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Venda proibida. Apostila com fins didáticos, de uso livre e gratuito.
Apostila Para Flauta Nativa Americana -
NAF
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Apostila – Flauta Nativa Americana (NAF)
Compartilhamos novamente com vocês a apostila para NAF, revista e
formatada. Realizamos algumas alterações para melhor elucidação dos conteúdos,
assim como outra formatação e correção gramatical.
O material, recordando-lhes, é um angario do que conseguimos sobre teoria
e métodos para a flauta nativa americana (NAF), ou como gostam de chamar,
“flauta do amor”. Como sabemos, não há praticamente nenhum material disponível
no nosso idioma primeiro, o português; e como obtemos certo domínio da flauta,
transcrevemos em forma de apostila o conhecimento que alcançamos para que
possa ser útil a você, que também se interessa por este instrumento!
A parte teórica musical que assentamos no início da apostila serve como
lembrete ou ponto de partida. E logo a seguir, damos início ao curso para a NAF. Se
você tem interesse em se ampliar com a NAF, sugiro-lhe que se dedique na teoria
musical; o estudo da teoria garantirá muitos progressos na flauta, permitindo que
você leia as partituras com facilidade... E, quem sabe, você possa compor suas
próprias canções?
Há muitos livros e conteúdos que podem ser utilizados, incluindo bons
materiais disponíveis na rede, em blogs, tutorias etc. Ao final dessa apostila deixo-
lhes alguns links de downloads de livros e manuais que poderão te ajudar.
Certo?
Possa esta apostila servir como apoio!
Bom estudo!
Wicapi
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Índice:
I. Noções básicas de teoria musical..................................................................................................7
II. Um pouco sobre a escala pentatônica.....................................................................................21
1. A escala pentatônica maior..........................................................................................................22
2. A escala pentatônica menor.........................................................................................................23
3. Outras escalas pentatônicas.........................................................................................................25
4. Aplicações............................................................................................................................................26
III. Voltando as origens..........................................................................................................................28
1. A lenda da primeira Flauta Nativa Americana....................................................................29
IV. Teoria para a flauta nativa americana..................................................................................34
1. Obtendo sua flauta NAF.................................................................................................................36
2. Conhecendo a sua NAF..................................................................................................................38
3. O Sistema SNAFT..............................................................................................................................39
4. As escalas nas NAF’s........................................................................................................................46
4.1 Um pouco sobre os Modos.......................................................................................................54
5. Como posicionar a sua NAF.........................................................................................................56
6. Sobre as afinações ..........................................................................................................................60
7. Juntando a teoria com a prática................................................................................................64
7.1 Técnicas de ataque e duração.........................................................................................65
7.2 Técnicas de ritmo ou metro............................................................................................73
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7.3 Técnicas de execução das notas....................................................................................83
7.4 Técnicas dos ornamentos................................................................................................85
Escapar o ar......................................................................................................................87
Corte do ar........................................................................................................................88
Queda..................................................................................................................................89
Estouro..............................................................................................................................90
Notas grace......................................................................................................................92
a. Mordentes inferiores.....................................................................................94
b. Mordentes superiores...................................................................................95
c. Mordentes extendidas...................................................................................96
Volta.......................................................................................................................................97
Volta invertida...................................................................................................................97
Volta vertical ascendente e descendente...............................................................98
Volta vertical extendida.................................................................................................99
Correr..................................................................................................................................100
Trinado...............................................................................................................................102
Pitch Bends (curvas lançadas).................................................................................103
Slides (deslizamento)..................................................................................................104
Glissando...........................................................................................................................105
Técnicas da língua.........................................................................................................107
Casca...................................................................................................................................113
Estouro..............................................................................................................................114
Braçadeira........................................................................................................................115
Nota espectro..................................................................................................................116
Gorjeio................................................................................................................................118
8. Técnicas para destreza na execução.......................................................................................120
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a. Exercício da canção de escalas......................................................................120
b. Exercício de duração variável.......................................................................122
c. Exercícios das dinâmicas.................................................................................122
d. Exercícios da articulação variável..............................................................123
e. Exercício de ritmo..............................................................................................123
f. Exercício das escalas variáveis......................................................................124
g. Escalas tecidas.....................................................................................................124
h. Acrescentando notas........................................................................................124
9. Aplicando os exercícios nas tablaturas ou partituras........................................................127
10. Concluindo o que não se conclui..........................................................................................135
11. Indicações de livros e manuais para estudo teórico....................................................141
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I. Noções básicas de teoria musical
A flauta nativa americana (ou NAF) é um instrumento tocado com a
alma. Na maioria das vezes, nós a executamos através do que se irradia de
nossos corações, no exato momento que dedicamos a ela. Essa é uma das
características deste instrumento. Não é uma flauta comum, presa a um
sistema rígido, aficionado com uma estrutura musical definida.
Porém, se você é um amante da música nativa e, fenece de vontade de
executar as velhas canções dos nossos irmãos nativos americanos, será
necessária dedicação em aprender a notação musical... (a menos que você
tenha algum parente dos povos antigos e aprenda as canções de ouvido...).
Por conseguinte, se quer aprofundar na NAF, ler partituras feitas para as
canções nativas, e passar as suas próprias para o papel, você deve fazer um
estudo paralelo de teoria musical.
O tópico s seguir, “noção básica de teoria musical” é na verdade um
resumo bem “enxuto” para você compreender certos conceitos que serão
trabalhados.
Portanto, esperamos que você procure algum material mais completo
de teoria musical. Estude! Um pouquinho por dia, seguido da prática diária,
em pouco tempo tocará todas as canções transpostas para a flauta nativa.
Certo?
Estude...!
Então vamos lá!
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Som: é a vibração percebida pelo ouvido humano. O nosso ouvido
percebe duas espécies de sons: musicais e não musicais; o som assume
quatro propriedades: altura, duração, intensidade e timbre;
Música: é a arte de manifestar os diversos afetos da nossa alma mediante
o som. Seus elementos mais importantes são: melodia, harmonia e ritmo;
Pentagrama ou pauta: é o conjunto de cinco linhas paralelas, horizontais
e equidistantes, formando entre si quatro espaços. As linhas e espaços da
pauta são contados de baixo para cima:
Linhas e espaços suplementares: muitas vezes estas cinco linhas e quatro
espaços não são suficientes para se escrever todos os sons musicais, por
isso, usam-se quando necessário, as linhas e espaços suplementares
superiores e inferiores:
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Notas: são sete: dó - ré - mi - fá - sol - lá - si. Ouvindo-as sucessivamente
forma-se uma série de sons que se nomeiam de escala:
Há outra forma de nomear as notas, a que chamamos de cifras; elas são:
A (lá); B (si); C (dó); D (ré); E (mi); F (fá); G (sol). São muito utilizadas
nas tablaturas da NAF e nas músicas tradicionais ou populares.
Clave: é um símbolo colocado no início de uma pauta e serve para
determinar o nome das notas e sua altura na escala. Há três sinais de
clave: de sol, de fá e de dó (das letras G, F e C apareceram as atuais
claves: sol, fá e dó). São elas que determinam os nomes e as alturas das
notas; cada clave dá o seu próprio nome à nota escrita em sua linha:
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Figuras de notas: são desenhos representativos das notas.
Veja abaixo a composição de uma figura de nota:
Os nomes das figuras são: semibreve, mínima, semínima, colcheia,
semicolcheia, fusa e semifusa. Como mostrado na figura acima (na
mesma ordem).
E cada figura de nota terá sua respectiva pausa que lhe corresponde ao
tempo de duração. As pausas são figuras que indicam duração de
silêncio. As figuras mais usadas atualmente são:
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As pausas dessas notas são chamadas de: pausa da semibreve; pausa da
mínima; pausa da semínima; pausa da colcheia; pausa da semicolcheia;
pausa da fusa; pausa da semifusa. Como mostrado na figura acima.
Valores das notas: denominam a duração dos sons musicais. São várias
as durações e podem ser positivas (notas) ou negativas (pausas). Mas...
Um valor negativo para um som? Como funciona? Simples: os valores
positivos representam os sons que nós ouvimos e fica a cargo dos valores
negativos, representarem as pausas (silêncio) durante a música, veja:
(valores dos tempos das notas)
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Os números acima não são os valores absolutos. Eles apenas representam
o valor das figuras, tomando como base a semibreve, cujo valor é um.
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Compasso: é o conjunto de figuras musicais de duração igual ou variável.
As figuras que representam o valor das notas têm duração indeterminada
(não tem valor fixo). Para que as figuras tenham um determinado valor
na duração do som, é necessária a fórmula de compasso. Os compassos
são divididos em duas categorias: simples e compostos.
Tempo: é um valor determinado na duração do som ou do silêncio
(pausa). Os tempos podem ser agrupados de dois em dois (compasso
binário), de três em três (compasso ternário), de quatro em quatro
(compasso quaternário), de cinco em cinco (compasso quinário) e de sete
em sete (compasso setenário), constituindo unidades métricas às quais se
dá o nome de compasso.
Barras de compasso: são separadores no pentagrama; compõe-se de
uma linha vertical, chamada barra de compasso ou barra simples ou
ainda travessão. Usa-se para separar períodos ou trechos da música:
(Barra simples)
(Barra dupla)
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Para concluir a música, usa-se a barra final:
E para indicar repetição de um trecho, usam-se barras de repetição:
Existe ainda o símbolo Dal Segno Al Fine. Na execução da peça, se
houver este símbolo, indica que o músico deverá voltar ao sinal gráfico
(representado abaixo – como um S “cortado”) e seguir dali até a palavra
fine, que indicará o final. Dal Segno é utilizado quando algum trecho
compreendido entre este sinal e a palavra Fine, deve ser repetido. Pode
também ser representado pelas letras D. S. Veja:
Fórmulas de compasso: são figuras que representam os valores das notas
e das pausas e que têm duração "indeterminada", isto é, não têm um
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valor fixo. Para determinar os valores das figuras precisamos da Fórmula
de Compasso, que são dois números sobrepostos, indicados ao lado da
clave, no início do primeiro compasso. Esse agrupamento de compassos,
com tempos regulares, separados pelas barras divisórias, é indicado no
início da pauta por números sobrepostos. O número que vem em cima
indica quantos tempos teremos em cada compasso, cujo valor (ou
qualidade) vem representado pelo número de baixo. O compasso recebe o
nome do número de tempos que o compõem: para 4 tempos =
quaternário (4/4); para 3 tempos = terciário (3/4); para 2 tempos =
binário (2/4). Nos compassos quaternários, a semibreve (que é o inteiro)
valerá 4 pontos, determinando assim os valores da mínima (2), da
semínima (1), da colcheia (1/2), da semicolcheia (1/4), da fusa (1/8) e da
semifusa (1/16).
(Exemplo de compasso ternário ou 3/4)
Unidade tempo: é a figura que terá o valor igual a 1 dentro do compasso.
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Unidade de compasso: é a figura que, sozinha, preencherá todo o
compasso. Por exemplo, em um compasso 4/4 a semibreve vale 4
tempos. Ela sozinha preenche um compasso.
Escalas: é a sucessão de sons de alturas diferentes. A escala pode ser
maior, menor e cromática. As escalas maiores e menores são formadas
por 8 sons. Já a cromática é formada por 12 sons (todos os semitons).
Tom: é a soma de dois semitons (ou subtons ou meio tom).
Semitom: é um subtom, meio tom. É a menor distância entre duas notas.
Ligadura ou legato: quando algumas notas são representadas nas
partituras ligadas por um semicírculo, indica que as notas são tocadas
ligadas, ou seja, toca-se sem marcar as notas posteriores a primeira unida
pelo legato. Na figura abaixo, a nota dó é tocada ligada, não se repete à
segunda. Apenas prolonga-se a primeira, somando-se o valor das duas:
Ponto de aumento: é um ponto colocado à direita da cabeça da nota;
utiliza-se o ponto de aumento para aumentá-la em metade do seu valor.
É também utilizada nas figuras negativas (pausas).
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Anacruse: é a falta de tempo no primeiro compasso da música, sendo
compensada no final. Se, por exemplo, você deparar com uma música em
4/4 e que no primeiro compasso contenha apenas 1 tempo, tenha certeza
que os 3 tempos restantes estarão no último compasso, seja em valores
positivos (notas) ou negativos (pausa).
Solfejo: é o ato de "dizer ou cantar" o nome das notas e a contagem das
pausas, obedecendo à métrica de divisão musical. Deve ser acompanhado
por movimentos rítmicos e proporcionais.
Intervalos: intervalo é a diferença de altura entre dois sons. Conforme o
número de sons que abrange, o intervalo pode ser de 2º, 3º, 4º, 5º, 6º,
7º, 8º, 9º, etc. O intervalo pode ser:
O intervalo também pode ser:
- Melódico - quando as notas são ouvidas sucessivamente, podendo ser
ascendente - quando a primeira nota for mais grave que a segunda, e
descendente, quando a primeira nota for mais aguda que a segunda:
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- Harmônico - quando as notas são ouvidas simultaneamente:
Fermata: fermata é um sinal que se coloca acima ou abaixo
de figuras ou pausas para aumentar sua duração por tempo
indeterminado (não tem valor fixo). Também pode ser chamado de
coroa ou infinito. Colocada sobre uma pausa chama-se suspensão;
quando colocada sobre a barra de compasso, indica uma pequena
interrupção entre dois sons.
Exemplo de fermata na partitura:
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Acentuação métrica dos compassos: os tempos dos compassos obedecem
a diversas acentuações, isto é, acentuações fortes e outras fracas. Essas
acentuações constituem o acento métrico; por meio dele podemos
reconhecer se o compasso é binário, ternário ou quaternário.
Contratempo: são notas executadas em tempo fraco ou parte fraca do
tempo, ficando os tempos fortes ou partes fortes de tempo preenchidos
por pausas. Podem ser regulares ou irregulares:
* * *
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Bem, terminamos aqui este resumo.
Mas recordemo-nos que o conteúdo anterior, não substitui o estudo
da teoria musical. Foi apenas para trazermos uma noção ou lembrança dos
termos que iremos usar a seguir.
Será necessário que você obtenha algum material didático de teoria ou
pelo menos musicalização básica, para continuar e aprofundar nos estudos.
Há muito, muito mais o que aprender.
Correto? Quer se aprofundar mais...?
Estude!
Vamos lá?
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II. Um pouco sobre a escala pentatônica
A escala pentatônica é a escala utilizada na flauta nativa americana.
Ao contrário do que muitos pensam, a escala pentatônica é muito
antiga, porém muito utilizada em todo o mundo. Sua origem é nebulosa, não
se sabe ao certo, mas aponta-se que ela foi usada ou recriada na Mongólia,
Japão e Egito. Até hoje desempenha um papel muito importante em toda a
música oriental, africana e especialmente na música “céltica”. Outros
afirmam que ela foi reelaborada na China, por algum estudioso que reuniu
as divisões melódicas propostas por Pitágoras: este descobriu que, se uma
corda gerava uma nota "x" e fosse dividida ao meio, geraria a mesma nota,
porém uma oitava acima; se a mesma corda fosse dividida em 3, geraria
então outro intervalo harmônico e assim sucessivamente. A escala
pentatônica organizada com as divisões propostas por Pitágoras gerava com
isso seis intervalos distintos: si, dó, ré, mi, sol, lá. A proximidade da nota si
para a nota dó era muito e, quando tocadas juntas, geravam uma
dissonância. Por essa razão foi retirada a nota si desta escala, formando
então apenas uma escala de 5 tons ou sons, batizada de pentatônica. Foi
então o ponto inicial para a harmonia na música!
As escalas receberam então esta denominação – pentatônicas – por
serem compostas ou formadas pelas cinco notas ou tons.
Mas elas, porém, são dividas em dois ramos, passando a serem
pentatônicas maiores e pentatônicas menores. Muitos músicos denominam-
na simplesmente de penta.
Este dois ramos, pentatônicas menores e maiores, são ouvidos em
diversos estilos musicais como na música tradicional, no blues, o rock, e na
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música pop. Enfim, nos estilos musicais mais ouvidos. Vejamos mais sobre
elas:
1. A escala pentatônica maior
A escala pentatônica maior mais utilizada é aquela derivada da escala
maior (ou jônica) quando retiramos o 4º e o 7º grau. No exemplo de escala
pentatônica maior em Dó (C), temos:
C D E G A
Ou Dó Ré Mi Sol Lá
Repare que as notas naturais F (Fá) e B (Si) da escala maior foram
suprimidas nesta escala pentatônica maior.
T 2 3 + 5 6 ⇒ graus da escala
Qualquer escala de cinco notas com a terça maior poderia ser
considerada como uma pentatônica maior, porém esta forma acima é
considerada a mais comum.
Veja a seguir as escalas de notas pela pentatônica maior:
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Escala Pentatônica Maior
Tons 1, 2, 3, 5, 6 da escala maior, sem o 4 e 7
2. A escala pentatônica menor
O mesmo raciocínio feito para a construção da escala pentatônica
maior, pode ser aplicado na elaboração da pentatônica menor.
A pentatônica menor é baseada na escala menor natural, porém sem o
2º e o 6º grau.
Veja o exemplo de uma escala pentatônica menor em Dó (C):
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C Eb F G Bb
Ou Dó Mi (bemol) Fá Sol Si (bemol)
T b3 + 4 5 b7 ⇒ graus da escala
Veja que qualquer escala de cinco notas com a terça menor poderia
ser considerada uma pentatônica menor, porém esta é a mais usada.
Esta é a escala preferida pelos músicos de blues, rock e metal. Eles
costumam incluir ainda, uma sexta nota, no grau b5; esta é conhecida como
blue note, formando assim uma escala típica do blues.
Escala Pentatônica Menor
Tons 1, 3, 4 ,5 ,7 da escala menor natural, sem o 2 e 6
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Invertendo as notas desta mesma escala pentatônica maior, temos
outras quatro escalas pentatônicas. Assim, a escala pentatônica maior de C
(dó) começada na nota A (lá) formará à escala penta menor de A.
3. Outras escalas pentatônicas
Nós podemos montar escalas pentatônicas apenas utilizando cinco
notas distintas.
Veja:
Pentas menores:
C Eb F G Bb
⇒ penta menor - sonoridade próxima da escala menor no blues.
C Eb F Ab Bb
⇒ penta menor - sonoridade próxima da escala frígia
C Db F G Bb
⇒ penta menor - sonoridade japonesa
C Eb F G A
⇒ penta menor - sonoridade jazz
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C Eb F A Bb
⇒ penta menor - sonoridade alterada
Pentas maiores:
C D E G A
⇒ penta maior - sonoridade próxima da escala maior natural
C D E G Bb
⇒ penta maior - sonoridade próxima da escala mixolídia
C D E Gb A
⇒ penta maior - com sonoridade jazz ou lídio
4. Aplicações
As escalas pentatônicas maiores e menores são as escalas mais
estáveis, pois não possuem intervalos de semitom e por isso são facilmente
reproduzidas vocalmente.
