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NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO APLICADAS A
EDUCAÇÃO MATEMÉTICA: Construção e Utilização das WebQuests no Ensino
Fundamental de 6º à 9º ano Voltados ao Conteúdo Matemático.
Autora: Ana Clara Bruschi1
Orientador: Emerson Rolkouski2
Resumo
Este artigo tem como objetivo relatar a implementação de um caderno pedagógico, desenvolvido no âmbito do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) promovido pela SEED-PR (Secretaria da Educação do Estado do Paraná). Tal caderno pedagógico oferece condições técnicas e pedagógicas para que professores possam utilizar-se de uma ferramenta denominada de WebQuest em sala de aula. Este artigo, portanto, apresenta os resultados da implementação do caderno pedagógico, ressaltando os avanços e as dificuldades que o professor obteve, para tanto, inicialmente apresenta algumas reflexões teóricas sobre a Novas Tecnologias, Internet e WebQuests e a sala de aula, apresenta o caderno pedagógico, sua implementação e finalmente tece algumas considerações finais. Conclui-se que apesar de várias dificuldades técnicas e pedagógicas observou-se um ganho em termos de atitudes frente ao conhecimento dos alunos participantes.
Palavras-chaves: Educação Matemática; Novas Tecnologias de Informação;
WebQuests.
Abstract
This article aims to report on implementation of an educational booklet, developed under the EDP (Educational Development Program) sponsored by SEED-PR (Department of Education of the State of Paraná). This booklet provides teaching techniques and teaching conditions for teachers can be used a tool called the WebQuest in the classroom. This paper therefore presents the results of the implementation of educational specifications, highlighting the progress and difficulties that the teacher has earned for it initially presents some theoretical reflections on the New Technologies, Internet and WebQuests and classroom, the book presents teaching , its implementation and finally offers some final thoughts. We conclude that despite several technical difficulties and teaching there was a gain in terms of attitudes to knowledge of the students.
Keywords: WebQuests; Information Technology; Mathematics Education.
1 Introdução
Vive-se atualmente em tempos de mudança e aperfeiçoamento tecnológico
da informação e da comunicação. Em meio a várias formas de apresentação, desde
atos simples até os mais complexos, as tecnologias estão presentes no cotidiano e
influenciam na forma das pessoas interagirem entre si e com as informações.
Há pouco tempo, era necessário que as pessoas procurassem maneiras de
buscar informações. Mesmo assim, eram de difícil acesso. Com o aparecimento das
novas mídias de comunicação e tecnologias, estas informações alcançaram um
grupo maior de pessoas e comunidades, globalizando as informações e dispondo-as
de forma acessível, rápida e simples.
Entretanto, mesmo com as diversas fontes de informações, a escola continua
como a maior fonte de saber sistematizado oferecendo possibilidades de
apropriação para crianças, jovens e adultos. Por esta razão, a escola não pode ficar
alheia ao processo de diversificação e inovação das TIC’s, pois, por meio delas,
pode-se oferecer o acesso a informações de qualidade, além de otimizar os
processos de apropriação dos saberes escolares.
As informações chegam com uma enorme velocidade e disponibilidade. Os
alunos desde a mais tenra infância já são apresentados às tecnologias. Mesmo que
não haja computadores em casa, por exemplo, eles já são conhecidos por meio de
propagandas, amigos, parentes ou outras pessoas que os possuem. E, com todo
este aparato, a escola não pode se posicionar de forma contrária, mas sim buscar
meios de incorporar estas tecnologias em favor da aprendizagem, para que os
alunos tenham prazer em estar nas escolas e as utilizem em seu cotidiano,
promovendo, além das aprendizagens de conteúdos escolares de forma mais
eficiente e significativa, a tão desejada inclusão digital.
Dentre as possibilidades de uso das novas tecnologias encontram-se as
WebQuests. Segundo March:
A WebQuest é uma atividade de pesquisa apresentada a um grupo de alunos através de uma tarefa desafiante, que providencia o acesso a uma grande variedade de recursos, na sua maioria originários da Internet, suportando um processo de aprendizagem que promove o desenvolvimento do pensamento de nível elevado. Os resultados de uma WebQuest, geralmente, são tornados públicos ( MARCH, 1999 apud QUADROS, 2001, p.4).
A experiência como professora do QPM (Quadro Próprio do Magistério) da
rede Estadual de Educação e a necessidade de autoria de um produto educacional
como professora PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), aliada às
afirmações acima sobre a necessidade da inclusão das novas tecnologias em sala
de aula e às potencialidades vislumbradas na utilização das WeQuests no processo
de ensino e aprendizagem, culminaram na construção de um caderno pedagógico
sobre a utilização das WebQuests.
Nesta utilização pretendeu-se verificar quais as mudanças, os aspectos
favoráveis e desfavoráveis de seu uso com relação a forma de ensinar e avaliar,
tendo em vista que a ideia de se trabalhar com WebQuests é transformar as
informações e aprender com isso, permitindo ao aluno um processo investigativo e
cooperativo na construção do seu conhecimento.
Neste artigo tem-se como objetivo relatar os resultados da implementação
deste caderno, para tanto, são tecidas, primeiramente, algumas considerações
teóricas sobre a utilização das tecnologias, em particular da internet e das
WebQuests em sala de aula. A partir daí, apresenta-se o caderno pedagógico e
seus objetivos, para, em seguida relatar a implementação. Finalmente são feitas as
considerações finais.
