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Ministério de Minas e Energia Série ESTUDOS DO MEIO AMBIENTE NOTA TÉCNICA DEA 21/10 Metodologia para avaliação da Sustentabilidade socioeconômica e ambiental de UHE e LT Rio de Janeiro Novembro de 2010

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  • Ministrio de Minas e Energia

    Srie ESTUDOS DO MEIO AMBIENTE

    NOTA TCNICA DEA 21/10

    Metodologia para avaliao da Sustentabilidade socioeconmica e

    ambiental de UHE e LT

    Rio de Janeiro Novembro de 2010

  • Ministrio de Minas e Energia

    (Esta pgina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de pginas na impresso com

    a opo frente e verso - double sided)

  • Ministrio de Minas e Energia

    Governo Federal

    Ministrio de Minas e Energia

    Ministro Mrcio Pereira Zimmermann

    Secretrio Executivo Jos Antonio Corra Coimbra

    Secretrio de Planejamento e Desenvolvimento Energtico Altino Ventura Filho

    Srie ESTUDOS DO

    MEIO AMBIENTE

    NOTA TCNICA DEA 21/10 Metodologia para avaliao da

    Sustentabilidade socioeconmica e ambiental de UHE e LT

    Empresa pblica, vinculada ao Ministrio de Minas e Energia,

    instituda nos termos da Lei n 10.847, de 15 de maro de

    2004, a EPE tem por finalidade prestar servios na rea de

    estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do

    setor energtico, tais como energia eltrica, petrleo e gs

    natural e seus derivados, carvo mineral, fontes energticas

    renovveis e eficincia energtica, dentre outras.

    Presidente Mauricio Tiomno Tolmasquim

    Diretor de Estudos Econmicos e Energticos Amilcar Guerreiro

    Diretor de Estudos de Energia Eltrica Jos Carlos de Miranda Farias

    Diretor de Estudos de Petrleo, Gs e Biocombustvel Elson Ronaldo Nunes

    Diretor de Gesto Corporativa Ibans Csar Cssel

    Coordenao Geral Maurcio Tiomno Tolmasquim

    Amilcar Guerreiro

    Coordenao Executiva

    Flavia Pompeu Serran

    Equipe Tcnica

    Andr Corra Almeida

    Csar Maurcio Batista Silva

    Cristiane Moutinho Coelho

    Elisngela Medeiros de Almeida

    Federica Natasha G. A. dos S. Sodr

    Hermani de Moraes Vieira

    Ktia Gisele Matosinho

    Luciana Alvares da Silva

    Marcos Ribeiro Conde

    Marcos Vinicius Amaral

    Paula Cunha Coutinho

    Robson de Oliveira Matos

    URL: http://www.epe.gov.br

    Sede SAN Quadra 1 Bloco B Sala 100-A

    70041-903 - Braslia DF

    Escritrio Central Av. Rio Branco, n. 01 11 Andar

    20090-003 - Rio de Janeiro RJ

    Rio de Janeiro

    Novembro de 2010

  • Ministrio de Minas e Energia

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  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

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    Ministrio de Minas e Energia

    Srie

    ESTUDOS DO MEIO AMBIENTE

    NOTA TCNICA DEA 21/10 Metodologia para avaliao da

    Sustentabilidade socioeconmica e ambiental de UHE e LT

    SUMRIO

    1 INTRODUO _________________________________________________ 5

    2 ASPECTOS GERAIS DA METODOLOGIA ______________________________ 7

    3 NDICE DE SUSTENTABILIDADE DE USINAS HIDRELTRICAS _____________ 9

    3.1 IDENTIFICAO DOS INDICADORES 9

    3.2 DIMENSO AMBIENTAL 10

    3.2.1 rea alagada 10

    3.2.2 Perda de vegetao 11

    3.2.3 Trecho de rio alagado 12

    3.2.4 Interferncia em UC 13

    3.2.5 Interferncia em APCB 14

    3.3 DIMENSO SOCIOECONMICA 16

    3.3.1 Populao afetada 16

    3.3.2 Interferncia em TI 17

    3.3.3 Interferncia em assentamentos do INCRA 18

    3.3.4 Interferncia na infraestrutura 19

    3.3.5 Potencial de empregos para a populao local 20

    3.3.6 Interferncia em reas urbanas 21

    3.3.7 Interferncia na circulao e comunicao regional 22

    3.3.8 Impacto temporrio na arrecadao municipal 23

    3.3.9 Impacto permanente na arrecadao municipal 25

    3.3.10 Perda de rea produtiva 27

    3.4 DADOS BSICOS 28

    4 NDICE DE SUSTENTABILIDADE DE LINHAS DE TRANSMISSO ___________ 31

    4.1 IDENTIFICAO DOS INDICADORES 31

    4.2 DIMENSO AMBIENTAL 32

    4.2.1 Extenso do corredor 32

    4.2.2 Presena e/ou proximidade de UC 33

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    Ministrio de Minas e Energia

    4.2.3 Presena e/ou proximidade de APCB 34

    4.2.4 Presena de formaes florestais 35

    4.2.5 Presena de vegetao secundria 35

    4.2.6 Presena de reas de savana e/ou estepe 36

    4.3 DIMENSO SOCIOECONMICA 37

    4.3.1 Presena de reas de agropecuria e silvicultura 37

    4.3.2 Presena e/ou proximidade de TI 37

    4.3.3 Presena de assentamentos do INCRA 38

    4.3.4 Presena de reas urbanas 39

    4.3.5 Empregos gerados 40

    4.4 DADOS BSICOS 41

    5 CONSIDERAES FINAIS _______________________________________ 43

    6 BIBLIOGRAFIA _______________________________________________ 45

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    Ministrio de Minas e Energia

    LISTA DE GRFICOS E TABELAS

    Grfico 1. ndice de sustentabilidade socioambiental 8

    Tabela 1. Classificao dos ndices de sustentabilidade 8

    Tabela 2. Classes do indicador de rea alagada 11

    Tabela 3. Classes do indicador de perda de vegetao 12

    Tabela 4. Classes do indicador de trecho de rio alagado 13

    Tabela 5. Classes do indicador de interferncia em UC 14

    Tabela 6. Classes do indicador de interferncia em APCB 15

    Tabela 7. Classes do indicador de populao afetada 17

    Tabela 8. Classes do indicador de interferncia em TI 18

    Tabela 9. Classes do indicador de interferncia em assentamentos do INCRA 19

    Tabela 10. Classes do indicador de interferncia na infraestrutura 20

    Tabela 11. Classes do indicador potencial de empregos para a populao local 21

    Tabela 12. Classes do indicador interferncia em reas urbanas 21

    Tabela 13. Classes do indicador interferncia na circulao e comunicao regional 22

    Tabela 14. Classes do indicador de impacto temporrio na arrecadao municipal 24

    Tabela 15. Classes do indicador de impacto permanente na arrecadao municipal 26

    Tabela 16. Classes do indicador de perda de rea produtiva 27

    Tabela 17. Classes do indicador extenso de corredor 33

    Tabela 18. Classes do indicador presena e/ou proximidade de UC 34

    Tabela 19. Classes do indicador presena e/ou proximidade de APCB 34

    Tabela 21. Classes do indicador presena de vegetao secundria 36

    Tabela 22. Classes do indicador presena de reas de savana e/ou estepe 36

    Tabela 23. Classes do indicador presena de reas de agropecuria e silvicultura 37

    Tabela 24. Classes do indicador presena e/ou proximidade de TI 38

    Tabela 25. Classes do indicador presena de assentamentos do INCRA 39

    Tabela 26. Classes do indicador presena de reas urbanas 39

    Tabela 27. Classes do indicador empregos gerados 40

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    AAI Avaliao(es) Ambiental(is) Integrada(s)

    ANA Agncia Nacional de guas

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    APCB rea(s) Prioritria(s) para a Conservao da Biodiversidade

    CDB Conveno sobre Diversidade Biolgica

    CC-PR Casa Civil da Presidncia da Repblica

    EIA Estudo(s) de Impacto Ambiental

    EPE Empresa de Pesquisa Energtica

    EVTE Estudo(s) de Viabilidade Tcnico-Econmica

    IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ICM-Bio Instituto Chico Mendes de Conservao da Biodiversidade

    ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Servios

    INCRA Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria

    IPEA Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada

    ISS Imposto Sobre Servios

    ISUH ndice(s) de Sustentabilidade de Usinas Hidroeltricas

    ISUT ndice(s) de Sustentabilidade de Linhas de Transmisso

    LT Linha(s) de Transmisso

    MMA Ministrio do Meio Ambiente

    MME Ministrio de Minas e Energia

    N.A. Nvel dgua [de um reservatrio]

    OEMA rgo(os) Estadual(is) de Meio Ambiente

    OPE Oramento Padro Eletrobrs

    PDE Plano Decenal de Expanso de Energia

    PNAP Plano Estratgico Nacional de reas Protegidas

    PNRH Poltica Nacional de Recursos Hdricos

    PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento

    PEA Populao Economicamente Ativa

    PROBIO Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da Diversidade Biolgica Brasileira

    PRONABIO Programa Nacional da Biodiversidade Biolgica

    SIG Sistema de Informaes Geogrficas

    SISA Sistema de Informaes Socioambientais

    SNGRH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos

    SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza

    STJ Superior Tribunal de Justia

    TI Terra(s) Indgena(s)

    UC Unidade(s) de Conservao

    UHE Usina(s) Hidroeltrica(s)

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

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    Ministrio de Minas e Energia

    1 INTRODUO

    Uma das inovaes incorporadas ao PDE, desde o PDE 2019, se refere anlise

    socioambiental de empreendimentos da expanso da oferta de energia eltrica, particularmente

    as UHE e as LT. Trata-se da introduo do conceito de sustentabilidade na avaliao desses

    empreendimentos, em um movimento na direo de incorporar as contribuies que, dentro do

    processo sistemtico de continuado aperfeioamento do ciclo de planejamento da expanso do

    setor energtico brasileiro, a EPE recebeu relativamente s edies anteriores do PDE. Para

    tanto, foram desenvolvidos ndices de Sustentabilidade, avaliados a partir das interaes dos

    empreendimentos com o meio natural (fsico-bitico) e o meio socioeconmico.

    Nos ciclos de estudos anteriores ao PDE 2019 observaram-se, com frequncia,

    questionamentos sobre a metodologia ento aplicada na avaliao socioambiental de UHE e LT.

