o eco julho 2014

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Abraão, Ilha Grande, Angra dos Reis - RJ Julho de 2014 - Ano XV - Edição 183 QUESTÃO AMBIENTAL RDS do Aventureiro 16 PÁGINA TEXTOS, NOTÍCIAS E OPINIÕES Campanha do Bilhão PÁGINA 25 TURISMO 17 XXXVII Fórum de Turismo na Ilha Grande PÁGINA GRÁTIS SEU EXEMPLAR PEGUE O ECO DO RÉQUIEM NA UNISSONANTE VOZ DO BUGIO Derrubada das Palmeiras Imperiais em debate 12 PÁGINA TAKE IT FREE PALMEIRAS IMPERIAIS CENTENÁRIAS SÃO DERRUBADAS PELO INEA

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Edição 183 - mês de Julho de 2014 | O Eco Jornal

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Page 1: O Eco Julho 2014

Abraão, Ilha Grande, Angra dos Reis - RJ Julho de 2014 - Ano XV - Edição 183

QUESTÃO AMBIENTAL RDS do Aventureiro

16PÁGINA

TEXTOS, NOTÍCIAS E OPINIÕES

Campanha do Bilhão

PÁGINA 25

TURISMO

17

XXXVII Fórum de Turismo na Ilha Grande

PÁGINA

GRÁTIS SEU EXEMPLAR

PEGUE

O ECO DO RÉQUIEM NA UNISSONANTE VOZ DO BUGIODerrubada das Palmeiras Imperiais em debate

12PÁGINA

TAKE IT FREE

PALMEIRAS IMPERIAIS CENTENÁRIASSÃO DERRUBADAS PELO INEA

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EDITORIALTURISMO NO BRASIL É INSIGNIFICANTE

Este jornal é de uma comunidade. Nós optamos pelo nosso jeito de ser e nosso dia a dia, portanto, algumas coisas poderão fazer sentido somente para quem vivencia nosso cotidiano. Esta é a razão de nossas desculpas por não seguir certas formalidades acadêmicas do jornalismo. Sintetizando: “É de todos para todos e do jeito de cada um”!

DIRETOR EDITOR: Nelson PalmaCHEFE DE REDAÇÃO: Núbia ReisCONSELHO EDITORIAL: Núbia Reis, Hil-da Maria, Karen Garcia, Sabrina Matos.

COLABORADORES: Alba Costa Maciel, Amanda Hadama, Andrea Varga, Angélica Liaño, Clara Wardi, Denise Feit, Érica Mota, Ernes-to Saikin, Gerhard Sardo, Iordan Ro-sário, Heitor Scalabrini, Hilda Maria, Jason Lampe, José Zaganelli, Karen Garcia, Ligia Fonseca, Loly Bosovnkin, Luciana Nóbrega, Maria Clara, Maria Rachel, Neuseli Cardoso, Pedro Paulo Vieira, Pedro Veludo, Renato Buys, Roberto Pugliese , Sabrina Matos, San-dor Buys, Valdemir Loss.

BLOG: Karen GarciaWEB MASTER: Rafael CruzDIAGRAMAÇÃO: Karen Garcia IMPRESSÃO: Jornal do Commércio

DADOS DA EMPRESA: Palma Editora LTDA.Rua Amâncio Felício de Souza, 110Abraão, Ilha Grande-RJCEP: 23968-000CNPJ: 06.008.574/0001-92INSC. MUN. 19.818 - INSC. EST. 77.647.546Telefone: (24) 3361-5410E-mail: [email protected]: www.oecoilhagrande.com.br Blog:www.oecoilhagrande.com.br/blog

DISTRIBUIÇÃO GRATUITATIRAGEM: 5 MIL EXEMPLARES As matérias escritas neste jornal, não necessariamente expressam a opinião do jornal. São de responsabilidade de seus autores.

Sumário

Expediente

QUESTÃO AMBIENTAL

TURISMO

COISAS DA REGIÃO

TEXTOS E OPINIÕES

COLUNISTAS

INTERESSANTE

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O Brasil, levando em conta sua geografia, clima, natureza e gran-des centros, possivelmente esteja entre os países que mais tem a ofere-cer ao turismo. Oito milhões de km2, um território com nada inóspito, oito mil km de costa com praias entre as mais belas do mundo, num clima tro-pical e equatorial; numerosas chapa-das de encantar qualquer visitante; mistérios da Serra do Roncador, MT; a indescritível amazônia com a maior bacia hidrográfica do mundo e seu bioma único no planeta; o Pantanal no centro oeste, onde mora a nature-za; Cidades históricas, MG; Cataratas do Iguaçu; Vale do Ribeira- Iporanga, maior concentração de cavernas do mundo; Canyons, Vale dos Vinhedos e Gramado no Rio Grande do Sul; Rio de Janeiro, com seus extraordinários visuais e a maior floresta urbana do mundo; O mundo diferente de Salva-dor e de qualquer capital do nordes-te. Lençóis Maranhenses. Caramba, sem falar da Ilha Grande que também encanta ao mundo.Caro leitor, temos tanto a oferecer, mas não oferecemos o essencial que é segurança, custo benefício, qualida-de dos serviços, transporte compatí-vel e políticas públicas que sustentem o turismo. O Ministério do Turismo, um ministério novo, mas, perdido neste espaço, capenga e serve ape-nas de jogo político do governo para contentar amigos aliados. Por mais que meu município se zangue com o que escrevo e, o que me faz escrever é fruto de sua própria incompetência turística, deveria olhar alguns núme-ros (aproximados) que estou citando, antes de fazer beicinho. Vejam: Turismo estrangeiro no Brasil: 5 milhões/ano; França 79 milhões, Estados Unidos 58, Espanha 57, China 53, Itália 42, Reino Unido 30, e por aí vai. Até a Ucrânia em 2008 atingiu 25 milhões de turistas. Isto no PIB, deve representar a maior indústria e pouco poluente, basta ter consciência! Os dados já estão defasados pois as estatísticas atrasam muito.Arrecadação com turismo internacio-nal em dólares: Estados Unidos 110 bilhões, O EDITOR

Espanha 61, França 55; Itália 45; Chi-na 40; Alemanha 40. Em relação às cidades do mundo, estamos relativamente bem entre as cidades lusófonas: Rio de Janeiro 2,19 milhões, Lisboa 1,72 mi-lhões, São Paulo, 1,10 milhões, Salva-dor 940 mil. Cidades no mundo: Londres 15,64 milhões, Ban-gkok, 10,35, Paris 9,7, Cingapura 9,50, Hong Kong 8,14. Da Copa do Mundo, não te-nho dados, mas dever ter sido muito aquém do esperado. Em relação aos gastos deve ter sido uma catástrofe. Para nós na Ilha, foi abaixo do nor-mal, isto que estamos a 120km do Rio. Pelo palestrante da Copa estarí-amos dentro do raio de lotação, mas esta informação não funcionou, de-verá rever sua palestra para que não seja enganosa. Finalmente o que há com o nosso país? Parece que Deus botou aqui as melhores coisas do mundo em todos os sentidos, mas, nos políticos colocou-nos os formados pela Gama Filho com pós graduação em corrup-ção. Se você leitor, achou sar-cástico, que eu posso dizer diferen-te? Que são formados pela Harvard University? Sorbonne? Possivelmente você me encaminhará a uma facul-dade de corruptos, pois pelo que se vê, nosso homem público em grande número tem muito conhecimento por aí! Temos que assumir que estamos na contramão de tudo e só um grande ângulo de correção poderá mudar o rumo. Vote com inteligência!É lamentável escrever desta forma, me deprime, mas pelas manchetes do dia a dia é o que se mostra. O mes-mo se conclui com as entrevistas dos PHDs, que nos apontam sempre dias sombrios no porvir! Vamos ter esperança, é o que nos resta! Lamentamos muito que o Brasil deixe de arrecadas pelo menos 50 bilhões de dólares/ano em turismo por falta de interesse do governo! “Aproveite o que Deus lhe deu Brasil, antes que seja tarde”!

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Atenção:

Planeje seu roteiro e deixe sempre alguém avisado sobre ele.

Busque sempre o máximo de infor-mações sobre o atrativo a ser visitado, a contratação de um guia experiente é

sempre uma boa opção.

QUESTÃO AMBIENTAL

Ecos do bugio

O Informativo do Parque Estadual da Ilha Grande Número: 06. Ano: 04 - Maio | @peilhagrande

O INEA (Instituto Estadual do Ambiente) é o órgão público responsável pela gestão das unida-des de conservação do estado do Rio de Janeiro, criado pela lei n°5.101, de 04 de outubro de 2007, regulamentada pelo Decreto n°41.628, de 12 de Janeiro de 2009.

Nota de esclarecimento: Controle de Espécies Exóticas Vegetais e substituição por Espécies Nativas da Ilha Grande.

O que são Espécies Exóticas e qual prejuízo tra-zem para a natureza? Espécies Exóticas são por definição quais-quer organismos que estejam fora de sua área na-tural de ocorrência e ao se propagarem se trans-formam em invasoras. Quando as Espécies Exóticas Invasoras se propagam elas alteram características do solo, impedindo a germinação de espécies nativas, além de competir por espaço, luz do sol, nutrien-tes, água e dispersores, assim cada vez mais a ve-getação nativa vai perdendo espaço e o ambiente se torna dominado por poucas espécies exóticas. Isso descaracteriza o meio ambiente. A substitui-ção da vegetação original modifica as fontes de alimento, acarretando também grandes prejuízos para os animais, o que antes era uma floresta com abundância de animais e plantas acabam se tor-nando um local empobrecido, mais parecido com chácaras e fazendas do que com uma floresta rica em espécies. A Palmeira Imperial apresenta crescimen-to rápido e pode ocupar o lugar da palmeira nati-va ameaçada de extinção: a Juçara, e outras ár-vores que antes ocupavam essa área e forneciam o ambiente ideal para os animais da Mata Atlântica.

O Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) constitui uma Unidade de Conservação Ambiental de Proteção Integral, da Administração Pública do Estado do Rio de Janeiro, estando subordinada à Diretoria de Biodiversidade e Áreas Protegidas (DIBAP), diretoria esta pertencente ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). Criado pelo Decreto Estadual nº 15.273, de 26 de junho de 1971, o PEIG é considerado um bem público destinado ao uso comum do povo, de acordo com o artigo 99, inciso I da Lei Federal nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil). Seu objetivo principal é o da preservação dos ecossistemas naturais contra quaisquer altera-ções que os desvirtuem.

O que é o INEA? Controle de Espécies Exóticas Vegetais

O que é o PEIG?

Questão Histórica Na época da colonização muitas espécies fo-ram introduzidas para diversos fins como: Paisagismo, fonte de material de construção e alimentação, o que não se sabia é que essa introdução traria inúmeras con-sequências negativas para o equilíbrio do ambiente. É de conhecimento geral que as Palmeiras Imperiais são verdadeiros monumentos históricos vi-vos e por esse motivo só as Palmeiras que se propa-garam posteriormente foram removidas. As Palmei-ras que foram plantadas na colonização que possuem valor histórico não serão removidas, assim como os enormes Eucaliptos no caminho para a Praia Preta.

Plantio de Espécies Nativas Já estão sendo plantadas espécies nativas da Mata Atlântica como o Cedro, o Mulungu e a Canela, para restaurar a vegetação nativa e por consequência os animais que nela vivem. Outra espécie que será plantada é o Guapuruvu, espécie de forte ligação com a cultura Caiçara, está árvo-re é utilizada para a confecção da canoa Caiçara também conhecia como “canoa de um pau só”. A substituição de espécies exóticas por in-divíduos nativos (feita pelo órgão ambiental) não é desmatamento. O objetivo é restaurar o Am-biente Natural e aumentar a biodiversidade como está proposto no Plano de Manejo (documento ofi-cial que rege a unidade) do PEIG e na Lei Federal 9.985 de 2000.

O PEIG doa mudas de espécies nativas semanalmente na Vila do Abraão, produzidas no viveiro do parque pela equipe. | Viveiro de mudas do Parque estadual da Ilha Grande. Foto: Fernanda Pinho.

6 O ECO, Julho de 2014

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RECOMENDAÇÕES

• Caminhar em ambientes como o do PEIG exige atenção para que seja evitado o impacto da poluição e da destruição destas áreas, segue cuidados básicos a serem observados e respeitados: • Recolha todo o seu lixo. Traga de volta também o de pessoas menos “cuida-dosas”. Não abandone latas e plásticos. Garrafas de vidro são proibidas dentro do Parque Estadual da Ilha Grande.

• Para se aquecer você deve estar bem agasalhado e alimentado. Não faça fogueiras em nenhuma hipótese.

• Mantenham-se na trilha principal, atalhos aumentam a erosão e causam impactos ao meio ambiente.

• Não use sabão ou sabonete nas fontes, riachos e cachoeiras.

• Respeite o silêncio e os outros. Não grite. Aprenda a ouvir os sons da natureza.

• Não retire nem corte nenhum tipo de vegetação.

• Não alimente os animais silvestres, eles podem transmitir doenças.

• Respeite os habitantes dos locais visitados.

APOIO

Sugestões de pauta, curiosidades, eventos a divulgar, reclamações, críticas e sugestões: [email protected] | [email protected]

QUESTÃO AMBIENTAL

Calendário das reuniões do Conselho Consultivo do PEIG para 2014. 25 Março 27 Maio 26 Agosto 21 Outubro 02 Dezembro Aprovado na última reunião do ano de 2013.

Sempre aos sábados na Vila do Abraão. Foto: Eduardo Gouvêa.

Um dos objetivos do Parque Estadual da Ilha Grande é estimular atitudes de conservação da biodiversidade criando um espaço de diálogo e ação conjunta. Pensando nisso vem sendo realiza-das visitas monitoradas ao Circuito Abraão, afim de, promover a sensibilização ambiental através de ações educativas, fornecendo informações re-levantes sobre as Unidades de Conservação exis-tentes na Ilha Grande e suas normas. Venha desfrutar do ar puro, da tranqui-lidade e da beleza que o PEIG oferece. Agende sua visita na sede do PEIG ou pelos telefones: (24) 3361-5540/ 3361-5800.

O Conselho Consultivo do PEIG é um ins-trumento de gestão previsto pela Lei 9.985/2000, do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Decreto 4.340/2002. Ressalte-se que o conselho é entendido “como espaço legalmente constituídos e legítimos para o exercício do con-trole social na gestão do patrimônio natural e cul-tural, e não apenas como instância de consulta da chefia da UC. O seu fortalecimento é um pres-suposto para o cumprimento da função social de cada UC.”.

Buscando a maior aproximação com as pessoas, o PEIG tem realizado todos os sábados, o PEIG NA PRAÇA, um espaço sociocultural voltado ao meio ambiente e que dispõe serviços de infor-mação em relação aos objetivos do PEIG para a comunidade e seus visitantes.

Educação Ambiental

Peig na Praça

Participem do Conselho Consultivo do PEIG! Estão todos convidados!

COMEMORAÇÃO DA PRIMAVERA

II ENCONTRO DOS PINTORES PAISAGISTAS BRASILEIROS

PROJETO ARTÍSTICO O Segundo Encontro dos Pintores Paisagísticos Brasileiros, é um projeto artístico idealizado pelo Restaurante Pé na Areia, que buscou parceria junto à OSIG, para sua realização. Desta parceria resultou um projeto, onde buscamos recursos para sua realização, que já está encaminhado de forma satisfatória.

PARTICIPAÇÃO DE ARTISTA NACIONAIS

O II ENCONTRO DOS PINTORES PAISAGISTAS BRASILEIROS, 2ª EDI-ÇÃO, será na Vila do Abraão, no Restaurante Pé na Areia. Como parte da comemoração da primavera, será realizado nos dias 19 a 21 de setembro de 2014. O evento contempla a PINTURA, MUSICA, caminhadas ecológicas e outras manifestações culturais alusivas à PRIMAVERA, com foco na pre-servação ambiental e no equilíbrio ecológico, aliadas ao resgate da cul-tura. Tendo um paisagismo de primavera ornamentado por artesãos, com artesanatos confeccionados a partir de materiais de reúso e naturais.

MÚSICA- PARTICIPAÇÃO DA CANTORA LÍRICA LOREN VANDAL- PARTICIPAÇÃO DE MÚSICOS LOCAIS- Possibilidade da participação de um coral polonês de jovens, que fazem uma turnê pelo Brasil. Trataremos detalhes e interação sobre o evento, no pró-ximo fórum de turismo, que será no dia 19 de julho às 14.00h no Centro Cultural.

No final do mês de junho o PEIG recebeu a visita do Clube de Desbravadores Uirapuru – Itaguaí – RJ | Foto: Ismael Rosário.