Elas são escalas mais imprecisas do que as escalas diatônicas de 7
notas, mas mesmo assim são boas opções para o improviso. No blues é
comum eles usarem a pentatônica menor para improvisar sobre um acorde
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dominante maior. Por exemplo, costuma-se improvisar com a pentatônica
menor de A (lá) no acorde A7 (lá maior dominante).
Assim, para um mesmo acorde podemos escolher várias escalas
pentas que soarão bem com ele…
***
Ficou um pouco mais claro sobre a escala pentatônica?
É sobre esta escala que trabalharemos no estudo da NAF.
Vamos então à introdução da flauta nativa americana!
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III. Voltando as origens
“A Flauta Nativa Americana é reconhecida como uma legítima
ferramenta de cura, que manifesta a voz da alma expressando nossas
emoções e sentimentos. A Flauta Nativa oferece-nos uma viagem
arrebatadora rumo ao mundo interior. Qualquer pessoa com ou sem dom e
conhecimento musical pode ‘tocá-la’ facilmente”.
A flauta nativa americana é também conhecida como Wayazo Tanka
ou Siyo Tanka. Esta flauta é um instrumento de origem espiritual, difundido
entre os índios da Grande Nação Sioux do Oeste dos Estados Unidos.
É um instrumento musical único no mundo. O seu som é
inconfundível e a forma de aprendizado é muito simples; basta um coração
amoroso e poucas técnicas para a emissão das notas!
Por ser uma legítima ferramenta de cura, pode manifestar a voz da
alma; traz paz aos ouvintes e ao flautista, além de ser uma ótima forma de
expressar emoções e sentimentos mais imaculados...
De acordo alguns chefes indígenas, as flautas nativas americanas
eram tocadas com a intenção de se conectarem emocionalmente com os
ritmos da natureza:
"Até pouco tempo, comenta - a força que emanava da Mãe-Terra
dominava nossas vidas; e muitos de nós acabamos por perder o contato
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com os níveis mais elevados da consciência; no entanto, ao tocar a flauta
nativa, é fácil despertarmos o sentimento de intimidade que no liga ainda
com a Mãe-Terra.”
Precisamos dizer mais alguma coisa depois deste depoimento?
Muitas são as histórias e lendas em que os povos nativos contam a
respeito de sua origem e de como essa flauta chegou às suas tradições.
A origem da flauta parece aspirar e firmar em um mistério, embora
saibam que ela foi usada para diversas funções, tais como a cura, etc.
A maior parte da história é desconhecida, e o pouco que sabemos vem
da tradição oral; muitas pessoas, especialmente na área formal ou acadêmica
não tomam isso como uma fonte de informação histórica rigorosa e
completamente verídica.
Arqueólogos e pesquisadores encontraram apitos de ossos com mais
de 60.000 anos. Ossos com furos também foram encontrados em cestos de
cerâmica por volta de 300 D.C. no nordeste do Arizona, além de flautas
pertencentes aos índios Pueblos Anasazi por volta de 800 D.C. No entanto a
maioria das flautas pré-históricas que eram construídas em madeira
desapareceu há muito tempo devido à deterioração.
1. A lenda da primeira Flauta Nativa Americana
A história abaixo foi contada por Phil Lane (Phillip Brown Bear),
respeitado ancião Lakota, poucos meses antes dele fazer sua passagem para
o mundo espiritual:
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- Muito tempo atrás havia um jovem índio que estava muito interessado em
uma bela virgem da tribo. Ele estava sempre tentando chamar sua
atenção, mas ela nunca o notava.
Sempre que ela estava presente, ele montava em seu cavalo com orgulho,
mas nada chamava a atenção dela...! Um belo dia, quando a bela jovem e
outras meninas estavam tomando banho no rio, o jovem começou a
mergulhar por entre as rochas que atravessam o rio, para mostrar quão
corajoso ele era, mas novamente ela o ignorou...
Entristecido e sem esperanças, o jovem adentrou na floresta e sentou-se na
base de uma árvore Cedro, morto há muito tempo.
Enquanto estava sentado, pensando sobre a sua amada, um sábio pica-
pau pousou em um galho oco que estava sobre sua cabeça - o galho tinha
sido escavado ao longo do tempo pelo vento. O pica-pau então começou a
fazer buracos com seu bico em torno do galho... Toc, toc, toc... Ao longo do
galho oco. Toc, toc, toc...
Com as bicadas do pica-pau, o galho se partiu e caiu ao lado do jovem; o
sábio vento então soprou sobre este galho oco com buracos, e então o jovem
percebeu vozes musicais provenientes daquele galho! Admirado, ele levou o
galho consigo, e com o passar dos dias foi descobrindo que ao cobrir alguns
furos com os dedos, e assoprar em uma das extremidades do galho,
imitando a voz do vento, poderia criar melodias belas, tristes, felizes, para
coincidir com os sentimentos do seu coração!
Sentou-se por um tempo isolado e inventou as melodias mais profundas e
comoventes!
A moça, certo dia, ouviu músicas que vinham da floresta. O som era tão
comovente que a atraiu e tocou no fundo de seu coração. Então ela foi
seguindo aquela música pela floresta, quando viu sentado ali na base da
árvore Cedro, a primeira flauta sendo tocada, criada pelo Pica-pau, o
pássaro escultor...
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Enquanto ouvia, ela se apaixonou e se entregou por amor ao jovem.
E os dois saíram de mãos dadas e, foram felizes para sempre...
A lenda também diz que, ao conquistar seu “grande amor” através
do som da flauta (coração), ela deverá ser guardada e nunca mais tocada,
porque caso contrário, sempre estará atraindo um novo amor...
Phillip Brown Bear
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Portanto, com uma forma poética ou oculta de descrever este
processo, muitos indivíduos atribuem o desenvolvimento da flauta a esta
história.
Há, porém, aqueles que defendem que a flauta foi um instrumento
trazido por outros povos, de determinados “mundos ou dimensões”, para
que os índios fizessem seu uso para a cura e como instrumento de harmonia
ligação nas suas comunidades. Estes “povos do céu” trouxeram também
muitos conhecimentos e sabedoria, o que garantiu um desenvolvimento mais
avançado a determinadas comunidades indígenas... É um fato, não uma
lenda!
Mas a teoria mais comum ou respeitada pelas mentes eruditas,
defendida pelos estudiosos, é que a flauta foi desenvolvida pelos Antigos
Pueblo-Povos (Oasisamerica), como a flauta Anasazi; estas teorias foram
baseadas nas análises dos desenhos de flautas feitos nas cavernas
mesoamericanas do sul.
A flauta nativa mais antiga existente foi feita de madeira. Foi
descoberta pelo aventureiro italiano Giacomo Costantino Beltrami, em 1823
durante pesquisa histórica nas cabeceiras do rio Mississippi. O achado faz
parte agora da coleção do Museu Civico Di Scienze Naturali em Bergamo, na
Itália.
Foram achadas também, flautas feitas da cana-de-rio, podendo ser
uma das mais antigas; esta se encontra na coleção do Museu Coleções da
Universidade de Arkansas, Fayetteville. Foi recuperado em 1931 por Samuel
C. Dellinger e recentemente identificado como uma flauta NAF por James A.
Rees Jr., da Sociedade Arqueológica Arkansas. O artefato é conhecido
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coloquialmente como "A Flauta Breckenridge", e é provável que date entre
150-1350 A.C.
Outra lenda popular é o de Kokopelli.
Os nativos americanos do sudoeste consideram o Kokopelli como o
Deus da Fertilidade. É também um antigo deus dos índios Hopi.
Kokopelli é um flautista corcunda (que remonta a 3000 anos, quando
as primeiras pinturas rupestres foram esculpidas), onde sua “música” trouxe
prosperidade para o povo e para a terra.
Ele é representado pelos Hopi, com o corpo nu e uma corcunda bem
proeminente, caminhando, e geralmente com antenas em cima de sua
cabeça, além de assoprar uma flauta. Em sua corcunda contém sementes que
são regadas com a chuva atraídas pelo som de sua flauta. Em outras
tradições, porém, Kokopelli é muitas vezes representado com uma ereção ao
invés da corcunda. Isto é um simbolismo significando que o Kokopelli traz
fertilidade.
Sua música simboliza a transição do inverno para a primavera,
trazendo a chuva que faz crescer as colheitas...
Quanto às lendas da origem da flauta NAF, qual é a mais verdadeira,
só posso lhe dizer que ouça seu coração e descubra qual lhe fala como mais
correta...
Particularmente aprecio a versão dos “povos do céu”, apesar da
variante contada pelo Urso Pardo como inspiradora... Não acham?
Bem, vamos então à teoria! Pegue de sua NAF e vamos lá!
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IV. Teoria para a flauta nativa americana
As flautas NAF (native american flute) são muito fáceis de tocar.
Possuem um sonho místico, aparentemente complexo, mas fornece ao
instrumentista uma incrível facilidade na utilização. A partir de uma nota
base (ou fundamental) se dispõem os orifícios de forma a constituir uma
escala pentatônica harmônica.
Assim, praticando corretamente a vedação dos furos, e usando as
técnicas próprias para ela, imediatamente se cria melodias que são geradas a
partir de nosso estado anímico, ou de nosso coração, como muitos gostam de
dizer.
Para facilitar o aprendizado, algumas flautas possuem o furo central
coberto com uma tira de couro para vedá-lo. Esta vedação propicia a
utilização dos furos ou notas de forma que a escala seja sempre a pentatônica
(mais adiante explicaremos o motivo). Quando a pessoa se encontra mais
hábil na manipulação, retira-se a tira de couro que recobre o furo.
As atuais NAF’s estão em sintonia com uma variação da escala
pentatônica menor, dando ao instrumento o som bem característico e até
melancólico. Alguns fabricantes começaram recentemente a experimentar
nas NAF’s diferentes escalas, dando aos instrumentistas novas opções
melódicas.
Além disso, as flautas modernas estão sintonizadas nas chaves de
concertos em geral (como A ou D), de modo que elas possam ser facilmente
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reproduzidas junto a outros instrumentos. As chaves-raiz das modernas
flautas NAF’s abrangem uma gama de cerca de três oitavas e meia, de C2 a
A5.
A teoria utilizada na aprendizagem da flauta NAF, portanto é bem
simples. Não tem dificuldades! A base teórica fundamental é a mesma
utilizada em qualquer instrumento; mas como em todos eles há uma
linguagem própria, que o identifica, há também para a NAF um sistema
próprio que exemplifica e facilita alguns artifícios a serem usados.
As culturas nativas não criaram partituras escritas. As músicas
espirituais e técnicas do instrumento foram sendo passadas dos mais velhos
aos jovens, seguindo rituais disciplinados. A ideia inicial era experimentar
com os sons da natureza, e tentar imitá-los com a flauta. Depois o
instrumento passou a ser expressão da cultura e ritos ocorridos nas tribos.
Diz-se que a boa teoria para NAF, está na própria alma daquele que
toca, bastando usar o coração antes de tudo para tocar as canções! E é essa a
característica mais peculiar das NAF’s... Consegue ser um instrumento
fantástico e ao mesmo tempo fácil. Por que para quem age com o Coração,
não há dificuldade alguma! Não diz a lenda indígena, que bastou apenas o
jovem amante usar a linguagem de seu coração para conseguir conquistar
sua bela amada?
É isso aí...
Continuemos.
***
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1. Obtendo sua flauta NAF
Bom, se você ainda não obteve sua flauta NAF, e não sabe ainda onde
encontrá-las, informo-lhe que deverá desembolsar um valor considerável se
você não mora nos USA.
As flautas que são realmente consideradas NAF ou a legítima flauta
nativa americana são construídas, apenas pelas mãos de um irmão nativo
americano. Por quê?
Pelo que verifiquei em uma na Lei Federal americana de proteção a
cultura nativa, apenas as flautas saídas da mão de uma comunidade indígena
ou de um nativo ou descendente próximo pode ser batizada e comercializada
com este nome: Native American Flute ou Love Flute ou NAF. Qualquer
flauta fabricada por um artesão que não tenha origens nativas, ou que seja
de uma nacionalidade ou culturas diferentes, não pode comercializá-la como
se fosse verdadeira flauta nativa americana. Compreende?
Então se você quer ter uma “legítima” NAF deve comprar diretamente
de algum descendente ou construtor nos USA. É fato.
Aqueles de outras nacionalidades ou americanos de “nenhuma”
herança com os nativos, só podem fabricá-las e vendê-las com o título de ao
estilo das flautas nativas americana!
Não se desanime. Assim como temos leis de proteção aos nossos
irmãos índios brasileiros, a lei deles busca priorizar e valorizar o trabalho
cultural feito pelos nativos. É uma forma de proteção e manutenção das
raízes nativas. Mas convenhamos também que fabricar a flauta pela mão de
um não nativo também tocaríamos da mesma forma! O que importaria é
como ela foi fabricada...
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Os valores das NAF’s americanas podem variar muito. Algumas são
bem baratas e outras, por serem produzidas por indivíduos de renomes,
podem receber um valor bem alto pela qualidade e, pelas mãos que as fez.
Aqui dentro da América do Sul há alguns fabricantes que a produzem.
Não vou fazer propaganda, basta que você acesse os buscadores na rede que
irá encontrá-los.
Mas na hora de obter sua flauta, verifique apenas de que madeira ela
foi feita.
Busque ouvir a afinação que lhe agrade, saber sobre o peso da flauta e
o diâmetro. Às vezes, dependendo do tamanho da flauta, pode ser um pouco
desconfortável tocá-la por causa do peso e da dificuldade de alcance dos
dedos. Portanto escolha a que te agrade e a que seja melhor para você
executar.
Encontramos NAF’s em diversas afinações; e a maioria alcança
sempre apenas uma oitava ou um pouquinho mais. Então, para que você
tenha um repertório bem mais amplo, é essencial que aos poucos você
obtenha NAF’s de várias afinações. Uma já é suficiente para você tocar as
músicas de sua essência. Várias NAF’s abrem um leque amplo de
possibilidades!
Portanto, fica o seu critério quais as NAF’s que lhe farão mais bem!
Ok?
Vamos lá.
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2. Conhecendo a sua NAF
O corpo da flauta NAF é bem simples.
Consiste apenas em um tubo, de proporções iguais, com duas câmaras
de ar internas. A primeira onde se inicia o fluxo de ar, sendo bloqueada por
uma pequena parede interna; nesta, o ar é direcionado para cima, para uma
pequena abertura sob um nivelamento onde se encontra o bloco abaixo do
totem. O ar, estreitamente comprimido, é então direcionado para a segunda
câmara – parte do ar escapa sobre a flauta e parte dele retorna para o corpo
da flauta. Na segunda câmara, o ar ingressa pelo tubo, passando pelos furos
e escapando ainda para a saída final da flauta.
O corpo da flauta é bem simples, apenas adequando-se nas medidas
necessárias para dar a afinação correspondente.
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Um esclarecimento:
Quase todas as NAF’s são fabricadas da madeira. Mas determinadas
pessoas produzem vez ou outras algumas em PVC ou bambu. Atente-se que a
legítima flauta é fabricada em madeira; pela madeira se tem uma sonoridade
que nenhum outro material poderá dar.
Além de ser feita de um material natural, traz todo um simbolismo. O
bambu é interessante, mas também não se compara a madeira.
As flautas de PVC podem ser baratas, e até aqueles que não têm
conhecimento de luthieria podem construí-la. Mesmo havendo a
necessidade de corte da árvore para a obtenção da madeira na construção
das flautas, sabemos que o corte é pequeno em comparação ao que se usa
dele para fins supérfluos; e o instrumento não tende a ser descartável, como
muitos objetos completamente inúteis fabricados em madeira o são, pelo
mundo.
E como sabemos também que o plástico não se tornou um elemento
agradável ao meio ambiente, é preferível então obter apenas o instrumento
feito da madeira, que vai ter uma vida mais longa, de qualidade, de aspecto,
além da simbologia que ele trará. É bom que se utilize uma flauta feita de
material natural ou mais apropriada. Pense nisso.
3. O Sistema SNAFT
O SNAFT é um sistema muito fácil de escrita de tablaturas das NAF’s.
São bem característicos e simples de utilizar. Foi desenvolvido originalmente
por Goodhew.
A versão a seguir tem algumas modificações secundárias ao escopo
original criado por ele. Vejamos:
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Simbologia para as NAF’s
Caractere
Significado
< Bocal da flauta... (mostra-se sempre à esquerda)
x Furo fechado
o Furo aberto
h Furo está meio fechado
| Divisão dos dedos entre a mão esquerda e direita
q Furo está ¼ fechado (parcialmente fechado)
c Furo está "quebrado" - ¾ fechado (quase todo
fechado)
t Vibre rapidamente – use o trinado
! Registro alto. Usa-se ao término de uma nota para
indicar overblowing (explodir a nota)
Montando um exemplo visual pelo SNAFT, o teríamos desta forma:
< x x x | x x x Todos os furos fechados;
< x x x | x x o O último furo aberto e o restante fechado;
< x x x | x x h O último furo está meio fechado.
Não é bem fácil?
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Abaixo tem outro exemplo de como escrevemos a escala pentatônica
pelo sistema SNAFT, veja:
<xxx|xxx
<xxx|xxo
<xxx|xoo
<xxx|ooo
<xox|ooo
<oox|ooo
E aqui é o modo quatro da escala secundária pentatônica, tocadas em
muitas NAF’s:
<xxx|xoo
<xxo|xoo
<xoo|xoo
<ooo|xoo
<xxx|xxx
<xxx|xxo
<xxx|xoo
Outros exemplos:
< x x x | x t o Faça vibrar, entre as três últimas notas, apenas o
segundo furo.
< o x x | x x x ! Furo do topo aberto e toque o último em
overblowing.
Facílimo, não?
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É apenas uma questão de você memorizar os símbolos, que são
poucos.
Bem, além da utilização dos caracteres representativos na execução
das notas, ainda temos a representação pelo desenho da flauta na tablatura.
Este, nomeamos de diagrama de dedo:
O desenho acima é a representação visual de uma flauta NAF. Contêm
todos os furos, o bocal, e está na posição como se executa.
O diagrama de dedo será representado pelo desenho logo abaixo das
notas (para servir como objeto de memorização ou representação, para
quem não tem noção teórica musical) ou como uma “partitura” à parte, mas
também pode vir especificado na forma de símbolos ou códigos.
As notas na flauta são representadas preenchendo o desenho dos
furos com alguma cor, como no desenho abaixo:
Aqui, os três furos acima deverão estar todos vedados e os três
últimos abertos.
Mas nem sempre as partituras apresentarão o desenho ou os
símbolos, contendo apenas as notas e o sistema de notação musical
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moderno. Portanto, você deve estar apto a usá-las. Procure com isso
acostumar a ler as notas diretamente na partitura. A maioria das partituras
para as músicas tradicionais são bem simples, comparadas às peças de
concerto e outros, por isso não tem segredo, são mais fáceis de executar; se
você conseguir compreender o básico de notação e aprender a solfejar,
conseguirá ler as partituras facilmente! Você poderá então executar sempre
novas músicas.
