nas os dos micreiros - hemeroteca digital...
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NQ 1 - ANO XIII - FLORIANÓPOLIS, 23 DE AGOSTO DE 1995 - CURSO DE JORNALISMO DA UFSC
saúde
o DRAMA DOSPACIENTES QUE SAEMDO INTERIOR PARADISPUTAR VAGAS NOSHOSPITAISDA CAPITAL
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tceABRIGADOSPARTIDOS POLíTICOSPOR UM CARGOQUEJULGAIRREGULARIDADESNOS MUNiCíPIOS
Pág.OS
prodecPROGRAMA DEINCENTIVO DOGOVERNO ESTADUALPRIVILEGIAGRANDESEMPRESAS
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ufsc
OS DOSNASMICREIROSEles entram nos computadores da
Universidade e acessam o secreto mundodas notas e do dinheiro
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. ,. "
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZEROAGO95
Na reportaqem da página central) ZERO traz uma mostra docaos em que se encontra o sistema de saúde pública no estado. Os
hospitais da capitaljá não aguentam nem atender àpopulação local)e a cada dia recebem mais doentes do interior1incluindo casos quepoderiam ser tratados em postos de saúde e hospttais locais. O Hospital Universitário já avisou às prefeituras que colaborem avisandoantes de enviarem pacientes e a Assembléia Legislativa já encaminhou uma proposição ao Governo alertando para esta situação.
Aproveitando a evidência da (�uerra jiscal" entre osgovernadores) ZERO traz uma reportagem mostrando quais as empresasbeneficiadaspelos incentivosfiscais dosgovernos estaduais em SantaCatarina. O Prodec - trunfo de que dispõe ogovernadorpara atrairinvestimentospara o Estado - concentrou recursos nasgrandes em
presas durante os últimos cinco anos.
Na .ontracapa, o jornal traz ainda o pitoresco Daltro Cavalheiro e seuprograma semanal transmitido ao vivo em Florianópolis)que já tem planos de ser transmitido em rede nacional pela CNT.
ZERO inaugura com essa edição uma novafase deprodução.Com a redação informatizada e a transformação do jornal Laboratório em disciplina do Curso de jornalismo daUFSC) ZERO está maispróximo do esquema deprodução
dos jornais-empresa. Isso significa uma mudança de qualidade no
-ensino de jornalismo da Universidade e com o tempo certamente re
fletirá na qualidade do próprio jornal.Inaugurando essa nova fase) ZERO traz um furo de reporta
gem. Alguns estudantes acessaram a rede de computadores da UFSC)conseguindo um arquivo com todas as senhas dos usuários dosistema. Com essas senhas) elespoderiam) por exemplo) alterar.J,fJJtas)a folha de pagamento e a contabilidade da Universidade. Os Hackers) como sâo conhecidos esses invasores eletrônicos) limitaram-se no
entanto a apenas "passear" pelos arquivos - exclusivamente porquequiseram. Em entrevista exclusiva) um deles alerta: o sistema daUFSC não é seguro e qualquer um que tenha um computador conectado a uma linha telefônica pode causar estragos.
Rádios pirataspodem ser legalizadasem Fórum Nacional
modalidade exercida por pessoasjurídicas com autorização re
querida na Delegacia Regionaldo Ministério das Comuni
cações. Como responsável pelarádio, a entidade deverá nomearum conselho comunitário com
posto por sete membros. A rádio comunitária pode atuar
comercialmente, desde que todoo dinheiro seja investido na emissora.
Tá as rádios livres não podemveicular comerciais e teriam o
transmissor de 5 watts, dez ve
zes menos potente do que o permitido para as comunitárias.Para poder operar urna rádiolivre o interessado precisaria deum certificado de habilitaçãofornecido pelá Delegacia Re
gional doMinistério das Comu
nicações. As duas modalidadesestariam sujeitas a um código deética específico.
O antigo Dentel seri' a encarregado de assegurar qu e as no
vas emissoras cwnpram a legislação. Formariam ainda: Comissões Regionais de Assessoramento para, junto às emissoras, opinar sobre o serviço prestado. Oengenheiro Paulo Tavares, responsável pela monitoração da107 FM, enfatiza a importância
Nova fase, velhos problemas
107 FM vai ser uma das beneficiadas pela regulamentaçãodo controle sobre as rádios livres.
Segundo o fiscal, tais rádios podem interferir não só na freqüência das oficiais, mas também no
sistema de navegação aéreo. O
pouso por instrumentos consisteno envio pela torre de dados quepermitam o pouso automáticodo avião. A freqüência utilizadaé 110Mhz e pode sofrer interferência de uma rádio operando.próximo do fun do dia (108Mhz).
Malu Gaspar lembra que a
transmissão por rádios livres e
comunitárias requer uma série de
exigências técnicas, impossibilitando qualquer interferência, sejanas emissoras ou no tr-ifego
aéreo. O resultado será uma perda na qualidade das transrnis
sôes, mas, mesmo assim, as rádios em funcionamento já se
manifestaram a favor do assun-
to.
Malu se diz preocupada apenas quanto ao interesse demonstrado pelas lideranças políticasaté omomento. Apesar de haveruma frente parlamentar unidaem defesa da democratização dascomunicações, as discussões sabre a reforma constitucional têmtirado o tempo dos deputadospara analisarem o projeto.
Romeu Marlins
Asemissoras de rádio
livre, popularmentechamadas de "rádios
piratas", paden. ser
legalizadas em breve. Para tan
to, desde abril, um grupo de trabalho foi encarregado de elaborar uma proposta de regulamentação para a radiodifusão comunitária e radiodifusão livre. O
grupo concluiu o projeto no início de junho -: o enviou para discussão na reunião do FórumNacional pela Democratizaçãodas Comunicações, de 28 a 30de julho, em Belo Horizonte.
Para formar o grupo de tra
balho, participaram cinco en
tidades ligadas à democratizaçãodas comunicações e técnicos doministério. A direção dos trabalhos ficou por conta de Malu
Gaspar, coordenadora geral daEnecos - Executiva Nacional dosEstudantes de Comunicação Social. Malu explica que o projetobaseou-se na lei colombiana de
agosto de 94, considerada por ela"um marco histórico". A principal diferença entre a lei e a proposta é que a legislação colombiana não diferencia rádios co
munitárias de livres.
Segundo a proposta brasileira' rádio comunitária seria uma
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Fotogr.afia: Aline Cabral, Bárbara Pettres, Sehnem, Maurício Oliveira, Paulo Henrique
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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
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Micreiros violam rede do NPDViciados em computador, hackers acessam até o caixa da UFSC
"Ao contrário do que o
NPD pensa, ninguémentra lápara alterar
nota. Todo mundo sabe
que isso é crime."
LAm grupo de alunos dauniversidade vem invadindo desde o ano
passado os computa-dores principais do Núcleo deProcessamento de Dados(NDP), responsável em armaze
nar notas dos alunos, folha de pagamento dos funcionários e todoo trabalho administrativo daUFSC. Os hackers, como sãoconhecidos os invasores de sistemas de computador, podem alterar as notas, a folha de pagamentos' ou destruir pesquisas devários anos. Mas não mexem em
nada. Fazem por puro prazer.A ampliação da rede da uni
versidade e conexão com «Internet deu mais possibilidades aos
hackers de entrarem no sistema,usando um terminal no NPD,computadores espalhados pelaUFSC ou até mesmo instaladosem casa. A ação do rackers mostra a fragilidade dos sistemas deinformática em Santa Catarina.
Hoje eles já conseguem acessar
até o sistema da Secretaria Estadual da Fazenda.
Zero conversou com um deles. Ele usa computador há quatro anos, nunca fez um curso na
área, mas depois de alguns me
ses mexendo nos computadoresda universidade conseguiu aces
so a todasas senhasde acesso
.aoNPD.
ZERO- Como
A
voces a-
cessam o
sistema?Hack
er - Umadas iormasé te; uma senha básica de acesso ao
sistema. A maioria dos estudantesdo CTCganham uma para estu
dar durante um semestre. Duranteesseperíodo eles conseguem descobrirsenhass de professares e servidores)copiam) e depois permitem entrarem áreas retritas, como o sistemade notas e o caixa da UFSC. Outro jeito é instalar num dos terminais do NPD um programa) o Session) quegrava a senha de todos queutilizavam a máquina. Após algum tempo é só recuperar oprograma num disquete e escolher a sen
ha mais importante.
para alterar nota. Todo mundosabe que isso é crime. Se o cara tem
umpouquinho de conhecimento elesabe que assim como não há segurançapara o sistema) não há segurança para quem entra nele.
Sempreficaum registro que agentechama de log.
ZERO - Mas se a pessoaquiser mexer... .�
Hacker - Elamexemas vai ser
pega. Sempre ficam registros. Se
quem entra sem intenção de fazernada já é perseguido) imaginaquem querfazer alguma coisa.
ZERO - Então para quefazer isso?
Hacker - As pessoasprocuramquebrar o sistema porque o NPD
regula a Internet para os alunos.
Freqüentemente ele 1?ega o acesso
para os alunos e não dizporque. Demodogeral os alunos do CTC quepedemmáquina (ac�sso ao sistema)estãoperdendo"'muita coisapor nãoterem esse acesso) se sentem lesados.E aí a pessoa vai lá) tenta quebraro sistema. você se empolga) édivertido fuçar um sistema. Alguns se
aquietam) conseguem umamáquinaficam com elapiratamente. Euconheço gente que usa uma má
quina há mais de seis meses) quenão é dele. A dona não usa) nem
sahe que eleusa e elesnão se co
nhecem) o
cara usa o
nome dessapessoa e
conseguetudo queprecisa daInternet.
ZERO - Quanto tempodemora?
Hacker - Daprimeira vez nóslevamos seis meses. Mas no iniciodo ano) alguém que eu nem co
nheço descobriu por acaso que um
dos computadores não tinha senhade acesso. E aía notíciafoi se espalhando e agente ía trabalhando em
cima) descobrindo coisas novas.
