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O cinema na sala de aula
Contributos sobre a utilizao do cinema na aula de
lngua estrangeira (Espanhol)
Relatrio submetido Faculdade de Letras da Universidade do
Porto por Ana Cristina Antunes Pires para a obteno do grau de
Mestre no Ensino do Portugus no 3. Ciclo do Ensino Bsico e
Secundrio e Lngua Estrangeira no Ensino Bsico e Secundrio
(Componente de Espanhol), orientado pelo Professor Doutor
Rogelio Ponce de Len Romeo
Porto, Setembro de 2011
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3
Faculdade de Letras
Universidade do Porto
O cinema na sala de aula
Contributos sobre a utilizao do cinema na aula de lngua
estrangeira (Espanhol)
Relatrio submetido Faculdade de Letras da Universidade do Porto por Ana
Cristina Antunes Pires para a obteno do grau de Mestre no Ensino do
Portugus no 3. Ciclo do Ensino Bsico e Secundrio e Lngua Estrangeira no
Ensino Bsico e Secundrio (Componente de Espanhol), orientado pelo
Professor Doutor Rogelio Ponce de Len Romeo
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Resumo em portugus
Este trabalho pretende demonstrar que o cinema no apenas uma forma de
entretenimento na sala de aula. Este pode ser uma ferramenta didctica que
promove a aprendizagem de uma lngua estrangeira, neste caso o espanhol.
No se trata apenas de um elemento motivador e ldico, mas tambm de uma
ferramenta til na aprendizagem, com especial relevo para contedos
pragmticos e socioculturais especficos. O cinema desperta um grande
interesse nos alunos, uma vez que se trata de algo que lhes est prximo e
que os atrai. Desta forma, o seu poder de cativar os alunos fora da sala de aula
pode ser explorado pelo professor dentro da sala de aula, quebrando rotinas e
utilizando o cinema como uma janela que permite ao aluno olhar para a
sociedade estudada, neste caso a espanhola.
Palavras-chave: cinema, espanhol, lngua estrangeira, ensino.
Abstract
This research intent to show that cinema is not only an entertainment but can
be a tool in the classroom. The cinema can be a tool to promote the learning of
foreign languages (the Spanish). In this case, the cinema has the power of
motivation and entertainment. Also its a useful tool to teach some social and
cultural issues. The movies create a great motivation in the students because
its something that are close to them and attracts them. In that way, his power
can be explore by the teacher in the classroom, broken routines and can be use
by the teacher to show the society that the students are studying.
Key-words: cinema, Spanish, foreign language, school, learning.
5
Agradecimentos
Quero aproveitar esta oportunidade para enderear dois tipos de
agradecimentos, uns de cariz institucional e outros pessoais.
Em primeiro lugar, queria agradecer ao corpo docente deste mestrado, em
especial ao meu orientador, o Professor Doutor Rogelio Ponce de Len
Romeo, pelo seu apoio e disponibilidade.
Queria tambm agradecer minha orientadora de estgio, a Dr. Lusa
Moreira, pelos seus conselhos e ajuda preciosa durante o trabalho de estgio.
s minhas colegas de estgio, pelo seu apoio e companheirismo.
Finalmente, minha famlia, fundamental ao longo deste percurso.
6
ndice
Resumo 4
Agradecimentos 5
ndice 6
Introduo 7
Parte I Fundamentos tericos 9
1. Fundamentos para a utilizao do cinema na sala de aula 9
2. Vantagens e desvantagens 11
2.1. Vantagens 11
2.2. Desvantagens 12
3. Seleco de filmes 13
4. Fragmentos ou filmes completos: opes de utilizao 15
5. Utilizao (ou no) de legendagem e dobragem 16
6. Planos de trabalho para o professor de ELE 18
Parte II Apresentao de casos prticos 22
1. Perfil da Escola Secundria D. Afonso Henriques 22
2. Perfil das turmas 23
3. Definio geral do trabalho 24
4. Propostas didcticas realizadas 25
4.1. Primeira proposta de trabalho: Unidade 0 La famlia es 25
4.2. Segunda proposta de trabalho: Unidade 2 Qu comemos? 28
4.3. Terceira proposta de trabalho: Unidade 3 Qu le passa a la Tierra? 30
4.4. Quarta proposta de trabalho: Unidade 4 - Vaya con el alquiler! 33
5. Inqurito aos alunos 36
Concluso 39
Referncias bibliogrficas 40
Anexos 42
ndice de anexos 42
ndice de quadros 87
7
Introduo
Uma das reflexes que melhor apresenta o potencial do cinema
enquanto matria no apenas ldica, mas tambm didctica, foi feita no
encerramento do I Congreso Democrtico Del Cine Espaol, em 1979
(Fernndez Sebastin, 1989), quando afirmou que o cinema deve ocupar nos
centros educativos o lugar que lhe corresponde como facto cultural de primeira
importncia, tratando de fazer desaparecer o carcter que se lhe atribui de
mero entretenimento e ressaltando os seus valores educativos e culturais.
Seguindo esta linha de pensamento, o trabalho que aqui apresento pretende
demonstrar que o cinema no apenas uma forma de entretenimento na sala
de aula, mas pode ser sim uma ferramenta que promova a aprendizagem de
uma lngua estrangeira.
O uso do cinema como ferramenta educativa na sala de aula
relativamente recente. Vrios motivos explicam este fenmeno. Em primeiro, s
recentemente o desenvolvimento tecnolgico permitiu a criao dos meios
necessrios para a apresentao de filmes na sala de aula, como so os casos
dos projectores, computadores ou dvd, entre outros. Este mesmo
desenvolvimento tecnolgico permitiu ainda um acesso fcil e rpido aos
prprios filmes, nomeadamente aos filmes de lngua espanhola, simples de
adquirir atravs da Internet. A estes dois fenmenos aliou-se a produo de
investigao cientfica e didctica sobre a utilizao do cinema na sala de aula,
o que aconteceu sobretudo nas dcadas de 1990 e 2000.
A generalidade dos estudos produzidos sobre esta temtica coincide na
ideia de que o cinema tem um enorme potencial didctico, uma vez que os
filmes atraem os estudantes de lnguas estrangeiras pelo seu enorme poder de
contar histrias e consequentemente de entreter, mas tambm pela sua
importante carga afectiva que permite ao indivduo sentir-se relaxado nos
filmes. A combinao de elementos sonoros, visuais e lingusticos que definem
o discurso cinematogrfico estimula os sentidos e as faculdades cognitivas ao
mesmo tempo. E, finalmente, o cinema contextualiza como nenhum outro
recurso autntico o uso da linguagem e dos expoentes culturais de um
determinado pas ou regio e por isso torna-os mais acessveis aos
aprendizes (Santos Asensi, 2007, 3). Contudo, todo este potencial didctico
8
pode no ser totalmente aproveitado se a sua explorao didctica no for a
mais adequada. Por isso, para evitar este potencial negativo deve-se decidir
cuidadosa e criteriosamente quais os objectivos (Amens Pons, 1999, 770) que
perseguimos quando levamos um filme para a aula de lngua estrangeira: como
uma forma de entretenimento; como um objecto de estudo em si; como um
suporte para trabalhar um aspecto especfico da aula (um aspecto cultural,
lexical, sintctico, pragmtico ou outro). Na realidade, tudo depende daquilo
que se pretende ensinar e explorar na aula, tendo em conta o tipo de alunos
(nvel etrio, nvel de lngua) e o tempo de que se dispem para a realizao
desse trabalho obviamente que tudo isto tem de estar relacionado com o
currculo e com o programa a ensinar.
Tendo todos estes aspectos em considerao, procurei durante o
estgio realizado no ano lectivo de 2010-2011, na Escola Secundria D. Afonso
Henriques, em Vila das Aves, no distrito do Porto, utilizar o cinema como uma
ferramenta didctica no ensino da lngua estrangeira (Espanhol) aos alunos do
10. ano do curso geral de cientfico-natural e aos alunos do 11. ano do curso
geral de humanidades. Assim, ao longo das pginas seguintes, irei apresentar
uma reflexo terica sobre o uso do cinema na sala de aula, justificando as
razes para a sua utilizao e apresentando as suas vantagens e
desvantagens. Irei apresentar tambm as formas de seleco de filmes e a sua
utilizao na sala de aula.
Aps esta primeira parte, dedicada fundamentao terica do tema,
irei apresentar, na segunda parte deste trabalho, as propostas prticas
desenvolvidas nas aulas de estgio. Foram desenvolvidas ao longo do ano
lectivo quatro propostas de trabalho, uma para o 10. ano e as restantes quatro
para o 11. ano. Tambm sero expostas, nesta segunda parte, as concluses
de um inqurito feito aos alunos, no final do ano lectivo, para saber at que
ponto estes consideraram o cinema uma forma motivadora de aprender a
lngua estrangeira (espanhol).
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Parte I Fundamentos tericos
1. Fundamentos para a utilizao do cinema na sala de aula
Quem ensina uma lngua estrangeira sabe que no suficiente o ensino do
sistema lingustico da lngua em causa. Quando os alunos pretendem pr em
prtica o que aprenderam surgem situaes que mostram carncias ligadas
falta de adequao lingustica, pragmtica e cultural, o que se pode dever
sobretudo a usos de registos de lngua inapropriados, cujas consequncias
podem chegar a ferir a sensibilidade do interlocutor e faz-los passar por
grosseiros ou causar, no menor dos casos, estranheza (Brandimonte, 2003,
870). Assim sendo, torna-se tambm necessrio apresentar nas aulas
materiais didcticos que lhes dem conhecimentos sobre estes aspectos. O
cinema apresenta-se como uma das melhores formas de o fazer, como o
defendem Isabel Santos e Alfonso Santos (2002) na introduo do livro
DeCine: Porque a fico cinematogrfica permite observar o uso da
linguagem em situaes reais de comunicao. Porque os fragmentos
seleccionados mostram a forma em que interactuam os falantes nativos; ou
seja, a forma como vivem e se relacionam. Porque aprender uma lngua
tambm descobrir os valores culturais da sociedade que a fala, aproximar-se a
outras formas de vida e reconhecer o valor das prprias; e o cinema permite-
nos estabelecer essa ponte necessria entre lngua e cultura.
