o estado verde - edição 22393- 25 de novembro de 2014

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ANO VI - EDIÇÃO N o 365 FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 25 de novembro de 2014 Não tem volta, o planeta está aquecendo O mundo encaminha-se para um aumento médio de temperatura de quase 1,5 graus Celsius. “Simplesmente inevitável” é o que diz relatório do Banco Mundial sobre o aquecimento global. ALERTA Página 3 O Município gera cerca de 170 mil toneladas/mês e descarta maior parte dessa montanha de lixo no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia, inclusive, os recicláveis. A prática é um grande desafio. RESÍDUOS SÓLIDOS Páginas 6 e 7 Por que Fortaleza não tem Programa de Coleta Seletiva?

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Jornal O Estado (Ceará)

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Page 1: O Estado Verde - Edição 22393- 25 de novembro de 2014

ANO VI - EDIÇÃO No 365FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Terça-feira, 25 de novembro de 2014

Não tem volta, o planeta está aquecendoO mundo encaminha-se para um aumento médio de temperatura de quase 1,5 graus Celsius. “Simplesmente inevitável” é o que diz relatório do Banco Mundial sobre o aquecimento global.

ALERTA

Página 3

O Município gera cerca de 170 mil toneladas/mês e descarta maior parte dessa montanha de lixo no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia, inclusive, os recicláveis. A

prática é um grande desafio.

RESÍDUOS SÓLIDOS

Páginas 6 e 7

Por que Fortaleza não temPrograma de Coleta Seletiva?

Page 2: O Estado Verde - Edição 22393- 25 de novembro de 2014

O “Verde” é uma iniciativa para fomentar o desenvolvimento sustentável do Instituto Venelouis Xavier Pereira com o apoio do jornal O Estado. EDITORA: Tarcília Rego. CONTEÚDO: Equipe “Verde”. DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Rafael F. Gomes. MARKETING: Pedro Paulo Rego. JORNALISTA: Jessica Fortes. TELEFONE: 3033.7500 / 8844.6873Verde

TARCILIA [email protected]

POPULAÇÃO MUNDIALO Fundo de População das Nações Unidas

(UNFPA) divulga, hoje, o mais novo relatório sobre a “Situação da População Mundial”. Nesta edição, o documento traz dados globais inéditos sobre a população jovem – 10 a 24 anos – e revela que o mundo está vivendo um momento único, com a maior população de jovens da história. No entanto, cerca de um terço dessa população está em situa-ção de vulnerabilidade social e vive abaixo da linha da pobreza, com menos de dois dólares por dia.

O relatório indica que os países, especialmen-te aqueles em desenvolvimento, podem alcançar avanços econômicos e sociais expressivos se in-vestirem nos direitos e no potencial produtivo de suas populações jovens; caso isso não ocorra a tempo, esta oportunidade única poderá ser perdi-da. No Brasil, o relatório será apresentado na Casa da ONU, em Brasília.

OS 7 CEARA’SParodiando o ditado; “atrás de um grande ho-

mem, tem uma grande mulher”, eu digo, atrás de

um governador tem um grande pai e um grande planejador. Parabenizo o estrategista Eudoro San-tana pelo brilhante trabalho que resultou no relatório “Os 7 Ceara’s”. Estou lendo com afi nco o “Docu-mento Síntese do Processo de Planejamento Parti-cipativo” do Governo Camilo e gostando muito.

CONTRIBUIÇÃO DA INDÚSTRIA A Federação das Indústrias do Estado do Ceará

(Fiec) entregará ao governador eleito, Camilo San-tana, a Agenda da Indústria, quinta-feira (27), duran-te evento na Fiec. O documento é uma contribuição da indústria cearense, por meio dos setores repre-sentados nos 39 sindicatos fi liados a Federação, ao recém-eleito, Santana. Contém proposições que, segundo a Fiec, se “acatadas, contribuirão para a superação de obstáculos ao desenvolvimento eco-nômico estadual”.

Refl exão: “Uma cidade precisa ser organizada e limpa. O oposto promove o crime.” Rudolph Giu-liani, ex-prefeito de Nova York.

O julgamento contra a Eternit na Corte Suprema di Cassazione, em Roma, na Itália, dia 19/11, não deu em nada. A justiça italiana analisava o recurso que condenou o fi lantropo e milionário italiano, Stephan Sch-midheiny, e seu ex-dirigente, o barão belga Jean-Louis Marie Ghislain de Cartier de Marchienne, a 18 anos de prisão pela morte de três mil pessoas.

Julgamento anterior condenou os empresários por crime de desastre doloso, após ter sido comprovado que eles sabiam do potencial cancerígeno do amianto. A justiça avaliou que ambos foram omissos, pois mantiveram indústrias abertas e ignoraram medidas sérias de proteção aos empregados. Os réus também foram obrigados a pagar cerca de 95 milhões de euros em indenizações.

Agora, o crime deixa de existir. O crime ambiental, consequente do uso do amianto, fi ca impune, a sen-tença de 18 anos de prisão para o único réu que foi condenado pelo Tribunal de Recurso Turim, 03 de junho de 2013, é anulada. O fato está levando os italianos a discutir o tema da prescrição de crimes, sinônimo de impunidade por lá e por aqui, também. Conhecemos bem, a tal da impunidade.

Procuradores brasileiros participaram do julgamento na Itália. O caso serviu como um dos principais fundamentos para a promoção de duas ações civis públicas ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra fábricas da Eternit em São Paulo e Rio de Janeiro.

Apesar da reconhecida patogenicidade do amianto, não havendo limite seguro para seu uso, a crisotila ainda é utilizada em muitos países. No Brasil, é proibido apenas em seis estados (Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Minas Gerais). Por aqui, é muito comum encontrar amianto nas coberturas de casas e no armazenamento de água. Quem produz, comercializa e utiliza amian-to, produz morte, o produto é considerado cancerígeno pela organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1977. Paira sobre o suíço Schmidheiny, da Eternit que os mais de 120.000 hectares de terras de fl orestas adquiridas por ele, no sul do Chile em 1982, pertencem aos Mapuche, povo que reivindica e afi rma que parte das terras compradas pelo italiano lhe foi tirada através de intimidação, tortura e assassinato, durante a ditadura de Augusto Pinochet.

O empresário, considerado um grande fi lantropo, é conhecido por fomentar liderança e inovação e de-dicar tempo e dinheiro às atividades de educação ambiental e redução do aquecimento global. Nos anos 1990 criou a conhecida Fundação Avina, fomentadora de desenvolvimento sustentável na América Latina.

O ETERNO CASO ETERNIT

Coluna Verde

2 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

VERDE

25 DE NOVEMBRO DE 2014Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher • Desde 1999, a ONU designa, ofi cialmente, 25 de novembro, como Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A data é uma homenagem as pre-sas, Tereza, Mirabal-Patrícia e Minerva, torturadas e assassinadas em 1960, a mando do ditador da República Dominicana, Rafael Trujillo.

