o gerenciamento da comunicaÇÃo e sua …
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MARCELLA RAMOS KERTZMAN
O GERENCIAMENTO DA COMUNICAÇÃO E SUA
IMPORTÂNCIA AO INCENTIVO DA UTILIZAÇÃO DA
BICICLETA COMO MEIO DE TRANSPORTE NA CIDADE DO
RIO DE JANEIRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso MBA em Gerenciamento de Projetos, de Pós-Graduação lato sensu, Nível de Especialização, da FGV/IDE como pré-requisito para a obtenção do título de Especialista.
Orientador: Prof. Maria Luiza Zacharias
RIO DE JANEIRO – RJ
2018
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
PROGRAMA FGV MANAGEMENT
MBA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS
O Trabalho de Conclusão de Curso
O Gerenciamento da Comunicação e sua Importância ao Incentivo da
Utilização da Bicicleta como Meio de Transporte na Cidade do Rio de Janeiro
elaborado por Marcella Ramos Kertzman
e aprovado pela Coordenação Acadêmica do curso de MBA em Gerenciamento de
Projetos, foi aceito como requisito parcial para a obtenção do certificado do curso de
pós-graduação, nível de especialização do Programa FGV Management.
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2018.
André Barcaui
Coordenador Acadêmico Executivo
Maria Luiza Zacharias
Orientador
TERMO DE COMPROMISSO
A aluna Marcella Ramos Kertzman, abaixo assinado, do curso de MBA em
Gerenciamento de Projetos, Turma GP 124 do Programa FGV Management,
realizado nas dependências da FGV Botafogo, no período de 2016 a 2018, declara
que o conteúdo do Trabalho de Conclusão de Curso intitulado 'O Gerenciamento da
Comunicação e sua Importância ao Incentivo da Utilização da Bicicleta como Meio
de Transporte na Cidade do Rio de Janeiro' é autêntico, original e de sua autoria
exclusiva.
Rio de Janeiro, 13 de setembro de 2018.
Marcella Ramos Kertzman
AGRADECIMENTOS
A todos que me ajudaram direta e indiretamente na realização desse trabalho e na
conclusão de mais uma etapa da minha formação profissional.
Aos meus pais, que sempre apoiaram minhas escolhas e me fizeram nunca desistir
de estudar.
RESUMO
Este trabalho apresenta uma pesquisa sobre o tema da mobilidade sustentável na cidade do Rio de Janeiro. Sabendo que o estado da mobilidade urbana é crítico, o transporte sustentével (nesse caso, a bicicleta) tem papel fundamental. Primeiro, foram aprofundados os temas comunicação e bicicleta, com o objetivo de interar o leitor nos temas abordados. Depois, traçado um panorama sobre o sistema cicloviário na cidade e seus futuros projetos. Foram apresentados estudos de caso pelo mundo, como Copenhague e Nova Iorque, que são considerados projetos bem sucedidos. A partir deles, destacaram-se alguns dos principais pontos que os tornaram exemplos de sucesso, fazendo da bicicleta um dos principais meios de transporte na cidade. Pesquisas foram feitas com o intuito de levantar os motivos que as pessoas não usam a bicicleta como meio de locomoção, sendo a insegurança o principal ponto. Assim, o cenário existente no Rio de Janeiro foi apresentado, fazendo uma conexão com a falta de um plano de gerenciamento de comunicação, que diminui as chances do fracasso de um projeto. Todos os dados apresentados nesse estudo afirmam que somente com uma infraestrutura bem planejada, a comunicação entre as partes interessadas e políticas de incentivos tornariam a cidade do Rio de Janeiro a verdadeira capital cicloviária da América Latina. Palavras-Chave: Mobilidade Sustentável; Bicicleta; Ciclovia; Comunicação; Sinalização.
ABSTRACT
This paper presents a research about the theme of sustainable mobility in the city of Rio de Janeiro. Knowing that the current situation of urban mobility is critical, sustainable transport (in this case, the bicycle) plays a fundamental role. First, the themes of communication and cycling were deepened, with the aim of interacting the reader on the topics covered. Afterwards, was presented an overview of the cycling system in the city and the future projects. Case studies around the world have been presented, as Copenhagen and New York, which are considered successful projects. From the, were highlighted some of the main points that made them examples of success, making the bicycle one of the main means of transportation in the city. A research was done to raise the motives that people do not use the bicycle as transportation, the insecurity was the main point. Thus, the existing scenario in Rio de Janeiro was presented, making a connection with the lack of a communication management plan, which reduces the chances of a project failure. All data presented in this study state that only with a well-planned infrastructure, stakeholder communication and incentive policies would make the city of Rio de Janeiro the true cycling capital of Latin America. Keywords: Sustainable Mobility; Bicycle; Bike Path; Communication; Signaling.
LISTA DE ABREVIATURAS
CONTRAN - Conselho Nacional de Trânsito
DETRAN-RJ – Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro
DENATRAN - Departamento Nacional de Trânsito
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
ITS - Intelligent Traffic System
PMBOK - Project Management Body of Knowledge
PMI – Project Management Institute
SAMBA - Solução Alternativa para Mobilidade por Bicicletas de Aluguel
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS
Figura 1 – Desenhos em cavernas ......................................................................... 15
Figura 2 – Modelo de comunicação ....................................................................... 17
Figura 3 - Processo básico de comunicação ........................................................ 18
Figura 4 - Grupos típicos de interessados ............................................................ 18
Figura 5 - Ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas do RJ ......................... 26
Figura 6 - Modelo de bicicleta da Bike Rio ............................................................ 27
Figura 7 - Mapa das estações Bike Rio ................................................................. 28
Figura 8 - Mapa das estações de bicicletários públicos ...................................... 28
Figura 9 - SIC "bicicleta" em ciclovias e ciclofaixas ............................................ 29
Figura 10 - SIC "bicicleta" em faixas compartilhadas nas calçadas ................... 30
Figura 11 - SIC "bicicleta" em faixas compartilhadas na pista de rolamento .... 30
Figura 12 - Placas de sinalização vertical para orientação dos ciclistas ........... 31
Figura 13 - Placas de sinalização vertical para advertir motoristas de veículos
automotores quanto ao trânsito de ciclistas na pista de rolamento .................. 31
Figura 14 - Sinalização vertical de regulamentação: transmite aos usuários as
condições, proibições, obrigações ou restrições no uso de vias urbanas e
rurais ........................................................................................................................ 31
Figura 15 - Ciclovia bidirecional: modelo padrão ................................................. 32
Figura 16 - Ciclofaixa bidirecional: modelo padrão ............................................. 33
Figura 17 - Modelo de segregadores utlizados em ciclofaixas ........................... 33
Figura 18 - Faixa compartilhada em calçadas, pavimentação existente ............ 34
Figura 19 - Faixa compartilhada na pista de rolamento ....................................... 34
Figura 20 - Rede cicloviária de Copenhague. Plano 2011-2025 .......................... 35
Figura 21 – Avenida Brasil...................................................................................... 42
Figura 22 – Rua Visconde Silva ............................................................................. 42
Figura 23 – Rua Professor Álvaro Rodrigues ....................................................... 43
Figura 24 – Avenida Presidente Vargas ................................................................ 43
Figura 25 – Avenida Bartolomeu Mitre .................................................................. 44
Figura 26 – Avenida das Américas ........................................................................ 44
Gráfico 1 - Motivo do uso de bicicleta ................................................................... 39
Gráfico 2 - Motivos pelos quais os entrevistados não usam a bicicleta ou
