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Universidade Federal de São Carlos Centro de Educação e Ciências Humanas Departamento de Psicologia “O EFEITO DA TUTORIA DE COLEGAS SOBRE O DESEMPENHO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA EM CLASSES INCLUSIVAS.” Tatiani Silva dos Santos Orientadora: Enicéia Gonçalves Mendes São Carlos 2005

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Universidade Federal de São Carlos Centro de Educação e Ciências Humanas

Departamento de Psicologia

“O EFEITO DA TUTORIA DE COLEGAS SOBRE O DESEMPENHO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA

EM CLASSES INCLUSIVAS.”

Tatiani Silva dos Santos

Orientadora: Enicéia Gonçalves Mendes

São Carlos 2005

1

Agradecimentos

Quero agradecer em primeiro lugar a Deus, por ter me dado a vida e muita

força para encarar o desafio ao qual me propus neste estudo.

Depois gostaria de agradecer a minha orientadora, a Profa. Dra. Enicéia

Gonçalves Mendes, que me ajudou a enfrentar esse desafio, muitas vezes me mostrou

caminhos e soluções e não deixou que eu desanimasse. Agradeço a ela ainda, por

dividir comigo um pouco da sua sabedoria, especialmente sobre esse tema que tanto

me fascina.

Gostaria de agradecer ainda as pessoas que me ajudaram na coleta de dados

filmando as sessões, as famílias que me permitiram que eu desenvolvesse o estudo, as

professoras das crianças que gentilmente abriram as portas de suas salas para que eu

pudesse entrar e realizar meu estudo.

Agradeço também ao apoio da comissão do PIBIC da UFSCar pela concessão

da bolsa de iniciação científica que me permitiu maior dedicação e ampliação das

oportunidades de formação científica, favorecida também pela a participação no

grupo de pesquisa GP-FOREESP.

E por fim, gostaria também de agradecer a minha família e ao meu namorado,

que mesmo não entendendo muito bem o meu trabalho, me deram apoio, ajuda na

confecção dos instrumentos e opiniões, e compreenderam os meus sumiços e os meus

horários estranhos.

A todos eles, tenho apenas duas palavras a dizer: Muito obrigada!

2

Sumário

1. Agradecimentos .......................................................................................... 01

2. Resumo ....................................................................................................... 03

3. Introdução ................................................................................................... 04

4. Metodologia ................................................................................................ 13

5. Resultados ................................................................................................... 24

6. Discussão e Conclusão ............................................................................... 31

7. Referências................................................................................................... 37

8. Anexos......................................................................................................... 40

3

Resumo Em termos legais, muitas conquistas já foram feitas para a inclusão de crianças com Necessidades Educacionais Especiais em salas de ensino regular no Brasil. Embora isso não tenha ocorrido de uma vez, mas sim ao longo de um processo gradual. E é através dessa progressiva ascensão da inclusão que estão se desenvolvendo estratégias e práticas educacionais que tem se mostrado efetivas e promissoras para todos os alunos. Entre elas podemos citar a tutoria de colegas, que envolve uma importante fonte de suporte social que são os colegas sem deficiências, e que vem sendo muito estudada. A tutoria de colegas utiliza a idéia de aluno ajudando aluno, ou seja, há uma oferta de apoio dos próprios colegas para os estudantes com Necessidades Educacionais Especiais, na qual ambas as partes são beneficiadas. Visando a importância deste suporte social, o presente estudo teve como objetivo investigar o procedimento de tutoria de colegas sobre o desempenho acadêmico de alunos com deficiência mental em classes comuns de pré-escolas. Participaram da pesquisa, duas crianças com deficiência mental, as crianças alvo, e de três a seis crianças com desenvolvimento típico, que eram colegas de classe de cada criança alvo que serviram como tutores. A tarefa ensinada foi o reconhecimento e a nomeação de vogais do alfabeto. O treino foi realizado com duas atividades feitas em sala de aula que foram o Bingo de Letras e o Dominó de Letras e Figuras. Na condição sem tutoria a tarefa era individualizada e na tutoria, as crianças faziam duplas. As duas crianças alvo e dois dos tutores (um de cada escola) passaram por avaliação nas fases de pré e pós-teste através das provas de identificação e nomeação de vogais. Na etapa de intervenção, o Grupo I passou por seis sessões de treino de reconhecimento e nomeação sem tutoria. O Grupo II passou por seis sessões de treino com tutoria, e posteriormente por seis sessões de treino sem tutoria, sendo que após a segunda e a quarta sessão de treino, as crianças alvo de ambos os grupos foram avaliadas em testes de sondagem. Concluída a fase de intervenção, os dados do pré, pós-teste e sondagem, bem como os dados quantitativos das filmagens foram analisados. A partir deles foi possível verificar que existem muitas outras variáveis agindo positiva ou negativamente na aprendizagem além da tutoria. Entretanto, a tutoria também pode ser efetiva na melhora do desempenho acadêmico, embora isso não se aplique a todas as crianças. A tutoria se mostrou útil no aumento do repertório de respostas das crianças, principalmente para favorecer o engajamento e participação da criança com necessidades educacionais especiais na tarefa e em proporcionar comportamentos socialmente desejáveis e mais adaptativos. Adicionalmente as evidências apontam que o tema merece mais investigação. Palavras-chave: Educação Especial, Inclusão Escolar, Tutoria de Colegas, Desempenho Acadêmico, Delineamento Experimental, Deficiência Mental. Apoio: CNPq/ PIBIC-UFSCAr.

4

Introdução

É inegável a importância que a infância adquiriu desde o final do século

passado, tornando-se foco de discussões para o estado, para as políticas

não-governamentais, para os representantes da ciência; entre eles, psicólogos,

antropólogos, historiadores e educadores, alcançando espaço, inclusive, nos meios de

comunicação.

Kramer (1982) pontua que o conceito de infância passou por inúmeras

transformações, sendo este determinado historicamente pelas modificações na forma de

organização da sociedade. Na sociedade feudal, por exemplo, a criança exercia um

papel produtivo direto (de adulto) assim que ultrapassava o período de sua mortalidade;

enquanto que na sociedade burguesa ela tornou-se alguém que precisaria ser cuidada,

escolarizada e preparada para uma atuação futura, para enfim entrar na vida adulta.

E é no meio dessas discussões a respeito da infância, que emergem outras

questões, que muitas vezes também são focos de discussões. Assim, uma vez que a

nossa sociedade tende a proteger as crianças e prepará-las para uma vida adulta, não se

pode deixar de lado a relação entre infância e educação.

Na atualidade, a importância da educação para o ser humano nessa fase da vida

é reconhecida e valorizada pela sociedade. Isto pode ser verificado através de algumas

leis brasileiras, como a LDB (Lei de Diretrizes e Bases), promulgada em 1996, que

coloca a creche e a pré-escola como componentes da educação básica, ao lado do

ensino fundamental e do ensino médio.

Dentro desta Educação Infantil existem certas peculiaridades. Este é o caso dos

serviços voltados para a população com Necessidades Educacionais Especiais. A

sociedade e os meios legais também se preocupam com este público desde a sua

infância e para eles também existem leis resguardando seus direitos.

A LDB (1996) em seu artigo 58, do capítulo V afirma que o atendimento à

população infantil seria para todas as crianças de 0 a 6 anos de idade em creches e

pré-escolas. Porém, mais uma vez, o todo parece dizer respeito somente à maioria,

deixando muitas vezes as minorias segregadas pela sociedade, segregadas também pela

escola.

Ainda parece escasso o processo de atenção a crianças com necessidades

educacionais especiais nessa faixa etária, sendo que uma política de inclusão escolar

poderia caminhar no sentido da real universalização, num momento onde há uma

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bandeira mais ampla no país, que defende a universalização das oportunidades

educacionais na Educação Infantil para todas as crianças.

Para tanto, muitas mudanças seriam necessárias. O cumprimento de um

programa que garantisse o acesso à escolaridade, ao saber culturalmente construído,

aos processos de produção e de difusão de conhecimento e sua utilização na vivência da

cidadania a todos os cidadãos requereria, segundo Aranha (2000), sistemas

educacionais planejados e organizados para dar conta da diversidade dos alunos, de

forma a poder oferecer, a cada um, respostas pedagógicas adequadas às suas

peculiaridades individuais, às suas características e necessidades específicas.

Caberia ressaltar ainda que, a finalidade da Educação Infantil poderia ser um

fator facilitador da inclusão escolar, considerando que muitas de suas dificuldades de

inserção social emergem na medida em que se ampliam as exigências educacionais, e

mais especificamente com as demandas acadêmicas. Nesse sentido a inclusão escolar

na Educação Infantil poderia viabilizar uma exposição gradual a essas demandas, o que

a médio e longo prazo poderia aumentar as probabilidades de permanência e sucesso

nos demais níveis educacionais (MENDES, 2001).

E é assim, baseando-se na busca atual pela igualdade de todos e no auxílio que a

inserção de crianças com necessidades especiais em salas de aula anteriormente

destinadas apenas a indivíduos com desenvolvimento típico, que a inclusão escolar

tornou-se um tema muito importante no mundo inteiro, inclusive no Brasil.

E nessa busca, tem-se feito muito, tanto no âmbito nacional quanto no

internacional, de forma a proporcionar a junção de todas as crianças em salas de

educação regular. Entre esses feitos encontram-se documentos como a Política

Nacional de Educação Especial (Brasil, 1994), Lei de Diretrizes e Bases 9394/96

(Brasil, 1996), Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), Referencial Curricular de

Educação Infantil (MEC/SEF, 1998), Plano Nacional de Educação (Brasil, 1998) e a

Declaração de Salamanca (1997) (ABRAMOWICZ, ROCHA & CUNHA, 2002), que

contemplam as políticas nacionais e internacionais de educação.

Assim, diante do contexto atual da realidade do nosso sistema educacional, foi

eleito como objeto de estudo a temática da inclusão escolar, circunscrita ao nível da

Educação Infantil.

Para falar sobre a idéia da inserção de alunos com Necessidades Educacionais

Especiais em pré-escolas “comuns”, ou de uma forma mais ampla, em inclusão,

devemos nos remeter também a idéia de deficiência, que está muito ligada as anteriores.

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Todas elas geraram e tem gerado ao longo do tempo muitas discussões e controvérsias.

O conceito de deficiente, por exemplo, mudou ao longo dos anos. Atualmente,

segundo a Declaração de Salamanca (1997), ele diz respeito a todas as crianças e jovens

cujas necessidades decorrem de suas capacidades ou de suas dificuldades de

aprendizagem, preferindo-se a utilização da expressão “criança com necessidades

especiais”. Abrangendo assim, as crianças deficientes, mas não se restringindo somente

a elas.

Além de questões em torno de conceitos e caracterizações, hoje também se

discute muito a respeito das novas formas de estruturação do ambiente ou sobre os

apoios existentes dentro da perspectiva de inclusão escolar, mesmo não sendo o

conceito de deficiência tão novo, como afirmam Erwin & Schreiber (1999).

