Índice 03 editorial saúde, desporto e actividade física

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ÍNDICE 03 Editorial saúde, desporto e actividade física investigação 05 Validade da medida do consumo máximo de oxigênio predito pelo teste de Cooper de 12 minutos em adultos jovens sedentários Costa, E. C. investigação 11 Motivos de adesão à prática de ginástica de academia Rocha, K. F. investigação 17 Obesidade infantil, actividade física e sedentarismo em crianças do 1.º ciclo básico da cidade de Bragança Campos, L. F.; Gomes, J. M.; Oliveira, J. C. investigação 25 Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos em Viana do Castelo, Portugal Rodrigues, L. P.; Bezerra, P.; Saraiva, L. investigação 41 A prática da atividade física: estudo comparativo entre os alunos de graduação da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas, Brasil) Salve, M. G. C investigação 49 Modificações agudas dos níveis séricos de creatina quinase em adultos jovens submetidos ao trabalho de Flexionamento Estático e de Força Máxima César, E. P.; Filho, M.; Lima, J. R.; Aidar, F. J.; Dantas E. H. treino e rendimento desportivo investigação 57 Influência do alongamento no estresse pré-competi- tivo em jogadores de futebol da categoria juvenil Leme, J. A.; Barberi, R. A.; Curiacos, K. J.; Rogatto, P. V. revisão 61 O treino da flexibilidade muscular e o aumento da am- plitude de movimento: uma revisão crítica da literatura Coelho, L. F. S. revisão 73 Variabilidade de características fisiológicas e antropológicas em praticantes de râguebi em função da categoria e posição de jogo: revisão sistemática da literatura Campos, F. M. P. estudo de caso 81 Mudança da flexibilidade do ombro com o destreinamento: um estudo de caso Ruberti, L. C.; Christofoletti, G.; Gonçalves, R.; Gobbi, S. gestão, org. e factores sociais da activ. física e desporto investigação 87 Estudo comparativo da organização das escolas de natação: três casos versus três parâmetros do processo ensino-aprendizagem Santos, A. C.; Pereira, R. G. estudo de caso 95 Algumas reflexões sobre a ética desportiva Moreira, C. M.; Pestana, G. D. LINHAS DE INVESTIGAÇÃO 01 saúde, desporto e actividade física a) Actividade física e qualidade de vida b) Actividade física em populações especiais c) Actividade física na terceira idade d) Actividade física, genética e saúde e) Actividade física e diversidade 02 treino e rendimento desportivo a) Metodologia do treino b) Tecnologia adaptada ao Desporto Rendimento c) Treino de capacidades coordenativas, condicionais e cognitivas d) Treino da técnica, táctica em Desp. Rendimento e) Biomecânica e rendimento desportivo f) Psicologia Desportiva 03 educação física e desporto a) Educação física escolar b) Educação Física e Desporto Escolar c) Formação e avaliação em Educação Física d) Formação e avaliação dos profissionais de Educação Física e de Desporto 04 gestão, organização e factores sociais da actividade física e desporto a) Equipamento e instalações desportivas b) Gestão e organização do desporto c) Actividade física para todos d) Desporto e Turismo e) Direito desportivo

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ÍNDICE

03 Editorial

saúde, desporto e actividade físicainvestigação05 Validade da medida do consumo máximo

de oxigênio predito pelo teste de Cooper de 12 minutos em adultos jovens sedentáriosCosta, E. C.

investigação11 Motivos de adesão à prática de ginástica de academia

Rocha, K. F.

investigação17 Obesidade infantil, actividade física e sedentarismo em

crianças do 1.º ciclo básico da cidade de BragançaCampos, L. F.; Gomes, J. M.; Oliveira, J. C.

investigação25 Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos

em Viana do Castelo, PortugalRodrigues, L. P.; Bezerra, P.; Saraiva, L.

investigação41 A prática da atividade física: estudo comparativo

entre os alunos de graduação da UNICAMP(Universidade Estadual de Campinas, Brasil)Salve, M. G. C

investigação49 Modificações agudas dos níveis séricos de creatina

quinase em adultos jovens submetidos ao trabalhode Flexionamento Estático e de Força MáximaCésar, E. P.; Filho, M.; Lima, J. R.; Aidar, F. J.; Dantas E. H.

treino e rendimento desportivoinvestigação57 Influência do alongamento no estresse pré-competi-

tivo em jogadores de futebol da categoria juvenilLeme, J. A.; Barberi, R. A.; Curiacos, K. J.; Rogatto, P. V.

revisão61 O treino da flexibilidade muscular e o aumento da am-

plitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaCoelho, L. F. S.

revisão73 Variabilidade de características fisiológicas e

antropológicas em praticantes de râguebi em função da categoria e posição de jogo:revisão sistemática da literaturaCampos, F. M. P.

estudo de caso81 Mudança da flexibilidade do ombro

com o destreinamento: um estudo de casoRuberti, L. C.; Christofoletti, G.; Gonçalves, R.; Gobbi, S.

gestão, org. e factores sociais da activ. física e desportoinvestigação87 Estudo comparativo da organização das escolas

de natação: três casos versus três parâmetros do processo ensino-aprendizagemSantos, A. C.; Pereira, R. G.

estudo de caso95 Algumas reflexões sobre a ética desportiva

Moreira, C. M.; Pestana, G. D.

LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

01 saúde, desporto e actividade físicaa) Actividade física e qualidade de vida

b) Actividade física em populações especiais

c) Actividade física na terceira idade

d) Actividade física, genética e saúde

e) Actividade física e diversidade

02 treino e rendimento desportivoa) Metodologia do treino

b) Tecnologia adaptada ao Desporto Rendimento

c) Treino de capacidades coordenativas,condicionais e cognitivas

d) Treino da técnica, táctica em Desp. Rendimento

e) Biomecânica e rendimento desportivo

f) Psicologia Desportiva

03 educação física e desportoa) Educação física escolar

b) Educação Física e Desporto Escolar

c) Formação e avaliação em Educação Física

d) Formação e avaliação dos profissionais de Educação Física e de Desporto

04 gestão, organização e factores sociais da actividade física e desportoa) Equipamento e instalações desportivas

b) Gestão e organização do desporto

c) Actividade física para todos

d) Desporto e Turismo

e) Direito desportivo

EDITOR CHEFEProf. dr. Ruben Gonçalves Pereira (ULP, Portugal)

EDITORES ASSOCIADOSProf.ª dr.ª Ana Paula Ferreira de Brito (UV, Espanha)

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COMITÉ EDITORIAL INTERNACIONALProf. dr. Ovídeo Costa (Dir. CMD Porto, Portugal)

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CONSULTORESProf.ª dr.ª Lúcia Oliveira (ULP, Portugal)

Mestre Jaime Tolentino (Funorte-MG, Brasil)

Prof. dr. Jefferson Silva Novaes (UFRJ-RJ, Brasil)

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ENDEREÇOFTCD - Revista de MotricidadeAv. 5 de Outubro, 12, 1.ºE64520-162 Santa Maria da FeiraTel. 256 378 690Fax 256 378 692

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ASSINATURA ANUALPortugal e Europa: 60 eurosAmérica Latina e PALOP: 80 eurosOutros Países: 80 euros

v0044 n0033 JULHO/SETEMBRO 2008RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddeeda Fundação Técnica e Científica do Desporto

DIRECTORProf. dr. Ruben Gonçalves Pereira

DIRECTORES ADJUNTOSProf.ª dr.ª Ana Paula Ferreira de Brito (UV, Espanha)Prof. dr. Espregueira Mendes (Hospital São Sebastião)Mestre Alípio Oliveira(Comité Olímpico de Portugal)

DIRECTOR DE REDACÇÃOJoão Paulo Lourenço (FTCD)

PROPRIEDADE E EDIÇÃOFTCD - Fundação Técnica e Científica do Desportowww.motricidade.ftcd.org

CONCEPÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃOLaura Alves Lourenço

IMPRESSÃO E ACABAMENTOPublidisa

TIRAGEM1000 exemplares

PERIODICIDADETrimestral

ICS n.º 124607

ISSN n.º 1646-107X

DEPÓSITO LEGAL222069/05

e

Portugal, como na generalidade dos países europeus, assume a recepção e compreensão do Desporto por parte da sociedadecomo uma mutação, mas os escassos estudos empíricos sobre os valores associados à prática desportiva demonstram que o

tema ainda não foi seriamente encarado e alicerçado, seja pelosagentes desportivos seja pelos decisores da política desportiva.

Nos últimos anos, o comportamento dos jovens no e perante o Desporto tem vindo a sofrer profundas alterações.

Alguns comportamentos que têm vindo a ser mais frequentessão: fazer batota, praticar agressões, adoptar comportamentos

violentos e agressivos, faltar ao respeito a adversários e árbitros.Embora as ocorrências mais frequentes e visíveis sejam

observáveis no Desporto profissional, já se começa a encontrarcada vez mais esses “maus” comportamentos no Desporto jovem.

Devido ao facto dos valores estarem a ser modificados nocomportamento de cada indivíduo por causa de processos

de aculturação em sociedade, a identificação desses mesmosvalores nos jovens atletas é de vital importância para melhor

se entender o processo pelo qual eles tomam este tipo dedecisões em situações desportivas.

Não é o confronto, a competição, ou o tipo de Desportopraticado que determina automaticamente e tacitamente o valordas actividades desportivas para as crianças e jovens. É antes

de mais a natureza das experiências vividas nessas actividades,como as interacções com os pais, os treinadores, os professorese amigos, que vão determinar se a prática desportiva ajuda ounão a adquirirem os valores e as atitudes que visam alcançar.

Assim, a Educação Física e o Desporto deve contribuir para odesenvolvimento de valores, favorecendo a formação integral

das crianças e jovens. Através da participação em jogos eDesportos desenvolvem-se qualidades como a lealdade, a cooperação, o desportivismo, a força de vontade e a

perseverança. Contudo e de acordo com o objectivo doDesporto, este proporcionará diferentes tipos de resultados.

Bem utilizado, pode inferir uma atitude de jogo limpo, respeito pelas regras e um esforço coordenado e subordinado

dos interesses do grupo em detrimento do individual.

Ruben Gonçalves Pereira

EDITORIAL

saúd

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spor

to e

act

ivid

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físi

ca

RESUMOO objetivo do estudo foi investigar se um programa de atividade físicapromove melhoras significativas nacapacidade cardiorespiratória deidosas. Participaram do estudo 71gerontes do sexo feminino, sendodivididas em quatro grupos nas res-pectivas faixas etárias: G1 (60-64anos; n=29), G2 (65-69 anos; n=22),G3 (70-74 anos; n=11) e G4 (75-79anos; n=09). A aptidão cardiorespi-ratória foi avaliada através do testede caminhada de 6 minutos de Riklie Jones (1998). Foi utilizado o testeShapiro-Wilk, para verificação dagaussianidade da amostra, com nívelde significância <0,05, utilizou-se oprograma SPSS 10.0 for Windows.

Analisando a variável distância percor-rida, obteve-se as seguintes médias:G1=526 m, G2=509,7 m, G3=491,3 me G4=479,4 m, pode-se concluir quesomente o G1 não obteve seu valordentro da faixa de referência. Consi-derando a possibilidade da não espe-cificidade da prescrição do exercíciofísico para cada faixa etária apre-sentada pelos grupos estudados, oprograma de atividade física realizadofoi capaz de proporcionar a 60,5%daquelas idosas, um perfil satisfatóriopara a resistência cardio-respiratória.

VALIDADE DDA MMEDIDA DDO CCONSUMO MMÁXIMO DE OOXIGÉNIO PPREDITO PPELO TTESTE DDE CCOOPER

DE 112 MMINUTOS EEM AADULTOS JJOVENS SSEDENTÁRIOS

AUTORESEduardo Caldas Costa1

VALIDADE DDA MMEDIDA DO CCONSUMO MMÁXIMO DE OOXIGÉNIO PPREDITO PELO TTESTE DDE CCOOPERDE 112 MMINUTOS EEM AADULTOSJOVENS SSEDENTÁRIOS4(3): 55-10

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEresistência cardiorespiratória;idosas; sobrepeso; atividade física.

KKEEYYWWOORRDDSScardiorespiratory resistance;elderly; overweight; physical activity.

data de submissãoSSeetteemmbbrroo 22000077

data de aceitaçãoDDeezzeemmbbrroo 22000077

investigação

06|07| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

O primeiro trabalho envolvendo arealização de um teste para análi-se da capacidade funcional foi publi-cado por Master e Oppenheimerem 1929, utilizando uma escadade dois degraus com o objetivo deavaliar a capacidade do coração ao exercício por meio de respostasda freqüência cardíaca (FC) e dapressão arterial (PA). A esse tra-balho é também creditada a pri-meira descrição de um protocolopara teste de esforço6.

As bases da moderna eletrocardio-grafia de esforço foram estabeleci-das nos anos 50. Wood na referidadécada enfatizou a necessidade deque fosse exercitada a capacidademáxima de cada indivíduo, resultan-do em FC acima de 90% da prevista.Seu protocolo consistiu na subidade 84 degraus de uma escadariapróxima ao hospital em que tra-balhava, com o registro imediatodo eletrocardiograma. Em 1954,Astrand e Rhyming estabeleceramas bases fisiológicas para o méto-do, correlacionando o consumo deoxigênio (VO2) com a FC em níveissubmáximos de exercício23.

O consumo máximo de oxigênio(VO2máx) pode ser definido como a máxima capacidade de capta-ção (pulmões), transporte (coraçãoe vasos) e utilização do oxigênio(principalmente pelos músculos)durante exercício dinâmico envol-vendo grande massa muscular cor-poral3. Apesar do consumo máximode oxigênio (VO2máx) ser um índiceobjetivo do grau de esforço realiza-do, assim como de funcionalidade,ele só foi utilizado nos protocolos deteste de esforço a partir de 1955,quando as técnicas de medida degases tornaram-se disponíveis. Oano de 1956 pode ser consideradoum marco na evolução da ergome-

submetendo o indivíduo a um testeergométrico com cargas crescentese analisando as frações expiradasde oxigênio e dióxido de carbonodurante o esforço, além da ventila-ção pulmonar2. Esse tipo de procedi-mento é considerado padrão-ouropara esse fim9.

Entretanto, seu custo é alto, sãonecessários equipamentos sofisti-cados, mão-de-obra especializada pa-ra a administração do teste, maiorquantidade de tempo com cadaavaliado e ainda maior motivaçãodo indivíduo, pois geralmente é rea-lizada em ambiente de laboratório2.

Contudo, o VO2máx também podeser medido a partir da intensidadedo esforço máxima usando equa-ções de previsão (método indireto).Esse tipo de estimativa é conside-rado o próximo método mais exatode mensuração do consumo máximode oxigênio. Como a medida diretado VO2máx geralmente não é pos-sível, muitos procedimentos paracalculá-lo têm sido desenvolvidos.Novas propostas avaliativas vêmsendo validadas, a partir da análisede correlação entre VO2máx medi-do diretamente e determinado testede desempenho físico2.

Os testes de campo, nos quais ocálculo do VO2máx é feito atravésde equações baseadas em tempoou distância pré-estabelecidos, sãoexemplos desse tipo de correlação.Nesse caso, podem ser avaliadasvárias pessoas ao mesmo tempocom baixo custo e fácil aplicabili-dade2. Sua validade, entretanto,muitas vezes é questionada, tendoem vista que muitas dessas equa-ções são específicas para grupospopulacionais pré-determinados4.

Um dos testes de campo mais uti-lizados para avaliação do VO2máx éo teste de Cooper de 12 minutos.Uma de suas vantagens é a facili-dade de administração. Por outro

tria, pela introdução da esteira ro-lante e o respectivo protocolo parautilização deste novo equipamento,inserido por Robert Bruce23.

Em 1968, Kenneth Cooper8 ao rea-lizar testes de campo com militaresda Força Aérea Americana descre-veu um procedimento avaliativo(teste de 12 minutos) para a esti-mativa do VO2máx. Este consistiuem uma modificação do teste decorrida de 15 minutos desenvol-vido anteriormente por Balke, tam-bém com militares7.

O VO2máx é um parâmetro usadopara a avaliação da função cardior-respiratória máxima e reserva fun-cional12. Além disso, a mensuraçãodo VO2máx pode ser indicada porvárias razões, desde a análise dafunção cardiorrespiratória, em pneu-mo e cardiopatas, até a prediçãode desempenho em atletas20. OVO2máx também serve como umindicador independente de morta-lidade por todas as causas, e prin-cipalmente as de etiologia cardio-vascular5,10,14,15,16.

Atualmente, os testes de aptidãofísica apresentam alguns objetivossubstanciais, dentre os quais estão:fornecimento de dados úteis nodesenvolvimento da prescrição deexercício, coleta de dados que per-mitam a avaliação do progressodos participantes em programa deexercício, motivação dos indivíduos,estabelecendo objetivos de aptidãofísica alcançáveis, orientação aosparticipantes sobre os conceitosde aptidão física, estado de aptidãoindividual, além de estratificaçãode risco2.

O critério tradicional de avaliaçãoda capacidade cardiorrespiratória(método direto) envolve análises deamostras de ar expirado coletadasenquanto a pessoa realiza exercícioem intensidade progressiva. Essamedida direta do VO2máx é feita

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

ar expirado foi coletado peloanalisador de gases metabólicos. Arecuperação teve início imediata-mente após os indivíduos atingiremo pico de esforço, sendo realizadano primeiro minuto a uma veloci-dade de 50% da final atingida noteste (sem inclinação) e no segundominuto a 25%.

Utilizou-se para o estabelecimentodo consumo máximo de oxigênio osseguintes dados: a) presença deQR (VCO2/VO2) > 1.1; b) existênciade um limiar anaeróbico (LA); c)

ventilação pulmonar (VE) > 60% damáxima prevista, e; d) eventual pre-sença de um platô no VO2 diantede um aumento na carga de esfor-ço. Estes dados, concomitante àavaliação da freqüência cardíacamáxima (FCM) atingida e a sensa-ção subjetiva de esforço, foramusados também para assegurarum teste máximo25.

O teste de Cooper de 12 minutosfoi realizado na pista de atletismoda Universidade Federal do RioGrande do Norte (UFRN). Os indi-víduos correram e/ou andaram ao redor da mesma a máxima dis-tância possível no tempo pré-esta-belecido. Cones de sinalização foramcolocados a cada 50m para quefosse facilitada a mensuração (atra-vés de trena) da distância máximaalcançada ao final do teste. Com osvalores de metragem individual-mente percorridos foi calculado oVO2máx predito para cada partici-pante, através da fórmula propostapor Cooper4:

[VO2MÁX = (m - 504,9) / 44,73]

onde “m” indica a distância emmetros percorrida pelo indivíduo.

EEssttaattííssttiiccaaOs dados foram armazenados noprograma Excel e analisados nopacote estatístico SPSS®‚ versão

lado, apresenta algumas limitaçõessubstanciais, como nível individualde motivação e capacidade de de-senvolvimento de ritmo adequadono decorrer do teste2.

Desta forma, toda vez que, por faltade disponibilidade, seja financeira,estrutural ou tecnológica, venha aser realizada uma avaliação mais“simples” (como, por exemplo, ostestes de predição de VO2máx),deve-se conhecer, ao menos, limita-ções e possibilidades de erro envol-vidas na sua execução e coleta dedados, quando comparadas aos exa-mes com medida direta de gases20.

Com o exposto, torna-se relevanteo conhecimento da validade de pro-cedimentos avaliativos de baixocusto que inferem a capacidadefuncional dos indivíduos através dapredição do consumo máximo deoxigênio. Portanto, o propósito dopresente estudo foi analisar a vali-dade da medida do VO2máx preditopelo teste de Cooper de 12 minutosem adultos jovens sedentários.

METODOLOGIA

AAmmoossttrraaA população envolvida no presenteestudo foi de 45 alunos matricu-lados no 9º e 10º período do cursode Fisioterapia da Universidade Po-tiguar (UNP). Os critérios de sele-ção da amostra foram: ser do sexomasculino, apresentar faixa etáriaentre 20 e 29 anos, não apresen-tar disfunção óssea, muscular, arti-cular e cardiovascular e não estarinserido em nenhum programa deexercício físico regular. Fizeramparte do estudo 11 voluntárioscom idade média de 24±1,8 anos,massa corporal de 78,44±10,82 kg,estatura de 174±8,2 cm e IMC de26±3,8 kg/m2.

PPrroocceeddiimmeennttoossEsta pesquisa foi aprovada no Co-mitê de Ética da UNP em 28/11//2006, processo nº 129/2006.Primeiramente foi realizado umlevantamento estatístico atravésda direção do curso de Fisioterapiada UNP, sobre os alunos do sexomasculino com faixa etária entre20-29 anos matriculados no 9º e 10º período do referido curso.Essas pessoas foram contactadase esclarecidas sobre os objetivosda pesquisa. Os voluntários queaceitaram participar do estudoassinaram um termo de consen-timento livre e esclarecido.Após a definição da amostra, infor-mações pré-teste de acordo comrecomendações do American Colle-ge of Sports Medicine2 foram profe-ridas aos participantes (não fazeratividade física extenuante 24 horasantes dos testes; não ingerir café,bebida alcoólica nem fumar trêshoras antes dos testes; usar rou-pas leves nas avaliações e dormiradequadamente 6 a 8 horas no diaanterior dos testes), sendo agenda-da a data da ergoespirometria e doteste de Cooper de todos os indiví-duos. As avaliações ocorreram comum intervalo de no mínimo 48 horase no máximo de 72 horas entreuma e outra.Os indivíduos foram submetidos ateste ergométrico em esteira rolan-te seguindo um protocolo de rampacom intensidade progressiva adap-tado de Tebexreni et al.23. Inicial-mente foi realizado um breve aqueci-mento (3 minutos com velocidadede 2,5 km/h sem inclinação). Apósesse período, o teste foi iniciadocom velocidade de 3 km/h seminclinação, onde a partir de então,houve incremento de carga (velo-cidade e inclinação) a cada 6 se-gundos até que os indivíduos atin-gissem a exaustão entre 8 e 12minutos17,19,25,11. Durante o teste o

08|09| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

14.0 para Windows. Para caracte-rização da amostra e disposiçãodos resultados foi usada a esta-tística descritiva (média e desvio--padrão). Para análise de diferençaentre o VO2máx medido através da ergoespirometria e do VO2máxpredito pelo teste de Cooper de 12minutos foi utilizado o teste U deMann-Whitney acatando-se umnível de significância de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A tabela 1 mostra as medidas des-critivas da amostra do estudo noque se refere às variáveis: idade,massa corporal, estatura, índice de massa corpórea (IMC), pressãoarterial sistólica (PAS), pressãoarterial diastólica (PAD) e freqüên-cia cardíaca de repouso (FCrep).

De acordo com Cooper4 a distânciamédia alcançada pelos indivíduosequivale a uma classificação regu-lar de aptidão aeróbia. Já o tempomédio de 10 minutos atingido pelossujeitos na ergoespirometria sesituou na faixa considerada idealpara esse tipo de procedimento,podendo essa zona ser estendidaentre 8 e 12 minutos17,17,25,11. Asmédias de distância percorrida noteste de 12 minutos e o tempo doteste na ergoespirometria do pre-sente estudo são apresentadas natabela 2.A tabela 3 exibe os resultados damedida do consumo máximo deoxigênio: medida direta e indireta.Conforme os resultados mostradosa seguir, o valor médio do VO2máxobtido através da ergoespirometriafoi maior do que o predito pelo testede Cooper de 12 minutos. Alémdisso, foi constatada maior variabi-lidade nos valores de VO2máx pre-ditos pelo teste de Cooper, eviden-ciada a partir da observação dodesvio-padrão presente na tabelaque se segue.Grant et al.13 observaram, através doteste de Cooper e ergoespirome-tria, valores médios de VO2máx de60,6 ml/kg/min e 60,1 ml/kg/min,respectivamente. Esses valores bemsuperiores aos encontrados no pre-sente estudo podem ser justifica-dos pela diferente amostra queconstituiu o trabalho de Grant ecolaboradores, sendo essa formadapor jovens universitários praticantesde esporte com freqüência regular.Dados semelhantes aos encontra-dos no presente estudo em relaçãoao consumo máximo de oxigênio(medido através da ergoespirome-tria) foram encontrados por Rondonet al.18, onde ao analisarem jovensdo sexo masculino, saudáveis, comidade média de 29 anos verifica-ram o valor médio do VO2máx de42,1 ml/kg/min.

Numa metanálise sobre envelheci-mento, declínio da capacidade ae-róbia máxima e sua relação comnível de treinamento, foi observadaa média do VO2máx no grupo se-dentário de 36,9 ml/kg/min comdesvio-padrão de 8,224. Esse eleva-do desvio-padrão provavelmentedeveu-se ao envolvimento de gruposetários distintos, variando de 20 a mais de 70 anos. Entretanto,harmonizando os resultados encon-trados pelos autores com a faixaetária considerada no presentetrabalho (20-29 anos) os valoresde VO2máx encontram-se similares,ou seja, próximos à faixa de 40 ml//kg/min.Num levantamento do número deexames ergoespirométricos efeti-vados no CEMAFE (Centro de Me-dicina da Atividade Física e do Es-porte) da Escola Paulista de Medi-cina (UNIFESP), constatou-se que203 indivíduos sedentários subme-teram-se a tal teste para avaliaçãoda capacidade aeróbia e determi-nação dos índices de limitação fun-cional23. O valor médio de VO2máxencontrado foi de 36,17 ml/kg/mincom desvio-padrão de 6,52. Contu-do, a média de idade dos indivíduosavaliados foi de 40,53 anos comdesvio-padrão de 12,56, o que podeexplicar a alta variabilidade encon-trada para a variável VO2máx epermite justificar a ocorrência deum menor valor médio da mesmapara essa população.Cooper8 ao avaliar 115 indivíduosda Força Aérea Americana verificouuma alta correlação entre o consu-mo máximo de oxigênio estabele-cido pelo seu teste de 12 minutose o respectivo VO2máx obtido emlaboratório (r=0,90). A idade médiados indivíduos foi de 22 anos comvariação entre 17 e 54 anos. Osvalores de VO2máx alcançadospelos indivíduos variaram de 31 a59 ml/kg/min.

Idades (anos)

Massa corporal

Estatura (cm)

IMC

PAS (mmHg)

PAD (mmHg)

FCrep (bpm)

VVaarriiáávveeiiss

24

78,4

174

26

122

71

73

MMééddiiaa

1,8

11,2

8,2

3,8

10,1

5,5

10,1

DDeessvviioo----ppaaddrrããoo

TTAABBEELLAA1Caracterização da amostra (n=11).

Fonte: dados da pesquisa

Distância (m)

Tempo final (min)

VVaarriiáávveeiiss

2160

10

MMééddiiaa

232,9

0,8

DDeessvviioo----ppaaddrrããoo

TTAABBEELLAA2Distância percorrida no teste de Cooper de 12 minutos e tempo finalda ergoespirometria (n=11).

Fonte: dados da pesquisa

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Numa comparação entre váriosmétodos de predição de consumomáximo de oxigênio, incluindo testede Cooper de 12 minutos, shuttlerun de multiestágios progressivose teste de bicicleta submáximo, emadultos jovens do sexo masculino,praticantes de esporte, foi verifi-cado que o teste de Cooper obtevemaior correlação com a medidadireta do VO2máx (r=0,92)13, dadosemelhante ao encontrado porCooper8, tendo os outros testesum viés de subestimação dos reaisvalores encontrados em laboratório.

MacArdle et al.21 destacam um pro-blema em potencial ao se compa-rar testes preditivos para avaliaçãode consumo máximo de oxigêniocom avaliação por medida diretaem grupos homogêneos. Os mes-mos constataram que quando oteste de Cooper original foi res-tringido para avaliação de jovensuniversitários do sexo masculino acorrelação caiu de 0,90 para 0,59.

McCutcheon et al.22 encontraramuma alta correlação entre o consu-mo máximo de oxigênio predito peloteste de Cooper de 12 minutos e a medida direta dessa variável(VO2máx) em adultos jovens dosexo masculino e feminino, comidade média de 25 anos, sendo oreferido r=0,84. Entretanto, apesarda alta correlação verificada, osautores observaram uma subestima-ção média dos valores de VO2máxpreditos pelo teste de Cooper de 4ml/kg/min em relação aos testeslaboratoriais. Esse achado se asse-melha à média de subestimaçãoencontrada no presente estudo, 6 ml/kg/min.

Quando se avalia um grupo comgrande variação de idade, alta cor-relação estatística é esperada1.

Além disso, resultados muito hete-rogêneos de uma variável estudada

também favorecem uma correlaçãoestatística elevada. No estudo ori-ginal de Cooper8 a faixa estaria dosindivíduos estudados variou de 17 a54 anos e os resultados de VO2máxde 31 a 59 ml/kg/min. Logo, essesaspectos devem ser consideradosquando esse teste é aplicado emdeterminada população.

CONCLUSÃO

De acordo com os dados apresen-tados, é possível concluir que houvediferença estatisticamente signifi-cante (p<0,05) entre o VO2máxpredito pelo teste de Cooper de 12minutos em comparação ao obtidona ergoespirometria. Em média, ovalor predito pelo teste de Cooperde 12 minutos foi 14,7% menor emrelação à ergoespirometria. Destaforma, fica perceptível que para apopulação estudada o teste de Coo-per de 12 minutos não apresentouboa validade na predição do con-sumo máximo de oxigênio, subesti-mando, portanto, os reais valoresobtidos através do teste padrão--ouro (ergoespirometria).

Com isso, possíveis informaçõesgeradas em relação ao estado deaptidão física e capacidade fun-cional dos indivíduos estudados, apartir dos resultados preditos pelo

teste de Cooper de 12 minutos,podem ser consideradas aquém dareal situação, fato notório a partirdo viés de subestimação apresenta-do pelo referido teste no presentetrabalho.

O número pequeno da amostraimpede que afirmações mais concre-tas em relação à validade do testede Cooper de 12 minutos para osfins estudados sejam realizadas.Logo, se faz necessário outros tra-balhos semelhantes, e com amostrasmais representativas em termosquantitativos para esclarecer taisaspectos. Parece também ser im-portante estudos envolvendo outraspopulações: gênero feminino, faixasetárias distintas e diferentes níveisde aptidão física, o que permitiriaum melhor entendimento quantoaos resultados obtidos no presentetrabalho e sua aplicação em diver-sas populações.

CORRESPONDÊNCIA

Eduardo Caldas Costa

Av. Rui Barbosa 1100. Bairro: Lagoa Nova Natal-RN. CEP: 59056300

Contacto: (84) 3234 3640(84) 9925 6000

E-mail:[email protected]

VO2máx direto (ml/kg/min)

VO2máx indireto (ml/kg/min)

VVaarriiáávveeiiss

43,18

36,94

3,7

5,2

MMééddiiaa

TTAABBEELLAA3Caracterização da amostra (n=11).

*Teste U de Mann-Whitney: diferença significante

Fonte: dados da pesquisa

DDeessvviioo--ppaaddrrããoo

14,7%

DDiiffeerreennççaa (%)

0,005*

pp--vvaalloorr

10|11|

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investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

investigação

RESUMOEste estudo teve por objectivo ana-lisar os principais motivos de adesãoà ginástica de academia, assim co-mo verificar a existência de relaçãoentre idade, sexo e motivos de ade-rência. A amostra foi composta por250 indivíduos (181 feminino/69masculino), praticantes de ginásticaaeróbica ou uma das suas vertentes,numa frequência mínima de 3 vezespor semana, adeptos a pelo menos3 meses ininterruptos, em 8 acade-mias de ginástica da cidade de Mon-tes Claros-MG. A colecta de dadosfoi feita através de um questionáriocriado e validado para este estudo,visando obter informações relativasao sexo, idade e intenção de práticado entrevistado. A análise estatísticafoi composta por análise descritivapara caracterização da amostra eanálise comparativa entre gruposatravés do teste X2, que demonstrounão significância estatística entreMotivo de adesão relacionado àidade e sexo da amostra. A análisedo resultado permite concluir que,independente do sexo e idade dospesquisados, o motivo para a buscade prática de ginástica de academiaé a melhoria da componente esté-tica, seguida do condicionamentopara qualidade de vida.

ABSTRACTThe purpose of this study was toanalyse the main motivatians ofadherence to Academy gymnasticand to verify the relationship betweenage, sex and adherence motivations.The Sample was compound by 250individuals (181 feminine/69 mas-culine), practitioners of aerobic gym-nastic or one of its variants, in aminimum of practise of three timesper week, through the period of timeof at least three non – stoppablemonths, in eight gyms situated inthe city of Montes Claros-MG. Thedata was researched by the use ofa questionary, created and valida-ted for this study, aiming to receiveinformation related to sex, age andinterviewee’s intention of practise.The statistic analysis was formedand based in a delineation and tra-cing of the sample, in other words,based in a descriptive analysis andcomparative analysis betweengroups, using the x2 test. Thisstatistical test demonstrated a non– significant statistic between Adhe-rence motivations and sex or age of the study sample. The result’sanalysis lead to the conclusion that,independently of sex and age of theinterviewees, the motive behind thepractise of academy gymnastic isthe image improvement followed bythe necessity of having a life’s quality.

MOTIVOS DDE AADESÃO ÀÀ PPRÁTICA DE GGINÁSTICA DDE AACADEMIA

MOTIVATIONS OOF AADHERENCE TTO THE PPRACTISE OOF AACADEMY GGYMNASTIC

AUTORESKenia Ferreira Rocha1

1 Mestranda - Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro

MOTIVOS DDE AADESÃO ÀÀ PPRÁTICA DE GGINÁSTICA DDE AACADEMIA4(3): 111-16

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEginástica; estética; qualidade de vida; saúde; motivação.

KKEEYYWWOORRDDSSgymnastic; sthetic; life’s quality;health; motivation.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

12|13| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇAO

Uma tendência dominante no cam-po da Educação Física e estudosepidemiológicos estabelecem umarelação positiva entre a prática daactividade física e a conduta sau-dável5,8,19. A colaborar com estaafirmativa, a fisiologia do exercícionos mostra inúmeros estudos ondea actividade física auxilia de modopositivo o combate ao sobrepeso ediminuição do perfil lipídico a longoprazo28 e auxiliar no tratamento daobesidade e suas comorbidades2,12,17,tratamento e prevenção da diabe-tes e hipertensão arterial3,9,18, me-lhorias físicas e psicológicas pararealização das actividades quotidia-nas15, melhoria da qualidade de vidaem idosos16,20 e ainda como auxiliarno bem-estar psicológico dos indi-víduos1,4,14. Em contrapartida o se-dentarismo e a inactividade estãorelacionados ao aparecimento dedoenças hipocinéticas23,24. Nestaperspectiva, cresce o interesse emconceitos como “actividade física”e “qualidade de vida”, constituindoum movimento no sentido de va-lorizar acções voltadas para amelhoria do bem-estar do indivíduopor meio do incremento do nível deactividade física habitual da popu-lação. Para Saba25, as academiastornaram-se uma opção para apopulação urbana, que adere aoexercício físico, com o intuito deobter melhorias em seu bem-estargeral. Pesquisas revelam que já em1988 existiam cerca de 25 milhõesde pessoas engajadas em academiasde ginástica nos Estados Unidos13.Dantas6 estima e existência decerca de 13.000 destes estabeleci-mentos em São Paulo, e segundopesquisa da ABRAFIS (AssociaçãoBrasileira de Academias e Activida-des Físico Desportivas), cerca de

6.000 estabelecimentos no Rio deJaneiro22. Por si só estes númeroscomprovam que esta adesão é umfenómeno sócio cultural bastantesignificativo21. A ginástica aeróbica,embora já modificada por suasvertentes mais modernas (Step,JumpFit, Slide) proporciona grandeestimulação aos seus praticantes.Segundo Valim e Volp29, os adeptosda ginástica aeróbica são motiva-dos à prática objectivando controlede peso, convívio social, pela ex-pressão estética e a motivação vindada música e pela própria satisfaçãoda prática. Defendemos o ponto devista de que a academia, enquantoinstituição prestadora de serviços,tem a necessidade de averiguarentre seus alunos e possíveis alu-nos o interesse que os motiva afrequentá-la, para que haja umaperfeita adequação entre os anseiosdo usuário e os serviços oferecidose prestados.

Assim sendo, o objectivo do presenteestudo é traçar um perfil referenteà idade, sexo e intenção de práticados alunos de ginástica aeróbica esuas vertentes nas academias dacidade de Montes Claros - MinasGerais.

METODOLOGIA

AAmmoossttrraaParticiparam da amostra 250 indi-víduos, sendo 181 (72,4%) do sexofeminino e 69 (27,6%) do sexomasculino; com idades compreen-didas entre 18 e 50 anos (31,92±±8,442), praticantes de ginásticaaeróbica ou uma das suas verten-tes (JumpFit, Step, body combaty,body pump, ginástica localizada);foram utilizados como critério deinclusão ser frequente naquela pelo

menos três vezes por semana, comno mínimo três meses ininterruptosde prática. Foram 8 academiasavaliadas dentre as 23 existentesna cidade. Entretanto ressaltamosque a existência exacta de 23academias de ginástica na cidadeé, de certa forma, empírica, umavez que não existe nenhum órgãofiscalizador responsável por estelevantamento. A estimativa destenúmero foi feita através de umlevantamento feito pelos autoresespecificamente para este traba-lho. Foi elaborado pelos autores umquestionário visando obter dadospara caracterização da amostra(Idade, Género), seguidos dapergunta: Qual destes motivos é acausa principal da sua frequêncianesta academia?

A) INNDDIICCAAÇÇÃÃOO MMÉÉDDIICCAA - Tenho algumproblema que se atenua mediantea prática de actividade física;

B) LAAZZEERR - Frequento a academianos meus tempos livres, com ointuito de e divertir;

C) ESSTTÉÉTTIICCAA - Sou praticante deginástica porque pretendo alcan-çar/manter determinado peso ousilhueta;

D) COONNDDIICCIIOONNAAMMEENNTTOO PPAARRAA BBEEMM-EESSTTAARR

GGEERRAALL - Pratico ginástica porquepretendo realizar bem minhas acti-vidades quotidianas, com melhorqualidade de vida;

O questionário foi submetido a umteste piloto numa amostra de 20indivíduos não pertencentes à amos-tra original do estudo, onde foramcomprovadas suas qualidades psi-cométricas.

Todos os voluntários foram escla-recidos sobre o carácter voluntárioda participação e a garantia deanonimato das informações. Foiressaltada a importância da fidedi-gnidade dos dados fornecidos.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

PPrroocceeddiimmeennttoossOs questionários foram aplicadosem grupo, no início de cada aula de ginástica das respectivas aca-demias. Houve esclarecimento ver-bal quanto à intenção do estudo ea não necessidade de identificaçãodo questionário. Foi também escla-recido aos participantes que so-mente uma resposta seria aceita,sendo que os questionários queapresentassem mais que uma res-posta não poderiam ser utilizadospara a pesquisa.

AAnnáálliissee eessttaattííssttiiccaaA tabulação e análise dos dadosforam feitas através do programaSPSS for Windows versão 14.0.Utilizou-se a análise descritiva paracaracterização da amostra (fre-quência, mínimo, máximo, média edesvio padrão). Para análise com-parativa entre grupos utilizou-se oX2 - Qui-quadrado, uma vez que esteestudo apresenta apenas variáveisnominais.

RESULTADOS

Os valores apresentados abaixodizem respeito à frequência de in-tenção da prática de ginástica daamostra total (ver tabela 1).

Quanto à intenção de prática de ginástica em cada sexo e seusrespectivos percentuais e frequên-cias foram encontrados os seguin-tes valores (ver tabela 2).

Relativamente à intenção de práti-ca de ginástica de academia relacio-nada ao sexo, o teste Qui-quadrado(X2) não mostrou diferença estatisti-camente significante (P < 0.05)entre os sexos (ver tabela 3).

Participaram da amostra indivíduosdas idades compreendidas entre18 e 50 anos. A tabela 4 apre-senta os valores de frequência deindivíduos em cada idade.

Para a análise comparativa da idadeforam formados 3 grupos utili-zando os percentis 33,33% (27), e 66,66% (36,33) (ver tabela 5).

A tabela 6 apresenta os valoresreferentes à relação Idade (grupo)/

/Intenção de prática. Para promoveruma leitura mais eficiente denomi-namos o grupo da idade 18 até aidade 27 de grupo 1; o grupo com-preendido entre 27 e 36,33 de gru-po 2 e acima de 36,33 de grupo 3.

Em relação à idade (grupos) eintenção de prática não foramencontrados valores significativosestatisticamente entre os grupos(ver tabela 7).

Frequência (N)

% Amostra

IInntteennççããoo ddee PPrrááttiiccaa

43,18

36,94 %

IInnddiiccaaççããooMMééddiiccaa

32

12,8 %

LLaazzeerr

134

56,6 %

EEssttééttiiccaa

TTAABBEELLAA1Intenção de prática.