A maioria das fontes de diagrama de dedo para a NAF são geralmente
imagens de flauta com apenas seis furos:
Mas há ainda diagramas de dedo para flautas de cinco furos, como a
algumas Anasazi:
Ou ainda,
Também para flautas de quatro furos, com o estilo Mojave:
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De quatro furos ao estilo Yuma:
Com ainda quatro furos, mas com espaçamento desigual entre as duas
últimas notas:
Ao estilo Papago, com apenas três furos:
Ou ainda a mesma, mais com um furo para o dedo polegar:
Com sete furos, ao estilo 3-4 de configuração:
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Ou ainda com seis furos mais um para o polegar, totalizando sete:
Com oito furos como na flauta barroca inglesa:
Ainda temos uma flauta com dez furos, a Fujara:
E uma pequenina de três furos, a Eslovaca:
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Bem simples! Se você tem uma NAF ou uma Anasazi, ou outro tipo,
basta apenas que use o diagrama de dedos adequado para elas, como nos
desenhos acima.
Na apostila, o diagrama que usaremos será para a NAF de seis furos.
4. As escalas nas NAF’s
Um dos encantos das NAF’s é que, mesmo que elas aparentam serem
"simples", como instrumentos de cinco ou seis furos, são capazes de
reproduzir várias escalas alternadas, apesar de ter uma gama limitada em
comparação com a maioria dos instrumentos tocados hoje em dia. A
extensão de nota tocável não é muito mais do que uma oitava. Deixei logo
abaixo os nomes das escalas que estão mais em uso na comunidade NAF e
que parece mais adequada à mesma.
Um método para se progredir nas NAF’s é seguir o roteiro de
execução das notas básicas ou naturais, por estas escalas, e só depois ir
introduzindo as técnicas avançadas como os ornamentos. Não adianta
querer tocar os ornamentos primeiro, se você ainda não está firme na
execução das notas, não é mesmo? Quando estiver firme na execução das
notas, verá por si só que os ornamentos sairão espontaneamente!
Aqui estão às escalas mais utilizadas para as NAF’s, veja:
Pentatônica menor - seis notas na escala principal:
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Agora veja como as escreveríamos pelo sistema SNAFT:
<Xxx | xxx Todos os furos fechados
<Xxx | xxo Apenas último furo aberto
<Xxx | xoo Os dois últimos furos abertos
<Xxx | ooo Os três últimos furos abertos
<Xox | ooo Os três últimos e o segundo de cima aberto
<Oox | ooo Apenas o quarto furo fechado
Obs.: costumamos contar os furos a partir do primeiro próximo ao bocal
– de cima para baixo. Há pessoas que contam os furos a partir do
último furo próximo a saída final de ar (ou seja, debaixo para cima).
No estudo desta apostila, usarei a forma como aprendi: a partir do
bocal, 1º furo, e assim até chegar no 6º furo, veja: < X(1º) x (2º) x
(3º) | x (4º) x (5º) x (6º). Certo? Fica o seu critério a escolha da
nomeação dos furos.
Na partitura ou nas linhas do pentagrama, escreveríamos esta escala
desta forma:
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Pentatônica Menor - Extendida - décima menor
Pelo sistema SNAFT:
<Xxx | xxx Todos os furos fechados
<Xxx | xxo Apenas o último furo aberto
<Xxx | xoo Dois últimos furos abertos
<Xxx | ooo Os três últimos furos abertos
<Xox | ooo Apenas o primeiro e terceiro furo fechados
<Oox | ooo Apenas o terceiro furo fechado
<Hxx | xxo! 2º, 3º, 4º e 5º furos fechados; o 6º furo aberto, e o 1º furo
parcialmente fechado, com um overblowing final.
Nas discussões sobre as escalas, diz que você deve começar a tocar a nota
tônica da escala e continuar até as notas mais altas.
No entanto, tomando sempre esta escala como escala primária:
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Busca-se adicionar ao final da última nota tocada, mais duas notas
(destacadas de cor amarelo):
.
Estas duas compreendem-se a nota raiz e a quinta.
A partir da introdução dessas duas notas, temos agora a escala
pentatônica maior!
Costumam chamar essas duas notas adicionais ao final da escala, de
notas de envoltura (ou wrap – termo em inglês). Elas são muitas vezes
adicionadas por causa do alcance limitado da flauta e, também porque as
melodias em uma escala muitas vezes acabam na nota raiz. Acrescentamos
as notas de envoltura (wrap) no final de uma escala, para fazê-la soar mais
como uma melodia e torná-las mais agradáveis para a prática.
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O melhor dedilhado para determinada nota em uma escala, depende
da facilidade com que você movimentará os dedos, para produzir o melhor
tom.
Por exemplo, aqui está uma versão da escala pentatônica menor no
modo quatro:
Os dedilhados nesta escala são provavelmente os mais fáceis de
usar quando você está começando com a escala. No entanto, podem não
produzir melhores resultados.
Abaixo tem outra versão alternativa dessa escala, que muda os
dedilhados para as notas terceira e quarta. Provavelmente a melodia
soará melhor, mas é também um pouco mais difícil para mover os dedos:
Mostramos então os dedilhados mais fáceis de usar. Quando você
estiver mais experiência ou prática nestas duas escalas (pentatônica
maior e menor), sinta-se livre para usar quaisquer dedilhados que gostar!
Veja então as possíveis escalas que você pode tocar na sua NAF:
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Escala de quatro notas:
Escala corneta:
Escalas de seis furos:
Escala do norte:
Escalas de sete furos:
Escala Hirajoshi extendida:
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Miyako-Bushi extendida:
Hexatônica menor:
Blues, sete notas:
Escalas de oito furos:
Blues, oito notas:
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Cigana-espanhol:
Bizantina – extendida
Confirmando: quando você já tiver certa prática com a escala básica
para a NAF (pentatônica maior e menor), volte neste tópico e tente tocar
todas as variações acima.
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4.1 Um pouco sobre os Modos:
Durante sua busca, você pode se deparar com nomeações diferentes
das que você viu. Uma coisa comum que percebemos na NAF, é que alguns
autores falam sempre em modos para a NAF.
Veja:
Escalas que não começam na nota fundamental da flauta , dão-nos
o conceito de modos e escalas rotativas. Mas que é isso?
Um modo é uma escala que usa as mesmas notas, mas com uma
escala subjacente, aplicando essas notas em um lugar diferente. O número
do modo diz aonde a nota da escala irá começar na escala subjacente da
escala; modo de dois começa na segunda nota da escala subjacente, modo de
três começa na terceira nota, e assim sucessivamente.
Para clarear este conceito, tomemos a sete notas base da escala:
A, B, C, D, E, F, G
Eu coloquei a primeira nota em cor roxa para tornar mais fácil para
localizar nos exemplos a seguir.
Sabemos que as letras representam as cifras ou notas,
Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol
Enumeramos então estas notas com os modos, apenas para auxiliar
na explicação:
A (modo 1), B (modo 2), C (modo 3), D (modo 4), E (modo 5), F
(modo 6), G (modo 7)
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Vejamos então a aplicação deste conceito de modos:
Modo 2 na escala subjacente, teremos as notas: B, C, D, E, F, G,
e A (envolvendo em torno do início da escala subjacente);
Modo 3 na escala subjacente, teremos as notas C, D, E, F, G, A
e B;
Modo 7 na escala subjacente, teremos as notas G, A, B, C, D, E
e F.
Usar os modos é o mesmo que usar as etapas de uma escala.
Outro exemplo: tome uma escala de sete notas de base, com passos
escala de 2-1-2-2-1-2-2:
No modo 2, a escala subjacente terá a escala de passos 1-2-2-1-
2-2-2;
No modo 3, a escala subjacente terá a escala de passos 2-2-1-2-
2-2-1.
No modo 7, a escala subjacente terá a escala de passos 2-2-1-2-
2-1-2.
No uso geral do modo na notação musical moderna, é empregado
para obter uma nova escala a partir da escala subjacente, usando uma nota
de partida diferente. No entanto, a utilização do modo de expressão nas
NAF’s é um pouco diferente.
Nas NAF’s, você ouvirá o termo modo frequentemente, como escala
pentatônica modo quatro, ou modo um.
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No modo, essa expressão para a NAF pode significar também, que
uma escala cuja nota raiz não é a nota fundamental da flauta.
A nota fundamental identifica o número modo.
Assim, na escala de ( e ), a sexta é a nota da escala, e ambas
serão consideradas a mesma nota; a diferença é que a primeira do desenho
acima está uma oitava acima da nota fundamental.
No mundo NAF, esta escala seria chamada de modo seis da escala
hexatônica Maior.
Certo?
Mas utilize a escala ou as notas como convier.
5. Como posicionar a sua NAF
Para segurar a flauta, tanto faz se você é destro ou canhoto. O
importante é que se utilizam os dedos indicador, médio e anelar de cada mão
para obstruir os furos.
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No 1º furo utilizamos o dedo indicador; no 2º furo o médio; no 3º
furo o anelar; no 4º furo o outro dedo indicador; no 5º furo o médio e 6º
furo o anelar. Isso para as NAF’s de 6 ou 5 furos.
Veja na imagem abaixo um exemplo da posição dos dedos:
Vamos então à prática:
Segure firmemente sua NAF: a parte detrás do corpo da flauta
seguramos com os polegares; o dedo indicador, anelar e médio, nos furos da
flauta; e o dedo mínimo ou mindinho serve apenas como apoio.
Não há diferença para a posição dos dedos, se você é canhoto ou
destro – o importante é que você faça da seguinte forma: primeira mão -
dedo indicador no primeiro furo; dedo médio no segundo furo; dedo anelar
no terceiro furo; segunda mão - dedo indicador no quarto furo; dedo médio
no quinto furo; dedo anelar no sexto furo. Não se tem o hábito de usar o
dedo mínimo (algumas pessoas fazem isso, por dificuldades em usar o
anelar), os mesmos servem apenas para apoiar a flauta.
Cubra então todos os furos da flauta. Perceba nos dedos, que os furos
devem estar completamente bloqueados, porque senão a nota poderá sair
um tanto desafinada. Você pode sentir um pouco de dificuldade no bloqueio
dos furos; uma dica: não fique olhando para os dedos, mas busque sentir
pelo tato se você conseguiu obstruir totalmente o furo.
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Compreendeu?
Após segurar corretamente e vedar os furos, coloque a ponta do bocal
entre seus lábios e feche-os suficientemente bem, numa posição cômoda, e
para evitar que escape muito ar – encontre uma forma de que o bocal não
entre muito na boca, mas também que não fique muito superficial fazendo
com que escape todo o ar (adiante faremos isso, mas como uma técnica –
escapar o ar). Faça-o sem esticar os lábios. Algumas NAF’s possuem um
bocal bem cômodo, fino, que permita tocar com mais facilidade; já outras
têm um bocal largo ou podendo ser desproporcional para você,
especialmente para crianças. Portanto, como disse anteriormente, busque
uma flauta que lhe ajude a tocá-la!
Sua coluna deve estar sempre ereta. Isto é para uma postura melhor
ao tocar, para saída do ar e dos movimentos. Não há severidade quanto à
maneira de tocá-la, não se está colocando rigidez para executar a flauta; a
posição é apenas para que você tenha mais controle nos movimentos. Certo?
Assopre, então, suavemente no bocal, e faça com que saia um som
claro, “arredondado”, agradável de ouvir. Se você assoprar muito forte, o
som sairá alto, “cavernoso”, ao passo que se você soprar muito baixo, a nota
sairá abafada, fraquinha...
Desobstrua agora apenas o último furo, o 6º, e assopre como
anteriormente.
Pratique até conseguir o som certo, firme! Uma, duas, três vezes... O
tanto que achar melhor. Acostume-se com a sua flauta!
Agora desobstrua o 5º furo, e assopre!
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O 4º... Toque!
O 3º... Opa! Não desobstrua-0! Deixe o 3º furo vedado, desobstrua o
2º e... Toque!
E agora desobstrua o 1º e... Toque!
Muito bem, tendes agora a escala básica de sua NAF:
Disse para você não desobstruir o 3º furo, não é mesmo?
Lembra que me referi anteriormente a “tira” de couro que é amarrada
sobre o terceiro furo?
É que é o seguinte: nossa flauta é afinada para receber ou utilizar as
escalas pentatônicas. E para que ela assim “haja”, é necessária a vedação
deste 3º furo, para que possua apenas as 5 ou 6 notas básicas que compõem
a escala. Através deste movimento de não (dependendo da escala) retirar o
dedo do 3º furo, obtêm-se a escala pentatônica, e há uma harmonia entre as
notas. Por isso que se diz que qualquer pessoa sem conhecimento de música
pode tocá-la, porque qualquer escala, dentre essas 5 ou 6 notas que você
tocar, haverá harmonia ou consonância entre as notas.
Certo?
Pratique agora todas as notas de sua NAF. Subindo e descendo as
notas. Note como o som e agradável e harmonioso. Treine os dedos, vedando
sempre os furos. Procure não olhar os dedos; sinta a ponta de seus dedos,
mantendo-os bens encostados aos furos para que não escape ar entre eles.
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Vamos agora as afinações.
6. Sobre as afinações
As NAF’s são elaboradas para que alcancem determinadas notas,
completando uma oitava.
São várias as afinações.
Veja o quadro a seguir, contendo todas elas:
Nota
fundamental
Furo 1
Furo 2
Furo 3
Furo 4
Furo 5
Furo 6
C Eb F G G# Bb C
C# E F# G# A B C#
D F G A Bb C D
Eb F# G# Bb B C# Eb
E G A B C D E
F G# Bb C C# EB F
F# A B C# D E F#
G Bb C D Eb F G
G# B C# Eb E F# G#
A C D E F G A
Bb C# Eb F F# G# Bb
B D E F# G A B
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A maioria dos materiais para a NAF vem escrita em forma de cifras.
Cada letra representa uma nota, ou um conjunto dessas letras um
acorde. As cifras, portanto representam as seguintes notas:
A (lá); B (si); C (dó); D (ré); E (mi); F (fá); G (sol).
Tomemos então um exemplo da tabela acima:
Se você comprou uma NAF afinada em mi, pela tabela, provável que
as notas de sua flauta serão as seguintes:
NAF em mi:
E G A B C D E
Ou seja,
Para o todos os furos cobertos da flauta mi, tem-se a nota básica ou
fundamental de afinação deste instrumento, que é a nota MI. No quinto furo
temos o RÉ; no quarto furo temos o DÓ; no terceiro o SI; no segundo o LÁ; e
no primeiro a nota SOL.
Não têm segredo. Basta que, vedando todos os furos, você terá a nota
básica de afinação de sua flauta, e à medida que for desobstruindo os furos,
você terá as outras notas da escala posteriores a esta.
Olhe na tabela acima, e veja qual afinação corresponde a sua flauta, se
você ainda não tem certeza.
É muito simples.
Mas há ainda outra forma de obter as notas na NAF além da escala
pentatônica.
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É o seguinte: vemos que há certa limitação nas notas que podemos
obter da NAF através da escala pentatônica. Pois bem; existe ainda um
sistema de tablaturas criado por Carlos Nakai 1, onde podemos obter outras
notas através do dedilhado cruzado.
O sistema de dedilhado do Nakai é simples, porém necessita-se de
certa prática e memorização das outras notas.
Abaixo temos a tablatura para a NAF pelo Nakai, veja:
Pela escala pentatônica obteríamos apenas 5 ou 6 notas básicas. Mas
vemos que pela tablatura do Nakai abre-nos uma aba de possibilidades, que
podemos utilizar nas melodias; na tabela acima, conseguimos obter 16
variações e notas!
O sistema de alcance dessas notas é bem simples. Consiste apenas em
vedar ou não determinados furos da flauta, e fazer um dedilhado cruzado.
Na tabela, vemos que primeira nota na partitura corresponde à nota fá: para
tocá-la, apenas vedam-se todos os furos. Para obter a nota sol, o último furo
deve estar parcialmente fechado; para a nota lá, descobrimos totalmente o
1 Ray Carlos Nakai - publicou A Arte da Flauta Nativa Americana em 1996 com James Demars, Ken
Light e David P. McAllester; forneceu recursos e apoio para outros músicos tocando a flauta nativa
americana. Ele definiu um sistema de notação de tablatura que poderia ser usado em uma ampla
variedade de chaves ou afinações nas flautas nativas.
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último furo; e ainda para obter um lá# (sustenido), devemos vedar todos os
furos, descobrindo o 5º furo; na obtenção do si natural, veda-se os quatro
primeiros furos; para obter um dó natural, vedamos os três primeiros furos e
o quinto; já para obter um dó#, vedamos os três primeiros furos; para obter
um ré natural, vedamos os dois primeiros furos e o quarto furo, descobrindo
com isso o terceiro, onde utilizando a pentatônica ainda deveríamos mantê-
lo vedado; para obter um ré# vedamos apenas os dois primeiros furos; para
obter um mi, vedamos o primeiro e terceiro furos; para conseguir um fá
natural, vedamos apenas o primeiro furo, e um fá# vedamos o segundo furo;
para alcançarmos um sol natural, deixamos todos os furos abertos, e um
sol#, cobrimos o 2º, 3º, 4º e 6º furos; para chegar a um lá natural, veda-se o
2º, 3º, 4º e 5º; e para fazer um lá#, veda-se o 2º, 3º e 4º furos.
Viu que fácil? Muitas outras notas você poderá obter e, um repertório
maior você conseguirá executar com a flauta.
Se quiser utilizar estas notas, busque as tablaturas correspondentes
para a flauta que você tem, ou se tiver um metrônomo digital, obtenha por si
mesmo as possíveis afinações e as anote; procure estudá-las e memorizar
cada nota correspondente. É apenas treino e dedicação!
***
Bom, se você chegou até aqui, dedique-se por um tempo a tocar
apenas as notas que você conseguiu com a sua NAF.
Treine todas, procurando acostumar os ouvidos ao som produzido por
cada nota. Tente memorizar e passá-las para um papel, para o SNAFT ou
para as tablaturas, ou ainda para o pentagrama. O ato de escrever faz com
que você memorize e acostume com a posição das notas.
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Esperamos que você esteja dedicando ao estudo da teoria musical
elementar. Pois será necessário certo conhecimento diante de alguns tópicos
apresentados a seguir.
A partir de agora damos realmente início ao estudo da NAF.
Acompanhe!
7. Juntando a teoria com a prática
Bem, todo o conteúdo anterior serviu como preparatório e elucidação
para você chegar até aqui.
A execução da NAF consiste em dois movimentos: as técnicas de
tongue ou ataque, e os ornamentos.
Um pertence ao outro, ou seja, complementa-se a si mesmo,
manifestando o som peculiar da NAF.
Você vai perceber que é bem simples. Requer apenas um pouco de
treino e paciência para se chegar ao som desejável.
