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O EXÉRCITO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM MOÇAMBIQUE: o investimento na defesa e o fraco crescimento econômico (1975 2017) David Adriano Nota 1 Resumo Moçambique é um país do continente africano que vem do confronto de duas guerras, a guerra contra o colonizador português (1964 a 1974) e a guerra civil entre o então Governo Popular de Moçambique e a RENAMO que durou cerca de 16 anos (1975 a 1992). Após 42 anos da independência do país contra o colonizador português, e 25 anos de paz (fim da Guerra Civil), Moçambique segue no topo do ranking dos países mais pobres do mundo, sendo que 60% do orçamento geral do Estado advêm de ajuda externa. A presente pesquisa busca verificar se o alto investimento em defesa e Segurança, no período compreendido entre 1975 e 2017, foram fatores determinantes para o fraco crescimento econômico de Moçambique. A pesquisa guiou-se pelo método hipotético-dedutivo. Em relação à forma de abordagem e ao tratamento de dados, o estudo tem caráter qualitativo combinado com a abordagem quantitativa. 1 Doutorando em Ciência Política - UFRGS

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O EXÉRCITO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM MOÇAMBIQUE: o

investimento na defesa e o fraco crescimento econômico (1975 – 2017)

David Adriano Nota1

Resumo

Moçambique é um país do continente africano que vem do confronto de duas guerras, a

guerra contra o colonizador português (1964 a 1974) e a guerra civil entre o então Governo

Popular de Moçambique e a RENAMO que durou cerca de 16 anos (1975 a 1992). Após 42

anos da independência do país contra o colonizador português, e 25 anos de paz (fim da

Guerra Civil), Moçambique segue no topo do ranking dos países mais pobres do mundo,

sendo que 60% do orçamento geral do Estado advêm de ajuda externa. A presente pesquisa

busca verificar se o alto investimento em defesa e Segurança, no período compreendido entre

1975 e 2017, foram fatores determinantes para o fraco crescimento econômico de

Moçambique. A pesquisa guiou-se pelo método hipotético-dedutivo. Em relação à forma de

abordagem e ao tratamento de dados, o estudo tem caráter qualitativo combinado com a

abordagem quantitativa.

1 Doutorando em Ciência Política - UFRGS

1. INTRODUÇÃO

A década de1990 é, sem dúvida, um marco histórico de Moçambique. Nesse período,

ocorreram diversos fenômenos que obrigaram o povo moçambicano a tomar iniciativas

arriscadas para garantir sua liberdade e independência frente à dominação colonial

portuguesa.

O império colonial português durou cerca de quatro séculos e meio: 477 anos de

submissão e escravidão. Graças à voz dos países anticolonialistas pertencentes à Organização

das Nações Unidas (ONU), o artigo 73º da Carta da ONU preconizava que:

[...] os países colonizadores têm de reconhecer que os interesses dos habitantes dos

territórios colonizados estão acima de tudo, e aceitar a obrigação de promover, em

tudo o que lhes for possível: a) assegurar o seu desenvolvimento político,

econômico, social e educativo; b) desenvolver o seu próprio governo e ajudá-los no desenvolvimento progressivo das suas instituições políticas livres [...]

Esse preceito legal contribuiu para que os intelectuais de países africanos que eram

subdomínio de Portugal começassem a pensar na independência do povo e da terra em relação

ao domínio português (FRAGA, 2014, p. 9).

No caso de Moçambique, foi apenas em 1959, na Tanzânia, que se fundou o primeiro

partido moçambicano defensor da independência, o qual começou como regionalista - sob a

designação de Maconde African National Union (MANU), transformando-se, mais tarde, em

Mozambique African National Union. Fora do território, na antiga Rodésia do Sul, hoje

conhecida como Zimbabwe, nasceu também a União Democrática Nacional de Moçambique

(UDENAMO) e, em 1961, na Niassalândia, atualmente designada Malawi, a União Nacional

Africana de Moçambique (UNAMO). Cientes de que, com a tamanha dispersão de forças, não

chegariam a lugar nenhum, os movimentos se uniram, dando origem, dessa forma, a Frente de

Libertação de Moçambique (FRELIMO), graças à ação de Eduardo Chivambo Mondlane

primeiro presidente da FRELIMO (FRAGA, 2014. p. 11-12).

Antes de recorrer às armas para a libertação do país, Eduardo Mondlane tentou pela

via diplomática, não tendo logrado nenhum sucesso (CORREIA, 1999. P. 120-121). Somente

após esse fracasso é que começaram os atos preparativos para a libertação do país pela via

armada. Ainda em 1963, começou-se a preparação da guerrilha em Moçambique, quando os

primeiros quadros foram enviados para a Argélia para que recebessem instrução nesse novo

tipo de guerra (FRAGA, 2014).

De acordo com Ncomo (2004), a insurreição armada deu-se no dia 25 de setembro de

1964, data em que a FRELIMO atacou o posto do Chai, em Cabo Delgado. Nessa altura, a

guerrilha não contava com mais do que 250 homens armados. Contudo, nos últimos anos de

guerra, segundo os cálculos do Exército português, as forças guerrilheiras já chegariam aos

6.500 homens (3.500 em Cabo Delgado, 1.000 no Niassa e 2.000 em Tete). O esforço

insurrecional assentou, em primeiro lugar, na etnia Maconde, a qual, ainda que

majoritariamente católica, sentia-se superior às do Norte e Centro de Moçambique e, por isso,

suficientemente forte para enfrentar o Exército português. Além disso, guerrilheiros foram

infiltrados junto ao lago Niassa com a finalidade de subverter as populações ribeirinhas

(FRAGA, 2014).

A guerra contra o colonizador português se alastrou por cerca de 10 anos, de 1964 a

1974, e foi caracterizada por graves violações dos direitos humanos, como o massacre de civis

e mutilações. Como exemplo, tem-se o massacre de Wiriamu, onde foram mortas mais de 450

pessoas, o massacre de Inhaminga, com mais de 500 mortos, e, o massacre de moeda, com

mais de 600 mortos (MATEUS, 2004. p. 176).

Desde 25 de abril de 1974, quando um pequeno grupo de jovens oficiais do Exército

derrubou o regime que governava Portugal há mais de quarenta anos, ato que ficou conhecido

como a Revolução dos Cravos, aproximadamente cinquenta países libertaram-se de várias

formas de autocracia. A democratização teve início no Sul da Europa, estendendo-se à

América Latina, em finais da década de 1970 e princípios da década de 1980, afetando alguns

países na Ásia, para, mais tarde, ter um enorme impacto no Leste Europeu e nas repúblicas da

antiga União Soviética, entre 1989-1991. É de salientar que seus efeitos foram sentidos na

África e no Oriente Médio, onde seus resultados são menos uniformes e inequívocos (LIMA e

SÁ, 2013).

