notícias da ufpr (dezembro)

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www.ufpr.br | Ano 8 | Número 46 | Dezembro de 2009 Tesouro sob as águas Pesquisadores da UFPR apontam empecilhos do pré-sal, mas concordam que riqueza é inestimável página 13 Reuni deve investir R$ 250 milhões até 2012 pág. 8 Projeto Fibra já atendeu mais de 30 mil estudantes pág. 20 Sistema vai monitorar alunos para evitar jubilamento pág. 4 Notícias da UFPR

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Edição de dezembro da revista da Universidade Federal do Paraná.

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Page 1: Notícias da UFPR (Dezembro)

www.ufpr.br | Ano 8 | Número 46 | Dezembro de 2009

Tesouro sobas águasPesquisadores da UFPR apontam

empecilhos do pré-sal, masconcordam que riqueza

é inestimávelpágina 13

Reuni deve investir R$ 250 milhõesaté 2012 pág. 8

Projeto Fibra já atendeu mais de 30 mil estudantes pág. 20

Sistema vai monitorar alunos para evitar jubilamento pág. 4

Notícias da

UFPR

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Outubro2009

O jornal Notícias da UFPR é uma publicação da Assessoria de Comunicação Social da Universidade Federal do Paraná.Rua Dr. Faivre, 405 - CEP: 80060-140 Fones: 41 3360-5007 e 41 3360-5008 Fax: 41 3360-5087 E-mail: [email protected]

Reitor Zaki Akel Sobrinho | Vice-Reitor Rogério Mulinari | Pró-Reitor de Administração Paulo Roberto Rocha Kruger | Pró-Reitora de Extensão e CulturaElenice Mara de Matos Novak | Pró-Reitora de Gestão de Pessoas Larissa Martins Born | Pró-Reitora de Graduação Maria Amélia Sabbag Zainko

Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças Lúcia Regina Assumpção Montanhini | Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Sérgio ScheerPró-Reitora de Assuntos Estudantis Rita de Cássia Lopes | Chefe de Gabinete Ana Lúcia Jansen de Mello Santana.

Assessor de Comunicação Social e Jornalista Responsável Mário Messagi Júnior - Reg. Prof.: 2963 | Edição geral Letícia Hoshiguti | EditoresSimone Meirelles (Ensino), Fernando César Oliveira (C&T), Mário Messagi Júnior (Gestão) e Lais Murakami (Cultura e Extensão) | Projeto Gráfico

Iasa Monique Ribeiro | Diagramação Sandoval Matheus | Foto da Capa Izabel Liviski | Impressão Imprensa UniversitáriaRevisão Edison Saldanha | Tiragem 10 mil exemplares

O ano de 2009 marcou o início de uma nova gestão. Foi um período de grandes mudanças com a reestrutu-ração das equipes, elaboração de um novo planejamento estratégico, for-talecimento da avaliação institucional e implantação de uma nova dinâmica nos processos administrativos.

A Universidade acelerou as li-citações. Em 2010, vamos entregar um grande número de espaços no-vos e outros tantos revitalizados. O Coplad aprovou um novo Plano Di-retor. Deste modo, garantiremos a infraestrutura necessária para a im-plantação do Reuni. Ao mesmo tem-po, contratamos docentes e técnicos administrativos e investimos em ca-pacitação, qualificação, saúde e bem estar. Avançamos muito na estrutu-ração da pesquisa e pós-graduação, na extensão e na cultura. A assistên-cia estudantil deu um grande salto para garantir a permanência de nos-sos discentes, incluindo um vigoroso programa de bolsas acadêmicas. A internacionalização foi intensificada e ampliada e os esforços de expansão e de melhoria da qualidade ocorreram em toda UFPR.

Diversificamos as fontes de fi-nanciamento e aumentamos a cap-tação de recursos, projetando um 2010 ainda melhor em termos de capacidade de investimento. Avan-çamos muito, contando com o apoio dos inúmeros parceiros dos diversos níveis do governo e da sociedade ci-vil organizada.

Vamos a passos largos rumo aos 100 anos, atendendo as demandas da sociedade paranaense, formando uma nova geração de profissionais e cidadãos e colaborando com a gera-ção de ciência, tecnologia e inovação para o desenvolvimento social, eco-nômico e cultural do Paraná.

Assim, honramos os ideais de nossos fundadores.

Produzir conhecimentoé inovar

Editorial

Um bom 2009; e Um

2010 melhor ainda

Inovar é o mote para tudo e todos. O mercado (para tudo e para todos, no sentido mais amplo) é ambiente de contínuo desafio pelas exigências crescentes, fomentadas pelos concorrentes e pelos clientes. Inovar é ir além de uma mera ideia. É fazer coisas novas. Inovar é transformar a criatividade em produto, serviço ou processo novo ou melhorado, como é entendido o conceito na atualidade. Além disso, inovação deve ter como consequência a geração de valor num sentido socioeconômico-ambiental à luz do ambiente organizacional que a demanda. Por isso, inovar é uma das principais missões de uma universidade e da produção de novos co-nhecimentos.

No Brasil, cerca de 80% dos pesquisadores atuam no âmbito de uni-versidades e centros de pesquisas públicas, enquanto nos países desen-volvidos essa atuação concentra-se no setor privado, empresas e indús-trias. Atualmente a UFPR ocupa a oitava posição no ranking brasileiro de produção científica, sendo a décima quarta no âmbito sul-americano. Esta geração de conhecimento é impulsionada pelo trabalho em pesquisa de aproximadamente dois mil professores, dos quais 75% têm doutora-do. Entretanto, as universidades são responsáveis por apenas 0,2% das patentes apresentadas ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Instituições de Educação Superior ainda encontram caminhos difíceis para fazer com que o desenvolvimento científico-tecnológico fique dispo-nível para o setor produtivo. Para isso, Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), como a recém-criada Agência de Inovação, visam contribuir para que a produção de conhecimento chegue à sociedade brasileira e resulte em desenvolvimento econômico e social, com manutenção de qualidade do ambiente, isto é, em consonância com as ideias de sustentabilidade.

A Agência de Inovação da UFPR é o resultado da junção de três unida-des: o Núcleo de Propriedade Intelectual (NPI) criado em 2005, o Portal de Relacionamento criado em 2004 e o Núcleo de Empreendedorismo e Projetos Multidisciplinares (Nemps) criado em 2001, substituídas, res-pectivamente, pela Coordenação de Propriedade Intelectual, pela Coor-denação de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica e pela Coor-denação de Transferência de Tecnologia.

A Agência é o local ideal para o pesquisador que deseja que sua pes-quisa aplicada chegue ao setor produtivo e traga benefícios para a socie-dade; para o empresário, que enxerga a Universidade como uma fonte de soluções para os problemas enfrentados diariamente em seus empreen-dimentos; para o cidadão comum que possui uma ideia inovadora, mas não tem condições de contratar serviços especializados no setor privado; para pessoas com visão empreendedora, que desejam começar seu pró-prio negócio, mas não sabem por onde começar. Enfim, a Agência será mais um instrumento facilitador para o incentivo e o desenvolvimento de inovações na sociedade brasileira.

Sérgio ScheerPró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação.

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OpiniãO

Zaki AkelReitor da UFPR

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Outubro2009

[email protected]ícia Hoshiguti

EnsinO: nOvOs CursOs

Setor de Educação Profissional e Tecnológica

busca sintonia com a sociedadeObjetivo é atender às demandas dos setores produtivos por profissionais

O ensino técnico profissio-nal vem ganhando uma nova dimensão no Brasil,

e na UFPR não é diferente: o an-tigo Setor Escola Técnica agora é Setor de Educação Profissional e Tecnológica e a mudança não foi apenas no nome. A Reitoria vê o papel do novo setor como impor-tante e necessário para a UFPR trabalhar em sintonia com as de-mandas da sociedade.

Todos os cursos que corres-pondem às modalidades de nível médio, integrado ao ensino médio e pós-médio ofertados pela então Escola Técnica migraram para o recém-criado Instituto Federal do Paraná (IFPR). Com o novo setor, a universidade continuará inves-tindo fortemente em cursos de tecnólogos. Da antiga grade, res-tou apenas o curso de Tecnólogo em Informática e foram criados com o Programa Reuni outros seis cursos de Tecnologia (veja quadro em destaque).

Se por um lado toda essa mu-dança foi provocada pelo governo federal, que instituiu no final de 2008 a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnoló-gica em todo país, também a pró-pria UFPR já vinha trabalhando na perspectiva de um entrosamento maior com setores produtivos e suas necessidades por profissio-nais de todos os níveis.

O reitor Zaki Akel Sobrinho se diz extremamente otimista com a nova unidade. Entende que, da mesma forma que o país precisa de jovens universitários, de visão ampla, com atuação nas pesquisas científicas, também necessita da-queles com formação mais práti-ca, voltada para o mundo do tra-balho. “O Brasil precisa de mais quadros, mais engenheiros, mais técnicos”, defende o reitor, lem-brando que a missão da UFPR

nesse contexto precisa respon-der à seguinte questão: “Que uni-versidade o Paraná quer que nós nos tornemos? Essa é a pergunta principal”, diz Zaki, lembrando que empresas como a Itaipu, Eletrobrás e Sanepar constante-mente demandam profissionais qualificados à universidade.

Em tempos de Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e de bilhões de reais in-vestidos pelo governo, o reitor vê como dever da universidade produzir os quadros que supram as necessidades dos diversos se-tores, desde os biocombustíveis, passando pelo turismo ou merca-do imobiliário, entre outros. “E será um grande setor, com labo-ratórios de primeira qualidade para atendimento das demandas de ensino, tão bom quanto todas as áreas da universidade”, garan-tiu.

Se por um lado o setor nasceu

com uma nova vocação, por outro há a preocupação de ser também um modelo. Para o professor Sá-vio Moreira, diretor pro tempore da nova unidade, o desafio é con-tribuir com novos modelos de projetos pedagógicos. Estão em discussão propostas que veem a oferta de novos cursos não com a lógica da expansão, mas de al-ternativas de formação não aten-didas pelos modelos tradicionais. Aí, entrarão ingredientes como a análise do mercado, a contextua-lização da demanda, a vocação regional para determinado perfil profissional ou a necessidade de oferta de formação para um pro-fissional que sequer ainda existe no mercado atual.

“A educação inovadora que buscamos nos novos modelos pretende incluir não só conheci-mentos técnicos, mas conteúdos humanísticos, éticos, artísticos, competências profissionais para o

autoconhecimento, capacidade de autoaprendizagem e desenvolvi-mento pessoal”, define Sávio. To-das as propostas de novos cursos dentro dessa nova política serão apresentadas em 2010 para apre-ciação do Conselho de Ensino e Pesquisa da UFPR.

Cursos ofertados pelo Setorde Educação Profissional

e Tecnológica• Tecnologia em Análise e Desenvolvi-mento de Sistemas;• Tecnologia em Comunicação Institu-cional;• Tecnologia em Construção de Instru-mentos Musicais (Luteria);• Tecnologia em Gestão da Qualidade;• Tecnologia em Negócios Imobiliários;• Tecnologia em Produção Cênica;• Tecnologia em Secretariado Executivo.

Sete cursos e quadroem expansão

O Setor tem sete cursos de Tecno-logia, com 375 vagas. Mantida essa pro-porção a cada ano, em 2011 a unidade terá 1.125 vagas. O quadro está sendo expandido com mais 21 novos professo-res e dez novos servidores técnico-admi-nistrativos. Até o final deste ano, o total de professores contratados deve chegar a 80. Em 2010, o espaço físico destinado ao setor dobrará: terá mais de sete mil metros quadrados.

REUNI Alunos do Instituto Federal do Paraná têm seis novas opções de curso

Foto: Izabel Liviski

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Outubro2009

[email protected] Salazar

Passar no vestibular pode ser um desafio menor do que se manter na fa-

culdade por alguns anos, tirar boas notas, frequentar todas as aulas e terminar o curso no tempo pré-determinado. Por es-sas dificuldades, alguns alunos acabam por extrapolar o prazo e jubilar, termo que significa a perda do vínculo acadêmico de-vido ao fim do tempo de máximo para realizar o curso. Em outu-bro, a UFPR lançou o Sistema de Acompanhamento e Tutoria (SAT) com o objetivo principal de acompanhar os alunos e evi-tar esse processo tão desgas-tante, tanto para aluno quanto para a universidade. Além disso, o SAT também objetiva a dimi-nuição da evasão e o monitora-mento dos motivos que levam a essas situações.