• Dia Nacional do Doador de SangueHoje é dia de celebrar os milhares de brasileiros que são doadores voluntários de sangue. Atualmente, são coletadas no Brasil, 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8%. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde trabalha para chegar ao índice de 3%.

27 DE NOVEMBRO DE 2014Dia do Técnico da Segurança do Trabalho • O profi ssional de Segurança do Tra-balho, conforme formação, atua em um campo profi ssional muito vasto em am-biente empresarial, organiza programas de prevenção de acidentes, orienta os trabalhadores quanto ao uso de Equi-pamentos de Proteção Individual (EPI), elaborando planos de prevenção de riscos ambientais, fazendo inspeção de seguran-ça, laudos técnicos e ainda, organizando e dando treinamentos, palestras e orientando a CIPA. Muitas vezes, é o profi ssional responsável pela implementação de programas de meio ambiente, ecologia e até mesmo, educação ambiental, nas empresas.

28 DE NOVEMBRO DE 2014Dia Mundial de Ação de Graças • A ideia de transformar o “Dia de Ação de Graças” em acontecimento universal nasceu de um brasileiro, Joaquim Nabuco, quando Embaixador do Brasil em Wa-shington. Em 1909, na Catedral de São Patrício, ao fi nal da primeira Missa Pan--Americana, que celebrava o “Dia de Ação de Graças”, o Embaixador brasileiro formulou publicamente o seguinte voto: “Eu quisera que toda a humanidade se unisse, no mesmo dia, para um agradecimento universal a Deus.”

30 DE NOVEMBRO DE 2014Dia do Estatuto da Terra • Em pleno período militar, o então presidente Castelo Branco sancionou, dia 30 de novembro de 1964, a Lei 4.504, o atual Estatuto da Terra, que regula direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, visando à execução da Reforma Agrária e a promoção da Política Agrícola do País.

30 DE NOVEMBRO DE 2014Dia da Reforma Agrária • O Estatuto da Terra considera Reforma Agrária o conjunto de medidas que vise promover melhor distribuição da terra, mediante modifi cações no regime de sua posse e uso, a fi m de atender aos princípios de justiça social e ao aumento da produtividade.

AGENDA VERDE

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Alerta! “Sem uma ação forte e rá-pida, o aquecimento global e suas consequências poderão agravar

signifi cativamente a pobreza em várias regiões do globo” é a alarmante informa-ção que traz mais um relatório do Ban-co Mundial. Alguns impactos futuros da mudança climática, como calor mais ex-tremo e a elevação no nível dos mares, serão inevitáveis mesmo se os governos agirem rápido para diminuir as emissões de gases de efeito estufa.

De acordo com o documento, “Dimi-nuam o Calor – Confrontando a Nova Normalidade Climática”, lançado no úl-timo domingo (23), o aquecimento do planeta poderá agravar “signifi cativa-mente” a pobreza no mundo, ao afetar os cultivos agrícolas e ameaçar a segurança alimentar de “milhões” de pessoas. “As temperaturas médias já aumentaram em torno de 0,8 grau Celsius desde a Revo-lução Industrial”, informa.

SIMPLESMENTE INEVITÁVEISPor causa das emissões de gases an-

teriores e as que estão previstas, prove-nientes de usinas de energia, fábricas e carros, o mundo se encaminha para um

aumento médio de temperatura de quase 1,5 grau Celsius acima dos tempos pré--industriais até 2050. “Isso signifi ca que os impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor extremas, agora po-dem ser simplesmente inevitáveis”, dis-se o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, em uma coletiva de imprensa por telefone e divulgada pela Reuters.

“Mudanças climáticas dramáticas e eventos climáticos extremos já estão afetando milhões de pessoas em todo o mundo, danifi cando colheitas e lito-rais e colocado em risco à segurança da água”, escreveu Kim no relatório. Secas, ondas de calor, acidifi cação dos oceanos: o Banco Mundial visualiza um cenário,

no qual a comunidade internacional não atingirá seu objetivo de limitar o aumen-to das temperaturas no mundo a 2ºC, em relação à era pré-industrial, frente a um aumento de 0,8ºC nos dias de hoje.

De acordo com a instituição fi nancei-ra, na hipótese extrema de um aumento de 4ºC, os acontecimentos climáticos “extremos” que aparecem, no pior dos casos, “uma vez por século”, poderão se transformar na “ nova norma climática” . O nível dos mares deve continuar a subir durante séculos, porque as vastas cama-das de gelo na Groenlândia e na Antártica só derretem lentamente. Se as temperatu-ras permanecessem nos níveis atuais, os mares aumentariam 2,3 metros nos pró-

ximos dois mil anos, disse o relatório.Apesar das informações alarmantes,

Kim defendeu as políticas do Banco que permitem investimentos em combustí-veis fósseis em países em desenvolvi-mentos em casos raros, argumentando que muitas vezes servem para abastecer usinas cuja energia é vital para ajudar a acabar com a pobreza. O executivo justifi cou exemplifi cando com o caso da África subsaariana “tem um total de cer-ca de 80 giga watts de capacidade ins-talada (de geração de energia), o que é menos que a Espanha”.

COP 20As autoridades de quase 200 nações

se reunirão no Peru entre os dias 1º e 12 de dezembro para trabalhar em um acordo que deve ser firmado em Paris no final de 2015 que almeja desacele-rar a mudança climática. A expectati-va é de que a 20ª Conferência das Par-tes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 20), esclareça quais são os prin-cipais desafios, bloqueios e possibili-dades existentes na trajetória desse complexo processo de negociação, o qual, se chegar a bom termo, poderá levar à concretização de um acordo global com respostas à crise climática.

3FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

VERDE

Banco Mundial adverte que impactos da mudança climática serão inevitáveis. Segundo relatório da instituição, as emissões de gás de efeito estufa, poderiam ser evitadas

“Diminuam o Calor – Confrontandoa Nova Normalidade Climática”

AQUECIMENTO GLOBAL

POR TARCILIA [email protected]

DIVULGAÇÃO

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4 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

VERDE

Para quem quer começar 2015 adquirin-do conhecimentos na área de Tecnolo-gia da Informação e da Comunicação

(TIC), a Universidade do Trabalho Digital (UTD) está com 693 vagas em aberto para 11 cursos gratuitos de capacitação. A oportuni-dade já é para o primeiro ciclo de cursos do ano, com início no dia 12 de janeiro.

A carga horária varia entre 60 e 120 horas/aula e as turmas serão distribuídas nos três turnos (manhã, tarde e noite) para que o es-tudante possa escolher o horário que melhor se encaixa com sua rotina. As 693 vagas são para os seguintes cursos: Iniciação Digital (300 vagas), Aperfeiçoamento Digital (150 vagas), Suporte e Manutenção de Computa-dores (45 vagas), Java com Banco de Dados (36 vagas), PHP com Banco de Dados (18 vagas), Web Design (25 vagas), Design Grá-fi co (25 vagas), Iniciação à Programação (36 vagas), Conectividade e Segurança da Infor-mação (20 vagas), Administração de Sistema Linux (18 vagas) e Formação Empreendedo-ra (20 vagas).

