o dom do celibato ii a virtude da castidade no celibato

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O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

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Page 1: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

O dom do celibato II

A virtude da castidade no celibato

Page 2: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Objeção psicológica

1. Experiência do amor humano (por uma mulher) seria indispensável para a perfeição do homem, para sua felicidade

2. Celibato impediria ou dificultaria muito a maturidade afetiva do sa-cerdote

3. Condena-lo-ia à aridez e à solidão 4. Expõe-no à aberrações sexuais

Page 3: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Resposta radical Que dizer do celibato de Cristo?

Se a natureza humana fosse tal que, sem experiência do amor humano, se chegasse inevitavelmente à frus-tração, como Cristo é verdadeiro homem, se concluiria...

Cristo frustrado? Cristo imaturo? Cristo solitário? Chega a ser blasfemo!

Page 4: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Equívocos de fundo Há dois equívocos, na maior parte

das vezes pouco conscientes, que tornam esta objeção muito atraente

1. Decorrente de uma visão antro-pológica de estilo freudiano

2. Concepção estreita da sexualida-de humana, indevidamente equipa-rada à sexualidade animal

Page 5: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Primeiro equívoco Vivemos em uma sociedade erotiza-

da em que o prazer genital parece constituir a experiência mais grati-ficante

Mais ainda. Na linha de Freud, é convicção muito comum que todos os desejos humanos, mesmo os mais “espirituais” não passariam de formas transfiguradas do desejo sexual, da libido

Page 6: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Primeiro equívoco No celibato, frustrado esse desejo

fundamental, frustrar-se-iam todos os outros.

A realidade não é essa Do ponto de vista científico, panse-

xualismo freudiano é insustentável. Trata-se de reducionismo

A antropologia cristã nos ensina algo bem distinto, em certo sentido, diametralmente oposto

Page 7: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Primeiro equívoco Fizeste-nos, Senhor, para Ti e o nos-

so coração está inquieto enquanto não descansa em Ti

No fundo de todos os desejos mais íntimos do homem está o desejo de Deus, do Bem infinito

Aliás, se não fosse assim, bem frus-trante seria o gozo eterno que nos é prometido na Bem-aventurança eterna

Page 8: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Segundo equívoco O celibatário, por prescindir do

amor a uma mulher, “mutilaria” a sua virilidade e não teria acesso às riquezas da feminilidade

Não é verdade, porque não pres-cinde do caráter sexuado da natu-reza humana

No ser humano, a sexualidade abrange muito mais que genitali-dade e afeto conjugal

Page 9: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Segundo equívoco

Neste ponto sexualidade humana é muito diferente da animal. No ho-mem a polaridade sexual afeta pro-fundamente todos os âmbitos do seu ser pessoal

Prescindir da virilidade mutilaria a personalidade de um varão, mas o celibato dos padres não lhes pede isso, de modo algum. Pelo contrário

Page 10: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Segundo equívoco O padre deve pensar como homem

(varão), sentir como homem, agir como homem, relacionar-se com os outros de maneira varonil

E, sem dúvida, precisa incorporar à sua vida toda a riqueza que o “gênio feminino” traz à vida humana: a ternura, o amor ao concreto, o cuidado amoroso dos detalhes, o bom ambiente de um lar etc.

Page 11: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Segundo equívoco Padre não pode levar a vida de um

solteirão! É perfeitamente possível! Seu trato com a mãe e as irmãs, a

direção espiritual dada a mulheres, o relacionamento com as que par-ticipam de atividades pastorais é mais que suficiente para uma boa inserção no mundo feminino.

Page 12: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Amor ou egoísmo Na verdade o que é decisivo para

que um homem se realize ou se frustre é outra coisa

Um feliz enunciado da Familiaris consortio, recolhido no CIC pode ajudar-nos a desenvolver essa idéia

Page 13: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

“Deus criou o homem à sua imagem e semelhança: chamando-o à existência por amor, chamou-o ao mesmo tempo ao amor.“Deus é amor e vive em si mesmo um mistério de comunhão pessoal de amor. Criando-a à sua imagem e con-servando-a continuamente no ser, Deus inscreve na humanidade do ho-mem e da mulher a vocação, e, assim, a capacidade e a responsabilidade do amor e da comunhão. O amor é, por-tanto, a fundamental e originária voca-ção do ser humano.” Familiaris Consortio 11

Page 14: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Por isso Quem, por egoísmo, fica fechado

nos nos círculos estreitos de um “eu” idolatrado, é infeliz

Quem, por amor, se abre aos outros, pelo contrário, é feliz

Simples, mas sempre muito verda-deiro

Em que pensamos? O que é que nos preocupa? O que é que me alegra? O que é que me entristece?

Page 15: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Um amor cabal, abrangente Um passo a mais. O que realiza o ser

humano, é a experiência da comple-ta comunhão interpessoal, de um amor abragente, definitivo, fecundo

Experiência de ser amado por al-guém para quem nós, apesar das nossas limitações, sejamos únicos, irrepetíveis, em certo sentido, tudo

Experiência de entregar-nos por completo a esse alguém

Page 16: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Um amor cabal, abrangente Experiência do recíproco comprome-

timento definitivo . Com esse alguém eu posso contar,

haja o que houver, sempre. Ele também pode contar comigo

sempre, haja o que houver Experiência da fecundidade dessa

comunhão. Da paternidade que é participação na paternidade do próprio Deus

Page 17: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Um amor cabal, abrangente Experiência que envolva todos os

estratos da personalidade. Sensitivos e espirituais

Page 18: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Completamente, no Céu Quando entrarmos na posse de

Deus. Quando Deus for meu e eu for completamente de Deus.