Pautas discutidas na última reunião:• Semana do Ambiente Inteiro 2014, Parque Es-tadual da Ilha Grande.• Apresentação do Projeto do SAAE para Ilha Grande.• Resultado dos novos projetos PEIG.• Etapa 2 do Pré-sal.

7Julho de 2014, O ECO

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QUESTÃO AMBIENTAL

Violação da tutela ambiental e as formas eficazes de condenaçãoInjustiças ambientais: Ministério Público, Instituto Chico Mendes, Cetesb, Floran etc...

Não são raras as violências perpetradas contra o meio ambiente pelo mundo a fora. Inclu-sive o Brasil tem catalogado milhares de agressões que cotidianamente se dão em todos os cantos, promovidas de modo irracional as vezes, de forma culposa noutras e com frequência, agressões do-losas de arte dos Poderes Públicos omissos ou de agentes gananciosos a serviço do capital, nem sem-pre de origem nacional. A legislação e todo aparato normativo bra-sileiro visando a defesa do meio ambiente, expressa através de incontáveis regras de âmbito municipal, estadual e federal, que desde a Constituição Fede-ral, passando pela dos Estados, pelas leis orgânicas municipais e até por convenções condominiais e di-reito interno de empresas e sociedade busca formas eficientes de tutela ambiental. No entanto, nem sempre, esse rol interminá-vel de normas é obedecido. Desde a simples proibição de pescar de cima de pontes até a imposição de de-feso para procriação de espécies, o povo ignora e com frequência autoridades públicas fecham os olhos. Fecham os olhos para uns e mantém bem abertos para outros. Mas também há a aplicação estúpida de punições embasadas na legislação que, promovida pelas autoridades administrativas ou ju-diciais, por denuncias ou medidas voluntárias dos órgãos competentes ou do Ministério Público, pro-vocam o sentimento de injustiça e revolta. Não é elucubração afirmar que empreendi-mentos vultosos, de grandes consequências dano-sas ao meio ambiente são aprovados, com a chance-la de todos os órgãos e deferimentos judiciais, por questões que ora favorecem interesses de uns, ora de outros, sem maiores preocupações ambientais. Apenas para lembrar, são shopping centers erguidos em manguezais, como em Florianópolis; são hidroelétricas cujos lagos terão dimensões que

avançarão por hectares incontáveis; são desma-tamentos e formação de pastos ou até, indústrias que ignoram tratamento de seus dejetos líquidos ou gasosos que expelem para rios, para o mar, la-gos ou para atmosfera, com licenças ambientais de funcionamento e até, com o silencio da imprensa e procedimentos regulares esquecidos em gavetas das repartições públicas.Então é o paradoxo. Fecha-se a padaria que exala fumaça de seu pequeno forno, mas se mantém funcionando a industria química que também exala fumaça e não dispõe de filtros. Fatos frequentes que a sociedade muda e reprimida observa e angustiada desacredita de seriedade das autoridades públicas. O litoral paranaense proporcionalmente trata-se do mais preservado no país, mesmo com a urbanização existente e os dois grandes portos em ritmo de operação total. No entanto, a violação am-biental, com a agressão de órgãos públicos e agentes particulares promovendo contra a natureza é reali-dade. Como de resto no país que dispõe de precioso quadro litorâneo cobiçado por toda a humanidade. O Poder Publico isola Guaraqueçaba sem a continuidade da BR101 em nome da preservação ambiental mas admite a poluição na baia de Guara-tuba por falta de tratamento de esgotos sanitários. E nesse passo temos empreendimentos fami-liares e rústicos espalhados pela orla, pela ilhas, pe-los confins do litoral paranaense sendo condenados à derrubada de pousadas e restaurantes em nome do meio ambiente e os grandes focos poluidores funcio-nando regularmente. São frequentes as apreensões de produtos agrícolas cultivados por humildes rurí-colas do pé da serra, que há gerações sobrevivem ao som de fandango, com o sabor da cataia e peixes e palmitos nativos, enquanto que grandes investimen-tos se dão em lugares cobiçados patrocinados por

multinacionais do lazer. O Expresso Vida expressa indignação pela injusta autoridade pública de todos os poderes que ignora sem sensibilidade histórico e tradição de po-vos e gentes que são privadas de seus lares ou ativi-dades, enquanto outros, com patrocínio do grande capital, passam como tratores por cima de arvores, rios e de toda a ecologia maltratada. Esse paradoxo é inadmissível. É revoltante. É injusto e desmoraliza o Estado brasilei-ro. Infelizmente de norte a sul do país a história da injustiça reiterada e constante é a triste realidade que afasta o brasileiro do seu sentimento de brasili-dade. Lamentável.

As condenações são sempre eficazes para os pobres, para o povão, para o homem anônimo da multidão e, inexistem para os apadrinhados do poder. Até quando, (?) é a pergunta que se faz e não há resposta.

Roberto J Pugliese via Blog Expresso Vida

http://vidaexpressovida.blogspot.com.br/

FOLIA DE REIS Artesanatos, roupas e acessórios

Rua de Santana, s/n | Vila do Abraão Horário de Funcionamento: 09h às 22h

8 O ECO, Julho de 2014

Page 9: O Eco Julho 2014

Acordo benificia mais de 400 famílias de pescadores Acordo entre os pescadores do norte de Santa Catarina, a Norsul e a Acelor Mitral, multi-nacionais que se envolveram em acidente naval no litoral de São Francisco do Sul, causando dano am-biental de grande gravidade, gerou o maior acordo celebrado pela Justiça de Santa Catarina. - Estamos injetando 65 milhões de reais na economia catarinense. Quando o governo federal ajuda o Estado em razão de calamidades ou obras, o dinheiro da União não chega a 5 milhões. E vem em parcelas. Esse acordo, está fazendo algo nunca visto por aqui, diz Roberto Pugliese, um dos advo-gados que representa os quase 3 mil pescadores artesanais. O dinheiro virá da Inglaterra, pago pela seguradora. O acordo judicial, já homologado pelo Tri-bunal de Justiça, permitirá que os pagamentos se iniciem ainda no mês de Julho, beneficiando cerca de aproximadamente 400 famílias de pescadores e Cerco fixo no Largamar

maricultores da orla de São Francisco do Sul, Join-ville, Garuva e Itapoá. Já foi determinada a remes-sa, restando apenas burocracias do fisco federal, banco central e outros entraves ordinários. Pugliese e Gomes Advocacia há várias dé-cadas trabalha com pescadores, maricultores, co-lônia de pescadores e outros grupos ligados ao mar. Já atuou em defesa de pescadores nas barrancas do rio Paraná e tem assessorado esses profissionais na região do Lagamar de Cananéia, na Ilha Comprida, em Paraty, na Ilha Grande, Antonina, Ilha do Mel, Governador Celso Ramos, entre outros pontos da costa. - Anos atrás trabalhamos com a Pastoral da Pesca, da Diocese de Santos, e hoje assessoramos entre outros, associações de pescadores de Flo-rianópolis e a Colônia z9 de Cananéia, completa Emerson Gomes outro advogado do mesmo escritó-rio.

Roberto J Pugliese via Blog Expresso Vida

http://vidaexpressovida.blogspot.com.br/

Os pescadores artesanais do Estado do Para-ná reunidos em Superaguí, comunidade tradicional situada na ilha artificial que tem o mesmo nome, se do Parque Nacional de Superagui, elaboraram a carta aberta ao povo brasileiro conforme segue, e o Expresso Vida, solidário, divulga e conclama a todos para ultimarem medidas favoráveis aos pescadores do Paraná e de todo o país. Vejam:“Somos comunidades tradicionais caiçaras, Ilhéus do Rio Paraná, Pescadores e Pescadoras Artesanais atin-gidos por Parques Nacionais no Estado do Paraná. Es-tivemos reunidos na Vila de Superagui no dia 06 de dezembro de 2013 para denunciar injustiças pratica-das peloICMBio contra os DIREITOS de nossos povos, em especial nesse encontro, as comunidades caiçaras, pescadores e pescadoras artesanais atingidos pelo Par-que Nacional de Superagui, em Guaraqueçaba, PR. Com apoio e presença de diversas instituições e movimentos, dentre eles: comunidades Faxinalen-ses, Indígenas, Benzedeiras, Cipozeiros, Ilhéus do Rio Paraná, Caiçaras, grupos de fandango, além de representantes de Universidades/Instituto Federal, Conselho Estadual de Direitos Humanos, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná,Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Defensoria Pública da União, Defensoria Pública do Estado do Paraná, Ministério Público Estadual – CAOPDH, Secretaria Comissão Na-cional de Povos e Comunidades Tradicionais, Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais, além de diversos movimentos sociais do Paraná. Estamos aqui reunidos para denunciar o pre-conceito, a violência e o descaso que vem sofrendo

nossas comunidades tradicionais da parte dos órgãos ambientais, em especial do ICMBio, ao criminalizar nossas comunidades e impedir o avanço de inicia-tivas e entendimentos baseados no diálogo demo-crático, uma vez que nosso interesse é verdadeira-mente participar da elaboração do Plano de Manejo do PNS, para tanto o ICMBio necessita reconhecer nossos direitos territoriais. Denunciamos medidas e tomadas de decisão autoritárias e arbitrárias de gestores em posição de poder, que tem promovido a ampliação da desigual-dade e da exclusão social emnossas comunidades, ao desconstituir direitos territoriais, ignorar o re-conhecimento e a efetivação de nossos direitos, e impedir a reprodução do modo de vida de nossas comunidades, compatíveis com a conservação dos recursos naturais. Denunciamos o ocultamento dos efeitos do Parque Nacional de Superagui sobre nossa identida-de étnica e territorial nos “estudos” encomendados pelo ICMBio e, contestadas por Parecer Técnico de pesquisadores independentes. Denunciamos a forma como os órgãos am-bientais ignoram e descumprem políticas públicas e legislações de interesse de povos e comunida-des tradicionais, conforme menciona a CF 216°, o art 28° da Lei 9.985/2000 (SNUC) e a própria Lei da Mata Atlântica em seus art. 9° e 26°. Cobramos imediata aplicação do disposto na Convenção 169 da OIT, em especial em seu artigo 6°, que determina a consulta aos povos e comunidades tradicionais in-teressados, “por meio de procedimentos adequados sempre que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-las diretamen-

te”. Princípios estes presentes nos instrumentos de gestão participativa previstas na Lei do SNUC. Considerando as denuncias apresentadas no decorrer do Encontro, requeremos ao ICMBio: 1) a realização de novos “estudos” através da ver-dadeira participação das comunidades afetadas pelo PNS, antes da aprovação do Plano de Manejo; 2) A elaboração de Laudo Antropológico das comuni-dades afetadas pelo Parque Nacional de Superagui, conforme recomendação da 6ª Câmara do Ministério Público Federal, como condição para aprovação pelo ICMBio dos Estudos de Usos Publico e Turismo e Rela-tório Socioeconômico, Histórico e Cultural do PNS, e 3) Definir um espaço de discussão com as comunida-des para que elas explicitem quais usos são neces-sários para sua reprodução social e, que o ICMBio forneça o acesso imediato a seus territórios tradi-cionais para que realizem seu modo de vida confor-me manda a legislação do SNUC e da Lei da Mata Atlântica, além da Constituição Federal em seu art. 216°, e o Decreto Federal n. 6040/2007. Confiantes na justiça como guia do Estado De-mocrático de Direito, e na Constituição Federal, que nos assegura a dignidade e a igualdade pelo reconhe-cimento da nossa diferença, exigimos o cumprimento da legislação federal no que concerne aos direitos dos povos e comunidades tradicionais no Sul do Brasil.” O Expresso Vida tem enfrentado autorida-des públicas que, sem pensar no ser humano, estão defendendo o meio ambiente, excluindo do meio e do ambiente tradicional e natural, o ser humano.

Povos Tradicionais e Caiçaras sofrem violências institucionais

QUESTÃO AMBIENTAL

9Julho de 2014, O ECO

Page 10: O Eco Julho 2014

QUESTÃO AMBIENTAL Desse modo, reitera sua total e absoluta so-lidariedade aos povos tradicionais e aos caiçaras do litoral do Parana e do Brasil. Vale à pena assistir o vídeo: Siga o link. https://www.youtube.com/watch?v=XHHN0e6SHCI

Roberto J. Pugliesewww.pugliesegomes.com.br

Autor de Direito das Coisas, 2005 - Leud

Do Jornal Caro Pugliese! As injustiças sociais e o desrespeito às comunidades cometidas em nosso país, dizendo-se em nome da lei, já são uma cons-tante. Aqui existem licenciamentos ambientais em cima de costão rochoso, porque não é para pescador, bem como aterro de manguezal, “que o estrábico olhar do INEA não quer ver”. Outro desastre é o conceito meramente acadêmico que os “PHDs” mostram como conhecimentos absolu-tos sobre os saberes das populações simples do interior. Até 60 anos passados, estas populações viveram exclusivamente por conta de sua sabe-doria de sobrevivência e isto não é levado em conta. As populações são entupidas de conceitos modernos, ou são condenadas a um gueto, para mostrar como a vida era antigamente. No jornal passado tive que dar um “pitaco” forte sobre um populismo forjado politicamente. A respeito da RDS do aventureiro, fizeram uma apologia tão grande ao Minc como Deus salvador daquele povo e eu não aguentei, é o que quero mostrar a você. Veja, referindo-me à tal matéria: - O tom politiqueiro daquela matéria trans-cende a qualquer valor que possa ter esta RDS. - Que pesca? O sustento principal deles é o turismo desde há muito tempo! - A ampliação do Parque foi uma inicia-tiva das ONGs locais e este jornal, que pressio-naram o governo a ampliá-lo; da mesma forma a RDS do Aventureiro, foi um trabalho que partiu da própria Ilha em defesa daquele povo que está lá a séculos, não há décadas como diz a matéria e sem o Estado resolver seus problemas que fo-ram criados pelo próprio Estado. A cultura caiçara hoje, não pode ser mantida isolando áreas como se fossem guetos, ela se manterá através de conscientização, edu-cação, sustentação de hábitos tradicionais, de manifestações artísticas expressas no artesa-nato, nas danças e nos costumes incentivados nas festas, como tradição, não mais apregoado como meio de vida. O caiçara gosta da vida urba-na como qualquer cidadão, pois foi contaminado pelo consumismo como todos nós e ele não quer ser diferente, tampouco isolado. Ele quer ser in-serido na sociedade comum, gosta do estilo de progresso pregado pela mídia do capitalismo. Ele tem suas razões em gostar, pois mesmo não sendo sustentável, esta vida do capitalismo, é gostosa e entendida como democrática de viver, especialmente para ele que sempre viveu as di-

ficuldades do interiorano, onde não tinha médico, não tinha escola, não tinha como ganhar dinheiro, enfim condenado a ser um eterno caipira pobre e sem escolaridade. Isto é mito, não qualidade de vida para este povo que sempre almejou a urbani-zar-se, inclusive a urbanização social, com clube, festas, cinema etc. Esta é a ecologia humana que pretende e com razão, pois todos os outros têm! Hoje 80% da população brasileira vive em cida-des. Todo o êxodo rural se deve à ideia de que o estilo urbano é bom para viver! Temos certeza que lá são poucos os sa-tisfeitos com mais este “ato heroico do deputa-do Carlos Minc”, muito mais quando colocado na forma política da matéria que estou contestan-do. Esse jeito de dar notícias (show político), povo nenhum aguenta mais! Já é tempo de entenderem que aqui na Ilha quando se fala em Minc existe tom de não bem-vindo e vejo como impossível de ser rever-tido. O caiçara quando detesta alguém, com o tempo poderá até esboçar um sorrido, mas será de hiena! As políticas ambientais na Ilha foram tão malfeitas que este povo por gerações não esquecerá. Acredito até que ele, Minc, possa não ser o culpado, mas quem levou a culpa foi ele. Alguns urbanóides ambientalistas, e outros biólogos recém formados, teriam que sair deste mito de acre-ditar que o caiçara é só um ser do mar ou do mato. Não existe mais este jeito de viver. Isto é muito bom para pas-sar o fim de semana ou as férias. O mundo mudou, outros concei-tos interferiram e as culturas são engolidas pela famigerada globa-lização, pela indução ao consumismo através da mídia. Eu vejo como um mal, mas temos que aceitar esta nova reali-dade que foi imposta ao mundo com aval dos go-vernos e contaminou a todos. Ninguém mais se aceita pobre, acabou o tempo onde o pobre era resignado e feliz sim-plesmente porque Deus quis assim, como dizia a Amélia: “eu era feliz de não ter o que comer”! Temos que en-tender esta gente e usarmos outros concei-tos para implantar no-vas ideias! Temos que redesenhar a forma de

lidar com o povo simples do interior, para isso, começar incluindo seus saberes e seu jeito de ser. Sempre se passou o “rodo” sem levá-lo em con-ta, razão que hoje todas as minorias se tornaram rebeldes, exigentes e agressivas; reação criada pela incompetência do poder público e de muitos acadêmicos, em lidar com elas. As minorias dei-xaram de ser idiotas, são sábias e tem seus líde-res com boa escolaridade! O Estado é que parou no tempo! Ou até possivelmente regrediu. Como exemplo, a incapacidade do governo em conter qualquer protesto. Os protestos podem não ter causa definida, mas são altamente agressivos, sempre com alguma minoria envolvida e o gover-no impotente, por não ter sabido lidar na origem do problema! Recentemente fizemos um trabalho para o IBAMA e PETROBRAS com 40 palestras para as comunidades da Ilha, o que nos credencia para dizer que os tempos são outros! Não adianta fazer biquinho, esta opinião do jornal tem respaldo nas comunidades. Procu-rem aprender para sorrir ao invés de fazer bi-quinho.