A definição de inclusão, no entanto, tem maior diversidade, pois esta tem sido

feita de diferentes formas e por diferentes autores. Mas de alguma maneira essas formas

são complementares. Macedo (2002) afirma que incluir significa abrir-se para o que o

outro é e para o que sou ou não sou em relação ao outro.

Strully & Strully, (1999) conceituam inclusão como significando o:

“Processo de criar um todo, de juntar todas as crianças e fazer

com que todas aprendam juntas. Inclusão significa ajudar todas

as pessoas (crianças e adultos) a reconhecer e a apreciar os

dotes únicos que cada indivíduo traz para uma situação ou para

a comunidade”, p. 178.

Portanto, a escola é a principal, e se não a principal, umas das primeiras fontes

de inclusão quando responde às necessidades educacionais diferenciadas de cada um de

seus alunos; sendo a escola um dos primeiros lugares em que as crianças experimentam

a vida em sociedade.

Partindo-se deste pressuposto da inclusão escolar, é aceitável que as mudanças

não devam ocorrer nos portadores de deficiências, de forma que eles se adaptem às

escolas; mas sim que a escola se adapte e se modifique para que se torne capaz de

proporcionar respostas que satisfaçam a todos os estudantes. No caso dos educadores, a

inclusão requer que eles adaptem seus trabalhos, suas estratégias e objetos, bem como

suas formas de organização dentro da sala de aula. “Não se deve lutar contra os

problemas da deficiência, mas sim contra os problemas da vida” (STRULLY &

STRULLY, 1999).

E para que esta idéia de adaptação do mundo externo as pessoas que precisam

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ser incluídas na sociedade, e em especial nas escolas, seja colocada em prática é

importante mudar, especialmente no Brasil, a "visão de que os sujeitos com

necessidades educacionais especiais são deficientes" (BUENO, 2001). Principalmente,

tendo o conceito de deficiente como sinônimo de incapacidade e incompetência, como

é tão difundido na sociedade brasileira.

Isto deve acontecer não somente dentro da escola, mas na sociedade como um

todo, pois, os “elementos que provocam respeito à diversidade ou discriminação e

segregação também estão no sistema social do qual a escola é parte” (GONZÁLEZ,

2002). Assim, é importante que a escola faça o seu papel, mas que a sociedade também

colabore, reconhecendo a importância que tem na formação desses cidadãos, não os

discriminando.

Quando a população, e em especial os educadores, tiverem uma noção mais

exata do que é a verdadeira inclusão, de tudo o que pode ser modificado, daquilo que

precisa ser promovido e transformado, uma educação de qualidade para todos deixará

de ser apenas “utópica”. Sendo muito importante ainda, que esses profissionais não

dêem suporte apenas a área acadêmica ou apenas a parte assistencialista, mas saibam

integrá-las, para que juntas, tornem-se mais um fator positivo para colocar a inclusão

em prática (PAVRI & MONDA-AMAYA, 2001) e promover a formação de cidadãos

no âmbito mais geral da palavra.

E para que esta educação inclusiva deixe de ser apenas teórica, educadores e

outros profissionais contam com diversas fontes de apoio, sendo que estas fontes

envolvem desde pares de crianças até adaptações ambientais e materiais. Estas fontes

são importantes na medida em que os professores estão encontrando que os métodos

de instrução tradicionais não são suficientes para se dirigirem às necessidades de todos

os estudantes em classes tão heterogêneas.

Erwin & Schreiber, (1999) citam como exemplo das estratégias anteriormente

citadas a participação da criança com necessidades educacionais especiais de modo

ativo ou significante nas atividades ou experiências, e a promoção de relacionamentos

entre pares e grupos.

Uma outra importante fonte de apoio é o suporte social, embora esta seja uma

fonte mais específica. Ele pode ser definido como um processo de troca social que

contribui para o desenvolvimento de comportamentos individuais padrões, cognição

social e valores (FARMER e FARMER, 1996). Dentro dessa definição, são

encontradas importantes fontes de apoio social como colegas mais próximos, membros

8

da família, vizinhos, amigos, membros da comunidade, tutores e professores da escola.

Dentre as fontes citadas acima, uma tem sido alvo de muitos e importantes

estudos, sendo atualmente sustentada por bases empíricas. Esta fonte de apoio é a

denominada “Tutoria de Colegas”, e será o tema deste estudo que está circunscrito

dentro de uma temática mais abrangente que é a inclusão na Educação Infantil. O

conceito de tutoria de colegas ainda é encontrado na literatura inglesa com a

denominação de “Class Wide Peer Tutoring - CWPT”.

Uma ampla literatura é encontrada sobre esse tema, especialmente tendo como

base estudos estrangeiros. Algumas escolas até mesmo já adotam essa fonte de apoio

social como um de seus programas de educação. Este é o caso de uma escola nos

Estados Unidos chamada “Burlingame Intermediate School”NR. O programa desta

escola treina e capacita estudantes para servirem de tutores dentro da sala de aula,

dando assistência aos colegas com necessidades educacionais especiais sob a

supervisão do professor. As regras devem ser recíprocas durante cada sessão de

tutoria, mas é importante que as crianças com um desempenho melhor sirvam de

modelo.

Para entender melhor sobre esta fonte de apoio social inicialmente será definido

o conceito de Tutoria de Colegas. Uma possível definição é a formulada por

Fredrickson & Turner (2003) que afirma que:

“a tutoria de colegas envolve a oferta de apoio dos próprios

colegas para os estudantes com Necessidades Educacionais

Especiais, a fim de que se desenvolvam com sucesso em suas

tarefas escolares”, p.239 .

O “Center for Effective Collaboration and Practice”NR define a tutoria de

colegas dentro da sala de aula como sendo uma:

“maneira para que todos os estudantes, na ajuda um a um,

tenham bastante tempo para praticar e aprender. Para a tutoria

de colegas dentro da sala de aula, todos os estudantes são

pareados com os outros. Durante a tutoria, um estudante

explica a tarefa para outro estudante, questiona o estudante a

responder as questões e dá feedback à criança”.

A tutoria de colegas tem demonstrado ir muito além das tarefas acadêmicas,

abrangendo também outras áreas, como a social. Mortweet & Utley (1999) afirmam

isso dizendo que a tutoria de colegas vem preencher uma lacuna do comportamento

9

social adequado para crianças com necessidades especiais, nas quais as relações de

coleguismo são particularmente salientes para estudantes com deficiência intelectual

leve que são, por definição, limitados em comportamentos sociais adaptativos, bem

como em habilidades cognitivas. A estratégia de tutoria de colegas dá margem para que

a inclusão proposta não se resuma em apenas colocar a criança em uma sala de aula

comum.

Os benefícios da tutoria não são resumidos apenas a tutores, pois como afirmam

Gumpel & Frank (1999):

“os resultados sugerem que a tutoria de habilidades sociais

pode beneficiar similarmente tutores e tutelados, mesmo que

ambos tenham déficits em habilidades sociais, e que a

possibilidades de uma exploração futura é valiosa”, p. 118.

Inúmeros outros benefícios da tutoria têm sido apontados na literatura, como

por exemplo, o estudo de Kamps, Royer, Dugan, Kravits, Gonzalez-Lopez, Garcia,

Carnazzo, Morrison & Kane (2002), que afirmam haver em programas de tutoria uma

maior generalização de habilidades de interação e de outros comportamentos em

lugares em que não foram treinados.

Entretanto vários autores ressaltam que, subjacente à idéia de

aluno-ajudando-aluno, deve existir suporte administrativo e suporte dos professores na

forma de intervenção/mediação. Gartner & Riessman (1993) afirmam que os tutores

precisam ser treinados e encorajados a implementar esse tipo de programa, sendo o

treinamento essencial para que os tutores desenvolvam bem a tarefa. Esse treinamento

deve envolver principalmente habilidades eficientes de comunicação, nas sessões de

tutela.

Além dos suportes relatados acima, e do treinamento que a tutoria exige, Kamps

et al. (2002) fazem outras recomendações para uma tutoria mais efetiva. Entre elas é

possível citar programas que incluam mediação social e acadêmica, grupos de colegas

trabalhados em múltiplos lugares, recrutamento de novos colegas para generalizar os

efeitos, modelação e reforçamento da mediação de colegas e pistas, argumento visual e

técnicas de auto-administração para realçar as aquisições de habilidades sociais dos

estudantes.

Kamps et al. (2002) ainda fazem uma última recomendação para o sucesso da

tutoria: a incorporação de táticas de generalização. Esta seria atingida pela utilização de

mediadores funcionais, como colegas; de lugares naturais para a intervenção, pelas

10

comunidades naturais de reforçamento para colegas e estudantes alvo, pela

diversificação dos treinos seguindo para a variabilidade e pela estimulação do comum

para se multiplicar os lugares.

Essa generalização permitiria aos alunos com necessidades educacionais

especiais colocar em prática fora do contexto escolar, habilidades e comportamentos

adequados em situações sociais, que se tornam naturalmente reforçadoras. Isto traria

um aumento conseqüente da responsividade geral por parte dos estudantes sem

deficiência, colaborando também para a inclusão na sociedade.

Além das responsabilidades das escolas e dos professores, os tutores têm

algumas tarefas para cumprir, para colaborar na tutoria. González (2002, p. 247) afirma

que ser tutor:

- É uma função social e subsidiária (a escola é a primeira forma

de socialização suprafamiliar, e as crianças saem dela, ao

menos em desejo, preparadas para a vida).

- É uma função ética e política (tem a finalidade de promover a

autonomia dos alunos em aspectos cognitivos e intelectuais,

assim como o seu desenvolvimento moral e intelectual).

- É uma função docente e orientadora (é urgente conectar a

escola com a vida, desenhar um círculo muito contextualizado,

que sirva para resolver os problemas da vida cotidiana).

- É uma função legalmente reguladora (as funções dos tutores

devem contemplar atividades de caráter geral (planificação,

informação, organização, controle social e educativo);

dirigidas aos alunos (orientação e avaliação do

desenvolvimento pessoal); dirigidas ao professor (coordenação,

preferencialmente tutorial...) e dirigidas a família (informação,

comunicação, implicação cooperativa...))”, p. 247.

No papel de tutor, as pesquisas têm demonstrado que crianças com

desenvolvimento típico podem ser mediadoras efetivas de intervenção, quando

ensinam os tutelados a usar estratégias sociais como manter contato visual, chamando a

criança para brincar ou compartilhando um brinquedo, sugerindo idéias de jogo,

descrevendo jogos delas próprias ou de outras crianças e sendo responsivo nos jogos

com colegas com deficiências (ENGLISH, GOLDSTEIN, SHAFER &

KACZMAREK, 1997).