Para se inscrever, o candidato precisa ter idade a partir de 16 anos e ser alfabetizado. As inscrições são feitas na própria sede da

UTD (Rua Major Facundo, 500, 10º andar – Centro | prédio do Cine São Luiz), de se-gunda a quarta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h. O candidato deve portar RG, CPF e comprovante de endereço.

A Universidade do Trabalho Digital é uma iniciativa do Governo do Estado, através da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educa-ção Superior (Secitece). As atividades estão sendo executadas através de parceria com o Centro de Treinamento e Desenvolvimento (Cetrede), instituição vinculada à Universi-dade Federal do Ceará. Todos os cursos são voltados para o mercado de trabalho. Atual-mente, existem 639 alunos participando dos cursos na UTD.

UTD oferece 693 vagas para cursos gratuitos de TIC

OPORTUNIDADE

JORNALISTA E ESCRITOR

INDISPONIBILIDADE PERMANENTE

Consoante a Constituição de 1988, no já citado art. 225, não apenas para o Poder Público, mas também para os particulares, o meio ambien-te é sempre um patrimônio indispo-nível. Conforme leciona o professor Álvaro Luiz Valéry Mirra, juiz e am-bientalista de nomeada, a transmis-são desse patrimônio ambiental às gerações futuras é não apenas um dever moral, mas também jurídico, de natureza constitucional, para que as vindouras gerações recebam esse patrimônio nas melhores con-dições do ponto de vista ecológico.

POLÍTICA PÚBLICA OBRIGATÓRIA

Ao indicar o dever do Estado e dos particulares de não só preser-var o meio ambiente, mas de com-preender a sua característica de in-disponibilidade, o princípio em tela, consoante a providente admoesta-ção do desembargador Renato Na-lini, atual presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo e um doutri-nador em Direito Ambiental, “o go-verno não tem mera discricionarie-dade, ou seja, não lhe é dado optar entre defender ou não o ambiente: a Constituição lhe impõe essa obriga-tória política pública.”

COMPLEXO CONJUNTO DE CONDIÇÕES

Diante da complexidade das

questões ambientais que têm dado inúmeras dores de cabeça a dou-trinadores e operadores do Direito, vale ressaltar o ensinamento do professor Álvaro Mirra: “O meio ambiente, em termos amplos, ao contrário do que se pensa frequen-temente, não é aquele conjunto de bens formado pela água, pelo ar, pelo solo, pela fauna, pela flora. Diversamente, o meio ambiente, inclusive para a nossa legislação (art. 3º, inc. I, da Lei 6.938/81), é, na verdade, um conjunto de condi-ções, leis, influências e interações, de ordem física, química e bioló-gica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. É, portanto, um bem essencialmente incorpóreo e imaterial. E é esse bem imaterial que se considera in-suscetível de apropriação.”

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIAO professor Mirra observa com

proficiência: “o que pode ser eventualmente apropriado, o que pode ser eventualmente utilizado, sobretudo para fins econômicos, são os elementos corpóreos que compõem o meio ambiente (como as florestas, os solos, as águas, em certos casos a fauna) e mes-mo assim de acordo com limita-ções e critérios previstos em lei e desde que essa utilização não leve à apropriação individual (ex-clusiva) do meio ambiente, como bem imaterial.”

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

Dando continuidade aos breves comentários sobre os princípios referenciais nos quais se devem assentar as decisões de natureza jurídica que visem a defesa ambiental, constitui relevante levar em conta o Princípio da Indisponibilidade do Interesse na Proteção do Meio Ambiente. Este princípio, cuja ideia originária está contida no caput do art. 225 da Carta de 1988, assenta que o meio ambiente deve ser equilibrado exatamente porque é um bem de uso comum e, portanto, pertence à coletividade, não sendo, destarte, disponível por parte do Estado, que deve tudo fazer para preservá-lo sob todos os aspectos, uma vez que as gerações atuais obrigam-se a transferir este patrimônio ambiental às pósteras gerações.

SERVIÇOCursos gratuitos com 693 vagas disponíveis na Universidade do

Trabalho DigitalCursos: Iniciação Digital | Aperfeiçoamento Digital | Suporte e Ma-nutenção de Computadores | Java com Banco de Dados | PHP com

Banco de Dados | Web Design | Design Gráfico | Iniciação à Progra-mação | Conectividade e Segurança da Informação | Administração

de Sistema Linux | Formação EmpreendedoraInscrições: De segunda a quarta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, na sede da UTD. O candidato deve portar RG, CPF e compro-

vante de endereço.Endereço: Rua Major Facundo, 500, 10º andar – Centro de Fortaleza

(prédio do Cine São Luiz).Informações: (85) 3454-1257 | 3454-1987 | 3454-1969

Fonte: Assessoria Secitece

São 11 cursos disponíveis, com início já em janeiro de 2015. Para se inscrever, o candidato precisa ter a partir de 16 anos e ser alfabetizado

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A presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Virgínia Carvalho, participou da última reunião do ano do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), dia 19, em Brasília. Na ocasião a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apresentou um balanço das ações do Ministério e do Conama, nos últimos quatro anos.

A titular do Conpam fi cou surpresa com a quantidade de Unidades de Con-servação (UCs) que foram criadas no pe-ríodo. “Nos últimos quatro anos foram entregues 60 Planos de Manejo – instru-mentos que norteiam o uso das UCs – e até 2015 serão concluídos mais 51, totali-

zando 111 novos documentos”, disse. Além de proceder-se à votação de re-

soluções na pauta da 116ª Reunião Ordi-nária do Conama, foi aberto um espaço para diálogo entre os conselheiros re-presentantes da sociedade civil, do se-tor empresarial e dos órgãos públicos. Utilizando-se deste espaço, um dos con-selheiros destacou a necessidade de me-lhorar a atuação do Conama no tocante à gestão dos recursos hídricos e solici-tou a inserção deste assunto na pauta do Conselho em 2015. O calendário de reuniões para o próximo ano também foi deliberado.

Fonte: MMA

5FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

VERDE

Além de recursos financeiros, falta engajamento

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Conpam participa da 116ª Reunião Ordinária do Conama

Espaços de educação ambiental es-tão no superfi cial e fragilizados. É o que está acontecendo no Brasil,

segundo a educadora Jaqueline Guerrei-ro, uma das palestrantes do III Encontro Cearense de Educação Ambiental, evento que reuniu no último dia 20, no Auditório João Frederico Ferreira Gomes, na As-sembleia Legislativa, 150 especialistas na área, tendo como tema central, os “Desa-fi os da Educação Ambiental”.

Mesmo com a “falta de recursos huma-nos, fi nanceiros e engajamento”, a respon-sável pela Rede Brasileira de Educação Ambiental (Rebea), integrante do Comitê Assessor da Política Nacional de Educa-ção Ambiental, consultora e uma das res-ponsáveis pela construção do Programa de Educação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, é otimista, “pontualmente, temos problemas, mas o nosso lado lúdico nos ajuda na superação”, disse Jaqueline.