    Destacam-se, em particular, as crticas e sugestes colhidas nos debates que se seguiram

    publicao do PDE 2008-2017 (EPE, 2008), realizado por meio da consulta pblica conduzida

    pelo MME e de reunies, workshops e outros fruns de discusso promovidos por instituies

    pblicas e privadas, inclusive o Ministrio Pblico Federal, e que envolveram no s agentes do

    setor eltrico, mas tambm representantes da sociedade civil. Dentre as crticas relacionadas

    metodologia de avaliao socioambiental de UHE e LT, alinham-se: (a) no explicitao da

    abordagem do paradigma do desenvolvimento sustentvel; (b) no incorporao dos impactos

    positivos dos empreendimentos (a metodologia restringia a anlise ao exame dos impactos

    negativos) e (c) utilizao, sem maiores crticas ou ponderaes, das informaes fornecidas

    pelos agentes responsveis pelos empreendimentos ou pelos estudos de sua implantao.

    Essa situao motivou um processo de discusso interno EPE que culminou com o

    aperfeioamento metodolgico introduzido no PDE 2019 e aperfeioado na edio seguinte do

    plano (PDE 2020). Assim, foram formulados o ndice de Sustentabilidade de Usinas

    Hidreltricas, ISUH, e o ndice de Sustentabilidade de Linhas de Transmisso, ISUT, em cuja

    quantificao so identificados e avaliados os impactos positivos e negativos provocados pela

    implantao de UHE e LT. Essa avaliao se fez em ambas as dimenses que compem o

    desenvolvimento sustentvel, quais sejam a dimenso ambiental (meios fsico e bitico) e a

    dimenso socioeconmica.

    Mas, a melhor metodologia de avaliao pode restar prejudicada se forem precrios os

    dados bsicos utilizados ou se a qualidade dos mesmos for discutvel ou questionvel. Com esta

    preocupao e, tendo em vista as contribuies apresentadas nos debates j referidos acima, a

    EPE desenvolveu e implantou, em junho de 2009, o Sistema de Informaes Socioambientais

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

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    (SISA). Em sua primeira etapa, o sistema abrange as UHEs. Em um segundo momento sua

    abrangncia se estender e incluir tambm as LT.

    O sistema primariamente alimentado com informaes prestadas pelos agentes

    empreendedores, isto , os responsveis pela implantao ou pelos estudos do projeto. Essas

    informaes se referem s caractersticas tcnicas e s interferncias socioambientais do

    projeto, alm do andamento dos respectivos EIA e EVTE. Todas essas informaes so

    confrontadas e/ou complementadas com outras obtidas junto a fontes oficiais, como a CC-PR,

    MME, MMA, ANEEL, ANA, IBAMA, ICM-Bio, IBGE, IPEA, OEMA e outras. O banco de dados do

    SISA atualizado peridica e regularmente. Em complemento, ainda so utilizadas informaes

    do SIG da EPE.

    Com o aprimoramento metodolgico e a sistematizao das informaes bsicas, a EPE

    pretendeu avanar na avaliao socioambiental de empreendimentos do PDE, incorporando as

    contribuies que vem recebendo ao longo dos ciclos de estudos do planejamento energtico. A

    presente nota tcnica documenta este esforo. Entende-se que ela prpria est sujeita ao

    mesmo processo continuado de crticas e aperfeioamento, at porque no se pretende com

    sua edio ter esgotado as discusses sobre tema to complexo e multidisciplinar.

    Assim sendo, neste documento apresentam-se a metodologia desenvolvida para a

    construo do ISUH e do ISUT aplicados nos estudos dos planos decenais de expanso desde o

    PDE 2019. Alm desta introduo, compem esta nota tcnica mais quatro itens, a saber: (a)

    aspectos metodolgicos da formulao dos ndices de sustentabilidade; (b) definio do ndice

    de sustentabilidade de usinas hidreltricas; (c) definio do ndice de sustentabilidade de linhas

    de transmisso; e (d) consideraes finais.

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    Ministrio de Minas e Energia

    2 ASPECTOS GERAIS DA METODOLOGIA

    Do modo como formulado neste trabalho, o propsito dos ndices de sustentabilidade

    permitir a avaliao socioambiental de UHE e LT considerando os potenciais impactos positivos

    e negativos provocados pelo empreendimento em anlise, assim como critrios de

    sustentabilidade.

    De forma a construir os ndices de sustentabilidade de UHE e LT procedeu-se,

    inicialmente, a uma reviso bibliogrfica relacionada ao tema desenvolvimento sustentvel,

    destacando-se as publicaes do IBGE (2008), da OECD (1997 e 2003) e da EPE (2005), que

    abordam critrios e propostas para formulao de ndices de sustentabilidade1.

    A partir de critrios de sustentabilidade de ampla aceitao e considerando que os

    indicadores deveriam necessariamente compreender a avaliao tanto dos impactos positivos

    quanto dos impactos negativos provocados por um empreendimento, foi ento definida uma

    lista preliminar de indicadores para compor o ndice de sustentabilidade. Essa lista foi reduzida

    em razo da disponibilidade da informao e da qualidade (preciso) dos dados, uma vez que

    essas condies variam muito em funo do estgio do projeto2. Os indicadores que superaram

    esse crivo foram agrupados em duas dimenses: ambiental e socioeconmica. Para cada um

    dos indicadores foi definida uma metodologia de quantificao e foram identificados os dados

    que necessitariam ser apurados. Na medida do possvel, procurou-se definir critrios objetivos

    para a quantificao dos indicadores.

    Uma vez apurado, cada indicador foi submetido a uma mtrica simples, pela qual lhe

    atribuda uma classificao. Foram consideradas cinco classes, desde muito baixa at muito

    alta, passando por trs nveis intermedirios: baixa, mdia e alta. A gradao dos

    intervalos que pode assumir o indicador entre esses valores extremos foi estabelecida tendo em

    conta a legislao em vigor, onde coube, referncias bibliogrficas e a experincia dos

    analistas. Por construo, o ndice de sustentabilidade de um empreendimento assume valores

    entre 0 e 1, sendo que o extremo 0 significa muito baixa sustentabilidade e, em oposio, a

    avaliao 1 significa muito alta sustentabilidade. Neste trabalho, foi estabelecida a gradao

    apresentada na Tabela 1.

    1 No caso de LT, foram considerados como referncia, ainda, os estudos socioambientais da etapa de planejamento, em especial os estudos de viabilidade tcnica, econmica e socioambiental, conhecidos como Relatrio R1, realizados pela EPE e por outras empresas do setor eltrico desde 2005. 2 Isso especialmente relevante no caso de UHE. De fato, a expanso da oferta de energia, na forma como analisada no PDE, constitui um estudo compreensivo que abrange um horizonte temporal de 10 anos. Nesse horizonte, os empreendimentos hidreltricos encontram-se em diferentes estgios de investigao, a saber: inventrio hidroeltrico, viabilidade tcnico-econmica e ambiental, projeto bsico e projeto executivo (construo). Naturalmente, a qualidade das informaes tcnicas e socioambientais sobre os empreendimentos (dado primrio ou secundrio, estimativa, inferncia, etc.), e at mesmo a prpria existncia da informao, depende do estgio de investigao em que o mesmo se encontra.

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

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    Ministrio de Minas e Energia

    Tabela 1. Classificao dos ndices de sustentabilidade

    ndice Classificao

    i 0,2 Muito Baixa

    0,2 < i 0,4 Baixa

    0,4 < i 0,6 Mdia

    0,6 < i 0,8 Alta

    0,8 < i 1,0 Muito Alta

    Pode-se, ento, calcular o ndice Ambiental (IA) do empreendimento, que corresponder

    mdia simples dos valores atribudos, segundo a mtrica acima descrita, aos indicadores

    classificados na dimenso ambiental. Da mesma forma, a mdia simples dos valores atribudos

    aos indicadores relacionados na dimenso socioeconmica determinar o ndice

    Socioeconmico (ISE).

    A combinao das avaliaes em ambas as dimenses caracterizar a sustentabilidade

    do empreendimento. Colocados em um mesmo diagrama, os indicadores ambientais e os

    indicadores socioeconmicos definem um plano que pode ser dividido em cinco regies, cada

    uma delas indicando o grau de sustentabilidade do empreendimento. Assim, um projeto ser

    considerado de muito alta sustentabilidade quando seus ndices ambientais e socioeconmicos

    forem ambos superiores a 0,8. No outro extremo da escala, ser considerado de muito baixa

    sustentabilidade quando seus indicadores forem inferiores a 0,2 nas duas dimenses. O Grfico

    1 ilustra e esclarece o exposto. O ndice de sustentabilidade (ISUH ou ISUT) do

    empreendimento obtido pela mdia simples entre IA e ISE.

    Grfico 1. ndice de sustentabilidade

    0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

    0,2

    0,4

    0,6

    0,8

    1

    dimenso ambiental

    dim

    en

    so

    so

    cio

    eco

    n

    mic

    a

    muito alta

    sustentabilidade

    alta

    sustentabilidade

    mdia

    sustentabilidade

    baixa

    sustentabilidade

    muito baixa

    sustentabilidade

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    Ministrio de Minas e Energia

    3 NDICE DE SUSTENTABILIDADE DE USINAS HIDRELTRICAS

    3.1 Identificao dos indicadores

    Para efeito da composio do ISUH, foram definidos 15 indicadores distribudos cinco

    deles na dimenso ambiental e 10 na dimenso socioeconmica.

    A dimenso ambiental engloba os meios fsico e bitico das reas de influncia direta de

    um empreendimento. Os cinco indicadores selecionados foram:

    (a) rea alagada;

    (b) Perda de vegetao;

    (c) Trecho de rio alagado;

    (d) Interferncia em UC;

    (e) Interferncia em APCB.

    No h dvida que todos os cinco indicadores relacionados so relevantes assim como

    no h dvida que eles tampouco esgotam a avaliao de uma UHE, no que se refere

    dimenso ambiental de seus impactos. Conforme j salientado, a seleo dos indicadores no

    se prendeu apenas sua relevncia, mas considerou tambm a existncia de dados e a

    qualidade das informaes disponveis para tornar possvel uma avaliao criteriosa e

    consistente.

