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Nathalia Marassi Cianni Correlação de Perfis Geológicos através de Mapas de Kohonen Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia Elétrica da PUC/Rio como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialização em Business Intelligence. Orientadora: Marley Maria B. Rebuzzi Vellasco Rio de Janeiro 10/12/2009

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Nathalia Marassi Cianni

Correlação de Perfis Geológicos através de Mapas de Kohonen

Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia Elétrica da PUC/Rio como parte dos requisitos para a obtenção do título de

Especialização em Business Intelligence.

Orientadora:

Marley Maria B. Rebuzzi Vellasco

Rio de Janeiro

10/12/2009

Page 2: Nathalia Marassi Cianni Correlação de Perfis Geológicos · 2019. 8. 20. · Nathalia Marassi Cianni Correlação de Perfis Geológicos através de Mapas de Kohonen Monografia apresentada

Aos meus pais Celso (in memoriam) e Sônia,

aos meus irmãos Christiano e Edmundo e

às minhas sobrinhas Luíza e Beatriz.

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AGRADECIMENTOS

Ao Fernando Rodrigues e ao Luiz Alberto, pela oportunidade de fazer este curso.

Aos colegas de trabalho da Petrobras Francisco Martins, Luiz Alberto Barbosa, Eduardo

Leite, Paula Yamada, Fábio Lima, Edmundo Cianni e Flavio Rocca, pelo incentivo e pela

ajuda na definição do tema desta monografia. Em especial ao Francisco Martins, pela

explicação sobre correlação de perfis; ao Eduardo Leite, pela ajuda na obtenção dos

dados necessários para esta monografia; e, à Paula, por ter explicado as principais

dificuldades em se correlacionar perfis de forma automática, o que tanto ajudou na

definição do escopo deste trabalho.

Aos professores da PUC, pela transmissão de seus conhecimentos e experiências. Em

especial à Marley, pela dedicação na orientação.

Aos amigos da pós-graduação, pela troca de conhecimento e pelos momentos de

descontração.

À minha família e aos amigos queridos, pelo incentivo e pelos momentos de alegria.

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RESUMO

A perfilagem fornece medidas contínuas de propriedades físicas das rochas atravessadas por um poço. A interpretação dessas medidas é utilizada, entre outras finalidades, para correlacionar camadas geológicas em diferentes áreas geográficas. Normalmente, a correlação estratigráfica é realizada por geólogos experientes, capazes de reconhecer feições equivalentes em perfis de poços distintos, mesmo ocorrendo em escala diferente de profundidade ou amplitude. Características observadas no perfil de um poço, no entanto, podem não aparecer no perfil de poços vizinhos devido à descontinuidade lateral das formações, dificultando ainda mais o trabalho do especialista. A complexidade da tarefa de correlacionar rochas através de perfis tem motivado o surgimento de diversas pesquisas. O presente trabalho propõe a avaliação do emprego de Mapas de Kohonen para identificar feições características em perfis sônicos. Os resultados obtidos mostram que o mapa sugere um conjunto de segmentos candidatos a ser o mais semelhante à feição e que, nesse conjunto, aparece aquele que é o mais similar a ela. Os resultados também apontam o mapa como uma ferramenta interessante para a categorização de um segmento de perfil de acordo com a litologia das rochas.

ABSTRACT

Well Logging provides continuous measures of physical properties of rocks crossed by a well. The interpretation of these measurements can be used to correlate geological layers in different geographic areas, among other purposes. Typically, stratigraphic correlation is performed by experienced geologists who are able to recognize similar features in different logs, even when these features occur in different depths or breadths. However, characteristics observed in a well log may not appear in logs from surrounding wells due to lateral discontinuity of rock layers, making the work more difficult for experts. The complexity of the task of correlating rocks has motivated the emergence of various studies. This work proposes an evaluation of Kohonen’s Self-Organizing Maps (SOM) for identifying characteristic log traces in sonic transient time (DT) logs. The results show that the map suggests a set of log traces as candidates to be similar to the selected log trace, including that one indicated by the expert as the most similar to it. The map proved to be an interesting tool for clustering a log trace from rock lithologies.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 6

1.1. MOTIVAÇÃO..................................................................................................... 6

1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO............................................................................ 7

1.3. DESCRIÇÃO DO TRABALHO .......................................................................... 8

1.4. ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA................................................................. 9

2. CORRELAÇÃO DE PERFIS.................................................................. 10

3. REDES NEURAIS ................................................................................. 15

3.1. APRENDIZADO DE UMA REDE NEURAL: BATCH X ON-LINE..................... 16

3.2. TREINAMENTO SUPERVISIONADO ............................................................. 17

3.3. TREINAMENTO NÃO-SUPERVISIONADO..................................................... 17

3.4. REDES NÃO-SUPERVISIONADAS - COMPETITIVE LEARNING.................. 18

4. ARQUITETURA DO SISTEMA PROPOSTO......................................... 24

4.1. NORMALIZAÇÃO............................................................................................ 25

4.2. SELEÇÃO DE FEIÇÃO NO PERFIL CONHECIDO......................................... 26

4.3. EXTRAÇÃO DE SEGMENTOS DO NOVO PERFIL ........................................ 26

4.4. REDUÇÃO DO TAMANHO DA FEIÇÃO / DOS SEGMENTOS ....................... 28

4.5. CRIAÇÃO DO MAPA DE KOHONEN COM OS SEGMENTOS....................... 28

4.6. IDENTIFICAÇÃO DOS SEGMENTOS SIMILARES À FEIÇÃO ....................... 29

4.7. AJUSTE DO TAMANHO DA JANELA ............................................................. 29

5. RESULTADOS ...................................................................................... 30

5.1. ETAPA 1 - MAPA TREINADO COM O NOVO PERFIL DT.............................. 30

5.2. ETAPA 2 - MAPA TREINADO COM O NOVO PERFIL RG............................. 39

5.3. ETAPA 3 - MAPA TREINADO COM O PAR DE PERFIS DT .......................... 40

6. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS ......................................... 42

6.1. TRABALHOS FUTUROS ................................................................................ 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 44

APÊNDICE A – TABELA DE RESULTADOS................................................... 46

APÊNDICE B – SOLUÇÃO POR A.G. ............................................................. 48

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1. INTRODUÇÃO

1.1. MOTIVAÇÃO

A correlação estratigráfica entre poços pode ser definida como a correta

determinação da equivalência espacial entre rochas baseada em suas

propriedades petrofísicas (Lim e Kang, 1998). Parte das propriedades de uma

formação pode ser obtida através de perfis elétricos. A correlação poço a poço

consiste, portanto, em identificar similaridades entre as camadas geológicas de

um par de poços a partir de seus perfis.

A correlação estratigráfica através dos perfis é uma das principais

ferramentas da geologia para modelar a subsuperfície (Amaral, 2001). A

complexidade geológica, no entanto, dificulta a tarefa de correlacionar as

formações. Uma feição presente no perfil de um poço pode, por exemplo, não

aparecer no perfil de um poço vizinho ou pode aparecer deslocada verticalmente

e em diferentes escalas de amplitude ou profundidade.

Muitas pesquisas vêm sendo realizadas na tentativa de possibilitar o

transporte de informação geológica de um poço a outro de forma automática,

rápida e confiável. Dentre as técnicas computacionais mais utilizadas para

correlacionar perfis de poços estão os métodos baseados em correlação

cruzada.

Rudman e Lankston (1973) utilizaram a correlação cruzada e propuseram

um método de interpolação de dados para esticar uma amostra quando esta for

comparada com um perfil alongado. Olea e Davis (1986) apresentaram uma

solução híbrida que combina a correlação cruzada com um sistema especialista.