DIAGNOSEMais do que uma palestra, a educadora

faz uma diagnose da situação de desarti-culação, no País, das políticas ambientais. Destaca o exemplo da Agenda 21, antes considerada planejamento estratégico do território, hoje relegada. Mas de acordo com a palestrante, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) convocou uma reunião e a expectativa é a retomada do tema.

Jaqueline também destaca o fato de que poucos conselhos de meio ambiente têm câmara técnica. “Cadê a educação ambien-tal do Conselho Nacional do Meio Ambien-te (Conama)? Há três anos que o Comitê Assessor da Rede não se reúne”, interroga. O Conama é o órgão consultivo e delibera-tivo do Sistema Nacional do Meio Ambien-te (Sisnama). Como exemplo positivo, a

educadora ressalta o papel dos jovens nes-ses espaços de participação.

PÚBLICOO III Encontro recebeu um público selecio-

nado, 150 participantes. Porém, a coordena-dora do evento, Maria José Holanda, criticou a falta de cumplicidade de centenas de ins-critos que deixaram de comparecer ao evento promovido pela Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental (Ciea), presidida por Maria José, que também coordena a área de Educação Ambiental do Conselho de Políti-cas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), órgão que preside a Ciea.

“Todos os participantes da Ciea fi zeram--se presentes. De imediato identifi camos

entre os presentes: Tiago Souza, de Ita-pipoca, Paulo, do Crato, Lívia de Sobral, Nelson, de São Benedito e Angélica de Piquet Carneiro, dentre outros de Várzea Alegre, Acaraú, Barreiras, Caucaia, Jar-dim. A ideia é fortalecer a educação am-biental no Estado”, disse a presidente da Comissão Interinstitucional.

Enquanto o III Encontro acontecia em Fortaleza, a presidente do Conpam, Vir-gínia Carvalho, encontrava-se em Brasília participando da última reunião do ano do Conama. Aqui, ela foi representada pelo coordenador jurídico, Felipe Gomes que exaltou a necessidade do coletivo se im-por, para dar voz às questões ambientais. “Infelizmente as causas ambientais só ganham força depois de situações de ca-tástrofes”, ressalta, mostrando o quanto é importante a Política Nacional de Meio Ambiente ser colocada em prática.

O evento foi encerrado com rodada de perguntas e respostas dirigidas à palestrante Jaqueline, e com as apresentações das expe-riências de Educação Ambiental no Ceará: Coletivo Jovem; GEA de Antônio Bezerra, de Barreira e dos Indígenas Pitaguary.

*Com informações da assessoria.

POR TARCILIA [email protected]

III Encontro Cearense reúne educadores focados na dimensão ecológica. Palestrante faz umadiagnose da desarticulação no País das políticas ambientais e cita a Agenda 21

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6 FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

VERDE

Dados do IBGE apontam que 84% da população brasileira vivem nas cidades, daí a urgência de pensar

estrategicamente na gestão dos resídu-os urbanos descartados, continuamente, pela população. Só o município de Forta-leza, conforme a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), gera cerca de 170 mil toneladas/mês e descarta a maior parte dessa montanha de lixo, no Aterro Sanitário Metropolitano Oeste de Caucaia, inclusive, recicláveis.

Segundo o Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2010), o País per-de R$ 8 bilhões por ano quando deixa de reciclar todo resíduo reciclável que é encaminhado para aterros e lixões nas cidades brasileiras.

Um bom caminho para a gestão dos re-síduos sólidos urbanos passa pela Coleta Seletiva, a princípio pode parecer simples, mas o hábito de segregar lixo na fonte geradora, possibilitando melhor reapro-veitamento dos recicláveis e da matéria orgânica, mostra-se difícil de ser pratica-do. Embora seja uma promessa antiga da Prefeitura, a prática ainda engatinha em Fortaleza. A maioria das ações de políti-ca ambiental da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), encontra-se em fase de implantação.

Apesar de algumas experiências exi-tosas de coleta seletiva, como o Ecoelce, programa implantado com sucesso pela empresa Coelce e a coleta em grandes ge-radores, realizado pela Associação ASCA-JAN, o Município, ainda não conseguiu implantar uma gestão integrada e efetiva de um plano para segregação de resídu-os, limitando-se a realizar ações pontuais e alguns projetos isolados, que não tem previsão de ampliação.

PROJETO AINDA NÃO SAIU DO PAPELSegundo a Seuma, o Município já

possui um projeto elaborado e tecnica-

mente atende à Política Nacional de Re-síduos Sólidos (PNRS), mas alega que o plano ainda não saiu do papel, pois a responsabilidade da coleta seletiva não é apenas do setor público, “haja vista, que qualquer sistema de logística rever-sa exige grandes volumes para que se alcance a sustentabilidade”.

De acordo com a titular da Pasta, Águe-da Muniz, “o município está implantando ações junto aos grandes geradores de re-síduos, possibilitando fomentar o Progra-ma de Gestão Integrada de Resíduos Só-lidos de Fortaleza, principal base técnica para que a Cidade inicie seu sistema de coleta seletiva de forma efi ciente”.

Dentro da política de acompanha-mento dos resíduos sólidos, a Seuma atua em três frentes. A primeira diz respeito ao lixo gerado pela população, onde o órgão trabalha com ações educa-tivas, além da capacitação profi ssional; depois, vem a fi scalização e orientação aos grandes geradores, e, por último, o monitoramento da logística de destina-ção dos resíduos, o que inclui a distri-buição pelos Ecopontos da Capital.

SEM PREVISÃO DE AMPLIAÇÃO

Fortaleza tem mais de 2,5 mi-lhões de habitantes, mas apenas, dois caminhões fazem a coleta seletiva domiciliar em qua-tro bairros: Fátima, Aldeota, Meireles e Dionísio Torres. O material é destinado para duas cooperativas, Bom Sucesso e Jangurussu. O programa, se é que pode ser chamado assim, atende apenas 1.600 domicílios (condomínios e residências) e a 35 grandes geradores e não tem previsão de ampliação.

No momento, de acordo com Águeda, para possibilitar a im-

plantação da prática em toda a Cidade, a Prefeitura está efetuando ações mais urgentes e necessárias, como o recadas-tramento das transportadoras de resí-duos de grandes geradores; fazer cum-prir a Lei Municipal 8.408/99 – obriga empresas a realizarem Programas de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGRS) –; assumir os custos de cole-ta de transporte e destino fi nal; coibir pontos de lixo; monitorar e fi scalizar o manejo de resíduos inertes entre ou-tros. “Finalizando essas ações, podemos assumir a Logística Reversa da Cidade, porém em módulos, cujo início deverá ser o Centro da Cidade”, explica.

