o capital no século xxi
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por Michel GruselleTRANSCRIPT
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15/06/2015 "OCapitalnoSculoXXI"
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"OCapitalnoSculoXXI"LeituracrticadaobradeThomasPiketty
porMichelGruselle[*]
IntroduoApresentaogeraldaobraRendimentoeCapital(primeiraparte)Adinmicadarelaocapital/rendimento(segundaparte)Aestruturadasdesigualdades(terceiraparte)RegularocapitalnosculoXXI(quartaparte)PorquolivrodePiketty,quaisosinteressesqueserve?Concluso
Introduo
O ttulo do livro de Thomas Piketty,O Capital no sculo XXI, soa como umarplica deO capital de K. Marx. Este livro chamou a ateno do CUEM na
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medidaemquebaterecordesdevenda,vriosmilhesdeexemplares,eporqueoseuautorfoilargamentesolicitadoparacomentarassuasobras.NosEstadosUnidos esse livro suscitou um vivo debatemesmo nosmeiosprogressistas.ONewYorkTimessaudouPikettycomooeconomistarockstareoFinancialTimesbaptizouolivrocomoextraordinariamenteimportanteenquantoosprmiosNobelde Economia J. Stiglitz e K. Krugman acharam que se trata da obra maissignificativa do ano, "apta" a transformar o nosso discurso econmico". NaFrana, o autor foi muito solicitado pelos media para comentar osacontecimentoseconmicosemais recentementea situaonaGrcia.Desseponto de vista recomendo a entrevista de Piketty por Iglsias, o lder doPodemos,entrevistadisponvelnaInternetequeaclaraasposiesdePikettyeasdoPodemos.
DaaafirmarsequePikettyrenovouacinciaeconmicaequeeleoMarxdoSculoXXI,novaimaisqueumpasso,quealgunsseapressaramadar.Porexemplo, o jornal The Economist colocao acima de Marx: "Maior que Marx"declara.
AproximidadedottulodolivrocomadaobramaiordeMarxteveprovavelmenteum papel nos comentrios mais que elogiosos que acabo de citar e numamiradedeoutrosainda.Ottuloevidentementeimportantenumaobraechamaanossaateno.Parao leitor,nocontextodacrisesistmicadocapitalismo,evidenteo interessedecompreenderoqueocapitalismohoje,quais soassuasevoluesdesdequeestemododeproduocomeouadesenvolverseeevidentementequais seriamas solues possveis para sair de uma crise queagitaomundointeiro.
Digamosqueanotoriedadeassimadquirida,osucessopopulardaedio,noslevouainterrogarmonossobreocontedodaobra,astesesquedefendeeaspropostasqueapresentaparaaeconomia.
Maisumarazoparairaofundodascoisasefazerumaleituracrticadestaobra.
Apresentaogeraldaobra
Voucomearporumaapresentaorpidadolivrosemfocarospormenoresetentandomostrarasualgicainterna.Olivroquecomporta950pginasdivideseemquatropartes:
RendimentoecapitalAdinmicadarelaocapital/receitaAestruturadasdesigualdadesRegularocapitalnosculoXXI
Se as trs primeiras partes no parecem deixar aparecer um pendor polticomuitoforte,queapenasaparente,aultimaclaramenteorientadaparaoque
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Pikettychamaa"aretomadadocontrolodocapitalismo".Naquartaparte,regularocapitalnosculoXXI,pg.751passaamensagemcentraldoseupensamento:Podemos imaginar para o sculo XXI, uma ultrapassagem do capitalismo queseja mais pacfica e mais durvel, ou devemos simplesmente aguardar asprximascrisesouasprximasguerras,destavezverdadeiramentemundiais?Tudoestditoouquase tudo,quemescolheroapocalipseguerreiro!Oautorescolheuassimclaramenteoqueelechamaaultrapassagemdocapitalismo.
Aescolhadostermosnadadeixandoaoacaso,temdeserexaminada.Parajoconceito de "ultrapassagem do capitalismo", que no uma ideia nova, foilargamente utilizado no seu tempo porR.Hue para justificar o abandono peloPCFdeumaorientaorevolucionria.Ocontedoclaro,asforasdacinciaedatcnicalevamnaturalmenteaumatransformaodocapitalismo,quejnoseriaocapitalismoconservandoassuascaractersticascentraisemparticularasdomercado.Masestaltimaprofissodefreformadoraapontaoreceiodequeas forassociaispassema regerdeoutra formaoproblema,ousejaporumamodificaoprofundadasrelaessociais.Senteseaquiumcertoreceiodequeo reformismo no possa encontrar os meios polticos que permitam manter osistemacapitalista.
NasuaintroduoPikettyapresentaumagrandepartedasorientaesquevoestruturaroseudiscurso.Deimediatonotaque:"arepartiodasriquezasumadasquestesmais vivasemaisdebatidashoje.Vejamosbemquese tratadarepartiodasriquezasenodosistemadeextorsocapitalistadamaisvalia.
Lembremosqueariquezanoovalor.Osistemacapitalistacriaovalorapartirdariquezaqueconstituemotrabalhoeosrecursosnaturais.
Esteconceitoderepartiodasriquezasnoapareceporacaso.achvenadechquotidianadetodososquecolocamdeliberadamenteocapitalismocomoumuniverso inultrapassvelcuja reorganizao precisamenteatravsdestaoutrarepartiodasriquezasbastarparalheasseguraraperenidade.Alistodasasforas que querem manter o domnio do capital ou julgam que no h outrasoluosenooseudesenvolvimentoprocuram focalizaroseudiscurso sobreestafamosarepartiodasriquezas.AprpriaIgreja,nasuadoutrinasocial,fazdela a pedra angular da suamarcha reformadora sem evidentemente pr emcausa o mundo de explorao do trabalho assalariado pelos detentores docapital. Lembremos tambm que Sarkozy queria uma nova partilha do valoracrescentado entre o capital e o trabalho, desejo que rapidamente caiu noesquecimento.