Outros trabalhos também adotaram um sistema baseado em regras definidas por

especialistas (Kuo e Startzman, 1987; Startzman e Kuo, 1987, Lim et al., 1998;

Nikravesh, Aminzadeh e Zadeh, 2003).

Fang et al. (1992) optaram por uma generalização da correlação cruzada –

conhecida como Dynamic Waveform Matching (DWM) – que, além de deslocar

um dos perfis verticalmente, também o distorce até que os perfis fiquem

corretamente alinhados através de programação dinâmica.

Em 2004, Zoraster, Paruchuri e Darby propuseram um método de realizar

a correlação de perfis a partir do alinhamento das curvas por um algoritmo

semelhante ao DWM: o algoritmo Dynamic Time Warping (DTW). Segundo

Latecki et al. (2005), o DTW sempre faz cada ponto da seqüência de consulta

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corresponder a cada ponto da seqüência alvo. O fato dele não permitir ignorar

alguns pontos da seqüência de consulta e/ou da seqüência alvo o torna sensível

à presença outliers e à presença de pontos que não têm correspondentes.

Redes neurais com retropropagação do erro foram utilizadas por Luthi e

Bryant (1997) e por Amaral (2001) para identificar marcos estratigráficos em

reservatórios. Ambos os trabalhos treinaram a rede com o perfil de um poço e

aplicaram-na em perfis de outros poços. Ferreira et al. (2009) utilizaram redes

neurais para obter um dos perfis a partir da profundidade e de outros perfis.

Os métodos utilizados nos trabalhos existentes na literatura conseguem

apenas detectar apenas feições que estão deslocadas em relação à

profundidade de um poço para o outro. Identificar padrões que aparecem

alongados, encolhidos ou levemente deformados em diferentes perfis ainda é

uma tarefa realizada apenas por especialistas humanos.

1.2. OBJETIVOS DO TRABALHO

Padrões característicos – marcos geológicos – observados em perfis

podem ser causados por unidades estratigráficas compostas por combinações

incomuns de litologias. Alguns desses marcos podem ser traçados sobre áreas

extensivas (Olea e Davis, 1986). Deste modo, identificar marcos geológicos em

um novo perfil pode ser um importante passo inicial para realizar a correlação

estratigráfica.

Por isso, o objetivo inicial desta monografia é propor uma solução que

permita identificar, em diferentes perfis sônicos, feições semelhantes a um

determinado marco geológico, ainda que apareçam deslocadas, ampliadas ou

encolhidas de um perfil para o outro.

Como o reconhecimento da feição de interesse em um novo perfil deve ser

possível mesmo a partir de poucos exemplos em que ela ocorra, propõe-se a

utilização de um mapa de Kohonen treinado a partir de segmentos de um novo

perfil para identificar quais desses segmentos são similares à feição.

A partir da sugestão de feições semelhantes àquela que o geólogo deseja

reconhecer, espera-se reduzir o espaço de busca de soluções usado pelo

especialista para correlacionar perfis de poços, tornando o seu trabalho menos

desgastante e demorado.

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1.3. DESCRIÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho foi realizado em cinco principais etapas: levantamento

das soluções existentes na literatura, definição de uma metodologia para

identificar feições de interesse em novos perfis, realização de testes para validar

a metodologia definida, análise dos grupos definidos pelo mapa e realização de

testes alternativos à abordagem proposta.

A primeira etapa realizada foi o levantamento dos trabalhos relacionados

presentes literatura para entender quais são as principais dificuldades em se

correlacionar perfis, quais informações são, normalmente, utilizadas e,

principalmente, quais soluções já foram adotadas para tentar resolver tal

problema.

A segunda etapa consistiu em definir uma metodologia para permitir que

uma feição selecionada em um perfil conhecido pudesse ser identificada em um

novo perfil. A metodologia baseia-se no treinamento de um mapa de Kohonen a

partir de segmentos extraídos do perfil sônico desconhecido através do

deslocamento de uma janela sobre o mesmo.

A terceira etapa foi a avaliação do emprego do mapa de Kohonen para

auxiliar na correlação de perfis através da implementação da abordagem

proposta. O resultado mostra que a feição de interesse e o segmento mais

similar a ela ativam o mesmo neurônio ou neurônios localizados em regiões bem

próximas no mapa. No entanto, outros segmentos também ativam o mesmo

neurônio ou neurônios próximos, e, por isso, também seriam indicados como

segmentos similares à feição.

Para entender os grupos definidos pelo mapa de Kohonen, foi necessária

uma quarta etapa, que consistiu da análise das informações de testemunho de

cada segmento em relação à litologia predominante em cada um. A análise

mostra que cada grupo define uma classe de segmentos que têm semelhantes

composições litológicas.

A quinta e última etapa foi a realização de testes um pouco diferentes da

abordagem proposta. Um deles foi a utilização do perfil raio gama no lugar do

perfil sônico para verificar se os resultados obtidos seriam melhores. Outro teste

realizado foi treinar o mapa a partir de segmentos de ambos os perfis: o perfil

conhecido e o perfil desconhecido. Nesse teste, a feição de interesse foi incluída

no treinamento do mapa. Os testes alternativos não obtiveram resultados

melhores do que aqueles obtidos com a abordagem inicial.

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1.4. ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA

Esta monografia está dividida em quatro capítulos adicionais, descritos a

seguir. O capítulo 2 introduz o conceito de correlação de perfis e as principais

dificuldades encontradas nessa atividade. O terceiro capítulo explica o conceito

básico de redes neurais, dando destaque ao Mapa de Kohonen, um tipo de rede

neural não-supervisionada aplicada nesta monografia para tentar solucionar o

problema exposto. O capítulo 4 apresenta a abordagem proposta para

reconhecer um padrão característico em diferentes perfis a partir de um Mapa de

Kohonen. Os resultados obtidos são apresentados no capítulo 5. Finalmente, o

sexto capítulo descreve as conclusões do trabalho e identifica possíveis

trabalhos futuros.

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2. CORRELAÇÃO DE PERFIS

O perfil de um poço é a imagem visual, ao longo de sua profundidade, de

uma ou mais propriedades das rochas perfuradas. Os perfis são obtidos a partir

do deslocamento contínuo de um sensor de perfilagem (sonda) dentro de um

poço e, independente do processo físico de medição utilizado, são

genericamente chamados de perfis elétricos (Thomas et al., 2001).

A perfilagem e a sua análise constituem uma das mais úteis e importantes

ferramentas disponíveis no setor petrolífero (Lima, 2005). A interpretação de

perfis permite identificar zonas produtivas, estimar a reserva de hidrocarbonetos,

distinguir os tipos de fluidos presentes em um reservatório, correlacionar zonas,

entre outras finalidades.

A figura 1 mostra um conjunto de perfis obtidos em um poço exploratório.

Figura 1. Exemplo de um conjunto de perfis obtidos em um poço exploratório (Thomas et al., 2001).

Existem muitos tipos de perfis elétricos. Thomas et al. (2001) apresentam

os seguintes perfis em seu livro:

� Raios Gama (RG) – este perfil permite mensurar a radioatividade

total da formação geológica e, a partir dessa medida, é possível

identificar minerais radioativos, calcular a argilosidade do

reservatório, realizar a definição de litologias e a correlação

estratigráfica.

