nascer, não basta uma vez
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NASCER, NO BASTA UMA
VEZ
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PRLOGO
Um dia eu tive um sonho. Sonhei com minha me. J fazia alguns
anos que ela havia desencarnado. No sonho, ela estava completamente
diferente de quando era encarnada, mas eu sabia que era ela. No
sonho, eu a via em companhia de uma figura masculina que no era
meu pai. Eles estavam num lugar que eu no conhecia, mas
identifiquei como a Ptria Espiritual. Durante todo o sonho, minha
me tentava falar comigo, mas, eu no queria ouvir. No dia seguinte,
quando acordei, fiquei por muito tempo com esta imagem na minha
mente. Todo o dia seguinte, e nos outros que se seguiram, esta
lembrana no saia de minha cabea. Tal sonho me entristeceu muito
quando eu pensava no meu pai, e por ser muito apegada a ele, achava
que o mesmo estava sendo trado.
O tempo foi passando, e eu procurei tirar da cabea tal pensamento,
at que:
Sonhei outra vez. Sonhei o mesmo sonho, e mais uma vez veio a
tristeza. No conseguia aceitar minha me em companhia de outro que
no fosse meu pai. Tentei esquecer outra vez. Deixar pra l, pois no
passava de um sonho.
Nunca consegui esquecer. Sempre que o sonho vinha em minha
mente, eu sofria muito.
Recentemente, voltei a ter o mesmo sonho. Vi outra vez a minha me
em companhia de outra pessoa que no era meu pai .Era o mesmo
homem do sonho anterior. Mas, como se fosse pra me dar alguma
explicao, me foi mostrado, no que parecia uma tela de cinema, toda
uma histria. Era a histria de uma famlia.
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Assim, quando acordei, de to surpresa com o desenrolar da histria,
me vi sentada na cama. Ainda trazia no corao, o mesmo sentimento
que tive durante todo o meu sonho. Apesar de ter entendido o recado,
minha alma no estava em paz. Passei toda uma semana, meditando
sobre o sonho. Era como se algum, quisesse me dar um recado. E de
repente, como se algum me dissesse no ouvido, escreva, ponha no papel tudo que viu, s assim se sentir melhor. Mas, eu no sabia como comear, pois nunca escrevi uma histria. Porm, aquela voz
continuava a insistir. Ento eu decidi que deveria escrever aquela
histria. A lembrana de minha me me fez tomar esta deciso.
Esperei algum tempo, e um dia me sentei diante do computador, abri
uma pgina e pensei que no sabia como comear. Tudo que eu me
lembrava, se fosse falar para algum, se resumiria em no mximo trs
pginas, era uma sinopse.
Mas, ali sentada, diante da tela em branco, fiz uma orao. Pedi ao
Pai, que se fosse realmente este o seu desejo, eu o faria. Certamente
seu filho Jesus estaria meu lado enquanto eu redigisse qualquer
frase. Agradeci, e me pus a escrever.
Assim foram todos os dias. Quando me punha diante do computador,
eu no sabia o que vinha pela frente, mas, era apenas comear, e as
palavras surgiam como se fossem uma cascata, iluminava a minha
mente, e inundava as teclas de meu computador.
A est a histria que eu assisti. Digo assisti, porque foi exatamente
assim, um filme. Tenho certeza, que quem me mostrou foi a
espiritualidade maior. E certamente, eles queriam que eu tomasse
conhecimento para mostrar a quem tivesse interesse em conhecer
alguma coisa a mais de nossas vidas passadas. Queriam com certeza
mostrar, o que pode levar uma pessoa a errar, e como depois querer, a
mesma, reencontrar o seu caminho.
Tenho certeza, que esta histria s foi escrita porque Deus nosso pai o
permitiu.
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Podem existir muitas histrias iguais a esta, na minha, na sua, ou em
qualquer outra famlia, mas esta foi escrita com a ajuda da
espiritualidade maior, logo; no sintam-se, ningum, dentro dela.
Qualquer semelhana, mera coincidncia.
Todos aqueles que um dia tiverem estes escritos nas mos, que tenham
uma boa leitura.
So Paulo, 28 de agosto de 2013
Clair Schiavi
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PRIMEIRA PARTE
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CAPITULO UM
Na poca, o calendrio marcava o ano de 1822. O pas estava numa
tremenda euforia. Acabava de ser promulgada a lei urea, quando a
princesa Izabel , penalizando-se do sofrimento dos negros, deu fim a
escravido. Nas fazendas onde o servio se valia da mo de obra
escrava, estava um verdadeiro caos. Os senhores fazendeiros, tudo
faziam para reter os negros, fazendo propostas, as quais, no tinham
nenhuma inteno de cumprir. Muitos negros, ainda assustados com a
nova situao, se perdiam em caminhos que no levavam a lugar
nenhum. Acabavam muitos, por retornar s fazendas, onde, por um
msero prato de comida, acabavam se restabelecendo. E assim , muitos
negros se perderam, praticando roubos, vivendo como refugiados da
justia. Muitos acabaram presos, sofrendo mais do que quando eram
escravos.
neste clima de represso e sofrimento, que vamos encontrar muitas
famlias, se desestruturando diante da situao muitas casas de
fazendeiros, onde a mo de obra domstica, escassa, acabava por
arruinar muitas famlias onde no havia preparao para o momento
chegado.
Nas ruas, era uma verdadeira balburdia. Negros a esmolar por todos os
cantos. Os homens da lei, passavam os dias a prender e repreender os
arruaceiros.
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Nas fazendas, as plantaes se perdiam, por falta de cuidados. A
desordem era total. assim que vamos encontrar a famlia Silva
Pedrosa, onde o sr. Amlcar Silva Pedrosa ,patrono da referida famlia,
se desesperava por alcanar uma soluo para seus problemas. Junto
da sua numerosa famlia, que constava de esposa e seis filhos, passava
j por situaes um tanto desagradveis, tendo mesmo de se desfazer
de alguns bens. Os desentendimentos do casal vinham atingindo a
famlia como um todo, e o desagrado era geral. O filho mais velho do
Sr. Amlcar que lutava nas lavouras do pai, para tentar manter um
padro de vida para si e para os irmos. nio Silva Pedrosa, era assim
que se chamava; nunca se deixou levar por dinheiro, mesmo quando a
situao era seu favor. Era honesto e trabalhador, e nunca se
envolveu em situao que pusesse em dvida o seu carter. Desde
criana, nunca deu trabalho seu pai, tendo sido sempre, o melhor
aluno quando na escola, O mais cobiado por moas de boa famlia,
mesmo ainda na adolescncia .Era assim que se destacava , como bom
filho e bastante amigo de seu pai. Vamos ento encontrar, a senhora
Ana Silva Pedrosa, esposa do Sr. Amlcar, em conversa com sua
enteada, a jovem Clarisse, na grande cozinha da casa da fazenda, onde
tentavam ajudar a nica domstica que se disps a ficar a servio da
famlia, por no ter outra opo .Preparavam ento o desjejum ,de
mais um dia que prometia ser de intensos problemas.
Clarisse, assim como seu irmo mais velho ,nio, no eram filhos de
dona Ana. Quando ela desposou o Sr. Amlcar ,este j era um sr.
vivo. Sua esposa tinha desencarnado j h mais de um ano, por
problemas do corao, quando ele conheceu a famlia de dona Ana.
Ana Silva Pedrosa, antes Ana Paciega, era a filha mais velha de uma
famlia, que vinha passando por dificuldades, onde o pai, acostumado
a jogatinas e bebida s, perdera a sua fortuna e assim deixara a famlia
em situao de vergonha e misria.
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Ana, h algum tempo, havia se enamorado de um jovem, que j era
comprometido, estando mesmo prestes a se casar. Epitcio, era este o
seu nome, tambm se apaixonou por Ana, mas, por imposio da
famlia, teve que deixa-la, para esposar Vleri, que era sua prometida
desde a infncia.
Ana nunca se conformou com a situao, e jurou que jamais iria se
casar com outro, pois seu corao pertencia a Epitcio, at que a
situao de sua famlia, se torna insustentvel, pois, a misria rondava
a casa, e seu pai , julgando-se dono de seus filhos, arranjou , como era
de costume naquela poca, a unio de Ana com Amlcar.
Dona Ana Silva Pedrosa, nunca escondeu de seu marido, que no o
amava, muito pelo contrario, deixava claro que seu corao no lhe
pertencia. O Sr. Amlcar, ao contrario, aprendeu a amar dona Ana, e
tudo fazia para agradar-lhe.
E assim os anos foram passando, vieram os filhos sempre contra a
vontade de dona Ana. Para ela, j bastavam os enteados. Dizia que
davam muito trabalho, e que ela no tinha pacincia com crianas.
Mas, para o Sr. Amlcar, famlia feliz , era aquela bastante numerosa.
E assim, sempre que dona Ana engravidava, a vida do casal se tornava
bastante tumultuada. Ela no escondia o desagrado. Zangava-se com
tudo e com todos, mas principalmente com o marido, por quem
ela no escondia o seu desprezo.
E neste clima de desagrado, chegou a primeira filha do casal. Selena.
Era uma criana forte e bela, mas no alegrava o corao da me.
Comia e dormia, e parecendo no sentir o amor que desejava da me,
tornou-se uma criana bastante forte, e ao mesmo tempo muito quieta
e introspectiva, onde bastava a ela um bom prato. Assim, cresceu,
pouco em altura, mas muito em largura, o que lhe rendeu alguns
problemas quando j adolescente e adulta.
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No tinha ainda dois anos a pequena Selena, quando chegou o
segundo filho do casal Silva Pedrosa. Era um menino, assim como a
primeira, este tambm no alegrou o corao da me. Adoeceu assim
que chegou ao mundo, e durante seus primeiros meses, correu risco de
morte, no fosse a f do Sr. Amlcar, e os cuidados da ama de leite,
empregada da fazenda, ainda em tempos ureos. Mas, como tudo na
vida segue o rumo do destino, Nilo conseguiu se safar das doenas e
cresceu forte e saudvel.
Dois anos depois, sempre contra a vontade de dona Ana, chegou
Amlia, e quando estava com cinco anos, chegou Geraldo.
Completando assim quatro filhos do casal, mais dois enteados.
E a vida tomava seu rumo. Dona Ana nunca demonstrava a menor
alegria, enquanto seu Amlcar tudo fazia para torna-la feliz. Enquanto
o sr. Amlcar administrava sua fazenda, dando o melhor de si para a
famlia, esta crescia aos cuidados de empregados , negras que
cuidavam da casa, e encaminhavam as crianas para a escola, fazendo
o que se esperava da me, mas esta apenas se preocupava com seus
problemas de infelicidade e solido.
Geraldo, o menor dos filhos, tinha um ano quando tudo aconteceu. A
vida da famlia Silva Pedrosa despencou barranco abaixo. Veio o
sofrimento, a dor e a vergonha, que aniquilou a vida do Sr. Amlcar.
