n Ú m e r o 43 4.0 trimestre

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N Ú M E R O 43 4. 0 TRIMESTRE 1949

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N Ú M E R O 43 4.0 TRIMESTRE

1949

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CONDIÇOES DE ASSINATURA

Um número trimestral • • • • • • • • • . • • . • • • . . • .. . • . .. .. • • 10$00

Um volumo acmestrnl (dois níuncros) . . • . . . • • • • • • • . • • 17$GO

Alllinatura anuru (quatro números) • • • • • . • . • • • • • . • • • • 8~60

• DEPOSI TARIO GERAL

Grupo «Amigos de LiJboa• - Rua Gam:tt, 62, i.0 -Tele!. 2 57U

• CORRESPONDJ?NCIA

Seeçlo d<> Propagaoclir. e Turismo da Càm:ua Municipal dC> Usboa

Rua da Boa Vista, n.0 8 - Tele!. S ilH

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~ E

~ • ........ ,,,._ ~-- -

- REVISTJ\ MUNICIPAL D I R B C Ç Ã O DR , J ABIE LOPES DIAS

• ASS1ST2NCIA GRAFICA JOSlt ESPINHO

• V E S E N H O S D E M A N U E L L A P A, R O S A D U A R T E, C A R LOS R 1 BE IR O. E JOSE ESPINHO

a •

• • CAPA DE JOSE ESPINHO •

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ACl1RCIO PEREIRA

LUIS DE QUADROS

MATOS SEQUEIRA

J. CAMAR;\TE FRANÇA

AFONSO DO PAÇO E FAUSTO ]. A. DE FIGUEIREDO

LISBOA 169!!

A VISITA A LISBOA DO CHEFE DE ESTA DO ESPANHOL, GENERALISSJAIO FRANCISCO FRANCO

A RUA DA PALMA

AS COMEJJORAÇOES DO 802.º ANIVER­SARIO DA TOMADA DE llSROA .IOS MOUROS

L 1 S B O A 1 8 9 9 (Continuaçíio}

O 80.• ANIVET?S . .fRIO \'ATALICIO DO SR. PRESIDENTé DA RF.POBLTCA

.\"OVAS ESTAÇôES PRt-HJSTóR/CAS DOS ARREDORES DE LISBOA

ANTOLOGIA DE LISBOA

SECÇÂO ]URIDIC·I

BIBLIOGRAFIA

JNDICE GERAL DA .. REVJSTA MUNI­CJPAL»-N.•• JG ti ,J.1-ANOS DE 1948/49

* N.• 413-4.• TRIMESTRE-1949

* COMPOSTO B JlolPRBSSO

NAS OFICINAS CRAPICAS

DA CAllARA MUNICIPAL DB 1.IS80A

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OS ARTIGOS PUBLICAUO$

NA •REVISTA M UNIClPA!.• s.\o OA RESPONSABILIDAI>I>

DOS SEUS AUTORES

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LISBOA l 8 9 9

Coa~tfoci& profenda no SaUo Nobre de. Paços do Col>celbo, no dia ~5· de Outubro de 1~9. eob a presid- do ... comandante Nuno de BriaD, em repraeataçlo do ... Prelidtute da Repóbllc:a; qoe-va Ladeado pelo. sn. Suboecretirio ele Estado da Aoslstbcia: Prof. Dr. Queiro• Velooo, Presidente

da Academia Portu,,_ da Hio<ória; Dr. Jálio Dantas, Preoideote da Audomia du Cienciu de LW>oa: e Tootate.Coroncl Alvaro de Salvação Bureto, Pros!dcnte da C&mAm Municipal de Lisboa.

Lboa 18991 Vão escoar-se trezentos e sessenta e cinco dias até que se extinga o século 1

Tive sempre a impreuão de que, ao bater a meia noite, há um ligeiro espaço de tempo, uma pausa fugaz, um hiato breve, um relàmpago em que, inconscientemente, damos balanço à vida que vivemos, e, num profundo si­l~ao de bondade, csp6cie de comunhão em que se lavam pecados e culpas, o coração de todos os homens espalhados

pelo vasto Mundo bate ao mesmo ritmo gene­roso e amplo. Enganadora esperançai A meia noite varia segundo os meridianos. Os homens nunca se encontrarão!. ..

Agora, como na portada de cada novo ano, estampam-se interrogações inquietas. Comovido, cada. um d<' nós, face ao Destino, sonda o Destino e prepara-se no seu Último para um novo combate. O sonho que não passou de sonho talvez venha a converter-<;e em realidade! As dúvidas derretem~ ao con­chego reconfortante dos larrs onde, cobertas de alvas toalhas e do mdborzinho em louças e vidros, as mcsu esperam, muito quietinhas e sisudas, que sobre elu deponham o patriarcal perú recheado, ainda a dourar no forno do pa­deiro da rua, e que a família se reuna à volta, contente e palradora, de garfo e faca em riste.

Um perfume de csperanÇa ergue-se de­vagarinho da chaminé de cada casa. E não há como a esperança para tecer a tal.agarça rosada das ilusões!

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Lisboa, recolhlda cm modesta pacatez de aldeia, ,;çosa e alegre. sorri com aquele claro aorriso dos días soalbent06 de lnvemo em que tudo ~ transparontc e leve, murm6rio carinhoso e gentil donaire.

Amarinhando 11 colinas, en~tadas umas às outras, alcandoradas à bcira de desníveis violentos que sugerem cquillbrios i!WAveis, as casas, vistas de longe, lembram o saco de retalbot de Maria Papoula, na variedade infinita e gá.rrula de coloridos, na sobreposição e invasão m11tua de cromatismos, na ingénua ignorância de urbanizações. Hã um certo ar de paradoxal tumulto ordenado - ruas torcicoladas, recantos inesperados, linhas sinuosas de vielas e de becos, gar­gantas de Quebra-Costas - ci;cadinhas a despenharem-se quase a pino no vale - laq:uitos dcsa­frontando a entrada de velha igreja. De cada nesga de arruamento cm direitura ao Sul descobre-se uma nesga do Tejo, rebrilhando calmamente, cardume de eacamas de ouro onde às vezes passa uma vela afanosa da cabotagem.

Calmos e senhoriais palácios de nobreza •izinham, em Alfama, pn!dios esguios onde se arrwna gente pobre, roupas penduradas a secar nas janelli, como bandeirolas em dia de fC$ta; vasos onde hão-de abrir-11e as con>las das flores. >Obre os parapeitOG das mansanlas; e, no declive dos telhados desiguais na altura, os gatos lisboetas dormem e&parralhados on filosofam ou se batem à unha por sua dama. A Sé, embiucada nos parodõcs medievais, deixa oorrer os anos e os séculos, as gerações e os acontecimentos; e o velho Ca~tclo, berço e n11cleo da expanõào citadina, desfeado pelo aborto de edificações casemeiras, recorta-'&C na paz infinita do céu azul.

Lisboa. 18991 A Graça e o Monte de s. t;cns espreitam as misérias e u tristezas da Mouraria, abandonada

por falso romantismo à trsica, à prostituição e ao fado. Sobre a Baixa pombalina e a. Avenida da Liberdade a alegria doa sinos das igrejas gargalha. no bronze as canções profanas mais cm voga, porque ainda. os nilo espartilharam severidades canónicas. O Fado Lir6, o Fade do Jacinto, o petulante ~ descalço do Rtbo/a a bola... que deu popularidad" a uma revista não muito católica, andava no repertório da; sineiro,., nesta cidade sem nncores, sem paixões violentas, onde todos se conheciam e se saudavam, numa tranquilidade bonacbelrona, sonolenta, sem p~. U estava a pautar-lhe a cxis:ê!lcia. pequenina e feli:r:, a espreitar o pitoresco empedrado em ondas do Rossio, o inexorávtl mostrador do relógio do Carmo que, sabendo às mil maravilhas para quem trabalhava, <!W.:ava cair as l>Gdaladas das horas e meias horas para as repetir pouco depois com pachorras fradescas. ~ada de fiar no relógio da Rua Aug~ta que, talvez por influência. do Terreiro do Paço, tinha repelões de mandria e parava obstinadamente ou obstinadamente andava meio ma­luco a marcar horas que já tinham passado ou minutos que ainda rolavam num próximo futuro!

Lisboa 18991 Bairro Alto, r.uga.do de vielas sombrias de febre e de vicio. Bairro catita da Estrela, envol­

vendo a basllica apoplélica na rotundidade do zimbório que o desventurado Mateus Vicente traçou; bairro da Estrela com o seu quadrado de jardim cm cujos bancos os velhinhos iam procurar o Sol que se lhes ausentara das veias, e que as criadas, negligentes dos cuidados mercenários a. dispensar aos bébés, tinham arvorado em paraíso dos guardas municipais de petulantes e conquis­tadores bigodes retorcidoa.

Lisboa da minha infància, como tu eras encantadora na tua garridice tão simples, no teu silêncio ligeiro. nas tuas pequeninas quizfiias, nas tuas baforada• de génio que logo passavam e se transmudavam cm sorriso! Lisboa casta, lavada de pecado original. recolhida em ti própria, feliz!

Ao longo do rio que vem de distantes terras aragonesas, entre montanhas carrancudas e planícies de um verde mimoso; do rio cortado pela linha airosa das amouriscadas faluas e onde

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se balançam caigueiros e paquetes, desdobram-se, de Alcântara a Xabregas, os bairros das varinas e dos marítimos, dos operários fabris e dos descarregadores do porto. Pelas tardes dos domingos os harmónios e cavaquinhos desafiam despiques de cantigas donde se exalam os odores salinos da ria de Aveiro e dos litorais duriense e algarvio, o cheirinho a estevas e giestas das mootanhas hei­.roas. ou que trazem à memória ruidosas romarias minhotas com foguetes de três respostas e bus<;a.-pés a girarem garotamente entre os tamanquinhos das lavradeiras.

Em S. Paulo, bronzeados turcos, de fez, ac:oc:orados no chão, bocejam na calma do Ano Novo ou aquecem-se na algaraviada do cavaco. Um galego solitário, barril ao ombro, cheio de àgua do chafariz, atira o lamentoso atl! para os que não gozam do luxo da água encanada.

Para lá da Rua Alexandre Herculano são quintas e hortas, salpicadas de casas de pasto, desafogo domingueiro dos alfacinhas, aquelas quintas e hortas de que um dia as câmaras municipais haviam de apoderar-se para construir uma outra grande e maravilhosa cidade.

Lisboa 18991

Ando entemecidamentc dentro de mim próprio a procurar no ~do o que os meus olhos infantis descortinavam; e vejo tudo tão bem, tão nltido, com seu pausado e silencioso movimento, que não há melancolia de saudade que ensombre as imagens!

Minha Lisboa, pitoresca e linda, recolhida nos frágeis nevoeiros invernais que se adensavam sobre os vales e deixavam livres os altos das colinas, semelhando repregos de um cenário!

Minha Lisboa, pitoresca e linda, batida das chuvas que cobriam de lamas janotas o Chiado! Minha Lisboa, pitoresca e linda, toucada de flores primaveris, requebrando-se ao Sol! Minha Lisboa, pitoresca e linda, com lojistas em guarda-pó e lenço de Alcobaça à roda do pescoço. sen­tados em mochos à porta dos estabelecimentos, em busca de uma viração compensadora dos tórri<:los calores do clial Minha Lisboa, pitoresca e linda, de Outonos suaves quando o Poente alonga a ca­ricia. de dourados velhos sobre as árvores e os empedrados! Minha Lisboa., pitoresca e linda, das es-­pigas e papoulas da Ascensão, dos manjericos perfumados e dos rubros cravos de papel nas noites consagradas de Junho! Alinha Lisboa, pitoresca e linda, dos luares meigos pondo claódade de sonho nos ângulos evocativos! Minha Lisboa, pitoresca e linda, das inocentes andorinhas atarefadas em levarem a pitança aos filhos que, em grita de meninos, a esperam de biquito aberto no palácio de lamas e penas, suspenso dos beirais dos telhados! Minha Lisboa, pitoresca e linda, despertando com a. m6sica alacre dos pregões e adoimecendo sem cuidados quando do alto do Castelo de 5. Jorge os clarins chamavam a recolher os soldados dispersos que, batendo desajeitadamente o couro dos bules na calçada, largavam em corrida twnultuária de cabritos que procuram o red.ill

Lisboa 18991

Vão desfilar perante V. Ex ... cenários e acontecimentos, figuras marcantes e povo, sombras que se desvanecem nestes apressados cinquenta a.nos, e que talvez nuns, os mais velhos, acorde uma doce e magoada saudade, e aos outros pareça um humilde e ingénuo Mundo que o cosmo­politismo da nossa êpoca tomou ridículo, mas que nem por isso, como evocação, deixa de ser cativante e encantador.

Era naquele tempo - oh! como doí falar assim! Dir-se-ia que 1899 se aproxima das duras e confusas idades pré-históricas! - em que um homem não clispensa.va., pelo lllCllOS, oma vigo­rosa bigodaça, um chapéu de coco e uma bengala; e as scuhoras, de gola alta. e manga de presunto, erguiam atrás, com mãozinha elegante em luva de pelica, as saias que rastejavam. 7

Era no tempo em que os america11os do Conde de Bumay, puxados a muares, mudadas regulannente em Santo Amaro e no Arco do Cego, andavam à compita com os carros do Jorge e da L1lSi.tana, aos Sblavancos fora dos raits, e que se réclamavam de mais populares.

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Coupis conduziam às secretarias de Estado e às Cortes, seguidos de um agaloado correio a cavalo, os homens que vergavam ao peso das responsabilidades do Poder, coupés iguais a outros que por 800 réis nos levavam, numa corrida, do Rossio ao Camões ou, em íila sonolenta, guar­dando, como num cofre, senhores de chapéu alto e sobrecasaca, um ar de recolhida compunção, marcavam o passo com a carreta dos que iam a enterrar por estradas lamaGeDtas até os cemitérios.

Uma cidade sem ruídos, sem buzinas, sem rádios estridentes. E nisto o sr. Conde do Restelo, o dos fóros e da Farinha Ferruginosa Franco, que presidia ao município, levava grande vantagem ao sr. Coronel Salvação Barreto.. . Uma cidade que perdera a noção da gargalhada, tão pouco da simpatia do conselheiro Acácio; que fora abandonada pelo esfuziar do esplrito; que bocejava, se esquecera da alegria. da saúde moral; que namorava da rua para o 4. • andar por complicado alfabeto de mãos durante o dia, em altos berros à noite, quando não utilizava também o boçal e respeitável moço de fretes para troca de cartas cheinhas de exaltadas juras de amor mesmo para além da Morte, na ânsia imitativa do siitistro Noivado do Sepulcro. E. quando falhavam estes meios vulgares de contacto entre dois corações em labaredas, o anúncio em jornais era recurso certo. Aqui apresento a V. Ex.•• os termos repenicados de um deles: uA.-Recebi c. de N. Li e r. Desejo c. bem. S. infinda. Recebe m. b. do s. teu. Espero n.»; um outro esjX'CÍJDe. este de redacção um pouco ambígua: «S. S. S. Tenho ido todos os dias onde sabes; não te tenho visto, e continuo a ir». Exemplo de um anúncio no género charada: «P. S. No momento de ler a. tua c. (Estamos a ver a doce burguezinha destinatária, de cabelo enrolado no alto do toutiço, trémulos os nervos virginais, buscando de olhos arregalados na floresta dos réclamos ao Carvão de Belloc e às chapas esmaltadas do Freire-Gravador a cálida missiva do seu eleito - era assim que se dizia. Adiantei Ele - o eleito - comunica-lhe que leu a carta, e acrescenta com desenvolta clarerta: "· .. o que mais me impressionou foi o ftubep epnfo ftgisjup, por isso, parecendo estar possuido de uvjub dpssbhfn, tratei de te bojubs».

Demonstração do amor suculento é estoutro. Titulo 001 caracteres bem negros: «Bifes». E depois: «Tenho muitos desejos de saber o que se passou ontem quando tua mãe falou a teu pai a respeito da tal pessoa».

As nossas fronteiras eram impermeáveis. O Estrangeiro constituia um l\Iundo á.parte, miste­rioso pandemónio para a grande maioria, de onde apenas chegavam, retardados, os écos mortiços das modas de Paris, aquele antro pecaminoso de desvergonha do can-can, no qual se atolavam as reputações mais veneráveis e se afundavam as virtudes mais castas. Pouco ou quase nada se avançara sobre o quadro que alguns anos antes Eça de Queirós ironizava numa das Cartas de Inglaterra: «Lisboa ... quer a bela estrofe llrica, o rico drama em que se morre de paixão ao luar, o fadinho ao piano, o saboroso namoro de escada, a endecha plangente, a boa facadinha à meia noite, o discurso em que se cita o Golgola, a andaluza de cuia - enfim, tudo o que o romantismo português inventou de mais nobre».

O escandalozinho constituía o melhor prato para a bisbilhotice de Lisboa. Agarrava um esdndalo, cheirava-<>, tomava a cheirá-lo, voltava-o de cabeça para baixo, virava-o do avesso, dividia-o em postas, e, durante dias e dias, não reclamava outro regalo. O que Lisboa gozou com o rapto da actriz Dolores Rcntini, uma linda morena de olhos negros feiticeiros, boquinha bem recortada, donairosa de corpo! Aquilo durou semanas, meses! Em 10 de Janeiro, um dos jornais da capital, na secção A última hora, narrava pormenorizadamente: «Esta madrugada, quando terminava no teatro da Avenida o ensaio de apuro da peça fantasia A Pera de Satanaz,

8 deu-se à. porta do teatro um acontecimento que impressionou desde logo as poucas pessoas que dele tiveram conhecimento. A actriz Dolores Rentini, que tantos aplausos tem coru;eguido naquele teatro, onde pela primeira vez se apresentou ao público lisbonense na famosa revista Ali.. . à preta, é solteira, e, mm:! dos seus dotes de gentileza, viu formar-se em roda de si uma verdadeira corte

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de adoradores. como sucede ordinàriamcnte no; tcall'O'l. A todos tem sabido ~stir, ao que se diz (reparem V. Ex ... na prudência da cxpfC5São), até que um deles, mai%. ou~do que os oolros, deliberou conquistá-la pela força. e di!lpÕ,; as coisas para o efeito de!ICjado. Dolores Rentini, ao sair do ensafo. como acima dizemos, foi raptada e metida dentro de um trem de praça onde jã se achava o admirador cm questão, de a.p<'lido Loureiro, que desde logo $Upõs temn sido coroados de êxito O!\ ~cus esforços. Mas não foram tal, porque o trem, não obstante o cocheiro bater bem, foi a breve trecho alcançado pela policia. que acudiu ª°" gritos das pessoas que lhe iam no en.calço, sendo o raptor, a raptada e o cocheiro conduzidos sob prisão para o governo civil. O trem em que a actriz Dolores Renlini era raptada tinha o n.• 2G!l. O raptor parece ser um caixeirr:>-viajante de uma casa do Porto, que pouco tempo tem deixado de e;;tar em Lisboa. hospedado no Franclort, desde que Rentini veio reprlscntar para Lisboa, na companhia Taveira».

Acaba aqui o 1.0 acto deste dramazinho sentimental, verdadeiramente típico da Lisboa 1899. 2.• Acto - ll de Fevereiro - Darei apenas o argumento. A formosa Dolores, crepitando de

paixão pelo seu Loureiro, que teve a auxiliá-lo o alfaiate Aruóaio Pereira Brandão. safa-se da casa paterna e acolhe-se na de «um individuo muito conlM-cido em Lisbo~. para os lado; de S. Lázaron. (P~o dC:iCUlpa a V. Ex ... de não ter prq>arado um comentário musical como nos filmes). O agente Fagulha entra cm cena e d~cobre tudo. Prende a actriz, o Loureiro. o Brandão, o individuo e mais a esposa, e o irmão da diva. No i:;ovemo eh~! tn:io ~ resolve: Dolorc. vai para um recolhimento e - esclarece o jornal - <1no dia 10 tlo mÍ's próximo. reunir-se-á com o sr. T..ourciro pelos sagrados laços do himeneu». E a actriz, o Loureiro, o Brandão. o individuo e mais a esposa, e o innão da diva são rcstituidos aos ares da liberdade.

No último acto, o pano desce entre palma; de uma '3.la conlcotc. Xo dia 8 de Maio, na ermida da Vitória, Dolores reune-se pelos tai~ laços ao galã Loureiro e ambos vão passar a lua de mel para Sintra.

O que Lisboa se pelava pela pasmlceiral !\os primeirof. dias do ano, inaugurou-se o elevador que do Largo de S. Domingos fazia caminho até S. Sebastião da Pedreira. pobre inválido logo à nasctnça, continuaml'n·e parado. contínuamente em arranjo. e que não passaram muitos meses stm recolher para sempre ao paralso dos elevadores. Pois ha~~.a mai;otcs que pasoavam horas a va.Jo partir, trôpego, grazinando ferragens, e a vê-lo chegar cambaleando, como a desconjuntar-se!

Os tipos populares eram uma C$pêCÍO de santões marroquinos. O Rei da Madurcza de seu nome Pedro ]ore Baptista Ferro, bairrista da Bica, preso trinta

o nove vezes por embriagul!s e fraseado em demasia vernáculo, vádio que se recusava a qualquer trabalho, mal aparecia numa padiob. ou numa carroça a pregar os seus sermões, abundantes em alarvias, era logo rodeado de uma multidão simplória.

Morreu miseràvclmcntc num cubículo imundo. o Rei da Aladure:a. que ac.roditava na sua glória. Glória efémera! Bem faço cu que nunca a.credito nela. sobretudo quando me recordo do leilão da imperatriz ";úva de D. Pedro IV.

Grita o pregoeiro: - t:ma mesa ofcll'Cida pelo imperador Xapolciio. o Grande! E logo um adelo, com ar desprendido: - Bem! Pooha lá uma libra por ter sido desse

sujeito ... e, enfim, porque é de mosaico! ... Desfilam outros tipos da papalvioe alfacinha ... O Pai C4ndido, vdho negro tresandando

a aguardente, que acompanhava JY.lssc» de dança batendo numa lata, tinha a sua corte. Ao !} Oportuno. um miserável de alfurja, que andava sempre nas tabernas e vondia rifas para disfarçar, não faltava clientela para o tráfico de amores e vigilância de amadas. O Da.opias, pobre senhor. de boas famílias, a quem a morte da esposa abalara, e passeava. envergando uma. sobrecasaca

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azul, muito cintada, com botões de prata, deixara crescer uma feminina trança que lbe descia pelas costas. Das Manas Perliquitetes, em 1899 restava Josefina Adelaide, ridícula nas suas toilettes e nos chapeus, e sempre rendida aos gala.o.teios zombeteiros de algum atrevido transeunte. E, en­quanto o ricaço Marquês de Franco, de volumoso chinó, grandes bigodes e chapéu alto, enchia os grandes bolsos da grande Eobrecasaca com os mail> imprevistos objectos, entre os quais não faltava um relógio para qualquer bailarina de S. Carlos. o Sebastião e a Sebastioa, anafados, importantes, solenes, ostentavam-se no seu opulento trem, tirado por opulentos caV'alos, e o Justino Soares, sorridente e mesureiro ajanotado, recolhia à sua casa na Calçada do Caldas onde instalara uma famosa academia de dança. Acácio de Paiva dedicara-lhe um dos admiráveis sonetos, arte em que foi mestre, nos Célebres da Semana do Siculo Humorístico. Terminava deste modo:

Dança a dormir, a p6, dança a sonhar, E qWUldo entrar no Céu, curvado, airoso, Convida.nl. S. Pedro p'ra valsar!

Mas Lisboa 1899 é, também, expressivamente religiosa. Pode discutir-se o seu amor pelo pitoresco em matéria de religião, podemos sorrir a algumas tealTais manifestações desse sentimento, podemos achar-lhe contradições com a verdadeira fé . ?.Ias Lisboa é ~boa e não se muda o ca­rácter de uma população com a facilidade com que à noite ela envergava caaúsa até os pés e en­terrava na cabeça um barrete branco, de malha, com borla.

O Viático aos cnlrevados era, sob este aspecto, uma das expressões mais flagrantes da religiosidade popular. Darei ràpic!amente o quadrinho através de alguns periodos de uma noticia do Siculo (Perdoem V. Ex ... o réclamo) «Com a maior pompa e solenidade realiwu-se ontem o saimcnto do Viático aos entrevados da freguesia de Santa Catario.a. O cortejo abria com a banda da Sociedade Guilherme Cossoul. .. » «Na Rua do Almada, à esquina da Travessa da Portuguesa, foi armado um coreto onde uma banda tocou até a meia noite ... J> (Certamente para embalar os desgraçadinhos enfermos) 11Na Rua do Poço dos Negros, ao centro, foi armado um coreto onde tocou a charanga de cavalaria 4. A rua estava lindamente enfeitada com muitos mastros, bandeiras, festões, trofeus, arcos, verduras e floresn. Confessemos que no género arraial não se poderia desejar meihor. E não lembro a V. Ex ... a procissão de S. Jorge com os cinco pretos, faldados e empena­cbados, a tocarem clarim. tambores e plfano: um latagão que se vestia com armadura, a troco de 2$000 réis; um pagem, louro e cândido, o.um cavalo docemente branco; e o santo, oscilao.do sobte uma alimária, os olhos espantados, um chapéu de plumas, uma la.nça e um escudo.

O Senhor da Serra, na quinta Borges de Almeida, em Belas, desbancava a Senhora da Atalaia e a Senhora da Piedade, na Outra Banda, cm entusiasmo e concorrência. Era espectáculo sugcsth-o de colorido e de vida; uma aguarela magnífiica.

Os romeiros chegavam em trens de toda a espécie, carros e carroças enfeitados, equipagen' particulares, a cavalo, em bicicleta, a pé. Estralejavam foguetes. tocavam filarmónicas, ranchOI cantavam e dançavam; os feirantes gritavam a exrelência do vinho que enchia. as suas pipas, do bacalhau albardado, das costeletas e do peixe frito, das queijadas e dos refrescos. Vendiam-se bentinhos e registos .do Senhor da Serra. objcctos de barro, cestinhos de verga, ventarolas, cravos de papel. Os cegos, das guitarras, entoavam lamentosamente versos estropiados, enquanto os sàlidós e os toca.dores de harmónio acompanhavam o rodopiar do «vira>> e os passos do fandango, as ca-

l O chopas vermelhas do bailarico, eles de lenço branco à v<Xta do pescoço. E, à sombra, sob o docd das árvores, a glutoneria dos grupos, sentados no chão, absorvia os faméis em que abondlava, sobre os leitõcs assa.dos e as melancias, o perturbador vinho de Torres ou do Samouco que haveria de falar cm questiunculas e rixas.

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Lisboa do bom-tom 1899, do Turf e do Tauromáquioo, do Braganza e do Siln do Res.­tauranl Club. de S. Carlos, das tard~ aristocrihcas do Campo Grande e da.. toura.das de fidalgos. o )limollo. d'a Ru.. do Ouro, partia para. Pari5 e Loodres e regressava de Paris e Londres com as novidadft da pr6xima estação. Era. c111c ir buscar aAlS grandes costureiros da primeira daquelas capitais as toik:tle$ modelos que ap;i.rcciam nos camarotes do tea.tro lírioo e nos salões mais es­colhidos. As costureiras francesas instalavam-se nos hotéis com as suas novidade& e rcgre;savam com as malinhas bem recheadas. O Leitão C':lll\erava-sc na arte suprema das j6ías de preço, e o Peixinho, da Rua do Carmo, a disputar primazias à Ma.rios Lathelize, da Rua do Ouro, não se esquecia de se precipitar da sua loja com um perfumado e colorido ramo de Dores, quando as rainhas passavam nos landaus entre titulaí\'S que, de chapéu alto, lustroso, na mão, curvavam a linha elegante das sobrecasacas numa vénia rebuscada.

Importara-se, então, a moda das capa~ pra.ra senhora.. muito roda.das cm baixo, apertadas no pescoço e gola ampla, erguida. A lira popular e às vezes bem pouco poética de EscuUpw. comentava na Secção Alegre. do Si'culo:

Ao capinhu du senhoras Voltam a ... r d..-aadu. 11 de nr b prplb.7.d» Ver u <4mu sedutoraS.

e.cm ª"' fonn t'i u:ntadora.s Mrolifl.L• numa borjaca. Faif'm l~mbr.Lr um.t. sict'l.,

Ainda Junto no topotc, Um:u1 cor de rnh.1nete E outro.." cor de m1o de vaca.

J2 de Março caiu a um domingo . .E foi um cstadear de elegância!; no Campo Grande e na Avenida em cujo coreto a banda da Guardn )lunicipal 1inha um público certo e pacien~e. O cronista do Diário /lustrado, numa linguagem de cândido preciosismo, marchetada de francês caixeiral, que por si só nos exprime uma época, escrevia deliciado:

, Tuc!e de Verão, convidativa. t'm céu azul purlssimo. Toda a Lisboa na rua .• :\s 4 horas, o Campo Grande apresentava um aspccto digno do pô.nccl de ~archettil

Equipagens magnificas, por todo o parque adiante, cruzaruk>.se com grandes grupos de amazonas e cavaleiros, e velocipedistas de ambos os sexos davam a nota do sport. Junto do chalet Cordeiro, numa etalage de luxo e ~ elegância, as mais distintas senhoras da nossa sociedade conversavam». Agora, o cronista excede-se no rebusca.do da sua literatura de val9'. a prémio. Ouçam V. Ex.": «E disseminados pelo Campo fora, sentados na relva na alegria que impõe um dia bonito, bons burgueses jantavam em oomum, e de vez cm quando gargalh:idas sinceras partiam dos seus grupos. e vinham ferir os ouvidos da clC!(.t.ncia que passava, reclinada nos landaus. sorrindo nas tlil6rias, rcclinando-~e nos co11pés .. ·"·

Esta mesma literatura pretcnsiosa, ~nero pastel de nata, cxtravaza-se lllil notícia de outro jornal sobre a batalha das ilon:s, que se realizou no 1.• de Maio, na Avenida da Liberdade. Che­garam o sr. D. Carlos, a. sr.• D. Amélia, a. ralnba viúva sr.• D. llaria Pia, o sr. infante D. Afonso e os pr!ncipes. Puxados os punhos de renda, o meu dtfunto colega vincava na alvura do pa.pel: ·~ meça, entlo, o tiroteio. Ji não M peias, ruida !""ende os combatentes. Ohl a. dclici09e. lata com flo-

mi e pequeninos sacos de bombooa - bcüas. que não forem e que, pelo conll'ário. são mais macias 11 e suaves do que beijos!...» Segue·sc a enumeração das carruagem enfeita.das. Poupo V. Ex ... à estirada lista; mas permito-me supor que, principalmente para aqueles que recordam essa época, sejam curiosas três ou quatro notl\S br,"VCS. Entre as equipagens qu.e faziam o corso, notou o

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jornalista - a da sr.• D. Palmira Feijão (que haveria de morrer nesse mesmo ano de 1800). esposa do distinto médico Feijão. muna caluhe artisticamente enfeitad& com lílaz~. tendo em vez de lanternas dois liDdlislmos ramos de lilazes roxos; a do sr. J096 Luciano de Castro, uma magnllica caleclst1, conduzindo a esposa daquele estadi&ta, a sr.• D. Maria EmOi:t Seabra de Ca._tro, e suas gentilíssimas sobrinhas; a d'a aclriz Mcn:edes Biasco, adornada pelo sr. Jerónimo Silva, tend'o uma riqufssima colcha da. 1ndia, ror de rosa, bordada a matiz, representando o desenho uma grande águia e pavões. Mercedes trajava uma lciletu de setim branco e chapéu lilás; a da 91'.ª duquesa de Palmela. uma amencana à Daumont, crcundada por uma faixa de rosas amarclasn.

De Verão a corte e os que preteru:liam ser a>rte, acompanhavam os soberanos nas vilegia.­huas, primeiro em Sintra e, depou;, em Cascais; e o sr. D. Carlos entremeava as agruras da coroa com explorações oceanográfi<:as on seu Yaclst D. Anu!lia e com as caçadas por tomLs de Vila Viçosa e de Monforte.

Neste ano de 1899 abriu-se a cruzada da Assistência Nacional aos Tuberculosos, cuja obm, ainda que sem a extensão que todos desejariamos, continua a prestar valiosos serviços. Ficaria de mal com a ~ consciência e com as minh.ls respoasa.bilida.des de cidadão e de jornalista in­dependente se não prestasse a mais rendida homenagem à iniciativa da sr.• D. Amélia. Foi ela quem, com a sua doclicação, o seu dinheiro e a sua pertinácia, ergueu essa obra quc já. lar.dava. De re;to, oa ROtimentos da rainha, o seu con tanto inter""5C pelos que solrem, provou-se, ainda,

quando em Agosto se declarou no Porto a epidemia da peste

.otf·~P.t.. bub6Dica, enlutando a ciência portuguesa, desfalcada, quatro m- antes, pelo desapareci· mcnto de Manuel Bento de Sousa, com a trágica morte de Câmara Pestana, alto e no­bre exemplo das t!Ws ran.s virtudes médias, nome que não pronuncio sem profunda oomOÇão.

Foi no Porto, durante a autópsia de um pcstifero, que sofreu uma picada de lan· ceta.. Estavamos em Novem­bro. Câmara Pestana regres­sou à capital para continuar os seus apaixonados estudos. O mal surgira embrulhado na Morte. Compreendeu-o Câ­mara Pestana com nitidez. Levaram-no pnra o hospital de Arroios.

- Isto está por pooool Sei que estou pt•rdido!

Aparecera-lhe o bubào no pescoço. Era in'emediá.vel!

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Na. madrugada de 15, o estado do ~cncro:.o :.ibio agravan-se a cada mom1'1lto. A Intrusa, invislvel, impalpá.vd, avançava oom pasom fofos, um gela.do frio a envolv~la.

).~ 3 hora.•. os médicos e. entre e!C'S, o profes-,or franc.t',, Salimbcni, que, pelo Instituto Pasteur, de Paris, \'Íera estudar o morbo, ap!A:aram-lbe uma injecção in.tra-ven09a do soro de Yersin. Falava-se baixo, a medo ... A dor esll'illlgulava os coraçôe5. Abafava-se.

A um ool<'ga que se aproximara, Olmara Pe->tana quase gritou: Não te chegues! Não te chegues!.. . O meu hálito pode ser perii:osol.. .

Em seguida, chamou Belo Morais: - A morte está para breve!

E dâtou-lbe uma carta à rainha D. Amélia, pedindo que se inter~ junto do Governo a fim de que fo<>em nomeados definitivamente para o Instituto Bactereológico os médicos que com ele tinham colaborado em tão perigoso combate. Nada para si: nada para a velha mãe: nada pa.ra a filha. criança de 10 anos ..• A •ua dii:n.idade era de al1X> quilate! :e ncccssirio que a têmpera de nm homem seja de exoepção para que. -abendo que lhe ~.am pouces horas de vida. ardendo em febre, sofrendo horrore;,. guardt' a pureza do seu espírito de sacrifício a da sua irnçãol

!\o quarto, mal alumiado, wmbras bailando à volta uma faràndola patética. um denso cheiro a. desinfectantes. alguém pronunciou a mt'ia voz o nome de Ricardo Jorge, que, desinteres­sando-se de ódios populares, apedrejada a sua casa, \"B.iado, iuvectivado. insult•do. honradamente cumpria o ,;cu dever não hesitando pcrantt' cnéiWcas medidas para dominar, como dominou. o tremendo flagelo.

- Digam ao Ricardo que entrei. . - balbuciou CAmara Pestana - F.ntre, ~e tem coragem para a.'l!listir a uma das cenas mais trish.,., que deve ter presenceado n:i. sua vido.I ...

Esmagado. as lágrimas a quer<·rem •altar-lhe, os músculos da face lt>nsos. a barba revolta. o notável b<tctere6logo portuense despediu-11' do amigo. do mestre e do oompanbeiro. Médicos, calejados na vis.lo dos estertores, voltavam a. cara para que os não vigo;em chorar.

Cãmara Pestana quis despedir-se da mãe. üma cabeça branca, um rosto desfcito, olhos que a dor queimava. olhos que si> viam o filho desventurado, assomou à porta, que, obedeceodo a naturais cautelas, carinhosamente lhe impediram transpusesse. O monbundo esboçou um doce sorriso. Lentamente. por entre a respiração apressada, o peito arfante, o suor a escorTcr peia face amarelecida e seca. suplicou-lhe vela:;se pela sua mC'llina.

Ficou prostrado pelo esforço. Depoi>, num munnúrio: - Adeus! Vai começar a agonia.t •. -Minhas Senhoras e meus Senho~. descubramo-nos!

E já que a Morte passai... A 20 de Janeiro, num quarto andar da Calçada do Forno, dias depois de ter aparecido o seu livro de versos, Fl'/, morTe José Duro, no começo da mocidade, ro!do pela tísica. Não se tinham dobado dois mesc5 exalava o último suspiro J~ Simões Dias, o poeta. intcnsameote lírico, fresco e delicado das Peni1tsulares. que com doçura portuguesa amara a

Mulher, admirara a Mnlher, cantara a l\lulhcr. Algumas quadras da poesia A '"" roca, tão fluida e tão mim0&a, recordarão a V. Ex ... a beleio.a do seu espírito:

Qa&ndo 1e vejo. à noitinha. N- cad•lra oentada. O cbal• posto noe ..,,broe, Na cln t& a roca enleítada

O. olboo pootoe na cotriga Volvendo o ruoo noe dedoe. O. !Abioo canlatldo ao fio Da lua boca OI segtedOI,

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E11 digo btmpre baixinho Poado os olhOll na tua roca: •Se eu pudes.~ 1er cstriga BoíjoriA Mjuola bocal•

Me-u amor, quando acabares o. .. r,.... a tua estnp E oavus por alta noite Em '°" baixa ama cantiga,

Sou eu qu~ est0u a lembrv·mt!: 1)C)ll beJjOI da tua boca, E penoo q uc cm mim aio dadOll Oa ~ljoo que <L'\s na roca.

Os Teatros tü wboa. 1899 pertence ao perlodo áureo. Com que tristeza de saudade se olha o panorama! Companhias estáveis, com acto~ de primeira categoria cm qualquer dos ~eros, dramas. cnnédiu, farsas, revistas, mágicas acarinhadas pelas platéias; tro .. pe.s estrangeiras enca­beçadas por artistas mundiais.

Quando, na casa onde nasci - vejo-a, agora, aqui mesmo, com tão suave ternura! - meu Pai anunciava que tal noite iriamos ao teatro, o nosso espírito começava a preparar-se para o acontecimento. Não se falava noutra coisa à mesa de jantar e ao serão. Inexplicàvclmcnte, um calor subia-nOI às faCA!'I, em torno dir-se-ia que o conforto era maior, que havia um perfume muito bom, muito leve, ei;palhado na atmoskrn.. Ir ao l~troL..

E suponho que era assim em todas as casas, pelo menOI em todas as casas bu~eaaa. Como então se amava o teatro, se fala\'a dos actores, se recordavam as pa~ns mais cmotivu das peças, as i;raças que um dizia, as expressões que tomava, a voz musical da R<»a Damasceno, 09 rompantes de g~nio de Joaquim de Almeida, os olhares cómicos do Cardoso rebolando no carão vermelho, a naturalidade da Lucinda Simões, a galantaria. de Palmira Bastos, a laracha espontânea do Alirtdo Carvalho, a nobreza e a verdade dos Rosas, os nrrcpios trágicos do Brasão! Pergunto a mim próprio por que motivo vai isso tãn longe e esquecido! E não encontro resposta!. ..

Logo a 5 de Janeiro, estreia·!'(' no D. Amélia O que morreu de an1or, de Júlio Dantas, que inaugurava a admir:hel carreira teatral do eminente homem de letras. O crítico do Século confes­sava: e J; consolador neste período cm que a decadência parece acentuar-se entre nó,;, ver surgir wn wrdaddro ta.lento emancipado cio cOD\ cncionalismo de escolas, talento servido pelo trabalho árduo, sincero e honesto. Júlio Dantas ... desde os seus primeiros pa!ISOô na carreira liltairia afir­mou·se como um tnunfador. De principio notou·sc-lhe nas suas oblali uma tristeza, que a muit09 parecia postiça, uma tendência para o tétrico, na forma e na ideia, tendência que, neste meio descuidado, sob C>Jtc belo reu azul, ;unbicnte de alegria e de folguedos, punha uma nota mal i;o.·mte e que nos incomodava. Se era postiça ou não essa maneira pouco importa: a verdade é que revelava qualidadC01 podcroslosimas de intelectualíd4dc e uma sensibilidade comun:cativa e vibrante•>.

Fem:ira da Silva, Virgínia, Augutta Cordeiro, ~Iclo, Carlos Santos e Delfina Cruz recebem caloros.:i:. aplausos, chamadas de um público encantado, quando, na noite de 11 de Fevereiro. se estreou, no D. ltaria, a graciosa aguarela Peraltas e Sidas, de llan:c!ino. Dez dias p3.i!Mldos, no Rua dos Condes, Schwalbach, em pleno prestígio do seu enorme e ductil talento, marca um êxito com a revista Agulhas e Alfinetes, apesar de -e saber (comenta o crítico a quem era impo95lvel prever o futuro) «quanto é di!lcil escrever actua.lmente uma revi.ta do ano que a todos agrade.

