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) NQ 1 - ANO XIII - FLORIANÓPOLIS, 23 DE AGOSTO DE 1995 - CURSO DE JORNALISMO DA UFSC saúde o DRAMA DOS PACIENTES QUE SAEM DO INTERIOR PARA DISPUTAR VAGAS NOS HOSPITAIS DA CAPITAL Pág.03 tce ABRIGADOS PARTIDOS POLíTICOS POR UM CARGO QUEJULGA IRREGULARIDADES NOS MUNiCíPIOS Pág.OS prodec PROGRAMA DE INCENTIVO DO GOVERNO ESTADUAL PRIVILEGIA GRANDES EMPRESAS Pág. 04 ufsc OS DOS NAS MICREIROS Eles entram nos computadores da Universidade e acessam o secreto mundo das notas e do dinheiro Pág.03 . , . " Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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NQ 1 - ANO XIII - FLORIANÓPOLIS, 23 DE AGOSTO DE 1995 - CURSO DE JORNALISMO DA UFSC

saúde

o DRAMA DOSPACIENTES QUE SAEMDO INTERIOR PARADISPUTAR VAGAS NOSHOSPITAISDA CAPITAL

Pág.03

tceABRIGADOSPARTIDOS POLíTICOSPOR UM CARGOQUEJULGAIRREGULARIDADESNOS MUNiCíPIOS

Pág.OS

prodecPROGRAMA DEINCENTIVO DOGOVERNO ESTADUALPRIVILEGIAGRANDESEMPRESAS

Pág. 04

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OS DOSNASMICREIROSEles entram nos computadores da

Universidade e acessam o secreto mundodas notas e do dinheiro

Pág.03

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZEROAGO95

Na reportaqem da página central) ZERO traz uma mostra docaos em que se encontra o sistema de saúde pública no estado. Os

hospitais da capitaljá não aguentam nem atender àpopulação local)e a cada dia recebem mais doentes do interior1incluindo casos quepoderiam ser tratados em postos de saúde e hospttais locais. O Hospi­tal Universitário já avisou às prefeituras que colaborem avisandoantes de enviarem pacientes e a Assembléia Legislativa já encami­nhou uma proposição ao Governo alertando para esta situação.

Aproveitando a evidência da (�uerra jiscal" entre osgoverna­dores) ZERO traz uma reportagem mostrando quais as empresasbeneficiadaspelos incentivosfiscais dosgovernos estaduais em SantaCatarina. O Prodec - trunfo de que dispõe ogovernadorpara atrairinvestimentospara o Estado - concentrou recursos nasgrandes em­

presas durante os últimos cinco anos.

Na .ontracapa, o jornal traz ainda o pitoresco Daltro Cava­lheiro e seuprograma semanal transmitido ao vivo em Florianópolis)que já tem planos de ser transmitido em rede nacional pela CNT.

ZERO inaugura com essa edição uma novafase deprodução.Com a redação informatizada e a transformação do jor­nal Laboratório em disciplina do Curso de jornalismo daUFSC) ZERO está maispróximo do esquema deprodução

dos jornais-empresa. Isso significa uma mudança de qualidade no

-ensino de jornalismo da Universidade e com o tempo certamente re­

fletirá na qualidade do próprio jornal.Inaugurando essa nova fase) ZERO traz um furo de reporta­

gem. Alguns estudantes acessaram a rede de computadores da UFSC)conseguindo um arquivo com todas as senhas dos usuários dosistema. Com essas senhas) elespoderiam) por exemplo) alterar.J,fJJtas)a folha de pagamento e a contabilidade da Universidade. Os Hack­ers) como sâo conhecidos esses invasores eletrônicos) limitaram-se no

entanto a apenas "passear" pelos arquivos - exclusivamente porquequiseram. Em entrevista exclusiva) um deles alerta: o sistema daUFSC não é seguro e qualquer um que tenha um computador conecta­do a uma linha telefônica pode causar estragos.

Rádios pirataspodem ser legalizadasem Fórum Nacional

modalidade exercida por pessoasjurídicas com autorização re­

querida na Delegacia Regionaldo Ministério das Comuni­

cações. Como responsável pelarádio, a entidade deverá nomearum conselho comunitário com­

posto por sete membros. A rá­dio comunitária pode atuar

comercialmente, desde que todoo dinheiro seja investido na emis­sora.

Tá as rádios livres não podemveicular comerciais e teriam o

transmissor de 5 watts, dez ve­

zes menos potente do que o per­mitido para as comunitárias.Para poder operar urna rádiolivre o interessado precisaria deum certificado de habilitaçãofornecido pelá Delegacia Re­

gional doMinistério das Comu­

nicações. As duas modalidadesestariam sujeitas a um código deética específico.

O antigo Dentel seri' a encar­regado de assegurar qu e as no­

vas emissoras cwnpram a legis­lação. Formariam ainda: Comis­sões Regionais de Assessoramen­to para, junto às emissoras, opi­nar sobre o serviço prestado. Oengenheiro Paulo Tavares, re­sponsável pela monitoração da107 FM, enfatiza a importância

Nova fase, velhos problemas

107 FM vai ser uma das beneficiadas pela regulamentaçãodo controle sobre as rádios livres.

Segundo o fiscal, tais rádios po­dem interferir não só na freqüên­cia das oficiais, mas também no

sistema de navegação aéreo. O

pouso por instrumentos consisteno envio pela torre de dados quepermitam o pouso automáticodo avião. A freqüência utilizadaé 110Mhz e pode sofrer inter­ferência de uma rádio operando.próximo do fun do dia (108Mhz).

Malu Gaspar lembra que a

transmissão por rádios livres e

comunitárias requer uma série de

exigências técnicas, impossibili­tando qualquer interferência, sejanas emissoras ou no tr-ifego

aéreo. O resultado será uma per­da na qualidade das transrnis­

sôes, mas, mesmo assim, as rá­dios em funcionamento já se

manifestaram a favor do assun-

to.

Malu se diz preocupada ape­nas quanto ao interesse demons­trado pelas lideranças políticasaté omomento. Apesar de haveruma frente parlamentar unidaem defesa da democratização dascomunicações, as discussões sa­bre a reforma constitucional têmtirado o tempo dos deputadospara analisarem o projeto.

Romeu Marlins

Asemissoras de rádio

livre, popularmentechamadas de "rádios

piratas", paden. ser

legalizadas em breve. Para tan­

to, desde abril, um grupo de tra­balho foi encarregado de elabo­rar uma proposta de regulamen­tação para a radiodifusão comu­nitária e radiodifusão livre. O

grupo concluiu o projeto no in­ício de junho -: o enviou para dis­cussão na reunião do FórumNacional pela Democratizaçãodas Comunicações, de 28 a 30de julho, em Belo Horizonte.

Para formar o grupo de tra­

balho, participaram cinco en­

tidades ligadas à democratizaçãodas comunicações e técnicos doministério. A direção dos traba­lhos ficou por conta de Malu

Gaspar, coordenadora geral daEnecos - Executiva Nacional dosEstudantes de Comunicação So­cial. Malu explica que o projetobaseou-se na lei colombiana de

agosto de 94, considerada por ela"um marco histórico". A princi­pal diferença entre a lei e a pro­posta é que a legislação colom­biana não diferencia rádios co­

munitárias de livres.

Segundo a proposta brasilei­ra' rádio comunitária seria uma

Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Fotogr.afia: Aline Cabral, Bárbara Pettres, Sehnem, Maurício Oliveira, Paulo Henrique

:::::�::'de Santa

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Micreiros violam rede do NPDViciados em computador, hackers acessam até o caixa da UFSC

"Ao contrário do que o

NPD pensa, ninguémentra lápara alterar

nota. Todo mundo sabe

que isso é crime."

LAm grupo de alunos dauniversidade vem in­vadindo desde o ano

passado os computa-dores principais do Núcleo deProcessamento de Dados(NDP), responsável em armaze­

nar notas dos alunos, folha de pa­gamento dos funcionários e todoo trabalho administrativo daUFSC. Os hackers, como sãoconhecidos os invasores de siste­mas de computador, podem al­terar as notas, a folha de paga­mentos' ou destruir pesquisas devários anos. Mas não mexem em

nada. Fazem por puro prazer.A ampliação da rede da uni­

versidade e conexão com «Inter­net deu mais possibilidades aos

hackers de entrarem no sistema,usando um terminal no NPD,computadores espalhados pelaUFSC ou até mesmo instaladosem casa. A ação do rackers mos­tra a fragilidade dos sistemas deinformática em Santa Catarina.

Hoje eles já conseguem acessar

até o sistema da Secretaria Esta­dual da Fazenda.

Zero conversou com um de­les. Ele usa computador há qua­tro anos, nunca fez um curso na

área, mas depois de alguns me­

ses mexendo nos computadoresda universidade conseguiu aces­

so a todasas senhasde acesso

.aoNPD.

ZERO- Como

A

voces a-

cessam o

sistema?Hack­

er - Umadas iormasé te; uma senha básica de acesso ao

sistema. A maioria dos estudantesdo CTCganham uma para estu­

dar durante um semestre. Duranteesseperíodo eles conseguem descobrirsenhass de professares e servidores)copiam) e depois permitem entrarem áreas retritas, como o sistemade notas e o caixa da UFSC. Ou­tro jeito é instalar num dos termi­nais do NPD um programa) o Ses­sion) quegrava a senha de todos queutilizavam a máquina. Após al­gum tempo é só recuperar oprogra­ma num disquete e escolher a sen­

ha mais importante.

para alterar nota. Todo mundosabe que isso é crime. Se o cara tem

umpouquinho de conhecimento elesabe que assim como não há seg­urançapara o sistema) não há seg­urança para quem entra nele.

Sempreficaum registro que agentechama de log.

ZERO - Mas se a pessoaquiser mexer... .�

Hacker - Elamexemas vai ser

pega. Sempre ficam registros. Se

quem entra sem intenção de fazernada já é perseguido) imaginaquem querfazer alguma coisa.

ZERO - Então para quefazer isso?

Hacker - As pessoasprocuramquebrar o sistema porque o NPD

regula a Internet para os alunos.

Freqüentemente ele 1?ega o acesso

para os alunos e não dizporque. Demodogeral os alunos do CTC quepedemmáquina (ac�sso ao sistema)estãoperdendo"'muita coisapor nãoterem esse acesso) se sentem lesados.E aí a pessoa vai lá) tenta quebraro sistema. você se empolga) édiverti­do fuçar um sistema. Alguns se

aquietam) conseguem umamáqui­naficam com elapiratamente. Euconheço gente que usa uma má­

quina há mais de seis meses) quenão é dele. A dona não usa) nem

sahe que eleusa e elesnão se co­

nhecem) o

cara usa o

nome dessapessoa e

conseguetudo queprecisa daInternet.

ZERO - Quanto tempodemora?

Hacker - Daprimeira vez nóslevamos seis meses. Mas no iniciodo ano) alguém que eu nem co­

nheço descobriu por acaso que um

dos computadores não tinha senhade acesso. E aía notíciafoi se espal­hando e agente ía trabalhando em

cima) descobrindo coisas novas.