    A dimenso socioeconmica engloba os aspectos relativos populao afetada e s

    interferncias do empreendimento na infraestrutura e, tambm, os aspectos econmicos de sua

    rea de influncia direta. Nessa dimenso, a quantidade de dados qualificados disponveis

    maior, o que explica o nmero de 10 indicadores selecionados. Alm disso, nela podem ser

    percebidos impactos positivos com a implantao do empreendimento, tais como potencial de

    criao de empregos para a populao local, aumento das receitas municipais, etc. Os

    indicadores na dimenso socioeconmica selecionados foram:

    (a) Populao afetada;

    (b) Interferncia em TI;

    (c) Interferncia em assentamentos do INCRA;

    (d) Interferncia na infraestrutura;

    (e) Potencial de empregos para a populao local;

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    10

    Ministrio de Minas e Energia

    (f) Interferncia em reas urbanas;

    (g) Interferncia na circulao e comunicao regional;

    (h) Impacto temporrio na arrecadao municipal;

    (i) Impacto permanente na arrecadao municipal;

    (j) Perda de rea produtiva.

    3.2 Dimenso Ambiental

    3.2.1 rea alagada

    A formao de um reservatrio implica necessariamente na inundao de reas do rio e

    de seu entorno. As dimenses das reas alagadas por reservatrios de empreendimentos

    hidreltricos variam muito, dependendo das caractersticas fsicas do rio e de seu entorno, do

    regime de operao do reservatrio e de outros elementos de projeto.

    Decorre da formao do reservatrio a maioria das alteraes associadas aos meios

    fsico, bitico e socioeconmico. Podem ser citadas, como exemplo, a perda de vegetao na

    rea do reservatrio, acessos e reas de apoio s obras e da fauna a ela associada, a alterao

    da qualidade da gua em funo do alagamento da vegetao marginal e a desapropriao de

    reas urbanas e rurais. Por outro lado, h o benefcio da gerao de energia.

    Considerando o exposto, definiu-se como indicador da rea alagada a relao entre a

    rea assim atingida pelo reservatrio, expressa em km2, e a potncia instalada, em MW. O

    objetivo relacionar os efeitos negativos decorrentes da formao do reservatrio com os

    benefcios da gerao de energia.

    Assim definido, o clculo deste indicador se d pela diviso da rea alagada no N.A.

    mximo normal pela potncia instalada. Analiticamente, tem-se:

    =

    MWkm

    instaladapotnciaalagadareaI

    2

    O valor encontrado deve ser situado nas classes estabelecidas para este indicador. Essas

    classes foram definidas a partir do benefcio da gerao de energia face ao impacto do

    alagamento de reas, tendo em conta o valor mdio das reas alagadas por reservatrios de

    usinas hidreltricas em operao no pas.

    Na definio do limite da classe alta, tomou-se como parmetros o ndice mdio de

    alagamento, por unidade de potncia instalada, que apresentam os reservatrios das usinas em

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    11

    Ministrio de Minas e Energia

    operao no pas, qual seja 0,50 km/MW. Na definio da classe mdia admitiu-se como

    valor limite ndices de alagamento at 50% maiores do que o ndice mdio das UHEs em

    operao no Brasil, qual seja 0,75km/MW. O limite da classe baixa foi definido para ndices

    de alagamento iguais a 1, o dobro na mdia nacional. A classe muito baixa engloba os

    empreendimentos com ndices maiores que 1. A Tabela 2 apresenta os valores limites das

    classes do indicador de rea alagada.

    Tabela 2. Classes do indicador de rea alagada

    valores em km/MW

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 0,25

    Alta 0,25 < i 0,50

    Mdia 0,50 < i 0,75

    Baixa 0,75 < i 1,0

    Muito Baixa i > 1,0

    3.2.2 Perda de vegetao

    O indicador de perda de vegetao tem por objetivo mensurar os efeitos negativos

    decorrentes da inundao de formaes vegetais. Alguns exemplos desses efeitos negativos so

    a perda de habitats e de recursos alimentares para a fauna e o aumento das emisses de gases

    de efeito estufa pela inundao de biomassa. Quantitativamente, considerou-se para este

    indicador a soma das reas de formaes vegetais primrias e secundrias atingidas pelo

    empreendimento, normalmente expressa em km, seja na formao do reservatrio, seja na

    instalao de benfeitorias e outras aes com vistas implantao e operao da usina.

    As classes do indicador de perda de vegetao foram definidas em funo da rea

    mnima necessria manuteno de uma populao vivel de mamferos terrestres de mdio e

    grande porte. Sendo assim, para reas atingidas superiores a 400 km definiu-se que o

    empreendimento se enquadra na classe muito baixa com relao a este indicador na medida

    em que, nessa situao, estaria comprometida a viabilidade das populaes de ungulados

    herbvoros com ampla distribuio geogrfica (anta, queixada e veado mateiro), que necessitam

    de uma rea mdia de 448,2 km (REDFORD & ROBINSON, 1991). No outro extremo, reas

    atingidas inferiores a 5 km no representariam impactos significativos sobrevivncia das

    populaes da maioria dos vertebrados terrestres, sendo os empreendimentos, nesse caso,

    considerados de classe muito alta. A Tabela 3 apresenta os valores limites das classes do

    indicador de perda de vegetao.

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    Tabela 3. Classes do indicador de perda de vegetao

    valores em km

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 5

    Alta 5 < i 25

    Mdia 25 < i 100

    Baixa 100 < i 400

    Muito Baixa i > 400

    3.2.3 Trecho de rio alagado

    O objetivo do indicador de trecho de rio alagado mensurar os efeitos negativos da

    alterao da dinmica hidrulica do rio em decorrncia da formao do reservatrio. O

    barramento de um rio para a formao do reservatrio pode ter como efeitos a alterao da

    dinmica hidrulica e outros da decorrentes, como alterao do regime hdrico, de ltico para

    lntico, alterao da qualidade da gua, a perda de habitats para a fauna pelo alagamento de

    lagoas marginais e corredeiras e o conflito de usos mltiplos. Quantitativamente, este indicador

    corresponde extenso do trecho alagado no rio principal e em seus afluentes pela formao

    do reservatrio, extenso essa normalmente expressa em km.

    As classes do indicador de trecho de rio alagado foram definidas com base nos critrios

    de avaliao utilizados nos estudos da EPE e aplicados no PDE 2008-2017 (EPE, 2008), que

    consideram, entre outros fatores, que o efeito negativo da formao do reservatrio to

    maior quanto maior for o trecho de rio alagado. Arbitrou-se que trechos alagados com extenso

    de at 20 km caracterizariam que o reservatrio seria da classe muito alta com relao ao

    aspecto que este indicador pretende medir. Em oposio, projetos hidreltricos cujo

    alagamento ocorra em uma extenso superior a 200 km, portanto 10 vezes maior, seriam

    enquadrados na classe muito baixa. A Tabela 4 apresenta os valores limites das classes do

    indicador de trecho alagado de rio.

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    Tabela 4. Classes do indicador de trecho de rio alagado

    Valores em km

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 20

    Alta 20 < i 50

    Mdia 50 < i 100

    Baixa 100 < i 200

    Muito Baixa i > 200

    3.2.4 Interferncia em UC

    O objetivo desse indicador avaliar a interferncia de uma UHE em UC. A Lei n 9.985,

    de 18 de julho de 2000, que instituiu o SNUC, define UC como sendo o espao territorial e

    seus recursos ambientais, incluindo as guas jurisdicionais, com caractersticas naturais

    relevantes, legalmente institudo pelo Poder Pblico, com objetivos de conservao e limites

    definidos, sob regime especial de administrao, ao qual se aplicam garantias adequadas de

    proteo.

    Na forma da lei, as UC podem ser reunidas em dois grupos: unidades de proteo

    integral, cujo objetivo a preservao da natureza e onde se admite apenas o uso indireto dos

    recursos naturais, e unidades de uso sustentvel, cujo objetivo compatibilizar a conservao

    da natureza com o uso sustentvel de parcela dos recursos naturais nelas existentes3. Qualquer

    UC deve dispor de plano de manejo que necessariamente abranger, alm de sua rea, a

    respectiva zona de amortecimento4, sendo proibidas quaisquer alteraes, atividades ou

    modalidades de utilizao em desacordo com seus objetivos, seu plano de manejo e seus

    regulamentos. A desafetao ou a alterao que envolva reduo dos limites de uma UC s

    pode ser feita mediante lei especfica.

    3 So unidades de proteo integral: estaes ecolgicas, reservas biolgicas, parques nacionais, monumentos naturais e refgios de vida silvestre. Constituem unidades de uso sustentvel: reas de proteo ambiental, reas de relevante interesse ecolgico, florestas nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimentos sustentvel e reservas particulares do patrimnio natural. A Lei n 9.985 conceitua e caracteriza cada um desses tipos de unidades de conservao. 4 De acordo com a lei, zona de amortecimento o entorno de uma unidade de conservao, onde as atividades humanas esto sujeitas a normas e restries especficas, com o propsito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Alm da zona de amortecimento de uma UC, a lei se refere ainda a corredores ecolgicos que so pores de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservao, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a disperso de espcies e a recolonizao de reas degradadas, bem como a manuteno de populaes que demandam para sua sobrevivncia reas com extenso maior do que aquela das unidades individuais.

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    14

    Ministrio de Minas e Energia

    Nesse contexto, a interferncia de um empreendimento hidreltrico em uma UC pode

    constituir impacto relevante, dependendo do tipo da UC afetada e da distncia entre ambos.

    Assim sendo, a avaliao desse indicador foi feita considerando o tipo de UC afetada e a

    situao de proximidade do empreendimento com relao UC, admitindo-se a distncia de at

    10 km, que caracteriza as zonas de amortecimento, como parmetro indicador dessa

    proximidade. Em termos prticos, a utilizao do SIG permitiu obter essas informaes com boa

    preciso.

    Nessas condies, empreendimentos que atingem diretamente uma UC de proteo

    integral foram agrupados na classe muito baixa e os que afetam uma UC de uso sustentvel

    na classe baixa. A Tabela 5 apresenta os valores limites das classes do indicador de

    interferncia em UC.

    Tabela 5. Classes do indicador de interferncia em UC

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta UHE no interfere em UC (distncia superior a 10 km)

    Alta UHE localizada at 10 km de UC de uso sustentvel

    Mdia UHE localizada at 10 km de UC de proteo integral

    Baixa UHE afeta UC de uso sustentvel

    Muito Baixa UHE afeta UC de proteo integral

    3.2.5 Interferncia em APCB

    O indicador de interferncia em APCB tem por objetivo mensurar os efeitos negativos da

    implantao de empreendimentos hidreltricos que interfiram com essas reas. Uma APCB ,

    potencialmente, uma rea para futura constituio de uma UC.

