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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ADRIANO HENRIQUE FONTOURA DE FARIA O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: O CASO PETROBRAS Belo Horizonte 2018

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Page 1: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

ADRIANO HENRIQUE FONTOURA DE FARIA

O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: O CASO PETROBRAS

Belo Horizonte 2018

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ADRIANO HENRIQUE FONTOURA DE FARIA

O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS PÚBLICAS BRASILEIRAS: O CASO PETROBRAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Administração do Centro

Universitário UNA, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Inovação e Dinâmica Organizacional

Linha de pesquisa: Redes Empresariais, Inovação e Competitividade.

Orientador: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki

Co-Orientadora: Profa. Dra. Cristiana Trindade Ituassu

Belo Horizonte 2018

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Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

F224g Faria, Adriano Henrique Fontoura de

O gerenciamento de impressões em empresas públicas brasileiras: o caso da

Petrobras. / Adriano Henrique Fontoura de Faria – 2018.

109f.

Orientadora: Prof. Dr. Gustavo Quiroga Souki

Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2018. Programa de Pós-

graduação em Administração.

Inclui bibliografia.

1. Gerenciamento de impressões. 2. Petrobras. 3. Administração. I. Souki,

Gustavo Quiroga. II. Ituassu, Cristiana Trindade. III. Centro Universitário UNA.

IV. Título.

CDU: 658

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AGRADECIMENTOS

Aos que contribuíram para a realização deste trabalho, fica expresso aqui a

minha gratidão, especialmente:

A minha mãe Rosane, a quem dedico este trabalho em gratidão por todos os

seus esforços e pelo apoio incondicional.

A minha esposa Larissa pelo companheirismo em todos os momentos desta

jornada.

A toda a minha família, em especial a minha avó Glorinha, ao meu pai João, e

aos meus irmãos João Ricardo, Rafael e Izadora, pela certeza de que nunca estarei

sozinho durante essa longa caminhada.

Do mesmo modo sou grato aos meus amigos pelo apoio e companhia nos

momentos de folga.

Aos meus colegas do mestrado, pela parceria, pelos momentos difíceis que

passamos juntos e pelas vitórias compartilhadas.

Aos professores integrantes da banca examinadora, Iris Goulart, Ricardo

Alves e Marcelo Rezende, pelo empenho, disponibilidade e envolvimento que

tiveram neste percurso.

Aos Professores Gustavo Souki e Cristiana Ituassu, pela orientação, pela

dedicação, pelo aprendizado e conselhos em todos os momentos, e em nome deles

agradecer por todo o apoio à todos os professores e funcionários do programa de

mestrado do Centro Universitário UNA.

A conclusão deste trabalho representa o desfecho de uma importante parte

da minha história e me remete a todo o caminho percorrido até aqui. As dificuldades

existiram a todo instante, e optei por superá-las ao invés de aceitá-las, com a ajuda

de Deus e de pessoas muito especiais que sempre me deram o incentivo

necessário.

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Sucesso não é o final, falhar não é fatal: é a

coragem para continuar que conta.

(Winston Churchill)

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RESUMO

O gerenciamento de impressões é empregado por indivíduos e organizações a fim

de atender a necessidade de se mostrarem para o público, desenvolvendo

estratégias para alcançar, da melhor maneira, reconhecimento e aprovação

desejados. Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e

de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica de análise de conteúdo para

examinar as publicações institucionais da estatal brasileira Petrobras. Tais

publicações foram obtidas no Blog Fatos e Dados, canal usado pela empresa como

meio de interação com o público, no qual divulga suas ações e responde aos

veículos de comunicação. O objetivo geral foi analisar essas publicações,

identificando as estratégias e táticas de gerenciamento de impressões empregadas

pela empresa em ocasiões importantes de sua trajetória. Os resultados permitiram

perceber que, nas situações em que a organização se pronunciou de forma

espontânea, utilizou-se, com maior frequência, de estratégias com o intuito de se

mostrar produtiva e qualificada no exercício de suas atividades e como vítima nos

casos relacionados à corrupção e má gestão. Por sua vez, quando a empresa

respondeu aos questionamentos e acusações dos veículos de comunicação, optou

por táticas que pudessem reduzir o impacto negativo à sua imagem. As táticas mais

utilizadas tinham como propósito oferecer explicações e justificativas de suas ações,

ou divulgar suas iniciativas e colaborações nas investigações. As motivações da

empresa para essas escolhas são discutidas neste trabalho, assim como as suas

consequências, mas, embora não seja possível afirmar sobre o caráter das

publicações como sinceros ou cínicos, o fato é que o gerenciamento de impressões

foi usado com frequência pela Petrobras em suas publicações no Blog Fatos e

Dados.

Palavras Chave: Gerenciamento de impressões, Petrobras, Blog Fatos e Dados.

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ABSTRACT

The impression management can be used by individuals and organizations in order

to meet the need to be shown to the public, developing strategies to achieve, in the

best way, recognition and approval. In this research, a qualitative and descriptive

study case was chosen, in which the technique of content analysis was used to

examine the institucional publications of the Brazilian state-owned company

Petrobras. These publications were obtained at Fatos e Dados blog, a channel used

by the company as means to interact with the public, in which it discloses its actions

and responds to communication vehicles. The overall objective was to analyse these

publications, identifying the strategies and impression management tactics used by

the company in each case, searching to interpretate their motivations and

consequences. The results allowed to perceive that, in situations in which the

company pronounced itself spontaneously, it has used, more frequently, of strategies

in order to show itself as productive and qualified in the exercise of its activities and

as a victim in cases related to corruption and mismanagement. In turn, when the

company responded to the questions and accusations of communication vehicles

opted to use tactics that could reduce the negative impact to its image. The most

commonly used tactics had purpose of offering explanations and justifications of their

actions, or to disclose their initiatives and collaborations in the investigations. The

company's motivations for these choices are discussed in this research, as well as

their consequences, but while it is not possible to say about the character of the

publications as sincere or cynical, the fact is that impression management was

frequently used by Petrobras in his publications in the Blog Fatos e Dados.

Key words: Impression Management, Petrobras, Fatos e Dados Blog.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estratégias de Gerenciamento de Impressões ......................................... 46

Quadro 2: Táticas de gerenciamento de impressões ................................................ 47

Quadro 3: Natureza do estudo e método de pesquisa .............................................. 52

Quadro 4: As etapas da análise de conteúdo ........................................................... 55

Quadro 5: Estrutura Metodológica ............................................................................. 55

Quadro 6: Publicações sobre o Caso “Operação Lava Jato” .................................... 60

Quadro 7: Publicações sobre o Caso “Compra da Refinaria Pasadena” .................. 72

Quadro 8: Publicações sobre o Caso “CPI” .............................................................. 82

Quadro 9: Publicações sobre o Caso “Pré-sal” ......................................................... 88

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Marcos históricos da Petrobras .................................................................. 28

Figura 2: Dimensões do Gerenciamento de Impressões .......................................... 45

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Volume de notícias compra Pasadena (2005 a 2015) .............................. 21

Gráfico 2: Endividamento Consolidado Petrobras (2011 a 2015).............................. 31

Gráfico 3: Evolução do preço da gasolina nacional vs. petróleo internacional .......... 32

Gráfico 4: Lucro Líquido Consolidado (2011 a 2015) ................................................ 33

Gráfico 5: Valor de Mercado x Valor Patrimonial (2011 a 2015) ............................... 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Gastos com propaganda 2006 a 2015 ...................................................... 20

Tabela 2: Notícias por caso no blog Fatos e Dados .................................................. 56

Tabela 3: Estratégias de GI utilizadas por caso ........................................................ 98

Tabela 4: Táticas de GI utilizadas por caso .............................................................. 99

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LISTA DE SIGLAS

BPD - Barris por Dia

CNP - Conselho Nacional do Petróleo

COMPER – Complexo Petroquímico

CPI - Comissões Parlamentares de Inquérito

CPMI - Comissão Parlamentar Mista de Inquérito

GI - Gerenciamento de impressões

M&E - Management & Excellence

MPF - Justiça Federal e Ministério Público Federal

PF - Policia Federal

PMDB - Partido da Mobilização Democrática Brasileira

PP - Partido Progressista

PT - Partido dos Trabalhadores

REFAP - Refinaria Alberto Pasqualini

REGAP - Refinaria Gabriel Passos

REPAR - Refinaria Presidente Getúlio Vargas

REPLAN - Refinaria Planalto Paulista

REVAP - Refinaria Henrique Lage

STF - Supremo Tribunal Federal

TCU - Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 14

1.1 Problema de pesquisa .................................................................................... 23

1.2 Objetivos ......................................................................................................... 24

1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 24

1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................... 24

1.3 Estrutura da dissertação ................................................................................. 24

1.4 Contextualização do Objeto da Pesquisa ....................................................... 25

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 39

2.1. O gerenciamento de impressões .................................................................... 39

2.1.1. Estratégias e táticas de gerenciamento de impressões .................................. 45

3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................... 52

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................... 58

4.1. Caso 1: Operação Lava Jato .......................................................................... 58

4.2. Caso 2: Compra da Refinaria Pasadena ........................................................ 71

4.3. Caso 3: CPI .................................................................................................... 81

4.4. Caso 4: Pré-sal ............................................................................................... 87

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 100

5.1. Limitações e sugestões para pesquisas futuras ........................................... 102

5.2. Implicações acadêmicas e gerenciais .......................................................... 103

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1 INTRODUÇÃO

Por vários séculos e em diversas culturas buscou-se, por meio de estudos e

pesquisas em distintas áreas do conhecimento, compreender o comportamento

humano em relação à busca de reconhecimento e aprovação social, inclusive, por

meio de ações planejadas e calculadas previamente, o que compreende a

necessidade de indivíduos e organizações em apresentar uma imagem positiva

perante os seus stakeholders.

Comunicar-se melhor com o seu público, já há bastante tempo, também é um

grande desafio para as organizações. De acordo Machado e Barichello (2011), no

mundo contemporâneo, em que cada vez mais a tecnologia facilita esta interação,

melhorar a utilização de recursos de comunicação e divulgação de suas informações

se tornou um objetivo de muitas empresas nos mais diversos segmentos.

Esta comunicação foi se aperfeiçoando ao longo do tempo, se adequando às

novas ferramentas tecnológicas de comunicação e interação entre as pessoas. De

acordo com Terra (2006), essa evolução dos meios digitais ocorreu em três etapas.

Na primeira o conteúdo era pouco relevante, e os instrumentos de difícil

operacionalização. Na segunda etapa, a entrada dos grupos de mídia na internet a

transformaram em uma grande enciclopédia e centro de informações. Por fim, a

internet se torna colaborativa, com base nos princípios de participação, a inteligência

coletiva, a comunicação corporativa e web 2.0.

Conforme explicam Machado e Barichello (2011), na web 2.0 a criação e o

compartilhamento de conteúdo são potencializados pelo uso de recursos multimídia

como áudios, vídeos e imagens e, também, pela possibilidade de interação entre os

emissores e receptores de conteúdo. Assim a web 2.0 realizou o desejo que as

pessoas tinham de opinar, serem ouvidas e interagirem com outros indivíduos e

organizações.

Para Terra (2006), as novas tecnologias digitais presentes na comunicação

organizacional proporcionam diversos espaços de expressão, como os sites, blogs,

entre outros. Estes espaços virtuais permitem a livre publicação de notícias,

opiniões, pensamentos e ideias.

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Além da cultura de participação, de acordo com Nogueira e Castro (2014), o

avanço tecnológico criou um novo tipo de cidadão, acostumado com soluções

online, inclusive em relação à sua participação política e demandas em relação aos

órgãos públicos. Neste sentido, em alguns casos, o cidadão não difere a sua forma

de comunicar com seus amigos, empresas e governo, passando a tratar as

instituições como algo acessível, e esperando por respostas imediatas a seus

questionamentos.

Nogueira e Castro (2014) acrescentam que o aprimoramento das ferramentas

desta interação virtual das empresas privadas com o público leva o cidadão a

esperar receber dos órgãos governamentais serviços melhores que os privados,

uma vez que se trata de demandas que são entendidas como um direito seu.

De acordo com Machado e Barichello (2011), é preciso atentar para o fato de

que, quando as organizações e pessoas rompem o vínculo com as instituições

midiáticas e estabelecem um diálogo direto, ocorre o empoderamento para

construções simbólicas e representações feitas sobre as organizações, uma vez que

o que é publicado e divulgado não possui nenhum tipo de mediação.

Portanto, além de se mostrarem para o público, as organizações

desenvolvem estratégias para alcançar, da melhor maneira, o reconhecimento e a

aprovação desejados. Neste sentido, para que se melhor compreenda o enfoque do

estudo, importa que se entenda o contexto em que se define a teoria do

gerenciamento de impressões.

Segundo Mendonça e Fachin (2010), há várias explicações para que as

pessoas e organizações gerenciem impressões como uma ferramenta de

autopromoção pois, uma vez que estas precisam interagir socialmente, o método

permite definir os papéis que eles desempenham dentro de um ambiente.

O primeiro registro científico e acadêmico da proposição do gerenciamento de

impressões, conforme apontam Mendonça e Fachin (2010), é associado ao autor

Erving Goffman, que, portanto, é considerado o fundador desta teoria. Em sua tese

de PhD no ano de 1953, com publicação em livro após seis anos, sob o título “The

Presentation of self in everyday Life”, Goffman apresentou um modelo dramatúrgico

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para relatar as interações sociais e como os indivíduos, nessas interações, se

apresentam e buscam gerenciar as impressões formadas por outros.

De acordo com Carvalho (2016), a perspectiva dramatúrgica de Goffman

retrata as interações sociais como teatrais, oferecendo uma ferramenta de análise

dos comportamentos dos indivíduos, enxergando-os como atores de seus papeis. O

recurso analítico e metodológico da metáfora dramatúrgica para analisar o

comportamento humano na interação entre os indivíduos considera o pressuposto

de que o homem influencia e é influenciado pela sociedade, ou seja, de que por

meio da absorção de significados na interação com outras pessoas e objetos, os

indivíduos constroem o seu conhecimento do mundo.

De acordo com Oliveira, Kilimnik e Fornaciari (2012), o conceito de “self” (eu),

pode ser definido como a consciência que um sujeito tem de si mesmo. Esta

abordagem foi a base para que Goffman viesse a propor seu conceito de

gerenciamento de impressões e a metáfora teatral.

O mérito de Goffman, segundo com Oliveira, Kilimnik e Fornaciari (2012), foi

ampliar a teoria do gerenciamento de impressões, como um fenômeno social,

apresentando uma relação entre o “self” e os outros, e não apenas uma perspectiva

isolada do indivíduo, uma vez que para o autor o “self” age a partir de significados já

preestabelecidos. Corroborando com essa perspectiva, para Martins (2008), o “self”

não constitui uma propriedade individual, está associado a um padrão social,

exercido pelo indivíduo e por aqueles que possuem interação com ele. A visão de

Goffman (1985) sobre o “self” pode ser compreendida por meio do seguinte trecho

da sua obra:

Embora esta imagem seja acolhida com relação ao indivíduo, de modo que

lhe é atribuída uma personalidade, este “eu” não se origina do seu

possuidor mas da cena inteira de sua ação, sendo gerado por aquele

atributo dos acontecimentos locais que os torna capazes de serem

interpretados pelos observadores (GOFFMAN, 1985, p. 231).

Para Goffman (1985), as pessoas quando estabelecem uma interação face-a-

face desempenham seus papéis de forma a tentar gerenciar impressões que outros

terão sobre elas. Utilizando a linguagem teatral, os indivíduos vestem uma máscara

e representam personagens, no intuito de serem aceitos em seu meio social.

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A interação pode ser definida como a influência recíproca dos indivíduos

sobre as ações uns dos outros, quando em presença física imediata. Uma

interação pode ser definida como toda a interação que ocorre em qualquer

ocasião, quando, num conjunto de indivíduos, uns se encontram na

presença imediata de outros. (GOFFMAN, 1985, p. 23)

Após disseminada, a teoria do gerenciamento de impressões foi discutida

por diversos autores que desenvolveram outras definições, técnicas e táticas sobre

sua utilização, tanto na perspectiva dos indivíduos, quanto na aplicação do conceito

em organizações públicas e privadas. Com isso, pode-se dizer que essa teoria tem

sido utilizada por estudiosos da administração como uma ferramenta de

entendimento e análise organizacional.

Baseando-se na perspectiva do gerenciamento de impressões, estudos têm

sido aplicados por diversos pesquisadores. Os considerados clássicos foram

publicados nas décadas de 80 e 90, como por exemplo, os de Jones e Pittman

(1982), Schlenker (1980), Deaux e Wrightsman (1988), Gardner e Cleavenger

(1998), Gardner e Martinko (1988), Giacalone e Rosenfeld (1989), Grove et al.

(1989), Elsbach e Sutton (1992), Leary (1996), Rosenfeld (1997) e Mohamed;

Gardner; Paolillo (1999).

No Brasil os principais estudos com base na teoria do gerenciamento de

impressões surgiram no início dos anos 2000, e foram desenvolvidos em diversos

tipos de organizações. Exemplos são aqueles que tratam do gerenciamento de

impressões como elemento facilitador na gestão de processos de mudança

organizacional (MENDONÇA; VIEIRA; ESPIRITO SANTO, 1999); nas pesquisas

acerca dos processos de construção, manutenção e legitimidade da imagem da

organização (MENDONÇA; AMANTINO-ANDRADE, 2002); considerações sobre a

pesquisa e a produção no Brasil (MENDONÇA, 2003); relacionado à construção do

imaginário organizacional como instrumento de dominação (SOUKI; ANTONIALLI,

2004); no âmbito de instituições públicas (JATAHI, 2004); o uso gerenciamento de

impressões em hospitais (MENDONÇA; VIANA; SANTOS, 2005); em hotéis (LIMA,

2008); do gerenciamento de impressões e liderança nas organizações (DIDIER;

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MENDONÇA, 2007); e da aplicação em entrevistas de seleção (CARVALHO;

GRISCI, 2002; ARAÚJO; PILATI, 2008).

Apesar de ser uma teoria criada na década de 1950, e que foi bastante

difundida e atualizada no fim dos anos 90 e início da década de 2000, os conceitos,

estratégias e táticas de GI (Gerenciamento de Impressões) são ferramentas

utilizadas com frequência por estudiosos que buscam compreender e explicar as

ações empreendidas por indivíduos e organizações que buscam, por meio da

manipulação das informações divulgadas ao público, construir a imagem desejada.

Exemplos recentes, como os trabalhos de Carrera (2012), Medeiros (2013),

Oliveira (2014), Ferreira, Gondima e Pilati (2014), Jaiswal e Bhal (2014), Roulin,

Bangerter e Levashina (2014), Carvalho (2015), de Cheng, Chiu e Chang (2015), e

Frühauf et al. (2015), que serão detalhados no decorrer deste trabalho, demonstram

a relevância da teoria do gerenciamento de impressões no contexto atual para

compreender as ações que buscam aprovação social.

Conforme descrevem Mendonça et al. (1999), o gerenciamento de

impressões não deve ser entendido apenas como um processo desenvolvido para

controlar as impressões sobre um indivíduo, mas também como forma de se

preverem possíveis comportamentos voltados para a criação de impressões

positivas de grupos e organizações como um todo. Assim como as pessoas

individualmente buscam transmitir uma imagem positiva, evitando mostrar seus

aspectos negativos, as organizações também procuram gerenciar as impressões

que a sociedade constrói sobre elas.

Neste sentido, este estudo analisa as ações empreendidas pela empresa

estatal brasileira Petrobras, relacionadas à tentativa de construção de uma imagem

positiva perante o mercado e a sociedade, incluindo os mecanismos utilizados pela

empresa para fazê-lo, bem como observar as relações com os acontecimentos no

cenário político do país.

