o casamento é para sempre - perse - publique-se · raram bodas de ouro e continuam casados, até...
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O Casamento é para sempre
Aderson Pamplona
Aderson Pamplona
O Casamento é para sempre
Primeira Edição
São Vicente
2013
Dedicatória
O Casamento é para sempre....
Em primeiro lugar, quero dedicar esta obra a todas as crianças e adolescentes, filhos de pais separados, pois sabemos que a parte mais cruel da separação é o sofri-
mento dos filhos. Quero, também, dedicar a todas as reli-giões do mundo, pois as mesmas pregam orientações para a integridade familiar, e para os Homens e Mulheres que tiveram seus casamentos desfeitos, seus lares destruídos.
Homens e mulheres que, hoje, estão penando na vida em busca de outros companheiros ou companheiras, tentan-do refazer suas vidas, construindo outras famílias, às ve-zes, com culpa maior do que a do companheiro ou com-
panheira do primeiro casamento. Não poderia, também, deixar de dedicar aos que refizeram, com muitos sacrifí-cios e sofrimentos suas vidas. Estão, agora, em plena feli-cidade, e conseguiram conciliar a nova situação: a outra companheira ou o outro companheiro com os filhos do
primeiro casamento, de acordo com a ideia de que de que ninguém nasceu para viver sozinho. Dedico, principal-mente, aos que casaram só uma vez e, vivendo juntos, construíram suas famílias, seus patrimônios e já comemo-
raram bodas de ouro e continuam casados, até hoje, e feli-zes da vida.
Sumário
Casamento ................................................. 9
O Casamento é para sempre ......................... 13
A Estreia .................................................. 19
Viagem ao Rio ........................................... 27
O Namoro................................................. 37
João pede Vera em Casamento...................... 43
O Casamento ............................................ 49
Vida a dois na Cidade Maravilhosa.................. 59
Diamante é salvo ....................................... 71
Quatro meses depois................................... 89
Treze anos depois ...................................... 93
Vera conhece a casa de Bertioga ..................105
Graziela é internada em Sorocaba .................117
Termina o tratamento de Graziela .................121
O leilão de Jaguariúna ................................123
Família se une na busca de Graziela ..............129
O resgate de Graziela .................................137
Vera reúne a Família ..................................143
Semana em Contenda ................................ 151
João do Bar em sua semana no Pantanal........ 159
João cai em desgraça e suas lamentações ...... 165
Felizes para sempre................................... 179
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Casamento
Quando Deus criou o Homem, achou que ele não
poderia viver sozinho!
Criou a Mulher, sua companheira. E foi graças a esse milagre divino, ato do Criador, que possibilitou que se enchesse a Terra de gente, todos descendentes de Adão e Eva. Mas a multiplicação das pessoas na Terra, isto é, a
procriação. Haveria, assim, a necessidade da criação e educação de todas as pessoas. Daí, a necessidade da pro-dução de alimentos para alimentar todas elas.
A mulher se tornou não só a companheira do ho-
mem, seu braço direito, sua auxiliar direta na produção e construção do patrimônio familiar, mas, também, na mai-oria das vezes, a razão do sucesso dele, o qual só é possí-vel quando há a paz familiar, conseguida pela presença
dela. As tarefas familiares nem sempre são divididas, so-brando para ela a educação dos filhos e o trabalho caseiro, limpeza e conservação do lar. Não importa a classe social, a mulher sempre tem sua tarefa a cumprir. Por mais ricos que sejam os casais, cabe a ela a parte mais difícil, que é o
cuidado com o lar. Isso garante a estabilidade emocional do varão, que é muito importante para que ele trabalhe bem e produza o suficiente para manter a família e conse-guir a poupança complementar, para adquirir os bens
materiais necessários à vida em comum das pessoas. Mas a tarefa mais difícil é a da mulher, justamente a educação dos filhos, que o homem, por estar sempre na condição de provedor, alega não ter tempo para cuidar dessa tarefa. É por isso que existe um velho e conhecido ditado que diz
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que “por trás de um grande homem, sempre há uma grande mulher”.
E para simplificar isso, vejamos a história de João e Vera.