Estes argumentos apresentados por Santos e Santos permitem-nos
sustentar a ideia de que a projeco de um filme aquilo que de mais prximo
da realidade se pode apresentar numa aula de lngua estrangeira, pois ao
combinar o som e imagem apresenta situaes comunicativas completas
semelhantes vida real. assim uma forma indirecta de imerso1 (Flrez,
2004), permitindo ao aluno no s o contacto com elementos lingusticos, mas
tambm com elementos pragmticos e socioculturais colocados em contexto.
1 Entende-se por imerso lingustica o programa de ensino de uma segunda lngua no qual algumas das matrias do currculo ou todas elas se estudam numa lngua diferente da materna. O objectivo final deste programa de imerso que os alunos sejam competentes nas duas lnguas. Deste modo, cria-se na aula um contexto de aquisio em que a segunda lngua se usa comunicativamente em actividades acadmicas, praticando as diferentes destrezas lingusticas em textos e temas prprios da disciplina em questo.
10
Desta forma, os filmes so uma fonte de informao de lngua to forte que
proporcionam um input comprensible2 (Krashen, 1981) valiosssimo. Isto , o
cinema permite uma avalanche de informao morfosintctica, lexical,
semntica e fontico-fonolgica, entre outras. Mas tambm permite uma outra
informao bem mais difcil de conseguir por parte do professor: os
conhecimentos pragmticos e socioculturais. Atravs do cinema o aluno pode
compreender e dar significado ao que v e ao que ouve, para alm de
reconhecer os esteretipos da nova cultura, assim como o seu sistema de
smbolos, crenas e pressupostos de maneira mais natural e efectiva daquelas
que seriam dadas de forma descontextualizadas pelo professor (Ontario
Pea, 2007)
O cinema, ao juntar a audio e a viso, permite reforar a memria, visto
que se utilizam dois canais perceptivos ao mesmo tempo (Ferrs, 1992, 38).
Durante a visualizao do filme os alunos desenvolvem estratgias de
compreenso que os ajudam a compensar as dificuldades de compreenso. O
Quadro Europeu Comum de Referncia para as Lnguas prope vrias tabelas
que servem para medir/avaliar o conhecimento que cada aluno tem ao nvel da
compreenso de uma lngua estrangeira. Existe uma tabela especfica para a
medio/avaliao da capacidade de compreenso audiovisual, ou seja, para
ver televiso e cinema (Consejo de Europa, 2002, 73). Depois de ser ver o
filme, este surge como um estmulo para as actividades de produo e de
interaco a realizar pelos alunos. Ainda que o filme em si no desenvolva a
interaco oral ou a expresso escrita e oral, no devemos esquecer que,
como nos diz Ontorio Pea (2007), um filme facilita e promove exerccios do
enfoque comunicativo, levando o aluno a sentir-se incentivado a falar e a por
em andamento os mecanismos que lhe permitam expressar as suas
impresses do filme ou intervir na discusso do filme. Um professor pode
ainda levar a cabo actividades de expresso oral com os alunos, assim como
promover a interaco que desenvolva a sua fluidez lingustica, o que
pressupor um processo de feedback, no sentido em que o aluno percebe as
2 a hiptese segundo a qual o aluno s pode adquirir uma lngua estrangeira quando capaz de compreender o caudal lingustico (input) que contenha elementos ou estruturas lingusticas ligeiramente superiores ao seu nvel de competncia actual. O input comprensible graas informao proporcionada pelo contexto, a situao, os factores extralingusticos e o conhecimento do mundo. (Diccionario de trminos clave de ELE. Centro Virtual Cervantes)
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suas carncias comunicativas e isso motiva-o para a aprendizagem para poder
expor as suas ideias de forma conveniente.
Deste modo, o filme adequa-se tambm ao enfoque centrado na aco,
mtodo de ensino proposto pelo Quadro Europeu Comum de Referncia para
as Lnguas, pois, possibilita a aprendizagem e o uso da lngua num contexto
social alargado, procurando realizar tarefas que activem competncias
comunicativas e que exijam o uso de estratgias.
Para alm disto, quando vemos um filme, o facto de se ver e ouvir falantes
nativos, no seu prprio ambiente, aumenta o interesse e a motivao por parte
dos alunos, factores que promovem a aprendizagem (Krashen,1981). Tambm
no se deve esquecer a vertente de entretenimento do filme, a qual predispe
os alunos para uma maior aceitao do que se lhe apresenta.
2. Vantagens e desvantagens
2.1. Vantagens
A generalidade dos estudos que aborda a utilizao do cinema na aula de
lngua estrangeira (espanhol) tem sempre em ateno as vantagens e
desvantagens desta mesma utilizao. Embora estes mesmos estudos
apresentem algumas desvantagens, so sempre mais valorizadas as suas
vantagens, destacando-se as seguintes (Amens Pons, 1999; Carraceda
Manzanera, 2003; Ontoria Pea, 2007; Santos Asensi, 2007; Soriano
Fernndez, 2010; Vizcano Rogado, 2007):
a) Trata-se de um material autntico, uma vez que so documentos criados
por nativos e para nativos, sem que exista uma preocupao
pedaggica ao cri-los;
b) O cinema, em si mesmo, um elemento motivador, uma vez que a
generalidade dos alunos gosta e convive com esta forma de arte, por
isso a sua predisposio para aprender maior;
c) Quebra a monotonia, pois ao usar-se de forma espordica faz com que
os alunos prestem mais ateno (introduz variedade);
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d) Permite trabalhar elementos pragmticos e socioculturais, ou seja, de
grande utilidade para observar atitudes, comportamentos, gestos,
distncias entre interlocutores;
e) Desenvolve a compreenso, visto que oferece a possibilidade de realizar
actividades de compreenso mais prximas da realidade do que aquelas
que realizamos com simples audies;
f) Permite trabalhar aspectos lingusticos no seu contexto. O cinema uma
forma de levar a lngua para a sala de aula nos contextos em que se d
e no de uma forma isolada, sendo uma maneira de levar a vida real
para a sala de aula, pois apresenta cenas da vida quotidiana;
g) Permite aos alunos contactarem com a cultura da lngua estrangeira de
forma contextualizada;
h) Fornece elementos essenciais da actividade comunicativa (linguagem
no verbal, palco da aco);
i) Facilita a realizao de actividades relacionadas com o enfoque
comunicativo e com o enfoque por tarefas, favorecendo o
desenvolvimento de competncias e habilidades comunicativas;
j) Tem a capacidade de promover a reteno mnemnica, pois utiliza ao
mesmo tempo a viso e a audio.
2.2. Desvantagens
A utilizao do cinema na sala de aula apresenta tambm, como j se
referiu, algumas desvantagens, tratados por vrios autores (Amens Pons,
1999; Carraceda Manzanera, 2003; Ontoria Pea, 2007; Santos Asensi, 2007;
Soriano Fernndez, 2010; Vizcano Rogado, 2007):
a) A complexidade lingustica e cultural apresentada pelo filme pode
exceder o nvel de compreenso do aluno;
b) Uma m definio do grau de dificuldade das actividades relacionadas
com o filme pode levar ao fracasso da utilizao desta ferramenta de
trabalho, podendo gerar frustrao no aluno; tambm a apresentao do
filme sem a preparao de actividades adequadas origina passividade
do aluno;
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c) A preparao deste gnero de materiais exige muitas horas de trabalho,
pois necessita de vrias visualizaes, tomar notas das transcries e
elaborar actividades que se adaptem ao nvel de conhecimento dos
alunos, ao mesmo tempo que os motivam. Existem materiais publicados
que esto acompanhados de guias didcticos que podem ajudar o
professor, porm no nos devemos esquecer que os mesmos foram
pensados para grupos de alunos especficos, exigindo por isso uma
correcta adaptao;
d) A durao normal de um filme (entre 90 a 120 minutos) ultrapassa o
tempo normalmente disponvel para uma aula;
e) A falta de filmes disponveis nas escolas dificulta a utilizao deste
material, se bem que actualmente se podem comprar facilmente filmes,
sobretudo atravs da internet, contudo esta opo costuma ser bastante
dispendiosa para o professor;
f) Algumas escolas sofrem da falta de equipamento para a projeco dos
filmes. Ou, quando o mesmo existe, podem surgir problemas tcnicos
que afectem a qualidade do som e da imagem.
Por vezes surge a questo de saber para que nveis se deve utilizar o
cinema como meio didctico. Embora Castieiras Ramos e Herrero Vecino
(1998, 817) considerem o cinema uma disciplina globalizadora e por isso
mesmo um instrumento ideal para o ensino de uma lngua de nvel
avanado, a maioria dos autores analisados (e.g. Amens Pons, 1999;
Brandimonte, 2003) defende que o cinema pode ser utilizado em todos os
nveis de conhecimento de lngua. Para esse efeito tem apenas de se
seleccionar criteriosamente o filme ou fragmento a projectar, de acordo com o
nvel de conhecimento dos alunos e criar actividades adequadas e motivadoras
para os mesmos.
3. Seleco de filmes
Qualquer planificao que inclua a utilizao de um filme deve passar por
uma seleco cuidada do filme a utilizar. A durao do filme um dos aspectos
relevantes, uma vez que se deve ter em conta o tempo de que dispomos para a
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realizao da actividade e assim decidir por uma projeco total do filme ou
apenas de um fragmento. Deve, ainda, definir-se que tipo de
contedos/competncias/destrezas vamos trabalhar, tendo em ateno o que
se quer e o que se tem de ensinar (programas da disciplina). E o filme ou
fragmento de filme deve sempre ter em considerao o leque de possibilidades
que d ao professor para criar actividades relacionadas com o dito
anteriormente. Para alm disso, apresentar um filme requer que o professor
evite material que fira susceptibilidades culturais quer do pas quer da regio de
origem dos alunos, visto que existem temas que podem ser considerados
imprprios ou ofensivos. Muito importante tambm o nvel de escolaridade do
aluno, dado que quanto maior for o nvel de escolaridade do mesmo mais
recursos tem para aprender novas coisas e se a isso juntarmos o facto de estar
habituado a ver filmes e gostar de os ver mais xito ter na sua tarefa. Outro
aspecto a ter em conta a idade dos alunos, uma vez que os gostos cinfilos
de um adulto, de um adolescente ou de uma criana so diferentes. Ser
contraproducente apresentar um filme cuja temtica se encontre afastada do
ncleo de interesses dos alunos. Por isso devemos ter em conta na escolha do
filme a idade das personagens do filme, a linguagem utilizada e a
situao/enredo que se apresenta no filme, bem como o gnero de filme, pois
estes factores determinaro a faixa etria a que se destina. Igualmente se deve
procurar que os guies apresentem verosimilhana nos dilogos. Tambm se
deve saber se o nvel de conhecimento da lngua estrangeira suficiente para
a compreenso do filme, ou seja, o professor deve procurar que o filme se
ajuste ao nvel de competncia lingustica, comunicativa e cultural do aluno.