A escolha pela Petrobras justifica-se por diferentes motivos. Ao longo de sua

história, a companhia figurou com grande destaque nos noticiários. As suas ações

de marketing buscaram evidenciar sua importância, afirmando a dimensão de sua

capacidade de exploração de petróleo e produção de seus derivados. De acordo

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com Silva e Baldissera (2015), com um discurso bem estabelecido e forte

repercussão midiática, a empresa pode ser considerada uma organização mítica,

uma vez que ocupa um lugar no imaginário dos brasileiros como uma grande

organização presente em todo o território nacional, voltada para o bem-estar do

povo e o cuidado com as riquezas nacionais.

Na comunicação organizacional da Petrobras é fundamental a sustentação do

mito, conforme afirmam Silva e Baldissera (2015). Em toda sua história a empresa

investiu em campanhas publicitárias com o objetivo de tornarem-se públicas as suas

iniciativas estratégicas, como por exemplo, a descoberta do pré-sal, a produção de

biocombustíveis e a conquista da autossuficiência de Petróleo. A estatal investiu,

também, em patrocínios a diversas atividades esportivas, sociais e culturais, o que

exemplifica este esforço em consolidar sua imagem como a de uma empresa

referência do Brasil para o mundo.

Para Silva e Baldissera (2015), os fatores que fazem da Petrobras uma

empresa mítica, proporcionam a ela o uso de um grande repertório de escolhas

simbólicas que se refletem na formação da sua imagem. Os simbolismos percebidos

nas ações da empresa, potencializados pelo mito, amplificam os seus atributos, em

alguns momentos a tornando perfeita e blindada às críticas.

O volume dos investimentos da Petrobras em propaganda no período de 2006

a 2015, conforme demonstrado pela Tabela 1, totaliza um montante superior a 2,5

bilhões de Reais. Este gasto com publicidade, conforme divulgado pela Petrobras

em seu site1, revela o investimento da companhia na manutenção de uma realidade

simbólica para a organização, e sinaliza que gerenciar impressões é uma

preocupação para a qual a empresa parece estar atenta.

1 Disponível em: <http://sites.petrobras.com.br/minisite/acessoainformacao/faq/> Acesso em: 06 out. de 2016

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Tabela 1: Gastos com propaganda 2006 a 2015

Ano Valor Total

2006 R$ 203.046.234,76

2007 R$ 205.266.234,34

2008 R$ 223.258.408,73

2009 R$ 230.950.522,74

2010 R$ 251.017.888,49

2011 R$ 271.610.703,05

2012 R$ 321.287.421,28

2013 R$ 309.564.824,65

2014 R$ 296.878.188,86

2015 R$ 260.094.173,34

Total R$ 2.572.974.600,24

Fonte: Elaborado pelo autor

A despeito desses investimentos em publicidade, se por um lado as novas

formas de se comunicar colaboram para que as organizações consigam passar

adiante as mensagens que desejam transmitir ao público, por outro, essa facilitação

na troca de informações apresenta uma constante ameaça, pois quando as notícias

não são favoráveis, também são amplificadas por estas mesmas ferramentas. De

acordo com Nuñes (2015), neste contexto em que todos almejam maior visibilidade,

um escândalo político-midiático pode desencadear um processo com a capacidade

de destruir reputações que até então se apresentavam como sólidas.

No caso da Petrobras, na última década, a empresa apareceu com recorrente

destaque nas páginas econômicas de jornais e revistas de grande circulação, com

referências aos resultados financeiros negativos da corporação. Foram feitas

denúncias sobre erros na gestão, como, por exemplo, as apontadas por Azevedo e

Serigati (2015), no caso da prática de preços administrados na venda de

combustíveis, gerando prejuízos bilionários para a companhia.

Um outro exemplo da ampla repercussão dos equívocos indicados nas

escolhas de investimentos da empresa é o caso da compra da refinaria de

Pasadena, no Texas (Estados Unidos), que, conforme Duarte Junior (2016), gerou

um prejuízo para a companhia de quase US$800 milhões de dólares, conforme

estimado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em março de 2015.

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De acordo com estudo realizado por Costa et al. (2016), é possível verificar,

por meio do Gráfico 1, a recorrência de publicações relacionadas ao assunto a partir

de 2005, ano da compra da refinaria americana pela Petrobras, saindo de no

máximo 100 reportagens anuais sobre o caso, e chegando a mais de 5 mil notícias e

reportagens publicadas em 2014, quando as denúncias de superfaturamento foram

reveladas. Estes dados demonstram o volume de matérias que foram divulgadas

sobre os escândalos de corrupção envolvendo a companhia.

Gráfico 1: Volume de notícias compra Pasadena (2005 a 2015)

Fonte: Costa et al. (2016)

A estatal também ocupou relevante espaço nas páginas policiais de jornais e

revistas nacionais e internacionais, como protagonista de escândalos de corrupção.

Estes episódios foram revelados por meio da instauração de Comissões

Parlamentares de Inquérito (CPIs) no Congresso Nacional, e se deveram também

aos desdobramentos da “Operação Lava Jato”, executada pela Policia Federal (PF),

Justiça Federal e Ministério Público Federal (MPF), envolvendo empreiteiras

prestadoras de serviço que pagavam propina a diretores, políticos e partidos ligados

ao governo em troca de contratos com a empresa.

Page 23: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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Grande parte das informações foram divulgadas pelo próprio Ministério

Público Federal, por meio de um site2 criado pelo órgão, especificamente para

divulgar informações da operação Lava Jato. A Petrobras, por sua vez, apresenta a

sua versão dos fatos, esclarecimentos e informações, por meio do blog3 Fatos e

Dados.

O Blog Fatos e Dados foi criado pela Petrobras no ano de 2009, inicialmente

para ser uma resposta à Criação de uma CPI instaurada no congresso nacional com

o intuito de investigar supostas irregularidades envolvendo a empresa.

Posteriormente, consolidou-se como um canal tanto de respostas como de

divulgação de suas atividades.

De acordo com Gentilli (2013), entre 2009 e 2011, foram identificados 20

trabalhos acadêmicos em que o blog Fatos e Dados se constituiu como objeto de

estudo. De acordo com o autor, o blog apresenta uma postura agressiva,

questionando publicações de jornais e revistas, o que despertou críticas de diversos

canais da mídia nacional, alegando que o blog teria como objetivos editar o noticiário

e intimidar os profissionais de imprensa.

Devido ao agravamento da crise, que ameaçou a credibilidade da empresa,

uma vez que, de acordo com Nuñes (2015), as investigações da operação Lava Jato

revelaram a corrupção em diversos níveis da estatal cometidos por uma organização

criminosa formada dentro da organização, o Blog Fatos e Dados ganhou

notoriedade na estratégia da companhia para o enfretamento da crise. Considerando

essas questões é que optou-se por adotá-lo como a fonte de dados desta pesquisa.

Nesse contexto, considerando-se a necessidade de compreender as ações

de publicidade empreendidas, diante do evidente descolamento entre as

expectativas geradas pela companhia, contrapondo com suas práticas

administrativas e os resultados financeiros que efetivamente foram gerados, este

trabalho traz a teoria do gerenciamento de impressões, utilizando a atuação da

empresa estatal Petróleo Brasileiro S/A (Petrobras) como objeto de análise.

2 Site da Operação Lava Jato. Disponível em: < http://lavajato.mpf.mp.br/>. Acesso em: 20 jul. 2016 3 Blog Fatos e Dados. Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/>. Acesso em: 20 jul. 2016

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Assim, a escolha pela Petrobras se deu porque, além de se tratar, no

momento da pesquisa, da maior empresa pública brasileira, há o contexto no qual

esteve envolvida, principalmente após a expectativa gerada pela descoberta de uma

grande reserva de Petróleo na camada pré-sal. Em contraste com as sucessivas

crises que envolveram a companhia e abalaram sua credibilidade, chama-se a

atenção para o grande investimento da organização em estratégias de comunicação

no intuito de preservar sua imagem.

Consideram-se ainda a visibilidade e exposição nos noticiários em veículos de

comunicação nacionais e internacionais, em que se evidenciaram os escândalos de

corrupção que exigiram uma estratégia de enfrentamento por parte da empresa.

Consequentemente, foram expostas as fragilidades e falhas na gestão e nas

operações da mesma, que acarretaram a deterioração das suas matrizes

financeiras, conforme será demonstrado no decorrer deste trabalho.

Este cenário torna fundamentais os estudos e pesquisas, principalmente no

campo da administração, que se aprofundem no levantamento das ações que

levaram a empresa a ter de enfrentar estas dificuldades, e como isso foi feito. Tais

estudos podem servir de referência para o pensamento e o desenvolvimento de

novas práticas de administração, comunicação e relacionamento institucional.

1.1 Problema de pesquisa

Apesar de figurar como uma empresa monopolista em grande parte das suas

operações, de contar com auxílio e investimentos governamentais, de atuar no

estratégico segmento de extração de Petróleo e na produção de seus derivados, de

ser líder no segmento de distribuição de combustíveis no Brasil, e de deter o

conhecimento de tecnologias de extração de Petróleo em águas profundas4, a

Petrobras enfrenta uma grave crise moral, ética, mercadológica, financeira e

gerencial.

Para um melhor entendimento desta situação, a pergunta norteadora adotada

neste estudo é:

4 Matéria da Agência Brasil sobre exploração da Petrobras em Aguas Profundas. Disponível em: < http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noticia/2006-04-21/petrobras-e-pioneira-na-tecnologia-de-exploracao-em-aguas-profundas>. Acesso em: 12 dez. 2016

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Quais as táticas e estratégias de gerenciamento de impressões foram

utilizadas pela Petrobras por meio de suas atividades institucionais de comunicação,

no Blog Fatos e Dados, no período de 2013 a 2016?

1.2 Objetivos

Para buscar responder à pergunta norteadora, foram estabelecidos o objetivo

geral e os objetivos específicos.

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar as ações de gerenciamento de impressões empreendidas pela

Petrobras por meio de suas atividades institucionais de comunicação, no Blog Fatos

e Dados, no período de 2013 a 2016.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Descrever a trajetória da Petrobras e o seu histórico de interação com a

sociedade por meio de um canal institucional de comunicação, qual seja, o Blog

Fatos e Dados.

• Identificar ações que apontem práticas da Petrobras elencadas pela

teoria do gerenciamento de impressões.

O presente estudo será também apresentado em formato de artigo

acadêmico, oferecendo maior ênfase ao gerenciamento de impressões utilizado pela

Petrobras. Outro pré-requisito do programa de mestrado profissional em

administração, é a elaboração de um produto técnico que demonstre a aplicação

prática da pesquisa, que no caso deste estudo, será a apresentação de um Caso de

Ensino, destinado a difundir a teoria do gerenciamento de impressões para

estudantes de graduação em administração.

1.3 Estrutura da dissertação

A dissertação se estrutura em cinco capítulos. Neste primeiro é abordada a

relevância e a contextualização do tema, além dos respectivos desdobramentos,

definindo a questão de pesquisa à qual se buscará responder, formulando o objetivo

geral e os específicos do trabalho e apresentando a justificativa para o estudo.

Page 26: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, em que é exposta a teoria

do gerenciamento de impressões, que fundamenta este trabalho.

O terceiro capítulo aborda os procedimentos metodológicos do

desenvolvimento da pesquisa, descrevendo e justificando os caminhos percorridos

até a obtenção dos resultados, classificando o estudo quanto à abordagem, quanto

aos fins, quanto aos meios, descrevendo a unidade de análise, os instrumentos de

coleta de dados e a técnica de interpretação de resultados.

O quarto capítulo traz a análise dos dados da pesquisa. O último capítulo

apresenta as considerações finais, incluindo implicações acadêmicas e gerenciais,

limitações do estudo e sugestões para pesquisas futuras.

1.4 Contextualização do Objeto da Pesquisa

Existem diversos elementos que demonstram que o petróleo é uma

mercadoria “diferente”. Conforme aponta Torres Filho (2004), do ponto de vista da

demanda, podem ser elencadas algumas características particulares. O petróleo é

uma importante fonte de energia do mundo. Além disso, é uma fonte de energia

muito utilizada no sistema de transportes. Vale destacar que, além do transporte

comercial, o petróleo é também a fonte de energia que move as forças armadas,

tanto em terra quanto no ar e no mar.

A Primeira Guerra Mundial (1914-1919) consagrou a relevância militar do

petróleo. Cavalos e locomotivas a carvão perderam definitivamente lugar para os

veículos movidos por motores à gasolina ou a diesel. Na Segunda Guerra (1939-

1945), o controle de fontes estáveis de suprimento de óleo foi novamente um

elemento marcante do desenrolar do conflito (TORRES FILHO, 2004).

De acordo com Torres Filho (2004), os preços do petróleo têm efeito sobre o

conjunto da atividade econômica global e são determinantes na orientação de certos

investimentos como no setor energético, que se torna estratégico para diversos

países.

Considera-se que a primeira exploração de Petróleo no Brasil, segundo Dias

e Quaglino (1993), ocorreu em 1864, por meio de um decreto a Thomas Sargent,

quando foi autorizada a extração na província de Ilhéus, na Bahia, por um prazo de

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90 anos. Devido à ausência de informações, não se pode falar sobre a ocorrência de

exploração de Petróleo durante o Império no Brasil.

De acordo com Dias e Quaglino (1993), em 1938, já sob o Estado Novo, o

Conselho Nacional do Petróleo (CNP) foi organizado por meio de decreto. Em 1939,

em Camaçari, no recôncavo baiano, um poço perfurado por técnicos de um órgão

oficial, utilizando equipamentos de propriedade do governo, encontrou Petróleo a

210 metros de profundidade, e este seria o primeiro marco do Petróleo estatal no

Brasil.

Nos debates que ocorreram no congresso, na década de 50, conforme

Carvalho Jr. (2005), prevaleceu a tese do monopólio estatal. Dessa forma, ficou

assentado o monopólio da União nas áreas de pesquisa, lavra, refinação e

transporte. Caberiam ao CNP a orientação e a fiscalização do setor, enquanto a

Petrobrás e suas subsidiárias seriam responsáveis pela execução da exploração de

Petróleo no país.

A Petrobras foi criada em 1953, durante o governo do ex-presidente Getúlio

Vargas, por meio da promulgação da Lei Nº 2004, que instituiu o monopólio do

Petróleo em terras brasileiras, interrompendo as explorações de iniciativa privada.

De acordo com Vaz (2015), a Petrobras é uma sociedade anônima de capital

aberto, cujo acionista majoritário é o Governo Federal. Segundo Mulatti e Lopes

(2015), o governo brasileiro possui 50,3% das ações ordinárias da empresa, tendo,

assim, direito a voto e ao controle da organização, além de 28,7% do Capital Social

da Petrobras. Já as pessoas físicas e jurídicas totalizam 28,9% das ações

preferenciais da companhia.

Segundo Vaz (2015), a estatal atua como uma empresa de energia nos

seguintes setores: exploração e produção, refino, comercialização, transporte,

petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, energia elétrica, gás-química e

biocombustíveis. Além de ser líder petrolífera no Brasil, ela está presente em outros

18 países.

Após a sua criação, a Petrobras dedicou-se, nos anos seguintes, à

exploração de bacias terrestres, até 1967, quando se inicia o projeto de perfuração

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submarina. O resultado mais significativo foi o início das operações do Polo

Nordeste na bacia de Campos. “Com investimentos na ordem de US$1,41bilhão, o

conjunto de sete plataformas conseguiu produzir cerca de 100 mil bpd (barris de

petróleo dia) no início da década de 1990” (DIAS; QUAGLINO, 1993).

De acordo com os autores, a distribuição de derivados foi colocada fora do

domínio de monopólio estatal. Essa atividade foi desenvolvida por subsidiárias

estrangeiras até o ano de 1962, quando a Petrobras acabou se estabelecendo na

área, o que culminou na criação da BR distribuidora, uma década depois. Vale

destacar que, no ano seguinte da sua criação, a BR empatou com a ESSO, líder de

mercado no setor, e pouco tempo depois assumiu definitivamente a liderança no

ramo de distribuição.

A meta da autossuficiência na produção de derivados foi perseguida por

vários governos brasileiros, servindo inclusive como pano de fundo na criação da

Petrobras. Mas foi somente no governo Juscelino Kubitschek (1956 a 1961), no

intuito de regionalizar o refino no país como meio de consolidar a meta da

autossuficiência, que a Petrobras começou a projetar sua expansão em refino, em

busca de atingir este objetivo (DIAS; QUAGLINO, 1993).

Segundo esses pesquisadores, a primeira refinaria construída pela Petrobras

foi a Duque de Caxias (REDUC). Depois foram construídas as refinarias Alberto

Pasqualini (REFAP), Gabriel Passos (REGAP), Planalto Paulista (REPLAN),

Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e Henrique Lage (REVAP).

Ainda segundo Dias e Quaglino (1993), a empresa passou por diversas

mudanças e reformas administrativas, sendo que, no governo Castelo Branco (1964

- 1967), além de outras medidas, tomou-se a decisão de se criarem os

departamentos para as suas áreas fins (refino, transporte, exploração e produção,

comércio).

De acordo com Lemos (2011), a estratégia da Petrobras apresentou

evoluções desde a década de 50.

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Na Figura 1, são apresentados os principais marcos de cada década dos

desafios históricos da empresa.

Figura 1: Marcos históricos da Petrobras

Fonte: Elaborado pelo autor, (2017).

Segundo Lemos (2011), a produção de petróleo saiu do patamar de 2500

bpd, em 1954, para 1.000.000 bpd, em 1997, com um investimento aproximado,

nesse período, na ordem de US$ 94 bilhões, dos quais US$ 83 bilhões com recursos

próprios.

Em 6 de agosto de 1997 foi sancionada a Lei nº 9478, que instituiu o

Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo, entre

outras providências. De acordo com Lemos (2011), esta lei quebrou o monopólio da

Petrobras, porém, em 2001 a exploração de petróleo no país era uma tarefa

entregue a 35 novas empresas, 29 estrangeiras e 6 brasileiras, mas a estatal ainda

dominava 99,7% da produção de petróleo e 98% de refino do produto no País.

No ano de 2007, segundo Mullati e Lopes (2015), a empresa foi classificada

como a sétima maior companhia de petróleo do mundo com ações negociadas em

bolsas de valores. Nesse mesmo ano, iniciam-se as obras do Centro de Integração

do Complexo Petroquímico (Comper), em São Gonçalo, com investimentos previstos

em torno de US$8,38 bilhões, e em novembro de 2007 a empresa encontrou

petróleo em regiões mais profundas do oceano, as quais atualmente são

denominadas de Pré-Sal, com uma reserva de até oito bilhões de barris de petróleo

na bacia de Santos.

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De acordo com Souza (2015), em 2008 a empresa criou a subsidiária

Petrobras Biocombustível, com a função de produzir biocombustíveis como o etanol

e o biodiesel, de maneira sustentável.

Em 2008, segundo Mulatti e Lopes (2015), a Petrobras foi reconhecida pela

Management & Excellence (M&E) como a empresa do ramo petrolífero mais

sustentável do mundo. Nesse ano a empresa atingiu quase US$300 bilhões de valor

de mercado. Em setembro de 2008, a estatal anunciou o crescimento das reservas

brasileiras em aproximadamente 86%, com as reservas comprovadas nos Campos

Iara e Tupi, no pré-sal.

No ano de 2009, a Petrobrás iniciou a produção de petróleo oriundo da

camada do pré-sal e estimava que, em 2010, alcançaria a marca de uma produção

de 100 mil/dia de barris na região, o que acabou não ocorrendo uma vez que a

Petrobras produziu efetivamente uma média de 41 mil bpd. (PETROBRAS, 2015).

A Petrobras figurou como a maior empresa brasileira e a 58ª maior empresa

do mundo5 em 2015, de acordo com a revista Fortune, com receitas que chegam a

U$ 97,314 bilhões. No entanto, a revista descreve a Petrobras como uma empresa

que se tornou sinônimo de desperdício e corrupção, e enfrenta dificuldade em

monetizar seus ativos, principalmente as reservas do “Pré-Sal”. A situação da

companhia é agravada devido aos baixos preços do petróleo e à merecida

reputação de praticar uma política de controle de preços.