N. Palma

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QUESTÃO AMBIENTAL

Ilmo. Sr. Nelson Palma Jornal O Eco

Honrado em cumprimentá-lo venho por meio deste informar a situação em que se encontra o Parque Estadual da Ilha Grande no tocante a con-taminação de suas florestas por espécies exóticas invasoras. Espécies exóticas são por definição qualquer organismo que esteja fora de sua área natural de ocorrência, ao se propagar e se estabelecer uma po-pulação autossuficiente (grupo de indivíduos que são capazes de se renovar sem que haja introdução de novos espécimes) transforma-se em invasora, que em algum grau ameça a biodiversidade nativa e suas interações com os outros organismos do ambiente. Partindo desta definição venho comunicar que esta unidade encontra-se sob infestação de orga-nismos não nativos que estão se espalhando pela unidade concorrendo com as espécies nativas por espaço e recursos. Estes organismos estão disper-sos por uma grande extensão do Parque Estadual da Ilha Grande (PEIG) mas encontram-se concen-trados nas bordas de estradas e trilhas e em áreas mais intensivamente utilizadas no passado. No Par-que Estadual da Ilha Grande (PEIG), seja pela alta abundância ou por efeito indireto em outras espé-cies, as principais espécies exóticas invasoras são a jaqueira (Artocarpusheterophyllus), a palmeira imperial(Roystoneaoleracea), a amendoeira (Termi-naliacatappa), a goiabeira, o abricó-da-praia (Mimu-sopscommersonii), o mico-estrela (Callithrixjacchus), o cão doméstico (Canis lupus), o gato doméstico (Fe-liscattus), a trapoeraba(Tradescantiazebrina)entre outras dezenas. Para compreender o processo de coloniza-ção e estabelecimento das espécies exóticas invaso-ras é necessário rever a história de colonização da Mata Atlântica e da Ilha Grande. A Floresta Atlântica é um bioma que foi ma-nejado de forma intensa a pelo menos 500 anos e este processo foi estabelecido pela gradativa substi-tuição da biota nativa por espécies aclimatadas nas colônias portuguesas. A introdução de espécies pertencentes a outras comunidades bióticas foi uma das ações ca-talizadoras que impulsionaram a ocupação e des-truição do ambienta natural da Floresta Atlântica contribuindo para o acúmulo de riqueza econômica da alta sociedade com base na expropriação, dos nutrientes do solo na forma de grãos (café), carne (gado bovino) ou açúcar (cana-de-açucar), para as metrópoles da Europa. Atualmente grande parte dos remanescen-tes de Floresta Atlântica encontram-se sob algum grau do resquício desta colonização. Em muitos ca-sos as espécies exóticas se adaptaram tão bem que

passaram a ocupar o espaço das espécies nativas e se expandir para áreas ainda pouco perturbadas ou intactas. Este processo hoje chamado de contamina-ção biológica ameaçada de forma sem igual os re-manescentes florestais e populações animais e ve-getais nativas. Na Ilha grande populações de jaqueira, amendoeira e palmeiras imperiais expandem rapi-damente suas populações impedindo a regeneração natural da vegetação e sufocando áreas anterior-mente livres de contaminação. Espécies como a ja-queira podem alterar características do solo impe-dindo a germinação de sementes de espécies nativas além de competir por dispersores comprometendo o processo de sucessão natural. É comprovado em estudos recentes que as espécies exóticas invasoras sufocam as plântulas de espécies nativas e contribuem para a homogeneiza-ção da biota, tornado o ambiente dominado por uma ou poucas espécies. A palmeira imperial apresenta crescimen-to rápido e pode potencialmente ocupar o mesmo nicho da palmeira nativa ameaçada de extinção a juçara (Euterpe edulis), competindo também pelos mesmos dispersores. É emergencial que ações de controle destas populações sejam realizadas nas unidades de conser-vação do Estado ou os parques fluminenses serão ar-boretos empobrecidos e se parecerão mais com chá-caras e fazendas do que com florestas biodiversas. Neste contexto o PEIG tem tentado contro-lar populações de palmeira imperial, jaqueira, leu-cena, amendoeira, mangueira, abricó-da-praia, eu-caliptos, etc. que escaparam das condições iniciais de cultivo e expandiram suas populações para fora dos antigos jardins. Em maio e junho de 2014, após o curso de controle de espécies invasoras em unidades de con-servação promovido pelo INEA em abril de 2014, foram realizadas intervenções em áreas do PEIG do Circuito Abraão e restinga da vila de Dois Rios (figura 1 e 2). A partir do controle das espécies exóticas o PEIG tem recuperado as áreas dominadas por uma ou duas espécies exóticas invasoras e enriquecido estes locais com o plantio de mudas de espécies na-tivas (fotos 1-6). Estas mudas são produzidas pelo viveiro do próprio Parque com sementes coletadas em seu interior (Foto 07). Ressalto ainda que a população, quando lhe é conveniente, também se beneficia para seu uso, da extração de bambus e outras essências exóticas com a devida autorização do PEIG. O Parque tam-bém utiliza os troncos das espécies exóticas para realizar a manutenção de trilhas e acessos, bem como guarda corpos e corrimões nas áreas de uso intensivo. Considerando o Plano de Manejo do Parque

Estadual da Ilha Grande que em seu plano setorial 5.5.4.1 - Programa de Manejo da Flora, tem como objetivo: “Propor e efetivar ações para a conserva-ção da flora nos diferentes ambientes naturais do Parque” e entre suas atividades prevê “a remoção de espécies adultas como jaqueiras, amendoeiras, abricós, etc. Considerando o artigo 52 da Lei Estadual 3467/2000. “Art. 52 - Impedir ou dificultar a regenera-ção natural de florestas ou demais formas de vege-tação:”Considerando o Artigo 4 do Sistema Nacional de Uni-dades de Conservação Lei No 9.985/2000. “Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos: I - contribuir para a manutenção da diversi-dade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; II - proteger as espécies ameaçadas de ex-tinção no âmbito regional e nacional; III - contribuir para a preservação e a res-tauração da diversidade de ecossistemas naturais; IX - recuperar ou restaurar ecossistemas de-gradados; Art. 31. É proibida a introdução nas unida-des de conservação de espécies não autóctones.” Baseado no princípio da precaução, na Con-venção da Biodiversidade e na legislação acima citada esta unidade encontra-se tecnicamente e legalmente amparada para realizar o controle das espécies exóti-cas invasoras que infestam a sua área e comprometem a conservação da biodiversidade.Destaco ainda que não é o objetivo do PEIG erradicar espécies úteis ao homem de toda a Ilha Grande, mas sim das unidades de conservação de proteção integral.

Sandro Muniz Chefe de unidade

PEIG / REBIO DA PRAIA DO SULINEA / INEA / MAT. Nº 390707-8

Ofício INEA/DIBAP/GEPRO/PEIG Nº 049/14Ilha Grande,17de Julho de 2014

OBSERVAÇÃO QUANTO A ESTE POLÊMICO ASSUNTO:

- Nunca poderíamos imaginar a tamanha romaria ao jornal em reação ao corte das palmeiras imperiais. Deste episódico even-to devemos tirar ensinamentos para o futu-ro e assim evitar a desarmonia. A população dentro de seus saberes, tem o direito de mostrar-se indignada, quando se considera alijada da informação e da participação nas decisões. Num processo democrático se re-solve discutindo antecipadamente à tomada de decisões, a menos que sejam emergen-ciais. Temos que respeitar o tripé: diálogo, acordo e limite. Assim entendo!

N. Palma

11Julho de 2014, O ECO

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QUESTÃO AMBIENTAL

Na observação da comunidade: O PEIG NA CONTRAMÃO DA SOCIEDADE E DA NATUREZA. - Uma população perplexa com a proteção que desprotege – Uma violência institucional. Analisem as matérias, por favor!

Tudo poderia ter sido evitado! No cumprimento à lei, existe o bom senso, que poderá definir com sabedoria o que seria o mal maior. Como é aplicada a lei aqui no Parque, o mal maior é a gestão do PEIG, na visão da esmagadora maioria, lamento dizer-lhe Sr. chefe do PEIG! No passado, em represália ao intuito de fa-zer cumprir picuinhas da lei, alguém ateou fogo ao Parque, face ao ódio criado pelas picuinhas... e a comunidade aplaudiu! A aplicação da lei, em tempos democráticos, sem a devida cautela, poderá se tor-nar um grande desastre ambiental e o ônus atribuí-do ao Parque e sua presença como Estado! Só o fato de a sabedoria ser capaz de cumprir prioridades, a ação já se torna amena quanto a aplicação da lei. Vejam: temos as construções avançando rapidamen-te acima da cota quarenta, esgotamento sanitário in natura nos riachos, construções irregulares em todas as partes, um Conselho Consultivo insatisfeito e se exaurindo, a invasão dos micos, o bambu japonês, a bagunça de Lopes Mendes, a Praia dos Meros na RE-BIO, vistas grossas com olhar estrábico (dependendo do olho com que o INEA vê, pode passar ou não, pela REBIO), etc. Isto compromete muito, entretanto não importa nas prioridades do INEA, mas a derrubada

de Palmeira Imperiais, centenárias, plantadas no tempo do Império, constituindo patrimônio histó-rico, somado às exuberantes amendoeiras em Dois Rios, cujo paisagismo é admirável, tem prioridade absoluta, à revelia da satisfação da comunidade. Por que assim? Por que afronta? Por que mostrar o poder do Parque? Na minha opinião, se não levarmos em conta a comunidade não teremos êxito algum e ela pode ser truculenta e de opinião forte. Nem as dita-duras conseguiram andar contra a vontade do povo, quanto mais a administração do parque em tempos democráticos. Isto deve ser melhor pensado e dosa-do! Portanto, andar bem aceito pela comunidade é ter certeza da satisfação geral na aplicação da lei. O parque há poucos anos cometeu erros semelhantes, mas não serviram de lição (os detestáveis tempos do Ciro P...)! É lamentável o que o PEIG está fazendo, pois em minha visão destrói a ecologia humana, onde é dela que parte a sustentabilidade da eco-logia nos ecossistemas. Nós somos parte do ecossis-tema e por sermos “racionais” poderemos destruir ou proteger! Proteção à natureza se faz com sabias parcerias, não com o poder do cargo ou por con-ceitos meramente acadêmicos dos recém formados, mesmo com respaldo em lei. O respaldo em lei, não basta para passar o rodo nos anseios e sabedoria da população! Analise isso senhor chefe do PEIG, an-tes que o estrago possa ser maior. A natureza preci-sa sorrir junto com a comunidade e com o próprio INEA, mas neste ritmo, posso garantir que chorará cada vez mais. Este jornal apoia a comunidade e participa de seus anseios, seria uma afronta à ela

ser contra, mesmo se tivesse ideias contrárias. O as-sunto é extremamente polêmico e em questão de dúvidas deve ser pró-reu, no caso a comunidade. Sugiro repensarmos tudo para tornarmos harmônico o convívio PEIG/sociedade! O reflexo da ação está neste jornal exposto pela reação da comunidade, inclusive da comunidade acadêmica que aqui vive ou participa. Estamos publicando o ofício de V. Sa. justi-ficando (neste jornal nº 183, corrente mês), mas, salvo melhor juízo, provocará uma polêmica ainda maior. Estamos em uma área de turismo e as pal-meiras fazem parte da beleza cênica, da memória afetiva dos moradores e constituem patrimônio his-tórico, reconhecido por todos, além de estarem lo-calizadas no “City Tur” do Abraão. Enfim, contrapondo-se à espressão “Dura lex, sed lex”*, existe a voz do povo que é a voz de Deus. O rei Sabius Justus, autor desta expressão la-tina, arrependeu-se amargamente e passou a pensar diferente. Caso leiam a histórica crônica, ela poderá convencer à Administração PEIG a mudar de ideia.Estamos tristes pela “cara de réquiem” do conteúdo de O Eco deste mês! Não é o que gostaríamos de pu-blicar. Temos que consertar usando o entendimento! Pela opinião pública o comportamento das UCs de-veria ser revisto, pois observem que de Pernambuco à Santa Catarina, nos mandaram matérias com gran-des insatisfações.

Nelson Palma é diretor deste jornal e presidente da OSIG

Por Alba Costa Maciel

Em resposta a denúncias vindas dos quatro cantos da Vila, estivemos na Praia Preta para obser-var um corte absurdo de Palmeiras Imperiais ocorri-da no dia 10/07 2014. O eterno argumento dos “sá-bios” do INEA rotula centenas de árvores, incluindo

as citadas Palmeiras como EXÓTICAS, portanto não sendo originárias da Mata Atlântica. Será que algum biólogo ou engenheiro flo-restal, de respeitável currículo, poderia nos esclare-cer quanto a este controvertido ponto de reflexão? Sim, porque sabemos que a própria Floresta Amazô-nica é constituída por espécies que não são originais.

OPINIÃO SOBRE PRIORIDADES E CONSEQUÊNCIAS Por Nelson Palma

O ECO DO RÉQUIEM* NA UNISSONANTE VOZ DO BUGIOPalmeiras Imperiais em discussão, na afinação pelo diapasão da comunidade

* Parte do ofício dos mortos, na liturgia católica, que principia com as palavras latinas requiem aeternam dona eis, ‘dai-lhes o repouso eterno’. Música sobre esse ofício.

AS ESPÉCIES EXÓTICAS SOMOS NÓS, CARA PÁLIDA!

Os ecossistemas que predominavam na América do Sul eram formados por cerrados e savanas, ou seja por vegetação atualmente encontrada em Mato Gros-so e Goiás. A Floresta como se encontra hoje em dia evoluiu junto com as populações que por lá passa-ram desde 12.000 anos atrás. As pesquisas arqueoló-gicas confirmam este fato. A população co-evoluiu

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QUESTÃO AMBIENTAL

A DEVASTAÇÃO DA PRAIA PRETA

Por Maria Rachel Sousa

É isso mesmo, infelizmente. Quem viu, viu! Quem viver não mais verá.Seis anos depois da polêmica das jaqueiras, o INEA - Instituto Estadual do Ambiente - repete o mesmo erro. O órgão ambiental de novo deixa todos in-dignados. Moradores, nativos ou não. O não nati-vo representa aquele que veio de outras paragens e que na linguagem dos ambientalistas puristas são provavelmente chamados de “exóticos”. E é também justo por serem exóticas que as palmei-ras imperiais são derrubadas pela ação e mão do homem. O motivo? Manejo ecossistêmico. Bonita terminologia para justificar a destruição da me-mória afetiva dos que aqui nasceram e dos que aqui escolheram fincar suas raízes. Incompetência? Deformação de formação acadêmica? Ou inexistência de sensibilidade? Na minha opinião, a soma dos três. Incom-petência na gestão porque mesmo que não tenha-mos capacidade para entender as causas cientí-ficas, o mínimo de informação antecipada para nós, simples mortais, seria necessário para que o choque, a indignação e o impacto fossem minimi-zados. Deformação de formação acadêmica por-que na Universidade por onde andaram esses técnicos responsáveis por esta ação não lhes foi

ensinado que os aspectos humano, social e his-tórico são partes integrantes do meio ambiente. Existe um tripé fundamental para o exercício das relações humanas em qualquer nível: o diálogo, o acordo e o limite. Mais uma vez o INEA ignora um dos lados da questão e escolhe, de novo, o cami-nho do autoritarismo, da imposição, das decisões tomadas no conforto de suas salas, protegidos atrás de suas mesas e de seus títulos de técnicos, com seus conhecimentos acadêmicos e suas ex-periências urbanas. Nós, simplesmente humanos, somos apenas muito emotivos e ignorantes. Não temos condições para entender que a Praia Preta, um local de uso público dos mais visitados seja a área escolhida para sofrer intervenção dessa or-dem, o tal manejo ecossistêmico, onde a beleza cênica das palmeiras é desconsiderada e a histó-ria apagada.Quanto à falta de sensibilidade, eu não consigo encontrar uma resposta aceitável. Só sei que a sensibilidade não existe nesses que se outorgam o direito de despedaçar não apenas as palmeiras imperiais, mas também e sobretudo despedaçar o patrimônio afetivo de todos que vivem aqui.Com certeza, o Parque Estadual da Ilha Grande merece mais, muito mais do que técnicos...

