o controle gerencial e as caracterÍsticas pessoais
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CONTABILIDADE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CONTABILIDADE E FINANÇAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
DESEMPENHO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO A
LUZ DAS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR-GESTOR E DO
CONTROLE GERENCIAL
HELENA DE OLIVEIRA LEITE FEUSER
CURITIBA
2016
1
HELENA DE OLIVEIRA LEITE FEUSER
DESEMPENHO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO A
LUZ DAS CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR-GESTOR E DO
CONTROLE GERENCIAL
CURITIBA
2016
Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção
do grau de Mestre. Programa de Mestrado em
Contabilidade – Área de Concentração Contabilidade e
Finanças, do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da
Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Profa. Dra. Márcia Maria dos Santos Bortolocci
Espejo
2
Este trabalho é dedicado aos meus pais (in memoriam), Lázaro Leite e Vilma
Maria de Oliveira, especialmente à minha mãe, que nunca mediu esforços para que
eu estudasse.
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, por estar ao meu lado em todos os momentos,
sejam eles bons ou não tão bons, dando-me saúde, coragem, força e sabedoria nas
minhas decisões.
Aos meus pais (in memoriam), Lázaro Leite e Vilma Maria de Oliveira, agradeço
por todo amor, abdicação, ensinamentos, paciência e apoio.
Agradeço à professora Marcia Maria dos Santos Bortolocci Espejo, minha
orientadora, que foi o maior bem que poderia ter me acontecido no período do
mestrado, com quem aprendi muito e formei uma grande parceria. Obrigada, Marcia!
Agradeço também o carinho e apoio dessas pessoas que se tornaram meus
parceiros de vida: Edgar Longen Feuser, Pedro Costa, Ana Claudia Paschoal,
Caroline Paola de Melo, Andreia Gerond da Silva.
Á professora Silvia Pereira de Castro Casanova, pelas valiosas contribuições.
Agradeço a todos os professores do Programa de Pós-Graduação em
Contabilidade da Universidade Federal do Paraná pelos conhecimentos transmitidos.
Em especial ao professor Cicero Aparecido Bezerra, por toda atenção e orientações,
a professora Ilse Maria Beuren, pelo exemplo e ensinamentos, e ao professor Lauro
Brito de Almeida, pela atenção e carinho.
Aos meus professores que me auxiliaram ao logo da minha vida, que direta ou
indiretamente, me estimularam ao alcance de mais esta vitória. Com carinho agradeço
principalmente à Universidade Estadual do Paraná, Campus Paranavaí, e aos
professores do Colegiado de Ciências Contábeis que me apoiaram e assumiram as
minhas aulas para que eu pudesse seguir este caminho.
E por fim, agradeço a todos os meus colegas de sala por esse encontro
maravilhoso e inesquecível. Juntos dividimos alegrias, enfrentamos desafios e
principalmente contribuímos para que cada um alcançasse o seu objetivo. Em
especial: Luciano Matias Diniz, Albino João Delay, Neusa Sawczuk von Eggert, Stella
Maris Altoé, Dorival Garcia Junior, Luciane Braçarotto de Souza, Vinícius Fernandes
Inácio, Everton Galhoti Coelho, Gessica Nassif Korontai, Denize Kowalski, Franciele
do Prado Daciê e Edicreia Andrade dos Santos, que não mediu esforços para me
ajudar na fase final deste trabalho.
4
RESUMO
A literatura tem descrito que, apesar de as micro e pequenas empresas (MPEs) serem
reconhecidas como um fator fundamental para a economia de um país (Berrone et al.,
2014), muitos são os desafios enfrentados, acarretando o fechamento de uma grande
parcela dessas empresas (Mizumoto et al., 2010). O objetivo da presente pesquisa
consiste em verificar os determinantes de desempenho de MPEs relativos às
características do empreendedor-gestor (motivação para empreender, capital humano
e capital social) e o controle gerencial. Com base na amostra de 311 empresas
localizadas na região noroeste do estado do Paraná, realizou-se um estudo de cunho
epistemológico positivista e quantitativo por meio de um questionário respondido pelos
empreendedores-gestores das MPEs. Para análise dos dados, empregaram-se a
estatística descritiva e a técnica de Modelagem de Equações Estruturais. Algumas
variáveis mostraram-se estatisticamente significantes para explicar o desempenho –
dentre elas, o capital social e, principalmente, a adoção de Proxies de controle
gerencial, ou seja, parâmetros que os empreendedores-gestores utilizam para
subsidiar a tomada de decisão, adaptadas à estrutura limitada das MPEs. Os
resultados também indicaram que o capital humano, quando associado às proxies de
controle gerencial, afeta positivamente o desempenho, da mesma forma que a
motivação por necessidade, quando associada ao capital social do empreendedor-
gestor e às proxies de controle gerencial, enfatizando o impacto conjunto das
características do empreendedor-gestor (motivação para empreender, capital humano
e capital social) e do controle gerencial no desempenho das micro e pequenas
empresas.
Palavras-chave: Empreendedor. Motivação para empreender. Capital Social, Capital
Humano. Controle Gerencial. Desempenho.
5
ABSTRACT
The literature has been writing that despite the micro and small enterprises (MSEs)
are recognized as a key factor in the economy of a country (Berrone, Gertel, Giuliodori,
Bernard & Meiners, 2014), there are many challenges, resulting the closure of a large
portion of these companies (Mizumoto, Arts, Lazzarini & Hashimoto, 2010)). The aim
of this research is to verify the determinants of MSE performance for the characteristics
of the entrepreneur-manager (motivation to undertake, human capital and social
capital) and management control. It was carried out a study of quantitative and
positivist epistemological through a questionnaire answered by MSE entrepreneurs-
managers based on the sample of 311 companies located in the northwest of Paraná
state. For data analysis, it was used descriptive statistics and structural equation
modeling technique. Some variables were statistically significant to explain the
performance - among them the social capital and especially the adoption of
management control proxies, which are parameters that entrepreneurs-managers use
to support decision making, adapted to the limited structure of MSE. The results also
indicated that human capital when associated with management control proxies
positively affect performance, in the same way when the motivation for necessity is
associated to the social capital of the entrepreneur-manager and the management
control proxy, emphasizing the combined impact of entrepreneur-manager
characteristics (motivation to undertake, human capital and social capital) and
management control in the performance of micro and small businesses.
Keywords: Entrepreneur. Motivation to undertake. Social Capital, Human Capital.
Management control. Performance.
6
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - MATRIZ DE MEDIDAS DE DESEMPENHO ............................... 47
FIGURA 2 - MODELO TEÓRICO DO ESTUDO ............................................. 55
FIGURA 3 - DESENHO DA PESQUISA ......................................................... 57
FIGURA 4 - MODELO PROPOSTO COM VALORES R2 – SEM/PLS ........... 85
7
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS SEGUNDO O PORTE
.................................................................................................................................. 23
QUADRO 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS PELO PORTE ......... 23
QUADRO 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS PELO PORTE ......... 24
QUADRO 4 - CRITÉRIOS DE SUCESSO EMPRESARIAL ...................................... 48
QUADRO 5 - DETERMINANTES DE DESEMPENHO: CLÁSSICOS E MODERNOS
.................................................................................................................................. 50
QUADRO 6 - CONSTRUCTOS E VARIÁVEIS EXPLICATIVAS DAS
CARACTERÍSTICAS DO EMPREENDEDOR .................................... 59
QUADRO 7 - CARACTERIZAÇÃO OPERACIONAL DOS INDICADORES DAS
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS DO EMPREENDEDOR ........................................ 60
QUADRO 8 - CONSTRUCTOS, VARIÁVEIS EXPLICATIVAS DO CONTROLE
GERENCIAL (PROXIES) ..................................................................... 61
QUADRO 9 - CARACTERIZAÇÃO OPERACIONAL DOS INDICADORES DAS
PROXIES DE CONTROLE GERENCIAL ............................................. 62
QUADRO 10 - INDICADORES UTILIZADOS NA DETERMINAÇÃO DO
DESEMPENHO .................................................................................... 63
QUADRO 11 - COEFICIENTE ALFA DE CRONBACH DO PRÉ-TESTE .................. 66
QUADRO 12 - CONFIRMAÇÃO DAS HIPÓTESES .................................................. 93
8
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AFC Análise Fatorial Combinatória
AFE Análise Fatorial Exploratória
CG Controle Gerencial
CH Capital Humano
CS Capital Social
DES Desempenho
ED Efeito Direto
EI Efeito Indireto
ET Efeito Total
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MPEs Micro e Pequenas Empresas
MOO Motivação por Oportunidade
MON Motivação por Necessidade
PCG Proxies de Controle Gerencial
PIB Produto Interno Bruto
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
VD Variável Dependente
VI Variável Independente
9
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - VARIÁVEIS EXPLICATIVAS SIGNIFICANTES NA DETERMINAÇÃO
DA SOBREVIVÊNCIA OU DESEMPENHO DE PEQUENAS E
MÉDIAS EMPRESAS. ............................................................................ 51
TABELA 2 - IDADE DAS EMPRESAS ...................................................................... 71
TABELA 3 - EMPREGOS GERADOS NA CONSTITUIÇÃO DAS EMPRESAS ........ 72
TABELA 4 - QUADRO ATUAL DE FUNCIONÁRIOS DAS EMPRESAS ................... 72
TABELA 5 - FATURAMENTO BRUTO ANUAL DAS EMPRESAS ............................ 73
TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DO PORTE DA EMPRESA SEGUNDO IBGE E
SEBRAE ................................................................................................. 73
TABELA 7 - CLASSIFICAÇÃO DA AMOSTRA PELO PORTE DAS EMPRESAS .... 73
TABELA 8 - PERFIL DA AMOSTRA POR GÊNERO ................................................ 74
TABELA 9 - PERFIL DA AMOSTRA POR ESCOLARIDADE.................................... 75
TABELA 10 - PERFIL DA AMOSTRA POR ESTADO CIVIL ..................................... 75
TABELA 11 - PERFIL DA AMOSTRA POR IDADE ................................................... 76
TABELA 12 - MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER: OPORTUNIDADE VERSUS
NECESSIDADE ................................................................................... 76
TABELA 13 - MOTIVAÇÃO E DECISÃO DE EMPREENDER .................................. 77
TABELA 14 - PERFIL DOS EMPREENDEDORES-GESTORES EM RELAÇÃO A
MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER ................................................. 78
TABELA 15 - SÍNTESE DOS INDICADORES POR CONSTRUCTOS ..................... 80
TABELA 16 - ANÁLISE FATORIAL DE TODOS OS CONSTRUCTOS .................... 82
TABELA 17 - CONFIABILIDADE COMPOSTA DOS CONSTRUCTOS .................... 83
TABELA 18 - VALIDADE DISCRIMINANTE DO MODELO ....................................... 84
TABELA 19 - CONFIRMAÇÃO DE MEDIAÇÕES E HIPÓTESES ............................ 86
TABELA 20 - HIPÓTESES COM MEDIAÇÃO – NECESSIDADE ............................. 87
TABELA 21 - HIPÓTESES COM EFEITO DIRETO .................................................. 89
TABELA 22 - RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS DO ESTUDO ........... 91
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 12
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ...................................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 15
1.2.1.Objetivo Geral ........................................................................................................................... 15
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................... 15
1.4 DELIMITAÇÃO DOS ESTUDO .................................................................................................. 16
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ........................................................................................... 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................ 19
2.1 O EMPREENDEDOR .................................................................................................................. 19
2.1.1 Empreendedor-gestor de Micro e Pequenas Empresas .................................................... 22
2.1.2 Características do Empreendedor-Gestor de Micro e Pequenas Empresas .................. 26
2.1.2.1 Motivação para empreender ................................................................................................ 28
2.1.2.2 Capital Humano do Empreendedor-gestor ....................................................................... 29
2.1.2.3 Capital Social do Empreendedor-gestor ............................................................................ 30
2.2 CONTROLE GERENCIAL NA TOMADA DE DECISÃO DAS MPEs .................................. 32
2.2.1 Necessidades Informacionais e Proxies de Controle Gerencial para a tomada de
decisão em MPEs ............................................................................................................................... 35
2.2.1.1 Plano de Negócios/Planejamento ...................................................................................... 37
2.2.1.2 Fatores Mercadológicos (Marketing) .................................................................................. 39
2.2.1.3 Controle de Pessoal.............................................................................................................. 41
2.2.1.4 Registros e Controles Financeiros ..................................................................................... 42
2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................................................................. 44
2.3.1 Medidas de Desempenho para Micro e Pequenas Empresas .......................................... 45
2.3.2 Determinantes de desempenho de Micro e Pequenas Empresas ................................... 49
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................... 53
11
3.1 CARÁTER METODOLÓGICO ................................................................................................... 53
3.1.1 Modelo teórico proposto para análise de equações estruturais ....................................... 53
3.1.2 Hipóteses da pesquisa ............................................................................................................ 54
3.1.3 Desenho da pesquisa .............................................................................................................. 57
3.1.4 Constructos e Variáveis explicativas ..................................................................................... 58
3.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PESQUISA .............................................................. 63
3.4 CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES ....................................................................... 66
3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS ................................................................................. 67
3.5.1 Tratamento estatístico ............................................................................................................. 67
4 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS .................................................................................... 70
4.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA ..................................................................................................... 70
4.1.1 Descrição das Empresas ........................................................................................................ 70
4.1.2 Descrição dos empreendedores-gestores ............................................................................. 74
4.2 PREPARAÇÃO DOS DADOS ................................................................................................... 79
4.3 AVALIAÇÃO DO MODELO ........................................................................................................ 83
4.3.1 Avaliação das hipóteses .......................................................................................................... 86
4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................................................................... 94
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 98
5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................................................ 98
5.2 LIMITAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS PARA FUTURAS PESQUISAS ........................ 101
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 102
APÊNDICE ........................................................................................................................................ 116
12
1 INTRODUÇÃO
Sob o prisma da Teoria Econômica, Schumpeter (1911, 1934) afirma que novas
empresas geram novos empregos, promovem oportunidades de ascensão social e
flexibilidade econômica, estimulando a competição, a eficiência e a inovação. No
contexto brasileiro, as micro e pequenas empresas (MPEs) representam 99% dos
estabelecimentos, 52% dos empregos, contribuindo em 27% do Produto Interno Bruto
(PIB) nacional (SEBRAE, 2014).
Essa representatividade também é significativa em outras nações. Na União
Europeia, especificamente Zona do Euro, que é formada por 27 países, as médias e
pequenas empresas correspondem a 99,8% do total de empresas, representando
66,9% da mão de obra empregada e 58,4% do PIB (RELATÓRIO ANUAL DAS PMES
NA UNIÃO EUROPEIA, 2012).
Na América Latina, em termos de participação no PIB, alguns países
apresentam índices ainda mais significativos se comparados com o Brasil (27%), a
exemplo da Argentina (60%), Colômbia (35%) e Uruguai (30%) (Sebrae, 2010).
Entretanto, o desempenho de micro e pequenas empresas associado à sua
sobrevivência ainda é um grande desafio, merecendo ser objeto de estudos.
Ao mesmo tempo que as MPEs representam um papel significativo no cenário
econômico de muitos países, ainda é grande o número dessas empresas que fecham
as suas portas logo nos primeiros anos de existência. Para o Thornhill e Amit (2003),
as principais causas do fechamento de empresas canadenses foram associadas à
falta de conhecimento de gestão e de competências em finanças. Concomitante a este
resultado, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo
(SEBRAE/SP, 2008), em uma pesquisa realizadas com micro e pequenas empresas
no estado, observaram que problemas de planejamento e gestão representam 20%
dos motivos que levam ao fechamento dos negócios.
Nesse sentido, Meralizadeh e Sajady (2006) procuraram identificar os fatores
de sucesso e fracasso de empresários de MPEs, localizadas na Província de Ahvaz
(Irã), apontando o planejamento, a organização, a busca de informações financeiras
e as boas relações como fatores responsáveis pelo bom desempenho desses
13
empreendimentos. Para Mizumoto et. al. (2010), a adoção de um controle gerencial
foi indispensável à sobrevivência das pequenas empresas situadas no Estado de São
Paulo.
A adoção de um controle gerencial voltado às necessidades de cada empresa
pode ser uma alternativa na busca contínua de informações, ajudando o
empreendedor a identificar oportunidades e a antecipar riscos e ameaças (LANG,
CALANTONE E GUDMONDSON,1997).
A presente dissertação pretende verificar impacto das características do
empreendedor-gestor (motivação para empreender, capital humano e capital social) e
do controle gerencial sobre o desempenho de MPEs, por meio de um questionário
estruturado que foi remetido aos empreendedores-gestores dessas empresas.
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Embora a importância das micro e pequenas empresas seja reconhecida como
um fator fundamental para o crescimento econômico de um país, muitas são as
dificuldades enfrentadas por esse segmento (BERRONE, 2014). Os desafios vão
desde a falta de informações sobre as especificidades do seu setor, passando pela
escassez de recursos financeiros e de políticas de incentivos, até inexperiência ao
lidar com clientes e aspectos técnicos de produtos e serviços (MIZUMOTO et al.,
2010).
As MPEs possuem características próprias que proporcionam um tipo de
gestão específica que as diferenciam das empresas de grande porte. Uma dessas
características é o papel do dirigente – suas aspirações, motivações e objetivos
pessoais (LEONE, 1999) – , tornando-se difícil separar uma pequena empresa como
entidade das características do empreendedor que contribuíram para sua criação e
desenvolvimento (BERRONE et al., 2014). Dessa forma, a superação das dificuldades
e o desempenho da empresa podem estar tanto nas características do empreendedor
(motivação para empreender, capital humano e capital social), como no controle
gerencial adotado por ele (MIZUMOTO et al., 2010).
De acordo com Barret e Rainnie (2002), devem ser levadas em consideração
tanto a estrutura como a agência humana, ou seja, tanto a influência dos proprietários
e administradores como os determinantes estruturais. Concomitante a essa
14
abordagem, o modelo teórico do “desenvolvimento social” proposto por Gibb e Ritchie
(1982) afirma que fatores como a estrutura familiar, a formação, a escolha
ocupacional, entre outros, devem ser considerados porque permitem explorar uma
variedade de influências sobre o empreendimento.
As características do empreendedor mais recorrentes na literatura em relação
ao desempenho e à sobrevivência das empresas são: capital humano, capital social,
motivação, práticas gerenciais, disponibilidade ao risco, demografia pessoal, entre
outras (RAIFUR, 2013). O objetivo deste estudo consiste em verificar empiricamente
o impacto das características do empreendedor-gestor e do controle gerencial no
desempenho das MPEs situadas na região noroeste do estado do Paraná. Para tanto,
empregaram-se as variáveis: capital humano, capital social, motivação para
empreender e controle gerencial. A utilização dessas variáveis assim como suas
relações foram baseadas nos pressupostos sugeridos por Mizumoto et al., (2010),
Raifur (2013) e Berrone et al (2014).
O capital humano é definido como o conjunto de habilidades resultantes da
educação (formal e informal) e das experiências anteriores do empreendedor. Implica
que, no âmbito da microempresa, os indivíduos com maior capital humano são
melhores para a construção de seus empreendimentos (BECKER, 1994).
O capital social do empreendedor representa a sua capacidade de adquirir
recursos constituídos a partir da sua rede de relacionamentos, indo desde as relações
com supridores até as relações familiares, que podem prover importantes recursos
para se estabelecer um negócio (PUTNAM,1993).
Outro fator suscetível de desempenhar um papel importante na definição do
perfil de uma pequena empresa é a motivação (BERRONE et al., 2014). Desejo de
independência, melhoria financeira e a frustação no emprego anterior são apenas
algumas das motivações que levam o empreendedor a iniciar a sua própria empresa
(GIBB e RITCHIE, 1982).
Sob o escopo da Teoria Econômica, os empreendedores são agentes
econômicos racionais, capazes de gerir a empresa, selecionando os elementos
necessários para a maximização dos resultados. Nessa perspectiva, destaca-se o
controle gerencial, um conjunto de elementos que gerentes e gestores utilizam para
garantir a realização das metas da empresa (OTLEY & BERRY, 1994) e que, até então
no contexto das pequenas, a literatura tem denominado de práticas gerenciais,
relacionando-as ao desempenho e à sobrevivência das empresas (MIZUMOTO et al.,
15
2010; RAIFUR, 2013). Na presente pesquisa, esses elementos são denominados de
“proxies” de controle gerencial, ou seja, parâmetros que os gestores usam para
subsidiar as suas decisões, porém, adaptadas à realidade das MPEs (FREZATTI,
CARTER E BARROZO, 2014).
Diante desse contexto, surge a seguinte questão de pesquisa: quais os
determinantes de desempenho de MPEs relativos às características do
empreendedor-gestor e ao controle gerencial?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1.Objetivo Geral
Verificar os determinantes de desempenho de Micro e Pequenas Empresas
relativos às características do empreendedor-gestor e do controle gerencial.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Averiguar as características do empreendedor-gestor de MPEs;
b) Descrever as proxies de controle gerencial utilizadas pelos gestores das MPEs;
c) Identificar o desempenho das MPEs;
d) Verificar se existe relação entre as características do empreendedor-gestor, o
controle gerencial e o desempenho das MPEs.
1.3 JUSTIFICATIVA
Em primeiro lugar, este trabalho é parte integrante da linha de pesquisa em
Contabilidade e Controle Gerencial do Programa de Pós-graduação em Contabilidade
da Universidade Federal do Paraná, cujos estudos contribuem para discussão e
desenvolvimento do pensamento sobre a área, além de ter como objeto de estudo um
segmento de grande representatividade econômica para o país: as micro e pequenas
empresas (FERRONATO, 2011; SEBRAE, 2014).
16
Em segundo lugar, não se tem conhecimento de estudos que avaliem,
juntamente às características do empreendedor, a influência do controle gerencial no
desempenho das micro e pequenas empresas. Existem pesquisas que estabelecem
tipologias que relacionam traços e características pessoais dos empresários com o
desempenho do negócio (DUNKELBERG & COOPER, 1982; KHAN, 1986; BIRLEY &
WESTHEAD, 1994; CHELL ET AL., 1991; HANKINSON ET AL., 1997; HERRON &
ROBINSON, 1993; BERRONE et al., 2014).
A pesquisa ora proposta contribui com a literatura, por meio da apresentação
de um quadro conceitual dos principais determinantes do desempenho de micro e
pequenas empresas, com ênfase no controle gerencial e nas características do
empreendedor. Até o presente momento, sabe-se muito sobre o desempenho das
grandes empresas, mas são poucos os estudos sobre o desempenho das pequenas,
sendo observado um número ainda menor de trabalhos quando se trata de
microempresas (BERRONE et al, 2014).
Este estudo também é relevante na medida que promove uma discussão sobre
a existência de controle gerencial para as MPEs, em contraponto à ideia de não haver
necessidade de relatórios gerenciais para esse segmento (CAVALCANTI, 1966;
ALMEIDA, 1994; KOS et al., 2011). Ainda que as MPEs tenham um controle quase
sempre centralizado nos seus dirigentes, os mesmos necessitam de informações que
validem as suas decisões (FREZZATTI et al, 2014), o que torna essas empresas um
campo a ser explorado pelos estudos em contabilidade e controle gerencial.
Além disso, estudar o controle gerencial das MPEs, assim como a sua relação
com o desempenho, pode gerar informações relevantes para despertar o desejo de
implementar novas técnicas de gestão que busquem a longevidade de um segmento
fundamental na economia do país, atuando na redução de problemas sociais, na
diminuição das taxas de desemprego e também no desenvolvimento de pequenas e
médias comunidades, até então incapazes de atrair as grandes empresas
(FERRONATO, 2011).