Quando O virmos como Ele é. E o pobre coração humano estiver transbordante do amor divino

Quando estivermos mergulhados no eterno fluir das Processões intra-trinitárias

Page 19: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

“Se o amor aqui na terra dá tantas alegrias, como não será no Céu, quando toda a Grandeza de Deus, toda a Sabedoria de Deus e toda Formosura de Deus, toda a vibração, todo o colorido, toda harmonia, se deramar neste vasinho de barro que somos cada um de nós” São Josemaría Escrivá

Page 20: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Incoativamente, nesta vida No matrimônio, em que o amor ao

cônjuge seja mediação do amor a Deus

No celibato pelo reino dos céus, na vida de entrega virginal, concreta-mente, no celibato sacerdotal

Mas, um homem casado só é feliz se ama a sua esposa, os seus filhos e, no fundo, a Deus. E um padre...

Page 21: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Amor sempre atual Não bastam o casamento ou celibato Ou seja, trazem felicidade os com-

promissos assumidos e mantidos por amor. Portanto:

Não é feliz quem se casa só para satisfazer sua necessidade egoísta de afeto alheio

Quem se mantém fiel à esposa só por inércia ou receio da censura social, ou da censura divina

Page 22: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Amor sempre atual Do mesmo modo, não seria feliz

quem, ao se ordenar, aceitasse o celibato só porque não há outro caminho para se chegar ao sacer-dócio. Só os que amam o celibato deveriam ordenar-se.

Tampouco seria feliz o padre que guardasse o celibato sem liberdade interior, só porque se o deixasse perderia o ganha-pão

Page 23: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Celibatário pode realizar-se O amor a Deus do sacerdote e o seu

amor à Igreja (esponsal) podem levá-lo à máxima felicidade possível nesta terra

Aliás a Igreja sempre afirmou superioridade da virgindade com relação ao matrimônio (não quanto ao mérito)

Lembrar a experiência do amor de Deus dos grandes santos célibes

Page 24: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Celibatário pode realizar-se A segurança diante da vida de um

Paulo (fruto consciência do amor de Deus por ele)

A impressionante paternidade espiritual dos bons padres. Por exemplo a de João Paulo II, que se manifestou especialmente quando morreu

Page 25: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

“Pela livre escolha do celibato sacer-dotal, o sacerdote renuncia a uma pa-ternidade terrena e ganha uma parti-cipação na Paternidade de Deus. Em lugar de ser pai de um ou de alguns filhos na terra, torna-se capaz de amar a todos em Cristo. Sim, Jesus chama o seu sacerdote para que leve o terno amor de seu Pai a todas e a cada uma das pessoas. Por essa razão, a gente o chama de padre (pai) ” Bv Madre Teresa de Calcutá

Page 26: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Uma diferença Para que um celibatário ou um ho-

mem casado sejam felizes, precisam amar a Deus sobre todas as coisas efetivamente. Com um amor vibran-te

Mas um homem casado, se amar a sua esposa, experimentará alguma felicidade, mesmo que seja pobre o seu amor à Deus

Celibatário, não! Cairá no egoísmo

Page 27: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Uma diferença Para um padre o amor a Deus é

absolutamente vital. Sem ele será “o mais infeliz dos homens”

Page 28: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Caridade e castidade Para se viver um amor cabal, tanto

no matrimônio como no celibato, são necessárias virtudes. Principalmente caridade e castidade

Caridade - Correspondência (por graça de Deus) ao amor que Ele nos dispensa

Castidade – capacidade, do ponto de vista instintivo e afetivo, de se viver um amor cabal. (Don Juan Tenorio)

Page 29: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Castidade

No homem casado, amor exige1 Entrega total à esposa2 Apaixonamento – manifeste e alimente3 Uso da genitalidade – manifeste e alimente No celibatário1 Entrega total a Deus2 Apaixonamento – manifeste e alimente3 Uso da genitalidade – cesse

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Castidade

Virtude da correta integração da sexualidade na pessoa.

Educação da afetividade – posta só em Deus ou só na esposa (por Deus)

Domínio (controle) da tendência sexual (que não é possível educar) Aprender a evitar o que ativa

mecanismos genitais extemporâneos Por exemplo – guarda da vista

Page 31: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Para um sacerdote Aprender a “gostar” de Deus,

apegar-se a Ele. Piedade Aprender a não se apegar a

nenhuma criatura (não preciso delas)

Ter um carinho paterno (de serviço) por todos (cada um em particular)

Modelagem da afetividade Atitude sacerdotal

Page 32: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Sobre maturidade

O que faz amadurecer são as responsabilidades decorrentes da entrega a um amor cabal

Sacerdócio bem vivido amadurece tanto ou mais que casamento

Casamento de per si não amadurece ninguém

Page 33: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Sobre solidão

Sente-se solidão quando falta amor cabal, ou quando, em algum mo-mento, nos sentimos descomprome-tidos da grande paixão das nossas vidas

Fuga do ativismo Necessidade da boa solidão

Page 34: O dom do celibato II A virtude da castidade no celibato

Abusos

Continência não inclina, de modo algum, a esses abusos

Na vida sacerdotal (assim como na matrimonial) eles surgem somente se já havia uma predisposição ante-rior para esse tipo de comportamen-to

Depravação sim, leva à abusos John Jay Report