2 Sobre tecnologias, internet, webquests e a sala de aula
Moran, ao se referir aos meios de construção de conhecimentos, em
particular meios tecnológicos, afirma que:
(...) meios são interlocutores constantes e reconhecidos, porque competentes, da maioria da população, especialmente da infantil. Esse reconhecimento significa que os processos educacionais convencionais e formais como a escola não podem voltar as costas para os meios, para esta iconosfera tão atraente e, em conseqüência, tão eficiente. Desenvolver a inteligência, as habilidades e principalmente, as atitudes. Ajudar o educando a adotar atitudes positivas, para si mesmo e para os outros. Aqui reside o ponto crucial da educação: ajudar o educando a encontrar um eixo fundamental para a sua vida, a partir do qual possa interpretar o mundo (fenômenos de conhecimento), desenvolva habilidades específicas e tenha atitudes coerentes para a sua realização pessoal e social ( MORAN, 2007, p. 162-166).
Por outro lado, é comum o uso dos computadores e das redes sociais pelos
educandos, mas quando se faz necessário a troca da diversão e do entretenimento
pela pesquisa, os alunos não se mostram devidamente preparados. A partir desta
constatação, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC's)
voltadas à construção do saber, se faz necessária no ambiente escolar. O professor
dentro de suas atividades diárias poderá utilizar-se destes recursos conduzindo os
alunos ao conhecimento da enorme gama de informações que as TIC’s podem
oferecer.
Dos professores, espera-se e faz-se necessário a busca por mudanças nos
conceitos de planejamento das ações e a desvinculação de alguns pontos ainda
bastante tradicionais, tornando assim as aulas mais motivadoras e atraentes, onde a
utilização das novas mídias sejam simples e rotineiras e o professor tenha o papel
de mediador, escolhendo técnicas, ferramentas e tecnologias. É necessário a
mudança no comportamento, nas atitudes e no uso dos novos materiais. E o
professor precisa estar atento a estas mudanças. A escola não pode ser excludente,
precisa colaborar na construção dos conhecimentos, colocando lado a lado: alunos e
professores.
Moran enfatiza a importância do uso de novas tecnologias nas salas aula
como alternativa de ensino frente a uma sociedade mediada por aparelhos
eletrônicos, mas ressalta a importância de se discutir os conteúdos presentes
nesses meios. Segundo ele:
A escola precisa observar o que está acontecendo nos meios de comunicação e mostrá-lo na sala de aula, discutindo-o com os alunos, ajudando-os a que percebam os aspectos positivos e negativos das abordagens sobre cada assunto. Fazer re-leituras de alguns programas em cada área do conhecimento, partindo da visão que os alunos têm, e ajudá-los a avançar de forma suave, sem imposições nem maniqueísmos (MORAN,2003, p.13).
Também segundo Mehedff (1996, p.147), “Hoje, pensar em um cidadão que
não tenha a necessária participação tecnológica é pensar em um cidadão alienado e
sem a possibilidade de entender em que sistema econômico ele está vivendo ou
sobrevivendo”.
Moran ainda afirma que “A internet é uma tecnologia que facilita a motivação
dos alunos, pela novidade e pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que
oferece. Essa motivação aumenta se o professor a faz em um clima de confiança, de
abertura, de cordialidade com os alunos” (MORAN, 2003, p.15).
No entanto, a utilização da internet ao mesmo tempo que é rica no ambiente
interativo, pode tornar o aluno dispersivo, não favorecendo a coleta de dados e
deixando a pesquisa sem qualidade. Por esta razão a mediação e o
acompanhamento do professor em todas as etapas do projeto se torna
imprescindível, Moran adverte:
Ensinar utilizando a internet exige uma forte dose de atenção do professor. Diante de tantas possibilidades de busca, a própria navegação se torna mais sedutora do que o necessário trabalho de interpretação. Os alunos tendem a dispersar-se diante de tantas conexões possíveis de endereço dentro de outros endereços, de imagens e textos que se sucedem ininterruptamente. Tendem a acumular muitos textos, lugares, ideias, que ficam gravados, impressos e anotados. Colocam os dados em sequência mais do que em confronto. Copiam os endereços, os artigos uns ao lado dos outros, sem a devida triagem (MORAN, 2003, p.16).
Os alunos necessitam interagir para promoverem seus aprendizados, para
isso não se pode esquecer que a construção coletiva permite a valorização e a
integração da linguagem, daí a necessidade de se mediar a aprendizagem através
de recursos da internet.
Estes recursos constituem não só uma ferramenta de publicação, mas
também de comunicação, pois estimulam e registram pesquisas. Atualmente,
diversas redes sociais são focadas no ensino aprendizagem e promovem muitas
transformações.
O potencial das interações já eram ressaltados por Vigotski. Segundo este
autor:
A colaboração entre pares ajuda a desenvolver estratégias e habilidades gerais de solução de problemas pelo processo cognitivo implícito na interação e na comunicação. A linguagem é fundamental na estruturação do pensamento, sendo necessária para comunicar o conhecimento, as idéias do indivíduo e para entender o pensamento do outro envolvido na discussão ou na conversação. (...) A aprendizagem acontece através do compartilhamento de diferentes perspectivas, pela necessidade de tornar explicito seu pensamento e pelo entendimento do pensamento do outro mediante interação oral ou escrita. (VIGOTSKI, 1987, apud MANTOVANI, 2005,p.12)
Este método histórico-cultural, adotado por Vigotski é, hoje, elemento
imprescindível para o processo ensino-aprendizagem frente às tecnologias, como o
uso da WebQuest.
