar
as instituições democráticas,
inclusive pela via da economia de
custos, terapia que contribuirá
para que os recursos estatais
sejam orientados para sectores
mais carecidos de receitas para
o bem-estar dos portugueses,
nomeadamente para a saúde,
para a educação, para a
conservação e manutenção
dos equipamentos sociais e
outros que, efectivamente, são
verdadeiramente alavancas da
qualidade de vida dos cidadãos,
do desejado funcionamento dos
serviços públicos, ou da imagem
de um Estado respeitado pelos
outros.
No actual quadro político, o
Presidente da República deve usar
a sua magistratura de infl uência
junto dos líderes partidários
sensibilizando-os para a
necessidade urgente de seguirem
o exemplo dos seus pares
parisienses, ou continuaremos a
assistir à degradação da imagem
da democracia.
A. Álvaro de Sousa
Valongo
Injustiça nos tribunais
Ultimamente têm decorrido
reuniões dos dois sindicatos
representativos dos ofi ciais de
Justiça, o SFJ e o SOJ, com a
ministra da Justiça sobre o novo
estatuto. Há duas situações muito
injustas, a que quem trabalha
nos tribunais não pode fi car
alheio, ou seja, na função de
escrivão auxiliares e técnicos de
justiça auxiliar, há centenas de
funcionários com 20 e mais anos
de serviço a receberem à volta
dos 900 euros líquidos, já com os
10% da recuperação processual
incluída.
Em termos de trabalho, um
escrivão auxiliar tem as mesmas
funções que um escrivão
adjunto, mas os vencimentos
são totalmente diferentes a favor
dos adjuntos. Outra situação é
a dos técnicos operacionais, a
maioria a receber menos do que
o salário mínimo, uma vez que os
vencimentos estão congelados.
Por incrível que pareça, estas
duas situações não foram objecto
de propostas dos sindicatos,
prevalecendo o silêncio.
Alberto Vieira
Porto
Para quem fala Mário Centeno?
Vítor CostaEditorial
Asemana que hoje começa será
determinante para o que resta
da actual legislatura em termos
económicos. O Governo tem
de entregar o Programa de
Estabilidade em Bruxelas até ao
fi nal do mês e, nesse sentido, deverá
aprovar e apresentar o documento
fi nal no Parlamento até ao fi m
desta semana. Ficaremos, então, a
conhecer o que espera o Governo
que aconteça à economia portuguesa
até 2022. E que política pretende
prosseguir, nomeadamente até às
legislativas de 2019. Mas até que o
documento esteja defi nitivamente
fechado, as negociações entre
Partido Socialista, Bloco de Esquerda
e Partido Comunista prosseguem.
Nada de novo. É o procedimento
habitual. Este contexto serve apenas
para isso mesmo. É o contexto
necessário para se ler o artigo de
opinião do ministro das Finanças
que hoje publicamos nas páginas 16
e 17. São mais de 7000 caracteres em
que, na sua esmagadora maioria,
Mário Centeno enumera os sucessos
registados pela economia portuguesa
desde que assumiu o comando das
Finanças. Desde a recapitalização
da banca à descida do desemprego e
da factura com juros ou à polémica
sobre a carga e a pressão fi scal. Estão
lá todos os indicadores económicos
que permitem ao Governo fazer o
auto-elogio da política seguida.
Mas é nos caracteres que escapam
à esmagadora maioria do artigo que
está a sua parte mais importante.
É no espaço que escapa à análise
de 2017 que Mário Centeno traça
o caminho. “Não podemos perder
mais uma oportunidade”, lembra o
ministro das Finanças, adiantando
que temos de estar preparados
para cenários adversos e que não
podemos voltar a entrar em défi ce
excessivo. E Centeno lembra
também o que todos sabemos. Nesse
aspecto, Portugal não tem uma
memória feliz.
Mário Centeno garante ainda que
o Governo continuará a apostar
na Saúde e na Educação, desde
que assegurando “margem fi scal e
orçamental” para enfrentar futuras
crises e, assim, “os resultados
conquistados não sejam efémeros”.
Mas é nos últimos caracteres
que o ministro diz tudo. Quase em
jeito de ameaça, Centeno diz que
não colocará em risco o sucesso
alcançado.
À primeira vista, podemos ser
levados a pensar que são recados
para os partidos à esquerda do PS
que suportam o Governo. Mas são
muito mais que isso. São recados
para o próprio PS e para o Governo.
O futuro dirá se Mário Centeno
teve a força para impedir que, como
no passado, os sucessos alcançados
se esfumem.
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 43
ESCRITO NA PEDRA
Os homens não viveriam muito tempo em sociedade se não fossem enganados uns pelos outrosLa Rochefoucauld (1613-1680), escritor e moralista francês
O presidente do Sporting parece cada vez mais sozinho. Antes de o jogo com o Paços de Ferreira começar, voltou a recorrer ao
Facebook para criticar os jogadores. Mas quando subiu ao relvado para se sentar no banco dos suplentes, ouviu os assobios dos adeptos e pedidos de demissão. A cada golo do Sporting, os jogadores, longe do banco, uniram-se para festejar. No final do jogo, apesar da vitória, houve lenços brancos dirigidos a Bruno de Carvalho. V.C.
As imagens que nos chegam da Síria são, mais uma vez, aterradoras: muitos civis mortos, na sua maioria mulheres e
crianças, encurralados em abrigos subterrâneos e sem hipótese de fuga. ONG e Capacetes Brancos no terreno dizem que foi usado gás de cloro nos ataques governamentais em Douma, enquanto Assad nega, garantindo que as imagens “são fabricadas”. Só que o passado não lhe é favorável, tantas foram as atrocidades já ali cometidas. N.P.Bruno de Carvalho Bashar al-Assad
Os clubes do tédio
O debate político português é
marcado pela ausência de
pensamento. Ninguém pensa.