59

23,6 %

CCoonnddiicciioonnaammeennttoo ppaarraa qquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa

Feminino (N)

% Sexo

% Intenção

IInntteennççããoo ddee PPrrááttiiccaa

20

11 %

80 %

IInnddiiccaaççããooMMééddiiccaa

27

14,9 %

84,4 %

LLaazzeerr

95

52,5 %

70,9 %

EEssttééttiiccaa

TTAABBEELLAA2Intenção de Prática relacionada ao Sexo.

39

21,5 %

66,1 %

Masculino (N)

% Sexo

% Intenção

5

7,2 %

20 %

5

7,2 %

15,6 %

39

56,5 %

29,1 %

20

29 %

33,9 %

CCoonnddiicciioonnaammeennttoo ppaarraa qquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa

Pearson Chi-Square

Likelihood Ratio

Linear-By-Linear

Association

N of valid Case

4,34 2ª

4,621

3,398

250

VVaalluuee

3

3

1

ddff

TTAABBEELLAA3X2 Intenção de Prática/Sexo.

,227

,202

,065

AAssyymmpp.. SSiinngg((22--ssiiddeedd))

14|15|

DISCUSSÃO

Skinner26 diz que as avaliações desaúde e aptidão, (incluindo variáveiscomo flexibilidade, força, resistênciamuscular), assim como informaçõesa respeito das necessidades, inte-resses e objectivos de cada pessoasão úteis ao conhecimento dos be-nefícios e riscos dos exercícios e amotivação para começar ou conti-nuar a prática.A colaborar com este pensamentoestá o estudo de Valim e Volp29,sobre a diferença positiva emtermos de condicionamento adqui-rido em indivíduos que praticamginástica aeróbica por Satisfação e os que praticam por outros mo-tivos, o que estabelece relação entreo objectivo de prática e o resultadofinal alcançado. O prazer pela acti-vidade é promovido através da com-preensão das necessidades, inte-resses e metas individuais.Com relação à diferença na intençãode prática em diferentes idades, osresultados não demonstraram signi-ficância estatística entre os grupos.Através da análise dos resultados é possível averiguar que tanto nogrupo dos mais jovens quanto nosdemais grupos o objectivo de prá-tica predominante é sempre o es-tético, seguido da intenção de práticapela melhoria do condicionamentopara melhor qualidade de vida. Olazer é o terceiro item mais aponta-do pelo grupo 1 e 2, sendo que nogrupo 3, talvez por se tratar dogrupo com maior idade, a intençãode prática por motivos de indicaçãomédica apresenta um leve aumentoquando comparado aos demaisgrupos.A diferença entre intenção de prá-tica relacionada ao sexo não foiestatisticamente observada (tabela3). Entretanto é necessário sublinharatravés da análise dos resultadosexpressos na tabela 2 que os indi-

víduos do sexo masculino parecemestar mais direccionados à inten-ção de prática por motivos estéticos(56,5%) que os indivíduos do sexofeminino (52,5%), o que acontecetambém com a intenção de praticarelativa ao Condicionamento paramelhor qualidade de vida (Mascu-lino - 29% e Feminino - 21,5%). Esteresultado parece contradizer osestudos de Fallon e Hausenblas10

ao sugerir que existe uma maiorpressão sócio cultural sobre o sexofeminino para a busca de um este-reótipo corporal pré definido pelamédia, entretanto não podemosafirmar as causas deste fenómeno.Relativamente à intenção de práticade Ginástica de academia do nossoestudo quanto à amostra total,foram encontrados resultados se-melhantes ao estudo de Geraldes13

numa pesquisa feita em duas aca-demias de ginástica, uma no Rio deJaneiro e outra em Maceió, concluin-do que a maioria dos pesquisadostinha como objectivo de prática amelhoria da componente estética etambém o estudo de Fernandes11,numa pesquisa a respeito do signi-ficado da prática de ginástica paramulheres de 25 a 35 anos, ondeapesar da pluralidade de significa-dos desvelados, a maioria da amos-tra mostrou-se voltada para o ema-grecimento, a beleza e a saúde.Estes valores vêem de encontro àafirmação de Novaes21 a respeitodos valores que norteiam a práticagímnica em academia, concluindoque: “a ginástica de academia nopercurso de sua evolução teve...sempre presente, o objectivo esté-tico”. Existe para este estudo umadiferença em termos percentuais(Indicação Médica - 10%; Lazer -12,8%; Condicionamento para Quali-dade de Vida - 23,6% e Estética -53,6%) bastante significativa, ondeo objectivo de melhoria da aparên-cia física através do exercício físico

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

18

19

20

21

22

23

24

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28

29

30

31

32

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

44

45

46

47

48

49

50

Total

IIddaaddee

3

3

19

6

9

10

11

11

2

16

10

6

20

1

10

15

1

4

10

7

6

11

13

7

12

4

2

7

1

4

3

1

5

250

FFrreeqquuêênncciiaa

1,2

1,2

7,6

2,4

3,6

4,0

4,4

4,4

0,8

6,4

4,0

2,4

8,0

0,4

4,0

6,0

0,4

1,6

4,0

2,8

2,4

4,4

5,2

2,8

4,8

1,6

0,8

2,8

0,4

1,6

1,2

0,4

2,0

100%

PPeerrcceennttuuaall

TTAABBEELLAA4Frequência de idades.

N Valid

Missing

Percentis 33,33333333

66,66666667

250

0

27

36,33

TTAABBEELLAA5Percentis de Idade.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

foi a principal intenção de práticade mais de 50% da amostra (tabe-la 1), seguida da intenção Melhoriada Qualidade de Vida, resultadosemelhante ao encontrado porTahara27 em pesquisa a respeitodos motivos de aderência e perma-nência em actividades físicas emacademias de ginástica na cidadede Rio Claro, São Paulo.Como foi citado anteriormente,acreditamos que o conhecimentoacerca da intenção, do objectivo do indivíduo em frequentar umaacademia de ginástica está direc-tamente relacionado com o resul-tado final alcançado.Para esta população específica épossível concluir que independenteda Sexo ou Idade a motivação paraa prática esta relacionada à melho-ria estética.Entretanto não nos é possível pro-jectar estes resultados noutraspopulações, para as quais sugeri-mos novos estudos a respeito domotivo de aderência e manutençãode prática visando a caracterizaçãoda população e permitindo umaadequação das instituições presta-doras de serviço no sentido de umatendimento mais seguro e eficaz.

CORRESPONDÊNCIA

Kenia Ferreira Rocha

Rua Augusto César, nº 4, Vilalva

5000 Vila Real - Portugal

Email: [email protected]

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Grupo 1 (N)

% Grupo

% Intenção

IInntteennççããoo ddee PPrrááttiiccaa

7

7,8 %

28 %

IInnddiiccaaççããooMMééddiiccaa

13

14,4 %

40,6 %

LLaazzeerr

49

54,4 %

36,6 %

EEssttééttiiccaa

TTAABBEELLAA6Intenção de Prática relacionada à Idade.

21

23,3 %

35,6 %

CCoonnddiicciioonnaammeennttoo ppaarraa qquuaalliiddaaddee ddee vviiddaa

90

100 %

36 %

Grupo 2 (N)

% Grupo

% Intenção

4

5,2 %

16 %

8

10,4 %

25 %

42

54,5 %

31,3 %

23

29,9 %

35,6 %

77

100 %

30,8 %

Grupo 3 (N)

% Grupo

% Intenção

14

16,9 %

56 %

11

13,3 %

34,4 %

43

51,8 %

32,1 %

15

18,1 %

25,4 %

83

100 %

33,2 %

Total (N)

% Grupo

25

10 %

32

18,8 %

134

53,6 %

59

23,6 %

250

100 %

TToottaall

Pearson Chi-Square

Likelihood Ratio

Linear-By-Linear

Association

N of valid Case

9,124ª

8,880

2,652

250

VVaalluuee

6

6

1

ddff

TTAABBEELLAA7X2 Intenção de Prática/Idade.

,167

,180

,103

AAssyymmpp.. SSiinngg((22--ssiiddeedd))

16|17|

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investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RESUMONos últimos anos tem-se assistido aum aumento significativo na prevalên-cia da Obesidade Infantil, particular-mente nos países desenvolvidos, atin-gindo, em alguns casos, proporçõesepidémicas. Para tal facto concorre o termo “Doença da Civilização” asso-ciado à Obesidade é claramente indi-ciador de uma situação dramática.

Com o objectivo de procurar a ocor-rência de obesidade e sobrepeso emcrianças da cidade de Bragança, foirealizado um estudo de corte, trans-versal, compreendendo 226 alunosmatriculados em escolas do 1º Ciclodo Ensino Básico, com idades com-preendidas entre os 6 e os 9 anos.

Para tal, procedeu-se à aplicação deum questionário sócio-demográficoassociado à medição de parâmetrossimples – peso e altura – assim comoà determinação do Índice de MassaCorporal (IMC), de modo a determinaros Índices de Sobrepeso e de Obe-sidade nos elementos da amostra. Otratamento estatístico foi realizadocom o apoio do programa SPSS Ver-são 12.0.

Os resultados apontam para aquelesque têm sido demonstrados pelosdiferentes trabalhos publicados, ouseja, a prevalência de excesso de pesoe obesidade em taxas preocupantesjunto de alunos do 1º Ciclo do EnsinoBásico. De qualquer modo, os resul-tados obtidos acompanham tambéma tendência de existência de valoresde IMC superiores em crianças dosexo feminino e em particular nasfaixas etárias entre os 8 e 9 anos de idade.

ABSTRACTDuring last years we’ve been assis-ting to a significant increase on theindexes of prevalence of childhoodobesity, particularly in developed coun-tries, conducting, in some cases, toepidemic proportions. Concerning thisfact, the term “Disease of Civilization”associated to Obesity is clearly indi-cative of a dramatic situation.

With the aim of searching the occur-rence of obesity and over-weight inchildren in Bragança, a coorte studywas held with 226 enrolled studentsin 1st Cycle Schools, aged 6 to 9.

A social and demographic question-naire was used, associated to themeasurement of simple parameters –weight and height – as well as thedetermination of Body Mass Index(BMI), in order to determine Over--Weight and Obesity Indexes in theelements of the sample. Statistical pro-cedures were realized with the supportof SPSS Version 12.0 software.

Results are similar to the ones thathave been presented by most of thepublished studies; the relevance of theprevalence of overweight and obesityamong students enrolled in the 1stCycle Basic Schools. Anyway, resultspoint out also the known tendency ofhigher BMI values among girls, parti-cularly in ones aged 8 and 9.

OBESIDADE IINFANTIL, AACTIVIDADE FFÍSICA EE SSEDENTARISMO EM CCRIANÇAS DDO 11.º CCICLO DDO EENSINO BBÁSICO DDA CCIDADE

DE BBRAGANÇA ((66 AA 99 AANNOOSS))

investigação

AUTORESL. F. Campos1

J. M. Gomes2

J. C. Oliveira3

1 Professor Auxiliar, Director de Curso da Licenciatura em Educação Física eAnimação Social (ISLA - Bragança)

2 Assistente na Licenciatura em EducaçãoFísica e Animação Social (ISLA - Bragança)

3 Licenciada em Educação Física e Animação Social (ISLA-Bragança)

OBESIDADE IINFANTIL, AACTIVIDADEFÍSICA EE SSEDENTARISMO EEM CRIANÇAS DDO 11.º CCICLO DDO EENSINOBÁSICO DDA CCIDADE DDE BBRAGANÇA ((66 AA 99 AANNOOSS))

4(3): 117-24

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEobesidade; sobrepeso; actividadefísica; índice de massa corporal;sedentarismo; lazer.

KKEEYYWWOORRDDSSobesity; over-weight; physicalactivity; body mass index;sedentarism; leisure.

data de submissãoSSeetteemmbbrroo 22000077

data de aceitaçãoDDeezzeemmbbrroo 22000077

18|19| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

O presente estudo foi delineado de modo a procurar verificar se apopulação escolar da cidade deBragança com idades compreen-didas entre os 6 e os 9 anos temsido vítima dos malefícios dassociedades modernas, particular-mente nos hábitos alimentaresincorrectos, de actividade físicadiminuta e de sedentarismo.

Segundo um estudo realizado em2003 pela Faculdade de Ciênciasda Nutrição e Alimentação daUniversidade do Porto, Portugalapresenta-se como o segundo paíseuropeu com maior prevalência de sobrepeso e obesidade na popu-lação infantil.

O excesso de peso é consideradopela Organização Mundial de Saúde1

uma epidemia global, pelo que aobesidade infantil se tornou umadas prioridades de acção da SaúdePública sendo actualmente a preva-lência e os riscos de obesidade alvode uma crescente atenção.

De acordo com Coutinho (1999), aobesidade “é o resultado de umdesequilíbrio permanente e prolon-gado entre ingestão calórica egasto energético, onde o excessode calorias se armazena comotecido adiposo”2.

A obesidade infantil apresenta ca-rácter epidémico e prevalência cres-cente nos países desenvolvidos,mas também em sociedades menosdesenvolvidas nas quais a desnu-trição costumava ser prevalente3.A Europa apresenta taxas de so-brepeso e obesidade superiores a10% entre crianças com 10 anossendo particularmente preocupan-tes os índices superiores a 30 %apresentados por países como aGrécia, Itália ou Malta4. Sabendoque o excesso de peso é a doençainfantil mais comum na Europa,

com prevalência acentuada e que,em Portugal, uma em cada trêscrianças já sofre de obesidade5,deve ser iniciado nestas idades oprocesso preventivo, para evitar oaumento do tamanho e número decélulas adiposas6.

O crescimento infantil não se res-tringe ao aumento de peso e daaltura, mas caracteriza-se por umprocesso complexo que envolve adimensão corporal e a quantidadede células e é influenciado porfactores genéticos, ambientais epsicológicos7.

Um estudo efectuado pela Facul-dade de Ciências da Nutrição eAlimentação da Universidade doPorto em 2003 veio confirmar quePortugal é o segundo país europeucom maior prevalência de excessode peso e de obesidade infantil.Numa amostra de 4500 criançascom idades compreendidas entreos 7 e os 9 anos, 31,5% apresen-tam excesso de peso e obesidade8.Um outro estudo realizado em Bra-ga com 1000 crianças entre os 3 e os 15 anos veio comprovar, se-gundo os autores, excesso de pesoe obesidade num elevado número dos indivíduos observados9.

Nestas faixas etárias, a obesidadetem vindo a tornar-se preocupantedevido ao risco aumentado da suapersistência na idade adulta e pelosriscos patológicos associados, cau-sadores de situações incapacitantesna vida diária e morte prematura.Se a morbidade não é frequente em menores, os potenciais obesossujeitam-se a desenvolver patologiascomo a Diabetes Mellitus Tipo II,HTA, Enfarte de Miocárdio e Aciden-tes Vasculares Cerebrais diversos10.

A etiologia tem por base factoresnutricionais inadequados, conse-quentes de um aumento exageradono consumo de alimentos ricos emgordura e com elevado valor calórico,

redução no consumo de proteínasde origem vegetal, de alimentosricos em fibras e em vitaminas11,associados a um excessivo seden-tarismo, condicionado pela reduçãoda prática de actividade física eaumento de hábitos que não geramgasto calórico como ver televisão euso de videojogos e computadores.

A Associação de Doentes Obesos eEx-Obesos (ADEXO) assegura quemetade das crianças com idadescompreendidas entre os 6 e os 10anos, serão adultos com excessode peso e classifica esta situaçãocomo uma epidemia juvenil. Tal de-ve-se ao facto de passarem tempoexcessivo em frente ao computadorou à televisão e terem uma vidasedentária12.

Um estudo realizado por Gortmakere col. (1996) demonstrou que aprobabilidade de ser obeso é trêsvezes superior em adolescentesque assistem a televisão mais de 5horas por dia, quando comparadocom aqueles que o fazem até 2horas diárias. Outros investigado-res concluem ainda que existe umarelação causa-efeito clara entre otempo gasto perante a assistênciaà televisão e a obesidade infantil13.

Apesar de algumas opiniões contra-ditórias, vários estudos sugeremum maior risco de obesidade emcrianças precocemente alimenta-das com biberão, assim como emcrianças em que a introdução dealimentos sólidos é efectuada maiscedo. A habituação das crianças aalimentos doces, mais densos calo-ricamente, causa perversão do ape-tite, desviando-o da alimentação nor-mal em favor daqueles alimentos14.

Nas crianças com idade inferior a6 anos, a obesidade poderá insta-lar-se devido à obesidade dos pro-genitores. Crianças com 1 e 2 anose um dos pais obesos, podem apre-sentar um aumento de 28% do

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

risco de obesidade, em comparaçãocom crianças cujos progenitoressão normoponderais15.

O ambiente escolar influencia tam-bém o aumento de peso da criançaisto porque nos bares escolaresexiste a facilidade em adquiriralimentos doces e caloricamentedensos. A rejeição da criança obesapelos colegas implica menor parti-cipação em jogos e, como tal, menorprática de actividade física, aju-dando ao desenvolvimento e manu-tenção do excesso de gordura.

São objectivos do presente trabalhoa identificação de padrões de obe-sidade e sobrepeso na populaçãoescolar da cidade de Bragança (6 a9 anos de idade) a partir da avalia-ção de diferentes parâmetros sim-ples (peso e estatura), da determi-nação do IMC e da sua relaçãocom a actividade física desenvol-vida pelos sujeitos, em contextoescolar e fora dele, assim comocom a prevalência de hábitos desedentarismo junto desta camadapopulacional (visionamento de tele-visão, prática de jogos de computa-dor e consola).

Para tal foram estabelecidas asseguintes hipóteses:

HH11 -- Crianças do sexo masculinopossuem valores de IMC supe-riores a crianças do sexo feminino;HH22 -- Crianças que praticam Edu-cação Física em contexto escolarapresentam valores de IMC maisbaixos relativamente àquelas que a não praticam;HH33 -- Crianças que praticam Edu-cação Física fora do âmbito escolarapresentam valores de IMC maisbaixos relativamente àquelas que a não praticam;HH44 -- Crianças que despendem maistempo com a televisão apresentamvalores de IMC mais elevados rela-tivamente àquelas que despendemmenos horas nesse visionamento;

HH55 -- Crianças que despendem maistempo com jogos de computador e consola apresentam valores deIMC mais elevados relativamenteàquelas que despendem menos tem-po com tais actividades;

HH66 -- Crianças que praticam maishoras de exercício físico apresen-tam valores de IMC mais baixosrelativamente àquelas que praticammenos horas de exercício físico.

METODOLOGIA

AAmmoossttrraaA amostra é constituída por crianças(6-9 anos) (N=226) em frequênciado 1º Ciclo do Ensino Básico no anolectivo de 2004/2005 em cincoescolas da cidade de Bragança,quatro delas de carácter oficial e

outra de natureza particular. Dos288 sujeitos iniciais foram excluídosdo estudo 62 por apresentarem àdata idade superior ao limite máxi-mo considerado de 9 anos.

A amostra ficou então constituída daseguinte forma (ver tabelas 1 e 2).

PPrroocceeddiimmeennttoossO método utilizado foi suportadopela aplicação de um questionáriosócio-demográfico composto por14 questões de resposta fechada(p.e sexo, número de irmãos) e deresposta aberta (p.e idade e moda-lidades praticadas ou preferenciais),complementado pela recolha demedidas simples – peso e altura –e determinação do IMC.

O questionário foi preenchido di-rectamente pelos sujeitos com au-xílio dos docentes das respectivasescolas na resolução de algumas

M

F

TToottaall (M+F)

82

71

153

N

EEssccoollaass OOffiicciiaaiiss EEssccoollaa PPaarrttiiccuullaarr

53,6

46,4

100

%

36

37

73

N

49,3

50,7

100

%

TTAABBEELLAA1Caracterização da Amostra.

6

7

8

9

TToottaall

33

29

44

47

153

N

EEssccoollaass OOffiicciiaaiiss

IIddaaddee (anos)

EEssccoollaa PPaarrttiiccuullaarr

21,6

18,9

28,8

30,7

100

%

10

29

18

16

73

N

13,7

39,7

24,7

21,9

100

%

TTAABBEELLAA2Idade dos Indivíduos.

20|21| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

dúvidas susceptíveis de surgir. Asquestões encontram-se agrupadasem quatro itens:

GGRRUUPPOO II

Sócio-Demografia - Idade, número deirmãos, residência, naturalidade,disponibilidade de recursos, ocupa-ção dos pais.

GGRRUUPPOO IIII

Actividade Física - Actividade físicarealizada em contexto escolar, acti-vidade física realizada em contextoextra-escolar, frequência semanalde prática de actividade física.

GGrruuppoo IIIIII

Lazer e Ocupação de Tempos Livres -

Tempo dispendido com televisão (ho-ras), tempo dispendido com jogosde computador/consola (horas).

GGRRUUPPOO IIVV

Parâmetros de Análise - Peso, Esta-tura, IMC.

A recolha das medidas foi feita daseguinte forma:

Peso: o indivíduo foi pesado (balançadigital calibrada) com roupa ligeirae sem calçado sendo o resultadoexpresso em kilogramas com apro-ximação ao hectograma;

Altura: o indivíduo foi medido comfita métrica fixa (em plano vertical– parede) com resultados expressosem centímetros.

O IMC (ou Índice de Quetelet) foicalculado com base nas medidasanteriores – peso e altura – atra-vés da fórmula IMC = Peso (kg)//Altura2(m)16. Este índice represen-ta a relação entre o peso corporalcom a altura dos sujeitos, identifi-cando excesso ponderal para umdado valor de estatura.

EEssttaattííssttiiccaaA análise estatística foi feita comauxílio do SPSS 12.0 for Windowsno qual foram processadas as

variáveis relacionadas com o sexodos sujeitos, idade, número de ir-mãos, actividade física escolar eextra-escolar, frequência de prática,frequência de assistência a diferen-tes programas de televisão e tempodispendido em jogos de computa-dor/ consola. Esta análise versouparticularmente as medidas detendência central nomeadamente a média, desvio padrão, nível designificância e frequência. A utiliza-ção do Microsoft Excel ficou reser-vada para as variáveis residência,naturalidade, profissão dos pais,disponibilidade de recursos (TV,computador, consola, telefone, tele-móvel) e modalidades praticadaspelos sujeitos.

RESULTADOS

Por uma questão de simplicidade efacilidade de leitura, os resultadosforam agrupados em diferentescategorias em função dos diferen-tes campos de análise em que cadavariável se inscreve. Assim, proce-deu-se ao agrupamento dos resul-tados em quatro grupos diferencia-dos em função da tipologia doestabelecimento de ensino (oficial//particular), distribuídos pelos dife-rentes itens referidos: sócio-demo-grafia, parâmetros de análise, acti-vidade física e lazer.

Os resultados obtidos apontampara as seguintes constatações:

AANNÁÁLLIISSEE SSOOCCIIAALL EE DDEEMMOOGGRRÁÁFFIICCAA

A distribuição por género não é si-gnificativa sendo os valores muitoaproximados em cada categoriaindependentemente do tipo de es-cola frequentado.

A maioria dos inquiridos apresentaà data da avaliação uma idade de 8a 9 anos (27,9% e 27,4%, respec-tivamente) sendo que no ensino

público a prevalência seja a idadede 9 anos (30,7%) e no privado de8 anos (24,7%). Relativamente aonúmero de irmãos 22,2% dos alu-nos do ensino público referem nãoter quaisquer irmãos assim como o fazem 38,6% dos inquiridos noensino privado, no entanto, a maio-ria dos indivíduos (38,6 e 49,3%,respectivamente para o ensino ofi-cial e privado) referem a existênciade um único irmão. Tal constataçãopermite certamente alvitrar a pos-sibilidade de uma maior disponibi-lidade de recursos para ocupaçãodos tempos de lazer dos indivíduos.Mais de 80% dos inquiridos resi-dem na área urbana da cidade deBragança, sendo de nacionalidadePortuguesa. No entanto, são tam-bém referidos países de origemcomo Brasil, Espanha, França e An-gola embora em valores marginais.

Outro parâmetro com interesseindirecto refere-se à ocupação dospais dos inquiridos e das disponi-bilidades de que estes são possui-dores nas suas casas. Assim semais de 90% dos inquiridos têmaparelho de televisão em casa, nãodeixa de ser relevante o facto de ocomputador e as consolas seremtambém peças-chave nas habita-ções dos alunos com valores de61,4 e 41,2%, respectivamente,para os alunos do ensino oficial e de 84,9 e 49,3% para os alunosdo ensino particular. A ocupaçãodos progenitores dos inquiridosapresenta uma grande dispersãoem termos de categorias sendoque os pais dos alunos do ensinopúblico são maioritariamente ope-rários não-especializados (no casodo progenitor) ou doméstica oufuncionária pública (no caso daprogenitora). Já relativamente aosalunos do ensino particular, muitosdos progenitores paternos incluem--se nas actividades do sector secun-

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

dário enquanto as mães dos inqui-ridos são maioritariamente comer-ciantes e funcionárias públicas.

AACCTTIIVVIIDDAADDEE FFÍÍSSIICCAA

A realização de actividade física emcontexto escolar ou de sala de aulareveste-se de suma importânciapara a aquisição de hábitos de vidasaudáveis assim como no desenvol-vimento cognitivo e motor de indiví-duos destas idades. Relativamentea este campo, enquanto 3 das 4escolas de ensino oficial alvo deestudo não dispõem de docentesde Educação Física, a escola parti-cular apresenta essa valência.

Nas escolas oficiais, dos 153 indi-víduos, 88 (57,5%) respondeu afir-mativamente à existência de práticade actividade física em contextoescolar o que revela que é aindaelevado o número de crianças semacesso a práticas deste âmbito. Éde relevar que um dos grupos(n=17) refere a existência de aulasde Educação Física na própriaescola, leccionadas pela docentedo ensino regular enquanto osrestantes se deslocam a espaçosespecíficos na cidade para rece-berem as mesmas aulas (estasituação surge apenas nas turmasde 3º e 4º anos).

Relativamente aos inquiridos doensino particular, todos são unâni-mes em referir que existe no esta-belecimento de ensino um professorde Educação Física, comum a todasas turmas, sendo as aulas lecciona-das bissemanalmente em espaçospróprios da instituição.

No que concerne às modalidadespraticadas pelos indivíduos, os 88alunos das escolas oficiais referemparticularmente a Natação (24,3%),o Atletismo (19,1%) e o Futebol(18,4%). No entanto, modalidadescomo o Voleibol, a Ginástica e oAndebol são também referidas

atendendo a que as actividadesfísicas envolvem ao longo do anolectivo mais que uma modalidade.Relativamente aos alunos do esta-belecimento de ensino particular,as respostas obtidas são similares,com valores próximos dos apresen-tados para as mesmas três moda-lidades de eleição.Já quando inquiridos acerca dasactividades físicas realizadas forado contexto escolar, as respostassão notoriamente diferentes. 52,9%dos alunos das escolas oficiais re-ferem não praticar qualquer acti-vidade física fora das aulas assimcomo 49,3% dos alunos da escolaparticular o fazem. Muito emboraas diferenças sejam pouco relevan-tes, é notório o elevado número decrianças que não se dedica a qual-quer tipo de actividade física depoisde terminado o dia de aulas o quepermite certamente uma maiordisponibilidade para actividadessedentárias. Fora do contexto es-colar, a faixa de inquiridos que res-ponde afirmativamente à prática de actividade física refere parti-cularmente o Futebol como moda-lidade de eleição (51,9 e 40,0% deadesão nas escolas oficiais e par-ticular, respectivamente). Questio-

nados acerca da periodicidade se-manal da prática fora do contextoescolar, 26,2% (ensino público) e34,2% (ensino particular) refereentre 1 a 2 vezes por semana.

LLAAZZEERR EE OOCCUUPPAAÇÇÃÃOO DDEE TTEEMMPPOOSS LLIIVVRREESS

Já os aspectos relacionados com otempo gasto no visionamento detelevisão ou perante o computa-dor/consola de jogos reflecte atendência conhecida de uma prefe-rência clara dos indivíduos nestasfaixas etárias. As constataçõessão claras partindo da simples aná-lise das tabelas seguintes.

De relevar o número significativo(24,8%) de inquiridos do ensinooficial que se encontra por perío-dos superiores a 3 horas perante a televisão em contraste com os9,8% que despendem esse tempoem jogos de computador ou conso-la. No caso do ensino particular atendência inverte-se sendo os valo-res obtidos para o mesmo período detempo despendido com a televisãoou com o computador e consola de16,4% e 19,2%, facto a que não écertamente alheia a maior dispo-nibilidade de recursos e equipa-mentos referidos por estes alunos.

0 -1

1 -2

2 -3

3 -4

>4

Sem referência

TToottaall

56

77

32

26

24

11

226

N

24,8

34,1

14,2

11,5

10,6

4,9

100

%

CCoommppuuttaaddoorrHHoorraass ddeeVViissiioonnaammeennttoo////JJooggoo

CCoommppuuttaaddoorr//CCoonnssoollaa

OOffiicciiaall PPaarrttiiccuullaarr OOffiicciiaall PPaarrttiiccuullaarr

15

34

11

3

9

1

73

N

20,5

46,6

15,1

4,1

12,3

1,4

100

%

75

39

17

10

19

66

226

N

33,2

17,3

7,5

4,4

8,4

29,2

100

%

23

14

9

7

7

13

73

N

31,5

19,2

12,3

9,6

9,6

17,8

100

%

TTAABBEELLAA3Visionamento de televisão e de jogos em computador/consola (horas/dia).

22|23| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

PPAARRÂÂMMEETTRROOSS:: PPEESSOO,, AALLTTUURRAA EE IIMMCC

Feitas as avaliações relativas aopeso e estatura e procedendo aocálculo do IMC, procurou-se compa-rar a idade dos inquiridos com ovalor obtido para este parâmetrode modo a procurar avaliar a exis-tência ou não de obesidade e so-brepeso. Seguindo as recomenda-ções da OMS, sobrepeso e obesi-dade foram definidos como IMCsuperior ou igual aos percentis 85e 95 para idade e sexo, adoptando--se para o presente estudo os pon-tos de corte obtidos pelos traba-lhos promovidos pelo InternationalObesity Task-Force (IOT) tal comoapresentados na tabela seguinte(ver tabela 4).

Tendo em conta a tabela 4, apóscomparação do IMC dos indivíduosem função da idade apresentada,verificou-se que num total de 118indivíduos do sexo masculino, 22apresentam sobrepeso e 15 obe-sidade enquanto que num total de108 indivíduos do sexo feminino,esses valores são de 27 e 10, res-pectivamente para indicadores desobrepeso e obesidade. Assim, dos226 indivíduos, 49 apresentam so-brepeso (21,68%) enquanto 25(11,06%) apresentam obesidade.Estes valores são particularmentesentidos nas faixas compreendidasentre os 8 e os 9 anos de idade.

DISCUSSÃO

Os resultados permitem agoraproceder à discussão das hipóte-ses anteriormente colocadas.

HH11 -- Crianças do sexo masculinopossuem valores de IMC superioresa crianças do sexo feminino. (Vertabela 5).

Os resultados evidenciam que osindivíduos do sexo masculino apre-sentam uma média de IMC de17,69, inferior à média verificadano sexo feminino (17,76) pelo queH1 não se confirma, ou seja, crian-ças do sexo masculino não possuemum IMC superior às do sexo femi-nino. A amostra relativamente aoIMC revela-se bastante heterogé-nea e estatisticamente não se veri-ficam diferenças significativas entreo grupo de inquiridos de cada sexoem relação ao mesmo parâmetro.

HH22 -- Crianças que praticam Educa-ção Física em contexto escolarapresentam valores de IMC maisbaixos relativamente àquelas que a não praticam. (Ver tabela 6).

Após correlação entre as duas va-riáveis verifica-se que os indivíduosque praticam actividade física emcontexto escolar apresentam umvalor de IMC (17,76) mais elevadoque aqueles que não a praticam.Estatisticamente não existem diferen-ças significativas entre cada grupo.

Posto isto, a hipótese não se veri-fica pois os indivíduos que praticamactividade física em contexto esco-lar não apresentam valores de IMCmais baixos relativamente àquelesque não realizam tal actividade.

HH33 -- Crianças que praticam Edu-cação Física fora do âmbito escolarapresentam valores de IMC maisbaixos relativamente àquelas que anão praticam. (Ver tabela 7).

Os indivíduos que praticam acti-vidade física fora do contexto esco-lar, apresentam valores de IMC

6

7

8

9

17,6

17,9

18,4

19,1

Masculino

PPeerrcceennttiill 8855(Sobrepeso)

IIddaaddee (anos)

PPeerrcceennttiill 9955(Obesidade)

17,3

17,8

18,3

19,1

Feminino

19,8

20,6

21,6

22,8

Masculino

19,7

20,5

21,6

22,8

Feminino

TTAABBEELLAA4Classificação de Sobrepeso e Obesidade de acordo com o IMC.

Sim

Não

Total

PPrrááttiiccaa

161

65

226

NN

17,7612

17,6478

17,7286

MMééddiiaa

0,813

NNSS

TTAABBEELLAA6Relação entre a Prática de Actividade Física Escolar e o IMC.

Masculino

Feminino

Total

SSeexxoo

118

108

226

NN

17,6912

17,7694

17,7286

MMééddiiaa

3,27762

3,22125

3,24382

ssdd

0,857

NNSS

TTAABBEELLAA5Comparação do IMC Masculino e IMC Feminino.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

(18,24) mais elevados que os indi-víduos que a não praticam nessascondições (17,34). Estatisticamen-te não existem diferenças signifi-cativas entre o grupo de indivíduosque pratica actividade física eaquele que a não pratica. Como tal H3 não é aceite.HH44 -- Crianças que despendem maistempo com a televisão apresentamvalores de IMC mais elevados rela-tivamente àquelas que despendemmenos horas nesse visionamento.(Ver tabela 8).

É notório que os indivíduos queassistem à televisão em períodosinferiores a 1 hora, apresentamum IMC mais baixo quando compa-rados com aqueles que têm perío-dos de permanência de 2 a 3 horas.Do mesmo modo, indivíduos queassistem a mais de 4 horas diáriasde televisão apresentam um IMCmais baixo quando comparadoscom aqueles que referem um pe-ríodo de 2 a 3 horas. Assim H5 nãoé aceite uma vez que aqueles queassistem a mais horas de televisãonão apresentam valores de IMCmais altos relativamente aquelesque referem períodos inferioresnesse visionamento.HH55 -- Crianças que despendem maistempo com jogos de computador econsola apresentam valores deIMC mais elevados relativamenteàquelas que despendem menostempo com tais actividades. (Ver

tabela 9).

Perante o exposto, indivíduos quedespendem até 1 hora perante ocomputador ou consola, apresentamum IMC baixo quando comparadoscom aqueles que despendem perío-dos de 3 a 4 horas diárias.

Paralelamente, aqueles que despen-dem mais de 4 horas apresentamum IMC mais baixo quando compa-rados com aqueles que referem 1a 2 horas de permanência.

Sim

Não

Sem referência

Total

PPrrááttiiccaa

98

117

11

226

NN

18,2430

17,3432

17,2455

17,7286

MMééddiiaa

0,113

NNSS

TTAABBEELLAA7Relação entre a Prática de Actividade Física Extra-Escolar e o IMC.

0 -1

1 -2

2 -3

3 -4

>4

Sem referência

Total

HHoorraass

56

77

32

26

24

11

226

NN

17,4036

17,6901

18,2413

17,9108

18,0421

17,0464

17,7286

MMééddiiaa

3,01890

3,18495

4,09640

3,31744

2,94594

2,78601

3,24382

ssdd

TTAABBEELLAA8Horas de visionamento de Televisão e IMC.

0 -1

1 -2

2 -3

3 -4

>4

Sem referência

Total

HHoorraass

75

39

17

10

19

66

226

NN

17,8928

18,2654

17,0018

19,7000

17,1553

17,2783

17,7286

MMééddiiaa

3,79808

3,35965

2,08710

3,59554

1,90447

2,87983

3,24382

ssdd

TTAABBEELLAA9Horas de jogos em computador e consola e IMC.

1

2

3

Sem referência

Total

HHoorraass

25

40

23

10

98

NN

18,6816

18,0895

18,7465

16,6020

18,2430

MMééddiiaa

4,41840

2,61456

3,41826

2,7553

3,36606

ssdd

TTAABBEELLAA10Horas de prática de actividade física e IMC.

24|25|

Assim, H5 não é aceite uma vezque aqueles que despendem maishoras perante o computador ouconsola não apresentam valoresde IMC mais elevados relativa-mente àqueles que referem umtempo de permanência menor.HH66 -- Crianças que praticam maishoras de exercício físico apresentamvalores de IMC mais baixos rela-tivamente àquelas que praticammenos horas de exercício físico.(Ver tabela 10).

Os indivíduos que praticam apenas1 hora de actividade física apresen-tam um IMC de 18,68, mais baixoquando comparado com aqueles quereferem uma prática de 3 horasque apresentam um IMC de 18,74.Assim, H6 não é também verificadapelo que indivíduos que praticammais horas de exercício físico nãoapresentam valores de IMC maisbaixos relativamente àqueles quetêm uma prática de menos horas.Relativamente à prevalência de ex-cesso de peso nesta população, o estudo acompanha a tendênciade outros estudos nomeadamenteos de Pereira (2000)17, Maia eLopes (2002)18 e Sousa (2003)19.Do mesmo modo, os indivíduos dosexo feminino apresentam valoresmédios de IMC superiores aos indi-víduos do sexo masculino, tambémcongruentes com as conclusões dostrabalhos de Maia e Lopes (2002).Assim, não deixa de ser importantesalientar que poucas escolas apre-sentam actividades físicas organi-zadas e periódicas pelo que será damaior pertinência a implementaçãode programas adequados e siste-máticos de actividade física nasEscolas do 1º Ciclo do Ensino Bá-sico, orientados por profissionaisqualificados, paralelamente à pro-moção de hábitos de ocupação detempos livres e, em particular, daadopção de estilos de vida e hábitosalimentares saudáveis como causas

contribuintes para a prevenção dosobrepeso e da obesidade. Tal con-junto de operacionalizações nãodeixa de ser alvo das políticas edu-cativas governamentais, condu-cen-tes ao bem-estar e à melhoria dasaptidões dos indivíduos, a par dodesenvolvimento biopsicossocial har-monioso que se exige.

CORRESPONDÊNCIA

Filipe de Campos - ISLA-Bragança

Rua Professor Gonçalves Rodrigues

5300-238 BragançaEmail:[email protected]

REFERÊNCIAS

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investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

investigação

RESUMOAo longo de quatro anos, o EstudoMorfofuncional da Criança Vianenseobservou 1911 crianças entre os 6e os 10 anos de idade, resultandoem 4064 observações individuais(2054 de raparigas, 2006 de rapa-zes). Os resultados encontrados nosindicadores morfológicos simples(altura, peso, pregas adiposas, diâ-metros ósseos e perímetros muscu-lares) e no somatótipo, são descritosnormativamente (valores percentí-licos) e comparados com outrosestudos nacionais e internacionais.

As crianças vianenses demonstra-ram possuir uma estatura médialigeiramente superior às reporta-das nos estudos portugueses e umritmo de crescimento diferente dasnorte-americanas; peso semelhanteao das congéneres nacionais masinferior ao das EUA; valores de pre-gas adiposas geralmente inferioresaos encontrados em Portugal e EUA;perímetros musculares e diâmetrosósseos semelhantes aos seus paresportugueses; e uma tendência parao aumento, com a idade, do ecto-morfismo nos rapazes e do endomor-fismo em ambos os sexos. Este pa-norama parece indicar que as crian-ças vianenses apresentam caracte-rísticas de aptidão morfologia queestão longe de espelhar as preocu-pações internacionais nesta matéria.

ABSTRACTIn the Estudo Morfofuncional daCriança Vianense, 1911 elementaryschool children were measuredthroughout a four year period, resul-ting in 4064 individual observationsof 6 to 10 year-old children (2054girls, 2006 boys). The anthropome-tric variables (height, weight, skin-folds, muscle girth and bone breadth)were used to create percentile re-ference tables for the local popu-lation, and to study their somato-types in relation to somatic fitness.The results were compared withother national and internationalstudies.Viana’s children averaged similarheight, weight, muscular girths andbone breadths when compared withother Portuguese studies, but revea-led a different growth rhythm andlower weight than the US children.Their skinfolds were also smallerthan the reported values for Por-tugal and for the US. Throughoutthe elementary school time span,there tended to be an increase in theectomorphy component for boys,and in the endomorphy for bothgenders.

In conclusion, Viana’s children growthcharacteristics appear to indicate alevel of somatic fitness that is farfrom mirroring today’s internationalconcerns regarding this matter.

MORFOLOGIA EE CCRESCIMENTO DDOS 66 AAOS 110 AANOS DDE IIDADE EM VVIANA DDO CCASTELO, PPORTUGAL

GROWTH OOF 66- TTO 110-YEARS-OLD CCHILDREN FROM VVIANA DDO CCASTELO, PPORTUGAL

AUTORESLuis Paulo Rodrigues1

Pedro Bezerra2

Linda Saraiva2

1 Instituto Politécnico de Viana do Castelo e LIBEC, Portugal

2 Instituto Politécnico de Viana do Castelo,Portugal

MORFOLOGIA EE CCRESCIMENTO DOS 66 AAOS 110 AANOS DDE IIDADE EM VVIANA DDO CCASTELO, PPORTUGAL4(3): 225-39

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEcrescimento; crianças; aptidãomorfológica; somatótipo.