Quando alguém descobre algo novo

a notíci0 se espalha) há uma redede informações informal ali noCTC) só depessoas que que-rem en-

trar noNPD. Eu conheço umas dez O vice-diretor do NPD, Márcio Selles, confirmou que no

pessoas que fazem isso. Estimo que inicio de agosto todas as senhas foram trocadas para evitar odos alunos que traba-lham com

acesso dos hackers. Segundo ele, o sistema de um dos com-ZERO - E o que vocês computaçiW uns 50% sabem como putadores principais da UFSC é muito antigo e não tem

fazem quando conseguem furar. condições de oferecer boa segurança. Márcio lembra, que háacesso?

um ano o NPD conseguiu rastrear alguns rackers. "E muitoHacker - Nada. O mais inte- ZERO - É preciso ser um difícil provar quem fez, por isso não se pode punir ninguém",resante é quebrar o sistema. Em expert? disse.

geral entramos) olhamos algumas Hacker - Depende muito da "Do jeito que a rede está ligada na Internet, run cara quesenhas e saímos) as vezes deixamos pessoa. A maioria fuça horas, estiver lá nos Estados Unidos, pode entrar no sistema da UFSCumapiadinha. Lá no CTC eu não aprende na cara e na corCllfem) só ", alerta André Mello, analista de sistemas do NPD. Segundoconheço ninguém quefoçaissopara mexendo) e isso leva algum tempo. ele, faltam equipamentos e programas mais modernos. "Nósalterar alguma coisa ou apagar Se a pessoa já sabe programar é

,

.

também ystamos sobrecarregados com os trabalhos para ad-dados. Ao contrário do que eles maisfiácil) ela conseaue entrar no '

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Hackermostra q� ninguém tem segurança na rede da UFSe

ZERO - O sistema doNPD não é seguro?

Hacker - Com os recursos queeles têm o sistemapoderia sermuitomais seguro. E verdade que nin­

guém tem segurança total, O quepode ser-feito é deixar tudo muitobem registradopara depois rastrearquefn fez. O programa que con­

trola todas as informações da UFSCtem um sistema de segurança.Masele nâo é eficiente) temfalhas. Ejus­tamente essas falhas que procura-

mos, elas servem deportaspara ac­essar o sistema. A pouco tempo o

NPD descobriu uma dasportas) viaFTP (um das meios de acessso à In­ternet). Por ela nós tínhamos comoacessar amáquina quegerencia as

outras máquinas da UFSC) com

acesso a senha de todas as pessoasque utilifum o sistema) desde alu­nos a:» 'V reitor.Agora elesficharamessaporta. E toda vez que aconteceeles têm que recadastrar todomun­do) perdendo muito tempopara isso.

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SérgioSeverino

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* 1 !!In/9n - SUPORTE - JAIME STECKERT

O NPD atualiza diariamente um arquivo com todas as senhasdo sistema, desde coordenadorias de curso até o diretor doNPD. Os micreiros sóprecisam descobrir como retirar esse

arquivo via FTP (Internet).

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZEIK)AGO95

Paulo

Henrique

,Paulo de

ITarso

ao Legislativo estadual, anual­mente, um relatório "circun­stanciado" das atividades doProdec e Fadesc, com o nome

das empresas beneficiadas, va­lores liberados e amortizaçõesrealizadas. Todas rejeitadas em

plenário. Aprovada nem mes­

mo a emenda que incluía a Fed­

eração das Micro e PequenasEmpresas de Santa Catarina -

Fampesc - no Conselho Delib­erativo.

A composição do Conse­lho que administra o Prodec

pode ser elucidativa para se

compreender porque apenasgrandes empresas têm acesso

aos empréstimos. Além de trêssecretários de Estado e dois

representantes dos bancos re­

gionais de desenvolvimento(Badesc e BRDE), compõem o

Conselho um representante da

Organização das Cooperativasdo Estado (Ocesc), um da Fed­eração do Comércio (Fecomér­cio), um da Federação da Ag­ricultura (Faesc) e um represen­tante da Federação das Indús­trias (Fiesc).

Empresas levam dinheiro fácilGoverno empresta dinheiro detributos sem juros e benificia os

grandes grupos econômicos

governo PMDB/

O PFL é considerado"de continuísmo"

_ pelos partidos de

oposição na Assembléia Legis­lativa - basicamente pelo PTPelo menos no que se refere à

política de incentivos fiscais issoé verdadeiro. O governadorPaulo Afonso Vieira (PMDB)precisava de uma arma para en­

trar na "guerra fiscal" entre os

Estados, pela atração de inves­timentos de grandes empresasnacionais e estrangeiras. Man­dou, então, ao Legislativo, umprojeto de lei (aprovado) fazen­do apenas algumas alterações noprograma de Desenvolvimentoda Empresa Catarinense - Pro­dec -, que há sete anos vem

beneficiando grandes gLUPOSeconômicos de Santa Catare, 1

..

Um dos objetivos do pro­grama é promover a desconcen­

tração econômica e espacial dasatividades produtivas. Mas os

números dos últimos anos reve­

lam outra realidade. Apenas cin­co empresas abocanharam 71%de todo o dinheiro liberado peloProdec, nos últimos cinco anos.

As 10 mais aquinhoadas le­varam 87,7%. As outras 21

empresas inscritas dividiam os

12,3% que sobraram. A Sadia,de Concórdia, é a primeira dalista dos empréstimos, tendorecebido R$3,15 milhões -

21,54% de todo o montante

emprestado pelo Estado de1990 a 1994. A Cerâmica Por­tobello, de Tijucas, recebeuR$2,09 milhões (14,3%); se­

guida pela Akros Indústria de

Plástico, de Joinville, R$l,64milhão (11 ,21% ); Cerâmica DeLucca, de Criciúma, R%1,56milhão (10,68%) e Cooperati-

d}

va Central Oeste Catarinense, deChapecó, que levou R$I,55 mi­lhão (10,66%). Os dados sâo do

próprio governo do Estado e sóforammostrados a pedido do dep­utado Carlito Merss (PT), quan­do da tramitação do novo projetoComissão de Finanças da Assem­bléia.

A principal mudança feita

pelo novo governo foi o aumentodo período em .que as empresaspodem tomar "emprestado" o di­nheiro público, de cinco para 10anos, contado do início das ativ­idades do novo empreendimento.O Estado devolve à empresa, du­rante 10 anos, uma parte do ICMSque, pressupóem-se, o novo inves­timento vá ge-rar. No primeiroano, a empresa fica com 75% domontante que deveria repassar soTesouro do Estado. No segundoano, fica com até 70%, no terceiro,até 60%, no quarto, até 50%, e

nos últimos cinco anos a empresase apodera de 40% do impostogerado. Como a verba empresta­da tem que constar do orçamen­to, é o Tesouro do Estado que re­

sponde pela quantia correspon­dente O montante do emprésti­mo não podê ultrapassar a 70%do valor do investimento, e o pra­zo para início da amortização (pa­gamento) - sem juros - da dívidaserá definido no regulamento do

programa, não podendo excedera cinco anos. O regulamento é quevai determinar as condições parao enquadramento das empresas noProdec. Por tratar-se de regu­lamentação de uma lei, não pas­sará pelo crivo do Legislativo, sen­do elaborado pelo governador.

Mesmo se passasse, os depu­tados de oposição pouco poderi­am alterá-lo. O governo viu apro­vadas todas as matérias de seu in-

Divisão dos Recursos do PRC'DEC

Fonte: Sec. de Estado da Tecnologia, Energia e Meio Ambiente

teresse desde o início do ano.

Não foi diferente com o Prodec.O deputado Carlito Merss ten­

tou. Apresentou cinco emendas

para "democratizar" a adminis­tração do Fundo de Apoio ao

Desenvolvimento Empresarial deSanta Catarina - Fadesc. Foram

aprovadas na Comissão de Fi­

nanças, inclusi.Jl'e com o voto dos

governistas. Mas aca't'>aram fican­do de fora do parecer do relatordo projeto na Comissão de

Justiça, deputado Ciro Roza -

líder do PFL, partido que com­

põe o governo do Estado. Na vo­

tação e plenário, as propostas dopetista foram derrotadas, inclu­sive com os votos contrários dosgovernistas que as haviam apro­vado, na comissão. Merss preten­dia criar urna comissão fiscaliza­dora das ações do Conselho De­liberativo que vai administrar oFadesc, composta por um repre­sentante da Assembléia Legisla­tiva, um do Ministério Públicoe outro do Tribunal de Contasdo Estado. Outra emenda exigiaque a Secretaria do Desenvolvi­mento Econômico encaminhasse

Tendo emprestado R$ 14,6 milhões nos últimos cinco anos,restam ainda cerca de R$ 90 milhões a serem divididos entre as

grandes empresas instaladas em Santa Catarina. A cervejar�a Brah­ma já recebeu R$ 1 milhão e está na fila de espera paramais R$60milhões. A Cerâmica Portobello - que já recebeu R$ 2 milhões -

está esperando mais R$12milhões, a Cooperativa Central do Oeste,R$ 7 milhões, e a campeã, Sadia, mais R$I,3 milhão. A Sadia é a

primeira na lista das mais abastecidas pelos empréstimos do gover­no do Estado nos últimos ?J10S - R$3,lmilhão.

Para liberar os recursos, o governo precisa incluir os valoresno orçamento do Estado. A suplementação orçamentária tem queser aprovada pela Assembléia Legislativa. A .pr�eira par�ela, apr.o­vada no primeiro semestre, foi de R$ 15 milhoes, e SUSCItou a dIS­cussão sobre a necessidade de fiscalização na escolha das empresasque podem ter acesso' aos recursos do Prodec.

O deputado Carlito Merss (PT) apresentou emendas para al­terar o projeto que criou o Prodec, mas ressalta que não é co?tra a

idéia. "Ninguém é contra o Prodec. Eu acho mesmo que o Estadotem que participar". Mas observou que, do jeito que está, o Prodecacaba concentrando renda. " As grandes empresas tem outras for­mas de conseguir empréstimos". Para ele, a derrubada das emen­das que tentavam "democratizar" o programa "é um indício de,q�eo dinheiro público continuará indo para os grandes grupos_econorm-

Merss (P1) antecipa que vaifiscalizar-distribuiçãtnle.recursoli'· _ .•co�,_ ._-,_..-........ "'...... - .. _. _- _ _ .... _ - _

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Pan:idos brigam pelo TeECargo é estratégicopara a aprovação decontas das prefeituras de SC

Oano não tem eleiçãoe o Tribunal de Con­tas do Estado nãotem vida política,

mas há tempos os outros fre­

qüentadores da Praça TancredoNeves não faziam tanta agitaçãopor um cargo público. Em um

mês e meio de negociações - al­

gumas escondidas, outras nem

tanto - projetos foram desarqui­vados, o bloco governista se de­

sentendeu, partidos brigaramentre si, a Constituição Estadu­al foi questionada e os funci­onários públicos se rebelaram.Tudo aconteceu por causa doPMDB que, pela primeira vez,tem a chance de ocupar a vagade conselheiro.

