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MY SON MARSHALL, MY SON EMINEM (2008) CAP 1 Eu tinha 14 anos quando me apaixonei por Marshall Mathers Junior. Eu enfrentaria qualquer obstáculo para escapar o meu padrasto alcoólatra quando Bruce apareceu. Ele enfrentava o meu padrasto dizia que ele iria se arrepender de me bater novamente. Bruce era 4 anos mais velho que eu - ele tinha 1,80 com um lindo cabelo castanho que ele amarrava como m rabo de cavalo. Ele tocava bateria e era louco por Jimi Hendrix e The Doors. Muitas garotas em Saint Joseph, Missouri, eram loucas por ele, eu era magrela e desajustada, então a ultima coisa que eu esperava era um romance com alguém tão forte como o Bruce. Mas isso mudou tudo. Ele me ofereceu algo que ninguém jamais tinha me oferecido antes - proteção contra a minha família. Não importava o que dava errado em casa; tudo era culpa minha. Uma noite minha mãe me ordenou a lavar a louça duas vezes só para ter certeza que elas estavam limpas. Eu recusei, ela veio para me bater. Eu consegui empurrá-la e sai correndo da casa e escalei uma árvore. Eu ouvia minha mãe gritar dentro da casa "Ache-a e castigue-a!". Meu padrasto saiu bêbado balançando o cinto. As maças da árvore em que eu estava caiam, e os galhos balançavam. Eu estava com muito medo de eles me acharem. Até Bruce aparecer. "Quando você a encontrar, você não irá enconstar um dedo nela", eu ouvi Bruce dizer. "Se você tiver alguma arma é melhor baixá-la. se vai bater em alguém bata em mim". Meu padrasto tentou mudar de assunto pedindo um cigarro. Depois ele entrou para a casa. Estava anoitecendo e eu estava apavorada de Bruce ir embora, então eu o chamei e agradeci por ter me salvado. "O que você estava fazendo la em cima?" ele perguntou impressionado de eu conseguir me esconder tão bem. Eu desci da arvore e pulei nos braços dele. "Eles não vão mais encostar a mão em você", ele disse. "ninguém vai te machucar de novo Debbie." Ele olhou em meus olhos e todos os meu medos se foram. Eu mal conseguia acreditar. De repente Bruce era o irmão mais velho que eu sempre quis. E mais. Ele era o primeiro homem na minha vida miserável que se importava. Se ao menos eu soubesse como as coisas dariam errado no futuro. Olhando para minha infância agora eu tenho até algumas memórias carinhosas. Eu nasci em 1955 em uma base militar em Kansas. Meus pais, Bob e Betty Nelson não paravam de brigar. Eu era a mais velha e era a filhinha do papai. Eu me lembro de sentar com meu pastor alemão na varanda da casa da Nan em Warren, Michigan, onde morávamos na época, esperando meu pai voltar do trabalho. Se eu tentasse sair para a rua o cachorro me puxava de volta para a casa. Eu também me lembro de esperar, junto com minha mãe, para a distribuição de comida no armazém do governo. Quando meus irmãos mais novos, Steve e Todd, nasceram, eu ia ate lá sozinha receber comida enlatada, feijão, ovos em pó e leite enquanto minha mãe me esperava em um carro próximo ao local. Demorava horas na fila ate chegar á comida. Às vezes os homens que trabalhavam la me ajudavam a levar as caixas de mantimentos ate o carro. Já em outras ocasiões eles gritavam comigo e seguiam em frente. Eu odiava aquilo mas nos ajudava a comer. Aos 11 anos eu tomava conta de casa, cuidava dos meus irmãos, cozinhava e limpava. A mãe do meu pai, Bessie "Betty" Whitaker, que nós chamamos de Nan, era a única mulher na minha família grande e disfuncional que nos mostrava amor. Ela foi a coisa mais próxima que tive de uma mãe. Eu adorava passar os verões na casa dela. Valia por todo o resto, todas a brigas e violência dentro de casa. Eu me sentia segura perto dela.

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MY SON MARSHALL, MY SON EMINEM (2008)

CAP 1

Eu tinha 14 anos quando me apaixonei por Marshall Mathers Junior. Eu enfrentaria qualquer obstáculo para escapar o meu padrasto alcoólatra quando Bruce apareceu. Ele enfrentava o meu padrasto dizia que ele iria se arrepender de me bater novamente. Bruce era 4 anos mais velho que eu - ele tinha 1,80 com um lindo cabelo castanho que ele amarrava como m rabo de cavalo. Ele tocava bateria e era louco por Jimi Hendrix e The Doors. Muitas garotas em Saint Joseph, Missouri, eram loucas por ele, eu era magrela e desajustada, então a ultima coisa que eu esperava era um romance com alguém tão forte como o Bruce. Mas isso mudou tudo. Ele me ofereceu algo que ninguém jamais tinha me oferecido antes - proteção contra a minha família. Não importava o que dava errado em casa; tudo era culpa minha. Uma noite minha mãe me ordenou a lavar a louça duas vezes só para ter certeza que elas estavam limpas. Eu recusei, ela veio para me bater. Eu consegui empurrá-la e sai correndo da casa e escalei uma árvore. Eu ouvia minha mãe gritar dentro da casa "Ache-a e castigue-a!". Meu padrasto saiu bêbado balançando o cinto. As maças da árvore em que eu estava caiam, e os galhos balançavam. Eu estava com muito medo de eles me acharem. Até Bruce aparecer. "Quando você a encontrar, você não irá enconstar um dedo nela", eu ouvi Bruce dizer. "Se você tiver alguma arma é melhor baixá-la. se vai bater em alguém bata em mim". Meu padrasto tentou mudar de assunto pedindo um cigarro. Depois ele entrou para a casa. Estava anoitecendo e eu estava apavorada de Bruce ir embora, então eu o chamei e agradeci por ter me salvado. "O que você estava fazendo la em cima?" ele perguntou impressionado de eu conseguir me esconder tão bem. Eu desci da arvore e pulei nos braços dele. "Eles não vão mais encostar a mão em você", ele disse. "ninguém vai te machucar de novo Debbie." Ele olhou em meus olhos e todos os meu medos se foram. Eu mal conseguia acreditar. De repente Bruce era o irmão mais velho que eu sempre quis. E mais. Ele era o primeiro homem na minha vida miserável que se importava. Se ao menos eu soubesse como as coisas dariam errado no futuro. Olhando para minha infância agora eu tenho até algumas memórias carinhosas. Eu nasci em 1955 em uma base militar em Kansas. Meus pais, Bob e Betty Nelson não paravam de brigar. Eu era a mais velha e era a filhinha do papai. Eu me lembro de sentar com meu pastor alemão na varanda da casa da Nan em Warren, Michigan, onde morávamos na época, esperando meu pai voltar do trabalho. Se eu tentasse sair para a rua o cachorro me puxava de volta para a casa. Eu também me lembro de esperar, junto com minha mãe, para a distribuição de comida no armazém do governo. Quando meus irmãos mais novos, Steve e Todd, nasceram, eu ia ate lá sozinha receber comida enlatada, feijão, ovos em pó e leite enquanto minha mãe me esperava em um carro próximo ao local. Demorava horas na fila ate chegar á comida. Às vezes os homens que trabalhavam la me ajudavam a levar as caixas de mantimentos ate o carro. Já em outras ocasiões eles gritavam comigo e seguiam em frente. Eu odiava aquilo mas nos ajudava a comer. Aos 11 anos eu tomava conta de casa, cuidava dos meus irmãos, cozinhava e limpava. A mãe do meu pai, Bessie "Betty" Whitaker, que nós chamamos de Nan, era a única mulher na minha família grande e disfuncional que nos mostrava amor. Ela foi a coisa mais próxima que tive de uma mãe. Eu adorava passar os verões na casa dela. Valia por todo o resto, todas a brigas e violência dentro de casa. Eu me sentia segura perto dela.

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A casa da Nan em Warren era quieta. Nossa casa - e nós mudávamos constantemente - não era. Sempre havia barulho. Eu tinha 7 anos quando meus pais se separaram. Todd era um bebê, e meu pai alegou que ele não era seu filho. Steve - que era 3 anos mais novo que eu - e eu ficamos com maus pai.Eu me lembro que tentei cozinhar o café da manhã e a frigideira pegou fogo. Eu fiquei apavorada, botei fogo na casa. Fomos para a casa da minha mãe depois disso, que vivia em Saint Joseph, Missouri. Meu pai estava morando com a gente quando minha mãe conheceu Ton Gilpin, o homem que se tornaria meu padrasto. Ela me usava como disfarce para ir ver Gilpin. Ele me dava uns trocados e me pedia para não contar nada para meu pai.Isso continuou ate o nascimento da minha irma em 1964. Desta vez meu pai acho uma namorada e nos deixou de vez. Meu pai se casou com Geri e adotou seus dois filhos. Uma delas se chamava Debbie assim como eu. Isso partiu meu coração. Significava que existiam duas Debbie Nelsons, e ele obviamente preferia sua filha adotiva a mim. Ele nos virou as costas completamente como se nunca tivéssemos existido. Pobre da Nan que fez de tudo para compensar o desaparecimento dele. Ela tentava arrumar encontros para a gente, mas meu pai quase nunca aparecia. E quando aparecia ele zuava a gente por sermos pequenos e magrelos. Eu me afundei no meu próprio mundo de faz de conta. Eu carregava uma foto do meu pais com seu uniforme da Força Aérea para todo o lugar e aflava para os meu amigos de escola que ele estava morto. Eles diziam que meu pai se parecia com Elvis Presley, então eu fingia que éramos parentes dele e do cantor Ricky Nelson. Antes dele se aposentar do serviço militar vivíamos uma vida de nômades, passávamos tempo na Califórnia, Itália e Alemanha. Eu fechava meu olhos e tentava imaginar que estávamos magicamente de volta na Europa. Minha mãe se casou com Gilpin, mas eles se separavam constantemente. Ela era atendente de um bar de dança exótica. Ela atraia alguns bêbados encrenqueiros e o ciclo continuava da mesma forma. Depois da separação as bebidas e as brigas e as mudanças começavam de novo. Havia noites que dormíamos na varanda com mãe para não apanhar. Para ser justa, minha mãe não podia fazer melhor. Ela só tinha 14 anos quando ela se casou com meu pai para fugir da família dela, e 15 quando ela me teve. Ainda, em vez de tentar nos dar a vida feliz que ela nunca teve, sem saber ela fazia a nossa vida ser miserável. Isso não a impedia de ter mais filhos. em 1968, quando eu tinha 12 anos, ela estava novamente com Gilpin, e nasceu Betti Renee. Mãe - conhecida como Big Betty - favorecia a pequena Betti e não escondia o fato. O resto de nós, de acordo com mãe e pai, éramos estúpidos e indesejados. dai é de se imaginar porque eu cresci acreditando que não valia nada? Eu fugi de casa aos 12 anos depois de meu padrasto me atacar. Eu estava no banheiro quando ele me encurralou, me agarrou e tentou tirar minha roupa. Seu hálito cheirava a álcool e seu rosto havia luxuria. Ele estava em cima de mim e se movia para frente e para trás enquanto eu gritava para meus irmãos chamar a policia. Steve que tinha 9 anos e Todd, 6 anos, entraram no banheiro e tentaram retirar ele de cima de mim., mas ele era muito grande e forte para os dois. A policia chegou. Eles algemaram meu padrasto e eu estupidamente pensei que seria a última vez que o veria. Mas minha mãe não acreditou em mim. Meu padrasto voltou a casa depois de uma noite na cadeia, e eu fugi. Minha melhor amiga, Theresa e Bonnie me deram abrigo. As mães deles me ensinaram sobre família e amor. Eles me adotaram. Fizeram-me sentir importante. O problema era que eu sentia falta de meus irmãos. A casa era horrível para eles também, e eles diziam que era insuportável que eu não estava la. Fugir começou a virar uma rotina. Eu ficava quieta por alguns dias ai Steve ou Todd imploravam para eu voltar a casa. Eu voltava, as coisas ficavam bem por uma semana, depois o drama começava de novo. Deus, como eu odiava a minha vida. A escola me mantinha a sanidade, especialmente quando Theresa e eu entramos para o grupo das lideres de torcida. A mãe dela nos fazia as roupas, e pela primeira vez eu me sentia legal. Bonnie que era alguns anos mais velha nos introduziu à música. Ela tocava guitarra. Nós vivíamos pelas músicas de Janis Joplin e Jimi Hendrix. éramos garotas hippies - e ate onde nós sabíamos - maduras de mais para nossa idade.

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Edna e Charles Schwartz viviam na outra rua. Eles não tinha filhos então adotaram seu sobrinho Bruce. A família dele vivia na Dakota do Norte, e ele os visitava constantemente. Bruce ficou com eles quando estava desempregado. depois de uns meses ele conseguiu um emprego na fábrica local.Bonnie tinha uma queda por Bruce, e eu timidamente me escondia atrás dela quando combinamos de conhecê-lo melhor. Nós passávamos horas no parque ouvindo música.Bruce falava que ele era baterista e que queria montar uma banda. Ele era muito legal com meus irmãos quando nos encontrávamos nos jogos de baseball. Era fácil ficar com ele. Não havia nada sexual. Ele me escutava, me dava conselhos, me fazia rir.. Comparado com os outros garotos eu sabia, Bruce era legal. Quando a romance, eu achava que ele estaria fora da minha ossada. Mas depois que ele me resgatou do meu padrasto, nós começamos a falar sobre nossos sonhos e futuro. Eu falava para ele que rezava todas as noites para ter uma vida melhor. Tudo que sempre quis era um marido que me amasse, uma casa legal, e muitos filhos. Bruce queria o mesmo. Quando eu me sentava no escuro falando no futuro, eu realmente acreditava que todos os meus sonhos viriam a se realizar.

CAP 2

Você pode se casar - com a permissão dos pais - aos 15 anos no estado d Missouri. Uma

noite, depois de uma briga em casa, eu disse a Bruce que fugiria de novo. Eu não agüentava

mais cuidar de meus irmãos, as tarefas, meu padrasto bêbado, as brigas constantes com

minha mãe. Para minha surpresa ele me propôs em casamento. E é claro eu disse sim. Eu

estava apaixonada. Inicialmente minha mãe se recusou a dar a permissão.

Eu costumava a freqüentar o Jonas Coffe House para ouvir música. Eu assistia com carinho

enquanto Bruce batia com os lápis na mesa, fingindo ser o baterista. Ele estava curtindo heavy

metal e deixava seus cabelos soltos enquanto ele brincava com a bateria imaginária. Ele tinha

as maças do rosto salientes de um descendente dos índios Blackfoot e costumava falar que a

família Mathers era descendente de bruxos.

Ele brincava comigo dizendo "é melhor você se cuidar quando for dormir: eu viro um vampiro".

Com isso ele mostrava os dentes para mim. Era só uma brincadeira, mas eu tinha tanto medo

da violência que eu costumava me esconder. Bruce me abraçava com seus grandes braços,

me dizia para não me preocupar.

Bruce tinha dois primos, que eram ótimos. Eles cuidavam de mim. Alem de Theresa e Bonnie

nossas amigas. Nós éramos um grupo grande e feliz ficávamos horas no parque local. Alguém

sempre tinha um violão, então nós sentávamos em circulo cantando ou conversado ate a

policia chegar, por volta da meia noite. Eles mandavam a gente se retirar do local. Ate onde

eles sabiam éramos um grupo de hippies que não era legal terem ali.

Não que tudo fosse um paraíso perfeito. Bruce e eu discordávamos quando o assunto era

sexo. Ele queria imediatamente. Eu queria esperar ate o casamento. Mesmo que eu agisse

como uma mãe para meus irmãos eu sentia que vivia uma vida cheia de tarefas e escravidão,

eu só tinha algumas idéias sobre a maternidade.

Minha mãe católica me ensinou muito cedo que sexo era algo sujo. Quando eu tinha 13 anos e

minha primeira menstruação veio, ela disse, "agora os homens virão ate você, e você vai estar

grávida antes mesmo de você saber". Ela nunca me falou sobre os pássaros e as abelhas, mas

Theresa me ajudou com o medo dizendo que se um rapaz me abraçar, eu ficaria grávida. Eu

tive o meu primeiro "susto de gravidez" alguns meses depois quando um jovem rapaz chamado

Mark tentou se aconchegar em mim no cinema drive-in. Eu o empurrei, e fui direto para casa.

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Eventualmente eu contei a Theresa que chorou de rir do caso, depois me levou a sua casa

para a mãe dela conversar comigo sobre os pássaros e as abelhas.

Bruce foi o meu primeiro namorado. Ele tinha experiência, mas essa coisa me botava muito

medo.Nós nos beijávamos muito, toda hora, e sempre suas mão arrumavam um caminho para

as minhas roupas. Era inevitável que ele iria procurar por sexo em outro local. Eu ouvia boatos

que ele me traia, mas ele sempre negava. Eu queria acreditar nele. Eu queria que tudo desse

certo entre nós. Então eu fechava meus olhos, e pensava só no futuro de nós dois juntos, com

isso eu entreguei para ele a minha virgindade.

Mas não foi o suficiente. Alguns meses depois eu estava no telefone com o Bruce quando uma

vadia local bateu a sua porta. Ela era louca por ele e não se importava em esconder isso de

mim. Eu gritei para Bruce no telefone não deixar ela entrar, mas ele alegava que só eram

amigos e me falava que não havia razão para ciúmes.Eu bati o telefone na cara dele e fui

correndo até sua casa. Ela me ouviu gritando e fugiu pela porta de trás. Eu disse a Bruce ali

naquele momento que não mais me casaria com ele e sai. Ele me perseguiu e me segurou

pelos braços, implorando para acreditar que nada havia acontecido. Eu queria acreditar nele,

eu realmente queria, mas as minhas inseguranças da infância sobre ser feia e inútil, vieram à

tona. Não ajudou quando ele depois confessou que havia - uma vez - dormido com ela. Ele

alegava que não havia significado nada, e novamente ele se pôs de joelhos e me propôs em

casamento.

Minha mãe finalmente deu a permissão para me casar. Eu deixei o termo de consentimento

com ela quando ela estava doente no hospital, eu não me importei em checar as assinaturas

algumas horas depois quando busquei o documento. Minha cabeça estava cheia com os

planos do casamento e não percebi que tinha sido a minha tia Martha que forjou a assinatura

da minha mãe no papel.

Eu abandonei a igreja Católica - apesar disso a culpa pelo sexo ainda continuava e foi assim

por anos - por volta da época que minha mãe começou a sair com Gilpin. Ela usava as idas à

igreja para poder vê-lo. Eu tentei várias religiões, até fui Testemunha de Jeová por um tempo.

No verão de 1970, eu freqüentava a igreja Assembléia de Deus em um porão no shopping

Saint Joseph East Mills. Bruce só me acompanhou uma vez para me dar segurança ao

conhecer a igreja. Eu achei aquela capela perfeita para o nosso casamento.

Nos casamos em 20 de setembro de 1970. Eu usava um vestido longuete cor creme com um

colete de veludo vermelho. Bruce usava um terno adaptado. Meu pai apareceu para caminhar

comigo pelo corredor da igreja. Minha mãe estava lá também, finalmente eu tinha a sua

bênção. Todos os meus amigos e familiares apareceram, junto com o pais de Bruce, Marshall e

sua mãe, Rae. Eu era a noiva mais feliz do mundo - mesmo que a cerimônia fosse ilegal

porque a assinatura do consentimento não era da minha mãe, mas na época eu não sabia

disso.

Não podíamos pagar por uma lua de mel. Mas de qualquer forma eu ainda estava na escola e

Bruce não podia deixar o seu emprego na madeireira Missouri Valleu Veneer. Não foi fácil

encontrar uma casa. Todos em Saint Joseph que tinham cabelos compridos eram

considerados hippie, então Bruce amarrava seus cabelos e usava um boné.

Eventualmente nós achamos um apartamento duplex no Sul na Rua 11, imediatamente eu me

preocupei em tornar aquele apartamento em um lar. Minha vida se resumia em fazer Bruce

feliz. Meus irmãos ainda passavam algum tempo comigo. Bruce ficava com raiva se eles

viessem visitar durante o dia no seu horário de dormir para ir para o seu turno da noite, então

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eu os tirava de casa e os levava ao parque. Depois eu cozinhava para nós uma grande

refeição e Bruce ia para o trabalho. Às vezes eu ia ate a fábrica e levava um lanche para ajudá-

lo em seu turno. Eu adorava passar tempo com ele.

Nos finais de semana ficávamos com nossos amigos hippies, íamos a festivais de musicas e

feiras. Adorávamos quando o circo estava na cidade. Às vezes saíamos só para ouvir música.

Era engraçado: eu tinha idade o suficiente para me casar, mas não para beber. Não que isso

importava, eu não suportava álcool.Ele destruiu a minha família. Então quando Bruce comprou

um velho Chevy Camaro vermelho, que depois nós trocamos por um Volkswagen, eu sempre

era a motorista. Nós viajáramos às vezes, por duas horas só para ir a uma feira. Alguns de

nossos amigos usavam LSD ou maconha, mas eu não curtia nada disso. Eu comecei a fumar

cigarros aos 13 anos. Esse era o meu único vicio, mas às vezes eu conseguia largar por um

tempo.

Uma vez no festival Bruce ficou paranóico que a policia estava atrás da gente. Eu virava

procurando os oficiais mas não via ninguém. Ele me jogou dentro do Túnel do Amor. Enquanto

eu estava sentada no barco ele retirou do seu bolso um pequeno embrulho.

"Aqui coma isto" ele disse colocando o embrulho em minhas mãos. Eu não tinha idéia do que

era, mas como ele estava sendo muito insistente eu comi.

O barco começou a andar pelo túnel escuro. Mas eu podia ver as cobras subindo pelas minhas

pernas. Eu fechava os olhos - alguém certamente misturou o Túnel do Amor com a Cassa dos

Horrores. Eu sentia as cobras andando pelo meu corpo. Eu sentia as cobras andando pelo meu

corpo. Eu abri os olhos e implorei para Bruce me tirar de la. Ele riu como um maníaco. era

como se ele tivesse se transformado em um monstro com garras e chifres.

De alguma forma Bruce me tirou do barco. Quando seus primos encontraram com a gente eu

ouvi ele dizer "Ele teve êxito com a barra laranja".

Eu não tinha ideia do que ele estava falando, e eu não entendia por que eles não me levavam

a um hospital. Eu queria correr mas minhas pernas não me respondiam. Ate andar era difícil. O

chão ficava subindo. No caminho para casa começou a chover; cada gota tinha uma cor

diferente. Bruce dizia que eu precisava comer e que isso ia passar. Mas cada vez que eu

tentava a comida fugia do meu prato. Eu fiquei acordada por três dia inteiros. Eu achava que a

chuva de arco-íris nunca iria embora.

Bruce finalmente me disse que naquele embrulho tinha era LSD. Ele disse que estava

vendendo para ganhar mais dinheiro. Ele também me disse que havia falado para eu esconder

o papel na minha boca e não comer. Eu não acreditava que meu próprio marido havia me

drogado. Ele poderia ter acabado com a minha vida. Mas como sempre, eu perdoei ele.

Eu larguei a escola. Foi estúpido, realmente, porque eu era brilhante, sempre ajudava minhas

amigas com o dever de casa. Mas eu tinha 16 anos e já era casada. Fazia sentido me

concentrar no meu casamento.

Quando Bruce e eu celebramos o nosso primeiro aniversário de casamento foi em um jantar

caseiro e romântico, e eu agradeci a ele por me fazer feliz.

A única coisa que faltava era com que eu ficasse grávida, Eu mal podia esperar para sermos

pais. A cada dois meses mais ou menos eu fazia os testes, mas não era para ser. Os médicos

me falavam que eu era muito magra e estava abaixo do peso. Não era culpa minha. Eu comia

muito mas era naturalmente magrela. Os médicos me falavam para ir para casa, engordar e

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relaxar. Ele me dizia para ser paciente que logo eu iria engravidar.

Minha mãe se divorciou de Gilpin, e casou com Ronald Polkinghan, e logo ela estava grávida

de seu sexto filho.

Eu acho que para Bruce não foi fácil começar uma vida de casado. Seus pais o amavam muito

e ele só tinha uma irmã mais velha, Carol Sue, que estava no exercito, servindo no Japão.Ele

nunca teve uma família como a minha.

Ele prometeu que nossos filhos não iriam sofrer como eu sofri. Eu rezava todas as noites para

engravidar. Em janeiro de 1972, minhas preces foram atendidas. Depois de 16 meses de

casamento, finalmente, eu estava grávida.

CAP 3

Eu adorava estar grávida. Eu estava muito orgulhosa da minha barriga que eu queria mostrá-la

mais, queria que o mundo soubesse que estava esperando um bebê. Eu cantava músicas

enquanto fazia carinho na minha barriga. "Baby Love" e "Love Child" de Diana Ross e

Supremes eram as minhas favoritas. Motown Music veio de Detroit - era alguns kilometros da

casa da Nan em Warren, Michigan, onde passei os melhores momentos da minha infância.

Nan era a contadora de casos da família. Ela tinha orgulho de sua descendência dos índios

Cherokee e tinha caixas de documentos antigos e fotos. Eu sempre tive curiosidade sobre

nossos ancestrais, para que um dia eu pudesse contar nossa história à meus filhos. Nan

conseguiu traçar nossa linhagem ate Betsy Webb, que foi forçado, junto com 17.000

Cherokees a marchar do Sul do país até o oeste de Oklahoma durante um inverno brutal entre

os anos de 1838-1839. Mais de 4.000 morrem no caminho que ficou conhecido como Trilha

das Lagrimas. Nan tinha orgulho de Betsy Webb, que dizia estar em todos os livros de história

junto com outro antecessor, Washington Harris.Anos mais tarde, este conhecimento de Nan

seria algo de grande valor quando precisei usar nossos links na tribo Echota em Alabama para

me ajudar em uma batalha para proteção infantil contra as autoridades - uma historia que você

vai ler mais tarde.

Minha mãe conseguiu traçar nossa família até a Grã-Bretanha. Sua tataravó, Ailsa Macallister

viajou da Escócia para Nova York aos 23 anos em 1870. Minha bisavó, Martha Mount, herdou

os escoceses o amor pelo whisky. Ela pedia para os taxistas trazerem as bebidas para ela.

Direto os taxistas paravam na porta da sua casa. Ela era muito rígida com os outros netos e

meu avó, mas sempre me favorecia só pelo fato de eu ter nascido no dia do seu aniversário.

Bruce nasceu alguns kilometros da fronteira canadense em Fort Fairfield, Maine, era

descendente dos índios Blackfood. A familia Mathers é originária da Escócia, mas ele sempre

achou que o nome veio de uma área rural em Wales. Ele cresceu ouvindo historias de um livro

de artes obscuras, que aparentemente ligava à família Mathers com feiticeiros. Ele descobriu

um britânico ocultista muito assustador chamado Samuel Liddel MacGregor Mathers fundador

da Ordem Goldem Dawn, ele foi o mentor de um bruxo hedonista chamado Aleister Crowley.

Bruce adorava isso. Ele era louco por metal pesado e o Jimmy Page do Led Zeppeling viveu

um tempo na mansão de Crowley. Então quando ele mostrava seus dentes para mim fingindo

ser um monstro eu ficava apavorada!

Ele também assustava meus irmãos, que passavam muito tempo com a gente. Eu não me

importava em alimentá-lo e ajudá-los no dever de casa, mas isso começou a incomodar p

Bruce, especialmente quando ele tentava dormir antes de seu turno na fábrica. Ele descontava

muito em Todd, que era muito alto e as vezes desajeitado, gritava muito com ele para deixar a

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gente em paz.

Bruce sempre teve um temperamento horrível, mas ele nunca descontou em mim. Isso mudou

no meu 7° mês de gravidez. Eu estava terminando de decorar o quarto do bebê, de acordo

com o médico eu estava esperando uma menina, eu queria que estivesse tudo pronto para a

sua chegada. Chamei Bruce para me ajudar a carregar as latas de tinta para o andar de baixo.

Do nada ele começou a gritar comigo:

“Eu não quero a porra de um filho” ele gritou, “e enquanto a mim sua vadia egoísta?”

Ele correu para o andar de cima, e ficou cara a cara comigo exigindo saber por que ele estava

sendo ignorado, sem atenção. Eu disse para ele parar e tentei sair. Ele me empurrou. Minhas

pernas cederam e eu tropecei e cai no fundo da escada. Bruce imediatamente veio ao meu

lado, se desculpando.

Ele nunca tinha sido violento antes, e eu não queria acreditar que ele estava começando a se

tornar abusivo. Eu quis acreditar que foi um acidente, mas eu não conseguia deixar passar o

fato que ele havia me machucado e possivelmente machucado o bebê que tanto tentamos ter.

Naquela noite eu chorei ate cair no sono, orando para Deus que meu bebê esteja bem.

Também havia o sexo: Bruce queria fazer amor duas ou três vezes ao dia. Como a data do

nascimento estava se aproximando, eu não podia satisfazer as suas vontades. Ele começou a

desaparecer em horários estranhos. Eu tinha certeza que ele tinha um caso, mas ele negava

sempre que perguntava.

Eu sofri alguns sangramentos menstruais durante a minha gravidez e temia que pudesse

perder o bebê. Eu sempre ia ao médico para ouvir os batimentos cardíacos. No dia 13 de

outubro, minha bolsa estourou. A tia de Bruce, Edna, se apressou e me levou ao Hospital Saint

Joseph's Sisters, uma velha instituição católica na Catedral Hill. Eu tive algumas contrações

que iam e vinham naquele dia e no próximo.

Finalmente a dor do parto chegou. Ela continuou comigo nas próximas 72 horas. Eu não sabia,

mas eu tinha envenenamento no sangue por toxicoma*. Eu me lembro de segurar a mão da

enfermeira e contar os espaços no teto para tentar me distrair das contrações. Na época os

médicos raramente faziam cesárea. Depois de 60 horas de trabalho de parto, me ofereceram

algum remédio.

A enfermeira gritava comigo, "Vocês dois vão morrer se você não empurrar Debbie". Depois

me lembro de alguém dizer que era um menino. E foi isso: eu apaguei. Eu tive uma convulsão

e cai em coma na sala de recuperação. Durou alguns dias até que o som de um sino me

acordou. Meus olhos custaram focar em um homem vestido de preto segurando o sino. Ele era

um padre e aparentemente estava me dando uma última oração. Assim que acordei a

enfermeira veio ao meu lado e tirou minha pressão, gradualmente fiquei atenta ao ambiente ao

meu redor, muita bagunça e barulho. Me fez querer voltar a dormir, até que alguém trouxe o

meu bebê. Eu tive um menino!

Eu vi o rosto das minhas tias, minha mãe. meus irmãos Steven e Todd. Todos chorando. Dr.

Claude Dumont estava sentado no pé da cama com um cigarro nas mãos - podia fumar nos

hospitais na época.

"Você assustou todo mundo", disse o médico. "Não achávamos que você sairia dessa".

Bruce não estava quando eu acordei. Ele tinha saído para celebrar o nascimento do bebê com

uma amiga, mais tarde descobri que os dois estavam tendo um caso. Mas naquele momento

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tudo que eu queria era ver o meu filho.

A enfermeira me entregou aquele bebê todo embrulhadinho e disse que seu nome era Marshall

Bruce Mathers III. Bruce que o registrou quando todos achavam que eu não iria sobreviver.

Não havíamos discutido o nome, mas não me importei. Eu adorava meu sogro - o Marshall B.

Mathers original - e achei que seria um privilegio meu filho ter o nome dele.

Marshall era muito pequeno: pesava uns 2,5Kg. Ele tinha uma pequena bolha entre as

sobrancelhas, cílios grandes e pretos e alguns tufos de cabelo loiro. Era o bebê mais lindo que

já vi, e me encheu de amor. Ele era meu e ninguém iria machucá-lo.

Dr. Dumont cobrou $90 dólares pelo cuidado pré-natal, o parto e a circuncisão do Marshall. Eu

estava preocupada que eles cobrarem mais por causa do meu coma e do envenenamento no

meu sangue. Mas Dr. Dumont repetia que estava feliz de que ter sobrevivido.

Todd, que tinha 10 anos, pulava de alegria. Ele e Steve soltaram fogos de artifício momentos

depois que Marshall nasceu. Anos mais tarde quando Marshall ficou famoso ele me disse para

não acreditar em tudo que iriam escrever sobre ele. Eu ri porque na sua primeiríssima menção

- um jornal local de Saint Joseph chamado "Hello, World" - seu local de nascimento estava

errado. Ele disse que nasceu em 16 de outubro em vez de 17, no Hostipal Methodist. Marshall

continuou a confusão quando sua fama começou a crescer em 1999 e a gravadora quis ocultar

um pouco da sua idade. Em pessoal de lá me ligou quando eles precisaram de atualizar a

biografia dele. Marshall acreditava que tinha nascido na cidade de Kansas City a estranhos 96

Km do local real.

Recentemente eu encontrei um jornal de Saint Joseph antigo que tinha o horóscopo do ano de

nascimento de Marshall. Terça-feira, 17 de outubro de 1972, dizia: "Você carrega a cor do amor

e beleza, mas é muito pratico para perceber isso, diferente de outros librianos você

provavelmente não conseguirá comercializar a arte em um sentido amplo. Você se dará bem

no teatro, onde poderá brilhar como ator". Também sugeria que o futuro Eminem seria "dotado

de um grande senso de justiça, seria um excelente jurista, árbitro ou mediador".

Agora, é difícil de imaginar meu filho como um pacificador. Seu inicio de carreia se consistia em

me xingar, xingar sua esposa e seus rivais na música. Ele também transformou o seu amor à

arte em um império milionário. Mas o astrologista acertou em uma coisa. Do momento em que

ele nasceu, meu filho Marshal era um ótimo ator. Ele sabia exatamente como olhar para mim e

iniciar sua atuação.

* uso excessivo e repetido de uma ou mais drogas (como analgésicos e psicotrópicos) sem

efetiva necessidade ou justificação terapêutica.

CAP 4

Marshall tinha 2 meses de idade quando Bruce sugeriu que mudássemos para sua cidade natal

Williston, em Dakota do Nort. Ele estava cansado da minha família e eu concordei. Minha mãe

interferia em tudo. Ela tinha dado a luz ao seu sexto filho, Ronnie, uns meses antes e Marshall

nascer, e ela sempre comparava a educação de nossos filhos por ser diferente da que ela nos

deu.

Foi oferecido a Bruce o emprego do pai dele como gerente do Hotel Painsman Williston, onde a

mãe dele também trabalhava como escrituraria. Meu sogro foi diagnosticado com um problema

no coração e forçado a aposentar.

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Eu não conhecia ninguém alem de meus sogros, mas todos foram muito receptivos que logo

estava me sentido em casa. Durante a minha infância nos mudávamos muito, então já tinha me

acostumado a começar tudo do zero, ainda assim eu sentia saudades de meus irmãos me

constantemente me preocupava com eles.

Williston é uma cidade pequena há 48Km da fronteira de Montana e famosa por cruzar com

Yellowstone e o rio Missouri. A principio vivíamos com os pais de Bruce até que achamos um

apartamento e eu consegui um emprego de meio horário como caixa no armazém Red Owl.

Todos amavam Marshall. Ele era muito fofo e eu o inscrevi em uma competição de bebês. Ele

tinha 7 meses de idade e tinha ganhado mil dólares na competição de Gerber Baby Food.

Bonnie e uma amiga vieram me visitar, e fazemos uma viagem para a fronteira do Canadá.

Tudo ocorreu bem até a volta. Tínhamos a carteira de motorista, mas não estávamos com a

certidão de nascimento do Marshall. O pessoal da imigração o retirou de mim. Podíamos o

ouvirele chorar em uma sala adjacente a nossa. Eu não parava de chorar. Os policiais

disseram que eles tinha de verificar com hospitais e denuncias policiais para ter certeza de que

ele não tinha sido seqüestrado. Quatro horas depois que me entregaram ele de volta. Eu não

parava de beijar as lágrimas dele e nós voltamos aos EUA. Foi uma experiência horrível e me

fez desejar nunca mais sair dos EUA.

Eu cantava para Marshall toda hora e criava em seu quarto rimas bobas. "Jack be nimble, Jack

be quick, Jack jumped over the stupid candlestisck"* sempre fazia Marshalll sorrir. Ele adorava

ouvir as rimas das igrejas nos domigos, então eu cantava para ele em casa também. A favorita

dele era "The Old Rugged Cross". Ele esticava seus braços e tocava meu rosto. . Se eu

tentasse cantar outra coisa ele balançava a cabeça e tentava colocar a mão na minha boca. Eu

tentei "Amazing Grace", mas ele também não gostou.

As mulheres da igreja me pediram para me juntar ao coral, mas eu era muito tímida.. De

qualquer forma Bruce sempre queria que eu ficasse em casa. Ele ficava furioso quando

Marshall chorava, alegava qu eu passava todo o meu tempo com ele. As vezes ele entrava

colocava Marshall no cercadinho, me fazia sentar no sofá para conversar com ele sobre o dia

dele.

Ele começou a beber muito e a usar drogas. Não se importava em esconder isso de mim. Ele

convidava os amigos dele e se eu reclamasse ele aumentava o volume da música. Era comum

encontrar uma garrafa fazia de wisky e Bacardi na cozinha.

A violência física começou algumas semanas depois que chegamos em Dakota do Norte. Ele

chegou gritando em casa uma noite e colocou Marshall no cercadinho dele. Ele agarrou meu

cabelo e colocou meu rosto contra a parede.

“Cozinhe meu jantar, vadia”, ele repetia enquanto pressionava a minha cabeça contra a

parede. Depois ele me jogou na cozinha. Chorando eu me apressei a fazer o jantar, mais cedo

que o normal, e coloquei na mesa onde ele estava sentado. Ele jogou o prato no chão.

“Agora limpe essa bagunça vadia”, ele ordenou.

Eu me ajoelhei para começar a limpar e ele começou a me chutar. Depois saiu de casa

batendo a porta para beber. Isto passou a se tornar rotina. Apesar de que ele variava entre

pressionar a minha cabeça contra a parede ou me jogar no sofá e me bater. Toda semana eu

fingia que tinha batido na quina da porta ou tropeçado em alguma coisa para explicar as

marcas em meu rosto. Acho que passa a idéia de ser a pessoa mais desastrada do mundo.

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John, dono do armazém local, não acreditava nas minhas histórias. Ele insistia para eu me

separar de Bruce e morar com ele e a família dele. Ele insistia que não havia nada de errado,

mas John dizia, “Se eu te ver com o olho roxo ou lábio partido de novo, eu vou machucar o

Bruce”.

Uma vez, eu estava em meu trabalho quando Bruce entrou na loja e me arrastou pelo braço

para a rua. John vivia me dizendo para contar a policia, mas eu tinha medo. A família Mathers

tinha muita influencia a cidade de Williston.

A mãe de Bruce não gostava de mim. Há anos ela sonhava com a garota ideal para Bruce, e

eu não era essa mulher. Mas o meu sogro, Marshall, era ótimo. Ele teve uma cirurgia em seu

coração e estava ficando cada vez mais frágil, mas seus olhos sempre se iluminavam quando

eu o visitava com o bebê Marshall.

Em um dia de verão ele estava sentado em sua poltrona no jardim, quando ele pediu para me

aproximar. Eu tinha aprendido a disfarçar os machucados com maquiagem, achei que estava

fazendo um bom trabalho, mas não enganava o Sr. Mathers.

“Bruce é meu filho” ele disse enquanto lágrimas se formavam em seus olhos. “Eu o amo. Mas

também tenho vergonha dele. Eu não suporto o fato de que criei um filho que bate em

mulheres. Eu não criei ele para ser assim. Eu te imploro, em meu leito de morte, deixe meu

filho. Pegue o bebê e vá. Saia enquanto você pode”.

Ele levantou os braços e nos abraçamos, eu disse a ele que ele era o meu sogro e que eu o

amava. Ele era alto como o Bruce, mas estava só pele e ossos. Ele sabia que estava

morrendo.

Ele trabalhou duro a vida inteira e não era o tipo de homem que ficava sentado atoa. Mesmo

quando ele foi alertado de não fazer nenhum trabalho pesado, porque seu coração não

aguentava, ele ainda cuidava do pátio atras da casa dele. Eu verdadeiramente o admirava, ele

era um homem adorável. Bruce e a mãe dele deixaram bem claro que eu não era bem-vinda no

funeral dele.

As bebidas, as traições, e os abusos de Bruce ficaram piores depois que seu pai morreu.

Quando Marshall tomou alta do hospital depois de um tratamento para pneumonia, eu o levei

ao hotel para ver o pai. Eu achei que iria agradar o Bruce, mas eu o achei com a recepcionista

chamada Heather, rindo a respeito da capa da revista Playboy. Eles estavam se esfregando.

Eu fiz um barulho para chamar a atenção e eles se viraram. Bruce ficou furioso, me ordenou a

sair. Eu dirigi para casa chorando. Ele ainda não se importava, ele nem ligava se o próprio filho

estava doente.

Ele voltou para a casa algumas horas depois de uma caminhada na chuva. Ele tirou os sapatos

e os jogou em mim. Eu tentei me assegurar que Marshall estava fora de perigo, mas Bruce o

pegou, o jogou em seu cercadinho e gritou: “Esse moleque pode esperar!”

Depois ele jogou o outro sapato em mim, acertou meu rosto, e usou o meu estomago como um

saco de areia. Em meu aniversário de 19 anos, em janeiro de 1974, Bruce teve que trabalhar

ate tarde. Ele entregou a nosso amigo Kenny, meu colega de trabalho, uma nota de $20

dólares para me levar para jantar no Stateline Club. Eu não queria ir, mas Bruce insistiu.

Demorou 45 minutos para chegarmos ao local e estava lotado! Eu sugeri que fizéssemos os

pedidos para viagem e voltamos para casa na esperança de Bruce já estar de volta. Mas Mary,

uma amiga que estava olhando Marshall para mim, disse que Bruce tinha saído para me

procurar.

