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contexto regional PUBLICAÇÃO LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIMEP ANO 2012 – EDIÇÃO 28 – JULHO Foto: Matheus Calligaris POR UMA PIRACICABA MAIS VERDE Cidade não recebe certificação ambiental POR UMA PIRACICABA MAIS VERDE Cidade não recebe certificação ambiental ENSAIO FOTOGRÁFICO ENSAIO FOTOGRÁFICO O jeito caipiracicabano de ser em imagens e poesia O jeito caipiracicabano de ser em imagens e poesia TEMPO FRIO TEMPO FRIO A triste história dos que vivem nas ruas A triste história dos que vivem nas ruas

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Unimep

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Page 1: Na Prática 28

contexto regional

PUBLICAÇÃO LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIMEPANO 2012 – EDIÇÃO 28 – JULHO

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POR UMA PIRACICABA MAIS VERDECidade não recebe certificação ambiental

POR UMA PIRACICABA MAIS VERDECidade não recebe certificação ambiental

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TEMPO FRIOTEMPO FRIOA triste história dos que vivem nas ruasA triste história dos que vivem nas ruas

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julho/2012 • edição 28 2 opinião

VITRINE SUSTENTÁVEL PRIMEIRO PLANO DA IMAGEM

Mariana Balam

O papel do formador de opinião e dos veículos de comunicação é deliberar ações voltadas a assuntos socioambientais, assu-mindo seu papel educativo. É de respon-sabilidade, também, cobrar adequações das administrações públicas, empresas privadas e associações. As informações precisam ser veiculadas com a finalidade de instruir a população e interagir com soluções adequadas, mostrando que cui-dar do meio em que vivemos é obrigação de todos. Porém, como as pessoas irão agir sem as informações corretas?

Nenhuma sociedade pode estar isenta dos recursos que auxiliam no comporta-mento e cuidado com o meio ambiente. O dever jornalístico de informar, orientar e educar o interlocutor - em questões so-cioambientais - poderia ser prioridade na mídia. Deste modo, os jornalistas têm que agir com ênfase na informação pedagó-gica e na conscientização. Por sua vez, os veículos de comunicação não procuram ocupar um papel de destaque em temas relevantes sobre o meio ambiente e sus-tentabilidade.

O problema pode ser solucionado com o auxílio fundamental da comunicação. Os indivíduos, do mesmo modo, preci-sam, na prática, acatar as informações. A Educação Ambiental deve ser implantada em todas as unidades escolares, para essa conscientização se propague ao decor-rer dos anos. Não podemos levar como exemplo, a televisão brasileira aberta, que mantém como prioridade, o mundo cão do jornalismo sensacionalista, que visa chocar, e não informar. O que devia ser audiência em um meio de comunicação de massa que atinge a maioria das resi-dências: benefícios ao mundo. O sonho pode virar fato, se a mobilização for, pri-meiramente, do cidadão.

Não de apenas um indivíduo, mas tam-bém daqueles que buscam por meio dos estudos: o Jornalismo. A preocupação com as orientações ambientais foram destaque nesta edição. A compensação ambiental, o desmatamento, o selo Mu-

EDITORIAL TEXTO

Jessica Lopes

O tema escolhido para a 5ª edição do Simpósio de Jornalismo não podia ser outro: “Jornalismo e Democracia na So-ciedade da Informação”, já que vivemos uma era de avalanche informacional, e justamente por isso, a figura do jornalis-ta torna-se fundamental, inclusive para a manutenção da democracia. Num mundo onde só o que tem visibilidade é consi-derado importante e relevante, o público se torna espectador (e muitas vezes re-fém) daquilo que os veículos midiáticos exibem, sejam notícias sensacionalistas, modelos de conduta impostos pela pu-blicidade e mídia em geral ou “artistas” e “ídolos” lançados forçosamente pelos meios de comunicação de massa que vi-sam apenas o lucro, e não a qualidade des-ses produtos. O resultado são as imagens transformadas em meras mercadorias.Porém, apesar das excelentes palestras de

Celso Schröder (presidente da Federação Nacional dos Jornalistas) e a mesa-redon-da “Jornalismo Regional e Integração de Plataformas”, quem chamou a atenção foi o fotógrafo americano Matthew Shirts, que abriu o simpósio com a palestra “Fo-tojornalismo e informação: A experiência da National Geographic”. Foi com o au-ditório verde repleto de alunos, ex-alunos e convidados, que o editor chefe da Na-tional Geographic discutiu a importância das imagens no jornalismo atual. A revis-ta, que surgiu como uma Sociedade Cien-

tifica com 33 membros em 1888 e atual-mente tem aproximadamente 10 milhões de assinantes em todo o mundo, é editada em 34 idiomas diferentes e representa o que vivemos atualmente: a imagem preva-lecendo na comunicação contemporânea.Comum na rotina não só de jornalistas

(e principalmente fotojornalistas), a frase “uma imagem vale mais do que mil pala-vras” define a importância do momento. Apesar das várias imagens que passam em nossa frente todos os dias, algumas se des-tacam e ficam na memória por um longo tempo. O fotojornalismo nada mais faz do que apresentar um novo ângulo para o olhar daquele que vê a imagem, levando a reflexão a partir daquilo que se vê.No entanto, para discutir e refletir a res-

peito das imagens é necessário tempo, algo raro para a maioria das pessoas. Por isso a importância de parar e analisar com calma as imagens corriqueiras e que pas-sam batidas em meio à rotina, uma vez que dali pode surgir algo inesperado ou até mesmo a “tal” inspiração que faltava. E foi a respeito disso que Matthew Shirts falou, dando como exemplo o tempo que cada fotógrafo levava para fazer uma matéria. A imagem, que vai comunicar e atingir o leitor, é que fica em primeiro plano. No caso da revista (e da vida, por-que não?!), o texto fica em segundo plano, sendo que as imagens, mais que mereci-damente, ganham todo o destaque.

nicípio Verde e Azul devem ser debatidos em todos os Municípios. O enfoque deve ser, principalmente, no futuro da humani-dade, a favor da existência e do meio em que vivemos.

EXPEDIENTE: Jornal laboratório dos alunos do 5º semestre de Jornalismo da Unimep – Reitor: Clóvis Pinto de Castro – Diretor da Faculdade de Comunicação: Belarmi-no Cesar Guimarães da Costa – Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão – Edição: professora responsável Ana Camilla Negri (Mtb: 28.784) - Editores assisten-tes: Carla Oliveira e Mariana Balam – Editores de diagramação: Jessica Lopes e Matheus Calligaris - Editor de fotografia: Matheus Calligaris - Repórteres: Aline Miranda, Ana Pau-la Rosa, Beatriz Bernardino, Camila Figueiredo, Camila Tatie, Carolline Beraldo, Fabiana Barrios, Fábio Mendes, Felippe Limonge, Filipe Sousa, Flavio Hussni, Graziela Landucci, Isabela Borghese, Polliani Coracini, Renato Fernandes, Laila Braghero, Larissa Molina, Mariana Bittar, Marina Izabel, Matheus Calligaris, Michele Trevisan, Natalia Mendes, Patrícia Milão, Suzana Carrascosa, Vinícius Andriota

Foto: Matheus Calligaris

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edição 28 - julho/2012 3esporteSANGUE, SUOR E MEDALHASSuzana StorolliFlávio Hussni

Piracicaba, Rio Claro e Santa Bárba-ra d’Oeste representarão os Jogos Olímpicos 2012, nas modalida-

des de tiro esportivo, com Filipe Fuzaro, basquete, com Guilherme Giovanonni, natação, César Cielo, e hipismo, Luiza Almeida. A conquista das vagas é muito almejada por atletas de todo país, por isso a comemoração dos convocados é gran-de. Ansiosamente, jogadores, nadadores e esportistas esperam pela competição, que tem início em 27 de julho, em Londres.