Embora a ConstituiçãoEstadual obrigue o escolhido a

deixar todos os vínculos par­tidários, o PMDB não abremãode uma candidato só seu. Nas

palavras do líder do partido na

Assembléia. Manoel Mota, a

gula do partido fica clara: "OPMDB tem 106 das 260 pre­feituras do estado. Esta é a for­ma de discutir de igual paraigual as contas das nossas admi­nistrações", disse o deputado. Aimportância da vaga pode ser

avaliada pelos números apresen­tados pelo presidente do Sindi­cato dos Trabalhadores do Es­tado de Santa Catarina (Sintes­pe), Antônio Battisti: "Em

1993, das 240 contas munici­

pais rejeitadas pelos auditores e

técnicos, apenas 60 foram con­

firmadas pelos conselheiros du­rante o Pleno". Enqu�to isso,a oposição reclama: "tJ fiscali­zador não pode ser indicado

pelo fiscalizado", diz o deputa­do Carlito Merss, do PT

Conchavo -O PFL, quedá apoio ao governo na Assem­bléia' aceitou apoiar o PMDBnum acordo secreto. A condiçãoé que, numa próxima vaga, os

peemedebistas apóiem um can­

didato pefelista. Mas o acerto

deixou de fora o P�DB e o PD�que também dão' apoio ao go­verno de Paulo Afonso, Re­voltados com cJ descaso com

que foram�bp:letidos, os parti­dos resolveram se unir com par­te da oposição, o PT Logo apósas três siglas receberam apoiodos funcionários do Tribunal,que há dez anos estão queren­do mudar a forma de ocupaçãodo cargo. A grande brigadelesé tentar tirar o caráter políticoda escolha de Um conselheiro.Os funcionários pretendem in­cluir um nome de dentro do Tri­bunal para concorrer ao cargo.

A idéia não é nova den­tro do TCE. Em 1985 o então

deputado estadual Edison An­drino (PMDB) apresentou urnaproposta para mudar o sistemade eleição que, na época, era

-- :Joa.g. vitalícioO Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina foi criado

em 1956 para acompanhar os atos de todos os órgãos da adminis­

tração pública catarinense. Ele é responsável principalmente pelaverificação dos orçamentos municipais e estaduais. Para isto, anali­sa a legitimidade de editais, licitações, contas mensais e anuais,convênios e empréstimos. A auditoria tanto pode ser feita atravésda remessa obrigatória de documentos ao Tribunal como pode ser

deslocada para o município ou órgão em questão. Qualquer pessoafísica e entidade pública ou privada que utilize, guarde, gerencie,arrecade ou administre dinheiro ou valores públicos deve prestarcontas ao TCE.

.

Depois do exame técnico; o processo é entregue a um con­

selheiro relator, que dá seu parecer sobre o trabalho dos auditores.Ele é encarregado, também, de apresentar o trabalho aos outros

seis conselheiros. Depois disso, as contas sâo levadas ao Pleno -

qu� é a aprovação em si. Em Santa Catarina, os conselheiros sãoindicados alternadamente pelo governador e pela Assembléia Legis­lativa.

No Paraná o processo é semelhante, mas nem todos os con­

selheiros escolhidos dormem tranqüilos à noite. Na página 56 dolivro "O Estado e a Sobrevida da Corrupção", editado pelo Tribu­nal de Contas paranaense no ano passado, o conselheiro João Féderse pergunta como vai explicar aos seus netos sua nomeação pararun cargo público vitalício sem concurso.

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Escolha do co1lselheiro gera confusão entre as siglas

feito através da escolha livre do

governador. "Estranho que hojeo mesmo PMDB está querendomanter o método de eleição",compara o presidente do Sin­

tespe. Na promulgação da

Constituição Estadual de 1989fieou decidido que a escolha se­

ria alternada entre o Palácio doGoverno e a Assembléia. Em1990 um conselheiro se aposen­tou compulsoriamente aos 70anos e convocou-se a eleição quelevou Salomão Ribas Jr. ao

TCE. Nesta época, o deputadoAfonso Spaniol criou um pro­jeto de lei que instituía concur­

so público para o Tribunal, quelogo foi arquivado. Agora, forada gaveta, ele vem reforçar o ar­

tigo 61 da Constituição, que dizque todo cargo público deve ser

preenchido através de concurso.Alternativa -Mas como

mudar a lei estadual não é umacoisa muito fácil, há uma outratentativa. Dentro da Assem­bléia existe uma resolução, a 48/90, que define o encaminha­mento do processo dentro doPoder Legislativo. O presidenterecebe a comunicação do TCE,publica no Diário da Assem­

bléia' institui-se uma comissão

que analisa os currículos e faz­se a eleição, em dois turnos. Ovencedor é o que conseguirmaioria absoluta no primeiro ou21 votos no segundo.

Os parlamentares adeptosdo concurso público encami­nharam uma proposta de reso­

lução que continuaria deixandoa Assembléia encarregada da

ocupação da vaga. Mas de acor­do com o projeto ela seria a res­

ponsável pela administração dostestes. O difícil é aprovar umamedida destas, já que o PMDB,PFL e PPR somam 30 dos 40

deputados da Assembléia. A

oposição contabiliza seis votos.Mas mesmo se a· questão não-passar, a d�u��o.:vai continuo:

ar com o recém -fundado Fórum

para a Demo- cratização doTCE. Neste sentido, algunsdeputados do pró-prio PMDBtambém já admitem alternânciaentre concurso e escolha da As­sembléia.

Mesmo com todos estes es­

for�s ainda existem dissidên­cias dentro da oposição. O Sin­

tespe não concorda com a es­

colha de um técnico do Tribu­

nal, mas quer mudar a Consti­tuição. O PT quer o técnico ouvai se abster da votação par­lamentar. O PDT quer o con­

curso público, pediu o desarqui­vamento de um projeto mas, aomesmo tempo, escolheu o ex­

deputado federal Décio Knopppara participar da eleição daAssembléia. E ainda está pro­metendo mais dois nomes paraa disputa. Nesta confusão todao PPR não se manifestou, dei­xando para mostrar seu candi­dato na última hora, sem riscode desgastes.

Qualquer cidadão podeconcorrer, desde que siga o ar­

tigo 61 da Constituição do Es­tado. Os pré-requisitos são co­nhecimento contábeis, jurídi­cos, econômicos, financeiros oude administração pública hámais de dez anos; idade entre

35 e 60 anos; idoneidade mo­

ral e reputação indiscutível.Não é preciso ter nível superi­or. O cargo a ser ocupado não

pode ser mais tentador: doismeses de férias por ano, valida­ção do tempo de serviço de ou­tros cargos públicos, gabinetecom cargos comissionados, R$6,1 mil por mês fora os 6% so­

mados a cada triênio, saláriovinculado ao de desembargador- que é vinculado ao de deputa­do estadual, vinculado ao defederal - e irredutibilidade devencimentos. Mas é o tal ne­

gócio: a Constituirão não per­mite vínculo eleitoral.

Flávia

Rodrigues

MarceloSantos

ZE�AGO95

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZEROAGO95

AlexandreWinck

Paulo deTarso

o problema não é só o quan­ta vai se pagar, mas também

quantos terão condições de usu­fruir o sistema. Na Argentina200 mil consumidores de baixarenda ficaram sem energia elétri­ca só na Grande Buenos Aires,ern consequência da privatização.Entre 90 e 92 a tarifa argentinapassou de 22 para 77 dólares pormegawatt/hora. O pró-

. .

prw presI-dente CarlosMenem teve

que intervir.O presidentedo Sindicatodos Eletri­citários deSanta Catar-

Ainda deve-se somar a issoo possível desemprego no setor.

Passos estima em 20 mil os em

nível nacional, 1.700 em SantaCatarina. Isso representa cerca demetade do quadro existente. Se­

gundo ele, as demissões não têmnada a ver com empreguismo e

incompetência. "Vão sobreviversomente os cargos ligados estri­

tamente à

Broduçao.Areas de

planeja­mento,e?genha­na e pes­quisa não­vinculadadireta­mente à

•••••••••••••• receita de-

A privatizaçãodo setor na Argentina

deixou 200 mil

ina, MauroPassos, estima que no Brasil osetor tenha 20 milhões de con­

sumidores de baixa renda. EmSanta Catarina, são 200 mil.

"Aqui eles pagam cinco vezes

menos que o consumidor co­

mum por causa da tarifa subsidi­ada".

Descontrole- A discussãonão se restringe à tarifa. O go­verno brasileiro consegue aten­

der 92% das localidades do paíscom energia elétrica exatamente

porque coloca instalações desse

tipo em lugares não rentáveis doponto de vista econômico. Abas­tecer a zona rural catarinensecusta, segundo a Celesc, entre30% e 40% mais que a urbana.Esse sistema atende a 30 milfamílias no estado.

vem desapa-recer", disse.Um dos pincipais argumen­

tos em favor da privatização é a

falta de recursos estatais para in­vestir em expansão. Além disso,o setor deve US$ 16 bilhões aos

bancos internacionais. .{fá pre­visões que apontam para uma

crise de abastecimento de ener­

gia daqui a cinco anos. Oumenos. Segundo o governo, sãonecessários entre R$ 6 e R$ 7bilhões em investimentos até2010 ou 2015. Teriam que ser

aplicados R$ 3 bilhões ao ano,quando mal se consegue R$ 1,4milhões.

O que se esquece, ou se

omite, é que o estado subsidia a

tarifa das indústrias que, segun­do Mauro Passos, é três vezes

Eletricidade deve ficar mais caraPaíses como a Inglaterra já chegam a discutir a reestatização

consumidores sem

energia elétrica

mais barata que a dos consumi­dores. "Só no ano passado foramR$ 8 bilhões de incentivos, maisque o suficiente para cobrir a ne­cessidade de expansão", acres­

centa Morozowski.Mesmo considerando que se

deve buscar recursos fora do go­verno, não é fácil incentivar a ini­ciativa privada a isso. O investi­menta em novas usinas é alto -

só a constução da hidrlétrica deItá custa cerca de R$ 650 mi­lhões - e o retorno não vem em

menos de 10 ou 15 anos. "Ne­nhum empresário gosta de in­vestir nessas condições" diz Pas­sos. Mesmo que o governoobrigue a iniciativa privada a

uma cota de investimento, nadagarante que os recursos serãousados no setor elétrico

Em relação às empresas quejá manisfestararn interesse em

obras, como a construção da usi­na de Jacuí, no Rio Grande do

Sul, o governo de estaria ceden­do seu patrimônio por um preçomuito menor e sem o retorno

devido: "O estado já investiu R$500 milhões em Jacuí e a inicia­tiva privada entraria com os R$200 milhões que faltam, mas

sem a obrigação de devolver odi-nheiro já gasto. Eles teriamum grande patrimônio e fontede energia para suas indústrias

por um customuito mais baixo".A Excelsa, estatal do EspíritoSanto, foi privatizada por R$358 milhões, mas segundo os

sindicatos valia R$ 716 mi­lhões.

