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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
ADRIANO HENRIQUE FONTOURA DE FARIA
O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: O CASO PETROBRAS
Belo Horizonte 2018
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ADRIANO HENRIQUE FONTOURA DE FARIA
O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: O CASO PETROBRAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Administração do Centro
Universitário UNA, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre.
Área de concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional
Linha de pesquisa: Redes Empresariais, Inovação e Competitividade.
Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki
Co-Orientadora: Profa. Dra. Cristiana Trindade Ituassu
Belo Horizonte 2018
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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras
F224g Faria, Adriano Henrique Fontoura de
O gerenciamento de impressões em empresas públicas brasileiras: o caso da
Petrobras. / Adriano Henrique Fontoura de Faria – 2018.
109f.
Orientadora: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2018. Programa de Pós-
graduação em Administração.
Inclui bibliografia.
1. Gerenciamento de impressões. 2. Petrobras. 3. Administração. I. Souki,
Gustavo Quiroga. II. Ituassu, Cristiana Trindade. III. Centro Universitário UNA.
IV. Título.
CDU: 658
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AGRADECIMENTOS
Aos que contribuíram para a realização deste trabalho, fica expresso aqui a
minha gratidão, especialmente:
A minha mãe Rosane, a quem dedico este trabalho em gratidão por todos os
seus esforços e pelo apoio incondicional.
A minha esposa Larissa pelo companheirismo em todos os momentos desta
jornada.
A toda a minha família, em especial a minha avó Glorinha, ao meu pai João, e
aos meus irmãos João Ricardo, Rafael e Izadora, pela certeza de que nunca estarei
sozinho durante essa longa caminhada.
Do mesmo modo sou grato aos meus amigos pelo apoio e companhia nos
momentos de folga.
Aos meus colegas do mestrado, pela parceria, pelos momentos difíceis que
passamos juntos e pelas vitórias compartilhadas.
Aos professores integrantes da banca examinadora, Iris Goulart, Ricardo
Alves e Marcelo Rezende, pelo empenho, disponibilidade e envolvimento que
tiveram neste percurso.
Aos Professores Gustavo Souki e Cristiana Ituassu, pela orientação, pela
dedicação, pelo aprendizado e conselhos em todos os momentos, e em nome deles
agradecer por todo o apoio à todos os professores e funcionários do programa de
mestrado do Centro Universitário UNA.
A conclusão deste trabalho representa o desfecho de uma importante parte
da minha história e me remete a todo o caminho percorrido até aqui. As dificuldades
existiram a todo instante, e optei por superá-las ao invés de aceitá-las, com a ajuda
de Deus e de pessoas muito especiais que sempre me deram o incentivo
necessário.
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Sucesso não é o final, falhar não é fatal: é a
coragem para continuar que conta.
(Winston Churchill)
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RESUMO
O gerenciamento de impressões é empregado por indivíduos e organizações a fim
de atender a necessidade de se mostrarem para o público, desenvolvendo
estratégias para alcançar, da melhor maneira, reconhecimento e aprovação
desejados. Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e
de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica de análise de conteúdo para
examinar as publicações institucionais da estatal brasileira Petrobras. Tais
publicações foram obtidas no Blog Fatos e Dados, canal usado pela empresa como
meio de interação com o público, no qual divulga suas ações e responde aos
veículos de comunicação. O objetivo geral foi analisar essas publicações,
identificando as estratégias e táticas de gerenciamento de impressões empregadas
pela empresa em ocasiões importantes de sua trajetória. Os resultados permitiram
perceber que, nas situações em que a organização se pronunciou de forma
espontânea, utilizou-se, com maior frequência, de estratégias com o intuito de se
mostrar produtiva e qualificada no exercício de suas atividades e como vítima nos
casos relacionados à corrupção e má gestão. Por sua vez, quando a empresa
respondeu aos questionamentos e acusações dos veículos de comunicação, optou
por táticas que pudessem reduzir o impacto negativo à sua imagem. As táticas mais
utilizadas tinham como propósito oferecer explicações e justificativas de suas ações,
ou divulgar suas iniciativas e colaborações nas investigações. As motivações da
empresa para essas escolhas são discutidas neste trabalho, assim como as suas
consequências, mas, embora não seja possível afirmar sobre o caráter das
publicações como sinceros ou cínicos, o fato é que o gerenciamento de impressões
foi usado com frequência pela Petrobras em suas publicações no Blog Fatos e
Dados.
Palavras Chave: Gerenciamento de impressões, Petrobras, Blog Fatos e Dados.
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ABSTRACT
The impression management can be used by individuals and organizations in order
to meet the need to be shown to the public, developing strategies to achieve, in the
best way, recognition and approval. In this research, a qualitative and descriptive
study case was chosen, in which the technique of content analysis was used to
examine the institucional publications of the Brazilian state-owned company
Petrobras. These publications were obtained at Fatos e Dados blog, a channel used
by the company as means to interact with the public, in which it discloses its actions
and responds to communication vehicles. The overall objective was to analyse these
publications, identifying the strategies and impression management tactics used by
the company in each case, searching to interpretate their motivations and
consequences. The results allowed to perceive that, in situations in which the
company pronounced itself spontaneously, it has used, more frequently, of strategies
in order to show itself as productive and qualified in the exercise of its activities and
as a victim in cases related to corruption and mismanagement. In turn, when the
company responded to the questions and accusations of communication vehicles
opted to use tactics that could reduce the negative impact to its image. The most
commonly used tactics had purpose of offering explanations and justifications of their
actions, or to disclose their initiatives and collaborations in the investigations. The
company's motivations for these choices are discussed in this research, as well as
their consequences, but while it is not possible to say about the character of the
publications as sincere or cynical, the fact is that impression management was
frequently used by Petrobras in his publications in the Blog Fatos e Dados.
Key words: Impression Management, Petrobras, Fatos e Dados Blog.
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Estratégias de Gerenciamento de Impressões ......................................... 46
Quadro 2: Táticas de gerenciamento de impressões ................................................ 47
Quadro 3: Natureza do estudo e método de pesquisa .............................................. 52
Quadro 4: As etapas da análise de conteúdo ........................................................... 55
Quadro 5: Estrutura Metodológica ............................................................................. 55
Quadro 6: Publicações sobre o Caso “Operação Lava Jato” .................................... 60
Quadro 7: Publicações sobre o Caso “Compra da Refinaria Pasadena” .................. 72
Quadro 8: Publicações sobre o Caso “CPI” .............................................................. 82
Quadro 9: Publicações sobre o Caso “Pré-sal” ......................................................... 88
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Marcos históricos da Petrobras .................................................................. 28
Figura 2: Dimensões do Gerenciamento de Impressões .......................................... 45
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Volume de notícias compra Pasadena (2005 a 2015) .............................. 21
Gráfico 2: Endividamento Consolidado Petrobras (2011 a 2015).............................. 31
Gráfico 3: Evolução do preço da gasolina nacional vs. petróleo internacional .......... 32
Gráfico 4: Lucro Líquido Consolidado (2011 a 2015) ................................................ 33
Gráfico 5: Valor de Mercado x Valor Patrimonial (2011 a 2015) ............................... 37
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Gastos com propaganda 2006 a 2015 ...................................................... 20
Tabela 2: Notícias por caso no blog Fatos e Dados .................................................. 56
Tabela 3: Estratégias de GI utilizadas por caso ........................................................ 98
Tabela 4: Táticas de GI utilizadas por caso .............................................................. 99
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LISTA DE SIGLAS
BPD - Barris por Dia
CNP - Conselho Nacional do Petróleo
COMPER – Complexo Petroquímico
CPI - Comissões Parlamentares de Inquérito
CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
GI - Gerenciamento de impressões
M&E - Management & Excellence
MPF - Justiça Federal e Ministério Público Federal
PF - Policia Federal
PMDB - Partido da Mobilização Democrática Brasileira
PP - Partido Progressista
PT - Partido dos Trabalhadores
REFAP - Refinaria Alberto Pasqualini
REGAP - Refinaria Gabriel Passos
REPAR - Refinaria Presidente Getúlio Vargas
REPLAN - Refinaria Planalto Paulista
REVAP - Refinaria Henrique Lage
STF - Supremo Tribunal Federal
TCU - Tribunal de Contas da União
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14
1.1 Problema de pesquisa .................................................................................... 23
1.2 Objetivos ......................................................................................................... 24
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 24
1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 24
1.3 Estrutura da dissertação ................................................................................. 24
1.4 Contextualização do Objeto da Pesquisa ....................................................... 25
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 39
2.1. O gerenciamento de impressões .................................................................... 39
2.1.1. Estratégias e táticas de gerenciamento de impressões .................................. 45
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................... 52
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................... 58
4.1. Caso 1: Operação Lava Jato .......................................................................... 58
4.2. Caso 2: Compra da Refinaria Pasadena ........................................................ 71
4.3. Caso 3: CPI .................................................................................................... 81
4.4. Caso 4: Pré-sal ............................................................................................... 87
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 100
5.1. Limitações e sugestões para pesquisas futuras ........................................... 102
5.2. Implicações acadêmicas e gerenciais .......................................................... 103
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14
1 INTRODUÇÃO
Por vários séculos e em diversas culturas buscou-se, por meio de estudos e
pesquisas em distintas áreas do conhecimento, compreender o comportamento
humano em relação à busca de reconhecimento e aprovação social, inclusive, por
meio de ações planejadas e calculadas previamente, o que compreende a
necessidade de indivíduos e organizações em apresentar uma imagem positiva
perante os seus stakeholders.
Comunicar-se melhor com o seu público, já há bastante tempo, também é um
grande desafio para as organizações. De acordo Machado e Barichello (2011), no
mundo contemporâneo, em que cada vez mais a tecnologia facilita esta interação,
melhorar a utilização de recursos de comunicação e divulgação de suas informações
se tornou um objetivo de muitas empresas nos mais diversos segmentos.
Esta comunicação foi se aperfeiçoando ao longo do tempo, se adequando às
novas ferramentas tecnológicas de comunicação e interação entre as pessoas. De
acordo com Terra (2006), essa evolução dos meios digitais ocorreu em três etapas.
Na primeira o conteúdo era pouco relevante, e os instrumentos de difícil
operacionalização. Na segunda etapa, a entrada dos grupos de mídia na internet a
transformaram em uma grande enciclopédia e centro de informações. Por fim, a
internet se torna colaborativa, com base nos princípios de participação, a inteligência
coletiva, a comunicação corporativa e web 2.0.
Conforme explicam Machado e Barichello (2011), na web 2.0 a criação e o
compartilhamento de conteúdo são potencializados pelo uso de recursos multimídia
como áudios, vídeos e imagens e, também, pela possibilidade de interação entre os
emissores e receptores de conteúdo. Assim a web 2.0 realizou o desejo que as
pessoas tinham de opinar, serem ouvidas e interagirem com outros indivíduos e
organizações.
Para Terra (2006), as novas tecnologias digitais presentes na comunicação
organizacional proporcionam diversos espaços de expressão, como os sites, blogs,
entre outros. Estes espaços virtuais permitem a livre publicação de notícias,
opiniões, pensamentos e ideias.
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Além da cultura de participação, de acordo com Nogueira e Castro (2014), o
avanço tecnológico criou um novo tipo de cidadão, acostumado com soluções
online, inclusive em relação à sua participação política e demandas em relação aos
órgãos públicos. Neste sentido, em alguns casos, o cidadão não difere a sua forma
de comunicar com seus amigos, empresas e governo, passando a tratar as
instituições como algo acessível, e esperando por respostas imediatas a seus
questionamentos.
Nogueira e Castro (2014) acrescentam que o aprimoramento das ferramentas
desta interação virtual das empresas privadas com o público leva o cidadão a
esperar receber dos órgãos governamentais serviços melhores que os privados,
uma vez que se trata de demandas que são entendidas como um direito seu.
De acordo com Machado e Barichello (2011), é preciso atentar para o fato de
que, quando as organizações e pessoas rompem o vínculo com as instituições
midiáticas e estabelecem um diálogo direto, ocorre o empoderamento para
construções simbólicas e representações feitas sobre as organizações, uma vez que
o que é publicado e divulgado não possui nenhum tipo de mediação.
Portanto, além de se mostrarem para o público, as organizações
desenvolvem estratégias para alcançar, da melhor maneira, o reconhecimento e a
aprovação desejados. Neste sentido, para que se melhor compreenda o enfoque do
estudo, importa que se entenda o contexto em que se define a teoria do
gerenciamento de impressões.
Segundo Mendonça e Fachin (2010), há várias explicações para que as
pessoas e organizações gerenciem impressões como uma ferramenta de
autopromoção pois, uma vez que estas precisam interagir socialmente, o método
permite definir os papéis que eles desempenham dentro de um ambiente.
O primeiro registro científico e acadêmico da proposição do gerenciamento de
impressões, conforme apontam Mendonça e Fachin (2010), é associado ao autor
Erving Goffman, que, portanto, é considerado o fundador desta teoria. Em sua tese
de PhD no ano de 1953, com publicação em livro após seis anos, sob o título “The
Presentation of self in everyday Life”, Goffman apresentou um modelo dramatúrgico
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para relatar as interações sociais e como os indivíduos, nessas interações, se
apresentam e buscam gerenciar as impressões formadas por outros.
De acordo com Carvalho (2016), a perspectiva dramatúrgica de Goffman
retrata as interações sociais como teatrais, oferecendo uma ferramenta de análise
dos comportamentos dos indivíduos, enxergando-os como atores de seus papeis. O
recurso analítico e metodológico da metáfora dramatúrgica para analisar o
comportamento humano na interação entre os indivíduos considera o pressuposto
de que o homem influencia e é influenciado pela sociedade, ou seja, de que por
meio da absorção de significados na interação com outras pessoas e objetos, os
indivíduos constroem o seu conhecimento do mundo.
De acordo com Oliveira, Kilimnik e Fornaciari (2012), o conceito de “self” (eu),
pode ser definido como a consciência que um sujeito tem de si mesmo. Esta
abordagem foi a base para que Goffman viesse a propor seu conceito de
gerenciamento de impressões e a metáfora teatral.
O mérito de Goffman, segundo com Oliveira, Kilimnik e Fornaciari (2012), foi
ampliar a teoria do gerenciamento de impressões, como um fenômeno social,
apresentando uma relação entre o “self” e os outros, e não apenas uma perspectiva
isolada do indivíduo, uma vez que para o autor o “self” age a partir de significados já
preestabelecidos. Corroborando com essa perspectiva, para Martins (2008), o “self”
não constitui uma propriedade individual, está associado a um padrão social,
exercido pelo indivíduo e por aqueles que possuem interação com ele. A visão de
Goffman (1985) sobre o “self” pode ser compreendida por meio do seguinte trecho
da sua obra:
Embora esta imagem seja acolhida com relação ao indivíduo, de modo que
lhe é atribuída uma personalidade, este “eu” não se origina do seu
possuidor mas da cena inteira de sua ação, sendo gerado por aquele
atributo dos acontecimentos locais que os torna capazes de serem
interpretados pelos observadores (GOFFMAN, 1985, p. 231).
Para Goffman (1985), as pessoas quando estabelecem uma interação face-a-
face desempenham seus papéis de forma a tentar gerenciar impressões que outros
terão sobre elas. Utilizando a linguagem teatral, os indivíduos vestem uma máscara
e representam personagens, no intuito de serem aceitos em seu meio social.
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A interação pode ser definida como a influência recíproca dos indivíduos
sobre as ações uns dos outros, quando em presença física imediata. Uma
interação pode ser definida como toda a interação que ocorre em qualquer
ocasião, quando, num conjunto de indivíduos, uns se encontram na
presença imediata de outros. (GOFFMAN, 1985, p. 23)
Após disseminada, a teoria do gerenciamento de impressões foi discutida
por diversos autores que desenvolveram outras definições, técnicas e táticas sobre
sua utilização, tanto na perspectiva dos indivíduos, quanto na aplicação do conceito
em organizações públicas e privadas. Com isso, pode-se dizer que essa teoria tem
sido utilizada por estudiosos da administração como uma ferramenta de
entendimento e análise organizacional.
Baseando-se na perspectiva do gerenciamento de impressões, estudos têm
sido aplicados por diversos pesquisadores. Os considerados clássicos foram
publicados nas décadas de 80 e 90, como por exemplo, os de Jones e Pittman
(1982), Schlenker (1980), Deaux e Wrightsman (1988), Gardner e Cleavenger
(1998), Gardner e Martinko (1988), Giacalone e Rosenfeld (1989), Grove et al.
(1989), Elsbach e Sutton (1992), Leary (1996), Rosenfeld (1997) e Mohamed;
Gardner; Paolillo (1999).
No Brasil os principais estudos com base na teoria do gerenciamento de
impressões surgiram no início dos anos 2000, e foram desenvolvidos em diversos
tipos de organizações. Exemplos são aqueles que tratam do gerenciamento de
impressões como elemento facilitador na gestão de processos de mudança
organizacional (MENDONÇA; VIEIRA; ESPIRITO SANTO, 1999); nas pesquisas
acerca dos processos de construção, manutenção e legitimidade da imagem da
organização (MENDONÇA; AMANTINO-ANDRADE, 2002); considerações sobre a
pesquisa e a produção no Brasil (MENDONÇA, 2003); relacionado à construção do
imaginário organizacional como instrumento de dominação (SOUKI; ANTONIALLI,
2004); no âmbito de instituições públicas (JATAHI, 2004); o uso gerenciamento de
impressões em hospitais (MENDONÇA; VIANA; SANTOS, 2005); em hotéis (LIMA,
2008); do gerenciamento de impressões e liderança nas organizações (DIDIER;
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MENDONÇA, 2007); e da aplicação em entrevistas de seleção (CARVALHO;
GRISCI, 2002; ARAÚJO; PILATI, 2008).
Apesar de ser uma teoria criada na década de 1950, e que foi bastante
difundida e atualizada no fim dos anos 90 e início da década de 2000, os conceitos,
estratégias e táticas de GI (Gerenciamento de Impressões) são ferramentas
utilizadas com frequência por estudiosos que buscam compreender e explicar as
ações empreendidas por indivíduos e organizações que buscam, por meio da
manipulação das informações divulgadas ao público, construir a imagem desejada.
Exemplos recentes, como os trabalhos de Carrera (2012), Medeiros (2013),
Oliveira (2014), Ferreira, Gondima e Pilati (2014), Jaiswal e Bhal (2014), Roulin,
Bangerter e Levashina (2014), Carvalho (2015), de Cheng, Chiu e Chang (2015), e
Frühauf et al. (2015), que serão detalhados no decorrer deste trabalho, demonstram
a relevância da teoria do gerenciamento de impressões no contexto atual para
compreender as ações que buscam aprovação social.
Conforme descrevem Mendonça et al. (1999), o gerenciamento de
impressões não deve ser entendido apenas como um processo desenvolvido para
controlar as impressões sobre um indivíduo, mas também como forma de se
preverem possíveis comportamentos voltados para a criação de impressões
positivas de grupos e organizações como um todo. Assim como as pessoas
individualmente buscam transmitir uma imagem positiva, evitando mostrar seus
aspectos negativos, as organizações também procuram gerenciar as impressões
que a sociedade constrói sobre elas.
Neste sentido, este estudo analisa as ações empreendidas pela empresa
estatal brasileira Petrobras, relacionadas à tentativa de construção de uma imagem
positiva perante o mercado e a sociedade, incluindo os mecanismos utilizados pela
empresa para fazê-lo, bem como observar as relações com os acontecimentos no
cenário político do país.
A escolha pela Petrobras justifica-se por diferentes motivos. Ao longo de sua
história, a companhia figurou com grande destaque nos noticiários. As suas ações
de marketing buscaram evidenciar sua importância, afirmando a dimensão de sua
capacidade de exploração de petróleo e produção de seus derivados. De acordo
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com Silva e Baldissera (2015), com um discurso bem estabelecido e forte
repercussão midiática, a empresa pode ser considerada uma organização mítica,
uma vez que ocupa um lugar no imaginário dos brasileiros como uma grande
organização presente em todo o território nacional, voltada para o bem-estar do
povo e o cuidado com as riquezas nacionais.
Na comunicação organizacional da Petrobras é fundamental a sustentação do
mito, conforme afirmam Silva e Baldissera (2015). Em toda sua história a empresa
investiu em campanhas publicitárias com o objetivo de tornarem-se públicas as suas
iniciativas estratégicas, como por exemplo, a descoberta do pré-sal, a produção de
biocombustíveis e a conquista da autossuficiência de Petróleo. A estatal investiu,
também, em patrocínios a diversas atividades esportivas, sociais e culturais, o que
exemplifica este esforço em consolidar sua imagem como a de uma empresa
referência do Brasil para o mundo.
Para Silva e Baldissera (2015), os fatores que fazem da Petrobras uma
empresa mítica, proporcionam a ela o uso de um grande repertório de escolhas
simbólicas que se refletem na formação da sua imagem. Os simbolismos percebidos
nas ações da empresa, potencializados pelo mito, amplificam os seus atributos, em
alguns momentos a tornando perfeita e blindada às críticas.
O volume dos investimentos da Petrobras em propaganda no período de 2006
a 2015, conforme demonstrado pela Tabela 1, totaliza um montante superior a 2,5
bilhões de Reais. Este gasto com publicidade, conforme divulgado pela Petrobras
em seu site1, revela o investimento da companhia na manutenção de uma realidade
simbólica para a organização, e sinaliza que gerenciar impressões é uma
preocupação para a qual a empresa parece estar atenta.
1 Disponível em: <http://sites.petrobras.com.br/minisite/acessoainformacao/faq/> Acesso em: 06 out. de 2016
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Tabela 1: Gastos com propaganda 2006 a 2015
Ano Valor Total
2006 R$ 203.046.234,76
2007 R$ 205.266.234,34
2008 R$ 223.258.408,73
2009 R$ 230.950.522,74
2010 R$ 251.017.888,49
2011 R$ 271.610.703,05
2012 R$ 321.287.421,28
2013 R$ 309.564.824,65
2014 R$ 296.878.188,86
2015 R$ 260.094.173,34
Total R$ 2.572.974.600,24
Fonte: Elaborado pelo autor
A despeito desses investimentos em publicidade, se por um lado as novas
formas de se comunicar colaboram para que as organizações consigam passar
adiante as mensagens que desejam transmitir ao público, por outro, essa facilitação
na troca de informações apresenta uma constante ameaça, pois quando as notícias
não são favoráveis, também são amplificadas por estas mesmas ferramentas. De
acordo com Nuñes (2015), neste contexto em que todos almejam maior visibilidade,
um escândalo político-midiático pode desencadear um processo com a capacidade
de destruir reputações que até então se apresentavam como sólidas.
No caso da Petrobras, na última década, a empresa apareceu com recorrente
destaque nas páginas econômicas de jornais e revistas de grande circulação, com
referências aos resultados financeiros negativos da corporação. Foram feitas
denúncias sobre erros na gestão, como, por exemplo, as apontadas por Azevedo e
Serigati (2015), no caso da prática de preços administrados na venda de
combustíveis, gerando prejuízos bilionários para a companhia.
Um outro exemplo da ampla repercussão dos equívocos indicados nas
escolhas de investimentos da empresa é o caso da compra da refinaria de
Pasadena, no Texas (Estados Unidos), que, conforme Duarte Junior (2016), gerou
um prejuízo para a companhia de quase US$800 milhões de dólares, conforme
estimado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em março de 2015.
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De acordo com estudo realizado por Costa et al. (2016), é possível verificar,
por meio do Gráfico 1, a recorrência de publicações relacionadas ao assunto a partir
de 2005, ano da compra da refinaria americana pela Petrobras, saindo de no
máximo 100 reportagens anuais sobre o caso, e chegando a mais de 5 mil notícias e
reportagens publicadas em 2014, quando as denúncias de superfaturamento foram
reveladas. Estes dados demonstram o volume de matérias que foram divulgadas
sobre os escândalos de corrupção envolvendo a companhia.