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English et al. (1997) mostraram também que embora uma criança com

deficiência não seja usualmente selecionada com um tutor, é preciso considerar que

suas deficiências não podem impedir sua participação como tal, e elas podem tirar

proveito do papel contrário, ao qual comumente ela é enquadrada, que é ser tutoriada.

Portanto, todas as crianças têm o que ensinar.

Assim, os diversos estudos que têm sido realizados em torno da tutoria de

colegas têm demonstrado que ela é uma estratégia funcional na inclusão e tem trazido

benefícios tanto para os tutores quanto para os tutelados, que vão muito além das

habilidades acadêmicas.

Alguns desses resultados podem ser encontrados em estudos como o de Villa e

Thousand (1999) no quais os alunos que recebem instruções dos colegas têm

importantes ganhos acadêmicos e desenvolvimento de habilidades de interação social

positiva com outros alunos. Maheady, Sacca & Harper (1998) também constataram que

a implementação da tutoria de colegas em sala de aula resultou num imediato e

dramático aumento na pontuação de testes semanais de ambos estudantes (deficientes

leves e deficientes)”.

Um estudo realizado por Fulk & King (2001) demonstrou que servir a regra de

um tutor melhora particularmente a auto-estima de estudantes com problemas de

rendimento, uma vez que todos os participantes das atividades de tutoria têm a

oportunidade de melhorar as suas habilidades sociais.

No estudo realizado por Gumpel & Frank (1999) foi possível concluir que não

somente tutelados, mas também tutores obtiveram resultados positivos em relação às

habilidades e as interações sociais. Mesmo que ambos tivessem déficits em habilidades

sociais.

Outras fontes bibliograficas, como o “North Central Regional Education

Laboratory”NR avaliam a tutoria como sendo melhor que as outras estratégias, por ser

consistentemente menos custosa, tanto para tutores quanto para tutelados, do que por

exemplo, a instrução assistida pelo computador, a redução no tamanho da classe ou o

aumento do tempo instrucional para favorecer ganhos em matemática e leitura.

Autores como Murray (2002), ainda defendem que os tutores recebem

benefícios proporcionais ao nível que cooperatividade das atividades em que se

engajam como tutores, embora seja difícil conhecer quais os atributos que os

beneficiam.

Além disso, a tutoria de colegas não é um método que deve vir única e

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exclusivamente para substituir os métodos de ensino tradicional, mas sim ser um

suplemente efetivo para esses métodos, pois além de acomodar o aumento da

diversidade de alunos, faz uso de umas das melhores fontes de ensino nas escolas – os

próprios alunos.

E é dentro desse contexto, que este estudo foi desenvolvido, tendo por base a

tutoria de colegas.

Objetivos

Diante do cenário educacional brasileiro, de onde provêem grandes mudanças, é

que estratégias educacionais como a tutoria de colegas vem demonstrando a sua

importância. Dessa forma, o presente estudo teve como meta investigar o efeito do

procedimento de tutoria de colegas sobre o desempenho acadêmico de alunos com

deficiência mental inseridos em classes comuns de pré-escolas.

O estudo teve como objetivo também ampliar a literatura nacional a respeito

desse tema, uma vez que há muitos estudos desse tipo no exterior, mas no Brasil ainda

são escassos. O aumento da literatura a esse respeito em português pode aumentar o

número de pessoas que tem acesso a eles e levar a uma maior aplicação desta

importante fonte de apoio social.

Outro objetivo também seria mostrar como esta fonte de apoio não exige muita

sofisticação, e que pode ser realizada com materiais simples que podem ser

confeccionados pelos próprios educadores sem muito custo.

Este trabalho faz parte da agenda drupo de pesquisa “GP-FOREESP- Formação

de Recursos Humanos e Ensino em Educação Especial”, que integra as atividades de

ensino, pesquisa e extensão; de alguns docentes, alunos de graduação em Psicologia e

da Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar.

O grupo de pesquisa tem se dedicado a produzir estudos com o intuito de

contribuir para o processo de universalização do acesso e melhoria da qualidade do

ensino oferecida a população alvo da educação especial, sendo que no presente, a

temática da inclusão escolar tem sido priorizada, entre outros motivos porque se parte

do pressuposto de que a construção de sistemas educacionais inclusivos é a única

alternativa para melhorar o equacionamento do problema do escasso acesso à escola e

da baixa qualidade da educação especial no país.

O grupo parte do pressuposto de que uma política de inclusão escolar é um

imperativo moral e legal para o sistema brasileiro, e sendo essa uma questão de valor, o

13

momento agora para a pesquisa é de como implementar e aperfeiçoar e não de

questionar sua validade. Entretanto, traduzir a educação inclusiva das leis, dos planos e

intenções para a nossa realidade requer produção de conhecimento e prática e essa é

uma tarefa para a pesquisa científica, e mais especificamente, para as universidades

brasileiras.

O grupo considera ainda que a principal questão da educação inclusiva é como

melhorar a educação para todos os alunos e não onde os alunos com necessidades

educacionais especiais serão escolarizados. Norteados por tais pressupostos o presente

trabalho é mais um dos projetos desenvolvidos no âmbito do grupo para produzir

conhecimento sobre a temática da inclusão escolar.

Metodologia

Local

A rede municipal de educação de São Carlos é constituída por 25 escolas de

educação infantil, e há cerca de quatro anos vem adotando uma intenção política

dirigida pelo princípio da inclusão escolar, que envolve a oferta de oportunidades de

escolarização para alunos com necessidades educacionais especiais em classes comuns.

O estudo foi realizado em duas classes comuns de escolas públicas de Educação

Infantil dessa rede. A seleção das classes foi baseada no critério de presença de uma

criança com diagnóstico de deficiência mental ou algum atraso desenvolvimental mais

significativo, entre as turmas. Na realidade do município, apesar de haver turmas com

alunos com deficiências, não foi fácil encontrar classes de pré-escola que atingissem tal

critério.

Identificadas as escolas e suas turmas, o critério de seleção foi baseado na

anuência de todos os envolvidos (diretores, pais de crianças com e sem necessidades

educacionais especiais e professores).

A primeira das escolas situa-se numa região quase central na cidade, era uma

das mais antigas da rede municipal, e possuía além da diretoria, refeitório e salas de

aula; tanques de areia e brinquedos distribuídos pela escola que abrangia toda a quadra

de um quarteirão. Ela possuía também uma piscina, da qual as crianças podiam usufruir

em dias programados. Nesta escola foi desenvolvidos o estudo com o chamado Grupo

I.. A turma selecionada nessa classe da escola tinha 17 alunos (sendo 6 meninas e 8

meninos) na faixa etária de quatro anos.

14

A segunda escola localizava-se em um bairro mais periférico em relação ao

centro da cidade e é um pouco menor que a escola anteriormente descrita, tendo para a

recreação das crianças um parque pequeno e pátios (cobertos e descobertos), além das

salas de aula, diretoria e refeitórios. As aulas de educação física eram realizadas no

pátio coberto. Nessa escola foi desenvolvido o estudo com o Grupo II. A turma tinha ao

todo 19 alunos (10 meninas e 9 meninos) com idade média de cinco anos.

Participantes

Todas as crianças das salas de aula selecionadas para o estudo participaram das

atividades propostas durante a fase de coleta de dados. Porém, apenas o desempenho de

algumas delas fizeram parte da análise dos dados posterior. Assim, participaram do

estudo como crianças alvo:

1 Criança alvo do Grupo I: uma menina com Deficiência Mental (Síndrome

de Down) de quatro anos de idade. Segundo o relato da professora:

“ela não fala, não tem muita concentração e sempre demora mais que as

outras crianças da sala para terminar as tarefas e as atividades. Tem

grande dificuldade em permanecer concentrada nas atividades propostas a

ela” .

A menina já fez Terapia Ocupacional, mas na época do estudo não

participava de nenhum programa de apoio, e sua família tentava

atendimento fonoaudiológico.

2 Criança alvo do Grupo II: não tinha diagnóstico fechado e as pessoas tinham

dificuldade em explicar as suas necessidades educacionais especiais e de

onde provinham. A criança tinha uma história de vida complicada, pois

segundo a diretora da escola: “tem sido rejeitada pela sua mãe desde bebê”.

Na época do estudo morava com uma vizinha, que residia perto da escola. A

menina tomava anti-convulsivante para evitar convulsões e fazia aulas de

apoio em uma sala de recursos a tarde em outra escola da cidade. Segundo a

professora, “ela só freqüenta a escola onde está inclusa para trabalhar a

socializaçã ”.

Participaram do estudo como colega tutores:

Seis crianças sem necessidades educacionais especiais, sendo três para cada

criança alvo, que eram colegas da mesma turma, e que foram treinados no papel de

15

colega tutor.

As crianças foram escolhidas após os primeiros contados do pesquisador com a

sala de aula durante a fase de familiarização, e em consultas feitas à professora, sobre

quais crianças se enquadrariam no critério de seleção a seguir descrito. O critério

utilizado na seleção foi baseado numa apreciação informal da facilidade de interação,

tentando mesclar meninos e meninas. A assiduidade das crianças às aulas também foi

utilizada como critério de seleção de tutores.

Os participantes foram selecionados entre os que atingiram os critérios

anteriores, que expressaram interesse e quando houve autorização dos responsáveis

para que elas participassem do estudo.

Materiais

Para a realização das provas das habilidades de identificação e nomeação de

letras foram confeccionados 46 cartões (dois conjuntos de cartões com as 23 letras do

alfabeto) com medidas de 10,2 x 8,85 cm, em papel cartão branco, revestidos com papel

adesivo transparente. As letras apresentadas nesses cartões foram desenhadas com a

fonte News Gothic MT, no tamanho 150 e na cor preta. Esses cartões foram utilizados

para a avaliação das fases de pré-teste e pós-teste, e os testes de sondagens que ocorram

durante a fase de treino de tutoria.

Um jogo de dominó construído para o estudo que continham 23 peças

confeccionadas em papel cartão branco e revestidas com papel adesivo transparente. As

peças tinham o tamanho de 8,6 x 5,5 cm. Cada peça do dominó continha uma letra do

alfabeto e uma figura com seu nome correspondente começando por uma das letras do

alfabeto. As letras foram feitas na fonte Arial, tamanho 65 e as figuras foram capturadas

na internet.

Um jogo de bingo foi construído especialmente para o estudo com 26 bolas

brancas de isopor de 25mm de diâmetro, onde foi desenhada em cada uma delas uma

letra do alfabeto (23 letras do alfabeto mais as letras K, W e Y) que foram misturadas

dentro de um saco preto durante a brincadeira. Foram confeccionadas também cartelas

em papel cartão branco com os nomes das crianças e com palavras simples, que nesta

atividade eram preenchidas por grãos de feijão.

O dominó e o bingo foram utilizados nas atividades de treino, entre o pré e o

pós-teste.

No Anexo 1 encontram-se as fotos ilustrativas dos cartões, do jogo de dominó e

16

do jogo de bingo desenvolvido para o estudo.