No tiro esportivo, Filipe Fuza-ro, 29 anos, é campeão da décima edição do Campeonato das Américas, que foi a competição divisora de águas para a con-quista de uma valiosa vaga nas Olimpía-das 2012. O atleta de Rio Claro diz ter iniciado a paixão pelo esporte com ape-nas cinco anos, enquanto acompanhava o pai nos treinamentos e competições pelo Estado de São Paulo. “Sempre pe-dia que ele me deixasse dar um tiro com a espingarda, calibre 12, nos “pratinhos”, diverte-se o atirador, que já coleciona títulos, medalhas, prêmios, reconheci-mento nacional e internacional. Sobre a conquista da vaga olímpica, Filipe rela-ta com entusiasmo: “Estou lidando com um hobby que era o tiro de uma forma profissional, e atualmente tenho treinado em torno de 300 tiros por dia, em média de seis horas por dia. A meta é ficar entre

os finalistas da competição”, completa. Outro atleta que representará a região é o ala-pivô de basquete, Guilher-me Giovanonni, 32 anos, piracicabano que iniciou no esporte aos sete anos em uma escolinha da cidade. As atuações nos clubes, ainda nas categorias de base, segundo o esportista, chamaram a aten-ção dos técnicos das seleções de base e em 1995, quando foi convocado pela primeira vez para Seleção Brasileira de Basquete sub-16. Cinco anos mais tarde

Guilherme recebeu a notícia do técni-co da Seleção Brasileira no ano de 2000, Hélio Rubens, de que foi convocado para a Seleção Brasileira Adulta. “Os maio-res incentivadores foram meus pais, que sempre me motivaram a praticar esportes. Quando escolhi o basquete recebi total apoio”, disse o ala-pivô. “Meu maior ob-jetivo é realizar bons jogos nas Olimpí-adas, ganhar o maior número de vitórias possíveis e trazer uma medalha ao Brasil”. Luiza Almeida representará o Brasil no hipismo. A jovem cavaleira nas-ceu em São Paulo, mas sua família é de Piracicaba. Já é a segunda vez que ela par-ticipa de uma Olimpíada, a primeira vez foi aos 16 anos em Pequin, tornando-se a mais jovem da história olímpica do hi-pismo. “Minha maior paixão é representar o Brasil. A minha família está honrada, principalmente meus avós”, comemora.

Aos 20 anos, a atleta conseguiu a vaga olímpica, e irá disputar em Londres a prova de adestramento, na qual precisa conduzir o cavalo a fazer uma coreografia. Luiza começou a praticar saltos aos seis anos, e a partir dos 12 se dedicou somente à modalidade que a fez conquistar a me-dalha de bronze nos Jogos Panamerica-nos de 2007, no Rio de Janeiro, além de se sagrar Campeã Brasileira Sênior Top

Representando a região, o mun-dialmente conhecido César Cielo é o nadador barbarense que irá representar o país nos Jogos Olímpicos de Londres. O atleta coleciona conquistas, recordes mundiais, reconhecimento nacional e in-ternacional. Com a boa participação na seletiva do Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro, ele conquistou a vaga olímpica para Inglaterra, onde compete nas provas de 100m livre e 50m livre. “Em Santa Bár-bara o pessoal sempre me acompanhou desde pequenininho, sempre colocaram no jornal minhas conquistas”. Com ape-nas 25 anos, Cesão (como é chamado pe-los amigos) já ganhou o reconhecimento de ser o melhor atleta olímpico de 2011 pelo Prêmio Brasil, ganhou o ranking de mais rápido do mundo nos 50m livre, dois ouros no Mundial de Xangai, quatro no Pan de Guadalajara além de record sula-mericano. Tantos prêmios internacionais não o fazem esquecer sua origem: “Ver o pessoal daqui, para mim é sempre le-

Evangelização A Igreja Batista Memorial da região também vai marcar presença nos Jogos Olímpicos de Londres. A barbarense Bruna Largueza viajará com um gru-po de 180 pessoas para pregar palavras do bem e ensinamentos do amor de Jesus aos turistas e atletas: “Essa ideia surgiu em uma pregação na minha igreja, onde o Pastor Marcos Gra-va falou sobre missões e convidou os interessados a se juntarem nessa cara-vana. Acho que será uma nova experi-ência em minha vida”, ressalta Bruna. Igrejas do Brasil inteiro vão repre-sentar o país nas Olimpíadas através de seus fiéis, e Bruna está ansiosa trei-nando o inglês e preparando as ora-ções para evangelizar em outro país. “Meus pais e familiares estão con-tribuindo, mas também a igreja vai ajudar com as ofertas missionárias. A Junta de Missões Mundiais que rea-liza esses projetos já fez vários traba-lhos como esse. Na Copa do Mundo, na África, e nos Jogos Panamericanos, no México, outro grupo estava presen-te evangelizando também”, finalizou.

Foto: Divulgação

Foto: Ney Messi

Filipe Fuzaro vai representar o país no tiro esportivo

No hipismo o Brasil vai contar com Luiza Almeida

gal, sei que vão continuar me acompa-nhando”, comenta o bicampeão mundial.

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julho/2012 • edição 28 4 economiaO B O O M DA V E Z N A R E G I ÃO

Crescimento econômico faz com que cidades como Limeira, Piracicaba e Santa Bárbara d’Oesteaumentem seus centros de compras, construindo ou ampliando shoppings centersFabiana Barrios

Filipe SousaMichelle Trevisan

O desenvolvimento econômico de cidades como Limeira, Piracica-ba e Santa Bárbara d’Oeste vai

muito bem obrigado e tende a estar ainda melhor nos próximos meses. Isso porque a geração de emprego e renda saltará com a inauguração de cinco shoppings, sendo dois em Limeira e um em Piracicaba e Santa Bárbara d’Oeste. As obras dos no-vos centros de compra da região dão mos-tras de que o consumidor não terá somen-te uma opção para fazer suas compras. “Eu não vejo a hora de Santa Bárbara inaugurar esse novo shopping. Aumentam as opções, vêm outras lojas, dá para comparar os preços e também, claro, ter uma nova opção de lazer”, co-menta a barbarense Flávia Sachetto, que é frequentadora assídua do Tivo-li Shopping, até agora o único centro de compras da cidade. “Eu ‘bato perna’ aqui toda semana. Seja para jantar, ir ao cinema ou comprar”, conta aos risos. Bom para o consumidor, mas muito melhor para a economia das cida-des. Limeira, por exemplo, ganhará dois shoppings. As dependências do antigo Limeira Shopping – localizado às mar-gens da rodovia Anhanguera, no bairro Egisto Ragazzo, e que fechou suas por-tas entre 2004 e 2005 – receberá agora o Center Limeira, com investimentos de 70 milhões de reais. O Shopping Nações é o outro centro de consumo em construção, esse na rodovia Limeira-Piracicaba no Km 116 – próximo à rodovia dos Ban-deirantes. As obras em estágio avançado estão avaliadas em 255 milhões de reais. Os novos shoppings limeirenses são projetos audaciosos, mas que não de-vem prejudicar o Pátio Limeira, único em atividade no município. Quem garante é o empresário e presidente do Conselho Deliberativo da ACIL (Associação Co-mercial e Industrial de Limeira), Reinaldo Bastelli: “Vislumbro com bons olhos. Os shoppings são distintos, cada um com seu objetivo. O foco do Nações será regional e daqui há alguns anos a Rodovia Limeira--Piracicaba se transformará em uma gran-de avenida, que logo será uma das maiores do mundo em empresas que produzem peças automobilísticas, muita coisa vai ter ali”, argumentou. “Já o Center Limeira é