1.4 DELIMITAÇÃO DOS ESTUDO
Para que os objetivos do presente estudo fossem alcançados, admitiram-se as
seguintes delimitações:
17
a) Territorial: foram aplicados questionários estruturados aos
empreendedores-gestores de Micro e Pequenas Empresas (MPEs)
localizadas na região noroeste do Estado do Paraná – microrregião de
Paranavaí, composta por 29 cidades. As MPEs foram caracterizadas com
base nos critérios do IBGE e SEBRAE (2014): microempresa é aquela que
emprega até 9 funcionários no comércio e serviços e até 19 funcionários na
indústria; enquanto a pequena empresa emprega de 10 a 49, no comércio
e serviços e de 20 a 99, na indústria.
b) Teórica: a teoria de base empregada neste estudo são os pressupostos da
Teoria Econômica. Sob essa vertente, os empreendedores são vistos como
pessoas que aproveitam as oportunidades, correm riscos investindo o seu
próprio dinheiro com a perspectiva de obterem lucros e que são capazes de
administrar a empresa empregando os elementos necessários para a
maximização dos resultados (SAY, 1803; 1827).
c) Conceitual: As características dos empreendedores-gestores foram
delimitadas por meio das variáveis Capital Humano, Capital Social e
Motivação para empreender, mediante a utilização dessas variáveis nos
estudos de Mizumoto et al (2010), Raifur (2013) e Berrone et al (2014). Já
o Controle Gerencial foi delimitado pelo uso das Proxies de Controle
Gerencial, sugeridas pelo estudo de Frezatti, Carter e Barrozo (2014). O
desempenho foi mensurado com base na percepção dos empreendedores-
gestores sobre os seguintes aspectos da evolução de seus negócios: o
volume de vendas, lucro, número de empregados e imagem ou prestigio
social da empresa, tendo em vista a dificuldade do registro formal dessas
informações em se tratando de micro e pequenas empresas (BERRONE et
al.,2014).
d) Temporal: A coleta de dados foi realizada no período de outubro a
dezembro de 2015.
18
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação foi estruturada da seguinte forma: inicialmente, buscou-
se construir um Referencial Teórico-Empírico como base para as discussões e
pesquisa de campo. O referencial traz uma contextualização do perfil do
empreendedor, para depois indicar as suas características pessoais e sua relação
com o controle gerencial de MPEs.
A segunda parte do Referencial indica como o Controle Gerencial atua na
tomada de decisão das micro e pequenas empresas, a partir da adoção de proxies
em consonância com as necessidades organizacionais. Após, apresentou-se o
Desempenho, bem como as modalidades de medição e seus determinantes
recorrentes na literatura.
O tópico seguinte aborda a Metodologia do trabalho, indicando os
procedimentos e a pesquisa de campo realizados. Após a apresentação da
Metodologia, serão disponibilizadas as análises e a posterior discussão dos dados,
conforme as teorias disponibilizadas no referencial.
Na sequência, encontram-se as considerações finais do estudo, de acordo com
os dados coletados e analisados e a discussão feita conforme as teorias.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta dissertação, as discussões sobre o desempenho de micro e pequenas
empresas envolvem inicialmente a identificação do empreendedor, bem como as suas
características e modo como essas empresas são geridas, por meio da adoção do
controle gerencial e suas proxies. Após, serão destacadas as evidências empíricas
disponíveis na literatura como determinantes de desempenho, para então analisar a
relação desses fatores com o desempenho das MPEs.
2.1 O EMPREENDEDOR
Na tentativa de achar a melhor definição para empreendedorismo e para a
pessoa do empreendedor, diferentes abordagens são encontradas na literatura. A
perspectiva econômica e a comportamental são as duas grandes vertentes do
pensamento empreendedor (CAMARGO et al, 2008); os economistas associando o
empreendedor com inovação e os comportamentalistas concentrando-se nos
aspectos criativo e intuitivo (FILION, 1999).
Na abordagem econômica, autores como Say (1803), Marshall (1930),
Schumpeter (1934), Cantillon (1755), Knight (1971), procuraram explicar e justificar a
função e o benefício do empresário na economia. Sob essa perspectiva, o empresário
é visto como um organizador e a sua função é apontada como o “quarto fator de
produção”, consistindo em: (1) decidir o produto a ser produzido para satisfazer as
necessidades humanas; (2) determinar e adquirir meios de produção; (3) Montar um
plano de produção e decidir sobre a combinação de fatores; (4) dirigir todo o processo
de produção e comercialização; (5) correr o risco inerente ao processo (VECIANA,
1999).
Nesse sentido, os empreendedores eram considerados como pessoas que
aproveitam as oportunidades e correm riscos investindo o seu próprio dinheiro com a
perspectiva de obterem lucros. De acordo com Say (1803; 1827), uma das primeiras
definições da palavra “empreendedor” consiste em aquele que transfere recursos
econômicos de um setor de produtividade inferior para um setor de produtividade
superior e de rendimento mais elevado. Para esse autor havia distinção entre
empreendedores e capitalistas e entre os lucros de cada um, associando os
20
empreendedores à inovação e considerando-os como agentes de mudanças. “Como
Say foi o primeiro a lançar os alicerces deste campo de estudo, pode-se considerá-lo
como pai do empreendedorismo” (FILION, 1999, p.07).
No entanto, foi Schumpeter (1934) quem associou claramente o
empreendedorismo à inovação e procurou diferenciar a função do empreendedor de
outras funções de gestão, introduzindo à mesma a inovação e a descontinuidade
como diferenciais. Para esse autor, o empreendedor é uma pessoa cuja função é
realizar novas combinações entre fatores, como introdução de um novo bem, um novo
método de produção, uma nova fonte de matéria-prima, uma nova organização da
indústria e um novo mercado, em uma espécie de destruição criativa, ou seja, a
substituição de antigos produtos e hábitos de consumir por novos (VILLA, 2010).
Schumpeter não apenas associou os empreendedores à inovação, como
mostrou a importância deles no desenvolvimento econômico. O autor destaca a figura
do empreendedor:
...na vida econômica, deve-se agir sem resolver todos os detalhes do que deve ser feito. Aqui, o sucesso depende da intuição, da capacidade de ver as coisas de uma maneira que posteriormente se constata ser verdadeira, mesmo que no momento isso não possa ser comprovado, e de se perceber o fato essencial, deixando de lado o perfunctório, mesmo que não se possa demonstrar os princípios que nortearam a ação (SCHUMPETER, 1926, p. 85).
Quanto à associação da inovação com o empreendedorismo, Higgins (1959),
Baumol (1968), Scholoss (1968), Leibenstein (1978) e a maioria dos economistas
também o fizeram depois dele, embora estivessem principalmente interessados em
compreender o papel do empreendedor como motor do sistema econômico (KNIGHT,
1921; BAUMOL, 1968).
A partir desse ponto de vista, os empreendedores eram vistos como detectores
de oportunidades de negócios (HIGGINS, 1959; KIRZNER, 1973), criadores de
empreendimentos (SCHOLOSS, 1968) e aqueles que corriam riscos
(LEINBENSTEIN, 1968; BUCHANAN & DI PIERRO, 1980).
Leibenstein (1968), de acordo com a sua teoria da eficiência, também procurou
explicar o papel empreendedor na economia. Nesse contexto, visto como um operador
inter-mercado, com a atribuição de completar o que não existe, as funções do
empreendedor são traduzidas em quatro tarefas principais: ligar os diferentes
mercados; suprir as suas deficiências; completar inputs; criar e fazer crescer
21
entidades transformadoras de inputs ou geradoras de outputs (DINIS E USSMAN,
2006).
Já para Kirzner (1973), contrariando Schumpeter que partia de um mercado em
equilíbrio, a atuação do empreendedor na economia parte da premissa de que o
mercado é imperfeito e está em desequilíbrio – e é essa situação que gera as
oportunidades de negócios identificados pelos empreendedores, lançando-os a
buscar um equilíbrio que nunca acontece.
Apesar de os empreendedores serem citados na economia, aparecem pouco
nos modelos clássicos de desenvolvimento econômico e, quando encontrados, são
representados por uma função (FILION, 1999). Na visão desse autor, não é fácil
introduzir a racionalidade dentro do comportamento dos empreendedores e não terem
sido capazes de criar uma ciência do comportamento dos empreendedores é uma das
críticas que podem ser dirigidas aos economistas, de modo que a não aceitação de
modelos não-quantificáveis demonstra os limites dessa abordagem para o
empreendedorismo. Essa limitação resultou na busca mais aprofundada do
comportamento empreendedor.
Em uma abordagem mais comportamental, McClelland (1972) aponta o
empreendedor como homem ativo e motivado, com potencial de realização. Sob essa
perspectiva, a pessoa do empreendedor, seus traços pessoais e atitudes devem ser
estudados, uma vez que a motivação e as necessidades de realização influenciam a
atividade empreendedora. O autor define o empreendedor como aquele que busca a
realização e a satisfação pessoal por meio de suas tarefas.
Na tentativa de reunir as principais teorias empreendedoras, Filion (1999),
propõe uma definição mais abrangente para a figura do empreendedor:
O empreendedor é uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor (FILION, 1999, p. 19).
O autor apresenta também uma versão mais reduzida, incluindo todos os
elementos essenciais da versão mais longa: “Um empreendedor é uma pessoa que
imagina, desenvolve e realiza visões” (FILION, 1999, p.19), concluindo que a
22
imaginação é vital para que se tenha visões e a visão denota habilidade em
estabelecer e alcançar objetivos.
Resumindo o papel do empreendedor nas principais correntes de pensamento
econômico, Baumol (1993) propôs duas categorias de empreendedores: os
empreendedores inovadores, descritos por Schumpeter (1934) e os empreendedores
gestores de negócios, tipo clássico descrito por Say (1803), Knight (1921) e Kirzner
(1983) e que será apresentado na próxima seção.
2.1.1 Empreendedor-gestor de Micro e Pequenas Empresas
Entende-se por empreendedor-gestor o empresário que não só investe e inicia
um novo empreendimento, assumindo os riscos deste negócio, como também o
administra (CARLAND, HOY, BOULTON E CARLAND,1984), sendo muito comum no
âmbito das MPEs.
Nesse sentido, inicia-se esta seção definindo o campo de atuação desse
empreendedor, as micro e pequenas empresas, com vistas às possibilidades para
classificação do porte empresarial que considera tanto características qualitativas
como quantitativas. No Brasil, os critérios usados dependem do órgão classificador e
seus objetivos. Para o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o número
de funcionários empregados é o fator determinante para definição, sendo que
microempresa é aquela que emprega até 9 funcionários no comércio e serviços, e até
19 funcionários na indústria; pequena empresa, de 10 a 49 (comércio e serviços) e de
20 a 99 (indústria); média, de 50 a 249 pessoas (comércio e serviços) e de 100 a 499
(indústria); e a empresa de grande porte é aquela que emprega 250 funcionários ou
mais em comércio e serviços e acima de 500 funcionários na indústria (IBGE, 2014).
Semelhante ao IBGE, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE) também utiliza o critério do número de empregados para
classificar o porte das empresas, separando entre Indústria, Comércio e Serviços,
demonstrados na Quadro 1.
23
PORTE SETORES
INDUSTRIA COMERCIO E SERVIÇOS
Microempresa Até 19 pessoas ocupadas Até 09 pessoas ocupadas
Pequena Empresa De 20 a 99 pessoas ocupadas De 10 a 49 pessoas ocupadas
Média Empresa De 100 a 499 pessoas ocupadas De 50 a 99 pessoas ocupadas
Grande Empresa 500 pessoas ocupadas ou mais 100 pessoas ocupadas ou mais
QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS SEGUNDO O PORTE FONTE: ANUARIO DO TRABALHO (2013), SEBRAE (2014)
A Receita Federal do Brasil (RFB), de acordo com a Lei Complementar nº 123
de 14 de dezembro de 2006, classifica – para fins de tributação – como microempresa
aquela com receita no ano-calendário anterior de até R$ 360.000,00 e como empresa
de pequeno porte aquela com receita bruta anual entre R$ 360.000,01 e R$
3.600.000,00 (BRASIL, Lei Complementar n.123, de 14 de dezembro de 2006, Art.3º,
2006).
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para fins
de concessão de crédito, utiliza a receita como critério para classificação do porte
empresarial, conforme demonstrado na Quadro 2:
PORTE
RECEITA BRUTA ANUAL
Microempresa Inferior ou igual a R$ 2.400.000,00
Pequena Empresa Superior a R$ 2.400.000,00 e inferior ou igual a R$ 16.000.000,00
Média Empresa Superior a R$ 16.000.000,00 e inferior ou igual a R$ 90.000.000,00
Média-grande Empresa Superior a R$ 90.000.000,00 e inferior ou igual a R$ 300.000.000,00
Grande Empresa Superior a R$ 300.000.000,00
QUADRO 2 - CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS PELO PORTE
FONTE: CIRCULAR Nº 34/2011-BNDES
Tanto a Receita Federal como o BNDES consideram receita total o valor da
venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços
prestados e o resultado nas operações em conta alheia, excluindo as vendas
canceladas e os descontos incondicionais concedidos (CIRCULAR Nº34/2011–
BNDES).
24
Organismos internacionais, como a União Europeia, utilizam critérios
considerando tanto o número de empregados como o tamanho do ativo e a receita
bruta total anual, simultaneamente. Para a European Commission, microempresa é
aquela com até 9 empregados e faturamento ou ativo total anual de até dois milhões
de euros, enquanto a pequena empresa tem entre 10 e 49 empregados e menos de
dez milhões de euros em receita ou ativo total; e a empresa de médio porte com 50 a
249 empregados e faturamento ou ativo total de até quarenta e três milhões de euros
(VETTER E KÖHLER, 2014).
Já o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), com o objetivo de buscar uma
definição comum entre os Estados Partes, estabeleceu critérios de classificação do
porte das empresas incorporando aspectos qualitativos e quantitativos ratificados pela
Resolução nº 59 de 1998, cujo teor determina que as empresas de micro, pequeno e
médio porte “não deverão estar controladas por outra empresa ou pertencer a um
grupo econômico que em seu conjunto supere os valores estabelecidos”
(MERCOSUL, 1998, p.5). Os valores citados são apresentados na Quadro 3:
PORTE
INDÚSTRIA COMÉRCIO E SERVIÇOS
PESSOAL OCUPADO
VENDAS ANUAIS U$$
PESSOAL OCUPADO
VENDAS ANUAIS U$$
Microempresa Até 10 pessoas Até 400.000 Até 5 pessoas Até 200.000
Pequena Empresa
De 11 a 40 pessoas
De 400.000,01 até 3.500.000
De 6 a 30 pessoas
De 200.000,01 até 1.500.000
Média Empresa De 41 até 200 pessoas
De 3.500.000,01 até 20.000.000
De 31 a 80 pessoas
De 1.500.000,01 até 7.000.000
QUADRO 3 - CLASSIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS PELO PORTE FONTE: RESOLUÇÃO Nº 59/98 MERCOSUL
Além das classificações citadas, o International Accounting Standards Board
(IASB) identifica microempresa como sendo aquela que geralmente tem operações
simples e características típicas: poucos funcionários e o proprietário atuando como
administrador, níveis baixos ou moderados de receitas e ativos brutos, além de não
ter investimentos em coligadas e controladas e emissão de instrumentos financeiros
complexos (IFRS Foundation, 2013). E o Pronunciamento Técnico PME, em
consonância com IFRS for SME, define pequena e média empresas como aquelas
que não possuem obrigação pública de prestação de contas e que elaboram
demonstrações contábeis para fins gerais e para usuários externos (CPC, 2009).
25
De acordo com o exposto, as definições e as classificações das empresas
quanto ao porte são muitas e variam entre aspectos qualitativos, quantitativos ou um
misto dos dois, proporcionando a utilização do critério que seja mais conveniente aos
objetivos estabelecidos. Para fins deste trabalho, será empregada a definição de
MPEs utilizada pelo SEBRAE por ser a mais utilizada nas pesquisas da área.
Uma vez identificado o ambiente de atuação dos empreendedores-gestores de
MPEs, busca-se então definir o perfil desses empreendedores. É comum encontrar
na literatura algumas diferenças na denominação desse grupo de empresários, sendo
observado o uso do termo “empreendedor” como sinônimo de proprietário de um
pequeno negócio. Entretanto, Carland et. al. (1984) afirmam que ser um
empreendedor não significa necessariamente ser proprietário de um pequeno
negócio, assim como uma firma empreendedora e uma pequena empresa não são
necessariamente sinônimos.
De acordo com esses autores, tanto o empreendedor como o proprietário de
uma empresa pequena são pessoas que estabelecem e administram um negócio. A
diferença entre ambos está no propósito e na maneira como se relacionam com ele.
O primeiro, o empreendedor, tem como objetivo principal o crescimento da empresa
e o lucro, é inovador e adota práticas estratégicas na gestão. Já o segundo, o
proprietário, vê a sua empresa como uma maneira de atingir os seus objetivos
pessoais, tendo-a como principal fonte de renda e consumo da maioria de seu tempo
e recursos, ou seja, o negócio é uma extensão de sua personalidade e está
intrinsicamente ligado às suas necessidades (CARLAND et al, 1984).
Filion (1999, p.18) acrescenta que “empreendedores têm sonhos realistas, ou
visões, e com a realização estão comprometidos. Operadores, por outro lado,
simplesmente querem dar bom uso às suas habilidades de forma a ganhar a vida.”
Para esse autor, é importante fazer distinção entre empreendedores e proprietários-
gerentes de pequenos negócios, ou seja, muitos indivíduos têm papel empreendedor
ainda que nunca tenham sido proprietários-gerentes de pequenos negócios, seja por
trabalhar em grandes corporações ou por se tornarem autoempregados sem criarem
uma empresa.
Por outro lado, os proprietários-gerentes de pequenos negócios que compram
empresas em vez de criá-las, não fazem mudança significativa, não têm visão do que
querem, nem desenvolvem novos produtos ou mercados e os gerenciam, tomando
decisões sobre atividades rotineiras sem um plano geral ou um objetivo especifico,
26
não podem ser considerados empreendedores. “São proprietários-gerentes de
pequenos negócios que não assumem um papel empreendedor” (FILION, 1999, p.
20). Logo, a diferença entre empreendedor e proprietários-gerentes de pequenos
negócios não está em administrar ou não as empresas, mas sim nas atitudes e nos
objetivos de ambos em relação ao negócio.
No presente trabalho, será empregado o termo Empreendedor-gestor de Micro
e Pequenas Empresas (EGMPE) para designar tanto os empreendedores quanto os
proprietários de uma microempresa ou uma empresa de pequeno porte, cujas
características pessoais têm sido objeto de estudos (BERRONE et al., 2014) e serão
tratadas na próxima seção.
2.1.2 Características do Empreendedor-Gestor de Micro e Pequenas Empresas
Apesar de uma série de pesquisas tentarem descobrir a existência das
características que distinguem os empreendedores-gestores de MPEs, a conclusão
geral parece estar longe de um simples padrão, mas um conjunto complexo de fatores
inter-relacionados que aumentam ou diminuem a probabilidade de que um indivíduo
vá se tornar proprietário de uma pequena empresa e se o seu negócio terá ou não
sucesso (MEHRALIZADEH E SAJADY, 2006).
Alguns estudos estão focados em características demográficas e de
personalidade dos empreendedores. Em termos demográficos, eles olharam para
classe e nível educacional, sexo e idade (HORNDAY, 1990), além daqueles que
entraram em um negócio devido a interesses familiares existentes (BOLTON, 1971).
Porém, à luz da personalidade, uma visão emergente realizada pelos economistas é
que traços particulares caracterizam o empreendedor de sucesso (por exemplo,
SULLIVAN ET AL. 1998; MINER, 1997; WARD, 1992).
As características psicológicas utilizadas para descrever os empreendedores-
gestores de MPEs bem-sucedidos frequentemente têm incluído a necessidade de
realização, propensão para assumir riscos, valores pessoais e interpessoais e a
capacidade de inovação, sendo encontrada uma associação significativa entre ambas
e o sucesso dos empreendedores (LOW & MACMILLAN, 1988).
27
Nesse sentido, as tentativas de caracterizar os empreendedores-gestores
MPEs de sucesso têm levantado uma série de questões. Brandstatter (1997) sugere
que, embora haja muitas razões para o fechamento de muitos novos negócios nos
primeiros cinco anos, desajuste de personalidade e falta de estrutura na realização
das tarefas podem ser citados como causas mais frequentes de insucessos. Além
disso, a estabilidade emocional e a independência promovem as competências
necessárias para o sucesso empresarial, especialmente durante a fase de abertura –
quando os empresários precisam ter coragem de assumir riscos, flexibilidade e
persistência para atingir seus objetivos.
Entretanto, Cromie e Johns (1983) afirmaram que as competências necessárias
para garantir o crescimento de uma empresa podem ser bem diferentes das exigidas
para se iniciar um negócio. Seguindo esse ponto de vista, Hisrich (1990) argumenta
que, quando uma organização entra em fase de crescimento, há uma necessidade
crescente de os empresários desenvolverem suas habilidades gerenciais. Há também
evidências de que os proprietários das pequenas empresas mais bem-sucedidas já
trabalharam em outras empresas de pequeno porte ou pequenas divisões de grandes
empresas (LUSSIER, 1996).
Dentre as características do empreendedor-gestor mais recorrentes na
literatura, o emprego do capital humano, do capital social e da motivação para
empreender no presente estudo deve-se ao fato de que esses três fatores são os mais
associados ao desempenho no contexto das micro e pequenas empresas. Nesse
sentido, o impacto do capital humano, do capital social e da motivação para
empreender sobre o desempenho e a sobrevivência das empresas foi investigado no
estudo realizado de Mizumoto et al., (2010) com pequenas empresas no estado de
São Paulo e no estudo de Raifur (2013), com PMEs situadas na microrregião centro
sul do Estado do Paraná.
Semelhantemente a esses estudos, Berrone et al., (2014) investigaram os
efeitos do capital humano e da motivação para empreender no contexto das
microempresas argentinas. A motivação para empreender também é um critério
28
utilizado pelo GEM (2010) para explicar o desempenho das pequenas, justificando-
se, assim, a opção deste estudo.
2.1.2.1 Motivação para empreender
A motivação empreendedora é o estímulo para correr risco associado a uma
recompensa, segundo a percepção de sucesso do empreendedor (RIBAS, 2011).
Schaefer (2012) aponta a motivação para iniciar uma empresa como um dos sete
fatores críticos de sucesso, considerando alguns equívocos de expectativas que
envolvem a abertura de uma empresa, como ganhar muito dinheiro, poder determinar
o seu próprio horário de trabalho e não ter que dar satisfação a ninguém. Segundo a
autora, se esses forem os motivos para iniciar a empresa, a decisão deverá ser
seriamente repensada.
Assim, as razões que levam a iniciar um empreendimento são passíveis de
desempenhar um papel importante na definição do perfil de uma MPE. Conforme o
Relatório GEM – IBPQ (2010), dois fatores primários determinam a origem da decisão
de empreender: empreendedores por necessidade e empreendedores por
oportunidade.
Os primeiros são pessoas que perderam o emprego, ou não possuíam
emprego, e tiveram que abrir um negócio como alternativa de ocupação e
sobrevivência. Nesse caso, o indivíduo é "empurrado" para criar a sua própria
empresa, sendo talvez a única maneira de garantir o seu sustento (GIBB E RITCHIE,
1982; STOREY 1994). Quando confrontados com as perspectivas de trabalhos
negativos, ou seja, que colocam em risco a sua segurança, os indivíduos podem
também considerar a formação de uma empresa como a sua melhor escolha (RITSILÄ
E TERVO, 2002).
Já os empreendedores por oportunidade são aqueles cuja motivação é a junção
de um desejo de independência, de melhoria financeira e a frustração no emprego
anterior (GIBB E RITCHIE, 1982). Nesse caso, a empresa tem início com base no
desejo de aprimoramento e na visão de negócios. Oportunidades são frequentemente
apresentadas quando, por exemplo, as empresas fecham e produtos serviços são
retirados do mercado, criando assim nichos para aberturas de novas empresas
(BERRONE et al, 2014).
29
Para esses autores, quando a motivação é involuntária (por necessidade),
como por exemplo o desemprego, terá impacto negativo sobre o desempenho,
enquanto se a motivação for voluntária (por oportunidade), o seu impacto no
desempenho será positivo. Sob essa perspectiva, têm-se duas hipóteses:
H1-a: A motivação por oportunidade influencia positivamente o desempenho de
micro e pequenas empresas.
H1-b: A motivação por necessidade influencia negativamente o desempenho
de micro e pequenas empresas.
2.1.2.2 Capital Humano do Empreendedor-gestor
A teoria do capital humano sugere que os indivíduos com maiores habilidades
são mais propensos a ser produtivos (BECKER, 1994). Quando aplicado às MPEs,
este conceito implica que os indivíduos com maior capital humano são melhores na
condução de seus empreendimentos (BERRONE et al, 2014). O capital humano de
um indivíduo é formado por seus esforços em melhorar suas habilidades e seus
conhecimento adquiridos ao longo do tempo (grau de escolaridade, treinamentos
realizados etc.), podendo tomar diferentes formas, incluindo aprendizagem prévia e
experiência, assim como outras características pessoais (WESTHEAD E WRIGHT,
1998).