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A censura policial eliminou o que neste género de ~as era mais apreciado pelas platéia." populares, admitindo apenas leves alusões pessoais. que correm risco de passar despercebidas, tão ligeiras

têm de 9Cr».

A melo do ano, o A\•enida. a.presenta a re\'ista-mágíca Está no se" dfreito. de Baptista. Dinis. ~ubro um sorrio;o nos L'\bios de algwnas J>e"S<>aS da minha id<M!c. Estão a lembrar-se daquelu chalaça" for'.'.e-. mas que provocavam no galinheiro e na geral catadupas de gaigalhadas, enquanto as senhoras ocultavam os rostos avennclhados com os leques. O Apolo inaugura a época de 9().000. Adelina Ruas. o mais pequeno fraseo de talento que tenho conhecido, mas talento tão grande que ilustrou aquele e o nome de Adelina Abranchc,. campeia num drama \~olento, popular, Vida A irada, arrancando rios de Ui;rimas em todos°" 'i<dores e até exclamaç&'S de um pitoresco ingénuo.

- ó seu Pato Monis. tome cautela!.. . Está ali o malvado pan o matar! •.. E as pateadas, enormes. trovejantes, desabavam sobre o clnico que, enternecido, a~

em mesuras sorridentes.

O Rcl6gio Mágico, opereta fantástica, encheu o Trindade durante o Inverno. Rosa Pais, Teresa Matos, Carmen Cardoso. Dolores Rentini, Amélia Barro!>. Santinhos, Queiró-;, Conde, Augusto, já repre5a1tavam sem ponto.

N. companhias estrangeira,; permitem medir a categoria do público. O D. Amélia que, em Abril, assistira à estreia de Maria Guerrero e Diu. de Mcndonza com a Nina Boba, abre as .uas portas, a 10 de Novembro, para a grande Sara Bemhardt, dominando na Tosca. na Dama das Camelias, no l/amU!t. Inauguram-lhe uma lápida no foyer ao som do hino real portugu~ e da Marselhesa; discursa Magalhães de Lima. Na última noite, os estud:inle> e.peram-na à salda, desa· rtrclam os cavalos da carruagem e, no meio do dellrio. arrai;tam-na ao palãcio Palmela, ondt: a majestosa duquesa oferece à artista uma ceia e uma riquíssima pulseira de ouro, com um berloque de enormes bnlhantcs e rubis.

A4;uns dias passados. Jane Gamier e<treia-se, no m=o teatro, com Les Amcrnts. de Donnay; seguindo-se Jane Hading q~ abre a sua série com Aventureira, de Augicr.

S. Carltt>, teatro da corte, deslumbrante de 1117.e:>, de mulheres decotadas, de 16ias, de casacas, de velhos e novos brasões, quer aristocrãticos. quer argentários. roplica com a Réjanc. Aquela mesma imponent.: sala que. 03 ~poca precedente. ~utara, deliciada e comovida, a voz de Tetraz­zíni, da Ragni. do Ancooa e do Campini, na estreia da Serra11a. de Keil e Lopes de t.lendonça, vibra. no começo da primeira quinzena de Dezembro, com a Bolienie. de Pucc.ini.

Eu bc.m dizia a V. Ex." que iam desfilar sil!llbras, que não fantasmas. sombra:> gloriosas! Jã não falo nas touradas, o divertimento fo\orito do povo, antes que o fukbol o arrebatasse.

Não lhes evoco o Fernando de Oliveira, morto numa soalhema tarde de corrida no Campo Pequeno; nem o )!anucl Casimiro, nan o Calabaça, o Teodoro, o Cadete, o Torres Branco. e a nuvem de espadas, grandes de Espanha Para quê lembrar-lhes as touradas à antiga, em benefício do Ins­tituto lnfan:e U. Afonso, cm que. a cavalo, bra•os e ga.rbosos. revolutea'am na areua o~ cavaleiros D. L\lb do Rego. D. An:6nlo Siqurira 1S. Martinho),°" \-!scondes de Alven:a e da Vinca; e os capi­nhas se chamavam Pedro Figudra, Ale.'tandre Calda.s, Júlio d0s Santos Coo;ta Freire e P.iulo David?

Sauda<k>.I Saudades! Saudades!

O que uma rãpida JY.i&S4gem de ·amarclccidos jornais evocai S.io o; mortos que regressam. são os acontecimentos que rc\'Í\'cm, são as saudades que se esfo:baml

.:; d~ Abril-«Voltou da )ladeira o talentoso poeta do Só. Ant6nio Xobrcn. 16 11 de &!aio - «Part~ brcvtmen:e do Porto p.ra França o sr. Eça de Queirós. consul de

Portugal C'l1l l'arii;, O sr. Eça de Queirós tem estado com o sr. dr. Luls de Magalhães. na quinta da Moreira•>.

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!?3 d• Setembro - (•O ,;r. con,, Lub de Soveral, noo.<-0 ministro em Londres, parte na so­gunda-feíl'â. a bordo do «Clyden, para aquela capítal1>.

f!fl de Outubro - e.Realizou-se, à. um& boca da tarde, na igreja paroquial de Santa Cat&rina, o enlau matrimonial da sr.• D. Elísa Baptista d,. Sousa, encantade>ra filha dos srs. viscondes de Carnaxide, com o sr. dr. Alberto Pedroso, rapaz intdigootl.<t~o. apreciado e querido por todos que COID ele convivem. Foi cd<brante o sr. D. António BaTTOSO, bi~ do Porto. Serviram de testemunhas, por p&rte da noiva, ~ua mãe, & ~r. • viscondcs;a. de Carnaxide, e o sr. dr. Adri&no Antero, e, por parte do noivo, sua mãe, sr.• D. Elvira Pooroso, e o sr. Cons. Jooo Franco. Os noivos partiram de tude para Carnaxide».

A.~ notícias oficiais são tão ~ugestivas como os ·~ Mundanos11. ~G tú ]auiro - uDeve ir hoje à aJl8ioatura o decreto. promovendo a lente c&tedrátioo

da faculdade de Direito da t:niversidade de Coimbr.i o sr. dr. Afooso Costa». 10 de Março - «Foram onh:.'lll à assinatura real os seguinte,; docretos: promovendo na

arma de infantaria a coronel o tenente-coronel J06é Maria Gomes Pereira e na de cavalaria a tenente o aliere.. António Ôlcar de Fragoso Carmona •• . , colocando na guard;1. m1J11icipal o alfens de cava.­lariól. Ernesto Maria Vieira da Rochan.

22 tú ]"""º - «Vai boje à assinatura real o diploma nome.mdo consul de Portugal em Kobe e Osaka, no império do Japão, o sr. Venceslau José de Sousa Morais». Pobre Venceslau de Morais que, velho e quase mendigo, bawna de morr~r divorciado da civilização europeia, a queimar sagradas varinhas de rt:zlOa ao e::;plrito delicado e sofredor de Ke>-Harul

24 tú ]14nho - ,,Q ;.r_ Gago Coutinho, 1: tenente da Armada, regressou ~ Timor e apre>­sentou-sc ontem na direcçãe>-geral do ultramar. O sr. Ga~ Coutinho foi também à comissão de ca.rtogr.úia. onde entre,::ou as cópi"-' dos trabalhos topográficos relativo,; à zona da fronteira lllllC>­-bolandew. de Timor>1.

Basta de efemérides!

Lisboa acorda. cedo e lépKl.1. Mal o dia desponta, ala para o trabalho. 09 carros circulam ao chouto das muares; os mCJ'Clldoo, onde se coodui a dibtribuição dos legumes e frutos, ~am lentamente a ench.er-se de compradores e de rega.teios. As carroças esmagam o empedrado com as rodas ferradas.

Uma sineta, um l'ilvo ai;:udo. Largam do Cais do Sodré os primeiros comboios. Carteiros batem sooõramente u portinholas dos marcoi; postais, e afastam-se, a bolsa de couro atochada de cartas e postais - notícias e devaneios, negócios e suspiros, inquietações e palavras de con­fiança, fórmulas simples de cortesia, gritos de alma, malabarümos, a vida .•. Operários arsenalistas, vestidos de ganga, sobraçam o farnel, se logo, ao meio dia, as mulheres não lhes levam o almoço, ou compram, nas ta~mas do Corpo Santo e do Aterro. fanecas, bogas. carapaus e sardinhas, enfiados em guitas, tudo já frito e pronto a t.asquiuhar. Ao longo da Rua 24 de J ulbo, pelo Calvário e por Alc\ntara, em Santa Apolónia e Xabrega,;, o povo opetário começa a labuta, um cálice da «rija» sorvido às pressas em qualquer tasco. Saltam nos andaimes os da construção civil. Nas lojas tiram-se os taipais ou levantam-se u portas onduladas, que ainda não há regulamentação e abre-se cedo e fecha-se tarde.

Desatracam ai; primeiros vapores para Cacilhas. O rio parece um espelho, de calmo. AcentuanMe os relevos da Outra Banda, desenham-se ~ pormenores. Sobem no ar pregões de

l (; jornais. As vaônas, descalças, cm passo apressado, as saias rodadas dançandC>-lbe& ao redor das sólidas ancas, lançam ua \'Ívinha da costa» e •quem quer po:.las de pescada».

- Pstl. .. Pstl .. • - ó freguesa, venha abaixo!. .. (Co,.li"ua na pdgi"a 43).

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A VISITA A LISBOA DO CIIEFE DE ESTADO ESPANHOL, GENERALÍSSIMO

FRANCISCO FRANCO

As primeiras homenagens de Portugal

como expressão cimeira de uma época de transcel'.ldeote colaboração política, ec;on6mica e cultural entre Portugal e Espanha - oonsequ~cia lógica da asinatura do Trata.do de Paz e Não-Agressão finnado pcloe dois estados peninsulares em 1939 - se devo encarar a vUila que S. Ex.• o general Don Francisco Franco, m~trado máximo da Mooa.rquia Espanhola, se dignou fazer a. Lisboa no mês de Outubro do 1949.

Apresentada, sob o ponto do vista diplomático, como simples retribuição da que, em 1928, S. Ex.• o marechal Antóoio ôs:ar de Frag060 Carmona. pm;ickstte da Repúbllca Portu- 17 guesa, efectuou a Madrid, a visita do Chefe de Eatado espanhol teve, para além da efectiva amizade luso-espanhola, um transcendente significa.do polltico internacional que a Imprensa e Ri-dio de todo o mundo não deixaram de assinalar devi.damente.

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IS

Tendo 90.ido na vélpe.ra da cidade de Vigo a bordo do cruzador ccMiguel Cervantes», e trazeDdo como escolta uma esquadra coostituJda pelos cruzadores oGalfcian e uAhnira.ote Cerveran e oontratropedeiro:; «Jorge Juann. «Almirante Vai~ ... •Sanchez Bazcaiztcguin, 1 Ci9Cani, «José Lttis Ditt» e ~Almirante Alltequeran, o ma.is alto magistrado de E<;panha, cumulativa­mente Gen<'ralfssimo dos ~ércitos de Tem, Mar e Ar, Don Francisco Franco. - também cha­mado Caudilho do povo espanhol por ter chC'fiado a rcbdião patriótica que o levou ao Poder e colocou o pcU!I virinho na sc:nda do seu destino histórico, - recebeu as primeiras homenaps de Portugal na manhã do dia 22 de Outubro, aprestntadas pelas tripulações de uma divlião de amtratropedciras formada pelas urtidades .Vouga>>, ~Douron, «Dão» e ••Lima» que foram ao 6ell encontro e com a esquadra espanhola se cruzaram cm águas das Berlcngas. Saudações lhe foram expressas também pela Aeronáutica Naval portUGucsa, representada por hidroo.viões que sobrevoaram os navios e&pll.D.hóis no momento do seu encontro com a divisão naval lusitana e que, c:on juntamente com aquela. deram, depoi~. escolta de honra ao Chefe de ú;b.do visitante.

A Armada Luso-Espanhola diante de Cascais e a sua entrada no Tejo

Quando a armada luso-espanhola chq;ou à baía de Cascais j! ali se cneontrava fundeada a fragata «Nuno Tristão11, pronta a disparar a primeira salva de vinte um tiros - a primeira. da Marinha portuguesa - cm homenaeun ao pavilhão do Chefe do Estado Espanhol arvorado no c<Migud Cervantesn, tendo alinhado nos convezes, de popa à proa, a SWI. guarnição que, à. chegada

daquele se de9Cobriu e deu 09 •vivas» da ordenança. Embo.n:ações de recrcio e desporto, de elegantes velas brancas ou de esl:repitO&ob motores,

ao <Xllbtant.cs d\'oluções aproximavam-se e rodeavam os navios de guem. Nos barcos de pesca, que também animavam a bafa, as tripulações aglomeravam-se a uma borda, fazend<>-os ademar Ii8eiramcotc. Toques de sereias enchiam o espaço, enquanto aviões riscavam o azul do céu nm pouco embaciado de nuvens. Em terra, milhares de pessoas seguiam. curiosamente, o histórico espectáculo. O ambiente cn verdadeiramente festivo.

A certa altura, a Annada, que vinha num andam«nto muito lento, parou. ~ que uma .. vedeta» wgara n.es.;e moml'Dto do pequeno molhe do Clube Naval - eram precisamente 11 e 15 - conduzindo, para bordo do oMigucl Cervantes"• o ministro da Marinha português, comandante Américo Tomás, que trajava uniforme de grande gala, o embaixador de Espanha, Doo Nicolas Franco; o adido naval à Embaixada de Espanha cm Lisboa, barão de Finestrat, e os oficiais colocados li orderu. do Gener.i~o Don Francisco Franco: srs. general Dom Miguel Pereira Coutinho, Governador Militar de Lisboa; coronel Júlio Nunes Pereira de Oliveira, major Alberto Andrade e Silva e major Jorge Botelho Mooiz. Com o represeo!Mte do Governo português, 'tomaram também lugar no 11gasolina» O• oficiais que iam co!ocar-i.e às ordens do mini.~tro da Marinha espanhol. vice-almirante Don Francisco Regalado, que acompanhava o seu Chefe de Estado. e do comandante-chde da eoquadra espanhola, almirante Don Salvador Moreno e ainda do Chefe do Estado lfaíor Central do Exército Espanhol, general Don Juan Vigón, também a bordo do .. )liguei Cervantes».

Ao portaló da imponente nave de guerra, o n0&90 ministro da Marinha, o em­baixador e toda a oficialidade que oa acompanhavam foram recebidos pelo ministro da Marinha e&pllllhola e pelo camandante-chefe da esquadra que, após os cumprimentos e ptit;ada em revista a guarda de honra constituída por fusileiras M.va.b, os encaminharam para os aposentos privativos do Generallssimo Franco onde o sr. comandante Américo Tomás lhe apresentou as pri-

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meiras saudaçõet> em nome do Governo portuguêe. Seguidamente. o Cfieie do Estado Espanboi veio ao conv~ agradecer as manifestações popula.rm, dando, nesse momento. a a.rtilha.ria. da fragata. .. z..:uno Tristão» uma salva de vinte e um tiro.;, mquanto a sua guamição. amda alinhada de popa à proa. se descobria e soltava os sete HVh'llSn da tradiçào naval.

Momentos depois, os treze navios da Annada luse>-espa.nhola, conservando a formação em coluna dupla ~'lll que vinham dcsdu as Berlengas, isto é: com doi9 contra.tarperlciros portugueses abrindo o desfile, logo segui.dos pelo <<Miguel Cervantes>>, e fechando com os dois outros barcos da

noo.;a J\larin.ha. de guerra, puseram-se novamrote cm marcha, em andamento lento, tomando por um

dos enfiamentos da barra e subindo o Tejo. No entretanto, e a.pesar daquele dia de sábado só ter sido considerado feriado da parte da

tarde, milhares de pessoas das povoações da Costa do Sol, ou para ali transportadas em comboio e automóveis, posta.das a.o longo da margdll do rio, cootemplavam o imponente deW!c das esquadras,

o cortejo dos barcos de recreio, e os ~ "oos dos aviões militares e civis que &0brevoavam a Annada dos doil. par,,es a baixa altura.

. A espectetive populer em Lisboe

A CSlia hora, já milhares de pessoas formigavam pelas ruas da PQrte lxúxa de Lisboa, en­

caminhando-se para a Praça do Comércio (Terreiro do Paço), ou tomavam lugar ao longo das ruas do pc.rourso por onde o cortejo presidencial não taroaria. a passar. Forças da Policia de Segurança Pública, da «Legião Portugll<!Sa" e jovens filiados da uMocida.de Portugucsai•, alinha­vam...e du wn e outro lado das mcsmu, em guarda de honra. Bandeiras nacionaii1 o espanholas, pavilhôts estrangeiros, e garridas colgadurb pcnden!Ls das janelas - oode. também, se viam mu.i­wi ~. na maioria senhoras - davam WI) ar festivo a.o ceitro comercial da cidade que, sem o ruklo caracierl,.tico das milhattS de viatul'âll automóveis que o animam e aulocam diáriamente, se mostrava estranho, difeRnte, aos olho-: do.. lisboetas. Os estabelecimentos corlléraaiô, fechados, aprescota.vam todos eles, oo quase todos, oo; seus escaparates decora.dos a propó&ito com mot:ivoe

increntes aos dois países, como sejam as vii.-tosas corns nacionais de ambos e, sempre em des13que, grandes retratos dos chefes de Estado de Espanha e Portugal. Porém, era na Praça de Dom Pe­

dro lV (R06Sio) onde o ambiente se mostrava mais !-estivo, pois, do lado oriental e do lado sul avultavam estêticamente manchas berrantes, dadas pelas cores nacionais das duas nações penin­sulares, destacadamente no ediflcio que tomcja para a Rua Augusta que se apresentava decora.do

com longos pancjamcntos de alto a. baixo. E enquanto a multidão aguardava a. passagem do

cortejo, alto-falantes inundavam o espaço de música, alegrando os esplritos com os acordes de mar­chas militares conhecidas ou com as notas joviais 00., topaoodobles» castiços ...

No Terreiro do Paço, guarnecido em todo o 9Cll perímetro por uma. multidão compecta e inquieta, que ali fora para ver e saudar o Chefe de Estado e Caudilho do povo espanhol, fora crgu.àla, junto ao coohecido Cais das Colunas, uma elegante tribuna. cujas linha:; ángcl.as e dis-creta omamentaçào se hannonizavam bem com a ~to6a arquitectura. daquela tio linda praça li:.boeta, verdadeira. sala de visitas da Capital do Império. Toda a sua enorme placa central fora reservada para a gu.arda de honra - cinco mil i;oldados das unidades da guarniçio militar de Li~boa que, sob o comando superior do sr. brigadeiro AnfOOl de Faro Viana. geometricamente. num 19 alinhamento impecável, tomaram lugar de um e outro lado, e à frente, d .. imponente estátua. equestre do rd D. José. Só por si, esta parada mllitar oonstituía espectáculo digno do admiração naquele ambiente de {estiva espectativa a que não falta~oam bandeiras cm todo o redor da praça.

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Preperetivos para o desemberque

Cerca de uma hora antes do momento previsto para o desembarque do Chefe de Estado es.­panhol - 14 e 30 - no meio d:i gcnrraliuda curiosidade do povo lisboeta que ali, no Terreiro do Paç-0, e de todos os pont09 altos da cidade tinha os olhos postos no Tejo. o cruzador «Miguel <•Cel."alltes» entrou no chamado quadro dos navios de guerra e fundeou a menos de duzentos metros de terra. Ouviu-se, n~ momento, uma salva de vinte e um tiros - cm o aviso de primeira classe «Afonso de Albuquerquen que saudava ao pavilhão do Generalíssimo Franco arvorado naquele. Mas, não só esta wtldade da Marinha de Guerra portuguesa prestou homenagem ao Chefe de &. tado visitante, pois que todos Oll eternai~ barcos da Annada nacional surtOR no Tejo, devidamente embandeirados, apresentavam as guarnições alinhadas de popa à proa, as quais, à passagem do ~!\liguei Cervantesn, 5e descobriram e deram os «vivas» da ordenança.

Por essa altura, já se encontravam, na tn"buna de honra, muitos dos elementos oficiais, cim e militares, que ali haviam de aguardar o Chefe de Estado visitante. Sucessivamente, foram ch&­gando automóveis que transportavam membros do Governo, oficiais generais do Exército, Armada e Aviação; alio. magistrados, os presidentes da As;;cmblcia ~acional e da Câmara Corpo­rativa, o governador civil do distrito e o presidente da Càmarn 'lunicipal, respectivamente ~- dr. Mãrio Madl'ira e tenrntcxoronel Álvaro Salvação Barreto, etc.

A esposa do Chefe de Estado espanhol, Ex.- Senhora Dona Carmen Polo Franco, que na Wspe.ra havia chegado de comboio a Lisboa - e a quem, na estação do Entre-Campos, fora dis­pensado um acolhimento de muita simpatia - tomou tamb&m, <'ntretanto, lugar na tribuna. Rreebcram-na o dircctor do Protocolo oficial, sr. dr. Henrique Viana, o sr. Presidente do Municlpio e outras personalidades.

Pouco antes das H horas chegou o ministro da Guerra, sr. tenente coronel 53.Dtos Costa, & quem as tropas cm parada prestaram a devida continência, e logo depois o Presidente do Con­selho de :Ministros, sr. prof. Doutor Antóo.io de Oliveira Salazar. a qu= foi, igualmente, dis­pensada a mesma homcnagi:m militar. Ouviu-se, n<'SSe momento, uma calorosa salva de palmas que o ilustre estadista agratltce11 com ligeiros acenos de m.io. E, após ter cumprimentado a esposa do Generalrs9mo Frallco e demais llellhoras que a rodeavam e em seguida aos cumprimentos rece­bidos, foi postar-5e ao cimo da ~daria do lado norte da bíbuna, a.fim de nguarda.r S. Ex.• o Pr&­sidente da República, a chegar dentro de momentos.

Entretanto, de automóvel, e acompanhado do seu secretário, chegou S. E. o Cardeal Pa­triarca de Lisboa, Dom Manu~l Gonçalves Cerejeira que, depois de cumprimentar Dona Cannen Polo Franco, recebeu as homenagens de todos os cin:unstantcs.

Precisamente às 14 e 2il parava em frente da tribuna o carro com o sr. marechal Carmona, trazendo, como escolta, uma força de motociclistas da Policia e precedido de um automóvel trans­portando elementos das suas Casas Militar e Civil. Acompanhava S. Ex.• sua esposa, Ex.- So­nhora Dona Maria do Carmo de Frag~ Carmona.

E enquanto o pavilhão do Chefe do Estado subia num mastro da tribuna, as bandas do Bata­lhão de Caçadores n.• 5 e do Regimento de lnfantaria n.• 1, tocavam o hino Nacional e as forças em parada perlilavam-11e impecàvelmente, apresentando armas .•• O sr. PreJdente da República, envergando grande uniforme e ostentando ao peito o colar e banda da Ordem de Carlos ill e o colar das «FlechaS», subiu os primtiros degraus da tribuna e, virando-se para a formação militar. retribuiu a cootinência. O sr. Presidente do Conselho foi, então, imediatamente ao seu encontro t1

acompanhou-o, em seguida, até junto de Dona Carmen Polo Franco, a quem foi apresentado por sua esposa. Depois, recebeu 06 cumprimentos do Govemo, de S. E. o Cardeal Patriarca e autori­dades civis e militares.

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o momento do desembarque aproximava-se. O sr. Pr.esidente da Repóblica, Presidente do Conselho, ministros, e as inúmeras individualidades presentes foram postar-se de um e outro lado da escada de acesso à tribuna da banda do rio, ficando o sr. marechal Carmona, o sr. Doutor Oli­veira Salazar e o sr. DGutor Caeiro da !\fala, ministro dos Negócios Estrangeiros, ao cimo da

mesma. A ambos os lados de uma larga e comprida passadeira vermelha, que se estendia até ao p&-

queno molhe de madeira, construído propositadamente para maior segurança, alinhavam-se, em guarda de honra, com bandeira, os alunos da Escola Naval. Em volta, em todo o Cais das Colunas,

dezenas de jornalistas, nacionais e estrangeiros, na sua maioria espanhóis; fotó,,,arafos, operadores <le cinema e locutores da rádio, tomavam as posições que melhor lhes convinha para escrever, registar e narrar a histórica cerimónia que, dentro de momentos, ali se iria efectuar.

Enchendo o horizonte, diante dos nossos olhos, a imponência bélica dos três grandes cruzado­res alinhados - o «M.iguel Cervantes>• ao centro - e mais para lá, como uma larga cortina cinzenta, os restantes navios das duas esquadras, irmanadas, no mesmo desejo de paz: num total de quase duas dezenas de unidades. Com efeito, s6 por si, aquela grande parada naval oonstituia espectâculo de verdadeiro agrado a um povo de marinheiros, como é o português: Entretanto, esquadrilhas de aviões, em formações de combate, evolucionavam velozmen~ 90bre o Tejo e pelos caminhos do céu ... A espectativa era geral ...

O desemborque

Em «gasoliDas» foram chegando ao Cais das Colunas todos os oficiais portugueses que, na bafa de Cascais, haviam embarcado no ccMiguel Cervan!e!;» e individualidades da comitiva do Chef.e de Estado espanhol. No desembarcadoiro encoatravam-se já para. receber em primeiro lugar o Generalíssimo Franco os srs. presidalte do l\funiclpio; capitão do porto do Lisboa, comandante Guerreiro Brito e o diroctor dos Servi905 Marítimos. comandante Magalhães.

Às l4 e 26, precisas, viu-se perfeitamente do terra o Caudilho descer a escada do portaló do cruzador e entrnr numa vedeta do nosso Ministério da Marinha, para o efeito decorada, que o havia de conduzir ao Terreiro do Paço. E. momentos depois, a elegante embarcação, que transportava também os dois ministros espanhóis - o da :Marinha e o de Assuntos Exteriores - o nosso ministro da Marinha e o embaixador Don Nicolas Franco, partiu velozmente cm direcção ao Cais das Coluna& ouvindo-se, nessa altura, nitidamente de terra os acordes do Hino Nacional espanhol, ao mesmo tempo que as tripulações de todos os barcos, alinhadas tios convezes, de popa. à proa, se descobriram e soltavam os «vivas» da tradição naval. Enquanto isto sucedia, os canhões do «Miguel Cervan­tes» disparavam no\-a salva de vinte um tiros - e todos os na~;os portugueses, e ainda uma bataria de artilharia colocada no Castelo de S. Jorge, o secundaram imediatamente, dando salvas de outros tantos tiros, prestando também homenagem ao Generalíssimo dos exércitos de Terra, Mar e Ar e Ilustre Chefe de Estado da nação vizinha !" innã.

O momento era deveras solene, magestoso. Ao ruído cavo das explosões juntava-se o roncar monocórdio de dezenas de aviões militares em constantes voos a baixa altura, e a multidão, concentrada na vasta praça, e enegrecendo também, com a sua presença, os cais em volta da estação de Sul e Sueste e todas as janelas das imediações, vivia plenamente a cerimónia.

A certa distância do cruzador, a vedeta parou por momentos, e virou sobre estibordo em 21 direcção às esquadras - Franco correspondia aos cwnprimentos .. E às li e 31. precisamente, en­vergando o uniforme de grande gala de capitão general da Anna.da, a mais alta patente da :Marinha espenhola, que lhe foi atribuída e que, antigamente, correspondia, por tradição, aos reis de Es-

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pa.oha, pi5ou, pela primeira vez, terra de Portugal. Sobre o peito, <l6tentava a banda azul e o colar da Ordem da Torre e Espada, na mão: o bastão de capitão general. Recebido pelas entidades atrás referidas, avançou, sorridente, ao cncootro. do sr. Presidente da. República. que, seguido pelo sr. Presidente do Conselho, sr. ministro dos Negócios Estrangeiros e outras personalidades havia, entretanto, descido da tribuna. para o saudar.

E o momento mais impressionante da oorimónia foi, verdadeiramente, o do prolongado aperto de mão, trocado entre os dois altos magistrados de Portugal e Espanha. O silêncio que então se fuz, disro foi prova irrefutável. Mais cumprimentos. Uma breve continência a retribuir a

que lhe era prestada pelos cadetes da Escola Naval e os dois chefes de Estado encaminharam-se 'para a hibuna, seguidos de todos os acompan.bantl!S, Otlde, durante algum tempo. se trocaram -efusivas saudações. De toda a parte, então, ecoaram palmas e nvivasn, ovação que foi mais forte quando, num mastro da tribuna, à direita do estandarte verde com o escudo das quinas do Pre­sidente da República Portuguesa subiu o pav:ilbão vermelho e ouro do Chefe do Estado

Espanhol. A um lado, uma numerosa representação da não menos numerosa. colónia

espanhola de Lisboa, agitando bandeiras do seu pafs, gritava, repetindo o nome do seu Caudilho: c<Franco! Franco! Franco!>> e dava ccvivasn a Portugal e a Carmooa. E. em toda a volta do Terreiro do Paço, a multidão, empunhando tambêm pequenas bandeiras espanholas, agitava-se, dando palmas e vitoriando.

Um clarim tocou «a sentido», toque que é ampliado pelas aulofalantes ... Então, a guarda de honra - como dis9emos: cinco mil horoens armados, com bandas de m<isica, temos de clarins e bandeiras - automàlícamcntc, com uma impressionante coordenação de movimentos, posta-se em continência ao Chefe do Estado Espanhol. As bandas rompem com os acordes do Hino Nacional do país vizinho, que executam na. Integra. e a que se seguem as notas vibrantes de «A Portuguesan. Virados para a praça, os dois chefes de Estado perfilam-se, em OOllltinência. E em continência ou

desoobertas se encontram também todas as altas personalidades que os rodeiam na tnbuna. À di­reita de ambos, de pé, viam-se as suas respectivas esposas.

O desfile militar

Feito silêncio, de novo se repetiram as palmas e a.clamações. Ia principiar a segunda parte da cerim6nia. - o desfile de cinco mil soldados da guarnição de Lisboa aut<:>-transportados em motociclclas e carros ligeiros, com batarias de artilharia motorizadas, aul<:>-metralhadoras, tanques,

estações de T. S. F., etc. Enfim, centenas de viaturas represeotando a última palavra em material de guerra, tripuladas por pessoal perfeitamente adestrado, em demonstração do alto nfvel técnico do soidado portuguils.

Era a seguinte, a composição da força motorizada que desfilou durante quarenta minutos, no sentido W.E., em frente da tribuna e como homenagem do Exército ao ilustre visitante:

À frente, um carro ligeiro de campanha no qual seguia o comandante da composição, sr. brigadeiro Manuel Holbeche Correia de Freitas, comandante da Frente de Defesa Marítima de Lisboa. $eguiam-5e-lhe dois carros com os seus oficiais ajudantes. Depois, uma companhia. de ati­radores motociclistas, a dois pelotões. Outra companhia de atiradores, também em motocicletas. Imediatamente a seguir: três companhias de metralhadoras montadas em carros ligeiros do tipo ujeep» l!J uma companhia de engenhos conslítuida. por um pelotão anti-aéreo e outro de canhões.

2 2 Logo, dois grupos de artilharia ligeira, três bata.rias de outras peças e dois grupos de artilharia oesada. Mais artilharia rebocada por caminhões-t:ractores e, seguidamente, todo o Regimento de Cavalaria N.0 7, com os seus grupos de carros de assalto, auto-metralhadoras, carros granadeiros e ternfl!'OSOS tanques dos tipos 1<Valenl:ine1 e Centauro11.

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Toda. esta. fonnação, qu~ impc-essiooou agradàvclmente a. a.ssisténcia, desfilou em man:h.a. acelerada no simtido W.E. - rcpetimO> - isto ~: vinda. da. nova Avenida. da. Ribeira da.s Na119 e

~indo ~la nio menos nova Awnida. do Infante D. Henrique. Finda e::.ta homenagem do glorioso Exército portugu~ ao Gencrallit:Jmo espanhol - a quem,

durante a mc.;ma. o ministro da G~rra • ...-. hlllente coronel Santos Corta foi fornecendo cxpllca.­çõ..-,, de ca.r;\cter técnico - o sr. Pruâdente da República ergueu-se e convidou o seu ilultre hóspede a acompanhá-lo ao Palácio de Queluz, mid~ncía posta à disposição do Caudilho e do !ICll 9équito durante a wa pcnnanência C1ll Portugal. Toda a aa-istência imediatamente se 11.'Vantou. Avançou,

ciitão, o terceiro núcleo das forças militares: o Regimento de Lanceixos N.• 2, inteiramente mo­toritado, comandado pelo sr. tcncntcxoroncl lvens Ferraz e destinado a dar escolta. aos chefes rle Estado.

O cortejo presidencial

Dl-1>0ii> dos batcch>re, e guarda avançada., oonstituidO> por motocicli.;tas e carm; "jeeps» tenm feito alto na rua oriental da. Praça do Comércio, o grosso da escolta. parou muito antes de atingir a tribuna. Então, um belo automóvel descoberto, seguido de outros, aproximou-. por sua. vez. E logo que os chefes de Est.~d<> principiaram a descer a. escadaria da tribuna, as bandas do ml'.tsica irromperam com os acorde.. do Hino Nacional espanhol, a que se !'Cguiu o português . .ao mmno tempo que toda a grando formação militar em parada, cm que se destaavam. ao fundo, o Regimento de Cavalaria da Guarda Nacional Republicana., de grandu unifonnf;', apre­sentava armas .. ~idamente, °" tcm011 dó clarins, a cavalo, postados do lado oriental da praça, Pxccutnmm "Marcha de Continência.

E aJ>Ót' breves cumprimentos, trocada; entre os dois chefes dó Estado e as alta,; ~n;onali­dades portuguesa<- e espanhol.as presentes, que acompan.ha.ram os doi.~ alt°" magistrados até a.o l~ito da rua, o sr. :Yanchal Carmona subiu para o automóvel descoberto, smtando-te logo a seguir. à sua direita. o Generalfssimo Franco. Xessa altura, toda n a.'5isiéncia, do um e outro lado da tribuna, irrompeu novamente em calorosas ada.mações.

Koutro automóvel , entraram <k-poi., aa e&poea.. dos dois chefes de Estado. E. entretanto, organizou-9C o cortejo que, no meio de carin.ho;;a.,; ovações iniciou a ma marcha !ll!gUindo pela Rua Augtll>ta, Praça de O. Pedro IV {ROliiiio), Largo de O. Jooo da Câmara, RIU do Príncipe, Praça dol; R~tauradores, Avenida da Llbcrdade, Praça do :\Iarquês de Pombal. Rua de António Jooquim de Aguiar e Auto-estrada, cm dirfCçâo a Queluz.

O cortejo era constituído por nove grn.nd1.-s automóveis, seguindo os doU; chefe; de Estado no nono, que levava à sua esquerda. um «jeep11 onde o;e via o comandante ela C11COlta, e seguindo­-se-lhes três esquadrões de pequenos ca.tr'Ob, também do modelo «jeep», isto é: o g.-.o da escolta. No,. oito primeiros automóveis, seguiam os ajudantes dos chefes de Esta.do, chefes de Protocolo d09 dois pafscs. ministros da :'llarinha, portugut.,, e espanhol; ministro; d0t> Negócios EstraJlGciros. de ambas a& nações; as esposas dos cbcfos de Estado e comandantes da Polícia portuguc,.a e direct;o.. res da P. V. O. E. e da. nSeguridad" espanhola.

2.100 homcru, e 2 .000 rapazc~, resp<.'Ctí,·amcntc da Legião Portugue;:i, da Brigada Naval, da Policia de Segurança Púhlica e da u:'llocidade Portuguesa.>>, alinhavam-se em guarda de honra, fn:nte n !rente, ao longo das rua5 do peromo, desde o arco da Rua Augu>ta até ao viaduto de Duarte Pacheco, na Auto-estrada, limite .. urbano" da cidade. E da referida ponte até ao Palâcio de Quduz o policiamento era feito por guardas da Policia de Vfação e Trlnsito.

Por todo o percurso urba.no, milharc:; de pessoas de todas as condições soci;U,, aclamaram

calorosamente o Caudilho de Espanha ~ Gcncrali"Simo dos exércitos, Don Francisco Franco. p 0 •

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zém, os npl.ausos foram maiores no Rollio, onde, por toda a parte, nos pas;;e;os, nas janelas, nos telhados, l1llb árvores e até na base da estátua de D. Pedro IV havia gente, muita gente, que à passagem dos chefes de Estado, aclamou dcmoraAamentc o iln•trc vi.<itantf'.

A primeira saudação de Franco oo povo português

Pouco depois da :;ua chegada ao Palácio :>;acional de Queluz. o Chefe de E....udo espanhol proferiu ao microfone da Emissora :\acional de RadiofusãOll as srguintes palavra~. que foram depois retran!mitidas por todas as rádiCHmissoras do pafs vizinho:

"Ao e11t·for as minhas saudações ao povo portug11ls, nesta hora feliz da chegada d sua terra, não posso tkixar de evocar aqueles primeiros meses da no.ua cruzada. em quo a Rádio de Portugal. integrando o sentido do se11 povo. foi 11ma voz amiga q1te, com intuição mlll'avilhosa e fidelidath exemp!ar, levou ao Mrmdo o eco das nossas vitórias.

O meu corarão vibra tk gratid.ic> ' a/ecto ao gritar - Viva PortwgaJ.h>.

Visita do Chefe do Estado Esponhol ao Senhor Presidente da Repúblico

Vindo de Queluz, onde pennanoceu breves momcntO'I, o Cht-fe de Estado espanhol chegou pdas 17 e 16 ao Palácio de Bclém, •fim de retribuir e ~decer os cumprimentos que lhe foram apr~tados pelo sr. Presidente da República no Terreiro do Paço. Acompanhavam-no os srs. Don :Martin Artajo, 9eU min4tro de Assuntos Exteriores; Don Nicolas Franco, seu irmlo e seu embaixador tm Lisboa; os generais Don Martin Alonso; o sr. marquêa de Huetor Sanlillana, chefe da sua Casa Ci\il; os seus ajudantes srs. coronéis Girooa e Ecija1' capitão de mar e guerra !ilieto, os oficiai. portugueteS colocados b suas orden.•, e ainda os comandantes geral da Polícia portu­guesa e comandante da Pollcia de LiM>o&.

üntcnas do pessoas aguardavam a chegada do Goocnlf;isimo na Praça de A!oll$0 de Al­buquerque. E quando o cortejo, con~tituldo por cinco grandes automóveis e escoltado por uma força motoriz.,da da G. N. R .. entrou na praça a multidão vitoriou carinhosamente o Caudilho que, com ligeiros acenos de mão, 3gradcceu, sorridente. Seguidamente, o cortejo atraves.•ou o portão principal do palácio e subiu a rampa que conduz ao Pátio dos Bichos, onde um batalh.10 da G. N. R. prestou honras, enquanto a banda de música executa\'a o Hino Nacional espanhol.

Ao princípio da escadaria que serve a Sala das s:ca.s. o G«terall55.imo era aguardado pelos srs. dr. Henrique Viana, chefe do Protocolo do Estaco, capit.lo de mar e !tllerra ~uno de Brion e major Carvalho !\unes, ajudantes de campo do sr. Presidente da República que o acompanharam, em seguida, à Sala Dourada, na qual foi recebido pelo sr. Marechal Carmona que tinha a seu lado os ministros dos Negócios Estrangeiros e do Interior, respcctivamcnte srs. Doutor Caeiro da Mata e eng. Cancela de Abreu, e Doutor Carneiro Pachcco. emb:lixndor de Portugal em Madrid.

Porém, foi na Sala das Rccepções onde, em breves palavras. o Qiefe de Estado C»panhol disse do 1eu reconhecimento ao sr. Presidente da República por <C ter dignado ir esperá-lo ao Terreiro do Paço. Assistiram a este acto. que foi muito pouco demorado, além das entidades já referidas. os sn. comandante Jaime Atbias, secretário geral da Presidtlicia da República; dr. Leite

24 de Faria, s.ecretário geral do Ministfoo dos Negócios Estrangeiros: dr. ôsca.r Carmona Silva e Costa, s..-cn:Ario particular do sr. Mar.-chal Carmona: marqul> de San Paio do Protocolo do Estado; dr. Sampaio Garrido, J.• aecrct:\.rio da Embaixada de Portugal em Madrid e dr. J* de Figueiredo, secretário do ministro d<>oi Negócios E~trangciros.