As influências sociais, também promovidas pela WebQuest são
fundamentais para o aluno. Segundo o autor, é por meio do convívio com o outro
que o homem se constitui, logo, o sujeito está em constante aprendizagem. Cada
participante do grupo é responsável tanto pela sua aprendizagem quanto pela
aprendizagem dos demais sujeitos do grupo. Por isto, cabe apontar que a
aprendizagem colaborativa, promovida pela WebQuest, destaca a participação ativa,
consciente e a interação, tanto dos alunos quanto dos professores (MARCH, 1999
apud QUADROS, 2001, p.4).
É nesse sentido que Vigotski (2007, in VASCONCELOS & ALONSO, 2008 p.
5-6) ressalta: “o aluno é elemento ativo na construção de seu conhecimento, através
do contato com o conteúdo e da interação feita no grupo; o conteúdo favorece a
reflexão do aluno, e o professor é o responsável pela orientação da construção de
significados e sentidos em determinada direção”.
Segundo Moran (2007), “Além do acesso aos grandes portais de busca e
referências na Educação, uma das formas mais interessantes de desenvolver
pesquisa em grupo na internet é a WebQuest”.
Assim é possível o professor desenvolver situações contextualizadas que
levem o aluno ao pensamento crítico. Por isso justifica-se a realização deste projeto
com a construção e utilização das WebQuests nas aulas de Matemática, por ser
uma atividade orientada e mediada pelo professor.
Barato acrescenta que “Não é um elemento isolado que faz a obra. O
conhecimento é resultado do compartilhamento de informações e atos de
cooperação. As WebQuests estão baseadas na convicção de que aprendemos mais
e melhor com os outros do que sozinhos” (BARATO, 2004, p.2).
Conforme afirma Dodge (1995), criador do conceito:
A WebQuest está voltada para o processo educacional. É uma lição com estrutura, como qualquer outra, mas o fundamento dela é que está apresentada em tarefas executáveis e interessantes e que são próximas do dia a dia do aluno. O conhecimento, ao ser construído pelos alunos, será compartilhado de forma social, por meio da união de esforços para que um objetivo comum seja alcançado.
Bernie Dodge, desde 1980 professor de Tecnologia Educacional da San
Diego State University (SDSU), na Califórnia, EUA, há mais de 20 anos vem
desenvolvendo ferramentas on-line e proporcionando a troca de experiências entre
os educadores. Produziu diversos softwares que estão disponíveis no mercado
como: PLANlyst e o Irrawady. Tem o apoio do pesquisador Tom March para refinar o
modelo de atividade WebQuest. Dodge está sempre disponível a receber
comentários e contribuições sobre o assunto.
A WebQuest é um recurso tecnológico que pode ser utilizado pelo professor
para o ensino de qualquer conteúdo, tornando-se um recurso interdisciplinar ou
específico, de acordo com os objetivos a serem atingidos. Esta ferramenta pode
estar disponibilizada na internet e construída como uma página da Web,
possibilitando uma pesquisa orientada pelo professor com os recursos das redes
sociais.
A WebQuest pode ser produzida pelo professor ou pelos alunos e atende
aos objetivos traçados para o trabalho colaborativo, onde as atividades podem ser
desenvolvidas em grupos presenciais ou à distância.
As tarefas da WebQuest podem gerar momentos de discussões, pesquisa,
perguntas reconstrutivas e reconstrução do conhecimento, pois na busca de
respostas os alunos descobrem formas de aprendizagens e consequentemente
constroem conhecimento e também formas de conhecer.
A WebQuest é uma forma inteligente para o professor usar a internet como
recurso pedagógico e exige que os alunos vão além de achar uma informação.
Assim se manifesta Yoder:
Geralmente, quando professores organizam uma aula, eles pensam sobre o que querem que os estudantes aprendam [...] numa WebQuest os professores devem considerar os interesses dos seus estudantes, as experiências anteriores, seus níveis de competência [...] ao acrescentar recursos da internet os estudantes são solicitados a analisar e sintetizar as informações e apresentar suas próprias soluções criativas [...] esses projetos usam sites da internet para ajudar os estudantes a desenvolverem habilidades para solução de problemas e tomada de decisão (1999, s/p).
Efetivamente, o uso das WebQuests aproveita os recursos disponíveis na
internet, e assim sendo, direciona o aluno para uma nova forma de aprendizagem,
onde o grupo participa, elabora e aplica os conhecimentos adquiridos em uma
prática colaborativa e o professor orienta e media o trabalho, garantindo o acesso a
informações autênticas e atualizadas quando faz a pré-seleção dos sites que
utilizarão.
A utilização da internet, em especial das WebQuests, ajuda o aluno na
conscientização de que a escola está além das salas de aula, ajudando-o a entender
o mundo, desenvolvendo a organização das tarefas e oferecendo oportunidades
para o reconhecimento de que todas as informações recebidas pelas diversas
mídias, promovem um conjunto de conhecimentos que abrem novos caminhos.
Para Behrens, ao trabalhar com pesquisa em sala de aula:
O professor torna-se dinâmico, articulador, mediador, crítico e criativo, provocando uma prática pedagógica que instiga posicionamento, a autonomia, a tomada de decisão e a construção do conhecimento, atuando como parceiro experiente no processo educativo (BEHRENS, 1999, p.91, apud MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2000, p. 90).