Portes, Guarnizo e Haller (2002) afirmam que o nível de escolaridade é um
fator-chave na definição do perfil de uma MPE, na medida em que a educação formal
é passível de afetar a qualidade da gestão (CHEMMANUR E PAEGLIS, 2005). Assim,
os empreendedores mais bem qualificados podem lidar mais facilmente com os
desafios impostos às suas empresas, considerando os conhecimentos, as
habilidades, a disciplina e a autoconfiança adquiridos no decorrer de sua formação
(BERRONE ET AL, 2014).
Para Cranwell e Kolodinsky (2002), a experiência adquirida bem como a sua
formação fornecem conhecimento especializado ao empreendedor-gestor. A
experiência anterior é susceptível de melhorar o processo de tomada de decisão e o
processo de informação (FORBES, 2005), além da identificação e os retornos das
oportunidades (UCBASARAN, WESTHEAD E WRIGHT, 2008).
30
Trata-se, portanto, de um conceito estritamente relacionado ao indivíduo: seus
conhecimentos, habilidades e competências desenvolvidos ao longo dos anos. No que
se refere aos empreendedores que são gestores e donos do negócio, o capital
humano tem um efeito fundamental, proporcionando um maior domínio das
características do negócio e dos requisitos técnicos e comerciais para administrá-lo
da melhor forma possível (MIZUMOTO et al., 2010). No geral, é possível prever que
os indivíduos com níveis mais elevados de capital humano tendem a estabelecer uma
base de conhecimento que impacta positivamente no desempenho do
empreendimento (BERRONE et al, 2014). Logo, estabelece-se a primeira hipótese de
estudo:
H2: O capital humano influencia positivamente o desempenho de micro e
pequenas empresas.
2.1.2.3 Capital Social do Empreendedor-gestor
O capital social consiste na competência do indivíduo para adquirir os recursos
necessários para a sua atividade econômica, por meio de parcerias, relacionamentos
e redes de contatos (LIN, 2001). Logo, o capital social caracteriza-se por recursos
advindos de relações sociais e depende das interações entre múltiplos indivíduos
(GRANOVETTER, 1988). As discussões sobre a importância do capital social foram
impulsionadas por Bourdieu (1986) e Coleman (1988), que salientaram os benefícios
que podem ser adquiridos por meio da inserção em redes sociais. No entanto, o termo
foi popularizado por Robert Putnam (1993), que enfatizou a importância das normas
sociais e padrões de confiança interpessoal, ultrapassando, assim, o mero contexto
econômico das relações (PUTNAM, 2003). Para Boxman, De Graaf e Flap (1991), o
capital humano relaciona-se com o capital social à medida que o indivíduo constrói
uma rede de colaboradores que conhecem suas competências e sua personalidade.
Esses autores também sugerem que o capital social pode superar o capital
humano, ou seja, profissionais com menor conhecimento e experiência podem
conseguir grandes oportunidades por meio da sua rede de contatos pessoais.
Mesquita, Lazzarini e Cronin (2007) afirmam que os empreendedores podem se
beneficiar de diversos tipos de laços sociais para obter recursos, podendo firmar
31
relações comerciais consistentes com fornecedores, clientes e até mesmo
concorrentes visando a troca de informações, planejamento de processos e criação
de novos produtos.
Já para Pyke (1994), os empreendedores têm a opção de participarem de
associações setoriais visando não somente a trocar informações como a promover
ações coletivas junto a governos ou entidades.
Por outro lado, os laços familiares também podem ser uma fonte significante
de recursos, tornando possível o acesso a recursos financeiros a um custo menor,
informações sobre novas oportunidades de investimento e conhecimentos prévios de
quem já está inserido no contexto empresarial (LAIRD, 2006).
Nesse sentido, as variáveis mais recorrentes na literatura para demonstrar o
capital social, bem como a sua relação com o desempenho, são a formação do capital
(CARTER E VAN AUKEN, 2006), o acesso a Instituições/Parcerias (BRUNO ET. AL.,
1987) e o uso de serviços especializados (VAN GELDEREN, THURIK E BOSMA,
2006).
No Brasil, observa-se uma forte influência do ambiente social para empreender,
uma vez que muitos empreendedores têm frequentemente outros empreendedores
na família e entre seus amigos (DJANKOV et al., 2007). Quanto maior a associação a
membros da família, amigos, parceiros comerciais, entre outros, maior o acesso a
recursos como informações, recursos financeiros, conhecimentos etc. e a
probabilidade de desempenho dos empreendimentos (MIZUMOTO et. al., 2010).
Seguindo essa linha de raciocínio, tem-se que:
H3: O capital social influencia positivamente o desempenho de micro e
pequenas empresas.
Entretanto, as características do empreendedor-gestor não só podem
influenciar diretamente o desempenho de uma empresa como também podem
influenciar na adoção de um controle gerencial por meio do uso das proxies de
controle. Essa afirmação encontra suporte nos pressupostos da teoria econômica, que
define o empreendedor como um agente econômico racional, capaz de conduzir a
empresa, selecionando e articulando os requisitos necessários à maximização dos
resultados (SAY, 1803).
32
Nesse sentido, Say (1803), atribui ao sucesso do empreendedor o
conhecimento dele a respeito do negócio e do mundo, enquanto Knight (1921; 1971,
p. 269) afirma que o sucesso do empreendedor se deve ao "poder do controle efetivo".
Ambos os autores afirmam que o empreendedor saberá reunir os elementos
necessários e alocá-los da forma mais eficiente possível.
Sob o escopo dessa teoria, os empreendedores são agentes econômicos que
organizam e gerenciam recursos em ambientes de risco com habilidades de
planejamento, organização de pessoas e acompanhamento de ações direcionados ao
desempenho da empresa (RAIFUR, 2013). A adoção do controle gerencial pelo
empreendedor-gestor será abordada na próxima seção.
2.2 CONTROLE GERENCIAL NA TOMADA DE DECISÃO DAS MPEs
A partir do entendimento de micro e pequenas empresas e da sua relação com
as características do empreendedor-gestor, parte-se para uma abordagem do
Controle Gerencial por meio da identificação de suas proxies, como um fator
importante na tomada de decisão e no desempenho das MPEs. Entendem-se por
proxies de controle gerencial os parâmetros que os gestores usam para a tomada de
decisão conforme suas necessidades organizacionais (FREZATTI, CARTER E
BARROZO, 2014),
A gestão de uma empresa é o principal fator para seu sucesso ou insucesso
(CATELLI, 1999). Conforme o autor, o processo de gestão configura-se em modelos
adotados, assegurando que a tomada de decisões conduza ao efetivo cumprimento
da missão empresarial. De acordo com Mosimann e Fisch (1999), esse processo está
dividido em três etapas: planejamento, execução e controle. O planejamento por sua
vez, caracteriza-se pelo momento no qual a empresa irá definir planos, políticas e
objetivos operacionais (PADOVEZE, 2000) e a etapa de execução representa o
momento em que as metas se realizam, onde as ações devem estar compatíveis com
o que foi planejado anteriormente (MOSIMANN E FISCH, 1999).
Já a fase do controle, definida por Padoveze (2000) como sendo o momento
onde se avalia o grau de aderência entre os planos traçados e a execução, evidencia
os desvios ocorridos no processo, além de identificar as suas causas. Maximiano
(2000, p.455) afirma que o controle indica um processo gerencial que tem três etapas:
33
(1) obter informações sobre os resultados de uma atividade; (2) compará-la com os
objetivos estabelecidos; e (3) implementar alguma ação para assegurar a realização
desses objetivos.
Para Peleias (2002), o processo de controle gerencial deve ser contínuo e
recorrente, por meio de ações corretivas para as possíveis falhas entre os objetivos
traçados e atingidos, tendo como foco a consecução das metas estabelecidas.
Imoniana & Nohara (2004, p.38) afirmam que o controle é a espinha dorsal do
exercício de gestão: “quando seus modelos são conscientemente desenhados e
implementados em um ambiente harmonioso ele tende a auxiliar os objetivos
desejados”.
Já Figueiredo e Caggiano (2004, p.46) definem controle como “um sistema de
feedback que possibilita ao desempenho ser comparado com os objetivos planejados
e é necessário para a realização do planejamento de curto e longo prazo”. Tal controle
deve proporcionar uma visão clara dos acontecimentos, monitorando-os e apontando
as distorções.
Merchant e Van Der Stede (2007, p.29) afirmam que “o controle gerencial é
composto por todos os dispositivos e mecanismos que os gestores utilizam para
garantir que as ações sejam consistentes com os objetivos e estratégias da
organização”. Eles também sugerem quatro formas de controle que podem se
complementar: controle de resultados, controle de ação, controles culturais e controle
de pessoal. Ainda segundo esses autores, o conjunto de mecanismos de controle
utilizados por uma organização é chamado Sistema de Controle Gerencial (SCG).
O SCG pode ser definido como um dos elementos do processo de implementação das estratégias e acompanhamento das atividades da organização, para garantir o alcance dos propósitos organizacionais, por meio do monitoramento do desempenho organizacional (DRURY, 2004; GOVINDARAJAN, 1988; MINTZBERG et al., 2006, Apud GONZAGA et al., 2010).
Quanto à implementação de um SCG, Merchant e Van Der Stede (2007)
relacionam quatro etapas na implementação de um SCG: (i) definir as dimensões de
desempenho esperadas e as não desejadas (lucro, retorno, satisfação de clientes,
etc.); (ii) identificar como essas dimensões devem ser mensuradas ou medidas; (iii)
estabelecer metas para essas dimensões; e (iv) criar incentivos para influenciar o
comportamento dos gestores a atingirem essas metas.
34
No entanto, a estrutura do SCG varia dentre as empresas, não existindo uma
estrutura ótima que seja capaz de tornar um sistema único para cada usuário
(FERREIRA E OTLEY, 2009). Dessa maneira, a estrutura do SCG diferencia-se em
cada empresa, não existindo um modelo comum a todas, em função das
especificidades de cada uma como o setor de atuação, tamanho e características
internas e externas (GORDON; MILLER, 1976; WATERHOUSE; TIESSEN, 1978)
O tamanho das empresas é visto como um importante fator que pode influenciar
a escolha da estrutura do SCG, pelo fato de as grandes empresas possuírem mais
recursos – o que possibilita a utilização de uma quantidade maior de ferramentas na
composição do SCG (ABDEL-KADER; LUTHER, 2008). Porém, ainda que não exista
um modelo padrão de SCG e a probabilidade de uso seja maior entre as grandes
empresas, a utilização das ferramentas que compõem o SCG pode profissionalizar a
gestão de todas as empresas e ainda minimizar os riscos envolvidos nas operações
(DAVILA; FOSTER, 2007).
No caso das MPEs, o controle gerencial é feito de forma centralizada, com uma
estrutura muito simples, onde familiares, empregados e proprietários lidam com a
inexistência de uma estrutura funcional sofisticada (LEONE, 1999). Embora essa falta
de formalidade em termos seja positiva, na medida em que o controle é realizado pelo
próprio proprietário, existem alguns pontos que podem representar riscos em função
de a maioria dos gestores possuírem pouco ou nenhum conhecimento gerencial
(FERREIRA et al., 2012), acarretando o insucesso ou até mesmo a extinção da
empresa como mostram as estatísticas.
Ao discutir essas experiências gerenciais nas micro e pequenas empresas,
Pedraja-Rejas et al. (2006) buscaram analisar se havia significância estatística entre
os estilos de liderança (transformacional, transacional e laissez faire) e o desempenho
nas empresas de pequeno porte. O primeiro estilo é aquele cujo líder busca motivar e
inspirar seus subordinados; já o segundo, estilo transacional, é caracterizado por
atribuição de recompensas em troca de subordinação, enquanto o laissez faire ocorre
quando o líder opta por não influenciar os subordinados.
De acordo com esses autores, o estilo transformacional tem relação positiva
com o desempenho, enquanto o estilo transacional e laissez faire apresentam um
impacto negativo, demonstrando o quanto a forma de gestão utilizada pelo
empreendedor-gestor é relevante para o desempenho da empresa. Corroborando
essa afirmação, Rejas & Ponce (2008) afirmam que estilo de liderança do
35
empreendedor-gestor exerce influências no processo de criar, aplicar e compartilhar
conhecimento nas MPEs.
Packham et al. (2005) afirmam que, para construir a capacidade empresarial
necessária para sustentar o seu crescimento, as empresas em expansão adotam
práticas gerenciais. Lussier e Halabí (2008) acrescentam que os empreendedores-
gestores podem obter maior êxito utilizando conselhos profissionais na gestão de seu
negócio. Nesse sentido, pressupõe-se que a implantação de um controle gerencial
pelos empreendedores-gestores de MPES – por meio da adoção proxies de controle
gerencial que produzam informações alinhadas às necessidades organizacionais e
relevantes para o processo decisório – pode oferecer suporte na condução do negócio
além de permitir o acompanhamento das atividades rumo aos objetivos pretendidos,
as quais serão mencionadas a seguir.
2.2.1 Necessidades Informacionais e Proxies de Controle Gerencial para a tomada
de decisão em MPEs
De acordo com Widener (2004), Frezatti (2005), Anthony e Govindarajan
(2008), podem existir diferentes combinações no que se refere às ferramentas que
compõem a estrutura do SCG entre as empresas e tal estrutura pode variar em função
das necessidades organizacionais. Para Donaldson (1999), dependendo do porte, a
empresa possui uma constituição diferente em termos de controle gerencial.
Os Controles gerenciais das grandes empresas são distintos das pequenas,
devido à formalização das atividades e funções como forma de aumentar o controle
da administração sobre as ações dos executores das atividades (GOMES E SALAS,
2001). No caso das MPEs, o controle caracteriza-se por se assemelhar a um estilo
familiar, personalista de gestão, com ênfase nas relações pessoais e na liderança do
empreendedor-gestor, realizando assim um controle centralizado, com delegação
limitada e que reduz a necessidade de controles mais amplos - até porque essas
empresas não teriam estrutura para tanto.
Ainda assim, a empresa não pode escapar da necessidade de medição
(FREZATTI, CARTER E BARROZO, 2014). Para esses autores, em qualquer
ambiente orientado a resultados, há a necessidade de uma discussão sobre esses
resultados. Logo, ainda que os gestores das MPEs não utilizem as ferramentas ou
36
artefatos da maneira como são descritos na literatura para subsidiar as suas decisões,
a necessidade de informações e de medição do resultado permanecem.
Segundo Frezatti, Carter & Barrozo (2014), para satisfazer as suas
necessidades, a organização baseia-se em uma série de proxies de informações
gerenciais, incluindo: controle de mercadorias; relatórios de faturamento, aumento de
vendas; controles de instalações e de produção como vantagens únicas em relação
aos concorrentes; reuniões diárias; entre outras proxies de controle e desempenho
organizacionais para validar a sua gestão. Assim, a flexibilidade na adoção de proxies
de controle gerencial é reconhecida na literatura, por meio do reconhecimento de
diferenças nas necessidades e contextos em que as empresas operam.
À luz das necessidades organizacionais, Mehralizadeh e Sajady (2006)
sugerem que os empreendedores-gestores de MPEs necessitam: (i) de planejamento
adequado ao negócio, avaliando-o constantemente em função da situação; (ii)
reconhecer as oportunidades de mercado; (iii) buscar informações financeiras sobre
o negócio em tempo hábil; (iv) ter um maior conhecimento dos clientes-alvo,
fornecedores e grupos interessados em seus produtos e serviços; (v) entrar no
negócio pelas razões certas; (vi) participar de redes disponíveis com outros donos de
empresas semelhantes; (vii) tornar-se mais bem informado sobre os recursos que
estão disponíveis, (viii) além de investigar as oportunidades de financiamento para
sua empresa.
Say (1964) definiu o empreendedor como aquele capaz de reunir os fatores de
produção com a condução administrativa e com os riscos associados à empresa,
elencando alguns requisitos necessários para o mesmo: julgamento; perseverança;
conhecimento sobre o mundo e os negócios.
Sob a ótica da teoria econômica (neoclássica), empreendedores-gestores são
considerados “agentes econômicos racionais e a Contabilidade Gerencial tem a
missão de prover informações adequadas para que os tomadores de decisões
maximizem o resultado econômico de suas decisões” (GUERREIRO, FREZATTI E
CASADO, 2006, p. 10). Como consequência, a contabilidade gerencial vem buscando
“a estruturação dos modelos de decisão mais adequados, os melhores conceitos de
mensuração, as melhores soluções de sistema etc., que levem à maximização do
lucro da empresa” (GUERREIRO et al. 2006, p. 10), a exemplo das proxies de controle
gerencial, que uma vez adotadas poderão proporcionar um acompanhamento maior
37
das atividades, com informações sobre diferentes aspectos do negócio, facilitando o
processo decisório e influenciando positivamente no desempenho da empresa.
Com o intuito de verificar como se configura o controle gerencial em MPEs, por
meio da utilização de proxies que subsidiem as decisões de seus empreendedores-
gestores, Mehralizadeh e Sajady (2006), investigaram os fatores de sucesso e
insucesso de empresários de pequenas empresas, considerando além das
características pessoais do empreendedor-gestor, as proxies gerenciais em três
dimensões: planejamento, organização e gestão financeira. Já Gomes (2011) o fez
propondo um plano de negócios, tendo como perspectivas os aspectos
mercadológico, financeiro, produtivo e de pessoas.
Os efeitos do uso do SCG no desempenho das empresas foram observados
por Oyadomari (2009), enquanto a adoção das práticas gerenciais no desempenho
das MPEs foi objeto de estudos como o de Mizumoto et al (2010), que destacaram o
planejamento, sob as perspectivas de monitoramento das atividades e busca de
informações, e de Raifur (2013), nas dimensões do plano de negócios (planejamento)
e de registros e controles financeiros, os quais apresentaram resultados positivos em
ambos os casos.
Para fins deste estudo, as proxies de controle gerencial serão elencadas de
acordo com os pontos mais recorrentes na literatura no contexto das MPEs, isto é,
nas dimensões do planejamento, controles financeiros, mercadológicos e de pessoas,
os quais serão mencionados a seguir.
2.2.1.1 Plano de Negócios/Planejamento
O planejamento no início do negócio é "o processo pelo qual o empresário, ao
explorar uma oportunidade, cria uma visão de futuro e desenvolve os objetivos, meios
e procedimentos necessários para alcançar essa visão” (SEXTON & BOWMAN-
UPTON, 1991, p.118). Consiste em um processo que inclui a escolha e a análise dos
dados para, na sequência, usando esse conhecimento, desenvolver um plano de
negócios, abrangendo todas as áreas da empresa.
Os planos de negócios podem variar entre aqueles com uma estrutura menor
até aqueles mais abrangente com planos detalhados de longo prazo. Bracker e
Pearson (1986) propõem uma classificação de quatro níveis: (1) planos não
38
estruturados; (2) planos intuitivos; (3) planos estruturados operacionais; (4) planos
estruturados estratégicos.
Seja por falta de conhecimento ou mesmo de capacidade técnica em
operacionalizar esta ferramenta, muitos empreendedores-gestores de MPEs acabam
se omitindo perante aos acontecimentos e especificidades do mercado onde
pretendem atuar, tornando-se falhos e susceptíveis aos riscos potenciais. Conhecer o
ambiente antes de iniciar uma empresa é essencial para a sua longevidade (GOMES,
2011; SCHAEFER, 2012).
Alguns conhecimentos básicos devem ser dominados pelo empreendedor no
início do projeto de constituição da empresa. A realização de um plano de negócios
possibilitará desenvolver ações baseadas em informações históricas e presentes,
visando ao futuro do negócio de forma que seu objetivo final seja alcançado (LEMES
JUNIOR E PISA, 2010).
Nesse sentido, Schaefer (2012) afirma que o plano de negócios é um elemento
fundamental para todos os empreendimentos. Muitas das pequenas empresas que
falham devem suas falhas às deficiências do seu plano de negócios, que deve ser
realista e estar apoiado em informações precisas e atuais, além de incluir projeções
calculadas rumo ao futuro. Entretanto, existem autores que acrescentam algumas
ressalvas a um foco excessivo no planejamento por empresas nascentes, alegando
que um excesso de planejamento pode reduzir a capacidade de adaptação, devido ao
alto grau de incerteza a que essas empresas são submetidas (MIZUMOTO et.al,
2010).
Para Gibson e Cassar (2005), por exemplo, a adoção de técnicas de
planejamento é mais comum após o período de crescimento inicial da empresa.
Embora a maioria dos autores concorde que o planejamento pode ser benéfico, há
uma visão emergente de que o valor do planejamento é dependente do contexto, ou
seja, seus benefícios podem ser diferentes em diferentes contextos
(CASTROGIOVANNI, 1996; MINTZBERG, 1994).
É válido lembrar que plano de negócio (planejamento) deve ser composto por
informações que envolvem todos os setores da empresa, podendo ser de caráter
financeiro, mercadológico, de pessoas e processos, servindo de referência para que
o controle gerencial monitore as atividades rumo aos objetivos estipulados.
Diferentes estudos mostram vínculos positivos entre planejamento e sucesso
do negócio (por exemplo, BRACKER, KEATS E PEARSON, 1988; SHRADER,
39
MULFORD E BACKBURN, 1989; SCHWENK E SHARDER, 1993; MEHRALIZADEH
E SAJADY, 2006; MIZUMOTO et.al 2010; RAIFUR, 2013), reconhecendo a relevância
do mesmo na sobrevivência e no desempenho de MPEs. Assim, tem-se a seguinte
hipótese:
H4a: A adoção do planejamento influencia positivamente o desempenho das
micro e pequenas empresas.
2.2.1.2 Fatores Mercadológicos (Marketing)
O principal objetivo das empresas é a venda de seus produtos e serviços.
Entretanto, esse objetivo só será alcançado a partir da identificação da figura do
público alvo ou consumidor. Essa necessidade de identificação dos consumidores não
é diferente para as MPEs, uma vez que que essas empresas “precisam descobrir seu
público-alvo e trabalhar para chamar a sua atenção, identificando necessidades e
desejos não satisfeitos, planejando o negócio de forma a atendê-los, oferecendo
facilidades como crédito, descontos e promoções” (LEMES JUNIOR E PISA, 2010,
p.153).
Apontado como uma alternativa para o conhecimento e identificação de
consumidores, o marketing vem sendo definido na literatura de diversas maneiras.
Para Kotler (1998, p.27) “é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e
grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de
produtos de valor com outros.” Essa definição de marketing baseia-se em conceitos
básicos: “necessidade, desejo e demanda; produtos (bens, serviços e ideias); valor,
custo e satisfação; troca e transações; relacionamento e redes; mercados e empresas
e consumidores potenciais” (KOTLER, 1998, idem).
Já para Cobra (2003, p.7) a “essência do marketing é um estado de mente. Em
marketing os profissionais de negócios adotam o ponto de vista do consumidor. E
essas decisões são apoiadas com base no que o cliente necessita e deseja”. Assim,
após identificadas as necessidades do consumidor, a empresa deve corresponder ou
até mesmo superá-las.
Visto no passado como uma exclusividade das grandes empresas, atualmente
toda empresa – independentemente do porte – deve ter uma postura de marketing,
não somente para assegurar sua imagem como também para validar a sua atuação
40
no mercado (COBRA, 2003). Assim, a adoção de uma postura gerencial por MPEs
relacionada ao marketing é fundamental para sua sobrevivência, proporcionando a
identificação dos consumidores e a visualização dos seus produtos e serviços por
aqueles.
De acordo com Kotler (1998, p. 32), o gerenciamento mercadológico
(marketing) “é o processo de planejamento e execução da concepção, preço,
promoção e distribuição de ideias, bens e serviços para criar trocas que satisfaçam
metas individuais e organizacionais”. Assim, é possível perceber que o gerenciamento
de fatores mercadológicos vai além da publicidade e propaganda, sendo composto
por uma variedade de perspectivas que somadas proporcionam ao gestor conhecer
seus clientes e tornar seus produtos e/ou serviços conhecidos por eles (GOMES,
2011).