Moçambique foi um dos países que acabou se beneficiando dessa revolução, pois, no

ano de 1974, foram assinados acordos que libertavam o país da dominação colonial

portuguesa, e, em junho de 1975, fora proclamada a independência nacional do país entre a

FRELIMO e o Governo Português, em Lusaka, capital zambiana. Passado apenas 01 (um)

ano, em 1976, eclodiu a Guerra Civil entre o então Governo Popular de Moçambique e a

Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), durando aproximadamente 16 anos. O

conflito degenerou rapidamente para uma catástrofe, uma longa guerra que somou mais de um

milhão de mortos, pessoas decepadas e mutiladas, além de quatro milhões de deslocados,

destruindo todos os recursos, de modo a fazer de Moçambique o país mais pobre do mundo

naquela época.

De acordo com a oposição, o objetivo principal da Guerra Civil era a eliminação do

monopartidarismo (governo de partido único) e a implantação da democracia e do

multipartidarismo no país, apesar de grande parte da literatura salientar que a Guerra Civil de

Moçambique foi motivada pelo fator externo (regime de apartheid na África do Sul) e pelo

apoio de colaboradores do regime colonial português – sem esquecer-se da Guerra Fria. Como

referido, esses dois conflitos armados deixaram o país em autêntico estado de calamidade.

Com a pressão político-militar, foi aprovada a Constituição de 1990, permitindo o

multipartidarismo em Moçambique, de acordo com os art. 30, 31, 32 da Constituição da

República de Moçambique (CRM), abrindo espaço para a declaração de paz, que se deu em

Roma, em 1992, entre o governo da FRELIMO e a RENAMO, e para a consequente transição

para um estado democrático.

Decorridos 20 anos do fim da Guerra Civil, a partir de 2012, Moçambique voltou a

mergulhar em um conflito político-militar envolvendo as forças governamentais e as forças da

RENAMO. Os ataques preconizados pelos homens armados da RENAMO, assim como pelas

forças governamentais, vêm se intensificando acada dia, sendo incendiados os edifícios das

administrações locais, centros de saúde e viaturas dos governos distritais (Folha de Maputo,

2017). Importante salientar que a tensão político-militar em Moçambique se agrava no centro

e norte do país.

Ao fim de 42 anos de independência nacional do país contra o colonizador

português, Moçambique continua sendo um dos países mais pobres e com um dos menores

índices de desenvolvimento humano da África e do mundo; o orçamento geral do Estado

carece de ajuda externa para suprir às necessidades básicas da população (saneamento,

hospitais, escolas, transporte etc).

Enquanto autores como Benoit (1978), Weede (1986), Silva e Martins (2014) e

Marcolino (2014) acreditam que altos investimentos em defesa e segurança contribuem para o

crescimento da economia de um determinado país, assim como para o desenvolvimento e

formação do capital humano, Baddeley (2005) argumenta que os gastos com a defesa

impactam negativamente no desenvolvimento socioeconômico das instituições financeiras nos

países em desenvolvimento.

A presente proposta de tese busca verificar se o alto investimento em defesa e

Segurança (exército e polícia), no período compreendido entre 1975 e 2017, foram fatores

determinantes para o fraco crescimento econômico de Moçambique.

A presente proposta de tese está estruturada em três capítulos, a saber: o primeiro

capítulo é da introdução, onde, de uma forma resumida, debruçou-se sobre o tema em estudo,

a justificativa da escolha do tema, os objetivos gerais e específicos que se pretendiam alcançar

e a hipótese. O segundo capítulo é da fundamentação teórica, onde de uma forma resumida

discutiu-se e analisou-se os diversos pensamentos de diferentes autores clássicos que abordam

o tema em questão e de alguma literatura independente desde que fundamentada na temática

proposta. O terceiro é da metodologia, nesse inclui-se o método que vai ser usado na

investigação.

1.1. Problema de pesquisa

Em 1990, o povo moçambicano conheceu a transição de uma sociedade não

democrática para uma sociedade democrática. A transição democrática ocorreu como um

exemplo de democratização na África após um conflito armado civil que devastou o país por

cerca de dezesseis anos (PEREIRA, 2010).

Com o passar do tempo, o processo de transição em Moçambique foi acompanhado

pela passagem da propriedade estatal para a propriedade privada, a formação do mercado de

trabalho livre, industrialização e urbanização, e mudanças nas bases do poder político às quais

resultaram na substituição do monopartidarismo pela forma democrática de governo.

Após 42 anos da independência do país contra o colonizador português, e 25 anos de

paz (fim da Guerra Civil entre o governo da FRELIMO e a RENAMO), Moçambique segue

no topo do ranking dos países mais pobres do mundo, com condições críticas de saneamento,

hospitais sem medicamentos, bem como zonas sem hospitais e escolas (BROWN e WEIMER,

2010), sendo que 60% do orçamento geral do Estado advêm de ajuda externa (FMI, BM, e G-

192). O relatório da PNUD, divulgado em 21 de março de 2017, referente ao ano de 2016,

aponta Moçambique entre os oito países do mundo com o menor índice de desenvolvimento

humano (IDH), ocupando o 181° lugar na classificação (PNUD, 2017). Segundo o relatório,

na avaliação do IDH, Moçambique alcançou 0.418 pontos, em face de uma cotação máxima

de 0.949 pontos obtidos pela Noruega, primeiro lugar no ranking. Moçambique registrou

0.390 pontos no índice de pobreza multidimensional. Com essa classificação, Moçambique

têm o pior IDH entre os países da Comunidade de Língua Oficial Portuguesa (CPLP),

2O G19 é um grupo de países e instituições que apoiamdiretamente o orçamento de Moçambique, através da

modalidade de assistência de apoio geral ao orçamento. Esses países e instituições incluem: o Banco Africano de

Desenvolvimento, a Áustria, a Bélgica, o Canadá, a Dinamarca, a Comissão Européia, a Finlândia, a França, a

Alemanha, a Irlanda, a Itália, a Noruega, Portugal, a Espanha, a Suécia, a Suíça, os Países Baixos, o Reino Unido

e o Banco Mundial. Os observadores do G19 incluem o Fundo Monetário Internacional, o PNUD e os Estados

Unidos da América (BROWN E WEIMER, 2010).

encontrando-se três lugares abaixo da Guiné-Bissau, o segundo pior índice da comunidade,

ocupando o 178° lugar no quadro das classificações (PNUD, 2017).

Conforme mencionado, de acordo com Benoit (1978), Weede (1986), Silva e Martins

(2014) e Marcolino (2014), o exército contribui para o crescimento da economia de um

determinado país, assim como para seu desenvolvimento humano. Assim, no tocante à

economia nacional, é importante observar que, em um sentido amplo, a preparação militar

influenciou a economia (capacidade produtiva). O exército sempre foi um instrumento de

construção das capacidades infraestruturais mais básicas do Estado (obras públicas e

construção e manutenção de estradas e sistemas de comunicação). Sob a forma de

recrutamento, o advento do Exército Nacional também tornou-se a base para a educação

(alfabetização), formação e ensino de um corpo de futuros servidores da economia nacional

(SILVA e MARTINS, 2014). Estudiosos salientam que não se pode negar que o Exército

Nacional é capaz de trazer benefícios econômicos, sociais e políticos – além de ser a fonte

básica da ideia de segurança, defesa e soberania. No entanto, o potencial do exército para

contribuir para o processo produtivo e servir como base das instituições nacionais

(burocráticas e políticas) dificilmente é visto em regiões da África (SILVA e MARTINS,

2014).