Dívida do setor elétric._ chega a USS 16 bilhões. Épreciso investir mais de RS 6 bilhões nos-próximos 15 anos

3a que e costume aqruapontar os modelos

pra ticados no Pri­meiro Mundo como

exemplos, pode-se dizer que, aoprivatizar o setor elétrico nacio­nal, incluindo a Eletrosul, o go­verno brasileiro está fazendo

algo que nem inglês quer maisver. Segundo pesquisas publica­das na revista britânica TheEconomist na segunda semana demarço deste ano, dois terços da

população da Inglaterra, consi­derada a terra natal do modelo

privatizador, são a favor da re­

estatização das companhias de

água e energia elétrica. Somentetun quarto dos ingleses consi­dera positiva a venda do setor

elétrico.Essa rejeição britânica nâo

tem origem num debate ide­

ológico de esquerda, mas em fa­tos concretos e econômicos. Se­

gundo Marciano Morozowski

Filho, professor do Laboratóriode Planejamento de Sistemas de

Energia da lJFSC, a tarifa ingle­sa ficou mais cara com o fim dosubsídio estatal: "antigamente a

taxa de retorno do se-tor elétri­co britânico não passava de 8%,às vezes até 5%. Com a privati­zaçâo, essa taxa passou para até12%. Isso resultou num aumen­

to de 45% a 50% na tarifa. É o

que vem acontecendo com os

serviços privatizados no mundo.inteiro, apesar das promessas doseconomistas brasileiros de quetudo será "melhor e mais bara­to".

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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- -

r

Fórüm debate normas ISO 9000Número excessivo

de instituiçõescertificadorasdificulta padrãointernacional

Número de certificados

entregues naAmérica do Sul

Criadasem 1987

para controlar e

estabelecer padrõesde qualidade inter-

nacionais, as normas da sérieISO 9000 tornaram-se febre noBrasil. Nos últimos cinco anos,810 certificados foram concedi­dos a empresas brasileiras, 14deles em Santa Catarina. No

entanto, o fato de ter um certifi­cada não garante a sua aceita­

ção no mercado externo. Ago­ra, um grupo de 12 países, en­tre eles o Brasil, estuda a criaçãodo IAF, sigla em inglês doFórum Internacional de Certifi­

cação. O lAP reuniria os siste­mas de certificação existentes emcada país para, dessa forma, re­conhecer todos os certificadosemitidos por eles entre os paí­ses participantes.

No Brasil, há o SistemaBrasileiro de Certificaçâo, quereúne seis institutos certificado­res controlados pelo Inmetro,Instituto Nacional de Metrolo­gia, Controle e Qualidade. Exis­tem, porém, em torno de 16outros institutos que não per­tencem ao SBC. No caso da cri­

ação do IAF, estes institutos teri­am de se submeter a auditoriado Inmetro para garantir o seu

reconhecimento. Segundo Wal­dir Algerte, coordenador do Co­mitê Brasileiro de Qualidade,isso acontece porque muitas or­

ganizações certificadoras saomultinacionais.

Hoje, uma empresa que

ArgentinaColômbiaChileVenezuela

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queira obter urn certificado esco­

lherá no mercado urn instituto

para realizar a auditoria, que deveficar em torno de R$ 10mil. Este·ano, até agosto, foram emitidos215 novos certificados da sérieISO 9000 no país. A continuar a

tendência desse número dobrar a

cada ano, em breve o Brasil es­tará a frente de países como o Ca­nadá e o Japão. E fácil entenderos motivos desse crescimento.Desde 1990 o governo brasileiroe suas empresas só assinam con­

tratos com quem tiver o certi­ficado,como forma de estimulara melhora na qualidade da indus-

tria nacional. Multinacionais in­staladas no país, como as mon­

tadoras de automóveis, tem o

mesmo nível de exigência. Alémdisso, o mercado internacionaltem ficado cada vez mais exi­

gente. Na atual conjuntura, como câmbio desfavorecendo a in­dústria exportadora, a regra ébasica: quem não tem preço, aomenos precisa ter qualidade.

Na verdade, ISO é a siglade International Organizationfor Standatization, responsávelpela criação e sistematização dasnormas. Existem especificaçõespara quase todos os tipos de ativi-

dade industrial. No Brasil, a

adaptação das regras fica a cargoda Associação Brasileira de Nor­mas Técnicas. Além disso, háainda os códigos que especificamque fases da produção possuemqualidade total. O código ISO

9001, por exemplo, certifica a

qualidade desde o projeto até a

inspeção fmal do produto. Já o

ISO 9002 certifica apenas a li­nha de produção e o produto fi­nal' enquanto o ISO 9003 levaem consideração somente a ins­

peção fmal. Ao lAP devem ain­

dajuntar-se as grandes indústri­as automobilísticas.

Certificados distribuídos --l ap.",ão ambientai400

A fim de controlar a qualidade da produção em termos de con­servação ambiental, está sendo criada a série de normas ISO 14000.O novo conjunto de critérios pretende fazer com que as empresasse vejam obrigadas a adotar políticas de proteção ao ambiente devi­do as forças do mercado. Inicialmente previstas para este ano, as

novas normas devem aparecer apenas em 96 devido a dificuldadeem se estabelecer padrões internacionais.

Em Santa Catarina, o Departamento de Engenharia Sanitáriada UFSC e a Fiesc/Senai criaram o PQAIC, Programa de Qualida­de Ambiental na Indústria Catarinese. O programa procura ade­quar as empresas catarinenses a futura série ISO 14000. Atual­mente o PQAIC está procurando sensibilizar os empresários danecessidade de prevenção da poluição. As indústrias que aderiremao programa passarão por cinco estágios. Além dos recursos dasinstituições, as empresas também contribuirão com urna taxa deadesão e o pagamento de mensalidades.

Baseada na experiência inglesa de gestão ambiental, a ISO 14000traz o conceito de reduzir a poluição ainda na origem, e não no

tratamento de afluentes. Segundo o professor Fernando Sant'Anna,responsável pelo PQAIC na UFSC, além de diminuir o impactoambiental as empresas terão retorno fmanceiro, com a redução decustos.

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Secretaria não cobre-rombo",'

no SUSFalta de investimentos e mau gerenciamento de recursos descontentam médicos, que ameaçam parar

A tentativa do governofederal em melhorara saúde pública com

a criação do SistemaÚnico de Saúde

(SUS) em 1988, está fracassandoem Santa Catarina. O número deusuários aumentou e o investimen­to do Estado, maior financiador,não acompanhou o mesmo ritmo.A parcela da população que ficavamarginalizada, por não contribuircom o INPS, adquiriu o direito derecorrer aos hospitais públicoscom a implantação do SUS. Da­dos cruzados do IBGE e da Secre­taria Estadual de Saúde indicam

que dos mais de 900 mil segura­dos do INPS em 1988, a rede

pública de saúde passou a ter que"garantir atendimento" a cerca de80% da população atual do esta­

do, cerca de 3,8 milhóes de pes­soas. Além disso, paga-se hoje 50dólares por habitante," quando a

estimativa mínima é Y1c 180

dólares/pessoa.Um dos maiores problemas é

a defasagem da tabela de paga­mentes de serviços do SUS. Osmédicos recebem míseros R$ 2,04por lU11a consulta. Atendimentoclínico corn observação: cincoreais. Parto: 130 reais. Como es­

sas cifras não cobrem os custos,

alguns hospitais resolveram cobrara diferença do usuário. Mas uma

ação civil pública olvigou-os a

voltar atrás. Proibidos de recebero dinheiro, muitos médicos re­

cusam -se a atender conveniadospor tão pouco. O presidente da

Federação Nacional dos Médicos,Eurípedes Carvalho, e confirmouque se o valor das consultas nãofor aumentado para pelo menos

dez reais a categoria pode entrar

em greve. A paralisação está pre­vista para o dia 18 de outubro, Diado Médico.

O mau gerenciamento dos re­cursos da saúde somados a essa

diferença entre o que se gasta e o

que se recebe do SUS provocar­am um rombo nas contas da Secre­taria Estadual de Saúde. O déficité de4,5 mi-lhões de reais por mês.Só o.Hospital Regional de SãoJosé é responsável por 23% do dé­ficit médio. Outro agravante é o

famoso atraso no pagamento. Osfornecedores aumentam os preçose fica mais complicado cobrir as

dívidas.Para complicar um pouco

mais, o número de AIHs (Autori­zaçôes de internação hospitalar) foireduzido em março. Por ordem doMinistro da Saúde, Adib Jatene, opercentual que era de 10% da po-

Déficit do Sistema Único chega a R$ 4,5 milhõespor mês.

pulação, passou para 9%. Comisso, o estado teve duas mil autori­zaçóes cortadas. O ministro man­

teve a determinação porque con­

siderou que as autorizações nãoeram necessárias, já que não houverer;amaçóes .

Mesmo assim, a diretoria deum hospital de Tubarão suspendeuo atendimento pelo SUS alegandofalta de AIHs. O Nossa Senhorada Conceição ultrapassou a cota em

629 autorizações. O problema, se­gundo a diretoria, é que os mu­

nicípios da região administram malo número de AIHs e em Tubarãonão há atendimento básico durantetodo o dia.

O <fue a direção do Nossa Se­nhora da Conceição observou a

populaçâe sente todas as ve-zes queprecisa de atendimento. Apesar deexistirem 48 centros de saúde em

Florianópolis, praticamente um

para cada localidade, os postos nãofuncionam como deveriam. Sãofechados à noite e nos fins de sem­

ana e faltam servidores e médicos.Resta à população migrar para as

emergências dos hospitais e super­lotar os corredores. E o mais alar­mante é que 80% des-ses casos po­deriam ser resolvidos em ambu­latórios.

Mas o grande vilão da crise na

Saúde. O ex-governa­dor, Vilson Kleinub­

ing, também contri­buiu para isso e con­

centrou na Secretariatodo o Departamentode Compras Q!9S Hos­

pitais.Para evitar gigan­

tismos como esse estásendo testada uma ver­são radicalizada doSUS. Na chamada ges­tão semiplena os mu­

nicípios ficam respon­sáveis pela admi -nis­

tração de todos os re­

cursos da saúde, sem

nenhuma interferênciado estado. Se o mode­lo for a -Iotado na mai­

aria dos municípios, a

Secretaria Estadual deSaúde ficará apenascom a função norma­

tiva. Por enquanto, sóBlumenau, Jaraguá doSul e Joinville fazem

parte da lista nacional

que tem 43 cidades. O que cor­

responde a 1,1% dos municípiosde Santa Catarina que estão en­

tre os três tipos de administração(incipiente, parcial ou semiple­na).