Para isso, antes de seleccionar um filme, deve-se considerar os seguintes
aspectos: o local onde se vai passar o filme; o grau cultural dos alunos; a idade
dos alunos; o nvel de escolarizao dos alunos e a dificuldade do filme ou
fragmento (Amens Pons, 1999, 771). Para este ltimo aspecto, Jos Amens
Pons (1999, 777) prope um questionrio (ver Anexo 1) que pode ser
interpretado da seguinte forma: quanto mais respostas afirmativas consiga
nesse questionrio, maior facilidade para a compreenso do filme, por isso o
filme ser adequado para nveis baixos de conhecimento da lngua; pelo
contrrio, um maior nmero de respostas negativas significa uma maior
adaptao a nveis avanados. Por ltimo, tendo em conta que o espanhol
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uma lngua viva e por isso mutvel, considera-se aconselhvel apresentar
apenas filmes realizados nos ltimos vinte anos. Deste modo evitar-se- um
grande desfasamento entre a lngua falada actualmente e a lngua apresentada
no filme (Biedma Torrecillas e Torres Snchez, 1994, 537).
4. Fragmentos ou filmes completos: opes de utilizao
Quando se pondera a incluso do cinema na aula de lngua estrangeira,
obrigatoriamente se questiona o que se deve projectar: o filme na sua
totalidade ou apenas um fragmento? No existe uma resposta correcta para
est questo, pois, tudo depende dos objectivos que se pretendem alcanar.
Contudo existem determinados aspectos que se podem considerar aquando da
toma de deciso, que podem facilitar a deciso. Assim, ser talvez benfico
reflectir no seguinte: a projeco completa do filme exige que se disponha de
vrias aulas, para ver e desenvolver as actividades relacionadas com mesmo;
a projeco da totalidade do filme exige um bom conhecimento da lngua por
parte dos alunos e da cultura, pois a quantidade de informao no-verbal
bastante elevada. Se estes aspectos no forem atendidos pode-se enfrentar
problemas de desmotivao devido a dificuldades de compreenso ao nvel
verbal e no-verbal. Assim ser aconselhvel apresentar a projeco de filmes
na sua totalidade nos nveis intermdio e avanado, dedicados a temas
histricos e sociais, ao estudo dos costumes e de obras literrias (Rojas
Gordillo, 2002, 361; Amens Pons, 1999, 779). A projeco de fragmentos,
cuja durao deve ter entre dois e cinco minutos (Santos Asensi, 2007, 6) ou
dez e quinze minutos (Rojas Gordillo, 2002, 388), passvel de utilizar apenas
uma aula, resolvendo assim o problema de falta de tempo para a sua
projeco; adaptam-se facilmente a qualquer nvel de conhecimento de lngua,
visto que se podem seleccionar fragmentos de mais fcil compreenso ou de
maior dificuldade de compreenso, tanto a nvel lingustico como cultural; para
um trabalho mais orientado e intenso vocacionado para aspectos especficos,
quer lingusticos, quer pragmticos, quer culturais (Amens pons, 1999, 779); a
sua integrao dentro do programa a leccionar mais fcil, dado que permite a
seleco de uma maior variedade de temas (Gomes Vilches, 1990, 247).
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5. Utilizao (ou no) de legendagem e dobragem
A utilizao de legendas nos filmes da lngua meta, na sala de aula, so
uma mais-valia quando se pretende utilizar um filme como ferramenta de
trabalho. Esta mesma ideia defendida por Cintas (2003, 65) quando afirma
que sem lugar para dvidas, o ver e ouvir filmes legendados pode contribuir
de sobremaneira para o desenvolvimento de destrezas no s lingusticas mas
tambm de apreenso de elementos e matizes culturais e tudo isto de forma
bastante ldica.
Se est afirmao de Cintas rene sua volta algum consenso, pode-se no
entanto discutir a forma como se podem aplicar essas legendas ou at mesmo
a dobragem de filmes na aula de espanhol como lngua estrangeira. Neste
sentido, Brandimonte (2003, 877) considera que nos nveis iniciais o professor
pode introduzir na aula fragmentos de filmes dobrados na lngua meta. Esta
opo facilitaria a compreenso dos mesmos por parte dos alunos, pois, a
dico dos actores que fazem a dobragem perfeita e os guies costumam
evitar os modismos excessivos, preferindo a lngua padro. Dependendo da
progresso dos alunos e da proximidade ou no existente entre a lngua nativa
e a lngua meta, podem-se introduzir gradualmente fragmentos na lngua meta,
sempre com legendas. Desta forma o aluno familiariza-se com a lngua meta,
alcanando nveis aceitveis de compreenso. Quanto aos nveis intermdios
podem-se continuar a usar as legendas, pois os alunos ainda mantm vrias
dificuldades e as legendas ajudam-nos na compreenso das variantes
lingusticas e na pronunciao irregular. Relativamente aos nveis avanados
deve-se projectar o filme sem legendas, tal como se fosse para um nativo. Aqui
j no devero existir dificuldades de compreenso e as actividades devero
estar relacionadas sobretudo com aspectos socioculturais e com a arte
cinematogrfica (Brandimonte, 2003, 877).
Outro autor que analisa a questo do uso das legendas nos filmes
Amens Pons (1999, 781) que considera o seu uso ocasional como algo
interessante e benfico. Amens Pons defende que a utilizao de legendas
em filmes da lngua meta uma mais-valia, sobretudo quando existem
problemas de dico por parte das personagens ou mau estado do som do
filme. E aponta ainda que as actividades a serem desenvolvidas, nos casos em
17
que se utilize legendagem, se devem centrar em aspectos lingusticos, em
particular de cariz morfossintctico e semntico. Amens Pons alerta tambm
para o facto de se poder usar a legendagem para fazer a comparao entre a
lngua meta e a lngua materna do aluno, ou seja, o filme encontra-se falado na
lngua materna do aluno e a legendagem na lngua meta. Deste modo,
pretende-se uma reflexo sobre os mecanismos expressivos das duas lnguas.
Ainda sobre este tema, Daz Perez (2001, 268) prope que no nvel inicial se
possa utilizar a dobragem do filme na lngua materna do aluno, desde que o
objectivo definido para a actividade seja de cariz sociocultural. Para alm disso,
este mesmo autor defende que a utilizao de um filme com legendas na
lngua materna se adequa a exerccios de traduo. A utilizao de legendas
na lngua meta adapta-se sobretudo ao nvel inicial, mas dependendo do grau
de dificuldade dos dilogos, as legendas podem ser utilizadas tambm noutros
nveis de conhecimento da lngua.
Contudo, Daz Perez (2001,269) da opinio que o ideal seria apresentar
os filmes sempre na lngua meta. Este facto obrigaria os alunos a um maior
esforo na compreenso da mensagem, obrigando-os a aplicar e a desenvolver
estratgias de inferncia de significados a partir do contexto. E permitiria que
os alunos se fixassem melhor nos aspectos orais e prestassem mais ateno
linguagem no-verbal. Esta opinio corroborada, em parte, por Rojas Gordillo
(2004) ao considerar que, quando o objectivo primordial de uma actividade o
treino das estratgias de compreenso de mensagens orais, a melhor opo
sempre o uso de filmes na lngua meta, pois exige um esforo de compreenso
por parte do aluno. No entanto, Daz Perez (2001, 269) ressalva que no nvel
inicial ser talvez frustrante e desmotivador para o aluno a apresentao de
filmes na lngua meta, uma vez que este pode no conseguir compreender o
mnimo do que se diz.
A legendagem de filmes apresenta o inconveniente de no permitir captar
toda a informao contextual, visto que em parte a ateno do aluno
dispersada ao ler as legendas. Para alm disto, as legendas no reproduzem a
totalidade dos dilogos feitos pelas personagens, pois o espao disponvel no
ecr no o permite as legendas, muitas vezes, resultam de uma sntese do
contedo. Porm, apesar destes inconvenientes, por vezes aconselhvel
trabalhar com legendas, uma vez que a forma como adquirimos o
18
conhecimento provm sobretudo da leitura e escrita, facto que torna difcil uma
aprendizagem apoiada apenas em textos orais (Daz Perez, 2001, 269;
Amens Pons, 1999, 781).
6. Planos de trabalho para o professor de ELE
A forma como se deve ou pode explorar um filme uma questo pertinente
para os professores que querem tornar efectiva a projeco de um filme na
sala de aula. fundamental que o aluno perceba que o filme que no apenas
uma forma de entretenimento, destinada a ocupar um espao vazio na aula,
mas sim uma ferramenta de trabalho ldica. Por isso, devemos saber o que
queremos trabalhar com o filme e como o vamos conseguir.
Segundo Amens Pons (1999, 779), depois de seleccionar o filme, o
professor deve questionar a forma como se vai explorar o mesmo e para isso
deve levantar uma srie de questes:
1. Quanto tempo vamos dedicar (s) actividade(s) ou tarefa(s)?
2. Como vamos integr-la(s) na nossa programao de aula?
3. Na nossa situao ou com os nossos objectivos prefervel trabalhar como
um filme completo ou com um fragmento ou com vrios fragmentos?
4. Que lugar vai ocupar a projeco do filme ou fragmento na srie de
actividades que pensamos desenvolver? Como vamos introduzir a dita
projeco?
5. O que vo fazer exactamente os alunos com o filme ou com a sequncia?
6. Que actividades so necessrias ou pertinentes antes e depois da
projeco?
7. Que materiais de trabalho e de apoio so necessrios?
8. Vamos realizar algum tipo de avaliao ou observao? Quando e como?
A partir destas questes, um professor pode construir uma sequncia
didctica coerente se escolher actividades adequadas em funo dos
objectivos e dos destinatrios.