Para Baddeley (2005, p.1), o conflito gera impactos negativos à medida que destrói

instituições essenciais nos países pobres, especialmente instituições financeiras. As guerras e

os conflitos retardam ou revertem a evolução das instituições financeiras e criam restrições

substanciais e prologadas sobre a disponibilidade de financiamento nas economias em

desenvolvimento. Nesse caso, levando em consideração os argumentos de Baddeley (2005),

conclui-se que os altos investimentos em defesa prejudicam o desenvolvimento econômico

dos países pobres ou em via de desenvolvimento. Esse raciocínio encontra fundamento em

Marcolino (2014, p.77) ao referir que os investimentos em defesa poderiam servir para o

financiamento das políticas sociais, principalmente na melhoria das áreas que impactam

diretamente a vida dos cidadãos, como, por exemplo, saúde, educação etc.

Nesse sentido, este projeto de tese se propõe a compreender se os gastos nas Forças de

Defesa e Segurança de Moçambique, realizados de 1975 a 2017, influenciaram o crescimento

econômico do país de forma negativa. Para orientar a pesquisa, elaborou-se a seguinte questão

norteadora: os altos investimentos nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique

(exército e polícia) foram determinantes para ofraco crescimento econômico no país?

1.2. Objetivo geral

Analisar de que maneira o investimento nas Forças de Defesa e Segurança de

Moçambique pode ter contribuído para o fraco crescimento econômico do país.

1.2.1. Objetivos específicos

Analisar a relação existente entre os gastos no investimento nas Forças de Defesa e

Segurança com o fraco crescimento econômico de Moçambique;

Analisar se os gastos nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique podem ser

fatores determinantes para a melhoria ou não da economia do país;

Relacionar os investimentos nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique com o

crescimento econômico em períodos caraterizados por conflitos armados; e

Analisar o comportamento econômico de Moçambique entre 1975 e 2017.

1.3. Hipótese

A literatura recente aponta que as guerras e os altos investimentos em defesa têm

impactos negativos nas instituições essenciais nos países pobres – particularmente instituições

financeiras – e retardam o desenvolvimento econômico dos países em desenvolvimento.

Nesse sentido, as guerras e os conflitos retardam ou revertem a evolução das instituições

financeiras e criam restrições substanciais e prologadas sobre a disponibilidade de

financiamento nas economias em desenvolvimento (BADDELEY, 2005).

Partindo-se do pressuposto de que existe uma relação negativa entre o forte

investimento em defesa e o desenvolvimento socioeconômico, como abordado por Baddeley

(2005), nossa hipótese é de que os gastos nas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique,

para a defesa interna tanto como externa, podem ser um dos fatores que contribuíram

negativamente na economia do país.

1.4. Justificativa

A atual situação política e socioeconômica de Moçambique é alarmante. Quando se

pensava que o país se recuperaria dos retrocessos da guerra contra o colonizador português e

da Guerra Civil, passados 42 anos de independência, Moçambique segue ocupando a posição

mais baixa na classificação do IDH, como o país mais pobre do mundo. Não sendo autônomo

quanto ao seu próprio orçamento, mais da metade do Orçamento Geral do Estado advém de

doadores externos, o que, em certa medida, impacta a definição das políticas internas do país,

uma vez que os doadores têm certa exigência na aplicação de fundos doados, desenhando as

políticas a serem seguidas para a aplicação do investimento.

Como dito, alguns autores, como Baddeley (2005) e Clausewits (2007), apontam que

os altos gastos em defesa (exército) podem contribuir para o fraco crescimento da economia

de um determinado país, assim como para seu desenvolvimento humano, e que tais gastos

durante o período de guerra gera impactos negativos nas instituições essenciais de países

pobres, especialmente as instituições financeiras. Assim sendo, guerras e conflitos têm o

poder de retardar ou reverter a evolução de instituições financeiras, criando restrições

substanciais e prologadas sobre a disponibilidade de financiamento nas economias em

desenvolvimento.

Dessa forma, faz-se necessário analisar de que maneira o investimento nas Forças de

Defesa e Segurança de Moçambique podem contribuir para o fraco crescimento econômico do

país entre 1975 e 2017.

No caso específico de Moçambique, os estudos a serem realizados são de grande

importância no âmbito acadêmico, pois, ainda é escassa a literatura sobre o tema em questão.

Nesse sentido, o estudo a ser desenvolvido serve à expansão do campo de análise não somente

para acadêmicos, mas também para protagonistas políticos, agentes do governo,

pesquisadores e demais interessados na temática proposta.

Acredita-se que a pesquisa contribuirá enormemente para o campo da Ciência Política,

em especial, à medida que sua abordagem estará mais voltada aos estudos da política de

defesa no que concerne à economia de defesa.

Além disso, não há registro em Moçambique de estudos que analisem especificamente

a relação existente entre os altos gastos nas Forças de Defesa e Segurança com o fraco

crescimento socioeconômico do país.

2. INFORMAÇÃO PRELIMINAR SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Defesa

Desde o princípio do mundo e do instinto de sobrevivência e satisfação de suas

necessidades básicas, os seres vivos sempre se encontraram ameaçados ou em risco eminente.

Dessa forma, dá-se naturalmente a reação de defesa para garantir sua segurança e

sobrevivência. Com o passar do tempo, enquanto os animais irracionais conservaram essa

reação natural de defesa – atacando e matando ao sentir fome ou para se proteger – o homem

evoluiu, estruturando-se em grupos e sociedades politicamente organizados, elaborando, a

partir daí, as noções de riqueza e propriedade, e, por fim, a necessidade de proteger a

propriedade. Dessa forma, a noção de defesa deixou de ter a finalidade única de

autopreservação e passou a servir à salvaguarda da propriedade privada.

O conceito de “defesa” está intrinsecamente ligado ao de segurança, enquanto

conjunto de medidas ou ações praticadas pelo indivíduo ou sociedade politicamente

organizada, com vista a garantir a sua segurança e a de seus bens (RODRIGUES, 2013, p. 7).

Considerando Estados como “sujeitos” com necessidades, de modo que na relação

entre Estados existem os mais fortes frente aos mais fracos, com o risco natural de os Estados

mais fracos sofrerem agressões pelas mãos dos Estados mais fortes, nasce a noção de Defesa

Nacional, com o objetivo de garantir a defesa da soberania e do funcionamento normal das

suas instituições. Para Cardoso (1983, p.96), surgiu primeiramente um conceito mais alargado

ou amplo para, depois, elaborar-se um conceito global ou integrado. O conceito alargado

considera que a par da defesa militar existe uma defesa econômica, uma defesa psicológica,

uma defesa civil e uma defesa cultural, sendo a Defesa Nacional a soma de todas essas

parcelas, afetadas de coeficientes de valores variáveis com as conjunturas e,

fundamentalmente, com as ameaças. O conceito integrado considera a Defesa Nacional como

um sistema, isto é, um conjunto, no seio do qual o elemento defesa militar está em retroação

sobre si mesmo enquanto os outros elementos – a política, a economia, a segurança pública, a

proteção civil e as mentalidades – estão em interação mútua.

