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Museu de História e Arte de Chapecó - MHAC:
As diferentes representações através de exposições (2009-2014)1
Sandra Kuester2
Resumo: Pesquisa sobre as diferentes representações das exposições do Museu de História e Arte
de Chapecó entre os anos de 2009 a 2014. Este artigo foi resultado de investigação documental e
oral sobre a história do museu abrangendo sua política, espaço físico e representações através de
suas exposições permanentes e temporárias. Aponta mais um dos dilemas que os museus
enfrentam: quem representar e como representar. Este impasse aplicado ao MHAC gera diversas
discussões: desde sua reserva perpassando por suas exposições permanentes, temporárias, até
questões que envolvem a identidade local e seus problemas contemporâneos.
Palavras-Chave: Museu, representações, exposições, história, arte.
Breve apresentação do Museu de História e Arte de Chapecó
Com o intuito de fomentar o estudo e a pesquisa sobre a história e a arte do município e da
região3 de Chapecó o MHAC foi criado pela Lei Nº 5661 de 13 de novembro de 2009 aprovada
pela Câmara de Vereadores da cidade. Segundo esta lei, o museu deverá abrigar dois acervos: “um
referente a História, a Política, e a Administração Municipal, e outro referente as áreas de Artes,
projetando estudos, pesquisas e extensões.” (Chapecó, Lei Nº 5661, de 13 de novembro de 2009).
Esta instituição é administrada no momento pela Secretaria de Cultura de Chapecó contando
também com o apoio de vários setores artísticos e culturais da cidade e região.
O MHAC tem como sede o antigo prédio da Prefeitura Municipal inaugurado na década de
1950 e tombado como patrimônio histórico em 20074. Fruto de uma urbanização de estilo
1 Artigo baseado no trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 16 de fevereiro de 2016 à Unochapecó como parte dos
requisitos para a obtenção do grau de especialista em Ensino de Arte: Perspectivas Contemporâneas. 2Graduada em Licenciatura em História, especialista em Ensino da Arte. E-mail: [email protected] 3De acordo com Jornal Sul Brasil, 2009, p.6 4Conforme Decreto nº 17.594, de 27 de novembro de 2007.
neoclássica na década de 1930, o prédio está localizado na região central do município, próximo à
rosa dos ventos que determina os pontos cardeais da cidade.
Fotografia 1 – Prédio histórico e fachada do MHAC
Fonte: http://www.chapeco.sc.gov.br/turismo/pontos-turisticos.html#/museu-de-historia-e-arte-de-chapeco-predio-
historico-da-prefeitura
Desde os primeiros anos do município houve preocupações com a preservação de alguns
bens culturais5, então surgiu no ano de 1947 o primeiro museu chamado Museu Antônio Selistre
de Campos, que foi incorporado ao MHAC. Nas coleções de todo o museu destacam-se: a vida dos
colonizadores; o processo administrativo da cidade; a vida e produção de um jurista (Selistre de
Campos) que se estende à cultura indígena; e, por fim, uma coleção doada por um entomólogo
alemão (Fritz Plaumann) morador de uma cidade vizinha. Já para o acervo artístico encontram-se
diversas obras de artistas contemporâneos de reconhecimento nacional, como: Regina Silveira e
Marcelo Grassmann e regionais como Paulo de Siqueira, Agostinho Duarte, Dalme Marie
GrandoRauen, Antônio Chiarello, e EnioGriebler. (KUESTER; SCHVAMBACH, 2015) Estes
últimos foram importantes para a arte regional, pois suas produções atingiram sucesso entre as
décadas de 1970 a 1980 com a criação de um grupo denominado CHAP (Grupo Chapecoense de
Artistas Plásticos) que realizou diversas exposições nacionais e internacionais (IOP, 1997).
5Segundo Nilsa Melo em 22 de Junho de 2015.