Para a graduação o tempo de conclusão se configura a partir da soma dos anos de periodiza-ção recomendados com a meta-de desse número. Por exemplo, alunos da graduação em Física têm seis anos para se formar: quatro da periodização normal, mais 50%. Já no Direito, curso de cinco anos, o número sobe para sete anos e um semestre; na Medicina, seis anos, o tem-po sobe para nove anos. Ainda assim, é significativo o núme-ro de alunos que não consegue

completar o curso, por motivos diversos. No último semestre, o Núcleo de Acompanhamen-to Acadêmico (NAA) abriu 216 processos de jubilamento.

Os cursos que mais pos-suem processos são Engenharia Química (com 19 possíveis jubi-landos), Filosofia (15) e Bacha-relado em Ciência da Computa-ção (15). Alexandre Knesebeck, coordenador de curso de Enge-nharia Química, afirma que os processos ainda estão em trâmi-te e, portanto, ainda não é possí-vel explicitar os motivos desse número. “É provável que seja um caso específico desse se-mestre”, diz. Há, contudo, cur-sos que não registram nenhum jubilamento neste ano, como é o caso de Arquitetura, Farmácia, Turismo e Nutrição.

Em 2009, o curso de Ocea-nografia registrou seu primeiro jubilamento. O aluno teve di-reito a apresentar argumentos, como rege a Instrução Norma-tiva 02/04 do Conselho de Ensi-no Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFPR, mas o colegiado não achou suas justificativas sufi-cientes. “Ele largou o curso e foi para o exterior, precisava de mais dois anos para se formar” conta Mauricio Garcia Camargo, coordenador do curso. Ele ain-da pode recorrer da decisão e o coordenador quer ajudar: “Vou propor ao NAA um acompanha-mento semestral. Se for aprova-do, vamos aceitar o tempo que ele pede desde que não repro-

ve em nenhuma disciplina”. O apoio do coordenador de curso é essencial nesse momento. Baseado nesse fato, o SAT se apoia na figura do coordenador de curso para realizar a maio-ria de suas ações. (ver mais no Box).

Segundo o professor Rob-son Tadeu Bolzon, coordenador de políticas de acesso e perma-nência do NAA, o processo de jubilamento é o oneroso para a instituição. “Dedica-se tempo para instruir, com as instâncias do processo, além do próprio desligamento do aluno da Uni-versidade”. Segundo ele, o pro-cesso pode chegar a tramitar por seis meses.

Para efetuar o desligamen-to de um aluno, é preciso pas-sar por diversas etapas que se iniciam com a notificação do aluno, sua defesa, a decisão do colegiado e do NAA. Jubilado, o aluno ainda pode recorrer às instancias superiores da Uni-versidade como o Cepe ou, em último caso, ao Conselho Uni-versitário (Coun). (ver mais no infográfico).

A chefe de expediente da Secretaria dos Órgãos Colegia-dos (SOC), Cláudia Bittencourt Valle, afirma que, se a pessoa traz ao conselho uma justifi-cativa séria, pode sim receber mais prazo. “Contudo, se traz argumentos frágeis fica mais complicado”. Ela conta que tudo depende do caso e que acontece de o Coun ceder mais

Acompanhamentoe tutoria

Índices de reprovação, evasão e ju-bilamento têm sido uma preocupação constante da Pró-Reitoria de Graduação. Iniciativas isoladas como a do curso de Engenharia Química têm se mostrado eficientes. Por isso, em 2009, a Prograd cria o SAT que vai aproximar a coorde-nação de curso e os alunos através do monitoramento dos problemas que im-pedem o aluno de seguir seu currículo de maneira periodizada e interfiram no desempenho da vida acadêmica. “O SAT foi pensado para levantar as questões como estão os alunos e seus currículos”, explica Arlete Ceccato, coordenadora de Políticas de Acompanhamento Aca-dêmico.

A primeira iniciativa do sistema foi a contratação de um bolsista por curso da Universidade que vai trabalhar no processo de monitoramento, além de auxiliar o trabalho das coordenações de curso. Até o momento, 39 dos 76 cursos de graduação já estão com bolsistas se-lecionados pelos coordenadores através de seu perfil para o cargo. Na primeira fase da implantação do sistema, eles vão investigar a conclusão prevista e os fatores de retenção de cada aluno espe-cificamente. “Até é possível estabelecer isso através de dados, mas faltaria o levantamento dos motivos, que podem ser questões da universidade, como in-compatibilidade de horário ou estágio obrigatório”, diz.

“É como se disséssemos ao aluno: ‘e no que podemos te ajudar?’”, explica. A partir desses dados, a UFPR vai procurar intervir no que for possível: fortalecer os coordenadores de curso, identificar disciplinas específicas que impedem o avanço (os chamados “nós” curricula-res). A pesquisa também vai identificar como funciona o fluxo e em que período o rendimento cai.

Além disso, o sistema visa a implan-tação de tutorias, a serem realizadas por alunos bolsistas da pós-graduação que realizariam atividades complementares para auxiliarem alunos que tenham difi-culdades acadêmicas.

Sistema de Tutoria pretende diminuir o drama do jubilamento

Alunos podem concluir o curso com até 50% a mais de tempo que a periodização normal, mas nem sempre conseguem evitar o desligamento por exceder o prazo

EnsinO: ACOmpAnhAmEntO

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Outubro2009

Jubilar não é brincadeira: é um processo longo, oneroso e desgastante. Descubra com esse desafio, todos os passos pelos quais um aluno nessa situação deve passar. É bom lembrar que a partir de 2010, o Sistema de Acompanhamento e Tutoria (SAT) vai ajudar o aluno a não passar por todas essas fases.

Casa 1 – Seis meses antes: você recebeu notificação de jubilamento. O NAA vai te contatar via e-mail ou edital. Se o seu cadastro não estiver atualizado, você deve re-ceber pelo correio uma carta com Aviso de Recebimento (AR). Quando for notificado, avance uma casa.

Casa 2 – Não se desespere! Você ainda não foi jubilado e tem muitos passos para se justificar! Avance uma casa.

Casa 3 – Seu processo de jubilamento foi aberto. Vá até a secretaria de seu curso tomar ciência do processo por escrito. Avance uma casa.

Casa 4 – Você tem 30 dias para apresentar uma defesa por escrito. Enumere suas dificuldades e justificativas. Se for seu caso, requisite prorrogação. Avance uma casa.

Casa 5 – O Colegiado de Curso vai analisar sua justificativa e pode ceder (ou não) o tempo que você pediu. Pode também ceder menos tempo e estipular condições.

Casa 6 – O NAA pode pedir nova manifestação sua. É hora também de escrever suas alegações finais.

Casa 7 – A decisão é do NAA, se ele não aprovar, volte duas casas. Se você acha que consegue terminar nesse semestre, não se desespere pois o núcleo espera o fim do semestre para efetuar seu desligamento.

Casa 8 – Se você conseguiu mais prazo, parabéns! Seu processo fica parado e você tem mais tempo para terminar. Vá para casa 9. Se você não conseguiu, vá para a casa 10.

Casa 9 – Mesmo depois de conseguir mais prazo você não conseguiu terminar? Avan-ce para casa 10.

Casa 10 – Você foi jubilado e não pode mais se matricular em nada. Vá para casa jubilamento ou, se preferir, avance para casa RECURSO.

Recurso – Recurso do processo no CEPE,apresente novamente suas justificativas. Foi aprovado? Parabéns! Avance para casa Prazo. Não conseguiu? Avance para a casa Coun.

Coun – Seu recurso não passou no CEPE? Sua última chance é recorrer ao Coun. Não conseguiu? Vá para jubilamento. Se conseguir, avance para casa Prazo.

Jubilamento – Agora não há mais para quem recorrer. Se ainda quiser continuar sua graduação, enfrente novamente o vestibular. Se conseguir passar, receberá novo pra-zo para concluir o curso e poderá pedir equivalência pelas matérias que já concluiu. Prazo – Você conseguiu. O Coun lhe concedeu mais tempo para se formar.

prazo mesmo após o Cepe re-cusar. “Como o processo demo-ra muito, acontece até do aluno continuar cursando disciplinas mesmo jubilado, por autoriza-ção dos professores e anexar que as concluiu no processo”, conta. Assim, ele mostra que tem competência e pode ter seu pedido concedido.

Diversos motivos levam um aluno ao jubilamento: podem ser de natureza material, pes-soal ou, mais raro, de dificul-dades de aprendizagem. “Se o problema do aluno é material, há bolsas da Universidade”, afirma Bolzon. Mas ele ressalta que combinar estudos e traba-lho é um dos grandes motivos para jubilamento, principal-mente nas áreas de engenharia onde há facilidade para encon-trar estágios que mais parecem empregos que demandam tem-po do aluno e o levam a deixar a universidade em segundo pla-no. “Muitas vezes a reprovação é por frequência”, diz.

Knesebeck, o curso de En-genharia Química não consi-dera que esses sejam empeci-lhos para a formação. “Muitos alunos trabalham, têm de se adaptar, não é uma relação di-reta”, afirma. Para ele, o aluno que trabalha é geralmente mais consciente da necessidade de formação. Apesar do numero de jubilamentos elevado, o curso já possui um sistema de tutoria interno para monitorar alunos que passam do período normal de integralização. “o aluno é orientado a procurar um tutor

que vai ser responsável pelo encaminhamento desse aluno”, diz o coordenador.

Outro fator comum que leva ao jubilamento é a incompatibi-lidade de horário para estudar e estagiar, com turnos con-flitantes. Cursos com turnos integrais (manhã e tarde) têm índices maiores de jubilamen-to. Em cursos noturnos, a so-brecarga do trabalho diurno dos alunos também pode levá-los a não terminarem o curso no tempo estabelecido.

Uma opção dos alunos após o jubilamento é prestar ves-tibular novamente. Com um novo registro acadêmico, o alu-no recebe um novo prazo para concluir o curso, além de ze-rar seu Índice de Rendimento Acadêmico e só ter contadas as matérias em que foi aprovado e recebeu equivalência.

Esta é a opção do aluno do curso de Letras, Cláudio Or-nellas. Com a chegada do dé-cimo segundo semestre, antes mesmo da chegada de seu pro-cesso de jubilamento, Ornellas já se inscreveu no processo se-letivo para 2010. Ele conta que teve uma série de dificuldades pessoais mas não as considera justificativas válidas para pedir mais prazo junto ao Colegiado. Ele precisaria de mais um ano e meio para se formar, tempo que espera conseguir reingressan-do novamente na universidade. “Acho que o jubilamento é bom pois senão haveria gente que passaria a vida na universida-de”, afirma.

LANÇAMENTO O reitor Zaki Akel fala em encontro que apresentou o SAT a coordenadores

Foto: Manuela Salazar

Arte: Anderson Gomes da Silva

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Outubro2009

Maria de Lurdes [email protected]

De todas as recontagens nas universidades, tan-to públicas quanto par-

ticulares, o censo dos alunos de graduação feito em outubro na UFPR foi o mais completo. Aliando o avanço da tecnologia, com a mudança de método por parte do Instituto Nacional de Ensino Superior do MEC, os dados coletados permitem ter um retrato fiel. Este ano, além da atualização de endereço, nú-meros de telefones e de docu-mentos, o estudante informou a que grupo racial pertence, se é portador de necessidades espe-ciais e ainda a data da expedi-ção da carteira de identidade.

Os estudantes atualizaram os dados que são muito impor-tantes não só para a UFPR, mas para o MEC. O número de gra-duandos é um dos itens levados em conta para definir o orça-mento anual das instituições. O recadastramento foi preen-chido por 20.080 alunos. Ou-tros 3.165 ainda vão ter nova chance na primeira quinzena de dezembro.

Segundo a coordenadora de Políticas de Avaliação Insti-tucional de Ensino da Prograd, Maria Odette de Pauli Bettega,

UFPR recadastrouestudantes da graduação

Censo vai ajudar a traçar um retrato do EnsinoSuperior no País e definir o orçamento

anual das universidades

EnsinO: AlunO pOr AlunO

havia uma série de pendências no cadastro dos alunos. Em alguns cursos 70% dos alunos usaram o CFP dos pais quando fizeram a matrícula. É que só nos últimos três anos, o docu-mento do próprio aluno passou a ser exigido já para prestar vestibular. Outra questão im-portante é o endereço.