Dessa maneira, o conceito de defesa modificou-se. A defesa deixou de ser

unicamente uma responsabilidade militar e passou a constituir-se de uma responsabilidade

nacional–o Estado e os cidadãos. Deixou de designar-se “defesa militar” e tornou-se “Defesa

Nacional”. Porém, a componente militar nunca deixou de existir; apenas deixou de ser

exclusiva da Defesa, passando a constituir uma das variáveis componentes, a qual, embora

não seja considerada a mais importante, é necessária, visto que, em termos de relações

internacionais, passa a ter razão quem argumenta com armas na mão (CARDOSO, 1983,

p.96).

Raramente observa-se a aplicação dos conceitos de defesa de acordo com a sua

pureza. Assim, há quem utilize a expressão “Defesa Nacional” com o significado de “defesa

militar”, sendo esse elemento, assim como todos os outros, hoje parte indiscutível da Defesa

incluída na Segurança Nacional; há quem considere segurançaa finalidade última da defesa, e

há quem a considere apenas um dos objetivos da defesa; e, alguns, referem-na como um meio

para atingir outras finalidades. Contudo, os anglo-saxônicos são adeptos de conceitos mais

vagos, mais flexíveis, enquanto os latinos se mostram mais inclinados às definições claras. Na

verdade, são os autos interesses nacionais que orientam os variados conceitos de defesa

(CARDOSO, 1983.p.97).

Assim, considera-se “Defesa Nacional” uma função essencial do Estado, a qual está

relacionada com a sua existência e sobrevivência. A Defesa Nacional é genericamente

entendida como o conjunto de atividades necessárias para garantir a segurança do país

(RODRIGUES, 2013. p.7).

A partir do final da década de 1970, com a publicação dos trabalhos de Benoit (1978)

acerca da relação existente entre o forte investimento na defesa e o crescimento econômico,

esta deixou de ser considerada exclusivamente como uma função do exército para

salvaguardar a soberania nacional contra a invasão externa, a segurança pública, a proteção

civil, passando a ser importante para o desenvolvimento da economia dos países.

2.2. Politicas de defesa e segurança nacional

Políticas de defesa vigorosas tendem a resultar de ameaças reais, e não meramente

imaginadas, para a segurança nacional (WEEDE, 1986). Enquanto que as políticas de defesa

destinadas a enfrentar ameaças fracas, ausentes ou imaginadas tendem a ser de variedade

desperdiçadora, as políticas de defesa destinadas a enfrentar ameaças sérias e reais através de

forças armadas comparativamente grandes podem contribuir para o crescimento econômico

(WEEDE e JAGODZINSKI, 1981; WEEDE, 1983 apud WEEDE, 1986).

Os tomadores de decisão respondem rotineiramente a ameaças estrangeiras percebidas,

aumentando suas forças armadas, muitas vezes, introduzindo também o recrutamento. Desse

modo, grande parte da população é afetada. Jovens de todas as classes sociais são redigidos;

lhes são ensinadas habilidades militares, disciplina ou prontidão para obedecer a ordens e

patriotismo. Quanto mais grave é a ameaça para a segurança nacional, mais jovens são

afetados e mais seriamente as forças armadas assumem suas tarefas de treinamento (WEEDE,

1986).

Se uma nação enfrenta um grave dilema de segurança, por exemplo, as elites

governantes percebem a necessidade de uma economia forte capaz de sustentar um exército

forte. Para as elites governantes, nada menos do que suas posições privilegiadas estão em jogo

durante graves rivalidades internacionais. Guerras perdidas, bem como catástrofes

estrangeiras, tendem a acarretar no deslocamento da elite. A rivalidade internacional incentiva

a eficiência e a coesão nas classes dominantes, uma vez que o custo do fracasso aumenta

(WEEDE, 1986).

As Forças Armadas de Defesa de Moçambique têm como missões primordiais e

fundamentais as descritas na Lei nº 18/97 – Política de Defesa Nacional, Decreto-lei nº

41/2011 – Estrutura Orgânica das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Com

base nesses documentos legais, as FADM têm, entre outras, as seguintes missões: defender os

interesses vitais do país contra as formas de ameaça ou agressão; e garantir a integridade do

território nacional, a soberania e a segurança dos meios de desenvolvimento da Nação. Nesse

caso, as forças de defesa, ao garantirem a segurança dos meios de desenvolvimento do país,

estariam indiretamente garantindo seu crescimento socioeconômico, pois, Moçambique é um

país rico em recursos naturais, como, por exemplo, carvão e gás natural (importantes para o

desenvolvimento e crescimento econômico e social de Moçambique). Para que esses recursos

sejam explorados, garantindo, assim, o crescimento econômico e, consequentemente, o bem

estar dos cidadãos, é necessário que o país esteja em segurança.

Conforme Bernardino (2008, p. 66), em um contexto regional ou global, não é

possível abordar a temática do desenvolvimento sustentado sem fazer prevalecer a segurança,

pois não há evolução social e econômica em meio à insegurança.

2.3. As Forças de Defesa e Segurança e o desenvolvimento econômico

A Defesa é genericamente entendida como o conjunto das atividades necessárias

desenvolvidas por um Estado ou nação, através de seu exército, com vista a garantir a

segurança do país, impedindo a invasão externa de outras nações e garantindo, dessa forma, a

ordem interna.

No entanto, a importância do exército não se limita à sua atividade final (coerção

externa e interna). Sua capacidade transformadora extrapola essa função – e o tem feito

historicamente – e intervém em outros processos correlatos na construção do Estado. O

exército tem grande importância em, pelo menos, três atividades: a formação da burocracia, o

incentivo à economia nacional (capacidade produtiva) e o apoio ao desenvolvimento da

cidadania e das instituições políticas (SILVA e MARTINS, 2014).

Nesse momento, nosso debate centrar-se-á especificamente na segunda importância do

exército acima mencionada – incentivo à economia nacional – uma vez que o foco principal

desta pesquisa é perceber até que ponto os investimentos nas Forças de Defesa e Segurança de

Moçambique podem contribuir para um fraco desenvolvimento econômico e bem-estar social.

Na literatura moderna, há um grande debate entre aqueles que acreditam que a defesa

(exército e polícia) contribui para o crescimento da economia de um determinado país, assim

como para o desenvolvimento humano (BENOIT, 1978; WEEDE, 1986; SILVA e MARTINS

2014), e aqueles que argumentam que os gastos com a defesa impactam negativamente o

desenvolvimento socioeconômico dos países (BADDELEY, 2005; MARCOLINO, 2014).

No entanto, para Benoit (1978), os países com um forte investimento em defesa

geralmente têm maiores taxa de crescimento socioeconômico, sendo que aqueles com

menores encargos de defesa tendem a apresentar as menores taxas. Para o autor, há uma forte

correlação positiva entre altos encargos de defesa e aumento das taxas de crescimento

socioeconômico. Benoit salienta que maiores encargos de defesa estimulam o crescimento

socioeconômico, pelo menos, à medida que compensam os efeitos adversos que podem ser

causados pelas despesas com o investimento em defesa. Porém, a porcentagem populacional

das forças militares regulares se revela, por sua vez, fortemente correlacionada ao crescimento

econômico (BENOIT, 1978).

