nº 375 edição brasil

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AméricaEconomia: Revista de Economia e Negócios Latino-americana

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8 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

ÍNDICE DE EMPRESASOS NÚMEROS REFEREM-SE À PRIMEIRA PÁGINA EM QUE AS EMPRESAS SÁO CITADAS.EXCLUI AS EMPRESAS QUE FIGURAM EM GRÁFICOS E RANKINGS

a-b

Atlântico Sul .............................34

Banco do Espírito Santo ............65

Banco Fator ...............................21

Banco Schahin ..........................65

Beluga .......................................35

Bertin .........................................56

Bilbao Vizcaya ..........................59

Burger King...............................19

c-d

Caixa Econômica Federal .........21

Camargo Corrêa ........................35

Cartellone ..................................21

Chevron .....................................35

Chile Global Angels ..................39

Cinesite .....................................36

Cisco ...................................26, 33

Clarksons Research Services ....34

CMC By Camusso ....................18

Colliers International ................32

Comsa .......................................21

Corporación América ................21

Detroit .......................................35

Devon ........................................35

DHL ..........................................37

Digital Vision Solutions ............59

DreamWorks .............................36

e-f

Eisa ............................................34

Eletronic Data Systems .............40

EMC ..........................................33

Empresas Navieiras ...................21

Ernst & Young...........................43

Euromonitor International .........17

Fiat ............................................20

First Data ...................................40

Fischer .......................................35

Fitch Ratings .......................48, 56

g-h

Gamboa Resort ..........................58

Gávea Angels ............................39

Geodata .....................................21

GM ......................................40, 48

Grupo ICT .................................40

Hamburg Süd ............................20

i-j

IBM .....................................33, 42

InviSys ......................................59

Itajaí ..........................................34

Itaú/Unibanco ............................10

JBS ............................................56

m-n

Manpower .................................42

Marfrig ......................................56

Marine Harvest ..........................59

Mauá .........................................34

Microsoft Research ...................58

Microsoft .............................33, 41

Minerva .....................................56

Moody´s ....................................48

MRV ..........................................21

NEC ...........................................59

Noronha Advogados .................10

Novell ........................................33

o-p

Odebrecht ..................................10

Ollin Studio ...............................36

Oracle ........................................33

PDG Realty ...............................21

PepsiCo .....................................43

Petrobras .............................25, 34

PJMR.........................................35

Prefi xa .......................................59

Puerto Lirquén ..........................56

q-r

Queiroz Galvão .........................35

Racsa .........................................18

Randstad ....................................47

Red Hat .....................................33

Redwood Shores .......................33

Research in Motion (RIM) ........57

RGE Monitor ............................48

Rio-Maguari ..............................35

Rodobens ...................................21

s-t

Samsung ....................................57

Santa Cruz .................................35

Satyam .......................................56

SembCorp .................................35

Servicios Portuários

Integrados (SPI) ..................35

Shell ..........................................35

Signals Telecom

Consulting ...........................18

Simo ..........................................20

Southern Angels ........................39

Standard & Poor´s .....................48

Studio C ....................................36

STX ...........................................35

Sun Microsystems .....................33

Tata Consultancy

Services ...............................26

Tenda (Gafi sa) ...........................21

Tezca Células Solares................19

TNS ...........................................40

Transpetro .................................34

u-v

UPS .....................................37, 40

UTC ...........................................35

Vale ...........................................35

Volkswagen ...............................20

w-z

Wilson, Sons .............................35

WTorre ......................................35

Zheta Pricing .............................38

Zoon Night Club .......................47

Page 9: Nº 375 Edição Brasil

ECONOMIZAR BILHÕES PELO RESFRIAMENTO DO EXCESSO DE CALOR PRODUZIDO POR DATA CENTERS PREVENINDO QUE ESSE EXCESSO OCORRA.

Emerson.com/EnergyLogic

ISSO NUNCA FOI FEITO

ANTES

TM

Page 10: Nº 375 Edição Brasil

O S N E G Ó C I O S D A A M É R I C A L A T I N A O N L I N E

A América Latina avançava antes da turbulência econômica global em velocidade que não era sustentável, pelo défi cit de infraestru-tura e mão-de-obra capacitada. Este foi um dos pontos levantados por Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, durante o Fórum Econômico Mundial da AL, em abril. “Não estou nem falando de talentos, mas de mão-de-obra capacitada”, esclareceu.

A crise trouxe grandes desafi os à economia chinesa, como o declínio pronunciado nas exportações e capacidade ociosa nas indústrias. Con-tudo, ao falar no fórum asiático BOAO, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao (foto), mostrou-se otimista. De fato, argumenta em artigo Durval Noronha Goyos Jr., sócio do escritório Noronha Advogados e árbitro da Organização Mundial do Comércio, a China parece bem posicionada para ser o principal agente da retomada global.

10 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

AINDA NÃO RECEBE? LEIA O QUE ACONTECE NOS PRINCIPAIS SETORES DA ECONOMIA E DOS NEGÓCIOS REGIONAIS EM SEU E-MAIL. ASSINE.

Os governos sulamericanos estão reunindo esforços para promover a região de forma integrada. De acordo com Alessandro Teixeira, presidente da Apex, o primeiro evento com participação conjunta será a 7º edição do World Investment Conference, em junho, em La Baule, na França. A vantagem de promover a região em grupo, de acordo com Teixeira, é a possibilidade de diversifi car a oferta.

ODEBRECHT DE OLHO NAINFRAESTRUTURA DA AL

A CHINA ESTÁ CONFIANTE NA RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

GOVERNOS QUEREM PROMOVER A REGIÃO DE FORMA CONJUNTA

RESPOSTAS LATINOAMERICANAS PARA A CRISE

Durante o Fórum Econômico Mundial da América Latina, realizado em abril, no Rio de Janeiro, especialistas avaliaram que não há uma fórmula para amenizar os efeitos da crise eco-nômica internacional na região. “Não é como as que estamos acostumados, não é uma crise política, de balança de pagamentos, de inadim-plência ou de infl ação. Também não temos o tipo de bolha de alavancagem que vemos nou-tras regiões e, por isso, não podemos buscar as mesmas soluções adotadas pelo G7”, disse o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.Para Ricardo Marino, diretor do Itaú/Unibanco, não é uma questão de crise estrutural na AL, mas uma “contração cíclica exportada de fora”. Entre os temores manifestados no encontro está o crescimento do desemprego. “Estamos vendo ou veremos logo taxas de desemprego de dois dígitos”, alertou Felipe Larrain Bascuñán, pro-fessor de Economia da Universidade Católica do Chile.

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[email protected]

Fundos para multilatinasMuito interessante seu estudo sobre as empresas mais globais da América Latina (“Ranking Multilatinas”, AméricaEconomia N° 374, abril, 2009). É curioso ver como essas corporações foram estendendo seu domínio a novos mercados. É preocupante, porém, sua fragilidade fi nanceira. Esperemos que os mercados de capitais da região possam, apesar da crise, prover fi nanciamento para que estas e outras empresas mantenham suas campanhas internacionais.

Alberto PérezSan José, Costa Rica.

História de uma crise ILi com atenção a análise

numérica sobre o impacto da crise (“História de uma crise”, AméricaEconomia N° 374, abril, 2009) e me pareceu espetacular. Não apenas por seu conteúdo, que mostra um trabalho sério e minucioso, mas pela clareza que oferece para visualizar a magnitude da crise na região. Parabéns e obrigado por nos manter informados.

Edmundo AguirreQuito, Equador

História de uma crise IIAo analisar as cifras (“História de uma crise”, AméricaEconomia N° 374, abril, 2009) é óbvio que temos um problema, e muito grande. A pergunta do milhão é quais medidas os governos mundiais vão tomar para combater esta crise e como os governos

latinoamericanos vão se defender.

Ricardo Ramos

Medellín, Colômbia

Nota do editor: Veja a pág. 52

Modelo amazônicoMuito interessante a matéria sobre um modelo sustentável para a fl oresta amazônica (“Celeiro em risco”, AméricaEconomia N° 373, 15 de março, 2009). Financiar as famílias nativas para que não desmatem deve ser parte central do modelo. Tomara que no Peru se faça algo parecido ao que se está fazendo no Brasil. Em nosso país, as familias amazônicas sobrevivem graças à madeira e ao carvão que extraem de extensas áreas de fl orestas. Para que não o façam, alguém deve compensar o serviço que prestam ao não cortar as árvores.

Luís Wong García

Lima, Peru

Armas do BrasilMuito valente sua história sobre o problema do tráfi co de armas dos EUA ao México (“Tiros da discórdia”, AméricaEconomia N° 373, 15 de março, 2009). A emenda maldita que provê armas locais aos cartéis do narcotráfi co deve terminar urgentemente no governo de Barack Obama. Mais interessante, entretanto,

é a informação de que o Brasil se tornou o principal exportador de armas esportivas aos Estados Unidos, nos últimos anos. Nosso querido amigo sulamericano então se transformou indiretamente (apesar de que isso possivelmente não refl ita ignorância) em um provedor dos cartéis de droga mexicanos. Mais um motivo para que o México olhe o crescimento brasileiro com receio.

Mario GuerreroCidade do México

Especial de energia Muito ilustrativo esse especial (“Luz no fi m do túnel”, AméricaEconomia N° 373, 15 de março, 2009). Gostaria muito de saber mais sobre energia solar, na qual, segundo alguns especialistas, está depositado o futuro. Chegará a ser tão efi ciente que tornará todas as demais formas de geração obsoletas? Chegará o dia em que pequenas unidades sejam instaladas em cada casa, tornando os cabos coisa do passado? A indústria se moverá em base a energia solar? Seria formidável saber a opinião dos especialistas. O perigo é que “fi ltrem” seus critérios através da lógica atual, e que isso não lhes permita “sonhar a solução e trabalhar para convertê-la em realidade”.

Emilio Santa María

S. Domingo,

R. Dominicana

12 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

CARTASe comentários

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 13

MEMO

Felipe Aldunate M.Diretor Editorial

DIRETOR Elías Selman Carranza

Certifi cado Licitud de Título Nº 4090 . Certifi cado Licitud de Contenido Nº 3346 . AméricaEconomía is a Nanbei Ltd. Monthly publication

VICE-PRESIDENTE-EXECUTIVA Gloria Landabur

DIRETOR EDITORIAL Felipe Aldunate M.EDITOR ADJUNTO Rodrigo Lara

DIRETOR DE ARTE Álvaro Araya UrquizaEDITORES-EXECUTIVOS Solange Monteiro, Juan Pablo Rioseco, Eduardo Thomson

EDITOR BRASIL Dubes SônegoASSISTENTE DE EDIÇÃO Sérgio Spagnuolo

ESCRITÓRIO EDITORIAL BRASIL (55 11) 3063-2049

EDITOR MÉXICO Arly FaundesEDITOR MIAMI Antonio María Delgado

EDITOR DE FOTOGRAFIA Miguel CandiaREPÓRTERES Soledad Gómez, Matías Rodo Yuricevic (Santiago)

CORRESPONDENTES•ARGENTINA Juan Pablo Dalmasso•COLÔMBIA Lucía Valdés •MÉXICO Carolina Solís •PERU Cecilia Niezen•URUGUAI Guillermo Pellegrino

•VENEZUELA Dorothy Kronick •AMÉRICA CENTRAL Ricardo Castillo

•MIAMI Carlos Molina •WASHINGTON Antonieta Cádiz

COLUNISTAS•Susan Kaufman Purcell•Félix Peña•Abraham Lowenthal •John Edmunds •Javier Santiso

DIAGRAMAÇÃO Riffka Schiro-kauer J., Sebastián Caro P. •ILUSTRADORES Soledad Tirapegui, Rodrigo Díaz Carrizo

REVISORA Adriana Casarotti

AMÉRICAECONOMIA INTELLIGENCE(estudos e projetos especiais) •DIRETOR Rodrigo Díaz

•SUBDIRETOR Jaime Contreras•COORDENADORA DE ESTUDOS Daniela González

•EDITORA Karin Hernández •ANALISTAS Paulina Saavedra, Andrea Medina

AMÉRICAECONOMIA.COM •EDITOR ESPANHOL Eduardo Coronado

•EDITOR BRASIL Mel Bornstein•SUBEDITORMarcelo García•REPÓRTERES Marcelo Galli, Pablo Jamett, Alejandra Clavería

•REDATORES Patricia Zvaighaft, María paz Órdenes•TRADUTOR Juan Pardo

•WEBMASTER José Fuentes

DIRETORA COMERCIAL EUA Verónica Lizama • DIRETORA COMERCIAL MÉXICO Juliana Kollinger • VENDAS PUBLICIDADE Jannifer Price (Miami), Rafael

Solís, Tanya Mejía Maya (Cidade do México •DIRETOR DE MARKETING Marcelo Silva Symmes• DIRETORA COMERCIAL CHILE María Alejandra Vigh • VENDAS

CHILE Tibisay Campbell, Paz Lecea • DIRETORA COMERCIAL PERU AlejandraBustamante •EXECUTIVA DE VENDAS PERU Maria Claudia Díaz-Dulanto •GERENTE DE PRODUÇÃO Constanza del Río Moreno •DIRETOR DE CIRCU-

LAÇÃO Marcial Delcorto •GERENTE DE INFORMÁTICA E LOGÍSTICA Óscar Sánchez

• BRASIL•HV2 Comercialização de Mídia•DIRETOR-GERAL Hélcio Vieira

•GERENTE DE PUBLICIDADE Oscar da Silva Alves•GERENTES DE NEGÓCIOS Nícolas Cardoso Slamek

•GERENTE DE MARKETING Denise TerranovaRua Cel. Arthur de Paula Ferreira, 59 - cj 111-

São Paulo - SP - BrasilCEP 04511-060 Tel.: 5511-3846-5588

ESCRITÓRIOS COMERCIAIS • EUA Tel: 305/648-9071•MÉXICO Tel: 5255/5254-2400 Fax: 5254-7510

• ARGENTINA Claudia DassoTel: 5411/4383-8410 - 4383-8416

•CHILE Tel: 562/290-9400 Fax: 341-5687 • AMÉRICA CENTRAL Julio Lemus

Tel-Fax: 502/2261-0278 • PANAMÁ Yadyra de Paz y MiñoTel: 507/271-5327 - 507/66787564

• PERU Patricia Anduaga 511-6107217, María Claudia Díaz-Dulanto 511-6107216

REPRESENTANTES INTERNACIONAIS •ALEMANHA 49211/887-2328 • ESCANDINÁVIA 4755/92-5192 Fax: 92-5190 •

ESPANHA 3491/441-6266 Fax: 441-6549 •FRANÇA 331/4143-7057 • ITÁLIA 3902/670-73383 •

REINO UNIDO 4420/7538-5811 •SUÍÇA 411/269-7070

REDAÇÕES • SANTIAGO 562/290-9400 • CIDADE DO MÉXICO 5255/5254-2400 • BUENOS AIRES 5411/4383-8410 • MIAMI 305/648-9071

AméricaEconomia é uma publicação mensal da Nanbei Ltd. •Impressa na Quebecor World Chile S.A. Publicação periódica•Registro PP09-0011

PRESIDENTE Nils Strandberg CHAIRMAN Robert R. Paradise

CIDADES DO FUTURO

MIG

UEL

CAN

DIA

SOLEDAD: A CRISE DOS ESTÍMULOS

MUITAS DAS GRANDES CIDADES latinoamericanas nasceram há quase cinco séculos. Com algumas variações e exceções, nossas capitais foram fundadas (ou refundadas) por conquistadores europeus que chega-ram nas décadas seguintes ao descobrimento da América. Portanto, não são poucas as que estão no caminho de comemorar seu quinto centenário. Quando isso acontecer, como serão essas cidades? Uma pergunta que Bogotá já está respondendo. Na última década, a capital colombiana se transformou, e anualmente organiza a Bogotá 2.038, conferência destina-da a discutir seus problemas e obter ideias concretas de melhorias. Isso porque, para ser competitiva, uma cidade tem que pensar em seu futuro constantemente. Esse é o chamado da nova edição do ranking Melhores Cidades para Fazer Negócios, elaborado por AméricaEconomia Intelli-gence que inclui novas variáveis relacionadas com a sustentabili-dade ambiental das cidades. Além disso, nosso editor Rodrigo Lara preparou “As cidades do futuro”, uma provocadora matéria sobre os desafi os urgentes de nossas gran-des capitais.E não é só. Com a crise fi nancei-ra, muitos indicadores de desem-penho econômico estão em queda, enquanto o desemprego aumenta. Para evitar este círculo vicioso, alguns governos latinoamericanos estão desenvolvendo planos de es-tímulo para amortizar seus efeitos. Mas nem todos poderão fazê-lo da mesma forma. “Os países me-nores e mais pobres da região têm altos níveis de dívida e poucos recursos para levar um plano a ca-bo”, diz Soledad Gómez em “Todos ao resgate”, uma interessante análise numérica realizada com base na compilação de planos de estímulo que estão sendo desenvolvidos nos diferentes países da região e a capacidade dos mesmos de fi nanciá-los. Uma tarefa complexa, pois trabalhar com o orçamento público na América Latina continua sendo um desafi o mesmo para os economistas mais experientes. “Nem nos ministérios de fi nanças se tem claro o que se faz”, afi rma Soledad, que viveu em San Francisco, Califórnia, e chegou à AméricaEconomia há seis meses, depois de traba-lhar em algumas empresas fi nanceiras do Chile. “Conseguir a informa-ção”, diz, “é outra crise”.

Page 14: Nº 375 Edição Brasil

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Page 15: Nº 375 Edição Brasil

AFP

Trata-se de um direito de longa tradição na Amé-

rica Latina. Presidentes e líderes de oposição de quase todos os países da região, de todas as cores, busca-ram asilo político quando acharam que era necessá-rio. Trata-se de um direito apoiado por diferentes con-venções e declarações assi-nadas por países latinoame-ricanos. Portanto, o asilo não pode ser considerado um ato de covardia de quem o solici-ta, nem inimigo o país que o

concede. Trata-se de um re-curso legítimo para quem se sente perseguido por motivos políticos, além de ser uma ferramenta que contribui para a estabilidade política inter-na. Apesar de tudo, não se deve aplaudir em excesso a decisão do Peru de respeitar esse direito e dar asilo polí-tico ao venezuelano Manuel Rosales, prefeito de Maracai-bo, ex-candidato presidencial que lidera a oposição a Hugo Chávez e foi acusado de má administração de recursos,

como prefeito. Foi uma de-cisão lógica. Mesmo que a acusação seja certa, o ódio e a pressão com a qual Hugo Chávez empurrava Rosales aos tribunais minaria a pos-sibilidade de um julgamento justo. Não é segredo que instituições democráticas básicas, como a separação dos poderes do Estado e um sistema de balanço e moni-toramento entre eles, estão se desmantelando na Vene-zuela. Em um sistema como esse, a perseguição política

pode facilmente tomar a forma de perseguição cri-minosa comum, ou a de um processo civil que poderia ser seguido de ofício público. A decisão peruana de res-peitar o direito internacional em matéria de asilo político e invocar a tradição republi-cana que o país têm nesse sentido é um ato digno de replicar e que provavelmente mais nações latinoamerica-nas terão que seguir nos próximos meses, ainda que não gostem da ideia.

Adesigualdade mundial existe. Por isso, não é

de estranhar que os gover-nos de países industrializa-dos tenham, inclusive em meio à crise, mecanismos para captar recursos e gerar planos de estímulo fi scal que compensem a contração econômica de alguma for-ma. A situação é diferente nos países mais pobres, que, por motivo de uma crise gerada no Primeiro Mundo, terão que suspen-der investimentos sociais importantes em saúde, edu-cação e obras públicas bási-cas. A experiência histórica da América Latina e de outras regiões emergentes, como a asiática, nos mostra que, em períodos de crise, gerar política restritivas aprofunda o estancamento econômico, aumenta a po-breza e alimenta distúrbios sociais. Por isso, e como a

Asilo político

reativação global dos paí-ses emergentes deve ter um papel-chave, o foco das políticas de distribuição de recursos dos entes multilate-rais deve ser os mais pobres. As palavras do presidente do Banco Mundial Robert Zoellick (à esquerda na fo-to) no encontro de ministros de Finanças em Washington, no fi nal de abril, reafi rma

esta ideia. Bem como a de-claração fi nal que fi cou do encontro. O problema é que isso deve ser feito já, e com mecanismos efi cientes. Ape-sar de a China ter mostrado alguns sinais de recuperação (não totalmente convincen-tes), na grande maioria dos países emergentes o desem-prego está subindo no mes-mo ritmo que sua economia

se debilita. Muitos países não estão preparados para receber recursos das multinacionais da mesma forma que se faz tradicionalmente, e por isso serão estas que terão que mudar para cumprir o ob-jetivo de evitar que de uma crise fi nanceira e econômica passemos a uma crise de desenvolvimento.

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 15

EDITORIAL

FOCO NOS EMERGENTES

Page 16: Nº 375 Edição Brasil

16 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

SEGUINDO A PISTA

E O TREM NÃO CHEGA...PUBLICAMOS: O relatório da CG/LA identifi ca alguns dos principais projetos reque-ridos na região que, em alguns casos, continuam em fase de estudo, mas que são de vital importância para o desenvolvimento da região. Estes incluem o trem de alta velocidade entre Rio de Janeiro e São Paulo (US$ 11 bilhões). (“O top 10 de projetos de infraestrutura”, AméricaEconomia, 15 de dezembro, 2008).

O NOVO: Parece haver surgido mais um motivo para o trem não partir. Fontes do setor declararam que, segundo um estudo técnico preparado pela inglesa Halcrow entregue ao ministério dos Transportes do Brasil, o Trem de Alta Velocidade (TAV) custaria um pouco mais que o previsto: US$ 14 bilhões – o que tornaria o apoio do governo ainda mais vital para a execução da obra. Mas em época de arrecadação em baixa, é difícil acreditar na capacidade fi nanceira deste para levar esse projeto a cabo.

NINGUÉM SE SALVAPUBLICAMOS:Desde janeiro de 2008, já são cerca de 120 os jornais que fecharam suas portas. A pergunta que fi ca é: fecha porque as pessoas migraram para a internet e já não os leem, ou porque os anunciantes já não compram espaços publicitá-rios? (“A dupla crise da mídia”, AméricaEconomia, abril, 2009)

O NOVO: Não é só para a internet – e para os meios – que a coisa tem sido difícil. O Google anunciou recentemente que este ano terá que desembolsar cerca de US$ 470 milhões pelo YouTube – sucesso entre os portais de vídeo online – devido à falta de receita publicitária. Para alguns analistas, o erro do Google nesse negócio foi ignorar o pedido de Hollywood para controlar os conteúdos sujeitos a direitos autorais que os usuários do site sobem à rede – e que hoje equivalem a um pagamento anual de cerca de US$ 160 milhões.

DESEQUILÍBRIO NA BALANÇAPUBLICAMOS: Em Cuba, a destrui-ção das plantações deverá impul-sionar a importação de alimentos, mas isso não é tão simples quando falta dinheiro. Os preços do níquel, uma das matérias-primas que exporta, caíram de US$ 50 mil a tonelada em 2007 a US$ 15 mil. (“A ressaca dos furacões”, AméricaEco-nomia, 15 de dezembro, 2008)

O NOVO: Segundo o Escritório Nacional de Estadísticas de Cuba, o défi cit comercial da Ilha em 2008 foi de US$ 10,7 bilhões, devido ao aumento de 41% nas impor-tações. No ano passado, dos US$ 18,28 bilhões registrados como intercâmbio comercial, US$ 3,78 bi foram exportações e US$ 14,5 bi, importações.

Mais um na listaPUBLICAMOS: Quem está mais próximo de seguir os brasileiros com a portabilidade numérica é o México, que abriu consulta pública no fi nal do ano passado e previa a regulamentação também para o primeiro semestre deste ano. “Outros países, como Colômbia e Chile, com uma curva de cres-cimento já em desaceleração, também es-tão maduros para que o governo avalie a possibilidade de impulsionar a concorrên-cia através da portabilidade na telefonia”, afi rma Wally Swain, vice-presidente sênior de Mercados Emergentes do Yankee Group. (“O dono do número”, AméricaEconomia, 7 de maio, 2007)

O NOVO: A partir do segundo semestre de 2010, o Chile se somará aos países latino-americanos com portabilidade numérica de telefonia fi xa e móvel – México e Brasil. Essa é a previsão dada pelo ministro de Transportes e Telecomunicações do país, René Cortázar. Calcula-se que so-mente as empresas de telefonia móvel terão que investir conjuntamente mais de US$ 100 milhões na adaptação do sistema.

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 17

MOVIMENTOS

CONSUMO 2008EM LITROS PER CAPITA

FONTE: EUROMONITOR INTERNACIONAL

EDUARDO THOMSON / SANTIAGO

contracíclicasCOMPRAR UMA PRODUTORA de cachaça no Brasil pode ser um bom investimento neste momento. A contração econô-mica mundial está mudando os padrões de consumo de quem gosta de bebidas alcoólicas, favorecendo destilados produ-zidos localmente ao invés de produtos importados. Segundo a consultoria inglesa Euromonitor Internacional, o grande ganha-dor na América Latina é a cerve-ja, cujos níveis de consumo têm aumentado em todos os países. A consultoria prevê um cresci-mento anual mais tímido, a partir deste ano - de 4,1% entre 2009 e 2013, ante os 6% observados de 2003 a 2008 - mas, ainda assim, positivo. O consumo de vinho e outras bebidas alcoólicas, por outro lado, só crescerá 1,9% anualmente até 2013.

PAÍS CERVEJA VINHO DESTILA-DOS

Argentina 47,8 30,7 1,5Brasil 58,9 1,9 7,1Chile 35,5 15,2 3,7Colômbia 47,8 0,6 2,4México 61,9 0,6 1,9Venezuela 85,3 0,6 4,1A.Latina 49,9 3,7 4,0

TIAGO

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Page 18: Nº 375 Edição Brasil

18 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

MOVIMENTOS

A OGX, empresa do setor de petróleo e gás natural controla-da pelo Grupo EBX, anunciou que o empresário Eike Batista será o novo presidente da companhia no lugar de Rodolfo Landim. Landim passará a ser assistente no desenvolvimento de novos negócios do Grupo EBX, cujo foco são projetos de infraestrutura em geral.