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nesta data, onde o calendrio marca 1822, e a vida do brasileiro
toma novos rumos, que vamos encontrar dona Ana em conversa com
sua enteada Clarisse, na cozinha da fazenda, onde a falta de
empregados vem piorar a situao j bastante tumultuada da famlia
Silva Pedrosa Sempre mal humorada, reclamava ela da dificuldade
que vinham tendo, com a mudana de rumo no pas, e a falta de
empregados que ajudavam na plantao e colheita ,da fazenda, o que
antes lhes dava uma vida bastante tranquila, agora , comeavam a
trazer grandes problemas. Na roa, poucos restaram, assim como na
casa grande, onde os negros que permaneceram foi por falta de opo,
para no mendigar nas ruas, pois no tinham onde morar. Dona Ana,
passava os dias entediada e solitria, julgando a vida sem sentido,
quando no s apareceram os problemas ,advindo com a lei que liberta
a escravido, como tambm, para piorar a situao, chega a seus
ouvidos a notcia de que seu antigo e inesquecvel amor de
adolescncia, veio a se tornar vivo, com a inesperada morte de
Vleri, sua antiga rival.
Vleri, tendo uma gravidez cheia de problemas, no conseguiu dar o
filho que manteria a sua unio com Epitcio , como tambm veio a
perder a prpria vida.
Dona Ana , no conseguia esconder seu nervosismo, e andava de um
lado para outro, deixando a famlia bastante preocupada
,principalmente o sr. Amlcar ,que j desconfiava do motivo , e no
escondia a preocupao, j que ele tambm sabia do antigo
envolvimento de sua esposa com o ento vivo Epitcio.
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Para Clarisse, que j era uma adolescente, nada passava despercebido,
e o seu temor era que o pai a quem ela tinha um grande amor e apreo,
viesse a sofrer. Cismava pelos cantos, sempre a sondar o
comportamento de dona Ana. Nunca nutriram uma pela outra, nenhum
carinho. Como madrasta sempre assim dona Ana se comportou.
Nunca deu aos dois filhos do primeiro casamento do sr. Amlcar,
nenhum amor que merecesse aqui ser descrito. Apenas os suportava.
neste clima de ansiedade, que as duas palestravam, e Clarisse tenta
captar os sentimentos de dona Ana. Para Clarisse, a felicidade de seu
pai, corre perigo, e ela no esconde o quanto isso a preocupa. A
palestra corre em torno das dificuldades que a famlia vem passando,
mas dona Ana no deixa escapar nenhuma palavra que possa trair seus
sentimentos. E assim, junto com a empregada, preparam a primeira
refeio daquele dia. Primeiro, dos muitos que viro trazer muito
sofrimento para aquela famlia. Primeiro, dos muitos, onde a vergonha
vem alcanar um homem de bem Um homem que tudo faz pela
famlia. Um homem que escolheu viver na paz, mas sem querer
encontrou a guerra.
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Com boatos correndo por todos os cantos do vilarejo, de que o sr.
Epitcio estava vivo, os comentrios de sua vida chegava sempre aos
ouvidos de dona Ana. Esta impaciente, num momento de total
impetuosidade, fez com que ele soubesse do seu interesse em um
encontro, para que segundo ela, pudesse dar o seu apoio. O Sr.
Epitcio, sem nunca ter esquecido de seus sentimentos por dona Ana,
sentiu-se feliz com uma possvel aproximao.
Sem deixar que seu marido e filhos pudessem ao menos perceber a sua
inteno de se aproximar de seu antigo amor, fez com que chegasse s
mos de Epitcio um bilhete marcando um encontro. Este,
amargurado com sua situao e os caminhos que a vida lhe reservou,
sentiu-se lisonjeado e esperanoso com expectativa de novos rumos
para sua vida.
Sem nenhum pudor, e respeito pela sua famlia, dona Ana saiu s
escondidas para o to esperado encontro. Mal se viram, e os antigos
sentimentos afloraram em seus coraes. No foi possvel para ambos
controlar o antigo desejo que sentiam um pelo outro. Deixaram, de
lado, o que poderia acontecer com suas famlias e o que poderia
acontecer em suas vidas, e se envolveram num clima de intensa
paixo.
Desde esse dia, seus encontros se tornaram mais amide. Em casa
dona Ana no fazia nenhuma questo de esconder a sua felicidade.
Logo isso naturalmente no passou despercebido ao seu marido, nem
aos seus filhos, que, viam na me uma outra pessoa .O clima na casa
da fazenda comeou a esquentar. Enquanto dona Ana no parava em
casa, deixando s obrigaes do lar nas mos de sua enteada, e
deixando seu marido desconfiado e triste, o falatrio comeou a
chegar aos ouvidos de amigos da famlia.
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A vida do sr. Amlcar , e de seus filhos, tornou-se bastante complicada
e vergonhosa, tendo ele deixado at de sair de casa para no encontrar
olhares piedosos em sua direo.
No bastasse a dificuldade nos negcios, este episdio veio ajudar na
derrocada de uma famlia que parecia at pouco tempo, se no feliz,
ao menos slida diante da sociedade.
No demorou muito, para a pior noticia chegar aos ouvidos do sr.
Amlcar .Notcia esta que sua prpria mulher fez questo de lhe dar:
estava esperando um filho, e este naturalmente no era seu. A casa
veio abaixo. A pouca estrutura ainda existente, rolou como um
oceano, vindo desaguar por todas as ruas do vilarejo. Era a vergonha
total, o fim .
Mas o fim ainda estava longe. Enquanto dona Ana, enfiada em seu
quarto gestava seu filho bastardo, o Sr. Amlcar deixava-se levar por
uma infinita tristeza e prostrao. A vida tomou rumos sofridos para a
famlia.
Assim vamos encontrar nio, tomando conta quase que sozinho da
administrao dos negcios, e Clarisse envolvida nas prendas do lar, e
nos cuidados com os irmos .Selena sentia muito a falta da me, que
passou a ignorar o restante da famlia. Comia tudo que vinha pela
frente, e engordava cada vez mais. Nilo crescia forte, sob os cuidados
da irm e da empregada. Mas, seu comportamento no era de um
menino de sua idade. Qualquer coisa que o desagradasse, ficava
furioso e agia com violncia.
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Amlia e Geraldo, ainda muito pequenos; foram deixados totalmente
nas mos de Tina, este era o nome da negra que restou para os
servios domsticos da casa grande. Assim seguia a vida naquele que
deveria ser um lar; mas, por obra do livre arbtrio de seus habitantes,
tornou-se um lugar de angstia e dor
E o tempo foi passando. E,
Neste clima de dor e angstia, chegou Mila, a filha do pecado e da
vergonha, j que nesta poca a traio ao matrimonio, no tinha
perdo nem para as famlias, nem para a sociedade. Chegou forte e
saudvel, apesar dos problemas que a envolviam.
Dona Ana, depois da euforia por ocasio de seu reencontro com
Epitcio, quando se descobriu prenha, voltou a sua antiga apatia. No
cuidava sequer da pequena, e seus dias seguiam tristes e solitrios. A
vida para ela perdeu, se antes j no tinha, todo o significado.
Ignorava por completo seu marido. E no dava a menor das atenes
seus filhos. Quando Mila chegou a situao que j era grave, piorou.
Era mais uma que iria crescer sem o amor e o carinho necessrios de
uma me.
O Sr. Amlcar, apesar da tristeza , tentava dar amor seus filhos,
inclusive Mila, que no era sua, mas a sua dor era visvel e crescente,
e ele cada vez mais entrava numa depresso que cedo ou tarde o
levaria ao aniquilamento .nio e Clarisse , tudo faziam para alegrar e
levantar o animo de seu pai, mas tudo parecia em vo. nio se enfiava
no trabalho, j que seu pai deixou tudo em suas mos, enquanto
Clarisse sofria ao ver o pai se acabando pouco a pouco.
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No demorou muito, para dona Ana, assim que a oportunidade lhe foi
propcia, voltar a se encontrar com seu antigo namorado, e como as
coisas escondidas nunca o so para sempre, veio a cair no falatrio,
atingindo ainda mais a reputao da famlia Silva Pedrosa.
Dona Ana, no fazia nenhuma questo, como j dissemos
anteriormente, de proteger o marido, ao contrario, parecia feliz por v-
lo cada vez mais afundado no seu prprio sofrimento. Nem os filhos,
para os quais eram muito caros, no conseguiam levantar o animo do
Sr. Amlcar. J no se importava, se os negcios iam bem ou mal, se
tinha ou no condies de manter a casa e a famlia, tudo a seu redor
parecia vago e sem importncia. Caia numa prostrao sem conseguir
se levantar. A vida j no fazia sentido para ele.
Foi nesta condio que Dona Ana, sem pensar nos prs e nos contra,
assim sem mais nem menos, sem nem ao menos anunciar sua deciso,
deixou o lar. Deixou para traz uma famlia despedaada de dor.
Deixou os filhos, inclusive a filha do seu pecado maior. Deixou para
traz, a vida que ela nunca gostou que ela nunca aprovou, e os filhos
que ela nunca quis ter. Seguiu seu amado, seguiu seu corao, sem
nem ao menos consultar a razo. E assim, tomavam rumos diversos
os integrantes dessa triste famlia. Cada um, seguia seu destino,
traado naturalmente por eles prprios, numa outra encarnao.
Seguiam suas vidas tendo o livre arbtrio para tomarem suas prprias
decises.
E como para cada um a vida deveria continuar, tambm para a famlia
Silva pedrosa, o mundo no podia parar.
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CAPITULO DOIS
No calendrio, os dias seguiam cheios de atropelo. J estvamos no
final do ano de 1823, e a vida de cada um tomava rumos inesperados.
Para desespero de nio e Clarice, seu pai cada vez mais se
aprofundava na solido. A situao estava ficando insustentvel.
Nenhum remdio, nenhum argumento tirava o Sr. Amlcar da
depresso. O fim era esperado, para desespero dos filhos mais velhos.
nio, com apenas dezoito anos, carregava um peso muito grande para
sua idade. Clarice, com dezesseis anos, carregava nos ombros a
responsabilidade de cuidar da casa e de seus irmos menores. nio,
herdou do pai; a facilidade com as contas, por isso, no se tornou
difcil para ele a administrao da fazenda. Clarice levava muito jeito
com as prendas domsticas, por isso tirava de letra os cuidados com a
casa, mas sua vida no era fcil, com relao educao de seus
irmos. Tudo parecia tomar um rumo incontrolvel.
Selena crescia gorda e introspectiva, nada conseguia fazer com que ela
aprendesse a conviver em sociedade. Era inteligente, mas no tinha
nenhuma iniciativa. Nilo continuava forte e saudvel, mas, muito
agressivo com seus irmos. Era comum chegar reclamaes da escola
por agresso a seus colegas de turma, sem aparente motivo. Amlia
veio a se tornar uma menina muito ciumenta, no gostava de dividir
seus brinquedos com ningum , e sua rabugice era quase insuportvel.
