nesta edição: editorial editorial...
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Caros amigos, colegas e cidadãos,
Este boletim informativo pretende reforçar e melhorar a
comunicação entre a nossa Unidade de Saúde os cida-
dãos e outras instituições da nossa comunidade. Preten-
demos manter uma publicação trimestral na nossa intra-
net (e de futuro na Internet) com participação de cida-
dãos e instituições interessadas em divulgar a sua pers-
pectiva sobre a nossa comunidade, estilos de vida saudá-
veis, educação para a saúde, espaços saudáveis, activi-
dades de lazer e bem estar, eventos de interesse para os
nossos utentes e respectivos programas, ou efectuar uma
abordagem crítica e actual sobre estes e outros temas
pertinentes.
Gostaríamos de incluir neste projecto todos os que qui-
serem colaborar.
Nesta edição temos assuntos tão diversificados como a
gripe, o consumismo e os custos ambientais, os direitos e
os deveres do utente ou o poeta Bocage. Porém, a ali-
mentação destaca-se por ser o tema mais abordado.
Entre excelentes contributos oferecidos a este boletim,
uma educadora de infância propôs-nos uma reflexão crí-
tica sobre um “retrato duma realidade dos bairros
sociais, das escolas em zonas problemáticas, das famílias
no fio da navalha”. A Divina comédia ali mesmo ao virar
da esquina, irresistível…
Américo Varela
Coordenador da Unidade de Saúde do Monte de Caparica
Editorial
Outubro—Dezembro 2007 Ano I—nº1/07
Nesta edição:
Editorial 1
Tema Livre 2
Assunto temático
3
Página do Cidadão
4
Página Ecológica
5
Galeria de Arte
8
Doenças de Gente Famosa
9
Riscos para a População
10
Gabinete Jurídico
13
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Ano I – nº1/07 Página 2
O MELHOR ALIMENTO
O melhor alimento para o bebé é o leite materno. Isso é dos livros. Em todas as primeiras consultas dos recém-nascidos não me canso de repetir as virtudes do leite mater-no: está sempre pronto a ser con-sumido, tem a temperatura ideal, a composição óptima e, ainda por cima, é de borla.
Quadro de Picasso, A Maternidade
Aviso a mãezinha que, no entanto, deve ter cuidado com o que come porque toda a sua alimentação se pode repercutir no bebé. Nada de álcool, nada de tabaco, nada de café e nada de comidas esquisitas que possam, eventualmente, cau-sar alguma alergia ou mau estar gastrointestinal ao petiz. Tenho ainda o hábito já antigo – e talvez ultrapassado – de receitar ao bebé umas gotinhas de vitamina C e vitamina D.
A consulta do recém-nascido é sempre algo cansativa porque, para além da observação da crian-cinha, há uma série de conselhos a dar à mãe, chamar-lhe a atenção para a importância de fazer a con-sulta do puerpério e mais isto e mais aquilo.
Sei que, para muitas das minhas doentes, aquela consulta contém mais informação do que um tele-jornal do fim de semana e sei tam-
bém que, algumas delas, se vão esquecer deste ou daquele pormenor. No entanto, não fico muito preocupa-do porque, durante o primeiro mês de vida, o bebé vem semanalmente ao Centro de Saúde para se pesar e a enfermeira que trabalha comigo cha-ma-me sempre para eu dar um olhi-nho ao umbigo do miúdo ou tirar uma dúvida à mãe.
A dúvida da Margarida, no outro dia, deixou-me perplexo:
Ó doutor, as vitaminas que o doutor receitou eram para mim ou para o João Pedro?...
O quê? - espantei-me. - Tu não me digas que tu é que estás a tomar as vitaminas do miúdo!...
Sim... - respondeu a Margarida muito corada – O doutor disse que tudo o que eu comesse passava pelo meu leite para o bebé...
Artur Couto e Santos “um médico por família”
Tema L ivre
“O doutor disse que tudo o que eu comesse passava pelo meu leite para o bebé…”
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Ano I – nº1/07 Página 3 Ano I – nº1/07 Página 3
Higiene Alimentar As bactérias são microrganismos produ-
tores de doenças que muito vulgarmen-
te se encontram nos alimentos ou/e na
água. A ingestão de alimentos que não
foram adequadamente conservados ou
tratados, e nos quais se deu a prolifera-
ção de germes ou o aparecimento de
toxinas, é a causa mais frequente de
intoxicações alimentares.
A contaminação bacteriana dos alimen-
tos pode acontecer em qualquer ponto
do seu processo: na sua produção
(devido às infecções dos animais), na
sua transformação, no transporte, no
armazenamento, nos estabelecimentos
de venda e na preparação e/ou conser-
vação dos alimentos antes de os consu-
mir. É, por isso necessário, manter
adequadas medidas higiénicas, em cada
etapa do seu processamento.