NestascondiesPikettydeverelegarMarxparaasituaodevisionriocujaspredies no se realizaram. Partindo da ideia de que o capitalismo geradesigualdades,matizaimediatamenteestaevidnciaincontornvel,pelascontratendncias que, segundo ele, esto em aco no sentido de permitir que ocapitalismosedesenvolva,escrevendonapg.16"ocrescimentomodernoea
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difuso dos conhecimentos permitiram evitar o apocalipse marxista, mas nomodificaramasestruturasprofundasdocapitalismoeassuasdesigualdadesMasexistemmeiosparaqueademocraciaeointeressegeralvenhamretomarocontrolo do capitalismo e dos interesses privados, recusando os recuosproteccionistasenacionalistas."Dequemeiossetrata?Vamosapresentlosnaquartaparteedemonstrarosseuslimites.
Nestacitaobrevepodemosnotarumagrandeaproximaocientfica,ousejaadointeressegeralutilizadaacontrariodalutadeclasses,umavezqueacimadoseu antagonismo existiria uma finalidade que poderia reunilos. Tendo estadoalgunsanosnoCESERIlhadeFrana,possotestemunharqueesteconceitodeinteressegeralnomaisquea folhadeparrados interessesdopatronatoedosqueosservem.O interessegeralapenasodasclassesdominanteseodosseusinteressesprprios.Serveparaarrastarasclassesdominadasnoquepreciso chamar pelo nome a colaborao de classe. Claro que a classedominante deve levar em conta as relaes de fora e por vezes forada afazerconcesses,comoem1936,1945e68,perantelutaspopularespoderosasmassemnuncasecolocarfundamentalmenteemperigo.Defactocomoretomaro controlo sobre o capital se pela sua mobilidade ele puder escaparse aosconstrangimentosquePikettygostariadeimporlhe.
AquiloaquePiketty chama "a visoapocalpticadeMarx"a lei fundamentalque este ltimo demonstrou: "a baixa tendencial da taxa de lucro". SegundoPikettyestabaixamataria a acumulao e levaria revolta dos trabalhadores.Mas,essedestinonegroprevistoporMarxnoserealizou!Comonecessriaumaexplicao para esta no realizao do apocalipse, Piketty atribui aMarxumafaltaprofundadelucidezsobrearealidadedomovimentodeacumulaodocapitalpg.28: "Marxnegligenciou totalmenteapossibilidadedeumprogressotcnico e de um crescimento contnuo da produtividade, fora que permiteequilibrar o processo de acumulao e de concentrao crescente do capitalprivado".
bastantedivertido leresta frasequandopelocontrrioMarxconsagroumuitaenergiaamostraropapeldodesenvolvimentocientficoetcniconaproduoeno processo de acumulao do capital. Ao contrrio do que afirma Piketty, aTecnologiaeacinciadesempenharamumpapelimportantenopensamentodeMarx.Eleescreveumuitoapropsitodasgrandesdescobertascientficasdasuapoca. As matemticas, a termodinmica, as descobertas de Darwin inspiramfrequentementeassuaspropostas.Umexemplo,nosseusartigosconsagradossia e publicados em 1853, Marx analisa o papel da cincia e da tecnologiainglesanoprocessodedestruiodasociedadeindianatradicionaletambmnodesenvolvimentodocapitalismotxtilemInglaterra.
Para terminar com a introduo notemos quePiketty envia piscadelasdeolhodaquiedaliparamostrarqueapesardareputaodehomemde"esquerda"queentende atribuirse, no est fora da confraria dos economistas ortodoxos,
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clssicoseneoclssicos,edigamosburgueses.Afirmanos:"Adesigualdadeno necessariamente m em si: "a questo das desigualdades depende dasrepresentaesdosactores".
Vejamosagoraodesenvolvimentodasquatropartesdolivro.
RendimentoeCapital(primeiraparte)
Nesta primeira partePiketty coloca os parmetros da sua demonstrao. Numprimeiro tempo apresenta algumas definies e as suas indicaes sointeressantespoisdoumsentidoviapolticadoseuautor.Primeirosublinhade novo o carcter conflitual da partilha de produo entre salrios e lucrosdepois entre rendimento do trabalho e rendimento do capital. Nota que ocapitalismoexacerbouesseconflitomasnodqualquerexplicaoparaesteagravamentoenoseinterrogasobreoporqudaperenidadedesseconflito.
Nas linhas que se seguem aps as suas constataes bastante banaisapresentase um deslize significativo j que da anlise capital/trabalho, seguepara o do capital/rendimento, o que totalmente diferente uma vez que ocapital/trabalho remete para o cerne do sistema de explorao capitalistaenquanto o capital/rendimento remete para consideraes de tipo estatstico ecolocanomesmoplanoosrendimentosretiradosdotrabalhoeaquelesretiradosdaespeculao.Notomaportantoemcontaoprocessodeextracodamaisvaliabaseadanotrabalhoassalariado.