Um outro autor que se debruou sobre esta questo foi Vizcano Rogado
(2007, 91), que props um esquema (ver Quadro 1, p. 19) para tratar um
fragmento de filme assente em quatro momentos: actividades de pr-
19
visualizao; visualizao; actividades posteriores ao visionamento; e
actividades. Este esquema, como o prprio autor refere, bastante flexvel,
uma vez que se pode adaptar ou ampliar segundo as necessidades do
professor e dos alunos.
Quadro 1- Esquema para organizar um fragmento de filme, de Vizcano Rogado.
Fragmento do filme
Nvel de ensino
Objectivos
Funes comunicativas
Contedos gramaticais
Contedos lxicos
Habilidades comunicativas
Desenvolvimento:
actividades de pr-visualizao;
actividades de visualizao;
actividades posteriores visualizao;
actividades.
Estas propostas de Amens Pons e Vizcano Rogado foram, em grande parte,
simplificadas pelo esquema de trabalho (ver Quadro 2) proposto por Carracedo
Manzanera (2009, 236), em que definiu os tpicos a abordar pelo professor na
organizao de uma sequncia didctica que envolva um filme.
Quadro 2 Esquema para organizar uma actividade, por Carracedo Manzanera
Ttulo do filme
Ttulo da actividade
Nvel de ensino
Envolvente educativa
Objectivos
Actividades relacionadas com
Actividades de pr-visionamento
Actividades durante o visionamento
Actividades de ps-visionamento
Observaes
20
Este esquema proposto por Carracedo Manzanera pretende-se que seja
aplicado a cada um dos dez aspectos3 possveis de serem analisados num
filme. A aplicao deste esquema aos dez aspectos permitir aos alunos
obterem um comentrio geral do filme. Contudo, a autora esclarece que o
mesmo esquema pode ser aplicado apenas a um dos aspectos, dependendo
do objectivo definido pelo professor.
Um outro esquema (ver Quadro 3) que tenta ajudar o professor a simplificar
a tarefa de utilizar um filme na sala de aula o de Gmez Vilches (1990, 250).
Quadro 3 - Esquema para organizar uma unidade didctica, por Gmez Vilches
Nvel de ensino
Ttulo do filme
Durao do filme
Objectivos
Fases de trabalho
Tarefas do professor
Tarefas do aluno
Tempo
Avaliao da actividade
O esquema pretende ajudar o professor a identificar, dentro do programa
da disciplina, qual o momento mais adequado para utilizar determinado filme.
E ao mesmo tempo estipular aquilo que os alunos devem aprender com a
utilizao do filme. Este esquema pretende o trabalho do filme na sua
totalidade.
Se no momento de estruturar um plano de trabalho importante contar
com uma ajuda, como se apresentou anteriormente, o momento de deciso
das actividades a incluir tambm ele de grande importncia. Isto deve-se
necessidade de seleccionar criteriosamente as actividades tendo em conta os
alunos, o seu nvel de conhecimento e aquilo que se pretende ensinar.
Tambm as actividades so diferentes caso sejam para a visualizao de um
3 Carracedo Manzanera define dez aspectos possveis de serem analisados num filme: 1. Personagens; 2. Argumento; 3. Contexto; 4. Temas; 5. Guio; 6. Realizador; 7. Linguagem cinematogrfica; 8. Banda sonora; 9. Adaptaes cinematogrficas; 10. Passadeira vermelha.
21
filme na totalidade ou em fragmentos. No primeiro caso, ser necessrio
articular a sequncia de actividades tendo em conta uma actividade final. No
segundo caso, as actividades relacionam-se com a introduo de um novo
tema, com a concluso do tema escolhido ou para desenvolver o tema que
estamos a tratar. As actividades podem passar por inferir sentidos, estabelecer
relaes entre personagens, completar um dilogo, simular uma cena, entre
outras possibilidades. Para facilitar a tarefa, Santos Asensi (2007, 7) prope um
quadro com varias actividades para desenvolver a prtica comunicativa (ver
Anexo 2).
22
Parte II Apresentao de casos prticos
1. Perfil da Escola Secundria D. Afonso Henriques
A Escola Secundria D. Afonso Henriques situa-se em Vila das Aves, uma
vila do concelho de Santo Tirso, distrito do Porto, com 8.492 habitantes
segundo o censo de 2001. O ttulo de vila foi-lhe atribudo em meados do
sculo XX, devido sua importncia. Nessa poca era considerado um dos
maiores centros da indstria txtil portuguesa. Esta circunstncia que tanto
orgulho trouxe vila, nos ltimos anos tornou-se o principal motivo pelo qual
Vila das Aves se encontra mergulhada numa grave crise econmica. A maioria
das empresas fecharam e o nmero de desempregados aumentou
vertiginosamente. No entanto, recentemente surgiu uma nova esperana para
est vila, os empresrios txteis tentam reconverter esta indstria numa
indstria de polmeros, facto que est lentamente a recuperar a economia local.
Obviamente que a situao vivida na indstria tem repercusses no seio
das famlias, criando ambientes familiares com necessidade de apoio social. E
claro, todos os problemas se reflectem na escola, a qual atravs de apoios
sociais e psicolgicos tenta ajudar os alunos e consequentemente as famlias.
No que respeita s entidades governamentais da regio, estas manifestam
grande preocupao na educao e formao dos jovens e adultos, por isso
investem bastante nestas duas vertentes. Por exemplo, a Cmara Municipal de
Santo Tirso apoia esta escola com recursos humanos e materiais.
A escola constituda por seis edifcios, que se distribuem da seguinte
forma: ginsio; edifcio da cantina, bar e Centro de Novas Oportunidades;
edifcio da Direco da escola, secretria, biblioteca, sala de professores e
salas de aula; e quatro edifcios com salas de aulas e laboratrios. Os edifcios
esto bem conservados e dispem em cada sala de um computador e um
projector, contudo no tm aquecimento central. Esta escola est rodeada de
reas verdes, o que permite aos professores e alunos disfrutarem do ar livre.
Para alm disso, tambm dispe de um parque de estacionamento para todos
os elementos da comunidade escolar.
A Escola Secundria D. Afonso Henriques foi inaugurada em 1994 e
oferece formao no s para aqueles alunos que pretendem prosseguir
23
estudos, mas tambm para aqueles que pretendem ingressar no mercado de
trabalho rapidamente. Os alunos desta escola provem de Vila das Aves e de
vrias povoaes que a rodeiam, originando uma mistura de diversas situaes
sociais e econmicas. Relativamente aos professores, a maioria pertence ao
quadro da escola, assim como a maioria dos auxiliares de aco educativa,
facto que ajuda a proporcionar um bom funcionamento da escola.
2. Perfil das turmas
As turmas s quais se leccionou foram o 10. C e o 11. HS, pertencentes
ao regime diurno do ensino regular. Aps anlise do projecto curricular de
turma, esta foi a caracterizao feita de cada uma das turmas:
10. C
rea de estudos: Cursos Cientficos e Humansticos: Cincias e Tecnologias.
N. alunos: 25 alunos (sexo feminino: 16 alunos e sexo masculino: 9 alunos).
Mdia de idades: 15 anos.
Disciplinas com maiores dificuldades de aprendizagem: Matemtica, Histria,
Ingls e Cincias Naturais.
Disciplinas predilectas: Educao Fsica e Fsico-Qumica.
Metodologias didcticas preferidas: Aulas leccionadas com materiais
multimdia e realizao de trabalhos individuais.
Prosseguir estudos: 24 dos alunos pretendem prosseguir estudos.
11. HS
rea de estudos: Cursos Cientfico e Humansticos: Lnguas e Humanidades.
N. alunos: 16 alunos: (sexo feminino: 12 alunos e sexo masculino: 4 alunos).
Mdia de idades: 16 anos.
Disciplinas com maiores dificuldades de aprendizagem: Lngua Portuguesa,
Ingls e Geografia.
Disciplinas predilectas: Espanhol, Filosofia, Histria, Geografia e Educao
Fsica.
24
Metodologias didcticas preferidas: Aulas leccionadas com recurso a materiais
multimdia e com debates.
Prosseguir estudos: 14 destes alunos pretendem prosseguir estudos.
3. Definio geral do trabalho
O objectivo foi trabalhar com fragmentos de filmes, pois o tempo
disponvel para a realizao das unidades didcticas era escasso (dois blocos
de noventa minutos). Os fragmentos permitem observar a utilizao de
determinadas regras gramaticais, de determinadas expresses idiomticas, de
um determinado vocbulo; podemos analisar elementos verbais e no-verbais;
melhorar a capacidade de entender textos falados; comprovar determinadas
normas de actuao e de cortesia e tambm conhecer aspectos culturais.
Estes fragmentos so facilmente integrados numa planificao, visto que so
autnomos relativamente ao filme, ou seja no pressupem a visualizao da
totalidade do filme no final. Contudo, podem despertar o interesse do aluno e
lev-lo a ver a totalidade do filme de forma autnoma. Por esse motivo, so
facilmente enquadrados tanto na exemplificao de um tema do programa que
se est a tratar, como para a sua introduo ou para a sua concluso. Em
concluso, os fragmentos de filmes, pela sua especificidade, serviam
plenamente os objectivos propostos para a planificao das unidades
didcticas apresentadas.
A planificao das unidades didcticas para as aulas de estgio seguiram
um modelo proposto pela Faculdade de Letras do Porto (ver Anexo 3). Foram
dadas cinco unidades didcticas, contando com a unidade zero, tendo sido
utilizados fragmentos de filmes em quatro delas. Neste trabalho, para a
apresentao dos dados relativos a cada fragmento de filme, ir servir de guia
o esquema de trabalho proposto por Vizcano Rogado (2007, 95), com ligeiras
adaptaes. Deste modo, procura-se facilitar a exposio da informao
relativa utilizao dos fragmentos de filmes.
As unidades didcticas foram definidas em funo do perfil das turmas, do
programa e da planificao anual. Assim, as unidades didcticas preparadas
25
para a turma 11. HS correspondem ao nvel A2.21 e so preparadas tendo em
ateno o facto de ser uma turma de 16 alunos da rea de Lnguas e
Humanidades. Quanto turma 10. C, as unidades tiveram em ateno o facto
de serem alunos de nvel A1 2 com formao na rea de Cincias e
Tecnologias.