Está muito claro que ele só conseguiu acumular seu patrimônio porque existia ao seu lado a mulher, que, muitas vezes, teve que fazer o papel de Amélia, que é, ainda, para muitos brasileiros, a mulher de verdade. Foi, justamente, Deus que a fez assim, e nos deu de presente.
E que presente! - para quem sabe aproveitar, respeitar e tratar esse presente, principalmente, como ser humano, de igual para igual. Essa dádiva divina só nos traz alegria e satisfação no dia a dia. Mas quando não existe esse respei-
to o que acontece é a perda dos bens adquiridos. A des-graça da maioria dos homens aconteceu, principalmente, após o desarranjo familiar. Quando a paz na casa acaba, os valores fundamentais também acabam. O dinheiro passa a ser o principal fator de conquista, preocupação
única dos abastados, que perdem o amor pelos filhos, acham que a mulher ficou velha demais, sem dar atenção para a sabedoria que vem do envelhecimento e a riqueza dos tempos; arranjam mulheres mais novas que estão
iludidas somente com o presente.
E aí vem a desgraça: a falta de qualidade para ad-ministrar sua nova personalidade, e os seus negócios já não são a prioridade. Eles querem correr contra o tempo, viver, viver e viver, nas festas e orgias que o dinheiro
proporciona. Num primeiro momento, parece interessan-te e novo para as pessoas que só se preocuparam em tra-balhar e ganhar dinheiro, acumular riquezas, às vezes, sem ao menos cuidar da aparência, e não veem que o
tempo está passando, que as pessoas envelhecem. E sem o amor da família, à vontade pelas coisas de Deus também
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desaparece. Muitas vezes, essas pessoas esquecem até que Ele existe, não vão mais à igreja. Isso deixa de ser priori-dade para os homens de negócios.
Todas as vezes que há o um casamento desfeito,
sabemos que somente a paz no lar é capaz de fazer com que os filhos sejam educados e respeitem a própria mãe. Os filhos de famílias desfeitas também perdem o amor a Deus; a maioria fica rebelde, se vicia em droga, e abando-na os estudos. Por mais bem comportados que sejam os
filhos, a falta do pai ou da mãe é um transtorno, é uma situação muito difícil, e somente muito carinho e amor por parte do que fica consegue um pequeno equilíbrio na convivência familiar, mas é muito trabalhoso. Por isso,
sempre digo, ao saber, através dos principais meios de comunicação, da falência de megaempresários que parti-ram para esse caminho, que, somente com a integridade familiar, é possível manter a felicidade.
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Vamos iniciar nosso relato contando a história de
João, que gostava de ser chamado de John, e que, no de-correr dos tempos, ganhou o apelido de “João da noite”, e segundo seu testemunho, hoje, ele é apenas João, que está dando início à tentativa de refazer sua vida, depois de um casamento duradouro, que deixou 4 filhos e um relacio-
namento amoroso passageiro do qual nasceu uma linda menina.