LembremosqueparaMarx:
O capital acima de tudo um tipo de relaes sociais namedida em que oscapitalistas s podem possuir e acumular capital graas relao social quemantmcomostrabalhadores.Marxpartedaanlisedaescolaclssicaparaaqual o capital constitudo por todos osmeios de produo avanados peloscapitalistasduranteociclodeproduo,ouseja,bensqueocapitalistaadquireafim de produzir (mquinas, matriasprimas, edifcios) o que Marx chama"capitalconstante",assimcomoaforadetrabalhoassalariadaqueMarxchama"ocapitalvarivel".Lembremosqueaforadetrabalho:amercadoriaqueostrabalhadores assalariados, para viver, devem vender aos seus empregadorescapitalistas.Elesvendemnoapenasoseutrabalho,masasuacapacidadedetrabalho: a sua fora de trabalho. Marx descreve um processo de produoorganizado de modo a que os capitalistas invistam dinheiro (A) a fim deconseguirosmeiosdeproduo(M)eumaforadetrabalho(T)paraproduzirasmercadorias(M)quevovenderporumasomadedinheiro(A')comA'superioraA.AdiferenapositivaprocuradaentreAeA'constituiamaisvalia.
ParaMarxA'superioraApoisoscapitalistasexploramostrabalhadoresnolhes pagando a totalidade do valor que eles produzem pelo seu trabalho. Ocapitalista compra a fora de trabalho cujo valor de utilizao cria o valor de
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troca.Pagaaaopreodareproduodestafora,preoinferioraovalordetrocacriada.
Esta parte no lanada utilizada pelo capitalista na sua qualidade deproprietriodosmeiosdeproduo.Assim, paraMarx, graas a este sobretrabalhoqueoscapitalistasobtmum lucro,que lhespermiteacumularcapital.Ou por outras palavras, os meios de produo materiais no produzem pornatureza do valor, eles s o produzem quando so accionados pelostrabalhadores assalariados e permitem conseguir amaisvalia e assimo lucro.Consequentemente, para Marx, em vez de ser uma coisa, o capital umarelaosocialentreaspessoas.Essa relaosocial correspondeaoqueMarxchama"relaodeclasse".
ParaPikettyacompraeavendadaforadetrabalhonoexistem.Maisainda,ele assimila totalmente o capital ao patrimnio, ele chamalhes na pg. 84"sinnimosperfeitos"eutilizaosdemodointercambivel.Paraele,ocapitaloupatrimnio representa o conjunto dos activos nohumanos que podem serpossudos ou trocados num mercado. Divide depois esse capital global emcapitalpblicoeprivado.Estaconfusoentrecapitalepatrimnionoinocente.Constatamosaoleraobraqueoautorjogaastuciosamentecomestaconfusopatrimnio/capital utilizando um ou outro dos dois termos (que ele achapermutveis)paradarumsentidoparticularsuademonstrao.
Voltarei aqui mas para j queria lembrar como a lngua francesa trata desteassunto.
Segundo o Tesouro da Lngua Francesa (TLF) a definio do patrimnio aseguinte:
"Conjuntodebensherdadosdosantepassadosoureunidoseconservadosparaseremtransmitidosaosdescendentes.Conjuntodosbenseobrigaesdeumapessoa(fsicaoumoral)oudeumgrupode pessoas, aprecivel em dinheiro e no qual entram os activos (valores,crditos)desse.
SegundooTLFadefiniodocapitalaseguinte:
1. Bens monetrios possudos ou emprestados, por oposio aos lucros quepodemproduzir.2.Conjuntodosmeiosdeproduo (bens financeirosemateriais)possudoseinvestidosporumindivduoouumgrupodeindivduosnocircuitoeconmico.Porextensoconjuntodosmeiosdeproduoincluindootrabalhohumano"
VemosassimqueoprprioTLF fazumadiferenaentre patrimnio (o que sepossui)ecapital)(oqueseinveste).Comefeitoestaassimilaonoinocentecapital/patrimnio, j que nessas condies o operrio ou o assalariado que
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possui a sua casa est na mesma condio do capitalista como detentor decapital e serglobalmente levadoemcontanaparte capital oupatrimniodasestatsticas. Nesse passe de prestidigitao Piketty apaga mais uma vez arealidade de classe entre os que possuem os meios de produo e os queapenas tmasua forade trabalho.ParacitarMarxeEngelsnomanifestodoPartido Comunista: "Ser capitalista, ocupar no apenas uma posiopuramentepessoal,masaindaumaposiosocialnaproduo.Ocapitalumprodutocolectivo.Spodeserpostoemmovimentopelaactividadeemcomumdemuitosindivduos,emesmoemltimaanlisepelaactividadeemcomumdetodosos indivduos,de todaasociedade.Ocapitalnoassimumapotnciapessoal,umapotnciasocial.
Voltando relao capital/rendimento Piketty anuncia que o que ele chama aprimeiraleifundamentaldocapitalismo(segundoasuadefinioevidentemente).
Alfa=rxbetar=relaocapital/rendimentoBeta=relaocapital/rendimento.Alfa=partedocapitalnooramentonacional
Defactoestaigualdadeumaidentidade,sempreverdadeiraporconstruo.
NotemosqueaquiPikettyutilizaotermocapitalenopatrimnio.