O professor precisa ter o aluno como um parceiro ativo no processo, que
seja crítico, questionador, criativo e autônomo, pois como a internet facilita o acesso
de vários locais, o aluno pode estar conectado em suas tarefas e desenvolvendo
suas habilidades de exploração mesmo fora do ambiente estudantil.
Assim, o educador que optar pela utilização da WebQuest, deve escolher um
tema que promova a discussão, permitindo diferentes perspectivas e o levantamento
de hipóteses, provocando uma variedade de interpretações.
Dodge (1995) explica, com relação à utilização da WebQuest como forma de
ensinar, que:
O professor deverá optar em utilizar a WebQuest quando tiver o mínimo conhecimento sobre como utilizar o computador e a própria Internet, quando houver a necessidade de incorporar recursos adicionais para implementar uma atividade em sala de aula ou se os alunos, mesmo já possuindo um certo conhecimento sobre o tema que será abordado na WebQuest, ainda não conseguiram desenvolver o pensamento de nível elevado ( DODGE, 1995,p. s/p).
Para que ocorra uma mudança na aprendizagem, é necessário que os
assuntos sejam significativos para o aluno e que este perceba sua importância,
levando-o a compreender e a interagir com o meio em que vive. Para tanto é preciso
introduzir uma alteração na forma de ensinar com uma abordagem por meio de
pesquisas em redes sociais que já sejam parte do cotidiano do educando.
Bernie Dodge, desenvolveu o site “The WebQuest Page”, onde são postadas
WebQuests, com grande variedades de conteúdos, produzidos em vários países
que utilizam esta ferramenta.
Acredita-se que a atividade WebQuest possa facilitar o processo de
aprendizagem, pois favorece o trabalho em grupo, com momentos de discussão e
cooperação entre os componentes. Segundo Silva (2006), as WebQuests são
atividades dinâmicas que desenvolvem a criatividade e a criticidade, visto que
valorizam os princípios de autenticidade e transformação de informação, além da
aprendizagem cooperativa.
A WebQuest pode ser definida como uma investigação orientada, na qual as
informações que os estudantes utilizam estão na Internet. A WebQuest deve partir
de um tema que esteja ligado a realidade das classes trabalhadas. Para isso é
necessário obedecer às seções típicas de uma WebQuest: Introdução, Tarefa,
Processo, Recursos, Avaliação, Conclusão e Créditos. Por último, poderia ser
publicada na internet para disponibilizar o acesso e utilização à outras pessoas.
É aconselhável selecionar fontes de informação ligadas ao tema durante o
planejamento, fazendo uma seleção inicial de sites e páginas adequadas para
realização e encaminhamento dos alunos em links confiáveis. Também se deve
elaborar passo a passo como será realizada cada tarefa e qual será o papel que o
aluno terá que desempenhar.
Esse modelo foi desenvolvido por Bernie Dodge, em colaboração com Tom
March, e tem sido utilizado cada vez mais por educadores em todo o mundo,
fazendo crescer, ano após ano, o número de WebQuests delas construídas
(MARCH, 2005 & DODGE, 2006 apud VIEIRA, 2007).
As WebQuests tem se apresentado como uma metodologia diferenciada
para o trabalho de conteúdos matemáticos de forma colaborativa e investigativa,
levando o aluno a trabalhar informações adquiridas.
O professor atuará como colaborador no processo de construção, aplicação
e resolução das webQuests, direcionando os alunos a sites confiáveis e participando
como mediador do processo.
3 Sobre o caderno pedagógico
O caderno pedagógico construído tem como proposta possibilitar ao
professor conhecimentos necessários para que este possa construir e aplicar
atividades em WebQuests. Em linhas gerais, elaborou-se um pequeno guia,
tomando-se com exemplo a construção de WebQuests por alunos do 9o ano e sua
posterior aplicação com alunos do 6o ano.
O projeto deverá ser introduzido com uma apresentação aos alunos sobre os
objetivos e metodologia do caderno, procurando orientá-los sobre o que é, como
procurar, onde encontrar e o que fazer com as informações adquiridas, reservando
para isso o tempo de duas horas aula.
Para isso o professor é necessário uma pesquisa pré-realizada e
direcionada, com WebQuests definidas, para que os alunos as utilizem no
laboratório de informática, visando ao conhecimento e o contato com o tipo de
pesquisa que deverão realizar, utilizando o tempo de duas horas aulas.
De volta a sala de aula, após apresentar e especificar o objetivo de cada
etapa da WebQuest, serão definidos os conteúdos que a ser trabalhados com os
sextos anos do ensino fundamental (tempo de duas horas aulas).
Após a definição dos conteúdos, os grupos para iniciação da pesquisa sobre
o tema e confecção das WebQuests serão definidos. Cada grupo deverá conter no
máximo três alunos. Em seguida serão distribuidos os temas dos conteúdos a serem
desenvolvidos e feitas as indicações de literatura para introdução aos trabalhos
(tempo de duas horas aulas).
De volta ao laboratório de informática e seguindo as etapas de uma
WebQuest , no editor de textos, os alunos farão com o auxilio do professor-autor, a
tela de introdução da WebQuest, onde constará: Introdução; Tarefa; Processo;
Recursos; Avaliação; Conclusão; e Créditos.