Ninguém diz que não sabe.
Ninguém se interessa por
ninguém. Toda a gente já sabe
o que vai dizer.
Não há debate porque nada
está em aberto. Ninguém
muda de opinião. Ninguém
se deixa convencer. Nem sequer querem
ouvir o que os outros têm para dizer — e
têm razão. Já se sabe o que cada um vai
dizer. Porque nunca param para pensar, a
ver se lhes ocorre uma coisa nova (não digo
original) para dizer.
Não há sequer opiniões. Só há posições,
sempre as mesmas, mecanicamente
desdobradas para cobrir todas as
eventualidades. É como se esquerda,
centro-esquerda e direita se tivessem
reduzido ao Porto, Sporting e Benfi ca.
A vantagem de ser do Benfi ca ou do
Sporting ou do Porto é saber de antemão
quem se vai defender. A previsibilidade
consola e poupa a massa cinzenta.
No futebol essa lealdade faz sentido. No
debate político é absurdo. A previsibilidade
é a negação dum debate. A sensação é a
mesma que ver um mau fi lme pela vigésima
vez — só que nunca nos sujeitamos a ver
um mau fi lme pela vigésima vez. E não
é só porque já sabemos tudo o que vai
acontecer. É porque nem um bom fi lme
queremos ver vinte vezes.
Mas sujeitamo-nos a ver o mesmo
repetitivo e monótono debate político
centenas de vezes. Porquê? Assistir a eles
ainda é pior do que participar neles. O que
é que aprendemos? Só uma coisa: que eles
continuam na preguiça defensiva do piloto
automático porque sabem que ninguém
está a ouvir. Têm razão.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
EM PUBLICO.PT
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
Um “documento bruto” da história cigana
Depois do Dia Internacional das Pessoas Ciganas, que se assinalou ontem, uma oportunidade para rever no P3 o que a agência Magnum chamou “um dos ensaios fotográficos de referência do século XX” — Gypsies, de Jousef Koudelka.
http://p3.publico.pt
Um barco sem “travões” e um rombo milionário
Era uma das mansões mais caras da Turquia e um testemunho da arquitectura otomana. No sábado, porém, um cargueiro desgovernado destruiu a Hekimbasi Salih Efendi, nas margens do Bósforo, em Istambul. O momento ficou registado em vídeo.
https://www.publico.pt/mundo
Veículos de duas rodas movidos a pedais
Ainda a propósito do golo acrobático de Cristiano Ronaldo frente à Juventus, o podcast Planisférico dá mais uma volta ao mundo do futebol e conta a história dos pontapés de bicicleta.
https://www.publico.pt/podcasts
SEM COMENTÁRIOS GOLD COAST, AUSTRÁLIA
DAVI
D G
RAY/
REU
TERS
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44 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
que um número crescente de autores,
como Cynthia Estlund, em Extending
the Case for Workplace Transparency to
Information About Pay, argumentam
que a transparência tem o potencial de
diminuir as disparidades salariais entre
trabalhadores semelhantes, com destaque
para a desigualdade por género ou raça,
dentro de empresas e instituições.
A partir do
momento em
que cada um de
nós conhece o
salário de outros
trabalhadores, da
mesma empresa
ou de empresas
do mesmo setor
ou região, pode de
imediato detetar a
discricionariedade
de remuneração, e,
enquanto colectivo,
aumentar o seu
poder negocial.
De acordo com
o 8.º Relatório
Acompanhamento
do Acordo sobre a
Retribuição Mínima
Mensal Garantida,
o acréscimo salarial
João Cerejeira e Miguel Portela
Informação, transparência salarial e (des)igualdade
Imagine o leitor deste artigo que
pretende adquirir um eletrodoméstico,
comprar uma viagem ou contratar
um fornecedor de energia. Antes de
tomar uma decisão, o mais certo será
consultar vários comparadores de
preços que estão disponíveis online de
forma gratuita. O acesso fácil e simples
à informação sobre preços e qualidade
dos produtos ou serviços pretendidos
é um requisito fundamental para fazer
uma boa compra. Imagine agora que se
candidata a um emprego ou pretende
renegociar o seu contrato de trabalho com
o atual empregador. O seu conhecimento
sobre os salários praticados é muito menor
do que o conhecimento a que o futuro
ou atual empregador tem acesso, sendo
a assimetria de informação tanto maior
quanto maior for a empresa. Por exemplo,
os dois maiores grupos empresariais
privados nacionais, Jerónimo Martins e
Sonae, empregam no seu conjunto quase
150 mil trabalhadores (104 mil na Jerónimo
Martins e 40 mil na Sonae), dos quais têm
conhecimento individualizado e detalhado
dos perfi s e das remunerações dos seus
trabalhadores. Não é difícil de perceber
que, na hora de (re)negociar o salário,
melhor informação corresponderá a maior
poder negocial.