Depois de esperar 90 dias em Lages Inair veio à capital engessar a pernasaúde é consequência de uma fal­ha no processo de municipa-liza­ção. Quando o projeto começou,o governo federal repassou aos es­

tados, e depois aos municípios, aresponsabilidade de gerenciar e

financiar parte do sistema. Só quea administração dos recursos fman­ceiros não veio junto. O que na

prática faz com que os hospitais e

postos de saúde continuem depen­dentes da Secretaria Estadual de

Falta de funcionários contribui com colapsoAlém dos poucos recursos e

do crescente processo de sucatea­

mento, a saúde pública em SantaCatarina sofre com um problemaque não poderá ser resolvido a

curto prazo ou com alguma solu­ção "milagrosa": a falta de funcio­nários. A escassez de técnicos e

auxiliares de enfermagem man­

têm fechados mais de 800 leitosem perfeitas condições de uso na

rede hospitalar do estado. O gov­ernador Paulo Manso tentou re­

verter a situação autorizando a

contratação, sem concurso públi­co, de 1. 303 funcionários para a

saúde, mas não conseguiu pre­encher nem a metade das vagas e

causou uma demissão em massa

na rede municipal.Sentada em lnna cadeira de

ferro na emergência do HospitalFlorianópolis, a dona de casa

Elivete Prazeres tenta chamar a

atenção de um dos apressados en­fermeiros que passam pelo corre­

dor. Ela quer ajuda para levar seuirmão ao banheiro. Elzo Prazeresé diabético e há dois dias dormeem uma .maca estreita no canto

direito do corredor. De um lado,a sala de pediatria, de onde vem

o som de um constante choro decriança, do outro, uma carrinhode mão enferrujado, com váriasferramentas de pedreiro, queninguém sabe bem o que esta fa­zendo ali, em uma emergênciade hospital. Os enfermeiros nãodão atenção a Elivete. O dia estámovimentado. Enquanto elaresmunga que o que desejava erater um quarto para internar seu

irmão, 761eitos novos, que ain­da não foram inaugurados, es­

tão fechados no Hospital CelsoRamos.

A cena se repete todos os

dias na rede pública. Não ex­

istem funcionários para colocarem atividade todos os leitos queo estado dispõe. Não há mão deobra suficiente para ocupar to­dos os cargos, e a que existegeralmente migra para a inicia­tiva privada. Em Florianópolis,por exemplo, apenas duas esco­

las formam técnicos de enferma­gem, principal escassez na rede.Em uma delas, o estudante pre-

cisa pagar cerca de R$ 100 men­salmente durante três anos paradepois que se formar" ganharpouco e trabalhar muito", comodiz Rosa Azevedo, uma auxiliarde enfermagem da rede pública.Ela explica, ao seu ver, porquenão existem mais profissionais nasaúde. " Trabalho seis horas pordia com o que há de mais horrí­vel na vida. O tempo todo eu

vejo as pessoas sentindo dor, sof­rendo, com as piores doenças,para chegar no final do mês, de­pois de fazer dezenas de horas­

extras, e ganhar R$ 600"

Milagre - No dia 23 de Jun­ho em uma cerimônia que reuniudezenas de pessoas na Secretariade Saúde, Paulo Manso Vieiraassinava a medida provisória 63/95, autorizando a contratação de1.303 funcionários, a grandemaioria técnicos e auxiliares de

enfermagem ( 1260 ). Ao seu

lado, sorridente, o secretário da

pasta, Ronald Fiúza, anunciavao milagre.

" Vamos reabrir o

equivalente a três grandes hos-

pitais". Passados dois meses pou­co coisa mudou, e o que mudoufoi para pior. O estado vai con­

seguir reabrir alguns leitos, masem contra partida postos desaúde estão fechando turnos e di­minuindo o número de atendi­mentos.

A abertura de vagas na redeestadual causou uma demissãoem massa na rede municipal desaúde em Florianópolis. Um mês

após a assinatura da MP, a Secre­taria de Saúde da capital conta­bilizava um total de 56 pedidosde exoneração entre os técnicose auxiliares de enfermagem (41% do quadro ). Incentivadospelo salário oferecido pelo esta­

do - o dobro que o do municí­

pio - e pela facilidade em assinaro contrato, os funcionárioscomeçaram a deixar os postos desaúde. A prefeitura tentou ame­

nizar o problema oferecendouma gratificação de 50% sobreos vencimentos, mas o sindicatoameaçou greve caso a bonifica­ção não fosse estendida a todose o governo municipal recuou.

Médicos do interior cobramcaro e pacientes invadem as

emergências de FlorianópolisDeitada na ambulância; em

frente ao Hospital Universitário, aagricultora Inair Rosa de Moraes,46 anos, reza com a esperança de

conseguir um médico para enges­sar sua perna, quebrada há 90 diasdurante um acidente automobilís­tico. Marido e filho tentam expli­car a situação para a funcionária da

emergência, que escuta novamentea triste história dos pacientes quesâo despachados para Florianópo­lis pelas secretarias de saúde mu­

nicipais. "Essa é nossa últimachance de conseguir atendimento.Em Lages ela já ficou dois meses

internada no hospital Nossa Se­nhora dos Prazeres e médico avi­sou que só faria �gllll1a coisa se o

serviço fosse pago. Estamos aí foracom uma ambulância de CampoBelo do Sul, emprestada peloprefeito de nossa cidade". A situ­

ação causa desconforto para os

médicos do H.U.,que estão com

emergência lotada e sem ortopedis­ta de plantão. Dona Inair teve quebater em outro hospital da capital,o Celso Ramos, e depois de trêsmeses convivendo com a fratura vai

para a mesa de cirurgia. Os médi­cos vão quebrar sua perna nova­

mente, já que tanto tempo sem

atendimento provocou uma calei­

ficação no lugar errado.O vaivém de ambulâncias do

interior virou rotina nos hospitaisde Florianópolis. De acordo com

um levantamento extra-oficial feito

pelos funcionários das emergênciasda cidade cerca de 20 pacientes che­gam diariamente em carros das

prefeituras. "O principal problemaé gue as secretarias de saúde mu­

nicipais não comunicam o envio de

pacientes para nós",explica a vice­diretora do H.U., Marluccia GraceBrusa. Para resolver esse tipo de

problema a direção do hospital emconjunto com o reitor da UFSCelaborou um documento, envia-,do as prefeituras do interior doestado no mês de julho, apontan­do um série de medidas prévias an­

tes do envio dos pacientes para a

capital. Entre as recomendaçõeseles pedem que essa medida sejatomada apenas em casos graves,que não possam ser tratados nos

hospitais do interior, e comunica­da antes para que se possa prepararuma recepçao para o doente. Du­rante o primeiro mês após o co­

municado o problema diminuiu,mas agora a situação está voltan­do a preocupar os diretores dos

hospitais.Um exemplo de que esse tipo

de "solução" ainda é rotineiro sãoos 14 mil quilômetros percorridospela ambulância do município de

Urussanga, Sul do Estado, noprimeiro mês de uso. "Tem dia queeu chego a trazer 10 pacientes deuma só vez para Florianópolis ou

Porto Alegre", revela Francisco,. �dchado, 33 anos, há dois como

motorista da secretaria de saúde.Ele explica que várias pessoasprocuram a prefeitura tentandourna vaga na ambulância para ser­

em atendidos em Florianópolis, jáque os hospitais da região estão

querendo cobrar pelos serviços."O negócio dos médicos lá é di­

nheiro", dispara. Reforçado a sua

tese, a paciente do dia explica quefoi obrigada a operar sua pedra navisícula em Florianópolis porqueos médicos de sua cidade queriamcobrar R$ 300' pelo serviço. In­terrompendo a conversa o motor­

ista da ambulância liga o carro e

se desculpa. "Estou com pressa,afinal devo fazer mais umas duas

viajes hoje".

Ambulâncias trazem pessoas de todas as cidades do interior

LuclaneLemos

DiógenesBotelho

YanBoechat

Paulo deterso

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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SérgioOliveira

MarceloSantos

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Ajuda a drogadosesbarra em lei federal

Gapa quer distribuir seringas paraimpedir o avanço da Aids entre os

consumidores de drogas injetáveiso início deste mês a

AI Polícia Federal a­

briu um inquéritocontra a presidente

do Gapa (Grupo de Apoio e

Prevenção à Aids), Helena Pi-

res, porque ela estaria distribu­indo seringas descartáveis parausuários de drogas injetáveis.O Confen (Conselho Federalde Entorpecentes) havia auto­

rizado em setembro do ano

passado a troca de seringas usa­

das por novas. Mas o projetonão chegou a ser posto em prá­tica porque contraria a legis­lação vigen­te no país.O Gapa pas­sou a distri­bruir serin­

gas para ten­tar reduziro númerode pessoascontamina­das pelo ví­rus da Aidsdevido ao

uso de dro­

gas injetá­veis. Entre1984 e a­

gosto de1 9 9 5 ,

Rosa é contra a distribuição42,3% doscasos registrados em Santa Ca­tarina foram de usuários desse

tipo de droga. É o mesmo

percentual de doentes portransmissão sexual.

Segundo o assessor de co­

municação da PF, Ildo da Rosa,além de ilegal a ação não surti­ria efeito. Só neste ano já fo­ram apreendidas cerca de 3 mi­lhões de doses de cocaína em

Santa Catarina. Cada dose évendida por R$ 15,00 e cori­tém 0,5 e 0,8 gramas da dro­

ga. A seringa, que pode ser fa­cilmente adquirida em qualquerfármacia, custa R$ 0,50.

"No momento a instituiçãonão tem infra-estrutura para de­senvolver um programa eficazcontra as drogas injetávéis e a

possível contaminação com o

vírus HIV", afirma lIdo. "O

problema é que a legislação e o

Estado brasileiro têm apenasuma resposta penal para o pro­blema, não encaram o usuáriocomo doente. Já cansamos derodar duas ou três horas com

um dependente em estado ter­

minal dentro da viatura, e ne­

nhum hospital o aceita parainternação" .

O caso de Helena Pires estásendo investigado pelo Conse­lho de Entorpecentes, do quallIdo Rosa faz parte, com baseno artigo 13 da Lei 6368/76.O artigo diz que é crime distri­buir, mesmo que gratuitamen­te, instrumentos ou objetos quevisam preparar substâncias en­

torpecentes ou que causam de­

pendência física e psíquica. Sefor condenada, Helena Pires

poderá paga!frde 3 a 15 anos de

prisão.A distribuição de seringas

é adotada oficialmente em al­

guns lugaresdo Brasil, ape­sar de ilegal, eespecialmenteno exterior.Em São Pauloso Centro de

Orientação e

Ac ons elha­mentoemDo­

enças Sexual­mente Trans­missíveis e

Aids distribui

seringas desde1993. A deci­são foi tomadadiante dos im­

pressionantesíndices de con­

taminação, numa tentativa deevitar a propagação da doença.

Desde novembro de 88,Nova Iorque vem desenvolven­do um programa de distribui­

ção de agulhas. Patrocinado

pela Secretaria de Saúde o

"Needle exchange programme"prevê a distribuição de agulhaspara viciados, mediante a con­

cordância destes em submete-rem-se a um tratamento para­lelo de desintoxicação. Segun­do os idealizadores do projeto,

os estados norte-americanosonde há maior incidência tan­

to de viciados em drogas intra­venosas quanto de aidéticos são

justamente Q)s 19 onde a vendade seringas, sem receita médi­ca é proibida. Este grupo in­clui Nova Iorque,jJova Jersey,Massachussets e a Califórnia.