Os alimentos que correm maiores riscos
de contaminação , são os alimentos
crus, os que se conservam à temperatu-
ra ambiente e os que forem insuficien-
temente aquecidos, São também muito
susceptíveis de alteração os alimentos
perecíveis, aqueles que têm muita água
na sua constituição como é exemplo o
fiambre, a alface, o tomate entre
outros. Entre os alimentos “sensíveis”,
destacam-se: Ovos, molhos, maionese;
carne picada, hambúrgueres, salsichas
frescas; galinhas, frangos, patos e
outras aves; produtos de caça; pesca-
dos e mariscos; leite, queijo fresco,
natas, manteiga, iogurte e outros deri-
vados; produtos de pastelaria e Saladas de
produtos sensíveis.
Os factores de risco mais frequentes na
Restauração, são: alimentos preparados
com demasiada antecedência; alimentos
reaquecidos a temperatura insuficiente;
alimentos cozinhados a partir de matérias-
primas contaminadas; carnes e produtos
derivados mal cozinhados; congelação e
descongelação lenta; contaminações cru-
zadas; conservação dos alimentos quentes
entre os 5ºC e os 65ºC e contaminação
pelos manipuladores.
Pelo efeito, devem ser tomadas medidas
de prevenção em relação ao perigo de
contaminação cruzada (cruzamento de
alimentos crus/confeccionados; de dife-
rentes tipos (como carne/peixe); cruza-
mento entre áreas/zonas (Como zona da
confecção ser a mesma da preparação ou
de lixos, etc...); durante as diversas ope-
rações de manuseamento dos géneros ali-
mentícios.
Tal como devem ser implementadas boas
práticas de higiene e medidas preventivas
em relação a equipamentos, materiais,
ingredientes e matérias-primas, água, sis-
temas de ventilação, pessoal e fontes
externas de contaminação.
É por isso neste sentido que cada vez mais
se aposta e se deve investir na verificação
e controlo destes pontos críticos, nos sec-
tores da actividade alimentar, nomeada-
mente refeitórios, bares e cantinas esco-
lares.
Marisa Cristina Gonçalves Pereira
Técnica de nutrição
Assunto temát ico
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Ano I – nº1/07 Página 4
que ela já tem uma vida stressante, de convívio em convívio e de noitada em noitada. A criancinha cresce a ver Morangos com Açúcar, cheia de pinta e tal, e torna-se mais exigente com os papás. Agora, já não lhe basta que eles estejam por perto. Convém que se come-cem a chegar à frente na mota, no popó e numas férias à manei-ra. A criancinha, entre-gue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de indepen-dência meramente informal. A rebeldia é de trazer por casa. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, suja e não lava, come e não lim-pa, desarruma e não arruma, as tarefas domésticas são «uma s e c a » .
Um dia, na escola, o professor dá-lhe um berro, tenta em cinco minutos pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte, mimo e umbiguismo. A crianci-nha, já crescidinha, fica traumatizada. Sente-se vítima de vio-lência verbal e etc e tal. Em casa, faz quei-xinhas, lamenta-se, chora. Os papás, arre-piados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a con-ta de um eventual psi-quiatra e o derreter do ordenado em folias de
hipermercado, correm para a escola e espe-tam duas bofetadas bem dadas no profes-sor «que não tem nada que se armar em paizi-nho, pois quem sabe do meu filho sou eu». A criancinha cresce. Cresce e cresce. Aos 30 anos, ainda será criancinha, continuará a viver na casa dos papás, a levar a gorda fatia do salário deles. Provavelmente, não terá um emprego. «Mas ao menos não anda para aí a fazer p o r c a r i a s » .
Não é este um fiel retrato da realidade dos bairros sociais, das escolas em zonas pro-blemáticas, das famí-lias no fio da navalha? Pois não, bem sei. Estou apenas a anteci-par-me. Um dia des-tes, vão ser os paizi-nhos a ir parar ao hos-pital com um pontapé e um murro das crian-cinhas no olho esquer-do. E então teremos muitos congressos e debates para nos entretermos.”