Mesmoquedomeupontodevistadecientistaestafrmulanoconstituaumaleielavaiserviraoautorparadescreveraevoluodocapitalatravsdostemposedoespao.Notaaindaassimqueconstituiumatautologiamasissonooimpededefazerdelabomuso,queapenasarelaoqueestesvaloresmantmentresisemidentificaras linhasdeforaquedecorreriamdessa"lei".Depassagem,notaquer(taxaderendimentomdiodocapital)abasedaanlisemarxista,juntamentecomabaixatendencialdastaxasdelucro,queacrescentaconstituirumaprediohistricaerrnea.Naverdadeessasduasafirmaessofalsas.Or piketiano no taxa de lucro, engloba todos os rendimentos do patrimnio,qualquer que seja a sua forma jurdica englobando mesmo as cadernetas depoupana!PoroutroladoMarxindicaqueabaixatendencialdastaxasdelucroprecisamentetendencial,oqueestlongedavisodadaporPikettyquefazcrerque paraMarx esta baixa no teria nem contratendncias nem "acidentes", esegundoumacurvaregular levariamorte "trmica"docapitalismo.VamosaolivroIIIdoCapitalondeMarxdesenvolvelongamenteentreoutros,estascontratendnciaseacidentes.
O facto de Piketty levar em conta a taxa de rendimento do capital estdirectamenteligadasuadefiniodocapital.Misturaassimataxadelucroeasmaisvalias bolsistas ou imobilirias, mistura o capital que se valoriza naproduoeodinheiroinvestidonasoperaespuramenteespeculativas.Mas,nofundo,tudoistonoreflectirocrescimentodoscapitaisqueprocuramvalorizar
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separaldaproduopelaespeculao?Notemosqueestescapitaisenormesque se investem na especulao no acrescentam sequer um iota em bensmercantisouserviosteispopulao.Pesamsobreopreodacompradasmatriasprimas,dosimveisalimentamasbolhasfinanceiraseacrise.
Para terminar esta parte, gostaria de sublinhar a ligeireza de Piketty quanto anlise da repartio mundial do rendimento e factores de convergncia quepodemaproximlos.Assim,escreveeleao falardadominaoeconmicadospasesmaisricossobreospasespobres: "Emprincpio,essemecanismopeloqualospasesricospossuemumapartedospasespobrespodeterefeitosbonsem termos de convergncia". Os pases que sofreram o domnio colonial esofremodomnioneocolonialapreciaroestaopinio. Issoopeserealidadesocial e econmica de numerosos pases pobres cuja libertao do domnioimperialistamaisdoquedolorosaemortfera.
certoqueparaPikettypg.144:"Ahistriadodesenvolvimentoeconmicoantes de mais a da diversificao dos modos de vida e dos tipos de bens eserviosproduzidoseconsumidos".Dizistosemserir!
Adinmicadarelaocapital/rendimento(segundaparte)
Nestaparte, oautordescreveoqueele chama: "asmetamorfosesdocapital".Em especial em Frana e na Inglaterra, sublinha a propsito, a evoluo docapitalfundirioparaocapitalimobilirioeindustrial.Asguerras,acolonizao,aescravaturaedepoisadescolonizaodesempenharamumpapel importantenesseprocesso.
Afirmanapg.190:"Ocapital tinhadesaparecidoemgrandeparteemmeadosdoSculoXX.SoasguerrasquenosculoXXfizeramtbuarasadopassadoe deram a iluso da ultrapassagem estrutural do capitalismo". Confesso noapanhar o que o autor pensa atravs desta afirmao, salvo se ele confunde(voluntariamente?) rendimento e capital. Mas o rigor no parece ser a virtudeessencial do contedo deste livro. Pg. 202. constatando que o Estadodesempenhaumpapel importantenoprocessodeacumulaodocapitaledospatrimniosequeoessencialdopatrimnioprivadooautorfazumaimportantedescobertaqueresumeassim:"AFranatalcomooReinoUnidosempreforampases fundados sobre a propriedade privada e nunca experimentaram ocomunismodotiposovitico".
Segundoele,aanlisedopapeldadvidanaacumulaodocapitalnossculosXIXeXXatingiuresultadosopostos,tendonosculoXIXumadvidapblicaquerefora os patrimnios por uma relao positiva dos emprstimos enquanto osliquidapelainflaodepoisde1945.
Voltando a esta ideia que o psguerra marcado por uma Frana de umcapitalismosemcapitalistas,notaqueasnacionalizaesde1945conduzirama
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umpapelreforadodoEstado,oqueumaevidncia.Masoautornoseatardaem analisar o porqu poltico desta situao e o papel que os Estadosdesempenharam e desempenham para permitir a constituio de monoplioscapazes de se inscrever na nova concorrncia mundial nas relaes de foradecorrentes da guerra e da derrota do campo socialista. Seria ainda maisinteressante que, ao lado e em concorrncia com a trade USA, UE e JaposurjamforasestataiscapitalistasnovasquedesignamospeloacrnimoBRICS(Brasil,Rssia,ndia,ChinaeAfricadoSul).
OexamedasituaonaAlemanhaenaAmricadlheocasiodemostrarasdiferenasnosprocessosdeacumulao,naAlemanha,comascaractersticasdeumcapitalismoditorenano,detidoempartepelosassalariados,asregieseasassociaesequeassegurariaumamaiorestabilidadedocapital.Orasucedequeestavisodascoisas,seestdeacordocoma realidadenodomniodasEmpresasdeDimensoIntermdia(ETI),nooestnocasodograndecapitalmonopolistaindustrialefinanceiro.Assimopapeldosgrandestrustsalemesdaqumica,dametalurgia,dafinananoevocadoporPiketty.
Admite que a concorrncia exacerbada entre as potncias europeias est naorigemdagrandeguerrade191418masnopeemcausaosmonopliosejulgaseobrigadoaacrescentarquenoprecisadeconcordarcomLnineparachegaraumatalconcluso.