Em geral o museu compõe-se de: um hall de entrada com fotografias históricas da cidade
seguindo com três salas exibindo a história do município e a área Selistre de Campos. No segundo
andar, o público depara-se com salas de variadas obras de arte, dentre elas: Espaço Comunidade,
sala Agostinho Duarte e sala Cyro Sosnoski, espaço Mulher, além de um espaço para a exposição
de imagens dos prefeitos municipais. Aos fundos do museu, na parte exterior, há um jardim com a
presença de rosas, consideradas símbolo da cidade (PETROLI, 2008), além de três esculturas em
metal. (KUESTER, SCHVAMBACH, 2015)
Chapecó que o MHAC representa
Entende-se por representação as classificações que organizam a compreensão do mundo
social como categorias de percepção do real. “As representações são variáveis segundo as
disposições dos grupos ou classes sociais; aspiram à universalidade, mas são sempre determinadas
pelos interesses dos grupos que as forjam.” (CARVALHO, 2005, 149) Portanto, os discursos
presentes no Museu de História e Arte de Chapecó, não devem ser interpretados como inocentes,
pois suas intenções legitimam determinada camada social da cidade do século XX.
Como meio de representações sociais, todo o museu é uma arena de conflito, um espaço de
tradição e contradição: “Toda a instituição museal apresenta um determinado discurso sobre a
realidade. Este discurso, como é natural, não é natural, e compõe-se de som e de silêncio, de cheio
e de vazio, de presença e de ausência, de lembrança e de esquecimento. (CHAGAS, 32, 2015)”
Segundo Nilsa Melo, o MHAC foi construído através de exigências da comunidade6, e,
portanto, é compreendido também como um local de conflito, onde há o enobrecimento de alguns
personagens portadores da memória sobre os outros. Este direcionamento dá-se ao processo
colonizador do município, aos principais personagens que na primeira metade do século XX
seguiram práticas políticas vigentes no país e no mundo.
Trata-se de um desejo de modernização, de um querer tornar-se cidade modelo para a
região, de assemelhar-se com as grandes capitais do país (PETROLI, 2008). Esta reforma do espaço
6Entrevista com Nilsa Melo em 22 jun. 2015.
citadino, resultou em conflitos entre classes: no silêncio dos nativos (caboclos e indígenas) e na
exaltação dos colonizadores, imigrantes europeus e gaúchos. Contudo, esta aspiração não ocorreu
de forma inteiramente racional, mas de mudanças históricas que em seu percurso traçaram uma
espécie de ordem social.
Grande exemplo da formação desta ordem foi a estrutura das elites intelectuais da cidade.
O próprio jurista Selistre de Campos graduou-se em ciências jurídicas e sociais pela Universidade
de Direito de Porto Alegre e foi “(...)amigo muito próximo de Getúlio Vargas desde o tempo da
faculdade” (PETROLI, 2008, 39). Também foi um importante colunista do primeiro jornal
regional, portanto, seu discurso era fruto dos debates políticos, econômicos e sociais de sua época.
Este situava-se na transição entre o fim do poder das Repúblicas Oligárquicas e início de um
governo getulista com o golpe de 1930. Era um
Momento histórico singular, momento de difusão do discurso nacionalista e modernizador
do Estado Novo, de Vargas, no qual a elite econômica e intelectual de Chapecó procura
romper com o passado, com o atraso do Oeste, na região do Velho Chapecó. Nesse
contexto, romper com o passado significava transformar a pequena vila em cidade
moderna, do futuro, de acordo com os padrões da civilização ocidental. (PETROLI, 2008,
33)
No começo do século passado, toda a região do oeste catarinense era compreendida pelo
governo como “terras vazias”, ou seja, quase despovoadas. “Costuma-se dizer que a região oeste
catarinense foi colonizada pela iniciativa privada, ou seja, mediante o loteamento e venda de terras,
por companhias colonizadoras com o apoio do Estado. Cerca de 20 companhias atuaram na região”
(ARGENTA, 2012, 9), a principal delas em Chapecó foi a Empresa Colonizadora Ernesto F.
