o estado da arte da produÇÃo acadÉmica sobre … · dificuldade encontrada para realizar este...
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IX ENCONTRO DA ABCP
Segurança Pública e Segurança Nacional
O ESTADO DA ARTE DA PRODUÇÃO ACADÉMICA SOBRE SEGURANÇA PÚBLICA: A
CIÊNCIA POLÍTICA BRASILEIRA EM FOCO
Gabriela Ribeiro Cardoso (UFFS)
Erni José Seibel (UFSC)
Felipe Mattos Monteiro (UFFS)
Brasília, DF 04 a 07 de agosto de 2014
2
O estado da arte da produção acadêmica sobre segurança pública: a ciência política
brasileira em foco
Gabriela Ribeiro Cardoso1
Erni José Seibel2
Felipe Mattos Monteiro3
Resumo do trabalho: A segurança pública vem adquirindo cada vez mais relevância enquanto área de conhecimento, principalmente no debate acadêmico. Nossa preocupação neste artigo tem duas orientações básicas. A primeira é compreender a segurança pública como um campo epistêmico em formação que, no seu desenvolvimento recente revela a constituição de uma densidade conceitual, convergências teóricas e afinidades metodológicas. Em segundo lugar a ênfase da questão segurança pública associada às políticas públicas, seja nas suas proposições, seja na sua avaliação. Assim sendo, o artigo enfoca na análise da produção científica brasileira (teses e dissertações) sobre segurança pública, com destaque especial para os trabalhos produzidos no âmbito da ciência política brasileira e a relação destes com o debate sobre políticas públicas e o institucionalismo. Por fim, destacamos que mapear o estado da arte da literatura ou produção acadêmica sobre um campo temático é, ou deveria ser, uma tarefa constante de pesquisa. Palavras-chave: Segurança Pública; Políticas Públicas; Ciência Política.
1 Mestra em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Técnica em Assuntos Educacionais pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). 2 Doutor pela Universidade Livre de Berlim e Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 3 Mestre em Sociologia Política pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
3
1. Introdução
Resgatar o estado da arte da literatura ou produção acadêmica sobre um campo
temático é, ou deveria ser, uma tarefa constante de pesquisa. O avanço das tecnologias
informacionais nas últimas décadas e o indiscutível aumento da produção científica tornam
esta tarefa ainda mais necessária. Hoje a oferta e o acesso às informações e publicações de
toda ordem é uma possibilidade bem mais concreta, comparada às duas décadas atrás.
O campo da Segurança Pública vem adquirindo cada vez mais relevância enquanto
área de conhecimento, principalmente no debate acadêmico, em função de vários fatores
como: a) a emergência do fenômeno da violência urbana nas duas últimas décadas; b)
comparativamente a outros campos onde as políticas públicas já estão institucionalizadas,
como educação e saúde, o campo da segurança pública é ainda um vir a ser, se
considerarmos os projetos a partir da década de 2000 (SUSP e PRONASCI); c) igualmente
a questão institucional é um grande dilema do campo da segurança pública, necessitando
ainda de grande esforço de pesquisa.
A preocupação de pesquisadores vinculados aos debates sobre violência e
segurança pública tem refletido a necessidade de identificar, compreender e associar as
várias áreas de conhecimento. No âmbito do universo acadêmico, a questão da segurança
pública tem se tornado objeto de preocupação da área de Ciências Sociais através de
formação de núcleos e observatórios de pesquisa; na ampliação e dimensão dos GT´s nos
eventos acadêmicos (ANPOCS, SBS, ABCP); além do próprio aumento de produção
acadêmica na forma de dissertações, teses, artigos e publicação de livros.
No que se refere aos estudos da área da violência, destacamos quatro balanços da
literatura que se dedicaram à produção acadêmica brasileira, que são: Zaluar (1999), Kant
de Lima, Misse e Miranda (2000), Adorno e Barreira (2010) e Lima e Neme (2011). Em
linhas gerais, tais obras realizaram um grande esforço para mapear as tendências
temáticas, teóricas, e, enfocaram principalmente no período compreendido entre 1970 a
2000, sendo que Lima e Neme abrangem trabalhos até 2006. Destacamos ainda que estes
balanços da literatura têm dado foco às pesquisas na área da violência, deixando em
segundo plano a segurança pública. Neste sentido, argumentamos neste artigo a relevância
de mapear a constituição do campo da segurança pública, por considerar que o cenário
atual é diferenciado, especialmente pela visibilidade política da temática.
A questão da Segurança Pública e as temáticas e ela inerentes como violência, sistema
prisional, instituições policiais e, principalmente políticas públicas/ avaliação de políticas de
segurança tem objeto de pesquisa e de trabalhos acadêmicos de diferentes áreas de
conhecimento (Direito, Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Psicologia e Economia).
4
Nossa preocupação neste artigo tem duas orientações básicas. A primeira é
compreender a segurança pública como um campo epistêmico em formação que, no seu
desenvolvimento recente revela a constituição de uma densidade conceitual, convergências
teóricas e afinidades metodológicas. Em segundo lugar a ênfase da questão Segurança
Pública associada às Políticas Públicas, seja nas suas proposições, seja na sua avaliação.