� Sônico (DT) – mede o tempo que uma onda mecânica emitida na

superfície leva para se propagar através das formações que

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atravessam o poço. Esse perfil é utilizado para estimativas de

porosidade, do grau de compactação das rochas ou das

constantes elásticas. Tempos elevados podem representar

fraturas, desmoronamentos ou presença de gás no poço (Lima,

2005). Também é utilizado para realizar correlação poço a poço.

� Potencial Espontâneo – também conhecido como SP (do inglês

“Spontaneous Pontential”) – é um registro da diferença de

potencial entre dois eletrodos: um fixo na superfície e o outro

móvel que percorre o poço verticalmente. Permite detectar,

qualitativamente, camadas permeáveis, calcular o volume de

argila e auxiliar na correlação de informações com poços

vizinhos.

� Neutrônico ou Neutrão (NPHI) – uma fonte emite nêutrons rápidos

que penetram nas camadas do poço. Os nêutrons perdem parte

da energia com que foram emitidos após sucessivas colisões

elásticas. A maior quantidade de perda ocorre quando os

nêutrons se chocam com núcleo de massa praticamente igual a

sua, como, por exemplo, um núcleo de hidrogênio (Lima, 2005).

Este perfil é utilizado, portanto, para estimar a porosidade,

identificar a litologia e detectar hidrocarbonetos leves (Thomas et

al., 2001).

� Indução (ILD) – fornece uma leitura aproximada da resistividade

da formação através de campos elétricos e magnéticos induzidos

nas rochas.

� Densidade (RHOB) – permite o cálculo da porosidade, da

densidade das camadas e a identificação de zonas de gás a partir

da detecção de raios gama defletidos por elétrons orbitais dos

elementos que compõe as formações após terem sido emitidos

por uma fonte no poço.

Conforme já mencionado, os perfis podem ser utilizados para realizar um

dos passos essenciais na geologia de subsuperfície: a correlação

litoestratigráfica poço a poço. A identificação de seqüências litológicas

semelhantes em dois poços depende do casamento entre características

similares de vários perfis (Rudman e Lankston, 1973).

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A figura 2 mostra um exemplo de correlação estratigráfica entre as

formações que atravessam os poços a partir do perfil elétrico de cada poço.

Figura 2. Exemplo de correlação estratigráfica entre poços a partir de um perfil elétrico (Amaral, 2001).

A presença de falhas, não conformidades, mudanças de fáceis geológicas

e variações laterais na extensão de camadas dificultam a tarefa de correlacionar

perfis. Uma formação destacada com a cor amarela na figura 2, por exemplo,

aparece no perfil do Poço-1 na profundidade de 280m. Já no Poço-2, ela

aparece levemente deslocada verticalmente e com maior espessura. No perfil do

Poço-3, tal formação não foi identificada.

Além da complexidade geológica, Olea e Davis (1986) citam também o

número de seções estratigráficas e a distância entre elas como fatores que

podem complicar a correlação poço a poço.

A figura 3 mostra um caso em que não é possível estabelecer o traçado

lateral contínuo de uma unidade litoestratigráfica identificado em um perfil para o

outro. A situação real do comportamento de seu ambiente deposicional (figura

3(A)) poderia ser equivocadamente interpretada como sendo a situação da figura

3(B).

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Figura 3. Exemplo de uma interpretação equivocada da geologia durante o processo de correlação realizada pelo intérprete (Amaral, 2001).

A correlação cruzada é uma técnica que consiste em comparar dois perfis

para determinar a posição em que o casamento entre os perfis é ótimo segundo

uma função de correlação cruzada (Fang et al., 1992).

Rudman e Lankston (1973) consideram cada perfil como sendo uma série

temporal1 e apresentam, na Figura 4, a correlação temporal aplicada a um par de

perfis: o perfil X composto por 6=N valores (1, 1, 2, 1, 1, 1) e o perfil Y por

5=M valores (5, 5, 10, 5, 5). Eles explicam a correlação cruzada da seguinte

forma:

1. Cada valor de ( )iX do primeiro perfil é multiplicado pelo valor

correspondente ( )iY do segundo perfil em um determinado

deslocamento τ (o primeiro deslocamento é nulo, i. e., 0=τ ) . A

soma de cada multiplicação no deslocamento τ constitui um ponto

da função de correlação;

2. Deslocar a posição de um dos perfis verticalmente pela quantia

discreta τ ;

3. Repetir os passos 1 e 2 até que o perfil não possa mais ser

deslocado.

1 Rudman e Lankston (1973) definem uma série temporal como um conjunto de dados ordenados e igualmente espaçados.

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Figura 4. Correlação cruzada entre dois perfis. A correlação ótima é determinada

pelo valor máximo da função de correlação cruzada φ na posição de

deslocamento 4=τ .

O processo de correlação cruzada é uma das técnicas computacionais

mais utilizadas para correlacionar perfis de poços. No entanto, a correlação feita

por essa técnica não é tão eficiente quanto aquela realizada por um geólogo

experiente. Segundo Nikravesh, Zadeh e Aminzadeh (2003), os métodos

tradicionais de correlação cruzada detectam apenas uma feição deslocada

verticalmente de um perfil para o outro, mas não conseguem reconhecê-la caso

ela apareça ampliada ou encolhida.

O próximo capítulo explica a técnica sugerida nesta monografia – redes

neurais não-supervisionadas – para identificar uma feição conhecida em perfis

desconhecidos.

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3. REDES NEURAIS

A eficiência do cérebro em reconhecer padrões deve-se ao processamento

altamente paralelo dos milhares de conexões de cada um de seus 100 bilhões

de neurônios. As conexões entre os neurônios permitem ao cérebro executar

tarefas que o ser humano não consegue descrever através de uma seqüência de

passos, como, por exemplo, o reconhecimento de sons e imagens.

As redes de neurônios artificiais foram inspiradas na estrutura distribuída e

paralela do cérebro humano para suprir a lacuna deixada pelos sistemas

convencionais em aprender a partir de um conjunto de padrões conhecidos e

generalizar esse conhecimento ao se deparar com novos padrões. Uma rede

neural é, portanto, um sistema computacional altamente paralelo composto por

simples unidades de processamento que imitam, de forma simplificada, o

comportamento de neurônios biológicos e são capazes de armazenar

conhecimento experimental e torná-lo disponível para o uso quando necessário.

Figura 5. Neurônio Artificial2.

O neurônio artificial, conforme pode ser visto na figura 5, realiza a soma

das entradas ponderada pelo peso de cada uma. A soma ponderada é

transformada por uma função de ativação em um valor de saída. Tratando-se de

redes com mais de uma camada de neurônios, a saída de um neurônio poderá

ser a entrada dos neurônios da camada seguinte.

A figura 6 mostra um exemplo de rede que tem duas camadas: uma

camada escondida e uma camada de saída. O conjunto formado pela saída de

cada neurônio da camada escondida corresponde à entrada de cada neurônio

da camada de saída. Essa rede recebe 5 variáveis como entrada e fornece 2

saídas. Redes desse tipo – com mais de uma camada de neurônios e em que

2 Imagem baseada na figura 7.4 do livro de Berry e Linoff (2004).

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cada neurônio de uma camada é conectado a todos os neurônios da camada

seguinte – são conhecidas como Redes Multilayer Perceptron (MLP).

Figura 6. Exemplo de rede MLP.

As redes multicamadas surgiram após ser constatado que redes de

apenas uma camada só representam funções linearmente separáveis.

Dois tipos de processo de aprendizagem de uma rede neural serão

estudados na próxima seção.