Maria Rachel é moradora

com a floresta. O cacau, por exemplo, não é natural da Amazônia, ele é originário da América Central e foi trazido para a Amazônia pelos índios. Concluin-do: a Amazônia e a Mata Atlântica só podem ser con-sideradas antes das populações humanas se a arque-obotânica – se é que existe essa área - tiver estofo para determinar o que é e o que não é “original”, e pertinente exclusivamente a estes biomas antes de 15.000 anos, pelo menos... Difícil... Muito difícil.... Tudo isso, gente, para falarmos de um absur-do recorrente aqui na Ilha Grande: taxam de exóti-cas, sem comprovação científica, espécies que, em sua maioria foram trazidas pelos colonizadores, mas esses mesmos colonizadores, como Martim Afonso de Souza – o mais conhecido - ao chegar a São Vicente ( lembram-se?), encontrou aqui uma paisagem trans-formada ! Socorro, gente! Vamos, portanto, em nome de uma “pureza” inexistente exterminar a manga, bananas, carambo-las, melão melancia, arroz, feijão, trigo, aveia, uva, coco, figo, fruta-pão, jaca, laranjas, limão, limas, tangerinas tamarindo, café, cravo, canela, pimen-ta do reino, caqui, biribá, gengibre, romã, inhame, amoras, nozes, maçãs, peras, pêssegos, sapotis, pi-nhas, graviolas e uma infinidade de hortaliças. Os principais animais domésticos também deveriam ser extintos. Nada de cães, gatos, galinhas, patos, gan-sos, coelhos, bovinos, jumentos, burros, cavalos, ovinos e caprinos!!!!! A única realidade é a transformação, dizia Heráclito há 5 séculos antes de Cristo! Por favor, caro leitor, dê um pulinho à Praia Preta e veja, com seus próprios olhos a devastação que o INEA patrocinou “ em benefício” da originalidade do nosso belo Parque. É inacreditável! Além do mais, houve um ferimento que, por pouco, poderia ter sido letal, em um jovem nativo que hoje está internado no Rio de Janeiro, tal a gravidade do acidente. Mais que lamentável, triste, absurdo, incompreensível, injusti-ficável, condenável em todos os aspectos. Escrevi este texto muito emocionada com o fato em si e com o acidente grave com um jovem que, por acaso, é meu amigo. O que foi relatado encontra-se nos textos: A invenção do Brasil de Evaristo Eduardo de Miranda; A Amazônia não é um vazio demográfico e cultural de Carlos Walter Porto Gonçalves e o título foi inspirado por artigo de Rosa-ne Prado: As espécies exóticas somos nós.

Alba Costa Maciel é moradora

QUEM VIU, VIU! QUEM VIVER NÃO MAIS VERÁ...!!!

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QUESTÃO AMBIENTAL

O PARADOXO Por Helena de Godoy Bergallo

Parece o fim do mundo! Justamente, as pessoas que trabalham com o meio ambiente estão preocupadas em cortar algumas das árvores. É isso mesmo? Pode parecer que sim, pois o INEA, o órgão ambiental gestor do Parque Estadual da Ilha Grande, anda cortando amendoeiras, palmeiras imperiais, ja-queiras, entre outras. Parece o fim do mundo, mas não é. Eis aí um paradoxo! Um paradoxo é uma situ-ação que contradiz a intuição popular. Espera-se que o órgão ambiental proteja a natureza, e eles estão fazendo isso mas, para tanto, eles precisam cortar algumas das árvores! É, pode parecer estranho, mas com esta conduta o INEA está cumprindo o seu papel de conservar e proteger a biodiversidade, e temos que apoiá-los. Deixa eu explicar rapidamente o que são espécies exóticas para que todos possam entender melhor o problema. Espécies exóticas são aquelas espécies que estão em um novo ambiente porque o homem as trouxe; elas não são originariamente desse local. Muitas das espécies exóticas não conseguem sobreviver no novo ambiente, porque as condições ambientais são muito distintas. Mas algumas outras encontram condições climáticas semelhantes ao seu ambiente de origem e passam a invadir ambientes naturais - são as chamadas espécies exóticas invaso-ras. Elas invadem, ocupam e extinguem outras. Estas espécies quando chegam em um novo ambiente não encontram competidores, predadores, parasitas, ou seja, qualquer tipo de organismo que controle suas populações. E a maioria acaba se tornando uma ver-dadeira praga. As pragas em uma plantação são fa-cilmente perceptíveis, e logo tratamos de matá-las. Matamos as pragas porque precisamos preservar algo que precisamos muito que é a riqueza de nossa pro-dução agrícola. Geralmente, estas pragas agrícolas também são espécies exóticas invasoras que chega-ram aqui de forma acidental. Mas as espécies exóti-cas que invadem, extinguem a riqueza de nossa bio-diversidade. Qual é então a diferença entre as pragas agrícolas e essas árvores que precisam ser controla-das na Ilha Grande? Nenhuma, ambas são pragas e precisam ser erradicadas. Mas há uma diferença sutil entre ambas: é que as árvores exóticas estão inva-dindo as nossas matas de forma silenciosa, porque a maioria das pessoas não percebe. E muitas delas já se tornaram pragas. Elas vão reduzindo a maior riqueza de nosso planeta que é a biodiversidade. Convido você leitor a fazer um passeio nas trilhas que ligam Freguesia a Bananal, ou de Abraão a Abraãozinho, ou ainda na trilha que leva à praia do Caxadaço. Observe atentamente a quantidade de jaqueiras que lá existem. Antes ali havia árvores de diferentes espécies nativas. O cenário atual é quase de apenas jaqueiras. O que houve com as nativas que ali deveriam estar? Foram suplantadas pelas jaquei-ras que como praga, se espalham e ocupam toda a área da floresta. Há trechos em que parece que as

jaqueiras foram plantadas, porque é a única árvore que se avista. Aproveite o passeio e observe como as palmeiras imperiais estão se alastrando na Vila Dois Rios, ou como nas praias de Lopes Mendes e Dois Rios há quase que apenas amendoeiras e abricós da praia. Mas qual o problema delas estarem aí? São árvores, são verdes, dão frutos para a fauna! O problema é que elas estão eliminando as nossas espécies nati-vas. Se deixarmos como está, a ilha em um futuro muito próximo vai ser povoada apenas por amendo-eiras, jaqueiras, palmeiras imperiais, ou seja, quase que exclusivamente por espécies exóticas. Muitas das espécies nativas serão extintas da ilha. Apesar dessas espécies citadas darem frutos, o que poderia parecer ser um benefício para a fauna, muitos animais não se alimentam desses frutos e serão extintos por falta do que se nutrir se as espécies de plantas das quais se alimentam sucumbirem com a pressão das espé-cies invasoras. Mas o impacto das árvores invasoras não termina por aí, observe por exemplo o que há de vida debaixo de uma amendoeira na praia. Nada! Só as sementes da própria amendoeira germinando. O sombreamento e as substâncias químicas que al-gumas espécies invasoras lançam no solo para não terem competidores, modifica a composição química do solo, o que afeta os micro-organismos, que por sua vez impede o crescimento de plantas herbáceas, de arbustos e de árvores, afetando por fim a fauna de invertebrados e de vertebrados. Sim, está tudo interligado! O problema de espécies exóticas invasoras não é um problema exclusivo da Ilha Grande, nem do Brasil, mas do planeta. Isso recebeu um preocupante nome dado pelos cientistas: “homogeneização da bio-ta terrestre”. Trocando em linguagem simples, isso

significa tornar nosso planeta pouco a pouco homo-gêneo em termos de espécies, destruindo a biodiver-sidade. Todas as áreas e lugares do planeta ficariam com as mesmas poucas espécies invasoras. No mundo inteiro os governos e órgãos ambientais, especial-mente dos países mais desenvolvidos, estão gastando milhões de dólares para erradicar ou controlar as es-pécies invasoras, com o único objetivo de proteger a biodiversidade. Hoje, a invasão das espécies exóticas é a segunda maior causa de extinção das espécies. E não trago boas notícias, um revisão de extinções de animais no mundo desde 1600, revelou que 75% das extinções ocorreram em ilhas. As espécies insulares são muito mais suscetíveis à extinção. Voltemos ao nosso ponto inicial, a ação do INEA. Por mais paradoxal que possa parecer, e, es-pero caro leitor que após essa explicação não o seja mais, o INEA está fazendo o certo, o correto, con-trolando a invasão das árvores exóticas para preser-var nossa biodiversidade que é uma das mais ricas do planeta. A invasão de espécies exóticas está afetan-do todas as Unidades de Conservação do Brasil, mas em muito poucas dessas áreas protegidas o problema está sendo enfrentado. O INEA está protegendo o Par-que Estadual da Ilha Grande. O INEA está fazendo o que um órgão ambiental deve fazer, proteger a nossa biodiversidade nativa. Parabéns INEA por enfrentar o problema das espécies exóticas invasoras! Continue assim. Nosso planeta e biodiversidade agradecem.

Profª. Dra. Helena de Godoy BergalloDepartamento de Ecologia, Instituto de Biologia

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Por Renato Buys

Sobre o estúpido, arbitrário e criminoso cor-te de árvores na Praia Preta, no Abraão, temos a informar o seguinte: Toda a área atingida pela sanha destruti-va do INEA, está localizada dentro de um contexto turístico amplo e metodicamente visitado durante todo o ano, por milhares de turistas brasileiros e estrangeiros. As árvores e palmeiras vítimas desta agres-são são parte ainda da fazenda do Holandês, com-prada pelo governo imperial em função da constru-ção do Lazareto, que terminou em 1885;

Pelo tempo de permanência das espécies na região segundo provas fotográficas, elas já foram assimila-das pela fauna e pela flora nativas; e, a atitude do INEA atua contra as ideias que este órgão deveria representar uma oposição cheia de argumentos sóli-dos, posto que visíveis e verdadeiros. Vale ainda lembrar que as Palmeiras Impe-riais vítimas principais da atual sanha destrutiva, eram em tempos de império, plantadas em terrenos de casas de nobres, eram símbolos da nobreza. Tal-vez esta seja a razão do INEA, pois nobreza é exata-mente o que lhes falta.

Renato Buys é professor e morador

ESTÚPIDO, ARBITRÁRIO E CRIMINOSO

A polêmica ou paradoxal questão das exóticas, continua em “Fala Leitor” e Ecomuseu.

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QUESTÃO AMBIENTAL

ANIMAIS FERAIS

Pernambuco e os conflitos socioambientais

Puxão de orelhas. Animais ferais, são animais selvagens descendentes de animais domésti-cos que se afastaram do convívio humano. Eles são muitos. Tem carneiros, cava-los, porcos, cães, gatos, entre tantos outros. São normalmente grandes predado-res, acredito até que por sua origem doméstica, podem ser mais astutos. No caso nosso, o grande problema, se torna os cães e gatos. Pelo seu abandono se tornam ferais e altamente predadores. Aumentam a população com muita rapidez, pois se reproduzem em progressão geométrica de razão entre seis e dez, com apenas um ano já são adultos e começam a reproduzir. São altamente agressivos e por serem carnívoros e caçadores devoram toda a fauna que esteja ao seu alcance. Nossa cultura é omissa, quanto a isso, bem como as instituições que deveriam cuidar do assunto. A população acha normal! Nada adianta o INEA mostrar um cachorro com um tatu na boca, pois grande parte da comunidade achará apenas engraçado. É o jeito da nossa gente! Temos que resolver o pro-blema educando e diminuindo a população de cães e gatos racionalmente. De nada adiante fazer cara de brabo dizendo que a lei não permite, pois sabemos que em nossa democracia, cumpre a lei quem quer. Toda a bagunça existente dentro da APA e do PEIG, se deve ao não cumprimento da lei. Como a lei não funciona, temos que lavar no “bico”. Temos que ser capazes de convencer pela metodologia que usamos, no “tranco” também não vai! Entre outras coisas a OSIG (nossa ONG) se dedica de corpo e alma a este assunto, trazendo equipe veterinária e fazendo castração em massa, mas, não

resolverá suficientemente, pois a Prefeitura e o Estado deveriam chegar juntos, eles detém o poder de polícia, podendo multar, prender ou educar. No Brasil infelizmente se educa mais fácil quando a lei é aplicada, prendendo e multan-do, pois esta é nossa cultura e enquanto não mudarmos terá que ser assim. Em alguns lugares a lei funciona, tornando a solução mais fácil. Se tivéssemos parceria entre Estado, Município e OSIG, ou qualquer outra ONG honesta, pode-ríamos resolver o problema facilmente! Que tal pensarmos nisso? No mês passado realizamos castração de animais e foram em um fim de semana 57 animais. Como foram 28 fêmeas, só em uma ninhada poderiam reproduzir 280 filhotes. É muito sério! As zoonoses são provenientes dos animais e de responsabilidade do Poder Público, em nosso caso a FUSAR. - Centro de Controle de Zoonoses têm como atribuição fundamental prevenir e controlar as zoonoses (doenças transmitidas entre pessoas e animais). Eu deixaria aqui como sugestão que na próxima reunião, ao invés de se preocupar em divulgar o SUS como o melhor programa de saúde do mundo, se preocupassem com os animais abandonados e rios com despejo de esgotamento sanitário in natura! A moral de vocês ficou queimada por aqui. O texto não é desabafo, é a realidade que en-frentamos e não temos como contar com a Prefeitura. Mesmo assim temos que “tocar em frente”! A comunidade a cada dia nos apoia com maior intensidade, com isso nos estimula a “cumprir a vida conhecendo a marcha e tocando em frente”! Até Almir Sater entrou na prosa!

N. Palma

Heitor Scalambrini CostaProfessor da Universidade Federal de Pernambuco

Em Pernambuco, o mais mesquinho dos ego-ísmos é como o governo tem tratado mal a questão ambiental e descuidado da qualidade de vida de sua população, pois não protege a natureza e nem res-peita as pessoas. Aqui impera o racismo ambiental.O crédito público associado às isenções e aos in-centivos fiscais e financeiros são armas poderosas que poderiam ser usadas para induzir um novo tipo de comportamento, exigindo integral e verdadeira responsabilidade social das empresas que viessem a se instalar no Estado. Quase a metade do crédito, todo de longo prazo e módicos juros, vem de bancos públicos muitas vezes avalizados pelo governo esta-dual. Logo, se o governo quisesse, outra forma de desenvolvimento (humano e social) seria possível: bastava induzir boas práticas através de sua força econômica, mudando os incentivos. Ao invés disso, o governo estadual é o maior promotor de conflitos socioambientais, como nas remoções forçadas dos moradores para as obras da Copa, provocando também degradação ambiental. Merece também destaque a violência praticada pela empresa pública Suape contra os moradores nativos do território abrangido pelo Complexo Industrial Portuário de Suape (CIPS), e o desmatamento local de Mata Atlântica, manguezais e restingas. Somente para citar dois exemplos. Os primeiros quatro anos de gestão do ex--governador, agora candidato presidencial, foi uma verdadeira catástrofe ambiental, se caracterizando

como um governo autoritário, com promessas ilusó-rias, sem dialogo com os setores da população (quem participou dos seminários do Todos por Pernambuco sabe bem como funcionou), desconsiderando com-pletamente as argumentações daqueles que ousa-ram apontar as mazelas que estavam ocorrendo em função do crescimento econômico desordenado e predatório, particularmente com relação ao territó-rio do CIPS. O autoritarismo aliado à completa falta de dialogo distanciou a gestão estadual dos movi-mentos sociais. Foram inúmeras medidas desastrosas ado-tadas em nome do crescimento econômico, obede-cendo a uma mentalidade que tem base na visão ultrapassada do “crescimento a qualquer preço”, ig-norando a dimensão sócio-ambiental. O mais lamen-tável foi o Projeto de Lei Ordinária no 1496/2010 (17 de março) enviado pelo executivo a Assembléia Legislativa (Alepe) referente à maior supressão de mata nativa já ocorrida em Pernambuco (e talvez no Nordeste). Inicialmente previa desmatar cerca de 1.076 hectares (equivalentes a 1.000 campos de fu-tebol) de vegetação nativa em áreas de preservação permanente para obras de ampliação do CIPS. Após pressão e indignação popular este montante foi re-duzido para 691 ha (508 de mangue, 166 de restinga e 17 de Mata Atlântica). A aprovação ocorreu mesmo com o parecer contrário da Comissão de Meio Ambiente da Alepe, que já questionava a supressão dos 88,7 ha de man-gue e restingas entre 2007 e 2008, cujas compen-sações ambientais não haviam sido cumpridas pela empresa Suape, que por sucessivos anos desdenhou

do Ministério Público, assinando Termos de Ajustes de Condutas (TAC´s) que não foram respeitados. Outro empreendimento, em nome de um crescimento econômico a cada dia mais questiona-do, que resultou na agressão ao que ainda resta da vegetação da Mata Atlântica (somente 3,5%), foi à implantação e pavimentação do contorno rodoviário do município do Cabo de Santo Agostinho, a chama-da “Via Expressa”. Dos 11,8 ha suprimidos, 2,6 ha estão localizados em áreas de preservação perma-nente. Outra decisão também equivocada na área ambiental, que mostra claramente a inequívoco desprezo pelo meio ambiente e pelas pessoas, foi à opção por tornar Pernambuco um pólo de termoelé-tricas consumidoras de combustíveis fosseis (o vilão do aquecimento global). A tentativa de trazer para o Estado a maior (e a mais poluente) termelétrica a óleo combustível do mundo, anunciada pompo-samente, em julho de 2012, como Suape III (1.450 MW), foi rechaçada pela sociedade pernambucana. Se tal construção fosse realizada, em pleno funcio-namento iria despejar, segundo cálculos prelimina-res, em torno de 20 mil toneladas dias de gás car-bônico (CO2). Todavia, a termoelétrica Suape II (320 MW), construída para ser acionada apenas em situ-ações de emergência, funciona diariamente. Ainda na área energética/ambiental, merece destaque o interesse do governador, agora presidenciável, pela vinda da usina nuclear, anunciada inicialmente para o município de Itacuruba, a 512 km de Recife, no sertão, às margens do Rio São Francisco. Com uma biografia dessas na área ambiental, no seu segundo