KKEEYYWWOORRDDSSgrowth; children; somatic fitness; somatotype.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

26|27|

INTRODUÇÃO

O estudo das características mor-fológicas e do crescimento dascrianças e jovens tem assumido aolongo dos tempos uma importânciafundamental na compreensão dascondições de desenvolvimento daspopulações. O estabelecimento de normas percentílicas de cresci-mento, para além da sua amplautilização no campo pediátrico,epidemiológico, e nutricional , tempermitido aos pais perceber me-lhor o crescimento dos seus filhos,e fornecido aos educadores uminstrumento importante para aanálise dos percursos de desen-volvimento das crianças e jovens.Nos adultos, a associação entre ascaracterísticas morfológicas e odesempenho motor (e desportivo),os níveis de actividade física, osestilos de vida adoptados, e a saúdedos indivíduos, é cada vez maisevidente nas sociedades modernas.Desde logo este facto leva à neces-sidade de percebermos as caracte-rísticas e os ritmos de mudança(s)morfológicas nas nossas popula-ções infanto-juvenis, quer como pre-núncio (ou prevenção) dos proble-mas futuros, quer para detecção epromoção da aptidão morfológicacomo factor de sucesso do desem-penho desportivo. A compreensãoplena deste fenómeno passa nãosó pelo levantamento dos indica-dores morfológicos simples (altura,peso, etc.) mas também pelo co-nhecimento relativo a indicadoresmorfológicos mais complexos taiscomo o somatótipo.

O crescimento estatural é um dosindicadores simples mais utilizadospara avaliar o estado de desenvol-vimento dos indivíduos e das popu-lações. A saúde, nutrição, e bem--estar de uma sociedade reflecte-sena sua média estatural e na forma

como evolui ao longo dos tempos(fenómeno conhecido como tendên-cia secular de crescimento). Aomesmo tempo, habituámo-nos já areconhecer que a posição relativa(percentílica) de uma criança noseio da sua população e ao longo docrescimento, constitui informaçãofundamental para a avaliação doseu desenvolvimento. A massa cor-poral, directamente medida pelopeso, constitui uma forma simplese valiosa de retirar informaçõesacerca das condições de nutriçãodos indivíduos e populações ao longodo crescimento. No entanto o pesonão nos dá indicações sobre aidentidade dos diferentes consti-tuintes implicados (músculo, osso,adiposidade, água, vísceras, etc.),pelo que as ilações acerca do pesoda(s) criança(s) devem ser crite-riosas. Os perímetros muscularesdão-nos indicações acerca da con-tribuição da componente muscularna morfologia corporal e os diâme-tros bicôndilo umeral e femuralpermitem avaliar a contribuição daestrutura óssea na morfologia dascrianças. Estas medidas (e princi-palmente o primeiro) são reconhe-cidamente indicadores das dimen-sões em largura e robustez do es-queleto10. Por sua vez, o somatótipopermite representar o compósitomorfológico de um indivíduo segun-do a contribuição de três compo-nentes principais: o endomorfismorepresenta a deposição de massaadiposa corporal; o mesomorfismotraduz o desenvolvimento músculo--esquelético em relação à altura; e o ectomorfismo expressa a linea-ridade, ou seja a relação entre o vo-lume de massa corporal e a alturado indivíduo. O princípio da existên-cia de uma estreita relação entre aperformance e a morfologia é ge-ralmente aceite pela maioria dosestudiosos da matéria12,27. Todos os

desportistas têm como compo-nente dominante o mesomorfismo.O mesomorfo é solidamente muscu-lado, a sua força e robustez físicaconferem-lhe uma aptidão parti-cular para a prática desportiva,sendo geralmente o ecto-mesomor-fismo que caracteriza o desportistaconfirmado e em plena actividade1,2.Os jovens atletas são em geral me-nos mesomórficos, menos endomór-ficos e mais ectomórficos do queos atletas adultos, centrando-senas categorias ecto-mesomórficos,ectomorfos-mesomórficos e meso-ectomórficos1,4. Hoje sabemos quea participação e entrada voluntárianum determinado desporto estahabitualmente também dependenteda existência de um somatótipoapropriado3 o que aconselha o co-nhecimento da configuração morfo-lógica e sua evolução nos estudosdas populações infanto-juvenis.

Em Portugal a preocupação delevantamentos caracterizadoresdestes aspectos não tem sido detodo evidente. Salvo honrosasexcepções14,15,16,23,24,28, a produçãocientífica nacional nesta matéria é reduzida, pouco consistente enunca sistemática. Esta lacunaexplica não só o recurso obriga-tório às informações dos estudosinternacionais, mas sobretudo onosso profundo desconhecimentoda população nacional e suas carac-terísticas regionais, inviabilizandoassim as possibilidades de ante-visão e preparação do futuro. Nosbons exemplos internacionais8,18,19

esta tarefa de levantamento ediagnóstico das condições morfoló-gicas (e nutricionais) das popula-ções é assumida pelo estado comopeça de informação fundamentalna determinação das políticas desaúde e educação.

Partindo destas preocupações, oDepartamento de Motricidade Hu-

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

mana da Escola Superior de Edu-cação do Instituto Politécnico deViana do Castelo (ESEVC) iniciou no ano de 1997 um largo estudode caracterização das crianças do concelho de Viana do Castelo: oEstudo Morfofuncional da CriançaVianense (EMCV). São os resulta-dos relativos ás variáveis de cres-cimento morfológico que apresen-tamos neste artigo com o intuitode as caracterizar normativamentena população infanto-juvenil do con-celho, e avaliar a aptidão morfoló-gica dos perfis exibidos pelas crian-ças e jovens vianenses de acordocom os critérios e valores referen-ciados para jovens destas idades.

METODOLOGIA

AAmmoossttrraaA amostra utilizada neste estudopertence ao EMCV, investigaçãoque decorreu de 1997 a 2000 eque recolheu dados morfológicos,bio-sociais e de aptidão física de 2386 crianças pertencentes aquinze escolas do 1º Ciclo do En-sino Básico (1CEB) de Viana doCastelo. A escolha destas escolasobedeceu a critérios de localizaçãogeográfica e representatividadeequitativa de idades, género e am-biente socio-económico. As duasescolas mais populosas (Avenida eCarmo) situavam-se no centro dacidade de Viana do Castelo (626Rapazes, 612 raparigas). As res-tantes treze (568 Rapazes; 580raparigas) encontravam-se disper-sas no tecido ruralizado do Con-celho13 (Portelas e São Gil [Perre],Cardielos, Outeiro, Nogueira, Ser-releis, Samonde, Deocriste, SantaMaria de Geraz do Lima, São Sal-vador da Torre, Subportela, VilaMou e Deão).

Durante os quatro anos em quedecorreu o EMCV, todas as crian-ças pertencentes às escolas selec-cionadas foram observadas anual-mente. No total foram realizadas4251 observações (2127 de rapa-rigas, 2124 de rapazes) entre os 6e os 17 anos de idade. Neste artigosão apenas apresentados os re-sultados relativos às idades maisusuais para alunos do 1CEB, entreos 6 e os 10 anos completos (ex:consideram-se com 6 anos desdeos 6.0 até aos 6.9 anos decimais),o que resultou em 4064 observa-ções individuais (2054 de raparigas,2006 de rapazes) correspondendoa um total de 1911 crianças (644foram observados num único ano,573 em dois anos, 502 em trêsanos, e 192 foram observados emquatro anos consecutivos). Estaconfiguração mista (longitudinal etransversal) da amostra permite--nos falar dos resultados na pers-pectiva do crescimento com algumasegurança, já que a quantidade decrianças que foram alvo de obser-vações repetidas é importante.

PPrroocceeddiimmeennttoossAs variáveis morfológicas (antropo-métricas) foram escolhidas deforma a poderem ser usadas comomarcadoras complementares dodesenvolvimento morfológico dascrianças. Foram assim medidas aaltura (ALT), o peso (PESO), aspregas adiposas tricipital (SKTRI),sub-escapular (SKSBS), suprailíaca(SKSIL), e geminal (SKGML), os pe-rímetros do braço com contracção(PRBC) e geminal (PGML), e os diâ-metros bicôndilo-umeral (DBCU) ebicôndilo-femural (DBCF). Os valo-res recolhidos foram introduzidosnas fórmulas de cálculo do soma-tótipo, segundo o método Heath--Carter5.

A recolha de dados decorreuanualmente durante os meses deAbril e Maio nas instalações daESEVC. As escolas, após teremsido obtidas autorizações do Cen-tro de Área Educativa de Viana doCastelo e dos pais das crianças,deslocaram-se com o apoio de au-tocarros pertencentes à CâmaraMunicipal de Viana do Castelo, e,durante uma manhã cada criançapercorreu um circuito de mensu-ração antropométrica que decor-reu num ginásio e cuja ordem deexecução foi: ALT, PESO, SKTRC,SKSBS, SKSIL, SKGML, DBCU,DBCF, PBRC, PGML.

A execução das medidas obedeceuaos protocolos descritos no Anthro-pometric Standardization ReferenceManual 21 e todos os procedimen-tos utilizados no EMCV respeita-ram as normas internacionais deexperimentação com humanos,expressas na Declaração de Hel-sínquia de 1975. Os componentesda equipa de observação eramalunos finalistas do Curso de Edu-cação Física com formação emantropometria e foram previamentesujeitos a sessões de treino nassuas tarefas específicas. Cadaobservador foi responsável poruma só das medidas registadas e todos os momentos foram su-pervisionados pelo primeiro autor,de forma a assegurar a qualidadedo processo. Uma em cada dozecrianças foi escolhida aleatoria-mente para repetir a execução detodas as medidas com a finalidadede aferirmos a fidelidade da avalia-ção. Os coeficientes de correlaçãointra-classe26 resultantes destarepetição são apresentados noquadro 1.

Os dados finais, após introduçãonuma base de dados informatizada,foram submetidos a um processoexploratório de detecção de erros.

28|29|

O registo de distribuição de cadavariável foi analisado e todos osvalores detectados como extremosforam reconfirmados nos registosoriginais e corrigidos ou apaga-dos (nos casos em que existia erroevidente no registo original).

EEssttaattííssttiiccaaO comportamento de cada variávelnas diferentes idades e segundo osexo, é descrito através dos valo-res da média (M), desvio-padrão(DP) e percentílicos (p05, p10,p25, p50, p75, p90, e p95). Nocaso das pregas adiposas, e porqueque a distribuição amostral dosresultados se revelou assimétrica,é também apresentada a médiarobusta (estimada pelo procedi-mento Huber’s M-Estimator) sendoeste o valor utilizado nas repre-sentações gráficas. Esta opção foitomada para assegurar maior ajus-tamento da média à população, jáque a grande assimetria da dis-

tribuição dos valores destas variá-veis originaria médias reais maiselevadas mas desajustadas da rea-lidade. Para compararmos os valo-res ocorridos na nossa populaçãocom os outros estudos apresen-tados foram efectuados testes t--Student para cada escalão etário,recorrendo aos valores das médias,desvios padrão e do número deindivíduos testados (valores nãoapresentados neste artigo para osoutros estudos). Os cálculos descri-tivos foram feitos no programaestatístico SPSS 11.0. Os testes t--Student foram realizados no soft-ware GraphPad gratuitamente dispo-nível na Internet (www.graphpad.com).

RESULTADOS

Neste ponto começamos por apre-sentar os valores de ALT e PESO,agregando depois as variáveis rela-tivas à adiposidade (SKTRI, SKSBS,

SKSIL, SKGML), as marcadoras dodesenvolvimento muscular (PBRCe PGML), e as da robustez esque-lética (DBCU e DBCF). Por últimosão apresentados os valores rela-tivos à classificação somatotipo-lógica. A análise efectuada centra--se na descrição e comparação dospercursos de desenvolvimento paraos rapazes e raparigas. Para talforam utilizados valores recolhidosna população portuguesa em estu-dos contemporâneos com valoresamostrais de grande dimensão,nomeadamente o Estudo de cres-cimento da Maia24, o Estudo decrescimento da Madeira9, o Estudodo crescimento somático, aptidãofísica e capacidade de coordenaçãocorporal de crianças do 1º Ciclo doEnsino Básico da Região Autónomados Açores14,15,16, a Reavaliação an-tropométrica da população infantilde Lisboa 28, e os resultados rela-tivos a dados de Portugal Conti-nental23. No intuito de percebermostambém as mudanças ocorridas no crescimento somático da popu-lação Vianense ao longo das últi-mas quatro décadas, é feita acomparação com os Estudos sobreo desenvolvimento da criança por-tuguesa em idade escolar 25, levadoa cabo entre 1971-1981. Nas com-parações internacionais optamospor utilizar apenas os valores dosEUA relativos ao National Healthand Nutrition Examination Survey(NHANES) já que são os valoresnormativos usualmente adoptadospara a população pediátrica portu-guesa pelo Sistema Nacional deSaúde. Os resultados citados nesteestudo referem-se ao NHANES III20,realizado no período 1988-94, eaos resultados já disponíveis do pe-ríodo 1999-2002 do NHANES IV17.Durante todo o artigo, e para umadatação mais rigorosa das compara-ções, procuramos utilizar as datasrelativas ao último ano da recolha de

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

ALT

PESO

SKTR

SKGML

SKSBS

SKSPIL

DBCU

DBCF

PBCC

PGEM

.99

.99

.97

.98

.97

.99

.94

.96

.99

.99

(n = 67)

AAnnooss ddee rreeccoollhhaa

VVaarriiáávveeiiss

QQUUAADDRROO1Valores do Coeficiente de Correlação Intraclasse para cada variável por ano de recolha e total agregado.

1997

.96

.99

.98

.99

.98

.99

.97

.99

.99

.78

(n = 55)

1998

.99

.98

.96

.96

.99

.96

.98

.99

.99

.91

(n = 65)

1999

.99

.99

.99

.99

.99

.98

.99

.99

.99

.87

(n = 61)

2000

.98

.99

.98

.98

.99

.98

.97

.98

.99

.88

(n = 248)

1997/2000

NNOOTTAA:: Os CCI indicados são de tipo 3,1 geralmente referidos como medidas simples de correlação intraclasse.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

dados dos estudos citados. Quan-do estas não são referidas pelosautores são utilizadas as datas depublicação dos resultados.

Altura

Na população infanto-juvenil de Via-na do Castelo (figura 1 e quadro 2),rapazes e raparigas apresentaramvalores médios muito semelhantesem cada intervalo etário.Comparando com os valores reco-lhidos no concelho em 1981 porRibeiro Rosa, constatamos que aaltura média dos rapazes e rapa-rigas aumentou cerca de 10 cmnos últimos 30 anos (p<.001 paratodas as idades), sendo hoje idênti-ca às médias das crianças lisboetase às do Concelho da Maia. Relativa-mente às crianças das ilhas (Ma-deira e Açores) as nossas criançasapresentam valores médios estatu-rais ligeiramente superiores, assu-mindo estas diferenças um valorestatisticamente significativo emquase todas as idades (ver quadro2). O mesmo fenómeno acontececom os dados reportados para Por-tugal Continental aos oito e noveanos de idade para ambos os sexos.Comparativamente aos valores es-timados na população norte-ameri-cana pelo NHANES IV em 2002, asnossas crianças apresentam-seem média cerca de 2 cm (rapazes)e 3 cm (raparigas) mais altos aos6 anos (p<.001), no entanto essa di-ferença esbate-se logo nos escalãoetário seguinte (7 anos), passandoas crianças norte-americanas a se-rem significativamente mais altasque as vianenses (p<.05 aos 8 e 9anos masculinos; p<.001 aos 10anos femininos).

Peso

Na população vianense, rapazes eraparigas apresentaram valoresmédios de peso muito semelhantes

FFIIGGUURRAA1Médias de altura de rapazes e raparigas

do EMCV entre os 6 e os 10 anos.

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135

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Cm

s

Idade decimal

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LLEEGGEENNDDAA

Feminino Masculino

p95

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p75

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M

DP

Viana 81

Maia 00

Lisboa 01

Açores 02

Madeira 02

Portugal 02

EUA 02

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127.9

124.8

121.1

117.5

115.1

113.2

121.3

5.0

-

119.9**

120.1

120.3

-

-

119,2**

325

MMaassccuulliinnoo FFeemmiinniinnoo

N

Idade

QQUUAADDRROO2Valores percentílicos, média e desvio-padrão da Altura no EMCV

e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

*p<.05 **p<.001

6

135.4

133.5

129.5

125.4

121.8

118.5

116.7

125.7

5.5

115.9**

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125.5

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-

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501

7

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135.2

131.2

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123.8

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131.3

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132.5

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135.3**

135.3*

135.3**

138.1**

454

9

151.0

148.7

143.8

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131.8

130.5

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6.4

131.5**

-

138.9*

138.5**

139.0*

-

141.4

239

10

128.9

127.2

124.3

120.0

116.7

113.5

111.8

120.2

5.3

-

119.2

118.0

120.2

-

-

117.1**

318

6

134.9

133.2

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125.0

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118.1

116.4

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5.6

115.7**

125.5

122.4

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-

124.9

124.4

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140.5

138.5

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130.5

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123.2

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5.9

120.2**

129.7

128.2

129.9*

128.4**

129.4**

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135.9

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127.0

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136.6

133.2

135.0**

134.3**

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489

9

152.1

149.1

144.5

139.8

135.6

132.6

130.7

140.3

6.5

130.3**

-

137.5

139*

138.2**

-

143.3**

234

10

entre os 6 e os 10 anos, aumentan-do entre 2.4 a 3.4 kg por ano (figura2 e quadro 3). Isto quer também di-zer que as nossas crianças pesamhoje mais do que em 1981, e quan-to mais velhos maior a diferença

(de cerca de 5 kg aos 7 anos para8 kg aos 10 anos; p<.001 paratodas as idades e sexos).

Estes valores actuais são muitosemelhantes aos encontrados hojena Maia e em Portugal continental

30|31| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA2Médias do peso de rapazes e raparigas do EMCV entre os 6 e os 10 anos.

LLEEGGEENNDDAA

Feminino Masculino

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p90

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M

DP

Viana 81

Maia 00

Lisboa 01

Açores 02

Madeira 02

Portugal 02

EUA 02

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30.5

26.5

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21.5

20.5

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24.7

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-

-

23.5**

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34.5

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23.5

22.0

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27.2

5.3

21.3**

27.1

26.4

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27.1

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42.1

39.0

34.0

29.5

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24.0

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23.6**

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23.0

21.5

20.0

27.2

5.4

21.8**

27.4

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-

27.3

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42.0

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34.0

29.5

26.0

24.0

22.0

30.4

6.4

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33.0

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26.5**

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MMaassccuulliinnoo FFeemmiinniinnoo

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QQUUAADDRROO3Valores percentílicos, média e desvio-padrão do Peso no EMCV e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

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318

6

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7

513

8

488

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235

10

(entre 7 e os 9 anos); ligeiramenteinferiores (cerca de 1 kg) aos dapopulação açoriana, mas cerca de2 a 3 kg superiores aos valoresreportados na Madeira (p<.001para todas as idades e sexos).

Comparativamente com as médias

reportadas para os EUA em 2002,

as nossas crianças começam por

ser mais pesados aos seis anos

(p<.001), para passarem progressi-

vamente a exibir valores significati-

vamente menores de massa corpo-ral a partir dos oito anos (p<.001para os rapazes aos 8, 9 e 10 anos,e para as raparigas aos 9 anos).

PPrreeggaass aaddiippoossaassNeste artigo apresentamos os re-sultados de quatro pregas adipo-sas distribuídas por três regiõescorporais: membros superiores(SKTRI), tronco (SKSBS e SKSIL) e membros inferiores (SKGML).Dada a assimetria das distribui-ções encontradas, as médias arit-méticas originariam valores desa-justados (mais elevadas) da repre-sentação real da criança média,pelo que nos quadros 4, 5, 6 e 7 enos gráficos da figura 3 são apre-sentadas as médias robustas (esti-madas pelo procedimento Huber’sM-Estimator).

Pela análise da figura 3 e dos qua-dros 4 a 7, facilmente se comprovaque as raparigas possuem semprevalores mais elevados em todas as pregas. As pregas adiposas das crianças vianenses aumentamligeiramente ao longo dos cincoanos estudados, demonstrando ten-dência para serem mais volumosasnas extremidades (SKTRI e SKGML)do que no tronco (SKSIL e SKSBS).

Na prega tricipital as criançasvianenses apresentam valores mé-dios mais baixos do que a amostranacional e as congéneres maiatas(p<.0001), e lisboetas (valores si-gnificativos para os rapazes aos 6e 8 anos, e raparigas aos 6, 8 e 9anos). Os rapazes vianenses pos-suem pregas adiposas tricipitaissemelhantes aos rapazes da Ma-deira, mas as raparigas evidenciamvalores ligeiramente mais elevadosdo que as madeirenses (p<.01 aos9 anos). Em comparação com apopulação infantil norte-americana

20

25

30

35

40

Kg

Idade decimal

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RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

em 2002 as nossas crianças exi-bem uma prega tricipital significa-tivamente inferior nos rapazes emtodas as idades (p<.05 aos 7 anos,p<.001 nas restantes), e nas rapa-rigas a partir dos oito anos deidade (p<.05).

Na avaliação da prega geminalapenas foi possível compararmos a nossa amostra com a populaçãoinfantil de Lisboa, da Maia e daMadeira. Nos dois primeiros casosos valores masculinos e femininossão muito semelhantes aos de Via-na, enquanto no terceiro mostrammaiores pregas geminais nas crian-ças do EMCV, com especial ênfasepara as raparigas (p<.02).

Relativamente à prega sub-escapu-lar não foram encontradas diferen-ças relevantes entre a nossa popu-lação e a lisboeta, a madeirense, ouas raparigas da Maia. O mesmo jánão pode ser dito quanto aos valo-res reportados por Padez e colabo-radores na amostra nacional, jáque as nossas crianças tiverampregas significativamente inferiores(p<.02 para todos os valores àexcepção dos 7 anos masculinos),com especial relevância para o sexofeminino onde a diferença médiachega quase aos 5mm. Também naMaia os rapazes apresentaram pre-gas subescapulares de maiores di-mensões (p<.05 aos 6 e 7; p<.001aos 8 e 9 anos).

Na dimensão da prega suprailíaca,a população vianense obteve me-didas não muito diferentes dasmadeirenses, mas inferior à maiata(p>.001), e à lisboeta em pratica-mente todas as idades, e em parti-cular no sexo feminino (p<.05 dos6 aos 9 anos). e maiata. Esta dife-rença acontece também (p<.05 aos9 anos) quando nos comparamoscom os valores norte-americanosdo NHANES III.

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9

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Idade decimal

6 7 8 9 10

FFIIGGUURRAA3Médias (robustas) das pregas adiposas de rapazes

e raparigas do EMCV entre os 6 e os 10 anos.LLEEGGEENNDDAA

Feminino Masculino

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SKSBS SKFSIL

Perímetros BBraquial ee GGeminal

Os dois perímetros medidos nesteestudo referem-se à massa mus-cular dos braços (PBRC) e pernas(PGML). Em ambos os casos ra-pazes e raparigas apresentamvalores muito idênticos de massamuscular, e que aumentam regu-larmente ao longo do crescimento.Quando comparamos os valoresde dispersão entre os mais e osmenos musculados, constatamosque as diferenças entre ambos são

estáveis ao longo do crescimento(ver diferenças entre valores percen-tílicos extremos nos quadros 8 e 9.

Comparativamente aos resultadosencontrados na população lisboetano perímetro braquial com contrac-ção, as nossas crianças denotammenores valores de muscularidade(p<.001) em todas as idades esexos, mas o mesmo já não acon-tece relativamente às crianças ma-deirenses entre os 8-10 anos cujosvalores são muito aproximados aos

32|33|

nossos. No perímetro geminal en-contramos maiores valores nascrianças lisboetas (p<.001 paratodas as idades com a excepçãodos 10 anos masculinos), e resul-tados muito semelhantes nas rapa-rigas madeirenses, mas inferioresnos rapazes (p<.05 aos 8 e 9 anos).

Diâmetros bbicôndilo umeral ee ffemural

Os valores recolhidos nas criançasvianenses permitiram identificardiferenças importantes entre rapa-zes e raparigas nesta componente,com os rapazes a apresentaremlarguras ósseas superiores aosseus pares do sexo feminino (cercade 2mm em média para o DBCU e4mm para o DBCF) em todas asidades.

Observando os valores extremosda distribuição percentílica (qua-dros 10 e 11) é fácil constatar quepara todas as idades as diferençasentre os valores mínimos e máxi-mos se mantiveram relativamenteestáveis ao longo dos quatro anos.Comparativamente aos valores re-ferenciados quer para a populaçãoinfanto-juvenil lisboeta em 2001,quer para a norte-americana em1994, as nossas crianças apresen-tam medidas de DBCU pratica-mente iguais. Já quanto ao DBCFas crianças vianenses apresentamvalores muito semelhantes aos daslisboetas e ligeiramente superioresàs madeirenses (p<.001 aos 9 e10 anos dos rapazes e aos 8 e 10anos das raparigas).

Somatótipo

No quadro 12 e na figura 6 apre-sentamos as frequências (absolu-tas e relativas) dos somatótiposencontrados nos dois sexos paracada uma das idades e no seu

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QQUUAADDRROO5Valores percentílicos, média e desvio-padrão da SKGML no EMCV e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

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da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

total. A ordem de apresentaçãodos somatótipos obedece à sequên-cia de localização na somatocarta(e portanto à sua contiguidademorfológica) iniciando-se no meso--endomorfismo. Quando analisamosa configuração morfológica da to-talidade das crianças durante esteperíodo etário verificamos que68.5% do total dos rapazes sesituam nas categorias em que omesomorfismo é dominante, ouseja no espectro que vai desde os endo-mesomorfos (que são osmais frequentes com 20.5%), aosmesomorfos-ectomorfos. Já nasraparigas é o endomorfismo queparece assumir o papel mais im-portante, com as meso-endomorfas(27.2%), e as mesomorfas-endo-morfas (16%) a constituírem noseu conjunto 43.2% do total davariação somatotipológica.

Olhando com mais atenção para asmodificações ocorridas ao longodos cinco anos (figura 6 e quadro12) verifica-se uma tendência bi-partida para um aumento dosassociados com o ectomorfismo(mesomorfos-ectomorfos e meso--ectomorfos) bem como com oendomorfismo (meso-endomorfos),à custa da diminuição da percen-tagem de rapazes com predomíniodo mesomorfismo (endo-mesomor-fos, mesomorfos equilibrados, eecto-mesomorfos).

No sexo feminino a predisposiçãoparece ser principalmente para oaumento do endomorfismo (meso--endomorfas) com a idade e para adiminuição clara do mesomorfis-mo para valores muito baixos aos10 anos (endo-mesomorfas, meso-morfas equilibradas, e ecto-meso-morfas). Encontramos também, umaumento das raparigas classifica-das como ectomorfas equilibradas.

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e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

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MMaassccuulliinnoo FFeemmiinniinnoo

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QQUUAADDRROO7Valores percentílicos, média e desvio-padrão da SKSIL no EMCV

e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

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(diâmetros) e as raparigas na adi-posidade corporal, o que se reflec-te no dimorfismo configuracionalque confere ao sexo masculino (jádesde o período infanto-juvenil)melhores condições de aptidãomorfológica para o movimento. Istomesmo é possível verificar aquandoda análise dos somatótipos exibidosem cada idade e das transforma-ções sentidas na passagem para apré-puberdade e puberdade, comdiferenças evidentes nos padrõessomatotipológicos dominantes aos10 anos de idade. Nos rapazes en-contram-se duas tendências opos-tas: por um lado aumentam osperfis associados ao endomorfis-mo enquanto no outro extremo seacentuam as configurações morfo-lógicas usualmente identificadascomo mais aptas (meso-ectomor-fismo). Nas raparigas a maior pre-dominância encontra-se no aumen-to do endomorfismo associado aodecréscimo da influência do meso-morfismo, o que as parece afastarmais dos parâmetros morfológicosusualmente associados com a apti-dão motora.

Relativamente aos indicadores mor-fológicos simples, e comparativa-mente a outras populações nacio-nais e internacionais da mesmafaixa etária, as crianças vianensesdemonstraram possuir: ((11)) esta-tura média ligeiramente superioràs reportadas nos estudos portu-gueses e um ritmo de crescimentodiferente das norte-americanas,sendo mais altos aos 6 anos masmais baixos aos 10 anos; ((22)) pesosemelhante ao dos congéneresnacionais mas inferior ao das crian-ças dos EUA; ((33)) valores de pregasadiposas inferiores ou da mesmamagnitude aos reportados paraPortugal; ((44)) perímetros muscularese diâmetros ósseos semelhantesaos seus pares portugueses.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

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MMaassccuulliinnoo FFeemmiinniinnoo

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QQUUAADDRROO8Valores percentílicos, média e desvio-padrão da PRBC no EMCV e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

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DISCUSSÃO

Rapazes e raparigas vianensesapresentam valores muito seme-lhantes na sua estatura, peso, eperímetros entre os 6 e os 10anos de idade, no entanto estassemelhanças mascaram diferenças

fundamentais quanto às caracte-rísticas morfológicas associadas aogénero e que são notórias ao longode todos os escalões etários. Osrapazes possuem sempre superio-ridade nas dimensões esqueléticas

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Específicamente quanto aos valo-res de adiposidade, e porque elesconstituem uma preocupação cadavez mais premente no mundo mo-derno, e apesar de não existir umvalor de referência para classificaras pregas adiposas, podemos con-siderar que os valores apresen-tados pelas crianças vianensesposicionadas no percentil 50 sãorelativamente baixos. No entanto o mesmo não pode ser dito dascrianças cujos valores se situamacima deste percentil, já que nes-tes casos os registos são muitomais elevados e ainda por cimaaumentam bastante de ano paraano, característica que faz denotara extrema assimetria entre os va-lores de adiposidade nesta popu-lação. Enquanto cerca de metadedas crianças (abaixo do p50)possuem valores baixos e muitoaproximados de massa gorda sub-cutânea (ver valores percentílicosnos quadros 4 a 7) a metade su-perior ao p50 revela um grandedistanciamento da mediana e umagrande dispersão dos valores.Especial preocupação deve poisincidir sobre as crianças que sesituam acima do p75, visto queapós os 8 anos apresentam já pre-gas adiposas de grande dimensão.

Quanto às características somato-tipológicas constatamos que, no1º CEB em Viana do Castelo, omesomorfismo é a componentemais evidenciada pelos rapazes e o endomorfismo pelas raparigas.No entanto, e ao longo da idade, as modificações vão ocorrendo nosentido de as raparigas se tor-narem mais mesomorfas, enquantoos rapazes parecem caminhar emdois sentidos opostos; aumentamos perfis associados ao endomor-fismo, mas também os ecto-meso-morfos geralmente associados amelhor aptidão motora. A inexis-

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FFIIGGUURRAA5Médias dos diâmetros bicôndilo umeral e femural de

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e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

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tência de estudos nacionais querefiram este tipo de abordagemcom crianças destas idades, e ofacto de os escassos estudosinternacionais apresentarem osseus resultados sob a forma dosomatótipo médio e não das fre-quências, dificulta a nossa compa-ração. Apesar destas limitações,este comportamento assemelha--se de uma forma geral ao modelo

empírico descrito por Carter eHeath5 e observado em rapazescanadianos6, e rapazes e raparigasbelgas. Em ambos os casos édescrito que neste período etárioos rapazes tendem a decrescer em mesomorfismo e a aumentarem ectomorfismo, enquanto asraparigas diminuem no mesomor-fismo e aumentam a componenteendomorfa.

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DBCF

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outro lado o crescimento secularem altura da nossa população foievidente, recuperando do atrasoreportado em 1981 para igualarou ultrapassar hoje a média na-cional, facto que constitui indicadorimportante do desenvolvimento dapopulação infanto-juvenil vianensenos últimos trinta anos.Apesar de tudo e porque as inter-pretações médias tendem a mini-mizar os acontecimentos extremosou as tendências divergentes, énecessário identificar desde cedoas crianças que parecem mostrartendência para uma menor aptidãomorfológica. Esperamos que osresultados que agora comparti-lhamos com a comunidade acadé-mica, educativa e clínica possamajudar a essa detecção, bem comoa uma maior preocupação de todosna avaliação destes indicadoresfundamentais do desenvolvimentodas nossas crianças e jovens.

AGRADECIMENTOS

Os autores querem expressar osseus mais profundos agradecimen-tos à Câmara Municipal de Vianado Castelo pelo apoio prestado ao EMCV, às escolas do 1º CEB erespectivos professores e alunospela sua colaboração desinteres-sada, e aos alunos finalistas doCurso de Educação Física queconstituíram a equipa de obser-vação e sem os quais este estudoteria sido impossível de concretizar.Um especial agradecimento é de-vido às Doutoras Filomena Vieira e Isabel Fragoso pelas valiosascorrecções e sugestões relativas à publicação dos resultados doEMCV, e pela disponibilização dosresultados relativos ao estudo Rea-valiação antropométrica da popu-lação infantil de Lisboa, quandoeste ainda se encontrava no prelo.

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7.1

7.8

0.5

7.8

7.7

8.8

8.6

8.3

7.9

7.6

7.4

7.2

8.0

0.5

7.9

7.8**

322

MMaassccuulliinnoo FFeemmiinniinnoo

N

Idade

QQUUAADDRROO11Valores percentílicos, média e desvio-padrão da DBCF no EMCV e médias de outros estudos nacionais e internacionais.

*p<.05 **p<.001

6

501

7

486

8

454

9

239

10

318

6

500

7

510

8

489

9

235

10

O panorama encontrado no EMCVparece indicar que a morfologiadas crianças vianenses ao longo do crescimento não inspira aindacuidado, encontrando-se dentro deparâmetros favoráveis ao desen-volvimento da aptidão morfológica.

As preocupantes mudanças morfo-lógicas já amplamente documenta-das nas populações internacionais7,e que se parecem começar a iden-tificar já nas população da capitalportuguesa, ainda não se fizeramsentir em Viana do Castelo. Por

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

CORRESPONDÊNCIA

Luís Paulo Rodrigues

Escola Superior Educação Viana do Castelo

Av. Capitão Gaspar de Castro - Apartado 513

4901-908 Viana do Castelo

Telf.: 258 806 200Fax: 258 806 209

E-mail: [email protected]

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MesoEndomorfo

18

5.6%

MASCULINO

QQUUAADDRROO12Valores absolutos e percentuais das categorias de somatótipos verificados no sexo masculino e feminino ao longo da idade e no total.

6

40

8.1%

7

58

12.1%

8

70

15.5%

9

43

18.2%

10

56

17.9%

FEMININO

6

121

24.4%

7

229

11.5%

TOTAL

Masculino

552

27.2%

Masculino

138

27.5%

8

153

31.4%

9

84

36.2%

10

n

%

MesomorfoEndomorfo

15

4.7%

47

9.5%

55

11.5%

50

11.1%

29

12.3%

60

19.2%

91

18.3%

196

9.9%

325

16.0%

75

14.9%

76

15.6%

23

9.9%

n

%

EndoMesomorfo

101

31.5%

125

25.2%

87

18.2%

74

16.4%

19

8.1%

71

22.7%

71

14.3%

406

20.5%

227

11.2%

49

9.8%

26

5.3%

10

4.3%

n

%

MesomorfoEquilibrado

78

24.3%

105

21.2%

85

17.7%

56

12.4%

27

11.4%

57

18.2%

57

11.5%

351

17.7%

221

10.9%

50

10.0%

41

8.4%

16

6.9%

n

%

EctoMesomorfo

66

20.6%

76

15.3%

76

15.9%

56

12.4%

24

10.2%

20

6.4%

35

7.1%

298

15.0%

81

4.0%

18

3.6%

6

1.2%

2

.9%

n

%

MesomorfoEctomorfo

27

8.4%

71

14.3%

76

15.9%

83

18.4%

47

19.9%

25

8.0%

47

9.5%

304

15.3%

188

9.3%

47

9.4%

46

9.4%

23

9.9%

n

%

MesoEctomorfo

11

3.4%

23

4.6%

36

7.5%

48

10.6%

38

16.1%

10

3.2%

30

6.0%

156

7.9%

160

7.9%

49

9.8%

47

9.6%

24

10.3%

n

%

EctomorfoEquilibrado

-

-

2

.4%

1

.2%

2

.4%

4

1.7%

4

1.3%

6

1.2%

9

.5%

79

3.9%

21

4.2%

28

5.7%

20

8.6%

n

%

EndoEctomorfo

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

1

.0%

1

.2%

-

-

-

-

n

%

EndomorfoEctomorfo

-

-

-

-

-

-

1

.2%

-

-

-

-

1

.2%

1

.1%

18

.9%

6

1.2%

7

1.4%

4

1.7%

n

%

EctoEndomorfo

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

1

.0%

-

-

1

.2%

-

-

n

%

EndomorfoEquilibrado

-

-

-

-

-

-

-

-

1

.4%

-

-

5

1.0%

1

.1%

42

2.1%

9

1.8%

19

3.9%

9

3.9%

n

%

Central5

1.6%

7

1.4%

5

1.0%

11

2.4%

4

1.7%

10

3.2%

32

6.5%

32

1.6%

136

6.7%

39

7.8%

38

7.8%

17

7.3%

n

%

TOTAIS 321 496 479 451 236 313 496 1983 2031502 488 232n

38|39| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA6Percentagem dos somatótipos encontrados entre os 6 e os 10 anos no sexo masculino (em cima) e feminino (em baixo).

LLEEGGEENNDDAA

40

35

30

25

20

15

10

5

0

Mes

oEnd

omor

fo

Mes

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Mes

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ado

Cen

tral

6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos

MMAASSCCUULLIINNOO

40

35

30

25

20

15

10

5

0

Mes

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omor

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Mes

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foEqu

ilibr

ado

Cen

tral

FFEEMMIINNIINNOO

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

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RESUMOA prática regular e sistematizada éfundamental para a saúde do serhumano. Diante dessa perspectiva,interessou-nos conhecer e compararo nível de importância e os inte-resses dados à prática da atividadefísica pelos alunos da UniversidadeEstadual de Campinas, UNICAMP.Foram selecionados 1350 indivíduos,de ambos os sexos, com idade entre17 e 22 anos, alunos da UNICAMP,matriculados em período integral, denove cursos de graduação, sendoestes: Enfermagem, Educação Física,Biologia, Pedagogia, Dança, Música,História, Matemática e Computação.Pode-se observar que somente osalunos do curso de Educação Física,mais da metade (89%), praticamatividade física de forma satisfatóriacom o mínimo de três vezes porsemana e duração de trinta minutos.Observa-se que a prática da atividadefísica deve aos seguintes aspectosconsiderados: o combate e controleaos fatores estressantes seguido damanutenção do condicionamento fí-sico, estética, socialização, saúde,qualidade de vida e por últimos estãoo lazer e o ganho ou a manutençãoda hipertrofia muscular. O futebol, amusculação, o condicionamento físi-co, corrida e a ginástica localizadaforam as atividades mais procuradas.Assim, sugerimos aos coordenado-res dos cursos de Graduação daUNICAMP que reservem espaços etempo aos alunos para a prática daatividade física.

ABSTRACTRegular and systematic practice isfundamental to the health of thehuman being. Facing this perspective,we became interested in knowingand comparing the level of importan-ce and interest given to the practiceof physical activity by the StateUniversity of Campinas (UNICAMP)students. 1350 Unicamp studentsfrom 17 to 22 years old, of bothsexes, and enrolled in nine full-timegraduation courses such as Nursery,Physical Education, Biology, Pedago-gy, Dancing, Music, History, Mathe-matics and Computer Science, wereselected. It could be observed thatonly in the Physical Education course,more than half of them (89%) prac-ticed a physical activity in a satisfac-tory way, that being a minimum of 30minutes, three times a week. It couldalso be observed that the practice of a physical activity is due to thefollowing considered aspects: Com-bat and control of stressing factors,followed by the maintenance of phy-sical conditioning, esthetics, sociali-zing, health, quality of life, and last,leisure and the gain or maintenancemuscular hypertrophy. Soccer, weightlifting, physical conditioning, runningand localized gymnastics were themost enrolled activities. Thereforewe suggest to the coordinators ofUNICAMP’s graduation courses thatthey save time and space for stu-dents to practice a physical activity.

AUTORESMariângela Gagliardi caro Salve1

1 Departamento de Ciências do Esporte da Faculdade de Educação Física daUniversidade Estadual de Campinas

A PPRÁTICA DDA AATIVIDADE FFÍSICA:ESTUDO CCOMPARATIVO EENTRE OS AALUNOS DDE GGRADUAÇÃO DA UUNICAMP ((UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE EESSTTAADDUUAALL DDEE CCAAMMPPIINNAASS,, BBRRAASSIILL))

4(3): 441-47

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEatividade física; sedentarismo;cursos de graduação.