A assimetria no poder de negociação
entre empregadores e trabalhadores
assenta não só no conhecimento que os
empregadores têm da distribuição da
remuneração dos seus trabalhadores mas
também na que se verifi ca no seu sector
de atividade e/ou região. No caso limite em
que cada trabalhador apenas conhece o seu
salário, a empresa aumenta o seu poder
para lhe pagar o seu salário de reserva, ou
seja, o salário mais baixo que o trabalhador
está disposto a aceitar, ao mesmo tempo
que tem a possibilidade de exercer um
poder discricionário na defi nição da
remuneração de indivíduos igualmente
produtivos. Deste modo, um acesso
desigual à informação limita, por um lado,
a capacidade negocial dos trabalhadores, e,
por outro, abre espaço à desigualdade entre
trabalhadores. Este último aspeto observa-
se, por exemplo, na desigualdade salarial
entre homens e mulheres. É neste contexto,
nem sempre assim acontece. Por outro
lado, só por via informal e imperfeita
é que os trabalhadores conhecem as
remunerações auferidas noutras empresas
por trabalhadores com características
semelhantes, limitando a sua mobilidade
entre empresas e o seu poder negocial.
O segredo é alma do negócio, segundo
um velho provérbio português. No caso
concreto do mercado de trabalho, o segredo
interessa muito mais ao empregador do
que ao trabalhador. Permitir o acesso aos
dados sobre remunerações e características
dos trabalhadores, de forma controlada e
anonimizada, aumentará o poder negocial
destes últimos e será um forte instrumento
de combate à descriminação. Esperemos
que as recentes alterações ao regime de
proteção de dados não limitem ainda mais
o acesso a esta informação, prejudicando
aqueles que presumidamente pretendem
proteger.
para os trabalhadores portugueses
que entre abril de 2016 e abril de 2017
mudaram de posto de trabalho foi de
7,8% em termos nominais e de 6,3% em
termos reais, ou seja, a mobilidade entre
empresas poderá garantir acréscimos
salariais bem mais expressivos do que os
que resultam da atualização anual das
tabelas salariais decorrente da contratação
coletiva. Assim, há, de facto, um forte
incentivo para que as empresas defendam
a não divulgação das remunerações entre
os trabalhadores, não só para prevenir
reações de insatisfação por parte dos
trabalhadores, mas também para limitar a
maior mobilidade de trabalhadores entre
empresas o que, no longo prazo, pode
resultar numa alteração da distribuição
salarial dentro da empresa, tal como
concluem o economista David Card e
co-autores, no trabalho Inequality at
Work: The Eff ect of Peer Salaries on Job
Satisfaction, publicado na American
Economic Review em 2012.
Em Portugal, ao longo das últimas
décadas, a disponibilização de informação
sobre a atividade social da empresa
constitui uma obrigação anual a cargo
dos empregadores. A informação sobre
remunerações constante no quadro de
pessoal, embora deva estar disponível
a todos os colaboradores da empresa,
A transparência tem o potencial de diminuir as disparidades salariais entre trabalhadores semelhantes
ADRIANO MIRANDA
Permitir o acesso aos dados sobre remunerações e características dos trabalhadores aumentará o poder negocial destes
Cidadania Social — Associação para a Intervenção e Reflexão de Políticas Sociais www.cidadaniasocial.pt
Economistas, Universidade do Minho
Escreve à segunda-feira
ESPAÇO PÚBLICO
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Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 45
Quatro pilares para um “país startup”
Em 1848, descobriu-se ouro na
Califórnia e começou a Corrida
ao Ouro. Os que conseguiram
enriquecer mais com este
período não foram os mineiros
nem os prospetores, mas os que
lhes vendiam produtos e serviços
— afi nal, para tentar a sua sorte,
todos precisavam de baldes, pás
e comida.
Um dos que mais enriqueceram com
este crescimento da Califórnia foi Leland
Stanford, que, mais tarde, viria a fundar
uma universidade num vale a sul de São
Francisco, cidade com comunicação social
muito ativa. Do outro lado da baía, já se
encontrava uma outra universidade, mais
tarde chamada de U.C., Berkeley e que viria a
ser fundamental em causas sociais no país.
Mais tarde, o Departamento de Defesa
estado-unidense decide abrir uma base
aeronaval naquele vale. Começou então
a investir na área de forma substancial,
consistente e duradoura.
Desta história simplifi cada de Silicon
Valley podem extrair-se quatro ideias-chave
para um desenvolvimento sustentável e
duradouro do ecossistema empreendedor
português. Deve haver um debate público
intenso e transparente, pessoas qualifi cadas,
acumulação de capital para investimento e
regulação simples.
Começando pelo debate público, a
resposta que recebi por parte de Simon
Schäfer, CEO da Startup Portugal, ao meu
último artigo foi muito encorajadora. Saúdo
a abertura em debater publicamente a
direção que o ecossistema está a tomar. O
debate público sobre novas ideias e críticas
construtivas é essencial para promover
boas práticas, aprender com os erros e
tornar o ecossistema mais resiliente, aberto,
integrado e, principalmente, compreendido
pela sociedade civil.
Será assim possível chegar a conclusões
sobre o que as entidades públicas devem
fazer e continuar a retirar o estigma ao
falhanço. Apesar de falhar não ser bom,
quem falha não pode ser “condenado”.
Estamos a caminhar neste sentido, mas
falta ainda podermos analisar crítica e
abertamente estes acontecimentos com
naturalidade.
recursos que são parcos — também sob este
prisma, falhar é mau. Assim, com o incentivo
à qualidade das incubadoras e aceleradoras,
será possível ter mais casos de sucesso — que
levarão a que o volume cresça naturalmente.
Quanto mais casos de sucesso houver,
também maior será a acumulação de
capital, devido a melhores resultados e a
maiores “exits”. Tanto entradas em bolsa,
como vendas de startups a outras empresas,
implicam a entrada de novos recursos na
economia, que poderão ser investidos direta
ou indiretamente, através de mais capital
de risco, na criação de novas startups,
gerando mais emprego e salários mais altos.