É importante que treine aos poucos cada movimento. Se você
conseguir realizar com perfeição cada técnica, separadamente, você não
errará e irá casá-las umas com as outras, tocando corretamente.
É apenas treino, paciência, dedicação!
Seguem primeiras as técnicas de ataque e posteriormente
adentraremos com os ornamentos. Mas lembre-se: dedique-se
separadamente cada técnica, e quando estiver mais firme junte todas elas! É
uma dica para que você aprenda bem e corretamente; seguindo dessa forma,
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você memoriza todos os conceitos e não precisará voltar na apostila ou em
qualquer outro livro para conferir a técnica. Você nunca mais as esquece.
Certo?
Busque trazer a memória o que você aprendeu nos tópicos anteriores
e das práticas diárias das notas de suas NAF’s. Se você está estudando teoria
musical básica, o estudo deve estar bem mais fácil, estou certa?
A primeira meta de muitos flautistas novatos é tocar a escala primária
da flauta NAF completamente e com toda a confiança, com velocidade ou
destreza. Pois bem, é o ideal de todo instrumentista novato acertar as notas e
tocá-las com perfeição, para poder executar as primeiras músicas.
Mas não fique ansioso por executar as músicas logo de primeira!
Comecemos por partes, obtendo as noções necessárias e, só depois você terá
as condições necessárias para executar corretamente as canções; vamos
agora, chegar além deste nível.
7.1 Técnicas de ataque e duração
O ataque consiste em movimentos feitos com a língua ou a pressão do
ar para obter certos efeitos na NAF. E a duração é o tempo que você mantem
a técnica para surtir o fim desejado na canção ou melodia.
Vamos então a cada um deles:
O ataque ou articulação
Quando tocamos uma nota na flauta, não basta apenas que
assopremos assim de qualquer maneira, como se estivesse enchendo um
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balão! Existe uma técnica adequada de ataque ou tongue que fará a nota soar
mais equilibrada. São técnicas simples, que requer apenas treinamento para
executá-la corretamente.
A forma como tocamos a primeira nota na canção, assim como nós a
separamos das outras notas, terá um valor sonoro muito significativo para a
música. Cada nota iniciada recebe uma ou várias articulações específicas, e a
execução “limpa” desta técnica garante um som harmonioso e equilibrado na
melodia.
O ataque das notas é nada menos que articular ou pronunciar
determinadas sílabas ao tocar a nota, ou seja, emitir sons com movimentos
da boca, ao invés apenas de assoprar; esta é a técnica básica de sopro na
NAF. Na verdade. Utiliza-se destas articulações, para alterar
significativamente como a pressão do ar sairá de seus pulmões; quando você
usa uma articulação, o som ou o ar que sai de seus pulmões e chega à
garganta, recebe essa alteração fonética, digamos assim, e com isso a pressão
do ar que sairá da boca alterará o som que se obterá na flauta. Legal, não?
Estas articulações ou sílabas emitidas são escolhidas para obter um
determinado aspecto de som de acordo com a melodia a ser executada.
Portanto é essencial que você apure os ouvidos durante o aprendizado delas,
e verifique que efeitos elas poderiam proporcionar na melodia. Alguns
ataques soam mais suaves, harmoniosos; outros já são mais intensos e
outros mais agressivos, digamos assim. Portanto, a escolha de cada ataque
vai depender do tipo de canção que se almeja executar, da mensagem que se
quer passar com ela, e também do humor do nafista (tocador de NAF;
coloquei este termo, não sei se existe...).
Bem, há muitas pronuncias ou ataques que você pode usar na NAF. As
mais utilizadas pelo meio, que percebemos, são oito. São: Taah... Ou
Tuuh..., Kaah... Ou Kuuh..., Haah... Ou Huuh, Trooorr...,
chilreado e outros.
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Um ponto importante que devemos ter em mente, é sobre como o som
destas sílabas soam na nossa língua materna. Estas pronúncias foram
originalmente criadas em uma língua diferente da nossa; portanto haverá
uma variação de som na hora de pronunciar e de tocar na flauta. Mas não se
preocupe porque isto não vai afetar expressivamente o som da NAF, pode até
dar um “charme” a mais, mesmo que você utilize os ataques na sua língua
materna. A única diferença de som que poderia ter é a vogal sair com um
som mais aberto ou fechado, devido às características vocais de cada país ou
região. Observe que as vogais utilizadas são sempre A, U e O. Portanto use o
som delas da forma como você as articula; a diferença vai ser muito
imperceptível. Certo?
Vamos então descrevê-las:
Ataque Taah... Ou Tuuh...
O ataque Taah é o mais básico ou utilizado. Com ele você consegue
tocar com mais facilidade e o som ou a nota soará mais simples, curta. Usa-
se muito para melodias mais rápidas e/ou simples.
Prática:
Faça o seguinte exercício: coloque a parte de trás de sua mão (ou a
parte de trás de seu antebraço) uns 5 cm em frente de sua boca.
Agora diga “Taah”. Diga com gosto, firme! Como se você falasse
aborrecido para alguém: ““- Tááá... Eu já entendi!”
Sinta a pressão do ar saindo de sua boca criada pelo "Taaa." Perceba
que este ataque vem da projeção de sua língua no “telhado” de sua boca.
O som sairá moderado, mais curto, e é um dos mais utilizados. É
especialmente empregado para iniciantes.
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Pegue agora sua flauta. Segure-a firme, como lhe ensinamos
anteriormente, e toque uma nota qualquer, agora utilizando este ataque, o
“taah”. Ao invés de simplesmente assoprar. A dificuldade que pode sentir é
manter o bocal da flauta ajustado em seus lábios e pronunciar ao mesmo
tempo o ataque. Na verdade, você deve buscar utilizar mais o ar emitido da
pronuncia do ataque, e não do som vocal propriamente dito. Mas é apenas
questão de treino. Para saber se você está realizando-o corretamente,
perceba se sua língua toca parte do céu da boca e até parte do bocal. Se sim,
você está no caminho certo!
É bem simples. Com o treino você o realiza sem dificuldade alguma.
Você pode agora, substituir o Taah pelo Tuuh.
O procedimento é o mesmo, a única diferença é que durante o ataque,
a língua tocará os dentes superiores e boa parte do bocal da flauta. E o som
sairá um pouco mais agressivo que o ataque Taah.
Experimente. Treine ambos e escolha o que achar melhor para você.
Certo?
Ataque Kaah... Ou Kuuh...
O ataque Kaah ou Kuuh proporciona um som mais “macio” ou “leve”
do que o ataque anterior Taah. Você pode utilizá-lo sempre que quiser em
determinados trechos da melodia ou em toda.
Prática:
É o mesmo procedimento de execução do ataque anterior.
Treine primeiramente na palma de sua mão sentindo o fluxo de ar que
sai de seus lábios; e após execute-o na flauta.
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Você agora perceberá que o ar sairá “mais macio” ou fraco, em
comparação com o Taah ou Tuuh. O ataque Kaah é criado na parte de trás de
sua garganta, o que torna o som um pouco mais aberto.
Já o ataque Kuuh sofre uma variação de som, porque a parte da frente
da língua abaixa-se levemente e lança-se um pouco para frente, para os
dentes inferiores; e a parte de posterior da língua, na garganta, emitirá uma
levíssima tosse.
Repita a palavra Kuuh e perceba que o ar sai bem mais fraco que o
Kaah e os lábios são direcionados para frente, como num beijo. Com esse
movimento a tendência é assoprarmos como se o fizéssemos a um balão, e a
quantidade de ar para o corpo da flauta é mais intenso.
É mais fácil ainda. As crianças quando estão aprendendo o
instrumento inconscientemente usam este ataque, por achar que se deve
apenas assoprar no instrumento.
Tente tanto o Kaah quanto o Kuuh, e utilize-os sempre, variando-os a
favor da melodia.
Ataque Haah... Ou Huuh...
O ataque Haah e Huuh soa com muito mais harmonia. O som sai mais
limpo, claro, suave, do que quando se usa os ataques anteriores.
Particularmente utilizo-o na execução de melodias lentas e suaves; mas fica
ao seu sabor a utilização dos mesmos.
Prática:
É o mesmo exercício como nos anteriores. Apenas substitua agora
pelo Haaa... Você perceberá o ar sair muito mais “macio” e mais aberto que
o ataque Kaah. A corrente de ar começa do fundo de seus pulmões e inclui o
volume inteiro de seu sistema respiratório. Compreendeu?
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Então... Você tem o hábito de mastigar balas de menta ou canela? Às
vezes mastigamos uma tão inflamada, que involuntariamente ficamos
“assoprando” para sentir o ar sair fresco ou para aliviar a sensação de
ardência na língua, ou até lançamos fora, não é mesmo? Ou só eu que faço
isso? Bem, se você já experimentou esta sensação, o mesmo jeito que você
lança o ar da boca pela ardência da bala na língua, é o mesmo procedimento
utilizado para conseguir o ataque Kaah! Com a diferença que os lábios
estarão cerrados no bocal da flauta. Se quiser substitua pela pimenta e veja o
efeito! Brincadeira...
Certo?
E para o Huuh, o movimento será parecido com o ataque Kuuh; a
diferença é na língua: ela continuará inclinada para frente, mas não haverá a
pequena tosse.
Procure realizar estes ataques pronunciando-os, mas também apenas
emitindo o ar que passa por eles, sem criar um som. Pois à medida que você
for progredindo na flauta, a tendência é apenas usarmos a forma como o ar
sai destas articulações, e não o som vocal que elas emitem.
Ataque Trooorr...
Algumas vezes este ataque é considerado como um ornamento,
através de uma pequena variação. Mas foram poucas as fontes que observei
com esta referência. Portanto incluo aqui, o Trooorr como ataque, e mais
adiante verá esta variação em ornamentos.
Bem, a técnica utilizada para obtê-lo é basicamente colocar a língua
para agitar! O Trooorr é frequentemente chamado de "rolar a língua".
É o ataque mais difícil de realizar, mas não impossível. Demanda
treino e paciência para chegar ao resultado agradável.
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É usado em determinadas partes da canção, funcionando mais como
uma ferramenta de fantasia do que ataque contínuo das notas, como nos
ataques anteriores.
Prática:
Pronuncie em voz alta a palavra tro-tro-tro. Ou repita apenas o R (um
R bem acentuado como os irmãos gaúchos o pronunciam: como um gaúcho
falaria a palavra porrrta?! Não um Rr “torcido” como nós do interior
falamos, mas um Rrr bem ao estilo gaúcho! Tente várias vezes. Agora diga
apenas um Tróó, e acrescente no final mais um r, ficando então Trooorr.
Pronuncie com duração e mesma cadência, sem esmaecer o som.
Agora tente na flauta. Escolha uma nota e utilize este ataque. Observe
que esta técnica muda completamente à textura do som da flauta! Algumas
pessoas não conseguem fazer isso pela dificuldade em controlar a respiração
ou movimento da boca. Mas como disse, é só questão de treino e dedicação
para realizá-lo corretamente.
Para conferir se você está conseguindo realizar corretamente, observe
que a aponta da língua deverá fazer um movimento agitado (ela toca
rapidamente nos dentes superiores e em seguida faz um movimento brusco
de dobrar-se para trás). Para facilitar ainda mais, faça o ataque lentamente e
depois ganhe velocidade. Você pode recuar ou aproximar a língua dos dentes
ou bocal da flauta, alterando a velocidade; perceba que o som irá modificar-
se expressivamente, tornando-se mais acentuado ou agressivo.
É isso!
Ataque chilreado
Este ataque é obtido apenas no início de ataques como Taah ou Tuuh.
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Na verdade, o chilreado é um som emitido pela pressão do ar bem no
início da nota e pelo movimento da boca ao começar a executá-las. Quando
se toca a nota pelo ataque Taah ou Tuuh, a tendência é que o som saia forte e
depois esmaeça. Se for numa nota de curta duração, é quase imperceptível. E
este som mais forte, bem no início do ataque, com o rápido movimento dos
lábios na flauta, pode produzir um leve gorjear no começo da nota. Algumas
flautas proporcionarão este ataque inicial mais claramente, enquanto outras
praticamente não soarão.
Prática:
Você pode adquirir este efeito de chilro sempre que quiser, apenas
invista uma pressão mais forte na respiração, antes de atacar a nota pelo
ataque Taah ou Tuuh. Requer observação e treinamento para que você
consiga torná-la mais perceptível. Tente várias vezes.
*
**
Bem, encerramos aqui esta parte das técnicas de ataque ou
articulação.
Você pode criar as suas próprias técnicas de ataque, desde que
mantenha a harmonia na melodia.
Lembrando que a NAF, não se restringe a sistemas rígidos de escrita e
prática como os instrumentos comuns; basta que você utilize as técnicas
básicas próprias para ela e mantenha sempre o bom senso ou equilíbrio
quando for utilizar as técnicas de ataque e, os ornamentos, que veremos a
seguir.
Observe que as duas vogais, A e U é que garantem a alteração no som,
tornando-o mais suave e aberto (com o A), ou intenso e fechado (com o U).
Quando introduzidas as consoantes K, H, T, apenas variará a intensidade e
duração da técnica, pelo movimento interno da boca e da língua. Portanto,
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utilize os ataques para chamar a atenção em sua canção, como quer que ela
se apresente aos ouvintes. Use da forma como melhor convir.
Não tem segredos. Como sabemos, a teoria e prática da NAF são
muito simples; requer apenas a dedicação e exercício diário até que você
memorize os poucos conceitos e pegue a prática do instrumento.
Treine bastante, e quando você sentir que está mais inteirado nos
ataques, parta para o próximo tópico.
Ok? Estude.
7.2 Técnicas de ritmo ou metro
Antes de você entrar nos ornamentos e começar a delinear as
primeiras canções, dê uma estudada no tópico a seguir.
Metro para as NAF’s:
O metro musical se trata da estrutura rítmica de uma canção.
Veja o versinho de uma canção infantil americana utilizado para
elucidar este conceito nas NAF’s:
"Jack e Jill correu para cima da colina, ir buscar um balde de água."
O metro desta rima divide-a bem em oito trechos (o “Jack” “e” “Jill”,
“correu para cima”, “da colina”, etc.).
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Se você continua repetindo o "Jack e a Jill" (ou “Jack and Jill”...) em
rima, você pode contar facilmente “1 2 3, 1 2 3”. Assemelha a dança de uma
valsa! Este verso é tão comum que virou uma referência para se descrever
que uma música está no metro de Jack and Jill, ou no tempo de valsa, ou
ainda, no tempo 3.
Se você estudou a parte teórica, compreenderá que o significado de
metro é o mesmo que fórmulas de compasso ou tempo de duração das notas!
É que no sistema da NAF utiliza-se o termo metro do que o tempos,
como usamos na notação moderna. Metro é mais simples.
Veja o exemplo abaixo:
Neste exemplo temos o verso Jack and Jill em metro três por quatro,
ou seja, em tempo de três por quatro (3/4) em cada compasso. O
comprimento é de 4 medidas (barras) com 16 batidas (pulsos). O "Um dois
três... Um dois três", do metro de Jack e Jill, é como uma valsa clássica, mas
há uma classe inteira de metros que estão baseados em três que são
chamados “treb meters”.
Temos ainda o metro das “frutas”, ou na notação moderna, compasso
4/4.
Na teoria para a NAF, usa-se o exemplo das “frutas” para classificar
uma música no metro quatro por quatro. Abaixo temos um metro de 4/4,
com comprimento de 4 medidas (barras) com 16 batidas (pulsos), com um
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versinho com nomes de frutas, como morango, maça, melancia e uva.
Usando os nomes das frutas no original inglês, temos:
Se você colocar um pouco mais de velocidade, escreveríamos assim:
Mas agora teríamos um comprimento 2 medidas (barras) com 8
batidas (pulsos).
Temos ainda os metros de dois por dois ou duplo ou, na notação
moderna, chamamo-los de compasso binário. Compreende-se que os
exemplos do metro fruta são baseados em metros de 2/4 e 4/4 - todo
divisível por dois. Metros que são divisíveis por dois são chamados metros
duplos.
A música tradicional ocidental é feita em metros diretos de 4/4 e 3/4.
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Porém, muitas tradições mundiais incorporam metros altamente
complexos. Às vezes estes são compostos por várias pessoas que tocam ao
mesmo tempo em ritmos diferentes. O ritmo resultante que é ouvido é um
poli ritmo com um ciclo longo – frequentemente de 8 ou 16 barras em
comprimento. Tocam-se muito em um medidor de compostos, como 5/4 e
8/11!
Existe ainda, um método bem interessante para se compreender e
executar nestes metros considerados complexos. Metros combinados ou
compostos podem ser difíceis, especialmente para nós que escutamos a
música em 4/4 do tempo.
Há uma abordagem usada no Leste da Índia em sua música clássica, e
por David Darling na música popular, que facilita a compreensão dos tempos
e das composições de forma fácil: É o Solkattu! Apure os ouvidos e repita os
trechos a seguir, que ficará fácil você identificar os metros em qualquer
melodia.
Observe e diga em voz alta:
Gah mah lah
Gah mah lah
Gah mah lah
Gah mah lah
Diga com o mesmo tempo para cada sílaba, uniformemente. Elas
representam as três-batidas ou cadência tríplice.
Agora diga:
Tah kee dee mee
Tah kee dee mee
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Tah kee dee mee
Tah kee dee mee
Elas representam as quatro-batidas ou cadência quádrupla.
Se você quer tentar uma cadência de duas-batidas ou dupla,
tente:
Tah kee
Tah kee
Tah kee
Tah kee
De "Gah mah lah" e "Tah kee dee mee" ou "Tah Kee", você
pode juntar a qualquer metro. Agora tente isto:
Gah mah lah Tah kee dee mee
Gah mah lah Tah kee dee mee
Gah mah lah Tah kee dee mee
Temos agora uma cadencia de 7 batidas!
Poderia acontecer algo: você está tentando tocar (provavelmente sem
muito êxito) em um ritmo 7/8 e precisa de 10/8 - lance mais três-batidas
"Gah mah lah" para aumentar de 7 para 10 batidas. Veja:
Gah mah lah Gah mah lah Tah kee dee mee
Gah mah lah Gah mah lah Tah kee dee mee
Gah mah lah Gah mah lah Tah kee dee mee
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O uso destes metros combinados na NAF serve apenas para dar algum
movimento ou interesse a uma melodia bem simples…
Utilize da forma que quiser ou quando necessitar.
Se ainda tem dúvidas sobre os compassos, aprofunde o estudo, se
achar válido para si.
Compreendemos facilmente que metro, na NAF, são os tempos em
que as notas são tocadas, ou, se a música será executada no compasso
binário, terciário e quaternário, entre outros.
Se você compreende os compassos, este tópico dos metros das NAF’s
pode lhe ser dispensável. Se você tem pouco conhecimento sobre os
compassos, dê uma lida no resumo no início da apostila ou procure algum
material de sua escolha.