Gráfico 1: Volume de notícias compra Pasadena (2005 a 2015)
Fonte: Costa et al. (2016)
A estatal também ocupou relevante espaço nas páginas policiais de jornais e
revistas nacionais e internacionais, como protagonista de escândalos de corrupção.
Estes episódios foram revelados por meio da instauração de Comissões
Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso Nacional, e se deveram também
aos desdobramentos da “Operação Lava Jato”, executada pela Policia Federal (PF),
Justiça Federal e Ministério Público Federal (MPF), envolvendo empreiteiras
prestadoras de serviço que pagavam propina a diretores, políticos e partidos ligados
ao governo em troca de contratos com a empresa.
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Grande parte das informações foram divulgadas pelo próprio Ministério
Público Federal, por meio de um site2 criado pelo órgão, especificamente para
divulgar informações da operação Lava Jato. A Petrobras, por sua vez, apresenta a
sua versão dos fatos, esclarecimentos e informações, por meio do blog3 Fatos e
Dados.
O Blog Fatos e Dados foi criado pela Petrobras no ano de 2009, inicialmente
para ser uma resposta à Criação de uma CPI instaurada no congresso nacional com
o intuito de investigar supostas irregularidades envolvendo a empresa.
Posteriormente, consolidou-se como um canal tanto de respostas como de
divulgação de suas atividades.
De acordo com Gentilli (2013), entre 2009 e 2011, foram identificados 20
trabalhos acadêmicos em que o blog Fatos e Dados se constituiu como objeto de
estudo. De acordo com o autor, o blog apresenta uma postura agressiva,
questionando publicações de jornais e revistas, o que despertou críticas de diversos
canais da mídia nacional, alegando que o blog teria como objetivos editar o noticiário
e intimidar os profissionais de imprensa.
Devido ao agravamento da crise, que ameaçou a credibilidade da empresa,
uma vez que, de acordo com Nuñes (2015), as investigações da operação Lava Jato
revelaram a corrupção em diversos níveis da estatal cometidos por uma organização
criminosa formada dentro da organização, o Blog Fatos e Dados ganhou
notoriedade na estratégia da companhia para o enfretamento da crise. Considerando
essas questões é que optou-se por adotá-lo como a fonte de dados desta pesquisa.
Nesse contexto, considerando-se a necessidade de compreender as ações
de publicidade empreendidas, diante do evidente descolamento entre as
expectativas geradas pela companhia, contrapondo com suas práticas
administrativas e os resultados financeiros que efetivamente foram gerados, este
trabalho traz a teoria do gerenciamento de impressões, utilizando a atuação da
empresa estatal Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) como objeto de análise.
2 Site da Operação Lava Jato. Disponível em: < http://lavajato.mpf.mp.br/>. Acesso em: 20 jul. 2016 3 Blog Fatos e Dados. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/>. Acesso em: 20 jul. 2016
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Assim, a escolha pela Petrobras se deu porque, além de se tratar, no
momento da pesquisa, da maior empresa pública brasileira, há o contexto no qual
esteve envolvida, principalmente após a expectativa gerada pela descoberta de uma
grande reserva de Petróleo na camada pré-sal. Em contraste com as sucessivas
crises que envolveram a companhia e abalaram sua credibilidade, chama-se a
atenção para o grande investimento da organização em estratégias de comunicação
no intuito de preservar sua imagem.
Consideram-se ainda a visibilidade e exposição nos noticiários em veículos de
comunicação nacionais e internacionais, em que se evidenciaram os escândalos de
corrupção que exigiram uma estratégia de enfrentamento por parte da empresa.
Consequentemente, foram expostas as fragilidades e falhas na gestão e nas
operações da mesma, que acarretaram a deterioração das suas matrizes
financeiras, conforme será demonstrado no decorrer deste trabalho.
Este cenário torna fundamentais os estudos e pesquisas, principalmente no
campo da administração, que se aprofundem no levantamento das ações que
levaram a empresa a ter de enfrentar estas dificuldades, e como isso foi feito. Tais
estudos podem servir de referência para o pensamento e o desenvolvimento de
novas práticas de administração, comunicação e relacionamento institucional.
1.1 Problema de pesquisa
Apesar de figurar como uma empresa monopolista em grande parte das suas
operações, de contar com auxílio e investimentos governamentais, de atuar no
estratégico segmento de extração de Petróleo e na produção de seus derivados, de
ser líder no segmento de distribuição de combustíveis no Brasil, e de deter o
conhecimento de tecnologias de extração de Petróleo em águas profundas4, a
Petrobras enfrenta uma grave crise moral, ética, mercadológica, financeira e
gerencial.
Para um melhor entendimento desta situação, a pergunta norteadora adotada
neste estudo é:
4 Matéria da Agência Brasil sobre exploração da Petrobras em Aguas Profundas. Disponível em: < http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2006-04-21/petrobras-e-pioneira-na-tecnologia-de-exploracao-em-aguas-profundas>. Acesso em: 12 dez. 2016
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Quais as táticas e estratégias de gerenciamento de impressões foram
utilizadas pela Petrobras por meio de suas atividades institucionais de comunicação,
no Blog Fatos e Dados, no período de 2013 a 2016?
1.2 Objetivos
Para buscar responder à pergunta norteadora, foram estabelecidos o objetivo
geral e os objetivos específicos.
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar as ações de gerenciamento de impressões empreendidas pela
Petrobras por meio de suas atividades institucionais de comunicação, no Blog Fatos
e Dados, no período de 2013 a 2016.
1.2.2 Objetivos Específicos
• Descrever a trajetória da Petrobras e o seu histórico de interação com a
sociedade por meio de um canal institucional de comunicação, qual seja, o Blog
Fatos e Dados.
• Identificar ações que apontem práticas da Petrobras elencadas pela
teoria do gerenciamento de impressões.
O presente estudo será também apresentado em formato de artigo
acadêmico, oferecendo maior ênfase ao gerenciamento de impressões utilizado pela
Petrobras. Outro pré-requisito do programa de mestrado profissional em
administração, é a elaboração de um produto técnico que demonstre a aplicação
prática da pesquisa, que no caso deste estudo, será a apresentação de um Caso de
Ensino, destinado a difundir a teoria do gerenciamento de impressões para
estudantes de graduação em administração.
1.3 Estrutura da dissertação
A dissertação se estrutura em cinco capítulos. Neste primeiro é abordada a
relevância e a contextualização do tema, além dos respectivos desdobramentos,
definindo a questão de pesquisa à qual se buscará responder, formulando o objetivo
geral e os específicos do trabalho e apresentando a justificativa para o estudo.
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O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, em que é exposta a teoria
do gerenciamento de impressões, que fundamenta este trabalho.
O terceiro capítulo aborda os procedimentos metodológicos do
desenvolvimento da pesquisa, descrevendo e justificando os caminhos percorridos
até a obtenção dos resultados, classificando o estudo quanto à abordagem, quanto
aos fins, quanto aos meios, descrevendo a unidade de análise, os instrumentos de
coleta de dados e a técnica de interpretação de resultados.
O quarto capítulo traz a análise dos dados da pesquisa. O último capítulo
apresenta as considerações finais, incluindo implicações acadêmicas e gerenciais,
limitações do estudo e sugestões para pesquisas futuras.
1.4 Contextualização do Objeto da Pesquisa
Existem diversos elementos que demonstram que o petróleo é uma
mercadoria “diferente”. Conforme aponta Torres Filho (2004), do ponto de vista da
demanda, podem ser elencadas algumas características particulares. O petróleo é
uma importante fonte de energia do mundo. Além disso, é uma fonte de energia
muito utilizada no sistema de transportes. Vale destacar que, além do transporte
comercial, o petróleo é também a fonte de energia que move as forças armadas,
tanto em terra quanto no ar e no mar.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1919) consagrou a relevância militar do
petróleo. Cavalos e locomotivas a carvão perderam definitivamente lugar para os
veículos movidos por motores à gasolina ou a diesel. Na Segunda Guerra (1939-
1945), o controle de fontes estáveis de suprimento de óleo foi novamente um
elemento marcante do desenrolar do conflito (TORRES FILHO, 2004).
De acordo com Torres Filho (2004), os preços do petróleo têm efeito sobre o
conjunto da atividade econômica global e são determinantes na orientação de certos
investimentos como no setor energético, que se torna estratégico para diversos
países.
Considera-se que a primeira exploração de Petróleo no Brasil, segundo Dias
e Quaglino (1993), ocorreu em 1864, por meio de um decreto a Thomas Sargent,
quando foi autorizada a extração na província de Ilhéus, na Bahia, por um prazo de
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90 anos. Devido à ausência de informações, não se pode falar sobre a ocorrência de
exploração de Petróleo durante o Império no Brasil.
De acordo com Dias e Quaglino (1993), em 1938, já sob o Estado Novo, o
Conselho Nacional do Petróleo (CNP) foi organizado por meio de decreto. Em 1939,
em Camaçari, no recôncavo baiano, um poço perfurado por técnicos de um órgão
oficial, utilizando equipamentos de propriedade do governo, encontrou Petróleo a
210 metros de profundidade, e este seria o primeiro marco do Petróleo estatal no
Brasil.
Nos debates que ocorreram no congresso, na década de 50, conforme
Carvalho Jr. (2005), prevaleceu a tese do monopólio estatal. Dessa forma, ficou
assentado o monopólio da União nas áreas de pesquisa, lavra, refinação e
transporte. Caberiam ao CNP a orientação e a fiscalização do setor, enquanto a
Petrobrás e suas subsidiárias seriam responsáveis pela execução da exploração de
Petróleo no país.
A Petrobras foi criada em 1953, durante o governo do ex-presidente Getúlio
Vargas, por meio da promulgação da Lei Nº 2004, que instituiu o monopólio do
Petróleo em terras brasileiras, interrompendo as explorações de iniciativa privada.
De acordo com Vaz (2015), a Petrobras é uma sociedade anônima de capital
aberto, cujo acionista majoritário é o Governo Federal. Segundo Mulatti e Lopes
(2015), o governo brasileiro possui 50,3% das ações ordinárias da empresa, tendo,
assim, direito a voto e ao controle da organização, além de 28,7% do Capital Social
da Petrobras. Já as pessoas físicas e jurídicas totalizam 28,9% das ações
preferenciais da companhia.
Segundo Vaz (2015), a estatal atua como uma empresa de energia nos
seguintes setores: exploração e produção, refino, comercialização, transporte,
petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, energia elétrica, gás-química e
biocombustíveis. Além de ser líder petrolífera no Brasil, ela está presente em outros
18 países.
Após a sua criação, a Petrobras dedicou-se, nos anos seguintes, à
exploração de bacias terrestres, até 1967, quando se inicia o projeto de perfuração
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submarina. O resultado mais significativo foi o início das operações do Polo
Nordeste na bacia de Campos. “Com investimentos na ordem de US$1,41bilhão, o
conjunto de sete plataformas conseguiu produzir cerca de 100 mil bpd (barris de
petróleo dia) no início da década de 1990” (DIAS; QUAGLINO, 1993).
De acordo com os autores, a distribuição de derivados foi colocada fora do
domínio de monopólio estatal. Essa atividade foi desenvolvida por subsidiárias
estrangeiras até o ano de 1962, quando a Petrobras acabou se estabelecendo na
área, o que culminou na criação da BR distribuidora, uma década depois. Vale
destacar que, no ano seguinte da sua criação, a BR empatou com a ESSO, líder de
mercado no setor, e pouco tempo depois assumiu definitivamente a liderança no
ramo de distribuição.
A meta da autossuficiência na produção de derivados foi perseguida por
vários governos brasileiros, servindo inclusive como pano de fundo na criação da
Petrobras. Mas foi somente no governo Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), no
intuito de regionalizar o refino no país como meio de consolidar a meta da
autossuficiência, que a Petrobras começou a projetar sua expansão em refino, em
busca de atingir este objetivo (DIAS; QUAGLINO, 1993).
Segundo esses pesquisadores, a primeira refinaria construída pela Petrobras
foi a Duque de Caxias (REDUC). Depois foram construídas as refinarias Alberto
Pasqualini (REFAP), Gabriel Passos (REGAP), Planalto Paulista (REPLAN),
Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e Henrique Lage (REVAP).
Ainda segundo Dias e Quaglino (1993), a empresa passou por diversas
mudanças e reformas administrativas, sendo que, no governo Castelo Branco (1964
- 1967), além de outras medidas, tomou-se a decisão de se criarem os
departamentos para as suas áreas fins (refino, transporte, exploração e produção,
comércio).
De acordo com Lemos (2011), a estratégia da Petrobras apresentou
evoluções desde a década de 50.
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Na Figura 1, são apresentados os principais marcos de cada década dos
desafios históricos da empresa.
Figura 1: Marcos históricos da Petrobras
Fonte: Elaborado pelo autor, (2017).
Segundo Lemos (2011), a produção de petróleo saiu do patamar de 2500
bpd, em 1954, para 1.000.000 bpd, em 1997, com um investimento aproximado,
nesse período, na ordem de US$ 94 bilhões, dos quais US$ 83 bilhões com recursos
próprios.
Em 6 de agosto de 1997 foi sancionada a Lei nº 9478, que instituiu o
Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo, entre
outras providências. De acordo com Lemos (2011), esta lei quebrou o monopólio da
Petrobras, porém, em 2001 a exploração de petróleo no país era uma tarefa
entregue a 35 novas empresas, 29 estrangeiras e 6 brasileiras, mas a estatal ainda
dominava 99,7% da produção de petróleo e 98% de refino do produto no País.
No ano de 2007, segundo Mullati e Lopes (2015), a empresa foi classificada
como a sétima maior companhia de petróleo do mundo com ações negociadas em
bolsas de valores. Nesse mesmo ano, iniciam-se as obras do Centro de Integração
do Complexo Petroquímico (Comper), em São Gonçalo, com investimentos previstos
em torno de US$8,38 bilhões, e em novembro de 2007 a empresa encontrou
petróleo em regiões mais profundas do oceano, as quais atualmente são
denominadas de Pré-Sal, com uma reserva de até oito bilhões de barris de petróleo
na bacia de Santos.
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De acordo com Souza (2015), em 2008 a empresa criou a subsidiária
Petrobras Biocombustível, com a função de produzir biocombustíveis como o etanol
e o biodiesel, de maneira sustentável.
Em 2008, segundo Mulatti e Lopes (2015), a Petrobras foi reconhecida pela
Management & Excellence (M&E) como a empresa do ramo petrolífero mais
sustentável do mundo. Nesse ano a empresa atingiu quase US$300 bilhões de valor
de mercado. Em setembro de 2008, a estatal anunciou o crescimento das reservas
brasileiras em aproximadamente 86%, com as reservas comprovadas nos Campos
Iara e Tupi, no pré-sal.
No ano de 2009, a Petrobrás iniciou a produção de petróleo oriundo da
camada do pré-sal e estimava que, em 2010, alcançaria a marca de uma produção
de 100 mil/dia de barris na região, o que acabou não ocorrendo uma vez que a
Petrobras produziu efetivamente uma média de 41 mil bpd. (PETROBRAS, 2015).
A Petrobras figurou como a maior empresa brasileira e a 58ª maior empresa
do mundo5 em 2015, de acordo com a revista Fortune, com receitas que chegam a
U$ 97,314 bilhões. No entanto, a revista descreve a Petrobras como uma empresa
que se tornou sinônimo de desperdício e corrupção, e enfrenta dificuldade em
monetizar seus ativos, principalmente as reservas do “Pré-Sal”. A situação da
companhia é agravada devido aos baixos preços do petróleo e à merecida
reputação de praticar uma política de controle de preços.
Comparativamente, no ano de 2013 a empresa ocupava a posição de 25ª no
mesmo ranking6 e suas receitas atingiram U$ 144,103 bilhões. Na ocasião, a
descrição da companhia pela revista Fortune era bastante positiva. Esta informava
que a Petrobras possuía reservas provadas de 14 bilhões de barris, e havia se
comprometido a gastar U$ 237 bilhões, em um prazo de cinco anos, em projetos de
produção e exploração de petróleo.
Em 2010, o cenário era ainda melhor para a organização, que chegou a
ocupar a 4ª posição no ranking Global 500 do jornal Financial Times7, quando
5 Disponível em:<http://beta.fortune.com/global500/petrobras-58>. Acesso em: 26 jul. 2016 6 Disponível em:<http://fortune.com/global500/2013/daimler-ag-23/>. Acesso em: 26 jul. 2016. 7 Disponível em:<http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/09/24/petrobras-deve-ficar-entre-as-cinco-maiores-empresas-do-mundo.jhtm>. Acesso em: 26 jul. 2016
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30
realizou a maior capitalização de sua história, chegando a cerca de U$217 bilhões
em valor de mercado.
Os primeiros indícios que revelaram a inconsistência do otimismo em relação
ao futuro da empresa diziam respeito ao endividamento. De acordo com Guelfi
(2015), em 2013, a Petrobrás foi considerada a empresa mais endividada do mundo,
segundo o Bank of America. Em janeiro de 2015, em notícia do jornal Valor
Econômico8, a empresa foi apontada, novamente, como a mais endividada no
âmbito global, dentre as de capital aberto. Esses fatos culminaram, em fevereiro
2015, no rebaixamento do rating da estatal pela agência de análise de riscos
Moody`s.
Guelfi (2015) destacou ainda que, entre 2008 e 2013, a estatal adotou uma
postura expansionista, cresceu mais do que deveria, aparentemente sem se
preocupar com a sua sustentabilidade financeira. Tal escolha deveria ser
acompanhada de um aumento na retenção de lucros, aumento da margem líquida e
do giro dos recursos, fato que não ocorreu. Pelo contrário, verificou-se queda de tais
indicadores, o que fez com que a empresa tivesse que recorrer a capitais de
terceiros para financiar essa estratégia. De acordo com o autor, “a situação foi
agravada devido ao grande investimento feito para exploração do petróleo, na
camada do pré-sal, em um momento de baixa do preço internacional de seu
principal produto.” (GUELFI, 2015, p.38)
8 Disponível em:<http://www.valor.com.br/empresas/3881926/petrobras-divida-liquida-fecha-em-r-26145-bilhoes-no-3>. Acesso em: 30 jul. 2016
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O Gráfico 2 demonstra a evolução do endividamento da empresa. Entre 2011
e 2015 a dívida aumentou em quase R$ 300 bilhões.
Gráfico 2: Endividamento Consolidado Petrobras (2011 a 2015)
Fonte: Relatório de administração Petrobras (2015)
Outro fator relevante a ser considerado na análise financeira da empresa diz
respeito à intervenção do governo brasileiro e à imposição da política de preços
administrados de combustíveis. De acordo com Azevedo e Serigati (2015), durante o
primeiro mandato da presidente Dilma (2011–2015), os preços administrados foram
utilizados como um instrumento para cumprir a meta de inflação, de modo a
subordinar as políticas industriais para finalidades macroeconômicas de curto prazo.
O represamento dos preços dos combustíveis imposto pelo governo,
conforme afirmam Azevedo e Serigati (2015), obrigou a empresa a comercializar
derivados do petróleo no mercado interno em níveis muito inferiores aos do mercado
externo.
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32
Ou seja, empresa era obrigada a vender diesel e gasolina no país por menos
do que pagava pela importação desses produtos, conforme pode ser observado no
Gráfico 3.
Gráfico 3: Evolução do preço da gasolina nacional vs. petróleo internacional
Fonte: Azevedo e Serigati (2015) p.521
Essa tática para conter artificialmente os preços produziu a progressiva asfixia
financeira que, depois de alguns anos, levou a Petrobras a registrar prejuízo nas
suas operações. Fruto dessas decisões equivocadas, o segmento de
Abastecimento, responsável pelas vendas de combustíveis, contabilizou perdas em
série: 6 bilhões de dólares em 2011; 17 bilhões em 2012; 13 bilhões em 2013; 24
bilhões em 2014, segundo os demonstrativos contábeis oficiais (PETROBRAS,
2014).
Ao fim das contas, de acordo com Duarte Junior (2016), o represamento de
preços no período de 2011 a 2014 gerou um prejuízo entre 60 e 100 bilhões de
dólares à Petrobras, de acordo com bancos e consultorias que estimaram tais
valores. Os preços dos combustíveis tiveram a sua primeira correção em 6 de
novembro de 2014, dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em 2015, o
setor de abastecimento teve um lucro superior a 25 bilhões de reais, demonstrando
que a prática de preços administrados havia chegado ao fim e a empresa
conseguido recompor suas margens de lucro.
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33
Esse rombo na previsão de receita própria teve, evidentemente, que ser
coberto com empréstimos adicionais, conforme afirma Guelfi (2015), levando a
alavancagem a 52% em março de 2015, muito acima do limite pactuado de 20% a
30%. Daí surgiu a desconfiança dos investidores quanto à capacidade de a
companhia honrar seus compromissos financeiros.
Os prejuízos auferidos pela área de negócios de abastecimento podem ser
identificados como a principal razão da queda da lucratividade da companhia entre
2013 e 2014. Porém, em 2015, o aumento do prejuízo foi justificado pela redução
dos preços do petróleo e também pelo maior custo de financiamento dos seus
projetos, relacionado ao aumento do risco-brasil. Conforme demonstra o Gráfico 4,
a empresa somou um prejuízo acima de 56 bilhões de reais nos anos de 2014 e
2015 (PETROBRAS, 2015).
Gráfico 4: Lucro Líquido Consolidado (2011 a 2015)
Fonte: Relatório da administração da Petrobras (2015)
Além disso, de acordo com Vaz (2016), um outro fator que teve influência
para essa situação de crise da petroleira foram os escândalos de corrupção,
popularmente conhecidos como “Petrolão”, e que foram evidenciados pela
“Operação Lava Jato” e investigados paralelamente pela CPI da Petrobras no
Congresso Nacional, contribuindo para a desvalorização das ações da empresa.
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34
Em março de 2014, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Lava Jato,
que investiga um esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo, além da
Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos ligados ao governo. De acordo
com Duarte Junior (2016), trata-se do maior escândalo de corrupção da história do
Brasil.
Conforme o Ministério Público Federal (MPF), os primeiros delatores do
esquema foram o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto
Youssef. Costa começou a ser investigado pela PF após ganhar um carro de luxo de
Youssef, que já era investigado pelo MPF por conta das irregularidades na compra
da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006.
Costa e Youssef assinaram acordos de delação premiada. Seus depoimentos
revelaram um imenso esquema de corrupção dentro da Petrobras, envolvendo
diretores da estatal, políticos e empreiteiras (PORTELINHA, 2015).
Segundo apontam as investigações do esquema, reveladas pelo Ministério
Público Federal, algumas empreiteiras formaram um cartel e estipularam regras para
distribuir obras, formando o chamado "clube de empreiteiras”. Estas pagavam
propina a partidos políticos e agentes públicos para aumentar a margem de lucro e
obter favores, fraudando licitações (PORTELINHA, 2015).
De acordo com Portelinha (2015), a PF e o MPF calculam em R$ 19 bilhões o
prejuízo causado pela corrupção na Petrobras, conforme demonstrado em matéria
do jornal Estado de São Paulo9, em que os valores foram apresentados por um dos
coordenadores da equipe da Lava Jato. Este valor é, no entanto, três vezes o
admitido pela companhia.
A Petrobras informou, por meio do relatório administrativo de 2014, que a
baixa contábil pelo esquema de pagamentos indevidos investigado pela Lava Jato
foi de R$ 6,194 bilhões, ou seja, essa foi a perda por corrupção, segundo a estatal
(PETROBRAS, 2014).