Este é um processo
lento, embora, caso
seja consistente e
receba incentivos à
qualidade, possa ser
exponencial.
Devido ao historial
do país, partimos
de uma base muito
reduzida de capital
privado. Ao contrário
dos Estados Unidos,
não podemos contar
com, por exemplo,
fundos de pensões
que podem investir
em empresas de
capital de risco. Sem
essa possibilidade ou
outras alternativas
de relevo de capital
privado, é o erário
público que pode
compensar a fraca
acumulação de
capital.
Esta intervenção pública deve, no
entanto, ser encarada como temporária,
de forma a alavancar um processo de
acumulação sustentável e consistente de
capital privado. Este investimento público
deve ser calibrado para ter retornos
elevados, aumentando as disponibilidades
do Estado, e, simultaneamente, levando a
um maior bem-estar social, através de mais
emprego e salários altos. Ambos os objetivos
só são possíveis se houver transparência e
um controlo apertado dos investimentos,
com análises rigorosas e critérios objetivos,
salvaguardando o interesse público.
Neste capítulo, a Portugal Ventures
precisa de alterar os seus procedimentos
internos para que sejam mais criteriosos e
transparentes, para fi car acima de qualquer
suspeita e de modo a começar a recolher,
com maior frequência, os frutos dos seus
investimentos (a favor dos cofres estatais).
A Startup Portugal, continuando as suas
boas iniciativas, deve reformular algumas,
privilegiando o estabelecimento de
contratos por objetivos (que já faz nalgumas
situações) e os reembolsos a prazo, de
modo a proteger o dinheiro público e a
responsabilizar os empreendedores.
É também necessária uma revisão
sistemática de toda a regulamentação
existente, onde Portugal se começa a atrasar.
As zonas francas tecnológicas tardam
em avançar e ainda discutimos os testes
de automóveis autónomos quando nos
Estados Unidos já se autoriza a sua utilização
pública. É também moroso redigir acordos
para receber investimento ou envolver
funcionários na estrutura acionista da
empresa, levando as startups a despender
muitos recursos inefi cientemente. As
licenças necessárias para abrir estes
negócios demoram muito tempo a ser
emitidas e a lei da insolvência torna penoso o
fi nal de vida de qualquer empresa.
O Estado tem a obrigação de
regulamentar o ecossistema, mas tal não
signifi ca difi cultar todos os processos. Não
basta um Simplex administrativo, é preciso
pensar a fundo todo o edifício legislativo e
regulamentar.
Mais haveria a dizer, mas, através
destes quatro pilares para a promoção do
empreendedorismo, podemos transformar
Portugal num verdadeiro “país startup”.
Pedro Manuel Costa
Este debate público tem também de ser
baseado em factos e isso só é possível se
houver informação disponível ao público. A
utilização do dinheiro de todos nós deve ser
o mais transparente possível. Falando das
duas entidades públicas portuguesas mais
ligadas ao empreendedorismo, a Portugal
Ventures é um exemplo muito bom de
transparência, tendo vários documentos
online que tornam possível a sua avaliação
pública; já a Startup Portugal, apesar
do excelente trabalho que tem vindo a
desenvolver, tem muito pouca informação
online sobre si, a sua estratégia, os seus
objetivos e, crucialmente, as suas contas.
Urge corrigir esta situação.
Para o ecossistema continuar o seu
crescimento, é necessário que haja
recursos humanos muito qualifi cados.
Já temos excelentes universidades que
colocam no mercado pessoas muito bem
preparadas tecnicamente. No entanto,
é também necessário que haja no país,
como já antes defendi, talento capaz de
vencer no mercado, independentemente
da sua nacionalidade. O programa Startup
Visa deve abranger mais do que apenas
fundadores e as universidades devem abrir-
se ao ecossistema, de modo a que, no futuro,
comecem a formar nesta área ao alto nível
que sabemos poderem atingir.
São também necessários espaços para
os que não têm todas as ferramentas para
singrar no mercado. Há já muitos espaços
de coworking no país, mas precisamos de
verdadeiras incubadoras, que preparem
para entrar no mercado, e de aceleradoras,
que fomentem o crescimento exponencial.
A aposta deve ser na sua qualidade e não no
volume, para diminuir a taxa de insucesso
altíssima, com o consequente desperdício de
RUI GAUDÊNCIO
Há já muitos espaços de coworking no país, mas precisamos de verdadeiras incubadoras, que preparem para entrar no mercado
O Estado tem a obrigação de regulamentar o ecossistema, mas tal não significa dificultar todos os processos O Institute of Public Policy (IPP) é um
think tank académico, independente e apartidário. As opiniões aqui expressas vinculam somente os autores e não reflectem necessariamente as posições do IPP, da Universidade de Lisboa ou de qualquer outra instituição
Escreve à segunda-feira
ESPAÇO PÚBLICO
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46 • Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
ESPAÇO PÚBLICO
estudos de licenciatura seja revisto no
sentido de garantir o seu alinhamento com
a missão das instituições em cada setor. E
sugere que os institutos politécnicos sejam
autorizados a conceder o grau de doutor de
forma cuidadosamente controlada (a) em
campos de investigação aplicada orientada
para a prática, (b) em instituições que
tenham demonstrado claramente a alta
qualidade do ensino, (c) onde haja um forte
racional da economia regional, e (d) onde
haja colaboração com centros já existentes
de treino doutoral. Tudo isto se perdeu na
urgência de fazer uma grande reforma.