Piketty chegaento ao que chamanapg. 262a segunda lei fundamental docapitalismo:
Beta=s/gBeta=capital/rendimentos=taxasdepoupanag=taxasdecrescimento
Pg. 266 esta lei que se torna "uma equivalncia contabilstica" deve serestudadanumlongoperodoedescreveumprocessodinmicodaacumulao.
Estudando as variaes de beta o autor conclui que, aps uma grandedepressodevidaguerra,depoisde1970ospatrimniosse reconstiturameaindase reconstituem.Desde1970,assistimossegundooautor "emergnciadeumnovocapitalismopatrimonial"eissonabasedeumcrescimentofracododenominadoroquematematicamente fazcrescerobetaenquantoas taxasdepoupanapermanecemelevadaspelo factoda transfernciada riquezapblicaparaaprivadapelasprivatizaeseasubidadospreosdosactivosimobiliriose bolsistas. Tudo isto est evidentemente ligado a uma poltica favorvel aocapital.Umanotadepassagemsobreaexpresso"capitalismopatrimonial".Secapitalepatrimniososinnimosperfeitosquepodesignificarestaexpressoque poderia tambm chamarse: "capitalismo capitalista ou patrimniopatrimonial ou ainda patrimnio capitalista". Medimos bem a confuso que
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preside a esta passe de prestidigitao que consiste em confundir capital epatrimnio!
Umaquestoemergenapg.303sobrequempossuioqu,algunspasesno se encontram na posse de outros? Na hora de uma "mundializao"generalizadaestaquestoevidentementepertinente.Pikettyafirmaquecadapasestemgrandepartenapossedosoutroseque : "osactivosepassivosfinanceirosprogrediramaindacommaisforaqueovalorlimpodospatrimnios.Issodemonstraodesenvolvimentosemprecedentedasparticipaescruzadasentre sociedades financeiras e no financeiras de um mesmo pas e entrepases, isso est muito marcado para os pases europeus. uma questointeressantequecobrearealidadedoimperialismomasquenooanalisa.
Pikettydebruasedepoissobreaquestodapartilhacapital/trabalhonoSculoXXI.
Depoisdehaverconstatadoasflutuaesnapartilhacapital/trabalhonodecursodotemponabasedaequaoalfa=rxbeta,dequededuzapartedocapitaledo trabalho no rendimento nacional, conclui com o aumento do capital desde1970enaestabilizaoapartirde1990.Masesseclculocolocaumaproblemasrio pois a partilha assim efectuada nada diz sobre a realidade da parte dossalriosnovalorproduzido,nemsobreoslucroscapitalistasnemsobreopreodaforadetrabalhoesobreograudeexploraodotrabalhoassalariado.
Pikettyintroduzduasnoes:A taxaderendimentomdiodocapitaleanoodeprodutividademarginaldocapital(PMC)
Ataxaderendimentomdiodocapital:
uma construo abstracta de elementos e de rendimentos diversos (aces7%,activosdiversos4%, imobilirio4%,contadepoupana1,5%)a taxaderendimentomdio assim calculada agrega colocaes diversificadas e dilui oslucroscapitalistasligadoscolocaoemmovimentodocapitalnaproduodasmercadorasedosserviosedaquelesligadosespeculao.
Anoodeprodutividademarginaldocapital(PMC)
EstePMCdefinidopelovalordaproduoadicionaltrazidaporumaunidadedecapital suplementar. uma definio idntica a que prevalece para aprodutividadedocapitalmarginaldotrabalhoPML.Defacto,estesPMCePMLservemparacalcularaquantidadeptimadecapital eo trabalhonecessriorealizaodeumamaisvaliamxima.
O resultado Produtividade Marginal do Trabalho est na base de todos ostrabalhosexplicandoo desempregopelo nvel demasiadoelevadodos salrios
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(verolivrodeLaurentCordonnier"Pasdepitipourlesgueux!").
PMCePMLligadosprodutividadedotrabalhoedocapitaljustificamatesedoseconomistas ortodoxos. No h conflitos possveis na partilha do valoracrescentado entre trabalhadores e detentores do capital j que o lucro no maisdoqueasimples remuneraodaprodutividadedocapitaledo trabalho.Poroutraspalavras,PMCePML justificamqueo livrejogodosmercadosnofaa mais que remunerar trabalhadores e detentores de capital ao seu "justonvel",odasuaprodutividade.
Piketty critica, com razo, estas noes baseadas na teoria deCobbDouglas.Calcula na pg. 344 que a concluso a que levam de uma estabilidade napartilha capital/trabalho: "d uma viso relativamente serena e harmoniosa daordemsocial.Podeconjugarsecomumadesigualdadeextremadapropriedadedocapitaledarepartiodosrendimentos".Senochegaanenhumaconclusoclaraaproveitaaocasioparasedemarcarumavezmaisdaanlisemarxista.Assim, volta a esta noo fundamental de "baixa tendencial da taxa de lucro"paraapontarquenaaproximaodeMarx (dequemafirma: "quea suaprosanosempre lmpida"!subentendendosequeadePikettyo),aacumulaoinfinitaqueprevnolevaemcontaoprogressodatecnologiaquefavoreceumaumento da produtividade e assim "equilibra" o processo de acumulao docapital.Semisso,afirmaoautor,aprediodeMarxlevaguerrae/ouaimporao trabalho uma parte mais fraca do rendimento nacional e teria comoconsequnciaarevoluo.FazerdizeraMarxoqueelenodisseoutorcerosseusenunciadosumanecessidadepermanenteparaPiketty!Veremosquetambmumadasmotivaespolticasdestetrabalho.AlmdissoPikettypareceignorar o mundo real, o dos confrontos interimperialistas para a partilha erepartilhadomundo,aconquistadeespaos,derecursos,denovosmercadosedeforadetrabalhoaexplorar.Parecetambmignoraraspolticasusadasparafazer baixar o preo da fora de trabalho e aumentar a explorao dosassalariados.