Miguel Carvalho
“DIVIDA COMÉDIA Criancinhas
A criancinha quer Playstation. A gente dá. A criancinha quer estrangular o gato. A g e n t e d e i x a . A criancinha berra por-que não quer comer a sopa. A gente elimina-a da ementa e acaba tudo em festim de cho-colate. A criancinha quer bife e batatas fri-tas. Hambúrgueres muitos. Pizzas, umas tantas. Coca-Colas, às litradas. A gente olha para o lado e ela incha. A criancinha quer camisola adidas e ténis nike. A gente dá por-que a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e é perigoso ser diferente. A criancinha quer ficar a ver televisão até tar-de. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando. A criancinha desata num berreiro no res-taurante. A gente faz de conta e o berreiro c o n t i n u a . Entretanto, a crianci-nha cresce. Faz-se projecto de homem ou m u l h e r . D e s p e r t a . É então que a crianci-nha, já mais crescida, começa a pedir mesa-da, semanada, diária. E gasta metade do orçamento familiar em saídas, roupa da moda, jantares e bares. A criancinha já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-la por-
Página do C idadão
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Ano I – nº1/07 Página 5
Página Ecológica
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emprego,” afirmou Christopher Fla-vin, presidente do Worldwatch Ins-titute, durante uma reunião com a imprensa, “mas à medida que se entra no novo século, este apetite dos consumidores, sem precedente à escala humana, mina e ameaça os sistemas naturais de que todos os humanos dependem, e está a tornar mais difícil aos pobres do mundo satisfazerem as suas necessidades básicas.” A ameaça às fontes de água do planeta, o desperdício dos recursos naturais, e a destruição dos ecos-sistemas, encontram-se associados ao uso duma imensidão de mate-riais descartáveis, de sacos plásti-cos do lixo, e de bens baratos tor-nados obsoletos, relacionados com a mentalidade moderna do “usa e deita fora”. A maioria das questões e problemas ambientais, hoje vivi-dos, pode estar relacionada com um (o) excesso de consumo. Ape-nas um pequeno exemplo: cerca de quase metade das espécies vivas, poderão extinguir-se a muito curto prazo devido a mudanças climáticas, relacionadas directa-mente com o consumo. Da Luxúria à Necessidade A globalização é um factor director que, pode tornar bens e serviços previamente fora do alcance em países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento, agora muito mais disponíveis. Artigos que foram em determinada altura considerados de luxo – e.g. televi-sores, telefones celulares, compu-tadores, e sistemas de ar condicio-nado, são agora considerados como necessidades pelo mais comum dos mortais. A China fornece um exemplo desta mudança de mentalidade. Por mui-tos anos, as ruas de cidades princi-pais de China forram caracteriza-das por um mar virtual de pessoas de bicicletas, e há 25 anos eram raros os carros próprios. Cerca do ano 2000, existiam já 5 milhões de carros na deslocação de pessoas e serviços e esperava-se que esse
Investigação revela:
À medida que o consumo alas-tra, o planeta sofre.
@ jpg, FCT/UNL, 2007 *
Americanos e Europeus iniciaram, há décadas, um consumo e desen-volvimento insustentáveis. Mas agora, de acordo com o relatório do Instituto Worldwatch (2004), os países em vias de desenvolvimento entraram igualmente nas vias dum crescimento rápido e constante, em detrimento do ambiente, da saúde e da felicidade. Perfeitamente cronometrado com os excessos das férias desse ano, o relatório divulgado pelo Worldwatch em Washington, D.C., focou-se na investigação sobre o consumismo do ano (2004). Aproximadamente 1,7 biliões de pessoas em todo o Mundo pertenciam ao grupo ou classe dos ditos consumidores, caracterizado por um consumo de dietas alimentares altamente pro-cessadas, desejo de maiores casas e mais e maiores carros, níveis de gastos mais elevados, e estilos de vida regidos pela acumulação de bens não essenciais. Quase cerca de metade destes consumidores, residia em países em vias de desenvolvimento - incluindo 240 milhões de Chineses e 120 milhões de Indianos – quer dizer nos mer-cados com maior potencial de expansão no Mundo. “O incremento do consumo ajudou a resolver os problemas das neces-sidades básicas e criação de
Ano I – nº1/07 Página 6