9 Segundo Levantamento realizado pelo jornal Estadão. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-ja-calcula-em-r-19-bi-prejuizos-da-petrobras/>. Acesso em: 22 nov. 2016
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35
Para chegar a este valor, a empresa explicou-se sobre a metodologia
utilizada. A companhia listou todas as empresas citadas nas investigações e os
contratos assinados com as contrapartes. Depois, calculou o valor desses contratos,
identificando todos os pagamentos feitos, e aplicou um percentual fixo de 3% sobre
o valor total, para estimar os gastos adicionais sobre o "montante total dos contratos"
(PETROBRAS, 2014).
Ainda segundo o relatório de administração de 2014, a maior parte (55%) dos
R$ 6,2 bilhões perdidos com corrupção ocorreu na área de Abastecimento, com
prejuízos estimados de R$ 3,326 bilhões. A área de Gás e Energia respondeu por
R$ 637 milhões das perdas. As áreas de Distribuição e Internacional tiveram baixas
de R$ 23 milhões cada uma, ao passo que o Corporativo da companhia teve perda
de R$ 99 milhões. Outros R$ 150 milhões referem-se a pagamentos indevidos de
empresas não citadas na Lava Jato (PETROBRAS, 2014).
Ao calcular os prejuízos com corrupção, com base nos depoimentos, a
estatal concluiu que o esquema de pagamentos indevidos funcionou entre 2004 e
abril de 2012, durante os dois governos do ex-presidente Lula e no primeiro mandato
da ex-presidente Dilma Rousseff. A empresa considera, no entanto, que o cálculo
com as perdas pode ser considerado "conservador" e, caso apareçam fatos novos
nas investigações, o valor poderá ser corrigido (PETROBRAS, 2014).
Outro caso de denúncia de irregularidades envolvendo a Petrobras, com
bastante repercussão negativa para a estatal, foi a compra da refinaria de
Pasadena, no Texas. De acordo com Oliveira Filho e Coutinho (2014), a transação é
tratada pela imprensa como um dos piores negócios da empresa em sua história. De
acordo com os autores, em 2005, a empresa Belga Astra Oil comprou a refinaria por
US$126 milhões, e no ano seguinte vendeu metade das suas ações por US$416.
O que já se configurava como um mal negócio ficou ainda pior, conforme
explicaram Oliveira Filho e Coutinho (2014), uma vez que a empresa brasileira
entrou em conflito com a ex-sócia, e devido a uma cláusula contratual era obrigada a
comprar a outra parte das ações. A Petrobras, após perder na justiça, foi condenada
a pagar US$820 milhões pelos outros 50% das ações da refinaria, resultando em um
gasto total de US$1,236 bilhões pela compra de Pasadena.
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Ainda segundo Oliveira Filho e Coutinho (2014), a ex-presidente Dilma
Rousseff, que na época da compra da refinaria presidia o conselho administrativo da
estatal, autorizou a transação. Porém, quando o caso tornou-se público com grande
repercussão da imprensa, a ex-presidente emitiu comunicado oficial afirmando
desconhecer a cláusula de put option, que obriga a compra de parte da outra
empresa em caso de desacordo. As evidentes suspeitas de irregularidades
envolvendo a transação integraram as motivações que resultaram na abertura da
CPI no Congresso que investigou os negócios da estatal.
Em 2014 foi instaurada, no Senado Federal, a Comissão Parlamentar Mista
de Inquérito (CPMI) para investigar os negócios da empresa. Em 2015 as
investigações prosseguiram, na câmara dos deputados, com a CPI da Petrobras,
que teve como motivação as evidências de irregularidades nos contratos reveladas
pelas investigações da “Operação Lava Jato”.
De acordo com Silva (2016), o relatório final da CPI, apresentado em outubro
de 2015, não acrescentou fatos relevantes aos já conhecidos e elencados pela
força-tarefa da Lava Jato.
Outra avaliação apontada por Silva (2016) inclui a opinião de integrantes da
CPI de que o relatório final não refletiu a realidade das investigações, uma vez que o
envolvimento de políticos no esquema foi citado nos interrogatórios, mas poupado
no relatório final, que pediu o indiciamento de apenas um político, o ex-tesoureiro do
Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, que já fora condenado pela
Justiça Federal por seu envolvimento no referido esquema.
Além de Vaccari, segundo Silva (2016), o relatório final da CPI pediu o
indiciamento de empreiteiros, doleiros, funcionários e ex-funcionários da Petrobras,
todos já investigados pela Lava Jato, que do ponto de vista prático assumiu a função
de encaminhamento criminal dos acusados.
A reputação da companhia e a sua imagem foram arranhadas pelas
denúncias e investigações. Além dos resultados financeiros negativos, a
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organização figura com desconfiança na imprensa internacional e inclusive nos
tribunais norte-americanos10.
Como resultado desta desconfiança dos investidores, devido aos erros de
gestão, agravados pelos escândalos de corrupção na empresa, ocorreu, a partir de
2011, um descolamento entre seu valor de mercado e seu patrimônio. A diferença,
que era cerca de R$ 38 bi em 2011, saltou para aproximadamente R$ 157 bi em
2015, conforme demonstra o Gráfico 5 (PETROBRAS, 2015).
Gráfico 5: Valor de Mercado x Valor Patrimonial (2011 a 2015)
Fonte: Relatório da administração 2015
Os fatos e os dados relacionados à companhia apresentados até aqui
identificam preliminarmente inconsistências entre as campanhas publicitárias e o
esforço da empresa em se vender como uma organização exemplar, contrastando
com os resultados financeiros negativos, falhas na gestão administrativa e
escândalos de corrupção.
Após toda essa repercussão negativa vinculada à gestão da Petrobras, a
empresa respondeu com a campanha publicitária chamada “Superação”. De acordo
com Nuñes (2015), sabendo da força de sua imagem, a estatal buscou apelar ao
seu simbolismo para tentar reverter o cenário de desgaste da sua reputação.
10 Disponível em:<http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/02/juiz-dos-eua-autoriza-investidores-processarem-petrobras-em-grupo.html>Acesso em: 11 dez. 2016
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38
No entanto, de acordo com a autor, a tentativa não foi bem-sucedida devido a
três principais fatores. Primeiramente devido à ausência de ações concretas que
fossem consonantes com a mensagem da propaganda. Outro fator foi a tentativa de
se esquivar dos casos de corrupção envolvendo a empresa. Por fim, a companhia
errou com o cancelamento da campanha, após acusação de propaganda enganosa,
assumindo, assim, a tentativa de ludibriar o público.
Neste contexto, este trabalho busca compreender melhor estes
acontecimentos, relacionados aos erros de gestão, corrupção e manipulação das
informações apontados, tendo a Petrobras como exemplo de uma organização
pública que emprega o gerenciamento de impressões. Tal iniciativa corrobora com o
objetivo principal de identificar, na atuação dessa estatal, os elementos que
configuram essa perspectiva.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O gerenciamento de impressões
Segundo Goffman (1985), o gerenciamento de impressões compreende a
tentativa de estabelecer um significado ou um propósito de interações sociais, que
irão nortear as ações dos indivíduos, auxiliando na projeção de expectativas.
Tal afirmativa é compartilhada por diversos autores. Pode-se dizer que o
gerenciamento de impressões consiste nas atividades relacionadas a monitorar os
comportamentos que as pessoas desempenham a fim de se criarem impressões
desejadas, influenciando o modo como os outros as veem (DEAUX e
WRIGHTSMAN, 1988; SCHLENKER, 1980; MENDONÇA E AMANTINO-DE-
ANDRADE, 2003).
Uma impressão pode ser definida como uma ideia, um sentimento ou uma
opinião que o indivíduo tem sobre alguém ou algo, ou que alguém ou algo
transmite ao indivíduo; podendo ainda significar o efeito que uma
experiência ou pessoa tem sobre alguém ou algo. (MENDONÇA et al.,
2003).
No modelo apresentado por Goffman, o indivíduo, na busca de aceitação em
um meio social, de acordo com a linguagem teatral, veste uma máscara, encarnando
um personagem que representa como ele gostaria de ser visto. Esta representação
ocorre com tamanha frequência que o indivíduo pode passar a acreditar naquilo que
está encenando, e não mais se reconhecer fora do personagem, ou até mesmo
perde a capacidade de retirar a máscara. Tal afirmada é ilustrada pelo autor com o
seguinte caso:
Nos últimos quatro ou cinco anos, o hotel de turismo da ilha pertencia a um
casal de origem agrária, que o dirigia. Desde o início os proprietários foram
obrigados a deixar de lado suas próprias ideias a respeito do modo como a
vida deveria ser levada, exibindo no hotel toda sorte de serviços e
comodidades da classe média. Ultimamente, porém, parece que os
proprietários se tornaram menos cínicos a respeito da representação que
encenavam. Eles próprios estão se transformando em pessoas de classe
média, e cada vez mais enamorados dos atributos que seus clientes lhes
imputam. (GOFFMAN, 1985, p.33)
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40
O modelo dramatúrgico apresentado por Goffman (1985), em resumo, é uma
ferramenta para auxílio na análise das ações humanas, utilizando-se de elementos
teatrais. Esta perspectiva possui uma base de três componentes da apresentação
teatral: o palco, representando o contexto e o ambiente no qual os envolvidos estão
inseridos; o ator, sendo o agente que realiza as ações; e a plateia, que inclui aqueles
com quem ator interage, que em outras vezes são a sua equipe em uma
performance conjunta.
O modelo de Goffman (1985) apresenta também seis princípios
dramatúrgicos. As performances, que se trata de toda atividade de um ator, e que
sirva para influenciar os demais participantes. O termo performance, segundo
Goffman (1985), refere-se a “toda atividade de um indivíduo que ocorre durante um
período marcado pela sua contínua presença diante de um conjunto particular de
observadores e que tem sobre estes alguma influência” (GOFFMAN, 1985, p.22).
O segundo princípio dramatúrgico são as equipes, que, segundo Carvalho
(2016), se referem a qualquer grupo de indivíduos que cooperem na encenação de
uma rotina particular. O terceiro princípio inclui as regiões e comportamentos
regionais, que são locais determinados em que comumente ocorrem as encenações.
Já os papéis discrepantes, quarto princípio, são papéis que introduzem uma pessoa
e um estabelecimento social sob uma falsa aparência, por exemplo um delator, um
infiltrado, um espião ou um traidor. As comunicações fora do personagem consistem
no quinto princípio e, ocorrem quando os atores são expostos a situações atípicas,
ou seja, fora das regiões de atuação. Por fim, a arte de gerenciar impressões, ou
sexto princípio, é a soma de todos os atributos de um ator para a arte de encenar.
De acordo com Carvalho (2016), com base no modelo dramatúrgico
apresentado por Goffman (1985) e no entendimento de Schlenker (1980) de
identidade, definida pelo autor como um plano individual que descreve, relaciona e
explica seus atributos, características e experiências, Gardner e Avolio (1998)
desenvolveram um modelo de análise dramatúrgica para o entendimento das
práticas de gerenciamento de impressões.
Esse modelo apresenta quatro fases. A primeira é o enquadramento
(framing), em que o ator gerencia significados e constrói a realidade para os outros e
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para si. É nesta fase que, durante a comunicação, as pessoas são levadas a
aceitarem um significado ao invés de outros, considerando o cenário físico, a cultura
organizacional e a natureza da tarefa.
A segunda fase é a roteirização (scripiting), e por meio dela se direcionam a
conduta dos atores, a distribuição de tarefas e a preparação para a interação com a
plateia, mobilizando as ideias rumo à ação.
Na terceira fase, a encenação (staging), ocorre a montagem da peça,
utilizando símbolos que sejam consistentes com o roteiro, considerando a montagem
de palco, análise de figurino, audiência e bastidores. Por fim, a quarta fase ou
performance é a ativação do roteiro nas interações e abrange a observação dos
atores frente à plateia e vice-versa. Seu sucesso ocorre quando a plateia atua em
conjunto com os atores, possibilitando o gerenciamento de suas impressões.
(CARVALHO, 2016)
Na abordagem dramatúrgica, de acordo com Carvalho (2016), entende-se o
indivíduo como um ator de determinado papel, em reposta às expectativas dos que
interagem com ele. Essa interpretação do indivíduo norteia a tentativa de
gerenciamento das impressões alheias, buscando estabelecer a identidade desejada
frente à sua plateia.
Ainda segundo Carvalho (2016), o gerenciamento de impressões é um
pressuposto da metáfora dramatúrgica, ou seja, a tentativa do indivíduo de
manipular a interpretação dos demais com os quais ele interage. Neste sentido, as
pessoas, de forma intencional ou não, assumem papeis socialmente construídos
visando manipular as impressões uns dos outros, alterando e construindo
significados e, em contrapartida, ajustando a própria ação em resposta às alheias.
Goffman (1985) aborda a questão das representações de papeis por parte dos
atores:
Quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente solicita de
seus observadores que levem a sério a impressão sustentada perante eles.
Pede-lhes para acreditarem que o personagem que veem no momento
possui os atributos que aparenta possuir, que o papel que representa terá
as consequências implicitamente pretendidas por ele e que, de um modo
geral, as coisas são o que parecem ser (GOFFMAN, 1985, p. 25).
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De acordo com Prior (2015), o modelo dramatúrgico apresentado por
Goffman, aplicado ao contexto político para caracterizar os encontros sociais e as
situações de interação, oferece um quadro de análise, que ajuda a compreender a
maneira pela qual os atores políticos se apresentam nos palcos de visibilidade, a
maneira como gerenciam as impressões que os eleitores formam ao seu respeito, e
o modo como suas ações são planejadas nos bastidores da ação política.
É fundamental que a ação política seja representada de forma
cuidadosamente preparada para exibição nas arenas públicas,
representadas pelos meios de comunicação, que funcionam como os
principais gestores da visibilidade e do capital simbólico dos atores políticos,
que só pode ser incrementado mediante a promoção pública e o controle
das informações veiculadas. (PRIOR, 2015, p.6).
No campo dos estudos científicos da Psicologia Social, segundo Didier e
Mendonça (2007), também podem ser encontradas origens da teoria sobre
gerenciamento de impressões, tendo como referência os trabalhos de Edward
Jones, que se utilizava de experimentos de laboratório a fim de investigar aspectos
específicos sobre a auto apresentação. Para o autor, apesar de inicialmente haver
uma conexão entre as disciplinas, historicamente é percebido um distanciamento na
abordagem de psicólogos e cientistas sociais, causando uma fragmentação entre os
dois campos do conhecimento.
Neste estudo foi considerada a perspectiva das ciências sociais acerca do
Gerenciamento de Impressões, em que, de acordo com Giancalone e Rosenfeld
(1989), é necessário entender o processo pelo qual os indivíduos buscam controle e
influência sobre as impressões que outros formam sobre ele. Este comportamento,
entendido como um processo de influência, é amplamente aceito na literatura.
Nesse contexto, o gerenciamento de impressões é visto como uma forma de
influência social, pois na tentativa de influenciar as impressões que os outros
formam delas, as pessoas afetam seus próprios comportamentos (SCHLENKER,
1980).
Para Wood Jr. (2001), o Gerenciamento de Impressões como metodologia, ou
conjunto de técnicas, fundamenta-se na premissa de que a construção da imagem
afeta a percepção das pessoas. Conforme o autor, as organizações também estão
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envolvidas permanentemente com as atividades relacionadas ao gerenciamento de
impressões, buscando construir uma determinada imagem e atingir outras
corporações, funcionários, consumidores, governo e demais atores significativos que
possam afetar seu desempenho.
De acordo com Freitas (1997), diversas organizações modernas, em busca
de explorar o uso do gerenciamento de impressões da forma mais adequada, vêm
optando por utilizar discursos de cidadania, apresentando-se como defensoras da
cultura e da ecologia; outras se apresentam como guardiãs da ética, dos valores
morais e sociais mais elevados, enquanto há ainda as que procuram se mostrar
racionais, dinâmicas, potentes e flexíveis, além das que utilizam um discurso
visando criar um sentimento de família. A despeito dessas diferentes roupagens com
que se apresentam, mantém sua essência de organizações capitalistas que visam
lucro.
Quanto à intencionalidade do gerenciamento de impressões, apesar de não
existir um consenso, segundo a visão de diversos autores, o gerenciamento de
impressões deve ser deliberado, pois o processo de comunicação apenas se
consuma quando ela é pretendida por parte do emissor (MENDONÇA et al, 1999)
Dois significados para intencionalidade bem diferentes foram identificados, de
acordo com Malle, Moses e Baldwin (2001). A intencionalidade definida pelo termo
técnico pode ser utilizada para se referir à propriedade de todos os estados mentais
como sendo dirigidos para algo; outra definição refere-se à propriedade das ações
consideradas propositais, significativas e feitas deliberadamente.
Para Leary (1996), deve-se realizar uma distinção entre as impressões que
um indivíduo quer que outro forme, e neste caso ele as classifica como “impressões
calculadas”, e as impressões sobre as quais o indivíduo não possui a intenção que o
outro forme, chamadas de “impressões secundárias”.
Conforme Grove e Fisk (1989), as atuações ou performances empreendidas
podem ser tanto “sinceras”, no caso de o ator considerar ou acreditar em sua
atuação, quanto “cínicas”, quando a atuação é vista pelo ator apenas como um meio
para atingir um determinado fim.
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Tal afirmação, de acordo com Rosenfeld (1997), mostra que, apesar de certas
formas de gerenciamento de impressões serem usadas de maneira desonesta,
outras envolvem a apresentação honesta e acurada dos atributos de sujeitos ou
objetos. Ver os comportamentos de gerenciamento de impressões como
inerentemente manipulativos ou desonestos seria, portanto, um exagero.
Outro fator importante a ser levado em conta é a natureza das ações
empreendidas. De acordo com Gardner e Martinko (1988), estas podem ser
“assertivas”, nos casos em que se deseja estabelecer uma identidade em particular
para uma determinada audiência, ou seja, as ações do ator são voltadas para
melhorar sua identidade social. Já quando estes comportamentos são reativos, as
ações por ele empregadas são consideradas “defensivas”, e ocorrem geralmente
quando o ator se encontra em situação difícil, e suas ações são utilizadas para
proteger uma imagem já estabelecida perante determinado público. No decorrer
deste trabalho serão detalhadas as táticas e estratégias geralmente utilizadas em
ambos os casos.
As ações podem ser também diretas, quando são utilizadas para criar e
maximizar aspectos favoráveis da organização, como podem ser indiretas, quando
são aplicadas para projetar ou proteger a imagem por meio de terceiros (pessoas ou
outras instituições) que possam ser, de alguma forma, associados à organização,
tais como clientes, fornecedores ou parceiros (MOHAMED, GARDNER e PAOLILLO,
1999 apud OLIVEIRA, 2014). As várias dimensões do gerenciamento de impressões
evidenciadas até aqui podem ser visualizadas na Figura 2.
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Figura 2: Dimensões do Gerenciamento de Impressões
Fonte: Elaboração própria com base em Medeiros (2013, p. 21)
As definições de dimensões do gerenciamento de impressões demostram que
o seu uso não pode ser generalizado como uma iniciativa boa ou ruim, para cada
caso é necessário avaliar os aspectos relevantes de sua aplicação, para então ser
possível interpretar se determinada ação pode ser considerada verdadeira ou
dissimulada.
2.1.1.Estratégias e táticas de gerenciamento de impressões
O uso do Gerenciamento de Impressões abrange tanto questões estratégicas
quanto táticas. As estratégias de GI são consideradas quando os comportamentos
adotados possuem intenção de obter resultados de longo prazo. Em contrapartida os
comportamentos táticos possuem intenção de obter resultados de curto prazo
(ROSENFELD, 1997).
Uma classificação sobre estratégias de gerenciamento de impressões
amplamente aceita e adotada é a apresentada por Jones e Pittman (1982),
contemplando cinco tipos de estratégias utilizadas pelos atores sociais, conforme
apresentado no Quadro 1. Os autores defendem que os atores podem adotar
Ações diretas x indiretas
Mohamed, Gardner e
Paolillo (1999)
Impressões calculadas x secundárias
Leary (1996)
Atuações sinceras x cínicas
Grove e Fisk (1989)
Comportamento assertivo x defensivo Gardner e Martinko (1988)
Intencionalidade
Mendonça et al (1999); Malle, Moses e Baldwin
(2001)
Dimensões do Gerenciamento de
Impressões
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estratégias de GI de insinuação, autopromoção, exemplificação, intimidação e
suplicação no sentido de serem percebidos, respectivamente, como atraentes,
competentes, moralmente confiáveis, perigosos e merecedores de pena. (JONES E
PITTMAN, 1982)
Quadro 1: Estratégias de gerenciamento de impressões
Estratégia Definição Atribuições buscadas
Emoção despertada
Atribuições Negativas Possíveis
Insinuação Que o ator usa para fazê-lo parecer mais atrativo e simpático para os outros
Agradável Afeto Bajulador
Autopromoção Comportamentos que apresentam o ator como altamente competente, com atenção para certas habilidades ou aptidões
Competente e eficaz
Respeito Fraudulento e convencido
Exemplificação Comportamentos que apresentam o ator como moralmente confiável. Pode ser desenhado para induzir a simulação dos seguidores.
Confiável e dedicado
Culpa Hipócrita, e explorador
Intimidação Comportamentos que apresentam o ator como uma pessoa perigosa. Capaz de tomar medidas extremas caso for prejudicado.
Perigoso e cruel
Medo Falastrão e ineficaz
Suplicação Comportamentos que apresentam o ator como desamparado, vítima de uma situação.
Desamparado e infeliz
Solidariedade Autodepreciação
Fonte: Jones e Pittman (1982)
A primeira das estratégias apresentadas no Quadro 1 é a insinuação, por
meio da qual o indivíduo acredita que, mostrando-se como alguém agradável e
amigável, o outro indivíduo irá favorecê-lo (CARVALHO e GRISCI, 2002).
A autopromoção, segunda estratégia, conforme descrevem Mendonça e
Correia (2008), ocorre quando o indivíduo exalta suas qualidades que são mais
relevantes para determinado público, visando ter a imagem de extremamente
competente.
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A exemplificação, por sua vez, é utilizada quando o objetivo do ator é
expressar uma imagem de virtudes morais, como honestidade, lealdade e ética
(CARVALHO; GRISCI, 2002). Para Mendonça e Correia (2008), pode ser
evidenciada na pessoa que serve de exemplo para outras, ainda que, em que alguns
casos, isso traga sofrimento para a própria, e que ela possa até mesmo ser vista
como mentirosa ou arrogante, por se mostrar perfeita demais.
A estratégia seguinte é a intimidação que, conforme Carvalho e Grisci (2002),
é aquela em que o ator transmite uma imagem de que é capaz de agredir
fisicamente ou verbalmente quem o desafia, ou tomar medidas extremas para punir
quem o prejudica. Essa estratégia, de acordo com Mendonça e Correia (2008), é
geralmente empregada por aqueles que possuem posições mais altas nas
hierarquias.
A última estratégia, a suplicação, de acordo com Mendonça e Correia (2008),
é utilizada por indivíduos que demostram fraqueza, dependência ou inabilidade para
conseguir poder, uma vez que outras pessoas sentem-se obrigadas a ajudá-las. É
também utilizada quando o ator deseja passar uma imagem de que passa por
dificuldades por ter sido lesado por outros injustamente.
A partir de uma revisão de literatura sobre o tema gerenciamento de
impressões, Mendonça et al. (2003) descrevem um conjunto de táticas que podem
ser utilizadas pelo ator no curto prazo, conforme demonstra o Quadro 2. Nestes
casos, é possível identificá-las tanto em situações em que os atores desejam
construir e afirmar uma imagem positiva, quanto em situações em que sua imagem é
atingida e os mesmos pretendem defendê-la.