Por outro lado a baixa tendencial da taxa de lucro no diz que os lucrosdiminuememvalorabsolutopelocontrrio,aumentamnos.AlutadeclassesdosculoXXIalimentadaporessasrealidadesqueaprosapiketiananosaberiaenunciar.Noaconcluirestapartepelaafirmaoque"ocrescimentomoderno(produtividadeeconhecimento)permitiuevitaroapocalipsemarxistaeequilibraro processo de acumulao do capital, mas sem lhe modificar a estruturaprofunda"quePykettynosconvencedovalordasuaargumentao.
Aestruturadasdesigualdades(terceiraparte)
Estapartenofalhadeinteressequantodescriodasdesigualdades,queroapenas sublinhar os aspectosmaismarcantes e discutir algumas questes demetodologia.
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sobreaquestodadefiniodoconceitodeclassequePikettyseesforaparaexplicaroseupontodevista.Tratasedeumproblemacapital.Oautorafirma,justamente, que as definies neste domnio no so andinas. Considerandoquetodaarepresentaodasdesigualdadesfundadanumnmerodecategoriaslimitadasestvotadaaoesquematismojquearealidadesocial,segundoele,umarepartiocontnua,vaielidira realidadedeclasseparaseagarraraumacategorizaopordcilesecentilesde rendimentodocapital e/oudo trabalho.Tratase a de um ponto fundamental. Com efeito, agarrarse a uma visoestatstica a partir dos rendimentos apaga o lugar de uns e de outros nasrelaes sociais e emparticular nas relaesdeexploraobasedoprpriosistemacapitalista.Negaradivisodasociedadeemclasseseemparticularemclassesantagnicas, conduz a aceitar essa diviso e a fazer do capitalismo ohorizonteinultrapassveldahistriadasrelaessociaise,nomelhordoscasos,aquePikettyseagarra,preconizarvloemosmaistardeumahumanizaodocapitalismo,setalpossveldadaaprprianaturezadessesistema.
Nessas condies, Piketty ficase por uma viso do pensamento econmicoclssicoeneoclssicodaemergnciadeuma"classemdiapatrimonial"e,porqueno,segundoosseussinnimosperfeitosquesoocapitaleopatrimnio,uma"classemediacapitalista".Afirmanapg.410queesta inovaomaiordosculo XXI constitui a principal transformao da repartio de riquezas nosculo XX. Acrescenta que esta classe mdia permitiu uma transformaoprofundadaestruturasocialepoltica.Oqueconstituiumaafirmaoaudaciosapoisascamadasquechamamdiasnotmopoder,quejfoiconfiscadopelograndecapitale,comoeleprprioafirma,ficamapenascomasmigalhas.
pergunta "O Sculo XXI ser ainda mais desigual que o Sculo XIX?",respondepg.598: " ilusrio imaginarqueexistenaestruturadocrescimentomodernoounasleisdaeconomiademercadoforasdeconvergnciaquelevemnaturalmente a uma reduo das desigualdades patrimoniais ou a umaestabilizao harmoniosa". Este reparo aps longos desenvolvimentos sobre ocrescimento das desigualdades deveria levar o autor a inquietarse com ascausasprofundasdestasituao.Masnadadissosucedeeoautornotamesmona pg. 613: "Por razes tecnolgicas, o capital desempenha hoje um papelcentral no processo de produo e portanto na vida social". No se podeescolhermaisclaramenteoseucampo!Porqureferirsearazestecnolgicasseocapitalismonocolocaemacoascinciaseastecnologiasamenosqueelasentremnumaestratgiaadequadaaoseudesenvolvimento.Asrazessocomefeitodeordemeconmicaepoltica.
ApartirdaPikettyvaijustificarestaescolha.Comojustificarasdesigualdadesebaselas num princpio racional aceitvel pela sociedade. As pg. 671672 e674 esclarecem este ponto de vista. Retoma a racionalizao poltica, a dadeclarao dos direitos do homem, que o fundamento da emergncia dodomnio da classe burguesa capitalista. "Em democracia, para sair dacontradioda igualdadeproclamadaedasdesigualdades reais,vitalqueas
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desigualdadesdecorramdeprincpios racionaiseuniversais.Asdesigualdadesdevem ser ento justas e teis para todos". Depois, para se fazer entender,acrescenta pg. 674: "A partir domomento em que o capital desempenha umpapel til noprocessodeproduo, natural que tenhaum rendimento".Estatese lembra os esforos dos neokeynesianos para preconizar um clculo docustode trabalho e umdo custo do capital e uma outra partilha das riquezas,semtocarevidentementenoprpriosistemacapitalista.EstaconcepoalimentamesmohojeopensamentotericodasconfederaessindicaisemFranaenaUnioEuropeia.
ColocarsedoladodocapitalnotoldaalucidezdePiketty, jqueseinterrogasobreaevoluodaprogressodasdesigualdadesnosseguintes termos,pg.685: "Noarriscamas foras damundializao financeira a levar, nos sculosqueseabrem,aumaconcentraodocapitalaindamaisfortedoquetodasasobservadasnopassado,sequeocasono jesse?"Seramostentadosadizeresperar685pginasparaumatalobservaosujeitaosnervosdoleitorarudeprova,maspodemostambmobservaraPikettyqueumaleituraumpoucomaisatentadeMarx tloia convencidoque, longedeumavisoapocalptica,MarxtinhaclaramenteprevistoestefenmenodeconcentraodocapitalequeLnine juntou uma camada espessura dessa observao ao descrever aformaodeumafaseimperialistaligadafusodocapitalfinanceiroeindustrialna constituio de monoplios. Realidades e fenmenos que inegavelmenteaceleraramnosltimosdecnios.