Comparativamente, no ano de 2013 a empresa ocupava a posição de 25ª no

mesmo ranking6 e suas receitas atingiram U$ 144,103 bilhões. Na ocasião, a

descrição da companhia pela revista Fortune era bastante positiva. Esta informava

que a Petrobras possuía reservas provadas de 14 bilhões de barris, e havia se

comprometido a gastar U$ 237 bilhões, em um prazo de cinco anos, em projetos de

produção e exploração de petróleo.

Em 2010, o cenário era ainda melhor para a organização, que chegou a

ocupar a 4ª posição no ranking Global 500 do jornal Financial Times7, quando

5 Disponível em:<http://beta.fortune.com/global500/petrobras-58>. Acesso em: 26 jul. 2016 6 Disponível em:<http://fortune.com/global500/2013/daimler-ag-23/>. Acesso em: 26 jul. 2016. 7 Disponível em:<http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/09/24/petrobras-deve-ficar-entre-as-cinco-maiores-empresas-do-mundo.jhtm>. Acesso em: 26 jul. 2016

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realizou a maior capitalização de sua história, chegando a cerca de U$217 bilhões

em valor de mercado.

Os primeiros indícios que revelaram a inconsistência do otimismo em relação

ao futuro da empresa diziam respeito ao endividamento. De acordo com Guelfi

(2015), em 2013, a Petrobrás foi considerada a empresa mais endividada do mundo,

segundo o Bank of America. Em janeiro de 2015, em notícia do jornal Valor

Econômico8, a empresa foi apontada, novamente, como a mais endividada no

âmbito global, dentre as de capital aberto. Esses fatos culminaram, em fevereiro

2015, no rebaixamento do rating da estatal pela agência de análise de riscos

Moody`s.

Guelfi (2015) destacou ainda que, entre 2008 e 2013, a estatal adotou uma

postura expansionista, cresceu mais do que deveria, aparentemente sem se

preocupar com a sua sustentabilidade financeira. Tal escolha deveria ser

acompanhada de um aumento na retenção de lucros, aumento da margem líquida e

do giro dos recursos, fato que não ocorreu. Pelo contrário, verificou-se queda de tais

indicadores, o que fez com que a empresa tivesse que recorrer a capitais de

terceiros para financiar essa estratégia. De acordo com o autor, “a situação foi

agravada devido ao grande investimento feito para exploração do petróleo, na

camada do pré-sal, em um momento de baixa do preço internacional de seu

principal produto.” (GUELFI, 2015, p.38)

8 Disponível em:<http://www.valor.com.br/empresas/3881926/petrobras-divida-liquida-fecha-em-r-26145-bilhoes-no-3>. Acesso em: 30 jul. 2016

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O Gráfico 2 demonstra a evolução do endividamento da empresa. Entre 2011

e 2015 a dívida aumentou em quase R$ 300 bilhões.

Gráfico 2: Endividamento Consolidado Petrobras (2011 a 2015)

Fonte: Relatório de administração Petrobras (2015)

Outro fator relevante a ser considerado na análise financeira da empresa diz

respeito à intervenção do governo brasileiro e à imposição da política de preços

administrados de combustíveis. De acordo com Azevedo e Serigati (2015), durante o

primeiro mandato da presidente Dilma (2011–2015), os preços administrados foram

utilizados como um instrumento para cumprir a meta de inflação, de modo a

subordinar as políticas industriais para finalidades macroeconômicas de curto prazo.

O represamento dos preços dos combustíveis imposto pelo governo,

conforme afirmam Azevedo e Serigati (2015), obrigou a empresa a comercializar

derivados do petróleo no mercado interno em níveis muito inferiores aos do mercado

externo.

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Ou seja, empresa era obrigada a vender diesel e gasolina no país por menos

do que pagava pela importação desses produtos, conforme pode ser observado no

Gráfico 3.

Gráfico 3: Evolução do preço da gasolina nacional vs. petróleo internacional

Fonte: Azevedo e Serigati (2015) p.521

Essa tática para conter artificialmente os preços produziu a progressiva asfixia

financeira que, depois de alguns anos, levou a Petrobras a registrar prejuízo nas

suas operações. Fruto dessas decisões equivocadas, o segmento de

Abastecimento, responsável pelas vendas de combustíveis, contabilizou perdas em

série: 6 bilhões de dólares em 2011; 17 bilhões em 2012; 13 bilhões em 2013; 24

bilhões em 2014, segundo os demonstrativos contábeis oficiais (PETROBRAS,

2014).

Ao fim das contas, de acordo com Duarte Junior (2016), o represamento de

preços no período de 2011 a 2014 gerou um prejuízo entre 60 e 100 bilhões de

dólares à Petrobras, de acordo com bancos e consultorias que estimaram tais

valores. Os preços dos combustíveis tiveram a sua primeira correção em 6 de

novembro de 2014, dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Em 2015, o

setor de abastecimento teve um lucro superior a 25 bilhões de reais, demonstrando

que a prática de preços administrados havia chegado ao fim e a empresa

conseguido recompor suas margens de lucro.

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Esse rombo na previsão de receita própria teve, evidentemente, que ser

coberto com empréstimos adicionais, conforme afirma Guelfi (2015), levando a

alavancagem a 52% em março de 2015, muito acima do limite pactuado de 20% a

30%. Daí surgiu a desconfiança dos investidores quanto à capacidade de a

companhia honrar seus compromissos financeiros.

Os prejuízos auferidos pela área de negócios de abastecimento podem ser

identificados como a principal razão da queda da lucratividade da companhia entre

2013 e 2014. Porém, em 2015, o aumento do prejuízo foi justificado pela redução

dos preços do petróleo e também pelo maior custo de financiamento dos seus

projetos, relacionado ao aumento do risco-brasil. Conforme demonstra o Gráfico 4,

a empresa somou um prejuízo acima de 56 bilhões de reais nos anos de 2014 e

2015 (PETROBRAS, 2015).

Gráfico 4: Lucro Líquido Consolidado (2011 a 2015)

Fonte: Relatório da administração da Petrobras (2015)

Além disso, de acordo com Vaz (2016), um outro fator que teve influência

para essa situação de crise da petroleira foram os escândalos de corrupção,

popularmente conhecidos como “Petrolão”, e que foram evidenciados pela

“Operação Lava Jato” e investigados paralelamente pela CPI da Petrobras no

Congresso Nacional, contribuindo para a desvalorização das ações da empresa.

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Em março de 2014, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Lava Jato,

que investiga um esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo, além da

Petrobras, grandes empreiteiras do país e políticos ligados ao governo. De acordo

com Duarte Junior (2016), trata-se do maior escândalo de corrupção da história do

Brasil.

Conforme o Ministério Público Federal (MPF), os primeiros delatores do

esquema foram o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto

Youssef. Costa começou a ser investigado pela PF após ganhar um carro de luxo de

Youssef, que já era investigado pelo MPF por conta das irregularidades na compra

da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006.

Costa e Youssef assinaram acordos de delação premiada. Seus depoimentos

revelaram um imenso esquema de corrupção dentro da Petrobras, envolvendo

diretores da estatal, políticos e empreiteiras (PORTELINHA, 2015).

Segundo apontam as investigações do esquema, reveladas pelo Ministério

Público Federal, algumas empreiteiras formaram um cartel e estipularam regras para

distribuir obras, formando o chamado "clube de empreiteiras”. Estas pagavam

propina a partidos políticos e agentes públicos para aumentar a margem de lucro e

obter favores, fraudando licitações (PORTELINHA, 2015).

De acordo com Portelinha (2015), a PF e o MPF calculam em R$ 19 bilhões o

prejuízo causado pela corrupção na Petrobras, conforme demonstrado em matéria

do jornal Estado de São Paulo9, em que os valores foram apresentados por um dos

coordenadores da equipe da Lava Jato. Este valor é, no entanto, três vezes o

admitido pela companhia.

A Petrobras informou, por meio do relatório administrativo de 2014, que a

baixa contábil pelo esquema de pagamentos indevidos investigado pela Lava Jato

foi de R$ 6,194 bilhões, ou seja, essa foi a perda por corrupção, segundo a estatal

(PETROBRAS, 2014).

9 Segundo Levantamento realizado pelo jornal Estadão. Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/pf-ja-calcula-em-r-19-bi-prejuizos-da-petrobras/>. Acesso em: 22 nov. 2016

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Para chegar a este valor, a empresa explicou-se sobre a metodologia

utilizada. A companhia listou todas as empresas citadas nas investigações e os

contratos assinados com as contrapartes. Depois, calculou o valor desses contratos,

identificando todos os pagamentos feitos, e aplicou um percentual fixo de 3% sobre

o valor total, para estimar os gastos adicionais sobre o "montante total dos contratos"

(PETROBRAS, 2014).

Ainda segundo o relatório de administração de 2014, a maior parte (55%) dos

R$ 6,2 bilhões perdidos com corrupção ocorreu na área de Abastecimento, com

prejuízos estimados de R$ 3,326 bilhões. A área de Gás e Energia respondeu por

R$ 637 milhões das perdas. As áreas de Distribuição e Internacional tiveram baixas

de R$ 23 milhões cada uma, ao passo que o Corporativo da companhia teve perda

de R$ 99 milhões. Outros R$ 150 milhões referem-se a pagamentos indevidos de

empresas não citadas na Lava Jato (PETROBRAS, 2014).

Ao calcular os prejuízos com corrupção, com base nos depoimentos, a

estatal concluiu que o esquema de pagamentos indevidos funcionou entre 2004 e

abril de 2012, durante os dois governos do ex-presidente Lula e no primeiro mandato

da ex-presidente Dilma Rousseff. A empresa considera, no entanto, que o cálculo

com as perdas pode ser considerado "conservador" e, caso apareçam fatos novos

nas investigações, o valor poderá ser corrigido (PETROBRAS, 2014).

Outro caso de denúncia de irregularidades envolvendo a Petrobras, com

bastante repercussão negativa para a estatal, foi a compra da refinaria de

Pasadena, no Texas. De acordo com Oliveira Filho e Coutinho (2014), a transação é

tratada pela imprensa como um dos piores negócios da empresa em sua história. De

acordo com os autores, em 2005, a empresa Belga Astra Oil comprou a refinaria por

US$126 milhões, e no ano seguinte vendeu metade das suas ações por US$416.

O que já se configurava como um mal negócio ficou ainda pior, conforme

explicaram Oliveira Filho e Coutinho (2014), uma vez que a empresa brasileira

entrou em conflito com a ex-sócia, e devido a uma cláusula contratual era obrigada a

comprar a outra parte das ações. A Petrobras, após perder na justiça, foi condenada

a pagar US$820 milhões pelos outros 50% das ações da refinaria, resultando em um

gasto total de US$1,236 bilhões pela compra de Pasadena.

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Ainda segundo Oliveira Filho e Coutinho (2014), a ex-presidente Dilma

Rousseff, que na época da compra da refinaria presidia o conselho administrativo da

estatal, autorizou a transação. Porém, quando o caso tornou-se público com grande

repercussão da imprensa, a ex-presidente emitiu comunicado oficial afirmando

desconhecer a cláusula de put option, que obriga a compra de parte da outra

empresa em caso de desacordo. As evidentes suspeitas de irregularidades

envolvendo a transação integraram as motivações que resultaram na abertura da

CPI no Congresso que investigou os negócios da estatal.

Em 2014 foi instaurada, no Senado Federal, a Comissão Parlamentar Mista

de Inquérito (CPMI) para investigar os negócios da empresa. Em 2015 as

investigações prosseguiram, na câmara dos deputados, com a CPI da Petrobras,

que teve como motivação as evidências de irregularidades nos contratos reveladas

pelas investigações da “Operação Lava Jato”.

De acordo com Silva (2016), o relatório final da CPI, apresentado em outubro

de 2015, não acrescentou fatos relevantes aos já conhecidos e elencados pela

força-tarefa da Lava Jato.

Outra avaliação apontada por Silva (2016) inclui a opinião de integrantes da

CPI de que o relatório final não refletiu a realidade das investigações, uma vez que o

envolvimento de políticos no esquema foi citado nos interrogatórios, mas poupado

no relatório final, que pediu o indiciamento de apenas um político, o ex-tesoureiro do

Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto, que já fora condenado pela

Justiça Federal por seu envolvimento no referido esquema.

Além de Vaccari, segundo Silva (2016), o relatório final da CPI pediu o

indiciamento de empreiteiros, doleiros, funcionários e ex-funcionários da Petrobras,

todos já investigados pela Lava Jato, que do ponto de vista prático assumiu a função

de encaminhamento criminal dos acusados.

A reputação da companhia e a sua imagem foram arranhadas pelas

denúncias e investigações. Além dos resultados financeiros negativos, a

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organização figura com desconfiança na imprensa internacional e inclusive nos

tribunais norte-americanos10.

Como resultado desta desconfiança dos investidores, devido aos erros de

gestão, agravados pelos escândalos de corrupção na empresa, ocorreu, a partir de

2011, um descolamento entre seu valor de mercado e seu patrimônio. A diferença,

que era cerca de R$ 38 bi em 2011, saltou para aproximadamente R$ 157 bi em

2015, conforme demonstra o Gráfico 5 (PETROBRAS, 2015).

Gráfico 5: Valor de Mercado x Valor Patrimonial (2011 a 2015)

Fonte: Relatório da administração 2015

Os fatos e os dados relacionados à companhia apresentados até aqui

identificam preliminarmente inconsistências entre as campanhas publicitárias e o

esforço da empresa em se vender como uma organização exemplar, contrastando

com os resultados financeiros negativos, falhas na gestão administrativa e

escândalos de corrupção.

Após toda essa repercussão negativa vinculada à gestão da Petrobras, a

empresa respondeu com a campanha publicitária chamada “Superação”. De acordo

com Nuñes (2015), sabendo da força de sua imagem, a estatal buscou apelar ao

seu simbolismo para tentar reverter o cenário de desgaste da sua reputação.

10 Disponível em:<http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/02/juiz-dos-eua-autoriza-investidores-processarem-petrobras-em-grupo.html>Acesso em: 11 dez. 2016

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No entanto, de acordo com a autor, a tentativa não foi bem-sucedida devido a

três principais fatores. Primeiramente devido à ausência de ações concretas que

fossem consonantes com a mensagem da propaganda. Outro fator foi a tentativa de

se esquivar dos casos de corrupção envolvendo a empresa. Por fim, a companhia

errou com o cancelamento da campanha, após acusação de propaganda enganosa,

assumindo, assim, a tentativa de ludibriar o público.

Neste contexto, este trabalho busca compreender melhor estes

acontecimentos, relacionados aos erros de gestão, corrupção e manipulação das

informações apontados, tendo a Petrobras como exemplo de uma organização

pública que emprega o gerenciamento de impressões. Tal iniciativa corrobora com o

objetivo principal de identificar, na atuação dessa estatal, os elementos que

configuram essa perspectiva.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. O gerenciamento de impressões

Segundo Goffman (1985), o gerenciamento de impressões compreende a

tentativa de estabelecer um significado ou um propósito de interações sociais, que

irão nortear as ações dos indivíduos, auxiliando na projeção de expectativas.

Tal afirmativa é compartilhada por diversos autores. Pode-se dizer que o

gerenciamento de impressões consiste nas atividades relacionadas a monitorar os

comportamentos que as pessoas desempenham a fim de se criarem impressões

desejadas, influenciando o modo como os outros as veem (DEAUX e

WRIGHTSMAN, 1988; SCHLENKER, 1980; MENDONÇA E AMANTINO-DE-

ANDRADE, 2003).

Uma impressão pode ser definida como uma ideia, um sentimento ou uma

opinião que o indivíduo tem sobre alguém ou algo, ou que alguém ou algo

transmite ao indivíduo; podendo ainda significar o efeito que uma

experiência ou pessoa tem sobre alguém ou algo. (MENDONÇA et al.,

2003).

No modelo apresentado por Goffman, o indivíduo, na busca de aceitação em

um meio social, de acordo com a linguagem teatral, veste uma máscara, encarnando

um personagem que representa como ele gostaria de ser visto. Esta representação

ocorre com tamanha frequência que o indivíduo pode passar a acreditar naquilo que

está encenando, e não mais se reconhecer fora do personagem, ou até mesmo

perde a capacidade de retirar a máscara. Tal afirmada é ilustrada pelo autor com o

seguinte caso:

Nos últimos quatro ou cinco anos, o hotel de turismo da ilha pertencia a um

casal de origem agrária, que o dirigia. Desde o início os proprietários foram

obrigados a deixar de lado suas próprias ideias a respeito do modo como a

vida deveria ser levada, exibindo no hotel toda sorte de serviços e

comodidades da classe média. Ultimamente, porém, parece que os

proprietários se tornaram menos cínicos a respeito da representação que

encenavam. Eles próprios estão se transformando em pessoas de classe

média, e cada vez mais enamorados dos atributos que seus clientes lhes

imputam. (GOFFMAN, 1985, p.33)

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O modelo dramatúrgico apresentado por Goffman (1985), em resumo, é uma

ferramenta para auxílio na análise das ações humanas, utilizando-se de elementos

teatrais. Esta perspectiva possui uma base de três componentes da apresentação

teatral: o palco, representando o contexto e o ambiente no qual os envolvidos estão

inseridos; o ator, sendo o agente que realiza as ações; e a plateia, que inclui aqueles

com quem ator interage, que em outras vezes são a sua equipe em uma

performance conjunta.

O modelo de Goffman (1985) apresenta também seis princípios

dramatúrgicos. As performances, que se trata de toda atividade de um ator, e que

sirva para influenciar os demais participantes. O termo performance, segundo

Goffman (1985), refere-se a “toda atividade de um indivíduo que ocorre durante um

período marcado pela sua contínua presença diante de um conjunto particular de

observadores e que tem sobre estes alguma influência” (GOFFMAN, 1985, p.22).

O segundo princípio dramatúrgico são as equipes, que, segundo Carvalho

(2016), se referem a qualquer grupo de indivíduos que cooperem na encenação de

uma rotina particular. O terceiro princípio inclui as regiões e comportamentos

regionais, que são locais determinados em que comumente ocorrem as encenações.

Já os papéis discrepantes, quarto princípio, são papéis que introduzem uma pessoa

e um estabelecimento social sob uma falsa aparência, por exemplo um delator, um

infiltrado, um espião ou um traidor. As comunicações fora do personagem consistem

no quinto princípio e, ocorrem quando os atores são expostos a situações atípicas,

ou seja, fora das regiões de atuação. Por fim, a arte de gerenciar impressões, ou

sexto princípio, é a soma de todos os atributos de um ator para a arte de encenar.

De acordo com Carvalho (2016), com base no modelo dramatúrgico

apresentado por Goffman (1985) e no entendimento de Schlenker (1980) de

identidade, definida pelo autor como um plano individual que descreve, relaciona e

explica seus atributos, características e experiências, Gardner e Avolio (1998)

desenvolveram um modelo de análise dramatúrgica para o entendimento das

práticas de gerenciamento de impressões.

Esse modelo apresenta quatro fases. A primeira é o enquadramento

(framing), em que o ator gerencia significados e constrói a realidade para os outros e

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para si. É nesta fase que, durante a comunicação, as pessoas são levadas a

aceitarem um significado ao invés de outros, considerando o cenário físico, a cultura

organizacional e a natureza da tarefa.

A segunda fase é a roteirização (scripiting), e por meio dela se direcionam a

conduta dos atores, a distribuição de tarefas e a preparação para a interação com a

plateia, mobilizando as ideias rumo à ação.