Quando alguém descobre algo novo
a notíci0 se espalha) há uma redede informações informal ali noCTC) só depessoas que que-rem en-
trar noNPD. Eu conheço umas dez O vice-diretor do NPD, Márcio Selles, confirmou que no
pessoas que fazem isso. Estimo que inicio de agosto todas as senhas foram trocadas para evitar odos alunos que traba-lham com
acesso dos hackers. Segundo ele, o sistema de um dos com-ZERO - E o que vocês computaçiW uns 50% sabem como putadores principais da UFSC é muito antigo e não tem
fazem quando conseguem furar. condições de oferecer boa segurança. Márcio lembra, que háacesso?
um ano o NPD conseguiu rastrear alguns rackers. "E muitoHacker - Nada. O mais inte- ZERO - É preciso ser um difícil provar quem fez, por isso não se pode punir ninguém",resante é quebrar o sistema. Em expert? disse.
geral entramos) olhamos algumas Hacker - Depende muito da "Do jeito que a rede está ligada na Internet, run cara quesenhas e saímos) as vezes deixamos pessoa. A maioria fuça horas, estiver lá nos Estados Unidos, pode entrar no sistema da UFSCumapiadinha. Lá no CTC eu não aprende na cara e na corCllfem) só ", alerta André Mello, analista de sistemas do NPD. Segundoconheço ninguém quefoçaissopara mexendo) e isso leva algum tempo. ele, faltam equipamentos e programas mais modernos. "Nósalterar alguma coisa ou apagar Se a pessoa já sabe programar é
,
.
também ystamos sobrecarregados com os trabalhos para ad-dados. Ao contrário do que eles maisfiácil) ela conseaue entrar no '
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própriospensq,!1!ll1:i1JlJué11J:.t:?JPrallr . #st.ema eJazer o q1fç,Jf1f.Íft;1;,.· '.", _ill'-
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'iIÍ'iIIi'".·_·IiIiiI.·_.·...·.·iIII·.........·.''.... .._•.
Hackermostra q� ninguém tem segurança na rede da UFSe
ZERO - O sistema doNPD não é seguro?
Hacker - Com os recursos queeles têm o sistemapoderia sermuitomais seguro. E verdade que nin
guém tem segurança total, O quepode ser-feito é deixar tudo muitobem registradopara depois rastrearquefn fez. O programa que con
trola todas as informações da UFSCtem um sistema de segurança.Masele nâo é eficiente) temfalhas. Ejustamente essas falhas que procura-
mos, elas servem deportaspara acessar o sistema. A pouco tempo o
NPD descobriu uma dasportas) viaFTP (um das meios de acessso à Internet). Por ela nós tínhamos comoacessar amáquina quegerencia as
outras máquinas da UFSC) com
acesso a senha de todas as pessoasque utilifum o sistema) desde alunos a:» 'V reitor.Agora elesficharamessaporta. E toda vez que aconteceeles têm que recadastrar todomundo) perdendo muito tempopara isso.
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SérgioSeverino
Paulo deTarso
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* 1 !!In/9n - SUPORTE - JAIME STECKERT
O NPD atualiza diariamente um arquivo com todas as senhasdo sistema, desde coordenadorias de curso até o diretor doNPD. Os micreiros sóprecisam descobrir como retirar esse
arquivo via FTP (Internet).
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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZEIK)AGO95
Paulo
Henrique
,Paulo de
ITarso
ao Legislativo estadual, anualmente, um relatório "circunstanciado" das atividades doProdec e Fadesc, com o nome
das empresas beneficiadas, valores liberados e amortizaçõesrealizadas. Todas rejeitadas em
plenário. Aprovada nem mes
mo a emenda que incluía a Fed
eração das Micro e PequenasEmpresas de Santa Catarina -
Fampesc - no Conselho Deliberativo.
A composição do Conselho que administra o Prodec
pode ser elucidativa para se
compreender porque apenasgrandes empresas têm acesso
aos empréstimos. Além de trêssecretários de Estado e dois
representantes dos bancos re
gionais de desenvolvimento(Badesc e BRDE), compõem o
Conselho um representante da
Organização das Cooperativasdo Estado (Ocesc), um da Federação do Comércio (Fecomércio), um da Federação da Agricultura (Faesc) e um representante da Federação das Indústrias (Fiesc).
Empresas levam dinheiro fácilGoverno empresta dinheiro detributos sem juros e benificia os
grandes grupos econômicos
governo PMDB/
O PFL é considerado"de continuísmo"
_ pelos partidos de
oposição na Assembléia Legislativa - basicamente pelo PTPelo menos no que se refere à
política de incentivos fiscais issoé verdadeiro. O governadorPaulo Afonso Vieira (PMDB)precisava de uma arma para en
trar na "guerra fiscal" entre os
Estados, pela atração de investimentos de grandes empresasnacionais e estrangeiras. Mandou, então, ao Legislativo, umprojeto de lei (aprovado) fazendo apenas algumas alterações noprograma de Desenvolvimentoda Empresa Catarinense - Prodec -, que há sete anos vem
beneficiando grandes gLUPOSeconômicos de Santa Catare, 1
..
Um dos objetivos do programa é promover a desconcen
tração econômica e espacial dasatividades produtivas. Mas os
números dos últimos anos reve
lam outra realidade. Apenas cinco empresas abocanharam 71%de todo o dinheiro liberado peloProdec, nos últimos cinco anos.
As 10 mais aquinhoadas levaram 87,7%. As outras 21
empresas inscritas dividiam os
12,3% que sobraram. A Sadia,de Concórdia, é a primeira dalista dos empréstimos, tendorecebido R$3,15 milhões -
21,54% de todo o montante
emprestado pelo Estado de1990 a 1994. A Cerâmica Portobello, de Tijucas, recebeuR$2,09 milhões (14,3%); se
guida pela Akros Indústria de
Plástico, de Joinville, R$l,64milhão (11 ,21% ); Cerâmica DeLucca, de Criciúma, R%1,56milhão (10,68%) e Cooperati-
d}
va Central Oeste Catarinense, deChapecó, que levou R$I,55 milhão (10,66%). Os dados sâo do
próprio governo do Estado e sóforammostrados a pedido do deputado Carlito Merss (PT), quando da tramitação do novo projetoComissão de Finanças da Assembléia.
A principal mudança feita
pelo novo governo foi o aumentodo período em .que as empresaspodem tomar "emprestado" o dinheiro público, de cinco para 10anos, contado do início das atividades do novo empreendimento.O Estado devolve à empresa, durante 10 anos, uma parte do ICMSque, pressupóem-se, o novo investimento vá ge-rar. No primeiroano, a empresa fica com 75% domontante que deveria repassar soTesouro do Estado. No segundoano, fica com até 70%, no terceiro,até 60%, no quarto, até 50%, e
nos últimos cinco anos a empresase apodera de 40% do impostogerado. Como a verba emprestada tem que constar do orçamento, é o Tesouro do Estado que re
sponde pela quantia correspondente O montante do empréstimo não podê ultrapassar a 70%do valor do investimento, e o prazo para início da amortização (pagamento) - sem juros - da dívidaserá definido no regulamento do
programa, não podendo excedera cinco anos. O regulamento é quevai determinar as condições parao enquadramento das empresas noProdec. Por tratar-se de regulamentação de uma lei, não passará pelo crivo do Legislativo, sendo elaborado pelo governador.
Mesmo se passasse, os deputados de oposição pouco poderiam alterá-lo. O governo viu aprovadas todas as matérias de seu in-
Divisão dos Recursos do PRC'DEC
Fonte: Sec. de Estado da Tecnologia, Energia e Meio Ambiente
teresse desde o início do ano.
Não foi diferente com o Prodec.O deputado Carlito Merss ten
tou. Apresentou cinco emendas
para "democratizar" a administração do Fundo de Apoio ao
Desenvolvimento Empresarial deSanta Catarina - Fadesc. Foram
aprovadas na Comissão de Fi
nanças, inclusi.Jl'e com o voto dos
governistas. Mas aca't'>aram ficando de fora do parecer do relatordo projeto na Comissão de
Justiça, deputado Ciro Roza -
líder do PFL, partido que com
põe o governo do Estado. Na vo
tação e plenário, as propostas dopetista foram derrotadas, inclusive com os votos contrários dosgovernistas que as haviam aprovado, na comissão. Merss pretendia criar urna comissão fiscalizadora das ações do Conselho Deliberativo que vai administrar oFadesc, composta por um representante da Assembléia Legislativa, um do Ministério Públicoe outro do Tribunal de Contasdo Estado. Outra emenda exigiaque a Secretaria do Desenvolvimento Econômico encaminhasse
Tendo emprestado R$ 14,6 milhões nos últimos cinco anos,restam ainda cerca de R$ 90 milhões a serem divididos entre as
grandes empresas instaladas em Santa Catarina. A cervejar�a Brahma já recebeu R$ 1 milhão e está na fila de espera paramais R$60milhões. A Cerâmica Portobello - que já recebeu R$ 2 milhões -
está esperando mais R$12milhões, a Cooperativa Central do Oeste,R$ 7 milhões, e a campeã, Sadia, mais R$I,3 milhão. A Sadia é a
primeira na lista das mais abastecidas pelos empréstimos do governo do Estado nos últimos ?J10S - R$3,lmilhão.
Para liberar os recursos, o governo precisa incluir os valoresno orçamento do Estado. A suplementação orçamentária tem queser aprovada pela Assembléia Legislativa. A .pr�eira par�ela, apr.ovada no primeiro semestre, foi de R$ 15 milhoes, e SUSCItou a dIScussão sobre a necessidade de fiscalização na escolha das empresasque podem ter acesso' aos recursos do Prodec.
O deputado Carlito Merss (PT) apresentou emendas para alterar o projeto que criou o Prodec, mas ressalta que não é co?tra a
idéia. "Ninguém é contra o Prodec. Eu acho mesmo que o Estadotem que participar". Mas observou que, do jeito que está, o Prodecacaba concentrando renda. " As grandes empresas tem outras formas de conseguir empréstimos". Para ele, a derrubada das emendas que tentavam "democratizar" o programa "é um indício de,q�eo dinheiro público continuará indo para os grandes grupos_econorm-
Merss (P1) antecipa que vaifiscalizar-distribuiçãtnle.recursoli'· _ .•co�,_ ._-,_..-........ "'...... - .. _. _- _ _ .... _ - _
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Pan:idos brigam pelo TeECargo é estratégicopara a aprovação decontas das prefeituras de SC
Oano não tem eleiçãoe o Tribunal de Contas do Estado nãotem vida política,
mas há tempos os outros fre
qüentadores da Praça TancredoNeves não faziam tanta agitaçãopor um cargo público. Em um
mês e meio de negociações - al
gumas escondidas, outras nem
tanto - projetos foram desarquivados, o bloco governista se de
sentendeu, partidos brigaramentre si, a Constituição Estadual foi questionada e os funcionários públicos se rebelaram.Tudo aconteceu por causa doPMDB que, pela primeira vez,tem a chance de ocupar a vagade conselheiro.