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Ele voltou na manhã seguinte. Quando eu perguntei onde ele estava ele me acusou de ter um

caso. Depois ele agarrou meus cabelos e me arrastou para fora do apartamento e me fez subir

as escadas até o apartamento vizinho. E ai ele bateu minha cabeça na porta várias vezes.

Cada vez que eu o caia me batia mais. Isto continuou ate que ele me nocauteou.

Depois disso lembro de acordar com Bruce dando uns tapinhas em meu rosto, ele estava

assustado. “Achei que tinha te matado dessa vez” ele disse.

Havia sangue por todo lugar. Meu nariz estava destruído. Bruce bateu em mim a sangue frio

dessa vez. Como sempre ele se mostrava arrependido. Ele insistia que me amava, mas que

ele estava sob muita pressão no trabalho, e ele não sabia o que tinha acontecido para ele

surtar assim.

Eu disse a ele “Eu te odeio. Eu não vou passar por isso de novo. Eu vou deixar você. Vá para a

casa da sua mãe”. Pela primeira vez ele não argumentou de volta. Eu acho que ele tinha

percebido que dessa vez ele havia ido longe de mais. Ele saiu e um amigo me levou ao

hospital, eu passei duas horas tentando convencer os funcionários que não tinha perigo em

casa nem para mim nem para meu bebê. Eu tive uma concussão séria, mas disse as

enfermeiras que havia alguém em casa para cuidar de mim me acordando de hora em hora

para saber se estava tudo bem.

Há anos atrás eu tinha feito uma promessa que meu filho não sofreria com a violência, drogas

ou álcool. Eu e meus irmãos já tínhamos sofrido de mais. Eu não queria meu filho sendo criado

nesse mesmo ambiente. Marshall tinha 14 meses de idade, muito jovem para entender o que

estava acontecendo. Mas até ele havia começado a apontar as marcas em meu rosto e dizer

“Boo, boo”. Isso partia meu coração.

Eu mal consegui dormi. Quando Marshall acordou eu já tinha embalado algumas de suas

roupas e fraldas. Eu coloquei tudo dentro de uma mochila. Se eu tivesse pensado direito eu

teria pegado o envelope onde nós guardávamos o dinheiro para luz e aluguel. Mas eu só

peguei uma nota de $20 dólares para adicionar o pouco que tinha em meu bolso. Eu nem

peguei o carro, e ele estava registrado em meu nome e já estava terminando de paga-lo. Eu fui

ate a mercearia para pegar o meu pagamento final, devolver meu uniforme e me despedir.

John, meu chefe, implorou para eu ficar, mas eu só queria sair de Williston. Kenny me levou

até a ferroviária. Tinha um trem saindo para Kansas City, uma viajem de um dia e meio. De lá

eram somente 96Km até Saint Joseph.

Eu estava histérica. Apavorada de que Bruce viesse me procurar. Ele havia me ameaçado de

morte várias vezes caso eu tentasse abandoná-lo. Eu nunca havia andado de trem antes, e

quando os policiais me olharam eu achei que eles iriam me levar de volta para Bruce. Mas eles

somente me cumprimentaram. Eu estava com o nariz quebrado, os dois olhos roxos e um

curativo atrás da minha cabeça. Uma mulher me perguntou se eu tinha sofrido um acidente de

carro. Eu apenas concordei com a cabeça. Eu não queria falar com ninguém.

Estava um frio congelante. Mesmo que estivéssemos vestindo nossas roupas de inverno,

nossas mãos pareciam mais pedras de gelo. Eu não conseguia parar de bater os dentes de

frio. Mas pelo menos nós tínhamos o vagão inteiro à nosso dispor porque todos saíram para

vagões mais quentes.

O fiscal de viagem veio ate mim, disse que o aquecedor havia quebrado e que eu teria que sair

daquele vagão. Mudamos de vagão e eu estupidamente dei a minha nota de $20 para comprar

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molho de carne e purê de batata e esqueci de pegar o troco. O rapaz achou que fosse gorjeta.

Depois Marshall teve uma dor d estomago, e mesmo que eu lhe fizesse massagens ele chorou

por toda a viagem. Quando chegamos em Kanssas eu só tinha dinheiro para ligar para minha

mãe.

Desnecessário dizer que ela não me recebeu de braços abertos. Ela resmungou alguma coisa

sobre acordá-la as 2 da manhã e que havia uma tempestade de neve e ninguém poderia ir me

buscar. Ela me disse para ligar de volta em uma hora mais civilizada. Eu sentei na estação por

horas até que um policial apareceu.

“Você que é Debbie?” e perguntou.

Eu balancei a cabeça. Seria possível que Bruce já tinha me localizado?

“Esta tudo bem”, ele disse. “Sua mãe nos ligou. Ela vai te emprestar um dinheiro para você

pegar um ônibus. Eu vou te levar ao terminal”.

Eu estava cansada e faminta - se tivesse pensado claramente eu teria sacado o dinheiro do

meu pagamento antes de sair. A estação de ônibus estava deserta exceto pelo balconista que

ficou com pena de mim quando eu disse que estava esperando me enviarem o dinheiro da

passagem para eu voltar para casa.

Quando eu perguntei para ele onde era o banheiro ele disse: “Me acompanhe até lá em baixo”.

Eu o segui esperando ter um local quente e com comida. “Você é muito bonita” ele disse “Acho

que podemos negociar algo”.

Eu corri para o banheiro onde havia uma mulher que tinha escutado eu comentar sobre a dor

de barriga de meu filho, ela tinha um suco de ameixa e me deu. Eu dei a ela os trocados que

tinha - algo em torno dos 22 centavos. Eventualmente eu consegui fazer com que Marshall

parasse de chorar antes de entrarmos no ônibus. Meu filho estava doente e eu não podia

ajudá-lo. Finalmente eu cheguei em Saint Joseph por volta das 4 da tarde. Minha mãe não

notou minhas cicatrizes.

“Eu gostava do Bruce” ela disse como se a coisa toda tivesse sido minha culpa. “Quanto tempo

você vai ficar?”

“Uma semana ou duas, prometo” respondi. Mas nem durou isso tudo. Bruce continuava

telefonando, e havia mais dramas com minha mãe, então eu mudei para a casa da Nan, que

naquela época estava morando em Saint Joe.

Nan tentou me fazer voltar par Bruce também. Ela não havia percebido o quanto ele tinha

mudado. Ela dizia que ele ligava e chorava no telefone. Eventualmente eu concordei em falar

com ele.

Ele me ordenou a voltar para casa e adicionou que eu levasse “o garoto” comigo.

“O garoto tem nome” eu disse.

Eu perguntei se ele podia me enviar as minhas roupas que ficaram mas ele se recusou. Eu

tinha feito para o Marshall vários livros de bebê, cheio de fotos, listando as coisas que eram as

favoritas dele como um sapo de brinquedo e seu adorado pudim de vanilla. Bruce nem colocou

nos correios para mim. Eu só voltei a ver esses livros de bebê quando Marshall ficou famoso.

Eles apareceram em uma revista alemã, junto com uma entrevista com Bruce que alegava que

havia passado dias procurando por nós mas que tínhamos desaparecido.

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Eu sempre quis que Marshall tivesse um relacionamento com o pai dele, porque eu me lembro

da dor que senti que eu senti quando meu pai me deixou. Mas Bruce não estava interessado.

Algumas semanas depois os telefonemas pararam. Eu me concentrei em começar minha nova

vida. Eu sabia que eu tinha de seguir sozinha para o bem de Marshall.

Entrei com os papeis para o divorcio, mas Bruce conseguiu suspender dizendo ao funcionário e

minha mãe que eu não tinha em Missouri residência fixa nos últimos seis meses, que era

legalmente exigido. Mais tarde ele foi ordenado a pagar pensão de $60 dólares para Marshall,

mas ele só depositou duas ou três vezes. Depois disso ele se mudou para a Califórnia e evitou

o resto dos pagamentos.

*Jack, seja ágil, Jack, seja rápido, Jack pulou o castiçal estúpido

CAP 5

Eu achei um apartamento pequeno e um emprego em um restaurante, e comecei a fazer um

curso de cabeleireira e maquiagem. A tia de Bruce Edna me ajudava a cuidar de Marshall.

Toda a noite quando eu voltava para casa havia um desenho de um rosto feliz, ou um

cartãozinho feito a mão feito por Marshall. Ele adorava desenhar. Ele também nasceu para o

teatro. No jardim de infância ele atuou como índio em uma peça escolar para o Dia de Ação de

Graças. Seu tio Ronnie, que só era dois meses mais velho fez o papel de um viajante.

Marshall adorava ouvir sobre a historia americana e era completamente intrigado pela

conquista do Oeste. Antigamente em Saint Joseph a cidade era o cartão para alguns cowboys

e morar lá apenas influenciava a aprender sobre essas coisas.

Até 1860 cartas enviadas de Nova York demoravam 30 dias para chegar à Califórnia através

de um navio a vapor. Um grupo de homens ambiciosos quiseram provar que eles poderiam

fazer essas entregas em um tempo menor usando cavalos e cavaleiros. demorava apenas 10

dias para as postagens enviadas por Saint Joe chegassem às cidadezinhas do interior próximo

à Sacramento. Mas apesar de terem capturado a imaginação dos americanos, e provando ser

de um valor inestimável durante a Guerra Civil, a empresa veio a falência 19 meses depois,

perdendo seus fundadores e logo depois, espetaculares $5 mil dólares. Depois em 1882, Jesse

James foi morto por seu parceiro de crime, Bob e Charlie Ford, em seu esconderijo na rua

Lafayette. Marshall adorava visitar o o distrito histórico de Saint Joe e ver a casa de James

cheia de marcas de tiro.

Marshall era o bebê perfeito que quase nunca chorava. Mas desde criança ele desenvolveu u

temperamento, assim como seu pai. Se ele não tivesse as coisas do jeito dele, ele sentava no

chão e começava a gritar. Eu sempre cedia a seus caprichos. Ele era tudo o que eu tinha e eu

o amava muito. Eu queria protegê-lo do mundo, eu não podia ouvir ninguém criticá-lo. As

pessoas diziam que eu deveria castigá-lo, mas eu nunca acreditei em castigos.

A parte das birras ele sempre foi tímido com estranhos. Eu tinha que ir a rua com ele para fazê-

lo brincar com as outras crianças. Durante anos ele preferia a companhia de seu amigo

imaginário, Casper. Ele não tinha assistido o filme, Casper the Friendly Ghost* na tv, ele era

fascinado por super-heróis como Homem Aranha, mas eu acho que ele se inspirou no filme

para ter a idéia de seu amigo imaginário. Ele dizia que Casper podia atravessar paredes, e me

repreendia por quase sentar em cima dele. Marshall não entendia porquê eu não podia ver

Casper.

Eu o apelidei de “Mick” muitas pessoas o chamavam assim ao invés de Marshall.

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Eu tentei compensar o fato de que Marshall não tinha pai dando tudo o que ele queria. Eu

nunca o neguei nada. no McDonald’s le sempre tinha dois McLanches Feliz - ele queria os

brinquedos grátis mais que a comida. Ele colecionava figurinhas: homem-aranha, Hulk, He-

Men, GI Joe, Batman e Robin. Ele adorava histórias em quadrinhos e desenhava seus heróis

em seu livro de desenho. Em um natal ele pediu a armadura do Batman com todos os seus

acessórios inclusive o batmóvel. Eu esqueci o valor do presente mas era mais de cem dólares.

Eu tentei economizar para da-lo de presente porque eu queria ve-lo feliz mas era muito

dinheiro.

Eu tinha vários empregos, como atendente, garçonete até motorista de caminhão de gelo, tudo

para que Marshall tivesse uma vida boa. Eu conseguia empregos que eu o pedia levar comigo,

Marshall constantemente estava junto de mim em meu trabalho.

Até mesmo quando eu entrei para o grupo chamado Daddy Warbucks, cantando como

segunda voz, Marshall ia com a gente em turnês. Nós éramos uma banda de hippies, e sempre

havia alguém para cuidar dele enquanto estava no palco. Nós tocamos no Ramada Hotel e

Holiday Inns, mas eu nunca consegui superar o meu medo do palco. Quanto maior a platéia

pior eu ficava. Eu costumava ficar de costas para o público voltada para o baterista, por quem

eu tinha uma paixão secreta na época.

Eu tinha muitos amigos homens. Eu namorei com médicos e advogados porque queria algo

melhor para mim. Mas comparada com as mulheres sofisticadas que eles costumavam sair eu

me sentia inferior e inadequada. Eu não tinha um estudo superior, eu não me achava bonita.

meu coração partia por chegar tão perto e não conseguir. Eu estava procurando por um

companheiro perfeito e um pai para Marshall. Eu sempre orientava os meu amigos homens e

esperava mudá-los para que eles se tornassem a minha idéia de um homem perfeito. Eu tinha

muito ciúmes, o que afastava os homens de mim, especialmente aqueles que eram

engraçados, trabalhadores e bons para o Marshall.

Charlie foi o meu primeiro namorado serio depois de Bruce. Ele era um homem excelente!Ele

trabalhava na ferroviária de Missouri e sempre voltava nos finais de semana. Nos divertíamos

muito juntos. Marshall parecia gostar dele, assim como meus irmãos.Tudo ia bem, exceto pelo

fato de que não conseguíamos confiar um no outro totalmente, e com o tempo, o ciúmes mútuo

arruinou nossa relação.

Eu conheci Don, motorista de táxi quando me mudei para Michigan. Nós moramos juntos por

um ano, mas ele tinha um forte temperamento típico de italianos e era insanamente ciumento.

Nossa relação se deteriorou quando nós fomos aos Florida Keys. Marshall ficou com

queimaduras de sol, com algumas bolhas na pele mais parecia um jacaré. Don queria que eu

parasse de cuidar ele; ele tinha inveja da atenção que dava ao meu filho. Eu o deixei no

momento em que voltamos para casa.

Algumas semanas depois eu conheci Curt Werner. Ele era 3 anos mais novo que eu, 1,80 de

altura com um lindo cabelo preto e grandes olhos castanhos. Ele era totalmente selvagem e

adorava motocicletas. Nos tornamos amigos.

Uma noite nós estávamos voltando do cinema quando vimos o taxi de Don pegando fogo. Não

nos preocupamos muito com isso até que Don me culpou pelo fato, alegando que eu ateei fogo

no automóvel. Curt saiu do carro e ordenou que Don saísse de perto de mim. Não conseguia

acreditar que ele tinha me culpado - eu nunca faria algo assim, não quando eu sabia o quanto

tinha sido difícil para ele terminar de pagar aquele carro.

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Minha irmã Tanya, 13 anos, fugiu de casa. Mãe espalhou cartazes de “desaparecido” por toda

a cidade e me culpou pelo fato. Ela disse a policia que eu estava a escondendo. Era verdade:

Eu sabia exatamente onde ela estava, mas eu não iria deixar minha mãe descobrir isso e dar

uma surra na garota.

Mãe gostou de Curt. Nós estávamos namorando por uns 3 meses quando ela começou a me

encorajar a casar com ele. Grande erro - nós mal nos conhecíamos. Mas ele era lindo, me

amava, era ótimo com o Marshall. Meu filho era o meu mundo, então era importante para mim

que Marshall gostasse dele também.

A cerimônia de casamento foi simples na casa do pastor. Eu vesti um lindo vestido de verão;

Curt estava de jeans, depois fomos para a casa da minha mãe para a recepção.

Esse foi o erro número dois. Curt adorava beber, e logo ficou bêbado. Eu sai mais cedo com

Marshall deixando Curt sozinho na recepção.

No dia seguinte Curt e eu tivemos uma briga enorme.Desde o inicio eu avisei a ele que não

queria álcool perto do meu filho. Eu vi o dano que isto causou a minha família. Mas ele ignorou

os meu desejos e continuou bebendo. Ele dizia que ninguém iria mandar nele dentro da própria

casa dele.

Duas semanas depois do casamento, Curt saiu com a moto e não voltou naquela noite. Eu sai

de casa na manhã seguinte.

Marshall, que ouvia histórias de seu pai com sua tia Edna, de repente começou a fazer

perguntas sobre ele. Eventualmente Edna me deu um endereço na Califórnia, e Marshall

passou horas escrevendo uma carta. Todos os dias ele esperava o carteiro passar, na

esperança de uma resposta de seu pai. O envelope finalmente chegou com as palavras

“Devolver ao remetente, destinatário inexistente” escritas na frente com a caligrafia de Bruce.

Eu não disse a Marshall que havia reconhecido a letra.

Marshall amava animais, então nossa casa era cheia de filhotes. Ele pegou uma cobra e

colocou na minha cama uma vez de brincadeira. Um dia eu cheguei em casa e encontrei o

porquinho-da-índia de Marshall enrolado em um plástico dentro do micro-ondas.

“Ele estava com frio. Eu estava tentando aquecê-lo”. Ele disse enquanto eu desligava a

máquina.

O porquinho não estava frio, estava morto. Marshal ficou bastante perturbado quando expliquei

que o porquinho havia ido para o céu. Ele insistiu em dar um enterro descente ao bichinho, ele

fez buracos em uma caixa de sapatos para que o porquinho pudesse respirar enquanto ele

caminhava pro céu.

Marshall nem sempre entendia que havia criaturas delicadas. Quando dele tinha 7 anos, eu me

distrai por um segundo no consultório médico, e ele jogou um livro dentro do aquário. "Esse

monstrinho matou o meu peixe!" eu ouvi uma idosa gritar.

Mortificada, eu retirei o livro do tanque, e ofereci um novo peixe, imaginando que eram

daqueles peixinhos dourados que são mais baratos. Mas resultou que eles custavam em torno

de $100 a $200 dólares cada um. Confie em Marshall para matar apenas os mais caros.

A palavra mostro estava vinculada a descrição que as pessoas faziam de Marshall. Eu perdi o

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meu trabalho em uma loja depois que ele derrubou uma prateleira, depois saiu gritando pelo

corredor de braços abertos.

"Tire esse monstro daqui agora!" o gerente gritou. Eu tentava defender Marshall alegando que

ele era só uma criança. Mas o gerente não quiz escutar. "Ele não é uma criança, ele é um

monstro" ele disse.

Eu me afastei das minhas melhores amigas, Bonnie e Theresa, quando Marshall puxou o

cabelo de uma senhora idosa e fez uma guerra de comida no restaurante que trabalhava. Ela

dizia que ele era um pirralho que precisava apanhar, mas eu não ouvia uma palavra contra o

meu filho.

Escola era um problema também. Marshall odiava. Ele era pequeno para idade dele, então ele

sofreu bullying desde o primeiro dia. Ele era um ótimo ator, constantemente fingia que estava

com a perna machucada ou com dor de barriga. Eu o mimava dando a ele tudo o que ele

queria, deixando inclusive, faltar a aula.

Ele se agarrava em mim quando eu o deixava no portão da escola, e entrava em pânico se ele

achava que eu iria a alguma lugar sem ele. Uma vez, ele me viu colocar a roupa suja no carro

para levar para a lavanderia, e achou que eu estava indo embora e saiu gritando de casa. Ele

estava em um estado tão apavorado que deixou o braço para traz quando uma porta de vidro

deixou com ele. Eu peguei uma toalha e corri para fazer pressão em seu braço. Estava óbvio

para mim (e depois confirmado pelo hospital) que ele ficou muito próximo de cortar a artéria

principal de seu pulso. Foi muito próximo, eu estava com muito medo. Havia sangue para todos

os lados. Eu rapidamente o levei aos hospital. Ele levou 12 pontos e tem a cicatriz ate hoje.

*Gasparzinho, o fanstasminha camarada.

CAP 6

Saint Joseph teve um “boom” turístico nos anos 70 devido ao filme em preto e branco “Paper

Moon, estrelado por Tatum O’Neal, 8 anos, e seu pai Ryan. Peter Bogdanovich usou vários

locais do centro, assim como a ponte do rio Missouri.Tatum se tornou a pessoa mais jovem a

ganhar um Oscar, e o filme continua sendo um dos meu favoritos. Capturou o charme da

pequena Saint Joseph, algo que sempre admirei na cidade. Mas em 1979, com o fracasso do

meu segundo casamento, eu precisava mudar de cenário.

A salvação apareceu na forma de Nan. Ela morava em Warren, Michigan, com seu

companheiro Johnny, e precisava de ajuda. Avô Johnny, como ele era conhecido, estava com

diabetes avançada, e Nan tinha problemas cardíacos. Nan me escreveu uma carta me

perguntando se eu podia ajudá-los. Eu trabalhava como assistente de enfermagem no hospital

Methodist. Nan sempre esteve presente para mim, especialmente quando eu era mais jovem,

então rapidamente eu larguei o meu emprego. Naquela noite eu coloquei as malas no carro,

peguei Marshall e viajamos por dois dias pelo país. Cantamos a viajem inteira. Uma nova vida

nos esperava.

Warren é um grande subúrbio da região metropolitana de Detroit, apenas alguns quilômetros

de distancia. Entre os anos 1950 a 60 a população passou de modestos 727 para 89.426

habitantes. Essa população duplicou em 1970 para 179.260. A razão dessa expansão é

conhecida historicamente como “White Flight”. Enquanto os afro americanos se mudavam para

Detroit, as famílias brancas saiam da cidade. As principais vias de Detroit foram nomeadas

como 6 Mile, 7 Mile, 8 Mile, e assim por diante. Em sua maior extensão, 8 Mile é dotada de

postos de gasolina, e pequenos shoppings, ela que divide a região de Detroit da região de

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Warren e outros subúrbios.

Nós mudávamos mais do que eu gostaria. Toda a vez que eu redecorava a casa, o proprietário

gostava e decidia vender. Isto aconteceu pelo menos umas três vezes até que eu parei de

permitir que os proprietários inspecionassem a decoração. Vivíamos em bons bairros, nunca

moramos em um trailer. Eu sempre fui muito exigente sobre as casas, elas estavam sempre

arrumadas e Marshall tinha tudo o que ele queria.

Eu sempre quis uma família grande e achava que Marshall seria menos tímido se ele tivesse

irmãos. Nós costumávamos doar seus brinquedos velhos para a caridade infantil da Igreja

Católica. Um dia estávamos conversando com uma funcionaria do serviço social quando ela

nos apresentou três pequenas irmãs, Barbara, Wendy e Tammy. Elas tinham 14, 12 e 7 anos.

Elas já tinha passado por várias famílias de criação.

Eu não sabia na época, mas as garotas eram minhas parentes longínquas por parte de Nan.

Quando tentamos ir embora, Wendy, que era considerava a mais lenta, agarrou a minha perna

e não soltou mais. Eu ofereci ficar com elas pelo feriado. Antes de eu perceber elas já estavam

morando com a gente assim como o seu irmão, Eric, 5 anos.

Eu finalmente tinha a casa cheia de crianças como eu sempre quis. Tínhamos mais um quarto

livre que ficou para as meninas. Tínhamos dois cachorros da raça dobermann, uma doninha,

vários hamsters, e mais tarde um peixinho dourado e até filhotes de tartaruga, e a casa cheia

de vozes de crianças. A única pessoa que não estava feliz era Marshall Ele tinha ciúmes da

atenção que dava as outras crianças.

Freqüentemente eu voltava para casa depois do trabalho, como secretária, e encontrava as

crianças chorando do lado de fora. Marshall as trancava do lado de fora e se recusava a

brincar com eles. Todas as noites nós sentávamos em circulo no chão para falar sobre os

nossos problemas, mas Marshall não me deixava sentar perto de ninguém a não ser do lado

dele. As vezes ele saia com raiva e não voltava a não ser que eu fosse buscá-lo. Com o tempo

ele soltou o que o perturbava.

"Você ama mais eles do que eu", ele disse caindo em lágrimas.

"Eu o abracei e disse "Eu amo você, você é meu filho, é o meu mundo. Se essas crianças

forem embora você vai ficar sozinho e vai sentir a falta deles. Eu posso ser a mãe deles

também?"

"Não" ele disse. "Você pode ser a irmã deles ou algo assim".

Marshall não queria me compartilhar, mas depois de nossa conversa houve uma pequena

trégua. Ele exigia falar do dia dele primeiro que os outros quando sentávamos em circulo. Ele

ficava com raiva e fazia caretas, pegava seus brinquedos de volta se algum dos garotos

quisesse brincar.

A principio Wendy era distante. Ele se retraia em seu mundo chupava o seu dedo, mas logo ela

começou a interagir. Ela copiava tudo o que Marshall fazia, e se recusava a usar vestidos,

queria jeans como o Marshall. Depois de um tempo ela começou a conversar com os outros e

ate a usar camisetinhas. Eu adorava cuidar dessas crianças. Bard, a mais velha, era rebelde as

vezes, ameaçava a dormir na garagem com os cachorros ou fugir se eu não fizesse as coisas

do jeito dela, mas no geral éramos uma grande família feliz.

A vida não era fácil. Eu não recebia dinheiro para cuidar das crianças, apenas algumas

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doações de comida e remédios. Nós costumávamos brincar de Monopoly com essas doações,

fingindo a compra e a venda antes de realmente usá-las.

Eu fazia compras no Samra Meat Market. O dono Sr. Samra era adorável. Um dia ele quis que

eu conhecesse seu filho Fred Jr. que estava divorciado recentemente. Uma semana depois ou

mais eu estava saindo do mercado com as mão cheias de sacolas e todas as crianças próximo

quando um lindo homem me ofereceu ajuda. Ele disse que seu nome era Fred.

"Quantos filhos você tem?" ele perguntou olhando para Marshall, Eric e os outros.

"Cinco", respondi.

"Wow, são muitos". Ele disse, "Não acredito que voê tem tantos, parece ser tão jovem".

"Só um é meu filho biológico", eu disse a ele. "Eu cuido dos outros".

Fred pareceu impressionado. Ele não havia tido filhos no casamento, mas ele era como uma

criança. Ele era super divertido.

Nós saímos só uma vez para jantar antes de apresentá-lo para as crianças. Ele era muito bom

para o Marshall. Eles jogavam futebol juntos. Fred gostava de beber um martini ou dois depois

do trabalho e uma vez caiu da árvore que ele subiu bêbado tentando apostar corrida com

Marshall.

Fred tinha uma linda pele bronzeada. Ele era baixinho de no máximo 1,60 de altura, mas tinha

os músculos bem definidos. Eu costumava brincar com ele porque ele usava sapatos altos para

fingir ser mais alto.

Ele constantemente me pedia em casamento, mas eu sempre recusei. Eu o amava muito mas

não via lógica em me casar de novo. Apesar da bebida, que ele normalmente bebia em

segredo, nós éramos felizes.

Viajávamos muito. Fred estava tão excitado quanto Marshall quando viu as Cataratas do

Niágara pela primeira vez. Eles mal podiam esperar para receber a poeira de água que

levantava com a queda. Também dirigimos para Tennessee e ficamos em um adorável hotel na

Smoky Mountains. Em outras ocasiões, pegávamos o carro e íamos ate onde dava vontade.

O único obstáculo era a mãe do Fred, que não gostava de mim e sempre dizia ao Fred que ele

não precisava de uma família pronta. Mas sempre tentávamos ignorar as interferências dela.

Marshall chamava Fred de "Pai". Ele nunca fez isso com nenhum outro namorado meu. Na

realidade, eles eram duas grandes crianças juntas. Pela primeira vez senti que tinha a grande

família que sempre sonhei.

Marshall e eu tínhamos um ditado, "Sempre que algo bom acontece com a gente, algo ruim

acontece também".

E não demorou, nossa casa pegou fogo.

Eu estava voltando para casa do trabalho quando vi a fumaça saindo pela janela. Marshall e as

meninas estavam dentro da casa. Eu entrei e os retirei do local e liguei para 911. O telefone

literalmente, derreteu na minha mão. Eu estava cercada de fumaça mas consegui sair. Fiquei

no hospital por algumas horas por causa do monóxido de carbono, e as crianças também

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precisavam ser checadas pelo médico. Felizmente todos estavam bem.

A fumaça e a água destruiu tudo o que tínhamos. As crianças tiveram que voltar para o

orfanato. Não tínhamos roupas, móveis, nem um lugar para ficar. Fred voltou a morar com seus

pais, ele não funcionava sob pressão, e sobrou para mim todo esse problema. Apesar de ter

conseguido salvar uma coisa ou outra, a casa estava inabitável e nós tivemos que achar um

novo lugar para ficar.

CAP 7

Em 1981, quando o Marshall tinha 9 anos, eu o matriculei na escola Dort Elementary, em

Roseville, Michigan. Ele era pequeno para a idade dele, e como era um aluno novo era alvo

constante de valentões. Seu maior tormento era DeAngelo Bailey, um garoto negro, grande de

Detroit que era dois anos mais velho. Eu não sabia na época, mas Bailey costumava abaixar a

sua cabeça, arrastar um de seus pés para trás, rosnar e depois partir para cima de Marshall

como se fosse um touro.

O primeiro incidente ocorreu em 15 de outubro, dois dias antes de aniversário de 10 anos de

Marshall. Marshall chegou em casa chorando com os lábios partidos e o nariz sangrando. Ele

não me falou quem o atacou. Só disse que era um garoto grande e mais velho. Ele estava

muito abatido e vomitava de nervoso. Eu liguei para o diretor para reclamar e depois passei a

noite aos pés da cama de Marshall vendo ele se revirar no sono.

Um mês depois Marshall chegou em casa dizendo que havia apanhando do mesmo garoto

novamente. E mais uma vez ele não me disse o nome de seu agressor. Ele estava apavorado.

Novamente, liguei para escola, implorando para que os funcionários cuidassem de meu filho.

Marshall começou a ter terríveis pesadelos. Ele acordava gritando que o garoto estava batendo

nele. O ato de deixá-lo na escola era de partir o coração. Ele começava a gritar. Depois dizia

que estava doente, que sua perda doía ou estava com dor de estomago. Eu passava horas

tentando conversar com ele sobre o fato. Mas ele ainda não me falava o nome do garoto.

Alguns dias antes do natal, Marshall chegou chorando de novo. Desta vez ele havia apanhado

muito. Ele tinha machucados e arranhões por todo corpo. Era como se um gato tivesse brigado

com ele. Eu já estava no meu limite. E de novo, eu gritei para a escola fazer alguma coisa.

Eu não suportava ver meu filho com tanta dor. Ele sempre havia odiado escola, usando os

valentões como uma desculpa para faltar de aula, mas normalmente as coisas melhoravam

quando ele deixava de ser o "novato" na área. Eu esperava que acontecesse o mesmo na Dort

Elementary.

Eu sempre busquei Marshall na escola, mas no dia 13 de janeiro, ele não saiu pelo portão

correndo pro meu lado como de costume. Eu não conseguia encontrá-lo em lugar algum.

Eventualmente, duas crianças me falaram que ele estava no banheiro. Eu entrei na escola

correndo e gritando o seu nome. Quando eu entrei no banheiro eu o encontrei deitado em uma

poça de sangue, com o corpo convulsionando. Eu o levantei em meu braços, e coloquei ele no

banco de tras do carro e corri para o hospital. Estava histérica.

Marshall passou quatro dias no hospital, seu estado variava de consciente para inconsciente.

Eu não saia do seu lado, somente quando ia para a capela rezar. O seu nariz sangrava assim

como suas orelhas. Constantemente ele perdia a visão. E tinha pesadelos ainda mais horríveis.

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Ele se deitava em posição fetal e chorava enquanto eu o acariciava para fazê-lo dormir, até ele

acordar gritando. Os médicos diziam que se travava de "um conjunto de atividades irregulares

no cérebro". Era horrível ver meu filho naquele estado.

Durante esses quatro dias nós vimos 21 médicos. Eram especialistas para o ouvido, nariz,

cérebro. Ele tinha uma concussão cerebral, síndrome pós-concussão e um avançado estado

de estresse pós-traumático. Sua visão também estava comprometida.

Mais tarde os médicos me chamaram na sala de conferencia hospitalar. Eles disseram que

Marshall havia sofrido uma hemorragia cerebral.

"Não há como reverter" disse um médico. "Ele nunca mais será o mesmo. Ele precisa ser

internado".

"Deve haver algo que podemos fazer" eu implorei. Mas o médico limitou-se em balançar a

cabeça sendo silenciosamente apoiado por seus colegas.

Eu me recusei a aceitar o diagnóstico. Eu lutei muito para escapar da minha terrível infância,

do pai de Marshall, Bruce, eu não iria desistir do meu filho. Então eu levei Marshall para casa e

me dediquei a cuidar dele por conta própria. Ele era tudo o que eu tinha e não podia perde-lo.

A principio ele era igual a um bebê só ficava em meu colo. Ele se encolhia no sono e acordava

gritando. Ele acordava agitado, se levantava e começava a rasgar o travesseiro ou a quebrar

as cortinas. Era como se ele acreditasse que estava lutando contra seu agressor.

Eu tive que ensinar novamente o Marshall as coisas mais simples. Quando ele era um bebê ele

aprendia muito rápido, ele andou antes de seu primeiro aniversário e já falava frases inteiras

aos dois anos. Agora eu tinha que ensiná-lo a como calçar os sapatos corretamente, ensiná-lo

a amarrar o cadarço, a abotoar a sua camisa. Ele não sabia mais nem como colocar um cereal

na tigela. Ele estava sob medicação para evitar convulsão, manter sua pressão sanguínea

estável e parar com o sangramento de seu nariz e ouvido.

Fred foi embora. Ele não queria ficar perto de todo esse "drama", como ele chamava. De

qualquer forma, eu mal tinha tempo para ele. Minha vida passou a ser focada completamente

em cuidar de Marshall.

Eu não trabalhava mais por causa da doença de Marshall e voltamos para a assistência social.

Era de partir o coração. Eu nunca havia implorado por nada antes. Fiz o meu melhor para

manter as coisas estáveis, mas havia dias que eu chorava até dormir.

Eu descobri o nome de DeAngelo Bailey com os amigos de Marshall, mas demorou meses

para que eu pudesse começar a falar sobre ele com meu filho. Eu passei a educá-lo em casa

mesmo, ensinava ele a ler e a escrever novamente, mas ele ainda tinha medo de que Bailey o

perseguisse novamente. Constantemente eu o assegurava que ele estava a salvo.

Aos poucos ele me contou o que aconteceu no dia 13 de janeiro. Estava nevando e eles

estavam brincando de "rei da montanha" com um grupo de amigos no pátio da escola quando

Bailey chegou. Ele jogou um pedaço grosso de gelo em Marshall que acertou a sua cabeça,

Marshall perdeu o equilíbrio e caiu no chão batendo a cabeça novamente.

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Eu consultei um advogado para saber se podia fazer alguma coisa. Eu estava passando pelo

inferno com meu filho, eu não queria que ninguém mais sofresse nas mãos de bullies como

Marshall. Os remédios de Marshall custavam mais de cem dólares, e eu não podia trabalhar

para cuidar dele. Eu encontrei um advogado e dei o meu depoimento explicando o que

aconteceu. Um funcionário da escola riu de mim.

"Você não vai nos processar. Eu vou dizer que ele bateu a cabeça na porta da escola quando

ele tentava entrar", ele zombou.

O caso foi para o tribunal. O juiz decidiu que as escolas de Michigan era imunes a processos.

Mas eu organizei uma petição, coletei o nome de outros pais, fiz o meu melhor para que todos

soubessem o que aconteceu com meu filho. Depois disso, o Conselho Educacional passou a

oferecer um seguro conta acidentes na escola. Eu gosto de pensar que o meu caso contra a

Dort Elementary teve algo a ver com isso.

Marshall teve a sua revanche: em 1999 ele citou o nome do seu agressor na faixa "Brain

Damage" no The Slim Shady LO. Bailey, que trabalhava como faxineiro, processou Marshall,

alegando invasão a privacidade e que ele havia se tornado objeto de ódio. Ele disse que a letra

de Marshall estava atrapalhando a sua carreira de rapper em acessão. Eu fiquei chocada ao

ouvir isso. Como ele ousava?

CAP 8

A evolução de Marshall era lenta. Um dia ele conseguia amarrar seus cadarço; no outro ele

esquecia. Era terrivelmente frustrante para ele, mas todos os dias ele melhorava um pouco. Ate

que uma manhã, quase um ano apos o ataque, ele me acordou as 5 da manhã, ele estava

muito feliz. Ele tinha se vestido sozinho e feito café da manhã.

"Olha", ele disse me puxando pela mão para me mostrar como ele tinha posto a mesa

corretamente, e colocado cereal na vasilha. Ele até pegou o jornal e o trouxe para dentro para

mim. Era como um sonho, as minhas preces foram atendidas.

Algumas horas depois ele viu algumas crianças indo para a escola através da janela de casa.

"Por que não posso it também?" ele perguntou. Eu estava encantada. Marshall tinha se

recuperado. Eu liguei para o seu médico para contar a novidade - eu queria contar para o

mundo inteiro - inicialmente ele estava cético mas concordou em fazer alguns testes em

Marshall naquela manhã. Eu levei Marshall ao consultório e ele fez um electromiograma (EMG)

e estudou as ondas do cérebro. O médico não acreditava na melhora dele. Ele não conseguia

explicar. Eu disse que os milagres nunca falham, e ele concordou que a recuperação de

Marshall nada mais era que um milagre. Mas ele alertou que qualquer outro dano na sua

cabeça poderia matá-lo. Então eu comprei para Marshall um capacete de futebol e fazia ele

usar o capacete para brincar na rua. Ele odiava, mas as outras crianças achavam legal - por

um tempo todos queriam um também.

Marshall amava andar de patins, jogar futebol e baseball. Eu o encorajava a jogar e a fazer

amigos. Mas ele ainda era muito tímido na presença de estranhos. Ele entrou para os

Escoteiros Mirins e se tornou muito amigo de um rapazinho chamado Ronnie. Eles eram

inseparáveis. Ronnie, junto com seus dois irmãos mais novos, passam muito tempo em nossa

casa. A casa estava cheia de criança novamente.

Os pais constantemente me perguntavam, "O que você faz com o meu filho? Ele não quer ir

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para casa!" Eu nunca entendia porque eles perguntavam isso. Tudo que eu fazia era deixar as

crianças brincarem, ajudava no dever de casa e fazia lanche para eles. Nós também

jogávamos boliche e andávamos de patins - só que agora eu era muito super-protetora.

Eu sempre gostei muito de música. Desde os 12 anos eu e Bonnie e Theresa íamos às

gravadoras locais ouvir as bandas do bairro. O rádio estava sempre ligado em casa, e Marshall

e eu costumávamos cantar na frente o espelho usando o pente como microfone.

O primeiro show que eu levei o Marshall foi o Talking Head - um sucesso deles é "Burning

Down the House" um dos nossos favoritos. Todos estavam fumando e quando alguém passou

um para mim e eu tomei um trago comecei a tossir na hora. Passei logo o cigarro para frente,

eu quase desmaiei; o chão girava ao meu redor; eu me sentia enjoada. Eu tentei andar mas

não conseguia. Um cara do meu lado começou a rir quando eu perguntei o que era no cigarro.

Ele disse que era maconha, misturada com algum tranqüilizante para elefante. O show estava

quase no fim e eu e Marshall saímos. Eu só queria me deitar, me sentia muito estranha. Um

amigo me ajudou a chegar em casa.

Essa foi a única fez na minha vida que fumei maconha. Por sorte isso não impediu que eu e

Marshall fossemos a mais shows.

No próximo nós vimos Stivie Nicks. Marshall amou cada segundo do show. Ele estava a minha

frente, interpretando e cantando cada sucesso do show, incluindo os antigos de Fleetwood Mac

como "Rhiannon". Para uma pessoa que era incapaz de memorizar a rima mais simples de pois

do ataque, ele interpretava como um campeão.

O meu irmão Todd tinha uma guitarra, e alguns amigos tinham teclados. Mas Marshall não

tinha interesse em instrumentos musicais, desde muito jovem, em qualquer lugar, seja no

banco do carro, no sofá ou em sua cadeirinha. Quando ele estava cansado ele balançava e

cata rolava ate dormir.

Ao ficar mais velho ele sempre tinha uma música na cabeça. Ele passava as fitas no som,

inúmeras vezes escrevendo algumas rimas.

Marshall e eu escrevemos uma poesia juntos. Eu trabalhei por várias horas ate escrever algo

bom, mas ele sempre conseguia escrever uma linha na velocidade da luz.

Quando eu perguntava Marshall o que ele queria ser quando crescer ele apenas encolhia os

ombros. Eu sempre achei que ele seria um ótimo vendedor ou leiloeiro - ele soltava rimas tão

rápido que ninguém conseguia entende-lo. Eu me preocupava porque ele era asmático, mas

ainda assim, ele quase nunca parava para respirar.

Por um tempo ele queria ser cientista. Ele era fascinado por dinossauros e tinha vários livros

sobre o assunto. Ele me questionava constantemente sobre a origem dos dinossauros e

porque eles foram extintos.A teoria da evolução era intrigante para ele.

O seu outro amor era o Nintendo. Ele facilmente vencia dos outros garotos.

Ate o meu irmão Todd que adorava o Marshall, sempre foi uma figura paterna para ele,

constantemente me repreendia por que eu o mimava de mais. Ele admitiu que ele dava uma

gravata em Marshall - quando eu não estava olhando - como forma de repreende-lo quando ele

se comportava mal pela comida. Ele não o machucava, era o suficiente para chamar a

atenção.

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"Escute mana" dizia o Todd, "Quando você deixa aquele menino comer toda a pizza, tirar a

comida do meio, e depois desperdiçá-la, é de mais, ate mesmo para mim".

Todd estava certo: Marshall sempre pegava um pedaço de panqueca ou waffle, comia um

pouquinho e depois exigia algo novo. Mas depois de tudo o que ele tinha passado, eu só queria

que ele fosse feliz. Eu nunca poderia ser grossa com ele. Eu queria que ele tivesse tudo e

qualquer coisa que seu coraçãozinho desejasse.

A recuperação de Marshall depois daquele ano foi rápida. Mas depois de sua ansiedade inicial

para voltar para escola, logo virou um problema novamente, faze-lo frequentar as aulas.

