nÓvoa resenha 3

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NÓVOA, Antônio. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educação e Pesquisa, São Paulo, Jan./Jun. 1999; Vol. 25; 11-20. António Sampaio da Nóvoa é Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Doutor em Ciências da Educação (Universidade de Genève) e em História (Universidade de Paris IV-Sorbonne), há mais de 20 anos que desenvolve uma reconhecida investigação naquelas áreas. Com uma larga experiência internacional, em universidades europeias e americanas, foi Presidente da Associação Internacional de História da Educação e desempenhou funções em conselhos científicos de instituições de referência. A sua bibliografia científica é constituída por cerca de 150 títulos, mais de metade publicados em língua estrangeira e/ou no estrangeiro. Entre 1996 e 1999, foi consultor para a Educação do Presidente da República e, em 2005, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública. O artigo de Nóvoa procura analisar a realidade discursiva que marca grande parte dos textos no final do último século. Baseia-se na chave Excesso-pobreza nos quais se destacam 5 subtítulos: Do Excesso dos Discursos à Pobreza das Práticas : O autor destaca sua pretensão: demonstrar de que forma os discursos induzem comportamentos e prescrevem as atitudes, e o modo como eles constroem a ideia de profissão docente que, muitas vezes, não corresponde a intencionalidade declarada. Do Excesso da Retórica Política e do Mass-media à Pobreza das Políticas Educativas: Neste caso, o excesso dos discursos só esconde a pobreza das práticas políticas. Para pregar o civismo, ou imaginar o futuro, nada melhor que os professores. É para eles que se viram as atenções dos políticos e da opinião pública quando não encontram outras respostas para os problemas. Logo, os professores são vistos, por um lado, como profissionais medíocres com formação deficiente, mas por outro, como elementos

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NÓVOA, Antônio. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educação e Pesquisa, São Paulo, Jan./Jun. 1999; Vol. 25; 11-20.

António Sampaio da Nóvoa é Professor Catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Doutor em Ciências da Educação (Universidade de Genève) e em História (Universidade de Paris IV-Sorbonne), há mais de 20 anos que desenvolve uma reconhecida investigação naquelas áreas. Com uma larga experiência internacional, em universidades europeias e americanas, foi Presidente da Associação Internacional de História da Educação e desempenhou funções em conselhos científicos de instituições de referência. A sua bibliografia científica é constituída por cerca de 150 títulos, mais de metade publicados em língua estrangeira e/ou no estrangeiro. Entre 1996 e 1999, foi consultor para a Educação do Presidente da República e, em 2005, recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública.

O artigo de Nóvoa procura analisar a realidade discursiva que marca grande parte dos textos no final do último século. Baseia-se na chave Excesso-pobreza nos quais se destacam 5 subtítulos:

Do Excesso dos Discursos à Pobreza das Práticas: O autor destaca sua pretensão: demonstrar de que forma os discursos induzem comportamentos e prescrevem as atitudes, e o modo como eles constroem a ideia de profissão docente que, muitas vezes, não corresponde a intencionalidade declarada.

Do Excesso da Retórica Política e do Mass-media à Pobreza das Políticas Educativas: Neste caso, o excesso dos discursos só esconde a pobreza das práticas políticas. Para pregar o civismo, ou imaginar o futuro, nada melhor que os professores. É para eles que se viram as atenções dos políticos e da opinião pública quando não encontram outras respostas para os problemas. Logo, os professores são vistos, por um lado, como profissionais medíocres com formação deficiente, mas por outro, como elementos essenciais para a melhoria d qualidade do ensino e para o progresso social e cultural.

Do Excesso das Linguagens dos Especialistas Internacionais à Pobreza dos Programas de Formação de Professores: Nos últimos anos, Especialistas internacionais tem estado particularmente ativos no aconselhamento e na consultoria na área da educação. Porém, tudo não passa de interesses concretos escondidos por grandes palavras, pois a profissão docente nesses casos é considerado um mercado muito rentável. Infelizmente, os benefícios dessa “valorização” do mercado docente não são muito visíveis. E o resultado é a pobreza atual da maioria dos programas de formação de professores.

Do Excesso do Discurso Científico-Educacional à Pobreza das Práticas Pedagógicas: A comunidade científico-educacional alimenta-se dos professores e legitima-se por meio de uma reflexão sobre eles. A consequência é uma recorrente “responsabilização” dos professores pelas

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“resistências” que opõe à razão científica tal como lhes é servida pelos investigadores. A pobreza atual das práticas pedagógicas é uma outra face do excesso do discurso científico-educacional, tal como ele se produz nas comunidades acadêmicas e instituições de Ensino Superior.

Do Excesso das “Vozes” dos professores à Pobreza das Práticas Associativas Docentes: Perante as situações de dificuldade e de desvalorização social e profissional, o professor passou a transformar discursos anteriores em “vozes” próprias, assumindo responsabilidades desmedidas. Isso leva ao empobrecimento das práticas associativas docentes, onde seria fundamental encontrar espaços de debate e análise que acentuem a troca e a colaboração entre professores.

Nóvoa chegou a conclusão que os excessos mencionados são suficientes para sustentar sua recusa de um pensamento que se projeta num “excesso do futuro” como forma de justificar a “pobreza do presente”. É a partir do entendimento das políticas educativas, da formação de professores, das práticas pedagógicas e do associativismo docente que é possível imaginar o trabalho dos professores neste século. A visão do futuro deve ser levada em conta, mas deve-se partir do presente, pois é nele que estão contidas as deficiências educativas.

O autor utilizou uma linguagem bastante simples, sendo coerente no decorrer do artigo, focando ser claro e preciso sempre. Abordou metodologia indutiva, tentando convencer os leitores sobre suas teorias, citando alguns fatos passados para reafirmar os atuais e citações de autores renomados, como por exemplo, Louis Althusser, Ivan Illich, Philippe Perrenoud, etc.

Posso ressaltar que com este artigo, compreendi o quão importante é o

diálogo como um modo de auxílio para uma prática de qualidade e para a

elaboração de conhecimentos, tanto do professor como do aluno. A partir do

momento em que ocorre o excesso de Discurso, acarretará o empobrecimento em

outros, desestabilizando a área da educação. O discurso é indispensável, pois é

através dele que se induzem os comportamentos de um indivíduo e a partir disso,

as devidas atitudes. Não adianta só pensar no futuro se o défice está no presente,

porque o amanhã nada mais é que o reflexo do hoje.

O artigo de António Nóvoa é dirigido em sua grande parte aos professores, sendo que foi publicado na revista “Educação e Pesquisa” que aborda temas desse tipo.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha

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Campus São Vicente do SulLicenciatura em Química

Turma 2Disciplina de Práticas Pedagógicas II

Professora Darlene Correia Flores

Resenha Crítica do Artigo“Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza

das práticas”

Acadêmico Morilo Aquino Delevati

São Vicente do Sul, Dezembro de 2012.