Geraldo crescia agindo com indiferena a tudo e a todos. Mila sentia
a falta da me. Para todos eles, a vida parecia seguir um rumo em
linha reta. Mas,...
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Prostrado numa cama, magro e desnutrido, pois recusava-se a ingerir
qualquer alimento, vamos encontrar o Sr. Amlcar .Sem foras e sem
vontade de se levantar, passava os dias no quarto, recusando todo o
empenho e insistncia de sua filha para que ele se alimentasse e
cuidasse de sua sade. Era tudo em vo. Nada conseguia tir-lo de seu
devaneio. Afundava-se cada vez mais no sofrimento e na dor. J no
havia mais esperana para a sua recuperao. Os filhos mais velhos se
desesperavam na iminncia de uma separao, e, na dor insuportvel
que era perder o pai muito amado. At que este dia no tardou a
chegar.
Era a manh de um novo dia. Enquanto nio tomava seu desjejum,
Clarice foi verificar o quarto do pai. No tardou a descobrir que seu
pai havia desencarnado. Sua dor foi insustentvel. Com um grito,
desmaiou. nio ouvindo, correu em seu socorro, deparando assim
com o quadro de dor. Os poucos empregados da fazenda, vieram em
auxilio dos patres. O boato correu pela cidade. Vieram os vizinhos,
os poucos amigos, e os curiosos. Em todo canto, s se ouvia
cochichos, de que o Sr. Amlcar morreu de abandono e de dor. Na
boca de todos a culpada dessa tragdia era to somente dona Ana, que
partiu, deixando ao abandono um homem de bem.
E assim debaixo de muitas lgrimas e muito falatrio, foi sepultado o
patriarca da famlia Silva Pedrosa, deixando seis filhos e uma enteada
nas mos do destino e do livre arbtrio de cada um.
E o tempo foi passando...
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CAPITULO TRS
Sete anos se passaram. Os tempos eram difceis. As dificuldades
rondavam as famlias de bem. As mudanas nas leis trouxeram
prejuzos queles que no estavam preparados. Incluindo para a
famlia Silva Pedrosa. Nenhuma notcia de Dona Ana. Parece que
desapareceu no ar. Os sete irmos seguiam seu destino.
nio, diante das dificuldades para manter os irmos, se disps a
vender parte da fazenda gerando assim uma renda muito menor.Com
as contas apertadas, decidiu dispensar alguns colonos que o ajudavam
na lavoura. Comeou assim, para os irmos, a surgir as dificuldades
que se arrastariam para um eterno sofrimento.
nio, j com seus vinte e cinco anos, no tinha ainda se decidido a
formar um lar. J estava cortejando a algum tempo, Cleonice , moa
bonita e educada, filha de um pequeno proprietrio vizinho de sua
fazenda. J havia planejado seu consrcio por vrias vezes, mas
sempre acabava adiando por falta de dinheiro. Agora, estava decidido,
apesar dos problemas, a levar adiante a sua vontade de se unir
Cleonice.
Tudo estava preparado para seu consrcio, quando sua irm Clarice
veio a cair de cama.
Clarice, depois do sumio de sua madrasta e da morte de seu pai,
assumiu definitivamente a direo da casa; ajudando ainda seu irmo
quando ele assim o requeria, j que ela tambm tinha facilidades com
as contas, herana esta herdada do pai. Com as dificuldades surgidas
no decorrer dos tempos, com relao s finanas, e com a morte de
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Tina, a velha empregada da casa; vamos encontrar Clarice envolvida
de manh at noite com os afazeres da casa.
Vale lembrar aqui, que Clarice no era nenhuma fortaleza, tinha um
fsico franzino, e sua sade nunca foi das melhores. Faltou a ela, o
amparo de uma me. Cresceu, e se tornou moa, sem a orientao
necessria ,no teve, em toda a sua infncia nenhum divertimento.
Ainda na adolescncia, teve de assumir a responsabilidade com os
irmos. Trabalhou pesado na manuteno da casa, e com seus vinte e
trs anos, parecia j uma pessoa velha e cansada.
Assim, sem nem ao menos conhecer a vida de namoro e passeios, que
toda jovem almeja, veio Clarice a adquirir uma doena grave nos
pulmes, que fazia seu fsico definhar a cada dia.
Os cinco irmos mais jovens viviam relegados sua prpria sorte.
Cada um procurava viver do seu prprio jeito. Selena, j era uma
adolescente e no mudava em nada. Nunca saia de casa, vivia trancada
em seu quarto e s saia do mesmo se fosse para comer. Crescia, cada
vez mais para os lados, e com vergonha de seu fsico, ela se recusava a
manter uma vida em sociedade. Achava que era motivo de chacotas e
que os rapazes da cidade a ignoravam.
Nilo j era um rapazinho e, diferente de nio, que cedo comeou na
labuta da lavoura, e por isso adiou a vida de namoro e passeios; vivia
j correndo atrs das mooilas da cidade. Sem nenhuma vontade de
trabalhar, ajudava seu irmo na lavoura, isso a custo de muitas brigas
e discusses. Seu carter era duvidoso. No era de muitas palavras, e
parecia sempre que escondia alguma coisa. Era impetuoso, e no
media as consequncias de suas palavras. Agia sempre com violncia,
e no respeitava ningum.
Amlia j era uma mocinha, mas continuava a agir como um bebe.
Nos seus onze anos, no conseguia ter um relacionamento de afeto
com seus irmos. Para ela s prestava o que lhe pertencia, mesmo
assim, vivia querendo sempre mais. Achando-se preterida por todos,
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respondia, sempre, a qualquer tentativa de dilogo, com grosseria e
malcriao. Era muito difcil, para qualquer um dos irmos, manter
um bom relacionamento de amizade com Amlia.
O pequeno Geraldo vivia envolvido em seu prprio mundo. Crescia
perdido e sem rumo. Sentia muito a falta de algum para lhe orientar.
Quase no falava com ningum, e, passava os dias, envolvido em sua
solido.
Ah! Mila, pequenina e j to abandonada. Com a doena de Clarice,
a pequena, com apenas sete anos, j se sentia perdida e sem rumo.
Chorava muito e reclamava a falta de ateno. Os irmos mais velhos,
mal lhe davam o que comer e a abandonavam prpria sorte. Passava
os dias no mais completo abandono e solido. Ningum dela se
aproximava para fazer um carinho, ningum lhe dava amor.
neste clima de tristeza, que vamos encontrar nio envolvido no seu
futuro consrcio com Cleonice. Sem a ajuda da irm bastante
adoentada, resolve ele antecipar o casamento, para trazer junto de si a
companheira que viria lhe trazer algum conforto naquele lar to triste
e abandonado.
Mas, como tudo na vida segue o destino que cada um escolheu para si,
em tempos passados, cada filho de Deus certamente passar por
momentos difceis, de acordo com seu comportamento em vidas
anteriores. Nada impede uma mudana, haja visto, que nossa frente
sempre temos dois caminhos a seguir. Basta no escolher o mais fcil,
por preguia ou orgulho, ou outro motivo qualquer. Basta um pouco
de vontade de ajudar o prximo, e no querer tudo para si, renegando
os fatos que lhe envolvem, fechando os olhos para as dificuldades que
rondam o pobre irmo.
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CAPITULO QUATRO
E o tempo foi passando. Vamos ento encontrar nio j desposado
com Cleonice. Tudo parecia seguir um rumo diferente do atual. No
incio do casamento a vida do casal, apesar dos problemas com os
irmos, parecia calma e tranquila. A casa tomava novos ares nas mos
de Cleonice, apesar da doena de Clarice que se agravava cada vez
mais. Os mais jovens, continuavam arrastando seus prprios
problemas, e, o sol se escondia no horizonte a cada dia, prometendo
voltar.
A fazenda, agora com menos extenso de terra, produzia apenas o
suficiente para manter a famlia, e l se iam os tempos de fortuna,
deixando apenas o necessrio para honrar as contas e manter o lar sem
sobressaltos.
Tudo parecia bem, quando nio, sem motivos aparentes, comeou a
desenvolver o habito do cime.
Cime, sentimento pobre, sentimento que brutaliza. Sentimento que
reduz o homem condio de animal.
E assim, no raiar de cada novo dia, com ele chegava o sol, mas com
ele no vinha a luz. A casa onde j houvera tantas desiluses, parecia
agora entrar na mais completa escurido.
Cleonice passava os dias a se perguntar por que sua vida seguia um
rumo to indesejado. Tudo fazia para agradar seu marido, e o que
recebia era s ingratido. Nunca saia de casa, pois nio no permitia.
At para visitar sua famlia ele colocava obstculos.
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Para nio, tudo era motivo de cime. Cleonice no tinha mais vida
prpria. Mesmo neste clima de desentendimento entre o casal,
Cleonice veio a engravidar. Nem as condies em que se encontrava,
dava trgua s constantes brigas naquela casa.
E Clarice piorava a cada dia. Os irmos se separavam cada vez mais,
no existia nenhuma unio naquela famlia.
Como se no bastasse os problemas dentro de casa, nio arrastava os
mesmos para o trabalho. Passava os dias matutando e sofrendo, diante
de uma situao que ele mesmo criou. No tinha sossego, pois no seu
ntimo, sua mulher poderia vir a tra-lo. Em horrio onde deveria estar
cuidando dos negcios, como a lavoura que reclamava seus cuidados,
saia para espreitar o comportamento de sua mulher. No tinha
fundamento a sua desconfiana. Como nio, um rapaz que parecia to
equilibrado, passou a nutrir um sentimento to pobre e se comportar
de um modo to leviano?
Voltemos um pouco no tempo.
Os primeiros anos de sua vida, nio foi educado pela sua me, e
recebeu toda orientao que um menino de sua idade necessitava. Seu
pai, embora passasse o dia cuidando dos negcios, no deixou de dar
seu apoio nas horas em que passava em casa com a famlia. Teve
ento uma boa estrutura que o ajudou muito quando sua me veio a
desencarnar. Por isso, a falta de carinho por parte de sua madrasta, no
veio a desestruturar sua educao nem mudar seu carter. Mas, como
tudo que se passa a nossa volta, pode de alguma forma nos atingir,
acreditamos aqui, que , o ambiente no qual nio cresceu, pode ter
influenciado na sua vida, e deixado na sua conscincia alguma coisa
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que mais tarde veio a tona, e, portanto acabou afetando seu
relacionamento com sua mulher.
Eis, que vamos encontra-lo com a cabea tumultuada de maus
pensamentos, trazendo para sua vida muitos transtornos, onde as
aes, poderiam gerar reaes perigosas, acumulando deste modo
muitas dvidas para seu esprito.
