o fosfato de olinda e os conflitos de mineração

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Ministério de Minas e Energia

Secretaria de Minas e Metalurgia

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

Alexis StepanenkoMinistro de Estado

arena Augusto dos SantosSecretário de Minas e Metalurgia

Garfos Oití BerbertPresidente da CPRM

Hermes Augusto Verner IndaDiretor de Geologia e Recursos Hídricos

Antonio Juarez Milmann MarfinsDiretor de Recursos Minerais

Augusto Wagner Padilha MartinsDiretor de Administração e Finanças

Gil Pereira de Souza AzevedoDiretor de Relações Comerciais

Isaac BeiBorenszteinSuperintendente de Planejamento,Informática e Métodos

Gíuseppína Gíaquínto de AraújoSuperintendente de Apoio eDesenvolvimento Tecnológico

João de Castro MascarenhasSuperintendente Regional de Recife

Page 3: O Fosfato de Olinda e os Conflitos de Mineração

República Federativa do BrasilMinistério de Minas e Energia

Companhia de Pesquisa de Recursos MineraisSuperintendência Regional de Recife

SÉRIE RECURSOS MINERAISVolume 3

o Fosfato de Olinda e osConflitos de Mineração

Nélio das Graças de Andrade da Mata Rezende

Recife1QQ4.

Page 4: O Fosfato de Olinda e os Conflitos de Mineração

Equipe Técnica

Marinho Alves da Silva Filho

Gerente de Recursos Minerais

Carfos A/berto Cava/cantí LínsSupervisar de Projetos Equipe Executora

Luciano Tenório de Macêdo

Serviço de Edição Regional

Garfos Afberto Gavafcanti Lins

Néfio das Gracas de A. da Mata Rezende

Page 5: O Fosfato de Olinda e os Conflitos de Mineração

A mineração, em todo o mundo, é considerada uma atividade quedegrada o meio ambiente, seja a paisagem, seja contaminando aságuas, o solo e o ar.

Entretanto, essa atividade produz os insumos de que a indústria e aagricultura necessitam para a produção de bens e alimentos,respectivamente, sendo por isso multiplicadora de recursos e

empregos.

Tal característica tem levado os técnicos a considerar, nos planosde lavra, a recuperação das áreas mineradas e o provimento derecursos para a prevenção de danos ambientais.

Além dos conflitos ambientais intrínsecos à mineração, sobretudoem zonas urbanas, outros fatores ligados a práticas comerciaispredatórias interferem na exeqüibilidade da atividade.

o problema da Fosforita de Olinda é trazido à tona por se tratar deum caso histórico e ilustrativo, em que a exarcebação da causaecológica e o uso do solo sem planificação adequada privaram asociedade de insumos geradores de alimentos e empregos.

Marinho Alves da Silva Filho

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1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS realização de levantamento aerogeofísico e desondagens, além de plantas de mineração.

A existência de fosforita na faixa litorânea do Estadode Pernambuco é conhecida desde o final da década de1940, quando se constataram teores consideráveis defosfato em testemunhos de sondagem no Município deOlinda.

Em 1978, já dispondo de um significativo acervo deinformações sobre o condicionamento geológico dojazimento fosfático, mas sentindo necessidade de umaintegração desses dados e de conhecer com maissegurança o controle genético dos depósitos, seuslimites a norte de João Pessoa (PB), bem comovisando definir critérios mais precisos a serem usadoscomo guias prospectivos, o DNPM elaborou umprograma, executado pela CPRM sob a denominaçãode Projeto Fosfato na Faixa Sedimentar CosteiraPernambuco- Paraíba.

Os estudos desenvolvidos para o conhecimento dessaocorrência mostraram que sua distribuição geográficacompreende uma faixa descontínua, estendendo-separa norte, atravessando ainda os municípios dePaulista, Abreu e Lima e Igarassu, que hoje integram aRegião Metropolitana do Recife (RMR),prolongando-se pelo Estado da Paraíba, compondo umdos maiores e mais importantes depósitos de fosfatosedimentar da América do Sul.

o objetivo deste documento é avaliar, sinteticamente,diversos aspectos relacionados a esse jazimento,tecendo considerações sobre as flutuações em termosde expectativas exploratórias, incluindo a atualsituação legal das áreas junto ao DepartamentoNacional da Produção Mineral - DNPM; as

implicações da expansão urbana, ocorrida sem umcontrole que inibisse a interferência desse crescimentosobre as áreas mineralizadas; a crescente preocupaçãoda sociedade com os possíveis impactos ambientaisdecorrentes da atividade de mineração, bem comooutros fatores que tornaram essa exploração um casohistórico, merecedor de uma análise aprofundada portodos quantos lidem com o aproveitamento de recursosminerais e com programas de gestão territorial.