Quadro 2: Táticas de gerenciamento de impressões
Táticas/Comportamentos Definição/Descrição
Adequar-se à situação Comportar-se do modo que a situação requeira
Ambiente físico
Controlar o ambiente físico em que as interações acontecem. Controlar o cenário das interações
Aplauso Explicitar acontecimentos favoráveis para maximizar as implicações desejáveis para si mesmo
Associação social Usar uma abordagem pessoal direta, forte e enérgica
Atribuições públicas Intensificar ou proteger a própria imagem administrando informações sobre pessoas e coisas com as quais se está associado
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48
Continuação
Autodescrição Transmitir informações acerca de si mesmo por meio de descrições verbais
Comportamentos não-verbais Expressar informações sobre a personalidade, humor, opiniões e estados físicos e psicológicos por meio de expressões faciais, aparência física, olhar e linguagem corporal
Comportamento pró-social Engajar-se em ações pró-sociais para criar uma imagem positiva ou para reconciliar uma transgressão aparente e convencer uma audiência de que o ator merece uma identidade positiva
Conformidade e concordância
Concordar com a opinião de alguém, ou de algum grupo a fim de ganhar sua aprovação.
Culpar e atacar outros
Culpar outros pela falha do ator ou minimizar as realizações de outros
Desculpas
Admitir a responsabilidade por um acontecimento indesejável e ao mesmo tempo tentar conseguir o perdão para tal ação
Dispositivos de memória
Distorcer reconstruir ou fabricar memórias durante interações sociais, visando ao alcance de objetivos sociais
Enfatizar similaridade
Destacar similaridades nos objetos, hobbies etc., e se comportar de maneira similar à daqueles com que se está interagindo
Explicações
Explicar um evento, buscando minimizar a severidade aparente de uma situação difícil
Exposição de atitudes
Expressar suas atitudes no sentido de influenciar as impressões de outros
Justificativas
Explicar um acontecimento que cria desconforto visando minimizar a aparente gravidade do desconforto
Lisonja
Cumprimentar outros por suas virtudes num esforço para parecer perspicaz e amável
Manipulação ambiental físicos
Modificar a situação, por intermédio da manipulação de aspectos, de tal forma que o outro seja levado a aceitar a influência do ator
Persuasão
Convencer a outra parte quanto ao ponto de vista do ator, pelo uso seletivo de argumentação racional
Restituição
Oferecer compensações, as quais são estendidas pelo ator ao ofendido, ferido ou, por outro lado, uma audiência prejudicada
Retratação Utilizar explicações dadas antes de uma ação potencialmente embaraçosa para repelir qualquer repercussão negativa à imagem do ator
Ritualização e simbolização
Usar cerimônias formais e símbolos de poder para aumentar ou consolidar a posição do ator. Dramatizar interações
Self-handicapping Demonstrar impedimentos os quais reduziriam a probabilidade de um bom desempenho, mas os quais provêm uma desculpa plausível para fracasso.
Troca de favores ou benefícios
Trocar favores (presentes ou futuros) ou obrigações com outro, de acordo com interesses do ator. Fazer algo bom para alguém para ganhar a aprovação dessa pessoa
FONTE: Mendonça et al. (2003)
É importante ressaltar que o uso destas estratégias e táticas de GI mostra-se
como uma ferramenta a ser utilizada pelas companhias no relacionamento com o
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seu público alvo. Os estudos mais recentes buscam relacioná-las, também, às ações
empreendidas pelas organizações.
No Brasil, Carrera (2012), utilizou o gerenciamento de impressões para
analisar o “self” a partir do compartilhamento de músicas, letras e vídeos em redes
sociais. O resultado encontrado identificou diversas estratégias e táticas de GI que
foram utilizadas pelos usuários.
Estudo similar foi apresentado por Medeiros (2013), que analisou a influência
do gerenciamento de impressões realizado por um usuário sobre a efetividade de
outro usurário, no uso de uma rede social virtual por eles compartilhada. A autora
constatou que uma parcela dos participantes da pesquisa, em sua auto percepção,
observou que pratica as técnicas do gerenciamento de impressões de forma
negativa, em suas ações nas redes sociais virtuais.
De acordo com Ferreira, Gondima e Pilati (2014), que abordaram o
gerenciamento de impressões e tomada de decisão em entrevistas de emprego, o
resultado encontrado demonstrou que as estratégias de autopromoção e de
exemplificação são as que mais influenciam positivamente a avaliação do
entrevistador.
O estudo de Oliveira (2014) buscou analisar o gerenciamento de impressões
a respeito da responsabilidade social e ambiental da Renault do Brasil, na
perspectiva da empresa e de seus stakeholders. Diante dos resultados da pesquisa,
o autor constatou que, dentre as táticas assertivas, pôde-se observar a presença do
comportamento de insinuação, uma vez que a Renault tenta projetar uma imagem
de forma a parecer mais atrativa ao mercado. Dentre as táticas defensivas
observaram-se os comportamentos de retratação, uma vez que a montadora tende a
dar explicações e se antecipar sobre ações que possam causar repercussões
negativas no futuro.
Já o trabalho conduzido por Carvalho (2015) apresentou uma análise sobre o
gerenciamento de impressões em relatórios de administração de companhias
brasileiras de capital aberto. O autor verificou que os gestores tentam gerenciar a
impressão que os acionistas possuem da organização por meio da seletividade de
gráficos de assuntos diversos, que provavelmente são gráficos que dariam boas
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notícias a esse público. Nesta mesma linha de pesquisa, o estudo de Silva (2016)
constatou a possibilidade de ocorrência de estratégias de GI nos relatórios de
administração analisados.
Investigações também são realizadas por pesquisadores de diversos outros
países, como é o caso de Jaiswal e Bhal (2014) em Nova Delhi, na Índia. Em seus
estudos, os autores exploraram o impacto das características dos funcionários
subordinados e a cultura organizacional sobre a utilização de diferentes táticas de
gerenciamento de impressões, por parte dos mesmos, para obter uma boa avaliação
de desempenho. No geral, o estudo mostrou que os funcionários subordinados
exibem flexibilidade comportamental de acordo com a situação, usando diferentes
táticas de GI, a fim de obter uma avaliação positiva.
Os pesquisadores canadenses, Roulin, Bangerter e Levashina (2014)
avaliaram a capacidade de os entrevistadores identificarem a utilização de táticas de
gerenciamento de impressões honestas ou enganosas, por parte dos candidatos em
entrevistas de emprego. O estudo demonstrou uma forte tendência para o
comportamento enganoso por parte dos candidatos, e uma baixa capacidade dos
entrevistadores em detectar o uso das táticas de GI empregadas por eles, uma vez
que até 31% dos candidatos que forneceram respostas falsas poderiam ter sido
contratados, o que sugere que se os entrevistadores tivesse conhecimento da teoria
de gerenciamento de impressões ganhariam eficiência em suas escolhas.
O estudo de Cheng, Chiu e Chang (2015) teve por objetivo investigar os
efeitos interativos do desempenho das táticas de GI sobre os resultados de carreira,
baseado em um levantamento de 195 duplas de empregado e supervisor, de várias
indústrias em Taiwan. O resultado demonstrou que os funcionários que empregaram
as táticas do gerenciamento de impressões em suas tarefas tiveram reajuste salarial
e satisfação profissional maiores que os que não empregaram.
Já o estudo de Frühauf et al (2015), realizado na Suíça, examinou as táticas
de gerenciamento de impressões dos pacientes em relação aos seus terapeutas. Foi
constatado pelos pesquisadores que cerca de 30% dos pacientes fizeram uso de
táticas de GI, sendo as mais frequentes a suplicação e a autopromoção.
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Como se observa, esse tema tem sido explorado, já há algum tempo e ainda
recentemente, em diferentes lugares do mundo e em distintos contextos, sinalizando
que se trata de uma técnica relevante e que merece a atenção dos pesquisadores.
Percebe-se que os resultados dos estudos apresentados demonstram que
pessoas e organizações tentam, de diferentes maneiras, transmitir e influenciar sua
plateia, tanto nos casos em que buscam construir uma imagem positiva, quanto
naqueles em que é esperado reduzir os danos de uma repercussão negativa.
Procurando compreender essa dinâmica no âmbito das ações de
comunicação da Petrobras, este estudo desenvolveu a metodologia descrita a
seguir.
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52
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Para o desenvolvimento deste estudo, serão apresentados os procedimentos
metodológicos que foram utilizados na pesquisa para a consecução de seu objetivo,
que é identificar as ações de gerenciamento de impressões empreendidas pela
Petrobras por meio de suas atividades institucionais de comunicação, no Blog Fatos
e Dados, no período de 2013 a 2016. A classificação da pesquisa está apresentada
no Quadro 3.
Quadro 3: Natureza do estudo e método de pesquisa Quanto aos fins Descritiva Gil (2009)
Quanto à abordagem Qualitativa Godoy (1995); Flick (2009)
Quanto aos meios Estudo de caso Yin (2015); Gil (2009); Bruyne, Herman e Schoutheete (1977)
As técnicas para coleta e análise de dados
Pesquisa documental e Análise de conteúdo
Godoy (1995); Bardin (2011); Colbari (2014)
Fonte: Elaborado pelo autor
No que se refere aos fins, o estudo se caracteriza como de natureza
descritiva, pois, segundo Gil (2009), o pesquisador possui um conhecimento prévio
das teorias e modelos que serão utilizados para a análise das informações
encontradas.
A respeito da abordagem, pode-se afirmar que trata-se de uma pesquisa
qualitativa, pois, conforme definido por Godoy (1995), parte de uma questão ampla,
que será aos poucos delineada no decorrer do desenvolvimento do trabalho. Esse
tipo de pesquisa, de acordo com a autora, não busca quantificar os dados, muito
menos usa instrumentos estatísticos para analisá-los. Ela busca, ao contrário disso,
partir de questões ou focos de interesse amplos, que vão se tornando mais diretos e
específicos no transcorrer da investigação. As abstrações são construídas a partir
dos dados, num processo de baixo para cima, exatamente como se busca fazer
neste estudo.
Segundo Flick (2009), a pesquisa qualitativa tem como característica
posicionar o observador no mundo, uma vez que posiciona o pesquisador para
estudar as coisas em seus contextos naturais, na tentativa de entender ou
interpretar os fenômenos em termos dos sentidos que as pessoas lhe atribuem.
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Quanto aos meios, nesta pesquisa optou-se por um estudo de caso. Diversos
autores (YIN, 2015; GIL, 2009; BRUYNE, HERMAN E SCHOUTHEETEM, 1977)
ressaltam a importância e as características dos estudos de caso em pesquisas na
área de administração.
Segundo Yin (2015), quando se pretende investigar a respeito de um conjunto
de eventos contemporâneos, o uso do estudo de caso é adequado. O autor
acrescenta que o estudo de caso é uma pesquisa empírica que busca analisar um
fenômeno dentro de seu contexto real, especialmente quando os limites entre ambos
não estão claramente definidos.
Alguns propósitos dos estudos de caso são apontados por Gil (2009): 1)
explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; 2)
preservar o caráter unitário do objeto estudado; 3) descrever a situação do contexto
em que está sendo feita uma determinada investigação; 4) formular hipóteses ou
desenvolver teorias e 5) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em
situações complexas que não permitam o uso de levantamentos e experimentos.
Bruyne, Herman e Schoutheete (1977) justificam que a opção do estudo de
caso faz sentido quando se reúnem informações numerosas e detalhadas que
possibilitem compreender a totalidade de uma situação. A qualidade das
informações mais detalhadas contribui para um maior conhecimento do pesquisador
e uma possível resolução dos problemas escolhidos sobre o assunto estudado.
A técnica utilizada para coleta de dados é a pesquisa documental. A palavra
documentos, segundo Godoy (1995), pode ser entendida, neste caso, de forma
ampla, incluindo documentos oficiais, fontes estatísticas e publicações
administrativas e bibliográficas (jornais, revistas, livros, teses e dissertações), além
de sites na Internet.
No caso deste trabalho, os documentos consultados consistiram basicamente
em publicações do Blog Fatos e Dados da Petrobras. Tal escolha se deveu pelo fato
de ser um veículo institucional, por meio do qual a empresa divulga suas
informações e se posiciona em relação a reportagens da mídia. As publicações da
Petrobras no Blog Fatos e Dados, e reportagens que a empresa buscou responder e
explicar por meio de suas publicações, no período de 2013 a 2016, constituem
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casos representativos; assim, contrastando o conteúdo das publicações dos veículos
de comunicação com as respostas e publicações da empresa no Blog Fatos e
Dados, foi possível identificar o uso do gerenciamento de impressões por parte da
companhia.
A análise de conteúdo foi utilizada como técnica de análise dos dados.
Conforme descreve Bardin (2011), trata-se de um conjunto de técnicas de análise
das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição
do conteúdo das mensagens.
De acordo com Bardin (2011), a análise de conteúdo inclui três etapas, sendo
elas a pré-análise, que é a fase em que se organiza o material a ser analisado, com
o objetivo de torná-lo operacional a partir da sistematização das ideias iniciais.
Posteriormente à pormenorização do material, tem-se a etapa de exploração do
material, com a definição de categorias, a identificação das unidades de registro e
das unidades de contexto nos documentos. Por fim, vem o tratamento dos
resultados, inferência e interpretação, em que ocorre a condensação e o destaque
das informações para análise, culminando nas interpretações inferenciais; é o
momento da intuição, da análise reflexiva e crítica.
Para Colbari (2014), considerando o ecletismo e a maleabilidade dessa
técnica de tratamento de dados não numéricos, aplicável em um campo vasto e
diversificado, é possível entender a análise de conteúdo como um conjunto de
técnicas de análise das comunicações, ao gosto de diferentes opções teóricas, mas
afinada com a natureza do problema de pesquisa e com a criatividade do
investigador.
Trata-se, portanto, de uma ferramenta de pesquisa que possibilita
compreender e explicar opiniões, condutas e ações (individuais e sociais),
apreendidas em um contexto de dados, textuais e/ou simbólicos.
De acordo com Colbari (2014), para o desenvolvimento de uma pesquisa em
que a análise de conteúdo se aplica na organização e no tratamento do material, é
necessário o cumprimento de operações básicas, conforme sintetiza o Quadro 4.
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Quadro 4: As etapas da análise de conteúdo
Etapas Operações básicas
Antecedentes Delimitação dos objetivos da pesquisa e do quadro de referências conceituais: a construção de um problema e sua contextualização teórica.
Constituição de um corpus Escolha ou produção dos documentos/materiais a serem analisados.
Exploração do material
Leitura dos documentos/materiais; Definição do referencial de codificação; Decomposição em unidades de análise; Agregação das unidades em temas e/ou categorias (categorização).
Tratamento dos resultados obtidos – a interpretação
Elaboração de quadros, diagramas, figuras e modelos com a apresentação dos resultados; Resultados submetidos a provas de validação; Proposição de inferências e interpretações.
Fonte: Bardim (2011); Colbari (2014)
As informações obtidas por meio da análise documental formaram uma base
por meio da qual foi possível comparar o contexto com a base teórica escolhida para
interpretar os fatos. No Quadro 5 são apresentados os instrumentos de coleta e
fonte de dados que foram analisados para atender aos objetivos específicos
propostos.
Quadro 5: Estrutura Metodológica
Objetivos específicos Instrumentos de Coleta e Análise
Unidades de Análise
Explorar a trajetória da Petrobras e o seu histórico de interação com a sociedade por meio de canais institucionais de comunicação.
Pesquisa documental Livros, Artigos, monografias, teses, dissertações, reportagens, revistas, jornais, relatórios, sites da internet.
Identificar ações que apontem práticas da Petrobras elencadas na teoria do gerenciamento de impressões.
Análise de Conteúdo Petrobras (Blog Fatos e dados)
Fonte: Elaborado pelo autor (2016).
O presente estudo foi desenvolvido com base nas três etapas estabelecidas
pela análise de conteúdo. A primeira, pré-análise, aconteceu no momento de
identificação das publicações e reportagens. O Blog possui as publicações
separadas por sessões, data e pelo mecanismo de busca. Para este estudo foram
escolhidas publicações que abordam os assuntos entendidos como mais relevantes
e divulgados pelos canais de imprensa, totalizando 101 publicações da empresa no
Blog e 39 reportagens relacionadas, uma vez que foram respondidas pela Petrobras
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por meio do Blog, totalizando 140 publicações analisadas, conforme demonstrado na
Tabela 2.
Vale ressaltar que a escolha dos casos foi feita com base nos assuntos mais
recorrentes no capítulo de contextualização da empresa, e que estão relacionados
com a crise que a empresa busca superar.
Tabela 2: Notícias por caso no blog Fatos e Dados Casos Publicações no Blog Reportagens
Relacionadas
Operação Lava Jato 30 11
Refinaria de Pasadena 26 13
CPI 9 6
Pré-Sal 36 9
TOTAL 101 39
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
A segunda etapa, exploração do material, consistiu em analisar cada
publicação encontrada na etapa anterior, retirando delas os trechos em que é
possível demonstrar o uso de estratégias ou táticas de GI consideradas como mais
evidentes, uma vez que outras estratégias e táticas também poderiam ser
encontradas em cada publicação.
Ressalta-se que, em alguns casos, os trechos selecionados poderiam ser
associados tanto a uma estratégias quanto a uma tática de GI. Nesses casos, o
critério de escolha foi baseado na definição de Rosenfeld (1997), que define as
estratégias como vinculadas a outras ações de longo prazo, e as táticas como ações
isoladas, uma vez que possuem o intuito de atingir rapidamente o objetivo
pretendido.
Ainda na segunda etapa, os trechos selecionados das publicações foram
agrupados em categorias, de acordo com as estratégias ou táticas estabelecidas
pela teoria do gerenciamento de impressões. Desta forma, foi verificado se os
trechos selecionados no blog se enquadraram em uma das estratégias de
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insinuação, autopromoção, exemplificação, intimidação e suplicação, ou em alguma
das táticas de Gerenciamento de Impressões apresentadas no Quadro 2.
Em algumas publicações, a empresa utilizou-se do Blog para responder a
questionamentos e acusações da imprensa. Nestes casos, o presente estudo
apresentou uma breve exposição de tais reportagens e da resposta apresentada
pela empresa, realizando posteriormente a identificação da estratégia ou tática
adotada pela empresa.
Por fim, na última etapa, tratamento dos resultados, inferência e interpretação,
foram verificadas as estratégias de gerenciamento de impressões mais utilizadas
pela empresa em cada caso, e em quais circunstâncias estas estratégias foram
usadas.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Com base nas publicações feitas pela Petrobras, por meio do Blog Fatos e
Dados, os assuntos foram divididos em quatro casos, conforme apresentado na
Tabela 2. A escolha desses casos se deu em função de sua relevância no período
analisado neste estudo, conforme demonstrado na introdução deste trabalho. Ao
descrever cada um deles, foram seguidas as três etapas estabelecidas na
metodologia para a análise de conteúdo. Em um primeiro momento, foram feitas
buscas no blog fatos e dados, utilizando as palavras chave de cada assunto, e
retiradas publicações para análise posterior.
Na segunda etapa, as publicações e as reportagens relacionadas a elas
foram organizadas em quadros e identificadas as categorias de estratégias ou
táticas de gerenciamento de impressões utilizadas pela empresa que melhor se
relacionaram com cada publicação. Por fim, na última etapa, foi feita a interpretação
dos resultados, identificando em quais momentos e situações cada uma das
estratégias e táticas de gerenciamento de impressões foi empregada pela Petrobras
em suas publicações.
4.1. Caso 1: Operação Lava Jato
O primeiro caso observado refere-se ao posicionamento da empresa em
relação à Operação Lava Jato. De acordo com Portelinha (2015), as investigações
do esquema revelaram que algumas empreiteiras formaram um cartel e estipularam
regras para distribuir obras, formando o chamado "clube de empreiteiras”. Estas
empresas pagavam propina a políticos e ex-funcionários da estatal para aumentar a
margem de lucro e obter favores, fraudando licitações.
Segundo Portelinha (2015), a Polícia Federal e o MPF calcularam, em 2014,
um prejuízo de R$ 19 bilhões causado pela corrupção na Petrobras, três vezes o
valor admitido pela companhia em seu balanço de 2014, conforme descrito na
contextualização da empresa, na introdução deste trabalho.
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De acordo com reportagem publicada pelo portal G111, os resultados da força-
tarefa, até dezembro de 2016, revelaram a devolução de recursos para a Petrobras
que atingiram a cifra de R$500 milhões, e o prejuízo estimado atualizado seria de
R$40 bilhões. Dos 259 acusados de envolvimento no esquema, 87 já foram
condenados, dentre eles seis ex-funcionários da Petrobras. Foram expedidos 182
mandados de prisões preventivas e temporárias, além de 187 mandados de
conduções coercitivas.
De acordo com reportagem do jornal O Globo12, publicada em setembro de
2015, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, primeiro funcionário a delatar o
esquema de corrupção na Petrobras, afirmou que sem apoio político não era
possível conseguir um cargo na diretoria da Petrobras. Segundo Costa, o esquema
de indicações de diretores, com o objetivo de obter retorno financeiro a partidos,
teve início em 2003, durante o primeiro ano de governo do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
Em matéria publicada em dezembro de 2015 no jornal Estado de São Paulo13,
foi revelado que, em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Lula negou a sua
participação no processo de escolha de diretores da Petrobras. De acordo com a
reportagem, o ex-presidente afirmou que as indicações de Paulo Roberto Costa pelo
Partido Progressista (PP), Nestor Cerveró pelo Partido da Mobilização Democrática
Brasileira (PMDB) e Renato Duque pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foram
negociadas diretamente com José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil em seu
governo, e que somente após firmados os acordos políticos recebia o nome dos
diretores indicados pelos partidos.
Em agosto de 2016, de acordo com matéria do jornal Correio Brasiliense14, o
Ministério Público Federal entregou à justiça documentos que atribuem ao ex-
presidente Lula participação ativa no esquema criminoso na Petrobras, apontando
11 Disponível em: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/12/lava-jato-fecha-o-ano-com-o-maior-numero-de-fases-desde-2014.html>. Acesso em 16 jan. 2017 12 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/indicacoes-politicas-na-petrobras-comecaram-em-2003-afirma-paulo-roberto-costa-17484461>. Acesso em 16 jan. 2017 13 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/lula-atribui-a-dirceu-indicacao-de-diretores-para-a-petrobras/>. Acesso em 16 jan. 2017 14 Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/08/05/internas_polbraeco,543338/mpf-diz-que-lula-participou-ativamente-de-esquema-criminoso-na-petro.shtml>. Acesso em 16 jan. 2017
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que o ex-presidente não só tinha conhecimento do estratagema criminoso, como se
beneficiou dele.
Por meio das trinta publicações do Blog Fatos e Dados analisadas,
referente à Operação Lava Jato, foi identificado o uso das estratégias de
gerenciamento de impressões: autopromoção, intimidação e suplicação; e das
táticas: culpar e atacar os outros, dispositivos de memória, explicações, exposição
de atitudes e justificativas, conforme demonstra o Quadro 6.