Assim sendo, o artigo enfoca na análise da produção científica brasileira sobre segurança
pública, com destaque especial para os trabalhos produzidos no âmbito da Ciência Política e
a relação destes com o debate sobre políticas públicas e o institucionalismo.
A questão metodológica assume aqui uma importância vital, dado que se pretende
abranger todas as publicações (teses e dissertações) que tenham como referência principal
a segurança pública como palavra-chave. Assim, a metodologia está estruturada em duas
dimensões: a primeira dimensão é essencialmente empírica, pois se trata de identificar,
capturar, organizar e classificar os dados referentes às produções acadêmicas. A partir do
Portal da Capes, foram identificadas as teses e dissertações e montado o banco de dados
pelos resumos dos trabalhos. Nos trabalhos da ciência política, realizamos uma análise mais
aprofundada, observando os temas, conceitos e metodologias empregadas.
As teses e dissertações desempenham um papel importante, pois contribuem para a
publicização de temáticas emergentes conferindo às mesmas um status público. Neste
sentido, a análise das teses e dissertações considerará a dimensão metodológica dos
trabalhos nos seguintes aspectos: metodologia quantitativa (análise descritiva e/ou
inferencial), qualitativa; a abrangência da análise (municipal, regional, estadual, nacional e
internacional). O artigo está estruturado em três partes principais: caracterização geral da
produção de teses e dissertações no Brasil de 2000 a 2012; análise das teses e
dissertações produzidas no âmbito da ciência política e por fim as considerações finais.
2) Caracterização geral das teses e dissertações
Nesta segunda parte do artigo sistematizamos os dados gerais sobre as 264 teses e
dissertações analisadas. Deste modo, as informações são organizadas nas seguintes
dimensões: número de trabalhos por regiões e estados; as áreas de conhecimento que mais
se destacaram no debate; metodologia quantitativa ou qualitativa, bem como as suas
especificidades, ou seja, as técnicas utilizadas; regiões, estados e cidades que foram objeto
de estudo das dissertações e teses.
Assim sendo, foram selecionados os trabalhos que continham em suas palavras-chave
o termo “segurança pública”. Destacamos que o filtro por “segurança pública” encontra
respaldo na ausência deste tipo de busca mais específica em outros levantamentos
bibliográficos, os quais possuem uma amplitude temática maior, enfocando principalmente
na questão da violência
12,5% da produção sobre o tema
dificuldade encontrada para realizar este trabalho refere
banco de teses e dissertações do portal da capes
trabalhos de 2011 e 2012 para consulta. Por isto, necessitamos demandar ao portal de
atendimento do banco de teses os trabalhos referentes ao período de 2000 a 2010, o que
tornou um processo de espera que quase inviabilizou a p
Gráfico 1: Percentual de Trabalhos por Grande
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
O gráfico 1 aponta quais são as áreas que possuem o maior número de publicações
com a temática da segurança pública. Chama
das Ciências Sociais Aplicadas (50,4%), sendo que as sub
expressivo de trabalhos foram o Direito (40,1%) e a Administração (26,5%). Nos trabalhos
da área do Direito foi possível observar uma ausência de especificação metodológica
será abordado de modo específico na sequência
produção da Sociologia em relação à Ciência Política e a Antropologia.
4 De modo complementar, também foi consultado o
0,4 1,1
e criminalidade. Foram localizadas 33 teses
12,5% da produção sobre o tema e 231 dissertações, que expressam 87,5%
dificuldade encontrada para realizar este trabalho refere-se ao processo de reformulação do
banco de teses e dissertações do portal da capes4, que disponibiliza atualmente apenas os
trabalhos de 2011 e 2012 para consulta. Por isto, necessitamos demandar ao portal de
atendimento do banco de teses os trabalhos referentes ao período de 2000 a 2010, o que
um processo de espera que quase inviabilizou a pesquisa.
Percentual de Trabalhos por Grande Área de conhecimento
Domínio Público / Gráfico: Autores
aponta quais são as áreas que possuem o maior número de publicações
segurança pública. Chama-nos à atenção a grande participação da área
das Ciências Sociais Aplicadas (50,4%), sendo que as sub-áreas com número mais
expressivo de trabalhos foram o Direito (40,1%) e a Administração (26,5%). Nos trabalhos
foi possível observar uma ausência de especificação metodológica
será abordado de modo específico na sequência. Já nas Ciências Sociais, destaca
produção da Sociologia em relação à Ciência Política e a Antropologia.
o complementar, também foi consultado o portal Domínio Público.
