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Boletim de Conjuntura Nº44 Junho 2018
Índice Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos p.1
Conjuntura Macroeconómica e Política p. 3
Conjuntura Legislativa e Regulamentar p. 4
Estudos e Publicações p.4
Destaques na Comunicação Social p. 4
Tema destaque – Conta Satélite da Saúde 2017 p. 5
Evolução do Mercado e dos Encargos do SNS com Medicamentos
Mercado Ambulatório
Evolução do Mercado Farmacêutico
Em Junho, o mercado ambulatório decresceu face ao mês anterior, mas
registou crescimento homólogo, quer em valor, 3,7%, quer em volume, +2%,
com vendas de 156,4 M€ (PVA), resultado da dispensa de 20,4 milhões de
embalagens.
No acumulado do ano, o mercado regista um crescimento homólogo de 1,9%
em valor, em linha com o crescimento em volume de 1,5%, resultando num
preço médio unitário de 7,51 euros, com uma dinâmica homóloga de +0,4%.
Em termos absolutos estas variações traduzem-se num acréscimo de 8
milhões de euros e 1,8 milhões de embalagens vendidas.
A dinâmica de crescimento em valor, no acumulado do ano de 2018, resulta
do crescimento de ambos os segmentos de mercado, marca e genéricos,
que contribuem com 0,8 p.p. e 1,2 p.p., respectivamente, para a variação
homóloga em valor registada.
As classes terapêuticas (ATC3) no Top 10 de vendas, em valor, são as que
abrangem os medicamentos usados na terapêutica das doenças crónicas
mais comuns, e totalizam 35,1% das vendas no YTD 2018. O destaque no
mês de Junho mantêm-se na classe dos Anticoagulantes Orais, que
assumindo 4,3% de quota em valor, registam um crescimento homólogo de
38%. Em sentido inverso, os Antihipertensores (ARAs), na sexta posição de
vendas, registam uma redução de -11,8% em valor e de -3,4% em volume,
e os Antidislipidémicos, que na 3ª posição, estão a reduzir -16% em valor,
apesar crescerem em volume em 2,7%.
Mercado (PVA) Jun.18 V.H. (%) YTD 2018 V.H. (%)
M. Valor (M€) 156,4 3,7% 951,6 +1,9%
M. Volume (M. Emb.) 20,4 2,0% 128,1 +1,5%
Preço médio unitário 7,66 +1,7% 7,51 +0,4%
Fonte: IMS; Valores a PVA
YTD 2018 Quota Valor
Inibidores da DPP-IV 6,4% ↑ 3,2%
Anticoagulantes Orais 4,3% ↑ 38,0%
Antidislipidémicos 4,0% ↓ -16,0%
Antidepressores 3,6% ↑ 2,5%
Antipsicóticos 3,5% ↓ -0,6%
Antihipertensores (ARAs) 3,2% ↓ -11,8%
Insulinas 2,8% ↑ 0,9%
Antireumáticos NE 2,6% ↑ 0,1%
Antiasmáticos em associação 2,4% ↑ 4,4%
Antiépiléticos 2,4% ↓ -2,2%
V.H. (%)
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Boletim de Conjuntura Nº44 Junho 2018
Mercado de Genéricos e Mercado Generificado
O mercado de genéricos registou, em Junho, vendas de 31,3 milhões de euros (a PVA), correpondente a um crescimento homólogo de 5,9%, resultado da dispensa de 6,4 milhões de embalagens, que também a aumentou 4,7%. No YTD 2018, o mercado dos medicamentos com classificação formal de genérico continua a crescer, totalizando 191 M€, com a venda 39,4 milhões de embalagens, que equivale a variações homólogas de +6,2% e 4,4% respectivamente. O preço médio unitário, no YTD também acompanha a dinâmica de crescimento, para os 4,85 €, V.H. de +1,7%.
Este mercado está assim a crescer acima do mercado total, e é um dos principais implusionadores do crescimento global no ambulatório. Este aumento deve-se em parte à entrada de novas DCIs: Ivabradina, Ezetimiba e Ezetimiba+Sinvastatina.