Bertaso.
Esta família do Cel. Bertaso foi responsável pelas mudanças políticas da região, pela
chegada de pessoas como Selistre de Campos, pela implantação das primeiras vilas com estilos
diferenciado ao do antigo morador, contemplando o imigrante, branco e “trabalhador”. É este o
cenário que o MHAC retrata em suas exposições permanentes, em principal na sua guarda histórica
e etnográfica que teve início em 1947 com a criação do Museu Selistre de Campos.
O conteúdo artístico não poderia possuir diferente fonte histórica, pois a arte foi
“implantada” na cidade por uma demanda de elites econômicas, políticas e intelectuais. Segundo
o jornal Correio do Sul,
Nessa cidade, a ideia pública da cultura encontrou um amparo longe de visões
regionalistas. Estabeleceu-se, há três anos [1976], uma política de informação cultural,
pela arregimentação de elementos de reconhecida capacidade nas artes plásticas para a
organização de exposições, bem como a contratação de grupos de balé, música e teatro,
em diversas datas, em nível nacional, e nítida afirmação de fé na sensibilidade geral das
pessoas.(CORREIO DO SUL, 1979 grifo meu)
A partir desta reportagem encontrada no jornal de circulação local, nota-se este desejo de
modernização e uma subestimação da população local como conhecedora das artes. Neste discurso
há claras noções de que para compreender a arte é necessário sensibilidade, e para tanto era
fundamental ter fé na existência desta característica no povo.
Na mesma época surgiu o grupo Chapecoense de Artistas Plásticos (Grupo CHAP) que
segundo Bellani
(...) o surgimento deste grupo, composto de artistas plásticos, corresponde exatamente no
momento em que começam as primeiras manifestações, as primeiras atividades de ensino
superior na cidade de Chapecó. Milagre Brasileiro. É o momento em que há uma fixação
incentivada, através do próprio governo [...] da agroindústria atual. É exatamente nesse
momento, que Chapecó tem, oficialmente, dentro de toda tecnologia de um trabalho
moderno que é o Plano de Desenvolvimento da passada administração.” (BELLANI apud
IOP, 1997, 35)
Portanto, observa-se que o museu em suas exposições permanentes (área Selistre de
Campos, sala dos prefeitos, sala Agostinho Duarte) retrata muito bem os dois momentos de
reformas políticas e econômicas do país.
O Grupo CHAP era formado em sua maioria por artistas vindos de outras regiões como do
Rio Grande do Sul, e até mesmo de Portugal. Seus membros são: EnioGriebler (gaúcho), Agostinho
Duarte (português), Paulo de Siqueira (gaúcho), Antônio Chiarello (gaúcho), Dalme Marie Rauen
(chapecoense). Tal grupo alcançou significativo sucesso local, nacional e internacionalmente (IOP,
1997).
Enquanto grupo, este sucesso durou pouco tempo devido conflitos internos. Hoje vivem
Griebler e Chiarello, mas, cada membro continua na memória da população local através do MHAC
e demais instituições que possuem a guarda de trabalhos destes artistas.
As exposições do Museu de História e Arte de Chapecó (2009-2014)
Para um museu as exposições são atividades de maior importância, pois é uma das formas
(além da pesquisa) de trazer sentido à sua guarda, ou seja, de exibir determinada memória que pode
ser desconhecia ao público.
As exposições e as apresentações públicas são alguns dos aspectos que mais retêm a
atenção em muitos museus. Aí é onde se estabelece o contato direto entre o visitante e as
coleções e onde qualquer indivíduo, independentemente de sua idade, sua condição
econômica e social, quer sozinho ou em grupo, pode ver “o objeto real” em situação e,
graças a algumas técnicas expográficas, comunicar-se e interagir com ele. “Só a exposição
oferece um contato controlado com o objeto real, autêntico, e aí sua importância vital”
(HERREMAN, 2007, 91 traduzido pela autora em espanhol)
Para compreender este contato objeto/visitante do MHAC englobam-se os depoimentos
de Nilsa Melo, diretora do museu até 2014 e Roselaine Vinhas, Secretária da Cultura do município.