sentem dificuldade em usá-la ................................................................................ 39
Tabela 1 – Comparação dos diversos meios de transporte do ponto de vista
ecológico.................................................................................................................. 24
Tabela 2 – Riscos de acidente por milhão de quilômetros .................................. 24
Tabela 3 - Perfil dos entrevistados, por idade e sexo .......................................... 38
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 12
1.1 Objetivo ................................................................................................ 12
1.2 Relevância/Justificativa ...................................................................... 13
1.3 Estrutura do trabalho .......................................................................... 14
1.4 Metodologia ......................................................................................... 14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 15
2.1 Definição de comunicação ................................................................. 15
2.2 Elementos da comunicação ............................................................... 16
2.3 O Processo da comunicação ............................................................. 17
2.4 A comunicação nos projetos ............................................................. 20
2.5 Métodos de comunicação .................................................................. 21
2.6 Tipos de comunicação ........................................................................ 21
2.7 A bicicleta ............................................................................................ 22
2.8 A bicicleta e a intermodalidade .......................................................... 23
3. O SISTEMA CICLOVIÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO .............. 26
3.1 O Mapa cicloviário da Cidade............................................................. 26
3.2 Sistema de compartilhamento de bicicletas - Bike Rio ................... 27
3.3 Bicicletários públicos ......................................................................... 28
3.4 Definições e características importantes da malha cicloviária ....... 29
3.5 A comunicação e a malha cicloviária da cidade do Rio de Janeiro 29
4. SISTEMAS CICLOVIÁRIOS DE SUCESSO PELO MUNDO ..................... 35
4.1 Copenhague, Dinamarca .................................................................... 35
4.2 Nova Iorque, Estados Unidos............................................................. 36
5. DESAFIOS DO TRANSPORTE CICLOVIÁRIO ......................................... 38
5.1 Insegurança ......................................................................................... 40
5.2 A falta de comunicação na malha cicloviária da cidade do Rio de
Janeiro .................................................................................................................. 41
6. CONCLUSÃO ............................................................................................. 46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 47
ANEXO I – FORMULÁRIO DE ENTREVISTA ............................................ 51
12
1. INTRODUÇÃO
A cidade do Rio de Janeiro apresenta já faz um tempo, o mesmo quadro
negativo: problemas de congestionamento, utilização inadequada do espaço urbano,
poluição ambiental e sonora, entre outros, todos resultantes de um falho sistema de
transporte público e crescente circulação de veículos motorizados particulares.
Atualmente, o Rio de Janeiro possui 2.804.089 de automóveis (DENATRAN,
2018) e uma população de 6.520.266, ou seja, uma média aproximada de 0.4 carro
por habitante, ou 400 carros para cada mil habitantes.
Temos um padrão de deslocamento urbano, centrado no automóvel particular.
A cidade foi desenvolvida para atender as necessidades do carro, e não dos
pedestres, que vêm sofrendo cada dia mais com os efeitos negativos desse fator. A
bicicleta, além de apresentar vantagens para o meio ambiente e para o bem-estar de
cada indivíduo, também tem sido apropriada pela narrativa publicitária e por
discursos políticos.
Segundo dados da Prefeitura, a cidade apresenta hoje a maior rede cicloviária
da América Latina, totalizando cerca de 450 quilômetros de ciclovias. Esse dado
permitiu que a prefeitura do Rio de Janeiro denominasse a cidade como “Capital
Urbana da Mobilidade por Bicicleta” (SMAC, 2010).
No cenário atual não só do Rio de Janeiro, mas de todo o mundo, é primordial
a busca por transportes alternativos, que gerem menos impactos ambientais, que
desestimulem o uso de automóveis e que devolvam o espaço urbano à escala
humana.
1.1 Objetivo
Este trabalho trata a relação existente entre o panorama atual do sistema
cicloviário do Rio de Janeiro com o nível de qualidade da comunicação utilizada em
seu uso e divulgação. O PMI (Project Management Institute) aborda o
gerenciamento da comunicação em um de seus módulos, representado-o como
habilidade imprescindível para o bom andamento de um projeto.
13
Pesquisas apontam os fatores necessários para uma rede eficiente, capaz de
absorver a demanda de bicicletas como transporte. Os benefícios para o uso de
bicicleta são inúmeros e o grande desafio é adaptar o sistema já existente na cidade
para contemplar uma nova modalidade na rede. De acordo com Gehl (2010), quanto
mais carros nas ruas, mais vias e mais trânsito. Na escala do pedestre, a automação
se torna um fator negativo dentro do cenário atual, com seu uso intensivo. O
principal a ser apresentado, é como a bicicleta pode ser um meio alternativo de
transporte dentro do estado atual da cidade. Deve-se não só ser utilizada, mas
planejada e tratada como um meio de transporte, assim como já é em outras
cidades do mundo.
Conhecida a importância do tema e observada sua ineficiência no cenário de
estudo, o Rio de Janeiro, nasce a inspiração para o estudo desenvolvido nesse
trabalho. A gerência da comunicação sem dúvida alguma se torna um fator essencial
para a rede se torne eficiente.
A relação da comunicação com o sucesso de um projeto é forte, mas
percebe-se facilmente que ela depende diretamente da qualificação das pessoas
envolvidas e ainda da estrutura disposta para uso. Para tirar do papel uma idéia e
torná-la um projeto de sucesso, dependemos de feedbacks e exemplos de sucesso.
No cenário estudado, a falta de comunicação com os motoristas de veículos
motorizados, de sinalização adequada, falta de bicicletários, péssimas condições
das ciclovias e falta de conexão entre elas (tornando falha a conexão da rede) torna
o sistema cicloviário do Rio de Janeiro, um projeto falho.
1.2 Relevância/Justificativa
O tema a ser abordado foi escolhido mediante afinidade do autor com o
assunto bicicleta e com o assunto comunicação. Além do interesse pessoal, o tema
escolhido vem sendo abordado cada vez mais por fóruns sustentáveis, cidadãos de
olho em transportes alternativos à poluição causada por veículos motorizados,
prefeituras de cidades. Quanto à comunicação, sabe-se que a maioria dos
problemas ocorridos em projetos são oriundos de falhas de comunicação. Esse com
certeza torna-se um grande atrativo para aprofundamento de informações e
14
conhecimentos relacionados ao assunto, visto que pode ser a chave para obtenção
de sucesso em projetos aleatórios.
1.3 Estrutura do trabalho
Esta monografia está dividida em seis capítulos. O segundo capítulo introduz
o leitor ao tema da comunicação e ao tema da bicicleta. O terceiro traça um
panorama do sistema cicloviário existente na cidade e da comunicação utilizada em
sua rede. O quarto analisa a estrutura cicloviária existente em duas cidades:
Copenhague e Nova Iorque. Estratégias de implementação, objetivos e a relação
dos ciclistas com a cidade são apresentadas. O quinto fala sobre a relação dos
usuários da bicicleta com a rede existente no Rio de Janeiro. Pesquisas de campo
foram feitas e apresentadas através de gráficos. É apresentado o principal motivo da
desistência do uso da bicicleta: a insegurança. Fotos em pontos estratégicos da
cidade relacionam o padrão adotado pela Prefeitura do Rio de Janeiro com o
realmente é implementado. O sexto capítulo apresenta a conclusão do trabalho.