3.1. APRENDIZADO DE UMA REDE NEURAL: BATCH X ON-LIN E

O processo de aprendizagem é definido por um algoritmo iterativo que

modifica os pesos da rede até alcançar o objetivo proposto. Ao final do

treinamento, os pesos de cada neurônio da rede representarão parte do

conhecimento adquirido.

O conjunto de dados utilizado para o aprendizado da rede é denominado

Conjunto de Treinamento. Cada apresentação desse conjunto à rede é chamada

de ciclo (ou época) de treinamento. O momento em que o ajuste dos pesos é

realizado define o método de aprendizado:

� Aprendizado por ciclos ( Batch learning ) – ocorre quando o ajuste

dos pesos é realizado após a apresentação de todo o conjunto de

treinamento à rede, ou seja, ao fim de cada ciclo. No aprendizado em

Batch, cada padrão é avaliado com a mesma configuração dos pesos

a cada ciclo e, portanto, não importa a ordem em que os padrões são

apresentados à rede.

� Aprendizado por padrão ( On-line learning ou Pattern-mode

learning ) – ocorre quando o ajuste dos pesos é realizado após a

apresentação de cada padrão. O ajuste dos pesos após a avaliação

de cada padrão pode fazer com que a rede aprenda melhor o último

padrão apresentado. Para evitar efeitos cíclicos, Reed e Marks (1999)

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sugerem que os padrões sejam apresentados à rede em ordem

aleatória e constantemente alterada quando se optar por esse tipo de

treinamento. A apresentação randômica dos padrões necessária no

aprendizado On-line elimina o comportamento suave do erro – como o

que é apresentado pelo aprendizado em Batch na figura 7(a) –, e

passa a ter descidas e subidas bruscas, como as que aparecem na

figura 7(b).

Figura 7. Tipos de Treinamento. Figuras de Reed e Marks (1999).

O aprendizado por ser feito através de um treinamento supervisionado ou

a partir de um treinamento não-supervisionado. A próxima seção explica esses

dois tipos de treinamento.

3.2. TREINAMENTO SUPERVISIONADO

O treinamento supervisionado é realizado quando se conhece a saída

desejada para cada padrão que será apresentado à rede durante o processo de

aprendizagem. Dessa forma, é possível ajustar os pesos de forma a minimizar o

erro obtido ao se comparar a saída da rede com a saída desejada.

O treinamento supervisionado torna a rede um aproximador de função, em

que os pesos correspondem aos coeficientes de um polinômio e as entradas

correspondem aos valores que as variáveis do polinômio podem assumir. Assim,

o ajuste dos pesos é nada mais que o ajuste dos coeficientes de uma função, até

que ela retorne o valor esperado.

As Redes Multilayer Perceptron (MLP) são um exemplo dos tipos de rede

que adotam o treinamento supervisionado.

3.3. TREINAMENTO NÃO-SUPERVISIONADO

O treinamento não-supervisionado é aplicado principalmente em

problemas de agrupamento (clustering). Neste tipo de treinamento,

normalmente, são apresentados à rede padrões cuja saída esperada não é

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conhecida. O resultado obtido é a categorização dos padrões em grupos

definidos após o treinamento de acordo com as características extraídas desses

padrões.

A figura 3.8 mostra um exemplo do funcionamento do treinamento não-

supervisionado em cada padrão é representado por duas entradas: 1x e 2x .

Considera-se que, no início do treinamento, os padrões não estão classificados,

mas que é esperada a identificação de dois grupos após o processo de

aprendizagem: classe A e a classe B.

Figura 8. Exemplo de um treinamento não-supervisionado.

Como dois grupos são esperados, o treinamento é iniciado com dois

vetores de pesos com valores aleatórios – AW e BW – cada um representando

um dos grupos. À medida que o treinamento é realizado, espera-se que cada

vetor de pesos se aproxime dos padrões mais próximos a ele, separando os

padrões nas classes A e B. Para isso, cada vez que um padrão for apresentado

à rede, o vetor de pesos mais próximo a ele irá se deslocar um pouco em sua

direção. Ao final do treinamento, cada vetor de pesos representará um grupo.

Mapas Auto-Organizáveis (Self-Organizing Maps) são exemplos de redes

que utilizam treinamento não-supervisionado. Esse tipo de rede será visto em

detalhes na seção 3.4.1.

3.4. REDES NÃO-SUPERVISIONADAS - COMPETITIVE LEARNI NG

As redes não-supervisionadas, conforme o nome sugere, são redes que

utilizam treinamento não-supervisionado. Dessa forma, durante o processo de

aprendizagem, a cada padrão de entrada apresentado à rede, deve-se ajustar o

vetor de pesos do neurônio ativado para que ele se aproxime ainda mais desse

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padrão. O neurônio ativado será sempre aquele que estiver mais próximo do

padrão.

Padrões similares de entrada devem ativar o mesmo neurônio ou

neurônios próximos. Como o número de classes (ou grupos) não é conhecido a

priori, pode ser que um neurônio represente mais de uma classe (criando um

supergrupo) ou que uma classe seja representada por mais de um neurônio

(criando um subgrupo). Para resolver esse problema, surgiram os Mapas Auto-

Organizáveis de Kohonen.

Self-Organizing Maps (SOM) ou Mapas de Kohonen

Os mapas auto-organizáveis ou mapas de Kohonen são redes do tipo não-

supervisionada com duas camadas: uma camada de entrada e uma camada de

saída (Kohonen, 2001). A camada de entrada, da mesma forma que a camada

de entrada presente em redes MLP, não tem processamento e, por isso, não é

considerada como uma camada de neurônios de fato por muitos autores.

O mapa auto-organizável e as suas variantes representam o algoritmo de

rede neural mais popular na categoria de aprendizado não-supervisionado e são

aplicados nas mais diversas áreas: estatística, processamento de sinal, teoria de

controle, análises financeiras, física experimental, medicina e química (Kohonen,

2001).

Cada classe pode ser representada por mais de um neurônio em um mapa

de Kohonen. Os neurônios que representam uma classe devem possuir

localizações geográficas semelhantes no mapa. Assim, padrões similares devem

ativar neurônios próximos um do outro no mapa.

Uma das principais diferenças entre o mapa de Kohonen e os demais tipos

de redes não-supervisionadas é que, nos mapas de Kohonen, não se atualizam

somente os pesos que conduzem ao neurônio vencedor, ajustam-se também os

pesos dos neurônios vizinhos ao neurônio vencedor. Dessa forma, o neurônio

vencedor e os seus vizinhos ficarão fortalecidos para o padrão de entrada

apresentado. O mecanismo de vizinhança dos mapas de Kohonen resolve o

problema dos subgrupos e supergrupos.

O ajuste dos pesos do mapa é controlado pela taxa de aprendizado e por

um parâmetro que indica o tamanho da vizinhança. O tamanho da vizinhança e a

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taxa de aprendizado são grandes no início e decrescem com o passar do tempo

de treinamento.

Após o treinamento do mapa de Kohonen, cada padrão apresentado ao

mapa ativará um neurônio. Esse neurônio – o neurônio vencedor – também é

conhecido como BMU (Best Match Unit). Cada padrão tem o seu BMU, o

neurônio que mais se aproxima dele.

A figura 9 apresenta um exemplo de um Mapa de Kohonen à direita e a

matriz-U correspondente à esquerda. A matriz-U equivale ao mapa de Kohonen,

porém com uma célula adicionada entre cada par de neurônios originais. As

células adicionais da matriz-U têm a função de representar a distância entre os

neurônios do mapa através da sua cor – quanto mais se aproximar da cor azul,

menor será a distância; caso contrário, quando se aproximar da cor vermelha, a

distância será maior.