Esta tela é a porta de entrada, uma saudação da WebQuest, convidando a
exploração. Deve ser criativa e motivadora, para que o aluno realizador sinta-se
desafiado a prosseguir, convidando-o para o trabalho, como uma conversa. Esta
página pode conter figuras, imagens e desenhos que despertem o interesse e a
motivação dos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, para que eles prossigam
na aprendizagem. Esta tela direcionará o aluno para introdução. Estes elementos
serão colocados na forma de hiperlinks (tempo de quatro horas aulas).
Logo após, os alunos poderão seguir na construção da página de
Introdução, que apresentará o assunto propondo a questão central da pesquisa. É a
página mais importante da WebQuest, deve ser a chamada ao trabalho onde se
anuncia a questão a ser trabalhada, direcionando o aluno a questão do estudo.
Composta por um ou dois parágrafos e não deve se assemelhar a uma página de
um livro didático, deve instigar os alunos sobre o que será apresentado, algo que dê
significado ao estudo e o gosto pela pesquisa (tempo de duas horas aulas).
Os alunos prosseguirão na construção partindo para a próxima etapa
denominada tarefas. Elas deverão descrever de forma clara, o que se espera do
aluno no produto final ao término da atividade. Devem definir qual a ação que
resultará na conclusão do trabalho, sendo bem definidas e impactantes para
motivação dos alunos de uma forma criativa. As tarefas devem ser autênticas e
promover o trabalho cooperativo, não são exercícios escolares, mas desafios a
serem realizados.
As tarefas são distribuídas de acordo com a Taxionomia das tarefas ou
Taskonomia. São:
- Tarefas de recontar ou de repetição;
- Tarefas de compilação;
- Tarefas de mistério;
- Tarefas jornalísticas;
- Tarefas de planejamento ou elaboração de um protocolo;
- Tarefas criativas ou de produtos criativos;
- Tarefas de construção de consenso ou consensual;
- Tarefas de persuasão;
- Tarefas de autoconhecimento;
- Tarefas analíticas;
- Tarefas de julgamento ou tomada de decisão;
- Tarefas científicas.
Deve-se fugir do convencional, dar asas à imaginação e propor situações
reais que exijam compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Esta
atividade necessita mais tempo para a elaboração (tempo de quatro horas aulas).
Partindo para próxima etapa, será feita a construção dos processos e
recursos, que deve descrever passo a passo, como uma receita o que os alunos
devem fazer para realizar a tarefa, deve ser um guia, um roteiro para alcançar o
objetivo principal que é o produto final, a tarefa.
É aqui que cada grupo especificará os papéis de cada componente do grupo
para a realização cooperativa. Podendo ser definido aquele que ficará responsável
pela pesquisa nos sites determinados, o que fará a elaboração da WebQuest, o
responsável pela arte, o responsável pela pesquisa em outras fontes, o que fará a
procura por desafios a serem descobertos. Finalizando a página com o
entrosamento de todos os processos pesquisados. Se necessário poderá ser
definido aquele ou aqueles, que tem maiores habilidades para aplicação da
WebQuest depois de concluída.
Os recursos são as fontes no qual os alunos poderão pesquisar,
selecionando informações seguras e autênticas, que sejam referencias para
aplicação. Estas informações devem ser apresentadas aos poucos para evitar
dispersões (tempo de quatro horas aulas).
Após os processos e recursos deve-se partir para a próxima etapa
denominada avaliação. A avaliação não deve ser caracterizada convencionalmente,
mas sim baseada num processo de rubrica, como a tarefa foi feita ou como cada
aluno se comportou durante as tarefas, a produção final entre outras que poderão
estabelecer critérios claramente estabelecidos com os alunos autores e realizadores,
para se obter sucesso.
Pode-se também caracterizar por níveis de atividade dos alunos: iniciante,
aprendiz, profissional e mestre, atribuindo pontuações ou criar seus próprios níveis
de pontuação.
A avaliação por rubrica permite que a avaliação se torne mais objetiva e
consciente, objetiva seus critérios em termos específicos, mostra o que será
avaliado e o que é esperado no resultado, oferecem feedback e comparações para
medir o progresso do aluno, promovem melhorias na aprendizagem e maior
envolvimento de alunos e professor (tempo de duas horas aulas).
A conclusão deve ser simples e clara e em poucas frases, resumir os
assuntos explorados, oferecendo ao aluno prosseguir a pesquisa por meio de um
novo desafio (tempo de duas horas aula).
Créditos é um espaço para apresentar as fontes, materiais utilizados na
construção, agradecimentos, pessoas e instituições envolvidas, nome dos autores,
escola ou programa, incluir o endereço ou email (tempo de duas horas aula).
Após a conclusão, o professor orientador fará a observação das WebQuests
produzidas e os ajustes necessários em conjunto com os grupos de alunos autores.
Concluídos os trabalhos de produção, os grupos aplicarão as WebQuests
aos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental. Estes serão divididos em grupos de
três e um aluno autor será escolhido como orientador do grupo de alunos
realizadores da WebQuest.
Serão seguidas as mesmas etapas da construção e o mesmo número de
aulas para a realização.
Os alunos autores e realizadores serão avaliados por rubricas pelo professor
orientador, em seguida realizado um feedback dos objetivos do trabalho e seu
aproveitamento. O professor orientador fará um trabalho de investigação para
caracterizar a importância e conscientização dos envolvidos no projeto.