4. Propostas didcticas realizadas
4.1. Primeira proposta de trabalho: Unidade 0 La familia es
Nesta unidade didctica pretendeu-se reflectir sobre o conceito de
famlia. A partir da rever a nomenclatura dos membros que a compem e rever
e ampliar o vocabulrio relacionado com a descrio fsica e de carcter,
resultando daqui um pequeno texto descritivo sobre uma pessoa. Procurou-se,
ainda, que se compreendessem ideias gerais a partir de fragmentos auditivos e
pequenos textos informativos sobre o tema tratado e que permitissem a troca
de opinies sobre o mesmo. Para alm disso, pretendeu-se utilizar expresses
de entusiasmo e indiferena, e usar os pronomes e determinantes possessivos.
Tambm se quis que os alunos redigissem uma cena semelhante proposta
pelo fragmento do filme. Para atingir os objectivos propostos, utilizou-se um
fragmento do filme Familia de Fernando Len Aranoa, produzido em 1999, em
Espanha.
O fragmento tem a durao de quatro minutos e trinta e oito segundos.
Apresenta uma famlia reunida durante o pequeno-almoo, espera de
Santiago, o pai. Este festeja o seu aniversrio e a famlia quer surpreend-lo
com uma prenda. Os destinatrios desta unidade didctica so alunos do 11.
ano que, no final do ano lectivo, tero um nvel de desempenho da lngua
correspondente a um A2.2.
Pretende-se que os alunos adquiram e desenvolvam os seguintes
contedos e habilidades comunicativas:
1 Nveis de desempenho do Quadro Europeu Comum de Referncia, propostos pelo Programa de Ensino Secundrio de Espanhol/ Iniciao - 11 ano (especfica). 2 Nveis de desempenho do Quadro Europeu Comum de Referncia, propostos pelo Programa de Ensino Secundrio de Espanhol/ Iniciao 10 ano (geral).
26
1. Contedos comunicativos d opinio; fala sobre a famlia; descreve
fsica e psicologicamente as pessoas; d e pede informaes sobre o tema
tratado; manifesta entusiasmo e indiferena.
2. Contedos lxicos vocabulrio relacionado com a famlia e a
descrio fsica e psicolgica de pessoas; expresses que manifestem
entusiasmo e indiferena.
3. Contedos gramaticais pronomes e determinantes possessivos.
4. Habilidades comunicativas expresso oral, expresso escrita,
compreenso oral e compreenso escrita, conjuntamente com a interaco.
5. Desenvolvimento da actividade em duas aulas de 90 minutos cada:
5.1. Primeira aula
Actividades de pr-visualizao e visualizao do fragmento do filme:
organiza-se uma chuva de ideias com os alunos sobre o conceito de famlia, se
pretendem construir uma famlia no futuro e quem faz parte da sua famlia.
Depois, vem o fragmento do filme, uma vez, e pede-se que prestem ateno
relao familiar que existe entre as personagens. A seguir, vem novamente o
fragmento e -lhes pedido que prestem ateno ao aspecto fsico e ao carcter
das personagens.
Actividades de ps-visualizao: aps a primeira visualizao, os alunos
constroem a rvore genealgica da famlia apresentada no fragmento do filme.
Em seguida, fazem uma nova visualizao do fragmento do filme e resolvem
uma ficha (Anexo 4) com um exerccio de seleco do vocabulrio. Neste tm
de escolher o vocbulo que melhor se adequa caracterizao psicolgica de
algumas personagens e, depois, tm um exerccio de escrita relativo
descrio fsica de uma das personagens do fragmento. Antes da realizao
deste ltimo exerccio, convm rever com os alunos oralmente as regras
bsicas do texto descritivo. Os alunos apresentam os seus textos turma e
acrescentam-se pormenores. Aps esta actividade, em grupo expem a sua
opinio sobre a seguinte questo: consideras esta famlia representativa da
maioria das famlias? A partir desta troca de opinies, distribui-se uma ficha
com vrios textos sobre os tipos de famlia (Anexo 5). Cada par de alunos fica
com um texto, lem-no e preenchem o item da ficha de trabalho (Anexo 6)
27
relacionado com o seu texto. Aps o que cada par de alunos apresentar
oralmente as informaes relativas ao seu texto, permitindo a troca de
informaes entre os grupos, com a finalidade de preencherem a totalidade da
ficha de trabalho. A seguir, debatem os novos tipos de famlia. E para finalizar
falam da classe de palavras que ajuda a estabelecer as relaes de
parentesco, ou seja, dos determinantes e pronomes possessivos. Revem este
aspecto gramatical com uma ficha de trabalho (Anexo 7).
5.2. Segunda aula
Actividades de pr-visualizao e visualizao do fragmento do filme:
rev-se com os alunos os contedos dados na aula anterior e relacionam-se
com o fragmento do filme que se viu. A partir desta referncia ao fragmento do
filme, fala-se das expresses de entusiasmo e indiferena que se utilizam em
situaes informais como a apresentada. Entrega-se uma ficha informativa com
vrias expresses de entusiasmo/indiferena (Anexo 8) e discute-se com os
alunos as situaes em que estas se podero utilizar. Depois, d-se aos alunos
a transcrio do fragmento do filme que viram na aula anterior (Anexo 9),
qual se retiraram algumas expresses de entusiasmo e indiferena. Os alunos
devem preencher os espaos em branco com as expresses dadas na ficha
informativa, procurando manter o sentido dos dilogos.
Actividades de ps-visualizao: Aps o preenchimento da ficha, vem
novamente o fragmento do filme e comprovam se as expresses usadas so
as mesmas. Depois, confrontam a sua escolha de expresses com as usadas
no fragmento do filme. Posteriormente pede-se aos alunos que, seguindo o
modelo de escrita da ficha de transcrio do fragmento do filme, escrevam uma
pequena cena familiar. Para terminar, os alunos representam as cenas
produzidas por si.
5.3. Breves reflexes
Na realizao desta unidade didctica, os alunos estiveram bastante
atentos ao fragmento do filme e comentaram-no, relacionando-o com a sua
prpria famlia e com aquilo que so os seus arqutipos de famlia. Tambm
28
aprenderam e relembraram muito vocabulrio relacionado no s com a famlia
mas tambm com a descrio fsica e de carcter. A actividade relacionada
com os diferentes tipos de famlia levou-os a debater com entusiasmo o tema
das famlias monoparentais e das famlias do mesmo gnero. Este revelou-se
um momento muito participativo da aula. Tambm a escrita de uma cena
familiar (na segunda aula) se revelou uma actividade em que os alunos se
mostraram empenhados e motivados. Discutiram entre si as ideias e
mantiveram-se concentrados na elaborao da cena, praticando deste modo o
que tinham aprendido ao longo da unidade didctica. Aquando da
dramatizao planeada, os alunos participaram com gosto e comentaram as
apresentaes dos colegas.
4.2. Segunda proposta de trabalho: Unidade 2 Qu comemos?
Nesta unidade didctica pretendeu-se que os alunos conhecessem
alguns pratos tpicos da gastronomia espanhola, aprendessem os nomes dos
alimentos e fossem capazes de ir s compras, utilizando para tal estruturas
gramaticais bsicas. Tambm se procurou que conhecessem vocabulrio
relacionado com a confeco da comida, a sua apreciao com expresses de
valorizao e que criassem uma receita culinria, utilizando o imperativo
afirmativo. Para alm disso, procurou-se que os alunos conhecessem um
pouco sobre Pedro Almodvar, realizador do filme donde se extraiu o
fragmento. Estes foram os objectivos definidos para a unidade didctica,
contudo, a utilizao do fragmento de um filme no se aplicou a todos eles.
A utilizao de um fragmento do filme Mujeres al borde de un ataque de
nervios, de Pedro Almodvar, realizado em 1988, em Espanha, teve como
intuito introduzir o lxico dos alimentos. A visualizao deste fragmento
permitiu aos alunos contactar com a lngua espanhola, recolher informao
bsica sobre o tema a tratar e ao mesmo tempo reforar a confiana nos seus
conhecimentos prvios e capacidade de deduo. O fragmento tem a durao
de 39 segundos e apresenta vrias pessoas reunidas uma sala, algumas delas
a dormir. Um dos homens, desconfiado por ver que todos adormeciam,
questiona a mulher sobre como foi feito o Gazpacho. Ento, a mulher enuncia a
receita do Gazpacho. Os destinatrios desta unidade didctica so alunos do
29
10 ano que, no final do ano lectivo, tero um nvel de desempenho da lngua
correspondente a um A1, por esse motivo o fragmento to breve e to
simples. Pretende-se com a visualizao deste excerto que os alunos adquiram
e desenvolvam os seguintes contedos e habilidades comunicativas:
1. Contedos comunicativos: d opinio; d e pede informaes;
2. Contedos lxicos: vocabulrio relacionado com os alimentos;
3. Contedos culturais: nomes de pratos tpicos espanhis; conhecer um
realizador espanhol com perfil internacional;
4. Habilidades comunicativas: expresso oral; expresso escrita;
compreenso oral e compreenso escrita;
5. Desenvolvimento da actividade 30 minutos no incio da primeira
aula:
5.1. Primeira aula
Actividades de pr-visualizao e visualizao: organiza-se uma chuva
de ideias com os alunos sobre a gastronomia espanhola e os alimentos mais
utilizados. Questionam-se os alunos se conhecem algum filme sobre comida.
Aps as suas respostas, fala-se um pouco do realizador de cinema Pedro
Almodvar e do filme Mujeres al borde de un ataque de nervios3. Depois, os
alunos vem o fragmento do filme, duas vezes, e pede-se que prestem ateno
aos alimentos enumerados pela mulher.
Actividades de ps-visualizao: aps a primeira visualizao, os alunos
identificam o nome da receita e entrega-se a ficha de trabalho sobre os
alimentos (Anexo 10). Estes vem novamente o fragmento e, no exerccio dois,
seleccionam os alimentos usados na receita ouvida. A seguir, tentam relacionar
os nomes dos alimentos com as imagens apresentadas. No final, apresentam-
se os resultados de cada par de alunos e faz-se a correspondncia correcta.