Eu não queria envia-lo de volta a Dort Elementary, mas todas as vezes que eu o deixava em

uma escola nova, dias depois ele queria sair dela. Bastava apenas ele ter a impressão de que

uns garotos estavam implicando com ele, ou que o professor não gostava dele e eu o deixava

faltar as aulas. Eu sempre acreditei em Marshall, nunca o questionei. Ele parecia

verdadeiramente feliz quando ele estava em casa, fazia desenhos, lia revistinhas em

quadrinhos, ou escrevia poemas. Quando ele voltava para cada da escola, o que quer que seja

que o incomodava, seja dor de estomago ou qualquer outra coisa, milagrosamente

desaparecia, e ele queria ir para a rua jogar futebol ou basquete. Eu falava que ele parecia um

gambá, que voltava a ativa depois de se fingir de morto.

Eu vigiava Marshall constantemente. Eu já era super-protetora antes do ataque, e agora ficava

mais atenta ainda. Eu cheguei muito perto de perde-lo uma vez, e não queria passar por aquilo

de novo. Marshall sempre foi muito bom em me enrolar e sabia disso. Então obviamente,

quando ele estava triste em uma escola eu tomava o seu lado. Cada vez que alguém implicava

com ele nós nos mudávamos. Eu nunca o questionava, eu só queria que ele se sentisse

seguro. Acho que posso dizer que ele passou por mais ou menos 20 escolas diferentes. Eu

queria que ele soubesse que eu faria qualquer coisa para protegê-lo e afastar os seus medos.

Mas o fantasma de DeAngelo Bailey ainda o perseguia. Marshall demorou muitos anos para

superar esse medo de pessoas que o lembravam de Bailey. O médico dizia que era estresse

pós-traumático. Como os veteranos do Vietnam que tem alguns flashes da guerra, cada vez

que ele via alguém que o lembrava de Bailey, ele entrava em pânico.

No carro ele se escondia em baixo do acento ou abria a porta do carro e saia correndo se ele

achasse que viu Bailey. Eu rapidamente estacionava e o segurava e fazia o que tinha de fazer

para acalmá-lo. Depois ele não se lembrava de nada, era como se houvesse um apagão na

sua memória.

Um dia ele estava andando junto na linha da calçada com os braços para cima, e um garoto

maior veio em sua direção fazendo a mesma coisa. Marshall saiu correndo e veio em minha

direção.

'Mãe, Mãe.. ele veio me pegar" ele chorava. O outro garoto ficou muito triste, sem entender o

que tinha acontecido - ele só estava querendo fazer um amigo. Mas Marshall estava histérico,

com dificuldades para respirar.

Eu peguei o meu filho nos braços e disse a ele: "Foi uma coisa horrível que aconteceu com

você, mas Deus não quer que você tenha medo de todo garoto negro que se aproximar de

você. Qualquer um poderia ter feito isso com você, um garoto branco, amarelo, verde.."

Eu perguntei se ele queria voltar para brincar com o garoto, mas ele negou, era possível ver o

medo estampado em seu rosto.

Os ataques de pânico continuaram, cada vez que um garoto maior o lembrava de Bailey,

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Marshall congelava. Depois as lágrimas começavam a cair.

Eu chamava os garotos da idade dele e os convidava para ir la em casa, queria ter certeza que

Marshall tivesse diferentes amigos. Eu não acredito que haja crianças ruim, apenas há o mau

comportamento. Eu disse a Marshall que as pessoas de todas as raças eram boas e alguns se

comportam mal como o Bailey. Gradualmente o seu medo foi desaparecendo.

CAP 9

Fred e eu voltamos a namorar. Mesmo ele tendo me abandonado quando eu mais precisei

dele, eu o perdoei. Cuidar de uma criança doente era bastante difícil para mim, é de se

imaginar que para ele era pior.

Fred concordou em frequentar os Alcoólatras Anônimos. Eu esperava que ele pudesse ver

porque eu ficava triste quando alguém bebia perto de Marshall. Eu sabia que o vicio era uma

doença que corria na minha família.

Eu experimentei álcool apenas uma vez. Era véspera de natal em 1975, não muito depois que

me divorciei de Bruce. Todd estava com raiva porque o nosso padrasto, que sempre foi de

beber muito, havia rejeitado o seu presente, uma garrafa de whisky. Então eu e ele sentamos

no chão do banheiro e a bebemos. No primeiro copo eu não consegui beber e cuspi a maior

parte, mas depois de algumas horas nós conseguimos terminar a garrafa. E dai eu vomitei.

Perdi o dia de natal passando mal. Marshall passou a noite com o seu tio Ronnie, brincando

com os presentes que eles haviam ganhado na noite de véspera. Eu nunca mais bebi uma gota

de álcool desde aquele dia. Infelizmente, eu atraio homens que bebem.

Para ser justa, na maioria das vezes que Fred bebia era longe da gente. Ele parava para beber

alguns martinis na casa de seus pais, quando ele voltava do trabalho. Ou quando ele saia para

jogar boliche com os amigos. Mas ainda me incomodava, e eu achava que ele frequentando a

AA seria um passo na direção correta.

Nós também decidimos nos mudar de volta a Missouri. Marshall estava triste no começo, mas

logo seu tio Ronnie era novamente o seu melhor amigo. Eles chegaram em casa uma vez

muito felizes porque eles haviam cortado os braços deles e materializado o seu pacto de

sangue para serem irmãos. Eles eram loucos com hip-hop. Em nossa casa sempre tocava LL

Cool j e Beastie Boys.

Uma noite, tinha acabado de anoitecer, eu estava fazendo cachorro-quente e hamburgers para

o jantar quando a minha meia-irmã Betti, duas mulheres e dois homens apareceram na mina

casa. Eu estava cuidando o bebê do meu vizinho. Eles tiraram o bebê dos meus braços e

jogaram ela em uns tapetes, e espelharam a minha comida por todo lado.

Betti veio ate mim. Eu estava entrando em casa quando alguém me agarrou pelo braço e me

bateram na cabeça com uma garrafa. Eles seguraram meu cabelo e me arrastaram pela

cozinha até o quintal. Eu gritei, mas Marshall estava no quarto dele com alguns amigos com o

Nintendo ligado ao máximo.

Betti gritava, "vadia, você está morta!" e fui arrastada pelo quintal até a calçada. Ela chutava o

meu peito e me esmurrava, enquanto as outras mulheres me seguravam. Até os homens

participaram e me chutaram com suas botas de cowboys. Depois eles tentaram me arrastar até

o carro deles. Eu me lembro de lutar e gritar da melhor forma que eu podia.

Um senhor de idade, que passava pela rua de caro viu o que estava acontecendo. Ele deu um

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tiro para cima para espantar meus agressores. Eles correram e entraram no carro e foram

embora. Eu achei que eles iriam tentar me atropelar mas eles partiram.

Marshall apareceu quando o carro já estava saindo. Ele encheu sua mão de pedras e as

atirava gritando "Deixem minha mãe em paz!"

O senhor me ajudou ate em casa. Eu acabei perdendo um de meus sapatos. Meu cabelo

estava cheio de sangue por terem batido na minha cabeça. Enquanto a minha blusa branca

estava encharcada de vermelho.

Quando eu ia ligar para a policia, o telefone tocou. Era minha mãe.

"Sua filha me bateu", eu disse.

"Você quer dizer, ela não te matou" ela respondeu.

Minha mãe sempre fazia acusações loucas sobre mim. O seu ex-namorado era um motorista

de ônibus. Não fazia muito tempo que havia mudado de volta para Saint Joe e ele ia me visitar.

Por educação eu oferecia ele um café. Ele ainda amava a minha mãe, apesar deles estarem

separados. Eu acho, que ele acreditava que eu poderia convencer ela a voltar com ele. Eu

disse a ele para ficar longe dela. Eu disse que ela era como um disco arranhado, era o mesmo

drama, varias e várias vezes.

A policia chegou e me disseram para ir ao hospital. Eu tinha uma concussão, meu nariz estava

quebrado, meu ombro deslocado, duas ou três costelas quebradas, e cacos de vidro em meu

rosto, braços e pernas. Minhas costas também estavam machucadas, mas não sabia disso

ainda.

"Você parece que foi atropelada por um trem" disse o médico.

Eu estava cheia de sangue. Tive que cortar o meu cabelo porque o pente não passava mais. E

pior, eu tivesse que usar uma cinta de plástico grosso em meu tronco. eu não podia dar um

passo a frente sem a ajuda de um andador. Eu tive que aprender a andar de novo. Uma

semana eu conseguia dar três passos, na outra seis. eu passava dias fazendo fisioterapia. O

meu adorável fisioterapeuta, Chris Marsh, sempre me manteve positiva durante esse difícil

período. Sem o apoio dele e deu meu médio eu acho que não teria conseguido.

Os promotores se recusaram a entrar em ma ação contra meus agressores. Minha irmã alegou

que eu os convidei para um churrasco. E depois eu os agredi com o espeto e eles só estavam

se defendendo.

Desde criança eu fui acusada de várias coisas por minha mãe. Quando era mais jovem ela

retirava os seus brincos, enrolava a manga da camisa, e vinha para o meu lado."Você não é

muito velha para me impedir de bater em você", ela dizia, tudo porque eu defendia o meu irmão

Todd.

Marshall e eu fomos visitá-la uma noite depois do meu curso de cabeleireira. Minha mãe, meu

padrasto e meus irmãos já estavam jantando, Marshall ainda era muito novo para entender

certas situações então ele já foi sentando na mesa. Minha mãe imediatamente falou que sabia

que íamos passar lá na hora do jantar. Todd ofereceu o sanduíche dele à Marshall, mas minha

mãe gritou com ele - Todd correu para o seu quarto seguido pelo meu padrasto que ordenava

que ele voltasse para a mesa. Eu corri para o andar de cima para que ele não encostasse em

Todd - mas ele já estava arrastando meu irmão pela escada abaixo.

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As pessoas que conhecem a minha família se surpreendem com a minha personalidade. De

certo, eu deveria ter virado uma alcoólatra que vive dentro do bar com os meu filhos correndo

soltos pelas ruas. Ao invés disso, eu lutei para ser exatamente o oposto.

A ultima pessoa que eu queria ser era a minha mãe. A mãe na família deveria ser a pedra que

a sustenta - a minha mais parecia um graveto. Eu não odeio a minha mãe porque acho que

ódio é pecado. Apesar de tudo, eu ainda a amo. Mas na época, não importa o que eu fizesse,

nada era suficientemente bom para ela. Eu falo que ela é somente a minha mãe biológica,

porque esse é o único vínculo materno que ela teve comigo.

Quando eu estava crescendo, minha mãe tentou suicídio duas vezes na minha frente engolindo

um frasco de remédios. Uma vez, eu a fui visitar no hospital depois de uma tentativa frustrada

de overdose, e ela esmurrou o meu nariz. Não havia razão para isso, ela apensa quis fazer.

Música era a minha válvula de escape. E ai, para compensar a falha da minha mãe, eu dei

muito amor para Marshall.

No verão de 1985 eu descobri que estava grávida. Ninguém estava mais surpresa do que eu.

Alguns anos atrás eu havia passando por uma gravidez ectópica* - o bebê começou a se

desenvolver fora do meu útero na trompa de Falópio esquerda, e mais tarde eu tive um aborto.

O médico falou que dificilmente eu engravidaria novamente. E agora eu estava esperando um

bebê - eu estava em êxtase. Infelizmente, Fred e Marshall não compartilharam da minha

alegria.

Marshall tinha 12 anos e ainda era louco por coisas da pré-história. Quando eu perguntei a ele

se ele queria que fosse menino ou menina ele respondeu: "Por que não podemos ter um filhote

de dinossauro?"

A reação de Fred foi ainda mais estranha. Ele tinha quase 40 anos, adorava crianças, Marshall

o chamava de pai, e este seria o seu primeiro filho biológico. Eu tinha dois meses de gravidez

quando a mãe dele ligou dizendo que precisava dele em Michigan porque ela estava indo fazer

uma cirurgia no olho.

Eu pedi para o Fred não ir. Mas ainda assim, ele fez as malas.

"Se você sair por aquela porta acabou. Não volte mais", eu disse.

Mas ele me deu um sorriso carinhoso, beijou a minha cabeça e disse que voltaria.

As semanas se passaram e ele não voltava. Eu telefonei para o mercado Samra Meat - seu pai

sempre foi muito amável. Ele prometeu que iria fazer o Fred ligar. Depois a mãe dele puxava o

telefone e me ordenava a parar de ligar. Eu ouvi ao fundo que Fred estava tendo um caso com

uma garota chamada Tina. Eu liguei e liguei, mas ele não me retornava. Eu estava arrasada.

Não acreditei que ele tinha me deixado depois de sete anos juntos.

Eu vendia Avon de porta em porta, mas a medida que minha gravidez foi avançando ficava

mais difícil de conseguir subir e descer os morros de Saint Joseph. Era uma gravidez de risco e

eu não podia carregar peso ou fazer muito esforço. Eu contratei uma amiga da família de

Theresa para fazer as tarefas domésticas para mim em troca de casa e comida. Funcionou por

um tempo, eu não podia pagar por ajuda.

Alem da sua mesada, Marshall estava determinado a ganhar dinheiro cedo. Ele adorava break

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dancing, então ele fez um anúncio em papelão para as pessoas ve-lo dançar por 25 centavos.

Depois ele me fazia ficar em pé no estacionamento, com o cartaz pendurado em meu pescoço,

segurando uma lata para coletar o dinheiro. Por alguma razão ele apenas vestia branco para

dançar. No momento em que ele parava de dançar ele estava imundo!

Pela segunda vez na minha vida eu fui forçada a usar do serviço social. Eu odiava, mas não

tinha escolha. Fred não falava comigo, muito menos me mandava algum dinheiro. E quando as

coisas não poderiam ficar piores, elas ficavam.

No meu sétimo mês de gravidez eu estava conversando com o meu irmão Todd quando um

homem louco apareceu do nada, ele se chamava Mike Harris. Ele me agarrou, levantou a

minha blusa, segurou uma faca contra a minha barriga e gritava "Eu vou cortar o bebê e

entregá-lo a você".

Eu vi o fogo que estava em seu olhos. Claramente ele havia consumido muitas drogas. Minhas

pernas dobraram. Todd bateu nele e o prosseguiu ate o fim da rua. Depois, ainda sem ar, ele

me ajudou a entrar no carro.

O médico me internou o hospital, me ordenando a ficar lá até o fim da gravidez. O bebê não

estava crescendo como deveria. Talvez um efeito psicológico do maluco com a faca.

Um amigo cuidou de Marshall enquanto eu fiquei no hospital por dois meses, esperando e

rezando para que meu bebê voltasse a crescer saudável.

Havia seis médicos especialistas me preparado para o pior. Havia uma chance que o meu

bebê tivesse que ser transferido a outro hospital para ter uma cirurgia no coração. Graças a

Deus ele nasceu bem.

Nathan Kane veio chorando ao mundo em 3 de Fevereiro de 1986. Ele foi considerado

prematuro.

Marshall não ficou impressionado."Envia ele de volta" ele ordenava. Depois como uma

brincadeira ele dizia, "Eu quero um bebê dinossauro e não ele".

Alguns vizinhos diziam que Marshall, aos 13 anos, era muito velho para se interessar em

dinossauros. Mas eu os ignorava. As mulheres falavam a mesma coisa quando Marshall fazia

suas batidas ou break dance. Eles tentavam me dizer que ele era retardado. Ele não era

retardado, ele gostava de música. Ele ganhou uma competição de poesia na escola. Seu verso

foi exposto em um shopping local. Eu dispensava as outras mães dizendo que elas só tinham

ciúmes do meu filho.

*Gravidez ectópica é o nome dado a uma gravidez que ocorre fora da cavidade uterina, sendo

o problema mais comum a retenção do óvulo nas tubas uterinas - chamada gravidez tubária.

CAP 10

Inspirado pelos sucessos de suas poesias, Marshall sabia exatamente o que queria ser quando

crescer agora. Ele idolatrava LL Cool J e queria ser um artista de Hip-hop. Os seus colegas

riam dele, mas eu dizia a ele que poderia ser o que ele quisesse na vida.

Ele rascunhava rimas em guardanapos, papeis toalha, papeis de recado, até nos folders de

propagandas de super-mercado. Constantemente ele me acordava no meio da noite para me

perguntar o significado de uma palavra. Ele se dedicava a isso, memorizava palavas incomuns

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e seus significados.

Marshall se preocupava muito com a situação mundial - ele odiava guerras, pessoas famintas e

pobreza. Ele sempre foi a favor da paz e prosperidade; e suas letras refletiam isso.

Ele também tinha um caderno de desenho sobre os personagens que ele criava. Ele nunca

mais mencionou o pai dele, mas uma vez, quando não consegui ir à reunião de pais e mestres

na escola dele, ele me deixou um desenho dele sentado sozinho na varanda de casa. Era a

maneira dele dizer que estava triste, quando ele estava feliz ele fazia desenhos de borboletas

sabendo que eu as acho lindas.

Sempre me perturbou que os professores dele o davam nota baixa em artes. Os desenhos dele

eram excelentes mas os professores o acusavam de plágio. Mas ele se dava bem em música,

constantemente tirava B nessa matéria. Eu fiz Marshall reprovar para um de seus professores

que ele podia desenhar mas ele ainda não acreditavam nele.

Ele e Ronnie tinha pequenas brigas sobre pop. Ronnie se afastou do hip-hop e agora curtia

Bon Jovi, Rock e Heavy Metal. Então Marshall afiou mais ainda suas habilidades no rap com

Todd e Nan. E apesar da sua rejeição inicial, ele logo veio a se apaixonar por seu irmão mais

novo. Ele segurava Nathan para dormir, dava mamadeira para ele, cuidava dele em todos os

sentidos.

Os dentes da frente de Nathan tiverem que ser arrancados depois dele contrair uma rara

infecção bacteriana. Era de partir o coração, ele só tinha dois anos e meio e lindos dentes

brancos. Os seus dentes permanentes só iriam nascer depois dos 8 anos de idade. Até os três

anos de idade ele se recusava a largar a mamadeira, ficava com ela na boca mesmo com ela

vazia. Eu tentei joga-la fora mas de algum modo ele conseguia recuperá-la.

Fred ligou uma vez: ele queria voltar. Mas eu não podia perdoá-lo de novo. Ele me deixou

grávida e totalmente sem condições. Até sua mãe me pediu para voltar com ele - ela não

gostava da namorada dele, Tina. Eu disse a ela que ele só estava colhendo o que ele havia

plantando. Havia também o problema da pensão da criança. Ele alegou que estava falido para

não ter de pagar as minhas despesas médicas durante a minha gravidez. Ele não pagou um

centavo até 1995. Ainda assim, ele alegava não ter condições para o juiz, eu não podia contar

com o seu dinheiro, que eram $35 dólares a cada duas semanas. Fred continuava pedindo

para ser afastado dos direitos do seu filho, direitos esse que ele nunca respeitou. Mas ele

começou a pagar com regularidade quando Nathan tinha 16 anos.

Graças a Deus meu médico me deu algo para os nervos. Eu não acho que teria conseguido

passar pelos tribunais e julgamentos sem alguma ajuda. Eu nunca vou esquecer Dr. B. falando

para o Nathan "Escute, homezinho, quando você crescer e ver o seu pai, dê a ele um bom

soco no nariz por mim tá?"

Marshall adorava o nosso apartamento duplex em Savannah. Era novinho, e ele tinha o terraço

todo para ele. Assim como Marshall depois de DeAngelo Bailey, eu passei a temer que o

homem louco que me atacou na gravidez voltasse.

Era hora de voltar para Michigan, mas Marshall não queria ir. Ele ameaçava fugir, me implorava

para deixá-lo que ele arrumaria um emprego - tudo para ficar em Missouri. Mesmo que ele

amasse Nathan, ele ainda tinha crises de ciúmes. Ele me acusava de ignorá-lo e dar mais

atenção a Nathan. Ameaçar fugir era o seu modo de lutar. Eu insistia que ele era muito jovem

para viver por conta própria e perguntava o que ele iria fazer para viver.

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"Eu arrumo um emprego na fábrica ou nas fazendas" ele dizia. Eu sabia que ele não falava

sério - era só rebeldia.

As primeiras semanas foi difícil, mas aos poucos Marshall foi cedendo. Assim que voltamos

para Michigan ele entrou em contato com seus antigos amigos e começou a fazer novos

também. Nossa casa era cheia de crianças. Eu entrei para o Parents Without Partners, um

grupo de pais divorciados ou separados que encorajava as famílias a conhecer umas as

outras. Havia piqueniques, festas no lago, churrasco...

Eu logo me apaixonei por um jardineiro chamado B.J. Ele tinha várias crianças mas os via

raramente. Eu vi que B.J. era muito bom com meu filhos. Os dois tinham medo de água e

nenhum queria aprender a nadar. Mas B.J. encorajou Nathan a mergulhar no lago nadando

com ele de mãos dadas. Eu era muito restrita com os homens na minha vida - meus filhos era

tudo para mim - eu avaliava como eles tratavam os meu filhos e os nossos animais. E claro,

eles deveriam ser sóbrios. B.J. passou em todos os testes.

B.J havia se machucando muito com sua ex-mulher mas isso não o impediu de propor minha

mão em casamento após 3 meses de relacionamento. Marshall tinha 15 anos e eu valorizava

a opinião dele quando se trava dos homens que namorava. Ele me disse para ir em frente.

Nos casamos com um oficial de B.J. Ele era um homem grande e mal humorado e me

perguntou se eu tinha certeza que eu queria passar por aquilo. Eu achei meio estranho. Ele fez

a cerimônia e um escritório pequeno. Eu vestia um longo rosa de cetim. B.J. terno e gravata.

Mas havia algo na mente de Marshall quando voltamos para casa naquela noite.

"Onde ele vai dormir?" ele perguntou olhando para B.J

"meu quarto', eu disse.

"Oh, não, ele não vai!"Marshall gritou. "Ele pode dormir aqui fora no caminhão dele".

Com isso Marshall ordenou a B.J que ficasse do lado de fora. Ele ficou em pé impedindo a

entrada pela porta da frente. Eu pedi a Marshall para deixar de ser bobo "Somos casados

agora" eu disse.

Marshall saiu com raiva para o seu quarto.

B.J passou a nossa noite de casamento no caminhão e eu dentro de casa. A mãe super-

protetora tinha agora um filho super-protetor.

Marshall tinha um temperamento violento. Ele já me empurrou algumas vezes. Ele também

ameaçava homens que ele achava que estavam afim de mim. As vezes no transito ele

abaixava a janela e gritava insultos a alguns homens motoristas.

"O que é que você esta olhando? Ela é minha mãe"

O pai dele também era insanamente ciumento, constantemente me acusando de o trair.

Na época eu ate achava meio irônico o fato de Bruce me trair e depois me acusar de traição.

Mas agora Marshall estava exibindo o mesmo comportamento. Nós conversamos na minha

noite de casamento. Ele finalmente deixou B.J entrar no dia seguinte.

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B.J era rígido, mas eu não permitia ele educar os meus filhos. Eu me recusava a deixá-lo

levantar a voz para Marshall ou Nathan. Para compensar eu enchia ele de carinho. Ele teve um

péssimo casamento, e eu queria que ele soubesse que eu me importo com ele.

Estávamos casados há apenas 3 meses quando B.J começou a agir estranho. Eu convidei os

filhos dele para passar o natal com a gente, mas quando nós fomos levá-los para casa ele

começou a dirigir como um louco. Eu não tinha certeza do que estava acontecendo mas

demorei quase que uma hora para acalmá-lo. Até os filhos dele pediram para ele diminuir a

velocidade, mas isso só fazia com que ele acelerasse mais. As crianças estavam morrendo de

medo, assim como eu.

Alguns dias depois ele insistiu em dar manutenção no meu carro. Ele ficou lá fora com suas

ferramentas por horas até que ele deixou eu usar o carro. Eu tinha andado meio quilômetro na

rua quando uma roda caiu. Ele havia soltado todas as minhas rodas. Era inverno e havia neve

no asfalto e eu agradeço a Deus isso ter acontecido em uma rua calma sem movimento. Uma

vez eu acordei com uma sombra em cima de mim - B.J estava colocando uma árvore por cima

de mim, eu gritei e Marshall veio correndo.

"Que porra ta acontecendo aqui?" ele gritou enquanto afastava B.J.

Eu não tinha ideia do que estava acontecendo, mas o homem que eu havia casado estava

começando a me preocupar.

Um dia, na parte da tarde, ele entrou em casa feito um maníaco. Ele gritava que ele queria

conversar, ele parecia um animal selvagem. Eu tentei correr para a cozinha mas ele me

segurou pelo cabelo e começou a bater minha cabeça contra a geladeira, seguido de alguns

tapas na cara. Nathan gritava por B.J. Eu implorava para ele parar. Quando ele ouviu Nate ele

parou uns instantes o suficiente para eu pegar o telefone e ligar para a policia.

A polícia achou B.J na caixa de areia junto com Nathan segurando uma pá. Ele estava agindo

como uma criança pequena. Depois ele cuspiu na minha cara quando a policia tirou de casa.

Nathan era muito jovem para entender, mas Marshall estava furioso. Eu queria morrer quando

ele me perguntou sobre as marcas em meu rosto.

B.J foi mantido preso em um hospital psiquiátrico. Ele aparentemente sofreu uma crise nervosa

extrema. Os médicos acham que por ele ter sofrido tanto no casamento dele, seu lado

consciente não conseguiu administrar o fato dele ter achado alguém que realmente se

importava com ele. Ele não conseguia acreditar em uma pessoa tão amável, com uma ótima

casa e filhos, poderia amar ele. Não fez muito sentido para mim. Eu tinha medo dele agora.

Consegui uma ordem judicial para mantê-lo longe e entrei com o pedido de divórcio.

O casamento durou exatos 3 meses. Mas B.J não desistiu fácil. Ele ligava tanto que ninguém

mais conseguia usar a linha. Uma vez Marshall pegou o telefone e gritou "Covarde, venha aqui

para que eu possa te dar uma lição. Eu acabo com você."

Eu estava trabalhando para o departamento de saúde como assistente e era difícil não me

apegar aos pacientes. Muitos tinha alguma forma de deficiência física; eles lutavam para

descer de seus veículos. Então eu decidi virar motorista de limusine. Eu sabia que os cidadãos

mais de idade iriam preferir que eu os levasse aos lugares do que os motoristas que

normalmente os levavam. Era o trabalho perfeito.

Nathan andava na frente comigo e logo eu tinha clientes pedindo exclusividade. Eu conversava

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com homens de negócios nas viagens aos aeroportos e percebi que poderia diminuir a minha

competição no mercado.

Era hora de eu trabalhar sozinha. Eu comprei um Cadilac branco 1977 com o interior de veludo

cor vinho por $1,600 dólares, minha empresa se chamava "Classic Rides Ltd Transportations

Service", e comprei para mim ternos de uniforme. O negocio deu certo. Em um ano eu tinha

dois veículos a mais. A maioria das corridas era eu mesmo quem fazia.

Com o tempo eu contratei Don, um adorável senhor, e contratei outro motorista, mas este não

deu certo. Eu trabalhava muito com essas corridas, tinha também a papelada, as contas,

telefonemas para dar e responder. Eu entrei para a National Association para Mulheres

Executivas e muitas outras organizações. Eu estava orgulhosa, tinha finalmente encontrado

uma carreira. Mesmo sendo cansativa eu adorava esse emprego.

Eu finalmente decidi que era hora de ter uma casa própria. Até então nós vivíamos de aluguel.

A casa era na Dresden St. n° 19946 do outro lado da 8 Mile em Detroit. Paguei um total de

$3.000 dólares eu economizei o máximo que pude para comprar essa casa.

Anos mais tarde Marshall alegou que "um cara" me comprou essa casa. Isso não é verdade.

Eu mesmo paguei por aquele imóvel, e Marshall gostava tanto que ele mandou fazer um

modelo da casa para ir com ele em turnê. Mesmo com todas as mudanças que fizemos ele

sempre disse que a casa em Dresden é a sua casa de infância.

CAP 11

Marshall chegou um dia em casa com uma garota alta e de cara fechada. Ele disse que o nome dela era Kim Scott e que ela precisava de um lugar para ficar. Eu estava feliz em poder ajudar. Kim disse que ela tinha 15 anos e eu não tinha porque duvidar da palavra dela. Na verdade ela era tão bonita e mais desenvolvida para sua idade que, facilmente, poderia se passar por uma garota de 17 anos. A principio ela mal falava. Respondia as minhas perguntas balançando a cabeça. Eu a enchi de carinho, emprestava para ela minhas roupas, ensinei ela a fazer maquiagem. Eu cuidava dela como a filha que eu sempre quis. Aos poucos ela começou a se abrir. Ela tinha uma irmã gêmea chamada Dawn, não tinha ideia de quem era o seu pai biológico, e alegava ter sido molestada sexualmente por seu padrasto. Agora, como geralmente acontece com crianças que sofreram abuso, Kim sabia contar historias. Ela dizia ter sido estrupada, forçada a dormir com parentes regulamente, apanhava da mãe. O que você conseguir imaginar já aconteceu com Kim. Meu trabalho não era diferenciar a realidade da ficção; eu simplesmente escutava e oferecia um conselho. Contava para ela alguma de minhas experiências particulares. Se eu pedisse para ela esvaziar o lava-louças ou limpar o aspirador de pó ela negava e saia de perto. Comunicação não era o seu ponto mais forte. Eu sempre falava depois com Marshall. Chegou um momento que ela jogava as coisas dela no chão e esperava que eu limpasse. Eu não me importava de emprestar minhas roupas para ela no começo, mas ela apenas as pegava para si. Ela gostava muito de um top de renda e uma saia de seda que eu tinha. Só que eu sou magra, a roupa caia bem em mim ficava um pouco folgado ainda, mas Kim que tinha quase 1,80 com seios fartos, a roupa parecia obscena. Ela se recusava a me devolver, alegando que tinha comprado um igual ao meu. Por que eu aturava ela? Eu cuidava de crianças havia anos. Nossa casa tinha um movimento

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constante de crianças abandonadas. Eu olhava para Kim como um desafio, alguém que eu esperava poder ajudar a ter uma vida melhor. Até mesmo porque eu já tinha passo o inferno com a minha família. Mas ainda assim, eu não confiava nela. Assim que ela começou a se sentir confortável com a minha presença, ela começou a dar problemas. Marshall tinha o quarto maior da casa. Era praticamente o andar de cima inteiro, mas ele passava a maior parte do tempo no porão - que ele havia convertido em um pequeno estúdio. Depois de alguns meses eu reparei que Kim ficava aborrecida com os amigos de Marshall. Ela chegou a acusar um deles de dar em cima dela. Marshall e eu sempre falávamos de tudo. Nada era tabu entre nós. Toda noite nós sentávamos no sofá para conversar. De repente Kim começou a ficar no meio de nós. Ela tinha ciúmes de todos, inclusive Nathan. Eu presumia que Marshall e Kim já estavam namorando, mas acreditava que o relacionamento ia se desgastar automaticamente. Como precaução eu me assegurava de que ela dormia no sofá do lado de fora do meu quarto toda noite. Eu não queria ela no quarto do Marshall. No seu aniversário de 16 anos, eu fiz para ela um bolo e tivemos uma festa. Mas tudo veio por água abaixo algumas semanas depois quando a escola de Kim telefonou dizendo que ela não estava indo as aulas havia meses. Eu disse a eles que ela já tinha 16 anos e eu não mais a podia forçar a ir para a escola. "Ela não tem 16, ela acabou de fazer 13" disse a voz do outro lado do telefone. Eu me senti doente. No segundo que Marshall entrou pela porta eu disse, "Precisamos conversar". Mas ele não queria saber. Ele insistia que ela tinha 16, dizia que ela estava no mesmo ano que ele na escola. "Filho, você tem 15 anos. Ela é muito nova para você" eu dizia. Marshall começou a falar um mundo de obscenidades para mim depois se trancou no porão. Kim apareceu algumas horas depois. Quando ela me viu ela correu para Marshall e depois os dois saíram de casa. Daquele dia em diante o caos estava implantado. Eu tentava me dar bem com Kim, mas ela me odiava. Os pais dela odiavam Marshall. Quando eu tinha o desprazer de encontrar com a mãe de Kim no bingo, eu podia ouvir ela xingando os ganhadores. Kim me contou todos os tipos de histórias sórdidas sobre o seu padrasto, Casey. Eu não acreditava nela totalmente, mas ele sabia como ameaçar Marshall. Quando Casey descobriu que meu filho não gostava de água, ele persuadiu Marshall a entrar em um barco com ele no lago. Eles se afastaram do litoral, Casey balançava o pequeno barco de um lado para o outro ameaçando a machucá-lo. Marshall disse que ele também apontou uma arma para ele. Ele estava proibido de passar na rua de Casey. Kim alternava entre a nossa casa em Dresden e a casa dos pais dela do ouro lado de 8 Mile. Sempre havia algum drama: ela alegava ter sido atacada por um alcoólatra louco e pedófilo, uma gangue de rapazes perseguia ela ao sair de uma loja... Ela colocava Marshall em brigas e ordenava ele a bater nas pessoas que implicavam com ela. Uma vez, Kim apontou para três rapazes corpulentos na rua e Marshall foi confrontar os rapazes; depois ela se retificou dizendo que talvez não tivesse sido eles. Me apavorava a ideia de alguém puxar uma arma par ao meu filho. Ela me afrontava também. Quando ela não estava roubando as minhas roupas ou quebrando as minhas coisas, ela se gabava sobre a vida sexual dela com Marshall. Era horrível. desde o inicio ela havia descoberto uma forma de ir para o andar de cima sem eu saber e dormir com meu filho. Eu tentava falar com Kim, mas ela não me dava atenção. Marshall, no entanto, era devoto a

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dela. Ela foi sua primeira namorada, e ele parecia um cachorrinho ao redor dela. Quando ela fez uma cirurgia no seu pé ele a carregava para todos os lados. Mas quando ele foi atacado por 4 homens, Kim simplesmente disse a ele "Enfrente isso como um homem". Eu implorava para ele terminar com ele, mas Marshall recusava. Chegou a um ponto que eu não podia falar com ele se ela estava dentro de casa, eu tinha que esperar ela sair. Os amigos de Marshall, as outras crianças que eu cuidava e Nathan entendiam a situação, eles discretamente desapareciam para o porão no momento em que Kim saia pela porta para que eu tivesse um momento com meu filho. "Ela é minha garota, você é minha mãe. Por favor, não me faça escolher", ele me dizia varias vezes. Sempre escrevíamos poesia um para o outro para falar de nossos sentimentos. Eu passava as noites rabiscando os meus pensamentos, e ainda o faço. Eu escrevi várias cartas para o Marshall, mas nunca as enviei. Escrever era terapêutico. Marshall parou de me mostrar as suas rimas. Kim não aprovava. Mas ele estava começando a pensar em nomes artísticos. Seu primeiro nome artístico foi M&M - um jogo de palavras com suas inicias. Eu conheço a rebeldia adolescente e acho que tive sorte porque Marshall começou tarde. Mas aos seus 16 anos ele estava fora de controle. Ele estava nervoso todo o tempo. Kim queria saber como ela podia encontrar o pai verdadeiro dela. Depois Marshall voltou a perguntar sobre seu pai. Pela primeira vez eu decidi entrar em contato com Bruce. Eu descobri o seu telefone na Califórnia, e tremendo, disquei o número. Bruce não estava quem tendeu foi sua esposa, Lesley, pareceu ser adorável. Ela prometeu ver o que podia fazer. Algumas semanas depois, uma carta chegou. Eu reconheci a grafia imediatamente. Marshall rasgou o envelope. Havia um pequeno bilhete e duas fotos

"Eu queria te mandar um recado rápido para você saber que estou ansioso para te ver. Junto

uma foto recente minha para você saber quem deve procurar no aeroporto. Tenho certeza que

você irá se divertir aqui, o tempo é ótimo e moramos a uma rua da praia, então traga roupa de

banho. Espero te ver logo.

Pai."

Nós olhamos a foto. Havia um homem de meia idade de cabelos longos. Bruce havia

envelhecido veio, mas era notável o queixo de Marshall nele. A outra foto era de um Bruce

mais jovem, segurando uma prancha de surf.

"É isso?" Disse Marshall jogando a carta no chão. Ele não queria ir para a Califórnia e eu

certamente não queria ver Bruce de novo. Só de olhar para a foto dele me trazia de volta as

lembrança da violência.

Marshall nunca mais falou de seu pai. Mas sua rebeldia ainda continuava. Ele descontava nos

homens dentro de casa ele sempre teve ciúmes dos meus amigos homens, ma agora ele os

proibia de entrar.

"Você é minha mãe, eu estou no comando, está é a minha casa" ele dizia.

Ele tinha muitas inseguranças de adolescente e muito ciumento. Me acusava de amar mais a

Nathan do que a ele. De tempos em tempos que tinha que assegurar a ele que eu os amava

igual. Mas ainda havia resquícios do antigo Marshall. Ele ainda assinava os cartões de natal,

aniversário e dia das mães "Com amor, seu filho número um, Marsh". Mas o relacionamento

próximo que nós tínhamos havia sido rompido. Eu não culpava ninguém mais se não Kim.

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Marshall largou a escola Lincoln High School. Eu só descobri um dia que ele se recusou a

levantar de manhã. Já havia semanas q ele não ia as aulas. No seu aniversário d 17 anos eu

dei a ele meu carro, Lincol Town. Quando Kim o magoava, Marshall batia com seus punhos no

carro e chutava os pneus. Eu nunca vi um veiculo tão amassado quando o dele.

Eu me preocupava cada vez que ele saia com o carro. Toda a hora. Ele sempre era parado

pela policia em Dresden. Meus amigos me ligavam ou iam la em casa me avisar que tinha visto

a policia parar meu filho de novo. Graças a Deus, eventualmente isso parou. Eu tentava seguir

ele algumas vezes para ter certeza que ele estava indo, aonde ele dizia que estava indo, até

que ele descobriu.

Marshall havia superado o seu medo de pessoas parecidas com DeAngelo Bailey. A maioria de

seus amigos era afro americanos de Detroit também envolvidos com rap. DeShaun Holton -

conhecido por todos como Proof - era seu melhor amigo. Brian "Champtwon" Harmon era outro

amigo muito próximo. Marshall adotou tudo da cultura negra. Infelizmente, nem todos

entendiam o por que. Ele sempre entrava em brigas.

A ligação que sempre temi veio um dia pela manhã. Marshall estava preso na delegacia. Ele

estava dirigindo com Proof e mais dois outros amigos saindo de um estúdio quando um deles

abaixou a janela e atirou, com uma arma de paintball, nas pessoas que estavam em um posto

de gasolina. A policia os parou. De acordo com Marshall ele foi algemado e arrastado para a

cela e agredido por um policial negro.

Aparentemente o policial o chamou de marica por ele usar brincos. depois ele colou um pé nas

costas de Marshall e disse: "Eu estou falando com você garoto. De que cor são os seu amigos

hein? E de que cor é você?" Marshall disse que o policial forçou lixo em sua boca e depois o

chutou no rosto.

Eu fiquei furiosa quando descobri que Marshall era o único garoto branco na mira da policia.

Marshall e seus amigos já foram tidos como ladrões de carro pela policia. Eles chegaram até a

apreender o carro de Marshall. Eu contratei um advogado, provei que a arma era apenas de

plástico e de brinquedo - e não uma arma mortal - provamos que o Lincoln pertencia a Marshall

e não era roubado, e eles retiraram as acusações. O caso foi excluído.

As acusações foram retiradas e a pedido do juiz os documentos foram destruídos.

A prisão assustava Marshall. Ele nunca mais teve problemas com a policia. Agora ele dizia que

nunca mais ele queria ver o interior de uma delegacia ou patrulha. Eu me sentia aliviada depois

disso tudo, mas ainda revoltada pelo tratamento que a policia deu a meu filho e seus amigos.

CAP 12

Em Março de 1990 eu estava no carro com Nathan e um amigo chamado Gary, dirigíamos por

Kalamazzoo, Michigan quando um motorista bêbado bateu na minha traseira. A minha

garganta bateu no volante e levou todo o impacto da batida.

Depois de uma visita breve ao hospital, eu voltei para casa pensando que o estranho caroço

que estava na minha garganta sumiria. Mas piorou. Comer era impossível. Minha voz sumiu.

Eu achava que o choque da batida tinha evoluído para laringite. O máximo que conseguia era

falar baixo e com uma voz rouca. De alguma forma as minhas cordas vocais ficaram

danificadas.

Até então os médicos achavam que ela estava apena inchada. Eu não conseguia beber água

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sem engasgar.

E perdi peso e cheguei a pesar pouco mais de 40kg. Eu não queria preocupar os meus filhos

então no jantar eu fatiava a comida em pequenos pedaços e quando eles não estavam

olhando, empurrava a comida para um guardanapo. Eu não conseguia engolir. Até comida de

bebê se recusava a descer na minha garganta.

Nathan que tinha 4 anos, chorava toda hora. "Eu não quero uma mãe que não fala".

Eu conversava usando um caderno e uma caneta até que minha voz foi aos poucos voltando.

Eu passei horas em um fonoaudiólogo reaprendendo a pronunciar os Ks e os Ss, fazendo

exercícios vocais...O médicos chamam isso de disfagia*, e me disseram que é semelhante a

um paciente que sofre um derrame, pois eles tem que aprender a mastigar, usar a língua e a

engolir.

Eu não tinha mais sensibilidade na garganta o que tornava impossível saber se a comida havia

realmente decido corretamente. Eu vivia a base de sopas e purê até que a minha disfagia

amenizou. Mas até hoje eu sofro com problemas na garganta.

Anos mais tarde, Marshall alegou que eu fiz ele deixar a escola para que ele cuidasse de mim.

Isso não é verdade. Ele já tinha largado e estava trabalhando em serviços diversos nos prédios

locais.