0,4
33,7
50,4
3,8 4,20,4
5
teses, que representam
, que expressam 87,5%. Uma
se ao processo de reformulação do
liza atualmente apenas os
trabalhos de 2011 e 2012 para consulta. Por isto, necessitamos demandar ao portal de
atendimento do banco de teses os trabalhos referentes ao período de 2000 a 2010, o que se
Área de conhecimento (2000 a 2012)
aponta quais são as áreas que possuem o maior número de publicações
nos à atenção a grande participação da área
áreas com número mais
expressivo de trabalhos foram o Direito (40,1%) e a Administração (26,5%). Nos trabalhos
foi possível observar uma ausência de especificação metodológica, o que
Já nas Ciências Sociais, destaca-se a
produção da Sociologia em relação à Ciência Política e a Antropologia.
0,45,7
Gráfico 2: Especificação do
Fonte: Portal Capes /
Gráfico 3: Especificação das ciências humanas
40,1
26,3
4,4
10,9
5,7
43,7
Especificação dos trabalhos das Ciências Sociais Aplicadas
Fonte: Portal Capes / Domínio Público / Gráfico: Autores
specificação das ciências humanas (2000 a 2012)
10,9
2,9 2,2 1,54,4
0,7 1,52,9
17,2
4,6 5,79,2 10,3
6
plicadas (2000 a 2012)
(2000 a 2012)
2,91,5 0,7
3,4
7
Fonte: Portal Capes / Domínio Público / Gráfico: Autores
O período de seleção das teses e dissertações contemplou os anos de 2000 a
2012, sendo que o gráfico 4 possibilita identificar o constante crescimento na produção de
trabalhos sobre o tema, passando de 6 trabalhos no ano 2000 para 48 em 2012, o que
reflete a grande importância e consolidação atribuída à temática enquanto um campo de
pesquisa.
Gráfico 4: Ano de publicação dos trabalhos (2000 a 2012)
Fonte: Portal Capes / Domínio Público / Gráfico: Autores
6 69 8
12 1215
28
3337
28
22
48
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Gráfico 5: Região da Instituição de Ensino Superior
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
Podemos identificar que a maior concentração de programas que desenvolveram
pesquisas na área da segurança pública estão situados na região sudest
destaque para o estado do
nacional. No entanto, as regiões norte e nordeste juntas possuem apenas 19% da produção
nacional. Convém ressaltar
crescimento da criminalidade, especialmente os homicídios. Somente a cidade de Maceió,
capital do estado de Alagoas registrou uma taxa de homicídios de 79,8 mortes para 100.000
habitantes, a primeira colocada no
mais violentas da América Latina. Curiosamente, o estado de Alagoas apresenta um dos
índices mais baixos de produção de teses e dissertações.
6%
Norte
Região da Instituição de Ensino Superior (2000 a 2012)
Domínio Público / Gráfico: Autores
Podemos identificar que a maior concentração de programas que desenvolveram
pesquisas na área da segurança pública estão situados na região sudest
estado do Rio de Janeiro, que concentra um quarto de toda a produção
nacional. No entanto, as regiões norte e nordeste juntas possuem apenas 19% da produção
nacional. Convém ressaltar que a região nordeste destaca-se pelo incremento no
nalidade, especialmente os homicídios. Somente a cidade de Maceió,
capital do estado de Alagoas registrou uma taxa de homicídios de 79,8 mortes para 100.000
habitantes, a primeira colocada no ranking brasileiro e considerada uma das cinco cidades
entas da América Latina. Curiosamente, o estado de Alagoas apresenta um dos
índices mais baixos de produção de teses e dissertações.
3%
16%
55%
6%
20%
Nordeste Sudeste Centro Oeste
8
(2000 a 2012)
Podemos identificar que a maior concentração de programas que desenvolveram
pesquisas na área da segurança pública estão situados na região sudeste, com especial
Rio de Janeiro, que concentra um quarto de toda a produção
nacional. No entanto, as regiões norte e nordeste juntas possuem apenas 19% da produção
se pelo incremento no
nalidade, especialmente os homicídios. Somente a cidade de Maceió,
capital do estado de Alagoas registrou uma taxa de homicídios de 79,8 mortes para 100.000
brasileiro e considerada uma das cinco cidades
entas da América Latina. Curiosamente, o estado de Alagoas apresenta um dos
Sul
Gráfico 6: Estado da Instituição de Ensino Superior
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
A dimensão metodológica consiste em um aspecto relevante das teses e
dissertações, na medida em que auxiliam na compreensão da constituição do campo da
segurança pública. A grande maioria dos trabalhos (59,5%) emprega a metodologia
qualitativa para as suas análises, ao passo que os trabalhos que utilizam a metodologia
quantitativa representam apenas 11,4%. A escolha metodológica implica em desdobramento
na própria abrangência das pesquisas, ou seja, se predominantemente regionais ou de
caráter nacional. Convém destacar que os trabalhos sem uma especificação clara da
metodologia utilizada representam 20,8%, o que por sua vez expressa uma ausência de
Alagoas
Amazonas
Mato Grosso do Sul