de rodovia, um percentual de pessoas que trafegam ali poderão usufruir, mas vai atrair em maior escala pessoas das cidades mais próximas, como Araras, Engenheiro Coelho, Rio Claro e Arthur Nogueira”. Celso Leite, administrador, pro-fessor universitário e consultor de empre-sas, também compartilha a opinião de que os novos shoppings devem se preocupar mais com a clientela regional: “Se depen-desse só dos consumidores locais, seria difícil os novos negócios decolarem. Os pontos em que estão, porém, viabilizam a manutenção deles”, disse o consultor. Os viajantes têm que fazer parte dos objeti-vos, segundo Leite: “Os dois novos es-tão estrategicamente inseridos em locais para abordar também o público viajante”. Achou longe se deslocar até Limeira? Que tal dar um pulinho em Piracicaba? Na teoria, Piracicaba vai ganhar apenas um shopping novo, o Park Taquaral. Mas o já existente Sho-pping Piracicaba será remodelado do-brando sua capacidade. Previsto para ser inaugurado em 2013, o Park Taquaral terá, aproximadamente, 72 mil metros quadrados, 210 lojas, 28 restaurantes, um cinema, e, ainda, estacionamento para aproximadamente duas mil vagas. Para não ficar atrás, o Shopping Piracicaba lançou um projeto de amplia-ção, que dobrará o seu tamanho atual. De acordo com a assessora de imprensa do

shopping, Luciane Gomes, as reformas devem ser finalizadas no primeiro se-mestre de 2013 dando lugar a um “novo” shopping. Com a ampliação, o espaço abrigará 122 novas lojas, totalizando, com as já existentes, 267. Também terá mais 400 novas vagas de estacionamentos, um dos principais problemas do modelo atu-al. Questionada sobre a construção do novo shopping no Taquaral, Luciane ex-plica que “o espaço do Taquaral é outra região, composta de outro público”. Com a reforma, de acordo com a assessora de imprensa, o shopping pretende aumen-tar em, no mínimo, 15% suas vendas. Santa Bárbara d’Oeste também está a todo vapor com a construção do Vic Center. O primeiro empreendimen-to Open Mall da região. “O conceito de Open Mall é utilizado e consagrado mundialmente em diversos lugares, com corredores abertos, áreas verdes, pro-porcionando um novo ambiente para a experiência de compra dos clientes”, di-vulgou em nota a assessoria de impren-sa do empreendimento. O VIC Center contará com pelo menos quatros grandes lojas, chamadas de âncora, sete de porte médio, fast food, cinema 3D e boliche. Christovão Silveira, secretá-rio de desenvolvimento do município, vê com bons olhos o empreendimento. “Nos transformaremos em um dos pólos econômicos mais promissores da Re-

NOVA CHANCEFilipe Sousa

Após anos de crise o extinto Limeira Shopping encerrou suas atividades

e boa parte dos limeirenses passou a consumir em Piracicaba e Campinas. Agora, o renovado Center Limeira ajudará a diminuir muito esse qua-

dro. Entre os motivos que levaram o negócio a falir, Reinaldo Bastelli diz que a má gestão foi um dos fatores principais: “Aquilo era um balaio de

gatos. O investidor brigava muito com os lojistas além de a administração ser ruim”, relembrou. “O Shopping

que existiu ali não abria aos domingos e isso era péssimo. As pessoas que usavam a Anhanguera não podiam ir ao shopping para almoçar em um intervalo de viagem”, opinou Celso

Leite, que também cita a administra-ção precária do passado: “A má gestão e a dureza do sindicato contribuíram

para o fracasso. Aquele shopping tinha tudo para dar certo. As margens da Anhanguera e não sobreviver? O pouco investimento em anúncios no entorno da Anhanguera ajudou na

crise também”, concluiu.

gião Metropolitana de Campinas”, con-ta, ressaltando que o processo de seleção das lojas e o treinamento profissional estão previstos para começar este mês. O economista Reinaldo Domin-gos avalia que novos centros de compras significam expansão para a região e não perda de clientela. “As cidades grandes têm vários centros de compras e nem por isso perdem seus clientes. São Paulo, por exemplo, chega a ter três shoppings no mesmo bairro. Cada qual desenvolve seu público diferenciado e atrai não só os con-sumidores locais, como regionais”, opina. A construção de novos shoppin-gs tem crescido acima da média no país. De acordo com a Alshop (Associação de lojistas de Shopping), 766 shoppings foram construídos em 2010, número que subiu para 802 em 2011. Dos 113 sho-ppings em construção no Brasil, 67 se encontram na região sudeste. “Há espaço para todo mundo”, completa Domingos.

Foto: Matheus Calligaris

Shopping Tivoli de Santa Bárbara d’Oeste sofrerá concorrência de outros centros comerciais

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edição 28 - julho/2012 5agronegócio AGRONEGÓCIO PARA

FUTUROS JORNALISTASV Prêmio ABAG?RP de Jornalismo “José Hamilton

Ribeiro” estimula estudantes universitár ios

Laila Braghero

A ABAG/RP (Associação Brasi-leira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto) promove

nos meses de maio e agosto o V Prêmio ABAG/RP de Jornalismo “José Hamilton Ribeiro”, que incentiva estudantes e pro-fissionais de jornalismo a se interessarem pelo trabalho jornalístico dedicado à divul-gação do agronegócio regional e nacional.

O projeto envolve seis eventos em várias cidades e fica de responsabilida-de do participante comparecer em, no mínimo, três. Ao final, o candidato deve produzir uma reportagem, seja para mí-dia impressa ou audiovisual, com vei-culação na universidade. O melhor da categoria profissional recebe o prêmio de cinco mil reais, e o vencedor da ca-tegoria estudante ganha a última versão do iPad lançada até o mês do resultado.

Para a jornalista e assessora de comu-nicação da ABAG/RP, Valéria Ribeiro, o projeto é essencial para estimar o agrone-gócio brasileiro, que recebeu da mídia a figura de setor anti-tecnológico, nocivo ao meio ambiente e que explora mão de obra: “A ABAG foi criada para valorizar a ima-gem do agronegócio, apresentando o setor para as pessoas, para que elas o conheçam e façam o próprio julgamento”, comenta Valéria. “Queremos que as pessoas en-tendam o setor pelo que elas conhecem, não pelo que elas estão ouvindo falar”.

A Agrishow, maior feira de tecnolo-gia agrícola do país deu início ao ciclo de palestras e exposições do Prêmio, reunin-do no dia primeiro de maio agricultores e investidores de várias partes do mundo, com soluções inovadoras para o agronegó-cio em 36 hectares de estandes. Estiveram presentes cerca de 50 estudantes de 12 fa-culdades do Estado de São Paulo, incluin-do a Unimep, os quais tiveram a oportuni-dade de conhecer um pouco sobre o setor que em 2009 apresentou superávit de US$ 54,9 bilhões, sendo hoje o pilar de susten-tação da Balança Comercial Brasileira.

“Agronegócio é tudo aquilo que co-meça na prancheta do pesquisador e vai

até as mãos do consumidor, seja na forma de roupa, alimento ou energia, como por exemplo, o etanol”, afirma a Secretária de Agricultura de São Paulo, Mônica Berga-maschi, que falou com os alunos na feira e revelou que o setor ainda tem muitos obstáculos pela frente: “Nós temos ainda muitos ‘gargalos’ a vencer, tais como nos-so Custo Brasil, questões de tributação, logística de armazenamento de trans-porte e a comunicação, que é bastante deficiente”, expõe. Segundo Mônica, o Estado possui 324 mil propriedades ru-

rais à média de 62 hectares para atender a um público cada vez mais exigente: “Precisamos focar em questões novas, que ninguém sabe exatamente o que é, mas todos querem: O conceito de sustenta-bilidade”, conta. “Nós temos agora que aumentar a competitividade e reduzir as emissões de carbono”, lembra a secretária.