Dessa forma, a conquista de mercado pelas empresas é um processo
complexo que exige a adoção práticas que vão do planejamento ao controle. Nesse
sentido, o empreendedor-gestor de uma MPEs poderá adotar como proxy, um plano
de marketing em consonância com os objetivos estabelecidos no plano geral da
empresa. Para Las Casas (2009, p.18), o plano de marketing “estabelece objetivos,
metas e estratégias do composto de marketing em sintonia com o plano estratégico
geral da empresa”, abrangendo “toda a relação produto/mercado, que, em conjunto
com os outros planos táticos, forma o plano estratégico”. O autor ainda acrescenta
que o plano de marketing é composto por planos menores, facilmente aplicáveis nas
MPEs como “as atividades de propaganda, venda pessoal e promoção de vendas”
(LAS CASAS, 2009, p.19). Assim, ao elaborar um plano de marketing o
empreendedor-gestor acaba validando a sua ideia.
A partir do planejamento, o controle dos fatores mercadológicos pode ser
executado por meio da adoção de proxies como relatórios de pesquisas para
identificação do perfil dos clientes, suas necessidades e níveis de satisfação;
relatórios com informações sobre a concorrência, atendimento e preços praticados;
relação de fornecedores, inclusive com preços de estoques e matérias-primas. E
ainda outras informações que proporcionarão ao empreendedor-gestor subsídios para
decidir sobre: (1) quais produtos comercializar; (2) as características que esses
produtos deverão possuir; (3) os custos para a produção e comercialização desses
produtos; (4) os preços que poderão ser praticados; (5) as pessoas que estarão
dispostas a consumir esses produtos; (6) onde e como colocá-los à disposição desses
41
consumidores; e outras decisões, podendo transformar-se em um diferencial
competitivo e influenciar positivamente no desemprenho das MPEs (KOTLER, 2000;
LAS CASAS, 2009).
Os fatores mercadológicos vêm sendo observados por estudos tanto nacionais
como internacionais (por exemplo, KOHLI et al., 1993; SILVEIRA, 1998; MANDELLI,
1999; MENNA, 2001; ANTONI, 2004; JIMENEZ E NAVARRO, 2007; OLAVARRIETA
E FRIDMANN, 2008; ARMARIO, RUIZ E ARMARIO, 2008; ABBADE, ZANINI E
SOUZA, 2012), encontrando um impacto significativo no desempenho organizacional.
Logo, estabelece-se a seguinte hipótese:
H4b: O controle dos fatores mercadológicos influencia positivamente o
desempenho de micro e pequenas empresas.
2.2.1.3 Controle de Pessoal
Dentre as definições de controle gerencial, Antony e Gonvindarajan (2002)
afirmam que o controle gerencial é o processo pelo qual os executivos influenciam os
membros da organização para que obedeçam às estratégias adotadas pela empresa.
Já Flamholtz (1979) define controle gerencial como o processo de influenciar o
comportamento dos membros da organização aumentando a probabilidade de as
pessoas se comportarem de modo a alcançar os objetivos da organização.
Sob essa perspectiva, a motivação da equipe de trabalho é o elemento-chave,
não se tratando de controlar o comportamento das pessoas de maneira austera, mas
influenciá-las a agirem rumo aos objetivos da empresa. O controle de pessoal
compreende as ações do gestor visando a aumentar a probabilidade dos
trabalhadores desempenharem as tarefas de forma satisfatória por sua própria
iniciativa (OLIVEIRA, 2011).
Nesse sentido, o controle de pessoal torna-se útil para qualquer um dos três
objetivos básicos a seguir: primeiro, deixar claro para o funcionário qual é a
expectativa da empresa em relação a ele; segundo, assegurar que cada trabalhador
tenha a capacidade e os recursos necessários para desempenhar bem suas funções;
e terceiro, proporcionar a cada funcionário o exercício do autocontrole. O autocontrole
consiste na força interior que induz naturalmente a maioria dos funcionários a fazerem
um bom trabalho. Os métodos de controle de pessoal mais utilizados são
42
recrutamento e seleção de funcionários, treinamento, concepção do trabalho e
fornecimento dos recursos necessários. (MERCHANT E VAN DER STEDE, 2007,
p.83).
Paschoal (2006, p.10) afirma que “toda empresa precisa, em algum momento,
refletir sobre o que quer na sua relação com os colaboradores, definir uma filosofia e
uma política de gestão de pessoas”. Entretanto, as MPEs têm como característica a
contratação de pessoas da mesma família, inclusive da família do empreendedor-
gestor, o que pode vir a dificultar a profissionalização das tarefas. Todavia, o
empreendedor-gestor pode ter como solução a implementação de um controle mais
efetivo de pessoal, com a adoção de proxies de controle gerencial voltadas à gestão
de pessoas, as quais contenham informações sobre recrutamento, seleção,
treinamento e maneiras de motivação que promovam o comprometimento dos
empregados e, consequentemente, melhor desempenho nas pequenas empresas.
Outra característica marcante das MPEs é o orçamento reduzido, fator que leva
muitos gestores a não adotar as proxies supracitadas. Entretanto, a adoção de tais
práticas deve ser avaliada de maneira estratégica, vista como um diferencial que
agrega valor, tornando-se vital para a maximização dos resultados (LEMES JUNIOR
E PISA, 2010).
A relação entre a adoção de proxies de controle de pessoal e o desempenho
das empresas vem sendo observada em diversos estudos (por exemplo, DELANEY E
HUSELID, 1996; YOUNDT et al, 1996; FITZ-ENZ, 2001; BECKER, HUSELID E
ULRICH, 2001; LACOMBE E ALBUQUERQUE, 2008), que encontraram evidências
positivas, confirmando a importância de tais proxies para o desempenho das
empresas. Portanto,
H4c: A adoção de proxies de controle de pessoal influencia positivamente o
desempenho de micro e pequena empresa.
2.2.1.4 Registros e Controles Financeiros
Um problema crônico para muitas MPEs é a falta de recursos para se
estabelecer e conseguir uma situação financeira estável. Primeiramente, o capital
inicial de uma empresa pode ser limitado ao que os seus proprietários podem captar
43
na poupança, com a hipoteca da casa própria ou mesmo por meio de empréstimos
com parentes (MEHRALIZADEH E SAJADY, 2006).
A importância das questões financeiras para empreendedores novos e
existentes vem sendo observada em diferentes estudos (por exemplo, SULLIVAN et
al, 1998; CARTER E VAN AUKER, 2006; RAIFUR, 2013). Em termos de recursos
financeiros, os problemas mais frequentes narrados pelos empreendedores-gestores
de MPEs compreendem a obtenção de capital/financiamentos, problemas de fluxo de
caixa, garantir uma renda durante o primeiro ano de atividade e a dificuldade de
administrar suas finanças.
Nesse sentido, exige-se do gestor algo além de apenas contabilizar o que
entrou e saiu em seu caixa no final do dia, sendo preciso conhecimento técnico do
assunto, visão futura do negócio e de seus recursos financeiros, que poderão ser
adquiridos por meio de planejamento e controle financeiro.
O processo de planejamento financeiro consiste em determinadas ações: (1)
levantar as opções de investimento e financiamento que a empresa dispõe; (2) auxiliar
na escolha de planos que coadunam melhor com os objetivos da empresa; (3) evitar
que a empresa seja surpreendida diante de eventos futuros, representando uma das
principais diretrizes de controle financeiro da empresa no que se refere a identificar as
suas metas financeiras, comparar a situação financeira atual e as metas financeiras
estabelecidas e elaborar o conjunto de medidas e ações para que a empresa atinja
seus objetivos a partir da situação atual (ROSS, WESTERFIELD E JAFFEE,1993).
Assim, o planejamento financeiro consiste no ato de definir as metas e objetivos
financeiros que deverão ser alcançados pela empresa diante do contexto em que ela
está inserida, enquanto o controle financeiro representa o monitoramento das tarefas
executadas por meio da adoção de proxies que possibilitem a comparação entre o
que foi executado e os objetivos pretendidos, bem como o alinhamento entre ambos.
A utilização de ambos permite uma previsão antecipada das necessidades
financeiras futuras do negócio. Para Souza (2007, p.12), “acompanhar, organizar e
controlar os serviços financeiros implica em disciplina organizacional”. O controle dos
recursos financeiros da empresa faz-se necessário, vez que os empreendedores-
gestores de MPEs deverão, no mínimo, saber com antecedência a sua liquidez e,
consequentemente, fazer captações de recursos de forma cautelosa.
Ainda segundo esse autor, as vendas cíclicas, concorrência, formação errada
de preços, custos fora de controle, negociações deficientes com fornecedores e
44
clientes, falta de capital de giro próprio, estoques mal dimensionados, maquinários
obsoletos, prazos desajustados de vendas e compras, altos índices de inadimplência,
distribuição antecipada de lucros por longo período, além da mão-de-obra em
desacordo com as necessidades, são algumas das dificuldades enfrentadas pelos
empreendedores-gestores na condução de MPEs, confrontando-os sistematicamente
com situações adversas ao sucesso de seus empreendimentos.No entanto, muitas
dessas situações podem ser minimizadas, ou até mesmo eliminadas, com a adoção
de proxies de controle financeiro. Nesse sentido, para que o planejamento e o controle
financeiro sejam executados de forma positiva dentro da MPEs, assumindo um papel
importante no desempenho do negócio, o empreendedor-gestor tem à sua disposição
proxies como o fluxo de caixa e outros relatórios financeiros, cujas informações
permitem o acompanhamento das atividades da empresa, além de subsidiar as
decisões para o alcance dos objetivos estabelecidos.
Para Carter e Van Auken (2006), controles financeiros e fluxos de caixa
ineficientes, somados à falta de habilidade na formação de preços, mostraram-se
significantes na determinação da sobrevivência de PMEs. Dentre os achados de
Raifur (2013), os aspectos financeiros apresentam efeitos significativos sobre o
desempenho das PMEs. Portanto,
H4d: A adoção de proxies de controle financeiro influencia positivamente o
desempenho de micro e pequenas empresas.
2.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Ainda que não seja claramente explicitado, o termo desempenho é utilizado
amplamente em todos os campos da administração. Na área do controle gerencial,
são usados termos como gestão de desempenho, medição e avaliação.
Frequentemente, “desempenho” indica efetividade e eficiência, sendo também
considerado como competitividade, redução de custos, crescimento, criação de valor
e emprego e sobrevivência das empresas no longo prazo (LEBAS E EUSKE, 2002).
Ainda de acordo com esses autores, “desempenho” é uma daquelas palavras cuja
definição se adequa ao contexto.
45
Assim como a utilização do termo desempenho é ampla, o mesmo pode ser
observado em relação a seus significados. Lebas e Euske (2002) identificaram os
significados mais recorrentes na literatura, destacando: (1) a execução de uma
intenção específica; (2) o resultado de uma ação; a capacidade de realizar ou o
potencial de criar um resultado; (3) a comparação de um resultado com uma referência
estabelecida; (4) um resultado inesperado comparado com as expectativas; e (5) um
julgamento por comparação.
Por ser um constructo social de conceito complexo, o “desempenho” representa
um tema gerador de controvérsias, ora pela dificuldade de definição e variedade de
significados, ora pela probabilidade de que os indicadores utilizados na sua
mensuração venham a se tornar contraditórios a longo prazo (LEBAS E EUSKE,
2002).
As medidas mais utilizadas são baseadas em modelos financeiros que
permitem comparações e são de fácil entendimento como, por exemplo, o retorno
financeiro e o fluxo de caixa que são conceitos demasiadamente objetivos. No
entanto, é possível argumentar que nem todas as variáveis presentes no contexto da
organização podem ser traduzidas em termos financeiros, principalmente quando
envolvem itens intangíveis e interpretações subjetivas (BERTOLDI, 2003).
Sendo assim, ainda não existe, até hoje, um método ou modelo de avaliação
de desempenho que seja incontestável, exigindo que os gestores escolham, entre
uma série de metodologias de avaliação de desempenho, a que seja mais adequada
aos diferentes elementos da empresa, principalmente as de micro e pequeno porte.
2.3.1 Medidas de Desempenho para Micro e Pequenas Empresas
Dada a complexidade para se estabelecer uma medida de desempenho, é
recomendada a utilização de múltiplas medidas (GORGIEVSKI et. al., 2011). Nesse
sentido, uma boa medida de rentabilidade seria o lucro, considerando que é visto
como objetivo por quase todas as empresas. No entanto, existem dificuldades em
medir o lucro entre MPEs nos países em desenvolvimento (DANIELS, 2001; DE MEL,
MCKENZIE & WOODRUFF, 2009). Daniels e Mead (1998) indicaram quatro
problemas na utilização do lucro como medida de desempenho de MPEs: (1)
empresários não mantêm registros financeiros; (2) estimativas de lucro sofrem
46
distorções ao viés da memória; (c) muitas MPEs experimentam sazonalidade; e (d) os
empresários podem ter um incentivo para fornecer informações incorretas.
Para Wright, Kroll e Parnell (2000), a mensuração do desempenho pode ser
realizada de maneira qualitativa e quantitativa. Na forma qualitativa, a empresa pode
avaliar se os seus produtos são superiores, inferiores ou equiparáveis aos do ano
anterior, ou então, comparar seus produtos aos dos concorrentes. Na forma
quantitativa, o desempenho pode ser verificado por meio do retorno sobre os ativos,
sobre os investimentos, sobre as vendas e retorno sobre o capital.
Kaplan e Norton (1992), por meio do Balanced Scorecard, buscaram reunir o
desempenho de uma empresa sob quatro perspectivas: financeira, clientes, processos
internos e aprendizado e crescimento. Para eles, o desempenho das empresas deve
ser medido tanto sob a ótica financeira e como a não financeira.
De acordo com Barney (1996), a expectativa dos proprietários dos ativos e a
sobrevivência das organizações também podem ser vistas como medidas de
desempenho. Em relação à segunda, Barney (1996), afirma que é relativamente fácil
para pequenas empresas encerrarem seu negócio em comparação a grandes
empresas e, a partir daí, a mensuração de desempenho para pequenas empresas
talvez possa ser avaliada por meio da continuidade ou não de suas operações.
Nesse sentido, a abordagem de valor presente é outra medida de desempenho
que, fundamentada na teoria financeira, dá ênfase ao fluxo de caixa. Sob essa
perspectiva, o valor presente líquido da empresa maior que zero e menor que zero
representam, respectivamente, desempenho econômico aceitável e inaceitável
(BARNEY, 1996).
Outra forma de mensuração tanto qualitativa quanto quantitativa é o
benchmarking competitivo, uma análise de “desempenho de uma empresa pelo
desempenho das melhores empresas do setor” (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000,
p. 348).
Haber e Reichel (2005), testando um conjunto de medidas de desempenho na
indústria de turismo, obtiveram como resultado uma matriz com medidas objetivas e
subjetivas de curto e longo prazo, demonstradas na Figura 1.
47
LONGO PRAZO
Crescimento nas vendas Crescimento no número de
empregados
Desenvolvimento e Crescimento Turismo e a força do negócio Sucesso na geração de lucros em
períodos de crise
CURTO PRAZO
Receitas Número de empregados Vendas por Empregado
Ocupação e satisfação do cliente Lucro comparado com os
competidores
OBJETIVA SUBJETIVA
FIGURA 1 - MATRIZ DE MEDIDAS DE DESEMPENHO
FONTE: Haber e Reichel, 2005
Semelhante à pesquisa anterior, os resultados do estudo de Dess e Robinson
Jr. (1984) apontam uma significativa correlação entre medidas objetivas e subjetivas
de desempenho. As medidas objetivas utilizadas foram: (1) taxa de retorno sobre os
ativos totais e (2) crescimento em vendas. As medidas subjetivas consistiram na
avaliação dos executivos para as seguintes questões: (1) percepção do retorno sobre
ativos comparado com os concorrentes do setor; (2) percepção do crescimento total
das vendas (considerando o volume percebido das vendas de empresas similares); e
(3) percepção do desempenho atual com relação ao esperado desempenho ideal da
empresa para os últimos cinco anos.
Berrone et. al. (2014) também utilizaram uma forma subjetiva de mensuração
de desempenho em microempresas argentinas. Em seu estudo, os autores
verificaram a relação entre as características pessoais do empreendedor, as
características organizacionais e o desempenho de microempresas, sendo que este
foi medido pela variação percebida nas atividades da empresa: o volume de vendas,
o lucro, o número de empregados e a imagem ou prestígio social da empresa
(crescimento, estabilidade e decréscimo).
Outro estudo que usou medidas objetivas foi o de West e Noel (2009) que,
baseando-se na teoria dos recursos, mediram o desempenho de empresas recém-
abertas mediante três questões, onde eram informados: (1) o estágio (percentual) que
a empresa se encontrava em comparação com o desejado (equivalente a 100%); (2)
o crescimento percebido na empresa em relação aos principais concorrentes; e (3) o
48
nível geral de desempenho comparado com os principais concorrentes. Os autores
acrescentam que as medidas de desempenho tradicionais não estavam disponíveis
ou não eram apropriadas nesse contexto.
Por meio de levantamentos na literatura sobre pequenos negócios e entrevistas
com proprietários de empresas, Gorgievski et al. (2011), identificaram dez critérios
para determinação do sucesso empresarial, apresentados no Quadro 4.
CRITÉRIO DESCRIÇÃO
Lucratividade / Rentabilidade Altas margens de lucro e dividendos elevados.
Crescimento Crescimento no número de empregados; vendas; participação no mercado e/ou distribuição.
Inovação Introdução de novos produtos e métodos de produção.
Sobrevivência / Continuidade Permite a transferência por gerações ou pode ser vendida com lucro.
Contribuições para a Sociedade
Consciência Social; produção sustentável.
Satisfação Pessoal Alcance de aspectos importantes: autonomia, desafios, segurança, força, criatividade, etc
Satisfação dos Stakeholders Empregados satisfeitos e comprometidos; clientes satisfeitos.
Balanço positivo: entre trabalho e vida privada
Influência positiva mútua entre trabalho e vida privada, permitindo tempo para si próprio, família e amigos.
Reconhecimento Público Boa reputação, premiação.
Utilidade A organização cumpre uma necessidade da sociedade; fornece um importante serviço ou produto.
QUADRO 4 - CRITÉRIOS DE SUCESSO EMPRESARIAL
FONTE: Gorgievski et. al. (2011)
De acordo com os autores, três critérios foram identificados como essenciais
na determinação do sucesso dos empreendimentos: lucratividade, crescimento e
inovação, embora seja possível observar que a lucratividade e o crescimento são mais
recorrentes do que a inovação. Os demais critérios também foram elencados
considerando a frequência observada na literatura. Quanto aos achados desse
estudo, Gorgiesvski et. al (2011) observaram que a satisfação pessoal foi a medida
de desempenho mais citada pelos empreendedores, seguida pela lucratividade,
satisfação dos stakeholders e balanço positivo entre trabalho e vida pessoal. Os
autores ainda acrescentam que os critérios de desempenho diferem em relação à
idade dos respondentes e ao tamanho da empresa, ou seja, enquanto os proprietários
das grandes empresas destacam a continuidade e a sobrevivência dos negócios, os
das empresas de pequeno porte enfatizam o balanço positivo entre o trabalho e a vida
pessoal.
49
De acordo com os estudos apresentados, as duas variáveis utilizadas como
medidas de desempenho que apresentaram maior evidência empírica foram o
crescimento das vendas, seguido da percepção dos lucros. Na sequência, serão
observadas algumas variáveis explicativas na determinação do desempenho de
MPEs.
2.3.2 Determinantes de desempenho de Micro e Pequenas Empresas
As variáveis utilizadas na determinação do desempenho são aquelas que
explicam os fatores que contribuem significativamente com o desempenho das
empresas. Nesse sentido, as contribuições históricas não são apenas uma fonte de
informações sobre os determinantes pessoais de sucesso dos fundadores de
negócios. Elas são fontes necessárias, na medida em que a base de conhecimentos
teórico e empírico moderno é bastante limitada (VAN PRAAG, 2003).
Sob o prisma da teoria econômica, a autora resumiu algumas das variáveis
explicativas testadas como determinantes de desempenho, associando-as aos seus
pressupostos teóricos e respectivos autores (Quadro 5). Na primeira coluna
(Variáveis), a autora listou as variáveis utilizadas em estudos anteriores; na coluna
Evidencia Empírica, foram elencadas as variáveis que se mostraram significativas
nesses estudos. Posteriormente, a autora relacionou as variáveis estatisticamente
significativas com as características dos empreendedores apontadas pelos autores
Say, Marshall, Schumpeter e Knight, que atribuíram a elas o desempenho e o sucesso
dos empreendimentos.
50
Variáveis Evidência Empírica
Say Marshall Schumpeter Knight
Idade Empreendedor jovem
Experiência Empreendedora própria
Experiência Empreendedora própria
Conhecimento de negócios
Experiência no setor de atuação
Experiência no setor de atuação
Conhecimento do setor
Conhecimento comercial
Experiência ocupacional
Experiência ocupacional
Conhecimento da ocupação
Educação Educação
Capacidade intelectual
Ativos Capital próprio Capital próprio
Capital (habilidade para obter)
Background familiar Background
Iniciar como desempregado
Motivação
Autoestima Auto- confiança
QUADRO 5 - DETERMINANTES DE DESEMPENHO: CLÁSSICOS E MODERNOS
FONTE: Van Praag (2003)
Como se pode observar no Quadro 5, cinco das seis características (variáveis)
que apresentaram evidência empírica nos estudos analisados foram apontadas pelos
economistas. Esses dados tornam-se relevantes, à medida que suportam a Teoria
empregada para embasar o presente estudo, numa tentativa de explicar o
desempenho das MPEs.
Nessa linha, Raifur (2013) realizou um levantamento das variáveis
potencialmente explicativas em mais de uma centena de pesquisas publicadas nos
periódicos nacionais e internacionais, identificando, a partir da análise desses
estudos, 31 variáveis estatisticamente significativas, que estão apresentadas na
Tabela 1 por ordem da frequência com que essas variáveis foram empregadas nos
estudos.
51
TABELA 1 - VARIÁVEIS EXPLICATIVAS SIGNIFICANTES NA DETERMINAÇÃO DA SOBREVIVÊNCIA OU DESEMPENHO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.
ORDEM VARIÁVEL EXPLICATIVA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
1 Capital 15
11%
2 Experiência no setor / Experiência Ocupacional 14 9%
2 Plano de Negócio / Planejamento 14 9%
3 Educação 11 7%
3 Registros / Controles Financeiros 11 7%
4 Liderança 9 6%
4 Utilização de serviço especializado 9 6%
5 Qualificação do staff 7 5%
5 Capacitação Gerencial 7 5%
6 Capital investido (tamanho) 6 4%
6 Fatores de Marketing 6 4%
7 Idade do Empreendedor 4 3%
7 Número de Empregados (tamanho) 4 3%
7 Momento econômico (crescimento x recessão) 4 3%
7 Motivação para abertura (oportunidade x necessidade) 4 3%
8 Experiência Empreendedora 3 2%
8 Cultura Familiar Empreendedora 3 2%
8 Estrutura Societária 3 2%
8 Gênero do Empreendedor 3 2%
8 Problemas / Razões Pessoais 3 2%
9 Acesso a Instituições 2 1%
9 Generalidades versus especialidades 2 1%
9 Grau de independência 2 1%
9 Problemas Financeiros 2 1%
9 Concorrência 2 1%
9 Suporte Governamental 2 1%
9 Grau de Expectativas 2 1%
10 Localização 1 0,5%
10 Sazonalidade 1 0,5%
10 Idade da empresa 1 0,5%
10 Risco de Mercado 1 0,5%
TOTAL 151 100%
FONTE: RAIFUR (2013)
A Tabela 1 indica que 43% do total das observações são representados por
cinco variáveis: capital, experiência no setor, plano de negócios/planejamento,
educação, e registros e controles financeiros, que foram evidenciadas 65 vezes
(RAIFUR, 2013). Observa-se que quatro dessas cinco variáveis foram empregadas
nesta pesquisa na condição de variáveis explicativas do constructo capital humano
52
(educação e experiência no setor) e do constructo proxies de controle gerencial (plano
de negócios/planejamento e registros e controles financeiros).
Para fins deste estudo, buscou-se investigar o impacto das características do
empreendedor-gestor – subdivididas em capital humano, capital social e motivação
para empreender – e das proxies de controle gerencial no desempenho das MPEs. A
seguir, discorre-se sobre os procedimentos metodológicos adotados para o presente
estudo.
53
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste tópico serão aprestados os aspectos metodológicos do trabalho, como
caráter metodológico, estratégias de planejamento da pesquisa, instrumento de
pesquisa, caracterização dos respondentes e critérios para tratamento e análise dos
dados.