    Como signatrio da CDB5, o Brasil tem criado instrumentos que possam viabilizar o

    cumprimento dos compromissos assumidos na Conveno. Um desses instrumentos o

    PROBIO, componente executivo do PRONABIO, que tem como objetivo principal apoiar

    iniciativas que ofeream informaes e subsdios bsicos sobre a biodiversidade brasileira. No

    5 A Conveno sobre Diversidade Biolgica (Convention on Biological Diversity) um dos principais resultados da Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Eco-92, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992. A CDB j foi ratificada por 188 pases, entre os quais o Brasil. Entrou em vigor no pas por meio do Decreto Legislativo n 02, de 3 de fevereiro de 1994. A Conveno estabelece normas e princpios que os pases signatrios se comprometem a aplicar no uso e a proteo da diversidade biolgica. O objetivo assegurar a conservao da biodiversidade, o seu uso sustentvel e ainda a justa repartio dos benefcios provenientes do uso econmico dos recursos genticos.

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    mbito deste projeto foram identificadas APCBs nos diversos biomas brasileiros6. Assim,

    dependendo da classificao da importncia biolgica atribuda APCB, este tipo de

    interferncia pode ser tido como um impacto relevante provocado por um empreendimento

    hidreltrico.

    A avaliao desse indicador foi feita considerando a classificao atribuda APCB

    afetada 7 e a situao de proximidade do empreendimento com relao APCB, admitindo-se, a

    exemplo do critrio adotado no caso de UC, a distncia de at 10 km como parmetro indicador

    dessa proximidade. Como no caso anterior, a utilizao do SIG permitiu, em termos prticos,

    obter essas informaes com boa preciso.

    Nessas condies, empreendimentos localizados dentro dos limites de uma APCB foram

    considerados como interferindo diretamente na rea e, de acordo com o tipo da APCB, foram

    enquadrados nas classes mdia, baixa ou muito baixa. Aos empreendimentos localizados a

    uma distncia de at 10 km de uma APCB foi atribuda a classe alta e aos que no interferem

    com APCB, a classe muito alta no que diz respeito a este indicador. A Tabela 6 apresenta a

    gradao estabelecida para efeito da avaliao do indicador de interferncia com APCB.

    Tabela 6. Classes do indicador de interferncia em APCB

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta UHE no interfere em APCB (situa-se a uma distncia superior a 10km de uma APCB)

    Alta UHE localizada a uma distncia de at 10km de APCB

    Mdia UHE afeta APCB de alta importncia biolgica ou insuficientemente conhecida

    Baixa UHE afeta APCB de muito alta importncia biolgica

    Muito Baixa UHE afeta APCB de extremamente alta importncia biolgica

    6 O decreto n 5.092, de 21 de maio de 2004, definiu regras para identificao de reas prioritrias para a conservao, utilizao sustentvel e repartio dos benefcios da biodiversidade, no mbito das atribuies do Ministrio do Meio Ambiente. Uma vez identificadas, essas reas so classificadas segundo sua importncia biolgica e priorizao de ao para efeito da formulao e implementao de polticas pblicas, programas, projetos e atividades sob a responsabilidade do Governo Federal, visando a conservao in situ da biodiversidade, a utilizao sustentvel de componentes da biodiversidade a repartio de benefcios derivados do acesso a recursos genticos e ao conhecimento tradicional associado, a pesquisa e inventrios sobre a biodiversidade, a recuperao de reas degradadas e de espcies sobre-exploradas ou ameaadas de extino e a valorizao econmica da biodiversidade. A ltima atualizao da lista de APCB a referida no pargrafo 2 da Portaria MMA n 9, de 23 de janeiro de 2007. 7 .Conforme a legislao, as APCB so classificadas de acordo com a sua importncia biolgica em (a) extremamente alta; (b) muito alta (c) alta e (d) insuficientemente conhecida. Apenas para efeito da construo metodolgica aqui desenvolvida, as APCB classificadas como insuficientemente conhecidas foram agrupadas s de alta importncia.

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    3.3 Dimenso Socioeconmica

    3.3.1 Populao afetada

    O indicador de populao afetada tem por objetivo mensurar o impacto provocado pela

    remoo e reassentamento de pessoas em reas urbanas e rurais.

    O impacto de reservatrios de usinas hidreltricas nas populaes urbana e rural pode

    ser associado principalmente s modificaes nas relaes de vizinhana e nos modos de vida

    da populao afetada, muito em funo das desapropriaes e realocaes que a implantao

    da UHE impe. Com efeito, na rea afetada pelo empreendimento podem estar localizados

    imveis urbanos, cemitrios, igrejas e outros templos religiosos, comrcios diversos e terras

    produtivas de pequenos, mdios e grandes agricultores.

    Apesar de todo o esforo para garantir populao afetada um padro de vida igual ou

    melhor do que o existente antes da implantao do empreendimento, mantendo, sempre que

    possvel, as relaes sociais e, incluindo, no caso da populao rural, a aquisio de reas com

    caractersticas semelhantes s das antigas propriedades, alm da indenizao pelas benfeitorias

    existentes, a mitigao dos impactos no completa. A soluo ser, naturalmente, to mais

    complexa quanto maior for a populao atingida, no importando necessariamente se situadas

    em reas urbanas ou rurais. Nessas condies, a quantificao deste indicador se baseou na

    populao total afetada (soma das populaes urbanas e rurais afetadas) pela formao do

    reservatrio.

    As classes do indicador de populao afetada foram definidas tendo como referncia a

    mdia estimada da populao afetada pelas UHE em operao no pas. Assim, um

    empreendimento hidreltrico classificado na classe muito alta quando a populao afetada

    , inferior a 500 pessoas (ou 125 famlias)8. No outro extremo, considerou-se que, quanto a

    este aspecto, uma UHE seria classificada como muito baixa no caso de atingir mais de 5 mil

    pessoas (1.250 famlias). A Tabela 7 apresenta os valores limites das classes do indicador de

    populao afetada.

    8 Arbitrou-se que uma famlia atingida teria tipicamente 4 componentes.

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    Ministrio de Minas e Energia

    Tabela 7. Classes do indicador de populao afetada

    Nmero de pessoas

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 500

    Alta 500 < i 1.000

    Mdia 1.000 < i 2.500

    Baixa 2.500 < i 5.000

    Muito Baixa i > 5.000

    3.3.2 Interferncia em TI

    O indicador de interferncia em TI tem por objetivo considerar os impactos sobre TI

    decorrentes da implantao de empreendimentos hidreltricos que interfiram com essas reas.

    A Constituio Federal apresenta o conceito de terras tradicionalmente ocupadas pelos

    ndios definindo-as como sendo aquelas "por eles habitadas em carter permanente, as

    utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindveis preservao dos recursos

    ambientais necessrios ao seu bem-estar e as necessrias a sua reproduo fsica e cultural,

    segundo seus usos, costumes e tradies (art. 231, 1). Ainda de acordo com a Constituio,

    essas terras "so bens da Unio" (art. 20, inciso XI) e so "inalienveis e indisponveis e os

    direitos sobre elas imprescritveis" (art. 231, 4). Pode-se entender que as disposies

    constitucionais reconhecem que "para os povos indgenas, a terra muito mais do que simples

    meio de subsistncia. Ela representa o suporte da vida social e est diretamente ligada ao

    sistema de crenas e conhecimento. No apenas um recurso natural - e to importante

    quanto este - um recurso sociocultural" (FUNAI, 2009 apud RAMOS, 1995). Por essa razo, as

    interferncias de UHE, ou empreendimentos de qualquer natureza, em TI, demandam estudos

    antropolgicos especficos para determinar os impactos sobre esses povos.

    A interferncia em uma TI pode ser direta, situao em que parcela da TI atingida

    pelo empreendimento, ou indireta, quando, apesar de nenhuma parte da TI ser atingida

    diretamente, os efeitos da implantao do empreendimento podero ser sentidos na TI. Quanto

    a este indicador, considerou-se a classe, diretamente relacionada ao grau de interferncia na

    TI, conforme apresentado na Tabela 8.

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    18

    Ministrio de Minas e Energia

    Tabela 8. Classes do indicador de interferncia em TI

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta no afeta TI (distncia superior a 10km)

    Alta afeta indiretamente TI e se situa a 10km ou mais da mesma

    Mdia afeta indiretamente TI e se situa a menos de 10km da mesma

    Baixa afeta diretamente e a rea atingida igual ou inferior a 20% da rea total da TI afetada

    Muito Baixa afeta diretamente a aldeia ou a rea atingida superior a 20% da rea total da TI afetada

    3.3.3 Interferncia em assentamentos do INCRA

    O indicador de interferncia em assentamentos do INCRA tem por objetivo mensurar os

    impactos da implantao de empreendimentos hidreltricos em reas constitudas com o

    objetivo de implementar a poltica de reforma agrria.

    Em consonncia com a Constituio Federal, o pas tem criado instrumentos para atingir

    os objetivos da reforma agrria de interesse social e realizar o ordenamento fundirio nacional,

    na busca do desenvolvimento rural sustentvel. Assim, em reas rurais desapropriadas para fins

    de reforma agrria, o INCRA tem promovido o assentamento de famlias para que estas possam

    prover sua subsistncia atravs da atividade agrcola. 9

    Para efeito da avaliao ambiental, considerou-se apenas a rea alagada do

    empreendimento com o assentamento, admitindo que quanto maior a rea de assentamento

    afetada menor seria a classificao do projeto quanto a esse indicador. Analiticamente, apura-

    se o indicador pela expresso:

    toassentamendototalreatoassentamendoalagadareaI =

    9 O termo assentamento rural, criado no mbito das polticas pblicas para nomear um determinado tipo de interveno fundiria, unifica e, muitas vezes, encobre uma extensa gama de aes, tais como compra de terras, desapropriao de imveis rurais ou mesmo utilizao de terras pblicas (Leite e Medeiros, 2004). Embora no constituam reas legalmente protegidas, os assentamentos englobam reas de preservao permanente e reservas legais, e essas, por sua vez, alm de protegidas, so elementos indispensveis ao planejamento da paisagem, no mbito de uma abordagem ecossistmica, com a funo estratgica de conectividade entre outras reas protegidas e fragmentos naturais (MMA: PNAP, 2006).