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mandato o ex-governador tentou colorir de verde o seu governo. Para isso cooptou seu ex-adversário, candidato do PV a governador, oferecendo-lhe a re-cém-criada Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade.Algumas ações foram possíveis, utilizando a figura pública do ex-secretario, que atuou e militou, até então, nas causas ambientais. Com o apoio intensivo da propaganda e do marketing político foi divulgado alguns projetos nesta área. Foram criadas reservas de proteção permanente “de papel”, foi lançado o projeto Suape Sustentável (que até agora não disse para que veio), dentre algumas medidas de caráter midiático. Além disso, foram abertas algumas portas para a projeção a nível nacional e internacional da figura do governador como amigo da natureza, já que a Conferencia Rio+20 se aproximava e se tinha que fazer algo pela imagem do governo na área am-biental.De 13 a 15 de abril de 2012, aconteceu no Recife uma reunião denominada “Pernambuco no Clima” com o patrocínio do Governo Estadual, da Prefei-tura do Recife e da Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (CHESF). Este evento, como anuncia-do pelos seus organizadores, foi uma reunião prepa-ratória do Rio-Clima (The Rio Climate Challenge), que ocorreria paralelo a Conferencia Rio +20, no Rio de Janeiro. Nesta reunião, como atestou à relação

de participantes, a sociedade civil organizada ficou de fora. Marcaram presença entidades e personali-dades com fortes vínculos com o governo nas três esferas, além de personalidades e cientistas nacio-nais e internacionais que contribuíram para avalizar o aspecto técnico do referido encontro.Para tornar Pernambuco uma das sedes dos jogos da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, não foram medidos esforços no comprometimento financeiro do Estado e na tomada de medidas so-cioambientais injustas. Segundo a Secretaria Geral da Presidência da República 1.830 desapropriações ocorreram, sendo 1.538 residências e 292 imóveis comerciais, terrenos, para as obras ligadas a Copa do Mundo de 2014. A truculência das expulsões e as irrisórias indenizações caracterizaram este triste e inesquecível episodio imposto pelo governo do Es-tado. Somente a construção da Arena Pernambuco e da Cidade da Copa resultou no desmatamento de uma área considerável do fragmento da Mata Atlân-tica no município de São Lourenço da Mata, situado a 20 km de Recife. O projeto previsto da Cidade da Copa (não executado) abrangeu uma área de 239 ha para construção de todos os equipamentos (prédios residenciais e um hospital). A Arena, única constru-ção existente no local, ocupou cerca de 40 ha desse total. Hoje a situação não mudou. O que era já planeja-

do na época se concretizou com o lançamento do ex-governador como candidato a presidente. A ex--senadora e ex-ministra do meio ambiente do presi-dente Lula foi incorporada na chapa que disputará as eleições de outubro próximo. Algo de um pragma-tismo exemplar na política brasileira diante das di-ferenças abismais entre os pensamentos e as ações de ambos em suas respectivas vidas públicas. Mas a politicagem brasileira sempre nos reserva surpresas.A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Susten-tabilidade segue não mãos do partido Verde. E este tem demonstrado o quanto é utilizado, dirigindo uma secretaria de quinto escalão. Problemas am-bientais gravíssimos existem em todas as regiões do Estado, e a SEMAS segue o seu caminho.Apesar das recentes promessas, que não são poucas, a chapa da “nova política” , como se denominam seus integrantes, não é confiável na área ambiental. Mais recentemente demonstrou total desrespeito a inteligência alheia, quando no dia mundial do meio ambiente (5 de junho) a população foi convocada, pelo agora defensor da natureza, o ex-governador pernambucano, a se manifestar através das redes sociais contra o “retrocesso ambiental” do governo federal. A convocação tinha sentido, mas não tinha quem a convocou.

No último dia 15, a comunida-de do Aventureiro sofreu mais um dia de decepção e frustração quando da apresentação do Decreto que cria a RDS – Reserva de Desenvolvimento Sus-tentável, feita pela equipe do Governo do Estado – INEA. Depois de quase dois anos de exaustivas negociações sobre os direi-tos que os nativos teriam com a nova Unidade de Conservação, o que foi aprovado é tão restritivo quanto à anti-ga REBIO – Reserva Biológica da Praia de Sul. A proposta inicial recebeu emendas feitas à revelia da comunidade e sem o devido acompanhamento do órgão ambiental e da própria comunidade, traindo assim mais uma vez a confiança das pessoas que ali vivem e que depo-sitaram suas esperanças de saírem de uma ilegalidade, de mais de 30 anos, imposta pela criação da REBIO quando, na ocasião, também foram surpreendi-dos pelo fato de nem poderem continu-ar morando no seu lugar de origem.

Para agravar a já tão fragili-zada relação moradores e poder pú-blico a equipe do INEA chega à Praia do Aventureiro no conforto de um he-licóptero, sem demonstrar nenhum conhecimento a respeito da vida dos que ali vivem, suas dificuldades, seus anseios, suas expectativas e do alto de seus postos transitórios, apresentam a palavra fria da lei, pedindo voto de confiança. É lamentável que a primeira RDS do Estado do Rio de Janeiro que deveria servir de exemplo como Unida-de de Conservação seja tratada dentro desse descaso e implantada num clima de total desconfiança dos moradores.

Renato Marques da Motta – Presidente da Associação Curupira e

morador não nativo da Praia do Aven-tureiro.

RDS – Aventureiro

QUESTÃO AMBIENTAL

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16 O ECO, Julho de 2014

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Realizado em 19 de julho no Centro Cultural Costantino Cokotós às14.00h

PAUTA

Abertura, informações e mediação – Presidente da OSIGII Encontro de Pintores - Luiz Fernando (Bossa)Palestra sobre a APTR Ilha Grande – Adevan PereiraAbertura para interação.Pronunciamento de convidados representantes de instituições, projetos e entidades;Encerramento

Desenvolvimento da pauta

Abertura e informações – Nelson Palma, pre-sidente da OSIG. Fez a abertura às 14.00h, dando boas vindas aos presentes e fazendo as seguintes apresentações:PEIG: Sandro Muniz, Chefe do Parque;TURISANGRA: Nilton Júdice, Diretor Executivo da TURISANGRA;CULTUAR: Não fez presença;SEBRAE: Não fez presença;APTR – ILHA GRANDE: Adevan Pereira - palestrante;AMHIG: Frederico Britto (presidente)Associação de Moradores do Abraão, Sra. Ivanilda – Vice-presidente Centro Cultural e projeto Arena Cultural: Adriano Fábio da Guia;Projeto Voz Nativa: Márcio Ranauro – Coordenador do Projeto; II Encontro de Pintores Paisagísticos - Luiz Fernando (Rest. Pé na Areia) Dando continuidade, Palma falou de forma muito contundente sobre a “síndrome da indife-rença” que é o mal que assola toda a Costa Verde. O CIDADÃO ACREDITA SEMPRE QUE ESTÁ BEM COMO ESTÁ, não necessita plantar o amanhã para ter sus-tentabilidade, por isso não participa de nada, curte o bom lucro que recebe do nosso promissor paraíso, acredita sempre que os poucos que alavancam to-das as discussões, nos quais eu me incluo, resolve-rão para eles todos os seus problemas, referindo-se especialmente ao TRADE hoteleiro. Deu um recado muito forte à TURTISANGRA, que de certa forma também está nesta linha de indiferença e destacou que nossa sociedade civil organizada, quer parceria não embates truculentos maléficos a qualquer acor-do, não gosta de mão única, tampouco da insistên-cia de fazer o que pretende (ganhar pelo cansaço), quando recebe um não da comunidade, como exem-plo o festival de música. Nosso TRADE entende que a TURISANGRA, não tem interesse de acordo com os diversos TRADEs turísticos do município, em espe-

InformativoOSIG

cial os organizados. Até hoje só vimos encontros com pessoas, não com a sociedade organizada que gera a sustentabilidade. Finalizou dizendo que o nosso Abraão vai muito bem para o bolso, mas muito mal para o futuro. Está sujeito a sucumbir como tantas localidades promissoras sucumbiram. O problema é nosso e temos que resolver, para isso precisamos da participação de todos! Em continuação passou a pa-lavra ao palestrante. Palestra sobre a APTR Ilha Grande – Adevan Pe-reira, desenvolveu a palestra por diversas retrospecti-vas, enfatizando a nossa maratona anterior e apresen-tou detalhes de como se desenvolverá a APTR – ILHA GRANDE (Maratona), no próximo dia 23 de agosto. Interação: Luiz Fernando (Bossa), perguntou sobre as licenças, apoio médico e segurança, respondeu-se que as providências foram tomadas. Frederico Brito, solicitou detalhes para di-vulgação nos SITEs; Sandro Muniz, disponibilizou apoio do PEIG.

Próximo palestrante Luiz Fernando apresentou modelo e inten-ção, do II Encontro de Pintores Paisagísticos, que será desenvolvido em parceria com a OSIG. Será chamado DE ABERTURA DA PRIMAVERA com data em 19, 20 e 21 de setembro. O Presidente da OSIG acrescentou que estará presente um coral de VARSÓVIA. O coral Wiwat conta com uma carreira de 25 anos. Fundado em 1988. Em setembro em tour pelo Brasil, fará três apresentações no Abraão. Os detalhes finais estão sendo delineados. Disse ainda que deverá ser um grande espetáculo. Pronunciamento de convidados. Frederico Britto (AMHIG), fortaleceu o fó-rum, enalteceu o trabalho do Presidente da OSIG e chamou a atenção, em atendimento à solicitação da pousada Mara & Claude, sobre o tráfego de embar-cações não autorizadas, transportando turistas no lado sul da Ilha (mar aberto), considerando o fato de grande risco e solicitou providências. Nilton Júdice (TURISANGRA), apresentou para discutir nos próximos fóruns, projetos para eventos diversos, onde se inclui o Révellon, mos-trou-se aberto às parcerias para as soluções da pro-blemática do Abraão. Colocou-se à disposição para discussão dos eventos e parcerias que se fizerem ne-cessárias. Discutirá detalhes com a comunidade nas próximas oportunidades. Adriano (CULTUAR), falou da Sessão Legis-lativa Itinerante da Câmara dos Vereadores aqui no Abraão no dia 7 de agosto. Cezar (do Recreio da Praia), enfatizou a necessidade da comunidade preparar encaminha-

mentos para esta rara oportunidade, face a face com nossos edis (vereadores), pressionarmos para os nossos anseios de politicas púbicas de extrema necessidade para sustentabilidade da Ilha. Márcio Ranauro, falou do projeto Voz Na-tiva, em andamento na Ilha, onde visa o resgate cultural, capacitação, pertencimento do morador e turismo de base comunitária. Próxima pauta: Sugestões Discussão do cais da Lapa Angra com a pre-sença do Secretario de Obras; Análise para mantermos a sustentabilidade (alternativo). Encerramento: Com agradecimentos pela presença e comportamento ético em nosso Fórum, foi encerrado pelo presidente da OSIG às 16.00h.Próximo Fórum será no dia 16 de agosto, às 14.00h, com término às 16.00h, no Centro Cultural Constan-tino Cokotós. Observações: você que não comparece, nós sentimos sua falta. Entendemos que mesmo você acreditando que não tenha nada a acrescentar, po-derá ser a pedra que nos falta para a construção da nossa sustentabilidade. Pense nisso e compareça! Todos fazem falta! Todos têm a aprender e a ensi-nar!

XXXVII FÓRUM DE TURISMO DA ILHA GRANDE

Nos últimos três meses não houve movimentação financeira

BALANCETE MÊS DE JULHO

Saldo devedor anterior R$ 463,97

ReceitaDoações Ana Maria Veiga 200,00Milene Brandao 200,00Doadora ignorada 50,00 R$ 450,00Mensalidades: 120,00 120,00 R$ 240,00 R$ 690,00DespesaMedicamentos - Castração de animais R$ 720,00 R$ -30,00Total para o próximo mês (devedor) R$ 493,97Cobertura por empréstimo R$ 493,97Saldo R$ 0,00

TURISMO

17Julho de 2014, O ECO

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COISAS DA REGIÃO - ECOMUSEU

AH! ESSES HUMANOS... Reflexão sobre o caso das “espécies exóticas” na Ilha Grande

Helena Catão Henriques Ferreira (UFF)Rosane Manhães Prado (UERJ)

Não é de hoje que esse assunto das “espécies exóticas” – ou “invasoras” – na Ilha Grande nos assom-bra. Dizemos “assombra” não só no sentido de que paira, como um fantasma, mas também no sentido de que espanta e impressiona a insistência dos que defen-dem os argumentos em torno dessa ideia no contexto da Ilha Grande, em referência às áreas protegidas, ou Unidades de Conservação - UC (APA Tamoios, Parque Estadual da Ilha Grande, Reserva Biológica da Praia do Sul, Parque Estadual Marinho do Aventureiro, e agora a caçula Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Aventureiro), que a Ilha abriga. Na condição de pesquisadoras da área de ci-ências sociais (antropologia), essa é uma questão que também nos afeta, juntamente com outras questões correlatas. E assim é que uma parte dos estudos que temos feito resulta como um samba-de-uma-nota-só sobre a Ilha Grande, no qual a “nota só” diz respei-to à maneira como os nativos/moradores da Ilha (em suas muitas traduções) são tratados por ambientalistas (sabemos que há variações e que também há muitas traduções do que sejam ambientalistas) e pelos órgãos ambientais que têm sido responsáveis pela gestão das áreas protegidas da Ilha. Resumindo a nossa avaliação: é como se os nativos precisassem ser “civilizados” em termos dos valores “ecológicos” – como se esses valores tivessem um sentido universal – correto e inquestioná-vel – que escapa a esses nativos que, portanto, devem ser orientados para absorvê-los devidamente. Em cor-relação com isso, está uma atitude de fundo, que é a de não serem respeitadas as visões e práticas locais, o modo de viver, a cultura enfim, dos nativos/moradores. Na visão dos responsáveis pelas Unidades de Conservação, bem como de determinados especialistas das áreas de biologia e ecologia, as “espécies exóticas” (vegetais e animais não nativos da área) devem ser eli-minadas, ou remanejadas no caso de alguns animais, para não ameaçar a integridade das demais espécies nativas que devem ser mantidas nas áreas protegidas. E consideramos que isso se enquadra nessa perspecti-va de “civilizar ecologicamente” os moradores da Ilha, por sua vez intimamente relacionada àquela atitude de desconsideração dos valores locais. Sabemos que há concepções e argumentos cla-ramente definidos nos campos da biologia e da ecologia a respeito do que designam como espécies exóticas e in-vasoras e de suas implicações para as demais espécies de um ambiente “original”; e não estamos habilitadas para discutir tais concepções desde a perspectiva dessas ciên-cias. Mas queremos, de uma perspectiva sociológica/antropológica, chamar a atenção para aspectos refe-rentes também à espécie humana que, afinal, é uma entre as demais que existem na Ilha Grande e que se reconhece como tendo a característica de viver em sociedade e produzir cultura; capacidade esta que se traduz em modos específicos de viver no mundo – constituídos de valores, lógicas, e práticas carre-gadas de significado – e que podem corresponder a grupos de diversos tamanhos e contornos, desde um grupo religioso até uma região ou país. A partir des-