Recomenda-se como objetivos para o professor quando do uso das
WebQuests os seguintes:
- Investigar os aspectos favoráveis e desfavoráveis na construção, aplicação
e resolução das WebQuests, direcionando o aluno ao aprendizado colaborativo e
investigativo através da utilização das redes sociais;
- Identificar as dificuldades e necessidades que os alunos do 9º ano
apresentarão na criação, desenvolvimento e aplicação de uma WebQuest no
contexto matemático, seguindo os princípios da atividade e utilizando recursos e
conhecimentos tecnológicos mínimos;
- Apresentar o formato da construção de uma WebQuest, com estes
recursos;
- Utilizar como meio de avaliação as rubricas para verificar as expressões e
interações entre os alunos durante o trabalho com a atividade WebQuest e o produto
final desenvolvido por eles;
- Verificar o resultado da aplicação destas atividades aos alunos do 6º ano,
com os resultados apresentados nas tarefas propostas;
- Avaliar os grupos, a partir das rubricas de avaliação pré-definidas, dando
autenticidade à avaliação. Segundo Luck (2003), uma avaliação pode ser dita
autêntica quando envolve diversidades de tarefas integrativas, desafiadoras ou
complexas, o que geralmente implica na aplicação de habilidades de pensamento
superior.
4 Sobre a implementação
Com vistas a implementação, optou-se por construir uma WebQuest com
alunos do 9º ano do ensino fundamental e a promover a realização destas
WebQuests por alunos do 6º ano do ensino fundamental, devidamente
acompanhados pelo autor deste projeto.
O trabalho foi realizado com alunos do Colégio Estadual Pio Lanteri, da
cidade de Curitiba, que cursam o 9º ano do ensino fundamental, período da manhã,
e realizado pelos alunos do sexto ano do ensino fundamental, período da tarde.
O professor-aplicador convocou os alunos para uma reunião, onde foi
exposto o projeto e seus objetivos. Houve muitas dúvidas em relação a formação e
ao desenvolvimento do trabalho, que aos poucos foram sendo esclarecidas, apesar
da agitação e desatenção dos alunos. Houve muitos momentos em que foi
necessário chamar a atenção para continuar os trabalhos, devido a conversas e
brincadeiras.
Dois alunos foram preteridos pelos colegas que não aceitavam a
participação deles nos grupos, estes alunos são faltosos e geralmente deixam de
cumprir suas atividades nas aulas. Depois de muita conversa e certa imposição do
professor-aplicador, os grupos foram fechados, constituíndo-se de três alunos, no
total de dez grupos, assim relacionados:
Tabela 01 – Constituição dos grupos
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D Grupo E
Cibele João Lucas G Lucas W Igor
Stefani Willian Camila Carla L Klaus
Bruna Juliano Gabriel Juliana Vitor
Grupo F Grupo G Grupo H Grupo I Grupo J
Thiago Everson Carla V Ruan Nayrele
Rodrigo Raphael Cintia Murilo Crystian
Alexander Rogério Fabiola Eduardo Daigles
Logo após, foram distribuídos os conteúdos que deveriam ser pesquisados
pelos grupos, atribuindo a cada um deles um conteúdo específico do 6º ano, que
utilizariam nas WebQuests como base para o desenvolvimento. São eles:
Tabela 02 – Distribuição dos conteúdos
Grupo A Problemas envolvendo as operações com números naturais
Grupo B Múltiplos e Divisores
Grupo C MMC e MDC
Grupo D Números Primos e Fatoração
Grupo E Medidas de Comprimento
Grupo F Potências e Raízes
Grupo G Frações
Grupo H Números Decimais
Grupo I Medidas de Superfície
Grupo J Medidas de Volume
Depois dos conteúdos distribuídos entre os grupos, os alunos foram
direcionados para biblioteca da escola para dar inicio a pesquisa e a coleta de
informações sobre seus conteúdos. Houve certa dificuldade de acomodação devida
à grande agitação da turma. Depois de organizados em seus grupos o trabalho fluiu
com maior facilidade. Os trabalhos e as pesquisas foram concluídos e anotações
feitas. Foi perceptível a satisfação dos alunos ao saber que eles conduziriam
atividades.
Em momento posterior, a programação foi a apresentação da WebQuest,
suas características, como surgiu, porque pode colaborar na Educação Matemática,
onde encontrar, como as redes sociais podem colaborar com a formação dos alunos.
Foi apresentado as partes de uma WebQuest, fazendo um breve comentário sobre
cada situação e o objetivo de cada uma. Foi distribuído aos alunos parte do projeto,
que direcionava o trabalho e a sequência de informações que seriam utilizadas,
assim como sites onde poderiam realizar suas pesquisas.
O professor- aplicador solicitou aos alunos a conclusão das pesquisas em
livros do 6º ano do conteúdo proposto para cada equipe. Estes trabalhos deveriam
ser entregues ao professor-aplicador, para avaliação da pesquisa e retomada de
algum tópico, onde houvesse necessidade. Foi solicitada a teoria sobre os
conteúdos, exercícios e sua utilização, uma preparação para iniciação aos trabalhos
na sala de computação, que deveria ocorrer em uma data agendada (16/09/2011),
com os alunos, equipe pedagógica e responsável pelo laboratório.
Os alunos desta turma são muito agitados e dificultam os trabalhos por
causa de conversas paralelas e brincadeiras, sendo necessário chamar a atenção
muitas vezes para que os grupos retornassem aos trabalhos. Ficou claro que as
atividades seriam mais produtivas se conseguissem concentração sem interrupções,
pois cada vez que foi necessário chamar a atenção, eles sentiram necessidade de
retomar o que já tinham visto para dar continuidade ao trabalho.