1.4 Metodologia
Esta monografia foi desenvolvida a partir de uma revisão bibliográfica, que vai
do segundo ao quinto capítulo, sobre temas que abordam a questão da mobilidade
urbana e a comunicação. Esse panorama possibilitou a compreensão da importância
do uso da bicicleta e de suas políticas de incentivo como meio de transporte
alternativo aos transportes motorizados.
15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Definição de comunicação
A palavra comunicação tem sua origem no latim communicare, que significa
tornar comum, partilhar, repartir, associar, trocar opiniões. Desde que nascemos,
fazemos isso a todo instante, seja no ambiente familiar, profissional, etc (MATOS,
2009).
De acordo com Chaves (2006), durante a formação das sociedades
primitivas, seus integrantes desenvolveram a fala pela necessidade de
comunicação, afim de trocar informações. A princípio, símbolos e desenhos
registravam as informações que eram trocadas oralmente. Estes foram os primeiros
passos dados com o objetivo de se comunicar e registrar as informações, originando
as primeiras formas de comunicação escrita.
Figura 1 – Desenhos em cavernas
Fonte: GCN TV.
A comunicação continuou a evoluir, tornando mais fácil a multiplicação das
informações para todos. O ganho com esse avanço e desenvolvimento é a facilidade
com que a informação flui e a rapidez no acesso às pessoas distantes em espaço
16
físico. Podemos manter contato com qualquer pessoa em qualquer parte do mundo,
até mesmo comandar sistemas operacionais remotamente. (ALVES, 2008).
2.2 Elementos da comunicação
Segundo o PMBOK, toda comunicação possui três componentes: o emissor, a
mensagem e o receptor. O processo de comunicação consiste na transmissão de
uma mensagem entre emissor e receptor, sendo que ela sofre influência das
percepções das pessoas envolvidas no processo. Para Mulcahy (2008), essas
influências são oriundas da educação, da experiência, do idioma e da cultura de
cada um. O conhecimento que se tem sobre assunto também muda a percepção da
informação.
Para Chaves (2007), o processo de comunicação se dá a partir deste modelo:
- Emissor ou transmissor: é quem emite a informação. Possui o conhecimento
do real significado da mensagem a ser transmitida. Deve codificá-la de forma clara e
concisa e determinar qual canal será usado na transferência;
- Mensagem: é a informação que é enviada e recebida. Deve ser
compreensível tanto pelo emissor quanto pelo receptor;
- Codificação: é a tradução que o transmissor promove para tornar
compreensível para os receptores, as idéias aos quais ele pretende enviar;
- Canal de comunicação: também chamado de meio ou mídia. É o mecanismo
ou veículo utilizado para enviar a mensagem. Pode ser classificado como formal ou
informal;
- Receptor: é aquele para qual a mensagem foi destinada. Para que a
transferência da informação seja efetiva, o receptor deve decodificá-la corretamente,
como pensava o emissor;
- Decodificação: O receptor promove a decodificação da mensagem que foi
recebida;
- Feedback: também chamada de realimentação ou retorno da mensagem, é
a resposta que o emissor obtém do receptor. Transparece o resultado de sua
tentativa de transferir a informação. É fundamental para acertos das falhas e dos
possíveis erros no processo de comunicação;
17
- Ruído: é tudo que pode interferir na transmissão de uma mensagem. Por
exemplo, fatores ambientais, preconceitos, falta de conhecimento sobre o assunto.
Dificulta a comunicação, interfere na transmissão e perturba a recepção ou
compreensão da mensagem.
A figura 2 ilustra o modelo de comunicação, segundo Chaves (2007).
Figura 2 – Modelo de comunicação
Fonte: CHAVES (2007, p.21).
2.3 O Processo da comunicação
De acordo o PMI (Project Management Institute), o conhecimento de
gerenciamento de projetos é composto por dez áreas: integração, escopo, tempo,
custo, qualidade, recursos humanos, comunicação, riscos, aquisições e stakeholders
(PMBOK, 2013).
A área que será aprofundada nesse estudo é a de comunicação, que nada
mais é do que um processo de troca de informações, com utilização de símbolos
para a transmissão de idéias (KOLOTELO; CARVALHO, 2006).
Quando falamos de gerenciamento de projetos, a comunicação é bastante
específica, restringindo-se aos processos necessários para garantir a coleta,
distribuição, acesso e disseminação de todas as informações de projeto, com foco
em atingir os objetivos antes especificados.
Ao analisar cada uma das áreas de conhecimento de um plano global de
projeto, é possível em cada uma delas encontrar espaço para aplicar algum tipo de
habilidade ou técnica de comunicação. Com a autorização formal do início de um
projeto, o gerente de projetos passa a conhecer o produto que será desenvolvido, a
necessidade, as premissas, os objetivos e as restrições do projeto. A partir deste
ponto, tudo envolve comunicação (ALVES, 2008).
18
O gerenciamento da comunicação tem o objetivo de definir, realizar, monitorar
e controlar todo o fluxo de informações durante o ciclo de vida de um projeto.
Segundo o PMBOK (Project Management Body of Knowledge) o processo de
gerenciamento da comunicação é divido em três partes: planejar, gerenciar e
controlar (PMBOK, 2013).
Figura 3 - Processo básico de comunicação
Fonte: PMBOK, 2013, p. 294.
Para planejar o gerenciamento da comunicação, necessita-se do plano de
gerenciamento do projeto (este fornece todas as informações de como o projeto será
executado, monitorado e encerrado). Necessita-se também identificar todas as
partes interessadas (stakeholders) que serão envolvidas no projeto e quem poderá
ser afetada por ele. Na figura 4, podemos observar grupos típicos de interessados
pelo projeto (KEELING, 2002).
Figura 4 - Grupos típicos de interessados
Fonte: KEELING, 2002, p. 242.
19
Também torna-se necessário para planejar a comunicação, levar em conta os
fatores ambientais da empresa e ativos de processos organizacionais. Utilizamos as
seguintes ferramentas para o planejamento da comunicação, segundo o PMBOK
(2013):
- Análise de requisitos das informações: indica o que as partes interessadas
precisam saber para que o projeto funcione;
- Tecnologias de comunicações: são determinadas a partir da urgência das
informações, da disponibilidade da tecnologia, facilidade de uso, do ambiente do
projeto e da sensibilidade e confidencialidade das informações;
- Modelos: são usados para facilitar as comunicações;
- Métodos de comunicação: são utilizados para compartilhar estas
informações com as partes interessadas do projeto;
- Reuniões: nelas são discutidas as maneiras mais adequadas de utilizar e
comunicar as informações do projeto.
Para Keeling (2002), o controle do gerenciamento da comunicação está
diretamente ligado ao controle do projeto, já que para manter o mesmo dentro da
programação do escopo, custo, prazo e qualidade, o gerente de projetos precisa ter
as informações para fazer as avaliações necessárias e agir, caso algo ultrapasse o
limite e seja necessário alocar recursos ou tomar outras medidas para o sucesso do
projeto.