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número atingisse 24 milhões em 2005. O aumento da confiança nos automóveis significa mais polui-ção, maior tráfego e gastos maiores de combustíveis fósseis. Os carros e outras formas de transporte contribuem para qua-se 30 % do gasto da energia do mundo e 95 por cento do consu-mo global de petróleo. A mudança da dieta alimentar, com ênfase crescente no consu-mo de carne, (sobretudo de bovi-no) ilustra o preço ambiental e social exigido pelo consumo desenfreado. Para produzir mais carne de vaca, galinha, e porco, a bastante para satisfazer a actual procura, a indústria de criação de animais domésticos moveu-se para uma produção fabril em série. Produzir oito onças da carne requer 6.600 galões (25.000 litros) da água; 95 % de colheitas da soja do mundo são consumidos pelo gado, e 16 % do metano atmos-férico, um gás poluidor responsá-vel pelo efeito de estufa, são emitidos pela flatulência dos ani-mais domésticos. O escoamento das enormes quantidades do esterco produzidas nas fazendas fabris transformou-se em um desperdício tóxico, mais do que num fertilizante, ameaçando as enseadas, baías, e estuários cir-cundantes. As galinhas são mantidas em fazendas de exploração em gaio-las com aproximadamente nove polegadas quadradas (aproximadamente 60 centíme-tros quadrados) do espaço /por animal. Para forçá-los a colocar mais ovos, são frequentemente colocadas em regime subalimen-tar. As galinhas massacradas para carne são sobretudo engor-dadas com hormonas, às vezes até as suas patas não consegui-rem sustentar o peso do seu cor-po. As circunstâncias da aglomeração podem conduzir à propagação rápida da doença entre os ani-mais. Para impedir isto, são
incluídos antibióticos em larga escala na sua alimentação. A organização de mundial de saúde (OMS) alerta para o uso difundido destas drogas na indús-tria dos animais domésticos que torna os micróbios resistentes aos antibióti-cos, e complica o tratamento das doenças, quer nos animais quer nas pessoas. Mas as transgressões têm continuado. Em 2002, uma cadeia de refeições rápidas (“fast-food”) anunciou que não compraria mais ovos aos fornecedores que mantivessem galinhas confinadas em gaiolas, em ou regime de alimentar que as forçasse à postura adicional. Em 2004, outra cadeia de “fast-food” requereu aos seus fornecedores de frango que parassem de administrar antibióticos para promover o cresci-mento das aves. Estes factos dão uma pálida ideia do descalabro a que che-gou a situação. O Banco Mundial repensou, também, a sua política de financiamento às “fábricas” de animais domésticos. Em 2001, um relatório do banco concluiu que “há um perigo significativo que as pessoas pobres estejam a ser aglome-radas em baldios, o ambiente corroído, a protecção global e a segurança do alimentar ameaçadas.” Limitações à Felicidade De acordo com diversos estudos, o aumento na prosperidade não está a tornar os seres humanos mais felizes ou mais saudáveis. Os resultados das análises à satisfação da vida em mais de 65 países, indicou que salários e felicidade tendem a estar correlaciona-dos até ao valor aproximado de US $13.000 do salário anual por pessoa (1995) (isto é, cerca de 10 000€). Para além deste valor, salários supe-riores parecem produzir somente modestos incrementos na felicidade auto-relatada. O aumento do consumismo tem reve-lado custos muito elevados. As pes-soas estão a endividar-se e a trabalhar mais tempo para ter um estilo de vida mais consumista, e consequentemente gastando menos tempo com família, amigos, e organizações comunitárias. “O consumo excessivo parece ser con-tra-produtivo,” afirma Gardner. “A iro-nia é que níveis mais baixos do consu-mo podem realmente sanar alguns
Ano I – nº1/07 Página 7
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destes problemas.” As dietas alimentares de componen-tes altamente processados e o estilo de vida sedentário, confiado na con-dução de viaturas automóveis, têm conduzido a uma epidemia mundial de obesidade. Nos USA, estima-se que cerca de 65 % dos adultos pos-suem peso excessivo ou são obesos, e o país possui a taxa a mais elevada no mundo de obesidade entre adoles-centes. Os resultados são taxas cres-centes de doenças cardíacas e diabe-tes, custos exponenciais nos cuidados de saúde, e uma qualidade mais bai-xa de vida quotidiana. Alguns aspectos deste consumismo galopante, tiveram consequências anormalmente gritantes. O Instituto Worldwatch reportou que as despesas anuais mundiais com cosméticos totalizaram US $18 biliões e a esti-mativa para as despesas anuais requeridas para eliminar a fome e a subnutrição seria de $19 biliões. As despesas com os alimentos de ani-mais de estimação nos USA e CEE totalizam $17 biliões anuais e o custo estimado de imunização de todas as crianças, do fornecimento de água potável para todas, e implementação da alfabetização básica universal seria de $16.3 biliões. Não há, naturalmente, nenhuma