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WILSON ROBERTO RODRIGUES NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE ALUNOS APÓS O ESTUDO FORMAL MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA PUC/SP SÃO PAULO 2005

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WILSON ROBERTO RODRIGUES

NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE

ALUNOS APÓS O ESTUDO FORMAL

MESTRADO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

PUC/SPSÃO PAULO

2005

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WILSON ROBERTO RODRIGUES

NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE

ALUNOS APÓS O ESTUDO FORMAL

PUC/SPSÃO PAULO

2005

Dissertação apresentada à bancaexaminadora da Pontifícia UniversidadeCatólica de São Paulo, como exigênciaparcial para a obtenção do título deMESTRE em Educação Matemática,sob a orientação da Profª. Dra. TâniaMaria Mendonça de Campos.

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BANCA EXAMINADORA

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos ou científicos, a reprodução totalou parcial desta dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.

ASSINATURA:_______________________LOCAL E DATA:_______________

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DEDICATÓRIA

A minha esposa Lúci e meus filhos, Flávia e Wilson.

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AGRADECIMENTOS

À sensação de satisfação, de entusiasmo e de dever cumprido, que

necessariamente se faz presente no momento em que se conclui um trabalho como

este, junta-se, com a mesma intensidade, a de gratidão para com todas as pessoas

que dele fizeram parte e que possibilitaram sua concretização com orientações,

amizade, compreensão e incentivo nos momentos difíceis.

À Professora Dra Tânia Maria Mendonça de Campos, pela orientação segura,

pelas idéias sempre oportunas e enriquecedoras e, sobretudo, pelo privilégio de um

convívio afável, propiciado pelas muitas horas de leitura e discussão do trabalho, e

pela sua larga experiência de pesquisadora que me proporcionou momentos de rico

aprendizado.

À Professora Dra Sandra Maria Pinto Magina, que partilha com a Profa Tânia

a coordenação do Grupo de Pesquisa, pelo entusiasmo contagiante transmitido aos

membros do grupo e por suas valiosas sugestões, seja individualmente, seja nas

discussões dos seminários do grupo, que certamente em muito enriqueceram este

trabalho.

À Professora Dra Otília Therezinha W. Paques, pela amizade e consideração

que sempre me dedicou, pelas oportunidades que me proporcionou, pela motivação

na busca deste mestrado e pela colaboração na leitura e julgamento do trabalho na

Prova de Qualificação.

Ao Professor Dr Vincenzo Bongiovanni, pela meticulosa análise do trabalho na

fase de qualificação e pelas inúmeras sugestões apresentadas, que muito

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contribuíram para o enriquecimento do conteúdo deste trabalho e que me sugeriram

caminhos para os trabalhos de análise que sucederam a Prova de Qualificação.

Aos colegas Alécio, Angélica, Aparecido, Conceição, Leonel, Raquel e Vera,

pela oportunidade de discussões acaloradas e enriquecedoras, pelas pacientes

leituras de trechos do trabalho, pelo auxílio nas análises, pela aplicação das

questões a seus alunos, enfim, pelo privilégio de poder desenvolver o trabalho num

autêntico grupo de pesquisa.

Aos colegas, professores da Escola Preparatória de Cadetes do Exército:

Samuel, pelo apoio e trocas de experiências ao longo de todo o mestrado; Márcia e

Maria da Graça, pelo auxílio na redação em inglês; e Wallace Fauth, pela meticulosa

revisão do texto.

Por fim, à minha esposa Lúci, a quem dedico este trabalho, pelo constante

incentivo e pela compreensão carinhosa de minha ausência nas horas a ele

dedicadas, o que certamente tornou mais ameno o caminho percorrido, que agora se

conclui, com a graça de Deus.

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo identificar aspectos do conceito de fração,

relativos aos significados parte-todo e quociente, que permanecem não

apropriados por alunos em fase de escolarização posterior ao ensino formal

desses números. Para isso, busca-se a resposta para a seguinte questão de

pesquisa: “Que aspectos do conceito de fração nos significados parte-todo e

quociente permanecem sem ser apropriados por alunos de oitava série do Ensino

Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino Superior na área de

exatas?”, a qual remete a uma segunda questão: “Que ligações existem entre

essas dificuldades e as deficiências, já apontadas por outras pesquisas, da prática

pedagógica,?”.

Três idéias nortearam a busca dos fundamentos teóricos: a gênese do

número racional, focando-se as idéias de Caraça (1952); os princípios da

psicologia cognitivista, fundamentados nas idéias de Vygotsky e Vergnaud; bem

como as idéias de alguns educadores matemáticos, que propõem modelos

específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr,

Nunes, Mack e Esolano e Gairín.

Foi elaborado um instrumento composto de 48 questões envolvendo o

conceito de fração nos significados parte-todo e quociente, em três níveis de

dificuldade, aplicado a 13 alunos de oitava série, 31 alunos do terceiro ano do

Ensino Médio e 29 alunos do Ensino Superior, na área de exatas.

Os resultados obtidos foram considerados sob os pontos de vista

quantitativo e qualitativo, constatando-se que, mesmo nesses níveis de

escolaridade, os alunos ainda apresentam dificuldades significativas sob três

pontos de vista: da compreensão do papel da unidade nos problemas envolvendo

frações; das peculiaridades das situações envolvendo grandezas discretas; e de

aspectos mais abstratos da construção dos números racionais, como a inclusão

dos inteiros e a explicitação de soluções em termos de operações com frações.

Por fim, procurou-se associar essas dificuldades a aspectos da prática

pedagógica levantados por outros pesquisadores, a fim de levantar hipóteses para

suas possíveis causas.

Palavras-chave: frações, problemas, concepções, Educação Matemática.

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ABSTRACT

This work is aimed at identifying the fraction concept aspects related to the

part-whole and quotient meanings, which remain not learned by students during the

learning period that follows the formal teaching of these numbers. For this task, we

sought to answer the following research question: “Which aspects of the fraction

concept in the part-whole and quotient meanings remain not learned by eighth

grade students of elementary education, third grade high school students and

higher education students in the exact sciences area?”. This question leads us to a

second one: “What connections are there between these difficulties and the

teaching practice deficiencies already mentioned in other researches?”

Three great ideas have guided the search for theoretical bases: the genesis

of the rational number, focusing on the ideas of Caraça (1952), the principles of

cognitivist psychology, based on Vygotsky's and Vergnaud's ideas, and the ideas of

some mathematical educators who propose specific models for rational numbers,

with an emphasis on Kieren, Behr, Nunes, Mack and Esolano and Gairín.

An instrument was developed containing 48 questions involving the fraction

concept in the part-whole and quotient meanings, in three levels of difficulty. It was

taken by 13 eighth graders, 31 high shool students and 29 higher education

students in the exact sciences area.

The results obtained were considered under the quantitative and qualitative

points of view, and it could be observed that, even in these learning levels, students

still have considerable difficulty regarding the role of the unit in problems involving

discrete situations and more abstract aspects of building rational numbers, like the

insertion of integers and the clearing of solutions in terms of operations with

fractions.

At last, we sought to associate these difficulties to aspects of the teaching

practice listed by other researchers, in an attempt to raise hypotheses for possible

causes.

Keywords: fraction, problems, conception, Mathematical Education.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO E QUESTÃO DE PESQUISA ................................................... 10

CAPÍTULO I - FUNDAMENTOS TEÓRICOS..................................................... 18

1.1 Caraça: A construção do Conjunto dos Números Racionais ........... 19

1.2 Vygotsky: Conceitos Científicos e Cotidianos .................................. 22

1.3 Vergnaud: A Teoria dos Campos Conceituais ................................. 23

CAPÍTULO II - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................... 31

2.1 Kieren: Os Subconstrutos do Número Racional ............................... 32

2.2 Nunes e Bryant: Uma Classificação Baseada em Vergnaud ........... 39

2.3 Behr: Considerações Sobre o Conceito de Número Racional ......... 44

2.4 Nancy Mack: O Conhecimento Intuitivo............................................ 46

2.5 Escolano e Gairín: Uma Crítica ao Modelo Parte-Todo ................... 52

2.6 Silva: Proposta de Mudanças de Paradigma................................... 58

2.7 Bezerra: Construindo o Conceito por Situações Significativas ....... 61

2.8 Santos: Um Diagnóstico das Concepções dos Professores............. 62

CAPÍTULO III – METODOLOGIA ...................................................................... 65

3.1 Fundamentos Metodológicos ........................................................... 65

3.2 Descrição do Experimento ............................................................... 66

3.2.1 Montagem do Instrumento de Pesquisa................................ 66

3.2.2 Universo de Estudo............................................................... 71

3.2.3 Estudos Preliminares............................................................ 72

3.2.4 Aplicação do Instrumento de Pesquisa................................. 73

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CAPÍTULO IV - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO INSTRUMENTO DE

PESQUISA ................................................................................ 74

CAPÍTULO V - ANÁLISE QUANTITATIVA DOS RESULTADOS .................... 146

CAPÍTULO VI – UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS RESULTADOS ............ 179

6.1 – A fração Imprópria no Significado Parte-todo e o Papel da

Unidade......................................................................................... 180

6.2 – A Cardinalidade.............................................................................. 189

6.2 – Quociente e Grandezas Discretas................................................ 194

6.4 – A Capacidade de Formalizar......................................................... 199

CAPÍTULO VII – CONCLUSÃO......................................................................... 208

7.1 – Considerações Iniciais................................................................... 208

7.2 – Síntese dos Resultados Obtidos.................................................... 210

7.3 – Respondendo à Questão de Pesquisa........................................... 217

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 224

ANEXOS.............................................................................................................. 229

Anexo I – Fração Imprópria no Significado Parte-todo – Tabulação das

Respostas................................................................................................ 230

Anexo II – O instrumento de Pesquisa................................................... 233

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INTRODUÇÃO

A aquisição do conhecimento matemático escolar, como modernamente é

concebida, pressupõe que o aluno desenvolva sua capacidade de estabelecer

relações entre conceitos correlatos, construindo uma teia de saberes

relacionados, que possibilite agregar novos conhecimentos ao seu repertório �

embasando-se em etapas anteriores � e, assim, construir um conjunto de

conceitos que, interligados uns aos outros, constituir-se-ão em seu conhecimento

matemático.

Os livros didáticos procuram estabelecer seqüências que direcionem essas

correlações, com base nos próprios critérios de verdade da Matemática e na

transposição didática1 necessária para que o conhecimento científico seja

acessível ao aluno, em cada uma das fases do estudo. É da própria natureza da

Matemática esse entrelaçamento de conceitos, e as rupturas nesse processo são

sempre traumáticas para o prosseguimento do trabalho de construir o

conhecimento matemático.

Diversos pesquisadores têm apontado, nesse processo, pontos críticos,

que são fontes de dificuldades para o ensino da matemática escolar; e alguns

1 A expressão Transposição Didática tem, neste texto, o sentido atribuído a ela por Chevallard

(1991),

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desses pontos são particularmente sensíveis, como a introdução dos números

racionais, a partir dos naturais ou a introdução do conhecimento algébrico.

Como professor de Matemática no Ensino Médio, tenho constatado o

quanto essas deficiências dificultam o aprendizado, daí a motivação para

pesquisar as concepções de número racional dos alunos que já passaram pela

fase de estudo formal2 desses números, tentando obter um melhor conhecimento

dessas concepções, levantar pontos críticos e proporcionar subsídios para que

novos trabalhos apresentem propostas de intervenções para minimizá-los.

Assim, a pesquisa deverá ser pautada na busca de atingir o seguinte

objetivo:

Identificar aspectos do conceito de número racional cuja

construção não se tem revelado eficaz no período da educação

básica, quando são trabalhados em sala de aula, e que permanecem

sem ser apropriados pelos alunos por longo tempo, durante o

processo de escolarização.

O trabalho focará a forma fracionária do número racional positivo, ou seja,

números da forma p/q, com p e q naturais e q≠0. Estes números aqui receberão

simplesmente a denominação de fração.

Esta pesquisa faz parte de um trabalho mais amplo que se desenvolve na

PUC-SP, cuja abrangência é o ensino e a aprendizagem de frações, e procura

investigar as concepções a respeito desse objeto matemático, tanto de alunos

quanto de professores, em todas as etapas da escolarização. Esse conjunto de

2Estudo formal é aqui entendido como o estudo realizado em ambiente escolar, com base em

planejamento curricular.

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pesquisas integra um programa de cooperação entre a Oxford University, a

Oxford Brookes University e o Centro das Ciências Exatas e Tecnologia da PUC �

SP.

No Brasil, o conceito de fração tem seu ensino iniciado, formalmente, a

partir do segundo ciclo do Ensino Fundamental, (entre 3ª e 4ª séries),

estendendo-se pelo menos até o final do terceiro ciclo (5ª e 6ª séries). Pesquisas

recentes (Kieren, 1988; Mack, 1990; Campos e Cols, 1995; e Nunes, 1997), têm

evidenciado dificuldades em relação a esse conceito, seja do ponto de vista de

seu ensino, seja de sua aprendizagem.

Alguns aspectos levantados nas pesquisas citadas merecerão especial

destaque neste trabalho, como as conclusões de Campos e Cols, citadas por

Nunes (1997), em que as pesquisadoras demonstram que, quando os alunos são

incentivados apenas a empregar procedimentos de dupla contagem para

representar uma fração, podem até resolver problemas de frações, sem, contudo

entender o significado desse novo tipo de número.

Nunes (ibid) chama a atenção para o fato de que as crianças tomam

posturas diferentes em problemas com frações, quando eles envolvem situações

cotidianas ou quando envolvem situações de avaliação escolar, sugerindo que há

uma dificuldade em relacionar os problemas contextuais aos algoritmos, que são

aprendidos para operar com as frações.

A pesquisadora ainda destaca o fato de que também pode ocorrer o

contrário: crianças que dominam os algoritmos e operam corretamente com

frações podem não ter a compreensão perfeita do que é o número racional em

todas as suas nuances. Nunes (2003) propõe uma classificação de situações em

que as frações são usadas, entendendo que propor essa classificação é o mesmo

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que propor uma teoria sobre quais são os efeitos do raciocínio das crianças sobre

frações. Para a autora, os problemas envolvendo frações abrangem as idéias de

relações parte-todo, quociente, medida, operador multiplicativo e número. Esses

significados serão detalhados nos capítulos subseqüentes.

Kieren (1988), destaca que os números racionais não podem ser

considerados simplesmente como uma extensão dos naturais, e aponta algumas

de suas peculiaridades, com ênfase para a complexidade que envolve a idéia de

unidade nesse conjunto numérico. Kieren (ibid) também apresenta algumas

pesquisas que retratam o comportamento de crianças diante de situações em que

são solicitadas a manipular o referencial para representar uma grandeza através

de uma fração, identificando aí um ponto crítico na construção do conceito. O

autor também entende que a compreensão plena do número racional só será

conseguida se esses números forem estudados segundo as diversas maneiras

em que aparecem nos problemas, optando pela palavra �subconstrutos�, em vez

de significados, para definir esses tipos de situação.

Em comum com Nunes, a classificação de Kieren apresenta os

subconstrutos quociente, medida e operador, mas difere por não considerar o

significado parte-todo e por incluir o subconstruto razão.

As pesquisas comentadas acima, associadas ao fato de que os alunos

costumam apresentar dificuldades no emprego da fração mesmo após o período

de estudo formal desse conteúdo, proporcionaram a motivação para investigar até

que ponto os alunos de nível de escolaridade mais elevado dominam o conceito

de número racional em suas diversas peculiaridades, tanto em situações

contextuais, quanto formais, com ênfase para as primeiras.

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A partir desses pressupostos, neste trabalho pretende-se investigar as

concepções do número racional, em sua representação fracionária e nos

significados parte-todo e quociente, por alunos que já concluíram o estudo formal

das frações. A pesquisa foi estruturada levando em conta a idéia de construção

do conceito de Vygotsky, a Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud e as

idéias de Kieren e Nunes a respeito dos números racionais.

A palavra �concepção�, do ponto de vista da Didática, é entendida por

Balacheff como uma quádrupla, identificada por C=(P, R, L, ∑) em que

• P é um conjunto de problemas sobre o qual C opera;

• R é um conjunto de operadores;

• L é um sistema de representação, que permite exprimir os elementos de P

e R

• ∑ é uma estrutura de controle, que assegura a não contradição de C.

Segundo esse ponto de vista, pode-se dizer que um problema p,

pertencente ao conjunto P, será considerado resolvido se existir um operador r,

do conjunto R e uma estrutura s, do conjunto ∑ tal que s(r(p)) seja verdadeira.

Para Balacheff, portanto, um operador sempre transforma um problema em

novo problema e a condição para que um problema p pertença a P é que exista

uma seqüência de transformações em R que o conduza a um problema resolvido

segundo o critério de ∑. (Balacheff, 1994, p.225).

Não será objeto do presente trabalho explicitar os componentes da

concepção, conforme proposto por Balacheff. Portanto, o termo concepção será

aqui entendido, de maneira menos formal, como o ato de criar mentalmente, de

formar idéias, especialmente abstrações, que contribuirão para a formação do

conhecimento explícito do sujeito. Esse conhecimento será identificado pelas

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representações simbólicas assumidas por esse sujeito, tais como expressão oral

ou escrita, buscando retratar, por meio dessas expressões, o estado em que se

encontra o conceito para o sujeito.

A idéia é aplicar a sujeitos de escolaridade mais elevada as questões

propostas por Campos e Cols, Mack e Kieren, além das questões que couberem

dos trabalhos em Moutinho(2005) e Merlini(2005), juntamente com outras

elaboradas pelo pesquisador em níveis diferentes de dificuldade, que pretendem

fornecer elementos para detectar pontos críticos nas concepções e principais

dificuldades apresentadas pelos sujeitos de pesquisa.

A escolha de apenas dois significados como objeto de pesquisa deveu-se

à impossibilidade de abranger todos os significados a partir da metodologia

adotada, considerando a extensão do trabalho. A opção por parte-todo e

quociente levou em conta que esses significados estão, no entendimento deste

pesquisador, mais associados às fases iniciais da construção do conceito de

número racional, sendo, portanto, mais apropriados para a identificação dos

pontos críticos desse processo.

O trabalho parte da hipótese de que o ensino formal de frações não tem

sido capaz de fornecer aos alunos elementos para que esse conceito seja

plenamente desenvolvido, mesmo em estágios avançados da escolarização. Por

isso pretende responder à seguinte questão de pesquisa:

Que aspectos do conceito de fração nos significados parte-todo

e quociente permanecem sem ser apropriados por alunos de oitava

série do Ensino Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino

Superior na área de exatas?

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Essa questão conduz, de maneira natural, a uma outra:

Que ligações existem entre essas dificuldades e as deficiências

da prática pedagógica, já apontadas por outras pesquisas?

Para tentar responder a essas questões este trabalho foi estruturado em

capítulos, cujos resumos são descritos a seguir.

Nestas palavras iniciais foram apresentadas algumas considerações sobre

os números racionais e as dificuldades relativas à aquisição desse conceito, que

nos conduziram a formular a presente questão de pesquisa.

Os capítulos 1 e 2 procuram fundamentar a pesquisa em termos teóricos,

partindo da gênese número racional, conforme proposto por Caraça (1952), das

idéias sobre a construção do conceito, segundo as visões de Vygotsky e

Vergnaud, e das considerações específicas sobre as frações de Kieren (1981,

1988 e 1993), Nunes (1997 e 2003), Behr (1983), Mack (1990 e 1995), e

Escolano e Gairín (2005) e das observações de Silva (1997), Bezerra (2002) e

Santos (2005) sobre universos próximos aos do interesse desta pesquisa.

O capítulo 3 apresenta a metodologia empregada, a seleção do público

alvo e os critérios utilizados para a elaboração do instrumento de pesquisa, sua

testagem e aplicação.

O Capítulo 4 apresenta uma descrição e uma análise do instrumento de

pesquisa, procurando detalhar os objetivos esperados com cada item, as

respostas esperadas e o grau de dificuldade.

O Capítulo 5 apresenta o resultado das tabulações das respostas

apresentadas aos itens, em termos de certo ou errado, permitindo um

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levantamento de pontos críticos que fornecerão subsídios para uma análise

qualitativa.

Os Capítulos 6 e 7 apresentam, respectivamente, a análise qualitativa do

resultado da pesquisa e as conclusões e considerações finais obtidas através

dessa análise.

Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas. Os itens que

constituíram o instrumento de pesquisa, bem como algumas das tabelas da

análise qualitativa, estão incorporados ao trabalho sob a forma de anexos.

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CAPÍTULO I

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

O presente capítulo procura buscar subsídios para fornecer uma base

teórica ao objeto da pesquisa: a avaliação do desempenho dos alunos acerca dos

números racionais em diferentes etapas da escolarização, principalmente nas

mais avançadas. Três grandes idéias nortearam a busca dos fundamentos

teóricos: a gênese do número racional, enquanto conceito fundamental da

Matemática; os princípios da psicologia cognitivista, que procura construir

modelos para compreender a construção do conceito; e as idéias de alguns

educadores matemáticos, que, a partir dessas teorias, propõem modelos

específicos para o estudo dos números racionais.

Com relação à origem primeira dos números racionais e sua inserção no

conhecimento matemático, serão tomadas como referência as idéias de Caraça

(1952), que descrevem o surgimento do campo dos números racionais a partir

das necessidades humanas e de princípios gerais em que se fundamenta a

construção da Matemática.

Do ponto de vista da psicologia cognitivista, a visão de Vygotsky a respeito

da formação e evolução do conceito, e as idéias de Vergnaud – que entende o

conceito como algo construído ao longo do tempo, dentro de um conjunto de

situações, operações mentais e representações – se mostram adequadas ao

estudo, uma vez que só teria sentido considerar as concepções dos sujeitos sobre

um assunto tipicamente escolar, fora do período em que ele é estudado na

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escola, se a construção do conceito for entendida como um processo dinâmico

que se completa e se sofistica ao longo da vida do indivíduo.

Com relação aos aspectos peculiares à aprendizagem do número racional,

diversos autores têm proposto bases teóricas para esse estudo, com destaque

para Kieren(1981, 1988, 1993) e Nunes e Bryant(1997, 2003). O primeiro propõe

que os números racionais sejam compreendidos segundo quatro subconstrutos,

e que em seu estudo sejam considerados tanto elementos intuitivos quanto

formais; e Nunes e Bryant propõem uma classificação do número racional em

significados, que será tomada como base nesta pesquisa. Os tópicos seguintes

pretendem detalhar cada uma dessas considerações.

1.1 - CARAÇA: A CONSTRUÇÃO DO CONJUNTO DOS NÚMEROS

RACIONAIS

Um bom ponto de partida para se pensar na construção dos números

racionais encontra-se em Caraça (1952). Nessa obra, o autor procura apresentar

os números racionais como a resposta do homem à necessidade de comparar

grandezas quando a habilidade de contar, que ele já dominava, não foi suficiente

para responder à questão de quantas vezes uma grandeza era maior que a outra.

Segundo o texto citado, esse problema começou a ser resolvido a partir da

idéia de se estabelecer um padrão para comparar grandezas de mesma espécie e

se denominar medida da grandeza à resposta da questão “quantas vezes essa

grandeza é maior que o padrão, tomado como unidade de comparação?”.

Segundo Caraça, esse problema de medir envolve três aspectos distintos: a

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escolha da unidade, a comparação com a unidade e a expressão do resultado

dessa comparação por um número.

O problema de expressar a medida de uma grandeza em relação a outra

teria solução imediata, dada pelo quociente das duas medidas, sempre que fosse

possível efetuar a divisão entre os números inteiros que as representavam. Um

impasse viria a surgir, porém, quando essa divisão não era possível. A busca da

solução para esse problema, culminou, ao fim de um longo processo, na simples

negação dessa impossibilidade, e a divisão indicada, antes considerada

impossível, passou a ser vista como a representação de um novo tipo de número,

que expressa o resultado da divisão, agora considerado como possível, apesar

de não poder ser expresso por um número inteiro.

Dois princípios básicos que orientam a evolução de toda a Matemática

estão presentes na construção do conjunto dos números racionais: o princípio da

extensão, segundo o qual, na construção de um novo conhecimento, este deve

manter válido e englobar o conhecimento já existente; e o princípio da economia,

segundo o qual as operações usadas para resolver problemas na situação antiga

devem ser as mesmas operações usadas para resolver problemas análogos na

nova situação. Assim, os casos de medição que tinham como resultado um

número inteiro devem ser considerados casos particulares de medição nesse

novo conjunto numérico, que será denominado conjunto dos números racionais.

Isso significa que todo número inteiro deve ser também um número racional. A

partir desses dois princípios, os números racionais foram definidos, com suas

propriedades e operações.

O fato de serem uma extensão dos números naturais, entretanto, não

impede que os números racionais apresentem algumas peculiaridades que têm

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trazido ao longo do tempo dificuldades à sua aprendizagem e por isso esses

números têm sido objeto de inúmeros estudos.

Dos aspetos citados por Caraça(1952) na construção do número racional,

um deles merecerá atenção especial nesta pesquisa: a escolha da unidade. As

situações-problema que compõem o instrumento de pesquisa, baseadas nos

significados parte-todo e quociente da classificação de Nunes(2003), impõem

quase sempre uma reflexão sobre o referencial a ser tomado para a apresentação

das respostas e essa reflexão parece não ser enfatizada no estudo escolar dos

números racionais.

Outras peculiaridades do número racional são o fato de que uma mesma

quantidade pode ser representada por muitos significantes diferentes e que um

mesmo número pode representar quantidades diferentes, em função da unidade

tomada. Este segundo problema aparece principalmente quando se propõem

situações contextuais, agregando dificuldades à compreensão do significado da

relação de ordem entre os números racionais.

A idéia de estudar essas concepções em sujeitos com um nível de

escolaridade mais elevado, que já ultrapassaram a fase do estudo formal das

frações, é tentar buscar elementos para se verificar quais dessas peculiaridades

têm resistido mais ao tempo e exigem um maior amadurecimento do sujeito para

sua plena compreensão ou uma maior atenção dos educadores para elaboração

de atividades de ensino que permitam que esses aspectos sejam enfatizados no

estudo desses números, durante o período escolar.

O estudo também parte do pressuposto de que as concepções dos alunos

não são estáticas e de que a construção dos conceitos se consolida ao longo do

processo de escolarização, influenciado pelo amadurecimento, pelos

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conhecimentos e esquemas de que o indivíduo dispõe e pelas interações a que o

sujeito está submetido.

1.2 - VYGOTSKY: CONCEITOS CIENTÍFICOS E COTIDIANOS

Do ponto de vista cognitivo, os pressupostos acima descritos têm sua

origem primeira na idéia de construção do conceito proposta por Vygotsky, que

faz considerações sobre a interação entre a vida escolar e as experiências

cotidianas do sujeito no processo de construção do conceito.

Vygotsky divide os conceitos em dois tipos: cotidianos ou espontâneos e

científicos. Os conceitos cotidianos são desenvolvidos no decorrer da atividade

prática do indivíduo e de suas interações sociais imediatas, enquanto os

conceitos científicos são adquiridos por meio do ensino, como parte de um

sistema organizado de conhecimentos particularmente relevantes nas sociedades

letradas, em que os alunos são submetidos a processos deliberados de instrução

escolar. (Oliveira, 1992 p.31)

Tanto os conceitos cotidianos como os científicos, embora estes últimos

sejam transmitidos em situações formais, passam por um processo de

desenvolvimento, isto é, não são aprendidos em sua forma definitiva. As

experiências futuras do sujeito tenderão a fazer com que os conceitos cotidianos,

que se iniciam no confronto com uma situação concreta, expandam-se no

decorrer das leituras e dos trabalhos escolares posteriores, enquanto os conceitos

científicos, a partir também das experiências cotidianas, agreguem elementos

dessas experiências e caminhem em direção a um nível mais elementar e

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concreto, num processo em que tanto os conceitos científicos quanto os

cotidianos caminham em direção a um ponto comum.

Pode-se mesmo dizer que os conceitos cotidianos têm um

desenvolvimento ascendente (rumo aos científicos) e que os conceitos científicos

têm um desenvolvimento descendente (em direção aos cotidianos).

A proposta de explorar o conceito de fração, que é um conceito científico na

medida em que é apresentado de maneira formal nos currículos escolares, a

partir de situações contextuais, procura detectar indícios da ocorrência dessa

convergência e de possíveis pontos críticos, de modo a fornecer elementos para

a formulação de propostas de atividades intervencionistas.

1.3 - VERGNAUD: A TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAIS

A idéia da construção do conceito como um processo dinâmico no

desenvolvimento das estruturas cognitivas do indivíduo, que se completa ao longo

do tempo, proposta por Vygotsky, ganha novos elementos com as idéias de

Vergnaud, que se constituirão no referencial teórico mais significativo da presente

pesquisa.

Embora Vergnaud não despreze as considerações de Vygotsky de que os

conceitos são construídos a partir das situações a que o sujeito se submete

dentro ou fora da escola, e de que esses conceitos evoluam e se sofistiquem ao

longo do tempo, sua teoria procura focar a construção do conceito no próprio

conteúdo do conhecimento a ser construído pelo indivíduo (Franchi 1999),

identificando: 1) o sentido que tem esse conhecimento para o sujeito; 2) que

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conhecimentos anteriores são mobilizados pelo sujeito para construí-lo; e 3) de

que recursos dispõe esse sujeito para representá-lo.

Vergnaud parte da idéia de que o conhecimento está organizado em

grandes agrupamentos informais de problemas, situações, conceitos, relações,

estruturas, conteúdos e operações de pensamento, conectados uns aos outros e

provavelmente entrelaçados no processo de aquisição (Vergnaud 1982), a que

ele denomina campos conceituais e entende a construção do conhecimento como

um processo progressivo, contínuo e demorado de domínio desses campos.

Apesar de existir uma interdependência entre os campos conceituais,

sendo muitas vezes necessário lançar mão de um deles para a compreensão de

um outro, Vergnaud considera importante distingui-los, sempre que eles puderem

ser consistentemente descritos, constituindo-se em unidades de estudo. Eles

permitem dar sentido aos problemas de aquisição e às observações feitas em

relação à conceitualização. (Moreira 2004)

Dois campos conceituais destacam-se nos estudos de Vergnaud: o das

estruturas aditivas, que é o conjunto de situações cujo domínio requer uma

adição, uma subtração ou o conjunto de tais operações, e o das estruturas

multiplicativas, em que está focada a presente pesquisa, que se compõe das

situações cujo domínio requer multiplicações, divisões ou combinações dessas

operações. Os conceitos de número racional, razão, fração, função linear, espaço

vetorial, dentre outros, encontram-se no campo conceitual das estruturas

multiplicativas.

Os campos conceituais são, portanto, grandes conjuntos de “insumos” que

propiciam a construção do conceito, e essa construção, na perspectiva de

Vergnaud, se constitui no núcleo do processo de desenvolvimento cognitivo.

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Vergnaud entende um conceito como sendo uma terna de conjuntos,

freqüentemente representada por

C=(S, I, R)

em que

• S é o conjunto de situações que dão sentido ao conceito;

• I é o conjunto de invariantes que o sujeito pode mobilizar para analisar e

dominar as situações do primeiro conjunto;

• R é o conjunto dos recursos de que o sujeito dispõe para representar os

invariantes e, conseqüentemente, as situações e os procedimentos para

lidar com elas, seja na forma de linguagem, de gráficos, etc (1997, p.6;

1988, p.1; 1993 p.8)

Em termos psicológicos, Vergnaud considera S a realidade, a que

denomina referente, e o par (I, R) a representação, que pode ser considerada

como dois aspectos do pensamento interagindo: o significado (I), que

corresponde à representação do conceito interna ao sujeito e o significante (R),

que representa o conceito de forma mediada pela linguagem.

As considerações acima apontam para dois aspectos importantes a serem

observados quando se considera o estudo do desenvolvimento de um conceito à

luz da Teoria dos Campos Conceituais: 1) o de que os três elementos que

constituem o conceito não podem ser considerados separadamente, sendo,

portanto, sempre interdependentes entre si; e 2) o de que as situações são a

principal porta de entrada para um campo conceitual, pois é através delas que o

conceito adquire sentido para o sujeito.

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A interdependência entre os elementos da terna que constitui o conceito foi

representada esquematicamente por Santos (2005) pela figura a seguir, que toma

componentes do conceito de fração para exemplificar a interação entre situação,

invariantes operatórios e representações:

Cada um desses elementos será objeto de uma discussão mais

aprofundada nos parágrafos seguintes.

• Equivalência

• Ordenação

• Objetos,propriedades erelações

• a/b, com a,b

naturais e b≠≠≠≠0

• Pictórica

• Porcentagem

• Decimal

I (INVARIANTES)(invariantes do conceito)

R (SIGNIFICANTE)(representações simbólicas)

S (REFERENTE)

Problemas envolvendo o conceitode fração na linguagem escrita ouoral contemplando os significados:• Número• Parte-todo• Medida• Operador Multiplicativo• Quociente

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O termo situação tem, para Vergnaud, o sentido de tarefa a ser executada

pelo aluno, diferentemente do sentido que Brousseau (1998) atribui à expressão

situação didática.

O conceito de situação não tem aqui o sentido de uma situação didática, mas o de

tarefa. A idéia é que toda situação complexa pode ser analisada como uma

combinação de tarefas, cuja natureza e dificuldades específicas devem ser bem

conhecidas. A dificuldade de uma tarefa não é nem a soma nem o produto da

dificuldade das diferentes subtarefas. É claro, contudo, que o fracasso em uma

subtarefa provoca o fracasso global. (Vergnaud 1993 p.9)

Vergnaud não descarta a importância da forma dos enunciados e do

número de elementos em jogo dentro de uma situação, mas entende essa

importância como secundária e ressalta que a teoria dos campos conceituais

privilegia os modelos que atribuem papel essencial aos conceitos matemáticos

em si mesmos. (1993 p.9)

Essas idéias tiveram um papel fundamental na forma como este

instrumento de pesquisa foi elaborado. Aos sujeitos sempre foram apresentadas

situações contextuais, procurando dar sentido à idéia de fração, que deve ser

mobilizada a partir desses contextos apresentados.

A situação, entretanto, apesar de permitir que um conceito adquira sentido,

não pode ser confundida com o próprio sentido do conceito. O sentido, para

Vergnaud, “é uma relação do sujeito com as situações e os significantes” (1993

p.18). O sentido está nos esquemas evocados pelo sujeito individual por uma

situação ou mesmo por um significante.

Vergnaud denomina os esquemas de “organização invariante do

pensamento para uma determinada classe de situações” (Moreira 2004 p.12) e

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eles constituem o grande legado das idéias de Piaget à Teoria dos Campos

Conceituais.

A título de exemplificação, consideremos uma situação envolvendo o

conceito de fração, com a seguinte proposta: um menino reparte um chocolate em

5 partes iguais, toma duas para si, dá três para seu irmão. Represente por frações

esses pedaços de chocolate e indique qual das frações é maior.

Embora existam muitas maneiras de se chegar ao resultado, não deixa de

haver uma organização invariante do pensamento para resolver a questão, que

passa pela repartição do chocolate, valendo-se da idéia de conservação do

tamanho das partes, do agrupamento dessas partes, da escolha do referencial a

ser adotado, da explicitação dessas partes como uma fração e da comparação

das frações, usando como suporte o fato de que a fração maior está associada ao

maior pedaço de chocolate.