O gerente de projetos deve ter a capacidade de coordenar a equipe o tempo
todo. Mesmo que não seja presencialmente, deve manter contato com a equipe ao
longo do projeto, estando atento a tudo o que ocorre, sendo informado e informando
tudo e todos que estão envolvidos no projeto. É ele que mantém todos os elementos
integrados. Sem essa integração, o andamento do projeto fica comprometido,
podendo ter boas idéias perdidas em função da dificuldade de administrar
relacionamentos. O gerente de projetos é responsável pela transmissão das
informações de forma explícita, clara e completa, de modo de quem vai receber a
informação não tenha dificuldade em compreendê-la.
20
2.4 A comunicação nos projetos
A comunicação é considerada um dos principais pontos para que o sucesso
do projeto seja alcançado. Ela faz com que as pessoas que participam dele se
relacionem, possibilitando o movimento, fluxo e a organização entre as partes
envolvidas do projeto. É um veículo fundamental quando é necessário resolver
problemas. Muitos conflitos se dão pela omissão ou falta de atenção à comunicação.
Seu planejamento correto se torna uma boa base para uma rede de negócios
(KEELING, 2002). Assim, percebe-se a influência da comunicação na
implementação do gerenciamento de projetos.
Para alcançar pessoas, construir uma relação de confiança e mantê-la, é
necessário o desenvolvimento de habilidades e técnicas de relacionamento
interpessoal. É função do gerente de projetos ter empatia e uma comunicação clara
e efetiva com sua equipe, afim de que o que foi planejado, seja executado de forma
correta (KOLOTELO; CARVALHO, 2006).
As metodologias de gestão de projetos mais eficientes promovem a
comunicação vertical e a lateral. O tipo de comunicação dos gerentes de projetos
com os responsáveis e executivos é vertical (ascendente). Já a comunicação deles
com os clientes, pessoas da mesma função, organizações e equipe de projetos é
lateral, ocorrendo no mesmo nível. Este tipo de comunicação serve para trocar
informações, coordenar problemas, dar conselhos e feedbacks (KERZNER, 2006).
A maior parte das falhas na comunicação se dá porque não é feito um
planejamento, que vai determinar qual a necessidade da informação e quem deverá
recebê-la. Este planejamento envolve: identificar os stakeholders (todos os
envolvidos), os papéis desempenhados por cada um, sua influência e os impactos
que podem vir a causar no projeto, identificar as informações desejadas, definindo
áreas de interesse, meios e frequência de informações, estabelecer quais serão as
formas de registro, definindo os formatos e os responsáveis por eles (MONTEIRO;
ALENCAR, 2007).
21
2.5 Métodos de comunicação
O PMBOK (2013) classifica de modo geral os métodos de comunicação para
compartilhar informações entre as partes interessadas em:
- Comunicação interativa: duas ou mais partes realizando troca de
informações multidirecional. É a forma mais eficiente em garantir que todos os
participantes tenham o mesmo entendimento. É constituída por reuniões,
telefonemas, mensagens instantâneas, vídeoconferências, etc.
- Comunicação ativa: enviada para destinatários específicos que precisam
receber certas informações. Tem a confirmação de que as informações foram
distribuídas, mas não de que tenham sido recebidas ou compreendidas. Inclui
cartas, memorandos, relatórios, e-mails, etc.
-Comunicação passiva: usada quando há volume grande de informações ou
público muito grande. Requer que os destinatários acessem essas informações a
seu próprio critério. Engloba sites de intranet, bancos de dados de lições aprendidas,
etc.
As partes interessadas de cada projeto devem definir qual método de
comunicação deverá ser usado, utilizando-se de requisitos, custo e restrições de
tempo do projeto, levando em conta também o conhecimento e disponibilidade das
ferramentas e recursos que podem ser aplicados no processo da comunicação.
2.6 Tipos de comunicação
Segundo Dinsmore (2003), podemos classificar a comunicação através
dessas três maneiras: comunicação verbal, comunicação não verbal e comunicação
paralinguística.
A comunicação verbal não é apenas a oral. Ela é toda aquela que é
transferida via palavras, podendo estas serem faladas ou escritas. Continua sendo a
mais utilizada e a mais eficaz. A forma escrita ganha espaço por causa das
facilidades que a tecnologia proporciona (e-mail), substituindo as conversas que
antes eram realizadas pessoalmente. Mesmo assim é de suma importância a
comunicação oral presencial, por ser muito eficiente, com forte potencial motivador
pessoal e incentivador do espírito de equipe. Podemos dividir a comunicação verbal
22
em verbal oral e verbal escrita. A primeira é mais rápida que a escrita, permite
manter a mensagem simples e sucinta, gerando agilidade e clareza. Possui
vantagem de possibilitar a obtenção de feedback do receptor no momento da
transmissão da mensagem. Já a segunda, a escrita, é mais detalhada e é utilizada
para explicar temas de maior complexidade ou quando há necessidade de formalizar
algum processo (ALVES, 2008).
A comunicação não verbal é a que se dá sem o uso de palavras, excluindo o
uso de sinais vocais ou paralinguísticos e indicações como tons de voz emocional.
Por isso a chamamos de linguagem corporal. Alguns exemplos são: dor,
sentimentos, emoções e cansaço. Exemplo: pessoas que ficam tímidas ao falar em
público demonstram que estão com vergonha pela cor rosada do rosto, suor
excessivo. É tudo aquilo que não pode ser controlado pelo emissor da mensagem.
A comunicação paralinguística é a que usa a tonalidade da voz, delatando
qual é a situação em que o falante se encontra, como alegre ou triste, cansado ou
bem disposto. Pode ser uma grande ferramenta para tratamento com todos os
interessados no projeto, afim de saber seus níveis de motivação e satisfação
(ALVES, 2008).
2.7 A bicicleta
No atual cenário mundial, torna-se relevante a discussão sobre meios de
transporte alternativos sustentáveis, seja pelas condições climáticas preocupantes,
pelo crescimento populacional ou pela qualidade de vida urbana. Vivemos em uma
cidade com alta taxa de veículos motorizados, que ocupam não só as vias
destinadas a eles, mas também o espaço do pedestre. A utilização em massa desse
meio de transporte, entre outros fatores, aumenta a emissão de gases na atmosfera,
promovendo mudanças climáticas que, hoje, vivemos suas consequências.
Enfrentamos na cidade do Rio de Janeiro um grande congestionamento, o
que nos leva a entender que a demanda não é de colocar mais linhas de ônibus nas
ruas, mais vias para carros e sim, mais ciclovias, criando um sistema que insira a
bicicleta como meio de transporte.
Para Gehl (2011), as cidades devem ser desenvolvidas para o uso das
pessoas, não de carros. Espaços públicos devem ser criados, ruas exclusivas para
23
pedestres e menos vias de automóveis, contribuindo para o bom funcionamento da
cidade.
2.8 A bicicleta e a intermodalidade
Políticas de incentivo ao uso da bicicleta impactam diretamente ao nível de
ciclismo urbano. Tomamos como exemplo a França, que está colocando em fase de
teste uma medida para estimular o uso da bicicleta: o trabalhador que se deslocar de
bicicleta para o emprego, vai receber 0,25 euros para cada quilômetro pedalado.