Muitos alunos mudam no decorrer do curso e os que vêm de fora na maior parte das vezes, nem tem endereço fixo quando fazem o registro aca-dêmico. Por isso, informam o

local da residência dos pais, em outra cidade, ou de parentes em Curitiba, mas logo depois mudam para outro local. Ape-sar disso, o maior problema sempre ocorre com os núme-ros de telefone. Por isso, este ano, cada aluno informou dois ou mais números para conta-to. Até o fim do ano a UFPR passará todos os dados – aluno por aluno – para a Secretaria de Educação Superior (Sesu).

Resposta prontaPara Maria Odette, o resul-

tado desta recontagem será útil a toda Universidade. Além de informar a quantidade exata de alunos e colaborar na definição do próximo orçamento, é um indicador para avaliar e acom-panhar metas do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reu-ni). O resultado também mos-trará com clareza como está sendo feita a expansão de cur-sos e vagas, elementos impor-tantes para todas as unidades administrativas e definição de novas políticas universitárias.

Foto: Manuela Salazar

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Outubro2009

Marcello Casal Jr / ABr

Integração e desenvolvimentomarcam primeira Siepe

Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão reúne em um único evento Enec, Enaf, Evinci e Einti, comapresentações, mesas-redondas, debates e oficinas

Entre os dias 19 e 23 de ou-tubro foi realizada a pri-meira Semana Integrada

de Ensino, Pesquisa e Extensão (Siepe), no campus Jardim Botâ-nico. O diferencial da semana foi a integração entre os eventos de ensino, pesquisa e extensão da UFPR. O Encontro de Extensão e Cultura (Enec), o Encontro de Atividades Formativas (Enaf), o Evento de Iniciação Científica (Evinci) e o Evento de Inovação Tecnológica (Einti) ocorreram na mesma semana e de maneira integrada.

A Siepe, que teve como tema “Rumo aos 100 anos da UFPR: ensino, pesquisa e extensão vol-tados para o desenvolvimento”, foi promovida pela Pró-Reitoria de Graduação e Educação Pro-fissional (Prograd), Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG), que trabalharam em parceria desde fevereiro deste ano para que o evento fosse concretizado. “Mesmo que não tenha sido algo fácil de organizar de forma inte-grada, os resultados mostraram a importância da semana ser realizada desta maneira. Esta integração mostrou ser uma necessidade, pois permite tanto aos alunos quanto aos profes-sores apresentar os resultados dos seus trabalhos, identifican-do a relação permanente entre as três áreas”, revela José Ma-nuel Gandara, coordenador de Extensão na Proec.

Nos anos anteriores, apesar de realizados na mesma sema-na, os quatro eventos estavam dissociados – fator que limitava a participação dos acadêmicos. Muitas vezes, os horários das

atividades coincidiam, impondo aos alunos escolher de qual par-ticipar. A integração tornou pos-sível aos estudantes assistirem a todos os eventos.

A iniciativa desta união en-tre as áreas vem da nova gestão (2008-2012) de Zaki Akel Sobri-nho. “A ação da semana integra-da surgiu com a nova gestão, que pretende unir os três pilares da universidade: ensino, pesquisa e extensão”, evidencia Regina Maria Michelotto, coordenadora de Política de Formação de Pro-

fessores da Prograd. A parceria entre as três

pró-reitorias está prevista para prosseguir nas próximas edições do evento. “Consegui-mos o êxito pretendido com a integração das atividades que compõem a semana. A parceria entre PRPPG, Proec e Prograd continua e vamos buscar sem-pre melhorar”, conta o pró-rei-tor da PRPPG, Sérgio Scheer.

Atividades da SIEPEA abertura da Siepe foi con-

junta, com a presença de re-presentantes das três pró-rei-

torias organizadoras e do reitor Zaki

Akel

Sobrinho. Ocorreram, tanto na abertura como no encerramen-to do evento, mesas-redondas com a temática da integração entre ensino, pesquisa e exten-são. Painéis de debates, cursos, oficinas, palestras, apresenta-ções de trabalhos de forma oral e em pôsteres, apresentações culturais, CDs com os anais dos eventos de forma integrada e apresentações culturais foram as atividades desenvolvidas no decorrer da Siepe.

Durante a semana também ocorreram avaliações externas para a pesquisa, por docentes bolsistas de produtividade do CNPq de outras instituições como demandado pelo CNPq.

Receptividade dos alunosAtividades como debates

integrados, cursos e oficinas não foram atividades obrigató-rias para os alunos na Siepe e mesmo assim, segundo a orga-nização do evento, contou com um número expressivo de par-ticipantes. “Em minha opinião é muito importante unir o en-sino, a pesquisa e a extensão. Isso já devia ter sido feito antes. Tendo oportunidade temos que participar, pois de nada adianta um trabalho se não for passado para a comunidade”, conta Jés-sica Kaseker, aluna do curso de Agronomia da UFPR.

“Fui monitora na semana e realmente acho que a participa-ção na Siepe acrescenta muito em minha formação, mas consi-dero que faltou integração entre as áreas. Os eventos ocorreram na mesma semana, mas foram bem separados”, expõe a aluna de psicologia da UFPR Anto-niela Yara Marques da Silva.

Camila [email protected]

EXPOSIÇÃO Durante o evento, iniciativas são apresentadas em cartazes

Foto: Izabel Liviski

EnsinO: indissOCiAbilidAdE

Page 8: Notícias da UFPR (Dezembro)

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Outubro2009 GEstãO: AmpliAçãO

A UFPR criou nos últi-mos dois anos 23 novas opções de cursos de

graduação e ampliou em 30,1% o total de vagas em disputa no seu vestibular.

A expansão foi viabilizada através da adesão da univer-sidade ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Até 2007, a universidade oferecia 4.099 vagas por ano em seu processo seletivo. No vestibular hoje em andamento, cujo resultado será divulgado em janeiro de 2010, são 5.334 vagas, distribuídas em 91 dife-rentes opções de cursos.

Nesse período, foram ofer-tadas, portanto, 2.340 vagas adicionais. Até 2012, esse total pode chegar a 9,7 mil.

Em relação a 2007, o núme-ro de vagas noturnas cresceu 84,9%. E o de cursos noturnos, que eram apenas 15, dobrou.

Do total de vagas do atual vestibular, 1.808 estão em 30 cursos exclusivamente notur-nos. Há dois anos, o total de vagas nesse período do dia era de apenas 978.

“Estamos dando oportunidade para os alunos que precisam conciliar os estudos com o trabalho re-munerado”, afirma o reitor Zaki Akel So-brinho.

Até 2012, o total de recursos obtidos pela universidade atra-vés do programa será de aproxi-madamente R$ 250 milhões. O projeto prevê, ao final dos cinco anos, a contratação de 235 pro-fessores e de 396 servidores técnico-administrativos. Desse total, 115 professores e 36 téc-nicos já estão contratados.

Entre os novos cursos de graduação da UFPR estão os de Biomedicina, em Curitiba, e de Ciências Biológicas com ênfase em Gestão Ambiental, em Palo-tina, ambos com turmas iniciais em 2010.

Também foram criados doze cursos superiores de tecnolo-gia, em áreas como aquicultu-ra, biocombustíveis, produção

Com o Reuni,UFPR abre2,3 mil

novas vagasem dois anosInvestimentos previstos pela universidade em

obras do programachegam a R$ 35,5

milhões

Trata-se deum momentomarcante nahistória da

Universidade de ampliação e

melhoramento da infraestrutura.”

“ Adriano Ribeiro,coordenador do Reuni na UFPR.

Foto: Izabel Liviski

Obras no Setor deFormação Profissional

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9

Outubro2009

cênica e construção de instru-mentos musicais, entre outras.

Alguns cursos já existen-tes, como Engenharia Elétrica, História, Química e Arquite-tura e Urbanismo, passaram a oferecer turmas em novos turnos [confira lista dos novos cursos].

Obras

A UFPR tem hoje 29 obras com recursos do Reuni cadas-tradas no Sistema Integrado de Planejamento, Orçamento e Finanças do Ministério da Edu-cação (Simec).

Desse total, sete já se encon-tram concluídas; onze estão em andamento, e outras onze em fase de projetos complementa-res ou definição para abertura de processo licitatório.

“Trata-se de um momento marcante na história da UFPR de ampliação e melhoramen-to da infraestrutura”, observa Adriano Ribeiro, coordenador do Reuni na universidade.

Até 2011, o cronograma do Reuni prevê investimentos na ordem de R$ 35,5 milhões em obras na UFPR.

Entre as obras já concluí-das estão os blocos didático e de laboratórios em Palotina, a reforma do telhado do Edifício da extinta Rede Ferroviária Fe-deral, a atualização das centrais telefônicas e a instalação de câ-meras de segurança em diver-sos campi.

Já entre as obras em anda-mento, as maiores são as de construção de edifícios de salas de aula de química (R$ 3 mi-lhões), de terapia ocupacional e enfermagem (R$ 2,7 milhões), de engenharia química (R$ 2 milhões), de laboratórios de farmacologia (R$ 2,2 milhões), do ginásio do Setor de Educa-ção Profissional e Tecnológica (R$ 1,3 milhão) e a ampliação do Bloco Didático do Setor de Ciências Sociais Aplicadas (R$ 1,3 milhão).

Algumas dessas obras têm conclusão prevista para feve-reiro de 2010 [veja quadro].

OrçamentO

De R$ 15 milhões de recur-sos do Reuni previstos para in-vestimentos em 2008 na UFPR, foram executados R$ 9,5 mi-lhões — desse total, R$ 5,3 mi-lhões foram para edificações e infraestrutura, e o restante (R$ 4,2 milhões), para aquisição de equipamentos.

Em 2009, o valor liberado para investimentos via Reu-ni chega a R$ 20,5 milhões. A maior parte desse valor (R$ 15,7 milhões) é destinada a edi-ficações.

Com verbas do Reuni a uni-versidade também adquiriu, por exemplo, 6,6 mil exemplares para todas as suas bibliotecas, inclusive em Palotina e no Cen-tro de Estudos do Mar.

No que se refere a verbas

As 23 novas opções de curso de graduação da UFPR,abertas nos últimos dois anos

• Biomedicina (manhã e tarde) • Ciências Biológicas com ênfase em Gestão Ambiental – Palotina (manhã e tarde) • Arquitetura e Urbanismo (tarde) • Engenharia Elétrica (noite) • Engenharia Industrial Madeireira (noite) • Engenharia Mecânica (noite) • História (noite) • Letras Italiano (manhã) • Letras Japonês (noite) • Letras Polonês (noite) • Química (noite) • Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (tarde) • Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (noite) • Tecnologia em Aquicultura – Palotina (noite) • Tecnologia em Aquicultura – Pontal do Paraná (manhã e tarde) • Tecnologia em Biocombustíveis – Palotina (noite) • Tecnologia em Biotecnologia – Palotina (noite) • Tecnologia em Comunicação Institucional (tarde) • Tecnologia em Construção de Instrumentos Musicais (manhã e tarde) • Tecnologia em Gestão da Qualidade (noite) • Tecnologia em Negócios Imobiliários (noite) • Tecnologia em Produção Cênica (noite) • Tecnologia em Secretariado Executivo (noite)

Obras no Setor deFormação Profissional

Arte: Leonardo Bettinelli

Fotos: arquivo

OBRAS Com recursos do Reuni a Universidade já construiu vários edifícios e prepara novas licitações para 2010

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Outubro2009

InfraestruturaDiversas obras previstas

no Reuni estão com licitação concluída e com a obras prestes a começar. A lista in-clui a construção do edifício de salas de aula do Depar-tamento de Educação Física, do edifício de laboratórios do curso de Aquicultura, em Praia de Leste, a construção do novo bloco de salas de aula ( bloco 9 ) e a pavimen-tação do campus Palotina e a Construção do Laboratório de Materiais do Departamen-to de Engenharia Mecânica. Diversas novas obras estão programadas, com recurso previsto. As licitações devem acontecer no ano que vem.