PeranteestadinmicadeconcentraodocapitalPikettyvoltanapg.701suaproposiocentral,adeumimpostoprogressivosobreocapitalanvelmundialparapermitircontrariareficazmenteessadinmica.
Paraatenuaro"choque"destaperspectivaafirmaque:"pormaisjustificadas(porquem?) que sejam do incio, as fortunas multiplicamse por vezes para l dequalquer limiteedetodaa justificaoracionalpossvelemtermosdeutilidadesocial".Estamosemplenamoralizaoeasequnciavaimostraros limitesdaaudciapiketiana!
RegularocapitalnosculoXXI(quartaparte)
Pg.751retomaaideiadanecessidadedeumasuperaodocapitalismoparaoregular antes que chegue uma grande catstrofe. Piketty coloca a seguintequestopg.762:"Queinstituiespolticaspoderiampermitir regulardemodosimultaneamente justo e eficaz o capitalismo patrimonial mundializado dosculo?".Estaquestolevaaoutra:"queestadosocialparaosc.XXI"emaisprecisamente "qual o papel do poder pblico na produo e na repartio dasriquezasenaconstruodeumestadosocialadaptadoaosculoXXI."Paraldoqueapareciacomoocmulodasboasintenes:"modernizaroestadosocialenoodesmantelar"encontramostodoodiscursoactualsobreareforma,cujocontedoestclaramenteorientadonosentidodosinteressesdograndecapital.
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s ver o contedo da lei demodernizaodita leiMcronquea coberto demodernidadeliquidareasinteirasdeconquistassociaisdosassalariados.Nesta"modernizao"fcilencontrarostemasemvoga:
Misturapblico/privado
Reforma das penses que admite, como os sucessivos governos, que elasdevemcontinuarporrepartio,masdequenecessrioprolongaraduraodecontribuioemodificarasbasedeclculo.Afinalnadadeoriginal!!!
MaisEuropaeconmicaepoltica
PeranteasdesregulamentaesquejulganefastasparaamanutenodaordemsocialPikettyinsistefortementenaquestodafiscalidade.Eretomaasuaideiadeumimpostomundialsobreocapital.Mas,medindoadificuldadeeaausnciadecredibilidadedeumatalpropostaquandosabemosdassomastragadaspelosparasosfiscaisedacomplexidadedosmecanismosbancriosquevisampouparsempresasopagamentodoimposto,Pikettyconsideraasuaprpriapropostacomo ilusria, como o de forma idntica a famosa taxa Tobin, cara aosreformistaspolticos.Nessascondies,aproveitaparaincluirnoterrenodamaisEuropanecessriasegundoeleparaconseguirregularocapital.Evidentementeque no se coloca a questo da natureza da construo europeia, a de umaagregao imperialista ao servio dos monoplios da qual os povos sofrem adolorosaexperincia.
Aindasobreoimposto,Piketty,pg.840atribuilheumobjectivodetransparnciademocrtica e financeira. Afirma que esse imposto mundial ser modesto emtermosdereceita.No,segundoele,para:"financiaroEstadosocialmaspararegularocapitalismo".Oscapitalistasdevemficarmortosdemedoperanteumatalperspectiva!
Asegundaparteconsagradaquestodadvida.UmaocasioparaelaborarumagrandeexplicaosobreanecessidadededarumEstadoaoEuro,elequeanicamoedasemEstado.Tratase claramentedeumaapologiaparaumaEuropafederalcriando"umparlamentooramentaldazonaeuro".EstaEuropaestariaassimnecessariamentetotalmenteintegradanoplanopoltico.
Para acabar verdadeiramente,mas "in cauda venenum", Piketty afirma que "omercadoeovotosoapenasduasmaneiraspolaresdeorganizarasdecisescolectivas" e para ter uma boa medida reformadora acrescenta na pg. 940:"paraqueademocracia chegueumdia a retomar o controlo do capitalismo, precisoprimeiropartirdoprincpioqueasformasconcretasdademocraciaedocapitalismo esto ainda e sempre a reinventarse". Podemos medir nestaafirmaoaimpossibilidadedeconseguirtalcoisamasnaverdadenoesseoobjectivo de Piketty nem dos seus mandatrios. Tudo isso coloca a questo:PorquolivrodePiketty,queinteressesserve?
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PorquolivrodePiketty,quaisosinteressesqueserve?
Nacriseprofundadosistemacapitalista,nalutaencarniadaqueocapitaltravapara restabelecer as taxas de lucro, os idelogos burgueses, conscientes darejeiodassuasmedidaspolticasporumapartecrescentedapopulao,esto procura de um compromisso social que lhes permita neutralizar a luta declassesoudesvilaparaqueinfineadominaodocapitalpermanea.Nessaluta,precisoatodoocustomostrarquenohoutrasadasenoaceitaraleido capital. Assim, necessrio sistematicamente desclassificar as anlisesapoiandose na existncia das classes sociais e seu carcter antagnico nosistemacapitalista,esubstituiloporumaanliseemtermosdegrupossociais.tambmnecessrio"purificar"aeconomiadapolticaeafastladeumaanliseglobaldasociedadeedoseumovimento.