Deslocando-se 10 quilômetros por dia, a pessoa ganhará no fim do mês 50 euros a
mais.
No caso do Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 2007 foi instituída a Lei nº
4.678, que trata da política de incentivo ao uso da bicicleta. A lei estabelece a
priorização dos modos de transporte coletivo e não motorizado. Ela abrange
diversos tópicos, entre eles:
- Promoções de ações e projetos em favor dos ciclistas, pedestres e
cadeirantes, afim de melhorar suas condições de deslocamento;
- Melhoria da qualidade de vida da cidade;
- Implementação de infraestrutura cicloviária urbana;
- Integração da bicicleta ao sistema de transporte público existente.
Apesar de contemplar bons objetivos para o funcionamento da rede, a
proposta é falha ao ignorar as diretrizes para se chegar a eles. Para o
desenvolvimento de diretrizes que realmente serão capazes de mudar o nosso
sistema, dados técnicos e pesquisas de campo periódicas são necessárias,
ajudando a entender o real estado do sistema (NETO, 2014).
Em 1989, um estudo apresentado pelo ministério alemão comparou diversos
meios de transporte em relação ao automóvel particular, do ponto de vista ecológico,
para um deslocamento equivalente em pessoas/km. Nesse estudo, pode-se
observar as vantagens e desvantagens de cada modal no aspecto ambiental.
24
Tabela 1 – Comparação dos diversos meios de transporte do ponto de vista ecológico
Fonte: Relatório UPI, Heildeberg, 1989, citado pelo Ministério Alemão de transportes.
Podemos observar na tabela 1, que a bicicleta é o meio de transporte menos
impactante em todos os itens. Ela consome apenas 8% do espaço viário e 2% de
risco de acidente induzido, se comparado com o automóvel. Mesmo em cidades com
relevo acidentado e clima frio, a bicicleta é regularmente usada na Europa. Os
únicos elementos climáticos que exercem influência sobre os ciclistas, são a chuva,
vento intenso e sol abrasador.
Quanto à segurança dos ciclistas, calculam o risco nas faixas etárias (vide
tabela 2). Verifica-se que ciclistas entre 18 e 50 anos apresentam risco inferior de
acidentes. Jovens ciclistas são os mais vulneráveis, devido à falta de uma
aprendizagem de regras de condução no trânsito.
Tabela 2 – Riscos de acidente por milhão de quilômetros
Fonte: Relatório UPI, Heildeberg, 1989.
25
Este estudo também relacionou maneiras de como começar uma política de
implantação da bicicleta, como as medidas apresentadas abaixo:
- Melhorar a pavimentação e iluminação;
- Reduzir a velocidade do tráfego automóvel;
- Renovar a marcação no solo apóes repavimentação;
- Colocar/ substituir semáforos e instalar semáforos especiais para ciclistas;
- Modificar vias (escolha da pavimentação, largura de vias ou faixas);
- Criar faixas compartilhadas entre automóveis e bicicletas;
- Modificar sinais luminosos já existentes;
Podemos concluir com o estudo apresentado, que a bicicleta já é considerada
um meio de transporte. Ela apresenta inúmeras vantagens sobre o automóvel,
quando associada a uma política de implementação. Mostra que, mesmo no caso do
Rio de Janeiro, o fator climático e topográfico não podem ser considerados
elementos que impeçam o uso da bicicleta como modal.
Para o Rio de Janeiro, só falta um projeto de gerenciamento de comunicação
bem estruturado, que consiga passar todas as informações necessárias a quem
deseja usar a bicicleta como meio de transporte e quem não deseja, a respeitar o
ciclista, através de sinalização adequada, histórico cultural, sinalização.
26
3. O SISTEMA CICLOVIÁRIO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
3.1 O Mapa cicloviário da Cidade
No final de 2016, o Rio de Janeiro alcançou a marca de 450km de ciclovias. A
cidade apresenta hoje a maior rede cicloviária da América Latina, o que fez com que
a prefeitura do Rio de Janeiro denominasse a cidade como “Capital Urbana da
Mobilidade por Bicicleta”.
Figura 5 - Ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas do RJ
Fonte: PMUS
Segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, obras e projetos para aumentar ainda
mais a malha cicloviária estão em andamento. Entre os principais na cidade estão:
- Parque Natural Nelson Mandela (Lagoa de Marapendi - trecho da Av.
Alfredo Balthazar da Silveira até a Av. Ayrton Senna/ ponte Mal. Adalberto
Rodrigues de Albuquerque) - 13.50km
- Jardim Oceânico - Estação Linha 4 do metrô + ligação com Barrinha e
Shoppings Downtown e Cittá América - 9,0km
- Gardênia Azul - Rio das Pedras - ligação com TransCarioca - 5,7km
- Rio das Pedras - estação Linha 4 do metrô - 7,0km
27
- Penha -Manguinhos, com integração com trens e BRT (TransCarioca e
TransBrasil) e teleférico do Morro do Alemão - 14,50km
3.2 Sistema de compartilhamento de bicicletas - Bike Rio
O primeiro sistema de compartilhamento de bicicletas do Rio de Janeiro foi
lançado em dezembro de 2008: SAMBA (Solução Alternativa para Mobilidade por
Bicicletas de Aluguel). O projeto previa a implantação de 50 estações com o total de
1.000 bicicletas, distribuídas pelos bairros da Zona Sul. O projeto foi suspenso em
2010, devido à roubos de bicicletas, sistema de aluguel falho e localização das
estações (O Globo, 2011).
Em 2011, a empresa Serttel em parceria com o Banco Itaú, reinaugurou o
sistema, se utilizando de um novo nome como nova estratégia de divulgação. A
proposta é que a bicicleta se torne um elemento de integração entre os meios de
transporte, tendo estações próximas. As bicicletas passaram a utilizar a cor laranja
(figura 6), em referência ao banco. Até Janeiro de 2015, o número era de
aproximadamente 200 estações, com cerca de 2.000 bicicletas, abrangendo bairros
da Zona Sul, Centro da Cidade, Tijuca, Barra da Tijuca e Madureira. Segundo o Bike
Itaú, agora em 2018 o número de estações chegou a 260 com cerca de 2.600
bicicletas (figura 7).
Figura 6 - Modelo de bicicleta da Bike Rio
Fonte: Site Bike é legal
28
Figura 7 - Mapa das estações Bike Rio
Fonte: Site Bike Rio
3.3 Bicicletários públicos
Até março de 2017, o balanço era de 2.500 bicicletários públicos e mais de
5.000 vagas na Região Metropolitana (Modelar a Metrópole, 2017). Apesar do
número alto, não é o suficiente para atender a demanda dos que usam a bicicleta
como meio de transporte. Além de estarem em péssimas condições de uso, alguns
estão em áreas de insegurança e em locais sem sinalização adequada indicado a
presença de um bicicletário. A figura 8 refere-se ao mapa de bicicletários públicos
existentes no Rio de Janeiro.