N a Suíça, um dos paísesmais ricos do mundo, é possí­vel encontrar os "junkies",como são chamados os vicia­dos em heroína, aplicando a

droga (dando pico) em plenodia. As 15 mil seringas de­scartáveis distribuídas todo diana estação de trem abandona­da de Letten acabaram reduzin­do a velocidade com que o ví­rus HIV vinha se espalhandona cidade.

Para Rosa a diferença cul­tural existente entre o Brasil e

países que liberam drogas émuito grande. Isto, aliado ao

fato de que a droga injetávelmais usada no exterior é a he­

roína, enquanto no Brasil é a

cocaína, nos mostra que exem­

plos como o da Suíça não se

aplicam ao nosso país. "Nosúltimos anos o aumento doconsumo de drogas trouxe con­sigo outro grave problema, oaumento da violência. Atitudescomo a da presidente do Gapachocam-se com a essa missão,conclui Ildo.

Compartilhar seringas é a segunda maior causa de contágio

�ormmde

conto�io

Insetos e ácarosnos pães deFlorianópolis

Um estudo da farmacêuti­ca e bioquímica Kárin de Bri­da concluiu que 92% dos pãesproduzidos em 25 das 47 pa­_darias de Florianópolis possuio número de fragmentos de in­setos acima do permitido pelalegislação. Além disso, algunsdos exemplares colhidos foramelaborados à base de ingredi­entes nada saudáveis, como porexemplo) partículas metálicas,insetos inteiros e ácaros. Se­

gundo a resolução da Comis­são Nacional de Normas e Pa­drões para Alimentos, os ce­

reais e seus derivados devemestar livres de sujeiras, larvas e

parasitas e conter no máximo30. fragmentos de insetos em

cada 100g.O pão é o alimento mais

consumido em todo o mundo.Só no Brasil, 300 milhões de

pãezinhos são devorados a cada24 horas. Ao lado dos biscoitos,o pão integra a dupla de deri­vados do trigo mais consumidaem todos os níveis de renda da

população (62,8%). Nas class­es com maior poder aquisitivo,o percentual aumenta para75%. Mas esta fonte barata e

simples de se obter nutrientes

pode estar ameaçada. A farin­ha de trigo sofre em toda parteas infestações de pragas, queiniciam seu ataque no campochegando ao pão nosso de cadadia.

Os fragmentos de insetosencontrados são característicosdos grãos armazenados queaparecem durante a moageme os parasitas surgem de uma

contaminação posterior. A sim­

ples manutenção dos equipa­mentos de moagem e o uso deeletroimãs poderiam minirni­zar o problema.

Simone FritscheAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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L01I.pre um pedaço do paraísoConstrução deum muro nas

dunas revoltaos matadoresdo Santinho

Apraia do Santinho

acompanha mais umaqueda-de-braço pro­movida pela indife­

rença dos órgãos públicos à

aplicação da lei. Um muro deconcreto com um metro dealtura está cercando 300 rn? deuma duna, classificada como á­rea de preservação permanentepelo Código Florestal brasilei­ro. A construção é ilegal e a ques­tão deveria ser simples, mas a

confusão nos registros da pre­feitura deu espaço à polêmica.

Tudo começou em 1992,quando a empresa JowilândiaEmpreendimentos Imobiliáriosvendeu lotes que desrespeita,vam o espaço natural de deslo­camento das dunas. No Santi­nho, o campo de dunas movi­menta -se para o norte de qua­tro a nove metros por ano. A

vegetação fixadora impede o

deslocamento da areia para o

oeste e a conseqüente invasãoda área urbanizada.

O engenheiro Paulo Rob­erto May, alto funcionário da

Celesc, comprou um dos ter­

renos vendidos pela Jowilândia.Construiu uma casa de dois an­

dares e a pintou com a cor da

areia, "para não agredir o meioambiente". Depois de concluira casa, resolveu cercar o terreno

que the seria de direito. Visivel­mente avançando sobre a praiaem relação às casas vizinhas, eleiniciou a construção de uma

mureta de concreto em cimadas dunas.

Revoltada, a comunidade

já destruiu a obra algumas vez­es, mas os pilares sempre vol­tam a ser erguidos. ''A PolíciaAmbiental já esteve aqui qua­tro vezes em busca do flagrante,mas o engenheiro está usandosua influência para conseguir oque quer", acusa o presidenteda Associação de Surf dos In­

gleses/Santinho, ReginaldoFerreira. Numa das visitas, os

fiscais da Polícia Ambientalconstataram a agressão ao meioambiente e notificaram o pro­prietário.

O secretário de Urbanismoe Serviços Públicos, Rubens

Basso, garante que a obra está

embargada, tanto pela SUSPcomo pela Polícia Ambiental,até que um dos lados envolvi-

o terreno do engenheiroMay está legal segundo a prefeitura, mas transgride a lei ambiental

dos apresente illÍ1 laudo técni­co confiá-vel. Ele ressalta que,de acordo C01lê o Plano Dire­tor de 1985, o terreno de Mavestá fora daS área classificadacomo de preservação perma­nente. "Mas apresenta visíveiscaracterísticas que demonstramo contrário. Essa situação se al­tera em função da própria açãodo homem", ressalta Basso, queadmite a confusão em torno da

questão dos limites.

Especulação criminosa

May diz que quer apenas pro­teger a duna, porque estariam"roubando areia" dela. Ele con­corda que a questão é polêmi­ca. "Na verdade, ninguém sabe

quem está com a razão", diz.Os limites definidos pelos reg­istros da prefeitura estão em

linha reta, enquanto as dunas

ocupam um espaço irregular.Com a mobilidade das areias,a situação complica-se aindamais. A solução de bom senso

seria seguir a linha das casas jáconstruídas, mas cada novo

morador avança um pouco em

direção à praia."Não entendo o porquê

dessa pressão. Estou aberto a

negociações", diz May. Ele ar­

gumenta que a duna em ques­tão servia de caminho até a pra­ia para os pedestres, mas depoispass�u a ser invadida por veícu­los motorizados. Foi aí que re­

solveu "protegê-la". "Os pilaresde concreto servem apenas parasustentar a tela que abrigaráuma cerca viva", defende-se.

A polêmica não acaba poraí. Também foram colocados

postes sobre as dunas, do localonde a mureta está sendoconstruída até cem metros dedistância. Embora a instalaçãoda rede elétrica tenha sido em­

bargada pela prefeitura, foi efe­tivada pela Celesc, local onde

May trabalha. Pura coincidên­cia, segundo ele. "Não usei mi­nha influência em momento al­

gum", garante.A esposa do engenheiro,

Marilú CampagnerMay, é geó­grafa. Ironicamente, ela es­

creveu no ano passado uma tese

de pós-graduação intitulada

"Impacto das obras públicas emnúcleos tradicionais", ondeanalisa justamente o caso dasdunas. ''A praia dos Ingleses ca­

racteriza-se por apresentar uma

variedade de ambientes de altovalor paisagístico. Este patri­mônio natural vem sendo con­

tinuamente delapidado p�la ex­pansão urbana, colocando em

risco a qualidade de vida", diag-

nostica Marilú na tese.

O trabalho também cita es­

pecificamente a região do San­tinho em que está a casa de ve­

raneio da própria autora e deseu marido. "Neste local, lo­caliza-se wn campo de dunassrtni-estabilizadas. A ocupaçãodesordenada destas Areas con­

stitui-se num fa- tor de altorisco, com ameaça iminente desoterramento das áreas contí­

guas". A géografa conclui que"o poder público assiste impo­tente a esta urbanização" e "a

especulação desenvolvida na

costa, através do arrasamento

mecânico das dunas e conquis­ta de espaços para loteamento,chega a ser criminosa".

//

MaurícioOliveira

MaurícioOliveiraOspilares, com um metro de altura, cercam 300m] de dunas

ZEROAGO95

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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o maquiador de cadáveresHá 17 anos, Pedro

Paulo costura,lava, veste, bota no

t .alh�' caixão e desp��haf;�%mrerJ para a funerária

ZEKDAGO95

JosemarSehnem

Paulo deTarso

rem gente que não gos­ta de entrar em ce­

mitério, outros se ar­

repiam só de pensarem tocar numa pessoa morta.

Imagina então, cortar, exami­nar' costurar e vestir um

cadáver. Pois é isso que faz há17 anos Pedro Paulo da Cunha,de 50 anos, o mais antigo auxil­iar de necrópsia do InstitutoMédico Legal de Florianópolis."Foi uma jornada difícil, no iní­cio tive que lutar contra mim

mesmo, contra a dor de ver tan­tos corpos, e imaginar que talvezpudesse ser a esposa ou um fi­lho, e a tristeza de estar ao ladodos parentes das vítimas". Hojeem dia enfrenta tudo com natu­

ralidade, mas ainda se esquivaquando tem que necropsiar umacriança. "'Fazer' criança é difícil",diz.

Pedro Paulo tem mOb:-IOS

para não gostar de mexer em

criança. Ele conta que há algunsanos, muna tarde de Natal, ao

mesmo tempo em que fazia

necrópsia muna menina de nove

anos, várias outras crianças brin­cavam numa escola próxima ao

IML. A situação provocou lágri­mas, e neste dia ele tomou um

porre. Bebeu muito no início dacarreira, durante 10 anos. "Nãodurante o serviço, só depois do

expediente."

Casado há trinta anos, paide quatro filhos, Pedro Paulo se

diz católico, crente no espiritis­mo e na vida depois da morte.

Se não trabalhasse com necróp­sia, freqüentaria centros espíri­tas. Não o faz para "não mis­turar as coisas". Segundo ele,por causa do trabalho, mexen­

do e mutilando corpos, sofre in­fluências dos espíritos. Ele acha

que os três derrames que so­

freu, o último há dois anos, são

conseqüências dessas influên­eras.

Antigamente, à noite, du­rante os plantões, Pedro Paulocostumava: ouvir máquinas de

datilografia batendo, passos nosandares superiores, caixas cain­do e geladeiras batendo as por­tas. Se arrepia quando fala nis­so. Tudo acabou quando foicolocado um crucifixo na portada sala de necrópsia.

Antes de entrar para o

IML, Pedro Paulo trabalhoudurante 10 anos no HospitalCelso Ramos- nove na cozinhae um na farmácia, que ficava

próxima da sala onde eram

guardados os cadáveres. Mas Se não aceitasse esse trabalho ele acha que hojepoderia estar desempregado

Passos eportas batendo até hoje arrepiam Pedro Paulo

ele nunca quis passar perto dolocal porque tinha muito medoe nojo. "Parece castigo", diz.Quem o

1 e v o u

soas, ficou em terceiro lugar e

ocupou uma das três vagas.A primeira vez que entrou

numa salade ne­

c ró

ps i a ,

foi paraassistir aotrabalhodo colegaque o le-

para ()

IML foi "A parte mais difícil é océrebro. Corto o couro

cabeludo de uma orelha a

um cole­

ga queinsistia

para que A.'

bfizesse o outra. O cranto e a ertocontursode auxil- com uma serra elétrica ".lar den e cr

ó

p­sia. Nodia da inscrição não tinha din­heiro e foi isento da taxa. Fez oconcurso com mais duas pes-

vouparaoIML. Erauma mul­

...................................her quetinha sidobaleada

pelo marido. O projétil entroupelo ombro e foi parar no

pescoço. Para localizar a bala e

retirá-la, foi preciso cortar o

braço da mulher. "E eu ali ven­da tudo", lembra. Pedro Paulo

quis desistir e ir embora, mas o

amigo insistiu para que ficasse.