Embora a ConstituiçãoEstadual obrigue o escolhido a
deixar todos os vínculos partidários, o PMDB não abremãode uma candidato só seu. Nas
palavras do líder do partido na
Assembléia. Manoel Mota, a
gula do partido fica clara: "OPMDB tem 106 das 260 prefeituras do estado. Esta é a forma de discutir de igual paraigual as contas das nossas administrações", disse o deputado. Aimportância da vaga pode ser
avaliada pelos números apresentados pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Estado de Santa Catarina (Sintespe), Antônio Battisti: "Em
1993, das 240 contas munici
pais rejeitadas pelos auditores e
técnicos, apenas 60 foram con
firmadas pelos conselheiros durante o Pleno". Enqu�to isso,a oposição reclama: "tJ fiscalizador não pode ser indicado
pelo fiscalizado", diz o deputado Carlito Merss, do PT
Conchavo -O PFL, quedá apoio ao governo na Assembléia' aceitou apoiar o PMDBnum acordo secreto. A condiçãoé que, numa próxima vaga, os
peemedebistas apóiem um can
didato pefelista. Mas o acerto
deixou de fora o P�DB e o PD�que também dão' apoio ao governo de Paulo Afonso, Revoltados com cJ descaso com
que foram�bp:letidos, os partidos resolveram se unir com parte da oposição, o PT Logo apósas três siglas receberam apoiodos funcionários do Tribunal,que há dez anos estão querendo mudar a forma de ocupaçãodo cargo. A grande brigadelesé tentar tirar o caráter políticoda escolha de Um conselheiro.Os funcionários pretendem incluir um nome de dentro do Tribunal para concorrer ao cargo.
A idéia não é nova dentro do TCE. Em 1985 o então
deputado estadual Edison Andrino (PMDB) apresentou urnaproposta para mudar o sistemade eleição que, na época, era
-- :Joa.g. vitalícioO Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina foi criado
em 1956 para acompanhar os atos de todos os órgãos da adminis
tração pública catarinense. Ele é responsável principalmente pelaverificação dos orçamentos municipais e estaduais. Para isto, analisa a legitimidade de editais, licitações, contas mensais e anuais,convênios e empréstimos. A auditoria tanto pode ser feita atravésda remessa obrigatória de documentos ao Tribunal como pode ser
deslocada para o município ou órgão em questão. Qualquer pessoafísica e entidade pública ou privada que utilize, guarde, gerencie,arrecade ou administre dinheiro ou valores públicos deve prestarcontas ao TCE.
.
Depois do exame técnico; o processo é entregue a um con
selheiro relator, que dá seu parecer sobre o trabalho dos auditores.Ele é encarregado, também, de apresentar o trabalho aos outros
seis conselheiros. Depois disso, as contas sâo levadas ao Pleno -
qu� é a aprovação em si. Em Santa Catarina, os conselheiros sãoindicados alternadamente pelo governador e pela Assembléia Legislativa.
No Paraná o processo é semelhante, mas nem todos os con
selheiros escolhidos dormem tranqüilos à noite. Na página 56 dolivro "O Estado e a Sobrevida da Corrupção", editado pelo Tribunal de Contas paranaense no ano passado, o conselheiro João Féderse pergunta como vai explicar aos seus netos sua nomeação pararun cargo público vitalício sem concurso.
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Escolha do co1lselheiro gera confusão entre as siglas
feito através da escolha livre do
governador. "Estranho que hojeo mesmo PMDB está querendomanter o método de eleição",compara o presidente do Sin
tespe. Na promulgação da
Constituição Estadual de 1989fieou decidido que a escolha se
ria alternada entre o Palácio doGoverno e a Assembléia. Em1990 um conselheiro se aposentou compulsoriamente aos 70anos e convocou-se a eleição quelevou Salomão Ribas Jr. ao
TCE. Nesta época, o deputadoAfonso Spaniol criou um projeto de lei que instituía concur
so público para o Tribunal, quelogo foi arquivado. Agora, forada gaveta, ele vem reforçar o ar
tigo 61 da Constituição, que dizque todo cargo público deve ser
preenchido através de concurso.Alternativa -Mas como
mudar a lei estadual não é umacoisa muito fácil, há uma outratentativa. Dentro da Assembléia existe uma resolução, a 48/90, que define o encaminhamento do processo dentro doPoder Legislativo. O presidenterecebe a comunicação do TCE,publica no Diário da Assem
bléia' institui-se uma comissão
que analisa os currículos e fazse a eleição, em dois turnos. Ovencedor é o que conseguirmaioria absoluta no primeiro ou21 votos no segundo.
Os parlamentares adeptosdo concurso público encaminharam uma proposta de reso
lução que continuaria deixandoa Assembléia encarregada da
ocupação da vaga. Mas de acordo com o projeto ela seria a res
ponsável pela administração dostestes. O difícil é aprovar umamedida destas, já que o PMDB,PFL e PPR somam 30 dos 40
deputados da Assembléia. A
oposição contabiliza seis votos.Mas mesmo se a· questão não-passar, a d�u��o.:vai continuo:
ar com o recém -fundado Fórum
para a Demo- cratização doTCE. Neste sentido, algunsdeputados do pró-prio PMDBtambém já admitem alternânciaentre concurso e escolha da Assembléia.
Mesmo com todos estes es
for�s ainda existem dissidências dentro da oposição. O Sin
tespe não concorda com a es
colha de um técnico do Tribu
nal, mas quer mudar a Constituição. O PT quer o técnico ouvai se abster da votação parlamentar. O PDT quer o con
curso público, pediu o desarquivamento de um projeto mas, aomesmo tempo, escolheu o ex
deputado federal Décio Knopppara participar da eleição daAssembléia. E ainda está prometendo mais dois nomes paraa disputa. Nesta confusão todao PPR não se manifestou, deixando para mostrar seu candidato na última hora, sem riscode desgastes.
Qualquer cidadão podeconcorrer, desde que siga o ar
tigo 61 da Constituição do Estado. Os pré-requisitos são conhecimento contábeis, jurídicos, econômicos, financeiros oude administração pública hámais de dez anos; idade entre
35 e 60 anos; idoneidade mo
ral e reputação indiscutível.Não é preciso ter nível superior. O cargo a ser ocupado não
pode ser mais tentador: doismeses de férias por ano, validação do tempo de serviço de outros cargos públicos, gabinetecom cargos comissionados, R$6,1 mil por mês fora os 6% so
mados a cada triênio, saláriovinculado ao de desembargador- que é vinculado ao de deputado estadual, vinculado ao defederal - e irredutibilidade devencimentos. Mas é o tal ne
gócio: a Constituirão não permite vínculo eleitoral.
Flávia
Rodrigues
MarceloSantos
ZE�AGO95
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
ZEROAGO95
AlexandreWinck
Paulo deTarso
o problema não é só o quanta vai se pagar, mas também
quantos terão condições de usufruir o sistema. Na Argentina200 mil consumidores de baixarenda ficaram sem energia elétrica só na Grande Buenos Aires,ern consequência da privatização.Entre 90 e 92 a tarifa argentinapassou de 22 para 77 dólares pormegawatt/hora. O pró-
. .
prw presI-dente CarlosMenem teve
que intervir.O presidentedo Sindicatodos Eletricitários deSanta Catar-
Ainda deve-se somar a issoo possível desemprego no setor.
Passos estima em 20 mil os em
nível nacional, 1.700 em SantaCatarina. Isso representa cerca demetade do quadro existente. Se
gundo ele, as demissões não têmnada a ver com empreguismo e
incompetência. "Vão sobreviversomente os cargos ligados estri
tamente à
Broduçao.Areas de
planejamento,e?genhana e pesquisa nãovinculadadiretamente à
•••••••••••••• receita de-
A privatizaçãodo setor na Argentina
deixou 200 mil
ina, MauroPassos, estima que no Brasil osetor tenha 20 milhões de con
sumidores de baixa renda. EmSanta Catarina, são 200 mil.
"Aqui eles pagam cinco vezes
menos que o consumidor co
mum por causa da tarifa subsidiada".
Descontrole- A discussãonão se restringe à tarifa. O governo brasileiro consegue aten
der 92% das localidades do paíscom energia elétrica exatamente
porque coloca instalações desse
tipo em lugares não rentáveis doponto de vista econômico. Abastecer a zona rural catarinensecusta, segundo a Celesc, entre30% e 40% mais que a urbana.Esse sistema atende a 30 milfamílias no estado.
vem desapa-recer", disse.Um dos pincipais argumen
tos em favor da privatização é a
falta de recursos estatais para investir em expansão. Além disso,o setor deve US$ 16 bilhões aos
bancos internacionais. .{fá previsões que apontam para uma
crise de abastecimento de ener
gia daqui a cinco anos. Oumenos. Segundo o governo, sãonecessários entre R$ 6 e R$ 7bilhões em investimentos até2010 ou 2015. Teriam que ser
aplicados R$ 3 bilhões ao ano,quando mal se consegue R$ 1,4milhões.
O que se esquece, ou se
omite, é que o estado subsidia a
tarifa das indústrias que, segundo Mauro Passos, é três vezes
Eletricidade deve ficar mais caraPaíses como a Inglaterra já chegam a discutir a reestatização
consumidores sem
energia elétrica
mais barata que a dos consumidores. "Só no ano passado foramR$ 8 bilhões de incentivos, maisque o suficiente para cobrir a necessidade de expansão", acres
centa Morozowski.Mesmo considerando que se
deve buscar recursos fora do governo, não é fácil incentivar a iniciativa privada a isso. O investimenta em novas usinas é alto -
só a constução da hidrlétrica deItá custa cerca de R$ 650 milhões - e o retorno não vem em
menos de 10 ou 15 anos. "Nenhum empresário gosta de investir nessas condições" diz Passos. Mesmo que o governoobrigue a iniciativa privada a
uma cota de investimento, nadagarante que os recursos serãousados no setor elétrico
Em relação às empresas quejá manisfestararn interesse em
obras, como a construção da usina de Jacuí, no Rio Grande do
Sul, o governo de estaria cedendo seu patrimônio por um preçomuito menor e sem o retorno
devido: "O estado já investiu R$500 milhões em Jacuí e a iniciativa privada entraria com os R$200 milhões que faltam, mas
sem a obrigação de devolver odi-nheiro já gasto. Eles teriamum grande patrimônio e fontede energia para suas indústrias
por um customuito mais baixo".A Excelsa, estatal do EspíritoSanto, foi privatizada por R$358 milhões, mas segundo os
sindicatos valia R$ 716 milhões.