Quadro 6: Publicações sobre o Caso “Operação Lava Jato” Nº Titulo Data Disponível em: Estratégia de
GI Tática de GI
1 João Elek toma posse como diretor de governança risco e conformidade
19/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/joao-elek-toma-posse-como-diretor-de-governanca-risco-e-conformidade.htm
Autopromoção
2 Nossos resultados operacionais não param de crescer e a determinação é maior a cada dia
30/11/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/nossos-resultados-operacionais-nao-param-de-crescer-e-a-determinacao-e-maior-a-cada-dia.htm
Autopromoção
3 Recebemos mais R$ 204 milhões recuperados pela operação lava-jato
18/11/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/recebemos-mais-r-204-milhoes-recuperados-pela-operacao-lava-jato.htm
Intimidação
4 Encerramos apurações sobre contratos com Hope e Personal e sobre benefício farmácia
06/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/encerramos-apuracoes-sobre-contratos-com-hope-e-personal-e-sobre-beneficio-farmacia.htm
Intimidação
5 Diretor de governança riscos e conformidade faz balanço das ações da área
09/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/diretor-de-governanca-riscos-e-conformidade-faz-balanco-das-acoes-da-area.htm
Intimidação
6 Esclarecimento sobre notícias contrato com a Braskem
21/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-noticias-contrato-com-a-braskem.htm
Intimidação
7 Esclarecimento sobre operação lava-jato
16/11/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-operacao-lava-jato.htm
Suplicação
8 Esclarecimento da Petrobras Distribuidora sobre denúncias no âmbito da operação lava-jato
20/01/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-da-petrobras-distribuidora-sobre-denuncias-no-ambito-da-operacao-lava-jato.htm
Suplicação
9 Pedimos para ingressar como assistente do MPF nas ações da Lava Jato
27/04/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pedimos-para-ingressar-como-assistente-do-mpf-nas-acoes-da-lava-jato.htm
Suplicação
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Continuação
10 Esclarecimento sobre notícias, depoimentos relacionados a operação lava-jato
17/10/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pedimos-para-ingressar-como-assistente-do-mpf-nas-acoes-da-lava-jato.htm
Suplicação
11 Contratos no exterior, resposta ao Valor
23/09/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-noticias-depoimentos-relacionados-a-operacao-lava-jato.htm
Suplicação
12 Novo presidente apresenta os pilares que devem orientar nossa administração
02/06/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/contratos-no-exterior-resposta-ao-valor.htm
Suplicação
13 Divulgamos nota de esclarecimento
08/09/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/novo-presidente-apresenta-os-pilares-que-devem-orientar-nossa-administracao.htm
Culpar e atacar outros
14 Divulgamos os resultados do 3º trimestre 2014 não revisados
28/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/divulgamos-nota-de-esclarecimento.htm
Dispositivos de memória
15 Comunicado sobre ação judicial nos Estados Unidos
10/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/divulgamos-os-resultados-do-3-trimestre-2014-nao-revisados.htm
Explicações
16 Moody´s revê nossa classificação de risco
09/12/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/comunicado-sobre-acao-judicial-nos-estados-unidos.htm
Explicações
17 Esclarecimento sobre notícias de contas vinculadas
01/12/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/moody-s-reve-nossa-classificacao-de-risco-1.htm
Explicações
18 Vamos em frente 27/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-noticias-contas-vinculadas.htm
Explicações
19 Controle de contas bancárias resposta ao jornal O Globo
09/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/vamos-em-frente.htm
Explicações
20 Realizaremos apuração interna sobre entrega de brindes, resposta ao O Globo
28/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/controle-de-contas-bancarias-resposta-ao-jornal-o-globo.htm
Exposição de atitudes
21 Estamos atuando para superar nossos desafios, conheça nossas providências na operação lava-jato
10/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/realizaremos-apuracao-interna-sobre-entrega-de-brindes-resposta-ao-globo.htm
Exposição de atitudes
22 Relatórios das comissões internas de apuração foram enviados as autoridades competentes
01/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/estamos-atuando-para-superar-nossos-desafios-conheca-nossas-providencias-na-operacao-lava-jato.htm
Exposição de atitudes
23 Lançamos novo canal de denúncia
18/11/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/relatorios-das-comissoes-internas-de-apuracao-foram-enviados-as-autoridades-competentes.htm
Exposição de atitudes
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Continuação
24 Contratos com a Odebrecht, resposta a folha
18/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/lancamos-novo-canal-de-denuncia.htm
Exposição de atitudes
25 Programa anticorrupção, respostas ao jornal O Globo
01/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/contratos-com-odebrecht-resposta-a-folha.htm
Exposição de atitudes
26 Bloqueio cautelar de empresas, resposta ao Upstream
29/08/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/programa-anticorrupcao-respostas-ao-jornal-o-globo.htm
Exposição de atitudes
27 Carta a coluna de Dora Kramer
28/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/bloqueio-cautelar-de-empresas-resposta-ao-upstream.htm
Exposição de atitudes
28 Campanha publicitária, respostas à agência estado
04/02/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-a-coluna-de-dora-kramer.htm
Justificativas
29 Ação indenizatória de minoritários, resposta a Folha
13/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/campanha-publicitaria-respostas-a-agencia-estado.htm
Justificativas
30 Petrobras Distribuidora nega relação com empresa de Youssef
21/03/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/acao-indenizatoria-de-minoritarios-resposta-a-folha.htm
Justificativas
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em dez. 2016.
Como se observa no Quadro 6, a Petrobras se utilizou de estratégias e de
táticas de gerenciamento de impressões. Ao contrário das estratégias, que estão
vinculadas a outras ações de longo prazo, as táticas são ações isoladas, pois
possuem o intuito de atingir rapidamente o objetivo pretendido.
A empresa utilizou-se da estratégia de autopromoção para valorizar seu corpo
técnico de funcionários e as suas conquistas nas operações de exploração de
petróleo, principalmente as do pré-sal, conforme demostrado nos trechos a seguir:
Nossos resultados operacionais não param de crescer. E a determinação é
maior a cada dia (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 2).
Nós batemos todos os recordes operacionais da companhia em 2014.
Batemos o recorde de produção de petróleo, produção de gás natural,
produção de energia e aumentamos a participação de mercado na
distribuição, dentre outros. Estamos tendo o equilíbrio para superar os
problemas decorrentes da Operação Lava Jato, especialmente auxiliando
as Autoridades Públicas para a completa e rápida elucidação dos fatos e em
paralelo conduzimos nossa empresa para que ela continue crescendo e
operando com excelência. Temos o prestígio técnico mas também
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queremos o reconhecimento de nossa governança", ressaltou a presidente
Graça Foster (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 1).
A segunda estratégia utilizada pela estatal foi a intimidação, divulgando a
adoção e pedidos de sanções e punições aos que a prejudicaram de alguma
maneira.
Foram identificados desvios de conduta e de procedimentos que levarão à
demissão de três empregados, suspensão de outros oito, retenções e
cancelamentos de inscrições no programa de demissão voluntária de mais
nove (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS, POST 4).
Desde o início das investigações, temos adotado um conjunto de medidas
jurídicas contra empresas e pessoas, inclusive ex-funcionários e políticos,
que causaram danos financeiros e à nossa imagem (PETROBRAS, 2016
BLOG FATOS E DADOS, POST 3).
Por fim, a última estratégia, a suplicação, foi utilizada pela Petrobras na busca
de evidenciar sua condição de vítima e maior prejudicada, principalmente nos atos
ilícitos praticados identificados pela Operação Lava Jato.
A Petrobras informa ainda que está tomando todas as medidas necessárias
junto às autoridades brasileiras para ser ressarcida pelos prejuízos sofridos
em função dos atos ilícitos denunciados no âmbito da Operação Lava-Jato,
inclusive aqueles à sua imagem (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E
DADOS, POST 11).
No que se refere às táticas empregadas, a de culpar e atacar os outros foi
sistematicamente utilizada pela estatal. Ao direcionar a responsabilidade do que
ocorreu aos indivíduos que participaram das irregularidades praticadas contra a
empresa, buscou-se distanciar dos escândalos de corrupção, na tentativa de
preservar sua imagem institucional.
Atos irregulares, que possam ter sido cometidos por uma pessoa ou grupo
de pessoas, empregados ou não da empresa, não representam a conduta
da instituição Petrobras e de sua força de trabalho constituída por milhares
de empregados (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 13).
A empresa também usou a tática dispositivos de memória, ao trazer para o
presente a representatividade da companhia, desde a sua criação, e as suas
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conquistas históricas, na tentativa de minimizar o impacto causado pelas evidências
de corrupção que envolveram a companhia.
Trabalhamos para que, no futuro próximo, nossa companhia seja
reconhecida por seus métodos de governança e controles internos com a
mesma excelência que tem sido reconhecida ao longo dos anos por sua
capacidade técnica e operacional (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E
DADOS, POST 14).
Outra tática utilizada pela companhia foram as explicações, uma vez que a
empresa buscou esclarecer acontecimentos no intuito de evitar desgastes
decorrentes de denúncias e acusações.
A divulgação das demonstrações contábeis de 2014 representa um ponto
de virada para a nossa empresa, diante dos desafios que temos enfrentado
nos últimos meses, porque reforça o compromisso com a transparência de
nossas atividades e impulsiona iniciativas futuras baseadas neste novo
contexto, como uma abertura maior aos mercados internacionais e o
aumento da confiança de nossos investidores (PETROBRAS, 2015, BLOG
FATOS E DADOS, POST 18).
Já a utilização da tática exposição de atitudes foi utilizada pela Petrobras
quando foi necessário demostrar ao público que, apesar das graves denúncias que a
envolvem, ela não foi conivente e tomou providências para investigar e esclarecer os
fatos.
Para isso, acionamos nossos mecanismos de controle, aprimoramos nossos
padrões e temos colaborado efetivamente com os trabalhos das autoridades
públicas (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 21).
Por fim, o uso da tática justificativas buscou, por meio da explicação ou
contraposição das denúncias, reduzir o impacto prejudicial dos acontecimentos,
minimizando sua importância; alegando desconhecer as informações, ou então
incluindo a sua versão, como no seguinte trecho:
A Petrobras desconhece a existência de qualquer ação judicial movida por
acionistas minoritários no Rio Grande do Sul que verse sobre queda no
preço das ações da Companhia (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E
DADOS. POST 29).
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Convém ressaltar que diversas publicações divulgadas pela empresa foram
motivadas por reportagens e artigos que evidenciaram suas falhas de gestão,
associadas aos resultados financeiros desfavoráveis e aos escândalos de
corrupção.
O portal do jornal Estado de São Paulo 15 publicou uma reportagem em que
relacionou a campanha publicitária com o Slogan “Superação” como uma tentativa
da empresa de reverter a crise de imagem desencadeada pelas denúncias de
corrupção da Operação Lava jato, mesmo a estatal negando essa relação. O jornal
também fez menção à polêmica gerada pela campanha, uma vez que diversos
internautas publicaram comentários irritados com o conteúdo nela exposto.
Em reposta, a Petrobras negou que a campanha publicitária tenha alguma
relação com a Operação Lava Jato, alegando que se trata de uma estratégia
adotada nos últimos anos, para demonstrar suas conquistas e reforçar o histórico de
superação. Neste caso a empresa utilizou a tática justificativas para se defender,
mostrando a sua versão no intuito reduzir o impacto da denúncia.
A campanha não tem por objetivo tratar de nenhuma questão relacionada à
Operação Lava Jato. Nos últimos anos, a Petrobras vem desenvolvendo
sempre uma grande campanha institucional anual, a fim de comunicar os
desafios da empresa e contribuir para a implementação de sua estratégia
corporativa e os resultados do negócio. A campanha "Superação" segue
este padrão, reforçando o histórico de superação de desafios, à luz do
contexto atual, em que somam-se objetivos de performance operacional
com o aprimoramento da governança e conformidade na gestão da
empresa (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 28).
A colunista Dora Kramer, do jornal Estado de São Paulo, publicou um artigo
no portal16 referindo-se à ofensiva do governo para inviabilizar os trabalhos de
investigações sobre a Petrobras no Congresso. De acordo com a colunista, o ex-
presidente Lula ordenou que a base governista evitasse a CPI. Apesar da estratégia
de barrar o inquérito no congresso, o artigo revelou que investigações na Policia
Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União já se encontravam
15 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,superacao-vira-slogan-em-propaganda-da-petrobras,1629127>. Acesso em 31 dez. 2016 16 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,nao-da-para-controlar-imp-,1172001>. Acesso em 31 dez. 2016
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adiantadas, e apontavam para a existência de uma organização criminosa atuando
dentro da estatal. A Petrobras respondeu informando que já havia instaurado
comissão interna de apuração e estaria contribuindo com as autoridades. Utilizando
a tática exposição de atitudes, a empresa buscou se mostrar proativa em relação às
denúncias, e estabeleceu diversas medidas para colaborar com as investigações.
A Petrobras reafirma que trata-se da linha de investigações da Polícia
Federal do Distrito Federal, não representando, concretamente, nenhuma
conclusão do trabalho investigativo, que ainda está em curso. A companhia
reitera também que, além de ter instaurado Comissões Internas de
Apuração, está colaborando com os trabalhos das Autoridades Públicas, a
fim de contribuir com as respectivas investigações (PETROBRAS, 2015,
BLOG FATOS E DADOS, POST 27).
O portal do jornal Folha de São Paulo publicou reportagem17 noticiando o
pedido de um Delegado da Polícia Federal para que a Petrobras informasse todos
os negócios firmados com a empreiteira Odebrecht desde 2005. De acordo com a
reportagem, o prazo estabelecido pelo delegado não fora cumprido pela empresa,
que alegou ter dificuldades em fazê-lo, pois não tinha o CNPJ das organizações de
interesse da investigação. A Petrobras informou que havia entregado as informações
no dia da publicação, e que a empresa mantivera postura de efetiva colaboração.
Neste caso também foi utilizada a tática exposição de atitudes.
A Petrobras informa que prestou hoje, 17/12/2014, as informações
solicitadas nos autos do inquérito policial que investiga a Odebrecht.
Solicitações como estas têm sido feitas costumeiramente e vêm sendo
atendidas pela Companhia. A Petrobras mantém sua postura de efetiva
colaboração com as autoridades públicas que estão conduzindo as
investigações no âmbito da Operação Lava Jato (PETROBRAS, 2015,
BLOG FATOS E DADOS, POST 24).
Em outra reportagem no portal da Folha de São Paulo18, foi revelado que um
grupo de investidores, representado por um advogado de Porto Alegre, iria ingressar
com uma ação na justiça contra a empresa e a União. O pedido de indenização
financeira teria como justificativa reparar as perdas financeiras acumuladas com a
17 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/12/1563901-delegado-da-lava-jato-cobra-petrobras-sobre-contratos-com-odebrecht.shtml>. Acesso em 31 dez. 2016
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queda do preço das ações da companhia na bolsa de valores após o escândalo da
Operação Lava Jato. Os investidores pagaram cerca de quarenta e oito reais por
ação em 2008, sendo que os mesmos papéis eram cotados em oito reais e noventa
centavos em janeiro de 2015. A reportagem também revelou que um grupo de
investidores anunciou a abertura de um processo semelhante nos Estados Unidos.
Nesse episódio, a Petrobras utilizou a tática justificativas, uma vez que não
esclareceu a denúncia justificando desconhecer a ação.
A Petrobras desconhece a existência de qualquer ação judicial movida por
acionistas minoritários no Rio Grande do Sul que verse sobre queda no
preço das ações da Companhia (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E
DADOS. POST 29).
O portal do jornal O Globo publicou uma reportagem19 revelando que os ex-
diretores da Petrobras incriminados na Lava Jato aprovaram a adoção de políticas
anticorrupção na empresa. De acordo com o Jornal, em 2003 iniciaram as tratativas
de adesão ao Paci (Partnering Against Corruption Initiative), iniciativa do Fórum
Econômico Mundial para o combate à corrupção e que prevê a implementação de
um programa prático e eficiente contra fraudes. A adesão ocorreu de fato em 2005,
porém a implantação efetiva do programa foi executada em 2013, quando a estatal
lançou o Programa Petrobras de Prevenção à Corrupção (PPPC), mas a iniciativa
não alcançou fornecedores. Em resposta, a Petrobras afirmou que outras ações
foram implementadas no período até a criação efetiva do programa, fazendo uso da
tática de exposição de atitudes.
Recentemente, para aperfeiçoar seus controles internos, a Petrobras acaba
de criar uma nova Diretoria - de Governança, Risco e Conformidade. A
missão do novo diretor será assegurar a conformidade processual e mitigar
riscos nas atividades da companhia, como os de fraude e corrupção,
garantindo a aderência a leis, normas, padrões e regulamentos, incluindo as
regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and
Exchange Commission (SEC) (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E
DADOS. POST 25).
18 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/01/1574176-acionistas-minoritarios-brasileiros-decidem-ir-a-justica-contra-petrobras.shtml>. Acesso em 31 dez. 2016 19 Disponível em: http://oglobo.globo.com/brasil/ex-diretores-incriminados-na-lava-jato-aprovaram-politica-anticorrupcao-da-petrobras-14704119>. Acesso em 31 dez. 2016
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Em outra reportagem20, o jornal O Globo revelou denúncia dos investigadores
da Operação Lava Jato que apontavam o recebimento de obras de arte por parte de
integrantes do alto escalão da Petrobras, oferecidas pela empreiteira Odebrecht. Na
lista constavam os nomes dos ex-presidentes da companhia José Sérgio Gabrielli e
Graça Foster, bem como de diretores e gerentes de setores estratégicos da estatal.
A Petrobras afirmou, em nota, que havia tomado conhecimento das denúncias e
instaurado processo de investigação do caso e que contribuiria com as
investigações. Desse modo, utilizou novamente a tática de exposição de atitudes.
A Petrobras tomou conhecimento nesta segunda feira, dia 27, de uma lista
de empregados e ex-empregados que seriam destinatários de "brindes
especiais-2010". A empresa, internamente, iniciará de imediato a apuração
dos fatos (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 20).
No portal do jornal O Globo21 foi revelado que o ex-diretor Paulo Roberto
Costa, de acordo com documentos do Banco Central, controlava 1.832 contas da
Petrobras. Os dados revelaram o poder do ex-diretor que ficou no cargo de 2004 a
2012, e que até mesmo após deixá-lo foi mantido como responsável por diversas
contas. A estatal, neste caso, utilizou a tática de explicações, pois negou que
existiram contas ligadas à Costa após sua exoneração, e que os levantamentos da
estatal indicaram que não houve movimentações por parte do ex-diretor.
O Estatuto da Petrobras estabelece que dois diretores em conjunto têm
poderes para representar a empresa. Contudo, os bancos citados
confirmaram que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não consta como
representante da Petrobras desde a sua saída da diretoria da empresa
(PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 19).
Outra publicação no portal do jornal O Globo22, trazia a denúncia sobre uma
possível sociedade entre a Petrobras e o doleiro Alberto Youssef em um
empreendimento termelétrico. A empresa justificou que desconhecia qualquer
relação comercial com Youssef, fazendo o uso da tática justificativas.
20 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/petrobras-investiga-brindes-da-odebrecht-para-dirigentes-da-estatal-16991738>. Acesso em 31 dez. 2016 21 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/ex-diretor-controlava-1832-contas-da-petrobras-13546708>. Acesso em 31 dez. 2016 22 Disponível em: <http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2015/03/documentos-reforcam-suspeitas-de-que-youssef-foi-socio-oculto-da-petrobras-em-termeletrica.html>. Acesso em 31 dez. 2016
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69
A Petrobras Distribuidora reitera que desconhece qualquer relação
comercial com o Sr. Alberto Youssef ou com a Empresa CSA Project
Finance, seja diretamente ou por meio das empresas Ellobras e Genpower,
estas últimas duas empresas, sócias do empreendimento termelétrico
Energética SUAPE II S.A (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS.
POST 30).
Em seu portal, o Jornal Valor Econômico23 divulgou que negócios da
Petrobras em dez países estavam sendo investigados pela Operação Lava Jato. A
prisão do lobista João Augusto Henriques ampliou as investigações para os
negócios mantidos pela estatal internacionalmente. A Petrobras afirmou em nota que
havia instaurado apuração interna e que estaria tomando medidas junto às
autoridades para ser ressarcida dos prejuízos. Nesse caso, fez-se uso da estratégia
suplicação, mostrando-se como vítima, uma vez que teria sido lesada pelos
eventuais atos ilícitos.
A Petrobras, informa ainda que está tomando todas as medidas necessárias
junto às autoridades brasileiras para ser ressarcida pelos prejuízos sofridos
em função dos atos ilícitos denunciados no âmbito da Operação Lava-Jato,
inclusive aqueles à sua imagem (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E
DADOS. POST 11).
A Revista Época, por sua vez, publicou reportagem24 revelando que a
Petrobras criara um “jeitinho” para socorrer as empreiteiras envolvidas na Operação
Lava Jato, uma vez que foram impedidas pela estatal de disputar licitações. Porém,
de acordo com a reportagem, apesar de advertida pelo setor jurídico, a companhia
adotou um subterfúgio chamado de “conta vinculada” para irrigar, com até US$1
bilhão, o caixa dos estaleiros controlados pelas empreiteiras.
A reportagem afirmou que a estratégia seria uma maneira “camarada” de
injetar dinheiro público direto na veia das empreiteiras, uma vez que lhes bastaria
entregar as notas de gastos, ao contrário dos contratos que normalmente exigem a
comprovação da efetiva execução dos serviços. A Petrobras, nesse episódio, utilizou
a tática explicações, ao alegar, em sua resposta, que se tratava de mecanismo
23 Disponível em: <http://www.valor.com.br/politica/4237140/negocios-da-petrobras-em-10-paises-estao-na-mira>. Acesso em 31 dez. 2016 24 Disponível em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/11/petrobras-cria-jeitinhos-para-socorrer-o-caixa-de-empresas-do-petrolao.html>. Acesso em 31 dez. 2016
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70
excepcional de suporte contratual, utilizado nos casos em que o inadimplemento
pudesse causar maiores prejuízos para a própria empresa.
A conta vinculada é um mecanismo excepcional de suporte à gestão
contratual visando conferir maior controle na aplicação dos recursos
destinados ao cumprimento do objeto contratual pela Contratada, nos casos
em que possível inadimplemento cause maiores prejuízos para a própria
Petrobras (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 17).
Em resposta ao portal especializado em Petróleo e Gás, Upstream Online25, a
Petrobras esclareceu sobre as atitudes tomadas, em relação às empreiteiras que
sofreram bloqueio cautelar, por conta das investigações da Operação Lava Jato,
utilizando a tática exposição de atitudes.
Recentemente, em 31 de julho de 2015, a Petrobras anunciou um pacote de
medidas que torna mais rigoroso o processo de gestão de fornecedores. A
revisão da situação das empresas tem início com as companhias
bloqueadas cautelarmente em função das evidências levantadas pelas
investigações da Operação Lava-Jato. As empresas deverão prestar
informações detalhadas sobre estrutura, finanças e mecanismos de
compliance (conformidade) e combate à fraude e à corrupção, entre outros
itens, sendo avaliadas pelo processo conhecido como Due Diligence de
Integridade (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 26).
Com base na análise das publicações informativas feitas pela Petrobras no
Blog Fatos e Dados, foi possível identificar que as estratégias da empresa para se
posicionar a respeito da Operação Lava Jato foram: a intimidação para demonstrar
que tomaria as medidas cabíveis para punir responsáveis; a suplicação para
explicitar sua condição de vítima nas investigações e requerer os devidos reparos
em função dos eventuais prejuízos a suas finanças e sua imagem. Em poucos casos
a autopromoção foi utilizada, especificamente em situações em que a empresa
buscou demonstrar virtudes para amenizar o impacto das denúncias de corrupção.
Ao contrário da postura que a estatal estabeleceu em suas postagens
informativas, quando a empresa foi questionada pelos veículos de comunicação, as
estratégias foram trocadas por táticas de gerenciamento de impressões, visando
25 Disponível em: <http://www.upstreamonline.com/hardcopy/news/1006328/petrobras-gets-tough-on-sete-brasil-restructuring>. Acesso em 31 dez. 2016
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71
solucionar rapidamente caso a caso. A empresa utilizou as táticas de explicações e
justificativas nas situações em que escolheu argumentar sobre os assuntos, a fim de
minimizar a gravidade dos fatos, uma vez que não reconhecia, ao menos
parcialmente, as denúncias.
Em outras situações, quando não era possível negá-los, a empresa adotou a
tática de exposição de atitudes, mostrando que as medidas cabíveis estavam sendo
tomadas. Com menos frequência, a empresa utilizou a tática dispositivos de
memória, objetivando relacionar a capacidade de superação demonstrada em sua
história com o atual momento; já a tática de culpar e atacar os outros teria como
propósito separar aqueles que cometeram as irregularidades do restante da
empresa.