ta perspectiva (a da cultura), entendemos que as pessoas têm formas específicas e diferentes de se relacionar com a “natureza”, em que está envolvida sua forma de entender o mundo, como também seus afetos, suas memórias, sua história enfim. Gostaríamos de trazer aqui uma reflexão a pro-pósito da ideia de eliminação das espécies exóticas no contexto das áreas protegidas da Ilha Grande, colocan-do de início que: 1) De um lado, entendemos que deve ser reconhecido esse ponto, tão básico, de que os hu-manos, com suas formas de viver, são também parte do “ambiente” da Ilha Grande, constituindo-se em grupos e segmentos sociais variados (por exemplo: em termos de serem “mais, ou menos, nativos”, em termos religio-sos, em termos de condições econômicas, em termos de ocupações e funções que exercem na localidade, etc.) com inserções específicas na vida local e visões pecu-liares a respeito das muitas coisas com que estão en-volvidos – e aí nós duas nos incluímos também, na nossa condição de pesquisadoras que fazemos parte desses grupos presentes na Ilha. 2) De outro lado, acreditamos que deve também ser reconhecido que esse pedaço de espécie humana que está na Ilha Grande, como em toda parte, convive e interage com todas as demais espécies componentes da parte do ambiente que corresponde à “natureza” e que em geral é referida como sendo “o meio ambiente”. 3) Mediante essas duas premissas, julgamos poder pensar nos aspectos mais específicos que marcam e permitem compreender o ambiente – fí-sico-e-cultural, em interlocução na Ilha Grande; entre os quais destacamos: a herança da “cultura caiçara”, a herança do “Presídio”, “a natureza”/áreas protegidas, “o turismo”; e daí seguir então para nosso posiciona-mento sobre a “questão das espécies exóticas” na Ilha. Com as lentes da antropologia – sensíveis aos va-lores e significados que sustentam os diversos pontos de vista neste mundo afora, entendemos que na Ilha Grande, com essa sua configuração, estaremos sempre diante de visões variadas – e mesmo confrontos de visões – a res-peito de muitas coisas, como ocorre em relação às áreas protegidas e ao caso das exóticas. Uma quantidade enor-me de estudos já foi produzida a respeito da relação entre Unidades de Conservação e populações locais no Brasil, sabendo-se que alguns tipos de UC – chamadas “de Prote-ção Integral” – não podem sequer ter habitantes, como é o caso dos Parques e das Reservas Biológicas; e por este Brasil afora, muitas dessas UCs foram criadas/decretadas em cima da cabeça de populações, que passam então a viver em condição de “ilegalidade” até que sejam (que Deus as proteja) “reassentadas”. Era esse o caso do Povo do Aventureiro até recentemente, quando por lei se se-parou a parte do território em que a população habita, constituindo-se ali uma Reserva de Desenvolvimento Sus-tentável, onde se permite a existência de população con-forme determinados critérios. Além de abordarem as mui-tas dificuldades enfrentadas tanto pelos gestores quanto pelas populações locais nas UCs, uma parte desses muitos estudos mostra também, entre essas tantas dificuldades, como a maneira de administrar as áreas protegidas ignora os saberes e visões locais, e o quanto a lógica das UCs é

impositiva. E aqui nos aproximamos da questão das espé-cies exóticas na Ilha Grande. Nós mesmas já produzimos trabalhos referentes a essa lógica impositiva dos técnicos/gestores das UCs, inclusive exemplificada com essa mesma questão das exó-ticas, à qual voltamos agora, lembrando a seguir nova-mente algumas coisas. Se, para os humanos cientistas e técnicos que cuidam das áreas protegidas da Ilha, as “espécies exóti-cas/invasoras” são passíveis de ser claramente definidas e devem ser erradicadas, para os demais humanos que ocupam as áreas já urbanizadas nas bordas do Parque Es-tadual da Ilha Grande e da Reserva Biológica da Praia do Sul, tal definição pode não fazer o menor sentido. Por mais que os cientistas, de sua ótica, possam responder criteriosamente a essas perguntas, outros de nós que compartilhamos o pedaço, de nossa parte, nos recusamos a “entender”. Trata-se de sistemas de valores diversos, como já colocamos anteriormente em nosso trabalho, e numa situação em que se tornam impositivos os procedi-mentos do órgão ambiental. Perplexidade e revolta resumem a reação de muitas pessoas da Ilha (ou ligadas a ela) quanto às ope-rações já ocorridas ou anunciadas de erradicação de ár-vores. Esses humanos – destinados, pela condição de sua espécie, a alimentar valores e crenças que são como o ar que respiram, a criar modos específicos de se inserir no ambiente do qual são parte e de lidar com ele, a fazer o que chamamos de história, a criar práticas e monumentos que se tornam parte do seu patrimônio cultural ... – esses humanos da Ilha Grande, ou que a visitam, como já pu-demos testemunhar, continuam sem entender/aceitar por que retirar bambus, jaqueiras, amendoeiras e palmeiras imperiais. Por que? Pela sua lógica, isso não faz sentido, não se justifica. Como entender que a população local não pode tocar em nenhuma árvore e, como ouvimos deles, “de repente vem a própria autoridade ambiental e detona as jaqueiras”? Na concepção dos moradores, impedi-dos pela fiscalização ambiental de cortar qualquer ár-vore, o que tem que ser preservado é “o verde”, não importando se faz ou não parte da Mata Atlântica, até porque, como dizem, “essas espécies estão há muito tempo aqui e tanto as pessoas quanto os animais já se adaptaram a elas”. Por essa lógica, importa que a jaca é uma fruta muito boa, capaz de alimentar muita gente e de dar comida a muitos animais, além de dar um doce delicioso.“Se for querer tirar tudo o que é exótico vai ter que tirar muita coisa, tem muita árvore aqui que não é da Mata Atlântica, a própria banana. Eu penso as-sim: o que tá, deixa ficar, se for fazer um levantamento da quantidade de pé de jaca vai ter área aqui que vai ficar pelada ...” “Se for tirar o que é exótico vai ter que tirar todos os gringos”. Como entender, que, ao que parece, para es-timular o povoamento vegetal com espécies nativas, se retirem amendoeiras da praia de Dois Rios, e se plante ali vegetação de mangue, criando com isso um verda-deiro paredão que impede que de dentro se veja o mar, alterando uma paisagem já consagrada da praia de Dois

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ECOMUSEU - COISAS DA REGIÃO Rios. E como entender que se possa pensar em retirar as palmeiras imperiais, seja de Dois Rios seja do Abraão, elas que se tronaram parte de um cenário que é patrimô-nio histórico, relacionado ao aqueduto e aos presídios. Ah! esses humanos... que insistem em ser huma-nos e cultivar suas diferentes lógicas ... Não se trata aqui de uma campanha contra as Unidades de Conservação ou contra os cuidados por par-te dos colegas biólogos e ecólogos na proteção dessas áreas, mas sim de uma ressalva que acreditamos ser im-portante, no sentido de que sejam considerados os pon-tos que levantamos acima e que seja relativizada – ao invés de radicalizada – a operação sobre as “exóticas”. Dentre os muitos estudos existentes, chama a atenção a avaliação no sentido de que sem a participação dos moradores e vizinhos das Unidades de Conservação não há como levar adiante o manejo dessas áreas. Se as ja-queiras são tão ameaçadoras – com exemplos expressivos de sua capacidade invasiva, como ocorreu na Floresta da Tijuca no Rio – por que não estabelecer um plano articu-lado com a própria população no sentido de evitar a sua proliferação floresta adentro na Ilha?

Foram muitas as pessoas de destaque na história política brasileira que estiveram associadas à Ilha Grande e às suas histórias de vida. Agildo Ba-rata Ribeiro foi um deles. Pai do comediante Agildo Ribeiro, nasceu em 1905, no Rio de Janeiro. Exerceu atividades militares até 1930. Naquele ano, foi de-signado para servir na cidade da Paraíba, hoje João Pessoa, tendo participação destacada na deflagra-ção da Revolução de 1930. Decepcionado com os rumos do governo Vargas, Agildo denunciou a ideologia fascista incen-tivada por membros do governo e passou a se arti-cular com elementos da oposição. Envolveu-se com a Revolução Constitucionalista, deflagrada em julho de 1932, em São Paulo, contra o governo federal, mas foi preso imediatamente após o início do levan-te e assim permaneceu até o fim do movimento, em outubro do mesmo ano.

AGILDO BARATA NA COLÔNIA CORRECIONAL

Sebastião de Brito Tenório: Tesouro Humano da Ilha Grande

No tempo em que não havia luz elétrica, quando anoitecia na ilha, as pessoas costumavam se reunir em volta de uma fogueira, ou sob a luz da lua, para ouvirem “causos”. Hoje em dia, a maioria assiste à televisão, mas ainda temos alguns contado-res de histórias, como Sebastião Tenório. Filho de Herculano Tenório e Izabel de Brito Tenório, Seu Tião nasceu na Praia do Bananal no dia 20 de Janeiro de 1934, onde cresceu brincando de ama-relinha, bodoque e com barquinhos na barra do rio. Como a maioria das pessoas de seu povo, co-meçou a trabalhar na lavoura cedo, com oito anos, e na pesca aos dezesseis. Observando os carpintei-ros lavrando canoas em um só tronco de madeira, aprendeu a fazer canoas e barquinhos, como os que usava para brincar quando menino. Casou-se aos 37 anos com Carmen Luiza e a história de amor, que ele não só conta como também vive até hoje, resultou em cinco filhos e quatro netos. Conhecedores das ervas, ele e sua esposa cultivam no quintal plantas que lhes servem de re-médios, como tansagem, rosa branca, terramicina, saião, quebra-pedra, entre outras. Guardião de memórias da Ilha, Seu Tião é capaz de passar uma tarde inteira contando histó-rias de pescaria, boitatá e do tempo em que o Saci ia dançar disfarçado nos bailes da Praia da Jacone-ma. Quem o ouve não se cansa de escutar.

CRÉDITOS: Textos de Alex Borba, Amanda Neves, Angélica Liaño, Ricardo Lima, Thaís Mayumi Pinheiro e Equipe do Projeto Flora da Ilha Grande do Departamento de Biologia Vegetal da UERJ, sob coordenação de Cátia Callado (chefe do Parque Botânico do Ecomuseu Ilha Grande).Fotografias: acervo Ecomuseu Ilha Grande, Carla Y’ Gubáu Manão, Angélica Liaño.

COMUNICADO O Ecomuseu Ilha Grande comunica a altera-ção do resultado final do Concurso de Foto-grafia “Olhares: Água e vida na Ilha Grande”, categoria juniores, divulgado na edição de junho de 2014 do “O Eco – Jornal da Ilha Grande”. A Comissão Organizadora informa a reclassificação e parabeniza os vencedores: 1° lugar - Sobre o mar, Crianças e Risadas (Lorena Garcia Woortmann)2° lugar - Profundo Azul (Caio Lima Peixoto)3° lugar – Lágrimas da Feiticera (Lucas Vin-has de Souza Lima)

Retificando a matéria do mês passado (Edi-ção Junho 182) o primeiro colocado na ca-tegoria Adulto é Marlon Almeida dos Santos, fotografia: Vida no Rio.

Agildo foi condenado pela Lei de Segurança Nacional a dez anos de prisão, que foram inte-gralmente cum-pridos, e perdeu sua patente do exército. Foram dois anos no pre-sídio Frei Caneca, quatro em Fernan-do de Noronha, e outros quatro na Ilha Grande. Em 1945, foi liberta-do. Veio a falecer em 1968.

3° lugar – Lágrimas da Feiticera (Lucas Vinhas de Souza Lima)

19Julho de 2014, O ECO

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COISAS DA REGIÃO

Ilha Grande de todos os tem-pos: passado, presente e futuro são coisas inerentes à vontade humana, o que pode ser bom ou ruim. No cami-nhar da história civilizatória, rastros das nossas pegadas estão espalhadas pelos quatro cantos do mundo e hoje, estamos a caminho de completarmos a marca da existência de quase 9 (nove) bilhões de seres humanos distribuídos de forma desigual no planeta terra. Como parte dessa história civili-zatória e cíclica, a Ilha Grande também vive esta realidade – em uma menor proporção - mas com grandes probabi-lidades de danos socioambientais, caso não haja um pacto civilizado entre so-ciedade e pode público intencionados em defendê-la. . Após varias tentativas de sanar os problemas gerados pela ação huma-na na Ilha Grande, tanto o poder públi-co – com sua parcela de culpa bastante significativa – quanto a sociedade civil, não obtiveram resultados positivos es-perados. Atualmente existem possibili-dades de mudanças. E saber lidar com esta oportunidade exige dos atuais ges-tores, que trabalham na Ilha Grande e da sociedade civil como um todo, um esforço descomunal de entendimento; com a intenção de por um fim na degra-dação socioambiental, visando o bem de moradores e turistas desta fascinan-te Ilha. As regras para as soluções de curto, médio e longo prazo são básicas e exige certo desprendimento das pes-soas de aceitarem o marco legal exis-tente no uso e ocupação do solo da Ilha Grande, como pontapé inicial para este entendimento. Desta forma possamos definir as estratégias de ações frente a realidade vigente em toda a extensão territorial da ILHA. Atualmente, os con-juntos de LEIS existentes e aplicadas na Ilha já cumprem um importante papel de disciplinar as diversas atividades realizadas pelos moradores, e algumas legislações precisam ser aprimoradas para adequação das especificidades de cada localidade. As Leis são regras de convivência social. Parte delas são as regras que evitam que ações humanas

sobre a natureza prejudiquem direta ou indiretamente outros membros da so-ciedade ou a sociedade de uma forma geral. Essa é a característica essencial da legislação sobre meio ambiente e recursos naturais. O Governo Municipal está se empenhando para essas inova-ções, pois esta imprimindo por meio da nova gestão da Ilha Grande, uma forma participativa de interação dire-ta com os moradores que, através do dialogo, tem buscado atender melhor as demandas existentes em cada locali-dade. Sabemos que não estamos dando atendimento igualitário, como deveria ser feito, pois lamentavelmente a ocu-pação se deu de forma desorganizada e desigual sem que fosse feito um tra-balho de fiscalização e controle pelos órgãos Federal, Estadual e Municipal. Nos conflitos detectados em toda a Ilha, percebe-se que a sociedade civil tam-bém tem sua parcela de culpa, o que também exige uma autocrítica, pois as-sim a caminhada tende a ser mais pro-missora e todos sairão ganhando. Para se atingir um futuro pro-missor em uma sociedade, devemos ter como meta uma união de esforços na superação de obstáculos e na reconstru-ção e manutenção do nosso bem maior que é a nossa convivência. Portanto, de-vemos pensar novas formas de viver em uma cidade. Ressaltando que devemos nos ater a região da Ilha Grande – que se caracteriza como Ilha Oceânica com-posta por inúmeros vilarejos com suas culturas diferenciadas – merecedora de uma atenção especial, cuidando-se de sua preservação e coibindo-se novas al-terações ambientais que interfiram ne-gativamente no cotidiano nativo. “Uma cidade resiliente é aque-la que tem a capacidade de resistir, absorver e se recuperar de forma efi-ciente dos efeitos de um desastre e de maneira organizada, prevenir que vidas e bens sejam perdidos.” (http://www.integracao.gov.br/cidadesresilientes/)

Ivan Marcelo NevesSubprefeito da Ilha Grande

DESAFIODesafios em busca das soluções para os conflitos na Ilha Grande

CANTINHO DA SABEDORIA

"O entusiamo é a maior força da alma. Conserva-o e nunca te faltará poder para conquistar o que desejas"

Napoleon Hill

" Aprenda a confiar em si mesmo e aprenderá o grande seg-redo da vida" - Thomas Edison

"Erros todos cometem, a sabedoria consiste em aprendermos com eles" - Filósofo Grego

" Reflita sempre antes de agir a fim de que seus atos sejam conscientizados" - André Luiz

Colaboração: Seu Tuller

subPREFEiTuRA

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COISAS DA REGIÃO EVENTos dE Fé – coMuNidAdE REligiosA

PARÓQUIA SÃO SEBASTIÃO – ILHA GRANDE

EVENTos dE Fé – coMuNidAdE REligiosA

FESTIVIDADES EVANGÉLICAS NA VILA DOIS RIOS

A FESTA SOLENE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, começou com o Tríduo:

1º dia:Grupo de oração na quinta-feira.2º dia: Terço meditado na sexta-feira.3º dia: Missa da Vigíliano sábado.