Paiuí
Maranhão
Rio Grande do Norte
Paraíba
Sergipe
Goiás
Espírito Santo
Pernambuco
Pará
Paraná
Bahia
Distrito Federal
Ceará
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Minas Gerais
São Paulo
Rio de Janeiro
Estado da Instituição de Ensino Superior (2000 a 2012)
Domínio Público / Gráfico: Autores
A dimensão metodológica consiste em um aspecto relevante das teses e
dissertações, na medida em que auxiliam na compreensão da constituição do campo da
segurança pública. A grande maioria dos trabalhos (59,5%) emprega a metodologia
tativa para as suas análises, ao passo que os trabalhos que utilizam a metodologia
quantitativa representam apenas 11,4%. A escolha metodológica implica em desdobramento
na própria abrangência das pesquisas, ou seja, se predominantemente regionais ou de
ráter nacional. Convém destacar que os trabalhos sem uma especificação clara da
metodologia utilizada representam 20,8%, o que por sua vez expressa uma ausência de
0,4
0,4
0,4
0,8
0,8
0,8
1,1
1,1
1,5
1,9
1,9
2,3
3
3,4
4,9
5,3
8
9,5
10,6
17,4
9
(2000 a 2012)
A dimensão metodológica consiste em um aspecto relevante das teses e
dissertações, na medida em que auxiliam na compreensão da constituição do campo da
segurança pública. A grande maioria dos trabalhos (59,5%) emprega a metodologia
tativa para as suas análises, ao passo que os trabalhos que utilizam a metodologia
quantitativa representam apenas 11,4%. A escolha metodológica implica em desdobramento
na própria abrangência das pesquisas, ou seja, se predominantemente regionais ou de
ráter nacional. Convém destacar que os trabalhos sem uma especificação clara da
metodologia utilizada representam 20,8%, o que por sua vez expressa uma ausência de
24,6
critérios metodológicos expressos como um fator relevante nos resumos dos trabalhos. No
caso das ciências humanas, o percentual de trabalhos que utilizam a metodologia
quantitativa é inferior (5,6%) em comparação às outras áreas como ciências sociais
aplicadas.
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
Tabela 1: Metodologia empregada e área de conhecimento
Quantitativa
Ciências Humanas
Ciências Sociais
Aplicadas
Engenharias
Educação
Interdisciplinar
Fonte: Portal Capes / Gráfico: Autores
É interessante destacar também que as teses e dissertações sem especificação
metodológica modificam-se de acordo com a subárea de conhecimento em questão. Os
11,4
Quantitativa Qualitativa
critérios metodológicos expressos como um fator relevante nos resumos dos trabalhos. No
das ciências humanas, o percentual de trabalhos que utilizam a metodologia
quantitativa é inferior (5,6%) em comparação às outras áreas como ciências sociais
Gráfico 7: Metodologia empregada
Domínio Público / Gráfico: Autores
abela 1: Metodologia empregada e área de conhecimento
Quantitativa Qualitativa Quantitativa
e Qualitativa
Sem
especificação
clara
5,6% 66,3% 7,9%
9,8% 57,1% 9,0%
60,0% 40,0% 0,0%
0,0% 54,5% 18,2%
26,7% 60,0% 0,0%
Fonte: Portal Capes / Gráfico: Autores
interessante destacar também que as teses e dissertações sem especificação
se de acordo com a subárea de conhecimento em questão. Os
59,5
8,3
20,8
Qualitativa Quantitativa e
Qualitativa
Sem especificação
clara
10
critérios metodológicos expressos como um fator relevante nos resumos dos trabalhos. No
das ciências humanas, o percentual de trabalhos que utilizam a metodologia
quantitativa é inferior (5,6%) em comparação às outras áreas como ciências sociais
especificação
Total
20,2% 100,0%
24,1% 100,0%
0,0% 100,0%
27,3% 100,0%
13,3% 100,0%
interessante destacar também que as teses e dissertações sem especificação
se de acordo com a subárea de conhecimento em questão. Os
20,8
Sem especificação
clara
trabalhos da área do Direito
se que todos os trabalhos da Economia pesquisados empregam a metodologia quantitativa.
Gráfico 8: Metodologia Quantitativa: Descritiva ou Inferencial
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
Além da classificação mais abrangente sobre a metodologia,
relevante caracterizar o perfil da metodologia quantitativa e da qualitativa. Assim sendo, a
maior parte dos trabalhos desenvolve análises descritivas (61%),
e dissertações realizaram análise inferencial, o que demanda
metodológico e estatístico mais apurado.
No que diz respeito à abrangência de análise das teses e dissertações, quase
metade dos trabalhos que empregaram a metodologia quantitativa (46,8%) optaram por
análises municipais, o que contribui p
um percentual inferior de trabalhos nacionais e estaduais, o que pode refletir também a
ausência de um sistema nacional de informações que seja capaz de agregar estatísticas
nacionais de segurança públ
que realizem a comparação em diferentes países.
trabalhos da área do Direito apresentam 38,2% sem especificação metodológica. Destaca
os trabalhos da Economia pesquisados empregam a metodologia quantitativa.