Na terceira fase, a encenação (staging), ocorre a montagem da peça,

utilizando símbolos que sejam consistentes com o roteiro, considerando a montagem

de palco, análise de figurino, audiência e bastidores. Por fim, a quarta fase ou

performance é a ativação do roteiro nas interações e abrange a observação dos

atores frente à plateia e vice-versa. Seu sucesso ocorre quando a plateia atua em

conjunto com os atores, possibilitando o gerenciamento de suas impressões.

(CARVALHO, 2016)

Na abordagem dramatúrgica, de acordo com Carvalho (2016), entende-se o

indivíduo como um ator de determinado papel, em reposta às expectativas dos que

interagem com ele. Essa interpretação do indivíduo norteia a tentativa de

gerenciamento das impressões alheias, buscando estabelecer a identidade desejada

frente à sua plateia.

Ainda segundo Carvalho (2016), o gerenciamento de impressões é um

pressuposto da metáfora dramatúrgica, ou seja, a tentativa do indivíduo de

manipular a interpretação dos demais com os quais ele interage. Neste sentido, as

pessoas, de forma intencional ou não, assumem papeis socialmente construídos

visando manipular as impressões uns dos outros, alterando e construindo

significados e, em contrapartida, ajustando a própria ação em resposta às alheias.

Goffman (1985) aborda a questão das representações de papeis por parte dos

atores:

Quando um indivíduo desempenha um papel, implicitamente solicita de

seus observadores que levem a sério a impressão sustentada perante eles.

Pede-lhes para acreditarem que o personagem que veem no momento

possui os atributos que aparenta possuir, que o papel que representa terá

as consequências implicitamente pretendidas por ele e que, de um modo

geral, as coisas são o que parecem ser (GOFFMAN, 1985, p. 25).

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De acordo com Prior (2015), o modelo dramatúrgico apresentado por

Goffman, aplicado ao contexto político para caracterizar os encontros sociais e as

situações de interação, oferece um quadro de análise, que ajuda a compreender a

maneira pela qual os atores políticos se apresentam nos palcos de visibilidade, a

maneira como gerenciam as impressões que os eleitores formam ao seu respeito, e

o modo como suas ações são planejadas nos bastidores da ação política.

É fundamental que a ação política seja representada de forma

cuidadosamente preparada para exibição nas arenas públicas,

representadas pelos meios de comunicação, que funcionam como os

principais gestores da visibilidade e do capital simbólico dos atores políticos,

que só pode ser incrementado mediante a promoção pública e o controle

das informações veiculadas. (PRIOR, 2015, p.6).

No campo dos estudos científicos da Psicologia Social, segundo Didier e

Mendonça (2007), também podem ser encontradas origens da teoria sobre

gerenciamento de impressões, tendo como referência os trabalhos de Edward

Jones, que se utilizava de experimentos de laboratório a fim de investigar aspectos

específicos sobre a auto apresentação. Para o autor, apesar de inicialmente haver

uma conexão entre as disciplinas, historicamente é percebido um distanciamento na

abordagem de psicólogos e cientistas sociais, causando uma fragmentação entre os

dois campos do conhecimento.

Neste estudo foi considerada a perspectiva das ciências sociais acerca do

Gerenciamento de Impressões, em que, de acordo com Giancalone e Rosenfeld

(1989), é necessário entender o processo pelo qual os indivíduos buscam controle e

influência sobre as impressões que outros formam sobre ele. Este comportamento,

entendido como um processo de influência, é amplamente aceito na literatura.

Nesse contexto, o gerenciamento de impressões é visto como uma forma de

influência social, pois na tentativa de influenciar as impressões que os outros

formam delas, as pessoas afetam seus próprios comportamentos (SCHLENKER,

1980).

Para Wood Jr. (2001), o Gerenciamento de Impressões como metodologia, ou

conjunto de técnicas, fundamenta-se na premissa de que a construção da imagem

afeta a percepção das pessoas. Conforme o autor, as organizações também estão

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envolvidas permanentemente com as atividades relacionadas ao gerenciamento de

impressões, buscando construir uma determinada imagem e atingir outras

corporações, funcionários, consumidores, governo e demais atores significativos que

possam afetar seu desempenho.

De acordo com Freitas (1997), diversas organizações modernas, em busca

de explorar o uso do gerenciamento de impressões da forma mais adequada, vêm

optando por utilizar discursos de cidadania, apresentando-se como defensoras da

cultura e da ecologia; outras se apresentam como guardiãs da ética, dos valores

morais e sociais mais elevados, enquanto há ainda as que procuram se mostrar

racionais, dinâmicas, potentes e flexíveis, além das que utilizam um discurso

visando criar um sentimento de família. A despeito dessas diferentes roupagens com

que se apresentam, mantém sua essência de organizações capitalistas que visam

lucro.

Quanto à intencionalidade do gerenciamento de impressões, apesar de não

existir um consenso, segundo a visão de diversos autores, o gerenciamento de

impressões deve ser deliberado, pois o processo de comunicação apenas se

consuma quando ela é pretendida por parte do emissor (MENDONÇA et al, 1999)

Dois significados para intencionalidade bem diferentes foram identificados, de

acordo com Malle, Moses e Baldwin (2001). A intencionalidade definida pelo termo

técnico pode ser utilizada para se referir à propriedade de todos os estados mentais

como sendo dirigidos para algo; outra definição refere-se à propriedade das ações

consideradas propositais, significativas e feitas deliberadamente.

Para Leary (1996), deve-se realizar uma distinção entre as impressões que

um indivíduo quer que outro forme, e neste caso ele as classifica como “impressões

calculadas”, e as impressões sobre as quais o indivíduo não possui a intenção que o

outro forme, chamadas de “impressões secundárias”.

Conforme Grove e Fisk (1989), as atuações ou performances empreendidas

podem ser tanto “sinceras”, no caso de o ator considerar ou acreditar em sua

atuação, quanto “cínicas”, quando a atuação é vista pelo ator apenas como um meio

para atingir um determinado fim.

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Tal afirmação, de acordo com Rosenfeld (1997), mostra que, apesar de certas

formas de gerenciamento de impressões serem usadas de maneira desonesta,

outras envolvem a apresentação honesta e acurada dos atributos de sujeitos ou

objetos. Ver os comportamentos de gerenciamento de impressões como

inerentemente manipulativos ou desonestos seria, portanto, um exagero.

Outro fator importante a ser levado em conta é a natureza das ações

empreendidas. De acordo com Gardner e Martinko (1988), estas podem ser

“assertivas”, nos casos em que se deseja estabelecer uma identidade em particular

para uma determinada audiência, ou seja, as ações do ator são voltadas para

melhorar sua identidade social. Já quando estes comportamentos são reativos, as

ações por ele empregadas são consideradas “defensivas”, e ocorrem geralmente

quando o ator se encontra em situação difícil, e suas ações são utilizadas para

proteger uma imagem já estabelecida perante determinado público. No decorrer

deste trabalho serão detalhadas as táticas e estratégias geralmente utilizadas em

ambos os casos.

As ações podem ser também diretas, quando são utilizadas para criar e

maximizar aspectos favoráveis da organização, como podem ser indiretas, quando

são aplicadas para projetar ou proteger a imagem por meio de terceiros (pessoas ou

outras instituições) que possam ser, de alguma forma, associados à organização,

tais como clientes, fornecedores ou parceiros (MOHAMED, GARDNER e PAOLILLO,

1999 apud OLIVEIRA, 2014). As várias dimensões do gerenciamento de impressões

evidenciadas até aqui podem ser visualizadas na Figura 2.

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Figura 2: Dimensões do Gerenciamento de Impressões

Fonte: Elaboração própria com base em Medeiros (2013, p. 21)

As definições de dimensões do gerenciamento de impressões demostram que

o seu uso não pode ser generalizado como uma iniciativa boa ou ruim, para cada

caso é necessário avaliar os aspectos relevantes de sua aplicação, para então ser

possível interpretar se determinada ação pode ser considerada verdadeira ou

dissimulada.

2.1.1.Estratégias e táticas de gerenciamento de impressões

O uso do Gerenciamento de Impressões abrange tanto questões estratégicas

quanto táticas. As estratégias de GI são consideradas quando os comportamentos

adotados possuem intenção de obter resultados de longo prazo. Em contrapartida os

comportamentos táticos possuem intenção de obter resultados de curto prazo

(ROSENFELD, 1997).

Uma classificação sobre estratégias de gerenciamento de impressões

amplamente aceita e adotada é a apresentada por Jones e Pittman (1982),

contemplando cinco tipos de estratégias utilizadas pelos atores sociais, conforme

apresentado no Quadro 1. Os autores defendem que os atores podem adotar

Ações diretas x indiretas

Mohamed, Gardner e

Paolillo (1999)

Impressões calculadas x secundárias

Leary (1996)

Atuações sinceras x cínicas

Grove e Fisk (1989)

Comportamento assertivo x defensivo Gardner e Martinko (1988)

Intencionalidade

Mendonça et al (1999); Malle, Moses e Baldwin

(2001)

Dimensões do Gerenciamento de

Impressões

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estratégias de GI de insinuação, autopromoção, exemplificação, intimidação e

suplicação no sentido de serem percebidos, respectivamente, como atraentes,

competentes, moralmente confiáveis, perigosos e merecedores de pena. (JONES E

PITTMAN, 1982)

Quadro 1: Estratégias de gerenciamento de impressões

Estratégia Definição Atribuições buscadas

Emoção despertada

Atribuições Negativas Possíveis

Insinuação Que o ator usa para fazê-lo parecer mais atrativo e simpático para os outros

Agradável Afeto Bajulador

Autopromoção Comportamentos que apresentam o ator como altamente competente, com atenção para certas habilidades ou aptidões

Competente e eficaz

Respeito Fraudulento e convencido

Exemplificação Comportamentos que apresentam o ator como moralmente confiável. Pode ser desenhado para induzir a simulação dos seguidores.

Confiável e dedicado

Culpa Hipócrita, e explorador

Intimidação Comportamentos que apresentam o ator como uma pessoa perigosa. Capaz de tomar medidas extremas caso for prejudicado.

Perigoso e cruel

Medo Falastrão e ineficaz

Suplicação Comportamentos que apresentam o ator como desamparado, vítima de uma situação.

Desamparado e infeliz

Solidariedade Autodepreciação

Fonte: Jones e Pittman (1982)

A primeira das estratégias apresentadas no Quadro 1 é a insinuação, por

meio da qual o indivíduo acredita que, mostrando-se como alguém agradável e

amigável, o outro indivíduo irá favorecê-lo (CARVALHO e GRISCI, 2002).

A autopromoção, segunda estratégia, conforme descrevem Mendonça e

Correia (2008), ocorre quando o indivíduo exalta suas qualidades que são mais

relevantes para determinado público, visando ter a imagem de extremamente

competente.

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A exemplificação, por sua vez, é utilizada quando o objetivo do ator é

expressar uma imagem de virtudes morais, como honestidade, lealdade e ética

(CARVALHO; GRISCI, 2002). Para Mendonça e Correia (2008), pode ser

evidenciada na pessoa que serve de exemplo para outras, ainda que, em que alguns

casos, isso traga sofrimento para a própria, e que ela possa até mesmo ser vista

como mentirosa ou arrogante, por se mostrar perfeita demais.

A estratégia seguinte é a intimidação que, conforme Carvalho e Grisci (2002),

é aquela em que o ator transmite uma imagem de que é capaz de agredir

fisicamente ou verbalmente quem o desafia, ou tomar medidas extremas para punir

quem o prejudica. Essa estratégia, de acordo com Mendonça e Correia (2008), é

geralmente empregada por aqueles que possuem posições mais altas nas

hierarquias.

A última estratégia, a suplicação, de acordo com Mendonça e Correia (2008),

é utilizada por indivíduos que demostram fraqueza, dependência ou inabilidade para

conseguir poder, uma vez que outras pessoas sentem-se obrigadas a ajudá-las. É

também utilizada quando o ator deseja passar uma imagem de que passa por

dificuldades por ter sido lesado por outros injustamente.

A partir de uma revisão de literatura sobre o tema gerenciamento de

impressões, Mendonça et al. (2003) descrevem um conjunto de táticas que podem

ser utilizadas pelo ator no curto prazo, conforme demonstra o Quadro 2. Nestes

casos, é possível identificá-las tanto em situações em que os atores desejam

construir e afirmar uma imagem positiva, quanto em situações em que sua imagem é

atingida e os mesmos pretendem defendê-la.

Quadro 2: Táticas de gerenciamento de impressões

Táticas/Comportamentos Definição/Descrição

Adequar-se à situação Comportar-se do modo que a situação requeira

Ambiente físico

Controlar o ambiente físico em que as interações acontecem. Controlar o cenário das interações

Aplauso Explicitar acontecimentos favoráveis para maximizar as implicações desejáveis para si mesmo

Associação social Usar uma abordagem pessoal direta, forte e enérgica

Atribuições públicas Intensificar ou proteger a própria imagem administrando informações sobre pessoas e coisas com as quais se está associado

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Continuação

Autodescrição Transmitir informações acerca de si mesmo por meio de descrições verbais

Comportamentos não-verbais Expressar informações sobre a personalidade, humor, opiniões e estados físicos e psicológicos por meio de expressões faciais, aparência física, olhar e linguagem corporal

Comportamento pró-social Engajar-se em ações pró-sociais para criar uma imagem positiva ou para reconciliar uma transgressão aparente e convencer uma audiência de que o ator merece uma identidade positiva

Conformidade e concordância

Concordar com a opinião de alguém, ou de algum grupo a fim de ganhar sua aprovação.

Culpar e atacar outros

Culpar outros pela falha do ator ou minimizar as realizações de outros

Desculpas

Admitir a responsabilidade por um acontecimento indesejável e ao mesmo tempo tentar conseguir o perdão para tal ação

Dispositivos de memória

Distorcer reconstruir ou fabricar memórias durante interações sociais, visando ao alcance de objetivos sociais

Enfatizar similaridade

Destacar similaridades nos objetos, hobbies etc., e se comportar de maneira similar à daqueles com que se está interagindo

Explicações

Explicar um evento, buscando minimizar a severidade aparente de uma situação difícil

Exposição de atitudes

Expressar suas atitudes no sentido de influenciar as impressões de outros

Justificativas

Explicar um acontecimento que cria desconforto visando minimizar a aparente gravidade do desconforto

Lisonja

Cumprimentar outros por suas virtudes num esforço para parecer perspicaz e amável

Manipulação ambiental físicos

Modificar a situação, por intermédio da manipulação de aspectos, de tal forma que o outro seja levado a aceitar a influência do ator

Persuasão

Convencer a outra parte quanto ao ponto de vista do ator, pelo uso seletivo de argumentação racional

Restituição

Oferecer compensações, as quais são estendidas pelo ator ao ofendido, ferido ou, por outro lado, uma audiência prejudicada

Retratação Utilizar explicações dadas antes de uma ação potencialmente embaraçosa para repelir qualquer repercussão negativa à imagem do ator

Ritualização e simbolização

Usar cerimônias formais e símbolos de poder para aumentar ou consolidar a posição do ator. Dramatizar interações

Self-handicapping Demonstrar impedimentos os quais reduziriam a probabilidade de um bom desempenho, mas os quais provêm uma desculpa plausível para fracasso.

Troca de favores ou benefícios

Trocar favores (presentes ou futuros) ou obrigações com outro, de acordo com interesses do ator. Fazer algo bom para alguém para ganhar a aprovação dessa pessoa

FONTE: Mendonça et al. (2003)

É importante ressaltar que o uso destas estratégias e táticas de GI mostra-se

como uma ferramenta a ser utilizada pelas companhias no relacionamento com o

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seu público alvo. Os estudos mais recentes buscam relacioná-las, também, às ações

empreendidas pelas organizações.

No Brasil, Carrera (2012), utilizou o gerenciamento de impressões para

analisar o “self” a partir do compartilhamento de músicas, letras e vídeos em redes

sociais. O resultado encontrado identificou diversas estratégias e táticas de GI que

foram utilizadas pelos usuários.

Estudo similar foi apresentado por Medeiros (2013), que analisou a influência

do gerenciamento de impressões realizado por um usuário sobre a efetividade de

outro usurário, no uso de uma rede social virtual por eles compartilhada. A autora

constatou que uma parcela dos participantes da pesquisa, em sua auto percepção,

observou que pratica as técnicas do gerenciamento de impressões de forma

negativa, em suas ações nas redes sociais virtuais.

De acordo com Ferreira, Gondima e Pilati (2014), que abordaram o

gerenciamento de impressões e tomada de decisão em entrevistas de emprego, o

resultado encontrado demonstrou que as estratégias de autopromoção e de

exemplificação são as que mais influenciam positivamente a avaliação do

entrevistador.

O estudo de Oliveira (2014) buscou analisar o gerenciamento de impressões

a respeito da responsabilidade social e ambiental da Renault do Brasil, na

perspectiva da empresa e de seus stakeholders. Diante dos resultados da pesquisa,

o autor constatou que, dentre as táticas assertivas, pôde-se observar a presença do

comportamento de insinuação, uma vez que a Renault tenta projetar uma imagem

de forma a parecer mais atrativa ao mercado. Dentre as táticas defensivas

observaram-se os comportamentos de retratação, uma vez que a montadora tende a

dar explicações e se antecipar sobre ações que possam causar repercussões

negativas no futuro.

Já o trabalho conduzido por Carvalho (2015) apresentou uma análise sobre o

gerenciamento de impressões em relatórios de administração de companhias

brasileiras de capital aberto. O autor verificou que os gestores tentam gerenciar a

impressão que os acionistas possuem da organização por meio da seletividade de

gráficos de assuntos diversos, que provavelmente são gráficos que dariam boas

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notícias a esse público. Nesta mesma linha de pesquisa, o estudo de Silva (2016)

constatou a possibilidade de ocorrência de estratégias de GI nos relatórios de

administração analisados.

Investigações também são realizadas por pesquisadores de diversos outros

países, como é o caso de Jaiswal e Bhal (2014) em Nova Delhi, na Índia. Em seus

estudos, os autores exploraram o impacto das características dos funcionários

subordinados e a cultura organizacional sobre a utilização de diferentes táticas de

gerenciamento de impressões, por parte dos mesmos, para obter uma boa avaliação

de desempenho. No geral, o estudo mostrou que os funcionários subordinados

exibem flexibilidade comportamental de acordo com a situação, usando diferentes

táticas de GI, a fim de obter uma avaliação positiva.

Os pesquisadores canadenses, Roulin, Bangerter e Levashina (2014)

avaliaram a capacidade de os entrevistadores identificarem a utilização de táticas de

gerenciamento de impressões honestas ou enganosas, por parte dos candidatos em

entrevistas de emprego. O estudo demonstrou uma forte tendência para o

comportamento enganoso por parte dos candidatos, e uma baixa capacidade dos

entrevistadores em detectar o uso das táticas de GI empregadas por eles, uma vez

que até 31% dos candidatos que forneceram respostas falsas poderiam ter sido

contratados, o que sugere que se os entrevistadores tivesse conhecimento da teoria

de gerenciamento de impressões ganhariam eficiência em suas escolhas.

O estudo de Cheng, Chiu e Chang (2015) teve por objetivo investigar os

efeitos interativos do desempenho das táticas de GI sobre os resultados de carreira,

baseado em um levantamento de 195 duplas de empregado e supervisor, de várias

indústrias em Taiwan. O resultado demonstrou que os funcionários que empregaram

as táticas do gerenciamento de impressões em suas tarefas tiveram reajuste salarial

e satisfação profissional maiores que os que não empregaram.

Já o estudo de Frühauf et al (2015), realizado na Suíça, examinou as táticas

de gerenciamento de impressões dos pacientes em relação aos seus terapeutas. Foi

constatado pelos pesquisadores que cerca de 30% dos pacientes fizeram uso de

táticas de GI, sendo as mais frequentes a suplicação e a autopromoção.