preciso distinguir o papel doEstado do do capital, dando a iluso de que oEstado neutro, acima da confuso. Donde os discursos sobre o Estadoestratega.Nessascondies,Marxeosmarxistasdevemserdesconsideradoseafastadosparaasfileirasdosdocessonhadores,enapiordashiptesesparaasdos tericos do "totalitarismo". Expurgar a luta de classes da paisagem evidentementeuma tarefardua,masnecessria dopontode vista docapital.Istonecessitadeseapoiaremorganizaessociais,especialmentesindicaisepoliticas, que pratiquem a colaborao de classe. a esta necessidadeimperiosa que responde uma demanda de "teorizao" do movimento dasociedade,dopontodevistadocapital,claroest.estefinalmenteocontedopolticodolivrodePiketty.Eledumavisodarealidade,quedifcilignorar,adasdesigualdades,adasuaperenidade,umavisodoseuaprofundamentoaomesmo tempo que o capital se concentra. Simultaneamente, nega toda arealidade de classe e remete para "solues" que ignoram a realidade daexploraocapitalista.Nessesentidoo livrodePikettytilparaumavariantepolticavisandoajustificaraaceitaodapolticadocapital.
Indoaofundodaquesto,haverumaviareformistapossvel?
Esta parte da minha exposio est destinada a abrir um debate que se vaicentrarnaquestomaisfundamentaldapossibilidadedeumaviareformista,quevisetransformaremoralizarocapitalismo.
Vouapresentaromeupontodevistasemdemoraevouresponderbrutalmente"No,noh"!Mas,dizemalguns,sendoarelaodeforascomo,razovela curto prazo uma linha de classe, e que apoio utilizar para reconstruir umaconscinciadeclassedoladodostrabalhadores?Voutentarresponder.
Seanalisarmos rapidamenteoquesepassaactualmentenaEuropa,medimosbemo impasse que representa a procura de umcompromisso poltico comasforasdocapital.aexperinciaque fazopovogregoquandooseugoverno
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afirma defender simultaneamente os seus interesses e colocarse do ponto devistadaNATOedaEuropa.
Para manter o poder e manter o sistema de explorao capitalista, paradesarmarideologicamenteostrabalhadoresmascarandoascausasdacrise,asclassesburguesasnaEuroparecompempermanentementeas foraspolticasquerdedireitaquerdeesquerda.assimcadavezmaisnecessrioqueparamanterousejarestabelecerastaxasdelucro,oscapitalistasdevamforarcadavezmaisosrecuossociaiseaexploraodotrabalhoassalariado.Fazerbaixaropreodaforadetrabalhoeaumentaraexploraodospovososeugrandeobjectivo, aquele que jamais perdem de vista. Esta recomposio das foraspolticasvisaaaspiraredesviarodescontentamentogeralpelasmedidasantisociais tomadas pelos governos. Ela toma formas diversas de acordo com ospases.Mashcaractersticascomunsaregistar.Assim,adivisodasociedadeem classes antagonistas (o assalariado explorado e o capital explorador) substitudapeloconceitodosqueestoemcimaedosqueestoembaixo.Esseconceito,queapagaasdiferenasdeclasse,utilizadode formasdiversas.Omesmoaconteceaocapitalismoquebaptizadodenovocomo"neoliberalismo".Estadesignaotemavirtudedepouparoprpriosistemae,sepermitefustigaras "finanas", sobretudo no toca na natureza do capitalismo. de bomtomcondenaro"neoliberalismo"easfinanasedarassimaentenderqueacriseapenasumadesregulaodocapitalismo.
Ao atacar o "capitalismoneoliberal" todas estas foras omitemqualquer crticasobreanaturezacapitalistaeimperialistadaconstruoeuropeia.Essediscursoodetodaaesquerdaeuropeia,ditaradicalouno,queafirmaapossibilidadedeumareorientaodaUEparamais"social".
Contudo,anaturezaimperialistadaUEclara,osfactosmostramnobem.Soba gide da NATO, os pases europeus participam em verdadeiras guerras deconquistaededestruiodenaes:Afeganisto,Jugoslvia,Ucrnia, Iraque,Lbia,Sria,apoioindefectvelaoEstadodeIsrael,intervenoemfrica
Sejamos claros, sem uma anlise rigorosa da natureza imperialista da UnioEuropeia no evidentemente possvel comear a luta contra o prpriocapitalismo.Agarrarse a frmulas gerais como a sada do Euro e da Europa,sem atacar a natureza capitalista da UE e dos Estados que a compem serapenas o espelho da frmula vazia da transformao da Europa em Europasocial.
Concluso
Pikettyapercebeseedecertomodoilustraograudeparasitismodocapitalismo.
Estasituaodecrisesistmicaexacerbaosconfrontosinterimperialistasparaapartilhaea repartilhadomundo.Arrastaconsigoconflitosarmadosconduzidos
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pelo imperialismo cujo preo pago pelos povos. Esta situao a causa derecuos sociais e democrticos sem precedentes, e ameaa a paz mundial.Nessascondies,aimpotnciadePikettyemproporumasadaquenosejaado rearranjo do capitalismo pela fiscalidade, a educao e a investigao,discurso recorrente dos reformistas de todos osmatizes, temalgo de pattico.Este rearranjo do capitalismo releva mais do sonho do que a realidade. irrealistaeaexperinciademonstraotodososdias.
Onicorealismo,naminhaopinio,partindodaanlisedascondiesdalutadeclasses,alutapelaemancipaodostrabalhadoreseportantoaexpropriaodocapital.
[*]InvestigadordoCNRS.Confernciaem5/Maro/2015.
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