Uma análise mais atenta da situação descrita permite observar que o

esquema recorre: a significantes (palavras, números e esquemas gráficos

eventualmente utilizados pelo sujeito), a construções conceituais, (como o próprio

conceito de fração), à idéia de conservação de áreas, (caso se utilize do suporte

gráfico), à relação de ordem entre os números naturais. Esses conceitos e

conhecimentos são geralmente implícitos e, muitas vezes, não podem ser

explicitados pelo sujeito, principalmente nas fases iniciais da escolaridade, porém

eles orientam o desenvolvimento da ação do sujeito, e por isso são chamados de

conhecimentos-em-ação.

Para Vergnaud, esses conhecimentos implícitos do sujeito são essenciais

na construção do significado e, muitas vezes, se mantêm implícitos durante todo o

processo de construção do conceito, ou seja, o indivíduo lança mão deles na

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construção dos esquemas durante o processo de conceitualização, mas em geral

não é capaz de explicitá-los. Quando explicitados, esses conhecimentos

constituem o saber científico, mas Vergnaud(1990a) insiste que “os

conhecimentos explícitos são apenas a parte visível de um Iceberg, que não seria

nada sem a parte invisível , constituída pelos conhecimentos-em-ação”.

A Teoria dos Campos Conceituais distingue duas grandes categorias de

conhecimentos-em-ação: os conceitos em ação e os teoremas em ação. Os

primeiros são os objetos, os predicados ou as categorias de pensamento tidas

como pertinentes pelo sujeito na construção dos esquemas que conduzem ao

conceito, enquanto os segundos são as proposições tidas como verdadeiras

sobre o real que o sujeito utiliza. Vergnaud denomina, de maneira mais genérica,

os teoremas e os conceitos em ação de invariantes operatórios e atribui a eles o

papel de serem os responsáveis pela construção do significado do conceito, que é

o núcleo do processo de conceitualização.

A idéia presente nesta pesquisa, de compreender as concepções de

número racional através de situações-problema e da análise dos procedimentos

executados pelo sujeito para resolvê-los, está também firmemente apoiada na

crítica feita por Vergnaud à postura da escola, que tem considerado as

concepções prévias dos alunos como errôneas ou ingênuas, em relação às

concepções científicas. Para o autor, conceber dessa maneira o conhecimento

prévio do aluno, pressupõe esse aluno como incompleto, imperfeito ou deficiente

em relação ao adulto especialista. Essa postura não considera o aprendiz como

um sistema dinâmico, com mecanismos regulatórios capazes de assegurar seu

processo cognitivo. (Vergnaud 1990 b)

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As representações, entendidas como o significante do conceito,

correspondem, na teoria dos campos conceituais, ao conjunto de representações

lingüísticas, gráficas ou gestuais, que podem ser usadas para representar os

invariantes, as situações e os procedimentos (1997 p. 6). Embora Vergnaud

atribua grande importância às representações simbólicas na construção do

conceito, sobretudo na explicitação dos conhecimentos em ação, que

transformam o conhecimento implícito no saber científico, ele reconhece que um

objeto em geral não pode ser representado mentalmente através de símbolos.

Mesmo sendo grande a importância dos símbolos no pensamento, o

conhecimento não é, em essência, simbólico. O reconhecimento de invariantes

operatórios, bem como a construção de objetos e predicados de nível mais alto

são aspectos mais essenciais do conhecimento. (Vergnaud 1998 p.177 )

O diagnóstico sobre as concepções de número racional que se pretende

fazer nesta pesquisa partiu dos pressupostos da teoria dos campos conceituais

para avaliar concepções de número racional em sujeitos de escolaridade

relativamente elevada, entendendo que o domínio de todos os aspectos desse

conceito corresponde a uma escalada progressiva em direção à construção do

conhecimento. Nessa escalada se buscou, por meio de situações, permitir que o

sujeito percebesse um “sentido” no conceito, mobilizasse seus conhecimentos

implícitos para a construção de novos esquemas e expressasse a resposta

utilizando-se de recursos simbólicos. Os procedimentos puramente algorítmicos

não foram objeto da pesquisa, e apenas em uma situação foi solicitada a

formalização do problema, com objetivo de avaliar a diferença entre a quantidade

de elementos capazes de resolver o problema por meio de seu repertório de

invariantes operatórios e os capazes de explicitá-lo na forma de saber científico.

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CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

As considerações aqui apresentadas pretendem trazer idéias de autores

que elaboraram pesquisas específicas sobre os números racionais no âmbito do

campo de estudos da Educação Matemática. Destacam-se entre estes autores,

Kieren (1981, 1988 e 1993), que foi o primeiro a propor que os números racionais

devem ser estudados segundo subconstrutos; Nunes(1997 e 2003), que

apresenta uma classificação dos significados do número racional, adotada como

referência nesta pesquisa; Behr et al (1983), que apresentam considerações

sobre a importância do estudo dos números racionais; Mack (1990, 1993 e 1995),

que procura estabelecer relações entre o conhecimento intuitivo do aluno e a

construção formal do conhecimento e Escolano e Gairín (2005), que apresentam

modelos de introdução do conceito de número racional a partir do significado

�medida�.

Também foram destacados trabalhos de Silva (1997), Bezerra (2001) e

Santos (2005) por se reportarem universos próximos aos do interesse desta

pesquisa e enfocarem aspectos que poderão se constituir em subsídios para a

busca de respostas à questão de pesquisa.

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2.1 - KIEREN: OS SUBCONSTRUTOS DO NÚMERO RACIONAL

Thomas Kieren foi um dos primeiros pesquisadores a chamar a atenção da

comunidade científica para a complexidade do conceito de fração e propôs, em

artigo de 1976, que a compreensão desse conceito deve levar em conta sete

interpretações que mantêm relações entre si e que devem ser consideradas

segundo as estruturas matemáticas, as estruturas cognitivas e as estruturas

instrucionais envolvidas (Martinez, 1992).

As interpretações propostas por Kieren são assim enumeradas:

• frações que podem ser somadas, subtraídas, comparadas, etc;

• frações decimais, como uma extensão do sistema decimal de numeração;

• classes de equivalência de frações;

• números da forma p/q com p e q inteiros e q≠0, isto é, razões de inteiros;

• operadores multiplicativos;

• elementos de um conjunto quociente infinito

• medidas ou pontos na reta numérica.

Em artigos posteriores, Kieren (1981, 1988 e 1993) mudou a classificação

apresentada originalmente e substituiu o termo interpretações do número racional

pelo termo subconstrutos. Kieren tomou como base o trabalho do filósofo Henry

Margenau, que denomina construtos teóricos a objetos mentais que podem ser

construídos a partir de idéias mais simples que se complementam. (Kieren, 1988

p.162)

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Margenau entende o processo de construção do conceito como o

estabelecimento de relações entre as percepções e compreensões de um objeto

mental (os construtos), que tem como implicações o surgimento de atos físicos ou

mentais envolvidos nessa gênese. (Kieren, 1993, p.57).

A proposta de Kieren, de substituir o termo interpretações por subconstrutos,

é comentada por Martinez (1992). Segundo esse autor (p. 36), Kieren entendeu a

noção de número racional como um construto teórico, que pode se constituir a

partir de noções mais simples, chamadas subconstrutos. Essa postura diante do

problema permite isolar com mais facilidade as noções essenciais para a

construção do conceito. Nas interpretações, conforme Kieren havia proposto

anteriormente, essas noções essenciais estavam muito interligadas e não podiam

ser isoladas e identificadas com facilidade.

Assim, para Kieren o conceito de número racional pode ser construído a

partir da consideração dos quatro seguintes subconstrutos (Kieren, 1988 p.166):

• quocientes;

• operadores;

• medidas;

• razões.

O autor não considera o subconstruto parte-todo como outros

pesquisadores, entendendo que as idéias que o constituem já estão presentes

nos subconstrutos quociente, operador e medida (Kieren, 1993, p.57).

Esse enfoque surgiu aparentemente da necessidade de isolar as noções

que são mecanismos para a construção do conceito, como as de partição e

equivalência, daquelas que são específicas do construto. Martinez (1992) ainda

argumenta que não seria possível fazer essa separação a partir das

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interpretações, como proposto anteriormente, pois naquele caso essas idéias

aparecem muito inter-relacionadas.

A mudança proposta por Kieren também sugere um desvio de foco do

pesquisador, pois as interpretações, como apresentadas no primeiro artigo,

pareciam privilegiar as estruturas matemáticas envolvidas no conceito, enquanto

a idéia de subconstrutos parece atribuir mais ênfase às estruturas cognitivas.

Aprofundando suas considerações sobre a construção do conceito de

número racional, Kieren propõe um modelo teórico para essa construção que

procura apresentar as possíveis interconexões entre as idéias que formam o

conceito, partindo das situações presentes no conhecimento intuitivo do sujeito

até o estágio da formalização. O modelo é apresentado sob a forma de um mapa

em que se identificam quatro níveis pelos quais deve passar a construção do

conceito de numero racional (Kieren, 1993 p. 64-65):

• o nível dos conhecimentos intuitivos

• os subconstrutos,

• um terceiro nível, obtido a partir dos subconstrutos em direção a um

pensamento multiplicativo mais formal

• o conhecimento estruturado nos números racionais dentro de um conjunto

quociente.

Na busca de explicações para essa evolução do processo de construção

do conceito, Kieren (1993) considera que a partição e a obtenção da fração com

numerador unitário da forma b1 tem, para a criança, o mesmo papel de um

axioma na construção do número racional como elemento de um conjunto

quociente. Denominando essa operação de thinking tool, o autor volta a enfatizar

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a idéia de que o número racional deve ser visto primeiro como um conhecimento

humano e só posteriormente como uma construção lógica formal.

Outro aspecto interessante do número racional é o fato de ele ter, ao

mesmo tempo, um caráter de quociente e um caráter de razão. Quando visto

como quociente ele responde à questão �quanto?� e quando visto como razão ele

estabelece uma propriedade relacional entre a parte e o todo. Essa

complementaridade fica bem expressa nas respostas de crianças de 7 a 9 anos à

situação abaixo, em que lhes foi solicitado repartir as pizzas já divididas ao meio

entre as pessoas dos grupos A e B:

Fonte: Kieren, 1993 p.54

Em resposta à pergunta �quem ganhará mais pizza, as pessoas do grupo

A ou do grupo B?�, numa pesquisa, com crianças entre 7 e 9 anos, predominaram

respostas do tipo B receberá meia pizza por pessoa, e A receberá meia pizza por

pessoa, e mais um pedaço, entendendo que a metade que sobra deva ser

dividida em 7 partes e repartida entre os membros do grupo. Esse tipo de

resposta denota uma complementaridade entre as idéias de quociente (dividir o

pedaço que sobrou em 7 partes) e razão (estabelecer a propriedade relacional

entre o número de pizzas e o número de pessoas) que são mobilizadas pela

criança para resolver o problema.

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Outro fator que demonstra que os números racionais não podem ser

considerados como uma simples extensão dos números inteiros é o fato de que

nos racionais a adição e a multiplicação são operações independentes. Enquanto

nos inteiros a multiplicação conduz sempre a um número maior, nos racionais, a

multiplicação conduz ironicamente a uma sucessão de divisões, por exemplo:

multiplicar 21 por

31 significa dividir o

21 em 3 partes e essa operação não pode

ser reduzida a uma adição, como se fazia com os números inteiros.

Kieren também aponta o duplo papel desempenhado pelo número 1 no

campo racional como uma consideração importante a ser levada em conta na

compreensão da construção desse conceito, pois o número 1 serve tanto de

unidade divisível que forma a base de comparação quanto a base conceitual para

a formação dos inversos multiplicativos, além, é claro, de ser o elemento neutro

da multiplicação. As crianças precisam passar a ver o número 1 segundo essa

visão mais complexa. O autor ilustra esse fato com a descrição de um

experimento de Mack (1990) que será objeto de estudo mais detalhado na seção

2.4 deste trabalho. Este aspecto levantado por Kieren será objeto de especial

atenção nesta pesquisa e deverá fornecer subsídios importantes para a análise a

que este trabalho se propõe.

Uma conseqüência imediata da aplicação das idéias de Kieren é a de que

os currículos montados segundo essa orientação propiciariam uma melhor

interligação dos vários campos da Matemática. Se considerados apenas como

uma extensão dos números inteiros, ou um simples algoritmo numa relação parte-

todo estática, os números racionais permaneceriam apenas no domínio

matemático dos números. Se considerados, porém, segundo a visão dos

subconstrutos, os números racionais se tornam uma janela significativa para que

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a criança tenha contato com outros domínios da matemática desde as séries

iniciais.

São exemplos disso o fato de que partições sucessivas podem conduzir

crianças muito jovens à idéia de grandezas infinitesimais, como no relato de um

estudante de 11 anos que respondeu que sua fração favorita era 21 , pois �me

fascina a possibilidade de dividir em dois e obter pedaços tão pequenos quanto

eu queira, indefinidamente�. O subconstruto medida oferece também uma ligação

importante entre a geometria, o espaço e o estudo dos números racionais.

(Kieren 1988 p.59)

O subconstruto operador proporciona uma aproximação dos números

racionais com a álgebra e com a noção de função composta, em termos não

formais. O subconstruto razão aponta na direção dos importantes conceitos de

proporção e de probabilidade.

Com relação às possibilidades de atividades significativas para as

crianças, Kieren descreve um trabalho de Streefland(1984) em que uma classe de

equivalência de frações foi construída de maneira significativa. A proposta era

imaginar que 12 crianças sentaram-se à mesa e pediram 8 pizzas que seriam

divididas igualmente. Em seguida imaginar que as crianças poderiam se dividir

em duas ou três mesas mantendo a equivalência na divisão. Depois de muito

trabalho as crianças desenvolveram sua própria notação para resolver esse

problema, através de um diagrama em forma de árvore. Uma nova questão de

como dividir 36 pizzas para 24 crianças foi resolvida facilmente pela árvore abaixo

sem que a distinção entre fração própria ou imprópria fosse significativa,

superando a dificuldade apontada anteriormente.

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Fonte: Kieren, 1993 p.54

Kieren verificou também, por experiências, que essa consideração dos

números racionais é significativa ao notar que os sujeitos mobilizam diferentes

significados do número racional para resolver diferentes problemas: em um

problema de concentração de leite com chocolate, os estudantes mobilizam

predominantemente a idéia de razão, enquanto que num problema de repartição

de uma pizza, a idéia predominante é a de quociente.

A partir dessas idéias, o autor afirma que o estudo dos números racionais

por intermédio dos subconstrutos fornece suporte para uma análise semântica,

psicológica e pedagógica do ensino do número racional, bem como um suporte

empírico para seu estudo. Sugere também que a idéia intuitiva de partição tem

um papel importante na construção do conhecimento do número racional por

parte do sujeito e propõe, como ponto de partida para uma posterior construção

formal, a abordagem dos números racionais como um conhecimento humano, a

partir de suas bases intuitivas e de seus significados.

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2.2 – NUNES E BRYANT: UMA CLASSIFICAÇÃO BASEADA EM VERGNAUD

Assim como Kieren, Nunes e Bryant(1997) também diferenciam dois

aspectos no ensino dos números racionais. Para os autores, há claramente uma

lacuna entre a compreensão das crianças em tarefas experimentais sobre divisão

e números racionais e entre as tarefas resolvidas no contexto de avaliações

educacionais.

Nunes e Bryant (ibid) afirmam que, com as frações, as aparências podem

enganar e alguns alunos podem passar pela escola sem dominar diversos

aspectos cruciais do conceito de fração, mesmo usando termos fracionais certos,

falando coerentemente sobre frações e resolvendo alguns problemas. Segundo

os autores,

... quando as crianças resolvem tarefas experimentais sobre divisão e

números racionais, elas se engajam em raciocinar sobre as situações.

Em contraste, quando elas resolvem tarefas matemáticas em avaliações

educacionais, elas vêem a situação como um momento no qual elas

precisam pensar em que operações fazer com os números, como usar o

que lhes foi ensinado na escola; concentrando-se nas manipulações de

símbolos, os alunos poderiam desempenhar em um nível mais baixo do

que teriam desempenhado se tivessem se preocupado mais com a

situação-problema. Portanto, é possível que os mesmos alunos que se

engajam em tarefas de raciocínio semelhantes às descritas

anteriormente, nos quais eles podem focalizar bem a situação-problema,

desempenhem bastante diferentemente de quando eles estão

resolvendo problemas em avaliações educacionais escritas: seu

desempenho mostra uma lacuna entre o que eles entendem e o que eles

podem fazer com símbolos depois destes terem sido aprendidos de uma

forma particular. (Nunes e Bryant, 1997, p.212)

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Os tópicos selecionados para compor a presente pesquisa levaram em

conta essas considerações e procuraram se afastar, dentro do possível, das

situações típicas de sala de aula concentrando-se em problemas que levem o

aluno a racionar sobre situações e resolvê-las quase sempre sem a necessidade

de recorrer aos algoritmos. O trabalho tenta diagnosticar até que ponto esses

aspectos da compreensão do conceito de fração perduram no processo de

escolarização.

As propostas de Nunes e Bryant apóiam-se em várias pesquisas, das

quais serão destacadas, neste trabalho, as de Campos e Cols (1995) e

Mack(1993), sendo esta última objeto de tópico à parte.

Campos e Cols., em trabalho citado por Nunes e Bryant(1997),

demonstraram que a impressão de crianças raciocinando sobre frações poderia

ser falsa, sobretudo quando são submetidas a um método de ensino que se limita

e estimular os alunos a resolver os problemas utilizando-se de procedimentos de

dupla contagem, sem entender o significado deste novo tipo de número.

Para demonstrar sua hipótese, Campos e Cols. (1995) apresentaram os

desenhos indicados abaixo a crianças de idade aproximada de 12 anos ou mais

que haviam aprendido o procedimento de dupla contagem e pediram-lhes para

nomear as frações apresentadas em cada uma das figuras:

Item tipo 1Item tipo 2

Item tipo 3

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Este trabalho tem particular interesse nas questões do terceiro tipo, em

que o procedimento de dupla contagem simples não é suficiente, uma vez que o

todo não estava dividido explicitamente em partes iguais e o número de partes

tinha que ser descoberto pelos alunos através de uma análise das relações parte-

todo, que, no caso, implica a capacidade de perceber a conservação da área

como invariante para o estabelecimento da relação parte-todo. Na pesquisa de

Campos e Cols, foi muito significativa a queda na quantidade de acertos no item

tipo 3 em relação aos itens tipo 1 e 2.

Pretende-se, nesta pesquisa, explorar tópicos com variações do item do tipo

3, em termos de quantidades discretas ou contínuas, ou questões envolvendo

ícones ou apenas texto, tentando diagnosticar até que ponto essas observações

da pesquisadora ainda são significativas em alunos de estágios mais avançados

de escolaridade.

A hipótese de dissociação entre o desempenho dos alunos em situações

contextuais e o desempenho frente às situações de avaliação escolar foi bastante

explorada por Mack (1993), também citada por Nunes e Bryant e discutida com

mais profundidade na seção 2.4.

A análise dos resultados da pesquisa de Mack reforça as afirmações de

Nunes e Bryant e aponta para a idéia de que, embora os problemas da vida

cotidiana não pareçam causar dificuldades, muitos dos problemas apresentados

simbolicamente não são resolvidos pelos estudantes, que apresentam algoritmos

falhos e comparações inadequadas.

A verificação da persistência dessas dissociações em sujeitos de maior

escolaridade foi um dos temas de grande interesse para este trabalho, que

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contém em seu instrumento de pesquisa algumas situações semelhantes à

proposta por Mack.

A idéia das conexões entre situações contextuais e situações simbólicas,

investigada por Mack(1995), está intimamente ligada ao conceito de invariante, de

Vergnaud. A proposta de Nunes é partir da concepção mais simples de fração e

enriquecer essa definição perguntando qual é o invariante central desse conceito,

quais as situações em que ele é usado e quais os diferentes tipos de

representação.

Duas questões são significativas no caso do conceito de número racional:

�como as crianças vêm a entender essas classes de equivalência � 1/3, 2/6,

3/9..... � e como essas classes podem ser ordenadas � 1/3 >1/4 >1/5....�

Com base nas idéias de Vergnaud, Nunes e Bryant (2003) propõem uma

classificação de situações em que as frações são usadas, entendendo que propor

essa classificação é o mesmo que propor uma teoria sobre quais são os efeitos

do raciocínio das crianças sobre frações. Os parágrafos a seguir pretendem

apresentar essa classificação, reiterando que, nesta pesquisa, merecerão

destaque os significados parte-todo e quociente.

A Fração como uma relação parte-todo – A idéia presente nesse significado

é a da partição de um todo em n partes iguais, em que cada parte pode ser

representada como n1 . Assim, assumiremos como o significado parte-todo, um

dado todo dividido em partes iguais em situações estáticas, nas quais a

utilização de um procedimento de dupla contagem é suficiente para se chegar

a uma representação correta. Por exemplo, se um todo foi dividido em cinco

partes e duas foram pintadas, os alunos podem aprender a representação

como uma dupla contagem: acima do traço escreve-se o número de partes

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pintadas, abaixo do traço escreve-se o número total de partes. Exemplo: uma

barra de chocolate foi dividida em quatro partes iguais. João comeu três

dessas partes. Que fração representa o que João comeu?

A fração como quociente, indicando uma divisão e seu resultado – Este

significado está presente em situações em que está envolvida a idéia de

divisão � por exemplo, uma pizza a ser repartida igualmente entre 5 crianças.

Nas situações de quocientes temos duas variáveis (por exemplo, número de

pizzas e número de crianças), sendo que uma corresponde ao numerador e a

outra ao denominador � no caso,1/5. A fração, nesse caso, corresponde à

divisão (1 dividido por 5) e também ao resultado da divisão (cada criança

recebe1/5). Exemplo: Três chocolates devem ser divididos para 4 crianças.

Que fração de chocolate cada criança irá receber?

A fração como uma medida – Algumas medidas envolvem fração por se

referirem a quantidades intensivas, nas quais a quantidade é medida pela

relação entre duas variáveis. Por exemplo, a probabilidade de um evento é

medida pelo quociente número de casos favoráveis dividido pelo número de

casos possíveis. Portanto, a probabilidade de um evento varia de 0 a 1, e a

maioria dos valores com os quais trabalhamos são fracionários. Exemplo:

Fizemos uma rifa na escola. Foram impressos 150 bilhetes. Minha avó

comprou 20 bilhetes. Qual a sua chance de ganhar o prêmio?

A fração como número – Frações, como os inteiros, são números que não

precisam necessariamente referir-se a quantidades específicas. Existem duas

formas de representação fracionária: ordinária e decimal. Um exemplo de

exercício usado no ensino de Matemática em que a fração é trabalhada sem

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um referente específico é apresentado como a seguir: represente o número

21 na forma decimal.

A fração como um operador multiplicativo – Como o número inteiro, as

frações podem ser vistas como o valor escalar aplicado a uma quantidade. No

caso do inteiro, por exemplo, podemos dizer 2 balas; no caso da fração,

poderíamos dizer 3/4 de um conjunto de balas. A idéia implícita nesses

exemplos é que o número é um multiplicador da quantidade indicada.

Exemplo: Dei 3/4 das balas de um pacote de 40 balas para meus irmãos.

Quantas balas dei a eles?

2.3 – BEHR: CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE NÚMERO

RACIONAL

Dentre os inúmeros autores que se dedicaram ao estudo dos números

racionais nas décadas de 1980 e 1990, merecem destaque Merlyn Behr e cols

(1983), cujo trabalho abrange tanto considerações gerais sobre a importância do

estudo dos números racionais quanto considerações específicas sobre o ensino

desses números.

Os autores reconhecem que os números racionais se constituem numa das

mais importantes idéias matemáticas desenvolvidas no contexto escolar e que,

por ocorrerem em grande parte no período da transição do pensamento concreto

para o pensamento operacional formal, constituem-se também em um contexto

ideal para se pesquisar os processos de aquisição do conceito matemático.

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Entendem que a importância de se estudar o número racional no Ensino

Fundamental deve ser justificada segundo uma perspectiva prática, uma

perspectiva matemática e uma perspectiva psicológica.

Do ponto de vista prático, o estudo do conceito de número racional

aperfeiçoa a habilidade de dividir, o que permite entender e manipular melhor os

problemas do mundo real. Na perspectiva psicológica, os números racionais

proporcionam um rico campo, dentro do qual as crianças podem desenvolver e

expandir suas estruturas mentais para um desenvolvimento intelectual contínuo.

Do ponto de vista matemático, a compreensão do número racional fornece a base

sobre a qual serão construídas, mais tarde, as operações algébricas elementares.

Martinez (1992) reforça as idéias de Behr e cols. ao argumentar que reduzir

o estudo das frações aos números decimais, como uma extensão natural do

sistema decimal de numeração, provocaria uma perda de experiências pré-

algébricas importantes na formação matemática dos alunos (p. 34)

Os autores criticam a ênfase curricular nos procedimentos e algoritmos e

argumentam que, mesmo com essa ênfase, o resultados dos alunos em testes de

desempenho não costumam ser satisfatórios. Entendem que a provável causa

dessas dificuldades seja a priorização, no ensino, dos procedimentos em

detrimento de um cuidadoso desenvolvimento dos aspectos ligados à

compreensão do conceito.

Ao procederem a uma análise matemática e curricular dos conceitos de

número racional, retomam idéias de diversos autores e, a exemplo de Kieren,

identificam diferentes maneiras de interpretar o número racional, que também

denominam subconstrutos: um decimal, uma razão, um quociente indicado, um

operador, uma comparação da parte com o todo e uma medida de quantidades

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contínuas ou discretas. Enfatizam, do mesmo modo que Kieren (1988), que a

compreensão completa do número racional requer não somente um entendimento

de cada um desses subconstrutos, mas também como eles se inter-relacionam.

Em suas considerações sobre os subconstrutos parte-todo e medida,

afirmam que as regiões geométricas, as séries de objetos e a reta numérica são

os modelos mais comumente usados para representar a fração no ambiente

escolar. Reportam-se a Piaget ao afirmar que os processos mentais usados pelas

crianças para trabalharem com quantidades contínuas é diferente daqueles

trabalhados com grandezas discretas e apontam as dificuldades apresentadas em

relação à unidade, citando que, em experiências com a reta numérica, os alunos

têm dificuldade em identificar a unidade.

2.4 - NANCY MACK: O CONHECIMENTO INTUITIVO3

O trabalho de Nancy Mack deverá fornecer importantes subsídios para a

presente pesquisa, na medida em que a autora se preocupa em analisar a

influência do conhecimento intuitivo dos alunos na construção significativa dos

procedimentos formais referentes às frações (Mack, 1990), bem como a tendência

dos alunos em fazer generalizações sobre as frações baseadas nas estruturas

simbólicas disponíveis para números inteiros e, reciprocamente, fazer

generalizações sobre números inteiros com base nas estruturas simbólicas das

frações, (Mack, 1995).

Os dois trabalhos referem-se a atividades intervencionistas aplicadas a

pequenos grupos de alunos, em atividades individualizadas, com minuciosa

3 Tradução do pesquisador para �Informal Knowledge”.

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descrição das respostas e procedimentos apresentados pelos sujeitos. Embora

apresentem grandes diferenças do ponto de vista metodológico em relação à

presente pesquisa, têm em comum a busca da representação simbólica da fração

a partir de situações contextuais que mobilizam, de início, conhecimentos

intuitivos. Algumas das questões tratadas pela pesquisadora são reproduzidas no

presente instrumento de pesquisa, e as observações do desempenho entre

crianças de quinta e sexta séries4 deverão ser úteis na análise de possíveis

respostas às mesmas questões por estudantes de nível de escolaridade mais

elevado, objeto da presente pesquisa.

Mack (1990) aponta dois pontos importantes a serem levados em conta na

construção do conhecimento matemático dos estudantes: a obtenção de

situações que promovam a efetiva participação dos alunos e o relacionamento

entre o seu conhecimento intuitivo e os procedimentos simbólicos.

A autora define �conhecimento intuitivo� como as respostas dadas pelo

estudante a situações extraídas da vida real. Argumenta que esse conhecimento

costuma ser pouco relacionado ao conhecimento dos símbolos matemáticos e cita

Hiebert, que propõe que esses conhecimentos devam servir de base para a

construção do conhecimento formal (Mack 1990 p. 16). Argumenta também que

os estudos recentes sobre frações estão mais focados nas falsas concepções dos

alunos sobre esse objeto matemático e partem do princípio de que os alunos não

têm nenhum conhecimento anterior ao iniciar seu estudo e não costumam

considerar esses conhecimentos intuitivos. Têm surgido evidências, porém, de

que os alunos trazem para a escola um rico histórico de conhecimentos intuitivos

e que, embora haja estudos que demonstrem a existência desses conhecimentos,

4 Fifth e sixth grades do currículo dos Estados Unidos.

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não existem estudos sobre os caminhos que os estudantes podem tomar para, a

partir deles, dar significado aos símbolos e procedimentos formais referentes às

frações.

A autora observa inicialmente que, nos problemas envolvendo partições, os

alunos apresentam uma tendência a separar um todo em partes e a representar

cada uma das partes como um número inteiro, e não como uma fração do todo.

(Mack, 1990 p. 21)

Alguns resultados apresentados mostram que, em geral, os alunos são

capazes de resolver um grande número de problemas apresentados sob a forma

de situações do dia-a-dia e explicitar corretamente suas soluções, porém não

conseguem resolver os mesmos problemas quando apresentados de maneira

simbólica. Essa questão é ilustrada pelas respostas dos alunos à seguinte

proposta de atividade: �se tivermos duas pizzas de mesmo tamanho e dividirmos

a primeira em 6 partes iguais e a segunda em 8 partes iguais, qual pedaço será

maior?�. Os alunos não tiveram dificuldade em responder que o pedaço da

primeira pizza será maior, porém, quando, num outro momento, foi-lhes

perguntado �qual fração é maior, 61 ou

81 �, mais da metade dos alunos respondeu

81 , porque 8 é maior que 6.

Segundo a autora, o fato de que a maioria dos alunos não foi capaz de

responder simbolicamente a uma questão que haviam acabado de responder

quando proposta dentro do contexto de uma ação cotidiana, sugere que a

capacidade de comparar é inicialmente desconectada do significado que os

alunos dão para os símbolos fracionais (Mack, 1990 p. 21).

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A questão da identificação da unidade, muito relevante para a presente

pesquisa, também foi tratada por Mack (ibid p.22), que mostrou que os alunos são

capazes de identificar corretamente a unidade a que se refere uma fração quando

trabalhando com situações contextuais, porém têm dificuldades em identificar a

unidade quando trabalham com situações simbólicas. Concluiu que os alunos

tendem, numa situação simbólica ou concreta, a tratar uma coleção de unidades

como se essa coleção fosse sempre a nova unidade. A autora ilustra esse fato

comentando os resultados obtidos da seguinte questão proposta a seus sujeitos

numa situação em que, mostrando a figura abaixo aos alunos pergunta: �quanto

está sombreado?�

A resposta mais comum é 5/8. Diante da afirmação �suponha que estejamos

falando de pizzas�, os alunos tendem a mudar sua resposta para 1 ¼. A autora

transcreve de um de seus protocolos a seguinte afirmação de um sujeito:

�Frações são partes de um todo.......... Elas são sempre menores que um todo.�

(Mack, 1990 p.22).

Essa questão também é tratada por Escolano e Gairín (2005), que

atribuem a ênfase exagerada no modelo parte-todo no início dos trabalhos

escolares com frações como uma das possíveis causas dessa falsa concepção.

Uma outra questão discutida por Mack (1990) é a influência dos

procedimentos padronizados, muitas vezes incorretos, na tentativa de resolver as

questões simbólicas, que muitas vezes se sobrepõem aos procedimentos

intuitivos e se constituem num fator dificultador da construção do conceito (p.29).

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Mack sugere que seja pesquisada a viabilidade de se abordar o estudo das

frações inicialmente a partir da noção de partição, estendendo-se essa concepção

para outros significados antes que os alunos possam relacionar os símbolos

matemáticos ao seu conhecimento intuitivo de fração(p.30).

Segundo a autora, quando esse caminho é seguido, surge nos alunos uma

tendência a construírem algoritmos alternativos, porém corretos, para a solução

dos problemas. Esses algoritmos muitas vezes são mais trabalhosos que os

tradicionais, e os alunos tendem a substituí-los por outros mais práticos na

medida em que amadurecem em seu estudo (p. 25).

A pesquisadora também analisa a influência dos procedimentos formais já

disponíveis pelo aluno, relativos ao número inteiro, na construção dos

procedimentos simbólicos envolvendo frações. Respostas do tipo �um pedaço dos

três em que a pizza foi dividida�, em vez de �um terço da pizza�, sugerem que o

aluno está utilizando suas estruturas relativas a números inteiros para resolver

problemas de frações. A autora argumenta que esses conhecimentos anteriores

influenciam fortemente os significados a serem construídos para as

representações simbólicas da fração (p. 431). Respostas do tipo �83 significam

três tortas inteiras repartidas em 8 partes cada uma� e �81 representa uma torta

inteira dividida em 8 partes�, reforçam a afirmação dessa influência.

Uma outra demonstração da predominância da influência das estruturas do

número inteiro na construção das representações simbólicas da fração é

apontada pela autora ao descrever o fato de que, quando os alunos resolvem o

mesmo problema utilizando inicialmente seus conhecimentos intuitivos e depois

as representações simbólicas de que dispõem, a tendência é desprezar a solução

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intuitiva, geralmente correta, em favor da simbólica, geralmente incorreta (Mack,

1995 p. 432)

A título de exemplo, é descrito um protocolo em que o sujeito responde

corretamente à questão colocada verbalmente de que se uma pizza for dividida

em 8 partes e ele receber uma dessas partes, e uma nova pizza de mesmo

tamanho também for dividida em 8 partes, e ele receber outro pedaço, ele terá

82 de pizza. Diante da questão simbólica

81

81 + , porém, a resposta obtida foi

162 .

Ao pedir ao sujeito que comparasse as duas situações, obteve a seguinte

resposta: �a primeira (contextual) está errada. Deve ser 2 dezesseis-avos, pois

você tem uma pizza inteira em 8 pedaços e depois outra pizza também em 8

pedaços, então são duas pizzas e 16 pedaços ao todo�.

Como conclusões de seu trabalho, Mack propõe que, embora muitos

autores reconheçam que o modelo parte-todo imponha limites à compreensão do

número racional e traga dificuldades futuras ao estudo, suas observações

mostram que é possível utilizar a idéia de partição para resolver muitos problemas

de maneira significativa. Afirma também que suas observações reforçam as

conclusões de Hiebert de que o conhecimento intuitivo pode proporcionar a base

para a construção de conhecimentos matemáticos mais complexos (Mack, 1990

p.29).

Outra conclusão importante de suas pesquisas é que a abordagem do

estudo das frações a partir da noção de partição e do conhecimento intuitivo

permite resolver, mais cedo que na proposta curricular tradicional, problemas

como a subtração com reagrupamentos (como 3 � 1/5) ou a conversão de

números mistos em frações impróprias. (Mack, 1990 p. 30).

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2.5 – ESCOLANO E GAIRÍN: UMA CRÍTICA AO MODELO PARTE-TODO

No artigo �Modelos de Medida para la Enseñanza Del Número Racional en

Educación Primaria�, Escolano e Gairín (2005) apresentam os resultados de uma

pesquisa realizada com alunos de educação primária na Espanha, entre os anos

de 1999 e 2004, em que analisam alguns dos obstáculos didáticos que, segundo

os autores, são decorrentes do uso do modelo parte-todo na introdução do

conceito de número racional.