Mas enquanto o meu dano fisiológico era aos poucos sanado, o meu dano psicólogo

permanecia. Eu comecei a ter ataques de pânico. Algo tão fácil como entrar em um restaurante

se tornou impossível. Eu via o rosto das pessoas, e suas vozes se ampliavam, eu sentia que

todos estavam olhando para mim.

O meu peito começava a doer e eu não conseguia respirar - eu tinha que fugir. Finalmente eu

consegui uma receita médica para me ajudar com estes ataques de pânico.

Para mim, drogas são apenas as substancias ilegais como cocaína e heroína, não remédios

que o médico prescreve. Por conta disso, os comentários e as letras de Marshall me magoaram

muito. Na música "Marshall Mathers" ele fala que eu escondia as pílulas em baixo do meu

colchão, e em "Cleanin' Out My Closet" ele foi mais alem. Ele culpava a minha mudança de

humor por todas as tragédias que aconteceram com a gente, falando que eu sempre estava

reclamando das coisas que faltavam. Bom, eu culpo Kim por isso. Ela sempre me passava

para trás. Até um Santo iria perder a paciência com ela.

Ela ligou para policia uma vez denunciando um gabinete que ela achava que não era meu.

Nathan e eu tínhamos viajado de férias, era o nosso primeiro dia em casa desde que

retornamos. Eu acordei com a policia batendo na minha porta perguntando se poderiam entrar

e olhar a casa. Eu não tenho nada a esconder, então deixei eles entrarem. Antes de isso

acontecer, havia tido uma entrega por engano de um gabinete móvel la em casa, mas nós já

tínhamos resolvido a situação.

A policia olhou meu quarto, olharam no quarto de Nathan e ao abrir o closet, lá estava o

gabinete. Kim ria e dizia "ha ha ha presa em flagrante".

Eu fui levada a delegacia de policia e fichada. Eu pedi aos oficiais para procurarem no gabinete

minhas impressões digitais, eu sabia que eles não iriam achar. Era só mais um drama com

Kim.

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Não muito tempo depois eu voltei a dirigir. Marshall me ligou de Ohio, onde ele tinha viajado

pelo fim de semana. O carro do amigo dele havia estragado. Eu peguei um carro da minha

companhia de limusines e, junto com Nathan, dirigimos a noite inteira, chegamos lá as 4 da

manha. Mas Kim se recusava a ir embora. Então todos nós concordamos em passar mais um

dia la e iríamos embora para Michigan às 22 horas. Eu sabia que Kim iria me desafiar. Dito e

feito, ela apareceu para ir embora somente à meia noite.

Na quarta hora de viajem de volta eu olhei pelo retrovisor, Marshall e seus amigos haviam

adormecido mas Kim ficava fazendo dedinho para mim. Ela começou a derramar Pepsi no

chão da limusine. eu respirei fundo e pedi para ela parar.

"Mas eu não estou fazendo nada" ele chorava. "Viu Marshall, sua mãe me odeia" ela disse

acordando meu filho.

Eu parei em um posto de gasolina, peguei umas toalhas de papel no porta luvas para absorver

o liquido no carpete da limusine. Kim sentava lá sorrindo. Quando finalmente chegamos em

casa Kim veio correndo atrás de mim segurando um banquinho para os pés e bateu com ele

em minha cabeça, depois gritou, "Vamos Marshall, venha". Se eu não estivesse relaxada ela

podia ter quebrado meu pescoço.

E esse foi o meu agradecimento por dirigir durante a noite para resgatá-los. Não era culpa de

Marshall, mas eu já estava de saco cheio. Eu bani Kim da nossa casa.

Kim foi a primeira namorada de Marshall, antes dela ele era mais interessado em criar música

no porão do que perseguir o sexo oposto. Eu achava que com o tempo eles iriam terminar, mas

parecia que quanto mais ela ameaçava ele, mais devoto ele se tornava. Ela tirava zarro ate das

composições dele.

Marshall andava com o caderno para todo lado para ele poder fazer suas composições. Havia

pilhas e pilhas de cadernos em seu quarto. Uma noite ele saiu com raiva do quarto segurando

esses cadernos e jogou todos eles no lixo.

"Kim disse que eu sou nada, eu sou ninguém. E eu nunca vou conseguir fazer sucesso", ele

disse.

Eu tirei os cadernos do lixo e disse a ele para parar de ser estúpido. Eu acreditava nele, os

amigos dele acreditavam nele, ele era talentoso... Eu disse a ele que não duvidava dele nem

por um minuto, que ele faria sucesso.

Essa cena se repetiu várias vezes durante vários meses. Kim sabia como provocá-lo. Chegou

ao ponto de ter que usar psicologia reversa com ele.

"Okay" eu disse a ele depois dele jogar seus cadernos fora. "Kim está certa. A família dela

sempre disse isso também. Você não vai conseguir. Ninguém acredita em você. Você é inútil".

"Não eu não sou", ele dizia indignado.

Momentos depois ele tirava os cadernos do lixo e voltava com eles para o seu quarto.

Eu sabia que Marshall tinha talento. Eu sempre disse a ele que ele poderia conseguir qualquer

coisa, e no momento que ele anunciou que queria ser rapper eu o apoiei 100%. Suas letras

eram ótimas. Ele trabalhava duro em suas composições.

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Ninguém estava mais orgulhosa que eu no dia em que ele subiu ao palco da escola Centerlie

Hight School em um show de talentos com seus amigos Mike, Matt e James. Marshall era o

homem central. Ele usava roupas brancas com as iniciais M&M desenhadas na forma da

empresa de chocolates.

Eles cantaram por 30min. e eram letras positivas. Não havia nada sobre sexo, drogas, ou

assassinato. Eu tinha uma câmera Polaroid e tirei muitas fotos do show. Marshall olhava para

mim para ter certeza que eu estava tirando fotos legais.

Eu nunca fui a um clube de Detroit onde ele tinha as suas batalhas de rap. Ele ja tinha

dificuldades em provar o seu valor sozinho, não precisava da mãe ao lado para atrapalhar mais

ainda. Ele começou a trabalhar em "Infinite" seu primeiro álbum. As letras que eu vi tinham

alguns palavrões mas nada muito chocante como o que veio depois.

Marshall raramente falava palavrões. Ele teve uma briga com Proof uma vez, e eu falei com ele

que era dever dele ir resolver isso.

"Porra mãe, eu estou tentando" ele disse.

Ele apenas falava assim quando ele estava com raiva ou frustrado. Marshall não foi criado em

um ambiente de palavrões - eu mesmo me policiava quando Kim me provocava, eu estava

começando a soar como eles.

*A disfagia pode ser definida como dificuldade de deglutição.

CAP 13

No inverno de 1991 em Missouri, a morte pairou sobre a minha família. Todd matou com um

tiro Mike Harris, o cara louco que tentou me atacar com uma faca quando eu estava grávida de

Nathan. Harris estava perseguindo Todd, ameaçando estuprar e matar seus filhos. Todd, que

nunca fez nada de errado a não ser ter uma ou outra multa de carro, iria para cadeia agora por

assassinato. Eu estava me preparando para ir a Saint Joseph ajudá-lo em sua defesa quando

minha mãe me ligou.

Ela estava histérica, gritava que o meu irmão mais novo, Ronnie 19 anos de idade, estava

morto. Tudo que consegui ouvir era algo sobre uma arma. A policia trabalhava com a hipótese

de suicídio. Eu tremia como vara verde e deixei o telefone cair.

"Ronnie morreu", eu disse a Marshall. Ele balançou a cabeça e tapou os ouvidos com as mãe

gritando "Não, não!" repetidas vezes. Finalmente ele cedeu e começou a chorar enquanto eu

tentava consola ele.

Ronnie e Marshall nasceram com dois meses de diferença. Tecnicamente eles são tio e

sobrinho, mas em realidade eles eram irmãos. Eles cresceram juntos, fizeram pacto de sangue

para serem irmãos para sempre. Ronnie comprou o primeiro álbum de música para Marshall,

"Reckless", aos 9 anos ele introduziu Marshall ao mundo da música de Ice T. O primeiro rap os

dois fizeram juntos.

Ronnie não teve a melhor educação do mundo. Minha mãe vivia se separando e se casando

de novo com o pai de Ronnie, Ronald Polkingharn, fez isso pelo menos duas vezes antes de

minha mãe se casar com outro homem, Carl Coffey.

Ronnie sempre teve uma alma muito gentil, por isso todos nós ficamos surpresos quando

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soubemos que ele havia se alistado para o exercito. Era provavelmente uma forma de começar

do zero, longe da família. Mas ele foi dispensado quase que imediatamente, porque ele não

tinha jeito com armas. Elas o apavoravam, foi sabendo disso que comecei a me questionar

sobre a ideia de suicídio.

Marshall sentia o mesmo. Ele queria saber quem tinha matado Ronnie. Eu tinha minhas

suspeitas. Muitas pessoas me disseram que Ronnie havia sido morto como uma forma de

retaliação por Todd ter matado Mike Harris.

Os dias que se seguiram não me recordo muito bem, é tudo confuso. Marshall se recusou a ir

comigo no funeral. Ele estava muito abalado. Eu conseguia entender isso, então eu fui

sozinha.

Eu ficava em contato com a policia. Porque eu trabalhava em um hospital as pessoas

presumiram que eu iria administrar essa perda melhor que os outros. Eu tive que ver as fotos

do corpo de Ronnie caído no chão com os dedos ainda na arma.

Eu tentei ter alguma resposta sobre a sua morte. A policia me disse que ele e a namorada

haviam brigado. Ronnie arrombou a casa do vizinho e pegou a arma dele e disparou. A morte

foi dada como suicídio. Não fazia sentido para mim. Eu queria uma autópsia, mas o resto da

família não queria.

O funeral teve o caixão aberto. Ele tinha um curativo branco sobre o olho e em sua cabeça um

boné de baseball. Eu estava devastada tentando administrar tudo isso.

Depois eu voltei para o hotel onde estava ficando e Marshall ligou. Ele evitava falar do tema

enquanto eu tentava contar para ele como havia sido o funeral, mas ele não queria saber.

"Cala a boca porra! Me escuta!" ele gritou. "Lembra dos móveis novos que você comprou para

a sala? Se foi, eles pegaram de volta."

Eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo. Eu podia ouvir Kim rindo ao fundo,

provocando ele para me contar mais. Marshall não sabia, e se recusava a acreditar que Kim

havia devolvido toda a minha mobília. Eu tinha acabado de pagar por dois lindos sofás, mas

Kim ligou para a loja e fez eles buscarem o móvel alegando que eu não tinha mais condições

de pagar.

"Eles virem e levaram os móveis", disse Marshall

"Por que?" eu perguntei. "Por que você faz isso?"

"Foda-se vadia" ele gritou.

Minhas pernas cederam. Ele xingava ocasionalmente mas nunca havia falado comigo dessa

forma. Eu estava chorando, não conseguia acreditar no que estava acontecendo.

"Eu odeio ter que te dizer isso mas estou cansada de você", eu gritei. "Eu queria que naquele

caixão estivesse você ao invés de Ronnie".

Não sei da onde saiu isso. Eu não queria dizer aquilo, eu só estava cansada. Passei o dia

olhando as fotos do corpo de Ronnie, seu corpo no caixão, cuidando de minha mãe, visitando

Todd na cadeia. E agora Marshall começou a se tornar abusivo. Eu estava sob muita pressão,

nunca sabia o que Kim iria fazer. Eu liguei para Marshall logo em seguida.

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"Filho, desculpe, eu não queria falar aquilo", mas ele desligou o telefone na minha cara.

Eu não conseguia parar de chorar. Parecia um pesadelo. Chorava por Ronnie e pelo que havia

dito a Marshall.

Eu pedi várias desculpas a Marshall por dizer que preferia ele morto a Ronnie. É claro que eu

não queria isso. Mas Marshall se recusava a falar sobre o assunto. Só soube de seus

sentimentos 10 anos depois em "Cleanin Out My Closet",quando ele usou as minhas palavras

contra mim e disse que eu estava morta para ele. Eu não posso ouvir essa música sem

começar a chorar. Eu me arrependo de ter dito aquilo, e vou me arrepender até o dia da minha

morte.

Depois da morte de Ronnie, Marshall entrou em depressão. Ele ficou mudo por três dias e

pensava em se matar quando ouvia as fitas que os dois tinha gravados juntos. Ele se afastou

de tudo e começou a escrever. Referências do Ronnie estão espalhadas nas músicas do meu

filho, incluindo um dos seu singles mais conhecidos "Stan". Ele também dedicou o Marshall

Mathers LP à memória do Ronnie.

Eu escrevia os meus sentimentos também. Cartas para Marshall. Poemas no meio da noite

quando eu não conseguia durmir por angustia. O ano após a morte de Ronnie foi um período

muito sombrio para nós.

Todd ainda estava preso. O caso dele demorou um ano para ir a julgamento. Nós presumimos

que ele iria ser inocentando. Ele matou um cara louco que ameaçava a estuprar seus filhos.

Qualquer pai teria feito o mesmo. Eu passei horas com Todd e seus advogados revendo as

evidências.

Mike Harris era o louco local e uma ameaça ao departamento de policia. Ele me ameaçou com

uma faca quando eu estava grávida. Todd havia conhecido Janice, a mulher que se tornaria

sua segunda esposa e mãe de seus filhos mais novos, Korey e Bobby. Mike Harris era irmão

dela.

Harris tinha um ciúmes absurdo de Todd. Ele quebrava as janelas da casa de Todd, maltratava

o pastor alemão de meu irmão, uma vez ele colocou açúcar em um tanque de gás de uma

caminhonete antiga que Todd estava restaurando e estragou todo o motor.

Todd fazia de tudo para evitar Harris, mas o homem não desistia. O casamento de Todd

também estava com problemas, Janice havia se tornado amiga de meu pai Bob Nelson. só

Deus sabe o que acontecia lá. Quando o seu segundo filho nasceu ela o nomeou de Bobby

Ray Nelson, em homenagem a meu pai ausente, Todd me contou isso em uma visita que ele

fez a Michigan.

Quando ele voltou para Missouri, Janice o recebeu no aeroporto. Ele estava cansado e com

fome não havia dormido no vôo de volta. Todd segurava o bebê Bobby enquanto Janice entrou

uma loja de conveniência com Korey, 3 anos.

Harris apareceu do nada gritando "Eu vou estuprar esses pequenos bastardos no banco de

trás do seu carro". Ele tentou abrir a porta do carro e Todd gritou para ele parar e começou a

procurar no porta luvas pela chave extra para te-la sob seus cuidados quando ele achou uma

antiga arma de fogo de Jenice. Ele apontou a arma para Harris que fugiu.

Alguns minutos depois Harris apareceu portando uma lupara. "Eu vou matar seus filhos!" Ele

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tinha escondido a arma no carro da sua ex-mulher e correu para o banco de trás do carro de

Todd tentando chegar nas crianças.

Apavorado, Todd cedeu a fúria. Ele pegou o antigo 38 que havia encontrado no carro, e atitou,

e atirou. Harris tentou dar um golpe de karatê e gritava ameaças de morte. Até que uma bala o

acertou.

Só então, Janice saiu da loja. Todd a pediu que o levasse a delegacia de policia. Ele entrou em

choque, pálido e enjoado e entregou a arma. O exame de balística disse que Harris estava

fugindo quando a bala o acertou.

O advogado de Todd havia sugerido alegar insanidade temporária, mas Todd se recusou. Ele

sabia que era inocente e eu concordava com ele. Mas ele foi acusado de homicídio culposo,

porte de arma e lhe foi negada fiança. Todd insistia em um julgamento. Ele não era culpado.

Não me permitiram testemunhar por causa do meu histórico com Harris. A defesa queria me

chamar para que eu contasse o que havia acontecido durante a minha gravidez. Eu passei

duas semanas aguardando no tribunal e no final eles não me chamaram. Todd foi declarado

culpado e sentenciado a 8 anos - 5 por homicídio culposo e três por porte de arma.

Não importava o quanto eu banisse Kim da minha casa ela sempre voltava. Ela atravessava

pela porta, me dava o dedo e depois dizia a Marshall, "você tem que escolher - eu ou sua

mãe".

Nem os amigos de Marshall conseguiam entender o poder que ela tinha sobre ele. Uma vez eu

perguntei para ele, "O que há com ela? Ela não pode ser tão boa assim".

Ele encolhia o ombro e dizia "Ela é minha namorada e você é minha mãe. Eu estou no meio".

Ele dizia que se sentia no meio de uma guerra. Eu sentia o mesmo, exceto que era Kim no

meio puxando Marshall de mim. Ela me deixava louca, quebrava as minhas coisas, roubava,

ligava para a assistência social ou policia. Ela era horrivel com Nathan. Ela se referia a ele

como "o pequeno bastardo" - mas tudo isso quando Marshall não estava vendo ou escutando.

Chegou até a me enviar uma tarântula viva por correio eu chamei a policia. Eu vivia no limite. E

meu relacionamento com os filhos dos vizinhos não ajudava pois eles constantemente

implicavam com Nathan.

Nathan que tinha 6 anos era amigo de umas crianças que viviam perto de Dresden. Eles

chegavam em casa chorando dizendo que a mãe deles estava bêbada e havia machucado

eles. Nathan segurava a cabeça e uma das crianças falou, "Mãe machucou ele também".

Eu fui ate a casa da mulher com Marshall e Kim para tirar satisfações. Ela era ex-soldado, duas

vezes o meu tamanho e andava como um homem. Ela balançou as cinzas do cigarro em meu

cabelo. Eu a segurei e empurrei ela contra uma arvore. Eu estava muito nervosa. Eu iria jogá-la

no chão se Marshall não tivesse me afastado. Nem eu conseguia acreditar que eu estava

batendo em uma ex-soldado que era duas vezes do meu tamanho. Eu não sou violenta, não

gosto de brigas, mas quando se trata dos meu filhos eu viro uma tigresa. Ninguém os

machuca.

A policia chegou e interrogou nós duas. Eu disse a eles o que ela tinha feito. No dia seguinte a

família dela havia se mudado. Depois alguém incendiou a casa deles. A policia veio me

questionar sobre isso, mas eu não sabia de nada.

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Eu não conseguia vender a casa. A área estava super desvalorizada. As pessoas estavam

saindo do bairro. Eu consegui alugar a casa para um casal muito sipático e me mudei para

Saint Clair Shores, há 20Km de Detroit.

Marshall conseguiu um emprego onde ele ganhava $5,50 a hora no restaurante Gilbert's

Lodge. Quando ele não estava trabalhando ele estava fazendo música junto com seu amigo de

escolha Mike Ruby. Marshall era M&M e Mike era Manix. Eu achava que eles era ótimos e

passagem uma boa imagem do rap de Detroit. Mas Kim não ajudava na auto-confiança deles.

Ela constantemente falava que Marshall "não passava de um cozinheiro de hambúrguer".

Kim não trabalhava muito. Ela queria ser modelo - certamente era alta o suficiente - mas ela

não parecia preparada para trabalhar com isso. Ela conseguia empregos temporários aqui e ali,

mas não durava muito. Marshall ainda tentava provar o seu valor para a mãe de Kim e o

padrasto dela. Mas direto eles o chamavam de "burro" e não deixavam ele entrar na casa.

Quando as contas começavam a se acumular eu guardava essa informação para mim, não

queria preocupá-lo. Até quando o casal que estava alugando a casa parou de pagar. Eu lutava

para manter os dois imóveis e ajudar Marshall.

Ele estava sempre gastando mais que o necessário. Eu me culpava disso por não ter ensinado

a ele a economizar. Eu não queria que ele se preocupasse com isso. Eu emprestava dinheiro a

ele. Uma vez eu saquei $141,30 de seu pagamento e dei para ele $150 em retorno. Dois dias

depois Marshall pediu o cheque de volta, ele tinha feito uns compromissos e precisava do

dinheiro. Eu falei que tinha descontado para ele mas ele me acusou de roubar seu salário. Eu

falei que já tinha feito um novo depósito mas ele não escutou.

"Sua vadia você roubou o meu pagamento" ele gritou e saiu de casa. Kim o seguiu dizendo

"Ela pegou todo o seu dinheiro".

Esse incidente também foi usado contra mim em 1999 em uma entrevista que ele disse que eu

o obrigava a procurar emprego para depois fazer uso do salário dele. Eu deveria ter me

defendido na época.

Marshall tentou viver por conta própria algumas vezes. Nunca durava muito até ele voltar para

casa. Kim achou uma casa no subúrbio de Detroit e Marshall a seguiu. Era lá que ela sempre

alegava que alguém invadia a casa e roubava as coisas deles.

CAP 14

Nossa casa esta estranhamente quieta. Eu não via Kim fazia semanas. Finalmente eu

perguntei a Marshall onde ela estava.

"Nós terminamos" ele disse emburrado.

Eu tentei não aparentar felicidade. Eles estavam sempre terminando mas normalmente

voltavam a namorar alguns das depois.

"Você quer falar sobre isso filho?" eu perguntei.

Ele balançou a cabeça e eu achei melhor deixá-lo em paz com este assunto. Algumas

semanas depois ele me apresentou Amy, uma das garotas mais doces que já conheci. Ela

trabalhava com meu filho na Gilbert's e parecia estar afim de meu filho.

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No momento que Kim ouviu que Marshall tinha uma nova namorada ela começou a telefonar.

Ela disse uma vez que o namorado dela quebrou as janelas do carro dela, e portanto, ela

precisava da ajuda de Marshall.

Ela sempre estava passando por algum problema. Kim ligava constantemente. Ela também o

perturbava no restaurante. Marshall dizia que ela fingia ser eu e enganava os colegas de

Marshall para deixá-la ter acesso ao restaurante.

Eu achava que Marshall tinha finalmente superado Kim, que ele estava feliz com Amy. Mas ai,

Kim jogou uma bomba que mudou completamente a vida de Marshall. Ela estava grávida.

Minha reação inicial era de que Marshall não poderia ser o pai - ele não havia visto Kim em

semanas e estava bem com Amy. Marshall dizia que ele poderia ser o pai - ele confirmou que

tinha estado com Kim novamente. Ele terminou com Amy. E o caos retornou.

No dia 17 de outubro de 1995, o aniversário de 23 anos de Marshall, Kim trouxe para casa uma

caixinha com filhotes recém nascidos e deixou eles soltos no quarto.

Eu perguntei o que ela iria fazer com eles e ela riu.

"Kim Não!" eu grite.

Mas ela continuou rindo. Eu peguei os cachorros e os coloquei de volta na caixa e ordenei que

ela fosse de volta a casa dos pais dela e deixasse eles lá e depois poderia voltar. Marshall

estava trabalhando, mas ela o telefonou dizendo que eu a havia expulsado de casa e a forçado

a ficar em um hotel infestado de ratos - tudo mentira. Duas horas depois Marshall entrou pela

porta como um doido muito nervoso.

Ele começou a me bater com seus punhos. Kim havia o convencido com suas mentiras e o

jogado contra mim. Enquanto ele me batia Nathan se escondeu em baixo de um cobertor e

começou a chorar. Eu clamava por misericórdia, para que ele parasse.

"Vadia você quer chamar a polícia?" Marshall gritava.

Ele pegou o telefone, discou o número mas depois desligou. Mais uma vez veio para cima de

mim. Ele segurou um dos pesos que estava usando para malhar os braços e apontou para

mim.

"Deus me ajude que eu vou te matar" ele disse.

Naquele momento três policiais entraram pela porta. Ele tinham rastreado a ligação. Eles o

algemaram e o levaram para a cadeia. Era o seu aniversário. Eu pedi para eles pegarem leve

com ele, pois ele só precisava de um tempo para se acalmar. Ele foi solto na manhã seguinte.

Eu me recusei a prestar queixas. Insistia que não havia me deixado marcas. Havia muitos

hematomas mas eu conseguia esconder com minhas roupas.

Agora Marshall jura até hoje que ele não se lembra de ter me atacado. Mas ele já havia me

enfrentado algumas vezes quando adolescente, uma vez ele quebrou o meu dedo. Ele não

tinha a intenção de fazer, foi um acidente. Dessa vez ele tinha me machucado muito. Mas

ainda assim eu fazia desculpas para ele. Seu temperamento explosivo começou depois do

ataque de DeAngelo Bailey. Ele era como o pai dele; não sabia o que estava fazendo.

No tribunal o juiz o alertou que ele poderia pegar de 3 a 5 anos de prisão. Eu menti quando dei

o meu depoimento. De maneira nenhuma eu iria ficar sem o meu filho. Eu disse ao juiz que

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tínhamos acabado de enterrar Ronnie, mesmo que isso tinha sido há quase 4 anos. Eu disse

ao juiz que ele estava muito abalado e confuso com a morte de Ronnie, sob muito estresse. Eu

continuava fazendo desculpas para o seu comportamento.

Marshall não olhava para mim,apenas balançava a cabeça quando o juiz falava com ele.

"Eu estou falando com você" disse o juiz. "Você pode pegar de 3 a 5 anos. Peça desculpas."

"Desculpe" murmurou Marshall.

"Olhe para sua mãe" ordenou o juiz.

"Me desculpe mãe". Disse Marshall.

O juiz concordou em deixá-lo livre desde que ele fizesse algum acompanhamento. Sem o meu

testemunho não tinha caso. Fora do tribunal eu e Marshall nos abraçamos. Eu esperava que

pudéssemos colocar esse episodio horrível em nosso passado.

Mais uma vez Kim voltou a morar com a família dela. Marshall dizia que eles haviam terminado

de vez.

O bebê era para nascer no meu aniversário de 41 anos, mas Kim entrou em trabalho de parto

mais cedo. Marshall pegou seu casaco, ele mal podia esperar para ver bebê.

Eu disse a ele: "Você terminaram já algum tempo. Não volte com ela só por causa do bebê.

Não deixe que Kim use o bebê para te controlar".

Ele voltou do hospital algumas horas depois com um enorme sorriso no rosto.

"É meu bebê!" ele disse. "Ela se parece muito comigo mãe".

Kim se recusava a colocar o nome de Marshall na certidão de nascimento da criança. Ela dizia

que era porque ela não tinha o nome do pai dela em seu registro de 20 anos atrás, então por

que Hailie teria o nome do pai? Era cruel e sem sentido, mas essa era Kim.

Marshall ficou tão decepcionado que ele ligou para o cartório e tentou adicionar o seu nome no

documento. Ela de partir o coração ver como ele ficava nervoso com isso.

"Olha eu vou pagar pensão. Eu sou o pai dela, eu estou cuidando da criança", eu ouvia ele

dizer no telefone.

Eu tirei o telefone de suas mão e tentei explicar ao funcionário que ele queria ser um pai

responsável. Mas o funcionário disse que isso era opção da mãe ter ou não o nome do pai no

registro.

Assim como Marshall eu me apaixonei por Hailie no momento em que a vi. Ela impossível não

se apaixonar por ela. Ela era linda, assim como meu filho. E eu não tive nenhum problema em

ser avó tão cedo.

Indispensável dizer que a maternidade não amoleceu Kim. Ela ficou pior. Agora ela usava

Hailie para atingir Marshall e a mim. Marshall ia visitar Hailie e muitas das vezes ela chamava a

policia para ele ou dizia que ele não podia vê-la, mas ai quando ele virava as costas para ir

embora, Kim deixava ele pegar a criança.

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Mas Marshall não era permitido entrar na casa dos pais de Kim, e muitas vezes eu tive que

dirigir até lá para pegar a criança para ele. A irmã gêmea de Kim, Dawn, tinha uma filha de 2

anos, Alaina, que mais tarde Marshall adotou. Ele queria ser um pai para as duas, mas a

família de Kim sempre ria dele.

Marshall estava determinado a provar o seu valor. Ele começou a trabalhar mais de 40 horas

semanais na Gilbert's. Todo centavo que ele ganhava ia para Kim e o bebê. Quando ele não

estava trabalhando ele estava trocando as fraldas de Hailie, brincando com ela, cantando para

ela dormir ou trabalhando em suas composições.

Kim surpreendeu a todos quando conseguiu um emprego como recepcionista em um Spa.

Exceto, como geralmente acontece com Kim, o trabalho não era exatamente aquilo que ela

falou que era. Ela mais uma vez se recusou a deixar Marshall ver Hailie. Ele me implorou para

que eu tentasse colocar algum senso nela. Ele ficou no carro enquanto eu e Nathan entramos.

O local não parecia como nenhum Spa que eu conhecia. Havia um menu de serviços

disponíveis. Manicure, pedicure e cuidados faciais não estavam na lista.

Marshall suspeitava que ela estava saindo com o dono do Spa. Ela sempre estava em clubes

bebendo e fazendo só Deus sabe o que. Ainda assim, ele a defendia. Eu o encorajei a voltar

para Amy, mas eu acho que ela era muito legal com ele. Ele tinha se acostumado a sofrer com

Kim.

Enquanto o caos entre Marshall e Kim permanecia, eu cuidava de Hailie uma vez ou outra. Ela

era a coisa mais doce do mundo e eu a mimava muito. Ninguém tinha mais orgulho em ser avó

do que eu.

CAP 15

No dia 3 de fevereiro de 1996, era o aniversário de 10 anos de Nathan. Três dias depois ele

havia começado em uma escola nova. Eu dei um beijo de despedida nele com grande temor.

Assim como Marshall nessa mesma idade, Nathan estava sendo vítima de bulling.

Vinte minutos depois que ele entrou na sala, funcionários da assistência social entraram e o

tiraram de lá. Eles o levaram para uma casa de recuperação de jovens e eu fui processada

acusada de várias ofensas, incluindo sofrer da síndrome de Munchausen by proxy ou MSP. Eu

não sabia nem o que era isso na época mas eu vou explicar de maneira bem sucinta. É o

pesadelo de toda mãe.

Quatro meses atrás Nathan voltou para casa da escola as 15 horas com um corte profundo

atrás da cabeça. Ele tinha apanhado de dois primos na parada o ônibus escolar as 7 da

manhã. Ele estavam discutindo sobre o julgamento de O.J. Simpson. O jogador de futebol

americano tinha sido acusado de matar a mulher, Nicole, e o amigo dela, Ron Goldman, mas

assim como muitos outros americanos, eu achava que ele era culpado. Quando os primos

perguntaram a Nathan o que ele achava, Nate repetiu as minhas opiniões sobre o assunto.

Eles começaram a bater na cabeça dele com os punhos e um soco inglês, jogando ele na

calçada antes do ônibus chegar. Nate entrou no ônibus, foi para escola e tentou falar com a

diretoria. Mas colocaram ele nas salas de computador e deram a ele um pacote de gelo para

colocar em sua cabeça. Deram a ele um sanduíche no almoço e depois o enviaram para casa

por ônibus.

Nathan implorou para não deixá-lo na escola. Não era só as crianças que estavam implicando

com ele, os professores não gostavam dele também. Ele tem um tipo de dislexia - especialistas

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dizem que ele vê as palavras de trás pra frente - e ele foi colocado em uma sala para

estudantes especiais. Os professores fizeram ele sentar na primeira carteira, de frente pro

quadro e de costas para as outras crianças. Quando Nate reclamava que ele estava sendo

atingido por objetos vindos do fundo da sala, ou que era espetado por lápis e canetas quando o

professor não estava olhando, ele era colocado no canto da sala e forçado a usar um chapéu

de "burro".

Como se não bastasse, alguns meses mais cedo nós estávamos voltando de Missouri quando

Nathan tropeçou no carpete do hotel e bateu a cabeça. A queda foi tão feia que ele perdeu um

de seus dentes. Ele foi levado as presas para o hospital para tratamento. Mas as

conseqüências dessa queda continuou mesmo após os cuidados. Ele sofria lapsos de memória

e os professores falavam que ele não estava lendo corretamente. A pedido da escola ele foi

colocado em uma classe especial ele fi diagnosticado com uma síndrome pós concussão e

estresse pós traumático.

A lembrança da vontade dos médicos de quererem que Marshall fosse internado depois do

ataque de DeAngelo Bailey, me fez ficar mais super protetora de Nathan. Eu quase perdi um

filho, agora eu vigiava Nathan como um falcão. Depois de apanhar por causa de O.J.Simpson

eu levei ele ao médico, que me recomendou que Nathan ficasse em casa até se recuperar.

Nathan implorava para eu não deixá-lo na escola e eu concordei. Eu queria colocá-lo em outra

instituição. Eu achei um lugar legal para comprar em Casco Township e aluguei um

apartamento temporário enquanto esperava a mudança chegar. Eu disse a Marshall que ele,

Kim e Hailie poderiam ficar com a casa em Saint Clair Shore desde que prometessem pagar

as contas do imóvel. Eles se mudaram assim que os problemas com Nathan e a escola foram

resolvidos.

Depois a escola de Nathan me acusou por deixá-lo sem freqüentar as aulas. O julgamento foi

marcado para janeiro e mais tarde adiado. O juiz me aconselhou a voltar com um advogado.

Nesse meio tempo, agentes do serviço social bateram na minha porta. Eu tinha ligado para o

serviço de proteção a criança por causa das brigas que Nathan estava tendo na escola, mas a

coisa se voltou contra mim uma vez que as crianças se negaram a falar que batiam em meu

filho. A principio eu fiquei feliz de ver os agentes, mais tarde iria me arrepender de ter chamado

por sua ajuda. Eles avaliaram a casa, checaram por comida e verificaram a limpeza. Não fez

diferença que eu tinha a recomendação médica por escrito pedindo para que Nathan

repousasse, a escola queria ele de volta.

Eu decidi que precisávamos mudar de estado. Eu mandei Nathan para Missouri, e pedi para

minha irmã Tanya arrumasse uma escola para ele, enquanto eu fiquei em Michigan esperando

pelo dia do julgamento. Infelizmente meu julgamento foi adiado.

Eu falava com Nathan quatro vezes por dia, ele implorava para voltar para casa. Ele nunca

tinha dormido na casa de amigos, quanto mais passar semanas longe de mim. Então eu dirigi

para Misssouri para buscá-lo. Minha família se recusou a deixá-lo sair comigo, então eu tive

que chamar a polícia. Não era nada de mais, só mais uma briga da minha família. Depois de

checar a documentação os policiais deixaram Nathan voltar comigo.

Nós chagamos na manhã seguinte e mal tivemos tempo para desfazer as malas pois já estava

na hora de Nathan ir para escola. Tinha acabado de passar o seu aniversário e ele não queria

ir a escola, mas eu disse que logo ele faria novos amigos.

Depois que eu o deixei na escola tive uma sensação de que alguma coisa estava errada, então

eu liguei para escola só para ter certeza. Como desculpa eu falei que tinha de verificar com ele

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se havia entregado o dinheiro para ele almoçar. O telefone foi passado para um oficial do

serviço de proteção a criança, a mesma que havia visitado a minha casa. Ela me disse que o

Estado havia reivindicado a custódia de Nathan e que eu deveria estar no tribunal em meia

hora. Eles chegaram a enviar um policial a minha casa para ter certeza de que eu iria.

Assim que cheguei ao tribunal encontrei com uma antiga amiga minha, Pat, o filho dela

também estava lá, os oficiais a deixaram na mesma sala que eu. A sala estava lotada de

pessoas, algumas conseguiram lugar para sentar mas outras tiveram que ficar em pé no

corredor.

Eu continuava a perguntar : “Onde está o meu filho?” mas o oficial me mandava ficar quieta.

Quando eles finalmente leram as acusações eu queria gritar. Eu estava sendo acusada de

manter Nathan fora da escola; bater nele com cinto ou escova de cabelo; e deixá-lo fora de

casa por ouvir rap.

Eu nunca levantei um dedo contra Nathan, e ele cresceu ouvindo os raps de Marshall. Em

choque, eu disse a eles que as acusações eram mentiras. Novamente, eles me disseram para

calar a boca. Ai veio a acusação mais estranha: que eu sofria da doença de Munchausen by

Proxy. Eu olhei para Betsy Mellos, minha advogada, para ver se ela sabia o que era aquilo.

Nem ela sabia. Eu sou pequena, assim como o pai de Nathan. Eu comecei a pensar nos

Munchkins do Mágico de Oz – que nossos genes fizeram com que Nathan fosse muito

pequeno para a idade. Tinha que ser algum tipo de nanismo, eu pensava.

O caso foi adiado. Eu implorei para levar meu filho, mas as autoridades não deixaram e se

recusaram a falar onde ele estava. Me disseram para ir a sala ao lado para assinar uns papeis

caso Nathan precisasse de algum tratamento médico enquanto estava longe de mim. A

situação era tão bizarra que me dava espanto.

Betsy e eu sentamos em uma sala, olhando a papelada, tentando decidir qual o próximo passo.

Também pesquisamos sobre Munchausen by Proxy. Não foi uma leitura muito prazerosa. A

síndrome de Munchausen é basicamente um distúrbio psicológico. As pessoas que sofrem

dessa síndrome se auto-machucam para ganhar atenção. Munchausenby Proxy é mais rara e

muito mais séria. É uma das piores formas de abuso infantil. Os doentes geralmente são

mulheres que sofreram algum tipo de abuso na infância.

Entrei em choque quando li sobre a doença. Dizem que as mulheres que sofrem dessa

síndrome exageram e fabricam sintomas, chagando até a induzir doenças e machucados em

seus filhos, constantemente levando-os aos médico pra testes e cirurgias desnecessárias na

criança. Havia alguns casos que mães esfregavam produtos de limpeza na criança para causar

erupções na pele, ou por vontade própria, abriam os machucados dos filhos para que eles não

sarassem. Dizem que os portadores da síndrome fazem isso para ter atenção dos médicos.

“Eu nunca machuquei uma criança”, chorei com Betsy. “A escola esta dizendo isso porque eles

estão abusando de Nathan”. Betsy foi muito gentil e me deu muito apoio. Ela tinha gêmeos e

sabia que eu não machucaria meus filhos.

Eu sabia eu a acusação de Munchausen by Proxy era uma armação – uma maneira fácil de

retirar de mim o meu filho e colocá-lo para adoção – mas eu tinha que provar.

Depois de deixar o tribunal fui para a casa de recuperação de jovens assinar os papeis.

Quando peguei para assinar eu rasguei o papel e gritei para ver Nathan. Os funcionários se

recusavam a me deixar ver ele. Eu sai de lá em choque. Minha amiga, Pat, que passou o dia

comigo junto com seu filho, tiveram que me carregar para o carro.

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No caminho de volta eu não conseguia falar, eu só chorava. Em casa era pior. Via a bicicleta

de Nathan na porta da cozinha, seus brinquedos no chão. Só me restava imaginar a situação

dele. Dormir em um local estranho que lembra uma cadeia. Não podia telefonar para ele. Eu

não sabia onde ele estava. As perguntas continuavam vir na minha cabeça: ele realmente está

em uma casa de recuperação? Ele sabe que estou tentando ajudá-lo? Meu deus, como eles

podem fazer isso com meu filho? Eu estava a ponto de ter um ataque de nervos. Eu esperava

e rezava para meu filho voltar.

O mês se passou e eu nem me dei conta. Eu continuei trabalhando, estudando para técnico em

enfermagem, cuidando de Hailie sempre que podia. Ela era uma menininha tão linda, mas meu

coração partia por Nathan. Finalmente concordaram que eu podia vê-lo com uma visita

supervisionada na casa de recuperação.

Estava muito frio mas Nathan só estava vestindo short e camisa de pijama. Me avisaram que

eu não podia abraçá-lo, mas ainda assim eu tentei tocar em seu braço e a assistente social

gritou comigo. Ele estava azul de frio. Eu não parava de chorar. Nathan implorava e implorava

para que eu o levasse comigo. Foi horrível explicar para ele que as autoridades não deixavam,

eu nem podia ver o interior do local onde ele estava.

Uns dias depois eu recebi uma carta dizendo que as minha visitas a Nathan estavam

suspensas. Betsy e eu brigamos por mais duas semanas até me deixarem ver ele de novo.

Não era fácil, mas pelo menos eu podia vê-lo.

Pelos próximos 4 meses eu podia ver Nathan: uma semana sim, outra não; depois uma vez na

semana; e finalmente me deixaram ver ele sozinha. Nós sentamos em um cubículo, cercados

de outros pais e filhos, em igual situação. Assistentes sociais cercavam o local escutando tudo

que nós dizíamos. Eles paravam de forma ameaçadora toda vez que Nathan tentava me

contar como a família adotiva que ele estava era ruim com ele. Ele fazia desenhos dele mesmo

e escrevia as palavras “socorro” dentro de bolhas. Eu sabia que tinha de tirar ele de lá, a

qualquer custo.

Eu pedi a assistente social que deixasse Marshall visitar Nathan, no lugar do pai de Nathan,

que havia se recusado a ajudá-lo. Então Marshall passou a visitá-lo, ele já tinha quase 24 anos

e já era pai. Ele estava ocupado mas sempre arrumava um tempo para seu irmão.

Eu tive um palpite: tinha lido em algum local que crianças descendentes de nativos americanos

não podem ser levados a adoção. Eles tem que ficar com a família original. Por parte de pai eu

era parte Cherokee. Eu fui a biblioteca e fiz umas ligações, comecei a investigar isso mais a

fundo. Finalmente consegui a prova que precisava.

A lei de cuidados infantis indiano de 1978 foi criada para impedir de descendentes de indianos

fossem adotados por famílias não indianas. A lei dizia que se a criança fosse membro de uma

tribo ou pelo menos reconhecido ele não poderia ser levado a adoção. Devendo permanecer

com sua família.

O serviço de proteção a criança ficou indignado. “Mentira! Você não tem descendência indiana”

um funcionário disse. Eu apenas sorri. Com a ajuda de Nan eu consegui achar nossos traços

de nossos antepassados em uma Tribo chamada Echota no Alabama. Eu liguei para a tribo e

eles mais que depressa ajudaram. Nós fizemos as pesquisas e eles nos reconheceram como

membros. Recebemos até um cartão de reconhecimento para oficializar. Marshall disse que

não queria um – ele preferia se apegar a sua origem escocesa. A tribo Echota ofereceu para

Nathan e eu todos os cuidados necessários. Se o tribunal não me devolvesse Nathan a tribo

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devolveria. Nós tínhamos um porto seguro agora; tudo que tinha de fazer era provar no

tribunal. E graças a Deus a Associação Americana de Inrios e Faye Gibbons me ajudou a lutar.