Procedimento

O planejamento inicial do estudo encontra-se esquematizado no Quadro 1, e se

trata de um delineamento experimental de linha de base múltipla envolvendo dois

grupos, denominados Grupo I e Grupo II (cada uma composto por um alunos com

deficiência e três colegas tutores com desenvolvimento típico).

O Quadro abaixo esquematiza o delineamento original planejado para o estudo.

Etapas Grupo I Grupo 2

Etapa I Pré-teste Pré-teste

Etapa II Treino Sem Tutoria

(Tarefa: Dominó)

Treino Com Tutoria

(Tarefa: Dominó)

Etapa III Teste de Sondagem 1 (S1) Teste de Sondagem 1 (S1)

Etapa IV Treino Sem Tutoria

(Tarefa: Bingo)

Treino Com Tutoria

(Tarefa: Bingo)

Etapa V Teste de Sondagem 2 (S2) Teste de Sondagem 2 (S2)

Etapa VI Treino Sem Tutoria

(Tarefa: Dominó/Bingo)

Treino Com Tutoria

(Tarefa: Dominó/Bingo)

Etapa VII Pós-teste 1 Pós-teste 1

Etapa VIII Treino Com Tutoria

(Tarefa: Dominó)

Treino Sem Tutoria

(Tarefa: Dominó)

Etapa IX Teste de Sondagem 3 (S3) Teste de Sondagem 3 (S3)

Etapa X Treino Com Tutoria

(Tarefa: Bingo)

Treino Sem Tutoria

(Tarefa: Bingo)

Etapa XI Teste de Sondagem 4 (S4) Teste de Sondagem 4 (S4)

Etapa XII Treino Com Tutoria

(Tarefa: Dominó/Bingo)

Treino Sem Tutoria

(Tarefa: Dominó/Bingo)

Etapa XIII Pós-teste 2 Pós-teste 2

Quadro 1. Esquema do delineamento experimental original do estudo.

A racional do estudo envolvia proporcionar dois tratamentos (treino com e sem

tutoria), cuja ordem seria alternada nos grupos. O objetivo seria avaliar os efeitos da

17

tutoria sobre o desempenho das crianças com e sem necessidades educacionais

especiais em tarefas de identificação e nomeação de vogais. Os testes de sondagem

foram planejados com o intuito de avaliar os efeitos dos dois tipos de treino, com

atividades lúdicas de dominó (d) e bingo (b).

Os dois grupos participaram basicamente das mesmas etapas até a Etapa VII.

Entretanto, em função da mudança de cidade da criança alvo do Grupo I, não foi

possível continuar as demais etapas planejadas neste grupo. Assim, o pré-teste,

intervenção com e sem tutoria de colegas, sondas e pós-teste foram realizadas de acordo

com o planejado somente com o Grupo II.

A seguir serão detalhadas as etapas do projeto.

Etapa Preliminar – Condução dos procedimentos éticos

Nesta etapa preliminar foi realizado um levantamento na Secretária Municipal

de Educação a respeito de quais das 25 Escolas Municipais de Educação Infantil

possuíam alunos com deficiência mental ou algum atraso desenvolvimental, quem

eram os diretores e professores responsáveis, a fim de definir o universo e proceder a

seleção prévia dos participantes.

Em seguida foi efetuado o contato com a Secretaria e com a direção das escolas

a fim de obter permissão para desenvolver o estudo. Após a anuência e assinatura da

Secretaria de Educação, foi efetuada a submissão do projeto ao Comitê de Ética em

Pesquisa com Seres Humanos da UFSCar, que aprovou o estudo (ver o comprovante de

aprovação no Anexo II).

Posteriormente foram convidados os professores e pais das crianças

selecionadas e obtidas as assinaturas dos Termos de Consentimento Informado Livre e

Esclarecido dos pais e educadores (ver o modelo no Anexo III).

Cabe ressaltar que no desenvolvimento da pesquisa, todos os cuidados foram

tomados para observar os princípios éticos que regem pesquisas com participação

voluntária de seres humanos.

18

Nesta etapa preliminar, foi realizada uma aproximação inicial com a escola, em

especial com a professora da sala onde o estudo foi desenvolvido e com as crianças da

turma, visando o engajamento do pesquisador nas atividades programadas por esses

professores, na tentativa de obter assim a confiança e a contribuição deles, bem como

observar o ambiente natural das crianças para uma posterior seleção dos tutores.

A etapa de familiarização também é importante para diminuir os possíveis

vieses que a presença do pesquisador pode provocar. Esta fase teve a duração

aproximada de um mês (quatro semanas) nas duas escolas.

Etapa I - Pré-teste da habilidade acadêmica de reconhecimento das letras do alfabeto

Esta etapa marcou o início da coleta de dados propriamente dita. Nela, as

crianças alvo e um dos colegas tutores, escolhidos previamente, foram brevemente

retiradas da sala de aula (por aproximadamente 10 minutos) para realizarem o pré-teste,

ou o realizaram dentro da própria sala de aula em lugares mais distantes das outras

crianças em horários que não interferissem nas atividades propostas pelos professores.

Essa etapa envolveu dois tipos de prova:

a) Prova de identificação – uma seqüência pré-determinada de cinco cartões era

apresentada e a criança deveria identificar (apontar ou segurar) a carta que ela

julgava ser a resposta correta a questão: Qual é a letra ...? (e dizia-se uma vogal,

que era a única presente na seqüência). Os acertos e erros de cada criança foram

registrados em protocolos de observação desenvolvidos para isso. Ao total,

foram apresentadas 25 seqüências de cartões, onde cada vogal apareceu 5 vezes,

sendo cada seqüência diferente da outra. As consoantes mudaram de posição

conforme as vogais mudaram de localização.

b) Prova de nomeação das letras – uma seqüência pré-determinada de cinco

cartões era apresentada e a criança deveria nomear com a resposta que ela

julgava correta a carta que lhe era apontada (esta carta era sempre um vogal

misturada a outra quatro consoantes). Os acertos e erros de cada criança foram

registrados em protocolos de observação desenvolvidos para isso. Ao total,

foram apresentadas 25 seqüências de cartões, onde cada vogal apareceu 5 vezes,

sendo cada seqüência diferente da outra. As consoantes mudaram de posição

conforme as vogais mudam de localização.

Os dois alunos com necessidades educacionais especiais e dois de seus tutores

(que eram as crianças controle da sala para o teste) passaram por essas provas, que

19

foram aplicadas de modo lúdico para que as crianças se engajassem na atividade. Os

protocolos de observação das provas de identificação e nomeação encontram-se no

Anexo IV.

Etapa II – Ensino de habilidade de reconhecimento de letras sem (Grupo I) ou com

(Grupo II) o apoio de tutores colegas através do jogo de dominó.

Os dois grupos passaram pela mesma atividade de dominó e nessa fase elas

tiveram a duração de duas sessões e a atividade era realizada dentro da sala de aula. O

Grupo I realizava a atividade proposta em sala de aula individualmente, ou seja, não

recebia a tutoria de colegas, enquanto no Grupo II, as crianças eram colocadas em

duplas. Os tutores do Grupo II eram treinadas antes e durante a atividade, por meio de

instrução verbal, simulação e feedback, para oferecer apoio para os alunos com

necessidades educacionais especais.

Etapa III - Teste de Sondagem 1 (S1) da habilidade acadêmica do reconhecimento das

letras do alfabeto.

Após as duas sessões de treino com a atividade de dominó, as crianças alvo dos

dois grupos foram testadas através de provas de sondagem, nas mesmas tarefas da

Etapa I (prova de identificação e nomeação), porém, com apenas 10 tentativas.

Protocolos próprios para essa finalidade foram desenvolvidos (ver anexo V) contendo

10 seqüências de letras, onde cada uma delas continha uma vogal que era a resposta

correta da seqüência.

A prova de sondagem foi realizada na sala de aula logo após a sessão em que a

Etapa II era encerrada.

Etapa IV - Ensino de habilidade de reconhecimento de letras com (Grupo II) ou sem

(Grupo I) o apoio de tutores colegas através do jogo de bingo.

Esta etapa foi idêntica a Etapa II, envolvendo duas sessões de treino, mas

utilizando como atividade o jogo de bingo, sendo que o Grupo I mais uma vez realizava

a atividade individualmente e no Grupo II as criança eram pareadas (a criança alvo

desse grupo era pareado com um tutor previamente determinado).

Etapa V - Teste de Sondagem 2 (S2) da habilidade acadêmica do reconhecimento

das letras do alfabeto.

20

A segunda prova de sondagem foi idêntica ao primeiro teste de sondagem

realizado na Etapa III.

Etapa VI - Ensino de habilidade de reconhecimento de letras sem (Grupo I) ou com

(Grupo II)o apoio de tutores colegas através do jogo de dominó e bingo.

Esta etapa foi semelhante ao treino das Etapas II e IV. A diferença residiu no

fato que uma sessão foi realizada com a atividade de dominó e a outra com a atividade

de bingo, respectivamente.

Etapa VII - Pós-teste das habilidades acadêmicas de reconhecimento de letras do

alfabeto.

A tarefa de reconhecimento de letras foi retestada com os dois participantes com

necessidades educacionais especiais e com dois dos tutores, que foram os mesmos que

participaram do pré-teste. As provas do pós-teste foram as mesmas utilizadas na Etapa

I.

A partir desta etapa, o experimento teve que ser interrompido no Grupo I, em

função da saída da criança alvo da escola, por motivo de mudança de cidade, e o estudo

continuou sendo conduzido apenas com o Grupo II.

Etapas de VIII a XIII para o Grupo II

As Etapas de VIII a XIII, que foram exclusivas para o Grupo II, e envolveu a

repetição do ciclo das etapas de treino com dominó (2 sessões), terceira prova de

sondagem (S3), treino com bingo (2 sessões), quarta prova de sondagem (S4), treino

com dominó (1 sessão) e bingo (1 sessão) respectivamente e por fim, o último pós-teste

(2).

Os procedimentos foram idênticos aos descritos nas Etapas de II a VII, com a

diferença de que as sessões de treino foram feitas sem a estratégia da tutoria.

As atividades de dominó e bingo de letras foram se alternando durante as etapas

de treino, mas mantiveram-se iguais para as duas escolas. Tanto na fase sem tutoria

quanto na fase com tutoria houve: duas sessões de dominó, duas sessões de bingo de

letras e por fim uma sessão de dominó e uma sessão de bingo de letras.

Em média, foram realizadas duas sessões de treino por semana com cada um

dos grupos, sendo que a coleta de dados teve a duração aproximada de um mês para o

21

Grupo I e aproximadamente dois meses para o Grupo II. O treino de colegas para

ambos os grupos foi efetivado em situação de grupo.

A cada duas sessões a criança alvo foi testada novamente através de sondas, ou

seja, a criança passou pelas provas de identificação e nomeação, porém, com apenas 10

seqüências de letras.