Em sua mente, nio achava que sua mulher poderia fazer o caminho
que percorreu sua madrasta. Nem de longe, ele admitia que nem todas
as pessoas podem ter comportamento semelhante. Passava horas
divagando sobre um possvel acontecimento que poderia faz-lo
sofrer assim como sofreu seu pai. No esquecia a situao lamentvel
pela qual passou sua famlia, de vergonha e dor. No conseguia tirar
da mente o estado de profunda prostrao que acometeu seu pai, e que
o levou morte.
nio, todos os dias, procurava um motivo para discusso. As horas
que deveriam ser de paz junto de sua mulher, se transformavam em
momentos de angstia e de dor. Cleonice no suportava mais. J no
sabia mais que atitudes tomar.
Neste clima de dor, chega o primeiro filho do casal. Nem este
acontecimento, onde uma vida nova deveria trazer alegria e paz,
mudou os sentimentos daquele pai.
Vamos ento encontrar Cleonice, embalando seu filho, chorando suas
mgoas e consumindo-se em dor.
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Voltemos ento, nossa ateno para outro integrante da famlia.
Clarice, abandonada sua prpria sorte, sem ningum para ajuda-la,
deixava que o destino resolvesse a sua situao. No tinha mais
esperanas de se recuperar. Sua doena avanava por caminhos
irreversveis. Remdios j no faziam mais efeito. As dores no peito e
a tosse consumia seu corpo a cada dia. Tudo que lhe restava era
esperar a piedade de Deus.
No conseguindo mais ajudar nos servios domsticos, passava os
dias em seu quarto, onde os pensamentos invadiam sua alma, e tirava
o seu sossego.
Assim como para nio, tambm para Clarice, a vida junto de sua
madrasta trouxe problemas que afetariam mais tarde o seu modo de
pensar Clarice nunca perdoou Dona Ana pelo sofrimento e morte de
seu pai. Trazia em seu peito mgoa e rancor.
Nunca perdoou sua madrasta, pelo motivo de no ter uma vida igual a
de todas as moas de sua idade .Por no ter tido a sorte de encontrar
algum que lhe desse amor. Algum com quem poderia ter mudado o
rumo de sua vida. Julgava injusto o comportamento de sua madrasta,
deixando quando partiu a responsabilidade que no era dela, de trazer
nas costas os filhos de outra mulher.
Os anos foram passando, e Clarice s foi alimentando sentimentos que
lhe envolviam em energias negativas, e consequentemente
comprometeriam ainda mais a sua to frgil sade.
assim que vamos encontrar Clarice, quase inconsciente, delirando
em febre, e prestes a deixar seu corpo para alar voo, para onde s
Deus pode determinar.
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Deste modo, deixemos Clarice, pois a vida dos outros deve continuar.
Assim, os dias corriam em direo ao futuro. Passavam-se os meses e
passavam-se os anos sem nada, nada naquela famlia mudar. A
primavera teimava em trazer suas flores, mas no conseguia enfeitar a
vida daqueles seres to sofridos. E vinha o vero irradiando o brilho
do sol, e nem assim aquela famlia conseguia acordar .O outono, com
suas lindas tardes no conseguia atingir aquele lar. E o inverno ali,
teimava em ficar. Mas o tempo, certamente se encarregar daquela
famlia cuidar.
E as crianas cresceram.
Vamos ao encontro de Selena. J adulta moa feita, trazia consigo as
iluses de um futuro casamento, a vontade de formar uma famlia.
Saia pouco, por isso no tinha oportunidade de travar conhecimento e
fazer uma amizade. Sentia vergonha de seu fsico, mas nada fazia para
melhorar.
Num de seus poucos passeios pela cidade, acabou por travar
conhecimento com os jovens de sua idade. E, acabou se enamorando
de um rapaz. Tudo fazia para chamar sua ateno, mas ele teimava em
no enxerga-la. Era em vo suas investidas. Acabou por sufocar seus
sentimentos na solido e na comida.
Selena nunca teve amor. Foi rejeitada desde o tero de sua me.
Nasceu e foi relegada aos cuidados de estranhos. A ela no bastou o
amor do pai, faltou o carinho da genitora que deveria ajuda-la a ter
mais confiana em si, que deveria ajuda-la a tomar decises no
decorrer de sua vida.
Faltou Selena o amparo de uma famlia. As mos fortes de um pai,
que levanta o filho quando ele est no cho.
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E assim Selena seguia sua vida. Abandonada por todos. Sem o apoio
da famlia e sem amigos. Passava o dia sonhando com um grande
amor que nunca chegava. No fazia absolutamente nada para mudar o
rumo de sua vida. E o tempo transcorria lendo e montono para quem
no tinha nenhum propsito de vida. Nenhuma esperana.
Vamos ento ao encontro de Nilo. J transformado num rapaz de
modos rudes e truculento.
Como j dissemos Nilo desde pequeno deixava transparecer o seu
modo violento. Cresceu, e com ele cresceu tambm o seu modo
desajustado. Tudo para ele era resolvido com brutalidade. Dentro da
famlia, era difcil apart-lo das brigas com os irmos. No media as
palavras, e muito menos a truculncia. Chegava a surrar os irmos
menores.
Na cidade, os jovens de sua idade no se atreviam nem a olh-lo de
esguelha, e muito menos contrari-lo. Temiam pela integridade fsica.
Era um jovem de poucos amigos. Amigos estes que ele dominava com
sua arrogncia e egosmo. Estes poucos amigos, seguiam-no porque
tinham o mesmo carter e se valiam de sua proteo. Formavam
assim um grupo de delinquentes que assustavam o povoado, e que
todos temiam. No era raro provocarem brigas, e fazerem arruaas.
Assim era o jovem Nilo. Um rapaz que nasceu e cresceu sem o amor e
a proteo de uma me. Que teve por pouco tempo, o carinho do pai.
Que passou sua infncia aos cuidados de estranhos. Que seguiu um
rumo que ningum indicou.
Nilo seguiu o caminho que achou que lhe traria a segurana que lhe
faltou na famlia; e ignorou o possvel resultado de uma ao baseada
na violncia.
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Deixemos Nilo, e vamos ao encontro de Amlia.
Amlia e a sua intransigncia. Amlia e seu egosmo. Assim era
Amlia, figura difcil de suportar.
Amlia tinha o habito de mandar. S ela sabia tudo. S o que era dela
valia alguma coisa. Ningum tinha o direito de opinar em nada.
Era assim que agia Amlia. Desprezando os outros, rebaixando a
capacidade de cada um. Amlia tratava os irmos como inteis.
Tratava as poucas amigas, como se fossem lixo. Mandava e
desmandava. O territrio lhe pertencia, era assim que pensava.
Amlia era ainda uma garota, e j sofria por seu modo de ser. Com seu
comportamento intransigente afastava de si os irmos. Afastava de si;
as poucas amizades da escola.
Em casa, passava os dias s e amuada.
Assim cresceu Amlia. Com o tempo passou a ser uma pessoa triste e
amargurada. Optou pelo caminho da solido.
Caminho escuro, onde os dias passam sem ter o sol, e as noites, no
tem estrelas, onde a vida escorrega pelas mos.
Triste criana que no teve orientao. No experimentou o amor da
me, por isso no o tinha para dar. No sentiu o amparo das mos
fortes de um pai. No aprendeu o valor da unio que se deve ter numa
famlia. Passou pela infncia sem perceb-la, sem brincadeiras e sem
sorrisos. Sem a iluso, prpria da vida de uma criana.
E assim nossa Amlia foi crescendo. Sem ningum para indicar-lhe
os caminhos certos, foi se tornando cada vez mais uma persona non
grata.
Deixemos Amlia seguir seu rumo...
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Vamos encontrar Geraldo, garoto arrogante e sem nenhuma meiguice,
pois com apenas onze anos j sabia afastar de si as pessoas pelo seu
jeito egosta de ser.
Geraldo era praticamente um bebe quando foi abandonado pela me.
Seu pai j estava bastante adoentado nesta ocasio, e logo foi criado
aos cuidados de empregados da casa. No teve nenhum carinho, a no
ser o de sua irm mais velha Clarice, que j bastante debilitada por
motivo de sade no lhe dedicava o tempo que uma criana de sua
idade exigia. O irmo mais velho, nio, no tinha tempo para ele, pois
era ele que estava a frente dos custeios da casa. Os outros irmos to
pouco lhe dava a ateno.
Geraldo era um garoto destitudo de qualquer gesto que atrasse a
ateno de uma pessoa. Parece, que ele fazia questo de afastar a
todos. No acreditava em nada e em ningum. No dava valor a nada
e a ningum. Gostava de achar que s ele sabia das coisas.
Desconhecia a palavra f, e debochava de qualquer ato religioso.
Geraldo era ainda muito pequeno, e tinha muito para aprender com a
vida que tinha pela frente. Infelizmente no tinha a quem seguir, com
quem se orientar, e certamente ainda sofreria muito por isso. Talvez,
por seu gnio bastante difcil, ou talvez j fruto de vidas anteriores,
mesmo pequeno j sabia dar sua opinio e seguir seus prprios
pensamentos.
Quantas vezes, na escola, na vizinhana com outras crianas de sua
idade, ou mesmo em casa com seus irmos, houve brigas e
desentendimentos por causa de suas ideias sempre avessas s dos
outros. Sempre em desacordo com a maioria. Achava sempre que
tinha razo.
Deixemos Geraldo, e vamos encontrar Mila..
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Pequenina Mila. Contava apenas com onze anos. J h muito sem
me e sem pai. Ficava aos cuidados de empregados, at o dia em que
eles no existiam mais. Muito cedo foi relegada ao abandono. Depois
da morte de Clarice, sua irm mais velha, a nica que lhe dava algum
carinho, foi deixada sua prpria sorte. Os outros irmos, mal lhe
davam o que comer.
A cunhada, mulher de nio, atarefada com seu prprio filho e com os
afazeres da casa, pouco ensinou a Mila. Faltou orientao para que
ela pudesse conduzir sua prpria vida. Faltou carinho. Faltou amor.
Mila foi crescendo sem rumo. No tinha opinio prpria. Vivia
sombra dos outros. No tinha iniciativa. E desenvolveu a mania de
reclamar. Reclamava de tudo e de todos.
Sem ningum para lhe dar rdeas, e dizer o que fazer, foi se tornando
uma pessoa intil. No gostava dos afazeres da casa e se recusava a
dar qualquer ajuda. Sempre se fazia de coitadinha, inventando
qualquer doena para se safar das obrigaes. Nem escola ela se
dedicava. Vivia sempre com os deveres em falta.
Como no dedicava seus pensamentos s coisas teis, alm de
reclamar da vida, passou a achar que as pessoas no gostavam dela.
Que todos estavam contra ela.
E assim crescia Mila. Passava os dias na rua, sempre procurando
fugir dos compromissos de casa, e quando em casa, passava o tempo
deitada, dormindo.