CAP 16

Marshall e eu concordamos que o natal de 1996 foi quando nossa família atingiu o ponto mais

baixo de sua história. Nathan ainda estava no orfanato e eu estava tentando tira-lo de lá. Kim e

Marshall ficaram na casa em Saint Clair Shores, enquanto eu me mudava para um novo lar em

Casco Township, onde havia escolas melhores para Nathan. Minha advogada sugeriu que eu

me afastasse de Marshall ou ele poderia perder o seu direito de visitar Nathan. Nós não nos

falávamos, mesmo quando eles autorizavam Nathan a passar a noite em Saint Clair Shores.

Eu me lembro que eu dirigia as vezes até lá só para olhar pela janela e poder ver o Nate

brincando no chão com Hailie. Meu coração partia. Eu sentia que devia estar lá com eles.

Marshall uma vez me viu e disse que eu tinha que ir embora, ou eles não deixaria mais ele ver

Nathan. Aquilo me destruiu, eu chorei durante todo o caminho de volta para casa.

Depois Marshall perdeu seu emprego na Gilbert’s, e o seu primeiro álbum, “Infinite” foi um

fracasso. Ele vendeu algo em torno de 500 cópias, e a única divulgação que ele conseguiu do

álbum foi em uma rádio local, ainda assim fazendo piada do álbum. Os vendedores de disco

diziam que ele soava como Vanilla Ice. Eles ainda riram dele por ele ter agradecido a Kim e a

mim pelo apoio.

Eu amei “Infinite” me senti orgulhosa de Marshall. Ele escreveu sobre sua luta em sustentar

Hailie, seus sentimentos por Kim, suas batalhas no hip-Hop shop – onde ele geralmente ia

sábado a noite.

Ele só conseguiu uma crítica positiva. “Underground Soundz” escreveu: “sua mestria na

gramática permite a ele escrever histórias coerentes, não só freestyles e pedaços de rima

solta”.

Eu tentei anima-lo dizendo que ele havia provado que podia, especialmente para seus

professores que haviam lhe dado “C” em gramática. Mas Marshall negava tudo em desespero.

Uma de suas faixas “Searchin”, tocava de vez em quando na rádio em Detroit, mas ele sabia

que não era o suficiente para ganhar a atenção nacional. Ele continuava escrevendo, mas não

mais me mostrava as suas composições.

Marshall foi intimado pelo Estado de Michigan a depor contra mim. Ele não tinha escolha e

estava muito triste a respeito. O julgamento foi marcado para o dia 15 de abril. Eu estava sendo

acusada de negligencia e abuso contra Nathan. Meus advogados Betsy Mellos e Mike

Friedman estavam negociando com o Ministério Público em um possível acordo, mas eu queria

que fosse a júri. Não iria dar nova chance a eles. Quase 150 pessoas foram chamadas no

processo incluindo médicos especialistas, de ambos os lados, para evidencias. Fui obrigada a

ver três psiquiatras, frequentar aulas sobre maternidade e enfrentar a mídia local. A manchete

do Macomb Daily no dia do julgamento era: “MÃE ACUSADA DE LESIONAR O PRÓPRIO

FILHO PARA GANHAR ATENÇÃO”, e continuava explicando a síndrome de Munchausen by

Proxy.

Marshall foi um dos primeiros a ser chamado a mesa. Os oficiais do tribunal fecharam a cara ao

ver sua vestimenta larga. E faziam cara feia quando de costas para ele. O Ministério Público

perguntou a ele sobre a casa que ele estava morando em Saint Clair shores, junto com Kim e

Hailie. Eles não estavam pagando as contas e a casa estava sendo tomada. Eles tentaram

fazer Marshall parecer um irresponsável.

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O promotor insinuava que Nathan provavelmente usou mamadeira até os 6 anos até que virou

para Marshall e perguntou; “Então ele levava ela para escola com ele?”. “Não” e disse que

Nathan sempre comeu direitinho.

Quando ele perguntou se eu era uma mãe boa ou ruim ele não hesitou em responder: “Ela é

uma boa mãe”. Ele também disse que eu nunca machuquei Nathan, nunca havia feito nada de

errado a não ser bater no bumbum de Nate quando ele tinha 5 anos. Para uma testemunha

que foi chamada para me acusar ele fez um ótimo trabalho me defendendo.

Eles também perguntaram: “Você ama a sua mãe?” mas ele não respondeu.

Outras testemunhas foram chamadas. A escola alegava que eu tinha levado Nathan a nove

médicos diferentes. Mas eu podia provar o contrário. O médico da família, Dr. Sal, veio em

minha defesa. Quando perguntaram para ele que tipo de mãe eu era ele fez com que eu e o

juiz sorríssemos na referencia de June Cleaver, a mãe perfeita da seria de Tv “Leave It to

Beaver”.

“Ela pode não ser June Cleaver”, ele disse. “mas está bem próximo disso”.

Nathan foi ao médico oito vezes em nove anos. Eu me preocupava que o juiz fosse dizer que

isso não era o suficiente. Também, durantes os 16 meses que ele ficou sob os cuidados de

uma família adotiva, ele teve inúmeros acidentes e precisou de cuidados médicos, pois

quebrou vários dedos e a clavícula. Ele também se machucou feio quando alguém no campo

de golf bateu no olho dele.

Faltando três dias para terminar o julgamento, o caso foi interrompido de maneira brutal. Os

advogados e promotores tinham chegado a um acordo. Se eu concordasse que o Serviço

Social visitasse a casa, freqüentasse as aulas sobre maternidade, e me comprometesse que

Nathan iria para escola, eu poderia ter ele de volta. Nathan implorou para eu concordar, e eu

disse sim.

Nós ainda tivemos que esperar algumas semanas para que Nathan voltasse para casa. Ele

tinha que terminar a escola primeiro. Eu organizei uma grande festa de boas-vindas, enchi a

casa de balões e faixas. O jornal local tirou uma linda foto de todos nós juntos.

Eu mantive contato com a Associação de Índios Americanos. Um dos membros, Faye Gibbons,

havia se tornado uma grande amiga. Ela sempre renovava o meu espírito de luta. “Você não é

uma sobrevivente; você é uma conquistadora”, ela dizia, “Isso é certo. Se houvessem quatro de

você, você já estaria comandando o país”.

Eu disse a ela que iria continuar lutando para que nenhum outro descendente de nativos

americanos fossem levados a adoção. Ela me apoiou, e quando finalmente Michigan’s

Children’s Ombudsman denunciou que a corte de Macomb Coutny não estava seguindo a

legislação de proteção aos Índios americanos é que Nathan foi liberado. Eu sabia que assim

havia aberto um importante precedentes, e isso poderia ajudar muitas famílias no futuro.

Enquanto isso, Marshall estava passando por mais um rompimento com Kim. Ele se mudou

para nossa casa – Nan estava morando comigo também. Permitiam Marshall a ficar com Hailie

algumas vezes, mas bem de vez em quando. Eu estava muito feliz. Hailie era uma estrelinha.

Toda tarde depois que ela escovava o cabelo, ela girava em sua camisola em frente ao

espelho e perguntava: “Estou bonita?”. Todos nós respondíamos em coro que sim. Eu apelidei

ela de “Fuss Bucket”; ela me chamava de Mamãe.

“Jamais deixe Kim ouvir ela te chamando de Mamãe”, alertou Marshall. Eu concordei. Kim

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entrava e saia de nossas vidas sempre criando uma confusão.

Marshall conseguiu uma referencia na revista “Source” na coluna de “Unsigned Hype”. O

garoto branco magrelo que conquistou os críticos de rap em Detroit e agora tinha se tornado

um dos principais nomes da cidade no Freestyle. Os locutores de rádio que antes tinham rido

dele agora o chamavam para ir ao vivo nos programas.

Ele também criou um novo alter-ego. Slim Shady um engraçado, anti-herói que sabe ser

violento contra todas as pessoas que uma vez machucaram Marshall. E isso, ele me disse,

incluía os garotos que o perseguiam na escola, Kim, e as pessoas que caçoaram de “Infinite”.

“É tudo uma piada mãe” ele me garantiu. “As músicas são engraçadas. Elas não foram escritas

para serem levadas a serio”.

Os produtores de Detroit Mark e Jeff Bass acreditavam em Marshall quando ninguém apostava

nele. Ele gravou “Infinite” no estúdio deles e depois no começo de 1997 ele voltou para gravar

“The Slim Shady EP”.

De repente todos estavam atrás de Marshall, ou devo dizer, Eminem e Slim Shady? Ele ainda

estava quebrado e lutava para sustentar Hailie, alem de brigar constantemente com Kim. Mas

no mundo do rap em Detroit ele já estava famoso.

Ele voou a Los Angeles para participar da Rap Olympics, onde ele acabou ficando em segundo

dos cinqüenta participantes. Ele fez uma performance ao vivo em uma rádio de grande

audiência chamado “The Wake up show”. Não muito depois disso ele foi eleito pelo programa

como o melhor Freestyle do ano. Em algum ponto, nesse momento, Marshall chamou a

atenção de Dr. Dre.

Ele voltou de LA super empolgando, não parava de falar. O telefone tocou e eu atendi uma

ligação, era Dre. Depois que entreguei o telefone para ele; ele começou a dar socos no ar

gritando “Sim, sim!”

Finalmente Marshall tinha a grande chance que ele merecia depois de anos sendo rejeitado.

Em janeiro de 1998 ele assinou com a Aftermath e foi direto para o estúdio de Dre em Los

Angeles gravar. Ele ligava para falar comigo, Hailie, e Nate dias sim e não. Ele sabia que

quando Hailie estava comigo ela estava em boas mãos – nós nos divertíamos muito íamos ao

parquinho, pedíamos pizza...

Marshall era só alegria, me contava das pessoas que ele tinha conhecido, as músicas que

gravou, e os planos para a primeira turnê nacional. Ele terminava nossas conversas como

sempre, dizia que me amava, e que mal podia esperar para ver a sua garotinha quando voltar,

Nan e o resto de nós.

Quando Marshall voltou, quase um mês depois, ele estava um pouco sórdido, ele havia

modificado o seu jeito de ser. Ele disse que tinha que provar o seu valor a industria do hip-Hop

por causa da sua cor de pele. Ele estava sempre brigando com as pessoas que achavam que

ele tinha nascido rico em berço de ouro.

Eu achei algo em torno de 15 a 20 pílulas no chão do seu quarto um dia. Ele me disse que

eram aspirina. Eu me preocupava que Hailie ou o cachorro as engolisse então joguei tudo na

privada. Ele veio para cima de mim como um louco. As pílulas era Vicodin, analgésicos de tarja

preta.

Ele disse que estava com problemas para dormir e as pílulas ajudavam.

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Kim voltou para a cena. Agora Marshall não era mais um “Zé ninguém inútil”, como ela

costumava chamar ele. Ele estava no caminho de se tornar um super star. Ela passou a ser

presença constante em seus shows, ela adorava a fama e o glamour. Me disseram que ela

também dava pílulas para ele se acalmar antes de subir aos palcos.

Quando Marshall não estava na estrada ele estava nos clubes de rap em Detroit. Ele não

esqueceu os seus antigos amigos. Eu ainda tenho o panfleto que ele fez para o show dele com

Proof, Da Klinic e Mass Hysteria em 25 de julho de 1998.

Ele não tocou para mim nenhuma das suas músicas do Slim Shady. Mas até onde eu sabia

elas não era ofensivas – ele precisava do apoio da rádio. Os rabiscos que via dele eu via

menções a Hailie, seus medos. Ele tinha quase 26 anos e ainda morava em casa, e a coisa

que ele mais temia era perder Hailie.

Depois de anos sozinha e finalmente me apaixonei de novo. John Briggs iria se tornar o meu

quarto marido. Todos adoravam o John, menos Marshall. Quando eu tentei apresentar os dois

Marshall disse: “Tire esse filho da puta da minha frente”. Ele ficou furiosos quando soube que

John e eu havíamos decidido mudar para Saint Joseph.

“Se você se mudar não vai poder ver Hailie”, ele disse. Eu disse a ele para parar de ser bobo,

que eu iria visitá-lo.

“você vai se arrepender. Eu nunca vou falar com você novamente se você voltar para Saint

Joe”, ele disse.

“Por que? Qual o problema?” perguntei.

“Pode esquecer de mim”. Marshall queria que eu ficasse em Casco Township. Ele gostava do

bairro que morávamos e do conforto pois cabia todos nós tranquilamente. Eu falei com Nan,

que já estava com a saúde debilitada, e ela me deu força para me mudar.

Eu tentei explicar para Marshall: “Filho você tem sua vida agora, tem a Hailie e Kim. Sua

carreira está decolando. Por favor me deixe viver a minha vida.”

“você tem uma vida, comigo, com Hailie, com Nathan e Nan” ele respondeu.

No final concordamos que ele podia ficar com a casa. Mais uma vez Kim prometeu pagar as

contas. Eu deixei todas as contas em meu nome e me preparei para voltar a Saint Joe.

CAP 17

Eu era louca por John Briggs. Ele era alto, assim como o pai de Marshall, Bruce, dois anos

mais novo que eu, e incrivelmente lindo. Eu estava um pouco de receio para casar com ele,

mas eu tinha ficado sozinha por tanto tempo, e eu adorava a companhia dele.

Ele já tinha se casado duas vezes antes - e ainda mantinha amizade com sua ex-mulher.

Nathan e eu gostávamos de John, até nosso cachorro gostava dele.

Juntos, nós compramos uma casa em Saint Joe. Ela uma linda casa de campo com dois

quartos e meio acre de terra no quintal. Eu queria esperar um pouco antes de nos casarmos,

mas John, não via o porque adiar a cerimônia.

Pouco tempo depois do Dia de Ação de Graças, Sharon Spiegel, ministro da Academia e Igreja

South Park Christian, onde eu irmão Ronnie estudou, concordou em oficializar a nossa união. A

cerimônia foi na casa da Sharon, estavam presentes apenas minha irmã Tanya, minha mãe e

seu último marido Dutch. Foi tudo muito discreto, apesar que eu estava usando um longo

vestido azul com luvas. Eu sempre mantive o nome Mathers para o bem de Marshall, mas John

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queria que eu adotasse o seu sobrenome. Depois que nos casamos eu me tornei a Senhora

Mathers-Briggs.

Logo o meu negocio de limusines decolou em Saint Joseph. Eu tive experiência no campo

devido a uns anos trabalhados em MIchigan. Eu comprei as limos da Lincoln Limo e comecei a

minha própria empresa. Eu ja tinha conhecido Bill Hill, um antigo amigo que era taxista, com

quem minha tia trabalhou, então eu também o ajudava empreguei ele para algumas corridas.

Eu apresentei ele a Kim e Marshall, e ele os levava a onde eles queriam e se recusava a

cobrar um centavo do meu filho. Mas alguém da minha família tinha que estragar os meus

negócios e fez uma denuncia falsa ao oficial de condicional de Bill, resultado, ele foi detido por

violação as limites da condicional. Ele foi mandado para a cadeia por um breve período e eu

mantive o negocio na ativa.

John, que não tinha trabalhado no seu segundo casamento, conseguiu um emprego em

construção civil. Mas ele odiava trabalhos manuais, alem do fato de eu ganhar mais dinheiro

que ele. Ele começou a beber muito. Ele bebia uma as vezes duas caixas de cerveja - quase

vinte e quatro garrafas - em um dia. Quando eu perguntei a ele o porquê dessa atitude, ele

disse que estava com saudades de casa e sentia falta de seus amigos em Michigan. Ele

também disse que bebeu assim a maior parte da sua vida adulta. Depois, quando eu estava no

hospital para fazer uma cirurgia, Nathan ligou dizendo que estava sozinho em casa, John tinha

ido embora.

Nathan e eu dirigimos a Michigan para passar o natal com Marshall, Kim e Hailie. Não

estávamos na casa a mais de 2 horas quando John bateu na porta.

“Você quer que eu mande ele sair?” gritou Marshall.

“Ela é minha mulher”, disse John.

“Eu não dou a mínima. Cai fora.” replicou Marshall.

John implorou para falar comigo, e eu queria concertar as coisas. Mas Marshall se recusou a

deixar ele entrar. John e eu fomos a um hotel para conversar sobre o nosso futuro. Eu liguei

para Marshall mas ele surtou, “Você fez a sua escolha. Escolheu ele ao invés de mim”. Depois

desligou o telefone na minha cara. Toda vez que eu tentava ligar ele desligava. Marshall

sempre disse que se sentia no meio de um cabo de guerra entre Kim e eu. Agora eu me sentia

presa entre Marshall e John.

Dirigimos de volta a Missouri com a promessa que John iria parar de beber. Sentíamos falta um

do outro, e fora o álcool, nos dávamos muito bem. Nunca discutíamos. Mas algumas semanas

depois ele sucumbiu, ficou ainda mais ressentido com o trabalho manual. Depois começou a

beber de novo.

Por que eu era tão estúpida? Assim como minha mãe eu atraia bêbados. No inicio de fevereiro

John foi embora de novo. Ele apenas desapareceu. Meu quarto casamento terminou da

mesma forma que os outros três.

Não tinha sentido em voltar para Michigan. Nathan gostava de Saint Joseph. Marshall

telefonava de vez em quando. Se ele não estava na estrada fazendo shows, ele estava no

estúdio gravando “The Slim Shady LP” que estava marcado para ser lançado dia 23 de

fevereiro de 1999. Marshall disse que os primeiros singles, “Just don’t give a fuck” e “Brain

Damage”, seriam lançados algumas semanas mais cedo. Ele também estava muito empolgado

com a cobertura da imprensa, ele sempre me dizia para sair e comprar “Spin Source Vibe” ou

outra. Ele também estava super feliz porque a “Rolling Stone” ia colocar ele como capa.

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Eu estava com muito orgulho do meu filho. Nunca duvidei de seu talento; sempre soube que

ele conseguiria. Mas até eu fiquei surpresa com o seu sucesso da noite para o dia. Nathan

ligava a Tv na MTv - Marshall passava constantemente. Ele ligou para dizer que o single

estava no Top 10, “My Name Is” e “The Slim Shady LP” apareceu na Billboard em segundo

lugar. O nome Eminem estava na boca do povo. Meu filho Marshall era um astro.

“The Slim Shady LP” também chegou as primeira posições do R&B, onde ele foi comparado

com Elvis Presley. Quase cinquenta anos trás Elvis pegou a tradicional black music do sul dos

Estados Unidos e transformou em sucesso mundial. Agora meu filho fazia o mesmo com o rap.

Eu ouvia a versão da rádio das suas músicas e via os vídeos na Tv, e não tinha idéia de como

suas letras eram obscenas. Quando Anthony Bozza da Rolling Stone me ligou, fiquei feliz em

dar uma entrevista. Ele estava em turnê com o Marshall e disse que eu devia estar orgulhosa

dele. Trocamos alguns elogios, depois Bozza me perguntou como eu me sentia ao ser

chamada de “uma puta vadia” por Marshall.

Eu estava tão chocada que nem me lembro da resposta que dei. Mas eu sei que deixei escapar

a verdadeira idade de Marshall. Ele não tinha me alertado que havia “apagado” dois anos de

seu nascimento para parecer mais novo. Meu telefone começou a tocar como um louco no final

de Abril, quando o artigo foi publicado. Estava cheio de mentiras.

Havia uma figura de Marshall nu, segurando um dinamite na altura de seu pênis, ele havia

inventado uma nova mãe. Aparentemente, eu era bêbada, viciada em remédios, e uma

aproveitadora. Quando ele tinha 15 anos eu ordenei que ele arrumasse um emprego, ou eu o

expulsaria de casa.

Eu telefonei para Marshall chorando, perguntei porque ele tinha dito aquelas coisas.

“Não é nada”. Foi isso. Ele se recusou a falar mais sobre o assunto.

Outras revistas copiavam as frases que Marshall disse a Rolling Stone. É uma das revistas com

mais prestigio no mundo, ninguém duvidaria de sua matéria. Cada dia aparecia uma história

mais sórdida na mídia. Depois Marshall deu a MTv uma turnê em sua casa em Casco

Township. Ele estava prestes a abandoná-la por uma mansão.

Eu recebia cartas da financeira dizendo que os pagamentos estavam atrasados. “Nós não

queremos a merda do seu imóvel”, disse Kim quando liguei para saber o que estava

acontecendo. Marshall me assegurou que era só um mal entendido.

Kim deixou de pagar uma prestação enquanto ele estava em turnê. Tudo já havia sido

resolvido. De qualquer forma, ele disse que agora ele estava cheio de dinheiro. Logo ele

poderia comprar uma nova casa. Seu álbum havia vendido mais de 2 milhões de cópias só nos

EUA. Ele também era o número 1 no Reino Unido.

Como sempre no fim de nossas conversas ele disse que me amava, e que sentia minha falta.

Mas ele adicionou bem feliz que iria me ver logo. Ele iria fazer um show em Lawrence, Kansas,

três horas de Saint Joseph, e ele queria que eu fosse. Claro que eu disse sim. A única vez que

vi ele no palco foi há 10 anos no show de talentos da escola.

Ainda não tinha caído a ficha que meu filho agora era Eminem, o melhor rapper do momento.

Logo se espalhou em Saint Joseph onde eu morava, adolescentes batiam em minha porta

pedindo autografo. Nathan ficava boquiaberto com as crianças querendo que ele assinasse

posters. Parecia que a onde nós íamos as pessoas nos conheciam.

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Eu sai na capa do Saint Joseph News Press. Na manchete dizia: Rapper Eminem é só um filho

normal para mãe. Fui descrita como sendo sua fã número 1, e ainda transcreveram minha fala:

“Eu não penso nele como ninguém mais alem de Marshall”. Revelei que fiquei de “coração

partido” ao ver as declarações dele a Rolling Stone, mas expliquei que a pessoa do Eminem

não é nada comparado com a pessoa do Marshall.

Nathan mal podia esperar para ver o irmão. Quando chegamos havia, literalmente, milhares e

fãs na entrada. A rua foi bloqueada. Tive medo das pessoas causarem alguma confusão.

Nathan estava muito feliz, fomos para o backstage, Marshall queria que Nathan subisse com

ele ao final do show. Nos encontramos próximo ao ônibus do Marshall, ele estava super feliz

em nos ver mas parecia exausto. Sentamos no ônibus ate dar à hora para ele subir ao palco.

Marshall não parava de beber de uma garrafa de água, mais tarde fui saber que era Bacardi.

Quando eu desci do ônibus um garoto na faixa de uns 8 anos me parou, ele estava no meio da

chuva.

“Senhora, você é a mãe dele?” ele perguntou.

“Sim”, respondi.

“Estou tentando pegar um autógrafo dele há quatro horas”, ele disse, “esta chovendo muito,

você acha que consegue um pra mim?”Ele também me disse que seu irmão sofria de

leucemia.

Eu disse que iria ver o que podia fazer, mas quando tentei voltar ao ônibus fui impedida pelo

segurança. Contei a ele sobre o garotinho, expliquei que ele tinha um boné de baseball que ele

queria que Eminem assinasse. O segurança balançou a cabeça e disse “Não, ele já encerrou

os autógrafos por hoje.” Eu fiquei triste pelo garotinho e assinei o boné para ele. Depois entrei

no estádio para o show.

Marshall cantou por 35 minutos. No final Nathan subiu ao palco e jogava presentes a platéia.

Eu temia que eles agarrassem o braço dele ou algo. Depois as luzes se apagaram e Marshall

se foi. Ele explicou que tinha de entrar no ônibus para o próximo show, em outra cidade, e

antes dos fãs perceberem ele já tinha saído do prédio.

Encontrei com Nathan no backstage, ainda tinha milhares de fãs lá. Quando souberam que eu

era a mãe dele, fui muito assediada. Devo der dado mais de dúzias de autógrafos. No outro dia

no Saint Joseph News Press tinha um artigo intitulado “Saindo com a Mãe do Eminem”, a

repórter Linda, escreveu um ótimo artigo me descrevendo como “linda, frágil e longos cabelos

loiros”:

“Se não fosse pelos cabelos, olhos e um elegante conjunto de calças bordadas de amarelo

ouro e um colete preto, ela teria passado batido pelos fãs de seu filho. A maioria dos

adolescentes de jovens tinham mais de 1,70 e muitos maiores que Debbie. Mas provavelmente

nenhum é tão formidável quanto ela.”

O artigo continuou descrevendo como eu criei os meu filhos praticamente sozinha, como

ajudava crianças carentes, ela voluntária no Mães Contra Bêbados no Volante, voluntária no

Make-a-Wish, e tive que reaprender a falar depois do meu acidente em 1991, e que agora tinha

meu próprio negocio de limusine.

Eu estava encantada. Alguém finalmente estava ajustando as coisas para mim. Agora eu

esperava que as revistas e fãs de rap lessem essa matéria e percebessem que eu não era uma

drogada, alcoólatra e louca.

Eu era apenas ingênua.

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CAP 18

É tradição a mãe da noiva derramar algumas lágrimas durante o casamento da filha. Mas

quando meu filho Marshall se casou com Kim eu chorei durante os 30 minutos de cerimônia.

Foi o dia mais triste da minha vida.

Eu sei que deveria estar feliz, pelo menos pelo bem de Hailie. Marshall implorou por minha

benção. “Mãe eu a amo. Estamos juntos durante todo esse tempo. Temos uma filha juntos.

Fique feliz por nós, por favor”, ele dizia. Eu não tive coragem de dizer a ele todas as caras ruins

que Kim fazia pelas costas dele depois que me avisaram do casamento.

O pedido de casamento não veio do nada. Afinal de contas eles estão juntos desde que Kim

tinha 13 anos e Marshall 15. Ele tinha agora 26 e era um pai devoto, ele me dizia que era

decisão ele. Mas até há uns meses atrás ele era um “Zé ninguém” – como Kim constantemente

o lembrava. Agora, o cozinheiro e hambúrguer que fazia $5,50 a hora, tinha se tornado

Eminem, um astro internacional. Eu me preocupava sobre as intenções de Kim.

Uns dias mais cedo, Marshall tirou um tempo durante a turnê para ir a Saint Joseph para o

casamento de minha irmã Tanya. Hailie tinha 3 anos e meio e seria a dama de honra. Mas ela

desistiu no último minuto se recusando a andar até o altar. Depois da cerimônia ela ficou triste

por não ter ido. De alguma forma, Marshall sugeriu um novo casamento para agradá-la.

Eles rapidamente entraram na minha casa para me contar isso. Marshall tinha um grande

sorriso no rosto. Ele se virou para abraçar Kim. Ela, alguns centímetros mais alta que ele,

encostou em seu ombro, olhou em meus olhos, fingiu colocar um dedo em sua garganta,

pretendendo vomitar e com cara de nojo.

Eu tentei ignorar enquanto ele falava: “Não precisamos de um contrato pré-nupcial. Eu não

estou me casando com você pelo seu dinheiro, Marshall. Eu te amo”. Era doentio, ela olhou

para mim novamente e fez um gesto de vômito com seus dedos. Momentos depois ela estava

no telefone com a mãe dela dando ordens para comprar uma casa. Marshall tinha saído com

Nate e Hailie e não escutou a ligação. Quando ele voltou ele atendeu todos os desejos dela.

Eles saíram para ir ao cartório tirar uma licença para o casamento.

Eu tentei segura-los um pouco. Não havia razão para se casar assim, tão rapidamente. Mas

Kim insistiu que eles oficializassem a união ali, naquele momento, aproveitado que eles

estavam na cidade que ele tinha nascido. Eles foram para um cartório, há 20 minutos de

distancia dali. Já era 16:45 e o cartório fechava as 17:00 horas. Com sorte eles iriam achar as

portas traçadas já. Mas eu não queria deixar por conta da sorte. Eu telefonei para o cartório e

implorei para que não atendessem os dois.

Marshall e Kim chegaram uma hora depois com sorriso no rosto. Eles tinham chagado as

17:10. Aparentemente o pessoal do cartório ficou até mais tarde, especialmente porque

Marshall era uma celebridade.

Olhando para trás agora, eu fico surpresa da noticia desse casamento não ter vazado mais

cedo. Afinal de contas Saint Joseph, não é o lar e muitas estrelas. Marshall queria algo

pequeno, apenas eu e nosso amigo taxista Bill Hill como testemunha. Eu pedi para pelo menos

convidar sem empresário, Paul Rosenberg para o casamento, tinha certeza que Paul iria por

um fim naquilo. Mas Marshall se recusou a chamá-lo.

Naquela noite, Kim saiu para uma loja e eu implorei a Marshall para não se casar com ela. Eu

não conseguia contar para ele que Kim fazia cara de nojo ao abraçá-lo, mas eu queria que ele

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soubesse que eu não aprovava a união. Eles terminavam e voltavam no relacionamento por

quase 12 anos. Os pais de Kim odiavam Marshall. Eles expulsaram ele várias vezes da casa

deles, diziam que ele não era merecedor da filha deles. Agora ele estava desesperado para

mostrar o seu valor. Ele não mais lutava para sobreviver, ele tinha fama e dinheiro agora, mais

do que ele havia sonhado.

“Eu vou me casar com Kim”, ele disse. “Ela me ama, temos uma filha juntos. Fique feliz por nós

mãe, por favor. Eu quero a sua benção”. O problema é que eu nunca consegui falar não para

Marshall quando ele me olha direto nos olhos. Ele sabe que faria tudo para vê-lo feliz. Eu disse

a Marshall que eu não tinha o que vestir, sabia que não era a melhor das desculpas. Ele abriu

o meu guarda-roupa, e tirou um par. “Que tal esse?” era o mesmo vestido azul que tinha usado

no meu casamento com John Briggs um ano antes, eu não tinha a intenção de vestir aquilo

novamente. Marshall achou então um terno barato que comprei para o meu trabalho. Ele

segurou e disse ter amado. De novo eu protestei, não era uma vestimenta adequada para o

casamento. Mas ele disse que estava perfeito.

Não me recordo muito dos dias seguintes. Sharon Spiegel, a ministra que havia oficializado me

casamento com Briggs, o casamento de Tanya, concordou em fazer a cerimônia de Marshall.

Eu estava do lado de Marshall, Bill do lado de Kim, Nathan e Hailie com os outros convidados.

No dia 15 de junho o céu estava claro e ensolarado. Marshall levou Kim a igreja. Dez minutos

depois eu cheguei com Nathan e Hailie. Minha mãe estava lá com Dutch, Tanya e seu marido

Lynard, o filho dela Jonathan, a esposa dele e seus dois filhos; minha meia irmã Betti Renee, o

marido dela Jack; os três filhos deles, e minhas tias Terri e Martha. Kim havia convidado todos,

mas pelo menos a mãe dela, Kathy e seu padrasto, Casey e sua irmã Dawn não estavam lá.

Mal me recordo da cerimônia de tão triste que estava. Não me lembro do sermão, me foquei na

roupa de Sharon. Ela vestia uma roupa preta e um suéter. Kim vestiu uma micro mini saia

preta e um top apertado branco. De acordo com as pessoas que estavam na igreja, ela não

aparentava estar usando calcinha.

Depois que Marshall disse “Eu aceito” ele segurou Hailie nos braços e a manteve assim pelo

resto da cerimônia. Desnecessário dizer que Kim não prometeu obedecer a Marshall. As

lágrimas que arriscaram a sair no começo estavam agora como uma cachoeira. Não conseguia

controlar o meu choro. Minhas pernas pareciam gelatina; mal conseguia ficar de pé. Eu olhei

para Marshall e sabia que havia perdido o meu filho.

Não teve uma recepção. Nós saímos para beber no mesmo bar que Tanya e Lynard

convidaram a gente depois do casamento deles. Todos, exceto eu, estavam bebendo. O dono

do bar fechou o estabelecimento para o público para que pudéssemos ter o espaço reservado.

Ele também estava tocando algumas das músicas do meu filho. Eu dancei com Marshall depois

levei Hailie para casa. Eu não podia mais ficar ali.

Depois do casamento Marshall comprou seu primeiro imóvel. Ele disse a imprensa que o trailer

park perto do local lembrava ele de suas origens. Mais tarde ele me falou que tinha sido mal

interpretado, que não fazia ideia que havia trailers próximo ao local e sua casa. Ele também

prometeu deixar a casa em Casco Township toda quitada – depois do desentendimento da

falta de pagamento durante a sua turnê. Mas ainda assim, eu pedi ao meu irmão Todd para

checar as contas depois que eles se mudaram. Havia uma nota de evicção próximo a porta e

uma pilha de contas a serem pagas. A grama também estava alta, Todd teve que cortá-la.

Policiais foram chamados pelos vizinhos achando que Todd era um intruso, tentando saber se

o famoso Eminem, morava ali. Todd tentou protegê-lo dizendo que achava que uns amigos

dele estavam na casa enquanto ele viajava em turnê.

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Eu liguei para Kim para saber o que estava acontecendo. “Nós não queremos a porcaria do

seu trailer!” ela disse. Suas palavras me cortaram como uma faca. Não era um trailer: era uma

casa grande com suíte, dois quartos. Kim tinha jogado fora todos os meu pertences junto com

uns desenhos de Marshall e fitas demo dele. Ele jogou fora até uns vídeos dela com Marshall.

Eu pedi para Todd pegar tudo o que ele conseguia. Entrei no carro e dirigi até Michigan. A nota

d despejo e as outras contas estavam tudo em meu nome. Eu precisava de um advogado para

resolver tudo e impedir o despejo.

Fred Gibson tinha um grande anúncio nas páginas amarelas, então eu liguei, disse quem eu

era e que precisava de ajuda. Ele pediu para que eu fosse a seu escritório em Sterling Height

levando todos os documentos. Ele estava calmo e me assegurou que iria resolver o assunto.

Eu cheguei ao escritório de Gibson algumas horas depois. Era um prédio alto e eu fiquei

impressionada que ele parecia ser dono de todo um andar. Eu contei a ele sobre as notas de

evicção e os problemas que Kim causou. Ele me perguntou sobre Marshall, eu disse a ele

sobre a horrível referencia que meu filho fez de mim a Rolling Stone. Gibson não sabia de

Eminem a principio, estávamos só conversando. Ele era muito simpático, um rosto de bebê e

um olhar de garoto. Ele parecia legal, me disse que iria resolver o problema do imóvel e limpar

meu nome na praça.

Ele pediu que eu levasse uma cópia da revista para que ele pudesse pesquisar e ter as datas

certinhas. Depois eu dirigi até a casa para encontrar com o leiloeiro, ele estava avaliando o

local, coletando as fitas, escovas de cabelo, e pastas de dente. Ele queria saber se eram de

Marshall. Ele não disse Marshall é claro, era o Eminem quem ele estava interessado. Ele

achava que aquilo tinha valor e poderia ser leiloado. Depois Kim tentou protelar o leilão. Mas foi

marcado para o meio da semana quando poucas pessoas estavam presentes. Kim exigiu que

eu parasse a venda da casa e passasse para ela. Tentei dizer que tinha de pagar o banco e

não sobraria muito. Imediatamente ela ligou para Marshall dizendo que eu estava vendendo o

local e planejava pedir ele para assinar uma parede para o novo comprador. Mais uma vez ela

estava me dando problemas.

Pela primeira vez a minha ficha caiu: Marshall realmente era famoso.

Algumas semanas depois eu fui ao escritório de Gibson levando as revistas. Eu tinha que

retornar a Saint Joseph então ele me fez assina alguns papeis. Preenchi o normal, nome,

endereço, data de nascimento, CPF. Depois assinei o documento, apertei as mãos dele e sai.

De vez em quando Gibson me passava um fax informando que estava tudo bem. Eu ligava

para ele e ele dizia: “eu sou o advogado, me deixe fazer o meu trabalho”.

No dia 17 de setembro, Marshall ligou para mim aos gritos. Ele dizia: “Você esta tentando tirar

a comida da boca da minha filha!!”. Eu pedi para que ele se acamasse. Nunca o tinha visto com

tanta raiva. O que eu estava pensando, ele exigia saber. Por que eu o estava processando por

10 milhões de dólares? Eu não tinha ideia do que ele estava falando. Depois Nathan gritou

para que eu ligasse a televisão. Estava em todos os noticiários: eu estava processando

Marshall por difamação e danos morais. Eu estava em choque – senti que o minha vida estava

ficando fora de controle.

CAP 19

Eu não queria processar o meu filho por difamação, eu só queria impedir que minha casa fosse

a leilão e resolver os meu problemas financeiros. Gibson disse que eu não precisava me

preocupar. Ele disse que processar Marshall por difamação seria uma forma de chamar a

atenção dele, e fazê-lo parar de falar mal de mim em público. Eu sentia que estava em um

pesadelo e precisava acordar. A ultima coisa que eu queria era deixar o meu filho triste, eu não

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queria o seu dinheiro. Eu não tinha nem idéia da onde tinham tirado esses 10 milhões de

dólares. De acordo com os documentos do processo que Gibson deu entrada no Tribunal de

Macomb County Circuit, em Michigan, eu sofri danos a minha reputação, estresse emocional,

perda de auto-estima, humilhação, ansiedade devido as declarações de Marshall a Rolling

Stone, Source, Rap Pages, e no programa de rádio de Roward Stern. Nos documentos do

processo havia apenas uma pequena referencia do fato que minha casa estava indo a leilão.

Mas isso tudo era verdade – meu filho estava me destruindo. Gibson enviou um contrato para

um acordo para o tribunal em vez em enviar para Marshall. O empresário de Marshall, Paul

Rosenberg, respondeu dizendo: “A vida do Eminem reflete em sua música. Tudo o que ele

disse é passível de verificação. A mãe dele tem ameaçado processá-lo desde o sucesso de

seu primeiro single ‘My Name Is’. É apenas o resultado do longo e conturbado relacionamento

dele com sua mãe. Independente disso, ainda é muito doloroso ser processado por sua própria

mãe”.

Rosenberg e eu nunca tínhamos nos visto pessoalmente. Só eu sabia que sempre mantive os

interesses do meu filho em primeiro lugar e nunca ameacei processá-lo por ‘My Name Is’. Eu

estava terrivelmente decepcionada por suas letras, especialmente a parte que ele fala de meus

seios. Isso foi horrível porque em seu nascimento eu estava com uma infecção sanguínea e

não pude amamentá-lo. Eu achava a letra boba, ele podia fazer melhor que aquilo. Marshall

disse que era tudo uma brincadeira e que ninguém iria levar aquilo a serio.

Marshall e eu fomos aconselhados e não responder em público sobre o processo – tudo teria

que ser tratado pelos advogados. Mas uma pessoa da gravadora me telefonou um dia. “Me

faça um favor” ele disse. “Continue fazendo o que está fazendo. Nós estamos vendendo muitos

álbuns”.

Em outra ocasião Marshall ligou pedindo exatamente o contrario. “Tudo que eu quero para o

meu aniversário, para o dia dos pais, para o natal e todos os outros feriados é que você pare

com esse processo,” disse Marshall. “Eu te dou 25 mil dólares. Eu vou cuidar de você pelo

resto da minha vida”.

Eu fiz tudo que podia para parar com o processo. Minha vida com Marshall estava em jogo.

Minha mãe entrou na onda dos processos, quando Marshall pediu ela para usar uma gravação

de Ronnie em uma de suas faixas ela também ameaçou processá-lo. Isso eu achei estranho.

Ela tinha passado o ultimo ano se gabando para quem quisesse escutar que Eminem era seu

neto e que ele havia gravado algo com seu filho Ronnie. Ela até tinha começado a vendar

camisas do Eminem dizendo que ela tinha a autorização dele. Mas minha mãe sempre mudava

de lado, ora me defendia ora me atacava. A família toda tentou entrar no caso.

Marshall falou sobre minha mãe do Detroit News. “Minha avó esta me barrando. Eu amava

Ronnie. Tenho uma tattoo sobre ele no meu braço. Quero fazer um tributo a ele. Deixe o

publico decidir por eles mesmo o quanto a minha família é idiota. Minha família nunca me

apoiou. Eles esperam coisas de mim porque temos o mesmo sangue”.

Todos que haviam se juntado a família por conta de casamentos, sejam meio-irmãos, meio-

primos, ou parentes distantes que nem sabíamos que existiam agora queriam um pedaço de

Marshall. Bruce saiu de sua caverna. Ele deu entrevistas dizendo que tentou manter contato

quando nosso casamento acabou, mas não tinha idéia de como nos encontrar. Considerando

que as tias de Bruce, Edna e Nan, que viveram na mesma casa por quase 50 anos, e sempre

foram uma grande presença na vida de Marshall, Bruce não fez muitos esforços. Eu queria

gritar dizendo que Marshall tinha escrito cartas a ele, e que ele mandava elas retornarem

dizendo que “endereço não estava correto”. Mas por causa dessa porcaria de processo eu não

podia dizer nada.

Me disseram que Bruce junto com seus filhos, Michael e Sarah tentaram ir no backstage para

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conhecer Marshall. Ele se recusou a vê-los soltando sua fúria no “The Marshall Mathers LP”

lançado em maio de 2000. Dizia que seus parentes estavam processando ele, ou brigando por

ele, faz referencia a seus meio-irmãos que nunca tentaram entrar em contato com ele até que

viram ele na televisão. Mas suas piores palavras foram reservadas para mim. Agora eu era a

vadia ciumenta que estava processando ele por cada pílula que ele tinha tomado de mim.

Alegando que ele havia começado ele habito de mim, encontrava drogas ate no meu lençol.

Eu tomava remédios prescritos e nunca fiz segredo disso, mas nunca tomei nada ilegal com

tudo que passei na minha vida, é claro que eu visitava os médicos algumas vezes para que

eles me receitassem algo para os nervos. Fui convidada a responder em minha própria faixa de

música com o grupo de rap chamado Identity Unknown ou ID-X. Se eu não podia me defender

um púbico sobre o processo eu podia me defender na música. Nós conhecemos no estúdio em

Georgia e me deram, literalmente cinco minutos para escrever a carta aberta ao Marshall.