A fim de facilitar a participação dos alunos, a ABAG/RP oferece transpor-te, hospedagem, alimentação e ingressos para todas as palestras e visitas. Segun-do a diretora executiva da ABAG/RP,

Patrícia Milan, a decisão de criar um programa voltado a jornalistas surgiu a partir de outro programa bem sucedido promovido pela associação, que visa levar conceitos e fundamentos do agronegócio a alunos de 14 e 15 anos: “A comunica-ção do setor sempre foi um pouco defi-ciente e às vezes nós vemos notícias em jornais, televisão, falando sobre algumas visões que não são tão corretas”, conta.

Patrícia explica que o objetivo principal do projeto é trazer os futuros profissionais da comunicação para co-nhecerem um pouco do que é o agro-negócio na prática: “Queremos passar alguns conceitos e fundamentos para que, quando eles ingressarem na car-reira profissional e se depararem com o tema do agronegócio, já apresentem uma base de conhecimento sobre o assunto e com isso consigam transmitir melhor a informação sobre o setor”, finaliza.

As inscrições para os três últimos eventos do Prêmio ABAG/RP de Jorna-lismo “José Hamilton Ribeiro” estão aber-tas e podem ser feitas sem custo pela inter-net, através do site: www.abagrp.com.br

Fotos: Laila Braghero

Secretária de Agricultura de São Paulo, Mônica Bergamaschi, em palestra no evento da ABAG

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julho/2012 • edição 28 6 meio ambientePIRACICABA NÃO RECEBE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Entre as 645 cidades participantes, o município ficou em 208º com a nota 69,37, número considerado abaixo da média Aline C. R. MirandaCamila Figueiredo

O Projeto Município Verde e Azul foi lança-do em junho de 2007

e tem como objetivo descentrali-zar a agenda ambiental paulista, avaliando os desempenhos am-bientais das cidades do Estado de São Paulo. O Ranking referente ao ano de 2011 foi divulgado no mês de Abril no site do programa.

Piracicaba esteve na média nos anos de 2008 e 2009, mas não ga-rantiu o mesmo posto nos anos se-guintes, ficando abaixo da média em 2010 e 2011, ou seja, recebeu nota inferior a 80 em uma avalia-ção que varia de zero a 100. “Ten-tamos fazer todo tipo de conta, mas não chegamos à matemática deles. Solicitamos o resultado detalha-do, mas não tivemos retorno até agora. Não sabemos exatamente onde erramos, assim como no ano passado”, explica José Orlando de Almeida, coordenador de eventos ambientais da Sedema (Secreta-ria Municipal de Defesa do Meio Ambiente) de Piracicaba. Ele acrescenta ainda que falta trans-parência entre como funciona o projeto e as cidades participantes.

A Prefeitura de Piracicaba, por meio da Sedema, desenvolve desde 2005 vários projetos ambientais. A partir do projeto pioneiro Piracica-ba mais verde, vários outros foram sendo acrescentados. “São vários projetos eficazes em andamento. Pode ser que não tenhamos o tipo de projeto que eles queriam espe-cificamente. É importante lembrar que somos a única cidade do esta-do a ter um inventário sobre gases do efeito estufa, e mesmo assim Piracicaba não pontuou”, ques-

tionou José Orlando de Almeida. Entre as 10 diretrizes avaliadas,

as que menos pontuaram foram: Qualidade do ar (4,75); Cidade Sustentável e Arborização Urba-na (ambas com 5,00). Já entre as melhores classificadas estão: Edu-cação ambiental (14,00) e Resídu-os Sólidos (13,71). “Não deixa de ser um bom resultado, ficamos em 8º lugar comparado às 44 cidades localizadas na bacia do Rio Pira-cicaba. Podemos garantir 100% de esgoto tratado para 2012”, certifi-cou Almeida. O programa Municí-pio Verde-Azul pontua 10 direti-vas que representam a diversidade de temas da política ambiental de um município. A colocação final de Piracicaba no ranking aponta que, se avançamos em algumas dimensões da política ambiental do município, temos ainda im-portantes questões deficitárias.

O projeto estabelece uma meta de 20% de área arborizada por mu-nicípio. Segundo estudo realizado pelo professor de Engenharia Flo-

restal da Esalq/USP, Demóstenes Ferreira, Piracicaba está abaixo de 10% de copas de árvores nas áre-as urbanas e para alcançar a meta deve-se esperar alguns anos. “A Prefeitura está plantando, mas ain-da é necessário que as árvores se desenvolvam para aparecer como cobertura arbórea. A curto prazo talvez essa porcentagem caia um pouco, para depois começar a su-bir”, explica Ferreira. A pesquisa da Esalq destaca que os bairros mais arborizados são Nova Piraci-caba, Santa Rita e Cidade Jardim. Os pontos mais críticos são os bairros Alto e Vila Independência.

É fato que o crescimento eco-nômico da cidade e de sua popu-lação acarreta perdas significativas ao meio ambiente. A atual cober-tura arbórea da cidade compro-va isso. “Em 2005 a arborização urbana estava por volta de 13% e hoje está abaixo de 10%, o que significa uma grande diferença e também a causa do município fi-car abaixo da média”, explica De-

móstenes. Segundo o pesquisador, isso também foi consequência de um vendaval em 2006, quando vá-rias árvores caíram, e também das remoções de árvores grandes com algum tipo de dano irreversível.

Segundo dados da Prefeitu-ra e da Lei Orçamentária Anual (LOA), a Secretaria de Meio Am-biente da cidade teve um orçamen-to superior a 13 bilhões de reais no ano passado, mas para o professor isso não quer dizer muita coisa: “geralmente as prefeituras não são tão bem estruturadas para fazer um bom manejo de verba, mas Piraci-caba está procurando melhorar”, afirma. Mesmo com orçamento maior e vários projetos de melho-rias do meio ambiente, além da arborização urbana, o professor da USP ressalta que as políticas públicas mal organizadas atrapa-lham: “não existe uma política pública, uma legislação Estadual ou Federal que façam uma con-traposição com a Administração Municipal, sendo assim, cada Pre-feitura faz do seu jeito”, finaliza.

Para Renato Morgado, presi-dente do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Com-dema) a queda da cobertura arbó-rea de Piracicaba é preocupante, sendo necessárias novas pesqui-sas e discussões que apontem suas causas. “Para o aumento da cobertura arbórea é preciso a re-alização planejada de plantio de novas mudas e evitar ao máximo a supressão de árvores adultas, além de buscar sensibilizar as pessoas com ações de cunho edu-cativo”, inúmera Morgado. Ele acrescenta que, em função da sé-

Foto: Matheus Calligaris

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edição 28 - julho/2012 7meio ambientePIRACICABA NÃO RECEBE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Entre as 645 cidades participantes, o município ficou em 208º com a nota 69,37, número considerado abaixo da média

rie de benefícios que as árvores no ambiente urbano proporcionam, a arborização urbana deve ser uma prioridade dentro da política am-biental de qualquer município.

Morgado afirma que o Comde-ma atua como uma ponte entre a população e os órgãos públicos. “Recebemos denúncias da popu-lação que podem ser enviadas por e-mail, oficio ou telefone. O papel do Conselho é receber a denúncia, encaminhá-la aos órgãos ambien-tais competentes e acompanhar sua apuração, não tendo poderes de fiscalização e de aplicação de multas ou outras penalidades re-lacionadas a eventuais danos am-bientais”, explica o especialista.

A questão da fiscalização do meio ambiente, tanto nas áreas públicas como privadas, diz res-peito aos órgãos ambientais, e para que seja extraída determina-da árvore, o cidadão ou a empresa deve ter autorização da Prefeitu-ra. Caso contrário, multas serão aplicadas: “O processo de fiscali-zação ocorre não só como denún-cia, mas também através do fiscal da área que faz vistorias diaria-mente”, explica Reinaldo Rabe-lo Filho, chefe de fiscalização da Sedema. “Caso o fiscal encontre um cidadão realizando a supres-são de uma árvore ilegalmente, ele tem autorização para autuar”.