A General Electric nomeou Lionel Ramírez como presidente da divisão de Iluminação e Indus-trial da América Latina. A cargo de 1,5 mil funcionários em 14 pa-íses, a GE vê boas oportunidades de crescimento na região.

A Hitachi Data Systems indicou Sergio Serrenho como gerente de tecnologia na Amé-rica do Sul. O executivo cuidará das atividades de consultoria profi ssional na Argentina, Chile, Peru, Equador, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

Stelleo Tolda, responsável pe-las operações do MercadoLivre.com no Brasil há quase dez anos, acaba de ser promovido a COO da companhia para a América Lati-na. A. Hernán Kazah, que ocupa-va o posto assumido por Tolda, será o novo CFO da companhia.

A Avaya empossou Andrea Pa-dilla como gerente de marketing para o Caribe e América Latina. Padilla alinhará os programas focados na consolidação do mercado corporativo e buscará aumentar o reconhecimento da marca na região.

vemvai&

EIKE BATISTA

A TECNOLOGIA DE SINAL de banda larga através de microondas, Wi-MAX, se tornou um ator secundário no mercado. Segundo o estudo “Análise do modelo de negócio WiMAX na América Latina”, da Signals Telecom Consulting, entre 2009 e 2013 o WiMAX só representará 1,8% das conexões de banda larga na região. Segundo José Otero, da Signals, as velocidades ofertadas são baixas e os custos elevados. “A maioria das ofertas de WiMAX na América Latina e Caribe são de velocidades menores que 2MB. Difi cilmente se observam ofertas de 4MB, como a da Racsa na Costa Rica, a um preço de US$ 244 por mês.” Otero assegura que o WiMAX serve aos provedores para crescer rapidamente em zonas sem rede fi xa. “Uma vez que o operador alcance uma massa crítica de clientes que viabilize o retorno dos investimentos dentro de um prazo de tempo razoável, é viável substituir a rede WiMAX por infraestrutura de cabo”.

CAMUSSO:LUXO TIPO

EXPORTAÇÃO

MENOS VALORIZADA NOS ÚLTIMOS anos, a prata ganha a preferência dos peruanos. E não tem brilhado apenas no negócio de jóias: também invadiu o segmento de acessórios como carteiras, correntes, lentes e garrafas de pisco, que recebem aplicações do metal nobre e se tornaram uma alter-nativa de presente exclusiva. A empresa de ourivesaria Camusso lançou a franquia de sua marca CMC By Camusso, com desenhos de vanguarda em acessórios de moda. “Hoje em dia os clientes exigem não apenas desenhos e boa qualidade, e sim marcas de prestígio”, diz Fabio Tonani, diretor-gerente da Camusso. A empresa já abriu sua primeira loja no exclusivo centro co-mercial Jockey Plaza e levará a marca, através de franquias, à Colômbia, Argentina, Dubai, Espanha e aos EUA. E já investiu cerca de US$ 400 mil na implantação de uma nova linha, orientada ao segmento juvenil. “Somos os primeiros produtores de prata, contudo, nossos produtos são ainda consi-derados artesanais”, diz Tonani. “Pouco a pouco, vê-se que muitas empresas do setor apostam em oferecer produtos de qualidade para os gostos mais exigentes”.

WiMAX em doses

Prata que brilha

SOLEDAD GÓMEZ / SANTIAGO

NATALIA VERA / LIMA

Page 19: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 19

MOVIMENTOS

Fotossíntese artifi cial

OS DIAS DA ENER-GIA solar cara pare-

cem estar contados. A brasileira Tezca Células

Solares, uma spin-off da Uni-versidade Estadual de Campinas

(Unicamp), patenteou sua própria tecnologia de células fotovoltai-

cas, com base em pigmentos que captam a energia solar como a

fotossíntese nas plantas, projetan-do um custo de US$ 0,40 por watt, contra US$ 3 da tecnologia de silí-cio. Embora a tecnologia brasileira consiga converter em eletricidade apenas 8% da luz que recebe, con-

tra 11% das células atuais, quem vê o copo meio cheio acredita que a porcentagem eventualmente se-rá maior, após algumas provas de

laboratório terem equiparado os níveis de efi cácia. Prontamente, a

Tezca já lançou um plano de in-vestimento de US$ 5 milhões mi-

rando o mercado latinoamericano. “Só no Brasil temos um mercado de 200 milhões de gadgets (por-

táteis), mais possíveis aplicações em sensores remotos, sistemas

de rádio, iluminação, sinalização e edifícios”, explica o diretor da

Tezca, Caio Bonilha.

A cotidiana informalidadeA INFORMALIDADE É A NORMA e não a exceção. Segundo um estudo publicado recentemente pela OCDE, intitulado “É normal a informalidade”, o setor informal é responsável por mais de 50% dos empregos nos países em desenvolvimento e engloba 54,2% do trabalho agrícola na América La-tina. Segundo o estudo, a crise golpeará estes países, nos quais a maioria dos trabalhadores não tem acesso a benefícios de previdência social, por não terem trabalho formal. Mais ainda, devido à crise deve aumentar o nú-mero de pessoas na informalidade. Como explica Juan Ramón de la Iglesia, economista do Centro de Desenvolvimento da OCDE e coautor do texto, “se se levar em conta o que aconteceu em crises anteriores de tamanho comparável, como a do sudeste asiático nos anos 1990 ou na Argentina, os primeiros que perdem o emprego são trabalhadores informais, o que mostra que, no começo, há uma redução da informalidade”. Obviamente, neste caso, o remédio (sob a forma de um desemprego maior), seria pior que a doença.

A IDEIA ERA COMEMORAR a fusão en-tre a cozinha mexicana e a do Texas. O resultado foi um escândalo diplomático que obrigou a empresa de fast foodBurger King a retirar sua campanha de publici-dade para promover na Espanha seu novo produto, o “Texi-can Whopper”. No comercial, um vaqueiro norteame-ricano aparece junto a um lutador mexica-no de baixa estatura e vestido com uma máscara, o que foi inter-pretado como um estere-ótipo ofensivo à nação mexi-cana. A campanha levou o embaixador mexicano na Espanha, Jorge Zermeño, a protestar pela mensagem ofensiva e, especialmente, pelo uso indevido da bandeira nacional. “A lei mexicana diz que a ban-deira e o escudo nacionais podem ser usados unicamente para atos solenes ou representações”, afi rmou Javier Urbano, acadêmico do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Iberoa-mericana. “Neste sentido, não é possível que um país possa permitir que uma empresa faça uso comercial da bandeira de outro país”.

O hambúrguerda discórdia F

a

a

MEMORAR a fusão en-xicana e a do Texas. m escândaloobrigou t foodirar suablici-ver

novo

mme-untoxica-ura

maoi inter-

m estere-nação mexi-

búrguercórdia

JUAN PABLO DALMASSO / CÓRDOBA

LISIA GONZÁLEZ / CIDADE DO MÉXICO

SOLEDAD GÓMEZ / SANTIAGO

FONTE: OCDE

PIB per capita real

AMÉRICA LATINA

Empr

ego I

nfor

mal

PIB per capita real (mil US$)

À MARGEMMais de 50% do emprego na AL é informal

50 4,8

51 552 5,253

545,4

55

56

5,6

57 6

6,258

5,8

1990-94 1995-99 2000-07

Porcentagem do emprego informal no setor agrícola

FERN

AND

O CA

RRAS

CO C

RUCH

AGA

Page 20: Nº 375 Edição Brasil

20 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

MOVIMENTOS

Hamburg Süd aposta em Cartagena EDUARDO THOMSON / SANTIAGO

A BELA ARQUITETU-RA colonial é o motivo pelo qual Cartagena das Índias foi decla-rada patrimônio da humanidade. Mas sua conveniente localização geográfi ca e amplas instalações justifi cam sua transformação em um dos maiores portos de carga da Colômbia, e a razão pela qual a empresa de carga ma-rítima Hamburg Süd es-colheu a cidade como

hub para concentrar todos os embarques provenientes do Caribe. “Agora, todos os nossos barcos passarão pelo porto de Cartagena”, diz o gerente geral da Hamburg Süd na Co-lômbia, Liborio Cuéllar. A decisão ocorre num momento em que os portos da região so-freram uma intensa concorrência com a intenção de atrair os grandes operadores

marítimos, oferecendo serviços integrados e ampliando sua capa-cidade para receber barcos de maior calado. “Mas o que nos conven-ceu de fazer o hub em Cartagena é que, além de movimentar muita carga internacional, o porto também move muita carga nacional, o que não se pode dizer de outros hubs, como, por exemplo, o Panamá”, diz o executivo.

DUBES SÔNEGO / SÃO PAULOARLY FAUNDES B. / CIDADE DO MÉXICO

Em ritmo de IPI

A DECISÃO DO GOVERNO bra-sileiro de reduzir o Imposto so-

bre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis não apenas ajudou a reativar as vendas do setor no país, em meio à crise. Também contribuiu para uma reviravolta no ranking de ven-

das. Embalada pelo lançamento da nova versão do mais po-

pular de seus modelos, o Gol, em meados do ano passado, a

Volkswagen acreditou no paco-te do governo e manteve o rit-

mo de produção, enquanto sua principal rival, a Fiat, seguiu

em sentido contrário, pisando no freio por temor de fi car com

os pátios cheios. De acordo com os números mais recen-

tes da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Auto-

motores (Anfavea), a diferença em fevereiro foi de pouco mais

de 8 mil carros a favor da mon-tadora alemã. Em janeiro, havia sido de pouco menos de 4 mil. Resta saber agora, com as du-

as acelerando, qual terminará o ano na liderança.

CUÉLLAR:NOVO NÚCLEO DE OPERAÇÃO

CARPINTEYRO NÃO REVELA SEU DESTINO

PROFISSIONAL

ONDE ANDA PURIFICACIÓN Carpinteyro depois de sua ruidosa saída do car-go de subsecretária de Comunicações e Transporte do México em fevereiro passado? Na ocasião, Purifi cación alegou diferenças irreconciliáveis com o titular da pasta, Luis Téllez. “Naquele momento, a saída era o mais honroso de minha parte”, diz. Depois surgiram revelações de conversas telefônicas entre Téllez e ela. Logo, diferentes políticos terminaram provocando também a saí-da de Téllez da secretaria e uma onda críticas sobre Purifi cación. Hoje Téllez é o novo presidente da Bolsa Mexicana de Valores, enquanto Carpinteyro tam-bém desenha seus próximos passos. “Não me convém anunciar onde estou”, diz, enfaticamente. “Não estou morta; estou com vontade de continuar, e com projetos econômicos para conseguir que o México dê esse salto quantitativo para alcançar os países desenvolvidos em infraestrutura e serviço.” Com um extenso currículo em empresas e uma suposta proximidade com o magnata Carlos Slim, provavelmente ela voltará à iniciativa privada. “Ela é muito bem-avaliada na indústria”, diz Luis Bermudes, diretor de conta da empresa de estudos de opinião pública Simo.

O segredo de Puri

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 21

MOVIMENTOS

UMA DAS HISTÓRIAS POUCO conhecidas da miniguerra co-

mercial entre México e EUA, desencadeada logo após Wa-shington retirar a permissão

dos caminhões mexicanos de transportar bens através da fronteira, é a de como o país

asteca desenhou sua represá-lia. Ou seja, como escolheu 90

produtos de produção ortea-mericana e au-mentou tarifas sobre eles. Um dos funcioná-

rios comerciais que participou

da decisão con-ta que analisou-

se cuidadosa-mente a lista de senadores que vota-ram con-tra a per-

missão de caminho-

neiros me-xicanos. A partir daí, fo-ram escolhidos os produtos

de associações empresariais que fi nanciaram suas campa-

nhas, alguns produtos espe-cialmente sensíveis em seus

Estados. “Nós ríamos enquanto íamos elaborando a lista para

selecionar os produtos que os afetavam”, disse o funcionário mexicano, que pediu para não

ser identifi cado. “Mas o objetivo disto é que o Senado dos EUA

se dê conta que muitas das de-cisões que toma quanto ao Mé-

xico podem ter efeitos diretos em sua realidade doméstica.”

AS RECENTES MEDIDAS ANUNCIADAS pelo governo brasileiro na área de habitação, encabeçadas pelo pacote “Minha casa, minha vida”, de R$ 34 bilhões em subsídios voltados às famílias de baixa renda, renovaram os ânimos do setor de construção, que andava desnorteado após o es-touro da crise econômica. Refl exos são esperados em todos os elos da cadeia produtiva. A Caixa Econômica Federal, estima a geração de 3,5 milhões de empregos formais, em três anos, dos quais 800 mil em 2009. No mercado de ações, porém, os impactos deverão ser limitados. Pelo menos no curto prazo. “O foco do programa é a população com renda de até três salários mínimos, com preço unitário do imóvel de R$ 40 mil. Hoje, nenhuma incorporadora opera nesse segmento e possui esse tipo de produto”, afi rma Eduardo Silveira, do Banco Fator. No médio prazo, entre as companhias listadas na BM&F Bovespa com maior potencial de se benefi ciarem do pacote, o banco aponta Tenda (Gafi sa), MRV, Rodo-bens e PDG Realty.

Elixir habitacional

A vingança de Montezuma

FELIPE ALDUNATE M.

*Mais de 80% do co-mércio entre os EUA e o

México sedão por via

terrestre

*O incrementode taxas afetará pro-

dutos agrícolas e industriais de cerca de 40 estados dos EUA

em aproximada-mente US$ 2,4

bilhões

DUBES SÔNEGO / SÃO PAULO

MAIS CASAS,MAIS EMPREGOS

PASSO A PASSO VAI AVANÇANDO o projeto de construção do Corredor Bio-ceânico Central, um túnel de baixa estatura que unirá a Argentina e o Chile e exigirá US$ 3 bilhões para ser construído. A Corporación América, grupo por trás do projeto vinculado ao empresário argentino Eduardo Eurnekián, apre-sentou no fi m de março os estudos de viabilidade aos governos de ambos os países com três alternativas possíveis. Ao mesmo tempo, está trabalhando na confi rmação do consórcio que participaria do projeto. Hugo Eurnekián, vice-presidente da empresa, disse que já foram fi rmados acordos de entendimento com o consórcio chileno Empresas Navieiras, a argentina Cartellone, a hol-ding espanhola Comsa e a consultoria italiana Geodata. Mas há espaço para mais sócios. “São necessárias empresas com grande capacidade. Também podem participar empresas chinesas, europeias e japonesas.” Eles estariam próximos de fechar acordo com empresas brasileiras e uruguaias, e em con-versas com uma companhia chinesa. Ainda não há data para a estruturação fi nal do consórcio, mas de acordo com o cronograma interno, uma posição fi nal é esperada para o segundo semestre.

PATRICIA ZVAIGHAFT / SANTIAGO

TRÊM BIOCEÂNICO: NOVOS SÓCIOS

Tatus andinos

Page 22: Nº 375 Edição Brasil
Page 23: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 23

Ra

nk

in

gc

id

ad

es

20

09

1 1 .br São Paulo 20,23 287.552 6,45 58,6 59,6 -9,0 74,5 -15,6 60,4 11,2 40,2 32,9 68,6 5,4 81,7 -13,0 75,0 5,8 55,1 64,8

2 3 .cl Santiago 6,92 84.723 3,73 77,7 71,9 -16,9 43,6 33,2 49,0 -10,1 53,6 -2,2 63,3 19,5 32,2 -30,4 100,0 0,0 49,9 57,0

3 2 .us Miami 5,44 254.338 -2,28 85,5 59,7 -27,1 44,3 -15,2 65,0 -11,1 43,3 8,1 54,3 -15,8 70,1 -9,7 58,0 -36,9 77,8 54,7

4 4 .mx C. do México 20,59 229.995 3,03 62,5 58,7 -21,8 54,3 37,1 48,2 4,6 41,6 -18,1 69,9 12,2 48,6 -24,4 54,0 -4,8 54,9 54,0

5 5 .ar Buenos Aires 12,65 154.741 5,54 51,4 50,9 6,9 51,6 21,6 38,1 -21,9 46,9 13,5 73,1 21,9 42,8 -5,4 84,4 -5,2 46,6 51,8

6 8 .co Bogotá 7,33 66.754 2,64 64,6 62,9 9,4 36,2 24,8 22,8 11,0 36,9 35,3 54,8 25,9 32,5 -6,1 74,4 1,5 69,3 44,4

7 9 .pe Lima 8,59 40.182 7,81 62,0 54,0 -14,1 46,0 94,4 17,6 -43,8 42,6 34,1 58,0 42,5 28,1 13,5 60,9 55,7 51,9 43,8

8 14 .br Belo Horizonte 2,45 18.224 7,08 58,6 59,6 -9,0 43,0 64,9 31,6 59,0 53,0 23,8 52,5 47,3 11,8 51,1 17,0 -39,4 23,8 43,8

9 20 .uy Montevidéu 1,48 15.735 9,45 64,3 62,8 6,6 48,3 114,1 13,3 -20,6 50,1 60,4 50,8 54,6 11,4 -15,0 34,2 -41,0 46,7 43,7

10 6 .mx Monterrey 3,54 55.876 7,55 62,5 58,7 -21,8 53,3 82,6 9,9 -20,8 42,6 -0,7 45,3 58,6 14,7 33,2 49,4 -20,9 67,3 43,4

11 11 .pa C. do Panamá 1,36 15.697 9,20 65,1 59,2 3,4 49,5 25,4 6,7 -46,5 31,7 21,2 43,9 81,7 32,2 31,4 58,1 -15,1 67,7 42,3

12 7 .br Rio de Janeiro 11,95 101.450 -1,22 58,6 59,6 -9,0 25,9 -4,0 40,8 32,4 31,9 83,5 62,7 40,3 24,0 -4,0 50,4 23,0 62,5 41,7

13 17 .br Brasília 2,49 51.564 3,41 58,6 59,6 -9,0 40,2 35,3 14,6 83,1 49,6 31,1 45,5 51,0 20,3 54,6 43,1 25,5 71,9 41,4

14 12 .mx Querétaro 0,93 14.857 6,96 62,5 58,7 -21,8 46,1 73,0 14,2 17,5 39,3 -8,2 44,1 69,6 40,4 11,8 30,7 -31,3 72,2 40,4

15 13 .br Porto Alegre 1,47 17.896 2,71 58,6 59,6 -9,0 29,6 10,9 37,7 53,3 42,7 78,6 45,1 56,6 10,8 -40,7 22,4 -53,4 76,4 39,7

16 10 .br Curitiba 1,85 19.349 2,74 58,6 59,6 -9,0 31,5 17,6 17,7 39,7 50,2 20,6 50,7 51,8 13,9 6,8 42,8 -25,6 82,3 39,5

17 23 .mx Puebla 2,00 15.139 5,40 62,5 58,7 -21,8 39,9 123,3 12,6 -10,9 45,9 -9 44,2 80,1 11,6 51,6 34,6 186,5 59,3 39,3

18 - .cl Valparaíso 0,89 7.576 3,30 77,7 71,9 N.D. 24,9 N.D. 12,1 N.D. 50,3 N.D. 47,3 N.D. 18,9 N.D. 23,9 N.D. 69,2 38,9

19 15 .mx Guadalajara 4,09 37.016 4,65 62,5 58,7 -21,8 39,9 118,9 10,4 6,7 42,3 -2,5 47,6 65,9 12,2 -29,0 34,7 -46,6 65,2 38,9

20 24 .br Recife 1,54 11.275 5,62 58,6 59,6 -9,0 36,5 19,6 17,8 72,5 41,1 74,8 44,8 93,5 11,0 79,7 25,0 16,0 83,7 38,4

21 16 .br Florianópolis 0,85 4.052 2,68 58,6 59,6 -9,0 24,8 23,7 26,3 50,1 56,7 7,7 50,7 70,4 4,0 65,2 15,7 -47,5 57,5 37,5

22 18 .mx Chihuahua 0,77 7.105 5,75 62,5 58,7 -21,8 37,7 23,0 7,2 -6,1 37,6 -18,1 42,2 73,4 6,4 27,3 38,4 30,7 67,5 36,7

23 19 .br Fortaleza 2,50 13.432 3,83 58,6 59,6 -9,0 30,7 -4,7 12,0 96,9 55,6 29,2 52,4 77,2 9,4 13,8 6,1 -13,5 70,2 36,6

24 - .cl Concepción 0,68 5.635 1,10 77,7 71,9 N.D. 17,8 N.D. 21,5 N.D. 50,0 N.D. 45,0 N.D. 6,1 N.D. 9,6 N.D. 61,9 36,6

25 22 .co Medellín 1,96 19.168 2,15 64,6 62,9 9,4 28,4 -4,7 12,3 2,4 38,4 42,1 45,7 80,9 13,7 51,3 29,9 -46,2 74,7 36,3

26 27 .mx León 4,47 7.610 7,01 62,5 58,7 -21,8 40,5 183,9 4,7 5,5 44,0 -8,5 48,8 49,3 2,3 -65,0 4,2 -63,4 74,7 36,0

27 28 .ec Guayaquil 2,13 12.804 5,95 45,2 53,0 -3,6 36,6 73,4 6,4 -36,4 40,2 3,1 50,0 97,4 17,0 5,9 22,0 -35,1 72,5 35,3

28 - .pe Arequipa 0,88 5.213 9,59 62,0 54,0 N.D. 44,9 N.D. 1,0 N.D. 33,9 N.D. 42,7 N.D. 1,5 N.D. 19,9 N.D. 50,3 34,8

29 36 .co Cali 2,29 15.012 1,80 64,6 62,9 9,4 24,9 15,8 7,1 56,2 35,6 47,7 52,5 89,3 14,4 98,6 24,2 169,8 74,2 34,4

30 33 .mx Ciudad Juárez 1,67 14.211 5,75 62,5 58,7 -21,8 37,9 103,9 3,2 12,2 35,9 -18,1 46,0 69,1 6,4 36,6 4,3 -51,8 69,5 34,2

31 25 .cr San José 1,58 10.874 2,90 65,8 60,0 1,9 20,5 -7,5 12,8 -11,2 47,6 39,9 43,1 74,4 14,9 -34,1 29,1 -29,2 66,7 34,2

32 37 .ec Quito 2,45 10.440 3,69 45,2 53,0 -3,6 28,6 112,5 6,6 37,4 39,2 -3,3 53,2 66,0 17,1 -5,8 36,5 152,8 63,6 34,1

33 32 .mx Tijuana 1,28 16.286 4,87 62,5 58,7 -21,8 40,3 117,8 2,1 33,8 25,1 -1,8 51,2 59,5 7,6 63,6 N.D. N.D. 59,5 33,8

34 26 .br Salvador (Bahia) 2,80 14.542 2,57 58,6 59,6 -9,0 27,2 9,6 8,0 79,4 40,0 20,1 52,7 46,0 15,5 26,0 2,2 -79,6 52,7 33,5

35 21 .pr San Juan 1,70 40.534 -2,00 68,4 64,7 -9,2 21,5 2,4 2,3 -42,4 45,4 59,8 37,9 11,9 36,5 -39,4 4,2 143,7 69,0 33,2

36 31 .ar Córdoba 1,42 11.322 4,18 51,4 51,9 8,9 30,2 -1,2 14,5 11,4 43,7 15,8 43,5 49,7 2,3 -20,0 9,9 -52,7 67,0 32,8

37 40 .gt C. Guatemala 2,81 10.885 4,30 58,9 55,6 35,7 30,3 89,0 7,6 59,0 30,3 39,7 42,0 51,1 6,1 -17,0 31,6 80,8 57,7 32,7

38 35 .do Santo Domingo 2,01 14.587 5,30 52,2 54,5 4,4 34,4 23,6 3,2 -17,9 40,4 79,8 43,1 45,8 7,7 -42,1 7,9 -12,4 61,7 32,6

39 - .co Barranquilla 1,69 7.916 2,99 64,6 62,9 N.D. 25,1 N.D. 4,2 N.D. 24,5 N.D. 47,6 N.D. 6,1 N.D. 34,6 N.D. 71,4 32,6

40 - .pe Trujillo 0,83 2.715 8,65 62,0 54,0 N.D. 40,4 N.D. 1,0 N.D. 34,9 N.D. 42,5 N.D. 3,2 N.D. N.D. N.D. 50,4 32,5

41 38 .py Assunção 1,66 3.450 5,80 57,7 53,9 32,0 27,6 41,9 5,4 -9,4 35,2 -0,2 42,7 99,4 1,6 383,3 32,6 358,2 47,4 31,5

42 29 .ar Rosario 1,42 12.673 2,53 51,4 51,9 8,9 26,1 -19,1 9,1 30,2 46,7 9,9 49,9 61,8 4,5 48,3 4,2 -75,4 62,5 31,4

43 - .br Manaus 1,77 17.375 4,51 58,6 59,6 N.D. 20,2 N.D. N.D. N.D. 50,4 N.D. 51,9 N.D. 8,8 N.D. 6,1 N.D. 73,6 31,1

44 39 .sv San Salvador 2,34 10.026 1,86 72,3 68,1 44,3 21,5 34,4 4,1 20,3 25,9 37,1 38,6 51,9 4,6 -26,9 4,2 143,7 45,5 30,5

45 - .mx Aguascalientes 0,68 4.941 2,15 62,5 58,7 N.D. 25,8 N.D. 1,6 N.D. 35,7 N.D. 41,1 N.D. 1,2 N.D. 7,9 N.D. 70,5 30,1

46 41 .bo Santa Cruz 1,75 4.950 5,12 50,9 44,7 10,8 30,6 136,4 2,0 -46,7 33,0 49,6 45,9 60,2 2,2 -39,6 30,4 91,3 64,2 29,3