E enquanto o tempo passava, Mila foi se tornando cada vez mais uma
pessoa intil, e no construiu para si, nenhum propsito de vida.
E o tempo foi passando para todos..
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CAPITULO CINCO
A vida segue adiante, independentemente do caminho que cada um
escolhe para seguir. Cada vez que olhamos para frente, deparamos
com dois caminhos, e temos a liberdade para escolher um.
Naturalmente um deles o mais difcil de seguir, mas, nos d a
garantia de chegar e ter alguma coisa de bom para oferecer ao nosso
criador. O caminho mais fcil aquele que a maioria escolhe, pois no
implica em responsabilidades, nem em boas aes, mas, quando
chegamos no fim de nossas vidas , podemos observar e sentir na pele
o quo intil foi a nossa passagem pela vida . o caminho que deixa
um vazio imenso em nossos coraes, e vemos que no temos nada de
construtivo para deixar para nossos irmos. Nada que possamos deixar
de belo para sermos lembrados pelos nossos filhos e amigos. Nada que
possa ser belo aos olhos de Deus nosso criador.
Numa famlia, deve haver a unio. Toda famlia deve ter como base o
Amor. com amor e unio que se constri uma famlia. Famlia
educao. Sem famlia no existe uma nao.
Todo e qualquer ensinamento, deve ser iniciado dentro da famlia. A
famlia o alicerce para toda construo.
Se existe amor e unio a educao flui e com naturalidade. Os
ensinamentos se desenvolvem por si s .Tudo fica mais fcil, e tudo
corre num clima de tranquilidade.
com o amor dos pais, a unio, os exemplos dentro de casa que se
forma uma famlia slida. Pronta para seguir os ensinamentos de
Jesus.
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Vamos adiante ao encontro dos protagonistas desta histria.
Depois da morte de Clarice, temos frente dos cuidados da casa a
mulher de nio. Cleonice passava o dia, envolvida nos cuidados da
casa e da famlia de seu marido. Alm disso; dedicava -se tambm aos
cuidados de seu filho. Mesmo no tendo muito tempo para sair e se
dedicar ao lazer, ouvia muitas reclamaes de seu marido, que
continuava com sua mania de perseguio mulher, achando sempre
que ela podia estar envolvida com outro e a lhe trair.
Com o passar do tempo, nio se tornava cada vez mais ciumento,
trazendo muitos problemas para sua mulher, que j no conseguia
mais viver em paz. Eram constantes as brigas, e ele no fazia nenhuma
questo de esconder isso da famlia, que se via muitas vezes envolvida
nas brigas do casal.
Como vivia nio envolvido em maus pensamentos, atraiu para si
muitos problemas de sade, tendo muitas vezes que abandonar o
trabalho nas mos de Nilo, o irmo mais novo. Os negcios na lavoura
iam de mal a pior. Muitas vezes passavam necessidade das coisas mais
bsicas para a alimentao.
Assim sendo, Cleonice que j no suportava mais os maus tratos do
marido, tambm comeou a atrair para si o desgosto e a solido.
Cleonice comeava a entrar em depresso.
A vida do casal transcorreu neste clima at o final de suas existncias.
Ambos envelheceram envolvidos em mgoas e desiluso. At que a
depresso de Cleonice levasse para o tmulo, e deixasse nio a viver
o resto de seus dias na mais completa solido.
E mais uma vez a falta de estrutura na famlia, levou dois seres
humanos a desperdiar toda uma existncia, jogando fora o presente
de Deus de uma encarnao.
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Vamos agora at Selena.
Ao contrario do que todos esperavam, ou pensavam, Selena no que diz
respeito vida amorosa, deu a volta por cima.
Num de seus poucos passeios pela cidade, mais propriamente nos
festejos que aconteciam na parquia do vilarejo, Selena veio a
conhecer um rapaz que simpatizou muito com ela iniciando a, um
namoro que acabou em casamento.
Vale dizer, que Selena apesar de ter seu corpo acima do peso, era
muito bonita de rosto o que acabou por chamar a ateno do rapaz.
Selena no era muito de sair passeios, em compensao era muito
trabalhadeira , e alm de ajudar nos cuidados da casa, estava sempre
envolvida em trabalhos manuais.
Selena no teve orientao materna para nada, mas procurou por si s
os caminhos que a levariam a uma vida melhor. Um caminho que no
a deixasse pensar no que no teve, mas no que poderia ter.
A ento, depois de um namoro no muito longo, os noivos
resolveram formar sua famlia, unindo-se em matrimonio, deixando
ento Selena sua casa paterna para acompanhar o marido em seu novo
lar.
Tudo deveria transcorrer normalmente, se a falta do alicerce, que a
base de tudo no tivesse faltado na infncia de Selena.
Depois de algum tempo casada, Selena, sem nunca ter recebido
orientao do que seria uma vida a dois, comeou a se sentir obrigada
a retribuir os carinhos e as obrigaes que lhe eram impostas na
convivncia do casal.
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33
A ento, Selena comeou a desprezar seu marido. Fugia sempre das
suas caricias, e sempre inventava alguma doena quando o marido a
procurava.
A vida do casal comeou ento a se deteriorar.
Filhos, ela no queria nem pensar em ter, fugia do assunto sempre que
a discusso partia para este rumo.
Assim comeou uma trajetria que parecia no incio ser
completamente diferente, quando tudo indicava que na famlia Silva
Pedrosa, alguma pessoa se salvaria da falta dos pais.
E assim Selena viveu seus dias. Envelheceu quase to s quanto era
antes, apesar de morar na mesma casa com o marido. Este, no
suportando o desprezo da mulher, passou a procurar por outras na rua,
deixando o falatrio, chegar at sua casa, o que acabou arruinando
ainda mais a vida do casal.
Nesta angstia viveu o casal, no se separando para no enfrentar os
problemas com a sociedade na poca. Viviam juntos como se fossem
separados.
E assim foi at o fim de suas vidas.
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34
Em nossas vidas, todos os dias, temos pela frente dois caminhos a
serem escolhidos. Depende de ns, se escolhemos o certo ou o errado.
Para isso nosso Pai, nosso criador deixou-nos o livre arbtrio .Jesus,
nosso mestre amado, veio ao nosso encontro a tempos atrs, e
continua a nos amparar todos os dias de nossas vidas, tentando nos
dizer com seus ensinamentos, qual o caminho que nos levar
felicidade. Basta para ns, refletir sobre seu evangelho, para no
cruzarmos com sofrimentos e dissabores, pela escolha do caminho
errado.
Enveredar pelo caminho mais fcil, onde no nos trar nenhum
compromisso com nosso semelhante, pode parecer a principio a
melhor escolha, mas , chegando no final de nossas vidas, ou seja da
presente encarnao ,vamos sentir na pele o quo vazio existe dentro
de ns, vamos sentir a inutilidade de toda uma existncia.
Deus nosso Pai no quer para ns nenhum sofrimento, tudo que
passamos durante as nossas encarnaes, so frutos que ns mesmos
plantamos e hoje estamos colher.
O Pai nos criou para sermos felizes.
Basta para isso, que sigamos retamente as suas Leis.
Seguir as Leis do criador, implica muitas vezes em escolher o
caminho mais difcil, para isso, podemos sempre contar com a ajuda e
o amor de nosso mestre Jesus.
Jesus, sempre estar do nosso lado, se em nossos caminhos,
cruzarmos com pedras e espinhos.
Jesus sempre estar conosco se a vontade de segui-lo estiver em
nossos coraes.
num desses caminhos largos, que vamos encontrar nosso Nilo.
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Adulto j, e com os mesmos modos de quando era ainda jovem, no
mudou em nada. Continuava agindo como se fosse o dono do mundo.
O jovem Nilo vivia envolvido em brigas. No saia das ruas,
procurando encrencas com quem cruzasse seu caminho.
Vale lembrar que Nilo era ainda muito pequeno quando ficou sem o
amparo dos pais. No teve a orientao necessria que deve ter uma
criana para levar adiante em sua vida. No teve nem a base da
educao para ter uma vida regrada na honestidade e no bem. Faltou a
ele o amor dos pais. Como os irmos mais velhos viviam para o
trabalho de manuteno da casa, faltou a Nilo tambm a unio com a
famlia.
Nilo mal ajudava na lavoura. No tinha amor ao trabalho e somente o
fazia para no entrar tambm em atrito com o irmo. Mas, aproveitava
qualquer folga para procurar s ruas e as farras. Era tambm chegado
jogatinas, onde gastava o que no tinha. Muitas vezes suas brigas
eram frutos de dvidas que ele acumulava.
Sempre que tinha alguma festa na cidade, Nilo procurava confuso.
Indispunha-se com os rapazes por causa das jovens. Sempre quis o
que pertencia aos outros. Era assim com relao s namoradas dos
outros.
Ningum na Vila gostava de Nilo. Quando chegava nos lugares era
motivo de cochichos, e desdm. Continuava sendo como quando era
criana, persona non grata.
Assim era a vida de Nilo, at que...
Parecia que tudo estava pronto, ali, esperando por aquele
acontecimento. Destino ou livre arbtrio?
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No importa, tudo estava plantado e era a hora da colheita. E o fruto
no era de boa qualidade.
Quando toda a cidade estava em festa, as famlias se divertiam, as
crianas brincavam, os jovens namoravam, e tudo era alegria, veio a
confuso.
Nilo, j trazia consigo a desavena. Onde chegava; vinha junto a
tristeza e a dor. Ningum, por melhor que fosse no passava
despercebido ao seu mau carter. E foi assim que tudo comeou:
Na cidade, havia um casal de namorados que Nilo perseguia. No
deixava em paz a jovem que no dava a ele a menor ateno. Sendo
esta apaixonada pelo namorado. Estavam os jovens entretidos em
palestra quando Nilo passou e endereou ao rapaz seus insultos. Por
mais que tentassem no se envolver, Nilo no os deixou em paz. Foi a
que alguns jovens, amigos do casal se condoeram por eles e se
envolveram na discrdia.
Formou-se ento um grupo contra o brigo, e quando ele se viu
cercado por muitos, sacou a arma que sempre levava consigo, e como
fazem os covardes, puxou o gatilho vindo a tirar a vida de um inocente
rapaz, que tudo o que queria era divertir-se ao lado de sua namorada.
Nilo foi preso em flagrante, pois os homens da lei estavam ali, na
praa, na hora da briga. Para ele no restava mais nada, seno
acompanhar os guardas, pois havia muitas testemunhas.
Ali terminava mais um episdio de dor.
A, se encerra para mais um integrante da famlia Silva Pedrosa, uma
vida que fora fadada a terminar em tragdia.
Assim foi a trajetria de Nilo.
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Enjaulado como um bicho, ali viveu os piores tormentos de sua vida.
Sofreu todas as humilhaes que ele um dia fez os outros passar. Teve
doenas de todo tipo, e no era socorrido. Deste modo, envelheceu
muito em poucos anos, e deixando o corpo doente, acabou por
sucumbir, partindo para a ptria espiritual.