Segundo a Lei Municipal Com-plementar 251/2010 (Lei Ambien-tais de Piracicaba), para cada corte ilegal de árvore, a infração é de R$ 575,00. Mas há na cidade uma discussão entre as ONGs e a Pre-feitura sobre a questão da redução dessas multas em até 90%: “não

são todas as multas que estão sen-do reduzidas”, explica Rabelo Fi-lho. “Se o fiscal for ao local onde a árvore foi retirada, e o proprietário tinha realizado pedido à Prefeitura, e esse pedido foi indeferido, nesse caso não terá redução de multa”.

A lei da compensação am-

biental exige ainda que qualquer empresa ou indústria em espa-ço público, após o estudo de im-pacto ambiental, contribua com o plantio de árvores na cidade, doação de mudas ou pagamento de uma taxa para o fundo de fins ambientais da Prefeitura. “É feita a multa e uma notificação para ser feito um replantio de outras espé-cies de árvores no local, não sen-

do necessário o plantio da mesma espécie”, explica o fiscalizador.

Mas é difícil controlar ou mes-mo medir o que está sendo retira-do e o que está sendo compensado no meio ambiente: “Muitas vezes se retira uma árvore grande e se planta uma mudinha. O problema

é em relação ao modo em que as árvores são compensadas. Arbori-zação tem a ver com árvores altas, com copas largas, e não árvores pequenas que podem até atrapa-lhar pedestres e veículos”, expõe o vice-presidente da ONG Florespi e do Comdema, Rafael Jó Girão.

De acordo com Reinaldo Rabe-lo Filho, chefe de fiscalização da Sedema, não há um controle de

quantas denúncias e fiscalizações são feitas pela secretaria. Quan-to a isso, Ricardo Leão Schimidt, presidente da ONG Florespi as-segura: “Existe uma fiscalização pelo Estado, mas é difícil avaliar a sua eficácia, por isso agimos e fazemos denúncias junto ao Mi-

nistério Público, mas muitas ve-zes ficamos sem respostas, pois não há transparência pública”.

Em contra partida, o profes-sor de direito ambiental Dr. Paulo Affonso tem outra visão sobre as ONGs: “Lutei para que elas pu-dessem fazer processos junto ao Ministério Público; me causa até certo desconforto, tristeza, mas as ONGs não vão até o fim da linha”.

Foto: Fábio Mendes

Professor de direito ambiental, Dr. Paulo Affonso, é referência mundial na área. Ele possui título francês de Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra

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julho/2012 • edição 28 8 fotografiaAproveitando o clima das festas caipiras, o ensaio fotográfico desta edição foi registrar a vida dos

CAIPIRACICABANOSMODERNOS,

que ainda mantêm rotinas de vida do sítio, em plena ‘cidade grande’.

Fotos: Matheus Calligaris

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edição 28 - julho/2012 9fotografia

Ah, cumo é bão!Ah, cumo é bão!

Quano os galo começa a cantaroláPoco distante da cidade,

Além da cerca de pau-a-pique,Uma família caipira corre se aprontá...

Nos conforme à tradição,Teno o barde de um lado,

O caipira num cocho perto da portaOrdenha o café da manhã.

Num canto do terreno, um leitãozinho a fuçar...Come feno um punga baio pelas grotas

E lá no brejo os pios das batuírasDespertam a natureza singular...

Já aponta o sol no horizonte,E as galinhas empoleiradas num alvoroço.

É espalhado pelo chão o mio,E apanhado os ovos rapidamente.

Depois que tudo já está pronto é de tardezinhaO homem arma a foguera,

O pessoá se junta tudo em vorta. A mulher serve as cumilança

e os tocadô cumeçá a diversão.Tano tudo de barriga cheia

Enquanto os mais véio estão na prosaA moçada se diverte dançano.

Ah! Cumo é bão!

por Jessica Polliani Coracini

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julho/2012 • edição 28 10 políticas públicas

Aproximadamente 700 mo-radores de rua passam todo mês por atendimento das

Prefeituras de Limeira e Piracicaba, recolhidos em postos desativados, terrenos baldios, ou mesmo em vias públicas. Para livrar esta popula-ção das dificuldades que enfrentam ao relento, os municípios oferecem dois serviços: uma moradia provi-sória para os nômades conhecidos como “trecheiros” e uma casa de as-sistência por tempo indeterminado para os que não tem para onde ir.

Em Piracicaba, uma estada de três dias é oferecida pelo Núcleo Espírita Vicente de Paula - Albergue Noturno. Há mais de 60 anos, a entidade (uma Organização Não Governamental) acolhe neste período os migrantes que estão de passagem pela cidade. O albergue faz uma média de quinze a vinte atendimentos diários. “Das 19h, às 22h, as portas estão abertas para recebê-los”, informa Paola Palmieri, assistente social do Núcleo. Mantido com verbas municipais e apoio priva-do, a exigência para usufruir de uma refeição e um lugar para dormir é o documento de identidade. “Caso a pessoa tenha perdido o documento, solicitamos que vá à delegacia fazer um boletim de ocorrência e com este em mãos podem descansar no Nú-cleo”, diz Palmieri. Com 33 leitos, vinte quatro camas são para o públi-co masculino e nove para o femini-no. “A maioria das pessoas que passa por aqui não possui vínculos fami-liares”, esclarece a assistente social. O albergue funciona todos os dias.

Em Limeira, o Centro Popular funciona como um albergue, possuin-do a mesma serventia do serviço ofe-recido aos “trecheiros” de Piracicaba.

O serviço é oferecido pelo Ceprosom (Centro de Promoção Social), órgão ligado à Prefeitura. De acordo com a assistente social de projetos, Vander-léia Serrano Diogo, pelo menos 120 pessoas dormem neste local mensal-mente. “Orientamos que eles voltem à cidade que moram enquanto é tempo, considerando que a prática nômade pode levá-los à situação crô-nica de rua e muitos perigos”, alerta.

Casa AssistencialPiracicaba e Limeira também

mantêm abrigos para os moradores por tempo indeterminado. A Casa de Passagem, em Piracicaba, e a casa de

Convivência, em Limeira, acolhem as pessoas em situação de rua para encaminhá-los a uma vida melhor.

A piracicabana Casa de Passagem, um programa sustentado com verbas do Estado e também com a ajuda do município através da Secretaria Mu-nicipal de Desenvolvimento Social (Semdes), possui 30 leitos. Das 7h às 16h, a Casa funciona com atividades do Centro Pop, e após este horário funciona até às 22h com os serviços da Semdes. “No período noturno abordamos os moradores de rua”, re-lata a coordenadora do Centro Pop, Lúcia Maciel. Com uma kombi, três

funcionários tentam trazer estes mo-radores de rua para a Casa. “Nossa equipe é formada por uma assisten-te social, psicólogo e técnico de en-fermagem, profissionais capacitados para dar apoio a estas pessoas”, in-forma a coordenadora do programa.

Já na Casa de Convivência de Li-meira vivem 63 ex-moradores de rua. Apenas três são mulheres. O senti-mento geral é o de esperança, já que no local eles encontram - além dos recursos básicos, como dormitório, comida e banho quente – acompa-nhamento psicológico, pedagógico e de saúde geral. O período estipu-

Foto: Fábio Mendes

TRECHEIROS DO INTE RIORAna Paula RosaFábio Mendes

Em Piracicaba e Limeira em média 700 moradores de rua são atendidos por mês em abrigos da região

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edição 28 - julho/2012 11políticas públicas

No ambiente da Casa de convi-vência de Limeira, é possível notar descontração, o que esconde uma condição de um passado não mui-to distante, quando eles moravam na rua passando frio, fome, sede, e o pior: a sensação de abandono.