Page 52: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

51

Como se observa, esse tema tem sido explorado, já há algum tempo e ainda

recentemente, em diferentes lugares do mundo e em distintos contextos, sinalizando

que se trata de uma técnica relevante e que merece a atenção dos pesquisadores.

Percebe-se que os resultados dos estudos apresentados demonstram que

pessoas e organizações tentam, de diferentes maneiras, transmitir e influenciar sua

plateia, tanto nos casos em que buscam construir uma imagem positiva, quanto

naqueles em que é esperado reduzir os danos de uma repercussão negativa.

Procurando compreender essa dinâmica no âmbito das ações de

comunicação da Petrobras, este estudo desenvolveu a metodologia descrita a

seguir.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Para o desenvolvimento deste estudo, serão apresentados os procedimentos

metodológicos que foram utilizados na pesquisa para a consecução de seu objetivo,

que é identificar as ações de gerenciamento de impressões empreendidas pela

Petrobras por meio de suas atividades institucionais de comunicação, no Blog Fatos

e Dados, no período de 2013 a 2016. A classificação da pesquisa está apresentada

no Quadro 3.

Quadro 3: Natureza do estudo e método de pesquisa Quanto aos fins Descritiva Gil (2009)

Quanto à abordagem Qualitativa Godoy (1995); Flick (2009)

Quanto aos meios Estudo de caso Yin (2015); Gil (2009); Bruyne, Herman e Schoutheete (1977)

As técnicas para coleta e análise de dados

Pesquisa documental e Análise de conteúdo

Godoy (1995); Bardin (2011); Colbari (2014)

Fonte: Elaborado pelo autor

No que se refere aos fins, o estudo se caracteriza como de natureza

descritiva, pois, segundo Gil (2009), o pesquisador possui um conhecimento prévio

das teorias e modelos que serão utilizados para a análise das informações

encontradas.

A respeito da abordagem, pode-se afirmar que trata-se de uma pesquisa

qualitativa, pois, conforme definido por Godoy (1995), parte de uma questão ampla,

que será aos poucos delineada no decorrer do desenvolvimento do trabalho. Esse

tipo de pesquisa, de acordo com a autora, não busca quantificar os dados, muito

menos usa instrumentos estatísticos para analisá-los. Ela busca, ao contrário disso,

partir de questões ou focos de interesse amplos, que vão se tornando mais diretos e

específicos no transcorrer da investigação. As abstrações são construídas a partir

dos dados, num processo de baixo para cima, exatamente como se busca fazer

neste estudo.

Segundo Flick (2009), a pesquisa qualitativa tem como característica

posicionar o observador no mundo, uma vez que posiciona o pesquisador para

estudar as coisas em seus contextos naturais, na tentativa de entender ou

interpretar os fenômenos em termos dos sentidos que as pessoas lhe atribuem.

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Quanto aos meios, nesta pesquisa optou-se por um estudo de caso. Diversos

autores (YIN, 2015; GIL, 2009; BRUYNE, HERMAN E SCHOUTHEETEM, 1977)

ressaltam a importância e as características dos estudos de caso em pesquisas na

área de administração.

Segundo Yin (2015), quando se pretende investigar a respeito de um conjunto

de eventos contemporâneos, o uso do estudo de caso é adequado. O autor

acrescenta que o estudo de caso é uma pesquisa empírica que busca analisar um

fenômeno dentro de seu contexto real, especialmente quando os limites entre ambos

não estão claramente definidos.

Alguns propósitos dos estudos de caso são apontados por Gil (2009): 1)

explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; 2)

preservar o caráter unitário do objeto estudado; 3) descrever a situação do contexto

em que está sendo feita uma determinada investigação; 4) formular hipóteses ou

desenvolver teorias e 5) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em

situações complexas que não permitam o uso de levantamentos e experimentos.

Bruyne, Herman e Schoutheete (1977) justificam que a opção do estudo de

caso faz sentido quando se reúnem informações numerosas e detalhadas que

possibilitem compreender a totalidade de uma situação. A qualidade das

informações mais detalhadas contribui para um maior conhecimento do pesquisador

e uma possível resolução dos problemas escolhidos sobre o assunto estudado.

A técnica utilizada para coleta de dados é a pesquisa documental. A palavra

documentos, segundo Godoy (1995), pode ser entendida, neste caso, de forma

ampla, incluindo documentos oficiais, fontes estatísticas e publicações

administrativas e bibliográficas (jornais, revistas, livros, teses e dissertações), além

de sites na Internet.

No caso deste trabalho, os documentos consultados consistiram basicamente

em publicações do Blog Fatos e Dados da Petrobras. Tal escolha se deveu pelo fato

de ser um veículo institucional, por meio do qual a empresa divulga suas

informações e se posiciona em relação a reportagens da mídia. As publicações da

Petrobras no Blog Fatos e Dados, e reportagens que a empresa buscou responder e

explicar por meio de suas publicações, no período de 2013 a 2016, constituem

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casos representativos; assim, contrastando o conteúdo das publicações dos veículos

de comunicação com as respostas e publicações da empresa no Blog Fatos e

Dados, foi possível identificar o uso do gerenciamento de impressões por parte da

companhia.

A análise de conteúdo foi utilizada como técnica de análise dos dados.

Conforme descreve Bardin (2011), trata-se de um conjunto de técnicas de análise

das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição

do conteúdo das mensagens.

De acordo com Bardin (2011), a análise de conteúdo inclui três etapas, sendo

elas a pré-análise, que é a fase em que se organiza o material a ser analisado, com

o objetivo de torná-lo operacional a partir da sistematização das ideias iniciais.

Posteriormente à pormenorização do material, tem-se a etapa de exploração do

material, com a definição de categorias, a identificação das unidades de registro e

das unidades de contexto nos documentos. Por fim, vem o tratamento dos

resultados, inferência e interpretação, em que ocorre a condensação e o destaque

das informações para análise, culminando nas interpretações inferenciais; é o

momento da intuição, da análise reflexiva e crítica.

Para Colbari (2014), considerando o ecletismo e a maleabilidade dessa

técnica de tratamento de dados não numéricos, aplicável em um campo vasto e

diversificado, é possível entender a análise de conteúdo como um conjunto de

técnicas de análise das comunicações, ao gosto de diferentes opções teóricas, mas

afinada com a natureza do problema de pesquisa e com a criatividade do

investigador.

Trata-se, portanto, de uma ferramenta de pesquisa que possibilita

compreender e explicar opiniões, condutas e ações (individuais e sociais),

apreendidas em um contexto de dados, textuais e/ou simbólicos.

De acordo com Colbari (2014), para o desenvolvimento de uma pesquisa em

que a análise de conteúdo se aplica na organização e no tratamento do material, é

necessário o cumprimento de operações básicas, conforme sintetiza o Quadro 4.

Page 56: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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Quadro 4: As etapas da análise de conteúdo

Etapas Operações básicas

Antecedentes Delimitação dos objetivos da pesquisa e do quadro de referências conceituais: a construção de um problema e sua contextualização teórica.

Constituição de um corpus Escolha ou produção dos documentos/materiais a serem analisados.

Exploração do material

Leitura dos documentos/materiais; Definição do referencial de codificação; Decomposição em unidades de análise; Agregação das unidades em temas e/ou categorias (categorização).

Tratamento dos resultados obtidos – a interpretação

Elaboração de quadros, diagramas, figuras e modelos com a apresentação dos resultados; Resultados submetidos a provas de validação; Proposição de inferências e interpretações.

Fonte: Bardim (2011); Colbari (2014)

As informações obtidas por meio da análise documental formaram uma base

por meio da qual foi possível comparar o contexto com a base teórica escolhida para

interpretar os fatos. No Quadro 5 são apresentados os instrumentos de coleta e

fonte de dados que foram analisados para atender aos objetivos específicos

propostos.

Quadro 5: Estrutura Metodológica

Objetivos específicos Instrumentos de Coleta e Análise

Unidades de Análise

Explorar a trajetória da Petrobras e o seu histórico de interação com a sociedade por meio de canais institucionais de comunicação.

Pesquisa documental Livros, Artigos, monografias, teses, dissertações, reportagens, revistas, jornais, relatórios, sites da internet.

Identificar ações que apontem práticas da Petrobras elencadas na teoria do gerenciamento de impressões.

Análise de Conteúdo Petrobras (Blog Fatos e dados)

Fonte: Elaborado pelo autor (2016).

O presente estudo foi desenvolvido com base nas três etapas estabelecidas

pela análise de conteúdo. A primeira, pré-análise, aconteceu no momento de

identificação das publicações e reportagens. O Blog possui as publicações

separadas por sessões, data e pelo mecanismo de busca. Para este estudo foram

escolhidas publicações que abordam os assuntos entendidos como mais relevantes

e divulgados pelos canais de imprensa, totalizando 101 publicações da empresa no

Blog e 39 reportagens relacionadas, uma vez que foram respondidas pela Petrobras

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por meio do Blog, totalizando 140 publicações analisadas, conforme demonstrado na

Tabela 2.

Vale ressaltar que a escolha dos casos foi feita com base nos assuntos mais

recorrentes no capítulo de contextualização da empresa, e que estão relacionados

com a crise que a empresa busca superar.

Tabela 2: Notícias por caso no blog Fatos e Dados Casos Publicações no Blog Reportagens

Relacionadas

Operação Lava Jato 30 11

Refinaria de Pasadena 26 13

CPI 9 6

Pré-Sal 36 9

TOTAL 101 39

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A segunda etapa, exploração do material, consistiu em analisar cada

publicação encontrada na etapa anterior, retirando delas os trechos em que é

possível demonstrar o uso de estratégias ou táticas de GI consideradas como mais

evidentes, uma vez que outras estratégias e táticas também poderiam ser

encontradas em cada publicação.

Ressalta-se que, em alguns casos, os trechos selecionados poderiam ser

associados tanto a uma estratégias quanto a uma tática de GI. Nesses casos, o

critério de escolha foi baseado na definição de Rosenfeld (1997), que define as

estratégias como vinculadas a outras ações de longo prazo, e as táticas como ações

isoladas, uma vez que possuem o intuito de atingir rapidamente o objetivo

pretendido.

Ainda na segunda etapa, os trechos selecionados das publicações foram

agrupados em categorias, de acordo com as estratégias ou táticas estabelecidas

pela teoria do gerenciamento de impressões. Desta forma, foi verificado se os

trechos selecionados no blog se enquadraram em uma das estratégias de

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insinuação, autopromoção, exemplificação, intimidação e suplicação, ou em alguma

das táticas de Gerenciamento de Impressões apresentadas no Quadro 2.

Em algumas publicações, a empresa utilizou-se do Blog para responder a

questionamentos e acusações da imprensa. Nestes casos, o presente estudo

apresentou uma breve exposição de tais reportagens e da resposta apresentada

pela empresa, realizando posteriormente a identificação da estratégia ou tática

adotada pela empresa.

Por fim, na última etapa, tratamento dos resultados, inferência e interpretação,

foram verificadas as estratégias de gerenciamento de impressões mais utilizadas

pela empresa em cada caso, e em quais circunstâncias estas estratégias foram

usadas.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Com base nas publicações feitas pela Petrobras, por meio do Blog Fatos e

Dados, os assuntos foram divididos em quatro casos, conforme apresentado na

Tabela 2. A escolha desses casos se deu em função de sua relevância no período

analisado neste estudo, conforme demonstrado na introdução deste trabalho. Ao

descrever cada um deles, foram seguidas as três etapas estabelecidas na

metodologia para a análise de conteúdo. Em um primeiro momento, foram feitas

buscas no blog fatos e dados, utilizando as palavras chave de cada assunto, e

retiradas publicações para análise posterior.

Na segunda etapa, as publicações e as reportagens relacionadas a elas

foram organizadas em quadros e identificadas as categorias de estratégias ou

táticas de gerenciamento de impressões utilizadas pela empresa que melhor se

relacionaram com cada publicação. Por fim, na última etapa, foi feita a interpretação

dos resultados, identificando em quais momentos e situações cada uma das

estratégias e táticas de gerenciamento de impressões foi empregada pela Petrobras

em suas publicações.

4.1. Caso 1: Operação Lava Jato

O primeiro caso observado refere-se ao posicionamento da empresa em

relação à Operação Lava Jato. De acordo com Portelinha (2015), as investigações

do esquema revelaram que algumas empreiteiras formaram um cartel e estipularam

regras para distribuir obras, formando o chamado "clube de empreiteiras”. Estas

empresas pagavam propina a políticos e ex-funcionários da estatal para aumentar a

margem de lucro e obter favores, fraudando licitações.

Segundo Portelinha (2015), a Polícia Federal e o MPF calcularam, em 2014,

um prejuízo de R$ 19 bilhões causado pela corrupção na Petrobras, três vezes o

valor admitido pela companhia em seu balanço de 2014, conforme descrito na

contextualização da empresa, na introdução deste trabalho.

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De acordo com reportagem publicada pelo portal G111, os resultados da força-

tarefa, até dezembro de 2016, revelaram a devolução de recursos para a Petrobras

que atingiram a cifra de R$500 milhões, e o prejuízo estimado atualizado seria de

R$40 bilhões. Dos 259 acusados de envolvimento no esquema, 87 já foram

condenados, dentre eles seis ex-funcionários da Petrobras. Foram expedidos 182

mandados de prisões preventivas e temporárias, além de 187 mandados de

conduções coercitivas.

De acordo com reportagem do jornal O Globo12, publicada em setembro de

2015, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, primeiro funcionário a delatar o

esquema de corrupção na Petrobras, afirmou que sem apoio político não era

possível conseguir um cargo na diretoria da Petrobras. Segundo Costa, o esquema

de indicações de diretores, com o objetivo de obter retorno financeiro a partidos,

teve início em 2003, durante o primeiro ano de governo do ex-presidente Luiz Inácio

Lula da Silva.

Em matéria publicada em dezembro de 2015 no jornal Estado de São Paulo13,

foi revelado que, em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Lula negou a sua

participação no processo de escolha de diretores da Petrobras. De acordo com a

reportagem, o ex-presidente afirmou que as indicações de Paulo Roberto Costa pelo

Partido Progressista (PP), Nestor Cerveró pelo Partido da Mobilização Democrática

Brasileira (PMDB) e Renato Duque pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foram

negociadas diretamente com José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil em seu

governo, e que somente após firmados os acordos políticos recebia o nome dos

diretores indicados pelos partidos.

Em agosto de 2016, de acordo com matéria do jornal Correio Brasiliense14, o

Ministério Público Federal entregou à justiça documentos que atribuem ao ex-

presidente Lula participação ativa no esquema criminoso na Petrobras, apontando

11 Disponível em: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/12/lava-jato-fecha-o-ano-com-o-maior-numero-de-fases-desde-2014.html>. Acesso em 16 jan. 2017 12 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/indicacoes-politicas-na-petrobras-comecaram-em-2003-afirma-paulo-roberto-costa-17484461>. Acesso em 16 jan. 2017 13 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/lula-atribui-a-dirceu-indicacao-de-diretores-para-a-petrobras/>. Acesso em 16 jan. 2017 14 Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2016/08/05/internas_polbraeco,543338/mpf-diz-que-lula-participou-ativamente-de-esquema-criminoso-na-petro.shtml>. Acesso em 16 jan. 2017

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que o ex-presidente não só tinha conhecimento do estratagema criminoso, como se

beneficiou dele.

Por meio das trinta publicações do Blog Fatos e Dados analisadas,

referente à Operação Lava Jato, foi identificado o uso das estratégias de

gerenciamento de impressões: autopromoção, intimidação e suplicação; e das

táticas: culpar e atacar os outros, dispositivos de memória, explicações, exposição

de atitudes e justificativas, conforme demonstra o Quadro 6.

Quadro 6: Publicações sobre o Caso “Operação Lava Jato” Nº Titulo Data Disponível em: Estratégia de

GI Tática de GI

1 João Elek toma posse como diretor de governança risco e conformidade

19/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/joao-elek-toma-posse-como-diretor-de-governanca-risco-e-conformidade.htm

Autopromoção

2 Nossos resultados operacionais não param de crescer e a determinação é maior a cada dia

30/11/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/nossos-resultados-operacionais-nao-param-de-crescer-e-a-determinacao-e-maior-a-cada-dia.htm

Autopromoção

3 Recebemos mais R$ 204 milhões recuperados pela operação lava-jato

18/11/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/recebemos-mais-r-204-milhoes-recuperados-pela-operacao-lava-jato.htm

Intimidação

4 Encerramos apurações sobre contratos com Hope e Personal e sobre benefício farmácia

06/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/encerramos-apuracoes-sobre-contratos-com-hope-e-personal-e-sobre-beneficio-farmacia.htm

Intimidação

5 Diretor de governança riscos e conformidade faz balanço das ações da área

09/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/diretor-de-governanca-riscos-e-conformidade-faz-balanco-das-acoes-da-area.htm

Intimidação

6 Esclarecimento sobre notícias contrato com a Braskem

21/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-noticias-contrato-com-a-braskem.htm

Intimidação

7 Esclarecimento sobre operação lava-jato

16/11/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-operacao-lava-jato.htm

Suplicação

8 Esclarecimento da Petrobras Distribuidora sobre denúncias no âmbito da operação lava-jato

20/01/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-da-petrobras-distribuidora-sobre-denuncias-no-ambito-da-operacao-lava-jato.htm

Suplicação

9 Pedimos para ingressar como assistente do MPF nas ações da Lava Jato

27/04/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pedimos-para-ingressar-como-assistente-do-mpf-nas-acoes-da-lava-jato.htm

Suplicação

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61

Continuação

10 Esclarecimento sobre notícias, depoimentos relacionados a operação lava-jato

17/10/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pedimos-para-ingressar-como-assistente-do-mpf-nas-acoes-da-lava-jato.htm

Suplicação

11 Contratos no exterior, resposta ao Valor

23/09/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-noticias-depoimentos-relacionados-a-operacao-lava-jato.htm

Suplicação

12 Novo presidente apresenta os pilares que devem orientar nossa administração

02/06/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/contratos-no-exterior-resposta-ao-valor.htm

Suplicação

13 Divulgamos nota de esclarecimento

08/09/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/novo-presidente-apresenta-os-pilares-que-devem-orientar-nossa-administracao.htm

Culpar e atacar outros

14 Divulgamos os resultados do 3º trimestre 2014 não revisados

28/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/divulgamos-nota-de-esclarecimento.htm

Dispositivos de memória

15 Comunicado sobre ação judicial nos Estados Unidos

10/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/divulgamos-os-resultados-do-3-trimestre-2014-nao-revisados.htm

Explicações

16 Moody´s revê nossa classificação de risco

09/12/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/comunicado-sobre-acao-judicial-nos-estados-unidos.htm

Explicações

17 Esclarecimento sobre notícias de contas vinculadas

01/12/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/moody-s-reve-nossa-classificacao-de-risco-1.htm

Explicações

18 Vamos em frente 27/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-noticias-contas-vinculadas.htm

Explicações

19 Controle de contas bancárias resposta ao jornal O Globo

09/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/vamos-em-frente.htm

Explicações

20 Realizaremos apuração interna sobre entrega de brindes, resposta ao O Globo

28/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/controle-de-contas-bancarias-resposta-ao-jornal-o-globo.htm

Exposição de atitudes

21 Estamos atuando para superar nossos desafios, conheça nossas providências na operação lava-jato

10/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/realizaremos-apuracao-interna-sobre-entrega-de-brindes-resposta-ao-globo.htm

Exposição de atitudes

22 Relatórios das comissões internas de apuração foram enviados as autoridades competentes

01/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/estamos-atuando-para-superar-nossos-desafios-conheca-nossas-providencias-na-operacao-lava-jato.htm

Exposição de atitudes

23 Lançamos novo canal de denúncia

18/11/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/relatorios-das-comissoes-internas-de-apuracao-foram-enviados-as-autoridades-competentes.htm

Exposição de atitudes

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62

Continuação

24 Contratos com a Odebrecht, resposta a folha

18/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/lancamos-novo-canal-de-denuncia.htm

Exposição de atitudes

25 Programa anticorrupção, respostas ao jornal O Globo

01/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/contratos-com-odebrecht-resposta-a-folha.htm

Exposição de atitudes

26 Bloqueio cautelar de empresas, resposta ao Upstream

29/08/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/programa-anticorrupcao-respostas-ao-jornal-o-globo.htm

Exposição de atitudes

27 Carta a coluna de Dora Kramer

28/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/bloqueio-cautelar-de-empresas-resposta-ao-upstream.htm

Exposição de atitudes

28 Campanha publicitária, respostas à agência estado

04/02/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-a-coluna-de-dora-kramer.htm

Justificativas

29 Ação indenizatória de minoritários, resposta a Folha

13/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/campanha-publicitaria-respostas-a-agencia-estado.htm

Justificativas

30 Petrobras Distribuidora nega relação com empresa de Youssef

21/03/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/acao-indenizatoria-de-minoritarios-resposta-a-folha.htm

Justificativas

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em dez. 2016.