Figura 9. Exemplo de um Mapa de Kohonen.

O mapa da figura 9 foi treinado com padrões de dois grupos: o grupo A e o

grupo B. Nele, estão destacados os neurônios que foram mais ativados através

do rótulo que representa um dos grupos. O primeiro neurônio do mapa, por

exemplo, está com o rótulo “Grupo A”. Isso significa que a maioria dos padrões

que ativou esse neurônio pertence ao grupo A.

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Ao analisar o rótulo de todos os neurônios, pode-se ver que os grupos A e

B estão em regiões distintas no mapa. A distância entre essas regiões é

confirmada pela linha de células vermelhas presente na matriz-U

correspondente.

O mapa e a matriz-U da figura 9 foram gerados pelo SOM Toolbox3, um

pacote de funções para o Matlab4 que oferece uma implementação do algoritmo

de Kohonen.

3 http://www.cis.hut.fi/projects/somtoolbox/ 4 http://www.mathworks.com/

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Métricas para Avaliação da Qualidade do Mapa Treina do

Há duas métricas para se medir a qualidade do mapa de Kohonen após o

processo de aprendizagem com o conjunto de treinamento: o erro médio de

quantização e o erro topológico.

Erro Médio de Quantização

O erro médio de quantização é a distância média entre cada vetor de

dados e o vetor de pesos do neurônio vencedor.

Sejam iX o vetor do i - ésimo padrão apresentado e ijW o vetor de pesos5

que liga o i - ésimo padrão ao neurônio vencedor j , o erro médio de

quantização quante pode ser calculado pela fórmula:

n

WXe

n

iiji

quant

∑=

−= 1

Erro Topológico

O erro topológico é definido pela percentagem de vetores de dados para

os quais o primeiro e o segundo BMUs não são unidades (neurônios) adjacentes

no mapa. Por isso, o erro topológico permite avaliar o quanto a estrutura do

mapa aproxima padrões próximos no espaço de entrada (Silva, 2004).

O erro topológico topole pode ser calculado pela fórmula:

n

xue

n

ii

topol

∑== 1

)(

Onde:

=contráriocaso

adjacentessãonãoBMUeBMUsexu i ,0

º2º1,1)(

5 O vetor de pesos ijW equivale ao BMU do padrão iX .

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O próximo capítulo explica como o mapa de Kohonen foi aplicado para

tentar reconhecer um padrão – a feição de interesse – em perfis desconhecidos.

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4. ARQUITETURA DO SISTEMA PROPOSTO

A abordagem proposta nesta monografia considera que o geólogo tenha

em mãos dois perfis DT: um conhecido e um desconhecido. O perfil conhecido é

o perfil no qual o especialista identificou uma feição de interesse – um marco

geológico, por exemplo. O perfil desconhecido é o perfil onde se quer encontrar

a feição selecionada previamente no perfil conhecido. Normalmente, o perfil

desconhecido refere-se ao perfil de um poço novo, que precisa ser

correlacionado a um perfil conhecido para tornar possível a inferência de

informações sobre as rochas que atravessam esse novo poço.

Para simplificar a difícil tarefa de correlacionar poços automaticamente,

optou-se por iniciar esse trabalho pela identificação, no novo perfil, de apenas

uma feição de interesse retirada do perfil conhecido.

Figura 10. Passos para identificação de segmentos similares a uma feição de interesse.

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O fluxo dos passos para identificação de segmentos do novo perfil que

sejam semelhantes à feição de interesse pode ser visto na figura 10. Cada uma

das etapas realizadas será explicada em detalhes nas subseções deste capítulo.

A idéia principal é criar um mapa de Kohonen e treiná-lo com segmentos

extraídos do perfil desconhecido, de forma que se possa determinar quais

segmentos são semelhantes à feição escolhida após submetê-la ao mapa

treinado.

4.1. NORMALIZAÇÃO

As entradas de uma rede neural devem ser normalizadas de forma que

fiquem dentro de um intervalo razoável para evitar a saturação da rede (Reed e

Marks, 1999). Tratando-se de perfis elétricos, a normalização faz-se necessária

também para reduzir a influência de disparidades encontradas entre medições

realizadas por diferentes ferramentas ou diferentes calibrações de uma mesma

ferramenta.

Nesta etapa, cada amostra do perfil sônico (DT) é normalizada da seguinte

forma:

mínimomáximo

mínimooriginalonormalizad DTDT

DTDTDT

−−

= , onde:

� originalDT - é o valor original que foi lido no perfil sônico (DT)

da formação;

� mínimoDT - é o valor mínimo de DT;

� máximoDT - é o valor máximo de DT;

� onormalizadDT - é o valor normalizado correspondente ao DT

que foi lido no perfil.

Dessa forma, os valores que compõem um perfil passam a pertencer ao

intervalo entre 0 e 1, conforme mostra a figura 11.

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Figura 11. Exemplo de normalização de perfil.

4.2. SELEÇÃO DE FEIÇÃO NO PERFIL CONHECIDO

Ao invés de correlacionar todo o novo perfil ao perfil conhecido de

imediato, esta abordagem propõe que seja escolhida uma feição no perfil

conhecido para que ela seja identificada no novo perfil.

A figura 12 mostra um exemplo de seleção de feição. A feição escolhida é

composta por um subconjunto das amostras do perfil conhecido.

Figura 12. Seleção de feição no perfil conhecido.

4.3. EXTRAÇÃO DE SEGMENTOS DO NOVO PERFIL

Um das grandes dificuldades em correlacionar perfis, conforme já

mencionado, está no fato de uma feição de um determinado perfil poder

apresentar-se de forma alongada, reduzida ou, no pior caso, nem existir no perfil

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de um poço vizinho. Por isso, não basta deslocar a feição escolhida ao longo do

novo perfil para identificar o trecho que mais se assemelha a ela. É preciso

segmentar o perfil desconhecido, igualar o tamanho de cada segmento ao

tamanho da feição para, enfim, poder identificar a semelhança entre eles.

Figura 13(a). Extração de segmentos através do deslocamento de janela

Figura 13(b). Segmentos extraídos

Para extrair segmentos do perfil desconhecido, é necessário definir o

tamanho de cada segmento. Como esta abordagem não propõe a correlação

entre todo o par de perfis, pode-se adotar o mesmo tamanho para todos os

segmentos. Dessa forma, o tamanho definido será utilizado como o tamanho de

uma janela que será deslocada ao longo do novo perfil e, a cada deslocamento,

será obtido um segmento.

A figura 13(a) mostra como a janela é deslocada verticalmente ao longo do

perfil. Exemplos de segmentos extraídos por esse deslocamento são

apresentados na figura 13(b).

A utilização de janelas para percorrer o perfil, tratando-o como uma série

temporal – onde o tempo é representado pela profundidade –, é uma abordagem

adotada também por Rudman e Lankston (1973), Olea e Davis (1986), Luthi e

Bryant (1997), entre outros.

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4.4. REDUÇÃO DO TAMANHO DA FEIÇÃO / DOS SEGMENTOS

Para comparar a feição com cada segmento extraído, é preciso igualar o

tamanho entre eles. Rudman e Lankston (1973) propuseram um método de

interpolação de dados para esticar uma amostra quando esta for comparada

com um perfil alongado. Porém, como não é possível saber, a priori, se a

amostra (aqui denominada feição) precisa ser esticada ou encolhida, a solução

adotada no presente trabalho é sempre reduzir o(s) maior(es) para o tamanho

do(s) menor(es): se o tamanho de cada segmento for maior do que o tamanho

da feição selecionada, cada segmento será reduzido ao tamanho da feição; caso

contrário, se o tamanho da feição for maior do que o dos segmentos, ela será

reduzida ao tamanho da janela.