Os estudos acerca da museologia, educação e conservação patrimonial são relativamente recentes,
iniciaram na segunda metade do século XX7. Talvez, por conta disso, o MHAC não foge da
realidade de muitos museus brasileiros. Peca na conservação, na organização de objetos e na
política interna com a falta de incentivo a pesquisas científicas, com a ausência de um corpo
específico de educadores patrimoniais, entre outros detalhes. Esta carência não é uma característica
exclusiva do MHAC, mas sim da região oeste catarinense. Segundo o Plano Setorial de Museus de
Santa Catarina,
Os acervos da região, em sua maioria, relacionam-se com uma única etnia, constituindo-
se de coleções de exposição de longa duração sem uma ação educativo-reflexiva que
sensibilize o público; predomínio do imaginário popular da ideia de que o museu é um
depósito de coisas velhas e relacionadas às famílias pioneiras; poucos profissionais
7SANTOS; GONÇALVES; BOJANOSKI, 2012
capacitados para a conservação dos acervos além de estruturas inadequadas ao
acondicionamento. (QUARTO FORUM DE MUSEUS DE SANTA CATARINA, 2013,
31)
Apesar destas particularidades, não se pode ignorar seu impacto na identidade local através
da salvaguarda de objetos de representação histórica e artística da região. Em entrevista, Nilsa Melo
e Roselaine Vinhas mostraram entusiasmo com as reformas, pois a prefeitura no ano de 2015 abriu
um concurso público com áreas da museologia para trabalhar na instituição possibilitando a
construção de um plano museológico e de uma reserva técnica, vitais para o funcionamento de um
museu.
Infelizmente não se tem conhecimento do tamanho dos acervos, isso porque “Os objetos do
MHAC ainda não foram catalogados, somente arrolados”. Os objetos são adquiridos através de
uma Comissão formada por profissionais do museu [que] decide sobre o aceite ou não da doação
dos objetos, verificando se este já possui semelhante no acervo, se faz parte da temática do museu,
entre outros aspectos. (VINHAS, 2015, grifos meus)
Na manutenção destes objetos, Melo alegou que são recorridos aos profissionais da capital,
Florianópolis. Ao mesmo tempo ressaltou a existência de uma funcionária que se especializava em
restauração para melhor atuação na instituição. Conforme Roselaine Vinhas, “O museu não possui
sistema de restauração, apenas de manutenção e conservação do acervo. (VINHAS, 2015) Na
mesma entrevista, Melo incutiu que o museu não possui espaço adequado para sua reserva alegando
que “depois da reforma vai ficar adequado sim”. (MELO 2015) Entretanto, Vinhas relatou os
cuidados com os objetos do acervo:
É feita uma limpeza diária nos objetos, os responsáveis por ela utilizam luvas, avental,
máscara (equipamentos necessários para higienização), é passado um espanador e/ou pano
seco, sem nenhum produto, em objetos que necessitem é utilizado óleo de peroba ou outro
produto recomendado; há cuidados com a luz, para que não fique ligada o tempo todo, o
que ao longo do tempo acaba estragando os objetos; os visitantes não tocam nos objetos
para que o suor ou outras impurezas que possam haver nas mãos não deteriorem as obras
e também para não correr o risco de caírem, quebrarem. (VINHAS, 2015)
Conhecendo um pouco mais a instituição, Melo e Vinhas apresentam as exposições
temporárias e permanentes do museu. Segundo elas, há aproximadamente cinco exposições anuais
que são sugeridas pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), também conta com a Semana
Paulo de Siqueira e o Espaço Mulheres – que são realizados no mês de agosto de todo o ano e o
Espaço Comunidade.