No domingo, dia 29, às 16h30min, várias embarcações en-feitadas com motivo junino saíram em procissão transportando as imagens de São Pedro, São Paulo, São João Batista e São Jorge pelas águas calmas do mar na Enseada do Abraão. Fiquei a contemplar a esteira luminosa a clarear a rota percorrida, acompanhada pelo por do Sol que veio coroar o rito. Ao longe, ouvia o ruído dos fogos e bem perto, o murmúrio da brisa. Logo começaram os cânticos religiosos, estávamos em comunhão com toda a Igreja Católica no mundo inteiro; 29 de junho, o Dia de São Pedro e São Paulo é tam-bém o Dia do Papa, já que Pedro foi o primeiro Papa. Um momento de reflexão que nos leva a seguir o exemplo destes dois apóstolos, os pilares da Igreja. Pedro e Paulo converteram-se, louvaram, fo-ram batizados, seguiram a Jesus e por Ele deram a vida, através do impulso do amor. O Sol banhava-se nas ondas, a noite veio chegando lenta-mente e devagar caminhávamos sob a luz das velas pelas principais ruas da vila,a falta de luz da Ampla não tirou o brilho da festa de São Pedro e São Paulo em junho de 2014 na Vila do Abraão Ilha Grande durante a procissão terrestre. Num ambiente harmonioso de festa tive a sensação que as pessoas caminhavam com mansidão no en-torno da igreja e eis que de repente as lâmpadas foram acessas, energia esta fornecida por um gerador a diesel com a colaboração de dois estabelecimentos comerciais de paroquianos. Em seguida, deu-se início a Solene Missa Campal num palco “praticável” forne-cido pela Instituição Projeto Arena Cultural com o apoio integral da fiel equipe litúrgica e mais uma vez celebramos a Eucaristia junto com Frei André e com o nosso padre, Frei Luiz. Demos continuidade aos festejos com doces, salgados, cal-dos, pipoca, pula-pula e o forró que muito alegrou a comunidade e os turistas nos dois dias desta Festa Tradicional.

VIVA SÃO PEDRO E SÃO PAULO!Texto: Neuseli Cardoso

Fotos: BebelPastoral da Comunicação

A comunidade evangélica da Vila Dois Rios tem muitos motivos para celebrar e agrade-cer a Deus. No dia 7 de Julho o templo da Igreja Assembleia de Deus em Vila Dois Rios (Ministé-rio Sul Fluminense) completou 2 anos e a festividade contou com a presença da pregadora Marilene do Proveta.

Mulheres, vós sois o vaso. Estejais preparadas para ser cheias do azeite. (Tema: ii Reis 4)

Outro motivo de gratidão foi o aniversário de 2 anos do Conjunto Mulheres Virtuosas. Foram três dias festivos, com destaque a presença da cantora Carina Silva de Ah! esses hu-manos ... (reflexão sobre o caso das “espécies exóticas” na Ilha Grande) Angra dos Reis, do cantor Daniel Pinheiro do Proveta e do pregador Silas Daniel Editor chefe da CPAD.

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COISAS DA REGIÃO - EVENTOS

ARRAIÁ DU ABRAÃO

TORNEIO DE XADREZ INFANTOJUVENIL

O ARRAIÁ DU ABRAÃO, é uma festa cultural e tradicional do folclore em todo o Brasil. As festas juninas ou julinas, em comemoração aos dias de São João e São Pedro, fazem parte da tradição brasileira. Aqui no Abraão sempre foram comemoradas com muito entusiasmo, tudo regado com comidas típicas servidas no estilo típico das barraquinhas. Muita música, com ritmos estimulantes que acon-chegam as pessoas através da dança. Gostamos mui-to do reaparecimento da banda Prata da Casa, com seu famoso forró Pé de Serra A festa foi apoiada pela CULTUAR e nos agradou muito a participação discreta através de um banner anunciando o apoio, sem os costumei-ro “showmícios” que tanto desagradava a comuni-dade. Parabéns do Delso, presidente da CULTUAR, pelo apoio e visão politicamente inteligente e nos-sos agradecimentos.

Infantojuvenil da Ilha Grande, com a participação de 24 crianças, todas daqui da Vila Abraão. A maratona de 5 rodadas sagrou Felipe Bragança campeão, Rayan Santos em 2º lugar e Natália Bragança em 3º lugar.Este torneio serve de base na preparação para as pró-ximas competições que acontecerão no mês de Outubro (Torneio de Xadrez da Semana de Ciência e Tecnologia em Angra dos Reis e o XIV Torneio de Xadrez da Primave-ra na Ilha Grande). Agradecemos ao Sr. Jorge Morais, árbitro do Rio de Janeiro que conduziu o evento e também aos enxadristas, Suélio Jerônimo e Fernando Noronha pela contribuição e apoio na realização da atividade.

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FALA LEITOR

Encaminho o que recebi de um colega: "Isso representa mais que um simples jogo! Representa a vitoria da competência sobre a malandragem! Serve de exemplo para gerações de crianças que saberão que pra vencer na vida tem-se que ralar, treinar, estu-dar! Acabar com essa historia de jeiti-nho malandro do brasileiro, que ganha jogo com seu gingado, ganha dinheiro sem ser suado, vira presidente sem ter estudado! O grande legado desta copa? O exemplo para gerações do futuro! Que é um país feito por uma população honesta, trabalhadora, e não por uma população transformada em parasita, por um governo que nos ensina a receber o alimento na boca e não a lutar para obtê-lo! A Alemanha ganha com maestria e merecimento!

Que nos sirva de lição! Pátria amada Brasil tem que ser amada todos os dias, no nosso trabalho, no nosso es-tudo, na nossa honestidade! Amar a pátria em um jogo de futebol e no ou-tro dia roubar o pais num ato de cor-rupção, seja ele qual for, furando uma fila, sonegando impostos, matando, roubando! Que amor ¿ pátria é esta! Já chega!!! O Brasil cansou de ser tra-ído por seu próprio povo! Que sirva de lição para que nos agigantemos para construirmos um pais melhor! Educar nossos filhos prá uma geração de ver-gonha! Uma verdadeira nação que se orgulha de seu povo, e não só de seu futebol!!

Infelizmente pura verdadeMara - POUSADA MARA E CLAUDE

Alba, Foi uma satisfação para mim, ler a sua carta aqui na seção “Fala lei-tor” do Eco. Minha avó era nativa da Ilha Grande e meu pai é morador há vários anos do Abraão. As visitas que faço à Ilha e as histórias que ouço des-de criança me fazem ter uma visão um pouco pessimista da forma como a Ilha tem crescido nos últimos anos. Um crescimento que fez sofrer as áreas na-turais e que vem apagando a memória dos velhos e os elementos da cultura popular. Acredito que por ser extrema-mente rica e diversificada a nossa cul-tura popular brasileira, entendida em um sentido amplo, deve ser conhecida e conservada. Mas não só por isto, é tam-bém por acreditar que está no modo de vida das comunidades tradicionais uma parte da chave que faz tornar possível a convivência de ocupações humanas com áreas naturais. Podemos dizer, de maneira geral, que os modos de pro-dução, os padrões de consumos e os modos de entretenimento das cidades grandes são pouco compatíveis com a conservação da natureza. Por outro lado, os modos de produção artesanais,

o que se chama ultimamente de con-sumo consciente e a comercialização de produtos “orgânicos” são muito mais compatíveis com um desenvol-vimento sustentável próximo a áreas protegidas, assim como um circuito de turismo cultural que privilegiasse a cultura popular das comunidades tradicionais. Infelizmente, não con-sigo deixar de sentir que a forma de desenvolvimento da Ilha Grande não a está levando para um futuro promissor culturalmente ou ambientalmente, o que é muito triste, já que tanto sua cultura popular quanto a sua natureza são riquíssimas. Acredito que iniciati-vas como as da Neuseli Cardoso e da Hilda Maria, de recuperar a ciranda na Ilha Grande, são extremamente espe-ciais e trazem a esperança de ver flo-rescer um desenvolvimento mais belo e harmonioso na Ilha. Por fim, queria deixar explícito que sou solidário às iniciativas como as que você mencio-nou e estarei sempre disposto a coo-perar como puder. Obrigado por suas palavras Alba.

Sandor Buys

CONTINUAÇÃO DO EPISÓDICO RÉQUIEM DAS PALMEIRAS

E ELAS ESTAVAM LÁ Com certeza estavam lá a mais de um século. Apontadas para o céu, resistindo a tempestades e vendavais. Altas, elegantes, enxergando além mar, vigilantes e silenciosas com todo um porte imperial. Realmente fazendo jus ao nome: PALMEIRA IMPERIAL. Provavelmente foram plan-tadas ali, sede da fazenda Holandês; mais tarde, em 1863, comprada por Dom Pedro II e instalado o Lazareto. Virou presídio político no inicio da re-publica. E assim foram crescendo lenta-mente e testemunhando todo os acon-tecimentos que fizeram a história da Ilha Grande. Já bem altas, avistavam ao longe os barcos pesqueiros, época que nossa economia dependia da pesca. Em 1971, através do decreto 15273/71 foi criado o Parque Estadual da Ilha Grande:....” área de domínio público protegida por lei com objetivo de realizar o encontro pacifico entre o homem e o meio ambiente, preservan-do integralmente as espécies de fauna

e flora raras, proteger o patrimônio histórico e oferecer atividades de re-creação, lazer e aprendizagem para turistas e morador...” Aposto que gostaram, senti-ram mais seguras e protegidas, afi-nal, lá estavam idosas, e agora, sobre a proteção de um órgão ambiental cheio de leis restritas estariam bem cuidadas. Como não proteger um des-cente direto da “Palma Mater” plan-tada em 1809 por Dom João VI no Jardim Botânico do Rio de Janeiro?

Até que... quem deveria te defen-der foi quem te matou... Minha terra não tem mais Palmei-ras foram cortadas as Palmeiras Imperiais. Foram cortadas as Palmeiras Impe-riaisFoi cortada a nossa história! Minha terra não tem mais palmeiras.

Ana Curty - Moradora

Há três anos implantando políticas públicas de cultura na Casa de Cultura da Vila do Abraão, na execução da Liga Cultural Afro-Brasileira em parceria com a Fundação Cultural de Angra dos Reis - CULTUAR.

ONDE ESTÁ O BOM SENDO?

Confesso que não tenho dormido sem pensar em tamanha violação por órgãos do poder público que são pagos por nós para proteger a natureza e ao contrário destroem. Pessoas que estão hospedadas na minha pousada me per-guntaram se estas PALMEIRA IMPERIAIS estavam com problemas, isto porque, eles indignados, não conseguiam entender o motivo do corte. Evidente, que diante deste impacto catastrófico, só posso dizer que é pura insensibilidade, inconsequência, incompetência, burrice, falta de respeito com o ecossistema. Os mandantes deste crime ecológico tem que ser interna-dos no MANICÔMIO, longe da sociedade e principalmente da natureza, eles não merecem viver e conviver conosco. FORA ASSASSINOS SELVAGENS! Peço que publique na jornal o Eco, não quero ser longa na minha in-dignação.

Mara Belem - POUSADA MARA E CLAUDE

23Julho de 2014, O ECO

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LAMENTAÇÕES NO MURO

DESTRUIÇÃO

Praia Preta - Abraão ILHA GRANDE/RJ Pode parecer quase impossível, mas é realidade! Isso está acontecendo dentro da área do parque da Ilha Grande. Como pode pessoas que deveriam proteger fazerem isso? O paraíso não merece receber essas pessoas. Por que essa exe-cução? Não se estuda para fazer isso, quem o faz não enten-deu nada da lição.

Albacir Lourenço - Morador

DEVASTAÇÃO CRIMINOSA Coisas de um Brasil novo que nos fazem relembrar, o velho Brasil com Z. A goleada por 7 x 1 que a nossa seleção sofreu na copa ficou pequenina diante da derrota que sofreu a 2ª. Maravilha do Rio de Janeiro, o paraíso Ilha Grande precisa-mente a floresta que fica situada na praia preta Vila do Abraão, uma atitude injustificável levou ao chão dezenas de palmeiras imperiais, um patrimônio de imenso valor na paisagem da praia sem falar no impacto ambiental que sofrerá aquela região afe-tada. Que mentes são essas capazes de tamanha brutalidade contra a natureza indefesa sob a proteção desses mãos de te-soura que se dizem estudiosos, mais que na realidade são a crueldade em pessoa e fazem isso em nome do eu, eu posso, eu faço! Que homens são esses? Que leis são essas? De um sistema cego e interesseiro que promove uma violência devastadora simplesmente por promovê-la, onde estão as ONGS que ga-nham do governo para preservar a natureza. Será que se fazem fortes apenas quando a briga é contra peixe pequeno, ali na praia preta, esta com certeza configurado um crime ambiental entristecedor e muito cruel. Mas como o Abraão virou uma mo-radia dos omissos por conveniência, e é uma terra abandonada, pois não se tem solução para nada. O que esperar em resposta a mais um crime. Aqui tudo parece ter peso e medidas dife-rentes, é de acordo com o quilate do infrator, para o pequeno pena pesada, para o grande pena suave com direito a refresco. Afinal nesse Reino de Avilã o que pode? E o que realmente não pode? Exterminar é o certo? Imaginem vocês se o homem to-masse essa mesma atitude de matar o seu semelhante simples-mente por não serem nativos! Que catástrofe teríamos. O que seria dos imigrantes? O Brasil não conhece o Brasil! O Brasil ta matando o nosso Brasil, as mãos que deveriam proteger a na-tureza se transformaram em mãos assassinas. Assim eu nunca vi, desmatamento é crime sim. “Viva o INEA”!

Iordan - morador

SOBRE CORTE DAS PALMEIRAS IMPERIAIS Arbitrariedade, abuso de poder, amparo em leis, etc., o que não dá para entender é como o ESTADO pode permitir tamanha falta de bom senso e desrespeito com nossa comunidade, ger-ando, mais uma vez, revolta e descrédito politico. Vale lembrar que estamos em ano eleitoral.Fica a dica!

Thereza Grillo - Moradora

Minha Canção

Minha terra não tem palmeiras... / E em vez de um mero sabiá, / Cantam aves invisíveis / Nas palmeiras que não há. / Minha terra tem refúgios, / Cada qual com a sua hora / Nos mais diversos instantes... / Mas onde o instante de agora? / Mas a palavra “onde”? / Terra ingrata, ingrato filho, / Sob os céus de minha terra / Eu canto a Canção do Exílio. Mario Quintana Antologia poética

24 O ECO, Julho de 2014

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TEXTOS, NOTÍCIAS E OPINIÕES

CAMPANHA DO BILHÃO Heitor Scalambrini Costa

Professor da Universidade Federal de Pernambuco

Encerrado o prazo legal (em 05 de julho) para o registro das candidaturas ao pleito presiden-cial de 2014, onze candidatos se registraram junto ao Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com os da-dos apresentados pelos partidos políticos, o gasto estimado com a campanha será próximo de R$ 1 bi-lhão de reais. Com nove concorrentes, a campanha presidencial de 2010 totalizou despesa de R$ 289,20 milhões (em valores da época). Sabemos nós, moradores da ilha da fantasia chamada Brasil, que os valores oficiais apresentados estão longe de representarem o que realmente se gasta em uma campanha eleitoral. Nada se fala dos valores paralelos, o “caixa dois” ou outro nome que se queira dar. Portanto, sem medo de errar, pode-mos multiplicar por três os gastos oficiais sugeridos para 2014. O que elevaria os gastos na campanha à Presidência da Republica deste ano para mais de três bilhões de reais. Numero impressionante por si só, mas quando se agregam os gastos das candidaturas a governador, deputados federais e estaduais pelo país afora, verifica-se uma deformação, pois as grandes somas em dinheiro envolvidas acabam anulando a vontade popular. Desta forma, o voto não representa mais o cidadão. É o poder econômico que elege para

atender aos seus interesses mesquinhos. O financiamento das campanhas no Brasil, ou seja, o modo como os partidos políticos custeiam suas campanhas eleitorais, segundo a legislação vi-gente, pode vir de recursos públicos e privados. Ofi-cialmente, a forma de arrecadação e de aplicação dos recursos são submetidas a um complexo conjun-to de regras que deveriam controlar, enquadrar e multar o candidato, sempre que houvesse abusos contra as regras eleitorais. Mas não servem para muita coisa. Regras podem ser boas quando cum-pridas, no entanto, na ilha da fantasia, é tudo “faz de conta”. A fiscalização praticamente não existe. E quem deveria fazê-la “olha para o outro lado”. Uma vergonha. Quanto à origem, os recursos destinados às campanhas eleitorais podem ser recursos próprios dos candidatos, doações de pessoas físicas, doações de pessoas jurídicas, doações de outros candidatos, de comitês financeiros ou partidos políticos, receitas decorrentes da comercialização de bens e serviços ou da promoção de eventos, bem como da aplicação financeira dos recursos de campanha. O projeto Às Claras (http://www.asclaras.org.br/@index.php), atuando desde 2002, mostra que as eleições no país são “compradas” pelos gran-des grupos econômicos, que se constituem na fonte mais importante de financiamento das campanhas. As empreiteiras dominam as doações. Para elas é um

investimento com retorno certo. Segundo o Instituto Kellog para cada real doado a candidatos, as empre-sas obtêm R$ 8,50 em contratos públicos. Os maiores financiadores de campanhas, não por acaso, são justamente aqueles com interes-se em licitações de serviços públicos. As mais conhe-cidas no Brasil, por sua atuação no setor de constru-ção civil, as chamadas “quatro irmãs” – Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez – são as maiores financiadoras das eleições. Alguma dúvida do porquê estas empresas e suas terceirizadas do-minam o cenário das obras publicas? A farsa da democracia é construída desde a legislação eleitoral, que determina as regras do jogo, indo até o empresariado que financia as gran-des campanhas eleitorais. Daí a necessária reforma política. Não se pode admitir que nosso país tenha “donos”. Obviamente uma reforma substantiva não ocorrerá com este Congresso Nacional. E talvez com nenhum outro, enquanto não alterarmos sua atual genética, moralmente corrompida. Para quem ainda não desistiu, a partici-pação é a pedra de toque para as mudanças que a maioria deseja para o país. Se discutirmos sobre as próximas eleições tanto quanto se discutiu sobre o acidente que tirou Neymar da seleção brasileira, com certeza estaremos no caminho para construir um país melhor para a maioria do seu povo.