Dívida do setor elétric._ chega a USS 16 bilhões. Épreciso investir mais de RS 6 bilhões nos-próximos 15 anos
3a que e costume aqruapontar os modelos
pra ticados no Primeiro Mundo como
exemplos, pode-se dizer que, aoprivatizar o setor elétrico nacional, incluindo a Eletrosul, o governo brasileiro está fazendo
algo que nem inglês quer maisver. Segundo pesquisas publicadas na revista britânica TheEconomist na segunda semana demarço deste ano, dois terços da
população da Inglaterra, considerada a terra natal do modelo
privatizador, são a favor da re
estatização das companhias de
água e energia elétrica. Somentetun quarto dos ingleses considera positiva a venda do setor
elétrico.Essa rejeição britânica nâo
tem origem num debate ide
ológico de esquerda, mas em fatos concretos e econômicos. Se
gundo Marciano Morozowski
Filho, professor do Laboratóriode Planejamento de Sistemas de
Energia da lJFSC, a tarifa inglesa ficou mais cara com o fim dosubsídio estatal: "antigamente a
taxa de retorno do se-tor elétrico britânico não passava de 8%,às vezes até 5%. Com a privatizaçâo, essa taxa passou para até12%. Isso resultou num aumen
to de 45% a 50% na tarifa. É o
que vem acontecendo com os
serviços privatizados no mundo.inteiro, apesar das promessas doseconomistas brasileiros de quetudo será "melhor e mais barato".
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
- -
r
Fórüm debate normas ISO 9000Número excessivo
de instituiçõescertificadorasdificulta padrãointernacional
Número de certificados
entregues naAmérica do Sul
Criadasem 1987
para controlar e
estabelecer padrõesde qualidade inter-
nacionais, as normas da sérieISO 9000 tornaram-se febre noBrasil. Nos últimos cinco anos,810 certificados foram concedidos a empresas brasileiras, 14deles em Santa Catarina. No
entanto, o fato de ter um certificada não garante a sua aceita
ção no mercado externo. Agora, um grupo de 12 países, entre eles o Brasil, estuda a criaçãodo IAF, sigla em inglês doFórum Internacional de Certifi
cação. O lAP reuniria os sistemas de certificação existentes emcada país para, dessa forma, reconhecer todos os certificadosemitidos por eles entre os países participantes.
No Brasil, há o SistemaBrasileiro de Certificaçâo, quereúne seis institutos certificadores controlados pelo Inmetro,Instituto Nacional de Metrologia, Controle e Qualidade. Existem, porém, em torno de 16outros institutos que não pertencem ao SBC. No caso da cri
ação do IAF, estes institutos teriam de se submeter a auditoriado Inmetro para garantir o seu
reconhecimento. Segundo Waldir Algerte, coordenador do Comitê Brasileiro de Qualidade,isso acontece porque muitas or
ganizações certificadoras saomultinacionais.
Hoje, uma empresa que
ArgentinaColômbiaChileVenezuela
ZEROAGO95
queira obter urn certificado esco
lherá no mercado urn instituto
para realizar a auditoria, que deveficar em torno de R$ 10mil. Este·ano, até agosto, foram emitidos215 novos certificados da sérieISO 9000 no país. A continuar a
tendência desse número dobrar a
cada ano, em breve o Brasil estará a frente de países como o Canadá e o Japão. E fácil entenderos motivos desse crescimento.Desde 1990 o governo brasileiroe suas empresas só assinam con
tratos com quem tiver o certificado,como forma de estimulara melhora na qualidade da indus-
tria nacional. Multinacionais instaladas no país, como as mon
tadoras de automóveis, tem o
mesmo nível de exigência. Alémdisso, o mercado internacionaltem ficado cada vez mais exi
gente. Na atual conjuntura, como câmbio desfavorecendo a indústria exportadora, a regra ébasica: quem não tem preço, aomenos precisa ter qualidade.
Na verdade, ISO é a siglade International Organizationfor Standatization, responsávelpela criação e sistematização dasnormas. Existem especificaçõespara quase todos os tipos de ativi-
dade industrial. No Brasil, a
adaptação das regras fica a cargoda Associação Brasileira de Normas Técnicas. Além disso, háainda os códigos que especificamque fases da produção possuemqualidade total. O código ISO
9001, por exemplo, certifica a
qualidade desde o projeto até a
inspeção fmal do produto. Já o
ISO 9002 certifica apenas a linha de produção e o produto final' enquanto o ISO 9003 levaem consideração somente a ins
peção fmal. Ao lAP devem ain
dajuntar-se as grandes indústrias automobilísticas.
Certificados distribuídos --l ap.",ão ambientai400
A fim de controlar a qualidade da produção em termos de conservação ambiental, está sendo criada a série de normas ISO 14000.O novo conjunto de critérios pretende fazer com que as empresasse vejam obrigadas a adotar políticas de proteção ao ambiente devido as forças do mercado. Inicialmente previstas para este ano, as
novas normas devem aparecer apenas em 96 devido a dificuldadeem se estabelecer padrões internacionais.
Em Santa Catarina, o Departamento de Engenharia Sanitáriada UFSC e a Fiesc/Senai criaram o PQAIC, Programa de Qualidade Ambiental na Indústria Catarinese. O programa procura adequar as empresas catarinenses a futura série ISO 14000. Atualmente o PQAIC está procurando sensibilizar os empresários danecessidade de prevenção da poluição. As indústrias que aderiremao programa passarão por cinco estágios. Além dos recursos dasinstituições, as empresas também contribuirão com urna taxa deadesão e o pagamento de mensalidades.
Baseada na experiência inglesa de gestão ambiental, a ISO 14000traz o conceito de reduzir a poluição ainda na origem, e não no
tratamento de afluentes. Segundo o professor Fernando Sant'Anna,responsável pelo PQAIC na UFSC, além de diminuir o impactoambiental as empresas terão retorno fmanceiro, com a redução decustos.
350
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1990 1991 1992 1993 1994 1995/1
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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
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Secretaria não cobre-rombo",'
no SUSFalta de investimentos e mau gerenciamento de recursos descontentam médicos, que ameaçam parar
A tentativa do governofederal em melhorara saúde pública com
a criação do SistemaÚnico de Saúde
(SUS) em 1988, está fracassandoem Santa Catarina. O número deusuários aumentou e o investimento do Estado, maior financiador,não acompanhou o mesmo ritmo.A parcela da população que ficavamarginalizada, por não contribuircom o INPS, adquiriu o direito derecorrer aos hospitais públicoscom a implantação do SUS. Dados cruzados do IBGE e da Secretaria Estadual de Saúde indicam
que dos mais de 900 mil segurados do INPS em 1988, a rede
pública de saúde passou a ter que"garantir atendimento" a cerca de80% da população atual do esta
do, cerca de 3,8 milhóes de pessoas. Além disso, paga-se hoje 50dólares por habitante," quando a
estimativa mínima é Y1c 180
dólares/pessoa.Um dos maiores problemas é
a defasagem da tabela de pagamentes de serviços do SUS. Osmédicos recebem míseros R$ 2,04por lU11a consulta. Atendimentoclínico corn observação: cincoreais. Parto: 130 reais. Como es
sas cifras não cobrem os custos,
alguns hospitais resolveram cobrara diferença do usuário. Mas uma
ação civil pública olvigou-os a
voltar atrás. Proibidos de recebero dinheiro, muitos médicos re
cusam -se a atender conveniadospor tão pouco. O presidente da
Federação Nacional dos Médicos,Eurípedes Carvalho, e confirmouque se o valor das consultas nãofor aumentado para pelo menos
dez reais a categoria pode entrar
em greve. A paralisação está prevista para o dia 18 de outubro, Diado Médico.
O mau gerenciamento dos recursos da saúde somados a essa
diferença entre o que se gasta e o
que se recebe do SUS provocaram um rombo nas contas da Secretaria Estadual de Saúde. O déficité de4,5 mi-lhões de reais por mês.Só o.Hospital Regional de SãoJosé é responsável por 23% do déficit médio. Outro agravante é o
famoso atraso no pagamento. Osfornecedores aumentam os preçose fica mais complicado cobrir as
dívidas.Para complicar um pouco
mais, o número de AIHs (Autorizaçôes de internação hospitalar) foireduzido em março. Por ordem doMinistro da Saúde, Adib Jatene, opercentual que era de 10% da po-
Déficit do Sistema Único chega a R$ 4,5 milhõespor mês.
pulação, passou para 9%. Comisso, o estado teve duas mil autorizaçóes cortadas. O ministro man
teve a determinação porque con
siderou que as autorizações nãoeram necessárias, já que não houverer;amaçóes .
Mesmo assim, a diretoria deum hospital de Tubarão suspendeuo atendimento pelo SUS alegandofalta de AIHs. O Nossa Senhorada Conceição ultrapassou a cota em
629 autorizações. O problema, segundo a diretoria, é que os mu
nicípios da região administram malo número de AIHs e em Tubarãonão há atendimento básico durantetodo o dia.
O <fue a direção do Nossa Senhora da Conceição observou a
populaçâe sente todas as ve-zes queprecisa de atendimento. Apesar deexistirem 48 centros de saúde em
Florianópolis, praticamente um
para cada localidade, os postos nãofuncionam como deveriam. Sãofechados à noite e nos fins de sem
ana e faltam servidores e médicos.Resta à população migrar para as
emergências dos hospitais e superlotar os corredores. E o mais alarmante é que 80% des-ses casos poderiam ser resolvidos em ambulatórios.
Mas o grande vilão da crise na
Saúde. O ex-governador, Vilson Kleinub
ing, também contribuiu para isso e con
centrou na Secretariatodo o Departamentode Compras Q!9S Hos
pitais.Para evitar gigan
tismos como esse estásendo testada uma versão radicalizada doSUS. Na chamada gestão semiplena os mu
nicípios ficam responsáveis pela admi -nis
tração de todos os re
cursos da saúde, sem
nenhuma interferênciado estado. Se o modelo for a -Iotado na mai
aria dos municípios, a
Secretaria Estadual deSaúde ficará apenascom a função norma
tiva. Por enquanto, sóBlumenau, Jaraguá doSul e Joinville fazem
parte da lista nacional
que tem 43 cidades. O que cor
responde a 1,1% dos municípiosde Santa Catarina que estão en
tre os três tipos de administração(incipiente, parcial ou semiplena).
Depois de esperar 90 dias em Lages Inair veio à capital engessar a pernasaúde é consequência de uma falha no processo de municipa-lização. Quando o projeto começou,o governo federal repassou aos es
tados, e depois aos municípios, aresponsabilidade de gerenciar e
financiar parte do sistema. Só quea administração dos recursos fmanceiros não veio junto. O que na
prática faz com que os hospitais e
postos de saúde continuem dependentes da Secretaria Estadual de
Falta de funcionários contribui com colapsoAlém dos poucos recursos e
do crescente processo de sucatea
mento, a saúde pública em SantaCatarina sofre com um problemaque não poderá ser resolvido a
curto prazo ou com alguma solução "milagrosa": a falta de funcionários. A escassez de técnicos e
auxiliares de enfermagem man
têm fechados mais de 800 leitosem perfeitas condições de uso na
rede hospitalar do estado. O governador Paulo Manso tentou re
verter a situação autorizando a
contratação, sem concurso público, de 1. 303 funcionários para a
saúde, mas não conseguiu preencher nem a metade das vagas e
causou uma demissão em massa
na rede municipal.Sentada em lnna cadeira de
ferro na emergência do HospitalFlorianópolis, a dona de casa
Elivete Prazeres tenta chamar a
atenção de um dos apressados enfermeiros que passam pelo corre
dor. Ela quer ajuda para levar seuirmão ao banheiro. Elzo Prazeresé diabético e há dois dias dormeem uma .maca estreita no canto
direito do corredor. De um lado,a sala de pediatria, de onde vem
o som de um constante choro decriança, do outro, uma carrinhode mão enferrujado, com váriasferramentas de pedreiro, queninguém sabe bem o que esta fazendo ali, em uma emergênciade hospital. Os enfermeiros nãodão atenção a Elivete. O dia estámovimentado. Enquanto elaresmunga que o que desejava erater um quarto para internar seu
irmão, 761eitos novos, que ainda não foram inaugurados, es
tão fechados no Hospital CelsoRamos.