Originalmente dói chamado de “Set The Record Straight” mas até terminarem a mixagem

optamos por “Dear Marshall”.

Eu comecei o poema dizendo que eu ainda o amava, mas que nós tínhamos nossos

problemas, que havia algo de errado entre nós. “Eu estava muito feliz pelo seu sucesso, ainda

um pouco decepcionada pela sua traição”. Eu escrevi explicando que havia tentado ser uma

mãe e um pai para ele, dava a ele tudo o que ele queria porque ele era perfeito em meus olhos.

“Meu amor incondicional criou um jovem mimado e nervoso”, eu escrevi. Eu terminei pedindo

para que ele pare com seus ataques, e reveja suas letras. “Será que o verdadeiro Marshall

Mathers irá se revelar? E tomar responsabilidade por seus atos”. O CD foi lançado para

silenciar a impressa musical. Ficou disponível apenas na internet, e até hoje eu não tenho idéia

de quantas cópias venderam. Nathan tocou a faixa para Marshall.

“The Marshall Mathers LP” vendeu mais de 1,7 milhões de cópias na primeira semana,

derrubando Britney Spears “Oops! I did it again” do topo das vendas. O primeiro single “The

real slim Shady” incomodou muita gente incluindo Christina Aguilera. Ela havia aborrecido

Marshall ao revelar na MTV que ele era casado. Ele respondeu falando sobre ela em suas

letras, dizendo que ele havia contraído uma doença sexual por causa dela e que ela havia

dado sexo oral a Fred Durst do Limp Bizkit e ao apresentador da MTv Carson Daly. Eu sentia

pena da Christina, ela só tinha 19 anos e já estava exposta daquele jeito. Mas quando

perguntaram se ela iria processá-lo ela respondeu. “Processar pessoas como ele requer que

alguém o leve a sério. É obvio no som que ele faz isso para incomodar as pessoas”.

Seguindo a faixa de "The Slim Shady LP" "Bonnie and Clyde" onde Marshall usa a voz de

Hailie, havia a faixa "Kim". Ele disse que era uma música de amor, descrevendo seus

sentimentos quando ele descobriu que Kim estva traindo ele. Termina com ele a enforcando.

Desnecessário dizer que Marshall e Kim estavam tendo problemas de novo. No dia 3 de junho

ele seguiu Kim até uma loja de som para carros onde ele começou a discutir com Douglas Dail,

empresário do grupo rival Insane Clown Posse. Não era de meu conhecimento mas Marshall

estava usando uma arma para proteção. Dail alega que Marshall apontou a arma para ele.

Horas mais tarde, Marshall pegou Kim beijando seu ex-segurança John Guerra no

estacionamento do Warrens Hot Rock Café. Novamente, Marshall fez uso da arma, não estava

carregada, mas Guerra alega que Marshall o bateu com a arma duas vezes e ameaçava mata-

lo. A policia levou Marshall e Kim sob custódia. Marshall dizia que ele nunca tinha sacado a

arma, ela tinha caído de suas calças largas.

Marshall me disse depois que os policiais pediram seu autografo enquanto fichavam ele. Kim

foi acusada de perturbação a paz. Marshall foi afiançado na manhã seguinte sendo acusado de

porte ilegal de arma e agressão. Mas quando ele saiu da delegacia de policia outro oficial ligou

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para seu celular. Dail havia feito denuncia sobre o incidente um dia antes.

Eu perguntei para ele porque ele carregava uma arma, ele dizia que precisava porque estava

sempre sendo assediado. “Filho onde estão seus seguranças?” eu perguntei. Acabou que o

segurança de sua confiança, Byron Williams, mantinha um diário e planejava escrever um livro

sobre Marshall. Meu filho ficou devastado. Ele pensava em Williams como um amigo. Ele ficou

tão mau que dispensou Williams e o resto dos seguranças. Eu não acreditava que ele andava

em Detroit sem nenhum proteção e que estava carregando uma arma. Ele sabia que eu odiava

armas de qualquer tipo. O marido de minha Irma Tanya, Lynard, havia ensinado Marshall a

atirar alguns anos atrás. Ele ficou apaixonado por armas desde então.

Marshall se preocupava com a segurança da sua casa em Sterling Heights, próximo ao trailer

park. Era em uma avenida principal com uma grade baixa que todos conseguiam pular.

Frequentemente ele achava fãs nadando em sua piscina. Alguém incendiou sua caixa de

correio. Ele se preocupava em ir a porta para pegar o jornal.

A casa tinha uma garagem grande, mas somente uma entrada. Fãs bloqueavam essa entrada

com os carros. Quando eu fui deixar Nathan lá eles tentaram me persuadir para deixá-los

entrar. Era tanta gente que me assustava.

Marshall cobria seu rosto sempre que saia na esperança de não ser reconhecido. Uma semana

depois de sua prisão ele estava no palco em Portland, Oregon, quando ele anunciou que as

noticias sobre os seus problemas no casamento não eram verdade, que Kim estava no

paraíso. Depois ele pegou uma boneca de sexo inflável e ficou fazendo gestos escabrosos com

ela, depois jogou ao público, e depois encorajou o povo a bater na boneca da “Kim”.

No dia 7 de julho,enquanto Hailie estava assistindo Tv no andar de baixo com sua prima

Alaina, Nathan e a mãe de Kim, Kathy, Kim quebrou a sua foto de casamento e toda a mobília,

depois foi ao banheiro e tentou cortar seu pulso. Mas ela cortou de maneira errada e acabou

precisando apenas de um curativo. Kathy ligou para a policia. Aparentemente Kim disse a elas

“Tem que haver um lugar melhor do que esse”.

Tudo isso foi acompanhado calorosamente pela mídia. Kim nunca tinha dado entrevistas, mas

ela escreveu uma carta ao Detroit Free Press depois de ser presa em Junho dizendo: “Eu não

acho que ninguém com a mente sã iria trair o seu marido milionário – especialmente com um

Zé ninguém e um barzinho local”

Ninguém que conhece Kim levou sua tentativa de suicídio a sério. Durante anos ela tem criado

dramas. Ela sempre estava se trancando no banheiro, quebrando espelhos, e quebrando tudo

em seu caminho. Todos costumam ignorá-la.

Marshall decidiu que era hora de mandar um alerta para ela. Em agosto, depois meses depois

de seu primeiro aniversário de casamento, ele entrou com o pedido de divorcio, esperando que

isso a chocasse e a acalmasse. Isso funcionou por uns dias. Ela concordou com a

reconciliação. Depois, ela entrou com o pedido de divórcio – e deixou claro que era sério.

Marshall ficou devastado.

Marshall dizia que sua vida começou a sair dos trilhos no ano 2000. Ele foi traído por seu

segurança, enfrentava uma pena de 5 ou mais anos na prisão, eu o estava processando junto

com John Guerra, brigava com Kim pela custódia de Hailie e odiava a fama que ele passou

anos buscando. Eu concordo que o ano 2000 foi bem pior que em 1999.

Nan tinha agora 88 anos e estava com a saúde bem debilitada. Ela pesava 55 kg e eu sabia

que ela estava morrendo. Ela sempre foi uma constante na minha vida e uma mãe para mim.

Enquanto sua saúde piorava Nan e eu falávamos sobre o céu. Eu assegurava ela que se

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existia alguém que merecia ir para lá, essa pessoa era ela. Ela cuidou de mim, Steve e Todd –

todos nós. Eu dizia que ela não tinha que se preocupar com a morte, que ela estaria aqui por

muito e muito tempo. Infelizmente eu estava errada, Nan viveu apenas 3 meses depois de tudo

isso. Eu queria ter estado lá quando ela se foi. Eu estava em Missouri quando eu recebi a

ligação. Foi um dos dias mais tristes da minha vida. A morte dela me atingiu muito. Ela tinha

nascido em 6 de junho de 1912. Ela odiava tanto 6 em sua data de nascimento. Sempre teve

uma vida saudável. Mas não foi fácil perde-la. Ela podia ter vivido muito mais.

Quando ela morreu, a filha dela Joyce, levou suas cinzas para Alabama para uma tribo local

onde ela era descendente. Joyce queria que eu pedisse a Marshall para ajudar a construir um

memorial para Nan. Nan sempre disse que queria ser enterrada próximo a seu irmão em

Michigan. Eu estava furiosa que seus desejos tinham sido traídos e agora todos esperavam

que Marshall pagasse por tudo. Nan não teria aprovado isso. Ela nunca tirou nada de ninguém.

Ela passou a vida cuidando dos outros e sempre foi muito boa em dar conselhos. Eu me

pergunto o que ela achava dos fãs do meu filho, que agora me chamavam de porca e cuspiam

em mim.

Eu me acostumei a ser reconhecida. Com o meu nome e cabelos loiros eu não passava muito

despercebida. Mas ate então os fãs tinham sido educados, apenas pediam autógrafos e sobre

um ou outro detalhe sobre meu filho.

A maioria das pessoas em Missouri vão a igreja, ainda assim os abusos que eu Sofia não era

coisa de pessoas cristãs. Um dia, no East Mill shopping em Saint Joe, dois garotos correram

em minha direção, puxaram meu cabelo e me bateram. Nathan e eu fomos ao cinema,as

crianças que sentaram atrás da gente colaram chiclete no meu cabelo. Qualquer lugar onde eu

iria eu era encurralada por adolescentes que gritavam coisas absurdas para mim.

Eu parei de ver programas de Tv sobre meu filho. Era muito triste. Oficialmente, eu tinha me

tornado a mãe mais odiada dos Estados Unidos.

CAP 20

Kim e Marshall se reconciliaram brevemente antes da separação oficial. Como se estivesse me

copiando, ela processou ele por 10 milhões de dólares, clamando que ele a difamou na música

“Kim”. Eles não tinham um acordo pré-nupcial e Kim deixou claro que ela não estava apenas

buscado a custódia de Hailie, mas queria “acertar as contas” com Marshall.

“Eu estou deixando seu filho. Ele não vai se recuperar disso sozinho. Eu não sou a mãe dele”.

Kim disse em um raro telefonema para mim. Eu disse a ela que sempre estaria lá para cuidar

dele. Ela começou a gritar no telefone “Eu não sou a mãe dele”. Depois ela disse que estava

indo se mudar para um apartamento co Hailie e ninguém deveria saber onde elas estavam.

Ela gastava e gastava a vontade. Não pensava duas vezes em comprar roupas de marca como

as da Dillard’s. Ela só comparava coisas caras. Marshall tinha tantas roupas que ele não sabia

o que fazer com elas. Ele dava malas de roupas para Exército da Salvação.

Especialistas musicais estimavam que Marshall valia mais de 30 milhões de dólares. Eu

duvidava disso. Mas aparentemente ele não se importava em dar gorjetas altas para os

garçons. Antes dele se separar de Kim, ele encheu a mãe e o padrasto de Kim de presentes.

Comprou para eles carros, móveis, casacos de pele, jóias – muito mais coisas. Ele ainda

tentava agradá-los.

A imprensa fala que nós dois não conversávamos mais, mentira, nos falávamos sim. Nossa

conversa as vezes era tensa – eu ainda estava tentando impedir o meu processo contra ele –

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mas como sempre ele terminava nossas ligações dizendo que me amava. Em um Dia Das

Mães flores chegaram em minha casa com o seguinte cartão: “Com amor, Marsh, seu filho

número um”. Ele não gastava o dinheiro dele comigo, mas eu não me importava. Eram as

coisas pequenas que contavam. Um dos pertences mais preciosos que ele me deu foi um

pôster assinado por ele antes de se casar com Kim. Ele dizia: “Eu te amo, mesmo que você

tome mais remédios que meu haha”.

Ele não estava rindo da sua separação com Kim. No telefone sua voz estava murcha. Ele

soava miserável. “Eu a amo”, ele me disse.

“Eu acho que ela e um hábito” eu dizia. “E hábitos ruins são difíceis de quebrar. Se você tiver

senso você não irar andar, mas sim correr para longe dela”. Ele podia ter qualquer mulher do

mundo, mas a única que ele queria não queria ele. Era de partir o coração ver ele tão

miseravel. Eu tentei falar com ele que havia muitas mulheres por ai que poderiam amar ele.

Mas tudo que ele pensava era na rejeição de Kim. Ele a conhecia desde os 15 anos, quase

metade da vida dele. Ele estava costumado a ter ela por perto.

Alem disso tinha Hailie e também Alaina, sobrinha de Kim que ele formalmente havia adotado.

Ele tinha medo de perde-las. Eu ofereci para cuidar delas mas minha meia irmã Betti Renee e

seu marido Jack, haviam se tornado seus caseiros. Eles cuidavam das meninas quando

Marshall não estava por perto. Eles não eram a minha idéia de governantes ideais. Eu tinha

raiva que Betti Renee ainda estava naquela casa. Marshall disse que foi idéia de Kim, ela e

Betti Renee adoravam festejar. Não importava que Kim e Marshall estavam separados agora,

ela ainda tinha poder sobre as coisas que ele fazia.

Nathan queria passar o natal com seu irmão mais velho. Ele estava preocupado com ele.

Marshall deu entrevistas dizendo que ele havia tentando uma overdose de analgésicos pouco

depois do nascimento de Hailie. Eu não sabia disso. No entanto, Nathan agora estava muito

preocupado com Marshall. Eu falava com Marshall no telefone e ele parecia muito depressivo.

Kim havia brincado com ele pelo que parecia ser a última vez, e o mundo todo foi testemunha

disso. Eu disse a Nathan que sairíamos de Missouri para i a Michigan ver Marshall.

Rapidamente fizemos as malas e saímos.

Mas Betti Renee estava lá. Quando eu parei para deixar Nathan ela ordenou que os

seguranças me tirassem da área. Então eu dei entrada em um hotel. Nathan voltou cedo

naquela noite dizendo que não se sentia confortável porque a casa estava cheia de parasitas.

Eu aluguei uns filmes de DVD e chamei uns antigos amigos dele. Passamos o resto da semana

vendo filmes antigos.

Nathan queria sair em turnê com Marshall. Eu não tinha certeza sobre isso, mas Marshall me

disse no telefone, “Eu prometo não haverá álcool, nem drogas. Eu não vou deixar ele chegar

perto de nada disso”.

Quando Nathan voltou ele me contou as coisas que aconteceram, disse que havia coelhinhas

da playboy, e mulheres bonitas por toda parte, o pessoal fumava maconha no ônibus, ele dizia

coisas que fazia o meu cabelo arrepiar. Eu sempre encorajei os meu filhos a falarem tudo

comigo, nada era um taboo.

Marshall também se afligia pela forma como Kim tratava sua fama. Ela tinha inveja dele.

Reclamava que não podia ir a lugar algum. Ela não escondia o fato de que ela estava saindo

com outro homem. Ela ainda tinha força sobre Marshall. Ele não podia namorar mesmo depois

que eles se separaram, mas ela podia fazer aquilo que ela bem entendesse.

Marshall colocou a casa em Sterling Heights a venda. Eu nunca entrei lá pois Kim sempre

chamava a segurança para mim se eu fosse fazer qualquer coisa alem de deixar presentes

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para Hailie e pegar Nathan quando ele os visitava. Geralmente eu nem saia do carro. Em uma

ida pela casa consegui olhar pela porta de vidro, mas apenas pude ver os lustres e o chão de

mármore. Logo Marshall achou outro lugar em Mancherster Estates perto de Clinton Township.

A mansão era dentro de um condomínio fechado, fácil de barrar os fãs.

O julgamento do processo de John Guerra contra Marshall foi agendado para o dia dos

namorados. Ele me ligou da Europa, onde ele estava fazendo turnê, ele tinha medo de ser

condenado e ir para a cadeia e não ver Hailie pelos próximos 5 anos. “Você vai ao

julgamento?” ele perguntou. Mesmo que estávamos envolvidos em um processo e de acordo

com a mídia não estávamos nos dando bem, meu filho precisava de mim. Eu não hesitei. Eu

pularia na frente de um trem se ele me pedisse.

Nathan, que já tinha quase 15 anos, viajou com Marshall em turnê novamente. Eu me

preocupava então ele me ligava todas as noites para dizer que estava tudo bem. Eu temia por

Marshall também, na sua turnê da Alemanha ele saiu do palco para a delegacia de policia,

porque ele, aparentemente, simulou um assassinato no palco e engoliu uma pílula de ecstasy.

A próxima parada foi na Inglaterra, onde a policia alertou ele que seria preso se pego com

alguma substancia ilegal.

Não era difícil acompanhar as noticias do meu filho. Tudo que tinha de fazer era ligar a TV ou

comprar um jornal que ele estava la. Meu telefone a minha empresa de taxi não parava de

tocar, jornalistas da Europa querendo me entrevistar. Alguns chegaram a aparecer na minha

porta.

Um jornal britânico chamado Mail on Sunday me ofereceu uma chance de acertar as coisas.

Abaixo está parte do artigo que escrevi:

“Eu quero tentar explicar a seus fãs – e todos os pais que estão chocados com as letras de

suas músicas – o que faz o meu filho funcionar. Eu quero que as pessoas entendam que

aquele cara cheio de ódio no palco é o Eminem, e não o meu menino Marshall. Basicamente,

ninguém deve levar o que ele fala a sério. Ele não odeia as mulheres, ou os homossexuais e

ele não é violento. Ele esta fazendo dinheiro dessas coisas negativas, porque do contrário ele

não conseguiria. Quando ele começou a escrever essas coisas pesadas eu perguntei para ele

o porquê. Ele disse que quanto mais pesado, mais as pessoas o amam”.

A imprensa européia tirou um dia só para falar de Marshall. Eles falavam que ele era o inimigo

público numero 1. Eles relacionaram os shows dele aos discursos populares de Hitler para os

jovens, tudo por causa de suas letras cheias de ódio aos homossexuais e as mulheres.

Abaixo vai uma parte do artigo que foi publicado no Daily Mais antes dele chegar ao Reino

Unido: “O fenômeno Eminem dividiu o mundo. Suas letras violentas, grotescas, profanas tem

perturbado os pais. É de preocupar já que o presidente americano, George W. Brush,

descreveu ele uma vez como ‘O maior perigo para as crianças americanas desde de o pólio’.

Grupos cristãos se preocupam com o impacto de suas músicas com os jovens. Oradores

influentes da Direita sugeriu que talvez, os pais precisassem arranjar exorcismo para seu filhos

caso eles passem muito tempo sob a influencia das músicas de Eminem”.

O artigo continuou dizendo que os jovens não levam as músicas dele a serio, que seu

personagem louco “Stan” de seu último sucesso era considerado “um belíssimo comentário

sobre a fama moderna”. Ao longo do texto meu filho é comparado com Gerard Manley Hopking

e Elvis Presley.

O jornal britânico Daily Mirror entrevistou Bruce. Mais uma vez, ele alega que eu desapareci

com Marshall e que ele passou anos procurando por nós. Parte do artigo dizia:

“Conversamos em seu modesto flat em San Diego, California, o trabalhador de uma fábrica

apenas queria que seu filho, o raivoso rapper, soubesse que ele está atrás de seu perdão – e

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não o seu dinheiro. A única lembrança de seu filho é uma antiga foto de um bebê que ele

pegou quando partiu”.

Cuidando para controlar suas emoções Bruce dizia: “Eu desesperadamente quero conhecer

meu filho e dizer a ele que o amo. Não estou interessado em seu dinheiro. Só quero falar com

ele. Eu quero que ele saiba que estou aqui para ele, caso ele me queira em sua vida”. Ele dizia

que só tinha uma foto de Marshall quanto bebê, algo que achei muito estranho, porque o livro

de bebê de Marshall – que eu deixei para trás quando fugimos de Bruce – de alguma forma

apareceu em um jornal na Alemanha. A revista re-imprimiu as fotos e colocou o nome de Bruce

nos créditos. Pelo menos, no artigo da revista Mirror, ele reconheceu suas ações passadas,

dizendo que agora ele estava frequentando os Alcoólatras Anônimos e centros de

reabilitação.

Nathan voltou da Europa muito empolgado sobre os lugares que ele visitou. Ele disse que Kim

ainda conseguia fazer um estrago mesmo estando a mais de 5.600 quilômetros de distancia,

ela montou um circo quando não conseguiu falar com Marshall no telefone do hotel que ele

estava em Manchester. Pelo que parece a policia Britânica se precipitou ao acusar Marshall

sobre a pílula de êxtase. Elas eram balas comuns. Desnecessário dizer que eu estava aliviada.

Marshall alegou culpa pelo porte de arma. Eu estava furiosa, significava agora que ele tinha

uma ficha criminal. Mas ele disse que os advogados tinham um acordo com os promotores,

que concordaram em retirar as acusações mais sérias como a lesão corporal, onde ele teria

que cumprir 4 anos de prisão. Ainda assim, ele temia ser condenado a prisão, e pediu que eu

ficasse ao seu lado na leitura da sentença.

No começo de Abril, Nathan e eu fomos a Michigan, demos entrada em um hotel muito luxuoso

próximo ao tribunal de Macomb County. Nós ficamos no segundo andar, Marshall estava no

térreo. A equipe do hotel era ótima, porem mais cedo eles me pediram ajuda para arrumar o

quarto de Marshall. As coisas dele estavam todas espalhadas pelo chão, e porque ele era

famoso, eles não tinham permissão parar tirar nada do lugar.

Marshall acreditava que ele iria ser mandado para prisão por ser quem ele era. Mas insistia

que ele não estava com arma quando enfrentou Guerra. “Eu bati nele com meus punhos, a

arma apenas caiu da minha calça”, ele me disse. “Eu juro, se eu tivesse batido nele com a

arma eu teria feito um buraco na cabeça dele. Eu estava com muita raiva”.

Nathan e eu fomos ao tribunal antes da sentença terminar. Os bancos do tribunal estavam

cheio de jovens usando a camisa do Eminem. Meu coração foi parar na minha boca quando o

promotor pediu ao juiz que o condenasse a 6 meses de prisão. Marshall estava vestindo um

terno preto e gravata, de cabeça baixa e sem demonstrar emoção.

O Juiz Atonio Viviano, foi a favor da defesa. Ele condenou Marshall a 2 anos em condicional,

pelo falto dele ser réu primário e a arma descarregada. Ele também ordenou Marshall a pagar

as custas processuais em um total de $7.500 dólares, proibiu ele de ter posse de armas, e

ordenou a ele testes de drogas regulamente. Marshall também estava proibido de beber

excessivamente e para sair do país teria que pedir permissão judicial. “Eu considero a

condicional pena suficiente,” alertou o juiz, “Não é um tapinha nas mãos, por assim dizer. Mas

se você voltar a esse tribunal, eu posso ser tentado a sentenciar você a mais de 5 anos na

prisão”.

Nós estávamos muito aliviados. Eu odiava o fato dele ter uma ficha criminal, mas pelo menos

ele não foi mandado para cadeia. Ele ainda tinha mais dois julgamentos para passar, de

Douglas Dail do Insane Clown Posse e ainda brigava com Kim pela custódia de Hailie e o valor

do danos morais. E ainda tinha o meu processo, sempre que pedia ao meu advogado para

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parar com o processo ele dizia: “Já chegamos até aqui, não podemos parar agora”.

Marshall me ofereceu $25.000 dólares. Ele prometeu mandar diretamente ao meu advogado

ele dizia: “Eu juro por Deus que eu te ajudo pelo resto de sua vida. Eu só quero que você pare

com esse processo”. Eu já tinha mandado cartas e minhas ligações não estavam adiantando

nada. É claro que eu concordei. Ele sabia que faria qualquer coisa no mundo por ele. Eu liguei

para o advogado de Marshall Peter Peacock, e deixei uma longa mensagem em sua secretária

eletrônica, dizendo que queria um acordo.

Entre em contato com um advogado chamado Michael Marsalese. Ele concordou em ajudar

mas só tínhamos alguns dias antes do caso ir a julgamento. Eu esperei em Missouri porque

não podia mais faltar ao trabalho. Michael me ligou perguntando se eu tinha deixado um recado

para o advogado de Marshall. Eu disse que sim. Ele estava furioso por eu ter deixado essa

mensagem, pois o tribunal tinha uma cópia dela. Eu dizia: “Eu vou passar a atuar, a meu ver,

em meu próprio beneficio. Eu entendo que a oferta ainda estará disponível para mim de

$25.000 dólares e eu mesmo vou dar um jeito com o Sr. Gibson... eu só quero ver esse caso

encerrado, e arquivado de uma vez por todas”.

Michael disse que ele tentaria acertar as coisas, não assinamos nenhum contrato, foi tudo

verbal, mas não me importava com isso. O juiz aceitou o pagamento e o dinheiro foi para os

advogados. Tudo exceto $1.600 das custas processuais.

Marshall me ligou. “Eu não me arrependo” ele gritou. “Agora você irá se arrepender”.

Filho fique com o seu dinheiro, “Eu dizia”.

“Não, eu quero que você receba esse dinheiro. Você vai ver o quanto mau eu posso ser. E não

há anda que você possa fazer para me impedir”. Ele desligou o telefone na minha cara e não

consegui mais falar com ele. Ele mudou todos os seus números de telefone. Freneticamente eu

tentava falar com ele através de seu empresário, no estúdio, por sua equipe. Mas ele não

retornava minha ligações. Eu tinha perdido Marshall, tudo por causa de um mal entendido.

CAP 21

O pessoal da gravadora de Marshall disse que eu deveria continuar com o processo porque

eles estavam vendendo álbuns. Só Deus sabe o que falaram de mim para ele. Naquela época

qualquer coisa me fazia chorar. Marshall ainda ligava para falar com Nathan, ma ele se

recusava a falar comigo.

Se eu atendia o telefone ele apenas dizia: “deixe-me falar com meu irmão”. Em outras ocasiões

ele fazia o empresário dele ligar, e quando percebia que eu estava ouvindo o telefone ele falara

“Me deixe conversar com o Nate”.

Eu não podia ver Hailie. Marshall me ameaçou que eu nunca mais a veria. Eu ainda levava

presentes na casa dele – geralmente eram Barbies que eu sabia que ela adorava. Me disseram

depois que ela não brincava mais com bonecas. Ela tinha 5 anos e fingia servir drinks na

cozinha de brinquedo.

Marshall voltou ao tribunal para a sentença de Douglas Dail. Ele não alegou nada quando

acusado de carregar a arma em público. A juíza, Denise Langford, virou manchete ao

sentenciar em forma de rap: “Não erre, não caia, agora é a hora de você se levantar”. Ela

sentenciou ele a serviços comunitários e multa de $2.360 mais 1 ano de condicional.

Novamente ele tinha de se submeter a estes de álcool e drogas, e a juíza ainda adicionou

mais, ele tinha de pedir a permissão dela para sair do estado de Michigan. Agora ele não podia

mais deixar o estado.

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Nathan queria se mudar para Michigan por causa de Marshall. Precisávamos de um novo

começo. Marshall iria se apresentar no Detroit Silverdome. Nathan tinha muitos convites e

queria ir. Apesar de tudo eu tinha orgulho do meu filho, e queria vê-lo de novo. Mas quando

chegamos a bilheteria os ingressos não eram válidos. Acontece que tínhamos confundido a

data, os ingressos que tínhamos eram para o show da noite seguinte. Comprei então,

ingressos na mão de um cambista. Depois que entramos, fiquei em meu acento e esperei que

ninguém me reconhecesse.

O show mal havia começado quando Marshall começou a me atacar. Ele ficou parado no palco

e gritou para a platéia “Foda-se Debbie” e fez um gesto obsceno com seu dedo. Uma luz

correu a platéia e depois parou em mim. A platéia ficou doida. Uns bêbados atrás começaram a

me empurrar e a me xingar. Eu fui salva por uma repórter, ela me levou em segurança até a

área VIP. “Você vai se machucar lá em baixo” ela disse, “Tinha um cara derramando cerveja

em você”.

Desnecessário dizer que não fui ao show da noite seguinte. Eu estava muito triste. Depois

descobri que Marshall estava desapontado. Ele achou que eu estaria presente e se policiou em

seus dizeres e movimentos. “Por que ela não veio? Eu não disse ‘Foda-se Debbie’ para que ela

pudesse aproveitar. Eu limpei o ato por ela”, ele disse sem saber que eu tinha estado presente

na noite anterior.

Eu voltei a usar o meu nome do meio – Nelson – pela primeira vez desde que tinha 15 anos.

Eu mantive o Mathers depois do divórcio pelo bem de Marshall. Eu era infernizada pelo nome

Briggs. O mundo inteiro me conhecia por Debbie Mathers-Briggs. Eu odiava isso. Eu queria

que todos me deixassem em paz. Eu imaginei que ninguém iria me acusar de ser mãe do

Eminem se eu usasse Nelson. Mais uma vez, eu estava errada.

Quando eu levava Nathan para escola em Novembro, fui atingida por um caminhão que

tentava passar o sinal antes dele avermelhar. Ele disse que não me viu atrás da van. O

acidente pareceu estar acontecendo em câmera lenta, mas não havia nada que eu podia fazer

para evitá-lo. Eu só podia me preparar para o impacto, e me lembro de Nathan implorando para

eu levantar. Eu estava confusa pelo ar do airbag que havia explodido. Tudo estava vago e

nebuloso. A frente do meu carro estava toda amassada. O lado do Nathan também foi

destruído, ele tinha sangue por suas mangas.

O policial que entrou pela parte de trás do carro, segurava minha cabeça, ele achava que eu

tinha quebrado o pescoço. Mas eu tentei levantar e chegar a Nathan pelo sangue que saia

dele. “Não mãe, não sou eu que estou sangrando, é você”, ele disse. Eu fiquei no hospital por 4

horas esperando para levar os pontos acima do meu olho direito, quando Mr. Daniels, um

antigo caseiro que nós conhecemos, chegou. Nathan tinha ligado para ele. Ele disse que a

mídia estava acampada do lado de fora. Tínhamos que sair pelos fundos, sendo que eu

deveria ficar de cabeça baixa para evitar a imprensa.

Encontrei com Nathan quando voltei para casa. Ele estava perturbado porque o motorista do

caminhão perguntou para ele quando saia da delegacia de policia: “desculpe por sua mãe. Ela

morreu?”.

Novamente havia conversa entre os policias, em frente a Nathan, sobre como eu era odiosa.

Era cruel. Nathan fez meu irmão Todd e o Mr. Daniels procurar em todos os hospitais por mim.

Ninguém dizia nada a eles por causa de quem meu filho Marshall era.

Quando Kim entrou com o divorcio em março, ela disse que o casamento estava tão ruim que

“não havia nenhum sentimento bom que poderia ser preservado dali”. Ela queria custódia total

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de Hailie, junto com uma pensão de $2.740 dólares por semana para a criança, uma nova

mansão, e $10 milhões de danos morais.

Depois de 7 meses brigando nos tribunais, eles finalmente chegaram a um acordo. O juiz

ordenou que Marshall pagasse $1.000 dólares por semana para pensão da criança. A custódia

foi compartilhada: ele ficou co a casa em Clinton Township no valor de $450.000, e ela recebeu

$475.000 para comprar uma casa por perto. O valor dos danos morais foi mantido em segredo.

Mas tenho certeza que ela recebeu uma bolada.

Mas o plano de Kim de pegar mais tarde a custodia completa de Hailie – arma que ela usava

contra meu filho – foi enfraquecida seriamente, depois que ela foi pega com cocaína. Ela já

tinha sido pega por dirigir sob efeito de álcool, então quando a policia a parou em uma blitz de

rotina e descobriu as drogas, até Kim sabia que estava encrencada. Como sempre, quando ela

está com problemas, ela chama Marshall para resolver. De repente, ele era um cara importante

em Michigan.

Eu esperava que Marshall colocasse Kim no pasado. Ele estava aproveitando o sucesso, junto

com seus amigos do D-12, eles chegaram ao topo das paradas com o álbum do grupo “Devil’s

Night” e o single “Purple Pills”, e ele estava, em segredo, namorando a cantora Mariah Carey.

Pessoalmente, eu não tenho nada para falar da Mariah, já que eu e Marshall na estávamos nós

falando. Ma eu sei que eles, originalmente, pensaram em uma colaboração em uma música. O

que seria grandioso, considerando o quão diferente eles são. Mas isso nunca aconteceu, mas

eles se viam constantemente.

Que ele se apaixonou com Mariah não me surpreende. Ela lembra muito Kim. Marshall sempre

gosta de um tipo especifico de mulher: alta, loira, ossos grandes. Eu acho que Mariah tem uma

voz linda, eu estava feliz pelos dois.

Infelizmente eles ficaram juntos antes dela surtar em publico em Julho. Ela tinha terminado

com seu namorado de anos, Luis Miguel, e Marshall estava livre de Kim. Aparentemente, ela

voou em seu avião particular para Detroit, para convencer Marshall a aparecer no vídeo de sua

música “Glitter”. Ele fez ela esperar por 4 horas até falar que ele não queria trabalhar com ela.

Apesar da rejeição, havia um romance entre os dois. Umas semanas depois eles se

encontraram no apartamento dela em Nova York. Eles saíram com um grupo de pessoas

incluindo os rappers Eve e Run-DMC, beberam champanhe e as pessoas começaram a

comentar o caso. Os dois fizeram a equipe negar que eles eram algo mais alem de amigos.

Mas ai ela surtou. Depois de deixar umas mensagens a seus fãs no seu site, ela deu entrada

no hospital por severos danos emocionais e exaustão física. Um romance com meu filho era a

ultima coisa que ela precisava ali, mas eles continuaram a se vê depois que ela saiu da clinica.

Infelizmente ela não atuava de forma bizarra só no seu site: ela deixava várias mensagens de

voz para Marshall também. É de conhecimento comum que ele salvava essas mensagens. Não

demorou muito para chegar um boato no ouvido de Mariah que ele estava falando mal dela

para os amigos. Até hoje ela nega esse romance, dizendo que só se encontraram algumas

vezes. Marshall, sendo Marshall, deu uma entrevista a Rolling Stone logo depois que eles

terminaram dizendo “Eu não gosto dela como pessoa. Ela não é muito normal”.

Mariah respondeu na Inglaterra no News Of The World Sunday dizendo: “eu falava com ele

regularmente, mas não re um relacionamento, eu acho surpreendente ele interpretou as coisas

de maneira errada. Em termos gerais, eu acho que os homens têm que mentir sobre um

relacionamento sexual, quem interpreta uma amizade de forma errada deve ter razões para

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fazer isso. É curioso para mim”.

Ela não fez segredos que a faixa chamada ‘Clown” no álbum Charmbracelet era endereçada

para Marshall. Ela dizia que eles nunca se tocaram, a letra inclui linhas como “você não quer

que o mundo saiba... que o garotinho, senta sozinho em casa e chora”. Mariah disse ao

Sunday, “Muitas garotas se identificam com essa música, porque conhecemos muitos

palhaços”.

A briga aumentou quando Marshall tocou em um dos seus shows, no Anger Management Tour,

uma das gravações das mensagens que ela havia deixado. Chorando, ela implorava para que

Marshall entrasse em contato com ela, dizendo “eu ouvi que você voltou para sua ex-mulher?

Por que você não vem me ver? Por que não me liga?”.

Eu sinto pena de Marshall, mas quando se trata de Kim, nenhuma outra mulher jamais teve

chance. Ela segurava o meu filho por causa de Hailie. Havia mais do que isso. Marshall não

gosta de mudanças. E como sabemos, ele conhece Kim desde os 15 anos. Ele se acostumou

com a loucura e o abuso dela. Ela é um habito que ele não conseguia quebrar.

CAP 22

Kim Basinger me interpretou em “8Mile”, o filme sobre a vida do Marshall. No filme, a mulher

despenteada, bêbada, drogada tenta falar mal dos amigos dele. Sem duvidas um romance

entre Marshall e essa colega do set, que é 18 anos mais velha que ele, era bom para divulgar

o filme. Mas quem era totalmente louca por meu filho durante as filmagens era Brittany Murphy.

Ela passava muito tempo na mansão de Marshall. Eu não cheguei a conhecê-la, mas eu via o

olhar carinhoso e de adoração que ela dava a ele em show e nas divulgações do filme. Ele

estava lisonjeado mas ela não era o tipo dele.

Brittany é pequena, muito menor na vida real do que aparenta na TV. Ela me lembrava Amy, a

garota que Marshall estava namorando antes de Kim ficar grávida. Se eu pudesse ter escolhido

uma esposa para meu filho seria Amy. Eu adorava ela. Agora Byron Williams, o segurança que

traiu a confiança de meu filho escrevendo o livro chamando “Shady Bizzness”, dizia que

Marshall preferia as garotas mais novas. Havia fotos no livro dele de Marshall cercado por

mulheres. Eu acho que era só parte do show, meu filho apena posando para as câmeras.

Williams também tinhas umas palavras bem duras para falar sobre a ex-mulher de Marshall.

Em entrevista ao jornal britânico “Sunday Mirror” ele disse: “Eu vi ela jogar uma lâmpada no

Eminem no ônibus de turismo, derrubando ele. Cara, ele tem medo dela. Ela é uma mulher

durona e maior que ele. Eu me preocupe que ela mate ele ou que ele mate ela”.

Williams também se preocupava com as drogas que Marshall usava. “Ele era uma farmácia

ambulante. Eu me lembro de um dia que ele tomou 14 drogas diferentes. Começou com

ecstasy no café da manha, depois álcool, Vicodin, Valium, cogumelos, maconha, Tylenol 3 e

várias outras drogas”.

Como mãe, aquilo era uma coisa horrível de se ouvir. A mídia diz que ele chegou a tomar 13

ecstasy por dia e que ele não se lembra de muita coisa do ano de 1999, quando ele ficou

famoso. De acordo com eles, as turnês, os hits, e toda a bajulação são apenas borrões na

memória dele.

Meus amigos me perguntam constantemente por que eu leio coisas relacionadas ao meu filho.

Eles sabem como isso me afeta. Mas eu tenho que superar essas coisas por que as vezes, é a

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única maneira de eu saber o que esta acontecendo com ele. Williams testemunhou ele chorar

de frustração. Ele dizia que a fama, o dinheiro e o casamento o faziam sentir miserável. A única

coisa que o fazia sentir feliz érea Hailie. Eu ainda tentava falar com Marshall. Queria que ele

soubesse que eu estava aqui por ele. Partia meu coração vê-lo em tanta dor. Mas minhas

ligações foram em vão.

Bizarramente, a ex-mulher de Bruce Lesley e a filha dela Sarah – meia irmã de Marshall –

entraram em contato comigo. Eles pensavam que eu podia arranjar um encontro. Sarah disse

que ela viu o Eminem na MTv e achou que ele era a imagem cuspida de seu irmão, Michael.

Ela achou que era coincidência ate ver na Rolling Stone uma imagem minha segurando

Marshall quando bebê. Quando ela mostrou ao pai dela, ele aparentemente se lembrou de seu

filho esquecido. Ambas, Sarah e Lesley sabiam que ele tinha um filho do primeiro casamento.

Eles diziam se lembrar da carta que Bruce mandou voltar sem ao menos abri-la.

Elas eram ótimas pessoas, mas em uma conversa Sarah me perguntou, “Você acha que posso

pedir a Marshall um carro?” depois falou que ela estava brincando, que só queria conhecê-lo.

“Oh querida, por favor, não o peça”, eu expliquei que todos queriam um pedaço do meu filho.

Marshall uma vez contou que no final de um show, quando estava no backstage, havia várias

crianças segurando certidões de nascimentos alegando que eram que eles parentes por parte

pai dele. Ele expulsou todos, não o culpo.

Bruce e eu tivemos uma conversa estranha no telefone. Ele disse que ele “vagamente” se

lembra do nosso casamento. Eu perguntei por que ele dizia mentiras a imprensa: que eu havia

desaparecido e que ele não sabia onde estávamos. Ele mudou de assunto. Eu perguntei

quantos filhos ele tinha. Eu ouvi dizer que Heather, a garota que ele me traia quando

morávamos em Dakota do Norte, teve um filho dele. Havia boatos de mais alguns outros. Pelo

que sei, Marshall pode ter 7 a 8 meio-irmãos. Bruce disse que ele tinha 3 ou 4, mas não tinha

certeza.

“Você é inacreditável”, eu disse e desliguei o telefone.

Não era só a família que agia estranho perto de Marshall. Ele ligou para o médico uma vez,

porque estava com febre ala. O homem chegou lá com o filho, segurando uma câmera

fotográfica. Depois de tirar fotos eles saíram. “Merda, ele esqueceu de mim”, disse Marshall,

“agora vu ter que ligar de novo para ele vir me tratar”.

DeAngelo Bailey, que brigava Marshall na Dort Elementary, apareceu do nada. Ele anunciou

que estava processando Marshall por um milhão de dólares por invasão de privacidade e

calúnia. O aspirante a rapper disse que “Brain Damage” estava prejudicando a sua carreira e

fazia dele um alvo de zuação.

Mas ai Kim jogou a bomba atômica. Ela estava grávida. Ela se recusava a dizer o nome do pai.

Mas descobrimos que ele era Eric Hartter, um homem que tinha ido para prisão por porte de

drogas. Marshall estava furioso pelo bem estar de Hailie. Ele não queria um traficante perto de

sua filha e ameaçou a pedir a custódia definitiva.

Quando não estava cuidando de Hailie, Marshall se jogava no trabalho. Ele se fechava no

estúdio trabalhando na trilha sonora de “8 Mile”, seu novo álbum solo e produzindo mais

alguns. Nathan, que já tinha quase 16 anos, também estava trabalhando em sua carreira.

Jimmy Mann, advogado que me ajudou durante o processo de Fred Gibson e Marshall, se

tornou nosso empresário. Jimmy me ajudava a organizar as coisas, havia alguns shows de Tv

que queriam que eu aparecesse.

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Bruce Goodison, um aclamado documentarista britânico, queria fazer um histórico ao BBC

chamado “Eminem’s Mum”. Ele ligava constantemente para Jimmy e Michael até que eu

concordei que Nate e eu faríamos o filme. Fiquei feliz em ver que ele tinha colocado o meu

irmão Todd nisso também. Ele nos seguia por toda a parte e permitia que nós agíssemos

naturalmente.