Alegaram também que as ações do MHAC são divulgadas pela imprensa local, pelo site da
prefeitura municipal de Chapecó, por cartazes e banners. A partir deste dado iniciaram as
investigações sobre as exposições do museu através dos meios de comunicações. Infelizmente
pouco foi encontrado em jornais locais sendo o meio de maior divulgação a própria internet como
site da Prefeitura Municipal e sites de eventos.
Segue a lista de eventos encontrados pela divulgação eletrônica em ordem cronológica:
Tabela 1 - Relação de Exposições do MHAC de 2009 a 2014.
Data Nome do evento/exposição Tema
29/09/2009 Primavera dos Museus Museus e Direitos Humanos
11/08/2010 Semana Paulo de Siqueira Conhecer a vida o obra de Paulo de Siqueira
18/05/2011 Semana Nacional de Museus Museu e Memória
24/08/2011 Semana Paulo de Siqueira Conhecer a vida e obra de Paulo de Siqueira
09/09/2011 Primavera dos Museus Mulheres, Museus e Memórias
16/11/2011 Códigos de Cultura Memória e apropriação.
10/05/2012 Semana Nacional de Museus Chapecó Uma cidade em transformação: sua
história, sua gente e seu desenvolvimento.
12/06/2012 Arte em Mosaico Exposições de obras da UMIC
15/04/2013 Verdão do Meu Coração Verdão do meu Coração: Associação Chapecoense
de Futebol – 40 anos de história.
14/05/2013 Semana Nacional de Museus Transformação e diversidade: interações e
conflitos étnicos no processo colonizador
09/06/2013 Imagens do Álcool Os malefícios do abuso do álcool promovido pelo
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
30/08/2013 Semana Paulo de Siqueira Conhecer a vida e obra de Paulo de Siqueira.
31/10/2013 Primavera dos Museus As Áfricas de Agostinho Duarte
12/05/2014 Semana Nacional de Museus Coleções criam conexões.
03/06/2014 Mostra Fotográfica
Felicidade – Feliz Idade
Representação da felicidade através de fotos.
27/08/2014 Semana Paulo de Siqueira Conhecer vida e obra de Paulo de Siqueira.
23/09/2014 Primavera dos Museus Recriando o Antigo e contextualizando o
contemporâneo. Fonte: www.chapeco.sc.gov.br
A maioria das exposições são executadas em temporadas culturais coordenadas pelo
IBRAM como a Primavera dos Museus e Semana Nacional dos Museus. O Instituto Brasileiro de
Museus foi criado em 2009 no governo de Luiz Inácio Lula da Silva com o intuito de fomentar as
aquisições e preservações patrimoniais brasileiro.
Esta iniciativa tem em suas ações (Primavera dos Museus e Semana Nacional dos Museus)
um apoio aos demais museus brasileiros para a elaboração de exposições conforme temáticas
elaboradas pelo próprio programa. Na história da museologia brasileira, houve um incentivo às
exposições na Era Vargas ressaltando a história romântica do sonho de civilização desejada pelo
poder político para a criação de uma nação. Neste ínterim até elaboração das ações do IBRAM, os
incentivos voltavam-se mais à preservação patrimonial e não às exposições.
Reconhecendo a importância de órgãos como o IBRAM o Museu de História e Arte de
Chapecó costuma inscrever-se em todas as propostas lançadas através da Primavera dos Museus e
Semana Nacional dos Museus. Esta conclusão esboça o potencial da equipe que se desafia a cada
proposta.
Outro destaque nas exposições é a Semana Paulo de Siqueira. Este evento ocorre sempre
no mês de agosto, período em que se comemora o aniversário do município. Esta exposição
objetiva mostrar aos visitantes a história de um artista plástico de destaque para Chapecó: Paulo de
Siqueira.
Como já mencionado, o artista pertence ao grupo CHAP e o auge de sua carreira foi final
dos anos 1970 e toda a década de 1980. Sua principal obra tornou-se cartão postal da cidade e se
encontra no centro de Chapecó.