Como norma geral, o Governo propõe-se
exigir que 75% do corpo docente do ciclo de
estudos de doutoramento esteja em unidades
de investigação com a classifi cação mínima de
Muito Bom. Tipicamente, vamos ter unidades
orgânicas de universidades ou institutos
politécnicos que vão ser chamadas a verifi car
esta condição de “grande exigência”. Um
exemplo ajuda a compreender a nova
situação. Consideremos uma faculdade ou
escola com cem docentes que tenha uns oito
destes docentes em unidades de investigação
classifi cadas com Muito Bom, podendo ser
unidades sediadas na própria instituição ou
numa instituição privada sem fi ns lucrativos
(IPSFL). Conhecem-se muitos casos de
unidades de IPSFL com a classifi cação de
Muito Bom ou melhor e com 300 ou mais
doutorados onde esses oito docentes podem
estar incluídos. A instituição de ensino
superior poderá assim reunir dez dos seus
docentes, incluindo os oito ativos na unidade
referida, e propor à A3ES um ciclo de estudos
de doutoramento.
Satisfaz a condição
legal e a agência
terá de verifi car que
o corpo docente é
capaz para lecionar
o curso. Não será
difícil se pensarmos
que se propõe aceitar
anualmente uns
quatro estudantes.
Tudo vai correr
bem: um grupo
pequeno mas ativo
de docentes vão ter
os seus estudantes
de doutoramento e
doutorá-los ao fi m
de três ou quatro
anos. Quem vai
fazer a aceitação
dos estudantes,
verifi cando que
mostram ter
condições de
sucesso? Quem vai
acompanhar os
trabalhos ao longo
Professor da Universidade do Porto; ex-secretário de Estado do Ensino Superior no XIX e XX Governo
José Ferreira Gomes
Doutoramentos politécnicos
Anuncia-se que a acreditação de
doutoramentos vai ser muito
mais exigente e que os institutos
politécnicos vão poder submeter
propostas, o que até agora
estava vedado pela Lei de Bases
do Sistema Educativo. Lemos
na imprensa que o painel de
peritos da OCDE veio cá dar a sua
bênção a esta inovação. O tema
é sufi cientemente importante para merecer
uma avaliação melhor.
Sabe-se que o estatuto de 2009 da carreira
docente do ensino superior politécnico quase
o identifi cou com o universitário. Com isso,
tornamo-nos o único país do mundo onde
todos os estudantes do ensino superior
devem ter todas as suas aulas com docentes
com mandato de investigação. Um luxo que
os norte-americanos só concedem a menos de
20% dos estudantes. Os docentes convidados,
agora a ser extintos pelo pretenso combate
à precariedade, tinham uma situação dúbia,
mas, na prática, estavam isentos desta
obrigação. Quanto aos especialistas criados
nessa altura para o ensino politécnico, não
é claro que obrigações terão, se algumas,
em contrapartida ao seu direito à dedicação
exclusiva. Neste novo quadro regulamentar,
é natural que esta velha aspiração seja
reforçada.
São conhecidas muitas situações
desagradáveis de docentes do ensino
politécnico com a efetiva orientação de
doutoramentos a quem as universidades
exigem contrapartidas pelo registo dos
estudantes. Em geral, eles são apenas
coorientadores, com o orientador
responsável na universidade e nem sempre
muito envolvido no projeto de investigação.
Mas, sem assento no conselho científi co que
admite, acompanha, aceita a tese e nomeia o
júri do estudante, não têm mais que aceitar.
Não deixa de ser frequente que o orientador
universitário exija que o seu nome apareça
em todos os artigos publicados, mesmo que
não tenha participação relevante. É uma
situação indigna que nenhuma comissão
deontológica se dignou ainda analisar.
A solução aparece agora acompanhada
de um conveniente anúncio de grande
rigor que, diga-se, não preocupou
ninguém... Invocando-se a OCDE como
inspiradora desta alteração, vejamos o que
é dito na versão provisória já publicada
do relatório. A OCDE viu universidades
a ocupar o espaço natural de institutos
politécnicos e sentiu a pressão destes para
reforçarem o seu foco em investigação e
obterem o direito e concederem o grau de
doutor. Recomenda por isso que o quadro
regulamentar da aprovação de ciclos de
do ciclo de estudos? Quem vai aceitar a
tese verifi cando que ela tem as condições
mínimas para ser submetida a provas
públicas? Quem vai nomear o júri para esta
provas? Naturalmente, o conselho científi co
da faculdade universitária ou o conselho
técnico-científi co da escola politécnica que
é formado, neste exemplo, a partir dos
cem docentes onde estão incluídos os oito
demonstradamente ativos (pelo menos
aceites) numa unidade de investigação. E
até será muito provável que nenhum destes
oito tenha assento no conselho científi co; é
possível que nenhum membro do conselho
científi co pertença a uma unidade de
investigação com a classifi cação mínima de
Muito Bom. Esta é uma caricatura, mas será
só caricatura?
Talvez os conselhos científi cos não estejam
a exercer devidamente as suas funções de
escrutínio da qualidade dos programas
académicos e, por isso, ninguém se preocupe
muito com estas distorções. Não deveriam
ser simples órgãos de consensualização dos
interesses da corporação académica. São de
facto os garantes da qualidade do ensino e
devem assumir essa função e responder por
eventuais defi ciências ou desvios pontuais.
Não é admissível que um grau académico
baseado na investigação seja controlado
por membros inativos ou que não atinjam
um nível de desempenho reconhecido.