3.1 CARÁTER METODOLÓGICO
A teoria de base do presente estudo engloba os pressupostos da teoria
econômica no contexto do empreendedorismo. A escolha dessa teoria deve-se ao fato
de que esta abordagem aponta o empresário como um agente que possui habilidades
e toma decisões visando a maximização dos resultados, explicando “o
empreendedorismo como resultado de uma racionalidade econômica, seja a nível do
empresário, da empresa ou do sistema econômico” (DINIZ E USSMAN, 2006, p.99).
A pesquisa parte do pressuposto de que as características do empreendedor-
gestor e o controle gerencial afetam o desempenho da micro e pequena empresa.
Outro aspecto levantado por este estudo é que as características do empreendedor-
gestor (capital humano, capital social e motivação para empreender) impactam na
adoção do controle gerencial por meio do uso de suas proxies nas dimensões de
planejamento, controles financeiros, fatores mercadológicos e de pessoal, que dão
suporte à tomada de decisão rumo ao desempenho.
3.1.1 Modelo teórico proposto para análise de equações estruturais
O modelo hipotético ou teórico da pesquisa foi composto por 5 variáveis
latentes ou constructos de 1ª ordem: Motivação para empreender, Capital Humano,
Capital Social, Controle gerencial e Desempenho e 5 variáveis latentes ou constructos
de 2ª ordem: Motivação para empreender por oportunidade, Motivação para
empreender por necessidade, Proxies de Controle Gerencial na dimensão de
Planejamento, Controle Financeiro, Fatores Mercadológicos e de Controle de Pessoal,
que foram confirmados durante as análises iniciais. Durante o processo de validação
54
do modelo, foi necessário retirar a dimensão de Controle Financeiro das Proxies de
Controle Gerencial, visto a sua baixa explicação entre as demais variáveis do
constructo. Sua retirada não inviabiliza nem compromete o estudo.
O modelo inicialmente contava com 31 indicadores, porém foi necessário retirar
3 indicadores do constructo Capital Humano e 1 indicador do Capital Social, 1
indicador da Motivação para empreender, 3 indicadores das Proxies de Controle
Gerencial e 1 indicador do constructo Desempenho, restando 22 indicadores. Dessa
forma, o Capital Humano comporta um total 2 indicadores; Capital Social, 3
indicadores; Motivação para empreender, 5 indicadores; Proxies de Controle
Gerencial, 9 indicadores; Desempenho, 3 indicadores.
3.1.2 Hipóteses da pesquisa
As hipóteses apresentadas a seguir, têm como meta cumprir os objetivos que
regem este estudo a partir da questão-problema, que busca verificar os determinantes
de desempenho de micro e pequenas empresas com relação às características do
empreendedor-gestor e o controle gerencial.
O modelo conceitual da pesquisa foi desenvolvido utilizando-se cinco
constructos principais: Motivação para empreender, que compreende duas dimensões
(por oportunidade e por necessidade); Capital Humano; Capital Social; Controle
Gerencial, que compreende três dimensões (Planejamento, Fatores Mercadológicos
e Controle de Pessoal); e Desempenho. A pesquisa sugere que as dimensões do
Controle Gerencial podem intensificar o desempenho quando possuem como
antecedentes o Capital Humano, o Capital Social e a Motivação para empreender. O
estudo sugere também que Capital Humano e Capital Social podem intensificar a
adoção das Proxies de Controle Gerencial quando possuem como antecedente a
Motivação para empreender.
Nesta pesquisa, são avaliadas 11 hipóteses relacionadas com as 10 variáveis
latentes. A identificação das hipóteses considera o modelo estrutural teórico
identificado na Figura 2, baseada no objetivo geral do trabalho.
55
FIGURA 2 - MODELO TEÓRICO DO ESTUDO
FONTE: elaborado pela autora (2016)
Hipóteses:
Hipótese 1a A Motivação por oportunidade influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 1b A Motivação por necessidade influencia negativamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 2 O Capital Humano influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 3 O Capital Social influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 4 A adoção das Proxies de Controle Gerencial influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 5a A Motivação por oportunidade influencia positivamente a adoção da Proxies de Controle Gerencial, mediada pelo Capital Humano.
Hipótese 5b A Motivação por necessidade influencia positivamente a adoção da Proxies de Controle Gerencial, mediada pelo Capital Humano.
Hipótese 6a A Motivação por oportunidade influencia o positivamente a adoção da Proxies de Controle Gerencial, mediada pelo Capital Social
56
Hipótese 6b A Motivação por necessidade influencia positivamente a adoção da Proxies de Controle Gerencial, mediada pelo Capital Social.
Hipótese 7a A Motivação por oportunidade influencia o Desempenho de MPEs, mediada pelo Capital Humano.
Hipótese 7b A Motivação por necessidade influencia o Desempenho de MPEs, mediada pelo Capital Humano.
Hipótese 8a A Motivação por oportunidade influencia o Desempenho de MPEs, mediada pelo Capital Social.
Hipótese 8b A Motivação por necessidade influencia o Desempenho de MPEs, mediada pelo Capital Social.
Hipótese 9a A Motivação por oportunidade influencia o Desempenho de MPEs, mediada pelas Proxies de Controle Gerencial.
Hipótese 9b A Motivação por necessidade influencia o Desempenho de MPEs, mediada pelas Proxies de Controle Gerencial.
Hipótese 10 O Capital Humano influencia o Desempenho de MPEs, mediado pelas Proxies de Controle Gerencial.
Hipótese 11 O Capital Social influencia o Desempenho de MPEs, mediado pelas Proxies de Controle Gerencial.
A construção das hipóteses considerou o Controle Gerencial como um
constructo único, visando a atender ao objetivo geral do estudo, embora na
Modelagem de Equações Estruturais, técnica estatística adotada, tenham-se utilizado
as três dimensões (Planejamento, Fatores Mercadológicos e Controle de Pessoal)
separadamente de Proxies de Controle Gerencial. A segregação das Proxies de
Controle Gerencial foi estatisticamente necessária, já que possuem fatores distintos,
dando origem a três hipóteses complementares:
Hipótese 4a O Planejamento influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 4b O Controle dos Fatores Mercadológicos influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 4c O Controle de Pessoal influencia positivamente o Desempenho de MPEs.
Hipótese 4d A adoção de proxies de controle financeiro influencia positivamente o desempenho de MPEs.
Além das hipóteses formuladas, testaram-se também as relações diretas entre
as variáveis de estudo.
57
3.1.3 Desenho da pesquisa
Dadas as hipóteses, visando a uma melhor compreensão do estudo, definiu-se
o desenho da pesquisa, que é a demonstração gráfica de como a pesquisa, as
variáveis e as relações propostas foram efetuadas.
Na Figura 3, apresenta-se o desenho do constructo da pesquisa, evidenciando
a proposta deste estudo de verificar os determinantes de desempenho de micro e
pequenas empresas, relativos às características do empreendedor (Motivação para
empreender, Capital Humano e Capital Social) e ao Controle Gerencial. Sendo assim,
sugere-se a mediação das Proxies de Controle Gerencial em suas três dimensões
(Planejamento, Mercadológica e Controle de pessoal) com as características do
empreendedor-gestor (Motivação para empreender, Capital Humano e Capital Social)
e o Desempenho das MPEs. Além disso, objetiva-se também verificar a relação
existente por meio da mediação e as relações diretas sem a mediação do Controle
Gerencial.
FIGURA 3 - DESENHO DA PESQUISA FONTE: elaborado pela autora (2016)
58
Observa-se, na Figura 3, a relação indireta entre a Motivação para empreender
em suas duas dimensões (por oportunidade e por necessidade) como variável
antecedente e independente; o Controle Gerencial em suas quatro dimensões
(Planejamento, Fatores Mercadológicos e Controle de pessoal) como variável
mediadora; e o Desempenho como variável consequente e dependente.
Complementarmente, a figura indica também a relação indireta entre a Motivação para
empreender em suas duas dimensões (por oportunidade e por necessidade) como
variável antecedente e independente; o Capital Humano e o Capital Social como
variáveis mediadoras e adoção das Proxies de Controle Gerencial em suas três
dimensões (Planejamento, Fatores Mercadológicos e Controle de pessoal) como
variáveis consequentes e dependentes.
3.1.4 Constructos e Variáveis explicativas
Com intuito de explicar o desempenho de MPEs (variável dependente), foram
utilizados os fatores (constructos 1 e 2) e os indicadores (variáveis independentes)
apresentados no Quadro 6.
59
Fator (constructo1)
Fator (constructo2)
Variáveis Explicativas Referencias
Características do
Empreendedor-gestor
Capital Humano
Escolaridade
Berrone et al (2014); Raifur (2013); Mizumoto et al (2010)
Média de cursos relacionados ao negócio
Experiências no ramo da empresa
Experiência Gerencial
Experiência Empreendedora
Capital Social
Composição do Capital
Mizumoto et al (2010); Raifur (2013); Busca de informações com familiares
e amigos
Parcerias
Uso de serviços especializados
Motivação para
empreender
Oportunidade Berrone et al (2014); Raifur (2013); Necessidade
QUADRO 6 - CONSTRUCTOS E VARIÁVEIS EXPLICATIVAS DAS CARACTERÍSTICAS DO
EMPREENDEDOR
FONTE: adaptado de Raifur (2013)
O constructo, características do empreendedor-gestor, é representado neste
estudo pelos constructos: capital humano, capital social e motivação para
empreender. Nesse sentido, entende-se por capital humano o conjunto de
conhecimentos, habilidades e experiências detidos pelo empreendedor, fornecendo
dispositivos que possam influenciar na tomada de decisão e controle gerencial do
empreendimento (COOPER et al.,1994). A semelhança de outros estudos, o capital
humano será medido por meio de cinco variáveis: escolaridade, média anual de
treinamento, experiências empreendedora, gerencial e no ramo da empresa.
Já o capital social é constituído a partir da rede de relacionamentos do
empreendedor que vão desde as relações com supridores até relações familiares e
pessoais que podem prover recursos importantes para estabelecer um negócio
(LAIRD, 2006). Então, para a medição do capital social serão empregadas as
seguintes variáveis: composição do capital para abertura da empresa, busca de
informações com familiares e amigos, parcerias e uso de serviços especializados.
60
A motivação para empreender, por sua vez, tanto pode ser baseada na
necessidade como na oportunidade, sendo que os negócios motivados por
oportunidade têm melhores chances de desempenho (BERRONE et al., 2014). Para
fins deste estudo, a motivação para empreender será classificada em: por
oportunidade e por necessidade.
As características do empreendedor-gestor são vistas como determinantes do
desempenho de microempresas (BERRONE et. al., 2014). No Quadro 7, estão
descritos os indicadores para testar a relação desse constructo com o desempenho.
CAPITAL HUMANO
Indicadores Descrição Tipo Escala
ESCOL Nível de Escolaridade Likert 5
TREIN Média anual de horas de treinamento pessoal Likert 5
EXP RAMO Experiência anterior em anos no ramo da empresa. Likert 5
EXP GER Experiência gerencial em anos em empregos anteriores. Likert 5
EXP EMP Experiência anterior em anos como empreendedor de outra empresa.
Likert 5
CAPITAL SOCIAL
DISP CAP Disponibilidade de recursos próprios para abrir a empresa Likert 5
INF FAM Busca de informações e experiências compartilhadas com familiares e amigos que atuam no mesmo ramo.
Likert 5
PARCERIA Participação em ações em conjunto com outras empresas e manteve com amigos do ramo.
Likert 5
SERV ESP Utilização de serviços especializados como Sebrae, Universidades e Consultorias
Likert 5
MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER
MOT OP Motivação por oportunidade Likert 5
MOT NEC Motivação por necessidade Likert 5
QUADRO 7 - CARACTERIZAÇÃO OPERACIONAL DOS INDICADORES DAS CARACTERÍSTICAS
PESSOAIS DO EMPREENDEDOR FONTE: adaptado de Raifur (2013)
As proxies de controle gerencial, quando adotadas, proporcionam maior
eficiência na execução das atividades de controle, fornecendo informações sobre
diferentes aspectos do negócio, que subsidiam a tomada de decisões rumo ao
desempenho (FREZATTI et. al., 2014). No contexto das MPEs, as evidências
empíricas mais recorrentes referem-se aos aspectos relacionados ao Plano de
negócios/Planejamento; aos Registros e Controles Financeiros; aos Fatores de
Marketing; e ao Controle de Pessoal, demonstrados no Quadro 8.
61
Fator (constructo1)
Variáveis Explicativas
Variáveis Explicativas (indicadores) Referências
Proxies de Controle Gerencial
Planejamento (Plano de negócio)
Realização do Plano de Negócios
Mehralizadeh e Sajady (2006); Sebrae (2008); Mizumoto et al (2010); Schaefer (2012); Raifur (2013);
Realização de Plano de ação
Uso do Plano de Negócios
Controles Financeiros
Conhecimento de Fluxo de Caixa Lussier (1996); Mehralizadeh e Sajady (2006); Carter e Van Auken (2006; Raifur (2013);
Utilização de Fluxo de Caixa
Uso de Antecipação de recebíveis
Fatores de Marketing
Pesquisa de Mercado
Cobra (2003); Carter e Van Auken (2006); Olavarrieta e Fridmann, 2008; Las Casas (2009); Schaefer (2012); Abbade, Zanini e Souza (2012); Raifur (2013);
Contato com Fornecedores
Análise do Ambiente
Controle de Pessoal
Controle de ações
Becker, Huselid e Ulrich (2001); Lacombe (2006); Merchant E Van Der Stede (2007); Oliveira (2011).
Recrutamento e Seleção
Treinamento
QUADRO 8 - CONSTRUCTOS, VARIÁVEIS EXPLICATIVAS DO CONTROLE GERENCIAL (PROXIES)
FONTE: elaborado pela autora.
No Quadro 9, estão demonstrados os constructos, variáveis explicativas e as
respectivas hipóteses enquanto, na tabela 6, estão descritos os indicadores utilizados
para verificar a relação das proxies no desempenho das MPEs.
62
PLANEJAMENTO
Indicadores Descrição Tipo Escala
PL NEG Realizou um plano de negócios com os principais objetivos e metas antes da abertura da empresa.
Likert 5
PL AÇÃO Realiza plano de ação. Likert 5
USO PL Utilização do plano de negócios para a tomada de decisão. Likert 5
CONTROLE FINANCEIRO
CON FCX Conhecimento e controle do fluxo de caixa mensal. Likert 5
CONT R_P Uso do Fluxo de Caixa para controlar entradas e saídas de caixa.
Likert 5
USO ANT Uso de Antecipação de Recebíveis
FATORES DE MARKETING
PESQ MER Realizou pesquisa de mercado antes da abertura da empresa Likert 5
PESQ FOR Pesquisa e contato prévio com fornecedores. Likert 5
PESQ AMB Análise do ambiente: concorrentes, preços, etc. Likert 5
CONTROLE DE PESSOAL
CON FUN Controla e verifica se as ações dos funcionários estão alinhadas com as metas empresa.
Likert 5
TREIN FUN Promove treinamento aos funcionários. Likert 5
REC SEL Realiza recrutamento e seleção de funcionários antes da contratação
Likert 5
QUADRO 9 - CARACTERIZAÇÃO OPERACIONAL DOS INDICADORES DAS PROXIES DE
CONTROLE GERENCIAL FONTE: adaptado de Raifur (2013)
Após a apresentação das variáveis independentes empregadas no estudo,
busca-se demonstrar o desempenho como variável dependente (explicada). As
medidas tradicionais de desempenho exigem informações objetivas de um conjunto
de variáveis, incluindo o volume de vendas, rentabilidade, custos, participação de
mercado etc., que no caso das MPEs são difíceis de se obter – e quanto menor a
empresa, maior a dificuldade (BERRONE et. al., 2014). Por esse motivo, o
desempenho será medido com base na percepção dos respondentes sobre os
seguintes aspectos da evolução de seus negócios: (1) o volume de vendas; (2) o lucro,
(3) o número de empregados; e (4) a imagem ou prestígio social da empresa,
conforme Quadro 10.
63
Indicador Descrição Tipo Pontos
VAR_LUCRO Variação do lucro Likert 5
VAR_REC Crescimento das vendas Likert 5
VAR_FUNC Aumento do número de funcionários Likert 5
IM_PRES Imagem e prestígio social da empresa Likert 5
QUADRO 10 - INDICADORES UTILIZADOS NA DETERMINAÇÃO DO DESEMPENHO
FONTE: adaptado de Raifur (2013)
Na tabela acima, estão descritos os indicadores utilizados na determinação do
desempenho das MPEs e, na sequência, o planejamento da pesquisa.
3.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PESQUISA
Em se tratando de procedimentos de pesquisa, Kerlinger (1980) aponta que o
primeiro passo é definir se a pesquisa será experimental ou não experimental. A
pesquisa não experimental é aquela em que não há a manipulação das variáveis
independentes, sendo esse procedimento classificado como “ex post facto” que
“significa que neste tipo de pesquisa o estudo foi realizado após a ocorrência de
variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos” (GIL, 2002,
p.07).
Como o presente estudo tem como objetivo verificar os determinantes de
desempenho de micro e pequenas empresas com relação às características do
empreendedor-gestor e o controle gerencial, os dados utilizados foram estáticos,
preexistentes, representando uma rotina real, o que caracteriza a pesquisa em seu
procedimento como não-experimental.
Na dimensão do tempo, a pesquisa classifica-se em transversal ou seccional e
longitudinal ou horizontal. Em um estudo transversal, a unidade amostral é observada
em um determinado momento; em um estudo longitudinal, a amostra é analisada ou
testada em vários períodos de tempo (COOPER; SCHINDLER, 2003). Este estudo
caracteriza-se como transversal, à medida que cada respondente representa uma
unidade amostral e em um único momento.
O ambiente da pesquisa evidencia-se como de campo com rotina real, pois os
questionários serão respondidos por empreendedores-gestores de MPES, sobre
64
dados objetivos pessoais e de sua empresa e também sobre suas percepções, cujas
circunstâncias podem ter influenciado as respostas.
Quanto à abordagem com relação ao problema, o presente estudo constitui-se
como quantitativo. Na abordagem quantitativa são empregados instrumentos
estatísticos tanto na coleta como no tratamento de dados. De acordo com Raupp e
Beuren (2003, p. 92), “este procedimento não é tão profundo na busca do
conhecimento da realidade dos fenômenos, uma vez que se preocupa com o
comportamento geral dos acontecimentos”. No entanto, a sua utilização é bastante
comum em estudos de levantamento ou survey, como uma alternativa de se
compreender o comportamento de uma população por meio de uma amostra.
Em relação ao objetivo do estudo, buscou-se uma abordagem descritiva.
Segundo Gil (2008), o estudo descritivo visa a descrever as características de
determinadas populações ou fenômenos, tendo como peculiaridade a utilização de
técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação
sistemática.
Quanto à abordagem epistemológica, buscou-se o emprego do positivismo. De
acordo com Martins e Theóphilo (2007), a abordagem positivista consiste em explicar
os fenômenos, a partir da identificação de suas relações, por meio de instrumentos
estatísticos e de coleta de dados. Uma das principais características dessa
abordagem é que a explicação da realidade se dá pela observação dos fatos,
pressupondo-se a neutralidade do pesquisador (TRIVIÑOS, 1987). Para os positivistas,
mesmo com a subjetividade do comportamento humano é possível estudar as
pessoas usando os mesmos métodos utilizados para analisar objetos físicos, visando
à sua objetividade (MOREIRA, 2004).
Após a definição metodológica, busca-se estabelecer os procedimentos
necessários para alcançar os objetivos do presente estudo. Primeiramente, foi
definida a população a ser pesquisada: as MPEs situadas região noroeste do Estado
do Paraná, especificamente, Microrregião de Paranavaí. Na sequência, identificou-se
a população-alvo, MPEs localizadas nessa região e cadastradas nas respectivas
Associações Comerciais e Industriais de cada cidade, perfazendo um total de 2.902
micro e pequenas empresas. A delimitação da amostra é não-probabilística e por
conveniência (COOPER e SCHINDLER, 2003), devido ao fato de a pesquisadora
morar na referida região – o que facilita o acesso ao cadastro das Associações, assim
como a localização das MPEs.
65
Em segundo lugar, foi elaborado o instrumento de pesquisa (questionário),
adaptado do estudo de Raifur (2013) e Berrone et. al. (2014), o qual foi enviado aos
empreendedores-gestores das MPEs para compor a amostra. A forma de acesso aos
respondentes ocorreu de duas maneiras: a) via e-mail, disponibilizando o link no
servidor onde o questionário foi instalado para que ser respondido de forma on line.);
b) entrega pessoal, no formato impresso. Em se tratando dos questionários
eletrônicos, foi solicitado ao respondente o preenchimento do seu e-mail, como uma
forma de evitar duplicidade de resposta.
Terminada a fase de coleta, as informações foram tabuladas e os resultados
analisados. As técnicas estatísticas adotadas neste estudo foram análises descritivas,
análises de confiabilidade com base no alfa de Cronbach, análise fatorial exploratória
e Modelagem de Equações Estruturais. Para tanto, foram utilizadas as ferramentas
Excel, SPSS versão 20 e Smart PLS 2.0M3.
3.3 INSTRUMENTO DA PESQUISA
O instrumento de pesquisa consiste em um questionário com questões
estruturadas, respondidas por empreendedores-gestores de MPEs situadas na
microrregião noroeste do Estado do Paraná. A princípio, consideraram-se os
questionários utilizados por Berrone e. al. (2014) e Raifur (2013), adaptando as
questões conforme o objetivo do estudo. Para testar a eficiência do instrumento, foi
feito um pré-teste com 30 empreendedores-gestores da cidade de Paranavaí, os quais
sugeriram algumas alterações na redação das questões e a mudança dos dados da
empresa que estavam no início para o final do questionário. Todas as sugestões foram
acatadas. Sobre as respectivas respostas, calculou-se o coeficiente alfa de Cronbach
para cada constructo empregado na pesquisa conforme demonstrados no Quadro 11.
66
Constructos Coeficiente
Características do Empreendedor-gestor
Capital Humano 0,73
Capital Social 0,74
Motivação para empreender 0,92
Proxies de Controle Gerencial
Planejamento 0,93
Controles Financeiros 0,74
Fatores Mercadológicos 0,74
Controle de Pessoal 0,89
Desempenho 0,78
QUADRO 11 - COEFICIENTE ALFA DE CRONBACH DO PRÉ-TESTE Fonte: Elaborado pela autora
O cálculo do Alfa de Cronbach mede a correlação entre as respostas do
questionário por meio da análise e o perfil das respostas dadas pelos respondentes,
mensurando a consistência interna das variáveis. Segundo Hair Jr et al. (2005), esse
coeficiente estabelece a expectativa de erro da medida feita: quanto mais próximo de
1 menor a expectativa de erro e maior a confiabilidade do instrumento. Da leitura da
Tabela 8, verifica-se que todos os resultados apresentam valores acima de 0,73
considerados aceitáveis (HAIR JR et al., 2005).
O questionário (disponibilizado no apêndice) foi composto por questões
divididas da seguinte maneira: (1) os dados do empreendedor-gestor; (2) as
características do empreendedor-gestor, subdividas entre capital humano, capital
social e motivação para empreender; (3) o controle gerencial; (4) a percepção de
desempenho; e (5) os dados da empresa.
3.4 CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES
Os respondentes desta pesquisa fazem parte do contexto brasileiro, no qual a
totalidade de micro e pequenas empresas corresponde a 6.339.620
empreendimentos. No Paraná, esse número é de 514.516 empresas, equivalendo a
um percentual de 8,11% do total (SEBRAE, 2012).
Já na microrregião noroeste do Estado do Paraná, o número de micro e
pequenas empresas corresponde a 8.636 estabelecimentos, distribuídos em 29
67
cidades que compõem a região (IPARDES, 2014). Desse total, 17 cidades possuem
Associações Comerciais e Industriais.
O presente estudo tem como população-alvo 2.170 MPEs situadas na
microrregião noroeste do Estado do Paraná, que fazem parte do cadastro das
Associações Comerciais e Industrias de suas cidades, dando origem à amostra. As
estimativas da amostra permitem um erro máximo de 5%, em um nível de 95% de
confiança.