Figura 8 - Mapa das estações de bicicletários públicos
Fonte: Site Transporte Ativo
29
3.4 Definições e características importantes da malha cicloviária
Para melhor entendimento da rede cicloviária da cidade, algumas definições
são importantes para futuras análises deste trabalho. Segundo o “Caderno de
encargos para execução de projetos cicloviários”, da Prefeitura do Rio de Janeiro,
definem-se:
- Ciclovia: pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente
do tráfego veicular comum;
- Ciclofaixa: parte da pista de rolamento da via urbana destinada à circulação
exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica;
- Faixas compartilhadas: são espaços utilizados por ciclistas nas calçadas ou
nas pistas de rolamento, podendo ser compartilhados com pedestres, no primeiro
caso ou com veículos automotores, no segundo.
3.5 A comunicação e a malha cicloviária da cidade do Rio de Janeiro
De acordo com o CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), a sinalização
horizontal consiste em marcas, símbolos e legendas, sobre o pavimento da pista de
rolamento com o objetivo de fornecer informações para que os usuários das vias
adotem comportamentos adequados, aumentando assim a segurança e a fluidez do
trânsito, ordenando o fluxo de tráfego, canalizando e orientando os usuários da via.
Segundo a prefeitura do Rio de Janeiro, a sinalização adequada à malha
cicloviária da cidade segue um padrão. Abaixo algumas sinalizações horizontais
presentes no “Caderno de encargos para a execução de projetos cicloviários”:
Figura 9 - SIC "bicicleta" em ciclovias e ciclofaixas
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
30
Figura 10 - SIC "bicicleta" em faixas compartilhadas nas calçadas
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
Figura 11 - SIC "bicicleta" em faixas compartilhadas na pista de rolamento
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
Para o CONTRAN, a sinalização vertical consiste na utilização de sinais
locados sobre placas fixadas na posição vertical, ao lado ou suspensas sobre a
pista, transmitindo mensagens de caráter permanente ou variável, através de
símbolos e/ou legendas preestabelecidas e legalmente instituídas. Elas servem para
regulamentar obrigações, limitações, proibições ou restrições ao uso da via; adverte
os condutores sobre potenciais riscos existentes na via ou nas proximidades, tais
como passagens de pedestres, direções, pontos de interesse turístico, dentre outras,
ajudando o condutor em seu deslocamento. Abaixo, alguns exemplos de sinalização
vertical que auxiliam a quem usa a rede cicloviária da cidade:
31
Figura 12 - Placas de sinalização vertical para orientação dos ciclistas
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
Figura 13 - Placas de sinalização vertical para advertir motoristas de veículos automotores quanto ao
trânsito de ciclistas na pista de rolamento
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
Figura 14 - Sinalização vertical de regulamentação: transmite aos usuários as condições, proibições,
obrigações ou restrições no uso de vias urbanas e rurais
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
32
Todos os tipos de vias para bicicletas têm um padrão de sinalização. Como
são muitas as subdivisões, seguem as principais de acordo com a Prefeitura do Rio
de Janeiro:
- Ciclovias bidirecionais: como mostrado na figura 15, a sinalização horizontal
deve conter os símbolos da bicicleta na cor branca, indicando o sentido do fluxo. A
linha de divisão de fluxos opostos deve ser na cor amarela e deve ser colocada em
intervalos. A linha demarcatória deve ser na cor vermelha e colocada em toda
extensão da ciclovia. A pavimentação pode ser em concreto vermelho ou concreto
asfáltico.
Figura 15 - Ciclovia bidirecional: modelo padrão
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
- Ciclofaixa bidirecional: de acordo com a figura 16, os símbolos da bicicleta
na cor branca devem ser colocados indicando o sentido do fluxo. A linha de divisão
de fluxos opostos deverá ser na cor amarela, colocada em intervalos. As linhas
demarcatórias na cor branca e vermelha devem ser contínuas e colocadas em toda
extensãp da ciclofaixa. Aqui se usam segregadores (figura 17), que devem ser
colocados no eixo da linha branca, com o lado que possui ângulo mais reto voltado
para a pista de rolamento de veículos automotores, dificultando a invasão destes à
ciclofaixa. Em vias onde o volume de tráfego é menor e o trânsito de veículos não
33
oferecer risco ao ciclista, a colocação dos segregadores não é necessária. Sendo
assim, toda a superfície deve ser pintada de vermelho, entre linhas laterais brancas.
Figura 16 - Ciclofaixa bidirecional: modelo padrão
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
Figura 17 - Modelo de segregadores utlizados em ciclofaixas
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
- Faixa compartilhada em calçadas, com aproveitamento da pavimentação
existente: conforme figura 18, quando não há necessidade de manutenção da
pavimentação, a via de ciclistas deverá ser claramente demarcada através de duas
linhas contínuas vermelhas. Os símbolos da bicicleta são na cor branca e indicam o
sentido do fluxo. Abaixo do símbolo deverá constar a frase: "Prioridade Pedestre".
34
Figura 18 - Faixa compartilhada em calçadas, pavimentação existente
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
- Faixa compartilhada na pista de rolamento: são utilizadas em vias onde a
velocidade permitida é baixa e devem ser no mesmo sentido da direção de veículos.
O trajeto do ciclista é informado através de símbolos da bicicleta e duas setas
(sharrow) na cor branca, colocadas sobre a pista de rolamento (figura 19).
Figura 19 - Faixa compartilhada na pista de rolamento
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro
35
4. SISTEMAS CICLOVIÁRIOS DE SUCESSO PELO MUNDO
4.1 Copenhague, Dinamarca
A cidade hoje possui cerca de 400km de vias reservadas aos ciclistas e cerca
de 584 mil habitantes. Na cidade, há mais bicicletas que habitantes. A vida em
Copenhage se baseia na possibilidade de se deslocar de bicicleta que, além de ser
o meio de transporte mais barato, é também o mais rápido e contribui para a
redução dos gases de efeito estufa.
Figura 20 - Rede cicloviária de Copenhague. Plano 2011-2025
Fonte: Site oficial da Dinamarca
O foco do plano cicloviário de Copenhague é a priorização do transporte
público e não motorizado em harmonia com os automóveis, tornando a mobilidade
acessível a todos (Chapadeiro, 2011).
Copenhague utiliza duas técnicas importantes para promover o uso da
bicicleta:
- Políticas brandas, que incluem campanhas de educação para o trânsito;
- Políticas intensas, com infraestruturas adequadas ao ciclismo combinada
com campanhas de educação.
36
Os semáforos são especiais, adaptados ao ritmo de circulação do ciclista.
Eles são capazes de indentificar o tipo de veículo que se aproxima, podendo
organizar o tráfego de maneira mais eficiente. A preferência sempre será da bicicleta
e do transporte coletivo. Com esse sistema, ciclistas que estiverem andando a uma
velocidade de 20km/h vão pegar todos os semáforos abertos na ida e na volta,
diminuindo assim o tempo de deslocamento. As ruas se tornam dinâmicas ao utilizar
o ITS - Intelligent Traffic System. O departamento de trânsito consegue identificar as
áreas de maior utilização de bicicletas para adaptá-las aos usuários, seja diminuindo
a velocidade dos veículos automores ou colocando sinalizações adequadas.