Como se observa no Quadro 6, a Petrobras se utilizou de estratégias e de

táticas de gerenciamento de impressões. Ao contrário das estratégias, que estão

vinculadas a outras ações de longo prazo, as táticas são ações isoladas, pois

possuem o intuito de atingir rapidamente o objetivo pretendido.

A empresa utilizou-se da estratégia de autopromoção para valorizar seu corpo

técnico de funcionários e as suas conquistas nas operações de exploração de

petróleo, principalmente as do pré-sal, conforme demostrado nos trechos a seguir:

Nossos resultados operacionais não param de crescer. E a determinação é

maior a cada dia (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 2).

Nós batemos todos os recordes operacionais da companhia em 2014.

Batemos o recorde de produção de petróleo, produção de gás natural,

produção de energia e aumentamos a participação de mercado na

distribuição, dentre outros. Estamos tendo o equilíbrio para superar os

problemas decorrentes da Operação Lava Jato, especialmente auxiliando

as Autoridades Públicas para a completa e rápida elucidação dos fatos e em

paralelo conduzimos nossa empresa para que ela continue crescendo e

operando com excelência. Temos o prestígio técnico mas também

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queremos o reconhecimento de nossa governança", ressaltou a presidente

Graça Foster (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 1).

A segunda estratégia utilizada pela estatal foi a intimidação, divulgando a

adoção e pedidos de sanções e punições aos que a prejudicaram de alguma

maneira.

Foram identificados desvios de conduta e de procedimentos que levarão à

demissão de três empregados, suspensão de outros oito, retenções e

cancelamentos de inscrições no programa de demissão voluntária de mais

nove (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS, POST 4).

Desde o início das investigações, temos adotado um conjunto de medidas

jurídicas contra empresas e pessoas, inclusive ex-funcionários e políticos,

que causaram danos financeiros e à nossa imagem (PETROBRAS, 2016

BLOG FATOS E DADOS, POST 3).

Por fim, a última estratégia, a suplicação, foi utilizada pela Petrobras na busca

de evidenciar sua condição de vítima e maior prejudicada, principalmente nos atos

ilícitos praticados identificados pela Operação Lava Jato.

A Petrobras informa ainda que está tomando todas as medidas necessárias

junto às autoridades brasileiras para ser ressarcida pelos prejuízos sofridos

em função dos atos ilícitos denunciados no âmbito da Operação Lava-Jato,

inclusive aqueles à sua imagem (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E

DADOS, POST 11).

No que se refere às táticas empregadas, a de culpar e atacar os outros foi

sistematicamente utilizada pela estatal. Ao direcionar a responsabilidade do que

ocorreu aos indivíduos que participaram das irregularidades praticadas contra a

empresa, buscou-se distanciar dos escândalos de corrupção, na tentativa de

preservar sua imagem institucional.

Atos irregulares, que possam ter sido cometidos por uma pessoa ou grupo

de pessoas, empregados ou não da empresa, não representam a conduta

da instituição Petrobras e de sua força de trabalho constituída por milhares

de empregados (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 13).

A empresa também usou a tática dispositivos de memória, ao trazer para o

presente a representatividade da companhia, desde a sua criação, e as suas

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conquistas históricas, na tentativa de minimizar o impacto causado pelas evidências

de corrupção que envolveram a companhia.

Trabalhamos para que, no futuro próximo, nossa companhia seja

reconhecida por seus métodos de governança e controles internos com a

mesma excelência que tem sido reconhecida ao longo dos anos por sua

capacidade técnica e operacional (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E

DADOS, POST 14).

Outra tática utilizada pela companhia foram as explicações, uma vez que a

empresa buscou esclarecer acontecimentos no intuito de evitar desgastes

decorrentes de denúncias e acusações.

A divulgação das demonstrações contábeis de 2014 representa um ponto

de virada para a nossa empresa, diante dos desafios que temos enfrentado

nos últimos meses, porque reforça o compromisso com a transparência de

nossas atividades e impulsiona iniciativas futuras baseadas neste novo

contexto, como uma abertura maior aos mercados internacionais e o

aumento da confiança de nossos investidores (PETROBRAS, 2015, BLOG

FATOS E DADOS, POST 18).

Já a utilização da tática exposição de atitudes foi utilizada pela Petrobras

quando foi necessário demostrar ao público que, apesar das graves denúncias que a

envolvem, ela não foi conivente e tomou providências para investigar e esclarecer os

fatos.

Para isso, acionamos nossos mecanismos de controle, aprimoramos nossos

padrões e temos colaborado efetivamente com os trabalhos das autoridades

públicas (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 21).

Por fim, o uso da tática justificativas buscou, por meio da explicação ou

contraposição das denúncias, reduzir o impacto prejudicial dos acontecimentos,

minimizando sua importância; alegando desconhecer as informações, ou então

incluindo a sua versão, como no seguinte trecho:

A Petrobras desconhece a existência de qualquer ação judicial movida por

acionistas minoritários no Rio Grande do Sul que verse sobre queda no

preço das ações da Companhia (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E

DADOS. POST 29).

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Convém ressaltar que diversas publicações divulgadas pela empresa foram

motivadas por reportagens e artigos que evidenciaram suas falhas de gestão,

associadas aos resultados financeiros desfavoráveis e aos escândalos de

corrupção.

O portal do jornal Estado de São Paulo 15 publicou uma reportagem em que

relacionou a campanha publicitária com o Slogan “Superação” como uma tentativa

da empresa de reverter a crise de imagem desencadeada pelas denúncias de

corrupção da Operação Lava jato, mesmo a estatal negando essa relação. O jornal

também fez menção à polêmica gerada pela campanha, uma vez que diversos

internautas publicaram comentários irritados com o conteúdo nela exposto.

Em reposta, a Petrobras negou que a campanha publicitária tenha alguma

relação com a Operação Lava Jato, alegando que se trata de uma estratégia

adotada nos últimos anos, para demonstrar suas conquistas e reforçar o histórico de

superação. Neste caso a empresa utilizou a tática justificativas para se defender,

mostrando a sua versão no intuito reduzir o impacto da denúncia.

A campanha não tem por objetivo tratar de nenhuma questão relacionada à

Operação Lava Jato. Nos últimos anos, a Petrobras vem desenvolvendo

sempre uma grande campanha institucional anual, a fim de comunicar os

desafios da empresa e contribuir para a implementação de sua estratégia

corporativa e os resultados do negócio. A campanha "Superação" segue

este padrão, reforçando o histórico de superação de desafios, à luz do

contexto atual, em que somam-se objetivos de performance operacional

com o aprimoramento da governança e conformidade na gestão da

empresa (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 28).

A colunista Dora Kramer, do jornal Estado de São Paulo, publicou um artigo

no portal16 referindo-se à ofensiva do governo para inviabilizar os trabalhos de

investigações sobre a Petrobras no Congresso. De acordo com a colunista, o ex-

presidente Lula ordenou que a base governista evitasse a CPI. Apesar da estratégia

de barrar o inquérito no congresso, o artigo revelou que investigações na Policia

Federal, Ministério Público e Tribunal de Contas da União já se encontravam

15 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,superacao-vira-slogan-em-propaganda-da-petrobras,1629127>. Acesso em 31 dez. 2016 16 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,nao-da-para-controlar-imp-,1172001>. Acesso em 31 dez. 2016

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adiantadas, e apontavam para a existência de uma organização criminosa atuando

dentro da estatal. A Petrobras respondeu informando que já havia instaurado

comissão interna de apuração e estaria contribuindo com as autoridades. Utilizando

a tática exposição de atitudes, a empresa buscou se mostrar proativa em relação às

denúncias, e estabeleceu diversas medidas para colaborar com as investigações.

A Petrobras reafirma que trata-se da linha de investigações da Polícia

Federal do Distrito Federal, não representando, concretamente, nenhuma

conclusão do trabalho investigativo, que ainda está em curso. A companhia

reitera também que, além de ter instaurado Comissões Internas de

Apuração, está colaborando com os trabalhos das Autoridades Públicas, a

fim de contribuir com as respectivas investigações (PETROBRAS, 2015,

BLOG FATOS E DADOS, POST 27).

O portal do jornal Folha de São Paulo publicou reportagem17 noticiando o

pedido de um Delegado da Polícia Federal para que a Petrobras informasse todos

os negócios firmados com a empreiteira Odebrecht desde 2005. De acordo com a

reportagem, o prazo estabelecido pelo delegado não fora cumprido pela empresa,

que alegou ter dificuldades em fazê-lo, pois não tinha o CNPJ das organizações de

interesse da investigação. A Petrobras informou que havia entregado as informações

no dia da publicação, e que a empresa mantivera postura de efetiva colaboração.

Neste caso também foi utilizada a tática exposição de atitudes.

A Petrobras informa que prestou hoje, 17/12/2014, as informações

solicitadas nos autos do inquérito policial que investiga a Odebrecht.

Solicitações como estas têm sido feitas costumeiramente e vêm sendo

atendidas pela Companhia. A Petrobras mantém sua postura de efetiva

colaboração com as autoridades públicas que estão conduzindo as

investigações no âmbito da Operação Lava Jato (PETROBRAS, 2015,

BLOG FATOS E DADOS, POST 24).

Em outra reportagem no portal da Folha de São Paulo18, foi revelado que um

grupo de investidores, representado por um advogado de Porto Alegre, iria ingressar

com uma ação na justiça contra a empresa e a União. O pedido de indenização

financeira teria como justificativa reparar as perdas financeiras acumuladas com a

17 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/12/1563901-delegado-da-lava-jato-cobra-petrobras-sobre-contratos-com-odebrecht.shtml>. Acesso em 31 dez. 2016

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queda do preço das ações da companhia na bolsa de valores após o escândalo da

Operação Lava Jato. Os investidores pagaram cerca de quarenta e oito reais por

ação em 2008, sendo que os mesmos papéis eram cotados em oito reais e noventa

centavos em janeiro de 2015. A reportagem também revelou que um grupo de

investidores anunciou a abertura de um processo semelhante nos Estados Unidos.

Nesse episódio, a Petrobras utilizou a tática justificativas, uma vez que não

esclareceu a denúncia justificando desconhecer a ação.

A Petrobras desconhece a existência de qualquer ação judicial movida por

acionistas minoritários no Rio Grande do Sul que verse sobre queda no

preço das ações da Companhia (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E

DADOS. POST 29).

O portal do jornal O Globo publicou uma reportagem19 revelando que os ex-

diretores da Petrobras incriminados na Lava Jato aprovaram a adoção de políticas

anticorrupção na empresa. De acordo com o Jornal, em 2003 iniciaram as tratativas

de adesão ao Paci (Partnering Against Corruption Initiative), iniciativa do Fórum

Econômico Mundial para o combate à corrupção e que prevê a implementação de

um programa prático e eficiente contra fraudes. A adesão ocorreu de fato em 2005,

porém a implantação efetiva do programa foi executada em 2013, quando a estatal

lançou o Programa Petrobras de Prevenção à Corrupção (PPPC), mas a iniciativa

não alcançou fornecedores. Em resposta, a Petrobras afirmou que outras ações

foram implementadas no período até a criação efetiva do programa, fazendo uso da

tática de exposição de atitudes.

Recentemente, para aperfeiçoar seus controles internos, a Petrobras acaba

de criar uma nova Diretoria - de Governança, Risco e Conformidade. A

missão do novo diretor será assegurar a conformidade processual e mitigar

riscos nas atividades da companhia, como os de fraude e corrupção,

garantindo a aderência a leis, normas, padrões e regulamentos, incluindo as

regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and

Exchange Commission (SEC) (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E

DADOS. POST 25).

18 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/01/1574176-acionistas-minoritarios-brasileiros-decidem-ir-a-justica-contra-petrobras.shtml>. Acesso em 31 dez. 2016 19 Disponível em: http://oglobo.globo.com/brasil/ex-diretores-incriminados-na-lava-jato-aprovaram-politica-anticorrupcao-da-petrobras-14704119>. Acesso em 31 dez. 2016

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Em outra reportagem20, o jornal O Globo revelou denúncia dos investigadores

da Operação Lava Jato que apontavam o recebimento de obras de arte por parte de

integrantes do alto escalão da Petrobras, oferecidas pela empreiteira Odebrecht. Na

lista constavam os nomes dos ex-presidentes da companhia José Sérgio Gabrielli e

Graça Foster, bem como de diretores e gerentes de setores estratégicos da estatal.

A Petrobras afirmou, em nota, que havia tomado conhecimento das denúncias e

instaurado processo de investigação do caso e que contribuiria com as

investigações. Desse modo, utilizou novamente a tática de exposição de atitudes.

A Petrobras tomou conhecimento nesta segunda feira, dia 27, de uma lista

de empregados e ex-empregados que seriam destinatários de "brindes

especiais-2010". A empresa, internamente, iniciará de imediato a apuração

dos fatos (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 20).

No portal do jornal O Globo21 foi revelado que o ex-diretor Paulo Roberto

Costa, de acordo com documentos do Banco Central, controlava 1.832 contas da

Petrobras. Os dados revelaram o poder do ex-diretor que ficou no cargo de 2004 a

2012, e que até mesmo após deixá-lo foi mantido como responsável por diversas

contas. A estatal, neste caso, utilizou a tática de explicações, pois negou que

existiram contas ligadas à Costa após sua exoneração, e que os levantamentos da

estatal indicaram que não houve movimentações por parte do ex-diretor.

O Estatuto da Petrobras estabelece que dois diretores em conjunto têm

poderes para representar a empresa. Contudo, os bancos citados

confirmaram que o ex-diretor Paulo Roberto Costa não consta como

representante da Petrobras desde a sua saída da diretoria da empresa

(PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 19).

Outra publicação no portal do jornal O Globo22, trazia a denúncia sobre uma

possível sociedade entre a Petrobras e o doleiro Alberto Youssef em um

empreendimento termelétrico. A empresa justificou que desconhecia qualquer

relação comercial com Youssef, fazendo o uso da tática justificativas.

20 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/petrobras-investiga-brindes-da-odebrecht-para-dirigentes-da-estatal-16991738>. Acesso em 31 dez. 2016 21 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/ex-diretor-controlava-1832-contas-da-petrobras-13546708>. Acesso em 31 dez. 2016 22 Disponível em: <http://noblat.oglobo.globo.com/geral/noticia/2015/03/documentos-reforcam-suspeitas-de-que-youssef-foi-socio-oculto-da-petrobras-em-termeletrica.html>. Acesso em 31 dez. 2016

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A Petrobras Distribuidora reitera que desconhece qualquer relação

comercial com o Sr. Alberto Youssef ou com a Empresa CSA Project

Finance, seja diretamente ou por meio das empresas Ellobras e Genpower,

estas últimas duas empresas, sócias do empreendimento termelétrico

Energética SUAPE II S.A (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS.

POST 30).

Em seu portal, o Jornal Valor Econômico23 divulgou que negócios da

Petrobras em dez países estavam sendo investigados pela Operação Lava Jato. A

prisão do lobista João Augusto Henriques ampliou as investigações para os

negócios mantidos pela estatal internacionalmente. A Petrobras afirmou em nota que

havia instaurado apuração interna e que estaria tomando medidas junto às

autoridades para ser ressarcida dos prejuízos. Nesse caso, fez-se uso da estratégia

suplicação, mostrando-se como vítima, uma vez que teria sido lesada pelos

eventuais atos ilícitos.

A Petrobras, informa ainda que está tomando todas as medidas necessárias

junto às autoridades brasileiras para ser ressarcida pelos prejuízos sofridos

em função dos atos ilícitos denunciados no âmbito da Operação Lava-Jato,

inclusive aqueles à sua imagem (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E

DADOS. POST 11).

A Revista Época, por sua vez, publicou reportagem24 revelando que a

Petrobras criara um “jeitinho” para socorrer as empreiteiras envolvidas na Operação

Lava Jato, uma vez que foram impedidas pela estatal de disputar licitações. Porém,

de acordo com a reportagem, apesar de advertida pelo setor jurídico, a companhia

adotou um subterfúgio chamado de “conta vinculada” para irrigar, com até US$1

bilhão, o caixa dos estaleiros controlados pelas empreiteiras.

A reportagem afirmou que a estratégia seria uma maneira “camarada” de

injetar dinheiro público direto na veia das empreiteiras, uma vez que lhes bastaria

entregar as notas de gastos, ao contrário dos contratos que normalmente exigem a

comprovação da efetiva execução dos serviços. A Petrobras, nesse episódio, utilizou

a tática explicações, ao alegar, em sua resposta, que se tratava de mecanismo

23 Disponível em: <http://www.valor.com.br/politica/4237140/negocios-da-petrobras-em-10-paises-estao-na-mira>. Acesso em 31 dez. 2016 24 Disponível em: <http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/11/petrobras-cria-jeitinhos-para-socorrer-o-caixa-de-empresas-do-petrolao.html>. Acesso em 31 dez. 2016

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excepcional de suporte contratual, utilizado nos casos em que o inadimplemento

pudesse causar maiores prejuízos para a própria empresa.

A conta vinculada é um mecanismo excepcional de suporte à gestão

contratual visando conferir maior controle na aplicação dos recursos

destinados ao cumprimento do objeto contratual pela Contratada, nos casos

em que possível inadimplemento cause maiores prejuízos para a própria

Petrobras (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 17).

Em resposta ao portal especializado em Petróleo e Gás, Upstream Online25, a

Petrobras esclareceu sobre as atitudes tomadas, em relação às empreiteiras que

sofreram bloqueio cautelar, por conta das investigações da Operação Lava Jato,

utilizando a tática exposição de atitudes.

Recentemente, em 31 de julho de 2015, a Petrobras anunciou um pacote de

medidas que torna mais rigoroso o processo de gestão de fornecedores. A

revisão da situação das empresas tem início com as companhias

bloqueadas cautelarmente em função das evidências levantadas pelas

investigações da Operação Lava-Jato. As empresas deverão prestar

informações detalhadas sobre estrutura, finanças e mecanismos de

compliance (conformidade) e combate à fraude e à corrupção, entre outros

itens, sendo avaliadas pelo processo conhecido como Due Diligence de

Integridade (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS. POST 26).

Com base na análise das publicações informativas feitas pela Petrobras no

Blog Fatos e Dados, foi possível identificar que as estratégias da empresa para se

posicionar a respeito da Operação Lava Jato foram: a intimidação para demonstrar

que tomaria as medidas cabíveis para punir responsáveis; a suplicação para

explicitar sua condição de vítima nas investigações e requerer os devidos reparos

em função dos eventuais prejuízos a suas finanças e sua imagem. Em poucos casos

a autopromoção foi utilizada, especificamente em situações em que a empresa

buscou demonstrar virtudes para amenizar o impacto das denúncias de corrupção.