O metro é essencial para você manter a cadência na música. É
essencial tocar com metro proposto, pois a melodia sairá harmônica, com
ritmo, clareza e agradável de ouvir. Você não tocaria uma música de Chopin
ou Mozart, ou alguma favorita sua, sem respeitar o ritmo da peça. Tocaria? O
mesmo vale para a música tradicional.
Mas temos também uma surpresa na NAF.
Você não ouviu vez ou outra que tocamos a NAF com o coração?
Esse modo de executar a NAF chama-se parlando. Mas o que é isso,
parlando? A palavra vem do "parlante" em italiano, que significa “falando”.
O parlando é nada mais que tocar essencialmente livre de qualquer
compasso ou rigidez! É considerado como um tipo de ritmo ou até mesmo de
metro de “brandura” nas canções para a NAF. Este ritmo é visto às vezes
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como uma forma de oração ou mantralização, por ser uma melodia
formulada no exato momento que o nafista a emite, ou seja, é justamente a
música tocada com o coração que muitos gostam de concretizar com a NAF.
Toca-se um trecho, pausando durante determinado tempo, e então
continua a tocar outro trecho da canção (alguns dizem que é para se ouvir o
eco da música...). Este é o estilo usado em muitas das gravações de Carlos
Nakai. Se você costumar tocar assim, saberá como funciona o parlando.
Mas como tocar uma música sem cadência, sem respeitar o compasso
ou o tempo das notas?
Bem, é aí que a atenção na hora de tocar em parlando deve ser
redobrada. Embora este ritmo seja simples, fácil de tocar, você deverá
manter a cadência na música. Nós não falamos sem pontuação ou sem
pausas, não é mesmo? Não conseguimos e nem é educado falar
disparadamente, sem prestar atenção no que se diz ou na forma como
emitimos as palavras. O mesmo serve para o parlando; devemos manter um
bom senso para que a música do coração seja realmente do “coração”; é
casar a música que podemos inventar com a harmonia que se pode criar.
Embora o estilo parlando não tenha metro rígido, ainda pode ser
marcado na música; são mantidas as durações globais das notas (notas
inteiras, semitons, quarto de notas, etc.), e também uma relação fixa com
uma nota ou outra, mas a maioria não é limitada a um ritmo global. Pode-se
ainda utilizar livremente as pausas dentro da melodia, mas sem exagerar no
ritmo parlando. O que cabe é o bom senso.
Para representar uma pausa entre trechos ou compassos, na teoria
para a NAF, utiliza-se um símbolo chamado "cæsura". É o símbolo colocado
sobre o a pauta:
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Pela notação moderna, utilizamos outro símbolo, que representa a
marca de respiração ou a parte que você pode respirar. Foi
estabelecido por C. Nakai na transcrição para NAF, como o símbolo
preferido para se poder “respirar" durante um trecho na canção.
Abaixo temos um trecho de uma melodia em “parlando”, com o
símbolo de pausa para respiração:
Se você está prático na leitura das partituras, toque este trecho e
depois o toque de novo criando o seu próprio parlando! Consegue?
Para completar o jogo de pausas longas há ainda a fermata, que é o
símbolo em anotação musical moderna colocado em cima de uma
nota para prolongá-la, ou prolongar uma pausa antes do próximo trecho
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musical. O símbolo de fermata também pode ser colocado debaixo da cabeça
da nota:
Por convenção, uma pausa cæsura é ligeiramente mais curta do que a
fermata, e um pouco mais longa do que a marca de respiração (na verdade,
toma-se apenas um pequeno sopro ou apenas uma ligeira quebra na linha
musical). Se uma pausa mais longa é necessária, uma fermata pode ser
colocada acima da cæsura.
Mas você ainda pode tocar qualquer música ao estilo parlando,
alterando-a de acordo com sua vontade, mas mantendo certa cadência. O
importante é manter a harmonia dos sons. Você poderia alterar e tocar uma
música clássica conhecida (uma de Chopin, por exemplo) ao estilo parlando,
mas desde que fossem mantidas certas notas, determinado ritmo,
transformando à sua vontade apenas alguns trechos ou alterando a melodia
com alguns ornamentos, como veremos daqui a pouco.
Para a maioria daqueles que tocam as NAF’s livremente, para si ou
para um círculo pequeno de pessoas, o estilo parlando é suficiente para suas
melodias ou para as músicas tradicionais. Já outros gostam de adicionar
algum grau de estrutura rítmica...
Tenha cuidado apenas com a harmonia da melodia; lembre que você
está enfrentando os grupos de músicos que mantêm um estilo relativamente
rígido, portanto, busque manter o ritmo e a escrita das canções de forma
bem organizada!
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Ainda temos, para nosso contentamento, outro ritmo ou estilo para a
NAF!
É o rubato. Mas que é isso?
Você aprendeu que no parlando, grande parte do ritmo e da melodia
é livre, você a faz ao seu gosto... E que se deve chegar a um meio termo na
interpretação da canção, tocando de forma livre, mas seguindo o ritmo. E
agora, você pode alterar este ritmo através do rubato. Rubato é literalmente,
roubar o tempo da canção.
A ideia central do rubato é ajustar o ritmo pelo parlando, e acelerar
algumas áreas da música ou retardar outras. O rubato serve basicamente, em
fazer uma interpretação de uma canção de forma livre do ritmo escrito, mas
sem, contudo, perder o tempo da música.
Um exemplo: você foi convidado para tocar algumas músicas em um
festival; muitas dessas músicas são conhecidas do público... Mas você, com
sua personalidade, as executa de outra forma... Você as aprendeu apenas de
“ouvido”. Então irá interpretá-las de forma livre, usando o parlando,
colocando ornamentos e... Mudando o ritmo da música – acelerando as que
são originalmente lentas ou tocando lentamente quando na verdade elas são
conhecidas em um ritmo bem frenético... Isso é rubato! É alterar o tempo da
canção, mas, contudo, mantendo certa cadência. Você pode apenas utilizar o
rubato, sem, contudo, manter toda a canção ao ritmo parlando!
Outro ritmo que algumas pessoas gostam de utilizar é o do jazz e
blues. O Jazz básico e blues têm um estilo tão característico ou distinto, que
todos aqueles que o ouvem o identificam imediatamente. Na NAF, há uma
nota que se pode alcançar; alguns indivíduos gostam de interpretar certas
canções antigas destes dois ritmos. Para você que possa ter interesse, a nota
clássica do blues na NAF corresponde à: .
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Existem algumas musicas nestes ritmos transpostas para a NAF. Se
você tiver interesse em executá-las, já sabe que pode usar esta nota para a
melodia.
7.3 Técnicas de execução das notas
Notas ligadas ou separadas
O ataque que você usar em uma nota é apenas um reflexo na melodia;
e dirá pouco sobre quanto tempo você deverá mantê-la, ou como as notas
deverão soar em relação a uma e a outra.
Para a NAF usam-se alguns modos de ligação das notas, bem simples,
que permite você executar com destreza. São as notas em legato e em
staccato. Compreenda:
Notas em legato ou ligado:
Legato ou ligadura, significa junto.
O legato é uma maneira de tocar uma frase musical, correspondendo
a diferentes técnicas de execução, dependendo do instrumento que vai
executar o legato. Consiste em uma linha curva que se coloca acima ou
abaixo de várias notas no trecho musical a ser executado ligado, sem
interrupções dos sons. Não é considerada uma técnica, mas um conjunto de
modos de se tocar as notas, de ajuste com o instrumento. Na partitura,
sempre que vermos a linha curva, colocada acima ou abaixo das notas,
saberemos que é a ligadura:
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O resultado a ser obtido é uma ligação de notas sucessivas num
movimento contínuo.
Na NAF, quando se toca em legato, deve-se abster de inspirar ou
expirar tocando as notas conectadas, sem separação. Atente-se apenas para o
símbolo do legato: toca-se em legato as notas onde começa e onde termina o
símbolo do mesmo. Para facilitar, utilize a técnica do ataque Haah... ou
Huuh... Mas utilize o ataque na primeira nota onde se esta escrito o legato.
Há ainda o legato em uma única nota; neste, Nakai (Carlos Nakai é
considerado o pai contemporâneo da música NAF!) criou uma imagem para
representá-lo: é uma barra sobre a cabeça de nota, veja:
Veja no trecho abaixo várias notas em legato:
Não há diferença quanto à escrita do dedilhado; apenas que sobre as
notas deverá se colocar o traço articulado que representa o legato.
Experimente na sua NAF, tocando as notas de cima para baixo em
legato. O movimento dos dedos deve ser suave, como se os dedos estivessem
“mais preguiçosos” na hora de levantá-los. Você não levanta um após o outro
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mecanicamente, mas como se o som da nota seguinte dependesse do ato de
levantar o dedo anterior suavemente. Este ato de retirar os dedos
suavemente, e manter um sopro contínuo, sem interromper a respiração, é
que proporciona um legato perfeito!
Notas em staccato ou destacado:
Temos agora as notas em staccato, que é o oposto do legato.
Staccato e uma palavra italiana que significa "separado". Notas
staccatas são tocadas brevemente e com articulação.
O staccato na verdade, indica um tipo de fraseio ou de articulação no
qual as notas e os motivos das frases musicais devem ser executados com
suspensões entre elas, ficando as notas com duração curta, breve.
Na NAF, é bem simples de realizar. Para você tocar a nota, pronuncie
o ataque tuuh, mas de forma bem curta e seca, acrescentando um “t” mudo
ao final: “tuuht”. Você ainda pode substituir o ataque pela articulação Tak,
que vai proporcionar um som ligeiramente menos afiado e brusco.
O símbolo em notação moderna e para a NAF é este:
Mas ainda pode-se usar o que representa o staccatissimo.
Neste, a nota sai bem mais curta e brusca do que no staccato.
7.4 Técnicas dos ornamentos
Bem, vamos agora à parte mais atraente do nosso estudo.
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Os ornamentos em qualquer instrumento conferem embelezamento e
individualidade em uma melodia. São na verdade expressões através de
pequenas notas ou sinais especiais. Na música vocal antiga e na ópera os
ornamentos eram improvisados pelos cantores, e nos séculos XIX e XX
muitos dos ornamentos tornaram-se quase desconhecidos, embora eles
tenham sido revistos nas interpretações de oratórias e óperas a partir dos
anos 50. Alguns compositores preferem escrever os ornamentos em extenso,
evitando os símbolos, mas a maioria deles é escritos com suas devidas
representações gráficas.
Já as técnicas de ornamentos na NAF, digamos assim, representam
sua alma, porque os “enfeites” conferem a própria música em si.
Alguns dizem que os ornamentos e a NAF não se separam! E é
verdadeiro; você pode tocar a flauta sem nenhum tipo de ornamento, pura e
simplesmente. Mas quando você introduz algum elemento decorativo para
ela, é como se você invocasse o abantesma da música nativa americana! Os
ornamentos adicionam um personagem para a composição e também fazem
do instrumento um meio de transcrever os sons da natureza!
As técnicas descritas a seguir, são as utilizadas pelos nafistas no
mundo.
Atente-se sempre, que a teoria e técnicas para a NAF são bem
simples; não tem segredos e nem um grau de dificuldade que te imobilize
por um tempo. Bastam que você apenas dedique alguns momentos diários e
treine.
Os movimentos para você realizar os ornamentos, consistem
basicamente em utilizar alguns movimentos físicos, sejam com os dedos ou
com os lábios, e emissão do ar para o instrumento. Depois que se pega o jeito
ou a maneira de executá-los, nunca se esquece, e você os toca até sem notar.
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O ornamento “escapar o ar”, “corte”, “queda” e “estouro” são os
ornamentos mais básicos. Mas há ainda os ornamentos intermediários, que
corresponde a uma mistura de técnicas para originar os efeitos na NAF.
Um aviso: os exemplos que apresentaremos aqui, na sua maioria, são
feitos para uma flauta afinada em fá menor, mas você pode utilizá-los para a
afinação que for a sua flauta. Apenas atente-se para os exemplos das
partituras, identificando as notas.
Vamos aos três primeiros ornamentos básicos e a sua forma de
executar:
1. Escapar o ar:
Você vinha realizando as notas através do ato de manter os lábios bem
fixos ao bocal da NAF e assoprar sem permitir a saída de ar para fora do
mesmo. Mas agora podemos realizar este procedimento de deixar sair um
pouco de ar, para permitir um efeito de ornamento que conhecemos como
“escapar o ar”.
É bem simples de realizar. E é o modo mais comum para se terminar
uma nota ou canção, para que ela soe não tão nitidamente, ou seja, para que
ela toe com um som bem mais fraco e leve; a nota fica suave, como se
estivesse esmaecendo ou “sumindo”.
Você deve simplesmente deixar o ar “escapar” um pouco ao redor dos
lados de sua boca, na hora de tocar a nota!
Deve-se praticar bastante para obter o efeito de forma perfeita.
Algumas pessoas conseguem isso depois de alguns minutos de treino.
Prática:
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1. Coloque seus lábios na parte de trás de sua mão, dando um
“selinho” bem apertado, e finja que você está soprando na flauta. Nenhum ar
deverá escapar dos lábios. Se estivesse assoprando na flauta, o ar
obviamente deveria entrar no corpo da flauta;
2. Mas agora, com o mesmo procedimento, relaxe suas bochechas e
lábios um pouco. Deixe o ar escapar um pouco para fora de sua boca. Pode
ser apenas por um lado dos lábios, ou o esquerdo ou direito. Treine isto
várias vezes;
3. Agora, tente na flauta. Sopre a flauta com um tom fixo e
simplesmente relaxa suas bochechas e lábios, deixando o ar escapar um
pouco, para fora de sua boca.
Para surtir este efeito, leva-se poucos minutos de prática. É o
ornamento mais fácil de conseguir e proporciona um efeito interessante,
principalmente quando você está findando uma canção.
Para você saber se está fazendo corretamente, você ouvirá um som
final um pouco chiado, pela passagem do ar se sobrepor ao som da nota.
Não encontrei nenhum simbolismo para a NAF referente ao “escapar
o ar”. Pode ser que exista, porém particularmente não vi. Portanto, use-o da
forma como quiser.
Você consegue ouvir o ar escapando um pouco e a nota soando como
se fosse uma brisa? Tente!
2. Corte do ar:
Cortar o ar claramente é uma técnica que pode produzir um fim
interessante na maioria das NAF’s. Porém, em alguns instrumentos, é quase
uma exigência!
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Cortar o ar representa você suprimir a liberação de ar de forma
brusca. Tente o seguinte exercício: ponha a palma de sua mão, a uns 10 cm a
frente de seus lábios, e assopre; agora, bem de repente, feche os lábios,
cortando o suprimento de ar que você está liberando. Sinta na mão como o
ar é suprido ou “cortado” bruscamente. Não é o mesmo que assoprar e ir
diminuindo o ar até acabar (isso é feito para outro ornamento); mas
simplesmente cortar o ar!
Não encontrei um simbolismo do corte para a NAF. E fica claro aqui
que este ornamento, corte do ar, não deve ser confundido com o corte de
notas que são utilizados em outros instrumentos como na tin whistle, que é
um ornamento essencial neste instrumento. O corte de ar aqui é visto apenas
como a supressão do ar na emissão da nota.
Prática:
1. Respire normalmente e pare bruscamente sua respiração segurando
sua língua no céu da boca;
2. Agora assopre uma nota fixa na flauta, usando essa técnica. Você
deverá ouvir um fim afiado, mas sem ênfase particular (ao contrário do
ornamento “estouro”).
É bem fácil, não?
Tente várias vezes. Se achar que pode apenas suprir o ar sem precisar
usar a língua no céu da boca, faça. Use da forma como achar mais fácil.
3. Queda
A queda é um ornamento peculiar onde você deixa a nota “desmaiar”.
Ao contrário de um “deslizamento”, não é feito tipicamente com os dedos,
mas com o reduzir da pressão de ar que você soprará na flauta; ou seja, você
mantem o sopro contínuo e depois vai reduzindo o ar, esmaecendo a nota. É
como se você abaixasse o volume dela gradualmente.
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A queda é como um “corte de ar”, mas é realizado extinguindo
gradativamente a liberação de ar; mas não deve ser confundido com o corte,
em que se rompe o ar bruscamente. Na realidades, é a redução da pressão
gradual da respiração para deixar o volume cair.
Encha os pulmões de ar e vá assoprando até sentir o ar terminando;
mas permita que o ar saia como se estivesse diminuindo de intensidade, até
acabar, sem, contudo rompê-lo bruscamente.
Prática:
Veja: tente o seguinte exercício, como no ornamento anterior: ponha
a palma de sua mão, a uns 10 cm a frente de seus lábios, e assopre; agora,
bem lentamente, vá findando o suprimento de ar que você está liberando.
Sinta na mão como o ar vai diminuindo. É, portanto, diminuir o ar até
acabar; no corte, simplesmente rompemos com o suprimento de ar, mas
aqui, na queda, deixamos o ar ir diminuindo de intensidade e pressão.
Pode ser difícil a princípio, mas produzirá um som bem característico,
como se fosse um lamento da NAF! Tente na flauta agora.
Nas partituras, as quedas são representadas pelo símbolo:
Quando observar na partitura o símbolo para queda, apenas deixe a
nota esmaecer ou cair um pouco à pressão do ar na hora de executá-la. O
efeito é que ela soa inicialmente com o ataque usado e logo em seguida
decresce o som.
Bem, simples, não é?
4. Estouro:
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O estouro é um ornamento clássico ou bem conhecido nas NAF’s! É
muito utilizado na terminação de uma canção ou uma frase musical.
É um pouco mais intricado de realizar, mas nunca impossível.
Consiste em tocar uma nota acompanhada de outra que é tocada
rapidamente e bem suave.
O estouro é nada mais que uma nota acompanhando outra nota; há
uma nota que chamamos de nota principal, e a seguir uma nota chamada de
“nota grace” ou “nota graça”. A nota “grace” apresentará grafada mais curta
é mais alta que a nota principal. Veja o exemplo abaixo. Note que o símbolo
(>) em cima da nota indica que elas são tocadas sem qualquer articulação ou
separação entre as notas. Logo a seguir explicaremos mais sobre as graces.
Segue um exemplo de estouro:
Neste exemplo, temos uma nota fá (aqui ela é a nota principal) e outra
nota fá alta (que é a nota de estouro).
Prática:
Diga a palavra - quê?!
Agora repita a palavra – quê?! - depressa e com muita energia, com
muita pressão na respiração. O que aconteceu ao fluxo de sua respiração
quando você disse isto? A palavra sai nitidamente “estourada”, como se você
fizesse uma indagação brusca e duvidosa a alguém... “– quê?!”...
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Tente isso agora na flauta (sem pronunciar o “quê?!”, usando apenas o
ataque Taah...). Mantenha a nota de fundo da flauta (a nota principal), e
depois, rápido e intensamente, toque a nota “grace” (toque uma nota que
esteja acima desta que você tocou), mantendo a terminação dela mais alta
que a nota principal. É a combinação da nota principal, e o aumento
significativo da pressão na respiração ao tocar a nota “grace”, que surge este
ornamento. Perceba que a nota “grace” sai como um estouro?!