Se encararmos o doutoramento como um
ciclo de estudos em que se valoriza quase
exclusivamente a relação entre um estudante
e um orientador (eventualmente coadjuvado
por outro coorientador ou coorientadores),
então devemos criar condições para
que todos os académicos qualifi cados e
reconhecidos como ativos possam aceitar
Autorização de doutoramentos com um modelo de coordenação que replique o universitário irá reproduzir e agravar as deficiências aqui registadas
estudantes. Mas a estrutura de coordenação
tem de ser um conselho científi co de
especialistas ativos na área de investigação
em causa. Não é o caso, normalmente, do
conselho científi co da unidade orgânica ou
da instituição. É claro que precisamos de
uma alteração regulamentar para identifi car
o órgão responsável em primeiro nível pela
qualidade do doutoramento, ainda que este
possa responder, mas não depender de
níveis hierárquicos superiores até chegar à
autoridade académica máxima, o reitor (ou
presidente).
A autorização de doutoramentos nos
institutos politécnicos com um modelo de
coordenação que replique o universitário
irá reproduzir e agravar as defi ciências
registadas acima. Os peritos da OCDE
recomendam esta autorização com
fortíssimas condicionantes que adiariam
a sua efetividade por um longo período. O
Governo parece não ter querido reparar nesta
parte do relatório e as instituições sabem
que, quebrado o tabu, as fragilidades serão
secundarizadas como são hoje em muitos
casos no seio das universidades. Os peritos da
OCDE notam que o número de doutorados
anualmente (por milhão de habitantes)
é comparável com o da França, Áustria e
Bélgica, mas inferior ao da Alemanha, Suíça
e Reino Unido. Reconhecem ainda a enorme
difi culdade de inserção dos doutorados no
tecido económico e recomendam um melhor
alinhamento do fi nanciamento com as
prioridades de investigação e as necessidades
de qualifi cações mais avançadas. Fazem o
registo crítico do desperdício da formação de
doutorados em áreas onde não haja procura
para estes graduados. É neste quadro que têm
de se entender os fortes condicionantes para
o alargamento da formação de doutorados ao
setor politécnico. Não só pretendem impor
uma rigorosa complementaridade entre as
áreas de doutoramento nas universidades e as
novas áreas a surgirem agora, como forçar o
alinhamento destes novos programas com as
necessidades regionais.
O Governo não foi capaz de passar à
regulamentação qualquer diferenciação entre
o objeto e os objetivos do doutoramento
universitário e do politécnico. Ao alargar
o conceito de I&D do Manual de Frascati
da OCDE, “incluindo um leque alargado
de atividades de investigação derivadas
da curiosidade científi ca a atividades
baseadas na prática e orientadas para
o aperfeiçoamento profi ssional”, está a
amalgamar coisas muito diferentes e a
desistir da diferenciação entre universidades
e institutos politécnicos que parece ter
pretendido reforçar no passado.
Os direitos de propriedade intelectual de todos os conteúdos do Público – Comunicação Social S.A. são pertença do Público.Os conteúdos disponibilizados ao Utilizador assinante não poderão ser copiados, alterados ou distribuídos salvo com autorização expressa do Público – Comunicação Social, S.A.
Público • Segunda-feira, 9 de Abril de 2018 • 47
Governo. Em Junho de 2017 estimavam um
défi ce de 1,8% do PIB e um défi ce estrutural
de 2,2% do PIB.
Relativamente ao défi ce de 2018, se se
considerar que no
OE2018 se previa
uma redução de 0,4
p.p. em relação ao
valor então previsto
do défi ce de 2017
(1,4%), como o valor
observado do défi ce
em 2017 foi de
0,9% do PIB, então
o défi ce público
previsto para 2018
deveria cair para
cerca de 0,5% do
PIB.
Acresce ainda
que, por um lado,
o défi ce público
inicialmente
previsto no
OE2018 (1,0% do
PIB) continua
estimado de forma
conservadora e,
por outro lado,
que o crescimento
económico e a
despesa com juros
irão, provavelmente,
surpreender pela
positiva. De facto, o
Governo prevê uma Economista. Escreve à segunda-feira
Ricardo Cabral
Estratégia Orçamental 2018-2022
O Governo apresenta em breve
o Programa de Estabilidade
(PE) 2018-2022. A imprensa
refere que o Governo
pretende rever o objectivo
para o défi ce de 2018, de
1,1% para 0,7% do PIB, face à
execução orçamental de 2017:
um défi ce de 0,9% do PIB se
se excluir a recapitalização da
Caixa Geral de Depósitos.
Note-se que o défi ce público de 2017 (e
também o de 2018) é mais elevado devido às
decisões tomadas sobre a banca nos últimos
anos pelo Governo e Banco de Portugal.
Só as injecções de capital público na CGD
e no Banif, decididas pelo actual Governo,
onerarão a despesa com juros e, por
conseguinte, as contas públicas de 2018, em
cerca de 0,1% do PIB.
Diversos outros factos, ocorridos no
decurso de 2017 e que não eram previsíveis,
impediram que o défi ce nesse ano fosse
inferior a 0,9% do PIB. Refi ra-se apenas
dois: se, como inicialmente previsto, a
devolução da garantia do BPP tivesse
ocorrido em 2017, o défi ce teria sido inferior
em cerca de duas décimas; o empréstimo
público concedido ao fundo que irá
reembolsar os lesados do BES deverá ter
onerado o défi ce de 2017 em quase uma
décima do PIB (inicialmente estava prevista
uma garantia estatal que, ao contrário
de um empréstimo, e de acordo com os
procedimentos estatísticos em vigor, não
seria contabilizada no défi ce).