Ele foi a Detroit com sua assistente Rosie, e passou meses junto com a gente. Ele brincava

comigo porque sempre pegava um cigarro quando as câmeras eram desligadas. Depois Bruce

disse, “depois de tudo que ouvi falar sobre você, eu achei que iria conhecer uma besta horrível.

Mas você é muito doce e muito centrada”.

Eu ainda estava me recuperando do acidente de carro que tinha sofrido em Novembro, e temia

como o meu olho danificado iria aparecer na tela. Nathan mostrou a eles fotos de como fiquei

depois do acidente. Os médicos disseram que com os machucados nas minhas costas e

cabeça, eu não poderia trabalhar.

O filme fechou com o aniversário de 16 anos de Nathan. Eu aluguei um salão por $1.700

dolares, ordenei muita comida e convidei todos os nossos amigos. Marshall concordou em

aparecer – ele não iria perder o aniversário de Nathan por nada.

Meu pai e Geri foram convidados para o aniversário de Nathan. Eu fiquei muito triste, eles

estavam mais interessados em tirar fotos com Marshall. Eu sentia que eles nunca o tinham

aceitado até que ele ficou famoso, e esqueceram completamente de Nathan, que estava se

apresentando no palco. Eu disse ao pessoal da BBC que eles não podiam filmar, isso fez eles

ficarem aborrecidos, mas eu não iria sabotar o aniversário de Nathan por nada nesse mundo. A

todos os outros convidados pedimos para que não tirassem fotos ou filmassem. Eu não queria

chatear o Marshall – era a primeira vez que o veria pessoalmente desde o dia no tribunal, 10

meses atrás.

Marshall me acusou de tentar tirar fotos dele. É claro que eu tinha uma câmera na mão, era o

aniversário de Nathan. Mas eu não tinha tirado uma foto de Marshall, exceto as que ele

aprovou com meu pai e ele. Ele me xingou e todos ficaram atentos a cena. Eu queria morrer.

Eu nunca o machucaria com fotos.

“Eu te falei para parar de tirar fotos!” ele gritou.

“Eu não estou tirando fotos” – eu disse.

“Me dê a porra dessa câmera!” ele gritou.

Box, segurança de Marshall tentou acalmá-lo. Mas eu acabei chorando, enquanto Marshall

saiu. Não era justo. Era o aniversário de Nathan, e ele estava arruinado agora. Eu fui para o

banheiro feminino me refazer.

Marshall estava sob muito estresse, mas eu não sabia disso na época. Acontece que a data

do seu novo álbum “The Eminem Show” era sempre refeita na medida que ele iria trabalhando

nele, assim como a trilha sonora de “8 Mile”.

O filme teve uma mistura de reações em Detroit e Warren. O pior lado de Detroit, uma cidade

fantasma, com prédio abandonados e drogados. Em 1996 a cidade ganhou o titulo de ser uma

das cidades com menos atrações para viagem. Não muito mudou depois disso.

Naturalmente, os fãs de Marshall em Michigan, amaram o fato de um filme inteiro ser gravado

em Detroit. A produção do filme ajudou na economia local. Algumas pessoas tinham esperança

que poderia ajudar a revitalizar a cidade. Outros ficaram com raiva que “8 Mile” não fazia anda

para melhorar a imagem da cidade.

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Marshall respondeu as criticam em uma entrevista ao “The Face”: É a capital mundial do lixo

branco. Eu sou um lixo branco, então qual é? Você não pode falar merda. Eu cresci nisso”.

Ele fez algumas referencias a minha pessoa também. Disse que as mães estariam felizes de

ver Kim Basinger as interpretando, e que eu estava reclamando disso. “Qualquer outra pessoa

iria levar isso como um elogio. Mas eu não acho que minha mãe é assim”, ele disse a revista

Blender.

Ele nunca pediu a minha opinião. Se tivesse pedido, teria falado que estava encantada que

Kim estava fazendo o meu papel. Eu acho que ela é uma excelente atriz e muito bonita.

Marshall insistia que o filme é uma ficção. Ele estava interpretando uma personagem

imaginário chamado Jimmy Smith. De fato, no final do filme há um anúncio que fala justamente

isso. Ainda assim, muitas pessoas presumiram que a história era verdadeira.

Marshall tinha me alertado no final do processo, que eu iria saber o quanto ruim ele pode ser.

Ele foi bonzinho com a suas palavras. “Without Me” o primeiro single do “The Eminem Show”

foi um corte direto na minha jugular. Ele usou a sua linha “Foda-se Debbie”. Partiu meu

coração quando eu ouvi. Ele não mais me chamava de mãe. Eu era Debbie agora.

Lynn Chenry, esposa do vice presidente, Limp Bizkit e Moby também foram atacados. A

musica entrou direto na Billboard no segundo lugar. No vídeo clipe tem Marshall fazendo

Batman e Robin – do mesmo jeito quando ele era criança que brincava pela casa com uma

capa. Tinha Nathan fazendo Marshall mais novo, o próprio Marshall zoando programas como

Jerry Springer show. No momento em que a cena mudou para Marshall vestido de Osama Bin

Laden, eu não consegui mais ver pelas lágrimas em meus olhos.

“Cleanin’ Out My Closet” pareceu – a principio – Marshall pedindo desculpas para mim. No

refrão ele fala que nunca quis me machucar. Depois no segundo verso ele se virou contra seu

pai. Até então, tudo bem. Mas Marshall salvou o pior pro final. Ele disse que me via tomar

drogas, alegou ser vítima da Síndrome de Munchausen By Proxy, que eu fazia ele acreditar

que era doente quando não era. Me humilhou por ter feito o Cd, disse que Nathan iria

aperceber que eu era uma impostora, que eu não iria mais fazer parte da vida de Hailie.

Ele terminou dizendo que queria que eu queimasse no inferno, porque quando Ronnie morreu

eu disse que preferia ver ele morto no lugar de Ronnie. Agora, de acordo com Marshall, eu

estava morta para ele.

No calor do momento – eu tinha acabado de enterrar Ronnie, Kim havia mandado recolher

meus móveis – eu disse que preferia que Marshall estivesse morto. Mas eu pedi desculpas

imediatamente e mais algumas cem vezes. Eu estava triste, e as palavras apenas saíram da

minha boca. Eu achei que Marshall tinha aceitado que não significava nada. Mas aqui estava

ele, 10 anos depois, jogando isso de volta em minha cara, falando para o mundo inteiro o que

eu tinha feito.

CAP 23

Eu comprei o “The Eminem Show” porque eu sempre dei apoio a tudo o que Marshall fazia.

Mas rasguei na minha agenda o lembrete e ver “8 Mile”. Eu sabia que não iria aguentar. Ainda

assim, eu tive orgulho dele quando em novembro de 2002 ele e tornou o primeiro artista a

alcança o topo de três listas diferentes ao mesmo tempo: filme, álbum e single. Ele conseguiu

mais um premio importante em 2003 quando “Lose Yourself” ganhou o Oscar.

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Ate o final de 2003 – com apenas 4 anos de carreira – Marshall já tinha mais de 7 Grammys, 2

MTV Movie Awards por “8 Mile”, 9 MTV Music Awards, e 8 MTV Europe Music Awards. Ele

também entrou para o Guinness Book como o artista que vende mais rápido. Ele tinha vendido

40 milhões de álbuns pelo mundo, e “Lose Yourself” era o single de maior sucesso, passou 12

semanas no topo das paradas americanas.

A primeira vez que ele foi nomeado ao Grammy em 2000, ele não se importou de ir a

cerimônia, presumindo que ele não riria ganhar. Ele sentiu o mesmo pelo Oscar, ele recusou o

convite de cantar “Lose Yourself” depois disse que ele dormiu rápido assistindo a cerimônia.

“8 Mile” foi aclamando pela mídia. O Los Angeles Daily News premiou o filme com 3 estrelas e

meia, dizendo: “É uma ótima aposta, e o diretor Curtis Hanson foi esperto o suficiente para usar

o carisma e a ferocidade do Eminem para criar um filme cativante que terá o mesmo impacto

para a geração hip-hop que ‘Os Embalos de Sábado à Noite’. ‘8 Mile’ não é autobiográfico...

É claro que todas as matérias mencionavam o papel de Kim Basinger como a mãe bêbada que

tinha um amante mais novo que o próprio filho. Não importava o esforço da Universal em falar

que o filme érea fictício, as pessoas automaticamente passaram a assumir que eu era do

mesmo modo como no filme.

Eu sabia que não iria conseguir ver o filme em um cinema, eu riria ficar muito chateada, então

eu esperei sair o DVD. Eu tentei assistir, mas sempre que eu colocava me dava nojo. Nunca

consegui ver o filme inteiro, apenas pedaços , até o verão de 2007. Todos me diziam para

assistir porque era ficção e não vida real. Eu ainda estava chateada, mas consegui assisti até o

final.

A personagem de Basinger da em cima do filho e dos amigos dele. É doentio. Ela é viciada em

álcool e bingo, o trailer é um chiqueiro. Agora, eu não bebo. E sou compulsiva quanto ao fato

de manter minha casa limpa. O filme “8 Mile” renovou o interesse das pessoas em mim. Mais

uma vez, revistas e jornais apareciam dizendo que eu nunca tinha trabalhado, que eu fingia

que as coisas aconteciam comigo em instalações públicas para que eu pudesse processá-los.

Eu nunca processei a Wal-Mart, Dollar Store, ou qualquer loja do varejo. Eu ouvi que alguns

membros da minha, enorme, família já o fez, mas eu definitivamente nunca.

Eu realmente entrei com um processo contra a Dort Elementary School depois que Marshall foi

atacado por DeAngelo Bailey. Os funcionários nada fizeram para protegê-lo. E as contas dos

medicamentos dele eram enormes, é claro que eu queria que eles pagassem. Mas o juiz

decidiu que as escolas eram imunes ao processo. Eu levei o caso a Lansing, capital do estado,

e eu sei que minha luta ajudou as coisas a mudarem. Eu organizei petições nos portões das

escolas, porque muitos pais na estavam cientes que as escolas não eram obrigadas a garantir

a segurança de seus filhos lá dentro. E como vimos mais cedo, essa minha luta resultou em

uma criação de um novo seguro para os pais comprarem. Marshall estava se recuperando

dessas lesões quando ele adquiriu uma infecção estomacal por um cachorro-quente. Ele

acabou no hospital tomando soro na veia. Eu levei a sobra da comida para o hospital analisar,

resultado que ele já estava vencido. Eu liguei para o gerente da empresa de cachorro-quente

para alertá-lo d problema e retirar os mesmos de circulação. Ele me ofereceu uma caixa de

salsichas grátis. Eu recusei. Marshall e eu não queríamos ver cachorro-quente tão cedo desde

que ele ficou doente. Depois me ofereceram $1.500 dólares, que obviamente aceitei. Eu

precisava do dinheiro para pagar as contas dos remédios. Mas Marshall alegava que o dinheiro

deveria ir para ele. No fim, eu dei a ele $200 ou $300 dólares – esqueci a quantia – e o resto foi

para pagar os medicamentos.

Fora do caso de Fred Gibson contra Marshall, foram apenas em duas ocasiões que eu

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processei alguém. Foi logo depois do incidente contra a Dort Elementary. Eu estava

trabalhando como modelo, para ganhar um dinheiro extra, os meus longos cabelos loiros eram

a minha marca. Eu fui dar uma aparada nas pontas, mas a cabeleireira, por alguma razão, não

foi com a minha cara.Ela era meio cheinha, e exigiu saber se eu sempre tinha sido magra

assim. Depois ela arruinou o meu cabelo antes que eu pudesse impedi-la. Eu fiquei com o

cabelo curto atrás e as laterais compridas com um franja de Cleopatra. Depois ela riu na minha

cara dizendo que fez apenas o que eu tinha pedido. Tinha um local que compravam cabelos

para fazer perucas para crianças com câncer. Eu acho que ela pretendia vender para eles.

Fiquei muito chateada que a processei. Não queria que ela fizesse com mais alguém o que ela

fez comigo. O juiz me indenizou em $1.500 dólares.

Depois eu fui ao dentista para tratamento de canal. Eu nunca tinha feito um trabalho longo na

boca, então eu não sabia o que esperar. Quando voltei da anestesia a enfermeira estava

dando pontos da minha gengiva. Ela me disse para morder um saquinho de chá que ajudaria

no sangramento, e também me passou uns analgésicos. Eu estava com muita agonia – não

conseguia me levantar direito por causa da dor. Em casa não conseguia entender porque

minha boca estava estranha, como se algo estivesse faltando. O dentista havia arrancado

quatro dentes do lado direito superior.

Eu tive que fazer uma cirurgia extremamente cara para concertar essa bagunça. O dentista

eventualmente foi preso acusado de 27 trabalhos mal feitos. A extração dos meus dentes

estava no topo da lista, mas mais tarde consegui indenização de $1.500 dólares. Novamente,

isso não cobriu as despesas médicas que tive para repara o dano.

Na época que “8 Mile” saiu, eu estava sofrendo de um tipo diferente de dor: a síndrome do

ninho vazio (empty nest syndrome). Marshall nunca tinha saído de casa. Ele tinha 26 anos,

com uma filha quando eu o deixei para casar com John Briggs. Nathan já era diferente. A

infância dele foi muito mais difícil que a de Marshall. Ele nunca curtia os feriados que íamos

para a Florida, Canada ou Tennessee, juntamente com o pai dele, Fred. Nathan nunca

entendeu porque Fred era tão bom com Marshall mas não queria saber dele. Eu não podia

explicar para ele também. Eu fiquei muito machucara quando Fred nos abandonou. Depois

perdi Nathan por 16 meses para a Assistência Social. Quando ele 14 o irmão dele já tinha se

tornado um astro do rap, o que fez ele crescer mais rápido ainda.

Nathan ia viajar em turnê com Marshall, mas era difícil para ele fazer uma amizade verdadeira.

Ele nunca sabia se a pessoa estava com ele porque gostava dele ou para tentar se aproximar

de Marshall. Ele trabalhava em seu próprio estilo de rap, mas tinha medo das pessoas

compararem ele com o irmão.

Marshall costumava proteger Nathan dos encrenqueiros, mas quando ele entrou em

condicional ele não pode mais fazê-lo por medo de dar uma confusão maior. Nate se tornou

amigo de um rapaz que o protegeu por um tempo. Mas descobrimos que ele roubava coisas do

Nathan como bonés e tênis. Quando um rolex que Marshall deu a ele de presente

desapareceu, Nate jurou se andaria somente com os amigos que conheceu antes de Marshall

ser famoso.

A situação entre eu e Marshall não ajudava em nada. Mas Nathan agia como um pacificador,

deixando as vias de comunicação aberta. Eu fiz tudo o que podia para deixar Nathan feliz.

Comprei uma casa em Fraser, uma comunidade pequena da Macomb County, deixei o porão

livre para o uso de Nathan. Alem das coisas de seu quarto, ele tinha uma mesa de bilhar, uma

Tv grande e seu próprio telefone. Era como se fosse um apartamento independente.

Ele era louco por uma garota. Uma modelo, 2 anos mais velha que ele. Ela era linda, eles

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formavam um lindo casal, eu estava feliz que ele tinha a oportunidade de ficar no porão junto

com meu filho.

No aniversário de 17 anos de Nathan, eu tive um pressentimento ruim. Intuição de mãe. Eu

estava no médico fazendo um check-up quando pressenti que algo estava acontecendo em

casa. Não sabia o que era, mas tinha algo errado.

Eu sai do hospital e fui para casa. Não consegui encontrar Nathan. Telefonei para todos, ate a

policia. Achei que ele tinha sido sequestrado Com a fama de Marshall e os inimigos dele no

rap, não sabia o que esperar. A policia ao podia fazer nada, aos 17 anos,Nathan já era maior

de idade.

Eventualmente ele foi encontrado na casa da namorada. Ele tinha decidido morar com ela e os

pais dela. Não durou muito, ele logo voltou para casa. Mas essas poucas semanas foram uma

eternidade para mim.

Eu já tinha lido algo sobre essa síndrome do ninho vazio, mas nada me preparou para o

choque. Desde 1972 minha vida sempre teve crianças presentes, por 30 anos eu cuidei de

Marshall e depois de Nathan mais algumas outras crianças. E de repente... nada mais. Eu

odiava ficar sozinha em casa. O silencio era insuportável. Eu estava acostumada aos sons dos

meu meninos. Sempre tinha um rádio ligado. Os amigos deles tinha se tornado meus amigos..

eles ainda telefonavam, mas não era o suficiente.

Eu entendia que Nathan queria crescer e ter seu próprio lugar, mas era difícil para mim. Eu

fazia tudo o que podia para me ocupar e não deixar o vazio tomar conta de mim. Eu reformei

minha casa, e me voluntariei para a associação de Mães Contra Bêbados Dirigindo.

Nathan namorou muitas garotas bonitas. Eu acho que ele as testava para ver se elas gostavam

dele por ele mesmo ou pelo irmão famoso. Mas eu não entendo porque meus filhos não sabem

escolher uma mulher que preste. Quando perguntaram no “The Face” quantas vezes Marshall

tinha se apaixonado, ele respondeu: “Uma, e é o suficiente para mim”.

Eu entendo que Kim tenha poder sobre ele por causa de Hailie. Mas ele nunca fez um esforço

para achar outra pessoa. Eu não acho que ele goste de mudanças. Kim sempre esteve

presente.

Seis meses depois dela dar a luz a filha de Eric Hartter, Whitney, em 2002, Kim voltou para

Marshall. Ele acolheu as duas, mas não demorou muito os problemas voltarem.

Na madrugada do dia 10 de junho de 2003, Kim foi parada pela policia por dirigir

perigosamente. Os oficiais acharam dois pacotes de cocaína no carro dela e um em sua posse.

Marshall, que estava em turnê, voou para Detroit para pedir a custodia integral de Hailie.

Depois em setembro, a policia entrou em uma festa que ela estava organizando, nas suítes do

Hotel Warren Candlewood. Ela admitiu que os convidados haviam tomado exctasy e fumado

maconha e foi acusada por incentivar o uso de drogas. Como se não bastasse as acusações,

ela não apareceu no tribunal no dia 7 de novembro. Cinco dias depois Marshall conseguiu,

temporariamente, a custodia integral de Hailie.

Kim se entregou em 19 de novembro. Ela corria risco de ir a prisão, mas pediu ao juiz a

substituição de pena, pagando $53.000 de multa, e foi obrigada a usar um dispositivo

eletrônico para condicional e se submeter a testes regulares de álcool e drogas.

Eu recebi um convite verbal de Nathan para ir ao aniversário de Hailie. Eu estava muito feliz.

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Nathan me alertou que Marshall impôs algumas condições: eu não deveria impedir Hailie de

aproveitar a festinha, e dar tempo para ela brincar com os amigos e andar de skate. Eu estava

muito feliz, comprei muitas Barbies, porque sei que ela ama essas bonecas. Mas eu senti que

as pessoas estavam olhando os presentes que eu dava para ela. Ela tinha tantos presentes,

um maior que o outro, que parecia um exagero.

Mas ela estava tão feliz de me ver, que sempre deixava os amigos para vir conversar comigo.

Marshall me encarava, eu esperava que ele quebrasse o gelo e viesse falar comigo. Quando

percebi que ele não vinha, eu fui ate ele e perguntei como ele estava:

“Bem” ele respondeu.

E foi isso. Ele nem me olhou nos olhos. Ele parecia um boneco, rosto sério, sem emoção. Me

senti estranha perto dele.. ele era meu filho, alguem que eu amava muito que chegava a doer.

Sempre conversávamos sobre tudo. Agora ele sentava na minha frente sem expressão no

rosto. Eu sai de perto e sentei em um banco próximo a uma mulher que era vizinha de

Marshall. Ela estava curiosa de porque ele estava tão serio, eu não soube responder. Sabia

que se alguma coisa a mais acontecesse eu iria chorar, então decidi me despedir de Hailie.

“Eu te amo sua pestinha”, ela riu e me deu um abraço, mas Marshall entrou no meio.

“Não a chame assim, ela não é mais um bebe”.

Ele me deu um envelope e disse para abrir quando eu estiver do lado de fora. No momento que

entrei no carro eu abri. Dentro tinha $500 dólares e um cartão de natal escrito: “Para Debbie,

Com amor, seu filho Marshall, Nathan, Hailie, Alaina e Kim”.

Eu não era mais “Mãe”: eu era Debbie. Eu sentei no carro e os vi sair com presentes e balões e

fui dirigindo chorando para casa.

CAP 24

Eu estava voltando da casa de um amigo, no dia 22 de janeiro de 2004, quando parei em um

posto de gasolina, na intercessão de 8 Mile e Coolidge Road para abastecer o meu Honda. Já

passava das 23 horas, o caixa já estava com parte das luzes apagadas eu tive que tentar

várias vezes até conseguir fazer com que a bomba de gasolina aceitasse o meu cartão de

crédito. Eu paguei adiantado e comecei a encher o tanque. Depois sentei no banco do meu

carro para tomar nota da minha quilometragem.

De repente ouvi um barulho no capô do meu carro seguido por um cara que colocou seu braço

pela janela do carro. Ele colocou uma arma no meu rosto.

“Cai fora daí!” ele gritou.

Eu não acreditava no que estava acontecendo. Tudo estava em câmera lenta como em um

filme.

“Você é só uma criança” eu disse, surpresa com a juventude do rapaz. Ele tinha as bochechas

protuberantes e um rostinho de bebê.

“Vadia eu não to brincando” ele ameaçou.

Eu concordei e tentei pegar minha bolsa. Papeis caíram por todos os lugares. Pensamentos

estranhos passaram por minha cabeça: fora o dinheiro – eu tinha $3.573 dólares comigo em

dinheiro, uma nota de cem em caso de emergência em um compartimento secreto na minha

bolsa – eu não queria que ele tivesse acesso aos meus dados pessoas, identidade, CPF. Isso

incluía as minhas carteiras de motoristas antigas, as fotos de meus filhos, e artigos que eu

juntei para meu livro. A maioria dessas coisas estava na minha bolsa, estava tão cheia que não

conseguia fecha-la.

Minha vida passou diante de meus olhos. Eu pensei ‘Meu Deus, não consegui nem falar com

meus filhos. Marshall nunca vai acreditar nisso. E se for baleada?’

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Era como se eu estivesse tendo um pesadelo, parecia uma eternidade, mas tudo aconteceu

em questão de segundos.

Meu fiel cachorro Itchy, um labrador, estava no carro também. Eu peguei sua coleira. O garoto

me trirou do carro me puxando pelo cabelo. Itchy caiu em cima de mim. O rapaz precionou a

arma – uma pistola 45 - na cabeça do cachorro. Eu gritei “Não, o cachorro não”. Ele recuou a

arma e murmurou algo sobre o pai dele estar em Jackson e ele queria estar lá com ele. Depois

ele começou a repetir “Adeus, vadia”.

“Por favor não” eu chorei.

“Vadia pare de brincar. Eu vou te matar. Dia adeus”.

Ele pressionou o gatilho mas nada aconteceu. Ele começou a bater no cabo da arma,

murmurando e xingando. Ele me disse para levantar e andar para trás. Eu consegui levantar

mas imediatamente minhas pernas queriam ceder. Ele correu e entrou no meu carro. O garoto

saiu com meu carro e todas os meus pertences. Fui correndo ate o caixa, mas ele ordenou que

eu pegasse o cachorro e saísse. Eu implorei para que ele chamasse a policia. Ele passou o

telefone pela abertura da janela, quando eu fui pegar ele voltou com o telefone para dentro e

me empurrou para fora. Eu achei que ele iria chamar a policia enquanto eu estava sendo

assaltada, mas ele só chamou depois que paguei pela ligação.

Eu não me lembro do que eu disse, mas eu gritava para o operador falando que tinha sido

assaltada. A mulher que estava na linha dizia que não conseguia me entender, eu gritava no

telefone dizendo que era a mãe do Eminem. Eu acredito que eles entenderam “Eminem”. Eles

disseram que iriam perseguir o garoto, que tinha uma viatura há uma quadra de distancia.

De repente vários carros de policia chegaram assim como um helicóptero. Pela rádio policia

alguém entendeu que Eminem estava sendo sequestrado. Quando descobriram que era eu

que havia sido a vítima e não meu filhos, eles se retiraram.

Eles me levaram a delegacia de policia mais próxima e me trataram como se eu fosse a

criminosa. Eu apenas sentei lá junto com meu cachorro e chorei. Eles perguntaram se eu

queria ligar para Marshall – acho que eles queriam seus 15 minutos de fama. Mas eu disse

não.

Não demorou muito encontrarem um suspeito. O garoto estava há uns 6 quilômetros de

distância. Ele tinha abandonado meu carro e estava entrando no quintal de alguém quando a

policia o parou. Ele se recusava a falar dizendo que queria a mãe dele e um advogado. Minha

bolsa, meu dinheiro, minhas fotos, todos os meus pertences tinham sumido.

A policia me disse que se eu me acalmar eles recuperariam minha bolsa. Depois foi um entra e

sai de pessoas na sala, e do nada todos tinham saído. Eu constantemente pedia por

informações, mas os policiais me ignoravam. Eventualmente um policial entrou, fechou a porta,

e me disse que não tinha bolsa nenhuma. Eu estava muito chateada e com muita raiva que

ninguém me escutava, e nem devolviam os meu pertences. Toda a situação me deixava

doente.

Não demorou muito a imprensa saber do assalto. Na manhã seguinte, eu era manchete nas

principais noticias do mundo inteiro. Meu telefone não parava de tocar, amigos e família

querendo saber se eu estava bem. A única pessoa que pareceu não saber de nada era

Marshall. Eu tentei aparentar calma, dizendo as pessoas que me perguntavam que

“provavelmente ele não está na cidade”.

Demorou semanas para que Marshall mencionasse o fato. Eu ouvi ele dizer, ao fundo do

telefone com Nathan: “Tinha que ter acontecido em 8 mile não é?” fazendo uma brincadeira

comigo.

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Eu tive a impressão de que ele não acreditou que eu tinha sido assaltada. Um amigo próximo

fez uma investigação particular. Ele dizia que o garoto estava se gabando que tinha assaltado

a mãe do Eminem. O garoto disse que não sabia quem eu era ate se aproximou, só então ele

me reconheceu da Tv.

Para ser justa com Marshall, ele tinha muitas coisas na cabeça dele naquela época. Em

fevereiro, Kim foi mandada a prisão. Ela foi reprovada em um exame de urina que contatou a

utilização de cocaína durante a sua condicional. Eu não posso dizer que senti pena dela. Ela

nunca andou na linha, achava que podia fazer tudo o que desse na cabeça.

Marshall brincava que se algum dia Kim caísse em um monte de estrume, ela iria sair de lá

cheirando a rosas. Ela passou um mês na cadeia. Ainda assim ela não aprendeu a lição. Mais

tarde ela foi condenada a outros 140 dias na prisão e mais a freqüência em um programa

contra as drogas.

Eu me associei o grupo Anistia Internacional depois de ter testemunhado o quanto meu irmão

Todd sofreu na cadeia. Ele saiu de la um homem perdido. Mas eu queria que James Knott, o

garoto de 16 anos que me assaltou, pagasse pelos crimes que cometeu. Eu perdi boa parte de

mim naquela noite.

Eu não tinha certeza se os promotores tinham pego o cara certo. Eu me lembrava do meu

assaltante ser mais forte e mais alto. Mas me disseram que ele tinha confessado. Em Abril, os

juízes mandaram Knott, que foi julgado como adulto, a prisão. Ele alegou a culpa por roubo de

carro e assalto a mão armada, sentenciado a 4 anos de prisão mais pagamento pela minha

indenização de $3.573 dólares. Desnecessário dizer que ele nunca me deu um centavo.

O pobrezinho do meu cachorro sofreu mais danos psicológicos que eu. Ate hoje ele pira

sempre que paramos em um posto de gasolina. Sou mais cuidadosa agora. Evito esses

lugares depois que certas horas da noite. Durante o assalto, quando Itchy caiu sobre mim, eu

quebrei um osso em meu pé. Mas foi em Maio que os maiores problemas com a saúde

começaram. Eu achei um cisto no meu peito. Os médicos achavam que poderia ser

cancerígeno.

Eu estava com problemas financeiros. Não tinha convenio de saúde e tive que pagar para fazer

uma mamografia. Depois me disseram para poupar energia para a cirurgia. Eu perdi 5 quilos,

cheguei a pesar menos de 40 quilos. Entrei em um estado de negação. O problema chegou ao

ouvido de Marshall. Havia historias em fã sites na internet que eu estava morrendo. Do nada

ele me ligou.

“Como você esta?” ele perguntou soando genuinamente preocupado.

“Estou bem filho”. Não queria alarmar ele com os meus problemas. Eu tentei mudar de

assunto, falar de Hailie, mas ele pedia os meu exames médicos, falava para eu enviar a sua

gravadora. Ele ofereceu para pagar o meu tratamento. Eu disse a ele que não queria o dinheiro

dele, mas ele insistia. Mas o que mais gostaria mesmo era de encontrar com Marshall

pessoalmente. Eu queria sentar com ele e conversar, como fazíamos antes dele ser famoso.

Isso não aconteceu, mas pelo menos ele ligava.

O meu irmão Todd era o meu maior apoio. Ele me mantinha a sanidade durante esse período

ruim, me fazia rir, me apoiava. Todd sempre foi uma figura paterna para meus filhos, ajudava

eles sempre que precisava. Todd estava mais preocupado com o meu câncer do que eu

mesma. Ele morria de medo de me perder. Eu me lembro que ele dizia: “Você não vai me

deixar aqui sozinho’.

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A vida de Todd também não tinha sido fácil. Do momento em que ele nasceu, eu tentei

protegê-lo de nosso pai, que sempre alegava que Todd era filho de outro homem. Todd sempre

foi alto para idade e um pouco desastrado. Assim como eu, ele jurou ser o melhor pai possível

para compensar a nossa triste infância. Ele adorava seus filhos Todd Jr., Christina e Tara, que

teve com a sua primeira mulher; e Corey e Bobbie, filhos de sua segunda mulher. Ele falava

que eu mimava Marshall e Nathan, mas ele fazia o mesmo com os seus filhos. Não havia nada

que ele não faria por eles. Mas, assim como Marshall, os filhos dele também se tornaram

adolescentes rebeldes.

O fato dele ter passado alguns anos na cadeia por ter matado Mike Harris, em legitima defesa,

não ajudou muito. Todd nunca teve problemas com a policia, mas Harris fez ele chegar ao

limite. Ele se recusou a alegar insanidade temporária, ele sabia que tinha matado em legitima

defesa. Mas depois de duas semanas de julgamento, o júri discordou dele. Ele foi sentenciado

a 8 anos de prisão: 5 pelo homicídio e 3 pelo porte ilegal de arma. Eu fiquei em estado de

choque quando deram o veredicto.

Foi um inferno para meu irmão. Ele era transferido com freqüência e cada prisão era pior que a

outra. Alguns guardas e prisioneiros marcavam ele e sempre que acontecia uma briga ele era

culpado. Ele foi colocado na solitária uma vez.

Eu fazia o que eu podia para alegrar Todd. O pior momento foi quando Nathan foi levado pela

Assistência Social, eu viajava constantemente de Missouri para Michigan, tentando visitar os

dois. Eu passei tanto tempo visitando Todd na prisão que sentia que éramos companheiros de

cela. Eu sentia a dor dele.

Eu entrei em contato com Anistia International sobre as condições das penitenciarias. Desde

então, eu me tornei um membro ativo no grupo. Não é apenas os países de Terceiro Mundo

que maltratam os prisioneiros. Em minha opinião, os Estados Unidos tem um dos piores

sistemas penitenciários. E os políticos ainda se perguntam porque os presos saem pior do que

quando entraram!

Quando Todd ganhou a liberdade, depois de cumprir 7 anos de sua sentença de 8 anos, ele

era outro homem. Sua saúde estava terrível depois de anos de abuso e falta de atenção. Mas

ele jurou começar tudo do zero.

Seu casamento se desfez depois de sua liberdade. Ele foi morar com Nan e cuidou dela até a

morte em 2000. Ela deixou para ele a casa que morava. Eu estava feliz com isso. Ajudou ele a

se reerguer. Ele começou seu próprio negocio e se jogou no mundo da música. Ele tinha uma

banda chamada “Nemesis” e era compositor dela. Suas letras eram lindas.

Todd me ajudou no meu pior momento com a imprensa. Ele sempre me defendia. Muito foi

falado da família disfuncional de Marshall – e a prisão de Todd ajudou a passar a imagem de

um homem lutador entre os nos de 1999 – 2000. Mas assim como fez comigo, Marshall

apontou sua raiva para Todd. Acusou ele de vender historias a mídia e seus pertences na

internet. Ainda assim, Todd o defendia, dizia a todos que ouvia as músicas dele que eu e

Marshall sempre tivemos um relacionamento muito próximo, até Kim aparecer em nossas

vidas.

“Uma filha será uma filha para sempre. Um filho, será um filho até que ele arrume uma esposa”

ele disse ao Salon.com em 2000 durante uma entrevista que explicava porque Marshall e eu

tínhamos nos afastado.

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Todd se apaixonou por uma mulher chamada Kathy, amiga de minha irmã Tanya. Eles

estavam muito felizes, ele se tornou um pais para os dois filhos adolescentes dela. Mas ela

fugiu com um dos membros da banda dele. Depois ele conheceu outra mulher, também com o

nome de Kathy, ela tinha um filho pequeno. Ele se concentrou em começar uma vida nova,

comprou uma casa no norte de Michigan, estava pronto para fazer de lá um lar feliz.

O fato de sua saúde ter sido tão afetada durante sua prisão – ele tinha o ombro deslocado,

vários ossos quebrados e graves problemas no fígado – ele fez muitas dividas e foi forçado a

vender a casa de Nan por $45.000. A casa estava na família por mais de 50 anos, mas eu

entendia os seus motivos. O comprador prontamente colocou a casa a venda no eBay por mais

de um milhão de dólares. Marshall ficou furioso, mais ainda quando Todd apareceu em um

DVD chamado “Behind The Mask” e montou uma página na Web sobre Eminem.

Todd também começou a escrever um livro. Era sobre a sua vida e o que ele tinha sofrido na

prisão. Em entrevista com o Macomb Daily em 2002, Todd admitiu que suas ações não caíram

bem para a sua família.

“Ele [Marshall] esta com raiva. Todos da família estão com raiva de mim. Mas eu fiz o que eu

tinha de fazer”.

Quando Todd voltou da prisão e seu casamento acabou, ele ficou muito depressivo. Sua saúde

não ajudava o seu estado mental. Mas suicídio era fora de cogitação para ele. Depois de

vender a casa de Nan, ele e Kathy se concentraram em criar um lar juntos. Ele estava muito

feliz, mais feliz do que eu o tinha visto em anos.

Em setembro de 2004, ele foi preso duas vezes. Todd raramente bebe álcool, ele estava com o

quadril quebrado e aguardava o dia da cirurgia quando policiais na blits pararam ele. Pediram

para ele se equilibrar em uma perna – parte do teste para saber se a pessoa estava

alcoolizada. Meu irmão explicou que não podia por causa de seu estado físico. Ele foi detido e

passou a noite da cadeia onde os policiais tocaram as musicas do Eminem em alto volume no

prédio.

Depois de paga a fiança eu o levei ao hospital onde ele passou pela cirurgia para colocar 5

parafusos no quadril. Os médicos disseram que ele poderia ter contraído hepatite C e Todd

dizia que eles tratavam ele como se fosse um leproso. Quando voltávamos para casa Kathy

ligou e disse que ela e o filho estavam presos dentro de casa porque o Rottweiler do vizinho

estava ameaçando-os. Aquela família estava dando problemas a eles. Desafiando as ordens

médicas, que falaram para ele não ir dirigir, Todd foi direto para casa.

O cachorro perseguiu o carro de Todd e depois fugiu. Os vizinhos falaram que ele atropelou o

cachorro, eles começaram a discutir, a policia foi chamada. Na semana seguinte, Todd foi

acusado de crueldade,tortura e abusos contra animais. Tudo mentiras – de fato, o cachorro até

foi encontrado depois de um tempo e estava muito bem – mas sendo declarado culpado, Todd

encarava possíveis 5 anos de prisão. Todd sempre amou animais. Eu ofereci vender o meu

imóvel em Missouri para pagar um advogado decente. Enquanto Todd ficava na minha casa

em Michigan, como condição para a liberdade condicional, eu sai para fechar os detalhes da

venda.

No dia 17 de outubro, aniversário de 32 anos de Marshall. Como costume eu enviei um cartão

a ele, mas ao tive retorno. Eu cheguei em Missouri, depois de dois dias de viajem, pouco

depois da meia-noite, desliguei o telefone e fui para cama. Lá pra 1 hora da manhã fui

acordada por meu cunhado Lynard e meu sobrinho Jonathan batendo na minha porta. Eles

estava gritando dizendo que Todd tinha sido baleado.

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Todd foi levado ao hospital e colocado na UTI. Os médicos diziam que ele não iria se

recuperar. As 4 da manhã foi tomada a decisão de desligar os aparelhos que o mantinham

vivo. Todd morreu 23 minutos depois, ele só tinha 42 anos. Ate hoje eu não me perdoo por não

ter levado ele comigo para Missouri. Talvez ele ainda estaria vivo; sei que estaria.

Nos dias seguintes eu tentei descobrir o que aconteceu. Mas todos, inclusive a policia, apenas

enrolavam. A morte de Todd foi tida como suicido. Disseram que ele estava depressivo com os

problemas que seus vizinhos estavam dando, juntamente com o fato de poder ir a prisão

novamente, o fato de alegarem que ele estava dirigindo bêbado, que ele não aguentou e atirou

na sua própria cabeça.

Eu não acreditei nisso nem por um segundo, assim como a namorada dele Kathy. Ele estava

muito alegre. Ligou para Kathy as 15:30 naquele dia da casa de um amigo tentando convencê-

la de dar uma carona a ele porque ele estava sem gasolina para pegar seu filho na casa de

sua ex-mulher, Janice e depois voltar para casa.

Depois, a meia noite e meia, Junior, como chamamos os mais velho de Todd, ligou para a

emergência dizendo que tinha encontrado o pai estacionado na casa de New Baltimore. Ele

estava sentado do lado do motorista, inconsciente. Disseram que ele tinha atirado nele

mesmo.

Uma das perguntas que fiquei sem resposta é: o que ele estava fazendo no sul de Michigan na

casa de seu filho mais velho, quando não tinha dinheiro nem para dirigir a casa de sua ex

apenas algumas horas naquele mesmo dia?

Não tinha bilhete suicida. Apenas um papel escrito “Vida de Nate” em seu bolso. Os detetives

acharam que isso era relevante. De fato, era a senha do meu computador. Todd estava usando

da minha internet para conferir o andamento de seus processos. Outra nota estava no porta-

luvas, endereçada a “Mamãe”. Não só, não parecia ser a letra de Todd, como ele nunca

chamava nossa mãe de “Mamãe”, érea sempre “Mãe”.

Uma das coisas mais perturbadoras foi a reação da imprensa local. Levantaram a hipótese de

que Todd foi morto pelo irmão de Mike Harris. Eu era só lagrimas quando Marshall ligou. Eu

esperava que ele soubesse o que fazer.

Mas novamente a raiva tomou lugar.

“Eu vou pagar pelo funeral, mas não espere que eu vá” ele disse.

“Por que esta agindo assim?” perguntei.

“Ele vendia coisas sobre mim a mídia” disse Marshall.

“Todd te amava”, disse a ele.

Marshall ignorou isso. Ele disse que daria um total de $7.000 dólares para as despesas do

funeral, e que não pagaria alem disso.

Depois de cremado, colocamos as cinzas de Todd próximo ao tumulo de Ronnie. Foi tufo

muito rápido. Depois de voltar ara casa Kathy descobriu que ela tinha sido invadida. Uma das

coisas que roubaram foi o computador de Todd, seu livro quase terminado, e muitos desenhos

feitos por Marshall. A policia não se importou em investigar. O testamento de Todd também foi

destruído. Ele disse a todos próximo a ele onde achar o testamento. Alguém entrou e destruiu

o documento.

A policia jogou a morte de Todd sob o tapete. Quando eu perguntava para eles porque não

havia sangue no carro eles me ignoravam. Aparentemente a pericia não tirou fotos. Eu tinha

muitas perguntas em aberto. Me disseram que a porta do carro estava aberta, mas a policia

falava que não. Tinha muita coisa errada. Todd tinha 1,82 de altura e o acento do motorista

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estava puxado para frente ele estava com o corpo em cima do volante, tinha sangue no

encosto da cabeça, mas em nenhum outro lugar. O impacto teria espalhado sangue por todo

lugar.

Todd usou uma arma uma vez e pagou um terrível preço por isso. Depois de ter matado Mike

Harris ele queria distancia de armas, e como tinha agora uma ficha criminal ele tinha mais é

que manter distancia mesmo. Quando Nan morreu, ele me deu as pistolas que ela tinha na

casa dela.

Ate hoje não esta claro da onde surgiu o rifle que o matou. Disseram que Todd conseguiu em

uma casa de penhores, onde ele trocou uma guitarra pela arma, mas a arma que foi passada

para ele, era para caça a animais e dificilmente mataria um homem.

De acordo com a policia, Todd foi encontrado no banco do motorista, com o motor ligado e as

portas fechadas. A janela de trás estava quebrada. Todd estava com o cinto de segurança

preso, segurando o rifle que estava em baixo da sua jaqueta. Supostamente ele teria atirado

em seu queixo. Eu consegui um homem da mesma altura que Todd e recriamos a cena no

crime. Não foi possível. E o ferimento de bala estava na parte posterior da cabeça e não em

seu queixo.

Constantemente eu pedi a policia cópia da ligação de emergência e as fotos da cena do crime.