Considerando, a logística atual e o ambiente informal existente na Capital, assim como, geração de resíduos, e o ce-nário social da atividade de reciclagem, Águeda acrescenta que, Fortaleza vem apontando um índice de Logística Rever-sa de 7,78% do total de resíduos gerados. “No entanto, depois do PGRS implanta-do, o índice pode alcançar 37,18% do total de resíduos gerados em ton./mês”.

ENTRAVESA política de reciclagem do Município

é composta pelo Projeto Reciclando Ati-tudes, uma parceria com a Rede de Ca-tadores e pelo apoio ao funcionamento dos Centros de Triagem. O percentual de reciclagem do lixo, entretanto, ainda é considerado mínimo pela representan-te da Seuma. Para ela, a difi culdade está em acompanhar as diferentes cadeias dos resíduos, conforme o destino dado para cada material, entre óleos e gordu-ras residuais,

O que falta para Fortaleza ter uma política efetivaCOLETA SELETIVA

Município gera cerca de 170 mil toneladas/mês de resíduos. Um bom caminho para a gestão dessa montanha de lixo, é a segregação dos materiais, mas na prática, ainda é um grande desafi o

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7FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

VERDE

FIQUE SABENDO• A Seuma promove o recolhimento de pilhas, baterias e pequenos equipamentos eletrônicos em alguns pontos da Cidade, como na Seuma (Av. Dep. Paulino Rocha, 1343, Cajazeiras). O destino é a empresa de reciclagem de eletrônicos

licenciada: Ecoleta Ambiental. • A coleta de Óleos e Gorduras Residuais (OGRs) é feita em 20 pontos espalhados pela cidade. O material recolhido é enca-

minhado à Usina dos Catadores e, posteriormente, à Usina da Petrobras, em Quixadá, para a geração de biodiesel. Veja os eco-pontos de OGRs no site da Seuma: http://www.fortaleza.ce.gov.br/seuma/reciclando-atitudes.

A Lei 12.305/2010 ou Política Nacio-nal de Resíduos Sólidos (PNRS) trouxe conceitos, considerados fundamentais para a boa gestão dos resíduos:

Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos – “Con-junto de atribuições individualizadas e encadeadas (fabricantes, importa-dores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos), para minimizar volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para re-duzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental de-correntes do ciclo de vida dos produ-tos, nos termos desta Lei.”

Logística Reversa – “Conjunto de ações, procedimentos e meios destina-

dos a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empre-sarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação.” A PNRS, dedi-cou especial atenção à este item e de-fi niu três diferentes instrumentos que poderão ser usados para a sua implan-tação: regulamento, acordo setorial e termo de compromisso. O acordo se-torial é um contrato “fi rmado entre o poder público e fabricantes, importa-dores, distribuidores ou comercian-tes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo Ciclo de Vida do Produto.”

O Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), ONG promoto-ra do gerenciamento integrado do lixo, acaba de apresentar o primeiro relató-

rio preliminar de resultados do acordo setorial para logística reversa de emba-lagens. Um plano de ação assinado por 22 associações e mais de 500 empresas para ampliar a capacidade do Brasil na destinação adequada das embalagens pós-consumo. Os números são positi-vos, cumprindo e, em alguns casos, ul-trapassando, já no meio deste ano, as metas defi nidas para o fi m de 2015.

Entre janeiro de 2012 e junho de 2014, as empresas da coalizão insta-laram, em 96 municípios, 836 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) ou “eco-pontos”, locais estrategicamente defi -nidos, de fácil acesso e grande fl uxo de pessoas para depósito de material reciclável. O número está 29% acima da meta estipulada para o fi m de 2015.

A Fase 1 do acordo com o objetivo

fi nal de desviar para reciclagem 22% da fração seca dos resíduos destina-dos a aterros (média de 3.294 tons/dia) dia, abrange o período de 2012 a 2015 e consiste em ações de incentivo à logística reversa de embalagens pe-las empresas, tendo como prioridade as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, suas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, totalizando 258 municípios.

Para o presidente do Cempre, Vic-tor Bicca, os números mostram o resultado do comprometimento das empresas com a logística reversa e a produção sustentável. “Vamos con-tinuar trabalhando para cumprir as metas e conscientizar a população, pois ainda temos um caminho longo a percorrer”, disse.

Empresas instalaram, em 96 municípios, 836 Pontos PEVs LOGÍSTICA REVERSA

pilhas e baterias, lâmpadas, eletrônicos, lâmpadas, entre outros.

Para a professora do Curso de Engenha-ria Ambiental e Sanitária da Universidade de Fortaleza, Lamarka Lopes, implantar um plano de coleta seletiva em Fortaleza é um grande desafi o. A primeira coisa a se pensar é em educação ambiental e a se-gunda, na destinação correta de cada resí-duo, pois não adianta recolher, separar e dar uma destinação igual a todos os tipos de materiais coletados.

“A alternativa para os problemas com o lixo só virá através de estudos. Para um projeto de coleta seletiva acontecer, é necessário um trabalho de equipe e uma conscientização da sociedade em todas as etapas do processo. A popu-lação precisa participar e a Prefeitura precisa investir em tecnologia e em es-tudos, pois enquanto não souber o que

fazer com os resíduos domiciliares cole-tados, ou não tiver acesso a algumas tec-nologias, torna-se inviável uma política

efetiva de coleta seletiva”, defende.No entanto, ela lembra que apesar dos

poucos resultados, a coleta seletiva dos re-

síduos é ainda muito importante e precisa ser feita por cada um. “As pessoas precisam fazer sua parte separando seu lixo, isso aju-da bastante, pois já temos atores principais nesse trabalho, que são os catadores. Eles estão por aí, trabalhando silenciosamente e fazendo um trabalho muito importante e essencial para todos”, conclui.

Sem coleta seletiva, não tem recicla-gem, muito menos logística reversa, mas sem a indústria de transformação, que compra os recicláveis e processa indus-trialmente os mesmos, transformando--os em novos produtos, o ciclo não fecha. Até o encerramento desta edição, não obtivemos retorno do Sindicato das Em-presas de Reciclagem de Resíduos Sóli-dos Domésticos e Industriais do Estado do Ceará (Sindiverde), fi liado a Federa-ção das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), para falar sobre o assunto.

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VERDE

Com o objetivo de discutir o Estu-do de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA), referentes ao Projeto de Santa Quitéria, o Ibama promoveu, no último fi nal de semana, três audiências públi-cas. Os encontros ocorreram, respecti-vamente, nos municípios de Santa Qui-téria, Itatira e Lagoa do Mato, nos dias 20, 21 e 22 e contou com a presença de diversas instituições.

O Projeto Santa Quitéria consiste na instalação de um complexo mínero-in-dustrial na Fazenda Itataia, que produzi-rá fertilizantes fosfatados, fosfato bi-cál-cico (produto usado na nutrição animal) e concentrado de urânio. O empreendi-mento está sob a responsabilidade do Consórcio Santa Quitéria, formado pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – responsável pela produção do combustí-vel que gera energia elétrica nas usinas nucleares brasileiras – e o Grupo Galva-ni, que atua no mercado de fertilizantes fosfatados (mineração, benefi ciamento, produção e distribuição).