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TRIBUNA DE RECEPÇÃO NO TERREIRO DO PAÇO

OS DOIS CHEFES DE ESTADO EM CONTIN€NCIA

CUMPRIM~NTOS NO PALÁCIO DE BELtM

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CHEGADA DO GE'lERAdSSIMO AOS PAÇOS DO CONCELHO

ASSINATURA DO llVRO DE OURO

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL SAUDA O GENERALÍSSIMO FRANCO

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O GENERALISSIMO AGRADECE AS SAUDAÇÕES DO PRESIDENTE DA CAMARA MUNICIPAL

TOURADA DE GALA NO CAMPO PEQUENO

TOURADA-UM ASPECTO DA TRIBUNA PRESIDENCIAL

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DESPEDIDA NO AEROPORTO

OS DOIS CHEFES DE ESTADO NO AEROPORTO

O GENERALÍSSIMO FRANCO DESPEDE-SE DO PRESIDENTE DO CONSELHO

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Os dois chefes de Estado passaram seguidamente à sala de visitas privativa do sr. MarechaJ Carmona de onde, após alguns minutos de com·ersação afectoosa, voltaram à Sala c<Luís xv,, sendo, &pois, o Gencralfssimo Franco acompanhado até à Sala Dourada pelo sr. Presidente da

República e demais individualidades. Após os cumprimentos de despedida, o Chefe de Estado espanhol voltou a entrar no auto­

móvel, porém, desta vez acompanhado pelo sr. ministro do Interior e pelo sr. embaixador de Espanha, tendo-lhe sido dispensadas honras militares iguais às prestadas à sua ~da e pelo mesmo batalhão da G. N. R.. nessa altura alinhado junto ao palácio, na Praça de Afonso de Albuquerque, onde o cortejo, ao tomar a direcção dos Paços do Concelho, foi o\ltra vez admirado pela multidão que, de novo, vitoriou o ilustre visitante.

O ~udilho do povo espanhol recebe as saudações da cidade

Grande multidão esperava o Chefe de Estado visitante na Praça do lllunicípio para o ver e aclamar uma vez mais. E quando ele desceu do automóvel, acO!llpanhado das individualidades atrás ciladas, os milhares de pessoas ali aglomeradas irromperam q:n «vivas» a Espanha e Por­tuglll, a Franco e a Carmona. dispensando ao Caudilho do povo espanhol uma demorada e calorosa salva de palmas.

Junto aos Paços do Concelho, o Batalhão de Sapadores Bombeiros prestou as devidas honras ao ilustre visitante e a sua banda de m6sica locou os hinos nacionais dos dois pafses peninsulares.

À porta do palácio, aguardavam o Generalfssimo Franco o sr. tencnte<e>ronel Salvação Barreto, presidente da Ex."'• Câmara :Municipal, acompanhado dos vereadores srs. conde de Carnide e Francisco Marques, ambos da comissão de recepção. Já ali se encontravam, igualmente, os srs. ministros de Assuntos Exteriores f" da )farinha, de Espanha, assim como outras altas in­dividualidades do pais vizinho, oficiais generais; o presidente da Câmara Corporativa, sr. prof. Doutor Gabriel Pinto Coelho e representantes do Comércio e Indústria da cidade.

Após breves cumprimentos, o Chefe de Estado espanhol, acompanhado pelo sr. presidente da Ex.- CAmara lllunicipal, srs. vereadores, e demais entidades, subiu a larga escadaria por entre filas de guardas da Polícia Municipal, de grande uniforme, e entrou no gabinete do sr. tcnenl&­-<:oroncl Salvação Barreto, onde descansou alguns momentos depois do que deu entrada no Salão Dourado, sendo-lhe, seguidamen1e, apresentados os srs. Vereadores.

Ao centro do salão, sobre uma mesa, encontrava-se o uLivro de Ouro» do Município e o almoxarife do palácio, sr. Elmano Simões Coelho, indicou ao ilustre visitante as páginas assina.das pelos chefes de Estado estrangeiros que visitaram Lisboa, após o que o Caudilho apôs também a sua assinatura no referido livro.

Quando o Chefe de Estado espanhol entrou no Salão Nobre a selecta assistência dispensou­-lhe uma prolongada e calorosa salva de palmas, traduzindo carinhosa simpatia, finda a qaal o sr. tenente coronel Salvação Barreto em nome da população da cidade de Lisboa, ali representada pelo seu Municlpio e pclas personalidades mais representativas das suas activídades culturais, do seu comércio e da sua indústria, apresentando a Sua. Ex.• os cumprimentos de ccboas-vindasu e os agradecimentos por tão honrosa visita àqueles Paços do Concelho, sede municipal duma velha cidade de secular tradição, gémea das mais antigas cidades peninsulares e como elas obreira da história do mundo cristão.

Acrescentou que nos anais da Câmara a visita do Chefe do Estado da Espanha ficará regis- 2 5 tada como honra insigne e inesqueclvel. E acrescentou que a mcm6ria desta visita fal<l1'-nos-á pelos tsmf>os fora das boas relaçõ~ dos deis PO'Uos f>ellinsulares, cujas afilaiàaiks ltist6mas na evolução do mundo civ11izado continuam, hoje, como sempre, a vmjicar-se nas rotas prosseg11idas.

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Disse, depoi_,,, o pr.sidoote do Smado de lkboa que a f»pwlafi<> desta ~ cc"'1ae e com­

pne.uk a mis.«io liWórica da Üf'11Jtha imorl41 IUJ ewl"fão do mu11do cNt.io . Paredes meUz;s, os ~s viveram, .<mo a t.Wa de m/ortú11ios"" guerra de l:.'spnha. as <Utsiedades e ;,,quieta­ções do pot·o esf'11Jthol, com as suas glórias e os se"" heróis. Comprutukm assim qt<e as duas

11ações prossigam "º·' mesmos caminho< parolefos na defesa do.< direitns da ~soa liumaisa e dos nações livres.

E oontinuou: Concentrando u esf>mlu 1mta i<kia de s<>lidarieàade qumtlo ã tkf~a da civilização cristã,

co..scientenu:nte e muito devotadamente o Município desta velha cidade de Lisboa formula os mais arde,.tes votos pelas prospendadr1 du nuçiio espanhoút e peút longa vida do seu Chefe.

&, palavras do sr. tcnentc<<•roocl Salvação Barreto foram muito aplaudida.S>•.

A estaS palavras, m.poodeu o Chefe de Estado espanhol com o curto llllproviso que regis­

tamOli &eguidamente e que foi ~utado oom o maior interesoe:

·.Senhor presidettte e repren11taçõe.s desta cidade aqui reu11ida1 :

São as mi11/ias pn...nras palavras para prestar rendido agradeci moto. bem diJ fundiJ do cor"fàO, para agradecer o acolliimenlo /tio "1rinhoso que encontrei ..esta velha Lisboa. Basta a história gloriosa do seu pfJ!lsado, de um p11ssado de navegadores, para que a nossa nação. vos esteja ~empre muito querida. Fostes vós que abmte.< o caminho para o Al/1int~o. e dessa d.esccberla, guarda a Espanha a m<.,,,6ria duma lpo"a gloriosa que tornou gra11tks as duas nações.

E evocou a fiS'Jrd do lnfank D. Henrique - ••O infa11te >ravl'gadorn que a ambas as nações abriu o mar Atlt.nlico.

E tennioou dizendo que sauda.va Portugal «CCm o coração vs/;ra11J.i li< cari,.ho e emoçãon. Aplausos vibrantes .-ntre t•\'l\'Ui> a Espanha e a Franco pu...eram wn simpático ponto final

nesta visita.

llommtos depois. de oovo acompanhado, até à ;;afda, pdo sr. ministro do Interior, s.r. pre­

aidcn~ do Muoidpio, srs. vcreadoro. e demais persooalidades portugu<.'Sb e e;panbolas. o Gene­ralíssimo Franco Mirou-se, tendo-lhe sido dispensadas iguais bo!U'li pruú.a.d..s à sua chegada.

e entre os aplausos da vasta n-pre9<11taç!io popular. concentrada na praça em frente.

Um banquete no palécio da Ajuda

No imponente Pal.icio Nacional da Ajuda, residência que foi de reis e onde têm decorrido ~"1Dl3s important"" cerimónias do regime republica.no, efoctuou-sc na noite do próprio dia da

sua chegada. wn grandioso banquete. scsuido de .rec:cpçâo, em honra do O.cfe de Estado espanhol e a que assistiram cml\!Oa.-; de convidados.

O sr. Presidente da Rtpitb!ica., acompanhado de sua <'SpOS& t dos funcionários das suas

Casas. militar e civil, cbei;ou ao palicio cerca das 20 e :30. Um bata.lhão da G. N. R .• postado no p6tio interior, prestou-lhe as devidas hoo.ras. enquanto a banda de música tocava o Hino ~aciooal.

E às 21 e 30, ladeado por uma t'SCOlta de honra. seguido pelos automóveis em que \--inbam personalidades militares e civis do seu séquito e ainda os oficiais portugueses às sua:i

ordens, ch~u em automóvel o Gcncrali...imo Franco e sua .sposa, a quem foram igualmente dispensadas homenagens pelo batalh3o da. G. N. R. ao som do Hino Nacional espanhol e dos pri­

meiros acordes de «A Portugucsan ql.ll· o Caudilho escutou perfilado.

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Subida a C9Cadaria principal do palácio, por entre filas de soldados de cavalaria. da G. N. R, de grande un.ilorme, o Chefe de Estado espanhol e >Ua e;pos:i foram recebidos ao cimo da mesma pelo ,,,r, Presi<lmte da República e S<·nhora nona )faria do Carmo Fragoso Carmona qu.... após bre\...,,, cwnprimt11tos, "' conduziram à Sala do Trono. onde o sr. 'larechal Carmona apn"'Clltoo os seus ilustres hóspedes aos chefes da• mi5.~s diplomática.~ acreditados junto da sua vcncranda pessoa

Formou-se. cm 'l'flUida, um cortejo de convidados pora a sala d.1 jantar do palácio, contígua. aquela Abriam no os dois chcft"S dt> Estado _ à frmte o <or Pre«ideate da República dando o braço à ~nbora Dona Carmen Polo Franco; a segtiir: o Gcn• ralíssimo Franco que dava o braço à '><'Ilhara de Fragoso Cannona.

:-<a eoonne mesa em "t;,. do banquete, qm· reuniu cento e cinquenta talheres, oo dois chefes de Estado tomaram a pl'l'Sidtncia, lado a lado, tendo os restantes lugares a segujnte dis­tribuição:

À direita do Chefe do fatado ~oi a sr.• D. )faria do Carmo de Fragoso Cannona. Sua Eminência o sr. Cardl'<!I Patriarca de Lisbo.'l, sr.• de Martin Artajo, mons.nhor Pietro Ciriaci, ~r.• d Lcão-Gracie, embaixador D Nicolas Franco Bahamonile, sr.' de Rei:alado. presi· dente da Assembleia Nacional, sr.• de Rodrigues Tomás, ministro da \farinb.1 de E<:pe.nha, -r • de Rooard Y V3len7.uela, minislTO do Interior, r.r.• d< Casal Ribeiro Ulricll. ministro da Noniega, 'r.• d~ Azula Banern. mini,tro das Colónias. >r • de Caeiro. ministro da Suíça. sr.• de Ferro, prcsidrntt' do Supremo Tribunal de Justiça. sr.• de )fariãkgui, ministro da Is­landia, ~r.• de ChavCli, major-i;eneral da Armada, sr.• de )farec. diroctor~eral dos Negó­cios Pol!ticos, • r.• de Salgado Araújo, conselheiro encarregado de l\egócios da Grécia, mar· qucsa de S. Paio, dircctor-geral da &-guridad, sr.• de Cayol~ Zagalo, con~lbeiro AJ[red Tyrrel l\e:.:er, dos Estados Cnidos, primeiro ~retário t.11Carregado de ~egócios. interino. da Rq>úbliGa Dominicana, J. C. H. \laroo, !ICcretilrio da Ll"Ração da União da Africa do Sul, capitão de mar e guerra D. Pedro Kieto Anlun<.,;, o oficial da Guarda Nacional Repóblicana em sel"\~ÇO no Palácio <' Alvaro Augu~to da f-ooseca, da PrKidência da Republica.

À eoquerda do Chefe do Estado portu!(Uês fic.'U'am: a sr.• cJc Franco, o sr. Presidente do ('Onselbo, sr.• de D. Wicolas Franco, mini~tro cio<; As.-~mtos Exteriores de Espanha, sr.• de Carneiro

Pacheco, embaixador do Brasil, sr.• de Cancela de Abreu, presidmte da Câmara Corporativa, >r • de Alf Ha,;.,,eJ, tencnte-g..11eral D Juan Vigon y Suerodiaz. sr.• de Brunner, ministro da Marinha, sr.• de Gomes Araújo, minblro do Chile, sr• de Bcncdilct:l50n. mini>tro da Ecooomia, sr.• de Gu'\lllâo Madeira, ministro das Comunicações, condessa O'J{eüy de Gallagh. o subsl.'Cretário da Educação Popular de &{lQnha, sr • de Gray, vice-almirank D. Salvador Moreco Fem3Jld<'z, sr.• de Sotolongo y Sainz, dirretor·g~-ral da Político Exterior de Espanha. sr.• de Nortoo de Matos, dirretor-gt>ral dos Negócios Económicos e Consular...,.., sr.• de Ferraz, barão Christian Ma.morte de Saint-Marie, comdbeiro da França. sr.• de Carvalho :-:unes, coose­l~iro F..ncarregado de Nogócios, interino, de Cuba pimciro secretário Henry Quérin. da Bélgica, capitão de mar e guerra ~lanuel Armando Ferraz, tl!lklllte<ol'Olld D. Ca.nnclo '.\1edrano, adido mi­litar do Espanha, capitão de mar e guerra Nuno d,· Brion, major Carvalh<> Nunes, dr. Cayola ZaeaJo, oficial da Policia de ~rança Pública e dr. João de ~1endonça.

Na parte interior da mesa, do lado direito, sentaram-se a ,r.• Van Buttingha Vicbers, 27 müllstro dos Nt>gócios Estrangl'iros, sr.• de Santos Costa, t'llviado <·xtraonlinário e ministro ple­

nipotcnciãrio da Dinam .. rca, '!arques.• de Villa.torgas. ministro da. Justiça, sr.• de Duarte, ministro das Obras Públicas, baronesa de hs Tol'!\'ô, ministro da Venezuela, sr.• de Faria,

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ministro do Uruguais, sr.• de EstE.ves Fernandes, tenente-general marquês de Villatorgas. sr.• de Tynd Nester. marquês de Huetor de Santillana, sr.• de Brown, governador militar de Lisboa, sr.• de Ginebra Hemández, encarregado de Negócios do Peru. sr.• de Caeiro da Mata, <lircctor da Policia Intemaciooal e de Defesa do Es.tado, «mad-oiselle» de Adérito Carmona, director-geral dos Negócios Políticos, encarregado de Negócios da Suécia, ministro-conselheiro D. Rafael Foros y Cuadra, monsenhor dr. Carneiro de .Mesquita, coronel Júlio Botelho Moniz, corooel Girona, dr. Carmona e Costa e dois oficiais da G. ~- R.

Também na parte interior, mas do lado esquerdo, ficaram a sr.• de Cavaleiro Ferreira. embaixador Carneiro Pacheco, Marquesa de Huetor de Santillanna, ministro da Guerra, sr.• de Castro Fernandes, ministro da Itália, sr.• de Erice, ministro da Educação Nacional, sr.• de Pereira Coutinho, ministro da Colombia, sr.• de Soarias, procurador-geral da República, sr.• de Cunha, bazão de las Torres, sr.• de Quérin, governador civil de Lisboa, sr.• de Botelho Moniz, presidente da Câmara Municipal de Lisboo, sr.• de Brion, secretário nacional da informação, sr.• de Adérito Cannona, cooselheiro da Grã-Bretanha, encarregado de Negócios, interino, do Equador, general D. Francisco Salgado Araújo, conselheiro da Argentina, ministro plenipotenciário e chefe do gabinete diplomático D. Antero de Ussia, dr. Luís Norton de Mato~. coronel Esmcraldo Car­valhais, engenheiro Basflio da Mata, oficial da G. N R., dr. J o;-<\ de Figueiredo e marquês de S. Paio.

Na cabeceira da direita via-se o sr. comandante Japne Athias, secratário-geral da Presi­dência da República; e na da esquerda, o sr. dr. Henrique Viana, do Protocolo.

À sobremesa, foram trocados entre os dois chefes de Estado amistosos brindes, como re­mate dos transcendentes discul'90S pronunciados e que foram radiofundidos pelas estações d09 dois países e registados, na íntegra, no dia seguinte pela Impreru.a peninsular.

A tourada à antiga portuguesa

Estava lindíssima a Praça de Touros do Campo Pequeno na tarde de domingo, ~. Opu­lência e colorido, eram as duas notas predominantes naquele circo taurino lisboeta. Vdhas colga­duras amioriadas, pendentes de camarotes e galerias, recordavam pas;adas glórias de Castela e Portugal; auriflamas e galhardetes com as cores nacionais dos dois paises ibéricos punham alegria na orla dos telhados; laçadas berrantes nbraçavam-se nas colunas ou nos cestos de vime pletóricos de belas flores: bandeiras desfraldadas, ondulando ao sabor da brisa: eis, cm apontamento, o ·ambiente festivo da velha praça de touros de tão grandes tradições na vida da Capital. E se dis­seIIDos ainda que no meio desta decoração deslumbrante sobressaia a tribuna de honra, embele­zada com um panejamento de veludo granadino encimado por um peitoril que era um longo friso de flores amarelas - e, no qual se viam, lado a lado, os brazões nacionais dos dois Eõtados -teremos, em síntese, uma visão daquele conjunto magnffico que se ficou devendo, como tantas outras realizações do género. que Lisboa tem contemplado. ao talento estético do grande artista que é José Leitão de Barros.

It certo que faltou naquela tarde de touros à antiga usança nacional, e em que tomaram parte os melhores artistas da tspECialidade, a luz, a alegria do Sol. porém, essa falta foi sobrema­neira compoosada com o ootnsiasmo de uma assistência que. por completo, enchia a praça e que recebeu de pé e dispensou uma carinhoslssima ovação ao Chefe de Estado espanhol, à senhora sua esposa. à soohora de Frag1:>so Cannona e ao sr. Presidcote do Conselho de Ministros. Iguais, ou mesmo maiores, ovações lhe foram tributadas no final da corrida que agradou, dado que todos os artistas füeram o melhor que puderam e sabiam.

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Exercícios de projectores de luz, concertos por bandas militares e fogo de artifício junto ao Tejo

Distribuídos por diversos pontos da cidad1>, foram colocados nesta potentes oprojecton"<n

pertencentes ao Quartel da Def~a Anti-Aêrea. de Queluz, e qne. das 22 às 23 horas de do­mingo, 23, em jogos do luzes de vi•toso efeito. alternando M cores branca, rosada, amarela e verde, iluminar.un algun~ edifícios públicos. convergindo. no fioo.l, todos os seu~ íaixos sobre o Tejo, onde as esquadras espanhola e portuguesa se ~ncontravam ainda fundeadas. Estes exercfcios foram !ll'gllidos com muita curiosidade pela população de Lisboa e dos arrabaldes.

Ao mesmo rernpo que tal suc<'dia, num coreto para o efeito eJl:llido no Terreiro do Paço, as baruie.s de música da Polícia e da G. N. R. tocaram alternarlamc:nte para os milhares de pe&­

soa.• que. cm redor, escutavam o concl'Tto. Nessa noite. os edifícios públ:oos da Capital apresentavam wna artística iluminação e,

entre eles, o da Câmara :\funicipal impunha-se pd.a beleza. que inadia.va da sua m3{!lllfica fron­taria banhada de uma luz que fazia sobressair as suas obras de arte.

Porém, devido à chuva que durante a tarde caiu duronte algum tempo. o anunciado fogo aquático, tão do g<>!:to dos lisboetas, teve de ser queimado em teria. Isto roubou qua<ie toda a. beleu ao prometido ~culo. ~las, apesar di~. foram ainda muitos os milhares de pessoas que do Terrelro do Paço e dos pontos a.l1os da cidade deliciaram oi: olhos C01D a.• Ct"lltcnas de fo­.tUetlles lançados e com o fogo preso queimado junto da estação do Sal e SuNte. E.te, como aquele, foi confeccionado pelos pirotécnicos de I.nnbelas. P011te da 'Barca e Viana do Castelo. os quais revelaram mais uma vez a ~ua apreciada técn:ca nas ginmdolas de foguetões e muito princi­palmalte nas peças que tcrmIDa.ram com as seguintes k:gendas VIVA FRA.'\CO - SEJA BEN­VTh'DO; VIVA CARMO~A - VIVA SAL\ZAR e VIVA PORTCGAL - VIVA ESPA.'\HA.

O Chefe de E~ado espanhol, sua esposa. os doi• cnilüstros e;panb6is, o sr. ministro do In­terior, os srs. embclixador de Espanha 001 U..boo e de Portugal cm Madrid. personalidades da comitiva do Gulerallssimo Franco. acompanha.dos por altas individualidades portuguesas. segui­ram, durante algum tempo, a queima do fogo de artüício dos baJcõe<; do Palácio da Sociedade da Cruz Vermelha, na Rocha do Conde de ôbidos.

Récita de gala em cSlio Cariou

Um público muito selecto encheu completamente a sala do Teatro de São Carlos na noito de segunda-feira, dia 24, para assi<tir à récita d·~ gala oferecida. cm honra do Cb1·f(' do Estado Espanhol, de sua esposa e altas pc~onalidades do ~ séquito. Ao esp«tãculo cnmpam:eu o ilu.~!re estadista visitante, - a quem tanto à cntrada como à salda do teatro Coram dispco"das as d~~das honras militares, - a senhora sua ei;posa, os srs. Presidentes da República e do Conoelho de ~inis­tros, membros do Governo, embaixadores de Espanha om Lisboa e de Portugal cm !'.fadrid, Corpo Diplom4tico, Govem~dor Civil e Presidente do Município da cidade, altas parentes do Exército e Armada dos dois ~. etc.

Actuazam na primeira parte do espeetáculo a Orquestra Sinfooica Nacional que, sob a regência do maestro Pedro de Freita~ Branco, interpretou a. raposódia uEspanha11, de Chabrier e a wnhecidissima composição de Mnnucl de Falla uNoites nos Jardins de Espanha» e, conjunta­mente com o grupo coral do teatro, tendo como solista ao piano Maria Lovéque de Freitas Branco, agora sob a direcção do maestro Mário Pelligrini a introdução e hino da ópera ulris11, de 29 Yaseagni. A segunda parte foi totalmente preenchida. com be.ilados do grupo «V~ Gaio», a que prestou também a sua colaboração a Orquestra Sinfónica Nacional dirigida pelo maestro Frederico de Freitas.

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Um banquete na e mbeixada de Espanha

No velho e histórico Palácio de Palha.vã, onde hoje se encontra instalada a Embaixada de Espanha, o Generalissimo Doo Francisco Franco ofereoeu na noite de ~. véspera do &a da aua partida do Portugal. um banquete em honra do sr. Presidente da República, a que assistiram, sua esposa, o sr. Doutor Oliveira Salazar, chefe do GO\'tlmo, e quase todos os membros deste, além de muitas per.;onalidades portuguesas. Em seguida ao banquete houve rocepção a que comparece· ram antenas de convidados.

A partida de avião do generalíssimo Franco

Cool destino a Madrid, às 8 e 50 do dia 27, acompanhado pelo sr. Doutor Oliveira Salazar, presidente do Canselho de Ministros, e levando como escolta de honra um regimento motoriza.do da G. N. R .. saiu do Palácio Nacional de Queluz, o ilustre Chefe do Estado Espanhol que, deste modo, terminava a sua afectuosa visita de cinco dias ao nosso país. Ainda em Queluz, ao longo da Estrada Nacional, prestou-lhe honras militares um batalhão de Infantaria da G. N. R., de grande uniforme. E formando cortejo, seguiam o automóvel da Presidência da República que o conduzia ao Aeroporto da Portela de Sacavém outros carros com diversas personalidades portu­gu~. Na Praça do Marquês de Pombal, oocorporou-se na escolta wn outro regimento de Cavalaria da G. N. R., também de grande uniforme.

Desde a Praça do Arieiro ao Aerodromo, ininterruptamente. de um lado e outro da bela avenida, soldados da Guarnição 1.ffiitar de Lisboa, armados e de grande uniforme, a quo se juntavam (60 legionários, Guarda Fiscal e infantaria da G. N. R .. cadetes das Escolas Militar e Naval, alunos do Coléçio Militar e dos uPupilos do ExércitoJJ, também armados e de grande uniforme, e Polícia de Segu.rança Wblica. Ao lado esquerdo do edifício do Aeroporto formava um baúi!lhão da G. N. R., com bandeira e banda de música.

Naquela parte da cidade, de belas edificações e de amplas artérias, já conhecida pela desi­gnação de «Lisboa Novai>, foi de festa a manhã do referido Wa. Milhares de pessoas aglomera­vam-se pelos passeios desde a Alameda de Dom Afonso Henriques até 11. praça fronteira ao edifício do Aeroporto e pelas janelas e balcões, onde se viam muitas scnhotas, havia colchas e colgaduras que mrus contn'buiam para da.r carácter ao ambiente já por si festivo.

As 9 e 30, de automóvel e levando como escolta uma força de motociclistas da P. S. P. de grande uniforme, chegou ao Aeroporto o sr. Presidente da República. Membros cio Governo e altas per.;onalidades portuguesas e espanholas já ali se encontravam para o receber. À sua pas­sagem todas as forças em parada lhe prestaram as devidas honras e o batalhão da G. N. R., junto ao edifício, a.presentou armas enquanto a banda exocutava os primeiros a.coroes do Hino Nacional.

Um quarto de hora depois chegou à praça do Aeroporto o Genemlíssimo Franco. Calvalgava ao la.do do automóvel que, como dissemos, também cond'uzia o sr. Presidente do Corulelho, o sr. coronel Buceta Martins, ooman.dan te da escolta. A guarda. de honra apresent.ou armas ao som do Hino Nacional espanhol - e o Caudilho perfilou-,,.e, em continência. Ao cimo da. csca.daria esperavam-no o sr. Presidente da República, membros do Governo, ministros espanhois e outras altas personalidades e, após os cumprimentos, seguiu-se o desfile, em continllncia, da escolta da G. N. R. Momentos depois os dois chefes de Estado, scguidn. ele todas as entidades presentes,

;3 O encaminharam-se para a sala da Alfândega e dali até à pista passaram por entre alas de rapazes da «Mocidade PortuguESa» com os seus galhardetes e pisando uma passadeira atapetada de Dores. A poucos metros de distância encontrava-se o avião quadrimotor que haveria de conduzir o Cau­dilho a Madrid. Então, locutores da «Emissora Nacional de Racliofusãon e da «Rádio Naciooal de

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Espaila..1 aproximaram os BCU:> microfones aos d<>b chefes de Estado, dicita.Ddo-lbes alguma. pala­vras. O Gencralfssirno, sorrindo, acedeu prontamente e assim se pronunciou: «PDto Pro-fundamento

satisfeito deste {>ais, que me 'ecebeu com carinho e amo' e a 9"" o f>ouo e;sponhol C(Jl'l'esj>onà,.- •ntei· rament~ e, ~ p,6fwio, tamblm muito intensamente. Villa Portugal!» Por seu turno, o sr. ~lanxhaJ

Carmona disse: ~De.<ejand-0 que o Caudilho cheg"" ao seu pais satisfeito com a ,ecepção que teve em Portugal, limito-me a dizer: Viva FrtnU:4! Viva E~ponJra! Wva Portugal!». Em seguida, o ilostro estadista, com palavras d<' muita amisad(- agradeceu oos srs. Presidentes da. República e do Con­sdho a fonna como fora n.'ttbi<lo em Portui;al. e abraçou-os afectuosa.mcnte. posto o que se despediu de Sua Eminência o sr. Canw.il Patriarca- que também ~ - dos membros do Governo e de outras altas pl'r.;ooali<Ldes.

A portinhola do avi.:1o fechou-se e, minutos di'pOis. isto é: precisamente às 10 e 12. o quadrimotor 1<"1.':l!ltOU võo cm dittcção a Espanha entre as adama.Ções da. multidão que llA:01Tera

ao Aeroporto. O grande avião foi depois escoltado até à fronteira por dois grupo& de ape.RÜ!os de caça das bases da Ola e Ta.nco!I, nwn total de 82 unidadts. Com o Generalissimo Franco se­f(Uiram 06 seus doib lllÍllistT06 qul' o acompo.nharam a Portupl, o OOS50 embaixador cm Madrid e outras altas pemonalidadcs do sou séquito.

ii!.11/s dtt Quadres.

Notas de reportagem

l - O programa oficial da "isita, qur foi cumprido inteiramente, era o !<CgUÍII~:

Dia :?:? - Os navios da esquadra c-;panhola e m oootratorpedciros portuguesa& que so lhe juntarão, de manhã, no mar das Bcr!eng:i..,, param anta; de entrarem no Tejo, ero ponto a. deter­minar poskrionncntc, con=te o estado do tempo (baía de Cascais ou Caxias), a. fim de em­barcarem no cruzador «.Miguel Cervantes .. os srs. comandante Américo Tomás, ministro da Ma­rinha, e embnixadCl' D. Nicolau Franco, e, ainda, 09 nossos oficiais da ~farinha o do Exército

postos à ordem do Caudilho. Às 1 ·1.30, desembarque no cais das Colunas. onde o generalíssimo Franco sera recebido pelos srs. PrC!\identc da República, pm;idcn.te do Coruiclho e ministro dos Negócios Estrangeiros. Na tribuna ~arcfam-oo a.• -esposas dos dois chefes do Estado, os sra. pre­sidcn.tco; da Asrembleia Nacional e da CAmara, Corporativa, Governo, o pre>ident.: da Càmara Municipal e outras entidades, nesse momfflto a apresentar ao generali-. . ..üno. Às 14,45, desfile mi­litar às 15,15, partida oo Cortejo Queluz; :h 16,45, partida do cortejo para Quduz, às 16,45, visita

'do gericralíssimo ao marechal Carmona, no Palácio de Belém; e às 17,30, visita aos Paços do Concelho. À noite, no palácio nacional da Ajuda. o sr. Pretidcnte da Repóbüca. oferecer.I. om banquete seguido de rooepção.

Dia 23 - .Às 10.30, rooepção à colónia C!!p3Jlllola, no palácio de Qu~~uz. Neste almoço ofere::ido pelos srs. ministros dos Negócios Estrangein>li e da. Marinh• aos seus colegas espa­nhóis, no qual tomam parte oficiais da Marinha espanhola. A 16, tourada de gala à antiga J>Orlnguesa; às 22, exercfcio de c<pn>jecton .... ,, e ooncerto por band .... militans no Terreiro do Paço; e às 28, fogo de artificio no Tejo.

Dia fU - .Às !J, partida em automóvel para ~ta!ra. onde, das 10 às 13, o Caudilho assistirá a exercícios militares; às 13,15, almoço com a oficialidade na. Escola Prática de ln- 31 !antaria; às 16.80, partida de automóvel para Sintra, com visitas ao palácio da vila e ao parque da Peca. As 21,00, ré<:ita. de gala em ,.s. Carlos»-

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Dia 2S - Às 9,46, partida de combóio até ao Luso, fazend<Hi<! a instalação no «Palace Hoteb> do Buçaco. As 16,45, partida, também de combóio, para Coimbra; às Hl,80, rccepção na Estação Nova; às 17,30. chegada à. Universidade, cumprimentos, descanso e visita à. ca­pela e biblioteca, de onde sai o cortejo para o <Cdoutoramento» a realizar às 18 horas. As senhoras e outras pessoas da comitiva. terão chegado ao Buçaco, de automóvel, às 17,45. Às 20, jantar seguido de recepção, oferecido pela Universidade.

Dia 26 - Às 10, partida do Buçaco, cm automóvel; às 13,80, ahnoço no castelo do Leiria; e às 21,80, banquete na Embaixada de Espanha.

Dia 27 - Às 10, formatura militar a caminho do Aeroporto; e às 11, partida de avião do Aeroporto.

2 - Os comandos da esquadra espanhola que veio ao Tejo com o Generalíssimo Franco es­tavam distribuidos deste modo:

Comandant&chefe da. esquadra, vice-almirante Salvador Moreno; chcie do estadCKDaior, ca.pi.tão de mar e guerra lndalecio Nwiez; comandante-chefe da flotilha de contra.torpedeiros ca­pitão de mar e guerra Ricardo Calvar; chefe do estado.maior, ca.pitão-tCllWe Vicente Alberto; comandan"les dos cruzadores uMiguel Cervantes», uGalicia.>> e "Almirante Cervera>>, respectiva,,. mente, capitães de mar e guerra Mantrel Sunico, Altjandro l\fo!ins e Alfonso Colomina; coman­dantes dos C(IDlratorpedciros «Joxge Juan». «Almirante Valdésn, «Sanchez Ba.rcaixtegui», uCiscarn, «José Luis Diezn e «Almirante Antequera>>, respectivamente, capitães de fragata, Manuel Cer­vera, José Estran, Pedro Nuiiez, António Diaz dei Rio, Manuel Pasquin e Manuel Alva.rez Oso­rio; e ajudantes do almirante-dleíe, capitão-tenente José Ca.mano e 1.º tenente Juan Moreno, este ultimo, filho de D. Salvador Moreno.

~-de O.

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NICOLAU DI!LERIVE 'lf.RCADO DA PRAÇA DA FIGUEIRA - 17!12

fD• C.1. Jo ü ... Stu. /•-' J~ AIH..t"t'""' J, ~ttl• p,,.,,. •CM~"''

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A A RUA DA PALMA

lenda do Cavaleiro Hmriquc, em cuja jaaid.t teria nascido uma palmeira, donde uma palma, tirada pelo n<>"..o primeiro Rei (i,;to passa\a-se no tempo do cerco de Lisboa em 1147), e guardada num relicário no Mosteiro de São Vicente. foi por alguns imaginosos havida como motivo detennina.nte da sinonlmia da actual serventia .. Rua da Palma» apesar da evidente fragilidade e inconsistência do relato chamado a capitulo, durou pelos sOCulos fora e chegou at~ os D0560S dias. O Cavaleiro de Bona, justo varão ao que parece, morto durante o cerco à Lixbuna moirisca, e por cuja intercessão se operaram vários milagres, piedosamente relatados pt'los l"'C~vedores de outro tempo, não tem ainda a identidade determinada. o saudoso Júlio de Castilho, aceitando o ponto de fé da Lenda, tentou, debalde, identificar 0 crozado entr~ um grupo de Henriques, mais ou menos coo­vos, cujas façanhas não passaram despercebidas na:. crónicas nosoas e alheias; mas não o con­seguiu satisfatôriamente nem iS:>O importava à pot..,.ja da Legenda. A explicação da Palm4, como razão daquela toponímia alfacinha, manteve-se a!iSím, e alguns foram mais longe a.inda, dizendo que ela se filiava particularmente no facto de tal rua. muitos anos depois, aberta em chãos dos Padres Vicentes, ter sido habitada por alemães que asoím quereriam n<eordar e prolongar a memória do seu recuado compatriota.

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Não 1emoe o menor praier cm destruir lendas que entreteccm sempre de poesia. a rudeza das realidades charras, mas manda-nos o dever, na nossa missão de cavouqueiros, que se esclareça a. verdade, oculta por elas, sem aliá.~ bulinnos na matéria poética que as con .. lruiu e que não~ aenão o reflexo expressivo da maneira de &tt das gerações que se sucederam e que produziram a nOMa, E a verdade manda-nos que se d:g& que o bom do Cavaleiro Henrique nada teve com o nome da rua movimenta.da, cm vésperas de desapan!Cer, e que ela jamais foi habitada por leutóoicos que tcntasecm fixar a mem6ria daqudc.- ajudador do primeiro rei dos Portugueses.

E pa:sse-se a dar n ra~io dos nOll5os assertos.

o

Do apelido Palma encontram-se~ primeiros vcslfsios no decorrer do século x1v. Um Nicolau de Palma. era o patrão de uma da.q naus genovesas que o Mestre de Aviz apresou no Tejo, nas vésperas do cerco de Usboa por D. João de Castda, cm 138-1 {Cr611ica de Fernão Lopes, Capi­tulo CX), e a um Jo3o de Palma. também genovês, foram coutados, pelo Mestre, então já. rei, em 1408, umas terras no Algarve para nelas plantar cana de açúcar (Epocas de Porlugal Econ6mico, por J. Lúcio de A.t~cdo, pág. 226). Seriam parentes estes dois genoveses?

Pouco depois a.parece nomeada por quittta de Palma, uma propriedade, no termo de LW>oa, junta com Alvalade, que figura. como garantia de parte dos bens em dinheiro de contado (20.000 dobras) que D. Pedro de Ment!<CS, primeiro Governador Geral de Ceuta, Cl-deu, em 1431, para a instituição do vinculo com que dolava sua filha herdeira, D. Beatriz de Meneses para casar com D. Fernando de Noronha. De aqui se gera a hip6tcse, admisslvel, de um dos dois (João ou Nicolau de Palma) terem interferido na nomeação da referida quinta anabaldina, e ainda a suspeita de quo tal apelido proviesse da ilha desse nome, bem expli~vel, pelo menos no mareante cuja nau í6ra apresada pelo Defensor de Lisboa. F-ssa propriedade, que noutro tempo se chamara ude Curte Peles», era domínio dirccto dos frades de São Vicente de Fora.

11Palma a Velhan, como depois se chamou, é a actual «Palma de Cimau. A outra «Palman (a de baixo) só aparece mais tarde.

Os Palm111 portui:ueses. surgem a seguir. na pessoa (aegundo os Nobiliários) de Rui Fer­nandes da Palma. Deste foram filhos, um Franci9CO Roii da Palma, Moço da Càmara do D. João m. em 152:;, e um Fernão Raiz da Palma, Tesoureiro dos Dinheiros do Reino, em 1685, Capitão da Guarda da Càmara de D. joõo Ili e Cavaleiro Fidalgo, com moradia, em 1539. Este teve ~ filhos, todos llloços da Câmara Real, um dos quai~. Diogo da Palma, casou com D. Elvira Teixeira de Salazar, pais de vários filhos que deixaram larga descendência. Um deles, Fernão Dia.s da Palma, sucessor da casa paterna, foi muito rico, tev~ o foro de Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, e vê-mo-lo nomeado Escrivão da Feitoria de Flandres e Criado da Rainha D. Catarina. Com os lieUS bastas cabedais adquiriu a herdade dos Godinhos em Souzel e comprou a capela da Madre de de Deus, na Igreja de São );icolau de Laboa. ('). a quinta da Freiria, em São Quintino, o outras

(') Esta c&p<la chama•a..., ao tempo de Carvalho da Coot.a, de São Sebuti.'lo, e era administrada pelo Capitlo de ca•-aloo Jao6 Foneira r.i:.u, d-dente do instituidor. O sucessor de l&l e&p<la Coi Diogo Teixeira da Palma, 6Jbo de Femlo Dias da Palma, o instituidor, h•nl.,ro, tam~ da quinta da Fttiria onde vh·eu e imtituiu outra C&l"lanla. Cuoa este com o. Maria Tibau, úlh& de Alomo Ma.ní111 Tibau. Fidal&o da C"asa R-1 e de D. Isabel de Andrade, e faleceu em 16U. Jost Ferreira T1i:.u, devia 1er neto dele.

Na mesma !ttgue1la de São Nicolau, houve, antes de 1765, uma Ermida de Noeoa Senhora da Palma que, •m 1716, foi reformada l"'l"" IrmlOOI dela, obtende>-ae aulori ... ç.ão da Càmam IJ'll'll. uma ligeira obrll de

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propriedades. Pt:lo seu casamento com Catarina Pire;, foi ia.mbém senhor do domínio 6til de uma ca;;a e de uma horta, nu terras dos Vicente:;, juntas com os caoO!I da Moiraria, nas vizinhanças de São Domingos, vindo ainda a c'.'Cerccr o cargo importante dl' Tezoureiro dil.S Obras Pias.

t:ma outra filha de Diogo da Palro~. irmã desll' ricaço, foi Leonor Teixeira de Salazar, que veio a casar com um fidalgo, )licorau Codho (filho de ,\nd~ Coelho e de Isahd Pires) possi­velmente irmão de sua cunhada Catarina Pires. Deste casal foram filhos Brás Coelho, Martim Coelho, e Franci~ Co .. lho; .. foi e;ta que. nã.o sabemos por que critério familiar, veio a ser her­dcira da casa e horta dos Canos da '-loiraria que levou, ~velmente com outros bens, como dote, ao teu marido João da Palma, parente de certo, mas cuja filiação ignoramos (') ·

• As referidas casas e horta, entre São Domingos e o ~furo da Cidade (pdo sul e norte) e

entre as hortas de São Mateu\ e de São Domingos e a Rua dos Canos da Moiraria (pelo poente e n88Cdlte), tinham <ido aforada• a Catarina Pil'e$, mulher de Fem:io Dias da Palma, e por escritura de 3 de Abril de lãlá, houvera um conserto entre eles e os Vicentes, pelo qual o Palma e Catarina Pires, largavam aos frack::. a parte de baixo, da horh •desde oode estava feita uma casa térrea, junto com a nora da dila orla, para baixo, ao longo da rua com a volta da dita rua para o Poente, até entestar nas casas e chão de São Domingos que ora trás 0 dito Jorge Afonso, pintor, com 4 braças de craveira para dentrou. O foro pas:>ara a ser em trt. vida3, por mai• 200 réis. e dos emprazamentos para casas que se fize!<"<'m. metade seria para os Vicente.. e metade para Catarina Pires e Fernão Dias da Palma.