Fotografia 2 - O Desbravador - Paulo de Siqueira, 1981.
Foto: Janaina Schvambach
Este monumento representa o colonizador da cidade, aquele trabalhador que munido da
ordem social do fim do século XIX veio para “civilizar” as terras “vazias” do oeste catarinense.
Em uma de suas mãos carrega um machado que abriu caminhos para a “cidade modelo” e em outra
mão, porta um ramo de erva-mate, uma das principais produções da região desde a fundação do
município. Este ramo é também interpretado como os louros da vitória da vida sofrida do antigo
agricultor que construiu sua moradia, a habitação do homem branco, em “terras de ninguém”.
Logo abaixo da escultura encontra-se o memorial do artista, aonde estão suas demais obras,
fazendo da Semana Paulo de Siqueira um roteiro de exposições. Quando o poder público relembra
a história de Chapecó, este artista é o mais consagrado, ofuscando até mesmo o trabalho dos demais
grandes nomes da arte chapecoense que faziam parte do grupo CHAP. Nota-se este prestígio pela
própria demanda em pesquisas relacionadas ao artista presente nos acervos da cidade.
Paulo de Siqueira é considerado um dos ícones da arte chapecoense, e tornou-se tradição
olhar para o passado histórico do município somente em seu aniversário. A adoração desta única
imagem como símbolo das artes de Chapecó acaba sintetizando todos os grandes trabalhos
artísticos, de pessoas até então anônimas da grande massa. “É como se, pela acumulação de todas
essas realizações e de todos esses traços, se tratasse de construir uma imagem da identidade”
(CHOAY, 2006, 240) chapecoense.
Mas, para além de Paulo de Siqueira, segundo o que o MHAC apresentou em maior parte
de suas exposições tanto permanentes quanto temporárias, é a memória do grupo CHAP e do
colonizador. São as imagens das africanas que Agostinho Duarte retratou nos anos 2000 e expostas
na 7ª Primavera dos Museus cujo tema era “Museus, memória e cultura afro-brasileira”; a exibição
de fotografias dos processos de abertura das estradas e construção da cidade; das imagens de santos
católicos, dentre outros objetos que relembram a vida daqueles que vieram para a região.
Fotografia 3 - 12° Semana Nacional de Museus. Exposição - São Francisco no imaginário criativo.
Foto: Aline Dosso/ Tudo Sobre Chapecó
Fotografia 4 - 7ª Primavera dos Museus. Museus, memória e cultura afro-brasileira.
Foto: Acervo Municipal.
Talvez, essa guarda pode ser resultado do interesse dos doadores destes objetos. Então, fica
suspensa a pergunta: quem é o grande público doador de objetos?8 Esta indagação emerge pela
percepção das exposições pós 2013 em que se constatou uma preocupação em representar as
diferentes etnias e o conflito entre elas causada pelo processo colonizador. Com o tema proposto
pelo IBRAM para a Semana Nacional dos Museus “Museus (memória + criatividade) = mudança
social”, a Secretaria Municipal de Cultura realiza exposições “(...) com representações cotidianas
dos diferentes grupos étnicos da cidade de Chapecó e região (italianos, alemães, poloneses,
austríacos, caboclos, indígenas), com ênfase nas populações cabocla e indígena” (PREFEITURA
DE CHAPECÓ, 2015). Além de um cenário com representação da cultura material cabocla
presente no Oeste de Santa Catarina e uma mesa-redonda com especialistas sobre os conflitos
étnicos do Oeste Catarinense.
Houve também outras exposições com preocupações sociais como o abuso do álcool – que
é uma prática comum na região –; exposição de fotografias que retratam a felicidade segundo
alunos da Universidade da Melhor Idade de Chapecó, uma universidade destinada a idosos; e uma
exposição sobre mulheres que possibilitou um espaço próprio “para a indagação sobre como o
gênero, a mulher e o feminino estão sendo pensados na contemporaneidade” (PREFEITURA DE
CHAPECÓ, 2015). De acordo com as reportagens desses eventos, as exposições ocorreram no
Espaço Comunidade do MHAC, ou seja, no espaço destinado ao público expor seus trabalhos.