Ao contrário da postura que a estatal estabeleceu em suas postagens

informativas, quando a empresa foi questionada pelos veículos de comunicação, as

estratégias foram trocadas por táticas de gerenciamento de impressões, visando

25 Disponível em: <http://www.upstreamonline.com/hardcopy/news/1006328/petrobras-gets-tough-on-sete-brasil-restructuring>. Acesso em 31 dez. 2016

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solucionar rapidamente caso a caso. A empresa utilizou as táticas de explicações e

justificativas nas situações em que escolheu argumentar sobre os assuntos, a fim de

minimizar a gravidade dos fatos, uma vez que não reconhecia, ao menos

parcialmente, as denúncias.

Em outras situações, quando não era possível negá-los, a empresa adotou a

tática de exposição de atitudes, mostrando que as medidas cabíveis estavam sendo

tomadas. Com menos frequência, a empresa utilizou a tática dispositivos de

memória, objetivando relacionar a capacidade de superação demonstrada em sua

história com o atual momento; já a tática de culpar e atacar os outros teria como

propósito separar aqueles que cometeram as irregularidades do restante da

empresa.

4.2. Caso 2: Compra da Refinaria Pasadena

O segundo caso analisado observou o posicionamento da Petrobras em

relação às denúncias sobre os valores envolvidos na compra da refinaria americana

de Pasadena, no Texas.

Conforme apontado por Oliveira Filho e Coutinho (2014), a transação foi

tratada pela imprensa como um dos piores negócios da empresa em sua história. De

acordo com os autores, em 2005, a empresa Belga Astra Oil comprou a refinaria por

US$126 milhões, e no ano seguinte vendeu metade das suas ações por US$416

milhões. A Petrobras, após perder na justiça, foi condenada a pagar US$820

milhões pelos outros 50% das ações da refinaria, resultando em um gasto total de

US$1,236 bilhões pela compra da refinaria.

Por meio da análise de vinte e seis publicações da empresa sobre o caso no

Blog Fatos e Dados, foi observado o uso de duas estratégias de gerenciamento de

impressões, a insinuação e a suplicação. Neste caso, como a empresa não assumiu

que ocorreram irregularidades na transação, a estratégia de intimidação não foi

utilizada. A estatal assume que os resultados da refinaria não justificaram os

investimentos da sua aquisição; assim sendo, não foram utilizadas as estratégias de

autopromoção e exemplificação.

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As táticas utilizadas pela companhia foram as de culpar e atacar os outros, a

exposição de atitudes e comportamento pró-social, mas sobretudo as justificativas e

as explicações. Os casos analisados estão demostrados no Quadro 7.

Quadro 7: Publicações sobre o Caso “Compra da Refinaria Pasadena” Nº Titulo Data Disponível em: Estratégia

de GI Tática de GI

1 Carta da presidente aos acionistas e investidores sobre nossos Resultados do 1º trimestre

10/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-da-presidente-aos-acionistas-e-investidores-sobre-nossos-resultados-do-1-trimestre.htm?gclid=CLqBufSptL4CFU8Q7AodqmcACw

Insinuação

2 Refinaria de Pasadena recebe prêmio de segurança nos Estados Unidos

17/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-recebe-premio-de-seguranca-nos-estados-unidos.htm

Insinuação

3 Carta ao jornal Houston Chronicle

26/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-ao-jornal-houston-chronicle.htm

Suplicação

4 Carta à Agência Estado: Comissões internas de apuração SBM Offshore e Refinaria de Pasadena

04/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/carta-a-agencia-estado-comissoes-internas-de-apuracao-sbm-offshore-e-pasadena.htm

Suplicação

5 Ação judicial contra Astra Oil

19/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/acao-judicial-contra-astra-oil.htm

Suplicação

6 Refinaria de Pasadena: resposta ao jornal O Globo

25/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-resposta-ao-jornal-o-globo.htm

Comportamento Pró-Social

7 Problema nas caldeiras de Pasadena foi solucionado e não gerou danos

24/08/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/problema-nas-caldeiras-de-pasadena-foi-solucionado-e-nao-gerou-danos.htm

Comportamento Pró-Social

8 Dez perguntas e respostas para entender a compra de Pasadena

24/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/dez-perguntas-e-respostas-para-entender-a-compra-de-pasadena.htm

Culpar e atacar outros

9 Paradas de unidades de Pasadena são programadas: resposta à Veja Online

07/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/parada-de-unidades-de-pasadena-sao-programadas-resposta-a-veja-online.htm

Explicações

10 Destaques Internacionais – 20/03/2014

20/03/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-20-03-2014.htm

Explicações

11 Destaques Internacionais – 24/04/2014

24/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-24-04-2014.htm

Explicações

12 Refinaria de Pasadena: carta à imprensa

26/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-carta-a-imprensa.htm

Explicações

13 CPI: carta ao Correio Braziliense

20/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/cpi-carta-ao-correio-braziliense.htm

Explicações

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Continuação

14 Despesas com Pasadena: respostas ao Globo

28/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/despesas-com-pasadena-respostas-ao-globo.htm

Explicações

15 Esclarecimento à rádio BandNews

29/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-a-radio-bandnews.htm

Explicações

16 Pasadena: Petrobras desmente a Revista Brasil Energia

07/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pasadena-carta-a-revista-brasil-energia.htm

Explicações

17 Pasadena: carta à revista Isto É

03/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pasadena-carta-a-revista-isto-e.htm

Explicações

18 Leia nossa carta ao Los Angeles Times

12/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/leia-nossa-carta-ao-los-angeles-times.htm

Explicações

19 Refinaria de Pasadena: resposta à Bloomberg

19/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-resposta-a-bloomberg.htm

Exposição de atitudes

20 Refinaria de Pasadena: Constituição de Comissão Interna

31/03/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-de-pasadena-constituicao-de-comissao-interna.htm

Exposição de atitudes

21 Leia nossa carta à revista Exame

15/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/leia-nossa-carta-a-revista-exame.htm

Justificativas

22 Destaques Internacionais – 08/05/2014

08/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-08-05-2014.htm

Justificativas

23 Desmentidos & Correções – 14/08/2014

14/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/desmentidos-correcoes-14-08-2014.htm

Justificativas

24 Disputa judicial com Astra Oil: respostas ao Globo

27/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/disputa-judicial-entre-petrobras-e-astra-respostas-ao-globo.htm

Justificativas

25 Esclarecimento sobre compra da refinaria de Pasadena

17/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-compra-da-refinaria-de-pasadena.htm

Justificativas

26 Saque em conta de Pasadena: resposta à imprensa

24/04/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/saque-em-conta-de-pasadena-resposta-a-imprensa.htm

Justificativas

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em Jan. 2017.

A estratégia insinuação foi utilizada pela empresa, uma vez que a Petrobras

buscou minimizar os desgastes decorrentes da aquisição de Pasadena, por meio da

divulgação de ações positivas da refinaria americana.

Nossa refinaria foi contemplada pela excelência de seus resultados em

segurança industrial com os prêmios “Award for Safety Achievement”

(Prêmio pela Conquista em Segurança), por 365 dias sem acidentes com

afastamento, e “Meritorious Safety Award” (Prêmio Meritório em

Segurança), por 365 dias sem acidentes reportáveis com empregados

próprios (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 2)

Page 75: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

74

A empresa utilizou a estratégia autopromoção quando buscou, por meio da

divulgação de resultados positivos da refinaria americana, amenizar as críticas

relacionadas à compra da refinaria.

A refinaria de Pasadena continua processando acima de 100 mil bpd em

função da disponibilidade de petróleo não convencional (tightoil) a preços

competitivos, associado à eliminação de gargalos operacionais em suas

instalações (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 1)

A outra estratégia da empresa, a suplicação, foi utilizada pela Petrobras com

o intuito de passar ao público uma ideia de perseguição por parte da imprensa,

como por exemplo nas respostas da empresa ao Jornal Houston Chronicle e

Agência Estado:

A Petrobras reitera que vem prestando todos os esclarecimentos

necessários e refuta insinuações de ocultamento de corrupção

(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 3)

A Petrobras repudia fortemente os termos utilizados pelo jornalista João

Bosco Rabello (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 4)

As táticas de gerenciamento de impressões também foram adotadas pela

empresa em suas publicações sobre a compra da refinaria de Pasadena. A tática

comportamento pró-social foi aplicada na tentativa de melhorar sua imagem e a da

refinaria que adquiriu, informando a adoção de práticas relacionadas à

responsabilidade social e ambiental.

As caldeiras já estão operando normalmente e as unidades estão

retornando à operação ao longo do dia de hoje, seguindo as diretrizes de

Segurança, Meio Ambiente e Saúde que norteiam nossas ações

(PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 7)

Outra tática, a de culpar e atacar outros, foi utilizada pela empresa ao

informar que as cláusulas que obrigaram a Petrobras a adquirir a outra parte da

refinaria pertencente à Astra Oil não foram apresentadas ao conselho administrativo.

A empresa culpou o Diretor da Área Internacional pela aprovação do negócio,

conforme demonstrado no seguinte trecho:

Page 76: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

75

O resumo executivo originado pelo Diretor da Área Internacional e

apresentado ao Conselho de Administração sobre a compra da refinaria de

Pasadena não citava as cláusulas de “Marlim” e “Put Option”, nem suas

condições e preço de exercício (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 8)

A tática de culpar e atacar outros foi também empregada pela empresa, no

momento em que, após a mudança de governo e consequentemente da direção da

estatal, assume, então, a posição de culpar a Astra Oil, ex-sócia da Petrobras no

empreendimento, pelos prejuízos relacionados à aquisição da refinaria de

Pasadena.

Demos entrada em ação judicial contra o grupo Astra nos Estados Unidos, a

fim de obter indenização por prejuízos decorrentes de condutas ilícitas

relacionadas à compra da refinaria de Pasadena, localizada no Texas, em

2006. (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS, POST 5)

Nas publicações analisadas, foi identificada a tática explicações, uma vez que

a empresa buscou esclarecer e informar sobre os detalhes da operação de compra

da refinaria, conforme se identifica no seguinte trecho:

O valor de US$ 1,249 bilhão, portanto, se refere ao total desembolsado com

a aquisição do negócio Pasadena. Desde a aquisição pela Petrobras, em

2006, até hoje o lançamento contábil de perdas foram de US$ 530 milhões,

que podem ser revertidos, total ou parcialmente (PETROBRAS, 2014,

BLOG FATOS E DADOS, POST 17)

Para divulgar suas ações de investigação das denúncias de irregularidades

que envolveram a compra da refinaria Pasadena, a Petrobras usou a tática de

exposição de atitudes, como se verifica abaixo:

A Petrobras informa que constituiu, em 24/03/2014, comissão interna,

coordenada pela Auditoria Interna da Companhia, para apurar os processos

de compra da Refinaria de Pasadena, no Texas. A referida Comissão tem

prazo previsto de 45 dias para apresentar suas conclusões (PETROBRAS,

2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 20)

Por fim, pôde-se verificar a tática justificativas nos casos em que a empresa

respondeu às críticas e acusações sobre a decisão de compra da refinaria pela

Page 77: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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diretoria e o conselho de administração que aprovou o negócio, como exemplificado

no seguinte trecho.

Desde 2006, ressalvou a presidente, houve diversas alterações no cenário

econômico e do mercado de petróleo, tanto brasileiro quanto mundial, como

a crise econômica de 2008, que reduziu as margens de refino e o consumo

de derivados, e a descoberta do pré-sal, levando a Companhia a rever suas

prioridades. Assim, o negócio originalmente concebido transformou-se em

um empreendimento de baixo retorno sobre o capital investido

(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 25)

Conforme demonstrado na introdução deste estudo, o trabalho realizado por

Costa et al. (2016) apontou a intensa cobertura da mídia sobre o caso que envolveu

a compra da refinaria de Pasadena por parte da Petrobras.

A agência de notícias internacionais Bloomberg News publicou, em seu

portal26, uma reportagem sobre a Petrobras, informando que o Congresso Nacional,

Polícia Federal e o Ministério Público estavam investigando o acordo de Pasadena.

De acordo com a agência de notícias, as descobertas poderiam levar a acusações

contra funcionários da Petrobras de "gestão temerária", ou má administração. A

Petrobras respondeu que estava colaborando com as autoridades e fornecendo as

informações sobre o processo de compra de Pasadena. A tática de exposição de

atitudes evidenciou a sua colaboração na investigação das irregularidades.

A Petrobras está colaborando com todos os órgãos públicos, fornecendo

informações sobre o processo da compra de Pasadena. Além disso, foi

criada uma comissão interna para apurar todos os detalhes do processo

referente à compra da refinaria, com representantes de várias áreas da

companhia. (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 19)

O jornal Houston Chronicle27, em uma reportagem citando as denúncias que a

empresa sofreu em relação a erros de gestão e corrupção, apontou o valor pago

pela refinaria de Pasadena, bem acima do negociado em transação anterior que

envolveu sua compra pela Astra Oil. Ao jornal, a empresa afirmou estar prestando

todos os esclarecimentos e refutou as insinuações de ocultamento de corrupção. Ao

26 Disponível em: <https://www.bloomberg.com/news/articles/2014-06-18/brazil-energy-giant-buys-1-24-billion-of-pain-in-texas>. Acesso em 05 jan. 2017 27 Disponível em: <http://www.chron.com/default/article/Petrobras-Needs-to-Be-Compared-to-Statoil-5495280.php>. Acesso em 05 jan. 2017

Page 78: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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contestar as acusações, a empresa se coloca como vítima de denúncias inverídicas,

utilizando, assim, a estratégia de suplicação.

A Petrobras reitera que vem prestando todos os esclarecimentos

necessários e refuta insinuações de ocultamento de corrupção

(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 3)

Diversos veículos de comunicação, tanto nacionais, como a Folha de São

Paulo28, e internacionais, como o The Wall Street Journal29 e Los Angeles Times30,

questionaram os valores que envolveram a transação, uma vez que, segundo dados

avaliados pelos jornais, a Astra Oil desembolsou US$42,5 milhões por toda a

refinaria, e no fim das contas, a vendeu para a Petrobras ao custo de US$1.249

bilhões. A empresa negou as informações, alegando que levantamentos internos

apontam que a Astra Oil, na verdade, teria pago cerca de US$360 milhões. Neste

caso a empresa utilizou a tática explicações para esclarecer o valor que

efetivamente considera ter sido pago, na tentativa de minimizar os danos

provocados pelas denúncias, conforme pode ser constatado na resposta ao The

Wall Street Journal:

Ao contrário do que diz a reportagem, a Astra Oil não desembolsou apenas

US$ 42,5 milhões por toda a Refinaria de Pasadena. Como já informado ao

veículo, a Petrobras teve acesso a documentos que demonstram que houve

outros pagamentos feitos à Crown pela Astra, em valores estimados em

US$ 248 milhões. Após a aquisição, a Astra fez investimentos de US$ 112

milhões, antes da venda à Petrobras (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 12)

A estatal respondeu ao jornal O Globo em quatro reportagens que abordaram

a compra de Pasadena. Na primeira publicação31, o jornal informou sobre um

problema detectado pela auditoria da própria Petrobras que encontrou um saque de

U$10 milhões na conta da refinaria sem nenhuma documentação comprobatória. De

28 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/paywall/signup-colunista.shtml?http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/177391-compra-de-refinaria-faz-tcu-condenar-diretores-de-estatal.shtml>. Acesso em 05 jan. 2017 29 Disponível em: <Disponível em: <http://www.wsj.com/search/term.html?KEYWORDS=Brazil's Attorney General Clears Petrobras Board in 2006 Refinery Deal>. Acesso em 05 jan. 2017 30 Disponível em: <http://www.latimes.com/business/la-fi-brazil-petrobras-20140710-story. >. Acesso em 05 jan. 2017 31 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/auditoria-mostra-que-us-10-milhoes-sairam-de-conta-de-pasadena-12278744>. Acesso em 05 jan. 2017

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acordo com o relatório da auditoria, a falta de documentação prejudicou o controle

das transações, e uma autorização verbal não encontraria amparo em norma interna

e nem nas boas práticas de controle interno. A Petrobras se defendeu, alegando que

não identificara irregularidades na transação. Nesse episódio, a empresa utilizou a

tática justificativas, pois alegou que saques autorizados verbalmente são uma

atividade considerada normal neste tipo de transação, buscando por meio da

justificativa reduzir o impacto da acusação à sua imagem.

Não foram constatadas quaisquer irregularidades no saque de US$ 10

milhões. Este saque foi autorizado verbalmente, por ser uma atividade usual

de trading (depósitos e saques em corretoras), o que é considerado normal.

Esse trabalho de auditoria é rotineiro (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 26)

Em outra reportagem, o jornal O Globo32 questionou a Petrobras sobre o seu

conhecimento de sérios problemas de segurança que causaram acidentes e

prejuízos de quase US$100 milhões. De acordo com tal publicação, uma equipe de

oito técnicos da Petrobras teria visitado a refinaria em 2005, antes da compra de

Pasadena, quando tiveram conhecimento das irregularidades. A Petrobras se

justificou alegando que a refinaria estava operando normalmente, obedecendo às

condições estabelecidas pelas autoridades locais. Alegou ainda que não havia

ocorrido, desde janeiro de 2013, nenhum acidente com afastamento de

trabalhadores. O uso da tática comportamento pró-social foi utilizado pela Petrobras

na tentativa de desviar o foco das acusações, no momento em que buscou dar

destaque ao cumprimento recente de recomendações de segurança.

A Refinaria de Pasadena encontra-se operando normalmente e, por

conseguinte, obedecendo às condições estabelecidas pelas autoridades

locais quanto aos aspectos de saúde, meio ambiente e segurança, não

tendo ocorrido, desde janeiro de 2013, qualquer acidente com afastamento

na força de trabalho da refinaria (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 6)

32 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/documentos-revelam-que-petrobras-sabia-de-graves-problemas-em-pasadena-antes-da-compra-12290719>. Acesso em 05 jan. 2017

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Em mais uma publicação do jornal O Globo33, com base em documentos

confidencias a que o periódico teve acesso, a Petrobras foi questionada sobre uma

possível estratégia da empresa para terminar o conflito com a Astra Oil, arcando

com os prejuízos, no intuito de proteger a imagem da ex-presidente Dilma Rousseff,

e de ex-diretores da companhia. A Petrobras negou a intenção de proteger Dilma,

mas assumiu a preocupação que os ex-administradores fossem chamados para

depor nos Estados Unidos. Portanto, o uso da tática justificativas pôde ser

identificado, uma vez que a empresa se dispôs a esclarecer detalhes dos fatos

mencionados na reportagem, mesmo minimizando sua gravidade.

Como a disputa entre a Petrobras America e a ASTRA envolvia diversas

ações judiciais nos Estados Unidos, os administradores/ex-administradores

poderiam ser chamados a prestar esclarecimentos frente à Justiça

Americana (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 24)

O jornal O Globo divulgou ainda, por meio de reportagem34, que a despesa

com Pasadena chegava a cerca de US$1,934 bilhões. O valor foi acrescido de

despesas de melhorias e manutenções que somaram US$685 milhões. Os

documentos da investigação que envolveram o negócio revelam que os gastos

foram decorrentes das péssimas condições da refinaria. A Petrobras assumiu os

custos revelados pela reportagem e justificou a metodologia contábil que mostra um

valor de mercado da refinaria avaliada em US$ 352 milhões. Como não era possível

negar, a Petrobras utilizou a tática explicações para fornecer detalhes dos valores

envolvidos na transação, evitando desdobramentos que pudessem aumentar a

repercussão do fato.