Um sorriso define o atual estado de espírito do ex-marceneiro, Manuel Fernando da Silva, 47 anos. Mas, ele conta uma história carregada de arre-pendimentos. “Larguei meus filhos e mulher em Alagoas e vim a São Paulo em busca de serviço. Trabalhei naque-la cidade por anos, até meu patrão me mandar para a filial de Limeira. O local faliu e eu fiquei desamparado”, disse.

Sem estudos e com nenhum di-nheiro para pagar o aluguel, Manuel foi parar nas ruas, onde viveu por 10 anos. “Foi quando eu conheci o álcool. Bebia muita pinga para tirar a fome. Comida era só quando alguém ficava com dó e doava ou quando sobrava algum dinheiro do reciclável que eu recolhia”, lembra. “Hoje a única coisa que eu quero é mudar de vida, ganhar meu próprio dinheiro em um emprego digno e ser feliz. Estou otimista, bem como a maioria aqui da casa”, completa.

Outro morador de rua que passou por situação parecida foi o ex-auxi-liar de produção, Carlos Antônio de Moura, 73 anos. Ele caiu nas ruas de-pois ter sido demitido do emprego e não conseguir outro trabalho pela fal-

ta de estudos. “Nessa época minha ex-com-panheira me deixou e foi morar com os pa-rentes dela. Eu fiquei por anos vivendo em postos desativados ou pelas ruas cen-trais, me afundando nos vícios do álcool e das drogas”, conta.

Carlos afirma que além do frio e fome, que são os proble-mas mais graves da mendicância, o pre-conceito também é algo muito prejudi-cial. “Até hoje tenho a cicatriz na mão de quando um jovem me atirou um tijolo. Os xingamentos e agres-sões são aos montes nessa vida de rua”, diz. “Pode parecer que não, mas machu-ca. A gente já se sente abandonado o sufi-ciente. Gostaria que as pessoas tivessem mais respeito”, fala.

O objetivo do ex-auxiliar, ago-ra em diante, é estudar na Casa de Convivência e arrumar um bom em-prego, assim como o amigo Manuel. “Vou ter minha própria casa”, afirma.

No Relento De Piracicaba“Não gosto do albergue, fui lá e o guarda

me maltratou”, recorda o morador de rua, José Antonio Oliveira Souza, o “Paraná Violeiro”, 42 anos. Desde 2000 em Pira-cicaba, Paraná saiu de Goioerê, cidade pa-ranaense, chateado com a família. “Tenho oito irmãos e decidi que não dependeria de nenhum deles para viver, me chamar de vagabundo nunca mais”, esbraveja Pa-raná. O reciclador diz faturar até R$ 60 por dia atuando no Centro da cidade. “Desde que cheguei nesta cidade, durmo na Av. Armando Salles de Oliveira”, diz Paraná. Na avenida, entre as ruas São José e Prudente de Morais, o morador costu-ma dormir na ilha que separa as mãos de

lado de permanência na casa é um mês, mas há pessoas que acabam re-sidindo no local por anos. “Há casos em que a família não quer receber a pessoa de volta de maneira alguma. Então eles acabam ficando por tem-po indeterminado, até arrumarem um local digno para morar”, afirma a assistente social da Casa de Con-vivência, Vanderléia Serrano Diogo.

Para conseguir dar a volta por cima e encontrar um emprego fixo, os moradores recebem também au-las de português e informática. “Muitos entram sem saber ler e es-crever e acabam aprendendo mui-ta coisa”, diz a assistente social.

Esmola Como IncentivoSegundo o presidente do Cen-

tro de Promoção Social Municipal (Ceprosom) de Limeira, Dionísio Gava Júnior, é importante que as pessoas não doem nenhuma quantia em dinheiro aos moradores de rua. “Isso é uma maneira de incentivá--los a continuar nas condições em que se encontram. Nem mesmo mo-edas devem ser dadas a eles”, explica.

O secretário de Segurança de Li-meira, Valmir Lunardi, comparti-lha a opinião de Gava. Segundo ele, muitas vezes a esmola é usada pela mendicância para manter o consumo de drogas e álcool. “Muita gente vai para as ruas por causa dos vícios. E quem dá dinheiro, acaba por incen-tivar isso”, comenta. E o secretário alerta. “Se algum morador de rua se afirmar egresso do sistema prisio-nal, ou usar algum outro argumento a fim de exercer pressão para receber dinheiro, é preciso procurar a polícia e denunciar”. O número do serviço social do município é o 3404-6200. A Guarda Municipal atende no 153”.

direção dos carros. Paraná usa o lo-cal como uma casa de verdade: além de usar o chão como cama, cuida do mato e planta pés de frutas. “Aqui tem pé de goiaba, pé de amora e muitos outros, tudo plantado por mim”, orgu-lha-se. “Tem gente que não preserva a natureza e vive jogando lixo aqui”.

Questionado sobre o frio e chuvas, Paraná diz que, às vezes, re-cebe cobertores e roupas de uma co-munidade evangélica, e quando chove atravessa a rua e dorme embaixo da cobertura de um prédio comercial. “No frio vejo colegas que também dormem na rua e divido a coberta”, diz Paraná. Sobre o futuro, pretende ir para o Mato Grosso do Sul, “viver um tempo por lá”, mas antes quer rever a mãe: “faz mais de dez anos que não a vejo, minha mãe tem 68 anos e sinto muita saudade dela”, emociona-se.

Fotos: Ana Paula Rosa

O VÍCIO Q UE MALT RATAHistórias dos que vivem nas ruas e estão em busca por mudanças

O e x - m a r c e n e i r o M a n u e l F e r n a n d o

TRECHEIROS DO INTE RIOR

C a r l o s A n t ô n i o d e M o u r a m o s t r a c i c a t r i z n a m ã o

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julho/2012 • edição 28 12 consumidorPROCON PERDE ESPAÇO PARA RECLAME AQUI

Sem burocracia e com resultado rápido, consumidores reivindicam direitos pela internet Larissa MolinaMarina CamposPatrícia Milão

Cada vez mais, o consumidor que se sente lesado conse-gue reivindicar seus direitos

e atingir resultados positivos a partir do registro da queixa em páginas da inter-net ao invés de procurar os serviços do Procon (Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor). Por mês, em média, são registrados em Piracicaba 1.200 atendi-mentos no Procon. Desses, doze tornam--se processo (12%) e vão para audiência, enquanto no site Reclame Aqui, são feitas mensalmente, em média, 145 reclama-ções advindas de consumidores piracica-banos. Destas, 73,5% são solucionadas.

Foi o que aconteceu com o empresá-rio Gustavo Benitez Ribeiro. Depois de comprar um DVD através de um site de compras e ter sua mercadoria dada como não paga mesmo após o depósito em con-ta ser confirmado pelo banco, ele recorreu ao site de reclamações. “O Procon tem um sistema extremamente burocrático. Demoram horas para nos atender e ain-da assim não resolvem o problema, pois recorri a ele algumas vezes e não alcancei solução. No Reclame Aqui é muito mais fácil, em cinco minutos fiz a reclamação e logo tudo foi solucionado”, conta Ribeiro.

No ar desde 10 de outubro de 2001, o site se mantêm através da prestação de consultorias, eventos e ferramentas para gerenciamento de reclamações. O siste-ma é aberto a qualquer usuário, basta se cadastrar. Depois de publicada a recla-mação, a corporação citada é contatada – desde que possua um cadastro no site, feito gratuitamente. Uma vez conhe-cedora da ocorrência, a empresa pode responder ao cliente no próprio site.