: Metodologia Quantitativa: Descritiva ou Inferencial
Domínio Público / Gráfico: Autores
Além da classificação mais abrangente sobre a metodologia,
relevante caracterizar o perfil da metodologia quantitativa e da qualitativa. Assim sendo, a
maior parte dos trabalhos desenvolve análises descritivas (61%), sendo que 39% das teses
e dissertações realizaram análise inferencial, o que demanda
metodológico e estatístico mais apurado.
No que diz respeito à abrangência de análise das teses e dissertações, quase
metade dos trabalhos que empregaram a metodologia quantitativa (46,8%) optaram por
análises municipais, o que contribui para a relevância atribuída às dinâmicas locais. Existe
um percentual inferior de trabalhos nacionais e estaduais, o que pode refletir também a
ausência de um sistema nacional de informações que seja capaz de agregar estatísticas
nacionais de segurança pública. Convém destacar a inexistência de trabalhos quantitativos
que realizem a comparação em diferentes países.
61%
39%
Descritiva Inferencial
11
apresentam 38,2% sem especificação metodológica. Destaca-
os trabalhos da Economia pesquisados empregam a metodologia quantitativa.
: Metodologia Quantitativa: Descritiva ou Inferencial
Além da classificação mais abrangente sobre a metodologia, consideramos
relevante caracterizar o perfil da metodologia quantitativa e da qualitativa. Assim sendo, a
sendo que 39% das teses
e dissertações realizaram análise inferencial, o que demanda um conhecimento
No que diz respeito à abrangência de análise das teses e dissertações, quase
metade dos trabalhos que empregaram a metodologia quantitativa (46,8%) optaram por
ara a relevância atribuída às dinâmicas locais. Existe
um percentual inferior de trabalhos nacionais e estaduais, o que pode refletir também a
ausência de um sistema nacional de informações que seja capaz de agregar estatísticas
ica. Convém destacar a inexistência de trabalhos quantitativos
Gráfico
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
Gráfico 10
Fonte: Portal Capes / Gráfico: Autores
Podemos observar a existência de um acúmulo maior de trabalhos quantitativos
estudando a região sudeste do país
sendo que o estado de Minas Gerais é que o apresenta maior concentração de trabalhos,
seguido pelo Rio de Janeiro.
qualitativa predominam com o enfoque na região sudeste (41,1%)
46,8
Municipal
12%
Gráfico 9: Metodologia Quantitativa: Abrangência
Domínio Público / Gráfico: Autores
10: Metodologia quantitativa: região estudada
Fonte: Portal Capes / Gráfico: Autores
Podemos observar a existência de um acúmulo maior de trabalhos quantitativos
estudando a região sudeste do país e ausência de trabalhos sobre a região norte do país
de Minas Gerais é que o apresenta maior concentração de trabalhos,
seguido pelo Rio de Janeiro. No mesmo sentido, os trabalhos que empregam a metodologia
qualitativa predominam com o enfoque na região sudeste (41,1%) e poucos trabalhos na
4,3
21,3
27,7
Regional Estadual Nacional
24%
44%
12%
20%
Nordeste Sudeste Centro Oeste Sul
12
Metodologia Quantitativa: Abrangência
quantitativa: região estudada
Podemos observar a existência de um acúmulo maior de trabalhos quantitativos
e ausência de trabalhos sobre a região norte do país,
de Minas Gerais é que o apresenta maior concentração de trabalhos,
, os trabalhos que empregam a metodologia
e poucos trabalhos na
27,7
Nacional
região norte (3,6%) e centro
trabalhos internacionais, ou seja, que sejam capazes de proporcionar uma abordagem mais
macro acerca da segurança pública.
Gráfico 11
Fonte: Portal Capes / Domínio Público
2.1) Estudo das palavras-
O uso de palavras
instrumento cada vez mais importante para pesquisadores. De forma breve e rápida podem
agir como fotografias no sentido de apresentarem um panorama geral dos principais temas
abordados, bem como das categorias mais recorrentes em um plano macro.
Com as palavras-chave utilizadas nos resumos das teses e dissertações realizamos
no software NVivo a nu
recorrência. Neste estudo, fica claro a grande relação das pesquisas com estudos
dedicados à polícia (45 ocorrências)
políticas públicas (30 ocorrência
polícia enfocam prioritariamente na polícia militar.
41,1
26,8
6%) e centro-oeste (3%). Novamente, ressaltamos a baixa expressão de
trabalhos internacionais, ou seja, que sejam capazes de proporcionar uma abordagem mais
macro acerca da segurança pública.
11: Metodologia Qualitativa e região estudada
Domínio Público / Gráfico: Autores
-chave
O uso de palavras-chave como filtro de busca bibliográfica tem
instrumento cada vez mais importante para pesquisadores. De forma breve e rápida podem
fotografias no sentido de apresentarem um panorama geral dos principais temas
abordados, bem como das categorias mais recorrentes em um plano macro.
chave utilizadas nos resumos das teses e dissertações realizamos
NVivo a nuvem de palavras-chaves que destaca os termos com maior
recorrência. Neste estudo, fica claro a grande relação das pesquisas com estudos
(45 ocorrências), na sequência destaca-se violência
(30 ocorrências). Podemos destacar que estudos dedicados à temática da
polícia enfocam prioritariamente na polícia militar.