KKEEYYWWOORRDDSSphysical activity; sedentarism;graduation courses.

data de submissãoJJuullhhoo 22000055

data de aceitaçãoAAggoossttoo 22000077

A PPRÁTICA DDA AATIVIDADE FFÍSICA: EESTUDO CCOMPARATIVO ENTRE OOS AALUNOS DDE GGRADUAÇÃO DDA UUNICAMP

((UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE EESSTTAADDUUAALL DDEE CCAAMMPPIINNAASS,, BBRRAASSIILL))

THE PPRACTICE OOF PPHYSICAL AACTIVITY: AA CCOMPARATIVE SSTUDY AMONG UUNICAMP ((STATE UUNIVERSITY OOF CCAMPINAS, BBRAZIL)

GRADUATING SSTUDENTS

investigação

42|43| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

Atualmente, o movimento humanoé valorizado na nossa cultura comoum elemento indispensável na pre-venção de desequilíbrios orgânicos,bem como um meio de se atingir obem estar, ao combater os efeitosdos agentes estressores da vidamoderna e sua repercussões noorganismo humano17.

São vários os estudos que indicamos benefícios, tanto nos aspectospsicológicos como biológicos daatividade física, ou seja, melhoriada capacidade cardio-respiratória,diminuição de sintomas vasomoto-res, da pressão arterial, da inci-dência de doenças cardiovascula-res, retardamento e prevenção doaparecimento de diabete melittus,da osteoporose, da obesidade, dahipertensão, redução da ocorrênciade certos tipos de câncer, aumentoda expectativa de vida, entre outros.No aspecto psicológico ocorre me-lhoria da auto-estima, autoconceito,auto-imagem e diminuição da ansie-dade e depressão10,13,22,6,11,18.

Dados epistemológicos mostramque a inatividade física é provavel-mente um fator de risco individualpara a hiperlipidemia, hipertensão,obesidade e o diabetes. As pessoasinativas, em geral, são mais hiper-tensas, hiperlipidêmicas, com amaior porcentagens de gorduras e propensão de tornarem-se diabé-ticas não dependentes de insulina.Ao passo que, as pessoas com umestilo de vida mais ativo tem maiorespossibilidades de prevenir essaspatologias1.

De acordo com Litvak et al.19 oshábitos sociais, fumo, ingestão deálcool e de cafeína associados aoestresse e a inatividade física, con-tribuem para a instalação de cardio-vasculares, doenças pulmonaresobstrutivas crônicas, neoplasias,

diabetes mellitus e cirrose. Essasdoenças vêm ocupando um maiorespaço de morbimortalidade depopulações latino-americanas. O in-divíduo sedentário aumenta isolada-mente o risco relativo de morte emtorno de 25%35.

Conforme vários estudos mostrama prática regular e sistematizadada atividade física é fundamental naprevenção e controle das doençascrônico-degenerativas. Porém, aindaé grande a porcentagem de popu-lação inativa, ou seja, sedentária30.

A maior parte da população adultapossa ser classificada como inativa,enquanto 15 a 25% seria conside-rada fisicamente ativa de formaregular. Existem claras evidênciassob o sedentarismo como sendo oprincipal fator de risco coronariano,já que é relativamente alto e suaprevalência é bastante superior doque a dos outros fatores (idade,sexo, história familiar). Com a ina-tividade física o corpo responderáatrofiando a massa muscular, per-dendo a resistência, diminuindo amassa óssea, as funções pulmona-res, a flexibilidade e outras capaci-dades físicas8.

Constata-se, ainda, que 67% da po-pulação adulta brasileira não rea-liza nenhum tipo de atividade física3.Pesquisas mostram que nos Esta-dos Unidos e na Inglaterra a taxade inatividade física são de 24% e15% respectivamente. Epidemiolo-gistas americanos, segundo estesautores, estimam que há aproxima-damente 250.000 mortes por anoque poderiam ser atribuídas a ina-tividade física e 32.400 vidas po-deriam ser salvas se houvessemincremento na atividade física. OProjeto Saúde (um estudo realizadopelo Ministério da Saúde sob estilode vida) revelou que 96% das pes-soas não tem um estilo de vida intei-ramente saudável somente 10%

da população entre 18 e 55 anosdeclaram fazer atividade física re-gularmente pelo menos três vezespor semana 20. Estudos realizadospor Matsudo et al20, no CELAFISC,em escolares de São Caetano doSul e Ilha Bela revelaram que oshábitos das atividades físicas dascrianças brasileiras são menores egastam mais tempo assistindo TVque as crianças americanas.

Conforme as informações do De-partamento de Ergometria e Rea-bilitação Cardiovascular, da Socie-dade Brasileira de Cardiologia, ape-nas de 10% dos adultos brasileirosfazem exercícios regulares mais detrês vezes por semana15. Pode-seconstatar que a prática de ativi-dade física, segundo vários estudos,tende a ser diminuída com o passardos anos, ou seja, o individuo quan-do criança pratica mais atividadefísica do que quando adolescente ediminui-se mais ainda sua práticaquando adulto e assim por diante27.

Este estilo de vida, o sedentarismo,tem sido adotado em todas as fai-xas etárias. Pode-se notar um au-mento do número de adolescentessedentários e indivíduos obesos, osquais adotam, com muita freqüên-cia, o hábito de assistir televisão,existindo uma relação positiva entreo nível de adiposidade e o númerode horas diárias de TV assistidas20.O problema agrava-se mais quandohá o consumo de alimentos en-quanto assistem televisão5.

Calfas et al7, descreveram que aparticipação de atividade física na escola é mais freqüente entremeninas 20% e nos meninos 16%,considerando em três ou mais diaspor semana de atividade físicavigorosa. Acrescentam que entreos universitários, com idades entre18 e 21 anos, essa prática declinapara 6% tanto para homens e 7%tanto nas mulheres. O fato pode

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

ser melhor entendido pela diminui-ção do tempo livre para a práticade atividade física e também pelafalta de oportunidades nas aulasde Educação Física, pois na maioriadas vezes os estudos e os traba-lhos remunerados, entre outros, os afastam destas aulas. Quandoingressam na universidade, os jo-vens tem redução da acessibilidadeà programas de atividade físicapela diminuição de tempo. Estatransição é caracterizada peloaumento simultâneo da demandacausada pelos estudos, semelhanteao início de carreira ou formaçãode nova família. Portanto, os auto-res concluíram que estas e outrastransições da vida são períodos de riscos para a adoção de estilode vida sedentário.

Assim, par das evidências de que ohomem contemporâneo utiliza-secada vez menos de suas potenciali-dades corporais e de que o baixonível de atividade física é fatordecisivo no desenvolvimento dedoenças degenerativas sustenta--se a hipótese da necessidade de sepromover mudanças no seu estilode vida, levando-o a incorporar aprática de atividades físicas ao seucotidiano3.

Nessa perspectiva, interessou-nosconhecer e comparar o nível deimportância e os interesses dadosà prática da atividade física pelosalunos da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, que estãomatriculados em período integral,a partir de duplo interesse: por umlado, trata-se de gerar elementosque permitam aprofundar o conhe-cimento sobre o segmento da popu-lação estudada e por outro, opor-tuniza-se a acumulação de subsí-dios, para melhor programaçãopedagógica da intervenção que sedisponibiliza.

METODOLOGIA

Foram respondidos 1433 protoco-los, sendo selecionados 1350. Ossujeitos da pesquisa foram alunosda UNICAMP, de ambos os sexos,com idade entre 17 e 22 anos,matriculados em período integral,de nove cursos de graduação, sendoestes: Enfermagem, Educação Física,Biologia, Pedagogia, Dança, Música,História, Matemática e Computação(tabela 1).As pessoas foram informadas sobreos objetivos da pesquisa e o caráteranônimo da mesma, bem como ti-nham a liberdade de participação ede desistência, colhendo-se a seguir,o termo de assentimento esclare-cido. A pesquisa foi aprovada peloComitê de Ética da FCM/UNICAMP(Parecer 371/2001). A esses indi-víduos foi garantida a não divulgaçãode seus nomes.Não expressaram inadequações nasrespostas aos quesitos do instru-mento adotado, sendo consideradoválido e confiável.

PPrroocceeddiimmeennttoossConsideraram-se como apropriadonuma perspectiva quantitativa//descritiva, este estudo é observa-cional descritivo seccional ou decorte transversal, o qual, segundoPereira6 e Almeida Filho2, consistede investigação que produz instan-tâneos da situação de saúde de

grupo ou comunidade, evidenciandoas características apresentadasnaquele momento através de amos-tras representativas da população.O protocolo de investigação consis-tiu de sete questões sobre o temainvestigado. A primeira parte con-tinha questões a informar a idade,sexo e profissão, em seguida vieramas relacionadas com a atividadefísica. Esse foi respondido pelospróprios sujeitos.O instrumento de coleta de dadosfoi elaborado a partir de adaptaçãode outros disponíveis em pesquisasanteriores de Ramos27 e Samulskie Noce34.

EEssttaattííssttiiccaaA análise estatística foi executadaatravés do pacote SPSS for Win-dows, onde foram processadas asinformações pertinentes, após res-pectivo armazenamento dos dadoscoletados. São apresentadas sériesde distribuições de freqüênciasabsolutas e relativas, sob formatabular, de acordo com Padovani(2001).

RESULTADOS

A partir da coleta dos materiaisforam apresentados os seguintesresultados (ver tabelas 2, 3 e 4).

Sexo

Idade: 17 e 19,5 anos

Idade: 19,6 e 22 anos

672

224

448

F. AA.

HHoommeennss MMuullhheerreess

49,78

33,33

66,67

F. RR.

678

253

425

F. AA.

50,22

37,31

62,69

F. RR.

TTAABBEELLAA1Distribuição de frequência da amostra da pesquisa segundo sexo e faixas etárias.

AABBRREEVVIIAATTUURRAASS

F.A.: Freqüencia absoluta; F.R.: Freqüencia relativa.

44|45| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

Dos que praticam regularmente ati-vidade física foram apontados as se-guintes motivações (ver tabela 3).

A tabela 4 mostra as modalidadesesportivas mais praticadas pelosalunos.

DISCUSSÃO

Desde pronto, pode-se observarsegundo a tabela 2, que somenteos alunos do curso de EducaçãoFísica, mais da metade (89%),praticam atividade física de formasatisfatória com o mínimo de três

vezes por semana e duração detrinta minutos, são indivíduos maisativos fisicamente. Em seguida apa-recem os cursos de Enfermagem(48%), Matemática (42%), Biologia(38%), Pedagogia (32%), Compu-tação (31%), Dança (30%), Música(21%) e por último lugar História(18%).

Das pessoas sedentárias ou dosque não praticam atividade físicade forma satisfatória foram apon-tados os principais motivos para anão adoção de um estilo de vidaativa: falta de tempo, extensa cargahorária de estudo e a falta de prazer.

Observa-se, tabela 3, que a práticada atividade física deve-se, aosaspectos considerados importantes,o combate e controle aos fatoresestressantes seguido da manuten-ção do condicionamento físico, esté-tica, socialização, saúde, qualidadede vida e por últimos estão o lazere o ganho ou a manutenção dahipertrofia muscular.

Segundo Matsudo et al.20 a respeitoda aderência ao exercício físico,relatam que esta resulta entreoutros fatores, da existência de va-riáveis positivas, a saber: instruçãoadequada, rotina regular, ausênciade lesões, diversão, alegria e varie-dade, grupo camarada, conheci-mento do progresso, aprovação do parceiro.

Em uma pesquisa efetuada porChagas e Samuski apud Samuski33

os autores também encontraram aestética, o condicionamento físico,a melhora do estado de saúde epor último prazer, as razões daspráticas de atividades físicas.

De forma semelhante, Okuma23 amelhora da aparência e o reduzir oestresse, são os principais fatoresque fazem com que determinadoindivíduo freqüente os programasde exercícios físicos regulares.

Enfermagem

Educação Física

Biologia

Dança

Pedagogia

Música

História

Matemática

Computação

TOTAL

48

89

38

31

32

21

18

42

31

F. AA.CCuurrssooss ddee ggrraadduuaaççããoo

PPrraattiiccaanntteess NNããoo PPrraattiiccaanntteess

72

134

57

46,5

48

31,50

27

63

46,50

F. RR.

102

61

112

120

118

129

132

108

119

F. AA.

28

16

43

53,5

52

68,50

73

37

53,50

100

F. RR.

TTAABBEELLAA2Distribuição de freqüência da prática da atividade física, com o mínimo da três vezes porsemana e duração de trinta minutos, segundo nove cursos de graduação da UNICAMP.

AABBRREEVVIIAATTUURRAASS

F.A.: Freqüencia absoluta; F.R.: Freqüencia relativa.

Combate e prevenção ao stresse

Manutenção do condicionamento físico

Estética

Socialização

Saúde

Qualidade de vida

Lazer

Ganho ou manutençãoda hipertrofia muscular

TOTAL

9

5

4

4

4

3

2

2

F. AA.MMoottiivvooss

IImmppoorrttaannttee NNããoo IImmppoorrttaannttee

100

55,55

44,45

44,45

44,45

33,22

22,22

22,22

F. RR.

-

4

5

5

5

6

7

7

F. AA.

-

44,45

55,55

55,55

55,55

66,67

77,78

77,78

100

F. RR.

TTAABBEELLAA3Distribuição de freqüência da motivação da prática da atividade física, segundo nove cursos de graduação da UNICAMP.

AABBRREEVVIIAATTUURRAASS

F.A.: Freqüencia absoluta; F.R.: Freqüencia relativa.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Diferente do nosso resultado encon-trado, onde o controle do estressefoi apontado como o principal moti-vo da prática da atividade física,nas pesquisas de Ramos et al.28 ede Pohl et al.25 encontraram-seque aspecto saúde foi consideradoelemento motivacional.

Já, ao contrario das pesquisas an-teriores, Carvalho et al.8 detecta-ram que o motivo saúde não foiaspecto prioritário, aparecendo emquinto lugar, com 8,50%. Essa pes-quisa teve o intuito de detectar osobjetivos que levam os indivíduos a ingressarem em academia deginástica em Divinópolis-MG. A aná-lise dos dados foi obtida através deverificação dos objetivos relatadospelos próprios alunos durante aanamnese presente na avaliação. Aamostra constitui-se de 880 alunos.

Analogamente ao resultado da nos-sa pesquisa, Dantas12 identificouque os interesses que impulsionama procura de atividade física emacademia, procurando identificar operfil social a partir das ligaçõesque se estabelecem entre as mo-tivações e as atividades físicasescolhidas. Foram avaliadas 300pessoas que freqüentam academiaem Maceió e para tal utilizou-se umquestionário. Concluiu-se também,a saúde não é uma razão prioritáriapela procura da prática desportiva,aparecendo em terceiro lugar com13,8%.

O condicionamento físico foi outroelemento detectado, em nossa pes-quisa, pela busca da prática despor-tiva situando-se em segundo lugar,da mesma forma que nos estudosde Carvalho et al.8 e Ramos et al.27.Quanto aos outros itens apontadoscomo relevantes foram: estética,socialização, ganho ou manutençãoda hipertrofia muscular e a quali-dade de vida.

Na pesquisa de Rufino et al.29 a esté-tica foi também valorizada. Os auto-res tiveram o propósito de verificaralgumas características de freqüen-tadores de academias de ginásticano estado do Rio Grande do Sul.Utilizou-se como instrumento decoleta de dados questionário conten-do 12 questões fechadas relativasa idade, sexo, profissão, nível deinstrução, renda mensal, atividadefísica praticada, tempo, freqüência,objetivos, satisfação, nível de infor-mação e fonte de informação. Aamostra foi composta por todos osfreqüentadores de academias deginástica do estado que se dispu-sessem a participar. Analisaram1139 questionários, através dosquais obteve-se, entre outros resul-tados, que a maior parte foi com-posta por mulheres com idade entre16 e 25 anos. Tais resultados vãoao encontro dos de Saba30 e o deDantas12 que citam que o que levamos indivíduos as academia é a me-lhoria da estética.

Ramos27 também constatou que os alunos universitários tambémbuscam a estética corporal. Es-creve que “as pessoas estão emconstantes pressões para ter ocorpo perfeito que vêem na mídia e

fazem qualquer coisa para atingi-lo”,geralmente, associam a rigorosasdietas alimentares.

No estudo de Moritz21 com alunosuniversitários da Universidade Fe-deral do Paraná concluiu que asalunas participam mais de ativida-de física como experiência social,visando estética, já os alunos damesma Universidade participammais de atividade física em buscade emoções.

A procura dos graduandos pela ati-vidade física como uma atividadede lazer é um aspecto importante a ser considerado. O mesmo foiobservado pelos alunos dos cursosde extensão oferecido pela Facul-dade de Educação Física da UNI-CAMP27. Rufino et al.29 citam queuma das razões pelos quais aspessoas freqüentam as academiasé o lazer associada à socialização.

Segundo Stahl32 para os universi-tários, estar junto de amigos efamiliares tem influência positivana participação de atividade física.

Ramos27 encontrou porcentagensainda menores do que o que nosencontramos, através de questio-nário composto de 14 questões,entre 246 alunos da UNICAMP,sendo 137 homens e 109 mulheres,

Futebol de campo

Musculação, Condicionamento FísicoCorrida Ginástica localizada,Corrida de longa duração

Caminhada, Futsal, Basquetebol,Voleibol, Natação

3

2

1

FF.. AA..MMooddaalliiddaaddeess ddeessppoorrttiivvaass

33,33

22,22

11,11

FF.. RR..

TTAABBEELLAA4Freqüência das modalidades desportivas praticadas, segundo os nove cursos de graduação da UNICAMP.

AABBRREEVVIIAATTUURRAASS

F.A.: Freqüencia absoluta; F.R.: Freqüencia relativa.

46|47|

os quais 28,86% dos alunos queentram na universidade apresen-tam vida ativa fisicamente, ou seja,realizam exercícios três ou maisvezes por semana, e 32,93% sãoconsiderados intermediários, istoé, praticam atividade física uma ouduas vezes por semana.

A tabela 4 retrata que o futebol,com 33,33%, é a modalidade maispraticada pelos alunos dos cursosde Educação Física, Música e Ma-temática. A musculação e o condi-cionamento físico, com 22,22%,foram indicados pelos discentesdos cursos de Biologia, EducaçãoFísica e Enfermagem. A corrida de longa duração (22,22%) peloscursos de Enfermagem e Educa-ção Física. A Ginástica localizada(22,22%) pela dança. A Caminha-da (11,11%) pela Enfermagem. OFutsal (11,11%), o Basquetebol(11,11%) pela Matemática e aNatação (11,11%) pelo curso deLetras.

Com efeito, nota-se que, nas socie-dades modernas, a prática regulare sistematizada fica restrita a umgrupo de indivíduos, onde o mesmofoi observado pelos alunos de gra-duação da UNICAMP. Tendo emvista esta problemática e a impor-tância da atividade física torna-seessencial o enfoque da promoção e estímulo de estilo de vida ativo.

Assim, sugerimos aos coordena-dores dos cursos de graduaçãoque reservem espaços e tempoaos alunos para a prática de ativi-dade física, baseado nos valores do corpo esbelto, da estética, docombate ao estresse e da buscada saúde e também tendo em vistaque as atividades mais procura-das: o futebol de campo, condicio-namento físico, musculação e acorrida.

CORRESPONDÊNCIA

Cidade Universitária “Zeferino Vaz”

Campinas, São Paulo, Brasil

CEP: 13.083.970

C.P.: 6134

E-mail: [email protected]

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RESUMOResumo: A força e a flexibilidade sãocomponentes presentes em um pro-grama de treinamento, e seus valoresmáximos são obtidos através de tes-tes específicos. No entanto pouco se sabe sobre seus efeitos deletériosno aparelho músculo tendíneo. Objetivo:

verificar as modificações séricas deCK 24h após uma rotina de alonga-mentos, flexionamento estático e tes-te de 1-RM. Métodos: participaram doestudo 14 indivíduos de ambos ossexos (28±6 anos), divididos em grupocontrole (GC N=7) e grupo experimen-tal (GE N7), sendo o último submetidoa uma rotina de alongamentos (GE-AL),de flexionamento estático (GE-FLEX) eao teste de 1-RM (GE-1-RM). A antro-pometria foi aferida através de umabalança digital com estadiômetro. Ascoletas de sangue foram obtidasutilizando-se seringas descartáveis edepositadas em recipientes de vidrovedados e enviadas ao laboratório paradeteminar os níveis de CK. Utilizou-sea técnica de De Lorme e Watkins nos exercícios Supino Horizontal eLeg Press para determinar a cargade 1-RM. Realizou-se 3 séries de 20sde insistência flexionamento e 3 sériesde 6 segundos de insistência para oalongamento. E estatística empregadafoi a Prova de Friedman com post hocde Tukey. Resultados: Os valores de CK basal e pós 24h no GC e GE (AL;FLEX e 1-RM) foram respectivamente:195,0 ± 129,5 vs. 202,1 ± 124,2;213,3 ± 133,2 vs. 174,7 ± 115,8;213,3 ± 133,2 vs. 226,6 ± 126,7 e213,3 ± 133,2 vs. 275,9 ± 157,2. Sófoi observada diferença significativa(� = 0,02) nos valores do GE-1RM.Conclusão: Conclui-se que apenas osexercícios dinâmicos de força máximaforam capazes de aumentar os níveisde CK pós exercício.

ABSTRACTAbstract: Strength and flexibility arecommon components of a trainingprogram and their maximal values areobtained through specific tests. Ho-wever, little information about the da-mage effect of these training proce-dures in a skeletal muscle is known.Objective: To verify a serum CK changes24h after a sub maximal stretchingroutine and after the static flexibilityand maximal strength tests. Methods:

the sample was composed by 14 sub-jects (man and women, 28±6 yr.) phy-sical education students. The volun-teers were divided in a control group(CG) and experimental group (EG) thatwas submitted in a stretching routine(EG-ST), in a maximal flexibility statictest (EG-FLEX) and in 1-RM test (EG--1-RM), with one week interval amongtests. The anthropometrics characte-ristics were obtained by digital scalewith stadiometer (Filizola, São Paulo,Brasil, 2002). The blood samples wereobtained using the IFCC method withreference values 26-155 U/L. The DeLorme and Watkins technique wasused to access maximal maximalstrength through bench press and legpress. The maximal flexibility testconsisted in three 20 seconds setsuntil the point of maximal discomfort.The stretching was done in normalmovement amplitude during 6 secons.Results: The basal and post 24h CKvalues in CG and EG (ST; Flex and 1RM) were respectively 195,0 ± 129,5vs. 202,1 ± 124,2; 213,3 ± 133,2 vs.174,7 ± 115,8; 213,3 ± 133,2 vs.226,6 ± 126,7 e 213,3 ± 133,2 vs.275,9 ± 157,2. It was only observeda significant difference (� = 0,02) inthe pre and post values inGE-1RM.Conclusion: only maximal strength dyna-mic exercise was capable to causeskeletal muscle damage.

AUTORESEurico Peixoto César1,2,3

Maurício Gatáz Bara Filho4

Jorge Roberto Perrout Lima4

Felipe J. Aidar

Estélio Henrique M. Dantas1,2

1 Programa de Pós-graduação Stricto Sensuem Ciência da Motricidade Humana(PROCIMH) da Universidade Castelo Branco(UCB-RJ) - Rio de Janeiro - Brasil

2 Laboratório de Biociências da MotricidadeHumana (LABIMH) - UCB - RJ

3 Docente do Curso de Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC - Barbacena e Leopoldina - MG

4 Docente da Universidade Federal de Juiz deFora - UFJF - MG

MODIFICAÇÕES AAGUDAS DDOS NNÍVEISSÉRICOS DDE CCREATINA QQUINASE EM AADULTOS JJOVENS SSUBMETIDOSAO TTRABALHO DDE FFLLEEXXIIOONNAAMMEENNTTOOESTÁTICO EE DDE FFORÇA MMÁXIMA4(3): 449-55

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEflexibilidade estática; 1-RM; CK; dano muscular.

KKEEYYWWOORRDDSSstatic flexibility; 1-RM; CK; muscular damage.

data de submissãoJJuullhhoo 22000055

data de aceitaçãoAAggoossttoo 22000077

MODIFICAÇÕES AAGUDAS DDOS NNÍVEIS SSÉRICOS DDE CCREATINA QQUINASE EM AADULTOS JJOVENS SSUBMETIDOS AAO TTRABALHO DDE FFLLEEXXIIOONNAAMMEENNTTOO

ESTÁTICO EE DDE FFORÇA MMÁXIMA

ACUTE CCHANGES IIN CCREATINE KKINASE SSERUM LLEVELS IN AADULTS SSUBMITTED AA SSTATIC SSTRETCHING

AND MMAXIMAL SSTRENGTH TTEST

investigação

50|51| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

Os treinamentos de força e flexi-bilidade são componente comu-mente presentes em programasde exercícios físicos30, no entantoainda existem controvérsias sobrequal a maneira mais adequada deincluir ambos os elementos em umprograma de treinamento. Tal fatoampara-se nas contraditórias pes-quisas reportadas sobre os efeitosnegativos do treinamento da flexi-bilidade sobre a força21,40 ou sobre osuposto efeito protetor da flexibilida-de sobre a incidência de lesões1,31,38.

Inúmeras pesquisas sugerem que,praticar exercícios de flexibilidadepreviamente a eventos que requeirammanifestações de força e potência,repercutirá em um efeito contra-producente da performance 15,24,29,40

no entanto alguns autores repor-taram não ser evidente nenhumefeito negativo da flexibilidade sobrea força2,14.

De forma semelhante, enquantoalguns pesquisadores apontam oefeito protetor de níveis adequadosde flexibilidade na prevenção delesões16,20, outros concluem que arealização de exercícios de flexibili-dade antes ou após práticas espor-tivas não reduzirá a incidência delesões18,36.

O treinamento contra resistência éuma modalidade de exercício quevem crescendo em popularidadenas duas últimas décadas, particu-larmente devido ao seu papel emmelhorar o desempenho atléticoatravés do aumento da força mus-cular, potência e velocidade, hiper-trofia, resistência muscular locali-zada (RML), performance motora,equilíbrio e coordenação2,23.

No entanto o dano muscular indu-zido pelo exercício é um fenômenocomum que resulta da prática de

um exercício ao qual não se estáadaptado, exercício com alto volu-me (séries e repetições) ou comintensidade elevada8. A lesão mus-cular é um dos fenômenos maiscomuns provenientes de práticasesportivas, com uma incidência de 10% a 55% de todas as lesõessustentadas4.

Exercícios físicos extenuantes, quan-do realizados até o nível de exaus-tão, podem promover a formação deradicais livres que estão associadosao surgimento de danos teciduais9.

Inúmeros pesquisadores têm asso-ciado a presença de certos mar-cadores bioquímicos na urina e nosangue à danos no aparelho mús-culo tendíneo5,11,26,37. Dentre essesmarcadores bioquímicos, destaca-se a creatina quinase (CK), enzi-ma encontrada predominantementenos músculos e liberada na circula-ção durante lesões musculares.Portanto, a atividade sérica de CKtem sido teoricamente suposta co-mo um marcador indireto de grandevalia na fisiologia do exercício e me-dicina desportiva para detecção dedano muscular e over training 27,28,37.

Inúmeros estudos têm encontradouma alta correlação no aumento daconcentração sérica de CK pósexercícios6,27. A maioria dos dadospertinentes ao incremento dos ní-veis de CK provém de estudos comcorredores de longa distância, po-rém, exercícios de alta intensidadee curta duração parecem induzir oaumento dos níveis séricos dessaenzima, principalmente se nos mes-mos forem adotadas contraçõesexcêntricas37.

Tendo isso em vista, o presenteestudo teve como objetivo verificaras modificações séricas de CK, 24hapós a realização de uma rotina dealongamentos sub-máximo e dos tes-tes máximos de flexibilidade estáticae de uma repetição máxima (1-RM).

METODOLOGIA

O presente estudo adotou o ca-ráter analítico de corte transversal,caracterizado com estudo quaseexperimental. A amostra foi eleitade forma intencional, por conve-niência devido à facilidade de aces-so aos indivíduos. As rotinas dealongamento, flexionamento está-tico máximo e teste de 1-RM foramrealizadas no mesmo local, sobsupervisão direta dos pesquisa-dores. As coletas de sangue foramrealizadas pela mesma enfermeira,adotando-se todos os procedimen-tos de higiene e cuidados como ouso de luvas e seringas descartá-veis e tubos de vidro esterilizados. Todos os procedimentos utilizadosnesse estudo estão em acordocom determinações institucionais eresolução de outubro 196/96 doConselho Nacional de Saúde, sendosubmetido e aprovado pelo Comitêde Ética em Pesquisa da Univer-sidade Castelo Branco - UCB - RJ.

AAmmoossttrraaForam selecionados para partici-parem do estudo 16 indivíduos deambos os sexos (28 ± 6 anos),matriculados no oitavo período doCurso de Educação Física da Uni-versidade Presidente Antônio Carlos- UNIPAC, localizada na cidade deBarbacena - MG. Após esclareci-mentos fornecidos em exposiçãooral e escrita sobre os procedi-mentos inerentes ao estudo, todosos indivíduos selecionados manifes-taram formalmente a concordânciade participar da pesquisa atravésda assinatura do termo de parti-cipação livre e esclarecido.As características antropométricasde massa corporal (MC) e estatura(EST) foram efetuadas conformeos procedimentos recomendadospela International Society for Advan-cement of Kineanthropometry 25 e

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

obtidas através de uma balançadigital com estadiômetro (BalançaDigital Filizola, São Paulo, Brasil,2002).A rotina de testes máximos foirealizada na sala de ginástica do Curso de Educação Física daUNIPAC, e foram utilizados colcho-netes, aparelhos de musculação,anilhas e barras de ferro (Vitally®).A rotina de alongamento (sub-má-ximo) foi realizada através de trêsséries de seis segundos de insistên-cia em cada um dos movimentos, coma utilização de arcos de movimentoem amplitude normal, sem que osindivíduos relatassem desconforto. Os exercícios de flexionamento es-tático consistiram em três sériesde insistências realizadas no limiarde dor. Em cada seqüência os indi-víduos foram levados, inicialmente,até o limiar de flexionamento (pontoque relataram desconforto) e sesustentou este arco de movimentopor cerca de seis segundos. Seqüen-cialmente, se forçou o segmentocorporal ata quase atingir o limiarda dor e se manteve esta ampli-tude de movimento por cerca de10 a 15 segundos, perfazendo umtotal de 15 a 20 segundos porinsistência.Para se obter os valores de forçamáxima foi empregada a técnica deDe Lorme e Watkins (1948) e osexercícios eleitos foram o supinohorizontal e o leg press 45o.As coletas de sangue foram obtidasutilizando-se seringas descartáveise as amostras foram depositadasem recipientes de vidro vedados,cedidos pelo laboratório. Para sedeterminar os níveis de CK, foi ado-tado o método IFCC, com o padrãode referência de 26 a 155 U/l etodas as análises das amostras de sangue foram realizadas no Ins-tituto Hermes Pardini - Belo Hori-zonte - MG, utilizando-se o métodocalorimétrico.

PPrroocceeddiimmeennttoossPreviamente aos testes, foi efetua-da uma anaminese nos voluntá-rios da pesquisa a fim de certificar--se que nenhum deles apresentavaquadro de inflamação, dor ou lesãomio-articular.

Os indivíduos foram divididos emdois grupos; grupo experimental(GE=9; 5 homens e 4 mulheres) querealizou a série de alongamentos(GE-AL), a rotina de testes máximosde 1-RM (GE-1-RM) e rotina deflexionamento estático (GE-FLEX)em semanas distintas e o grupocontrole (GC=7; 4 homens e 3 mu-lheres), que não realizou nenhumaintervenção física durante o perío-do de coletas, seguindo apenas ospadrões para coleta de sangue,estipulados pelos presentes inves-tigadores.

Os indivíduos foram orientados afazer um jejum de 12h previamenteàs coletas de sangue. A rotina detestes máximos e coletas de san-gue foram efetuadas no período da manhã. Os exercícios de alon-gamento, de flexionamento estáti-co e de 1-RM foram realizados emmomentos distintos, com intervalomínimo de uma semana entre eles.

O GE efetuou 6 coletas de sangue:uma coleta basal, pré flexionamentoestático e uma coleta 24h após

essa rotina. O mesmo padrão foiadotado para o teste de força má-xima e para rotina de alongamentos.O GC realizou duas coletas de san-gue: uma coleta basal e outra 24hapós coleta basal, sem nenhumaintervenção física entre elas.

Os exercícios de alongamento con-sistiram em: (a) abdução da articu-lação do ombro com cotovelo fleti-do; (b) flexão da perna; (c) flexãohorizontal da articulação do ombro,(d) flexão do quadril com a pernaflexionada e (e) flexão da colunalombar com as pernas estendidas.Todos os exercícios foram reali-zados dentro dos limites normaisde amplitude de movimento (ADM),em posição ortostática, com trêsséries de seis segundos de insis-tência, com cinco segundos de in-tervalo entre cada série.

A rotina de flexionamento procedeuda seguinte forma: os indivíduosforam todos dispostos em duplasem uma mesma sala, e sob a su-pervisão do avaliador, foram orien-tados a realizar o flexionamentoestático máximo no seu compa-nheiro, utilizando-se três séries de15-20 segundos de insistência,contados somente após ser atin-gido o ponto de maior desconfortomanifestado pelo testado.

FFIIGGUURRAA2Flexão da coluna lombar; Posição 2.

FFIIGGUURRAA1Flexão da coluna lombar; Posição 1.

52|53|

Os exercícios consistiram em: (a)extensão horizontal da articulaçãodo ombro com o cotovelo estendi-do; (b) abdução da articulação doombro com cotovelo fletido; (c) fle-xão da coluna lombar na posiçãosentado com as pernas estendidas;(d) flexão do quadril em decúbitodorsal com a perna estendida. To-dos os exercícios foram realizadosem amplitude máxima de movimen-to (AMDM).O teste de 1-RM seguiu o seguintepadrão: os avaliados foram orienta-dos a realizarem um aquecimentoespecífico no próprio aparelho ondeseria feito o teste, com uma cargaconfortável para realização de 15repetições. Após 5 minutos de in-tervalo adicionou-se carga ao apa-relho e o avaliado foi instruído arealizar uma repetição máxima. Àmedida que o indivíduo conseguiavencer a resistência oferecida peloaparelho, eram acrescidos de 1,8 a 4,5kg à sobrecarga, por no máxi-mo seis tentativas, com um inter-valo de dois a três minutos entreelas (ACSM, 2003; p. 380). Ao seobter a carga de 1-RM no exercíciode supino horizontal, foi realizado oteste de 1-RM com o mesmo crité-rio no exercício de Leg Press 45o.Quanto à ADM dos exercícios, nosupino horizontal o testado foi orien-tado a partir de extensão total doscotovelos; descer a barra controla-damente até que tocasse o ossoexterno, e retornar a posição inicial.No Leg Press 45o, o indivíduo foiinstruído a iniciar com extensãototal dos joelhos, descer até serformado um ângulo de 90o entre aperna e a coxa, e retornar ao pontode partida. Para assegurar que aangulação de 90o no movimentofosse atingida, foi fixado um goniô-metro em um dos membros inferio-res do testado e feita uma marca-ção no aparelho, indicando até ondedeveria ser realizado o exercício.

As amostras de sangue foram sub-metidas ao laboratório em um prazomáximo de duas horas, para aná-lise de CK.

EEssttaattííssttiiccaaUtilizou-se a estatística descritivapara caracterizar os indivíduos daamostra. Para comparação dasmédias de CK basal e pós 24h àsrotinas de flexionamento estático,teste de 1-RM e exercícios de alon-gamento, empregou-se o teste nãoparamétrico conhecido como Provade Friedman, devido ao pequeno Namostral, e o post hoc de Tukkeypara identificar as possíveis dife-renças. Ainda empregou-se o testede Levene para se verificar a gaus-sianidade da amostra.

Todas as análises foram efetuadasno pacote estatístico Statistica 6.0(Statsoft. Inc., Tulsa, USA, 2001).

RESULTADOS

Após realizados os testes e as co-letas, e ao se fazer a análise dosdados, os presentes pesquisadoresentraram no consenso em excluirda amostra dois indivíduos do GE,pois os mesmos foram identifica-dos como out liers, ficando dessa

forma, um N válido de sete indiví-duos para o GE e sete indivíduospara o GC.

Na tabela 1 estão reportados osvalores de CK basal e 24h re-ferentes aos Grupos Experimental e Controle.

A figura 1 refere-se aos valores deCK basal e pós 24h no GE (1-RM,FLEX e AL), identificados pela se-guinte legenda: GE-1-RM basal e24h (preto); GE-FLEX basal e 24h(verde escuro) e GE-AL basal e 24h(verde).

DISCUSSÃO

O presente estudo buscou identi-ficar, através do marcador bioquí-mico indireto creatina quinase (CK),se a prática de alongamentos (sub--máximos) e testes máximos deforça (1-RM) e Flexibilidade (flexio-namento estático), são lesivos aoaparelho músculo tendíneo. Preten-de-se com a interpretação dos re-sultados obtidos, sugerir ou não arealização de tais procedimentos,amplamente difundidos tanto emâmbito profissional quanto recrea-cional, e desta forma propiciarinfor-mações acerca dos testes epráticas mais adequadas a seremrealizados.

As qualidades físicas força e flexibi-lidade são componentes comumentevisados em um programa de treina-mento30. Da mesma forma, o alonga-mento, em sua forma sub-máxima,é usualmente recomendado e ado-tado por técnicos, atletas, fisiotera-peutas e educadores físicos comoforma de aquecimento12, prevençãode lesões36 e incremento na per-formance 37, apesar de ainda existi-rem controvérsias sobre essestemas30,34.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

FFIIGGUURRAA3Aferição da angulação estipulada no testede 1-RM no leg press.

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

A prescrição da intensidade notreinamento contra resistência(TCR) tanto em academias quantoem centros especializados de trei-namento é usualmente baseado nonúmero de repetições máximas(RM) ou na porcentagem do valorreferente a uma repetição máxima(1-RM)16.

De forma semelhante, inúmerasmodalidades esportivas requeremníveis excepcionais de flexibilidade,que são conseguidos através dediversos tipos de treinamentos,dentre eles o método estático má-ximo10. No presente estudo, nãoforam encontrados aumentos sig-nificativos (p > 0,05) nos valores de CK 24h após os exercícios dealongamento (sub-máximo) e pósrotina de flexionamento estático.No entanto observou-se um aumen-to significativo (� = 0,02) destemarcador 24h pós-teste de 1-RMem relação a todos os grupos emestado basal (GE 1-RM, FLEX, AL eGC). Tal fato sugere que a CK é ummarcador sensível a grandes mani-festações de força, os quais sãoobservados nos testes de 1-RM.

Inúmeros pesquisadores têm repor-tado o aumento dos níveis séricosde CK pós exercícios físicos6,37. Noentanto, a maioria das pesquisasreportadas sobre essa condição seampara em exercícios excêntri-cos7,26,33 ou exercícios de enduran-ce 11,37, sendo escassas publicaçõessobre o comportamento dessa en-zima frente a testes máximos deforça dinâmica e de flexibilidade.

Um dos possíveis motivos pelo quala CK não se apresentou aumentadapós flexionamento estático ampara--se no fato desse tipo de trabalhoincidir prioritariamente sobre asarticulações e não sobre o tecidomuscular, como sugere Dantas13 eSoares32.

Uma questão a ser levantada re-fere-se à predominância do tipo de fibra muscular e a diferençaentre os gêneros. De acordo comTotsuka et al.37, o conteúdo e com-posição de tecido conjuntivo sediferem entre os tipos de fibrasmusculares, onde as fibras do tipo Iapresentam uma estrutura detecido conjuntivo mais robusta doque as fibras do tipo II, sugerindodessa forma uma maior suscep-tibilidade de lesão por estiramentoe tensão excessiva desta última.Não obstante a esse fato, Stupka etal.35 sugerem haver respostas dife-rentes entre os gêneros, no que diz

respeito a dano muscular geradopor exercícios, sendo que os indi-víduos do sexo feminino apresentammenor inflamação muscular em re-lação aos homens.

No presente estudo, os indivíduosnão foram divididos em relação àpredominância de fibras muscula-res ou em relação ao sexo. Porémobservou-se uma tendência dosindivíduos do sexo masculino emserem mais responsivos ao testede 1-RM, apresentando maioresvariações de CK pós-exercício, oque vai ao encontro do estudo de Stupka et al.35.

213,3 ± 133,2

213,3 ± 133,2

213,3 ± 133,2

195,0 ± 129,5

*275,9 ± 157,2

*226,6 ± 126,7

*174,7 ± 115,8

*202,1 ± 124,2

CCKK bbaassaall CCKK 2244hh

GE 1-RM

GE FLEX

GE AL

GC

TTAABBEELLAA1Dados descritivos do Grupo Experimental e Grupo Controle

referentes aos valores de CK basal e 24 h.