A partir das queixas, o Reclame Aqui formula rankings que abrangem di-versos temas, como melhores índices de solução; melhores índices de voltar a fazer negócio; mais reclamadas nos últimos 12 meses; entre outros. Atu-

almente, as corporações Tim Celular, Claro, Groupon, Americanas.com e Sky ocupam as cinco posições na lista das empresas que mais receberam reclama-ções no último ano, respectivamente.

Empresa e Redes SociaisNão são apenas em sites de reclama-

ções que os consumidores reivindicam os direitos por meio virtual, esta prática também é comum em redes sociais, como Facebook e Twitter, que servem tam-bém como canais para o cliente elogiar produtos e serviços. Não é à toa que há muito as empresas já perceberam o po-tencial das redes sociais para estreitar o laço com o cliente, convencê-lo da quali-

dade de seus serviços e lançar promoções.Para o gestor de projetos especiais,

Maurício Ribeiro, que atua na agência de comunicação Usina de Ideias, a em-presa que desejar entrar na rede deve ter cautela. “Engana-se quem acredita que o único passo é se cadastrar e atua-lizar informações aleatoriamente, pois a imagem da corporação será estabelecida de acordo com o perfil virtual, por isso, convém confiar este trabalho às mãos de um profissional de comunicação”. Ele ainda explica que, com as reclamações e críticas cada vez mais presentes na rede, é essencial que a empresa se dispo-nha a resolver o problema sem protelar.

Infográfico: Laila Braghero

“O cliente nem sempre tem razão, mas quando você ‘chuta o pau da barraca’, perde a sua inteiramente”, diz Ribeiro.

Como efetuar reclamações

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edição 28 - julho/2012 13saúde

Erva chinesa ajuda na redução de peso e melhora o condicionamento físico, indica pesquisa realizada na Esalq

As taxas de sobrepeso dos bra-sileiros aumentaram signi-ficativamente nos últimos

quatro anos. Segundo pesquisa do Mi-nistério da Saúde, que analisou um gru-po de 54 mil pessoas, 51% dos homens e 42,6% das mulheres estavam acima do peso. Entre as crianças, 16% dos meni-nos e 12% das meninas com idades en-tre 5 e 9 anos são obesas, índice quatro vezes maior do que há 20 anos. A luta contra a balança é uma constante para muitos na sociedade pós-moderna. A cada dia surgem novas dietas, cirurgias, exercícios e remédios que prometem resolver, ou pelo menos amenizar, esse problema. A moda agora é o chá verde.

Segundo pesquisa realizada na Esalq/USP, o consumo do chá verde não é ape-nas um modismo, o hábito realmente auxilia na perda de peso. Através de da-dos científicos, a pesquisa revela que o chá verde possui efeito termogênico, o que significa que ele aumenta a produ-ção de energia em até 5%, acelerando o metabolismo. Também é responsável pela redução da quantidade de radicais livres no organismo, que estão relacionados ao processo de envelhecimento. Para Joce-lem Salgado, orientadora da pesquisa, o fato das pessoas estarem vivendo mais, modificou o conceito de alimentação. “As pessoas querem alimentos que, além de nutrir e prevenir doenças, sejam um aliado para melhorar a performance e beleza do corpo. O chá verde está con-

tribuindo muito, está vindo de encon-tro aos anseios do consumidor”, afirma.

A pesquisa foi realizada com mulheres obesas e com sobre-peso de nível I, que apresentavam índice de massa corpórea de 25 a 35. Um grupo de 40 mulheres en-tre 20 e 40 anos foram divididas em qua-tro grupos. O primeiro grupo consumiu chá verde, o segundo placebo, o terceiro grupo consumiu chá verde aliado à prática da musculação e o quarto grupo utilizou o placebo junto à musculação. Durante um mês todas as mulheres que partici-param da pesquisa fizeram uma dieta de 1.200 calorias para que o metabolismo se adaptasse às novas condições físicas. Após esse primeiro mês de dieta adaptativa, continuaram com a dieta, inserindo o chá verde ou placebo e, conforme a divisão

dos grupos, fizeram musculação ou não. O grupo que só consumiu chá

verde foi o único que perdeu peso, man-teve massa magra e reduziu cerca de 5 cm de circunferência da cintura. As mulhe-res que fizeram musculação e tomaram placebo perderam gordura e ganharam massa magra. Já o grupo que fez exer-cício físico aliado ao consumo de chá verde apresentou os maiores índices de redução de gordura e aumento de massa magra, perdendo em média 9,2 cm de circunferência da cintura. “O chá verde auxilia na perda de peso e, aliado à mus-culação, faz com que você tenha maior perda de gordura corporal e ganho de massa magra, auxiliando na qualidade de vida”, aponta a pesquisadora Gabriel-le Cardoso - pós-graduanda em Ciência

e Tecnologia dos Alimentos Esalq/USP. Um exemplo dessa busca por

qualidade de vida é a empresária Fatima Barrios, que há quatro meses toma o chá verde por indicação de uma nutricionista, pratica hidroginástica e faz reeducação alimentar. “O chá verde me dá ânimo, me sinto mais esperta e com mais vita-lidade para trabalhar”, afirma Fatima.

No entanto, de acordo com a nutricio-nista Marcela Mello, os resultados variam de acordo com a individualidade bioquí-mica de cada indivíduo. “Nem todas as pessoas apresentarão os mesmos benefí-cios, isso dependerá de cada organismo”, afirma. A nutricionista ainda explica que o uso do chá deve ser feito a partir da orientação de um especialista, pois pode levar à intoxicação. “Acima de tudo, não deve ser utilizado por pessoas com pro-blemas na tireóide, pois diminui a con-versão do hormônio T4 em T3, que é o funcionante em nosso organismo”, alerta.

Para começar a usar o chá, é preci-so ficar atento à escolha da erva. A que foi avaliada pelas pesquisadoras pode ser encontrada em qualquer farmácia de manipulação. Conforme a explica-ção de Gabrielle Cardoso “Todos os chás terão catequinas, que é o composto bioativo. Porém, o chá verde utilizado na pesquisa tem um efeito contra obe-sidade. Maior quantidade de polifenóis-totais e catequinas, que o chá verde em cápsulas e em folhas não tem”, conclui.

Isabela BorgheseMariana BittarCHÁ VERDE:

NOVO ALIADO NA LUTA CONTRA BALANÇA

Fotos: Mariana Bittar

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julho/2012 • edição 28 14 cidades

PINACOTECA À CÉU ABERTOCaroll BeraldoBeatriz Bernardino

Fortalecer o cenário cultural de Piracicaba. Esse foi um dos re-sultados do projeto de revitaliza-

ção do muro do Cemitério da Saudade, localizado na Avenida Independência. A proposta, que leva o nome Colorindo a Saudade, foi realizada em três etapas por meio de uma iniciativa da Semac (Secre-taria Municipal da Ação Cultural) e do Codepac (Conselho de Defesa do Patri-mônio Artístico e Cultural de Piracicaba). O projeto aproxima e enaltece o trabalho dos artistas locais, além de transformar o muro do cemitério em uma pinacoteca a céu aberto para os moradores da cidade.

Com início em outubro de 2007, a ideia surgiu como uma extensão da reforma da Praça da Sapucaia democratizando a arte através de artistas diversos. Engenheiro agrônomo há mais de 15 anos, Eduardo Borges de Araújo deixou a paixão pela arte falar mais alto. “Gosto de pintar livre, muitas vezes ando o dia inteiro e demo-ro a encontrar um ponto que me toque, quando encontro, é ali que me expresso”, declara. O Engenho Central, grande pon-to turístico, foi homenageado pelas mãos do artista na primeira etapa do Colorindo a Saudade, cujo tema foi a Margem do Rio Piracicaba, conhecido como a alma

da cidade. Já na segunda fase, Anjos, Santos e

Arcanjos embelezam o local que propi-cia o contato do público com as obras.