26,8
13,7
9,5
3,6 3
13
oeste (3%). Novamente, ressaltamos a baixa expressão de
trabalhos internacionais, ou seja, que sejam capazes de proporcionar uma abordagem mais
: Metodologia Qualitativa e região estudada
chave como filtro de busca bibliográfica tem-se tornado um
instrumento cada vez mais importante para pesquisadores. De forma breve e rápida podem
fotografias no sentido de apresentarem um panorama geral dos principais temas
abordados, bem como das categorias mais recorrentes em um plano macro.
chave utilizadas nos resumos das teses e dissertações realizamos
chaves que destaca os termos com maior
recorrência. Neste estudo, fica claro a grande relação das pesquisas com estudos
se violência (36 ocorrências) e
. Podemos destacar que estudos dedicados à temática da
2,4
14
Nuvem de palavras-chave:
administrativo análise apoio aspectos ato atuação bahia brasil cidadania civil civis competências
comunidade comunitário comunitários conflito conflitos conhecimento conselho
conselhos controle cotidiano cpi crime criminais criminal criminalidade cultura das decisão democracia democrático desarmamento
desenvolvimento direito direitos direitoshumanos discurso
distância economia educação eficiência ensino espaço estado estocástica
eventos família favela formação fronteira fundamentais fundamental futebol gênero
gestão governança governo guarda homicídio humano humanos identidade
implementação informação infracional integração juventude mídia militar municipal
ordem organização organizado participação penal planejamento poder
polícia policiais policial policiamento
política políticas
políticaspúblicas popular processo
profissional pública públicas público regional saúde segurança sistema sociais social sociedade urbana
violência
15
Figura 1: Frequência das palavras-chave (tree map)
Fonte: Portal Capes / Domínio Público / Gráfico: Autores
3) Teses e dissertações da Ciência Política
Ao todo detectamos 15 trabalhos vinculados à Ciência Política, sendo que treze são
dissertações e apenas duas teses. Nossa tarefa é muito mais de síntese sobre o que foi
produzido do que uma revisão ou resumo, tampouco nos cabe aqui uma crítica aos
trabalhos em si. Em termos geográficos os trabalhos vinculados à área da Ciência Política
têm suas pesquisas empíricas focalizadas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, nos
estados de Minas Gerais e Pernambuco assim como no Distrito Federal, sendo pelo menos
seis em instituições de São Paulo. As temáticas dominantes foram: a questão legislativa;
segurança privada; crime organizado e, talvez o mais referido, a análise institucional.
a) A questão legislativa. Sob este aspecto dois trabalhos abordam a produção
legislativa. Um primeiro (SOUZA, 2000), faz referências à baixa qualidade das leis
aprovadas pelos parlamentares (1991-1998) sugerindo a falta de vontade política dos
mesmos, pois o padrão de funcionamento da segurança pública no Rio de Janeiro
significava ganhos políticos. Outro trabalho (LOURO JUNIOR, 2010) sugere que as
comissões da ALERJ do Rio de Janeiro seriam um valioso instrumento institucional de
fiscalização da política de segurança pública.
b) Segurança privada. Três trabalhos se referem à segurança privada. Um primeiro
(GUSMÃO FILHO, 2004) tratou da regulação dos serviços privados de segurança. Um
segundo (COSTA CHAVES, 2008) analisa as relações que mediaram a segurança privada e
as instituições públicas no governo do Estado de Pernambuco entre os anos de 1999 e 2006
16
apontando uma indefinição de fronteiras institucionais entre os setores, o que possibilita um
livre trânsito entre as esferas da segurança pública e os meios políticos e as relações de
interesse entre atores públicos e privados. O terceiro (ZANETIC, 2005) observa que é na
esteira do processo de centralização do poder de policia, associado a outros fatores que
surge a segurança privada, em seus padrões recentes, buscando justamente fugir ao
envolvimento com a justiça criminal na solução de conflitos. Aponta ainda que a segurança
privada exerce a função de isolamento e segregação dos grupos socialmente
desfavorecidos (shopping center´s, condomínios fechados, circuitos eletrônicos de
monitoramento de edifícios e residências, cancelas de ruas); desde a prática do
“vigilantismo”, até a oportunização do “bico”.