Percebe-se então, um desejo do MHAC em abranger outras memórias para além das possibilidades
do seu acervo.
As Representações no MHAC
8Como não se obteve informações mais precisas à respeito do acervo, cabe a este momento levar em consideração os editais
referentes às exposições de artes visuais na Galeria Municipal de Artes Dalme Marie GrandoRauen. Desde 2010, a SECUL
(Secretaria de Cultura de Chapecó) vem lançando editais para exposições na Galeria Municipal tendo como requisito a doação das
obras expostas para a própria secretaria. Esta, por sua vez, mantém as obras sob a guarda do MHAC, possibilitando esboçar sobre
a guarda do museu. (EDITAL 002/2015PARA EXPOSIÇÕES DE ARTES VISUAIS GALERIA MUNICIPAL DEARTES
DALME MARIE GRANDO RAUEN/2015, 2015)
No MHAC há número significativo de representações de imigrantes da antiga Chapecó.
Em suas exposições permanentes são as memórias do colonizador e dos ícones da arte que se fazem
presentes. Apesar disto, o museu manifestou preocupações com estas representações, e resolve
estender-se à outras etnias locais. Diante disso, se nota uma relação intrínseca entre o MHAC e
Chapecó, pois
O espaço da cidade é o espaço vivido, instituído a partir das maneiras pelas quais as
sociedades o utilizam, e como tal possui uma dinâmica própria, em permanente
transformação, assim como constantemente se atualizam as relações sociais e simbólicas
dos sujeitos que sobre ele atuam. Nesse espaço, a distinção entre material e imaterial não
viceja: o que dá sentido à pedra do calçamento do beco ou ao monumento da praça está
na ordem do encontro entre o material e o imaterial; são camadas de valores, significados
e funções, são acúmulos de experiências de sentido e de percepções espaciais e temporais.
(CHAGAS, STORINO, 2013, 75-76)
As exposições permanentes do MHAC dialogam com o nome dos bairros, ruas, praças e
escolas que homenagearam os personagens da história oficial da cidade. Como: Rua Marechal
Bormann, Rua Ernesto Francisco Bertaso, Bairro Passo dos Fortes (antiga fazenda da família
Fortes), por exemplo (PETROLI, 2008).
Para as artes, há exposições de artistas do grupo CHAP, acolhido pelo poder público
municipal dos anos 1970 com o intuito de “trazer” a arte para a cidade. Estes artistas também fazem
parte da história da arte oficial, e seus membros foram igualmente homenageados por nomes de
galerias (Galeria DalmeRauen, Galeria Agostinho Duarte/Unochapeco) e tem suas obras
espalhadas pela cidade.
Mas esta memória não inclui toda a sociedade local, e, os últimos trabalhos do MHAC
apontam preocupações com as diversas identidades. Essas escolhas por objetos e exposições
revelam o poder da equipe que trabalha no museu e também o incentivo do governo federal que
criam ações estimulantes para diversas abordagens. Consequentemente as diferentes
representações mostram ao visitante as variedades étnicas locais, e também proporciona a maior
número de visitantes um sentimento de pertencimento à história regional.
No entanto, essa representação social é tão exclusiva quanto a representação das elites. O
correto é cautelar para não reverter a imagem seleta de um grupo social para outro.