A cena se repete todos os
dias na rede pública. Não ex
istem funcionários para colocarem atividade todos os leitos queo estado dispõe. Não há mão deobra suficiente para ocupar todos os cargos, e a que existegeralmente migra para a iniciativa privada. Em Florianópolis,por exemplo, apenas duas esco
las formam técnicos de enfermagem, principal escassez na rede.Em uma delas, o estudante pre-
cisa pagar cerca de R$ 100 mensalmente durante três anos paradepois que se formar" ganharpouco e trabalhar muito", comodiz Rosa Azevedo, uma auxiliarde enfermagem da rede pública.Ela explica, ao seu ver, porquenão existem mais profissionais nasaúde. " Trabalho seis horas pordia com o que há de mais horrível na vida. O tempo todo eu
vejo as pessoas sentindo dor, sofrendo, com as piores doenças,para chegar no final do mês, depois de fazer dezenas de horas
extras, e ganhar R$ 600"
Milagre - No dia 23 de Junho em uma cerimônia que reuniudezenas de pessoas na Secretariade Saúde, Paulo Manso Vieiraassinava a medida provisória 63/95, autorizando a contratação de1.303 funcionários, a grandemaioria técnicos e auxiliares de
enfermagem ( 1260 ). Ao seu
lado, sorridente, o secretário da
pasta, Ronald Fiúza, anunciavao milagre.
" Vamos reabrir o
equivalente a três grandes hos-
pitais". Passados dois meses pouco coisa mudou, e o que mudoufoi para pior. O estado vai con
seguir reabrir alguns leitos, masem contra partida postos desaúde estão fechando turnos e diminuindo o número de atendimentos.
A abertura de vagas na redeestadual causou uma demissãoem massa na rede municipal desaúde em Florianópolis. Um mês
após a assinatura da MP, a Secretaria de Saúde da capital contabilizava um total de 56 pedidosde exoneração entre os técnicose auxiliares de enfermagem (41% do quadro ). Incentivadospelo salário oferecido pelo esta
do - o dobro que o do municí
pio - e pela facilidade em assinaro contrato, os funcionárioscomeçaram a deixar os postos desaúde. A prefeitura tentou ame
nizar o problema oferecendouma gratificação de 50% sobreos vencimentos, mas o sindicatoameaçou greve caso a bonificação não fosse estendida a todose o governo municipal recuou.
Médicos do interior cobramcaro e pacientes invadem as
emergências de FlorianópolisDeitada na ambulância; em
frente ao Hospital Universitário, aagricultora Inair Rosa de Moraes,46 anos, reza com a esperança de
conseguir um médico para engessar sua perna, quebrada há 90 diasdurante um acidente automobilístico. Marido e filho tentam explicar a situação para a funcionária da
emergência, que escuta novamentea triste história dos pacientes quesâo despachados para Florianópolis pelas secretarias de saúde mu
nicipais. "Essa é nossa últimachance de conseguir atendimento.Em Lages ela já ficou dois meses
internada no hospital Nossa Senhora dos Prazeres e médico avisou que só faria �gllll1a coisa se o
serviço fosse pago. Estamos aí foracom uma ambulância de CampoBelo do Sul, emprestada peloprefeito de nossa cidade". A situ
ação causa desconforto para os
médicos do H.U.,que estão com
emergência lotada e sem ortopedista de plantão. Dona Inair teve quebater em outro hospital da capital,o Celso Ramos, e depois de trêsmeses convivendo com a fratura vai
para a mesa de cirurgia. Os médicos vão quebrar sua perna nova
mente, já que tanto tempo sem
atendimento provocou uma calei
ficação no lugar errado.O vaivém de ambulâncias do
interior virou rotina nos hospitaisde Florianópolis. De acordo com
um levantamento extra-oficial feito
pelos funcionários das emergênciasda cidade cerca de 20 pacientes chegam diariamente em carros das
prefeituras. "O principal problemaé gue as secretarias de saúde mu
nicipais não comunicam o envio de
pacientes para nós",explica a vicediretora do H.U., Marluccia GraceBrusa. Para resolver esse tipo de
problema a direção do hospital emconjunto com o reitor da UFSCelaborou um documento, envia-,do as prefeituras do interior doestado no mês de julho, apontando um série de medidas prévias an
tes do envio dos pacientes para a
capital. Entre as recomendaçõeseles pedem que essa medida sejatomada apenas em casos graves,que não possam ser tratados nos
hospitais do interior, e comunicada antes para que se possa prepararuma recepçao para o doente. Durante o primeiro mês após o co
municado o problema diminuiu,mas agora a situação está voltando a preocupar os diretores dos
hospitais.Um exemplo de que esse tipo
de "solução" ainda é rotineiro sãoos 14 mil quilômetros percorridospela ambulância do município de
Urussanga, Sul do Estado, noprimeiro mês de uso. "Tem dia queeu chego a trazer 10 pacientes deuma só vez para Florianópolis ou
Porto Alegre", revela Francisco,. �dchado, 33 anos, há dois como
motorista da secretaria de saúde.Ele explica que várias pessoasprocuram a prefeitura tentandourna vaga na ambulância para ser
em atendidos em Florianópolis, jáque os hospitais da região estão
querendo cobrar pelos serviços."O negócio dos médicos lá é di
nheiro", dispara. Reforçado a sua
tese, a paciente do dia explica quefoi obrigada a operar sua pedra navisícula em Florianópolis porqueos médicos de sua cidade queriamcobrar R$ 300' pelo serviço. Interrompendo a conversa o motor
ista da ambulância liga o carro e
se desculpa. "Estou com pressa,afinal devo fazer mais umas duas
viajes hoje".
Ambulâncias trazem pessoas de todas as cidades do interior
LuclaneLemos
DiógenesBotelho
YanBoechat
Paulo deterso
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95
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
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"ha�
SérgioOliveira
MarceloSantos
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Ajuda a drogadosesbarra em lei federal
Gapa quer distribuir seringas paraimpedir o avanço da Aids entre os
consumidores de drogas injetáveiso início deste mês a
AI Polícia Federal a
briu um inquéritocontra a presidente
do Gapa (Grupo de Apoio e
Prevenção à Aids), Helena Pi-
res, porque ela estaria distribuindo seringas descartáveis parausuários de drogas injetáveis.O Confen (Conselho Federalde Entorpecentes) havia auto
rizado em setembro do ano
passado a troca de seringas usa
das por novas. Mas o projetonão chegou a ser posto em prática porque contraria a legislação vigente no país.O Gapa passou a distribruir serin
gas para tentar reduziro númerode pessoascontaminadas pelo vírus da Aidsdevido ao
uso de dro
gas injetáveis. Entre1984 e a
gosto de1 9 9 5 ,
Rosa é contra a distribuição42,3% doscasos registrados em Santa Catarina foram de usuários desse
tipo de droga. É o mesmo
percentual de doentes portransmissão sexual.
Segundo o assessor de co
municação da PF, Ildo da Rosa,além de ilegal a ação não surtiria efeito. Só neste ano já foram apreendidas cerca de 3 milhões de doses de cocaína em
Santa Catarina. Cada dose évendida por R$ 15,00 e coritém 0,5 e 0,8 gramas da dro
ga. A seringa, que pode ser facilmente adquirida em qualquerfármacia, custa R$ 0,50.
"No momento a instituiçãonão tem infra-estrutura para desenvolver um programa eficazcontra as drogas injetávéis e a
possível contaminação com o
vírus HIV", afirma lIdo. "O
problema é que a legislação e o
Estado brasileiro têm apenasuma resposta penal para o problema, não encaram o usuáriocomo doente. Já cansamos derodar duas ou três horas com
um dependente em estado ter
minal dentro da viatura, e ne
nhum hospital o aceita parainternação" .
O caso de Helena Pires estásendo investigado pelo Conselho de Entorpecentes, do quallIdo Rosa faz parte, com baseno artigo 13 da Lei 6368/76.O artigo diz que é crime distribuir, mesmo que gratuitamente, instrumentos ou objetos quevisam preparar substâncias en
torpecentes ou que causam de
pendência física e psíquica. Sefor condenada, Helena Pires
poderá paga!frde 3 a 15 anos de
prisão.A distribuição de seringas
é adotada oficialmente em al
guns lugaresdo Brasil, apesar de ilegal, eespecialmenteno exterior.Em São Pauloso Centro de
Orientação e
Ac ons elhamentoemDo
enças Sexualmente Transmissíveis e
Aids distribui
seringas desde1993. A decisão foi tomadadiante dos im
pressionantesíndices de con
taminação, numa tentativa deevitar a propagação da doença.
Desde novembro de 88,Nova Iorque vem desenvolvendo um programa de distribui
ção de agulhas. Patrocinado
pela Secretaria de Saúde o
"Needle exchange programme"prevê a distribuição de agulhaspara viciados, mediante a con
cordância destes em submete-rem-se a um tratamento paralelo de desintoxicação. Segundo os idealizadores do projeto,
os estados norte-americanosonde há maior incidência tan
to de viciados em drogas intravenosas quanto de aidéticos são
justamente Q)s 19 onde a vendade seringas, sem receita médica é proibida. Este grupo inclui Nova Iorque,jJova Jersey,Massachussets e a Califórnia.
N a Suíça, um dos paísesmais ricos do mundo, é possível encontrar os "junkies",como são chamados os viciados em heroína, aplicando a
droga (dando pico) em plenodia. As 15 mil seringas descartáveis distribuídas todo diana estação de trem abandonada de Letten acabaram reduzindo a velocidade com que o vírus HIV vinha se espalhandona cidade.