A coleta de dados ocorreu no período de outubro a dezembro de 2015 e a
amostra foi constituída por 311 respondentes, sendo 112 respondidos de forma online
e 199 por meio impresso. Os questionários impressos foram entregues pessoalmente
aos empreendedores-gestores nos endereços das empresas conforme listagens
fornecidas pelas Associações, estabelecendo uma semana de prazo para resposta.
Embora os empreendedores tenham se mostrado receptivos com a pesquisadora,
alguns se recusaram a responder, alegando falta de tempo.
3.5 TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS
Os dados coletados foram tabulados por meio do software SPSS. Em primeiro
lugar, verificar-se-á a confiança do questionário calculando o coeficiente Alfa de
Cronbach. Tal coeficiente mede a correlação entre as respostas de um questionário
por meio da análise das respostas dadas pelos respondentes, apresentando uma
correlação média entre as perguntas, calculado a partir da variância dos itens
individuais e da variância da soma dos itens de cada avaliador dos itens do
questionário que utilizem uma mesma escala de medição (HORA, MONTEIRO E
ARICA, 2010).
3.5.1 Tratamento estatístico
Nas análises quantitativas dos dados, iniciou-se com a caracterização dos
respondentes utilizando a estatística descritiva, por meio de tabelas de frequência e
porcentagens. Na sequência, foram realizadas as Análises Fatoriais Exploratórias
(AFE) e Análises Fatoriais Confirmatórias (AFC).
68
Hair Jr et al. (2009) definiu a AFE como uma técnica de interdependência que
auxilia a ter medidas mais precisas na dimensionalidade das medições das variáveis
ao se relacionarem. Para esses autores, as variáveis constantes podem ser
agrupadas em fatores que garantem a unidimensionalidade das variáveis latentes do
modelo teórico do estudo. A AFE tem como objetivo verificar se todos os indicadores
são realmente relevantes no modelo proposto, considerando as estruturas conceituais
das variáveis de cada constructo e a adequação das variáveis.
Dentre as técnicas da AFE, foram realizados os testes e análises de Kaiser-
Meyer-Olkin (KMO), que permitem medir o grau de correlação entre os indicadores
relevantes, com o intuito de investigar a adequação do modelo. O valor do KMO varia
de 0 a 1, sendo que valores de 0,80 a 1,0 são excelentes; 0,70 até 0,79 medianos; de
0,60 a 0,69 medíocres; 0,50 a 0,59 ruins; e abaixo de 0,50 são inaceitáveis (HAIR JR
et al., 2009). O teste KMO foi realizado inicialmente por constructos e depois pelo
modelo completo.
Utilizou-se também a análise das componentes principais, com a aplicação de
uma rotação ortogonal (Varimax e com normalização Kaiser) para identificar se as
variáveis de cada construto são contidas em um único fator (HAIR JR et al., 2009).
Concluindo os procedimentos da técnica AFE, utilizaram-se também testes de
confiabilidade ou de coerência interna de cada constructo com base no Alfa de
Cronbach. Esses testes permitem avaliar se as variáveis formam constructos
(possibilitando medir a capacidade inter e intra variáveis) e demonstrar o grau de
coerência do questionário utilizado. O Alfa de Cronbach, para ser considerado
aceitável, deve ser no mínimo 0,70, embora coeficientes de 0,60 possam ser aceitos,
dependendo do objetivo da pesquisa (HAIR JR et al., 2005).
Além das Análises Fatoriais Exploratórias (AFE), foram realizadas também as
Análises Fatoriais Confirmatórias (AFC) por meio da técnica de Modelagem de
Equações Estruturais (Structural Equation Modeling - SEM), proporcionando uma
transição da análise exploratória para uma perspectiva confirmatória. Para Hair Jr et
al. (2009), referida técnica de análise multivariada possibilita testar empiricamente um
conjunto de relacionamentos de dependências entre as variáveis do modelo.
A Modelagem de Equações Estruturais (SEM) é “utilizada para testar a validade
de modelos teóricos que definem relações causais, hipotéticas, entre variáveis”
(MARÔCO, 2014, p. 3). Para o autor, ela pode ser aplicada em diversas situações,
tais como validações psicométricas ou testes de modelos causais que especificam
69
efeitos diretos e indiretos entre variáveis, sendo comumente utilizada quando os
elementos do estudo estão especificados em termos de variáveis de causas e efeitos.
A SEM pode ser aplicada em diversas situações como validações
psicométricas ou testes de modelos causais que especificam efeitos diretos e indiretos
entre variáveis. As escalas psicométricas e sociométricas geralmente utilizam a SEM
para operacionalizar variáveis ou constructos que não são diretamente mensuráveis
(MARÔCO, 2014). A modelagem de equações estruturais é utilizada quando se busca
mensurar e analisar relações entre constructos, assim como a consistência interna
entre as relações estabelecidas com base no modelo teórico proposto.
Neste estudo, utilizou-se a técnica de Modelagem de Equações Estruturais
(SEM) a partir dos Mínimos Quadrados Parciais (Partial Least Squares – PLS). A
técnica PLS considera a variação média extraída e o índice de R-quadrado (R²) para
avaliar o impacto dos construtos exógenos e endógenos e a adequação dos
indicadores como medida de validação dos construtos (CHIN, 1998).
Dentre as análises realizadas pela SEM, destacam-se validade de
convergência, validade discriminante, confiabilidade composta do construto, e
avaliação da significância de cada caminho (path). Essas análises foram aplicadas ao
estudo com o intuito de confirmar o modelo teórico.
70
4 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DOS DADOS
Nesta seção, apresentam-se as análises e resultados obtidos na pesquisa.
Primeiramente, apresenta-se uma análise descritiva que indica o perfil dos
respondentes. Na segunda parte, são apresentados os resultados obtidos por meio
dos procedimentos metodológicos adotados, além dos testes das hipóteses e
cumprimento dos objetivos. De modo específico, foram realizadas análises fatoriais
exploratórias e análises fatoriais confirmatórias por meio da modelagem de equações
estruturais.
4.1 DESCRIÇÃO DA AMOSTRA
Conforme exposto no capítulo da metodologia da pesquisa, este estudo teve
como população-alvo os empreendedores-gestores de micro e pequenas empresas.
A amostra final foi composta por 311 respondentes cujos perfis serão descritos a
seguir.
4.1.1 Descrição das Empresas
Dentre as 311 empresas da amostra, 116 são do setor comercial (37%), 100
de serviços (32%) e 95 da indústria (31%), conforme demonstrado no Gráfico 1.
Ressalta-se que, embora a amostra tenha apresentado pouca diferença com relação
aos setores, prevaleceu o setor comercial com maior número de empresas (37%). O
estudo de Berrone et al., (2014) apresentou 55% de indústria e apenas 8,5% de
empresas comerciais. Já a amostra de Raifur (2013) teve 54,3% de empresas
comerciais, aproximando-se mais do presente estudo.
71
GRÁFICO 1 – PERFIL DA AMOSTRA POR SETOR Fonte: Dados da pesquisa.
Observa-se, na Tabela 9, que, no quesito idade das empresas, houve uma
participação preponderante de empresas com menos de 05 cinco anos num total de
140 empresas (45%), seguido das empresas com idade entre 11 e 20 anos (25%). No
estudo de Raifur (2013), apenas 24,6% das empresas tinham menos de 5 anos;
porém, o número de empresas que mais se aproximaram do trabalho desse autor
foram aquelas com idade entre 11 e 20 anos com 29% da amostra.
TABELA 2 - IDADE DAS EMPRESAS
Idade Qtde %
Menos de 5 anos 140 45
De 5 a 10 anos 59 19
De 11 a 20 anos 77 25
De 21 a 30 anos 25 8
Acima de 30 anos 10 3
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
No quesito geração de empregos no ato da constituição das empresas,
observa-se, na Tabela 2, que 50% das empresas da amostra geraram de 1 a 5
empregos. Esse percentual é semelhante à amostra de Raifur (2013), que
corresponde a 48,3% de empregos gerados.
Comercio37%
Indústria31%
Serviços32%
Setor das Empresas
Comercio Indústria Serviços
72
TABELA 3 - EMPREGOS GERADOS NA CONSTITUIÇÃO DAS EMPRESAS
Quadro de funcionários na constituição Qtde %
Nenhum. Eu fazia tudo sozinho 43 13
Eu e familiares (esposa e/ou filhos) 87 28
1 a 5 funcionários 155 50
6 a 10 funcionários 12 4
Acima de 10 funcionários 14 5
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Ainda com relação à geração de empregos, nota-se, na Tabela 4, que
atualmente 60% da amostra geram de 1 a 5 empregos, sendo 36% de 1 a 2 e 24% de
3 a 5. Já no estudo de Raifur (2013), 24% daquela amostra geravam 1 a 2 empregos,
enquanto 19% das empresas geraram ente 3 a 5 empregos, perfazendo um
percentual de 43%. Comparando-se a geração de empregos na constituição e o
quadro atual de funcionários nas duas amostras, é possível observar que ambas
aumentaram em torno 10% o número de empregos gerados desde a constituição.
TABELA 4 - QUADRO ATUAL DE FUNCIONÁRIOS DAS EMPRESAS
Funcionários Frequência %
Nenhum 70 23
1 a 2 funcionários 111 36
3 a 5 funcionários 75 24
6 a 9 funcionários 30 9
10 a 19 funcionários 23 7
20 a 49 funcionários 2 1
50 ou mais funcionários - -
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
No que tange ao faturamento bruto anual das empresas, a maior concentração
pode ser observada na faixa de 240 mil, num total de 69%, correspondente a 215
empresas. As empresas com faturamento entre 240 mil a 360 mil representam 17%,
perfazendo juntas 86% do total da amostra. Esse resultado é condizente com o fato
de 95% das empresas da amostra estarem classificadas como microempresas, vez
que faturamento até 360 mil seja um dos critérios empregados pela Receita Federal.
73
TABELA 5 - FATURAMENTO BRUTO ANUAL DAS EMPRESAS
Faturamento bruto anual Qtde %
Menos de 240 mil 215 69
De 240 mil a 360 mil 52 17
De 360 mil a 720 mil 23 7
De 720 mil a 1,2 milhões 13 4
De 1,2 milhões a 3,6 milhões 8 3
De 3,6 milhões a 5 milhões - -
Acima de 5 milhões - -
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
O critério utilizado para classificar o porte das empresas da amostra foi o
utilizado pelo IBGE e pelo SEBRAE. Ambos utilizam o número de funcionários e o
setor para caracterizar as empresas em micro e pequenas (Tabela 6).
TABELA 6 - CLASSIFICAÇÃO DO PORTE DA EMPRESA SEGUNDO IBGE E SEBRAE
Instituição Nº de pessoas empregadas
Setor Classificação
IBGE E SEBRAE
Até 9 Comércio e serviços Microempresa
Até 19 Indústria
De 10 a 49 Comércio e serviços Pequena empresa
De 20 a 99 Indústria
Fonte: Dias (2012)
Em relação ao porte das empresas, observa-se, na Tabela 14, que houve uma
participação maciça de microempresas na amostra, totalizando 95% - o que
corresponde a 294 micros. Ressalta-se que, desse total, 200 empresas estão no ramo
de comércio e serviços, enquanto 94 são indústrias.
TABELA 7 - CLASSIFICAÇÃO DA AMOSTRA PELO PORTE DAS EMPRESAS
Classificação
Nº de funcionários Total
Comércio e Serviços Industria n % n % n %
Microempresa 200 93 94 99 294 95
Pequenas empresas 16 7 1 1 17 5
TOTAL 216 100 95 100 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
74
Dessa forma, as microempresas caracterizadas na amostra pertencem aos
setores do comércio e serviços e empregarem até 9 funcionários, enquanto o setor da
indústria emprega até 19 funcionários. As pequenas empresas também foram
caracterizadas de acordo com os critérios elencados na tabela 7.
4.1.2 Descrição dos empreendedores-gestores
Observa-se, na Tabela 8, que no quesito gênero houve maior participação de
respondentes do sexo feminino, perfazendo um total de 58%, enquanto os homens
representaram 42% da amostra. No estudo de Raifur (2013), 52% dos entrevistados
eram homens e 48% mulheres, apontando uma amostra mais equilibrada na questão
gênero. Todavia, a evolução do número de mulheres nos negócios é incontestável,
visto que atualmente, no Brasil, as mulheres representam 45% dos empreendedores
estabelecidos e 51% dos empreendedores em estágio inicial (GEM, 2014).
TABELA 8 - PERFIL DA AMOSTRA POR GÊNERO
Gênero Frequência %
Masculino 130 42
Feminino 181 58
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
No que tange ao nível de escolaridade, 54% da amostra possui ensino médio,
seguido por 24% com ensino superior. É possível observar também que apenas 6%
dos empreendedores-gestores da amostra possuem especialização, enquanto 13%
possuem ensino fundamental. Os níveis fundamental e médio somam 67% enquanto
os demais, 33% (Tabela 9).
75
TABELA 9 - PERFIL DA AMOSTRA POR ESCOLARIDADE
Escolaridade Frequência %
Ensino Fundamental 39 13
Ensino Médio 168 54
Ensino Superior 77 24
Especialização 18 6
Mestrado / Doutorado 9 3
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Na tabela 9, verifica-se que os casados constituíram 70% da amostra, enquanto
os solteiros, 19%. O percentual dos casados excede o percentual nacional que
corresponde a 45,3% de iniciantes e 50,5% de estabelecidos (GEM, 2014).
TABELA 10 - PERFIL DA AMOSTRA POR ESTADO CIVIL
Estado Civil Frequência %
Solteiro 61 19
Casado 217 70
Divorciado 26 8
Viúvo 3 1
Outro 4 2
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Em relação à faixa etária, há uma centralização dos respondentes entre 26 e
60 anos, que juntos correspondem a 94% da amostra com distribuição equilibrada
entre as três faixas (34%,34% e 26%). Semelhantemente, os empreendedores da
amostra de Raifur (2013) situaram-se na faixa etária entre 26 e 60 anos, totalizando
89%.
76
TABELA 11 - PERFIL DA AMOSTRA POR IDADE
Idade Frequência %
Até 25 anos 9 3
De 26 a 35 anos 106 34
De 36 a 45 anos 107 34
De 46 a 60 anos 80 26
Acima de 60 anos 9 3
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Como já citado anteriormente, a motivação para abertura de uma empresa
geralmente é analisada sob dois aspectos: oportunidade e necessidade (GEM, 2014),
sendo que no primeiro aspecto a decisão baseia-se principalmente na descoberta de
uma oportunidade a ser explorada enquanto no segundo, a decisão parte
principalmente da necessidade de se obter uma renda para garantir o próprio
sustento.
TABELA 12 - MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER: OPORTUNIDADE VERSUS NECESSIDADE
Motivação N %
Oportunidade 170 55
Necessidade 141 45
TOTAL 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Na tabela 12, observa-se que 55% afirmaram que a decisão para empreender
baseou-se na oportunidade, enquanto 45% teve a necessidade como motivador.
Embora a maioria da amostra seja representada por empreendedores por
oportunidade, esses percentuais ainda são inferiores aos estudos do GEM (2014),
cujos percentuais representaram 70% para oportunidade e 30% para necessidade.
77
TABELA 13 - MOTIVAÇÃO E DECISÃO DE EMPREENDER
Fator de maior destaque na decisão para empreender
Motivação para empreender Total
Oportunidade Necessidade n % n % N %
Explorar uma oportunidade em potencial 103 60 33 26 136 44
Ganhar dinheiro 18 11 10 7 28 9
Pôr em prática seus conhecimentos 8 5 - - 6 2
Garantia e aumentar a renda para sustento familiar
41 24 82 51 123 40
Desemprego - - 16 16 18 5
TOTAL 170 100 141 100 311 100
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Para Shaefer (2012), a razão (motivo) da abertura de uma empresa pode ser
considerado como um fator crítico de sucesso, acarretando expectativas equivocadas.
Na Tabela 13, observa-se a relação entre a motivação e a decisão de empreender.
Dos empreendedores cuja decisão baseou-se na oportunidade, 60% afirmaram que a
motivação principal foi explorar uma oportunidade em potencial, 24% foram motivados
por garantir e aumentar a renda para sustento familiar, 11% motivaram-se em ganhar
dinheiro enquanto 5% tiveram como motivação pôr em prática seus conhecimentos.
Para os respondentes cuja necessidade foi imperativa, 51% disseram que motivação
principal foi garantir e aumentar a renda para sustento familiar, 26% vislumbraram
explorar uma oportunidade em potencial, 16% tiveram o desemprego como motivador
enquanto 7% foram motivados pela expectativa de ganhar dinheiro.
78
TABELA 14 - PERFIL DOS EMPREENDEDORES-GESTORES EM RELAÇÃO A MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER
Categoria Item Oportunidade Necessidade
N % n %
Gênero Masculino 74 44 85 60
Feminino 96 56 56 40
Escolaridade Ensino Fundamental 15 9 24 17
Ensino Médio 86 51 82 58
Ensino Superior 50 29 27 19
Especialização 11 6 7 5
Mestrado / Doutorado 8 5 1 1
Idade Até 25 anos 7 4 2 2
De 26 a 35 anos 61 37 45 32
De 36 a 45 anos 50 29 57 40
De 46 a 60 anos 43 25 37 26
Acima de 60 anos 9 5 - -
Estado Civil Solteiro 42 25 19 13
Casado 111 65 106 75
Divorciado 15 8 11 8
Viúvo 1 1 2 2
Outro 1 1 3 2
Fonte: Dados da pesquisa (2016)
Comparando-se os dados demográficos dos empreendedores-gestores por
oportunidade e por necessidade, é possível observar algumas diferenças. No que
tange ao gênero, 60% dos homens abriram suas empresas pautados na necessidade
enquanto 40% foram motivados pela oportunidade. Já no caso das mulheres, 56%
tiveram como motivação principal a oportunidade e 44%, a necessidade (Tabela 14).
Em relação à escolaridade, observa-se que 17% dos respondentes que tiveram
a necessidade como principal motivador possuem apenas o ensino fundamental
enquanto os motivados pela oportunidade representam apenas 9%. No entanto, 58%
dos empreendedores por necessidade possuem ensino médio enquanto
empreendedores por oportunidade somam 51%. Observa-se que a maior diferença
no tocante à escolaridade está no ensino superior, com 29% dos empreendedores por
oportunidade e 19% por necessidade.
No que tange à faixa etária, a diferença mais significativa está na faixa de 36 a
45 anos, representada por 40% dos empreendedores por necessidade e 29% dos
empreendedores por oportunidade. Quanto ao estado civil dos respondentes,
observa-se que os empreendedores por oportunidade solteiros somam 25%,
enquanto por necessidade, apenas 13%. Uma maior concentração é observada entre
79
os casados, que quando motivados por necessidade representam 75% e quando por
oportunidade somam 65% da amostra.
4.2 PREPARAÇÃO DOS DADOS
O tratamento dos dados foi realizado por meio dos softwares SPSS 20.0©,
AMOS 20.0©, e SmartPLS2.0®, abrangendo desde a preparação e até as análises
uni e multivariadas desses dados. A verificação dos outliers, a normalidade e a
variância dos dados, constituíram a sua preparação para posterior aplicação de
análise fatorial e equações estruturais.
Primeiramente, realizou-se uma inspeção para verificar a existência de dados
faltantes ou ausentes (missing values), que não foram observados, uma vez que os
questionários eram compostos por questões obrigatórias quando aplicados
eletronicamente e, quando aplicados de forma presencial aos respondentes, o
aplicador verificava a ausência de dados e solicitava ao mesmo complementar suas
respostas. Como requisito para os testes estatísticos univariados e multivariados do
estudo, verificou-se também a normalidade das variáveis (HAIR Jr., et al., 2009). Para
tanto, foram aplicados os testes de Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov, uma vez que
a utilização dos dois comprovam ou não a distribuição normal dos dados. A partir da
amostra, os valores observados (conforme Apêndice 3) apresentam um desvio na
distribuição dos dados em relação à curva normal, evidenciando a não normalidade
da distribuição dos dados.
Empregou-se o critério da distância Mahalanolis (D²), que apresenta
distribuição qui-quadrado com k graus de liberdade (número de variáveis analisadas)
para a identificação de outliers. A distância Mahalanobis é a forma padronizada de
distância euclideana, que serve como resposta de escalonamento em termos de
desvios-padrão (HAIR JR. et al., 2005), que padroniza os dados com ajustes feitos
para intercorrelações entre as variáveis. Testadas as distâncias Mahalanobis com
base na distribuição qui-quadrado e considerando um nível de significância de 0,05,
obtiveram-se valores considerados conservadores.
Após os procedimentos de preparação dos dados, realizou-se a análise fatorial
exploratória, aplicada individualmente por construtos (capital humano, capital social,
motivação para empreender, controle gerencial e desempenho). Ressalte-se que esse
80
procedimento foi realizado em duas etapas: (i) primeiramente, a análise fatorial foi
efetuada sem fixar número de fatores, identificando-se até três fatores com valores
próprios (eigenvalue) superiores a 1 (Critério de Kaiser); (ii) na segunda etapa,
realizou-se outra fatorial fixando-se o número de 1 fator superior a 1 (Critério de
Kaiser), na qual foram verificados os indicadores com baixas cargas de
comunalidades os quais foram individualmente retirados – procedimento que foi
repetido várias vezes até o cumprimento de todos os pressupostos. Ao final,
resultaram nos seguintes indicadores por construto:
TABELA 15 - SÍNTESE DOS INDICADORES POR CONSTRUCTOS
Constructos Questões antes AF Questões após AF
Capital Humano 2.1; 2.2; 2.3; 2.4; 2.5 2.1; 2.2 Capital Social 3.1; 3.2; 3.3; 3.4 3.2; 3.3; 3.4 Motivação para empreender por oportunidade 4.1; 4.2; 4.3 4.1; 4.2; 4.3 Motivação para empreender por necessidade 4.4; 4.5; 4.6 4.4; 4.5 CGP 5.1; 5.2; 5.3 5.1; 5.2;5.3 CGF 5.4; 5.5; 5.6 5.4; 5.5 CGM 5.7; 5.8; 59 5.7; 5.8; 5.9 CGC 5.10; 5.11; 5.12 5.10; 5.11; 5.12 Desempenho 6.1; 6.2; 6.3; 6.4 6.1; 6.2; 6.4
FONTE: A Autora (2016)
De acordo com as informações da Tabela 15, afirma-se que nem todos os
construtos perderam indicadores, visto que os constructos motivação por
oportunidade (MOO), e controle gerencial nas dimensões de planejamento (CGP),
mercadológica (CGM) e controle de pessoal (CGC) não sofreram nenhuma alteração.
Ressalta-se que no construto capital humano (CH) foram excluídas as variáveis
“Experiência anterior no ramo da empresa” (2.3), “Experiência gerencial em empregos
anteriores” (2.4), e “Experiência anterior como empreendedor de outra empresa (2.5)”.
Isso configura que a escolaridade e os cursos realizados pelo empreendedor-gestor
relacionados ao seu negócio explicam melhor o seu capital humano em detrimento
das suas experiências anteriores.
Para o construto capital social (capacidade do empreendedor-gestor de adquirir
recursos financeiros ou não-financeiros para a empresa a partir de sua rede de
relacionamentos), percebe-se que o indicador 3.1 (Composição do Capital) não foi
validado para referido constructo. Uma possível justificativa para este fato é que o
81
empreendedor-gestor possuía a maior parte do capital para a abertura da empresa,
não buscando recursos financeiros em outras fontes.
Ainda com relação aos indicadores do capital social, destaca-se que o indicador
3.2 (“Busca de informações e experiências compartilhadas com familiares e amigos
que atual no mesmo ramo”), o indicador 3.3 (“Participação em ações em conjunto com
outras empresas e com amigos do ramo”) e o indicador 3.4 (“Utilização de serviços
especializados como Sebrae, Universidades e Consultorias”) foram validados.
Configura-se que o capital social do empreendedor-gestor de MPEs é pautado na sua
capacidade de angariar recursos não financeiros para a empresa, oriundos da sua
rede de relacionamentos.
Para o construto da motivação para empreender por oportunidade, todos os
indicadores foram validados, sendo representado pelo 4.1 (“Explorar uma
oportunidade em potencial), 4.2 (“Oportunidade de ganhar dinheiro”) e o 4.4
(“Oportunidade de pôr em prática os conhecimentos dos empreendedor-gestor”). Já
para o constructo motivação para empreender por necessidade, o indicador 4.6 (“Estar
desempregado”) não foi validado, enquanto os indicadores 4.4 e 4.5 (“Garantir o
sustento familiar” e “aumentar a renda familiar”) melhor explicam a necessidade que
impulsionou a abertura da empresa.