Eles apenas me enrolaram. Me enviaram a gravação errada. Quando pedi pela correta me

disseram que foi apagada. E na poderiam me mostrar a arma também.

Um oficial ainda perguntou; “Quem era esse cara de qualquer forma? Ele era um ninguém”.

Outro oficial disse exatamente o contrario, que a morte de Todd seria investigada por ele ser

quem ele era. Presumi que ele falava do parentesco com Marshall. Depois o policial me pediu

para assinar pôsteres para os filhos dele.

Um dos policiais chegou a morar próximo a Todd por um tempo. Mas ele parecia não ter uma

boa impressão da família visto que era uma pessoa extremamente difícil que lidar. Dezembro

foi o mês mais difícil, era o mês do aniversario de 43 anos de Todd, e também tinha o natal.

Todd sempre adorou esse feriado, e costumávamos passar juntos. Senti que tinha perdido tudo

de precioso na minha vida.

Tantas perguntas sem respostas. No mês antes dele morrer, eu estava ao seu lado na sua

cirurgia do quadril. Ele me disse: “Irmã, estou tão feliz de ver você. Achei que iria morrer ali”.

Se ele estava tão feliz, por que iria se matar apenas um mês depois? Também, éramos tão

próximos, como ele poderia ir sem me deixar um bilhete?

Suas ultimas palavras para mim foram: “Irmã, tudo o que eu quero é que todos convivam bem”.

Ele odiava o fato de nossa família está separada, e que eu e Marshall mal nos falávamos.

Minha saúde sofreu as conseqüências. Eu tive um pequeno ataque cardíaco, continuei a

perder peso, meu corpo parecia se desfalecer. A única coisa boa que aconteceu é que

descobri que tinham me passado o diagnostico errado. Eu não estava com câncer.

Continuei tentando investigar a morte de Todd. Contratei um detetive particular, mas ele parou

no mesmo lugar que eu. Disseram que meu irmão tinha sido executado. Em outras palavras,

ele não se matou. A namorada de Todd concordava comigo, mas ela também estava dando

murro em ponta de faca, assim como eu. O filho mais velho de Todd, Junior, a expulsou da

casa depois que ele foi nomeado responsável pelo espolio.

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Ouvi rumores que a morte de Todd tivesse sido um suicídio assistido. Que ele implorou para

outros o matarem. Eu pedi ao Ministério Publico ajuda no caso. Eu entreguei a eles todos os

documentos a respeito, relatórios médicos, autopsia, tudo. Mas meses se passaram ate que

recebi a resposta em carta dizendo: “O MP concluiu que não há motivos para suspeitar da

conclusão da investigação e da pericia médica que foi dado como suicídio”.

Eu sei que a maioria das pessoas teria desistido. Mas prometi a Todd que iria ao fim do mundo

se algo acontecesse com ele. Já gastei uns milhares de dólares com investigação, e gastaria

ate o meu ultimo centavo para achar respostas. Meu irmão teve uma vida tão difícil, gosto de

pensar que agora Deus está dando a ele tudo de melhor no céu. É isso que mantêm a minha

sanidade. Outros membros da minha família falam para eu esquecer o assunto. Eu sei que

nada trará meu irmão de volta. Mas eu preciso saber o que de fato aconteceu. Preciso que

essa historia tenha um final.

CAP 25

Marshall deu entrevista a Vanity Fair, uma das revistas mais respeitadas do mundo. Ele

expressou lamentar a sua fama dizendo: “Eu voltaria atrás na época que consegui viver

confortavelmente. Onde eu apenas fazia música e as pessoas apreciavam, e seria capaz de

entrar em um shopping ou uma loja”.

“Quando você tem fama e fortuna, e você faz algo da sua vida e se torta bem sucedido... um

novo pacote de problemas que você nunca experimentou surge também. As vezes eu luto com

os demônios da minha cabeça que me fazem dizer: ‘Eu não vou ser trancado em uma jaula, eu

vou entrar naquele lugar e não vou assinar nenhum autografo’.”

Chegaram a dizer que Sigmund Freud, pai da psicologia, teria trabalho em analisar meu filho. É

verdade. Marshall é uma massa de contradição – ele é tímido, tem medo de palco, e ainda

assim ele viaja em turnês com algumas das pessoas mais respeitadas pelo mundo. Eu acredito

que ele estaria mais feliz se escrevesse e produzisse as músicas longe dos holofotes. As vezes

eu desejo que não tivéssemos mudado para Michigam em 1987, quando ele começou a se

envolver com o rap. Se tivéssemos ficado em Missouri talvez ele trabalharia em uma fazenda

ou uma fábrica. Eu não sei se isso o deixaria feliz mas sei que pelo menos não seriamos

estranhos.

Alguns terapeutas entraram em contato comigo para dar seu parecer sobre o comportamento

do meu filho. Um me ligou da Inglaterra de disse que frequentemente algumas celebridades

alegam ter sofrido na infância para ajuda-los na carreira. Eles inventam uma nova pessoa. O

álcool e as drogas ajudam a colorir a história e depois de um tempo eles realmente passam a

acreditar que aquelas coisas eram verdades.

Acredito que é como O. J. Simpson, que verdadeiramente acreditava que ele não tinha matado

sua mulher Nicole, ou John Mark Karr, que confessou ter matado a modelo mirim JonBenét

Ramsey enquanto as provas de DNA e as outras evidencias coletadas diziam o contrário.

Alguns psicólogos forenses dizem que se essas pessoas passarem pelo detector de mentiras

eles seriam aprovados no teste. Simpson acreditava que ele era inocente; Karr acreditava que

ele era culpado. Eu não sou a única parente de celebridade que tem a historia reescrita. Um

querido amigo meu, que é pai de uma celebridade passou pelos mesmos problemas quando

seu filho ficou famoso. Assim como eu, ele mal conseguia falar com o filho no telefone. Ele

tanta o contado, mas a equipe do filho o ignora. Ele continua tentando quebrar essa barreira,

eu desejo tudo de bom para ele, porque sei como ele se sente.

Em meu coração, sei que Marshall ainda me ama; ele apenas está confuso. Ele diz hoje que

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mal consegue se lembrar do ano de 1999, o ano em que ele ficou famoso e se casou com Kim

pela primeira vez. Ainda assim, olhe para as letras dele: as pessoas que ele é mais próximo –

Hailie, Kim, Nathan e eu – são mencionadas constantemente.

Por volta de 2004 parei de ouvir suas músicas e ver seus vídeos. Era muito triste. Mas em

outubro eu vi o comercial de um de seus singles “Mosh”. Ele mostrava um George W. Bush

lendo um livro de cabeça para baixo para uma classe cheia de crianças. Minha primeira reação

foi medo: você não pode fazer piadas com o Presidente. Mas Marshall nunca ligou para isso,

tanto que o Serviço Secreto começou a investiga-lo por suas citações anti-Bush no ano

anterior. E agora aqui estava o meu filho, brincando abertamente com a figura do Chefe de

Inteligência.

Mais tarde, eu me enchi de orgulho quando percebi que Marshall estava usando de sua

influencia para chamar os jovens a votar nas eleições de novembro. Eu sempre fui muito ativa

na política, meu irmão Todd também. Hoje muitos americanos, especialmente os jovens, não

se importam de fazer o cadastro para votar, eu estava maravilhada que Marshall estava

convocando seus fãs. Em Mishigan ele ficou envolvido diretamente nas unidades de votação,

mas ainda assim, “Mosh” foi lançada muito tarde para algumas pessoas se registrarem e Bush

acabou sendo reeleito. Eu li em 20 milhões de jovens abaixo dos 30 anos, tinham se alistado

para a eleição daquele ano – quatro e meio milhões de pessoas a mais que no ano 2000.

Gosto de pensar que Marshall ajudou para esse resultado.

Marshall era, sem duvidas, o musico mais polemico de sua geração. Mesmo que antes ele

tinha falado mal das mulheres e dos gays ele amadureceu para levar a coisa para a política. No

começo ele adorava o confronto, fazia piada de todos desde Spice Girls e Boy Bands aos

apresentadores da MTv e o ex-presidente Bill Clinton. Mas ele agora parecia procurar a paz.

Seu protegido, 50 Cent - cujo o álbum “Get Rich or Die Tryin’” foi um dos maiores sucessos de

2003 – estava envolvido com várias brigas em Nova York com o rapper Ja Rule e seu grupo

Murder Inc. Marshall foi obrigado a entra na briga já que Ja Rule fez piadas sobre Hailie e Kim,

Marshall respondeu, mas antes que as coisas chegassem ao ponto de ser declarada uma nova

guerra no rap, meu filho lançou “Like Toy Soldiers” uma faixa que dizia basicamente “vamos

parar de fingir que somos gangsters”. Ja Rule concordou com o cessar fogo. Eu estava

orgulhosa de meu filho que provou ser um homem melhor ao pedir a reconciliação.

Hoje eu me lembro do horóscopo que foi publicado no jornal de Saint Joseph no dia que

Marshall nasceu. 17 de outubro de 1972. A exceção da parte que dizia que ele nunca iria

conseguir levar seus talentos artísticos a um nível comercial – obviamente errado – dizia que

ele seria um ótimo jurista ou um protetor da paz. Eu ri dessa passagem quando Marshall se

tornou famoso porque ele adorava causar problemas. Mas agora, aos 32 anos de idade, ele

finalmente cresceu para ser o típico libriano, pesando os argumentos e seguindo da melhor

maneira.

Apesar de não ouvir as musicas dele mais de uma vez, ainda compro seus Cds para dar apoio

a ele. No inverno de 2004 ele lançou “Encore” outro grande sucesso mundial. Ele também

estava trabalhando para lançar o álbum de seu grupo D12. Mas seguiam boatos de que ele iria

se aposentar. Marshall sinalizava o fim de Eminem, ele soltou pistas pelo “Encore” e termina

com ele na frente da plateia atirando em si mesmo. Eu não consegui olhar para a capa que

tinha a imagem dele com uma arma na boca e uma nota suicida.

Certamente ele estava exausto. A ultima coisa que ele queria era sair em turnê novamente. O

único momento que ele parecia feliz era quando estava em casa com Hailie e sua sobrinha

Alaina. Ali ele adora fazer todas as coisas que um pai faz, brincar de basquete na garagem,

ajuda-las a decorar a casa para o natal, páscoa ou Halloween.

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Não tenho duvidas que ele ama Hailie mais que tudo no mundo. Ele é mais rígido com ela do

que eu era com ele. Ele também mantém um olho paterno em Nathan. Ele finalmente viu a luz

e se livrou da minha meia irmã Betti e seu marido Jack. O que quer que tenha acontecido entre

Marshall e eu, eu ainda sou a mãe dele e me preocupo com ele todos os dias. Eu tenho meus

amigos, as vezes eles ligam me pedindo para interferir porque estão preocupadas com

Marshall.

Me preocupo com a saúde dele. Ele sempre teve a pressão alta, e seus colesterol deve estar

nas alturas. Ele diz a seus fãs que Taco Bell é a sua comida favorita. Na realidade ele pede

para entrega filé mignon em um restaurante caro quase toda a noite. Tenho medo de pensar

nas contas dele. Dizem que Marshall é um multimilionário, mas a industria da musica esta

morrendo. Ele pode sofrer com as pessoas baixando suas musicas na internet. Me disseram

que “8 Mile” faturou $215 milhões de dólares, e desse dinheiro pouco foi repassado para

Marshall. Ele tem alguns contadores ajudando nas finanças. Ele é criativo. Não tem que fazer

as contas para chegar no final do mês ou coisa parecida.

No verão de 2005, Marshall estava exausto e os boatos da aposentadoria ficaram mais fortes,

e piorou quando Proof disse ao Detroit Free Press: “Eminem definitivamente chegou a um nível

onde ele acha que já conquistou tudo que podia conquista no mundo do rap. Ele quer sentar e

começar a produzir as coisas”.

Marshall negou ter dito aquilo na MTv, “Quando eu disse que estou dando um tempo, eu estou

dando um tempo para ir ao estúdio e produzir para meus outros artistas. Quando eu souber

qual será o meu próximo passo, vou dizer a todos o que será”.

Mas não importa o que Marshall queira fazer, a sua equipe insistia que ele fosse ainda mais

fundo. Ele abriu uma rádio onde toda somente musicas de rap. Marshall parecia que tinha

energia para gastar, ele sempre foi um perfeccionista, ficava mais do que feliz em trabalhar

mais de 18 horas por dia só pra fazer uma coisa da maneira correta. Mas em vez de aproveitar

o tempo de volta ele parecia estar trabalhando mais do que nunca havia trabalhado. Ele

sempre teve insônia, mas seus hábitos noturnos estavam ficando estranhos. Ele ia pra cama

muito cedo, apagava por algumas horas depois passava o resto da noite escrevendo. Ele

nunca tirava férias, viajava só a trabalho e raramente por prazer.

The Anger Management Tour estava na estrada a três anos. Uma festa d hip-hop que tinha

Marshall e outros artistas como 50 Cent, Obir Trice, Lil Jon, Proof, D12, Stat Quo e The

Alchemist. Começou no dia 7 de julho em Indianápolis, Indiana, eles iriam cruzar o país

fazendo 22 shows, terminando em Detroit dia 12 de agosto. Já haviam 10 shows confirmados

na Europa.

Quando saíram de Kansas City o ônibus da turnê bateu. Marshall não estava nesse ônibus,

mas outros incluindo The Alchemist, ficaram machucados. Constantemente havia reclamações

– todos estavam cansados de viajar. Um tabloide britânico, que sempre buscava brigas com

Marshall dizia que ele tinha se transformado em uma diva. Eles divulgaram algumas de suas

exigências para o show em Manchester incluindo 3 garrafas de champagne, 2 garrafas de

Hennessy, 2 caixas de Heineken 24 baldes de Kentucky Fried Chicken, mais alguns doces e

chocolates.

Não parecia lá uma dieta muito saudável, mas não importava. Dias depois da turnê americana

acabar, a turnê na Europa foi cancelada. A gravadora de Marshall divulgou uma nota

simplesmente dizendo: “Eminem está sendo tradado por exaustão, agravada por mais outros

problemas médicos. Os shows não tem data para serem remarcados”.

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Na demorou muito para a mídia descobrir o verdadeiro motivo. Marshall tinha entrado para uma

clinica de reabilitação para tratar do abuso de remédios para dormir. De acordo com o Irish

Daily Star ele estava viciado em Stilnoct, um remédio super forte que deve ser usado por um

curto período..

Slane Castle próximo a Dublin era para ter a maior plateia da turnê europeia: mais de 80 mil

ingressos foram vendidos em apenas 2 horas. O dono do castelo estava furioso dizendo que

Marshall nunca mais seria bem vindo lá. “Eu não acho que os Rolling Stones ou U2 cancelaria

uma turnê só porque estavam cansados. Eu não acho que isso é uma explicação”.

Eu não podia acreditar. Meu filho estava no hospital e um aristocrata estava reclamando que

ele teria que devolver o dinheiro dos ingressos. Como sempre, quando se trata do meu filho, a

briga parou na justiça. Haviam mais dois outros processos. Um caminhoneiro e sua mulher que

alegavam terem sido feridos no acidente com o ônibus de turnê. E havia a minha meia-irmã

Beti e seu marido Jack que queriam $350.000 em dinheiro e a posse da casa que Marshall

construiu para eles morarem quando eles trabalhavam para ele. Eles alegavam que Marshall

estava tentando retira-los da propriedade.

Eu tentei falar com Marshall pelo seu segurança e o pessoal da Shady Records. Mas ninguém

me falava nada. Eu tinha quase certeza que ele tinha se internado no Brighton Hospital um dos

maiores de Michigan. Mas ninguém lá podia me falar nada sob a desculpa de manter o sigilo

medico-paciente. Pelo que sei, ele deu entrada no hospital duas vezes. Uma mulher com quem

falei, que foi muito gentil, disse que se ele estivesse lá eu poderia participar da terapia em

família, que isso o ajudaria. Infelizmente as mãos dela estavam atadas – então tecnicamente –

ele não estava naquele hospital.

Eu descobri que Kim estava de volta a cena. Me preocupava que ela conseguisse enfeitiça-lo

de novo. Críticos da musica, incluindo a BBC, CNN, e outras agencias respeitadas começaram

a falar sobre o problema de Marshall. Apesar de reconhecerem que ele tinha ganhado 9

Grammys, que era um homem que podia gerar bilhões de dólares a industria da musica e do

rap, eles afirmavam que a carreira dele estava acabada.

Ele confundiu a todos quando lançou a coletânea “Curtain Call”.depois de dois dias de venda o

álbum chegou ao numero um na parada britânica e permaneceu lá por 5 semanas por todo o

natal. O single “When I’m Gone”, mas das poucas faixas inéditas, parecia confirmar a

aposentadoria. Na realidade era apenas uma nova canção de amor para Hailie, assim como foi

“97 Bonnie and Clyde” e “Mockinbird”,ele deixa claro que Hailie é o centro do universo dele.

Começa com Hailie acusando ele de amar a fama e a fortuna mais que a família dele. Quando

ela vai embora ele pega uma arma e grita “Morra Shady!” depois ele mata seu alter ego para

acordar e perceber que tudo tinha sido um pesadelo.

O álbum vendeu 6 milhões de copias pelo mundo. Nada mal para uma coletânea de alguém

que esta tentando dar um tempo.

CAP 26

O segundo casamento de Marshall com Kim foi, o que se pode considerar, o segredo mais mal guardado do mundo. De fato, eles conseguiram manter os primeiros arranjos por debaixo dos panos. Sete anos atrás, no inicio de sua carreira, período que sempre me impressiona, éramos inocentes nessa época, ainda assim conseguimos manter segredo entre a família, a igreja os funcionários do cartório... mas na segunda vez, quando ele tinha um exercito de pessoas para protegê-lo, as informações vazaram.

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Um membro da família de Kim vendeu uma foto a Star Magazine. Eles colocaram na primeira página, informando a data e as palavras de Marshall no convite: “Neste dia eu me caso com a minha melhor amiga, aquela por quem eu ri, vivo e amo”. Mais uma vez um time de repórteres me ligaram, queriam saber porque eu não compareci a festa. Kim devia ter rompido com a sua irmã gêmea, Dawn, por ela também não estava na lista de convidados. Mas a mãe de Kim e o seu padrasto, que não tinham sido convidados da primeira vez, agora estavam lá. Marshall agora era da realeza do rap, e a lista VIP incluía 50 cent, Obie Trice, G-unit e D-12. Proof foi o padrinho embora relutante. Assim como eu, ela via a trama que Kim criava para persuadir Marshall a se casar novamente. Proof era uma das poucas pessoas que Marshall escutava. Eles se conheciam desde a adolescência, lutaram juntos para entrar na cena do rap em Detroit. Mas Marshall insistia que ele sabia o que estava fazendo. Alem de tudo, Hailie agora com 10 anos, queria ver seus pais juntos. Ela finalmente seria a dama de honra e Marshall se recusava a decepciona-la. Kim queria um casamento grande e chique para impressionar a sua família e amigos. Mesmo quando eles eram pobres, Marshall tinha prometido que daria isso a ela. Agora ele tinha condições de realizar esse sonho dela. Era estranho, mesmo com toda a conquista dele, ele ainda tentava provar seu valor a Kim. Ele verdadeiramente a amava, e acho que sempre esperou que ela sentisse o mesmo. Fiquei sabendo do casamento através de amigos e ri quando li que Kim – que nem se importou em usar uma calcinha para o seu primeiro casamento – tinha escolhido um vestido tradicional branco. Marshall usou um terno preto e como tema uma de suas músicas. Luis Resto, um dos compositores, tocou “Mockinbird” no piano quando Marshall entrou no Meadow Brook Hall em Rochester Hills. O local tem aproximadamente 1.200 acres, foi lar de Matilda Dodge Wilson viúva de um dos pioneiros da cidade, John Dodge. Desenhada para ter um estilo Tudor Inglês, o prédio tem 110 quartos, é um dos mais populares locais para casamento da Elite de Michigan. O primeiro casamento de Marshall foi em uma capela e Saint Joseph, seguindo por alguns drinks no bar local. Desta vez, os 85 convidados tinham um jantar com lagosta e champanhe a vontade. Eu tentei não ler as noticias mas acabei cedendo e deixei que um amigo lesse para mim um artigo do Detroit Free Press. O repórter Brian McCollum descreveu a ocasião como “calma e digna”, fazendo referencia a um convidado anônimo que disse “a cerimônia foi de muita classe e intima”. Outro falou “foi um dos casamentos mais tranqüilos que já estive. Era exatamente isso que Marshall estava procurando. Como sempre com Kim a paz não dura muito. Em abril de 2006 – 82 dias depois do casamento – Marshall entrou com o pedido de divorcio. Meu coração partiu por ele. O que deu errado? Aquilo que sempre deu errado entre Marshall e Kim: eles não conseguem viver um com o outro, eles não conseguem viver sem o outro, ela adora drama, ele paz e quietude; ela alegou que ele ainda usava drogas, ele negou. Pelo que sei, Kim saiu de casa no começo de março. Ela sempre desaparece quando ela não consegue as coisas da maneira dela. Marshall não conseguiu encontrá-la em lugar algum, ele falou que a união foi humilhante – e consequentemente – um erro. “Houve uma quebra no relacionamento durante o casamento, sendo que um dos objetos básicos do matrimonio foi afetado e, portanto, não há razões para que o casamento seja mantido”. O advogado de Kim, Michael J. Smith, que estava presente no casamento e foi um dos que auxiliaram a resolver o problema do acordo pré-nupcial, respondeu: “A noticia atingiu a gente de surpresa. Mas temos que cuidar disso”.

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Naturalmente Kim anunciou que iria buscar suporte financeiro. Eu me perguntava de quanto dinheiro ela precisava para viver. Em entrevista a Mojo In The Morning, ela disse que Marshall “não era ele mesmo”, se recusava a ir nas reuniões e ainda usava drogas. Marshall, que estava ouvindo a rádio em casa enviou um e-mail à rádio dizendo: “As alegações dela sobre o meu status pós reabilitação são tanto mentira quanto infeliz”. Eu tentei entrar em contato com Marshall, deixei algumas mensagens, porque queria que ele soubesse que eu estava aqui para ele. Sejam lá quais forem os meus sentimentos em relação a Kim, eu não gostava de ver o meu filho triste. Alguns dias mais tarde, 11 de abril, meu telefone começou a tocar novamente. Repórteres do mundo inteiro deixando mensagens. Eu ignorei as ligações deixando a secretária eletrônica atende-las. Depois Nathan me ligou, chorava histericamente. Ele gritava que Proof tinha sido baleado. Proof havia morrido. Eu conheço Proof desde que ele era apenas DeShaun Holton, outro adolescente fazendo rap no porão com Marshall. Ele sempre foi muito amável. Ele e Marshall estavam sempre juntos. Foi Proof quem encorajou meu filho a subir no palco do Hip-Hop Shop. Ele acalmou o medo de Marshall do palco e – assim como eu – disse a Marshall que poderia conseguir tudo o que quisesse. Junto com outros amigos, eles se chamavam de Dirty Dozen. O grupo que virou D-12 e eles fizeram um pacto, quem quer que seja que ficasse famoso primeiro iria voltar para buscar os outros. Marshall manteve essa promessa, produziu hits para o D-12 e encorajou Proof a lançar seu próprio álbum solo “Searching For Jerry Garcia”. Assim como Marshall, Proof foi, em 1999, tema de um artigo na revista Source “Unsigned Hype”. Quando a carreira de Marshall decolou, Proof viajou com ele e era sempre um ombro que ele podia se apoiar. Ele era uma das poucas pessoas que Marshall confiava, porque eles estavam juntos há anos. Marshall foi visto deixando a sua mansão as lágrimas. Ele havia perdido o meu mais antigo amigo, uma das poucas que ele escutava, que sempre lhe falava a verdade. Proof chamou sua atenção quando suspeitou que ele estava usando drogas, sobre sua bebida e suas brigas com Kim. Eu não conseguia acreditar que ele estava morto. Eu fui e mostrei o meu respeito a meu querido amigo. Ainda achava difícil de acreditar. Eu só conseguia rezar a Deus para dar forças a meu filho, meu coração partia por sua família. Falaram que Proof, 32 anos, quase 1 ano mais novo que Marshall, entrou em uma discussão sobre um jogo de sinuca no C.C.C. club, um bar de happy hour localizado aos arredores de 8 mile. Proof e um veterano da guerra no Iraque, Keith Bender começaram a brigar. Aparentemente, Proof bateu em Bender com uma arma e atirou no rosto dele. Foi isso que os repórteres disseram, mas eu não tenho certeza se realmente alguém sabe o que aconteceu ali. O primo de Bender, Mario Etheridge, um segurança do clube, alegaram que tinham disparado várias vezes para o alto para alertar e parar a confusão antes de atirar em Proof três vezes na cabeça e no peito. Proof foi dado como morto assim que chegou ao hospital. Bender, 38 anos, morreu 8 dias depois como consequência de seus ferimentos. Etheridge, 28 anos, foi processado por porte ilegal de arma e disparo em local público. Seus advogados argumentaram com sucesso que ele apenas disparou para impedir que Proof matasse seu primo. Eu ainda não acredito que tudo aconteceu assim. Proof era muito gentil, ele nunca faria mal a ninguém. Marshall foi um dos que carregou o caixão e fez um dos discursos mais comoventes que já vi. “Você não sabe por onde começar quando você perde alguém que foi de tamanha importância na sua vida e por muito tempo”, ele disse. “Proof e eu éramos irmãos. Ele me levou a ser o que sou hoje. Sem as orientações do Proof e seu encorajamento, existiria um Marshall Mathers, mas provavelmente não existiria Eminem, e certamente não haveria Slim Shady. Nenhum dia se passava sem que ele influenciasse a todos nós. Ele será lembrado como amigo, pai, pelo grande coração e como um embaixador do hip-hop de Detroit. Agora tem muitas pessoas focadas na forma como ele morreu. Eu quero me lembrar da forma que ele viveu. Proof era

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engraçado, esperto e carismático. Ele inspirava todos a sua volta. Ele nunca, jamais poderá ser substituído. Ele sempre foi, e sempre será o meu melhor amigo”. Fãs fizeram homenagem a Proof no clube. Havia balões, flores, alguém deixou a marca de cigarros favorita de Proof: Newport Lights, e uma garrafa de Olde English. Eu me preocupava que isso pudesse ser alguma retaliação. A guerra do rap East-West Coast que acabou matando Tupac Shakur e Notorious B.I.G nos anos 90, quem poderia garantir que isso não estava começando novamente? Marshall sempre está associado a Dre, que ajudou a criar a Death Row Records em Los Angeles com Marion “Surge” Knight. Eminem também falou mal de seus rivais em Nova York. E o hip-hop de Detroit estava cheio de facções. Proof sempre foi muito cuidadoso. Ele tinha um guarda-costas em tempo integral, mas naquela noite ele estava sozinho em um clube “barra pesada” as 4:30 da manhã. Meus nervos não se acalmaram quando soube que Marshall estava dirigindo com pessoas estranhas. Ele descontou a morte de Proof no transito em outros motoristas durante sinal, cortando os carros nas rodovias. Ele entrava em discussões sem nenhuma razão aparente. Alem do obvio – dele ser reconhecido e processado – eu temia que alguém pudesse levantar uma arma contra ele. Uma mãe sabe quando o filho esta com problemas. Uma noite em agosto meus instintos maternais me venceram. Eu dirigi até a casa de Marshall para ver se ele estava bem. Quando eu sai do carro eu tremia, mas eu sabia que se pudéssemos conversar, só nós dois, resolveríamos nosso problema. Eu fui parada pelos seguranças entes de chegar a porta de entrada. Mas eles tinham ordens para não deixar ninguém entrar. Cai em lágrimas e tentei explicar que era a mãe dele. “Ele não está aqui”, um disse. “Ele está em um recital de dança”. Eu disse que esperaria, mas avistei um segurança que eu conheço há anos. Ele conhecia o meu irmão Todd. Ele me chamou quando eu andava de volta para o meu carro. Entre lágrimas eu perguntei a ele se sabia alguma coisa sobre o caso do meu irmão, ele disse que sabia que não tinha sido suicídio. “A morte do seu irmão foi jogada debaixo do tapete”, ele disse. “Agora se você falar que fui eu quem lhe disse isso vou negar. Mas um dia a verdade virá a tona”. Por metade do ano de 2006 eu recebi inúmeras ligações de pessoas que se importam com meu filho. Eles diziam que Marshall estava muito depressivo e estavam preocupados que ele tinha voltado a beber. Como mãe, eu não consigo nem imaginar ter que enterrar o próprio filho. Eu só consigo pensar em Marshall como o garoto que ele sempre foi – amável e gentil que cresceu para ser um músico extremamente bem sucedido. Eu temo por ele a casa segundo do meu dia. Ele se tornou mais um Elvis Presley, um astro que ele sempre é comparado. Elvis se trancou em sua mansão, engordou e se drogou. Eu não queria acreditar, mas ouvia que Marshall estava fazendo exatamente a mesma coisa. Ele se escondia por trás das portas de sua casa. Eu culpo a equipe do Marshall, eles deveriam trabalhar para ele e não controlá-lo. Ele é como um boneco perto deles, faz tudo o que eles pedem. Eles só estão interessados no dinheiro que ele faz. Não sobrou ninguém com quem ele possa confiar. Nathan tenta estar lá para ele, mas Marshall ainda banca de irmão super-protetor. Eles brigam como todos os irmãos. Mas é mais difícil para os meus meninos por que sempre há pessoas do Marshall causando intriga entre eles. Como mãe é claro que me preocupo. Mas eu acredito que Marshall vai voltar. Eu acho que ele está dando um tempo, esperando o momento certo. Ele será maior, mais forte e mais famoso que nunca. Eu conheço meu filho, ele não desiste fácil. A luta pelo divorcio com Kim continuou por metade de 2006. Não importava que a união tinha durado menos de 3 meses ou que eles tinham assinado um acordo pré-nupcial. Eles não concordavam em nada e no final das contas havia o temor que eles iriam para o tribunal.

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O juiz apontou um advogado para intermediar, finalmente em 19 de dezembro eles chegaram a um acordo sobre as propriedades e a guarda compartilhada. Marshall estava de volta ao topo do hip-hop com a parceria feita com Akon “Smack That” não chegou a comentar nada sobre o divorcio quando deixou o tribunal. Ele falou mais uma vez em 2006 – provavelmente o pior ano de sua vida – talvez pela 100ª vez que não estava se aposentando, que ele passou os últimos 12 meses no estúdio junto com seus protegidos. O resultado foi o álbum: “Eminem presents: The Re-Up”, junto com 50 Cent, Stat Quo e Ca$his. Ele estreou na segunda posição da Billboard na segunda semana de dezembro, com criticas divididas. Marshall aparece em algumas faixas e foi altamente elogiado. Mas alguns críticos claramente estavam esperando mais. Na Inglaterra o Independent falou que o álbum pareceu mais um “treino, um exercício leve” com “algumas amostras básicas do talento de Eminem”. Outros críticos perguntaram sobre o tiroteio e as explosões na segunda faixa “We’re back” e se seria uma bizarra homenagem a Proof, que aparece fazendo um verso póstumo. Marshall respondeu: “The Re-Up é sobre os novos artistas e suas músicas. As faixas na lançadas de Proof virão. Não é justo com eles ou com a memória de Proof misturá-las”. Seu annus horribilis – como falou a Rainha Elizabeth II em 1992 quando o casamento de seus três filhos chegaram ao fim e o seu amado Windsor Castle veio a ruína – chegou ao final, Marshall como DJ na Sirius prometeu um novo material. Ele assinou contrato para fazer uma serie Have Gun Will Travel e estava trabalhando em sua trilha sonora. Alem de produzir o próximo álbum do D12 e algumas faixas deixadas pro Proof. Como mãe eu queria que ele sentasse e aproveitasse as suas conquistas. Ele tinha fama e dinheiro alem dos sonhos dele. Mas isso não o fez feliz. Eu me preocupava que ele tinha esquecido dos bons tempos que passamos juntos. Ele começou dizendo que as letras dele eram uma piada, que eu na deveria levá-las a serio. Eu fui junto com ele. Mas ai ele começou a acreditar nessas coisas. Não tínhamos nos estranhado ate Fred Gibson o processar. Eu nunca quis o dinheiro dele, eu queria que ele parasse de me maltratar. As coisas saíram do controle. Ele me magoou muito, mas eu sou a mãe dele e o perdoaria por tudo. Quando Marshall estava crescendo eu tentei o proteger do mundo. As pessoas me alertaram para não criar um escudo entre ele e a realidade, mas eu não consegui. Ele era meu mundo e eu daria tudo para fazê-lo feliz. Fiz o mesmo com Nathan. Como mãe, talvez eu devesse ter sido mais dura com a disciplina.Talvez eu devesse ter castigado e ensinado o valor do dinheiro. Ele foi terrivelmente mimado e não posso culpar ninguém mais alem de eu mesma. Eu era super-protetora. Se eu pudesse voltar no tempo iria manter muita coisa igual. Nossa casa sempre foi muito cheia de gente. Eu cuidava deles também, fazia lanches, tinha certeza que eles estava frequentando a escola. Eu cuidava de todos e adorava levar minha neta para comer pizza. O meu maior arrependimento foi ter aceitado Kim. No começo achei que tudo seria uma maravilha. Ela sera a filha que eu nunca tive. Eu tinha tantos planos e sonhos para ela. Eu imaginei que seriamos uma família feliz. Mas não era para ser. Na minha opinião, Kim destruiu tudo, por Deus eu nunca deveria ter deixado ela entrar na minha casa. Aquela garota destruiu Marshall. Se ela tivesse sido legal, seria diferente. MTV uma vez disse que ele acabou com as duas mulheres que o amaram - Kim e eu. Mas até onde eu sei, Kim destruiu Marshall e eu. Eu adoraria que Marshall se apaixonasse por uma mulher que o amasse por quem ele é. Mas ele falou a Vanity Fair que não sabe mais em quem confiar. “O motivo pelo qual elas se aproximam de mim é porque sou Eminem. E provavelmente nunca irei conseguir superar essa insegurança .. Essa pessoa se importa por quem eu sou ou é muito tarde agora? Porque eu tenho fama e dinheiro, eu sou quem eu sou”. O repórter sugeriu que ele namorasse celebridades, pois elas passavam pela mesma coisa que ele, ele respondeu: “Eu tentei, não deu certo. Eu namorei algumas mulheres famosas e fui por essa estrada achando que iria funcionar, e elas acabaram sendo mais loucas do que eu”.

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Pobre de meu filho, não pode ganhar. É o mesmo com Nathan. Ele nunca sabe se uma garota se aproxima dele para tentar chegar ao irmão. Todos querem um pedaço do fenômeno que e Eminem. Tudo que Nathan quer é ser ele mesmo. Nathan e eu recentemente tivemos uma longa conversa sobre nossas vidas. “Eu te amo, e não posso pensar em uma mãe melhor do que você”. Eu digo que não sou perfeita, nem pretendo ser, mas uma coisa eu não sou, nunca abusei de ninguém. Nathan e eu somos muito próximos. Espero que Marshall possa esquecer nossas diferenças e colocar isso no passado, e novamente aproveitar a ligação que tínhamos. Eu tenho sonhado muito que eu estou sentada em uma mesa de restaurante sozinha, quando Marshall entra sozinho. Eu olho em seus olhos, vou ao seu encontro e o abraço. O sonho termina ai, mas é tão real que passo horas pensando nele. Marshall não gosta muito de abraços mais. Ele gostava há muitos anos atras, mas em algum momento Kim tirou isso dele também Até aos 15 anos, quando ela entrou em nossas vidas, ele era sensível e amável. Mesmo que ele só desse a mão para alguém ele se inclinava para um abraço. Eu acho que se nós sentarmos em um restaurante qualquer, podemos voltar onde estávamos. Isso pode ser um sonho, mas sei que sonhos se realizam. Muitos anos se passaram desde a nossa última conversa de verdade. Eu sei que tem sido tão duro para ele quanto é para mim. Perdemos muito tempo, mas acredito que o amor que temos um pelo outro é maior que isso. Nenhum de nós jamais cortou o cordão umbilical. Eu espero que, se algum dia, Marshall chegar a ler esse livro, ele entenda melhor as coisas e perceba que a última coisa que quero é machuca-lo. Eu o amo de mais para isso. Eu tentei apagar a dor e a mágoa mas eu quero que ele saiba que eu o amo - sempre amarei. Quero que ele saiba que não o culpo pelo rumo que as coisas tomaram. Se ele precisar de mim, estarei lá em um segundo.

CAP 27

Faz 10 anos que meu filho Marshall se tornou Eminem, o super star e nosso relacionamento ruiu. Isso acaba comigo porque passamos por muita coisa juntos antes dele ser famoso. Mas mesmo que ele tenha me virado as costas, ele recentemente está voltando as raízes. No verão ele foi visitar o túmulo de seu tio Ronnie em Saint Joseph pela primeira vez. Eu daria tudo para estar lá com ele. A morte de Ronnie com 19 anos de idade afetou muito o Marshall, eles tinham a mesma idade e cresceram juntos. Eu sabia que ele estava lá porque o pessoal do cemitério ligou para mim avisando. Ele ainda é o héroi da cidade, e todos querem conhece-lo. Mas desde que Proof morreu em Abril de 2006 meu filho se fechou. Ele se afastou das pessoas que o amavam e se rodeou de pessoas que acho que não são do melhor interesse dele. Ele tem algumas namoradas mas Kim ainda está no pano de fundo. Ela sempre estará presente por causa da filha deles, Hailie Jade, mas eu queria que ela parasse de brincar com o coração dele e deixa-se ele seguir em frente. Marshall está mais velho e mais sábio agora, e acho que ele esta tentando se re-encontrar. É algo que fazemos quando envelhecemos. Eu acho que os 2 anos que Marshall ficou longe dos holofotes da fama foi um tempo útil para reflexão, tentar descobrir o que ele realmente quer da vida. Ele voltou ao estúdio trabalhando em seu primeiro álbum desde 2004, e produzindo vários artistas. Ele também está trabalhando em sua auto-biografia - espero que ele se lembre dos bons momentos que tivemos como família. As pessoas me acusaram de escrever esse livro por dinheiro, mas este é último motivo disto. Eu quero acertar as coisas, que meus dois filhos saibam o quanto eu os amo, apesar de

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nossos desentendimentos. E quero que as pessoas conheçam o verdadeiro eu, e não as pessoas que elas acham que eu sou. Eu tive muitos amigos ao longo dos anos, e peço desculpas aqueles que não foram citados aqui. Mas obrigada, aos meus amigos e familiares por acreditarem em mim. Nada pode superar ou substituir o lugar das crianças em seu coração. Eu quero dizer a todos os pais que passam por uma situação parecida, que nada é impossível para Deus. Os milagres nunca param e eu me recuso a não ter mais esperança. Os fãs de Marshall ainda me insultam na rua. Eles me chamam de “8 mile” e acreditam que sou o demônio uma bêbada pirada como foi colocado no filme. Aquela não se parece em nada comigo. O filme é uma ficção, mas as pessoas ainda implicam comigo por causa dele. Sofri abusos de profissionais da medicina, que só queriam saber sobre meu filho famoso, de lojistas e garçons Constantemente tenho que mudar o número do meu telefone por causa das ameaças de morte. As vezes me sinto muito sozinha. Minha saúde foi pro céu, pedi peso e sempre me sinto doente. Ainda assim, ninguém sabe me dizer o que há de errado comigo. No Verão de 2007 passei um mês fazendo exames, mas nenhum médico descobriu nada. Alguns só queriam falar sobre meu filho. Pareciam não ter interesse em mim. Minha saúde vai se deteriorando aos poucos, meus rins e figado estão me dando muita dor, assim como outros problemas. É como se meu corpo todo estivesse se acabando. Eu continuo a esperar que terei um tratamento médico de respeito, sem julgamentos, sem ninguém perguntar sobre meu filho ou nosso relacionamento. Mas nas músicas de Marshall, na internet e na mídia eu sou um monstro. Ele paga o meu plano de saúde, mas isso tem um preço. O pessoal dele sabem de todos os meus problemas de saúde e nunca me deixam esquecer disso. Eu me pergunto se Marshall sabe o que eles fazem. Ninguem pode deixar a mãe sofrer por tanto tempo só para manter uma imagem de bad boy. Eu passo dias em dor, mas rezo todos os dias para ter forças para continuar. Eu quero muito me reconciliar com Marshall antes que seja tarde de mais. Acho que ele sente o mesmo, mas depois de tanto tempo, provavelmente ele não sabe mais como se reaproximar. Eu fiquei muito preocupada com ele no inicio de 2008, quando ele passou 5 dias no hospital com pneumonia e dor no peito. Ele ganhou peso, alguns falaram que ele chegou a pesar mais de 90 quilos e parece ter envelhecido mais rápido. Ele sempre gostou de comer porcaria e comida mexicana. Sei que ele ainda sente a morte de Proof, e a fama que ele tanto desejou faz dele hoje prisioneiro da própria casa. Eu queria estar lá as vezes para conforta-lo, e sinto muito por não ser capaz de acompanhar o crescimento de minha neta Hailie. Contando a minha história, eu espero que Marshall e Nathan percebam o quanto eu me importo com eles. Estas foram as recordações da minha vida. E não pretendo machucar ninguém Há tanta coisa ruim acontecendo no mundo e rezo para que as pessoas um dia possam se dar bem um com o outro. Eu sempre ajudei os desafortunados, colocando as necessidades deles na frente. Eu cuidei de meus irmãos quando eram mais novos e de minha vó quando ela ficou mais velha. Eu ajudava crianças e Marshall e Nathan sempre tinham companheiros para brincar. A casa sempre tinha voz de criança. E mesmo que hoje eu esteja sozinha, o telefone ainda toca. Eu tenho amigos incríveis que me ajudaram muito. Ainda não é capaz de encher o vazio de meu coração, mas ajuda. --- EMINEMONLINE.COM.BR |CREDITOS: EMINEM FOREVER BLOG

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