Ou seja, o desvio favorável do défi ce de
2017 em relação às previsões iniciais de um
défi ce de 1,6% do PIB no OE2017, e mesmo
em relação às previsões de um défi ce de
1,5% do PIB no PE de Abril de 2017, foi
enorme. E o Governo que, nas negociações
para o OE2018 com os partidos à esquerda,
defendia que não havia folga orçamental
para ir de encontro às pretensões desses
partidos, nos últimos meses, foi revendo
em baixa, décima a décima, a previsão
para o défi ce de 2017.
As previsões da Comissão Europeia foram
ainda mais conservadoras do que as do
redução da taxa de crescimento económico
— de 2,7% para 2,3% — que parece pouco
plausível face aos dados disponíveis. Acresce
que as taxas de juro da dívida pública têm
continuado a diminuir.
Contudo, por ocasião da elaboração do
OE2018, não estavam contabilizadas: as
despesas resultantes dos incêndios de 2017
(0,1% do PIB); parte dos créditos fi scais
para a banca; e sobretudo a despesa com
a garantia contingente para o Novo Banco/
Lone Star (quase 800 milhões de euros,
0,4% do PIB, saem do perímetro do Estado
para o Novo Banco em 2018), despesa que
irá certamente continuar a onerar as contas
públicas nos próximos anos.
Mesmo assim, se se considerar a
devolução das garantias do BPP que terá de
ser contabilizada em 2018, afi gura-se que a
nova previsão para o défi ce público de 0,7%
do PIB, recentemente anunciada, continua
a ser conservadora.
Os partidos à esquerda não apoiam a
redução do objectivo para o défi ce, de 1,1%
do PIB para 0,7% do PIB, porque defendem
uma trajectória de consolidação orçamental
menos ambiciosa.
Contudo, daí resultam dois problemas:
Por um lado, com o OE2018 aprovado
na Assembleia da República e em vigor no
presente, o défi ce já deverá ser inferior
a 0,7% do PIB, ao invés dos 1,1% do
PIB formalmente indicados no OE2018
(revistos em alta devido à despesa com
incêndios). Ou seja, o OE2018 já não tem
correspondência com a realidade.
A actual estratégia orçamental, baseada num apertar de cinto que dura há décadas, tem enormes custos para o desenvolvi-mento do país, e é, por isso, insustentável
Por outro lado, o objectivo deveria ser
evitar novo desvio favorável na execução
orçamental de 2018, utilizando plenamente
qualquer folga orçamental. Ou seja, seria
bom que o défi ce não fosse inferior a 0,7%
do PIB.
Parece pois justifi car-se um Orçamento
do Estado de 2018 rectifi cativo, que
aumente a despesa pública de forma que
fosse de facto possível cumprir o novo
objectivo para o défi ce de 0,7% do PIB,
recentemente proposto pelo Governo.
Quando foi “necessário” apertar o cinto,
as medidas de austeridade sucediam-se,
em face de uma execução orçamental que
desapontava. Agora, nada se faz quando os
desvios são favoráveis.
A situação orçamental do país permite
antecipar que, em 2018, com políticas
invariantes, se poderá cumprir as
duas regras fundamentais do Tratado
Orçamental: o défi ce estrutural inferior a
0,5% do PIB e a redução do peso da dívida
no PIB em 1/20 avos. Somente não se
deverá cumprir uma regra complementar
que é defi nida cada três anos pela
Comissão Europeia e varia de país para
país, o designado “Objectivo de Médio
Prazo (OMP)”, que, no caso de Portugal,
corresponde a um saldo estrutural de
+0,25% do PIB e que de qualquer forma só
seria em teoria necessário cumprir em 2021.
Mas é provável que o país venha a cumprir
o OMP em 2020, ou mesmo já em 2019.
Afi gura-se pertinente a questão: depois
de cumprir todas estas regras, o que mais
se exigirá?
É importante não esquecer que a actual
estratégia orçamental, baseada num apertar
de cinto, que já dura há décadas, tem
enormes custos para o desenvolvimento
do país, e é, por isso, insustentável. Com
efeito, é prejudicial ao país um ritmo de
consolidação orçamental demasiado rápido,
com saldos primários demasiado elevados,
como se defende num livro que irá ser
apresentado amanhã no ISEG, em Lisboa [1].
P.S. — Um leitor do artigo da semana
passada, “O Governador”, notou que o
valor da injecção de capitais públicos no
Novo Banco em Agosto de 2014 foi de 4,9
mil milhões de euros, e não 4,3 mil milhões
de euros, como incorrectamente por mim
referido. De facto, o empréstimo da banca
ao Fundo de Resolução não diminui o
montante da injecção de capitais públicos
no Novo Banco.
[1] Paulo Trigo Pereira, Ricardo Cabral,
Luís Morais e Joana Vicente (2018), Uma
Estratégia Orçamental Sustentável para
Portugal. Coimbra: Almedina.
Quando foi “necessário” apertar o cinto, as medidas de austeridade sucediam-se, em face de uma execução orçamental que desapontava. Agora, nada se faz quando os desvios são favoráveis
ESPAÇO PÚBLICO
MIGUEL MANSO
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Historiador, fundador do Livre
CONSOANTE MUDA
E agora, Brasil?
É admissível achar que a
governação de Lula operou
uma transformação social
do Brasil para muito
melhor e que o Partido
dos Trabalhadores, sob
a liderança do mesmo Lula,
pegou num sistema político que
já era corrupto e não só não
fez nada para o reformar como
amplifi cou mesmo os vícios
políticos do país, a começar pelo
próprio “mensalão”, com que
comprou votos de congressistas
— a exemplo do que tinha antes
criticado veementemente com a
presidência precedente do PSDB.