solução fácil para o problema. Os investigadores têm exigido impostos verdes (que reflictam os verdadei-ros custos ambientais dos produ-tos), e programas de reciclagem de produtos ou bens por parte dos produtores/fabricantes, bem como de programas de consciencialização e educação ambiental para os consu-midores. Mas, o mais importante e acima de tudo seria reorientar a forma de pen-sar do Homem Moderno. Sugere-se a partir desta advertência, uma mudan-ça paradigmática no sentido de esta-belecer as bases dum novo paradig-ma ambiental baseado na reorienta-ção da forma do pensamento huma-no. É necessário mudar a forma de realização/produção de bens mas é igualmente importante mudar as for-
mas como se consome, como se compreende e como se age para com o ambiente. REFERÊNCIA. Do texto introdutório à investiga-ção do Prof. Auxiliar; João Pereira Gama, ED. D. FCT/UNL, 2007, com base em Hillary Mayell for National Geographic News, January 12, 2004
Ano I – nº1/07 Página 8
Galer ia de Arte
Cec í l ia Data de Nascimento: 27-8-1971 Nasceu na cidade do rio azul (Setúbal), onde reside. Desde garota que sempre gostou de trabalhos manuais, actividade que ainda mantém nos tempos livres. Desde que deixou a carreira militar (ex-tenente do exército) tem se dedicado com mais afectividade a esses trabalhos. Considera-se ape-nas uma “curiosa” que gosta de novos desafios e de ensiná-los a quem os quiser aprender. VER TRABALHOS
Saraiva
Fernanda
Mar isa
Beatr iz
Data de Nascimento: 13-11-1955 Pertence à equipa da Unidade de Saúde do Monte. Dedica o seu tempo disponível na arte gastronómica. VER TRABALHOS
Data de Nascimento: 29-04-1953 Além da minha actividade profissional no âmbito da Saúde, dedico todo o pouco tempo disponível na minha aula de pin-tura meramente como obi. Gosto de criar e pintar. VER TRABALHOS
Data de Nascimento: 18-01-1980 É Técnica de Nutrição a exercer funções nos Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Setúbal. Apresento estes trabalhos esperando corresponder às expectativas. VER TRABALHOS
Data de nascimento: 23-05-1990 Frequenta a Escola Secundária Artística António Arroio. Esco-lheu esta escola porque é exclusivamente de artes. Começou por se interessar mais pelo desenho de banda desenhada e a partir dos seus estudos na disciplina de Desenho, evoluiu o seu estilo e traço próprio. VER TRABALHOS
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Ano I – nº1/07 Página 9
Doenças de Gente Famosa
BOCAGE Bocage nasceu em Setúbal em 1765, a 15/09, um bonito dia a despedir-se do Verão. Foi baptizado na Igreja de S. Sebastião, fre-guesia a que perten-ciam os moradores do Largo de Santa Maria. Chamaram-lhe Manuel e acrescentaram Maria em homenagem à Vir-gem – Manuel Maria de Barbosa L'Heclois du Bocage. Nasceu numa casa de boa constru-ção, no Largo de Santa Maria, comprada pelo bisavô materno Leo-nardo Lestoff, um holandês respeitado, cônsul do seu país, que enriquecera com o comércio do sal. Em 1801, depois de uma vida de turbulên-cia e desgaste, os médicos diagnostica-ram-lhe um aneuris-ma. O mesmo era dizer, uma condenação à morte com prazo incerto.
A casa onde nasceu Bocage, segundo uma aguarela de Alberto de Sousa existente na Câmara Municipal de Setúbal. O poeta, maltratado pela miséria, nasceu numa família da alta burguesia.
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Em 1805, morre o Intendente Pina Mani-que. Bocage sentiu a falta do seu velho ini-migo ... “também os inimi-
gos fazem falta para espicaçar o
talento” Nesse mesmo ano, a doença ia fazendo estragos no aspecto do poeta; a pele morena converteu-se em baça e terrosa, os olhos azuis perderam o bri-lho e olhavam para um ponto invisível, os sul-cos do envelhecimento foram cavando a face e o ânimo pousava numa tristeza de adivinhação do fim próximo. O último papel escrito que caíra da mão do poeta ... “Já Bocage não sou! ...
À cova escura Meu estro vai parar desfeito em vento ...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.”
"Magro, de olhos azuis, carão moreno", como o poeta se
auto-retratou e como o pintor (Elói) o viu (Câmara Municipal
de Setúbal)
Fachada da Casa onde o poeta morreu, na Travessa de André
Valente, em Lisboa. Exausto por uma vida agitada, Bocage ali
viveu os últimos tem-pos, regenerado pelo trabalho, purificado
pelo sofrimento, con-fortado por amigos e admiradores, reconci-liado até com velhos
inimigos.
Ano I – nº1/07 Página 10
As vacinas desenvolvidas e admi-
nistradas até à data para a pre-
venção da gripe não seriam efica-
zes contra este novo vírus mutan-
te, o que torna a espécie humana
v u l n e r á v e l à i n f e c ç ã o .