*valor significativo

FFIIGGUURRAA4Valores de CK basal e 24h referentes ao GE.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

CK

1 2

54|55|

Outro fator que merece atenção éo fato de que a resposta de CK aosexercícios dependa das caracte-rísticas físicas e de composiçãocorporal, além do histórico detreinamento de cada indivíduo. Talfato é apreciado em um estudo deTotsuka et al.37, onde os indivíduosmais responsivos aos exercíciosfísicos, ou seja, aqueles que apre-sentaram maiores valores de CKpós-exercício, foram aqueles dotadosde menor massa muscular e força.Esse dado sugere que indivíduosmais fracos ou de menor complei-ção física tendem a apresentardanos acentuados no tecido mus-cular após prática de exercíciosextenuantes ou máximos.No presente estudo os indivíduosnão foram separados de acordocom suas características antropo-métricas e composição corporal,nem em relação ao status de trei-namento, o que provavelmente podeter influenciado nos resultados en-contrados. Além disso, o N amostralrelativamente pequeno dificultaqualquer inferência mais acuradasobre os resultados encontradosno presente estudo.No entanto, o fato dos valores deCK apresentarem um aumento signi-ficativo 24 h após o teste de 1-RMno GE 1-RM, em relação aos ou-tros grupos em estado basal, vêmcontribuir de forma categórica noentendimento do papel do teste deforça dinâmica máxima na intercor-rência de danos ao tecido muscular.

CONCLUSÃO

Com base nos dados obtidos nopresente estudo, pode-se concluirque os exercícios sub-máximos dealongamento e os exercícios deflexionamento estático não apre-sentaram diferença significativa

(p>0,05) nos valores de CK basal e pós 24h, o que sugere uma ine-ficácia desses procedimentos emcausar danos importantes no tecidomuscular. No entanto, observou-seum aumento significativo (� = 0,02)nos níveis de CK pós teste de 1-RM,sugerindo desta forma que, exer-cícios dinâmicos, realizados comintensidade próxima aos 100% daforça máxima, podem gerar danosno aparelho músculo esquelético.

A partir do conhecimento de que,no presente estudo não houve umadistinção da amostra em relaçãoao sexo, nível de treinamento ouvariáveis morfológicas, o que podeter influenciado os resultados en-contrados, sugere-se para novasinvestigações, que sejam adotadosesses procedimentos, além de ou-tras formas de flexibilidade máxi-ma, como a dinâmica, por exemplo.

CORRESPONDÊNCIA

Eurico P. César

R. Dr. Alberto Vieira Lima, nº 82Bairu - CEP 36050-070 - (32)3212 2304; Juiz de Fora - MG

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ivo

investigação

RESUMOO futebol apresenta uma séria desituações geradoras de estresse. Omomento pré-competitivo é altamentegerador de estresse. O alongamentopode contribuir para diminuir estesefeitos negativos do estresse. O obje-tivo deste estudo foi verificar osefeitos do alongamento no estressepré-competitivo de jogadores de fu-tebol. Participaram deste estudo 17atletas juvenis, distribuídos em doisgrupos: Grupo Controle (GC) e GrupoAlongamento (GA). Todos responde-ram ao TEF e, em seguida, o GApraticou 30 minutos de alongamentoenquanto o GC vivenciou as situa-ções habituais sem realização deatividade física. Logo após, os doisgrupos responderam novamente aoTEF, sendo invertidos os grupos napartida seguinte. As situações “Dor-mir mal a noite anterior ao jogo” e“Ser prejudicado pelos juizes” foramavaliadas com respostas mais nega-tivas enquanto “Cobrança de si mes-mo para ganhar” e “O time adver-sário é o favorito” foram avaliadascomo respostas mais positivas. OGA obteve aumento no número deavaliações positivas comparado aoGC, diminuição no nulo e diminuiçãona resposta -1 e -3, enquanto o GCobteve diminuição no valor -2. Conclui--se que a situação pré-competitivamodifica negativamente a avaliaçãodos atletas enquanto o alongamentointerfere positivamente frente à ava-liação das situações estressoras emjogadores juvenis.

ABSTRACTSoccer show a series of stress-ge-nerated situations. The streatchingmay contribut to decrease this stressnegative effects. The pre-competitivemoment is stress generator. The obje-tive of this study was to verify theeffects of strectch on pre-competi-tive stress in soccer players. To this,17 juvenile soccer players were allo-cated into two groups: control group(CG) and strecth group (SG). All par-ticipants responsed to TEF (Stresssoccer test) and GA stretching du-ring 30 minutes while GC not reali-zed any physical activity. After this,both groups responded to TEF andwas inverted in the next game. Thesituations “sleep badly on previousnight” and “Be damaged for arbitra-tor” was avaliated with more nega-tive reponses while “Himself chargedto win” and “ The adversary is the fa-vourite” was avaliated with more po-sitive reponses. SG showed positiveavaliations increased copared to CG,decreased on nule response and de-creased on -1 and -3 responses. GCshowed decrease in -2 responses.Concluded that pre-competitive situa-tion modify negatively the athletesavaliation while the strecth interferepositively in front the avaliation ofstressor situations in juvenile players.

INFLUÊNCIA DDO AALONGAMENTO NNO EESTRESSE PPRÉ-COMPETITIVO EM JJOGADORES DDE FFUTEBOL DDA CCATEGORIA JJUVENIL

STRETCH IINFLUENCE OON PPRE-COMPETITIVE SSTRESS ON JJUVENILE SSOCCER PPLAYERS

AUTORESJosé Alexandre Curiacos de Almeida Leme1

Ricardo Augusto Barberi2

Karina Junqueira Curiacos3

Priscila Valim Rogatto4

1 Mestrando - Departamento de EducaçãoFísica, UNESP - Rio Claro, Brasil

2 Graduando - Departamento de EducaçãoFísica, UNESP - Rio Claro, Brasil

3 Graduada - Faculdade de Psicologia, Unimep- Piracicaba, São Paulo, Brasil

4 Docente - Departamento de Educação Física,UFMG - Cuiabá - Mato Grosso, Brasil

INFLUÊNCIA DDO AALONGAMENTO NO EESTRESSE PPRÉ-COMPETITIVO EM JJOGADORES DDE FFUTEBOL DA CCATEGORIA JJUVENIL4(3): 557-60

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEalongamento; estresse; futebol.

KKEEYYWWOORRDDSSstretching; stress; soccer.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

58|59| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

O futebol é considerado, no Brasil,o esporte mais popular e praticadoe leva multidões aos estádios, me-xendo com o cotidiano de boa parteda população. Muitos jovens aderemao futebol com a expectativa de setornarem atletas de sucesso nacio-nal e internacional. Poucos são osque conseguem chegar ao profis-sionalismo, porque para isto sãofundamentais alguns pré-requisitos,dentre eles a aptidão física, habili-dades técnico-táticas e competênciaemocional1.Segundo Samulski e Chagas2, os jo-gadores de futebol estão expostosa um número potencial de estresso-res que operam sobre o desempe-nho atlético durante a carreira. Têmsucesso aqueles que conseguemsobreviver as enormes pressõesdo esporte e que superam angus-tias e incertezas. Os jogadores de categorias amadoras que sepreparam para o profissionalismose encontram em fases ainda maissensíveis de desenvolvimento dapersonalidade e podem apresentarmaiores dificuldades no controle desuas emoções e reações antes,durante ou depois das competições,apesar de a agressividade aumen-tar com o aumento da idade emjogadores de futebol2. Por isso ne-cessitam de um suporte psíquico esocial que os sustente para desen-volverem todas as habilidades re-queridas pela modalidade esporti-va. Um dos fatores de naturezapsicológica que distingue o atletavencedor de um perdedor é suacapacidade de lidar com o estresseda competição1.De acordo com Samulski e Chagas2

algumas situações esportivas po-dem desencadear o distress cau-sando três tipos de sintomas nega-tivos: físico, mental e comporta-mental. Porém existe outra formade reação estressora consideradapositiva, o eustress que deixa o

atleta motivado psicologicamente e estimulado fisiologicamente, pre-parando o organismo para a perfor-mance máxima.O agente estressor nem sempre é negativo, podendo desencadearreações adaptativas do sistemanervoso interpretadas pelo organis-mo sem distinção. A maneira comocada pessoa sente e percebe omesmo agente estressor faz comque o estresse seja caracterizadocomo positivo ou negativo4.Estudos prévios tem demonstradoque exercício físico tem geralmenteapresentado que a atividade físicaestá associada à redução dos efei-tos negativos do estresse5,6. Apóssuas pesquisas, Valim4 comprovouque um alongamento específico re-duz significativamente o número de sintomas (psicológicos e físicos)do estresse em jovens que seencontravam em uma determinadasituação estressora.O momento pré-competitivo é umasituação altamente geradora deestresse para o atleta7. Os obje-tivos do presente estudo foram: a)verificar se uma série de 30 minu-tos de alongamento pode interferirno estresse de jogadores de futebolde campo, que estejam em fase de competição e b) Se a referidainterferência ocorrer, observar seé positiva ou negativa para o atleta.

METODOLOGIA

AAmmoossttrraaA pesquisa foi realizada com 17jogadores de futebol de campo dacategoria juvenil (15 a 17 anos) deduas equipes, de Piracicaba e RioClaro, ambas do estado de SãoPaulo, e sendo todos jogadores delinha e titulares. As coletas foramfeitas durante jogos do campeo-nato paulista e do campeonatomunicipal de Rio Claro.

IInnssttrruummeennttoossPara a avaliação do estresse foiutilizado o Teste de Estresse noFutebol - TEF2 (anexo 1). Este ins-trumento contém 30 situações dejogo onde o atleta avalia a influên-cia de cada situação como positiva,nula ou negativa. A análise é faitabaseado numa escala de valores de sete categorias (de +3 a -3). Asérie de alongamentos aplicadosfoi proposta por Valim4 para situa-ções estressoras.

PPrroocceeddiimmeennttoossOs dados foram coletados em duaspartidas. Em ambas, no período de uma hora antes do inicio dapartida, os atletas foram aleatoria-mente distribuídos em dois grupo:Grupo Controle (GC) e Grupo Alon-gamento (GA).Primeiramente os dois grupos res-ponderam ao TEF. Em seguida, o GApraticou os 30 minutos do alon-gamento proposto por Valim4 en-quanto o GC vivenciou as situaçõeshabituais de espera de jogo aindasem realização de nenhuma ativi-dade física pré-competitiva. Logoapós este período, os dois gruposresponderam novamente ao TEF.Na partida seguinte, os grupos fo-ram invertidos, sendo que os atletasque participaram do GA passarama fazer parte do GC e vice-versa.

AAnnáálliissee eessttaattííssttiiccaaForam computadas as médias decada fator antes e após as situa-ções experimentais para verificarpossíveis alterações.

RESULTADOS

A figura 1 apresenta as médiasdas avaliações feitas pelos atletasnas determinadas situações. Assituações “Dormir mal a noite ante-rior ao jogo”, “Ser prejudicado pe-

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

los juizes”, “Condicionamento físicoinadequado” foram avaliadas comas respostas mais negativas. Assituações “Cobrança de si mesmopara ganhar” e “O time adversárioé o favorito” foram avaliadas comrespostas mais positivas.Na tabela 1 estão apresentados os valores da subtração pré e póso protocolo experimental no doisgrupos (GC e GA). Pode-se observarque o grupo GA obteve aumento no número de avaliações positivascomparado ao GC, diminuição no valor 0 e diminuição na resposta-1 e -3, enquanto o GC obteve dimi-nuição no valor -2.Após multiplicação da subtraçãodos valores pré e pós o protocoloexperimental em todas as situaçõespropostas pelo TEF nos grupos GCe GA pode-se observar melhor adiminuição da avaliação negativa e aumento da avaliação positivadas situações geradoras de estres-se dos participantes do grupo comalongamento comparados ao grupocontrole (gráfico 2).

DISCUSSÃO

O futebol apresenta uma séria desituações geradoras de estresse.Os exercícios físicos, particular-mente o alongamento, podem con-tribuir para diminuir os efeitosnegativos do estresse.No presente estudo foram verifi-cadas as avaliações das situaçõespropostas pelo TEF. As situações“Dormir mal a noite anterior aojogo”, “Ser prejudicado pelos juizes”e “Condicionamento físico inade-quado” foram avaliadas como asmais estressantes com avaliaçãonegativa para os atletas. Sabe-seque o sono é fundamental paramelhora no rendimento dos atletase tal resultado corrobora com aliteratura7, bem como condiciona-mento físico inadequado. Para o

FFIIGGUURRAA1Médias das avaliações feitas pelos atletas nas determinadas situações

propostas pelo TEF durante o protocolo experimental (n=17).

AV

ALI

ÃO

-2

-1

0

1

2

3

-31 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

SITUAÇÃO

VVaalloorreess

GC

GA

--33

5

2

--22

-13

7

--11

9

-9

00

7

-13

11

2

4

22

0

3

33

-7

7

TTAABBEELLAA1Subtração dos valores pré e pós o protocolo experimental

em todas as situações propostas pelo TEF nos grupos GC e GA (n=17).

FFIIGGUURRAA2Multiplicação da subtração dos valores pré e pós o protocolo experimental

em todas as situações propostas pelo TEF nos grupos GC e GA (n=17).

RES

PO

STA

S

-2

-1

0

1

2

3

-31 2 3 4 5 6 7

AVALIAÇÃO

LLEEGGEENNDDAA

GC GA

60|61|

treinamento físico ainda é neces-sário respeitar a idade cronológicae maturidade biológica dos atletasde categoria de base8. Ser prejudi-cado pelo juiz também foi conside-rada uma situação muito negativaapós a aplicação de outro questio-nário em outro grupo de atletasprofissionais e amadores9.As situações “Cobrança de si mes-mo para ganhar” e “O time adver-sário é o favorito” foram avaliadascomo as respostas mais positivas.Estas duas variáveis também fo-ram consideradas motivantes emestudos prévios9,11.O grupo controle demonstrou au-mento do estresse no momentopré-competitivo, com aumento dasanálises negativas frente às situa-ções. Isso mostra que a situaçãopré-competitiva é uma situaçãogeradora de estresse, podendohaver prejuízo no desempenho doatleta se não houver nenhumainterferência. Este resultado estáde acordo com os dados encontra-dos em estudo prévio encontradosna literatura que relatam altera-ções psicofisiológicas que podeminterferir no desempenho do atletadurante a competição12,13.A interferência do alongamento noGA obteve aumento no número deavaliações positivas comparado aoGC, diminuição no valor 0 e dimi-nuição em duas das avaliações ne-gativas (-1 e -3). Este resultadocorrobora com outros estudos queverificaram a interferência da ativi-dade física no estresse. Nunomura14

obteve como resultado melhoriasignificativa nos sintomas gerado-res de estresse após 12 meses deprática de atividade física, sugerindoa influência positiva da atividadefísica regular na atenuação do de-sencadeamento do processo deestresse entre os adultos. Valim4

demonstrou que a aplicação deuma sessão de alongamentos é umaintervenção eficaz na redução dossintomas de estresse em jovens.

Baseado nos resultados encontra-dos neste trabalho pode-se concluirque a situação pré-competitiva mo-difica negativamente a avaliaçãodos atletas e que o alongamentointerfere positivamente frente àavaliação das situações estresso-ras em jogadores de futebol juvenilna situação pré-competitiva.

CORRESPONDÊNCIA

José Alexandre Curiacos de Almeida Leme

Av. Armando Salles de Oliveira,1574, ap. 72

Piracicaba, São Paulo, BrasilCep 13400-000

E-mail: [email protected]

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investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

revisão

RESUMOO treino da flexibilidade muscular põeem evidência uma série de princípiosneurofisiológicos e um conjuntointrincado de propriedades muscu-lares e visco-elásticas. São diversosos métodos de estiramento realiza-dos nos contextos clínico e despor-tivo. Apesar da sua utilização sercomum, não é usual os profissionaisde saúde e educação reflectiremsobre as componentes e eficácia dosdiversos métodos de estiramento.Neste artigo, realizamos uma revisãocrítica dos diversos métodos utiliza-dos no treino de flexibilidade, assimcomo dos princípios e parâmetros quecom eles se relacionam. Daremosespecial ênfase aos princípios emque se baseia a facilitação neuromus-cular proprioceptiva e os diversosmétodos de relaxamento local, comoo aquecimento. Para além disso,teremos em conta os dados revela-dores relativos ao paradoxo do Coefi-ciente de elasticidade, os quais podemajudar a conceber uma filosofia deintervenção do treino de flexibilida-de divergente relativamente ao queclassicamente tem sido defendido e efectivado.

ABSTRACTThe muscular flexibility training putin evidence a train of neurophysio-logical principals and an intricateamount of muscular and viscous--elastic properties. There are a lot ofstretching methods, used on theclinical and sport contexts. Despiteits common utilization, it isn’t usualthe health and educational profes-sionals reflect about the compoundsand efficacy of the diverse stretchingmethods. In this article, we realize acritical review about the diversemethods used on the flexibility trai-ning, as the principles and parame-ters related with that. We will donespecial emphasis to the principles ofthe proprioceptive neuromuscularfacilitation and the diverse localrelaxation methods, like warming.We will also have in count the re-vealing data relating to the ElasticityCoefficient paradox, witch can helpto conceive an intervention philoso-phy of the flexibility training differentfrom what it have being defendedand practiced.

O TTREINO DDA FFLEXIBILIDADE MMUSCULAR EE OO AAUMENTO DDA AAMPLITUDE DE MMOVIMENTO: UUMA RREVISÃO CCRÍTICA DDA LLITERATURA

THE MMUSCULAR FFLEXIBILITY TTRAINING AAND TTHE RRANGE OF MMOVEMENT IIMPROVEMENT: AA CCRITICAL LLITERATURE RREVIEW

AUTORESLuís Filipe dos Santos Coelho1

1 Fisioterapeuta e Professor de Pilates do Consultório e Clínica de Reabilitação, Lda. - Lisboa

O TTREINO DDA FFLEXIBILIDADE MUSCULAR EE OO AAUMENTO DDA AMPLITUDE DDE MMOVIMENTO: UUMAREVISÃO CCRÍTICA DDA LLITERATURA4(3): 661-72

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEestiramento passivo; estiramentoactivo; facilitação neuromuscularproprioceptiva; aquecimento;coeficiente de elasticidade.

KKEEYYWWOORRDDSSpassive stretching; activestretching; proprioceptiveneuromuscular facilitation;warming; elasticity coefficient.

data de submissãoJJuullhhoo 22000066

data de aceitaçãoMMaaiioo 22000077

62|63| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

Conceptualmente, a flexibilidademuscular tem sido definida emtermos da amplitude de movimentodisponível por parte de uma arti-culação, amplitude essa dependen-te da extensibilidade dos músculos.Podemos atender à flexibilidadecomo “a habilidade para mover umaarticulação ou articulações atravésde uma amplitude de movimentolivre de dor e sem restrições, de-pendente da extensibilidade dosmúsculos, que permite que estescruzem uma articulação para rela-xar, alongar e conter uma força de alongamento” (1, p. 142, cap. 5).O treino de flexibilidade é utilizadocada vez mais frequentemente noscontextos clínico e desportivo, tantona preparação como na conclusão detreinos, assim como parte de treinosautónomos que visam o estiramentoglobal ou a reeducação postural.Neste artigo, iremos rever os dife-rentes tipos de métodos terapêu-ticos utilizados para alongar ostecidos moles, considerando umarevisão sustentada da literatura,tanto no respeitante às diferentesmodalidades e variantes de alonga-mento, como no respeitante aosdiferentes parâmetros de estira-mento muscular, como a frequên-cia e a duração dos estiramentos.Iremos igualmente questionar aeficácia de uma série de modali-dades de intervenção com vista aoganho de flexibilidade, tendo sempreem conta a literatura existente.

DESENVOLVIMENTO

Propriedades mmecânicas eeneurofisiológicas ddos ttecidos

A flexibilidade está dependente dediversas propriedades mecânicas e neurofisiológicas do tecido con-tráctil e do tecido não contráctil.

As propriedades neurofisiológicasdo tecido contráctil estão depen-dentes do funcionamento do fusoneuromuscular, do órgão tendinosode Golgi e das fibras neuronaisassociadas, estruturas envolvidasnum complexo processo de inerva-ção recíproca.

As propriedades mecânicas do te-cido muscular dependem dos sarcó-meros e respectivas pontes trans-versas de actina e miosina. Quandoum músculo é alongado passiva-mente, o alongamento inicial ocorreno componente elástico em série ea tensão aumenta agudamente.Após certo ponto, ocorre um com-prometimento mecânico das pontestransversas à medida que os fila-mentos se separam com o desli-zamento e ocorre um alongamentobrusco nos sarcómeros2. Se ummúsculo é imobilizado na posiçãoalongada por um período prolonga-do de tempo, o número de sarcó-meros em série aumenta, dandoorigem a uma forma mais perma-nente de alongamento muscular. Omúsculo irá ajustar o seu compri-mento com o tempo de modo amanter a maior sobreposição fun-cional entre actina e miosina3.

As características mecânicas dotecido mole não contráctil estãodependentes das forças de sobre-carga e distensão tecidular, sendoque a curva sobrecarga – distensãoconcebe o comportamento dos te-cidos perante uma força de defor-mação. Quando sobrecarregadas,inicialmente as fibras de colagéneoalongam-se. Com sobrecarga adicio-nal, ocorre deformação recuperávelna amplitude elástica. Assim que olimite elástico é alcançado, ocorrefalha sequencial das fibras de co-lagéneo e no tecido na amplitudeplástica, resultando em libertaçãode calor e um novo comprimentoquando a sobrecarga é libertada4,5.

O comportamento visco-elásticodos tecidos moles durante um alon-gamento compõe-se de uma defor-mação ou creep, expressando-semais precisamente na fluage mus-cular. Tal comportamento muscularpode ser expresso pela seguinteequação6:

ÍÍnnddiiccee ddee ddeeffoorrmmaaççããoo == FFoorrççaa aapplliiccaaddaa//CCooeeffiicciieennttee ddee eellaassttiicciiddaaddee xx TTeemmppoo

A deformação muscular será maiorem músculos com menor Coefi-ciente de elasticidade e estaráproporcionalmente dependente daForça aplicada e do factor Tempo. Mais tarde, no decorrer deste ar-tigo, iremos ter em consideraçãoaquilo que pode ser denominado de “paradoxo do coeficiente deelasticidade”.

MMééttooddooss ddee eessttiirraammeennttooExistem três métodos básicos paraalongar os componentes contrác-teis e não contrácteis da unidademúsculo-tendinosa: estiramento pas-sivo, inibição activa (inclui o estira-mento activo) e auto-alongamento1.O auto-alongamento pode envolveralongamento passivo, inibição activaou ambos.De seguida, iremos precisar os di-versos tipos de alongamento passivo.

EEssttiirraammeennttoo ppaassssiivvooEstiramento passivo manualEste é o tipo de estiramento emque o terapeuta ou instrutor aplicauma força externa ao segmento de modo a alongar os tecidos, sem realização de qualquer tipo de esforço por parte do doente ou desportista.Exploremos seguidamente deter-minados parâmetros relativos à efec-tuação deste tipo de estiramentos.Diversos estudos têm sido reali-zados com vista à compreensão do

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da Fundação Técnica e Científica do Desporto

tempo necessário de estiramentocom vista à obtenção de uma de-formação permanente dos tecidos,ou seja, ao ganho de flexibilidade.

A primeira referência data de19877, estudo no qual o alonga-mento passivo foi aplicado nosabdutores da anca de indivíduossaudáveis por 15 e 45 segundos e dois minutos, na mesma inten-sidade. Segundo o estudo, o alon-gamento de dois minutos não apre-sentou mais vantagens no aumen-to da amplitude de movimento queos alongamentos mais prolongados.

No estudo de Bandy e Irion8, data-do de 1994, foi concluído que umestiramento estático de 30 segun-dos é mais efectivo que os alonga-mentos de tempos inferiores, masnão mais capaz de produzir melho-rias na amplitude de movimentoque o estiramento de 60 segundos.

Bandy et al.9 concluíram tambémque não há vantagens adicionais narealização de estiramentos comtempos superiores a 30 segundosde duração. Para além disso, de-monstraram que não é vantajosa a passagem da frequência de es-tiramento de uma para três vezespor dia.

À semelhança dos estudos ante-riores, Roberts e Wilson10 tambémestudaram os tempos de estira-mento estático e passivo em jovensdesportistas. Concluíram que esti-ramentos de 15 segundos erammais vantajosos que estiramentosde tempos inferiores.

A única investigação com vista aoestudo de tempos de alongamentorealizada em indivíduos idosos cor-responde ao estudo de Feland et al11.Neste estudo, foi demonstradohaver vantagens na realização deestiramentos longos, até 60 segun-dos de duração. Os autores explica-ram os resultados com a neces-sidade de sujeitos mais idosos,

com menor elasticidade tecidular,neces-sitarem de períodos maisprolon-gados de tempo paraconseguirem a máxima deformaçãodas suas estruturas musculares.

Um estudo recente 12 apontou paraos mesmos resultados, em termosde ganhos de amplitude de movi-mento, tanto com um estiramentode 30 segundos de duração comocom diversos estiramentos de cincosegundos de duração.

Há uma necessidade premente deestudar mais profundamente ostempos necessários à realização de estiramentos, principalmente norespeitante àqueles que são pro-gressivos e globais. Por exemplo, otrabalho de fisioterapia de cadeiasmusculares, previsto no método deMézières13, Reeducação PosturalGlobal e Stretching Global Activo14

e método de Busquet15, advoga arealização de estiramentos muitoprolongados no tempo. O trabalhode alongamento realizado nestesmétodos respeita escrupulosamen-te a fórmula da fluage muscular,apresentada no capítulo anterior.Segundo o que a fórmula prediz,Souchard16 defende as duas seguin-tes premissas relativas ao trabalhopassivo de alongamento:

1) Quanto mais prolongamos o tem-po de alongamento, mais significa-tivo é o comprimento ganho. Paraser eficaz, é preciso, então, praticarposturas de alongamento prolon-gadas no tempo, não alongamentosbruscos.

2) Quanto mais aumentamos o tem-po de alongamento, mais podemosdiminuir a força de tracção. A len-tidão dos alongamentos, associadaà moderação das tracções permitetodas as descompressões articu-lares; só tracções manuais suavese prolongadas é que permitem otensionamento progressivamenteglobal das cadeias musculares.

Em última análise, tanto a intensi-dade quanto a duração do alonga-mento dependem da tolerância do paciente ou desportista e daresistência física do terapeuta ouinstrutor. Um alongamento manualde baixa intensidade aplicado pelomaior tempo possível será maisconfortável e mais prontamentetolerado pelo indivíduo, resultandoigualmente em mais resultadoscom maior controlo e segurançado processo de treino17.

Estiramento estático vs. Estiramento balísticoComo vimos, um alongamento man-tido por um período mínimo detempo significa um conjunto amplode resultados no respeitante aoganho de amplitude articular. Adependência do factor tempo dizrespeito não só à variável temporalprevista na fórmula de fluage mus-cular, como também a factores denatureza neuromotora. Referimo--nos à acção do reflexo miotáticode encurtamento, ligado à sensibi-lidade do fuso neuromuscular. Ébem sabido que um estiramentodeve ser suficientemente lento eprolongado de modo a se conseguirvencer a tendência que o músculoapresenta para encurtar no mo-mento do alongamento por acçãodo reflexo miotático1.

Por essa razão de natureza teoré-tica, actualmente é rara a investi-gação realizada em torno dos estira-mentos ditos balísticos. Estes sãoalongamentos “bruscos”, de altaintensidade, realizados a grandevelocidade. Como tal, são estira-mentos menos seguros e, provavel-mente, menos eficazes em termosdo aumento de amplitude demovimento. A tensão ocasionadano músculo derivada da grandevelocidade de estiramento e, comotal, da estimulação do reflexo

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miotático, compreende cerca dodobro da tensão ocasionada com oestiramento estático18. Na literatu-ra, pode ser encontrado um estudode 199319, segundo o qual o alon-gamento balístico é menos eficazdo que o alongamento estático namelhoria da elasticidade muscular.Para além disso, o estiramentobalístico tem demonstrado nãopossuir mais vantagens na prepa-ração para o treino de força explo-siva relativamente ao estiramentoestático20,21.

Estiramento passivo mecânico prolongadoCorresponde ao tipo de alonga-mento mantido por períodos prolon-gados de tempo, conseguido pormeio da aplicação de uma forçaexterna de baixa intensidade, usan-do-se o peso do próprio paciente ousistemas mecânicos como tracção,pesos, sistema de polias, splintsdinâmicos ou gessos.

É o tipo de estiramento utilizadoem muitas situações de patologiacontraturante ou em situações depatologia neurológica com presençade hipertonia e consequente encur-tamento e/ou mesmo deformidadesegmentar ortopédica.

O parâmetro tempo de alongamen-to é concebido como um dos maisimportantes a ter em conta nestetipo de estiramentos.

Vários estudos têm sugerido queum período de 20 minutos ou maisé necessário para que o alonga-mento resulte numa melhoria daamplitude articular quando se uti-liza um alongamento mecânico pro-longado de baixa intensidade22,23,24.Bohannon22 avaliou a efectividadede um alongamento de oito minutosdos ísquiotibiais em comparaçãocom 20 minutos ou mais usandoum sistema de polias. O alongamen-to de oito minutos levou somente

a um pequeno aumento na flexi-bilidade dos ísquiotibiais, que foiperdida num espaço de 24 horas.Sugeriu-se que um alongamento de20 minutos ou mais seria neces-sário para aumentar efectivamentea amplitude de movimento numabase mais permanente. Foram igual-mente relatados aumentos signifi-cativos na amplitude de movimentode indivíduos saudáveis que tinhamretracções em membros inferiores,usando-se somente 10 minutos dealongamento mecânico prolongadode baixa intensidade25.

Bohannon e Larkin26 usaram igual-mente um regime de prancha or-tostática com calço, posicionando osdoentes em pé durante 30 minutosdiários, tendo conseguido aumentara amplitude dos flexores dorsais do tornozelo em pacientes comproblemas neurológicos.

O alongamento prolongado de baixaintensidade e um aumento na ampli-tude podem também ser conse-guidos mediante a utilização de umsplint dinâmico, utilizado duranteoito a 10 horas27.

A utilização de gessos tem sidorelatada sobretudo nos casos dedistúrbios neurológicos do primeironeurónio.

A imobilização gessada é frequente-mente utilizada em crianças comparalisia cerebral, principalmentenuma fase do tratamento que pro-cede a administração de toxinabotulínica28 ou outros fármacos.

Booth, Doyle e Montgomery29 estu-daram a utilização de imobilizaçãogessada curta (abaixo do joelho)em adultos com lesão cerebral(AVC), com o intuito de reduzirem a deformação em equino da tíbio--társica (gerada pelo padrão espás-tico de flexão plantar). Os autoresverificaram que todos os utentesapresentaram relevantes melhoriasda amplitude de flexão dorsal da

tíbio-társica e uma diminuição da es-pasticidade dos flexores plantares.

Cusick30 realizou um estudo de casoúnico numa criança com diplegiaespástica, tendo obtido uma melho-ria no comprimento muscular dosísquiotibiais, após 45 dias de uti-lização de gessos longos. Antes dotratamento, a criança apresentavaum flexum de ambos os joelhos de 40º. Após a utilização de imo-bilização gessada, intervalada porajustamentos na amplitude de colo-cação da tala gessada, a criança jáera capaz de realizar a completaextensão do joelho direito (tendo-semantido um flexum residual de 5ºdo joelho esquerdo).

Ada e Canning31 referem melhoriasna amplitude de flexão dorsal datíbio-társica noutros estudos emcrianças com paralisia cerebral.

Cottalorda, Gautheron, Metton,Charmet e Chavier32 chegaram aconclusões similares num estudode caso único numa criança comlesão cerebral. Porém, após cercade 18 meses sem utilização deimobilização gessada, registou-seuma recorrência da deformidadeem equino.

Apesar de Brouwer, Wheeldon eStradiotto-Parker33 terem constado,num estudo realizado em criançascom paralisia cerebral, que, apósuma imobilização gessada de trêssemanas, os flexores plantares nãoapresentavam alteração da forçamuscular, é amplamente reconhe-cido que a imobilização prolongadapode levar à fraqueza muscular,com consequente alteração dafunção e da marcha34,35,36,37, sendo,como tal, contra-indicada a utili-zação de gessos por tempos muitoprolongados.Por fim, devemos referirmo-nosigualmente à utilização de talas eortóteses, as quais permitem amanutenção do segmento numa

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posição de alongamento por perío-dos variavelmente longos, promo-vendo o alinhamento segmentar epostural. Não devemos esquecer aprolífica quantidade de literaturadedicada às ortóteses e materialortopédico complexo destinado àcorrecção postural e de deformi-dades específicas. A análise daliteratura respeitante a esse tipode material não compreende umobjectivo deste artigo. No entanto,apresentamos, de seguida, algunsestudos relativos à utilização deortóteses simples com vista ao tra-tamento de contraturas (tabela 1).Mudanças plásticas em tecidos con-trácteis e não contrácteis podemser a base das melhorias “perma-nentes” ou a longo prazo naflexibilidade22. Quando os músculossão mantidos numa posição alon-gada durante várias semanas sãoacrescentados sarcómeros emsérie3,4. Quando tecidos conectivosnão contrácteis são alongados comuma força de alongamento prolon-gada de baixa intensidade, ocorredeformação plástica e o compri-mento tecidular aumenta4,42,43.

Estiramento mecânico cíclicoStarring et al44 usou o termo es-tiramento cíclico para descreverum tipo de alongamento repetitivoaplicado por meio de um dispositivomecânico. Os autores compararama utilização de um alongamento cí-clico, usando uma força mecânicade alongamento de 10 segundosno final da amplitude seguido deum breve repouso, com um esti-ramento mecânico estático. A inten-sidade da força de alongamentoera limitada pelo nível de tolerânciado doente e pela habilidade para semanter relaxado. Os procedimentosde alongamento foram aplicadosaos músculos ísquiotibiais de parti-cipantes saudáveis durante 15 mi-nutos por dia ao longo de cinco dias

consecutivos. Foram registados au-mentos significativos na extensibi-lidade dos ísquiotibiais mais signifi-cativos no método cíclico de esti-ramento, quando foi tida em contaa análise de variáveis precisas.

Para além disso, os participantesrelataram que o alongamento cícli-co era mais confortável e mais tole-rável que o alongamento mantido.

Este estudo sobre o alongamentocíclico demonstra a importância deimpor um alongamento prolongadosobre os músculos retraídos e otecido conectivo de modo a se con-seguir uma deformação plástica ealongamento eficaz dos tecidos. Oalongamento prolongado é maisindicado de modo a se conseguiremganhos a longo prazo na amplitudede movimento.

O alongamento mecânico prolon-gado, seja cíclico ou mantido, pare-ce ser mais efectivo que o alonga-mento passivo manual porque a

força de alongamento é aplicadadurante muito mais tempo do queseria suportável e viável com oalongamento manual1.

IInniibbiiççããoo aaccttiivvaaA inibição activa refere-se a téc-nicas nas quais o paciente relaxareflexamente o músculo a ser alon-gado antes da manobra de alonga-mento. Isso pode ser conseguidoatravés de técnicas/princípios deFacilitação Neuromuscular Proprio-ceptiva (PNF) ou através do estira-mento activo.

Estiramento activoÉ o tipo de estiramento em que osujeito alonga o músculo ou grupomuscular por meio da contracçãodos músculos “antagonistas” aestes. Este tipo de estiramentopõe em evidência os princípios dainibição recíproca: a contracção dedeterminado músculo ou conjunto

Bonnuti et al.38 Adultos comcontratura docotovelo (flexum)

Ortótese de extensãodo cotovelo

Melhoria na ampli-tude de extensão do cotovelo emtodos os indivíduos

Steffen e Mollinger39 Crianças comdiplegia espástica(encurtamento dosísquiotibiais etricípete sural)

Ortótese acima do joelho

Efeitos positivosapós 5 meses deutilização (3 horaspor dia, 5 dias porsemana)

James et al40 Crianças comparalisia cerebral(encurtamento dos ísquiotibiais e tricípete sural)

Ortótese acima do joelho

Efeitos positivoscom utilizaçãodurante 3 meses,uma hora por dia, 7 dias por semana

Gelinas et al41 22 adultos com AVC (contratura do cotovelo)

Ortótese deextensão e de flexão

11 dos 22 indi-víduos tiveram au-mento da amplitudede movimento (30o-130o)

TTAABBEELLAA1Alguns estudos realizados acerca da utilização de ortóteses

no tratamento de contraturas.

AAuuttoorreess AAmmoossttrraa TTiippoo ddee oorrttóótteessee EEffeeiittoo

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de músculos provoca o relaxamentodo músculo ou músculos que estãoa ser alongados. É um tipo de es-tiramento diferente do estiramen-to passivo, sendo que é impossívelobter-se uma deformação adicionalcom este tipo de estiramento, ecomo tal, não produz os mesmosresultados que o estiramento comapoio manual ou mecânico45. Por outro lado, o estudo de Win-ters et al46, o qual comparou oefeito do estiramento passivo e doestiramento activo sobre a flexibi-lidade dos flexores da anca emindivíduos com limitação da exten-são da anca, determinou que tantoo estiramento activo como o estira-mento activo produziram resul-tados análogos em termos do au-mento da amplitude extensora. Osautores referem que tal pode serdevido à facilidade de ganho deamplitude por parte de tal grupomuscular (flexores da anca), sendoque, provavelmente, os resultadospoderiam ser muito diferentes se ogrupo testado constituísse porexemplo os ísquiotibiais.

Técnicas de FacilitaçãoNeuromuscular ProprioceptivaO PNF clássico ou tradicional supõea realização de um treino mediantea realização de padrões diagonaisde movimento, nos quais intervêmprincípios como a facilitação moto-ra, o contacto manual preciso e aresistência máxima47.

Assim sendo, quando nos referimosao PNF como forma de trabalho de flexibilidade, não estamos narealidade a referenciar o PNF clás-sico, mas sim técnicas específicasdo PNF, que fazem uso da fisiologiados órgãos tendinosos de Golgi.Clinicamente os terapeutas têmassumido que a contracção antesdo alongamento leva a um relaxa-mento reflexo acompanhado poruma diminuição na actividade elec-tromiográfica no músculo retraído1.Pelo facto de, mediante a activaçãodo reflexo tendinoso de Golgi oureflexo miotático inverso, as estru-turas musculares relaxarem após asua contracção, tanto o hold-relaxquanto o contract-relax têm sido

continuamente estudados, muitasvezes comparativamente a outrastécnicas de estiramento, no respei-tante ao ganho de amplitude demovimento.Se o relaxamento muscular temsido referido continuamente comoa razão pela qual existe um maiorprogresso na amplitude de movi-mento com a utilização do PNF,veremos mais tarde, quando falar-mos de outras formas de relaxa-mento muscular (ex. calor) e doparadoxo do Coeficiente de elasti-cidade, que é possível que tudo oque tem sido até agora aceite deforma muitas vezes acrítica estejaerrado.Importa referir o artigo de Chal-mers48, que aponta para questõesde grande relevância relativamenteà base teorética da utilização doPNF como forma de estiramento. O autor estudou minuciosamente ateoria neurofisiológica das técnicasde estiramento de PNF. Os dadosobtidos não suportam a acepçãoclássica de que as técnicas de PNF,nomeadamente da contracção pré-via do músculo a estirar, produzamo relaxamento da musculatura es-tirada. Na realidade, a seguir àcontracção do músculo a estirar, aresposta de inibição do reflexo tóni-co de estiramento dura somenteum segundo. Segundo os dados doautor, a diminuição da resposta domúsculo a estirar (relativamenteao reflexo miotático) a seguir àcontracção muscular não é devidaà activação dos órgãos tendinososde Golgi, como tem sido comum-mente aceite, mas sim devido àexistência de um prévio mecanismode inibição pré-sináptica do sinalsensorial do fuso neuromuscular.Assim sendo, a deformação adi-cional adviria não da acção do re-flexo tendinoso de Golgi e posteriorrelaxamento tecidular, mas sim damera inibição do reflexo de Hoff-

Sady et al.49 Grupo controlo (n=10); Estiramentosbalísticos (n=11); Estiramentos estáticos(n=10) e PNF (n=12). 3 dias/semana, 6 semanas de programa

Melhores resultados comPNF do que com outrosmétodos e mais nosmúsculos ísquiotibiais

Lucas e Koslow50 N=63, universitários; Estiramentosestáticos, dinâmicos e PNF sobremúsculos ísquiotibiais e gémeos. 3xsemana, 21 dias

Todos os métodos pro-duziram resultados noaumento das amplitudes

Wallin et al51 N=47 (sexo masculino); 4 grupos: 3grupos com contract-relax modificado(n=10 para cada, 1x, 2x e 3x/semana) e 1 grupo com estiramentos balísticos;30 dias de programa

Contract-relax melhorque estiramentosbalísticos. Melhoresresultados com maiorfrequência de treino

Cornelius et al52 N=120 (sexo masculino); 4 grupos: 3 grupos com PNF modificado (PCP, 3-PIECP e 3-PIFCP) e 1 grupo comestiramento passivo

Maior amplitude demovimento observadanos grupos de PNF

TTAABBEELLAA2Estudos clássicos sobre os efeitos do PNF na amplitude de movimento.