Para Rosa a diferença cultural existente entre o Brasil e
países que liberam drogas émuito grande. Isto, aliado ao
fato de que a droga injetávelmais usada no exterior é a he
roína, enquanto no Brasil é a
cocaína, nos mostra que exem
plos como o da Suíça não se
aplicam ao nosso país. "Nosúltimos anos o aumento doconsumo de drogas trouxe consigo outro grave problema, oaumento da violência. Atitudescomo a da presidente do Gapachocam-se com a essa missão,conclui Ildo.
Compartilhar seringas é a segunda maior causa de contágio
�ormmde
conto�io
Insetos e ácarosnos pães deFlorianópolis
Um estudo da farmacêutica e bioquímica Kárin de Brida concluiu que 92% dos pãesproduzidos em 25 das 47 pa_darias de Florianópolis possuio número de fragmentos de insetos acima do permitido pelalegislação. Além disso, algunsdos exemplares colhidos foramelaborados à base de ingredientes nada saudáveis, como porexemplo) partículas metálicas,insetos inteiros e ácaros. Se
gundo a resolução da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos, os ce
reais e seus derivados devemestar livres de sujeiras, larvas e
parasitas e conter no máximo30. fragmentos de insetos em
cada 100g.O pão é o alimento mais
consumido em todo o mundo.Só no Brasil, 300 milhões de
pãezinhos são devorados a cada24 horas. Ao lado dos biscoitos,o pão integra a dupla de derivados do trigo mais consumidaem todos os níveis de renda da
população (62,8%). Nas classes com maior poder aquisitivo,o percentual aumenta para75%. Mas esta fonte barata e
simples de se obter nutrientes
pode estar ameaçada. A farinha de trigo sofre em toda parteas infestações de pragas, queiniciam seu ataque no campochegando ao pão nosso de cadadia.
Os fragmentos de insetosencontrados são característicosdos grãos armazenados queaparecem durante a moageme os parasitas surgem de uma
contaminação posterior. A sim
ples manutenção dos equipamentos de moagem e o uso deeletroimãs poderiam minirnizar o problema.
Simone FritscheAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
�
L01I.pre um pedaço do paraísoConstrução deum muro nas
dunas revoltaos matadoresdo Santinho
Apraia do Santinho
acompanha mais umaqueda-de-braço promovida pela indife
rença dos órgãos públicos à
aplicação da lei. Um muro deconcreto com um metro dealtura está cercando 300 rn? deuma duna, classificada como área de preservação permanentepelo Código Florestal brasileiro. A construção é ilegal e a questão deveria ser simples, mas a
confusão nos registros da prefeitura deu espaço à polêmica.
Tudo começou em 1992,quando a empresa JowilândiaEmpreendimentos Imobiliáriosvendeu lotes que desrespeita,vam o espaço natural de deslocamento das dunas. No Santinho, o campo de dunas movimenta -se para o norte de quatro a nove metros por ano. A
vegetação fixadora impede o
deslocamento da areia para o
oeste e a conseqüente invasãoda área urbanizada.
O engenheiro Paulo Roberto May, alto funcionário da
Celesc, comprou um dos ter
renos vendidos pela Jowilândia.Construiu uma casa de dois an
dares e a pintou com a cor da
areia, "para não agredir o meioambiente". Depois de concluira casa, resolveu cercar o terreno
que the seria de direito. Visivelmente avançando sobre a praiaem relação às casas vizinhas, eleiniciou a construção de uma
mureta de concreto em cimadas dunas.
Revoltada, a comunidade
já destruiu a obra algumas vezes, mas os pilares sempre voltam a ser erguidos. ''A PolíciaAmbiental já esteve aqui quatro vezes em busca do flagrante,mas o engenheiro está usandosua influência para conseguir oque quer", acusa o presidenteda Associação de Surf dos In
gleses/Santinho, ReginaldoFerreira. Numa das visitas, os
fiscais da Polícia Ambientalconstataram a agressão ao meioambiente e notificaram o proprietário.
O secretário de Urbanismoe Serviços Públicos, Rubens
Basso, garante que a obra está
embargada, tanto pela SUSPcomo pela Polícia Ambiental,até que um dos lados envolvi-
o terreno do engenheiroMay está legal segundo a prefeitura, mas transgride a lei ambiental
dos apresente illÍ1 laudo técnico confiá-vel. Ele ressalta que,de acordo C01lê o Plano Diretor de 1985, o terreno de Mavestá fora daS área classificadacomo de preservação permanente. "Mas apresenta visíveiscaracterísticas que demonstramo contrário. Essa situação se altera em função da própria açãodo homem", ressalta Basso, queadmite a confusão em torno da
questão dos limites.
Especulação criminosa
May diz que quer apenas proteger a duna, porque estariam"roubando areia" dela. Ele concorda que a questão é polêmica. "Na verdade, ninguém sabe
quem está com a razão", diz.Os limites definidos pelos registros da prefeitura estão em
linha reta, enquanto as dunas
ocupam um espaço irregular.Com a mobilidade das areias,a situação complica-se aindamais. A solução de bom senso
seria seguir a linha das casas jáconstruídas, mas cada novo
morador avança um pouco em
direção à praia."Não entendo o porquê
dessa pressão. Estou aberto a
negociações", diz May. Ele ar
gumenta que a duna em questão servia de caminho até a praia para os pedestres, mas depoispass�u a ser invadida por veículos motorizados. Foi aí que re
solveu "protegê-la". "Os pilaresde concreto servem apenas parasustentar a tela que abrigaráuma cerca viva", defende-se.
A polêmica não acaba poraí. Também foram colocados
postes sobre as dunas, do localonde a mureta está sendoconstruída até cem metros dedistância. Embora a instalaçãoda rede elétrica tenha sido em
bargada pela prefeitura, foi efetivada pela Celesc, local onde
May trabalha. Pura coincidência, segundo ele. "Não usei minha influência em momento al
gum", garante.A esposa do engenheiro,
Marilú CampagnerMay, é geógrafa. Ironicamente, ela es
creveu no ano passado uma tese
de pós-graduação intitulada
"Impacto das obras públicas emnúcleos tradicionais", ondeanalisa justamente o caso dasdunas. ''A praia dos Ingleses ca
racteriza-se por apresentar uma
variedade de ambientes de altovalor paisagístico. Este patrimônio natural vem sendo con
tinuamente delapidado p�la expansão urbana, colocando em
risco a qualidade de vida", diag-
nostica Marilú na tese.
O trabalho também cita es
pecificamente a região do Santinho em que está a casa de ve
raneio da própria autora e deseu marido. "Neste local, localiza-se wn campo de dunassrtni-estabilizadas. A ocupaçãodesordenada destas Areas con
stitui-se num fa- tor de altorisco, com ameaça iminente desoterramento das áreas contí
guas". A géografa conclui que"o poder público assiste impotente a esta urbanização" e "a
especulação desenvolvida na
costa, através do arrasamento
mecânico das dunas e conquista de espaços para loteamento,chega a ser criminosa".
//
MaurícioOliveira
MaurícioOliveiraOspilares, com um metro de altura, cercam 300m] de dunas
ZEROAGO95
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
o maquiador de cadáveresHá 17 anos, Pedro
Paulo costura,lava, veste, bota no
t .alh�' caixão e desp��haf;�%mrerJ para a funerária
ZEKDAGO95
JosemarSehnem
Paulo deTarso
rem gente que não gosta de entrar em ce
mitério, outros se ar
repiam só de pensarem tocar numa pessoa morta.
Imagina então, cortar, examinar' costurar e vestir um
cadáver. Pois é isso que faz há17 anos Pedro Paulo da Cunha,de 50 anos, o mais antigo auxiliar de necrópsia do InstitutoMédico Legal de Florianópolis."Foi uma jornada difícil, no início tive que lutar contra mim
mesmo, contra a dor de ver tantos corpos, e imaginar que talvezpudesse ser a esposa ou um filho, e a tristeza de estar ao ladodos parentes das vítimas". Hojeem dia enfrenta tudo com natu
ralidade, mas ainda se esquivaquando tem que necropsiar umacriança. "'Fazer' criança é difícil",diz.
•
Pedro Paulo tem mOb:-IOS
para não gostar de mexer em
criança. Ele conta que há algunsanos, muna tarde de Natal, ao
mesmo tempo em que fazia
necrópsia muna menina de nove
anos, várias outras crianças brincavam numa escola próxima ao
IML. A situação provocou lágrimas, e neste dia ele tomou um
porre. Bebeu muito no início dacarreira, durante 10 anos. "Nãodurante o serviço, só depois do
expediente."
Casado há trinta anos, paide quatro filhos, Pedro Paulo se
diz católico, crente no espiritismo e na vida depois da morte.
Se não trabalhasse com necrópsia, freqüentaria centros espíritas. Não o faz para "não misturar as coisas". Segundo ele,por causa do trabalho, mexen
do e mutilando corpos, sofre influências dos espíritos. Ele acha
que os três derrames que so
freu, o último há dois anos, são
conseqüências dessas influêneras.
Antigamente, à noite, durante os plantões, Pedro Paulocostumava: ouvir máquinas de
datilografia batendo, passos nosandares superiores, caixas caindo e geladeiras batendo as portas. Se arrepia quando fala nisso. Tudo acabou quando foicolocado um crucifixo na portada sala de necrópsia.
Antes de entrar para o
IML, Pedro Paulo trabalhoudurante 10 anos no HospitalCelso Ramos- nove na cozinhae um na farmácia, que ficava
próxima da sala onde eram
guardados os cadáveres. Mas Se não aceitasse esse trabalho ele acha que hojepoderia estar desempregado
Passos eportas batendo até hoje arrepiam Pedro Paulo
ele nunca quis passar perto dolocal porque tinha muito medoe nojo. "Parece castigo", diz.Quem o
1 e v o u
soas, ficou em terceiro lugar e
ocupou uma das três vagas.A primeira vez que entrou
numa salade ne
c ró
ps i a ,
foi paraassistir aotrabalhodo colegaque o le-
para ()
IML foi "A parte mais difícil é océrebro. Corto o couro
cabeludo de uma orelha a
um cole
ga queinsistia
para que A.'
bfizesse o outra. O cranto e a ertocontursode auxil- com uma serra elétrica ".lar den e cr
ó
psia. Nodia da inscrição não tinha dinheiro e foi isento da taxa. Fez oconcurso com mais duas pes-
vouparaoIML. Erauma mul
...................................her quetinha sidobaleada
pelo marido. O projétil entroupelo ombro e foi parar no
pescoço. Para localizar a bala e
retirá-la, foi preciso cortar o
braço da mulher. "E eu ali venda tudo", lembra. Pedro Paulo
quis desistir e ir embora, mas o
amigo insistiu para que ficasse.