A introdução de Padrões de eficiência econômica e análise custo-benefício no

planejamento da defesa podem render benefícios econômicos substanciais, muitas vezes, com

melhorias também em segurança. Essa atitude no planejamento da defesa pode, ainda, gerar

harmonia para futuros acordos de controle de armas entre os próprios países em

desenvolvimento, o que, até então, é evidentemente insuficiente (BENOIT, 1978). Por

exemplo, a ajuda econômica bilateral de aliados militares poderia permitir que alguns países

menos desenvolvidos expandissem suas despesas de defesa ao mesmo tempo em que

aumentam suas taxas de investimento e crescimento econômico, mas, nesse caso, a associação

entre o aumento da defesa e o aumento da taxa de crescimento econômico pode ser descartada

como espúrio, uma vez que não seria derivado de qualquer interação direta entre essas duas

variáveis, mas, sim, da ação de outras variáveis (BENOIT, 1978).

Já para Wilkin (2004), os gastos em defesa ou segurança são componentes da política

fiscal, a qual tem inúmeros impactos teóricos possíveis sobre a economia, positivos ou

negativos, dependendo da maneira como os gastos são operados. Por sua vez, Silva e Martins

(2014) argumentam ao encontro da linha de raciocínio de Benoit (1978) ao referirem que, no

que se tange à economia nacional, é importante observar que, em um sentido amplo, a

preparação militar influenciou a economia (capacidade produtiva) na medida em que o

contrário também é verdade, gerando experiências históricas.

No entanto, contrariamente as ideias de Benoit e Silva e Martinsde que os altos

investimentos em defesa (Exército Nacional) contribuem positivamente para o crescimento da

economia, Baddeley (2005) argumenta que os efeitos dos conflitos armados sobre as

economias dos países subdesenvolvidos são de longo prazo. O argumento de Baddeley é

comungado com Marcolino (2014, p.77), que afirma que os gastos com a defesa (exército)

criam custos de oportunidades que impactam negativamente os investimentos que poderiam

ser direcionados aos financiamentos das políticas sociais, principalmente as de diminuição da

pobreza, e na área de saúde e educação, por exemplo.

Weede (1986) argumenta, ainda, que, possivelmente, não é a contribuição militar para

a formação de capital humano o que explicaria um desempenho melhor do que a média de

alguns PNB (países mesos desenvolvidos), mas o impulso da demanda exercido por altos

gastos militares em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). Os altos índices de participação

militar correlacionam-se com altos encargos de defesa; é por isso que o índice de participação

militar pode ter um efeito que também pode ser atribuído às despesas de defesa.

Apesar de não concordar com a ideia de que os gastos com defesa contribuem para o

crescimento econômico, Marcolino acredita que se considerado sob o ponto de vista da oferta,

os efeitos dos gastos militares para o crescimento econômico podem ser realmente positivos.

Considerando o lado da demanda, é possível haver efeitos positivos, uma vez que os

investimentos em defesa podem, por exemplo, passar para os investidores uma ideia de

estabilidade interna e segurança no retorno de seus investimentos, incentivando, assim, novos

investimentos, e, consequentemente, impactando de forma positiva o crescimento econômico

dos países. A ideia apresentada por Marcolino nos da a entender que os países financiadores

do fim do conflito armado recebem o retorno de seus investimentos após a instabilidade,

impactando, dessa forma, seu crescimento econômico.

Para Barros (1991), o crescimento econômico de um país depende tanto dos

investimentos em capitais físicos (equipamentos, edifícios, fábricas, pontes, estradas etc.)

quanto dos investimentos em capital humano (educação e saúde, o que pode resultarna

elevação do nível de produtividade da força de trabalho). Ou seja, os investimentos em

segurança podem incentivar o crescimento desses fatores, dessa forma, os gastos militares

com a segurança interna e externa dos países podem ter impacto positivo no crescimento

econômico. Nessa mesma linha, Moreira (2002, p. 448-449) argumenta que sem segurança,

não há desenvolvimento econômico e nem político, e que a relação entre a variável econômica

e a variável da segurança é essencial e determinante para assegurar um desenvolvimento

sustentado. Além disso, Marcolino (2014, p.86) afirma que a segurança de pessoas e de bens

contra ameaças internas ou externas é essencial para o funcionamento dos mercados, sendo o

principal incentivo para o investimento, inovação e melhoria das infraestruturas. À medida

que se aumentam as despesas militares, aumenta-se consequentemente a segurança interna de

um país, o que pode aumentar também a produção visto que os investidores se sentem mais

seguros. De acordo com Coelho (2011, p. 12), somente um ambiente democrático e seguro

pode permitir o crescimento e desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida

dos povos. Dessa forma, observamos uma notória interdependência entre segurança e

desenvolvimento. Assim sendo, o investimento em defesa contribui para a segurança do país

e, consequentemente, para seu crescimento socioeconômico.

No caso de Moçambique, o fraco controle das fronteiras terrestres e marítimas devido

à falta de meios de trabalho, assim como a falta de efetivo suficiente para cobrir todo o raio

das fronteiras, facilita o contrabando, a fuga ao fisco e a entrada ilegal de cidadãos

estrangeiros, muitas vezes, de conduta duvidosa e que praticam comércio ilegal, e, devido à

falta de registo dessas pessoas por parte do Estado, torna-se difícil o seu controle e tributação.

Levando em consideração que a fonte de receita do Estado moçambicano é, em boa parte,

proveniente do imposto, a fuga ao fisco e o contrabando, até certo ponto, fragiliza a economia

do país.

Além disso, o desenvolvimento tecnológico ligado ao uso militar (necessidades

impostas pela ocorrência da guerra) sempre esteve na vanguarda das transformações

tecnológicas que levaram ao desenvolvimento das capacidades produtivas. Isso é bastante

visível, pelo menos, desde os exércitos permanentes do absolutismo, que influenciaram as

novas tecnologias de produção (fusão e fabricação de bronze) nas novas necessidades

militares (canhões de bronze e pólvora), embora haja casos na história datados de muito antes

(MCNEILL, 1984, p. 24 -62). Além disso, relacionado a esse aspecto e sob a pressão inicial

das inovações de artilharia, o processo de guerra tornou-se cada vez mais industrial,

incorporando com essas características o corpo, por exemplo, o corpo de engenheiros

(ENGELS, 1981, p. 153).

O Exército Nacional surgiu no núcleo dessas mudanças, não apenas como um meio de

fazer a guerra, mas também como um instrumento de assimilação, entronização e

disseminação do conhecimento sob a forma de tecnologia. Isso, por sua vez, trouxe novas

capacidades produtivas que melhoraram a posição de alguns países na competição

internacional (SILVA e MARTINS, 2014). Se as capacidades produtivas são importantes para

a hegemonia mundial, certamente são decisivas para romper o atraso dos muros do

subdesenvolvimento e da pobreza de que sofrem os países africanos (SILVA e MARTINS,

2014).