Sesundo as conhontaç&s con!tantes da escritura, a uhorta partia» do Levante, ao longo do muro, por antre o dito muro e " dita horta, e do sul com rua pública, que vai por anlre a dita horta e o Mosteiro de São Domingos, e do poente, dcode onde a dita horta, tem um sequeiro, parte o dh· ~ueiro com terra de São Mat('US e com terra de São Don:úngos, e a dita horta em baixo

arranjo exterior, com a coctos.ão de um 1>edaço de c:bio, paao alarpmeoto do beco para onde 8'1<juinava. O temmoto de 55 amainou-a, e n;io .., reediJicou. Ot •Elrmcotos prua ,. História do Manicfpioa. a plgs. 15' e 166 do """ tomo XI, trazem as confrootaçõcs e mediçõee do templo. Ficav& defronte do convtnlO dOI Tor­neirw, por dctnls da capela mór de São )';icolau , Tinha WM porta aJP""Clrada paao o poente e outra para o Dl\SCellte. Admln11tmva-A uma Irmandade com uts capeUcs. Jã ,._ citad.> no •Snm.Uioo d~ Crist6vam Roiz de Oliveira e no •Trat."\do da Abastança., de João Brandão

~°'°" que a íov~ão da VÍlll"m Dada tinha com 08 Palmas. e de'ia derivar de """' p..1- qoo a imogem tiv...., na mlo. Em as.<im que se representava anligamonte, .. g,indo FR!a Apollnúio da Cocccíçâo, a Smh<><a d°" Mártl- - com uma palma na o:Wo o o lleo.ino ao colo.

(') T..--e b.rgu ram.tlicaçiin & deoc:eod&lcia de Diogo da Palma. s.u filbo Femão Dias da Palma. doo aeua dois cuamontoo, houva geração. gete filhos pelo mcnoo. que 80 apelidaram Fcrreiras da Palma o Tcixeiraa da Palma. Um& filha, Isabel Forrei.ta • ...,,hora de gxanWi dote, c:uou com Ferrulo MartiJat Muc:arma.bu de Almada, o, dopoia de '~dva. comprou a Capela <M N. s. do Egipto. no Coc'-eoto de )osus doo Cardais, à qual vinculou vários bens. rios qu•is ficou " administração a 1tu filho, Francisco Teixeira Tibnu; outro, Diai:o Teixeira da Palma. ª""° tamblm DA familla Tibaa. como ontn>. J\Jldnl Ferrelm da Palma. cuou com Faustina Ve"'ta o foram paio do Joiiu da Palma e do Leonor da ~ quo cuoo e foi ~ de Fernio B<UT&daa do Mendonça Anais; outra )OA<ll\ de 5ou"1. cn'IOu com Simão Horgeo do Castro; outrn, Antónia Teixeira. foi freira t'11I Ocfa-elu; e outra ainda. llaria de So ...... cuoo com um tal Leooel de Moura O. filboo de Diogo Teixeira da ~a. uaram qunoe lodoo o apelido Tab&u.

Mult.oe Palmu apa.r«•m, no léculo xvt. Enconmi um Frei Pedro da Palma, frndo de São Domíogoo, 35 Dllma eocritura de 1~13, UID Lourenço da Palma. :\loço da ('fuDanL ci.. D. Joio m. e DO •Livro do Lançamento da Décima•, do 1666, dois ouriv .. João da l'al= e Diogo da Palma, um Francisco da Palma. quo eo~va em Flanches e morava nA Tintura.ria, r uma Ano. da P1\lm.a, viuvn. momdorn. nesta ml""mA rua..

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parte também do poente com terra de São Domingos que trás Jorge Afonso, pintor, e com outras confrontações com que de direito deve partir ('}. O foro desta terra aforada pelos frades era de seiscentos réis e duas galinhas uboas e recebondasu.

Pelo descritivo do documento é fácil situar o velho domínio dírecto dos Vicentes, que fazia parte de um grupo de propriedades doadas nos primeiros tempos do reino àquela milícia religiosa, no qual havia poço, nora, arvoredo, a pousada fidalga do Palma, e aquela casa térrea, que ficava. no valado à beira de um caminho público, a que se refere a escritura. Fazendo referências actuais, não erraremos se lhe dermos por limites a parte inferior da lomba do nascente do Monte de Santana, 0 !cito da nossa Rua da Palma, até à face poente da Rua Silva e Albuquerque (antiga dos Canos), desde a travessa de S. Domingos ao topo norte da Rua. da Palma, na altura da. face sul da calçada do Jogo da Pela que marca o local do antigo Muro da. Cidade. Para. fora da Cerca Fernandina, es­tendia-se outra horta também pertença dos Vicentes, chamada, depois da construção do Muro «orta de fora».

Da parte do poente, ao sul da horta do Palma, é que havia a extrema da terra do pintor de El-Rei, Jorge Afonso, que os frades de São Domingos lhe traz.iam aforada, e que pegava., por seu turno, com outra, aforada em 3 de Agosto de 1521, pelos frades dominicanos, a Cristovam de Fi­gueiredo, pintor da Rainha D. Leonor, e a sua mulher Ana Pires('), às quais se seguiam para o lado do norte, as terras de São Domingos e de São Mateus. esta do domínio dirccto do Morgado deste nome, então dos Castros de Monsanto.

Não sei se por obediência (que era já tardia.) ao diploma manuelino de 26 de Dezembro de 1500. se por critério ocasional, em l/S15, os frades de São Vicente e os seus foreiros Catarina Pires e Fernão Dias da Palma, convieram em que havia maior proveito para ambos os contra­tantes em fazer sub-aforamentos para a construção de casas, abrindo uma rua na horta, do que em cultivá-la; e consertaram entre si tal negócio. Pela escritura de 10 de :Maio desse ano, o Palma e a mulher, largaram aos Vicentcs a parte sul da horta que marginava o caminho público (Travessa de São Domingos) «com a volla. que faz para o Rossio>>, como lá se diz, assentando-se que o foro de cada chão (de 4 braças de longo por 3 de largo) à. face da rua, seria de oitocentos réis e duas galinhas uboas e recebondas>>. Os chãos foram depois poslos cm almoeda, durante trinta dias, por Diogo Femandcs, Porteiro das arrematações do Concelho, fazendo-se os aforamentos «para semprel>. Os três cbãos que ficavam defronte de São Domingos, na testa de fundo da dita horta, foram arrematados por mais cincoenta réis do que os outros, conforme, previamente, se estabelecera.

(') Os chãos do Jorge Afonso, pintor do El Rei, ficavam 11 lace da •Tmves!a que vai por detrás de SJ.o Domiugoa•, e ficavam-lhe pelo norte os ternmcs cL' horta de Femão Dias da Palm& e de <:atarina Pires, o pelo poe11te, os chãos do Pedro Alvares, recebedor do Paço da M.deira. Como este mais tarde, ficasse devendo à Fuenda Real certa quantia, os referidos chãos !oram po5tos em o.lmoeda, perante o Contador-mór. Quem os veio a arrematar, em 16!11, foi Cristóvam do Figueiredo ... pintor da. Rainha D. Leonorn, por quarnnta mil riis, que logo pagon. fazendo & seguir escritura do aforamento com os Frades Viccnms, em 3 de Agosto d"'"" ano, com sua mulher Ana Pires. Da citada esctitura coo.sta, que os citados cbãos p;utiam» •.. de uma parto com chãos do Jorge Afonso, pintor de EI Rey, e de outra parte, por detrás, com horta do dito Mosteiro que trás Fernão Dias, e com rua pública. O foro em de quatro cru.a.dos e quatro galiJlbas. ficando o !oreiro obri­gado a !a.ter ali casas, pelas quais pagaria, então, o !oro de oitocentos ,.,;. e de duas talinbas. O terreno estava murado com uma pan!de da altura de um homem. O interesse maior deste documento. 6 o do autenticar, a cate­goria oficial do artista. que se snpnnba ser servidor da Rainha D. Leonor. mas de que não existia confutoação oficial de tal cargo. Desta forma ficam plenamente justificadas as atribuições que lbe têm ultimamente sido feitas das tábuas das Qlldas da Rainha, de Tomar o da Madre de Deus.

(') O documento rofcrldo na nota 9. dispensa aqu.i outra nota sobre o assunto da identidade deste

foreiro.

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E os arrematantes foram:

Do l.º chão - João Fernandes Freso, criado do Bispo de Lamego, prior mór do Mosteiro; Do 2.• chão - O mesmo. Estes eram os primeiros, mais caros no foro, que partiam com a terra

aforada ao pintor de El-Rei, Jorge A!ollSO; Do 8.• chão - Rui Pires, ferrador da Praça da Palha; Do 4.• chão - O mesmo. Estes chilos de Rui Pires e de João Fernandes, ladeavam um chão

que ficou em aberto e se não arrematou, para o;erventia da horta e, talvez, prevendo a abertura de uma rua nova no sentido norte-sul:

Do 6. • chão - João Martins, carpinteiro da rua das Arcas; Do 6.º chão -Bastião Vaz, telheiro, morador a São Domingos; Do 7.• chão - O mC1.1no. Ficavam Jogo acima da volta que a horta fazia. para o Rossio, depois

do chão de João Martins; Do 8.• chão - João Luís, tabelião do Cfrel; Do 9.• chão - Lopo Trigueiro, criado de El-Rei; Do 10.• chão - Joane Mendes, pedreiro à Porta de São Vicente da Moiraria; Do 11.• chão - João Pires, c:arpinteiro da Rua das Arcas; · Do 12.º chão - Diogo Mendes, pedreiro, morador a Santa Justa; Do 18. • chão - .Mestre Vasco, c:irurgião do Ho .. -pital Grande; Do 14.• chão - Luís Gonçalves, ferreiro, morador junto à horta.

A seguir fizeram-se a estes arrematantes os devidos aforamentos. Pelas escrituras celebradas ficaram obrigados a murar os seus ehãos, entre eles e a horta., no prazo de um ano; a edificar neles casas de pedra e c:al, até o primeiro sobrado; a rcconslruf·las por da.nos de inc~d.ios, terremotos, etc.; a não abrir janela, porta ou buraco que devasse a horta, apenas frestas altas e estreitas onde não caiba mais do que a c:abeça de um gato; a não despejar águas para a horta: a murar os quintais que fizessem, sem que a horta fosse dcvassa.Ja, nem 0 chão que ficara. por vender para serventia dela. O foro seria pago pelo Natal e pelo S. João.

Como Fernão Dias da Palma e Catarina Pires, tivessem ainda largado mais três chàos, o terreno dividiu-se apenas em dois pra10,. de chão e meio cada um, que se arremataram depois, por seisc:entos réis e galinha ~ meia. De um foi enfiteuta Gomes Eanes que fora Escudeiro de El-Re:i D. João II, morador a São Pedro Mártir, e d~ outro João Rodrigues, trombeta, morador à Praça da Palha(').

E assim nasceu a Travessa de São Domingos, nestes dezassete c:hãos, de três braças de frente, para o antigo caminho p6blico que vinha dos Canos JXlr.i São Domingos.

E então a Rua da Palma? - Já lã vamos.

• Fernão Dias da Palma e Catarina Pires, em 1524, por escritura lavrada perante o Tabelião

Duarte Gomes, nomearam sucessora no prazo da horta e casas, foreira aos frades de São Vic:ente, tm segunda vida, sua neta Francisca Coelho, filha de sua. filha Leonor Teixeira de Salazar e do marido desta Nicolau Coelho. Abastada herdeira, a neta do opulento fidal&Q al!acinha, achou marido na famfiia, e casou-se com João da Palma, como se disse atrás. o qual não sei se se poderá identificar com um João da Palma que foi Escrivão da Feitoria de Batccala em 153Cí (Ch.anceluia 3 7

(') Ülrtório de Slo Vicente. Uvro B-48-~B. págJ. 106 v ... o e seguintes, e 109 verso e aeguintcs.

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de D. João ill - L.0 19 - fl. 247). Fernão Dias, parece ter-se casado segunda vez com Uilla

Brites Ferreira, de quem teve ainda filhos, mas em 1552 era já falecido. Neste ano, vendo os frades e os novos foreiros, que dera bom resultado o aforamento da faixa sul da horta, donde nascera o novo arruamento (Travessa de São Domingos) intensificaram o trabalho de estudo da abertura de uma outra rua que atravessasse a horta no sentido norte-sul. Mediu-se o terreno, fizeram-se cál­culos, e chegou-se à conclusão de que se poderiam fazer mais de trinta casas, com chão para quintal, e que, além disto, o assentamento de casas da horta ficaria com poço de nora e tanque. Era nesta casa que residiam os foreiros, e ainda Francisca Coelho, é aqui dada como moradora no Livro de Lançamento da Décima, em 1565. Um dos foreiros de um chão da travessa, o men:ador Tomás Cerveira, que o herdara de sua mulher Brites Jorge (era o que fora aforado a Rui Pires, o terceiro da relação), ouvindo e sabendo desta ideia de abrir-se uma rua nova que atravessasse a horta, veio agitar o assunto, pedindo de aforamento, um chão que pegava com o dele pela parte de trás, o qual media seis braças de largo e quatro e dois palmos de comprido. Foi-lhe feita a con­cessão, e a escritura lavrou-se em 17 de Junho desse ano, com o consentimento dos foreiros a cuja casa o Tomás Cerveira foi pedir o devido assentimento. Como debaixo de tal terreno passava o cano da nora que servia para as regas e la entroncar no cano real, o novo enfiteuta ficou sujeito a várias obrigações sobre o serviço dessa conduta (•).

Esta intervenção do mercador foi benéfica para a solução do GaSO que já devia estar meio tratado entre os interessados. Levantou-se uma planta, mediram-se os chãos, e a nova rua foi traçada a cordel para reguir a direito, mais ou menos paralela à dos Canos da ~foiraria, «da maneira e pela ordenança que já está feita no debuxo mostrado pelo dito João da Palma», como se diz nos documentos. Só, porém, em 1554, é que se fez o contrato, conserto e aforamento, entre ele e os frades, tendo-se celebrado a escritura em 10 de Outubro desse ano, perante D. Jorge, prior do Mosteiro de São Vicente, os cónegos, o Palma e a mulher. Por ela os foreiros largaram aos Vi­centes o terreno da horta «de Francisco Anes para baixou, ficando cada chão com três braças de frente por quatro de fundo, e assentando-se que os foros seriam de seiscentos reis e duas galinhas.

Ao João da Palma é que ficava competindo a escolha dos foreiros, obrigando-se ele a que 11antes de Dezembro primeiro vindoiro», arrumado o negócio dos foros, ficasse aberta a rua, de cordel, pelo meio da horta, com quinze palmos de largo, com saída em baixo para o Mosteiro de São Domingos e em cima para a rua que passava entre o muro da cidade e as casas de sua moradia. Para isto ficaria coagido a derrubar uma casa que deixara fazer a um Francisco Lopes, casa que pegava com a de Tomás Cerveira, e que se construira no «chão e meio» que se deixara vago cm 1515 para serventia da horta pelo sul.

O novo prazo, que ficaria assim em regime de aforamento perpétuo, tinha então já as casas seguintes: - da banda da rua dos Canos da Moiraria, um assentamento de casas (três moradas de sobrado e três térreas) à face da rua, com pátio da outra banda onde está o poço da nora e três tanques de água, medindo quatorze braças à face da Rua dos Canos, e pela outra banda que se havia de fazer, pouco mais ou menos, doze, com dez de largo, as quais partiam por três lados com ruas públicas, e da outra banda com a horta e com as casas do foreiro Francisco Anes. Do outro lado da nova rua, havia um assentamento de quatro casas térreas, e três engenhos de atafonas, com o comprimento de dez braças à face da rua, e de largo, para dentro, numa parte duas braças, noutra duas e meia, e ainda noutra três. O sequeiro, ao poente da horta, pegava com estas casas e ficava mais alto na lomba do oiteiro.. . Deste lado a horta, media vinte braças de largo, e no

38 mais alto, onde fazia uma ponta voltada, tinha seis braças de largo, e no meio dez. Contra São Do-

(•) Cita.do Cartório do Moeteiro da São Vicente.

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Plenta do protecto da abertura da Rua No•• da Palme feito no• maedo• do ••culo XVI

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mingos, por onde partia com o quintal do Pintor Jorge Afonso, tinha quinze braças de comprido e da outra, contra o Muro da Cidade, vinte. Todo o terreno ficava tapado com paredes de diverso. proprietários, e com casas foreiras a São Mateus e a outros.

Em 20 de Outubro desse ano de 1554, foi o tabelião do )fosteiro a casa do Palma, mostrar o contrato feito, e ele outorgou, com Francisca Coelho, o nccessirio consentimento(').

O prazo para a rua estar desix:jada e desembargada e para se derrubarem as casas que forem precisas para a efectivação da obra, foi marcado até Fevereiro de 1555, e até De7.embro desse ano, a apr=tação dos foreiros a que o Palma se obrigara. Caso ele não cumprisse esta parte do contrato, ficava sujeito a várias penalidades, dando-se aos novos foreiros liberdade para, eles mesmos, derrubarem as casas e paredes que empachasscm as suas construções.

Os foros, que seriam partilhados pelo dois senhorios {do domínio 6til e do domínio directo) foram aumentados para quatro mil réis e seis galinhas, ficando. também, consignadas na escritura, além das condições e encargos habituais, por motivo de incêndios, terremotos, etc., outras de carácter particular. O laudémio de quarentena, manteve-se (1).

Os prazos não foram cumpridos, mas não sabemos se João da Palma sofreu as penalidades cominadas na escritura. Pelo me.nos a lista dos foreiros não foi apffSCDtada até Dezembro como fõra estabclocido, visto que muitos dos aforamento se fizera.m em data posterior; mas, demorasse menos ou mais, a «Rua Nova de João da Palma.11 foi aberta, povoou-se de casas, e integrou-se no movimento da cidade.

Pela planta que se dá ao leitor, podem saber-se quafa foram os primeiros foreiros dos prazos dos frades e do João da Palma, e, como se vê, não hâ entre eles neohom alemão que pensassem perpetuar a memória do Cavaleiro Henrique. Os nomes que na planta se exaram e os que seguidamente constam dos emprazame.ntos feitos, pouco nos dizem. Encontra-se o Trombeta João Martins, o nosso conhecido Tomás Cerveira, o Rei de Armas Antóoio Roiz e seu genro Gaspar Velho, um Gregório Lopes, que não sabemos se será o pintor desse nome que era vizinho .destes chãos e foreiro dos frades de São Domingos, e uma Violante de Sequeira, cujos chãos pegavam com as casas de João da Palma e de Francisica Coelho, na parte norte da nova ma. A abertura desta artéria, concorreu para a urbanização da Rua dos Canos que ai>im ficou ornada de casas na sua face p()(;Dte, as quais vizinhavam as tra.zeiras dos chãos que faziam frente para o arruamento que cortou a hona dos Vicentes.

Nos livros do Cartório do Mosteiro de São Vicente, pelo tempo fora, encontram-se transcritos numerosos aforamuitos respeitantes aos quarenta e cinco chãos em qoe se dividiu a horta. Dezenas de vezes mudaram os senhores do domínio útil de cada urna, ou de cada grupo, pois alguns houve que foram aforados conjuntamente, como 0 que foj primitivamente aforado a Isabel Martins, ao lado poente da via, aberta, ao mesmo tempo. para negócio dos proprietários e para descongesti~ namento do lrànsilo, neste ponto da Lisboa quinhentista .

• A nova rua, com pouco mais de três metros de largura, «longa, estreita e sem t.ravessan,

como viria a nomeá-la, mais tarde, o autor dos 1u\pólogos Dialogais», la desde a serventia «por detrás de São Domingos», à. que seguia ao lado do Muro da Cidade, pela parte de dentro, que se chamou «Travessa das Parreirasn e hoje se nomeia de «Travessa da Palma». Parece que a pousada

(' J Citado Cai· tório do Mo.lciro <lo Silo Vicente, Códice B-46-37. pág. lS e ~3 verle>.

('} Idem, idem.

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nob~ dos Palmas, talva vizinhada por parreiru arruadas, ficou com entrada por ela, pois é nesta ruatinha quinhentista que~ dada como moradora, em 1565, no ccLivro do Lançamento da Décimlll, recentemente publicado pelo Municlpio, a fidalga Francisca. Coelho, Moça. da Câmara da Infanta D. Maria.

A Travessa da,, Parreiras la dar à .. Rua do Colégi011 (o Colégio dos Padres da Companhia), hoje denominada Rua do Arco da G1aça, e servia, também, de passagem para o Jogo da Pela, ao alto do qual ficava o uCbào de D. Henrique» que fazia fundo a um velho caminho põblico a que agora corresponde a Rua Direita de Santana (').

Para li da muralha Fernandina ficou permanecendo a •horta de foran que continuou a ser plantada de cheiros, embora algumas casas já. !à se ergu~. resultantes de aforamentos feitos pelos frades de São Vicente ( ").

Logo a seguir à obra de w:banização feita coujuotamente por eles e pelos foreiros da «horta de dentro», aplaudida, de certo, ~las facilidades que vinha dar às comunicações naquele ponto da cidade, já. então muito concorrido, a Cãmara entrou de pensar noutra obra que a viria aperfeiçoar. E assim resolveu abrir um postigo no mw:o onde a nova rua se rasgava, pondo-a em comunicação com o Jogo da Pela, construir uma ponte de pedra sobre o rego de água, quase invadiável nas invemias, desde a Porta de São Vicente à. nova abertura da muralha. Meta.de do custo da ponte seria paga por ela e a outra metade pelos proprictãrios da nova roa e pelos de fora da Porta e do Postigo, à raz.âo de 20$000 nis a cada um. O Alvarâ Régio de 2 de Detembro de 1662, mandou lançar a finta e fazer a repartição dela pelos moradores interc~sados (").

Como a «Rua Nova de João da Palma», não comunicava com a dos Canos da ~loiraria, no seu topo norte, a abertura deste Postigo, que se russe nda Palma», entrou a dar va.são ao trànsito que dia a dia aument"·a, e a que não bastava o arruamento que agora se denomina ccRua do Arco do Maiquê& de Alegrcteu, muito priDcipalmente nas ocasiões das chuvadas que engrossavam o rego, e a cujas impetuosidades o Muro de Defesa fazia de açude represador.

(') Este chão. chamado cfe D. llenrique, foi cmpruado em 1495, peloe Frades de São Domingos. a D. Rmrique de Mencoes, irmào do M.irqub de Vila Real, o qual .. rviu em Ceuta e foi armado cavaleiro na tomada de Targa. Foi casado com D. Marin de Meneses, irmã de D. Aleixo de Meo .. es. aio do Et Rei D. !'e· bastião. e Mordomo Mór cl:i Rainha D. Cal&rina, o li-.ram vârioe lílhoo. entre eleo D. Joana do Mcnese. que rtio a casar com 1eu tio O. Akixo de Meneses. Foi eote D. Henrique. como o provou o ilustre olisip6gralo, ar. Engcbeúo Vieira da Sil•~. quem dell o nome ao Cblo. ao alto do Jogo da Pela, e llO luoJo do caminho póblko que la de São Domingos i-n o Postigo. que tamb<!m IO chamou •de O. Henrique•. o depois do Santana.

(") Esta horta que era limitada pelo oucentc, com ru:i pdblica (Ru;o. Direita da Moirari.o). pelo poente com llorta do ~lorpdo ~ 5"o Mateus. pelo ral, com o •toro e caminho qu• ao lado dele passava. • pelo norte, com casa o ten-as de oatroe loreirot do llosteiro, 16ra cmpruada <m 1542 ao barbeiro Gaspar da Coota o a sua mulher Guiomar da Cunh<a. Esta, enviuvando, catou c:om Aires da Fomeca, que coofirmou o aforamento feito aoo lr11dcs, por eocritur11 de 2!1 de Novembro de 1548. Em UIO era foreiro dtla um Afonso Fernandes. O.pois de Alreo da. FonB<Ca (que casam ••gunda vez com Filipa Duarte) loi emprazada a Gaspar do Couto, Cavaleiro FiJalgo. morador l R<gu<ira da Ab.dalena, que vendeu o domlnio lltil a And~ Franco, por -.itura de ti de Agooto de 166~. Eotre a horta e o Muro da Cidade, fica,-am outros ch1.oe que passaram da poGe c!o Afoll90 da !data, a Pedzo Diu da Mata. Irmão de wn Femlo Diu. tamb<!m foreiro de outros q110 lhe ficavam mCsticoe contra o muro, e dtlo pa.aram a Maria da Mata, •ua lilha., Que veio a ser mulher do citndo Ga.•par do Couto. Esses cbaoe. aituavam·so colr"C os Canoo, a Orta e o Muro da. Cidade. A horta tinha, então, cinco cb;loe para casas. Confinando com esta •horta de fora• esta•1' a Ermida de Silo Sebastião da Moizari&. citada C'CI muitas escrituras de empr.azammto, a qaal depois de leili, passou a ser oo~ p0r Ennid& d& Saõde, e aade .. 1h·era (1596) a <ede da nova freguesia de Sõo Sebutiio da !.loiraria, desmembrada d& do Santa Justa. at6 1e crguor a Igreja do Socorro.

(") E1,,.,.,.1os Jl<lro o Hi$t6rio do Municlpio, volumo l, pilg. 667.

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Como o leitor pode fácilmenle avaliar, tal melhoramento beneficiou gTandemente os vizi­nhos e 05 viandantes que não só tinham melhor caminho para entrar na cidade, como ainda podiam utilfaar para a comunicação entre o Monte do Castelo e o de Santana, a nova ponte que lhes permitia alcançar o Jogo da Pela ... sem perigo de se atolarem e sem ter de ganhar, mais ao norte, a Carreirinha do Socorro, onde outra ponte já existia sobre o rego .

• Em 1565 os moradores da <tRua Nova de João da Palm3.l> salvo Francisca Coelho, eram

gente miuda, como o documenta o «Livro do Lançamento da Déciman. João da Palma é citado ainda, como proprietário de duas casas, as últimas da rua, indo para o norte, certamente do lado do poente, numa das quais residia. Isto faz certa estranheza, porquanto a mulher é dada como resi­dente na Travessa das Parreiras, para onde esquinava, ao que parece, a pousada nobre dos Palmas.

A rua Jogo devia começar a ter gra.nde movimento, principalmente às terças-feiras, quando o estendal de feirantes de S. Domingos e do Rossio, atraía para ai a população de extramuros, vinda de São Lázaro e São Jordão, e de todos os casais e hortejos do arrabald~ de Arroios. E a sua função canalizadora do lrânsito foi-se exercendo pelo tempo fora.

Em 1625, na <<Diligência que se fez aos Muros», preventiva de qualquer ataque, apesar da sua já, enlão, diminuta utilidade, o Postigo da Rua Nova da Palma, que safa ao Jogo da Pela, mandou-se tapar à face de fora, assim como as casas, portas e janelas baixas, devendo estas ficar tapadas até o meio. Vinte e cinco anos depois, noutra vistoria municipal que se fez aos muros, por motivos idênticos, o Postigo, que estava sem portas, como o «do Estudou (Arco da Graça), foi de novo mandado entaipar ( 12). O conhecimento da inutilidade da velha muralha, que nunca mais servira desde o cerco de D. João de Castela, salvo na confiança reduzida que posslvelmente inspirou quando da vinda dos ingleses com o Prior do Crato, em 1589, conduzia a população, a utilizá-la como amparo e encosto de construções.

Menos de um quarto de século depois, a Câmara pensou, acudindo às necessidades, cada vez maiores, do trânsito local, cm abrir uma serventia de ligação, no seu topo norte, com a Rua dos Canos (Silva e Albuquerque), mas as exigências dos proprietários locais dificultaram a empreza. Os coches engasgavam-se, havia contínuos empachamentos, e, como se não humanizassem os donos das casas sacriíicadas, houve necessidade de se propôr (Consulta da Càmara a El-R.ei, de 9 do Março de 1678), se fizessem as avaliações por louvados de ambas as partes, afim de expropriar, e derrubar as casas em questão como se fizera, para o alargamento da Rua Nova do Almada. Outra consulta de 19 de Novembro de 1674, dá a conhecer que um dos proprietários (de umas casas que .eram vinculadas) pedia dez mil cruzados de indemnização, e a Câmara lembrava nela que se rompesse a torre das Portas de São Vicente da Moiraria, abrindo ali um arco que permitisse a passa­gem de coches para a Rua dos Canos, e que depois descessem a uda Palman. O Visconde de Ponte de Lima tinha uma casa sobre a torre das Portas, que lhe servia de Tribuna, na Quaresma, para o Passo que ali havia, e a Câmara propunha a El-Rei que a obra se fizesse como se praticara no

('') Esto A1:co ou Postigo, começou a chamar-se da Graça no primeiro quaml do sécolo xvn, e a 41 rua •do Col~gio» ou uDireita do Colégio» passou a nomear-se «do Arco da Graçan. Por cima do Atto pôs-se, em

1G57, um nicho-oratório com a imagem de N. S.• da Graça ... Em 1676 a Càmara propôs que se derrubasse tal Postigo, por estar 11 cair, cmpacbar a rua •e tirar-lhe a formosura•, como se vê da Consulta de n de De­umbro (Volume VUI, pág. 17ó. dos El•menlos para o Bi$t6ria do Munictpio.

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Postigo de Santo Andrtl, onde uma D. Joana de Mendonça tinha uma varanda •cmelb.ante. Foi

desta iniciativ,. municipal que =ultou o nosso coohccido Arco do "lifarquê.. de Alegrete. Os pro­

blemas de trânsito são, como se vê, antigos. A Rua da Palma, que fora muito flagelada pelas febres que nesoe ano grassaram em Lisboa,

sofreu com :u -..•rventia.. suas vizinhas, grande:; estragos Jl"IO Terremoto de 55. O Postigo da Palma,

que era decorado com um nicho onde !IC abrigava uma im~cm de Noss.~ Senhora do Rosário, citado em 171:1e1750, foi demolido depois do swno e .. muralha que o tapava pelo norte entrou logo a desaparecer. Este desafogo, era porem, iruiuficiente. O IX>crcto de 9 de :Maio de 1776, or­

denou o seu alargamento. Os três metros e trinta, que media de ancho, eram escassos para o movi­mento, cada vez maior. Só pa:.sava uma carruagem, e eram frequentes os entupúnentos e os con­flitos. Foram compradas, por iSloO, as propriedades que se alinhavam na sua face do poente (o decreto diz, crradamcute, norte); o sargento-m6r Monteiro de Carvalho (o Bota Abaixo, de alcu­nha) avaliou-..,., juntamente com o engenheiro Arquitecto Geral das Obra.. Públicas Reinaldo Ma­nuel dos Santos, com o Mestre Carpinteiro José António Monteiro, e com o Mestre POO!"eiro Manuel da Silva Gayão, em 18.910$000 rs., e a obra levou-se a cabo. A estreita scrventia de que falara D. fºrancisco Atanucl de Melo, transformou-se na roa que boje ainda .ubeoiste, o onde se vêem,

na face nascente os restos das antigas edificações aforadas por João da Palma u sua mulher e pelos {rades de São Vicente, com as suas frentes de um ochão11.

Em Setembro de 1858, t;;lava feito o projecto do seu prolongamento. Fora aprovado em

80 de Setembro, na Câmara, e pensou-se para ele o nome de uRua da Imprensai• que s6 durou

'meses, porque o Edital do Governo Civil de 1 de Setembro de 18:í9, mudou-lhe o nome para uRua Nova da Palma.1, ficando a ser considerado como a continuação da antiga. Foi então que se demoliu

a Ermida da Guia, que se erguera de 1767 a 59, e que, como se vê, não chegou a durar cem anos,

deixando como recordação o seu nome ac6trito à. Rua de São Vicente à. Guia, que também ji lá vai .

.As novas obras de urbanização, mais uma vez veem alterar a face deste local, com a abertura

de uma graode praça, que vai dedicar-se a D. João 1 e com o prolongamento da Avenida Almirante Reis('').

A uRua Nova de João da Palman, alfobre que foi de ourives, na segunda metade do século passado e no primeiro quartel deste, tem igualmente os i;eus dias contados ... Lisboa reforma-se e rejuvenesce-tõe, e há que sacrificar os velhos amiamentoo; inca.pazes de servir à. vida de bojo que pede espaço a gritos, faixas rolantes para o deUrio da pressa <le a viver, e passeios largos para o

mover de uma população ex.citada e febril. Do santo Cavaleiro Henrique ela. Palma e do Cavaleiro Fidalgo da Casa de D. J oão ill,

urbanizador quinhentista que abriu a minguada serventia, ninguém tem tempo para lembrar-se.

&kitos dequelra.

(") o oovo tro<,;O da Rua Nova da Palma, U.ÇOU-<ó IObro 08 terrenos da &ntiga •borta. do lota», dos ftadce Vicentca, o da quo oe c.hamnm ttda Passagem., ou nda P~m do Desterro• que cotão pertencia ao Barão da Folgooa. Jcróoimo de Alm•ida. Br=dio e So111a, e ando ae incluiam 08 jardim e palicao da Coodessa do Coru de Lima (filba do Barão, que ,·010 a caar em terccirM oópciaa, com António do Sousa o 5', feito

~.• Coado da Folgosa) o o edilicio do Real Colioeu do Lisboa, Mer!ficado oaquela obra de urbani.tação. O nome de •i--agem• dado à borta, provu>ba do um aminbo vedado do um e outro lado com uma grade do madeita, por oodo ao pa.-va da Rua dos Anjos para a do o.terTo, o que do noite 1e focb&va, DOS dois extremao. com portas do madeira.

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AS COMEMORAÇOES DO ,

802.º ANIVERSARIO DA TOMADA DE LISBOA AOS MOUROS

e orno nos anos anteriorc,., o :\lunitjpio fest\>jOU a data de 2.1 de Outubro comemorativa do início da l.bboa Cristã.

O sr. tencnk-coroncl Salvação Bam·to, pr<"iidente da C . M. 1 .. , compan.-ceu pelas t l hora.~ no quartel do B. S TI . na rhenida D. Cario.- I, ondl. depois d.- ta pa.'<-.ido revista. à guanfa de horua, esta desfilou. cXt'CUtando uma marcha. Em -.t-guida, na para<fa ,upcmor do quartd, o Prc­,jdente entregou 11 mtdalhilli de prata e l!l d., cobre, de componam~nto ~xemplar às praç3" do Batalhão.

l\a parada inferior do quartel e;tava <-m cxpo:>ição o no,·o matcrid! adquirido para. o serviço

do Batalhão, entre o qud! ~ viam muits "i""P'"" para pequeno;; <;()(:Ol"l'OS; duas a.ute>-bombas; numerosas escadas de molas e de ganchos e miJhares de metros de mangueiras de 50 milímelr06, além de uma excelente auto-\'SCada mecl.nica uMl'lzn de 30 metros.

:e esta a primeiro aquisição importante do plano de reapetrac.hamcnto prot;rcssivo de material dos bombeiros. Seguidamente procedeu-;,c à inaugl1rnçào da ampliação do Posto de Socorros, finda a qual o sr. Presid<:nk e convidados se retiraram.

De tarde, o "'· presidente e vicc-pn."<;idcnw do ~lunicípio inaugur.i.ram no Palácio Galveias uma espli:ndida cxpo>içào de gra"uras antiga<, 11 lmagt'lll da Ll;;boa de há um ,.éculo».

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O SR. PR E S 1 DE N TE D A C M. L~ O SR. DR. JAIME LOPES DIAS. A SR. • D . JULIETA FERRÃO. O SR. DR. REINALDO DOS SANT OS E OUTROS CO N VIDA D OS, INAUGURANDO A EXPOSIÇÃO NO PALÁCIO DAS GAlVllAS

218 gravuras, devido a um milagre de conservação foram apr<'il.'Tlladas num esta.do impe­cável e muitos oootos d~ chapas, cio uArquivo Pitoresco» e do uOcidcnte» wnas ofertadas à Câmara pda Senhora D. Alic1: de ~Mo<' Cnstroe outras adquiridas a v!uios fotógruJQ1;.

Pl.-las 16 horas r.-ali1.0u -~ no ..alão nobre dos Paços do Concelho, sob a presidência do sr. comandanle Nuno de Brion, cm representação do Olcfe do Estado, a sessão solooe comemora­tiva do 80'2. 0 aniversário da tomada de Li•boa aos mounx, a que assistiram centenas de con~;dados.

O jornalista sr. Acúrcio Pcn:ira, fez em curiosa coofon'.:ocia a evocação do s6culo xix, sendo muito aplaudido e felicitado por todo:. os presentes. Por fim foi entrcguc o Prémio «Júlio de Cas­tilho" ao sr. Franci;co A,.;i, d·· Olh d ra )lartios, autor do livro uPina )!aniqUC> - o político e amigo de Lisboa> .

O comandante ,r. Nuno d1: Brioo t'lltrq;ou o prémio. lxm como medalhas do município a

diversos funcionários. À noite os edifícios p1'1blioh forum clcslumbrantemente iluminados.

UM ASPECTO DA CERIMÓNIA DA COLOCAÇÃO DAS MEDALHAS AOS SAPADORES BOM BE 1 R OS PElO SR. PESIDENH DA C. M. L

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L S B O A 1 8 9 9 (Con#nuação da página 16)

Ajoujados sob a vara que sustenta em cada ponta os gigas, ou palmeando as nádegas troteiras dos burros. os vendc.~ores de hortaliças e frotas invadem os bairros populares. As mulhel'e9 tamb&n giram na faina do comércio, algumas com os filhos ao colo, batendo travessas e becos,

roas e largos. _Quem quer figos, quem quer almoçar? ó figuiohos de capa rotai. .. - Fava rica!. .. Fava rica! ... E aquele musical pregão, quase tocado de lirtsmo, que ainda canta na nossa memória: - 25 salamim .. ., quem quer azeitonas novas? ... E o camarão, o bunié cozido, a cadelinba para arroz, o tremoço saloio, o par de melancias

cortadas à faca, uas quentes e boas, a escaldar e boasi> sobem a todas as janelas onde, ainda as pálpebras inchadas de sono, as criadas, cabeleiras em grmha, se e>falfam a bater os tapetes. O pa­deiro, enfarinhado, conduz o pão em grandes cestos ou retorce o sinal de cabelo que lhe orna o queixo e desfia ternuras às sopeiras.

Lisboa cantante, Lisboa afadigada, Lisboa 7-é Povinho, dir-se-ia uma colmeia, cada um procurando vender e comprar, ganhar a vida, o pão de cada dia)

O,, moços de fretes agrupam-se às esquinas, penduram as cordas num prego cravado na empena, sentam-se, puxam gravemente o lume da beata enegrecida e esperam.

Policias de ameaçador terçado, fita azul e branca no braço, cofiam os bigodes, passeiam olhares conscieuciosamcntc protectores e verificam com vista. arguia que a ordem pública não periga e que o sr. cous. José Luciano pode calmamente governar o pals do seu palacete dos Navegantes. Velhas beatas, as mãos eccruzadas donde pendem os rosários, mastigando oraçõci; nas bocas sem dentes, escoam-se pelos portais das igrejas e capelas que o sino chamou-as para a missa das 7 e não se pode perder o bilbetinho para o Paraíso.

Aga<a, o Sol inunda o céu azul e dá de chapa nas vidraças que reluzem como faróis. Bandos de crianças, em gralhada, correm para as escolas ou brincam nas varandas. ÀS

portas das lojas das Ruas dos Fanquriros, de S. Paulo, de Santos e Alcântara, dos Caminhos de F erro, marçanitos de poucos anos andam numa roda ~;va ajoujados com manequins quase duas vezes maiores do que eles, uns olhos fixos muito reboludos. opulentos bigodes de massa, a fim de mostrarem a excelência de um gabão do Aveiro ou do um capote alentejano. As peças de chita, de perc:i.J. do crépon, de riscado e de flanela crescem em montes o.as fachadas. Abrem os escri­tórios, as repartições. os Bancos.

- Cá está o 14001 Quem quer a taluda? l?. para os 20 contos, que amanhã anda a rodai Quem compra o 1496? Há horas felizes! Há horas felizes!

Mocidade de sacrifício, costurcirilas, páJidas, md'renas ou brancas, louras, castanhas ou pretas, altas ou baixas, magras ou com bochechinhas, batem os tacões a caminho do atelier. Há as que vão românticamente s6s e as que emparelham, de olhos temos, com o rapaz de buçozito que as e51>erou ao voltar da ~quina e, enquanto esperou, se entreteve a ajeitar a gravata e a afagar as pastinhas. Há, ainda, as que formam grupos, ruidosos como revoadas de pardais. As setas dos galanteios visam-nas à. passagmi. Quase todas gostam que lhes digam que são bonitas ... principal­mente as que são feias! ...