4.2. Caso 2: Compra da Refinaria Pasadena
O segundo caso analisado observou o posicionamento da Petrobras em
relação às denúncias sobre os valores envolvidos na compra da refinaria americana
de Pasadena, no Texas.
Conforme apontado por Oliveira Filho e Coutinho (2014), a transação foi
tratada pela imprensa como um dos piores negócios da empresa em sua história. De
acordo com os autores, em 2005, a empresa Belga Astra Oil comprou a refinaria por
US$126 milhões, e no ano seguinte vendeu metade das suas ações por US$416
milhões. A Petrobras, após perder na justiça, foi condenada a pagar US$820
milhões pelos outros 50% das ações da refinaria, resultando em um gasto total de
US$1,236 bilhões pela compra da refinaria.
Por meio da análise de vinte e seis publicações da empresa sobre o caso no
Blog Fatos e Dados, foi observado o uso de duas estratégias de gerenciamento de
impressões, a insinuação e a suplicação. Neste caso, como a empresa não assumiu
que ocorreram irregularidades na transação, a estratégia de intimidação não foi
utilizada. A estatal assume que os resultados da refinaria não justificaram os
investimentos da sua aquisição; assim sendo, não foram utilizadas as estratégias de
autopromoção e exemplificação.
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As táticas utilizadas pela companhia foram as de culpar e atacar os outros, a
exposição de atitudes e comportamento pró-social, mas sobretudo as justificativas e
as explicações. Os casos analisados estão demostrados no Quadro 7.
Quadro 7: Publicações sobre o Caso “Compra da Refinaria Pasadena” Nº Titulo Data Disponível em: Estratégia
de GI Tática de GI
1 Carta da presidente aos acionistas e investidores sobre nossos Resultados do 1º trimestre
10/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-da-presidente-aos-acionistas-e-investidores-sobre-nossos-resultados-do-1-trimestre.htm?gclid=CLqBufSptL4CFU8Q7AodqmcACw
Insinuação
2 Refinaria de Pasadena recebe prêmio de segurança nos Estados Unidos
17/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-recebe-premio-de-seguranca-nos-estados-unidos.htm
Insinuação
3 Carta ao jornal Houston Chronicle
26/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-ao-jornal-houston-chronicle.htm
Suplicação
4 Carta à Agência Estado: Comissões internas de apuração SBM Offshore e Refinaria de Pasadena
04/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-a-agencia-estado-comissoes-internas-de-apuracao-sbm-offshore-e-pasadena.htm
Suplicação
5 Ação judicial contra Astra Oil
19/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/acao-judicial-contra-astra-oil.htm
Suplicação
6 Refinaria de Pasadena: resposta ao jornal O Globo
25/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-resposta-ao-jornal-o-globo.htm
Comportamento Pró-Social
7 Problema nas caldeiras de Pasadena foi solucionado e não gerou danos
24/08/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/problema-nas-caldeiras-de-pasadena-foi-solucionado-e-nao-gerou-danos.htm
Comportamento Pró-Social
8 Dez perguntas e respostas para entender a compra de Pasadena
24/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/dez-perguntas-e-respostas-para-entender-a-compra-de-pasadena.htm
Culpar e atacar outros
9 Paradas de unidades de Pasadena são programadas: resposta à Veja Online
07/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/parada-de-unidades-de-pasadena-sao-programadas-resposta-a-veja-online.htm
Explicações
10 Destaques Internacionais – 20/03/2014
20/03/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-20-03-2014.htm
Explicações
11 Destaques Internacionais – 24/04/2014
24/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-24-04-2014.htm
Explicações
12 Refinaria de Pasadena: carta à imprensa
26/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-carta-a-imprensa.htm
Explicações
13 CPI: carta ao Correio Braziliense
20/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/cpi-carta-ao-correio-braziliense.htm
Explicações
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73
Continuação
14 Despesas com Pasadena: respostas ao Globo
28/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/despesas-com-pasadena-respostas-ao-globo.htm
Explicações
15 Esclarecimento à rádio BandNews
29/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-a-radio-bandnews.htm
Explicações
16 Pasadena: Petrobras desmente a Revista Brasil Energia
07/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pasadena-carta-a-revista-brasil-energia.htm
Explicações
17 Pasadena: carta à revista Isto É
03/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pasadena-carta-a-revista-isto-e.htm
Explicações
18 Leia nossa carta ao Los Angeles Times
12/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/leia-nossa-carta-ao-los-angeles-times.htm
Explicações
19 Refinaria de Pasadena: resposta à Bloomberg
19/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-resposta-a-bloomberg.htm
Exposição de atitudes
20 Refinaria de Pasadena: Constituição de Comissão Interna
31/03/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-constituicao-de-comissao-interna.htm
Exposição de atitudes
21 Leia nossa carta à revista Exame
15/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/leia-nossa-carta-a-revista-exame.htm
Justificativas
22 Destaques Internacionais – 08/05/2014
08/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-08-05-2014.htm
Justificativas
23 Desmentidos & Correções – 14/08/2014
14/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/desmentidos-correcoes-14-08-2014.htm
Justificativas
24 Disputa judicial com Astra Oil: respostas ao Globo
27/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/disputa-judicial-entre-petrobras-e-astra-respostas-ao-globo.htm
Justificativas
25 Esclarecimento sobre compra da refinaria de Pasadena
17/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-compra-da-refinaria-de-pasadena.htm
Justificativas
26 Saque em conta de Pasadena: resposta à imprensa
24/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/saque-em-conta-de-pasadena-resposta-a-imprensa.htm
Justificativas
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em Jan. 2017.
A estratégia insinuação foi utilizada pela empresa, uma vez que a Petrobras
buscou minimizar os desgastes decorrentes da aquisição de Pasadena, por meio da
divulgação de ações positivas da refinaria americana.
Nossa refinaria foi contemplada pela excelência de seus resultados em
segurança industrial com os prêmios “Award for Safety Achievement”
(Prêmio pela Conquista em Segurança), por 365 dias sem acidentes com
afastamento, e “Meritorious Safety Award” (Prêmio Meritório em
Segurança), por 365 dias sem acidentes reportáveis com empregados
próprios (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 2)
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74
A empresa utilizou a estratégia autopromoção quando buscou, por meio da
divulgação de resultados positivos da refinaria americana, amenizar as críticas
relacionadas à compra da refinaria.
A refinaria de Pasadena continua processando acima de 100 mil bpd em
função da disponibilidade de petróleo não convencional (tightoil) a preços
competitivos, associado à eliminação de gargalos operacionais em suas
instalações (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 1)
A outra estratégia da empresa, a suplicação, foi utilizada pela Petrobras com
o intuito de passar ao público uma ideia de perseguição por parte da imprensa,
como por exemplo nas respostas da empresa ao Jornal Houston Chronicle e
Agência Estado:
A Petrobras reitera que vem prestando todos os esclarecimentos
necessários e refuta insinuações de ocultamento de corrupção
(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 3)
A Petrobras repudia fortemente os termos utilizados pelo jornalista João
Bosco Rabello (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 4)
As táticas de gerenciamento de impressões também foram adotadas pela
empresa em suas publicações sobre a compra da refinaria de Pasadena. A tática
comportamento pró-social foi aplicada na tentativa de melhorar sua imagem e a da
refinaria que adquiriu, informando a adoção de práticas relacionadas à
responsabilidade social e ambiental.
As caldeiras já estão operando normalmente e as unidades estão
retornando à operação ao longo do dia de hoje, seguindo as diretrizes de
Segurança, Meio Ambiente e Saúde que norteiam nossas ações
(PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 7)
Outra tática, a de culpar e atacar outros, foi utilizada pela empresa ao
informar que as cláusulas que obrigaram a Petrobras a adquirir a outra parte da
refinaria pertencente à Astra Oil não foram apresentadas ao conselho administrativo.
A empresa culpou o Diretor da Área Internacional pela aprovação do negócio,
conforme demonstrado no seguinte trecho:
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O resumo executivo originado pelo Diretor da Área Internacional e
apresentado ao Conselho de Administração sobre a compra da refinaria de
Pasadena não citava as cláusulas de “Marlim” e “Put Option”, nem suas
condições e preço de exercício (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 8)
A tática de culpar e atacar outros foi também empregada pela empresa, no
momento em que, após a mudança de governo e consequentemente da direção da
estatal, assume, então, a posição de culpar a Astra Oil, ex-sócia da Petrobras no
empreendimento, pelos prejuízos relacionados à aquisição da refinaria de
Pasadena.
Demos entrada em ação judicial contra o grupo Astra nos Estados Unidos, a
fim de obter indenização por prejuízos decorrentes de condutas ilícitas
relacionadas à compra da refinaria de Pasadena, localizada no Texas, em
2006. (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS, POST 5)
Nas publicações analisadas, foi identificada a tática explicações, uma vez que
a empresa buscou esclarecer e informar sobre os detalhes da operação de compra
da refinaria, conforme se identifica no seguinte trecho:
O valor de US$ 1,249 bilhão, portanto, se refere ao total desembolsado com
a aquisição do negócio Pasadena. Desde a aquisição pela Petrobras, em
2006, até hoje o lançamento contábil de perdas foram de US$ 530 milhões,
que podem ser revertidos, total ou parcialmente (PETROBRAS, 2014,
BLOG FATOS E DADOS, POST 17)
Para divulgar suas ações de investigação das denúncias de irregularidades
que envolveram a compra da refinaria Pasadena, a Petrobras usou a tática de
exposição de atitudes, como se verifica abaixo:
A Petrobras informa que constituiu, em 24/03/2014, comissão interna,
coordenada pela Auditoria Interna da Companhia, para apurar os processos
de compra da Refinaria de Pasadena, no Texas. A referida Comissão tem
prazo previsto de 45 dias para apresentar suas conclusões (PETROBRAS,
2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 20)
Por fim, pôde-se verificar a tática justificativas nos casos em que a empresa
respondeu às críticas e acusações sobre a decisão de compra da refinaria pela
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diretoria e o conselho de administração que aprovou o negócio, como exemplificado
no seguinte trecho.
Desde 2006, ressalvou a presidente, houve diversas alterações no cenário
econômico e do mercado de petróleo, tanto brasileiro quanto mundial, como
a crise econômica de 2008, que reduziu as margens de refino e o consumo
de derivados, e a descoberta do pré-sal, levando a Companhia a rever suas
prioridades. Assim, o negócio originalmente concebido transformou-se em
um empreendimento de baixo retorno sobre o capital investido
(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 25)
Conforme demonstrado na introdução deste estudo, o trabalho realizado por
Costa et al. (2016) apontou a intensa cobertura da mídia sobre o caso que envolveu
a compra da refinaria de Pasadena por parte da Petrobras.
A agência de notícias internacionais Bloomberg News publicou, em seu
portal26, uma reportagem sobre a Petrobras, informando que o Congresso Nacional,
Polícia Federal e o Ministério Público estavam investigando o acordo de Pasadena.
De acordo com a agência de notícias, as descobertas poderiam levar a acusações
contra funcionários da Petrobras de "gestão temerária", ou má administração. A
Petrobras respondeu que estava colaborando com as autoridades e fornecendo as
informações sobre o processo de compra de Pasadena. A tática de exposição de
atitudes evidenciou a sua colaboração na investigação das irregularidades.
A Petrobras está colaborando com todos os órgãos públicos, fornecendo
informações sobre o processo da compra de Pasadena. Além disso, foi
criada uma comissão interna para apurar todos os detalhes do processo
referente à compra da refinaria, com representantes de várias áreas da
companhia. (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 19)
O jornal Houston Chronicle27, em uma reportagem citando as denúncias que a
empresa sofreu em relação a erros de gestão e corrupção, apontou o valor pago
pela refinaria de Pasadena, bem acima do negociado em transação anterior que
envolveu sua compra pela Astra Oil. Ao jornal, a empresa afirmou estar prestando
todos os esclarecimentos e refutou as insinuações de ocultamento de corrupção. Ao
26 Disponível em: <https://www.bloomberg.com/news/articles/2014-06-18/brazil-energy-giant-buys-1-24-billion-of-pain-in-texas>. Acesso em 05 jan. 2017 27 Disponível em: <http://www.chron.com/default/article/Petrobras-Needs-to-Be-Compared-to-Statoil-5495280.php>. Acesso em 05 jan. 2017
![Page 78: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica](https://reader035.vdocuments.pub/reader035/viewer/2022062911/5c0416ae09d3f2156d8dc2b7/html5/thumbnails/78.jpg)
77
contestar as acusações, a empresa se coloca como vítima de denúncias inverídicas,
utilizando, assim, a estratégia de suplicação.
A Petrobras reitera que vem prestando todos os esclarecimentos
necessários e refuta insinuações de ocultamento de corrupção
(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 3)
Diversos veículos de comunicação, tanto nacionais, como a Folha de São
Paulo28, e internacionais, como o The Wall Street Journal29 e Los Angeles Times30,
questionaram os valores que envolveram a transação, uma vez que, segundo dados
avaliados pelos jornais, a Astra Oil desembolsou US$42,5 milhões por toda a
refinaria, e no fim das contas, a vendeu para a Petrobras ao custo de US$1.249
bilhões. A empresa negou as informações, alegando que levantamentos internos
apontam que a Astra Oil, na verdade, teria pago cerca de US$360 milhões. Neste
caso a empresa utilizou a tática explicações para esclarecer o valor que
efetivamente considera ter sido pago, na tentativa de minimizar os danos
provocados pelas denúncias, conforme pode ser constatado na resposta ao The
Wall Street Journal:
Ao contrário do que diz a reportagem, a Astra Oil não desembolsou apenas
US$ 42,5 milhões por toda a Refinaria de Pasadena. Como já informado ao
veículo, a Petrobras teve acesso a documentos que demonstram que houve
outros pagamentos feitos à Crown pela Astra, em valores estimados em
US$ 248 milhões. Após a aquisição, a Astra fez investimentos de US$ 112
milhões, antes da venda à Petrobras (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 12)
A estatal respondeu ao jornal O Globo em quatro reportagens que abordaram
a compra de Pasadena. Na primeira publicação31, o jornal informou sobre um
problema detectado pela auditoria da própria Petrobras que encontrou um saque de
U$10 milhões na conta da refinaria sem nenhuma documentação comprobatória. De
28 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/paywall/signup-colunista.shtml?http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/177391-compra-de-refinaria-faz-tcu-condenar-diretores-de-estatal.shtml>. Acesso em 05 jan. 2017 29 Disponível em: <Disponível em: <http://www.wsj.com/search/term.html?KEYWORDS=Brazil's Attorney General Clears Petrobras Board in 2006 Refinery Deal>. Acesso em 05 jan. 2017 30 Disponível em: <http://www.latimes.com/business/la-fi-brazil-petrobras-20140710-story. >. Acesso em 05 jan. 2017 31 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/auditoria-mostra-que-us-10-milhoes-sairam-de-conta-de-pasadena-12278744>. Acesso em 05 jan. 2017
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acordo com o relatório da auditoria, a falta de documentação prejudicou o controle
das transações, e uma autorização verbal não encontraria amparo em norma interna
e nem nas boas práticas de controle interno. A Petrobras se defendeu, alegando que
não identificara irregularidades na transação. Nesse episódio, a empresa utilizou a
tática justificativas, pois alegou que saques autorizados verbalmente são uma
atividade considerada normal neste tipo de transação, buscando por meio da
justificativa reduzir o impacto da acusação à sua imagem.
Não foram constatadas quaisquer irregularidades no saque de US$ 10
milhões. Este saque foi autorizado verbalmente, por ser uma atividade usual
de trading (depósitos e saques em corretoras), o que é considerado normal.
Esse trabalho de auditoria é rotineiro (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 26)
Em outra reportagem, o jornal O Globo32 questionou a Petrobras sobre o seu
conhecimento de sérios problemas de segurança que causaram acidentes e
prejuízos de quase US$100 milhões. De acordo com tal publicação, uma equipe de
oito técnicos da Petrobras teria visitado a refinaria em 2005, antes da compra de
Pasadena, quando tiveram conhecimento das irregularidades. A Petrobras se
justificou alegando que a refinaria estava operando normalmente, obedecendo às
condições estabelecidas pelas autoridades locais. Alegou ainda que não havia
ocorrido, desde janeiro de 2013, nenhum acidente com afastamento de
trabalhadores. O uso da tática comportamento pró-social foi utilizado pela Petrobras
na tentativa de desviar o foco das acusações, no momento em que buscou dar
destaque ao cumprimento recente de recomendações de segurança.
A Refinaria de Pasadena encontra-se operando normalmente e, por
conseguinte, obedecendo às condições estabelecidas pelas autoridades
locais quanto aos aspectos de saúde, meio ambiente e segurança, não
tendo ocorrido, desde janeiro de 2013, qualquer acidente com afastamento
na força de trabalho da refinaria (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 6)
32 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/documentos-revelam-que-petrobras-sabia-de-graves-problemas-em-pasadena-antes-da-compra-12290719>. Acesso em 05 jan. 2017
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79
Em mais uma publicação do jornal O Globo33, com base em documentos
confidencias a que o periódico teve acesso, a Petrobras foi questionada sobre uma
possível estratégia da empresa para terminar o conflito com a Astra Oil, arcando
com os prejuízos, no intuito de proteger a imagem da ex-presidente Dilma Rousseff,
e de ex-diretores da companhia. A Petrobras negou a intenção de proteger Dilma,
mas assumiu a preocupação que os ex-administradores fossem chamados para
depor nos Estados Unidos. Portanto, o uso da tática justificativas pôde ser
identificado, uma vez que a empresa se dispôs a esclarecer detalhes dos fatos
mencionados na reportagem, mesmo minimizando sua gravidade.
Como a disputa entre a Petrobras America e a ASTRA envolvia diversas
ações judiciais nos Estados Unidos, os administradores/ex-administradores
poderiam ser chamados a prestar esclarecimentos frente à Justiça
Americana (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 24)
O jornal O Globo divulgou ainda, por meio de reportagem34, que a despesa
com Pasadena chegava a cerca de US$1,934 bilhões. O valor foi acrescido de
despesas de melhorias e manutenções que somaram US$685 milhões. Os
documentos da investigação que envolveram o negócio revelam que os gastos
foram decorrentes das péssimas condições da refinaria. A Petrobras assumiu os
custos revelados pela reportagem e justificou a metodologia contábil que mostra um
valor de mercado da refinaria avaliada em US$ 352 milhões. Como não era possível
negar, a Petrobras utilizou a tática explicações para fornecer detalhes dos valores
envolvidos na transação, evitando desdobramentos que pudessem aumentar a
repercussão do fato.
Desde a aquisição pela Petrobras em 2006, houve baixas de valor do ativo
refinaria de Pasadena (impairment) que totalizaram US$ 530 milhões, sendo
US$ 160 milhões em 2008, US$ 147 milhões em 2009 e US$ 223 milhões
em 2012 (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 14)
33 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/estatal-ja-temia-em-2012-danos-imagem-por-causa-de-pasadena-12310950>. Acesso em 05 jan. 2017 34 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/despesas-da-petrobras-com-pasadena-ja-chegam-us-193-bilhao-12316160>. Acesso em 05 jan. 2017
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80
O jornal Estado de São Paulo publicou, em seu portal, uma posterior
reportagem35 em que questionava as explicações da empresa em relação à compra
de Pasadena. De acordo com o artigo, a versão inicial apresentada pela ex-
presidente da empresa, Graça Foster, de que era um bom negócio à época, foi
abandonada após a ex-presidente Dilma acusar a diretoria da estatal de ter
enganado o conselho, omitindo as cláusulas contratuais que obrigavam a empresa a
comprar a outra parte pertencente à Astra Oil. Em resposta, a Petrobras repudiou
fortemente as afirmações que a notícia trazia, e, ao se fazer de vítima, uma vez que
buscou transformar a reportagem em uma acusação sem fundamentos e que visava
prejudicar sua imagem, utilizou a estratégia suplicação.
A Petrobras repudia fortemente os termos utilizados pelo jornalista João
Bosco Rabello, em "Notas da Petrobras reforçam CPI” (PETROBRAS, 2014,
BLOG FATOS E DADOS, POST 4)
A revista Veja publicou reportagem36 afirmando que, em menos de um ano, a
refinaria, considerada o pior negócio já feito pela Petrobras, já teria passado por
onze paralisações. A Petrobras respondeu que as paralisações foram programadas
e fazem parte da sua rotina operacional. Dessa forma, fez-se o uso da estratégia
explicações, esclarecendo os fatos mencionados na reportagem.
A refinaria de Pasadena está passando por parada planejada para
manutenção das Unidades de Destilação, Reforma Catalítica e Sistemas de
Utilidades, com duração prevista em torno de um mês. As paradas
programadas, como esta, para manutenção de Unidades de Processo,
fazem parte da rotina operacional normal da indústria de refino visando
assegurar operações seguras e eficientes (PETROBRAS, 2015, BLOG
FATOS E DADOS, POST 9)
As publicações da Petrobras no Blog Fatos e Dados, em relação à compra da
refinaria americana de Pasadena, demonstraram que a estatal utilizou, em alguns
momentos, a estratégia da insinuação, por meio de postagens que divulgaram
resultados positivos e premiações recebidas pela refinaria. Em suas publicações no
Blog, a empresa utilizou também a estratégia suplicação, em alguns casos para
35 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/joao-bosco/notas-da-petrobas-so-ajudam-cpi/>. Acesso em 05 jan. 2017 36 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/economia/alvo-do-petrolao-refinaria-de-pasadena-esta-parada/>. Acesso em 05 jan. 2017
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81
culpar a ex-sócia Astra Oil, alegando ter sido lesada na negociação, e em outros
repudiando e refutando denúncias feitas pela imprensa, buscando passar a ideia de
perseguição por parte da mídia.
Nas situações em que o assunto da compra da refinaria Pasadena foi
abordado pela imprensa, a Petrobras utilizou majoritariamente as táticas
justificativas e explicações, demostrando a tentativa de minimizar o impacto das
denúncias por meio do esclarecimento dos fatos e fornecimento de informações
detalhadas. Outra tática adotada pela empresa, quando questionada, foi a exposição
de atitudes, na tentativa de demonstrar que estava tomando as devidas providências
em relação aos casos em que as explicações e justificativas não eram suficientes.
A Petrobras utilizou também a tática comportamento pró-social, expondo suas
práticas quando questionada sobre condições de segurança dos trabalhadores na
refinaria. Por fim a tática culpar e atacar os outros foi empregada pela empresa para
justificar a aprovação do negócio pelo conselho administrativo, alegando que a
diretoria internacional omitiu as cláusulas que obrigaram a empresa a comprar os
outros 50% da refinaria.
4.3. Caso 3: CPI
O terceiro caso analisou as publicações da Petrobras, no Blog Fatos e Dados,
sobre a CPI que investigou a empresa no Congresso Nacional. A referida CPI foi
encerrada em outubro de 2015, conforme relatado por Silva (2016), e apresentou um
relatório final bastante questionado, pois na lista de 70 recomendações de
indiciamento, havia um político.
De acordo com reportagem publicada pelo portal G137, o relator da CPI,
deputado Luiz Sérgio do PT, apontou a Petrobras como vítima de um cartel de
empreiteiras com a cumplicidade de maus funcionários. O portal UOL38 apresentou
questionamentos de deputados integrantes da CPI, que ressaltaram a proteção aos
políticos e integrantes do governo envolvidos, além da participação dos partidos
políticos que receberam os recursos oriundos do esquema.