Os programas de defesa, embora não sejam destinados a contribuir para a economia

civil, podem de fato fazê-lo de maneiras indiretas que até então não foram reconhecidas. Os

programas civis são ótimos para o crescimento econômico, para o qual, sem dúvida,

contribuem enormemente. Contudo, é preciso comparar os programas de defesa com seus

substitutos objetivamente prováveis, e não com os seus substitutos ótimos, se se pretende

estimar realisticamente os custos de oportunidade e os benefícios líquidos (BENOIT, 1978).

Ao se considerar os índices de participação militar como indicadores de algum tipo de

formação de capital humano, certamente deve-se controlar a formação de capital humano

mais óbvio ou convencional. De acordo com Weede (1986), a participação militar tende a

aumentar acelerar ou ser mais útil para a economia.

Conforme descrito acima, pode-se esperar que ameaças graves à segurança nacional

conduzam à formação de exércitos de massa que instruam disciplina e, possivelmente,

algumas habilidades modernas a uma proporção considerável de todos os homens jovens. No

caso em questão, usou-se o rácio de participação militar de Taylor e Jodice (1983, p. 37-39)

como um indicador da gravidade das ameaças à segurança nacional e da contribuição militar

para a formação de capital humano, no qual o conceito de capital humano foi ampliado para

incluir disciplina e habilidades (WEEDE, 1986). As altas despesas de defesa, como os altos

índices de participação militar, são, muitas vezes, indicadores de ameaças à segurança

nacional. Tais ameaças têm um efeito sóbrio sobre as classes dominantes e reforçam ou criam

um interesse em eficiência que tende a ser benéfico para o crescimento.

Os programas de defesa da maioria dos países contribuem de forma tangível para as

economias civis: (1) alimentação, vestimenta e habitação de pessoas que deveriam ser

alimentadas, alojadas e vestidas pela economia civil e, às vezes, o fazem especialmente em

PAD, envolvendo a elevação acentuada de seus padrões e expectativas de consumo

nutricional, entre outros; (2) fornecimento de educação e cuidados médicos, bem como

formação profissional e técnica (por exemplo, na operação e reparação de automóveis, aviões

e rádios, em higiene e assistência médica, em métodos de construção etc) que possa ter alta

utilidade civil; (3) engajamento em uma variedade de obras públicas – estradas, barragens,

melhorias de rios, aeroportos, redes de comunicação– que, em parte, podem servir para uso

civil; e (4) envolvimento em especialidades científicas e técnicas, tais como estudos

hidrográficos, mapeamentos, levantamentos aéreos, dragagem, meteorologia, conservação do

solo e projetos florestais, bem como certas atividades quase civis, como, por exemplo, a

guarda costeira, operação do farol, trabalho aduaneiro e alívio de desastres, que deveriam ser

realizadas por pessoal civil (BENOIT, 1978).

O papel do Exército Nacional também é relevante no processo de construção de

cidadania e instituições políticas. Sabe-se que uma grande parte da “essência revolucionária

do Estado” está em sua capacidade de “estabelecer direitos para segmentos da população que

nunca os tiveram” (NISBET, 1982, 109). O instituto de recrutamento que baseou o

surgimento do Exército Nacional é uma das partes que garante o funcionamento dessa

engrenagem (SILVA e MARTINS, 2014).

Muito antes do advento do Exército Nacional, no Renascimento do século XV, ao

avaliar o caso de Roma, Maquiavel interpreta o exército como um dispositivo de

virtualização, que pode vencer e dominar as artimanhas da fortuna. Somente o exército de

conscritos asseguraria o empoderamento dos camponeses, que estariam implicitamente, com

armas, qualificados para fazer valer seus direitos – reforma social e concessão de terras

(MAQUIAVEL, 1994 apud SILVA e MARTINS, 2014).

Da mesma forma, Montesquieu, de volta ao século XVIII, defende um Estado de

equilíbrio entre o monarca, os nobres e as pessoas. O último seria organizado em um exército

popular baseado no recrutamento, responsável pelas obras públicas e com poderes políticos.

Esse corpo de oficiais populares do exército emanaria da tropa (como a democracia militar

germânica) que come, dorme e trabalha com as pessoas (MONTESQUIEU, 2002, p. 174 apud

SILVA e MARTINS, 2014). Assim como Maquiavel, Montesquieu percebeu que o exército

dos cidadãos era o caminho para a construção de direitos e liberdades políticas e a maneira de

enfrentar o patrimonialismo.

Parece haver um fio condutor entre o Exército Nacional, a burocracia e as instituições

políticas (democracia). Se “o avanço da democracia é a história da privatização do Estado”

(BRESSER-PEREIRA, 1995, p. 87 apud SILVA e MARTINS, 2014), o papel da

racionalização da política (formação da burocracia nacional) pode ser percebido como um

elemento fiador que garante as liberdades políticas (SILVA e MARTINS, 2014). O processo

de construção de instituições políticas pressupõe capacidades de coerção para “eliminação ou

neutralização de centros de poder autônomos e coercionistas”, o que consiste em um dos

deveres fundamentais do exército (TILLY, 2007, p. 78).

Ao mesmo tempo em que se rejeita a ideia de regimes militares e sua capacidade de

implementar estabilidade, segurança e modernização (LUCKHAM, 1998, p. 26), não se pode

negar que a instituição militar (ExércitoNacional) é capaz de trazer benefícios econômicos,

sociais e políticos – além de ser a fonte básica da ideia de segurança, defesa e soberania. No

entanto, o potencial do exército para contribuir para o processo produtivo e servir como base

das instituições nacionais (burocráticas e políticas) dificilmente é visto em regiões como a

África-Subsaariana (SILVA e MARTINS, 2014).

2.4. Modelos econômicos de gastos militares para o desenvolvimento econômico

Existem vários modelos econômicos de gastos militares que surgiram a partir da

discussão entre os autores clássicos, que acreditam que os gastos militares proporcionam o

desenvolvimento socioeconômico, e aqueles que não o acreditam. Como, por exemplo,

modelos Keynesiano, neoclássico e estruturalistas, com particularizações para diferentes

países, o que permitiu que se fizessem estudos para países de maneira isolada

(MARCOLINO, 2004, p. 81). O uso desses modelos econômicos é necessário quando se

busca inferir sobre a influência dos gastos militares ou em segurança interna sobre o

crescimento econômico ou, até mesmo, sobre o desenvolvimento econômico de um

determinado país ou conjunto de países (MARCOLINO, 2004, p. 81).