47 - .hn Tegucigalpa 1,35 5.512 3,95 57,2 54,8 N.D. 28,9 N.D. 0,6 N.D. 31,6 N.D. 40,2 N.D. 7,1 N.D. 2,2 N.D. 28,3 29,2

48 30 .ar Mendoza 0,86 10.069 0,88 51,4 51,9 8,9 20,8 -40,4 6,7 20,1 47,9 -14,0 38,6 69,4 1,8 -11,6 7,9 286,4 71,2 28,8

49 34 .ve Caracas 3,75 42.772 2,57 32,4 38,7 12,1 31,1 -14,2 10,7 -34,6 15,8 -24,7 34,2 -11,4 24,9 30,5 22,0 150,3 51,9 27,5

50 42 .bo La Paz 1,85 3.807 4,11 50,9 44,7 10,8 27,0 163,8 5,1 -13,9 31,6 24,3 44,5 20,5 2,0 -37,2 2,2 -71,2 33,2 26,9

RK 0

9RK

08

Popu

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País

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8 (Milh

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Page 24: Nº 375 Edição Brasil

24 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DEIXE COM QUEM SABEÁreas de negócios favoráveis a cada cidadeFONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

30

25

20

15

10

5

0

19,0

14,1

11,3

27,9

10,39,5

13,2 12,2 12,0

18,216,5

8,6

14,712,8

11,2

16,5

9,5

5,9

14,6 14,4

11,710,4 9,8 9,2

16,6 16,1

11,0

CONSULT./SER.PROF. TELECOM ALTA TECNOLOGIA TRANSPORTE E LOGÍSTICA TURISMO SAÚDE FINANÇASCOMÉRCIOINDÚSTRIA

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B. A

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C. D

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0

4

1

5

2

8

3

7

ESTAMOS TRABALHANDO PARA VOCÊPercepção da existência de iniciativas de sus-tentabilidade e despoluição (taxa de respostas afi rmativas) - cidades selecionadasFONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

BOGOTÁ

8,2

C.DO MÉXICO

6,5

SÃO PAULO

4,9

GUAYAQUIL

2,7

MEDELLÍN MONTERREY SAN JOSÉ B. AIRES

2,5 2,4 2,3 2,1

6

9

Cada cidade tem competências específi cas ou vocações territoriais, o que determina que sejam mais adequadas para alguns setores que para outros. Aqui podemos ver as três melhores por setor

Os governos municipais da região estão tomando medidas concretas em temas de sustentabili-dade e meio ambiente, segundo a percepção dos moradores de Bogotá

VOA, VOALinhas aéreas presentes, por cidadeFONTE: AE INTELLIGENCE

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

MIAMI 82

SANTO DOMINGO 36

SÃO PAULO 34

GUADALAJARA 33

C. DO MÉXICO 33

TRUJILLO 5

PUEBLA 5

BELO HORIZONTE 5

ROSARIO 4

AREQUIPA 6

Hoje em dia a conectividade não é de-fi nida por onde se está, mas até aonde se pode chegar. Um bom indica-dor disso é a oferta das linhas aéreas presentes em cada cidade

ra as cidades que as hospedam. Ou seja, estas se tornam mais competitivas na medida em que melhoram sua gestão ambiental. Isso porque uma urbe pode ser vista como um centro de forne-cimento de elementos imprescin-díveis para a sobrevivência das empresas: espaço físico, recursos humanos, leis e regras, acesso a energia elétrica entre outros temas de infraestrutura. Prover esses elementos com uma gestão urbana sustentável será cada vez mais relevante para as cidades que desejam atrair investimentos - inclusive enquanto persistirem as companhias que optam por localizar-se em capitais com

fracas normas ambientais.Por isso, esta nova edição do ranking das Melhores Ci-

dades para Fazer Negócios na América Latina inclui um índice de sustentabilidade ambiental. Para medi-lo, usamos uma combinação de atributos entre os quais se encontram as emissões de gases do efeito estufa, presença de áreas verdes, competitividade energética, bem como a percepção de seus habitantes sobre se se está ou não tomando medidas ambien-tais para preservar a cidade. Neste indicador, os primeiros lugares na América Latina fi caram com duas cidades brasi-leiras: Recife e Curitiba. Esta última é a cidade da América Latina com a maior superfície de áreas verdes por habitante de toda América Latina: tem 52 m2/habitante, enquanto o padrão recomendado pela Organização Mundial da Saúde é de 10 m2/habitante.

Em terceiro lugar dentro do indicador ambiental está Miami, cidade norteamericana que, para efeito deste ranking considera-mos latinoamericana por ser uma base importante para muitas empresas que fazem negócios na região, e que é reconhecida em diferentes estudos como

Page 25: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 25

É COM ESSA QUE EU VOUAtributos mais valorizados no momento de insta-lar um negócioFONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

MERCADOFINANCEIRO

QUALIDADE DE VIDA OFERECIDA A EXECUTIVOS

OUTROS

LOCALIZAÇÃOGEOGRÁFICA

QUALIDADE DE RH DISPONÍVEL

CUSTO DE VIDA

26,2%

7,1%

3,0%

22,7%

15,3%

25,7%

COMO ESPUMACidades com maior crescimento econômico(var. % PIB per capita 2003-2008)FONTE: AE INTELLIGENCE

0 25 50 75

AREQUIPA 66,1.pe

CARACAS 51,0.ve

LIMA 50,5.pe

MENDOZA 48,8.ar

CÓRDOBA 47,6.ar

MONTEVIDÉU 42,8.uy

ROSARIO 41,0.ar

TRUJILLO 63,2.pe

CONCEPCIÓN 52,1.cl

BARRANQUILLA 40,1.co

VIVEMOS NESSA CONFUSÃOHierarquia de problemas urbanos (% de votos)FONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

70

POLUIÇÃO AMBIENTAL

BAIXOSSALÁRIOS

CONGES-TIONAMENTO

VEICULAR

CORRUPÇÃO INSEGURANÇA VIOLÊNCIAPOUCOTEMPOLIVRE

DESEMPREGO

50

30

10

60

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66,0

15,7

3,3

10,89,8 7,8

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10,36,9

15,6

10,910,9

10,67,36,59,08,26,6

37,1

12,98,1

11,811,8

8,8

Os tempos de crise também são épocas de oportunidades. Assim tem sido pelo menos para as cidades ao lado, que aumentaram seu PIB per capita de forma importante

A localização de uma empresa ou negócio não é uma decisão tomada ao acaso. Vários fatores infl uenciam. O custo de vida e um mer-cado fi nanceiro potente são determinantes na escolha de uma cidade para investir

A poluição ambiental continua sendo um dos principais problemas identifi cados na pesquisa em cada cidade, ganhando com ampla margem como principal problema urbano

uma das cidades mais limpas dos Estados Unidos. Trata-se de uma condição que seu prefeito Manny Díaz quer aprofundar através do “Energy Smart Miami”, um plano ambiental que busca gerar novos empregos e fomentar o uso de energias renováveis. O plano consiste em usar fundos federais do programa de estímulo econômico para avançar com um investimento de US$ 200 milhões em tecnologias de sistema elétrico inteligente (smart grid) e energia renovável durante os próximos dois anos. Desta forma, ele ajudará os consumidores a economizarem dinheiro e gerará empregos “verdes” através de sua implementação.

Não obstante, nas grandes cida-des latinoamericanas, as iniciativas ambientais levadas a cabo se ori-ginam principalmente a partir das demandas da sociedade civil, mais que por uma gestão urbana proa-tiva. Esse é o caso, por exemplo, do movimento “Nossa São Paulo”, que conseguiu excluir a Petrobras do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) da Bovespa por não cumprir com uma norma de índice de enxofre nos combustíveis de acordo ao critério imposto pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

De fato, a pesquisa realizada por AméricaEconomia Intelli-gence entre executivos que faz parte deste estudo mostrou uma mudança na percepção de problemas. Aos executivos parece mais problemática a poluição, somada aos engarrafamentos, que os problemas de insegurança e violência que em anos anteriores fi guravam como os principais pro-blemas urbanos identifi cados por eles. O fato é que, em temas de gestão ambiental, ainda estamos engatinhando.

CAPITAL FINANCEIRA

Mas este ranking de com-petitividade das cidades não mede apenas nossos centros urbanos do ponto

de vista ambiental. De fato, a decisão de uma empresa sobre onde localizar um investimento é geralmente inspirada em um complexo emaranhado de atributos, critérios e emoções. Às vezes, para uma empresa, é tão importante a relação qualidade / custo de vida de uma cidade, a oferta de telecomunicações, e seu acesso a portos quanto a nacionalidade do gerente que deve tomar a decisão.

O ranking das Melhores Cidades para Fazer Negócios, cuja síntese está na página 23, é desenvolvido a partir da coleta

Page 26: Nº 375 Edição Brasil

26 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DÁ GOSTO VIVER AQUICidades com melhor qualidade de vida da região em 2009 - Nueva York=100

50 60 70 80 90 100

96,0MIAMI.us

91,0SAN JUAN.pr

89,0MONTEVIDÉU.uy

88,8B. AIRES.ar

87,5ROSARIO.ar

86,6CÓRDOBA.ar

86,5VALPARAÍSO.cl

85,3MENDOZA.ar

83,5C.DO PANAMÁ.pa

83,0MONTERREY.mx

FONTE: AE INTELLIGENCE SOBRE A BASE DE DADOS MERCER

IMAGEM É TUDOÍndices de percepção negativa e positiva, cidades selecionadas

-40 -30 -20 -10 - 10 20 30 40 50

GUADALAJARA 38,2-9,4

SAN JOSÉ -15,6 34,4

MEDELLÍN -14,7 31,3

QUERÉTARO -13,8 18,2

QUITO -7,4 9,2

CHIHUAHUA -5,4 7,1

BARRANQUILLA -9,5 9,2

CALI -20,9 19,7

PORTO ALEGRE -22,9 21,2

PUEBLA -9,5 7,1

VALPARAÍSO -21,3 18,2

AREQUIPA -25,7 21,2

C. GUATEMALA -12,9 7,1

ASSUNÇÃO -11,8 4,9

BELO HORIZONTE -28,8 21,2

GUAYAQUIL -23,4 14,9

CARACAS -23,3 13,1

FLORIANÓPOLIS -30,3 19,7

SANTA CRUZ -14,1 2,5

FONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

O QUE VEMCIDADES INTELIGENTES

A qualidade de vida é um dos princi-pais componentes da sustentabilidade. Miami, San Juan e Montevidéu são, segundo a MERCER, as cidades que contam com este importante capital

A primeira imagem de uma cidade é formada pelos próprios habitantes, que nem sempre têm a melhor opinião do lugar onde vivem. O seguinte gráfi co mostra os porcentuais de aceitação e reprovação de acordo aos moradores

de informações de 60 grandes cidades da América Latina e sua organização a partir das principais dimensões que uma empresa considera ao escolher uma cidade. Essas dimensões são: tamanho e dinamismo econômico da cidade, qualidade do capital humano, qualidade dos serviços corporativos, serviços pessoais, conectividade física, poder de marca da cidade, bem como o já mencionado indicador de sustentabilidade. Estas dimensões são ingressadas em um modelo matemático cujo resultado é o Índice de Competitividade Urbana (Icur). (explicação detalhada em Metodologia, na pág. 29)

São Paulo, a gigante fi nanceira da região, mantém o pri-meiro lugar deste ranking. Pese o caos urbano e os engarra-famentos que minam a paciência de motoristas e pedestres, a capital paulista apresenta vantagens em relação ao restante das cidades. Sua estrutura de serviços corporativos cresce, bem como seu dinamismo eco-nômico. A capital paulista leva a frente na corrida por atrair sedes de multinacionais para a região, uma vez que prova com medidas inovadoras, como a eliminação de publicidade nas ruas.

Em segundo lugar está San-tiago, a ordenada capital chilena, que perdeu parte das vantagens que lhe garantiram o primei-ro lugar na edição passada do ranking. Ainda assim, companhias multinacionais como a Tata Consultancy Services ainda a preferem para instalar sua base regional.

Em terceiro lugar está Miami. Apesar de registrar amplas vantagens em muitos dos indicadores observados, a cidade do sul da Flórida registrou queda devido ao forte impacto da crise fi nanceira em seu dinamismo econômico e na solidez de seu sistema fi nanceiro. E em quarto, mantendo a posição do ano anterior, está a Cidade do México.

Como a internet pode colaborar com o sistema de transporte público de uma

cidade? Pode conectar um semáforo a uma câmara que contabilize o fl uxo de carros? A conectividade e a capacidade de cômputo passam a estar a serviço da ges-tão urbana. Esse é o objetivo da aliança da empresa Cisco e a Metrópolis, associa-

ção que reúne mais de cem cidades ao redor do mundo e que na América Latina conta com 15 representantes, entre eles Brasília, Buenos Aires, Guadalajara, La Paz e Puebla. O objetivo dessa união é criar mecanismos para que no futuro as cidades sejam mais efi cientes através da tecnologia; mecanismos que levem a um

desenvolvimento urbano sustentável. “É uma área totalmente nova, um campo novo para o desenvolvimento tecnológi-co”, diz Jaime Valles, presidente da Cisco para os mercados emergentes. “É uma grande oportunidade para que as cidades desenvolvam estratégias de sustentabi-lidade.”

Page 27: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 27

DE MAU A PIORPercepção da existência de iniciativas de sustentabil-idade e despoluição (taxa de respostas negativas), cidades selecionadasFONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

25

20

15

10

5

CARACAS

10,5

ASSUNÇÃO

6,3

B. AIRES

5,9

C. DAGUATEMALA

4,2

LA PAZ

3,1

BOGOTÁ

2,8

SANSALVADOR

2,8

O CUSTO DE VIDA SOBE OUTRA VEZAs cidades mais caras da região em 2009 Nova York=100FONTE: AE INTELLIGENCE SOBRE A BASE DE DADOS MERCER

50 60 70 80 90 100 110

103,7CARACAS

82,0MIAMI

76,5C. PANAMÁ

75,4SAN JUAN

70,1C. GUATEMALA

67,9SÃO PAULO

66,7RIO DE JANEIRO

66,1LIMA.pe

.br

.br

.gt

.us

.pr

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.ve

64,7

62,6

BARRANQUILLA

B. AIRES

.co

.ar

RELEVÂNCIA VERDEPercepção de relevância dos temas ambientais nas políticas públicas

FONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

MUITO IMPORTANTE NADA IMPORTANTE

25

20

15

10

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CIDADES SUSTENTÁVEISÍndice 2009 em base 100. Considera: registro de PM 10, percepção de avanços em temas ambientais e défi cit de áreas verdes

70 75 80 85 90

RECIFE 83,7CURITIBA 82,3

MIAMI 77,8PORTO ALEGRE 76,4

LEÓN 74,7MEDELLÍN 74,7

CALI 74,2MANAUS 73,6

GUAYAQUIL 72,5QUERÉTARO 72,2

BRASÍLIA 71,9BARRANQUILLA 71,4

MANÁGUA 71,2MENDOZA 71,2

AGUASCALIENTES 70,5

FUENTE: AE INTELLIGENCE

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A CRISE NASCIDADES GLOBAIS

As grandes cidades prosperaram junta-mente com seus mercados fi nanceiros.

Especialmente as cidades globais, aquelas que hoje são centros de conexão para várias indústrias mundiais, como Londres e Nova York, e em menor medida São Paulo, Santiago e Cidade do México. Mas isso tem efeitos secundários: o desen-volvimento de mercados fi nanceiros gera muita desigualdade, e tende a afastar as companhias que não conseguem obter o altos níveis de lucro. Por isso, desde os anos 80, algumas cidades se concentra-ram excessivamente em serviços fi nan-

ceiros, deixando de lado um adequado nível de diversifi cação. Não foi uma boa ideia, porque a indústria fi nanceira, pese a suas constantes inovações (e possivel-mente devido a isso), está em uma crise permanente.A diversifi cação industrial é um obstáculo efetivo à propagação da crise, e políticas urbanas baseadas na especialização não são estratégias de desenvolvimento - observemos Detroit e sua excessiva dependência da indústria automobilística.Um elemento novo nesta crise é que ela

foi gerada pelo uso ativo dos espaços ur-banos. As hipotecas de terrenos e proprie-dades foram securitizadas, com o objetivo de gerar um tipo primitivo de sistema de acumulação, diferente do objetivo das fi nanças: fi nanciar e criar capital. E se está pagando caro por isso.Não obstante, as cidades dedicadas às fi nanças possuem vantagens. Tal como aconteceu em Nova York, depois da crise de 1987, para resolver a crise, os especia-listas em fi nanças deverão trabalhar nela. E não há melhor lugar para fazê-lo que nas cidades globais.

*Saskia Sassen, professora e membro do Comitê do Pensamento Global da Universidade de Columbia, Nova York

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28 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

IGOR GARÁFULIC,REGIÃO METROPOLITANADE SANTIAGO “A cidade ideal deve ter uma base produtiva inserida na economia mundial, com um modelo de desenvolvimento sustentável, querespeite o meio ambiente e o uso de energias renováveis não-poluentes, com um sistema de transporte público integrado que estimule o transporte não-motorizado.”

A VOZ DOS PREFEITOSLUIS CASTAÑEDA,LIMA“A cidade ideal não existe. As cidades são vivas e, como tais, evoluem constantemen-te, como as pessoas, que possuem suas diferenças e semelhanças. Os problemas são comuns a todas as urbes do mundo. Mas o mais importante é trabalhar pela qualidade de vida das pessoas.”

SAMUEL MORENO, BOGOTÁ“Nossa gestão se orientará em consolidar Bogotá como a Capital dos Direitos. Isso mediante uma agressiva política social, que se complementa com fortes investi-mentos em mobilidade e infraestrutura, e um forte impulso ao empreendimento e à atração de riqueza em uma economia de serviços.”

Um pulmão verde dentro da cidade não só oxigena o ar que se respira como também convida a passear. Por isso, o défi cit de áreas verdes é importante para nossos leitores

FALTAM ÁRVORESCidades nas quais se percebe o maior défi cit de áreas verdesFONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

60

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Se nesses primeiros lugares o que se vê é uma dança de ca-deiras mais ou menos prevista, a partir da quinta posição, até a 25a, a disputa fi ca mais in-teressante. Empates quase téc-nicos ou margens de diferença que não superam o centésimo, tornando a análise mais saboro-sa. O que indica que qualquer iniciativa que se desenvolva nos próximos anos marcará a diferença e poderá defi nir a colocação dos países no seleto top 10. É o que demonstram Bogotá e Lima, na medida em que continuam brigando palmo a palmo. Entretanto, a maior surpresa está mais ao Sul: Montevidéu ganhou 11 posições graças a um excelente dinamismo econômico e à melhora de seus serviços corporativos, graças ao forte aumento da penetração dos serviços de telecomunicações.

Já as cidades mexicanas estão em baixa, devido ao forte impacto da crise econômica gerada nos EUA e ao crescimento da violência. Apesar de terem se tornado mais baratas com a desvalorização da moeda mexicana, aumentaram as taxas de homicídio e a percepção de insegurança, que as castigaram especialmente na dimensão dos serviços pessoais.

A inclusão de novas cidades no ranking também é a responsável pelas principais quedas evidenciadas na tabela

geral, como a das cidades argentinas de Rosário e Mendoza, afetadas negativamente ainda pelo mau resultado dos indica-dores macro do país, principalmente no último ano.

MANNY DÍAZ,MIAMI“A iniciativa Energy Smart Miami é um investimento no futuro de nossa cidade, que criará novos trabalhos verdes e uma economia de energia limpa. Esta iniciativa satisfaz as metas da administração de Obama de investir em energia alternativa e renovável, terminando assim nossa dependência do combustível estrangeiro.”

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 29

O ICURO Índice de Competitividade Urbana (Icur) bus-ca sintetizar as variáveis que as empresas e os executivos observam na hora de se instalar em uma cidade para fazer negócios. Esse indicador é o resultado de uma metodologia desenhada especialmente para a elaboração do Ranking das Melhores Cidades para Fazer Negócios. A tese central tem base na oferta urbana das distintas urbes para fazer e atrair negócios, bem como na estrutura que o país de origem lhes oferece. O Icur constitui-se de um modelo de mais de 50 variáveis que se dividem em duas grandes di-mensões: variáveis de contexto e diferenciais. As primeiras correspondem à plataforma que o país lhes outorga, que defi ne sua escala. Estas variáveis se agrupam em dois indicadores: a estrutura macroeconômica e a político-social. Dentro delas se podem destacar a liberdade para fazer negócios, o índice de desenvolvimento humano e um indicador de governabilidade.A segunda dimensão se refere à oferta real que sustenta a competitividade própria das cidades e que determina as diferenças dentro do índi-ce fi nal. As variáveis diferenciais são compostas de cinco indicadores que correspondem ao ta-manho e ao dinamismo econômico, os serviços corporativos que oferece às empresas, a oferta urbana de serviços pessoais (qualidade de vida, segurança e entretenimento) e o proveito que tira de sua conectividade física (defi nida pelo movimento portuário e aeroportuário, e-go-vernment e poder de marca) e o capital intelec-tual (criação e difusão de conhecimento). Além disso, considerou-se um indicador de susten-tabilidade ambiental, construído sobre a base de informação de poluição e a pesquisa com a comunidade de leitores de AméricaEconomia,com 1,2 mil respostas.

FontesOrganismos ofi ciais de cada país e cidade, como Bancos Centrais, Bolsas de Comércio, Institutos de Estatísticas, sites de cada participante e in-formações próprias de AméricaEconomia Intelli-

gence. Também se recorreu a organismos inter-nacionais tais como Banco Mundial, ISI Web of Knowledge e PNUD, entre outros. Foram analisados e processados ainda dados provenientes de companhias e organismos in-ternacionais como ACI Aero, Cisco, CB Richard Ellis, The Heritage Foundation, Cybermetrics Lab, Economática e Mercer. AméricaEconomia Intelli-gence estimou dados para 2008 nos casos em que estes se encontravam desatualizados.O poder de marca e alguns dos gráfi cos apresen-tados neste especial foram elaborados com base em nossa pesquisa com executivos, efetuada na primeira quinzena de março de 2009, que teve mais de 1,2 mil questionários respondidos por representantes de todos os países da região, .

Padronização dos dados e resul-tados do rankingDado que as variáveis se encontram em dife-rentes unidades, estas foram padronizadas em base 100, para dar maior valor às melhores prá-ticas, de acordo à natureza da variável. Algu-mas variáveis foram sintetizadas em subíndices,através da média das variáveis padronizadas. Finalmente, a cada indicador foi dado um pon-derador proposto pelo painel de especialistas e as duas dimensões do modelo, obtendo assim o Icur.

Seleção de cidadesEsta versão contou com o acréscimo de cidades que antes não haviam participado. Entre elas se encontram Valparaíso, Concepción, Manágua, Tegucigalpa, Aguascalientes, Manaus e São Luis. A seleção foi feita sob o critério de população e PIB.

AgradecimentosFrank Holder, da Holder Internacional; Paula Fiszman, da Cisco; Nancy Gautier, do Airports Council International; José Esteves, do Institu-to de Empresa; Jennifer Morgan, da Mercer; e a nosso painel de especialistas.

METODOLOGIA DO RANKING E CÁLCULO DO ICUR

O BOM É A GENTEPrincipais virtudes de sua cidadeFONTE: PESQUISA LEITORES AE INTELLIGENCE

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

HOSPITALIDADE DAS PESSOAS

EXPECTATIVA DE CRESC.

PATRIMÔNIO CULTURAL

DIVERSÃO

QUALIDADE DE VIDA

ATRAÇÕES TURÍSTICAS

ORDEM E BELEZA

21,0%

20,4%

15,2%

11,0%

10,8%

8,2%

7,2%

6,1%BAIXO CUSTO DE VIDA

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30 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

CIDADES DO FUTURO

1

2

3

4

5

6

7

8

1.- Posto para troca de baterias elétricas2.- Postes de luz reguláveis de LED3.- Posto de aluguel de bicicletas4.- Edifício com horta para produção de alimentos

5.- Carros elétricos de longo alcance6.- Ônibus e metrô suspensos7.- Captura e depósito de águas da chuva8.- Novos materiais de isolamento

ROD

RIGO D

ÍAZ CARRIZO

Ofuturo chegou e, em se tratando de cidades, não é como prometeram os movimentos de esquerda latinoamericanos. Nem tampouco os de direita. Pelo menos não se levados em conta 77% dos paraguaios que vivem sem saneamento básico, 42% dos salvadorenhos sem água potável, 37% dos brasileiros que se viram sem hospitais nas favelas e 70% dos habitantes de Villa El Salvador, em Lima,

todos menores de 25 anos, que não dispõem nem remotamente de transporte adequado para levá-los à escola.

É verdade que as cidades da região cada vez mais contam com áreas de cobertura wi-fi e que a telefonia celular é universal. Jamais se pode contar com tantas estradas e metrôs, mas jamais os congestionamentos foram tão longos e permanentes como agora. E nunca houve tanta iluminação pública para acudir pro-porcionalmente tão pouca gente, que hoje tem medo de sair em seus bairros pobres ou está ensimesmada nos bairros ricos.

PRÓXIMAS DE COMEMORAR 500 ANOS, AS URBES LATINOAMERICANAS VEEM O HORIZONTE COMPLICADO. MAS SE ELAS SÃO UM PROBLEMA, TAMBÉM FAZEM PARTE DA SOLUÇÃO

RODRIGO LARA SERRANO

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 31

Mas, se hoje nenhuma é ideal, como seria a verdadeira cidade latinoamericana de um futuro melhor? “Seria uma em que as crianças pudessem andar de bicicleta em segurança por todas as partes”, responde preciso como um dardo Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, que revolucionou a capital colombiana com medidas audazes.

Para Peñalosa, existe um mal entendido. O bem estar e o futuro urbano não se medem por enormes estradas ou edifícios de vidro, mas pelo encontro. “Temos que entender que, por exemplo, em termos de transporte, uma cidade avançada não é aquela que tem muitas avenidas e metrôs, mas aquela onde os cidadãos de alta e baixa renda se encontram como iguais no transporte público, nas ruas e andando de bicicleta”, diz.