c) Crime organizado. Três trabalhos se debruçaram sobre esta questão. O primeiro
(FRESTON, 2012) faz uma análise sobre a possibilidade de as ações do Primeiro Comando
da Capital (PCC) terem servido como catalisadoras de mudanças institucionais
possibilitando uma maior aproximação entre as instituições que compõem o sistema de
segurança pública, apontando fatores emergentes que envolvem as instituições. O segundo
(MOREIRA, 2010) aponta a transição de uma concepção de política de segurança pública
de caráter preventivo no governo Montoro para uma concepção de caráter punitivo nos
governos subseqüentes. Esta mudança de paradigma provoca um processo de
encarceramento em massa e oportuniza o surgimento do PCC que, por sua vez, ocupa os
espaços vazios deixados pelo estado dentro dos presídios. O terceiro trabalho (OLIVEIRA
JUNIOR, 2004) analisa o alto grau de letalidade Polícia Militar e Civil no Estado de São
Paulo, nos últimos 22 anos. Aponta, entre outros fatores, a) o padrão de atuação da polícia
paulista como um traço característico e imutável do Estado brasileiro, que tem sua origem
na colonização; b) a inexistência de vontade política de conversão do padrão de atuação da
polícia ao requerido para uma democracia consolidada.
d) Análise Institucional. As questões analisadas nos demais trabalhos nos remetem a
discussão sobre as instituições policiais. Neste sentido uma preocupação da maioria dos
autores é a questão da inovação e os fatores que atuam na contramão deste processo.
A formação do estado federativo combinando idéias centralizadoras e
descentralizadoras no contexto histórico do período colonial (LIMA 2004) interferiu sobre a
capacidade de coordenação de políticas na área de segurança pública num contexto
federalista e democrático, trazendo um padrão de conflito que tende continuadamente a
exacerbar os dilemas entre governabilidade (ao nível federal) e ordem interna (entre as
policias no âmbito regional).
17
A luta pela democratização da sociedade brasileira tem sido um ponto de orientação
no debate sobre a segurança pública seja no interior das suas instituições, seja nas suas
relações com a sociedade civil. Três trabalhos enfocam este aspecto. Um primeiro
(BUARQUE DE HOLANDA, 2002) analisa o esforço de inovação da segurança pública no
primeiro governo Leonel Brizola no Estado do Rio de Janeiro (1983/ 86). Foi neste cenário
que as inovações introduzidas nas corporações estaduais de polícia tiveram um caráter
contra-hegemônico, de rompimento dos vínculos de subordinação à estrutura militar,
estabelecendo uma nova composição de forças na área de segurança. É interessante
observar as variáveis sugeridas nesta nova conjuntura, quais sejam: que as polícias civil e
militar passem a ser geridas por policiais de carreira, promovendo um esforço de identidade
estritamente policial, divorciada da influência secular das forças armadas. Neste movimento
de autonomização das polícias foi incorporado o discurso dos direitos humanos na
formulação dos parâmetros de conduta policial. A polícia passou a ser formalmente
concebida como instrumento de mediação de conflitos. O outro trabalho (AGUIAR, 2005)
analisa a implementação do policiamento comunitário e a integração operativa entre as
policias de Pernambuco como parte de um processo de reforma da segurança pública. Este
esforço, no entanto, ficou restrito a um caráter mais gerencial do que propriamente à uma
reforma institucional. Segundo o autor, possibilitaria mudanças no comportamento dos
atores estratégicos e de cooperação às políticas regulatórias do funcionamento
infrainstitucional da corporação policial para efetivar o conceito de Polícia Comunitária.
O trabalho de Souza (2011) também analisa o processo de surgimento,
institucionalização e desenvolvimento de instâncias de participação e programas
participativos no âmbito da segurança pública brasileira, mais especificamente o
policiamento comunitário como um modelo de prestação do serviço policial considerado
mais adequado ao contexto democrático contemporâneo. Este surgiria na conjuntura de
uma ampla crise do chamado paradigma do bem estar penal, contrariando a orientação
includente e democratizante e redesenhando o paradigma sobre bases mais repressivas e
intolerantes, o que também influencia os processos de reconstrução da política de
segurança no Brasil após o retorno ao regime democrático.
Outro trabalho que aponta a preocupação com a eficácia gerencial analisa a
proposição de uma política de educação profissional de segurança pública no estado de
Minas Gerais, entre 1996-2001 focando principalmente nos decisores da Polícia Militar
(MIRANDA 2009).
A experiência da policia de New York e do New York Police Departament (NYPD)
nos anos 90 e 2000, conhecido como Compstat (Computer Statistics or Comparative
Statistics) é apontada como fundante de um novo paradigma de ação policial, influenciando
as polícias de grandes cidades do mundo inteiro, incluindo da América do Sul nas décadas
18
90 e 2000. O estudo de Martins (2009) analisa as reformas nas cidades de Bogotá (1995),
do Rio de Janeiro (1999), São Paulo (2000) e Belo Horizonte (2004). O eixo primordial foi a
inovação da ação policial focada no controle do crime, baseada em estratégias de
policiamento ostensivo. Este paradigma tornaria obsoletas as estruturas policiais criadas
para um tipo de criminalidade que não existe mais (criminalidade difusa – criminalidade
organizada); em outras palavras, o problema criminal contemporâneo desconstrói as antigas
bases da relação crime-polícia.