Os resultados obtidos com esse trabalho de integração,que incluiu também a realização de sondagensexploratórias, foram bastante elucidativos, analisandoaspectos relativos ao condicionamento genético,variação composicional, controle estrutural dasedimentação, distribuição espacial da mineralização,reservas do minério, as relações com as rochasencaixantes, bem como as espessas coberturastércio-quaternárias estéreis e os fenômenos erosionaisque influenciam na viabilidade exploratória dessejazimento.

Outros pesquisadores, estudiosos do tema, têmcontribuido para o conhecimento genérico dessamineralização, destacando-se o trabalho de Amaral,1990.

3 - GEOLOGIA REGIONAL2 - CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS

o empilhamento estratigráfico da faixa costeira, naregião considerada, pode ser visualizadó no QuadroA evolução do conhecimento geológico na faixa

costeira Pemambuco-Paraíba remonta a meados doséculo passado, quando Hartt, em 1870, identificou apresença de depósitos cretáceos e terciários (FonsecaNeto, 1979). Posteriormente, diversos outros trabalhosrealizados nessa região permitiram a idealização doarcabouço geológico local.

4 - GEOLOGIA LOCAL

Na área abrangida pelos municípios de Olinda,Paulista, Abreu e Lima e Igarassu, a mineralizaçãodistribui-se compondo segmentos descontínuos,devido à erosão parcial da camada fosfática. Partedesse jazimento encontra-se abaixo do nível do mar e aporção de altitude positiva parcialmente recoberta porespesso pacote de rochas não mineralizadas.

A descoberta de fosforita, em 1949, pelo ProfessorPaulo José Duarte, entretanto, desencadeou intensivasinvestigações, tanto por órgãos governamentais, comopor empresas pri;vadas, envolvendo, inclusive, a

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As zonas 11 e 111 apenas localmente mostram umenriquecimento significativo, mesmo assim, fora do

segmento Olinda/lgarassu.

A Figura 1 delineia a configuração genérica dosdepósitos na Região Metropolitana do Recife,destacando-se, de pronto, a significativa extensão dasáreas com capeamento estéril espesso.

A ZONAOs trabalhos de integração (Fonseca Neto, 1979)forneceram detalhes valiosos sobre a geologia dointervalo mineralizado, a partir de correlaçõesestratigráficas que tomaram como ferramenta básica,perfis radiativos de raios gama. Como a radiatividadedas rocha fosfáticas aumenta com o teor de P20S,esses perfis demarcam, com precisão, os intervalosmineralizados da coluna sedimentar, possibilitando ozoneamento e delineamento de suas distribuições nabacia.

A Zona I localiza-se na base da Formação Gramame erepresenta o primeiro e principal episódiofosfatogênico da área, desenvolvido em ambientefrancamente marinho, na plataforma continentalinterna, e muito rasa, próximo à interfacemarinho/continental. Os condicionamentos geológicosenquadram-se no modelo clássico de sedimentaçãofosfática relacionada a correntes oceânicasascendentes, ricas em nutrientes.

Esse horizonte é carbonático e mais pobre em P20S aleste, onde assenta sobre a Formação ltamaracá epossui altitude negativa. Evolui faciologicamente paraoeste a fosforito, rico em P20S, em faixa de altitudepositiva, onde recobre a Formação Beberibe.

No depósito como um todo, identificam-se três zonasde enriquecimento fosfático na Formação Gramame,consideradas verdadeiros marcos estratigráficos.Entretanto, essa fosfatogênese tem sua potencialidademineira acentuadamente despertada apenas na Zona I,tanto pelos teores elevados, como pela ampla e

homogênea distribuição espacial.