Se há uma cidade onde isso não se cumpre, esta é a capital peruana. “Lima ainda não conta com sistemas de transporte rápido massivo. E não é só. O transporte público cada vez se concentra mais em pequenos veículos informais”, diz Raúl Del-gado, urbanista, especialista em transporte público. Lamentavel-mente, afi rma, “os projetos futuros, como o Metropolitano (de corredores segregados) e o Trem Elétrico Urbano, são esforços isolados”. Por quê? “Hoje os transportes perfazem cerca de 16 milhões de viagens, e a capacidade desses projetos é de cobrir apenas de 10% a 12% dessa demanda.”

Para Delgado, “é preciso pensar em uma rede confi ável de transporte público, como o metrô, para um futuro próximo”. Já Peñalosa discorda. Lembra que “é impossível resolver a neces-sidades de trânsito massivo com sistemas de trens subterrâneos: sua construção e posterior operação são muito custosas.” Assim, “a única possibilidade para cobrir toda uma cidade é com siste-mas de ônibus.” Segundo ele, “nosso sistema Transmilenio (com princípios semelhantes aos de Curitiba, no Paraná), transporta mais passageiros por hora / percurso que 95% do metrô, e com velocidade similar”.

GIGANTES BONS. OU NÃO

Lima também é exemplo de outra encruzilhada comum às cidades da região que desejam chegar aos 500 anos mere-cendo o carinho de seus habitantes: persistir no gigantismo,

desalentá-lo ou transformá-lo.A região metropolitana de Lima produz quase 50% do PIB do

país, o que “suscita perguntas muito sérias sobre a democracia, a distribuição da riqueza e os padrões de imigração dentro de uma nação”, diz Ricky Burdett, líder do Urban Age, programa de cidades da London School of Economics, um dos centros de pesquisa em urbanismo mais infl uentes do planeta. Ele diz que “de uma perspectiva puramente econômica, o tamanho absoluto das cidades tende a torná-las mais competitivas” e infl uir em sua posição na cena global das economias urbanas. Mas “como muitas cidades europeias o demonstraram, não é o tamanho de uma cidade o fato que a permite ter um papel-chave na econo-mia global, mas sua capacidade de operar como parte de uma rede maior e, ao mesmo tempo, oferecer uma qualidade de vida mais alta que a de muitas megacidades”.

E qualidade de vida também tem relação com disponibilidade de energia. É aí que Emil Osorio Schmied, mestre em Design Ambiental pela Universidade de Nottingham, vê um futuro di-

fícil para países como Peru, Chile e Argentina. “A tendência à concentração do consumo em um grande centro urbano não é benéfi ca para os países. Quando as frentes de recursos energéti-cos se esgotam no raio de grandes cidades, obrigam a busca de recursos disponíveis em áreas distantes, colocando em risco a independência energética de centros urbanos menores”, diz.

Javier del Río, presidente honorário da Associação Chilena de Energia Solar (Acesol) e coordenador do mestrado em Arqui-tetura Sustentável da Universidade Nacional Andrés Bello, em Santiago, é pessimista quanto ao futuro. “A energia demandada nessas cidades será muito maior. São uma espécie de ‘buraco negro’, tragam tudo.” Em busca de soluções, Del Río destaca que uma parte destas pode chegar “evitando-se que se formem subcidades de diferentes categorias dentro delas. É preciso estar sempre observando (autoridades e associações civis) se todos os setores estão dotados equilibradamente de ferramentas (sociais, educacionais, culturais, de trabalho). Uma cidade grande pode ser boa sob essa premissa.”

Burdett destaca um exemplo. “A rede de cidades colombianas lideradas por Bogotá, Medellín e Cali destacou as vantagens do desenvolvimento urbano multimodal.” E, no caso de Brasil e México, “cifras ascendentes estão indicando que as cidades regionais crescem mais rapidamente que as centrais.”

Como em um jogo da memória (ou “jogo do mico”), o problema são as cidades e a solução são... as cidades. “Elas são atores de inovação decisivos para conquistar um futuro sustentável”, diz Burdett. Isso porque “o desenvolvimento urbano é fator crítico para qualquer estratégia focada em desvincular padrões de vida altos de grande consumo de recursos.”

PODER URBANO

Nesse ponto, inovar não signifi ca criar novas tecnologias em máquinas, mas principalmente novas soluções admi-nistrativas. Ou seja, é o poder de reinvenção da sociedade.

“Focar-se em um crescimento urbano inclusivo, juntamente com o desenvolvimento sustentável das cidades, é prioridade número 1”, diz Philipp Rode, diretor executivo da Urban Age. “E colocar os pobres em um gueto – mesmo quando tenham infraestrutura básica – nunca será um fator de sucesso para criar cidades mais inclusivas.”

Segundo Rode, não há segredo: as brechas de desigualdade de renda se fecham se nas favelas e periferias existirem “escolas, parques, bibliotecas, lugares de descanso e transporte público acessível a todos os cidadãos”. Mas se isso é tão óbvio, por que são poucos os governos municipais que o fazem?

Cegueira, preconceito, ignorância. “Em Lima, cada governo municipal trata de apagar qualquer vestígio da gestão anterior”, diz Alfredo Queirolo, arquiteto, empresário e escritor. Para ele, ainda colabora “a pouca ou nula vontade cívica” dos limenhos.

Mas há outro elemento: a fragmentação das administrações urbanas. “Cada miniautoridade quer realizar uma obra, mas somente até o seu perímetro. É incrível. Muitas vezes, se um jardim ou parque é o limite entre dois distritos, vê-se uma parte melhor mantida que outra”, afi rma. Assim, “o que faz falta é uma visão ‘macro’, um verdadeiro Instituto de Planejamento, mas com poder e autoridade. E não prefeituras que pareçam

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32 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

PÉS-DE-CHUMBONúmero de mortes em acidentes de trânsito por grupo de 100 mil habitantes

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14 13,914,1 14

12,1

3,6 4,12,5

7,6

31,5

25,5

1,1

5,32

6,58,7

35

30

25

20

15

10

5

0

4,47,9

28,7

13,813 14,7

A CIDADE NÃO PARAProjeção de crescimento da população nos principais centros urbanosFONTE: URBAN AGE, CITIES PROGRAMME, THE LONDON SCHOOL OF ECONOMICS, SOUTH AMERICAN CITIES: SECURING AN URBAN FUTURE, REPORT

FONTE: URBAN AGE, CITIES PROGRAMME, THE LONDON SCHOOL OF ECONOMICS, SOUTH AMERICAN CITIES: SECURING AN URBAN FUTURE, REPORT.

Cidade 1950 2008 2025

SÃO PAULO 2.334.038 19.097.819 21.427.559

RIO DE JANEIRO 2.950.238 11.890.040 13.413.254

BUENOS AIRES 5.097.612 12.901.465 13.767.514

BOGOTÁ 630.315 7.969.462 9.600.119

LIMA 1.065.888 8.139.667 9.599.648

NOVA YORK 12.338.471 19.181.849 20.628.241

LONDRES 8.360.847 8.585.818 8.617.842

XANGHAI 6.065.511 15.244.010 19.412.266

CIDADE DO MÉXICO 2.883.228 19.178.471 21.008.776

JOHANNESBURGO 899.876 3.506.876 4.040.979

BERLIM 3.351.757 3.412.490 3.435.600

MUMBAI 2.857.359 19.348.649 26.385.026

latifúndios nos quais se vela pela região sem olhar além de seus limites”.

Peñalosa concorda. “A irracionalidade de contar com muitos municípios em uma só área metropolitana cria inefi ciências e desigualdades. Interesses egoístas e míopes mantêm as coisas assim, enquanto em sociedades como Canadá, Finlândia e Aus-trália tem sido realizadas importantes fusões de municípios.”

Entre as empresas de construção também há consenso sobre a necessidade de mudanças. “É necessário planejamento, e para isso se requer uma visão de longo prazo, elemento estranho em nossos países. Temos que ser capazes de criar planos mestres de desenvolvimento urbano harmoniosos e respeitá-los; esse é o grande desafi o”, diz Eric Rey de Castro, diretor-gerente da Colliers International, no Peru. Para ele, “a inovação deve vir pelo investimento no longo prazo, junto com as AFP`s, que precisam diversifi car seus portfólios e orientar parte deles à infraestrutura e aos projetos imobiliários”.

Se quisermos cidades do futuro que funcionem, “os poderes nacionais terão que ser mais descentralizados e, ao mesmo tempo, as cidades terão que assumir responsabilidades não apenas para o núcleo de seu território, mas pela maior aglomeração urbana que as rodeia”, diz Rode. Esses novos sistemas de governos metropolitanos também “terão enormes oportunidades de ajudar na execução das agendas nacionais para reduzir o consumo de energia e enfrentar as mudanças climáticas”.

FARÁ CALOR

Isso porque, se o aumento da temperatura global não for contido, muitas cidades latinoamericanas poderão, inclusive, desaparecer nos próximos 50 anos. Com o aumento previsto

do nível do mar, Gauyaquil, Cidade do Panamá e Buenos Aires seguirão o destino de Veneza. Lima e Santiago se transformarão em capitais com permanente seca. E a capital mexicana viverá à beira do colapso hídrico.

Hoje, com 19 milhões de habitantes, a zona metropolitana

do vale do México tem seus aquíferos superexplorados. Veró-nica Martínez David, coordenadora de projetos do Conselho Consultivo de Águas, afi rma que, com 30% da água sendo importada de zonas distantes, “é urgente planejar, desenvolver e implementar uma estratégia integral para o fornecimento de água para toda a população”. E, para chegar ao futuro com segurança no abastecimento, “é indispensável ampliar o sa-neamento de águas residuais urbanas e industriais e aumentar sua reutilização”.

Del Río, no Chile, prognostica que, frente à seca, diferentes respostas mudarão a forma de viver nas cidades. Entre elas, re-comenda “mudar o tipo de vegetação das áreas verdes, ter duas formas de adquirir água, ou duas contas (uma de água potável e outra de reciclada), e aumentar o preço desse insumo. A melhor forma de valorizá-la é, sobretudo, educando”.

Em Buenos Aires, o arquiteto Fernando Couto propõe que as águas de chuva sejam guardadas obrigatoriamente em de-pósitos subterrâneos – nesse caso, não pelas secas, mas para evitar inundações com os temporais – em cada um dos edifícios da cidade. “Por ter a cordilheira tão perto e tantas áreas com desníveis, nos convém fazer reservatórios no alto. Além disso, é preciso tratar a água do mar, talvez só para irrigação, no início”, comenta Del Río sobre Santiago.

Já o aumento do nível do mar pode golpear o Chile energica-mente. “Curiosamente, aqui existem muitas centrais termoelétricas, associadas a portos de desembarque de matérias-primas, que fornecem energia ao sistema nacional em toda a sua extensão. O aumento do nível do mar reduziria a capacidade de abasteci-mento de tais centrais”, conta Osorio. E, ainda pior, “em alguns casos, obrigaria sua total paralisação por inundação”.

Poderão nossas cidades resistir a tantos desafi os simultâneos? Burdett lembra que o sucesso das cidades têm sido sua perma-nente reinvenção. “Dentre as transformações mais radicais das cidades, em um futuro próximo, poderemos ver a reintrodução da produção de alimentos, a agricultura urbana.”

Nas próximas décadas, a profi ssão de urbanista poderá se tornar algo tão perigoso quanto apaixonante.

Com Natalia Vera, Lima

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NEGÓCIOS CÓDIGO ABERTO

O NEGÓCIO DECOOPERARRed Hat reforça atuação na região em meio a rumores de que estaria na mira da Oracle Rodrigo Lara Serrano

Um telefone toca no meio da reunião. “É a Oracle”, diz Jim Whitehurst, CEO

da Red Hat. Os sorrisos se multiplicam. Tal episódio aconteceu há poucos dias em

Puerto Madero, Buenos Aires, uma das paradas do executivo em sua passagem relâmpago por Brasil e Argentina. Poucas horas depois, a mídia especia-lizada dos EUA afirmava que

o gigante de Redwood Sho-res, na Califórnia, preparava uma oferta para abocanhar o maior provedor de serviços e operação de código aberto do planeta.

O fato é que a Red Hat é algo mais que “a única companhia rentável de open source do mundo”, como seu CEO se orgulha em afirmar. É uma empresa que cada vez registra mais lucro. O que, em tempos de recessão, vale muito. No quarto trimestre de 2008, a Red Hat registrou uma margem operacional de 23%, graças à qual ganhou US$ 39,8 milhões, com um total de US$ 148,4 milhões no ano todo, sobre um faturamento de US$ 653 milhões.

Talvez por isso Whitehurst se permita afirmar que, atual-mente, em seu setor, “a grande novidade é a crise econômica”. E se refere a isso como algo positivo. Por quê? “O código aberto é um mundo em de-senvolvimento. É a inovação através da cooperação.” E a crise é o momento de aper-feiçoar produtos ou sistemas produtivos através dela, redu-zindo custos e melhorando a produtividade. Por isso, diz, “nosso negócio é mudar a ca-beça das pessoas”, porque “as pessoas demoram a entender” coisas como a cooperação que levaram a cabo com a Novell. “Desenvolvemos um serviço de mensagem e convidamos a Novell a participar. Eles lançaram um produto similar quase ao mesmo tempo. Pode-se pensar: ‘estão loucos?’, mas não é assim. Parte de nosso negócio é ensinar as pessoas a trabalhar em comunidade.

Para Red Hat, essa visão é mais fácil de defender porque, diferentemente da Microsoft, não é uma empresa que venda um pacote de software. De fato, o núcleo de seu negócio é Linux, que se pode conse-

guir gratuitamente. “Nosso negócio é o suporte.” E, aí está o segredo: cobrar para dar suporte a um produto muito mais estável do que o que a concorrência oferece pode ser muito rentável. É como se uma empresa (Microsoft) vendesse carros e um servi-ço de manutenção, e outra (Red Hat) presenteasse um carro e cobrasse por adaptar esse carro às necessidades do comprador. Ou, inclusive, lhe dando um novo caso o velho quebre.

Claro que é um negócio que funciona para quem necessita de uma frota de veículos sub-metidos a grandes esforços, e não um carro de passeio para ir visitar a família. E esse é o motivo pelo qual a empresa de Whitehurst está tão inte-ressada no Brasil. Há pouco tempo abriu um escritório em Brasília para prestar serviço a vários órgãos do governo que migraram para Linux.

Para a Red Hat, a Améri-ca Latina é um lugar “onde temos muito que fazer” nos próximos anos. E, quando se trata de códigos abertos, iniciativas como o cloud computing (termo usado para descrever um ambiente de computação baseado em uma rede massiva de servidores, sejam virtuais ou físicos) não são uma oportunidade? Como ex-executivo de uma companhia aérea, Whitehurst é qualquer coisa, menos um sonhador. “Não estamos interessados no negócio do cloud computing. Não tenho ideia se funcionará ou não”, contesta. Mas, pragmático, apenas deixou a América do Sul, Whitehurst assinou – juntamente com IBM, Sun Microsystems, Cisco, Novell e EMC – o Manifesto Cloud Computing, que defende que os padrões do novo modelo sejam…open source.

xxxxxx: xxxxxxxxxxxx.

Whitehurst: Cabeças mais abertas.

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34 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

NEGÓCIOS INDÚSTRIA NAVAL

Estaleiros brasileiros mantém planos de investimento escoltados pelo setor energético. E a Argentina vem a reboque Dubes Sônego e Sérgio Spagnuolo, São Paulo

No início dos anos 1990, a indústria naval brasileira tocou o fundo do poço.

Do apogeu, no final da déca-da de 1970, quando chegou a ocupar a segunda posição no ranking mundial (pelo critério de tonelagem de porte bruto - TPB), recolheu-se à condição de coadjuvante, à atividade de reparo. A maré, porém, começaria a virar no final da década passada. Primeiro com a reformulação da legislação do setor de petróleo e a criação

da Transpetro, braço logístico da Petrobras. Logo depois, já transposto o milênio, com uma série de programas de compra de embarcações de estaleiros nacionais, parte de um plano estratégico estatal maior, na-tural em um país com mais de 8 mil km de costa. A novidade é que o modelo, que já vinha dando certo, é agora, em meio à crise, considerado a principal âncora do setor, num momento em que a demanda internacio-nal parece à deriva.

De acordo com números da Clarksons Research Services, expostos no relatório do Sin-dicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) sobre o cenário da indústria naval no primeiro trimestre, em fevereiro havia em construção no mundo 9.650 navios, 298 a menos que nas previsões ini-ciais para 2009, publicadas em janeiro. No estudo há a ressalva de que 227 encomendas entre as não-concretizadas nem che-

garam a ter contrato assinado. Outras 44 foram canceladas de comum acordo entre arma-dor e construtor e apenas 27 foram efetivamente contratos desfeitos. Mas o contraponto com a situação do mercado brasileiro é evidente.

Enquanto novos pedidos encalharam lá fora, “no Brasil a crise não atinge a construção naval, blindada com financia-mentos do Fundo da Marinha Mercante (FMM) - que no ano passado desembolsou R$ 1,36 bilhão - e encomendas da Petrobras e da Transpetro”, diz o mesmo relatório.

Somente a Transpetro, através de seu Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), deverá encomendar 49 navios, até 2014. Na primeira fase do programa, batizada Promef I (2008-2013), há demanda por 26 navios petroleiros e gaseiros, totalizando US$ 2,5 bilhões em investimentos, apoiados pelo FMM.

Nesta etapa já há contratos firmados com os estaleiros Eisa (RJ), Atlântico Sul (PE), Mauá (RJ) e Itajaí (SC). Pelo Promef II (2009-2014), espera-se para este ano a contratação de mais 23 navios, 15 dos quais estão em análise de proposta e oito que ainda serão licitados para estaleiros nacionais. Co-mo comparação, entre 1998 e 2008, o setor construiu ao todo 34 embarcações diver-sas, além de plataformas de petróleo.

“Se você considerar só a metade das encomendas da Petrobras, já é um volume muito significativo”, diz Do-mingos D’Arco, presidente do estaleiro Mauá - com as encomendas do Promef I a empresa está voltando a construir navios, depois de um hiato de nove anos. Mas outras companhias do setor petrolífero, como Chevron,

Wilson,Sons: expansão em marcha

AO LARGO DA TORMENTA

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 35

Shell e Devon, estão ampliando investimentos no país e podem vir a esticar a demanda por navios na região.

Não à toa, a indústria naval brasileira fechou 2008 com cerca de 42 mil empregos diretos. E somente a segunda fase do Promef deverá gerar outros 18 mil postos de traba-lho, de acordo com estimativas da Transpetro. “Claramente, o impacto na América Latina foi menor que na Ásia”, diz Horacio Tettamanti, presidente da Associação Bonaerense da Indústria Naval (ABIN) e titular do estaleiro Servicios Portua-rios Integrados (SPI).

Até porque aqui não ha-via uma carga de trabalho tão significativa quanto na Coreia do Sul, na China e em países asiáticos onde, segundo Tettamanti, houve até uma bolha especulativa no setor de construção naval – a China é a maior produtora do mundo, com encomendas de mais de 3,5 mil navios, seguida da Coreia do Sul, com pouco menos de 2,5 mil navios e do Japão, com aproximadamente 1,5 mil em-barcações encomendadas.

“Por sorte”, continua o empresário e dirigente sindical argentino, “a indústria naval tem aspectos de territorialidade; dinâmicas econômicas e de ser-viços associadas às distâncias territoriais. Há mercados que permanecem cativos da região e esses estão dando suporte à indústria local”. Uma caracte-rística para a qual, afirma, con-tribui o programa de compras da Transpetro. “A Petrobras sustentou e sustenta a produ-ção de barcos e o programa de ampliação de sua frota inde-pendentemente da crise. Essa exigência de territorialidade e os impulsos à atividade dados pela política industrial de Lula evitaram que o impacto fosse mais profundo”, diz.

É uma situação singular

para a qual os estaleiros brasi-leiros vêm se preparando com investimentos em ampliação da capacidade instalada e modernização. Ainda que diga temer ter que demitir funcio-nários, caso se confirme um descompasso entre a entrada de novos contratos e a entrega de encomendas na casa, D’Arco, do estaleiro Mauá, garante que os planos de expansão permanecem. Serão R$ 178 milhões para dobrar a capa-cidade de produção anual de navios, de dois para até cinco. “Poderemos fazer mais e mais rápido”, diz.

O grupo Wilson,Sons, outro exemplo, mantém seus projetos de ampliação da capacidade de seu estaleiro no Guarujá (SP) e espera iniciar a construção de uma nova unidade em Rio Grande (RS), para a produção de embarcações offshore,rebocadores e embarcações para terceiros. Os dois projetos são orçados em entre US$ 60 milhões e US$ 70 milhões. “A demanda por embarca-ções de apoio a plataformas de petróleo deve manter-se em crescimento, assim como por navios para cabotagem, embarcações de serviço e militares de patrulha”, afirma Arnaldo Calbucci, diretor de Rebocadores, Offshore e Es-taleiros do grupo.

Mas não são apenas as perspectivas positivas no cam-po da exploração e produção de petróleo que abastecem as esperanças da indústria naval brasileira, formada por 25 estaleiros, por trás dos quais estão grupos como Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, PJMR, UTC, WTorre, Fischer, STX e SembCorp. Segmentos do setor energético, como o de etanol, e os setores de mineração e siderurgia também abrem boas perspectivas. “O Brasil possui hoje vários projetos que podem fazer subir a de-

manda por navios”, diz Timo Bothmann, chartering brokerda alemã Beluga, especiali-zada em transporte de cargas pesadas e grande compradora de navios.

Parte significativa desses projetos será abastecida por estaleiros estrangeiros, afir-ma o executivo. Mas, “os brasileiros também devem se mostrar ativos, especialmente pela demanda de companhias locais”, diz. A Vale, por exem-plo, anunciou em janeiro que encomendaria 49 navios no Brasil, em contratos avaliados em R$ 398,6 milhões, com os estaleiros Detroit (SC), San-ta Cruz (SE) e Rio-Maguari (PA).

“Está comprovado que a indústria naval brasileira sempre conseguiu produzir os navios necessários por aqui.

Capacidade não é o problema; o que houve foi um desequi-líbrio na década de 1990, por conta da abertura à concor-rência internacional. Estamos re-equilibrando”, diz Meton Soares Jr, diretor-tesoureiro da Federação Nacional das Em-presas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário (Fenavega).

SOBRAS LUCRATIVAS Mas, parte do re-equilíbrio passa pela solução de gargalos, em especial em mão-de-obra. Algo que vêm abrindo oportu-nidades para países vizinhos, como a Argentina. Segundo Tettamanti, a indústria argen-tina está em negociação com a Câmara da Indústria Naval Brasileira para implantar um

acordo de parceria em segmen-tos nos quais a capacidade de produção brasileira é limitada. “Estamos propondo uma asso-ciação em engenharia naval, construção de cascos, painéis elétricos, engenharia elétrica, alojamentos, carpintaria e mo-biliário interior. Áreas nas quais a Argentina tem experiência e qualidade de produção e que coincidem com a demanda brasileira”, diz.

De acordo com o dirigente da Abin, que representa qua-tro estaleiros da província de Buenos Aires, apesar de se beneficiar em parte de enco-mendas feitas pela Transpetro, o setor no país deverá sofrer queda de 30% na demanda doméstica. Empregando cerca de 10 mil pessoas, a indústria naval argentina, que em 2008 faturou cerca de U$ 800 mi-

lhões, é sensível a flutuações na demanda por transporte na hidrovia Paraná-Paraguai, rota de minério de ferro e potássio bastante afetada pela crise. “Não prevemos que vá haver um aumento nos próximos dois ou três anos”, afirma. “Estamos tratando de sustentar o ritmo de trabalho atual”.

Ainda assim, Tettamanti afirma estar otimista: “na Argentina, temos experiência com este tipo de desequilíbrio econômico”. Além disso, no que diz respeito à demanda no setor de exploração de petróleo em alto mar, “é preciso lembrar que um de nossos clientes é a Petrobras”. Por supuesto.

Com Maria Soledad Gómez, Santiago do Chile

Somente a segunda fase do Promef, da Transpetro,

deverá gerar 18 mil empregos.

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36 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

NEGÓCIOS CINEMATOGRAFIAG

ILBE

RTO

CON

TRER

AS

A produção digital coloca empresas latinas na mira de HollywoodArly Faundes Berkhoff, Cidade do México

ESTRELAS VIRTUAIS

Quem assistiu ao filme Ocurioso caso de Benja-min Button certamente

lembra da cena em que um dos velhinhos do asilo conta a Benjamin (Brad Pitt) sobre quando foi atingido por um raio. O relato se repete sete vezes, tornando-se parte da narração.

O que talvez não saiba é que tal efeito especial – entre os 1,3 mil que tornaram o filme merecedor de um Oscar nessa categoria – nasceu no Méxi-co. Ao todo, seis estúdios de efeitos visuais participaram do filme, mas a presença da Ollin Studio, que já trabalhou duas vezes com o diretor David Fin-cher, é exemplo de uma nova exportação não-tradicional da América Latina. “Tivemos que fazer o raio e conseguir o lookde um filme antigo”, explica Alejandro Diego, diretor e fundador da empresa, junta-mente com Charlie Iturriaga e Jorge Lizárraga.

Ainda que nem todas che-guem ao Oscar, não falta espaço para as empresas la-tinoamericanas de criação digital dentro da globalizada indústria de Hollywood. “O cinema de Hollywood busca boa rentabilidade e necessita de imagens espetaculares”, diz Juan Mora, acadêmico

do Centro Universitário de Estudos Cinematográficos (Cuec) da Unam, na Cidade do México.

Há três anos, a Ollin abriu um escritório em Hollywood, comandado pela Robin D’Arcy, produtora com experiência na indústria norteamericana. “Ajudou-nos muito a gerar confiança”, explica Diego. “Com a tecnologia crescendo e o mundo cada vez menor, trabalhar fora dos Estados Unidos se tornou uma opção real de fazer negócios em nos-sa indústria”, diz D’Arcy. “O México está a um vôo curto de distância e a diferença horária é mínima se comparada com a Grã-Bretanha ou a Índia.”

MAIS TALENTOA Guatemala também está dando o que falar em geração de efeitos. Tudo isso a cargo do nicaraguense Carlos Argüello, que aos 17 anos migrou para a costa oeste dos EUA para estudar design. Trabalhou em estúdios como o Pacific Data Images, que depois passou a ser DreamWorks, e no Cinesite, da Kodak. Como diretor cria-tivo, esteve a cargo dos efeitos especiais de Armageddon e OAdvogado do Diabo, além do videoclipe da música “Black or White”, de Michael Jackson.

“Mas estava cansado e decidi ir embora”, lembra Argüello, que depois de 20 anos nos EUA voltou à Cidade da Guatemala, onde decidiu treinar jovens e formar a equipe de trabalho de sua empresa, a Studio C.

Argüello não acha que a América Latina seja atraente apenas por seus custos. “Em Hollywood não lhes interessa isso, mas o talento”, diz. Com produções de US$ 100 milhões ou mais que destinam ao me-nos 20% a efeitos digitais, economizar alguns milhões de dólares, segundo ele, não chega a ser tão relevante. “O que lhes interessa é o talento, a criatividade e o estilo de traba-lho”, enfatiza Argüello.

A primeira produção na qual o Studio C participou foi As Crônicas de Riddick,para a qual seu diretor, David Twohy, solicitava trabalhos à

Guatemala. Mas a principal conquista da equipe foi a participação em As Crônicas de Narnia, de Andrew Adam-son. Como os mexicanos de Ollin, o Studio C também foi indicado ao Oscar, em 2005, mas não ganhou. Mesmo assim, segundo Argüello, a candidatura foi chave para a expansão da empresa. “Foi a primeira vez que o trabalho de uma companhia latina recebeu indicação ao Oscar.”

Como resultado, a Studio C abriu escritório no México e está em processo de expandir-se à Costa Rica e à Colômbia. Já a Ollin está à espera de novas ofertas de Hollywood. Sem dúvida, o esboço de uma história latinoamericana que recém começa a se desen-volver, mas que pode ser tão bem-sucedida quanto seus efeitos especiais.

Alejandro Diego, da Ollin:truques merecedores de Oscar

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[FERRAMENTAS] PMES GLOBAIS

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 37

APOIO EXTERNOO que as companhias internacionais de logística estão fazendo pelas pequenas empresas latinoamericanas

FONTE: UPS/ TNS GALLUP

Temas que afetaram o comércio internacional das pmes lati-noamericanas nos últimos 5 anos (múltipla escolha)

%

Falta de confiança nos fornecedores/ sócios comerciais no exterior 66

Aumento da demora nas fronteiras 53

Aumento da burocracia nas alfândegas 52

DIFICULDADES À VISTA

%

Valorização cambial / divisas 28

Estrutura de impostos (sobre vendas, valor agregado, etc.) 17

Conhecimento limitado do mercado global 13

PRINCIPAIS BARREIRAS À EXPANSÃO GLOBAL

Serviço para exportarEste ano a alemã DHL lançou um novo programa de apoio às PMEs exportadoras: o www.dhl-mundopyme.com. Segundo o vice-presidente de comércio eletrôni-co da DHL Express, Samuel Cuñado, a América Latina – mercado no qual as PMEs representam 80% dos clien-tes da companhia – é o continente que está estreando o projeto. Além de oferecer um banco de dados sobre serviços de exportação (como requisitos solicitados pelas al-fândegas e links para sites de governo relacionados a exportação), a empresa oferece a possibilidade de par-ticipação gratuita temporária em um serviço de “pági-nas amarelas online” só de PMEs. A maior novidade, no entanto, é a oferta de abertura de conta em menos de 24 horas, acelerando o processo de envio de produtos ao exterior. “Em tempos como os atuais, o acesso a cré-dito de forma rápida resulta fundamental na hora de concretizar um negócio”, diz Cuñado.O portal da DHL já começou a operar em oito países (entre eles Brasil, Argentina, México, Colômbia e Ve-nezuela) e a previsão é de que vários outros estreiem o serviço em maio (como Chile, Equador e República Dominicana). A empresa pretende fechar o ano com cobertura do site em 38 países latinoamericanos e cari-benhos, além do Canadá.

MELHOR PROCESSO ALFANDEGÁRIOA empresa UPS divulgou um estudo com PMEs da região que aponta que, além dos problemas corren-tes como de crédito e capacitação, essas empresas consideram que o mau funcionamento das alfânde-gas, longo tempo de desembaraço e excesso de bu-rocracia são complicadores de sua atividade – nesse caso, exportadora. Segundo Luis Acosta, presidente da UPS, “o custo logístico na região gira em torno de 8% a 12% do total da exportação, enquanto no resto do mundo é de 4% a 6%”. O estudo foi realizado com 905 empresas com menos de 250 empregados em oito países latinoamericanos, entre novembro e de-zembro de 2008. Segundo Acosta, “naquele momento as empresas demonstraram que, mesmo menos otimistas num momento difícil da crise, ainda perseguiam a expor-tação para crescer, sobretudo para a Ásia. E que não pensavam em diminuir suas operações: todos estão buscando formas de serem efi cientes tanto em mer-cados antigos quanto em novos”.A preocupação com os temas burocracia e alfânde-ga, segundo Costa, não se verifi cou em outras regi-ões onde o estudo foi realizado. “Hoje, na América Latina, o uso da tecnologia está atrasado em relação a outras regiões. Mas a tecnologia é fundamental na medida em que os mercados vão amadurecendo no comércio internacional.” O executivo afi rma que a UPS vem buscando conscientizar os governos da re-gião a respeito das economias de escala geradas por uma melhor gestão do setor. “É preciso que parem o que estão fazendo hoje, que é ver o sistema apenas como uma fonte de receita. Um sistema de alfânde-gas efi ciente é uma ferramenta de crescimento do país inteiro, que atrai investimento estrangeiro. E é esse paradigma que é preciso quebrar”, afi rmou.

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Bercovich: sócios com dinheiro e experiência

MIG

UEL

CAN

DIA

38 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

PMES GLOBAIS

Onegócio do engenheiro chileno Tomás Bercovi-ch é o sonho de muitos

empreendedores. Em 2008, enquanto tocava seu primei-ro projeto piloto, faturou 10 milhões de pesos (cerca de de US$ 17 mil). Este ano, porém, já prevê multiplicar esse nú-mero por dez, a 100 milhões, e para 2010 a estimativa é de ultrapassar os 300 milhões de pesos em vendas. O pulo do gato de sua empresa, a Zheta Pricing, é replicar nas redes de cinemas o mesmo conceito de venda antecipada de tíquetes usado na aviação comercial, garantindo preços mais baixos para os cinéfilos precavidos (1/3 do valor nor-mal) e um aumento do índice de ocupação média. “Hoje a estrutura rígida de compras de entradas impede que uma família de menos recursos vá ao cinema; e, por outro lado, o nível médio de ocupação das salas é baixo, em torno dos 15% a 20%”, conta. “Em apenas oito meses, as salas que participam de nosso projeto piloto já registraram aumento de 5% só com ven-da de entradas e de 8% com venda de alimentos”, afirma, adiantando que também já está desenvolvendo esse conceito de revenue management para a área de fast food, a partir da segmentação de vendas por dia, hora e produto.

Para conseguir aprimorar seu software e ganhar defini-tivamente esse mercado, en-tretanto, Bercovich necessitou de uma ajuda imprescindível: um aporte de US$ 300 mil em um prazo de três anos, feito por dois investidores que se tornaram sócios da empresa. “Desde o início, estava claro que necessitaríamos de uma injeção de dinheiro para im-pulsionar o crescimento.” Os

A CRISE LHE DÁ ASAS?Momento econômico mundial faz investidores chilenos voltarem os olhos – e a carteira – para novos empreendi-mentos com alto potencial de crescimento. Mas a tendên-cia não é geralSolange Monteiro

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sócios – um grande empre-sário da capital chilena e um arquiteto – fazem parte de um ainda tímido grupo na América Latina chamado “investidores-anjos”, que preenchem um espaço fundamental na capi-talização de uma empresa de rápido crescimento: a brecha entre o primeiro subsídio de baixo montante e a entrada de um fundo de investimento, sem o qual muitos negócios correm o risco de fenecer. “Em geral, esses investidores são empresários que possuem um rol mais passivo dentro da companhia que criaram, com um patrimônio líquido razoável e uma experiência interessante”, conta Ernesto Weber, da Gávea Angels, no Rio de Janeiro. “Sua intenção é ajudar e aproveitar o período de maior crescimento, entre três e cinco anos, e depois vender sua participação aos donos, a um fundo de investimento ou a um grande player”, diz María de los Ángeles Romo, da rede Southern Angels, em Santiago.

Apesar de ainda ser um grupo incipiente na região, a crise não está minguando seu interesse. Pelo contrário. Se-gundo María de los Ángeles, para esses investidores “as instâncias que antes se viam mais seguras para investir, depois da crise passaram a ser mais voláteis”, e isso os fez rever seus planos e optar por alternativas nas quais eles teriam certa influência nas decisões. “Na Southern Angels, cerca de dois terços dos negócios concretizados em 2008 – que totalizaram US$ 1,5 milhão – se deram no último trimestre do ano, coincidindo com o destape da crise”, conta. Em três anos de atividade, a Southern Angels conseguiu ajudar na concretização de 15

associações entre investidores e empresas emergentes, totali-zando US$ 5 milhões. Para ela, 2009 manterá essa tendência, o que a faz projetar que, apesar da crise do crédito em geral, a rede fechará negócios “em torno dos US$ 2 milhões”.

Esse mesmo otimismo é revelado pela Chile Global Angels, criada no começo do ano. “Achamos que esse é um momento propício para fomentar mais investimen-tos”, diz Nils Galdo, gerente geral da instituição. Segundo Galdo, o foco da Chile Global é buscar investidores de fora do país, “sobretudo chilenos

expatriados que buscam nes-se tipo de investimento uma forma de ‘colocar um pé’ de novo no país.”

“Evidentemente essa situa-ção de instabilidade dos mer-cados mais maduros, sobretudo dos mercados de ações, é uma situação que pode ser vanta-josa para atrair a atenção dos investidores-anjos”, concorda Silvia Carbonell, que lidera o Club de Business Angles do IAE, da Universidade Austral, na capital argentina. Criada em meados de 2004, a rede

de Buenos Aires conseguiu mediar o investimento em 19 empresas – de um total de 300 projetos avaliados –, que juntas receberam US$ 3 milhões. Apesar da contin-gência favorável, entretanto, Silvia aponta que na Argentina “atualmente influi muito a situação conjuntural do país, pois há insegurança quanto à possível mudança nas regras do jogo que alteram as pers-pectivas de rentabilidade dos projetos”, afirma. “Por isso, muitas vezes os projetos mais atraentes hoje são os que menos dependem do mercado interno e da conjuntura doméstica.”

No Brasil tampouco a crise parece ter refletido tão direta-mente em um maior impulso aos investimentos-anjo. “Aqui há uma tendência à retração de investimentos. Vemos muitos se refugiando na renda fixa e não buscando oportunidades em empresas nascentes”, diz Weber, da Gávea Angels. Para a Gávea, entretanto, a experi-ência demonstra que no Brasil atrair esse tipo de investidor parece ser mais difícil. “Nos seis anos de atividade da rede conseguimos fechar quatro

negócios. Tivemos pelo me-nos 23 projetos muito bons, mas houve dificuldades na negociação. Muitas empresas acabavam não aceitando passar um percentual de participação pelo dinheiro oferecido”, conta. “Isso é um problema recorren-te, pois custa ao empresário entender que às vezes é me-lhor ter um percentual menor de um patrimônio maior, que crescerá graças à experiência do investidor”, diz María de los Ángeles.

No caso de Bercovich, da Zheta Pricing, ele diz que a participação dos sócios é menor que 30%, e que estes o têm ajudado muito. “Tenho apenas 26 anos, e está claro que me faltava muita experiência. Eles têm bons contatos no mercado, e dão ‘peso’ ao nosso cartão de visitas”, diz.

De qualquer forma – e in-dependentemente de qualquer empurrão que a crise possa dar – os especialistas concordam que o mercado latinoamericano ainda está se desenvolvendo e que ainda falta aos empresários aprenderem a posicionar-se. “Muitos não têm claro suas estratégias comerciais nem o que seria uma proposta atra-ente para um investidor”, diz María de los Ángeles. E, para a especialista, os incentivos a esses investidores poderiam ser ainda mais diversos. “Na Eu-ropa, por exemplo, há crédito tributário sobre o investimento que se materializa e sobre a perda que este registrou em determinado ano. E também há um fundo de apoio para cofinanciar o investimento com dinheiro do governo. Com isso, o risco que o investidor pode ter já não é tão crítico.” E, assim, multiplicam-se por dez a receita de novos empre-endimentos carentes de um apoio de peso.

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 39

NO ALVO DOS ANJOSO que fazer para conseguir um investidor

certificar-se de que tem uma ideia inovadora e com • alto potencial de crescimento, ou um produto já testado com o qual quer ganhar novos mercados. dedicar-se tempo integral ao projeto: trabalho part-• time é lido pelo investidor como de maior risco.ter em conta que qualidade e empreendedorismo da • equipe envolvida são fundamentais. “Para um investidor experiente, é mais fácil corrigir uma ideia medíocre que uma equipe medíocre”, alerta a argentina Silvia Carbonell, do IAE.ter processos claros, com indicadores de desempe-• nho. E definir o que espera em termos de aporte de capital e inteligência do futuro investidor.

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40 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

ESPECIAL

MulheresMaria Fernanda Teixeira:

questão de atitude

Mais é melhor

Quando embarcou à Argentina para uma reunião de negócios em abril, Maria Fernanda Teixeira, então recém-nomeada presidente para o Brasil e COO para a América Latina da norteamericana First

Data, não eliminou a pausa para jantar em seu restaurante predileto da capital. Apesar de ainda ter fresco na mente o desafi o recém-abraçado – de em dois anos quadruplicar no Brasil o tamanho da companhia norteamericana de serviço de processamento de pagamentos para comércio eletrônico, que em 2008 registrou faturamento global de US$ 8,8 bilhões –, manteve em pé sua máxima de equilibrar a sempre apertada agenda de trabalho. “Sempre é preciso buscar uma forma de que as coisas não se tornem uma carga”, afi rma.

Essa é a parte relaxante – mas não menos disciplinada – da fi losofi a que levou Maria Fernanda a desenhar um currículo invejável. Para entrar na First Data, abandonou outra presi-dência, à do Grupo ICT para a América Latina, onde chegou depois de ter ocupado a vice-presidência de Operações da América Latina de outra multinacional, a Electronic Data Systems (EDS). “Eu tinha um sonho de criança de ser uma executiva, que fui unindo à experiência profi ssional que desde o início foi em tecnologia”, conta, referindo-se a seu primeiro emprego formal, aos 17 anos, na área de processamento de dados da GM. “Nunca estou satisfeita com o que sei, e acho que isso abre oportunidades.”

Mas essa administradora de empresas sabe que deter-minação ainda não é tudo dentro do reduzido universo de mulheres que chegam alto em sua trajetória profi ssional. Hoje, no Brasil, por exemplo, estatísticas apontam que as mulheres representam entre 18% e 20% dos postos de pre-sidente, vice-presidente e diretores de grandes empresas; na Argentina, esse percentual é de 17%. E, dentro da realidade latinoamericana, os dois países não se confi guram como os piores exemplos; ao contrário. Segundo o BMLA - Business Monitor Latin America 2009, realizado pela UPS e a TNS, o Brasil é um dos países da região que mais oferece capa-citação a mulheres que voltam ao trabalho depois de terem fi lhos e o terceiro que mais adota políticas para promover a ascensão das mulheres em todos os níveis.

Outro estudo, realizado pelo World Economic Forum, aponta que a Argentina é a nação latinoamericana mais bem-posicionada quando se trata de redução da diferença de gênero em geral (ver quadro), em 24º lugar dentro de um grupo de 130 países. Na verdade, com raras exceções, o estudo aponta que tais desigualdades, quando se trata de oportunidades econômicas e de participação política, ainda são marcantes em todo o mundo.

Uma realidade vista com desânimo pelo acadêmico Car-los Arruda. Desde seu posto de coordenador do Núcleo de Inovação da Fundação Dom Cabral, em Minas Gerais, há quatro anos decidiu colecionar estatísticas. “No curso mais básico que oferecemos, uma pós-graduação, as mulheres são maioria, entre 55% e 60%, e costumam ser os melhores alunos; já no nível seguinte, um MBA empresarial, voltado a cargos gerenciais e de diretoria, os homens são maioria”, conta. “E, daí para frente, a história muda drasticamente. No

Executivas latinoamericanas de sucesso mostram a lição: não dar chance à inclusão de mulheres em todos os níveis das companhias pode signifi car desperdício de talentos Solange Monteiro

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 41

Sandra Yachelini, da Microsoft: necessitamos de políticas sólidas que

fomentem oportunidades.

A inclusão das mulheres na América Latina

Nº País Posição geral

Oport. econ. Educação Saúde Força

política

1 ARGENTINA 24 80 57 1 15

2 CUBA 25 77 25 71 19

3 COSTA RICA 32 86 51 1 20

4 PANAMÁ 34 49 54 1 38

5 EQUADOR 35 74 52 1 28

6 PERU 48 83 84 86 29

7 COLÔMBIA 50 37 32 1 79

8 URUGUAI 54 65 27 1 53

9 EL SALVADOR 58 97 78 1 32

10 VENEZUELA 59 71 31 1 57

11 CHILE 65 106 81 1 26

12 NICARÁGUA 71 117 1 62 23

13 R. DOMINICANA 72 82 1 1 69

14 BRASIL 73 59 1 1 110

15 BOLÍVIA 80 88 90 108 51

16 MÉXICO 97 112 86 1 55

17 PARAGUAI 100 111 38 1 89

18 GUATEMALA 112 114 103 1 113

ARGENTINA, A MAIS AVANÇADA

Os números representam a posição de cada país dentro de um ranking de 130 nações

Fonte: The Global Gender Gap Index 2008, WEF

Nesta tabela, 1 representa igualdade e 0, desigualdade

A DIFERENÇA AINDA FAZ DIFERENÇAQuão (pouco) includentes somos

Fonte: The Global Gender Gap Index 2008, WEF

País

Participação econômica Força política

Com cargos executivos

Profi ssionais técnicos

Mulheres no Congresso

Em cargos ministeriais

ARGENTINA 0,3 1,18 0,67 0,3

BRASIL 0,52 1,08 0,1 0,13

CHILE 0,33 1,08 0,18 0,69

COLÔMBIA 0,61 1,0 0,09 0,3

MÉXICO 0,38 0,72 0,3 0,19

PERU 0,39 0,72 0,41 0,42

programa sênior, focado em vice-presidentes e presidentes, há uma ou duas mulheres para um grupo de 40 alunos.”

A primeira intenção de Arruda ao constatar a pouca evo-lução desses números foi convidar um grupo de estudantes da FDC para conversar sobre o fato. “E aí comecei a observar algo interessante: as mulheres não gostam de comentar esse assunto em geral. Poucas atenderam meu convite, e minhas colegas de trabalho, professoras e especialistas, não consi-deraram isso um tema relevante.”

Vista grossa ao já tão polemizado “teto de vidro” (glass ceiling phenomenon), ou preconceito que impede a ascensão das mulheres? “Acho que na verdade é uma mudança que está acontecendo paulatinamente, pois temos que levar em conta um universo no qual por séculos o homem predomi-nou. Hoje em dia já é possível ver uma geração jovem de mulheres cada vez mais dispostas a assumir cargos de alta responsabilidade, e um ambiente mais positivo para isso”, diz Francisca Valdés, diretora do grupo Mujeres Empresarias, que agrupa 3,2 mil mulheres, entre executivas, empreendedoras e empresárias. Um otimismo compartilhado por Irene Nati-vidad, presidente do Global Summit of Women, evento que anualmente congrega milhares de mulheres empreendedoras de todo o mundo, e que este ano será realizado em maio em Santiago do Chile. “Os bancos em todo o globo estão atentos às mulheres; pacotes de estímulo à economia voltados a elas, porque sua capacidade empreendedora hoje é reconhecida. E essa é a forma como elas estão ganhando poder político, pois este não chega sem o dinheiro”, diz.

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42 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

ESPECIAL

Mulheres

Para Jonas Prising, da Manpower, boa cultura corporativa é o segredo para uma maior diversifi cação.

Inclusão competitivaO fato é que, para alguns especialistas, esses avanços não demonstram acontecer na velocidade desejável, indicando que a falta de uma mudança de cultura tanto social quanto corporativa poderá travar um processo que se faz cada vez mais necessário. “Hoje 50% dos alunos universitários já são mulheres. Não lhes dar oportunidades é desperdiçar capital humano”, afi rma Francisca.

Para Jonas Prising, presidente para as Américas da empresa de recursos humanos Manpower, o desperdício de capacidades pode infl uir diretamente na competitividade das empresas e de uma sociedade. “De um lado, as empresas necessitam de ideias inovadoras. De outro, na perspectiva dos países, a que-da demográfi ca nos mostra que a disponibilidade de talentos profi ssionais vai escasseando. Esses fatores apontam a uma necessidade real de fazer com que a mulher tenha um papel mais ativo dentro da força de trabalho”, diz Prising.

E, para ele, o equilíbrio parte, antes de tudo, de uma boa cultura corporativa. “Basta ver que em países como a Suíça, e os escandinavos, como a Noruega, a participação laboral entre homem e mulher é equilibrada e os índices de natalidade aumentam; já na Itália e na Espanha, onde a participação da mulher no mercado de trabalho é menor que 38%, as taxas estão baixando. Ou seja, não é preciso sacrifi car o papel de mãe para garantir um maior equilíbrio.”

Sandra Yachelini, di-retora geral da Microsoft para Argentina e Uru-guai, com 20 anos de experiência no mercado de tecnologia, defende a necessidade de políticas sólidas que favoreçam a criação de oportunida-des. Mas alerta: “isso para uma inclusão que hoje não pode ser argu-mentada na igualdade, mas na diversidade como defesa do talento pessoal e das qualidades diferen-ciais de gênero”. Para ela, no caso do setor de tecnologia, essa é uma característica que deve estar presente na empre-sa desde seu DNA, “ge-

rando espaços mais participativos, sensíveis a novos pontos de vista e com grande fl exibilidade às mudanças”.

“Está claro que hoje há muitas ferramentas que ajudam a adaptar o trabalho às necessidades das mulheres; mas tudo sempre depende de as empresas abraçarem essas políticas e desenvolvê-las efetivamente”, diz Adriana Souza, diretora de marketing da Lenovo no Brasil. De sua casa em São Paulo, de onde trabalhava remotamente para conciliar seu tempo com a resolução de temas pessoais, ela comenta que, além de fl exibilidade e políticas de avaliação de performance pro-fi ssional, a experiência de trabalhar em uma multinacional a fez ganhar uma postura que, segundo ela, às vezes falta às mulheres na conquista de seus objetivos de carreira. “Não é só o mercado e a sociedade; hoje elas estão se conscien-tizando que têm que aprender muito, que têm que absorver uma visão corporativa e correr atrás de seus objetivos”, diz. “Quando entrei na IBM (que foi adquirida pela Lenovo em 2008), vi que tinha que aprender a navegar nesse meio, aprender a necessidade do networking, não esperar que as coisas cheguem até você”, diz.

Para Maria Fernanda, que também acumula experiências apenas em multinacionais e pondera o conceito do “teto de vidro”, o cálculo é simples. “Setenta por cento depende de você mesmo. Tem que partir de uma decisão e fazer a coisa acontecer”, afi rma, combatendo qualquer atitude que invo-que a auto-sabotagem. “Quando defi ni que queria ser uma alta executiva, não abri mão de ser mulher, ter fi lhos”, diz, contando que, no nascimento de sua primeira fi lha, há 20 anos, decidiu mudar-se de casa para estar próxima do trabalho e poder amamentar a cada três horas. “Mas é preciso ter discernimen-to, ver que há momentos em que é preciso dedicar-se mais, esquecer os fi ns de semana, e outros em que poderá equilibrar. E sempre entregar mais do que esperam de você, para mostrar que vale a pena ser fl exível.” Palavra de presidente.

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 43

As mulheres falamElas são líderes e apresentam seu ponto de vista de como a América Latina pode se fortalecer com a crise

Pamela Cox, vice-presidente para AL e Caribe do Banco Mundial“A região hoje está mais resistente para enfrentar a crise que há 30 anos e tem fortalezas interessantes, entre elas os programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família no Brasil e mesmo as iniciativas relacionadas à mudança climática, que têm sido observadas por todo o mundo. Mas os governos precisam conversar muito mais com o setor privado para entender melhor que tipo de iniciativas ajudarão a recuperar postos de trabalho. E tomar muito cuidado com as políticas de subsídio e de incentivos.”

Alicia Bárcena Ibarra, sec. exec. da Comissão Econômica para AL e Caribe (Cepal)

“Nem o Estado nem a iniciativa privada resolvem tudo sozinhos. Agora a sociedade tem que ser o grande fi scalizador de ambos, para ver se esses pacotes lançados estão chegando à base, ao seu alvo. E para isso é preciso ter fl uxo transparente de informação. Os governos de nossos países hoje estão realizando muitas ações com o dinheiro público. Mas a vigência dessas ações virá do setor privado e da sociedade. Por isso, se o governo está investindo em pacotes fi scais, em nível estrutural, em inovação, temos que escutar do outro lado quem está disposto a abraçar essa responsabilidade.”

“Em República Dominicana se tomaram medidas para controlar a infl ação e não houve desvalorização forte. É um país politicamente estável, com rendimentos atraentes. Nossa lei não diferencia investimentos nacionais e estrangeiros. O desafi o, entretanto, é o défi cit fi scal. Nossas autoridades continuam gastando e sabemos o que acontece quando alguém se endivida muito. É preciso incentivar as economias, mas gastar de forma efi ciente e produtiva.”

Darys Estrella, gerente-geral da Bolsa de Valores da República Dominicana

“O Brasil está no caminho certo. Mas agora precisa focar-se em gastar bem o dinheiro público. Ou seja, tem que investi-lo, não somente gastá-lo. Sobretudo em medidas como melhorar a educação primária, que ainda deixa a desejar, bem como melhorar a infraestrutura necessária para o setor privado poder desenvolver-se. O foco agora é na qualidade do gasto, porque a partir do momento que desperdiçou, não investiu bem, esse dinheiro não volta mais.”

Donna Hrinak, dir. de relações governamentais para AL da PepsiCo e ex-embaixadora dos EUA no Brasil

Marisol Argueta de Barillas, ministra de Relações Exteriores de El Salvador“Os países centroamericanos têm que se unir para enfrentar a crise, e não fi car de fora das grandes decisões, como sobre o protecionismo. Estamos trabalhando intensamente para manter a abertura comercial. Também nos preocupa muito a queda das remessas familiares, já que temos um terço da população vivendo fora de El Salvador. Instauramos um serviço de informações em nossos consulados, apresentando opções de trabalho nos EUA para os desempregados. As portas do país estão sempre abertas, mas sabemos que também em El Salvador há a necessidade de criação de emprego.”

Luz María Jaramillo, diretora-associada da Ernst & Young na Colômbia“Os governos na América Latina devem promover o empreendimento. Gerar espaços para criar, inventar, propor ideias de novos negócios. E, depois, ajudar com a burocracia. Os trâmites matam as ideias. Atualmente, são um dos principais inibidores para empreender: muitos documentos, registros e procedimentos que podem levar vários meses. Quantas projetos bons estaremos queimando no caminho porque falecem no meio desse esforço?”

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Ao vivo e direto de Cuba, a voz de Miriam Espinoza, fundadora do grupo “Da-

mas de Blanco”, era escutada em uma das salas do Capitólio. “O embargo e as restrições de viagem e envio de dinheiro têm sido o argumento perfeito para que o governo cubano justifique tudo o que está mal. Que se abram as portas, que uma pessoa venha, entre, fa-le, produza mudanças”, dizia firme e decidida, enquanto 11 legisladores da Câmara dos Deputados dos EUA, em uma sala repleta de jornalistas, a escutavam com atenção.

Miriam tem motivos para falar. Não apenas tem vivido a falta de liberdade de opinião e de imprensa impostas pelo governo cubano, como também passou pela dor de ter visto o marido, Oscar Espinoza, preso por conta de sua dissidência política. Os rostos de parla-mentares como o democrata Bill Delahunt e o republicano Jeff Flakes pareciam concordar com as palavras desta cubana. Contudo, quando se falou no fim do embargo, o ambiente deixou de ser o mesmo.

“Nós apoiamos a elimina-ção das restrições para viajar.

O embargo é outro tema, o caminho para isso ainda está longe de ser traçado”, disse Delahunt. O Senado parece ter a mesma posição, embora legisladores como Christopher Dodd tenham ido um pouco além. Dodd chegou a dizer que “o momento para iniciar um diálogo com Cuba está chegando”.

As declarações e movimen-tos para uma maior abertura têm dominado o ambiente po-lítico e público em Washington nas últimas semanas. Primeiro com o anúncio no Senado do projeto S 428, que permitiria

Embora o clima entre Washington e Havana tenha melhorado, o fi m do embargo parece uma meta distante.Antonieta Cádiz, Washington

a viagem de qualquer norte-americano a Cuba; depois, com a apresentação de uma proposta homóloga na Câmara, a HR 874. E, finalmente, com a declaração do presidente Barack Obama sobre o fim das restrições às viagens de familiares de cubanos e envio de remessas à ilha.

Não obstante, o movimento político em torno de Havana começou a ser elaborado há certo tempo. Instituições sem fins lucrativos como a Hu-man Rights Watch iniciaram diálogos no Congresso em dezembro de 2008. Em um memorando enviado à equipe de transição de Obama e a membros do Capitólio e da Casa Branca, a organização argumentou que “por cerca de quatro décadas a política de embargo se provou custosa e equivocada”.

“Chegou o tempo para realizar uma avaliação cui-

TÃO PERTO, TÃO LONGE

44 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DEBATES EMBARGOAP

Visitar Cuba: um novo direito na terra do livre-arbítrio

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dadosa do embargo. A admi-nistração deveria convocar uma comissão bipartidária para estudar por que a política dos Estados Unidos falhou em trazer mudança a Cuba e delinear recomendações para uma aproximação mais efetiva. Estas conclusões deveriam ser as bases para se criar uma estratégia multilateral que pos-sa aplicar uma pressão mais focada sobre a ilha”.

Por outro lado, o gabinete do republicano de mais alto cargo no comitê de relações exteriores do Senado, Richard Lugar, enviou seu assessor na América Latina, Carl Me-acham, a Havana em janeiro de 2009. Em seu relatório apresentado no Senado, Mea-cham especificou que impedir a cooperação com a ilha em matérias de interesse mútuo, como migração e controle do narcotráfico, prejudicaria os interesses de segurança nacional do governo dos Es-tados Unidos.

“A política baseada em sanções tem limitado signifi-cativamente a habilidade de Washington de influenciar políticas sobre Cuba e entender melhor os eventos que estão ocorrendo na ilha”, diz. O relatório menciona que o go-verno cubano continua tendo problemas sérios de escassez de recursos, ineficiência e cor-rupção. Pontos que não limitam o seu funcionamento.

O QUE HÁ DE NOVO?Não houve nada que Bill Ri-chardson pudesse fazer para que o serviço secreto não destruísse os charutos cubanos que Fidel Castro enviou ao então presidente Bill Clinton. Não houve explicação que compensasse “os motivos de segurança” apesar de, naquele momento, Richardson ser o emissário entre a adminis-tração Clinton e Castro. Um

emissário antecedido por muitos outros.

“Cada presidente, desde Kennedy a Clinton, tem ex-plorado aberta e secretamente quais são as áreas comuns com a ilha. Os EUA tiveram um diálogo constante com Cuba sobre temas que afetavam a ambos, como imigração”, diz Peter Kornbluh, diretor do Projeto de Documentação sobre Cuba, dos Arquivos Nacionais.

De fato, a possibilidade de retirar o embargo foi discutida no passado, mas não prosperou por conjunturas como a morte de Kennedy e gestos confli-tuosos de ambos os lados, diz o especialista. Contudo, ainda segundo Kornbluh, nunca se variou a consistência da posição cubana na hora de negociar.

“Em todas estas conver-sações secretas, asseguraram que não transitarão sobre seu sistema interno, não receberão ordens de ninguém. Estiveram dispostos a discutir certos pon-tos, mas resistem a qualquer coisa que pareça um esforço imperialista para dizer-lhes o que têm que fazer”, explica.

As especulações sobre uma nova relação entre Ha-vana e Washington parecem, então, muito mais ligadas ao que ocorre nos EUA do que em Cuba. E às transforma-ções que sofre a comunidade cubano-americana residente na Flórida e sua conexão com a Casa Branca.

“Tem havido uma maturi-dade política, uma evolução em nossa comunidade”, diz a cubano-americana Silvia Wilhelm, diretora da entidade Puentes Cubanos e reconhecida ativista em temas relaciona-dos à ilha. “As pessoas que tomaram a decisão de sair (de Havana) já não estão conosco. E as novas gerações possuem visões diferentes a respeito

da Cuba de hoje e de como relacionar-se com ela. Também temos milhares de imigrantes que chegaram nos últimos 10 anos, que deixaram família para trás e têm um compromisso muito sério com eles. Tudo isto criou uma comunidade diferente”, afirma.

Entretanto, apesar de Oba-ma não ter precisado se com-prometer com a ala dura do movimento cubano-americano para ganhar na Flórida, este grupo ainda tem voz forte, co-nexões com ex-funcionários do governo e legisladores, como o democrata Robert Menédez

(Nova Jersey) e o republicano Mel Martínez (Flórida).

E EM HAVANA? Outro tema são as mudanças no interior de Cuba. De um lado está a pergunta a respeito da disposição real do governo a dar boas-vindas aos gestos dos EUA. Embora as palavras de Raúl Castro, em meados de abril, tenham sido alen-tadoras quando indicou que está disposto a “discutir tudo, direitos humanos, liberdade de imprensa e presos políticos, em igualdade de condições”, vários colocam em dúvida suas afirmações.

“Acho que o governo cuba-no se sente mais confiante do que nunca de não necessitar de uma mudança na política dos EUA, porque o resto da região lhe dá as boas-vindas. A mudança da política atual pode tomar muito mais tem-po do que o estimado”, diz Kornbluh.

A antropóloga Katrin Han-

sing, diretora associada do Instituto de Pesquisa sobre Cuba, da Universidade da Flórida, que viveu 12 anos na ilha, concorda. “O embar-go tem funcionado como a justificativa mais sofisticada para explicar qualquer proble-ma interno. Usam isso todos os dias.”

Mas o povo cubano conti-nua sendo parte dessa equação. Atualmente a ilha possui cerca de 12 milhões de habitantes, dos quais 57% são menores de 35 anos. Pessoas que cresce-ram no sistema de república socialista, mas não lutaram

por ela. Hansing vê os jovens co-

mo uma “bomba-relógio”. “Não lhes interessa o discurso oficial. Querem sair do país e, se não podem, buscam alternativas participando de gangues, buscando as drogas e o álcool”, diz.

Na hora de falar de trans-formações, a analista assegura que uma variável importante é a convicção geral dos cubanos de que são uma nação soberana, sobretudo politicamente.

“É muito perigoso pensar que a mudança na ilha virá de fora. Se for apresentada do exterior com muita pressão, a dinâmica entre ambos os países terá caráter muito negativo”, explica Hansing.

O certo é que em Washing-ton há grandes expectativas quanto à Cuba. Há avanços e o clima parece bom. Neste momento, habilidade política e paciência parecem ser a mescla perfeita na complexa equação entre ambos os países.

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 45

Qualquer mudança política na ilha deverá

ser gerada internamente.

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46 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DEBATES ECONOMIA

A CRISE POR TRÁS DAS CRISESRecessão e gripe suína: 2009 promete ser ruim para o México. Mas no médio prazo seu modelo econômico pode fi car ainda pior. Lisia González e Eduardo Thomson

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 47

Automóviles mexicanos: a merced de los problemas en EE.UU.

Helking Aguilar está acos-tumado a trabalhar à noite. É uma condição

inexorável quando se é dono de uma discoteca como a Zoon Night Club, um dos maiores clubes noturnos da zona Sul da Cidade do México. Mas desta vez suas olheiras de desgaste estão um pouco maiores do

que o normal. “No ano passado, a cada

fim de semana chegavam 2.500 jovens ao clube. Em uma noite qualquer, um grupo de 10 a 12 amigos poderia beber cerca de quatro garrafas de uma boa marca de uísque. Havia uns 120 funcionários”, recorda Aguilar com nostalgia ao apagar seu terceiro cigarro dos últimos 20 minutos. “Agora, por conta da crise, as pessoas se divertem menos. Em vez de uísque, pedem rum, e não mais de duas garrafas. Tive que fechar um piso da boate e ficar com apenas 48 fun-cionários. Em uma boa noite agora vêm, quando muito, umas 800 pessoas”.

O empresário foi obrigado a responder com seu pró-prio plano fiscal. “Estamos reduzindo ou eliminando o couvert, investindo em pu-blicidade, tudo para que não caia o movimento mais do que já caiu”, diz Aguilar, o qual espera que com isso o negócio possa voltar a crescer quando o México se recuperar. “E isso

ocorrerá quando a economia dos Estados Unidos se recu-perar”, salienta, confiando que seu vizinho ao norte, a maior economia do mundo, recupere logo o dinamismo.

A esperança de Aguilar é compartilhada por empresários mexicanos em todos os setores. A maldição geográfica do país, que está levando o México a ser a nação latinoamericana com as piores projeções para este ano apesar de seu histórico nos últimos anos de disciplina fiscal e abertura comercial, passará a ser a benção que tirará o país do atoleiro.

Contudo, não é tão fácil. A

crise está deixando claro uma vez mais os problemas estrutu-rais da economia mexicana: a inabilidade sistêmica de poder amenizar sua dependência dos Estados Unidos, e ao mesmo tempo uma grande perda de competitividade que pode co-locar em risco todo o modelo econômico do país. Quando a tormenta passar, o México pode encontrar novas nuvens carregadas no horizonte.

“Por nossa situação geo-gráfica, a dependência com os Estados Unidos é simples-mente inevitável, e isto não é algo que começou com a assinatura do TLCAN”, diz o economista e historiador Enrique Cárdenas, diretor geral do Centro de Estudos Espinosa Yglesias. “Tem sido sempre assim. A composição do comércio histórico com os EUA tem sido praticamente a mesma há quase um século”, afirmou. “Mas com a desva-lorização do peso que temos visto nos últimos meses, po-deríamos fazer um esforço para substituir a importação

de produtos que poderíamos produzir internamente, mesmo que muita gente veja isso co-mo uma heresia imperdoável. Não temos tido uma política industrial que promova certos setores e isso é lamentável. Até agora se dizia que a melhor política industrial era a que não existia. E creio que esta ideia deveria mudar.”

Mas nem todos estão com-pletamente de acordo com a visão de que a dependência é irremediável. “É certo que, desde que existem estatísti-cas, os EUA sempre foram o principal parceiro comercial do México”, diz o mexicano

Enrique Dussel, economista e acadêmico da Universi-dade Autônoma do México (UNAM). “Contudo, nos úl-timos anos se vê uma queda da participação dos Estados Unidos no comércio do Mé-xico, de 81% em 2001 a 64% em 2008”.

Para o economista, isto reflete uma diminuição muito significativa da importância dos EUA, mas não porque o país se abriu a novos canais comerciais e está olhando outros lados, e sim por uma crescente desintegração da re-gião com a América do Norte. “Temos conflitos comerciais com nosso principal parceiro. Acabamos de impor tarifas a cerca de 90 produtos e isso um sócio comercial não pode fa-zer, especialmente se for uma economia manufatureira que depende das exportações”, acrescenta Dussel. Para o acadêmico, é desesperadora a falta de um diagnóstico claro por parte das autoridades sobre este problema. “O nível má-ximo de emprego alcançado

no setor de manufatura foi em outubro de 2000. Em março de 2009, o setor de manufatura perdeu 25% de seu emprego, ou seja, mais de um milhão de postos de trabalho. É um processo de perda de competi-tividade que não começou há poucos meses, e sim há oito ou nove anos”.

É algo que pode ser visto em plena Avenida Insurgentes. Em um das mais movimenta-das artérias da capital mexi-cana, a vitrine da agência de recrutamento Randstad mostra as últimas ofertas de trabalho. O interior está repleto de gente que tem entre 20 e 30 anos.

Problemas do setor de manufatura mexicano vão além da tormenta econômica.

AFP

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48 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DEBATES ECONOMIA

Todos levam seus currículos. “Antes, pouca gente entrava para ver os anúncios”, diz Ana Monge Ruiz, gerente de recrutamento e seleção. “Mas agora, o tráfego no local aumentou muito, eu diria que uns 40%, e isso indica que há mais pessoas nas ruas buscan-do emprego”. As demissões foram sentidas no país, e a taxa oficial de desemprego está no maior nível desde 2000.

Além da crise financeira, o desemprego mexicano é produzido por sua perda de competitividade que fez o país perder investimentos frente à concorrência de outros países emergentes, como a China. O exemplo mais claro está no setor de automóveis, a prin-cipal exportação do México. O país produz 1,9 milhão de veículos por ano, muito atrás da China, que é o segundo maior produtor do mundo com nove milhões de veículos por ano. E enquanto a China cria, inclusive, marcas próprias de carros, no México são as marcas estrangeiras que pos-suem produção local, com o objetivo de exportar aos EUA. “A General Motors representa 25% de todos os automóveis produzidos no México”, co-

menta Dussel. “Se a empresa quebrar será um golpe muito forte em nossa indústria”.

Para muitas pessoas, trata-se simplesmente de um proble-ma conjuntural. E o México ganhou nome de prestígio no mundo. Seu modelo de cres-cimento econômico baseado na liberdade econômica e na integração mundial foi louvado no passado por economistas e entidades multilaterais. Ninguém comenta que o país é uma “ditadura encoberta” unipartidarista, e sim que existe alternância de poder. Em meio a uma onda de violência produzida por en-frentamentos entre o exército e os cartéis de narcotráfico, não são poucos os que falam das fortalezas institucionais da segunda maior economia latinoamericana.

O risco competitivo do México não é evidente no curto prazo. O grau de inves-timento do país, por exemplo, não corre risco. O México continua sendo um dos pou-cos países latinoamericanos com uma firme qualificação de BBB+ segundo a Standard & Poor’s e a Fitch Ratings, e de Baa1 segundo a Moody’s, em todos os casos três níveis

acima do mínimo para o grau de investimento. E de acordo com os analistas consulta-dos, apesar das projeções negativas, de -5% para 2009 – é praticamente impossível que o país perca este selo de aprovação. A Fitch é a única agência de classificação que tem uma perspectiva negativa para a qualificação. “Existe probabilidade de 50% de que a qualificação dentro dos próximos 18 a 24 meses seja reduzida em um nível”, comenta a analista de dívida soberana da Fitch, Shelly Shetty.

Por outro lado, a S&P tem uma perspectiva estável quanto ao país. “Antes de uma queda na qualificação geralmente haveria uma queda na perspectiva”, explica Joy-deep Mukherji, analista de dívida soberana da S&P. “O país tem um nível de dívida semelhante a outros países com qualificações similares e tem um mercado financei-ro sofisticado. O governo e as corporações podem obter dívida do mercado local”, acrescenta. “Daí a perder o grau de investimento, muito teria que ocorrer para que isso acontecesse”, acrescenta Shetty, da Fitch.

Esse “muito” leva em conta que de certa forma a recupe-ração mundial começará no fim deste ano. “Por um lado, se não houver um ressurgi-mento na segunda metade, ou se os EUA se mantiverem em uma perspectiva de crise profunda na segunda metade do ano, isso poderá levar a uma taxa de retração econô-mica, segundo meu modelo, de -4,7% a -5,9% para o Mé-xico”, comenta o economista Bertrand Delgado, analista para a América Latina da consultora RGE Monitor, em Nova York. Ou seja, as coisas poderiam piorar ainda mais.

E não há uma visão de que o grau de investimento esteja 100% salvo, pois ainda há o fator das eleições legislativas de meados do ano. “Teremos que ver o equilíbrio de poder nas eleições. As pesquisas in-dicam que o PRI obteria uma maioria relativa, seguido pelo PAN”, acrescenta Delgado. “Sob esta percepção, poderia imaginar-se que as reformas estruturais avançariam e seria difícil para o país perder o selo de investimento”.

Contudo, segue a análise, “se por algum motivo o PAN ou o PRI não conseguirem o que se espera deles e o PRD obtiver a maioria, ou se acon-tecer qualquer outra mescla que inviabilize as reformas, creio que o risco de o país ter sua qualificação rebaixada e eventualmente perder o grau de investimento é maior”.

As reformas estruturais às quais Delgado se refere são as trabalhistas, energéticas, educacionais e de infraestru-tura que o governo tenta dar andamento, de uma forma ou de outra, e que buscam me-lhorar a competitividade do país. Uma competitividade que, na verdade, está sendo colocada à prova.

Dussel acredita que a si-tuação no México e a crise no setor manufatureiro tam-bém são um alerta para os riscos do modelo econômico predominante na América Latina. “A China está nos dizendo ‘você, México, o que vai fazer nos próximos 20 anos? Vai continuar se especializando na produção e no comércio de artigos fa-bricados com mão-de-obra barata? Eu tenho uma força de trabalho mais barata que a sua e vou continuar tendo por décadas. Se sua obsessão continuar sendo essa, pode se preparar, porque você vai se dar mal.”

FONTE: MONITOR DE MANUFATURA DA UNAM, COM DADOS DO BANCO DO MÉXICOOS EUA PERDEM PESO

60

1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007

100

80

40

20

0

Participação no comércio total do México (importações + exportações)

América

Estados Unidos

União Europeia

Ásia

China

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 49

DEBATES PANORÂMICA

Javier Santiso

Diretor, Centro de Desenvolvimento da OCDEChair da OECD Emerging Markets Network (EmNet)

A RECENTE REUNIÃO DO G20 corroborou o que está sendo antecipado desde o começo da década: o auge e o crescente protagonismo dos países emergentes. Este auge é, sobretudo, da Ásia, com a China em primeiro lugar, mas também de outras regiões do mundo, incluindo a América Latina. De fato, nada menos que três países da região estive-ram presentes na mesa do G20: México, Brasil e Argentina.

Três grandes observações podem ser feitas desse evento. A primeira é, sem dúvida, o reconhecimento do G20 co-

mo espaço legítimo para lidar com a crise global. O fato de ter três países latinoamericanos neste fórum o torna também uma ocasião única para impulsionar a coordenação intrarre-gional e buscar mais peso nas decisões internacionais.

A segunda observação é derivada do crescente protago-nismo da China, que está se impondo como um dos princi-pais atores do G20. Antes, pouco se discutia se a China po-deria ou deveria juntar-se à Rússia na cúpula do G8. Como assinalou o ensaísta Timothy Garton Ash, há pouco tempo a política chinesa parecia ser modesta, como se o dragão fosse um lagarto. Mas, recentemente, o gigante despertou. Prova disso são as muitas viagens internacionais do presi-dente e do vice-presidente da China pela África, Ásia e pela América Latina. Na mais recente, em fevereiro de 2009, o vice-presidente Xi Jinping, possível herdeiro de Hu Jintao, atreveu-se a dar lições aos países ricos (aos EUA, particular-mente), perante um público chinês na capital do México.

Há vários meses, líderes chineses vêm multiplicando as ações e propostas para mudar o sistema internacional. Em um recente artigo, o governador do Banco Central chinês sugeriu a criação de uma divisa de reserva internacional acima do dólar e das demais moedas. No mesmo âmbito monetário, tal qual o Fed, o Banco Central chinês também concretizou acordos de currency swap, entre eles um com a Argentina. E, como se fosse pouco, a China agora está fechando seu terceiro acordo comercial com um país da América Latina, a Costa Rica, depois de ter assinado outros com o Chile e com o Peru. Na recente Cúpula do Banco Interamericano de Desenvolvimento, celebrada em Medellín no fi m de março, a China estreou como novo membro deste

A América Latina, a China e o G20

organismo. O fato de a América Latina estar no radar chinês é po-

sitivo. É verdade que a China representa um problema co-mercial para alguns países, mas também representa uma oportunidade. Não apenas porque absorve produtos de toda a América Latina (em 2008 de novo as importações chine-sas da América Latina superarão os US$ 100 bilhões), mas porque desperta a reação dos EUA e da Europa. Desde que a China se interessou pela África, por exemplo, o interesse de Washington, Paris e Londres pelo continente aumentou.

Uma consequência para a região deste auge é que o que ocorre com a China tem relevância central para as econo-mias latinoamericanas. Há uma década, um espirro na China passava despercebido na América Latina. Em 2009 deixou de ser assim. Para alguns países, como o Chile, a Ásia já é a principal região de destino de suas exportações (35% das exportações chilenas vão para lá, mais do que para a Amé-rica do Norte ou Europa). Para o Peru, a cifra é de 19%, e outros como Brasil ou Argentina também olham, cada vez mais, para além do Pacífi co.

Desde 1995, o intercâmbio comercial da América Latina e do Caribe com a China foi multiplicado por doze, passan-do de US$ 8,4 bilhões a mais de US$ 100 bilhões em 2007. Em 2008, a China tornou-se o segundo sócio comercial da região, logo após os EUA. Além disso, os preços das matérias-primas, que representam mais de 60% do total de exportações da América Latina, dependem em parte desta demanda asiática, com a China devorando petróleo, cobre, soja e outros produtos-chave da região.

A última observação derivada do G20 de Londres é o novo protagonismo cobrado pelo FMI. Desde setembro de 2008, o Fundo emprestou mais de 50 bilhões de euros a países emergentes. Há pouco, o México negociou uma linha de 36 bilhões, em uma ação preventiva inédita, buscando blindar-se com um seguro a mais, algo que os mercados fi nanceiros aplaudiram. O aumento dos recursos do Fundo, celebrado em Londres, que levará a capacidade fi nanceira de 186 bilhões a 560 bilhões de euros, é sem dúvida uma boa notícia para os países emergentes.

Todas as crises são injustas. Mas a atual implica um pa-radoxo e uma injustiça maiores: no mundo dos países emer-gentes, muitos fi zeram seus deveres. As empresas emer-gentes, bem como às dos países da OCDE, conseguiram focar-se no exterior e converter-se em multinacionais. Os in-dicadores de pobreza melhoraram em muitos países. Deixar que este processo seja interrompido, ou pior, que retroceda, seria irresponsável. Por isso também deve ser celebrado o que foi decidido no G20. É hora de esperar que se cumpra o que foi acordado. O melhor que a América Latina pode fa-zer é seguir aumentando sua voz. O G20 oferece uma opor-tunidade única de fazer entender sua música neste concerto barroco das nações. Como no romance de Alejo Carpentier, presenciamos uma mudança de melodia, a música clássica de décadas anteriores delineando-se com ares mais exóticos. É de se esperar que alguns acordes sejam latinos.

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50 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

NEGÓCIOS ARMAMENTO

PARA AS ARMAS NÃO HÁ CRISEApesar da desaceleração econômica, com exceção da Argentina, os gastos militares seguem de vento em popa na região. E não há interesse de coordenar investimentos em comum para economizar Rodrigo Lara Serrano

Os governos latinoamericanoscontinuam comprando

Suponhamos que um amigo tenha redução no salário e, paralelamente, decida

gastar suas economias para melhorar a infraestrutura de sua casa. Quando o encontra-mos, ele se queixa da situação. Lembramos então a ele que há alguns anos ele vem renovando com entusiasmo sua coleção de armas, e lhe sugerimos que não gaste mais com elas, por

enquanto. Nosso amigo se irrita: há necessidade de se proteger de vizinhos, sempre instáveis ou belicosos, alega. Retrucamos que estes também estão ficando sem trabalho e sem reservas. Ele se exalta e vai direto à loja de armas, que está em outro bairro, para comprar mais armamento.

Comparações à parte, esta é a situação na América Latina

hoje em dia: apesar de enfrentar a crise econômica global mais dura desde 1929, fora a Argen-tina, todos os países médios e grandes mantêm ou expandem seus gastos militares, que já vinham crescendo com rapidez nos últimos anos. Levando-se em conta esta realidade, não teria mais sentido conversar com os vizinhos para moderar um investimento militar em

comum ou, em último caso, entrar em acordo para criar uma loja de armas dentro do bairro, de forma que esse di-nheiro fique por perto?

“A região encontra-se presa neste jogo nulo. Nenhum país está disposto a reduzir substan-cialmente seus níveis de gasto militar, exceto a Argentina”, analisa Claudio Fuentes, dire-tor da ICSO no Chile. Frente

AFP

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 51

a este cenário, diz, “a única solução é a busca de acordos multilaterais e sub-regionais de redução de gastos. Isso implicaria uma etapa anterior: estabelecer políticas efetivas de transparência nos gastos associadas a acordos de limi-tação e redução”.

O problema é que as “inicia-tivas de vigilância de fronteira, eliminação de determinados tipos de armas, e estabele-cimento de medidas de con-trole e monitoramento são centrais neste sentido”, mas “o Brasil, que é o principal ator na América do Sul, não tem desempenhado um papel central para promover este tipo de política”.

Segundo Juan Toklatián, especialista em assuntos in-ternacionais da Universidade San Andrés, na Argentina, o ponto central é que o “Brasil quer jogar nas grandes ligas” e, antes de uma redução de gastos regional, seu plano estratégico “é que a região gire, eventualmente, em torno da indústria militar brasileira: é o objetivo de toda potência regional emergente”.

Contudo, o restante dos países, novamente com a ex-ceção da Argentina e também da Colômbia, não parecem ver vantagem alguma, nem de economia nem de autonomia, na pretensão brasileira. Cada uma das Forças Armadas da região vive presa em seus pró-prios sonhos. Ou pesadelos. No caso do Peru, por exemplo, as forças militares, “do ponto de vista de equipamentos, estão atrasadas, em uma situ-ação precária”, diz Fernando Rospigliosi, ex-ministro do Interior e analista internacio-nal, em Lima. Ele acrescenta que, “do ponto de vista das mudanças institucionais, elas se fecharam, seguem sendo tradicionalistas, conservadoras e pouco meritocráticas”. Além

disso, o bem-estar econômico recente do país “não teve muito impacto, por causa da perda de poder político dos militares. Por exemplo, os salários con-tinuam muito baixos”.

VISÃO ESTRATÉGICAOs militares chilenos, por outro lado, “são os que têm o melhor olhar estratégico na região: querem consolidar sua posição no mundo andino. Buscam uma posição no Pa-cífico e na Antártida, mesmo que limitada”, disse Toklatián. No Chile, além das doutrinas, diz Fuentes, outros fatores impactam a manutenção dos gastos altos. Com a redução dos salários das Forças Armadas com o passar dos anos, agora o governo se preocupou em “aumentá-los, particularmen-te em áreas sensíveis como pilotos e engenheiros, que estão migrando para o setor privado”.

Para Rosendo Fraga, titular do Centro de Estudos para uma Nova Maioria, em Bue-nos Aires, nem a Colômbia nem a Venezuela possuem interesse em coordenar gastos militares. No caso do segundo, “do ponto de vista político e ideológico, Chávez está pro-jetando um novo modelo, no qual as Forças Armadas pas-sam a fazer parte do projeto político-estatal, ainda que este projeto inclua milícias armadas paralelamente”.

O México parece caminhar para o modelo da Colômbia, no qual as Forças Armadas, sob controle civil, se converteram em ferramenta para evitar a falência estatal frente ao crime organizado. E, como se sabe, quando o teto da casa está cain-do, não há como economizar. E são aceitas até doações. Há poucas semanas, por exemplo, o Departamento de Defesa dos EUA incluiu o México na lista de fundos existentes sob a se-

ção “1033”, que corresponde à “Lei de Autorização de Defesa Nacional” destinada a financiar programas para combater o narcotráfico.

Após relembrar que o Méxi-co “nunca teve gastos militares onerosos”, Toklatián diz que nas forças mexicanas “a novi-dade é a resignação de serem convertidas em ferramenta na luta contra as drogas”.

Rospigliosi estima que – as-sim como na Colômbia – esta mudança de objetivo das Forças Armadas mexicanas anuncia fracassos. “Não creio que terão êxito. Não se trata só de poder de fogo. A corrupção é uma arma decisiva do narcotráfico, e assim as Forças Armadas podem sucumbir. Tampouco possuem capacidade de inves-tigação, como a polícia”. Ele reconhece, contudo, que “no México a corrupção policial

era tão profunda e o poder de fogo do narcotráfico tão grande, que não restou outra opção”.

Mesmo com este panorama pouco alentador, as Forças Armadas poderiam impul-sionar mudanças em suas capacidades. “A modernização das organizações militares requer menos recursos”, explica Fraga, “mas existe muita resistência pelo espírito burocrático e corporativo que frequentemente há nas Forças Armadas. Em contrapartida, o re-equipamento requer mais recursos, mas gera menos resistência. Uma diminui-ção dos recursos afeta mais o re-equipamento do que a

modernização das organi-zações”.

Um exemplo de que pode haver avanços importantes em tempos de vacas magras são as Forças Armadas argentinas. “No último mês a Argentina reduziu em 304 milhões de pesos (US$ 83 milhões) os gastos de funcionamento, o que significa redução a menos da metade do nível anterior. Um caso extremo na região”, diz Fraga. No entanto, Fuentes indica que no país da pampa úmida “as políticas de reforma legal são significativas, ainda que o problema ali sejam al-gumas iniciativas legais que não tenham tido a mesma correlação em sua implanta-ção. Mas, do ponto de vista normativo, é um dos países mais avançados”.

O Chile, diz, começa a se modernizar neste sentido: “a

proposta de reforma do Mi-nistério da Defesa do Chile é significativa e seria um marco na história da estrutura de defesa, embora dependa da aprovação do Congresso”, mas, “no geral, existe muito pouco avanço de reforma na região”.

Além disso, o tema eco-nomizar está cada vez mais complexo. Segundo Fuentes, as Forças Armadas se ocupam agora de mais tarefas do que antes: “Na maioria dos casos há uma mescla de funções dos quatro âmbitos (antitráfico de drogas, defesa tradicional, desenvolvimento e operações de paz”. E, quanto mais se faz, menos se economiza.

Modernização requer menos recursos,

mas re-equipamento gera menos resistência.

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52 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DEBATES POLÍTICA FISCAL

TODOS AO RESGATE

FONTE: CEPAL

LIVRE COMÉRCIOEntre o protecionismo e a abertura

ARGE

NTIN

A

AUST

RÁLI

A

BRAS

IL

CANA

CHIL

E

CHIN

A

FRAN

ÇA

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7

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4

3

2

1

0

FONTE: BROOKINGS INSTITUTION

FONTE: BROOKINGS INSTITUTION

Planos fi scais como % do PIB 2008

Os governos do mundo abrem a carteira

CAPACIDADE DE REAÇÃO

QUEM DÁ MAIS?

2%do PIB é o que o FMI recomenda gastar nos programas de estímulo fi scal para conter a crise

Valor emUS$ bi

ARGENTINA 4,4AUSTRÁLIA 19,3BRASIL 8,6CANADÁ 43,6CHILE 4,0CHINA 204,3FRANÇA 20,5ALEMANHA 130,4ÍNDIA 6,5INDONÉSIA 12,5ITÁLIA 7,0JAPÃO 104,4COREIA 26,1MÉXICO 11,4PERU 1,4RÚSSIA 30,0ARÁBIA SAUDITA 49,6ÁFRICA DO SUL 7,9ESPANHA 75,3REINO UNIDO 40,8EUA 841,2TOTAL MUNDIAL 2.180,6

Para melhorar a saúde das economias, recomenda-se gastar em profusão. Mas o tamanho da dose nem sempre é o indicadoSoledad Gómez

Ninguém pode se dar o luxo de ficar de braços cruza-dos, mas a crise também

afeta a capacidade de resposta dos países latinoamericanos. “A maioria está tratando de abraçar as recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI), de estimular suas economias através de programas fiscais”, diz Mauricio Cárdenas, diretor da Latin American Initiative no The Brookings Institution. Mas a realidade é que poucos contam com reservas e somente alguns têm acesso aos mercados para financiar-se. Devido a isso, as maiores propostas contracíclicas são apresentadas pelos países

mais solventes do continente.Em toda a região surgem

apostas para gerar empregos e crescimento econômico, mas nem todos os programas implicam um estímulo fiscal adicional. “Em muitos casos há medidas que já estavam no orçamento anterior e que ressurgem com a crise; há algumas que são anúncios, e outras que são medidas con-cretas”, diz Juan Pablo Jiménez, oficial de assuntos econômicos da Divisão de Desenvolvimento Econômico da Cepal. Mas o su-cesso dessas medidas depende tanto de sua originalidade quanto da rapidez com que serão imple-mentadas.

–aproximadamente– serão investidos, em conjunto, por Brasil, Peru, Argentina, Chi-

le e México

US$ 30 bilhões

Aum

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ARG.BRA.EQU.MÉX.NIC.PAR.PER.URU.

Page 53: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 53

80,0%

70,0%

60,0%

50,0%

40,0%

30,0%

20,0%

10,0%

0,0%

-10,0%

-20,0%

FONTE: BROOKINGS INSTITUTIONDívida pública liq (% PIB 2008)Saldo fi scal (% PIB 2008)

CONTINENTE ENDIVIDADOEstados de conta

ARGE

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A RI

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Núm

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1413121110

9876543210

FONTE:CEPAL

• POLÍTICA MONETÁRIA E FINANCEIRAA) Redução e/ou fl exibilização de compulsórioB) Provisão de liquidez

• POLÍTICA FISCALC) Redução de impostos/Aumento de subsídiosD) Aumento e/ou antecipação do gasto (infraestrutura)

• POLÍTICA CAMBIAL E DE COMÉRCIO EXTERIORE) Aumento de tarifas ou restrições às importaçõesF) Redução tarifáriaG) Financiamento a exportadoresH) Gestão de créditos com bancos multi-laterais

• POLÍTICA COM DESTINO ESPECÍFICOI) Programas habitacionaisJ) Apoio às PmesK) Políticas setoriais

• POLÍTICA TRABALHISTA E SOCIALL ) Estímulo ao empregoM) Programas sociais

BATERIAS DE MEDIDASPolíticas anticrise anunciadas na América Latina

A B C D E F G H I J K L M

FONTE: CEPAL

AJUDA EM DINHEIROBônus diretos

TODOS VESTEM A CAMISAFONTE: CEPALMedidas adotadas na América Latina

* = MEDIDAS PERMANENTES T = MEDIDAS DE CARÁTER TRANSITÓRIO

ARG. BOL. BRA. CHI. COL. C.RICA EQU EL SAL. GUAT. HOND. MÉX. NIC. PAN. PAR. PER. URU. VEN.SISTEMA TRIBUTÁRIO

ISR empresas/ Redução/ Desvalorização T T T TISR Pessoas/ Deduções T TImpostos à exportação T TImpostos sobre bens e serviços TRedução de contribuições sociais TOutros T T

GASTO PÚBLICOInvestimento em Infraestrutura

Moradia TApoio a PMEs ou produtores agrícolas

Apoio a setores estratégicos

Transferências diretas a famílias T TOutros T

bilhões - o BID desti-nará a fi nanciar planos

de infraestrutura na América Latina

US$ 90

ARG. CHI. PAR.

Benefi ciáriosApo-

senta-dos

Trabalha-dores por depen-dente

Famí-lias de baixa renda

Montante US$ 60 65 50

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54 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

DEBATES POLÍTICA FISCAL

CHILE: 2% PIB 2008• INFRAESTRUTURA: US$ 7 bilhões em investimento público Orçamento de obras públicas alcançará os US$ 2,5 bilhões• PMES: Capitalização do BancoEstado de US$ 500 milhões para fi nanciamento a Pmes Capitalização de US$ 500 milhões do Fundo de Garantias• MORADIA: Incremento de 10% reais de investimento em casas. Aumento transitório do subsídio habitacional Aumento da cobertura dos créditos com subsídio estatal de 80% a 90% do valor total da propriedade• APOIO A SETORES ESPECÍFICOS: US$ 1 bilhão à Codelco US$ 130 milhões à indústria do salmão Fundo de manutenção de preços para a pequena mineração• MEDIDAS TRABALHISTAS E SOCIAIS: Planos de emprego de contingência Subsídio à contratação de jovens entre 18 e 24 anos Ampliação do “Fondo Solidario de Cesantía”

BRASIL: 0,5% DO PIB• POLÍTICA FISCAL:

Renúncia de cerca de R$ 2,5 bilhões com a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoa física

Corte temporário no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor

automobilístico e de segmentos de setores como os de bens duráveis e construção civil

Revisão do imposto de renda que benefi cia salários inferiores a US$ 900

Liberação de parte das reservas internacionais para empréstimos à empresas em difi culdades

Acelerada redução da taxa básica de juros• APOIO A SETORES ESPECÍFICOS:

Antecipação de créditos agrícolasAutorização para que grandes bancos públicos adquiram institui-ções privadas menores sem a necessidade de licitaçãoLiberação de mais de R$ 135 bilhões com a redução dos depósitos compulsórios para que grandes bancos possam adquirir bancos menores em difi culdades Criação de linhas de crédito extras para facilitar as exportações e fi nanciar o consumo, através de bancos públicos como o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil• MORADIA: Lançamento do pacote habitacional “Minha casa, minha vida”, que prevê a construção de 1 milhão de casas populares e investimento de R$ 34 bilhões

PERU: 1,1% PIB 2008• INVESTIMENTO PÚBLICO: Aumento do gasto em infraestrutura Estabelecimento de um fundo com recursos públicos para infraestrutura• APOIO A PMES: Compras estatais de US$ 48 milhõesEstabelecimento do Fundo de Garantia Empresarial para fi nanciamento de micro, pequena e médias empresas• APOIO A SETORES ESPECÍFICOS: Exportações não-tradicionais Reforço do “Fondo Mi Vivienda”• MEDIDAS TRABALHISTAS E SOCIAIS: Incentivos à formalização do emprego Programa de reconversão trabalhista. Geração de emprego de emergência

MÉXICO: 1% PIB 2008• INFRAESTRUTURA: US$ 6,91 bilhões adicionais para infraestrutura • AUMENTO DO FINANCIAMENTO: US$ 12,6 bilhões (US$9,9 bi de empréstimos e US$ 2,7 bi do Fundo Nacional de Infraestrutura)

• APOIO A PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (PMES): 20% das compras federais serão destinadas a PMEs em 2009

Fideicomisso de US$ 380 milhões para PMEs fornecedoras do setor petrolífero. O programa México Empreende outorgará US$ 540 milhões para créditos

• APOIO A SETORES ESPECÍFICOS: Controle de preços dos combustíveis. Redução de tarifas de energia elétrica.

Revisão do plano de investimentos da Pemex. Apoio do Fundo de Infraestrutura ao Transporte Público. US$ 57 milhões para a compra de eletrodomésticos de baixo consumo.

• MEDIDAS TRABALHISTAS E SOCIAIS: Ampliação do emprego temporário a US$ 170 milhões em 2009.

US$ 150 milhões para preservar o emprego em empresas vulne-ráveis.

Ampliação da capacidade de saque do fundo provisio-nal em caso de desemprego.

Ampliação do seguro social para desem-pregados.

ARGENTINA: 1,3% DO PIB• INFRAESTRUTURA: Plano de obras públicas de US$ 33,21 bilhões com a aceleração de concessões• APOIO A PMES: Criação de um Ministério de Produção e da Sub-secretaria da Pequena e Média Empresa e do Desenvolvimento Regional • APOIO A SETORES ESPECÍFICOS: Redução das retenções ao trigo, milho, frutas e hortaliças frescas. Reabertura das exportações de milho e trigo Criação de uma linha de crédito de US$ 3,95 bilhões para a compra de automóveis e bens industriais nacionais• MEDIDAS TRABALHISTAS E SOCIAIS: Subsídio de 10% do custo trabalhista por um ano, com 12 meses de prorrogação de 5%Regularização do emprego informal

Argentina, Brasil, Chile, México e Peru já apresentaram planos de estímulo fi scal; entretanto, o gasto dos cinco países equivale a menos de 1% de seu PIB total

MOSTRANDO A CARA

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 55

John C. Edmunds

Doutor em Administração de Empresas pela Universidade de Harvard, professor de Finanças do Babson College de Boston e coautor de Wealth by Association.

FINANÇAS OPINIÃO

anunciados até a presente data. Se os estímulos fi scais, junto com o “relaxamento

quantitativo” da massa monetária, conseguirem elevar o valor de mercado dessas contas para pensão e outros ativos a seu nível prévio, então a geração baby boomerserá um peso menor para as futuras gerações. A análise completa dos planos de estímulo fi scal e monetário indica que as gerações mais jovens enfrentarão uma maior car-ga tributária para cobrir o pagamento da crescente dívida pública, mas esta carga será ainda maior se forem acres-cidos os requerimentos diários das gerações mais velhas.

As magnitudes dos montantes envolvidos explicam por que as classes políticas estão preocupadas agora em primeiro reativar primeiro e depois reformar o sistema fi nanceiro mundial. Isso pode parecer imprudente para alguns que clamam por reformas estruturais em primeiro lugar. Mas as magnitudes das contas simplesmente não permitem. O que chama a atenção é que a classe política está tratando de elevar os preços dos bônus e das ações ao mesmo tempo em que tenta reativar o fl uxo dos crédi-tos.

Estes esforços para elevar os preços estão fora de sua área normal de intervenção e podem parecer temerários. Nossos instintos nos dizem que é mais prudente reativar a eco-nomia real e permitir que os preços das ações e dos bônus se recuperem por conta própria depois. Mas um simples cál-culo demográfi co nos mostra que, se esses valores não su-birem rapidamente, no longo prazo os custos podem ser bem maiores. Isto se deve ao enor-me número de nascimentos nos quinze anos posteriores à Segunda Guerra Mundial. Esta geração do pós-guerra deve ser capaz de pagar por sua própria aposentadoria. Caso contrário, votarão pela elevação dos pa-

gamentos para fundos de pensões, que serão fi nanciados com os impostos das gerações mais velhas.

O melhor remédio, portanto, é que os preços das ações e dos bônus subam rápido, porque isso signifi cará que os governos não deverão elevar impostos de forma abrupta no futuro. O que explica os políticos tentando impul-sionar mercados e o porquê desta ajuda ocorrer antes da recuperação da economia real. Não há tempo para refor-mar o sistema antes da reativação, pois se os preços não se recuperarem prontamente, o efeito nas gerações velhas e jovens será ainda mais severo do que já está sendo.

A REAÇÃO VISCERAL SERIA PROIBIR todos os “tru-ques” fi nanceiros possíveis. As pessoas estão reagindo com repulsa frente à balburdia em que se transformou o sistema fi nanceiro mundial, e alguns chegam a dizer que ele deveria ser eliminado por completo. Contudo, à me-dida que os dias passam, as visões pragmáticas ganham cada vez mais importância já que se torna cada vez mais evidente que a recuperação econômica mundial não ocor-rerá se o sistema fi nanceiro não se recompuser.

Os puristas do livre mercado acreditam que a recupe-ração da economia ocorrerá mesmo se deixarem à própria sorte todos os intermediários fi nanceiros atualmente com problemas. E têm toda razão. A depressão levou a eco-nomia mundial a novas perdas, mas a recuperação subse-quente será saudável.

Não obstante, esse cenário de “destruição criativa” sai-rá muito caro. A economia fi nanceira é demasiado grande em comparação à economia real e sua importância é mui-to maior do que foi em gerações anteriores. Na primeira metade de 2008, a economia fi nanceira mundial chegou a cinco vezes o valor da economia real. Se fosse deixada à mercê, como ocorreu entre 1929 e 1932, o impacto de sua implosão seria muito maior do que o da Grande De-pressão. O processo de pagamento de dívidas já tem sido bastante prejudicial, mas continuaria assim até destruir muitas das instituições de nossa sociedade.

Uma queda ainda maior nos preços dos bônus e das ações teria efeitos que a teoria econômica clássica não levou em conta. Um colapso no valor dos ativos fi nancei-ros apagaria as economias acumuladas pela geração baby boomer (que nasceu no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial), o que se converteria em um peso ainda maior para as gerações mais jovens.

Os conservadores fi scais dizem que os défi cits fi scais de hoje representarão um pesado fardo para as gerações futuras. Este argumento parece lógico, mas uma análise mais completa é complicada. Considere que no começo de 2008 a soma das economias para previdência e o va-lor dos bens imóveis no Japão, nos Estados Unidos e na Europa era de US$ 150 trilhões. Em março de 2009, esta cifra havia caído a US$ 90 trilhões. A perda em valor é maior que a soma de todos os planos de estímulo fi scal

O melhor remédio é que o preço das ações e bônus subam rápido, para que os governos não elevem impostos de forma abrupta no futuro

Reativação temerária

Page 56: Nº 375 Edição Brasil

56 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

CAPITAL ABERTOhttp://blogs.americaeconomia.com/thomson/

MUNDO EM MUTAÇÃOMapa do avanço na adoção do IFRSFONTE: WWW.IASB.ORG (13 . 04. 09)

USAM O IFRS EM PROCESSO DE CONVERGÊNCIA OU ADOÇÃO DO IFRS

02-0

1-09

27-0

2-09

17-0

4-09

AÇÕES SABOROSAS!FONTE: ECONOMÁTICA

160

140

120100

80

60

4020

00

JBS MARFRIGIBOVESPA

SÓ PARA BOI BRAVO

Valha a redundância, o setor de

carnes do Brasil tem sido um

matadouro. Desde setembro de

2008, pequenos produtores de

carne que representam 25% da

capacidade de abate do País se

declararam quebrados. Segundo

um recente relatório da Fitch

Ratings, isso deixa os grandes

produtores bem-posicionados

no país, com capacidade de

pagar em dinheiro pelo gado,

EM JANEIRO, o gerente geral da empresa indiana Satyam renunciou depois de reconhecer que tinha adulte-rado cifras contábeis. Nesse dia, as ações caíram 78% em Mumbai e foram suspensas no Nyse. Quando reativadas, caíram outros 85%.A reação demonstra a importância dos balanços fi nanceiros, sobre os quais se projetam os fl uxos de dinheiro de uma instituição e o valor de suas ações. Se as informações são alteradas, alteram-se as projeções.A existência de múltiplas normas contábeis difi cultava a compreensão dos balanços de outros países e a integra-ção dos mercados mundiais.O que levou a criação, em 2001, do International Accounting Standards Board (IASB), que emitiu um con-junto de normas conhecidas como IFRS (International

Financial Reporting Stan-dards). A União Europeia adotou as novas normas ime-diatamente, e o restante do mundo (incluindo a América Latina) ainda as está adotan-do. Os EUA atualmente se encontram em processo de convergência aos IFRS.Com essas normas, os analis-tas fi nanceiros contarão com mais detalhes para estudar. Mas devem ter cuidado ao comparar os principais indicadores com os valores históricos, já que podem existir grandes diferenças em relação aos valores obtidos sob as normas prévias. Ao aplicar o IFRS pela primeira vez, a chilena Puerto Lirquén viu seu ativo total aumentar de US$ 149 milhões para US$ 227 milhões. Por outro lado, antes de comparar seus indicadores com os de outras empresas do mesmo setor industrial, as empresas de-

vem estudar cuidadosamente os critérios usados por cada rival, e realizar as correções para que sejam comparáveis. A principal diferença é que com o IFRS há informação mais detalhada, e por isso fi ca mais fácil fazer os ajus-tes mencionados.Um recente estudo que analisou os efeitos da adoção das regras mais rígidas do IFRS na UE mostrou que a avaliação do mercado foi positiva. Durante os três dias seguintes a adoção do IFRS no continente, foram regis-tradas rentabilidades mais altas no mercado europeu que no restante do mundo. O estudo indica ainda que o efeito foi maior sobre as empresas que previamente apresentavam informações de pior qualidade.

Jorge Niño, Centro de Ino-vação Financeira, UAI

A introdução do IFRS não só mudará a forma de tra-balhar a contabilidade como afetará os mercados de capitais

BALANÇOS DE “CARA LIMPA”

além de controlar os canais de

distribuição. Tais atores são

JBS, Bertin, Marfrig e Minerva.

A Fitch ainda acrescentou que

espera que o fl uxo livre de

caixa para estas empresas se

torne positivo em 2009, devido

ao melhor manejo do capital

de giro e acesso a créditos

baratos. O governo brasileiro

declarou que planeja destinar

US$ 100 milhões em créditos

preferenciais para o setor de

alimentos.

Page 57: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 57

CLICS & CHIPS

[.com]BlackBerry StoreResearch in Motion (RIM), companhia que fabrica os telefones inteligentes BlackBerry, está seguindo o exemplo da Apple Store. A empresa lançou sua loja de serviços on-line, oferecendo todo tipo de pro-gramas, aparelhos e acessórios. Para ter acesso à loja, deve-se descarregar o programa gratuito Bla-ckBerry App World.

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[gadget]

Fotografia multiânguloA Nikon D5000 chega ao mercado com um sensor de 12,3 megapixels, mas seu princi-pal atrativo é a capacidade de gravação de vídeo em alta defi nição e uma tela LCD gira-tória de 2,7 polegadas, que facilita a tomada de fotografi as de qualquer posição e ângulo. É voltada ao usuário básico, devido a suas funções automáticas. Custa US$ 850.

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fax. Custa US$ 170.

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Page 58: Nº 375 Edição Brasil

FERN

AND

O CA

RRAS

CO C

RUCH

AGA

olhoTerceiro

No dia16 de maio de 2008, em meio à selva paname-

nha, um enxame de cientistas, técnicos, nerds e, talvez, gênios povoava o primeiro subsolo do Gamboa Resort. Acontecia ali o ato de encerramento da edição 2008 da Latin American Academic Summit, organizada pela Microsoft Research. E tudo deslumbrava os presentes: dos aplicativos de educação até o World Wide Telescope - produ-zido pela Microsoft -, passando por robôs submarinos.

Entre as atrações mais disputadas estava a mostra do

jovem Andy Wilson, chefe da área de surface technologies da Microsoft, a mesma divisão que se tornou famosa por conta do dispositivo de mesa que responde ao movimento de mãos e objetos. A mesa não estava lá dessa vez, mas Wilson continuou o centro das atenções ao manipular e deixar que manipulassem um escritório virtual simplesmente projetado em uma parede. Qualquer semelhança com Tom Cruise administrando imagens no ar durante o fi lme Minority Report não é por acaso.

Em contraste, a menos de 10 metros do show de surface,com apenas dois expositores e cartazes com imagens de tortilhas de milho e fi lés de salmão, a equipe da Pontifí-cia Universidade Católica do Chile (PUC) parecia destoar do restante das exposições. Na realidade, a equipe chilena só

Domingo Mery:Ensinando as máquinas a ver

I-BIZ

Graças ao barateamento da capacidade do computador, a

vigilância pode instalar-se nas linhas de produção

e nos espaços pú-blicos. O problema será defi nir os limites aceitáveis dessa invasão Juan Pablo Dalmasso

58 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

Page 59: Nº 375 Edição Brasil

estava exibindo uma aplicação mais prosaica de um sistema de controle de qualidade por registro de imagens. “Isto, ou a identifi cação de um sorriso por parte da câmera fotográ-fi ca, são a explosão de uma tecnologia que tem mais de 30 anos graças ao barateamento da capacidade do computador e às melhorias nos algoritmos (lógica de processamento de uma informação)”, disse en-tusiasmado por telefone, em Santiago, Domingo Mery, chefe do departamento de computa-ção da PUC e líder da equipe. “O que buscamos é um sistema de baixo custo para a indústria alimentícia latinoamericana”, acrescentou.

O primeiro projeto de Mery e de sua equipe foi o Salmón Online (SOL), um sistema avaliado em US$ 25 mil que permitiu que empresas como a fi lial chilena da norueguesa Marine Harvest aumentassem a seleção de produtos de expor-tação em 100%, graças à sua capacidade de análise de 240 fi lés por minuto, bem superior a média de 30 a 40 do sistema tradicional. A diferença em relação à percepção humana tem sido de 2%, evitando custo de devolução. Para fazer isso, o computador capta e digitaliza imagens, analisando os zeros e uns que a compõem e que estão previamente correlacionados com parâmetros de qualidade determinados pelos programa-dores. “Há todo um processo de educação para estabelecer qual frequência corresponde a que cor, ou qual sintoma, algo que varia de produto a produto”, explica Mery. Além disso, o sistema permite traçar um histórico do aspecto dos salmões para aplicações esta-tísticas e para o uso integrado com sistemas de rastreamento das empresas.

Mas os projetos não param por aí. No ano passado, a PUC e o Instituto Politécnico Nacional do México, com o apoio da Microsoft Research, desenvol-veram um sistema para trabalho por amostragem sobre as torti-lhas de milho mexicanas que também poderá ser aplicado na análise de grãos. Este ano, eles conseguiram fi nanciamento do governo chileno para fi nalizar o desenvolvimento do Salmón X, um equipamento com raio X para localizar espinhas ou pequenos resíduos nos fi lés do pescado, tarefa até então realizada manualmente.

Depois de ensaiar diferentes formas de comercializar a tec-nologia, Mery decidiu lançar seu próprio negócio: a Digital Vision Solutions. E não foi o único na região. O mexicano Miguel Arias e sua equipe de Ciências da Computação do Instituto Nacional de Astro-física, Ótica e Eletrônica da Universidade de Puebla lança-ram em 2005 a Prefi xa, focada em controles de qualidade para a indústria metalúrgica e de plástico, que hoje possui escritórios no Vale do Silício e uma equipe de 15 pessoas, 70% delas com mestrado. “Enquanto pesquisávamos, identifi camos a oportunidade. Um de meus orientandos, hoje membro da equipe, resolveu como conse-guir uma análise tridimensional com apenas dois tons, graças à análise da luz branca, e isso nos deu uma grande vantagem competitiva”, diz Arias. Com sua descoberta patenteada e o manejo do processamento feito paralelamente, sua tecnologia pode fazer análises tridimensio-nais em tempo real, sem parar as linhas de montagem. “Há dois segmentos críticos, o de medicina e o aeroespacial, e, segundo os estudos, cada um representa um mercado de US$

600 milhões a US$ 800 milhões só nos EUA”, analisa.

O olho do Big BrotherNo Brasil, os professores e pes-quisadores de pós-graduação em informática da Universidade Católica do Paraná também seguiram esta linha em 2004, ao fundar a empresa InviSys, em Curitiba. Suas aplicações foram desenvolvidas com campos mais amplos em men-te: a indústria alimentícia, classifi cando e controlando a qualidade de frutas e verduras; o controle de embalagens pelo fechamento, ausência de eti-quetas ou códigos; a indústria eletrônica; as indústrias de pa-pel, cerâmica, gráfi ca e metal-mecânica. Contudo, a InviSys focou-se no setor eletrônico, com aparelhos biométricos

implantados em sistemas de segurança para leitura de im-pressões digitais, da palma da mão, da íris e do rosto. Desta forma, começou a competir com gigantes internacionais como a japonesa NEC, que a partir de seu centro de desen-volvimento em Buenos Aires oferece suas aplicações para mercado latinoamericano.

“Há tecnologias como a leitura de impressões digitais que já têm 30 anos e nas quais a NEC é líder. Outras, como a detecção de rostos, são mais recentes por terem sofrido alterações ao longo dos anos. Contudo, temos conseguido uma efi cácia de 96,5%”, aponta o gerente geral de marketing da NEC na Argentina, Jorge

Vargas. “São aplicações que trabalham fundamentalmente em sistemas de segurança física, segurança pública, e a diferença está no algorit-mo de reconhecimento e na funcionalidade em grandes bases de dado que agilizam o reconhecimento”, diz, exempli-fi cando a rapidez com que foi resolvido o atentado de Atocha, na Espanha, em 2006.

Além disso, a NEC tem desenvolvido para o Bilbao Vizcaya, no Chile, um sistema de leitura de impressões digitais para a validação de operações por parte dos clientes a partir da comodidade do lar ou do escritório, graças a pequenos scanners adquiridos pelo clien-te, e que são um tanto mais complexos do que o previsto para os laptops executivos.

Agora, e se, além de usar a tecnologia para segurança, as imagens fossem aproveitadas para fazer uma análise de mercado? Esta foi a ideia da InviSys, que acrescentou às câmeras de vigilância apli-cações para a contagem de transeuntes e definição de itinerários, “o que pode ser muito útil para determinar a armação de gôndolas de supermercado, promoções ou o uso da longitude das prateleiras na fi la do caixa”, diz Alceu de Souza, sócio-diretor. Qualquer semelhança com o “grande irmão” tampouco será coincidência e é preciso ver a reação da opinião pública. Por ora, sorria, você está sendo fi lmado.

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 59

Arias, da Prefixa: mexicana com o pé

no Vale do Silício.

Page 60: Nº 375 Edição Brasil

O ABERTO MEXICANO TELCEL É CATEGORIA 500

O Aberto Mexicano Telcel, que foi disputado em Acapulco entre 23 e 28 de fevereiro, passou de ser categoria 250 a ser um evento de nível 500, número que corresponde aos pontos que o vencedor do torneio pode obter no ranking geral da ATP. Ao mesmo tempo, ampliou sua bolsa de prêmios de US$ 794 mil a US$ 1,22 milhão. O espanhol Nicolás Almagro foi campeão do torneio pelo segundo ano consecutivo. Mas nem tudo foi tênis: houve também espaço apra moda e entretenimento.

David Nalbandian. Sergio y Kathia Olvera y Alejandra Castellano y Alejandro Aguilar.

Guillermo Crinton, Jaime Torres y Philippe Curuchet. Alejandro Burillo, Davina Aryeh y Cacho Nicastro

Jeofrey Fernández y Lucero Lebrija Jeofrey Fernández y Lucero Lebrija.

SOCIAL

Page 61: Nº 375 Edição Brasil

MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 61

NEGÓCIO FECHADOINTELIG:

ATENDE AO CHAMADO DA TIM

>> ASARCOO Grupo México apresentou uma oferta de US$ 1,3 bilhão para obter novamente o controle da norteamericana Asarco, uma mineradora de cobre. O grupo busca, assim, bloquear a oferta de US$ 1,1 bilhão apresentada pela inglesa Vedanta. Tecnicamente, a Asarco é uma fi lial do Grupo Mé-xico, mas tem estado sob controle de um diretório independente desde sua quebra em 2005.

>> BRADESCO O banco brasileiro informou que sua fi lial de seguros, a Bradesco Seguros, adquiriu 20% da Integritas, holding que controla a empresa de seguros médicos Fleury Group, por US$ 160 milhões. O Bradesco disse que a compra é uma oportunidade de investimentos.

>> VIGIUM A Chiltern Internacional, empresa de serviços de desenvolvimento clínico, anunciou a compra da brasileira Vigiun, com sede em São Paulo, por montante não identifi -cado. A Chiltern dedica-se a prover materiais e recursos humanos para provas clínicas de produtos farma-cêuticos na Europa, nas Américas e na Índia.

>> CMPC O grupo papeleiro chileno informou que sua fi lial CMPC Tissue adquiriu por US% 55 milhões 100% da brasileira Melhoramentos Papéis, subsidiária da Melpaper. A Melhoramentos tem duas fábricas de produção em São Paulo com capacidade de produzir 75 mil tone-ladas anuais de papel tipo tissue. Suas vendas anuais são da ordem de US$ 190 milhões.

>> DUBAL A empresa produtora de alumí-

>> INTELIG A companhia brasileira de telefonia móvel TIM Participações comprou a empresa de serviços de longa distância Intelig, uma manobra que permitirá redução de custos de rede ao mesmo tempo em que cria sua própria rede de fi bra ótica. O valor da compra não foi divulgado, mas segundo fontes de mercado a TIM teria pagado aproximadamente US$ 320 milhões.

nio dos Emirados Árabes Dubai Aluminum, ou Dubal, comprou uma participação de 19% na brasileira Companhia de Alumina do Pará, ou CAP, mineira de ferro da Vale. Após o acordo, a Vale manterá uma participação de 61% na CAP.

>> GENOMMA LAB A empresa farmacêutica mexicana comprou 100% da compatriota Medicina e Medicamentos Nacio-nais, um produtor de analgésicos, remédios contra gripe, antifungos e suplementos multivitamínicos, por montante não revelado.

>> GRAN SAPORE A empresa brasileira de serviços de catering, Gran Sapore, anunciou a compra da BQ Benefícios por cifra não revelada. A BQ fornece serviços de cartões de pagamento e vou-

chers, e tem uma carteira de clien-tes com mais de 3.000 empresas. A Gran Sapore registrou vendas anuais de US$ 400 milhões.

>> PESICO A empresa norteamericana de alimentos e bebidas comprou o produtor peruano de snacks Karinto, fabricante da principal marca de chips de milho do país, a Los Cuates. A Karinto, empresa fundada em Lima em 1968, tem duas fábricas em Lima. O valor da compra não foi divulgado.

>> RADIO CENTRO O grupo Radio Centro, rede mexi-cana operadora de radioemissoras, chegou a um acordo para fornecer programação e eventualmente comprar a estação de rádio KMVN-FM, em Los Angeles, Califórnia. O contrato inclui uma opção efetiva por sete anos para adquirir a KMVN-FM por US$ 110 milhões, do grupo norteamericanoEmmis Communications.

>> SANOFI-AVENTIS A farmacêutica francesa Sanofi -Aventis anunciou a compra do

produtor brasileiro de remédios genéricos Medley por 500 milhões de euros, uma operação que fará da Sanofi a maior fabricante de medicamentos genéricos da América Latina. A compra também elevará a participação de mercado da empresa francesa no Brasil em 12%. Em 2008, a Medley teve receita de aproximadamente US$ 200 milhões.

>> SINOHYDRO O governo equatoriano assinou um acordo de intenções com a empresa chinesa Sinohydro para a construção de usina de energia hídrica por um valor de US$ 1,5 bilhão, que será fi nanciada por um banco chinês.

>> UBS PACTUAL A suíça UBS saiu do Brasil ao vender por US$ 2,47 bilhões sua fi lial UBS Pactual ao grupo BTG. André Esteves, gerente-geral e um dos sócios que fundou o BTG em 2008, foi gerente-geral do Banco Pactual antes de sua venda ao UBS e também exerceu o cargo de gerente-geral da operação do UBS na América Latina.

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www.cnn.com/international

Anytime. Anywhere.Experience CNN.

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 63

VISÕES

O q

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em

Existe o progresso? A resposta de John Gray é clara e firme: “Não”. E mais, garante

ele: trata-se de uma ilusão que chegou a ser criminosa. Apesar de tal crença – aparentemente ultraconservadora –, este professor da London School of Economics está longe de ser um desses senhores que só não lamentam mais a irrupção da Revolução Francesa que o colapso da sua adorada Idade Média.

Ele é mais ambicioso que isso. Volta ainda mais atrás e critica o cristianismo, que, por exemplo, “ao reivindicar a existência de uma única fé verdadeira, conferiu à verdade um valor supremo que nunca antes havia tido. Ao mesmo tempo, pela primeira vez tornou possível a incredulidade em relação ao divino”. A partir disso, “o efeito retardado da fé cristã foi uma idolatria da verdade que encontrou sua mais completa expressão no ateísmo: se vivemos em um mundo sem deuses, temos que agradecer isso ao cristianismo”.

Com agudeza, Gray critica os ateus ao afirmar que “um mundo definido pela ausência do deus dos cristãos não deixa de ser um mundo cristão”. Para o autor, essa é uma discussão ociosa. Isso porque, em Cachorros de Palha, longe de reivindicar a conexão dos seres humanos com alguma essência transcendente, ou uma missão sociopolítica de Prometeu, ou da humanidade inteira, dedica-se a demolir todas as crenças que indicam que nossa espécie seja espe-cial, melhor ou superior ao restante dos animais.

Não satisfeito em menosprezar a fé ou o humanismo (“uma religião secular improvisada a partir dos restos em decomposição do mito cristão”), em sua marcha desmonta os pós-modernos, a ciência como esperança para o futuro,

os niilistas, o livre ar-bítrio, o socialismo, o liberalismo, a crença de que todos podemos ter uma identidade sólida, e ainda mais.

Depois de lembrar os fatos que resultam da maldade infinita que famílias e nações descentes realizaram, realizam ou provam sem nenhum remorso (na verdade, com ale-gre crueldade), e afirmar “que os humanos são animais que fabricam armas e possuem uma insaciável adicção a matar”, Gray solta sua marreta destruidora na moral. Ou, mais especificamente, nas várias “morais”, que considera “doenças específicas dos humanos”.

Então, sobre o que se deve basear a vida frente a tal bombardeio? “O bem é uma disposição provisória da esperança e do desejo, não há uma verdade das coisas. Os valores não são mais que necessidades humanas, ou necessidades de outros animais, convertidas em abstra-ções”, responde.

E propõe, em troca, o abandono da megalomania humana: “os demais animais não necessitam nenhum propósito em sua vida”, diz. “Por que, então, nos resulta tão inconcebível que o objetivo da vida seja simplesmente ver?”

Rodrigo Lara Serrano

ANIMAL PETULANTEAgudo, iconoclasta e certeiro, ensaísta ataca a fantasia humana de ser uma espécie superior ou privilegiada

Estou lendo The Black Swan: The Impact of the Highly Improbable, de Nassim Nicho-las Taleb. Trata dos acontecimentos pouco prováveis e pouco previsíveis, mas de alto impacto. Confronta o problema de indução ilustrado pela história do patinho feio e diz que os eventos im-portantes continuam nos surpreendendo e achamos que sabemos mais do que realmente sabemos.

Estou lendo The Next Catastrophe, de Char-les Perrow, que apre-senta provocativas so-luções para desastres naturais, industriais e os ocasionados por atos de terrorismo. O livro nos dá sugestões para prevenir crises globais como a atual: “a opção de melhorar as regulações tem uma maior proba-bilidade de sucesso que qualquer outra reforma.”

Virginia LasioDiretora Espae-EspolEquador

Leio Fracasos Exitosos de Bernardo Stama-teas, que fala sobre como podemos con-verter debilidades em fortalezas, ameaças em oportunidades e como os tempos de crise são os melhores momentos para inovar e dar um passo adiante. O livro indica que o fracasso é uma situação, não uma posição, e que é uma porta que nos leva a uma nova dimensão do triunfo.

Fernanda GrassoGerente de marketing Meta4 Cono Sur Chile

Marcelo DabósDiretor de MBA Escola de Negócios Universidade de BelgranoArgentina

Cachorros de PalhaJohn Gray

Record2005

R$ 38

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www.americaeconomia.com.br

ranking

das melhores

Fechamento: 18 de maio de 2009Publicação: junho de 2009

AméricaEconomia apresenta seu tradicional ranking dasMelhores Escolas de Negócios da América Latina A edição 2009 contém uma análise completa das especialidades ligadas à Administração, incluindo as escolas mais sólidas em:

FinançasMarketingEconomiaEstratégiaR.H.InovaçãoEmpreendimentoAlta direçãoO poder da marca: percepção de

prestígio tanto regional quanto local dos programas de MBA segundo os mais importantes headhunters da América Latina.

Ranking de necessidades locais: as especialidades em negócios mais demandadas pelas empresas.

Ranking Global de Escolas: as melhores opções para um latinoamericano que deseja fazer seu master em negócios fora do continente.

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MAIO, 2009 / AMÉRICAECONOMIA 65

RAIO X[BRASIL]

SOLE

DAD

TIRA

PEG

UI

2003 2004 2005 2006 2007 2008 09p

POPULAÇÃO (MILHÕES) 178,99 181,59 184,18 186,77 189,34 191,87 194,49

PIB (VAR.% REAL) 1,1 5,7 3,2 4,0 5,7 5,1 0,5

PIB (MILHÕES US$ CORR.) 552.239 663.552 881.754 1.072.357 1.313.590 1.664.662 1.587.725

PIB PER CAPITA (US$ CORR.) 3.085 3.654 4.787 5.742 6.938 8.676 8.164

PIB PC (PAR. POD. COMPRA) 7.698 8.231 8.603 9.081 9.695 10.298 10.690

INFLAÇÃO 8,17 6,57 4,53 2,54 4,38 6,4 3,6

DESEMPREGO (%) 12,3 11,5 9,8 10,0 9,4 9,8 11,0

INV.EST.DIRETO (MILH. US$) 10.144 18.146 15.066 18.782 34.585 38.000 N.D.

INV. NO EXTERIOR (MILH. US$) 249 9.807 2.517 28.202 N.D. 20 457 N.D.

SALDO COMERCIAL 24.877 33.842 44.929 46.456 40.039 24 836 40 328

QUADRO MACROECONÔMICO BRASIL

FONTES: FMI, MECON, INDEC, UNCTAD. ESTIMATIVAS E PROJEÇÕES: AE INTELLIGENCE.

LIMITE TÊNUE

Até agora, o governo brasileiro coleciona mais elogios que críticas na gestão dos impactos da crise econômica inter-nacional no ambiente doméstico. A redução do IPI dos

automóveis contribuiu para reverter a brusca queda nas vendas do último trimestre de 2008. E serviu de exemplo para que a isenção fosse estendida a outros setores sensíveis ao crédito, como o de eletrodomésticos da linha branca. Em infraestrutura, além da garantia de investimentos no PAC, foi anunciado um plano habitacional voltado à baixa renda. E a taxa básica de juros deve seguir em queda.

“O governo parece interromper a retração econômica, ao contrário do que acontece em muitos outros países”, diz Flávio Serrano, economista sênior do Banco do Espírito Santo. “Quanto à desoneração, as medidas estão corretíssimas”, concorda Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

A redução da meta de superávit fiscal, de 3,8% para 2,5% ao ano, em abril, porém, “acendeu uma luz amarela”, diz Serrano. “O governo não pode ceder nesse aspecto. É um dos principais pilares do crescimento econômico dos últimos anos”, afirma o economista. “Foram o superávit fiscal e as enormes reservas acumuladas que garantiram ao País o grau de investimento e deram impulso à expansão econômica. Se for algo momentâ-neo, tudo bem. Mas, à medida que a economia se recuperar, é preciso controlar os gastos.”

Campos Neto, do Schahin, concorda. Para ele, o grande desafio é escapar de um contexto internacional negativo sem criar desequilíbrios para o futuro. “Em política monetária, ainda há margem para se fazer isso”, afirma. Já em relação à política fiscal, pondera, o governo tem aumentado os gastos, mas não a eficiência dos mesmos.

Isenção fi scal e investimentos ajudam a conter retração da economia. Mas gasto público preocupaDubes Sônego

Daqui por diante, portanto, o governo terá que buscar o equilíbrio tênue entre investimentos e isenção fiscal, de um lado da balança, e a manutenção do superávit fiscal, de outro. Algo que seria facilitado pela normalização do ambiente econômico, avalia Serrano. Em termos palpáveis: o crédito precisa chegar às empresas; é necessária a reativação de segmentos sensíveis à situação internacional, e o retorno da confiança de consumi-dores e empresários. “É o que impede uma recuperação mais acelerada. Estímulos existem”, afirma.

Resta saber se eles serão suficientes ou se o governo terminará encurralado por gastos crescentes e uma arrecadação decres-cente. “A estrutura de gastos brasileira é muito engessada. É preciso que a economia siga crescendo para que esse modelo seja sustentável”, diz o economista.

Ao contrário do que aconteceu em outras crises, a balança de pagamentos é uma preocupação descartada. Pelo menos por ora. Depois de um breve período de forte fuga de dólares, no auge da crise, a situação se estabilizou. E a perspectiva de investimentos estrangeiros diretos é bastante positiva, segundo Serrano: “não é daí que vem o risco”. “O Brasil não tem o mesmo espaço de manobra que a China, nem condições macroeconômicas como as do Chile. Mas está bem-posicionado”, diz Neto, do Schahin.

Bastará fazer o dever de casa para preservar tais avanços.

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66 AMÉRICAECONOMIA / MAIO, 2009

LINHA DIRETA

Ogel antibactericida está esgotado. Há três dias busco o produto nas farmácias e ouço o mesmo “volte outro

dia”. Não é capricho: esse unguento que permite lavar as mãos sem usar água é um dos poucos tratamentos efetivos disponíveis no mercado para evitar o contágio do vírus da gripe suína. A doença foi batizada assim porque foi transmitida aos huma-nos pelos porcos, cerdos, chanchos, ou seja lá como for que chamem esse animal em seu país. O fato é que o tal vírus sofreu mutação e agora seu contágio se dá entre pessoas. Nesta última segunda-feira de abril já se contabilizam mais de 20 mortos na capital mexicana, e em todo o país já podem ser 149 os óbitos. São mais de 1,1 mil hospitalizados, e a cifra não para de subir.

Já estive em meio a terremotos, eleições, crises financeiras, mas é a primeira vez que me vejo em uma epidemia sanitária com essas características. Aqui o contágio ocorre de pessoa a pessoa e apesar de não terem sido poucos os mexicanos que riram das recomendações iniciais – de não dar apertos de mão ao cumprimentar-se, e muito menos beijar-se – hoje são poucos os que se atrevem até a sair às ruas. Falando sério: os pedestres desapareceram da capital. Os que estão na rua caminham apressadamente e escondem a face com más-caras, encontradas à venda até por 50 pesos mexicanos, quando seu preço normal é de apenas 1 peso.

As autoridades reagiram rápido. As aulas foram sus-pensas e os eventos de massa foram cancelados. Muitos restaurantes fecharam suas portas por sugestão da Secreta-

ria de Saúde e as redes de cinema optaram por não operar. Não houve shows, e nos parques e museus viam-se poucas famílias. As missas foram transmitidas por rádio e várias partidas de futebol foram realizadas a portas fechadas,

apenas com os próprios joga-dores e comentaristas, mas sem torcida. A recomenda-ção mais importante foi a de pedir assistência médica ao menor sintoma semelhante ao de uma gripe, com muito mais ênfase na febre acima de 39 graus Celsius. De fato, pode-se ver funcionários do sistema de saúde percor-rendo o transporte público distribuindo máscaras, preo-cupados com a presença de pessoas com algum sintoma.

Como tentar ter uma vida normal sob essa quarentena? Impossível até em pensa-mento. Apesar do trânsito continuar uma loucura, mui-tos optaram por trabalhar de casa, enquanto outros espe-ram que suas empresas se manifestem para saber como proceder. Suspenderam-se seminários, conferências, eventos, viagens e reuniões em todos os lados. O contato humano é uma ameaça.

Enquanto isso, aqui estou eu, em plena Cidade do Mé-xico, sentada na frente do computador, pendente das no-tícias, vendo como essa tragédia evolui e como se somam mais zonas geográficas afetadas pela epidemia. Já não são somente México e Estados Unidos.

Pensei em sair novamente - com minha máscara - para buscar o tal gel. Mas meu marido chegou antes com esse troféu nas mãos. Conseguiu na empresa onde trabalha. Um pesadelo a menos nesta noite.

Arly Faundes

[CIDADE DO MÉXICO]

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