4.2 Nova Iorque, Estados Unidos
Nova Iorque se distingue das demais cidades dos Estados Unidos pelo uso
significativo do transporte público. Segundo Neto (2014), cerca de 60% dos
trabalhadores acima de 16 anos fazem uso da rede.
Em 1997 o New York City Bicycle Master Plan (DOT, 2018) foi criado,
incentivando o uso da bicicleta como meio de transporte. Na época em que foi
lançado, a cidade contava com cerca de 190km de ciclovias. O objetivo era a
construção de mais 1270km.
Para o desenvolvimento da rede cicloviária, algumas diretrizes de projeto
foram traçadas. Abaixo as principais:
- Sinalização através de placas ou pavimentação;
- Soluções para interseções com carros;
- Grades de drenagem seguras para bicicletas;
- Materiais específicos para pavimentação das ciclovias;
- Barreiras físicas para impedir a entrada de veículos motorizados;
- Traffic Calming;
A cidade também adotou um sistema de compartilhamento de bicicletas, o Citi
Bike, que oferece cerca de 12 mil bicicletas distribuídas em 750 estações,
espalhadas por Manhattan, Brooklyn, Queen e Jersey City . A partir de todos os
dados apresentados, a Secretaria de Transportes de Nova Iorque tem incentivado o
uso da bicicleta como meio de transporte cada vez mais.
37
A rede cicloviária da cidade, dotada de uma boa infraestrutura, conseguiu
tornar as ruas menos congestionadas e com vias mais rápidas para os automóveis.
O sistema cicloviário serviu não somente para solucionar o problema de
congestionamento, mas também como revitalização e criação de grandes espaços
públicos, gerando vitalidade aos bairros, trazendo segurança para os moradores.
38
5. DESAFIOS DO TRANSPORTE CICLOVIÁRIO
Para melhor entendimento da atual situação do sistema cicloviário na cidade
do Rio de Janeiro, foram feitas 60 entrevistas ao longo do mês de julho e agosto de
2018, em pontos considerados estratégicos na cidade para quem anda de bicicleta:
- Estação Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca;
- Praça Antero de Quental, no Leblon;
- Praça General Osório, em Ipanema;
- Praça Mauá, no Centro da Cidade;
- Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ), na Gávea;
- Rua Nelson Mandela, em frente à estação do Metrô, em Botafogo;
Através do questionário aplicado (vide anexo I), conseguiu-se identificar os
principais pontos pelos quais os entrevistados usam ou não a bicicleta como meio de
transporte. Os seguintes resultados foram achados:
Tabela 3 - Perfil dos entrevistados, por idade e sexo
Feminino Masculino
<20 5 7
20-29 12 8
30-39 8 9
40-50 3 1
>50 2 5
0
2
4
6
8
10
12
14
39
Gráfico 1 - Motivo do uso de bicicleta
Gráfico 2 - Motivos pelos quais os entrevistados não usam a bicicleta ou sentem dificuldade em usá-
la
Os números obtidos pelos questionários aplicados são reflexos de uma
comunicação falha. O maior número de usuários se desloca à trabalho (24, dos 60
entrevistados) ou não usa a bicicleta (13 pessoas) , por desrespeito dos motoristas
de veículos motorizados, por falta de sinalização e por insegurança.
0 5 10 15 20 25 30
Assuntos Pessoais
Estudo
Lazer
Trabalho
Não usa a bicicleta
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Desrespeito
Sinalização ruim
Ciclovia descontínuas
Insegurança
Topografia
Clima
Falta de bicicletários
Longas distâncias
Sem conexão
Sem dificuldades
40
5.1 Insegurança
Nos últimos anos, número de acidentes envolvendo ciclistas está em queda
no Rio de Janeiro. Em dados levantados pelo DETRAN-RJ (Departamento de
Trânsito do Estado do Rio de Janeiro), em 2016 foram 26.404 acidentes com
vítimas. Em 2017, 20.535 acidentes (uma queda de 22,2%). O número total de
vítimas também caiu de 38.266 para 31.006. Apesar de os número indicarem queda
nos acidentes, o número de mortes no local dos acidentes aumentou em 11,5% (em
2016 foram 1.902 vítimas fatais e em 2017 2.121 vítimas).
O local com maior número de acidentes no ano de 2017 foi a Avenida Brasil,
com 639 vítimas. Em segundo lugar foi a Avenida das Américas, na Barra da Tijuca,
com 218 acidentes. Em seguida temos a Avenida Dom Helder Câmara (151),
Avenida Presidente Vargas (130) e Avenida Pastor Martin Luther King (122).
Os acidentes envolvendo veículos motorizados e bicicletas mostram como a
rede não foi desenhada pensando na segurança de quem a usa. Como especificado
no caderno de execução de ciclovias da Prefeitura do Rio de Janeiro, as ciclovias
devem ter separações físicas, mantendo a segurança do ciclista, além de uma
política de educação no trânsito, fazendo com que motoristas de carros e ônibus
respeitem as bicicletas no caso de faixas compartilhadas. O projeto contempla
também a manutenção das vias cicláveis existentes e a uma infraestrutura
adequada aos usuários. A segurança do ciclista está diretamente ligada à qualidade
da infraestrutura existente.
No Rio de Janeiro, a infraestrutura existente para os usuários da rede
cicloviária é considerada ruim. Existem muitas ciclovias destinadas ao lazer em
ótimo estado enquanto as destinadas ao transporte necessitam de manutenção e
continuidade. Temos como exemplo de excelência as ciclovias da orla, com
sinalização adequada, separação física (mantendo o ciclista separado dos veículos
motorizados), iluminação e continuidade. Como exemplo ruim, temos as ciclovias de
Botafogo, que apresentam descontinuidade e estado precário de conservação. Nos
bairros da Zona Norte onde muito se usam bicicletas como meio de transporte, há a
maior carência de construção das mesmas (nota-se que a ausência de ciclovias
resulta em maior número de acidentes e mortes).
41
5.2 A falta de comunicação na malha cicloviária da cidade do Rio de Janeiro
Como mencionado anteriormente, a maior parte das falhas na comunicação
se dá porque não é feito um planejamento, que vai determinar qual a necessidade
da informação e quem deverá recebê-la. Este planejamento envolve: identificar os
stakeholders (todos os envolvidos), os papéis desempenhados por cada um, sua
influência e os impactos que podem vir a causar no projeto, identificar as
informações desejadas, definindo áreas de interesse, meios e frequência de
informações, estabelecer quais serão as formas de registro, definindo os formatos e
os responsáveis por eles (MONTEIRO; ALENCAR, 2007).
Notamos claramente a falta de comunicação quando o assunto é ciclovia no
Rio de Janeiro. Embora os cariocas tenham cerca de 450km de malha cicloviária, a
falta de conexão entre ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas é um problema e
expõe seus usuários a riscos. As vias cicláveis são inadequadas para quem deseja
usá-las, apresentando falhas como asfalto irregular ou esburacado, bocas de lobo
mal posicionadas (podendo causar acidentes), falta de sinalização em áreas de
risco, tampas de bueiro desniveladas.
Poucas pesquisas são feitas para saber os reais interesses dos ciclistas,
assim como de condutores de veículos motorizados. As campanhas de divulgação
para a segurança dos usuários da rede cicloviária são ineficazes, sem conseguir
atingir o público alvo correto. Os principais problemas são a falta de respeito dos
condutores motorizados e de infraestrutura adequada, como ciclovias e bicicletários.