Assim a vida. Temos como presente de Deus a encarnao. Quando
no soubermos aproveitar esta oportunidade, deixamo-la passar e
perdemos um tempo precioso. Perdemos a oportunidade de aprender e
crescer em esprito.
Mas Deus pai. E como todo pai, quer o bem de seus filhos. E como
pai todo poderoso que ele , certamente nos dar uma nova
oportunidade. Para isso, basta que nos arrependamos de nossos
pecados e desejemos de todo corao uma mudana em nossas vidas,
e trabalhemos duro para que isso acontea.
No basta s querer, temos que merecer. Por isso, o trabalho deve ser
rduo. Amar, como Jesus nos amou. Este um bom comeo.
Nilo certamente ter sua oportunidade. Basta querer e se fazer
merecedor que Jesus o atender.
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Amlia j era moa feita. Aqui vamos encontra-la ainda com suas
intransigncias em relao s outras pessoas. No bastava ela ser
chata apenas com seus familiares, agia do mesmo modo com todos
que se relacionava. No conseguia ter um bom relacionamento com
ningum. Todos para ela no passava de lixo. Continuava rebaixando
as pessoas e se achando sempre a melhor.
O tempo passava e Amlia por motivo de seu comportamento,
tornava-se muito solitria. Saia s vezes sozinha, pois as jovens de sua
idade fugiam de sua rabugice. Era sedutora, e namorados no lhe
faltavam. Muitas vezes antes de terminar com um, j arranjava outro.
Se viu em apuros por muitas vezes, mas, acabou por achar a situao
agradvel e sempre procurava se envolver na mesma.
Para sair da solido, que vivia quando era criana, e por achar que
vivia s porque os outros a rejeitavam, passou a namorar com todos
que a cortejavam. Foi assim que se tornou a namoradeira da vila.
Nenhum rapaz da cidade lhe passava despercebido. Acabavam muitos
deles se envolvendo com ela. Tornou-se motivo de falatrio na boca
de todos.
Para as jovens de sua idade, Amlia representava o perigo, fugiam
dela, para proteger seus namorados. Para os rapazes, Amlia
representava o prazer, era a mulher fcil.
Foi assim que Amlia comeou sua trajetria de mulher da rua. Se no
para enfrentar o falatrio, para enfrentar sua prpria solido.
A famlia, envolvida em seus prprios problemas, no se dignava a
prestar ateno na vida de Amlia, e assim ela seguia sem escrpulos
por caminhos que seriam difceis de retornar. Era rechaada por todas
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39
as jovens de boa famlia, e no era mais convidada para nenhuma festa
que acontecia na cidade.
Foi assim que Amlia engravidou pela primeira vez, e sem pensar
duas vezes praticou o aborto.
Sentindo-se livre do incomodo que lhe era a gravidez, Amlia no
pensou duas vezes para voltar vida nas ruas, onde o dinheiro fcil e,
o divertimento, passou a fazer parte de sua vida. Assim seguia sua
trajetria.
No demorou muito para que ela novamente praticasse outro aborto, e
mais outro, onde acabou por prejudicar em muito a sua sade. Suas
noitadas sem dormir, acompanhadas de bebidas alcolicas fez com
que seu fsico e seus rgos sentissem o trauma. Acabou por adoecer e
nem nas ruas mais era querida. Passou a ser motivo de chacota entre
os homens, e motivo de distncia entre as mulheres.
Sua famlia, que j no lhe dava ateno, passou a desprez-la.
Como o dinheiro no entrava mais fcil em suas mos, Amlia passou
a se unir aos piores indivduos das ruas, deitando-se com sujos e
maltrapilhos, para poder sustentar seu vcio na bebida, e comprar algo
para comer. Morava s, e estava na mais completa solido.
Nunca sentiu nenhum remorso pelos atos hediondos que cometeu, e
rejeitava qualquer aconselhamento de quem quer que seja. Para ela
bastava farra e a bebida.
Foi assim que perdeu toda a sua juventude, e a vida que Deus lhe deu.
Com tantos problemas, veio a falecer ainda muito jovem,
desperdiando uma oportunidade nica que atrasa em muito a
evoluo do esprito, tendo este que voltar outras vezes para cumprir
aqui os desgnios do pai nosso criador. Voltar, para tentar resgatar o
que perdemos, por puro equvoco quando na escolha do nosso livre
arbtrio.
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40
Assim foi a vida de Amlia.
Vamos encontrar Geraldo. Um jovem destitudo de qualquer
sentimento de amor. Um jovem sem f.
Para Geraldo, tudo girava em torno de si mesmo. Os outros, pouco lhe
importava. Nunca teve um nico gesto de carinho com ningum. Dar
algo para algum, nunca lhe passou pela cabea. Queria tudo para si,
nada para os outros.
Geraldo cresceu sem apoio dos pais, isso ns j sabemos. Sentiu muito
a falta da me e a morte do pai. No teve quem lhe indicasse o sentido
da unio. O valor da partilha. Como no recebeu o ensinamento do
amor, no sabia amar.
Era avarento, e escondia de todos os seus bens. Quando adolescente, e
depois adulto, trabalhou sempre com o irmo, mas procurava ganhar
por fora, s escondidas, sem deixar rastros para ser descoberto.
J adulto, conheceu uma jovem, que tinha os mesmos pensamentos
que ele, por isso logo, uniram-se em matrimonio.
Para o casal, a vida dos outros no tinha a menor importncia, s a
deles tinha algum valor. Nunca se importaram com as necessidades
dos mais prximos, e tudo que queriam era distncia de todos, para
no se sentirem na obrigao de ajudar.
Foi assim que construram sua famlia. Tiveram um casal de filhos
que mais tarde lhes trouxeram muitos aborrecimentos, pois a eles
ensinavam o que achavam certo para si.
Os filhos, engajados no mesmo sentimento dos pais, mais tarde se
voltaram contra eles, tentando engan-los sempre que podiam ,
roubando-os dentro de sua prpria casa, aproveitando toda
oportunidade que aparecia.
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41
Os pais, quando descobriam, tentavam argumentar, sem nenhum
resultado, pois os filhos sempre negavam seus prprios delitos.
Quando ensinamos atravs de exemplos, devemos acima de tudo ter
responsabilidade, pois o resultado de nossos ensinamentos pode trazer
prejuzos para ns mesmos.
Geraldo, em toda sua vida sempre deixou transparecer o seu egosmo.
Para os filhos, que cresceram ouvindo sempre o que os pais diziam,
era normal agirem da mesma forma. Sempre que havia algum
questionamento entre eles e os pais, deixavam claro que, estavam
seguindo o seu exemplo.
Geraldo era muito nervoso, e agia sempre com brutalidade com sua
famlia. Sempre que discordava, ele e a mulher, do comportamento de
seus filhos, aconteciam as brigas, onde os filhos no pensavam duas
vezes para enfrentar os pais.
Para Geraldo, a derrota com relao ao comportamento dos filhos,
deixava sempre o gosto amargo da perda, haja visto, que se achava
sempre o dono da verdade.
Enquanto seus filhos cresciam, Geraldo e a mulher acumulavam
derrotas e sofrimentos, sem nunca pensarem numa mudana de
comportamento. Seguiam a vida, sempre achando que o mais
importante era sempre a sua famlia, por mais problemas que tinham,
os outros eram sempre relegados a plano nenhum.
Por isso, tinham poucos amigos. As pessoas de bem, fugiam da
companhia do casal, pois no se sentiam a vontade diante de
conversas que s giravam em torno de si mesmos, diante de tanto
egosmo.
Assim foi a vida de Geraldo e dos seus. Eram belos e saudveis,
tinham tudo para ser feliz, mas preferiram viver no egosmo, o que
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acabou trazendo amargura para seus coraes. Adquiriram muitos
bens materiais, mas no conquistaram a paz.
Vamos voltar no tempo. Vamos encontrar a caula da famlia Silva
Pedrosa. O piv de muito sofrimento, a causa de tanta dor.
Mila.
Como j sabemos, Mila foi abandonada por sua me ainda bebe.
Relembremos que ela foi criada pelos serviais da casa, enquanto
ainda eles existiam, e depois por sua irm Clarice at que esta veio a
falecer. Logo, Mila foi deixada ao sabor dos ventos ainda muito
criana.
Relembremos tambm, que era uma criana muito chorona, e cresceu
levando consigo estes atributos. Desenvolveu a mania de reclamar de
tudo e de todos. Com a falta da me e sem nem conhecer o pai
biolgico, e convivendo pouco com o pai adotivo, no teve quem lhe
mostrasse um caminho diferente daquele que ela criou para si mesma.
Mila, ainda muito jovem, comeou a fazer de tudo para chamar a
ateno de sua famlia, ou seja, de seus irmos. Sem ter resultados
com a sua choradeira, comeou a dissimular dores e doenas para ver
se lhe prestavam ateno.
No comeo, todos da casa, irmos e cunhada, ficavam preocupados,
mas com o tempo, descobriram que tudo no passava de encenao.
Sem se preocupar com o tempo que fazia os outros perderem com suas
manias, Mila continuava a viver sua vida de mentiras.
Com o tempo, e por terem cada um, sua vida a controlar, deixaram de
prestar ateno Mila, que mesmo assim insistia nas encenaes.
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O tempo foi passando, e esta mania de doenas foi se tornando o
centro da vida de Mila, que s fazia reclamar e mesmo que ningum
lhe desse a menor ateno, continuava com as encenaes.
Mila, era uma jovem sem muitos atributos, no era feia, mas tambm
no era bela. Por isso no tinha muitos pretendentes.
Teve um namorado, que entediado com suas conversas em torno de
doenas e reclamaes, acabou por deixa-la.
Por sorte, conheceu outro rapaz, que se apaixonou por ela, e mesmo
sabendo de suas manias, acabou por pedi-la em namoro.
Amigas, Mila no s tinha, pois nenhuma jovem da cidade suportava
a sua companhia. Diziam sempre que a amizade de Mila era uma
algema, ela s prendia com seus problemas e suas reclamaes.
O tempo passava e Mila no mudava seu comportamento, at que um
dia, nem seu namorado que se dizia muito apaixonado, suportou mais
a sua companhia. Tiveram uma discusso acirrada e ele deixou-a para
sempre.
Mila , depois de chorar muito, reclamar muito, e deixar toda a famlia
esgotada com seus problemas, e ainda tentando chamar ateno para
s com suas encenaes, entrou em depresso.
Foram meses, onde a famlia j bastante desacreditada de seus
problemas, no deram a devida ateno ao que estava acontecendo,
enquanto isso , ela entrava mais e mais na depresso. Passou a ter um
comportamento diferente. No chorava, no reclamava mais, no
encenava. Fechou-se na sua dor e na sua solido.