37 Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2015/10/relator-da-cpi-da-petrobras-inocenta-dilma-lula-foster-e-gabrielli.html>. Acesso em 14 jan. 2017 38 Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/23/deputados-respondem-para-que-serviu-a-cpi-da-petrobras.htm>. Acesso em 14 jan. 2017
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Analisando as publicações no Blog Fatos e Dados sobre o assunto, foram
identificadas nove publicações relacionadas ao tema, sendo que a única estratégia
de gerenciamento de impressões utilizada foi a suplicação. As táticas identificadas
foram a exposição de atitudes e as justificativas, conforme demonstra o Quadro 8.
Quadro 8: Publicações sobre o Caso “CPI” Nº Titulo Data Disponível em: Estratégia
de GI Tática de GI
1 Destaques Internacionais – 08/05/2014
08/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-08-05-2014.htm
Suplicação
2 Abreu e Lima: carta ao Estadão
19/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/abreu-e-lima-carta-ao-estadao.htm
Exposição de atitudes
3 Criamos área exclusiva para conteúdo sobre CPI
19/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/criamos-area-exclusiva-para-conteudo-sobre-cpi.htm
Exposição de atitudes
4 Documentos das CPIs e CPMI
19/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/documentos-da-cpi.htm
Exposição de atitudes
5 CPI: carta ao Correio Braziliense
20/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/home/categoria/petrobras-na-cpi.htm
Justificativas
6 Esclarecimento sobre matéria publicada na revista Veja
04/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-materia-publicada-na-revista-veja.htm
Justificativas
7 Indícios de irregularidades: esclarecimento sobre notícias
16/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/indicios-de-irregularidades-esclarecimento-sobre-noticias.htm
Justificativas
8 Perguntas da CPI: carta aos jornais O Estado de S. Paulo e Valor Econômico
12/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/perguntas-da-cpi-carta-ao-jornal-o-estado-de-s-paulo.htm
Justificativas
9 Relatórios das comissões internas de apuração foram enviados às autoridades
01/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/relatorios-das-comissoes-internas-de-apuracao-foram-enviados-as-autoridades-competentes.htm
Justificativas
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em Jan. 2017.
A companhia, utilizando da tática de gerenciamento de impressões exposição
de atitudes, focou sua contribuição em divulgar os documentos da CPI.
Com intuito de dar transparência aos procedimentos da CPI instaurada no
Senado, inauguramos uma categoria no blog dedicada exclusivamente à
comissão. Nela, disponibilizaremos reportagens, vídeos, documentos e
transcrições referentes às sessões (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 3).
A outra tática, das justificativas, foi empregada pela empresa na busca de
minimizar o desgaste de sua imagem, apresentando, para isso, a sua versão dos
fatos.
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83
A comissão interna instaurada pela companhia para averiguar denúncias de
supostos pagamentos envolvendo a SBM Offshore não encontrou fatos ou
documentos que evidenciem tais pagamentos (PETROBRAS, 2014, BLOG
FATOS E DADOS, POST 5).
Em reportagem do portal do jornal espanhol El mundo39, aborda-se a pressão
no Congresso Nacional em instaurar a CPI que investigou os negócios da Petrobras.
Na reportagem, o jornal esclarece que a transação duvidosa que resultou na compra
da refinaria de Pasadena, assim como a construção da refinaria Abreu e Lima, que
custou quase dez vezes o valor inicial previsto pela companhia, foram motivadores
para as investigações no Congresso.
A Petrobras divulgou a fala da ex-presidente Dilma Rousseff, em que alegara
serem políticas as motivações da oposição para a criação da CPI. Nesse episódio,
fez-se o uso da estratégia suplicação, ao se alegar que a empresa estaria sendo
perseguida, no intuito de prejudicar politicamente a presidente do País. A estratégia
adotada pela empresa, pôde ser identificada na postagem do Blog, quando divulgou
declaração da ex-presidente Dilma Rousseff.
A revista El Mundo, da Espanha, destaca que a presidente Dilma Rousseff
afirmou que não teme uma CPI sobre os negócios da Petrobras e que essa
é uma iniciativa da oposição para afetar suas chances a um segundo
mandato. Diz que o pedido de CPI foi lançado por partidos de oposição
após a presidente admitir que aprovou a compra da refinaria de Pasadena.
Afirma que a oposição quer investigar também a construção da refinaria de
Abreu e Lima (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 1)
O jornal Estado de São Paulo, em reportagem publicada no portal40, relatou a
ineficaz manobra dos aliados do governo para impedir a CPI da Petrobras, e
posteriormente a tentativa de enfraquecimento da CPI com inclusão de outros
temas, o que foi impedido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A
reportagem esclareceu os argumentos da oposição, que incluíam a compra da
refinaria Pasadena, os custos da refinaria Abreu e Lima, e um suposto pagamento
de propina a funcionários, pagos pela SBM Offshore.
39 Disponível em: <http://www.elmundo.es/america/2014/05/07/536a797cca4741662a8b4585.html>. Acesso em 13 jan. 2017>. Acesso em 14 jan. 2017 40 Disponível em: < http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-cpi-da-trapaca-imp-,1167414>. Acesso em 13 jan. 2017>. Acesso em 14 jan. 2017
![Page 85: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica](https://reader035.vdocuments.pub/reader035/viewer/2022062911/5c0416ae09d3f2156d8dc2b7/html5/thumbnails/85.jpg)
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Em resposta, a Petrobras informou que já havia instaurado comissão para
investigar as denúncias, e não encontrou fatos ou documentos que comprovassem
os pagamentos de propina. Neste caso, a empresa utilizou a tática exposição de
atitudes para demonstrar que tomou as medidas cabíveis na investigação das
denúncias.
A Petrobras esclarece que a comissão interna instaurada pela companhia
para investigar denúncias de supostos pagamentos de suborno envolvendo
a SBM Offshore não encontrou fatos ou documentos que evidenciem tais
pagamentos (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 2).
Em outra reportagem, o jornal Estado de São Paulo 41 denunciou o vazamento
de entrega prévia dos questionários aos depoentes da Petrobras na CPI, o que
acarretava a adequação das respostas por parte da empresa. A Petrobras reagiu
utilizando-se da tática justificativas, na tentativa de amenizar o impacto das
denúncias. Justificou que, como qualquer outra grande corporação, garante apoio
aos executivos, preparando-os, caso necessário, com perguntas e respostas para
melhor atender aos diferentes públicos. A empresa acrescentou ainda que as
simulações contaram com profissionais de várias áreas, inclusive com consultorias
externas, para melhor contribuir na elucidação das dúvidas.
Assim como toda grande corporação, a Petrobras garante apoio a seus
executivos, e ex-executivos, preparando-os, quando necessário, com
simulações de perguntas e respostas, para melhor atender aos diferentes
públicos, seja em eventos técnicos, audiências públicas, entrevistas com a
imprensa, e, no caso em questão, as CPI e CPMI. Tais simulações
envolvem profissionais de várias áreas, inclusive consultorias externas, de
modo a contribuir para uma melhor compreensão dos fatos e elucidação
das dúvidas (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 8).
A revista Veja, em publicação em seu portal42, abordou o mesmo assunto,
acrescentando que teve acesso a um vídeo em que dois representantes da
empresa, e mais um terceiro personagem desconhecido, tramavam obter dos
parlamentares da CPI as perguntas que eles fariam aos investigados, e de posse
41 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,treino-e-treino-imp-,1540646>. Acesso em 14 jan. 2017 42 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/gravacoes-comprovam-cpi-da-petrobras-foi-uma-grande-farsa/>. Acesso em 14 jan. 2017
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85
delas, seriam treinados para respondê-las. A revista acrescentou que um dos
personagens do vídeo revelou a distribuição de um gabarito, para evitar
contradições nos depoimentos.
A Petrobras respondeu, seguindo a mesma tática das justificativas, que
tomara conhecimento das perguntas centrais que nortearam os trabalhos da CPI,
bem como dos documentos e possíveis convocados, por meio do site do Senado
Federal.
A Petrobras esclarece que tomou conhecimento das perguntas centrais que
norteiam os trabalhos das CPI e CPMI da Petrobras, por meio do site do
Senado Federal, nos dias 14 de maio e 02 de junho, respectivamente, onde
foram publicados os planos de trabalho das referidas comissões. Nestes,
além das perguntas centrais, constam também os nomes de possíveis
convocados, e a relação dos documentos que servem de base para as
investigações PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 6)
Consta-se ainda que o portal Valor Econômico divulgou reportagem em seu
portal Valor Pro43, revelando que o ex-diretor da estatal José Carlos Cosenza e a ex-
presidente da companhia Graça Foster tiveram acesso, em 2014, a documentos que
informavam sobre fortes evidências de irregularidades em negócios da Petrobras. A
reportagem enfatizava o fato de a empresa ter respondido que encaminhara os
resultados da análise às autoridades competentes, mas não teria citado o fato de
Graça e Cosenza terem sido informados de irregularidades, o que comprovaria a
informação da reportagem.
A Petrobras, em sua resposta, utilizou a estratégia justificativas, ao alegar que
havia prestado os esclarecimentos para demonstrar que não houve
superfaturamento nas obras de Abreu e Lima. Sobre os desvios na diretoria de
abastecimento, a Estatal alegou ter informado que havia entregado às autoridades
as informações necessárias.
As projeções iniciais de custos da Refinaria Abreu e Lima referiam-se a
projeto em fase de avaliação, cujo grau de definição era incipiente e
permitia apenas estimativas preliminares. O maior grau de definição e
detalhamento, incorporando fatores como otimização de escopo, ajustes
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cambiais e aquecimento do mercado, fez com que o valor do investimento
tivesse um incremento com a evolução do projeto. A Petrobras tem prestado
os esclarecimentos necessários para demonstrar que não há sobrepreço ou
superfaturamento nas obras (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 7).
Em matéria do jornal Folha de São Paulo, publicada em seu portal44, foi
divulgado o depoimento do ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras
Pedro Aramis, que desmentiu a versão da empresa de que não havia identificado
irregularidades nos pagamentos para a empresa holandesa SBM Offshore. De
acordo com a reportagem, Aramis informou que foram identificados cinco indícios
que apontavam para uma alta probabilidade de que algo errado tivesse ocorrido. O
ex-gerente informou que, apesar dos indícios, e verificados os instrumentos legais,
não foi possível ir além nas investigações.
A Petrobras, em resposta, justificou que nenhuma prova factual ou documento
que comprovasse os pagamentos indevidos foram encontrados pela comissão de
investigação, fazendo o uso da tática justificativas para se defender das acusações.
No caso da SBM Offshore, a comissão não identificou evidência factual ou
documental que comprovasse pagamento indevido, mas todas as suas
conclusões - inclusive as desconformidades em relação às normas da
companhia - foram levadas ao conhecimento da CGU, MPF, Polícia Federal
e TCU (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 9)
O posicionamento da Petrobras em relação à CPI, refletido por meio das
suas postagens no Blog institucional Fatos e Dados, revelou a estratégia da
empresa em tentar se fazer de vítima, fazendo assim uso da estratégia de
gerenciamento de impressões suplicação. Segundo a estatal, a CPI seria uma
ferramenta política da oposição para prejudicar as pretensões da ex-presidente
Dilma Rousseff em se manter no cargo.
Quando foi questionada pela imprensa, a Petrobras utilizou majoritariamente
a tática justificativas, no intuito de mostrar a sua versão dos fatos, para reduzir o
impacto negativo das acusações e denúncias. Em outros casos a tática de
43 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3815046/petrobras-nao-nega-que-graca-e-cosenza-sabiam-de-irregularidades>. Acesso em 14 jan. 2017
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exposição de atitudes destinou-se a explicitar suas ações de colaboração com as
autoridades nas investigações.
4.4. Caso 4: Pré-sal
Este último caso analisou as publicações da Petrobras, no Blog Fatos e
Dados, relacionadas à exploração das reservas do Pré-Sal. De acordo com Mullati e
Lopes (2015), em novembro de 2007 a empresa encontrou petróleo em regiões mais
profundas do oceano, as quais são denominadas de Pré-Sal, com uma reserva de
até oito bilhões de barris de petróleo na bacia de Santos.
Em setembro de 2008, segundo Mullati e Lopes (2015), a Petrobras anunciou
o crescimento das reservas brasileiras em aproximadamente 86%, com as reservas
comprovadas nos Campos Iara e Tupi. No ano de 2009, a Petrobrás iniciou a
produção de petróleo oriundo da camada do pré-sal
Em 2016 a Petrobras bateu recorde na produção de petróleo no Pré-sal,
conforme apontou matéria do jornal Valor Econômico45, atingindo uma produção
média mensal de 1,02 milhão de barris por dia, um crescimento de 33%, se
comparado com o ano anterior. A produção no pré-sal terminou 2016
correspondendo a cerca de 40% do total de petróleo produzido no país.
Analisando-se o Blog Fatos e Dados da Petrobras, foram encontradas 36
publicações relacionadas ao assunto. Dentre as publicações analisadas, identificou-
se que a empresa utilizou as estratégias de autopromoção, exemplificação e
suplicação. As táticas empregadas nas publicações foram as explicações e as
justificativas, conforme demostra o Quadro 9.
44 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/06/1649650-ex-gerente-desmente-petrobras-e-diz-que-pode-ter-irregularidade-com-sbm.shtml>. Acesso em 14 jan. 2017
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88
Quadro 9: Publicações sobre o Caso “Pré-sal” Nº Título Data Disponível em: Estratégia de
GI Tática de GI
1 Alcançamos novos recordes de produção no pré-sal em junho
10/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/alcancamos-novos-recordes-de-producao-no-pre-sal-em-junho.htm
Autopromoção
2 Apresentamos resultados e perspectivas no pré-sal em palestra na OTC 2015
6/15/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/apresentamos-resultados-e-perspectivas-no-pre-sal-em-palestra-na-otc-2015.htm
Autopromoção
3 Atingimos a marca histórica de 1 bilhão de barris produzidos no pré-sal
14/12/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/atingimos-a-marca-historica-de-1-bilhao-de-barris-produzidos-no-pre-sal.htm
Autopromoção
4 Iniciamos a produção do décimo grande sistema do pré-sal
12/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/iniciamos-a-producao-do-decimo-grande-sistema-do-pre-sal.htm
Autopromoção
5 Iniciamos a produção no campo de Lapa, no pré-sal da Bacia de Santos
20/12/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/iniciamos-a-producao-no-campo-de-lapa-no-pre-sal-da-bacia-de-santos.htm
Autopromoção
6 Nossa produção de petróleo no pré-sal ultrapassa 1 milhão de barris por dia
03/06/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/nossa-producao-de-petroleo-no-pre-sal-ultrapassa-1-milhao-de-barris-por-dia.htm
Autopromoção
7 Nossas Reservas Provadas em 2014
13/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/nossas-reservas-provadas-em-2014.htm
Autopromoção
8 Novo poço em Libra confirma extensão da descoberta no bloco do pré-sal
17/02/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/novo-poco-em-libra-confirma-extensao-da-descoberta-no-bloco-do-pre-sal.htm
Autopromoção
9 Novo site apresenta tecnologias pioneiras do pré-sal premiadas na OTC 2015
07/05/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/novo-site-apresenta-tecnologias-pioneiras-do-pre-sal-premiadas-na-otc-2015.htm
Autopromoção
10 O futuro do pré-sal: Novas unidades darão contribuição significativa à curva de produção
01/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/o-futuro-do-pre-sal-novas-unidades-darao-contribuicao-significativa-a-curva-de-producao.htm
Autopromoção
11 Pré-sal atinge produção de 824 mil barris por dia em janeiro
03/03/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pre-sal-atinge-producao-de-824-mil-barris-por-dia-em-janeiro.htm
Autopromoção
12 Presidente Graça Foster destaca nossos avanços no pré-sal
02/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/presidente-graca-foster-destaca-nossos-avancos-no-pre-sal.htm
Autopromoção
13 Presidente Graça Foster fala sobre importância do pré-sal em palestra no Rio
05/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/graca-foster-fala-sobre-importancia-do-pre-sal-em-palestra-no-rio.htm
Autopromoção
45 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/4832608/petrobras-bate-recorde-na-producao-em-dezembro-e-atinge-meta-de-2016>. Acesso em 14 jan. 2017
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89
Continuação
14 Produção do pré-sal triplica em 30 meses
28/10/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-do-pre-sal-triplica-em-30-meses.htm
Autopromoção
15 Produção no pré-sal bate novo recorde e ultrapassa 400 mil barris de petróleo por dia
25/02/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-no-pre-sal-bate-novo-recorde-e-ultrapassa-400-mil-barris-de-petroleo-por-dia.htm
Autopromoção
16 Produção no pré-sal bate novo recorde e ultrapassa a barreira de 500 mil barris de petróleo por dia
01/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/mais-uma-conquista-no-pre-sal-500-mil-barris-por-dia.htm
Autopromoção
17 Produção que operamos no pré-sal bate novo recorde e ultrapassa o patamar de 800 mil barris de petróleo por dia
12/05/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-que-operamos-no-pre-sal-bate-novo-recorde-e-ultrapassa-o-patamar-de-800-mil-barris-de-petroleo-por-dia.htm
Autopromoção
18 Produção total operada no pré-sal cresce 6%
11/08/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-total-operada-no-pre-sal-cresce-6.htm
Autopromoção
19 Resultados comprovam viabilidade técnica e econômica do pré-sal
30/12/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/resultados-comprovam-viabilidade-tecnica-e-economica-do-pre-sal.htm
Autopromoção
20 Tecnologia: desenvolvemos superligas para superar os desafios do pré-sal
28/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/tecnologia-desenvolvemos-superligas-para-superar-os-desafios-do-pre-sal.htm
Autopromoção
21 Campos do pré-sal já respondem por 24% da nossa produção total
13/11/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/campos-do-pre-sal-ja-respondem-por-24-da-nossa-producao-total.htm
Exemplificação
22 Reduzimos em 55% o tempo de perfuração de poços no pré-sal
01/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/reduzimos-em-55-o-tempo-de-perfuracao-de-pocos-no-pre-sal.htm
Exemplificação
23 Um ano de recordes para o pré-sal
26/12/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/um-ano-de-recordes-para-o-pre-sal.htm
Exemplificação
24 Pré-sal aumenta importância da indústria do petróleo na economia
09/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pre-sal-aumenta-importancia-da-industria-do-petroleo-na-economia.htm
Insinuação
25 Estudo de impacto ambiental: respostas à Folha de S. Paulo
26/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/estudo-de-impacto-ambiental-respostas-a-folha-de-s-paulo.htm
Intimidação
26 Aumento da nossa produção: respostas ao jornal O Globo
26/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/aumento-da-producao-respostas-ao-jornal-o-globo.htm
Explicações
27 Escoamento de gás: esclarecimento ao Globo
18/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/escoamento-de-gas-esclarecimento-ao-globo.htm
Explicações
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90
Continuação
28 'Mais produtivo, pré-sal exige menos investimento': respostas à Folha de S. Paulo
01/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/-mais-produtivo-pre-sal-exige-menos-investimento-respostas-a-folha-de-s-paulo.htm
Explicações
29 Poços do Pré-sal: carta à Forbes
13/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pocos-do-pre-sal-carta-a-forbes.htm
Explicações
30 Cotação do brent: resposta à Folha
05/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/cotacao-do-brent-resposta-a-folha-de-s-paulo.htm
Justificativa
31 Esclarecimento sobre negociação de áreas no pré-sal com grupo francês Total
22/11/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-negociacao-de-areas-no-pre-sal-com-grupo-frances-total.htm
Justificativa
32 Investimentos no pré-sal: respostas ao Jornal da Globo
26/08/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/investimentos-no-pre-sal-respostas-ao-jornal-da-globo.htm
Justificativa
33 Licitação de módulos para pré-sal: resposta ao Valor Econômico
20/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/licitacao-de-modulos-para-pre-sal-resposta-ao-valor-economico.htm
Justificativa
34 Preço do petróleo: respostas ao Valor Econômico
23/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/preco-do-petroleo-respostas-ao-valor-economico.htm
Justificativa
35 Viabilidade de produção no pré-sal: resposta ao jornal O Globo
06/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/viabilidade-de-producao-no-pre-sal-resposta-ao-jornal-o-globo.htm
Justificativa
36 Viabilidade econômica da produção no pré-sal: nota de esclarecimento
06/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-viabilidade-de-producao-no-pre-sal.htm
Justificativa
Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em Jan. 2017.
Em suas postagens acerca do pré-sal, a estratégia de gerenciamento de
impressões autopromoção foi majoritariamente utilizada pela Petrobras no intuito de
demonstrar a magnitude das reservas de petróleo no pré-sal, a viabilidade
econômica e os recordes de produção alcançados após sua descoberta e
exploração, conforme demonstrado nos seguintes trechos:
Nosso trabalho exploratório nos leva a constantes descobertas de óleo e
gás, que sustentam nossa produção desses energéticos, repõem o óleo
produzido e elevam a segurança no abastecimento nacional. No presente,
já são 27,4 bilhões de barris de óleo equivalente, entre reservas provadas e
volumes potencialmente recuperáveis, sendo a contribuição do pré-sal da
ordem de 57%. Partimos de 8 bilhões de barris de óleo equivalente
provados em 2003, quando não existia o pré-sal, chegamos a 16 bilhões de
barris provados no presente, que já contam com 27% de contribuição dessa
nova província produtora. E incorporamos descobertas que nos levam à
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91
avaliação inicialmente feita (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS,
POST 13).
O início da produção do campo de Lapa acontece em um momento
de resultados expressivos no pré-sal. A produção de petróleo por nós
operada nessa fronteira já supera 1,2 milhão de barris por dia e, em
novembro, atingimos a marca histórica de 1 bilhão de barris de petróleo
produzidos no pré-sal (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS,
POST 5).
Outra estratégia utilizada nas publicações do Blog foi a exemplificação,
visando demonstrar a representatividade do pré-sal, tanto nos resultados da
empresa quanto na economia do País, assim como na evolução tecnológica
envolvida na extração do petróleo, reduzindo o tempo de perfuração com a
descoberta de novas tecnologias.
Temos perfurado poços no pré-sal em tempo cada vez menor, sem abrir
mão das melhores práticas mundiais de segurança operacional. Para se ter
ideia da importância dessa atividade, basta dizer que cerca de 50% dos
investimentos no pré-sal são voltados para a construção e avaliação de
poços. Com a experiência adquirida e a introdução de novas tecnologias e
melhores práticas, o tempo médio de perfuração de poços no pré-sal nos
campos de Lula e Sapinhoá passou de 126 dias, em 2010, para 60 dias em
2013, o que corresponde a uma redução de 55% (PETROBRAS, 2014,
BLOG FATOS E DADOS, POST 22).
A estratégia insinuação foi utilizada pela empresa, uma vez que a Petrobras
buscou, por meio de informações sobre a exploração do pré-sal, demonstrar
benefícios para o conjunto da economia e para o desenvolvimento tecnológico do
País.
De acordo com a nova Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última década, a indústria
extrativista dobrou a participação na composição do Produto Interno Bruto
(PIB). O peso do setor dentro do cenário industrial nacional saltou de 5%
em 2000 para 11,2% em 2010. Entre as explicações para o salto está a
descoberta do pré-sal, em 2006, que aumentou a importância da produção
de petróleo na economia brasileira (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E
DADOS, POST 24).
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92
A última estratégia utilizada pela Petrobras foi a intimidação, empregada em
um caso específico em que a empresa adotou postura agressiva ao responder um
questionamento relacionado aos impactos ambientas no processo de exploração do
pré-sal.
A Petrobras repudia veementemente a afirmação que tem tratado com
descaso no que tange a danos ambientais. A produção do pré-sal, iniciada
em maio de 2009, hoje é responsável por mais de 500.000 barris de óleo
por dia, sem que tenham sido constatados danos ao meio ambiente
(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 25).
Já nas respostas aos veículos de comunicação, a tática explicações foi
utilizada pela empresa com o intuito de expor detalhes das operações no pré-sal, e
informar sobre suas atividades de exploração do petróleo na região.