As sessões de treino foram filmadas em vídeo cassete, a fim de possibilitar uma

análise mais aprofundada da interação entre as crianças.

O encaminhamento posterior dos dados obtidos foi feito para as instituições

onde os dados foram coletados.

Procedimento de coleta de dados

O desempenho das crianças, a cada tentativa de treino e de teste, foram

registradas nos respectivos protocolos elaborados para cada fase, tornando possível

calcular a porcentagem de acertos nas provas de pré-teste, que foi realizada antes do

treino, nas provas de sondagem, durante o treino e no pós-teste, após o treino.

A comparação das porcentagens de acertos foi feita para avaliar se havia

variação na proporção de acertos segundo as variáveis: tipo de tarefa (identificação e

nomeação), tipo de participante (crianças com e sem necessidades educacionais

especiais), tipo de treino (com ou sem tutoria) e tipo de atividade de treino (dominó ou

bingo).

As filmagens nas sessões de treino contribuíram para registrar o desempenho

das crianças e possibilitaram uma análise mais aprofundada das sessões filmadas.

Para a análise das sessões filmadas foi utilizado um protocolo um protocolo de

registro baseado em categorias de eventos, adaptado de Mendes (2005). O

preenchimento do protocolo foi baseado num procedimento de amostragem do tempo,

com intervalos de 15 segundos, para registrar a ocorrência das categorias no intervalo

observado, até completar a sessão. O protocolo de observação e registro (ver modelo no

Anexo VI) continha as seguintes categorias de eventos cuja ocorrência deveria ser

registrada:

� Brinquedo Paralelo (BP): criança alvo brinca sozinha em atividade diferente de

outras crianças.

� Brinquedo Interativo (BI): criança alvo brinca com outras crianças usando o

mesmo brinquedo ou na mesma atividade.

� Disputa de Brinquedo (DB): criança alvo disputa um determinado brinquedo

22

com outra criança.

� Ajuda outro criança (AC): criança alvo pára o que está fazendo para ajudar

outra criança, seja quando isso é requisitado ou quando a própria criança se

dispõe espontaneamente a ajudar outra.

� É auxiliada por outra criança (AUX): outros integrantes da sala se dispõe a

ajudar a criança alvo a desempenhar alguma atividade.

� Observação (OBS): criança alvo observa o que os outros fazem, tanto colegas

quanto adultos.

� Inicia Interação com Criança (IIC): criança alvo começa qualquer tipo de ação

em relação a uma criança.

� Inicia Interação com Adulto (IIA): criança alvo começa qualquer tipo de ação

em relação a um adulto.

� Continua Interação Iniciado por Criança (CIIC): criança alvo mantém uma

interação que uma outra criança estabeleceu.

� Continua Interação Iniciado por Adulto (CIIA): criança alvo mantém uma

interação que um adulto estabeleceu.

� Isolamento (I): criança alvo não interage com ninguém, fica sozinha, alheia ao

grupo, sem fazer atividade.

� Agressão (AG): criança alvo é agredida ou agride alguém.

� Engajado na Atividade (EA): criança alvo participa de alguma tarefa dirigida

pela educadora que não esteja relacionada a brincadeira livre.

� Outros: categoria residual para registrar quando a criança apresenta algum

comportamento diferente dos apresentados acima.

O registro no protocolo era feito a cada ocorrência da categoria observada no

intervalo, de modo que a contagem da freqüência dos intervalos registrados para uma

determinada categoria oferece uma estimativa da proporção de tempo despendido para

em cada categoria por sessão.

A Tabela 1 apresenta uma comparação entre a quantidade de visitas às escolas,

das sessões filmadas e do tempo gasto nessas filmagens realizada com os Grupos I e II.

23

Tabela 1. Distribuição dos números estatísticos da coleta de dados quanto a quantidade de visitas às escolas, número de sessões filmadas e a duração das sessões filmadas nos Grupos I e II respectivamente. Grupo I Grupo II Total

Nº de Visitas 19 19 38

Nº de Sessões

Filmadas

7 14 21

Duração Total

das Filmagens*

64 155 219

* Tempo expresso em minutos.

24

Resultados

Os resultados apresentados inicialmente correspondem aos dados quantitativos

sobre o desempenho das crianças nos testes envolvendo as tarefas de identificação e

nomeação de vogais, expressos pela porcentagem de acertos (razão entre as respostas

corretas sobre o número de tentativas do teste). Posteriormente, serão analisados os

dados obtidos através das filmagens.

Desempenho nas tarefas de Nomeação e Identificação de Vogais

A Figura 1 sintetiza os resultados obtidos nas tarefas de reconhecimento e

identificação de vogais do alfabeto, nas sessões de Pré-Teste (Pré), provas de

sondagens após treino (Com e Sem tutoria), variando as atividades com dominó (S1 e

S3) e bingo (S2 e S4) e no Pós-Teste, apresentados pelas crianças com necessidades

educacionais especiais (crianças alvo) e seus colegas, nos dois Grupos (I e II).

A análise dos dados visou a responder as questões:

• Qual foi o efeito do tipo de situação de tarefa (com tutoria x sem tutoria) sobre o

desempenho de reconhecimento e nomeação de vogais?

• O efeito da tutoria afeta igualmente diferentes tipos de tarefas (identificação x

nomeação)?

• O tipo de atividade (dominó x bingo) teve algum efeito sobre o desempenho?

• Qual foi a diferença do desempenho das crianças nos dois grupos? (Grupo I x

Grupo II)

• Houve diferença entre desempenhos das crianças com deficiências e de seus

colegas?

A Figura 1 apresenta a porcentagem de acertos nas tarefas de reconhecimento e

identificação de vogais do alfabeto, nas sessões de Pré-Teste (Pré), provas de

sondagens após treino (com e sem tutoria), com atividades de dominó (S1 e S3) e bingo

(S2 e S4) e no Pós-Testes, apresentados pelas crianças com necessidades educacionais

especiais (criança-alvo) e seus colegas, nos dois Grupos (I e II).

25

Figura 1. Porcentagem de acertos nas tarefas de reconhecimento e identificação de vogais do alfabeto, nas sessões de Pré-Teste (Pré), provas de sondagens após treino (com e sem tutoria), com atividades de dominó (S1 e S3) e bingo (S2 e S4) e no Pós-Testes, apresentados pelas crianças com necessidades educacionais especiais (criança-alvo) e seus colegas, nos dois Grupos (I e II).

0

20

40

60

80

100

Pré S1 S2 Pós

1º 3º 5º 8º

0

20

40

60

80

100

Pré Pós

1º 3º 5º 8º

0

20

40

60

80

100

Pré S1 S2 Pós 1 S3 S4 Pós 2

1º 3º 5º 8º 10º 12º 15º

0

20

40

60

80

100

Pré S1 S2 Pós 1 S3 S4 Pós 2

1º 3º 5º 8º 10º 12º 15º

GRUPO I GRUPO II

C R I A N Ç A S A L V O

C O L E G A S

SEM TUTORIA COM TUTORIA

SEM TUTORIA

SEM TUTORIA SEM TUTORIA

SEM TUTORIA

A B

C D

26

Tomando por base o objetivo do estudo, que foi avaliar o efeito da tutoria de

colegas sobre o desempenho de crianças com necessidades educacionais especiais

(NEEs), pode-se dizer que o treino das atividades realizadas com tutoria (criança alvo do

Grupo I na parte B da figura) produziu evidências de melhora no desempenho tanto nas

tarefas de identificação quanto nas de nomeação, comparando-se exclusivamente os

resultados do pré e pós-teste. Entretanto, os resultados nos testes de sondagem não

confirmam tais evidências, pois nestes a mesma criança apresentou maior proporção de

acertos ao longo do treino sem tutoria.

Comparando-se os dados das duas crianças com NEEs (parte A e B da figura)

percebe-se que a melhora de desempenho foi mais evidenciada na criança que participou

do treino com tutoria.

• Efeito da tutoria sobre os diferentes tipos de tarefas? (identificação x nomeação)

Através dos resultados obtidos com os participantes desta pesquisa é possível

inferir que a tutoria parece afetar mais (positivamente ou negativamente) a tarefa de

identificação, uma vez que as crianças submetidas à tutoria, tiveram uma melhora ou

piora maior nos testes de reconhecimento de letras.

Essa tendência também sofre a influência de outras variáveis diferentes da tutoria,

já que a tendência descrita acima se manteve ainda para o Grupo I, no qual as crianças

realizaram as atividades propostas individualmente.

• Efeito do tipo de atividade utilizada sobre o desempenho? (dominó x bingo)

Outra variável que pode ser isolada neste estudo é o efeito que diferentes tipos de

atividades podem ter sobre o desempenho acadêmico. Quando a atividade de dominó e

bingo são analisadas isoladamente, ou seja, independentemente de estar associada à

tutoria de colegas, observa-se que elas tiveram praticamente a mesma influência sobre o

desempenho das crianças.

Já quando uma dessas atividades é associada à tutoria de colegas, o bingo de letras

mostra-se uma atividade mais efetiva na aprendizagem, uma vez que proporcionou o

aumento no desempenho da criança alvo do Grupo II em ambos os testes, enquanto o

dominó proporcionou o aumento da aprendizagem apenas para a nomeação das letras.

27

• O desempenho das crianças nos dois grupos (Grupo I x Grupo II)

É possível verificar que a houve uma melhora no rendimento acadêmico de ambas

as crianças avaliadas no Grupo I, na tarefa de identificação de letras. Entretanto, na tarefa

de nomeação de letras os dois participantes apresentaram pouco ou nenhum ganho até o

final do treino.

Já no Grupo II, os resultados não foram similares para ambas crianças testadas e

nem similares a ascensão observada no desempenho em identificação do Grupo I. A

criança controle deste grupo apresentou uma queda significativa em seu rendimento,

tanto depois das atividades com tutoria quanto depois do treino sem tutoria. A criança

alvo deste grupo apresentou melhora no seu desempenho após a fase de tutoria de

colegas, mas manteve seu resultado praticamente estável (praticamente o mesmo obtido

no pré-teste) ao final do treino, ou seja, depois da fase sem tutoria.

• Diferença entre desempenhos das crianças com deficiências e de seus colegas

Os resultados podem ser comparados ainda dentro do próprio grupo. No Grupo I é

visível que a criança controle obteve uma melhora mais significativa do que a criança

com NEEs, alcançando um resultado positivo tanto na prova de identificação quanto na

de nomeação. A criança alvo avançou apenas no reconhecimento das letras e permaneceu

estável (não acertando o nome de nenhuma letra) na prova de nomeação.

O Grupo II teve resultado oposto. O colega tutor (criança controle) teve uma

queda no desempenho em ambas as provas, tanto após o treino com ou sem tutoria. A

criança alvo ao contrário, melhorou seu desempenho em ambas as provas e tanto depois

da tutoria quanto depois das atividades sem tutoria, embora alguns desses resultados não

sejam muito significativos.