Na data agendada, os alunos foram reunidos em grupos no laboratório de
informática, onde iniciaram a pesquisa de reconhecimento das WebQuests, em sites
direcionados pelo professor-aplicador. Cada grupo procurou conduzir sua pesquisa
de acordo com o conteúdo que já havia proposto para pesquisa e construção voltada
ao 6º ano. Neste primeiro momento foi perceptível a agitação e a ansiedade dos
alunos, mas a navegação ocorreu com tranquilidade, mais focada no tema sugerido
aos grupos, o que foi interessante.
Percebeu-se que vários grupos se motivaram em conhecer o trabalho e
também em saber que teriam seus nomes no crédito de cada WebQuest que
posteriormente seriam colocadas em um Blog da escola, e visitadas por qualquer
usuário.
O trabalho de reconhecimento foi muito bom em relação aos alunos. O que
deixou a desejar foi a organização da escola, no que se refere a sala de informática,
pelo seguinte fato: quando foi agendado com a responsável pela sala de informática
o horário que seria utilizado para o projeto, acreditou-se que os computadores
estariam configurados com senhas e login para utilização dos grupos. Mas na data
marcada a sala de computação estava fechada, os computadores desligados e a
responsável não estava.
Foi necessário algum tempo para conseguir a chave e acomodar os alunos,
mas não havia login e senha para que eles pudessem utilizar os computadores. A
liberação das senhas foi feita por outro funcionário, em caráter extraordinário para
que o projeto pudesse ser realizado. Infelizmente a rede da escola travava, quando
mais de três computadores acessavam a internet, tornando-se necessário a
realização de um rodízio para que todos pudessem acessar. Estas condições
tomaram tempo e angustiaram os participantes assim como o professor-aplicador.
Além deste acontecimento, não havia orientadora ou qualquer outra pessoa da
equipe pedagógica para avaliar e ou acompanhar o trabalho agendado com os
alunos neste dia.
Em outro encontro, foi solicitado aos alunos que, de acordo com o conteúdo
estudado pela sua equipe, eles preparassem uma Tarefa para a WebQuest dentro do
que lhes foi apresentado. Os trabalhos ocorreram com um pouco de agitação por
parte dos alunos, em parte pelo receio de não conseguir realizar o que lhes foi
solicitado. Mas com o decorrer do trabalho, observaram que as tarefas poderiam ser
simples, somente mais elaboradas e que colaborassem com o raciocínio
Matemático.
Dois grupos apresentaram uma cópia da Internet, com a WebQuest
concluída, dentro de todos os seus passos. Foi mostrado a eles que era uma cópia
de alguém que havia construído a WebQuest e explicado que a cópia não seria
aceita. Foi feita uma explanação sobre o que era plágio e as consequências e que
eles deveriam realizar o trabalho com base no que havia sido conversado.
Os outros grupos não concluíram a atividade e foi combinado finalizar no
próximo encontro. Houve dificuldade em relação a termos matemáticos e também na
configuração do sistema dos computadores, pois a maioria utiliza o Windows e os
computadores da escola são em Linux. As diferenças de configuração foram
explicadas e solucionadas, principalmente na hora de salvar os arquivos para não
ocorrer problemas caso fosse utilizado no Windows e vice-versa.
Ao final do encontro, um grupo acessou o youtube, mas foi pedido que não o
fizessem novamente, pois poderia tirar a atenção dos outros grupos que ainda
estavam finalizando os trabalhos.
A orientação pedagógica foi comunicada do encontro, mas não compareceu
para participação. Foi feito um comunicado à direção e o convite para o
acompanhamento, juntamente com o Anexo II que deveria ser preenchido e
entregue ao professor-aplicador.
Em um novo encontro os grupos tiveram o tempo de duas aulas para
concluírem seus trabalhos em relação às Tarefas. O tempo restante foi para
apresentação das tarefas para os outros grupos e observação do professor-aplicador
das dificuldades encontradas em cada grupo. Cada equipe recebeu informações
onde deveriam pesquisar mais sobre o assunto e revisar as WebQuests. Cada grupo
trabalhou com o seu material, não houve problemas. A orientação pedagógica
acompanhou os trabalhos, o que facilitou as atividades e o comportamento dos
alunos, demonstrando a importância da participação da escola como um grupo de
colaboração.
Nova data foi agendada para o próximo encontro e neste foi solicitado aos
grupos que começassem o trabalho com as partes restantes da WebQuest, como:
Processo, Recursos e Créditos, deixando a Introdução para a finalização dos
trabalhos. Várias dúvidas surgiram em relação à nomenclatura, qual site indicar,
quantidade de imagens. Todas as dúvidas foram se resolvendo no decorrer dos
trabalhos. Algumas equipes ainda precisaram de mais um encontro para finalização
destes passos.
Dois grupos não realizaram as atividades e ficaram com brincadeiras
durante a aula. Várias intervenções foram feitas para que retornassem ao trabalho,
mas não houve entendimento. O Professor-aplicador pediu então, que eles se
dirigissem a sala da orientação para que os outros grupos pudessem construir as
atividades sem os incômodos causados por eles. Logo após o término dos trabalhos,
uma conversa entre estes dois grupos, a orientação e o professor-aplicador
conseguiu definir os objetivos, para que no próximo encontro os trabalhos
continuassem a ser feitos e concluídos. Os grupos deveriam se reunir em outra data
para realizar as tarefas que deixaram de fazer naquele momento
Em novo encontro, os grupos se reuniram na sala de informática para fazer
o cadastramento no phpwebquest, onde registraram um site para postar as suas
produções (escolabr). Os grupos continuaram seus trabalhos, inclusive os dois
grupos que não realizaram as atividades na aula anterior, desenvolveram e
finalizaram seus trabalhos de pesquisa.