O professor de desenho Tarciso Lorena valoriza em sua obra a aproximação com o jovem: um anjo que lembra uma figura heróica encontra-se dentro de um rede-

moinho, apontando para a luz. “O fun-do dessa pintura foi captada da imagem do universo dos meus alunos, lembra um vídeo game, um cenário, o que eles veem

no cinema ou quadrinhos, despertando e inspirando a arte no jovem”, ressalta.

Uma pintura a quatro mãos, feita pelas artistas Alzira Ballestero, Liliana Mene-

gali, Zelinda Jordão e Renata Ghirotto, mostra o Cemitério da Saudade retratado na última etapa, com o tema Patrimônios Culturais - De Corpo e Alma. Por meio de pesquisas, os quatro painéis utilizados se transformam em uma única obra, na qual o Cemitério foi pintado em perspec-tiva. “Cada uma ficou responsável por um painel, mas na hora da execução juntamos tudo sem que ficasse um pedaço explícito para cada artista”, Ballestero.

De acordo com o artista e curador do projeto, Laercio Moretti, uma oportu-nidade como esta é enriquecedora tanto para a cidade quanto para os participan-tes. “Além de ser fantástica e única para Piracicaba, a proposta trouxe visibilidade para os trabalhos e promoveu uma apro-ximação entre os artistas”, conta.

Segundo a secretária de Cultura da ci-dade, Rosângela Camolese, o resultado do projeto, que apresenta um total de 97 painéis e 55 artistas, foi positivo. “Conse-guimos reunir um número muito grande de artistas do município que mostraram todo o seu talento. Piracicaba é um verda-deiro caldeirão artístico cultural, estamos bastante satisfeitos com o resultado final do Colorindo a Saudade”, enfatiza a se-cretária.

Fotos: Matheus Calligaris

Artistas colaboram com paisagismo da cidade no projeto de revitalização do muro do Cemitério da Saudade

Projeto transforma muro do Cemitério da Saudade em obra de arte

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edição 28 - julho/2012 15

A VEZ DAS CRIANÇASPúblico infantil tem programação garantida aos domingos através de projeto que incentiva o teatro

Felippe Limonge

Outro projeto que já mostra seus resultados na cidade é o Di-versão em Cena, que acontece

todos os domingos a tarde, no novo tea-tro municipal de Piracicaba, o teatro do engenho, que leva o nome do compositor piracicabano Erotídes de Campos e foi inaugurado no dia 27 de março deste ano.

A cada domingo sempre às 16h, o pro-jeto traz uma peça teatral diferente para o público infantil. O Diversão em Cena teve início no dia primeiro de abril com o

Fotos: Fábio Mendes

cidades

espetáculo “Mania de Explicação” inspira-do no livro homônimo de Adriana Falcão, com argumento de Luís Alberto Abreu e dramaturgia desenvolvida por Adélia Ni-colete e teve como público 370 pessoas.

E não é só a criançada que aproveita os espetáculos, os pais, tios e até os avós também marcam presença. A funcio-nária pública Teresa Coletti, 47, leva a filha Camila de seis anos todos os do-mingos e diz que a filha pedi para ir ao teatro. “Ela tira fotos e conversa com

todos os personagens, sobe no palco e não quer mais sair mais”, conta Teresa.

Em menos de dois meses o projeto já alcança bons números, já que quase todos os 422 lugares do teatro do engenho são ocupados todos os domingos. No espetá-culo do dia 15 de abril “Os três porqui-nhos” foi necessária uma segunda sessão, pois com início da peça, uma fila imensa de pessoas aguardavam em frente ao teatro.

A iniciativa de trazer espetáculos tea-trais gratuitos aos domingos para o pú-

blico infantil é mais um estímulo no pro-cesso de formação de público. O projeto é patrocinado por uma grande empresa do setor de aços, que desenvolve pro-gramas e projetos sociais nos municí-pios em que está presente. No estado de São Paulo o projeto acontece por meio do Proac (Programa de Ação Cultural), em Minas Gerais por meio da lei es-tadual do estado de Minas Gerais e em Piracicaba conta com a parceria da Se-cretaria Municipal da Ação Cultural.

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julho/2012 • edição 28 16 cultura

O ano de 2012 marca os 20 anos do Salão Universitário de Hu-mor, que acontece anualmente

no campus Taquaral da Unimep. A novi-dade deste ano em comemoração à data é o prêmio “Educar Para Crescer”, que ofe-rece ao vencedor dez publicações de tra-balhos em grandes revistas de circulação nacional. A premiação é inédita e serve como portfólio para o jovem artista.

Desde 1973, a cidade de Piracicaba é co-nhecida como o berço do humor gráfico graças ao Salão Internacional do Humor. Em 1992, o então reitor da Unimep Al-mir Souza Maia, teve a ideia de dar espa-ço à novos talentos e criou o projeto: “A ideia era criar um espaço exclusivo para os universitários onde eles pudessem expres-sar sua visão de mundo através da lingua-gem do humor gráfico”, disse o professor Camilo Riani, responsável pelo Salão.

A abertura do evento aconteceu no dia 1º de junho, na própria universidade, com debate “Humor, pra quê?”, que contou com a presença de chargistas, cartunistas e ilustradores que trabalham em diversas publicações brasileiras, como Jean Galvão, chargista da Folha de S. Paulo, e Eduardo Baptistão, caricaturista do jornal O Esta-do de S. Paulo e da revista Carta Capital.

O propósito do debate foi discutir a im-portância do humor no cenário do design gráfico na grande imprensa.

Dos mais de 300 trabalhos inscritos, com a participação de estudantes do Brasil, Argentina, Rússia, Bulgária, Ar-gentina, França, Irã e China, 107 foram selecionados pelo júri. Nesta 20ª edição, os jovens artistas disputaram três prêmios livres, que ficaram com José Antônio da Costa, da Universidade Federal do Piauí; Fabrício Rodrigues Garcia, da Univer-sidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); e Marcos Müller, da Universi-dade Paulista (Unip). O prêmio internet--júri popular foi de Aline Pascholati, Uni-versidade de Paris-Sorbonne (França). Os dois prêmios temáticos foram concedidos a Bruno Ortiz, da UFRGS (Meio Am-biente – Centro Cultural Martha Wattz) e Bruno Lanza, da UFMG (Prêmio Edu-car para crescer – Faculdade de Comuni-cação). Por fim, Guilherme Rolfsen Neto, da FIAM; José Antônio Costa, da UFPI e Amauri Ribeiro, da Claretianas, rece-beram menções honrosas. Os trabalhos premiados, bem como os selecionados, podem ser vistos no átrio da biblioteca da Unimep - Campus Taquaral até agosto.

SALÃO UNIVERSITÁRIO DE HUMOR COMEMORA 20 ANOS

Matheus CalligarisRenato Fernandes

Artistas consagrados do cenário nacional marcaram presença no evento

Outro artista que participou da mesa foi o ilustrador Tiago

Hoisel, que foi revelado através do Salão Universitário de Piracicaba há alguns anos, e trouxe um pouco de sua experiência profissional. Atualmente Hoisel é sócio da Techno Image, um estúdio de ilustração em São Paulo, e produz a arte das capas da revista “Mundo Estranho’. Hoisel explicou como os salões universitários são im-

portantes para o desenvolvimento dos principiantes que buscam um espaço nesse mercado: “Os salões universitá-rios foram uma escola onde encontrei minhas inspirações e motivações para estudar e me desenvolver”, contou. O Salão de Piracicaba teve importância especial para Hoisel, pois foi o primei-ro que selecionou um trabalho seu para exposição dando uma guinada inicial em sua carreira artística.

Foto: Matheus Calligaris

Presidente do Salão Universitário, Camilo Riani, ao lado do cartaz da 20ª edição do evento

Auto caricatura de Tiago Hoisel

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