A igreja estava decorada com flores do campo, ro-sas amarelas e rosas claras, ramalhetes com cachos amar-
rados com fitas de cetim amarelo, com grandes laços em cada banco em ambos os lados, os familiares todos juntos na primeira fila, os netos, doze no total, e os filhos André, Geraldo, Graziela, o caçula Roberto e a filha de João, ado-
tada por Vera; por fim, os bisnetos. Festa maravilhosa, todos os amigos presentes, várias pessoas da comunidade de pescadores da cidade de Joinvile; festa que acontecia na mesma cidade em que Vera nasceu e na mesma igreja em que Vera e João se casaram. O padre octogenário era o
mesmo, tudo às mil maravilhas. Dois corneteiros avisa-vam, com o som agudo de seus instrumentos, a chegada de Vera ao portal da igreja; a ‘música’ dos violinos e a voz de uma soprano completavam, assim, aquela beleza de
acontecimento; os corações batiam acelerados, os presen-tes transbordavam de alegria e sorriam ao mesmo tempo. Duas horas de muitas emoções para todos. Vera estava linda como sempre: o vestido de rosa claro combinando com as flores do campo, com pequenos detalhes em pe-
dras no tom amarelo e na cabeça um arranjo de flores na-turais; João estava elegante com terno xadrez “modelo
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escocês” cinza com detalhes marrons; os netos, todos ves-tidos a rigor, as meninas todas com detalhes de flores no cabelo, e os meninos com fitas amarelas nos braços, pe-quenos detalhes. Nesse ambiente de alegria, teve início a
celebração das bodas de ouro de João e Vera. Chegava, enfim, o momento. O som das cornetas anunciara o início da cerimônia; acompanhada pelos violinos, a soprano cantava a Marcha Nupcial; dois bisnetos com quatro e cinco anos, um menino e uma menininha linda, ambos
vestidos a rigor; ela, de vestido de brocado branco e ele de fraque, carregavam uma cesta de vime decorada com ra-malhetes de flores naturais, estavam felizes e, no portal da igreja, João segurava a mão de sua amada Vera, ambos
em silêncio. Nesse momento de plena atenção, ele iniciou uma retrospectiva de sua vida, e, na caminhada entre o portal e o altar, ele revivera toda sua trajetória. Depois da cerimônia, ele confidenciava aos amigos sua única razão de continuar vivendo: o fato de dividir seu amor entre
seus filhos, principalmente pelo motivo de todos mora-rem em cidades diferentes, mas que, em todos os momen-tos necessários, estão presentes.
Ele, de olhar fixo no altar, lembrou que nasceu em
uma pequena cidade do Nordeste, no estado do Rio Grande do Norte; uma cidade muito pequena sem estru-tura de ensino na época, sem água tratada, sem asfalto, sem energia elétrica, a iluminação das casas era a lampa-rina; à noite, só via luz de verdade quando a ‘maria fuma-
ça’ passava; uma vez, a cada quinze dias, vinha um médi-co atender no posto de saúde, o casarão velho, sem vida. Faziam filas de doentes, na maioria, mulheres, lembra ele. Segundo relato de sua mãe, dona Inês, ele nasceu de ma-
drugada, às quatro horas da manhã. Dona Inês disse a João que moravam do outro lado do rio, que permanecia seco durante quase todo o ano; às vezes, passava três anos
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vazio. Pois bem! Foi nesse contexto que nasceu o João; e justamente no dia de seu nascimento, choveu, mas choveu muito, e o rio encheu. Quando a parteira chegou, teve que atravessar a nado o pequeno rio, agarrada a uma tora de
timbaúba - timbaúba é uma árvore cuja madeira é muito leve e serve para se fazer jangada. Quando ela entrou na casa, o João já havia nascido; o choro dele já anunciava ao mundo o início de uma grande trajetória, com muitas vi-tórias e derrotas, que, mantidas equilibradas, a vida con-
tinuaria. Por isso, teria que estar preparado, nesta longa estrada da vida, para os acontecimentos diversos, princi-palmente, as surpresas que a vida nos prega.
João cresceu nessa pequena cidade, ou melhor,
pequeno lugarejo, até os cincos anos de sua existência; era um menino muito pequeno, subdesenvolvido, franzino, o corpinho dele era esquelético; e foi assim que ele foi para a escola, com sete anos. Havia um barracão velho que se chamava grupo escolar. Foi lá, nesse barracão velho, que
o João iniciou o seu aprendizado para falar e escrever a língua portuguesa, ou melhor, como falam lá no sertão. Começara a aprender o BÊ-A-BÁ, na cartilha única do ABC. Segundo ele mesmo relata, no lugarejo, não tinha
nada para se divertir. A alegria maior era quando o trem parava na estação para pegar o algodão, única cultura comercializada na época. João também gostava muito de pescar no único açude que tinha no lugar; esse açude ou reservatório de água era a salvação de todos do local, que,
além de abastecer toda população, servia para o povo tomar banho aos domingos; era uma festa para João: ele pescava, nadava, caçava passarinhos, existiam muitas rolinhas, que eles chamavam também de avoante. Sem-
pre, no horário de folga, era seu único divertimento. Na escola, não se praticava esporte, existia, sim, na igreja ca-tólica, um centro comunitário para jovens, onde se prati-