Embora a espessura dessa zona alcance em torno de6,5 metros, o minério (mais de 10% P20S) apresenta

QUADRO 1

Areias aluvionares; areias, siltes e argilas flúvio-lagunares;mangues; recifes de arenito; depósitos eólicos; sedimentosde praias; terraços marinhos holocênicos.

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DEPÓSITOSHOLOCÊNICOSC/)

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TERRAÇOSPLEISTOCÊNICOS

Terraços marinhos pleistocênicos.

FORMAÇÃOBARREIRAS

Sedimentos areno-argilosos; argilas variegadas; arenitoscaulínicos; lateritas. Ambiente continental.o

lI:~()lI:wI-

FORMAÇÃOMARIA FARINHA

Calcários detríticos; intercalações de margas; calcáriosarenosos e dolomíticos. Início da fase marinha regressiva.

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oa-::)tI:(!)

Biomicritos argilosos; arenitos calcários; calcarenitos eargilas fosfáticas; fosforita. Marinho transgressivo.

FORMAÇÃOGRAMAME

ow()

,«I-wa:()

F

~ Arenitos dolomíticos, fossilíferos, medianamente

- consolidados a duros.

Marinho, de fase

transgressiva

Arenilos, "

sillilos; folhelhos,conglomerados.lnterdigitações de faciesfluvial, lagunar eestuarina.

Adaptado de: VEIGA JUNIOR, 1991 e AMARAL & MENOR "Apud" DANTAS, 1980

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As reservas oficiais na Região Metropolitana doRecife, de acordo com o DNPM, consideradas apenasáreas com Decreto e/ou Portaria de Lavra, montam em32.424.361 toneladas de fosfato.

Efetivamente, a significativa espessura do capeamentoestéril, alcançando mais de 50 metros em certas áreas,provoca uma relação de mineração (m3 decapeamento/tonelada de fosforita) muito elevada.Se~ndo Amaral, 1990, essa razão de mineração, emmédia, aplicável para a bacia como um todo, é daordem de 25: 1, podendo alcançar 30: 1. Uma realidadecomo essa reflete-se em sérias limitações exploratóriasatravés dos métodos convencionais de mineração a céuaberto, onerando os custos da lavra e provocandoviolenta agressão ao meio ambiente.

5.2 - Experiências de mineração e

viabilidade exploratória

A extração, beneficiamento e comercialização defosfato, na área em apreço, já teve momentos de

significativa importância. Entretanto, um estudo desenvolvido pela Paulo AbibAndery e Associados Ltda, em 1975, para o Ministérioda Indústria e Comércio,. concluiu pela viabilidadeeconômica do aproveitamento de todas as reservas defosforita, nas condições de cape~mento existente.

Destaca-se o papel pioneiro do DNPM e da FosforitaOlinda S.A. - F ASA, que, somando esforços, deramorigem a uma indústria pioneira de fertilizantes, cujaprodução, no período 1957-67, obteve uma dasmaiores expressões no cenário mineral do País,beneficiando mais de 4 milhões de toneladas deminério (Duarte e Krauss. 1978).

É imperioso reconhecer, porém, que a movimentaçãode um imenso volume de capeamento estéril, embutidanessa avaliação, impõe sérias restrições a essa solução,considerando-se a violenta agressão ambiental.

As atividades da F ASA encerraram-se face a umaintrincada conjunção de fatores técnicos, econômicos epolíticos (BRASIL DNPM, 1994). Entre os fatores queinibiram o prosseguimento dessa exploração~sobressairam a baixa cotação do fosfato no mercadointernacional e a elevação dos custos da lavra, uma vezque praticamente esgotaram-se as reservas comcapeamento inferior a 15 metros nas áreas deconcessão dessa empresa. A F ASA detinha cerca de50% das reservas globais na área da RegiãoMetropolitana do Recife.