O constructo do controle gerencial (representado pelo uso de proxies de
controle gerencial) foi subdivido em quatro dimensões (planejamento, financeiro,
mercadológico e controle de pessoas), cada uma com três indicadores. Na dimensão
planejamento, composta pelos indicadores 5.1 (“Realização de um plano de negócios
antes da abertura da empresa”), 5.2 (Realização de plano de ação para atingir metas
e objetivos”) e 5.3 (“Utilização do plano de negócios na tomada de decisão”), todos os
indicadores foram validados, explicando 82% do construto. Na dimensão financeira,
observa-se que o indicador 5.6 (“Uso de Antecipação de Recebíveis”) foi excluído,
evidenciando que os indicadores 5.4(“Conhecimento e controle do fluxo de caixa
mensal”) e 5.5 (“Uso do Fluxo de Caixa para controlar entradas e saídas de caixa”)
melhor explicam o controle financeiro nas MPES (90%).
Ainda com relação aos indicadores do controle gerencial, na dimensão
mercadológica, os indicadores 5.7 (“Realizou pesquisa de mercado antes da abertura
da empresa”), 5.8 (“Pesquisa e contato prévio com fornecedores”) e 5.9 (Análise do
ambiente: concorrentes, preços etc.”) foram validados na explicação do constructo.
Semelhantemente à dimensão mercadológica, no constructo de controle de pessoal
82
não foi necessária a exclusão de nenhum indicador. Observa-se, na Tabela 15, que
os indicadores 5.10 (“Controla e verifica se as ações dos funcionários estão alinhadas
com as metas empresa”), 5.11 (“Promove treinamento aos funcionários”) e 5.12
(“Realiza recrutamento e seleção de funcionários antes da contratação”) explicam 73%
deste constructo.
Para o construto desempenho (pautado na percepção de desempenho do
empreendedor-gestor), percebe-se que o indicador 6.3 (Aumento do número de
funcionários) não foi validado para mencionado constructo. Uma possível justificativa
para esse fato é que a percepção de desempenho pelo empreendedor-gestor não
configura necessariamente o aumento do quadro de funcionários. Já os indicadores
6.1 (“Crescimento das vendas”), 6.2 (“Crescimento do lucro”) e 6.4 (“Imagem e
prestígio social da empresa”) explicam 77% desse constructo, conforme mostrado na
Tabela 15.
Com base nesses indicadores finais, apresentam-se, na Tabela 16, os
resultados da análise fatorial para cada constructo da pesquisa.
TABELA 16 - ANÁLISE FATORIAL DE TODOS OS CONSTRUCTOS
Constructos KMO Variância Explicada
Itens da Escala
Alfa de Cronbach
Capital Humano 0,500 58,92% 2 0,303
Capital Social 0,636 57,06% 3 0,623
Motivação para empreender por oportunidade
0,750 82,66% 3 0,895
Motivação para empreender por necessidade
0,500 94,42% 2 0,941
Proxies de Controle Gerencial
Planejamento 0,706 82,12% 3 0,891
Financeiro 0,500 90,05% 2 0,890
Mercadológica 0,705 73,52% 3 0,819
Controle de Pessoal
0,706 73,21% 3 0,817
Desempenho 0,680 77,15% 3 0,851
FONTE: A Autora (2016)
Fundamentando-se nas informações da Tabela 17, salienta-se que – em todos
os constructos – a análise fatorial tem variância explicada total acima de 50% e com
KMO acima de 0,5. Dessa forma, certifica-se que a aplicação do referido procedimento
estatístico é apropriada (HAIR et al., 2006).
Na sequência, procedeu-se à realização dos testes da técnica de modelagem
das equações estruturais.
83
4.3 AVALIAÇÃO DO MODELO
Dando continuidade ao processo de validação e adequação do modelo,
apresentam-se os valores dos testes estatísticos aplicados conforme Tabela 17.
TABELA 17 - CONFIABILIDADE COMPOSTA DOS CONSTRUCTOS
Constructos Variância Média Explicada (AVE)
Coef. de confiabilidade
Composta
Coeficiente R-squared
Coeficiente Alfa Cronback
Capital Humano 0,5825 0,7310 0,1269 0,3026
Capital Social 0,5642 0,7936 0,0945 0,6228
Motivação para empreender por oportunidade
0,8265 0,9346 - 0,8951
Motivação para empreender por necessidade
0,9440 0,9712 - 0,9409
Controle Gerencial 0,4803 0,8917 0,2795 0,8627
Desempenho 0,7702 0,9095 0,2700 0,8509
FONTE: A autora (2016)
Destaca-se, na Tabela 17, que o coeficiente de confiabilidade composta e
coeficiente de alfa de Cronback foram validados. Esses coeficientes têm a função de
avaliar se o indicador mensurou apropriadamente os construtos (FORNELL;
LARCKER, 1981; HAIR Jr et al., 2005). O cálculo do alfa de Cronbach foi executado
para avaliar a consistência interna dos resultados de cada VL, estabelecendo a
expectativa de erro da medida feita. Quanto mais próximo de 1,00, menor a
expectativa de erro e maior a confiabilidade do instrumento (HAIR Jr et al., 2005). Os
resultados demonstraram um grau de fidelidade aceitável, ou seja, acima de 0,70.
Contudo, na variável latente capital social, obteve-se um percentual explicativo de
62%, considerado aceitável para um estudo exploratório (HAIR Jr et al., 2005) e, na
variável capital humano, obteve-se um percentual explicativo de 30%, considerado
baixo. Ainda assim, optou-se por manter a variável capital humano na pesquisa, uma
vez que essa variável fez parte do modelo de outros estudos desta natureza, inclusive
apresentando uma relação positiva com o desempenho (MIZUMOTO et al., 2010;
RAIFUR, 2013; BERRONE at al., 2014). Portanto, todas as variáveis foram aceitas e
inclusas no modelo.
84
A validade convergente foi analisada pelos valores da variância média
explicada, que deve apresentar valores superiores de 0,50 (FORNELL e
LARCKER,1981; HAIR Jr et al., 2005) e que indica a quantia geral de variância nos
indicadores explicada pelo constructo latente. Porém, o constructo proxies de controle
gerencial apresentou valor abaixo do mínimo recomendado (0,4803). Optou-se pela
sua permanência devido à importância dele para o modelo estrutural. Esse aspecto
também pode ser justificado por se tratar de um modelo teórico que ainda não tinha
sido testado empiricamente (HAIR Jr et al., 2005). Logo, todos os constructos foram
aceitos e permaneceram no modelo.
Para realizar a análise da validade discriminante, foi utilizado o critério sugerido
por Fornell e Larcker (1981), comparando-se a raiz quadrada da variância média
explicada (AVE) com as correlações entre as variáveis latentes. Nota-se, na Tabela
18, que todas as correlações são menores que a raiz quadrada da AVE, confirmando
que os indicadores têm relação mais forte com seu constructo do que com as outras
variáveis latentes. Observa-se, portanto, que há validade discriminante (BIDO et al.,
2009).
TABELA 18 - VALIDADE DISCRIMINANTE DO MODELO
Constructos CH CS DES MON MOO PCG
CH 0,7632
CS 0,344 0,7511
DES -0,0314 0,2458 0,8776
MON -0,3299 -0,2590 -0,0024 0,9716
MOO 0,1069 0,2927 0,1857 -0,6373 0,9091
PCG 0,2231 0,4205 0,4867 -0,1796 0,3820 0,6930
FONTE: A autora (2016)
A avaliação de desempenho foi determinada com base na percepção do
empreendedor-gestor. Raifur (2013) também encontrou relação positiva entre
desempenho percebido e as características gerenciais, a qual foi justificada pelo
planejamento e controle no contexto de PMEs.
A próxima etapa, desenvolvida conforme orientação de Hair Jr et al. (2005), foi
a Validação do Modelo Estrutural, que consiste na verificação dos valores de R2.
Esses valores significam a porcentagem de variância de uma variável latente que é
85
explicada por outras variáveis latentes, proporcionando uma medida relativa de ajuste
para cada equação estrutural, bem como são fornecidos somente para variáveis
latentes endógenas. A Tabela 31 indica que o R² para a variável mediadora Controle
Gerencial foi 27,9%, enquanto a variável endógena Desempenho apresentou 27% de
poder explicativo por outras variáveis, percentual esse considerado como tendo um
efeito forte (COHEN, 1988).
A Figura 4 mostra os relacionamentos estruturais das variáveis, que se
apresentam adequados nos aspectos de confiabilidade, validade convergente e
validade discriminante
FIGURA 4 - MODELO PROPOSTO COM VALORES R2 – SEM/PLS
FONTE: elaborado pela autora (2016)
Outro aspecto observado foi o teste de hipóteses (Tabela 18), que demonstrou
a significância de estimativas dos parâmetros por meio do procedimento de
bootsttrapping. Realizou-se o teste de hipóteses para cada caminho estrutural do
diagrama dos caminhos (path diagram) do modelo estrutural, com o intuito de
identificar se os valores dos t-values são superiores a 1,96 para um p<0,001, conforme
recomendado por Hair Jr et al. ( 2005).
86
4.3.1 Avaliação das hipóteses
As hipóteses foram analisadas com base nos resultados da pesquisa, conforme
Tabela 18, que demonstra os resultados dos efeitos totais, diretos e indiretos obtidos
por meio do Bootstrapping. Para confirmação da mediação da variável Proxies de
Controle Gerencial, assim como das variáveis Capital Humano e Capital Social, era
necessário que o valor do efeito direto entre a variável independente (VI) e a variável
dependente (VD) fosse superior ao valor do efeito total (resultante da soma dos
valores do efeito direto e indireto entre as variáveis). De acordo com Vieira (2009), o
efeito indireto é resultante da multiplicação do valor do efeito direto entre variável
independente (VI) e a variável mediadora (VM) com o efeito direto entre a variável
mediadora (VM) e a variável dependente (VD), ou seja, EI = ((VI * VM) + (VM * VD).
No tocante ao constructo Motivação para empreender, as relações diretas e
indiretas, bem como as hipóteses do modelo, foram analisadas sob dois aspectos: por
oportunidade e por necessidade. Na Tabela 19, apresentam-se as hipóteses que
correspondem à dimensão da motivação por oportunidade.
TABELA 19 - CONFIRMAÇÃO DE MEDIAÇÕES E HIPÓTESES
Relação estrutural Efeito
Direto (ED) Efeito
Indireto (EI) Efeito
Total (ET) Hipóteses
Relação dir/ind
MOO->CH->PCG 0,048 0,026 0,074 H5a n.s
MOO->CS->PCG 0,048 0,023 0,071 H6a n.s
MOO->CH->DES 0,048 0,194 0,242 H7a n.s
MOO->CS->DES 0,410 -0,025 0,385 H8a Aceita
MOO->PCG->DES 0,410 0,066 0,475 H9a n.s
CH->PCG->DES -0,149 0,067 -0,081 H10 Aceita
CS->PCG->DES 0,108 0,144 0,252 H11 n.s
FONTE: Dados da pesquisa (2016)
As hipóteses H5a e H6a, que se referem às mediações do capital humano e do
capital social na relação motivação por oportunidade e adoção de proxies de controle
gerencial e a hipótese H7a, que se refere mediação do capital humano na relação
motivação por oportunidade e desempenho, não foram confirmadas (ET>ED). A
rejeição das duas primeiras hipóteses indica que a motivação para empreender por
oportunidade, associada ao capital humano ou ao capital social do empreendedor-
gestor, não se reflete na adoção das proxies de controle gerencial. Da mesma forma
87
que, quando associada ao capital humano, não se reflete no desempenho da
empresa.
Já a hipótese H8a, “A Motivação por oportunidade influencia positivamente o
Desempenho de micro e pequenas empresas mediada pelo Capital Social” foi aceita
(ET<ED). A aceitação dessa hipótese sugere que a abertura de uma empresa
motivada pela oportunidade, aliada à capacidade do empreendedor-gestor de
conseguir recursos advindos da sua rede de relacionamentos, apresenta um efeito
positivo no desempenho do negócio.
A hipótese H9a, “A Motivação por oportunidade influencia positivamente o
desempenho de micro e pequenas empresas, mediada pela adoção das Proxies de
Controle Gerencial” foi rejeitada. A não aceitação dessa hipótese supõe que a
motivação por oportunidade somada à adoção das Proxies de Controle Gerencial não
se reflete no desempenho da empresa.
Na Tabela 18, é possível observar também os efeitos mediadores da adoção
das proxies de controle gerencial na relação entre o capital humano e o desempenho
e ainda observar a relação entre o capital social e o desempenho. A hipótese H10, “O
Capital Humano influencia positivamente o Desempenho de micro e pequenas
empresas mediado pelas Proxies de Controle Gerencial” foi confirmada (ET<ED). Da
aceitação dessa hipótese, infere-se que as educações formal e informal do
empreendedor-gestor associadas à adoção das proxies de controle gerencial
apresentam um efeito estatisticamente positivo no desempenho da empresa.
A hipótese H11, “O Capital Social influencia positivamente o Desempenho de
micro e pequenas empresas mediado pelas Proxies de Controle Gerencial”, foi
rejeitada. A não aceitação dessa hipótese supõe que a associação do capital social
do empreendedor com adoção das proxies de controle gerencial não afeta
necessariamente o desempenho da empresa.
TABELA 20 - HIPÓTESES COM MEDIAÇÃO – NECESSIDADE
Relação estrutural Efeito Direto
Efeito Indireto
Efeito Total
Hipóteses Relação dir/ind
MON->CH->PCG 0,092 0,066 0,158 H5b n.s
MON->CS->PCG 0,092 -0,013 0,079 H6b Aceita
MON->CH->DES 0,092 0,098 0,190 H7b n.s
MON->CS->DES 0,208 -0,063 0,145 H8b Aceita
MON->PCG->DES 0,208 -0,037 0,171 H9b Aceita
FONTE: Dados da pesquisa (2016)
88
Na Tabela 20, estão demostradas as hipóteses que correspondem à dimensão
da motivação por necessidade. A hipótese H5b, “A motivação por necessidade
influencia positivamente à adoção das Proxies de controle gerencial, mediada pelo
Capital Humano”, não foi aceita (ET>ED). Infere-se que a abertura da empresa,
motivada pela necessidade associada ao capital humano do empreendedor, não
apresenta um efeito estatisticamente significativo na adoção das proxies de controle
gerencial.
Quanto à hipótese H6b, “A motivação por necessidade influencia
positivamente à adoção das Proxies de controle gerencial mediada pelo Capital
Social”, não foi possível rejeitá-la (ET<ED). Esse resultado indica que quando a
motivação por necessidade é aliada ao capital social do empreendedor-gestor ela
afeta positivamente a adoção das proxies de controle gerencial.
A hipótese H7b, que se refere à mediação do capital humano na relação
motivação por necessidade e desempenho, não foi confirmada (ET>ED). A rejeição
dessa hipótese supõe que a motivação para empreender por necessidade, associada
ao capital humano do empreendedor-gestor, não apresenta um efeito estatisticamente
positivo no desempenho da empresa. Ou seja, a abertura de uma empresa por
necessidade, ainda que somada com a escolaridade do empreendedor, não revela
um maior desempenho para empresa.
A hipótese H8b, “A Motivação por necessidade influencia positivamente o
Desempenho de micro e pequenas empresas mediada pelo Capital Social”, foi aceita
(ET<ED). A aceitação dessa hipótese supõe que a motivação para empreender por
necessidade, aliada à capacidade do empreendedor-gestor de conseguir recursos
para a empresa a partir da sua rede de relacionamentos, apresenta um efeito positivo
no desempenho do negócio.
A hipótese H9b, “A Motivação por necessidade influencia positivamente o
desempenho de micro e pequenas empresas, mediada pela adoção das Proxies de
Controle Gerencial”, foi confirmada (ET<ED). Esse resultado indica que a motivação
por necessidade, associada à adoção das Proxies de Controle Gerencial, afeta
significativamente o desempenho da empresa. Ou seja, quando o empreendedor abre
uma empresa motivado pela necessidade e adota as proxies de controle gerencial na
sua gestão, a empresa tende a apresentar bons resultados.
89
Consoante com a literatura, e além das hipóteses de mediação analisadas,
testaram-se também as hipóteses a partir das relações diretas entre as variáveis
explicativas e a variável explicada, o Desempenho.
TABELA 21 - HIPÓTESES COM EFEITO DIRETO
Relação estrutural Coef. Beta T-valor P-valor Hipóteses Relação
direta
MOO -> DES 0,048 1,783 0,074 H1a n.s
MON -> DES 0,092 3,725 0,000 H1b Sig
CH -> DES -0,149 6,904 0,000 H2 Sig
CS -> DES 0,108 4,808 0,000 H3 Sig
PCG -> DES 0,473 25,569 0,000 H4 Sig
PCGP->DES 0,394 47,020 0,000 H4a Sig
PCGM->DES 0,462 41,224 0,000 H4b Sig
PCGC->DES 0,426 38,599 0,000 H4c Sig
FONTE: Dados da pesquisa (2016)
Verifica-se, na Tabela 21, que a hipótese H1a, “A Motivação por oportunidade
influencia positivamente o Desempenho de micro e pequenas empresas”, foi rejeitada
com p-value > 0,001. Isso sugere que a abertura de uma empresa motivada pela
oportunidade não se reflete de forma direta no desempenho da mesma. Esse
resultado diferencia-se das evidências publicadas pelo GEM (2014), que tem discutido
dois tipos de empreendedores, ou seja, por oportunidade e por necessidade,
indicando que o primeiro é capaz de produzir melhores resultados.
A hipótese H1b, “A Motivação por necessidade influencia negativamente o
Desempenho de micro e pequenas empresas”, também não foi aceita. Tal achado
sugere que quando uma empresa é aberta motivada pela necessidade não significa
que esse fato acarretará um efeito estatisticamente negativo no desempenho.
Diferentemente, o estudo de Berrone et al. (2014) apontou que, quando o motivo para
a criação de uma microempresa é o desemprego (necessidade), isso terá um impacto
negativo no desempenho.
A hipótese H2, “O Capital Humano influencia positivamente o Desempenho de
micro e pequenas empresas”, não foi confirmada, sendo encontrada uma relação
estatisticamente negativa entre as variáveis Capital Humano e Desempenho (β = -
0,149 e p-value = 0,000). Infere-se que a escolaridade do empreendedor-gestor, bem
como as horas de cursos voltadas para o negócio frequentadas pelo mesmo, não se
90
refletem necessariamente no desempenho da empresa. Isso é inconsistente com os
achados de Raifur (2013) no tocante à variável “treinamento”. Porém, consistente em
relação à escolaridade do empreendedor.
Quanto à hipótese H3, “O Capital Social influencia positivamente o
Desempenho de micro e pequenas empresas”, não foi possível rejeitá-la. A aceitação
dessa hipótese sugere que o capital social do empreendedor-gestor apresenta um
efeito estatisticamente positivo no desempenho da empresa, com p-value < 0,001. Ou
seja, a capacidade do empreendedor-gestor de angariar recursos para a empresa a
partir de sua rede de relacionamentos reflete-se no desempenho da empresa.
Igualmente à anterior, a hipótese “A adoção das Proxies de Controle Gerencial
influencia positivamente o Desempenho de micro e pequenas empresas” (H4), foi
confirmada. Tal achado indica que quando a proxies de controle gerencial são
empregadas na gestão de uma empresa elas afetam significativamente o
desempenho deste negócio ((β = 0,473 e p-value = 0,000). Corroboram esse
resultado os achados de Mizumoto et al, (2010), que atribuíram às práticas gerenciais
um maior poder explicativo de desempenho e sobrevivência das pequenas empresas
no Estado de São Paulo.
As proxies de controle gerencial investidas neste estudo compreendem as
dimensões de planejamento, o controle de fatores mercadológicos e de pessoal.
Assim, para reforçar a significância desse constructo, foram elaboradas outras três
hipóteses, destacando cada uma das dimensões citadas acima.
A hipótese “O Planejamento influencia positivamente o Desempenho de micro
e pequenas empresas” (H4a), foi confirmada. A aceitação dessa hipótese indica que
o planejamento reflete de forma direta no desempenho do negócio. Tal resultado
confirma o trabalho Schaefer (2012), que em um estudo com dez mil pequenas
empresas no Reino Unido, concluiu que a falência de muitos dos pequenos negócios
está diretamente associada à deficiência no processo de planejamento.
Semelhantemente, Raifur (2013) encontrou, na região centro-sul do Estado do
Paraná, evidências em uma amostra de 409 empresas, cujo planejamento antes da
abertura afeta significativamente o desempenho e a sobrevivência de PME.
Da mesma forma, não foi possível rejeitar a hipótese H4b, “O Controle dos
Fatores Mercadológicos influencia positivamente o Desempenho de micro e pequenas
empresas”, com β = 0,462 e p-value = 0,000. Infere-se, com a aceitação dessa
hipótese, que a busca por informações com foco nos clientes e no mercado afeta
91
diretamente o desempenho da empresa. Tal resultado coaduna com os achados de
Abbade et al., (2012), cujas evidências sugerem que a orientação para o mercado
exerce influência positiva e significativa no desempenho de 123 empresas localizadas
na região central do Rio Grande do Sul.
Identificou-se também um efeito estatisticamente positivo entre o Controle de
Pessoas e o Desempenho de micro e pequenas empresas (H4c), indicando que o
controle das ações dos colaboradores reflete no desempenho dos negócios. Esse
achado corrobora os resultados do estudo de Ulrich (2001), que encontrou terem as
práticas de recursos humanos um grande impacto no desempenho das organizações.
Além dos testes e análise das hipóteses, investigaram-se as relações diretas
entre os constructos empregados na pesquisa. Observam-se, na Tabela 22, os dados
obtidos no Bootstrapping, bem como suas inferências.
TABELA 22 - RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS DO ESTUDO
Relação Coef. Beta T-valor P-valor Significância
CH -> PCG 0,143 6,1004 0,00000 sig
CS -> PCG 0,305 14,6178 0,00000 sig
MOO -> CH -0,174 6,3369 0,00000 sig
MOO -> CS 0,2149 8,5899 0,00000 sig
MOO -> PCG 0,4099 19,3605 0,00000 sig
MON -> CH -0,441 14,2278 0,00000 sig
MON -> CS -0,122 3,676 0,00025 sig
MON -> PCG 0,208 7,7256 0,00000 sig
FONTE: Dados da pesquisa (2016)
Verifica-se, na Tabela 22, que todas as relações diretas (sem mediação) foram
significativas. A relação direta das variáveis Capital Humano com a adoção de Proxies
de Controle Gerencial foi significativa, com p-value ≤ 0,001. Isso sugere que o capital
humano, explicado pela educação formal e informal, se reflete de forma direta na
adoção das proxies de controle gerencial, reforçando a ideia de que, quando os
empreendedores-gestores possuem maiores níveis de capital humano, eles tendem a
adotar proxies de controle gerencial. Para Chemmanur e Paeglis (2005), a educação
formal é susceptível de afetar a qualidade da gestão de uma empresa, enquanto
Berrone et al (2014) sugerem que os empresários com maior educação possuem mais
habilidades técnicas e visão de negócios.
92
A relação da variável “Capital Social com a adoção de Proxies de Controle
Gerencial” apresentou-se significativa, com p-value ≤ 0,001 indicando que o capital
social do empreendedor-gestor reflete-se de forma direta na adoção das proxies de
controle gerencial. Reforça-se a ideia de que quando o empreendedor possui
capacidade de buscar recursos para a empresa a partir de suas redes de
relacionamentos – inclusive de serviços especializados – ele inclina-se a adotar
proxies de controle gerencial.
Identificou-se uma relação negativa e significativa entre as variáveis Motivação
por oportunidade e Capital Humano, com p-value ≤ 0,001, sugerindo que a abertura
de uma empresa motivada pela oportunidade não está relacionada ao capital humano
do empreendedor. Em outras palavras, os motivos que levam um indivíduo a
empreender independem do seu capital humano.
Já a relação direta das variáveis Motivação por oportunidade e Capital Social
foi significante, com p-value ≤ 0,001. Infere-se que a motivação por oportunidade está
relacionada ao capital social do empreendedor. Ou seja, como o capital social advém
da rede de relacionamento do empreendedor-gestor, isso também pode ter
influenciado a descoberta de uma oportunidade que deu origem à abertura da
empresa.