Passava os dias, trancada em seu quarto. No se alimentava direito, e
comeou a ter problemas de sade.
Foi assim que os dias se arrastavam sua volta. Foi assim que a pouca
alegria morreu em seu corao. Foi assim que Mila, num dia em que
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a esperana a deixou para sempre, tirou sua prpria vida, tomando do
veneno que se usava para matar ratos na lavoura. Foi assim, que Mila
passou pela vida sem prestar a menor ateno.
E o tempo foi passando.
O pas j se acostumara a nova situao. Famlias que eram muito
ricas; empobreceram por falta de mo de obra nas lavouras. O Pas
com sua imensa extenso de terras chamou ateno de outros povos.
Vieram os imigrantes. Juntaram-se a muitos negros, empregando-os
em suas terras, e comearam a fazer aqui suas fortunas.
Para muitos, a vida estava mais difcil, enquanto para outros, que
chegavam de longe, provavelmente de uma situao bem mais
penosa, a situao se lhes apresentava como motivo de alegria e
esperana.
Enquanto uns regozijavam com a nova situao, outros sofriam as
suas desiluses.
No era diferente no que restou da famlia Silva Pedrosa.
Muitos se foram, partiram desta vida para a ptria espiritual, outros
continuavam a sua trajetria, nem sempre por caminhos onde brilhava
o sol.
Famlia de muitos integrantes, onde a unio deveria fazer a felicidade
brilhar nos dias de cada um, onde a unio deveria trazer a alegria para
todos os coraes. Mas, por ironia do destino ou livre arbtrio das
pessoas, cada um seguiu por estradas tortuosas que levaram muitos
ruina de mais uma encarnao.
A famlia, j sem boa parte de seus integrantes, passou o resto de suas
existncias em muito sofrimento, haja visto a falta da base, que o
amor e a unio, deixado em branco pela partida inesperada da me e a
morte do pai.
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A famlia, por falta de responsabilidade por parte da me, ao
abandonar os filhos e o marido, e a morte do pai, por desgosto e
fraqueza para enfrentar uma nova vida, desenvolveu e se envolveu em
sentimentos chulos, como o cime, a falta de amor prprio, a
violncia, a intransigncia, o egosmo: que s atrasam o
desenvolvimento do esprito, e arrastam muitas vezes o corpo fsico,
presente abenoado que recebemos do Pai, para o tmulo.
Partindo do princpio de que Deus, nosso Pai nos criou para sermos
felizes, cabe a ns seguir os ensinamentos de seu filho Jesus, nosso
irmo maior, para alcanar esta to almejada felicidade.
Cabe a ns praticar e seguir suas leis, que so eternas e imutveis.
Em todas as famlias, o que deve ser ensinado pelos pais, o respeito
e a unio entre todos. Deve os pais, ensinar, dando os devidos
exemplos. Devem deixar seus exemplos, como base e herana para
seus filhos. Aos filhos, basta seguir as leis de Deus, os ensinamentos
de Jesus, e os bons exemplos dos pais.
Uma famlia s feliz, quando impera o respeito e o amor entre todos.
Depende das famlias, o Pas em que vivemos.
No podemos esquecer, que sem famlia, no existe a sociedade. Sem
as famlias no possvel formar uma Nao.
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SEGUNDA PARTE
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_ Senhor Jesus, aqui estou, a teus ps, pedindo o teu perdo.
_ Me amada, Nossa Senhora, aqui estou de joelhos, implorando a sua
ajuda.
_ Querida me de Jesus, que a todos ouve, escute as minhas preces.
D-me a chance de provar meu arrependimento e minha vontade de
mudar
_ D-me a chance de desfazer os meus erros.
_ Nossa Senhora. Vs que foi um exemplo de me, eu te peo com
todo meu corao; Interceda junto a teu filho amado por mim. D-me
a chance de reparar meus erros do passado. Faa Senhora com que eu
possa um dia ser perdoada pelos meus filhos. Com que eu possa um
dia vir a aconchega-los em meus braos. Braos estes que noutra vida
deixaram de abra-los.
_ Pai todo poderoso. Vs que sois a bondade suprema, d-me o seu
perdo.
Assim vamos encontrar Ana, na Ptria Espiritual, elevando suas
preces Nossa Senhora, a quem aprendeu a amar; e debulhando-se
em lgrimas.
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Ana, nos ltimos meses de sua ltima encarnao, veio a cair doente
em uma cama. J bastante idosa e sem ningum para lhe ajudar, sofreu
todas as misrias da vida. Seu companheiro, j havia anos antes,
desencarnado, tambm por motivos de sade.
Ana se viu s e abandonada, e pode sentir em sua prpria pele os
problemas que ela prpria havia causado aos seus. Lembrava-se
constantemente de seus filhos e esposo, e sofria por pensar na dor e
sofrimento que ela poderia ter lhes causado com seu gesto de imensa
irresponsabilidade.
Os seus ltimos meses de vida, foram para ela de imensa dor. Chorava
desesperadamente e pedia perdo Deus pelos seus atos impensados.
Como no tinha ningum que a ajudasse, dependia de favores de
vizinhos que a socorriam nas suas mais prementes necessidades. Do
contrrio, vivia sempre na mais completa solido.
Nesses momentos de solido, que lhe vinham na mente todo o
passado. E nesses momentos, que lhe aconteceu de sentir o imenso
erro que cometeu com relao seus familiares, e ento veio a dor
imensa do remorso.
deste modo que Ana veio a falecer. Deixou o corpo, sem ningum
para chorar por ela. Dependeu at o ltimo momento da vontade de
estranhos, Mas, levou consigo para o tmulo, a dor do remorso que
consumiu o seu corao.
Em esprito, vagou algum tempo por territrios de imensa dor. Sofreu
todas as penrias do abandono e da solido. At que num momento de
luz em seu esprito, pediu socorro nossa senhora, que nos ltimos
meses de sua vida, aprendeu a amar.
Foi socorrida e levada para um posto de atendimento na Ptria
Espiritual. Era um posto avanado de socorro aos necessitados, que
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eram recolhidos junto da crosta terrestre. Um posto dirigido por
abnegados irmos devotos de Nossa Senhora.
Assim Ana foi socorrida com muito carinho por esses irmos.
Enquanto Ana fazia suas preces, dirigidas nossa Senhora, e a Deus
nosso Pai, entrou no quarto o irmo que a acompanhava nesta sua
nova vida.
Vendo que a porta foi aberta e adentrou o querido irmo, Ana
encerrou suas preces em lgrimas e se dirigiu ao irmo.
Este, aconchegando-a em seus braos e enxugando suas lgrimas,
argumentou;
_ Calma minha filha, no deixe que a perturbao prejudique seu
crescimento. Deus nosso Pai, jamais desampara seus filhos. Jesus,
nosso mestre amado, caminha sempre ao nosso lado e Nossa Senhora
sempre ouve os coraes arrependidos.
E continuou;
_No deixe o desespero tomar conta de sua alma. Tudo tem seu tempo
certo. O que devemos fazer ocup-lo com trabalho e estudo, e nos
colocarmos nas mos do Pai.
E vendo que Ana se acalmava, continuou;
_ Vamos pensar na melhor maneira de voc ocupar o seu tempo. Aqui
nesta instituio, existem muitos trabalhos voltados para o bem dos
mais necessitados, e tambm muitos cursos e palestras voltadas para
nosso crescimento espiritual.
_ Tente ficar tranquila, e quando estiver mais confiante, podemos
escolher juntos um curso que preencha suas expectativas, e juntos ,
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podemos nos inscrever para as palestras que ocorrem nesta casa de
amor.
E assim dizendo, foi deixando Ana, e saindo para seus afazeres.
Passaram-se alguns dias e o venervel irmo que vamos chamar aqui
de Jos, voltou a procurar por Ana.
Assim que entrou foi logo dizendo;
_ Querida irm, hoje quero leva-la para um passeio. Existem aqui
muitos parques com belas arvores e flores, que gostaria que
conhecesse.
Ana, contente com a ideia de sair do quarto, enxugando as lgrimas
que agora eram constantes em seus dias, animou-se com o convite e
foi logo se levantando para acompanhar o ilustre visitante.
Saram para o parque. Percorreram belas alamedas e Ana se
deslumbrava com as variadas flores dos jardins.
Sentindo-se mais tranquila com o belo espetculo a seu redor, confiou
no companheiro as suas dvidas:
_ Por que, querido irmo, depois de tanto errar, ainda encontro aqui
irmos que se preocupam comigo? Ser que mereo tamanha
dedicao por parte de pessoas que nem me conhecem? Que no
sabem o quanto eu fiz de errado na minha ltima encarnao?
Depois de uma pausa, onde Ana novamente comeou a chorar, e, para
que no ficasse sem respostas, as suas perguntas, disse o irmo Jos:
_ Todos ns temos o nosso merecimento. Somos todos iguais perante
Deus nosso Pai. Ele, certamente sabe o que ns fizemos, e nunca nos
abandonou em nenhuma circunstncia. Ele, jamais se zanga conosco,
porque sabe de nossas imperfeies, mas, acredita e espera
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pacientemente que cresamos, e que um dia venhamos a no errar
mais.
_ Nunca esquea-se querida Ana, que Deus nos ama
incondicionalmente. Faamos o que faamos, ele sempre vai nos
amar. Ele sempre vai nos dar mais uma chance. Resta a ns querermos
merecer o seu amor. Aproveitar as oportunidades que sempre esto
nossa volta para melhorar, para crescer. Para um dia estar mais perto
de seu filho Jesus, e consequentemente mais perto dele, nosso Pai.
Sentindo que Ana se acalmava, calou-se, e juntos caminharam pelo
parque, admirando toda a sua beleza.
Pelo caminho, ainda encontraram muitos espritos que habitavam
aquela colnia, e aproveitaram para discutir a importncia deste lugar
na reeducao espiritual. A importncia de almas abnegadas servio
da espiritualidade maior.
E o irmo Jos retomou as conversaes;
_ Como v amiga Ana, muitos se valem deste paraso no qual
estamos, para melhorar-se em esprito. Lugar abenoado, dedicado
Nossa Senhora, que nos d o privilgio de trabalhar em seu nome.
_Como pode perceber tambm ela, Nossa Senhora, ouviu suas preces.
Tambm ela se condoeu com seu sofrimento. Assim como seu filho
amado, ela tambm se preocupa com nossos problemas e acredita na
nossa vontade de querer mudar.
_ Sempre que estiver em sofrimento, chame pela nossa me espiritual,
que ela certamente interceder junto seu filho amado, que
certamente , se estivermos falando de corao, nos atender e nos dar
uma nova chance de recomear.
E assim falando, foi conduzindo Ana para retornar aos aposentos, pois
se aproximava a hora das oraes, que eram dirias naquela instituio
de amor.
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_ Vamos irm, que novos afazeres nos esperam.