Em visita ao Jornal O Estado, dia 19 de novembro, o gerente, Ronaldo Galva-ni Junior, da empresa Galvani, explicou que durante as audiências a empresa contratada para fazer o estudo dos im-pactos ambientais, apresentaria o em-preendimento, o projeto, quais os obje-tivos do mesmo, as ações e as propostas pra mitigar alguns potenciais impactos. “Essa audiência servirá para que todos os presentes entendam o projeto e as ações propostas no empreendimento, com o foco nas questões ambientais”, comenta.

OPOSIÇÃOMembros do Grupo de Pesquisa Tra-

mas, vinculado ao curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC),

também participaram das audiências. Na semana passada, o Grupo entrou com representação no Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União e Escritório Frei Tito de Alencar, pois ve-rifi cou que o EIA do projeto da minera-dora possui várias irregularidades, o que preocupa em relação ao real dimensio-namento dos riscos para a saúde e con-taminação do ambiente em decorrência do projeto.

AUDIÊNCIADe acordo com a advogada Talita Fur-

tado, do Tramas, as audiências foram

bem extensas e proveitosas. “Todos ti-veram espaço para falar e muitos foram os questionamentos e posicionamentos contra”. Ele conta que vários movimen-tos sociais, comunidades, posicionaram--se e alguns pontos foram destacados, como a ausência de viabilidade hídrica.

“O Consórcio diz que a questão hídri-ca está assegurada, mas não diz de onde vem essa água. O Açude Edson Queiroz que aparece no EIA, não tem capacidade para atender a demanda da mineradora e isso preocupa as comunidades mais próximas. Além disso, tem a questão da saúde dos moradores da região, o perigo

com a radiação, o contato com os rejei-tos, ou seja, os riscos de adoecimento da comunidade é muito grande e foi coloca-do durante a audiência”, explica.

Ainda de acordo com a advogada, o Ibama informou que ainda não havia analisado o Estudo de Impactos Ambien-tais. “A nossa expectativa é que o estudo seja analisado e que o Instituto tome as medidas cabíveis com relação a minera-dora e os impactos que ela pode provocar na região”, defende. Até o fechamento desta edição os representantes do Con-sócio Santa Quitéria não se manifesta-ram sobre a audiência dos.

Ibama promove audiências públicas para o Projeto Santa Quitéria

ITATAIA

Foram três, as oportunidades de debater os estudos dos impactos ambientais relativos a jazida de urânio. O Consórcio apresentou o EIA e espera receber a Licença Ambiental POR JESSICA [email protected]

DIVULGAÇÃO

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9VERDE

FORTALEZA - CEARÁ - BRASILTerça-feira, 25 de novembro de 2014

SAIBA MAIS- O urânio é um mineral radioa-

tivo, denso, inflamável, flexível e maleável. É encontrado em rochas sedimentares na crosta terrestre. É muito utilizado em fotografia e

nas indústrias de cabedal (couro) e de madeira. No entanto, a aplica-ção mais importante do urânio é a energética (fonte de energia para

usinas nucleares). -Segundo a INB (www.inb.gov.

br) o Brasil é dono da quinta maior reserva de urânio do mundo, de

aproximadamente 300 mil tonela-das. Essas reservas distribuem-se entre as jazidas de Itataia, Ceará (142 mil toneladas), onde o mine-ral está associado ao fosfato e a rochas ornamentais economica-

mente exploráveis; Lagoa Rela, na Bahia; e outras jazidas menores, como Gandarela, Minas Gerais,

onde há ouro associado ao Urânio; Rio Cristalino, no Pará; e Figuei-ra, Paraná. “Isto confere ao País

segurança estratégica, no que diz respeito ao suprimento de energia

por via nuclear”.- Atua na cadeia produtiva do

urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera ener-

gia elétrica nas usinas nucleares. Vinculada ao Ministério da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação, a INB está sediada na cidade do Rio de Janeiro e presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo.

ASPECTOS ECONÔMICOSQuando estiver em operação, o Pro-

jeto Santa Quitéria irá gerar cerca de mil postos de trabalhos diretos e dois mil indiretos. Serão produzidos, por ano, um milhão e cinquenta mil tone-ladas de produtos fosfatados e mil e seiscentas toneladas de concentrado de urânio. Na jazida de Itataia existe uma reserva de 80 mil toneladas de urânio e de quase 66 milhões de toneladas de fosfato, ou seja, uma quantidade 800 vezes maior de fosfato, que de urânio.

Para transformar esse recurso na-tural em emprego e renda para o Ce-ará, serão investidos 380 milhões de dólares com a implantação do com-

plexo minero-industrial, constituído por uma mina e duas unidades in-dustriais: uma para o processamento do fosfato e outra para a produção de concentrado de urânio. No processo industrial, para a fabricação do ferti-lizante, está prevista, ainda, a produ-ção de ácido sulfúrico.

Segundo Galvani Junior, o projeto esta sendo licenciado pelo Ibama e atualmente o objetivo do Consórcio é obter a Licença Prévia. “O EIA foi en-tregue no início deste ano, estas au-diências públicas fazem parte do pro-cesso de licenciamento e é uma fase necessária que antecede a emissão da Licença Prévia, depois de obtida, se-

rão iniciados os trabalhos para a ex-pedição da Licença de Instalação, fase que nos permite iniciar as obras e de fato dar início ao projeto”, explica.

CONSÓRCIO SANTA QUITÉRIAA INB é a empresa estatal responsá-

vel pela produção do combustível que gera energia elétrica nas usinas nucle-ares brasileiras. Ela atua nas diversas fases do ciclo do combustível nuclear: mineração, produção do concentrado de urânio, enriquecimento, conversão, produção de pastilhas e a fabricação do elemento combustível que aciona os reatores das usinas. Vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação, a empresa está presente nos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Cea-rá, Minas Gerais e São Paulo.

O Grupo Galvani tem sua origem na década de 1930, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Na década de 1970, iniciou a atuação no mercado de fertilizantes. E a partir de 1983, ins-talou sua sede em Paulínia (SP), com a implantação de um grande complexo industrial de produção de fertilizan-tes. Atualmente, atua em toda a cadeia de produção do fertilizante fosfatado: mineração, beneficiamento, produção e distribuição. Possui unidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso e Ceará.

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VERDE

O legume da vez é a abobrinha. Rela-tório Final do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Ali-

mentos (PARA), referente ao ano de 2012, que acaba de ser lançado e aponta que 1,9% das amostras coletadas naquele ano apre-sentaram quantidade de agrotóxico acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de um total de seis ali-mentos monitorados – abobrinha, alface, feijão, fubá de milho, tomate e uva – o re-sultado das análises apontam a abobrinha como a campeã em quantidade de agrotó-xicos acima do limite permitido.