A malha cicloviária da cidade é voltada para o lazer, deixando-a incompleta
ao se pensar em meio de transporte. Abaixo, com o intuito de afirmar que os
números de acidentes são elevados nas vias mencionadas,são apresentadas fotos
dos locais e um comparativo com o que a prefeitura do Rio considera como padrão.
42
Figura 21 – Avenida Brasil
Fonte: Google
Conforme figura 21, notamos a ausência de uma ciclovia para atender a
demanda do local. Os ciclistas se arriscam em meio aos carros para se locomover,
numa área que o uso de bicicletas é de grande fluxo, assim como de veículos. Neste
caso, a implantação de uma ciclovia com separação física seria necessária, além de
sinalizações verticais e semáforos especiais, que alertem os motoristas de veículos
motorizados a tomar cuidado com os ciclistas.
Na figura 22, temos o exemplo da Rua Visconde Silva em Botafogo, onde
podemos ver que a faixa compartilhada (entre bicicletas e pedestres) não está
dentro dos padrões da prefeitura. Ela é interrompida por obstáculos que
impossibilitam o fluxo contínuo do usuário, além de trazer riscos. Podemos observar
a presença de árvores, remendos na calçada, além da falta de símbolos horizontais
e sinalização adequada.
Figura 22 – Rua Visconde Silva
Fonte: Google
43
Na figura 23, temos a Rua Professor Álvaro Rodrigues, também em Botafogo.
Neste caso, a ciclovia encontra-se em boas condições de pavimentação, mas foge
ao padrão em termos de sinalização. Segundo a prefeitura, as ciclovias que passam
por saídas de garagem deveriam ter uma sinalização específica, com interrupções
nas linhas de sua extensão, sinalizando que ali há uma situação que requer atenção
(nesta falta também uma linha contínua delimitando o espaço físico da ciclovia).
Notamos também a falta de sinalização vertical.
Figura 23 – Rua Professor Álvaro Rodrigues
Fonte: Google
Na figura 24, mostra-se uma das vias com mais fluxo de veículos motorizados
da cidade, a Avenida Presidente Vargas. Por fazer conexão entre vários bairros,
acaba tendo muito trânsito, o que traz a necessidade de um transporte alternativo
para quem vai se deslocar em pequenas distâncias. Em uma das ruas com maior
número de acidentes, vemos um ciclista se arriscar ao andar no meio da rua e
contra o fluxo de carros, pela ausência de uma ciclovia que gere conexão.
Figura 24 – Avenida Presidente Vargas
Fonte: Google
44
Um outro exemplo de falta de planejamento está na Avenida Bartolomeu
Mitre, no Leblon (figura 25). A ciclovia apresenta descontinuidade de pavimentação,
confundindo quem a usa, além da falta de sinalização horizontal (como os símbolos
da bicicleta, faixa de delimitação da pista e interrupções indicando saídas de
garagem) e de sinalização vertical (semáforos e placas indicando a presença de
ciclistas no local e nos cruzamentos de alto fluxo de carros).
Figura 25 – Avenida Bartolomeu Mitre
Fonte: Google
Outro ponto com altos índices de acidentes na cidade é a Avenida das
Américas, na Barra da Tijuca (figura 26). A ausência de ciclovias faz com que o
pedestre e o ciclista dividam uma calçada estreita, arriscando suas vidas ao lado de
uma via de alto tráfego. Com tanto espaço em uma avenida de grande largura, a
implantação de uma ciclovia bidirecional seria ideal.
Figura 26 – Avenida das Américas
Fonte: Google
45
A intenção de mostrar a atual situação de algumas vias da cidade foi a de
confirmar que falta um plano de gerenciamento de comunição para este transporte
alternativo, a bicicleta.
Os responsáveis pelos projetos de mobilidade deveriam escutar os usuários
da rede para projetar de maneira correta minimizando as falhas. Há uma falha de
comunicação entre quem projeta, quem usa a rede e quem não usa mas deve
respeitar.
Poucas campanhas são realizadas e, quando são feitas, não são
amplamente divulgadas. Também correm o risco de não atingir o público certo, o
que não tem o efeito desejado. O objetivo delas deve ser a de chamar a atenção
para a direção defensiva e a convivência pacífica entre pedestres, cicilistas e
motoristas no trânsito.
Segundo a ANPUR (2017), para um plano correto de comunicação os
pontos relevantes para o desenvolvimento de políticas de promoção do uso da
bicicleta são:
- A alta correlação entre a qualidade da infraestrutura cicloviária e o uso da
bicicleta;
- A inter-relação entre cultura cicloviária e políticas de mobilidade;
- Investimentos em infraestrutura cicloviária (gerando impactos qualitativos e
quantitativos;
- Envolver os cidadãos no desenvolvimento de políticas e projetos;
- Infraestrutura com clara legibilidade e conectada a rede de transporte da
cidade;
- Ciclovias seguindo o sentido do fluxo da via, gerando mais segurança a
quem pedala.
O que afasta os ciclistas da ruas do Rio de Janeiro não é a falta de segurança
pública como muitos querem acreditar. É a falta de políticas de mobilidade urbana.
.
46
6. CONCLUSÃO
A busca por um meio de transporte alternativo vem ganhando destaque
quando falamos em desenvolvimento urbano. Por ser mais eficiente e acessível, a
bicicleta vem conquistando seu espaço. Ao compararmos cidades européias com
brasileiras, notamos que aqui o uso da bicicleta foi subestimado. Temos um
potencial enorme para incluí-la na rede de transportes, mas falta planejamento.
Como vimos nos capítulos anteriores, de nada adianta a cidade do Rio de
Janeiro ter 450km de ciclovias se a qualidade e eficiência de sua infraestutura é
precária. Temos exemplos de ótimas ciclovias, como as das orlas (Leme até Leblon),
de ciclovias precárias (como as de Botafogo) e de ausência de ciclovias em áreas
com demanda para tal (Avenida das Américas e Avenida Presidente Vargas).
A falta de sinalização adequada, pavimentação sem manutenção, falta de
conexão com outros meios de transporte e pouca divulgação de campanhas de
educação no trânsito, tornam a bicicleta um meio de transporte ineficaz na cidade.
Os dados disponíveis relacionados à bicicleta ainda são poucos. A Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro possui poucas maneiras para observar e acompanhar a
evolução desse meio de transporte, dificultando o estabelecimento e cumprimento
de metas e prazos. Existe um problema, mas não consegue-se saber a causa.
A Prefeitura precisa investir em planos de gerenciamento, além de
ferramentas de diagnósticos e pesquisas, permitindo a criação de um banco de
dados eficaz. É necessário planejar, implementar e avaliar os resultados obtidos.
Nota-se principalmente a falta de um plano de comunicação, onde busca-se
entender a cultura, o desejo, a necessidade, os aspectos comportamentais e as
expectativas de cada parte interessada, além de identificar efeitos positivos e
negativos.
A cidade do Rio de Janeiro apresenta potencial para ser a capital da bicicleta,
mas ainda estamos muito longe disso.
47
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