A Quota do MG no ambulatório atinge os 37,9% em termos unitários, mas o Mercado Generificado, no mercado ambulatório comparticipado, que abrange os medicamentos formalmente classificados como “genéricos”, e ainda as “cópias” e “originais” cuja patente já expirou, atingiu, no MAT a 2º trimestre de 2018, os 86,9%, em termos de volume unitário.
Evolução dos Encargos do SNS
Os dados disponibilizados pelo CEFAR, mostram que os encargos do SNS
com medicamentos dispensados na farmácia aumentaram em Maio face a
Abril para os 104,9 M€, a que corresponde todavia uma redução de -0,7%
em termos homólogos. A evolução em termos de volume foi similar, com a
dispensa de 13,4 milhões de embalagens, mais 0,5 milhões que em Abril,
mas com uma V.H. de -1%.
Em Maio, o número médio de embalagens por receita médica manteve-se
pelo 3º mês consecutivo em 1,77, o que representa uma redução homóloga
de -1,6%. Já o encargo médio por receita de 14,04 € representa uma redução
homóloga de -1,8%.
Desta forma, no acumulado a Maio de 2018, os encargos do SNS com
medicamentos no ambulatório totalizam 516,9 M€, com a dispensa de 66,9
milhões de embalagens e uma taxa média de comparticipação de 64,1%. Em
termos homólogos, estes valores representam crescimentos de 2,0% em
valor e volume, resultando num encargo médio unitário de 7,72 euros, valor
igual ao do mesmo período do ano transacto.
Mercado Hospitalar
Evolução do Mercado Hospitalar do SNS
De acordo com o relatório do INFARMED, de monitorização do
consumo de medicamentos hospitalares, verifica-se que no
acumulado de 2018, a Maio, os encargos somam 510,7 M€, a que
corresponde uma variação homóloga de +6,1%, i.e., +29 M€. Apesar
das flutuações mensais, a tendência de crescimento mantêm-se.
No que se refere aos gastos por área de prestação, verifica-se que
80,4% do valor é gasto no ambulatório hospitalar, já em termos de
gastos por áreas terapêuticas, verifica-se que a oncologia, o HIV e
Artrite reumatóide/Psoríase, constituem o top 3, totalizando 56,2% do
total dos encargos.
Em termos de utilização verifica-se também um aumento em termos
homólogos de 2,4%, para um total de 106,6 milhões de unidades.
Fonte: INFARMED e CEFAR (valores a PVP);
Quota de Mercado Generificado (n. unidades)
– MAT 06.2018
Fonte: IMS Dataview
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Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica
O valor da dívida das entidades públicas à Industria Farmacêutica,
monitorizada pela APIFARMA junto das suas associadas, voltou em
Maio à dinâmica de crescimento, tendo a dívida total subido 891 M€, ou
seja, mais 53 M€ num mês. Igual tendência se observou na dívida
vencida, que aumentando 33,2 M€, totalizou 633,9 M€, continuando a
ser a grande parcela, representando 71,1% do total. O prazo médio de
recebimento cresceu assim para os 325 dias, continuando muito acima
do prazo definido pela Directiva.
De acordo com a DGO, os pagamentos em atraso dos hospitais EPE a
fornecedores aumentaram em 50 M€, em Maio em relação a Abril,
totalizando 705 M€, que corresponde a 72,6% do total das entidades
públicas.
Conjuntura Macroeconómica e Política
Evolução dos Indicadores Económico-Financeiros
De acordo com a DGO, a execução orçamental do SNS, no acumulado
a Maio, tem um saldo de – 122,5 M€, representando uma melhoria de 28
milhões de euros face ao período homólogo, e que se traduz num aumento
de 4,3% da receita, superior em 0,9 p.p. ao da despesa.
O maior contributo para o aumento da despesa ficou a dever-se aos
fornecimentos e serviços externos (2,2 p.p.) – onde se destaca a despesa
com produtos farmacêuticos (0,6 p.p.), os meios complementares de diagnóstico e terapêutica (0,5 p.p.) – e às despesas com pessoal (1,0 p.p.).
Já a variação positiva na receita resultou, essencialmente, das
transferências correntes (que aumentou 150,3 M€).
Fonte: APIFARMA - empresas associadas (medicamentos e de DiV)
Dívida das Entidades Públicas à Indústria Farmacêutica (M€)
Fonte: INFARMED I.P.