Procure então, treinar todos os dias...
Treine estes ataques separadamente, exercitando-os em várias notas.
E paralelamente, estude a teoria musical, aprendendo os conceitos e
simbologia. Isso te ajudará, pois se você tem interesse em seguir um
caminho mais tradicional no estudo da música, garantirá a você um domínio
completo das partituras existentes para músicas contemporâneas da NAF ou
de outras transcritas para ela; o estudo capacita-o a ter mais desenvoltura e
pleno conhecimento para uma boa leitura das partituras musicais.
Quando você estiver mais experiente nestes quatro ornamentos
básicos, prossiga agora no estudo dos ornamentos intermediários, a seguir.
Podemos?
Vamos lá!
Ornamentos intermediários
5. Notas “grace”:
A nota grace, ou graça, no nosso português, é uma nota muito curta
tocada imediatamente antes de uma nota principal. Notas graças são
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tipicamente parte da melodia da canção... Elas se somam apenas as notas
principais, para dar o efeito alegórico na flauta:
Na verdade, poderíamos chamar também este ornamento de corte das
notas; porque na verdade se executa as graças como um “corte” entre as
notas. Mas como a teoria para a NAF utiliza apenas o termo grace, deixemos
quieto... Vejamos...
Em notação musical moderna, notas graça são menores do que
principais notas melódicas e elas são assim representadas como uma nota
com uma barra pequena que a corta ao meio.
Na partitura escrita, eles carregam nenhum valor de tempo e não são
contadas no medidor da canção. Se na partitura há diagramas de dedo para
as notas graça, eles serão apresentados menores do que os diagramas de
dedo para as notas principais. Veja bem!
Repare que as notas graça ficarão emparelhadas e ligadas com a nota
principal, como neste exemplo aqui , o que indica que não há
nenhuma ruptura entre as duas notas (às vezes esta ligação não será
mostrada na partitura, apenas veremos a nota graça ao lado da nota
principal).
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Temos ainda algumas variações das notas grace ou graça, com
algumas combinações específicas, com seu próprio nome:
a. Mordentes inferiores:
Um mordente envolve tocar duas notas graça antes da nota principal;
ou seja, primeiro você executa as duas notas mordentes rapidamente e em
seguida toque a nota principal, continuando a execução do restante da peça.
Na verdade, a mordente é considerada inferior, apenas por se executá-lo com
uma nota igual a principal e abaixo da mesma.
Veja abaixo um exemplo de mordente inferior:
As duas mordentes no exemplo são notas mi e dó, e a nota principal é
um mi. Observe que o diagrama de dedos, assim como as duas notas, estão
representadas bem menores em relação à nota principal, o que facilita na
hora de você identificá-la.
Em notação musical moderna um mordente tem duas notas pequenas
graça precedente a nota principal. Um mordente é tocado sem qualquer
articulação ou separação entre as notas. O exemplo acima mostra um único
mordente na simbologia do Nakai com os diagramas de dedo.
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Outra forma de representar um mordente em notação musical
moderna é:
Este tipo de ornamento é muitas vezes chamado de menor mordente,
porque a nota média é inferior à nota principal.
Na NAF utiliza desta forma como um ornamento, mas poderíamos
escrevê-la livremente em uma partitura. Mas daí elas entrariam no tempo de
cada compasso e não a consideraríamos como um ornamento, mas como
elemento da peça.
b. Mordentes superiores:
Temos ainda as mordentes superiores.
Na mordente superior teremos uma nota que soará igual a principal e
uma acima da principal. Na Nakai tablatura não menciona este ornamento,
mas ele é descrito em outras fontes. Veja o exemplo abaixo:
Começa-se a nota graça na nota principal e sobe-se para uma nota
superior a principal, tocando em seguida a mesma nota principal. No caso do
exemplo, temos a primeira nota da mordente um mi, em seguida um fá, e a
principal novamente um mi.
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Além das notas graças individuais como mostrado na imagem acima,
uma mordente superior pode ainda ser escrita assim:
c. Mordentes extendidas
As mordentes extendidas são o seguinte: se você tocar quatro notas
graça em vez de duas antes da nota principal, elas serão chamadas de
mordentes extendidas. Existem mordentes extendidas inferiores e
extendidas superiores, ambos mostrados na partitura a baixo:
Novamente, esses enfeites não são mencionados nas teorias de Nakai,
mas são descritos em outras fontes.
Podemos ainda escrever as mordentes extendidas pela notação que
corresponde para o mordente extendida inferior, e para a
mordente extendida superior.
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6. Volta
Na volta temos o seguinte: se você acrescentar um mordente superior
e um inferior juntos, você terá a volta. Esta se compreende, portanto de uma
sequência de quatro notas graça antes da nota principal, em um padrão
particular:
Em notação musical moderna compreende-se a mesma sequência de
quatro notas graça, pequenas, que precedem a nota principal. As voltas
devem ser tocadas sem articulação ou separação entre as notas. O exemplo
acima mostra um único turno na Nakai tablatura, com diagramas de dedo.
Outra forma de representar uma volta na notação musical moderna é:
7. Volta invertida
Bem, ainda temos a volta invertida. Esta será a inversão da nota
média do ornamento, indo primeiro para a nota mais grave e alcançando
uma nota superior a principal. A Nakai tablatura não menciona este
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ornamento desta forma, mas em muitas outras fontes podemos verificar.
Veja:
Na notação moderna, escrevemos uma volta desta forma:
Certo?
Não tem dificuldades, apenas atente-se para como as notas são
executadas. Com o tempo você as identifica claramente e ainda poderá
alterá-las para surtir o efeito que quiser.
8. Volta vertical ascendente e descendente
Até agora, vimos que tanto as mordentes quanto as voltas terminam
na mesma nota em que elas começaram.
Já o ornamento da volta vertical permitirá você mover para baixo ou
para cima uma nota na escala no processo de execução do ornamento. O
esquema abaixo são exemplos de uma volta descendente vertical e uma
volta ascendente verticais. Observe:
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Bem fácil, não? Na volta descente vertical, do exemplo acima, a
primeira nota do mordente começou numa nota acima da principal (no caso
acima é um fá); depois desceu para um mi (a mesma da nota principal) e
terminou com um dó. Já na volta ascendente vertical começa-se com dó,
sobe para um mi, eleva-se para um fá e termina-se com um mi novamente,
que é a nota principal.
Podemos ainda representar a volta vertical desta forma:
9. Volta vertical extendida
A volta vertical extendida, serve para você acrescentar mais de uma
nota na escala da volta vertical ascendente ou descendente. Elas soam
particularmente agradáveis na NAF, mas poucas são as fontes que as
discutem.
Para executar é o mesmo procedimento do ornamento anterior; a
única diferença é que será acrescentado mais uma nota. Certo?
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Bem fácil, não é?
Alguns instrumentistas nem consideram estas notas como
ornamentos, a depender da música e instrumento. Fazem parte
naturalmente da partitura, e são contadas dentro dos compassos.
10. Correr
Bem, vamos agora a um tipo de ornamento bem interessante.
Correr ou como muitos chamam “a corrida” é uma sequência de
notas graça que sobe ou desce em uma escala de notas em numa canção,
antes de se tocar a nota principal: veja um exemplo de corrida:
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Em notação musical moderna, as notas correr ou corrida (escolha o
nome que quiser...) será tocado rapidamente, como notas graça, e essas
serão representadas como pequenas notas anteriores à nota principal. As
notas correr deve ser tocado sem nenhuma articulação ou separação entre
elas. O exemplo acima mostra uma única corrida com o diagrama de dedo.
Estas notas correr, que muitas vezes são colocadas no início de uma
composição, é chamado de “florescer”. Aqui está uma transcrição precisa de
um exemplo de florescer, no início de uma composição:
Por ser um ornamento para NAF, ele é inserida na partitura, mas não
são marcados os seus tempos. Podemos vê-las em milhares de músicas, mas
na maioria das vezes fazem parte da partitura, correspondendo ao tempo no
compasso junto a outras notas. Aqui, no nosso caso, ela é um ornamento.
Bom, estudante... Você está conseguindo realizar todos os ornamentos
até aqui?
Vá com calma, sem pressa. Treine individualmente e por um tanto de
tempo, dias, semanas ou até você sentir que já está melhor que o próprio
Nakai...! Otimismo, mas sem amaciar o ego! Correto?
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11. Trinado
Já o ornamento do trinado é um par alternado de notas, repetidas
muitas vezes; sobe e desce algumas notas, mas comumente duas e várias
vezes, de forma acelerada.
Trinados podem ser tocados como notas graça, tocando em seguida a
nota melódica principal; ou em algumas vezes, este ornamento é tocado
como sua própria peça autônoma, separada da melodia.
Veja, utilizou-se neste exemplo, apenas a nota mi e fá,
alternadamente:
Você pode usá-lo antes de qualquer trecho em que se deseje, mas
cuidado com os excessos e com a harmonia da melodia.
Um exemplo figurativo do trinado pode ser este: lembra-se dos
passarinhos dos desenhos da Disney? Você consegue recordar como eles
cantavam ao lado das princesas nas histórias infantis? É um bom exemplo de
trinado...! Rememore!
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Em notação musical moderna, os trinados são registados com notas
de 16 ou 32, e são tocados sem nenhuma articulação ou separação entre as
notas.
Existem várias maneiras de representar um trinado em notação
musical moderna. Vemos uma:
Mas esta é a mesma notação usada em muitas partituras para um
mordente superior, ora pois! Então a forma mais comum ou conveniente de
indicar um trinado, portanto, é simplesmente:
12. “Pitch Bends” (curvas lançadas)
Vamos complicar só um pouquinho?
Como é bem óbvio, para tocarmos as notas devemos retirar os dedos
dos furos, não é mesmo? Mas também há formas de realizar isso diferente do
que vinhamos fazendo. É possível executar o som de uma nota bem suave, de
uma para outra. Isso abre todo um conjunto de artifícios para tocá-las.
Para tocar as curvas lançadas ou pitch bends, como queira, é o
seguinte: todas as curvas são feitas com o deslizar dos dedos dos furos. Para
se conseguir a curva, você deve deslizar a ponta do dedo para frente e subir o
dedo para cima do furo, em um ritmo muito mais lento do que faria
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normalmente. Se você simplesmente levantar logo o dedo para cima, não
conseguirá obter a curva. Tem que ser mais lento o movimento do dedo, e
mantenha um sopro contínuo da nota.
Experimente estas técnicas para ver qual funciona melhor para você:
Prática:
Role para frente o dedo sobre o furo, deslizando, criando
um ângulo crescente com o corpo da flauta; mantenha o
dedo em linha reta até retirá-lo do corpo da flauta, ou;
Suba o dedo para cima e para baixo do furo, lentamente,
mantendo o sopro.
Observe que a nota soará como se fosse levemente desafinada, ou,
como se o volume da nota alterasse um pouco.
Uma dica: para realizá-lo mais de acordo, você deve manter o
movimento de subir e descer o dedo sincronizadamente, ou seja, não subir
muito lentamente e depois descer mais rápido. Mantenha o tempo de subir e
desce igualmente, porque daí o som oscilará mais harmonioso.
Não percebi nenhuma notação ou simbologia para este ornamento.
Portanto observe a partitura ou canção que irá executar, e realize as curvas
de acordo com que você achar melhor.
13. Slides (deslizamento)
O slide é considerado um pitch bend; mas ele terá um som mais
prolongado e melódico. Observe.
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Na curva usamos o movimento dos dedos e na queda o movimento era
apenas com a pressão do ar. E juntando estas duas técnicas, têm-se o slide.
O slide, na verdade, é um efeito de elevar e abaixar o “volume” da
nota, juntando o movimento dos dedos e a diminuição ou aumento da
pressão do ar, até chegar à nota principal. Ou seja, você vai aumentar ou
diminuir a quantidade de ar juntamente com o movimento dos dedos,
fazendo a nota reduzir no volume ou intensidade.
Em notação musical moderna, os slides são indicados como
subindo o volume ou intensidade da nota em ornamento até chegar à nota
principal, ou decrescendo a intensidade ou volume da nota em
ornamento até a nota principal.
Lembre-se: é realizado com o movimento de deslizar o dedo em
conjunto com o aumento ou diminuição da intensidade da nota. É um pouco
cansativo obter o ornamento, mas depois de conquistado, produz um som
típico, conferindo certo gracejo na melodia! Assemelha-se a uma cigarra:
consegue se lembrar, na época das chuvas, como as cigarras iniciam seu
canto? Vão subindo, subindo o som até alcançar uma nota sua e depois
mantem aquele som até se cansar...? Só que no nosso caso você manterá um
tempo mais curto, executando outras notas, e não tão estridente...
Observe a diferença da notação para o slide. No slide, o traço
indicativo de elevação da nota se encontra do lado esquerdo da mesma; ao
passo que na queda, o traço estará do lado direito da nota. Compare.
14. Glissando
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Um glissando conecta duas notas principais melódicas com um pitch
bend bem suave. É como uma curva ou um legato, mais utilizando o
processo do pitch bend. A curva é muitas vezes feita de forma relativamente
lenta para enfatizar o efeito.
Os glissandos são feitos de uma nota para a nota imediatamente
superior na escala. Glissando até a próxima nota mais baixa é um pouco
mais difícil, porque o dedo tem que localizar o furo.
Glissandos entre as notas amplamente separadas demora um pouco
mais para se dominar, porque envolvem vários dedos, certa velocidade e
também sincronismos, para não se atrasar umas notas ou acelerar demais
outras.
Outro termo comum para este tipo de ornamento é portamento,
usado em outros instrumentos como violino, harpa, trombone e outros. No
entanto, para a NAF, estabeleceu-se o glissando, como termo preferido para
este tipo de pitch bend no contexto das flautas.
Em notação musical moderna e nas NAF’s, os glissandos são
indicados como
No entanto, em um contexto mais geral da música, muitas vezes são
mostradas como .
Um exemplo bem figurativo: você já mexeu em uma harpa ou piano?
Especialmente na harpa, a primeira coisa que gostamos de fazer é pegar o
dedo e correr freneticamente sobre as cordas, subindo e descendo, não é
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mesmo? O harpista fica alienado com isso... Mas, este ato de correr os dedos
de uma determinada corda à outra, é justamente um glissando. Mas há uma
marcação correta de uma nota a outra. No desenho acima, “correríamos” o
dedo rapidamente pela nota fá baixa até o próximo fá alto.
Experimente na sua NAF, mas não confunda este ornamento com o
correr. Neste, corremos determinadas notas que podem descer ou subir ou
ainda saltar algumas notas; já no glissando, descemos ou subimos
rapidamente de uma nota a outra, e geralmente as notas têm um intervalo
relativamente grande entre elas, e a linha do glissando é representada na
diagonal. O exemplo da harpa é bem esclarecedor.
15. Técnicas da língua
Vamos entrar agora nas técnicas utilizadas através de certos
movimentos com a língua. São simples, requer apenas um pouco de
treinamento. São consideradas como ornamentos, mas poderíamos nomeá-
las também como técnicas de ataque ou articulação.
Busque realizar os ornamentos anteriores com maestria. Garanto a
você que se praticar corretamente, e treinar todos os dias, você incorporará
todos os ornamentos com facilidade, e você não precisará recorrer a nenhum
material teórico de apoio, nem buscará mais os conceitos mostrados aqui
pela irmã Wicapi... Certo? Vamos lá!
Use a senhora sua língua para trabalhar um pouco! Podemos
considerar estes movimentos como articulações ou até mesmo outros tipos
de ataque. São basicamente cinco técnicas de língua:
1. Língua-dupla:
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Chamemos a língua-dupla também de ataque, porque ela é realizada
no início de uma nota principal.
A língua dupla corresponde a uma única nota graça que antecede a
nota principal. Ao contrário de uma nota graça típica, que é feito com
dedilhado (você executaria, neste caso, apenas com o movimento dos dedos)
a “língua-dupla” é feita com a articulação da língua!
Você deve ter ouvido este ornamento em muitas gravações, e está na
hora de você tocá-lo e identificá-lo sempre.
Para realizar o ataque da língua, utilize a técnica da articulação.
Repita Taa-kaa... Veja:
A nota graça acima é um mi, e a nota principal também é um mi. Para
fazer com que elas soem de forma diferente, diferenciando a altura de
ambas, toque-as em sua flauta utilizando o ataque ta-kaa, ou se preferir,
tchã-kaa: Ta - para a primeira nota; e kaa - para a segunda nota; é esta
separação do ataque em dois que dá o efeito de língua-dupla.
Claro, as duas notas não terão sempre a mesma altura. A digitação da
nota principal pode ser diferente a partir da nota graça. Mas sempre que
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você ver esta nota graça com um corte sobre sua haste, execute-a com este
ataque do ta-kaa (lembre-se, Ta para a nota graça, e Kaa para a principal), e
elas soarão diferentes.
Para saber se você está executando corretamente, sinta que sua língua
vai fazer dois movimentos: o primeiro, para a nota graça, a língua vai tocar
parte do palato e dentes superiores; e o segundo movimento, para a nota
principal, a língua não tocará nem o palato, nem os dentes e nem o bocal da
flauta, ela ficará apenas levemente alta e sem fazer nenhum movimento. É
como se o ataque fosse ampliado pelo palato. Correto? Perceba o
movimento. O ar passará sobre ela.
2. Língua-tripla:
O ataque língua-tripla, no início de uma nota, incluirá aqui duas notas
graça antes da nota principal:
A forma de executar é parecida com o ornamento anterior; a diferença
é que você vai acrescentar uma pronúncia a mais: o Taah.
E claro, as três notas não precisam ter a mesma altura... A digitação
da nota principal poderia ser diferente das notas graça.
Para realizar é o seguinte: utilize agora a pronuncia ta-ka-taah...
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As duas primeiras notas, que são graças, executamos com a pronúncia
ta-ka, e terminamos com a nota principal usando a pronúncia taah. Veja no
exemplo acima: duas notas graça mi, e a principal também um mi.
Pratique como no exercício anterior, e toque na flauta. Percebeu a
diferença de som?
Observe sua língua: ao tocar a primeira graça a língua faz um
movimento de tocar parte do palato e dentes superiores; ao tocar a segunda,
a língua não tocará nem o palato, nem os dentes e nem o bocal da flauta, ela
ficará apenas levemente alta e sem fazer nenhum movimento; e ao tocar a
nota principal, o movimento da língua é igual à primeira nota graça, não
tocando nem o palato e nem os dentes superiores. Como no exemplo acima a
nota principal soará em dois tempos, o aa... do ataque será mais prolongado.
Muito bem. Treine, treine, treine...
3. Língua-dupla contínua:
Há outra variante destas duas técnicas descritas acima. É o chamado
"língua contínua dupla".
É um movimento de ataque contínuo, realizado em todas as notas ao
invés de apenas no início. Este ornamento é muito utilizado como um efeito
de textura entre trechos de uma melodia.