É possível também admitir
que o tempo de Lula na política
brasileira já poderia ter sido
encerrado pelo próprio e pelo PT,
para dar lugar a uma nova geração
de políticos que contribuíssem
para um Brasil menos polarizado.
O mito de Lula é desmesurado, e
ao mesmo tempo que gera ódios
insanos também acaba por secar
a sua própria área política. E
isto é independente do famoso
processo do “triplex do Guarujá”,
Rui Tavares
que segundo a investigação do juiz
Sérgio Moro teria sido oferecido
a Lula pela construtora OAS em
troca de favores políticos mas de
que comprovadamente nem Lula
nem a sua família usufruíram
(além de, claro, não terem
nenhum título de propriedade
dele em seus nomes — o que em
si pode não ter signifi cado caso
houvesse um usufruto indireto
através do um testa de ferro).
Mas o processo do “triplex” não
está ainda fechado, de forma que
teremos de esperar para ver se
confi gura, ou não, corrupção.
É admissível até, como já
vi nas páginas do PÚBLICO,
perceber os argumentos a
favor da decisão do Supremo
Tribunal Federal de manter a
prisão após confi rmação de uma
sentença em segunda instância
e perceber os argumentos de
quem diz que a metodologia
do processo contra Lula tem,
a vários momentos, laivos
indesmentíveis de perseguição
política: vejam-se as escutas
libertadas para a imprensa antes
de validação judicial, com o
intuito de infl uenciar a opinião
pública. É certo que o Brasil está
muito polarizado. Nós não temos
de estar polarizados com ele.
Custa-me a entender que haja
gente tão obcecada com Lula que
não tenha tempo para reconhecer
que a forma como Sérgio Moro
investiga, sentencia e vem para
as redes sociais lançar foguetes
é tudo menos típico de um juiz
sério num estado de direito.
O que não é de todo possível,
parece-me, é olhar para o que se
está a passar no Brasil e não estar
preocupado com o presente e o
futuro da democracia brasileira.
Já não é de hoje que da situação
política brasileira emana um
terrível fedor a situação pré-
ditatorial.
O ponto de viragem foi a vitória
de Dilma Rousseff nas eleições de
2014. Desde que ela tomou posse
começaram as manobras para a
destituir sob qualquer pretexto — e
o pretexto que foi encontrado não
foi mais do que a utilização de um
critério de ornamentação comum
a muitos governos no mundo, de
que todos os seus adversários já
se esqueceram e que nem eles
sequer jamais levaram a sério. Mas
esse foi o pecado original. Como
no Macbeth, de Shakespeare, a
vontade de poder justifi ca que se
cometa o primeiro crime político:
todos os outros cadáveres servem
para justifi car o primeiro.
A partir do momento em que
fi cou claro que uma parte do
sistema político brasileiro estava
disposta a tudo para tirar Dilma
do poder — em parte, relembre-
se, para enterrarem e conterem a
Operação Lava-Jato —, fi cou claro
também que seria inadmissível
para a mesma gente aceitar que
o PT pudesse vir a recuperar o
poder em eleições presidenciais.
Lula na cadeia passou a ser uma
necessidade, não por causa de
um triplex que ele nunca ocupou
nem de um processo que ainda
não transitou em julgado, mas
pela muito mais singela razão de
que Lula poderia perfeitamente
ganhar as próximas eleições.
Se a minha interpretação
shakespeariana estiver correta,
porém, as coisas não vão fi car
por aqui. Imagine-se que Lula
apoia um outro candidato e que
a transferência de intenções de
voto, como as sondagens indicam,
permitem que esse candidato
passe à segunda volta das eleições
presidenciais e se ponha em
posição de ganhar (talvez contra
um fascista como Bolsonaro).
Alguém imagina que os inimigos
de Lula se vão deixar derrotar por
um candidato do PT? Eu tenho
difi culdade em imaginá-lo. E por
isso não tenho dúvida de que é a
própria realização do ato eleitoral
brasileiro que deve ser agora
protegida dentro e fora do Brasil.
A última vez que se suspendeu
a democracia naquele país, ela
demorou duas décadas a voltar.
Segunda-feira, 9 de Abril de 2018
BARTOON LUÍS AFONSO
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O Fidesz do primeiro-ministro hún-
garo Viktor Orbán terá garantido
nas legislativas deste domingo uma
maioria qualifi cada no Parlamento,
com as projecções a apontarem 134
mandatos com 74,6% dos votos con-
tados. Estes dados preliminares con-
trariam as indicações das sondagens
à boca das urnas, que apontavam
para uma tendência de descida dos
partidos que suportam o Governo.
As eleições ficaram marcadas
por uma forte participação — que
terá ultrapassado os 70% e batido
o recorde desde o colapso do regi-
me pró-soviético em 1989 — o que
obrigou ao adiamento da divulga-
ção das projecções dos resultados.
O partido de extrema-direita Jobbik
terá somado cerca de 13% dos votos
e conquistado 27 mandatos.
Os resultados evidenciam tam-
bém que terá fracassado um esfor-
ço de última hora entre a oposição
para coordenar o voto útil em vá-
rias circunscrições onde a posição
do Fidesz era menos sólida, com os
socialistas abaixo dos 10%. Uma das
críticas mais frequentes era a falta
de alternativa séria aos partidos do
Governo por parte de uma oposição
dividida e que esteve recentemente
envolvida em casos de corrupção.
Viktor Orbán garante nova maioria qualificada
Hungria
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