Os peritos consideram que a próxi-
ma pandemia (epidemias de gran-
des proporções que surgem em
diversas zonas geográficas mais ou
menos em simultâneo) de gripe
poderá vir a surgir desta forma.
Os sintomas da Gripe
A gripe caracteriza-se pelo início súbito de sintomas que incluem frequentemente:
• Febre elevada
• Arrepios
• Dor de cabeça
• Dor muscular
• Garganta inflamada
• Nariz entupido
• Tosse seca
Na gripe sem complicações, a
doença aguda geralmente resolve-
se ao fim de cerca de 5 dias e a
maioria dos doentes recupera em
1-2 semanas. Porém, em algumas
pessoas, os sintomas de fadiga
podem persistir várias semanas.
Como se transmite o vírus da Gripe
O vírus da gripe (vírus influenza)
transmite-se facilmente de pessoa
para pessoa através das gotículas
emitidas com a tosse ou os espir-
r o s .
A inalação dessas gotículas atra-
vés do nariz ou garganta permite
O que é a Gripe A gripe é uma doença contagiosa
resultante da infecção pelo vírus
influenza. O vírus influenza infecta
o tracto respiratório (nariz, seios
nasais, garganta, pulmões e ouvi-
d o s ) .
A maior parte das pessoas recupe-
ra em uma a duas semanas. A gri-
pe é mais perigosa nas crianças
pequenas, nos idosos (com mais
de 65 anos de idade), nos doentes
com problemas do sistema imuni-
tário (infectados pelo VIH ou
transplantados), ou com doenças
crónicas (pulmonares, renais ou
cardíacas). Nestes grupos de
doentes a gripe pode levar a com-
plicações graves, é nos quais ocor-
re o maior número de hospitaliza-
ções e de mortes.
Gripe aviária ou gripe das aves
A maioria dos vírus da gripe das
aves não são infecciosos para o
Homem. No entanto, se um vírus
da gripe humana e outro da gripe
aviaria infectarem uma pessoa ou
um animal, os dois tipos de vírus
podem unir-se, sofrer mutações e
dar origem a um vírus novo, passí-
vel de se transmitir dos animais
para o Homem, ou de pessoa para
p e s s o a .
Riscos para a População
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a entrada do vírus no organismo.
Uma vez dentro do organismo, o
vírus destrói a membrana mucosa
do tracto respiratório e infecta as
c é l u l a s .
É relativamente frequente a proli-
feração bacteriana nas membra-
nas mucosas danificadas pela
infecção pelo vírus influenza, que
provocam infecções secundárias
como pneumonia, sinusite, faringi-
te, otite ou bronquite.
Complicações da Gripe
O risco de ocorrência de complica-
ções, hospitalização ou morte, em
resultado da gripe, é maior nos
idosos (com mais de 65 anos), nas
crianças pequenas e nos doentes
c r ó n i c o s .
As complicações da gripe podem
incluir a exacerbação de doenças
já existentes ou problemas respi-
ratórios (a pneumonia viral e/ou a
pneumonia bacteriana secundária
são as complicações respiratórias
mais graves mas
pode surgir otite média, bronquite,
etc) ou não respiratór ios
(convulsões febris, síndroma de
Guillain-Barré, encefalopatia, mio-
site, miocardite, entre outras).
Prevenção da Gripe
A principal medida de prevenção
da gripe é a vacinação. A vacina-
ção deve ser repetida anualmente
e deve ser feita especialmente nos
grupos de risco (idosos, crianças e
d o e n t e s c r ó n i c o s ) .
Uma vez que o vírus sofre altera-
ções frequentes que o transfor-
mam num organismo diferente, a
vacinação deve também ser repeti-
da anualmente para poder ser efi-
caz. Estudos apontam para que a
vacina da gripe oferece uma pro-
tecção de 30% a 90% aos indiví-
duos vacinados.
Gripe - Tratamento Habitualmente, a gripe é tratada
com medicamentos para o alívio
dos sintomas (analgésicos, antipi-
réticos, descongestionantes nasais,
e t c ) .
Os antibióticos são ineficazes con-
tra a infecção viral mas podem ser
prescritos se surgir uma infecção
bacteriana secundária à gripe.
Existem actualmente medicamen-
tos inibidores da neuraminidase,
que bloqueiam a multiplicação dos
vírus responsáveis pela gripe. Des-
ta forma consegue-se suspender a
rápida proliferação do vírus e con-
trolar a doença.
Plano Pandémico
As pandemias de gripe são eventos raros, mas recorrentes. Ocorrem normalmente com intervalos de 10 a 40 anos. O exemplo mais conhe-cido é a pandemia de 'gripe espa-nhola' de 1918, que se estima que tenha causado a morte a 30 a 50 milhões de pessoas em todo o m u n d o . De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pandemia de gripe ocorre quando aparece uma nova estirpe do vírus influenza A contra a qual a popula-ção humana não tem imunidade.