Fontes: DGO e ACSS
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A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor em Junho de
2018 foi de 1,5%, taxa superior em 0,5 p.p. à do mês anterior. Nas classes
com contribuições positivas para a variação homóloga do IPC salientam-
se a dos Transportes e dos Restaurantes e hotéis. A classe com
contribuição negativa mais relevante foi a do Vestuário e calçado.
De Acordo com o BdP, no 1ºT de 2018 o défice público foi de -0,9% e a
dívida pública reduziu para 126,4%, valores que se aproximam lentamente
das previsões para o ano em curso.
Conjuntura Legislativa e Regulamentar
Legislativa
Centro de Conferência de Facturas - Foi publicado o Decreto-Lei
n.º 38/2018, que transfere para a Serviços Partilhados do Ministério
da Saúde, E. P. E., as atribuições de gestão e exploração directa do
Centro de Conferência de Facturas do Serviço Nacional de Saúde.
Regulamentar
Medicamentos Comparticipados - Lista dos novos medicamentos
comparticipados com início de comercialização a 1 de Junho,
fornecida pela Direcção de Avaliação das Tecnologias de Saúde
(DATS) do INFARMED.
Estudos e Publicações
Relatório Primavera 2018 – Observatório Português dos Sistemas
de Saúde divulgou o relatório de 2018 onde é feito um balanço da
acção governativa e analisado o estado da Saúde em Portugal. O
documento aborda os recursos humanos e sua a governação, as
assimetrias geográficas e a despesa com medicamentos, com
destaque para o tratamento da diabetes. É também feita referência à
aposta “emblemática” da actual legislatura na reforma do SNS, tarefa
que considera ser exigente, e está longe de ser ganha. Ao nível da
política do medicamento, a atenção dos investigadores centrou-se na
análise nas assimetrias geográficas da despesa com medicamentos.
A despesa nacional per capita com medicamentos foi de
aproximadamente 200 euros, sendo que a média nacional de despesa
out-of-pocket com medicamentos rondou os 71 euros.
World Health Statistics 2018 – Foi publicado o Relatório anual
produzido pela OMS.
Conta Satélite da Saúde – O INE publicou a síntese estatística das
contas da Saúde para o período 2015-2017. O documento mostra que
a despesa corrente em saúde aumentou 3,0% em termos nominais
em 2017, a um ritmo inferior ao do PIB (+4,1%), desacelerando
relativamente aos crescimentos de 3,3% em 2015 e 4,4% em 2016. A
par destes dados foi também publicado o documento “Estatísticas da
Saúde - 2016”.
Destaques na Comunicação Social
A organização da Convenção Nacional da Saúde (CNS), que reuniu
cerca de 90 instituições da saúde, marcou a agenda do mês de Junho.
O evento contou com mais de uma centena e meia de intervenções,
destacando-se a presença do Presidente da República, que defendeu
que Portugal deve ter uma Lei de Bases da Saúde com princípios
claros, mas flexível quanto a orgânicas e estruturas, e apostar num
“equilíbrio virtuoso” entre público, privado e social. Marcelo Rebelo de
Sousa, que tem defendido um “pacto expresso” sobre este sector
antes das eleições do próximo ano, apelou ao planeamento de longo
prazo na Saúde, defendendo que “as metas e os caminhos a definir
Fontes: INE e BdP
Indicador 2016 2017 1ºT 2018 2018 P Gov
Défice Público (% PIB) -2,0% -3,0% -0,9% -0,7%
Dívida Pública (%PIB) 130,0% 125,7% 126,4% 122,0%
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devem ser, em tese, de longo fôlego – e por isso ultrapassando um
Governo, uma legislatura, um mandato presidencial”, insistindo num
acordo com “o maior denominador comum entre partidos e parceiros”
e que combine ambição e realismo.
A CNS foi um palco privilegiado de debate da Lei de Bases da Saúde.
Maria de Belém Roseira, presidente da Comissão para a Revisão da
Lei de Bases da Saúde, anunciou que o documento que deverá ser
apresentado ao Parlamento em Setembro, vai prever financiamento
plurianual em recursos humanos, equipamento e infra-estruturas,
assim como recomendar uma redução do investimento que os
portugueses têm de fazer para “gozar de boa saúde”. A ex-ministra
da Saúde defendeu que o país precisa de “ter estabilidade nas
políticas” e que estas “incorporem a evidência científica e a cultura da
avaliação”. Por sua vez, o Ministro da Saúde, Adalberto Campos
Fernandes, disse na Convenção que prevê que a nova Lei de Bases
seja aprovada no próximo ano, a tempo do 40.º aniversário do SNS.