Análise individualizada dos participantes

A criança alvo do Grupo I não obteve nenhum progresso na nomeação de letras,

não acertando nenhuma resposta desde o início do treino até o final. Já na prova de

identificação, ele permaneceu estável no pré-teste, sondas I e II e teve um aumento de 8%

no número de acertos no pós-teste, ou seja, o sujeito-alvo melhorou apenas o seu

desempenho de reconhecer as vogais.

Por outro lado, seu colega, que serviu como tutor e criança controle, teve

aumento no desempenho do pré para o pós-teste em ambas as provas (Identificação e

28

Nomeação), sendo que seu desempenho foi maior no reconhecimento das letras.

A análise do desempenho da segunda criança-alvo pode ser feita em 3 diferentes

passos: resultados após o treino com tutoria, resultados após o treino sem tutoria e a

comparação entre esses dois tipos de treino.

Observando-se o resultado da criança alvo após o treino com tutoria, pode-se

perceber que ela apresentou uma melhora em ambas as habilidades acadêmicas testadas,

apresentando resultados similares para elas durante as sondas 1 e 2. Entretanto, após o

treino sem tutoria, a criança apresentou um decréscimo no número de acertos na

identificação de letras quando comparada tanto ao pré-teste quanto ao pós-teste 1. Por

outro lado, a criança obteve um aumento no seu rendimento na habilidade de nomear

letras quando comparada ao pré-teste e ao pós-teste 1.

Num último momento, comparando o treino com e sem tutoria, pode-se inferir

que o treino com tutoria proporcionou um aumento mais efetivo nas habilidades que

deveriam ser desenvolvidas por proporcionar um aumento em ambas atividades (o treino

sem tutoria possibilitou uma melhora apenas no reconhecimento de letras).

Em relação ao sujeito-controle que atuou como tutor os dados mostram um

decréscimo significativo ao longo dos testes da Prova de Identificação, indo de 100% de

acertos no pré-teste para 32 % de acertos no seguimento. Com relação à prova de

Nomeação é observado que o sujeito-controle também apresentou um decréscimo no

número de acertos, mas foi bem menor do que na Prova de Identificação, permanecendo

estável do pós-teste 1 para o pós-teste 2.

Análise dos Vídeos

Utilizando a metodologia descrita para a análise das fitas de vídeo, obteve-se os

resultados sintetizados na Figura 2.

Nesta Figura é possível verificar que em ambos os grupos, existe um evento que

se sobressai perante os demais. No caso do Grupo I, o tipo de engajamento que mais se

destaca ao longo de todas as sessões é no Brinquedo Paralelo da crainça co deficiência,

em relação aos colegas. Nas sessões 2 e 5 ocorrem também episódios de observação e na

4a. sessão concorre com o Isolamento. Os eventos vão se diversificar inteiramente apenas

na última sessão de treino, onde a criança com deficiência vai se engajar em mais

atividades.

29

Figura 2. Proporção acumulada de intervalos de tempo (15 segundos) ao longo das sessões nos quais foram observados as crianças alvo dos Grupos I e II nas etapas com e sem tutoria, engajados nas atividades de brinquedo paralelo (BP) brinquedo isolado (BI) disputa de brinquedos (DB), auxiliando outra criança (AC), sendo auxiliada por outra criança (AUX), observando (OBS) iniciando interação com colegas (IIA) ou adultos (IIC), mantendo interação inciada por colegas (CIIA) ou adultos (CIIC) isolada (I) em episódios de agressão a outros (AG), atividade acadêmica (EA) e Outros.

0250500750

10001250150017502000

2ª 3ª 4ª 5ª

Sessão

de In

terv

alos

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

1º 2º 4º 5º 6º

Sessão

de In

terv

alos

GRUPO II- COM TUTORIA

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

1º 2º 3º 4º 5º 6º

Sessão

de In

terv

alo

BP BI DB AC AUX OBS IIAIIC CIA CIC I A EA OUT

GRUPO II- SEM TUTORIA

GRUPO I-SEM TUTORIA

30

O tempo despedido para outros comportamentos, foi gasto pela criança alvo para

auto-estimulação e choro. O tempo de gravação é maior do que o tempo de análise das

fitas porque a criança alvo passava muito tempo fora da roda principal, onde estavam

sendo realizadas as atividades.

Já a criança alvo do Grupo II teve a Observação como a categoria mais freqüente

e que se sobressaiu sobre os demais em todas as sessões. Outros eventos salientes ainda

foram o Brinquedo Interativo, a Continuidade de Interação com outra Criança e o

Engajamento na Atividade durante a fase de treino com tutoria; e o Brinquedo Interativo e

o Engajamento na Atividade na fase de treino sem tutoria.

É importante notar também que os comportamentos apresentados pela criança

alvo do Grupo II foram mais diversificados na fase com tutoria, ou seja, enquanto a

criança recebia apoio de um colega tutor para a realização da tarefa. Durante a fase sem

tutoria é visível também que comportamentos que dependem de um contato maior, como

a agressividade ou a disputa de brinquedo, deixaram de existir ao longo das sessões.

Outros comportamentos correspondem aqui a esconder a cabeça debaixo da mesa.

Poucos momentos deixaram de ser observados por a criança estar afastada da roda onde

se desenvolvia a brincadeira.

É notável também que tanto a criança alvo do Grupo I quanto a do Grupo II

iniciam ou continuam mais interação com uma outra criança do que com um adulto, com

exceção de quando a criança do Grupo II encontrou-se na situação de treino sem o apoio

da tutoria. Nesse caso, ela interagiu mais com os adultos que estavam próximos.

31

Conclusão e Discussão

Durante toda a fase de coleta de dados, e posteriormente na análise dos resultados

obtidos, foi possível verificar que a criança com necessidades educacionais especiais do

Grupo I apresentou uma melhora no rendimento acadêmico, mesmo não tendo passado

pela tutoria de colegas. Isto mostra que há outros fatores favoráveis agindo sobre o

desempenho escolar das crianças. O mesmo pode ser inferido para o sujeito-controle

desse grupo.

No Grupo II, pode-se dizer que a tutoria de colegas contribuiu para o aumento do

rendimento acadêmico da criança com necessidades educacionais especiais, tanto no

reconhecimento quanto na nomeação de letras, embora elas tenham melhorado

significativamente mais na identificação das letras, porque muito provavelmente esta é

uma tarefa de mais fácil aquisição para o nível de desenvolvimento das crianças de

pré-escola.

Um fato interessante aconteceu com o sujeito-controle do Grupo II que

apresentou um decréscimo gradual no seu desempenho acadêmico (tanto nas atividades

sem tutoria, quanto nas atividades com tutoria). Diante desse dado é possível inferir que a

tutoria pode não ser tão útil para determinadas pessoas e assim como existem fatores

favoráveis ao desenvolvimento acadêmico, existem fatores desfavoráveis, capazes de

diminuir o desempenho de uma criança.

Diante do desempenho desses quatro estudantes avaliados, foi possível verificar

que o tema merece ainda muita pesquisa para aprofundar o estudo das variáveis positivas

e negativas que influenciam na aprendizagem, e que uma análise qualitativa desses dados

quantitativos poderia contribuir para a descoberta dessas variáveis.

A análise das fitas permitiu verificar que as atividades desenvolvidas durante a

fase de treino (dominó e bingo) aumentaram gradativamente o repertório de resposta de

ambas as crianças com deficiência. E quanto o repertório é comparado com a fase com

tutoria e com a fase sem tutoria, pode-se observar que o repertório da criança é muito

mais diversificado na fase com tutoria.

Além disso, na fase com tutoria, a criança alvo apresenta intervalos de tempo,

com comportamentos mais adaptativos e socialmente desejáveis, do que na fase sem

tutoria. Outra variável importante que pode ser considerada diz respeito ao tempo de

repetição das atividades no engajamento da criança em comportamentos não aceitos

socialmente, ou seja, foram nas últimas sessões da fase de intervenção que cessaram

32

comportamentos como o de agressão.

Os comportamentos que mais se salientaram ao longo das sessões de treino são

salientes também em outros estudos com análises desses tipos e, podem dizer respeito a

fuga e/ou esquiva de situações aversivas (principalmente brincadeiras paralelas ou

isolamento), que foi o caso da criança controle do Grupo I que fugia de situações nas

quais deveria trabalhar em grupo ou mesmo de observação de situações novas, como

parece ser o caso da criança alvo do Grupo II.

Alguns pontos ainda devem ser levantados para a compreensão desses dados. O

primeiro deles é a habituação das crianças ao experimentador e aos testes. Foi bem visível

o aumento do engajamento do pré-teste para o pós-teste, e a facilidade que a

experimentadora teve ao obter as respostas das crianças no final da intervenção. Isto pode

ser verificado pela observação das sessões de pré e pós-teste que foram gravadas em

vídeo.

O grande tamanho dos testes (50 seqüências de letras no pré e pós-teste e no

seguimento) também pode ter interferido nos resultados, pois a variável fadiga pode ter

influído diretamente no resultado dos testes. Segundo Newcombe (1999), as crianças

melhoram a sua capacidade de controlar o emprego da atenção, de “decidir” sobre o que

elas vão prestar atenção com o passar dos anos. Depois, os padrões de atenção das

crianças se tornam mais adaptáveis às situações.

Além disso, deve-se considerar também a existência de uma variável que pode ter

influído na resposta de uma criança para a outra ou para a mesma criança em testes

diferentes. Essa variável é referente a diferentes estratégias reforçadoras e motivacionais

utilizadas para engajar as crianças nos testes e fazer com que elas chegassem ao final das

seqüências.

Isto pode ser exemplificado quando a experimentadora pedia para a criança pegar

a carta na mão e não apenas para apontar a carta ou então quando pedia à criança que

apontasse a carta para o cinegrafista com o qual possuía vínculo ou para a câmera,

dizendo que ela iria aparecer na TV. Cada uma dessas estratégias, entre muitas outras

usadas, eram utilizadas de acordo com as necessidades do momento e da criança.

A motivação das próprias crianças também pode variar, pois assim como as

capacidades intelectuais, a motivação e o comportamento voltado para o bom

aproveitamento variam com diferentes tarefas e em diferentes situações (NEWCOMBE,

1999). Segundo a autora ainda, esses níveis de motivação podem variar ainda de um

assunto para outro ou de um período para o próximo.

33

A presença da professora na sala de aula, principalmente perto dos alunos que

estavam sendo testados, também é um ponto significativo que deve ser levado em conta

durante os testes. Isto foi totalmente perceptível um dia em que a professora ficou ao lado

da experimentadora em um pós-teste e a criança antes de responder o que lhe era

perguntado, olhava para a professora e esperava qualquer manifestação dela para então

responder.

A dificuldade de linguagem de uma das crianças alvo também deve ser

considerada, pois as respostas para as provas de nomeação as quais foi submetida foram

anotadas de acordo com a compreensão da experimentadora.