AAuuttoorreess AAmmoossttrraa//MMééttooddooss EEffeeiittooss

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

mann, permitindo, como tal, umamaior progressão em termos deamplitude articular. Para além dasexplicações de natureza neurofisio-lógica, o autor, referindo que estassão provavelmente insuficientespara explicar os resultados obtidoscom o PNF, aponta para explica-ções de outras naturezas, comopor exemplo, o facto de o estira-mento com PNF ser mais tolerávelpara o doente ou desportista.

Não fazemos, no entanto, grandesconsiderações sobre os possíveismecanismos visco-elásticos envol-vidos no PNF. Isto porque, sendoque as estruturas moles se apre-sentam como mais relaxadas apósa contracção do músculo a estirar,entramos mais uma vez no para-doxo do Coeficiente de elasticidade,o qual, como veremos, aponta parauma ausência de vantagens noaumento da amplitude de movimen-to com o aumento directo da elas-ticidade muscular.

Sendo assim, consideramos que osefeitos do PNF serão de naturezafundamentalmente neurofisiológicae não muscular, mesmo que o pro-cesso seja diferente daquilo queaté agora tem sido considerado.

Não obstante as razões pelas quaiso PNF fornece os seus resultados,apresentamos seguidamente diver-sos estudos encontrados na litera-tura que apresentam essa evidência,para além de compararem as téc-nicas de PNF com outras de esti-ramento muscular (tabelas 2 e 3).

Dos estudos apresentados, podemosconstatar que houve um progressonas metodologias desde as investi-gações mais antigas até às maisrecentes. Em termos gerais, obser-va-se a existência de grandes van-tagens na utilização do PNF emtermos do aumento da amplitudede movimento. Estas vantagenstendem a ser maiores na técnica

TTAABBEELLAA3Estudos recentes sobre os efeitos do PNF

na amplitude de movimento.

Spernoga et al53 N=30 (sexo masculino); 2 grupos: umgrupo controlo e um grupo experimental. O grupo experimental recebeu cincoestiramentos de hold-relax modificado

A sequência de cincoestiramentos de hold-relaxproduziram mais resultadosna flexibilidade dos ísquio-tibiais, que se mantiveramdurante seis minutos depoisde finalizado o protocolo

Ferber et al54 24 adultos; 3 grupos: estiramentos estáticos, contract-relaxe contract-relax do agonista

Método agonist contract--relax com melhoresresultados de amplitude de movimento e maioractividade electromiográfica.Porém, os efeitos não pare-cem ter-se devido ao relaxa-mento do músculo estirado

Rowlands et al55 43 raparigas; 3 grupos: 1 grupo com PNF + 5 contracções isométricas, 1 grupo com PNF + 10 contracçõesisométricas e grupo controlo

Melhores resultados nosgrupos PNF relativamente aocontrolo. Um maior númerode contracções isométricasno PNF produz maioresganhos de flexibilidade

Feland et al56 N=72 (sexo masculino); 4 grupos: 1 grupo controlo, 1 grupo PNF com 1,20% de contracção isométrica, 1 grupo PNF com 2,60% de contracçãoisométrica e 1 grupo PNF com 100% de contracção isométrica

Os grupos PNF apresentaramtodos melhores resultados deamplitude de movimento dosísquiotibiais que o grupocontrolo. Não se verificaramdiferenças entre os diversosgrupos PNF - contract-relax(diferentes níveis de contracção)

Davis et al57 19 jovens adultos; 4 grupos: Grupo 1 (n=5) realizou auto-alongamento, Grupo 2(n=5) realizou estiramentos estáticos,grupo 3 (n=5) utilizou PNF e grupo 4 é ogrupo de controlo. Todos os grupos expe-rimentais receberam estiramentos de 30segundos, 3xsemana, durante 4 semanas

Em todos os grupos expe-rimentais houve aumento daamplitude de movimento dosísquiotibiais para além dalinha de base. Mas somenteo grupo dos estiramentosestáticos apresentouresultados significativosquando comparados com o grupo de controlo

Decicco e Fisher58 30 participantes (ambos os sexos) foramdivididos em 3 grupos (n=10 para cada):grupo PNF contract-relax, grupo PNF hold--relax e grupo de controlo. Programa 2xpor semana, 6 semanas

Melhoria na amplitude demovimento do ombro nosgrupos experimentaisrelativamente ao grupo decontrolo. O grupo contract--relax obteve ganhos de am-plitude ligeiramente supe-riores ao grupo hold-relax(0,30o de diferença)

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contract-relax e quando são rea-lizadas contracções isométricasmais prolongadas.

Em alguns estudos começa já aquestionar-se se a base dos resul-tados está realmente na produçãode um maior relaxamento no mús-culo a estirar, ou seja, naquele queproduziu contracção. Se a base dos resultados estiver somente naobtenção de um maior relaxamentomuscular, é de esperar que a rea-lização de estiramentos em múscu-los previamente aquecidos resultetambém em resultados observáveisna amplitude de movimento. É dissoque iremos falar de seguida.

OO ccaalloorr nnoo ttrreeiinnoo ddaa fflleexxiibbiilliiddaaddee

O aquecimento do tecido mole rea-lizado antes do alongamento per-mitirá aumentar a extensibilidadedos tecidos encurtados. Músculosaquecidos relaxam e alongam-semais facilmente, tornando o alon-gamento mais confortável para opaciente. À medida que a tempera-tura do músculo aumenta, a quan-tidade de força requerida paraalongar os tecidos contrácteis e nãocontrácteis e o tempo durante o quala força de alongamento precisa de ser aplicada diminuem. Com oaumento da temperatura intramus-cular, o tecido conectivo cede maisfacilmente ao alongamento e a sen-sibilidade dos órgãos tendinosos deGolgi aumenta (o que leva a umamaior inibição muscular)59.Para além disso, o aquecimentotambém minimiza a probabilida-de de microtraumas aos tecidosmoles durante o alongamento e,desse modo, pode diminuir a dormuscular tardia que ocorre apósos exercícios60,61,62,63.O aquecimento pode ser conseguidocom calor superficial ou profundoaplicado aos tecidos moles antes

TTAABBEELLAA4Estudos sobre o efeito do calor no treino de flexibilidade.

Williford et al67 51 estudantes; 3 grupos: um grupo quecorreu e depois realizou estiramentos, umgrupo que só realizou estiramentos e umgrupo de controlo. Testes realizados paraas amplitudes do ombro, ísquiotibiais,tronco e anca antes e depois de 9 semanas

Os resultados não suportama ideia de que o aquecimentodos músculos antes dos es-tiramentos resulta em maio-res amplitudes de movimento

Cornelius e Hands 68

N=54 (sexo feminino); 2 grupos realizaramaquecimento (exercícios) e um grupo decontrolo. Após o aquecimento, todos osgrupos efectuaram treino de estiramentosmediante PNF modificado

Não se registaramdiferenças nas amplitudesarticulares comparando osgrupos de aquecimento como grupo de controlo

Burke et al 69 N=45 (18-25 anos de idade); 3 grupos queefectuaram treino de flexibilidade com PNF:um grupo controlo, um grupo após 10minutos de imersão em água fria e umgrupo após imersão em água quente. 5 dias de procedimento

Todos os gruposapresentaram melhorias no comprimento musculardos ísquiotibiais. Não seencontraram diferençasentre os grupos

Knight et al70 N=97 (idade média de 27,6 anos),limitações na flexão dorsal do tornozelo. 5 grupos: grupo 1 - grupo de controlo, não realizou o protocolo de estiramentos;os grupos experimentais realizaram umprotocolo de estiramentos 3x semana,durante 6 semanas: grupo 2 - só estira-mentos; grupo 3 - exercício activo antesdos estiramentos; grupo 4 - calor superficialantes dos estiramentos; grupo 5 - ultra-sonsmodo contínuo durante sete min. antes dos estiramentos.

Todos os grupos experi-mentais apresentaram umamelhoria na amplitude activae passiva de movimento. O grupo que realizou ultra-sons prévios aoprotocolo de estiramentosteve os maiores ganhos de flexibilidade

de Weijer et al71 N=56 (18-42 anos de idade), com limitaçãodos ísquiotibiais. 4 grupos: (1) aquecimento(exercícios) e estiramento estático, (2)apenas estiramento estático, (3) apenasaquecimento (exercícios), (4) grupo controlo

Um aumento na amplitudedos ísquiotibiais foi obtidonos grupos do estiramento.Não se verificaram diferençascom a realização de exercícioprévio aos estiramentos

Draper et al72 N=30 (idade média de 21,5 anos), com ísquiotibiais encurtados. 3 grupos:diatermia + estiramentos, diatermiasimulada + estiramentos, grupo controlo

Melhoria na amplitude dos ísquiotibiais no grupodiatermia + estiramentos

Wenos e Konin73 N=12 (idade média de 25,3 anos); Um grupo com aquecimento activo e umgrupo com aquecimento passivo (calorsuperficial), ambos realizaram posterior-mente estiramentos através de PNF

O grupo que efectuouaquecimento activo teve osmelhores resultados emtermos de flexibilidade

Zakas et al74 N=18, adolescentes; 3 grupos: um gruporealizou aquecimento, um grupo realizouaquecimento + estiramentos passivos e o último grupo realizou somenteestiramentos passivos

Melhorias na flexibilidade nos grupos que realizaramestiramentos. O grupo querealizou aquecimento antesdos estiramentos não apre-senta melhores resultados

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ou durante o alongamento. Exer-cícios de baixa intensidade feitosantes do alongamento aumentarãoa circulação para os tecidos molese aquecerão os tecidos a seremalongados. Embora os resultadosdos estudos possam diferir, umacaminhada curta, exercícios nãofatigantes em bicicleta estacio-nária ou alguns minutos de exer-cícios activos para os membrossuperiores podem ser usados paraaumentar a temperatura intra-muscular antes de se iniciar activi-dades de alongamento64,65,66.

Sendo assim, seja através doaquecimento directo, seja por meiode exercícios de aquecimento, o alongamento deve, segundo osargumentos precedentes, que sãona realidade clássicos argumen-tos coerentes, ser precedido deaquecimento.

Veremos, de seguida, que todo oconteúdo anteriormente explanadoé fundamentalmente teorético eespeculativo. Neste momento doartigo, a opção mais legítima dedesenvolvimento conteudístico seráapresentarmos uma sinopse dosestudos efectuados acerca doefeito do aquecimento no treino deflexibilidade e ganho de amplitudede movimento (tabela 4).

Pela observação da tabela 4, épossível constatar que há doisestudos que apontam para melho-res resultados na flexibilidade porse realizar uma forma de aque-cimento profundo (Knight et al70,Draper et al72) e um estudo queaponta para resultados semelhan-tes no respeitante à realização de aquecimento activo (Wenos eKonin73). De resto, todos os outrosestudos infirmam aquilo que classi-camente tem sido admitido, ou seja,que o aquecimento prévio ao treinode flexibilidade melhora o nível per-manente de deformação muscular.

É, no mínimo, uma questão que temde ser estudada com mais afinco.Por outro lado, devemos questionarse um possível efeito do calor naflexibilidade estará só relacionadocom o relaxamento tecidular, ou senão estará relacionada com fac-tores de natureza neuromuscular.E a mesma questão se aplica norespeitante aos diferentes métodose técnicas de relaxamento global,ou a técnicas mais específicas co-mo a massagem, seja realizada deforma autónoma, seja realizada pre-viamente ao treino de flexibilidade.

Contudo, a questão do relaxamentoproduzido através do calor, da mas-sagem ou do PNF, se é mesmo derelaxamento que se trata, expres-sa-se num aumento da elasticidademuscular, algo que, como veremosde seguida, é controverso no respei-tante ao aumento da flexibilidade a longo prazo.

OO ppaarraaddooxxoo ddoo CCooeeffiicciieennttee ddee eellaassttiicciiddaaddee

Classicamente, tem sido conside-rado que os efeitos do PNF, doaquecimento prévio, da massageme até mesmo dos fármacos mio--relaxantes são comuns no queimplicam de relaxamento dos mús-culos a serem estirados. O relaxa-mento expressa-se num aumentoda elasticidade muscular, e esseaumento implica uma maior defor-mação a curto termo. Tem sidoassumido que esta mesma defor-mação num tempo imediato resultanum maior ganho de flexibilidadeem termos mais permanentes.Porém, tal pode estar longe darealidade.

Tudo se resume à fórmula de fluagemuscular, que passamos a rever:

ÍÍnnddiiccee ddee ddeeffoorrmmaaççããoo == FFoorrççaa aapplliiccaaddaa // CCooeeffiicciieennttee

ddee eellaassttiicciiddaaddee xx TTeemmppoo

Acontece que quanto maior o Coe-ficiente de elasticidade, ou seja,quanto mais elástico o corpo é,menos comprimento ele ganhará.O Índice de deformação ou fluagemuscular depende proporcional-mente da força e tempo de estira-mento. Porém, se a elasticidade formaior, algo que poderá ser conse-guido à custa do relaxamento dasfibras musculares, então a verda-deira deformação tecidular ou oganho permanente de amplitude émenor. Quanto mais rígido um cor-po estiver maior o ganho de ampli-tude este mesmo corpo obterá. Citando Souchard16, aliás um dospoucos visionários desta questão,“as implicações práticas do para-doxo vigente são interessantes,pois isto significa que qualqueraquecimento muscular, melhorandoartificial e provisoriamente a flexi-bilidade, aumenta o Coeficiente deelasticidade. O músculo dará a im-pressão de alongar-se com maisfacilidade, mas, após o alongamento,o comprimento ganho será menor.É, portanto, ‘a frio’ que se deve pro-ceder aos alongamentos” (p. 90).Isto pode explicar a falta de evi-dência relativa à eficácia dos méto-dos de aquecimento e relaxamentoprévios ao treino de estiramentono aumento da flexibilidade dos te-cidos musculares. Por outro lado,no respeitante ao PNF, já vimos queé muito provável que os resultadosobtidos com o método possam nãoser devidos ao relaxamento produ-zido no músculo a estirar (se é quese produz algum tipo de relaxamen-to mediante a realização dessastécnicas) mas sim devidos a meca-nismos neuromusculares precisos(como a inibição do reflexo deHoffmann); eventualmente, algunsdestes mecanismos também pode-rão estar presentes aquando dautilização de outras técnicas, comoa massagem.

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CONCLUSÃO

A investigação em torno da temá-tica da flexibilidade está longe deser suficiente, ao contrário do quepossamos especular. Os mecanis-mos neurofisiológicos e muscularesque regem a teoria implicada notreino de flexibilidade estão, muitasvezes, em contradição, sendo que,por um lado, certos mecanismosneuromusculares poderão explicara efectividade de certas técnicasde estiramento, e por outro, o para-doxo do Coeficiente de elasticidadeleva-nos a questionar certos mo-delos classicamente aceites e aaceitar métodos e formas de tra-balho menos preconizados.Dentro das diversas modalidades deestiramento muscular, os protocolosefectivados estarão dependentes,em última análise, do que for con-siderado pelo terapeuta ou instru-tor o mais sensato para cada caso.Por outro lado, não restam dúvidasrelativamente a certos dados, valo-res e parâmetros, sendo que écerto, por exemplo, que o estira-mento controlado, prolongado esem dor é preferível ao estira-mento balístico e sem controlo.

CORRESPONDÊNCIA

Luís Filipe dos Santos CoelhoAv. Coronel Eduardo Galhardo, n.º 28, 5º dto 1170-105 Lisboa - PortugalContacto: 96 330 44 78E-mail: [email protected]

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investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RESUMOOObbjjeeccttiivvoo:: analisar a existência de varia-bilidades de características antropo-métricas e fisiológicas em jogadoresde Râguebi. MMeettooddoollooggiiaa:: verificou-se aexistência de variabilidades de diferen-tes parâmetros de avaliação, antropo-métricas (peso, estatura, % de gorduracorporal e idade) e fisiológicas (forçamuscular, capacidade aeróbica máxima,velocidade) em função do estatuto depraticante (profissional, semi-profissio-nal, amador) e da posição ocupada emcampo durante o jogo (avançado oudefesa). RReessuullttaaddooss:: apontam para dife-renças claras a nível do perfil antropo-métrico e fisiológico dos jogadores,particularmente quando referidos aonível competitivo. A nível semi-profis-sional verifica-se um efeito significativoda idade na massa corporal, força mus-

height, % of body mass and age) andphysiologic (muscular power, maximumaerobic power, speed) according thepractice status (professionals, semi--professional, amateur) and the positionin game (forwards, backs). RReessuullttss:: theypoint with respect to clear differencesthe anthropometric and physiologicallevel profile of the players, particularlywhen related to the competitive level.The level half-professional verifies asignificant effect of the age in thecorporal mass, muscular force, speed,agility and maximum aerobic capacity,with the physiological characteristicsof the players to verify an increase infunction of the increase of the gamelevel. CCoonncclluussiioonnss:: the results gotten inthe different studies for amateurplayers do not demonstrate linearitywhat if it must in particular the gameswith low intensity, with frequency andregularity irregular, of short durationor based in training programs littlestructuralized or inappropriate. Para-meters related with the agility, speed,muscular force and VO2máx present agradual development in function of theincrease of the age and the level theone that the game is practiced. On theother hand, in terms of the positionassumed for the player in field, thephysiological profile of professionalplayers is similar wants if it deals withadvanced wants well of defenses if thatthe anthropometric variations are inthis field particularly well-known. Inanthropometrics terms, the practitio-ners of Rugby present high muscularmass, being the players in the positionof advanced older and more weighedthan the defenses. Parallel he exists a significant effect of the age and levelof game in the corporal mass. Thestature differences are however lessevidences than you ponder them.

AUTORESFilipe Monteiro Pinheiro de Campos1

1 Professor Auxiliar(ISLA - Bragança) - Portugal

VARIABILIDADE DDE CCARACTERÍSTICASFISIOLÓGICAS EE AANTROPOMÉTRICASEM PPRATICANTES DDE RRÂGUEBI EEMFUNÇÃO DDA CCATEGORIA EE PPOSIÇÃODE JJOGO: RREVISÃO SSISTEMÁTICA DA LLITERATURA4(3): 773-79

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEcaracterísticas fisiológicas;características antropométricas;râguebi.

KKEEYYWWOORRDDSSphysiological characteristics;anthropometric characteristics;rugby

VARIABILIDADE DDE CCARACTERÍSTICAS FFISIOLÓGICAS EE AANTROPOMÉTRICASEM PPRATICANTES DDE RRÂGUEBI EEM FFUNÇÃO DDA CCATEGORIA EE PPOSIÇÃO

DE JJOGO: RREVISÃO SSISTEMÁTICA DDA LLITERATURA

VARIABILITY OOF CCHARACTERISTICS PPHYSIOLOGIC AAND AANTHROPOMETRIC IN PPRACTITIONERS OOF RRUGBY IIN FFUNCTION OOF TTHE CCATEGORY AAND PPOSITION

OF GGAME: SSYSTEMATIC RREVISION OOF LLITERATURE

revisão

cular, velocidade, agilidade e capacidadeaeróbica máxima, com as caracterís-ticas fisiológicas dos jogadores a veri-ficarem um aumento em função doaumento do nível de jogo. CCoonncclluussõõeess:: osresultados obtidos nos diferentes estu-dos para jogadores amadores nãodemonstram linearidade o que se deveem particular a jogos com baixa inten-sidade, com frequência e periodicidadeirregulares, de curta duração ou basea-dos em programas de treino poucoestruturados ou inapropriados. Parâ-metros relacionados com a agilidade,velocidade, força muscular e VO2máxapresentam um desenvolvimento pro-gressivo em função do aumento daidade e do nível a que o jogo é prati-cado. Em contrapartida, em termos daposição assumida pelo jogador emcampo, o perfil fisiológico de jogadoresprofissionais é similar quer se trate deavançados quer de defesas se bem queas variações antropométricas sejamneste campo particularmente notórias.Em termos antropométricos, os prati-cantes de Râguebi apresentam elevadamassa muscular, sendo os jogadoresna posição de avançados mais velhos e mais pesados que os defesas. Parale-lamente existe um efeito significativoda idade e nível de jogo na massacorporal. As diferenças estaturais sãono entanto menos evidentes que asponderais.

ABSTRACTOObbjjeeccttiivveess:: Analyse the existence varia-bility of anthropometric and physiologiccharacteristics in Rugby players accor-ding their game position and compe-titive level. MMeetthhooddoollooggyy:: enhances theexistence of significant variability inmatter of different evaluation parame-ters subordinated to two ranges ofcharacteristics anthropometric (weight,

74|75| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

O moderno jogo de Râguebi surgeem Inglaterra nas décadas de 50--60 do século XIX sendo o LiverpoolRFU, fundado por Richard Sykesem 1857, o mais antigo clube, aoqual se seguiram muitos outrospor toda a Inglaterra, Escócia, Paísde Gales e Irlanda1. Jogo de fortestradições britânicas, cedo se disse-minou pelo então Império Britânicoou por países e regiões de tradiçãoanglo-saxónica – Canadá, Austrá-lia, Nova Zelândia, Índia, Ilhas Fidji e África do Sul. Também nos Es-tados Unidos da América, França,Alemanha e Itália se verificou umcrescente interesse pela práticada modalidade ao longo do séculopassado. Em Portugal, a prática émuitas vezes associada com gru-pos universitários se bem que onumero de praticantes tenha vindoa observar uma tendência naturalde crescimento.

Em 1900 o Râguebi faz a suaaparição nos Jogos Olímpicos deParis para em 1987 se disputar oprimeiro Campeonato do Mundo(Austrália e Nova Zelândia). Actual-mente é disputado também a níveldo Torneio das 6 Nações – o maisantigo Campeonato de Râguebi doMundo, iniciado em 1882 origina-riamente com a Inglaterra, Escócia,País de Gales e Irlanda, a que sejuntaria a França em 1910 e em2000 a Itália – e do Campeonatodas 3 Nações – Austrália, NovaZelândia e África do Sul.

O Râguebi é claramente um des-porto de contacto físico, praticadoa diferentes níveis – amador, semi--profissional e profissional. Umapartida de Râguebi tem uma dura-ção de 80 minutos, divididos emdois tempos de 40 minutos cada,com um período de intervalo de 10 minutos.

Caracteriza-se pela alternância entreperíodos de frequente actividadefísica intensa – corrida, colisões edisputas de bola – separados porbreves momentos de actividade debaixa intensidade – andar, correrlentamente2,3. No decurso do jogo,os intervenientes percorrem dife-rentes distâncias a diferentes in-tensidades, sofrendo permanentesvariações no ritmo de corrida etambém mudanças de direcção esentido. Como resultado, os joga-dores de Râguebi têm necessidadede se desdobrar entre diferentescomponentes e capacidades físicasincluindo a força muscular4, velo-cidade5, agilidade6,7 e capacidadeaeróbica8,9.

Do ponto de vista das capacida-des condicionantes, o Râguebi é umdesporto intervalado, acíclico, noqual a preparação física deve estarbaseada num elevado nível de re-sistência geral (aeróbico-anaeró-bico), velocidade, flexibilidade e força.As concentrações de lactato nosangue oscilam entre 4-8 mmol e afrequência cardíaca situa-se entreas 160 e 190 ppm10, predomi-nando qualidades físicas como aresistência e a força.

DESENVOLVIMENTO

A metodologia seguida baseia-senum processo de revisão sistemá-tica da literatura que correspondea uma abordagem e a um pano-rama geral de estudos primáriosque utilizam métodos explícitos ereprodutíveis. Tal metodologia nãose baseia apenas em buscar apenasartigos relevantes mas tambémque assumam o critério estabele-cido para a rejeição dos mesmos oqual será explícito e independentedos resultados dos diferentes en-saios realizados11.

O estudo a que se procedeu é paraalém de tudo o mais, uma análisede estudos descritivos de tipo cross--sectioned em que as variáveis deinteresse numa amostra de indiví-duos são avaliadas uma vez e asrelações entre elas determinadas12.

Procedeu-se a uma busca temáticana base MedLine utilizando comotermos de pesquisa (em línguainglesa) “Râguebi”, “profissionais”,“amadores”, “semi-profissionais”,“características fisiológicas” e“características antropométricas”.Feita a primeira pesquisa e, demodo a proceder a uma triagem da informação obtida, definiram-secomo critérios de inclusão ensaioscontrolados de grupos específicosque deviam avaliar característicasfisiológicas e antropométricas depraticantes de uma dada modali-dade, neste caso o Râguebi; avalia-ção da velocidade, força muscular,capacidade aeróbica máxima, peso,estatura, massa gorda e massamuscular assim como o tipo deestudos categorizado como descri-tivos e com acesso on-line a textointegral.

Os critérios de exclusão basearam--se na avaliação de outras caracte-rísticas antropométricas e fisioló-gicas que não as apontadas, assimcomo a língua de origem que não ainglesa e os estudos de naturezaexperimental e aqueles com acessorestrito apenas a parte do textointegral (e.g. abstract).

Da totalidade de artigos seleccio-nados, optou-se pela análise e re-visão de 3 deles (em língua inglesa)pelo facto de, para além de cum-prirem os requisitos de inclusão naavaliação, serem originários deensaios desenvolvidos sobre prati-cantes da mesma nacionalidade,no caso, australianos.

A selecção de artigos resultou noseguinte conjunto:

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

- Physiological characteristics ofjunior and senior Rugby leagueplayers (Gabbett, 2002) in Br JSports Med 34: 303-307;

- Anthropometric profiles of Aus-tralian Rugby Institute, club andstate level Rugby Union players(Dacres-Mannings et al, 2001) emwww.ausport.gov.au (7 Jul 2005);

- Physiological and anthropometriccharacteristics of amateur Rugbyleague players (Gabbett, 2000) inBr J Sports Med 36: 334-339.

Perante a análise dos artigos selec-cionados, as características daque-les que foram incluídos na revisãosistemática são as apresentadasna tabela 1, relativamente ao nú-mero de participantes, nível decompetição, posição ocupada emjogo e avaliações e provas reali-zadas. No caso, a origem é única,sendo todos os artigos provenien-tes de estudos efectuados na Aus-trália e a diferença de género ine-xistente pois todos dizem respeitoa indivíduos do sexo masculino.Os estudos revistos, todos eles pro-venientes da mesma área geográ-fica, apresentam algumas variantesem termos de parâmetros contro-lados para avaliar fisiológica e an-tropometricamente os sujeitos.Apenas a massa corporal é comuma todos os artigos. As provas de ve-locidade, força muscular e potênciaaeróbica máxima, quando realiza-das, foram sujeitas ao mesmo pro-tocolo de avaliação (tabela 2). Ocálculo estimado da % de gorduracorporal variou nos dois estudosem que se realizou, seja a partir damedição de quatro pregas cutâ-neas (Gabbett, 2000) ou de novemedições (Dacres-Mannings, 2001).Ambos os estudos de Gabbett(2000 e 2002) foram realizadosno período competitivo da tempo-rada enquanto o trabalho de Da-cres-Mannings resultou na avaliação

em período de treino de pré-tempo-rada sobre grupos semi-profissio-nais para posteriormente serem osresultados comparados com os ob-tidos para jogadores profssionais.

Foram consideradas duas vertentesde avaliação das característicasdos atletas: antropométricas (peso,estatura, % de gordura corporal eidade) e fisiológicas (força muscular,capacidade aeróbica máxima, velo-cidade). Em ambos os estudos deGabbett foram também considera-das variáveis relacionadas com otipo e frequência de treino, assimcomo a experiência de prática e afrequência de jogos disputados.

Na prática, o protocolo seguido emcada um dos estudos foi suma-riamente o seguinte (ver tabela 2).

a) CCaarraacctteerrííssttiiccaass AAnnttrrooppoommééttrriiccaass

A variabilidade antropométrica en-tre jogadores de Râguebi a nível

profissional é tal que entre osinúmeros participantes na Taça doMundo de 1999, os valores rela-tivos ao peso e à estatura dos atle-tas observavam variações entre66 e 130kg para jogadores da Na-míbia e da África do Sul, respectiva-mente e de 154 a 206cm para osoriundos da Namíbia e dos EstadosUnidos da América, respectivamente.

O estudo de Gabbett (2000) apre-senta o facto dos jogadores avan-çados serem mais velhos (p<0,01)e mais pesados (p<0,01) que aque-les que se posicionam como defe-sas, não se verificando diferençassignificativas entre avançados edefesas no respeitante à soma depregas cutâneas ou gordura cor-poral estimada.

Dacres-Mannings refere que todosos indivíduos apresentam elevadamassa muscular sendo os defesasmenos endomorfos e mesomorfos

Gabbett,2000

35Média26,5(5,1)

TTAABBEELLAA1Características dos estudos incluídos na revisão sistemática.

FFoonnttee NN IIddaaddee

Peso - Estatura

- Massa Corporal -

% de Gordura Corporal

- Força Muscular

- Velocidade - Potência

Aeróbica Máxima - Hábitos

de Treino - Hábitos de Jogo

- Actividades Relacionadas

AAvvaalliiaaççõõeess rreeaalliizzaaddaass

Amadores

CCaatteeggoorriiaa

Avançados (N=19)

Defesas (N=16)

Dacres--Manningset al,2001

67 18-34,5

% de Gordura Corporal

- Circunferências -

Larguras Ósseas - Peso

- Massa Corporal

Semi--Profissionais

Avançados (N=34)

Defesas (N=33)

Gabbett,2002

159

13-16 (N=88)

17 -21 (N=71)

Massa Corporal - Força

Muscular - Velocidade

- Agilidade - Potência

Aeróbica Máxima

- Frequência de Treino

- Experiência de Jogo

Profissionais

Semi--Profissionais(Júniores eSéniores)

Avançados (N=80)

Defesas (N=79)

CCaatteeggoorriiaa

76|77| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

que os avançados (p<0,001). Domesmo modo, verificam-se diferen-ças significativas para os gruposposicionais: avançados menos ecto-mórficos que defesas (p<0,001).Relacionando a idade com a ca-tegoria de praticante, os atletassemi-profissionais são mais novos(19,4±1,1), sendo mais velhos osprofissionais (26,4±3,9) como se-ria de esperar. Em termos de so-matotipo, verificam-se maiores di-ferenças em indivíduos que jogamna posição de médios-avançados e com carácter semi-profissionalquando comparados com joga-dores profissionais e amadores,sendo a maior diferença evidente a nível do mesomorfismo (p<0,01)

e ectomorfismo (p<0,001). Todosos jogadores (semi-profissionais eamadores) são altamente muscula-rizados o que é de resto eviden-ciado pela alta taxa de mesomor-fismo obtida para as diferentesposições de jogo. A linha da frente,como esperado, pela necessidadede força e potência apresenta ummaior nível de mesomorfismo emcada grupo e os médios-avançadosa estatura maior, o que se verificacomo necessário. Por seu lado, osjogadores em posição de defesas,apresentando massa muscular maisleve e baixa % de gordura corporal,reflectem a necessidade que apre-sentam de manobra e velocidadedurante o jogo.

Paralelamente, no estudo de Gab-bett (2002) e tal como esperado,verifica-se um efeito significativo(p<0,05) da idade e nível de jogo naexperiência do mesmo e na massacorporal. Os jogadores seniores de1o Grau são significativamente maisvelhos (p<0,05) e têm maior expe-riência de jogo que todos os outros,exceptuando os seniores de 2o Grau.Não se verificam diferenças signifi-cativas entre equipas seniores nosvalores de massa corporal. Noentanto, jogadores de 2o Grau sãosignificativamente mais pesados(p<0,05) que todos os jogadoresjuniores. Não se verifica diferençasignificativa entre avançados edefesas na idade e experiência dejogo, no entanto, os avançados são mais pesados que os defesasem todas as equipas, a diferença éapenas significativa (p<0,05) parajogadores de 2o Grau e para aque-les com idade inferior a 15 anos.

As características dos jogadores,no tocante à massa e altura apre-sentam-se variáveis quer em funçãodo nível de prática quer da posiçãoassumida em campo. Os jogado-res avançados (max. 112kg) sãomais pesados que os defesas (max.91,9kg) assim como a estaturareflecte a mesma discrepância mui-to embora as diferenças estaturaissejam menos evidentes que as pon-derais. Relacionando estas caracte-rísticas com o nível de prática aque o jogo se realiza, verifica-seque os jogadores profissionais sãonão apenas mais pesados mastambém mais altos, se bem quehaja uma grande discrepância entreo peso dos avançados amadoresentre estudos (111,3-90,8kg) esemi-profissionais em posição deavançado (104,0-74,2kg). Para osjogadores em posição de defesashá uma concordância mais linearentre os diferentes estudos.

Gabbett,2000

TTAABBEELLAA2Protocolos de Avaliação. 11Bicipital, tricipital, subescapular e suprailíaca.

FFoonnttee

Dacres--Mannings et al,2001

Força Muscular

Velocidade

VO2máx

Peso

Estatura

% Gordura Corporal

Frequência, duração e tipo de treino

PPaarrââmmeettrrooss ee IItteennss AAvvaalliiaaddooss

Salto Vertical

Sprint 10 e 40 m

Multinível Fitness Test13

Balança Calibrada

Estadiómetro

Somatório de 4 Pregas Cutâneas11

Questionário ao Treinador

Estatura

Peso

Pregas Cutâneas

Perímetro Abdominal

Largura Óssea (umeral e femoral)

Estadiómetro

Balança Calibrada

Somatório de 9 Pregas Cutâneas

Fita Métrica não-extensível

Calibrador Ósseo

Gabbett,2002

Força Muscular

Velocidade

Agilidade

VO2máx

Peso

Experiência (anos de participação)

Frequência e duração dos jogos

Frequência e duração de treino

Salto Vertical

Sprint 10, 20 e 40m

Teste de Illinois13

Multinível Fitness Test14

Balança Calibrada

Questionário

Questionário

Questionário

MMééttooddooss

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

b) CCaarraacctteerrííssttiiccaass FFiissiioollóóggiiccaass

Para Gabbett (2000), não se ve-rificam diferenças significativaspara a força muscular entre avan-çados e defesas sendo no entantoos defesas mais rápidos que osavançados no sprint de 10m em-bora com pouca significância. Já nacorrida de 40m, os defesas sãosignificativamente mais rápidos(p<0,01) que os avançados. Domesmo modo não se verificamdiferenças significativas entre avan-çados e defesas para valoresestimados de VO2máx.

Do mesmo modo, o mesmo autor(2002) reporta que se verifica umefeito significativo (p<0,05) daidade e nível de prática na forçamuscular, velocidade, agilidade eVO2máx estimado com as capaci-dades físicas dos jogadores aumen-tando à medida que o nível de jogoaumenta. Os valores obtidos para osalto vertical e agilidade não seapresentam como significativa-mente diferentes entre avançadose defesas para quaisquer gruposjuniores ou seniores, no entanto, osdefesas são mais rápidos que osavançados no sprint de 10, 20 e40m. As diferenças entre avança-dos e defesas não são significati-vamente diferentes para qualquerum dos grupos testados. Defesaspertencentes ao escalão de idadeinferior a 16 apresentam umVO2máx estimado significativamenteelevado relativamente aos avança-dos (p<0,05).

Os resultados obtidos, pese embo-ra a diferença de parâmetros sobavaliação resultou num conjunto de informações relevantes quepermitem tirar ilações acerca dasvariabilidades existentes quer emtermos fisiológicos quer antropo-métricos (tabela 3).

TTAABBEELLAA3Súmula de Resultados (Valores Médios).

Idade (anos) 26,7-30,5 19,5-28,2 12,5-25,1 21,7-26,7 19,1- 24,9 12,3-23,4

ParâmetrosAvaliados AAvvaannççaaddooss DDeeffeessaass

Gabbett,2000

Dacres-Man-nings, 2001

Gabbett,2002

Gabbett,2000

Dacres-Man-nings, 2001

Gabbett,2002

Estatura (cm) 174,5-182,3 180,9-194,0 - 175,4-180,6 180,3-183 -

Peso (kg) 86,2-95,4 100,7-113,0 57,0-91,9 74,7-84,7 87,1-91,0 44,8-88,6

% GorduraCorporal

18,2-21,6 - - 15,0-20,0 - -

Força Muscu-lar (salto) (cm)

33,7-40,5 - 28,2-48,7 36,1-42,5 - 30,8-50,9

Velocidade(10m) (s)

2,57-2,67 - 2,05-2,60 2,43-2,63 - 1,98-2,46

Velocidade(20m) (s)

- - 3,38-4,24 - - 3,28-4,04

Velocidade(40m) (s)

6,69-6,89 - 5,86-7,50 6,35-6,55 - 5,69-7,11

VO2máx(ml/kg/min)

35,41-40,81 - 32,1-50,0 37,84-42,24 - 36,2-50,1

4pregas cutâ-neas (mm)

45,8-59,0 - - 83,0-99,1 - -

9pregas cutâ-neas (mm)

- 103,9-173,9 - - 83,0-99,1 -

Anos deexperiência

8,5-16,3 - 4,7-19,1 6,5-13,1 - 3,4-16,2

Treino(h/semana)

3,0-3,6 - - 3,1- 4,1 - -

Treino Conjun-to (sessões)

1,8-2,0 - 2 1,7-2,1 - 2

Treino Conjun-to (h/semana)

2,8-3,0 - - 2,5-3,1 - -

Treino Indivi-dual (h/sem)

0,1-0,7 - - 0,4-1,2 - -

Actividade Fí-sica (h/sem)

9,7-27,7 - - 6,3-26,9 - -

Número de Jogos

3,8-5,0 - 7-10 4,0-5,2 - 7-10

Frequênciasemanal

0,84-0,94 - - 0,81-0,91 - -

Endomorfismo - 2,9-5,2 - - 2,7-3,0 -

Mesomorfismo - 5,9-9,8 - - 6,7-7,3 -

Ectomorfismo - 0,3-1,9 - - 1,2-1,3 -

Agilidade (s) - - 17,2-22,0 - - 17,4-21,5

78|79|

Partindo da sistematização dosresultados obtidos pelos diferentesestudos verifica-se claramente queos jogadores na posição de avança-dos são mais altos e mais pesados.Já os valores obtidos para a velo-cidade em provas de 10 e 40mdemonstram que os defesas sãomais rápidos que os jogadores nasposições de avançados. Por seulado, a força muscular é mais ele-vada em defesas que avançados,enquanto o valor estimado para oVO2máx é significativamente poucomais elevado em defesas que emavançados.

CONCLUSÕES

As características fisiológicas dospraticantes profissionais de Râgue-bi encontram-se já claramentedescritas com valores estimadosde VO2máx reportados no intervaloentre 48.6 - 62.6ml/kg/min15,16 evelocidades médias em corrida de10 e 40m de 1.71 e 5.32seg17,respectivamente. Já as caracterís-ticas apontadas a jogadores ama-dores encontram-se ainda poucoestudadas. Estudos mais recentesdemonstram que a força muscular,velocidade e VO2máx são em 20 a42% inferiores relativamente aosvalores obtidos para jogadoresprofissionais. Na realidade, a nívelamador, os defesas apresentammassa corporal mais baixa e maio-res valores na velocidade para 40muma vez que aos avançados ra-ramente são exigidos percursossuperiores a 10m numa só vez de actividade intensa. Os valoresdisponíveis para a força muscular,VO2máx e % de gordura corporalsão similares.

Do mesmo modo, verifica-se umdeclínio progressivo nas capacida-des fisiológicas de jogadores profis-sionais, semi-profissionais e ama-dores com valores estimados paraos parâmetros referenciados emjogadores semi-profissionais supe-riores a amadores mas superioresa profissionais18. Tais resultadosevidenciam claramente a relaçãoentre a capacidade física e o nívelde prática a que os indivíduos estãosujeitos. No entanto, tais resulta-dos podem também ser atribuídos,pelo menos em parte, aos hábitosde treino fracamente desenvolvidosnos praticantes de nível inferior.

Deste modo, os resultados permi-tem patentear de um modo claro aexistência de algumas diferençaspercebidas em termos de caracte-rísticas antropométricas e fisioló-gicas de jogadores de Râguebi emtermos da sua posição de jogo e donível competitivo.