E como faço isso?
Diga "ka ta ta ta ta ta ta...". Repita primeiramente lentamente,
mantendo um ritmo relaxado. Em seguida, trabalhe na construção da
velocidade, mantendo um ritmo bem mais rápido e fixo. Agora, pegue sua
senhora NAF e toque desta forma. Você pode fazê-lo em uma única nota, ou
tocar em toda uma linha melódica...
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Em notação musical moderna, língua-dupla contínua pode ser
indicada como
É bem simples.
Uma dica: procure ouvir gravações para NAF e identificar de ouvido
quais ornamentos eles utilizaram nas melodias. Isto te ajudará a realizar os
seus com maestria, pois perceberá também em quais momentos o
ornamento é conveniente. Apure os ouvidos; se quer progredir como um
nafista, não ouça apenas mentalmente os sons dos instrumentos, mas
também como eles reverberam entre si e os sons que só captamos quando
ouvimos a melodia não com os ouvidos, mas com o coração...
4. Língua-duplo rítmica:
Aqui, temos outra variante das técnicas da língua chamada de “língua
rítmica dupla”. Ela pode ser aplicada para configurar um determinado ritmo
dentro da música. Precisa que você tenha compreendido corretamente o
ornamento anterior.
Prática:
Como fazer isso: quando estiver fazendo a língua dupla
confortavelmente, mantenha-a em um ritmo constante. Então comece a
acentuar pulsos aleatórios no ritmo. Encontre um movimento que funcione
para você, e depois trabalhe na construção de uma melodia em cima. Você
colocará sobre a melodia um elemento de variação tonal, “tecendo” o som da
forma como quiser. Na verdade, este ornamento é apenas uma variante da
língua-dupla contínua: ao invés de você usar o ka-ta-ta-ta-ta..., você pode
alterar a pronúncia para ta-ka-ka-ta-ta ou ainda ka-ka-ka-ta-ta... Ou seja,
tanto faz a alteração destas pronúncias, desde que mantenha um ritmo
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harmonioso. Outro ponto também é que você pode alterar a velocidade, ora
acelerando ou diminuindo. Não mantendo, portanto, um ritmo fixo como na
língua contínua dupla. Repita em voz alta estas variações, e veja como elas
soam.
5. Língua agitada:
Uma variante, que pode soar até engraçado, é a técnica da vibração da
língua, e é frequentemente chamado de "rolar a língua". Aqui variamos o
ataque tróóórrrr... ao soprar a flauta. Essa técnica muda completamente à
textura do som!
No tópico dos ataques, nós vimos esta técnica, mas aqui vamos alterá-
la um pouco, para que possa ser usada como ornamento. Como ataque,
usaríamos apenas no início da nota; mas aqui, podemos prolongar seu som,
alterando a articulação.
Na notação musical pelo Nakai, pode ser indicado como
Mas como eu toco isso?
Algumas pessoas não conseguem fazer isso porque nunca tentaram...
Já para outras pode ser fisicamente muito difícil, por causa das condições
físicas da própria língua ou algum problema na fala, mas é o seguinte: pegue
sua flauta e toque uma nota qualquer, se possível a mais grave. Toque com o
ataque tróór ou tóór, e faça movimentos rápidos ou agitados com a língua ou
a ponta da língua. O efeito que você ouvirá é a nota sair bem agitada,
alterada! É um efeito especial que você pode aplicar moderadamente em
algumas melodias. Serve para carregar a canção com um elemento mais
enérgico ou “atrevido”. Você ainda pode acrescentar uma pronúncia
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semelhante à lo-ror-ro-ro. Ficaria assim: tróór-lo-ro-ro-roo... Faça como
achar melhor ou o que você conseguir.
16. Casca
O ornamento casca é considerado um dos mais tradicionais para a
NAF. É um elemento um pouco mais trabalhoso de se executar, combinando
técnicas de respiração e do movimento dos dedos.
O efeito que obtemos nas notas é bem peculiar, porque ele simula o
som de animais. A partitura tocada abaixo faz as notas assemelharem ao
latido de um cachorro-do-mato... É muito interessante!
Neste exemplo vemos um par de notas muito comuns: são notas
graça acentuadas. A casca constitui, portanto, nessas pequenas notas graças
acentuadas. Os acentos (>) indicam que deverão soar mais altas ou mais
exacerbadas do que as outras notas. Observe que o legato sobre as notas
indica que elas são tocadas sem nenhuma articulação ou separação entre
elas.
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Prática:
Pegue de sua flauta, toque a nota mais baixa dela e seguidamente
toque a terceira nota (de cima para baixo) e toque de novo a nota principal
normalmente. Agora, toque a nota principal (a mais baixa da sua flauta) e
intercale várias vezes com a nota graça casca. Veja no exemplo anterior:
temos a nota fá, que é a principal, e a nota dó, que é graça casca. Toque
então da mesma forma, intercalando o fá e o dó várias vezes.
A nota graça várias vezes em conjunto com a principal, forma um som
de fundo. E toda vez que for tocar a casca, acrescente mais pressão na
respiração, acentuando-a. A nota principal tem de ser uma nota com um som
limpo e na mesma altura, e que não irá causar nenhum efeito de overblow
(dissipar ou tocar como a própria casca); você pode fazê-la soar com um som
parecido com haaaahh, para facilitar. A combinação na nota graça casca
com um aumento substancial da pressão da respiração produz esse
ornamento. É fascinante!
A casca deve ser tocada rapidamente, e não está inclusa no tempo do
compasso. Observe que o dedilhado, assim como a nota casca, apresenta
grafia bem menor que a nota principal. Todas as vezes que você ver uma
partitura assim para a NAF, saberá que é um ornamento.
Tente várias vezes na sua flauta. Não é tão complicado.
17. Estouro
Este é outro ornamento clássico da NAF!
É usado especialmente para terminarmos uma canção ou melodia.
Quando for ouvir canções para a NAF, observe como o nafista
terminou a canção! Poderá perceber algumas vezes um estouro.
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A partitura acima mostra um par de notas muito comuns para se
utilizar num estouro. O estouro é marcado usando uma única nota graça
acentuada. Utiliza-se muito tocar a nota fundamental da NAF e sua
correspondente alta (no exemplo temos a nota fundamental fá e a fá alta). O
acento indica que a nota graça curta é mais alta ou intensa do que a nota
principal. Observe que a o traço de ligação sobre as notas indicam que eles
são tocados sem nenhuma articulação ou separação entre as notas. É mais
fácil ainda de realizar que o ornamento casca.
Prática:
Toque a nota principal, e em seguida toque o estouro; lembre-se que a
nota principal deve se manter numa altura normal, enquanto que a nota de
estouro deve ser mais intensa. Para tocar o estouro, apenas aumente a
pressão do ar. A nota estouro deve soar mais curta e alta que a principal,
lembre-se disto. Chama-se justamente estouro por isso – é como se
literalmente estourássemos a nota. Já estourou algum dia saquinhos de
pipoca? Bem... Parece um pouco! O som da nota tem que sair seco e
estalado...!
18. Braçadeira
A braçadeira é um estouro ao inverso... Toca-se primeiramente a nota
graça e depois a principal.
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A partitura acima mostra um par de notas muito comuns na utilização
de uma braçadeira. Temos novamente dois fás. A braçadeira também
sempre recebe sobre ela o símbolo de (>) que indica que ela deve ser uma
nota mais acentuada. Observe que há ligação sobre as notas: adverte que são
tocadas sem nenhuma articulação...
Prática:
É o mesmo procedimento do estouro; apenas inverte as notas.
Diga "Tááh...". Agora diga com gosto: táa!!!, Bem rápido e forte, com
muita pressão na respiração. Observe o que acontece ao seu fluxo de ar
quando você o diz. O começo deve ser muito forte e termina como se
esmaecesse. Tente isso na flauta, tocando em seguida a nota principal. É
como um estouro, mas acrescido de uma leve queda, por que termina na
nota principal. É isso!
19. Nota espectro
Bem, temos aqui um ornamento que observei certa vez uma pessoa
executá-lo. Achei interessante, porém nunca vi em nenhuma fonte para a
NAF, a respeito deste “ornamento”. Mas repasso a vocês, se tiverem
interesse em usá-lo.
Pode ser que aja algo parecido, com outro nome. Na teoria para a
flauta tin whistle há algo semelhante, mas aqui lhes apresento desta forma.
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Consiste num movimento bem simples, mas requer um pouco mais de
atenção: você pode criar um efeito de nota fantasma ou espectro na sua
melodia!
É realizado, durante a execução de uma nota de duração mais longa,
dois ou quatro tempos, mas você pode usá-la de qualquer maneira que
conseguir.
É o seguinte: quando você estiver tocando uma nota qualquer na
flauta, escolha um dedo que não esteja bloqueando um furo. Agora,
movimente então este dedo, para cima e para baixo do furo, mas sem,
contudo, encostar-se à flauta, por menor que possa ser este toque. Quase
deixe tocar o furo, mas então, suspenda o dedo para cima. Você deve manter
um ângulo reto, vertical, com relação ao furo ou nota, e o movimento deve
acompanhar esta verticalização. Quando você mantém o fluxo de ar
contínuo, e desce o dedo lentamente para o furo - mas lembre-se, sem tocá-
lo - você cria o efeito de nota fantasma – é como se ela aparecesse e sumisse,
soando um pouco imperceptível com relação à outra nota tocada. Cria um
efeito bem interessante!
Prática:
Como exemplo, tente este exercício: pegue de sua flauta, e cubra o 1º,
2º, 3º furos (de cima para baixo). Deixe o 4º, 5º e 6º descobertos.
Toque ou assopre com estes 3 furos bloqueados, mantendo esta nota
bem fixa; chamemo-la também de nota principal. Toque sem tempo e
prolongue o som. Agora utilize o 4º furo para criar o efeito de nota espectro:
mantenha o dedo do 4º furo numa posição bem reta, na vertical, e faça-o
subir e desce mais devagar; lembre-se de não tocá-lo no corpo da flauta!
Faça este movimento várias vezes... Mantendo a nota principal (os três
primeiros furos cobertos), subindo e descendo o dedo do 4º furo.
O que você percebe?
Ouvimos o som da nota do 4º furo mais imperceptível ou fraca em
relação à nota principal. É como se ela fosse ser tocada, mas imediatamente
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ela reduz seu som e desaparece, ficando apenas o som produzido pelo
bloqueio dos três primeiros furos! Bem interessante, não?
Tente várias vezes. Quanto mais fizer, mais prático ficará e o som será
mais audível. Você pode usar qualquer nota; e movimento do dedo para esta
nota espectro pode ser mais devagar ou lento, dependendo do efeito que
você quiser. Mas lembre-se de não tocar o furo, senão você produzirá um
som desagradável ou acabará tocando a nota natural do 4º furo, certo?
Utilize-o sempre como movimento fantasia, da forma como quiser. Se
você movimentar o dedo para um lado ou outro, pode não surtir um efeito
agradável. Portanto, mantenha o dedo numa vertical, em relação ao furo.
Viu que o estudo e a criatividade de uma pessoa podem promover
neste instrumento? Cada pessoa é um mundo de criatividade, e você pode
criar os seus próprios ornamentos; aprenda o básico, e você poderá alterá-lo
ou criar os seus próprios. Respeite apenas alguns conceitos musicais.
Gostou deste ornamento?
20. Gorjeio
Bem, encerramos então o tópico dos ornamentos. Busque agora,
realizá-los em conjunto.
Creio que você pode pensar que há mais ornamentos a serem
estudados. Mas não. Todo o material que dispus, assim como o
conhecimento que obtive de outros, refere apenas a estes tipos de
ornamentos que escrevemos anteriormente. Se você ouviu algum tipo de
ornamento não descrito, pelo que me informaram, são variações destes
ornamentos básicos que estudamos aqui. Observei certa vez um jovem que
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emitia as notas como se pronunciasse um ataque parecido com uou-uou-
uou... Mas percebemos que ele apenas variava o ataque Haah para articular
as notas. Portanto, lhe recordamos novamente: para a NAF, não há um
regime rígido de execução – você aprende o básico corretamente, e depois
utiliza ou os altera da forma como quiser durante a melodia. Mas recorde-se:
bom senso cabe em todos os pontos de nossa vida!
Uma vez que você pratique qualquer das técnicas acima por um bom
tempo, elas começarão a fazer parte da sua forma de executar a NAF. Você
começará a tocá-las sem sequer pensar sobre elas!
E quanto mais você pratica os ornamentos, mais eles começam a
combinar e poderá alterá-los à vontade, mas acate os conceitos de notação,
se você está utilizando de partituras...
Busque compreender e exercitar muito cada ornamente em separado;
treinando e memorizando a forma de executá-los e quais os mais adequados
se poderia usar nas canções. E só depois crie seu próprio estilo! Desta
atitude, expressando as notas de forma natural, combinadas com os
ornamentos, criando e adicionando seu estilo, você tocará em gorjeio!
Gorjear, para o meio dos nafistas, é justamente utilizar os ornamentos
corretamente, em canções livres (as canções do coração) e também nas
melodias já conhecidas. Quando estiver bem prático em todos os
ornamentos, e tocá-los em conjunto, você estará gorjeando!
Bem, esperamos que você invista diariamente no estudo teórico para a
NAF.
Se você chegou até aqui, é porque já conseguiu um bom domínio das
técnicas. Concluiu-se seu estudo de teoria musical, pois bem! Se não,
termine-o e faça uma parceria com a teoria da NAF.
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Vamos agora juntar tudo que você obteve e tocar com maior destreza
ou naturalidade.
8. Técnicas para destreza na execução
Exercitando:
Para você começar a executar algumas canções, seja pela partitura ou
pelo sistema de tablaturas, usando as técnicas e ornamentos que estudamos
no tópico acima, vamos trabalhar um pouco com a escala de notas. Vamos
começando do básico, tocando apenas as notas; depois acrescente os ataques
e os ornamentos, e varie na duração das notas.
Você agora irá trabalhar num exercício que introduza aos poucos tudo
o que você viu até agora. Fazendo os exercícios diariamente, em pouco
tempo você tocará todas as músicas de sua escolha.
Utilize a NAF de afinação que quiser, e retire da memória tudo que
você aprendeu até agora. Garanto a você que após estes exercícios, você será
um perito da NAF. Depois o que virá será apenas acréscimo de suas próprias
experiências com este instrumento cativante. Mãos à obra!
a. Exercício da canção de escalas:
As “canções de escalas” é uma técnica desenvolvida por Doca Green
Silverhawk, para criar canções através da escala primária da flauta. Consiste
em subir e descer todas as notas da flauta, em um ritmo igual, adicionando
outras notas e ornamentos. É bem, simples. Você agora juntará o útil com o
agradável. Pegue a flauta!
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Observe a escala abaixo:
Toque todas as notas individualmente, sem se preocupar com tempo
ou duração, da nota mais grave até a mais alta, como no exemplo acima.
Suba e desça esta escala. Use o ataque Haaa...
Agora toque novamente esta escala e repita qualquer nota que você
gostaria que estivesse em sua melodia, entre as notas dessa escala, e por
tanto tempo quanto você desejar. Suba e desça a escala, como no exemplo da
tablatura acima. Procure ir memorizando ou se familiarizando com o som
de cada nota acrescido dos ataques ou dos ornamentos. Certo?
Este ato de subir e descer todas as notas da flauta consiste na canção
da escala.
Agora, tente executar a canção da escala, escolhendo alguma técnica
de ataque, e um ornamento. Em qualquer nota da canção da escala, aplique
o ataque e um ornamento. Se você estiver mais confiante, utilize vários
ataques e vários ornamentos. A canção da escala, como exercício, serve
também justamente para isso, para você ir introduzindo as técnicas, e não
apenas para tocar as notas.
Continue realizando este exercício, progredindo pela escala. Suba e
desça todas as notas com os movimentos dos ornamentos. Preocupe apenas
com os ornamentos e ataques. Em usá-los como quiser ou como mais
aprouver na flauta.
Faça este exercício da canção da escala diariamente, sempre variando
os ataques e ornamentos.
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b. Exercício de duração variável:
Sabemos que cada uma das notas da escala ou de qualquer partitura,
como também no exemplo que vimos anteriormente da canção de escala,
existe um mesmo comprimento de tempo.
Agora, comece a colocar uma duração variada em cada nota, ou seja,
busque colocar os tempos nas notas, prolongando umas e encurtando outras,
mas mantendo os ataques e ornamentos. É um dos modos mais fáceis de
somar a variedade e tornar a canção da escala mais interessante.
c. Exercícios das dinâmicas:
O termo “dinâmicas”, na música representa o volume de uma nota ou
uma seção dela tocada. Há condições na música clássica em que há uma
gama cheia de dinâmicas, variando do muito macio (pianíssimo) até o muito
alto (fortíssimo).
Essas dinâmicas variáveis podem acrescentam certa personalidade à
música que você toca!
Busque então agora, introduzir suavidade ou força a melodia que você
está criando através dos exercícios da canção das escalas.
Você começou neste tópico, a tocar as notas apenas; depois introduziu
os ataques e ornamentos; depois começou a manter certo ritmo e duração.
Agora você deve colocar certa suavidade ou força na melodia;
Busque tocar algumas notas bem suaves, tranquilas, e aumente a
pressão do ar em outras, tornando-as mais agressivas ou intensas.
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Para NAF, este movimento consiste nas dinâmicas.
d. Exercícios da articulação variável:
Some agora aos exercícios anteriores, as técnicas da língua, do legato
e staccato.
Há muitas articulações que podem ser usados, como as notas em
legato, os vários ataques (Haaa, Taaa e Kaaa) os ornamentos como tonguing
ou língua, não é mesmo?
Comece a trabalhar agora com estas articulações e ligações.
Primeiramente, toque algumas notas em legato e staccato, depois use
as técnicas da língua. Tente várias vezes em algumas notas da escala,
buscando a velocidade ou altura das notas.
Quando você estiver confortável com estas articulações busque fazer
combinações delas na escala, usando algumas notas em legato, algumas
articuladas em ataques de Taaa ou Kaaa, algumas em staccato e criando
efeitos com os movimentos da língua...
Treine, treine, treine... Com o treinamento se chega a resultados
satisfatórios.
e. Exercício de ritmo:
Busque agora mais clareza no ritmo, utilizando todas as ferramentas
anteriores, mas prestando mais atenção ao compasso. Faça com que sua
melodia se pareça realmente com uma canção. Procure criar um ritmo que
seja agradável aos ouvidos; observe e utilize agora, apenas ornamentos ou
técnicas que soem mais moderadas ou “limpas”, ou não tão carregadas. Você
já começará a expressar o espírito da NAF!
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f. Exercício das escalas variáveis:
Quando você já estiver bem confiante, e realizado com maestria os
exercícios anteriores, você pode fazer o seguinte: lembra-se no começo da
apostila sobre as várias escalas mostradas que podemos utilizar na NAF?