- Ferri>-velho!. .. Ferro-velho!. .. Há por ai algum chumbo ou latão que queiram vender? 1. •• t:m anão, de rosto mongólico, anuncia, roufenho, os seus abiU-jours a 30 réis e a pataco. 43

O saloio, de barrete e cinta, calça justa, segurando na esquerda a arreata do cavalicoque, leva a direita à face e entoa arrastadamente: - uE ... 6 ... queijo saloio!» Outro responde-lhe, quase can­tando: - 1cE .•• 6 ... cabaz ... de morangos). . . ».

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Mulheres sentam-se à beira dos passeios e oferecem, em tabuleiros. amendoins e pevides, alfarroba e alcaçuz medidos em pequeninos redpientes de barro; o /icoridoell, os bolos de leite e as argolas, o capilé de cavalinho. Criados de café arrumam as cadl!iras que deixaram de noite em­pilhadas sobre as mesas, depois de varrerem o soalho da serradura molhada para evitarem a poeira. Tilintam sornamente as carroças de lixo, cm cujos rebordos os «almeidas» batem os caixotes já vas:ulhados por trapeiros, cães e gatos. Há cabeças de peixe pelas ruas, não vão os desgraçadinbos dos bichanos morrer à fome - hipócrita desculpa de não quererem cm casa um cheiro incomo­dativo.

Lisboa trabalha em plena actividade. Os charlatães invadem, de preferência, o Rossio e o Camões. Empoleiram-se em estrados, pregam as excelências dum tira calos, tira nódoas e toda a camelotage. No alto da rua tranquila, dois homens dirigem-se à papalvice. Depuseram no chão uma padiola cheia de bugigangas - maços de ganchos, frascos de tinta a,,auada, canecas de barro, molduras de lata, pentes, agulhas, carrinhos de linhas. Depois, gritam alternadamente: - «Tire uma sorte!. .. Tire uma sorte!. .. Pode sair um objecto de valor!. .. Tudo tem premiol.. . Tudo tem prémio!.. . " Outro, para mostrar o bom fabrico dos pratos que são seu comércio, jogaras pela rua abaixo e chama, em altos berros, a atenção dos prováveis úegueses. Um outro, ainda, sem ofício, ostentando folhas volantes e livrinhos de capas de cores, anuncia: - «Quem quer ler o grande e horrivel crime praticado em Almada, um homem que matou uma mulher com uma facada?! ... Cá está o almanaque da Bruxa da Amlda e o Borda de Água que diz o tempo! Almanaque de S. Cipriano com a explicação dos sonhos!»

Fumegam as cham.inés. Há muitas casas onde, no rilmo da tradição, se almoça às 9 horas da manhã, se janta às 3 da tarde e se ceia às 9 da noite. Essa tradição começa a esfumar-se. Meio dia, a mesa está. posta.

A pol!tica - a que Rafael Bordalo chamou a Grande Porca - girava entre o Terreiro do Paço e S. Bento. Entrava-se nela como quem entra na roleta - com a esperança de ganhar. As

eleições camarárias e legislativas de 99 não despertaram entusiasmos. Foram quase um fait-divers. O Tesauro, exausto, procurava uma solução nos impostos e mantinha negociações para o convénio com os crédores externos, que se mostravam tanto mais intransigentes quanto a debilidade do pais era notória. A Convenção a:oglo-alemã, de 80 de Agosto de 1898, para a partilha eventual das colónias portuguesas de África, consJituia um perigo que estrangulava qualquer prestígio, e só se desva:oeceu no ano seguinte, quando se concluiu em Windsor o tratado secreto em que Portugal se obrigava a não declarar a neutralidade na guerra com os transvalianos e permitia a passagem por Lourenço Marques e pela Beira de tropas inglesas destinadas a atacarem os seus inimigos pelo Norte. José Lucia:oo e Veiga Beirão salvaram o património ultramarino a troco de azeda impopularidade.

Pela tarde, as a.readas do Terreiro do Paço, em especial se não há sessão nas Cortes, fer­vilham de pol!ticos. Ali, nascem e morrem os boatos, se realizam combinações. se preparam as «cascas de laranja>> para os ministros, se distribuem as pastas para novos supostos gabinetes, se lançam pequeninas intrigas na esperança de as ver avolumadas. O sucessor de Emldio Navarro na direcção de Nouiàades, Barbosa Collen, um jornalista temlvel pelo esp!rito cáustico e pela

4:4 zargunchada, contou-me como fabricava noticias de sensação quando a maré política ia na vasante, e não tinha com que sacudir os nervos dos leitores. Collen, pequenino, gordinho, o chapéu de coco sobre a grande cabeça, uns olhos esbugalhados, com qualquer coisa de picaresco e malicioso, por

detrás das grossas lentes dos 6culos, descia do jornal, no Chiado, à C9C1uina da Rua Ivens, e, no

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seu passinho miódo, <JDCaminhava-se para a Arcad,1. Escolhia um grupo de feição p;im a manobra, e, com 0 ar mais iooeknte, ~redava: - Já ou,~ram Jizcr que o ~Wlli.t.ro da Justiça :ie vai

embora? ... Heiml ... Porquê? - interrogava um qualquer.

E Collco. com a maior serenidade: Disseram-mo agora, com certa resenra. l'arece que teve uma alllt:rcação com o MiWstro da Faztnda e foi ao Himze entnigar a pasta!

'fois adiante, in~tilava o produto da sua imaginação. Em seguida, muito sossegadinho, voltava às Novidades e, esfregando as mãos, ai;uardava o efeito. Era seguro. Dai a bocado, um nmigo irrompia pela porta e bcrr.tva contente: - Grande notícia! Grande notícia!

O jornalista mostrava-se surpreendido. O outro lançava: - Meu caro Collen, venho agora mesmo da Arcada e trago.as In...quinbast... O \linistro da Justiça demitiu-se e ji não foi hoje à secretarial Teve uma questão com o da Fazenda e iam chegando a vias de facto! Se não é o pessoal do gabinete o caso era falado! ..•

Com ênfase: - Aqui, meu caro, bebe-se do fino!

Uma palmadinha nas costas do parceiro: - Meu caro Colleo, diga lá qwm é amigo, quem é? ...

E, à noitinha, quando .V<>vidadt:~ circulava graças aos péS voa.dores dos «aidinas», podia ler-se cm grossos caracteres: «Crise mini9lcrial?n Com wn ponto de interrogação, à cautela, o boato girava. girava e, no dia seguinte, ... Ma uma w~ade de91nentida.

o~ centros de cavaco dos homeos de letras funciona vam incvitàvelmente nas livrarias. Fechadas repo.rtições <: escritórios, ternúnadas as aulas, dois dedos de cavaco cm boa companhia não l\u.mt mal • nSiguém e são t'xcclente aperitivo para o jantar. A Ferreira & Oliveira, na Rua do Ouro, do lado ocienta!, entre as Ruas de S. Nicolau e da Vitória, detinha o cetro da mais c:.colhóda freq'll~ncia. Apa. reciam por ali Henrique Lopes de Mendonça gozando sim pàt:icamente a aW'3 do Dllqiu de Viser< e da Morta; Mar· cclino Mesquita. de pena à d'Art:l{lDan. chapéu à mosquc teiro, perna fina de cavalciro ribatejano, grande capa e bengala que. no calor da conversa. esgrimia por vezes como rapibe destemida; João Barreira, baixinho, frágil, deli­cado, que ainda hoje - mercê de Deus! - passeia saudó.­"cis a:~ anos. Ramalho, cspadaúdo, empertigado, a forte cabeça grisalhante; António Arroio, uma biblioteca na vasta fronte, graça na ponta da língua; Afonso Lopes Vieira, que acabava de ganhar esporas de <1W'O, ao despedir-se de Coimbra com o Aulo da Sebe11'4, agrupavam no cenáculo, como Coelho de Carvalho, cintilante na ironia, de Jon~ barbas de apóstolo; Junqueiro. miúdo, o nariz adunco, olhos vivos furando as almas, nas suas raras fugidas de Barca d' Alva e do Porto; Manuel Penteado.. . Quase to<!os os que nas letras tinham brasão de fidalguia. Ah! Falta wn na lista: o bondoso e suave D. João da C1mara, que, mais tarde, em versos espirituosos, subtis,

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lllas qae não conseguiam ocultar um fiozinho de como\"ida ternura, AIJGU,tO Gil. o mago do 1- tk /1Z11riro e d:i. Alba Plena, ba\'ia de retrall\r ILlgrantcmente nestes VCIS06:

!\ota final:

E.curo como bn:u Barbado. Uoa lun•tu J:: é metlcul<llO, atenci..,, •iw;to. E.acrcveu vâriu op'tttns Com o ~núlo Lobo.to.

Tro.z o ch•pl'u. um ehapolinbo, um t .. to. A banda. 1<1bfe " trunfa t'1>capeladn e n•gra e autor do .~fOltSO Jlf Jt Autor d:. Towtiutta

Quer bom a toda a RUte. A todOO> llCIWllba Sejam embora azuis. ou brancos, oo verm•lboo. Fn a Trut1 Jll11válui ~ diao foz Or l'dlror.

falta,1Mno biar doutn> sinal que tem . P.-uí mna bamiia arqueada, francilcana. fe-& o Pdal#no tntnbfm, l'eçA quo deu em pmtana ...

Qu" 1"$la f'nuntf'raO ~ão quero ser orniuo. Arllg09 no Ocidt• li e ..• ? A M1io Noil•. !? 1111o ~;l() a enlondcr.,m. Quo penal Pois pcnnLl.am·me a fm.nqucz.a: Obro. do v~lôr tlrla, inda. a não vi o.a. e.ena Eai lmft'•ªK"m portugu-.

• \ ele nunca lho oan Qa• ele nunca bla c:n tal :\!» afirmam por &l Qo~ ~ Roban, Moo IDOtt<l(;y E que tem IWJ8UO ""'1

Convrna. wrupre em tom pia.níssimo Em qf'C'tJo. com anção .. . - Como alguhn quo ootiv°""" oto úente do S.'\l\U..imo E diM«<• uma fr.ue acerca do senuão.

Na. Tavares Cardoso, ao l~~rgo de Cam&.,., onde se encontra hoje o La Gare, pontificava. Fialho. Janota provfaciaoo, o chapéu claro, ?.. tirolesa, deposto na. cabeça como um resplendor, plantava-se à porta. Senhor exposto. !\ào taroava que apareces&e o Forjai de Sampaio, ansioso por beber as ironias, as ferroadas. os c:omcnt<irios, que o Mestre deixava cair, cofiando com vagares a. pera solene. U. iam também o Eduardo de Noronha, elegante, de Oor ao peito; o Fernando Reis, o Sant•JS Lia, que se evadiu pelo suicídio.

Consagra-se o centenãrio de Garrell na Academia Real das Citocias, no D. Ma.ria e no D. Am~lia; Silva Pinto, rabujcnto e camiliano, publica o Critirio tk João Brú; Eui;énio de Castro, simbolista e aristocrático, tem o nome ilustre na portada. d.:> Saudaães do Céu; Bordalo Pinheiro, genial e beliscante, leva ao Bnll'il a jarra Beethoven. A mocidade perene o bo6mia de João Penha abandona por instantes o \'Cr..<I lltlClllmt:unoote alimentício e envolv&-nos no encanto de P0r montes e vales; e o espírito gentilfs•imo de João de Barros abre uma brilhatttc carreirn lilerúia com os esculturais vel'SOS de Algas.

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o Chiado tinha, por igual, a sua tertúlia. T ... rtúlia da haute-gommc na Havaneza. Nela figuravam 0 dr. Tabordinha, muito p<.'<juen.ino e im'<juielo, envergando no Verão sobrecasaca alva.dia e chapéu alto da mcsma cor; o conde ile Sabugos.1, cuja nobreza de sangue e de espírito se !obri­gava ao longe; o Jaime Artur da Cos:a Pinto CUJa dc\'ada IS!atura e a organiu.ção de festas tomaram popular; o conde de l'iguciró. hirto e ,;o!cnc, usufruindo e mostrando que usulruia a inti­midade do Paço; o dr. Araújo l.ima. sacerdote, profrs:ior dos liceus e. principalmente, polltico;

0 Eduardo Romero, latagão vrrmelhusco. de pe-rmanrotc mocidade, grande cavaleiro. com acen­tuada prcfrrência pelos fato.; claro>; '" às veze., c11• p:t.."-<agem, llousinho de Albuquerque, farda justa, andar wn pouco gingão, o barrete militar :itirado para trás, t~s morooa, sobrancelhas altas quase em V, monóculo fuzilante, bigodito de auvich<'.

O dia lomba lenta e suavemente. Bolinhas de penas, O• pardalito. - c1dad;i0$ h•boctas - que andaram na boémia pelos

campos dos arrabaldes onde hã mais fartas refeições, voltam, cm revoadas inquietas, na bara­lhada cantante do trilar, às árvores frondosas da. Avenida. Saltam, ,doidiohos, arrapaudos, de ramo em ramo, largam num voo brc,·c, melem·-e de nO\'o por entre a folhagem em busca de pouso cómodo e, como criança~ a quem o sono pesasse nas palpebrazHas, acabam por 9C calar e adormecer, por sonhar com "'aSlo< campos dourados, cobertos de grãozitos de trigo e aveia .•. e sem espantalhos com os braçOli da vftha casaca abrrto- em cruz e o amolgado chapéu alto às trb 1pa.ocadas. Pardais da Avenida que tinram a honra dr merecer de Silva Tavares, tão admirà.vel­mente poeta, um espirituoso hino de louvor:

So nunca \iu, '" , . .,. que vale & penal Que na'~ do pcudab e com que alarde eleo .., a,gitam, nesta ha amena do lim de tarefo!

.-\ntl:un na "'1UliAgt-1n - rapaziada& qu,.m aa oão tem na vida.1 e pernoitam. poc fim .. .oh~ n.< pema.Ja\ ili! Arvore d(Snuclat d~ Avt•ida.

Ji repararam que co e toda a gente, com talltas &\uldu, na cidade, <li1emos a Av.,uda, •imples.mcnte, quando falamos na dn L/bordadlJl

P"ntu~? ... Sab<-->c 14! Talvu p<>< nada. Adiante, pois. !lfilo dl'-ague"""' maá qae. assim, perc.1- o fio da meada ... Voltemos aoa pardajs.

Há, n1> Avenida, banCO'I con!orúh~;. por debaixo das árvores. :a Jâ que OI espero, noo dW. al(radávea ma.is ou menos como este que boje esti..

Ouvi-los, largo tempo, ~ ficar sanlo! •• Mu o quadro tem lauto de pat~tic.o que o próprio pipilu, »lbnuite, absurdo por ter absurdo 6 qu• ,..,.ui ta poético!

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Há 1.1 ra..iio, Senhor, parn Ui<> estridul .. maooira de expressàol I Aquilo soa·mc a conversa [rivola como ce.tta.s conversas de salã.o .. .

Que borborinbo incrível! ... São mllham;. cada qwil procurando. aqui e ._1<!m. voUta.ntes. inquietO"t. 10íngula.re:s. a melhor forma de dormirem bem 1

E u irvoree, cobcrtM de plumagom: perdido o aspeeto da nudez awitmn - p&n!Cem revestidas de folhagem qual se em Dcumbro houvesse Primavera.!

Dcpoi5 ..• mai5 nada: - Tudo. enfim, "º"'"" e os ~. verdes, amanhecem brancos ... - Se ounca \'iu, và ver que vale a. penal Mas nl.o se deixe R.donneclf"r nfl"I. ba.neos! . •

As lojas de modas asaistem às idas e vindas da clienlcla. Escuso de afirmar a V. Ex ... , minhas Senhoras, que l~m as •uas aolepas.adas. Entravam e pediam ol:isticos. Nunca eram das cores ou da qualidade que desejavam, embora o cabceiro tivesse posto para ali todos os elásticos de que a casa estava bem fornecida. Depois dos elásticos, os nm1:uks, os gorgorões, as setinetas, as sedas, os veludos, as casimiras. E o balcão vergava às peças trabalhosamente retiradas das prateleiras. O tecido era palpado, cheirado, esfregado. olhado à luz. «filas não é bem isto que desejava!. .. Mostre-me rendas, se faz favor!. .. Sim, para camisas! Rendas e entremeios!n E desa­bavam caixas sobre caixas que eram revolvidas, remexidas, vasculhadas.. . e voltadas do avesso. A freguesa, com ar de delicado desdem: «Não, não! Não gosto!. .. Melhor. não tem melhor?» E expunham-se as últimas novidades. uOh! é muito caro!. .. O Barreira vende mais barato! .. ·"·

Decorriam. assim, meias horas e arrastadas horas. O.. empregados, quase suando, masti­gando irritações, apelavam para Nossa Senhora da Paciência e suplicavam-lhe o milagre do os não abandonar.

Ao cabo, impávida, a compradora - desculpem, a não compradora - safa, levando umas amostras, admiráveis para saquinhos de Entrudo, preparados nos calmos serões familiares ...

Como se lê nos ccrans dos cinemas: 11ÜS faot06 e os personagens deste filme são fict!cios. Qualquer semelhança com pessoas que existam ou tenham existido significa apenas simples coin· cidência>1.

O episódio. resumo de episódfos, que acabo de narrar. não se entende, pois. com V. Ex." minhas Senhoras! ...

Oüado acima, por entre as montras iluminadas e os passeios rumorosos, rolam soberbas eqnipagens. ao trote largo de magnificas parelhas. Na almofada, hirtos, o cocheiro e o trinlanário.

4s A senhora Condessa vai passar wn boca.do de tarde a casa. da sua prima, a senhora Baronesa. Há bom chá, saborosos bolos. um colega do poeta Tomás de Alencar recita poesias em que chora a indiferença da Elisa. e sempre se faz um poucochinho de má língua ...

A cidade deslisa para o jantar.

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Nos b.úrm; pobres. extinguiu-se o grito de «Ú burrinho, leva a.. cascas!,., Um casal, sq:u­rando as argolas de uma giga onde bruxeleia uma \'da protegida por cartucho de papel, lança aJtc-madam,'llk o p~o: «Ó pera a."'3<1a no fomo!u, a que logo ro.spoode, 011 voz fa>iCaDte o da ulerr icrr, mexilhão!• ou outro, este meio cantado: "º qurotinhasde erva doceln,

A~ oficina.-.. =-aziam-;;c cm i;olfa<las de trabalhadore:;; nos alrlicn, as Singcrs suspendem a Ctg".l·l\l:ª metálica. As lojas, e~>M, que nem aos domingos eru:erram - o mQ'\·imcnto para o con"-\;uir tom<ÇOU justamente cm IH':~t. fic.un abertas até altas horas, sem frq::u1."""'· os mar­çnnitos a donnircm e a ;;onharem apoiado,. ao balcão. A Papelaria Viana., à. c:iquina da Rua da Prata pnra .i. d0» Rctroseiros, mantém-se cn~rgicam"nte fiel - ela, a única - ao compromisso d09 comm:iantcs de resistirem à dia!X>lica inovação da luz. Nas montras e no interior a.rekm bojudos

can<l('ciros de petróleo! O,, loques de gás da iluminação pública mal oonseguem ~tar as sombras heiitantes. Da Baixa até o Camões é, porrm, outra louça. °" b:cos Auer, de man.,"3-... incandcscr:ite5.

·~palh..\m uma branca claridade festi\'a , São R da noite. Os contratadol't'S cscalonam->e pela cncos:a do Carmo, apo::itam ao R~.

com rcctãnsulos, coloridos, de bilhele5 na mão. - Para o Gin.á$io ou Trindad~ quem compra ou vrode algum bilhete? - Geral ou balcão! À porta do Gelo. principahncnte os cad1.-tei; da Escola do Exército, muito apnunados, con­

quistador.·• de profusão, o kepi à l:x\nda, dolman tio curto que fica. pela cintura e calça esticada moddando a perna cavaleira. os atrevido. bigode;; c:;pctados, fazem uma alga7.arm um tanto es­troina, que contrasta com a calma raro j>('lturbada do velho .Martinho, no Largo de Camões, onde abanc.'lfl'I °" pollticos continuando as manobras da Arcada, cochichando intrigas. ao pai.so que, na <~uina para a Rua Primeiro de Dezembro, cm fn'llte da estação do caminho de ferro, em redor dt' mesas no pa;;seio. se agrupa uma chusma de gcnt-e ruidosa, bigode rapado como só usam os cochl~ros. 0$ actorcs ou os pculres, o c:i.bclo cortado por modo que lhes de:.ce quase an linla recu das fonte-,, para a, patilhas. São toureiros, amigos de toureiros, aficionados do tourOli. E. !Uo ruo, umas mulh('l\'S de formas avantajada~. garridEw nOli trajo;, uma maneira (ÍDCOO\'cnirotc) de traçar a perna, doí, caracdinhos cmpa.."tado~ junto às ordhas e outro. maiorzito, a mcio da tcs~. Eis as el!panbolas, 0 flagelo das espanholas que, bt:n«'lld<H<.', as dODas de casa. cm cavacas de janela para janda, iLnn:un ,,crem cnvi.1das do Ot·mónio,

o,, próprios eifés extremam dasscs e profi.-.ões. Os sargentos do Exército 1: da Municipal acampam "" Feijó, à esquina da Rua da Prata para a da Betesga - uma grandt' caixa de música, a troco dt• um vintém, tinlinta uma vai.a ou uma mazurca -, enquanto o Áurea, onde hoje se encontro i.n;.talada a Companhia de Seguros «Sagres», é quartel-general dos aspirantes de Marinha. Foi a.li que, uma noite, Carlos Pereira, mais tarei.. governador colonial, homem de nobN carácter mas de uma c,,pantosa ,;,·acidadc, apostou uma «coroai• em oomo era capaz. de sair à rua e gritar um «VÍ\'an à República. E. com c·foito, no silêncio pacato do burgo, ocoou, como um.. t,'rnfvel aJMaça à:; instituições monárquicas, e-;se estridcnt<' uviva» que pós em >Obre;<;alto os vigilantes da or<km. Da t~uadra do GovemoCivil, à frente de alguns respeitávci:> guardas. fan>jando o ultraje à realeza, surgiu o major Dia,, com os enonnt- olh<>- negros, fuúlando raiO!I, na c:a.ra trigucira. O C3fé foi invadico, OS frcquenwl<>tts int\.'fl"'!:ado,;, Cario,, Pereira escapulira-se, lesto. E Rafael

, Bonlalo Pinheiro publicou-lhe a caricatura, de farda, cm bicos dos pé.' sobr" uma m~ de 500 réi.., 0 barrete erguido na dextra, como se ~tivesse atirando o subversivo grito. 4:9

Inofensiva boémia a desse t001pol lnofmsiva e ingénua. quando o Hilário percorria as ruas cm Sçrenata e os tascos do Bairro Alto muavam a voracidadt> dos acto~'l; depois dM espcctáculos e d06 jomali~t.i~ fugidos por uns quartos d~ hora ao correr vcrtigin090 da Jl<>Dª sobre os linguados

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brancos. Estúrdia sem mil intenções que leva•-a wn oficial do Exército conhecido pelo R~ da Ervas a entrar, a cavalo, pela primeira porta da loja dos Oito Globo!!, na Rua Augusta, próitimo do Rossio, e a sair pela óltima.

A propósito. Deixem-me V. Ex ... contar-lhes uma anedota que documenta a bonomia e a simplicidade de um rei, o sr. O. CarlO'I, e a boémia irrcprimfvcl do Rei dos Ervas. Colocado este,

como alferes, num regimento de Lisboa, chegou-lhe a vez de fazer parte da guarda ao palâcio real. O comandante que o sabia rstouvado e, portanto, com escassa prcdilecção por etiquetas,

chamou-o ao gabinete e, afivelando uma cara feia, reçomendou-lhe: - O sr. alferes está escalado para a guarda de honra ao paço. Quero recomendar-lhe a maior compostura. Os srs. oficiais comem

à mesa de El-Rei. Conheço-o como dado a certos excessos de lingua1:1·m, a atitudes não muito próprias de quem ve-;te uma farda. e até me cbtgon aos ou,;dos que não desdenha tocar guitarra e cantar o fado! Lemb~lbe as suas rc9p0nsabil:dadesl

Rei das En:as, :a.pesar do seo habitual desemba.r:i.ço. embatucou. Ainda tentou esboçar uma frase.

- Ficamos entrndidos, ~r. alfcresl Pode retirar-sei No dia s~te, banda dr m6sica na testa. Rei das Ervot atraves-;.wa Lisboa, com os

roldados, a caminho do rahlcio das Nl'Ctssidadcs. Quem me transmitiu a anedota afinnou-me que ele não ia muito tranquilo. Falta de confiança em si próprio? Embaraço por se ver. pela primeira vez, na presença do soberano? En!im. rendida a guarda anterior, Rri das Eroas ficou a ruminar na sua triste situação. Ch~oi1 a hora de jantar, tal como se aproximam as trovoadas de lllaio. Os oficiais miraram no salão. A mesa real rcíulgia de cri~tais e porcelanas. Rei da.s Ervas 'lelltia-se espiado pelo c:i.pitão e todo ele era cuidados para não trocar a faca pelo garfo, não acabar

de comer depois dos outros ... Jma~nem V. Ex ... a torturai

A refeição terminara. A senhora O. Amélia, na majestade da sua elegância e da sua formo­sura, retirara-se depois de dar a mio a beijar. O. Carlos saboreava um grande charuto e son;a goles de caf~. A con\~rsa tomara um rumo mais livre. Rei das Ervas, silencioso, todo ele olhos para se policiar, só sentia no coração, mas sentia com toda a veemência, um desejo - o de se ir embora!

Mas quem teria sq;rtdado ao rei? Porque artes ele tivera conhecimento da sua boémia? Eis que, de s6bito, risonho e gentil, o monarca. se lhe diri~u. Rri das Eroas teve a sen­

sação de que lhe tinham dado uma valente arrochada. Fez-se Hvido, fr>-sc vermelho, as pernas tremeram-lhe involuntàriammtc ... mas perfilou-se com toda a d~idldc militar.

- Sr. alleres - di,o:e-lhe O. Carlos. - Asseguram-me que 6 um exfmio tocador de guitarra e que também canta o fado como ninguém. Gostava de o ouvir!. ..

Rei das Ervas ficou varado. Jâ via o conselho de guerra, a expulsão do Exército, o cc.rte na sua carreira logo no princípio. O chão fugia-lhe debaixo dos pés.

Um criado meteu-lhe nas mãos a venenosa guitarra.

Sua Majestade moo;trava-se amàwlmente atento. Os cortesãos esperavam em silêncio. Rei das En:as apelou para todas as suas energias, protestou que o sr. O. Carlos fora

mal informado. que ele se entretinha de quando em quando com a guitarra mas que não tinha

voz para o fado. - Modéstia, sr. alferes! Modéstia! ... As minhas informações estão certas! Que reml-diol O pobre oficial comcçoo a dedilhar as cordas e, pouco a pouco, a sedução

do fado deu-lhe alento. Abraçado à. banza, Rei das Ervas, ressu9Citando por efeitos da velha

canção. lançou uma quadra lacrimosa, e outra quadra e outra ainda.

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O monarca dava palmas. acompallhado pdo resto da assistência. Felicitou-o, animou-o. "E, naquela noite, num salão do paço real das ~ccessidades, Rei das Ervas ouviu a sua consaçração como fadista dos J;lbios do primciro dos portugueses.

o pior foi depois. quando o entusiasmo arrefeceu, e o pobre alfere.. 9C encontrou sozinho, no quarto. O rcccio das consequências saltou-lhe à garganta. Ele bem dizia com os botões que não tivera Clllpa, que o seu desejo fora apagar-se, sumir-se pelo chão abaixo. que ignorava como o re:i lho soubera da prenda, que resistira o mais corteo;mente e o mais firmemente posslvcl. E, na sombra, apartcia-lhe o rispido comandante, apareciam-lhe os regulamentos, a severidadu da disciplina. Não conseguiu pregar olho. No outro dia, abatido, cabisbaixo, recolheu ao quartel. Na vida hã horas bem negras!

De aí a. bocado, chamaram-no ao gabinete do comandante. Lá estava. ele, dolman abotoado até o pescoço. de pé. hirto, carrancudo, trovejante mesmo sem ainda ter proferido palavra, batendo ncrv()!aDlentc com uma faca para cortar papel no tampo da secretária. Rei das Ervas. es>..átua da angústia, no rosto a expressão do tumulto que lhe ia no peito, aguardava a sentença.

- Sr. alferes!. .. Sr. alfere<;! ... A !empesta.de desencadeava-se. - Avisei-o de como devia comport.u-se perante Sua Majestade. e o senhor procedeu como

um homem reles! O sr. alferes manchou as tr.i.diç&s do regimento! Até o fado, até o fado cantou! E tocou guitarra, sr. alferes! ... E tocou guitarra!.. . Que ideia terá feito El-Roi da ofici.alida.de do meu regimento!? Que vergonha! ... Que vergonha! ...

Rei das Ervas queria justilicar-se, que não tivera culpa, que fora o sr. D. Carlos quem insistira.

- Cale-sei - ordenou o comandante num berro em que ia toda a indignação regimental. -Re;ire-...,.1 Retire-se! E aguarde a! minhas ordcn,,1. .

Rei das En:as, doido de confusão, os ouvidos a zumbirem-lhe, as J>l>mas frouxas. fez uma continência mole e desapareceu.

Algumas horas decorridas, retine o 1defooe do quartel. O )tinistério da Guerra queria falar ao comandante. Foi a altura deste sentir o sangue gelar-se-lhe nas veias. Era a d~. a trans!~cia para. B~ça. para. oe Açorts.. . era um desterro! Segurou o auscultador como quem leva à boca uma taça de cicuta! A 6ltima hora de um condenado! ...

E do outro extremo do fio, da repartição do gabinete, uma voz enérgica perguntou: -:e o sr. comandante? Daqui, capitão tal. Sua Ex.• o ministro encarrega-me de ordenar a V. Ex.• que, por desejo expresso de Sua .lllajcstade El-Rci, sempre que esse regimento enviar guarda de honra ao paço deve fazer parte dtla o sr. alfere:; Fulano!

O Rei das Ert1as! Eslava salvo o Rei d1JS Ervas, estava salvo o comandante, estavam salvas as tradições

do regimento! Desculpem V. Ex.- esta risonha diversão, mas pareceu-me que ela contribuia para definir

melhor o ambôente de Lisboa 1800.

Ca!és do povo. cafés de l!'pU>, algun., dele. com concertos de guitarra e viola e o grasnar das pedras do dominó remexidas no tampo de pedra da mesa e o bater enérgico das ensebadas carta~ da bisca, lambida a preceito, palavra de honra. Nas Portas de Santo Anwo, nos baixos dos 51 armuéos do Leal onde se instala, agora, a Casa do Alentejo, havia um, abundantemente afre­guesado e aínda com mirones à porta. No Café Bom, na Rua da Betesga, qua.o;e à esquina do ·Poço do Borratém, gemia, cheio de dores e com razão, um violino. As c:1Sa.; de iscas da Rua do

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Arsenal, à esquina da Travessa do Cotovelo, que, por excesso de confiança na freguesia, ligara por correntes os garfos de ferro e as facas ao balcão: do Magina, no Largo de Santo António da Sé e no Largo do Regedor; o Caldo Verde, no mesmo sitio; o João do Grão, na Travessa da Palha; o Altinho, no Campo de Santana, tinham a sua clientela certa e caracrerfslica e nada deviam em a.nUnnda concorrência ao velho Leão de Ouro onde anos antes se formara uma tcrtrília de grandes ~ Arte, cu ao Vigia, na Rua Oriental da Avenida, com gabinetes cerrados por reposteiros discretos, onde jantavam casa.linhos amorosos que se não poc!jam expor à vista de toda a gente sem arran­carem ondas de ciume e o resto a muitas senhoras casadas.

~leia noite. Findaram os espectáculos. Nas fachadas dos teatros ~-se os Iam.peões, e ~ou-se, também, a Jamúria dos mendigos e falsos mendigos, longas horas de mão estendida às esquinas, ~mpu.rrando à sua írente, cbom;ai., famélicas, estremunhadas crianças que alugavam a pataco para comoverem a ingenuidade alfacinha.

1cNos bairros do pra.zf":r, 006 bairros da desgraça, Atlda. a lnxória veo;ga a fa.ttja.t quem pa..~an.

Dois \'er;os da Morte lk D. João, de Guerra Junqueiro.

Uma chicotada estralejante, as pilecas fazem ressoo.r os cascos e as tipoias do Chico e do lllalhinhas levam para a boémia do António das Caldeiradas, em Belém; da Perna de Pau, do Zé dos Pacatos, do Papagaio ou do Quebra-Bilhas, os que procuram ceias barulhentas de EStúrdia.

J\&ora, o silêncio é profundo, espesso, apenas cortado de tempos a tempos pelas palmas de um retardatário a que replica o arrastado cclA vai! .. "' do guarda-noctumo, fazendo tilintar as chaves.

- Necessita de pavio? - Não. obrigado! Eu tenho! - Então. boa noite!. .. E o sono engole outro lisboeta. Naquele silêncio avantaja-se, ecoa a tropeada das patrulhas de cavalaria da Guarda. De

novo, o silêncio. Passam vagarosamente na embocadura de uma rua, como sombras cambaleantes, dois soldados da patrulha de infantaria. Gatos arreganham-se. lutam e fogem bufando. Ladra um cão ao longe. outro responde. Do alto do Ca&telo de S. Jorge chega à Baixa, regularmente, o grito de AltJrta!. Mais distante. vem de outro ângulo da velha fortaleza. Alerta está! E quase num sopro Passe palavra!.

No céu de Lisboa 1899 espalha-se uma vaga, doce e rosada claridade. Desperta a canção dos galos dialogando de quintal para quintal, de capoeira para capoeira. A caminho dos mercados, chiam carroças saloias ajoojadas de túmidos rep<Jihos, dle empenacbadas couves, de toda a horta­liça e fruta dos vergeis arrabaldinos. Esgalgados, agitando a cabeça por entre as redes das canastras. grasnam patos, cacarejam galinhas e, próximo do Natal, perús <:'Sticam"\Se nos seus glús-glús.

O ar corre mais fresco e mais rápido. Desmaiam estrelas. Andaram a apagar a iluminação pública. Cidade quase em trevas. Uma luzinba bruxuleante atravessa o Rossio a alguns centímetros do chão - os pi1ilampos do mata-bicho com ignóbil café e aguardente pólvora.

Lisboa. 1899 desperta para um outro dia!

o4ciírcio 8ereira.

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o 80.º ANIVERSARIO NATALICIO

DO SR. PRESIDENTE DA REPUBLICA

Na tardn do dia 24 de !\ovembm de HJ.lO. o sr Mare· chal Cannona dirigiu-se ao edifício dos Paços do Concclho, a fim de retribuir e agradecer O!<

cumprimentos que momentos antes recebera no palácio de Belém. Muitas centenas de pessoas, representando as força.'\ vivas de Lisboa, aglomeraram-se na

t;:<;ada.ria e salões, para apresentar cumprimentos ao Supremo )fagistrado da Nação. Enlre outra;. entidades. viam-se o sr. reitor da Universidade <lássica; os comandantes­

·gerais da G. N. R. e P. S. P.; directol'<'S de várias escolas superiores; representantes de diversas Associações; \'ereadorcs; etc.

Fez-se w11 ;úbito silêncio. <' "º agradecer à edilidade, os cumprimentos que lhe haviam sido aprestntados, o sr. Presidente da República afumou que com o maior prazer visitava uma vez mais os Paços do Concelho de Lisboa. A satisfação que 9Clltia ao fazê-lo, acrescentou, corr~ pondia inteiramente, não apenas à sua condição de munícipe, mas ainda à forma cxcepc.ional­mcntc cativan~ como. em anos sucessivos, sempre tem sido ali rccebidio pelos vários presidentes,

vereações e funcionalismo. O sr. }[arccbal Carmona recordou. a seguir. os tempos cm que, sendo aluno da Escola do

Exército, a capital não ia. em extensão, para o Norte, além das Laranjeiras, e disse que, como ctalfacinhirn, rentia, como certamente todos os restantes naturais e residentes da mui nobre cidade, sincero desejo de ver Lisboa ampliada e robustecida, tomada grande urbe. ~d(l(;ia

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a Deus a ventura de lhe ba\"Cr propon:ionado assistir ao caminhar des11e progr..'SSO e, como Chefe do Estado e lisboeta, felicitava por toda essa vasta obra o presidmte e o.; !'leus companheiros de trabalho no Municfpio. Na. pí'S'lOa do ST. tencnte-<:<>rooel Sah-ação Barrl!to saudava, também, «todo o bom povo da sua. muito querida Ll..00:1>1, de quem tantas prova.$ de simpatia e de afectuosidade tem recebido.

O sr. t.eoeolc-coronel Salvação Barreto falou então, cm nome da cidade:

Quis Vossa Exccl~ncia honrar uma vez mais esta casa e o povo da ca;pital que taoto preza com a l\ctribuição dos cumprimentai. que a Câmara Municipal de Lisboa, respeitosa e afccluo­samente, apresentou M pouco (•m Brlém pela passagem de mais um ano na vida cheia de nobreza, na carreira. prestigiosa, profis-;ioMI e polltica, de Vossa Elfoc:i:ncia. A alegria. que todos sentimos por a Provi<lf:ncia nos ter permitido saudar Vossa. Excelência ao completar os seus oitenta anos acr~cnta-se o reconhecimento por mais e:.'ta prova de gentileza e de afccto pela sua cidade natal. conquistada de M muito pela bondade imensa e pdo Cormosí:.;imo c-;pírilo de Vossa Excelência.

Excelência: ] á decorreram Zl :>nos sobre aquela hora da maior trasccndêocia na história pátria cm que V05ôa ExC(:l(ocia a--.wniu a favor dos portugul>s<.,,, as mais altas responsabilidade:> e 9l' deu aos mai» pesi<l05 sacriflcio., a que um homem pode dt.'Votar-se. Certamente esteve Deus com Vo..sa Excelência n<'>&a hora de milagre em que tudo era dth-ida no e:;púito dos homcos. A tantos anos de di,.tância. e mncmorando o bem que v.,...,.. Excclência n0>. trouxe com os seus ;.acrifkjc., a fa, or dcs!a tt·rra quc·ri<la, brot podemos dizer que naquda hora, de positivo, apenas havia a fé dos que ainda <'{ICmvam e, porventura., não avaliaram l"1l:iu l\ grandeza do sacri.ücio que lhe pedfam e a nobreza d.i. mi,,,,ão que depuseram, oom a Mia confiança, nas mãos honradas de Voss:t Excelência.

O resto ne>tc pafs era m-galivismo e deaespêro. Ccrtammk e:.kvc Deu.~ com Vnssa Excc­l~ncia na bata Em que \•cio a ser a da redenção desta terra. que p<l1'."Cia cond<'!lru:la a morrer sem glória vilipcndiada ror filhos e ""'lranhos. A mão segura de VO'»J. Exc(•!ência. Senhor )lanchai, su-.lcve-a na queda e levantou-a ao nível das nações con>Cirolc:; " podcra•as. No mundo revolto nunca mais deixou de <oar a vM rrc,~donlc e sensata da Nação miraculada.

AD t&i;o substitui-,c a honra de ser português, ao deo.e-pero da impoll:ncia o ardor do tra­balho e o orgulho de i.cr-sc, de novo, X ação - e com isto. a glória de, entre guerras e \'Íolências de de toda a ordem, ser-:;c !<implr!'mente, humano e cristão; entre grito-< dl" 3.f1g\Í5tia, praticar-se a bondade e a justiça: aos JX'l'Sl'gnidos e refugiados, cooocdcr~ a h~talidade boné,-ola; entre a.~ ilu>ÕC':i ou as mmtiras dittr·>-t' a verdade ao Mundo, SEm torp,,, rcccios ou oobardias indccoro.;as.

Sabem-no os bon., portui,'l•tltll.,,, não o esquecem as màl'!', as irmãs, as cspo-.as e as noivas de«ta lcrra. Sabemo-lo ))('m º' de Lisboa. onde Vasc;a Exccl~ncia tomoo para. si, pode dizer-se, mais ún\'d.iatammte, os soúimento;, e inquietações, os perigos e os ~crifício.; a que poupou O'.; seus compatriotas. Sabemo-lo lx·m porque a.-.,istimos dia a dia ao esforço ingontc de cumprir a promessa de Maio de 1!126, a prorn~ suscitada numa esperança h.1 2H an°" e hoje cm plena e radiosa realização. E porque o sab..mOR, s .. nhor Presidente - e somos todos os portugueses a reconhece-lo - aqui estamos, o povo de U,boa inteira. os qire puderam dar a SUll presença, mas todos com o seu coração e o seu recooh<'Ciml·nto a palpitar -de entusiasmo. a con-..'lgrar a obra patriótica de Vossa Excelência obreiro do! paL e inspirador das velhas virtude;; portuguesas. a exprimir-lhe a nossa prof1mda gratidão, a trv<'r-lhc °" nossos =i>eitQSOs cumprimmtoo no dia de hoje, em que :;cntúnos a alegria de pc><kr retribuir em afccto a \ºE!M'açào o !'.:lcriflcio sagrado d.! Vossa Exceltncia.