Assim, verificamos que relativa-mente à posição assumida pelojogador em campo, o perfil fisioló-gico de jogadores profissionais ésimilar quer se trate de avançadosquer de defesas, sugerindo que otreino de capacidades para osjogadores profissionais é uniformepara todas as posições assumidasem campo. Na realidade, a maiorparte dos estudos têm apresentadoresultados idênticos para a forçamuscular e para a capacidadeaeróbica. No entanto, os defesastêm sido reportados como maisleves, mais magros e com temposde corrida em sprint de 10, 20 e40 metros mais baixos, quandocomparados com jogadores avan-çados. Tal constatação é consen-tânea com as necessidades de ma-nobra e velocidade destes enquantopara avançados as maiores esta-turas e uma necessidade maior

de força e potência são factores desucesso exigidos. Paralelamenteverifica-se um desenvolvimento pro-gressivo nos parâmetros relacio-nados com a agilidade, velocidade,força muscular e VO2máx em funçãodo aumento da idade e do nível aque o jogo é praticado. Também aexperiência de jogo e a massacorporal aumentam progressiva-mente de juniores para seniores oque reflecte a adaptação normalassociada com os eventos do de-senvolvimento anatomofisiológico.Consentaneamente com os resul-tados para amadores, semi-profis-sionais e profissionais19,20, os valo-res obtidos para a massa corporalsão mais elevados em avançadosque em defesas (a nível semi-profis-sional), sendo de interesse a faltade consistência significativa de di-ferenças entre avançados e defesaspara os testes de velocidade efec-tuados. Os valores obtidos paraVO2máx em semi-profissionais avan-çados podem sugerir que o treinoda capacidade aeróbica é negligen-ciado nestes atletas de modo atreinar outros parâmetros fisioló-gicos tais como a velocidade, a forçamuscular e a agilidade.

Os estudos apresentados revelam--se como escassos para uma so-lidez desejada em termos conclu-sivos. Estudos com base no mesmoconjunto de critérios e parâmetrosde avaliação seriam exigidos demodo a que a sua comparabilidadefosse mais consentânea com osobjectivos deste artigo. De facto,as limitações ao presente estudoprendem-se com estas duas con-tingências; por um lado o reduzidonúmero de trabalhos nesta área,por outro, a utilização de avaliaçõesdiferenciadas sob grupos com al-guma heterogeneidade em particu-lar no tocante à idade dos jogadorese à prática e experiência de jogo.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

CORRESPONDÊNCIA

Filipe Monteiro Pinheiro de Campos

Quinta da Granja

5300-515 Bragança - Portugal

E-mail:[email protected]

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20. Gabbett TJ (2001). Op. cit.

RESUMOO objetivo deste estudo foi verificara influência e seis meses de destrei-namento sobre a flexibilidade deombro, após um treinamento espe-cifico de flexibilidade através datécnica de facilitação neuropropri-ceptiva denominada 3S (ScientificStreching for Sport). Este estudoconsiste em um estudo de caso deum participante idosa com idade de62 anos Primeiramente, o sujeitorealizou um treinamento de flexibi-lidade (3S) por um período de 2meses. Após o treinamento, perma-neceu afastada do mesmo por umperíodo de 6 meses. A flexibilidadefoi medida por um goniômetro, emdois momentos, uma no início dodestreinamento e outra ao final doperíodo de seis meses de destreino.Todos os movimentos do ombro di-reito e esquerdo apresentaram di-minuição do nível de flexibilidade,exceto os movimentos de extensãoe rotação medial do ombro direito.Múltiplos mecanismos podem, possi-velmente, explicar esta redução daflexibilidade com o destreinamento,a exemplo da diminuição da exten-sibilidade dos tecidos conjuntivos.

ABSTRACTThe aim of this study was to verifythe influence of a six-month detrai-ning program on shoulders flexibility,after a period of specific training bymeans of a neuroprioceptive facilita-tion technique named as ScientificStretching for Sport (3S). This re-search consists of a case report ofa 62 year-old subject. First of all, thesubject attended a 2-month periodof flexibility training, by means of 3Stechnique. After that, the subjectstayed away from the training for aperiod of six months. The flexibilitywas measured by goniometer, bothat baseline (beginning of the detrai-ning period) and six months after.The results showed decrease in fle-xibility on all the movements, exceptfor right shoulder extension andmedial rotation. A variety of putativemechanisms may explain the flexibili-ty decrement with detraining, such asa reduction in conjuntive extensibility.

MUDANÇA DDA FFLEXIBILIDADE DDO OOMBRO COM OO DDESTREINAMENTO: UUM EESTUDO DDE CCASO

CHANGES OON SSHOULDERS FFLEXIBILITY WITH DDETRAINING: AA CCASE RREPORT

AUTORESLílian de Cássia Ruberti1

Gustavo Christofoletti1

Raquel Gonçalves1

Sebastião Gobbi1

1 Universidade Estadual PaulistaIB - UNESP - Rio Claro - SP - Brasil

MUDANÇA DDA FFLEXIBILIDADE DDOOMBRO CCOM OO DDESTREINAMENTO:UM EESTUDO DDE CCASO4(3): 881-85

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEdestreinamento; flexibilidade; idoso.

KKEEYYWWOORRDDSSdetraining; flexibility; elderly.

data de submissãoSSeetteemmbbrroo 22000077

data de aceitaçãoDDeezzeemmbbrroo 22000077

estudo de caso

82|83| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

A flexibilidade é considerada um dosmais importantes componentes daaptidão funcional. É influenciadapor diversos fatores, como as estru-turas envolvidas nas articulações,músculos, tendões e ligamentos,além de outros componentes, comoidade, sexo, temperatura corporale estado de treinamento. Segundoo American College of Sports Medi-cine (ACSM, 1998), a flexibilidadepode ser alterada pela dor, o quecorrobora com os resultados en-contrados por Croft et al. (1996),no qual indivíduos que tiveram re-dução na amplitude do movimentodo ombro apresentam chancesdiminuídas de eliminar a dor, sendoque de 34 a 79% das pessoas comquadro álgico, mesmo após seismeses de tratamento, permanecemcom dor. Como conseqüência, o ca-ráter crônico comumente é vistonestas injúrias.

Hurley e Roth (2000), Hall (1993)relatam que a diminuição da flexi-bilidade está mais relacionada aum decréscimo nos níveis de ativi-dade física decorrente do avanço daidade do que pelo envelhecimentofisiológico per si. Sabe-se que adiminuição nos níveis de flexibilida-de afeta a qualidade de vida dosindivíduos, em especial da populaçãoidosa, pelo alto risco de lesões(Knapik, 2001). Conseqüente a isto,há uma dificuldade crescente narealização atividades da vida diária(AVD).

A ausência de um nível adequadode flexibilidade conduz a pessoa à maior possibilidade de lesões eproblemas funcionais, sobretudo emindivíduos sedentários, em idademadura (Dantas, 2002). Okuma(1997) ressalta que grande porcen-tagem de pessoas acima de 60anos tem algum tipo de dificuldadepara realizar atividades cotidianas,

como se vestir, tomar banho, calçarmeias. Sendo assim, Andreotti &Okuma (1999) realizaram um estu-do com cerca de 30 idosos fisica-mente independentes participantesdo programa de Autonomia paraatividade física da USP. Esta pes-quisa mostrou que, com o avançoda idade, há um aumento progres-sivo na necessidade de auxilio eajuda na realização de atividades docotidiano. No entanto, a dificuldadeem realizar atividades da vida diáriapode ser modificada através daatividade física.Badley & Wood (1982) demonstra-ram em seu estudo o limite críticona abdução do ombro necessáriopara a realização de uma variedadede atividades. Nas AVD como tomarbanho e pentear o cabelo, a flexi-bilidade necessária é de 170 graus;130 para lavar as costas; 60 paravestir-se. Abaixo desse limiar, a in-capacidade física torna-se inevitá-vel. Achour (1999) cita que a perdafuncional da amplitude dos movi-mentos diminui margens de segu-rança durante as atividades físicase é freqüentemente responsávelpor reclamações de caráter músculo--articular nas atividades diárias.Diante do anteriormente exposto,acerca da diminuição da flexibilidade,suas causas e conseqüências, ficaclaro que a manutenção de bonsíndices deste componente de capa-cidade funcional é um fator impor-tante para garantir qualidade devida à população idosa. Muitas pes-quisas vêm comprovando que a ati-vidade física melhora e mantém osníveis da aptidão funcional nosidosos. Vale et. al (2000) mostraramque após um treinamento dinâmicode flexibilidade, idosos com idadevariando entre 60-87 anos tiveramuma significativa melhora na ampli-tude do movimento devido a umaumento nos ângulos de movimen-tos das articulações. Segundo estes

autores, essa melhora contribuiu e proporcionou uma facilitação na realização das AVD, retardandoa incapacidade comumente vistadecorrente ao envelhecimento, e,ainda, aumentando a expectativade vida para essa população.

Evitar a diminuição nos níveis deflexibilidade faz parte da compe-tência dos profissionais que atuamna área da saúde. A prática deatividade física deve ser enfatizadaespecialmente na população idosa,para que se desenvolvam e se me-lhorem os níveis da aptidão física.Dentre eles, destaca-se a flexibili-dade, variável que está que, comovisto anteriormente, diretamenteligada à independência na realiza-ção das tarefas diárias.

Diante do exposto, o presente es-tudo teve como objetivo verificar o comportamento da flexibilidadedo ombro frente a um período deseis meses de destreinamento emum indivíduo idoso do sexo feminino.

MATERIAIS E MÉTODOS

Esta pesquisa apresentou um de-sign de estudo de caso. O sujeitoparticipante tem 62 anos, sexofeminino, 1,52m de estatura, 82kgde massa corporal, 38,4 kg/m2

de Índice de Massa Corporal (IMC)e reside na cidade de Rio Claro.Pratica atividade física regular há10 anos em programa supervisio-nado de atividade física elaboradopelo projeto de extensão “PROFIT”da Universidade Estadual Paulista,campus de Rio Claro. No entanto,permaneceu seis meses afastadado programa e do treinamento es-pecífico de flexibilidade pela técnicade facilitação neuroproprioceptivadenominada 3S (Scientific Streching

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da Fundação Técnica e Científica do Desporto ce

for Sport), devido a um quadroálgico no joelho direito associado a um processo inflamatório.

HIISSTTÓÓRRIICCOO: O sujeito sofreu uma que-da e, em conseqüência da dor local,houve uma redução da amplitudedo movimento na articulação gleno--umeral direita, dificultando a reali-zação das atividades da vida diária.O sujeito fez uma avaliação commédico ortopedista, através de exa-mes físicos e radiológicos, onde seconstatou a integridade das es-truturas ósteo-mioarticulares. Foirealizado também um atendimentointerdisciplinar, composto pelo mé-dico, fisioterapeuta e o profissionalde educação física, que foi avaliadocomo o mais adequado para o pro-cesso de reabilitação e treinamento.Foi realizado um diagnóstico fun-cional pelo fisioterapeuta e peloprofissional de educação física. Naavaliação fisioterapêutica, realizadaem clínica, foram observadas limi-tações em todos os planos de mo-vimento da articulação (principal-mente na extensão e abdução). Oeducador físico realizou testes an-gulares com movimentos ativos,utilizando-se do goniômetro.Após o diagnóstico funcional, o pro-fissional de educação física utilizouo método 3S para complementar a reabilitação no sentido de read-quirir os níveis anteriores de flexibi-lidade. As sessões de exercícios fo-ram realizadas 3 vezes por semanacom duração de 40 minutos, du-rante 4 meses. Com o término dassessões de reabilitação, foi inicia-do pelo mesmo um treinamento de flexibilidade através do mesmométodo 3S, afim de proporcionaruma maior amplitude no movimentodos ombros direito e esquerdo,para que a participante pudesserealizar as suas AVD com indepen-dência e segurança e voltasse a pra-ticar atividade física normalmente.As sessões de treinamento conti-nuaram a ser 3 vezes por semana

com duração aproximada de 40minutos, durante 8 semanas. Apóso treinamento, o indivíduo permane-ceu 6 meses em destreinamento,alegando quadro álgico no joelhoassociado a um processo inflamató-rio. Nesse período foram realizadostestes articulares com o goniômetro,conforme o protocolo descrito noManual de goniometria (Marques,1997). As medidas foram feitas nofinal do treinamento da flexibilidade(início do destreinamento) e após 6meses, que foi o período total dedestreino. Os seguintes movimentosdo ombro direito e esquerdo forammedidos: flexão (músculos motoresprincipais: deltóide anterior e coraco-braquial); extensão (grande dorsal,grande redondo e deltóide posterior);abdução (deltóide médio e supra--espinhoso); adução (deltóide poste-rior, rotação medial, infra-espinhosoe pequeno redondo); rotação lateral(subescapular, grande peitoral,grande dorsal e grande redondo)(Rash e Burke, 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de pré e pós-testesestão relacionados nas tabelas 1 e 2.As tabelas mostram que houvediminuição no nível da flexibilidadeem todos os movimentos da arti-culação gleno-umeral, exceto nosmovimentos de extensão e rotaçãomedial do ombro direito (recupe-rado da lesão). Interessantemente,neste ombro, a extensão e rotaçãomedial não regrediram. O fator late-ralidade pode ser importante nestecaso. Segundo a investigação deAndreatta et al. (2004), a laterali-dade dominante também é um fatorimportante para a flexibilidade. Noseu estudo, os sujeitos que eramdestros apresentaram uma melhorana flexibilidade do manguito rotatordireito quando comparado à flexibi-lidade do manguito rotator esquerdo.Isso acontece porque as pessoas,normalmente, possuem mais forçado lado dominante, pela maior soli-

Pré

Pós

Perda (%)

Movimentos

147

140

4,7

Flexão(graus)

65

65

0,0

Extensão(graus)

160

147

8,1

Abdução(graus)

47

41

12,7

Adução(graus)

30

30

0,0

Rot. MMedial(graus)

47

30

36,1

Rot. LLateral(graus)

TTAABBEELLAA1Medidas das amplitudes de movimentos do ombro direito (reabilitado)

da participante utilizando como instrumento de avaliação o goniômetro.

Pré

Pós

Perda (%)

Movimentos

160

140

12,5

Flexão(graus)

65

56

13,8

Extensão(graus)

160

155

3,1

Abdução(graus)

60

46

23,3

Adução(graus)

35

30

14,2

Rot. MMedial(graus)

57

30

47,3

Rot. LLateral(graus)

TTAABBEELLAA2Medidas das amplitudes de movimentos do ombro esquerdo da participante

utilizando como instrumento de avaliação o goniômetro.

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citação dos músculos nos movimen-tos. Assim, possivelmente, quandoa participante afastou-se das ativi-dades por um período de seis meses,pelo fato de ser destra todos osmovimentos envolvidos nas suasAVDs eram executados com o bra-ço direito, deve ser por esse motivoque o movimento de extensão erotação medial não regrediram pósdestreino. No entanto tais diferen-ças entre movimentos estão a re-querer maiores estudos.Dentre os outros fatores que pos-sivelmente podem estar relaciona-dos a esta regressão, encontram--se a permanência do quadro álgicono ombro direito (mesmo após aintervenção) e os diversos fato-res intrínsecos que influenciam aflexibilidade.A participante queixou-se de quadroálgico mesmo após 4 meses dereabilitação. Este fato corroboracom estudos de Croft et al. (1996),na qual explica a permanência dador em até 79% dos sujeitos comlesão da articulação gleno-umeral.Decorrente a isto, pode-se explicaro porquê dos movimentos de ex-tensão e rotação lateral do ombrodireito persistirem em níveis iniciaisde flexibilidade. Com a dor de ombro,o indivíduo permanece em posiçãoantálgica de flexão e rotação medialda articulação, fazendo com que osmúsculos uni e biarticulares relacio-nados à extensão e à rotação late-ral permanecessem em posiçãoalongada.Os fatores intrínsecos relacionadosà diminuição da flexibilidade podemestar associados à rigidez dostendões, à aderência da cápsulaarticular, à diminuição dos sarcô-meros, à rigidez do tecido colage-noso e ao acúmulo de tecido adiposoao redor da articulação. SegundoJohns et. al (1962), há fatores ana-tômicos que influenciam na restriçãodo movimento articular. A cápsula

articular é responsável aproxima-damente por 47% da resistência aomovimento, seguido pelo músculo(41%), tendão (10%) e pele (2%).Com o estilo de vida pouco ativo,envelhecimento, imobilizações oudoenças neuromusculares associa-das diminuem o tamanho e a quan-tidade de tecido colágeno, enfraque-cendo o tecido muscular e aumen-tando proporcionalmente a elastina(Renstron, 1993). Este é um fatorque pode ter tido uma participaçãoimportante na diminuição da flexibi-lidade, já que segundo Achour Júnior(1999), o componente estruturalde todo o tecido conectivo é deter-minado pela fibra colágena. A maiorresistência do colágeno à degrada-ção enzimática em idosos pode serobservada pela diminuição na quan-tidade e atividade da colagenase epelo aumento da resistência dasligações cruzadas. (Achour Júnior,1999).A cápsula articular é um fator quepode ter feito diferença na flexibi-lidade com o drestreinamento, pois,apresenta uma porcentagem signi-ficativa de 47%, como já foi citado.Além, de ser formada predominan-temente por tecido colágeno, apre-sentando todas as característicasfísicas, bioquímicas e as funçõesmecânicas dessa proteína. Quandohouve o destreinamento, ou seja,quando a cápsula articular não foiestimulada com uma sobrecarga,pode ter ocorrido uma rápida dete-rioração nas propriedades bioquí-micas e mecânicas do colágeno. Ouaté mesmo se houve movimentoarticular, mas sem carga, isso po-de ter acarretado em atrofia dacartilagem (Rowinski, 1993).Com a falta de sobrecarga, podeser que a distância e a lubrificaçãoentre as fibras diminuíram. Conse-quentemente, com o impedimentodesses deslizamentos, pode sertambém que as ligações cruzadas

de colágeno e a formação de ade-rência tenham aumentado (Walker,1998). Assim, se torna evidenteque a diminuição dos níveis de fle-xibilidade está relacionado tantocom a diminuição da elasticidademuscular quanto com a mobilidadearticular (Dantas, 1999). Além disso,estudos comprovam que ela estámais relacionada com o decréscimodos níveis de atividade física do quecom o envelhecimento fisiológicoper si (Okuma, 1999; Hall, 1993;Hurley e Roth, 2000; Dantas 1999).Em relação ao acúmulo de tecidoadiposo, acredita-se que sua eleva-da ao redor das articulações podeinfluenciar de forma negativa a fle-xibilidade em algumas delas, vindoaté a reduzir a amplitude do movi-mento (Hall, 1993). Este autor temafirmado que a flexibilidade declinacom o avançar a idade. Essa redu-ção parece estar associada comuma progressiva rigidez do coláge-no, aumentando assim a resistênciaà deformação elástica do tecido. O músculo esquelético é um com-ponente com boa elasticidade e,quando ativado, encurta e desen-volve tensão, retornando ao compri-mento original quando essa ativa-ção cessa. Wang et al. (1996)mostraram que a estrutura mio-fibrilar é a maior causa da elastici-dade. Ainda segundo estes autores,o sarcolema e o tecido conjuntivocontribuem somente quando o mús-culo é demasiadamente estendido.

Apesar da diminuição dos níveis deflexibilidade dos ombros, o períodode seis meses de destreinamentonão foi suficiente para interferir emalgumas AVD da participante. Adiminuição nos níveis de flexibilida-de não ultrapassou o limite criticodescrito por Badley & Wood (1982).Este período não foi suficiente paradiminuir a flexibilidade dos ombrosa um ponto de levar a inatividade,porque a participante deixou de

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fazer apenas o treinamento deflexibilidade e atividade física geral,porém a mesma continuou fazendoas AVD normalmente, como tarefasdomésticas, cuidados pessoais, oque exige força muscular e flexibili-dade. No entanto, devido ao que foiobservado, se torna evidente umarecomendação à participante emretornar à prática de atividade fí-sica, afim de evitar maiores perdase melhorar a amplitude dos movi-mentos para facilitar a realizaçãodas AVD, proporcionando maiorqualidade de vida (Vale, 2000).

CONCLUSÃO

O destreinamento de seis mesesfoi responsável por promover dimi-nuição da flexibilidade dos ombrosdireito e esquerdo, em graus varia-dos, influenciados por diversos fa-tores. Os achados deste estudocontribuem, também para estimularoutros estudos que visem analisaros mecanismos pelos quais o qua-dro álgico, bem como as altera-ções fisiológicas envolvidas com odestreinamento, interferem com a flexibilidade.

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o

investigação

RESUMOO objectivo deste estudo foi diagnos-ticar as diferenças da organização dequatro escolas de natação, ao nível dosseguintes parâmetros: tempo de aula,número de alunos por turma e idadedos alunos versus nível de ensino, aolongo de sete meses. A amostra aque se refere o estudo foi constituídapor trinta e uma (31) crianças, do es-calão etário entre os quatro e os noveanos, sem qualquer tipo de experiên-cia de adaptação ao meio aquático.Para o propósito utilizou-se uma fichadiagnostica da adaptação ao meioaquático. A análise descritiva dos da-dos recolhidos através da ficha deobservação foram calculados atravésda média (X) e desvio padrão (sd). Oestudo das diferenças das médias e oseu significado estatístico entre ostrês grupos que constituíram a amos-tra foi testado através do Teste-t--student, tendo sido utilizado o testePLSD de Fisher com um nível de si-gnificância de 95% (P≤0,05).

Os resultados indicam que os alunosda escola de natação de Valongopossuem uma melhor adaptação ao meio aquático do que os alunosdas escolas de natação de S. J. daMadeira e Lamas. Nos parâmetrosde equilíbrio e propulsão o nível deexecuções no exercício de deslize naposição dorsal foi superior na escolade natação de S. J. da Madeira rela-tivamente à da escola de natação deLamas e que os alunos da escola de natação de Lamas apresentarammaiores dificuldades na imersão com-pleta do corpo, em relação aos alunosdas escolas de S. J. da Madeira e Va-longo. Os alunos da escola de nataçãode Valongo não executaram nenhumsalto, o que provocou diferenças demédias estatisticamente significativasem relação às outras duas escolas,sendo a escola de Lamas a que apre-senta melhores resultados.

ESTUDO CCOMPARATIVO DDA OORGANIZAÇÃO DDAS EESCOLAS DDE NNATAÇÃOTRÊS CCASOS VVEERRSSUUSS TRÊS PPARÂMETROS DDO PPROCESSO EENSINO-APRENDIZAGEM

AUTORESAna Cristina Santos1

Ruben Gonçalves Pereira1

1 Universidade Lusófona do Porto (Portugal)

ESTUDO CCOMPARATIVO DDAORGANIZAÇÃO DDAS EESCOLAS DE NNATAÇÃO -- TTRRÊÊSS CCAASSOOSS VVEERRSSUUSS

TTRRÊÊSS PPAARRÂÂMMEETTRROOSS DDOO PPRROOCCEESSSSOO

EENNSSIINNOO--AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM

4(3): 887-93

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEorganização das escolas denatação; ensino/aprendizagem;imersão; respiração; equilíbrio;propulsão e saltos.

KKEEYYWWOORRDDSSethics; sport; fair play;adolescents; values.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

88|89| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

Aprender a nadar, é uma alegriapara a maioria das crianças depoisde perderem o medo da água. Noentanto o prazer que a água pro-porciona deverá ser orientado numaperspectiva educativa. As aulas denatação são um meio simples prá-tico e necessário de juntar o útil aoagradável uma vez que através dodivertimento pode nascer a apren-dizagem da natação. Para que aetapa da adaptação se faça semtraumas e experiências negativas énecessário haver por parte do pro-fessor uma disponibilidade total.Esta disponibilidade só será possívelse a instituição a que está ligadolhe proporcionar boas condiçõesde trabalho. Infelizmente muitas ins-tituições responsáveis pelo ensinoda natação encontram-se limitadaspor diversos factores que nem sem-pre possibilitam uma organizaçãocoerente da aprendizagem, como éo caso da falta de infra-estruturase da superlotação das mesmas,acrescidas da ausência de meiosauxiliares disponíveis. Apesar dealgumas carências que possamexistir, cada escola de nataçãodeve tentar encontrar uma formade organização exequível com assuas estruturas procurando dimi-nuir ao máximo as lacunas existen-tes, para que cada uma das partesalunos/professores/instituiçãosaiam beneficiadas.

Tendo como base de estudo o qua-dro do desenvolvimento do proces-so de ensino-aprendizagem em na-tação, bem como a problemáticada Organização das Escolas deNatação os objectivos do presentetrabalho foram: (i) Comparar a evo-lução da adaptação ao meio aquá-tico das crianças, de escalão etáriocompreendido entre os quatro e

adaptações necessárias ao contex-to real do estudo. O seu preenchi-mento foi efectuado nos meses deFevereiro e Abril, nos horários corres-pondentes a essas mesmas classes.

Todas as fichas de observação forampreenchidas pelo mesmo indivíduodurante a aula, com o auxílio doprofessor responsável por cadauma das turmas.

Para o estudo da amostra relativaà adaptação ao meio aquático fo-ram utilizados os seguintes parâ-metros: imersão, respiração, equilí-brio, propulsão e saltos, em formade ficha de observação (adaptadada ficha de Campaniço, 1989).

Com a utilização desta ficha procu-rou-se aferir todos os aspectosdirectamente relacionados com aadaptação ao meio aquático e rea-lizar um estudo comparativo entreas três escolas de natação, relati-vamente ao número de execuçõespara cada exercício proposto econfrontar estes resultados com o tipo de organização existente emcada escola, nomeadamente ao nú-mero de alunos por turma versusadaptação ao nível de ensino e he-terogeneidade/homogeneidade deidades por classe, de maneira a de-terminarmos até que ponto estesfactores influenciam na aprendi-zagem da natação.

PPrroocceeddiimmeennttoosseessttaattííssttiiccooss

As análises estatísticas foram efec-tuadas com recurso ao programainformático Microsoft Office Excel2003, versão para tratamento es-tatístico dos dados para o Windows,versão XP Home.

A análise descritiva dos dados re-colhidos através da ficha de obser-vação foram calculados através damédia (X) e desvio padrão (sd).

os nove anos de idade, em trêsescolas de natação diferentes; (ii)

comparar a evolução da adaptaçãoao meio aquático das crianças,tendo em consideração o tempo deaula, em três escolas de nataçãodiferentes; e (iii) comparar a evolu-ção da adaptação ao meio aquáticodas crianças, no que diz respeito àheterogeneidade das turmas e donúmero de alunos por turma, emtrês escolas de natação diferentes.

MATERIAIS E MÉTODOS

CCaarraacctteerriizzaaççããoo ddaa aammoossttrraaA amostra a que se refere o estu-do foi constituída por trinta e uma(31) crianças, do escalão etárioquatro – nove anos, sem qualquertipo de experiência de adaptaçãoao meio aquático.

A recolha da amostra teve lugarnas piscinas: Municipal de Valongoe de Alfena, Clube de Futebol Uniãode Lamas e Escola de Natação deS. João da Madeira, constituindoos três grupos da amostra.

Todas as crianças iniciaram a suaactividade aquática na mesma al-tura, e tiveram ao longo dos setemeses sensivelmente o mesmonúmero de aulas.

No quadro 1 são apresentados osvalores médios e respectivos des-vios padrão relativos à amostraestudada, respeitante à idade etempo de prática.

PPrroocceeddiimmeennttoosseexxppeerriimmeennttaaiiss

A adaptação ao meio aquático foiavaliada por intermédio de umaficha diagnostica, tendo como basea ficha de observação de Campani-ço (1989), à qual se realizaram as

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

O estudo das diferenças das médiase o seu significado estatístico entreos três grupos que constituíram a amostra foi testado através doTeste-t student, tendo sido utili-zado o teste PLSD de Fisher comum nível de significância de 95%(P≤0,05).

AApprreesseennttaaççããoo ddooss rreessuullttaaddooss

Os valores médios e respectivosdesvios-padrão relativamente aosparâmetros da observação feitosnas três escolas de natação, deacordo com a ficha de observaçãoutilizada encontram-se resumidosnos próximos quadros.

Pela análise dos resultados do qua-dro 2, verificou-se que os alunos daescola de natação de Lamas apre-sentaram maiores dificuldades aonível da imersão, uma vez que osvalores médios no segundo exer-cício são de 0,50 (±0,53) e no quar-to exercício são de 0,38 (±0,52),enquanto que em S. J. da Madeirae Valongo, para o segundo exercíciosão de 1 (±0), em ambos, e para oquarto exercício são respectiva-mente 0,62 (±0,51) e 0,73 (±0,47).

Conclui-se, também, em função dosresultados obtidos, que os alunosda escola de natação de Valongoapresentaram menos dificuldadena execução de exercícios respira-tórios, nomeadamente no exercícioexpiração-inspiração boca-nariz, poisos valores médios foram de 1 (±0),logo seguidos pelos de Lamas 0,88(±0,35) e S. J. da Madeira com0,85 (±0,38). Esta diferença deresultados poderá ser justificadapelo facto de terem sido observadosmais alunos na escola de nataçãode S. J. da Madeira do que nasoutras escolas.Os alunos da escola de natação deValongo já resolveram os seus pro-blemas no respeitante ao equilíbrio,

Nº alunosIdade dos alunosNº de aulas semanaisDuração da aula (minutos)Frequência da classe (meses)

X ±± ssd

20 ± 3,79

6,88 ± 1,81

2 ± 0

45 ± 0

7 ± 0

QQUUAADDRROO1Média (X) e desvio-padrão (sd) dos parâmetros

relativos à caracterização geral das classes observadas.

LAMAS

X ±± ssd

11,33 ± 1,53

6,11 ± 1,19

2 ± 0

37,5 ± 10,61

7 ± 0

S. J. MADEIRA

X ±± ssd

13,5 ± 2,12

6,73 ± 1,56

2 ± 0

45 ± 0

7 ± 0

VALONGO

O aluno imerge completamente a face abrindo os olhos

X ±± ssd

1 ± 0

QQUUAADDRROO2Média (X) e desvios-padrões (sd) das ocorrências da cada um dos parâmetros relativos

à imersão, respiração, propulsão e salto recolhidos através da ficha de observação.

LAMASEXERCÍCIOS

X ±± ssd

1 ± 0

S. J. MADEIRA

X ±± ssd

1 ± 0

O aluno imerge completamente o corpo numa posição à escolha

0,50 ± 0,53 1 ± 0 1 ± 0

O aluno imerge durante 15” ou mais,tentando sentar-se no fundo da piscina

0,50 ± 0,53 1 ± 0 1 ± 0

O aluno executa imersão com deslize e empurre da parede

0,38 ± 0,52 0,62 ± 0,51 0,73 ± 0,47

VALONGO

IImmeer r

s sã ão o

O aluno expira pela boca 1 ± 0 1 ± 0 1 ± 0

O aluno expira pelo nariz 1 ± 0 1 ± 0 1 ± 0

O aluno executa a expiração--inspiração boca-nariz

0,88 ± 0,35 0,85 ± 0,38 1 ± 0RReess

p pi ir ra a

ç çã ão o

O aluno executa a posição medusa 0,88 ± 0,35 0,85 ± 0,38 0,91 ± 0,3

O aluno coloca-se na posição ventral apartir da posição vertical “sem apoios”

0,88 ± 0,35 0,85 ± 0,38 1 ± 0

O aluno coloca-se na posição dorsal apartir da posição vertical “sem apoios”

0,88 ± 0,35 0,77 ± 0,44 1 ± 0

O aluno desliza na posição ventral em perfeito equilíbrio

0,75 ± 0,46 0,85 ± 0,38 1 ± 0

O aluno desliza na posição dorsal em perfeito equilíbrio

0,38 ± 0,52 0,77 ± 0,44 1 ± 0

EEqquu

i il lí íb br r

i io o

O aluno executa o salto vertical 0,75 ± 0,46 0,77 ± 0,44 0 ± 0

O aluno mergulha partindo da posiçãode um joelho na borda da piscina

0,88 ± 0,35 0,77 ± 0,44 0 ± 0

O aluno mergulha de cabeça partindoda posição de pé com os membros inferiores flectidos

0,88 ± 0,35 0,46 ± 0,52 0 ± 0

SSaall

t to o

O aluno executa sem placa o deslize combatimento de pernas sem respiração

0,63 ± 0,52 0,85 ± 0,38 1 ± 0

O aluno executa com placa o deslize combatimento de pernas com respiração

0,63 ± 0,52 0,85 ± 0,38 1 ± 0PPrroo

p pu ul ls s

ã ão o

90|91| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

quer na posição ventral, quer naposição dorsal, uma vez que na suamaioria apresentam valores médiosde 1 (±0), enquanto que em S. J. daMadeira os valores médios osci-lam entre 0,77 8 (±0,44) e 0,85(±0,38). A grande disparidade devalores situa-se no último exercício,deslize na posição dorsal, entre osalunos da escola de natação de La-mas 0,38 (±0,52) e os alunos dasoutras escolas.

Pela observação dos valores médiose respectivos desvios-padrão pode--se considerar que mais uma vezsão os alunos da escola de nataçãode Valongo os que apresentam me-nos, ou mesmo nenhumas, dificulda-des ao nível da propulsão, uma vezque todos os alunos foram capazesde executar os exercícios que lhesforam propostos 1 (±0). Por outrolado, os alunos da escola de nata-

ção de Lamas apresentaram algu-mas limitações propulsivas, tendo--se registados os valores de 0,63(±0,52) para ambos os exercícios.

Relativamente ao salto todos osalunos da escola de natação deValongo se mostraram incapazesde efectuar qualquer tipo de saltoou mergulho. Esta limitação é im-posta pela pouca profundidade dapiscina, o que impossibilita, porquestões de segurança, o ensino--aprendizagem dos mesmos.

No respeitante aos alunos da esco-la de natação de S. J. da Madeiraestes apresentaram valores médiosde 0,77 (±0,44), para os dois pri-meiros saltos e 0,46 (±0,52) parao salto de cabeça. De salientar que o ensino-aprendizagem destesalunos se faz numa piscina pro-funda, o que para os alunos maisnovos constitui um factor de medoe o facto de mergulharem de cabe-ça afasta deles o único apoio quepossuem, a parede.

Por outro lado, na escola de nata-ção de Lamas, quase todos os alu-nos dominam o salto variado os seusvalores médios entre 0,75 (±0,46)para o salto vertical e 0,88 (±0,35)para os restantes dois saltos.

EEssttuuddoo ccoommppaarraattiivvooComparando as três escolas denatação constata-se, numa primei-ra análise, que os alunos da escolade natação de Valongo parecemter uma melhor adaptação ao meioaquático, visto apresentar valoressuperiores em relação às escolasde natação de S. J. da Madeira e de Lamas.

Nos quadros seguintes ao analisar-mos simultaneamente os resultadosdas três escolas de natação e comuma observação mais detalhadapoderemos constatar com maiorsegurança o referido anteriormente.

O aluno imerge completamente a face abrindo os olhos

ELL / EESS ELL / EEVV ESS / EEVV

-

QQUUAADDRROO3Apresentação dos resultados comparativos efectuados relativamente aos exercícios de imersão, respiração, equilíbrio, propulsão e salto para p≤0,05.

EXERCÍCIOS

- -

O aluno imerge completamente o corpo numa posição à escolha

0,001 0 -

O aluno imerge durante 15” ou mais,tentando sentar-se no fundo da piscina

- - -

O aluno executa imersão com deslize e empurre da parede

0,15 0,07 0,29

IImmeer r

s sã ão o

O aluno expira pela boca - - -

O aluno expira pelo nariz - - -

O aluno executa a expiração--inspiração boca-nariz

0,43 0,13 0,09RReess

p pi ir ra a

ç çã ão o

O aluno executa a posição medusa 0,43 0,41 0,33

O aluno coloca-se na posição ventral apartir da posição vertical “sem apoios”

0,43 0,13 0,09

O aluno coloca-se na posição dorsal apartir da posição vertical “sem apoios”

0,29 0,13 0,05

O aluno desliza na posição ventral em perfeito equilíbrio

0,3 0,04 0,09

O aluno desliza na posição dorsal em perfeito equilíbrio

0,04 0 0,05

EEqquu

i il lí íb br r

i io o

O aluno executa o salto vertical 0,46 0 0

O aluno mergulha partindo da posiçãode um joelho na borda da piscina

0,29 0 0

O aluno mergulha de cabeça partindoda posição de pé com os membros inferiores flectidos

0,03 0 0

SSaall

t to o

O aluno executa sem placa o deslize combatimento de pernas sem respiração

0,14 0,01 0,09

O aluno executa com placa o deslize combatimento de pernas com respiração

0,14 0,01 0,09PPrroo

p pu ul ls s

ã ão o

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

Para facilitar a execução dos qua-dros iremos designar a escola denatação de Lamas por EL, a escolade natação de S. J. da Madeira porES e a escola de natação de Va-longo por EV.Relativamente à imersão, parececoncluir-se após uma observaçãocuidadosa dos resultados que:- os alunos da escola de natação de Lamas apresentam maioresdificuldades na execução da imer-são completa do corpo, pois a di-ferença de médias foi estatistica-mente significativa (p≤0,05);

- na execução dos restantes exercí-cios não há diferenças estatistica-mente significativas a assinalar.

Quanto aos exercícios respiratóriosexiste uma aproximação dos resul-tados embora os alunos da escolade natação de Lamas apresentemum ligeiro atraso em relação aos alu-nos das outras escolas de natação.No que diz respeito à aquisição doequilíbrio poderá concluir-se, apóso tratamento dos dados, que:- quando comparada com o nível de execuções das escolas de na-tação de S. J. da Madeira e deValongo, a escola de natação deLamas apresenta um número me-nor de execuções, nomeadamen-te nos exercícios de deslize nasposições ventral e dorsal, comresultado estatístico significativos(p≤0,05).

- existe uma diferença de médiasestatisticamente significativa (p≤0,05) entre as escolas de nata-ção de Valongo e de S. J. da Madei-ra nos exercícios de flutuação na posição dorsal e deslize naposição dorsal, estando os alunosda escola de natação de Valongomais evoluídos.

Quando analisada a diferença demédias entre as escolas de nataçãode Lamas e Valongo, constata-seque existe uma diferença estatisti-camente significativa entre as duas

(p≤0,05), uma vez que o númerode exercícios executados pelos alu-nos de Valongo foi muito superiorao dos alunos de Lamas.Relativamente aos saltos, pareceverificar-se que:- a média de execução dos saltospelos alunos da escola de nataçãode Lamas é estatisticamente signi-ficativa (p≤0,05) em relação aosalunos das escolas de natação deS. J. da Madeira e Valongo;

- por outro lado, podemos constatartambém, que existe uma dife-rença significativa na execução dossaltos entre as escolas de nata-ção de S. J. da Madeira e Valongo.

DISCUSSÃO DOS RESUTADOS

RReellaattiivvaammeennttee àà iimmeerrssããooPela análise das três escolas emestudo verifica-se que no parâmetroimersão os resultados obtidos pelosalunos da escola de natação deLamas (0,050±0,53 e 0,38±0,52)foram inferiores aos das escola deS. J. da Madeira e Valongo, inclusiva-mente com diferenças estatísticassignificativas entre elas.Esta capacidade que se adquire naadaptação ao meio aquático, impli-ca uma série de conquistas, taiscomo: a imersão da face com osolhos abertos, a imersão completado corpo, com e sem um tempo acumprir e a capacidade de imersãoassociada ao deslize (Sarmento et al, 1982), conquistas estas quesão facilitadas quando os meios e osmétodos de ensino são adequados.Tendo em consideração o elevadonúmero de alunos de Lamas, bemcomo a sua heterogeneidade (rela-tiva às idades e nível de execução)os resultados são concordantescom a literatura. Segundo Campa-

niço (1989, 1991) o número dealunos por turma deve ser umadas condicionantes mais importan-tes para a eficácia do ensino, pois aexistência de muitos alunos implicaum apoio pedagógico reduzido eum clima de trabalho prejudicado,quer pela dificuldade do professorem impor a ordem e a disciplina quertambém no planeamento das aulas.Apesar de na escola de S. J. da Ma-deira, as turmas terem um númeroideal de alunos e serem homogé-neas, os resultados apresentados(0,62±0,51) foram inferiores relati-vamente aos da escola de Valongo(0,73±0,47). Campaniço (1989) de-fende que tendo em conta o espaçoexistente, devemos agrupar sempreque possível os alunos pelas idadese por níveis de execução.

RReellaattiivvaammeennttee àà rreessppiirraaççããooA etapa da aprendizagem da respi-ração é longa, variando segundo os indivíduos, as idades e a especi-ficidade da respiração de cada um(Raposo, 1978). Segundo Sarmentoet al (1982), a respiração é indis-pensável para o domínio do meioaquático e por esse motivo dever--se-á ter em consideração todas asfases do seu desenvolvimento.

Pela comparação dos resultadosobtidos verifica-se que os alunos da escola de natação de S. J. daMadeira (0,85±0,38) e os alunosde Lamas (0,85±0,35) apresentammaiores dificuldades na execuçãodos exercícios de expiração-inspira-ção boca-nariz, todavia estes resul-tados não são estatisticamentesignificativos.

Em contraponto, pode dizer-se quea redução do tempo de aula, naescola de S. J. da Madeira, teveinfluência nos resultados, na medidaem que as vivências de exercíciosdestinados à respiração ficaramtambém reduzidos.

92|93|

RReellaattiivvaammeennttee aaoo eeqquuiillííbbrriiooA adaptação ao meio aquático im-plica a transformação das sensa-ções do indivíduo e a modificaçãodas suas possibilidades motrizes. Adeslocação no meio aquático faz-seessencialmente em deslize segun-do um equilíbrio horizontal, o queimplica a aquisição de uma posiçãoo mais hidrodinâmica possível (Na-varro, s.d.).

Devido à especificidade e complexi-dade deste parâmetro, encontram--se diferenças estatisticamente si-gnificativas nas três escolas estu-dadas. Os alunos, de S. J. da Madeiramostraram uma maior dificuldadede execução dos exercícios de colo-cação e deslize na posição dorsal(0,77±0,44). Pensa-se que estadiferença de resultados não estádirectamente relacionada comnenhum dos factores anteriormentecitados, mas à maior profundidadedo tanque de aprendizagem.

As desvantagens da aprendizagemnum tanque de grande profundida-de, segundo Carvalho (s.d.), centram--se nos primeiros contactos dacriança com o meio aquático. Afalta de confiança revelada pelosalunos obriga a uma maior perma-nência do professor na água, o quenão se verificou no caso da escolade natação de S. J. da Madeira.Paralelamente, poderemos observarque após vencidas as primeirasdificuldades o ensino-aprendizagemda natação evoluiu de uma formamais rápida e coerente.

Outras diferenças estatisticamentesignificativas são encontradas quan-do comparados os resultados entrea escolas de Lamas (0,75±0,46;0,38±0,52) e S. J. da Madeira(0,85±0,3846; 0,38±52) e a escolade Lamas (0,75±0,46; 0,38±0,52)e Valongo (1±0), respectivamentenos exercícios de deslize na posiçãoventral e deslize na posição dorsal.

Mais uma vez, considera-se estadiferença de médias consequênciadirecta do excessivo número dealunos, conjugado com a heteroge-neidade das turmas, o que obriga oprofessor a constituir dois ou trêsgrupos e a realizar um trabalho dife-renciado para cada um deles o quenaturalmente implica uma menorqualidade no trabalho.

RReellaattiivvaammeennttee àà pprrooppuullssããooA propulsão é o problema mais com-plexo, pois implica a completa adap-tação humana ao meio aquático(Carvalho, s.d.).

Os resultados obtidos no final dopreenchimento da ficha de observa-ção, estão em consonância com oque foi dito anteriormente. Assim,os alunos da escola de natação deLamas (063±0,52; 0,63±0,52) apre-sentam níveis de execução inferio-res aos de S. J. da Madeira (0,85±±0,38; 0,85±0,38) e Valongo (1±0;1±0), pois a sua adaptação ao meioaquático contêm um maior númerode handicaps, consequência de umamá organização das classes.

RReellaattiivvaammeennttee aaooss ssaallttoossNo final da comparação das trêsescolas de natação estudadas, re-gistamos os seguintes resultados:os alunos da escola de natação de Lamas apresentaram um nívelde execuções superiores nos doisexercícios de mergulho de cabeça(0,85±0,35; 0,88±0,35), enquantoque os alunos da escola de nataçãode S. J. da Madeira apenas regis-taram valores superiores no saltovertical (0,77±0,44). A falta dedados relativamente aos saltos, naescola de Valongo, deveu-se ao fac-to de estes, por questões de segu-rança, não terem sido abordados.

Esta diferença de médias centra--se no factor tempo. Enquanto quetodos os alunos de Lamas temquarenta e cinco minutos de aula,os de S. J. da Madeira, nomeada-mente os de escalão etário compre-endido entre os três e cinco anos,tem apenas trinta minutos, o quelimita um pouco o tempo destinadoaos saltos. Outro factor limitador éa profundidade do tanque, visto queos alunos, mais novos, mostram al-gum medo quando se tem que afas-tar da parede.

CONCLUSÃO

Mediante os resultados obtidos naamostra e tendo em consideraçãoo contexto do trabalho conclui-se oseguinte:

Os alunos da escola de natação deValongo possuem uma melhoradaptação ao meio aquático doque os alunos das escolas denatação de S. J. da Madeira eLamas; nos parâmetros de equi-líbrio e propulsão;

O nível de execuções no exercíciode deslize na posição dorsal foisuperior na escola de natação deS. J. da Madeira relativamente àda escola de natação de Lamas;

Os alunos da escola de natação de Lamas apresentaram maioresdificuldades na imersão completado corpo, em relação aos alunosdas escolas de S. J. da Madeira e Valongo;

Os alunos da escola de natação deValongo não executaram nenhumsalto, o que provocou diferençasde médias estatisticamente signi-ficativas em relação às outrasduas escolas, sendo a escola deLamas a que apresenta melhoresresultados.

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

RReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto i

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revisão

RESUMONuma sociedade em que os valoresestão em constantes alterações nocomportamento de cada indivíduo, aidentificação desses mesmos valoresnos jovens atletas é de vital importân-cia para melhor se entender o proces-so pelo qual eles tomam determinadasdecisões, em situações desportivas.As questões associadas à ética no des-porto, e mais especificamente as quedizem respeito ao espírito desportivoe à tolerância, assumem hoje umaimportância acrescida. De facto, nãopodemos negar a importância, nosdiversos âmbitos, da prática e do es-pectáculo desportivo, mas há que reco-nhecer também que eles se revelamcomo campos especiais, nos quais osfins – ganhar – justificam quaisquermeios – violência, a corrupção, a frau-de, o querer ganhar a todo e qualquercusto, o doping, a deslealdade, a au-sência de espírito desportivo, etc.A Ética Desportiva surge como umaestrutura moral que define algunslimites para o comportamento dosdesportistas, de forma a preservarum sistema desportivo civilizado. Épossível competir respeitando o adver-sário, reconhecendo o seu valor e com-petência, vendo-o como um oponenteindispensável, sem o qual não existecompetição.Vários investigadores defendem quea participação, das crianças e jovens,em actividades desportivas contribuipara um desenvolvimento global eharmonioso das mesmas, pelo que sedeverá dar atenção à importância doespírito desportivo como componentedo processo de desenvolvimento dacriança e jovem.Com este trabalho pretendeu-se apre-sentar algumas reflexões sobre aaquisição de valores e princípios nocontexto desportivo.

ABSTRACTIn a society in which the values are inconstant alterations in the behaviourof each individual, identification of thesame values in the young athletes is of vital importance in order thatbetter the process is understood bywhich you link they take determineddecisions, in athletic situations.The questions associated to the ethicsin the sport, and more specificallythan concern the athletic spirit andthe tolerance, assume today an addedimportance. In fact, we cannot denythe importance, in several extents, ofthe practice and of the athletic show,it is necessary to recognize them tome also what they reveal themselveshow special fields, in which the ends –to win – justify any ways – violence,the corruption, the fraud, to wantingto win to all and any cost, the doping,the disloyalty, the absence of athleticspirit, etc.The Sports Ethics appears like a mo-ral structure that defines some limitsfor the behaviour of the sportsmen, ofform to preserve an athletic civilizedsystem. It is possible to compete res-pecting the adversary, recognizing hisvalue and competence, seeing it likean essential opponent, without whomthere is not competition.Several investigators defend that theparticipation, of the children and ado-lescents in physical activities contri-butes to a global and harmoniousdevelopment of the same, because itwill have to give attention to the im-portance of the athletic spirit likecomponent of the process of develop-ment of the child and adolescents.With this work some reflections wereintended to present on the acquisi-tion of values and beginnings in theathletic context.

ALGUMAS RREFLEXÕES SOBRE AA ÉÉTICA DDESPORTIVA

SOME CCONSIDERATIONS ABOUT SSPORT EETHICS

AUTORESCarla Marisa Moreira1

Gui Duarte Pestana2

1 Escola EB 2,3 D. Afonso Henriques2 Escola EB 2,3 Maria Lamas

ALGUMAS RREFLEXÕES SOBRE AA ÉÉTICA DDESPORTIVA4(3): 995-101

PPAALLAAVVRRAASS--CCHHAAVVEEética; desporto; fair-play; jovens; valores.

KKEEYYWWOORRDDSSethics; sport; fair play;adolescents; values.

data de submissãoAAbbrriill 22000077

data de aceitaçãoJJuunnhhoo 22000077

96|97| investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

INTRODUÇÃO

“Quando ganhar é tudo, fazemos tudo para ganhar”

(Nicholas, 1989)

O desporto é, de facto, um fenóme-no cultural alvo de várias modifica-ções. Este conceito sofre as alte-rações quase de modo instantâneo,na medida em que a sociedadeevolui no redimensionamento dosseus princípios e dos seus valores1.Actualmente o desporto corre osério risco de acumular um conjuntode perdas morais que o descredibi-lizam socialmente como factor edu-cativo. O sistema desportivo nãopode continuar a abrir mão de umconjunto de princípios e valoresque assegurem sentido cultural eformativo à prática desportiva.A aquisição de valores e princípiosnão se faz por imposição, por “de-creto”, pela simples leitura de docu-mentos, é algo que se constrói,implicando, por isso, o seu “ensino”e a sua “prática”2. Esses princípiose valores têm de estar presentesem todas as dimensões e expres-sões da prática desportiva e sãoindependentes do rendimento ousucesso desportivos3.O desporto faz parte da nossa so-ciedade, ambos são regidos pelosmesmos sistemas de normas evalores4. Deste modo, e analisandoa evolução do desporto moderno edos valores sociais actuais, onde aambição e os interesses pessoaissubjacentes à competitividade dosestilos de vida adoptados se sobre-põem aos interesses sociais5, élegitimo questionar a aplicação daética da mesma forma como foientendida no passado.Nesta perspectiva, o desporto, pe-las suas regras, objectivos e exigên-cias implica, na sua prática, o res-peito por valores éticos e morais,tais como: solidariedade, honesti-

DESENVOLVIMENTO

11.. Ética DDesportiva ee FFaaiirr PPllaayyAristóteles conferiu a primeira ver-são sistemática da ética, definindo--a como sendo o compromisso efec-tivo do homem que o deve levar aoseu perfeccionismo pessoal, é o com-promisso que se adquire consigopróprio de ser sempre mais pessoa.

No sentido etimológico a palavraética “compreende, antes de tudo,as disposições do homem na vida, o seu carácter, os seus costumes,e, naturalmente, também a suamoral”10. Outro conceito pode seratribuído à palavra ética, o qual nodomínio da filosofia que tem porobjectivo o juízo de apreciação quedistingue o bem e o mal, o comporta-mento correcto e o incorrecto.

A ética é um ideal que tem sobres-saído neste nosso mundo em cons-tante mutação, considerando ohomem como o novo valor absolutodos tempos modernos e a moralcomo parte integrante do próprioser humano11.

O desporto é invadido pelos interes-ses da sociedade, cada vez maissob a influência dos valores comer-ciais que muitas vezes o sustentam,vai ter, como tal, cada vez mais derespeitar as regras que norteiamaqueles interesses, mesmo que issoobrigue a algumas transformaçõesda sua prática, em certos casosenraizada através de um passado delargos anos. Ora, esses interessesestarão, por certo, muito pouco preo-cupados com a ética desportiva.

Não é viável pensar somente emuma ética do desporto, pois umaética desportiva, desvinculada deuma ética da sociedade, é impos-sível, uma vez que o desporto nãose manifesta num vácuo social, masacontece, sim, num contexto sócio--cultural, vinculado a uma ética dasociedade moderna12.

dade, disciplina, paciência, compre-ensão, respeito pelo outro e pelaregra, superação, trabalho, etc.6

É da responsabilidade pessoal einsubstituível que cada um – pais,professores, treinadores, dirigentes– tem em relação às crianças ejovens para as quais constitui ummodelo de referência. Num ciclo devida nacional em que os modelosde referência são constituídos edestruídos a uma velocidade verti-ginosa, importa proporcionar aosjovens a oportunidade de conhe-cerem e conviverem com modelospositivos7.O acesso dos jovens à prática des-portiva hoje em dia faz-se de formageneralizada, o problema consisteem fazer corresponder essa práticaa princípios educativos e morais.Deste modo surge a seguinte ques-tão, sobre a qual vale a pena reflec-tir um pouco. Será que o modelo deDesporto de rendimento e as eleva-das exigências, estará a proporcio-nar aos jovens, inferências e mode-los correctos de prática desportiva?Assim, se é importante a divulgaçãoe a defesa dos valores, princípios e mensagens éticas do Desporto,como contributo relevante para amoralização do acto desportivo,importa de igual modo denunciartodos aqueles que contribuem pa-ra a criação de situações lesivas e atentatórias daqueles princípios8.A validade positiva da função socialque o desporto desempenha tantono plano formativo como no educa-tivo, obriga os vários responsáveis,ao adequado tratamento dos efei-tos perversos consequentes dasobrevalorização dos aspectos ne-gativos do seu universo, geradoresde atitudes e comportamentos opos-tos às finalidades de um Desportosão e salutar. É por isto que a ques-tão da ética e do fair-play no des-porto não pode deixar de ser umimperativo.9

rRReevviissttaa ddee DDeessppoorrttoo ee SSaaúúddee

da Fundação Técnica e Científica do Desporto

O fair play significa muito mais doque o simples respeitar das regras;mas cobre as noções de amizade,de respeito pelo outro, e de espíritodesportivo, um modo de pensar, e nãosimplesmente um comportamento.O termo Espírito Desportivo é defi-nido na literatura especializada co-mo um código de atitudes; respeitopelas normas prescritas derivadasde um código de Ética; um merocomportamento moral assumidono meio desportivo16.Tal como refere o Comité Interna-cional para o Fair Play17 o espíritodesportivo não é uma noção quediz apenas respeito ao desporto,mas o próprio princípio de toda acoexistência e de toda a cooperaçãoentre os Homens. Todo o Homemdeveria ter a possibilidade de fazerdesporto no quadro do espíritodesportivo. Todas as pessoas, sejaqual for a sua raça, origem, sexo,idade e capacidades – do profissio-nal ao diminuído físico – deveriampoder praticar desporto segundoas suas necessidades, cultura ecapacidades físicas.Para se familiarizarem com os com-portamentos conformes ao espíri-to desportivo, os Homens devempoder fazer as suas provas em si-tuações que lhes permitam coope-rar entre si.A prática do desporto, num quadroque respeite os princípios da éticadesportiva, é, pois, uma meta em sipossível, embora bastante difícil,constituindo igualmente uma formade procurar, com a sua força e commaior abertura revelada pelo pra-ticante desportivo, criar o respeitopor valores semelhantes, num cená-rio de aplicação muito mais amplo.A realidade mostra que o desporto,sob acção de diversos factores,afasta-se, muitas vezes, da con-firmação das suas potencialidadese do desempenho do seu papel for-mativo e educativo. Tem-se verifica-do um acréscimo significativo de

A excessiva importância dada àvitória na prática desportiva, princi-palmente, a partir da profissiona-lização do desporto e os interesseseconómicos dos patrocinadores de atletas e eventos desportivosprovocou profundas mudanças nasactividades desportivas, as quaispassaram ferir os objectivos esta-belecidos quando da criação do des-porto moderno13. O doping, a violên-cia, as injurias aos árbitros, o fazerbatota, as agressões entre os pra-ticantes devem-se ao reforço doconceito de que a vitoria é a únicacoisa que interessa.

Mas, será que é possível praticardesporto e entrar em competições,revelando indiferença face ao re-sultado final, como se ele não ti-vesse qualquer valor? Não, não fazsentido participar numa compe-tição desportiva se essa presençanão estiver desligada da tentativade vencer.

O respeito pelo regulamento dasmodalidades é o primeiro factorque condiciona as tentativas dosparticipantes no sentido de seremeles os vencedores, definindo o sig-nificado de “ganhar”. Outra limita-ção aos esforços dos praticantes,no sentido de vencerem as compe-tições em que participam, tem sidoa noção de desportivismo ou deética desportiva. Ideias como as dorespeito pelo adversário, a recusade situações injustas de vantagem,a modéstia no momento da vitóriae o facto de se saber perder têmservido, de diferentes maneiras,para se definir aquilo que é melhore mais civilizado, os limites razoáveisdos esforços para vencer, procuran-do manter as emoções, associadasàs vitorias e às derrotas, sempresob controlo, mesmo quando elassão muito intensas.

Em relação a uma ética no despor-to é necessário o empenho de todas

as pessoas envolvidas com estefenómeno, através de acções como:a defesa de uma prática desportivapautada por valores morais, éticose deontológicos; que sejam adopta-dos dentro do ponto de vista deuma ética da responsabilidade, si-tuando-nos no interior do desportopara criticá-lo; e, finalmente, criticaro universo do desporto modernoem nome de promessas que ele faze não cumpre12.

Mas afinal, como podemos definir o conceito de ética desportiva? Épreciso ter em consideração que a“sua tarefa é, pois, a de reflectirsobre o desporto como um lugar demoralidade no contexto da vidasócio-cultural”4.

Mais especificamente, por éticadesportiva, entende-se o conjuntode valores morais existentes naprática desportiva, condenando aviolência, a corrupção, a dopagem e qualquer forma de discriminaçãosocial14.

É através da ética que se podemtraçar, pelo menos de uma manei-ra teórica, os limites do custo dosucesso, definindo um conjunto decritérios que possibilitem saberqual o significado de uma vitória aqualquer preço15.

Como já foi referido existem váriasinterpretações acerca do conceitode ética. A ética associada ao des-porto adquire um novo termo Espí-rito Desportivo - Fair Play.

Os fairs eram os mercados daIdade Média onde se cultivava a ho-nestidade, lealdade, cavalheirismo,justiça e seriedade4. Este conceito,que está associado ao espírito des-portivo, foi agregado no desportono final do século XIX, através dePierre de Coubertin “O esforço é aalegria suprema; o sucesso não éum objectivo, mas apenas um meiode visar mais alto”15.

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situações conflituosas e a compe-tição é disputada à margem dasregras e dos regulamentos, decor-rendo num envolvimento inadequa-do, sobretudo para crianças e jovens.Assim, é importante adoptar, daética desportiva, uma visão tãorealista quanto possível, estabele-cendo as suas características apartir dos factos concretos e dadinâmica própria da actividadedesportiva e dos diferentes prota-gonistas, em vez de ter a pretensãode submeter a realidade a uma ideia,conceito ou definição formulados à margem daquela.

A promoção e o desenvolvimento daética desportiva deve-se integrarnuma perspectiva de desenvolvi-mento cultural, educativo e cívico.

O desporto deve proporcionar oprazer e o sucesso, mas não aqualquer preço. Os atletas devemaprender, nas suas actividades des-portivas, a não ultrapassar certoslimites, a não enganar o concor-rente, fazer batota ou mesmo pro-vocar danos corporais. Contudo,isto só pode ser fruto de umaeducação sistemática a favor doespírito desportivo. Os monitores,treinadores e animadores deveriamser preparados para esta tarefa,de modo a não ficarem prisioneirosda rotina. Além disso, as federaçõesdesportivas deveriam publicar direc-tivas relativas aos desportos detempos livres e sugerir actividadesdesportivas adequadas.

Para reforçar o valor do acto des-portivo e dos seus resultados, énecessário que a luta pela afirma-ção de superioridade, pela vitória,decorra dentro dos limites estabe-lecidos pelas regras, elas própriasem constante evolução no sentidode garantirem, aos opositores,igualdade de circunstâncias e decontrariar situações de fraude e de violência.

Uma consequência importante deum código de comportamento comoo da ética desportiva é a possibili-dade de, em certa medida, se poderdistinguir o valor da vitória em simesma. Ganhar tanto pode ser umahonra como uma vergonha, em ter-mos de código de comportamentoque determinou esse facto.É necessário compreender o EspíritoDesportivo - Fair Play, não como umprocesso mágico ou ingénuo, massim como um fenómeno directamen-te dependente do contexto social,das acções responsáveis dos diri-gentes da sociedade e do desporto,como também um componenteestreitamente relacionado com ocontexto educacional, no qual aeducação moral, educação despor-tiva e Espírito Desportivo – FairPlay podem ser incorporados porcrianças e jovens, como comporta-mentos importantes no exercícioda cidadania plena numa sociedadedemocrática18.Em suma, Ética Desportiva surgecomo uma estrutura moral quedefine alguns limites para o com-portamento dos desportistas, deforma a preservar um sistema des-portivo civilizado. É possível competirrespeitando o adversário, reconhe-cendo o seu valor e competência,vendo-o como um oponente indis-pensável, sem o qual não existecompetição. As regras da Ética Des-portiva exigem que, além de res-peitar o adversário, se saiba reco-nhecer o mérito do vencedor, guar-dando para si os sentimentos detristeza e desapontamento.

22.. Ética nno DDesporto ppara CCriançase JJovens

“No desporto dos jovens, os verdadeiros vencedores não são necessariamente os atletas medalhados”

(Kemp, 1991)

Num mundo de carácter desportivo,e social, onde se assiste cada vezmais à luta pela vitória pessoal,custe o que custar e doa a quemdoer, colocando muitas vezes emrisco a saúde física e psíquica decrianças e jovens, tudo isto para sealcançar o êxito pessoal, colocandoem segundo plano os interessespessoais dos jovens como o seudesenvolvimento enquanto ser hu-mano que pratica desporto.Vamos deixar as crianças seremcrianças, não podemos estar cons-tantemente a bombardeá-las comnormas e valores que nada têm aver com o seu mundo, numa tenta-tiva de corrompê-las pelo quotidia-no frustrado dos adultos15.Apesar de muitos alertas para ofacto de a criança não ser umadulto em miniatura19,20,21 pareceexistir uma tendência a esquecê-lo,ou será que é por conveniência queo fazemos?Numa sociedade que valoriza aci-ma de tudo o resultado e não seimporta com os meios para alcan-çar os fins, esta situação é tarefafácil. Como questiona Personne22

“Será que uma medalha vale a saú-de de uma criança?” –, a respostaa esta questão é a Ética.Esta visão aqui traçada é real, enão toma como referência só odesporto de alto rendimento, massim todo em geral. Apesar de todoo conhecimento que chega até nós,parece que ainda temos uma certadificuldade em ultrapassar estaquestão. Não se poderá dizer que a culpa desta situação é só dotreinador, mas sim de todos osintervenientes neste processo.Martens23 afirma que não é o con-fronto, a competição ou o tipo deDesporto praticado que determinaautomaticamente o valor das acti-vidades desportivas para as crian-ças e jovens; é antes do mais anatureza das experiências vividas

investigação técnico original opinião revisão estudo de caso ensaio

nessas actividades. São principal-mente as interacções com os pais,os treinadores, os professores, osdirigentes, os árbitros, os compa-nheiros de equipa e a assistência,que vão determinar se a práticadesportiva ajuda ou não as criançase os jovens a adquirirem uma sãconvivência social e desportiva.Não podemos deixar de dizer que aquestão ética tem uma importân-cia redobrada no contexto do des-porto para crianças e jovens. Estanão passa apenas pelo reconheci-mento e desenvolvimento de atitudesque respeitem a própria naturezada criança no contexto do referidoconflito desportivo (o respeito por siprópria e pelo adversário, a valori-zação do seu empenho e esforço, o modo de lidar com o sucesso einsucesso, etc.). O mais importanteé a intervenção do adulto nessecontexto, onde a maioria das vezesusa e abusa sem ter atenção asconsequências desses actos. Todoo processo de treino/competiçãodeve ser repensado, através deuma nova abordagem ética, onde oresultado não seja objectivo exclu-sivo, traçando limites para que avitoria não seja alcançada à custada violentação do ser: a criança21.O princípio fundamental da práticadesportiva de crianças e jovens,deve sempre tomar em considera-ção e orientar-se pelo interesse dojovem que a pratica, tendo todosos agentes de socialização e emespecial, os professores de Educa-ção Física e treinadores, a respon-sabilidade e obrigatoriedade depro-mover e zelar pelo respeito dosvalores desportivos, durante a suaintervenção24.Como diz Proença20 “partamos paraa redescoberta da alegria e do pra-zer, subordinando as metodologiasa princípios éticos e contribuindopara uma vida mais feliz. Porquepara outra coisa não entendemos o treino de Jovens”.

CONCLUSÕES

“O espírito desportivo valoriza a inteligência, o corpo e o espírito

do homem, que se distinguempelos seguintes valores: ética, fair

play e honestidade, saúde,excelência no rendimento,

carácter e educação, diversão e alegria, trabalho de equipa,

dedicação e respeito pelas regrase leis, respeito por si

e pelos outros participantes,coragem, comunidade

e solidariedade”(Comentário numa reunião do

programa mundial Anti Doping)

É irrefutável o facto de que o Des-porto transmite uma série de valo-res, quer sejam próprios da socieda-de em que está inserido ou poroutro lado, pré-estabelecidos pelassociedades antecedentes25.

Nas últimas décadas, tem-se torna-do numa componente importanteda sociedade moderna, dado que osjovens dispõem de mais tempo livree o Desporto desempenha um papelrelevante nos domínios da educação,saúde, lazer, etc.16

Assiste-se cada vez mais que o com-portamento dos jovens, no e peran-te o Desporto, tem vindo a sofreralterações. Alguns comportamen-tos que têm vindo a ser mais fre-quentes são: fazer batota, praticaragressões, adoptar comportamen-tos violentos e faltar ao respeito a adversários e árbitros. Emboraas ocorrências mais frequentes evisíveis sejam observáveis no Des-porto profissional, já se começa aencontrar cada vez mais esses“maus” comportamentos no Des-porto jovem, o que tem provocadoum aumento de estudos por partede investigadores nesta área26.Os problemas e interrogações re-lativas ao respeito pelo fair play eespírito desportivo e pela ética

constituem uma importante áreade preocupação para todos aquelesque procuram intervir com sentidocrítico na evolução das práticasdesportivas e dos respectivos pro-cessos de ensino-aprendizagem27.O Espírito Desportivo é um dostemas fulcrais do futuro do Des-porto, uma vez que exige uma ati-tude moral fundamental. SegundoDaume28 substituiu a componenteética do antigo conceito de “amado-rismo”. Se a violência é o sinal donosso tempo, o Espírito Desportivorepresenta a necessidade e talvezmesmo a solução da sua superação.Num tempo caracterizado pelo ime-diatismo, pelo individualismo e com-petição exacerbada, pela vitória ebens materiais como indicadoresde sucesso, compete ao ensinouniversitário, particularmente naárea de formação de professores e treinadores, dar um contributosério para uma formação superiorde verdadeira qualidade, uma forma-ção integral científica, técnica e pe-dagógica, mas também cultural ehumanista em que, além da apropria-ção do saber, aprendamos a ser29.A escola e a sociedade em que que-remos viver não podem prescindirda impulsionadora e exigente parti-cipação de alunos, funcionários eprofessores que sejam criadores e transmissores de conhecimen-tos, mas também incentivadoresde cultura e promotores de valores.Assim, a escola desempenha umpapel crucial na formação global do indivíduo e na inserção deste, de forma crítica e consciente, nasociedade.Não faltam motivos para que to-dos, no âmbito da nossa actividadeprofissional e fundamentalmenteatravés do exemplo, contribuamospara a existência de uma ética deresponsabilidade, liberdade e solida-riedade que nos dignifique e honrea condição humana29.

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da Fundação Técnica e Científica do Desporto

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Por isto tudo defendemos que osvalores da ética desportiva, comocomponente particular da ética porque se deve pautar o relaciona-mento humano, deverão fazer partedas preocupações dos adultos quedirigem e orientam a prática des-portiva juvenil, condicionando, poresta via, a qualidade da experiênciavivida pelos jovens praticantes e,com ela, a dimensão dos efeitos e aprofundidade das marcas deixadasem cada um deles30.

CORRESPONDÊNCIA

Carla Marisa Maia Moreira

Gui Duarte Meira Pestana

Morada: Rua Sobregião, 2194780-551 Santo Tirso

E-mail: [email protected]

Telm. 93 666 27 74

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as

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A Motricidade publica trabalhos relativos a todas as áreasdas Ciências do Desporto e Ciências da Saúde relaciona-dos com a actividade física, desporto, bem-estar físico epsíquico, welness e fitness. São aceites os seguintes for-matos para publicação: Artigo de Investigação, Artigo deRevisão, Estudo de Caso, Artigo Técnico e Artigo de Opi-nião. Para publicação de estudos de caso, a metodologiaseguida deverá ser rigorosa e expressa no manuscrito.

0022 PPrreeppaarraaççããoo ee eennvviioo ddooss mmaannuussccrriittooss

Os artigos submetidos à Motricidade deverão conterdados originais, teóricos ou experimentais, e a parte subs-tancial do trabalho não deverá ter sido publicada anterior-mente. Se parte do trabalho foi já publicado ou apresen-tada publicamente deverá ser feita referência a esse factona secção de Agradecimento. Os artigos serão, numaprimeira fase, avaliados pelo Editor-chefe e terão comocritérios iniciais de aceitação o cumprimento das normasde publicação, a relação do tópico tratado com as Ciênciasdo Desporto e Ciências da Saúde e o seu mérito científico.Depois desta análise, o artigo, se for considerado perti-nente, será avaliado por dois revisores independentes esob a forma de análise "duplamente cega". A aceitação do mesmo por parte de um revisor e a rejeição por partede outro obrigará a uma terceira consulta. Concluído oprocesso de revisão, o autor principal será informado doresultado do processo. Três resultados são possíveis:aceitação, aceitação com alterações e rejeição.

Os artigos deverão ser tão objectivos quanto possível e evi-tar o uso da especulação. Os artigos serão rejeitados

quando escritos em português de fraca qualidade linguís-tica. O formato digital será obrigatoriamente em MicrosoftWord do Windows XP. Os manuscritos deverão serescritos em página A4 com 3 cm de margem, em letraArial 12, com espaço de 1,5 linhas e com formatação jus-tificada sem avanços ou espaçamentos de parágrafos.Não deverá ser usada letra maiúscula e as secções devemser realçadas a negrito (bold). Tanto o texto quanto osquadros e figuras deverão ser a preto e branco. As pági-nas deverão ser numeradas sequencialmente, sendo apágina de título a nº1. Os manuscritos não deverão con-ter notas de rodapé. Os Manuscritos deverão ser sub-metidos em suporte digital no formato acima descrito viacorreio electrónico. Para todos os tipos de publicaçãoaplicar-se-ão estas regras de preparação e envio dos ma-nuscritos. A submissão deve ser acompanhada por umadeclaração que indique que caso o trabalho seja aceitepara publicação, os autores do mesmo cedem os direitosde autor à Motricidade. Esta declaração deve igualmenteatestar que o artigo nunca foi previamente publicado.

0033 NNoorrmmaass ddee ppuubblliiccaaççããoo ppaarraa aarrttiiggooss ddee iinnvveessttiiggaaççããoo ee eessttuuddooss ddee ccaassoo

Os manuscritos deverão obrigatoriamente conter as se-guintes secções.

|Página de título, contendo:- Indicação do tipo de publicação;

- Título (conciso mas suficientemente informativo);

- Título abreviado (limite de quarenta e cinco caracteres);

- Nomes dos autores por extenso (nome próprio e até doissobrenomes) sem referência a graus académicos;

NORMAS paraPUBLICAÇÃO DDE TTRABALHOS

Níndice

01 Tipos de publicação

02 Preparação e envio dos manuscritos

03 Normas de publicação para artigos de investigação e estudos de caso

04 Normas de publicação para artigosde revisão e artigos técnicos

05 Normas de publicação para artigos de opinião

06 Endereços

normas104|97|

- Filiação académica ou profissional dos autores (instituiçãode trabalho);

- Nome e morada do autor para onde toda a correspondên-cia deverá ser enviada.

|Página de resumo, contendo:- Dois resumos: um em Português e um em Inglês (Abs-tract), ambos com um limite de 200 palavras;

- Três a seis palavras-chave (Keywords no caso do Abstract);

- No resumo e abstract, indicar os objectivos do estudo, ametodologia usada, os resultados mais importantes e asconclusões do trabalho (referências da literatura e abre-viaturas devem ser evitadas);

- Antes do abstract deverá ser indicado o título do trabalhoem Inglês.

|Introdução:- Deverá ser suficientemente compreensível, explicitando cla-ramente o objectivo do trabalho e relevando a importânciado estudo face ao estado actual do conhecimento;

- A revisão da literatura não deverá ser exaustiva (acon-selha-se um limite de trinta referências para artigos deinvestigação e estudos de caso).

|Metodologia:- Esta secção deverá ser dividida em três subsecções:Amostra, Procedimentos e Estatística;

- Nesta secção deverá ser incluída toda a informação quepermite aos leitores realizarem um trabalho com amesma metodologia sem contactarem os autores;

- Os métodos deverão ser ajustados ao objectivo do estudo;deverão ser replicáveis e com elevado grau de fiabilidade;

- Quando utilizados humanos deverá ser indicado que osprocedimentos utilizados respeitam as normas interna-cionais de experimentação com humanos (Declaração deHelsínquia de 1975) ou que os mesmos foram aprovadospor um Comité de Ética;

- Quando utilizados animais deverão ser utilizados todos osprincípios éticos de experimentação animal e, se possível,deverão ser submetidos a um Comité de Ética;

- Todas as drogas e químicos utilizados deverão ser designa-dos pelos nomes genéricos, princípios activos e dosagem;

- A confidencialidade dos sujeitos deverá ser estritamentemantida;

- Os métodos estatísticos utilizados deverão ser referidos;

- Fotos de equipamento ou sujeitos deverão ser evitadas.

|Resultados:- Os resultados deverão apenas conter os dados que sejamrelevantes para a discussão e serem apresentados prefe-rencialmente sob a forma de quadros (tabelas) ou figuras;

- O texto só deverá servir para realçar os dados mais rele-vantes e nunca replicar informação contida nos quadros(tabelas) ou figuras;

- Os quadros (tabelas) e figuras deverão ser numeradosem numeração árabe na sequência em que aparecem no texto. Os quadros não podem conter linhas verticais e devem ocupar a largura total do espaço de impressão da página;

- O título dos quadros (tabelas) deverá aparecer no cabe-çalho dos mesmos e o título das figuras aparecer norodapé das mesmas. As abreviaturas usadas deverão serexplicadas em rodapé (em letra Arial tamanho 10) paraambos os casos;

- Os quadros (tabelas) e figuras deverão ser submetidascom qualidade gráfica que possibilite a redução das suasdimensões e preferencialmente a preto e branco;

- Os quadros (tabelas) e figuras deverão ser colocados nomanuscrito;

- As figuras deverão igualmente ser submetidas em fi-cheiros separados (um ficheiro por figura) em formatoTIF ou JPEG com tamanho máximo de 200Kb por ficheiro;

- Unidades, quantidades e fórmulas deverão observar oSistema Internacional (SI);

- Todas as medidas deverão ser referidas em unidadesmétricas.

|Discussão:- Os dados novos e os aspectos mais importantes do estu-do deverão ser indicados de forma clara e concisa e nãodeverão ser repetidos os resultados já apresentados;

- Deverá ser efectuada uma comparação com a literatura;

- As especulações não suportadas pelos métodos estatís-ticos deverão ser evitadas;

- Sempre que possível, deverão ser incluídas recomen-dações;

- A discussão deverá ser completada com um parágrafo finalonde são realçadas as principais conclusões do estudo.

|Agradecimentos:- Se o artigo tiver sido parcialmente apresentado publica-mente deverá aqui ser referido o facto. Qualquer apoiofinanceiro ao trabalho deverá igualmente ser referido.

|Referências:- As referências deverão ser citadas no texto por número(índice superior à linha), compiladas alfabeticamente e or-denadas numericamente na listagem final. Para Artigosde Revisão com mais do que trinta referências e paraArtigos de Opinião, as referências poderão ser ordenadaspela sua citação no texto e não por ordem alfabética.Apenas quando for indispensável será aceite a indicaçãodos autores no texto. Neste caso, nas referências commais do que dois autores será indicado apenas o nome do primeiro autor seguido da abreviatura “et al.”;

- Na lista final de referências usadas todos os autores de-verão ser indicados;

- Os nomes das revistas deverão ser abreviados conformeas normas internacionais de indexação das mesmas;

- Apenas artigos publicados ou em impressão (in press)poderão ser citados. Dados não publicados deverão serutilizados só em casos excepcionais sendo assinaladoscomo “dados não publicados”;

- A utilização de um número elevado de resumos ou de arti-gos de publicações que não sejam sujeitas a um sistemade revisão científica (peer-reviewed) será uma condiçãode não-aceitação.

|Exemplos de referências:- Artigo de revista

Heugas AM, Brisswalter J, Vallier JM (1997). Effet d’unepériode d’entraînement de trois mois sur le DéficitMaximal en Oxygen chez des sprinters de haut niveau deperformance. Can J Appl Physiol 22:171-181.

- Livro completo

Altman DG (1995). Practical statistics for medical re-search. London: Chapman and Hall.

- Capítulo de um livro

Hermansen L, Medbø JI (1984). The relative significanceof aerobic and anaerobic processes during maximal exer-cise of short duration. In: Marconett P, Poortmans J,Hermanssen L (Eds). Physiological Chemistry of Trainingand Detraining. Basel: Karger, 56-67.

04 Normas de publicação para artigos de revisão e artigos técnicos

Aplica-se o disposto anteriormente para os outros forma-tos de artigo, com excepção da organização por secçõesque deverá ser a seguinte:

- Página de Título

- Resumo e Abstract

- Introdução

- Desenvolvimento

- Conclusões

- Agradecimentos

- Referências

Para a página de título, resumo, abstract, introdução,agradecimentos e referências, bem como para a inclusãode quadros e figuras, aplica-se o disposto anteriormente.

|Desenvolvimento- O título desta secção ou de várias subsecções que a com-ponham, deve ser específico para a temática que é apre-sentada e de livre escolha por parte dos autores;

- Nesta secção é apresentada a informação essencial queo artigo permite transmitir. Pode socorrer-se de infor-mação já publicada (obrigatório no caso de artigo de re-visão) e apresentar informação própria dos autores nãopublicada (apenas admissível no caso de artigo técnico).Aconselha-se um limite de 30 referências para artigos detécnicos e de 60 referências para artigos de revisão.Aconselha-se igualmente um mínimo de 30 referênciaspara artigos de revisão. O uso de citações integrais deveráser evitado. Quando usado este tipo de citação, o parágrafodeverá estar tabulado a 3 cm para a direita e em letraArial estilo itálico e tamanho 10. Nos artigos técnicos,embora não seja exigida a confirmação pelo método cien-tífico da informação apresentada, é aconselhável que osautores evitem uma linguagem especulativa e procuremobjectividade na informação transmitida. A informaçãoem texto pode ser completada com quadros ou figuras(sendo obrigatória a identificação da fonte quando não setratem de originais). O título deste capítulo ou dos váriossub-capítulos que o compõem, deve ser específico para atemática que é apresentada e de livre escolha por partedos autores.

|Conclusões- Nesta parte os autores devem apresentar uma súmulada informação transmitida, realçando a utilidade práticado trabalho e eventuais recomendações técnicas quederivem da informação que é apresentada.

05 Normas de publicação para artigos de opinião

Os artigos de opinião serão da autoria exclusiva de convi-dados pelos Editores da revista e versarão temáticasassociadas com o Desporto. A sua organização em secçõesnão é imposta aos autores e a sua avaliação será feitapelos directores da revista. Poderão socorrer-se ou basear--se em dados resultantes de investigação formal ou infor-mal e de referências da literatura (aplicando-se neste casoas normas anteriormente definidas). Neste formato, não é exigido o Resumo e o Abstract, embora se estimule osautores à sua apresentação.

06 Endereços

|Endereço electrónico para envio de artigos:[email protected]

|Endereço para correspondênciaFTCD - Fundação Técnica e Científica do Desporto

Revista Motricidade - Av. 5 de Outubro, 12, 1.ºE6

4520-162 Santa Maria da Feira - Portugal

Tel. 256 378 690 |Fax 256 378 692

Tlm. 913 086 003 |Site www.motricidade.ftcd.org

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OOPPÇÇÕÕEESS DDEE PPAAGGAAMMEENNTTOO

Transferência bancária, mediante o envio do comprovativo de transf. para a conta da FTCD - Revista Motricidade (Fax 351 256 378 692)

NIB: 0035 0306 00052582930 77 (CGD - Portugal)Transferência Internacional por IBAN: PT50 0035 0005 258293077

Cheque (à ordem de FTCD - Fundação Técnica e Científica do Desporto)

Banco ______________________ Nº Cheque ____________________

Conta nº_____________________

Débito directoIdentificação do credor 101575 Nº Autorização ________________

Eu, __________________________________________________________autorizo que por débito da minha conta, abaixo indicada, procedam aopagamento das importâncias que lhes forem apresentadas pela FTCD - Fundação Técnica e Científica do DesportoData (ano/mês/dia) ______/_____/ _____NIB _________________________________________________________Assinatura ___________________________________________________

FFTTCCDD -- FFuunnddaaççããoo TTééccnniiccaa ee CCiieennttííffiiccaa ee ddoo DDeessppoorrttooAv. 5 de Outubro, 12, 1.ºE6

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com artigos exclusivos e de qualidade ímpar.

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e estudos para apreciação e posterior publicação. Apelamos por isso a que renove ou faça a sua assinatura

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normal

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15 euros8 euros

22000088++22000077++22000066++22000055**

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22000077++22000066++22000055**

100 euros50 euros

22000066++22000055**

50 euros25 euros

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