Foi também em Junho que a polémica da deslocalização do
INFARMED para o Porto voltou a ocupar o espaço mediático. O
relatório conduzido pelo grupo de trabalho independente, constituído
pelo Ministério de Saúde para avaliar os riscos e potencialidades da
mudança, defende, nas suas conclusões, que a deslocalização do
Infarmed para o Porto poderá melhorar a produtividade e a eficiência
do instituto público, uma vez que ocupará instalações mais
adequadas do que as actuais, no Parque da Saúde, em Lisboa.
Em reacção ao relatório, o Conselho Directivo do INFARMED
anunciou em comunicado que “da leitura efectuada cumpre informar
que há várias matérias que têm de ser cabalmente esclarecidas, por
estarem descontextualizadas e poderem ser mal interpretadas”.
Tema Destaque – Conta Satélite da Saúde 2015-2017
O INE, como é usual, publicou em Junho a Conta Satélite da Saúde,
2015-2017e, onde são apresentados os principais indicadores dos
gastos em Saúde em Portugal para o período considerado.
Os dados apurados mostram que a despesa corrente em saúde
aumentou 3,0% em 2017, a um ritmo inferior ao do PIB nominal
(+4,1%), desacelerando relativamente aos crescimentos de 3,3% em
2015 e 4,4% em 2016. Por outro lado, a parcela da despesa pública
cresceu mais do que a despesa privada, passando a representar
66,6% do total face aos 66,2% em 2015.
Assim em 2017, a despesa corrente foi de 17.344,8 milhões de euros,
9,0% do PIB, correspondendo a 1.683,9 euros per capita. Dados
detalhados ainda só estão disponíveis para o ano de 2016, sendo
possível avaliar onde se gastou e quem pagou.
Onde se gastou?
A maior parte da despesa com saúde em 2016, 42,2% do total, foi realizada nos hospitais, sendo também os prestadores com maior crescimento
homólogo, 5,0%. Os cuidados em ambulatório constituíram a segunda parcela de despesa, 27,3%, registando uma evolução homóloga de 3,4%. Já
as farmácias, sector privado, registaram um crescimento de 1,5% e a sua actividade contribui para 15% do total da despesa. Os serviços auxiliares
(onde se inclui o transporte de doentes e os meios de diagnóstico) representaram 5% da despesa, e cresceu 3,5% face ao período homólogo. Estas
4 categorias de prestadores concentraram 89,5% da despesa, sendo que 50% foi realizada por prestadores do sector privado.
PRINCIPAIS PRESTADORES
(REPARTIÇÃO DOS GASTOS CORRENTE EM SAÚDE EM 2016 POR TIPO DE PRESTADOR, %)
Fonte de Dados: INE, 2018
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Boletim de Conjuntura Nº44 Junho 2018
Quem pagou?
Os gastos com saúde foram pagos maioritariamente pelo sector público, 66,6%, ainda assim as Famílias, com dinheiro directo, contribuíram com
27,2% para a despesa corrente em saúde. Em termos de evolução homóloga, ambos os sectores registaram crescimentos face a 2015, mas maior
no sector público, 4,7%, o que, de acordo com o INE, se deveu à conjugação do aumento do consumo intermédio e dos custos de pessoal,
nomeadamente nos hospitais.
As famílias concentraram a sua despesa nos prestadores privados (40,8% no ambulatório e 14,3% em hospitais) e nas farmácias, com 24%.
PRINCIPAIS FINANCIADORES
(REPARTIÇÃO DOS GASTOS CORRENTES EM SAÚDE POR TIPO DE PAGADOR, EM 2016, %)
Fonte: INE, 2018
A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (APIFARMA) foi fundada em 1975, sucedendo ao Grémio Nacional dos Industriais de Especialidades Farmacêuticas, instituição
criada em 1939. Actualmente, representa mais de 120 empresas responsáveis pela Produção e Importação de Medicamentos para Uso Humano, Vacinas, e Diagnósticos In Vitro