5.2. Breves reflexes
Durante a breve exibio de um fragmento do filme Mujeres al borde de
un ataque de nervios, de Pedro Almodvar, os alunos estiveram silenciosos e
3 A informao transmitida oralmente aos alunos foi retirada do site: http://www.clubcultura.com/clubcine/clubcineastas/almodovar/esp/home.htm
30
atentos. Preencheram sem dificuldades o exerccio relacionado com a recolha
de informao do fragmento do filme, facto que lhes deu confiana, dado que,
verificaram que compreendiam o que se passava no filme. Para alm disso,
permitiu-lhes falar sobre cinema, um tema de que gostam, e conhecer um
pouco mais o cinema espanhol e um dos seus realizadores mais importantes.
No geral, os alunos gostaram da forma como aprenderam o vocabulrio dos
alimentos, dado que se empenharam na realizao do exerccio e motivaram-
se, tentando terminar primeiro que os outros pares.
4.3. Terceira proposta de trabalho: Unidade 3 Qu le passa a la
Tierra?
Nesta unidade didctica o tema tratado foi o meio ambiente e os
objectivos traados pretendiam que os alunos reflectissem sobre as alteraes
climticas as suas causas e consequncias. Para isso procurou-se que os
alunos relembrassem e aprendessem vocabulrio relacionado com fenmenos
meteorolgicos relativos s alteraes climticas e com o meio ambiente e a
sua preservao. Tambm se pretendia que os alunos manifestassem opinio
utilizando expresses de temor e preocupao, e soubessem fazer
prognsticos utilizando o tempo verbal futuro imperfecto. Teve-se ainda
como propsito serem capazes de retirar informao pertinente de documentos
udio, audiovisuais e escritos. Procurou-se, ainda, que fossem capazes de
compreender e comparar dois textos sobre o mesmo tema. Para alm disso,
pretendeu-se que os alunos criassem uma campanha publicitria para a
preservao do meio ambiente, baseada nos modelos dados, utilizando o
tempo verbal imperativo e tentassem persuadir a turma de que a sua
campanha era a melhor.
Neste caso, a utilizao do trailer 4 do documentrio Una verdad
incmoda, de Davis Guggenheim, realizado em 2006, com a narrao de Al
Gore, teve como propsito introduzir o tema proposto para a unidade didctica.
4 Sobre a utilizao do trailer no ensino da Lngua estrangeira consultar o trabalho de Elena Otero
Reinoso, Aplicaciones didcticas del triler cinematogrfico en la enseanza de ele. Vigo: Universidade
de Vigo, 2010.
31
O trailer tem a durao de um minuto e quarenta e oito segundos e apresenta
um breve resumo do documentrio. Este aborda o tema do aquecimento global,
as suas causas, as consequncias que se fazem sentir actualmente e as
consequncias futuras, caso no sejam tomadas medidas para o combater.
Este trailer est dobrado em espanhol, permitindo assim que se abordasse a
prtica espanhola de dobrar os filmes e assim levar os alunos a compreender a
importncia da dobragem em Espanha. A visualizao deste trailer permitiu aos
alunos contactar com a lngua espanhola, adquirir vocabulrio especfico sobre
as alteraes climticas e recolher informao sobre esse tema. Ao mesmo
tempo pretendeu-se reforar a confiana dos alunos nos seus conhecimentos
prvios e promover a troca de opinies sobre este assunto, utilizando
expresses de temor e preocupao. Os destinatrios desta unidade didctica
so alunos do 11. ano que, no final do ano lectivo, tero um nvel de
desempenho da lngua correspondente a um A2.2. Pretende-se que com a
visualizao deste excerto os alunos adquiram e desenvolvam os seguintes
contedos e habilidades comunicativas:
1.Contedos comunicativos: d opinio; d e pede informaes;
manifesta temor e preocupao;
2. Contedos lxicos: vocabulrio relacionado com as alteraes
climticas e os fenmenos meteorolgicos; vocabulrio relacionado com o meio
ambiente e a sua preservao; expresses de temor e preocupao;
3. Contedos culturais: a importncia da dobragem em Espanha;
4. Habilidades comunicativas: expresso oral, expresso escrita,
compreenso oral e compreenso escrita;
5. Desenvolvimento da actividade 40 minutos no incio da primeira
aula:
5.1. Primeira aula
Actividades de pr-visualizao e visualizao: escreve-se no quadro a
palavra meio ambiente e a partir dela organiza-se uma chuva de ideias com os
alunos. Esta permitir a interligao com o Exerccio 1 de uma ficha de trabalho
em que se prope aos alunos que relacionem o nome dos problemas
ambientais com a sua definio (Anexo 11). A partir dos problemas ambientais
mencionados, questionam-se os alunos sobre se conhecem algum filme ou
32
documentrio dedicado a este tema e fala-se um pouco sobre a relao entre
cinema e ambiente. Seguidamente introduz-se o documentrio Una verdad
incmoda de Davis Guggenheim, perguntando aos alunos se o conhecem.
Fala-se sobre o sucesso deste documentrio e do facto de o trailer que iro ver
ser dobrado, explicando a origem de tal prtica. Depois, os alunos vem o
trailer do documentrio, duas vezes, e pede-se que estejam atentos aos
diversos fenmenos referidos e s suas consequncias.
Actividades de ps-visualizao: aps a primeira visualizao,
respondem primeira pergunta do Exerccio 2 da ficha de trabalho,
identificando a ameaa referida no trailer. Pede-se aos alunos que leiam as
restantes perguntas da ficha de trabalho, vem novamente o trailer e
respondem s perguntas da ficha oralmente. Depois faz-se uma breve reviso
das expresses de temor e preocupao, relembrando os tempos verbais com
que se usam. Por fim, questionam-se os alunos acerca dos sentimentos que o
trailer lhes provocou e nas suas respostas estes utilizaro obrigatoriamente
algumas das expresses relembradas anteriormente.
5.2. Breves reflexes
A actividade de motivao foi bem conseguida, visto que recordaram
bastante vocabulrio sobre o tema e questionaram a professora sobre outro
vocabulrio que no conheciam em lngua espanhola. Esta actividade serviu
como preparao para o exerccio de vocabulrio, em que os alunos estiveram
bastante empenhados. Estas duas actividades serviram de preparao para o
visionamento do trailer do documentrio Una Verdad Incmoda. Os alunos
mostraram-se participativos e interessados na explorao deste trailer. A partir
da sua visualizao, discutiram diferentes problemas relacionados com o meio
ambiente e a actualidade (sismo no Japo e a energia nuclear), promovendo
assim o desenvolvimento do esprito crtico. Esta visualizao tambm permitiu
que se abordasse um aspecto da cultura espanhola ao referir a importncia da
dobragem e as suas origens histricas (ligadas I Repblica e ao fascismo,
relacionadas com questes de unidade nacional). Estas referncias lngua
espanhola so sempre bem recebidas pelos alunos que sentem grande
33
curiosidade relativamente aos aspectos culturais e do quotidiano do pas cuja
lngua estudam.
4.4. Quarta proposta de trabalho: Unidade 4 Vaya con el alquiler!
Nesta unidade didctica pretendeu-se reflectir sobre o tema da
habitao. Para isso, reviu-se vocabulrio relacionado com as dificuldades
vividas actualmente para pagar a prestao da casa e para comprar ou alugar
uma casa em Espanha, recorrendo para isso ajuda de uma notcia e de uma
cano. Procurou-se, ainda, que se compreendessem ideias gerais a partir de
fragmentos/texto auditivos e pequenos textos informativos sobre o tema tratado
e que permitissem a recolha de informao e a troca de opinies sobre o
mesmo. Tambm se aprendeu e reviu vocabulrio relacionado com o aluguer
de casas, atravs da anlise de anncios. Subjacente a esta anlise de
anncios estava a criao de um anncio de aluguer de uma casa com as
caractersticas ideais. Procurou-se ainda que os alunos manifestassem
preferncias e conseguissem persuadir o seu interlocutor. Para alm disso,
relembrou-se o tempo verbal pretrito imperfecto de subjuntivo e as
conjunes concessivas. Por fim, pretendeu-se que simulassem o aluguer de
uma casa numa agncia imobiliria.
A utilizao, na segunda aula, de um fragmento do filme La comunidad,
de lex de la Iglesia, realizado em 2000, em Espanha, teve como propsito
desenvolver o tpico do aluguer de casas. A visualizao deste fragmento
possibilitou aos alunos analisar o vocabulrio e expresses usadas no aluguer
de casas compreender informao e recolhe-la para objectivos especficos.
Tambm se pretendeu que escrevessem textos segundo um modelo e que
interactuassem tendo em conta um fim especfico. Para alm disso, o
fragmento permitiu aos alunos contactar com a lngua espanhola e reforou a
confiana dos alunos nos seus conhecimentos.
O fragmento tem a durao de cinco minutos e apresenta uma agente
imobiliria que vai mostrar um apartamento a um casal. O prdio est em ms
condies, contudo o apartamento reserva-lhes uma surpresa agradvel. No
entanto, no final do fragmento, o casal sai a correr da casa. Os destinatrios
desta unidade didctica so alunos do 11. ano que, no final do ano lectivo,
34
tero um nvel de desempenho da lngua correspondente a um A2.2. Pretende-
se que com a visualizao deste excerto os alunos adquiram e desenvolvam os
seguintes contedos e habilidades comunicativas:
1. Contedos comunicativos: d opinio; d e pede informaes;
manifesta preferncias; exprime objeco e necessidade; procura persuadir e
convencer;
2. Contedos lxicos: vocabulrio relacionado com a casa e o aluguer de
casas; expresses de manifestao de preferncias; expresses de opinio;
formas de persuadir e convencer; vocabulrio relacionado com a linguagem
publicitria; expresses de necessidade e preferncia;
3. Contedos gramaticais: verbos no pretrito imperfecto de
subjuntivo; conjunes concessivas e o seu uso com indicativo ou
subjuntivo;
4. Contedos culturais: o problema do aluguer de casas em Espanha;
conhecer um realizador espanhol com perfil internacional;
5. Habilidades comunicativas: expresso oral; expresso escrita;
compreenso oral e compreenso escrita;
6. Desenvolvimento da actividade 40 minutos no final da primeira aula
e uma aula de 90 minutos:
6.1. Primeira aula
Actividades de pr-visualizao: entregam-se vrios anncios de aluguer
de casas retirados da agncia imobiliria En alquiler (Anexo 12) e esclarecem-
se as dvidas relativas ao vocabulrio utilizado. Exploram-se os anncios com
o preenchimento de uma ficha especfica para o efeito (Anexo 13). Essa ficha
permitir, ainda, que os alunos elejam a casa de que mais gostaram e
indiquem as caractersticas da sua casa ideal, utilizando as expresses de
manifestao de preferncia com o pretrito imperfecto de subjuntivo.