Passaram-se mais alguns dias, onde Ana j estava bem mais
recuperada dos problemas que havia trazido consigo do tempo de
encarnada, quando o amigo Jos bateu de novo em sua porta.
Encantada com sua presena, Ana no deixou de esboar um largo
sorriso, pois j estava sentindo sua falta, e havia inclusive comentado
com as enfermeiras que a atendiam diariamente naquela casa.
_ Querido irmo Jos, com que prazer volto a v-lo! Espero que tenha
alguma novidade para mim! Foi logo perguntando Ana, assim que ele
transps a porta de seu quarto.
_ Como vai querida Ana? Espero que tenha aproveitado bem o seu
tempo livre!
_ Sim irmo Jos. Aproveitei o tempo para refletir sobre as nossas
conversas, e cada vez mais me emociono quando relembro nossos
passeios e os ensinamentos que aqui estou recebendo. No me canso
de pensar, como Deus bom para conosco, e cada vez mais me sinto
devedora de sua bondade.
_ No esquea-se querida irm, de que Deus , nosso pai amado,
mandou seu filho muito querido para ajudar-nos a chegar mais perto
dele. Nunca esquea-se, que Jesus viveu entre ns ensinando e dando
exemplos de vida, os quais ns muitas vezes teimamos em no seguir.
No importa o tempo que levemos para acordar de nossos devaneios,
o que importa a vontade que trazemos em nossos coraes quando
despertamos para a verdade do pai.
Ana, j comeava a se emocionar, e lgrimas comearam a rolar pelo
seu rosto. As lembranas teimavam em rondar sua serenidade.
Jos, antes que Ana se emocionasse demais, foi logo mudando de
assunto e dizendo:
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_ O que acha minha amiga, de um novo passeio pelos belos lugares
desta instituio?
Ana entusiasmada, se deixou levar em companhia do irmo Jos.
Saram pelas ruas da colnia, e caminharam por um longo tempo em
silencio, a observar a beleza do lugar.
Vendo que Ana estava absorta em pensamentos, e para que ela no
entrasse novamente nas lembranas que lhe tiravam a tranquilidade da
alma, o irmo Jos entabulou uma nova conversao;
_ Veja Ana, quantos irmos, temos aqui nesta instituio. Todos, a
procura de entendimento para prosseguir em novas jornadas.
E vendo que Ana passou a lhe dar ateno, continuou:
_ Todos ns, espritos criados por um Deus, que sinnimo de puro
amor, temos o privilgio de tentar sempre, muitas vezes se assim se
fizer necessrio, uma renovao em nossa alma, atravs da
oportunidade que temos de uma nova encarnao.
_ Deus, que pura bondade, no deixa nunca seus filhos esquecidos
na dor. Basta que lhe peamos, e uma nova oportunidade nos
apresentada.
_ Para isso, devemos tomar conhecimento das leis de Deus. Toda lei
do criador, deve ser seguida sempre risca, caso contrrio, podemos
cair no vcio de errar outra vez.
O irmo Jos fez uma pausa, e vendo que Ana lhe interrogou com o
olhar, prosseguiu:
_ Tudo seu tempo. O Pai sbio, e d- nos o tempo necessrio para
que cheguemos a ele da forma que ele sempre sonhou para ns.
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Ana, embalada nas palavras de Jos, a tudo ouvia com a maior
ateno. E como ele se calou para dar a ela o tempo de absorver a
conversa, interrompeu o silencio para perguntas que se lhe
amargurava o corao:
_ Ser, irmo Jos, que um dia, tambm eu, terei a oportunidade de
voltar vida terrestre, e reparar todos os meus erros com relao
meus filhos e meu esposo?
_ Ser querido irmo, que um dia, serei merecedora de tamanho
obsquio da parte do pai?
E sentindo todo sofrimento que transparecia no olhar de Ana, disse o
irmo Jos:
_Todos ns sempre teremos do Pai a misericrdia. D tempo ao
tempo. Ainda temos muito que aprender antes de nos preocupar-nos
com o futuro. Vamos aproveitar o presente. Vamos aproveitar as
oportunidades de aprendizado que est nossa volta.
_ Olhe dos lados. Repare que no est sozinha. Muitos irmos esto
aqui a procura de novos entendimentos e novas oportunidades. Siga
seus sentimentos e deixe o resto nas mos de Jesus.
_ O importante no desistir nunca. Muito temos ainda que passar
para chegar no lugar onde o pai nos espera. O que importa que
saibamos passar pelos caminhos da dor sem ressentimentos. Que
saibamos driblar o sofrimento sem nos enfraquecer com eles. Ao
contrrio, o sofrimento deve sempre nos trazer crescimento para o
esprito.
Calou-se Jos, para que Ana pudesse absorver suas palavras.
E seguiram silenciosos pelas alamedas floridas da colnia.
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Para os encarnados, o calendrio marcava j os ltimos anos do sculo
dezoito, enquanto que na Ptria Espiritual o tempo no tinha a menor
importncia.
Na terra, alguns dos filhos de Ana, ainda viviam, enquanto no mundo
espiritual j fazia algum tempo da chegada de Ana.
Ana, no tinha conhecimento de como estavam seus filhos, se viviam
ou se j tinham retornado Ptria Espiritual, e muito menos no tinha
conhecimento de quanto sofrimento eles passaram com a sua partida,
e nem sabia da trajetria que cada um teve em suas vidas.
A nica coisa que Ana pressentia, era que seus atos impensados
quando encarnada, poderiam ter causado muitos danos para seus filhos
e que ela, no gostaria de repetir tamanho erro em sua vida.
Tudo que ela queria, era ter a oportunidade de rever cada um de seus
filhos, e pedir perdo pelos seus erros do passado. Daria tudo que
estivesse seu alcance para apagar o sofrimento na vida de cada um.
Para isso, estava disposta a estudar e trabalhar, para adquirir todo
entendimento necessrio que permitisse seu retorno vida corprea a
fim de que pudesse recomear de onde parou; recomear de onde
permitiu que seu egosmo falasse mais alto, e apagar todo passado de
sofrimento e dor.
Em seu quarto, Ana rememorava sua ltima encarnao, e a cada dia
se sentia mais culpada, sem nem ao menos conhecer todo drama da
famlia que ela teria causado com sua partida.
A nica coisa que ela queria neste momento, era poder rever seus
filhos. Queria ter a oportunidade de pedir perdo, mesmo no tendo
ainda conseguido a serenidade para seu corao.
Ana pensava tambm, em Epitcio, que desencarnou antes dela, mas
no tinha coragem de perguntar por ele. Seu corao nunca deixou de
ama-lo, mesmo quando veio o arrependimento de seus atos com
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relao sua famlia. Queria estar mais preparada, sem sentir-se to
culpada, para um dia se encher de coragem e perguntar pelo seu
grande amor.
Assim caminhava Ana em direo ao futuro.
Futuro este que est nas mos do Pai. E que devemos tudo fazer para
caminhar em companhia de seu filho Jesus, para que no venhamos a
tropear nas pedras que se lhe nos apresentaro pelo caminho.
Assim seguia Ana. Com a ajuda do irmo Jos, comeava a traar para
si um novo caminho. Um caminho onde ela no queria mais errar.
Mais alguns dias se passaram sem que o irmo Jos aparecesse para
visitar Ana. Enquanto isso ela se preparava emocionalmente para
receb-lo. Enquanto ele no aparecia para visita-la, Ana aproveitou
para dedicar-se leitura do Evangelho. De tanto ouvir o irmo Jos
falar de Jesus, Ana sentiu vontade de conhecer mais sobre seus
ensinamentos. A cada dia se aprofundava mais e mais nos estudos.
Ana sentia-se cada vez mais a vontade, naquela casa de amor.
Aprendeu a agradecer todos os dias o privilgio de ser recolhida
naquela instituio, e por sentir-se disposta para o trabalho, ofereceu-
se para ajudar no que fosse preciso.
As enfermeiras que a atendiam todos os dias, acharam por bem
esperar a deciso do irmo Jos, antes de Ana comear a se dedicar
alguma tarefa na casa.
E assim os dias foram passando...
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Estando Ana j preparada para ajudar nas tarefas de auxilio aos irmos
que eram recolhidos naquele lar, apareceu ento para uma visita o
irmo Jos.
Ana sentiu-se muito feliz ao v-lo, e mostrou-se interessada para o
incio de uma nova temporada naquela instituio.
Assim que ele entrou pela porta, sentiu-se animada para uma nova
conversao, e foi logo dizendo:
_ Querido irmo, como tem passado? Esperava-o com ansiedade!
Jos, vendo que Ana estava com aparncia bem melhor do que nas
visitas passadas, entabulou uma conversao com ela.
_Tambm eu estava sentindo sua falta querida irm, mas os deveres
tomaram meu tempo nos ltimos dias. Sinto-me feliz por v-la to
alegre e disposta. E perguntou:
_Porque tanta ansiedade? Devo adverti-la que este sentimento no
combina com os nossos propsitos.
E Ana, sentindo-se intimidada por seu comportamento, abaixou os
olhar, e esperou que Jos continuasse a palestra.
_ Querida Ana, a pressa no combina com a perfeio. Tudo tem sua
hora certa, como j falamos anteriormente. Devemos nos conservar
em tranquilidade e esperar o momento certo para entregarmo-nos
qualquer tarefa que exija de ns muita ateno e dedicao.
E continuou:
Todos esses dias em que no nos vimos, tenho certeza que soube
aproveit-los muito bem. O estudo do evangelho abre sempre novas
portas em nossas vidas. Indica sempre o caminho que devemos seguir
para engrandecimento de nossas almas.
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Ana mais encorajada com suas palavras, disse ento:
_ Gostaria muito de saber sua opinio sobre minha vontade de
trabalhar e estudar, nesta instituio que me acolheu com tanto amor.
Gostaria de saber, quando achas que poderei empenhar meu tempo
livre, para ajudar aqueles que tanto me ajudaram quando aqui cheguei.
Ento, Jos, disse:
_ Vamos sair para caminhar, e ao longo de nosso passeio,
conversaremos sobre este assunto. E assim foi encaminhando Ana
para a porta de sada.
Desta vez, dirigiu-se para um novo lugar, que Ana deslumbrou-se com
a beleza que havia nele. Era um grande parque verde, e tinha ali,
flores de diversas espcies. Havia uma cachoeira, onde caiam guas
que cintilavam com os raios do sol. Era de uma beleza esplendida, que
tirava o folego de todos que iam ali passear.
Depois de percorrer todo o lugar, admirando a sua beleza,
acomodaram-se em um banco, debaixo de uma frondosa arvore, e por
algum tempo guardaram silencio a fim de absorver todo o
encantamento.
E como se Ana aguardasse que Jos reiniciasse a conversao, disse
ele ento:
_ Creio querida Ana, que chegada a hora de comeares a pensar num
incio de novas empreitadas. Temos aqui, etapas para sere