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    19

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    Tabela 9. Classes do indicador de interferncia em assentamentos do INCRA

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta No afeta assentamento do INCRA

    Alta Afeta menos de 10% da rea total do assentamento do INCRA

    Mdia Afeta entre 10 e 30% da rea total do assentamento do INCRA

    Baixa Afeta entre 30 e 50% da rea total do assentamento do INCRA

    Muito Baixa Afeta mais de 50% do assentamento do INCRA

    3.3.4 Interferncia na infraestrutura

    O indicador de interferncia na infraestrutura tem por objetivo avaliar o efeito negativo

    da afluncia de contingentes populacionais que uma obra de grande porte geralmente provoca,

    e que resulta em presso sobre a infraestrutura local, notadamente nos setores de habitao,

    sade, educao e saneamento bsico.

    O afluxo de pessoas regio de implantao de uma UHE motivado principalmente

    pela criao de empregos e pela consequente dinamizao da economia local. Alm disso,

    comum que a mo de obra mais especializada demandada na construo de hidreltricas venha

    de outras regies, no raro acompanhada de familiares e agregados, o que contribui para o

    aumento da presso demogrfica nos municpios onde se concentra o apoio logstico s obras

    e, ocasionalmente, em municpios vizinhos.

    Assim sendo, como indicador de interferncia na infraestrutura, considerou-se a relao

    entre a populao atrada e a populao residente no(s) municpio(s) de apoio s obras. Como

    estimativa da populao atrada considerou-se o nmero de empregos diretos gerados

    multiplicado por um fator de converso k. Ao fator k foi atribudo o valor 3. Esse valor procura

    refletir alguns fatores, como o nmero mdio de pessoas em uma famlia. Analiticamente, a

    expresso do indicador escrita como sendo:

    apoiodesmunicpiosdopopulaogeradosempregosdenmeroki )()(

    =

    Admite-se que quanto maior a relao calculada, ou seja, quanto maior o indicador,

    menor ser a classificao do empreendimento, com relao ao aspecto avaliado. Considerou-

    se que uma UHE ser classificada como muito alta se apresentar i 0,05 (5% da populao

    do(s) municpio(s) de apoio s obras) e, no extremo oposto, muito baixa se apresentar i >

    0,50. A Tabela 10 discrimina a gradao estabelecida para aplicao deste indicador.

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    20

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    Tabela 10. Classes do indicador de interferncia na infraestrutura

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 0,05

    Alta 0,05 < i 0,10

    Mdia 0,10 < i 0,20

    Baixa 0,20 < i 0,50

    Muito Baixa i > 0,50

    3.3.5 Potencial de empregos para a populao local

    O indicador potencial de empregos para a populao local tem por objetivo avaliar a

    situao de emprego dos municpios da rea de influncia de uma UHE.

    Em termos objetivos, este indicador foi avaliado pela razo entre a populao

    desocupada e a PEA, tendo como referncia espacial os municpios atingidos diretamente pelo

    empreendimento (municpios que possuem rea alagada pelo reservatrio da usina).

    Analiticamente, tem-se a expresso:

    =

    PEAdesocupadapopulao

    i

    A PEA define o potencial com que o setor produtivo pode contar, isto , a mo de obra

    em idade ativa, compreendendo tanto as pessoas ocupadas quanto as desocupadas dos

    municpios atingidos. Nos termos de como considera o IPEA, populao ocupada compreende o

    contingente de pessoas que tinha algum trabalho, num determinado perodo de referncia

    (pesquisa), podendo ser empregados, cumprindo uma jornada de trabalho e recebendo como

    contrapartida remunerao em dinheiro ou outra forma de pagamento (moradia, alimentao,

    vesturio, etc.), autnomos, empregadores e profissionais no remunerados, e populao

    desocupada abrange as pessoas que no tinham trabalho no mesmo perodo de referncia, mas

    estavam dispostas a trabalhar e que, para isso, tomaram alguma providncia efetiva

    (consultando pessoas, jornais, etc.).

    Ao contrrio do indicador de interferncia em infraestrutura, o indicador de potencial de

    empregos para a populao local indicar uma classe mais alta quanto maior o valor que

    assumir.A classificao muito alta foi atribuda a empreendimentos nos quais este indicador

    assumisse valores iguais ou superiores a 0,2, ou seja, onde a taxa de desocupao fosse igual

    ou maior do que 20%. Nessa situao, o empreendimento provocaria aumento da taxa de

    emprego nos municpios por ele atingidos. Em oposio, uma UHE seria classificada com muito

    baixa quando a taxa de desocupao local fosse inferior a 5%. A Tabela 11 apresenta a

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    21

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    gradao estabelecida para efeito da avaliao deste indicador.

    Tabela 11. Classes do indicador potencial de empregos para a populao local

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 0,20

    Alta 0,15 i < 0,20

    Mdia 0,10 i < 0,15

    Baixa 0,05 i < 0,10

    Muito Baixa i < 0,05

    3.3.6 Interferncia em reas urbanas

    O indicador de interferncia em reas urbanas tem por objetivo mensurar o impacto dos

    empreendimentos hidreltricos sobre ncleos urbanos.

    A interferncia de uma UHE em reas urbanas tende a ser vista como negativa. Contudo,

    parece razovel considerar que essa interferncia pode assumir dimenses ou importncias

    diferenciadas, dependendo do comprometimento de servios sociais e da capacidade do ncleo

    urbano atingido de ofertar bens e servios para a comunidade local e seu entorno. Por servios,

    entende-se: equipamentos urbanos, comrcio, servios bancrios, servios educacionais,

    servios de sade, etc. A capacidade de ofertar bens e servios do ncleo urbano define sua

    importncia como polo local. Naturalmente, quanto menor for a interferncia e quanto menor

    for a importncia socioeconmica do ncleo urbano atingido, maior ser a classificao do

    empreendimento na mtrica deste indicador. A Tabela 12 apresenta a gradao estabelecida

    para efeito da avaliao do indicador interferncia em reas urbanas.

    Tabela 12. Classes do indicador interferncia em reas urbanas

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta No interfere em ncleo(s) urbano(s)

    Alta Interfere em ncleo urbano, mas no compromete servios essenciais

    Mdia Interfere e compromete servios essenciais em ncleos urbanos com baixa capacidade de oferecimento de bens e servios

    Baixa Interfere e compromete servios essenciais em ncleos urbanos com mdia capacidade de oferecimento de bens e servios

    Muito Baixa Interfere e compromete servios essenciais em ncleos urbanos com alta capacidade de oferecimento de bens e servios

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    22

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    3.3.7 Interferncia na circulao e comunicao regional

    As redes de circulao e comunicao locais e regionais compreendem principalmente as

    vias utilizadas pela populao da rea de influncia do empreendimento no exerccio de suas

    relaes sociais, quais sejam as relaes de vizinhana e convivncia ou as relaes comerciais

    e de negcios. Constituem essas redes: trilhas, rios e outras rotas fluviais e aquticas,

    caminhos, estradas vicinais ou de categoria superior, rotas de transporte de passageiros e de

    carga, entre outras. O objetivo desse indicador medir o impacto da implantao de uma UHE

    nessas redes.

    Como parmetros principais da avaliao dessa interferncia foram consideradas a

    temporalidade e a espacialidade do impacto. Do ponto de vista temporal, a interferncia pode

    ser temporria ou definitiva, sendo que a segunda caracteriza uma classificaomais baixa. Do

    ponto de vista espacial, a interferncia pode se dar em nvel local ou regional. Alm disso,

    outros aspectos considerados so: (a) se a interferncia altera as formas de organizao do

    territrio, com possveis reflexos no rearranjo da hierarquia do territrio; (b) se a populao

    atingida se v impossibilitada de exercer suas relaes sociais pela extino dos caminhos de

    circulao local determinantes para essas relaes.

    Assim, enquadrado na classe muito baixa o empreendimento cuja implantao, alm de

    comprometer a circulao local, impossibilitar a populao diretamente atingida de utilizar

    caminhos determinados pelas relaes estabelecidas. A Tabela 13 apresenta a gradao

    estabelecida para efeito da avaliao do indicador interferncia na circulao e comunicao

    regional.

    Tabela 13. Classes do indicador interferncia na circulao e comunicao regional

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta No interfere na circulao e comunicao

    Alta Interfere temporariamente na circulao e comunicao local

    Mdia Interfere temporariamente na circulao e comunicao local e regional

    Baixa Interfere na circulao regional, alterando as formas de organizao do territrio, com possveis reflexos no rearranjo da hierarquia

    Muito Baixa Compromete a circulao local, impossibilitando a populao diretamente atingida de utilizar caminhos determinados pelas relaes estabelecidas

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    23

    Ministrio de Minas e Energia

    3.3.8 Impacto temporrio na arrecadao municipal

    O objetivo do indicador de impacto temporrio na arrecadao municipal mensurar o

    efeito positivo do empreendimento na receita do(s) municpio(s) atingido(s) pelo

    empreendimento, durante o perodo de sua implantao (construo), da o carter temporrio

    do impacto.

    A implantao de uma UHE envolve a prestao de um volume significativo de servios,

    principalmente nas reas de construo civil e montagem. Servios de qualquer natureza

    executados no estabelecimento do cliente so objeto de tributao, nos termos da Constituio

    (art. 156), e esta se d em nvel municipal. Assim sendo, durante a construo da usina dever

    ocorrer aumento na arrecadao nos municpios onde sero executadasas obras, o que pode

    gerar oportunidades de desenvolvimento econmico10.

    Dessa forma, para avaliar o efeito temporrio da implantao de uma UHE na receita

    municipal estabeleceu-se o indicador dado pela relao entre o ISS gerado durante a

    construo e a receita do municpio onde aquele imposto ser arrecadado. Nestes termos, a

    expresso analtica do indicador pode ser escrita como segue:

    Como base de clculo do ISS considerou-se o valor dos servios de construo civil e

    montagem associado ao projeto. Para o clculo da arrecadao considerou-se que sobre esse

    valor seria aplicada a alquota de ISS normalmente incidente sobre servios dessa natureza. A

    alquota do ISS varia de um municpio para outro, mas, de um modo geral, encontra-se muito

    frequentemente o valor de 3%. Por fim, deve-se considerar o prazo de execuo das obras. A

    expresso analtica da arrecadao anual de ISS durante a construo de uma UHE pode ento

    ser escrita com segue:

    onde CM o valor estimado para os servios de construo civil e montagem e t o perodo de

    construo.