Depois de acabado o serviço, osdois foram tomar cerveja, e

naquela noite beberam mais deum engradado. Pedro saiu dobar convencido de que aqueleera o seu futuro. ''Ainda bem

que aceitei trabalhar, talvez es­

tivesse sem emprego hoje."A parte mais difícil de ser

necropsiada é o cérebro. Segun­do Pedro Paulo o couro cabelu­do é cortado no topo da cabeçade uma orelha a outra. Em

seguida, uma parte é puxadapara frente e a outra para a nuca.

O crânio é cortado com uma

serra elétrica, deixando o cére­bro à mostra para ser examina­do. Todas as necrópsias são

acompanhadas por um médico

legista. "O meu trabalho é abr­ir o corpo e auxiliar o médicono exame. Ele faz o laudo e vaiembora. Aí eu costuro, lavo, vis­to, boto no caixão e entrego paraa funerária", explica.

Durante esses anos todostrabalhando no IML, Pedro Pau­lo presenciou vários fatos in­críveis. Um deles, o mais irn­

pressionante, aconteceu quando"fazia" um soldado que tinhamorrido afogado. Acabada a

necrópsia, Pedro Paulo ouviu o

sargento que acompanhava o

corpo do recruta dizer ao

cadáver: "Eu não disse pra ti

que eu ia te dar a farda nova só

quando tu morresse, pois aquiestá tua farda." Neste momen­

to, o corpo do soldado começoua sangrar. Pedro Paulo lavou o

corpo, mas ele continuou sang­rando. Teve que vesti-lo e o cor­

po foi levado embora assimmesmo.

- ,, ..

... f.,� J

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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Pedalando 8.200 km na Europa•

Catarinense

pretendepercorrer 12

, .

patses em sets

meses

Marcossena apenas

mais um brasileiro na

Europa se não tivesseresolvido juntar as

três coisas de que mais gosta:bicicleta, viagem e aventura. Otriatleta de FlorianópolisMarcosHenrique Oliveira Pinheiro parteno dia 26 de agosto para Viena,na Austria, onde começa um girode seis meses pela Europa em

cima de umaMountain Bike.Pinheiro tem 27 anos e é

formado em Educação Física

pela Universidade Federal deSanta Catarina. Já foi vice­campeâo catarinense de duathlon,prova em que o atleta corre partedo percurso a pé e parte de bici­cleta." A maioria das pessoascom quem conversei sobre o pro­jeto perguntavam sobre o meu

pre-para físico e o meu inglês",dizMarcos." Sãoduas coisas com..- "

as quaIS eu nao me preocupo.O ciclista vai precisar mes­

mo de fôlego para terminar a

aventura. São 8.200 quilômetrosde estrada; passando por 93 ci­dades em doze países e pedalan­do de 40 a 140 quilômetros ,pordia. A viagem começa na Aus­tria, seguindo pela RepúblicaTcheca, Alemanha, Holanda,Bélgica, Luxemburgo, França,Espanha, Portugal, novamente

(},\,,\�� i)�4

_,

Marcos vai levar apenas a bicicleta e 18 kg de equipamentos

Espanha, Itália,San Marino e

Mônaco, reentrando então na

Itália e terminando no ponto de

partida, na Austria, no dia 26 defevereiro de 1996.

Ao final da viagem, Marcosvai ter girado o pedal da bicicle­ta cerca de três milhões de vezes,o que equivale a uma média de30mil pedaladas em cada trecho.Para se ter uma idéia, uma pes­soa não atleta, mas que se exerci­ta regularmente em uma bicicle­

ta, não passa de quatromil peda-1adas. Isso sem os 18 quilos de

bagagens e equipamentos queMarcos vai levar na bicicleta, umaMountain Bike com quadro de

Não é a: primeira vez que um catarinense viaja a Europa debicicleta. Há nove anos, três ciclistas catarinenses realizaram uma

proezamuito parecida com a queMarcos Pinheiro quer levar adiante.A aventura está documentada no livro Ciclismo: umgiropela Europa,publicado pela Editora da UFSC, em 19�8.

Em julho de 1986, Paulo Coelho dos'Santos, Murilo Kruger eHercílio Costa partiram para Lisboa para ficar cinco meses pedalandopela Europa. O trajeto era bem parecido com o escolhido porMarcosPinheiro. Uma das diferenças é o ponto de partida. Marcos vai sairde Viena, enquanto seus antecessores preferiram Lisboa. O percursodo trio catarinense incluiu 90 cidades em nove países e estavam

previstos 7.180 quilômetros de pedaladas, consideradas apenas as

distâncias entre as cidades. Somados os deslocamentos urbanos e os

passeios a aventura acabou com 8.300 quilômetros percorridos em

164 dias.Os atletas retornaram ao Brasil em 18 de dezembro de 1986

depois de percorrer Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda,Alemanha, Luxemburgo, Suíça e Itália. O Roteiro escolhido porMarcos Pinheiro inclui ainda Mônaco, San Marino e a RepúblicaTcheca e não passa pelaSuíça. Assim como a trio que o antecedeuMarcos vai voltar certamente com muitas histórias para contar.

cromo molibidênio que pesa12,4 quilos. Além de roupas, ociclista vai levar duas mochilas

acopladas à bicicleta (dianteira e

traseira), barraca, saco de dormire um isolante térmico - pequenocolchonete de borracha especialque protege o saco de dormi- deumidade.

Ao contrário do que parece,o ciclista não será um malucosozinho na Europa. Cerca de 30brasileiros quemoram no conti-

nente europeu vâo ser o contato

de Marcos enquanto estiver via­jando, entre conhecidos e pes­soas indicadas por amigos. "Nascidades menores a intençâo é

parar apenas para dormir. Nasmaiores pretendo ficar uns trêsdias ou mais", planeja o ade­

ta,que já fala fluentemente o es­

panhol e pretende ainda voltardominando o inglês e o francês.

Transformar o projeto em

realidade tâmbém exigiu muitotrabalho de planejamento, des­de a escolha do trajeto e dos pon­tos de parada até os patrocina­dores. A idéia de percorrer a

Europa pedalando nasceu em

abril deste ano. O projeto come­

çou a ser eleborado com a ajudade uma amiga, também ciclista,que acabou desistindo e viajan­do para o Velho Mundo por.. ..

meIOS mais convencionais.

Mesmo assim Marcos nãodesamimou e acabou con­

seguindo o apoio de cinco em­

presas para realizar o projeto:Transbrasil, Realcolor'(Kodak,Ferraro'S Bike Center, CaratuvaEq1d'�amentos e Cotton Sport­wear. A Alimentação e a estadiaainda estão, por enquanto, porconta do atleta, que está venden­do camisetas com o logotipo dopr ojeto, feitas pela Trampulim,para custear a viagem. "Querotambém chamar a atenção das

pessoas que têm llI11 sonho, masnunca fizeram nada para realizá­lo. No início muita gente achoumeu projeto inviá-vel, mais eu

consegui apoio e estou indo. Eacabou sendo mais fácil do queparecia."

CarlitaCosta

Paulo deTarso

ZEROAGO95

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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enema ..

ZEROAGO95

do ainda este ano. Assim como

"Extra-ser", de Antônio Celsodos Santos, projeto que foi fil­mado há seis anos e só estréia

agora. O diretor também pre­tende começar a rodar urn outro

projeto, "Ritinha", brevemente.De tudo o que se prevê para o

cinema catarinense ainda este

ano, destaca-se o longa-metra­gem "Fratelli Brocato", projetodo diretor Fábio Briiggemann.

Abordando a lenda dos ir­mãos Brocato, que viveram em

Lages no início do século, o fil- .

me é apontado como o segundalonga-metragem realizado em

Santa Catarina. O primeiro seria"O Preço da ilusão", feito porNilton Nascimento em 1957

(resta saber porque os filmes docantor João Amorim, de Lages,não são considerados longa-me­tragens.) "Fratelli Brocato",quem sabe, pode ser a obra quefixará defmitivamente o estadono cinema nacional.

Todo este movimento podeser visto também como urn pro­cesso em andamento, já que nãosó a temática dos filmes, enrai­zada na cultura catarinense,como também seus realizadores,podem ser conteridos no vídeoCurtas Catarinenses. Esses curtasforam realizados há alguns anos,emostram que a proposta conti­nua a mesma. O que vem acon­

tecendo é que a Cinemateca Ca­

tarinense, entidade que apóia e

concretiza as produções no esta­

do, está conseguindo importan­tes recursos, ainda quemodestos,que permitiram a compra de

equipamentos (como urnamovi­ola, aparelho que monta os fil­mes, e um novo equipamento deluz). Esses recursos estão vindodo Fundo MUnicipal de Cinema(Funcine), instaurado pela Pre­feitura de Florianópolis. Prova deque o apoio governamental é sig­nificativo para a cultura.

ternacional da Ba­hia. Boas chances

para, quem sabe,uma reavaliação daobra.

Boa safra -

Outro curta ca­

tarinense exibidono Festival de Gra­mado, foi Natu­rezas Mortas) dodiretor Penna Fi­

lho, que abordacriticamente a

extração de carvãono estado, contan­do a história de

.. .

urn mmeuo, pn-('\ . . .

metra e mars irn-

portante vítima da

extração mineralna visão do autor.

Naturezas MortasMaria Emília criou uma atmosfera simbolista para contar vida dopoeta ganhou o prêmio

1 especial do Júri

Odesafio que o cu, '1.- Luc Godard e Alain Resnais, ou Popular, Esses dois filmes são

metragem catarinense mesmo do badalado Quentin somente o início de uma ativi­Alva Paixão enfrentou Tarantino. Pode parece um flime dade cinernatográfica em Santano último dia 14 foi complicado para quem não co- Catarina, que promete se inten-

complicado: a exibição no XXIII nhece Cruz e Sousa, mas é perti- sificar até o final do ano. NesseFestival de Cinema de Gramado, nente à sua poesia, tornando-se período, três filmes deverão ser

considerado o mais importante uma espécie de "filme-poema lançados, além de estarem pre­da América do sul. Se bem que simbolista", especialmente quan- VIstas as realizações de dois ou­

isso, antes de "dm desafio, pode do se refere à fixação dos simbo- tros.

ser encarado como um privilégio. listas.pelo branco, pelos sonhos Um dos quase prontos é

Afinal, passagem para Gramado, e visões. "Bruxa viva", da diretora Lenanwna rigorosa seleção que engle- Bastos. Misturando bruxas e es-

ba filmes de diversos países, não Obra bem cuidada - A peculação imobiliária, é um

é algo que se obtém por acaso. competência do trabalho pode olhar crítico em relação à pre­As críticas surgiram, e não forarn ser provada pelo excelente acaba- servação ambiental. Ainda não

agradáveis. Boa parte do público menta que teve, apesar da falta foi finalizado por falta de dinhei­não entendeu e não gostou. O de recursos que permeou o pro- roo Embora tenha recebido in­

jornal carioca O Globo chamou o jeto desde o início. A iluminação centivos do MEC, do governofilme de "constrangedor", e o e a fotografia, esta a cargo de Ro- estadual e da Fundação FranklinDiário Catarinense reclamou do dolfo Lopes, estão impecáveis, Cascaes, o filme, que está prati­

complementando o clima lírico camente terminado, ainda preci­do filme. O figurino, de respon- sa de R$ 7mil para o final de pro­sabilidade de Maria de Lourdes dução. Prova de que a vida dos

Hamad, é perfeito, fixando os diretores catarinense não é fácil.

personagens historicamente. A "Utopia do Divino", de

pesquisa histórica de Ricardo Norberto Depizzolati e ZecaGoulart tambémmerece créditos. Pires, é outro filme a ser lança­Além disso tudo, a participaçãode atores de peso como ZezéMota e BrenoMello, afastado docinema há anos, aumenta consi­deravelmente o cacife de AlvaPaixão. Seus 23 minutos custa­

ram somente R$ 50 mil, poucopelo que se vê na tela.