Depois de acabado o serviço, osdois foram tomar cerveja, e
naquela noite beberam mais deum engradado. Pedro saiu dobar convencido de que aqueleera o seu futuro. ''Ainda bem
que aceitei trabalhar, talvez es
tivesse sem emprego hoje."A parte mais difícil de ser
necropsiada é o cérebro. Segundo Pedro Paulo o couro cabeludo é cortado no topo da cabeçade uma orelha a outra. Em
seguida, uma parte é puxadapara frente e a outra para a nuca.
O crânio é cortado com uma
serra elétrica, deixando o cérebro à mostra para ser examinado. Todas as necrópsias são
acompanhadas por um médico
legista. "O meu trabalho é abrir o corpo e auxiliar o médicono exame. Ele faz o laudo e vaiembora. Aí eu costuro, lavo, visto, boto no caixão e entrego paraa funerária", explica.
Durante esses anos todostrabalhando no IML, Pedro Paulo presenciou vários fatos incríveis. Um deles, o mais irn
pressionante, aconteceu quando"fazia" um soldado que tinhamorrido afogado. Acabada a
necrópsia, Pedro Paulo ouviu o
sargento que acompanhava o
corpo do recruta dizer ao
cadáver: "Eu não disse pra ti
que eu ia te dar a farda nova só
quando tu morresse, pois aquiestá tua farda." Neste momen
to, o corpo do soldado começoua sangrar. Pedro Paulo lavou o
corpo, mas ele continuou sangrando. Teve que vesti-lo e o cor
po foi levado embora assimmesmo.
- ,, ..
... f.,� J
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Pedalando 8.200 km na Europa•
Catarinense
pretendepercorrer 12
, .
patses em sets
meses
Marcossena apenas
mais um brasileiro na
Europa se não tivesseresolvido juntar as
três coisas de que mais gosta:bicicleta, viagem e aventura. Otriatleta de FlorianópolisMarcosHenrique Oliveira Pinheiro parteno dia 26 de agosto para Viena,na Austria, onde começa um girode seis meses pela Europa em
cima de umaMountain Bike.Pinheiro tem 27 anos e é
formado em Educação Física
pela Universidade Federal deSanta Catarina. Já foi vicecampeâo catarinense de duathlon,prova em que o atleta corre partedo percurso a pé e parte de bicicleta." A maioria das pessoascom quem conversei sobre o projeto perguntavam sobre o meu
pre-para físico e o meu inglês",dizMarcos." Sãoduas coisas com..- "
as quaIS eu nao me preocupo.O ciclista vai precisar mes
mo de fôlego para terminar a
aventura. São 8.200 quilômetrosde estrada; passando por 93 cidades em doze países e pedalando de 40 a 140 quilômetros ,pordia. A viagem começa na Austria, seguindo pela RepúblicaTcheca, Alemanha, Holanda,Bélgica, Luxemburgo, França,Espanha, Portugal, novamente
(},\,,\�� i)�4
_,
Marcos vai levar apenas a bicicleta e 18 kg de equipamentos
Espanha, Itália,San Marino e
Mônaco, reentrando então na
Itália e terminando no ponto de
partida, na Austria, no dia 26 defevereiro de 1996.
Ao final da viagem, Marcosvai ter girado o pedal da bicicleta cerca de três milhões de vezes,o que equivale a uma média de30mil pedaladas em cada trecho.Para se ter uma idéia, uma pessoa não atleta, mas que se exercita regularmente em uma bicicle
ta, não passa de quatromil peda-1adas. Isso sem os 18 quilos de
bagagens e equipamentos queMarcos vai levar na bicicleta, umaMountain Bike com quadro de
Não é a: primeira vez que um catarinense viaja a Europa debicicleta. Há nove anos, três ciclistas catarinenses realizaram uma
proezamuito parecida com a queMarcos Pinheiro quer levar adiante.A aventura está documentada no livro Ciclismo: umgiropela Europa,publicado pela Editora da UFSC, em 19�8.
Em julho de 1986, Paulo Coelho dos'Santos, Murilo Kruger eHercílio Costa partiram para Lisboa para ficar cinco meses pedalandopela Europa. O trajeto era bem parecido com o escolhido porMarcosPinheiro. Uma das diferenças é o ponto de partida. Marcos vai sairde Viena, enquanto seus antecessores preferiram Lisboa. O percursodo trio catarinense incluiu 90 cidades em nove países e estavam
previstos 7.180 quilômetros de pedaladas, consideradas apenas as
distâncias entre as cidades. Somados os deslocamentos urbanos e os
passeios a aventura acabou com 8.300 quilômetros percorridos em
164 dias.Os atletas retornaram ao Brasil em 18 de dezembro de 1986
depois de percorrer Portugal, Espanha, França, Bélgica, Holanda,Alemanha, Luxemburgo, Suíça e Itália. O Roteiro escolhido porMarcos Pinheiro inclui ainda Mônaco, San Marino e a RepúblicaTcheca e não passa pelaSuíça. Assim como a trio que o antecedeuMarcos vai voltar certamente com muitas histórias para contar.
cromo molibidênio que pesa12,4 quilos. Além de roupas, ociclista vai levar duas mochilas
acopladas à bicicleta (dianteira e
traseira), barraca, saco de dormire um isolante térmico - pequenocolchonete de borracha especialque protege o saco de dormi- deumidade.
Ao contrário do que parece,o ciclista não será um malucosozinho na Europa. Cerca de 30brasileiros quemoram no conti-
nente europeu vâo ser o contato
de Marcos enquanto estiver viajando, entre conhecidos e pessoas indicadas por amigos. "Nascidades menores a intençâo é
parar apenas para dormir. Nasmaiores pretendo ficar uns trêsdias ou mais", planeja o ade
ta,que já fala fluentemente o es
panhol e pretende ainda voltardominando o inglês e o francês.
Transformar o projeto em
realidade tâmbém exigiu muitotrabalho de planejamento, desde a escolha do trajeto e dos pontos de parada até os patrocinadores. A idéia de percorrer a
Europa pedalando nasceu em
abril deste ano. O projeto come
çou a ser eleborado com a ajudade uma amiga, também ciclista,que acabou desistindo e viajando para o Velho Mundo por.. ..
meIOS mais convencionais.
Mesmo assim Marcos nãodesamimou e acabou con
seguindo o apoio de cinco em
presas para realizar o projeto:Transbrasil, Realcolor'(Kodak,Ferraro'S Bike Center, CaratuvaEq1d'�amentos e Cotton Sportwear. A Alimentação e a estadiaainda estão, por enquanto, porconta do atleta, que está vendendo camisetas com o logotipo dopr ojeto, feitas pela Trampulim,para custear a viagem. "Querotambém chamar a atenção das
pessoas que têm llI11 sonho, masnunca fizeram nada para realizálo. No início muita gente achoumeu projeto inviá-vel, mais eu
consegui apoio e estou indo. Eacabou sendo mais fácil do queparecia."
CarlitaCosta
Paulo deTarso
ZEROAGO95
Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
enema ..
ZEROAGO95
do ainda este ano. Assim como
"Extra-ser", de Antônio Celsodos Santos, projeto que foi filmado há seis anos e só estréia
agora. O diretor também pretende começar a rodar urn outro
projeto, "Ritinha", brevemente.De tudo o que se prevê para o
cinema catarinense ainda este
ano, destaca-se o longa-metragem "Fratelli Brocato", projetodo diretor Fábio Briiggemann.
Abordando a lenda dos irmãos Brocato, que viveram em
Lages no início do século, o fil- .
me é apontado como o segundalonga-metragem realizado em
Santa Catarina. O primeiro seria"O Preço da ilusão", feito porNilton Nascimento em 1957
(resta saber porque os filmes docantor João Amorim, de Lages,não são considerados longa-metragens.) "Fratelli Brocato",quem sabe, pode ser a obra quefixará defmitivamente o estadono cinema nacional.
Todo este movimento podeser visto também como urn processo em andamento, já que nãosó a temática dos filmes, enraizada na cultura catarinense,como também seus realizadores,podem ser conteridos no vídeoCurtas Catarinenses. Esses curtasforam realizados há alguns anos,emostram que a proposta continua a mesma. O que vem acon
tecendo é que a Cinemateca Ca
tarinense, entidade que apóia e
concretiza as produções no esta
do, está conseguindo importantes recursos, ainda quemodestos,que permitiram a compra de
equipamentos (como urnamoviola, aparelho que monta os filmes, e um novo equipamento deluz). Esses recursos estão vindodo Fundo MUnicipal de Cinema(Funcine), instaurado pela Prefeitura de Florianópolis. Prova deque o apoio governamental é significativo para a cultura.
ternacional da Bahia. Boas chances
para, quem sabe,uma reavaliação daobra.
Boa safra -
Outro curta ca
tarinense exibidono Festival de Gramado, foi Naturezas Mortas) dodiretor Penna Fi
lho, que abordacriticamente a
extração de carvãono estado, contando a história de
.. .
urn mmeuo, pn-('\ . . .
metra e mars irn-
portante vítima da
extração mineralna visão do autor.
Naturezas MortasMaria Emília criou uma atmosfera simbolista para contar vida dopoeta ganhou o prêmio
1 especial do Júri
Odesafio que o cu, '1.- Luc Godard e Alain Resnais, ou Popular, Esses dois filmes são
metragem catarinense mesmo do badalado Quentin somente o início de uma ativiAlva Paixão enfrentou Tarantino. Pode parece um flime dade cinernatográfica em Santano último dia 14 foi complicado para quem não co- Catarina, que promete se inten-
complicado: a exibição no XXIII nhece Cruz e Sousa, mas é perti- sificar até o final do ano. NesseFestival de Cinema de Gramado, nente à sua poesia, tornando-se período, três filmes deverão ser
considerado o mais importante uma espécie de "filme-poema lançados, além de estarem preda América do sul. Se bem que simbolista", especialmente quan- VIstas as realizações de dois ou
isso, antes de "dm desafio, pode do se refere à fixação dos simbo- tros.
ser encarado como um privilégio. listas.pelo branco, pelos sonhos Um dos quase prontos é
Afinal, passagem para Gramado, e visões. "Bruxa viva", da diretora Lenanwna rigorosa seleção que engle- Bastos. Misturando bruxas e es-
ba filmes de diversos países, não Obra bem cuidada - A peculação imobiliária, é um
é algo que se obtém por acaso. competência do trabalho pode olhar crítico em relação à preAs críticas surgiram, e não forarn ser provada pelo excelente acaba- servação ambiental. Ainda não
agradáveis. Boa parte do público menta que teve, apesar da falta foi finalizado por falta de dinheinão entendeu e não gostou. O de recursos que permeou o pro- roo Embora tenha recebido in
jornal carioca O Globo chamou o jeto desde o início. A iluminação centivos do MEC, do governofilme de "constrangedor", e o e a fotografia, esta a cargo de Ro- estadual e da Fundação FranklinDiário Catarinense reclamou do dolfo Lopes, estão impecáveis, Cascaes, o filme, que está prati
complementando o clima lírico camente terminado, ainda precido filme. O figurino, de respon- sa de R$ 7mil para o final de prosabilidade de Maria de Lourdes dução. Prova de que a vida dos
Hamad, é perfeito, fixando os diretores catarinense não é fácil.
personagens historicamente. A "Utopia do Divino", de
pesquisa histórica de Ricardo Norberto Depizzolati e ZecaGoulart tambémmerece créditos. Pires, é outro filme a ser lançaAlém disso tudo, a participaçãode atores de peso como ZezéMota e BrenoMello, afastado docinema há anos, aumenta consideravelmente o cacife de AlvaPaixão. Seus 23 minutos custa
ram somente R$ 50 mil, poucopelo que se vê na tela.