Escolha uma delas, e experimente tocá-la como você vinha fazendo nestes
exercícios.
Se tiver interesse, verá um amplo leque de possibilidade abrir a você,
auxiliando-o a tocar posteriormente muitos estilos musicais; você se sentirá
mais confiante...
Treine, treine e... Treine!
g. Escalas tecidas:
Bem, sabemos que nossas NAF’s podem não alcançar muitas notas.
Por isso da nossa necessidade de ter diversas outras com várias afinações;
além de abrir mão e utilizar outras escalas que não seja a primária.
E essas restrições de notas na canção da escala, podem parecer
limitadoras... Mas se você quer experimentar variar um pouco com apenas
uma única NAF, simplesmente modifique as direções dos passos da escala!
Busque então criar saltos em algumas notas, e misturar quaisquer escalas.
Utilize diversas escalas ao mesmo tempo, ou as altere. Você poderá instituir
um modo dramático ou inspirador bem interessante.
h. Acrescentando notas:
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O NAF tem uma gama limitada em comparação com a maioria dos
instrumentos tocados hoje em dia. A extensão de nota tocável não é muito
mais do que uma oitava.
Na maioria das discussões sobre as escalas, você começa na nota
tônica (a nota que sua flauta foi afinada) da flauta e continua até as notas
mais altas. No entanto, para melhorar um pouco mais os exercícios da escala
de notas que você vem realizando, tomamos uma escala:
...e para que sua canção de escala fique ainda mais agradável, adicione
mais duas notas baixas da flauta no final desta escala:
.
Estas notas adicionais ao final de uma escala chamam de notas wrap
(embrulhadas). Eles são muitas vezes adicionados pelos músicos de NAF’s por
causa do alcance limitado da mesma, e também porque as canções para a NAF
na maioria, sempre acabam na nota raiz (fundamental). Acrescentando as notas
wrap no final de uma escala, você fará a escala o soar mais melódica e torná-la
mais agradável na prática.
Você pode tentar agora na sua canção da escala, buscando terminar a
melodia nas duas últimas notas. Verá que o final da canção soará mais
harmônico.
***
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Bem, novamente se você chegou até aqui, é por que obteve êxito nos
exercícios anteriores.
Esperamos que você continue a realizá-los, pois da prática diária
destes exercícios, que a princípio podem parecer simples ou até mesmo
tolos, é que permitirá você tocar qualquer música e se desenvolver como um
“nafista”.
Se você estudou o básico da teoria e os conceitos para a NAF, que
trouxemos aqui, e se manteve em regra diária de prática, pode-se dizer que
você agora é um autêntico nafista! O que resta agora é buscar aprimorar um
pouco mais, mantendo as práticas diárias! E partir para as partituras das
NAF’s. Se você quer tocar de “ouvido” ou apenas como o coração, todas as
técnicas de domínio você aprendeu até aqui e nada mais se têm a dizer; pode
se acrescentar um conceito ou outro, mas isso vem da sua dedicação e
procura.
Mas agora, se quer conseguir tocar variadas composições ou as
músicas dos “Nativos”, com o conhecimento que você teve de teoria musical
básica, é apenas buscar partituras e usar o conhecimento teórico e prático da
NAF que você conquistou até aqui.
Ao final desta apostila deixarei umas dicas e links da rede para obter
essas partituras.
Certo?
Vamos para o passo seguinte.
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9. Aplicando os exercícios as tablaturas ou partituras:
Deste ponto em diante com a sua NAF, você deve começar a
“gerenciar” sua mente e seus dedos para tocar o que se pede, seja na
tablatura ou partitura. E não mais tocar pequenos trechos. Este curso
encerra neste tópico, e como falamos anteriormente, você está pronto para
caminhar com seus próprios pés!
Algumas pessoas temem muito as partituras. Mas é um temor, como
qualquer outro, completamente desnecessário. Todos aqueles que iniciaram
o estudo musical tiveram dificuldades em tocá-las. Portanto não é porque
não se toca de primeira que não irá se conseguir nunca. Para tocá-la, basta
ter o conhecimento da notação musical e praticá-la diariamente; mesmo que
você não as execute na flauta, o importante é lê-las sempre, não deixar para
um dia ou outro. É aí que está o segredo. Ler sempre! É a mesma ação
quando se está aprendendo uma língua diferente; não estamos sempre
repassando mentalmente as palavras e a gramática diariamente? Portanto,
mantenha este leitura diária ou semanalmente, pois em pouco tempo você as
dominará.
Este consiste em solfejar. Já ouviu este termo antes? Pois bem,
solfejar é cantar os intervalos musicais, seguindo das respectivas alturas
(frequências ou graus da escala) e ritmos anotados na partitura; solfejando,
você compreende na prática os símbolos, ritmo, notas, enfim, como a
notação musical funciona. Lembre-se: ler antes a partitura, evita os erros de
quando você executa uma música que nunca viu antes, e não sabe o que pode
vir de uma nota após outra. Se você não as treina antes, cai sempre em erro:
“mas como eu toco isso?” ou “que nota é essa?”. Não é verdade? Você pode
até escrever sobre as notas, seus nomes, tempos, mas isso não é aconselhável
porque você se condiciona a fazer sempre isso.
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Observamos também que outra dificuldade é conseguir adaptar o
movimento das mãos a leitura dentro do ritmo. Tendemos às vezes a acelerar
ou atrasar alguns trechos, e confundimos determinadas notas; o nervosismo
apressa e rompemos a música bem no meio da execução. Isso acontece com
todos a princípio.
Mas como sempre firmamos, é só questão de tempo e dedicação!
Bom, além de conseguir ler as benditas partituras, ainda nos
deparamos com um pequeniníssimo obstáculo: a destreza para a velocidade
em determinadas melodias. Podemos nos sentir inibidos quando vemos uma
música agitada e quando ainda somos principiantes na música. Podemos até
dizer: “puxa, isso não é para mim, não consigo!”, mas consegue sim, basta
dedicar sempre. Achas que todo grande compositor sentou-se no chão e
aprendeu a tocar maravilhosamente bem dizendo: “é difícil”...? Claro que
não! Foram doses e doses de dedicação e humildade! E uma grande porção
de amor e paciência para consigo mesmo.
Conceba que a grande maioria das músicas para a NAF virá escrita em
partituras, e nem sempre teremos os dedilhado ou tablaturas
correspondentes nelas para nos ajudar. Portanto, estude, dedique-se, e
invista tempo e amor no trato das benditas partituras...! Posso estar sendo
insistente neste ponto, mas é através dessa dedicação que você tocará
perfeitamente.
Bom, outra dica para nós nafistas: uma excelente maneira de
melhorar a destreza nos dedos bem como na articulação, é treinar a canção
da escala de forma rápida.
Todas as variantes de notas graça (mordentes, trinados, correr) são
feitas com movimentos dos dedos rápidos. Velocidade e desenvoltura,
precisão e leveza desses movimentos exige agilidade nas mãos.
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Alguns dos exercícios abaixo foram desenvolvidos especificamente
para alguns de nós que desejam tocar de forma bem rápida os ornamentos.
No começo eles podem parecer como os exercícios diários das canções das
escalas que você estudou... E que levou muitos de nós a desistir das aulas de
diárias...!
Mas eles são divertidos, e você terá uma grande recompensa (em uma
semana ou duas), ou apenas alguns minutos por dia. Então lhes dê mais
atenção, buscando fazê-los um pouquinho mais. E você verá como eles são
fáceis, garantindo seu progresso.
Primeiro tente esta progressão, que chamamos de ascendentes,
porque estamos subindo nas notas:
Leia do começo ao fim, buscando identificar as notas mentalmente
através da leitura, e não olhe para os dedos, apenas leia e toque.
Comece bem devagar e uniformemente, com as notas, e não se
preocupe sobre o uso de qualquer articulação particular entre as notas. Tome
uma respiração sempre que você sentir necessidade.
Uma vez que você estiver confortável com a progressão dos acordes
ascendentes do exemplo anterior, agora faça a progressão descendente.
Tente esta versão:
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Lembre-se, leia as notas e não olhe mais os movimentos dos dedos...
Esta progressão de acordes descendente o levará de volta para as
notas baixas.
Tente agora juntar ambos:
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O que estou querendo trazer para você, é lhe dar um ponto de partida
para não tocar mais “cabeça”, mas observar o que está no papel e realizar no
instrumento.
Se quiser, procure tablaturas em branco para a NAF e escreva várias
melodias, tocando-as; mas sem olhar para os dedos!
Ao mesmo passo da leitura, recorde em sua memória todas as técnicas
que você aprendeu e aplique a vontade nestas melodias que você formulará.
Tente ainda executar o exercício abaixo que apresenta algumas
porções de legato; as notas que não tem o legato, toque como staccato. Tente
também alterar todas as articulações para o staccato curto. As notas sairão
curtinhas e mais rápidas:
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Se você tem uma flauta de cinco furos, e você quer tocar no padrão
mostrado acima para as de seis, abaixo temos duas versões de dedilhados.
Espero que um deles produza uma progressão de acordes agradáveis:
Cinco furos - Versão 1:
Cinco furos - Versão 2:
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Bem, partimos agora para a partitura, com dois exemplos abaixo.
Lembre-se que é necessário você ter estudado ou estar estudando a teoria
musical.
Não irei te influenciar sobre elas, pois já falei da necessidade da
mesma, e ainda porque não sabemos do teu interesse em seguir por este
caminho, visto que na música moderna há certos regimes e bem
compreendemos que para a NAF não há um sistema rígido.
Não é objetivo de esta apostila prender a NAF dentro do círculo
musical. Não seria justo para a NAF e nem aos seus mestres, pois ela não
deve ficar cativa em nenhum sistema intransigente, como eles nos
ensinaram. Já fiz muito insinuando aqui o conhecimento que obtivemos pelo
estudo da NAF. Não criemos problemas... Certo?
Mas, observe a partituras a seguir:
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Consegue já tocá-las?
Se sim, busque as partituras adequadas e daqui em diante. Deixei um
link no final da apostila onde você poderá buscá-los. São compilações de
diversos compositores que recolhemos ao longo dos nossos estudos.
***
Para finalizarmos...
10. Concluindo o que não se conclui...
Bom, encerramos aqui esta etapa do curso sobre a flauta nativa
americana.
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Aqueles que têm tocado a NAF por um bom tempo, muitas vezes
consideram com se estivessem chegado ao fim de uma jornada...
Talvez eles conheçam poucas músicas... Ou talvez porque sua caixa de
ornamentos é limitada, ou porque eles se limitam a tocar na mesma
estrutura as canções que aprenderam. Ou... Em última análise, estão
simplesmente entediados com sua própria música...! Portanto, antes de
entediar consigo mesmo, dê um passo à frente, e trabalhe outros ritmos. Não
há o que se perder. Digo-lhe desta forma, porque há certa barreira criada
sobre as pessoas de que a NAF é para ser tocada sem nenhum tipo de
instrução. Como disse nada se tem a perder. Tudo o que poderá vir se
somará a possibilidade de trabalhar mais profundamente sobre este
instrumento que ainda encanta a muitos!
Todo o material que trouxemos aqui abarca a base para se executar
corretamente a flauta nativa americana.
Nós temos todas as ferramentas teóricas de que dispomos, e temos
várias maneiras (planejada ou não) para sairmos agora da rotina... De deixar
apenas de tocar algum ou outro versinho musical, não é mesmo?
Experimente sempre os exercícios de destreza. Construir a velocidade
e intimidade nas ornamentações é uma ótima maneira de levar sua música a
um novo nível.
Tente tocar também nas outras escalas. Quando você se aproxima de
uma nova escala, estude muito, muito cuidadosamente e sem pressa!
Procure ficar confortável com as notas, tocando em legato no início (sem
separação ou articulação entre as notas – a não ser pausando para tomar
fôlego!). E depois introduza um ou outro ataque articulado no início de cada
nota. Então tente mudar todas as articulações, notas em staccato curto,
alternando entre estilos. E, finalmente, depois de toda esta prática que
acabou por ser um pouco rigorosa, tente uma versão completamente livre,
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com expressividade, tanto quanto possível, até o ponto de exagerar. Saia
agora de sua zona de conforto. Ouse!
Às vezes, é o medo que nos detém nesta nossa zona de conforto, nos
impedindo de explorar novos territórios.
Treine sempre!
Se quiser ousar mais, troque a posição das mãos. Esta é uma
experiência diferente e desafiadora... Faz você se sentir um iniciante de novo.
Busque novos conhecimentos; conheça pessoas ou grupos e participe
de festivais para a NAF! Isto é bom, para transmitir e receber conhecimentos
e experiências.
Toque fora de casa!
Se possível, leve uma flauta com você aos seus passeios... Toque para
as pessoas que se interessarem!... Mesmo que você ainda ache que não é
bom o suficiente para ter um pequeno público... Ou então, toque para seu
animal de estimação! Garanto por experiência que eles adoram! Porque
será?
Toque para a natureza, num parque, numa área livre, num jardim...
Nunca se esqueça da origem da NAF. Faça jus a sua história! Propague este
conhecimento; tem tanta coisa boa ou verdadeira no mundo se perdendo a
cada dia... Pelo menos seja um “mensageiro” da música inspirada, que este
instrumento ainda pode trazer ao mundo.
Dance enquanto toca (mas cuidado para não se emocionar demais,
batendo a flauta em qualquer coisa que possa danificá-la...)
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Toque para si mesmo, para o Grande Espírito que habita em você e
em tudo e todos... É o nosso Maior Ouvinte, não nos critica e nos Ama
Eternamente...
Busque também um álbum musical que você goste, e transcreva-o em
qualquer sistema de notação que mais lhe agrade. É melhor começar com
uma simples canção em primeiro lugar. Talvez você precise encontrar uma
flauta que coincide com a chave de afinação da flauta usada na música
gravada. Tente tocar junto com a melodia e você vai começar a descobrir não
só como a melodia funciona, mas a identificar como as ornamentações são
“casadas” ou utilizadas.
Muitos compositores usam novos ritmos quando eles estão em busca
de crescimento na música. Navegar na web ou na sua biblioteca de músicas
te ajudará a ver novos ritmos que poderão ser usados. Busque apoio nos
grupos de músicas nativo americano. Isso te ajudará bastante; apurando
teus ouvidos e somando a sua caixa de conhecimentos, inspirações! Há
muitos grupos e compositores que você pode se inspirar. Lembre-se: eles
também passaram pelas mesmas etapas que você esta trilhando ou
terminando de trilhar!
Se conseguir ir aos festivais de música para NAF, observe que alguns
músicos usam um sistema que reforça o som das flautas; normalmente
existem alguns microfones, processadores de som, amplificadores e alto-
falantes. Alguns compositores usam processadores que criam um eco ou
reverberação eletrônica (reverb) para criar a sensação de se estar em algum
canyon ou cavernas. Se você visitar um círculo de flauta, muitas vezes eles
têm uma configuração onde você pode ouvir a si mesmo através de alguns
processadores de som.
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Inspire-se então em gravar suas melodias para ouvir, analisando seu
progresso. Você não precisa de um sistema de som moderno. Gravar em um
gravador simples ou pelo próprio computador funciona muito bem. A chave
aqui é ter uma pitadinha de auto amor e de humor, e usá-la como uma
ferramenta para melhorar ou corrigir suas canções, não em amaciar o ego.
Nós sempre escutamos a música gravada profissionalmente, que foi
cuidadosamente processada. As suas primeiras gravações não se compararão
com as gravações comerciais. A questão não é ter um grande som, mas
apenas para utilizá-lo como uma ferramenta de autoaprendizagem e
crescimento.
Lance também ideias para se criar festivais para a NAF ou crie você
mesmo os círculos de música!
Busque crescer sempre! Lançar-se em novas possibilidades... Quem
sabe das primeiras gravações você não as torne grandes gravações? Quem
sabe um dia poderá ouvi-la pelo mundo?
Mas sempre, acima de qualquer filosofia, busque a simplicidade. E
nada melhor do que a música inspirada para nos colocar naquele estado de
comunhão simples com a natureza; e a NAF sempre será um bom
representante desta comunhão...
Certo?
***
A intenção desta apostila foi apenas ajudar aqueles que se interessam
pela flauta NAF.
Em nenhum momento nos propusemos a desafiar nenhum autor que
escreva sobre a flauta.
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O conhecimento teórico que obtivemos, sintetizamos nesta apostila.
Esperamos que ela possa auxiliá-lo; sabemos da dificuldade em
encontrar materiais em português ou acessível, ou que seja realmente útil. O
conteúdo exposto foi levantado por nosso empenho ao longo do estudo e das
observações que realizamos e algumas traduções, que nos pareceu útil aqui
apresentar.
Procure avançar na disciplina dos livros teóricos indicados ou de sua
escolha; a introdução no início da apostila da teoria musical é muito
modesta, foi apenas para lhe fornecer uma base.
Antes de tudo lembre-se da origem da NAF. Seja respeitoso com este
instrumento e promova o respeito a ele, pois como o sabemos não foi um
instrumento criado apenas para tocar, mas também para propósitos mais
elevados.
Muitos criticam a NAF, alegando não ser um instrumento verdadeiro,
executável. Você que a escolheu, sabe muito bem que isso não é verdade.
Assim como também sabemos que determinados povos nativos poderiam ser
considerados mais adiantados a muitos povos não nativos, porque eles
receberam conhecimentos que muitas nações só compreenderam (se é que
houve está compreensão) posteriormente. Especialmente sobre a Natureza e
a fraternidade.
Que sejamos, pois, pessoas que buscam tocar antes de tudo com o
“coração", com o espírito. E este não se limita e nem se circunscreve a
nenhuma teoria, nem espaço, nem tempo, nem nação. Assim se assemelha a
NAF.
Agradecemos ao Grande Espírito!
***
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11. Indicações de livros e manuais para estudo
teórico:
Se você não conseguiu nenhum material impresso, você pode estudar
através deste:
Bohumil Med – Teoria da Música vol. 1 e 2, 4º ed.
Link para download dos livros em formato digital:
http://search.4shared.com/q/1/bohumil
Indicações de sites para compra, material teórico, e compositores,
acesse o blog e obtenha informações:
www.elementonovento.blogspot.com
Principais compositores, grupos contemporâneos e álbuns da música
Nativa Americana:
Carlos Nakai
Joanne Shenandoah
Scott August
Delphine Tsinajinnie
Burning Sky
Black Lodge Singers
David & Steve Gordon
John Huling
Marina Raye
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Scott Fitzgerald
Spotted Eagle
Stairway & Stern
Ah Nee Mah
entre muitos outros...
Todo o material desta apostila serve apenas para uso didático.
Se achar a apostila válida, passe adiante de forma gratuita;
conhecimento não se estagna.
Esperamos que tenha gostado! Faça bom uso!
Para informações, dúvidas, reclamações... Entre em contato
conosco:
www.elementonovento.blogspot.com
No Grande Espírito sempre!
Wicapi & J.
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