!\estes cwnprimentoi. que n .. prito,.a mas cntu5iàsticamcntc formulo, vão o.. ,·otos sincerís­simos de todos os portugu<."it"S por que a Providência continue por muitos anos ainda a conceder a Portugal a suprema v("Jltura de conservar a vida e a sa.tíde do ~ querido Chefe de Estado. E como esses votos lhe vêm pela voz de lbboa, terra natal tão querid.i. do '""" a>ração, terra tão querida de faotos e de horrwri- ilustríssimos que tão grand<b csrviço:. acre;ccnta.ram ao serviço de Portugal, consinta Vo.;sa Ex()('lência que à alegria e orgulho que tod()!; os portugueses põem ntSta »andação simples mas sincera, cu acrescente a emoção com que lha formula esta boa gente de Lisboa pela bendita honra do, no d«:ur.;o destes 23 anos, ler podido registar na sua história mais um nome ilustre na história da Nação - o nome do seu 61ho mais queri.clo -o nome de Vossa Excelência.

Vil'a Sua Excelência o Senhor Pre.iidente da República.

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Novas Estações Pré-Iiistóricas dos arredores de l~isboa

e um melhor conhecimento do Paloolltico dos arredores de Lisboa, susoeptivel de nos permitir a elaboração de estudo de conjunto que estamos interessados cm efectuar, temos Ultimamente alargado o campo de acção das nossas pesquisas a áreas geológicas à superflcie das quais, at6 agora, poucas estações pré-históricas eram conhecidas. Deste nosso trabalho resultou já, felizmente, a descoberta de váriru; jazidas de caracterlsticas intuC$Sílllles e um pouco di!erentes das que outras estações nos haviam permitido observar.

A superfície dos afloramentos miocénicos tem-se mostrado particularmente rica em ind~ Irias Jlticas. No entanto, a única e;tação de relativa importância que, até ao momento das nosi.as novas descobertas, conbecfamos sobre tais afloramento~ era a do Pinhal da Charneca, a E. do Lumiar, encontrada por G. Zbys1-ewski ( 1). Esta jazida pré-histórica, de ind6slrial; predominan-

(') o espólio coibido por G. Zb)'l'zewslci nesta. ettação, ainda. inMito. encontn..., e.:pocto no Mmn dos Serviços Geológicos de Portugal. Anteriormente j:!. Joo.qu1m Fontes tinha descoberto ai,utnas peças pr6--hist6ricaa nos arredorea de> Charneca.

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tes do Paleolítico Superior e do Mesolítico. revelou-se-nos especialmente curiosa pela associação, como matéria prima, do quartzo ao silex, em proporção ainda não assinalada nas outras estações dos arredores de Lisboa, fenómeno este veroslmilmcnte explicável pela natureza geológica do solo ande aparecem seixos de quartzo e que faz diferir essa estação das situadas sobre os afloramentos basálticos e de cretácico de Lisboa, onde, nas últimas séries, raras são as peças de quartzo que apa­recem (2).

• As duas principais jazidas recentemente descobertas pelo autor desta nota sobre os aflora­

mentos mfocénicos de Lisboa são a dos Sociros e a de S. Vicente. A primeira localiza-se num pequeno planalto entre a Estrada da Luz e a de Benfica, sobre

uma camada do Burdigaliano, junto ao cruzamento da Azinhaga do Ramalho com a Rua dos Soeiros, cm propriedades do sr. Vasco Bensaúde.

A segunda foi descoberta na Quinta de S. Vicente, sobre terreno:; também do BuT<iigaliano, entre o Largo da Luz e o Campo Grande.

Também foram encontradas peças líticas intencionalmente talhadas perto de Palma. de Cima e em Telheiras.

Fig. 1 - Luca e nuc:leo mu•tfetoldee de ellex da Quinta de S. Vicente ('/,)

Qualquer destas novas estações forneceu já um espólio relativamente abundante, se tiver­mos em conta o reduzido número de colheitas cfectuadas.

As principais matérias primas utilizadas para o fabrico de instrumentos foram o silex, o quartzo e a qnartzite. Como já sucedera. com a estação do Pinhal da Charneca, notámos, nos Soeiros e em S. Vicente, a existência duma abundante indústria em quartzo, constituída, na sua maioria, por pequenos instrumentos e resíduos de fabricação.

Duma maneira geral, são raras as peças do Paleolltico inferior e só a partir do Mustierense (inclusivé) as indústrias se tomam mais abundantes, continuando até uma fase post-palcolítica.

As colheitas até agora efectuadas forneceram um conjunto de má qualidade. As boas peças são em reduzido número. Nota-se uma como que imperícia no trabalho, principalmente nas peças de silex, ou uma falta de acabamento nos instrumentos, como se até algumas vezes, vítimas de qualquer acidento durante o seu fabrico, houvessem sido postos de parte antes de concluídos.

(•) J. camarote França - A ula~ {Jri·hi$1órica do A llo das PBrdi.zu, scpa.rata dos !asclculoe 1·!1 do Vol. Xll doe •Tn.balboe de Antropologia e Etnologia», Porto, 1949, págs. 94.

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A maioria do espólio é constituída por núcleos, lascas sem retoques e resfduos de fabricação, Os instTUmcntos cncootradoc; são, principalmente, raspadeiras, raspadores, furadores, bicos, pontas,

buri•. l!minas, etc.

• o a.st-'6CIO dominante de!>ta~ duas estações é, poio, o de estaÇÕ•'S oficinas. A idade das indú.:itri~ encontradas, bem como a fácies de uoficina», fazem aproximar estas

jazidas das situadas sobre os afloramentos de calcáreo cretácico do Monsanto. Porém, ~m do por alguns outros aspcc:tos, a abundante indústria em quartzo e a ausência de grandes lascas de silex - que tão írequcntemeote aparecem associadas a culturas ooeUneas no Monsanto, como, por exemplo, no Alto da Scrafina - são motivos de diferenciação.

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4 ' ' PI~. 9-&tll e furador do G uuo (1 e I J, ruped ra, nupedore. • 1amlna do •llex ~ 4, 5 e ll da Q1l ta de S. \ te 1 1

l'I • ~ Uml d o u retoada dll QuJ ta d e S. \1ce te ,J

O aparecimento das matérias primas quartzo e quartzite o~ duas estações é explicável pela existência no local de seixos de;sas substància..~. Quanto à utilização do silex, onde o mesmo nlo existe nas camadas sub-jacentes, só se pode explicar pelo seu transporte para. estes locais, tanto mais que as peça.-. encontradas trabalhadas nessa matéria não .ipre,,entam vestfg10:> de haverem sido obtidas de calhaus rolados: antes, pelo contrário, pudemos verificar a exist~cia de blocos de siJex. mais ou menos palinados, o que nos fez concluir que só o homem para ai os poderia ter levado com o fim dc os aproveitar. De onde? Talvez dos afloramentos cretácicos do Monsanto, por 6Cr a região mais próxima onde o silcx se poderia obter. E curioso é acentuar que o período de mais intenso povoamento - ou pcrlodo de exploração - na região calcárea de Monsanto coincide com a idade da maioria das indústria,, dn.s novas estações de que nos estamos ocupando.

Poderem0» nóo admitir a txist~ocia duma imdiação da matéria prima sílex - neste caso posslwlmente proveniente dos afloramentos cretácicos do Monsanto - para estações de fácies de habitação, em cujos locais o sile.'C não existisse? E seriam, então, as estações dos Soeiros e de S. Vi· 5 5 c:ente locais de passagem aproveitados para oficina? Notemos que a escolha de tais sítios para este fim poderá ser explic.'\da pela existência aí de outras matérias-primas - principalmente o quartzo - qnc também foram aproveitadas.

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Ocone-nos o que, merindo« às estações da região cretácica. do Monsanto, escreveu o Aba.de Breuil: ~Si l'oo coosidéralt le site de Monsanto comme l'emplaoement d'un atelier, ayant oon:rr.e il anh~. le facik si difffrcnt à n'importe quel ãge. du faci~ d'habitatíon, encare faodrait-il troover ceu.x de ces demiers ayant Woéficié de J'cxtraction et on oe les connait pas» (').

Não podemos, jã neste momento, averiguar até que ponto a descoberta destas novas esta­ções vem responder à dúvida de Breuil, mas é evidente que elas ubencficiaram da extracção» de sílex noutra região, muito provàvelmeote no Monsanllo (•).

Temos a intenção de tcnnioar as nossas prosp«>Ções e fazer wn exame mais detido das in­dóstrias colhidas. Não corrcremoi; ~l.SSim o perigo duma. divagação a que falta.ria, porventura, o apoio dum sólido estudo que é necessário efectnar. Por agora, anotamos apenas uma impressão resultante das obsHvaçõe<i por nós jã realiz.adas, sujeita a rcctifica~ões determinadas por expl<>­rações futuras. Mas julgam<>1 cumprir o n0550 dever comunicando a dCICObcrta destas novas esta­ções. o que facultará o conhN:imtnto da existênw das mcsrnaã a todos aquc~ a quem, porven­tura, Í5SO interesse.

9. eamarale lirallf;a_ Do C1111ro d• E4t•dOI d• EtJtologla

P6-ll11&1olor.

(') H. B.-níl et G. z11ywo,.akJ - Co•'"""''°" ti rlt•th d., '°''"'"" pullolithiqou d• Pof'f•1"' •I .U lnn N#<Jrl.s wrç i. C'o/op d• Qt.•únlafr1 - Vol. 1, in •ComWlicaç&. doe SeTViços Ceol6jpeoe .S. Portugat., Tomo xxrn. Usboa. 101 ~. polg 911.

(•) M<lamo ant=i da descoborta du •taçõeo doe Soeiroo o de S. Viuow. u iudllstriaa das jazidu lituadu 90b.- oe alloremtJ>tOI de basalto da própria Seaa de Monsanto já iodic:avam um p&rCial destino do lilex doo allorementoe cretâcicoe.

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· ~1111n11111 fantn Gtt.111

~rclij. fct11ntt\11n 10 .1 nn,l. ~ .. '5lo11a hbtdon1111~ ..

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Jj[S.80A NO SÉC. XVI (l.üro l/umln•Jo J. t .• '"''•Jc Jo Sh. XVI)

(Mr1uu N•doi:te l J. Ar1~ A rul1a)

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OS ANTECEDENTES DA CONOUIST A DE llSBOA POR D. AFONSO HENRIQUES

• .• ptla Estrema.dono ganhou tudo o que oe com~de eutre Cucais, e Lisboa.o, António Caetano de Soa.ta, Hút6ria ~ n1o161ica da Casa R•ol Portu1....,., Tomo l, Lisbo. Ociden­ta.l, 1785. pág. 64.

Os território:. pelos muçulmanos adquiridos na Pcnfnsula Ibérica, desde que Táriquc Ibne Ziado, em 28 de Abril de 7ll. deso:mbarcou junto ao morro chamado por esse motivo Gcbal Tárique {~fonte de Tárique) au Gibraltar ('), foram sempre administrados por simples amires inteiramc·nte subordinados a:i

Califa de Damasco, atê que. derrotado em 14 de ~!aio de í56. o amir Iúçufe Ibne Abcle Arrahmanc Alfihrl por Abde Arrahmane 1 Ibne ~Iuáuia. este se fez apelidar imame (gui;l, condutor) e foi reconhecido, cm julho, amir inde­pendt:ntc ('). No entanto. mesmo depois disso, :µnda os a.mins da Península espiritualmente se mt1ntiveram ligados ao Califa do Oriente, como chefe reli­gioso da comunidade muÇ'Ulmana; esta ligeira subordinação, mais teórica do que prática, só c.lesapareceu totalmente quando Abde Arrahmane lli Ibne llfohâmedc lbne Ab<l<' Alal1 Anácir ordenou qu..-. a partir de 16 de Janeiro de 920, lhe dessem o epitcto de A ndcir lidiniala/1 (prokctor da religião de Alá) e adaptou, com o de Amir Almuminine (príncipe dos crentes), o título de Califa do Ocidente, cujos domínios tinham Por capital a cidadt' de Córdova (') .

Embora legalmente o califado não fosse hereditário, o Califa, em regra, designava. para lhe suceder. o seu parente mais próximo ( ' ). Dessa conduta. porém, 5e de:>victu Hixrune II Ibne Alhlquime IJ Alm~de, ncio de Abdc Arrahmane III; como não tinha filhos, indigitou para SUCC5SOr Abde Arrahman~ Sancho!, seu bijibe, desde a morte de Almodáfer Abú Meroane Abde Almá­

lique. em 22 de Outubro de 1008.

(') Ramon ~f•n•ndu Pi<l&l. Hls16rio 41 &pano, Tomo m. Madrid, 1940, pá­gina Lm; Ml\Jluol Torree. Las Invasfo~s y los Reinos Gtnn4nicos d• Espana, ibid., pág. 187. Nrui anotnçi!H. apro,.imar-n0<·emos do m6todo aconselhado pelo Com. Fontoura da Costa • oa lranocriçlo dos nomes :irabes adptaremos as normas do Prof. David Lopes (Fontoum da Cosia, A unificação das anolOfÕ'I. tsf>ecinlmtnl• biblíogrdfieas, nos tra­balhos hlst6ricos, na Ethnos, Vol. I. Lisboa. 1985. págs. 87 a 89; David Lopes. Lista al­/abltíca dos nomts draws. próprios • comoms, qu °'º""" "" lfüt61"ia d• Portugal a.. A. Iltrcvlllno, •in A. Herculano, Hi.s/6ri4 u Port11gal. Tomo VITT, 7.• ecl •• Lisboa, 1916, págs. 291 a 82~.

(') António Ballesteros y Beretta. lfút6ria d• &pdo. Tomo n. Ba=Joaa, 1920, P'B!· 80 • 82: David Lopo. O D""'Íllio Arolu, em Damilo Perrs. llut6ri4 .U PortwgoJ. Vai. J, &redona. 11128, pdp. 229. 234, 238. 2311 e 266; An~l Coiuala Palenda, His­ttno 41 lo Espana Jl11stJma1tO, 3.• ed •• Ban:clona. 1932. p4p. 21 e UR; Aogel Co<>zalu­-Palêocia. La Espaiia ~luaulmana, •m Luis Pericot Cuâa. Hist6rio .U &poiio, Tomo Il, Barcelcma. 11136 • .,.g. 161, 164 e 925. 59

(>) Ballesteros. loc. "'· (2). pág. 46: PalêaciA, Hi.s16rí4, .ic .• op. cit ('). j>iig. 43; E. Levi·Provençal, L'E•J>axn• Musulmana ª" Xillm• SiAclll. Pari1, 193!1, pâgs. 45 a 48 ~ 2•)~.

(') J00t' T.o~z Ort:íz. D•r.cho Musu1Hr4n, Barcelona, 11182, pi\g. 46.

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O procedimento de Hixame desagradou profundamente a Jdobãmede, seu

primo, que ambicionava herdar o trono. Leva.do por aeotimento& de vingança. não se ccntcntou em forçar o legftimo soberano e depor Sancho!, que se an· sentara em JaMi.ro de 1009 e foi assasinado a 4 de Março; obrigou-o, também,

a resignar e fez-se proclamar Califa, sob a invocação de Mohâmede II AlmahdS.

Esta usurpação veio provocar acerbas lutas entre andaluzes, eslavos e ber­

beres, as lrês mais importantes raças em que a população da Espanha muçul·

ma.na se dividia lutas que em breve originaram o desmembramento do Califado de Córdova. Após diferentes vicissitudes, mobàmede foi morto em 28 de J'Ulho

de 1010 pelos ~lavos, que tomaram a proclamar Hi.xame U. Entretanto, havfa. sido eleito Califa, pelos berberes, outro primo de Hi.xame, o prfncipe Soleimane

Iboe Albáquinc Alcocctaine, o qual, em 19 de Abril de 1018, conseguiu ªP<IS" sa.r-se de Córdova, oodc se julga que nessa ocasião Híxame ll pereceu. Por seu turno, em 1 de Julho de 1016, os eslavos, conduzidos por All lbne Hamude, apoden.mm se da cidade e mataram Soleimane, mas, usassinado por des, em 3 de Abril de 1018, o próprio Ibne Hamude, que procurara entendimentos com os berberes, deram o trono a um terceiro primo de Hixame, o prfncipc Abde Armhmane IV Almortada. No meio de ta.manhas desordens, os principes

chefes, tanto dos andaluzes como dos berberes, tornaram-se indepenOOn.tcs e,

deste modo, surgiram variados reinos no território do Califado (').

Entre os reino:; assim cou,,-tituidos, figurava, no "território que foi portu· guêso, o «de Badajozn, cujo primeiro chefe, o Rei Sapur, faleceu a 8 de No­

vembro de 102'2 e uque abrangia as Beiras, a Estremadura e grande parte do

Alentejo aclualn (•) . Xo remo de Badajoz. ingressou, portanto, a região de

Lisboa, que j~ no final do sl'Cuio XIII f.az.ia parte da E.~ (') e da qual

(') A l!orrulaoo, l/islóna d4 PorlNfPl, Tomo I, 7.• ed .. Lisboa, 1914. ~- 167 a 184; Balbtcroe, loc. <il. ('), ~- 63 a 67; Pal~cla. l/i.st6ria •te., op. <it. (•), p4gs. ou a G2; Conwez-P*1!nci11, La Es(iaii• •I<., loc. tit. (1). págs. 189 e 190.

(') David Lopea, loc. cit. ('). págs. 309-400; Gonzalez·Pal&nc.ia, La Espaiio., etc., loc. <it . ('), pág;. 196-106. Quando pot David Lopes fomm escritas as palavras repro­duddu no tnlo, ainda não tinha sido criada, pelo Código Administrativo de 81 de Dezembro de 1936. a Provlnc.ia do Ribatejo, formada pelos concelhos de Abrantes, Al­e&n<'IUI, Almeirim, Alpí.arva. Azambuja. Benavente, Cartaxo, ChamUIC&, Cocstàneia, Coruche. Forrcin-Jo-U.ere, Golegã, Pan~e-Sor, Rio Maior. Salvaterra de Magoa, Santa~ . S:udoal, Tomar, Tona-Xovas, Víla-Faoea-d.,.Xira e Vila .. Jfova-da·Barquinha (C6di10 Ad mi•ut1ot1uo, de 31 de Dezembro de 1036, Mapa III , no Drdrio do Goo'"'º· I s~:ro, o.• 306, Li 00., 31 de Dezembro de 1936, p4g. 1870), que ao~rmeote se con­sideravam lDclWdos DB pnn-lncias do Alentejo e da Eatremadura (Cfr. D•çrdo •·" 8,gg1, de 30 de lll&rço de 1918, na Colt<fào O/icitü ü LA1ul4çào Port11111U1J, 1.• Semestre de 1016, I.lsboa. 1Ul9, ~· 2"23 e 224).

(') CoJicilo ao t ... tamecto do rei D. ~~. com datn. ele 18 de Abril do a.no 1e J 337 da ora de Csr (Francisco Brandão, Q•i1tta P•rl• da Mo1torchia Ltisyla•a. Lisboa, 1650, foi. 831), correspondente ao ano de 1299 d• era do Cristo, adoptada por lei do gg de Agosto do U~~ (João Pedro Ribeiro, Di.s•.,laç6., Chl'OnOl<Jfl<tlS 1 Critita.r, Tomo U, Li•boA. 1811 , pàg. ~6) .

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se tinham pacificaJ1l<"llte apoderado, no ano de 716, M muçulmanos coman­dados pelo amir Abdc Ilazis Jbnc )fuça (ª).

Vencido, cm 211 de ~la.rço de 109"2, Omar Ibnc Mohãm.rdc Almotauáquil, rei de Badajoz. por Cú lbnc Abú Becrc - a qu~m lúçuf,, Ibnc Ta:dinc, príncipe da st•ita i$lamltica dos almorávídas. confiára o cocargo de unificar os muçulmanos pcninsulan.'S - Afonso VI, rei ele Leão, SOOl dificuldade obteve a entn..-ga de Santa.n"m, de Li~boa e de Sintra, um 30 <lc Abril, a a e 8 de :\!aio de 1093, rcspcctivam~'fltc. Pouco tempo se conservou, porém, na posse das três localidades, porque logo, em 1094, as duas últimas lhe foram tiradas pelos almorávidas, quanto a Santarém, decerto melhor ckfcndi<la, pôde rco.istir ao choque dos inimigos ou n<:m sequer foi por eles atacada ('). No mês de No­vembro dcs.~ mesmo ano ou durante a primavera do ano imediato, a.inda o conde galego D. Raimundo tentou recuperar Lisboa, ma.o; foi calanútosamentc

desbarabdo nos arredores ("). Numa quinta-feira, l de Julho de 1100, pela madrugada ou na ""éspera.

durante a noiu.-. t.ueumbiu, em Toledo, o Rei ,~fonso VI ("). Alguns dia.o

(•) Bernardo de Brito. S•g11nda Parle da M011arcMa I.usytana, Lioboa. 1609. foi. 283 v.; M:inu•I da Rocha. Porlúgol Renascido, na Collrçam do.• DCX'umenlos. " .\lrmoriJu da Arndrmin Rrnl da Jfüt6ria Portuguesa. Aoo do 1730, Liaboa C>uidental, 1730, n.• XXlll, p.'\g. 1; Francisco javier Simonot,Histdri<1 d~ lo• Jfo1dr•b"' de E•paiia, Madr'.d. 1897-rnoa. p:\g. 62, nota l; plg. 62, nota l; p(lg. li L textv o tiot.a. 2: p(lg. 181, nota 3 e pág. 296. nota 1.

C'l A imprrfeib venão de lbn• Alcatibe, dada por c .. iri cnavid Lopes. Os 4rabes ll4S obr4S tÜ A1'.ralt{fre llrrcu/aJoo, em Academia du Clh>cba de Lisboa. Bokti• da

Segunda CIMR, \ 'ol. III, IJ.,boa. 1910. p6g. ~2). apooti Sanwtm e omite Sintra, qoando eoUJJ>fr.l os Jup:a cooqw>t.>Jos pdos ahoo<ávidaa, un 10114 (A. H<r<ulano, Hutéria de Portu&al. Tomo ll, 7 • o:d •• Lisboa. 19H, plg. 23!1); dev"- pormn, ter ba"-ido troca Jc nomtS totre as dt.J.U loc.al.idad~. por f'xi$tir a pro\a de ~ntarém ptr­U!DCC'l' a.oo cri>t!oo t'.m 10\16 (o.mlio -· C0n10 Nuicn PcrtwfOI. &.rcclos. 1938, pág. 17; Antóni<> Br.>n.Uo. Tnrcira Porl1 da ,\IOJ1arc/11a Louola•a, Li.boa, 1632. foi. H) ~ fa.Jtartm por complrt.o os inJ.lcioe de ter ~do por eles reav1Ja nesse inteorva.Jo (A. Her­culano. ibid .• 1•\g. IS) U.m pode •cr que os almorávidAS ent.io d"'l•t.-m de atacar Santarém. para que > m•iur parte das tropas, aqui de<ol.'ICJ\dM, pudeue reunir-se ao exército bali<!<> ~lo Clidr Rui DiM de Bivar. apôs a conquista de Val~ncfa, por ele tcnninada em 16 de Junho de 1094 (Cláudio Galindo Guijl\rTO, llis16ria Pollli&a, em Pcricot. Joc. eit ('), p.'\g, 3S2).

( 10) Hor<ulano, loc. til., (•), plp. 18, 19 e 299; C:uloo Rom& du Bocage e Ni­colas do Goyri, Orirtm du Co•d«do de Pcwtugal, oas .llrmána.s .t.i Acadrmia Rt"1 dos Srit•cias d4 Lisbo.t, C'ta..._~ tla.• Sciencias Moraes. Políticas e ~la.,.Lettras, Nova ~ric. Tomo VI, Parte TI, IJ•boe 189~. pdgs. 2; a 29, 61 e 62: Ballastcros, loc. cil. (~) pl.r. 232, 246, 276, 267, nota Ir.6 e p4g. 40-2; David Lopes. toe. dt. ('), pãg. 40o2; Damião Perco. A Ruc"q*"'" Cnsti, em Damião Peree, op. cit. ('). p4gll. 471 e 476; id .. op. cit (t) pdgt. H, 15. 4i. oota 3 e pdg. 48, continuaç.So da precedente nota; Manuel Ramoa, O Cc•dado Porlwcalntu, em Damiio P..rea, loc. cil. ('), pdgs. 484 e !85: P:ilenda, op. cot. ('), pclg. 00: Gonzalez-Palencia, La E•ta~a. etc .. loc. cil. ('), pág. 204; Galiodo. toe. rit. ('). pdg. 974: Luís Vieira de Castro, A Fo,.,,.,.ção tÜI Pcw-

61 lugal. Funchal, 193R. f•'lg. 63 e 66; Luís Gonr.\ga do Azev!!<lo, Hist6na de Portugal, Vol. Til. Llsbol\, JOIO. pl\g. 8G, 41, 42. 166, 167 e 160 a 171.

(") João Pedro Riboiro. Dissertaçi!•s Cloronot6gieas , Crltica.s, Tomo m. Parta t, Lisboa. 1813, pág. 61, not~ (•).

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antes, molestado com o monarca, dele se apartara o conde portugaleose D. Hen­rique, seu genro ("), por quem Sintra foi b'llbjugada nos meados, porventura, daquele próprio m~ de Julho (''), cm cujo dia 29 já D. Henrique tinha chegado a Viseu ("). Informados, entretanto, de que o rei de Leão cessara de viver, os muçulm.ano6 de Sintra aproveitaram o ensejo para se rebelarem ( 11

).

(") Herculnno, loc. ci1. ('), pág. 83; Damião Pero.o, op. cil. ('), pág. 69: Gon­.ag:i. de Azevedo, loc. cil. ("), pclg. 69.

(")A Crótlie<t dos Godoe indica llbmeote que foi no me. do Julho do ano de 1H7 da era de CEsar (Ch•6oica Gol1'o"'"'· nos Po•l•tali<ld Jlo••mt•lo Hi>tonu.. Scriptorea, Vol. I. Olisipone 1U6, P'g. ll, col. 1), cornspoodeote ao ano 1109 da era de Cristo (vid. nota 7).

( 14) Herculano. loc:. eit. (1 ), pclg. 8f, nota I; Carl Erdmann, O Papado a Porl11tol no Primeiro Século do. História. Portugu-, Coimbra, 1935, pAg. ~B.

( 16) Consoante a ordem pela qual os dois episódios veem relatadoe, no eltomplar extenoo da Ch•onica dos Godos, a Conquista de Siat.m, em Julbo de 1109, por Henrique, 'precedeu a revolta fomentada ndA locallJade pela notki& da morte de Aioaao VI. em Toledo: Era MCXI.VII . 1'1"'1Se julio it.orum capta fwt Sintrla a Comite D. Henrito grnero D. Alloasi Regb marito filie suo Regiuo O. Tarasie. Auditntes enim Sarncenl mortem Regis D. Allousi, cepcrunt rebellaro• (Chronica Golho•11m, loc. cit. ("), ibid), Corno D. Heuriquc a.'lira da ~rte poucoe dias antes de nela falecer o monarcn e, a ~ de julho, so tinha jd retolhido a Viseu, foi manilestame.nt.e nctbO breve iUcrvalo que •• realizou a expediçlo tooLra Sintm. Não ec afigura, contudo, plauslvel que de tão longo tlc IC deslocasse. dniCAmtote para efectuar eola conquista; o IOU plano. decerto mais vasto, d"''tria ter por objec:tivo apropriar-oo da rcgjão do u.boo, mas, apcuibado en­tretanto pela notlda daquela morte, dccidirl.a tttirar-se antes cio cooeiuir o projec:lo wicial. Foi sem duvida entlo que oe muçulmanos de Sintra contra ele IC rebelaram, por tettm conhecido a •·erd;&dtira causa do 1tu tão 1ubito a.lutamcnto.

No exemplar b'1>ve da mesma Crónica, tido com sólidu razões por menos fidcdlgno (LulJI Gonzaga de Azevedo, llist6rio d4 Portwgol, Vol. IV, Lisboa, 1942, págs. 175, 177, lH, 183, 194 e 1116), afinna-oc que 86 depois de Sintra se ter Insurgido foi recuperada por D. Henrique. 1>proirimadamenle no ano ocguinte ao da morte do sogro; •Era MCXLVIl. III.• Ka1 Julii obüt Ru: Aldclontua Fcrnandi Rqla filias: paulo poet primo ""'IUCOte circit.or anno, cum Sintria defccissc-t, audita morte Regis AlfolW, nocuperata eat a Comite Heoriquio Rcgil geoero ot patro Alfoosi primi Regia Portugalie• (8•wis llislorio Gotho"''"· loe. cit. (U), pág. 11, col. 9) ou, na resumida tradução de Fr. An­tónio Brandão: •Pouco depois da morte dei Rey Dom Afonso, no seguinte anno. como Sintra se rebelasse sabida a morte dei Rey. loy recuperada peno Conde Dom Henrique IOU gtnro, cl pay de Dom Afonso primeiro Rey de Portugal• (Brandio, op. cit. ('), foi. 49 v.) . Enganados por esta passagem, Fr. António BranWõo, Alenndrc Herculano o. com eles, quase todos os demais historiadores. que ao assunto 1C U!m dedicado, Ín•'trte­

ram a ordem pela qual as duas ocorrenciu lógicamente devem ser apresentadas (Brandão, •b1d.; Herculano, Joc:, cit. ('), p\gs. 88. 84 e 45). Tal oricnlaçlo tem o gravo defeito 'do pressupor que Sintra, perdida em 1(1111. teria sido retomada antes de llO\l o que, d•poi1 de sa!ocada n revolta deste ano, voltaria de novo à pouo dos muçulmanos, 11t6 ser dolinitivamente conquistada, em 1H7, por O. Afonso Henriques, allemativas Cuodadaa em !IÍmples eonjectwu, que oenhum teirto coevo irre!utàvelml'Dte comprova (Dran­clão, ibid, foi. 66 v.; Ilereulano. íbid.: Gonzaga de Azevedo, loc. cit ("), págs. o, 4g, 119. Vâ, V9, 131, 171, 15$, 216 e 21&).

O ma.logrado jesuíta P.• Lals Gonzaga de Azevedo csforçoo•, recentemente, por demonstrar que Soeiro ~leod~ com D. Htnrique teriam capturado Síntra e Lisboa, om 10\16. (~ga de Atevedo, íbid .. págl. 41, 42, 170. 171). Para tanto ínvocou: l.• - a circunstància de não íiguro.r o nome do Conde, nom o de Soeiro Mondes, oo foral dado

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Nessa rápida ,·xpcdição foi D. Henrique provàv<'lmente coadjuvado por Siguc!nxlo ( .. ), rei da Nor.icga, que partira de Bergen com 10.000 guerreiros, a caminho da Terra-Santa, e a re;pei.to do qual há tam~m seguros informes de ter igualmente conqui:.1ado Sintra, ck·pois de haver destroçado, n:\ prima­vera de 1100, ao la.rgo da futura costa portuguesa, uma grande frota de cor­sários muçulmano<. Posteriormente. ainda Siguefredo atacou vitoriosamente

Lisboa. mas abandonou a cidade sem dela ~e ter apoderado (").

em J~ de Novembro d• 1095 a Santamn, por AfOOJO VI (Focoldade de Direito da Uoi­~nidade de Coimbra, Ccllt(IJO dt Textos d• l>i.-iu, Part•pls. I . FOr.les, VoL I , Coimhm l~H. plg. 8): 'l.• - um trrcbo da V'1a dt Sa•t11 Sr•~ori-1111, onde oc mm como de Li<boa fomm dois cegos AO Arcebispado de Braga, para visitarem o tumulo da &inta, junto ao rio Ba•to (Vila Brota~ StnonM• Virtinis, loc. cit. ("), pâg. 61); 8.0 -

um docom<'Dlo lavrado, em 1097, com a d<"Claraçi.o de que nesse tempo governa,.,. o Cond~ D. Henrique, desde o rio ;,.linho ao Tejo (Port•galiat Mo••innito Hutorica, Di­plomata ct Chartoe, Vol. T. O!Í!!ipone 1867, plg. 604); •.•-outro documento do m..,,,o ano e mais um do nno imediato, cuj"' textos ~))!'nas informam que o <enhorio do referido ConM •ra constitufdo por toda a Pro,'Íltcia Portugalcose (ibid., p4gs. 616 e 618). O primriro a.rgummto. porém. de ptr si coisa nf'nharna pro'-'&; o tqUDdo 6, tambkn. de fraca '1lliA, porque nada ~rmite supor que. fora dos momentos de ma;. int= lota. "' mantjve&q>m fechndn.' ª' comunicnções das Jocn.lidarles pcrtf'Dcmt:es aos moça1manos com as dnminada.s pelos crhtiioo (PalrnciD., Hi..ióri" etc. of>. cit. ('): págs. 1sn o rnJ: Gon· zal01-Paleocia, Lo F:•(>oôa, etc., loc. dL ('). p.~g. 824). Quanto aos dizeres contidos ooo docnmcotos, é de pn:swnir que "" tratasse de ,_.,.. fó:muJa9 ubc-U..:S. cnonciAtivo.s Jo território nomioal-ntr sobmttido à jurisdição do Conc!e D. Henrique, sem de modo nenhum. ~rrm a dMICAbida protenf..'lo de inculcar at6 onrlt- tht"pria enctamente o 9"11

dom!nio declivo. R~ta dizer quo o advérbio ittruon (<rguoda """· outra vez, do oovo rtc.), conform• ••lê no tmn"Crito panllfl""fo do exomplu cxt.Ml90 da Cr6nlco do Godo•, deve rcf•rir·O!I à ocupação d• ~intra em 8 de Maio de 1093. por Afoo!O VI, e Dão a nm.~ outra Caçanhn do mt51DO gtnrro. COl!lf'tldA J>OT D. Hmriqne.

(") Signfrtdo é o aportulfUc.amento do alrmão Sw1frinf (de Si,~-,-ltória o Fri6dt p.i.t), equh·alrntf! ao nonu•guk Situ'd (Ac.ademia. dou Cil-neiu de Lltboa. Vaca.. buldrio Ortotrrdfi<O Ao LlnJtNO PorlttflU«o. Li•oo~. 1940, pAg. 707; J. J. Nunes, Os No­,,.,. d• Bof>lisnco. na R~isto f.H<ita•o. Vol. XXXIV, Ll•boA. 103&. p;lg. 160; Tlr4 E11· cydnf'OldiA 8ri11J11ie•, Vol. XXV, li• ed. 'Sew York. 1911, p6g< 82-113).

( ") A p...-aça d• Signefro<lo na rcgilo de Lisboa trm '1do colocai!& tm tod,. °" anos que vão dt 1107 & 1110. O de 1107 (]o.é de Olive!'1l Boléo, Sí•lr11 no Sl­c•lo X TI, DO A rquivo du Cuncelho d• Sintra, n.0 4, Sintrn. Julho de 19'1, pAg. 100 e o.0 6. !'intra, Agosto de )!141, Jl'll!"· 148 e 149; Jo"" de Olivtira Bol&>, Ano/tos o Lixbo•a a Chí•tro '"' 1101.11011. na Rn1isto Mwnkipal. Ano m. n.• 13 e 14, Li>boa a.• e 4.• trimMb'e< de 1949, polp. 38-39) e o de 1108 (Júl!o de Castilho. üsboa AnliK•· 'l.• Parte, Vol. li. 2.• <d., Lioboo. 1985. Jlll1t1. 48-49; L. S:\awdra. llfach:ido. Expediç&s •orma1tdas no Ocid1nt• da Tlispanio, no Btl•lim tio lnstit11to Alemão. Vol. m. <Aimbra 1930, p:lg. 48, p4g. 67. ttxto e ootn 3. pll.g. 68, continuação da prccedtnle nota). de forma oonbuma ~ podem aceitar, porque Sigudxedo, qao partiu da Noruega no outono de ll07, P'"'"ºª o primeiro inverno em Tn~laterr.l e o ""f!OD<lo na Gafoa (Charles \Ven<lrll David. Dt u(>•x•atíOfl• Lyxbo•,..,i. Now York. 1980, po\R. 28, nota 8): o me<mo., diga do aao 1110 (Fr. Jakhelln, p,;,. du Castd da Sintra par"" Roi 111 Noro~t•· cm o i•stit•to, Vol. llP, Coimbra, 193!1, p4gs. 12·73), porque no veni.o dr,te ano jà Sill'J•fredo estava 6 3 aa ~iria (B. Kngler, llisl6rio dos C,,.zot!Ju. ~m G. Onken, Hist6rio U•i11mud. Vol. JX, U.boa. •/d. p4g. G07). dcpo;,, de ttt penoanecido algum tempo cm Akáctr-dc>-S.U ou •m Aijtzur. om Njõrvasund ou Gibraltar, em cada uma das quatro ilhas do arquipélago du Baleares (fomtentera, JY.ça Maiorca e Minore.\), bem como, por dltimo. º" SicllJA (Adam

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A região de Lisboa, mercê dos acontecimentos que no citado ano de 1109 se dc~cnrolaram, ficou, por assim dizer, ao desamparo. Ali filho, e sucessor de Iúcufe lboo Taxfine, partira de Ceuta a 14 de Agosto, mas andava em guerra no centro da Pe.nínsula contra várias localidades, entre as quais Tala­vera, )ladride e Guad:alaxara ( "); D. Henrique preocupava-se apenas com a upolitica interna» da monarquia leonesa("), onde os partidários de D. Afonso Raimunck>s, neto do rei defunto, se degladiavam com os de sua mãe, D Urraca. por ca'USa da sucessão do trono ( .. ).

Durante o ano de 1110, nenhuma ocorrência de grande vulto modificou a situação de Lisboa , nem dos arredores. Na realidade, apCllas consta. que urna despreve.nida boste, a caminho de Santarém, foi dizimada por um foro: con­tingente de muçulmanos, em Vatala11di ("}, talvez a povoação de Valada, no actual concelho do Carta.xo, a qual se julga ter dado outrora o nome à pro­víncia muçulmana de Balam (")-

Kri.$torrer Fabriciu.s, LA C:onnaiss'"''" ,d~ la P8Nsn.6ul.s E.spagnola f><'r Ju Homas du Nord 1

Lisboa, 18U2, pág•. S-\1; •obre Njõrw:>S"und, vid pclgs. 1-õ). Posto isto, fica sômeote o ano de 1 ton como único ~ivel. &tâ vi.~{vel coincidência entre a época da conquista de Sintra por D. ffonrique e a de igual conquista por Siguefredo. já de per si favorece a hi­pót<..., do que "" <.lois agiram. pam tal efeito, conj~. O discW'90 de Sigucfredu perante o.. comp&nhciros, aos quais afumou que prestariam «um brilhante serviço aos <ri.•l.Jos» (BoMo, Sintra etc .. n.• 5, pág. US; Boléo, Assaltos, etc .. pág. 38) e os agrn­decímentn< qn• recebeu da cristnndade. (Fnbricius, ibid, pclg. 8) . mais vêm fortalecer e<Sa hipc\l...,. Pnr 0\1tro lado, a eircunslância de não ter O. Henrique assistido à morte do sogro, a ~ til.o repentina. presença. em Vau, n CODlleCutiva. revolta doe muçu1.mnnas de Sintra e o fu.c:.to de Siguefredo ter abandonado Lisboa depois de vencer, mas uma vez. o> muçulmanoo;, tudo par<>CC mostrar que D. Henrique pactuara com Sigueb:edo este ajudá-lo numa tentativa a fim de se apropriar da região de Lisboa e que, no começo da.• o~. 06 dois cm conjunto a.inda ocup..uam Sintra, mas que D. Henrique ultA!rior­m~nt.e rtnunciou a.o pro~it.O de (Ca.liW.r nqucle desígnio. para se consagrar exclusiva· mcntf' aos problemas que o dcccsso do monJll"Cil leon~ "'icra. &u$Citar. Quem sabe, até, so D. Henrique nãc.> sairia c.le Toledo wdisposto c.om A!oruo VI, por Qte querer impedi-lo dP uliti:ta..r ~ préstimO'!f dos noruegueses. em vista do que sucedera na Gâlh:a. cujo go­vemndor Siguefredo combatera, por este lhe recusar os viveres que havia prometido. (Fobricius, <bid.;) ii pos.ivel tombém que Afoo.o Vl, prestes " finar-se, desejasse reter junto de si o genro, D. Henrique, mas que estA! se visse constrangido a deixá-lo pam cumprir o acordo provàvelmente celebrado com Siguelredo.

( ") Herculano, Ice. CJ't. (1). pág. H; Ballcsteros, loc. cit. (•), pág. 406: Gon­zález-Paltncia. La Espa1lu, etc .. loc. ât. (•), pclg. 20f; Gonzaga de Azevedo. loo. cit (H) pég. 79.

( ") Damião Peres, op. c1t. {'), pclg. 64. ('º) Gonzaga de Azevedo, loc. cit. ('°). págs. 72-78. (") Herculano, '""· cit. (•), pág. SG; Damião Peres, op. cit. (•) pclgs. 63-61;

Gon•aita de AT.evedo. toe. <it. ("), 1X.g. 79. (") David Lopes. loc. c1t. (•), plgs. 201) a 212: Lévi Provençal, op. cit. (3). pág.