    10 A prestao de servios, por empresas ou profissionais autnomos o fato gerador do imposto sobre servios de qualquer natureza ou simplesmente ISS, tributo que somente os municpios e o Distrito Federal tm competncia para instituir (art. 156, IV da Constituio Federal). Como regra geral, esse imposto recolhido no municpio onde se localiza o estabelecimento do prestador do servio, porm, ser recolhido no municpio onde o servio prestado nos casos em que a prestao dos servios ocorra no estabelecimento do cliente, como o caso dos servios de construo civil e montagem nas obras de implantao de uma UHE.

    obrasdassedemunicpiodoiaoramentrreceitaconstruoaduranteISSdeanualoarrecadai =

    t

    CMISS 03,0=

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    24

    Ministrio de Minas e Energia

    Considerou-se que um empreendimento enquadrado na classe muito alta se a

    arrecadao anual de ISS associada s obras representa 20% ou mais (indicador assumindo

    valores iguais ou maiores do que 0,20) da receita oramentria do(s) municpio(s) onde a obra

    se realiza. No outro extremo, definiu-se a classe muito baixa no caso de esse indicador ser

    inferior a 0,05. A Tabela 14 apresenta a gradao estabelecida para efeito da avaliao do

    indicador de impacto temporrio na arrecadao municipal.

    Tabela 14. Classes do indicador de impacto temporrio na arrecadao municipal

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 0,20

    Alta 0,15 i < 0,20

    Mdia 0,10 i < 0,15

    Baixa 0,05 i < 0,10

    Muito Baixa i < 0,05

    No caso dos projetos do PDE 2020 e do PDE 2019, estimou-se o valor dos servios de

    construo civil e montagem associados a um empreendimento hidreltrico tomando por base

    os oramentos de investimento disponveis de usinas e projetos do sistema brasileiro.

    Reconhecendo que este valor depende do porte do projeto, o qual pode ser caracterizado pela

    potncia instalada, foram estabelecidas as seguintes referncias para o custo da construo civil

    e montagem em empreendimentos hidreltricos:

    Usinas ou projetos com potncia igual ou inferior a 100 MW R$ 4.500,00/kW

    Usinas ou projetos com potncia superior a 100 MW R$ 3.000,00/kW

    Esses preos foram baseados numa mdia de preos obtida atravs de alguns OPEs de

    usinas hidreltricas. Dessa forma, o valor mdio do ISS arrecadado durante a construo de

    uma UHE constante do PDE 2020 e do PDE 2019 foi estimado, em:

    Usinas ou projetos com potncia igual ou inferior a 100 MW R$ 135,00/kW

    Usinas ou projetos com potncia superior a 100 MW R$ 90,00/kW

    Conforme j assinalado, o montante assim calculado ento dividido pelo prazo de

    construo do empreendimento, resultando na estimativa do valor anual arrecadado de ISS em

    decorrncia do projeto. No caso do PDE 2020 e do PDE 2019, foram considerados os prazos de

    construo de 30, 40 e 60 meses, de acordo com o porte e a complexidade dos projetos.

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    25

    Ministrio de Minas e Energia

    3.3.9 Impacto permanente na arrecadao municipal

    O objetivo do indicador de impacto permanente na arrecadao municipal mensurar o

    efeito positivo do empreendimento na receita do(s) municpio(s) atingido(s) pelo reservatrio

    por ele formado.

    A Constituio Federal estabeleceu o princpio de que, na gerao de energia eltrica, o

    usurio do recurso hdrico obrigado a compensar monetariamente os entes federativos

    atingidos com a implantao de seu empreendimento. Trata-se da Compensao Financeira

    pela Utilizao dos Recursos Hdricos para Fins de Gerao de Energia Eltrica, ou

    simplesmente compensao financeira.

    Os recursos apurados com base neste princpio so arrecadados pela ANEEL, tendo

    como parmetro a quantidade de energia gerada pela usina. So distribudos, na forma da lei,

    entre estados, municpios e rgos da Administrao Direta da Unio. A participao dos

    municpios toma por base a rea de seu territrio atingida pelo reservatrio formado pela UHE.

    Assim, a instalao de uma usina em um municpio ir gerar, a partir de seu funcionamento e

    enquanto estiver em operao, um volume de recursos significativo a ser apropriado pelo

    Tesouro Municipal.

    Assim, como indicador do impacto permanente de uma UHE na receita municipal tomou-

    se a relao entre a estimativa da arrecadao do(s) municpio(s) atingido(s) com a

    compensao financeira e a receita total desse(s) municpio(s). Analiticamente, tem-se:

    De acordo com a Lei n 8.001, de 13 de maro de 199011, so arrecadados mensalmente

    a ttulo de compensao financeira 6,75% do valor da energia gerada, valor este calculado

    aplicando-se a TAR - tarifa de referncia definida pela ANEEL. Esse montante de recursos

    assim distribudo: 2,7% para os municpios atingidos pelo reservatrio da UHE, 2,7% para os

    estados onde esses municpios se localizam, 0,6% para a Unio e 0,75% para o MMA, para

    aplicao na implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e do Sistema Nacional de

    Gerenciamento de Recursos Hdricos.

    Nessas condies, a estimativa da arrecadao do(s) municpio(s) atingido(s) com a

    compensao financeira (CF) pode ser expressa analiticamente como segue:

    TARECF = 027,0

    11 E as alteraes introduzidas pelas Leis nos 9.433/97, 9.984/00 e 9.993/00.

    =

    atingidosmunicpiosdosiaoramentrreceitaatingidosmunicpiosdosfinanceiraocompensa

    i

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    26

    Ministrio de Minas e Energia

    onde E a energia gerada, geralmente expressa em MWh, e TAR a tarifa de referncia,

    expressa em R$/MWh. O clculo da compensao financeira pode ser feito em bases mensais

    ou anuais. Para o PDE a base de clculo utilizada a anual.

    Para efeito da estimativa da energia gerada considerou-se o fator de capacidade fc

    (relao entre a energia gerada por uma usina e sua potncia instalada, P, expressa em MW)

    tpico das usinas hidreltricas do sistema eltrico brasileiro, qual seja 55%, e o nmero de

    horas h igual a 8.760 horas. Ou seja, para efeito deste clculo:

    hfcPE =

    Nessas condies, a expresso da estimativa da compensao financeira pode ser

    reescrita como segue:

    TARPCF = 760.855,0027,0

    No caso do PDE 2020, trabalhou-se com a TAR em vigor para o ano de 2009, e com os

    valores de receita municipal disponibilizados pela Receita Federal para o ano de 2009.. Para o

    PDE 2019, foi utilizado o ano base de 2008.

    Da mesma forma que no caso anterior (impacto temporrio na arrecadao municipal),

    considerou-se que um empreendimento apresenta classificao muito alta com relao ao

    indicador de impacto permanente na arrecadao municipal se a compensao financeira por

    ele gerada representar 20% ou mais (indicador assumindo valores iguais ou maiores do que

    0,20) da receita oramentria dos municpios atingidos. No outro extremo, foi atribuda a classe

    muito baixa para valores do indicador inferiores a 0,05, evidenciado que a compensao

    financeira no assim to relevante para o desenvolvimento regional. A Tabela 15 apresenta a

    gradao estabelecida para efeito da avaliao do indicador de impacto permanente na

    arrecadao municipal.

    Tabela 15. Classes do indicador de impacto permanente na arrecadao municipal

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta i 0,20

    Alta 0,15 i < 0,20

    Mdia 0,10 i < 0,15

    Baixa 0,05 i < 0,10

    Muito Baixa i < 0,05

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    27

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    3.3.10 Perda de rea produtiva

    O indicador de perda de rea produtiva tem o objetivo de mensurar a magnitude da

    perda de reas produtivas dos municpios efetivamente atingidos pelos reservatrios de usinas

    hidreltricas.

    O enchimento do reservatrio de uma usina hidreltrica pode inundar reas

    economicamente produtivas, notadamente as utilizadas pela agropecuria, produzindo efeitos

    negativos para a economia local pela diminuio da produo agrcola e das reas de pasto.

    Tais efeitos so mais sentidos em regies onde o setor primrio tem expressiva participao na

    produo de riqueza e na composio do produto interno bruto.

    Como indicador de perda de rea produtiva tomou-se a razo entre a rea considerada

    produtiva efetivamente alagada pelo reservatrio da usina e o somatrio das reas produtivas

    dos municpios atingidos. Analiticamente, tem-se:

    Arbitrou-se que um empreendimento considerado na classe muito baixa se o indicador de

    perda de rea produtiva superior a 0,2, ou seja, mais de 20% das reas produtivas dos

    municpios atingidos pelo projeto alagada com sua implantao. No outro extremo,

    considerou-se na classe muito alta o empreendimento cujo indicador assim calculado no

    superior a 0,05. A Tabela 16 apresenta as classes do indicador de perda de rea produtiva.

    Tabela 16. Classes do indicador de perda de rea produtiva

    Classes Intervalos das Classes

    Muito Alta i 0,05

    Alta 0,05 < i 0,10

    Mdia 0,10 < i 0,15

    Baixa 0,15 < i 0,20

    Muito Baixa i > 0,20

    =

    atingidosmucicpiosdosprodutivareaalagadaprodutivareai

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    28

    Ministrio de Minas e Energia

    3.4 Dados bsicos

    Para a quantificao dos indicadores ambientais e socioeconmicos de UHE so

    utilizados dados ambientais, sociais e econmicos dos empreendimentos e dos municpios onde

    os mesmos esto localizados. So consideradas fontes de dados o SISA, o SIG e as fontes

    oficiais de consulta, tais como IBGE, IPEA, PNUD e Receita Federal. Os dados necessrios so

    listados a seguir.