Figura 14. Redução de tamanho da feição

A figura 14 mostra um exemplo em que o tamanho da feição (representada

pela cor preta) é reduzido para que ela fique com o mesmo tamanho que os

demais segmentos.

4.5. CRIAÇÃO DO MAPA DE KOHONEN COM OS SEGMENTOS

Depois de igualados os tamanhos entre os segmentos e a feição

escolhida, cria-se o mapa de Kohonen. No entanto, esse mapa será treinado

apenas com os segmentos do perfil desconhecido. A feição de interesse não

participará da etapa de treinamento.

A figura 15(a) apresenta a imagem simplificada de um mapa de Kohonen

após ter sido treinado com os segmentos de um novo perfil. Nesse exemplo,

cada rótulo presente no mapa representa a identificação de um segmento: Si é

o ésimoi − segmento extraído do perfil desconhecido. A localização de um

rótulo sobre um ou mais neurônios indica que eles foram ativados pelo segmento

correspondente.

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4.6. IDENTIFICAÇÃO DOS SEGMENTOS SIMILARES À FEIÇÃO

Para identificar quais segmentos são similares à feição selecionada, deve-

se submeter a feição ao mapa treinado e verificar qual neurônio ela ativa. Os

segmentos que ativaram aquele mesmo neurônio anteriormente serão

considerados os mais similares à feição. Os segmentos que ativaram neurônios

vizinhos ao da feição também poderão ser semelhantes a ela se a distância

entre os neurônios não for considerada grande pela análise da matriz-U.

Figura 15. Mapa de Kohonen. Em (a), estão destacadas as células ativadas pelos segmentos e, em (b), destacou-se apenas a célula do mapa ativada pela feição de interesse.

A figura 15 mostra um mapa em que a feição (figura 15(b)) ativa a mesma

célula que os segmentos 7S e 8S (figura 15(a)). Nesse exemplo, esses seriam

os segmentos mais semelhantes à feição. O segmento 6S também pode ser

considerado semelhante à feição se o neurônio ativado por ele não estiver

distante do neurônio ativado por 7S e 8S .

4.7. AJUSTE DO TAMANHO DA JANELA

O tamanho inicial adotado para a janela equivale à metade do tamanho da

feição selecionada. A cada novo ciclo do processo, esse tamanho sofre um

aumento de 50%.

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5. RESULTADOS

Todos os testes foram realizados no Matlab 7.7.0. O mapa de Kohonen foi

criado e treinado usando a função som_make do SOM Toolbox. As

configurações padrão dessa função foram as adotadas nos testes realizados:

iniciação linear do vetor de pesos, treinamento Batch, reticulado hexagonal e

forma laminar.

O número de ciclos da primeira fase variou de 100 a 1000 e, da segunda

fase, de 1000 a 10000. A variação do número de ciclos não alterou o resultado.

Os testes foram separados em três etapas de teste. Na etapa 1, seguindo

a metodologia proposta, uma feição característica de um perfil sônico conhecido

do poço A1 foi selecionada e submetida a um mapa de Kohonen treinado com os

segmentos extraídos de um perfil desconhecido do poço B1. O mesmo teste foi

repetido utilizando-se perfis sônicos de um par de poços diferentes: o poço A2 e

B2.

Na segunda etapa, realizaram-se testes com o par de poços A1 e B1 da

mesma forma que na etapa 1, porém foi utilizado o perfil de raios gama ao invés

do perfil sônico.

A terceira etapa incluiu testes um pouco mais distantes da metodologia

proposta. Nessa etapa, o mapa de Kohonen foi treinado com segmentos de

ambos os perfis: o perfil conhecido e o perfil desconhecido. Os perfis utilizados

foram os perfis sônicos dos poços A1 e B1.

As subseções seguintes apresentam os resultados de cada uma dessas

etapas de testes.

5.1. ETAPA 1 - MAPA TREINADO COM O NOVO PERFIL DT

A primeira etapa de testes seguiu a abordagem proposta no capítulo

anterior: o mapa de Kohonen foi treinado com um conjunto de treinamento

composto apenas por segmentos extraídos do perfil desconhecido.

Após o treinamento, foram apresentados ao mapa todos os segmentos do

perfil desconhecido (utilizados no treinamento) e a feição de interesse (não

utilizada no treinamento) para identificar qual neurônio cada segmento ativa, ou

seja, qual é o BMU de cada segmento.

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Foram utilizados mapas retangulares nos tamanhos: 9 x 7, 9 x 5, 9 x 11, 9

x 13, 9 x 15, 3 x 5, 4 x 7, 7 x 5, 11 x 5 e 11 x 4. Os principais resultados de cada

teste estão no Apêndice A. A seguir, serão estudados alguns dos testes

realizados.

O primeiro resultado a ser analisado foi um resultado bem diferente do

esperado: a feição de interesse do poço A1 não ativou o mesmo neurônio que o

segmento do poço B1 mais similar a ela e, nem mesmo, ativou um neurônio

muito próximo ao neurônio que ele ativara.

A figura 16 apresenta o mapa de Kohonen obtido após o treinamento. As

células destacadas pela cor cinza representam os neurônios ativados por

segmentos extraídos do perfil desconhecido (poço B1). A célula destacada pela

cor azul representa que o neurônio foi ativado também pela feição de interesse

(embora ela não tenha sido utilizada para treinar o mapa) e, a destacada pela

cor amarela, que o neurônio foi ativado pelo segmento que mais se assemelha à

feição, segundo a opinião do especialista.

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Figura 16. Mapa de Kohonen obtido no primeiro teste.

De acordo com o mapa da figura 16 e com a abordagem proposta neste

trabalho, os segmentos identificados pelos rótulos 8511 e 8306 seriam os

indicados como os mais similares à feição, enquanto que, na verdade, o padrão

mais próximo é o segmento de rótulo 9331.

A matriz-U correspondente ao mapa (apresentada na figura 17) mostra

que, embora estejam distantes no mapa, os neurônios ativados pela feição de

interesse e pelo segmento mais similar a ela podem pertencer a um mesmo

grupo, visto que as células entre eles estão todas em tons de azul, mostrando

que a distância entre os neurônios não é tão grande quanto parecia ao olhar

somente para o mapa de Kohonen.

O erro médio de quantização e o erro topológico do mapa de tamanho 9x7

foram de 0.438 e 0.070, respectivamente.

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33

Figura 17. Matriz-U referente ao mapa da figura 16.

Para certificar que a distância entre os neurônios não foi influenciada pela

configuração do mapa, outros tamanhos e formatos foram testados. Dentre eles,

o que teve melhor resultado foi o mapa de tamanho 11x5 que aparece na figura

18(b). O mapa de tamanho 11x5 teve erro médio de quantização de 0.449 e erro

topológico de 0.028.

A célula adicionada entre eles na matriz-U (figura 18(a)) é de cor azul

escuro, indicando que são padrões bem próximos.

Conforme mencionado no capítulo anterior, além dos segmentos que

ativaram o mesmo neurônio ativado pela feição de interesse, poderiam ser

considerados segmentos similares à feição aqueles que ativaram neurônios

próximos. Com essa abordagem, o segmento 9331 – que, segundo o

especialista, é o segmento que representa a feição de interesse no perfil

desconhecido – seria indicado como um segmento candidato a ser semelhante à

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feição. No entanto, seriam sugeridos também os segmentos 8511, 4616, 9745 e

11180.