Os autores iniciam o texto com algumas considerações sobre

peculiaridades do significado parte-todo e comparam esse significado com os

significados medida, quociente e razão. Afirmam também que as dificuldades que

costumam ser apresentadas pelos alunos em relação ao domínio dos números

racionais podem ser causadas tanto pelo conjunto de procedimentos, relações e

operações próprias dos números racionais quanto pelas decisões tomadas em

relação ao processo educativo desses números. As considerações do artigo

referem-se a essa segunda classe de dificuldades.

O trabalho destaca o fato de que o número racional positivo sintetiza

diversos significados ou interpretações, que participam da construção desse

conceito. Cita autores como Behr et al (1993) que admitem cinco significados para

a fração: parte-todo, quociente, razão, operador e medida. Destaca também que

Kieren (1993) considera o significado parte-todo incluído nos significados

quociente e medida.

Ao descrever o significado parte-todo, os autores consideram que a

apresentação da fração numa situação estática, com uma figura dividida em

partes iguais, com algumas dessas partes pintadas, como tradicionalmente é

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feito, exigirá do aluno realizar uma transferência entre representações gráficas e

simbólicas e as etapas dessa transferência são a interpretação da figura, a

realização de uma dupla contagem, e a representação do resultado dessas

operações de forma simbólica. Essas tarefas conduzem ao estabelecimento de

uma relação simbólica entre dois números naturais, e só depois, ao longo do

processo educativo, será instituída a definição de número racional.

A construção do conceito de fração, tendo como ponto de partida o modelo

parte-todo aqui descrito, tem como características a constatação de que boa parte

do conhecimento é adquirido de forma visual, e também o fato de que a atividade

não está associada à tarefa de medir grandezas. Segundo os autores, esses fatos

produzem na aprendizagem alguns efeitos indesejados.

Os autores entendem que não considerar um processo de medição,

intrínseco à própria gênese do número racional, faz com que o modelo crie

obstáculos à formação de concepções adequadas, pois

• fica omitida a grandeza utilizada. Embora se esteja trabalhando com

unidades de superfície, não se faz menção a isso, pois a ênfase está na

dupla contagem;

• não se define uma unidade. O todo-unidade não necessita ser apresentado

de forma explícita. Por esse motivo as figuras podem ser apresentadas

superpostas e claramente diferenciadas segundo o atributo da cor, de

modo que o aluno não tem a necessidade de reconhecer a unidade para

resolver a tarefa;

• não se atribui relevância à necessidade de igualdade dos tamanhos das

partes (conservação das áreas), pois o processo está centrado na

cardinalidade do número de partes.

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Os três aspectos acima descritos merecerão especial atenção neste trabalho.

Eles estão presentes nas questões preparadas e a pesquisa pretende investigar

se seus efeitos permanecem ao longo dos estágios mais avançados da

escolarização. A questão da conservação de áreas, também colocada, foi

estudada profundamente por Campos e Cols (1995), já citadas nesta dissertação.

Aos argumentos já apresentados, os autores somam a idéia de que o modelo

parte-todo, termina por reforçar o sentido de número natural, pois a tarefa se

resolve por dupla contagem e o aluno não sente a necessidade de introduzir

nenhuma estrutura numérica superior à do número natural. Dessa forma, a fração

não adquire o status de número, mas de uma simples relação entre dois números

naturais. Destacam também que a abordagem provoca uma aprendizagem

passiva, uma vez que não há uma situação problemática, e que a tarefa está

preparada para assegurar o êxito agindo de uma única maneira possível.

Ao se reportarem à gênese do número racional, apresentam idéias

semelhantes às propostas por Caraça (1952), embora não citem aquele autor.

Destacam que as atividades humanas que permitiram o surgimento do número

racional encontram-se principalmente nos domínios dos significados quociente,

medida e razão. A partir dessa observação, afirmam que o significado parte-todo

não surge das necessidades humanas, visto que a gênese do número racional se

encontra na medida de grandezas, seja realizada diretamente, seja para

expressar o resultado de uma partição, ou na comparação com grandezas já

medidas, o que dá sentido à noção de razão.

A partir dessas idéias, os autores argumentam que a aparente facilidade do

ponto de vista docente, apresentada pelo modelo parte-todo, termina por

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introduzir alguns obstáculos didáticos, no sentido atribuído por Brousseau (1993)

ao termo, que são enumerados:

1) Criam-se obstáculos à formação de concepções adequadas, pois,

a) não existem frações impróprias;

b) as frações são números, não medidas. Esse fato foi descrito pela análise

das respostas à questão �encontrar o número de maçãs que havia em uma

cesta, sabendo que depois de retirar metade das maçãs menos 7, restaram

40�, apresentada a um grupo de alunos de um curso de formação de

professores. Segundo os autores é freqüente que se obtenha a resposta de

que o problema é impossível, pois 1/2 �7 é um número negativo;

c) o todo, ou unidade não é um número. No processo não se explicita o

sentido e as funções da unidade, o que provoca a identificação de frações

do tipo a/a com a unidade.

2) Criam-se obstáculos à separação conceitual entre número racional e número

natural, pois

a) a fração é formada por dois números naturais e descreve apenas uma

situação estática em que estão envolvidos dois números naturais, portanto,

nem a fração nem a expressão decimal são entendidos como um ente

numérico diferente dos números naturais;

b) as relações e operações com os números racionais têm os mesmos

significados que com os números naturais. Os alunos tendem a estender

aos números racionais as mesmas técnicas operatórias usadas nos

números naturais, não percebendo as peculiaridades das operações com

racionais, principalmente no que diz respeito à adição e à multiplicação.

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3) Criam-se obstáculos à formação de idéias abstratas, na medida em que não

provêm situações que facilitem a passagem do mundo dos objetos para o

mundo das idéias, e assim os alunos adquirem crenças do tipo

a) os conceitos são as técnicas a eles associadas;

b) os conteúdos úteis são os procedimentais.

A partir dos pressupostos aqui apresentados, os autores descrevem uma

seqüência de ensino, com uma proposta alternativa de abordagem do ensino de

frações, preocupada em reduzir os efeitos apontados como desvantagens do

modelo parte-todo. As atividades tiveram a participação de 160 alunos e 5

professores.

Este texto não pretende descrever a seqüência, mas apenas apontar os

fatores que condicionaram sua construção e comentar os resultados obtidos. São

citados três grandes objetivos para a seqüência:

1) Favorecer a construção de concepções adequadas, ao propor modelos que

têm como característica comum a medida de grandezas. Deste modo se

dispõe de um mundo de objetos físicos para justificar os resultados

matemáticos.

2) Potencializar a idéia de número racional, provocando uma ruptura entre as

concepções de número natural e de número racional, na medida em que se

destaca que os naturais servem para contar, e os racionais, para medir.

3) Facilitar a construção de idéias abstratas, entendendo que os modelos de

aprendizagem em que o aluno interage com o mundo dos objetos facilita a

construção mental dos números racionais e permite a avaliação semântica de

qualquer expressão simbólica em que esses números apareçam.

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Para atingir esses objetivos, a seqüência leva em conta a gênese histórica do

número racional e procura priorizar modelos que forneçam suportes físicos

estáveis para que os alunos construam seu conhecimento. Foram montados três

modelos, com objetivos bem definidos, levando em conta os níveis de

desenvolvimento cognitivo dos alunos nas respectivas idades:

1) Modelos de medida direta, na quarta série (alunos de 10 anos). O número

racional surge da necessidade de comunicar o resultado da realização de

uma ação: medir uma grandeza.

2) Modelos quociente, baseado no resultado da ação de repartir em partes

iguais, utilizado no quinto ano (alunos de 11 anos). Estes modelos

permitem introduzir a notação decimal e conectá-la com a fracionária.

3) Modelos de razão, no sexto ano (alunos de 12 anos). Estes modelos

vinculam o número racional à idéia de proporcionalidade.

Os autores propõem que as atividades comecem pela notação fracionária,

pois o início pela notação decimal traria algumas questões de difícil resposta do

tipo �como se realiza a notação efetiva da fração a partir da notação decimal?� ou

�como justificar a existência de números racionais não decimais?� . Propõem

também que as atividades tenham início com a grandeza comprimento, para que

as técnicas de medição sejam as mais simples possíveis e o aluno possa se

concentrar exclusivamente na idéia de fração.

Merece destaque a sugestão de incorporar a idéia de cardinalidade como uma

nova grandeza, considerando que o modelo baseado na cardinalidade apresenta

características diferentes dos outros modelos, baseados em grandezas contínuas,

porque o fracionamento da unidade não mais se pode fazer em tantas partes

quanto se deseja, mas apenas no número de divisores do cardinal da unidade.

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Essa grandeza fornece uma nova perspectiva do significado de fração e é um

conhecimento socialmente útil e presente no mundo real.

Os autores ainda sugerem que o ensino das frações deve anteceder o ensino

do Sistema Métrico Decimal e sintetizam a descrição informando que as

atividades se dividiram em três grandes grupos: construção do sistema de

representação fracionário com grandezas contínuas; relações de equivalência e

ordem de frações; e construção do sistema fracionário de representação com a

grandeza cardinalidade.

Como conclusão, os autores argumentam: 1) que o modelo apresentado,

baseado nos significados medida, quociente e razão, proporciona o

desaparecimento dos obstáculos citados inicialmente, pois permite que as frações

impróprias tenham o mesmo status que as próprias, como expressão da medida

de uma grandeza; 2) que as frações sejam vistas como entes numéricos

associados à idéia de medida e destacam que a unidade tem um papel essencial

para interpretar as frações; 3) que ficam bem caracterizadas as diferenças entre

os números racionais e os naturais, bem como a idéia de frações equivalentes,

através de atividades manipulativas.

2.6 – SILVA : PROPOSTA DE MUDANÇAS DE PARADIGMA

O trabalho de Silva (1997) apresenta alguns pontos em comum em relação

à presente pesquisa na medida em que a autora procura investigar se um grupo

de alunos de um curso de magistério consegue perceber as diferenças de

concepção de fração como parte-todo, medida e quociente. A autora também

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explora as diferenças de tratamento necessárias para o trabalho com quantidades

discretas e contínuas e procura, por meio de uma seqüência didática, investigar a

capacidade dos futuros professores em romper com seus conhecimentos

anteriores e refletir sobre o estudo das frações a partir de outros de pontos de

vista.

A pesquisadora, de início, levanta um perfil do conhecimento de número

fracionário de seus sujeitos de pesquisa, aplicando um pré-teste. Faz também

uma análise de alguns livros didáticos. Obtém como resultado dessa análise uma

ênfase exagerada no modelo parte-todo e, com base nas resoluções dos sujeitos,

observa uma tendência ao uso de algoritmos (p.198), sem uma reflexão sobre

significados.

A proposta de introduzir o enfoque do estudo das frações por intermédio de

situações que remetessem aos significados selecionados, prosseguiu através de

uma seqüência de 4 atividades, que foram complementadas por um pós-teste, em

que a autora pôde constatar que o conhecimento adquirido anteriormente pelos

sujeitos muitas vezes apresenta raízes profundas e, em alguns casos, nem

mesmo um conjunto de atividades criteriosamente elaborado é capaz de mudá-

los (p. 197).

Com relação aos obstáculos didáticos, os trabalhos de Silva confirmam os

resultados de Kieren (1988), que apontam para a tendência da discretização do

contínuo no trabalho com frações no significado parte-todo, que aparece em

situações em que o aluno tende a substituir a referência inicial pelo número de

partes conseguidas após a divisão do todo.

O trabalho aponta também para a dificuldade em perceber as várias

maneiras em que se pode dividir mais que um inteiro ao mesmo tempo, a falta de

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entendimento do conceito de medição e a tendência ao uso de decimais para

expressar as respostas, sem estabelecer uma conexão com os números

fracionários.

Quanto aos obstáculos de origem epistemológica, merece destaque a

tendência à generalização dos procedimentos usados para os números naturais

nas operações com frações. Essa tendência se revelou tão forte que, para alguns

sujeitos, permaneceu mesmo após a aplicação da seqüência. Nesse sentido as

idéias de Silva parecem ir ao encontro das de Mack (1995).

Um outro resultado significativo apresentado foi constatação de que a

tentativa de usar algoritmos conhecidos, em substituição às concepções

espontâneas para resolver problemas, leva a um maior número de erros. Em uma

das atividades previstas, os sujeitos de pesquisa analisaram respostas a questões

do significado quociente apresentadas a crianças de terceira e quarta séries.

Observaram que o índice de acertos das crianças de terceira série foi maior por

que elas usaram apenas suas concepções espontâneas, enquanto as de quarta

série tentaram usar algoritmos com menor sucesso.

Ainda em relação aos algoritmos, a autora destaca a forte tendência dos

sujeitos a usar o m.m.c. nas questões que envolvem comparação ou adição de

frações, sem associar ao significado do problema. Sugere que sejam previstas

duas fases para o tratamento do tema nos cursos de magistério: no terceiro ano,

questões envolvendo a introdução do conceito de número fracionário envolvendo

os significados quociente, parte-todo e medida, semelhantes às propostas em seu

trabalho e, no quarto ano, abordagens de razão, operador e o trabalho com as

operações.

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2.7 - BEZERRA: CONSTRUINDO O CONCEITO POR SITUAÇÕES

SIGNIFICATIVAS

Com o objetivo de investigar como ocorre a aquisição do conceito de

número fracionário, bem como de suas representações, Bezerra (2001) elaborou

uma seqüência de ensino abordando frações nos significados parte-todo e

quociente. A pesquisa foi aplicada a crianças cursando a 3ª série do Ensino

Fundamental, considerando que o contato desses sujeitos com o campo numérico

dos números racionais fosse inédito. Dentro dessa perspectiva, Bezerra (p. 02)

destaca o seu problema de pesquisa: �Como abordar os conteúdos relacionados

ao número fracionário de forma que o aluno compreenda seu conceito e

estabeleça a relação entre o número e sua representação?�

Logo no início do trabalho, o autor fala do conjunto dos números naturais

como sendo um obstáculo à aprendizagem do conjunto dos números racionais, no

sentido atribuído ao termo por Brousseau (1993).

Nas diferentes formas de abordar a introdução do conceito dos números

fracionários, o autor optou por uma forma não convencional, ou seja, partir do

conceito de divisão já abordado nos números naturais e de frações impróprias. A

construção da seqüência foi baseada na formulação de situações-problema que

procuraram motivar os alunos a encontrar respostas que os levassem à aplicação

dos conceitos adquiridos em outras situações semelhantes, sempre partindo de

uma situação-problema em que os alunos, fazendo uso de determinados

materiais significativos, caminhassem na direção da construção do conceito do

número fracionário. Desse modo, (p. 03) foi formalizado o conceito do número

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fracionário, bem como sua representação na forma a/b (a€N, b€N, com b≠0),

ocorrendo a institucionalização dos conteúdos trabalhados.

Na fundamentação teórica, Bezerra parte de um pressuposto

socioconstrutivista e destaca que seu trabalho se apóia nas contribuições da

psicologia cognitivista, principalmente na Teoria dos Campos Conceituais de

Vergnaud e nos trabalhos de Nunes e Bryant, ambos já amplamente citados neste

trabalho.

A seqüência de ensino proposta por Bezerra se inicia com situações que

exploram o modelo quociente e, no desencadear dos encontros, são também

apresentadas situações com o modelo parte-todo. O autor destaca que o modelo

parte-todo é importante, mas não deve ser o único e nem deve ser o ponto de

partida para o aprendizado das crianças, �pois ele parece oferecer uma barreira

maior entre os números naturais e os fracionários� (p. 168).

2.8 – SANTOS: UM DIAGNÓSTICO DAS CONCEPÇÕES DOS PROFESSORES

O trabalho de Santos (2005) teve por objetivo investigar o estado em que

se encontra o conceito de fração para professores do Ensino Fundamental, tanto

polivalentes quanto especialistas, apoiando-se, como nesta pesquisa, na Teoria

dos Campos Conceituais de Vergnaud e nas idéias de Nunes e Kieren em relação

aos diferentes significados da fração.

O instrumento de pesquisa foi aplicado em duas fases, em que numa

primeira sessão foi solicitado aos sujeitos que elaborassem seis problemas

envolvendo frações que poderiam ser usados em sala de aula e, numa segunda

sessão, dias depois, esses problemas foram apresentados aos professores que

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os propuseram e lhes foi solicitado que resolvessem, deixando indicados os

procedimentos usados nessa resolução.

A análise dos significados de fração envolvidos nos problemas propostos,

bem como das estratégias de solução adotadas conduziu às conclusões da

pesquisa, a seguir resumida.

A primeira grande observação é a de que houve uma predominância em

criar problemas de significado operador multiplicativo, sugerindo, segundo o

pesquisador, que existe uma diferença entre as concepções dos professores

polivalentes e o que preconizam os PCN, que não sugerem o uso desse

significado para o início do trabalho com frações.

O estudo também mostrou que o significado parte-todo, embora seja o

segundo mais freqüente nos problemas criados, teve um percentual muito

pequeno se comparado ao significado operador multiplicativo. O significado

quociente teve uma porcentagem ainda menor que o parte-todo e os significados

número e medida praticamente não foram usados.

O pesquisador observou também que, nos problemas envolvendo parte-

todo, predominaram as quantidades contínuas, enquanto nos problemas de

operador, as quantidades discretas.

Com relação à resolução, nos problemas envolvendo parte-todo,

predominaram as resoluções gráficas que conduziam a obtenção do resultado por

dupla contagem. No caso do significado operador, os procedimentos centrados

em algoritmos, que apareceram com larga predominância sobre os demais. Nos

problemas de quociente, o pesquisador destaca que embora os sujeitos

reconheçam que a divisão é uma boa ferramenta para resolvê-los, parecem não

aceitar a representação fracionária como resposta a essa operação,

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apresentando a solução geralmente por um número decimal obtido a partir do

algoritmo da divisão.

Ainda segundo o pesquisador,

é razoável concluir que a concepção dos professores polivalentes e especialistas está

bem próxima, em relação à elaboração de problemas envolvendo o conceito de fração em

seus diferentes significados. Podemos até, de certo modo, inferir que esta concepção é

limitada e preocupante, do ponto de vista do nosso estudo, visto que estamos

defendendo, assim como Vergnaud e Nunes, que o conhecimento conceitual deve

emergir dentro de uma variedade de situações. (Santos, 2005, p. 188)

Essa constatação, associada à conclusão de que há fortes indícios do

predomínio de atividades procedimentais na sala de aula, permite concluir que a

concepção dos professores, tanto polivalentes quanto especialistas, carrega

fortes marcas daquela construída enquanto aluno da formação básica.

�Concepção essa tão profunda que é provável que permaneçam engessadas em

suas mentes�.(p. 189)

O autor encerra seu trabalho externando sua convicção de que se faz

necessário um trabalho consistente de formação de professores, tanto

especialistas como polivalentes, a partir de novos enfoques didáticos e

pedagógicos, sobre o ensino e a aprendizagem do conceito de fração, visando a

minimizar, a médio e longo prazo, as dificuldades encontradas por alunos e

professores acerca desse conceito.

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65

CAPÍTULO III

METODOLOGIA

Este capítulo pretende apresentar os detalhes referentes ao tipo de

pesquisa utilizado e tecer considerações sobre a metodologia empregada. Serão

descritos os estudos que precederam a montagem do instrumento de pesquisa,

procurando justificar os procedimentos e decisões tomadas. Serão feitas também

algumas considerações sobre o universo da pesquisa, com a descrição de suas

peculiaridades e as razões de sua escolha.

3.1 - FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS

A natureza da proposta – estudar concepções do número racional em

sujeitos que já concluíram seu estudo formal – sugere, como metodologia

adequada para este estudo uma conduta que permita a obtenção de dados

qualitativos e quantitativos, colocando o pesquisador na condição de observador

que procura conhecer e interpretar a realidade sem, contudo, interferir nela. Essas

características são atribuídas por Rudio (1995) à pesquisa descritiva, em suas

várias formas (p.55).

Na mesma direção das idéias de Rudio, Cervo e Bervian (1983) afirmam

que a pesquisa descritiva "estuda fatos e fenômenos do mundo humano, sem a

interferência do pesquisador, procurando descobrir a freqüência com que um

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fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e

características".(p. 55)

Dentre as diversas modalidades de pesquisa descritiva, Rudio destaca uma

denominada “estudos causais comparativos”, em que o pesquisador parte da

observação de um fenômeno e “procura achar, entre as múltiplas causas

possíveis, os fatores – variáveis dependentes e independentes – que se

relacionam com o fenômeno ou contribuem para determinar seu aparecimento.”

(p. 59). O autor ainda caracteriza esse tipo de pesquisa como adequada ao

estudo de uma situação em que os indivíduos já experimentaram o fenômeno que

se deseja estudar.

A proposta de trabalho aqui apresentada pretende, apoiando-se nas idéias

desses autores, realizar um estudo causal comparativo, de caráter diagnóstico,

através da aplicação e da análise de um instrumento de pesquisa que será

descrito nos tópicos a seguir.

3.2 - DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO

3.2.1 - Montagem do Instrumento de Pesquisa

Considerando que este trabalho mantém ligações estreitas com os

trabalhos de Santos (2005), Merlini (2005) e Moutinho (2005), sobretudo dos dois

últimos, que desenvolveram pesquisas correlatas aplicadas a públicos com graus

de escolaridade diferentes, tomou-se como ponto de partida a idéia de manter a

complementaridade entre os trabalhos e elaborar um instrumento de pesquisa

que, embora adequado ao universo de estudo escolhido, mantivesse as

atividades aplicadas por aqueles pesquisadores que fossem compatíveis com os

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objetivos desta pesquisa. As variáveis de observação fixadas, a forma icônica

(com desenhos que permitam auxiliar a resolução) ou não icônica em que as

situações são apresentadas, bem como a influência de se propor situações

envolvendo quantidades discretas ou contínuas na resolução, são as mesmas

das pesquisas de Merlini (2005) e Moutinho (2005).

O instrumento de pesquisa foi montado apresentando duas questões de

cada tipo, fixando-se nos significados parte-todo e quociente, segundo a

classificação proposta por Nunes (2003), entendendo que esses dois significados

estão mais ligados que os outros à idéia primeira da construção do número

racional. É por meio desses significados que o conceito de fração costuma ser

introduzido o conceito de fração no início da escolarização. Por isso, eles

responsáveis pela formação concepções que podem perdurar por muito tempo no

sujeito e, em alguns casos, constituírem-se em obstáculos didáticos, no sentido

atribuído por Brousseau (1998) ao termo.

Para atender a esses requisitos de ordem prática e observar se há

evolução do conceito ao longo do tempo, mesmo que ele não seja objeto

específico do estudo formal naquele período, surgiu a idéia de organizar as

questões segundo três níveis de dificuldade, assim definidos:

a) no significado parte-todo foram consideradas de nível 1 as questões

em que o número de partes em que um determinado todo foi

dividido e quantas partes deveriam ser tomadas para responder ao

problema são fornecidos de maneira explícita ao sujeito, de modo

que o conhecimento mais elementar da noção de fração e a dupla

contagem dêem conta de resolver o problema. Nas questões

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consideradas de nível 2, o todo e/ou as partes não são fornecidos

explicitamente, requerendo um trabalho adicional para responder à

questão, seja associado à idéia de conservação, seja de áreas, seja

da cardinalidade de um conjunto, para que a questão possa ser

respondida corretamente. Nas questões de nível 3, além da dupla

contagem, busca-se partir dos elementos concretos fornecidos pelo

problema e atingir um nível mais elevado de abstração,

caracterizado pelo emprego da fração imprópria que, neste contexto,

significa ser capaz de ver a fração como algo capaz de representar

uma parte maior que o próprio todo.

b) no significado quociente, foi considerada de nível 1 a questão em

que são fornecidos uma certa quantidade de objetos e o número de

pessoas para quem esses objetos serão divididos. A simples

compreensão da fração como um novo tipo de número capaz de

relacionar duas variáveis e ao mesmo tempo indicar uma divisão e

representar uma quantidade, dará conta de responder à questão.

Nos problemas considerados de nível 2, além da compreensão do

quociente, coloca-se a questão da equivalência e da ordem, ao se

propor a comparação entre duas situações de divisão. Nos

exercícios de nível 3, procura-se estender o conceito de quociente,

com propostas de situações em que se espera do sujeito, na

resolução de uma situação contextual, a aplicação do princípio da

extensão, conforme apresentado por Caraça (1952). As questões

propõem problemas que podem ser resolvidos por uma única

divisão, desde que o sujeito perceba, ainda que de forma implícita,

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que o conceito de divisão pode ser aplicado aos números racionais

da mesma forma que aos naturais. Procura-se verificar também a

capacidade de formalizar a resolução em comparação com a

mobilização de técnicas intuitivas.

O critério de gradação da dificuldade nos itens foi atribuído pelo

pesquisador em função do número de operações mentais necessárias para sua

resolução, não implicando na equivalência de gradação entre os significados

parte-todo e quociente.

Para atender às condições acima descritas, foi necessário montar um

instrumento de pesquisa composto de 48 itens, distribuídos conforme o quadro a

seguir:

Parte-Todo QuocienteIcônico

contínuoNão

icônicocontínuo

Icônicodiscreto

Nãoicônicodiscreto

Icônicocontínuo

Nãoicônico

contínuo

Icônicodiscreto

Nãoicônicodiscreto

Nível 1Itens

1 e 2

Itens

7 e 8

Itens

13 e 14

Itens

19 e 20

Itens

25 e 27

Itens

31 e 32

Itens

37 e 38

Itens

43 e 44

Nível 2Itens

3 e 4

Itens

9 e 10

Itens

15 e 16

Itens

21 e 22

Itens

26 e 28

Itens

33 e 34

Itens

39 e 40

Itens

45 e 46

Nível 3Itens

5 e 6

Itens

11 e 12

Itens

17 e 18

Itens

23 e 24

Itens

29 e 30

Itens

35 e 36

Itens

41 e 42

Itens

47 e 48

Quadro 3.2.1-1 – Distribuição das questões.

Os itens apresentados na mesma linha da tabela deverão manter fixos os

mesmos invariantes e mudar apenas a forma de apresentação. Já os itens da

mesma coluna apresentarão a gradação de dificuldade citada, buscando

elementos para analisar capacidade dos alunos em utilizar os significados em

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situações mais complexas, bem como avaliar a evolução dos conceitos e a

capacidade de abstrair a partir do uso das frações em situações mais formais.

Os itens foram numerados de 1 a 48, conforme descrito no quadro 3.2.2-1.

Considerando ter resultado em um trabalho longo, cuja resolução pode ser

cansativa mesmo para alunos de níveis mais elevados, os itens foram distribuídos

em 3 cadernos de atividades para permitir que fossem aplicados em três seções,

caso fosse possível.

Na organização dos cadernos de itens, as questões foram divididas em 16

grupos com 3 questões cada. Cada um desses grupos corresponde a um tipo

específico de questão, apresentada em seqüência, nos três níveis de dificuldade.

O quadro a seguir complementa as informações do quadro 1, segundo essa

ordenação.

Grupo Itens Grupo Itens1 1, 3, e 5 9 25, 26 e 29

2 2, 4, e 6 10 27, 28 e 30

3 7, 9, e 11 11 31, 33 e 35

4 8, 10 e 12 12 32, 34 e 36

5 13, 15 e 17 13 37, 39 e 41

6 14, 16 e 18 14 38, 40 e 42

7 19, 21 e 23 15 43, 45 e 47

8 20, 22,e 24 16 44, 46 e 48

Quadro 3.2.1-2 – Grupos de itens

Assim, por exemplo, os itens 1, 3 e 5, denominados “grupo 1”,

correspondem a questões envolvendo o significado parte-todo, com grandezas

contínuas e ícones, apresentados em seqüência nos três níveis de dificuldade.

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O caderno da primeira aplicação contém 6 desses grupos de itens,

escolhidos de maneira aleatória, enquanto que os cadernos das segunda e

terceira aplicações contém cinco grupos cada, também apresentados em

seqüência aleatória.

A numeração dos itens, citada nos quadros acima descritos, deverá servir

de referência para todo o trabalho, independente da ordem em que estes

apareceram nos cadernos de questões.

Os três cadernos de questões deverão conter os itens na seguinte ordem,

obtida por sorteio:

Caderno 1 – grupos 6, 15, 4, 5, 9 e 16

Caderno 2 – grupos 7, 12, 10, 13 e 8

Caderno 3 – grupos 3, 2, 1, 14 e 11

3.2.2 – Universo do Estudo

O instrumento de pesquisa foi aplicado em três grupos distintos de sujeitos, que

se deseja estudar:

! 29 alunos de Ensino Superior, com 24 de Licenciatura em

Matemática e 05 de outros cursos da área de exatas, em duas

Universidades, sendo uma em São Paulo e outra em Campinas.

! 31 alunos de terceiro ano do Ensino Médio de uma escola

profissionalizante da cidade Campinas, que seleciona seus alunos

segundo um concurso de admissão de caráter nacional.

! 13 alunos de oitava série de uma escola particular Campinas.

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A escolha deste universo foi feita tentando fazer com que o estudo se

reportasse a sujeitos submetidos a uma educação considerada de boa qualidade

e não se colocasse, como variável, eventuais deficiências de formação. Os alunos

das Universidades e do Ensino Médio são submetidos a rigorosos exames para

ingresso em suas respectivas escolas. Os alunos de oitava série da escola

selecionada estudam em condições consideradas muito boas, com professores

experientes, poucos alunos por série e um projeto pedagógico que incentiva a

busca da autonomia.

3.2.3 – Estudos preliminares

Uma vez definidas as características do instrumento de pesquisa, foi

aplicada uma primeira versão a uma aluna de Ensino Médio que respondeu às

questões diante do pesquisador, comentando detalhes de compreensão do texto

e estratégias de resolução utilizadas. Essa atividade forneceu dados importantes

para ajustes e apresentou ao pesquisador uma primeira idéia de como seria o

desempenho dos alunos. A duração da atividade também levou à idéia já exposta

de dividir o instrumento em três partes e aplicá-lo em três etapas nas oitavas

séries.

Uma vez feitos os ajustes, o instrumento, já dividido em 3 partes, foi

aplicado a 6 alunos de Ensino Médio, com cada uma das partes sendo resolvida

por 2 alunos, individualmente, tentando reproduzir as condições em que o teste

seria aplicado, ficando a interpretação do texto a critério de cada um. Os tempos

de resolução de cada uma das partes foram equivalentes, e o instrumento foi

considerado pronto para ser aplicado no universo de pesquisa.

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3.2.4 – Aplicação do instrumento de pesquisa.

O teste foi aplicado em um único encontro nos ensinos Superior e Médio e,

em três etapas, na oitava série. Optou-se por essa solução por motivos de ordem

prática, pois haveria dificuldade em reunir os mesmos do Ensino Superior alunos

em 3 oportunidades diferentes. Mantiveram-se as mesmas regras para o Ensino

Médio, para que as condições de aplicação não diferissem das do Ensino

Superior.

Nos encontros para a aplicação do teste, num primeiro momento o

pesquisador apresentou aos alunos uma breve descrição da pesquisa, seu

objetivo, e solicitou-lhes que resolvessem o instrumento em seu próprio ritmo,

sem se preocupar com o tempo e deixando registrados os passos da resolução,

uma vez que seu objetivo é analisar, principalmente, as linhas de ação tomadas,

que refletem os significados da fração considerados pelo aluno e, possivelmente,

os invariantes operatórios que foram mobilizados na resolução de cada item.

Após essas considerações iniciais, foram tomados os seguintes

procedimentos:

a) Nos ensinos Superior e Médio foi distribuído, a cada aluno, o caderno

número 1 e solicitado que o resolvesse em seu próprio ritmo, trocando-o

pelos cadernos 2 e 3, à medida que terminasse o anterior. O tempo de

resolução dos cadernos variou entre 25 e 45 minutos.

b) Na oitava série, a aplicação foi feita em três sessões, em dias diferentes,

com uma semana de intervalo entre elas, mantidas, em cada sessão, as

mesmas condições da aplicação nos níveis Superior e Médio.

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74

CAPÍTULO IV

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO

INSTRUMENTO DE PESQUISA.

Neste capítulo apresentaremos em detalhes as questões que foram resolvidas

pelos sujeitos de pesquisa, organizadas segundo os grupos descritos em 3.1 (quadro

3.2.1-2, pág 70), bem como sua análise. A opção pela apresentação dos itens na

ordem apresentada no quadro 3.2.1.-1, (pág 69) e não na ordem em que foram

resolvidos pelos alunos, deve-se ao entendimento do pesquisador de que essa

ordem facilitará a análise posterior dos itens, que estarão agrupados segundo as

variáveis que condicionaram a montagem do instrumento (significado, questões

icônicas ou não icônicas e quantidades discretas ou contínuas). A ordem de

resolução deverá ser uma variável adicional considerada na análise.

Grupo 1 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 7, 8 e 9, conforme

descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71).

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Item 1 – Observe as figuras abaixo:

a) Que fração representa a quantidade de pizza existente na mesa 1?

b) Que fração representa a quantidade de pizza existente na mesa 2?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue

• identificar o todo e as partes e utilizar a dupla contagem para representar

uma fração numa situação estática;

• manter o mesmo referencial em todas as respostas do item.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 83 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes;

• 53 , indicando que o aluno estabeleceu uma relação parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 85 , indicando que o aluno manteve uma pizza como unidade de

comparação e executou corretamente a dupla contagem;

• 165 , indicando que o aluno utilizou um referencial para cada subitem do

problema.

• 115 , indicando que o aluno não manteve o referencial e tomou uma relação

parte-parte.

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76

Respostas consideradas corretas:

• 83 no subitem a) e

85 no subitem b)

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, podendo ser resolvido de imediato por uma

operação de dupla contagem, pois a parte e o todo estão perfeitamente explicitados.

No subitem b) é acrescida a necessidade de que o aluno mantenha a unidade,

respondendo como fração de uma pizza. Espera-se por conta disso uma redução no

percentual de acertos nesse subitem.

Observações:

O subitem 1b) remete às considerações de Kieren sobre a dificuldade

apresentada pelos alunos em relação à compreensão do papel desempenhado pela

unidade no conjunto dos números racionais. Reproduz também, com adaptações, a

experiência de Mack, descrita na pág. 49, em que a autora aponta, em seu universo

de pesquisa, a tendência do aluno de considerar sempre a parte menos que o todo. A

análise dos resultados desta pesquisa fornecerá indicações sobre a permanência

dessas dificuldades mesmo em alunos com escolarização mais elevada.

Item 3 – Que fração representa a parte pintada da figura abaixo?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla

contagem para representar uma fração numa situação estática, observando, através

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77

da conservação da área, a equivalência entre as partes em que foi dividido o todo. É

necessária a compreensão adicional de que, para haver fração, o todo deve ser

dividido em partes iguais.

Possíveis respostas:

• 82 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes,

percebendo a relação entre a parte pintada e o todo, dividindo

mentalmente, ou mesmo graficamente, essa parte para exprimir a fração;

• 41 , indicando que o aluno percebeu a necessidade da equivalência entre as

partes e redividiu o todo, agora em 4 partes, antes de efetuar a dupla

contagem.

• 71 , indicando que o aluno não percebeu a necessidade da conservação da

área para exprimir a fração.

• 61ou

31

62 , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Respostas consideradas corretas:

• 82 ou

41 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois o todo e as partes não estão

perfeitamente explicitados, exigindo a compreensão da conservação da área para

obter uma fração. Espera-se alguma redução na quantidade de acertos em relação

às questões consideradas de nível 1, em que parte e todo estão completamente

explicitados.