    Indicadores ambientais

    (a) rea alagada

    rea do reservatrio (km)

    potncia instalada da UHE (MW)

    (b) Perda de vegetao

    rea de vegetao alagada pelo reservatrio da usina (km2)

    rea de vegetao suprimida para implantao da UHE (km)

    (c) Trecho de rio alagado

    trecho de rio a ser alagado para formao do reservatrio (km)

    (d) Interferncia em UC

    distncia entre a UHE e a UC (km)

    tipo de UC afetada

    (e) Interferncia em APCB

    distncia entre a UHE e a APCB (km)

    tipo de APCB afetada

    Indicadores socioeconmicos

    (a) Populao afetada

    nmero de pessoas atingidas pela formao do reservatrio

    (b) Interferncia em TI

    distncia entre a UHE e a TI afetada (km)

    % afetado da TI

    (c) Interferncia em assentamentos do INCRA

    interferncia da UHE em assentamentos do INCRA

    % afetado do assentamento

    (d) Interferncia na infraestrutura

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    29

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    nmero de pessoas atradas pela implantao da UHE (mil pessoas)

    populao residente no(s) municpio(s) de apoio s obras (mil pessoas)

    (e) Potencial de empregos para a populao local

    populao desocupada dos municpios atingidos (mil pessoas)

    PEA dos municpios atingidos (mil pessoas)

    (f) Interferncia em reas urbanas

    tipo de interferncia em rea urbana

    (g) Interferncia na circulao e comunicao regional

    tipo de interferncia do empreendimento na circulao e comunicao regional

    (h) Impacto temporrio na arrecadao municipal

    ISS previsto para os municpios da casa de fora e do canteiro de obras (R$)

    soma das receitas oramentrias dos municpios que vo receber o ISS (R$)

    (i) Impacto permanente na arrecadao municipal

    compensao financeira prevista para os municpios (R$)

    soma das receitas oramentrias dos municpios que vo receber a compensao financeira (R$)

    (j) Perda de rea produtiva

    rea produtiva alagada (km)

    rea produtiva do(s) municpio(s) atingido(s) (km)

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    30

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    (Esta pgina foi intencionalmente deixada em branco para o adequado alinhamento de pginas na impresso com

    a opo frente e verso - double sided)

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    31

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    4 NDICE DE SUSTENTABILIDADE DE LINHAS DE TRANSMISSO

    4.1 Identificao dos indicadores

    Linhas de transmisso so projetos com tempo de maturao relativamente curto, se

    comparados com projetos de gerao, em especial UHE. Quando se tem em perspectiva o

    horizonte de planejamento da expanso do setor eltrico, muitas vezes pode-se estar tratando

    de LT cujos projetos ainda esto em fase muito iniciais. Ou seja, no raro no ser possvel

    caracterizar o projeto da LT embora possa se conhecer o macrotrajeto que vai percorrer o

    corredor no qual a futura LT estar inserida. Assim sendo, para efeito da avaliao da

    sustentabilidade de LT preferiu-se trabalhar com o conceito de corredor, mais apropriado

    maioria das LT que constam de um PDE.

    Para efeito da composio do ISUT, foram definidos 11 indicadores, classificados seis

    deles na dimenso ambiental e cinco na dimenso socioeconmica.

    Na dimenso ambiental, os seis indicadores selecionados foram:

    (a) Extenso do corredor;

    (b) Presena e/ou proximidade de UC;

    (c) Presena de APCB;

    (d) Presena de formaes florestais;

    (e) Presena de vegetao secundria;

    (f) Presena de reas de savana e/ou estepe.

    Todos os seis indicadores relacionados so relevantes e, por certo, no esgotam a

    avaliao da sustentabilidade de uma LT no que se refere dimenso ambiental de seus

    impactos. Da mesma forma que no caso de UHE, a seleo dos indicadores no se prendeu

    apenas sua relevncia, mas considerou tambm a existncia de dados e a qualidade das

    informaes disponveis para tornar possvel uma avaliao criteriosa e consistente.

    Na dimenso socioeconmica, os cinco indicadores selecionados foram:

    (a) Presena de reas de agropecuria e de silvicultura;

    (b) Presena e/ou proximidade de TI;

    (c) Presena de assentamentos do INCRA;

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

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    (d) Presena de reas urbanas;

    (e) Empregos gerados.

    4.2 Dimenso Ambiental

    4.2.1 Extenso do corredor

    O indicador da extenso do corredor tem por objetivo avaliar os efeitos [negativos]

    decorrentes da necessidade de liberao, ainda que parcial, de uma determinada rea para a

    implantao de um sistema de transmisso de energia.

    A implantao de uma LT requer a definio de uma faixa de servido, entre 50m e

    90m, onde se apresentam, por motivo de segurana, restries ao uso do solo ou a presena

    de certo tipo de vegetao. Com relao ao uso do solo, restringida a presena de habitaes

    e o desenvolvimento de certas atividades econmicas, como a silvicultura. Com relao

    vegetao, necessria a poda seletiva, limitando-se, em algumas partes dessa faixa de

    servido, a vegetao a alturas pr-definidas.

    A avaliao da extenso do corredor feita por meio de ferramentas de

    geoprocessamento, com base nas coordenadas geogrficas das subestaes situadas nas

    extremidades da LT. Destaca-se que a definio do corredor feita evitando-se, sempre que

    possvel, eventuais interferncias com elementos ambientais considerados como de grande

    relevncia, tais como UC, TI, reas de floresta nativa e centros urbanos.

    A definio das classes do indicador de extenso do corredor feita a partir do

    pressuposto de que os impactos potenciais da implantao sero tanto menores quanto menor

    for a extenso da LT. Eventuais impactos na implantao de LT de pequena extenso, por

    atravessar reas sensveis, por exemplo, sero considerados por meio de indicadores

    especficos. A Tabela 17 apresenta a gradao estabelecida para efeito da avaliao do

    indicador de extenso do corredor.

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    33

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    Tabela 17. Classes do indicador extenso de corredor

    valores em km

    Classes Intervalos das classes

    Muita alta i 50

    Alta 50 < i 100

    Mdia 100 < i 300

    Baixa 300 < i 600

    Muito baixa i > 600

    4.2.2 Presena e/ou proximidade de UC

    A interferncia em UC um impacto que normalmente se busca evitar quando da

    realizao dos estudos de planejamento e implantao de LT em face da possibilidade de,

    nessa fase, formular alternativas de traado. At porque, como se tem observado, os prazos

    demandados para a realizao dos EIA e para o licenciamento ambiental de LT que apresentam

    interferncia com UC tem sido maiores do que para projetos que no apresentam esse tipo de

    interferncia, o que significa custos adicionais muitas vezes no previsveis. Contudo, em

    especial no caso dos estudos do planejamento da expanso do sistema, que envolve horizontes

    de 10 ou mais anos, os corredores considerados podem apresentar largura entre 10 e 20 km,

    tal a incerteza que ainda cerca os projetos. Nessas condies, podem ser observadas, direta ou

    indiretamente, interferncias de corredores com UC.

    Interferncias diretas so caracterizadas em duas situaes: (a) interferncia integral,

    quando a largura total do corredor (considerada, para efeito dessa avaliao, com largura de

    10km) se insere totalmente em rea legalmente protegida; (b) interferncia parcial, quando

    somente parte do corredor, em termos de sua largura, atravessa tais reas. Como interferncia

    indireta considera-se a situao em que o corredor se localiza prximo s reas legalmente

    protegidas, assumindo como critrio de proximidade a distncia de 10 km.

    Desse modo, o indicador de presena e/ou proximidade em UC toma como base as

    distncias, em km, entre os limites do corredor e a UC, considerando o tipo de UC (ver subitem

    3.2.4 desta nota tcnica) e a possibilidade da LT poder, dentro do corredor, assumir um traado

    que no interfira diretamente com a UC. As distncias em questo so avaliadas por meio do

    SIG. Ser classificada como muito baixa a LT que necessariamente atravessar uma UC de

    proteo integral. A Tabela 18 apresenta os valores limites das classes do indicador de

    interferncia em UC.

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    34

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    Tabela 18. Classes do indicador presena e/ou proximidade de UC

    Classes Intervalos das classes

    Muito Alta Corredor dista 10km ou mais de UC de proteo integral

    Alta Corredor contm UC de uso sustentvel, mas o trajeto da LT pode ser desviado da UC

    Mdia Corredor contm UC de proteo integral, mas o trajeto da LT pode ser desviado da UC

    Baixa Corredor contm UC de uso sustentvel e a LT necessariamente a atravessar

    Muito Baixa Corredor contm UC de proteo integral e a LT necessariamente a atravessar

    4.2.3 Presena e/ou proximidade de APCB

    O indicador de interferncia em APCB tem por objetivo mensurar os efeitos negativos

    da interferncia de LTs com essas reas (ver subitem 3.2.5 desta nota tcnica). . Assim, foi

    considerado o somatrio das reas de APCBs inseridas no corredor.A avaliao da interferncia

    em APCB realizada com o auxlio de ferramentas de geoprocessamento, sendo a rea de

    potencial interferncia quantificada com o SIG. Considerou-se que, quanto maior a frao da

    rea do corredor interferindo em APCB, menor a classe do indicador , conforme Tabela 19

    Tabela 19. Classes do indicador presena e/ou proximidade de APCB

    km Classes Intervalos das classes

    Muita Alta i 50

    Alta 50 < i 100

    Mdia 100 < i 150

    Baixa 150 < i 200

    Muito Baixa i > 200

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    35

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    4.2.4 Presena de formaes florestais

    O indicador de presena de formaes florestais tem por objetivo comparar os projetos

    quanto a sua potencial interferncia em florestas, decorrente de supresso de vegetao para a

    implantao da LT e para a abertura de estradas de acesso.

    Por meio de ferramentas de geoprocessamento, as reas de florestas so mapeadas e

    cruzadas com o corredor previsto, sendo computada a extenso de florestas atravessada pelo

    corredor.

    As classes do indicador foram estabelecidas com base no percentual do corredor que

    corresponde a formaes florestais. Quanto maior o percentual do corredor ocupado por esse

    tipo de uso do solo, menor a possibilidade de ser evitada essa interferncia durante a

    implantao da linha e, consequentemente, maior o impacto potencial do projeto. A Tabela 20

    apresenta a gradao estabelecida para efeito de avaliao desse indicador.

    Tabela 20. Classes do indicador presena de formaes florestais

    % de rea do corredor correspondente a reas de formaes florestais

    Classes Intervalos das classes

    Muita Alta i 20%

    Alta 20% < i 40%

    Mdia 40% < i 60%

    Baixa 60% < i 80%

    Muito Baixa i > 80%

    4.2.5 Presena de vegetao secundria

    O indicador de presena de vegetao secundria tem por objetivo comparar os projetos

    quanto a sua potencial interferncia nesse tipo de vegetao, decorrente de supresso de

    vegetao para a implantao da LT e para a abertura de estradas de acesso.