Em 1977, o Instituto de Desenvolvimento do Estadode Pemambuco - CONDEPE, desenvolveu o Projetode Dimensionamento das Jazidas de Fosfato dePemambuco (Duarte e Krauss, 1978) visandocontribuir para uma ampla avaliação sobre aspossibilidades de exploração, em larga escala, dafosforita deste Estado. Entre as sugestõesapresentadas, destacam-se: a recomendação de umareanálise dos estudos de viabilidade previamenterealizados; o estudo da influência da expansãoimobiliária no aproveitamento das jazidas, e a análiseda possibilidade de extração da fosforita por meio delavra subterrânea mecanizada.

o Grupo Lundgren, detentor de cerca de 40% dasreservas da área, nunca chegou a extrair em grandeescala (Duarte e Krauss, 1978). No início da década de70, entretanto, um estudo de viabilidadetécnico-econômica realizado conjuntamente pelaCompanhia Vale do Rio Doce e Petrobrás, concluiupela exeqüibilidade de um empreendimentoexploratório sobre os depósitos do Grupo Lundgren.Esse estudo, todavia, considerava, com realismo, oaproveitamento apenas parcial das reservas, seoperacionalizadas através de lavra a céu aberto,admitindo-se, também, capeamentos médios inferioresa 15 metros. Para um aproveitamento mais extensivoda reserva total, o Grupo de Trabalho sugeriu estudospara o emprego de lavra subterrânea mecanizada.

Na década de 1980 a empresa NORFÉR TIL S.A.Mineração, Indústria e Comércio, uma associaçãoentre os grupos Petrobrás e LundgreI:1, comparticipação minoritária do Governo do Estado, tentouretomar as atividades de mineração na parcela dasreservas ainda não atingidas pela expansão urbana. Oprojeto, que previa uma produção anual de 64.000 t deP20S, além de enfrentar dificuldades definanciamento, esbarrou em fortes restrições de órgãosambientalistas, e também no fato do INCRA terconsiderado parte da área da jazida como de interessepara fins de reforma agrária. Estes fatos, além das

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Observação atenta de Duarte e Krauss, 1978, despertapara o fato de que a mineração do Grupo Votorantim,I imitando a lavra de fosforita a áreas com capeamentoinferior a 10 metros, poderá concorrer para inviabilizaro aproveitamento econômico das reservasremanescentes.

peculiaridades do mercado brasileiro de rochasfosfáticas que durante algum tempo conviveu comexcesso de capacidade de produção, e ultimamenteenfrenta uma mais forte concorrência do concentradode rocha fosfática impõrtado, fez com quePernambuco perdesse, ou tivesse bastante reduzida, apossibilida<Je de sediar um complexo industrialvoltado para a produção de fertilizantes (BRASIL

DNPM,1994).

o desenvolvimento tecnológico, com advento detécnicas avançadas de extração mineral e evolução nosprocessos de beneficiamento, tem, permanentemente,deixado em alerta os estudiosos e interessados naexploração da fosforita.

. 'o projeto da NORFERTIL encontra-se aprovado pelaSUDENE desde 1984 e está paralisado por motivos deordem política e exigência de controle ambiental(MINÉRIOS DE PERNAMBUCO S.A., 1988). Fonseca Neto, 1979, por exemplo, já sugere a

possibilidade de lavra subterrânea com uso demineradores contínuos, nas áreas de capeamento

espesso.

Desde 1968 o Grupo Votorantim (Cia. de CimentoPortland Poty S.A. e Cia Agro-industrial de IgarassuS.A.) vem explorando fosforita nas áreas em quedetém concessão de lavra, na região de Igarassu. Taisreservas montam em aproximadamente 10% do totalestimado para a Região Metropolitana do Recife.. Esseempreendimento é feito em pequena escala e visaapenas atender a demanda de adubo para as atividadesagrícolas do próprio Grupo.

Amaral, 1990, desperta para a potencial idade dométodo conhecido como BOREHOLE MININGSYSTEM, desenvolvido nos Estados Unidos e queconsiste na explotação do minério, através desondagens, utilizando-se um sistema hidráulico sobalta pressão. Considera esse pesquisador, que ascaracterísticas desse método adequam-se às condiçõesgeológicas do fosfato pernambucano, especialmentenas áreas onde a cobertura estéril ultrapassa 30 metros.