Ao considerar a fase de intervenção deve-se ponderar alguns pontos que podem

ter influído direta ou indiretamente nos resultados da pesquisa, podendo dessa forma,

melhorar os erros e enfatizar aquilo que deu certo.

Este é o caso de reforçadores mais efetivos que as atividades propostas como a

presença de caixas coloridas e materiais da própria sala de aula. Durante as sextas-feiras

era muito difícil realizar as atividades, pois era o dia do brinquedo em ambas as escolas

onde os dados foram coletados, e as crianças podiam levar para a sala de aula seus

brinquedos favoritos.

Era muito difícil também desenvolver a atividade dentro da sala de aula depois

que a professora dava a atividade que ela propunha para a aula, pois as atividades dela

funcionavam como estímulos discriminativos para a hora de saída para o parquinho.

O melhor desempenho de uma das crianças com deficiência, em comparação com

a outra pode ser explicada pelo fato de que a criança que teve o melhor desempenho

freqüentava também uma escola de educação especial e a escola onde os dados foram

coletas serviam, segundo relato da escola, apenas para promover a socialização dela com

crianças típicas.

Além disso, Almqvist e Granlund (2005) afirmam que a análise de alguns estudos

com crianças com e sem deficiências relatam poucos momentos de interação em termos

iguais:

“Freqüentemente, crianças sem deficiências têm um

domínio de regras com as crianças com deficiências, atuando

mais passivamente na resposta as regras de discurso. Em termos

de processos próximos, este fato deixa uma lacuna de

reciprocidade na interação, que também afeta a qualidade e taxa

de desenvolvimento das crianças em diferentes áreas, tanto

34

social como academicamente” pp. 306

Um fato que vai contra aquilo que é encontrado na literatura é o resultado obtido

pelo sujeito-controle do Grupo II, que teve um decréscimo no rendimento tanto depois da

fase de tutoria como depois da fase sem tutoria. Macmaster, Fuchs e Fuchs (2002)

explicam este fato:

“Embora existam evidências empíricas que sustentem que o uso

de tutoria de colegas melhore o rendimento dos estudantes,

pesquisas ainda são necessárias para determinar as condições

sob as quais a tutoria de colegas é mais efetiva e comparar a

tutoria de colegas com outras intervenções já validadas

empiricamente” pp. 235-236

A forma como a intervenção foi feita também deve ser questionada. Quiocho

(2002) foi conseguir apenas uma intervenção efetiva para o seu trabalho de tutoria quando

começou a se questionar sobre suas lições: eu considero os pré-requisitos das habilidades

das crianças? Eu tenho esclarecido os objetivos acadêmicos para a lição? Eu estou

monitorando suficientemente? Os estudantes entendem como as regras foram

relacionadas com as habilidades sociais e tudo foi relatado trabalhando cooperativamente

para realizar a tarefa determinada? Os estudantes entenderam o critério para o sucesso?

Assim, talvez uma intervenção mais longa para que todas essas, entre outras questões

pudessem ser avaliadas poderiam resultar num melhor rendimento das crianças.

O trabalho em grupo para crianças que estão iniciando a sua vida em sociedade

(ampliando as sociedades das quais fazem parte para além da família) também é uma

barreira a ser vencida. Dessa forma é necessário “suporte e encorajamento para conseguir

além de suas qualidades individuais” (SAPON-SHEVIN, AYRES e DUNCAN, 2002).

O estudo teve como temática a avaliação de estratégias para favorecer a inclusão

escolar de crianças com necessidades educacionais especiais em pré-escolas. O estudo

desenvolvido em ambiente natural investigou uma estratégia relevante considerando-se

todos os desafios impostos para os sistemas educacionais brasileiros na atualidade

(federal, estadual, municipal e privado), tendo em vista a adoção de políticas direcionadas

para a inclusão escolar.

O presente estudo representou uma primeira aproximação à idéia de investigar as

possibilidades de cooperação de colegas para favorecer a participação nas tarefas em sala

de aula. Este tema também não é investigado no país, e principalmente utilizando a

metodologia experimental, que foi adotada na tentativa de produzir algum avanço na

35

produção do conhecimento sobre a efetividade desta estratégia na realidade de nossas

escolas.

Por ser este estudo experimental, e ainda de natureza exploratória, tivemos que

reduzir o número de participantes, em função do custo das várias sessões semanais, a fim

de desenvolver procedimentos. Isto possibilitou a construção de material, tecnologia e

habilidades que nos permitiriam replicar com maior facilidade um estudo futuro, a fim de

poder avaliar os efeitos do apoio do colega à criança com deficiência. Infelizmente, em

função da mudança de cidade de um dos participantes alvo, não foi possível desenvolver

o estudo de acordo com o plano original que envolvia um maior número de etapas,

incluindo a introdução de treino com tutoria numa segunda etapa, para os participantes do

Grupo I.

As dificuldades decorrentes do absenteísmo dos participantes e o reduzido

cronograma para o desenvolvimento do estudo também impediram a possibilidade de

prolongar o tempo de treino, e a quantidade oferecida parece ainda ter sido insuficiente

para promover a aquisição das habilidades de nomeação e identificação, embora se

perceba que houve ganhos para alguns participantes, e ainda que eles correram

principalmente na tarefa de identificação, que provavelmente estaria mais ao nível do

desenvolvimento cognitivo e da linguagem das crianças nesta faixa etária.

Em relação às duas tarefas selecionadas, que são acadêmicas e voltadas para as

habilidades de leitura, embora haja uma controvérsia a respeito da função da educação

infantil e muitos acadêmicos possam ser contrários a introdução de atividades acadêmicas

neste nível de ensino, caberia justificar que a escolha intencional da tarefa relacionada à

alfabetização porque, para avaliar se a tutoria funciona ou não, seria necessário lançar

mão de uma tarefa considerada difícil. Assim, a aprendizagem da leitura representa um

razoável desafio para muitos professores e suas crianças.

Além disso, caberia ressaltar que a opinião sobre tarefas acadêmicas no currículo

da Educação Infantil não é consensual na área, são tarefas corriqueiras na prática

pedagógica das turmas de pré-escolas municipais, e o estudo em todos os aspectos foi

discutido com a secretaria da educação, com diretores, professores e pais que

concordaram e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Adicionalmente,

cumpre destacar que respeitando a faixa etária das crianças, as tarefas, embora

reconhecidamente acadêmicas, foram desenvolvidas através de atividades lúdicas

(dominó para ensinar pareamento de palavras e o jogo de bingo para ensinar o

reconhecimento de letras).

36

Os resultados obtidos em termos de desempenho nas tarefas selecionadas se

mostram modestos e ainda não nos permite atingir os objetivos de avaliar as

possibilidades de estratégia da tutoria de colegas para favorecer a inclusão escolar de

crianças com deficiências, principalmente porque foram coletados apenas os resultados

de duas díades.

Entretanto, para além dos dados quantitativos, a estratégia de tutoria pode

favorecer a interação entre as crianças e estudos qualitativos, tomando como base as

sessões videogravadas, deverão permitir a análise de outros possíveis efeitos do treino

com diferentes estratégias sobre as habilidades sociais e interação entre colegas.

37

7. Referencias Bibliográficas

ABRAMOWICZ, A.; ROCHA, M. J. S. & CUNHA, I. A. M. O desenvolvimento das crianças de três a seis anos. In M. S. PALHARES & S. C. F. MARINS. Escola Inclusiva. São Carlos: EdUFSCar, 2002. p. 237-249. ALMQVIST, L. & GRANLUND, M. Participation in school environment of chilren and youth writ disabilities: a personh-oriented approach. Scandinavian Journal of Psycholu]ogy, nº 46. P. 205-314, 2005. ARANHA, M. S. F. Projeto Escola Viva – Garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola – Alunos com necessidades educacionais especiais. Brasília: Ministério da Educação, Secretária de Educação Especial, 2000. BRASIL / MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Lei n. 9.394. de dezembro de 1996. Lei que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília/DF, 1996. BUENO, J. G. S. A inclusão de alunos deficientes nas classes comuns do ensino regular. Temas sobre Desenvolvimento, v. 9, n. 54. São Paulo, 2001. p. 21-27. BURLINGAME INTERMEDIATE SCHOOL. Disponível on-line no site http://www.bsd.k12.ca.us/bis/PeerTutoring.htm. Capturado em janeiro de 2005. CENTER FOR EFFECTIVE COLLABORATION AND PRATICE . Disponível on-line no site http://cecp.air.org/familybriefs/docs/PeerTutoring.pdf. Capturado em março de 2005. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA E LINHA DE AÇÃO SOBRE NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS. Trad.: Cunha, E. A., 2.ed. Brasília: Corde, 1997. ENGLISH, K., GOLDSTEIN, H., SHAFER, K. & KACZMAREK, L. Promoting interactions among preschoolers with and without disabilities: effects of a buddy skills-training program. Exceptional Children, v.63, n. 2, p. 229-243, winter 1997. ERWIN, E. J. & SCHREIBER, R. Creating supports for young children with disabilities in natural environments. Early Childhood Education Journal, v. 26, n. 3, p. 167-170, 1999. FARMER, T. W. & FARMER, E. M. Z. Social relationships of students with exceptionalities in mainstream classroms: social networks and homophily. Exceptional Children, 62, 431-450, 1996. FULK, B. M. & KING, K. Classwide peer tutoring at work. Teaching Exceptional Children , Vol. 34, No. 2, p. 49-53. 2001. FREDRICKSON, N. & TURNER, J. Utilizing the classroom peer group to adress children´s social needs: an evaluation of the circle of friends intervention approach. The Journal of Special Education, 36(4), 234-245, 2003.

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39

NEWCOMBE, N. Inteligência e Desempenho. In N. NEWCOMBE. Desenvovimento Infatil: abordagem de Mussen. 8a. Ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. p. 270-305. NORTH CENTRAL REGIONAL EDUCATION LABORATORY. Disponível on-line no site http://www.ncrel.org/sdrs/areas/issues/students/atrisk/at6lk20.htm. Capturado em julho de 2004. PAVRI, S. & MONDA-AMAYA, L. Social support in inclusive schools: student and teacher perspectives. Exceptional Children, 67(3), p. 391-411, 2001. QUIOCHO, A. M. L. Cooperative groups learning as a form of creativity. In J. S. THOUSAND, R. A. VILLA & A. I. NEVIN (Eds.). Creativity and Collaborative Learning: The Pratical Guide to Empowering Students, Teachers and Families. 2. Ed. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co, 2002. p. 105-109. SAPON-SHEVIN, M.; AYRES, B. J. & DUNCAN, J. Cooperative Learning and Inclusion. In J. S. THOUSAND, R. A. VILLA & A. I. NEVIN (Eds.). Creativity and Collaborative Learning: The Pratical Guide to Empowering Students, Teachers and Families. 2. Ed. Baltimore: Paul H. Brookes Publishing Co, 2002. p. 209-221. STRULLY, J. L. & STRULLY, C. As amizades como um objetivo educacional: o que aprendemos e para onde caminhamos. In S. STAINBACK & W. STAINBACK. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. Cap. 9, p. 169-183. VILLA, R.A. & THOUSAND, J. S. Colaboração dos alunos: um elemento essencial para a elaboração dos currículos no século XXI. In S. STAINBACK & W. STAINBACK. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. Cap.11.