    Por meio de ferramentas de geoprocessamento, as reas de vegetao secundria so

    mapeadas e cruzadas com o corredor previsto e computada a extenso desse tipo de uso do

    solo atravessada pelo corredor.

    As classes do indicador foram definidas com base no percentual do corredor que

    corresponde a reas de vegetao secundria. Quanto maior o percentual do corredor ocupado

    por esse tipo de uso do solo, menor a possibilidade de ser evitada essa interferncia durante a

    implantao da linha e, consequentemente, maior o impacto potencial do projeto. A Tabela 21

    apresenta os critrios para as classes estabelecidas para esse indicador.

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

    36

    Ministrio de Minas e Energia

    Tabela 21. Classes do indicador presena de vegetao secundria

    % de rea do corredor correspondente a reas de vegetao secundria Classes Intervalos das classes

    Muita Alta i 1%

    Alta 1% < i 2,5%

    Mdia 2,5% < i 5%

    Baixa 5% < i 10%

    Muito Baixa i > 10%

    4.2.6 Presena de reas de savana e/ou estepe

    O indicador de presena de reas de savana e/ou estepe tem por objetivo comparar os

    projetos quanto a sua potencial interferncia nesse tipo de vegetao, decorrente de

    desmatamentos para a implantao da LT e para a abertura de estradas de acesso.

    Por meio de ferramentas de geoprocessamento, as reas de savana e/ou estepe so

    mapeadas e cruzadas com o corredor previsto, sendo computada a extenso deste tipo de

    vegetao atravessada pelo corredor.

    As classes do indicador foram estabelecidas com base no percentual de rea do corredor

    em que ocorre savana e/ou estepe. Quanto maior o percentual do corredor ocupado por esse

    tipo de uso do solo, menor a possibilidade de ser evitada essa interferncia durante a

    implantao da linha e, consequentemente, maior o impacto potencial do projeto. A Tabela 22

    apresenta a gradao estabelecida para efeito de avaliao desse indicador.

    Tabela 22. Classes do indicador presena de reas de savana e/ou estepe

    % de rea do corredor correspondente a reas de savana e/ou estepe Classes Intervalos das classes

    Muita Alta i 20%

    Alta 20% < i 40%

    Mdia 40% < i 60%

    Baixa 60% < i 80%

    Muito Baixa i > 80%

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    37

    Ministrio de Minas e Energia

    4.3 Dimenso socioeconmica

    4.3.1 Presena de reas de agropecuria e silvicultura

    Na faixa de servido de LTs, somente permitido, por questes de segurana, o cultivo

    de espcies de pequeno e mdio porte. Tambm h limitaes utilizao de equipamentos

    agrcolas, alm da proibio da prtica da queimada. Assim, o indicador presena de reas de

    agropecuria e silvicultura visa aferir o potencial das linhas em planejamento de afetar essas

    atividades econmicas rurais. Ressalta-se que, quando da definio do traado da LT faz-se

    necessrio consideraraspectos relativos produtividade dos campos atravessados, assim como

    a estrutura fundiria local, visando no desarticular o sistema agrcola instalado.

    Por meio de ferramentas de geoprocessamento, as reas de agropecuria e silvicultura,

    (extradas de mapeamentos existentes, especialmente as bases de vegetao do PROBIO) so

    mapeadas e cruzadas com o corredor previsto, sendo computada a rea deste tipo de

    vegetao dentro do corredor de estudo.

    As classes do indicador foram definidas com base no percentual de rea do corredor que

    corresponde agropecuria e silvicultura. Quanto maior o percentual do corredor ocupado por

    esse tipo de uso da terra, menor a possibilidade de ser evitada essa interferncia durante a

    implantao da linha e, consequentemente, maior o impacto potencial do projeto. A Tabela 23

    apresenta a gradao estabelecida para efeito de avaliao desse indicador.

    Tabela 23. Classes do indicador presena de reas de agropecuria e silvicultura

    % de rea do corredor correspondente a reas agropecuria e/ou silvicultura

    Classes Intervalos das classes

    Muita Alta i 20%

    Alta 20% < i 40%

    Mdia 40% < i 60%

    Baixa 60% < i 80%

    Muito Baixa i > 80%

    4.3.2 Presena e/ou proximidade de TI

    Do ponto de vista de interferncia em TIs (ver subitem 3.3.2 desta nota tcnica), cabe

    destacar que, embora haja exemplos de travessia dessas terras por LTs, a implantao deste

    tipo de empreendimento incorre em grande esforo de gesto institucional. Conforme

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    38

    Ministrio de Minas e Energia

    Conveno 169 da OIT, ratificada pelo Decreto n. 5051/04, as comunidades indgenas tm o

    direito de serem consultadas com relao a decises susceptveis de afet-los diretamente,

    inclusive com relao a medidas administrativas ou legislativas, assim como sobre planos de

    desenvolvimento. De toda forma, consenso que se deve evitar esse tipo de interferncia, bem

    como minimizar a distncia das linhas em projeto em relao s TIs.

    Para esse indicador, so utilizadas ferramentas de geoprocessamento para definir a

    proximidade ou insero do corredor previsto com as TIs. Tambm avaliado se a TI

    atravessada pelo corredor ocupa toda a largura deste, no restando assim rea livre para a

    passagem da LT, dentro do corredor estudado.

    No caso de corredores distantes 10 km ou menos de uma TI, atribuda a classe alta.

    A classe mdia atribuda queles corredores que atravessam uma TI, mas existe rea livre

    dentro do corredor para que a futura LT seja desviada. A situao de maior interferncia

    aquela onde a futura linha necessariamente atravessar a TI, sendo esta classificada como

    muito baixa. A Tabela 24 apresenta a gradao estabelecida para efeito de avaliao desse

    indicador.

    Tabela 24. Classes do indicador presena e/ou proximidade de TI

    Classes Intervalos das classes

    Alta Corredor distante 10 km ou menos de terra indgena

    Mdia Corredor atravessando terra indgena, mas a futura linha poder ser desviada da TI

    Muito Baixa Se a futura linha necessariamente atravessar TI

    4.3.3 Presena de assentamentos do INCRA

    O tratamento dado ao indicador presena de assentamentos do INCRA anlogo ao

    conferido ao indicador de presena e/ou proximidade de TI (ver subitem 4.3.2 desta nota

    tcnica).

    So utilizadas ferramentas de geoprocessamento para definir o potencial de

    interferncia da futura linha e do corredor com os projetos de assentamento rurais divulgados

    pelo INCRA (ver subitem 3.3.3 desta nota tcnica). Assim como para as TIs, avaliado se o

    assentamento atravessado pelo corredor ocupa toda a largura deste, no restando assim rea

    livre para a passagem da LT, dentro do corredor estudado.

    No caso daqueles corredores que atravessam um assentamento mas existe rea livre

    dentro do corredor para que a futura LT seja desviada, atribuda a classe baixa. A situao

    de maior interferncia aquela onde a futura linha necessariamente atravessar o projeto de

    assentamento, sendo classificada como muito baixa. A Tabela 25 apresenta a gradao

  • NOTA TCNICA DEA-21/10 - METODOLOGIA PARA AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE DE UHE E LT

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    Ministrio de Minas e Energia

    estabelecida para efeito de avaliao desse indicador.

    Tabela 25. Classes do indicador presena de assentamentos do INCRA

    Classes Intervalos das classes

    Baixa Se o corredor contm reas de assentamento(s), mas a futura linha poder ser desviada dele(s)

    Muito Baixa Se a futura LT necessariamente atravessar assentamento(s)

    4.3.4 Presena de reas urbanas

    Um importante aspecto a ser considerado no planejamento das linhas de transmisso

    a existncia de reas urbanas ou de expanso urbana ao longo dos corredores de estudo. As

    reas de expanso urbana so aquelas destinadas pela legislao municipal de uso do solo,

    expanso da malha urbana. O objetivo ao se identificar essas reas o de evit-las, tanto pelos

    impactos que a linha causa no meio urbano, quanto pela pouca disponibilidade nessas reas de

    locais livres para novas instalaes de transmisso. Em reas densamente povoadas, j se

    estuda a possibilidade de implantao de LT subterrneas. Entretanto, o custo associado a esse

    tipo de linha inviabiliza a sua implantao, na maioria dos casos estudados.

    Com base em ferramentas de geoprocessamento, computada a rea urbana dentro do

    corredor de estudo. Como ferramenta auxiliar para a identificao das reas urbanas,

    utilizado o aplicativo Google Earth Pro, que dispe de uma cobertura nacional de imagens de

    satlite georreferenciadas, com diferentes datas de aquisio.

    As classes do indicador foram definidas com base no percentual do corredor que

    corresponde presena de reas urbanas. Quanto maior o percentual do corredor ocupado por

    essas reas, menor a possibilidade de ser evitada essa interferncia durante a implantao da

    linha e, consequentemente, maior o impacto potencial do projeto. A Tabela 26 apresenta a

    gradao estabelecida para efeito de avaliao desse indicador.

    Tabela 26. Classes do indicador presena de reas urbanas

    % de rea do corredor correspondente a reas urbanas

    Classes Intervalos das classes

    Muita Alta i 1%

    Alta 1% < i 2,5%

    Mdia 2,5% < i 5%

    Baixa 5% < i 10%

    Muito Baixa i > 10%

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    4.3.5 Empregos gerados

    A implantao de uma LT geralmente representa um aporte de recursos financeiros e

    sociais na regio ao longo do corredor de passagem, mesmo que esse efeito seja temporrio.

    Durante a etapa de construo do empreendimento, a gerao de empregos diretos e indiretos

    se traduz em impactos socioeconmicos positivos ao municpio atravessado pela linha, uma vez

    que parte do contingente de mo de obra contratada no local de execuo das obras. Ainda,

    considerando-se o aumento da demanda por bens e servios e a circulao de capital no local,

    naquelas regies com baixo nvel de desenvolvimento, ocorre uma dinamizao indireta da

    economia da regio. Para as grandes interligaes, as instalaes associadas s LTs tambm

    devem contribuir para a melhoria das finanas pblicas municipais, atravs do aumento da

    arrecadao de impostos. Alm disso, as instalaes