Pena que a obra não deveráentrar em cartaz efetivamente tãocedo. O problema da falta de có
pias faz com que o filme, que ainda será exibido no Centro Cultural e no Museu da Imagem e
do Som em São Paulo, não fiqueao alcance do público catarinense. Florianópolis só teve duas
apresentações no último dia 9, eJoinville no dia 11. No giro quefará pelo país, Alva Paixão aindaconcorre ao Festival. Internacional de São Paulo e à Jornada In-
Alva Paixão não agrada a criticaApesar disso, curta registra a volta do cinema catarinense
Filmeprocurou exatidão j,ara caracterizar os personagensRenê ,:,
... '
",'l.' "i
Müller
"ritmo lento" e do "tom de
jogral". À parte de tudo isso,porém, Alva Paixão possui méritos, além de capitanear um retor
no da atividade cinematográficaem Santa Ctarina.
A repercussâo do filme em
Gramado foi causada também
pelo desconhecimento do seu
tema principal: o poeta catarinense Cruz e Sousa. Sua importância na cultura brasileira parece ser entendida somente pelosprofessores de português e alunos dos cursinhos catarinenses.Como principal representante domovimento simbolista do país,Cruz e Sousa era poeta de invejável sensibilidade, não só nos ver
sos como em sua própria vida,onde sentiu na carne a situaçãode ser negro e pobre. Maria Emília Azevedo, a diretora de Alva
Paixão, resolveu contar a vida dopoeta de urna maneira diferente,munamontagem fragmentada. Aobra ftca longe dos filmes de
Hollywood, �e ·aprQ�<;1f:ld:<? dediretores franceses como Jean-Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
Casa da Estudante Universitâria (CEU) abriga 24 garotas e é opção mais barata para quem estuda na UFSC
Vivendo longe de casaJovens deixam seus lares para"enfrentarem" estudos e tarefasdomésticas em Florianópolis
nheiros e quartos com até qua- relação aos estudantes que motro meninas, é preciso esta- ram com a família.belecer algumas regras para tor- As meninas se reúnem todanar a convivência possível. E- primeira quinta-feira de cadaxistem plantões de limpeza e ho- mês gata discutir os assuntos
rários de uso de telefone. Para da casa. Edilce conta que as
entrar no CEU, as meninas pas- amizades se tornam muitosam por uma seleção que privi- fortes, e que uma das meninas
Morandohá um mês Jorge diz que o que mais sente legia as de menor renda e pre- saiu agora para casar e convi
num apartamento falta é da comida de casa. cisam cumprir as normas da dou todas as moradoras para a
no centro de Flo- "Nunca um dos três cozinhou casa, em especial a que proíbe festa. "Morar aqui é ótimo,
I rianópoiis, as pri-· para os outros", completa Zé, o pernoite de homens. "Todas pena que a segurança seja tãomas Karine Alves e Mildred enquanto mexe no computador. as regras têm um porquê", ga- ineficiente", completa Edilce,Borges e a amiga Vanessa Scar- rante a estudante Edilce Cou- lembrando do asscflto sofridoduelli, vindas de Tubarão, ain- Pernoite - Nem todos que tinho, de 25 anos, que veicAie na casa.
da não têm experiência na vida vêm estudar aqui tem con- Chapecó e é a mais antiga mo-longe de casa. "Com certeza é dições de comprar ou alugar radora do CEU. Armação - O estudante demelhor do que morar com os um apartamento. As repúblicas, As meninas afirmam que a jornalismo Alexandre Abertapais", diz Karine, de 18 anos, pensões e moradias estudantis saída de casa traz vantagens vicius deixou a casa dos pais, a
que faz cursinho para o ves- passam a ser uma opção mais como independência e rnatu- uma quadra da Avenida Paulistibular de Arquitetura. As úni- acessível. O CEU (Casa da ridade, mas não escondem as ta, para fazer o curso de jorcas queixas das meninas são o Estudante Universitária) abriga dificuldades e principalmente a nalismo da UFSC. Desde quebarulho dos vizinhos e a irn- 24 garotas que estudam na saudade de casa. A estudante de chegou, há seis meses, já rnu
plicância do porteiro com o UFSC, e está longe deser um agronomia Claudete Santa dou de casa três vezes. Nanamorado de Mildred, de 19 paraíso. Com apenas três ba- Catarina, de 21 anos, veio de pnmelra casa em que morou,anos. Anchieta, no na praia da Armação, Alexan-
Fazer a própria. comida, oeste do esta- dre se desentendeu com o com-
não ter horários, ser respon- do, e é segun- panheiro. "Se eu deixava uma
sável pela casa e principalmente do as colegas bota com lama na sala ou coisanão dever satisfação aos pais a que sente parecida, ele não gostava e des-são as vantagens citadas pela mais falta da carregava muito tempo de-maioria dos estudantes que vêm ... família. "De pois". Quando a convivência se
para capital estudar. � vez em quan- tornou impossível, AlexandreOs amigos Jorge Rodri -
" do a Claudete foi para uma casa de um quar-gues e Richard Trajano, de está pelos can- to na mesma praia, e não haviaCriciúma, e José Alexandre, o tos, aí já sabe- espaço para outra pessoa. AZé, de Iundiaí dividem um mos que bateu despesa ficou pesada e agoraapartamento no edifício Onix, a saudade", ele divide com um amigo uma
no centro da cidade. Jorge, de conta Mar- outra casa de dois quartos na
21 anos, estudante de Engen- garida Vieira, Armação. Para chegar na uni-haria de Alimentos, foi o pri- de 22 anos. versidade, ele pega dois ônibusmeiro a chegar, há quatro anos. M a r g a r i d a e demora cerca de 50 minutos.Richard, de 20 anos, faz facul- veio de Criciú- "Minha mãe disse que se eu
dade de Farmácia e foi para o ma há dois a- viesse para cá, não me daria umapartamento em 92, e o Zé, de nos e mew e tostão. Como o curso é inte-22 anos é calouro de jomalis- diz que o fato gral, acabou ficando com pe-rno e se juntou a eles há dois de estar no na", diz. Desde o começo doanos e meio. "Quase nunca CEU com o semestre, Alexandreestá traba-brigamos porque temos hábi- único objetivo lhando na hemeroteca do cur-
tos parecidos: os três fumam e de estudar po- so de jornalismo. "Mas é sógostam de varar a madrugada de ser uma pela grana", diz o paulista, que.cohversando'', conta-Richard.
.. _ vantagem em' 'entre jornais. e revistás; recebe rÓ,
.. ,. ','.,"\y"'."" : •., ''.l:';�',,,, I' < (�,(exlf;'t��:. ��tas.suJq� 1e !9"!-a e discussões 11.. i ,,.," :.1' 75% db'S"aHtiD'hÜnim8.� "f""
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AlineCabral
AlineCabral
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Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina
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SandraVieira
BárbaraPettres
E. halos
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Daltro Cavalheiro tem acesso ao
roteiro só minutos antes do show começar,por isso a maior parte do que ele fala é
improvisado. "Mesmo que as falhas acon
teçam, os leigos não percebem",diz.Amparado somerw:;. com a parte téc
nica da RCE (Rede 4¢:ç;omupj�ações Eldorado) - responsávql pela trdmissão- oprograma é feito Rpr lllIl�::produtoraindependente,que alia� petfence ao pró-
fC��ç��(p��t��1�:!t�::eécâ�;��
e sábado à tard
..
Remanescente da era do Ve �11 � Guerreiro aos sábado: 12 '1 CNTn-:>.:7 �lima de expectativa no giná
sio de Biguaçu: as câmeras jáposicionadas, os jurados aco
modados em seus lugares,sedutoras daltretes começando a dançarseus passos ensaiados 9'9 auditório histérico aclamando por seql&�is novg ídolo. Finalmente ele aparec�* Aô viyg[::para todoo Estado: Daltro Cav�eiroBruegria, alegria!", diz ele numa ci1�ad�.&iunfal sob osom ensurdecedgr d�:i��os: e aplausos deuma platéia de � lfi:�p:duzentas pes-
������c��s���!:- ..�I�ri� ,;'f����e��Estado.Assim surgiu a íd�la d@'programaDaltro Cavalheiro que já eSt�J16 ar há quatro meses. E sem nehuma modéstia seu
mentor afirma convictamente que o programa já é campeão de audiência em âmbito estadual. "Não cito fontes mas nosso
programa está em primeiro lugar", diz.O público responsável por esse índice,
segundo Daltro não é só de classe maisbaixa. "Mesmo que os pinóquios da classeA digam que não assistem, eles são os quemais assistem", afirma.
Embora comparado ao saudoso Chacrinha - nW11a versão empobrecida - Daltro Cavalheiro acha que tem estilo próprio.Lembra inclusive que quando estava fazendo seu programa em São Paulo faziaconcorrência direta com o Velho Guerreiroque tinha um programa semelhante em
outro canal no mesmo horário.Há até quem acredite que se houve
cópia de alguém foi por. parte do Chacrinha. "O Daltro já tinha um programa na
Rede Gazeta quando o Chacrinha come
çou",comenta a produtora do programaDiuli [anaina Ferreira.
Programa - Com cartazes de cantores
desconhecidos, o auditório normalmente
composto por crianças e idosos, vibra comcada número anunciado. No programa háespaço para atrações musicais, show decalouros e tranformistas. "O objetivo étransformar o programa numa vitrine denovos talentos", diz o apresentador.
que ao contrárió.:dp (:j:i\�: ele:. i:lCI::edita, é
percebida até pelos "leigps"}i6programa está prestes a ser transm�t.ldo em redenacional pela CNT. "Se der tudo certo,em 45 dias Daltro Cavalheiro será transmitido para todo o Brasil", diz o apresentador gaúcho nascido em Santana doLivramento. "O futuro da televisão é esse
tipo de programa", completa.
As da/tretes, no bom estilo dos programas de auditório Os transformistas são atração doprogramaAcervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina