negócios sociais: uma frente para empreendedores
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uma publicação mensal da FEAUSP
A principal pergunta a ser respondida pe-
las equipes participantes da segunda edição
da Choice Competition é: como você adap-
taria esse modelo de negócio no Brasil? Até
maio,16 alunos dos cursos de graduação e pós-
graduação de Administração da FEA estarão
envolvidos com os detalhes de um case na área
de saúde da Argentina, buscando uma solução
para replicar a experiência no Brasil. A com-
p.04
p.06
p.11
p.12
FEA SUSTENTABILIDADE
FEA X FEA
FEA ALUNOS
FEA MIX
FEA PROFESSORESFEA FUNCIONÁRIOS E AINDA...
p.02 p.03 p.08
Os desafios dainovação e dacompetição
Curso deComunicaçãoOral
Os 80 anosdo professorPaul Singer
ANÁLISE & OPINIÃO
ano 9_edição 75_maio_2012N
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edor
es
(CONTINUA NA PÁGINA 4)
petição é parte do desenvolvimento para uma
carreira na área de negócios sociais.
Essa é uma perspectiva que ganha visibili-
dade e desperta o interesse de jovens inquie-
tos, inovadores e empreendedores que estão
encontrando uma nova forma de fazer negó-
cios, num contexto situado entre as empresas
tradicionais e as organizações não governa-
mentais (ONGs).
Choice Competition: Mardem Feitosa, professora Graziella Comini, Victor Kloeckner Pires (pós), sentados; Lais Higashi, Talita Rosolen (pós); Gabriela Tiscoski, Karen Akemi, To-bias Coutinho Parente (pós), Matheus da Silva (pós), em pé
níveis de risco em relação ao sucesso tecnológico e à adequa-
ção do produto ao mercado. Muitas vezes, nem mesmo há
mercado definido, ou os consumidores não têm uma boa ideia
sobre as funcionalidades ou os usos do produto, mas a equipe
de projeto tem de iniciar e conduzir o desenvolvimento por-
que a concorrência também estará tentando.
Lançamento de produtos melhores, com menores time-
to-market e reduções de custos, tanto no desenvolvimento
quanto na produção, tem sido possível com o emprego do
Projeto Integrado do Produto e Processo. O Projeto é inte-
grado porque é caracterizado por um ambiente de intensa
troca de informações pela equipe de projeto multidisciplinar,
apoiada por sistemas de informações, possibilitando um alto
grau de simultaneidade nas decisões e execução de tarefas
ou etapas do projeto, como prospecção e pesquisa de marke-
ting, conceito e engenharia do produto, desenvolvimento da
manufatura ou processo produtivo, além de prototipagem,
testes e planos de lançamento. O objetivo é o de antecipar
e resolver mais cedo eventuais problemas no projeto, econo-
mizando tempo e recursos com análises e tarefas que teriam
que ser refeitas mais tarde.
Muitas empresas brasileiras têm lançado produtos de su-
cesso, até em mercados internacionais mais competitivos. Os
próximos desafios estão relacionados principalmente às ques-
tões do desenvolvimento compartilhado, abrindo e expandin-
do as fronteiras de inovação da empresa em direção a forne-
cedores, universidades, clientes, distribuidores e novos canais,
de forma a melhor gerenciar os riscos nos projetos. Outra pre-
ocupação, para melhorar as condições de sucesso das empre-
sas nas atividades de inovação, é planejar e alinhar os projetos
de desenvolvimento com as diretrizes estratégicas de médio e
longo prazos da organização com importantes repercussões no
processo de seleção e gestão da carteira de projetos de novos
produtos e modelos de negócios.
Alceu SAlleS cAmArgo Junior
ProfeSSor do dePArtAmento de AdminiStrAção dA feAuSP
#02
ANÁLISE & OPINIÃO
Desenvolver projetos de novos produtos e processos não é tarefa fácil, pois exige mudanças comportamentais que são verdadeiros desafios para empresas iniciantes.
Nos últimos aNos, empresas brasilei-
ras têm percebido Níveis cada vez mais
iNteNsos de competição em seus am-
bieNtes de Negócios e tiveram que res-
poNder com uma rápida corrida Não
só em busca de mais qualidade para
seus produtos e melhoria Nos proces-
sos, como também de competêNcias
para iNovar. Além de ser o caminho
para a conquista de novos mercados, os
projetos de desenvolvimento de novos
produtos e modelos de negócios são os
meios mais eficazes de se implementar
as diretrizes do Planejamento Estraté-
gico Corporativo como aquelas de posi-
cionamento, imagem, novos mercados e
nichos, gestão tecnológica, responsabi-
lidade social e ambiental ou mesmo de
integração nas relações de parcerias na
cadeia de suprimentos, já que a compe-
titividade atualmente não depende mais
somente da ação de uma única empresa,
mas sim de orquestração de toda a ca-
deia de inovação.
Porém, desenvolver projetos de no-
vos produtos e processos não é tarefa fá-
cil, pois exige mu-
danças comporta-
mentais que são
verdadeiros desa-
fios para empresas
iniciantes. São
atividades que
empregam novos
conhecimentos e
tecnologias e que
apresentam altos
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ovar
par
a
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qu
ista
r n
ovos
mer
cad
os
estilo de cada pessoa e a quebrar o estigma do nervosismo de
falar em público. Com conscientização e prática, é possível
melhorar o desempenho”, explica a professora Liliana Vas-
concellos Guedes, tutora do PET e responsável pelo desen-
volvimento do curso.
Depois de uma apresentação geral sobre as técnicas de
comunicação, cada participante elabora uma primeira apre-
sentação que é gravada para ser posteriormente analisada
pelo autor. Participam também da avaliação, classificando
como excelente, bom, regular e insuficiente, os aspectos da
apresentação, que são:
• justificativa do tema
• objetivo da apresentação
• organização do conteúdo
• exemplos/fotos
• fechamento
• interação com os ouvintes
• clareza dos argumentos
• controle do tempo
• transmissão de credibilidade e segurança
• postura, gestos e movimentação
• volume e ritmo da voz
• linguagem adequada e expressão
Com as informações técnicas e exercícios práticos, os fun-
cionários tiveram a oportunidade de desenvolver competências
que serão úteis para as próximas apresentações e para as ativi-
dades que exercem em suas áreas.
Fazer uma boa apreseNtação requer habilidades técNi-
cas e cuidados que passam pela orgaNização do coNteúdo,
coNtrole do tempo, postura e gestos, volume e ritmo da
voz, iNteração com a plateia, credibilidade e clareza. Para
algumas pessoas é natural. Para a maioria, um bom treinamento
faz diferença no resultado.
Essa é a proposta do Curso de Comunicação Oral, iniciativa
do Programa de Educação Tutorial (PET) do Departamento de
Administração que, desde 1994, busca complementar a forma-
ção do aluno por meio de atividades extracurriculares. Em abril,
pela primeira vez, o curso foi ministrado para os funcionários da
Faculdade atendendo a uma demanda interna de desenvolvi-
mento. As 16 vagas foram preenchidas rapidamente e o resulta-
do final aprovado com entusiasmo pelos participantes.
“Fiquei atento para evitar os ‘nés’. Tentei também tirar
umas risadas das pessoas. Acho que nessa segunda apresentação
o resultado foi melhor”, comenta Luiz Eduardo Iadocicco, chefe
da Seção Técnica de Informática (STI) e participante do cur-
so. Margarida Maria de Sousa, chefe do setor de Aquisição da
Biblioteca, até emocionou a plateia ao apresentar a história de
Helen Keller, escritora, conferencista e ativista norte-america-
na que ficou cega e surda na infância e superou as dificuldades
com a ajuda da professora Anne Sullivan. Uma apresentação
muito bem avaliada pelos participantes.
“O grande desafio é organizar o conteúdo e passar a men-
sagem de forma interessante. Além de apresentar as técnicas
que funcionam como diretrizes, o curso ajuda a identificar o
“Além de apresentar as técnicas que funcionam como diretrizes, o curso ajuda a identificar o estilo de cada pessoa.”
FEA FUNCIONÁRIOS
Desenvolvendo habilidades
O PET Administração foi criado na FEA em 1994 por iniciativa do departamento de Administração com o apoio da CAPES. A USP possui 19 gru-pos PET, que conduzem suas ações de ensino, pesquisa e extensão com o apoio da Pró-Reitoria de Graduação.
Leika (PET), Luiz Eduardo, Marcelino, Luciene, Cristiene, Milena, Renata, Vanessa, Profa. Liliana, Margarida, Elaine, Fabiano, Isabel, Martha, Janete e Claudinei.
#04
FEA SUSTENTABILIDADE
Essa é uma perspectiva que ganha visibilidade e desperta o interesse de jovens inquietos, inovadores e empreendedores que estão encontrando uma nova forma de fazer negócios.
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end
edor
es
uma Nova geração de empreeNdedo-
res está se FormaNdo, daNdo Forma
ao modelo que iNtegra geração de
lucro e divideNdos sociais. São os
chamados negócios sociais ou inclusi-
vos que, ao contrário das tradicionais
organizações não governamentais que
sobrevivem de doações, pretendem
ser sustentáveis com soluções criati-
vas. Graduados e graduandos da FEA
estão espalhados por empresas e or-
ganizações desse novo mundo. “Essa
é uma alternativa de carreira que
interessa a jovens preocupados com
a proposta de valor do trabalho que
querem desenvolver. Uma área nova
que está ganhando força e visibilida-
de”, comenta a professora Graziella
Comini, do Departamento de Admi-
nistração e coordenadora do CEATS.
A FEA é referência no conceito
de negócio social. É a única insti-
tuição latinoamericana que integra
a Social Enterprise Knowledge Ne-
twork (SEKN) da Harvard Business
School, dedicada a casos pedagógi-
cos e produção de conhecimento na
área social. Mantém um grupo de
pesquisa sobre Empreendedorismo
Social e Administração em Terceiro
Setor, oferece disciplinas específicas
como a de Empreendedorismo Social
e Negócios Sociais e, além de produ-
zir conhecimento e formar gestores,
está presente na consultoria das no-
vas empresas que fazem parte desse
movimento.
Entre elas, estão
a Artemisia, uma or-
ganização que iden-
tifica, forma e apoia
empreendedores, e a
Vox Capital, o pri-
meiro fundo de capi-
tal brasileiro voltado
para negócios com
retorno financeiro e
impacto social.
Renato Kiyama
está no último ano
da graduação em
Administração na FEA e trabalha na Artemísia, como
coordenador da Aceleradora de Impacto. Pioneira em ne-
gócios sociais no Brasil, a organização ajuda a desenhar
planos de negócio e faz acompanhamento das empresas no
longo prazo com a preocupação de potencializar o impac-
to social e a geração de lucro dos empreendimentos. Dessa
forma, eles se candidatam para receber investimentos e
evoluir. Além de rentáveis, os modelos de negócios devem
servir a população de baixa, oferecer produtos e/ou servi-
ços para as classes D e E, em áreas estruturais como saúde,
educação, soluções financeiras e tecnologia.
“Nosso propósito é tornar o Brasil um polo internacio-
nal de negócios de alto impacto social, uma vitrine. Para
tanto, moblizamos universitários e investidores”, explica
Renato que percorreu a Índia de norte a sul e trouxe de lá
o espírito inovador do país.
O movimento Choice foi criado pela Artemisia para
divulgar o modelo de negócios inclusivos no meio uni-
versitário, identificando competências e empreendedores.
Em agosto de 2011, realizou a primeira conferência de ne-
gócios sociais para universitários na América Latina. A
Choice Competition, por sua vez, é uma competição dife-
rente, em que o desafio não é resolver o problema de uma
“Sinto que o meu trabalho tem uma finalidade”, diz Andréa Albero
cia de publici-
dade e fazer
in te rcâmbio
na Holanda,
Andréa Albe-
ro começou
um estágio na área e-commerce de uma editora. Quase no
final da graduação em Administração, ela não se sentia
motivada em trabalhar em empresa grande, nem tinha
ideia clara do que gostaria de fazer. “Até que eu assisti
uma palestra da professora Graziella Comini (Departa-
mento de Administração da FEA), num evento da Choi-
ce. Meu mundo se iluminou, descobri o caminho. Era
possível trabalhar numa empresa que tinha outros fins
que não só lucro. Não é uma área visível no mercado e
nem mesmo na FEA. Mas quem conhece, se encanta”,
conta Andréa.
Com essa perspectiva, descobriu a Gastromotiva, em-
presa que desde 2006 capacita jovens de baixa renda para
trabalhar na área de gastronomia. Dedica-se ao marketing,
comunicação e relacionamento da empresa. “Sinto que o
meu trabalho tem uma finalidade, meu conhecimento é
ferramenta que causa impacto social”, acrescenta Andréa.
Por essa razão, seu TCC tem como tema plano de ne-
gócio social porque ela já está pensando em empreender o
seu próprio negócio social.
Mudar o mundo, construir uma sociedade melhor são
objetivos transformadores que movem os jovens empre-
endedores. Tobias Coutinho Parente é do Ceará e veio
para a FEA para fazer mestrado como pesquisador bolsis-
ta. Conhece o trabalho da professora Graziella e já traba-
lhou com empreendorismo social. Vai coordenar um dos
grupos da FEA na Choice Competition. “Minha tese de
mestrado será sobre gestão social, no âmbito da responsa-
bilidade social empresarial”, conta.
É conhecimento sendo desenvolvido para transformar
o mundo.
empresa, mas desenvolver
estratégias de expansão para
negócios com alto impacto so-
cial. A segunda edição está em
andamento.
Gilberto Ribeiro deixou um
emprego na Vale, em Moçam-
bique, e voltou ao Brasil para
concluir a graduação na FEA e decidir o rumo da sua vida,
bem longe da área financeira. “Estava em crise de carrei-
ra. A única coisa que me dava satisfação era dar aulas
de inglês como voluntário, mas precisava me sustentar”,
lembra Gilberto.
Os contatos da AIESEC da USP, organização estudan-
til mundial, o levaram até o mundo dos negócios sociais,
mais especificamente ao Vox Capital, o primeiro fundo
de capital do Brasil voltado para negócios com retorno
financeiro e impacto social. É responsável pela gestão do
portfólio, formado por cinco empresas, e faz avaliação de
novos investimentos. “É muito gratificante”, diz Gilberto.
No seu TCC, programado para o final do ano, ele apresen-
tará uma proposta de avaliação sobre o impacto social dos
negócios inclusivos.
Sua visão sobre o movimento também é inclusiva. “É
ingenuidade pensar que os negócios sociais podem mudar
o mundo. A demanda é gigantesca, milhões de pessoas
vivem na miséria. Todas as frentes – filantropia, terceiro
setor, políticas públicas e empresas – devem se articular e
agir. Todas precisam de bons profissionais e de tecnologia.
Não há um modelo único”, contesta Gilberto.
Depois de trabalhar na área de marketing de uma agên-
“Nosso propósito é tornar o Brasil um polo internacional de negócios de alto impacto social, uma vitrine. Para tanto, mobilizamos universitários e investidores.”
Tobias veio do Ceará para fazer mestrado na FEA
Gilberto Ribeiro, no mercado Kwachena, na cidade de Tete em Moçambique
“Desde o primeiro ano, me interessei pelo programa. Uma experiência internacional seria muito importante para a minha vida pessoal e profissional.”
Du
plo
dip
lom
a co
nso
lid
a
inte
rnac
ion
aliz
ação
da
FE
A
FEA X FEA
em 2004, a Fea Firmou o coNvêNio de
duplo diploma com a euromed maNa-
gemeNt, de marseille (FraNça). Mais
do que a oportunidade de intercâmbio, o
acordo abriu uma via de mão dupla em
que alunos da FEA e da institui-
ção francesa poderiam con-
cluir a graduação com dois
diplomas oficiais de reconhe-
cidas escolas de negócios.
Esse foi o primeiro convênio da mo-
dalidade de Duplo Diploma do Brasil, da
USP e da área de Administração. “Foi re-
sultado da afinidade entre Brasil e Fran-
ça e da similaridade dos currículos das
duas instituições. Não é uma negociação
simples. Pela sua cultura e diversidade,
a França é o país que mais recebe inter-
cambistas da FEA. E o número de alunos
franceses que procuram a FEA vem au-
mentando, inclusive para o Duplo Diplo-
ma. É a consolidação do movimento de
internacionalização da Faculdade”, explica o professor Edson
Luiz Riccio, presidente da Comissão de Cooperação Internacio-
nal (CCInt) da FEA.
No primeiro semestre de 2012, 10 novos alunos começaram
o programa do Duplo Diploma – sete brasileiros e três franceses.
“Desde o primeiro ano, me interessei pelo programa.
Uma experiência internacional seria muito im-
portante para a minha vida pessoal e profissional.
Ainda mais recebendo um diploma de uma escola
europeia, além do da FEA”, conta Lucas Pucci Vestri, já
familiarizado com a rotina da Euromed.
Daniel de Moraes Rodrigues voltou para a França em 2011
para a formatura. O seu depoimento não poderia ser mais ani-
mador. “Logo que entrei na FEA, em 2005, e fiquei sabendo dos
programas de intercâmbio, fiquei muito animado. Comecei a
estudar francês e a me preparar para conseguir uma vaga. Passei
o ano de 2008 na França. Foi a primeira vez que morei sozi-
nho e, ainda mais, na Europa. Além de estudar, aproveitei para
viajar bastante e conheci muitas pessoas interessantes. A Euro-
med é mais voltada para o mercado, enquanto o perfil da FEA
é mais acadêmico. Não tive dificuldade em me adaptar às aulas
que eram ministradas em francês ou em inglês. Com o Duplo
O tema da tese de Daniel Rodrigues foi Negócios Sociais – uma
análise das organizações de apoio e de seus empreendedores no
Brasil e na França. Além de analisar os negócios sociais nos dois
países. Daniel comparou as organizações de apoio aos empreen-
dedores sociais e o tipo de negócios sociais que estão em desen-
volvimento no Brasil e na França.
Lucas Pucci Vestri vai abordar a indústria de carros elétricos no
seu trabalho de conclusão de curso. “Em linhas gerais, preten-
do fazer uma comparação do ambiente da indústria automotiva
no Brasil e na França e entender porque a França encontra-se
temas dos tccs
Daniel voltou a França em 2011 para a formatura
Lucas visita Calanques, na região de montanhas de Marseille
Diploma, ganhei uma vivên-
cia internacional importante
para minha vida profissional
e experiências que guardarei
para a vida toda. No ano pas-
sado voltei para Marseille para
a minha formatura, levando
meus pais e minha avó. Foi um
momento muito importante
para mim”, conta Daniel.
A francesa Marion Nicard
des Rieux se encantou com a
alegria dos brasileiros quando
estudava na Inglaterra. Ao voltar para a França e optar pela
Euromed, descobriu a chance de conhecer o Brasil estudando.
“Estudei 1,5 ano na FEA, concluí a graduação e, depois de um
estágio, fui contratada pela Cartier do Brasil. O intercâmbio de
seis meses não é suficiente. É o tempo para começar a absorver
a cultura do país. A formação do programa do Duplo Diploma
é mais consistente, em dois mundos diferentes. No Brasil, os
alunos começam a trabalhar muito cedo, trazem suas vivências
para a sala de aula e isso é muito enriquecedor. Além disso, você
recebe dois diplomas de escolas de qualidade. Isso, sem dúvida,
pesou na minha contratação”, conta Marion.
Ainda no início do ano francês, Lucas já percebeu que
a didática e as atividades em sala de aula são muito seme-
lhantes. “As instalações da Euromed são muito boas, mas a
FEA não fica devendo em nada. O curso oferece disciplinas
que eu não teria a oportunidade de cursar na FEA, como por
exemplo, Fusões e Aquisições. Outro ponto muito positivo
da Euromed é a estrutura para receber alunos estrangeiros,
que inclui desde alojamento até um bom portfólio de cursos
• Pelo programa de Duplo Diploma,
o aluno selecionado deverá cur-
sar dois semestres na Euromed
Management e retornar para
a FEA.
• Na Euromed, o aluno deverá
obrigatoriamente cumprir 30 ECTS (créditos europeus)
em cada semestre, o que corresponde normalmente a
seis disciplinas por semestre.
• Ao retornar, o aluno deverá cumprir os créditos que fal-
tam para sua graduação na FEA. Desse modo, sua gra-
duação ficará estendida por um ano ou mais, pois não é
possível o aproveitamento dos créditos obtidos na Eu-
romed. Ao concluir seu curso na FEA, o aluno deverá
também entregar uma cópia do seu TCC, em francês,
para a Euromed.
• O tema do TCC deve envolver as relações entre Brasil e
França. A Euromed Marseille requer também que o alu-
no seja aprovado no exame TOEFL (79 iBT) ou ainda
TOEIC (750), mas isso pode ser feito posteriormente.
Em todo caso, inglês avançado é necessário.
• Finalmente, o programa garante que, cumpridos todos
os requisitos acima mencionados, o aluno receberá dois
diplomas: um da FEAUSP e outro da Euromed Marseille.
“A formação do programa do Duplo Diploma é mais consistente, em dois mundos diferentes. Além disso, você recebe dois diplomas de escolas de qualidade.”
Normas
muito mais avançada que o Brasil nesta área. Nesta compara-
ção, pretendo abordar diversos aspectos como fatores políticos,
legais, econômicos, ambientais, socioculturais, demográficos,
tecnológicos e as próprias especificidades da cadeia de valor da
indústria brasileira e francesa”, explica Lucas.
A dissertação de Marion Nicard des Rieux foi em inglês e abor-
dou a cooperação internacional: Public and Private Partnership
and International Cooperation for Local Economic Develop-
ment: Case Study of the Comperj (Petrochemical Complex of
Rio de Janeiro.
em inglês. O nível dos alunos na FEA é melhor quando com-
parado aos alunos da Euromed. Por diversas vezes, os profes-
sores da Euromed chegam a segurar o ritmo do curso, pois
os alunos não conseguiam acompanhar por falta de alguns
conceitos mais básicos”, destaca Lucas.
Professor Edson Riccio, presidente da CCInt entrega o
Duplo Diploma para a francesa Marion Nicard des Rieux
#08
FEA PROFESSORES
O pensamento de Singer foi bem ilustrado pelos depoimentos de participantes de experiências de fábricas recuperadas avançadas, cooperativas, incubadoras e movimentos sociais.
A tr
ajet
ória
mil
itan
te
de
Pau
l Sin
ger
o caráter democrático e criativo
do proFessor paul siNger Foi evi-
deNciado pelos participaNtes do se-
miNário paul siNger 80 aNos – Tra-
jetória Militante, que aconteceu nos
dias 22 e 23 de março, no auditório da
FEAUSP. O evento promovido pela
Faculdade Economia e Administra-
ção - FEAUSP, pelo Núcleo de Apoio
às Atividades de Cultura e Extensão
em Economia Solidária - Nesol, da
USP, pela Faculdade de Educação
- FE/USP e pela Fundação Perseu
Abramo, foi acompanhado pelo pro-
fessor Paul Singer. Organizado pe-
los professores Joaquim José Martins
Guilhoto e Leda Maria Paulani, do
Departamento de Economia, os dois
dias do evento não esgotaram toda a
história de Singer.
“Com o objetivo de resgatar a tra-
jetória política e intelectual, por con-
ta do tamanho da obra do professor
Singer, o seminário foi organizado em
recortes”, explicou o professor Fabio
Bechara Sanchez, secretário-adjunto
da Secretaria Nacional de Economia
Solidária – Senaes, na abertura dos
trabalhos. Singer conviveu e parti-
cipou de processos diferentes, que
inclusive envolveram outras áreas
além da economia, como a sociologia,
a saúde, a psicologia e a educação.
Marcadas pela emoção, foram realiza-
das quatro mesas intituladas: Partido
Socialista Brasileiro aos dias atuais;
Da formação do Partido dos Traba-
“O único jeito de nós construirmos uma sociedade socialista, que mereça o nome e não seja meramente uma pretensão ou bandeira,
é pela via democrática. Os valores da democracia são os valores do socialismo. É a igualdade, o respeito ao outro. E a economia solidária pretende ser democrática. Mas isto é
um aprendizado. Este é o ponto.”
Paul Singer, professor da FEA e da USP desde 1960
#09
“Tudo isso que está sendo dito de mim, eu de alguma maneira reconheço, mas o que ninguém disse – porque cabia a mim – só sou o que sou graças a vocês.”
lhadores ao governo da
cidade; Pensamento eco-
nômico; e Economia soli-
dária e socialismo, todas
ressaltando a contribuição
ao pensamento e a criação
e desenvolvimento de po-
líticas públicas no Brasil.
As análises do legado do
professor Paul Singer apre-
sentaram a forte relação
entre a teoria e a prática.
Na abertura, a professora Elizabeth Farina, chefe do
Departamento de Economia da FEAUSP, disse que: “O
professor Singer é responsável pelo alicerce na formação
de vários membros do corpo docente do Departamento de
Economia, sem falar nos inúmeros alunos que formou e
que certamente estão dando frutos positivos por aí, a par-
tir da semente que ele plantou e ajudou a desenvolver.”
Na sequência, a professora Lisete Arelaro, diretora da FE/
USP, contou que conheceu o professor quando estudava
no câmpus da rua Maria Antônia.
Durante o evento, foram lembradas a época da mi-
litância no Partido Socialista e a participação no movi-
mento operário metalúrgico, na década de 1950, passando
pela elegância na resistência à ditadura militar e pela epo-
“Em 2003, o professor Singer estava na Secretaria Nacional da Economia Solidária - Senaes e, no
ano seguinte, eu assumi a presidência do Conselho Administrativo de Atividades Econômica - Cade.
Portanto, ele cuidava da solidariedade e eu da competição, nada solidário no mercado. Mas, acho que isso é bem a cara do departamento, das pessoas que convivem neste departamento e que dão a força
e a riqueza de tudo que a gente faz aqui.” Elizabeth Farina
Chefe do Departamento de Economia da FEAUSP
“Querido mestre Paul Singer, lamento profundamente não estar aí presente e prestar-lhe pessoalmente a
homenagem mais que merecida por seus 80 anos, vividos com tanta garra, disposição de luta e confiança de que o homem é capaz de construir um mundo melhor do que o que temos: menos bárbaro e alienado, mais consciente de sua generalidade enquanto seres humanos e, portanto,
mais solidários. Sua confiança no rumo socialista do mundo nunca esmoreceu, mesmo nos momentos mais
difíceis. Sua disposição de remar contra a maré foi sempre incansável, por mais que o discurso predominante
ficasse cada vez mais hostil aos sonhos progressistas. Por isso, o título deste seminário não poderia ser mais
adequado. Ao mencionar sua trajetória militante, alude justamente a essa perseverança inquebrantável aconteça o que acontecer. Mas também é singular o trabalho que
desenvolveu como docente e intelectual.” Leda Maria Paulani
Professora do Departamento de Economia da FEAUSP
Professora Elizabeth Farina
peia para criação do Partido dos Trabalhadores. Os cargos
políticos foram destacados: primeiro como secretário do
planejamento do governo Luiza Erundina, na prefeitura
de São Paulo, e como titular da Secretaria Nacional de
Economia Solidária – Senaes, do Ministério do Trabalho
e Emprego - MTE.
O pensamento de Singer foi bem ilustrado pelos de-
“O senhor nunca foi só um teórico. O senhor é militante. No pensamento econômico o senhor sempre foi consistente. Consistência na argumentação e na
explicação. Eu diria que há um momento, que o senhor pega os conceitos e alia a um movimento, dando
densidade a este movimento.” Sonia Kruppa
Professora da Faculdade de Educação da USP, secretária de educação de Suzano, secretária adjunta
da Senaes, coordenadora da IPTC.
Foram premiados os professores:
Ciências Contábeis: Nahor Lis-
boa, Flávia Zóboli Dalmácio,
Márcio Borinelli, João Domiraci
Paccez, Nelson Carvalho e Mara
Jane Malacrida
Atuária: Nahor Lisboa, Luís
Eduardo Afonso, Cristina Gui-
marães Rodrigues e Claudia
Monteiro Peixoto
Pós-graduação: Edgard Cornacchione, Eliseu Martins e
Gilberto Martins
poimentos de participantes de experiências de fábricas
recuperadas avançadas, cooperativas, incubadoras e mo-
vimentos sociais. Singer é mentor da Incubadora Tecno-
lógica de Cooperativas Populares - ITCP e do Núcleo de
Economia Solidária - Nesol, da USP, e da Senaes, desde
que foi criada no governo Lula. Entre os temas teóricos,
foi abordada a autogestão e o destaque maior se concen-
trou na economia solidária, assunto que o professor tem se
dedicado nas últimas décadas. “Economia solidária abrange
3 milhões de pessoas, que hoje vivem este tipo de experiên-
cia do Amapá ao Rio Grande do Sul. Foi construída cole-
tivamente. A importância da minha participação é relativa
FEA PROFESSORES
“O professor Singer é responsável pelo alicerce na formação de vários membros do corpo docente do Departamento de Economia, sem falar nos inúmeros alunos que formou.”
“O professor Paul Singer não é um pensador econômico. É um pensador da economia política.
Faz parte de um núcleo de resistência. Sua cultura facilita para que ele transite nos debates de maneira
transversal.” Fernando Kleiman
Ex-aluno da FEAUSP, da IPTC e atualmente no Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome
o departameNto de coNtabi-
lidade e atuária da Fea pro-
moveu No dia 10 de abril, a
cerimôNia de eNtrega do prê-
mio desempeNho didático do
seguNdo semestre de 2011.
De acordo com os critérios do
prêmio entregue a cada semestre
desde 2004, os docentes de todas
as turmas e disciplinas são avalia-
dos pelos alunos. As melhores avaliações apontam os me-
lhores de cada turma.
Prêmio Desempenho Didático
Homenageados: professores Gilberto Martins, Luís Eduardo Affonso e Edgard Cornacchione
porque todos nós demos uma contribuição”, disse Singer.
Assim como nas mesas, a plateia, reuniu professores de
diversas áreas, alunos e políticos. O seminário foi acompa-
nhado por familiares de Singer, entre eles, o filho André,
jornalista, cientista político e também professor da USP,
e contou com a presença do senador Eduardo Suplicy.
Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e professor
da USP, participou de uma mesa. Ao final, Singer disse:
“Tudo isso que está sendo dito de mim, eu de alguma
maneira reconheço, mas o que ninguém disse – porque
cabia a mim – só sou o que sou graças a vocês. Não estou
retribuindo, gente. É que o mundo anda junto.”
Cursos, palestras e workshops colocam
o aluno em contato com o mercado fi-
nanceiro a partir do primeiro ano, co-
laborando com o seu desenvolvimento
acadêmico e profissional. “O aluno só
vai ter contato com disciplinas da área
financeira no fim do curso. Quem está
interessado em trabalhar na área, pode
ficar desanimado. O curso que a Liga
promove no segundo semestre preen-
che essa lacuna e ajuda na capacitação
profissional. Sou testemunha disso.
Agora, no terceiro ano, vou trabalhar
no mercado financeiro. Já estou fami-
liarizado com os termos, os gráficos,
etc. As atividades da Liga abrem as
portas também”, conta Richard.
O processo seletivo do curso Mer-
cado Financeiro acontece em junho.
A prova inclui questões de atualida-
des, matemática financeira e macro-
economia. São 60 vagas e as aulas
são ministradas por profissionais do
mercado. Para quem se interessa pelo
mercado financeiro, é uma excelente
oportunidade!
O objetivo é proporcionar ao aluno de graduação a oportunidade de se familiarizar com o funcionamento do mercado financeiro.
cotações das bolsas locais e iNterNacioNais, mercado
Futuro, commodities, moedas, iNdicadores, Notícias e
relatórios setoriais em tempo real – esse mundo de in-
formações gerenciado pela plataforma CMA Series 4 está à
disposição dos alunos da FEA nas estações dos laboratórios
da Seção Técnica de Informática (STI).
A instalação do terminal financeiro é iniciativa da Liga de
Mercado Financeiro em conjunto com o Laboratório de Pes-
quisas em Finanças (LPFIN) e apoio técnico da STI. “O objeti-
vo é proporcionar ao aluno de graduação a oportunidade de se
familiarizar com o funcionamento do mercado financeiro, por
meio de uma ferramenta que o próprio mercado utiliza. A CMA
promove um workshop sobre a utilização do terminal para os
interessados”, explica Iris Tseng, presidente da Liga.
Qualquer aluno da FEA, totalmente de graça, pode aces-
sar a ferramenta nos laboratórios da STI e praticar. “Este ano
cerca de 40 alunos participaram do treinamento. O terminal
é útil também para o aluno que cursa disciplinas de gestão de
carteiras/investimentos, ou disciplinas relacionadas a mercados
futuros, de renda fixa e afins”, explica Richard Melo, gerente de
projetos da Liga.
“Além da CMA, os alunos podem utilizar as ferramen-
tas ComDinheiro, do professor Rafael Paschoarelli, e a
Economática que possui um módulo específico de Valua-
tion, Reuters. O objetivo é que o aluno conclua o curso de
graduação conhecendo as ferramentas de finanças utiliza-
das no mercado financeiro”, comenta a professora Liliam
Carrete, coordenadora do LPFIN.
A Liga de Mercado Financeiro é uma entidade in-
dependente formada e gerida
por alunos da FEA, que con-
ta com o apoio institucional
da diretoria e de vários
p r o f e s s o r e s .
FEA ALUNOS
Mercado financeiro à mão
Richard e Iris, da Liga de Mercado Financeiro
uma aula de alegria
Uma experiência de alegria em meio à adversidade foi o
tema da palestra apresentada por Wellington Nogueira,
coordenador da Organização Não Governamental Douto-
res da Alegria, na FEA, no dia 18 de abril.
Wellington falou sobre o surgimento do projeto, o suces-
so da proposta e a forma como se expandiu ao longo de duas
décadas. O evento foi iniciativa do Programa de Extensão
de Serviços à Comunidade (PESC) da FEA e a coordenação
foi de Thiago Ki Hoon Nam, aluno de Administração.
FEA MIX
geNte da FeaUma publicação mensal da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Assistência de Comunicação e DesenvolvimentoMaio 2012_tiragem 2.000 exemplares
Av. Prof. Luciano Gualberto, 908Cidade Universitária - CEP 05508-900
Diretor da FEA reinAldo guerreiro
Coordenação Gerallu medeiroS
ASSiStênciA de comunicAção e deSenvolvimento dA feA-uSP
Edição: Printec comunicAção ltdA.
vAneSSA giAcometti de godoy – mtB 20.841Antonio cArloS de godoy – mtB 7.773
Reportagem:dinAurA lAndini; eleni rochA (colABorAção)
Projeto Gráfico: eloS comunicAção e edemilSon morAiS
Layout e Editoração Eletrônica: cArol iSSA
Fotos:milenA neveS, roBertA de PAulA
e vAneSSA munhoz
A proposta da chapa Dinâmica foi priorizar o lado social, trazendo vantagens e benefícios para todos os associados e promovendo a inclusão de novos associados.
Nova diretoria
A nova diretoria do Clube dos Servidores da FEAUSP,
o Clubinho, eleita no dia 13 março, já tomou posse em abril
para cumprir a gestão 2012-2013. Mais duas chapas partici-
param das eleições: Pés no Chão e Inovação.
clubiNho
pesc
A proposta da chapa Dinâmica, encabeçada por João
Aparecido Corrêa, chefe administrativo da Gráfica, foi prio-
rizar o lado social, trazendo vantagens e benefícios para to-
dos os associados e promover a inclusão de novos associados.
Essa é a quarta gestão de João.
Atualmente, 87 funcionários e 28 professores são associa-
dos do Clubinho. A diretoria é formada por:
Presidente: João Aparecido Corrêa (Gráfica)
Vice-presidente: Ronaldo Aparecido Bueno (Manutenção)
1º Secretário: Isabel Cristina Malagueta Gonçalves (Servi-
ço de Pessoal)
2º Secretário: Maria Cristina de Brito (Biblioteca)
1º Tesoureiro: Márcio Antonio Mascarenhas (Almoxarifado)
2º Tesoureiro: Ezair Pedro Cim (Gráfica)
1º Diretor de Esporte: Jorge Gomes dos Santos (Segurança)
2º Vice-Diretor de Esporte: Evandro Figueiredo Santos (Se-
gurança)
1º Diretor Recreativo e Cultural: Roberta de Paula (ATC&D)
2º Diretor Recreativo e Cultural: Vanessa Munhoz (ATC&D)
Gestão CSFEA 2012-2013: Maria Cristina de Brito, Evandro Figueiredo Santos, Ronaldo Aparecido Bueno, Ezair Pedro Cim, João Aparecido Corrêa, Roberta de Paula, Vanessa Munhoz e Jorge Gomes
dos Santos (da esq. para dir.)