118. nota 1: David Lopes. Portugal no Tempo dos Mouros. em Liceus de Portugal. n.• 2. Lisboa • .No"etnbro de 19·10, pãg3. 96. 98 e 100. O Prof. David Lopes. na pág. 209 daquele seu primeiro estudo, situou, por manifesto equívoco, a. povoação de Valada no uconcelho de AzAmbuja... ElectivameotQ, a povoação do Vofada, que desde longa data !azia p>rte do roucclho de Santarém (Henriqne do Gama &.rros. História da Adminis­tração Pública tm Portugal. Tomo IV, LisOO&, 1922, pág9. &4 a 66), transitou por al­'ªrá d~ lU dt ~zcmbro de 1815, parar o do Cartaxo (António Delgado da Silva, CoZ.c-

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Passado mais um ano, em 1111, Cir Ibne Abú Becre veio, finalme:nte, restaurar o governo dos almorávidas na região de Lisboa e simultâneamente aprisionou Santarém ( .. ) .

A isto seguiram-se quase três decénios de relativo so~, até que D. Afonso Henriques, em 1140, sitiou Lisboa, com o apoio de certos cruzados que haviam chegado ao rio Douro, nuns 70 navios. O assédio foi, porém, levantado sem D. Afonso Henriques ter podido tomar a cidade (',.). Por último, durante a sua famosa campanha de 1147, obteve D. Afooso Henriques, em 15 de Março, a rendição de Santarém c••J, penetrou em Lisboa no dia 25 de Outubro ('') e conquistou Sintra pouco depois ("), talvez nesse mês ainda (h).

ção da úgislaçiio Portu~SIJ, 1811 a 1820, Lisboa. 1826. págs. 377-378), ao qual a.inda boje pertence, com a sua freguesia (Código Administrativo de 81 de Dezembro de 1936, Mapa II, loc. cit. ('), pág. 1860; Decreto-l~i n.• 31.095, de 81 de Dezembro de J 940, Art. 2.•, no Didrio do Governo, T S<lrie, n.• 308, Lisboa, 81 de Dezembro de 1940, Suplemento, pág. 1637).

(H) Herculano, loc. cil. (•). pág. 46; Roma du Bocage e Goyri, loc. cit. ( 10), pág. 37; Gon7.aga de Azevedo, loc. cit.. (1•) , páfÇ!. 92. 09. 131, 132, 171. 188. 202, 215 e 216. O silêncio guardado, a respeito de Lisboa e de Sintra. peLi.• fontes narrativas da Espanha cristã, parece CO<llfirma.r que ambas as localidodes couti.nuavom rom dOB tf:rri. tóri~ eri'\"Uos; preocupacfa .. cs Unicamente em r'gistar o que sucedia nesses territórios, escapo.v:i.-lhes ou era-lhes indiferente o que oos dos muçulma.n<:is aconteci;\.

(24) A Cr6>1ico dos Godos coloca em 1110 esu primeira tenta.Uva íeila por D. Afon•O Henriques para se apoderar de Lisboa. mas a conhecida missiva de ou para Osberno <>u Osbcrlo de Bawdscy ou Baldrescia (Wendell David. op. cit. ("). págs. 48 a 15; Jo•é Augusto de Oliveira, Conquista de Lisboa Qf)$ Mouros, Lisboa. 1986, -pág•. l\l, 164 e lG6; id., O Caco d• Lí.<boa "" JJH, Lisboa, 1936. pág. 17, nota l r pág. 18, COOtintJayio da precedente nota) refere-se-lhe por uu>a. ÍOtml\ <JUC "" t= pre.,t;1du

a erradas it:torpretações. Com efeito, ocln. se lê 0 seguinte: ~willelmus Vltulus adbw: spimns minnrum cedisque pyraticae et Radulfvs froter ejus, et omnes fere haotuoenses et ha.stingen..<es cum biis qui ante hoc quinquennium urbem IDyxibouam obsldcn<hlm convenemnl, omnes uno ora. regis spor..;ionem 11<:cipere nichil aliud quam prodi.tlODCm ,aiebanb• (Olivcim, Cmiquiota. etc .. páp:s. 6·1-6~ do texto latino). Esta passagem tem sido eniA:.ndida como se a vagn, exprcssào atrU Jioc qu1nqrtcinium (Ca.sUlbo. lo&. cit. p1) . pág. 102, nota 4: Oliveira. O Cerco. etc., p.1g. 87) desse a perceber que a mencionada tec;tat:vn se nsa)i2'..a..ro. cinco anos antes. em 116~ o que se não b.a.rmoniuuia. com .i

citada Crónica {Wendcll David. ibid., pág. 16; pág. 97, nota 3 e pág. 103; Oliveira, Conquisla, etc., pág. 61. nota 1 e pág. G5; Gonzaga do Azevedo, loc. rit. ("),pág. 87, nota 1). Tal diverg~ncia, no entanto, suprime-se fàcilmente, se a dita exp~o for t:rn­

dl1%ida majs à letra, pois 011te hoc quiqu•nium significa, em rigor antes d&t• quinqut!nio e, por conseguinte, no piu;ente caso, OGl:erionnente aos qllillqu6nios de 1145 a 1150 ou de 1142 n 1H7, o que se :<justa perfeitamente ao ano marcado pela Crónica_

Às b.~ldadas tentativas de 1140 e 1109 aludi.riam, talvez, o porta-voz dos muçul­manos e o Bispo do Porto, quando em 1147 recordaram as precedentes investidas que se hnviam goro.do, •pe!'at de aU-'Ciliada!i por estrangeiros e bárbaros (Wendell Dtlvid 1b(d., págs. 17, 121 e H~; Oliveira. Ccmqui$ta, etc. págs. iG e 77).

(") Gonzaga de AxcvC<lo, loc. tit. ("), págs. SO a 65. (") Oliveira, O Ctrco, etc., Of>. cit. ('•), pág. 200. ( 21) António A. R. da Cunha, Cmtro Pinh""ªª• Nova ed., Lisboa, 1006, pags. 20

a 28; Oliveira. Conquista., etc., op. cit. (''), pág. 108; id .• O Cerco, etc., of>. cit. (U), 65 págs. 82 e 166 a 158. Veja-se, no entanto, a favor ela ffi!.dição de Sintra anterior à de l.isboa, José de Oliveira Boleó, Sintra • •611 tcNno. Lisboa, 1940, polg. 160.

(") António Pereira de Figueiredo, Jtpocas da Batalha de Ovriqtul, na Hist6n'a • Memorias da AcacUmia Real das Sc1e11cias, Tomo IX. Lisbro, 1825, págs. 8()9 e 810

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RESENHA CRONOLÓGICA

IOOS - Ocupação de Santarém. de Lisboa e de Sintra, por Afonso VI. 1004 - Cooquista de Lisboa e de Sintra pelos almorávidas. 1004/1095 - Derrota sofrida por D. Raimundo, perto de Lisboa. l 109- Reconquista de Sintra por O. Henrique e Siguefredo; consecutiva

revolta de Sintra contra O. Henrique; derrota dos muçulmanos cm Lisboa, por Sigucfrodo.

J 110 - D~rrota dos cristãos em Valada (?). ti l1 - Restauração do governo dos almor:\vXlaa em Sintra e Lisboa:

conquista por eles de Santarém. 1140 - Frnstrado cerco de Lisboa por D. Afonso Henriques. 1147 - Reconquista de S<ultarém. de Lisboa e de Sintra, pelo mesmo rei.

Afomo do P~o e Fau110 J. A. ck Fipàredo.

TranKriç5o ela Rrviota Coot..npodn"' d~ Cultura - Brctl"'' - de Abril de 1944 - Vol XXXVJII - Fuc. 4.

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PROVIDêNCIAS MUNICIPAIS- Posturu e reguLunento1 aprovado• n11 ramiõea cama­ráriaa, editai.a, ddiberaçôu e deapachoa de execuçio permanente.

LEGISLAÇÃO E JURISPRUDSNCIA.--1...eis, deaetoe e portariu de iDteraae municipal, dapecbos, circulara e ofícioe emana.t... do GoVttDO, e ac:órdãoe do Supnmo TribwW Adminiatrativo.

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Providências Municipais Posturas , editais e regulamentos

1 d e Out ubro a 31 d e D ezembro de 1949

O.. 22/ 10 - Ri.guiamento dei Concursos do pol­

soal da CA.mnm - Nova. redllCÇllo da allnea b) do artigo 10.•.

• Organi~ dDoi Setvlço. Municipais - Nova re<lacçJ.o &a alln& •J cio arogo 10.•.

De 10/10 - Fu saber que a vacinação antl­·mblca doe caninoe do cooo<'lho pode ser efeetuadA gruuitameo1<' nos post.oe de vacioação da CAmarn a partir da 1111. (D. JI. n.• 1.338, de 19(10).

De 12 10 - Faz saber que o projeeto do 'l.• Or­ç..n . , to S•.,..~nta:" pa.ta o ftDO ~. 1949 está pa­tente ao pdblico dUIUte 8 d.le8, como dispõe o ar­tigo 684.• do C6d>go Admíaistr&tivo. (D. M. n.• #.838,

da la/10).

De 9/ 12 - Cootiouada em Sl/U - (ertraordind.­rla) Rcgul&mento cio tttnsito.

* Organlu.ç.~o doe Serviços Munlclpo.!e. De 22/12-Continuada. em 'l9/l'l-R~nto

do Orçamooto par& o ""°de 1950.

De 6/11 - l'n• pdbl.ico. noa ten:noe do DeetMo­·Lci o.• 8~.670, de 8/10, os loall1 om que no dia 18/ll funciOD&Ji.o u asocmbleiu o .cçõee de voto.

De 29/ li - Fa.. p6blico, D01 11otmm do § l.• do wtigo 3-tO.• do C6dlgo Administrativo. que .., r$1i- 6 9 ud. um """1!lo cxlracrdiDd.ria. da Clmara DO <lia 9/12, às 10.SO boru. paza apteci.içlo da nova. ~ tun oobre tnlnolto e da reorganizaç.Ao doe Serviçoo Municipais.

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Deliberações e despachos de execução permanente

1 de Outubro a 31 de De:iembro de 1949

Ddibaaçõa da Câm.u .. Muniapa.I de Lisboa

O.. lO, 10 - Fix&odo o orclen."lo .lo v;c,,.p,..,.;. cl<·ute (§ 2.0 do artigo 84.• do Códlg'O Administrativo). * Adjnd!co.odo a La.ne-rox cl C.•. Ltd. o Cor­necimmtto e monbg<m do ma~ de<tii-.ndo "'° bloco

\ abr.çA-Oficira.SJ• du r.c,vo \L'\t.:t,douru Munk.1p\l <lc Lioboa. * APfO'-..ndo o 9.0 OtÇ&DM"Jlto Suplrlll"ntar pu 1

o ano de 1949. O. 17/11- AJ>f0'.....00 o oPlano Jc activida&

<IA D::roção dos s..rviça9 de Urbu>Wçlio ~ Obas pata o aco de 1950it.

De 22/U-Cootiauada t1n ~112 - ... tribuin<b " )!~ M"""2poJ de C"ultum Floic::a ao Ciná,rio Club<- Po<tugub.

• AJ>f'0'.....00 a. exprorriaçllo do ~lo o.• " <.o !!«o da AWona. i<kntifu:ado no Doc:nto n.0 37.C.17 de t;/11, ixla forma autorhada. no menuo diploma.

• R<ctifxando o dClpocho polo qual foi ndjn· dlaMlA a. ompr<itada dt comorvaçiio • t-rllci"çJlo Joe paviment(l6 • ""gotoo dA CJdAdr dumnt~ o <WO

• 1. 1960. • F'ixru>do os ptcÇOS mklioo por quilograma. de

o.,..,., verde par& a incid~ do imposto ln<lireetu, mmrtendo para. 1950 aa t&Xaa relativu a tran&pOrt· de carnes e apro,oando a tabela de taxaa de al"'8'U•r do nt.>taiais e utlgm .,... de~ dA Direcção d(lS ~-iços ele Abasttcimento. * AprG"'MJCIO o Orç.unc>to OrdinArio pra o aao de 1950.

Diário Municipal o.• ~.328, de 7/10 - Apiova .,, cond!çõea especiais de o.lieoaçio de um lote de tei • reoo llituado na. Avenida do Roma e Rua Viol.Mltr •lo c:,fu, no Sitio do Alv&l.-ulo. -lmdo A con.uuçiiu ,St- um cinema.

• Aprova aa coodiçõee Otipeciais de alieni.çào d• trêo lotca do to""1>0 eltUAdoo na praça pn>jnctada junto à Rua Moral& Soai1ll e Avrnlda Jacinto Nunea clestinada à construção de pr6dioe de t:po médio.

• Aprova na condlç&A etpocl.ús de alieoaçiio de <loz.e lotiM de ~mco na Avonlda de Madrid, a.rrua· mento ao longo do Caminho de FO'!To e Roa. Edi9on. dtslioa.d<>a à cooatruçllo de prM:ot de tipo mM;o.

• Aprova u co~Uea .. ~ de ~ •lc 5ClS lota de torm>o na Avenida Rio de Ja.oeiro. Sitio do Alvalado. deotin.•dm t. cooatroção de ...- de ~ limitada (J::lt>c,ttto n.• 88.2U, de 7/4/917.

D. M. n.• 4.336, da 17/ 10 - Aprova aa coadi· ções eepecia1s de ~ de um lote de lt!aaiO par.a. fill6 laduttdad, DA Zoa& Iod..,,..;.,J (A.....00. Infante D. Heonq~): de oito lotes de tttreno na R..a 6Q, cio Sitio do Alvakide, pata priruo6 de rmx1a limitada; de tda lol.ee de lHTeoo °" ... veoida Antó­mo jneo\ de Almolcla o Raa D. Filipa de Vilhena !""' prM!oo de tipo m&Mo; do dezaoova lota oo 1JOO:eDO na zona arteu.nal do Sítio do AlY&!ade; clt um loW de t("rn.:no DA Avoo.ida do Roma., po.ra. ei· -· too,tro, ou l<atro o ci.,.,.,,a; de trinla Joldl U.. f.ertcno Mil Ruas 68, 67 o 58, do Sitio do Alvalndc. t1f"'ftinn.d08 a. Jm4'cila. cl~ ~nd.'"l livre .

D. M. o.• 4.365, de 21/11 - Aprova a.. condi· çiles p;ira o aluguar dai buracas para venda de br'.o· quedoe na Praça Lul• d" Camões. na ~poca do N;ital. * Aprova u oondlçõe& pen. a COllCe8Siio de lu­J?ateO pa.ra va>dt. de ponU.

D. M. n.• 4.371, de 28/11 - lodica o \'cr<lldor. ~l AJ1t6nio Azevtdo dos Reis paza mi. titnir o v..-..dor, eogenheiro JOI<! Street de Arr•P e Cunha, ·lutante ot teus impedimentos temponl.rioe. na Conti-.io ~lualcipal de Tràmito.

O. M. n.• 4.3U, de 14 112 - AptOVa as coodi· çõo.o .-peclaia de ali<mç.lo de oeis lot<s de temmo muoiupal. ,. E<cool& da Ajuda, ~ à com­~ ~ moradiaA onifamiUa.ree: de nove Jotc.s n"l Rua 6n. do Sitio do Alvalade, de6tinados & p<"6di"" ele ronda llmi!Adc\, o de um lote na Roa. Corgcl do Amaral, <ktotim<lo n. c:onatrução de um pt6dio d• n:-ndlm<>nto.

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Legislação e Jurisprudência

Leis, decretos e portarias de interesse municipal

1 de Outubro a 31 de Dezembro de 1949

o.. 3/10 - Da•do •. 37.~69 - Fixa o di.> 1Srl. para a eleiçao ~ral doe deputados à A..-mblei& Naciooal

o D•cr_·1,,.1.11 11.• ~7.670 - Promu.11!" a nova. I;ei Elei~~· •. \plica u disposições do in-ote decretcrlei à eleiçio do l'rco1den~ da República e A.a eleJÇCl<'< admmL<trativa9 cm tudo que não <9tiver -pecialmente "'~º na I..ci n • 2.015. de 28/6/9t8, e no Código Administrativo. Rev"l!ll as Le;. n.• s. ~'· 314. e 941. "" D<cn!tos n • 6.1S4 e 7.~43. O'I Decmtoo-Lei.• o.• 34.938 e 84.%8, e a Portaria o.• S.160. (D. G .. •·º ~15. l Sln•)

De 7/10 - D1e .. 1ol.r1 " .. 37.572 - lnltodu.. alterações DO o.rt. 132.• do Código do PT<>CellolO DOI Tribunais do Tmbalho.

e< Dte,.t<>Lti n.• :17.678 - Alt~ra vt\rins di•potições do Código Administrativo. (D. O .• "·º gu -/ Sim- Reetifieoçúo no D G. n.• ~JO, I Stln•. d• J/7/10).

De 81 10 - Da•dlo·Lt• n.• 37 .676 - r,_.tabf,!ecc a di•IAncia mlnima de alutamcnto cm ttlaçilo a.o1 crmil<:rios ou tt;labdrdmrnt"" qualificados como in""1ub..,.., incómodoo, tóxlcal ou perigoeos. doo terreooo <kstinadO> à constrnçllo de edilíclos e.colares - R.--oga o Decmto o.• 13.387, do 26/3/fl'J7. (D. O •• "·º 1111, 1

S"' ) O.. li 10 - D.utto-T.11 11.• 37.67~ - Rrgula a ilenção do impooto IObra •ocesoões e doações e de - pelas tnn>mi..CXS de 1n>0b11iârio por rltnlo ooeroeo. f D. G. N. rIY. I Sim).

Do Mi•iJtlno do l•leri" - Portaria d• lB/10 - Nomeia Vice-P"'8id~to da CAman lltanicipal de 71 wboa I..uls Pa.•tor dr· ~tacrdo. (0. G. •·º !l3•i. 11.'lm. d• HflO).

' De l 8/ IO - Durr10-Lt1 "·º 37.6QS - . Ei!tal><'lrcr que, pam ef•ito da clrição doe deputadoo à AllllCDlblcia Nacional, °' elcitoms munidos dt etrtuJ .. o a qur <e re!ei;e o nrt. 69.• do Dcc~I..ei o.• 81:610, de 8/l0/IH1l. "6 pockm ..,r admitidos a votar ·~ qualquer_ ...,...mble1a '"' IN'çl\n do voto do circulo eleitoral por cuja ârea se cnrnntrem rec•n<eados. (D. G n au. l SJrt•).

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Do MiniJtório do lntttiOt"- PortDnas .u 13/10- Autorl:ra a Càma.ra MWJ.iclpal de Lisboa a vender, com dispen"" de basta pública, vArias pa=W de tcrTCno situadas no Sitio de Alvalade, à Sociedade Cooperativa •O Lar Familiar», Sociedade Nacional de Fomento llfobiliârlo, Cooperativa de Moradias Eco­nómocas, e Cooperativa O Problema da Habitação, destinados à construção de casas de renda limitada pam .,. seus sócios. (D. G. "·º 11*3. II 51ria. d• 19/10).

Oe 14/10 - De•r•to-úi "·º 37.66JI - Extingue em 31/10 a Comissão de Fiscalização dos Levanta­m<ntos Topográficos Urbanos, criada pelo Docreto-Lci n.• 2~.091 e transfere os seus serviços para a Direcção Geral dos Serviços de Urbaniiação. - Revoga o citado Decreto-Lei e os arts. 7.• e 9.• do Decreto-Lei n.• 33.921 (D. G. n.• 111111, 1 Slri•).

De S/11 - D•cr•lo n.• 87.6117 - Desigoil o dia 20 do correote para a eleição de Procuradores à Càmara Corporativa em representação das :-.tlsericórdia;;, autarquiu loca.is e federações desportivas. ( D. G. n.• 1186. I Slri8).

De 17 /ll - Dse,.to "·º 87.611 - Autoriza a Càmara Municipal do Li•boa a expropriar, por ub1idade pública urgente, um pr«!io de habitação, sitnado na cidade de Lisboa, cuja demolição se torna inctispensável para a conclu!;ào do oovo mercado do Ch.'io do Loureiro.

o D•tr•lo-úi "·º 87.618 - Concede •o pessoal cujo salário diário, nos termos do Decreto n.0 6.690, de 10/6/919, tenha ~ido abonado relativameotA! a todos os dias do ano, incluindo domingos e feriados. o direito a que a pensão de aposentação lbe seja calculada com base no abono correspondente aos mesmos dias. ( D. G. n.• Jl46, 1 Sirie}.

Do Minisrfrio do lntttior - Portaria d• 9/lfl - Autoriza a Càmam. Mwtlcipal de Lisboa a a.!:enar com dispensa de basta póblica, ao Grémio dos Anna•enistas de Mercearia, vários lotes de terreno no Sitio de Alvalade, destinados à construção de casas de rcnda económica. (D. G. "·º 1189, II Sirie, de 16/IJl).

De 19/12 - Deu•lo·úi n.• 81.660 - Aprova a organização dos serviços do registo e notariado. (D. G. "·º R68, 1 S'rie).

De 2JJ/12 - U n.• !l.088 - Automa o Governo a cobrar durante o ano do 1960 as contn'buições e impostos e demais rendimentos o recursos do Estado indispensávei9 à sua administração linanceim, do harmonh com a.s leis reguladoras da respectiva arrecadação e a aplicar o seu produto às despe."'8 legalmente inscritas no orçamento geral do Estado decretado para. o mesmo ano. ( D. G. n.• !l71I, 1 Séri•}.

De 30/12 - D••,,to-úi "·º 87.?0!J - Adita novas disposições >os artigos n.0 262.0 e 826.• do Código do Registo Civil, aprovado pelo Decreto n.• 22.018, de ~/12/982. (D. G. "·º 1118, 1 SM•). * Decuto 11.• 87.116 - Regula a cobrança das receitas e lix" as despeo3$ do Estado para o ano Je 1950. (D. G. n.• R18. Supl•m•nlo. J Série).

li

Despachos, circulares e ofícios emanados do Governo

1 de Outubro a 31 de Dezembro de 1949

2) - Circu1aree

a) - Da Direcção Gttal de Admum~o Política e Civil

O.. 9 /10. n.• L - l/II, L.• 8-A, S.• R•f>. - Comunica que o Sub-secretário de Estado das Finanças, por despacho de 3/10. esclareceu quo desde que o art. 6?.• do Decreto-Lei n.0 37 .. 813, de 21/2/949. manda apenas apre•entar os documentos na secretaria, sem estabelecer que a licença anterior - na hipótese do § 1.0 do mO'lmo a.rt. 57.• - deva licar arquivada com o requerimento. não bâ lugar, quilnlO a ela, à exigên­cia do selo a que se refere o art. 89.• da Tabela.

De 18,'10, N.• S·l/1. L.• 4-A. Jl.• Rtp. - Está entendido pelo Ministério das Finnnças que 6 devida contr:buição indu•~ relativa aos emolumontos que, por virtude do disposto no corpo do art. 633.0 do Código Administrativo, pa=m a constituir ™=cita municipal.

2, no entanto, fom de dú,~kla. que nio está sujeita a tal cootri'baiç5o a pa.t'te emolume:ntar qao 11Cmprc pertenceu à Càmara, bem como a J"'rte das custas dos proces.os de execução fiscal, também per­tencente à Câmara. Pela dedução indevida da contribuição industrial, podem os c!Jofes de secretaria vir a. ser responsabilizados.

De 12/ll. N.• N-6/4, L.• B-A. 2.• Rep. - Quanto ao selo devido pelas licenças de porta aberta de hotéis, pen!ilcs, casa.o de hóspedes, b~arfa.s e Mtmelhantes, emitiu esta Direcção-Cera! o parecer de que, tratando-se de estabelecimentos que. pefu sua própria natureza, funcionam sem sujeição a horário, n5o devem considerar-se abrangidos pelo n.0 m do art. 106.• da Tabela Ce1111 de Impostos do Selo, nem ainda pelos arts. 106.• e 107 .• da mesma Tabela, sendo-lhes apeou aplicado o imposto dos n. 00 Vn e VII do rcferirlo iut. 105.• No mesmo sentido se pronunciou a Dii:cção·Ceral das Co'!tribuiçõeg e Impostos, cuja informação mereceu a concordâllcia de Sua Ex.• o Subsecretário do Estado das F111anças. por despacho de 8 do corrente.

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o.. HJll, ,\,• F·4/~. L.• 3·A, li.' R•p. - 1'o procesoo d• visita de lns~ aos aoniças de c.oata­bilidade, orçam•olo e teoourariA da amara ;\lunicipo.1 de . . . . • . . . . . foi evidenciada .. oeceaidade de "" definirem a.s atn'buiçõe9 de fllCalização por j'>ftrt• do cbele da secretarfa das C!maru, na hipótese do na t.esounuia privnüva funcionarem cumulath·;.i..mf'ntc A.til tesourarias de zona.a de turismo e de &erviços mu. nicip.,lizadO!I.

Relativamrnte AJ zonas de turismo ndmini•trndaa pelns juntns, o probloma não tem intere!l.<e, vioto

09 ,..,rviçoo do secrotnrla e tC50ura.ri:>. funcional'!'m lnMpcndentcmtntc dOI dos cft.marns municipais. Qoanto às zonu de turismo admini•tmd•• ptln• cAmaras. a competênrla do cbefe da secretari• pana

fucAliur a rospon .. bilídadr do te>oureiro 6 tão evid•nte, que não caroce str demonstrada. E porque 01 11en·iços d• contabilidade • t""°unaria da• rana.s tle turismo t&n escrita dif•rente da das dlJuua•. IAcll 6 ao chefe da ...ctttaria U•n:t'r eua mcaJizaçio. Apenas conridctamOI coovenlentc a cxiUncia d• um rolre Independente, ou, l'f'IO menOI, que o dinheiro &ej!\ guardado e con!l<'n·ado lpaitt, e depo!itado "'" Cabe& Geral de Depóoltoo, Cr&lito e Previdência DD!M conta subordinada ao título •Càmara Municipal de - Zona de Turiomo•.

Ficou, a'\Sim, o problema para !Cr apreciado com relação apcna• aos serviços municipalizados. Estudado o ... uoto DC!la Direcção-Geral, chegou-!C à conclusão de que, competindo ao chtfe da

9CCretaria •fiscnlirnr a tt•pon.<abilidade do tesoureiro11 e «assistir no fim de cada nno económico e l<'mpre que o julgue conveniente, à verificação da.• opcrnções de receita e de!pcs~ e «>ntagrm dos fondoe em cofre» (art. 187.0 , n.0 13.0 , do Código Administ."!Ltivo, e o.rt, \l.0 , n.0 1.0 , do Dcettto n.0 22.521, de lS/5/983), o.lvda mem>o que nl\ U..011 raria da Umom lunciorie cumulativamente a t~urnrla doo scrviçoe mumcipall· za.d°"• nenhnma outra entidade pode sob9Utuir'4C M chefe da secretaria na sua acção fücalizadora.

A•sim o quanto l forma de exercer a fi!calizaçlio .. fixam, com a coocordlncia da lmpecção-Ceral de Fwnaças, u normas qur a seguir ~ inumcram, sem prcjulzo de o cbe!e \la secretaria podeT eolicitar aos ,...r .. iços manicipalitad01 qu;Wquer clemrntoe que, para o efeito, lho par~ neassúios:

l.• - A!< operaç&s de receita • drs;>C!" doo serviços mnnicipalit:i~os a electuar nas ~rariu, rxecutar-~o em livroo e imp""'50S dirtintoo doe da! elmaras. noo termos e aegwido oa modelo apr<>­vados pelo Decreto n.• 2-.l.521

2.• - Do livro •Caixa» extrairà o trsoureiro. diAria e quinunalm•nte. e em duplicado, o balAnrete a que alude o § 4.0 do ut aa.0 do Decretn n.• 22.õ21, emtttgando-os no rhe!e d• secretaria que, por vez, rrmeterâ um oxempla.r, depois de por riu v~rl!icado, ao eon•rlho do Mhninistração doe oorviçoe municl palizadoe.

3.a - O. ..,..r«tivoo fundos dever-lo ter o.miadAdOd! em cofre diferente. ou, quando isro n~o seja possível, em compart1mrnto separado, e dOl'O"itadoe, oe que não tenham Imediata aplicação, em conta rrópria na Caixa Cera! de O.pótitOI, Cr6dito e Previd&lcia.

4.• - O. documrn'°" de despesa, sem preju!w do visto do director-dckg;ido doe seniços municipali· rados, de--cr;;o Rr vbadOI p<'IO chefe da aecr.taria do ('Amora, com o fün de o habilitar a exercer efoclh'a· mente a fiscali~o diAri& que lbe incum~. da mO\'UJl('Dt:lçáo e existb>Cb dos fundos l guarda do tesoureiro municipal.

6.a - NI\ secr~taria da amara existlnt urn livro •lo mod~lo 9, para a conta de re>ponsabllidade do tesoure.iro cm dinhc1rQ, ciocumcntoi; de cobrança. rec"°iLa eventual e documf"Ctoa de daipesa. dos eerviçoe mW1icipaliiad01.

6.• - Pu.ra t'X'rlturnç .. io deste livro catr"gnn\ o te~oureiro n.o chefo J:l secretaria. da Càmara. no fim de cada m~. os etg\tinteA elrmc.ntos;

a) Uma not<> do d!'bitoe. reafüadoo durant• o mGs. de doc:umtntnc do cobrnnçn virtual, com In­dicação do~ rendimentos ;i que respeitis:n;

b) Um tt:1umo da colação de cobrança. de onde conste, oeparadam•nte, a. importància global da roceita virtual e da receita e\;entual, ôlf'l"eiC4dArlu dunntc o mt!:s:

~) Uma neta elas anulações de <b:ufll<'ntoe dé cobrança '6tua1 t'frctaadoo dl11'&nte o mês, dilcrimina<4 conform~ a prcn.t>ni~cia das dividas:

d) Uma nota da importànda gloh.1.l rios l"'Pm<'lltoo cfectuados durante o mês, extra!da do rrspcclh'O livro de ...,g;.1o.

7.a - Todos os imprrsooe e livrO!I neces.ârios ser~o fornecidos l'f'1os acrviços municipalirados. 8.• - A hocnU.ação a exorcer pelo chefe da 1e<:retaria n.'io preju<liCA n compct!neia do Consrlho de

Administração dos serviços municipalizadOI para. moo1almente, conferir n tesounria no que proprlnmente se> refim aos me~mos sorvi('ot.

Tal conlcr~nci4, por6m, só podera fnzer-:.e corn a presença do chele da IM!Cretaria da. câmara ou de quem o sub5tltua. * N.• 0-1/ll, L 0 4-A, J!.• Rep. - Em cumprimento do despo<:ho mlnlstcr.al de 9 do corrente, exazado no proc0!$0 de visita de ~ç-Jo administrativa à Clmara ;\funiclJl'll de .•......•• , e afim de pór -termo às dú,idas existcntrs, comuruca, pano conhecimento das juntas de freguesia, o ""guinte:

As comi!<llld paroquiais de ass!st~ncia. °"º comtitalda! pela p<ópria janta de fregue!la, usistidJu pelo presidente dA asstmbleia-geral da ea. ... do Po,'O, pelo p6.roco e pelo prof<SSOr. Assim. alo poderi dírer-oe que foram subtraídas ls juntas de Ú'e!!l>C!ia a• >tribu1Çl5co do n.0 2.• do art. 2C.,.• e do art. 261.• do Código Administrati"º· que o art. i6-,0 do Decreto-Lei n.• 85.lQS, de 7 de Novembro de 1916, declara pertencerem às comissões paroquiais de a••1Stência . O que Jucede ~ que a junta de fregu., ia, ao uorcer tais atribuições, (>CISSOU a ser osmlida pelas refendas entidades.

Quanto à l'ª·"'''gem de certidões do cadnat.ro doo pobres e indil!'cntee. mantém·"" cm pleno vigor o regime do Código Administrativo, ttlóUltnnto doOI H tl.• e 7.0 do art. 8110.• e dos n.oa li.• e 3.• do art. 268.•

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Acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo

Publicados d e 1 d e Outubro a 31 d e D ezembro d e 1949

De 19/3148 - O dc.;pacho constitui mero aoto prepara.tório do proce:.i!O disciplinar, na parte em que mandou proceder ao ill(juérito ou prosseguir nele quanto ao agora. recorrente, e não pa!llOll de uma medida preventiva, na parle restante (Professor Marcelo Caetano, Manual ú Dírnto Admi>nstrativo, t.• od~ão, p. 47-l; Revista de Legislação e ]urisfm11lência, ô7.•, p. 70).

Em tais condições, o OOspe.cho nx:ocrido não é susccpdvel de recurso oontencioso, por a sua legalidade só poder ser aprociada no recurso que viesse a ser intcrpoeto da decisão final, a profe­rir no respectivo pt'OaS'lO administrati,o, conforme já foi décidido em acórdãos de 8 de Julho de 100.'< e 16 de Julho de 1!1411 (Colecçt,'es rc..pecth-as, a pp. 103'.? e WO): e, na verdade.

Para ostç Supremo Trib-Jnal podt- rccom:r-;e de acto. definitivos e c:x<lCUt6rios, mas não de act<io> fn-parntórios, como sanrrc se h.m 'l.'lltoochdo . .\córdãOli de r. de Xovmtbro de 193'i, 4 de Novembro de ltt1i; " 18 de Outubro de llL'39. na.. Colocc,õc:.. n"'pcctiv«~. a pp. ~. 1.833 e 78'2. etc., Dccroton.º 18.017, artigo J.•). (D. G. n. tJt, 11 Ser.e, G/W).

De 22. 3 - A nomeação para o lug,u qucsuonado era, por »et a primeira, de livre escolha do Ministro, de harmonia com o d<sposto no art. 16.• do Dccrcto-Lci n.• 33.{l.J.q, de 14 de No­vembro de 11>46.

A cireunstância de a entid:tde nomeante haver ordenad1> a abertura do coocurso documental para o competenic provill'1't'llto não fa:wr cessar o seu poder discricionário, visto a vinculação pro­vinda da lci, e não de acto do titular do rc.,p<'Ctivo direitx:>.

Th:mah., as norma.. reguJ;une:ntares de um amcurso aberto por 5impleto dc~o admi­nill!ral:i\a não coru1ituem pccaitos !ceais cuja inobseminci.t legitime o recun;o contencioso. (D. G. 11.• t.10, ll Séti'" de 3/10).

De 8 4 - O a.rtij:o 14.• do Oecrct1>-Lei o. 2!3.Is:;, de ~I de Outubro de 1003. fixando a competência do Supremo Tnbunal • .\dministratí,·o no Julgamento dos recur:.os das decisões prol"ridas em proce-<o• dilJciplinares, ,cd;J. a e>tc Tribunal conb.cccr da gravidade da. pena aplicada e da exi:>téncia matcri.U das Ww imputadas ao arguidos. salvo quando ae alt-gw:• drsvio de poder ou quando a lei fixe cxprcsuncnlt' quoc a pena, quer as condiç&s do txi'1~ da infracção.

Ota, no ca..-.o d<>" autos não 5'i oe n;o alegou desvio de poder ru:m 11e articularam facirJs em apoio dc:.>a arguiç-.10, oomo tambt"m não <>ra hipótese em que a lt>i fixasse a pena ou os elemooto3 a>Dl;titutivos da infracção.

O artigo -1:39.• do DtJCreto n.• :uoo diz apenas que as iolr.i.cçõe:; nele indicado.$ são «espc­cialmesioo» derenninantes das penas dos n ... 8.0 e 9.• do artigo 422.•

Se por um lado menciona. du:i..-. penas, por outro lado a expre::..ão uispccialmmte» e o seu texto revelam a todas a.s luzes quc a enumeração é simplesmente cxcmpiificativa e que se não a;tabcleccram as condiçõc,; de cxi~tência da infracçâo.

Cooseqw:nrementc, não compete a coJe Supremo Tribunal avaliar da pro\'a produzióa no processo disciplinar. ( D. G , 11. ~. li Slrie, ú Il f li).

De 2214 - A aJ),'lllÇão de nulidade abioluta da deliberaçio mpugn.'lda, baseia~ oa falta ~ apro\'ação des.s.t ddiberação pelo coniid.bo munic.'pal e, oomo se infere no dl'SCD\oh'Ímooto da i;ua alrsaçi<o, m<>ilica.a de estranha às atribt::.ções .:o coJ1lO administrativo. noo termos e para os efeitoO> do a.rtiGo 303.•, n.• J .• e § único, do Códito Administrati\'o,

Tal arguição, porém. é infundada. Se a ddiberação carocc de llprovaçào tutelar é porque foi tomada den:ro da compeldlcia

assinalada às Câmaras ~lunicipais e, uma wz que o exC'!'CÍcio de>.» competência se destina sempre ao de>;cmpcnho de artibuiçõ~ (Código .\dministrativo. artigo IH.º), é evidente que o e.xerclcio d..,,;c poc!Qr não podia !><'r c-;tranho as atribuições da Câmam.

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~e é certo que o carácter não l'X~utório da deliberação pode prcjudi.car o conhecimento da cxtl>xporaneidade. tam~m não é menos o:rto que, encarada a qU<i:>tão ao invés - e Dada se op& a ~ inversão - ,terlamos ontão a i'O"'<ibllidade de \"er prejudicada a aprccia.ção sobre a não t-xecutoriedade. em virtude da soluçiio dada à extemporaneidade.

Ka 1cmúDologia do contencioo.o administrativo o recurso anteposto de deliberação que não é txecutória dwcmina-sc «manif~truncntc ilegal», sendo motiV'O para indcferimonto in limine da pe­tição, e idêntica sanção sofre o rt'CUl'SO apresentado fora do tempo (Cf. Código Administrativo, nrt.igo 38!1.º, e Prof. Dr. Marcelo Caetano, Ma11ual, i.• edição, p. 6-14).

A extemporaneidade e a ilegalidade do recurso, se não provocaram o indefcrimento in limine, tomam a naturcu de excepções dilat6rias e pode delas conhecer-se no despacho saneador, por isso que se não devem considerar definitivamente arrumadas as qu<Slilcs que podiam ser motivo de indcfuimcnto in limrne (Código do Proceg;o Civil, § 2.0 do artigo 48:1.0 , ex vi do artigo 862.0

, do Código Administrativo) .

:\las para as aludidas exc<'pc;ÕCS, ao c:ootrário do que ,uade com as relacionadas no ar­tit;o ~l.0 do C6digo de Processo Civil, não há disposição legal estabel~ a ordem por que devem <;t>r apreciadas ( C6digo do ProcelSO Cit-il, artigo ooo.•). de sorte que, at:mdendo à dispo­sição por que aparecem designndas no àbdo artigo 383.0 e ateldmdo a qlJ(' é questão soscitida nas c:ooclusões da alegação da Junta recorrente, cm virtude do despci.cho profurido na primeira instância, deve naturalmente atribuir-se pn:farência à extenporaneida<tc. ( D. G. "• 264, TI 51.­rie, de 1~i11)

~ 15/7 - O recorrente acumul;1 com o lugar de prof~ do ensino técnico profissional, o cxorcfcio das profiSôÕeS liberai~ de advoga® e perill:o contabilista, cumprindo por is.;o deci<lir se o limite de 1.000$00 mensais, estabelecido no § único do artigo 3.º do Decl\'to-Lei n.• 32.688, de 20 de Fevoreiro de l!M3, que instituiu o n:gime do abono de frunma, é ou não de aplicar ao seu caso;

Esre preceito dispõe que «OS funciooirios que acumulam cargos do Estado, que desempe­nhat\:m funções dos corpos administrativos e nos organismos corporativos e de coordcnação eco­nómica ou que exercerem profissão liberal ou qualquer outra actividadc lucrativa não reriio direito ao abono se das referidas acumulaçõ..'S pcrccben:m mais de 1.000$00 ou se por tal facto e<tiverem colcctados cm imposto suplementar, salvo ~num e noutro caso, e n:i. hipótCBl da primeira parte do corpo c!cstc artigo, for sur-.rior a cinco o ni'tmero de filhos a seu cargo";

O r('Corrente entende que só para o ca.-.o previsto na última parte do parágrafo (exercício cumulativo de profissões liberais ou de <111alquer outra acti,;dade lucrativa. oom um cargo público) é que se aplica 0 critério de o funcionário e-lar ou não tributa.do em importo suplementar para ;;e lh,;, negar ou conceder o abono de f.unOia.

Porém. não obstante o onprcso da expressão "ºº 'Se ,por tal facto e;tiverem colectados em imposto complementam, l"ml de interpretar-se o referido preceito no ISOOtido de o abono não M?r devido quando o funcionário, acumulando o seu cargo ieom o cxercfcio de profissões liberais, auiim destas ma.is de 1.000SOO mensais, posto que não pague imposto suplementar; porquanto,

Soo~ d:vido o im~o suplem~tar da~ A, nos tenn05 da allnoa. b) do artigo 5.º do D~Le1 n .. 3~.127, ~e /> ~Fevereiro de 1941, s6 no caso em que, havendo a.cumulação, 0 venCllllento pnncipal seia supnor a 00.000$00 anuais, qu.i5-se prevenir, no falado preoei1D do § único do artigo 3.º do Decreto-Lei o.• 82.688, a hipótese de um funcionário rec:cbcr mais de 1.000$00 mensais do C.'l:erdcio de uma pmfi:.:;ão liberal sem que, contudo, esteja sujeito ao paga­mento do iropo&lo saplem~tar.