6 - SITUAÇÃO LEGAL DAS ÁREAS

o Quadro 3 mostra o balanço atualizado das áreasjunto ao DNPM, conforme dados levantados para aelaboração do Plano Diretor da Região Metropolitan:do Recife, em fase de conclusão naque.1e

Departamento.

o minério extraído pela Cia. de Cimento Portla)1d PotyS.A., até alguns anos atrás era submetido a tratamentonas instalações da Cia Agro-industrial de IgarassuS.A., viabilizando a utilização do excesso de ácidoclorídrico gerado no processo de produção da sodacáustica, principal produto dessa empresa. Ofertilizante produzido, fosfato bicálcico, eraempregado nos canaviais das usinas de açúcar doGrupo. Com a instalação da NORDESCLOR, quepassou a absorver o excesso de ácido clorídrico, afosforita ficou sendo beneficiada pela própria Cia deCimento Portland Poty S.A. O produto final, fosforitamoída, continua a ter a mesma aplicação que tinha o

fosfato bicálcico (BRASIL DNPM, 1994).

A desativação de atividades exploratórias por parte dedetentores de direitos minerários, tem motivado adecre~ação de caducidade de diversas concessões, peloDNPM.Essa produção é flutuante e observa-se um declínio

nos últimos anos:

7 - INFLUÊNCIA DA EXPANSÃO URBANA1987 - 15.995 t1988 - 9..400 t1989 - 22.170t1990 - 10.500 t1991 - 7.836t

(Fonte: Relatórios Anuais de Lavra - DNPM/PE)

o crescimento demográfico e o conseqüentesurgimento de núcleos habitacionais interferindo noaproveitamento das jazidas de fosforita, são- .preocupaçoes antIgas.

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ocorrida para atender a pressão das atividades decomércio, indústria e agricultura, instaladas ao longoda rodovia BR-IOl, materializando um problemaantevisto e contrariando diretrizes de planejamento.

Estudos realizados sobre o problema, pelo DNPM, nofinal da década de 1970, já mostraram sensívelredução das reservas recuperáveis com aproveitamentocomprometido pela ocupação habitacional.

As Figuras 4 e 5 apresentam um controle das áreasmais densamente ocupadas, e demonstram aviabilidade do emprego de imagens de satélites nomonitoramento do crescimento urbano.

Duarte e Krauss, 1978, mencionam alguns dessesdados, sugerindo uma avaliação mais precisa do efeitorestritivo imposto pela concentração demográfica, noaproveitamento das reservas conhecidas da áreacompreendida entre Olinda e Igarassu.

8 - CONCLUSOESRessaltam ainda esses autores, que com odesenvolvimento urbano da Região Metropolitana doRecife e a valorização dos terrenos, grande parte dasreservas de fosforita ficaram situadas em áreas degrande densidade demográftca, o que, associado aodesencanto dos mineradores, dificultava uma retomadados trabalhos de exploração.

A mineração da fosforita da Região Metropolitana doRecife, no jazimento mineral conhecidotradicionalmente como FOSF A TO DE OLINDA, temuma história que flutua entre conflitos de interesses,recheada de sucessos e euforia, e insucessos eparalisações. Essa história motiva prudência na suaabordagem, despertando reflexões, desafios econtínuas reavaliações, à medida que se modifica aconjuntura e evolue o conhecimento científico etecnológico.

A Fundação de Desenvolvimento da RegiãoMetropolitana do Recife - FIDEM, enquanto órgão de

planejamento, propugnava a fiscalização dos projetosde edificações e loteamentos em zonas de comprovadamineralização, monitorando a ocupação do solo, demodo a preservar a viabilidade econômica de extraçãodo minério fosfático.

Paradoxalmente, entretanto, enquanto a evoluçãocientífica induz a reavaliações, acenando horizontesfavoráveis, o crescimento demográfico e a expansãourbana indomável sobre os jazimentos fosfáticos,associados à pressão ambientalista, justificadamentevoltada para a preservação de áreas especiais, como

A Figura 3 mostra a ocupação urbana na área dosdepósitos nos anos de 1974 e 1988, tornando clara aincontida e elevada taxa de expansão habitacional

QUADRO 3

SITUAÇÃO LEGAL

MUNiCíPIOS DECRETO OUPORTARIA DE

LAVRA

AUTORIZAÇÃO DEPESQUISA

PEDIDO DEPESQUISA

CADUCIDADE OUDISPONIBILIDADE TOTAL

6 4 11

3 3

6 2 8

Total da AMA 22

Total do Estado 22

Fonte: DNPM (NEO-SICOP-SEMIN-PE) em 14/07/94.