Pós-graduaçãoAtravés da Bolsa Reuni

de Assistência ao Ensino, 123 alunos de mestrado e 64 de doutorado obtiveram, em 2008, bolsas com recursos do programa. Em 2009, esses números passaram para 224 e 134, respectivamente. No total, serão 358 bolsas de pós-graduação concedidas via Reuni na UFPR.

Em troca da bolsa, o aluno de pós-graduação deve dedicar uma parcela de seu tempo para atuar em projetos de auxílio ao ensino de graduação. Os projetos são propostos pelas coorde-nações dos cursos e visam combater a evasão e elevar a taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais. O aumento da taxa de sucesso dos cursos (número de alunos formados em comparação com o nú-mero de alunos que entram) é uma das principais metas do Reuni.

A previsão é de que em 2010 o total de bolsas viabilizadas com recursos do Reuni ultrapasse a marca de 700 de mestrado e 350 de doutorado.

BibliotecasCom verbas do

Reuni a universidade também adquiriu, 6,6 mil exemplares para todas as suas bibliotecas, inclusive para Palotina e o Centro de Estudos do Mar.

GEstão

de custeio do Reuni, relaciona-das à assistência estudantil e às unidades básicas de custeio, foram executados R$ 420,3 mil em 2008 e liberados R$ 3,4 mi-lhões em 2009.

Pós-graduaçãO

Através da Bolsa Reuni de Assistência ao Ensino, 123 alu-nos de mestrado e 64 de douto-rado obtiveram em 2008 bolsas com recursos do programa. Em 2009, esses números passaram para 224 e 134, respectivamen-te, o que totaliza 358 bolsas de pós-graduação concedidas via Reuni na UFPR.

Em troca da bolsa, o aluno de pós-graduação deve dedicar uma parcela de seu tempo para atuar em projetos de auxílio ao ensino de graduação. Os proje-tos são propostos pelas coorde-nações dos cursos de gradua-ção e visam combater a evasão e elevar a taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais.

A previsão é de que em 2010 o total de bolsas viabili-zadas com recursos do Reuni

ultrapasse a marca de 700 de mestrado e 350 de doutorado.

Em 2008, Reuni criou14,8 mil vagasSegundo balanço do Reuni

divulgado pelo Ministério da Educação no último dia 27 de novembro, o programa superou a meta de criação de vagas de graduação em universidades fe-derais em 2008.

O objetivo era chegar a 146 mil vagas, mas o total chegou a 147.277. Em 2007, eram 132.451. Foram criadas, por-tanto, 14.826 novas vagas.

Das 57 universidades fede-rais existentes hoje, 53 inte-gram o Reuni. Cada uma delas elaborou um plano de metas, de acordo com suas necessidades específicas. O plano vigorará até o fim de 2012.

O número de cursos de gra-duação cresceu em 2008 de 2.326 para 2.506.

A interiorização das unida-des de ensino é outro destaque do balanço. Foram implantados 104 campi desde 2003 — de 151 naquele ano para 255 em

2008.Em 2003, as universidades

federais atendiam 114 municí-pios. Hoje, são 235.

Desde a implantação do programa, somada a primeira fase da expansão da educação superior, foram contratados 17 mil funcionários, por meio de concursos públicos, para atu-ar nas universidades. Destes, 9.489 são professores e 6.355, técnicos.

Apenas em 2008, foram au-torizadas pelo governo federal um total de 1.821 vagas para docentes, dos quais 1.560 já ti-veram nomeação publicada. Em relação aos cargos de técnicos administrativos, das 1.638 va-gas criadas, 1.275 profissionais já foram nomeados. A previsão é de que as demais nomeações aconteçam até o final de 2009.

No primeiro ano de funcio-namento, os recursos destina-dos ao Reuni foram de R$ 415 milhões. Somado à fase um da expansão, o investimento já re-alizado é de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. Até 2012, devem ser investidos R$ 3,5 bilhões.

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Outubro2009

Quando entrou no ar em 15 de janeiro de 2001, a Wikipédia era apenas

um projeto secundário de enci-clopédia, ligado à Nupedia, es-crita por especialistas. Jimmy Wales, o fundador, não imagi-nava que quatro anos depois a versão em inglês da enciclo-pédia livre, escrita de forma colaborativa, teria mais de 600 mil verbetes. Hoje, são mais de 100 milhões de verbetes e páginas em aproximadamente 75 línguas diferentes, incluindo chinês e esperanto.

A produção colaborativa de conteúdos não é nova, mas a internet deu um fôlego con-siderável para o fenômeno. Ferramentas colaborativas es-tão hoje à disposição de todos. Utilizá-las para reformar o por-tal da UFPR é o que pretende a Assessoria de Comunicação Social e o Centro de Compu-tação Eletrônica. O novo site deverá estar pronto para a volta às aulas, em 2010.

O objetivo é construir um novo portal, com foco no usuá-rio, de fácil navegação, que agregue serviços e, ao mesmo tempo, desenvolver padrões de arquitetura de informação, programação e webdesign, com criação de templates (páginas padrão, de fácil customização) para departamentos, setores, núcleos e cursos.

Como o usuário está no centro do processo, ampliar o máximo possível a participa-ção das pessoas no projeto é o caminho mais promissor. Se-

gundo Frederick van Amstel, consultor do Instituto Faber-Ludens, “usabilidade significa facilidade de uso”. Ele afirma que quando um produto é fácil de usar, o usuário tem maior produtividade, apreende mais rápido, memoriza as operações e comete menos erros. “Para fazer um produto fácil de usar é preciso priorizar as necessida-des do usuário, mesmo que isso implique em maior trabalho para o desenvolvedor. Isso é o que se chama de design centra-do no usuário”, explica.

Origem escandinavaO design participativo teve

origem na Escandinávia. Os usuários participam das deci-sões de projeto em todas as fases, através de dinâmicas e ferramentas de discussão. No caso do novo portal da UFPR, serão basicamente duas formas de participação: presencial e a distância. Além de pesquisas de opinião, reuniões públicas aber-tas, oficinas e testes de usabili-dade, o processo utilizará blogs, wikis e listas de discussão para definir coletivamente as ca-racterísticas do novo portal. O blog da reformulação já está no ar, no endereço www.portalufpr.wordpress.com, documentando todos os passos do projeto.

CursosOutra parte fundamental

do processo é a formação de competências para manter a evolução constante dos sites ligados ao domínio www.ufpr.

br. Esta meta será atingida com a realização de quatro cursos: Arquitetura da Informação com foco no usuário, Drupal básico, Drupal intermediário e Drupal avançado, totalizando 48 horas/aula. Drupal é uma ferramenta livre utilizada para customizar sites. Os cursos são voltados para técnicos e professores com vínculo permanente com a universidade. Dois já foram realizados.

O objetivo é capacitar co-laboradores nas diferentes unidades para desenvolver e atualizar seus próprios websi-tes, dentro da estrutura básica que o novo portal oferecerá e com um novo gerenciador de conteúdos. Este gerenciador permitirá o desenvovimento de websites e aplicativos sem a necessidade de conhecimentos de programação avançados.

GEstãO: sitE dA uFpr

[email protected]ário Messagi Jr.

Novo portal busca participaçãodos usuários, usa ferramentaspopularizadas na internete pretende resolverproblemasapontados empesquisa on-line

Reforma do portalusará ferramentascolaborativas eproduzirácompetências

APERFEIÇOAMENTO Curso de Drupal com Frederick Van Amstel (em pé)

PesquisaA primeira ação do projeto

foi a realização de uma pesqui-sa on-line, encerrada no dia 5 de outubro e desenvolvida pela Prattica, agência de relações públicas do curso de Comuni-cação Social. Oitocentas e qua-tro pessoas responderam ao questionário, 58% alunos, 17% técnicos, 16% professores, 8% vestibulandos e 1% de outras categorias. Quase metade das pessoas (47%) acessa o site diariamente. A pesquisa apon-tou também que os conteúdos mais visados são, em ordem decrescente, notícias, informa-ções institucionais, portal do aluno e webmail. O problema mais grave, segundo a pesqui-sa, foi a desorganização das in-formações, seguido pela falta de atualização e de acessibilidade.

O novo portal tem como desafio resolver estes proble-mas, mudando a concepção do site e criando ferramentas amigáveis, que tornem a atua-lização de informações mais fácil e rápida, e a navegação do usuário simples.

Foto: Manuela Salazar

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Outubro2009

Quandouniversidadesetor produtivointerageme

CiênCiA E tECnOlOGiA: inOvAçãO

Pesquisadores e empre-sários são unânimes em afirmar que o diálogo

entre o meio acadêmico e o se-tor produtivo é algo fundamen-tal para a inovação. Para o di-retor do Centro Internacional de Inovação da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Ronald Dauscha, a tendência das empresas hoje é de inovar em rede.

“Aquele conceito de empre-sa com um centro de pesquisa e desenvolvimento isolado do mundo já está ultrapassado. Aproveitar os laboratórios e as competências das univer-sidades é imprescindível para uma inovação aberta, de ponta e com recursos distribuídos”, afirma Dauscha.

O diretor do Laboratório de Análise de Combustíveis Automotivos da UFPR, Car-los Yamamoto, acredita que as duas partes são beneficiadas com a interação. Além da troca de conhecimentos, Yamamoto aponta como vantagem o fi-nanciamento a novos projetos que envolvam temas atuais e de rápida aplicação.

Para Fábio Andrade, geren-te de engenharia da Arauco do Brasil, o relacionamento entre universidade e indústria repre-senta uma grande responsabi-lidade. “É preciso justificar o investimento, desenvolver aquilo que a sociedade preci-sa”, explica Andrade. “Não se deve pensar apenas no custo, no ganho da indústria, mas de-vemos pensar que estamos de-senvolvendo algo que trará um benefício na melhoria da quali-dade de vida das pessoas.”

Com 426 mestres, 1,3 mil doutores e mais de 350 grupos de pesquisa certificados pelo CNPq, a UFPR apresenta um amplo potencial em pesquisa e desenvolvimento. Os 90 pe-didos de patentes depositados pela universidade a partir de 2003 demonstram a capacidade de invenção de seus pesquisa-dores. Em 2008, com um cres-cente volume de publicações, a universidade atingiu o oitavo lugar em produção científica

Ellen [email protected]

A primeira detém o conhecimento técnico-científico;o outro conhece as necessidades do mercado.Por que não unir esforços?

no Brasil.Segundo o professor Carlos

Ricardo Soccol, coordenador da Unidade de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR, são raras as institui-ções no país com tantas infor-mações e tecnologias passíveis de melhorar a condição de vida da população.

Porém, mesmo com este potencial de desenvolvimen-to, nem tudo que é criado nos laboratórios das universidades é inovador. Uma nova tecnolo-gia só é considerada inovação quando é colocada no merca-do. “Temos plena consciência de que o investimento que a sociedade faz na universidade pública é muito expressivo, mas o retorno tem deixado a

desejar. Retornamos mestres, doutores, médicos, mas pode-ríamos contribuir com novos empregos, novas empresas, novos negócios, mais riquezas para o País”, avalia Soccol.

Segundo Dauscha, a dificul-dade para que essas novas tec-nologias cheguem ao mercado é o “fosso ideológico” exis-tente entre a academia e as empresas. “A empresa precisa se preparar com o mínimo de conhecimento para se relacio-nar com a universidade, assim como a universidade também precisa criar as agências e nú-cleos de inovação tecnológica para dialogar com a socieda-de”, afirma.

Há também o argumento de que o pesquisador ao se rela-

cionar com a indústria estaria se vendendo. Yamamoto, sem-pre que apresenta um projeto de pesquisa envolvendo em-presas, encontra resistência por parte do departamento ou do setor. “É possível produzir pesquisa de alta tecnologia em associação com as empresas”, afirma o pesquisador. “Mas ainda existe aquela percepção de que a universidade tem de estar dentro de altos muros.”

Segundo o pesquisador, há espaço para quem quer fazer a pesquisa pura, que depende de financiamento público, e para aqueles que querem apli-car novas tecnologias ao que já existe.

Foto: Izabel Liviski

FUNDAMENTAL Pesquisadores afirmam que diálogo entre academia e setor produtivo é bom para a inovação

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Outubro2009

Oóleo dofuturo

Ao abordar os diferentesaspectos do pré-sal,professores concordamque descoberta éum novo marcopara o país

Sandoval [email protected]

Os números são superla-tivos: uma reserva de petróleo de cerca de

149 mil quilômetros quadra-dos, que se estende do litoral do Espírito Santo ao de Santa Catarina. Localizada sete mil metros abaixo do nível do mar, as jazidas estão sob uma ca-mada de sal (daí a designação: pré-sal) que em alguns pontos chega a dois quilômetros de espessura. Apenas em quatro blocos de exploração – Tupi, Iara, Guará e Jubarte – a Agên-cia Nacional de Petróleo (ANP) estima que possa haver cerca de 15 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás na-

tural), número que já supera as reservas brasileiras anteriores à descoberta, de 14 bilhões.

As previsões a respeito de todos os blocos do pré-sal, no entanto, ainda são especulati-vas. “É difícil prospectar isso. É uma informação que apenas quatro ou cinco nomes de den-tro da Petrobras podem se ar-riscar a fornecer”, diz o profes-sor José Manuel Reis Neto, do Departamento de Geologia da UFPR. Alguns especialistas, no entanto, tentam e fornecem números que flutuam entre 30 e 300 bilhões de barris de óleo equivalente. A estimativa mais aceita, porém, gira em

torno dos 100 bilhões, o que faria o Brasil saltar da 13ª para a 6ª posição entre os maiores produtores no mundo. Depois de alcançar a autossuficiência, em 2006, o país se tornaria um forte exportador do produto.

A descoberta levou o go-verno a estudar um novo mar-co regulatório para o petróleo. Para a União, o regime vigente hoje, de concessões, não aten-de aos interesses do Estado no caso do pré-sal. Isso porque as novas jazidas apresentam uma maior margem de seguran-ça na exploração. “Até agora, dos 47 poços perfurados na camada, encontrou-se petró-leo em 41. Uma taxa de acerto de 87%, contra 25% da média mundial”, compara o professor Armando João Dalla Costa, co-ordenador do curso de Econo-mia da UFPR.

O baixo risco tornaria o mo-delo de concessões ultrapas-sado. Nele, a União leiloa os poços e a empresa ganhadora fica com todo o óleo e gás que extrair, pagando apenas um imposto ao governo.

Na nova proposta, de par-tilha, a Petrobras fica respon-sável por pelo menos 30% do

óleo extraído em cada campo. O restante cabe à empresa que vencer a licitação – ganha a concorrência aquela que ofe-recer a maior porcentagem em barris de óleo bruto à União.

Além disso, uma porcen-tagem igual à repassada pela empresa vencedora ao Estado também deve ser destinada à União pela Petrobras. Se aque-la oferecer ao governo 80% de sua fatia, por exemplo, a Petro-bras deve fazer o mesmo com o óleo que lhe cabe.

“O que o governo quer é se apropriar dessa riqueza, para que o Brasil não entre na mes-ma jogada dos países árabes, onde esses recursos são con-trolados por duas ou três famí-lias”, assinala Dalla Costa.

Demian Castro, chefe do Departamento de Economia, faz uma ressalva. Para ele, os aspectos técnicos e políticos envolvidos no processo podem mudar os rumos do pré-sal. “Muita água vai rolar até que essa descoberta se torne pro-dutiva. Ela exige uma tecnolo-gia bastante sofisticada [para extração], e ainda precisamos levar em conta que 2010 é ano de eleições”, ressalta.

Fotos: Agência Petrobras CiênCiA E tECnOlOGiA: dEsCObErtA

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Outubro2009

O novo marco regulatório propõe também que a Petro-bras seja operadora única de todos os campos do pré-sal. Ou seja: a empresa, independente de quem seja a parceira, será a responsável pela condução e pelas tomadas de decisão du-rante todo o processo de ex-ploração.

Já para negociar os interes-ses do governo, gerir recursos financeiros e coordenar o rit-mo de exploração será criada a Petrosal, empresa 100% esta-tal (parte da Petrobras hoje é controlada por acionistas pri-vados).

Segundo a proposta gover-namental, todo o dinheiro ob-tido pela União com a venda do óleo do pré-sal deverá ser destinado a um fundo social. Entre outras coisas, o objetivo é evitar que o país sofra com o que ficou conhecido como “do-ença holandesa”. Na década de 70, depois de descobrir gran-des reservas de gás natural, a Holanda sofreu com a enxurra-da de dólares que entraram no país. A venda do gás no mer-cado internacional causou a su-pervalorização da moeda, o que deixou mais caras as exporta-ções e prejudicou o parque in-dustrial.

Por isso, o governo quer que o Fundo Social use o di-nheiro do pré-sal para fazer in-vestimentos no mercado inter-no e externo, com o objetivo de equilibrar a balança financeira. Os rendimentos seriam depois investidos em áreas como edu-cação, ciência e tecnologia e no combate à pobreza.

O velho e o novoA descoberta de uma gran-

de reserva de petróleo, com-bustível fóssil e altamente po-luente, chega num momento em que a comunidade inter-nacional discute formas alter-nativas de energia. E é daí que vêm muitas das críticas ao pré-sal. “Estamos num momento em que passamos por vários problemas ambientais. Vamos desenterrar mais petróleo e jogar na atmosfera?”, questio-na o professor Luís Fernando Souza Gomes, do curso de

Estamos nummomento em que

passamos por vários problemas ambientais.

Vamos desenterrar mais petróleo e jogar

na atmosfera?”

“ Luís Fernando Souza Gomes,professor do curso deTecnologia em Biocombustíveis.

Tecnologia em Biocombustí-veis, da UFPR Palotina.

Para ele, o país tem voca-ção para produzir energia lim-pa, principalmente por conta da extensão territorial, do clima e, consequentemente, do potencial agrícola. “Já há tecnologia para dar conta do abastecimento interno, como o álcool e o biodiesel. Se ti-vermos incentivos, em pouco tempo podemos estar expor-tando energia limpa e não pe-tróleo”, prevê Gomes.

As diferentes caracterís-ticas do petróleo do pré-sal, porém, podem ter interferên-cia direta nos índices de po-luição causados pela queima de combustíveis. É o que diz o professor do Departamento de Geologia da UFPR, José Manoel Reis Neto. O óleo do pré-sal difere do encontrado no ‘pós-sal’ por ter se origina-do em rochas de idade diferen-te, o que aumenta a qualidade da commodity, um óleo mais ‘leve’. “Isso tem influência di-reta no refino, na quantidade de gasolina, por exemplo, que se pode obter dele, e também na poluição causada pelo com-bustível final”, explica.

Dalla Costa, do curso de Economia, também confia na capacidade brasileira para produzir biocombustíveis. “O Brasil tem o Pró-álcool. É o único país do mundo que tem um programa dessa magnitude”, assegura. Hoje, 80% da frota de carros vendidos no país se encai-xa na categoria flex, que roda tanto com álcool

como com gasolina. Para ele, o que o país está tentando fazer agora, com o pré-sal, é “jogar dos dois lados”.

Fora isso, a matriz energé-tica do mundo será bastante dependente do petróleo ainda por “muitos anos, talvez mui-tas décadas”, de acordo com a estimativa do professor De-mian Castro. Para ele, a indús-tria do automóvel ainda é mui-to forte na economia mundial, fato comprovado pelas medi-das tomadas por diversos go-vernos para ‘salvar’ montado-ras durante a crise financeira mundial. “Por outro lado, fico pensando até quando vamos insistir em automóveis e com-bustíveis fósseis”, reflete.

Defensor dos biocombustí-veis, o professor Gomes tam-bém não menospreza o poten-cial do pré-sal, mas crê que o país não deveria usar o óleo da camada como combustível, e sim aproveitá-lo na indús-tria petroquímica, que poluiria menos. “Esse petróleo pode ser usado na indústria do país, para a fabricação de plásticos, tintas, material asfáltico, entre outros”, opina.

Seja como for, o professor José Manoel tem uma posi-ção firme: “Essa discussão, se devemos ou não extrair o pré-sal, já ficou pra trás. Pre-cisamos desses recursos para melhorar a qualidade de vida da população. No Brasil, há gente que morre de fome. Se fôssemos a Suíça, talvez pu-déssemos nos dar ao luxo.”

Capital políticoO sentimento nacionalista

despertado pela campanha “O petróleo é nosso”, no início dos anos 50 durante o gover-no Getúlio Vargas, também já foi associado ao atual momen-

to do país. À época, Var-gas criou a Petro-bras, com o objetivo

Arte: Leonardo Bettinelli

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Outubro2009

de promover o monopólio do Estado sobre o petróleo. Uma acirrada briga entre “naciona-listas” e “entreguistas” de-correu daí. Após 57 anos, algo parecido acontece. Enquanto o governo quer aumentar a par-ticipação estatal na exploração do petróleo, a oposição defen-de uma maior interferência do capital estrangeiro. Para os opositores, a atitude do gover-no Lula é de um “nacionalismo populista” que pretende gerar capital político para a eleição de 2010.

Luiz Geraldo Silva, pro-fessor do Departamento de História, concorda que o atual governo é o mais nacionalista desde a redemocratização. “A tônica dos governos anterio-res era ressaltar a pobreza de nosso parque industrial, nossa pobreza cultural, e, portanto, a necessidade de uma abertu-ra.” Mas fala também de uma “tradição política” existente no Brasil. “O petróleo, ou mais amplamente todos os recursos do subsolo, pode ser usado com fins nacionalistas por seja lá qual governo, como já foi historicamente”, avalia.

Silva enxerga semelhanças entre o momento atual e a cam-panha getulista, mas também

destaca uma diferença. Para ele, Vargas repelia sumaria-mente empresas estrangeiras, ao contrário de agora, quando o país de fato possui grandes reservas que são de baixo ris-co e por isso não necessita de capital externo. “À parte isso, ainda podemos dizer que o pré-sal foi ‘produzido’ por uma empresa que se arvorou no monopólio de Getúlio [a Petro-bras] e que agora pode mudar os rumos do país. Sem dúvida existe aí um vínculo com o pas-sado bastante interessante”.

As fatias do boloUm ponto polêmico da

proposta é a distribuição dos royalties de produção para as unidades federativas. Os principais estados produtores – São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo – reivindicam uma maior parcela de partici-pação, enquanto governo e ou-tras unidades defendem uma distribuição mais igualitária, já que o petróleo do pré-sal se encontra a 300 quilôme-tros da costa brasileira. Por ora, o texto-base aprovado na comissão especial da Câmara com o aval dos produtores, dá a esses estados uma fatia de 25%, contra 22% para a União

e 44% para os não produtores (o que já é nove vezes mais do que recebem atualmente). Uma das principais alegações dos produtores para um maior percentual é que esses recur-sos seriam usados na reversão de possíveis danos ambientais causados pela extração. “Mas esse petróleo está longe da costa, então um eventual vaza-mento de óleo, devido às cor-rentes marítimas que atuam na região, não afetaria apenas os estados produtores”, rebate Eduardo Salamuni, professor de Geologia da UFPR e dire-tor-presidente da Minerais do Paraná (Mineropar).

O professor defende que o pré-sal seja tratado como “um fato novo”. Segundo ele, esta-dos como Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo já são beneficiados pela atual lei do petróleo e ainda recebem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), o que já seria suficiente para reverter danos causados ao meio ambiente. “O governo poderia criar um novo fundo, onde esses royal-ties ficariam depositados para serem investidos em projetos de ciência e educação dos es-tados, e também para mitigar possíveis problemas ambien-tais quando necessário, mas com a iniciativa partindo da União”, propõe.

Para o Paraná, uma divisão equânime seria o melhor negó-cio. Geologicamente, as reser-vas do pré-sal se estendem até Santa Catarina, mas o polígono que define oficialmente a área, e que consta no projeto do go-verno, foi reduzido e não chega ao Paraná. Por isso, é imprová-vel que algum poço seja aberto em águas paranaenses, o que é necessário para caracterizar um estado produtor. “É possí-vel que a Petrobras tenha feito uma conta e concluído que as reservas mais ao Sul não va-liam a pena, porque aquelas mais acima já seriam muito grandes. Por isso, é importante que o Paraná faça uma pressão política pelo novo marco regu-latório”, observa Salamuni.

Essa discussão, se devemos ou nãoextrair o pré-sal,já f icou pra trás.

Precisamos dessesrecursos. No Brasil,há gente que morrede fome. Se fôssemos

a Suíça, talvezpudéssemos nos

dar ao luxo.”

“ José Manuel Reis Neto,professor do curso de Geologia.

CERIMÔNIA Tupi foi o primeiro campo de exploração do pré-sal a produzir óleo

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Outubro2009 CulturA E ExtEnsãO: nOvA CArA

Festival de Cultura da UFPR se transforma em Festival de Cultura do Paraná

O evento, com duração de três dias,levou várias atividades culturais

à comunidade nos espaçosdo Corredor Cultural

O Festival de Cultura do Paraná foi realizado nos dias 19, 20 e 21 de no-

vembro e trouxe apresentações e atividades culturais de diver-sas modalidades como teatro, in-tervenções, artesanato, fotogra-fia, pintura, serigrafia, debates, oficinas, vídeo-debates, música e dança. O evento, que nos anos anteriores chamava-se Festival de Cultura da UFPR e ocorria no Centro Politécnico, passou a ser Festival de Cultura do Para-ná para ter maior abrangência e não limitar a participação apenas para alunos da UFPR.

Este ano o Festival foi reali-zado no chamado “corredor cul-tural” que corresponde à área de percurso entre a Reitoria da UFPR e a Praça Santos Andra-de, além de espaços para apre-sentações no Largo da Ordem, todos no centro de Curitiba. Os locais foram escolhidos visando englobar a sociedade em geral por se tratarem de lugares públi-cos com grande movimentação de pessoas. “Não fiquei saben-do que o Festival ia acontecer, mas estava passando pela rua e parei para assistir. Ficou bom porque ocorreu num lugar mais central”, afirma o vendedor Ro-naldo da Costa.

Outro diferencial desta nova edição foi a “cobertura compar-tilhada”. Os participantes do evento tiveram a oportunidade de realizar a cobertura midiáti-ca do festival. Qualquer pessoa pode desempenhar essa ativi-dade, não precisando neces-sariamente ser jornalista ou estudante da área, bastou inte-grar o curso preparatório que foi ofertado pelo próprio festival. A capacitação para a cobertura compartilhada foi no dia 18 de novembro e envolveu três tipos de mídia – internet, rádio e tele-

visão. Esta atividade resultou em 29 vídeos, 21 textos e mais de 3000 fotos. Confira os resultados da comunicação compartilhada no site oficial do evento: http://festivaldecultura.art.br/.

A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) são colaboradoras do evento e prestaram auxílio no aporte es-trutural e na logística. A orga-nização do Festival foi realizada pelo Diretório Central dos Estu-

dantes (DCE) da UFPR em par-ceria com o Coletivo Soy Loco Por Ti – uma Organização Não Governamental. A parceria entre o DCE e o Coletivo teve início em 2006, quando foi organizada a primeira edição do então Festi-val de Cultura da UFPR. “O Soy Loco Por Ti sempre fez parte do fórum permanente de constru-ção do festival. Com o decorrer das edições houve um cresci-mento e um amadurecimento do evento que passou a ser Festival

de Cultura do Paraná”, ressalta Roberta Schwambach, membro da coordenação do evento.

A organização do festival recebeu 134 propostas de ativi-dades culturais, um número re-corde de participação comparada às outras edições do evento. O maior número de inscrições foi para as áreas de música e dan-ça. Cabe destacar que os artis-tas inscritos são de localidades distintas. Havia inscrições de 14 municípios do Paraná – Curiti-

Camila [email protected]

ESPETáCULO A Fábula do Vento Sul foi uma das peças apresentadas no pátio da Reitoria

Fotos: Manuela Salazar

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Outubro2009

Festival de Cultura da UFPR se transforma em Festival de Cultura do Paraná

Festival de InvernoEstá aberto o processo de

seleção de oficinas e espetáculos para o 20º Festival de Inverno da UFPR. As propostas podem ser encaminhadas para a Coorde-nadoria de Cultura da Proec até o dia 05 de março de 2010. Serão selecionadas oficinas para crianças e adultos nas áreas de artes visuais, dança, música, artes cênicas, arte popular e literatura, além de educação e arte (para professores) e educação especial (para professores e alunos da APAE). As fichas de inscrição estão disponíveis no endereço www.proec.ufpr.br/festival2010 . O 20º Festival de Inverno da UFPR será realizado de 10 a 17 de julho de 2010, na cidade de Antonina, no litoral do Paraná.

Projeto RondonA Coordenadoria de

Extensão recebeu 130 inscrições de alunos interessados em participar do Projeto Rondon – Operação Centro Nordeste 2010. Ao todo, serão selecionados 18 estudantes, sendo seis para cada projeto – equipe de Santa Bárbara, na Bahia; de Colméia, no Tocantins e de São José da Laje, em Alagoas. Os professores coordenadores dos projetos já fizeram viagens precursoras às cidades, no mês de novembro, para contatos com as prefeituras a ajustes nas propostas. Esta é a primeira vez que a UFPR tem três projetos aprovados e todos encaminhados pelo setor Litoral. A operação Centro Nordeste será realizada durante o mês de janeiro de 2010, com ações de extensão nas áreas de cultura, direitos humanos, educação, saúde, meio-ambiente, comunicação, trabalho, tecnologia e produção.

Exposição no MusAA exposição “Novos

encontros no Acervo” fica em cartaz até 27 de março, no Museu de Arte da UFPR – MusA. A mostra reúne obras que já pertenciam ao acervo do Museu e novas aquisições, com curadoria realizada pelo projeto Educador em Museu, coordenado pelos professores Stephanie Dahn Batista e Paulo Reis. No dia 17 de dezembro, como parte do calendário dos 97 anos da UFPR, o reitor Zaki Akel Sobrinho, recebe oficialmente as obras doadas pelas artistas Eliane Prolik, Mazé Mendes, Tatiana Stropp e Uiara Bartira.

Culturais

ba, Morretes, Pinhais, Mallet, Guarapuava, Guaraqueçaba, Londrina, São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu, Campina Gran-de, Paranaguá, Ilha do Mel, João Surá, Cambé – além de inscrições de participantes dos estados de São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Espírito Santos.

Das 134 propostas de ati-vidades recebidas pela orga-nização do Festival, 110 foram aprovadas e realizadas em 15 espaços culturais durante o evento. Estima-se que cerca de 5.000 pessoas prestigiaram o Festival de Cultural do Pa-raná durante os três dias de sua realização. As atividades divulgadas na programação do evento para ocorrer no Largo da Ordem foram transferidas para outros locais de realização do Festival devido a uma falta

estrutural. A estrutura do local seria cedida por um colabora-dor, mas isso não ocorreu.

Após o resultado deste ano os organizadores do evento já planejam o Festival de 2010. “A ideia é que o Festival não pare por aí e que através do fó-rum permanente, viabilizemos atividades do festival durante todo o ano como forma de nos organizarmos coletivamente e já aproveitarmos para mobili-zar para o festival 2010”, expli-ca Marco Antônio Konopacki, membro da equipe organizado-ra do Festival. Os interessados em fazer parte do fórum per-manente de construção do Fes-tival podem entrar em contato com os integrantes do DCE, na sede do diretório, localizada na Rua General Carneiro, esquina com Amintas de Barros, 4º an-dar.

A ideia éque o Festival

não pare por aíe viabilizemos

atividades durante todo o ano como

forma de nosorganizar emobilizar

para 2010.”

“ Marco Antônio Konopacki, membro da organização.

TENDA DA CURA Oficinas, debates e espetáculos gratuitos reuniram o público em diferentes espaços do Corredor Cultural

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Outubro2009

MAE

O Museu de Arqueologia e Etnolo-gia da UFPR (MAE) foi inaugurado em 1962 e é considerado o primeiro mu-seu universitário do Paraná. Com sede principal localizada no município de Pa-ranaguá, está instalado no prédio que abrigou o antigo Colégio dos Jesuítas, fundado em 1755.

O acervo do museu é composto por artefatos coletados em pesquisas arqueológicas e etnográficas, princi-palmente do Paraná, contribuindo para a compreensão da história do estado. Atualmente possui um acervo de apro-ximadamente 70 mil peças.

Além da sede em Paranaguá, pos-sui uma Reserva Técnica instalada no campus Juvevê em Curitiba e uma Sala Didático Expositiva, inaugurada em ou-tubro deste ano no Prédio Histórico da UFPR.

MAE - Paranaguá: (41) 3423-2511; Reserva Técnica: (41) 3313-2042; Sala Didático Expositiva: (41) 3310-2754

http://www.proec.ufpr.br/links/mae.htm

[email protected]ábio Marcolino

Os trabalhos para a viabili-zação do curso superior de Museologia da UFPR

começaram este ano, seguindo a Política Nacional de Museus. A comissão responsável é for-mada por representantes dos departamentos de Antropologia, Artes, Design, História e Turis-mo, do MAE, MusA e Sistema de Bibliotecas da UFPR.

A criação do curso é um de-sejo antigo — desde os anos 80 havia a discussão para imple-mentação, a partir do interesse dos Departamentos de Artes e de Antropologia. Há dois anos, em visita ao MusA, José do Nascimento Júnior, diretor do Departamento de Museus do Ministério da Cultura é um dos grandes nomes da museologia brasileira, comentou sobre a necessidade de criação de um curso superior de museologia para suprir tanto as necessida-des de profissionais qualificados no Estado quanto as demandas do Estatuto dos Museus, o que impulsionou a criação do curso.

Aí entram os museus da UFPR, que, de acordo com o

diretor do MusA, Ronaldo San-tos Carlos, devem trabalhar em conjunto com o Sistema Esta-dual de Museus. Tanto o MAE quanto o MusA serão contem-plados na oferta de estágios su-pervisionados, da mesma ma-neira que os principais museus do Paraná, dando oportunidade de experiência profissional aos alunos.

A Comissão de Museologia da UFPR levantou que há mais de 100 museus universitários espalhados de norte a sul do país. Muito diferentes entre si, o que os une é a cumplicidade entre Ensino, Pesquisa e Ex-tensão. Muitas vezes, esses es-paços não são aceitos no âmbito da lógica acadêmica, o que deve mudar com a criação do curso de Museologia, o que está acon-tecendo não só na UFPR, mas também em outras universi-dades federais. De acordo com as concepções da Comissão, o novo curso de bacharelado deverá ter 30 vagas, de moda-lidade presencial, no período noturno.

Curso de Museologiaabre espaço para

novos profissionaisO Museu de Arte (MusA) e o Museu de Arqueologia e Etnologia

(MAE) estão envolvidos na criação do curso de Museologia edevem cumprir importante papel para a formação de alunos

Conheça os Museus da UFPRMusA

O Museu de Arte da UFPR (MusA) tem como ideia central estimular o en-volvimento entre as diversas unidades didático-pedagógicas da instituição, buscando a aproximação da arte e da ciência com o objetivo de otimizar a disseminação do conhecimento acadê-mico por meio de exposições, mostras, palestras e ação educativa. Foi inaugu-rado em 2002, com uma exposição rea-lizada a partir de um resgate das obras que se encontravam dispersas pelos gabinetes e salas da UFPR.

Localizado no primeiro andar do Prédio Histórico da UFPR, sempre apre-senta novas exposições com entrada gratuita, e busca valorizar a arte pro-duzida no Paraná, expondo o trabalho de artistas paranaenses, tanto ligados à instituição quanto à comunidade ex-terna.

MusA: (41) 3310-2660, [email protected]

CulturA E ExtEnsãO: nOvO CursOFoto: Douglas Fróis

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Outubro2009CulturA E ExtEnsãO: EspEtáCulOs

Já diz a canção que “todo ar-tista tem de ir aonde o povo está”. Seguindo essa ideia, o

projeto Arte nos Campi, da Co-ordenadoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, já levou, desde maio, apresen-tações dos Grupos Artísticos e a exposição de fotos para o hall de setores, Restaurante Univer-sitário Central, Bibliotecas e até para a Capela da Reitoria, em ho-rários de entrada e saída.

Para o coordenador de Cultu-ra, professor Walter Lima Torres Neto, o objetivo é “divulgar o trabalho dos grupos que existem há tanto tempo na Universidade, incentivando alunos, professo-res e técnicos a conhecê-los me-lhor”. Fábio Marcolino e Dou-glas Fróis, responsáveis pelo

projeto, contam que na primeira apresentação da Orquestra Fi-larmônica, em maio, no Setor de Ciências Sociais Aplicadas, foi possível sentir a receptividade do público. “Cerca de 150 pes-soas assistiram e aplaudiram de pé”, comentam.

A mesma receptividade foi sentida quando o Arte nos Cam-pi retornou ao hall das Sociais Aplicadas, para a apresentação dos bailarinos da Téssera Com-panhia de Dança e das alunas do Curso de Dança Moderna (CDM). Alunos e professores saíram das salas, pararam nas es-cadas para saber o que era aque-la movimentação, de onde vinha o som e o que aconteceria.

Outros, já informados da programação, reservavam lugar

Arte nos Campidemocratizacriação cultural

ções aconteçam todo mês: “Eu me surpreendi com a qualidade do trabalho da Orquestra Filar-mônica e não tinha ideia do que era a dança moderna. Espero que seja mais frequente”. Michel

Apresentações de curta duração nosdiversos espaços da Universidadelevam a produção dosGrupos Artísticos da UFPR

onde pudessem ter uma visão privilegiada do espetáculo. Josia-ne Daher, técnica administrativa do Departamento de Adminis-tração Geral e Aplicada até levou a filha, Isabele, de 5 anos. “Esse tipo de projeto facilita o acesso à cultura. A iniciativa é legal, pois com criança é difícil sair à noite para assistir aos espetáculos”, conta Josiane.

Para o público discente, co-nhecer o trabalho dos Grupos Artísticos tem sido uma grata surpresa. Pedro Costa, monitor do curso de Economia e fã de rock, espera que as apresenta-

Yamada, aluno do 3º ano de Eco-nomia completa: “Gostei muito de saber o que existe a mais na UFPR. E poderia ter apresenta-ção também nos intervalos das aulas”.

Se para o público é uma no-vidade assistir a apresentações culturais tão de perto, no local de trabalho ou estudo, para os integrantes dos Grupos Artísti-cos a prática não é nova. Rafael Pacheco, diretor da Téssera, ex-plica que sempre gostou da pro-ximidade com o público e que os Grupos sempre procuraram locais diferentes dos espaços cê-nicos para levar arte às pessoas. Estreando no Arte nos Campi, as pequenas bailarinas do Inter-mediário I do CDM sentiram o gosto da experiência, que uniu medo e a alegria de receber os aplausos de uma plateia tão dife-renciada.

A programação de 2009 do projeto Arte nos Campi termi-nou no dia 25 de novembro, com a apresentação do Coro da UFPR no pátio interno do Prédio His-tórico. A exposição de fotogra-fias Grupos Artísticos da UFPR, de autoria de Douglas Fróis, fica montada até o dia 10 de dezem-bro, na Biblioteca de Humanas, no Edifício Dom Pedro I e segue depois para o hall do Prédio His-tórico, na Praça Santos Andrade, de 14 a 17 de dezembro. Novas parcerias com os setores da UFPR já estão sendo feitas e em 2010 o Arte nos Campi continu-ará levando cultura para a comu-nidade universitária.

PúBLICO lotou hall, galerias, e escadas na primeira apresentação da Orquestra Filarmônica ALUNAS do Curso de Dança Moderna da UFPR fazem estreia no projeto Arte nos Campi

JOSIANE e a filha: acesso facilitado àprodução artística da UFPR

[email protected] Murakami

Fotos: Douglas Fróis

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Outubro2009 CulturA E ExtEnsãO: AprEndizAdO lúdiCO

Uma bolinha minúscu-la como um brinquedo qualquer não tem ne-

nhum significado especial. Mas, o curioso é que quando se trata de Astronomia, essa bolinha pode ser comparada ao tamanho da Terra em relação ao Sol, por exemplo. Além da Terra, res-peitando a ordem, também são surpreendentes as dimensões dos outros planetas do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter – o maior de todos –, Sa-turno, Urano e Netuno.

Raul Affonso Schubert Neto, aluno do 5º período do curso de Física é apaixonado por Astro-nomia. Solícito e interessado, ele fala sobre o Sistema Solar e demonstra também o minúscu-lo tamanho da Lua em relação à Terra. Membro da Socieda-de dos Astrônomos Amadores (SAA) de Curitiba, Raul está montando um telescópio e já confeccionou um simulador que mostra as estrelas próximas ao Sol. O objetivo é proporcionar uma leitura especial do espaço

aos estudantes do ensino Fun-damental e Médio que visitam o Projeto Física Brincando e Aprendendo (Fibra).

Assim como Raul, mais 11

bolsistas e um voluntário estão envolvidos no projeto que, entre outras metas, têm a intenção de divulgar a ciência de forma inte-rativa e divertida para crianças

e adolescentes. “Instituída há dez anos, a iniciativa também viabiliza uma efetiva integração entre professores, alunos e vi-sitantes, despertando nos estu-

Projeto de extensãodesperta interessepela física emcrianças eadolescentesBrincar, ver, tocar e ao mesmotempo aprender: uma formalúdica e interessante deconhecer a ciência atravésdo Projeto Fibra

[email protected]ônia Loyola

CURIOSIDADE Professor Irineu Mezzaro e o lupping

Fotos: Manuela Salazar

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Outubro2009

dantes novas motivações para o estudo da Física. Por outro lado, a Feira de Profissões da UFPR tem motivado muito os acadê-micos para trabalharem nesse projeto, alguns até vencem a ti-midez quando participam da fei-ra orientando o público”, explica o professor Irineu Mazzaro, co-ordenador do projeto.

ExperimentosOcupando as instalações do

antigo Restaurante Universitá-rio (RU) do Centro Politécnico desde maio deste ano, o Fibra já recebeu mais de 30 mil es-tudantes. Agora, o espaço de 300 metros quadrados favorece em muito a disposição e a de-monstração dos experimentos, muitos deles relacionados com situações vivenciadas no coti-diano das pessoas, o que torna

mais fácil o entendimento.“Normalmente, os visitan-

tes são divididos em dois gru-pos para facilitar a circulação e aproveitarem melhor as expli-cações das diversas experiên-cias, explica o coordenador”. Entre elas, estão o lupping; um demonstrador de energia po-tencial e cinética; um condutor de energia; um mecanismo de geração de energia elétrica; o arco voltaico; um instrumento que reproduz o princípio da sol-da elétrica; o semiespelho; uma oficina de eletromagnetismo e um aparelho que proporciona a ilusão de ótica.

Quer que eu apresente? A pergunta entusiasmada

é do aluno Nicholas Monteiro, do 5º período de Física. “Esse experimento, conhecido por lu-pping, é semelhante a uma mon-tanha russa. Aqui, o segredo é a velocidade”, explica. Já o arco voltaico produz um efeito que pode ser comparado ao ato de acender o fogão, lembra Nicho-las. “Esse é o princípio da solda elétrica”, diz o aluno Wagner Manço da Luz, do 4º período, enquanto manipulava um dos mecanismos. Depois foi a vez do semiespelho, capaz de fundir as imagens dos rostos, lembrando alguns efeitos especiais utiliza-dos no cinema e nos parques de diversão. Na sequência, Wagner e o professor Mazzaro apresen-taram uma oficina de eletromag-netismo e um mecanismo que

Travesseiro de Pedra | Vânia Regina MercerSérie Pesquisa: Biologia e Saúde | R$ 64,00

Segundo o médico oncologista Cicero Urban, muito já se falou sobre o médico, sobre o doente, ou mesmo sobre o encontro entre ambos. Mas quase nada sobre o médico-doente. Sim, sobre a doença que está acometendo os médicos e que contagiou também os demais na área da saúde: a falta de compaixão. Sentimento estranho este. Não aprendido, nem mesmo apreendido nos bancos escolares. Apenas algo difícil de ser conceituado, manipulado ou quantificado, mas que possui mais força do que toda a medicina baseada em evidências para confortar as pessoas na fase mais sensível e difícil da vida: o último degrau. Vania Mercer e seus convidados trazem o inconsciente coletivo à tona e o desnudam totalmente aqui. Desfragmentam o fragmentado doente terminal em suas nuances e em suas dores e sofrimento, sensíveis a todos os que padecem da falta de cuidado em uma sociedade secularizada e utilitarista. A morte é uma companheira indesejável na vida do profissional de saúde, mas este livro, juntamente com a experiência de ser paciente, faz repensar. Ela é sim necessária, e com ela aprendemos a ser melhores como seres humanos. Ou melhor, nos reumanizamos. Despertos em nossa fragilidade e abertos à necessidade de nos relacionarmos e de buscarmos construir um mundo melhor no nosso cotidiano. A abordagem aqui não é completa. Jamais a seria, porque a morte é o maior dos mistérios e o Travesseiro de Pedra é o destino final desta viagem chamada vida. Mas é uma obra essencial, sobretudo para aqueles ainda não contaminados. Aos cuidadores verdadeiros. (Fonte: editora.ufpr.br)

Lançamento da Editora UFPR

Projeção

O projeto Fibra resultou de um curso de extensão direcionado para os professo-res da rede pública de ensino. Posteriormente, devido à grande procura e interesse despertados, a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) propôs a transformação da iniciativa para projeto de extensão.

O Fibra já foi um dos temas do programa “Globo Universidade” veiculado em 2008. A reportagem foi considerada a melhor do ano no quadro “Fora de Série” do mesmo programa. Também em 2008, ganhou Menção Honrosa como um dos melho-res projetos de extensão no Evento de Extensão e Cultura da UFPR.

A partir de dezembro, uma série de drops – pequenos programas inseridos entre a programação – sobre o Projeto Fibra será apresentada na TV UFPR. Serão 15 progra-mas, mostrando experimentos, atuação de alunos bolsistas e aplicação prática das atividades do Fibra. A série televisiva faz parte dos novos projetos que serão implan-tados ao longo de 2010. A TV UFPR já está em contato com coordenadores de cursos e projetos para a gravação de outros programas. A programação da TV UFPR está disponível nos canais 15 da NET e 71 da TVA.

produz a ilusão de ótica, ou seja, dá a sensação de que o objeto usado na experiência está solto no ar, em terceira dimensão e pode ser tocado.

Na verdade, brincando, se divertindo e interagindo com essas ferramentas, as crianças absorvem conceitos complexos

relacionados à Física como as ideias de mecânica, temperatu-ra, eletricidade, ótica, magnetis-mo e outros. “Para os monitores que ficam de plantão durante toda a semana, o Fibra possibili-ta um treinamento de qualidade e diferenciado”, destaca o pro-fessor Mazzaro.

ASTRONOMIA Raul Affonso Schubert Neto e seu experimento

ENTUSIASMO Nicholas Monteiroapresentando as experiências

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Outubro2009

Pedro Steiner assumiu como superintendente da Funda-ção da Universidade Fede-

ral do Paraná (Funpar) no dia 1º de julho, com um discurso recheado de parábolas. Pedro é um contador de histórias. “Um exemplo bem contado vale muito. Uso parábo-las, casos práticos, faço análises”, confessa. Como professor, utiliza a mesma estratégia. Diz que o filme “Os 10 dias que abalaram o mundo” é o maior case sobre

tomada de decisão. Na posição de superintendente, tomar decisões faz parte do seu cotidiano.

Steiner é graduado em En-genharia Mecânica pela UFPR, possui mestrado em Master In Engineering Management, pelo Florida Institute Of Technology, onde estudou estatísticas, análise de dados e teorias da decisão, e é doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Foi diretor de programas da Funpar

de 2003 a 2006 e coordenador de Mestrado e Doutorado em Admi-nistração de junho de 2007 a junho de 2009. Atualmente, além de ocu-par o cargo de superintendente da fundação, é professor de procedi-mentos quantitativos no curso de Administração.

Notícias da UFPR – O que o levou a aceitar o cargo como su-perintendente da Funpar, nesse momento especialmente delicado que a fundação vive?

[email protected]ário Messagi Jr.

Colaborou Dalane Santos

“A Funparpossui 120funcionáriosem seuquadroe gerenciamais de400projetos”

‘Fundaçõesde apoio sãoimprescindíveis’

EntrEvistA: pEdrO stEinEr

Foto: Izabel Liviski

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Outubro2009

‘Fundaçõesde apoio sãoimprescindíveis’

PedRo steiNeR – Primeiro por um convite especial de um amigo de 40 anos, professor Zaki Akel Sobrinho, reitor da UFPR. Eu não poderia jamais recusar o convite de uma pessoa com quem tenho tanta afinidade e respeito. Segun-do porque eu já tinha experiência na Funpar e acredito muito na qualidade do pessoal da institui-ção. São pessoas comprometidas, competentes, engajadas e tem muito que contribuir para o futuro da organização.

Notícias – Em que situação fi-nanceira e administrativa o senhor encontrou a Funpar?

PedRo – Ela estava apresen-tando um desequilíbrio econômi-co-financeiro, fruto de uma suces-são de perda de receitas e de uma inadequação de despesas. No final do ano passado uma mudança foi feita no seu enquadramento previ-denciário, e os ajustes necessários para isso não foram feitos no início do ano. Então tivemos que nos ajustar agora.

Notícias – Projetos foram de-sativados?

PedRo – Alguns projetos que a Funpar exercia não tinham mais nenhuma ligação com a sua função e, portanto, foram desativados.

Mas mantivemos projetos vincu-lados com a função institucional da Fundação, que é a de apoiar a UFPR. A Funpar é reconhecida e certificada como uma instituição de apoio.

Notícias – Quais foram as me-didas tomadas para resolver os problemas pelos quais a Funpar estava passando?

PedRo – Passamos por uma reformulação de projetos, elimi-namos alguns que se tornaram inviáveis e fizemos uma readequa-ção do quadro de funcionários. O quadro da Funpar estava baseado em uma outra realidade, diferente desta em que ela se encontra hoje. Agora a Fundação vive um novo momento, correspondente ao seu estado econômico-financeiro.

Notícias – Ela já está saneada ou ela tem um prazo para fazer ajustes e se tornar saneada?

PedRo – A Funpar constante-mente deve rever a sua situação, na medida em que ela tem de ajus-tar custos. Havendo uma reversão na expectativa de receitas, tanto para mais quanto para menos, será feita uma readequação de valores. Se houver mais projetos em que a fundação esteja envolvida, isto gera mais receita e evidentemente nós temos que reavaliar a necessidade de pessoal, que pode aumentar. Se houver uma redução de projetos e isso provocar redução de recei-tas, certamente algumas ativida-des deixarão de ser realizadas e o pessoal pode, eventualmente, ser reavaliado. Nossa expectativa é a manutenção do quadro atual de receitas e com essa perspectiva a Funpar está equilibrada em ter-mos de despesas com receitas.

Notícias – Como o senhor ava-lia a ação dos tribunais de contas hoje, seja na fiscalização das fun-dações de apoio, mas também dos governos e órgãos públicos?

PedRo – Em primeiro lugar, to-dos os tribunais de contas são ins-tituições muito sérias, preparadas e estão com um quadro de pessoal altamente qualificado. A Funpar, por ser uma fundação de direito privado, não sofre fiscalização dire-

ta do Tribunal de Contas da União (TCU) nem do Tribunal de Con-tas Estadual (TCE), ela sofre de forma indireta, na medida em que recebe verbas federais e estaduais para execução de projetos que são de interesse dos mesmos. Nossa atuação tem sido sempre pautada no princípio básico de atender in-tegralmente todas as demandas dos tribunais de contas. Tivemos recentemente uma reunião (em todo o Estado) e a Funpar foi mui-to elogiada pela excelência e qua-lidade na sua prestação de contas. Nós acreditamos que estamos no caminho certo, trabalhando com seriedade, todas as nossas ações são baseadas na Lei nº 8958, que é a lei que regula as fundações de apoio às universidades e também todos os nossos processos lici-tatórios, de compras, aquisições, contratações estão pautadas nas

determinações da Lei nº 8666. To-das as nossas ações, intervenções estão de acordo com as normas que regulam contratações e uso de verbas públicas.

Notícias – Então, hoje, a Funpar e os tribunais de contas mantêm relações perfeitamente ajustáveis?

PedRo – A princípio, sim. O TCE elogiou a Funpar por ser um exemplo na prestação de contas. Este ano nós temos cerca de 70 projetos executados na Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e apenas em cinco houve a necessidade de complementação na prestação de contas, e ainda assim, foram coisas bem simples como um extrato de banco que faltou ou uma informa-ção que não foi dada de maneira muito clara. Nós estamos dentro das normas legais.

Notícias – O escândalo com a fundação da UnB afetou muito a imagem das fundações. O senhor acredita que a Funpar, de certa for-ma, saiu com a sua imagem preju-dicada em função do escândalo que ocorreu em Brasília?

PedRo – A Funpar foi criada em 1979, ela tem 30 anos de tradição e experiência. Evidentemente que

nesse período a Fundação atendeu a diversas gestões da UFPR e teve, dentro dela, uma série de superin-tendentes e diretorias. A princípio, casos como aquele que aconteceu na fundação da UnB não tem con-dições de ocorrer aqui na Funpar. Acredito que um fato desses nun-ca aconteceu e jamais ocorrerá. A Fundação não se presta executar ações que fujam aos princípios de moralidade e ética. Por isso, estou confiante que a Funpar vai passar ilesa por essa situação e também acho que o papel das fundações é de extrema relevância, pela agi-lidade, pela estrutura, pela capa-cidade de participar de projetos temporários.

Notícias – O senhor não acha que pesou uma suspeita, de ma-neira generalizada, em cima das fundações, mesmo com as que estavam longe do escândalo? Isso,

no geral, não acaba prejudicando a imagem pública das fundações?

PedRo – Essa situação não acontece somente em termos de fundações, se você for pensar em outras instituições públicas no Brasil, todas passaram por uma es-pécie de revisão de comportamen-tos éticos. Generalizar a situação para as fundações, acreditando que todas pratiquem atos reconheci-dos como antiéticos e ilegais é um exagero. Certamente, a Funpar sempre teve um padrão de com-portamento e de ação bastante ligados aos princípios éticos e não pode ser colocada na mesma situa-ção. E outras fundações devem se encontrar na mesma situação, a Fundação Oswaldo Cruz é uma referência mundial, e com certeza, ela tem uma atuação baseada em princípios éticos de atendimento à população.

Notícias – Hoje, seria possível as universidades, com uma maior autonomia, prescindirem das fun-dações de apoio?

PedRo – As universidades têm projetos de atuação permanente e projetos de atuação temporária. Nos projetos de atuação perma-nente a contribuição da Fundação é limitada, mas nos projetos de

atuação temporária a universida-de não pode prescindir da ajuda da Fundação. Eu acredito que a Fun-dação vai estar voltada especifica-damente para esse tipo de projeto, dando uma contribuição impor-tante para que as universidades possam executar as suas ações de forma adequada.

Notícias – Na concepção do se-nhor, mesmo que houvesse uma autonomia maior das universida-des, ainda assim as fundações de apoio seriam necessárias?

PedRo – Certamente, porque a autonomia das universidades está mais voltada para área de criação de cursos, parte de gestão pedagó-gica. Na gestão de outros recursos, como recursos de investimento, de pessoal, a atuação dela é um pouco mais limitada. Nesse quesito em especial, as fundações podem dar uma boa contribuição.

“O tCe elOgiOu a FunPar POr ser um exemPlO na PrestaçãO de COntas. este anO nós temOs CerCa de 70 PrOjetOs exeCutadOs na seti”

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Outubro2009Outubro2009 pErFil: ulF GrEGOr bArAnOw

Quando a Segunda Grande Guerra eclodiu, a família Baranow já havia saído da

República da Estônia. Ulf Gregor – que mais tarde se tornaria um homem de 1,80m de altura, com nublados olhos azuis – era então uma criança de colo. Passou a in-fância na Alemanha, um dos prin-cipais países beligerantes e, não fosse a destruição causada pelo conflito, talvez nunca tivesse vin-do para o Brasil, principal opção da família depois que a Europa ficou devastada.

Do velho continente, Bara-now herdou o caráter metódico e detalhista, a disciplina eslavo-ger-mânica, a crítica contundente (por vezes mordaz), a seletividade para ambientes sociais e uma certa im-paciência com o que chamamos de “jeitinho”. (Quando trabalhava no livro em comemoração aos 95 anos da Universidade, por exem-plo, o professor garantiu, em uma reunião, que não faria, de maneira alguma, um “panfleto de super-mercado”, contrariando aqueles que propunham uma publicação menos substancial.) Não muito mais que isso, porém. “Minha vida pregressa é menos importan-te”, justifica.

Naturalizado brasileiro, ob-teve aqui uma sólida formação humanística. Poliglota, com um rol de idiomas que inclui o latim, formou-se em Curitiba nos cursos de Direito e Filosofia – este último já pela UFPR. Na mesma época, lecionou inglês no Colégio Esta-dual. Entre os alunos, um garoto que mais tarde ficaria conhecido pela poesia rápida e pelos bigodões extravagantes: Paulo Leminski, do qual ele lembra como um estudan-te “brilhante, que entendia muito de literatura inglesa, certamente mais do que o professor”.

A confissão dá uma pista so-bre um traço da personalidade de Baranow. Ele parece não ter pro-blemas em aceitar uma diversa gama de opiniões sobre si mesmo e também se diz desconfortável com a acirrada competição entre colegas. “É o capitalismo selva-gem trazido para dentro da uni-versidade, em detrimento de um convívio mais humanizado. Mas essa talvez seja a conclusão de um velho”.

Quando chegou à casa dos 70 anos, Ulf Gregor foi compulso-riamente aposentado do serviço público. Uma perda, segundo a amiga Liane dos Anjos, bibliotecá-ria do Setor de Ciências da Saúde, no Jardim Botânico. “Ele é um homem superinteligente, extre-mamente lúcido e focado. Pessoas assim deveriam ficar em sala de aula até o fim da vida”, opina.

Ainda no início da carreira, após voltar do doutorado em Linguísti-ca e Filosofia na Universidade de Munique, Baranow foi professor durante quase 20 anos da Uni-

versidade de Brasília. Retornou a Curitiba (e à UFPR) em meados dos anos 90, quando a professora Leilah Bufrem saía para um pós-doutorado. Como os dois leciona-vam na mesma área (metodologia da pesquisa) Ulf a substituiu.

Dono de um senso de humor que oscila entre o leve e o cáusti-co, Baranow é um homem capaz de gentilezas como levar flores e pequenos mimos quando é con-vidado pela primeira vez à casa de um anfitrião. É um cavalheiro – daqueles autoconfiantes e não

raro irredutíveis, que também não dispensa duelos no campo intelec-tual. “Ele gosta de polemizar. É também, sem dúvida, um amigo dedicado, com quem se pode con-tar nas horas de dificuldade. Mas é muito crítico; é culto, inteligen-tíssimo; não diz ‘amém’ para qual-quer coisa”, descreve Leilah.

Na UFPR, Baranow lecionou primeiro no curso de Biblioteco-nomia e, posteriormente, no de Ciência e Gestão da Informação. Nesse último, um de seus alu-nos na disciplina de Semiótica foi Frederick van Amstel. “Naquele

ano, o professor queria que eu ins-crevesse um trabalho no Evinci [Evento de Iniciação Científica]. Eu nem sabia o que era o Evinci, mas dava pra ver que ele realmen-te queria que a gente crescesse”, lembra Fred.

Tanto que o aluno recebeu um convite para terminar o trabalho semestral na casa do professor, para que pudesse ter maior orien-tação. O que mais o impressionou foi a biblioteca da residência (“Mi-lhares de livros, sei lá quantos”) que se estendia por todos os cô-

modos, inclusive o banheiro. À época Baranow comentou estar juntando dinheiro para adquirir o apartamento ao lado. “Um lugar para guardar a biblioteca”, justifi-cou.

Agora, apesar de aposentado e já no “ocaso cronológico da vida”, Baranow mantém-se ligado à Uni-versidade em um trabalho volun-tário. Trata-se do resgate histórico relativo aos 100 anos do que ele chama de sua “alma mater”. “A mesma que me acolheu como ca-louro – há mais de meio século”, recorda.

O capitalismoselvagem é trazido para dentro dauniversidade, emdetrimento de

um convívio maishumanizado. Mas essa talvez seja

a conclusão deum velho.”

Um cavalheiroirredutí[email protected]

Sandoval Matheus

Foto: Izabel Liviski