2.4.1. Modelo de Feder-Ram

Esse modelo privilegia o lado da oferta, Feder (1983 apud MARCOLINO, 2014, p.82)

analisou o impacto do setor das exportações sobre o crescimento econômico de países

desenvolvidos. O autor dividiu a economia em dois setores – o setor de exportação avançada e

o setor orientado para o crescimento interno – e depois fez uma distinção no seu modelo de

dois setores entre produção civil (C) e produção militar (M), empregando em ambos os

setores o trabalho homogêneo (L) e capital (K), realçando que a produção militar causa efeitos

externos sobre a produção civil, ou seja:

1- M=M(Lm,Km); C=C(Lc,Kc)=M(Lc,Kc)

As restrições de dotação são dadas por:

2- L=∑¡ₑcL¡K=∑¡ₑc+K¡ S={m,c}

A renda doméstica é dada por:

3- Y=C+M

Para Dunne at al (2005 apud MARCOLINO, 2014, p.82), o modelo de Feder possui

vários problemas, particularmente pelo viés de coincidência e pela falta de um fator que

capture a dinâmica das variáveis, o não uso da defasagem dos gastos com a defesa. O autor

afirma que a soma das despesas civis (C) e dos gastos militares (M) na equação 3 só é

admissível se representarem valores monetários em vez de quantidades de produção, e sugere

que o modelo Feder-Ram seja evitado, ou que a equação 3 seja dada por:

Y=PcCr(Lc,Kc)+PmMr(Lm,Km)

Onde Pm e Pc são as constantes unitárias, ou seja, os preços reais associados com as

grandezas reais de produção (Cᵣ e Mᵣ). Esse modelo permite que os produtos marginais de

capital e trabalho possam diferir entre os dois setores através do uso de uma constante de

proporção uniforme:

A diferença proporcional de (3) com (1) e (2) produz a equação de crescimento:

Ainda de acordo com Dunne at al (2005), um µ não nulo é interpretado como o setor

menos eficiente ou menos produtivo na sua utilização dos fatores em relação ao outro, devido

à presença de algum tipo de falha organizacional ou ineficiência que aflige o setor. Um sinal

negativo em µ pode significar que o setor militar é menos eficiente em comparação com o

setor civil.

Mais tarde, Biswas e Ram (1986) aplicaram o modelo de Dunne at al (2005) para

cinquenta países menos desenvolvidos (MARCOLINO, 2014, p.83).

2.4.2. Modelo de Solow Aumentado

Nesse modelo, o efeito da externalidade, juntamente com as diferenças dos fatores de

produtividade, é separado dos gastos da defesa:

Onde Y é a produção econômica, I é o investimento, L é a força do trabalho, M são os

gastos militares, e os traços sobre as variáveis denotam suas diferenças. Da mesma forma que

Y/M representa o tamanho do efeito dos gastos da defesa, M/M representa a externalidade da

defesa. δ representa o diferencial de produtividade entre os setores militares e civis, sendo α, θ

e β os parâmetros do modelo.

2.4.3. Modelo de Aizenman e Glick

Aizenman e Glick (2003) aplicam o modelo de Barro (1990), fazendo uma interação

entre o crescimento, os gastos militares e as ameaças externas. De acordo com Dunne at al

(2005), a inovação interessante apresentada no modelo de Aizenman e Glick é que a produção

é influenciada pela segurança e pelas despesas militares em relação à ameaça à estabilidade

dos países (MARCOLINO, 2014. p.85).

A forma reduzida do produto do modelo de Aizenman e Glick (2003) é dada por:

Onde A é um fator de produtividade exógena, K é a relação capital/trabalho, g é a taxa

de relação infraestrutura/trabalho e (1-a) mede o custo da produção das ameaças de rivais

externos atuais ou potenciais.

A forma funcional simplificada da equação 12 é dada por:

Onde gm é o gasto militar nacional e z é o nível de ameaça externa.

Para Marcolino (2014, p.86), a segurança é medida pela despesa militar em relação à

ameaça externa, o que produz um efeito não linear das despesas militares. Essas, por sua vez,

têm efeito positivo sobre a produção quando a ameaça é alta, e negativo quando é baixa.

3. METODOLOGIA

3.1. Método

Método é o conjunto das normas básicas que devem ser seguidas para a produção de

conhecimentos que têm o rigor da ciência, ou seja, é o método usado para a pesquisa e

comprovação de um determinado conteúdo (GIL, 2009).

No tocante aos aspectos metodológicos, a presente pesquisa vai se guiar pelo método

hipotético-dedutivo, o qual segundo Karl Popper (1975) pressupõea percepção de uma lacuna

nos conhecimentos que seriam solucionáveis mediante tentativas explicativas, formuladas em

termos de hipóteses, e, além do processo de inferência dedutiva, essas são continuamente

verificadas, isto é, testadas de modo a obter ou não validação na explicação de um fenômeno.

Em relação à forma de abordagem do problema e ao tratamento de dados, o estudo terá

caráter qualitativo combinado com a abordagem quantitativa. A razão dessa combinação

reside no fato de a utilização de uma única abordagem impor certas limitações no

recolhimento de dados.

Para a escolha da população-alvo, serão identificados todos os intervenientes diretos

na definição das políticas de defesa e segurança interna de Moçambique. Os intervenientes

diretos na segurança interna de Moçambique são: Forças Armadas de Defesa de Moçambique;

Polícia da República de Moçambique; Serviços Secretos de Segurança do Estado; membros

da Associação dos Antigos Combatentes de Luta de Libertação Nacional (ACLIN).

Optou-se por incluir todos os intervenientes na área da defesa e segurança de

Moçambique como população-alvo por considerarmos que, envolvendo todas essas

instituições, a credibilidade das informações recolhidas seria maior e mais próxima à

realidade.

Quanto à amostra, a pesquisa se baseará pela amostragem intencional. Essa opção

vale-se dos fundamentos de Morse (1994, p. 220-235), o qual salienta que, para que uma

amostra seja representativa e consiga responder os objetivos da pesquisa, deve-se privilegiar a

seleção de sujeitos que detêm um conhecimento aprofundado do fenômeno que se pretende

estudar.

Achou-se prematuro definir o número total da amostra, pois o campo definirá quantos

sujeitos devem ser entrevistados de acordo com a saturação/satisfação frente à entrevista. Esse

fundamento é sustentado por Glaser e Strauss (1967, p.65) ao alegar que a seleção intencional

estabelecida por saturação é considerada representativa quando a entrevista ou a observação

não acrescenta em nada o que já foi dito sobre o fenômeno ou categoria investigado.

Assim sendo, a amostra vai ser composta por um número ainda não definido de

membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique; membros da Polícia da República

de Moçambique; membros dos Serviços Secretos de Segurança do Estado; Associação dos

Antigos Combatentes de Luta de Libertação Nacional (ACLIN), conforme a seguinte tabela

de distribuição das amostras:

Tabela I. Distribuição de amostras por grupo, categoria e técnica aplicada.

Grupo Categoria Técnica aplicada

Forças Armadas de Defesa de Moçambique A

Entrevista

Polícia da República de Moçambique B

Associação dos Antigos Combatentes da Luta de Libertação

Nacional (ACLIN) C

Serviços Secretos de Segurança do Estado D

Reitor e quadros seniores da Academial Policial (ACIPOL) E

Reitor e quadros seniores da Academia Militar F

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

A partir da categoria A e B, pretende-se recolher opiniões sobre as capacidades de que

as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique dispõem para o apoio ao desenvolvimento

socioeconômico, no processo de construção da cidadania e das instituições políticas; as

possíveis intervenções que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique podem efetuar

para o bom desempenho socioeconômico do país; quais ameaças à segurança interna de

Moçambique podem influenciar negativamente o desenvolvimento socioeconômico; o grau de

vulnerabilidade de Moçambique no que tange a riscos e ameaças à segurança interna; e as

capacidades de que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique dispõem para enfrentar

os riscos e ameaças à segurança interna e regional, e o que pode ser feito para reforçá-las.