Quando constatamos que o museu sempre privilegiou o privilégio (a riqueza, a beleza, as
elites, os heróis) não podemos simplesmente reverter a moeda e acreditar estarmos
fazendo um museu melhor que o museu anterior. Ao privilegiarmos, em nossa abordagem
o reverso da medalha (o comum, o banal, o cotidiano, as classes subalternas) estaremos
cometendo o mesmo equívoco, apresentando uma visão capenga da realidade. Devemos
mostrar indistintamente os dois lados da moeda (afinal, é uma moeda só!) e discutir o
equilíbrio e o conflito que os permeiam. (SUANO, 1986, 90)
Contemplar o passado pode perder o sentido da função social do museu, o necessário é
realizar exposições que conversem o passado com o presente, e, nas palavras de Suano, “a maioria
dos responsáveis por museus responderia com o binômio “verba e pessoal” (SUANO, 1986, 87).
Felizmente o MHAC apresentou pequenos resultados positivos, estimulados pela política federal
de ações museais, diversificando os temas das exposições e, segundo as fontes, demonstrou
empenho em seu trabalho.
Reformar a política de um museu quanto a sua função social é tarefa penosa, mas ela só
deixaria de ser um cristal de contemplação a partir do momento em que a iniciativa pública, e nesse
caso municipal, passa a servir às causas públicas e não mais de autocontemplação. A partir do
momento, que os heróis da história façam sentido ao cotidiano das massas com a apresentação do
conflito entre as diversas memórias e as relacionem com o presente.
Considerações Finais
A função social de um museu é semelhante à função da história, ambas se remetem a
um passado, mas analisam-se no e para o presente. Para o MHAC as representações podem ser
voltadas em sua maioria a determinado público, porém a palavra de ordem é a mediação entre
público e objeto. Nesta pesquisa as exposições do MHAC de 2009 a 2014 apontaram preocupações
do museu para inclusão de diferentes públicos para problemáticas contemporâneas e locais. Por
outro lado, percebe-se um predomínio de abordagens com materiais históricos munido de uma
curadoria voltada à historiografia produzida na região, ao passo que o MHAC dispõe de um rico
acervo artístico fruto de exposições antigas, dantes da criação de galerias municipais. A esperança
de melhoria esteve presente nos discursos de Vinhas e Melo que acreditam na sua reabertura com
uma equipe qualificada, o que incute as possíveis condições do museu nestes seus primeiros cinco
anos: com ausência de plano museológico, de uma equipe para elaboração de planos em educação
patrimonial, com uma reserva técnica improvisada e com poucos recursos para a restauração do
acervo.
REFERÊNCIAS
Fontes Documentais: jornais, leis e decretos
CHAPECÓ, Lei Nº 5661, Dispõe sobre a criação do Museu De História e Arte de Chapecó MHAC, Leis Municipais, de 13 de novembro de 2009.
CHAPECÓ, Decreto nº 17.594, Dispõe sobre tombamento definitivo do prédio que abrigou a Sede
Da Prefeitura Municipal de Chapecó no ano de 1950 e dá outras providências. Leis Municipais,
de 27 de novembro de 2007.
CORREIO DO SUL. Segunda Global de Artes. 29 de agosto a 4 de setembro de 1979.
EDITAL 002/2015 para exposições de artes visuais Galeria Municipal de Artes Dalme Marie
Grando Rauen/2015. Estado de Santa Catarina Prefeitura Municipal de Chapecó Secretaria
de Cultura – Secul. 12 de janeiro de 2015.
JORNAL SUL BRASIL. 4 de agosto de 2009. p.6.
MUSEU de História e Arte é inaugurado. Sul Brasil. Chapecó. 4 de ago. 2009. p. 6.
Fontes Orais:
KUESTER, Sandra. Entrevista concedida a Nilsa Melo. Chapecó, 22 jun. 2015.
KUESTER, Sandra. Entrevista concedida a Roselaine Vinhas. Chapecó, 11 agosto de 2015.
Fontes Virtuais:
ALUNOS da rede municipal participam da Semana Paulo de Siqueira. Disponível em:
http://chapeco.sc.gov.br/noticias/953-alunos-da-rede-municipal-participam-da-semana-paulo-de-
siqueira.html Acesso em: 6/02/2016.
ALUNOS da UMIC expõem trabalhos artísticos no Museu. Disponível em:
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