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Observações:

Esta questão foi extraída de um trabalho de Campos e Cols, citada por Nunes

(1997) e faz parte também dos trabalhos de pesquisa de Merlini (2005) e Moutinho

(2005), que a aplicaram em alunos de quarta, quinta, sexta e oitava séries.

Item 5 – Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa

quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade de

pizza que não foi consumida?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue expandir a idéia de fração, vendo-a como um

objeto matemático que vai além da idéia de divisão de um todo em partes e é capaz

de caracterizar uma situação em que a parte é maior que o próprio todo.

Possíveis respostas:

• 45ou

810 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes,

foi capaz de adotar como referência uma pizza e foi capaz de expressar

uma quantidade maior que a própria unidade de referência.

• 85ou

1610 , indicando a dificuldade em transformar uma situação fortemente

contextualizada em um objeto essencialmente abstrato, como a fração

imprópria e sugerindo uma tendência a enxergar a fração como uma mera

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relação entre duas quantidades, sem se preocupar com o estabelecimento

de um referencial, mesmo estando esse referencial apresentado de

maneira clara no enunciado da situação-problema.

• 43ou

86 , indicando que o raciocínio esperado foi feito sobre a parte

consumida e não sobre a parte não consumida.

• 83ou

166 , indicando a tomada de duas pizzas como unidade e o raciocínio

feito sobre a parte consumida da pizza.

• 6

1035

106

53 ,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Respostas consideradas corretas:

• 45ou

810 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3, pois espera-se a ruptura com a situação

contextual, que é muito simples (contar pedaços de pizza), e a expressão do

resultado como algo que requer do aluno maior capacidade de abstrair para aceitar

uma fração que seja maior que o próprio todo.

Grupo 2 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 4, 5 e 6, conforme

descrito no tópico 3.2.1.

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Item 2 – Nos gráficos abaixo, as barras representam as capacidades de dois

tanques de combustível, A e B e as partes escuras, a quantidade de combustível

existente em cada um dos tanques.

a) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque A em

relação à sua capacidade?

b) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque B em

relação à sua capacidade?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla

contagem para representar uma fração numa situação estática;

Possíveis respostas para o subitem a):

• 53 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes;

• 35 , indicando a inversão entre parte e todo na representação da fração;

• 32ou

23 , indicando que o aluno estabeleceu relações parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 74 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes;

AB

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• 35 , indicando a inversão entre parte e todo na representação da fração;

• 43ou

34 , indicando que o aluno estabeleceu relações parte-parte

Respostas consideradas corretas:

• 53 no subitem a) e

74 no subitem b)

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, podendo ser resolvido de imediato por uma

operação de dupla contagem, pois o todo e as partes estão perfeitamente

explicitados. Espera-se um grande percentual de acertos nos dois subitens.

Item 4 – Os prédios A e B são iguais e todos os andares têm a mesma altura. A área

sombreada representa uma parte do prédio B que está sendo pintada. Que fração

representa essa parte?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla

contagem para representar uma fração numa situação estática, observando, através

da conservação da área, a equivalência entre as partes em que foi dividido o todo. É

necessária a compreensão adicional de que, para haver fração, o todo deve ser

dividido em partes iguais.

A B

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Possíveis respostas:

• 53 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes,

percebendo a relação entre a parte pintada e o todo, dividindo

mentalmente, ou mesmo graficamente, essa parte para exprimir a fração;

• 31 , indicando que o aluno não percebeu a necessidade da conservação da

área para exprimir a fração.

• 21

32

23 ,, , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Resposta considerada correta:

• 53 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois o todo e as partes não estão

perfeitamente explicitados, exigindo a compreensão da conservação da área para

obter fração. Espera-se alguma redução na quantidade de acertos em relação às

questões consideradas de nível 1, em que parte e todo estão completamente

explicitados.

Item 6 – Considerando sempre uma barra como o inteiro, responda

1

2

3

4

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a) Que fração representa a parte pintada da barra 1?

b) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1 e 2?

c) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2 e 3?

d) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2, 3 e 4?

e) Que fração representa o dobro das partes pintadas das barras 1 e 2?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue expandir a idéia de fração, vendo-a como um

objeto matemático que vai além da idéia de divisão de um todo em partes e é capaz

de caracterizar uma situação em que a parte é maior que o próprio todo.

Ao contrário do item 5, em que a fração imprópria era perguntada num único

item, aqui se foi construindo, progressivamente e por dupla contagem, frações cada

vez maiores numa situação em que a parte só se torna maior que o todo a partir de

um determinado momento, e o texto sugere, com muito mais ênfase, a idéia de que é

importante manter o mesmo referencial em todas as respostas. Os subitens c) e d)

são os que devem corresponder, para fins de análise, à resposta do item 5.

No subitem e), tenta-se verificar se a equivalência é percebida em relação ao

subitem d), seja pelos cálculos, seja pela observação das áreas. A análise deverá

levar em conta o número de sujeitos que indicou o mesmo valor para as duas

respostas.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 53ou

106

2012 , , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo

corretamente;

• 32

23

64

46

812

128 ,,,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

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84

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 53ou

106

2012 , .

Possíveis respostas para o subitem b):

• 54ou

108

2016 , , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo

corretamente;

• 3

10103

620

206

1240

4012 ,,,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-todo

não considerando a manutenção do referencial.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 54ou

108

2016 ,

Possíveis respostas para o subitem c):

• 57ou

1014

2028 , , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo

corretamente;

• 7

15157

1430

3014

2860

6028 ,,,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-todo

não considerando a manutenção do referencial.

Respostas consideradas corretas para o subitem c):

• 57ou

1014

2028 , .

Possíveis respostas para o subitem d):

• 58ou

1016

2032 , , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo

corretamente;

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• 6

20206

1240

4012

2480

8024 ,,,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-todo

não considerando a manutenção do referencial.

Respostas consideradas corretas para o subitem d):

• 58ou

1016

2032 ,

Possíveis respostas para o subitem e):

• 58ou

1016

2032 , , indicando que foi estabelecida a relação parte-todo

corretamente;

• 3

10103

620

206

1240

4012 ,,,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-todo

não considerando a manutenção do referencial.

Respostas consideradas corretas para o subitem e):

• 58ou

1016

2032 , .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3, pois se espera do sujeito, a manutenção do

referencial, a construção intuitiva da adição de frações e a observação da

equivalência, com a utilização de frações impróprias.

Grupo 3 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 1, 2 e 3, conforme

descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71).

Item 7 – Um pedaço de corda foi dividido em 9 partes iguais, que foram distribuídas

para as crianças de uma escola brincarem no recreio. As crianças da pré-escola

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receberam 3 dessas partes, as da primeira série, 2 partes e as da segunda série 4

partes.

a) Que fração da corda as crianças da pré-escola receberam?

b) Que fração da corda as crianças da primeira série receberam?

c) Que fração da corda as crianças da segunda série receberam?

Objetivos:

Verificar se os sujeitos conseguem identificar o todo, as partes e representar

por uma fração uma situação estática, em que todo e partes estão bem definidos,

porém, apresentados apenas a partir de um texto, sem auxílio de figuras.

Possíveis respostas para o subitem a)

• 93 , indicando a correta relação parte-todo

• 63 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte

Possíveis respostas para o subitem b)

• 92 , indicando a correta relação parte-todo;

• 72 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem c)

• 94 , indicando a correta relação parte-todo;

• 54 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte.

Respostas consideradas corretas

• 94e

92

93 , respectivamente para os subitens a), b) e c).

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Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois as frações podem ser perfeitamente

caracterizadas pela descrição fornecida, estando explicitados no texto: quem é o

todo-referência, em quantas partes esse todo foi dividido e qual o número de partes

tomadas em cada caso. Espera-se um grande número de acertos nesse item.

Item 9 – Um chocolate foi dividido em 5 partes, sendo 4 delas iguais e uma igual ao

dobro de cada uma das 4 anteriores. Que fração representa essa parte maior em

relação ao chocolate todo?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição e sem o auxílio de

figuras, levar em conta a informação sobre partes de um todo dividido em partes de

diferentes tamanhos e encontrar uma fração que exprima essas partes.

Possíveis respostas:

• 31ou

62 , indicando que foi levada em conta a diferença de tamanho entre as

partes;

• 51 , indicando que não foi feita essa consideração;

• 42ou

41 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Respostas consideradas corretas:

• 31ou

62 .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 2, pois é necessário um trabalho de

interpretação para entender que o tamanho da barra de chocolate corresponde, na

verdade, a 6 dos pedaços menores em que ele foi dividido, e a parte maior

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corresponde a duas dessas partes. A ausência de uma figura acrescenta, nesse caso

uma dificuldade ao problema. Espera-se um percentual menor de acertos em relação

aos itens 3 e 5, que são semelhantes, porém com figuras, e em relação ao item 7.

Item 11 – Dois irmãos, Roberto e Antônio, receberam como herança dois terrenos de

mesma área. Cada um desses terrenos foi dividido em 5 partes iguais, cabendo duas

partes a Antônio e três a Roberto.

Complete com frações:

a) A parte de Antônio na herança corresponde a ______________ da área de

um terreno.

b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de

um terreno.

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema, identificar

o número de partes em que o todo foi dividido, perceber que a repartição se refere a

duas unidades e responder a questão no referencial pedido, usando uma fração

imprópria

Possíveis respostas para o subitem a):

• 54 , indicando a compreensão do problema;

• 52ou

104 , indicando não que não foi levado em conta que são dois terrenos ou

que foram tomados como referencial dois terrenos, em vez de um.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 56 , indicando a compreensão do problema;

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• 53ou

106 , indicando não que não foi levado em conta que são dois terrenos ou

que foram tomados como referencial dois terrenos, em vez de um.

Respostas consideradas corretas:

• 56e

54 , respectivamente para os subitens a) e b)

Grau de dificuldade:

A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem

levados em conta, que precisam ser percebidos pelo sujeito: o referencial solicitado e

o uso da fração imprópria.

Grupo 4 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 7, 8 e 9, conforme

descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71).

Item 8 – No balcão de uma padaria podem ser vistos dois bolos de chocolate, três

bolos de coco e quatro de morango. Maria comprou um bolo de chocolate e outro de

morango. Represente por uma fração a quantidade de bolos que Maria comprou em

relação ao total de bolos da padaria.

Objetivos:

Verificar se os sujeitos conseguem identificar o todo, as partes e representar

por uma fração uma situação estática, em que todo e partes estão bem definidos,

porém, apresentados apenas a partir de um texto, sem auxílio de figuras.

Possíveis respostas:

• 92 , indicando a obtenção correta das partes e do todo;

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• 72 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Resposta considerada correta:

• 92

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois a fração pode ser perfeitamente

caracterizada pela descrição fornecida, estando perfeitamente explicitados no texto

quantos elementos possui o conjunto tomado como todo-referência, e quantas

dessas partes foram tomadas. Espera-se um grande número de acertos nesse item.

Item 10 – Para a confecção de uma fantasia, um novelo de fita vermelha foi cortado

em 4 partes, de modo que 3 dessas partes têm o mesmo tamanho, e a quarta parte

tem o dobro do tamanho de cada uma das 3 anteriores. Logo após, para confeccionar

outra fantasia, um novelo de fita azul, do mesmo tamanho da vermelha, foi cortado,

nas mesmas condições.

a) Que fração da fita vermelha representa o pedaço maior?

b) Considerando o inteiro como um novelo de fita, que fração de novelo

representa a soma dos pedaços maiores das duas fitas?

Objetivos

Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição, sem o auxílio de

figuras, levar em conta a informação sobre um todo dividido em partes de diferentes

tamanhos e encontrar uma fração desse todo que exprima essas partes.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 52 , indicando que foi levada em conta a diferença de tamanho entre as partes;

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• 41 , indicando que não foi levada em conta essa consideração;

• 31 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 54 , indicando que foi levada em cota a diferença de tamanho entre as partes e

mantido referencial de um novelo;

• 104 , indicando que foi levada em conta a diferença entre as partes, mas não

mantido o mesmo referencial;

• 21ou

42 indicando que não foi levada em conta a diferença de tamanho entre

as partes;

• 41ou

82 , indicando que não foi levada em conta a diferença de tamanho enre

as partes nem mantido o referencial.

Respostas consideradas corretas:

• 52 para o subitem a) e

54 para o subitem b).

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 2, pois é necessário um trabalho de

interpretação para entender que o comprimento do novelo de fita corresponde, na

verdade, a 5 dos pedaços menores em que ele foi dividido, e a parte maior

corresponde a duas dessas partes. A ausência de uma figura acrescenta, nesse

caso, uma dificuldade ao problema.

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Item 12 - André ganhou 4 chocolates do mesmo tamanho, cada um deles com

marcas para serem divididos em 4 pedaços iguais. Do primeiro chocolate comeu 3

pedaços e deu 1 para seu irmão Pedro. Do segundo, comeu dois pedaços e deu os

outros dois para sua prima Daniela. Logo após, resolveu comer os outros dois

chocolates e dividiu com Pedro e Daniela da mesma maneira que os dois primeiros.

a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos

dois primeiros chocolates?

b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos 4

chocolates?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema, identificar

o número de partes em que o todo foi dividido, perceber que partes de várias

unidades devem ser reagrupadas e exprimir essas partes tomando uma unidade

como referência.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 45 , indicando que a fração foi apresentada segundo o referencial pedido;

• 85 , indicando que foram tomadas como referencial duas barras de chocolate,

em vez de uma.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 10/4 ou 5/2, indicando que a fração foi apresentada segundo o referencial

pedido;

• 10/16 ou 5/8, indicando que foram tomadas como referencial duas barras de

chocolate, em vez de uma.

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Respostas consideradas corretas:

• 45 para o subitem a) e

25ou

410 para o subitem b).

Grau de dificuldade:

A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem

levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o estabelecimento de um

referencial e o uso da fração imprópria.

Grupo 5 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 10, 11 e 12,

conforme descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71).

Item 13 – No balão, somente três bolas estão pintadas. Represente por uma fração a

quantidade de bolas pintadas em relação a todas as bolas que estão no balão.

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue utilizar a fração identificando o todo e as partes,

com apoio de uma figura, numa situação em que o todo deve ser tomado como um

conjunto de objetos e a parte, um de seus subconjuntos.

Possíveis respostas:

• 73 , indicando o estabelecimento de relações parte-todo;

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• 43 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Resposta considerada correta:

• 73 .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois a parte e o todo estão perfeitamente

explicitados e é possível resolvê-la simplesmente através uma dupla contagem.

Item 15 – Na mesa encontram-se quatro pratos com docinhos iguais. Encontre uma

fração que exprima a quantidade de doces do prato 1 em relação ao total de doces

existente na mesa.

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, observando uma figura, identificar o conjunto a

ser tomado como referência e exprimir uma parte desse conjunto como uma fração.

Este item foi elaborado procurando explorar os mesmos invariantes do item 3,

adaptando a proposta de Campos e Cols. (1995) para as quantidades discretas.

4

1 2

3

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Possíveis respostas:

• 104ou

52 , indicando que o aluno interpretou corretamente e raciocinou em

termos de quantidade de pratos de doces ou quantidade de doces,

respectivamente;

• 82ou

41 , indicando que não foi levado em conta o fato de um dos pratos ter um

número diferente de doces.

Respostas consideradas corretas:

• 104ou

52 .

Grau de dificuldade:

A questão foi considerada de nível 2, pois, na forma em que foi apresentada,

introduziu uma variável nova, que é o número de pratos em que os doces foram

agrupados, fazendo com o que o conjunto a ser tomado como todo-referência não

esteja perfeitamente explicitado.

Item 17 – Duas Caixas de bolinhas de gude como esta deverão ser repartidas entre

Carlos e José. Para fazer a divisão, as bolinhas de cada caixa serão divididas em 7

partes iguais, cabendo 3 partes a Carlos e 4 partes a José. Complete com frações:

a) a parte de Carlos corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas.

b) a parte de José corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas.

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Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema e de uma

figura, identificar o número de partes em que o todo foi dividido, perceber que a

repartição se refere a duas unidades e responder a questão no referencial pedido,

usando uma fração imprópria. Espera-se que o número de sujeitos que respondam a

este item, com frações cujo denominador seja o dobro do número de elementos do

conjunto apresentado, seja menor que nos itens correspondentes, em que se

forneceu no enunciado o desenho de duas caixas, em vez de uma.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 2112ou

76 , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial

esperado;

• 216ou

4212 , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de

duas caixas, e não de uma caixa, como foi solicitado;

• 219ou

73 , indicando que o aluno não levou em conta o fato de serem duas

caixas, por leitura incorreta do enunciado.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 2124ou

78 , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial

esperado;

• 74ou

2112

2224 , , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de

duas caixas, e não de uma caixa, como foi solicitado.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 2112ou

76

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97

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 2124ou

78 .

Grau de dificuldade:

A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem

levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o referencial solicitado e

o uso da fração imprópria.

Grupo 6 – Questões tipo parte-todo, icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 1, 2 e 3, conforme

descrito no tópico 3.2.1. Foram, portanto as primeiras questões resolvidas pelos

sujeitos de pesquisa.

Item 14 - Numa loja de presentes há 4 bonés vermelhos e 2 bonés azuis de mesmo

tamanho. Que fração representa a quantidade de bonés azuis em relação ao total de

bonés?

Objetivos:

Verificar se o aluno identifica o todo e as partes e utiliza a dupla contagem para

representar uma fração numa situação estática e se toma como referencial o conjunto

dos elementos ou a relação entre os elementos do conjunto.

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98

Possíveis respostas:

• 62 , indicando que o aluno resolveu o problema por dupla contagem, a partir

do total de elementos do conjunto;

• 31 , indicando que o aluno identificou uma relação de equivalência entre

grupos de elementos do conjunto;

• 12ou

21

24

42 ,, , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Respostas consideradas corretas:

• 31ou

62 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, podendo ser resolvido de imediato por uma

operação de dupla contagem, pois o todo e as partes estão perfeitamente

explicitados. Espera-se um grande percentual de acertos no item.

Observações:

Este item também consta dos trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005),

aplicados em alunos de quarta, quinta, sexta e oitava séries.

Item 16 – Na parede há 5 porta-retratos, para fotos iguais, porém com capacidade

para um número diferente de fotos. Represente por uma fração a capacidade de fotos

do porta-retrato A em relação ao total de fotos que estão na parede.

A B

C D E

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99

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue identificar o todo e as partes e utilizar a dupla

contagem para representar uma fração numa situação estática. Este item foi

elaborado procurando explorar os mesmos invariantes do item 3, adaptando a

proposta de Campos e Cols. (1995) para as quantidades discretas.

Possíveis respostas:

• 72 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes e tomou

o número equivalente de porta-retratos menores como unidade;

• 144 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes e tomou

o número total de fotos como unidade;

• 51 , indicando que o aluno estabeleceu a relação parte-todo, porém não

observou a conservação do número de elementos do conjunto tomado como

unidade;

• 41 , indicando que o aluno estabeleceu a relação parte-parte e não observou a

conservação do número de elementos do conjunto tomado como unidade;

• 104ou

52 , indicando a conservação da unidade, porém o estabelecimento da

relação parte-parte.

Respostas consideradas corretas:

• 144ou

72

Grau de dificuldade;

O item é considerado de nível 2, pois o todo e as partes não estão

perfeitamente explicitados, exigindo a compreensão da conservação da quantidade

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100

de elementos do conjunto tomado como referência para obter uma fração. Espera-se

alguma redução na quantidade de acertos em relação às questões consideradas de

nível 1, em que parte e todo estão completamente explicitados.

Item 18 - Tomando como o todo-referência uma caixa de bolinhas,

a) represente por uma única fração o total de bolinhas pintadas nas 4 caixas.

b) represente por uma fração o dobro da quantidade das bolinhas pintadas na figura

abaixo.

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue expandir a idéia de fração, vendo-a como um

objeto matemático que vai além da idéia de divisão de um todo em partes e é capaz

de caracterizar uma situação em que a parte é maior que o próprio todo.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 2032 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, foi

capaz de adotar como referência uma caixa e foi capaz de expressar uma

quantidade maior que a própria unidade de referência.

• 58 , indicando que o aluno identificou prontamente o todo e as partes, foi capaz

de adotar como referência uma caixa e foi capaz de expressar uma quantidade

maior que a própria unidade de referência e estabeleceu uma relação de

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101

equivalência entre um grupo de elementos do conjunto e o total de seus

elementos.

• 52ou

208

8032 , , indicando que estas respostas podem ser motivadas por uma

leitura incorreta do texto da situação-problema, em que fica bem determinada a

unidade a ser tomada, ou da dificuldade em transformar uma situação

fortemente contextualizada em um objeto essencialmente abstrato como a

fração imprópria, mostrando uma tendência a enxergar a fração na sua forma

mais primitiva;

• 23ou

46

3248

32

64

4832 ,,,, , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 58ou

2032 , indicando a percepção da equivalência entre as duas situações.

• 52ou

4016 , indicando a não manutenção do referencial nos dois subitens.

• 208ou

8032 , indicando a percepção da equivalência entre as duas situações,

tomando como todo-referência o total de bolinhas de uma caixa. Deverá ser

observado se o aluno manteve o mesmo referencial nos dois subitens.

Respostas consideradas corretas:

• 58ou

2032 para os dois subitens.

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3, pois se espera a ruptura com a situação

contextual, que é muito simples (relacionar as bolinhas pintadas com o total de

bolinhas), e a expressão do resultado como algo que requer um pouco mais que a

simples noção de partição associada à idéia de fração.

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Grupo 7 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 1, 2 e 3, conforme

descrito no tópico 3.2.1 (pág. 71).

Item 19 – Na vitrine de uma loja de brinquedos podem ser vistos 2 carrinhos azuis, 3

carrinhos vermelhos e 4 carrinhos verdes, todos do mesmo tipo. Um cliente comprou

para seus filhos 1 carrinho azul e outro verde. Represente por uma fração a

quantidade carrinhos que esse cliente comprou em relação ao total de carrinhos da

vitrine.

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue utilizar a fração, identificando o todo e as partes

a partir da interpretação de um texto, numa situação em que o todo deve ser tomado

como um conjunto de objetos e a parte, um de seus subconjuntos.

Possíveis respostas:

• 92 , indicando o estabelecimento de relação parte-todo;

• 72 , indicando o estabelecimento de relação parte-parte.

Resposta considerada correta:

• 92 .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois a parte e o todo estão perfeitamente

explicitados e é possível resolvê-la simplesmente através de uma dupla contagem.

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Item 21 – Num restaurante existem 2 mesas com 12 lugares cada e 3 mesas com 4

lugares cada. Que fração da capacidade do restaurante representa uma das mesas

de 4 lugares?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição, sem o auxílio de

figuras, identificar o número de elementos de um conjunto tomado como o todo-

referência e exprimir um de seus subconjuntos como uma fração desse todo

Possíveis respostas:

• 91ou

364 , indicando o estabelecimento correto da relação;

• 51 indicando a desconsideração da diferença de tamanho entre as mesas.

Respostas consideradas corretas:

• 91ou

364 .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 2, pois é necessário um trabalho de

interpretação e alguns cálculos para se obter o total de lugares do restaurante ou o

total de mesas de 4 lugares que deveriam existir para manter essa capacidade. A

ausência de uma figura acrescenta, nesse caso, uma dificuldade ao problema.

Item 23 –Michele e Mirela ganharam dois pacotes com 30 balas para repartirem.

Cada um desses pacotes foi dividido em 6 partes iguais, e Michele ficou com 2 partes

enquanto que Mirela ficou com 4 partes.

Complete com frações:

a) A parte de Michele corresponde a ______________ de um pacote de balas.

b) A parte de Mirela corresponde a ______________de um pacote de balas.

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Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema e sem o

auxílio de uma figura, identificar o número de elementos do conjunto tomado como

referência, identificar quantas partes foram tomadas, levando em conta que são dois

os pacotes repartidos, e responder à questão no referencial pedido, usando uma

fração imprópria.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 32ou

64

3020 , , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial

esperado;

• 32ou

124

6020 , , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de

dois pacotes, e não de um pacote, como foi solicitado;

• 61ou

305 , indicando que o aluno não levou em conta o fato de serem dois

pacotes, por leitura incorreta do enunciado.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 2124ou

78 , indicando a compreensão do que foi solicitado e a resposta

apresentada no referencial esperado;

• 74ou

2112

4224 , , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de

dois pacotes, e não de um pacote, como foi solicitado, ou não levou em conta

o fato de serem duas caixas, por leitura incorreta do enunciado.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 32ou

64

3020 , .

Page 107: NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE …€¦ · específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi

105

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 34ou

68

3040 , .

Grau de dificuldade:

A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem

levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o estabelecimento de um

referencial e o uso da fração imprópria.

Grupo 8 – Questões tipo parte-todo, não icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 13, 14 e 15,

conforme descrito no tópico 3.2.1.

Item 20 – Um pacote com 36 balas foi repartido em 12 partes iguais, que foram

distribuídas para Juliane, Daniele e Gabriela. Juliane recebeu 5 partes, Daniele

recebeu 4 partes e Gabriela recebeu 3 partes.

a) Que fração do pacote de balas Juliane recebeu?

b) Que fração do pacote de balas Gabriela recebeu?

c) Que fração do pacote de balas Daniele recebeu?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue utilizar a fração, identificando o todo e as partes

a partir da interpretação de um texto, numa situação em que o todo deve ser tomado

como um conjunto de objetos e a parte, um de seus subconjuntos.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 3615ou

125 , indicando a compreensão correta do item;

Page 108: NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE …€¦ · específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi

106

• 2115

75 , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 31ou

3612

124 , , indicando a compreensão correta do item;

• 21ou

2412

84 , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 41ou

369

123 , , indicando a compreensão correta do item;

• 31ou

279

95 , , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 3615

125 , .

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 31ou

3612

124 , .

Respostas consideradas corretas para o subitem c):

• 41ou

369

123 , .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois a parte e o todo estão perfeitamente

explicitados e é possível resolvê-la simplesmente através de uma dupla contagem.

Item 22 – Três meninos e uma menina compraram uma caixa de bombons, que

foram repartidos, de modo que a menina recebeu o dobro da quantidade de bombons

Page 109: NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE …€¦ · específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi

107

que os meninos. Após repartirem os bombons resolveram comprar outra caixa igual,

e repartirem da mesma maneira.

a) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu

após repartirem a primeira caixa?

b) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu

após repartirem as duas caixas?

c) Se as duas caixas fossem repartidas ao mesmo tempo, que fração de uma

caixa representaria o total de bombons que a menina ganhou?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir de uma descrição, sem o auxílio de

figuras, identificar o número de elementos de um conjunto tomado como referência e

exprimir um de seus subconjuntos como uma fração desse todo.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 52 , mostrando que o aluno executou corretamente a repartição;

• 41 , sugerindo que não foi levada em conta a diferença entre os tamanhos das

partes dos meninos e da menina;

• 31ou

32 , indicando o estabelecimento de relações parte-parte.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 54 , mostrando que o aluno representou a nova quantidade mantendo o

referencial;

• 104 , indicando mudança do referencial.

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108

Possíveis respostas para o subitem c):

• 54 , mostrando que o aluno representou a nova quantidade mantendo o

referencial e compreendeu a independência da ordem nessa operação;

• 104 , indicando mudança do referencial.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 52 .

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 54 .

Respostas consideradas corretas para o subitem c):

• 54 .

Grau de dificuldade

O item é considerado de nível 2, pois o referencial não foi fornecido de

maneira explícita, sendo necessário um trabalho de interpretação para determiná-lo.

A ausência de uma figura acrescenta, nesse caso, uma dificuldade ao problema.

Item 24 – Flávia tinha 4 pacotes iguais de contas coloridas para fazer colares. Para

fazer um colar, separou as contas da seguinte maneira:

- dividiu o primeiro pacote em 5 partes, das quais usou 3;

- dividiu o segundo pacote em 5 partes, das quais usou uma.

- dividiu o terceiro pacote em 5 partes, das quais usou 3;

- dividiu o quarto pacote em 5 partes, das quais usou uma.

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a) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 2

primeiros pacotes?

b) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 4

pacotes?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue, a partir da descrição de um problema e sem o

auxílio de uma figura, identificar o número de partes em que foi dividido o conjunto

tomado como referência, identificar quantas partes foram tomadas, levando em conta

que mais de um conjunto foi repartido e responder à questão no referencial pedido,

usando uma fração imprópria.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 54 , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial esperado;

• 52ou

104 , indicando que o aluno apresentou as quantidades em frações de dois

pacotes, e não de um, como foi solicitado.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 58 , indicando a compreensão do que foi solicitado no referencial esperado;

• 52ou

208

54

108 ,, , indicando que o aluno não utilizou o referencial proposto.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 54 .

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 58 .

Page 112: NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE …€¦ · específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi

110

Grau de dificuldade:

A questão foi considerada de nível 3 porque apresenta dois elementos a serem

levados em conta que precisam ser percebidos pelo sujeito: o referencial solicitado e

o uso da fração imprópria.

Grupo 9 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 13, 14 e 15,

conforme descrito no tópico 3.2.1.

Item 25 – Foram divididas igualmente para 4 crianças, 3 barras de chocolate

a) Cada criança receberá um chocolate inteiro?

( ) Sim ( ) Não

b) Cada criança receberá pelo menos metade de um chocolate?

( ) Sim ( ) Não

c) Que fração do chocolate cada criança receberá?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas.

Page 113: NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE …€¦ · específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi

111

Possíveis respostas para o subitem a):

• Não.

Possíveis respostas para o subitem b):

• Sim.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 43 de uma barra;

• 41 de cada chocolate.

Resposta considerada correta no subitem a):

• Não.

Resposta considerada correta no subitem b):

• Sim.

Resposta considerada correta no subitem c):

• 43 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, pois retrata uma situação quociente em sua

forma mais simples e fornece, de maneira explícita, todos os elementos para a

resolução.

Item 26 – Duas barras de chocolate iguais foram repartidas entre 5 meninos e 3

barras iguais foram repartidas entre 5 meninas.

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a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada menino

recebeu?

b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada menina

recebeu?

c) Quem recebeu um pedaço maior de chocolate?

d) Qual dessas frações é maior?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas.

Possíveis respostas pra o subitem a):

• 52 , indicando a compreensão do pedido;

• 51 , indicando a não compreensão.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 53 , indicando a compreensão do pedido;

• 51 , indicando a não compreensão.

Possíveis respostas para o subitem c):

• As meninas.

Possíveis respostas para o subitem d):

• 53 .

Resposta considerada correta para o subitem a):

• 52 .

Page 115: NÚMEROS RACIONAIS: UM ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE …€¦ · específicos para o estudo dos números racionais, com destaque para Kieren, Behr, Nunes, Mack e Esolano e Gairín. Foi

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Resposta considerada correta para o subitem b):

• 53 .

Resposta considerada correta para o subitem c):

• As meninas.

Resposta considerada correta para o subitem d):

• 53 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois além de apresentar uma situação

quociente, acrescenta a idéia de comparação de frações, de maneira intuitiva e

formal.

Item 29 – Quatro barras de chocolate deverão ser divididas e colocadas em caixinhas

de modo a que em cada caixinha caibam 32 de uma barra de chocolate.

a) Quantas caixinhas serão necessárias para guardar todo o chocolate?

b) Represente a solução deste problema como uma operação com frações.

Objetivos:

Dada uma situação quociente em que o divisor é uma fração, verificar se o aluno

consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

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114

• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 6.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 6324 =: .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 6.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 6324 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3, pois os elementos necessários à sua

resolução não são fornecidos de maneira explícita, requerendo operações mentais

mais sofisticadas para sua resolução, mesmo no caso da resolução intuitiva. Em um

estágio mais avançado, no subitem b), procura-se avaliar se o sujeito já dispõe de

invariantes operatórios que possibilitem formalizar a solução em termos de divisão de

um número natural por uma fração. Para isso, a construção do conceito de número

racional para o sujeito deverá estar em tal estado que permita a visão desses

números como objetos matemáticos abstratos, reconhecendo suas propriedades e

sua interação com o conjunto dos números naturais. A questão procura avaliar

quantos dos sujeitos estão no primeiro estágio e quantos já atingiram o segundo.

Estas considerações também se aplicam aos itens 30, 35, 36, 41, 42, 47 e 48.

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Grupo 10 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 7, 8 e 9, conforme

descrito no tópico 3.2.1

Item 27 – Um bolo foi dividido igualmente para três crianças e dois bolos do mesmo

tamanho foram divididos igualmente para 6 crianças.

a) As 9 cri

( ) Sim

b) Que fra

c) Que fra

Objetivos:

Verificar

quociente, utili

Possíveis res

• Sim.

Possíveis res

• 31 .

1

anças comeram a mesma qua

( ) Não

ção representa a divisão do bo

ção representa a divisão do bo

se o aluno consegue repres

zando-se de figuras e operand

postas para o subitem a):

postas para o subitem b)

2

115

ntidade de bolo?

lo da figura 1?

lo da figura 2?

entar e comparar frações numa situação

o sobre grandezas contínuas.

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116

Possíveis respostas para o subitem c):

• 31ou

62 .

Resposta considerada correta para o subitem a):

• Sim.

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 31 .

Resposta considerada correta para o subitem c):

• 31ou

62 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, pois retrata uma situação quociente em sua

forma mais simples, fornece, de maneira explícita, todos os elementos para a

resolução e procura verificar a noção de equivalência apenas por procedimentos

intuitivos.

Item 28 – Dois bolos foram divididos igualmente para 3 crianças e 3 bolos do mesmo

tamanho foram divididos igualmente para 4 crianças.

a) As crianças de qual grupo ganharam mais bolo?

b) Que fração representa a divisão do bolo da figura 1?

1 2

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117

c) Que fração representa a divisão do bolo na figura 2?

d) Qual dessas frações é maior?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, utilizando-se de figuras e operando sobre grandezas contínuas.

Possíveis respostas para o subitem a):

• Grupo 2.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 32 , indicando o uso do referencial esperado;

• 31 , sugerindo o uso de um bolo como referencial.

Possíveis respostas para o subitem c)

• 43 , indicando o uso do referencial esperado;

• 41 , sugerindo o uso de um bolo como referencial.

Possíveis respostas para o subitem d):

• 43 .

Resposta considerada correta para o subitem a):

• Grupo 2.

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 32 .

Resposta considerada correta para o subitem c):

• 43 .

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118

Resposta considerada correta para o subitem d):

• 43 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois além de apresentar uma situação

quociente, acrescenta a idéia de comparação de frações, de maneira intuitiva e

formal. Espera-se um percentual de acertos menor que o do item 26, pois as frações

são de comparação mais difícil que as apresentadas naquele item.

Item 30 - Se tomarmos pedaços equivalentes a 43 de cada um dos chocolates

abaixo para distribuirmos a algumas crianças.

a) Quantas crianças poderão ganhar chocolate?

b) Represente esta repartição como uma operação com frações.

Objetivos:

Dada uma situação quociente em que o dividendo é uma grandeza contínua e o

divisor é uma fração, verificar se o aluno consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 4.

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119

Possíveis respostas para o subitem b):

• 4433 =: .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 4.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 4433 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

Grupo 11 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 7, 8 e 9, conforme

descrito no tópico 3.2.1. Foram, portanto, as últimas questões resolvidas pelos

sujeitos de pesquisa.