Da mesma forma, apresentou-se significativa a relação direta entre as variáveis
Motivação por oportunidade e adoção de Proxies de Controle Gerencial, com p-value
≤ 0,001, supondo que a abertura de uma empresa motivada por oportunidade se
reflete na adoção de proxies de controle gerencial.
No tocante à Motivação por necessidade, observou-se uma relação negativa e
significativa entre esta variável e o Capital Humano, indicando que a abertura de uma
empresa motivada por necessidade não está associada ao capital humano do
empreendedor, o que também foi constatado na motivação por oportunidade.
Semelhantemente ao capital humano, a relação entre a variável Capital Social
e Motivação por necessidade mostrou-se negativa e significativa, com p-value ≤ 0,001.
Infere-se que a motivação para empreender por necessidade não está relacionada ao
capital social do empreendedor.
Observa-se também uma relação direta e significativa entre as variáveis
Motivação por necessidade e adoção de Proxies de Controle Gerencial, com p-value
≤ 0,001, sugerindo que a abertura de uma empresa motivada por necessidade, reflete-
93
se na adoção de proxies de controle gerencial, assim como quando o motivo é a
oportunidade.
De uma forma resumida, segue, no Quadro 12, o resultado do teste das
hipóteses deste estudo, bem como a comparação das relações com mediação e
diretas.
Hipóteses com medição Confirmação
hipótese Hipóteses/Relações
Diretas
Coeficiente Beta Significância
H5a MOO->CH-PCG n.s MOO -> PCG 0,409 Sig
H6a MOO->CS->PCG n.s
H7a MOO->CH->DES n.s
H1a MOO -> DES 0,048 n.s H8a MOO->CS->DES Aceita
H9a MOO->PCG-DES n.s
H5b MON->CH-PCG n.s MON -> PCG 0,208 Sig
H6b MON->CS->PCG Aceita
H7b MON->CH->DES n.s
H1b MON -> DES 0,092 Sig H8b MON->CS->DES Aceita
H9b MON->PCG-DES Aceita
H10 CH->PCG->DES Aceita H2 CH -> DES -0,149 Sig
H11 CS->PCG->DES n.s H3 CS -> DES 0,108 Sig
H4 PCG -> DES 0,473 Sig
QUADRO 12 - CONFIRMAÇÃO DAS HIPÓTESES
FONTE: Dados da pesquisa (2016)
Verifica-se, no Quadro 12, o total de hipóteses aceitas. No total, oito hipóteses
não foram rejeitadas e nove, rejeitadas. Dentre as hipóteses que utilizaram as proxies
de controle gerencial como variável mediadora, a H9a e H11 foram rejeitadas,
enquanto as hipóteses H9b e H10 foram aceitas, confirmando a mediação das proxies
de controle gerencial na relação entre motivação por necessidade e o desempenho
(H9b) e na relação entre o capital Humano e o desempenho (H10).
Ressalta-se que o capital humano apresentou relação direta negativa com o
desempenho (H2), a qual foi totalmente alterada com a mediação das proxies de
controle gerencial (ET<EF). A hipótese H1b, que afirmava uma influência negativa da
motivação por necessidade com o desempenho, foi rejeita por apresentar uma relação
positiva, que foi intensificada com a mediação das proxies de controle gerencial.
Quanto às hipóteses que tiveram o capital humano como variável mediadora
na relação da motivação (oportunidade e necessidade) com a adoção das proxies de
94
controle gerencial (H5a e H5b), não se revelaram significativas. O mesmo resultado
foi observado na relação da motivação (oportunidade e necessidade) com o
desempenho, mediada pela variável Capital Humano (H7a e H7b), não sendo
confirmada a mediação dessa variável nas duas relações (motivação com a adoção
de proxies e motivação com o desempenho).
A mediação da variável Capital Social na relação da motivação por
oportunidade com a adoção de proxies de controle gerencial não foi confirmada (H6a).
Em contrapartida, confirmou-se a mediação dessa mesma variável na relação da
motivação por necessidade com a adoção das proxies (H6b). Semelhantemente,
constatou-se a relação direta e estatisticamente significativa da motivação
(oportunidade e necessidade) com a adoção das proxies de controle gerencial, com
p-valor < 0,001.
A mediação do capital social também foi significativa na relação da motivação
(oportunidade e necessidade) com o desempenho (H8a e H8b). Constatou-se também
que a relação direta entre a motivação por oportunidade e o desempenho não foi
significativa, enquanto a relação da motivação por necessidade com o desempenho
mostrou-se positiva e estatisticamente significativa, diferentemente do esperado
inicialmente nas hipóteses H1a e H1b. Tal resultado contraria a ideia de que empresas
motivadas pela oportunidade (β=0,048, p-valor=0,074) apresentam um desempenho
superior àquelas cuja motivação foi a necessidade (β=0,098, p-valor=0,000).
4.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Os resultados do estudo, frente ao objetivo geral, apontam que capital social e
adoção das proxies de controle gerencial são determinantes de desempenho de micro
e pequenas empresas (p-valor <0,001). Verificou-se também que capital humano,
quando mediado pelas proxies de controle gerencial, afeta positivamente o
desempenho – o que também foi observado em relação à motivação para empreender
por necessidade. Complementarmente, o estudo investigou a mediação do capital
humano e do capital social na relação da motivação (por oportunidade e por
necessidade) com o desempenho e com a adoção das proxies de controle geral.
Entretanto, assim como a mediação das proxies de controle gerencial não foi
95
confirmada em todas as relações com o desempenho, o mesmo foi observado na
mediação do capital humano e do capital social do empreendedor-gestor.
Evidenciou-se que a motivação por oportunidade reflete de forma direta e
significativa na adoção das proxies do controle gerencial. Porém, quando a motivação
por oportunidade foi associada às variáveis Capital Humano e Capital Social, a
mediação não foi confirmada (H5a e H6a).
Ao contrário do esperado (GEM, 2014), a relação direta entre motivação por
oportunidade e o desempenho não se revelou significativa. Com relação às variáveis
mediadoras testadas, somente a associação da motivação por oportunidade com o
capital social mostrou-se significativa, influenciando positivamente o desempenho
(H8a).
No que tange à motivação por necessidade, identificou-se uma relação positiva
e estatisticamente significativa com o desempenho (H1b). Tal resultado diferencia-se
do estudo de Berrone et al., (2014), que encontraram um impacto negativo da
motivação por necessidade, pautada no desemprego, sobre o desempenho de
microempresas argentinas. Quanto às mediações testadas, confirmou-se a mediação
do capital social (H8b) e da adoção das proxies de controle gerencial (H9b) na relação
da motivação por necessidade com o desempenho. Ou seja, quando a motivação por
necessidade é associada ao capital social do empreendedor-gestor e a adoção das
proxies, afeta positivamente o desempenho.
Observou-se uma relação direta e estatisticamente negativa entre o capital
humano e o desempenho da empresa, indicando que o capital humano do
empreendedor-gestor não tem relação com o desempenho da empresa (H2). Porém,
o sentido dessa relação foi totalmente alterado quando o capital humano foi associado
à adoção das proxies de controle gerencial, confirmando assim a mediação dessa
variável (H10). Assim, o capital humano, somado à adoção das proxies influencia
positivamente o desempenho.
De acordo com Mizumoto et al., (2010), o capital humano mostrou-se
estatisticamente significante na explicação da sobrevivência das empresas paulistas.
Porém, o resultado foi intensificado quando associado a outras variáveis como, por
exemplo, as práticas gerenciais. Para esses autores, “esse resultado sugere que
empreendedores podem, eventualmente, compensar um baixo estoque de capital
humano ou social por meio da adoção de práticas que aumentam a eficiência ou
eficácia organizacional do novo negócio” (p.353).
96
A relação direta entre o capital social e o desempenho mostrou-se significativa,
confirmando o resultado esperado (H3), enquanto a mediação da adoção das proxies
de controle gerencial não foi confirmada (H11), indicando que a associação do capital
social e a adoção das proxies não exerce influência sobre o desempenho da empresa.
O efeito significativo do capital social no desempenho difere dos resultados obtidos
por Djankov et al. (2007). Para eles, a importância do capital social é maior na decisão
de abrir um novo negócio do que em seu desempenho posterior.
Dentre as relações diretas, a que se mostrou mais significativa foi a relação da
adoção das proxies de controle gerencial com o desempenho (β=0,473, p-
valor=0,000). O efeito positivo da adoção das proxies gerenciais alinha-se com os
resultados de Mizumoto et al., (2010), reportando à importância da busca por
informações que permitam a antecipação dos acontecimentos e que auxiliem na
tomada de decisão rumo ao desempenho e à sobrevivência das micro e pequenas
empresas.
Respondendo aos objetivos específicos, afirma-se que as características do
empreendedores-gestores – representadas pela motivação para empreender, capital
humano e capital social – e o controle gerencial apresentam relações significativas
com o desempenho de micro e pequenas empresas. No entanto, a relação de algumas
dessas variáveis se intensifica quando observadas em conjunto ou mediadas por
outras variáveis. As relações entre tais variáveis e o desempenho já foram analisadas
por outras pesquisas (Mizumoto et al., 2010; Raifur, 2013; Berrone et al., 2014).
Entretanto, as relações intermediárias, bem como as mediações, foram exploradas
somente neste estudo.
Em suma, o estudo confirmou relações indiretas, de impacto da Motivação no
Desempenho pela mediação do Capital Humano e do Capital Social, assim como
relações diretas do impacto da Motivação no Desempenho. Também foram
confirmadas relações indiretas de impacto da Motivação, do Capital Social e do
Capital Humano no Desempenho pela mediação das Proxies de Controle Gerencial,
bem como relações diretas do impacto do Capital Humano, do Capital Social e das
Proxies de Controle Gerencial no Desempenho.
Complementarmente, confirmaram-se relações indiretas, de impacto da
Motivação na adoção das Proxies de Controle Gerencial, pela mediação do Capital
Humano e do Capital Social, assim como relações diretas do impacto da Motivação
na adoção das Proxies de Controle Gerencial.
97
Depreende-se dos resultados encontrados que as Proxies de Controle
Gerencial medeiam a relação entre as características do Empreendedor-gestor
(Motivação para empreender e Capital Humano) e o Desempenho. Verificaram-se
também efeitos significativos nas relações diretas dos constructos. Infere-se que as
características do empreendedor-gestor e, principalmente, a adoção das Proxies de
Controle Gerencial, estão relacionadas direta e indiretamente com o desempenho das
micro e pequenas empresas.
98
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo, apresentam-se as conclusões do estudo realizado e
recomendações para futuras investigações sobre o tema.
5.1 CONCLUSÕES
Este estudo objetivou verificar os determinantes de desempenho de micro e
pequenas empresas, relativo às características do empreendedor-gestor e do controle
gerencial. Para tanto, utilizaram-se as variáveis motivação para empreender, capital
humano, capital social e controle gerencial, mediante aos pressupostos sugeridos por
Mizumoto et al., (2010), Raifur (2013) e Berrone et al (2014). Condizentes com esses
estudos, foram analisadas as relações diretas entre as variáveis, no entanto, a
pesquisa apresentou como diferencial a análise das relações indiretas, por meio da
mediação de algumas variáveis e o impacto delas sobre o desempenho das MPEs.
No intuito de atingir os objetivos propostos, formularam-se 11 hipóteses, das quais 7
foram confirmadas (Figura 5).
FIGURA 5 – HIPÓTESES CONFIRMADAS PELO ESTUDO
99
Em resposta ao problema de pesquisa, os achados do estudo indicam o capital
social (H3) e as proxies de controle gerencial (H4) como determinantes diretos do
desempenho das MPEs. Com relação ao capital social, esse resultado indica que a
capacidade do empreendedor-gestor de angariar recursos para a empresa
(informações e parcerias) a partir de sua rede de relacionamentos (familiares, amigos,
cooperativas, associações empresarias, e serviços especializados) reflete-se no
desempenho da empresa.
No que tange à adoção das proxies de controle gerencial, os achados apontam
que, quando as proxies de controle gerencial são empregadas na gestão de uma
empresa, elas afetam significativamente o desempenho desse negócio, sendo que
nesta amostra foi atribuído a elas o maior poder explicativo do desempenho das
empresas (47%) em relação às demais variáveis utilizadas no estudo. As proxies de
controle gerencial investidas neste estudo compreendem as dimensões de
planejamento, controle de fatores mercadológicos, de pessoal e controle financeiro.
Ressalta-se que dessas quatro dimensões, apenas as três primeiras foram
confirmadas como explicativas do desempenho das empresas.
Dessa forma, a não confirmação da dimensão do controle financeiro como uma
variável explicativa do desempenho dessas empresas implica que ou os gestores
ainda não possuem informações financeiras suficientes ou os indicadores utilizados
para medir esse construto não foram adequados. Ou seja, os gestores não conhecem
os elementos citados no questionário ou utilizam outros elementos de controle
financeiro, cuja denominação não foi alcançada pelo instrumento de pesquisa,
identificando-se portanto, uma limitação do presente estudo.
Quanto às relações indiretas (com mediação), não se encontrou apoio para a
ideia de que empresas geridas por empreendedores com maior capital humano
(quando aproximado por nível de escolaridade e cursos voltados para o seu negócio)
apresentam maior desempenho (H2). No entanto, quando esse capital é associado à
adoção das proxies de controle gerencial, obtém-se um impacto significativo no
desempenho (H10). É um resultado que confirma a relevância das proxies na gestão
da empresa; porém, a relação negativa do capital humano do empreendedor com o
desempenho da empresa pode ser atribuída ou à homogeneidade da amostra (54%
possuem ensino médio), ou ainda ao fato de o estudo não ter considerado se os
cursos de nível superior frequentados pelos respondentes estão relacionados à
gestão (33%).
100
Ao contrário do esperado, a motivação por oportunidade não apresentou uma
relação significativa com o desempenho. Porém, quando foi associada ao capital
social, obteve-se um impacto significativo no desempenho (H8a). Tal resultado ´pode
ser explicado pelo fato de que, nesta amostra, não é a descoberta de uma
oportunidade pelo empreendedor que explica o desempenho da empresa, mas sim a
sua capacidade de adquirir recursos para a mesma a partir da sua rede de
relacionamentos.
Já com relação à motivação por necessidade, os achados deste estudo
apresentaram uma relação positiva com o desempenho, contrariando o esperado.
Essa relação foi potencializada com a mediação do capital social do empreendedor-
gestor (H8b) e da adoção das Proxies de Controle Gerencial (H9b). A motivação por
necessidade associada ao capital social do gestor também influenciou a adoção das
Proxies de Controle Gerencial (H6b). O resultado indica que os empreendedores-
gestores da amostra que abriram a empresa por necessidade poderiam ser providos
de capital social e também terem adotado as proxies de controle gerencial ou ainda
que fizeram da necessidade um impulso para buscar os elementos necessários a uma
boa gestão e, consequentemente, ao desempenho.
Buscando-se responder ao objetivo geral do estudo, conclui-se que, além do
capital social do empreendedor-gestor e as proxies de controle gerencial, o capital
humano e a motivação (por oportunidade e por necessidade) influenciam
positivamente o desempenho das MPEs, desde que associados a outras variáveis.
São elas: o capital humano do empreendedor associado às proxies de controle
gerencial; a motivação por oportunidade associada ao capital social; e a motivação
por necessidade associada ao capital social e à adoção das proxies de controle
gerencial.
Das constatações da amostra, algumas reflexões podem ser sugeridas:
Os motivos que antecedem a abertura da empresa podem ser amenizados ou
até mesmo potencializados pela capacitação do empreendedor-gestor. Busca
de informações, formação de parcerias e adoção de elementos (proxies) que
promovam o acompanhamento e o controle dos fatores internos e externos à
empresa são requeridos.
Dada a significância do setor, a observação que se pretende fazer é da
necessidade de se desenvolver mecanismos de conscientização e capacitação
de potenciais empreendedores.
101
Reflexões são requeridas no sentido de implantar programas de treinamento e
capacitação dos empreendedores, concentrando-se na criação de instituições
e políticas sólidas que beneficiem este segmento.
5.2 LIMITAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS PARA FUTURAS PESQUISAS
A definição da amostra pode ser um fator limitante por se tratar de empresas
situadas em uma única região, dificultando assim a generalização dos achados, assim
como questionário limita a validade dos resultados de certo ponto, na medida que
pode haver outras variáveis que influenciam o desempenho das MPEs e não foram
consideradas.
Diante das limitações desta pesquisa, julgam-se necessárias algumas
recomendações para estudos futuros. Recomenda-se que estudos que envolvam a
temática busquem não se restringir somente à coleta de dados baseada em uma única
ferramenta, fazendo uso de outras metodologias, como entrevistas, análise de dados
ou outra forma que permita a triangulação dos dados, evitando assim que o estudo
seja enviesado.
Além desse aspecto, considerando que muitos empreendedores-gestores
deixaram de participar do estudo, sugere-se a criação de novas alternativas que
possam ter acesso a esses profissionais.
Merece ser futuramente explorada em novos estudos a relação das
características do empreendedor-gestor, do controle gerencial e do desempenho das
micro e pequenas empresas. Outras variáveis podem ser incluídas e analisadas –
isoladas e em conjunto – além de novos arranjos de variáveis, visando a contribuir
com os achados do estudo.
102
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APÊNDICE 1 – Questionário estruturado
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Caro Empreendedor-gestor!
O objetivo deste questionário é a construção da base de dados para uma Dissertação de Mestrado, cujo tema são as Micro e Pequenas Empresas. Solicitamos alguns minutos do seu precioso tempo para respondê-lo, e assim alcançarmos os nossos objetivos.
Asseguramos o sigilo e anonimato das informações aqui prestadas.
Respondendo este questionário, você (empreendedor) terá oportunidade de concorrer a um BRINDE e nós (pesquisadores) estaremos doando à APAE de sua cidade, R$ 2,00 por questionário respondido. Para participar escreva o seu E-MAIL e a sua CIDADE ____________________________________________________________.
Desde já agradecemos a sua colaboração.
Helena de Oliveira Leite Prof. Dra. Marcia dos Santos Bortolocci Espejo
Mestranda – UFPR Professora Orientadora – UFPR
1.0 DADOS DO EMPREENDEDOR
1.1 Gênero
Masculino Feminino
1.2 Ano de Nascimento (.........)
1.3 Estado Civil Solteiro Casado Divorciado Viúvo Outro
2.0 CAPITAL HUMANO
2.1 Indique a sua Escolaridade Completa: Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior Especialização Mestrado / Doutorado
2.2 Nos últimos 24 meses você participou de cursos relacionados ao seu negócio? Caso você tenha participado, indique a Média anual de horas desses cursos: Não participei de nenhum curso neste período Menos de 24 horas por ano De 24 a 48 horas por ano De 49 a 60 horas por ano Acima de 60 horas por ano
2.3 Antes de ser empresário (a) você já tinha trabalhado no ramo em que abriu o negócio? Caso você tenha trabalhado, indique por quanto tempo. Não Por menos de 1 ano De 1 a 3 anos De 4 a 10 anos Mais de 10 anos
2.4 Antes de ser empresário você ocupou cargo ou função na qual tinha funcionários comandados por você? Caso você tenha ocupado, indique por quanto tempo esteve nessa função.
1
117
Não Por menos de 1 ano De 1 a 3 anos De 4 a 10 anos Mais de 10 anos
2.5 Antes da empresa atual, você já foi proprietário (dono) de alguma outra empresa? Caso você tenha sido, indique por quanto tempo. Não Por menos de 1 ano De 1 a 3 anos De 4 a 10 anos Mais de 10 anos
3.0 CAPITAL SOCIAL
3.1 Qual o percentual do capital que você possuía para abertura da sua empresa?
Possuía 100% do capital; 80% do capital; 50% do capital; 30% do capital; Menos de 30% do capital necessário.
Nunca
Rara
me
nte
Alg
um
as
vezes
Quase
Sem
pre
Sem
pre
3.2 Você buscou informações ou compartilhou experiências com familiares ou amigos que atuam no mesmo ramo?
3.3 Em relação ao nível de parcerias, você participou ou participa de ações em conjunto com outras empresas (compras, cooperativas, associações empresariais e redes setoriais) do mesmo ramo?
3.4 Com que frequência você utilizou ou utiliza de serviços especializados, como o Sebrae, Universidades, Consultorias, etc.?
4.0 MOTIVAÇÃO PARA EMPREENDER
Nada
Pouco
Razoavelm
ente
Muito
Inte
nsa
men
te
4.1 O quanto a explorar uma oportunidade foi um motivo para você abrir a sua empresa?
4.2 O quanto a oportunidade de ganhar dinheiro foi um motivo para você abrir a sua empresa?
4.3 O quanto a oportunidade de pôr em prática os seus conhecimentos foi um motivo para você abrir a sua empresa?
4.4 O quanto garantir o sustento familiar foi um motivo para você abrir a sua empresa?
4.5 O quanto aumentar a renda familiar foi um motivo para você abrir a sua empresa?
4.6 O quanto estar desempregado foi um motivo para você abrir a sua empresa?
118
5.0 CONTROLE GERENCIAL – PROXIES
Nada
Pouco
Razoavelm
ente
Muito
Inte
nsa
men
te
5.1 Antes de abrir a empresa você planejou, fazendo um PLANO DE NEGÓCIOS / PLANEJAMENTO com os objetivos e metas para a empresa?
Nunca
Rara
me
nte
Alg
um
as
vezes
Quase
Sem
pre
Sem
pre
5.2 Você costuma fazer um plano de ação para atingir as metas da empresa?
5.3 Você utiliza este planejamento para acompanhar e controlar as ações e tomar decisões?
5.4 Em relação ao controle financeiro, você conhece com detalhes as entradas e saídas de caixa que ocorrerão no mês?
5.5 Você utiliza o fluxo de caixa para controlar as entradas e saídas de caixa da sua empresa?
5.6 Você conhece e utiliza a antecipação de recebíveis, por meio de desconto de duplicatas, cheques pré-datados ou borderô de cartão de credito?
N
ada
Pouco
Razoavelm
ente
Muito
Inte
nsa
men
te
5.7 Antes de abrir a empresa, você pesquisou o mercado de atuação e o perfil dos clientes?
5.8 Para abrir a empresa, você identificou e fez contato com os seus principais fornecedores?
5.9 Antes de começar a empresa, você identificou e analisou os principais concorrentes, preços, atendimento, competitividade, etc.?
N
unca
Rara
me
nte
Alg
um
as v
ezes
Quase S
em
pre
Sem
pre
5.10 Em relação aos colaboradores, você controla e verifica se as ações de seus funcionários estão alinhadas com as metas da empesa?
5.11 Você procura recrutar e selecionar os funcionários antes de contratá-los?
5.12 Você promove treinamento aos funcionários?
119
6.0 PERCEPÇÃO DE DESEMPENHO
Nenh
um
Pouco
Razoável
Muito
Inte
nso
6.1 Você percebe que as VENDAS da sua empresa tiveram um crescimento desde o início?
6.2 Você percebe que o LUCRO da sua empresa teve um crescimento desde o início?
6.3 Você percebe que o NUMERO DOS FUNCIONÁRIOS da sua empresa teve um crescimento desde o início?
6.4 Você percebe que a IMAGEM ou PRESTÍGIO SOCIAL da sua empresa teve um crescimento desde o início?
7.0 DADOS DA EMPRESA
7.1 Qual é a natureza principal da empresa? Indústria Comércio Serviços 7.2 Quantos funcionários (registrados ou não
registrados) a empresa possuía quando foi fundada/adquirida?
Nenhum. Eu fazia tudo sozinho. Eu e familiares (esposa e/ou filhos) 1 a 5 funcionários 6 a 10 funcionários Mais de 10. 7.3 Quantos funcionários a empresa tem hoje? (____) 7.4 Quantos sócios a empresa possui? (_____)
7.5 Em que ano você iniciou sua empresa? _______ 7.6 Qual das situações abaixo melhor representa a sua decisão de empreender? Oportunidade Necessidade 7.7 Indique a faixa que melhor representa o faturamento
bruto anual da sua empresa. Menos de 240 mil De 240 mil a 360 mil De 360 mil a 720 mil De 720 mil a 1,2 milhões De 1,2 milhões a 3,6 milhões De 3,6 milhões a 5 milhões Acima de 5 milhões