Revem o uso e morfologia deste tempo verbal. Por ltimo, escrevem um
anncio tendo como modelo os anncios apresentados, seguindo uma grelha
de correco de escrita de anncios e apresentam-nos turma.
35
6.2. Segunda aula
Actividades de pr-visualizao e visualizao: rev-se com os alunos
os contedos dados na aula anterior. Pergunta-se aos alunos se conhecem o
realizador espanhol lex de la Iglesia e falam um pouco sobre ele e os seus
filmes. Informam-se os alunos que iro ver um fragmento do filme La
comunidad que apresenta uma agente imobiliria a trabalhar. Pede-se que
estejam atentos linguagem e aos argumentos utilizados pela agente
imobiliria durante a visita ao apartamento. Vem o fragmento do filme duas
vezes.
Actividades de ps-visualizao: aps a primeira visualizao, entrega-
se uma ficha de trabalho (Anexo 14) e os alunos respondem s perguntas um e
dois, onde enumeram as vantagens e desvantagens apresentadas pela agente
imobiliria e analisam a sua linguagem valorativa. Em seguida, faz-se uma
reviso das conjunes concessivas e da sua utilizao segundo o modo
verbal. Para isso, pede-se aos alunos que escrevam e apresentem argumentos
que podiam ser usados por um agente imobilirio que procura convencer um
casal a alugar uma casa com alguns inconvenientes. Depois desta actividade,
questiona os alunos sobre o tipo de perguntas que se podero fazer durante
uma visita a uma agncia imobiliria. As perguntas so escritas no quadro e no
caderno dirio. Por ltimo, prope-se aos alunos um Juego de roles (um jogo
de papis) cujo objectivo alugar uma casa. Para isso, o professor divide a
turma em dois grupos: os agentes imobilirios e os clientes. E distribui vrios
cartes consoante aquilo que iro representar: os agentes imobilirios recebem
cartes com vrias casas e os clientes recebem cartes com as indicaes das
personagens que iro representar. Os clientes decidem as caractersticas da
casa que procuram e depois vo s agncias imobilirias, enquanto os agentes
imobilirios escrevem as caractersticas das casas que lhes foram entregues e
o valor do aluguer. Provavelmente, os desejos dos clientes e as casas
disponveis nas agncias imobilirias no so totalmente compatveis, por isso
tm de negociar uns com os outros. No final, os clientes tm de apresentar a
sua casa e explicar a sua escolha e os agentes imobilirios tm de dizer quais
foram os clientes mais simpticos e os mais difceis de convencer.
36
6.3. Breves reflexes
A opo de trabalhar anncios de uma agncia imobiliria real foi
interessante, pois deu aos alunos uma perspectiva actual da situao em
Espanha e levou-os a tecer alguns comentrios espontneos sobre o que
estavam a analisar, desenvolvendo assim o seu esprito crtico. Os alunos
preencheram o quadro apresentado na ficha de trabalho e participaram com
entusiasmo na escolha da casa e na apresentao da sua casa ideal. A escrita
do anncio revelou-se um momento de reflexo sobre o vocabulrio aprendido
e as regras de escrita de um texto deste tipo.
A actividade relacionada com o fragmento do filme motivou e interessou
os alunos que participaram com empenho nas actividades de explorao do
mesmo, levando a vrios comentrios espontneos sobre o que estavam a ver.
O contedo gramatical, decorrente do visionamento do fragmento do filme
(oraes concessivas), foi bem aprendido pelos alunos, pois aplicaram-no bem
na expresso oral. Estas duas actividades permitiram reflexes e comentrios
por parte dos alunos e a introduo de contedos actuais do quotidiano dos
nativos da lngua, assim como a comparao entre as duas culturas e
promoveram a vertente de formao cvica. Por ltimo, os alunos prepararam
com empenho o juego de roles e o resultado final foi a prova disso: apesar
de estarem a falar em pequenos grupos, os alunos falavam entre si em
espanhol, que era o objectivo da actividade mas que nem sempre se atinge
com sucesso. A reflexo oral da actividade foi igualmente importante, pois
permitiu que os alunos reflectissem sobre a sua prestao e favoreceu a
aplicao do vocabulrio trabalhado ao longo da unidade didctica. Creio que o
facto de elaborar os cartes de apoio ao juego de roles foi muito importante
porque orientou os alunos e facilitou o seu trabalho de preparao das
actividades.
5. Inqurito aos alunos
Este trabalho pretende apresentar o cinema como mais uma ferramenta
de trabalho a ser utilizada pelos professores dentro da sala de aula. Mas a
viso apresentada a de professores: os seus estudos e as suas experincias,
37
por esse motivo considerou-se interessante apresentar a perspectiva dos
alunos sobre a utilizao desta ferramenta didctica. Para isso, elaborou-se um
inqurito (Anexo 15), o qual se distribuiu pelas turmas de regncia,
respectivamente o 10. C e o 11. HS os resultados do inqurito so
apresentados sem distino do ano de escolaridade.
Ao inqurito responderam 40 alunos, sendo 15 alunos do 11 HS e 25
alunos do 10 C. A idade dos alunos varia entre os 16 e os 19 anos de idade,
sendo 28 dos inquiridos do sexo feminino e 12 do sexo masculino.
Relativamente anlise das respostas ao inqurito, destaca-se o facto de na
pergunta nmero quatro todos terem respondido que tinham gostado da
utilizao do cinema na sala de aula. Ligada a esta questo, os alunos
indicaram quais os aspectos positivos: 80 por cento considerou que se tornava
mais interessante e, consequentemente, tinham maior motivao; 75 por cento
considerou que ajudava a desenvolver a compreenso auditiva e a desenvolver
a expresso oral; 65 por cento considerou que facilitava a apreenso dos
contedos aprendidos; 57 por cento considerou que permitia conhecer a cultura
da lngua estudada e 37 por cento considerou que ajuda a conhecer aspectos
especficos relacionados com a linguagem no-verbal. Na questo nmero
cinco, relacionada com as formas de visualizao dos filmes, apenas 2,5 por
cento alunos referiu que o professor devia apenas apresentar fragmentos de
filmes, enquanto 22,5 por cento consideraram que o professor deveria
apresentar os filmes na sua totalidade e 75 por cento considerou que as duas
opes anteriores eram correctas dependendo da sua utilizao.
Relativamente s actividades que gostavam de realizar relacionadas
com o cinema, os alunos referiram que o preenchimento de espaos e a
simulao de cenas so as actividades de que mais gostam, seguida da
criao de guies a partir de filmes. Quanto aos filmes a serem apresentados,
52,5 por cento defendeu que devem ser de realizadores de lngua hispnica e
47,5 por cento considerou que devem ser de realizadores de lngua hispnica e
de outras lnguas. Ainda sobre os filmes apresentados, a maioria (67,5 por
cento) opinou que os filmes devem ser sempre legendados em espanhol; 20
por cento considerou que se devem utilizar legendas no nvel inicial e
intermdio; por fim, 12,5 por cento entendeu que os filmes devem ser
legendados em espanhol, apenas, no nvel inicial. No que concerne pergunta
38
nove, alusiva ligao entre a utilizao do cinema na sala de aula e o
desenvolvimento do gosto pelo cinema de lngua hispnica, a maioria (92,5 por
cento) dos alunos respondeu afirmativamente. Nas perguntas referentes a
conhecimentos sobre filmes, actores, actrizes, realizadores, festivais de cinema
e os seus prmios, os alunos apenas mostraram algum desconhecimento
relativamente aos festivais de cinema realizados em Espanha e ao prmio mais
importante atribudo a um filme nesse pas (os Goya).
39
Concluso
O professor espanhol Santos Asensi, em 2007, defendeu a ideia de que o
cinema uma ferramenta didctica de primeira ordem, que est unido
intrinsecamente o factor motivao. Esta aliana permite, segundo Santos Asensi
(2007, 4), que o cinema se mantenha fiel mxima ensinar deleitando. A
generalidade dos estudos analisados coincide nesta ideia. E o mesmo aconteceu
durante a experincia apresentada neste trabalho e com as respostas dadas pelos
alunos ao inqurito realizado. Mas com isto no queremos afirmar que o cinema
seja a ferramenta didctica por excelncia. sim mais uma ferramenta disponvel
para o professor utilizar na sala de aula, apresentando obviamente uma srie de
inconvenientes e dificuldades, como qualquer outro material didctico.
Porm, o cinema no deve ser encarado como apenas mais uma ferramenta
pedaggica, uma vez que a sua utilizao na sala de aula permite integrar os
elementos culturais e pragmticos, ao mesmo tempo que se adquirem
conhecimentos lingusticos e de prtica da lngua. O cinema permite ainda a
observao, por parte dos alunos, da interaco entre falantes nativos em situaes
de comunicao real. Por tudo isto, ao mesmo tempo que motiva, o cinema oferece
oportunidades aos alunos de contactarem com situaes reais de lngua,
transmitidas em determinados contextos culturais e pragmticos.
As experincias apresentadas neste trabalho coincidem com estas ideias,
defendidas tambm nos vrios estudos que tm sido publicados sobre a relao do
cinema e a educao ao longo das ltimas duas dcadas. Esta produo cientfica
neste campo denota que o cinema deixou de ser encarado como uma mera forma
de entretenimento, passando a ser olhado como um material no didctico passvel
de ser transformado num material didctico, aliando a isso o factor motivao. Resta
saber se o cinema ir acabar por ter o devido reconhecimento enquanto material
didctico, uma vez que em certos crculos, mais conservadores, continua a ser
olhado com algumas reticncias, impedindo que se explore profundamente todas as
suas potencialidades e que se sistematizem actividades que possam servir de base
para uma eficaz utilizao didctica do cinema.