Item 31 – Três barras de chocolate foram divididas em partes iguais entre 5 crianças.

a) Cada criança recebeu pelo menos a metade de uma barra de chocolate?

( ) Sim ( ) Não

b) Que fração de uma barra de chocolate cada criança recebeu?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, a partir de uma descrição por um texto, sem a utilização de figuras e

operando sobre grandezas contínuas.

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Possíveis respostas para o subitem a):

• Sim.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 53 , indicando a compreensão do pedido;

• 51 , indicando a não compreensão.

Resposta considerada correta para o subitem a):

• Sim.

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 53 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, pois retrata uma situação quociente em sua

forma mais simples e fornece, de maneira explícita, todos os elementos para a

resolução.

Item 33 – Dez barras de chocolate de mesmo tamanho serão repartidas igualmente

entre 15 crianças. Sabe-se que 6 barras são de chocolate escuro e que 4 barras são

de chocolate branco. Sabe-se também que 9 crianças preferiram o chocolate escuro

e que 6 crianças preferiram o branco.

a) As crianças que preferiram o chocolate escuro ganharão um pedaço maior de

chocolate?

( ) Sim ( ) Não

b) Que fração representa a quantidade de chocolate escuro que cada criança

receberá?

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121

c) Que fração representa a quantidade de chocolate branco que cada criança

receberá?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, a partir de uma descrição por um texto, sem a utilização de figuras e

operando sobre grandezas contínuas.

Possíveis respostas para o subitem a):

• Não.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 32ou

96 , indicando o uso do referencial esperado;

• 61 , exprimindo a fração de cada barra, e não o total.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 32ou

64 , indicando o uso do referencial esperado;

• 61 , exprimindo a fração de cada barra, e não o total.

Resposta considerada correta para o subitem a):

• Não.

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 32ou

96 .

Resposta considerada correta para o subitem c):

• 32ou

64 .

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122

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois apresenta, mesclando os dados, duas

situações de quociente que devem ser resolvidas com apoio apenas do texto, sem

auxílio de figuras, e acrescenta a idéia de ordem ao solicitar uma comparação entre

frações.

Item 35 – Para que se possa fazer a limpeza de dois grandes aquários iguais, a água

que está contida neles deverá ser transferida para alguns recipientes cuja capacidade

é 31 da capacidade dos aquários.

a) Quantos pequenos recipientes serão necessários para armazenar a água?

b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações.

Objetivos:

Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto, em que

o dividendo é uma grandeza contínua e o divisor é uma fração, verificar se o aluno

consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 6.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 6312 =: .

Resposta considerada correta para o subitem a):

• 6.

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123

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 6312 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

Grupo 12 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades

contínuas.

Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 4, 5 e 6, conforme

descrito no tópico 3.2.1.

Item 32 – Numa certa lanchonete, 5 meninos sentaram-se para lanchar e pediram 4

garrafas de refrigerante e tomaram todos a mesma quantidade. Na mesa ao lado, 5

meninas que também lanchavam pediram 3 garrafas de refrigerante e também

tomaram a mesma quantidade.

a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas?

b) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menino tomou?

c) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menina tomou?

d) Qual dessas frações é maior?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações em uma

situação quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto e operando

sobre grandezas contínuas.

Possíveis respostas para o subitem a):

• Os meninos.

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124

Possíveis respostas para o subitem b):

• 54 , indicando a compreensão do pedido;

• 51 , indicando a não compreensão.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 54 , indicando a compreensão do pedido;

• 51 , indicando a não compreensão.

Possíveis respostas para o subitem d):

• 54 .

Resposta considerada correta para o subitem a):

• Meninos.

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 54 .

Resposta considerada correta para o subitem c):

• 53 .

Resposta considerada correta para o subitem d):

• 54 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 1, pois a situação quociente está definida de

maneira explícita e a comparação de frações, solicitada no subitem d), remete ao

caso mais simples, que é o de duas frações de mesmo denominador.

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Observações:

Esta forma de comparar frações, inicialmente a partir do conhecimento intuitivo

e depois de maneira formal, reproduz, com adaptações, as questões propostas por

Mack (1990), descritas no tópico 2.4, e pretendem verificar se os resultados obtidos

por aquela autora permanecem válidos para os sujeitos de escolaridade mais elevada

que foram estudados nesta pesquisa.

Item 34 – Na hora do recreio, foram divididas 3 latas de refrigerante igualmente para

2 meninos e 5 latas de refrigerante, também foram divididas igualmente para 3

meninas.

a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas?

b) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada

menina tomou.

c) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada

menino tomou.

d) Qual dessas frações é maior?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto e operando sobre

grandezas contínuas.

Possíveis respostas para o subitem a):

• As meninas.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 35 , indicando a compreensão do pedido;

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• 31 , indicando a não compreensão.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 23 , indicando a compreensão do pedido;

• 21 , indicando a não compreensão.

Possíveis respostas para o subitem d):

• 35 .

Resposta considerada correta para o subitem a):

• Meninas.

Resposta considerada correta para o subitem b):

• 35 .

Resposta considerada correta para o subitem c):

• 23 .

Resposta considerada correta para o subitem d):

• 35 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois além de apresentar uma situação

quociente, acrescenta a idéia de comparação de frações, de maneira intuitiva e

formal, apresentando frações cuja comparação não é imediata.

Observações:

Cabem aqui as mesmas observações feitas em relação à questão 32 no que

diz respeito as considerações de Mack(1990). A diferença fundamental entre as duas

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questões está no fato de que, na questão 34, as frações são de difícil comparação,

mesmo por procedimentos intuitivos.

Item 36 – Quatro grandes navios de mesma capacidade de carga estão ancorados

num porto, carregados de grãos. Para que os grãos possam chegar a portos mais

rasos, o carregamento deverá ser transferido para navios menores, com 32 da

capacidade dos navios grandes.

a) Quantos navios menores serão necessários para transportar a carga que está

nos navios grandes?

b) Represente a solução desse problema por uma operação com frações.

Objetivos:

Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto, em que

o dividendo é uma grandeza contínua e o divisor é uma fração, verificar se o aluno

consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 6.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 6324 =: .

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Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 6.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 6324 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

Grupo 13 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 2, como questões 10, 11 e 12,

conforme descrito no tópico 3.2.1.

Item 37 – As duas caixas de bolinhas de gude abaixo deverão ser repartidas entre 3

meninos .

a) Represente por uma fração de caixa o que cada menino irá ganhar.

b) Represente por uma fração a quantidade de bolinhas que cada menino deverá

ganhar.

Objetivos:

• Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação

quociente, envolvendo grandezas discretas, manipulando dois referenciais.

• Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo

frações pode ter como resultado um número natural.

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Possíveis respostas para o subitem a):

• 32 , indicando a compreensão da proposição;

• 31 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 20ou360 , indicando a compreensão da proposição;

• 31ou

32 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 32 .

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 20ou360 .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois pode ser resolvida apenas a partir do

conceito de quociente. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a

situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos

de bolinhas a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha

de ação tomar.

Item 39 – No pacote 1 existem 12 balas, que serão repartidas igualmente para 4

meninos. No pacote 2 existem 9 balas que serão repartidas igualmente para 3

meninas.

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130

a) Cada um dos meninos ganhará mais balas que as meninas?

( ) Sim ( ) Não

b) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menino

receberá.

c) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menina

receberá.

Objetivos:

• Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação

quociente, envolvendo grandezas discretas, manipulando dois referenciais,

além de comparar frações.

• Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo

frações pode ter como resultado um número natural.

Possíveis respostas para o subitem a):

• Não.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 34

12 = .

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Possíveis respostas para o subitem c):

• 339 = .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• Não.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 34

12 = .

Respostas consideradas corretas para o subitem c):

• 339 = .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois além do uso do conceito de quociente,

requer a comparação de duas frações.

Item 41 – Três pacotes de ovos serão redistribuídos em pacotes menores, de modo

que cada novo pacote contenha 43 dos ovos do pacote maior.

a) Quantos pacotes poderão ser obtidos através desse procedimento?

b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações.

Objetivos

Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto e uma

figura, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma fração, verificar

se o aluno consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

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• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 4.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 4433 =: .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 4.

Respostas consideradas corretas para o subitem b)

• 4433 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

Grupo 14 – Questões tipo quociente, icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 3, como questões 10, 11 e 12,

conforme descrito no tópico 3.2.1.

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Item 38 – Dois dos pacotes de balas deverão ser repartidos igualmente por 6

meninos e outros 3 pacotes iguais, por 6 meninas.

a) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menino

receberá.

b) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menina

receberá.

c) Qual dessas frações é maior?

d) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menino receberá.

e) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menina receberá.

Objetivos:

• Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação

quociente, envolvendo grandezas discretas, utilizando-se de dois referenciais,

além de comparar frações.

• Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo

frações pode ter como resultado um número natural.

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134

Possíveis respostas para o subitem a):

• 31ou

62 , indicando a compreensão da proposição; (considerada correta).

• 61 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 21ou

63 , indicando a compreensão da proposição; (considerada correta);

• 61 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 21ou

63 (considerada correta).

Possíveis respostas para o subitem d):

• 6ou3

186

36 , (considerada correta).

Possíveis respostas para o subitem e).

• 9ou2

186

54 , (considerada correta).

Grau de dificuldade

O item é considerado de nível 1, pois a situação quociente está definida de

maneira explícita e a comparação de frações, solicitada no subitem c) remete ao caso

mais simples, que é o de duas frações de mesmo denominador. Um aspecto

significativo, entretanto, é o fato de que a situação pode ser resolvida usando-se ou

não o número de elementos dos conjuntos de balas a serem repartidos, ficando por

conta do aluno a decisão sobre qual linha de ação tomar.

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Item 40 – O primeiro conjunto de figurinhas será dividido entre 3 crianças e o

segundo conjunto entre quatro crianças.

a) As crianças de que grupo ganharão mais figurinhas?

b) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do

1° grupo receberá

c) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do

2° grupo receberá.

d) Qual dessas frações é maior?

Objetivos

• Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto e de figuras,

operando sobre grandezas discretas.

• Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo

frações pode ter como resultado um número natural.

Possível resposta para o subitem a):

• Grupo 2 (considerada correta).

Possível resposta para o subitem b):

• 43

12 = (considerada correta).

21

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136

Possível resposta para o subitem c):

• 54

20 = (considerada correta).

Possível resposta para o subitem d):

• 4

20 (considerada correta).

Grau de dificuldade

O item é considerado de nível 2, pois requer o estabelecimento do referencial

correto, que é o número de elementos de cada conjunto; a apresentação da resposta

como um número natural, entendendo que esse número também é um número

racional; e a comparação desses números, pelos mesmos critérios usados para

comparar números racionais.

.

Item 42 - A figura abaixo representa uma caixa de maçãs, que serão transferidas

para caixas menores, com 41 da capacidade desta caixa .

a) Quantas caixas serão necessárias para guardar todas as maçãs?

b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações.

Objetivos:

Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto e de uma

figura, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma fração, verificar

se o aluno consegue:

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137

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 4.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 4411 =: .

Respostas consideradas corretas para o subitem a)

• 4.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 4411 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

Grupo 15 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 4, 5 e 6, conforme

descrito no tópico 3.2.1.

Item 43 – Duas cestas com 20 laranjas cada foram repartidas entre 5 pessoas.

a) Cada pessoa ganhará pelo menos meia cesta de laranjas?

( ) Sim ( ) Não

b) Que fração de uma cesta de laranjas representa o que cada pessoa receberá?

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Objetivos:

Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação

quociente, envolvendo grandezas discretas, sem o auxílio de figuras.

Possíveis respostas para o subitem a):

• Não.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 4016ou

208

52 , , indicando a compreensão da proposição;

• 205ou

31 , indicando o uso de um referencial diferente do proposto.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• Não.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 4016ou

208

52 , .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois pode ser resolvida apenas a partir do

conceito de quociente. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a

situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos

de laranjas a serem repartidos em partes iguais, ficando por conta do aluno a decisão

sobre qual linha de ação tomar.

Item 45 – Marina tem 36 fotografias e deverá colocá-las em 3 álbuns com a mesma

quantidade de fotos em cada um. Ana tem 60 fotografias e deseja colocá-las em 5

álbuns, também com a mesma quantidade de fotos em cada.

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a) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Marina em

relação ao total de suas fotos.

b) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Ana em

relação ao total de suas fotos.

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue utilizar-se do número racional, numa situação

quociente, envolvendo grandezas discretas, sem auxílio de figuras, apresentando a

resposta no referencial solicitado.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 31ou

3612 , indicando o uso do referencial correto;

• 6

36 , indicando o uso de um referencial diferente do solicitado.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 51ou

6012 , indicando o uso do referencial correto;

• 560 , indicando o uso de um referencial diferente do solicitado.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

31ou

3613 .

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

51ou

6012 12/60 ou 1/5.

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois os dados necessários à resolução não

são fornecidos de forma explícita, requerendo um maior número de operações

mentais para a obtenção da resposta. Outro fator significativo é o fato de que a

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140

situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos

de fotos a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual linha de

ação tomar.

Item 47 – Uma biblioteca, que tinha seus livros guardados em 6 estantes cheias,

trocou seus móveis, e as novas estantes têm 43 da capacidade das antigas.

a) Quantas estantes novas serão necessárias para acomodar todos os livros da

biblioteca?

b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações.

Objetivos:

Dada uma situação quociente, apresentada apenas através de um texto, sem

auxílio de figuras, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma

fração, verificar se o aluno consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

• Explicitar a resolução através de uma divisão de um número natural por uma

fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 8.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 8436 =: .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 8.

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Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 8436 =: .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

Grupo 16 – Questões tipo quociente, não icônicas, envolvendo quantidades

discretas.

Estes itens foram incluídos no caderno 1, como questões 16, 17 e 18,

conforme descrito no tópico 3.2.1.

Item 44 – Três pacotes com 30 figurinhas de esportes cada foram repartidos entre 6

meninos e outros 2 pacotes, com 30 figurinhas de super-heróis cada, foram

repartidos entre outros 6 meninos.

a) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de esportes

que cada menino recebeu?

b) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de super-

heróis que cada menino recebeu?

c) Qual dessas frações é maior?

Objetivos:

Verificar se o aluno consegue:

• Utilizar-se do número racional, numa situação quociente, envolvendo

grandezas discretas, sem auxílio de figuras, apresentando a resposta no

referencial solicitado.

• Comparar duas frações.

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142

Possíveis respostas para o subitem a):

• 21ou

3015

9045 , , indicando o uso do referencial esperado;

• 61ou

305 , indicando o uso de outro referencial.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 31ou

3010

9030 , , indicando o uso do referencial esperado;

• 61ou

305 , indicando o uso de outro referencial.

Possíveis respostas para o subitem c):

• 21ou

3015

9045 , ;

• 31ou

3010

9030 , .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 21ou

3015

9045 , .

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 31ou

3010

9030 , .

Respostas consideradas corretas para o subitem c):

• 21ou

3015

9045 , .

Grau de dificuldade:

A questão é considerada de nível 1, pois pode ser resolvida apenas a partir do

conceito de quociente. Um aspecto significativo, entretanto, é o fato de que a

situação pode ser resolvida usando-se ou não o número de elementos dos conjuntos

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143

de figurinhas a serem repartidos, ficando por conta do aluno a decisão sobre qual

linha de ação tomar.

Item 46 – Um pacote com 30 balas de morango foi dividido por 6 pessoas e um outro

pacote com 24 balas de hortelã foi repartido entre 4 pessoas.

a) todas as pessoas receberão a mesma quantidade de balas?

( ) Sim ( ) Não

b) Represente por uma fração o total de balas de morango que cada pessoa

recebeu.

c) Represente por uma fração o total de balas de hortelã que cada pessoa

recebeu.

Objetivos:

• Verificar se o aluno consegue representar e comparar frações numa situação

quociente, utilizando-se dos dados fornecidos por um texto, sem o auxílio de

figuras, operando sobre grandezas discretas.

• Verificar se o aluno é capaz de aceitar o fato de que um problema envolvendo

frações pode ter como resultado um número natural.

Possíveis respostas para o subitem a):

• Não.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 5ou6

30 , indicando o uso do referencial esperado;

• 61 , indicando o uso de outro referencial.

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Possíveis respostas para o subitem c):

• 6ou4

24 , indicando o uso do referencial esperado;

• 41 , indicando o uso de outro referencial.

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• Não.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 5ou6

30 .

Respostas consideradas corretas para o subitem c):

• 6ou4

24 .

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 2, pois requer o estabelecimento do referencial

correto, que é o número de elementos de cada conjunto, a apresentação da resposta

como um número natural, entendendo que esse número também é um número

racional.

Item 48 – Os cartões telefônicos da coleção de César estavam guardados em 6

álbuns. Ele pretende mudá-los para novos álbuns, cuja capacidade é 32 da

capacidade dos anteriores.

a) Quantos novos álbuns serão necessários para acomodar todos os seus

cartões?

b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações.

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145

Objetivos:

Dada uma situação quociente, apresentada apenas por meio de um texto e sem

o auxílio de figuras, em que o dividendo é uma grandeza discreta e o divisor é uma

fração, verificar se o aluno consegue:

• Encontrar a solução baseando-se na descrição do problema;

• Explicitar a resolução utilizando-se de uma divisão de um número natural por

uma fração.

Possíveis respostas para o subitem a):

• 9.

Possíveis respostas para o subitem b):

• 9326 =: .

Respostas consideradas corretas para o subitem a):

• 9.

Respostas consideradas corretas para o subitem b):

• 9326 =: :

Grau de dificuldade:

O item é considerado de nível 3. Cabem aqui as mesmas considerações feitas

em relação ao item 29 (página 114).

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CAPÍTULO V

ANÁLISE QUANTITATIVA DOS

RESULTADOS

No presente capítulo será feita uma análise quantitativa dos dados obtidos

na pesquisa. Será apresentada uma tabulação dos resultados em termos de

porcentagens de acertos, organizados por grupos de questões, conforme descrito

em 3.1. Os resultados serão apresentados em forma de gráfico e serão feitas

algumas considerações qualitativas preliminares sobre os resultados obtidos. Esta

primeira observação deverá apontar os pontos críticos, que serão objeto de uma

análise qualitativa mais aprofundada, que será apresentada no capítulo 6. Os

itens que compõem o instrumento de pesquisa estão apresentados no anexo 2,

ao final desta dissertação, para facilitar a consulta durante a leitura.

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5.1 ANÁLISE DO GRUPO 1 (Itens 1, 3 e 5)

5.1.1 Gráfico dos acertos

Grupo 1

0102030405060708090

100

1a 1b 3 5

itens

porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.1.2 Considerações sobre os resultados obtidos

A observação do gráfico mostra que a variação das porcentagens de

acertos das questões não é significativa entre os diferentes níveis de

escolaridade. Chama a atenção, porém, a pequena porcentagem de alunos, nos

três níveis de escolaridade, que manteve o mesmo referencial para responder aos

itens a) e b), correspondentes às figuras 1 e 2 abaixo:

A resposta mais comum foi 3/8 para o item a) e 5/16 para o item b). A

resposta 5/16 para o item b) parece indicar uma tendência a discretizar as partes,

tomando sempre como o todo-refêrencia o número total de partes, sem a

preocupação de manter um referencial único para todo o problema. Isso parece

caracterizar uma postura simplista diante da idéia de fração, uma vez que não

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teria sentido exprimir a quantidade de pizza da mesa 2 como 165 sem deixar bem

claro que seriam 165 de duas pizzas. Esperava-se que o referencial uma pizza,

fosse tido como natural pelos sujeitos, pois o contexto trata de frações de pizza. O

referencial uma pizza, entretanto, foi ignorado pela maioria dos sujeitos no

subitem 1b) em que predominaram respostas com denominador 16. Essa

mudança de referencial sugere que boa parte dos alunos ainda trata a fração

como um simples indicador das partes de um todo, sem uma reflexão maior sobre

esse todo, desconsiderando o uso da fração como um objeto matemático que

permite comparar grandezas e executar operações.

O item 3 remete à idéia de conservação da área para a explicitação do

todo. Esse aspecto é bastante significativo para crianças em início de

escolarização, como apontam os estudos de Campos e Cols (1995), citados em

Nunes(1997), e os trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005). Nas faixas

etárias abrangidas por esta pesquisa, porém, esses aspectos não aparentam ser

importantes.

O problema do referencial volta a ser significativo no item 5, em que o texto do

problema enfatizava a idéia de tomar uma pizza como a referência:

“Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa

quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a

quantidade de pizza que não foi consumida?”

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O problema não foi apresentado com o trecho do texto sublinhado, aqui

acrescentado a fim de chamar a atenção para o que se esperava do sujeito em

termos de estabelecimento de um referencial para responder à questão. O

objetivo principal era verificar se o aluno teria facilidade em lançar mão da idéia

de fração imprópria, numa situação fortemente contextualizada, usando a fração

para representar uma parte maior que o próprio todo.

O problema da fração imprópria, porém, parece menos significativo que o

do referencial. Embora o texto do problema destacasse com mais ênfase que no

item 1 que se desejava tomar uma pizza como referência, a maioria dos sujeitos

pesquisados respondeu a questão como uma fração de duas pizzas, tomando

como todo-referência os 16 pedaços.

5.2 ANÁLISE DO GRUPO 2 (itens 2, 4 e 6)

5.2.1 Gráfico dos Acertos

Grupo 2

0102030405060708090

100

2a 2b 4 6a 6b 6c 6d 6e

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

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150

5.2.2 Considerações sobre os resultados obtidos

O item 2, embora ainda fosse considerado de nível 1, diferenciou-se do

item 1 pelo fato de que, naquele item, as partes em que as pizzas foram divididas

estavam perfeitamente representadas, enquanto, neste caso, embora todas as

divisões estivessem explícitas, as divisões do todo só poderiam ser obtidas a

partir de linhas de grade do gráfico, externas à representação. A necessidade de

fazer essa consideração, que está associada à noção de conservação de área,

parece ter exercido alguma influência sobre o resultado da oitava série.

Com relação ao item 4, mantêm-se as observações sobre o desempenho

já colocadas no item 2, tendo a quase totalidade dos alunos respondido

corretamente à questão colocada.

O enunciado da questão poderia proporcionar outra interpretação, uma vez

que se refere à pintura do prédio, querendo, na verdade, tratar apenas de sua

fachada. Felizmente, isso não influiu no resultado. A forma como a figura foi

apresentada, o fato de este item ter sido incluído no caderno 3, e de os alunos já

terem resolvido muitas questões antes dele, parece ter colaborado para que essa

imperfeição do enunciado não fosse significativa.

Na análise do item 6, merece destaque a queda de desempenho

apresentada na passagem do subitem a) para o subitem b). A solicitação para

que seja mantido o mesmo referencial para resolver todos os subitens é colocada

neste item de forma mais enfática que nos itens 1 e 5 já comentados. Isso,

entretanto, não impediu que muitos alunos respondessem cada subitem com

frações de denominadores diferentes.

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No subitem 6e, foi considerada correta a resposta do aluno que acertou o

subitem 6a e repetiu a resposta no subitem 6b, sinalizando para a compreensão

de que se tratavam de frações equivalentes.

5.3 ANÁLISE DO GRUPO 3 (itens 7, 9 e 11)

5.3.1 Gráfico dos acertos

Grupo 3

0102030405060708090

100

7a 7b 7c 9 11a 11bItens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.3.2 Considerações sobre os resultados obtidos

Os resultados apresentados no item 7, se comparados com as questões de

nível 1 dos grupos anteriores, sugerem que a substituição de um desenho por um

texto não agregou dificuldade à resolução da questão, principalmente em relação

ao Ensino Fundamental.

No item 9, em que se propôs compor o todo através de partes com

tamanhos diferentes, a ausência do desenho parece ter sido significativa. Houve

uma grande redução da quantidade de acertos, principalmente no Ensino

Fundamental. As respostas incorretas apresentadas foram variadas e três alunos

deixaram a questão em branco. A resposta 52 , entretanto, apareceu apenas uma

vez, indicando que apenas um aluno ignorou as diferenças entre os tamanhos das

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partes e respondeu como se as 5 partes fossem do mesmo tamanho. Essa

resposta, que caracteriza a não conservação da área, também foi dada por 2

alunos do Ensino Médio e 3 do Ensino Superior. Esse item foi incluído no caderno

3 como segunda questão. O fato de ser uma questão não icônica, requerendo

uma leitura atenta do texto para a compreensão, pode ter contribuído para que os

alunos da oitava série não mantivessem, nesse item, o mesmo percentual de

acertos que tiveram nos itens 3 e 4.

O item 11, de nível 3, apresentou uma queda significativa nos percentuais

de acertos, e as respostas erradas foram todas 52 e

54 , respectivamente, para os

subitens a) e b). A resposta 52 para o subitem a) parece ter sido motivada por um

dos seguintes raciocínios:

• Imaginar cada terreno dividido em 5 partes, perfazendo 10 partes; tomar 4

dessas 10 partes e simplificar a fração.

• Tomar um terreno, dividi-lo em 5 partes e apresentar a resposta

interpretando como se a parte de Antônio fosse 52 de cada terreno.

• Entender que se Antônio ganhou 52 de cada terreno, ele ganhou

52 da

herança toda e, portanto, 52 é a fração que representa a herança.

• Ignorar, na leitura do problema, o fato de que eram dois os terrenos.

• Não perceber que a mesma área de terreno, que pode ser representada

por 52 de toda a herança, pode também ser representada por

54 de um

terreno.

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A resposta 54 , que predominou no subitem b), pode ser compreendida por

raciocínios análogos.

A queda na quantidade de acertos do item 11 em relação aos itens 7 e 9

deixa claro que o estabelecimento do referencial em que o problema deve ser

respondido se constitui em um fator significativo de dificuldade.

5.4 Análise do Grupo 4 (itens 8, 10 e 12)

5.4.1 Gráfico dos acertos

Grupo 4

0102030405060708090

100

8 10a 10b 12a 12bItens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.4.2 Considerações sobre os resultados obtidos

O item 8 tem a peculiaridade de apresentar o todo não como um objeto a

ser dividido em partes iguais, mas como um conjunto, de tal maneira que a fração

pedida deve representar um de seus subconjuntos em relação ao total de seus

elementos. Essa discretização pode ter feito com que alguns alunos dos Ensinos

Fundamental e Superior respondessem incorretamente à questão. As respostas

incorretas são bastante diversas e não permitem inferir sobre a predominância de

algum tipo de interpretação.

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O item 10, em seu subitem a) é muito semelhante ao item 9 e teve índices

de acertos semelhantes aos daquele item, com um melhor desempenho dos

alunos do Ensino Fundamental. O Subitem 10 b) requereu mais operações ao

propor a repetição do procedimento – agora com dois novelos de fita. Houve uma

queda acentuada no número de acertos, principalmente dos alunos do Ensino

Médio, em que quase todas as respostas incorretas foram 104 ou

52 , indicando

que a quantidade de fita dos dois novelos foi representada por uma fração de dois

novelos, e não de um novelo, como o texto do problema solicitava.

O item 12 apresentou uma questão semelhante às questões 5 e 6, em que

se propunha juntar partes de vários objetos e representar essas partes

reagrupadas como fração de um objeto, no caso, de uma barra de chocolate. A

questão do estabelecimento do referencial volta a ser significativa, pois dentre as

respostas erradas predominam a resposta 85 no subitem a). No subitem b),

predominou também a resposta 85 , expressa, algumas vezes, na forma

1610. A

repetição da resposta 85 nos subitens a) e b) foi bastante freqüente. Levando-se

em conta que o enunciado do problema deixava claro que a quantidade de

chocolate correspondente à resposta do subitem b) é o dobro da quantidade do

subitem a), usar a mesma fração para representá-las sinaliza para o fato de que

não houve a preocupação de associar quantidades às frações dadas como

resposta. Outra possibilidade é a de que o sujeito tenha pensado em quantidades

diferentes, porém apresentado cada uma delas segundo referenciais diferentes,

sem entender a manutenção do referencial como algo significativo.

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5.5 ANÁLISE DO GRUPO 5 (itens 13, 15 e 17)

5.5.1 Gráfico de acertos

Grupo 5

0102030405060708090

100

13 15 17a 17b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos Fund

Méd

Sup

5.5.2 Considerações sobre os resultados obtidos

No item 13, a proposta foi substituir o todo-referência por um conjunto, e a

fração deveria ser expressa por uma relação entre o número total de elementos

desse conjunto e o número de elementos de um de seus subconjuntos. Nesta

passagem das quantidades contínuas para as quantidades discretas, observou-se

uma diminuição do número de acertos entre os alunos do Ensino Fundamental,

mantendo-se as porcentagens elevadas em relação aos alunos dos Ensinos

Médio e Superior. Dos 4 alunos do Ensino Fundamental que não responderam

corretamente, dois deixaram em branco e dois responderam 43 , sugerindo o

estabelecimento de uma relação parte-parte, o que não apareceu quando

problemas semelhantes foram apresentados com grandezas contínuas.

O item 15 oferece duas possibilidades de raciocínio: ignorar a distribuição

dos doces pelos pratos e representar 4 de um total de 10 ou perceber que na

mesa há o equivalente a 5 pratos com dois doces e o prato 1 contém 52 dos

doces da mesa. Dos 3 alunos do Ensino Fundamental que não responderam

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corretamente, dois deixaram em branco e um respondeu 64 . Isso sugere o

estabelecimento de uma relação parte-parte. O item teve um elevado número de

acertos, principalmente nos Ensinos Médio e Superior.

O item 17 apresentou uma porcentagem baixa de acertos, principalmente

nos Ensinos Fundamental e Superior. No Ensino Fundamental, apenas dois

alunos apresentaram a resposta correta na forma 2118 , indicando que a estratégia

de resolução foi discretizar o total dos elementos da caixa em vez de pensar em

frações de uma caixa. Dentre as respostas incorretas, dois alunos indicaram 219 e

5 alunos indicaram 73 . A resposta

219 aponta para a idéia de que foi levada em

conta apenas uma caixa de bolinhas na repartição. A resposta 73 dá margem a

duas possíveis interpretações: não foi levado em conta o fato de serem duas

caixas, ou houve a intenção de indicar que Carlos recebeu 73 do total das

bolinhas. Nesse caso a resposta não foi apresentada no referencial solicitado.

5.6 ANÁLISE DO GRUPO 6 (Itens 14, 16 e 18)

5.6.1 Gráfico de acertos

Grupo 6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

14 16 18a 18b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

Fund

Médio

Sup

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5.6.2 Considerações sobre o resultado obtido

No item 14 houve acerto por quase todos os alunos, com exceção de dois

do ensino Médio, que responderam 42 e

21 , sinalizando para o estabelecimento de

relações parte-parte.

O item 16, da mesma forma que o item 15, teve grande quantidade

respostas corretas. No Ensino Fundamental, dentre os alunos que não acertaram,

3 não responderam e 2 responderam 52 . Essa resposta sugere a percepção da

necessidade da conservação da quantidade de elementos do conjunto tomado

como referência, sinalizada pela escolha do numerador 2. O denominador 5,

porém, sugere a tomada de uma relação parte-parte.

Com relação ao item 18, a observação do gráfico aponta para um resultado

inesperado entre os alunos do Ensino Médio.

Para tentar obter uma resposta à forte discrepância de resultados

apresentados no item 18 pelos alunos do Ensino Médio, duas providências foram

tomadas: 1) a montagem de uma questão alternativa que explora a idéia de

fração imprópria, com outra situação-problema e; 2) a elaboração de uma

entrevista semi-estruturada, com alguns alunos.

5.6.3 Questão alternativa

Foi apresentada a seguinte questão aos mesmos sujeitos pesquisados nos

Ensinos Fundamental e Médio e a 14 dos sujeitos pesquisados no Ensino

Superior:

A seguir estão representadas, em duas situações, algumas maçãs e uma

caixa com repartições. Sabe-se que é possível colocar apenas uma maçã em

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cada repartição da caixa. Responda, para cada uma das situações, que fração

representa a quantidade de maçãs em relação à capacidade da caixa.

Situação 1

Situação 2

Resposta

Resposta

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Todos os sujeitos responderam corretamente às duas situações, com

exceção de um, do nível superior, que em vez de 129 e

1215 , conforme esperado,

respondeu 9

12 e 1512 . Essa inversão, porém, não parece significativa para o objeto

da pesquisa.

Com relação à entrevista, foram escolhidos 5 alunos do Ensino Médio que

não acertaram a questão 18, respondendo para seu subitem a) 8032 , em vez de

2032 , como esperado. As entrevistas foram feitas individualmente, e o pesquisador

solicitou inicialmente que fosse resolvida novamente a questão, oferecendo ao

aluno a página completa do caderno de questões que contém o item 18. Dois

deles, nessa segunda vez, responderam corretamente. Foi-lhes perguntado a que

atribuíam o fato terem dado uma resposta diferente na primeira resolução, e os

dois disseram que não tinham lido com atenção o enunciado. Os outros três

alunos erraram também pela segunda vez. Foi perguntado a cada um deles o que

significava a expressão “Tomando como o todo-referência uma caixa de

bolinhas”. Nos três casos, a leitura da frase levou à reconsideração e à resposta

correta, indicando que a leitura pouco atenta, nesse caso, pode ter comprometido

a resolução do problema.

Merece destaque aqui o fato de que este grupo de itens compôs a primeira

página do caderno 1 de questões, e foram, portanto as primeiras questões

resolvidas. Essa primeira página do caderno foi impressa em cores, e o item 18

foi precedido pelos itens 14 e 16, que eram de resolução muito simples e podiam

ser resolvidos apenas pela observação da figura. A constatação de que a

resolução dispensava a leitura do texto, nos itens 14 e 16, pode ter induzido

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muitos alunos a fazer o mesmo no item 18, e isso parece ter sido mais freqüente

em relação aos alunos do Ensino Médio.

5.7 ANÁLISE DO GRUPO 7 (Itens 19, 21 e 23)

5.7.1 Gráfico de acertos

Grupo 7

0102030405060708090

100

19 21 23a 23b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.7.2 Considerações sobre o resultado obtido

No item 19, mantiveram-se os índices de acertos das questões

correspondentes dos outros grupos, sinalizando que o auxílio de figuras, no caso

das questões de nível 1, foi pouco significativo. Manteve-se também a ligeira

queda apresentada pelos alunos do Ensino Fundamental nas questões que

envolvem quantidades discretas em relação às que envolvem quantidades

contínuas. As respostas incorretas apresentadas pelos alunos são dispersas e

não permitem inferir qual interpretação do problema foi feita pelos alunos que não

acertaram.

No item 21, a ausência da figura, que foi significativa nas questões que

envolviam quantidades contínuas, teve um menor impacto, possivelmente pela

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possibilidade de resolver o problema imaginando o total de lugares sem levar em

conta as capacidades das mesas.

O item 23 apresentou uma surpreendente dificuldade aos alunos do Ensino

Fundamental, com ausência total de acertos. Da mesma forma que nas demais

questões do tipo parte-todo de nível 3, esperava-se que o aluno tomasse cada

pacote de 30 balas, repartisse esses pacotes em 6 partes iguais, usando ou não a

cardinalidade do conjunto (o valor 30) e reagrupasse essas partes como fração de

um pacote. Esse é o mecanismo que se procurou testar nesta pesquisa para

obter a fração imprópria a partir da lógica parte-todo.