Do total de amostras coletadas em super-mercados e feiras, 25% apresentaram irregu-laridades. Os resultados insatisfatórios são divididos em duas categorias: LMR e presen-ça de agrotóxico não autorizado, para a cultu-ra analisada. A situação é preocupante, já que os técnicos da Anvisa descobriram que 1,9% dos alimentos têm uma quantidade de agro-tóxico acima do limite e em 45% das unida-des foram encontrados resíduos classifi cados na segunda categoria. Ao todo foram anali-sadas 1.397 amostras, coletadas em quatro momentos distintos do ano de 2012.

O PARA faz a análise de amostras de ali-mentos in natura ano a ano e busca orientar políticas de redução de risco que devem se adotadas em conjunto entre as autoridades e produtores da cadeia de alimentos. O progra-ma foi iniciado em 2001 fortalecendo a capa-cidade do Governo em atender a segurança alimentar, evitando assim, possíveis agravos à saúde da população.

AGROTÓXICOS E RISCOSA “Lei dos Agrotóxicos” nº 7.802, de 11 de

julho de 1989, estabelece que os agrotóxicos somente podem ser utilizados no País se fo-rem registrados em órgão federal competen-te, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura. O

Brasil é considerado o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

No Brasil, o registro de agrotóxicos é realizado pelo Ministério da Agricultura, porém, a anuência da Anvisa e do Ibama é requisito obrigatório para que o agrotó-xico seja registrado. A Vigilância Sanitária realiza avaliação toxicológica dos produtos quanto ao impacto na saúde da população. Já o Ibama observa os riscos que essas substâncias oferecem ao meio ambiente.

Diferentes pesquisas apontam a relação de produtos com agrotóxicos e a saúde repro-dutiva e o surgimento de diversos tipos de câncer. Os trabalhadores rurais são as princi-pais vítimas do uso indevido de agrotóxicos. Para o consumidor fi nal os riscos estão mais relacionados ao consumo crônico, já que al-gumas substâncias têm efeito cumulativo no organismo e podem vir a desencadear pro-blemas de saúde no futuro.

FÓRUM CEARENSEPara a promotora de Justiça, Socor-

ro Brilhante, coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Proteção à Ecologia, Meio Ambiente, Urbanismo, Paisagismo e Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Caomace), procurada pelo “O Estado Verde” para falar sobre o assunto, destacou a importância do controle social e a falta de informação sobre a agroquímica. “Exatamente por isso, acabamos de criar o Fórum Cearense de Combate aos Impactos do uso de Agrotóxicos na sede da Procura-doria-Geral de Justiça”, disse.

“O problema é muito mais complexo e a informação muito importante. O cidadão precisa ter o direito de conhecer os impactos destes produtos. Qual o papel do Estado na disseminação da informação sobre assunto tão urgente? O Fórum vai integrar órgãos de controle, pesquisadores, e vai possibilitar avanços em várias ações, como monitora-mento e rastreabilidade.”

O Fórum, “um espaço permanente, plural,

aberto e diversifi cado de debate de questões relacionadas aos impactos negativos dos agrotóxicos na saúde do trabalhador, do consumidor, da população e do ambiente”, foi lançado dia 21, na sede da Procuradoria--Geral de Justiça. Um dos objetivos Fórum é possibilitar a troca livre de experiências e a articulação em rede da sociedade civil, insti-tuições e o Ministério Público.

ORGÂNICOSA procura por produtos orgânicos tem

crescido consideravelmente. E por consequ-ência disso, atualmente, todas as grandes ca-deias de supermercados e muitos dos médios e pequenos, possuem prateleiras exclusivas para esses alimentos que são produzidos li-vres de agrotóxicos, hormônios ou qualquer outra substância nociva à saúde. Também, vem aumentando o número de feiras e coo-perativas que comercializam produtos orgâ-nicos para suprir a demanda.

Os brasileiros têm mudado alguns hábi-tos na busca de consumir alimentos mais saudáveis, a opção tem sido os orgânicos, termo rotulado para defi nir produtos cultivados sem agrotóxicos. Desde 2003 foi regulamentada Lei Federal nº 10.831, para agricultura orgânica, que visa à produção de frutas, legumes e ver-duras sem adição de adubos químicos ou que contenha o per-centual insignifi cante de

pesticidas, com fi nalidade de aumentar a transição ecológica que é a desintoxicação gradual do solo, água e dos alimentos.

FIQUE SABENDO- Diversos agrotóxicos aplicados nos ali-

mentos agrícolas e no solo têm a capacidade de penetrar no interior de folhas e polpas, de modo que os procedimentos de lavagem dos alimentos em água corrente e a retirada de cascas e folhas externas dos mesmos contri-buem para a redução dos resíduos de agrotó-xicos, ainda que sejam incapazes de eliminar aqueles contidos em suas partes internas.

- Soluções de hipoclorito de sódio (água sanitária ou solução de Milton) devem ser usadas para a higienização dos alimentos na proporção de uma colher de sopa para um li-tro de água, com o objetivo apenas de matar agentes microbiológicos que possam estar presentes nos alimentos, e não de remover ou eliminar os resíduos de agrotóxicos.

Saiba mais em: http://portal.anvi-sa.gov.br/wps/portal/anvisa/home.

Abobrinha ultrapassa oLimite Máximo de Resíduos

AGROTÓXICOS

Anvisa divulga resultado de monitoramento de seis alimentos. Os dados divulgados compõem a segunda parte de um levantamento iniciado em 2012

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VERDE

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O mantra da sustentabilidade parece que já está bem esta-belecido no nosso dia a dia. E

neste período de festas natalinas e de muito consumo, nada mais sustentável do que buscarmos produtos que ado-tam princípios ecológicos. A partir de hoje, até a edição do dia 23 de dezem-bro, vamos apresentar sugestões de presentes “verdes e sustentáveis”.

Incentivando o consumo respon-sável, começamos com produtos Na-tura que acaba de lançar o refil dos frescores de Natura Ekos que chega com frasco de PET 100% recicla-do pós-consumo e reduz em 72% a emissão de carbono durante processo produtivo. Os refis geram menos re-síduos para o meio ambiente, pois são feitos de material que foi descartado,

recuperado e reciclado, além de trazer mais economia já que são mais bara-tos que os regulares e são práticos e fáceis de usar graças a tampa em for-mato de funil que facilita a refilagem.

Segundo a diretora de marketing da Natura, Andrea Eboli , a linha inau-gurou um modelo pioneiro de fazer negócio de forma sustentável, promov-endo as dimensões sociais, ambientais e econômicas . “Mais que um desafi o, ser sustentável é inspiração para a marca desde a extração e uso responsável dos ativos da biodiversidade amazônica, até o design de embalagens que privi-legiam a refi lagem e o uso de materiais reciclados”, destaca. Mais informações , acesse: www.naturaekos.com.br

Com informações da Assessoria de Imprensa.