Figura 18. Mapa de Kohonen obtido no teste de melhor resultado.

Embora se tenha reduzido bastante o espaço de soluções, é importante

verificar se a análise de propriedades que não foram utilizadas para treinar o

mapa de Kohonen, tais como a profundidade e a litologia predominante em cada

segmento, pode ser um método para descartar mais alguns dos segmentos

candidatos. A tabela 1 mostra as características de cada um desses segmentos.

Observando a tabela 1, pode-se verificar que, em relação à profundidade,

o segmento 9331 é o mais próximo da feição de interesse. O segmento 8511

também está bem próximo. A distância entre a feição e os demais segmentos,

no entanto, não é tão significante a ponto de justificar que eles não poderiam ser

os segmentos mais semelhantes a ela.

Voltando-se agora para a litologia presente em cada segmento, também

não é possível justificar que o segmento 2 (feição de interesse) é mais

semelhante ao segmento 9331 ou a qualquer outro segmento, visto que a

litologia não se difere muito de um segmento para o outro.

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Dessa forma, pode-se concluir que, pelo menos nesse caso, as principais

características - litologia ou profundidade - da feição de interesse e dos

segmentos mais similares a ela, segundo o mapa de Kohonen, não justificam

uma maior semelhança entre os segmentos 2 e 9331 e, por isso, essas

propriedades, provavelmente, não poderão auxiliar na seleção do segmento

mais semelhante à feição de interesse.

Litologia (%)

Neurônio Segmento Prof. (m)

Diferença entre a prof. do

segmento e a prof. da feição de interesse

(m)

Folhelho Calcilutito Arenito Marga

4616 1327,4 866,6 104 10 66 25

8511 2106,4 87,6 195 10

2 (*) 2194,0 0,0 158 47

9331 (**) 2270,4 76, 4 180 25

9745 2352,4 158, 4 195 10

11180 2639,4 445, 4 205

Legenda:

(*) Feição de interesse extraída do perfil conhecido.

(**) Segmento do perfil desconhecido que, segundo o especialista, é o segmento que mais se assemelha à

feição de interesse.

Neurônio ativado pela feição de interesse

Neurônio ativado pelo segmento que mais se aproxima da feição de interesse

Tabela 19. Tabela das principais características da feição de interesse e dos segmentos mais similares a ela segundo o mapa de Kohonen.

Para entender melhor o resultado obtido com o mapa de Kohonen, aplicou-

se o K-means6 – algoritmo de agrupamento implementado no SOM Toolbox para

encontrar grupos a partir do mapa treinado. Três grupos foram identificados.

Analisando a litologia dos segmentos de cada grupo, observou-se que cada

grupo representa um conjunto de segmentos com litologias semelhantes.

6 http://www.cis.hut.fi/somtoolbox/package/docs2/kmeans_clusters.html

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O valor médio dos registros normalizados do DT desconhecido foi de

0,2989, com desvio padrão de 0,0286.

Figura 20. Separação do mapa treinado em 3 grupos.

Olhando o mapa de cima para baixo, vê-se o primeiro grupo, localizado na

parte superior do mapa e representando pela cor vermelha. Dentre os registros

de DT encontrados nesse grupo, 55% foram classificados como folhelho, 21%

como calcilutito, 14% como arenito e os 10% restantes incluem amostras de

marga, siltito e conglomerado. Nesse grupo, o valor médio de DT normalizado foi

de 0,2984, com desvio padrão de 0,0373, ou seja, foi um valor próximo da média

geral do perfil.

O segundo grupo, localizado na parte central do mapa e representado pela

cor verde, é composto principalmente por folhelho (74%). Também há uma

quantidade considerável de calcilutito (9,6%) e marga (9,4%). As amostras

restantes (7%) foram de arenito, argilito e calcarenito. Nesse grupo, o valor

médio de DT calculado foi de 0,3169, com desvio padrão de 0,0265.

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O terceiro grupo, localizado na parte inferior do mapa e representado pela

cor azul, é composto basicamente por argila (79,7%). O valor médio de DT

desse grupo foi de 0,2614, com desvio padrão de 0,0184. A alta presença de

rochas argilosas nesse grupo – argila e folhelho – justifica a redução do valor

médio de DT.

Depois de realizados os testes com o perfil conhecido do poço A1 e com o

perfil desconhecido do poço B1, os testes foram repetidos para outro par de

perfis: o perfil sônico conhecido do poço A2 e o perfil sônico desconhecido do

poço B2. Os principais resultados estão no Apêndice A.

O melhor resultado foi obtido com um mapa de Kohonen de tamanho 11 x

4. O mapa foi treinado com os segmentos de B2 e, ao se apresentar a feição de

interesse ao mapa treinado, ela ativou o mesmo neurônio que ativara o

segmento de B2 que, segundo o especialista, é o segmento mais similar a ela. O

mapa pode ser visto na figura 21.

Os resultados obtidos para na identificação da feição do perfil de A2 no

perfil de B2 foram mais satisfatórios do que aqueles obtidos na identificação da

feição do perfil de A1 no perfil de B1. Acredita-se que essa diferença ocorreu

porque o poço A1 é um poço direcional.

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Figura 21. Mapa de Kohonen em que a feição e o segmento mais similar a ela ativaram o mesmo neurônio.

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5.2. ETAPA 2 - MAPA TREINADO COM O NOVO PERFIL RG

Para verificar se o resultado obtido seria melhor utilizando-se outro perfil,

testes foram realizados também com o perfil de raios gama (RG) ao invés do

perfil sônico (DT). O mapa de Kohonen de tamanho 4 x 7 obtido em um dos

testes aparece na figura 22. O erro médio de quantização e o erro topológico

desse mapa foram de 0.579 e 0.155, respectivamente.

Figura 22. Mapa de Kohonen obtido no teste com RG.

O resultado obtido com o perfil de raios gama (RG) foi ainda menos

satisfatório do que aquele obtido com o perfil sônico (DT) porque mais

segmentos não esperados ativaram o mesmo neurônio ativado pela feição de

interesse. Além disso, os erros de quantização e topológico aumentaram

consideravelmente.

Figura 23. Matriz-U referente ao mapa da figura 21.

A matriz-U (figura 23) referente ao mapa mostra que há uma célula de cor

azul claro entre os neurônios ativados pelo perfil de interesse (representado pela

cor azul na figura 21 e pelo hexágono rosa com número ‘”2” na figura 22) e pelo

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segmento mais semelhante a ele (representado pela cor amarela na figura 21 e

pelo hexágono rosa com número ‘”1” na figura 22). O azul claro mostra que a

distância é superior à distância encontrada na célula equivalente do mapa

treinado com o perfil sônico.

Figura 24. Grupos identificados no mapa da figura 21.

Embora a distância entre o par de neurônios de interesse não seja tão

pequena, ao aplicar o K-means sobre o mapa treinado, eles continuam

pertencendo ao mesmo grupo, conforme mostra a figura 24. Na figura 24, o par

de neurônios pertence ao grupo que fica na parte inferior direita do mapa,

representado pela cor verde.

5.3. ETAPA 3 - MAPA TREINADO COM O PAR DE PERFIS DT

A última etapa de testes seguiu uma abordagem um pouco diferente da

metodologia proposta. Nesta etapa, o mapa de Kohonen foi treinado com

segmentos extraídos tanto do perfil conhecido quanto do desconhecido. Dessa

forma, a feição de interesse participou treinamento.

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Figura 25. Mapa de Kohonen treinado com os segmentos do perfil conhecido e com os segmentos do perfil desconhecido.