Esse item foi colocado no caderno 2, e, ao se depararem com ele, os

alunos já haviam resolvido os itens 12 e 17, que apresentam características

semelhantes. O item 17, que também envolve grandezas discretas, assemelhou-

se ao 23 na pequena porcentagem de acertos. Uma possível explicação é o fato

de que a passagem das grandezas contínuas para as discretas acrescenta um

novo dado ao problema: a cardinalidade do conjunto a ser repartido, que, além de

introduzir novos dados, permite várias maneiras de resolução, cuja escolha dos

dados fornecidos ocorrerá em função da linha de ação tomada. Isso

aparentemente é um fator dificultador, e esse aspecto será explorado com mais

detalhes no capítulo 6.

Com relação às respostas apresentadas pelos alunos do Ensino

Fundamental, doze dos treze sujeitos pesquisados responderam 62 ou

31 . A outra

resposta foi 301 . As respostas

62 ou

31 sugerem que, na tentativa de resolução, a

maioria dos alunos imaginou o todo-referência como um pacote, não como um

conjunto de 30 balas e respondeu à pergunta entendendo que a parte de Michele

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foi 62 de todas as balas, não se preocupando com o quanto de um pacote essa

quantidade de balas significava. Outra possibilidade é que as respostas 62 ou

31

foram motivadas pela simples desconsideração, na leitura do enunciado do

problema, de que se tratavam de dois pacotes de balas, mas é pouco provável

que isso ocorresse com a totalidade dos alunos.

A ausência da palavra cada no enunciado, enfatizando que se tratava de

repartir dois pacotes com 30 balas cada, pode ter trazido alguma dificuldade para

os alunos que imaginaram pacotes com 15 balas. Nesse caso, dividir 15 balas em

6 partes iguais não seria possível, mas como se desejava tomar 62 de cada

pacote, se fosse observada a equivalência com 31 , isso seria possível e o

problema teria as respostas 1510 para o subitem a) e

1520 para o subitem b), que

também estão corretas. Essas respostas com denominador 15, entretanto, não

apareceram.

As respostas 3010 para o subitem a) e

3020 par o subitem b) parecem indicar

que o sujeito considerou dois pacotes de 15 balas, mas forneceu a resposta em

relação ao total de balas e não a um pacote, como foi pedido. Essas respostas

foram dadas por um sujeito do Ensino Médio e dois do Ensino Superior.

A inclusão da palavra “cada”, no enunciado, portanto, deixaria o problema

mais preciso, mas parece não ter sido a causadora do baixo índice de acertos,

pois a linha de ação esperada – fornecer a fração de um pacote – conduz a um

resultado que independe do número de balas por pacote.

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5.8 ANÁLISE DO GRUPO 8 (Itens 20, 22 e 24)

5.8.1 Gráfico de acertos

Grupo 8

0102030405060708090

100

20a 20b 20c 22a 22b 22c 24a 24b

Itens

Porc

enag

em d

e ac

erto

s

FundMédSup

5.8.2 Considerações sobre os resultados obtidos

No item 20, manteve-se a tendência de grande porcentagem de acertos. A

questão fornece, de maneira bem definida, quem é o todo, em quantas partes ele

foi definido e quantas partes foram tomadas. Os resultados obtidos sugerem que

o tipo de grandeza (contínua ou discreta), ou a forma de apresentação da questão

(com ou sem ícones), têm pouca relevância para os sujeitos estudados.

Já no item 22, o desempenho comparado entre as questões de mesmo

nível, icônicas ou não icônicas, aponta para o fato de que a ausência do desenho

é significativa. Esse fato fica perceptível na comparação entre os gráficos de

acertos das questões icônicas com os gráficos das não icônicas, ambas as

questões de nível 2, para o significado parte-todo.

O item 24 teve desempenho significativamente maior que o item 23, seu

correspondente no grupo 7. Algumas considerações podem ser feitas para

compreender esse desempenho. Comparando os dois itens, pode-se observar

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que o item 23 forneceu as informações de maneira sintética, com um dado que

poderia até não ser considerado na solução (o número de balas do pacote),

exigindo um trabalho mental mais intenso de reorganização das informações. O

item 24, por sua vez, apresentou as informações passo a passo, facilitando a

observação de que a resposta deveria ser dada em relação a um pacote de

contas.

A grande maioria das respostas incorretas foram do tipo 104 para o

subitem a) e 208 para o subitem b), apresentadas por cerca de 35% a 40% dos

alunos, com exceção do subitem a), em que a resposta 104 , dos alunos do Ensino

Fundamental, apareceu com uma freqüência de 25%. Essas respostas indicam

que a questão foi respondida num referencial diferente do solicitado e confirmam

as observações já feitas em relação às demais questões parte-todo de nível 3.

Para explicar o percentual de acertos maior no item 24, deve-se levar em

conta o fato de que, nesse item, não foi fornecido o número de contas de cada

pacote. A ausência dessa cardinalidade impõe que a questão seja resolvida

pensando-se apenas em frações de pacotes, num processo semelhante ao das

grandezas contínuas. Essa questão será tratada com mais detalhes na análise

qualitativa (capítulo 6).

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5.9 ANÁLISE DO GRUPO 9 (Itens 25, 26 e 29)

5.9.1 Gráfico de acertos

Grupo 9

0102030405060708090

100

25a 25b 25c 27a 27b 27c 29a 29bItens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

Fund

Méd

Sup

5.9.2 Considerações sobre os resultados obtidos

No item 25, embora a quase totalidade dos sujeitos respondeu que a

quantidade de chocolate que caberia a cada criança era menor que uma barra

inteira, a comparação da parte de cada um com meia barra não manteve o

percentual de acertos, apresentando uma pequena queda nos três níveis. No

subitem c), duas respostas predominaram:

• 43 , que era a resposta esperada, obtida possivelmente pela

tentativa de dividir 3 por 4, que caracteriza o significado quociente.

A divisão indicada mostra a quantidade de chocolate que caberá a

cada pessoa.

• 41, indicando que o aluno ainda está lançando mão da lógica

parte-todo, dividindo cada um dos chocolates em 4 partes e

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entendendo que cada pessoa deverá ganhar uma dessas partes

de cada chocolate.

A resposta 41 foi dada por cerca de 10% dos alunos do Ensino Médio, 20%

dos alunos do Ensino Superior e 40% do Ensino Fundamental. Essa resposta

sugere que esses alunos ainda apresentam resistência a associar a fração à idéia

de quociente.

No caso do item 26, a maioria das incorretas foi 51 tanto para o subitem a)

quanto para o b). Cabem aqui as mesmas considerações feitas para o item 25.

Alguns dos alunos que responderam 51 para os subitens a) e b), reconheceram

que as meninas ganharam mais chocolate mas, no subitem d), indicaram, de

maneira coerente com suas respostas, que as frações são iguais. Essa resposta

desconsidera a relação existente entre os quatro subitens do problema e não

reconhece, na fração, um elemento capaz de exprimir quantidades e permitir que

essas quantidades sejam comparadas ou que se realizem operações com elas.

O item 29 propõe uma situação de repartição em que o divisor é um

número fracionário e procura detectar, no subitem a), quantos alunos são capazes

de resolver a questão valendo-se de quaisquer procedimentos, sejam formais,

sejam intuitivos. O subitem b) procura identificar quantos, dentre os que

resolveram, são capazes de fazê-lo utilizando uma operação formal com números

racionais. A diferença de percentuais apresentada mostra que, embora muitos

consigam resolver a questão, predominam na resolução os métodos algébrico,

gráfico, a regra de três e raciocínios aditivos.

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5.10 ANÁLISE DO GRUPO 10 (Itens 27, 28 e 30)

5.10.1 Gráfico de acertos

Grupo 10

0102030405060708090

100

27a 27b 27c 28a 28b 28c 28d 30a 30b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.10. 2 Considerações sobre os resultados obtidos

No item 27, chama a atenção o fato de que, embora a maioria dos alunos

demonstrou saber que as duas divisões propostas resultam em pedaços iguais de

bolo, há uma queda expressiva, principalmente no Ensino Fundamental, no

resultado dos que acertaram o subitem c) em relação aos que acertaram o

subitem b). Isso indica que uma parcela dos alunos não percebeu que pedaços

iguais de bolo deveriam ser representados pela mesma fração (ou por frações

equivalentes) e não repetiram em c) o resultado obtido em b).

No item 28 nota-se uma queda na quantidade de alunos do Ensino

Fundamental que conseguem comparar as duas frações, seja utilizando-se de

elementos contextuais, como a observação do desenho – em que se pode notar

que, na passagem do grupo 1 para o grupo 2, a quantidade de bolo aumenta mais

que a quantidade de meninos, portanto as crianças deste grupo ganharão mais

bolo – seja comparando as frações pelos processos estudados, considerando que

são frações com numeradores e denominadores diferentes.

No item 30, repetem-se as mesmas observações relativas ao item 29.

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5.11 ANÁLISE DO GRUPO 11 (Itens 31,33 e 35)

5.11. 1 Gráfico de acertos

Grupo 11

0102030405060708090

100

31a 31b 33a 33b 33c 35a 35b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.11.2 Considerações sobre os resultados obtidos

No item 31, a maioria dos alunos conseguiu reconhecer que a quantidade

de chocolate que cada criança receberá é maior que meia barra, porém, um

grande número de alunos do Ensino Fundamental manteve a tendência de

responder à questão aparentemente pensando na fração de cada barra e não

exprimindo o total de chocolate recebido pela criança como uma fração de uma

barra. Essa tendência tem sido observada em todas as questões correlatas e é

sensivelmente mais acentuada nos alunos do Ensino Fundamental.

No item 33 houve uma ligeira queda na porcentagem de acertos em

relação ao item 28, causada possivelmente pela ausência das figuras e pela

maior quantidade de operações necessárias para resolver as duas questões

propostas. Dentre as respostas incorretas, houve algumas tentativas de resolver

mantendo o denominador 15, indicando uma tendência de não separar em dois

grupos.

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No item 35 chama a atenção o desempenho atípico dos alunos do Ensino

Superior em uma questão que só diferiu das anteriores de mesmo nível pela

ausência da figura. Cabe aqui considerar que esta foi a última questão do caderno

3, portanto, a última questão resolvida do teste. Isso pode ter sido significativo,

pois para uma parte dos alunos do Ensino Superior o teste foi aplicado à noite.

5.12 ANÁLISE DO GRUPO 12 (Itens 32, 34 e 36)

5.12.1 Gráfico de acertos

Grupo 12

0102030405060708090

100

32a 32b 32c 32d 34a 34b 34c 34d 36a 36b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.12.2 Considerações sobre os resultados obtidos

O item 32, classificado como de nível 1, apresentou uma situação-

problema em que foram descritas duas repartições de refrigerante por um grupo

de meninos e outro de meninas. A grande porcentagem de acertos pelos sujeitos

dos três níveis de escolaridade no subitem a), que perguntava se os meninos ou

as meninas tomariam mais refrigerante, sinaliza para o fato de que a situação foi

bem compreendida pela quase totalidade dos alunos. Chama a atenção, porém, a

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grande porcentagem de alunos do Ensino Fundamental que não responderam

corretamente aos subitens b), c) e d).

No caso do subitem b), o resultado 54 poderia ser obtido a partir do

significado quociente, em que a fração exprimiria de maneira direta a divisão de 4

garrafas de refrigerante por 5 meninos. Essa resposta também poderia ser obtida

mobilizando-se o significado parte-todo, imaginando-se a quantidade de

refrigerante de cada uma dessas garrafas dividida em 5 partes, cabendo 4 dessas

partes a cada menino.

Dentre os 7 alunos do Ensino Fundamental que não apresentaram a

resposta esperada para a questão, 5 responderam 51 , o que sugere que foi

mobilizado um raciocínio baseado no significado parte-todo, porém a resposta foi

expressa como a fração de uma garrafa que caberá a cada menino. Esse

raciocínio, portanto, exprimiu o resultado tomando como referencial uma garrafa,

e não o total de refrigerante consumido por criança. Nesse caso, a resposta foi 51

tanto para os meninos quanto para as meninas. Observa-se, com mais

intensidade nos alunos do Ensino Fundamental, essa tendência a não vincular a

fração a um referencial, mesmo numa situação contextualizada. Essa ausência de

preocupação com o referencial fez com que esses alunos representassem, pelo

mesmo número, duas quantidades que eles próprios reconhecem que são

diferentes.

No subitem c) pode-se observar exatamente o mesmo comportamento dos

alunos, já comentado em b). O subitem d) indica, nos três graus de escolaridade

praticamente a mesma quantidade de acertos. Chama a atenção, dentre os 5

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alunos do Ensino Fundamental que responderam 51 nos itens a) e b), que quatro

deles responderam que as frações são iguais e um deixou em branco.

O item 34 repetia o item 32, apresentando uma situação em que a divisão

resultava em frações impróprias e de comparação não tão imediata. A

comparação dos resultados mostra um comportamento semelhante ao do item 32,

com uma pequena redução do percentual de acertos, sugerindo que as

considerações apresentadas sobre aquele item são aplicáveis também a este.

O item 36 mantém o mesmo comportamento observado nos demais itens

do significado quociente considerados de nível 3, sugerindo que a existência ou

não de uma figura tem pouco significado, mesmo no subitem a).

5.13 ANÁLISE DO GRUPO 13 (Itens 37, 39 e 41)

5.13.1 Gráfico de acertos

Grupo 13

0102030405060708090

100

37a 37b 39a 39b 39c 41a 41b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.13.2 Considerações sobre os resultados obtidos

No item 37, foi proposto que duas caixas de bolinhas, apresentadas sob a

forma de um desenho, fossem repartidas entre 3 meninos, No subitem a) foi

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perguntado que fração de uma caixa de bolinhas cada menino ganhou. Essa

pergunta poderia ser respondida sem levar em conta a quantidade de bolinhas

existente na caixa, entendendo que, se duas caixas foram repartidas entre 3

meninos, cada menino deveria ganhar 32 de uma caixa de bolinhas. A passagem

das quantidades contínuas para as discretas, entretanto, com a conseqüente

inclusão da quantidade de bolinhas como uma nova variável a ser levada em

conta, pode ter provocado a redução na quantidade de acertos.

A idéia de quociente, quando estendida para conjuntos discretos,

apresenta a particularidade de produzir situações em que a fração obtida como

resposta é um número natural, como no caso do subitem 37 b). O mesmo

procedimento de dividir duas caixas por 3 meninos, que leva à fração 32 de caixa,

pode ser aplicado à cardinalidade dos conjuntos, levando à fração 360 ou 20. O

item procurou avaliar quantos alunos são capazes de considerar esse número

natural como um caso particular de fração.

No Ensino Fundamental, apenas um pequeno grupo de sujeitos fez essa

consideração. A maioria das respostas incorretas foi 6020, sugerindo que a

“quantidade” foi entendida como uma fração do total das bolinhas e não como o

número de bolinhas que cada um recebeu.

Uma possível explicação para esse resultado se encontra no fato de que a

noção de fração aparentemente está fortemente associada à idéia de tomar um

grande conjunto como todo e um de seus subconjuntos como parte. A idéia de

tomar como referência apenas um elemento de um conjunto (uma bolinha) para

representar uma quantidade como uma fração de um conjunto discreto,

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entretanto, parece não ser de compreensão tão simples. O entendimento da

fração como quociente permite que essas frações impróprias, representadas por

números naturais, sejam compreendidas com mais facilidade.

O enunciado do item 37 pode ter trazido alguma dificuldade na

compreensão do que se queria avaliar, pois os textos são muito parecidos e se

requeria uma leitura atenta para diferenciar fração de caixa de quantidade,

entendendo-se este termo como um número de bolinhas. As respostas 3020ou

32 ,

repetidas para os subitens a) e b), podem significar que o aluno não conseguiu

diferenciar esses dois sentidos dados às frases na interpretação do texto. Essas

respostas foram dadas por 2 sujeitos do Ensino Fundamental, 2 do Ensino Médio

e 3 do Ensino Superior.

O item 39 apresentou um desempenho absolutamente análogo ao 37, e o

item 41 também mostrou o mesmo comportamento das questões

correspondentes dos demais grupos.

5.14 ANÁLISE DO GRUPO 14 (Itens 38, 40 e 42)

5.14.1 Gráfico de acertos

Grupo 14

0102030405060708090

100

38a 38b 38c 38d 38e 40a 40b 40c 40d 42a 42b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

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5.14.2 Considerações sobre os resultados obtidos

O item 38 apresentou uma situação semelhante à do item 37, com o

acréscimo de duas questões. Nos dois primeiros subitens, pediu que as balas que

cada criança recebeu fossem representadas por uma fração de caixa de balas e,

posteriormente, que fossem representadas por frações as quantidades de balas.

Chama a atenção no gráfico o fato de que alguns alunos do Ensino

Fundamental e Superior não repetiram o mesmo procedimento nos subitens a) e

b). As respostas apresentadas foram diversificadas e não apontaram para uma

tendência de linha de raciocínio.

No subitem c), os percentuais de respostas coincidiram com os de b),

sinalizando para a idéia de que os alunos que resolveram corretamente as duas

primeiras proposições não tiveram dificuldade em comparar as frações que

representam cada uma das situações.

Nos subitens d) e e) repetiu-se a observação já descrita em ralação aos

itens 37 e 38, com destaque para o fato de que não houve nenhum acerto entre

os alunos do Ensino Fundamental.

O item 40 apresentou a questão da comparação de frações de duas

maneiras diferentes. No subitem a), a idéia de comparação foi apresentada de

maneira contextual, enquanto no subitem d), de maneira formal. O gráfico mostra

quantidades parecidas de acertos nos itens b), c) e d), sugerindo que os alunos

que souberam representar as frações também souberam compará-las. As

respostas incorretas são semelhantes às apresentadas nos itens 37, 38 e 39, que

procuravam avaliar se o aluno entende o número natural como caso particular da

fração.

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No item 42, manteve-se a tendência já apontada nas questões

semelhantes, em que os alunos são capazes de responder, porém apenas uma

minoria lança mão do conceito de número racional para formalizar a resposta,

optando por métodos algébricos, gráficos, regra de três e raciocínios aditivos.

5.15 ANÁLISE DO GRUPO 15 (Itens 43, 45 e 47)

5.15.1 Gráfico de acertos

Grupo 15

0102030405060708090

100

43a 43b 45a 45b 47a 47b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

5.15.2 Considerações sobre os resultados obtidos

No subitem 43 a), a grande porcentagem de acertos sinaliza para o fato de

que a proposta da questão foi plenamente compreendida praticamente pela

totalidade dos alunos. Um número razoável de alunos, porém, notadamente nos

Ensinos Fundamental e Superior, não responderam corretamente ao item 43 b) e,

entre as respostas incorretas, predominou a resposta 51 , indicando o uso do

referencial duas cestas, em vez de uma cesta, como foi pedido. Esse

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procedimento sugere que o aluno se utilizou da lógica parte-todo em lugar de

quociente.

O item 45, não ofereceu dificuldade e foi resolvido corretamente pela

maioria dos alunos. O número de fotos de cada álbum, que foi informado, não

precisava ser considerado na resolução, porém mais da metade dos alunos

respondeu 3612 no subitem a) e

6012 no subitem b), em vez de

31 e

51

respectivamente.

No item 47, manteve-se a tendência já apontada nas questões

semelhantes, em que os alunos são capazes de responder, porém apenas uma

minoria lança mão do conceito de número racional para formalizar a resposta,

optando por métodos algébricos, gráficos, regra de três e raciocínios aditivos.

5. 16 ANÁLISE DO GRUPO 16 (Itens 44, 46 e 48)

5.16.1 Gráfico de acertos

Grupo 16

0102030405060708090

100

44a 44b 44c 46a 46b 46c 48a 48b

Itens

Porc

enta

gem

de

acer

tos

FundMédSup

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5.16.2 Considerações sobre os resultados obtidos

O subitem 44 a) apresentou uma situação em que se esperava que o

aluno aplicasse o conceito de quociente ao observar que, se 3 pacotes fossem

repartidos por 6 meninos, caberia 63 ou

21 pacote para cada menino, qualquer que

fosse o número de figurinhas do pacote. Dentre as respostas corretas,

predominou, porém, o valor 3015 , indicando que o problema foi resolvido por dupla

contagem. As respostas 9015 e

61 , que representam as quantidades que cada

menino receberia em relação ao total de figurinhas, não foram muito freqüentes

neste item, como em outros itens análogos.

O subitem 44b), análogo ao anterior, apresentou as mesmas quantidades

de acertos que o item 44a), com predomínio também para as respostas que

levam em conta a cardinalidade do conjunto.

Com relação ao subitem 44c), dois alunos do Ensino Fundamental

inverteram as respostas dos subitens 44a) e 44b), porém indicaram corretamente

qual fração era maior, por isso o gráfico indica um maior número de acertos para

o subitem c) em relação aos subitens a) e b).

O item 46, a exemplo de itens anteriores análogos, apontou a dificuldade

apresentada, sobretudo pelos alunos do Ensino fundamental, para mobilizar a

idéia de quociente e o conceito de fração para exprimir quantidades

representadas por números naturais

No item 48, manteve-se a tendência já apontada nas questões

semelhantes, em que os alunos são capazes de responder, porém apenas uma

minoria lança mão do conceito de número racional para formalizar a resposta,

optando por métodos algébricos, gráficos, regra de três e raciocínios aditivos.

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Chamou a atenção, porém, a queda no percentual de acerto dos alunos do

Ensino Fundamental em relação ao subitem a), pois em outros tópicos bastante

semelhantes houve um percentual maior de acertos.

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CAPÍTULO VI

UMA ANÁLISE QUALITATIVA DOS

RESULTADOS

Neste capítulo pretende-se elaborar uma análise dos pontos críticos

detectados na análise quantitativa, procurando examinar as diferentes linhas de

ação utilizadas pelos sujeitos na resolução das questões e, através delas,

procurar compreender, à luz da teoria estudada, qual o estado em que se

encontra o conceito. Merecerão destaque nesta análise as seguintes questões:

I. A questão da fração imprópria no significado parte-todo, que remete à

questão do papel da unidade, descrito por Kieren e Mack.

II. A questão da cardinalidade, apontada como significativa por Escolano e

Gairín, explorada por meio de situações de significado quociente.

III. A questão do quociente envolvendo grandezas discretas, que procura avaliar

até que ponto o conjunto dos racionais é entendido, ainda que de maneira

implícita, como um conjunto numérico que contém os naturais.

IV. A questão da extensão do conceito de quociente, que procura avaliar até que

ponto os alunos percebem que os procedimentos empregados para resolver

situações de quociente entre números naturais permanecem válidos também

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para números racionais e se são capazes de formalizá-los em termos de

operações com frações.

Essas quatro questões procuram partir de aspectos intuitivos da

construção do conceito de fração e progredir em direção a aspectos formais,

entendidos pelo pesquisador como adequados aos níveis de escolaridade dos

sujeitos pesquisados.

6.1 A FRAÇÃO IMPRÓPRIA NO SIGNIFICADO PARTE-TODO E O PAPEL DA

UNIDADE

Da análise quantitativa apresentada no Capítulo anterior, chamam a

atenção em um primeiro momento, os resultados dos itens 5, 6, 11, 12, 17, 18, 23

e 24, que apresentaram em geral uma pequena porcentagem de acertos. Esse

conjunto de itens apresenta em comum a proposta de partir do modelo parte-todo

para construir uma situação que conduza a uma fração imprópria. Essa

característica agregou a esses itens uma dificuldade adicional e, por isso, eles

foram classificados como de nível 3, conforme apresentado no quadro 1, no

tópico 3.2.1.

É razoável supor que, na fase de escolaridade em que se encontram os

sujeitos desta pesquisa, a dificuldade apontada por Escolano e Gairín (2005)

referente à restrição provocada pelo modelo parte-todo à construção da idéia de

fração imprópria já esteja superada. Essa constatação, no entanto, não é objeto

desta pesquisa. As questões apresentadas tiveram como objetivo avaliar se os

procedimentos assimilados via modelo parte-todo permitem um completo domínio

da fração imprópria em todos os seus aspectos.

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A estratégia utilizada para contornar a condição intrínseca ao modelo

parte-todo – de que a parte deve ser sempre menor que o todo – foi a de

apresentar duas ou mais unidades de um determinado objeto, repartidas segundo

uma dada condição, cujas partes selecionadas devessem ser reagrupadas e

expressas como fração de uma única unidade. Foram apresentadas questões

com essa estrutura nas formas icônica e não icônica, envolvendo quantidades

contínuas e discretas. Em todos os casos, entretanto, as soluções dos itens

resumem-se a quatro etapas bem definidas:

• dividir dois ou mais “todos” no mesmo número de partes iguais;

• tomar algumas partes de cada um desses “todos”;

• reagrupar essas partes tomadas sobre um único “todo”;

• exprimir esse resultado como uma fração imprópria.

Chamou a atenção do pesquisador, desde o primeiro momento, que a

inserção de mais de um “todo”, na medida em que acrescenta ao problema mais

de uma possibilidade de escolher o referencial a ser tomado, ou seja, a unidade,

foi a causadora das principais dificuldades encontradas pelos alunos, por isso

optou-se por direcionar o foco da análise para esse aspecto. Com a finalidade de

atingir esse objetivo, as respostas foram agrupadas em três grandes categorias:

• respostas apresentadas conforme o referencial solicitado, mesmo

que incorretas por outro motivo, como erro de contagem;

• respostas apresentadas num referencial diferente do solicitado;

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• respostas em branco ou com soluções inconsistentes, que não

permitem identificar a linha de raciocínio tomada pelo sujeito.

A título de exemplo será transcrito o texto do item 5 e algumas das

respostas obtidas serão classificadas.

Item 5 – Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa

quantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade

de pizza que não foi consumida?

Respostas Obtidas:

• 8

10ou45 - Resposta correta, de acordo com o referencial esperado.

• 1610ou

85 - Referencial diferente do esperado. Foram considerados como o

todo os 16 pedaços de pizza.

• 86ou

43 - Confundiu parte consumida com parte não consumida, porém

respondeu de acordo com o referencial solicitado (1 pizza)

• 56ou

61 - Respostas consideradas inconsistentes.

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As respostas foram tabuladas segundo o critério descrito e o resultado

apresentado nas tabelas do anexo 1. A partir dessas tabelas foi elaborado o

gráfico a seguir, que aponta, para cada um dos itens, o percentual de alunos que

se utilizou de um referencial diferente do esperado para responder à questão.

0

20

40

60

80

100

5 6a 6b 6c 6d 6e 11a 11b 12a 12b 17a 17b 18a 18b 23a 23b 24a 24b

Icônico Contínuo Não iconico Cont. Icônico Discreto Não IcônicoDiscreto

Fundamental Médio Superior

Quadro 6.1 – Porcentagem de respostas com referencial incorreto nas questões parte-todo nível 3.

No item 5, a informação acerca do referencial a ser tomado estava na

frase: “Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essa

quantidade como fração de uma pizza”. A frase taxativa não impediu que cerca

de 40% dos alunos do Ensino Fundamental e 50% dos alunos dos Ensinos Médio

e Superior fornecessem como respostas frações com denominador 16.

O texto do item 6, distribuído em 5 subitens, informava no cabeçalho que

uma barra deveria ser tomada como o todo-referência para todos os subitens.

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Essa informação foi utilizada pelos alunos do Ensino Fundamental, porém, um

número significativo de alunos dos Ensinos Médio e Superior apresentou suas

respostas em termos do número total de partes de duas, três ou quatro barras.

A questão apresentava um desenho de quatro retângulos sob um fundo

quadriculado, tendo cada um desses retângulos algumas partes pintadas.

Solicitava-se somar as partes pintadas das barras e representar o resultado em

termos de fração de uma barra. O subitem a) possuía resolução imediata, obtida

pela dupla contagem das partes de uma barra, e foi respondido corretamente por

todos os sujeitos. O subitem b) apresentava como resposta uma fração própria e

os demais subitens, frações impróprias. Não houve diferenças significativas entre

o percentual de respostas com referencial diferente do esperado entre o subitem

b) e os demais subitens.

O uso do termo “barra” para identificar os retângulos apresentados no

desenho, talvez inadequado, parece não ter prejudicado a compreensão do

problema, uma vez que essa associação entre retângulos (figuras planas) e

barras (figuras tridimensionais) é usada com uma certa freqüência nos gráficos.

Os itens 11 e 12 procuraram reproduzir situações semelhantes às dos itens

5 e 6, porém sem o apoio de figuras. O grande número de respostas diferentes

das esperadas no item 11 fez com que esse item fosse, nesta fase de análise,

objeto de um estudo mais detalhado.

A tentativa de elaborar hipóteses para compreender as causas daquele

resultado levou o pesquisador a examinar a forma como o texto foi redigido,

constatando que, embora correto, exigia uma leitura muito atenta para sua

compreensão. Essa observação, associada ao fato de que o item foi incluído no

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caderno 3, sendo, portanto, resolvido pelos alunos de níveis Médio e Superior

mais de uma hora após o início dos trabalhos, pode ter contribuído para o

resultado obtido.

Na impossibilidade de retornar aos sujeitos de pesquisa para tentar validar

essa hipótese, o problema foi apresentado a um novo grupo de alunos da mesma

escola de Ensino Médio nas seguintes condições:

• 35 alunos resolveram o problema com a redação original:

Dois irmãos, Roberto e Antônio, receberam como herança dois terrenos

de mesma área. Cada um desses terrenos foi dividido em 5 partes iguais,

cabendo duas partes a Antônio e três a Roberto.

Complete com frações:

a) A parte de Antônio na herança corresponde a ______________ da área

de um terreno.

b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de

um terreno.

• 34 alunos responderam ao problema com uma nova redação, considerada

de compreensão mais fácil.

Dois irmãos, Roberto e Antônio, receberão como herança dois

terrenos de mesma área. Cada um dos terrenos será dividido em 5

partes iguais, cabendo a Antônio duas partes de cada terreno e a

Roberto, três partes de cada terreno.

Complete com frações:

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a) A parte de Antônio na herança corresponde a ______________ da

área de um terreno.

b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da

área de um terreno.

A tabela a seguir apresenta os resultados obtidos:

Tabela 6.1.1 – Respostas ao item 11com texto modificado.

Com a mudança do texto, as respostas apresentadas no referencial

incorreto caíram de 48,6% para 39,4% nos dois subitens. O resultado acima

sugere, portanto, que a forma como foi redigido o enunciado do exercício 11 é

responsável em parte pelo elevado número de respostas incorretas, porém, o

texto mais explícito não foi capaz de eliminar completamente as respostas que

tomam referenciais diferentes do solicitado.

Item 11a Item 11 b

Respostas Quantidade Respostas Quantidade

54 15 (42,9%)

56

15 (42,9%)

52 (Referencial

Incorreto)

17 (48,6%)53 (Referencial

Incorreto)17 (48,6%)Text

oor

igin

al

Outras 3 (8,6%) Outras 3 (8,6%)

54 19 (55,9%)

56

19 (55,9%)

52 (Referencial

Incorreto)

10 (39,4%)53 (Referencial

Incorreto)10 (39,4%)Te

xto

Mod

ifica

do

Outras 5 (14,7 %) Outras 5 (14,7 %)

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O gráfico mostra que os itens de 5 a 12 tiveram porcentagens de respostas

inesperadas menores que os itens de 17 a 24, com exceção do item 11,

provavelmente pela influência da redação do enunciado, já comentada.

A diferença fundamental entre esses dois conjuntos de itens é que o

primeiro deles, itens de 5 a 12, propõe questões envolvendo grandezas

contínuas, enquanto o segundo, itens de 17 a 24, se refere a grandezas discretas.

A introdução da cardinalidade de um conjunto como uma nova variável a ser

levada em conta pelo sujeito na resolução do problema parece ser significativa.

Essa constatação reforça a proposta de Escolano e Gairín (2005) em relação à

atenção especial que deve ser dada às quantidades discretas na introdução do

conceito de fração e deverá ser objeto de tópico à parte nesta análise.

A aparente discrepância de resultados apresentados pelos alunos do

Ensino Médio no item 18 foi também objeto de estudo à parte, abordado no item

4.6 desta dissertação, motivada possivelmente pelo fato de se tratar de uma

questão constante da primeira página do primeiro caderno, numa situação em que

as figuras se destacavam fortemente em relação ao texto. Uma entrevista com 5

dos sujeitos de pesquisa que erraram a questão indicou que a facilidade das duas

primeiras questões induziu os alunos a responder à terceira, que apresentava

uma dificuldade adicional, sem uma leitura mais atenta do texto.

Também chama a atenção no gráfico a sensível diminuição do número de

respostas inesperadas ao item 24. A diferença fundamental entre esses itens é

que, no caso dos itens 17, 18 e 23, foi fornecida a cardinalidade do conjunto de

objetos a ser repartido. O item 24, no entanto, criou uma situação envolvendo

quantidades discretas sem informar essa cardinalidade, que, no contexto, se

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traduzia no número de contas em cada pacote, permitindo que os procedimentos

de resolução fossem os mesmos adotados para quantidades contínuas.

A questão mais significativa observada, portanto, na presente análise é o

fato de que há uma tendência do aluno em tomar como referencial o maior

conjunto de objetos ou de partes de objetos disponível. As diferentes formas de

apresentar a questão, por mais enfáticas que sejam ao definir o referencial, não

impedem que um número considerável de sujeitos mantenha essa tendência. A

observação do gráfico também sugere que é irrelevante o fato de se tratar de

fração imprópria ou não.

A aparente predisposição em tomar como referencial o maior conjunto

disponível ficou mais clara ainda na resposta do item 1b), em que a figura a

seguir foi apresentada aos sujeitos, solicitando-lhes representar por uma fração a

quantidade de pizzas existente na mesa 2.

A tabela a seguir mostra, em porcentagem, as respostas obtidas:

Respostas Fundamental Médio Superior

5/8 32,1 29,0 20,7

5/16 69,2 67,7 65,5

Outras 3,2 3,2 13,8

Tabela 6.2.2 – Respostas para o item 1-b

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A diferença mais significativa entre o subitem 1b) e os demais itens

analisados nesta seção é o fato de que, nos exercícios anteriores, havia sempre

no texto uma indicação de qual deveria ser o referencial tomado, enquanto que,

neste caso, esperava-se que o aluno percebesse, a partir do próprio contexto, que

a resposta deveria ser fornecida em função de uma pizza. O resultado foi um

número elevado de respostas (mais que 65% em todos os casos) que

apresentaram-se com uma fração de denominador 16.

A observação desse resultado, em conjunto com a observação dos itens

tabulados no início desta seção, fornece fortes indícios para que se venha a inferir

que existe uma tendência por parte dos alunos a tomar como referência o maior

conjunto de objetos disponível, sem uma maior reflexão. Isso se constitui em um

obstáculo importante à construção plena do conceito de fração, que não se

reverte com facilidade ao longo do tempo.

6.2 – A CARDINALIDADE

Os subitens 37a, 38a, 38b, 43b, 44a, 44b, 45c e 45d apresentam em

comum a particularidade de propor uma situação de quociente envolvendo

grandezas discretas em que são fornecidas as quantidades de objetos a serem

repartidos, porém as perguntas referem-se a frações de conjuntos, permitindo que

a resposta seja obtida manipulando essas quantidades de objetos, fazendo uso

da discretização, ou simplesmente entendendo os conjuntos como unidades

divisíveis e manipulando-os em um processo semelhante à divisão de grandezas

contínuas.

A título de exemplo será transcrito e comentado o subitem 43b:

Duas cestas com 20 laranjas cada, foram repartidas entre 5 pessoas.

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Que fração de uma cesta de laranjas representa o que cada pessoa

receberá?