Reduz em 72% a emissão de carbono durante processo produtivo e geram menos resíduos. Os refi s incentivam o consumo responsável e compromisso com meio ambiente

Refil de perfume com frasco 100% reciclado pós-consumo

PRESENTE SUSTENTÁVEL

INDICAÇÃO DE LEITURA

Se existe um défi cit de áreas verdes, observa-se também um número crescente de áreas degradadas, sejam abandona-das, ociosas, subutilizadas ou residuais e que encontram-se em estado de dete-rioração do ponto de vista ambiental, sociocultural e econômico. Essas áreas possuem grande potencial para serem reutilizadas e reintegradas à cidade, por meio da criação de novos espaços livres, principalmente áreas verdes públicas, como parques, praças, corredores eco-

lógicos e caminhos verdes, revitalizando e requalifi cando “áreas mortas e desva-lorizadas” das cidades, que resultam em melhoria urbanística e da qualidade de vida da população.

De autoria da arquiteta Patrícia Sanches, formada e mestre na área de Paisagem e Ambiente pela Faculdade de Urbanismo da USP (FAU), a obra busca discutir como as áreas degradadas po-dem ser recuperadas de forma a melho-rar as condições do ambiente e revitali-

zar a paisagem urbana, os critérios para defi nição de prioridades para o melhor uso dos recursos disponíveis, como tomar decisões apropriadas no trato dos espa-ços livres urbanos, entre outros temas. Traz, também, diversos exemplos de sucesso no mundo todo nesta temática.

Título: De Áreas Degradadas a Espa-ços Vegetados

Autora: Patrícia Mara SanchesEditora: Editora Senac, São PauloPreço: R$ 59,00

De Áreas Degradadas a Espaços Vegetados LEITURA

Natura Ekos Refi l Desodoran-te Colônia Frescor de Maracujá, 150ml –Frescor de Maracujá, frasco em PET 100% reciclado. Caminho Ol-fativo: Frutal Envolvente. Preço suge-rido: R$ 58,30.

Natura Ekos Refi l Desodorante Colônia Frescor de Pitanga, 150ml –Frescor de Pitanga , frasco em PET 100% reciclado. Caminho olfativo: Frutal refrescante. Preço sugerido: R$ 58,30.

Natura Ekos Refi l Desodoran-te Colônia Frescor de Castanha, 150ml –Frescor de Castanha , frasco em PET 100% reciclado. Caminho olfativo: Adocicado Sensual. Preço sugerido: R$ 58,30. Natura Ekos Refi l Desodo-

rante Colônia Frescor de Açaí, 150ml – Frescor de Açaí de frasco em PET 100% reciclado combina notas verdes e frescas com toques de frutas vermelhas e arroxeadas que prolon-gam o bem estar do banho por todo o dia. Caminho olfativo: frutal adocica-do. Preço sugerido: R$ 58,30.

Natura Ekos Refi l Desodorante Colônia Frescor de Buriti, 150ml –Frescor de Buriti, frasco em PET 100% reciclado, traz a fragrância que combina notas amendoadas com óleos essenciais de Bergamota, Laranja Bra-sileira e Ylang Ylang.Caminho olfati-vo: Floral refrescante. Preço sugerido: R$ 58,30.

SAIBA MAIS SOBRE OS LANÇAMENTOS

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VERDE

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Por Maria Emilia Schettini*

As áreas urbanas têm se expandido mais que as populações urbanas. En-tre os anos 2000 e 2030 a expectativa é que as áreas urbanas sejam triplicadas, enquanto a população urbana dobrará. Essa expansão exercerá forte pressão sobre os recursos naturais em escala global, através do aumento das áreas agrícolas e terão efeito sobre a biodiver-sidade e os serviços ambientais.

Até o ano 2050, estima-se que 70% da população mundial viverão em áreas urbanas, com aumento do con-sumo de energia em 80% e da deman-da por água em 55%.

EM QUE ISSO NOS TOCA?Segundo o Inventário Ambiental, en-

tre os anos de 1965 e 2003, Fortaleza perdeu quase 90% de sua cobertura ve-getal. Vemos dia após dia a destruição do pouco que resta, sob as mais diver-sas justifi cativas e sempre em nome do progresso. O que antes era considera-do essencial tornou-se empecilho e, ao lado desse fenômeno, vemos crescer um “mal” que se disseminou nos pro-jetos arquitetônicos. Onde foram parar as árvores? Condomínio após condo-mínio, de prédios ou casas, varridas como se nunca tivessem existido, dão lugar a palmeiras e à praga exótica, tó-xica e abortiva para a fauna chamada Nim. Surgem jardins assépticos como um shopping e com um consumo al-tíssimo de água tratada. Consumimos mais energia, geramos mais resíduos, aumentamos nossas emissões e destru-ímos o meio-ambiente.

Árvores dão sombra, retêm água no solo, protegem os mananciais, favore-

cem a biodiversidade, sequestram car-bono e tornam a cidade mais bonita. Existem movimentos mundiais, respal-dados por estudos científi cos, no sentido de proteger o que resta e restaurar o que foi destruído dos ecossistemas urbanos, em virtude das graves consequências percebidas e sofridas por causa de sua destruição, como enchentes, poluição atmosférica, aquecimento urbano, per-da da qualidade de vida, doenças rela-cionadas ao estresse, entre outras. E que geram prejuízos fi nanceiros altíssimos. A percepção das complexas relações en-tre economia, natureza e sociedade fez surgir no início dos anos 80 o conceito de desenvolvimento sustentável.

Desenvolvimento Sustentável é “aque-le que satisfaz as necessidades do pre-sente sem comprometer a capacidade

das gerações futuras de suprir suas pró-prias necessidades” (Our Common Futu-re, Gros Brundtland – 1987) e deve ser economicamente viável, socialmente jus-to, ambientalmente responsável e cultu-ralmente aceito.

Grandes metrópoles pelo mundo e no Brasil tomam iniciativas na direção do desenvolvimento sustentável e já co-lhem os frutos: diminuição das enxurra-das, melhoria da qualidade urbana, da qualidade de vida da população, retorno da biodiversidade, alta valorização eco-nômica do entorno das áreas verdes.

Estamos caminhando na contramão do movimento mundial para detenção e re-versão no processo de destruição global. Desprezamos nosso patrimônio ambien-tal como se preservação fosse assunto alheio, criamos leis que não só ratifi cam

como favorecem essa atitude. A com-pensação ambiental é a rota de fuga dos destruidores do meio-ambiente, sob as vistas grossas dos órgãos que deveriam determinar, cobrar e fi scalizar as ações. Plantam mudinhas de dois palmos, tiram a foto, dão as costas e vão embora. Como se compensa uma árvore de 100 anos?

Rapidamente, nossas áreas verdes e arborização urbana vêm sendo devo-radas pelo apetite voraz do que alguns chamam progresso.

“O fascínio pelo progresso nos faz cegos para o apocalipse.” (Gunther An-ders, fi lósofo alemão, 1957)

* Maria Emilia Schettini é arquite-ta, especialista em construções Sus-tentáveis e integrante do Movimento Pró-Árvore.

Como se compensa uma Árvore de 100 anos?

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