40
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42
Anexos
ndice de anexos
Anexo 1 Questionrio para determinar o grau de dificuldade de um filme 43
Anexo 2 Ficha com as actividades propostas por Santos Asensi 46
Anexo 3 Modelo de Planificao de unidade didctica 52
Anexo 4 Ficha 1 Caracterizao fsica e psicolgica 54
Anexo 5 Textos sobre os tipos de famlias 57
Anexo 6 Ficha 2 Informao disponvel nos textos sobre os tipos de famlia 61
Anexo 7 Ficha 3 Pronomes e determinantes possessivos 62
Anexo 8 Ficha 4 Expresses de entusiasmo e indiferena 63
Anexo 9 Ficha 5 Transcrio da cena apresentada no fragmento do filme
Familia, de Fernando Len de Aranoa 64
Anexo 10 Ficha 1 Os alimentos 68
Anexo 11 Ficha 1 Problemas ambientais 71
Anexo 12 Anncios publicitrios 74
Anexo 13 Ficha 2 Grelha de preenchimento anncios 79
Anexo 14 Ficha 3 Anlise filme 83
Anexo 15 Inqurito 85
Anexo 1
LARGOUETIWES EN 0. AIA.A DE Elf. l\lGlJ1lOS CRrmooR DE SElCClON YEllPlOTl\CION
para UIlOS apm1dieDtes elltnmjcros' . Dado que be inlentado construir un instnJmenlO vAlida para contelltos de aclUlId6n di~ be evitado estabIec:er aqul un buemo que refiera una canlid8ddetarnin8dade dell a WI nivel de interlengua preciso; un profesor que quiera aplicar el cuestionario deberf n:aJizar las divisiones correspondientes en reJac:idn coo los niveles que pretenda medir. Es evidente que tualquier filme tiene cierto grado de dificultad inherente, y par eso 0010 materiales susceptibles de ser calificados con s(es en una gran mayoria de aspectos son. en principio. aptos para los niveles inic:iaJes. Aun asl. \a aparici6n de abundantes ~s no implica auIOn*kamente que un material no debe ser utilizado en una situao:idn dada: una vez m4s. todo depende de 10 que se haga con eJ. En cuaJquier caso. la dctecci6n de las dilicultades par adelantado serf 10 que pennira aI profesor plantear un Ir8bajo n:aJisla Yeficaz.
Mi idea a! confecciooar esre cuestionario es que pueda aplicarse tanlD a sec:uencias como a pelfculas complew, en vellii6n original y en tualquier formato (no solamenle vIdeo). En teorfa no es imposible pensaren un hrrgometraje completo que cumpla las condiciones necesarias para ser explolado con CJIUdiantes de niveles bajos; en la pnIctica, sin embargo. y aunque con a1guna excepcioo. 5610 secuencias breves. pequeilos coflDmetrajes 0 anuncios publicitarios se ajustan a tales condiciones. Comparto p1enamenre la opiniOn de Bllddock (1996). segun la coal en los niveles bajos se Ir8bajart casi siempre con secuencias 0 filmes de pocos minutos. cuya duracioo y dificultad podrt ir aumentando segun mejoren las comperencias de los estudiantes yen funcioo de los objclivos petseguidos en los distintos niveles y comcxtos.
Parece obvio que. para calificar con cierta ell8Ctitud una pelleula, 10 mejor es verla completa a! menus una vez. Pese a Iodo. a veces el profesor puede ven;e obligado a juzgar la difocultad de un materia! a partir de un fragrnento b",ve. Dado que. fre
JOSl __ POHS
- Si hay alguDll elipsis y/o allerllCi6n eronol6gica importanle, i.eI f*=ilmente compRDSible para el espectador?
- Si se II'MII de un fibne completo. "Ie encaderum las secuencias de forma 16gica y wlw:iUJhl? Si Ie IlIII.a de una secuencia, "se encadenan sus partes (aceionca, temas de conversaci6n...) de forma I6gica yeoherente?
- i.Es la hisroria (0 silUaci6n) que se presenla accesible a personas sin eonocimientos especializados?
- i.Conup:"1a biaoria que Ie cuenla (0 Ia ailuaci60 que se describe) a alp ii1ocldoque elllpUldienle pucda ,ean CU' (porejemplo, par haber viSlD olnI pelknlas paecidas. haber Ieido 0 eacncIwIo n:1aIlls. c:ec.)?
- i.Podrian tener lugar en el entorno sociocullunll del aprendienle silUaciones IeIDejantes a las descrilas en el filmcl (0 en la secuencia)?
3.3.2. Penonoje$.
- i,Est8n deacritos los personajes de manel1l clara? - i.Son COIII(lIUYibles los perIIOIIajes para un espectadorde ob'II eu'lUr&,
sin conocialicntos espec:iales del mundo hilpano? - i.Son cobemltel el comportamienlo y Ia acauaci6n de eada personaje
con la infOl1DllCi6n que el espectadortiene raloll distinlos momenlos?
3.3.3. 1ipo($) IMlengua utiJiltlllo($).
- i.Predominan en eI filme (0 en la secuencia) las eonversaciones entre pocos penonajes (no mAs de dos 0 IJeS a la va)?
- Normalmente. en las eonversaciones. i.habla sOlo un personaje a la va?
- i.T"- tOOos los personajes (mAs 0 menos) ..1mismo acenlO? - "HabIaD 101 personajes sin emplear a1guna jaga 0 dialeclO especial
que pudiera let'diffcil de enrender par habIantes narivos de llInlS proeedencias?
- i.Es clara la pronunciaci6n de los per1lOOajes aI hablar? - i,Hablan los penonajes con frases (mils 0 menos) eomplel8S y con
pocas vacilaciones? - iSe expresan los personajes sin acudir a I6Jtieo. lipos de discurso 0
conceptOl especializados (que n:quienn una infonnaci6n 0 unos conocimienkll partieulares)?
3.3.4. IntegraciOn 1M paltJbra. $onido e imagen.
- Las ilNJenes de la pelicuJa 0 secuencia. i.ayudan a entender 10 que pasa?
ne-ASELE. Aetas X (1999). JOSE AMEN6s PONS. LargomelraJes en el aula de ELE. Alguno...
-4-.. C6fItro VirltI41 C_"," 44
tAAGOMETIlAS EN EL AULA ct: ElL ALGUNOS CAlTEIlIOR [l[ Sf) ."""" y ElII'laJAaON
- Si se Ir8Ia de un filme complelo. labundan las secuencias sin (0 casi sin) paIabras? Si se Ir8Ia de U1Ia secuencia, lse construye esla sin (0 casi sin) palabras?
- lPuede el especlador hacerse una idea aproximada de 10 que pasa en la pelfcula (0 en la secuencia) sin comprender las conversaciones?
3.3.5. Sapone material.
- lTJeDe la pelfcula (0 la secuencia) subtitulos1 - i,EsU Ia banda 5OtIOra libre de ruidos 0 imerferencias que dificullen la
comprensi6n? - lPuede el espectador volver abU para vcr de nuevo una parte (0 la
totaIidad)? - i.EI aparato 0 equipo que va a usane para pasar la pelfcula tiene buena
calidad de sonido? - lLa &Cusrica de la sala es buena? - lDispone el espectador de auriculares. si quiere utilizarlos?
4. Orlenblclonel para p1l11l1f1c:a' .....
Una va seleccionados los materiales de trabajo. tendremos que decidir quc! aetividadcs llevaremos a cabo para conseguir nue5lro5 objetivos. En esc momenlo hay que plantearse una serie de preguntas. como:
lCu4nto liempo vamos a dedicar a Ia(s) 8Clividad(es) 0 tarea(s)? lC6mo vamos a integrarla(s) en nuestra programaci6n de aula? En nuestra situaci6n y con nuestros objetivos. les preferible trabajar
con una pelkula compJela 0 con uno 0 varios fragmenIOS?' lQue lugar va a (Xupar el visionado de la pelfcula 0 secuencia en la
sene de actividades que pensamos desarrollar? lC6mo vamos a introducir dicho visjonado?
lQul! van a hacer exaclamenle los alumnos con la peUcula 0 secuenciB(s)?
l QuI! actividadcs son necesarias 0 peninentes antes y despuc!s del visionado?
l QuI! materiales de trabajo Yde apoyo se necesitan? l Vamos a realizar a1gun ripo de evaluaci6n 0 seguimicnto? lCu6ndo y
c6mo?
S La __ em _ lI6Iodeladificelloddd.-ill. """de Ioque _ hK
"
Anexo 2
La tipologia de aetividades es muy variada y rica. No todas elias, sin embargo, son factibles en todos los contextos, con todos los alumnos ni con todos los niveles. Carla profesional debefll seleccionar el tipo de actividad que es mas inleresante desarrollar para carla situaci6n docente.
Los cortos y secuencias cinernatognificas podrim emplearse bien como piezas centrales del trab'lio y la comunicaci6n en el aula, bien como recurso complementario para presentar, practicar 0 reforzar los distintos elementos que penniten una comunicaci6n efectiva:
Q elementos lingiiisticos (gramatica, vocabulario, pronunciaci6n), textos narrativos (tiempos verbales y referencias temporales,etc); textos descriptivos y adjetivaci6n; discriminaci6n de sonidos 0 palabras; acentuaci6n y entona.:i6n, campos lexicos, etc.
o pragm3ricos: la expresi6n de la cortesia y amabilidad, la expresi6n de la oplDl(:m y preferencias, solicitud de informaci6n y servicios, ofertas de apoyo y ayuda, expresi6n de los sentimientos y aetitudes, etc.,
o socio-culturales: el lenguaje de los j6venes, el ocio de los j6venes, relaciones intergeneracionales, la transici6n democflltica, inmigraci6n, 0 cualquier otro terna de actualidad.
Si optarnos por desarrollar tareas comunicativas 0 proyectos de larga duraci6n, se hllfli necesaria primero definir claramente el "producto final", para a continuaci6n desarrollar una cuidadosa secuenciaci6n de las actividades, que seran el vehiculo para el inlercambio comunicativo (comprensi6n, expresi6n e interacci6n) en parejas 0 grupos. En la tabla I encontrareis Veanse ejemplos de actividades y tecnicas que favorecen la practica comunicativa en la tabla I.
Tabla 1. EiempJos de actividades aue patencian el intercambio comunicativo.
Es logico que, siendo una de las artes escenicas, el cine permita multiples posibilidades de dramatizacion de situaciones en el aula.
Entrevistas simuladas a actores, aetoces, directores y personajes de peliculas. Interacei6n simulada con los personajes de la pelicula. Puede ser en el plano oral