Ano I – nº1/07 Página 11
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Em todo o mundo, ocorrem surtos sucessivos que podem dar origem a números elevados de mortes e casos de doença, causando uma perturba-ção generalizada da estrutura social. Segundo a Direcção Geral de Saúde: "A OMS recomenda que os países e as empresas se preparem para uma possível pandemia de gripe, pois, apesar de não se poder prever quan-do vai ser o seu início, existe actual-m e n t e e s s e r i s c o . Em situação de pandemia de gripe, as empresas têm um papel fulcral a desempenhar na protecção da saúde e segurança dos seus empregados, colaboradores e clientes, assim como na limitação do impacte negativo sobre a economia e a sociedade. Deste modo, as empresas deverão
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Gripe vs Constipação
ter Planos de Contingência que contemplem a redução dos riscos para a saúde dos trabalhadores e a continuidade das actividades essenciais, de forma a minimizar o impacte de qualquer disrupção e a assegurar o funcionamento da sociedade."
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Ano I – nº1/07 Página 13
Gabinete Jur íd ico
consciência que as suas acções
podem pôr em causa a sua saúde,
mas também a dos outros (riscos
colectivos provocados pelo homem:
pense-se no caso da poluição resul-
tante dos gases dos automóveis e
nos consequentes danos para os
seres humanos). Existe um dever
fundamental de proteger a sua pró-
pria saúde, pois a vida não é feita
unicamente de direitos, mas tam-
bém de deveres.
“Todos têm direito à protecção da
saúde e o dever de a defender e
promover” (art.64ºCRP). Segundo
este art. “O direito à protecção da
saúde é realizado:
• Através de um serviço nacional
de saúde universal e geral e,
tendo em conta as condições
económicas e sociais dos cida-
dãos, tendencialmente gratui-
to;
• Pela criação de condições eco-
nómicas, sociais, culturais e
ambientais que garantem,
designadamente, a protecção
da infância, da juventude e da
velhice, e pela melhoria siste-
mática das condições de vida e
de trabalho, bem como pela
promoção da cultura física e
desportiva, escolar e popular,
e ainda pelo desenvolvimento
da educação sanitária do povo
e de práticas de vida saudá-
vel.”
O conhecimento dos Direitos e
Deveres dos Utentes das Unidades
Sanitárias possibilita aos utentes
uma intervenção activa na melhoria
progressiva dos Cuidados e Servi-
O Gabinete Jurídico é um espaço
dirigido ao Utente/Cidadão, no qual
se poderá manter informado sobre
os direitos e interesses legalmente
protegidos, mas também dos seus
deveres. Aqui poderá colocar ques-
tões e esclarecer dúvidas.
A saúde é um direito fundamen-
tal consagrado no artigo 64º da
Constituição da República.
A saúde é um bem a que todos
temos direito. Contudo, ao contrá-
rio do que se possa pensar os cui-
dados de saúde não se restringem
aos que são prestados pelos médi-
cos, enfermeiros, paramédicos e
outros profissionais de saúde. O
primeiro passo cabe a cada um de
nós, cidadãos do mundo, um mun-
do que evolui a um ritmo frenético.
Assim, para pôr em prática este
direito fundamental, torna-se indis-
pensável referir as pré-condições
para a saúde (água potável, sanea-
mento e alimentação adequadas,
saúde ambiental, saúde ocupacio-
nal, informação relativa à saúde).
Como diz o ditado “mais vale
prevenir, do que remediar”, a nos-
sa conduta torna-se por isso muito
importante. Actualmente, existem
inúmeras campanhas publicitárias a
incentivar o desporto, uma alimen-
tação saudável, vacinações e testes
para detectar sinais de doença
(rastreio). As pessoas têm que ter
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ços.
“A «Carta dos Direitos e Deveres
dos Utentes» representa mais um
passo no caminho da dignificação
dos utentes e da humanização dos
Cuidados de Saúde, caminho que
os utentes, os profissionais e a
comunidade devem percorrer lado
a lado.”
Direitos dos Utentes
1. O utente tem direito a ser trata-
do com cortesia e no respeito pela
dignidade humana.
2. O utente tem direito a receber
informações sobre a promoção da
Saúde e cuidados preventivos,
curativos, de reabilitação e termi-
nais, apropriados ao seu estado de
Saúde.
3. O utente tem direito a não ser
discriminado, nem na base do
sexo, da raça ou etnia, da condição
socio-económica, da religião, das
suas opções políticas ou ideológi-
cas, nem ainda da doença de que
padecem.