Logo após a conclusão dos grupos, os trabalhos foram apresentados para
os demais e avaliados pelo professor-aplicador, que proporcionou um debate para
melhor desenvolvimento dos temas, com sugestões dos colegas de outros grupos.
No próximo encontro deveriam fazer as mudanças e a conclusão desta etapa.
Em nova data agendada, houve um problema com um grupo que não
conseguiu abrir os dados do pen drive no computador da escola. Os computadores
da escola continuavam travando quando muitos acessavam a internet.Foi
necessário continuar fazendo rodízios com os grupos, procedimento que atrasava e
comprometia o trabalho.
Infelizmente ocorreu um problema com a funcionária da sala de informática e
três alunos. Eles estavam concluindo os trabalhos, mas não conectados a rede por
causa do rodízio, ela acreditou que eles estavam mexendo nos fios do no-break e da
câmera de vídeo. Chegou até o grupo e desligou os cabos. O grupo comunicou o
ocorrido, e foram advertidos para que não mexessem nos fios. Após a conversa os
participantes seguiram com os trabalhos.
Logo após o final da aula, a funcionária comunicou que os alunos tinham
trocado os cabos e esta atitude veio a queimar o no-break. A direção do colégio foi
comunica e enviou o técnico da escola. O mesmo verificou que na reconecção dos
cabos, a funcionária não ligou o display do no-break (on/off). Isso deixou uma
situação constrangedora para os alunos e para o professor-orientador, pela falta de
ética da funcionária. Mas os trabalhos estavam em fase de finalização, alguns
estavam colocando detalhes e arrumando a configuração das páginas.
Neste novo encontro, dos dez grupos formados, seis estavam com os
trabalhos praticamente prontos. Utilizou-se entao um notebook e os trabalhos foram
revisados um a um.
O professor-orientador avaliou os detalhes que faltavam, sugerindo a
correção e o envio para avaliação final, conclusão e postagem na próxima semana,
no Blog criado por eles para escola. Os outros quatro grupos não trouxeram os
trabalhos e se prontificaram a enviar por email para avaliação.
5 Conclusão
Ao iniciar a implementação, acreditava-se que tudo seria simples. O que
poderia dar errado afinal? Na escola havia computadores suficientes, uma
funcionária para ajudar, alunos ansiosos com o trabalho diferenciado e uma
professora-aplicadora voltando depois de um ano de trabalhos com mestres e
doutores da UFPR, cheia de vontade e novidades para por em prática.
Algumas dificuldades foram encontradas que, a princípio, desestabilizaram o
trabalho, mas sabendo que o sucesso da implementação dependia de força de
vontade e insistência para dar certo, o trabalho foi levado em frente, mesmo com os
obstáculos encontrados e foi possível chegar ao fim.
A expectativa inicial era que os alunos criassem atividades diferentes, da
maneira e na linguagem deles, utilizando coisas corriqueiras do dia a dia que eles
enfrentam com os colegas na escola e no local onde vivem. Entretanto, a surpresa
foi ver que eles somente repetiam a forma como aprenderam, por mais que fosse
insistido na mudança e às vezes até fossem feitas algumas colocações para mudar,
a forma não se alterava. As atividades das Tarefas vinham sempre quadradinhas
como nos livros, da forma como eles foram ensinados a pensar e a fazer, exemplos,
exercícios, correção, mais exercícios, avaliação, nota, esta não pode faltar na
avaliação, segundo eles “tem que ter nota”.
Este é um processo que precisa ser mudado, em pequenas doses, mas
continuamente para ter bons resultados. Os alunos sentem vontade de fazer
atividades diferenciadas, mas quando são colocados frente a frente com elas
sentem-se inseguros e ansiosos. Precisam sempre do aval do professor-orientador,
que mesmo se colocando como mediador, acaba interferindo no resultado final pela
insistência dos grupos.
Foi muito importante a experiência deste processo, pois percebeu-se que
que os alunos passaram a sentir mais segurança nas suas pesquisas e aprenderam
a trabalhar em grupos com a colaboração de todos, devido á distribuição de funções.
O leitor pode ter observado neste artigo que teóricos ressaltam a
necessidade e as virtudes da inserção das novas tecnologias em sala de aula, no
entanto, o relato aqui apresentado, sem desacreditá-los, ressalta as dificuldades
técnicas e pedagógicas que ainda são encontradas em sala de aula. Estas
dificuldades não devem ser entendidas como impedimentos a um trabalho
diferenciado, muito pelo contrário, acredita-se que, quanto mais os alunos forem aos
laboratórios, mais aprenderão a se comportar neste novo ambiente e, quanto mais
os laboratórios forem “apenas mais uma sala de aula”, toda a equipe da escola
estará pronta a dirimir pequenos problemas técnicos.
Depois de concluídos, os trabalhos serão postados no Blog do Colégio
Estadual Pio Lanteri.
Assim, espera-se ter levado a eles um grãozinho de areia no infinito mundo
do conhecimento.
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