Figura 26. Matriz-U referente ao mapa da figura 19.

O mapa treinado com o par de perfis teve erro médio de quantização de

0.416 e erro topológico de 0.062. As figuras 25 e 26 mostram que a feição de

interesse e o segmento mais similar a ela ativaram neurônios próximos no mapa,

mas não o mesmo neurônio.

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6. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS

O objetivo dessa monografia foi propor uma metodologia que auxiliasse a

identificar, em perfis sônicos desconhecidos, uma feição de interesse

selecionada previamente em um perfil sônico conhecido, mesmo que ela

aparecesse, no novo perfil, deslocada ou distorcida em relação ao perfil original.

Mapas auto-organizáveis de Kohonen foram utilizados como base da

solução proposta. A escolha por uma rede do tipo não-supervisionada deu-se

pelo fato de que uma feição de interesse ocorre, em geral, apenas uma vez em

um perfil e, dessa forma, não se teria um conjunto de treinamento com tamanho

razoável para se realizar um treinamento supervisionado.

A metodologia consistiu em treinar o mapa de Kohonen a partir de

segmentos extraídos de um perfil sônico desconhecido. Os segmentos foram

extraídos pelo deslocamento vertical de uma janela por todo o perfil. A cada

deslocamento, extraía-se um segmento do novo perfil.

Depois de extraídos os segmentos do perfil desconhecido e treinado o

mapa de Kohonen a partir deles, apresentou-se a feição de interesse ao mapa

para verificar qual neurônio ela ativaria. Dado que um especialista indicou o

segmento mais similar à feição no perfil desconhecido, esperava-se que a feição

ativaria o mesmo neurônio que, em uma etapa anterior, esse segmento ativara.

Os testes realizados mostraram que a feição e o segmento mais similar a ela

ativaram o mesmo neurônio para algumas poucas configurações do mapa. Na

maioria dos testes, eles ativaram apenas neurônios localizados em regiões bem

próximas no mapa.

O principal problema da aplicação do mapa de Kohonen para identificar

uma feição em um novo perfil é que, além de sugerir o segmento mais similar a

ela, ele sugere também outros segmentos. Apesar disso, o ganho em se utilizar

o mapa não deve ser todo desprezado, visto que o espaço de busca foi reduzido

consideravelmente.

Acredita-se que, para se obter um resultado mais satisfatório, é

fundamental incluir outras informações utilizadas por geólogos ao realizar a

correlação de perfis, tal como a idade geológica das formações atravessadas

pelo poço.

Ao analisar os três principais grupos identificados pelo mapa de Kohonen,

no entanto, percebeu-se que ele separou os segmentos de acordo com a

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litologia predominante em cada um. Isso mostra que o mapa de Kohonen pode

ser uma ferramenta interessante para se categorizar segmentos de perfis de

acordo com a formação que eles representam.

6.1. TRABALHOS FUTUROS

Um dos passos mais críticos na correlação de poços é a segmentação dos

perfis. Este trabalho propôs a segmentação realizada por uma janela que

percorre o perfil verticalmente extraindo amostras a cada deslocamento. Ao final

do processo, o tamanho da janela pode variar caso não se obtenha segmentos

similares à feição de interesse.

A segmentação proposta para o perfil foi aplicável à solução somente

porque se desejava encontrar apenas uma feição no novo perfil. Pensando na

correlação realizada para todo o par de perfis, a abordagem de segmentar

através da janela não poderia ser adotada, visto que cada perfil pode ser dividido

em um número diferente de segmentos e que os segmentos de cada perfil

podem ter tamanhos variados.

Dado o grande tamanho de cada perfil, encontrar a segmentação que leva

ao maior grau de similaridade entre os perfis é uma tarefa complexa. Por isso,

para dar continuidade a esse trabalho, propõe-se avaliar o uso de um algoritmo

genético para sugerir uma segmentação para o perfil desconhecido que

maximize o grau de similaridade entre ele e o perfil conhecido. Para calcular o

grau de similaridade, será necessário descobrir a função de distância ou o

algoritmo de casamento entre séries que melhor se aplique à correlação de

perfis, já que o mapa de Kohonen não poderá ser adotado, dado que os

segmentos teriam tamanhos distintos. A modelagem inicialmente pensada para o

trabalho futuro encontra-se no Apêndice B.

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APÊNDICE A – TABELA DE RESULTADOS

Este apêndice apresenta os principais testes realizados. A tabela A.1

mostra os resultados obtidos quando uma feição de interesse do poço conhecido

A1 foi selecionada para ser identificada no perfil do poço desconhecido B1.

A tabela A.2 mostra os resultados obtidos quando uma feição de interesse

de um outro poço conhecido – o poço A2 – foi selecionada para ser identificada

no perfil desconhecido do poço B2.

Tamanho do Mapa

Erro de quantização

Erro topológico

Segmentos que ativaram

mesmo neurônio

ativado pela feição

Feição e segmento mais similar a ela

ativaram neurônios próximos no mapa?

9 x 7 0.438 0.070 8306 8511

Neurônios não são muito próximos, mas pertencem ao mesmo grupo.

9 x 5 0.470 0.155 8511

Além de pertencerem ao mesmo grupo, os neurônios estão muito próximos no mapa.

9 x 11 0.389 0.014 8511

Neurônios não são muito próximos, mas pertencem ao mesmo grupo.

9 x 13 0.365 0.000 Nenhum

Os neurônios estão relativamente próximos no mapa e pertencem ao mesmo grupo.

9 x 15 0.349 0.000 Nenhum

Os neurônios estão relativamente próximos no mapa e pertencem ao mesmo grupo.

3 x 5 0.608 0.155

4616 5641 8306 8511 9331 9540

10155 10565 10975 11180

A feição e o segmento mais similar a ela ativaram o mesmo neurônio , mas muitos outros segmentos também ativaram esses neurônios.

4 x 7 0.539 0.113 11180 Além de pertencerem ao mesmo grupo, os neurônios estão bem

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próximos no mapa.

7 x 5 0.520 0.183

5641 8306 8511

11180

Os neurônios estão relativamente próximos no mapa e pertencem ao mesmo grupo, mas muitos segmentos não semelhantes à feição ativaram o mesmo neurônio que ela ativou.

11 x 5 0.449 0.028 8511

Além de pertencerem ao mesmo grupo, os neurônios estão muito próximos no mapa.

Tabela A.1. Resultados obtidos no processo de identificação de um

trecho do perfil do poço A1 no perfil do poço B1.

Tamanho do Mapa

Erro de quantização

Erro topológico

Segmentos que ativaram

mesmo neurônio

ativado pela feição

Feição e segmento mais similar a ela

ativaram neurônios próximos no mapa?

9 x 5 0.491 0.000 -

Os neurônios estão próximos no mapa e pertencem ao mesmo grupo.

9 x 11 0. 409 0.028 10050 10870

Além de pertencerem ao mesmo grupo, os neurônios estão bem próximos no mapa.

9 x 15 0.366 0.028 -

Além de pertencerem ao mesmo grupo, os neurônios estão bem próximos no mapa.

11 x 5 0.460 0.070 -

Além de pertencerem ao mesmo grupo, os neurônios estão bem próximos no mapa.

11 x 4 0.479 0.028 9435

10870

A feição e o segmento mais similar a ela ativaram o mesmo neurônio ,

Tabela A.2. Resultados obtidos no processo de identificação de um

trecho do perfil do poço A2 no perfil do poço B2.

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APÊNDICE B – SOLUÇÃO POR A. G.

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