A partir da categoria C, pretende-se obter informações sobre como essa associação

contribui para o auxílio de questões estratégicas militares para o desenvolvimento

socioeconômico do país; como as Forças de Defesa e Segurança contribuíram no passado

(período da Guerra Civil) para o desenvolvimento socioeconômico do país e como

contribuem hoje.

A escolha da categoria D justifica-se por tratar dos responsáveis pela recolha de

informações que possam por em causa ou que constituem perigo para o Estado moçambicano,

para a sua soberania e segurança interna, e para o crescimento socioeconômico. As categorias

E e F foram escolhidas por serem instituições de ensino superior que formam quadros

seniores da polícia e do exército.

No que diz respeito aos instrumentos de obtenção de dados, utilizar-se-á a pesquisa

bibliográfica, a pesquisa documental, e a entrevista em profundidade. A pesquisa bibliográfica

consistirá no levantamento, na leitura, discussão e análise de diversas obras de caráter

científico de diferentes autores que abordam o tema em questão e de alguma literatura

independente desde que fundamentada na temática proposta.

Segundo Gil (2009), a pesquisa bibliográfica é um procedimento reflexivo,

sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados acerca do

problema em estudo. Essa técnica permite ao pesquisador estar em contato direto com toda a

informação disponível referente a um determinado assunto com o objetivo de efetuar a análise

da pesquisa ou manipulação das informações, bem como descobrir o que já foi registrado de

modo a acrescentar algo novo no conteúdo pesquisado. Sem essa técnica, seria difícil

descobrir o ineditismo de uma determinada pesquisa ou, até mesmo, o acréscimo de nova

informação naquilo que já foi escrito ou pesquisado.

No que tange à pesquisa documental, esse instrumento consistirá na consulta aos

documentos e registros relacionados aos objetivos da pesquisa em foco para fins de coleta de

informações úteis para o entendimento e análise do problema. Esse instrumento de

recolhimento fará parte do processo de conhecimento e assimilação do problema (MICHAEL,

2005).

Vale salientar que os documentos a serem consultados, são: relatórios do Programa

das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Relatórios e documentos do Banco

Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI), Relatórios e documentos do Banco de

Moçambique (BM), leis sobre a política de Defesa e Segurança; leis que criam e regulam o

Exército Nacional de Moçambique; leis que criam e regulam a Polícia da República de

Moçambique; Constituição da República de Moçambique; e legislações que tratam das

políticas de Defesa e Segurança.

Nesse caso, para ter acesso a todos esses e demais documentos que interessem a

pesquisa, o pesquisador se deslocará até Moçambique para solicitar o acesso aos documentos

na Imprensa Nacional de Moçambique, no Ministério da Defesa Nacional e no Ministério do

Interior.

No tocante às entrevistas, recorrer-se-á à entrevista em profundidade, pois, no

entender de Notess (1996), entrevista em profundidade é uma entrevista não estruturada,

direta, pessoal, em que um respondente de cada vez é convidado por um entrevistador a

revelar motivações, crenças, atitudes e sentimentos sobre um determinado assunto. Nesse

processo, o entrevistador faz uma pergunta genérica e, posteriormente, incentiva o

entrevistado a falar livremente sobre o tema.

As entrevistas acima referidas serão dirigidas aos membros dos Serviços Secretos de

Segurança do Estado; membros da Associação dos Antigos Combatentes de Luta de

Libertação Nacional (ACLIN); Reitores e quadros seniores da Academia Policial e Militar; e

Diretores das Escolas Práticas do Exército e da Polícia. Como dito anteriormente, o

proponente pretende se deslocar a Moçambique para ter acesso às individualidades que

compõem as instituições mencionadas.

Este trabalho também fará uso dos modelos de Aizenman e Glick (2003) e Dunne at al

(2013), através da ferramenta de Bootstrap, observando o lado da demanda e partindo da

hipótese de que os altos gastos militares influenciam negativamente no crescimento

socioeconômico.

É importante ressaltar que também será realizada uma análise sobre os períodos

históricos e econômicos de Moçambique, tendo como foco o período compreendido entre

1975 (fim da guerra de libertação nacional contra o colonizador português) e o fim da Guerra

Civil entre o governo da FRELIMO e a RENAMO, em 1992. A partir daí, será analisada a

situação atual do desenvolvimento socioeconômico do país com o objetivo de compreender o

seu processo de transformação socioeconômica e quais foram os agentes mais importantes

que causaram impacto na evolução social, política e econômica do país durante o período em

análise, cujo núcleo foi a guerra armada.

3.2. Delimitação espacial e temporal:

Quanto à delimitação espacial, o estudo tem Moçambique como espaço geográfico de

pesquisa. Em termos geográficos, Moçambique fica situado no sudeste da África, com um

total de 10 províncias, cuja capital é Maputo, também considerada capital política e industrial

de Moçambique. O país é banhado pelo oceano Índico a leste e faz fronteira com a Tanzânia

ao norte; Malawi e Zâmbia a noroeste; Zimbábue a oeste e Suazilândia e África do Sul a

sudoeste. Possui uma superfície total de 799.380 km² que se alonga no sentido Norte-Sul

voltado para o Índico, com o qual se confronta ao longo de 2.515 km de linha de costa

(RELATÓRIO DE MOÇAMBIQUE, 2009).

Figura 1. Mapa ilustrativo da divisão administrativa de Moçambique à esquerda, e da divisão

administrativa da província de Tete à direita.

Fonte: INE (Instituto Nacional de Estatística), 20093

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (2008), a população total do país é

de 20 milhões e 854 mil habitantes, sendo 48,4% homens e 51,6% mulheres.

3INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. 2ª Edição do retrato da província de Maputo 2009.

Disponível em: http://www.pmaputo.gov.mz/informacao/instituto-nacional-de-

estatistica/2a_Edicao_Final_VF.pdf. Acesso em: 01 de Fevereiro de 2015.

No que concerne à delimitação temporal, o tempo proposto para analise são os últimos

42 (quarenta e dois) anos, de 1975 a 2017, uma vez que foi nesse período que decorreram os

conflitos armados e que houve maior gasto/ investimento nas Forças de Defesa e Segurança

de Moçambique.

4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

ANO Descrição de tarefas Fev Maç Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez

2017

Cumprimento de crédito

exigido no Programa

Estágio docente I

Qualificação do Projeto

Produção dos primeiros

capítulos da tese

Produção científica e

participação em eventos

acadêmicos

2018

Coleta de dados

Estágio docente II

Produção dos capítulos da tese

2019 Produção dos capítulos da tese

2020 Apresentação/Defesa da Tese

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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