4. O utente tem direito à confiden-
cialidade de toda a informação clí-
nica e elementos identificativos que
lhe respeitam.
5. O utente tem direito à privacida-
de na prestação de todo e qualquer
acto médico.
6. O utente tem direito a ser infor-
mado sobre a sua situação de Saú-
de e a aceder aos dados registados
no seu processo clínico
7. O utente tem direito a dar ou
recusar o seu consentimento explí-
cito, antes de qualquer acto médico
invasivo ou de participação em
qualquer projecto de investigação
ou ensaio clínico.
8. O utente tem direito à prestação
de cuidados continuados e a bene-
ficiar do sistema de referência.
9. O utente tem direito ao respeito
pelas suas convicções culturais,
filosóficas e religiosas, desde que
elas não comportem risco grave
para a sua vida.
10. O utente tem direito por si, ou
por quem o represente, a apresen-
tar sugestões e reclamações.
11. O utente tem direito ao apoio
familiar e as crianças têm direito a
ser acompanhadas pelas suas mães
ou avós.
Deveres dos utentes
1. O utente tem o dever de zelar
pelo seu estado de Saúde, de
adoptar modos de vida saudáveis e
de procurar cuidados preventivos.
2. O utente tem o dever de forne-
cer aos profissionais de saúde
todas as informações necessárias
para obtenção de um correcto diag-
nóstico e adequado tratamento.
3. O utente tem o dever de respei-
tar os direitos dos outros utentes.
4. O utente tem o dever de colabo-
rar com os profissionais de saúde,
respeitando as indicações que lhe
são recomendadas.
Ano I – nº1/07 Página 14
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5. O utente tem o dever de respei-
tar as regras de funcionamento dos
Serviços de Saúde.
6. O utente tem o dever de utilizar
os serviços de saúde de forma
apropriada e de colaborar activa-
mente na redução de gastos desne-
cessários.
7. O utente tem o dever de denun-
ciar cobranças ilícitas e outras for-
mas de comportamentos incorrec-
tos por parte de trabalhadores de
Saúde.
8. O utente tem o dever de pagar taxas moderadoras dentro das suas possibilidades económicas. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é o prestador universal de Cuidados de Saúde pelo que deve prestar Cuidados de Saúde a todos os cidadãos, segundo o princípio da igualdade e sem discriminação de qualquer tipo. Assim, não podem ser feitas cobranças elevadas fora das capacidades da maioria da população. No entanto, o SNS pode requerer dos utentes pequenas contribuições que se destinem a desencorajar e evitar o uso indevi-do e exagerado dos Serviços de Saúde para além do que é estrita-mente necessário. São estas quan-tias módicas e ao alcance da maio-ria da população que são chamadas «taxas moderadoras» e que os utentes têm o dever de pagar. Em caso de pobreza extrema, o utente ficará isento do pagamento dessas taxas moderadoras, e em nenhum caso podem ser recusados cuidados de urgência por falta de pagamento das taxas moderadoras. Existem, actualmente, cerca de 55% de pessoas isentas em Portu-gal. A saúde não pode ser totalmente
gratuita, ao contrário do que todos gostaríamos, e isso pelo facto de que nada é totalmente gratuito. Poderíamos não pagar nada no acto da inscrição da consulta, mas para isso os impostos teriam de aumen-tar. Para além de outros problemas que surgiriam automaticamente; veja-se, com 3 exemplos: a) quando alguns antibióticos eram gratuitos, foram usados no gado (em Portugal e Espanha) b) quando a ADSE subsidiava todos os produtos farmacêuticos muitos beneficiários só usavam pastas de dentes e cremes “medicinais” (saíam-lhes mais baratos, porque nós pagávamos para eles) c) dar camas articuladas e cadei-ras de rodas sem critério social e sem controlo, levou a que depois fossem revendidas pelos particula-res (custo público, beneficio priva-do) Os impostos são já muito altos em Portugal e o esforço a fazer deve ser para os reduzir; para além disso o SNS tem sido responsável por défices sucessivos que levam a mais divida e mais juros a pagar no futuro. Assim é necessário que os uten-tes paguem «taxas moderadoras», têm o dever de pagar. Mas não se pode pensar que apenas os utentes dos serviços pagam; quem é que paga a diferença entre a taxa moderadora e o custo real, por exemplo de uma consulta hospita-lar que são respectivamente 3€ e 30€? É o Estado que paga os cus-tos do tratamento dos doentes con-forme preconiza a Constituição. O rico paga para o pobre, o são paga para o doente, o jovem/activo para o reformado/inactivo.
Ano I – nº1/07 Página 15
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