Pena que a obra não deveráentrar em cartaz efetivamente tãocedo. O problema da falta de có­

pias faz com que o filme, que ain­da será exibido no Centro Cul­tural e no Museu da Imagem e

do Som em São Paulo, não fiqueao alcance do público catarinen­se. Florianópolis só teve duas

apresentações no último dia 9, eJoinville no dia 11. No giro quefará pelo país, Alva Paixão aindaconcorre ao Festival. Internacio­nal de São Paulo e à Jornada In-

Alva Paixão não agrada a criticaApesar disso, curta registra a volta do cinema catarinense

Filmeprocurou exatidão j,ara caracterizar os personagensRenê ,:,

... '

",'l.' "i

Müller

"ritmo lento" e do "tom de

jogral". À parte de tudo isso,porém, Alva Paixão possui méri­tos, além de capitanear um retor­

no da atividade cinematográficaem Santa Ctarina.

A repercussâo do filme em

Gramado foi causada também

pelo desconhecimento do seu

tema principal: o poeta catari­nense Cruz e Sousa. Sua impor­tância na cultura brasileira pare­ce ser entendida somente pelosprofessores de português e alu­nos dos cursinhos catarinenses.Como principal representante domovimento simbolista do país,Cruz e Sousa era poeta de invejá­vel sensibilidade, não só nos ver­

sos como em sua própria vida,onde sentiu na carne a situaçãode ser negro e pobre. Maria Emí­lia Azevedo, a diretora de Alva

Paixão, resolveu contar a vida dopoeta de urna maneira diferente,munamontagem fragmentada. Aobra ftca longe dos filmes de

Hollywood, �e ·aprQ�<;1f:ld:<? dediretores franceses como Jean-Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

Page 14: NAS OS DOS MICREIROS - Hemeroteca Digital Catarinensehemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero1995ago001.pdf · sistema.Comessassenhas) ... esseperíodoelesconseguemdescobrir

Casa da Estudante Universitâria (CEU) abriga 24 garotas e é opção mais barata para quem estuda na UFSC

Vivendo longe de casaJovens deixam seus lares para"enfrentarem" estudos e tarefasdomésticas em Florianópolis

nheiros e quartos com até qua- relação aos estudantes que mo­tro meninas, é preciso esta- ram com a família.belecer algumas regras para tor- As meninas se reúnem todanar a convivência possível. E- primeira quinta-feira de cadaxistem plantões de limpeza e ho- mês gata discutir os assuntos

rários de uso de telefone. Para da casa. Edilce conta que as

entrar no CEU, as meninas pas- amizades se tornam muitosam por uma seleção que privi- fortes, e que uma das meninas

Morandohá um mês Jorge diz que o que mais sente legia as de menor renda e pre- saiu agora para casar e convi­

num apartamento falta é da comida de casa. cisam cumprir as normas da dou todas as moradoras para a

no centro de Flo- "Nunca um dos três cozinhou casa, em especial a que proíbe festa. "Morar aqui é ótimo,

I rianópoiis, as pri-· para os outros", completa Zé, o pernoite de homens. "Todas pena que a segurança seja tãomas Karine Alves e Mildred enquanto mexe no computador. as regras têm um porquê", ga- ineficiente", completa Edilce,Borges e a amiga Vanessa Scar- rante a estudante Edilce Cou- lembrando do asscflto sofridoduelli, vindas de Tubarão, ain- Pernoite - Nem todos que tinho, de 25 anos, que veicAie na casa.

da não têm experiência na vida vêm estudar aqui tem con- Chapecó e é a mais antiga mo-longe de casa. "Com certeza é dições de comprar ou alugar radora do CEU. Armação - O estudante demelhor do que morar com os um apartamento. As repúblicas, As meninas afirmam que a jornalismo Alexandre Aberta­pais", diz Karine, de 18 anos, pensões e moradias estudantis saída de casa traz vantagens vicius deixou a casa dos pais, a

que faz cursinho para o ves- passam a ser uma opção mais como independência e rnatu- uma quadra da Avenida Paulis­tibular de Arquitetura. As úni- acessível. O CEU (Casa da ridade, mas não escondem as ta, para fazer o curso de jor­cas queixas das meninas são o Estudante Universitária) abriga dificuldades e principalmente a nalismo da UFSC. Desde quebarulho dos vizinhos e a irn- 24 garotas que estudam na saudade de casa. A estudante de chegou, há seis meses, já rnu­

plicância do porteiro com o UFSC, e está longe deser um agronomia Claudete Santa dou de casa três vezes. Nanamorado de Mildred, de 19 paraíso. Com apenas três ba- Catarina, de 21 anos, veio de pnmelra casa em que morou,anos. Anchieta, no na praia da Armação, Alexan-

Fazer a própria. comida, oeste do esta- dre se desentendeu com o com-

não ter horários, ser respon- do, e é segun- panheiro. "Se eu deixava uma

sável pela casa e principalmente do as colegas bota com lama na sala ou coisanão dever satisfação aos pais a que sente parecida, ele não gostava e des-são as vantagens citadas pela mais falta da carregava muito tempo de-maioria dos estudantes que vêm ... família. "De pois". Quando a convivência se

para capital estudar. � vez em quan- tornou impossível, AlexandreOs amigos Jorge Rodri -

" do a Claudete foi para uma casa de um quar-gues e Richard Trajano, de está pelos can- to na mesma praia, e não haviaCriciúma, e José Alexandre, o tos, aí já sabe- espaço para outra pessoa. AZé, de Iundiaí dividem um mos que bateu despesa ficou pesada e agoraapartamento no edifício Onix, a saudade", ele divide com um amigo uma

no centro da cidade. Jorge, de conta Mar- outra casa de dois quartos na

21 anos, estudante de Engen- garida Vieira, Armação. Para chegar na uni-haria de Alimentos, foi o pri- de 22 anos. versidade, ele pega dois ônibusmeiro a chegar, há quatro anos. M a r g a r i d a e demora cerca de 50 minutos.Richard, de 20 anos, faz facul- veio de Criciú- "Minha mãe disse que se eu

dade de Farmácia e foi para o ma há dois a- viesse para cá, não me daria umapartamento em 92, e o Zé, de nos e mew e tostão. Como o curso é inte-22 anos é calouro de jomalis- diz que o fato gral, acabou ficando com pe-rno e se juntou a eles há dois de estar no na", diz. Desde o começo doanos e meio. "Quase nunca CEU com o semestre, Alexandreestá traba-brigamos porque temos hábi- único objetivo lhando na hemeroteca do cur-

tos parecidos: os três fumam e de estudar po- so de jornalismo. "Mas é sógostam de varar a madrugada de ser uma pela grana", diz o paulista, que.cohversando'', conta-Richard.

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AlineCabral

AlineCabral

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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina

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ZEROAGO95

SandraVieira

BárbaraPettres

E. halos

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Daltro Cavalheiro tem acesso ao

roteiro só minutos antes do show começar,por isso a maior parte do que ele fala é

improvisado. "Mesmo que as falhas acon­

teçam, os leigos não percebem",diz.Amparado somerw:;. com a parte téc­

nica da RCE (Rede 4¢:ç;omupj�ações El­dorado) - responsávql pela trdmissão- oprograma é feito Rpr lllIl�::produtoraindependente,que alia� petfence ao pró-

fC��ç��(p��t��1�:!t�::eécâ�;��

e sábado à tard

..

Remanescente da era do Ve �11 � Guerreiro aos sábado: 12 '1 CNTn-:>.:7 �lima de expectativa no giná­

sio de Biguaçu: as câmeras jáposicionadas, os jurados aco­

modados em seus lugares,sedutoras daltretes começando a dançarseus passos ensaiados 9'9 auditório histéri­co aclamando por seql&�is novg ídolo. Fi­nalmente ele aparec�* Aô viyg[::para todoo Estado: Daltro Cav�eiroBruegria, ale­gria!", diz ele numa ci1�ad�.&iunfal sob osom ensurdecedgr d�:i��os: e aplausos deuma platéia de � lfi:�p:duzentas pes-

������c��s���!:- ..�I�ri� ,;'f����e��Estado.Assim surgiu a íd�la d@'programaDaltro Cavalheiro que já eSt�J16 ar há qua­tro meses. E sem nehuma modéstia seu

mentor afirma convictamente que o pro­grama já é campeão de audiência em âm­bito estadual. "Não cito fontes mas nosso

programa está em primeiro lugar", diz.O público responsável por esse índice,

segundo Daltro não é só de classe maisbaixa. "Mesmo que os pinóquios da classeA digam que não assistem, eles são os quemais assistem", afirma.

Embora comparado ao saudoso Cha­crinha - nW11a versão empobrecida - Dal­tro Cavalheiro acha que tem estilo próprio.Lembra inclusive que quando estava fa­zendo seu programa em São Paulo faziaconcorrência direta com o Velho Guerreiroque tinha um programa semelhante em

outro canal no mesmo horário.Há até quem acredite que se houve

cópia de alguém foi por. parte do Chacri­nha. "O Daltro já tinha um programa na

Rede Gazeta quando o Chacrinha come­

çou",comenta a produtora do programaDiuli [anaina Ferreira.

Programa - Com cartazes de cantores

desconhecidos, o auditório normalmente

composto por crianças e idosos, vibra comcada número anunciado. No programa háespaço para atrações musicais, show decalouros e tranformistas. "O objetivo étransformar o programa numa vitrine denovos talentos", diz o apresentador.

que ao contrárió.:dp (:j:i\�: ele:. i:lCI::edita, é

percebida até pelos "leigps"}i6progra­ma está prestes a ser transm�t.ldo em redenacional pela CNT. "Se der tudo certo,em 45 dias Daltro Cavalheiro será trans­mitido para todo o Brasil", diz o apre­sentador gaúcho nascido em Santana doLivramento. "O futuro da televisão é esse

tipo de programa", completa.

As da/tretes, no bom estilo dos programas de auditório Os transformistas são atração doprogramaAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina