nova história cultural
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Um panorama das transformações no campo da História Cultural, contextualizado histórica e socialmente (baseado no livro de Peter Burke).TRANSCRIPT
Universidade Estadual de Roraima
História Cultural
História da História CulturalProfessor André Augusto da Fonseca - [email protected]
“Virada Cultural”
Burke vincula “a ascensão da história cultural a uma “virada cultural” mais ampla em termos de ciência política, geografia, economia, psicologia, antropologia e ‘estudos culturais’”.
Teria ocorrido um deslocamento “da suposição de uma racionalidade imutável [...] para um interesse crescente nos valores defendidos por grupos particulares em locais e períodos específicos” (p. 8).
Explosão de temas e metodologias
Karl Lamprecht já perguntava o que é história cultural em 1897. Hoje vemos “histórias culturais da longevidade, do pênis, do arame farpado e da masturbação” .
Os métodos usados mostram diversidade e muita controvérsia: Trabalho intuitivo (como Jacob Burkhardt). Poucos usam métodos quantitativos. Uma procura de significado. Outros focalizam as práticas e as representações”. Alguns pretendem fazer uma mera descrição.
Então, o que eles tem em comum?
“a preocupação com o simbólico e suas interpretações. Símbolos, conscientes ou não, podem ser encontrados em todos os lugares, da arte à vida cotidiana, mas a abordagem do passado em termos de simbolismo é apenas uma entre outras.”
“Uma história cultural das calças é diferente de uma história econômica sobre o mesmo tema, assim como uma história cultural do Parlamento seria diversa de uma história política da mesma instituição” (p. 10).
“Mapa” da História Cultural
Tradição germânica (séc. XVIII) e holandesa; Anglófonos: resistência inglesa
(antropologia social) x interesse estadunidense (antropologia cultural);
tradição francesa: civilisation, mentalités collectives et imaginaire social: História das mentalidades, sensibilidades ou
‘representações coletivas’, na época de Marc Bloch e Lucien Febvre.
História da cultura material (civilization matérielle) na época de Fernand Braudel.
História das mentalidades (de novo) e da imaginação social, na época de Jacques Le Goff, Emmanuel Le Roy Ladurie e Alain Corbin.
História da História Cultural
Fase “clássica” – 1800 a 1950. A Cultura do Renascimento na Itália
(1860), do historiador suíço Jacob Burkhardt; Outono da Idade Média (1919), do historiador holandês Johan Huizinga.
“o retrato de uma época”. Preocupação com as conexões entre as diferentes artes e o espírito da época – Zeitgeist.
André Burguière A antropologia histórica
Por que a ênfase dos “positivistas” na história política? Século XVIII – administração real incentiva e
facilita a pesquisa sobre a história do Estado Criação e organização racional dos arquivos
públicos, por interesse do Estado absolutista Filosofia da época desenvolve uma
concepção idealista e política de sociedade O homem só adquire dimensão social na
vida política
História das sociedades deveria se limitar à história da vida pública
História política, história do Estado, história das instituições
É a concepção de O Espírito das Leis, de Discurso sobre a grandesa e a decadência dos romanos, da Enciclopédia, das obras de Mably e Condorcet.
Rousseau preocupa-se com uma história pré-social da humanidade, uma história antropológica – mas só identificável nos povos “sem história”, ou seja, nos “selvagens”.
História antropológica só para “os outros”
O estudo dos povos sem escrita admite que eles tenham uma história, mas o sentido de sua civilização é dado por suas crenças, pelas maneiras de se vestir, de se alimentar, de organizar a vida familiar, dos sexos se relacionarem.
Ainda assim, no período das Luzes, alguns viajantes, médicos e administradores lançam um olhar etnológico sobre as sociedades históricas.
Tradição etnológica da História Há uma antiquíssima tradição de se traçar o
quadro histórico ou história natural de determinada região ou nação: definir a identidade de uma sociedade é reconstituir a história de seus costumes.
Esse era o empreendimento de HERÓDOTO. O estudo das formas da vida cotidiana “tornou-
se supérfluo quando os ESTADOS-NAÇÕES, recentemente constituídos, recrutaram a memória coletiva a fim de justificar pelo passado sua dominação sobre determinado território e sua maneira de organizar a sociedade”.
Séc. XIX: duas escolas históricas
França: uma corrente mais narrativa, próxima das elites dirigentes e do debate político, herdeira dos cronistas.
Outra mais analítica, atenta à descrição dos costumes.
A primeira teve mais êxito na tentativa de dotar-se de um estatuto científico.
O desenvolvimento das ciências sociais mais jovens, como a SOCIOLOGIA, obrigou a História a redefinir sua identidade a partir de um território mais limitado – a esfera estatal e política.
Séc. XIX: duas escolas históricas Ideal cientificista exigia metodologia
rigorosa nos moldes das ciências experimentais: a célula ou o átomo da História seria o FATO HISTÓRICO, isto é, o ACONTECIMENTO que sobrevém na vida pública.
Todo fenômeno que não aparece na cena pública pode ser ignorado pelo historiador, por não ser ação voluntária e consciente.
Antropologia Histórica: mudança de paradigmas? (BURKE)
• Importantes para explicar a produção,a acumulação, o consumo da riqueza.
Cultura, valores
•1961 – estudo econômico sobre o declínio da Espanha•1978: estudo sobre a percepção do declínio
John Elliott:
• Antes, referia-se à alta cultura• Agora, inclui a cultura cotidiana – costumes,
valores, modo de vida
O uso do termo CULTURA a partir de 1960-70
Antropólogos mais estudados pelos Historiadores:
Marcel Mauss: O DOM
E. Evans Pritchard: BRUXARIA
Mary Douglas: A PUREZA
Clifford Geertz: BALI
Divergência
GEERTZ: teoria interpretativa
da Cultura
LÉVI-STRAUS
S: aborda
gem estruturalista
da Cultura
GEERTZ: descrição densa
“CULTURA é um padrão, historicamente transmitido, de significados incorporados em símbolos, um sistema de concepções herdadas, expressas em formas simbólicas, por meio das quais os homens se comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atitudes acerca da vida” (apud BURKE, p. 52).
GEERTZ: a briga de galos
Um drama filosófico
• A briga de galo não é um reflexo da cultura, mas uma leitura ou interpretação balinesa, uma história que os balineses contam sobre eles mesmos.
Robert Darnton
• Pode-se “ler um ritual ou uma cidade, assim como se pode ler um conto folclórico ou um texto filosófico” (apud BURKE, p. 53).
GEERTZ: a briga de galos
Preocupação com a hermenêutica (interpretação dos significados).
Em oposição à análise das FUNÇÕES SOCIAIS dos costumes
A analogia do drama (interesse histórico pelos rituais; toda cultura teria um repertório
dramatúrgico, de performances esperadas)
Investigando os vínculos entre cultura e sociedade: glacê e bolo?
Emmanuel Le Roy
Ladurie; Daniel Roche; Natalie
Davis Lynn Hunt, Carlo Ginzburg,
Hans Medick
Marxistas ou
admiradores de Marx
Virada antropológ
ica
Atrativos da Antropologia para os historiadores
O conceito mais amplo de cultura
Ideia de regras ou protocolos culturais
A história cultural
como uma etnografia retrospecti
va