A resposta 52 sugere que o aluno entendeu que, se havia duas cestas de

laranjas para serem divididas entre 5 pessoas, cada pessoa receberia 52 do

conteúdo de uma cesta, e essa resposta independe desse conteúdo. Essa forma

de pensar remete à idéia de quociente com grandezas contínuas.

As respostas 4016 ou

208 , por sua vez, sugerem que as laranjas da cesta

foram agrupadas e representadas tomando como referência respectivamente a

cardinalidade do conjunto de laranjas de uma cesta ou mesmo o total de laranjas

a ser repartido, sem levar em conta o fato de elas estarem agrupadas em cestas,

num processo mental mais próximo do modelo parte-todo que do modelo

quociente.

A observação dessas duas formas de abordar o problema, em questões

que apresentaram uma porcentagem relativamente pequena de acertos, motivou,

nesta análise, a tentativa de responder às seguintes questões:

• Qual das duas abordagens é predominante?

• Qual das duas remete a uma maior porcentagem de acertos?

Para obter uma resposta à primeira dessas questões, foram elaboradas as

tabelas de 6.2.1 a 6.2.3, em que todas as respostas foram classificadas em dois

grandes grupos: respostas apresentadas sem o uso da cardinalidade e respostas

em que foi usada a cardinalidade. As respostas em branco não foram

computadas.

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Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45bQuant. 8 6 7 7 5 5 6 6Sem

Cardinalidade % 61,5 46,2 53,8 53,8 38,5 38,5 46,2 46,2Quant. 3 6 5 6 6 6 7 7Com

Cardinalidade % 23,1 46,2 38,5 46,2 46,2 46,2 53,8 53,8 Tabela 6.2.1 - Opção pelo uso da cardinalidade – Ensino Fundamental

Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45bQuant. 17 21 20 6 12 13 8 9Sem

Cardinalidade % 54,8 67,7 64,5 19,4 38,7 41,9 25,8 29,0Quant. 14 10 11 25 19 18 23 22Com

Cardinalidade % 45,2 32,3 35,5 80,6 61,3 58,1 74,2 71,0Tabela 6.2.2 - Opção pelo uso da cardinalidade – Ensino Médio

Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45bQuant. 19 20 22 5 9 10 2 4Sem

Cardinalidade % 65,5 69,0 75,9 17,2 31,0 34,5 6,9 13,8Quant. 10 9 7 23 20 19 27 25Com

Cardinalidade % 34,5 31,0 24,1 79,3 69,0 65,5 93,1 86,2Tabela 6.2.3 - Opção pelo uso da cardinalidade – Ensino Superior

As tabelas apontam, para cada item, as quantidades e as porcentagens de

alunos que tomaram cada uma das linhas de ação. Estão destacadas, em

porcentagem, as opções predominantes para cada item. Da observação das

tabelas conclui-se que, nas questões 37a, 38a e 38b, a maioria dos alunos

preferiu considerar o conjunto como um todo para responder, não levando em

conta sua cardinalidade, enquanto nos itens 43b, 44a, 44b, 45c e 45d, a maioria

dos alunos optou por usar a quantidade de elementos fornecida, ou seja, a

cardinalidade do conjunto.

A diferença fundamental entre os dois grupos de itens apontados, que

pode ter motivado essa diferença entre as linhas de ação adotadas pelos sujeitos,

é o fato de que, no primeiro caso, trata-se de questões icônicas em que a

cardinalidade do conjunto deveria ser obtida pela contagem dos elementos no

interior de um retângulo (bolinhas ou balas) e, no segundo caso, questões não

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icônicas, em que a cardinalidade do conjunto era fornecida como um dado

numérico no texto do problema.

As constatações citadas sugerem, portanto, que há uma tendência do

aluno a tomar a cardinalidade do conjunto como o referencial para a resolução,

sempre que esse dado for apresentado numericamente. A análise também sugere

que essa tendência é maior entre os alunos dos Ensinos Médio e Superior.

Uma segunda questão a ser colocada trata dos resultados obtidos em

cada caso: qual das duas linhas de ação conduz mais facilmente à solução

correta do problema?

Na tentativa de responder a essa questão, foram elaboradas as tabelas de

6.2.4 a 6.2.6, que quantificaram, dentre os sujeitos que tomaram cada uma das

linhas de ação, quais obtiveram um maior percentual de respostas corretas. As

tabelas indicam, por item, quantos alunos tomaram cada uma das linhas de ação,

e, dentre esses alunos, quantos obtiveram a resposta correta. Esse segundo dado

é fornecido em quantidade e em porcentagem. Estão destacadas na tabela as

maiores porcentagens obtidas, quando a diferença entre uma ou outra linha de

ação foi significativa.

Tabela 6.2.4 – Uso da cardinalidade: porcentagens de acertos por opção - Ensino Fundamental

Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45bOptaram Quant. 8 6 7 7 5 5 6 6

Quant. 3 4 2 2 1 1 6 6Sem CardinalidadeAcertaram % 37,5 66,7 38,6 38,6 20 20 100 100Optaram Quant. 3 6 5 6 6 6 7 7

Quant. 3 5 5 4 2 2 4 4Com CardinalidadeAcertaram % 100 88,3 100 66,7 33,3 33,3 57,1 57,1

Em branco 1 1 1 2 2

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Tabela 6.2.5 – Uso da cardinalidade: porcentagens de acertos por opção - Ensino Médio

Tabela 6.2.6 – Uso da cardinalidade: porcentagens de acertos por opção - Ensino Superior

As tabelas mostram, com bastante nitidez, que, nos Ensinos Médio e

Superior, o grupo de sujeitos que opta por usar a cardinalidade na resolução dos

problemas apresenta um percentual de acertos significativamente menor que o

grupo que responde sem usar a cardinalidade. Se for considerado que há uma

tendência dos alunos a usar os dados numéricos sempre que fornecidos, pode-se

concluir que a cardinalidade constitui-se em um fator dificultador para a maioria

dos alunos.

Os alunos do Ensino Fundamental apresentaram um resultado diferente,

principalmente nas questões icônicas. Uma possível inferência sobre a causa

desse resultado pode estar no fato de que, nessa fase da escolarização, ainda é

comum o trabalho com materiais manipulativos, principalmente em escolas do tipo

da pesquisada, de postura construtivista. O tamanho da amostra, porém, não é

suficiente para se obter uma conclusão segura.

Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45bOptaram Quant. 17 21 20 6 12 13 8 9

Quant. 13 18 17 5 8 10 8 9Sem CardinalidadeAcertaram % 76,5 85,7 85 83,3 66,7 76,9 100 100Optaram Quant. 14 10 11 25 19 18 23 22

Quant. 3 5 5 17 11 10 16 15Com CardinalidadeAcertaram % 21,4 50 45,5 68 57,9 55,6 69,6 68,2

Em branco

Item 37a 38a 38b 43b 44a 44b 45a 45bOptaram Quant. 19 20 22 5 9 10 2 4

Quant. 13 16 13 5 7 8 2 4Sem CardinalidadeAcertaram % 68,4 80 59,1 100 77,8 80 100 100Optaram Quant. 10 9 7 23 20 19 27 25

Quant. 2 4 2 10 3 3 19 18Com CardinalidadeAcertaram % 20 44,4 28,6 43,5 15 15,8 70,4 72

Em branco

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194

A observação desses fatos, no entender deste pesquisador, é um indício

suficiente para que se conclua que as questões relativas à cardinalidade e às

grandezas discretas, a exemplo de outras já exploradas neste trabalho,

permanecem incompreendidas por uma parcela significativa dos sujeitos ao longo

do processo de escolarização, não se resolvendo de maneira espontânea. Essas

questões devem, portanto, receber uma atenção especial ao longo de todo o

processo de construção do conceito de fração.

6.3 QUOCIENTE E GRANDEZAS DISCRETAS

As questões envolvendo o significado quociente envolvem sempre duas

variáveis, por exemplo: uma quantidade de objetos a ser repartida em partes

iguais e o número de pessoas que ganharão essas partes. Quando os objetos a

serem repartidos em partes iguais forem divisíveis, ou seja, contínuos, as frações

surgem de maneira natural, como o resultado de uma divisão indicada sempre

que essa divisão não for possível no conjunto dos números naturais. A título de

exemplo, a situação de dividir 3 chocolates para 5 pessoas conduz de forma

imediata à idéia de que cada pessoa ganhará 53 de um chocolate.

Quando se trata de repartir em partes iguais um conjunto de objetos

indivisíveis, como bolinhas de gude, por exemplo, caracteriza-se um novo tipo de

problema, pois se uma bolinha for dividida em pedaços, esses pedaços deixarão

de ser bolinhas, diferentemente do que acontece com os chocolates. Esses

problemas, que configuram as quantidades denominadas discretas, têm

peculiaridades próprias e receberão atenção especial.

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A primeira característica desses conjuntos, que merece destaque, é a de

que não é possível construir uma situação de quociente envolvendo grandezas

discretas que tenham como resultado uma fração própria. Ao contrário da divisão

de chocolates acima mencionada – em que qualquer quantidade de chocolate

pode ser dividida por qualquer número de pessoas – o que ocorre com as

grandezas discretas é que só é possível dividir um conjunto em partes iguais, se o

número de partes considerado for um divisor do número de elementos desse

conjunto, e essa divisão terá sempre por resposta um número natural. Devido a

essas peculiaridades, os problemas que envolvem grandezas discretas requerem

algumas operações de pensamento mais elaboradas para serem entendidos no

âmbito das frações.

Assim, tomar um conjunto de 15 bolinhas que não podem ser divididas,

pois nesse caso deixarão de ser bolinhas, e repartir igualmente entre 3 crianças,

implicará uma operação em tudo semelhante à divisão de chocolates já descrita,

que resulta na fração 3

15 , que também pode ser expressa pelo número natural 5.

Formular a resposta dessa maneira pressupõe que o sujeito já disponha, pelo

menos como invariantes operatórios, dos esquemas de pensamento que

caracterizam o que Caraça (1952) denominou “princípio da extensão”, que se

manifesta na compreensão de que as mesmas operações que conduzem a

números racionais podem conduzir, em casos particulares, a números naturais,

caracterizando o fato de que o conjunto dos números racionais contém o dos

naturais.

Nesse sentido, foram elaborados os itens 37b, 38d, 38e, 39b, 39c, 40b,

40c, 46b e 46c, que têm em comum a proposta de apresentar uma situação de

significado quociente, em que o referencial solicitado passa a ser o número de

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elementos do conjunto a ser repartido, e se solicita que o sujeito utilize a idéia de

quociente para representar uma quantidade por uma fração, que sempre poderá

ser reduzida a um número natural. Essa operação, se executada como uma

simples divisão, remete ao significado quociente. Se executada como o produto

de uma fração por um número natural, remete ao significado operador

multiplicativo. Não foi objeto deste trabalho diferenciar as estratégias de resolução

usadas pelos sujeitos. O trabalho se limitou a analisar o tratamento dado pelos

sujeitos ao resultado obtido.

O pequeno número de acertos dessas questões, apontado na análise

quantitativa, motivou que se desse a elas uma atenção especial e se tentasse

classificar as linhas de ação empregadas pelos sujeitos para respondê-las. A

análise mostrou que as respostas podem ser classificadas segundo as categorias

a seguir:

I. respostas apresentadas sob a forma de um número natural, sugerindo o

entendimento da questão analisada.

II. a quantidade procurada apresentada como o numerador de uma fração e o

total de elementos no denominador da fração. Neste caso os alunos deram

a entender que sabiam o valor pedido, mas não foram capazes de

representá-lo como uma fração.

III. respostas que tomam como unidade o conjunto, e não a sua cardinalidade.

IV. respostas em branco ou que não permitiram ao pesquisador identificar a

linha de pensamento do sujeito.

A título de exemplo, serão descritas as respostas obtidas no item 37b:

As duas caixas de bolinhas de gude abaixo deverão ser repartidas entre 3

meninos .

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a) Represente por uma fração de caixa o que cada menino irá ganhar.

b) Represente por uma fração a quantidade de bolinhas que cada menino

deverá ganhar

Respostas classificadas como de categoria I:

• 3

60 ou 20, que eram as respostas esperadas;

• 3

30 ou 10, indicando que a resposta foi dada em termos de

quantidade de bolinhas, embora se referindo ao total de cada caixa e

não ao total de bolinhas.

Respostas classificadas como de categoria II:

• 6020 , sugerindo que cada menino ganhará 20 das 60 bolinhas a

serem distribuídas, sinalizando a compreensão do pedido, porém a

dificuldade em representar a resposta como uma fração.

• 3020 , sugerindo que cada menino ganhará 20 das 30 bolinhas de

cada caixa.

Respostas classificadas como de categoria III:

• 32 , sugerindo que cada menino ganhará o conteúdo de uma caixa,

sem levar em conta o total de bolinhas. Nesse caso não há diferença

entre as respostas dos subitens a) e b).

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• 31 , sugerindo que cada menino ganhará a terça parte do conteúdo

de cada caixa.

Respostas consideradas como de categoria IV:

• 6060 ,

310 .

Os itens tiveram suas respostas classificadas segundo as quatro

categorias descritas e os resultados foram resumidos nas tabelas de

6.3.1 a 6.3.3, em quantidade e porcentagem, respectivamente para os

Ensinos Fundamental, Médio e Superior.

Categorias 37b 38d 38e 39b 39c 40b 40c 46b 46cQuant. 3 0 1 1 1 3 3 2 2I % 23,1 0 7,7 7,7 7,7 23,1 23,1 15,4 15,4Quant. 5 5 5 5 5 6 6 4 4II % 38,5 38,5 38,5 38,5 38,5 46,2 46,2 30,8 30,8Quant. 4 4 4 3 6 3 3 5 5III % 30,8 30,8 30,8 23,1 46,2 23,1 23,1 38,5 38,5Quant. 1 4 3 4 1 1 1 2 2IV % 7,7 30,8 23,1 30,8 7,7 7,7 7,7 15,4 15,4

Tabela 6.3.1 – Quociente em grandezas discretas – Ensino Fundamental

Categorias 37b 38d 38e 39b 39c 40b 40c 46b 46cQuant. 19 19 18 22 22 19 19 18 17I % 61,3 61,3 58,1 71,0 71,0 61,3 61,3 58,1 54,8Quant. 4 3 2 4 6 3 3 7 8II % 12,9 9,7 6,5 12,9 19,4 9,7 9,7 22,6 25,8Quant. 7 8 8 2 3 8 8 5 6III % 22,6 25,8 25,8 6,5 9,7 25,8 25,8 16,1 19,4Quant. 1 1 3 3 0 1 1 1 0IV % 3,2 3,2 9,7 9,7 0 3,2 3,2 3,2 0

Tabela 6.3.2 – Quociente em grandezas discretas – Ensino Médio

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199

Categorias 37b 38d 38e 39b 39c 40b 40c 46b 46cQuant. 12 17 17 15 15 16 16 12 12I % 41,4 58,6 58,6 51,7 51,7 55,2 55,2 41,4 41,4Quant. 6 3 2 5 4 4 5 12 12II % 20,7 10,3 6,9 17,2 13,8 13,8 17,2 41,4 41,4Quant. 8 8 5 3 10 9 8 5 4III % 27,6 27,6 17,2 10,3 34,5 31,0 27,6 17,2 13,8Quant. 3 1 5 6 0 0 0 0 1IV % 10,3 3,4 17,2 20,7 0 0 0 0 3,4

Tabela 6.3.3 – Quociente em grandezas discretas – Ensino Superior

As tabelas apresentam em destaque os percentuais de alunos que tiveram

suas respostas enquadradas nas categorias II e III. Chama a atenção o fato de

que um percentual significativo dos alunos adotem essas linhas de ação,

principalmente no caso da categoria 3, em que fica caracterizada a rejeição à

grandeza discreta e não se diferenciam procedimentos referentes a grandezas

discretas ou contínuas, mesmo quando as duas formas de representação são

pedidas no mesmo item, como no caso do item 37.

Estes resultados sinalizam, no entender deste pesquisador, que as

situações envolvendo quociente com grandezas discretas apresentam maiores

dificuldades que as que envolvem quantidades contínuas, e que a passagem das

grandezas contínuas para as discretas não deve ser considerada como natural no

processo de construção do conceito. Sinalizam também para o fato de que essas

dificuldades não são plenamente superadas ao longo do processo de

escolarização e acompanham os alunos por longo tempo, devendo, portanto, ser

objeto de atenção especial nas fases iniciais da escolarização.

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200

6.4 – A CAPACIDADE DE FORMALIZAR

Como último dos tópicos a ser abordado pela presente pesquisa, as

questões classificadas como nível 3 do significado quociente procuraram avaliar

até que ponto o conceito de número racional, em seus aspectos mais formais,

está presente nas soluções dos sujeitos pesquisados, considerando tratar-se de

alunos de níveis elevados de escolarização. Os itens 29, 30, 35, 36, 41, 42, 47 e

48 tentaram obter essa resposta, apresentando uma situação simples em que um

dado objeto ou conjunto deve ser dividido em partes correspondentes a uma

fração de seu tamanho. Pergunta-se quantas partes serão obtidas por intermédio

dessa operação, esperando que o sujeito execute uma divisão em que o

dividendo é um número natural, e o divisor é uma fração.

Todos os itens têm a mesma estrutura. No subitem a) pede-se o número

obtido; e no subitem b), a formalização da operação que conduziu ao resultado,

em termos de uma operação com frações. A diferença fundamental entre os itens

é o fato de envolverem grandezas contínuas ou discretas em questões

apresentadas com auxílio de desenhos (icônicas) ou apenas de texto.

A análise quantitativa revelou que, em todos os casos, o percentual de alunos

que respondeu corretamente ao subitem a) foi elevado, havendo uma

considerável queda no número de alunos que respondeu corretamente ao

subitem b), indicando que um grande número de alunos, embora soubesse

responder à questão a partir de conhecimentos intuitivos, não foi capaz de

formalizá-la em termos de quociente.

A título de exemplo será transcrito o item 47.

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201

Uma biblioteca que tinha seus livros guardados em 6 estantes cheias, trocou

seus móveis e as novas estantes têm 43 da capacidade das antigas.

a) Quantas estantes novas serão necessárias para acomodar todos os livros

da biblioteca?

b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações.

Resposta esperada para o subitem a): 8.

Resposta esperada para o subitem b): 843:6 = .

Os itens procuraram verificar se o aluno compreende que a solução do

problema é obtida por um quociente, que pode ser entendido como uma extensão

da idéia de quociente entre números naturais. Essa compreensão, no entender

deste pesquisador, é suficiente para indicar que o aluno reconhece os racionais

como um conjunto numérico que inclui os naturais e que as operações para

resolver os problemas nesse novo conjunto numérico são as mesmas dos

naturais, respeitadas as peculiaridades do novo conjunto.

As respostas apresentadas foram classificadas em três grandes grupos:

alunos que não conseguiram obter a resposta; alunos que obtiveram a resposta

solicitada no subitem a), porém, não foram capazes de formalizar; e alunos que

chegaram à resposta e souberam formalizar. As tabelas de 6.4.1 a 6.4.3

apresentam a tabulação dos resultados obtidos.

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Itens 29 30 35 36 41 42 47 48Quant. 3 2 4 2 6 1 5 11Não resolveram % 23,1 15,4 30,8 15,4 46,2 7,7 38,5 84,6Quant. 8 10 6 10 5 9 8 1Resolveram sem

formalizar % 61,5 76,9 46,2 76,9 38,5 69,2 61,5 7,7Quant. 2 1 3 1 2 3 0 1Formalizaram

% 15,4 7,7 23,1 7,7 15,4 23,1 0 7,7Tabela 6.4.1 – Questão da formalização – Ensino Fundamental

Itens 29 30 35 36 41 42 47 48Quant. 2 7 3 1 3 5 6 3Não resolveram % 6,5 22,6 9,7 3,2 9,7 16,1 19,4 9,7Quant. 21 16 21 25 21 20 23 22Resolveram sem

formalizar % 67,7 51,6 67,7 80,6 67,7 64,5 74,2 71,0Quant. 8 8 7 5 7 6 2 6Formalizaram

% 25,8 25,8 22,6 16,1 22,6 19,4 6,5 19,4Tabela 6.4.2 – Questão da formalização – Ensino Médio

Itens 29 30 35 36 41 42 47 48Quant. 4 6 15 8 8 1 10 12Não resolveram % 13,8 20,7 51,7 27,6 27,6 3,4 34,5 41,4Quant. 18 13 10 13 16 22 14 12Resolveram sem

formalizar % 62,1 44,8 34,5 44,8 55,2 75,9 48,3 41,4Quant. 7 10 4 8 5 6 5 5Formalizaram

% 24,1 34,5 13,8 16,1 17,2 20,7 17,2 17,2 Tabela 6.4.3 – Questão da formalização – Ensino Superior

Da observação das tabelas, constata-se que em geral um número

significativo de sujeitos consegue resolver a questão a partir de conhecimentos

intuitivos, porém não consegue formalizar a solução.

Esse padrão de respostas só não apareceu nos itens 47 e 48, em relação

ao Ensino Fundamental. No primeiro caso, nenhum aluno conseguiu formalizar e,

no segundo, a maioria dos alunos não obteve a resposta, mesmo por

procedimentos intuitivos. Esse resultado pode ter sido motivado pelo fato de que

essas questões encontram-se no grupo das questões não icônicas, envolvendo

grandezas discretas, em que os alunos do Ensino Fundamental demonstraram ter

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203

mais dificuldades. No caso do item 48, pode ter influenciado também o fato de se

tratar da última questão do caderno 1 e, portanto, a última questão resolvida na

sessão pelos alunos do Ensino Fundamental. O tamanho reduzido da amostra

também contribuiu para que as oscilações dos resultados tivessem maior

amplitude entre os alunos do Ensino Fundamental.

Nos três níveis, porém, a maioria dos alunos soube responder à situação

sem, contudo, formalizar sua solução. Uma questão natural decorrente desse fato

é tentar compreender que linhas de ação foram tomadas pelos sujeitos, buscando

verificar que teoremas em ação esses sujeitos mobilizam com mais facilidade que

a noção de número racional em seus aspectos mais abstratos. Para isso, as

respostas corretas apresentadas no subitem a), porém não formalizadas em

termos de quociente, foram classificadas segundo as seguintes categorias:

• Regra de três ou estrutura multiplicativa

• Solução algébrica;

• Resposta baseada em estruturas aditivas;

• Solução gráfica ou descrição dos procedimentos;

• Respostas em branco ou inconsistentes.

Os parágrafos a seguir descrevem, a título de exemplo, possíveis

respostas para o item 47b, com a respectiva classificação.

Soluções do tipo x4/3

61 = , logo x=8 ou (6.4)/3 foram consideradas numa única

categoria, entendendo que, no primeiro caso, o aluno explicitou a regra de três e,

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no segundo caso, escreveu apenas a operação decorrente desse raciocínio. As

respostas desse tipo formaram a categoria “regra de três ou estruturas

multiplicativas”.

As respostas do tipo 643 =x , logo x=8 foram enquadradas na categoria

“soluções algébricas”.

As respostas do tipo 643

43

43

43

43

43

43

43 =+++++++ , logo serão 8 estantes

pois a soma tem 8 parcelas, ainda que não detalhadas com tanta precisão, foram

classificadas como “soluções aditivas”.

Soluções obtidas por divisão de 6 retângulos em 4 partes iguais cada um e

contagem do número de pedaços correspondentes a 43 de um retângulo que se

pode obter, feitas através de desenhos ou da descrição desse processo, foram

classificadas como “soluções gráficas ou descritivas”.

Por fim, as respostas em branco ou as tentativas de resolução que não

chegaram ao valor correto foram tabuladas à parte. O resultado dessa tabulação

encontra-se nas tabelas de 6.4.4 a 6.4.6.

Itens 29 30 35 36 41 42 47 48Quant. 1 1 0 0 0 1 1 0Regra de três/

multiplicativo % 12,5 10,0 0 0 0 11,1 12,5 0Quant. 0 0 0 1 0 0 2 0Algébrico % 0 0 0 10,0 0 0 25,0 0Quant. 3 0 1 3 2 2 2 1Aditivo % 37,7 0 16,7 30,0 40,0 22,2 25,0 50,0Quant. 0 0 0 1 0 0 0 0Gráfico/

descritivo % 0 0 0 10,0 0 0 0 0Quant. 4 9 5 5 3 6 3 1Branco/ outros % 50,0 90,0 83,3 50,0 60,0 66,7 37,5 50,0

Total de respostas 8 10 6 10 5 9 8 2Tabela 6.4.4 – Respostas corretas e não formalizadas – Ensino Fundamental

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Itens 29 30 35 36 41 42 47 48Quant. 6 3 5 4 5 6 4 4Regra de três/

multiplicativo % 28,6 18,8 23,8 16,0 23,8 30,0 17,4 18,2Quant. 7 6 12 13 12 9 12 13Algébrico % 33,3 37,5 57,1 52,0 57,1 45,0 52,2 59,1Quant. 4 3 1 3 2 0 3 1Aditivo

% 19,0 18,8 4,8 12,0 9,5 0 13,0 4,5Quant. 2 2 0 0 0 0 3 3Gráfico/

descritivo % 9,5 12,5 0 0 0 0 13,0 13,6Quant. 2 2 3 5 2 5 1 1Branco/ outros % 9,5 12,5 14,3 20,0 9,5 25,0 4,3 4,5

Total de respostas 21 16 21 25 21 20 23 22

Tabela 6.4.5 – Respostas corretas e não formalizadas – Ensino Médio

tens 29 30 35 36 41 42 47 48Quant. 4 5 2 3 4 11 5 5Regra de três/

multiplicativo % 22,2 38,5 20,0 23,1 25,0 50,0 35,7 41,7Quant. 5 2 5 3 5 4 4 4Algébrico % 27,8 15,4 50,0 23,1 31,3 18,2 28,6 33,3Quant. 2 4 0 1 1 1 3 1Aditivo % 11,1 30,8 0 7,7 6,3 4,5 21,4 8,3Quant. 2 0 0 1 0 0 1 0Gráfico/

descritivo % 11,1 0 0 7,7 0 0 7,1 0Quant. 5 2 3 5 6 6 1 2Branco/ outros % 27,8 15,4 30,0 38,5 37,5 27,3 7,1 16,7

Total de respostas 18 13 10 13 16 22 14 12

Tabela 6.4.6 – Respostas corretas e não formalizadas – Ensino Superior

Da observação das tabelas pode-se inferir que, no caso dos alunos de

Ensino Fundamental, a maior parte, que obteve a resposta esperada no subitem

a), não conseguiu chegar a uma resposta consistente ou deixou de tentar

explicitá-la por qualquer recurso matemático disponível. Essa observação sinaliza

para o fato de que o conceito se encontra para esses alunos ainda no nível de

invariantes operatórios. Vergnaud entende que a capacidade de explicitar os

invariantes operatórios caracteriza a construção do saber científico. A observação

da tabela 6.4.4 sugere, portanto, que os alunos do Ensino Fundamental se

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206

encontram a uma distância maior dessa meta que os dos Ensinos Superior e

Médio.

No caso do Ensino Médio, houve uma sensível predominância dos

procedimentos algébricos, que pode ser entendida por se tratar de um grupo mais

homogêneo que o do Ensino Superior e, além disso, o currículo da Escola à qual

pertence privilegia o trabalho algébrico.

Em relação aos alunos do Ensino Superior, entretanto, em três situações

predominaram os procedimentos multiplicativos ou regra de três; em duas, as

respostas inconsistentes ou em branco; e em uma questão, as respostas

algébricas e as estruturas aditivas.

Pode-se constatar que, em um grupo homogêneo de alunos, como o do

Ensino Médio, houve predominância de um único tipo de solução e, em um grupo

heterogêneo, como o do Ensino Superior, houve soluções de diversos tipos. Esse

fato permite inferir que os mecanismos mobilizados pelos sujeitos para resolver as

situações estão associados principalmente às experiências individuais desses

sujeitos, possivelmente as mais recentes. Seria razoável pressupor que, nos dois

grupos, viessem a predominar os procedimentos algébricos, o que, entretanto,

não ocorreu.

Esse grupo de questões, portanto, leva à conclusão de que, mesmo nesses

níveis de escolaridade, cerca de um quarto dos alunos, apenas, foi capaz de

assumir os racionais como um conjunto numérico, sugerindo que as atividades

desenvolvidas na escolarização inicial podem não estar sendo suficientemente

abrangentes para que se construa esse conceito em todos os seus aspectos, que

é uma das hipóteses iniciais desta pesquisa, e que a experiência escolar posterior

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207

também não dá conta de fazer com que esses conceitos se consolidem,

permanecendo, portanto, como dificuldades ao longo do processo de

escolarização.

Não foram objeto de aprofundamento nesta análise as situações de

significado parte-todo classificadas como de nível 1 e 2, que procuravam analisar

a capacidade de obter uma fração a partir da dupla contagem ou analisar a

capacidade de perceber a necessidade da conservação, seja de áreas, seja de

quantidades, proposta por Campos e Cols (1995). A análise quantitativa revelou

que a quase totalidade dos sujeitos foi capaz de resolvê-las corretamente. Essas

questões, aparentemente mais ligadas à maturação que às praticas pedagógicas,

parecem não ser mais significativas para essa fase da escolarização. Por outro

lado, nos trabalhos de Merlini (2005) e Moutinho (2005), direcionados para

universos de pesquisa de terceira, quarta e oitava séries do Ensino Fundamental,

essas questões foram significativas.

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208

CAPÍTULO VII

CONCLUSÃO

7.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A título de encerramento do presente trabalho, este capítulo pretende retornar

aos seus objetivos, descrever de maneira sumária as etapas percorridas para atingi-

los, sintetizar as conclusões obtidas e, com base nesses elementos, responder à

questão a que a pesquisa se propôs.

O objetivo do trabalho foi identificar aspectos do conceito de número racional

cuja construção não tem se revelado eficaz no período da educação básica, quando

são trabalhados em sala de aula, e que permanecem sem ser apropriados pelos

alunos por longo tempo, durante o processo de escolarização.

Dois pressupostos teóricos foram fundamentais na concepção da pesquisa: a

visão de Vygotsky a respeito da construção do conceito, detalhada no Capítulo 1, e a

Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud, que entende o conceito como algo

que se constrói ao longo do tempo, enriquecendo-se na medida em que o sujeito,

exposto a novas situações, mobiliza um conjunto de invariantes operatórios e

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209

manipula seu repertório de representações em um processo contínuo que se

prolonga no tempo. As idéias de Vergnaud também são comentadas no Capítulo 1.

Essa postura dos dois autores diante da construção do conceito – vendo-a

como algo dinâmico, cujo processo se inicia com a exposição do sujeito a uma

situação – fundamenta a idéia de pesquisar, em alunos de escolaridade avançada, o

estado em que se encontra um conceito que foi estudado formalmente numa etapa

escolar anterior. Também se fundamentam nessas idéias: 1) a proposta de

apresentar as questões do instrumento diagnóstico sob a forma de situações-

problema, entendidas por Vergnaud como a porta de entrada de um campo

conceitual; e 2) a proposta de escaloná-las em níveis de dificuldade, considerando

esse caráter progressivo da construção do conceito.

Também foram importantes, nesta pesquisa, as idéias de Caraça,

apresentadas no tópico 1.1, que descrevem a trajetória do pensamento humano em

busca da compreensão dos números racionais. Essa descrição permitiu identificar

quais das abordagens atuais dadas ao ensino desses números mais se aproximam

desse caminho natural e, também, apontar obstáculos didáticos produzidos por

linhas de ação que se afastam dessas idéias.

Com relação aos autores que produziram trabalhos específicos sobre o

conceito de número racional, esta pesquisa foi buscar subsídios nas idéias de

Kieren, Nunes, Behr e Cols. e Mack, detalhados no capítulo 2, cujos trabalhos

abordaram a questão das diferentes maneiras em que o número racional pode ser

interpretado. Essas interpretações são denominadas “subconstrutos” por Kieren e

Behr, e “significados” por Nunes e Bryant, denominação esta adotada neste trabalho.

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210

A pesquisa também considerou os resultados do trabalho de Escolano e

Gairín (2005), que propõem abordagens alternativas para o trabalho com frações,

bem como os trabalhos de Silva (1997), Bezerra (2002) e Santos (2005), que

realizaram diagnósticos acerca do conceito de número racional em escolas

brasileiras, estudando concepções de alunos e de professores, procurando, como

neste trabalho, associar as dificuldades apontadas a aspectos da prática pedagógica.

Com apoio nessas idéias, foi elaborado um instrumento de pesquisa com 48

itens explorando situações envolvendo o conceito de fração nos significados parte-

todo e quociente, em três níveis de dificuldade. Esse instrumento foi aplicado a um

grupo de 73 alunos, sendo 13 da oitava série do Ensino Fundamental, de uma escola

particular, 31 da terceira série do Ensino Médio e 29 do Ensino Superior, na área de

exatas, nas condições descritas no tópico 3.2.2.

As respostas foram analisadas, inicialmente, do ponto de vista quantitativo,

em termos de percentuais de acertos. Os itens com baixos percentuais de acertos

foram considerados pontos críticos e submetidos a uma análise qualitativa dos

diferentes tipos de respostas apresentadas pelos sujeitos, visando a identificar

respostas típicas e compará-las, quando possível, às descritas pelos autores

tomados como referência e associar suas prováveis causas às práticas pedagógicas

mais comuns. Os resultados obtidos serão sintetizados a seguir.

7.2 SÍNTESE DOS RESULTADOS OBTIDOS

A análise quantitativa aponta, em um primeiro momento, que as questões de

significado parte-todo, classificadas como de nível 1 – que tinham a característica de

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deixar a parte e o todo perfeitamente explícitos no enunciado – foram respondidas

corretamente pela quase totalidade dos sujeitos, não havendo diferenças

significativas de resultados relativas ao tipo de questão, com exceção do subitem

1b), já discutido no tópico 6.1. Esse subitem, embora classificado como de nível 1,

apresenta características relativas ao referencial que o tornam diferenciado, próximo

dos itens de nível 3 e foi muito importante na análise, pois forneceu elementos para

se inferir que a dificuldade apresentada pelos alunos não está na fração imprópria,

mas na definição do referencial em que a resposta deve ser apresentada.

Ainda em relação à análise quantitativa, os itens de significado parte-todo

classificados como de nível 2, procuraram reproduzir as idéias de Campos e Cols

(1995) em relação à questão da conservação da área, no caso das grandezas

contínuas. Para as grandezas discretas, procurou-se adaptar essa idéia, com a

criação de situações em que seria necessária a conservação do número de

elementos do conjunto usado como unidade.

Essa questão, que foi apontada como significativa pelas autoras, quando

aplicada a crianças de 12 anos, e que foi também significativa nos trabalhos de

Merlini (2005) e Moutinho (2005), parece já superada para o público alvo desta

pesquisa, sugerindo ser mais dependente da maturação que das práticas

pedagógicas.

Os itens classificados como de significado parte-todo de nível 3, por sua vez,

configuraram-se como pontos críticos e foram objeto de estudo mais aprofundado na

análise qualitativa. Esse estudo levou à elaboração da primeira das quatro questões

tratadas naquela análise, que procurou focar a idéia de fração imprópria no

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212

significado parte-todo e associou essa questão ao papel desempenhado pela

unidade, descrito por Kieren e Mack.

Esses itens procuraram avaliar se o sujeito é capaz de manusear a fração

imprópria lançando mão da lógica parte-todo. Para isso foi-lhes solicitado tomar

partes de dois objetos iguais e reagrupar essas partes relacionando-as a um único

objeto, obtendo assim uma fração imprópria.

A questão central presente neste grupo de itens é a da identificação da

unidade, apontada por Kieren e descrita minuciosamente por Mack. As colocações

desses autores são comentadas, respectivamente, nos tópicos 2.1 e 2.4.

Mack aponta uma forte tendência de seus sujeitos de pesquisa a tratar uma

coleção de objetos como se essa coleção fosse uma nova unidade e a buscar

sempre um todo maior que a parte em questão (Mack, 1990 p.21). Essas

observações, referentes a pesquisas com crianças de quinta e sexta séries do

currículo americano, também se repetiram nos sujeitos desta pesquisa, revelando-se,

portanto, persistentes até estágios bem mais avançados da escolarização.

Os resultados dessa observação encontram-se no gráfico 6.1, em que se pode

observar que os percentuais de alunos que usaram referencial diferente do esperado

para responder às questões envolvendo grandezas contínuas ultrapassaram em

muitos casos a 30%. Já para responder às questões envolvendo grandezas

discretas, esses percentuais chegaram a ultrapassar 60%. Estas observações estão

detalhadas no tópico 6.1 desta dissertação.

Com relação ao significado quociente, houve pouca diferença entre os itens

classificados como de nível 2 ou 3. Os pontos críticos se concentraram nas questões

que envolvem quantidades discretas e foram objeto de análise qualitativa com

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213

objetivo de detectar até que ponto as peculiaridades dessas grandezas influenciam

na capacidade do aluno de resolver situações-problema.

A motivação para dar atenção especial à questão das quantidades discretas

está nas considerações de Escolano e Gairín, comentadas no tópico 2.5. Os autores

chamam a atenção para o fato de que devem ser construídos modelos diferenciados

para o trabalho, envolvendo quantidades contínuas e discretas, face às

particularidades apresentadas por essas últimas, com destaque para o fato de que a

divisão só pode ser feita considerando os divisores do cardinal da unidade. As

colocações dos autores vêm também ao encontro da convicção deste pesquisador a

respeito da importância que se deve dar a essas grandezas. Os autores argumentam

ainda que o trabalho com grandezas discretas fornece uma nova perspectiva ao

significado de fração, por ser um conhecimento útil e por sua ampla presença no

mundo real. (Escolano e Gairín, 2005, p.29).

Os pontos críticos levantados e as considerações dos autores remeteram à

segunda e à terceira questões tratadas na análise qualitativa, que exploraram,

respectivamente, a questão da cardinalidade, apontada como significativa por

Escolano e Gairín, e a questão do quociente envolvendo grandezas discretas, que

procura avaliar até que ponto o conjunto dos racionais é entendido, ainda que de

maneira implícita, como um conjunto numérico que contém o conjunto dos números

naturais. A busca da compreensão dessas questões está detalhada nos tópicos 6.2 e

6.3 e pode ser sintetizada na busca de respostas às seguintes perguntas:

1. A opção por resolver uma questão usando a cardinalidade do conjunto

a ser repartido, mesmo quando isso não é necessário, é um fator

facilitador?

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214

2. Os alunos aceitam naturalmente o fato de que a idéia de quociente,

quando aplicada a conjuntos discretos, produz como resposta um

número natural? Esse número natural é entendido como um caso

particular de fração?”

Com relação à primeira dessas perguntas, a tabulação das respostas

fornecidas mostra que, nos itens icônicos, a maioria dos alunos opta por resolver

sem usar a cardinalidade, enquanto nos não icônicos, predomina a tendência de

lançar mão da cardinalidade do conjunto, conforme as tabelas 6.2.1 a 6.2.4..

Nos dois casos, entretanto, o percentual de acertos é maior entre os alunos

que optam por não usar a cardinalidade, principalmente nos níveis Médio e Superior,

conforme as tabelas 6.2.5 a 6.2.6.

A segunda pergunta busca investigar até que ponto os sujeitos de pesquisa

incorporam à idéia de número racional o princípio a que Caraça denomina princípio

da extensão, que, no caso, pode ser entendido como fornecer um número natural

como uma resposta a uma questão envolvendo frações, demonstrando a aceitação

do fato de que o conjunto dos números naturais está contido no dos racionais.

Vale ressaltar que se busca a mobilização desse princípio de acordo com o

que Vergnaud denomina invariante operatório, ou seja, sem a necessidade de

explicitá-lo, mas apenas como um elemento de que o sujeito lança mão para

responder à questão. Essa é uma etapa da construção do conceito do número

racional pela qual os sujeitos devem passar e foi considerada apropriada para ser

investigada neste trabalho, considerando se tratar de um universo de pesquisa em

fase final do processo de escolarização.

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215

Essa questão foi discutida no tópico 6.3 e as tabelas 6.3.1 a 6.3.4 detalham os

resultados obtidos. As tabelas mostram que as porcentagens de sujeitos que

demonstraram mobilizar o princípio da extensão variaram entre, 7,7% e 23,1% para o

Ensino Fundamental, 54,8% e 71,0% para o Ensino Médio e 41,4% e 58,6% para o

Ensino Superior.

O último aspecto avaliado na pesquisa refere-se aos itens de significado

quociente classificados como de nível 3, que remete à quarta questão abordada na

análise qualitativa. Essa análise tratou da extensão do conceito de quociente e

procurou avaliar: 1) até que ponto os alunos percebem que os procedimentos usados

para resolver situações de quociente, no âmbito dos números naturais permanecem

válidos também para os números racionais; e 2) se os alunos são capazes de

formalizar esses procedimentos em termos de operações com frações.

Complementando as observações da terceira questão, procurou-se agora

verificar se os sujeitos já mobilizam, na construção do número racional, o que Caraça

denomina princípio da economia, que consiste em resolver, por meio das mesmas

operações, problemas análogos envolvendo números naturais ou números racionais.

Foram apresentadas, de diversas formas diferentes, questões que conduziam a um

quociente em que o dividendo é um número natural e o divisor, uma fração. Foram

feitos dois pedidos: primeiro, simplesmente fornecer o resultado e, em um segundo

momento, formalizar esse resultado em termos de operações com frações.

Essa questão foi analisada no tópico 6.4 e os resultados, apresentados nas

tabelas 6.4.1 a 6.4.3, indicam que, em geral, um percentual elevado dos sujeitos foi

capaz de resolver a questão, porém os percentuais de alunos que, além de resolver,

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souberam formalizar foram, no máximo, de 23,1% no Ensino Fundamental, 25,8% no

Ensino Médio e 34,5% no Ensino superior.

Dentre os que acertaram, mas não formalizaram corretamente, constatou-se

que, em vez da divisão, esses alunos lançaram mão de estruturas algébricas,

estruturas aditivas, estruturas multiplicativas e até mesmo recursos gráficos ou

descritivos. As tabelas 6.4.4 a 6.4.6 discriminam as quantidades de respostas de

cada tipo. Houve predominância de procedimentos algébricos entre os alunos do

Ensino Médio. Para os alunos do Ensino Superior não houve linha de ação

predominante.

Chamou a atenção, nessa análise, entretanto, a grande quantidade de alunos

do Ensino Fundamental que, mesmo obtendo a resposta correta, não conseguiu

explicitá-la por nenhum recurso matemático, sinalizando, para aquele grupo de

alunos, um estado da construção do conceito restrito apenas aos invariantes

operatórios, ainda distante da capacidade de explicitar, que caracteriza, para

Vergnaud, o surgimento do conhecimento científico.

7.3 RESPONDENDO À QUESTÃO DE PESQUISA

A motivação para desenvolver esta pesquisa deve-se à constatação de que o

conceito de fração constitui-se num dos mais difíceis conceitos a serem construídos

pelos alunos ao longo da escolarização e de que os modelos tradicionalmente

usados no trabalho com esses objetos matemáticos não têm sido eficazes em prover

seu pleno domínio pelos alunos. Essas observações, associadas ao fato de que, nos

níveis mais elevados de escolarização, muitas dessas dificuldades ainda se

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encontram presentes e prejudicam o estudo de conceitos matemáticos mais

avançados, forneceram subsídios para que se elaborasse esta questão de pesquisa:

Que aspectos do conceito de fração nos significados parte-todo e

quociente permanecem sem ser apropriados por alunos de oitava série

do Ensino Fundamental, terceira série do Ensino Médio e Ensino

Superior na área de exatas?

Conforme já citado na introdução deste trabalho, esta questão conduz

naturalmente a uma outra:

Que ligações existem entre essas dificuldades e as deficiências da

prática pedagógica, já apontadas por outras pesquisas?

Na busca de respostas a essas duas perguntas, os trabalhos de coleta e análise de

dados se focaram na direção de dois objetivos:

• identificar aspectos do conceito de fração relativos aos significados parte-todo

e quociente, que se constituem em dificuldades ao longo da escolarização e

não são revertidos facilmente com o avançar dessa escolarização para os

sujeitos em estudo;

• associar essas dificuldades a deficiências da prática pedagógica já apontadas

por outras pesquisas.

Com relação ao primeiro desses objetivos, os dados obtidos da análise

qualitativa permitem destacar alguns comportamentos predominantes nos sujeitos de

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pesquisa estudados, que podem ser resumidos nas quatro considerações que se

seguem:

1. Diante de situações em que fica a cargo do aluno estabelecer o referencial em

que a questão deve ser respondida, em geral a resposta é fornecida tomando

como referencial a maior coleção disponível, com pequena preocupação em

relação à fixação desse referencial e uma tendência a evitar a fração

imprópria, por mais enfáticas que sejam as indicações acerca do referencial

desejado;

2. Nas situações de quociente envolvendo quantidades discretas, há uma

tendência da maioria dos alunos a usar, na resolução, a cardinalidade do

conjunto a ser repartido, mesmo quando essa cardinalidade é dispensável.

Essa linha de ação levou a uma maior porcentagem de erros na amostra

considerada.

3. Ainda nas situações de quociente envolvendo quantidades discretas, há uma

resistência a assumir um número natural como uma fração, predominando

respostas em que o sujeito sinaliza que percebe o que se pede, mas não

explicita corretamente ou mesmo ignora a cardinalidade, em um processo

semelhante à divisão de grandezas contínuas.

4. Finalmente, nas situações de quociente, resolvidas por uma divisão entre um

número natural e uma fração, um grande número de alunos que soube

resolvê-la por procedimentos intuitivos, ou mesmo por outras estratégias, não

foi capaz de explicitá-la em termos de operações com números racionais.

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Os parágrafos seguintes procurarão retomar cada uma dessas quatro

observações e identificar elementos que remetem ao segundo objetivo, ou seja,

associar essas observações a aspectos da prática pedagógica.

Para a primeira observação, pode-se procurar uma explicação na própria

gênese do número racional, que pressupõe que toda fração se refere a uma dada

grandeza, tomada como referencial (Caraça, 1952).

Os modelos parte-todo e quociente, que usualmente são empregados para

introduzir o conceito de fração, dão pouca ênfase a esse referencial, ora propondo a

fração como uma relação entre dois números naturais, ora como um quociente

indicado.

As observações de Silva (1997) e Santos (2005) indicam que os professores

tendem a privilegiar o modelo parte-todo, nas fases iniciais do estudo, e a partir

rapidamente para atividades algorítmicas, envolvendo operações com frações.

Nessa fase, as frações adquirem o status de número, e se costuma dar pouca ênfase

ao fato de que elas continuam a se referir a uma unidade, que no caso é o elemento

neutro da multiplicação. A passagem para essa fase pressupõe um grande salto em

termos de abstração, aparentemente não conseguido pela maioria dos alunos,

configurando-se exatamente aí, no entender deste pesquisador, a origem dos falsos

conceitos que os alunos carregam ao longo da escolarização, e que esta pesquisa

mostra serem surpreendentemente duradouros.

Uma proposta para a redução dessa dificuldade, reiterando as idéias de Silva

(1997), passa pela necessidade de utilizar todos os significados na construção inicial

do conceito de fração, principalmente os significados parte-todo, quociente e medida,

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que parecem mais apropriados a preparar o caminho para as abstrações necessárias

à compreensão da fração como um novo tipo de número.

A respeito do significado medida, que não foi objeto deste trabalho, é

interessante destacar as idéias de Escolano e Gairín (2005), que chamam a atenção

para o fato de que esse modelo tem, como característica principal, manter o

referencial associado à fração de maneira mais efetiva. As observações de Santos

(2005), entretanto, destacam que esse é um dos significados que os professores

menos consideram na elaboração de suas atividades.

Embora a identificação das dificuldades que envolvem a compreensão do

papel da unidade no conjunto dos números racionais não seja uma questão nova –

pois já foi apontada por Kieren (1981, 1993) e Mack (1990), em estudos com

crianças em fase inicial de escolarização – espera-se que as constatações desta

pesquisa possam ressaltar sua importância ao apontar a persistência dessas

dificuldades.

A segunda observação, que aponta para a tendência do aluno a considerar a

cardinalidade do conjunto para resolver a questão, mesmo quando isso é

dispensável, remete à idéia de Brousseau (1990), que aponta como uma

característica significativa, embora não desejável, do contrato didático, a crença por

parte do aluno de que todos os dados numéricos fornecidos no enunciado de um

problema devem ser usados em sua resolução.

A constatação de que a tentativa de usar a cardinalidade na resolução dos

exercícios conduz a um percentual maior de erros sugere que o trato com as

grandezas discretas não se configura como uma simples extensão do trato das

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grandezas contínuas, apresentando peculiaridades próprias que devem merecer

atenção especial nas fases iniciais da escolarização.

A proposta de Bezerra (2002) parece apresentar uma forma de contornar esse

problema. O autor propõe tomar o conceito de divisão, conforme abordado nos

números naturais, como ponto de partida para construir o conceito de fração,

partindo inicialmente da idéia de fração imprópria. Isso seria obtido a partir de

situações-problema em que os alunos pudessem manipular materiais significativos.

Esse modelo, entretanto, apresenta dificuldades na obtenção de frações próprias em

situações com grandezas discretas, o que sugere que deva ser trabalhado em

combinação com outros modelos, conforme destaca o próprio autor.

As duas últimas observações sinalizam para o fato de que as frações ainda

não são vistas por grande parte dos sujeitos como entes numéricos em sua

plenitude. Isso se evidencia na dificuldade em aceitar que o conjunto dos naturais se

incorpora ao dos racionais, segundo o que Caraça (1952) denominou princípio da

extensão, e fica caracterizado quando o sujeito não reconhece que a resposta de

uma situação de quociente envolvendo grandezas discretas pode ser representada

por um número natural, obtido por uma operação idêntica à realizada com grandezas

contínuas, e que essa resposta também pode ser chamada de fração. No entender

deste pesquisador, esse caminho, que traduz a gênese do número racional, deve ser

percorrido pelo sujeito em termos de conhecimentos implícitos, para que o conceito

se construa plenamente.

Da mesma maneira, a operação de dividir uma certa grandeza em partes de

valor conhecido, que no caso de números naturais se obtém de imediato por um

quociente, parece não ser prontamente respondida por um quociente quando o valor

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dessa parte é uma fração. A manutenção da divisão para resolver o problema no

conjunto dos naturais e dos racionais caracteriza o que Caraça (ibid.) denominou

princípio da economia. No caso do universo pesquisado, esse princípio parece ainda

não estar presente, mesmo na forma de conhecimento implícito, para um grande

número de sujeitos, sugerindo que há ainda um caminho a percorrer na construção

do conceito de número racional, e que os professores devem ter consciência dessas

dificuldades e tentar saná-las, na medida do possível, nos trabalhos de seus

respectivos conteúdos, considerando que esses falsos conceitos podem trazer

prejuízo ao estudo de tópicos mais avançados da Matemática.

Com relação a esse prejuízo, cabe ressaltar mais uma vez as idéias de Bher e

Cols. a respeito da importância da construção correta do conceito de número racional

como um fator de preparação para a apropriação de conceitos mais sofisticados,

sobretudo os algébricos. Os autores salientam que o estudo dos números racionais é

particularmente adequado a desenvolver estruturas de pensamento mais sofisticadas

na transição do pensamento concreto para o pensamento operatório formal. Um

trabalho pouco consistente com frações, no período em que esse estudo costuma

ser proposto nas grades curriculares, poderá ser um fator de perda de oportunidade

de desenvolver essas estruturas de pensamento no momento adequado, em termos

de maturação, e as conseqüências dessas falhas, conforme apontado nesta

pesquisa, não são de fácil reparação.

Essas considerações pretenderam, portanto, responder às questões a que o

pesquisador se propôs, buscando, com as observações obtidas, acrescentar novas

informações às já disponibilizadas por pesquisas anteriores. Embora se deva

considerar que as amostras tomadas nesta pesquisa não permitam generalizações

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para universos diferentes do estudado, as evidências obtidas e seu confronto com os

referenciais teóricos usados fornecem elementos que permitem supor que seus

resultados podem ser úteis como indicadores de tendências. Espera-se, portanto,

que este trabalho possa acrescentar informações às já obtidas pelos demais

pesquisadores do grupo, fornecer subsídios a outros pesquisadores e ajudar a

inspirar novas pesquisas que proponham tanto trabalhos mais abrangentes – que

permitam ampliar este diagnóstico – quanto intervenções que visem a obter soluções

para os problemas apontados.

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Anexo 1a - Fração imprópria no significado parte-todo: análise das respostas dos sujeitos do Ensino Fundamental

Tipo Icônico Contínuo Não icônico Contínuo Icônico Discreto Não icônico Discreto

Item 5 6a 6b 6c 6d 6e 11a 11b 12a 12b 17a 17b 18a 18b 23a 23b 24a 24b

Referencialesperado 7 12 12 9 9 9 3 3 6 7 3 2 6 8 0 0 10 8

Outroreferencial 5 0 0 0 0 0 10 10 5 3 8 6 6 4 12 12 1 2

Branco ouInconsistente 1 1 1 4 4 4 0 0 2 3 2 5 1 1 1 1 2 3

Ordem9

caderno3

6caderno

3

3caderno

3

9 caderno

1

12caderno

1

3caderno

1

3caderno

2

15caderno

2

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Anexo 1b -Fração imprópria no significado parte-todo: análise das respostas dos sujeitos do Ensino Médio

Tipo Icônico Contínuo Não icônico Contínuo Icônico Discreto Não icônico Discreto

Item 5 6a 6b 6c 6d 6e 11a 11b 12a 12b 17a 17b 18a 18b 23a 23b 24a 24b

Referencialesperado 4 31 22 22 20 20 15 14 19 17 10 10 2 2 11 11 22 21

Outroreferencial 16 0 9 8 9 9 16 17 11 11 20 20 27 28 20 18 7 6

Branco ouInconsistente 1 0 0 1 2 2 0 0 1 3 1 1 2 1 0 2 2 4

Ordem9

caderno3

6caderno

3

3caderno

3

9 caderno

1

12caderno

1

3caderno

1

3caderno

2

15caderno

2

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Anexo 1c- Fração imprópria no significado parte-todo: análise das respostas dos sujeitos do Ensino Superior

Tipo Icônico Contínuo Não icônico Contínuo Icônico Discreto Não icônico Discreto

Item 5 6a 6b 6c 6d 6e 11a 11b 12a 12b 17a 17b 18a 18b 23a 23b 24a 24b

Referencialesperado 9 28 16 18 18 12 6 6 20 14 3 3 9 11 8 7 19 17

Outroreferencial 15 0 10 9 8 13 22 20 7 2 14 14 15 14 19 20 6 7

Branco ouInconsistente 5 1 3 2 3 4 1 3 2 3 12 12 5 4 2 2 4 5

Ordem9

caderno3

6caderno

3

3caderno

3

9 caderno

1

12caderno

1

3caderno

1

3caderno

2

15caderno

2

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ANEXO II

O INSTRUMENTO DE PESQUISA

Item 1 – Observe as figuras abaixo:

a) Que fração representa a quantidade de pizza existente na mesa 1?b) Que fração representa a quantidade de pizza existente na mesa 2?

Item 2 – Nos gráficos abaixo, as barras representam as capacidades de dois tanquesde combustível, A e B e as partes escuras, a quantidade de combustível existente emcada um dos tanques.

a) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque A emrelação a sua capacidade?

b) Que fração representa a quantidade de combustível existente no tanque B emrelação a sua capacidade?

Item 3 – Que fração representa a parte pintada da figura abaixo?

AB

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Item 4 –Os prédios A e B são iguais e todos os andares têm a mesma altura. A áreasombreada representa uma parte do prédio B que está sendo pintada. Que fraçãorepresenta essa parte?

Item 5 – Se pudéssemos juntar todos esses pedaços de pizza e exprimir essaquantidade como fração de uma pizza, qual a fração que representa a quantidade depizza que não foi consumida?

Item 6 – Considerando sempre uma barra como o inteiro, responda

1

2

3

4

a) Que fração representa a parte pintada barra 1?b) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1 e 2?c) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2 e 3?d) Que fração representa a soma das partes pintadas das barras 1, 2, 3 e 4?e) Que fração representa o dobro das partes pintadas das barras 1 e 2?

Item 7 – Um pedaço de corda foi dividido em 9 partes iguais, que foram distribuídaspara as crianças de uma escola brincarem no recreio. As crianças da pré-escola

A B

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receberam 3 dessas partes, as da primeira série, 2 partes e as da segunda série 4partes.

a) Que fração da corda as crianças da pré-escola receberam?b) Que fração da corda as crianças da primeira série receberam?c) Que fração da corda as crianças da segunda série receberam?

Item 8 – – No balcão de uma padaria podem ser vistos dois bolos de chocolate, trêsbolos de coco e quatro de morango. Maria comprou um bolo de chocolate e outro demorango. Represente por uma fração a quantidade de bolos que Maria comprou emrelação ao total de bolos da padaria.

Item 9 – Um chocolate foi dividido em 5 partes, sendo 4 delas iguais e uma igual ao

dobro de cada uma das 4 anteriores. Que fração representa essa parte maior em

relação ao chocolate todo?

Item 10 – Para a confecção de uma fantasia, um novelo de fita vermelha foi cortado

em 4 partes, de modo que 3 dessas partes têm o mesmo tamanho, e a quarta parte

tem o dobro do tamanho de cada uma das 3 anteriores. Logo após, para confeccionar

outra fantasia, um novelo de fita azul, do mesmo tamanho da vermelha, foi cortado,

nas mesmas condições.

a) Que fração da fita vermelha representa o pedaço maior?

b) Considerando o inteiro como um novelo de fita, que fração de novelo representa

a soma dos pedaços maiores das duas fitas?

Item 11 – Dois irmãos, Roberto e Antonio, receberam como herança dois terrenos de

mesma área. Cada um desses terrenos foi dividido em 5 partes iguais, cabendo duas

partes a Antônio e três a Roberto.

Complete com frações:a) A parte de Antonio na herança corresponde a ______________ da área de um

terreno.

b) A parte de Roberto na herança corresponde a ______________da área de um

terreno.

Item 12 - André ganhou 4 chocolates do mesmo tamanho, cada um deles com marcas

para serem divididos em 4 pedaços iguais. Do primeiro chocolate comeu 3 pedaços e

deu 1 para seu irmão Pedro. Do segundo, comeu dois pedaços e deu os outros dois

para sua prima Daniela. Logo após, resolveu comer os outros dois chocolates e dividiu

com Pedro e Daniela da mesma maneira que os dois primeiros.

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a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos dois

primeiros chocolates?

b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que André comeu dos 4

chocolates?

Item 13 – No balão, somente três bolas estão pintadas. Represente por uma fração a

quantidade de bolas pintadas em relação a todas as bolas que estão no balão.

Item 14 - Numa loja de presentes há 4 bonés vermelhos e 2 bonés azuis de mesmo

tamanho. Que fração representa a quantidade de bonés azuis em relação ao total de

bonés?

Item 15 – Na mesa encontram-se quatro pratos com docinhos iguais. Encontre uma

fração que exprima a quantidade de doces do prato 1 em relação ao total de doces

existente na mesa.

4

1 2

3

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Item 16 – Na parede há 5 porta-retratos, para fotos iguais, porém com capacidade

para um número diferente de fotos. Represente por uma fração a capacidade de fotos

do porta-retrato A em relação ao total de fotos que estão na parede.

Item 17 – Duas Caixas de bolinhas de gude como esta deverão ser repartidas entre

Carlos e José. Para fazer a divisão, as bolinhas de cada caixa serão divididas em 7

partes iguais, cabendo 3 partes a Carlos e 4 partes a José. Complete com frações:

a) a parte de Carlos corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas.

b) a parte de José corresponde a _____________ de uma caixa de bolinhas.

Item 18 - Tomando como o todo-referência uma caixa de bolinhas,

a) represente por uma única fração o total de bolinhas pintadas nas 4 caixas.

b) represente por uma fração o dobro da quantidade das bolinhas pintadas na

figura abaixo?

A B

C D E

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Item 19 – Na vitrine de uma loja de brinquedos podem ser vistos 2 carrinhos azuis, 3

carrinhos vermelhos e 4 carrinhos verdes, todos do mesmo tipo. Um cliente comprou

para seus filhos 1 carrinho azul e outro verde. Represente por uma fração a

quantidade carrinhos que esse cliente comprou em relação ao total de carrinhos da

vitrine.

Item 20 – Um pacote com 36 balas foi repartido em 12 partes iguais, que foramdistribuídas para Juliane, Daniele e Gabriela. Juliane recebeu 5 partes, Danielerecebeu 4 partes e Gabriela recebeu 3 partes.

a) Que fração do pacote de balas Juliane recebeu?b) Que fração do pacote de balas Gabriela recebeu?c) Que fração do pacote de balas Daniele recebeu?

Item 21 – Num restaurante existem 2 mesas com 12 lugares cada e 3 mesas com 4

lugares cada. Que fração da capacidade do restaurante representa uma das mesas de

4 lugares?

Item 22 – Três meninos e uma menina compraram uma caixa de bombons, que foram

repartidos, de modo que a menina recebeu o dobro da quantidade de bombons que os

meninos. Após repartirem os bombons resolveram comprar outra caixa igual, e

repartirem da mesma maneira.

a) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu após

repartirem a primeira caixa?

b) Que fração de uma caixa de bombons representa o que a menina recebeu após

repartirem as duas caixas?

c) Se as duas caixas fossem repartidas ao mesmo tempo, que fração de uma caixa

representaria o total de bombons que a menina ganhou?

Item 23 –Michele e Mirela ganharam dois pacotes com 30 balas para repartirem. Cada

um desses pacotes foi dividido em 6 partes iguais, e Michele ficou com 2 partes

enquanto que Mirela ficou com 4 partes.

Complete com frações:a) A parte de Michele corresponde a ______________ de um pacote de balas.

b) A parte de Mirela corresponde a ______________de um pacote de balas.

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Item 24 – Flávia tinha 4 pacotes iguais de contas coloridas para fazer colares. Para

fazer um colar, separou as contas da seguinte maneira:

- dividiu o primeiro pacote em 5 partes, das quais usou 3;

- dividiu o segundo pacote em 5 partes, das quais usou uma.

- dividiu o terceiro pacote em 5 partes, das quais usou 3;

- dividiu o quarto pacote em 5 partes, das quais usou uma.

a) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 2 primeiros

pacotes?

b) Que fração de um pacote de contas representa o que foi retirado dos 4 pacotes?

Item 25 – Foram divididas igualmente para 4 crianças, 3 barras de chocolate

a) Cada criança receberá um chocolate inteiro?( ) Sim ( ) Não

b) Cada criança receberá pelo menos metade de um chocolate? ( ) Sim ( ) Nãoc) Que fração do chocolate cada criança receberá?

Item 26 – Duas barras de chocolate iguais foram repartidas entre 5 meninos e 3 barrasiguais foram repartidas entre 5 meninas.

a) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada meninorecebeu?

b) Que fração de uma barra de chocolate representa o que cada meninarecebeu?

c) Quem recebeu um pedaço maior de chocolate?d) Qual dessas frações é maior?

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Item 27 – Um bolo foi dividido igualmente para três crianças e dois bolos do mesmo

tamanho foram divididos igualmente para 6 crianças.

a) As 9 cri( ) Sim b) Que frac) Que fra

Item 28 – Dois

tamanho foram

a) As cria

b) Que fra

c) Que fra

d) Qual de

Item 29 – Qua

de modo a que

1

1

anças comeram a mesma qua ( ) Nãoção representa a divisão do boção representa a divisão do bo

bolos foram divididos igualm

divididos igualmente para 4 c

nças de qual grupo ganharam

ção representa a divisão do bo

ção representa a divisão do bo

ssas frações é maior?

tro barras de chocolate deverã

em cada caixinha caibam 32

2

2

240

ntidade de bolo?

lo da figura 1?lo da figura 2?

ente para 3 crianças e 3 bolos do mesmo

rianças.

mais bolo?

lo da figura 1?

lo na figura 2?

o ser divididas e colocadas em caixinhas

de uma barra de chocolate.

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a) Quantas caixinhas serão necessárias para guardar todo o chocolate?

b) Represente a solução deste problema como uma operação com frações.

Item 30 - Se tomarmos pedaços equivalentes a 43 de cada um dos chocolates abaixo

para distribuirmos a algumas crianças.

a) Quantas crianças poderão ganhar chocolate?

b) Represente esta repartição como uma operação com frações.

Item 31 – Três barras de chocolate foram divididas em partes iguais entre 5 crianças.

a) Cada criança recebeu pelo menos a metade de uma barra de chocolate?( ) Sim ( ) Não

b) Que fração de uma barra de chocolate cada criança receberá?

Item 32 – Numa certa lanchonete, 5 meninos sentaram-se para lanchar e pediram 4

garrafas de refrigerante e tomaram todos a mesma quantidade. Na mesa ao lado, 5

meninas que também lanchavam pediram 3 garrafas de refrigerante e também

tomaram a mesma quantidade.

a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas?

b) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menino tomou?

c) Que fração de uma garrafa de refrigerante cada menina tomou?

d) Qual dessas frações é maior?

Item 33 – Dez barras de chocolate de mesmo tamanho serão repartidas igualmente

entre 15 crianças. Sabe-se que 6 barras são de chocolate escuro e que 4 barras são de

chocolate branco. Sabe-se também que 9 crianças preferiram o chocolate escuro e que

6 crianças preferiram o branco.

a) As crianças que preferiram o chocolate escuro ganharão um pedaço maior de

chocolate?

( ) Sim ( ) Não

b) Que fração representa a quantidade de chocolate escuro que cada criança

receberá?

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c) Que fração representa a quantidade de chocolate branco que cada criança

receberá?

Item 34 – Na hora do recreio, foram divididas 3 latas de refrigerante igualmente para 2

meninos e 5 latas de refrigerante, também foram divididas igualmente para 3 meninas.

a) Quem tomou mais refrigerante, os meninos ou as meninas?

b) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada

menina tomou.

c) Represente por uma fração de uma lata de refrigerante a quantidade que cada

menino tomou.

d) Qual dessas frações é maior?

Item 35 – Para que se possa fazer a limpeza de dois grandes aquários iguais, a águaque está contida neles deverá ser transferida para alguns recipientes cuja capacidade é

31 da capacidade dos aquários.

a) Quantos pequenos recipientes serão necessários para armazenar a água?b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações.

Item 36 – Quatro grandes navios de mesma capacidade de carga estão ancoradosnum porto, carregados de grãos. Para que os grãos possam chegar a portos mais

rasos, o carregamento deverá ser transferido para navios menores, com 32 da

capacidade dos navios grandes.

a) Quantos navios menores serão necessários para transportar a carga que estános navios grandes?

b) Represente a solução desse problema por uma operação com frações.

Item 37 – As duas caixas de bolinhas de gude abaixo deverão ser repartidas entre 3meninos .

a) Represente por uma fração de caixa o que cada menino irá ganhar.

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b) Represente por uma fração a quantidade de bolinhas que cada menino deverá

ganhar

Item 38 – Dois dos pacotes de balas deverão ser repartidos igualmente por 6 meninos

e outros 3 pacotes iguais, por 6 meninas.

a) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menino

receberá.

b) Represente por uma fração de um pacote de balas o que cada menina

receberá.

c) Qual dessas frações é maior?

d) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menino receberá.

e) Represente por uma fração a quantidade de balas que cada menina receberá.

Item 39 – No pacote 1 existem 12 balas, que serão repartidas igualmente para 4

meninos. No pacote 2 existem 9 balas que serão repartidas igualmente para 3

meninas.

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a) Cada um dos meninos ganhará mais balas que as meninas?

( ) Sim ( ) Não

b) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menino

receberá

c) Represente por meio de uma fração a quantidade de balas que cada menina

receberá

Item 40 – O primeiro conjunto de figurinhas será dividido entre 3 crianças e o segundo

conjunto entre quatro crianças.

a) As crianças de que grupo ganharão mais figurinhas?

b) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do

1° grupo receberá

c) Represente por meio de fração a quantidade de figurinhas que cada criança do

2° grupo receberá.

d) Qual dessas frações é maior?

Item 41 – Três pacotes de ovos serão redistribuídos em pacotes menores, de

modo que cada novo pacote contenha 43 dos ovos do pacote maior.

21

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a) Quantos pacotes poderão ser obtidos através desse procedimento?

b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações.

Item 42 - A figura abaixo representa uma caixa de maçãs, que serão transferidas para

caixas menores, com 41 da capacidade desta caixa .

a) Quantas caixas serão necessárias para guardar todas as maçãs?b) Represente a solução desse problema como uma operação com frações.

Item 43 – Duas cestas com 20 laranjas cada foram repartidas entre 5 pessoas

a) Cada pessoa ganhará pelo menos meia cesta de laranjas?

( ) Sim ( ) Não

b) Que fração de uma cesta de laranjas representa o que cada pessoa receberá?

Item 44 – Três pacotes com 30 figurinhas de esportes cada foi repartido entre 6

meninos e outros 2 pacotes, com 30 figurinhas de super-heróis cada foram repartidos

entre outros 6 meninos.

a) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de esportes que

cada menino recebeu?

b) Que fração de um pacote representa a quantidade de figurinhas de super-heróis

que cada menino recebeu?

c) Qual dessas frações é maior?

Item 45 – Marina tem 36 fotografias, e deverá coloca-las em 3 álbuns com a mesma

quantidade de fotos em cada um. Ana tem 60 fotografias e deseja coloca-las em 5

álbuns, também com a mesma quantidade de fotos em cada.

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a) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Marina em

relação ao total de suas fotos.

b) Represente por uma fração a quantidade de fotos dos álbuns de Ana em relação

ao total de suas fotos.

Item 46 – Um pacote com 30 balas de morango foi dividido por 6 pessoas e um outropacote com 24 balas de hortelã foi repartido entre 4 pessoas.

a) todas as pessoas receberão a mesma quantidade de balas?( ) Sim ( ) Não

b) Represente por uma fração o total de balas de morango que cada pessoarecebeu.

c) Represente por uma fração o total de balas de hortelã que cada pessoarecebeu.

Item 47 – Uma biblioteca que tinha seus livros guardados em 6 estantes cheias, trocou

seus móveis e as novas estantes têm 43 da capacidade das antigas.

a) Quantas estantes novas serão necessárias para acomodar todos os livros dabiblioteca?

b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações.

Item 48 – Os cartões telefônicos da coleção de César estavam guardados em 6 álbuns.

Ele pretende mudá-los para novos álbuns, cuja capacidade é 32 da capacidade dos

anteriores.a) Quantos novos álbuns serão necessários para acomodar todos os seus cartões?

b) Represente a solução deste problema por uma operação com frações.