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2879134

EVOLUÇÃO DAOCUPAÇÃO URBANADE 1972 A 1988

9130

~~

ocupação urbana até 1972

ocupação urbana até 1988

mineralização com capeamentoestéril maior que 20 m

mineralização aflorante ou comcapeamento estéril menor que 20 m

D janelas erosionais, com remoçãoda camada fosfática

limite da ocorrência de fosfatoacima do nível do mar

--rodovia

limite de município

Escala Gráfica

O 1 2kmI I I

9120

Fontes:

Ocupação até 1972:

Bases cartográficas do convênioMin. Ex./SUDENE.Folhas SB.25-Y-C-VI/3-S0 (Paulista) e

SB.25-Y-C-VI/3-NO (Igarassu)

Ocupação até 1988:

FIDEM: Monitoramento dos AspectosFísicos-Ambientais do Litoral dePernambuco - 1984/88

Figura 3

1.1.

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matas e mananciais, e com um sentimento acentuadode preocupação com os possíveis impactos ambientaisprovocados pela atividade de mineração, refreiam asvisões mais otimistas.

grande escala, para a produção de fertilizante - como

em diversos outros ramos da economia, nem sempredepende apenas de sua viabilidade técnica eeconômica.

Transforma-se, assim, o FOSF A TO DE OLINDA,num caso histórico, servindo de exemplo ao homempara que reflita na necessidade de planejamento emonitoramento da exploração de recursos naturais,para otimizá-la e ajustá-Ia, de forma integrada, aodesenvolvimento dos demais segmentos da sociedade.

Além desses aspectos, a extração seletiva, em áreasnobres com pouco capeamento, conveniente sob umaótica imediatista, compromete a viabilidade futura deuma exploração mais extensiva.

E mais! Sabe-se que a implementação de umempreendimento como o pretendido - a exploração em

1'7

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BIBLIOGRAFIA FIDEM. Fundação de Desenvolvimento da RegiãoMetropolitana do ,Recife. Diretrizes pararacionalização do setor primário. Recife:Geotécnica, 1979. "não paginado". (Relatóriopreliminar 2)

AMARAL, A. J. R. do O depósito de fosfato sedimentardo Nordeste Oriental. Recife: DNPM, 1990. "não

paginado"

AMARAL, A. J. R. do, MENOR, E. de A. Ocretáceo-paleoceno da faixa costeiraPernambuco-Paraíba e depósitos fosfáticosassociados. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEGEOLOGIA, 30, 1978, Recife. Roteiro dasexcursões. Recife: 8BG, 1978, 175p. (Boletim 2) p.69-71 apud DANTAS, J. R. A. Mapa geológico doEstado de Pernambuco: texto explicativo. Recife:DNPM, 1980. 112p. (Brasil DNPM. Série Mapas eCartas de Síntese, 1: Seção Geológica, 1)

FONSECA NETO, J. C. Projeto fosfato na faixasedimentar costeira Pernambuco-Paraíba: Relatóriofinal: DNPM/CPRM, 1979. 6v. i.I.

MINÉRIOS DE PERNAMBUCO S.A.Mercado mineralna indústria de transformação de Pernambuco.Recife, 1988. 83p.

PAULO Abib Andery e Associados. Minériosfosfáticosdo Norte-Nordeste, faixa litorânea de Pernambuco.Contrato 023-01. São Paulo, )975 apud FONSECANETO, J. C. Projeto fosfato na faixa sedimentarcosteira Pernambuco-Paraíba. Relatório final.Recife: DNPM/CPRM, 1979. 6v. il.

BRASIL DNPM. Mineração em Pernambuco;desempenho e perspectivas. Recife, 1994. 51 p.

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VEIGA JUNIOR, J. P. Mapa geológico compilado daRegião Metropolitana do Recife - 1: 1 00.000. Recife:

CPRM/FIDEM, 1992. 11 p.

DUARTE, E. W., KRAUSS, L. A. A. Projeto dedimensionamento das jazidas de fosfato dePernambuco. Recife: CONDEPE, 1978. 88 p.

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