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TEXTOS, NOTÍCIAS E OPINIÕES

Publicado na editoria Nossa Opinião do site Instituto Telecom em 21 de julho.

Há muito tempo o Instituto Telecom e o Clube de Engenharia, dentre outras entidades, vêm cobran-do da Anatel a implantação de um modelo de custos que deixe claro se os valores pagos às operadoras es-tão corretos. Até hoje a Anatel se baseava única e exclusivamente nas informações prestadas pelas em-presas. Ou seja, nada confiáveis. Agora, finalmente, temos um regulamento de modelo de custos. Após a consulta pública número 40, a Anatel aprovou a Norma para fixação dos valores máximos das tarifas de uso de rede fixa do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC), dos valores de referência de uso de rede móvel do Serviço Móvel Pessoal (SMP) e de Exploração Industrial de Linha Dedicada (EILD), com base em Modelos de Custo. Parece confuso, e é. Trata-se basicamente de reduzir o valor da inter-conexão – ligação entre redes de telecomunicações funcionalmente compatíveis, de modo que os usuá-rios de uma rede possam comunicar-se com usuários de outras ou acessar serviços nela disponíveis. Esta medida poderá ter impacto substancial sobre as ta-rifas e preços da telefonia fixa e móvel. A receita bruta do setor estava na casa dos R$ 60 bilhões em 2000. Em 2012, alcançou cerca de

R$ 220 bilhões. Um aumento de 266% onde se inclui, principalmente, os serviços de celular, telefonia fixa, TV por assinatura e banda larga. Um dos casos analisados pela Anatel para implantação do modelo de custos no Brasil foi o da África. O Quênia foi o primeiro país africano a im-plantar um modelo de custo parecido ao que agora está sendo implantado no Brasil. Em 2010, houve uma redução de 50% no valor de interconexão. Resultado: o principal operador reduziu seus preços aos consu-midores em 68% e outros chegaram até a 80% de re-dução. O trabalho da Anatel indica que “a redução entre os valores de interconexão e a queda de preços ao consumidor é positiva para toda a África”. Outro exemplo importante é o da Espanha. Lá houve uma redução de 70% da interconexão mó-vel, impactando numa redução de 55% dos preços da telefonia móvel. É o caso de se perguntar: por que a Telefônica não fez o mesmo no Brasil? A resposta é fácil: se não houver imposição regulatória nenhuma das operadoras reduzirá seus preços/tarifas. A Anatel também analisou as situações da Colômbia, México e Peru. A primeira reduziu em 50%, entre 2007 e 2008. O México, 60% entre 2010 e 2011. O Peru usou um prazo mais longo, entre 2006 e 2013, para reduzir os valores do atacado em 70%. Qual a nossa preocupação?

A de sempre. Como as operadoras vão se comportar neste processo e como a Anatel vai reagir ao movimento delas? As operadoras poderão alegar, apesar de todos os exemplos mundiais demonstrarem o contrário, que terão reduções nas receitas de ata-cado e precisarão elevar seus preços aos usuários. O Instituto Telecom lembra que o modelo de custos deveria ter sido implantado há mais de dez anos, desde o Decreto nº 4.733/2013. As operadoras estão ganhando com a assimetria (diferença) de in-formação há muito tempo. Além disto, o modelo da Anatel será suave, começando a redução em 2016 e indo até 2020. Outro aspecto a ser considerado é a renovação dos contratos de concessão que está em consulta pública e terá consequências práticas a partir de 2015. A cláusula de reajuste tarifário tem que levar em consideração toda essa análise do mo-delo de custos implantado e, nesse caso específico, a redução tarifária tem que ocorrer em janeiro de 2015. Não podemos continuar com as tarifas mais caras do mundo.

Portal da Engenhariahttp://www.clubedeengenharia.org.brTwitter: twitter.com/clubeengenharia

E-mail: [email protected]

UM MODELO PARA REDUZIR AS TARIFAS

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COLUNISTAS

CATAIA: SÍMBOLO DO LAGAMAR Planta típica Da Mata Atlântica no Lagamar tra-ta-se de árvore de grande porte, que chega a 27 metros de altura, tem elevada serventia entre os povos caiça-ras, muito usada na culinária, na farmacopeia e no dia a dia das comunidades, inclusive como tempero. No passado a árvore era usada para constru-ção de canoas e outros utensílios domésticos pelos cai-çaras. Suas folhas são destinadas à chás e refrescos, porém atualmente são muito procuradas para aroma-tizar cachaças. Assim, a Cachaça com Cataia, também citada como wisky do caiçara, dada a tonalidade se-melhante que a bebida após algum tempo adquire, desde alguns anos está se tornando a bebida típica de Cananéia, de Guaraqueçaba, de Antonina, Iguape, Ilha Comprida entre outros lugares que é encontrada. Suas folhas são bem parecidas com as da er-va-mate e da coca e numa época na qual o café não era um produto de fácil acesso nos confins do litoral, dizem os antigos que o chá da cataia o substituía. Nos meios científicos seu nome é Driys Brasi-liensis, da família Winteraceae, nativa no litoral sul paulista e norte do Paraná, inclusive nas inúmeras ilhas e nos baixios da Serra do Mar. É encontrada nos manguezais e terrenos alagadiços e arenosos. No entanto, por falta de pesquisa cientifica, ainda

não se definiu quais as propriedades que a folha, tão procurada, acrescenta aos alimentos e a pinga, salvo o sabor e a tonalidade diferente. Com a intensa procura as árvores estão correndo sério risco, dada a busca por suas folhas. Tendo se tornando um atrativo da região, os produ-tores de cachaças do Vale do Ribeira, não aguardam o tempo necessário para o desenvolvimento natural da planta, colhendo suas folhas ainda quando arbus-to em fase de crescimento. Um atrativo turístico que corre sério risco de extinção. Enfim, quem conhece o litoral do Lagamar, a região que acompanha a orla desde da baia de Parana-guá até as proximidades da Juréia, quase em Peruíbe, sabe da importância da Cataia, para o fomento do tu-rismo e a economia artesanal, com inúmeras cachaça-rias, botecos, bares e biroscas engarrafando pinga com essas folhas e as vendendo como relíquias do lugar. Roberto J. Pugliese

[email protected] da Comissão de Direito Notarial e Regis-

tros Públicos da OAB-Sc.Consultor da Comissão de Direito Notarial e Registral

do Conselho Federal da OAB.

27Julho de 2014, O ECO

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INTERESSANTE

APRESENTAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO No ultimo dia 09 de junho, a COBRAPE, junto com Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro e a TurisAngra, esteve na Vila do Abraão para apresentação do Plano de Trabalho do Projeto de Incentivo à Formalização da Ativi-dade Turística. Compareceram ao evento cerca de 50 pessoas que assistiram a um abertura feita por Soraya Moreno da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro, por Letícia Telles da Gerenciadora dos Projetos do PRODETUR e por Silvia Rúbio, presidente da TurisAngra. Na sequencia, deu-se inicio à apresentação do projeto. Inicialmente foi apresentado um panorama do tu-rismo no estado do Rio de Janeiro lembrando que a cidade do Rio de Janeiro já é um destino consolidado e a princi-pal porta de entrada no estado e que os grandes eventos que o Rio de Janeiro está recebendo aumentam a nossa visibilidade e atrai mais turistas para o estado. Os princi-pais legados que os eventos podem trazer são aumentar e manter o fluxo de turistas após 2016 e ampliar o tempo de permanência, incentivando-os a visitar outros destinos tu-rísticos do estado. Segundo Patrícia Reis, coordenadora do projeto, “para isso o turista precisa ter uma experiência positiva e memorável nos destinos por onde ele passa”. O Projeto de Incentivo à Formalização da Ativi-dade Turística trata-se de um projeto piloto e será exe-cutado em Ilha Grande – Angra dos Reis (Polo Litoral, Subpolo/Região Costa Verde); Armação dos Búzios (Polo Litoral, Subpolo/Região Costa do Sol); Visconde de Mauá – Itatiaia/Resende (Polo Serra, Subpolo/Região Agulhas Negras); e Conservatória – Valença (Polo Serra, Subpolo/Região Vale do Café). O que motivou a elaboração deste projeto foi a constatação de um alto percentual de informalidade no setor, mesmo com todas as políticas públicas nacionais de estímulo a legalização dos micro e pequenos empresários. Dentre as consequências de um trade turístico com alta informalidade, a apresentação do Plano de Trabalho des-tacou: • Menos estímulo para o empresariado se aperfeiçoar, in-vestir e melhorar o seu negócio, assim como, para melho-rar sua formação e qualificação profissional.• O jovem ter dificuldades de reconhecer o turismo como uma boa opção de emprego e de crescimento futuro.• A diminuição da capacidade do poder público de articu-lar a atividade local com as políticas públicas existentes para o restante do estado e do país.• A redução das oportunidades de trazer mais investimen-tos para o lugar e de aumentar as receitas municipais e, consequentemente, a aplicação destas nas melhorias do lugar.• A possibilidade do turista leva uma imagem negativa so-bre a qualidade e a ordenação do turismo local e, muitas vezes, não pensar em voltar, nem contar para os amigos sobre o lugar.• De forma mais ampla, a redução das chances do destino ser visto como um lugar que se deseja visitar, e assim, de crescer e gerar mais empregos. Patrícia Reis, em sua fala, nos contou sobre a me-todologia da Saffron (uma consultoria inglesa) que classi-fica a reputação das cidades utilizando dez diferentes tó-picos como critérios. “O décimo critério é o ‘Efeito Uau’, ou seja, a sensação mesmo que ilusória que o turista tem de que largaria tudo e viveria naquele lugar. Esse critério é o que podemos considerar como o efeito máximo de uma boa experiência turística e está diretamente relacionado à qualificação, à ordenação e a segurança na experiência de consumo das atividades oferecidas ao turista”, desta-

cou Patrícia. Após essa explanação sobre o cenário atual e suas conse-quências. Patrícia detalhou o que será feito: “Vamos im-plementar mecanismos que estimulem uma maior adesão à formalização daqueles que têm na atividade turística um meio de renda, assim como, mitigar os impactos ne-gativos que a informalidade traz para o setor, para a eco-nomia local e para o ambiente social e contribuir para a qualificação adequada dos serviços turísticos e para a segurança dos usuários”. O projeto se divide em duas etapas: A primeira refere-se ao levantamento e análise do atual panorama da cadeia produtiva nas diferentes localidades e compreensão de suas singularidades. Para isso, estão sendo utilizadas duas metodologias de pesqui-sa para inserção do Projeto na realidade de cada lugar: a etnografia e a grounded theory. A etnografia se caracteri-za por apreender o ponto de vista da população local e sua visão sobre o lugar onde está e a grounded theory permite que o próprio lugar mostre o caminho a ser traçado. As metodologias escolhidas visam promover um projeto de baixo para cima, ou seja, que nasce no lugar, reconheça e incorpore as singularidades e diferenciais de cada um dos destinos. Essa primeira etapa também está baseado no modelo de formulação e de implementação de políticas públicas participativas. Ou seja, o objetivo é levar o de-bate para os atores locais e trazer para a formulação das propostas elementos que representem as realidades so-cioeconômicas de cada lugar e suas demandas. Patrícia destaca que como qualquer projeto ele tem uma data para terminar e para os consultores irem embora, mas que para ter continuidade e sustentabilidade o projeto deve ir além do prazo da consultoria ou mesmo dos man-datos eletivos dos governantes. Para isso, ela reforça, que é fundamental que os grupos locais se organizem, partici-pem e se apropriem do projeto. Os objetivos desta primeira etapa são:• Ampliar o inventário das atividades da cadeia produtiva do turismo nas áreas piloto; • Levantar informações que ajudem nas decisões sobre a política de turismo; • Identificar o perfil e a especialidade das principais ativi-dades prestadoras de serviços;• Identificar elementos para preservar as identidades cul-turais e naturais do lugar; • Mapear as atividades atuais, detalhando e identificando o trade formal e o trade informal do setor, e seus impac-tos na economia como um todo;• Compreender o perfil e as motivações daqueles que se encontram na informalidade. A segunda etapa refere-se aplicação e desdobra-mento das informações em produtos diversificados para estímulo à formalização. Segundo a palestrante: “Não queremos produzir mais papel. Queremos de fato execu-tar o plano de ação, mas principalmente, construir esse plano de ação junto com a comunidade local”. Os objetivos desta segunda etapa são:• Estabelecer rotinas e procedimentos obrigatórios, no âmbito público e privado, para a regularização das ati-vidades. • Adotar procedimentos compulsórios, simplificados e cé-leres para estimular as legalizações e formalizações.• Criar um parâmetro de estímulo ao cadastramento.• Subsidiar ações para elevar o cadastramento das empre-sas e dos serviços turísticos.• Construir marcos legais e soluções para a regulação da

atividade turística.• Aumentar o índice de oferta de emprego formal. • Influenciar na diversificação da oferta das atividades inserindo-as nos demais APLs. O cronograma do projeto tem a duração de 12 meses com 8 fases, tendo iniciado em março deste ano. Nesse momento estamos na fase de apresentação do pla-no de trabalho e na sequencia já será iniciada a fase de identificação e de inventários.Como resultado da fase de identificação, serão produzidos dois documentos:• Caderno Panorama Geral da Cadeia Produtiva do Turismo nos Polos e Subpolos/Regiões Turísticas do PRODETUR RJ • Estudo Amostral da Cadeia Produtiva do Turismo nas Áre-as PilotoComo resultado da fase de inventário, também serão pro-duzidos dois documentos:• Inventário da Cadeia Produtiva do Turismo nas Localida-des Piloto • Relatório analítico sobre a informalidade da atividade turística nas áreas piloto O plano de ação se inicia em agosto e vai gerar: • Workshops para apresentar os primeiros resultados e compartilhar as diretrizes do plano de ação localmente.• A consolidação do conjunto de ações, programas e pro-jetos a serem implementados em curto, médio e longo prazo. • A sensibilização sobre a importância e as vantagens da formalização e possibilitar os primeiros procedimentos “in loco”. Já a implementação das ações de arranque, a partir de setembro, vai gerar:Para os empresários:• Cartilha de Estímulo à Formalização • Manual de Procedimentos para a Formalização • Workshops de Orientação aos Empresários e Empreen-dedores • Agenda de Encontros com o Setor Turístico Para os turistas• Campanha de Comunicação com produção de Material Gráfico de distribuição local Para o Poder Público• Projeto de Lei Patrícia finalizou sua apresentação destacando que o Projeto de Incentivo à Formalização da Atividade Turística pretende gerar no turista a consciência de sua corresponsabilidade pela sua segurança, pelo desenvolvi-mento da economia local e pelo bem-estar da comunidade no destino que está visitando e que ele entenda que a con-tratação de serviços formalizados é a sua parte nesta cor-responsabilidade. Que o empresário local perceba no seu dia-a-dia as facilidades e vantagens no processo de forma-lização, assim como, municiar os formalizados para serem fiscalizadores da operação de todo o trade e abrir um canal direto de diálogo com o poder público local. Alem disso, fortalecer uma cultura participativa com uma Agenda de Encontros consultivo e deliberativo, entre o setor privado e o poder público. E junto ao poder público, o projeto visa fortalecer as instâncias reguladoras e fiscalizadoras da for-malização da atividade turística, municiar o poder públi-co com um Projeto de Lei que comporte ações de Ordem Pública e estimular a manutenção de um canal direto e permanente de diálogo com os atores do trade turístico.

Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected]

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