Este Supremo Tribunal já cm caso ~elhante ao dos autos decidiu, embora impllcitar mente, que o preceito em questão é de aplicar ao funcionário ~ Estado que acumule o seu cargo com 0 exercício de profissão liberal (AGórdão de 18 de Janeiro de t!l46, na Colecção ck Ac6rdãos, 7 5 vol. XII p. 67); (D. G. n.• 24-1, ll Smc, de 17/10).

D e ll/7 _ Se é admissível a roclificação da data do regil;to & entrada quando outro acto oficial indique data. diferente, não menos admissível é a rectific:açã.o de ambas as da.tas quando, como no caso de autos, se prove da mnneira cvidlente que ambas elas são incxactas: pois,

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A isso não obstam os artii,..,,. .>.'.lO. • e 621. • do Código de Pl'OOaltiO Civil, como não obstam à anulação baseada em erro, dolo, ~imulaç<i.o ou coacçào, cooforme os princípios gerais de direito;

Um desks princípios está consignado no artigo Gô5.0 do Código Civil, aplicável 6mlpre que, Por lapso, falta de a.tenção ou precipitação, se com1.-te qualquer inexactidlo material ou crro de escri~ ou de c.ilculo;

Em Ws coodiçôe>, a altu"aÇão das datas verdadeiras, sem ter havido ccviciação» nem ofraudci>, não prejudica a valid<lde dclb ac:1a; e usó d:I. direito à sua rectificaçãou, para que a ma­nifestação da vootade C01Tii6pOOda à verdade real;

Até os MTO~ de escrita ou de cálculo, quaisquer inexactidõcs materiais, d~vidas a omissão ou lapso manifesto que haja nas .;cntenç.as, podem 5'l"I' corrigidos por simples despacho ( C6digo tk Proct1$$0 Civil, artigos 666.• e OO'i.º); e, por isso,

Em face da prova constante dos proce6S06 apensos, devia ter sido rectificada. tanto a data doa recibos nos metidos papéis como a data do registo de ootrada dcbtes na Secção de Fmanças; (D. G. n,0 241, ll Série. tk 17(10).

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BIBLIOGRAFIA de pub l icações com interesse

entrad a s na Biblioteca Central R egi sto municipal

1 de O utubro a 31 d e Dezembro de 1949

Em Outubro:

Câmara Muniapal de Anp do Horoímio - R•la1ório da Gttft\cia M 1948. Câmana Municipal de ~"ora - Suvsçoe Muniàpati1ado1 - Rt:latÓTÍO e contat de 1948. Metropolitano de Lisboa - Ertatutoe. Lisboa 0110 Sécul0< de Hi11óri• - Fa<cleulo VIll - Publi<o~.'i.o da Càmnra ~lunicipal de u.i-. Lei El•i<oral - J:Ncn<10-Lei n.• 37.7'0 - (Cdmbm Editora. Ltd.•) . Boletim do Clmar• Munkipal do Porto - N ... GU~ a 70~ - S..t<mbro de 19•0. Rc>·i11a J\lunicipal - N .0 S8 Publ:C..çiio da O.ma:ra Municipal de J..i!;boa. Diário Munkipal - N .• 4 ·• • " 4 93 - Câmara Municipal de Lilbol..

Em No~anbro:

Cãmar3 Municipal de Matosinho- - SttviÇ'OJ' Municipalizados de Electricidade, Águas e Sane:inwnto - Reb­rório li contu <le 1948. Anuário dA Di~cção-6'-r;tf dm. Admlniura.çio Po1itica e Civil - 37.o a.uo-1944. Câmara Municipal do Bntroncammto - Código d• Poaturu - 1944. Câmara Muntcip~I de Ale:nquf"r - Relatório da Q-ré-ncia de 1948. Lei Elhloral, aootada por /OU CAi/'•• da Cn<i Filop.. lt•vi>•• Municipal - ~ .• 39 - PublicaçJo <I. C~rnara ~lw:.icipol de Li\bo:l Câmara MunKipal de Lisboa - 2.11 0rç&meftto •uplemeota.r ao ordi:nn-10 para 19'49. 7 7 Bolelim da Cim•ra Munícip•I do Porto - N . 703 a 707 -Outubro de IYl9 LiJboa 0110 St'cuf.,. de Hiuória - I asclculos IX e X - Publica.çlo da Càml\ra )fuu:cipal de Lllboa. A cidade de Gvor~ - Boletim da Com i&oáo Municipal de Turi>mo- N" 17·18-Alll> VT - \la.rço-Jacbo de 1019. Habí1açõea fCOllómic .. , pot L. Cu,doso To"'"·

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7S

Em Daembro:

Câmara Municip<&I de Ponafiel - Strviç.. MunlcipaliPdOO ele Águ• • 61octricidode - Relerório • contu de J!Ma. Junte ele Provinoo do Minho - Reletórlo ele 1949. Bol<ttim de Câmara Municipal do Porto - N ... 708 a 711- Novembro do 1049. Câmara Municipal de Anodie - Códieo du Potturu e Regulammtoo Muniàpa11. Raviou Municipal - N.• 40 - Clma.ra Muuicipo.I do LisboL Cootribuiçio .,... o •tudo da apliaiçio do c:ootabilldade à odmininraçlo público, por A. Rodripu .U Oli­., • .,. - Sepa:ata da R"'"'" /11.,.,c;f>lll U.- • o Tejo, por /""'i"'"' útt4o - s.p&mt& da Re'1isla Mw•i.cipol. A FftCUMia dl Suotiaio, par F,,,..,,. d1 Alldr..U - 9.• vol-- Pub~ da amaro. lhmidpo.I do Lbboa. o.ano M.uru.õp.1- N ... c.848 a C.378- Cf.mata. MmW:ipo.I de Lilboa. Do Sitio do Renelo e du - lpju ele Senta Maria ele Bolêm, par Jl4no d• s. ... ,..io Rib.íro - Pablicação da A.cademia Portugaea do Hiotóda.

Revístu:

Re..U.. dl ~o a JwWpnoclincia•

Ano 81.•- N ... 9.896 a 9.890 - /\no 89.• - N.• 9.000 a 9.908 .

Boletim do Miniotirio d• Juttiç81

N.• U - Seliembro de 1949.

ReTiata da Ordem doo Advopdoo1

N ... 8-4 -1047.

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DA GERAL

MU N ·ICIPAL» 1ND1 CE

«REVISTA !DESDE OS t'\l. 3b A 43)

AN O S DE 1948 E 1949

A AdminiJtrO\:io 1-.Ublic11 ( Vid~ Contnbu1(4o par4 o ~Jlttdo d,1 opl1a1ç.do do Cú1ttab1tidadf' d}

Alberto Pimeotd .••..........•...•..•...........••.. ~ •....... . ....•.•.•••..••...

Alfam• (l tde Trac · 1 t- lei qu , .. uw• (Cm.o' - Os troac.s a S.:u1to .. 4nt6r.to}

Anivttl<ino do P raid«nr• da Rq>Ublic& ........................ . .................. .

Anotaçz;.. topon..imic:as .......... , .... , .............................. , ...•. , ...... .

-~·~ 1 Agnn-lu de Lisboa- (do jo:rnl ... \ )lanhJI•, do Rio de jnneiro, da 7/2111-1.~ Sete Colinas.. . Sete PCCAdos.. • (ln: •Panoramt.•, n.• 18, vai. 3.• - Dnembro

do 19j8 - pégs. 20 • 22) ........................................... . }dilo \'.,..,., cm Portugal - Original fom<cido ~ ilustre direc:tor do lnstitot1>j

Fr&DCAo ...................... . ................ ••••• • ..... . .......... . Lis. . Otima. - Do livto 110 meu .Port1u:~._1 •• ( ,d_ bntlH" t!e \JmdC'a saio Palô.!o

1033, Compruihia t.titoni. NacioOAI ••• , .•••••••••.•••••••• , • • • • • . • • Ru:l"t dt• 1.iMbca-do Uvm 110 meu Portugal•. C";u.ilhcrmc de Almt·1cl.,, S:o Paulo.

1088, Comp;inbia Editora Naci0ll8l) .•....••••..••• . •••• • .•••. • ••••. · • •• Gnu1dtra de l.i"1>oo,- Artigo publicado no Jom"1 •A Vcrdaden, de 6/6/989 .... A Sedução de Lisboa - C<'>p!a extnúcla ela nilustnçJio Portoguma• - Emp,,_ do

Jornal •O Skulo•-2.• &'rie-7.•vol.-19~-Págs.12• a 128 ....•• A Conquista de U.1- em 1U7 . • .• . . . . . . . • • •• .• .••.... .. . . .••• •••••• •• • R«:tificaçio ........ • .•.••••• , .... ... ....... , , •.....••..•..•...•••••••••.•.. Os ant..,...k-ntes da Conqa1.>1& de Lúlxn por O. AJoD90 Henriqu"' - T""""'1çáO

ela R._-ista Cont<-m~ <lc Cultor.>. •BroMrW. -cJ.. Ahnl <l" 19H -Vol. XXXVUI - Fase. l , . . . • . . . . • • . ............. .

António Bno1 ( VoiÜ' (A) lição d1)

4() 23/2.8

43 52-!B

38 19/23

36 4lHB

36 42-!B

36 4.2·11

3S $1

38 5 1 38 51

4() ..: 41 4 1 ;)2-.lB 42 63·11

43 $7

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Onlgoaçio

B Baile doo Quinralinho1 (Vid• Po111ws d• Lisboa)

BãMt R .. ú (Vid• BanqJUJtts •)

Bairro Aho (l"ick Tradifõo li.sboeta q•u revive (l!t11a) - Os ''°"°' o Santo Antdnlo1

Balanço da Re.ptttast.a(.áo Municipal na Feira Popular de Patluivã . . . ..

Banquete• • Bailes RW.. ..•...............•....................•........• , •.....•

Bõbliogr.ofia (Vid• Secção /urldi•a) e Ci:impo GnuuJ.c~ (l"id1: Gra,.dn obros clta.duuu (A"}

Cancioneiro de Lisboa No Cblado (Do l.iYTO •A Musa em F6ti.>.') .•••••.•••••••••.••••..•. •• .•••••.•• Num ba.iJTO m(K!qrno (traru.crição do livro nC.c:i..-l.V.O VcrJe,,, Li.. ... 1100.. 1920) •.•.• • :\tod~ de tlo:cr (lm.nstriçd.o do livro uDit:i.mca. e ditérios,> - Glosas cm vetto de

1•llit.ul<>S on dizeres comu:nsn . . • . • • . . • • • • . . . • • . • • • ... . • • • .• • •..•.•.•.•

Casa dos Mira.adas na Ruo das Flores (A)

Cavalhada11 ( J"id~ To,..,.t'l<N - touradas tt)

Confuência_, Gentt- de Counbm no tt.'1'Viço de I.i&booJ. •• . ••• • •• • • • •.•••••••• ••• •.•••••• ••••• lliboo e o Tejo ..........••.. ........... . ....... ..• .••..... •........ . •.•... LL<boa 1800 ..••...•.•••...••••••....••.••..••••.•.•..•..•..•.••••..•••••.• Monsanto - A Paiso8"m • o Espírito ....... • ............•...•... •...• •.. •..• Vida em~ (A) ••••••••.••••.•.••.••••••••.•.••••••.•••••••••••••..•.•• l.Jfüamar oa topcalmi& do Lilboe. (O) . . .••.......••..••....•. • .•.......••••

Coueraso dai Copiu1it: f'CAlii.ado ~ Paris (Yldr Nota& sobrl!I o)

Coaquilra d• Li1boo •OI llfouroo (Vida Un• tpmàro da)

Conttibuiçiio para o estudo da aplkação da Contabilidade à Administração Publico {

Convento de Sõo Joiio de Deus (Vide Notas sobr• n Hospital R•al Militar no)

o Dom Sebaatiáo CBl·rei) ( 1'1d• F/u/1a> d•)

Donde \."eÍO o nome de Lisbo;i?

E Bocolo de GuÚll (Uma)

F l'ado lk"m tom ( Vidr Po.mus d• l'3bo«)

P..mt de Lilboa CA>

Frira Popular do Palhovii (Viu Balanço da Rep,.sentação Munr<ipal na}

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30 39

39

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117 38 43 41 37 41

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4Z

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41/4i

51/53 34/M

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45/M 5/lZ

S.16 B jl/st 5/10 5/14 11/17

57/65 59/ (>4

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ZS/28

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~···~ i '-1 ··~ ~~~~~~~~~~~~-

Com•moraçõo• do 802.0 aniv .... :irio do Tomada de Lisboa aos Mouros (At) • . . . . . . . . • . • 43 42·!8

Flech•• ele El-Rel D. Sebastião (As) . . • • • . • • • . . . . • • • . • • • • • • . • • • • • • • . • • . • • • • • • • . . . • 119 31 /33

Frigorífico do Novo Ma tadouro Municipal (Vide Grondos Probl•mos d4 Lisb04- Os)

G Go.ote de Coimbra 110 serviço do Lisboa

CuJJ.ferencia prole.-ida na Casa. oo Coimbra em I...io;boo., a 24 de Julho de 19·17

Grandu obru citadin .. - Campo Grande <A•) .......•.......•....................

Grandes Problemu de Luboa - O Fngorifico do Novo Matadouro Munldpal

H Hospjtlll Real Militar no Convento São João de De.,. (Vid• Notas sobra o)

Hospitais Militarea de Lisboa (Vido Notas sobra os)

L Legil~ão e Jurisprudência (Vid• S•CfáO jtuidica)

Lição de An16ftjo B.,... (A) Palavras proferidas quando da inauguração, em 16/8/948, da láp;da. mandada colocar no prédio da Rua da Madalooa, 2ó, para. comes:nomr o primeiro oentanádo do mscimento do político o coloniahsta .......................... · · · · · · · · · •

aLin.ha da Graçau e a uVata.nd.a de Alfama» (A) ..... .. ..... · · ........ · · · · · · · · · · · · · ·

Lisboa Para "" nunbas memórias de ..................... ..... · · · · · · · · · · · · · · · · · · .. · · Olmpo Gmnde ......................... . .......... ...... . .. .. ............ . Tomada (A) de - 006 Mouro& .................... ......................... . TCl'<cira rregucoia Católica (A) de- e a sua sede ....................... • .... - ao Amanboc:ec •.• .•.••• •. .• ••••••••••••••••••••••••••••••••.•..•••... . .. Escola de Guias (Uma) ......•. . ..• •..•... .....•........ . .. ..•.....•. . ..... Notn.s sobre os Hospitais Militares de ........•.. •...•.••.....•.............. . Chiado (No) - t:rono;cr'..ção do livTO «A Musa em F6éas>> ....•.•••..•••••••••

~.i:o ~":,ci~.~; rub:.1.;i;.;.; . : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : Grandes Problcmaa de - O Fàgorlfco do Novo :\Jalndouro Municipal ........ . . G<>nto d.e Coimbra ao seNiço do .................................. ......... . -o o Tejo (coo!erinela proferida em '24(10(047, na C. M. L.) ......•...•..... J.naugu ração <.ln. lápida mandada colocar no prédio da Rua da Madalt-na. 2.5, para comemora.. o prlmciro oentenário do nMcimento do polltloo e ook>n.ia.lista António E""" ....................... ..... · · · · · · · · · · .. · · • · · · · · · · · · · · · · · · · · · · Anota.çõcs toponímicas .... ..... . ........... .............. · • · . ••• • · .• · · · · • • • • Notá<> robrc o Hosp<m.J Real Militar no Convénto de S;Jo Joüo de Deu:. .••••.•• •• «Linha da Graçan e a .. vamnda de Alfama» (A) ........................... .

=/ea~ ~ &..;g.;,;.;,;:.;;;;(i ci·~:.:..-.,· :: :: : :: :: : : : :: : : : : :: :: : : :: : :: : :: Esta Palavra - .................... .. .................................... . . Alberto Pi.lllcntcl ............. .............. ......... ... .................. . . Ca&J. dos )Jimndas na Rua das .Florce (A) ..... . . .... .. .................... .

J.>oet!UIS de- ............................................................. ·il

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5/10 12(18 19/22 23/32 33/M 35/37 38/42 5 1(53 5(14

15,20 25/36 46/!14 5/12

13(18 19/23 25/46 5/10 11/15 16/18 5/22 23./28 29/38 39/40 31/32 59/ro

õ

81

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82

I ·-~ I_::_ ~lonanto - A Paila~ o o E.pinto . . • . • . . . . . • . . . . . • • • . . •. ••..•.... . ....• l'ltr.umc oa ToponínD& de (0) do - •••••••...•••••••••••••••••••••••.•••• Tculiçlo liobod:L que """""-O. - a Santo António (Um&) ••.... . . . .•. - DO 2 o Quarbol de Sei9olmtoe • • • • • • • • • • • • • • · . • ..• • • • • ... • • , • • ••• , •.•••••• • • Fei.-a de (A) - .................................... ..................... . l'loadCI \do o "°""' de - ................................................. . VWta do P~ do Coasclho Municipal de PaciJ, • - •••••••.••.•.•••••.• Quem n5o viu - ......................................................... . Xa r<CO<Votruçio de - ............................. • · · • • • • · .•• • • • • • .• • • . . . i1tto/011a d•- (Vid• A1ttulo,;u iú l..Hboa} Preça d& figueira que acabou o aq uela que a. antecedeu (A) •.•.•. • • • •...•••.. Q.....J10 da Conquista de Ll•'-.""" MouJOO (Um ) .................... . ...... . l~t.dmimio ~lonumeota.l o Artiotico (O) de - •• . •••..•••.•• , ••••..•••..•••••• v;.,1a do Gt111<frali.ssimo Fnux:llco Fzaoco, & - ........................... .. . Rua da Palma •••••••••.•••.•••••.•.•.••••.••.•..••••••.•••••••••••••••••• An1'-eniriO do Pre.ideote da Repóblica ••••••. . .. . •••••• • •••••• • •••••••.••••• NOYM ..taçõeo ~históric&a do9 &mldcn9 de - ....... . ................... . ll&lanço da Repr~ munidpal - Feim Popu!&I' de Palbavã ••••••.••.••••

U.boa 1899 Conler6ncia proferido. no SoJ.io Nobre doe Pao;al do Conc.tlho n& dia U de Outubro

do 1949 •••••..•• • •••••••..••....•• •• ••• • • • •••••••••.••••••••.•. • ••••

M Madrei:oa {l'uu Uma tradição lisboou qiu rwiv• - Os tro1101 o Sa1tto A11tô1tio)

Maio Mft>•"""' (Viu Pon..IU d1 l.isb<>o} Milap do Santo Antáoio (Vid• C.al'iollriro th Lisboa}

Monu.n10 - A PaiNgom ~ o E.pirico .••.. • ..•...•.•..•••••. ••••.•• • . . . . . . .......

Mounrie / l'id• i.·- trodoplo lrsb<Hlta 9"' '"°'v• - Os ''°"°' • s. .. 10 A1tl6'Uo}

N Nocu IOl>N o eon_.., du Copilalo rullzoclo cm Paris

Nota• llObN: o Ho.pital Real Militar no Convtnto de. Sio Joio ct. Deu• ........ . .... .

N otai eobre a. h0tpitai.t milit&re1 dia Liaboa ........ .. .. . ..... , ...... , ....... . ... .

o Ond• a tttr-. • •aba e o m:ar mmeça .

Olioiponontiu em ,..,.,.. de Espanha (Ume)

p Para H minhu manõriu de Lilboa

Patrim.mõo MonUJnf!nt&I e Artútico de U.bo. (0) ••.••••••.•••.•••••• • •.••.•••• • •••

Peditório pan u Almas Sant ..

Plano eudeciooo <Um)

Poomat da Litbo.: Fado IWl tom ........................................................... . Maio MemagW'o . . •••••••••• • • • • • · • • • • • • • • · • • · • • • · • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • Bail< doe Quintalinhos ................... . ................................ .

Praça da Figueira qua acaba e aquele que • anteadou (A) .. . ................... , • , •

'" 5j l0 41 11 / 17 41 19/ 2.5 41 26 41 27/29 42 5/21 42 22·.l 42 46 42 22

42 23/26 42 61/ M 42 47 /58 43 17/ '32 43 33/ 42 43 !IHB 43 !1'3156 u 58·lDEl'

43 S 16 t 43.'SS

41 5/10

219 19(28

lia 2.5(46

36 '38/42

43 53.'56

38 24

'37 21 / 24

36 5/10

'2 47/58

;'!') 29/ '30

40 33/38

40 :59140 41 '31 '32 42 58 !59

42 23/26

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Prf"tidt"nl" do Conselho Municip:al de Pari• • Litbo• (Vú:ita do) ..... • .•.....•.... • .

Pn.lvi•li-ncil'• MunicipaiJ ( l 'idt• Sn~ ãu juridi'4 )

Q Quodro da Conquista de Lubo• aoo Mouroo CUm)

Quem aio viu LiJib,oa •.• (da obr;a: ,.CaJend.ario de U...-• - y.,,_ de Silva Tavare&)

R Roco1ntn>(io de Lisboe {Na)

(da o bra de • Pina Maruque>. por F . A . Otivttra lllan:il>b- Préaúo \!Mixipal

42

42

Jólio de Castilho- 19•8 • • • • • • • • • • . • . . • • • • • • • • • • • . . • • . • • • • • .. • • • • • • 42

Rua dat Ft- (Vilü C4.l4 dos M.,ood8') (A) M}

Rua da Madalena (Vi<ú I.ifão dr A1116nio E•- (A)

s Saio do Ri.Ko CA) • • • . . • . • . . • . • • .•

Santa C.tarina, tttctira frecuHia cri.tti de Litboa? .............................•....

Santo António (J'idt Um(j ''adição Usbuttto qtu rtv1u1- Os tronos o)

Santo António - ( i 'td' '"•lagr# 4•)

Secçio Jurídica Provldl-nci.ae .\lunicipais

,,..~,fa~.io o jurisprud6ncia •. , ....... . ..... . ... . ........................ ..

Dibllograüa ................ .. .. .. .. . . . ............ . ....................... .

T•JO { V1d1 LL1b0<1 • o) T

Terceira Freguaia CarõJic.a de U.boa • a •ua Mele (A) ........................... .

Tomada do Lisboa aos Mouroo (A) •••.••••• , , • . . . .............................. .

42

39

36 37 33 39

'° 41 42 43 3Õ 37 38 39 40 41 42 43 ;)õ 37 38 39 40 41 42 43

37133

36

36

61 63

27/45

16 18

57/~ 67 68 M166 41 142 47/-fa 43/44 67 68 69·70 60/63 (l)/14 67/74 43·46 49/54 45.50 69'74 71/76 6Q 71 75/76 71 76 47/-fa 551~ 51/52 75176 57/M

Tl,'181!196'

83 23/32

19/ZZ

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84:

ToponimU. do llibool {l"id• O Ult'""'"' u }

Tndiçio U.boei.t que revive - O. tranca a Santo Antóoio (Uma)

T""'°" a S...to António (Vod4 U•11t1 tradi(4o /u/)<><14 qw• rroiu• -Os)

u Uhr:amu aa toponímia de u.i- (Ol

Palestia u.t.:gnMI& oa temana <W ColóGiu e lida em Mlllo promovida pela C. M L. a 8 do lllaio <16 1049 . . • . . . . . . . . • . .•••.•.••.•....... .. .....•

V

Vida e i:coo do Lã.- ................• ...... .. ..............•................•.

Vida .,,, Lia- (A) Confer&ncill. prolcnda no Salão Nobre d<lo Paços do Concelho, om 6 de Outubro

de 1947 ............................................................. .

Y-uit• a Lisboa do Goneralíuimo Fl'llOlâco Fr....,., CAl ........................... .

Vitita do p.-;c1on .. do CooJdho Municiptl de Paris, a Ldboa (A) ••••••••••••••••••

41

41

47 /:.O

19/U

11/17

11/15

5/14

17/32

22·1

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,

INDICE DOS COLABORADORES

A Amaral - VaKo Botelho do (0r.)

Anot:açõee topoll.lmicaa ••••••••••••••••••.•••••••••••••••••••••••••••• • • · • • • 19/~

Araüjo - Norberto de /\ Praça da Figueúa qw ~ o aquob quo a ao~ .....•....•....... ..•. 42

B Ban"OI - Joaquim Macedo dt (Or.l

~o juridia-~o e Jorioprud~ (Em todos oe ndmeroa).

e C....& d<P Oxeo"ierna lou«o)

!.•<bela DO 'l.• Qaaz1d de Seloc:entce • •• • ••• • • • .• • • · · · · · · · • • •• · .• · • • • • • • • •• • • 41 26

Cono-;a - A. A. Mendts (0r.) Uoode veio o uomo do Lilboal ••••••••••••••••••••.•••.•.••..•....•••••••• 42 5/21

CortH - F. R..-U (0r.) Uma •·Olisiponem;is• em t&ral da ~ •.•.••••.•.•••••••••.••••••••••••• 37 21/24

Cunho - Alfrodo do (Dr.) Mocice de Dizer (tra.nec.rição da. poelb iaaertA no ll\rtO «Ditnmes e Ditliriol» -

glooa.s em ver.io de "l>iL.ldM ou dir.cree comuns•) . • • . . • • • • • • •• 31) M/37

D Diu - Jaim<P LopH (0r.)

Uma tradiç.io lisboeta que revive - Os tnmoe a Santo AJrtóDio •••••••••••••••• O PIU:rimdaio l!Ollumental e Arti8tic.o de Lilboa •.••••••••..•••.••••••••••••

41 19/25 42 47/SI

E E11pinho - Joeé

F •I • "'>º da Ropr..,..,~o ~l u1úcl1"'I na Fclrn Populu de Palhavi .••••••••••••• 4l SS-11 85 l'.iati\'am - JoM:

=~:,'91!..= :-:vaii.:.d:.~ : '.: '.: '. '.:::: '.: '.::::: ·.::::::::::::::: ·:::: '.::: li• FIN:has de El-Rci D. ScbMtilo .••....••.•.•..........••.•..•.......•••• ,

37 41/44 38 47/50 39 31/33

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86

F Figueira - Luís

Um plano audadooo ........ • •. • • • · · •.•••..•• · .. · · .. · •••.••• · •.•• • · · · • • • • ·

Figueinodo - Cannen da \'i•la e 2coo de U.l>oA ••

Ff'ança - Camarete :-;o.-• ectoç.;.. pró-hlot6ucaa doo a:redoreo de J.llboa • • • • • • . • • . • • • • • • • • • • • , •.•

Fttitu - Man.. Brak Lamy Barjona do ,\ t«eeira ~ c&tõlica de Lllboa e a na sede ••••••••••••••••••••••••••

G Ciio - MAnu•I R. h...0010 . .-J)

:\<>ta. IOb:e °" boop11&is militam de Lisboa •••. .. •••••••••••••••• , ........ . No0w., .obre o lfoopil.U Rtal ~Ulit.u no Convento de São Joio de Otua

Gwm.ariu - Lui• de Oli,.'t!i.ra <Dr.) Albrrto Pimentel • • .. • • • • ......

L Leal - MmdH - e V1ualo o Silva <13n&·")

Ctaodes prol>~ de Usboa - O Wgoríüco do Novo llata<louro Municipal .•••

~.tio - Joaquim Liaboa e o Tejo .................................................. .

Limo - OurvaJ p;,... de (0.-.)

O Ult.-am:ar m topoaimla de Lw- ....................................... .

M M.'lftdo - Luís Putor de

A "Linh& d& Craça .. e a •Vam.ndA de A1fa.mu

Machado - Fernando Falcio Gente de Caimbra ao <OrVlço de ~

l\farqud de Rio Mi:aior A Casa dos M.ir.uidas "" RUA da.s Floree

Marta -Cardoso Lisboa ao Amanhecer ••••••••••••••••.•••••••.•••.••••••••••••••••••••••••• MiJar-e de Santo António •••••••••••••.•.•••••.•.••••••..•••••••••••••••.•.

Monins-F. A. 01iv8n A Lição de AAtt.oio F.nmm , ••••••••••••••••••• •.•.••• •••••• , ••. , •••••• , •••.•

M•tmo-Rocha A Tmnada de Liobo& &0e lloan» , .......................................... .

PocmM d4 Lisboa.· Fado Sem Tem . . ...••..•.•.•••....•..•.... . ...........••.•...•........... Maio lleosageiro ............•••......•.....• · ...•..••..••.........•••..... Baile doo Qaintali.nhoe ••••••••..•.•.•.••..••••••••••••.••••••••••.•.•••.•.••

40 33/38

11 / 1!!

4() 23/28

37 25,36

38 !!/12

41 11/17

l!9 !!/10

37 4!!/!14

40 29/32

36 33134 41 40

38 13 18

36 19 22

36 !!/ 11

40 3Q/40 41 31/32 42 !!8·GB

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o Olivtira - AJ11onio Rodri&l' .. de (0..)

Conmhui, o par.• o ~o da ~o da Cootabilid:1"'e à Ad.mi11útn1çio Póblica (cootin.-çio) •. . . • . • . • • .................................. .

p Poço - AfonllO do ICop.)

Lioboa bO e uciONim Ribatejano .......................................... .

Ptttira - Acúrcio L .. .,... 18''9

Pioro - Américo Cortn (0..) ll.,_lo - A l'a..ogcm e o Etpfrito .•..•..•.•.•..••.....•.••••••••••••••.•.

Pinto - Au~uJtO t'ma ~" dt gui.'8

a Quodroo - Lui• de

Aa graOO<= olo<:IS citadUWI - Campo c......i.. ................ .............. .. \"isita do GCOt«all!lllimo Franc:io.:o Fmoco a U.00.. ........................... .

R R~belo - Augu••O de s .. Viana CDr.)

Nold.., "°1""" u C"<lny t'-'"-.O das C&pàUL. f'('ttli.r.adu rm P~

s s .... ros - Card0to doe (Coroooll

000. a tttra .., acaba e o ma.r <OllleÇ&

Sequeira - Gutta\.O ele Mac:o.

~<~º-~ • .;,;.:.· ·Sa",;~· :: : : :: : : :: : : . : : : :: : : : : : : : : : : : : ::: : : : : : :: : : : : :1 A Feira d~ W- .. . ............................... ............. .......... . Quadro da Conqui•ta de Lbboa aoo ~lolroo (Um) .......................... . Rua da Palma (A) ........ . .............................................. .

Silva - Augurto Vieíra da (Sng.o) Santa Cat.uin.., terceira !reguezia. crut.l. do U.boa7 ...••.• • ... •..•... • ••....• A Stila. do ru.co . .. .. . .. . . .. . .. .. . . . • . . . . . . • . . . . . .. . . . .. . . • . . . .. ...... ..

V V....-Jo • Silva e M<ndn Lul ( Eng.•)

Gr... ~ l"®l<mu J., Usl>Clll - O tuionfA'o du !\o\'o M~ouro \l ooiclpol

VdollO - P.• Agostinho Esta palavra ,.tJtboa,o ................ ......... ................. , ......... .

37 38

37

41

37 39 41 42 43

39 42.

37

S7/65 59/6'

IS/20

S/10

35/57

12/18 17132

20/30

5/14 29130 27/29 61 63 33/42

87

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88

1ND1 CE DAS GRAVURAS

Alfam• A

Doill aspcct°" ( Vid• 7·,o"os ã Stiuto A.nt6t1lo)

Ano.na! d• Marinha (ano do 1886) R<produçào ,1...,.. I~ da 6poca . • ........ • ••• • • • •..........•.••.•.• Outros 11Speci<>ol • • •••••• • ••••••••••••••••• • • • •••••

A_,_ (novo) - Manuel LaP" (d-.iho de) ..•..... · · · · · · ·. · · ..•......•........

B Bairro Alio ( Vid• Troa°" o Sor.10 .ial61<io)

Dois aspecta. .•• .•.••••.•• • ••.•••.•. ••• .

BarcCNI no Tejo

Campo Grande Q114tro aspectoa ••••.•••••

e e•"•

&wtx> Antón!o-Aquedutx> du Aguas Uvrce-VarlM-Uma. palmgom do Lisboa, - M"nt><'I La.pa (~o de) ••••••.•••••••••••••••••••••••••.•.•.• . •••

C&:ave!A- J. E$pinho (d-..bo de) .••••.•••••.•...•••...••...•••••.•.•..••

Confuria de S...u CHuina de Ribamar (Vid• ~fmuucrilos} Doí& aspectoe • • • • • • • • • • • • • • ••••••••••.••....•.••••••••••••••••••••••••.•

Congroao dos Capitaia realizado •m Porit Um aspecto da llO!ISão plcntlrin de aberto rn ··································

o 0..-hoe, portadas ,. abttt....,. de artigos

N.• 88-Páginu 3. 5, 12. 18. 19, l!~. 92, 83, 3õ, 37 38, <til. 43, ti H, 49. 50, 1)1, Gil, 58, 65, 57, 69. 60. 68 o n.

N.• 87 -P:\ginas 8, 6, 15, 20, 21, 'J.l, 26, UG, n. 44, 46, õ6, 67, 66, 67, 6d, G9. 74 e 76.

~.• :l8 - Págil..., 3. 5. l~. 13. 10, 23. 21, ~. i6, 4i, 51. 65, 57, 69. 65. G6. 6i e 76.

1'.• 39 - P'....- S, 5, 9. 10. 11, 15. 18. l'J. 28. 29, llO. 81, 33. 34, 3G 37, 39. 41, ~e 48.

N.• 40- Páginna 1. 5. 22. 2a. 28. 20. :12. ua. 39. 10, 41, ·16, 47. 18, 10. 61, 55 e 66.

l\,• n- P~i.nat 1, 5. 10, 11. l'i', 19, 2$, !17 29. 81. 88, 40, O, !~ 44. H. 51 e 52

N • 42- Pâii'inaa 1. 5. 21. 23. 27. IG. li 68. 59. 61. 83. 64. 65. 6i, 68, 69, 74, 75 e 76.

N.• 43 -1, ~. 1~. 17, 32, 88. ~ó. 53. 5G. 57. 66, 67, 69, 70, 71, 76. 77 e 78.

42 40o.l 42 4().J!CD

43 !!

41 24-C

42 46·A

36 16-.lB

36/39 40/43

r.aua ca111

~ 28·.lB

39 24-.l

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------r=1 -~·

E

l!nt<tTO de D. Manutl (Vid1 Alatuaoritos)

Bxéquia1 no funeral dt O. Monuel ......... ............... .. · · ................... . 41

································ . F

Podutaa 0871) ....• ··························································· :50

Peira du Ben .. -1792 ........ . ... ....................... ............. ......... . 40

Polra Popular dt Palbavl Fotcmontapm . . . ....... • • · ...... · · • • .... · · • · · ·" · .. · · · · · • ·' · • · · · · ·' .•.• ·' Pavilhio de ExpOl'açll<9 da C. M. L. - PlaotA de distribuição ••.••••••••••••• Seis asp<etoo do Pavilhão . . . . • • • . • • • • • • • • • • • • • • .. • • • • • • • ..••••••••••••••

42 42 42

Fripüico do NovO Matadouro Municipel Plazita eoquem4tica •••••••••••••••••••• • • • • • • .. • • • • • • • • • • .. • • • • • .. • • • • • • • • • 37

Alç•do lalaml ~ P!Ano do conjunto ............... ··········· ........ . 37

lnfantt O. H..,,;q.,.. pttpanndo a armada dt Tanpr (0) • . . .......... • . , .•. , .• , . . 36

L Lhbo•

Uma rua de ••.•••.••••.•.•••••••.•••.••••••••.•••••••••••••.• Uma ctdlB d..,. """' de ................................................... . 1660 - Extra.texto do livro .s. Jolo de Brito• - Ma.nuel L31"' (d_,bo de) Rua do Arco Marqu6s de Alegrete •...•.••.•••••••.••••.••••••••..••• •.••.••

t~ ~~=:'c1o~~ ;.j;,;,jci~ . .i~·Pi,ri;·~·.:.:'c!ieb.~i·······1 Plantas eoqum>Olti.c:&a de - ....................... : .................... : : : : : :

~= ~=: :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: !EE ~: i ::: :: :: :·: :::::: ::: :: : ::: :: :: :: :: :: :: :: :: :::: :::: ::::::::::

Visita do Ce11'lnl!INlimo Francisco Frn.nco, a - ............................ .. 1

36 :w 36 37 40 • 2

42

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10-.l

42·1

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58-1 SS·B 58-EF

30-.l) 36-.ll: ru. h•ll

28·.l 32-Ã 54'.l

Pái. llDIJ 22·8CD

28-.l 32·.l 36-.l 38-.l '3

" 24-.lllCll

89

Page 101: N Ú M E R O 43 4.0 TRIMESTRE

90

M M .. draeoa (l'itl4' f'u"'M u Snnto A"tó1un J

Dois "-'!""'°" .. . • • • . . . . . . . . • • • • . . • • • ••• . • . •.•••••••••. .. ••• ....•• •..••• •.

r.i-.-n .... Trte.bo d> Coa.linmção do Campn..W..0 dll Santa Cat>tba da Ril>amar • • • • • • • 11'1"" "• Coml.-mação • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • . • • • • • . • • • • • • ••.•.. •.••••••• ••••• ~·'e I> lll:unJel •••••.•••••••••••• •... •••••••••••••••• •••.•••••• ••• •

M•tre de Saota Auta . . , .•... .. ........

Milaa..,rtt de Santo António Pintura oo aatoc d""""1l<ci00 CArlns R1!...uo (d<l<!Dho de) •

M-to Um .upocU> - lbnuol Rodr.guee (.,..,,.,ho de) •••• •• •••••••••• •

Mouraria ( llid• TroMn o S4nto .4.nttS"lnJ Dod ••pocl<lo ••••.•••••••••••••••.••.•••••.••••••••••••• ..••.. ••.• ..••••

p P•çoo do <:onttlbo

ADívon;&no Jo P~ da Rorüblic:a •••••.•.•••••••• , ••••••••• •.•••••• •••• s..;- ~ ·"""" COllle!IlOtaU,.., do l<U"l • '"'""""1rio da Tomada dt' l.hb<ia ..., )loaroo

P.t.00 do Cort.:o Real, "'•to do nuunt• para poftU• .

Palácio Gaheiat (Vide f",posrp.io dt f';ratot;ra.i)

P•vilhio de Exi-içõeo da C. M. L. (l"íàr F<lru Popo111.r <1<' PolhovJJ

Plontu -iuernat.ca• (Vul• U..b<HI}

Planta dM out.truçõoo ( 1 i4• r....boOJ

Praça da Figuirini R. Criotlno (<lellroh<> de) ..•••.••••.•••....•.•.....••..••...•...•...•..••• • :\s saloi..<.t1: \'('f"Mlcndo M. . . . • • • • • • • • • • • • . • • . . . • , • , ••.••••..•••••••• ,

p..,.;~t• da República Um aspocto U.. _.., ool"°" prai<lld\ por Sua Ex.". -.llz.ada no SAião Nobre

iM l'llç<it• do (",,.,.,..lho. <'<llnttmraÚv& do - 8-0.• anivarário natalicio .•• •

Quartel cio B. S. B. Q

Um aapcc:to d • ccwin!Ónia da apooiiçl.o do media.lhas aoe •rwlc>rc. bombeiroo<

Qumta d• S. Vicmta V""'3a peçu llt.icu mcoo.tn.daa no loai.I, cujas mAt.!riaa prúnu utilizado• pom

fabri<o d' i.-umentoo lotam o ..UOX». o •QUAtUo• e & quartxitr• -3 fig..,.., ..................... ·••··· ··· •·•••·• •·······•••·••••··

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Extnu:t.o dum •1u.~ perten~.uto ao \llr.'etl das J~L>a Ventee- Vma d:' ••.•

Rua do Arco Marquit d• A)logttt.e •

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Rua do Ouro Vista por ,,....ao do coooótcio d• Sua Maj~ a Rainha. O. EaàiA.ala ••••• •

Rua Nova da Palma P1anta do uptoe.to do ..bortma. D08 moadoe do RcuJo XYl • ••••••••••••• • • • • • • • •

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Sala do Ritco s

Cinco Mpectoa ···························································· Saloiu (VWo Ptuça da FíK•nra)

Sanca Ca1arina Quadro do plow quinhentista Aotóolo Vu - (Foto CS.. Lal9 Rei& Saqtxla) T.magmi de .••.••.•••...••.•.•....••...•••.....•....••...••.......••••...•.

Santo António ~!&nucl Lapa (~ d•) • . . • • . • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • . . • • • • ............. .

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~o plenária ( rlll• Convu<o dos Caf>ctoís rtaliMdo "" Paris)

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Um up<eto- Bamazdo ,latq...,. (~de) Tronoe a Santo Ant6n.io

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