A Petrobras reafirma que os investimentos já realizados e previstos no
Plano de Negócios (PNG 2014-2018) garantem o cumprimento de todos os
seus compromissos até 2030 sem a necessidade de construção de novos
gasodutos de transporte (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS,
POST 27).
A tática justificativas foi a adotada pela Petrobras em suas respostas, quando
foi percebida pela empresa a necessidade de esclarecer os questionamentos das
reportagens, para assim justificar suas ações e escolhas.
Por razões de procedimento interno, a Petrobras não divulga a lista das
empresas convidadas para o certame (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS
E DADOS, POST 33).
No bojo do Memorando de Entendimentos assinado em 24 de outubro de
2016 entre Total e Petrobras, visando à formação de uma parceria
estratégica, constam diversas iniciativas, como acordos de cooperação
tecnológica, desenvolvimento de estudos conjuntos em áreas no Brasil e no
exterior e negociação de parcerias em determinados ativos, de interesse
comum (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS, POST 31).
O jornal Folha de São Paulo publicou reportagem em seu portal46 relatando
críticas de biólogos ao estudo de impacto ambiental do pré-sal, produzido pela
46 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2014/07/1491553-biologos-criticam-estudo-de-impacto-ambiental-do-pre-sal.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017
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93
Petrobras. De acordo com a reportagem, os biólogos consultados alegaram que a
análise não prevê plano de monitoramento para baías costeiras, incluindo as baías
de Guanabara e Sepetiba, o que representaria uma gravíssima ameaça à
biodiversidade. A Petrobras respondeu que repudiava veementemente as
afirmações, e afirmou que nas atividades do pré-sal não foram constatados danos
ao meio ambiente, fazendo o uso da estratégia intimidação, ao responder com
agressividade os questionamentos levantados pelo jornal.
A Petrobras repudia veementemente a afirmação que tem tratado com
descaso no que tange a danos ambientais. A produção do pré-sal, iniciada
em maio de 2009, hoje é responsável por mais de 500.000 barris de óleo
por dia, sem que tenham sido constatados danos ao meio ambiente
(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 25).
Em outra publicação no seu portal47, o jornal O Globo revelou a necessidade
de aumento de 24,5% das importações de combustíveis pela Petrobras para atender
ao aumento do consumo no país, o que representaria US$18,8 bilhões, um aumento
de US$3,7 bilhões comparado ao ano anterior. Em resposta, utilizando a tática
explicações, a empresa informou a conclusão de oito novas unidades de produção e
ressaltou o aumento de produção decorrente das futuras explorações do pré-sal.
Em mais uma reportagem de O Globo, publicada em seu portal48, o jornal
atestou sobre o crescimento previsto na oferta de gás natural em 68% devido às
explorações do pré-sal. De acordo com a reportagem, seriam necessários
investimentos de US$22 bilhões em infraestrutura logística de transporte. A
Petrobras utilizou novamente a tática de explicações, e respondeu que os
investimentos já realizados garantiriam os seus compromissos até 2030, uma vez
que os 9 mil quilômetros da malha de gasodutos foram projetados para atender a
demanda de longo prazo.
Em 2013 concluímos a construção de oito novas Unidades Estacionárias de
Produção (UEPs), além da disponibilização da plataforma de apoio à
47 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/gasto-da-petrobras-com-importacoes-deve-subir-24-este-ano-para-188-bi-12601159>. Acesso em 15 jan. 2017 48 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/oferta-de-gas-crescera-68-mas-faltam-gasodutos-12890628>. Acesso em 15 jan. 2017
![Page 95: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica](https://reader035.vdocuments.pub/reader035/viewer/2022062911/5c0416ae09d3f2156d8dc2b7/html5/thumbnails/95.jpg)
94
perfuração do tipo Tender Assisted Drilling (TAD) para o campo de Papa-
Terra (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 26).
A revista Forbes, por meio do seu portal49, publicou uma reportagem
relatando o anúncio da Petrobras sobre a produção do petróleo operada na área do
pré-sal que havia ultrapassado 500 mil barris por dia em apenas oito anos. A
reportagem acrescenta que o aumento da produtividade com o pré-sal é
acompanhada pelo aumento do custo, uma vez que o preço da perfuração de um
poço no pré-sal pode custar entre US$200 e US$300 milhões. O valor é
relativamente alto, comparando com o custo cerca de US$50 a US$150 milhões no
Golfo do México, o que revela uma significativa desvantagem da Petrobras.
Em resposta, a empresa informou que o primeiro poço perfurado em 2005
durou 15 meses ao custo de US$240 milhões, mas que com a incorporação de
melhorias nos projetos, os poços mais recentes alcançaram avanços. Neste caso a
tática explicações foi utilizada novamente pela Petrobras, uma vez que não era
possível questionar a informação; a escolha foi, então, o fornecimento das
informações, a fim de se passar credibilidade em seu posicionamento.
A Petrobras esclarece que o primeiro poço exploratório perfurado pela
companhia no Pré-sal, em 2005, durou aproximadamente 15 meses e
custou US$ 240 milhões. Com a incorporação de várias melhorias nos
projetos dos poços, em materiais e procedimentos operacionais, os poços
mais recentes vêm alcançando resultados cada vez melhores
(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 29).
Tratando do mesmo assunto, a Folha de São Paulo publicou em seu portal
uma reportagem50 relatando a maior produtividade na exploração de petróleo nos
poços do pré-sal, o que consequentemente reduziria os custos de perfuração de
mais poços, ou seja, a estatal consegue produzir mais investindo menos. Utilizando
as explicações como tática, a Petrobras ratificou que os poços em produção até
aquele momento apresentaram produção acima do previsto, o que poderia postergar
a perfuração ou interligação de alguns poços, otimizando os investimentos.
49 Disponível em: <http://www.forbes.com/sites/greatspeculations/2014/07/08/petrobras-prolific-pre-salt-wells-now-pumping-half-a-million-barrels-of-oil-per-day/#6f22a6997cbc>. Acesso em 15 jan. 2017 50 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/04/1610985-mais-produtivo-pre-sal-exige-menos-investimento-da-petrobras.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017
![Page 96: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica](https://reader035.vdocuments.pub/reader035/viewer/2022062911/5c0416ae09d3f2156d8dc2b7/html5/thumbnails/96.jpg)
95
Os poços em produção até o momento nos campos de Lula e Sapinhoá têm
apresentado potencial de produção acima do previsto na época da
aprovação dos projetos. Este fato pode, a depender do desempenho da
recuperação secundária (injeção de água ou gás), fazer com que a
perfuração e/ou interligação de alguns poços que compõem a malha de
drenagem seja postergada, otimizando os investimentos (PETROBRAS,
2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 28).
Diversos veículos de comunicação, como a Folha de são Paulo51, O Globo52 e
o Valor53, levantaram dúvidas em relação à viabilidade do pré-sal, devido à queda do
preço internacional do petróleo. A Folha de São Paulo demonstrou que desde 24 de
junho de 2014 até 4 de dezembro do mesmo ano, o preço do barril de Petróleo caiu
de US$112,12 para US$69,64. O Jornal O Globo noticiou a redução do preço do
barril que chegou a US$50,04 em janeiro de 2015. Nas referidas matérias,
especialistas esclareceram que, mesmo ainda sendo viável, o pré-sal deixou de ter a
capacidade de mudar a economia brasileira, como se havia previsto na extensiva
discussão sobre a divisão dos royalties da exploração.
O jornal Valor Econômico divulgou a reposta da Petrobras aos
questionamentos. Em sua contestação, a estatal informou mais uma vez que, com a
queda do preço do petróleo, seriam também reduzidos os seus custos, o que
viabilizaria a exploração do pré-sal até o seu custo, estimado em torno de US$45.
Neste caso, a empresa utilizou a tática justificativas, uma vez que a redução do
preço do petróleo realmente impactaria negativamente os resultados da sua
atividade.
O custo de extração é o custo operacional médio de extração de cada barril
de petróleo. Já a participação governamental é em função do preço do
barril, sendo que o valor de US$ 32,39 por barril é relativo aos preços de
2013. Com a queda do preço do petróleo, os custos também tendem a se
reduzir, tanto da participação governamental quanto de operação. Dessa
forma, os sistemas em fase de produção, enquanto o preço estiver acima de
51 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1557899-petroleo-mais-barato-ameaca-o-pre-sal.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017 52 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/barril-do-petroleo-us-50-traz-duvidas-sobre-viabilidade-do-pre-sal-14975118>. Acesso em 15 jan. 2017 53 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3874650/petrobras-diz-que-basta-brent-acima-do-custo>. Acesso em 15 jan. 2017
![Page 97: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica](https://reader035.vdocuments.pub/reader035/viewer/2022062911/5c0416ae09d3f2156d8dc2b7/html5/thumbnails/97.jpg)
96
seus custos operacionais, continuam viáveis (PETROBRAS, 2015, BLOG
FATOS E DADOS, POST 34).
Em outra reportagem, O Valor Econômico, em matéria publicada em seu
portal54, revelou a carta-convite enviada pela Petrobras a seis empresas
estrangeiras para disputarem concorrência em recontratação de serviços. Porém,
não foi informado pela empresa o nome das empresas. Em resposta, é dito que por
razões de procedimento interno, a Petrobras não divulgou a lista das empresas
convidadas para o certame, fazendo o uso da tática justificativas em sua resposta.
Por razões de procedimento interno, a Petrobras não divulga a lista das
empresas convidadas para o certame (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS
E DADOS, POST 33).
Após a identificação das estratégias e táticas de gerenciamento de
impressões relacionadas às publicações da Petrobras no Blog Fatos e Dados, foi
possível perceber que nas postagens em que a empresa transmite informações
sobre a exploração de petróleo no pré-sal, as estratégias utilizadas foram a
autopromoção e a exemplificação. O uso dessas estratégias demostra o intuito em
mostrar sua competência e suas habilidades especiais, estabelecendo ainda
comparações que demonstrem sua importância no segmento de exploração de
petróleo e na indústria brasileira.
Quanto às postagens no Blog, motivadas por reportagens dos veículos de
comunicação, a Petrobras utilizou a estratégia da intimidação em um dos casos, em
que respondeu com agressividade às acusações de descumprir normas ambientais
em suas atividades. Nas demais postagens, em que buscou responder as denúncias
e questionamentos, a empresa empregou as táticas de explicações e justificativas.
Tal escolha demonstrou que a Petrobras entendeu ser capaz de minimizar a
severidade das denúncias e questionamentos por meio da exposição de
informações e dados referentes às suas atividades.
54 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3867578/petrobras-chama-seis-estrangeiras-em-licitacao-de-modulos-para-pre-sal>. Acesso em 15 jan. 2017
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97
Embora este estudo não tenha tido a intenção de realizar uma pesquisa
quantitativa acerca da predominância de postagens e suas respectivas categorias,
uma análise geral do uso das estratégias de GI pela Petrobras, por meio das
Publicações no Blog Fatos e Dados, pode ser visualizada na Tabela 3. A estratégia
mais utilizada pela empresa foi a autopromoção, evidenciando o intuito da estatal em
se projetar como uma empresa que ainda apresenta resultados positivos quanto à
produção de petróleo e alta tecnologia empregada nas suas atividades de
exploração submarina.
A segunda estratégia com maior uso por parte da Petrobras foi a suplicação,
o que constata que a empresa buscou se mostrar como vítima nas situações de
corrupção em que esteve envolvida, ressaltando os prejuízos causados em suas
finanças e a sua imagem.
Os resultados percebidos nesta análise vão ao encontro dos encontrados no
estudo de Frühauf et al (2015), que examinou as estratégias de gerenciamento de
impressões dos pacientes em relação aos seus terapeutas, sendo também as mais
frequentes a suplicação e a autopromoção.
O resultado do estudo de Cheng, Chiu e Chang (2015) demonstrou que os
funcionários de várias indústrias em Taiwan que empregaram as táticas do
gerenciamento de impressões autopromoção em suas tarefas tiveram reajuste
salarial e satisfação profissional maiores que os que não empregaram.
Resultado similar foi encontrado por Ferreira, Gondima e Pilati (2014), pois
identificaram que, em entrevistas de emprego, a estratégia de autopromoção
influencia mais positivamente a avaliação do entrevistador.
O estudo de Carrera (2013), que estudou o gerenciamento de impressões dos
usuários do Facebook em suas postagens, também encontrou a suplicação como
uma das estratégias mais utilizada. Do mesmo modo ocorreu no caso da Petrobras,
conforme será demonstrado adiante, em que a tática justificativas também foi
identificada como bastante recorrente nas postagens dos usuários da rede social
analisada.
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Tabela 3: Estratégias de GI utilizadas por caso Caso 1: Lava
Jato Caso 2:
Pasadena Caso 3: CPI Caso 4:
Pré-sal Total
Insinuação
0
1 0 3 4
Autopromoção 2 1 0 18 21
Exemplificação 0 0 0 3 3
Intimidação 4 0 0 1 5
Suplicação 6 3 1 0 10
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
No que se refere às táticas de gerenciamento de impressões, as publicações
voluntárias da empresa se valeram das táticas dispositivos de memória, quando a
companhia considerou oportuno resgatar sua história; e exposição de atitudes, nos
momentos em que buscou demonstrar proatividade na investigação das denúncias.
A tática culpar e atacar os outros foi utilizada sobretudo quando era
necessário se distanciar dos atos de corrupção cometidos por ex-funcionários ou
atores externos dos quais a empresa se julgava prejudicada; as táticas explicações
e justificativas foram usadas quando a empresa entendeu ser capaz de minimizar ou
evitar desgastes à sua imagem por meio da divulgação de informações, dados e
posicionamentos oficiais fornecidos pela própria organização.
Com base na Tabela 4, foi possível identificar que as táticas mais utilizadas
pela empresa foram as justificativas e as explicações, respectivamente, revelando
que nas situações em que foi questionada pelos diversos veículos de comunicação,
buscou reduzir os impactos negativos ou minimizar a severidade das denúncias, por
meio do fornecimento de dados e do esclarecimento das informações.
A segunda tática mais utilizada foi a exposição de atitudes, demonstrando
que nos momentos em que a empresa, percebendo não ser capaz de justificar ou
explicar as denúncias e questionamentos, procurou mostrar que tomara as devidas
atitudes na elucidação dos fatos para colaborar com as investigações das
autoridades competentes.
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Tabela 4: Táticas de GI utilizadas por caso Caso 1: Lava
Jato Caso 2:
Pasadena Caso 3: CPI Caso 4:
Pré-sal Total
Culpar e atacar outros
1
1 0 0 2
Dispositivos de memória
1 0 0 0 1
Explicações 5 10 0 4 19
Exposição de atitudes
8 2 3 0 13
Justificativas 3 6 5 7 21
Comportamento Pró-Social
0 2 0 0 2
Fonte: Elaborado pelo autor (2017).
No estudo de Oliveira (2014), que analisou as ações de responsabilidade
social e ambiental da Renault do Brasil, a tática defensiva mais utilizada pela
empresa foi a retratação. O que chama a atenção no resultado deste trabalho é que
não foi encontrada em nenhuma ocorrência a utilização desta tática pela Petrobras,
mesmo nos momentos em que foram abordados assuntos relacionados a práticas
negativas da empresa.
Assim como na Petrobras, o estudo de Jatahi (2004), demonstrou que o
Banco Central do Brasil, desde a sua criação, encontrou no gerenciamento de
impressões um instrumento a ser utilizado na construção de uma imagem de
autoridade e eficiência, canalizando recursos do ambiente institucional para garantir
a sobrevivência da organização.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O gerenciamento de impressões é uma ferramenta utilizada pelas
organizações para a construção de uma imagem institucional positiva e de
relacionamento com os stakeholders. Portanto, torna-se importante para as
empresas que suas práticas sejam compatíveis com a imagem que se deseja
transmitir.
Orientado pelo objetivo de identificar as ações de gerenciamento de
impressões empreendidas pela Petrobras por meio de suas atividades institucionais
de comunicação, este estudo buscou demonstrar a utilização das estratégias e
táticas pela Petrobras mediante análise das publicações no Blog Fatos e Dados.
A Petrobras enfrentou, no período analisado, um momento bastante peculiar
da sua história. Pouco tempo depois da euforia da descoberta de petróleo no pré-
sal, a estatal foi obrigada a concentrar seus esforços em manter sua reputação após
as denúncias envolvendo casos de corrupção e decisões equivocadas que lhe
renderam prejuízos bilionários.
Ao analisar as publicações do Blog, foram identificadas a utilização de
diversas estratégias e táticas de gerenciamento de impressões, tanto na tentativa de
construção da imagem desejada, quanto nos momentos em que a empresa buscou
se defender das acusações ou minimizar os danos provocados pelas denúncias
sobre eventuais irregularidades.
Em relação às estratégias de gerenciamento de impressões, associadas ao
posicionamento de longo prazo da empresa, ficou evidente que, quando a estatal
buscou publicar as notícias positivas em relação às suas atividades, as postagens
puderam ser relacionadas às estratégias de autopromoção e exemplificação, uma
vez que o intuito da empresa era demonstrar sua capacidade de produção e a sua
importância econômica e simbólica para o país.
Por outro lado, nos momentos em que as publicações eram motivadas por
denúncias de irregularidades, as respostas utilizaram as estratégias de suplicação e
intimidação. A escolha dependia da comprovação, ou não, das denúncias. Quando
as acusações apresentadas eram frágeis de comprovação, a empresa respondia
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atacando, mostrando-se indignada e condenando os veículos de imprensa ou
jornalistas; já nas situações em que eram fortes as evidências, ou comprovadas as
denúncias, a empresa se mostrava como vítima lesada pelos maus feitos apontados.
Os resultados aqui apresentados limitam-se às publicações escolhidas, não
tendo a intenção de generalizar os resultados para as demais ações da Petrobras ou
outras empresas.
Em meio às constatações de corrupção envolvendo a estatal, e dos prejuízos
decorrentes das escolhas equivocadas por parte de seu comando, entende-se que a
estatal se mostrou mais interessada em gerenciar as impressões na tentativa de
preservar sua imagem do que em, efetivamente, atuar no sentido de acabar com a
corrupção instalada em diversas áreas da empresa, uma vez que, com base nas
reportagens analisadas, mesmo após comprovadas as irregularidades, a empresa
atuou para evitar CPIs no Congresso Nacional, e patrocinou o treinamento de seus
executivos e ex-executivos para os depoimentos, após receber de integrantes do
governo, à época, as perguntas que seriam feitas.
Diante disso, e com base nas informações colhidas no decorrer deste estudo,
constatou-se que a interferência política e o comando do governo em relação à
empresa foi o ponto central para a crise gerencial, financeira e moral desencadeada
na estatal. Em diversos momentos ficou patente o protagonismo de integrantes do
governo federal nas decisões da Petrobras. Um exemplo se deu quando o ex-
presidente Lula assumiu o protagonismo na divulgação da descoberta do Pré-sal,
inclusive teve um dos campos batizado com o seu nome.
Outros casos que ilustram a interferência por parte do governo na gestão da
companhia deram-se quando o Conselho de Administração da estatal, presidido pela
então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, aprovou a compra da refinaria de
Pasadena; posteriormente, quando o Conselho de Administração, presidido pelo
então Ministro da Fazenda Guido Mantega, optou pelo represamento dos preços de
combustíveis para controlar a inflação. Nos dois casos, geraram-se prejuízos
bilionários para a companhia.
Outro episódio ilustrativo aconteceu quando o então Ministro José Dirceu, por
determinação do presidente Lula, conforme declaração do próprio presidente,
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orquestrou a divisão das Diretorias da estatal entre os partidos aliados do governo.
Daí originou-se o esquema de corrupção envolvendo: empreiteiras, que
superfaturaram as obras; diretores indicados para a estatal além de políticos e
partidos, beneficiados pelo recebimento das propinas.
Todas essas ações prejudicaram principalmente os acionistas minoritários55
da empresa, que perderam seus recursos pois investiram em uma empresa cuja
gestão se provou ineficiente; os fornecedores56 que tiveram dificuldades para
recuperar seus ativos; os mais de 170 mil funcionários que foram demitidos da
estatal57; e, enfim, o país como um todo, que percebeu a fragilidade do seu setor
econômico de petróleo e gás, e a insegurança quanto ao seu mercado de capitais.
Finalmente, responde-se, neste parágrafo, o problema da pesquisa. A
Petrobras, por meio de interações com a sociedade, utilizando o seu Blog
institucional Fatos e Dados, buscou atribuir significado ao seu papel de grande
empresa nacional. A companhia, na tentativa de gerenciar as impressões alheias,
resguardar e recuperar a sua imagem, apresentou em suas postagens os elementos
que considerou pertinentes. Utilizou-se, por exemplo, da sua história, de suas ações
de colaboração nas investigações de irregularidades e dos resultados positivos de
suas atividades, para superar o momento de dificuldades pelo qual atravessava no
período analisado. Dessa forma, ficou evidente que as expectativas sociais norteiam
as suas ações de comunicação com o público, justificando o uso de diversas
estratégias e táticas de gerenciamento de impressões em suas postagens.
5.1. Limitações e sugestões para pesquisas futuras
Com base no material analisado neste estudo, supõe-se que o maior
beneficiário desse esquema foi o governo do PT e seus aliados, visto que utilizou a
imagem da empresa como capital político, recebeu parte dos recursos desviados, e
repartiu a outra parte com outros partidos em troca de apoio, ou seja, a Petrobras foi
utilizada como um dos pilares do seu projeto de poder.
55 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/08/1668649-acionistas-da-petrobras-no-brasil-irao-a-justica-por-prejuizos-com-corrupcao.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017 56 Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/sindileme/noticias/crise-da-petrobras-afeta-empreiteiras-estaleiros-e-20-mil-fornecedores>. Acesso em 15 jan. 2017 57 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1755010-pos-lava-jato-petrobras-ja-demitiu-170-mil-funcionarios.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017
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103
Assim sendo, e reconhecendo a limitação deste trabalho quanto aos objetivos
estabelecidos previamente, identificar a interferência do governo federal e dos
partidos políticos integrantes do governo é uma limitação deste estudo.
Acrescenta-se que a utilização de entrevistas com stakeholders é uma
limitação deste trabalho, o que poderia acrescentar ainda testes estatísticos e
análises quantitativas. Por fim, ressalta-se que, até o momento da conclusão deste
estudo, ainda se encontravam em curso as investigações acerca das irregularidades
nos negócios da empresa e de todos os envolvidos, sendo esta outra limitação desta
pesquisa.
Sugere-se que estudos futuros aprofundem a análise na relação entre a
estatal e o governo brasileiro. Outros estudos, que podem ser complementares a
este, são aqueles que analisem a relação de governos com outras estatais ou com
empresas privadas que possuam forte influência governamental. Sugere-se até
mesmo o uso de outras teorias, como a de governança corporativa, a de agência e
da dinâmica do poder nas organizações, que podem ser úteis na interpretação
destes acontecimentos.
5.2. Implicações acadêmicas e gerenciais
Em relação às implicações acadêmicas e gerenciais deste trabalho, espera-se
que sirva de inspiração para novas pesquisas, e que principalmente contribua para
tornar a teoria do gerenciamento de impressões mais utilizada como uma ferramenta
de análise nos estudos em âmbitos organizacionais, uma vez que pode ser melhor
explorada, colaborando na compreensão das atividades empresariais,
governamentais e profissionais, e desta forma contribuindo para o desenvolvimento
cultural, econômico e social.
As organizações e os profissionais da área de gestão, mediante o
conhecimento da teoria do gerenciamento de impressões, podem se beneficiar do
seu uso, tanto na promoção de suas ações e defesa em eventuais situações de
ameaças, quanto para identificarem o seu uso por parte de terceiros.
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