40

Anexo I

COLOCAR AQUI A FOTO DOS INSTUMENTOS

41

Anexo II

42

Anexo III

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO

(Via dos educadores)

Eu,____________________________________________________,professor(a) da escola _____________________________________________, concordo em participar da pesquisa “O EFEITO DA TUTORIA DE COLEGAS SOBRE O DESEMPENHO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS EM CLASSES INCLUSIVAS” que tem como objetivo investigar o efeito da estratégia de utilização de tutores colegas como apoio para crianças com necessidades especiais em contextos inclusivos de sala de aula, envolvendo tarefas acadêmicas.

Minha colaboração se dará através da concordância em me disponibilizar para participar ativamente do estudo, que envolverá visitas regulares da estudante do curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, sob a orientação da Profa. Dra. Enicéia Gonçalves Mendes, para coletar os dados para o estudo.

Fui informada que: a) receberei semanalmente a visita da estudante que fará sessões de observação participante em minha turma; b) que entre os critérios para participação do estudo encontra-se a minha anuência bem como dos pais ou responsáveis pelas crianças; e c) que o tempo previsto para a realização de coleta de dados será de março de 2005 a dezembro de 2005.

Estou ciente também que tenho a total liberdade para recusar em participar da pesquisa, retirando meu consentimento a qualquer momento, se assim eu desejar, e concordo, também, com a divulgação dos resultados provenientes da pesquisa, sendo resguardado o direito de sigilo à identidade institucional e pessoal dos envolvidos. A pesquisadora responsável garantiu-me que será mantido o anonimato quanto as informações pessoais, e que se houver ainda alguma dúvida poderei pedir esclarecimentos a qualquer momento. Quanto à divulgação dos resultados provenientes da pesquisa, e sendo resguardado o direito de sigilo à identidade pessoal, dou o seguinte manifesto em relação a veiculação de fotos e filmagens contendo situações envolvendo minha pessoa. ( ) Concordo ( ) Discordo __________________________ ____________________________

Assinatura do Professor (a) Profa Dra Enicéia Gonçalves Mendes

Orientadora da pesquisa

São Carlos, _______ , de _____________________________ , de 2005.

Informações para contato: e-mail: [email protected]

Telefones: 16-3371-7951 (residência)

16-3351-8361 (Depto de Psicologia/UFSCar)

16-3351-8110 (PPG-EES- UFSCar)

43

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO

(Via dos pais ou responsáveis)

Eu, ________________________________________________________ pai, (ou responsável) pelo aluno (a) __________________________________________ matriculado na escola ______________________________________, concordo com a participação de minha criança no pesquisa “O EFEITO DA TUTORIA DE COLEGAS SOBRE O DESEMPENHO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS EM CL ASSES INCLUSIVAS” que tem como objetivo investigar o efeito da estratégia de utilização de tutores colegas como apoio para crianças com necessidades especiais em contextos inclusivos de sala de aula, envolvendo tarefas acadêmicas.

Fui informado que durante todo o ano de 2005, a turma na qual minha criança está inserida na escola será observada pela estudante, sendo que concordo que meu filho (a) participe desta pesquisa.

Estou ciente também que tenho a total liberdade para recusar em participar da pesquisa, retirando meu consentimento a qualquer momento, se assim eu desejar, e concordo, também, com a divulgação dos resultados provenientes da pesquisa, sendo resguardado o direito de sigilo à identidade dos envolvidos.

A pesquisadora responsável garantiu-me que será mantido o anonimato quanto as informações pessoais, e que se houver ainda alguma dúvida poderei pedir esclarecimentos a qualquer momento. Quanto a divulgação dos resultados provenientes da pesquisa, e sendo resguardado o direito de sigilo à identidade pessoal, dou o seguinte manifesto em relação a veiculação de fotos e filmagens contendo situações envolvendo a criança sob minha responsabilidade. ( ) Concordo ( ) Discordo

__________________________ ____________________________

Assinatura do Professor (a) Profa Dra Enicéia Gonçalves Mendes

Orientadora da pesquisa

São Carlos, _______ , de _____________________________ , de 2005.

Informações para contato: e-mail: [email protected]

Telefones: 16-3371-7951 (residência)

16-3351-8361 (Depto de Psicologia/UFSCar)

16-3351-8110 (PPG-EES- UFSCar)

44

Anexo IV

Nome: ----------------------------------------------------------------- Idade: ------------------- EMEI: ------------------------------------------------------------------Data: -------------------

PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – PRÉ-TESTE

IDENTIFICAÇÃO Seqüência Resposta 1 A V S L P 2 V A P S L 3 P S A LV 4 L P V A S 5 S L P V A 6 E H C Z M 7 C E M H Z 8 M C E Z H 9 H M Z E C 10 Z H M C E 11 I T D X Q 12 X I Q D T 13 Q X I T D 14 D Q X I T 15 T D Q X I 16 O B G N R 17 N O B R G 18 B R O N G 19 G N B OR 20 R B G N O 21 U F J P M 22 P U F M J 23 M P U J F 24 F J M U P 25 J M F P U

Nº de Acertos % de Acertos

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta 1 A V S L P 2 V A P S L 3 P S A LV 4 L P V A S 5 S L P V A 6 E H C Z M 7 C E M H Z 8 M C E Z H 9 H M Z E C 10 Z H M C E 11 I T D X Q 12 X I Q D T 13 Q X I T D 14 D Q X I T 15 T D Q X I 16 O B G N R 17 N O B R G 18 B R O N G 19 G N B OR 20 R B G N O 21 U F J P M 22 P U F M J 23 M P U J F 24 F J M U P 25 J M F P U

Nº de Acertos % de Acertos

45

Nome: --------------------------------------------------------------------- Idade: ------------------- EMEI: ----------------------------------------------------------------------Data: --------------------

PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – PÓS-TESTE 1

IDENTIFICAÇÃO

Seqüência Resposta 1 A V S L P 2 V A P S L 3 P S A LV 4 L P V A S 5 S L P V A 6 E H C Z M 7 C E M H Z 8 M C E Z H 9 H M Z E C 10 Z H M C E 11 I T D X Q 12 X I Q D T 13 Q X I T D 14 D Q X I T 15 T D Q X I 16 O B G N R 17 N O B R G 18 B R O N G 19 G N B OR 20 R B G N O 21 U F J P M 22 P U F M J 23 M P U J F 24 F J M U P 25 J M F P U

Nº de Acertos % de Acertos

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta 1 A V S L P 2 V A P S L 3 P S A LV 4 L P V A S 5 S L P V A 6 E H C Z M 7 C E M H Z 8 M C E Z H 9 H M Z E C 10 Z H M C E 11 I T D X Q 12 X I Q D T 13 Q X I T D 14 D Q X I T 15 T D Q X I 16 O B G N R 17 N O B R G 18 B R O N G 19 G N B OR 20 R B G N O 21 U F J P M 22 P U F M J 23 M P U J F 24 F J M U P 25 J M F P U

Nº de Acertos % de Acertos

46

Nome: --------------------------------------------------------------------- Idade: ------------------- EMEI: ----------------------------------------------------------------------Data: --------------------

PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – PÓS-TESTE 2

IDENTIFICAÇÃO Seqüência Resposta 1 A V S L P 2 V A P S L 3 P S A LV 4 L P V A S 5 S L P V A 6 E H C Z M 7 C E M H Z 8 M C E Z H 9 H M Z E C 10 Z H M C E 11 I T D X Q 12 X I Q D T 13 Q X I T D 14 D Q X I T 15 T D Q X I 16 O B G N R 17 N O B R G 18 B R O N G 19 G N B OR 20 R B G N O 21 U F J P M 22 P U F M J 23 M P U J F 24 F J M U P 25 J M F P U

Nº de Acertos % de Acertos

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta 1 A V S L P 2 V A P S L 3 P S A LV 4 L P V A S 5 S L P V A 6 E H C Z M 7 C E M H Z 8 M C E Z H 9 H M Z E C 10 Z H M C E 11 I T D X Q 12 X I Q D T 13 Q X I T D 14 D Q X I T 15 T D Q X I 16 O B G N R 17 N O B R G 18 B R O N G 19 G N B OR 20 R B G N O 21 U F J P M 22 P U F M J 23 M P U J F 24 F J M U P 25 J M F P U

Nº de Acertos % de Acertos

47

Anexo V

Nome da Criança: _______________________________________________________ EMEI: ________________________________________________________________

PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO – TESTE DE SONDAGEM

Teste de Sondagem 1 Data: ( ) sem tutoria ( ) com tutoria

IDENTIFICAÇÃO Seqüência Resposta A V S L P E H C Z M I T D X Q O B G N R U F J P M

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta P S A L V M C E Z H Q X I T D B R O N G M P U J F

Teste de Sondagem 2 Data: ( ) sem tutoria ( ) com tutoria

IDENTIFICAÇÃO Seqüência Resposta V A P S L C E M H Z X I Q D T N O B R G P U F M J

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta L P V A S H M Z E C D Q X I T G N B O R F J M U P

48

Teste de Sondagem 3 Data: ( ) sem tutoria ( ) com tutoria

IDENTIFICAÇÃO Seqüência Resposta A V S L P E H C Z M I T D X Q O B G N R U F J P M

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta P S A L V M C E Z H Q X I T D B R O N G M P U J F

Teste de Sondagem 4 Data: ( ) sem tutoria ( ) com tutoria

IDENTIFICAÇÃO Seqüência Resposta V A P S L C E M H Z X I Q D T N O B R G P U F M J

NOMEAÇÃO Seqüência Resposta L P V A S H M Z E C D Q X I T G N B O R F J M U P

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Anexo VI

PROTOCOLO DE OBSERVAÇÃO E REGISTRO PARA VÍDEOGRAVAÇÃO

Data: Sessão: Horário de Início: Horário de Término:

Criança alvo: Sexo: Idade: Professora Nível Atividade BP BI DB AC AUX OBS IIC IIA CIIC CIIA I AG EA Outros Observações 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Legenda: BP: Brinquedo Paralelo BI: Brinquedo Interativo DB: Disputa de Brinquedo AC: Ajuda outra criança AUX: É aujdada por outra criança OBS: Observa

IIC: Inicia interação com outra criança IIA: Inicia interação com um adulto CIIC: Continua interação iniciada por outra criança CIIA: Continua interação iniciada por um adulto

I: Isolamento AG: Agressão EA: Engajado na atividade

50

26