Sintetizando, os trabalhos sugerem que três fatores impulsionaram inovações e
reformas nas instituições policiais brasileiras nas últimas décadas. Um primeiro foi o
processo de redemocratização que nas décadas de noventa, tardiamente, surge no
horizonte da agenda policial. Neste item, dois aspectos foram identificados: a) a reforma das
policiais no sentido de desvinculá-las da tutela militar e autonomizá-las de forma a construir
uma identidade institucional policial; b) a inclusão dos direitos humanos como princípio
orientador das políticas públicas, assim como a instituição do policiamento comunitário, este
por sua vez, uma tentativa de criar vínculos das policiais com a sociedade civil.
Um segundo fator que induziu e influenciou mudanças institucionais foi a emergência
do crime organizado e as manifestações de 2006 em São Paulo. Este fator, entre outros,
provocou uma aproximação das instituições do sistema de segurança pública, em torno do
“inimigo comum”.
Finalmente, a experiência de New York, que repercutiu como proposta inovadora,
principalmente no que concerne ao foco das ações policiais sugerindo uma mudança nas
concepções crime-polícia. O foco do crime e o policiamento ostensivo sugeriram como
obsoletos as práticas convencionais de ação policial.
4) Considerações Finais
Retomando observações iniciais, nosso intento neste artigo é identificar e conhecer a
produção acadêmica do campo da segurança pública no Brasil entre 2000 e 2012. Nosso
primeiro esforço está debruçado sobre a produção de teses e dissertações e, na seqüência
a produção de artigos e livros no mesmo período. É importante esclarecer este aspecto, pois
uma investigação a priori indica que a composição da produção acadêmica nestas duas
formas fica diferenciada. Isto significa que as considerações aqui postadas somente serão
completas ao final do projeto.
Assim mesmo queremos destacar aspectos que nesta fase da pesquisa já ficaram
evidentes. Primeiramente, a questão geográfica não foi uma surpresa maior, levando em
consideração os apontamentos das pesquisas bibliográficas sobre violência e considerando
que a maior produção está nos grandes centros universitários do país e, nestes, associado
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às instituições que, através de grupos de pesquisa tornaram-se referência nos estudos
sobre segurança pública.
Da mesma forma o fato de as Ciências Sociais Aplicadas (Direito e Administração)
terem maior produção do que as Ciências Sociais. Afinal a questão segurança pública
remete tradicionalmente ao Direito e a idéia de política pública associada com a
Administração como área de conhecimento. Por sua vez, registramos o desequilíbrio na
produção entres as áreas da Ciência Política, Sociologia e Antropologia. Provavelmente
encontraremos um quadro diferenciado em outro tipo de produção (livros e artigos).
Do ponto de vista metodológico registramos alguns aspectos que nos parecem
relevantes. Em primeiro a diferença entre pesquisas quali e quanti. Sugerimos que o pouco
uso de dados estatísticos nos trabalhos sobre segurança pública pode estar associado a
fatores como: a crônica, para não dizer trágica, ausência de dados na área da segurança
pública. Este problema ainda pode ser desdobrado em: ausência de dados em âmbito
nacional; baixa qualidade dos dados existentes; dados concentrados nas instituições
policiais e, que não conferem com os de outras instituições, mesmo se referindo ao mesmo
indicador. Estes aspectos produzem um efeito perverso que é baixo grau de confiança em
dados sobre segurança pública no Brasil, e, portanto, não confiáveis para trabalhos
acadêmicos. Não é à toa que 46,8% dos trabalhos quanti são de abrangência municipal.
Este não seria um problema maior, não fosse a dimensão da área de segurança pública
comparada às áreas da educação e saúde e, nestas a existência de extensas bases de
dados altamente organizados e publicamente disponíveis. Finalmente, esta grande limitação
tem como conseqüência a ausência de trabalhos de natureza quantitativa, seja entre os
estados brasileiros e, muito menos com outros países.
Um segundo argumento, talvez decorrente deste primeiro pode ser o baixo status do
uso de metodologias quantitativas, principalmente no âmbito das Ciências Sociais registrado
anteriormente por Soares (2005) ao destacar a presença marginal dos métodos
quantitativos nas Ciências Sociais. Pode também ser que o baixo uso de metodologias
quantitativas se dê em função da qualidade e confiança nos dados sobre segurança pública
no Brasil, mas também por uma falta de interesse e lacuna na formação dos próprios
pesquisadores. Convém registrar também a ausência de uma especificação metodológica
em parte dos trabalhos.
Finalmente, estes fatores nos levam a considerar que, entre muitas ausências nos
saberes produzidos sobre a temática está a própria avaliação das políticas públicas. Apesar
de ensaiarem avaliações, esta, como exercício objetivo de pesquisa não foi mencionado;
isto considerando que já tivemos a proposta de um SUSP (Sistema Único de Segurança
Pública) e um PRONASCI (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Por
fim, registramos que nas teses e dissertações produzidas há uma referência dispersa a
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autores e correntes teóricas, o que por sua vez merece ser interrogado em pesquisas
futuras.
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