Desde a aquisição pela Petrobras em 2006, houve baixas de valor do ativo

refinaria de Pasadena (impairment) que totalizaram US$ 530 milhões, sendo

US$ 160 milhões em 2008, US$ 147 milhões em 2009 e US$ 223 milhões

em 2012 (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 14)

33 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/estatal-ja-temia-em-2012-danos-imagem-por-causa-de-pasadena-12310950>. Acesso em 05 jan. 2017 34 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/despesas-da-petrobras-com-pasadena-ja-chegam-us-193-bilhao-12316160>. Acesso em 05 jan. 2017

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O jornal Estado de São Paulo publicou, em seu portal, uma posterior

reportagem35 em que questionava as explicações da empresa em relação à compra

de Pasadena. De acordo com o artigo, a versão inicial apresentada pela ex-

presidente da empresa, Graça Foster, de que era um bom negócio à época, foi

abandonada após a ex-presidente Dilma acusar a diretoria da estatal de ter

enganado o conselho, omitindo as cláusulas contratuais que obrigavam a empresa a

comprar a outra parte pertencente à Astra Oil. Em resposta, a Petrobras repudiou

fortemente as afirmações que a notícia trazia, e, ao se fazer de vítima, uma vez que

buscou transformar a reportagem em uma acusação sem fundamentos e que visava

prejudicar sua imagem, utilizou a estratégia suplicação.

A Petrobras repudia fortemente os termos utilizados pelo jornalista João

Bosco Rabello, em "Notas da Petrobras reforçam CPI” (PETROBRAS, 2014,

BLOG FATOS E DADOS, POST 4)

A revista Veja publicou reportagem36 afirmando que, em menos de um ano, a

refinaria, considerada o pior negócio já feito pela Petrobras, já teria passado por

onze paralisações. A Petrobras respondeu que as paralisações foram programadas

e fazem parte da sua rotina operacional. Dessa forma, fez-se o uso da estratégia

explicações, esclarecendo os fatos mencionados na reportagem.

A refinaria de Pasadena está passando por parada planejada para

manutenção das Unidades de Destilação, Reforma Catalítica e Sistemas de

Utilidades, com duração prevista em torno de um mês. As paradas

programadas, como esta, para manutenção de Unidades de Processo,

fazem parte da rotina operacional normal da indústria de refino visando

assegurar operações seguras e eficientes (PETROBRAS, 2015, BLOG

FATOS E DADOS, POST 9)

As publicações da Petrobras no Blog Fatos e Dados, em relação à compra da

refinaria americana de Pasadena, demonstraram que a estatal utilizou, em alguns

momentos, a estratégia da insinuação, por meio de postagens que divulgaram

resultados positivos e premiações recebidas pela refinaria. Em suas publicações no

Blog, a empresa utilizou também a estratégia suplicação, em alguns casos para

35 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/blogs/joao-bosco/notas-da-petrobas-so-ajudam-cpi/>. Acesso em 05 jan. 2017 36 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/economia/alvo-do-petrolao-refinaria-de-pasadena-esta-parada/>. Acesso em 05 jan. 2017

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culpar a ex-sócia Astra Oil, alegando ter sido lesada na negociação, e em outros

repudiando e refutando denúncias feitas pela imprensa, buscando passar a ideia de

perseguição por parte da mídia.

Nas situações em que o assunto da compra da refinaria Pasadena foi

abordado pela imprensa, a Petrobras utilizou majoritariamente as táticas

justificativas e explicações, demostrando a tentativa de minimizar o impacto das

denúncias por meio do esclarecimento dos fatos e fornecimento de informações

detalhadas. Outra tática adotada pela empresa, quando questionada, foi a exposição

de atitudes, na tentativa de demonstrar que estava tomando as devidas providências

em relação aos casos em que as explicações e justificativas não eram suficientes.

A Petrobras utilizou também a tática comportamento pró-social, expondo suas

práticas quando questionada sobre condições de segurança dos trabalhadores na

refinaria. Por fim a tática culpar e atacar os outros foi empregada pela empresa para

justificar a aprovação do negócio pelo conselho administrativo, alegando que a

diretoria internacional omitiu as cláusulas que obrigaram a empresa a comprar os

outros 50% da refinaria.

4.3. Caso 3: CPI

O terceiro caso analisou as publicações da Petrobras, no Blog Fatos e Dados,

sobre a CPI que investigou a empresa no Congresso Nacional. A referida CPI foi

encerrada em outubro de 2015, conforme relatado por Silva (2016), e apresentou um

relatório final bastante questionado, pois na lista de 70 recomendações de

indiciamento, havia um político.

De acordo com reportagem publicada pelo portal G137, o relator da CPI,

deputado Luiz Sérgio do PT, apontou a Petrobras como vítima de um cartel de

empreiteiras com a cumplicidade de maus funcionários. O portal UOL38 apresentou

questionamentos de deputados integrantes da CPI, que ressaltaram a proteção aos

políticos e integrantes do governo envolvidos, além da participação dos partidos

políticos que receberam os recursos oriundos do esquema.

37 Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2015/10/relator-da-cpi-da-petrobras-inocenta-dilma-lula-foster-e-gabrielli.html>. Acesso em 14 jan. 2017 38 Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/23/deputados-respondem-para-que-serviu-a-cpi-da-petrobras.htm>. Acesso em 14 jan. 2017

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Analisando as publicações no Blog Fatos e Dados sobre o assunto, foram

identificadas nove publicações relacionadas ao tema, sendo que a única estratégia

de gerenciamento de impressões utilizada foi a suplicação. As táticas identificadas

foram a exposição de atitudes e as justificativas, conforme demonstra o Quadro 8.

Quadro 8: Publicações sobre o Caso “CPI” Nº Titulo Data Disponível em: Estratégia

de GI Tática de GI

1 Destaques Internacionais – 08/05/2014

08/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/destaques-internacionais-08-05-2014.htm

Suplicação

2 Abreu e Lima: carta ao Estadão

19/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/abreu-e-lima-carta-ao-estadao.htm

Exposição de atitudes

3 Criamos área exclusiva para conteúdo sobre CPI

19/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/criamos-area-exclusiva-para-conteudo-sobre-cpi.htm

Exposição de atitudes

4 Documentos das CPIs e CPMI

19/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/documentos-da-cpi.htm

Exposição de atitudes

5 CPI: carta ao Correio Braziliense

20/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/home/categoria/petrobras-na-cpi.htm

Justificativas

6 Esclarecimento sobre matéria publicada na revista Veja

04/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-materia-publicada-na-revista-veja.htm

Justificativas

7 Indícios de irregularidades: esclarecimento sobre notícias

16/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/indicios-de-irregularidades-esclarecimento-sobre-noticias.htm

Justificativas

8 Perguntas da CPI: carta aos jornais O Estado de S. Paulo e Valor Econômico

12/08/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/perguntas-da-cpi-carta-ao-jornal-o-estado-de-s-paulo.htm

Justificativas

9 Relatórios das comissões internas de apuração foram enviados às autoridades

01/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/relatorios-das-comissoes-internas-de-apuracao-foram-enviados-as-autoridades-competentes.htm

Justificativas

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em Jan. 2017.

A companhia, utilizando da tática de gerenciamento de impressões exposição

de atitudes, focou sua contribuição em divulgar os documentos da CPI.

Com intuito de dar transparência aos procedimentos da CPI instaurada no

Senado, inauguramos uma categoria no blog dedicada exclusivamente à

comissão. Nela, disponibilizaremos reportagens, vídeos, documentos e

transcrições referentes às sessões (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 3).

A outra tática, das justificativas, foi empregada pela empresa na busca de

minimizar o desgaste de sua imagem, apresentando, para isso, a sua versão dos

fatos.

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A comissão interna instaurada pela companhia para averiguar denúncias de

supostos pagamentos envolvendo a SBM Offshore não encontrou fatos ou

documentos que evidenciem tais pagamentos (PETROBRAS, 2014, BLOG

FATOS E DADOS, POST 5).

Em reportagem do portal do jornal espanhol El mundo39, aborda-se a pressão

no Congresso Nacional em instaurar a CPI que investigou os negócios da Petrobras.

Na reportagem, o jornal esclarece que a transação duvidosa que resultou na compra

da refinaria de Pasadena, assim como a construção da refinaria Abreu e Lima, que

custou quase dez vezes o valor inicial previsto pela companhia, foram motivadores

para as investigações no Congresso.

A Petrobras divulgou a fala da ex-presidente Dilma Rousseff, em que alegara

serem políticas as motivações da oposição para a criação da CPI. Nesse episódio,

fez-se o uso da estratégia suplicação, ao se alegar que a empresa estaria sendo

perseguida, no intuito de prejudicar politicamente a presidente do País. A estratégia

adotada pela empresa, pôde ser identificada na postagem do Blog, quando divulgou

declaração da ex-presidente Dilma Rousseff.

A revista El Mundo, da Espanha, destaca que a presidente Dilma Rousseff

afirmou que não teme uma CPI sobre os negócios da Petrobras e que essa

é uma iniciativa da oposição para afetar suas chances a um segundo

mandato. Diz que o pedido de CPI foi lançado por partidos de oposição

após a presidente admitir que aprovou a compra da refinaria de Pasadena.

Afirma que a oposição quer investigar também a construção da refinaria de

Abreu e Lima (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 1)

O jornal Estado de São Paulo, em reportagem publicada no portal40, relatou a

ineficaz manobra dos aliados do governo para impedir a CPI da Petrobras, e

posteriormente a tentativa de enfraquecimento da CPI com inclusão de outros

temas, o que foi impedido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). A

reportagem esclareceu os argumentos da oposição, que incluíam a compra da

refinaria Pasadena, os custos da refinaria Abreu e Lima, e um suposto pagamento

de propina a funcionários, pagos pela SBM Offshore.

39 Disponível em: <http://www.elmundo.es/america/2014/05/07/536a797cca4741662a8b4585.html>. Acesso em 13 jan. 2017>. Acesso em 14 jan. 2017 40 Disponível em: < http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-cpi-da-trapaca-imp-,1167414>. Acesso em 13 jan. 2017>. Acesso em 14 jan. 2017

Page 85: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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Em resposta, a Petrobras informou que já havia instaurado comissão para

investigar as denúncias, e não encontrou fatos ou documentos que comprovassem

os pagamentos de propina. Neste caso, a empresa utilizou a tática exposição de

atitudes para demonstrar que tomou as medidas cabíveis na investigação das

denúncias.

A Petrobras esclarece que a comissão interna instaurada pela companhia

para investigar denúncias de supostos pagamentos de suborno envolvendo

a SBM Offshore não encontrou fatos ou documentos que evidenciem tais

pagamentos (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 2).

Em outra reportagem, o jornal Estado de São Paulo 41 denunciou o vazamento

de entrega prévia dos questionários aos depoentes da Petrobras na CPI, o que

acarretava a adequação das respostas por parte da empresa. A Petrobras reagiu

utilizando-se da tática justificativas, na tentativa de amenizar o impacto das

denúncias. Justificou que, como qualquer outra grande corporação, garante apoio

aos executivos, preparando-os, caso necessário, com perguntas e respostas para

melhor atender aos diferentes públicos. A empresa acrescentou ainda que as

simulações contaram com profissionais de várias áreas, inclusive com consultorias

externas, para melhor contribuir na elucidação das dúvidas.

Assim como toda grande corporação, a Petrobras garante apoio a seus

executivos, e ex-executivos, preparando-os, quando necessário, com

simulações de perguntas e respostas, para melhor atender aos diferentes

públicos, seja em eventos técnicos, audiências públicas, entrevistas com a

imprensa, e, no caso em questão, as CPI e CPMI. Tais simulações

envolvem profissionais de várias áreas, inclusive consultorias externas, de

modo a contribuir para uma melhor compreensão dos fatos e elucidação

das dúvidas (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 8).

A revista Veja, em publicação em seu portal42, abordou o mesmo assunto,

acrescentando que teve acesso a um vídeo em que dois representantes da

empresa, e mais um terceiro personagem desconhecido, tramavam obter dos

parlamentares da CPI as perguntas que eles fariam aos investigados, e de posse

41 Disponível em: <http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,treino-e-treino-imp-,1540646>. Acesso em 14 jan. 2017 42 Disponível em: <http://veja.abril.com.br/brasil/gravacoes-comprovam-cpi-da-petrobras-foi-uma-grande-farsa/>. Acesso em 14 jan. 2017

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delas, seriam treinados para respondê-las. A revista acrescentou que um dos

personagens do vídeo revelou a distribuição de um gabarito, para evitar

contradições nos depoimentos.

A Petrobras respondeu, seguindo a mesma tática das justificativas, que

tomara conhecimento das perguntas centrais que nortearam os trabalhos da CPI,

bem como dos documentos e possíveis convocados, por meio do site do Senado

Federal.

A Petrobras esclarece que tomou conhecimento das perguntas centrais que

norteiam os trabalhos das CPI e CPMI da Petrobras, por meio do site do

Senado Federal, nos dias 14 de maio e 02 de junho, respectivamente, onde

foram publicados os planos de trabalho das referidas comissões. Nestes,

além das perguntas centrais, constam também os nomes de possíveis

convocados, e a relação dos documentos que servem de base para as

investigações PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 6)

Consta-se ainda que o portal Valor Econômico divulgou reportagem em seu

portal Valor Pro43, revelando que o ex-diretor da estatal José Carlos Cosenza e a ex-

presidente da companhia Graça Foster tiveram acesso, em 2014, a documentos que

informavam sobre fortes evidências de irregularidades em negócios da Petrobras. A

reportagem enfatizava o fato de a empresa ter respondido que encaminhara os

resultados da análise às autoridades competentes, mas não teria citado o fato de

Graça e Cosenza terem sido informados de irregularidades, o que comprovaria a

informação da reportagem.

A Petrobras, em sua resposta, utilizou a estratégia justificativas, ao alegar que

havia prestado os esclarecimentos para demonstrar que não houve

superfaturamento nas obras de Abreu e Lima. Sobre os desvios na diretoria de

abastecimento, a Estatal alegou ter informado que havia entregado às autoridades

as informações necessárias.

As projeções iniciais de custos da Refinaria Abreu e Lima referiam-se a

projeto em fase de avaliação, cujo grau de definição era incipiente e

permitia apenas estimativas preliminares. O maior grau de definição e

detalhamento, incorporando fatores como otimização de escopo, ajustes

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cambiais e aquecimento do mercado, fez com que o valor do investimento

tivesse um incremento com a evolução do projeto. A Petrobras tem prestado

os esclarecimentos necessários para demonstrar que não há sobrepreço ou

superfaturamento nas obras (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 7).

Em matéria do jornal Folha de São Paulo, publicada em seu portal44, foi

divulgado o depoimento do ex-gerente de Segurança Empresarial da Petrobras

Pedro Aramis, que desmentiu a versão da empresa de que não havia identificado

irregularidades nos pagamentos para a empresa holandesa SBM Offshore. De

acordo com a reportagem, Aramis informou que foram identificados cinco indícios

que apontavam para uma alta probabilidade de que algo errado tivesse ocorrido. O

ex-gerente informou que, apesar dos indícios, e verificados os instrumentos legais,

não foi possível ir além nas investigações.

A Petrobras, em resposta, justificou que nenhuma prova factual ou documento

que comprovasse os pagamentos indevidos foram encontrados pela comissão de

investigação, fazendo o uso da tática justificativas para se defender das acusações.

No caso da SBM Offshore, a comissão não identificou evidência factual ou

documental que comprovasse pagamento indevido, mas todas as suas

conclusões - inclusive as desconformidades em relação às normas da

companhia - foram levadas ao conhecimento da CGU, MPF, Polícia Federal

e TCU (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 9)

O posicionamento da Petrobras em relação à CPI, refletido por meio das

suas postagens no Blog institucional Fatos e Dados, revelou a estratégia da

empresa em tentar se fazer de vítima, fazendo assim uso da estratégia de

gerenciamento de impressões suplicação. Segundo a estatal, a CPI seria uma

ferramenta política da oposição para prejudicar as pretensões da ex-presidente

Dilma Rousseff em se manter no cargo.

Quando foi questionada pela imprensa, a Petrobras utilizou majoritariamente

a tática justificativas, no intuito de mostrar a sua versão dos fatos, para reduzir o

impacto negativo das acusações e denúncias. Em outros casos a tática de

43 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3815046/petrobras-nao-nega-que-graca-e-cosenza-sabiam-de-irregularidades>. Acesso em 14 jan. 2017

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exposição de atitudes destinou-se a explicitar suas ações de colaboração com as

autoridades nas investigações.

4.4. Caso 4: Pré-sal

Este último caso analisou as publicações da Petrobras, no Blog Fatos e

Dados, relacionadas à exploração das reservas do Pré-Sal. De acordo com Mullati e

Lopes (2015), em novembro de 2007 a empresa encontrou petróleo em regiões mais

profundas do oceano, as quais são denominadas de Pré-Sal, com uma reserva de

até oito bilhões de barris de petróleo na bacia de Santos.

Em setembro de 2008, segundo Mullati e Lopes (2015), a Petrobras anunciou

o crescimento das reservas brasileiras em aproximadamente 86%, com as reservas

comprovadas nos Campos Iara e Tupi. No ano de 2009, a Petrobrás iniciou a

produção de petróleo oriundo da camada do pré-sal

Em 2016 a Petrobras bateu recorde na produção de petróleo no Pré-sal,

conforme apontou matéria do jornal Valor Econômico45, atingindo uma produção

média mensal de 1,02 milhão de barris por dia, um crescimento de 33%, se

comparado com o ano anterior. A produção no pré-sal terminou 2016

correspondendo a cerca de 40% do total de petróleo produzido no país.

Analisando-se o Blog Fatos e Dados da Petrobras, foram encontradas 36

publicações relacionadas ao assunto. Dentre as publicações analisadas, identificou-

se que a empresa utilizou as estratégias de autopromoção, exemplificação e

suplicação. As táticas empregadas nas publicações foram as explicações e as

justificativas, conforme demostra o Quadro 9.

44 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/06/1649650-ex-gerente-desmente-petrobras-e-diz-que-pode-ter-irregularidade-com-sbm.shtml>. Acesso em 14 jan. 2017

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Quadro 9: Publicações sobre o Caso “Pré-sal” Nº Título Data Disponível em: Estratégia de

GI Tática de GI

1 Alcançamos novos recordes de produção no pré-sal em junho

10/07/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/alcancamos-novos-recordes-de-producao-no-pre-sal-em-junho.htm

Autopromoção

2 Apresentamos resultados e perspectivas no pré-sal em palestra na OTC 2015

6/15/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/apresentamos-resultados-e-perspectivas-no-pre-sal-em-palestra-na-otc-2015.htm

Autopromoção

3 Atingimos a marca histórica de 1 bilhão de barris produzidos no pré-sal

14/12/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/atingimos-a-marca-historica-de-1-bilhao-de-barris-produzidos-no-pre-sal.htm

Autopromoção

4 Iniciamos a produção do décimo grande sistema do pré-sal

12/07/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/iniciamos-a-producao-do-decimo-grande-sistema-do-pre-sal.htm

Autopromoção

5 Iniciamos a produção no campo de Lapa, no pré-sal da Bacia de Santos

20/12/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/iniciamos-a-producao-no-campo-de-lapa-no-pre-sal-da-bacia-de-santos.htm

Autopromoção

6 Nossa produção de petróleo no pré-sal ultrapassa 1 milhão de barris por dia

03/06/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/nossa-producao-de-petroleo-no-pre-sal-ultrapassa-1-milhao-de-barris-por-dia.htm

Autopromoção

7 Nossas Reservas Provadas em 2014

13/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/nossas-reservas-provadas-em-2014.htm

Autopromoção

8 Novo poço em Libra confirma extensão da descoberta no bloco do pré-sal

17/02/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/novo-poco-em-libra-confirma-extensao-da-descoberta-no-bloco-do-pre-sal.htm

Autopromoção

9 Novo site apresenta tecnologias pioneiras do pré-sal premiadas na OTC 2015

07/05/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/novo-site-apresenta-tecnologias-pioneiras-do-pre-sal-premiadas-na-otc-2015.htm

Autopromoção

10 O futuro do pré-sal: Novas unidades darão contribuição significativa à curva de produção

01/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/o-futuro-do-pre-sal-novas-unidades-darao-contribuicao-significativa-a-curva-de-producao.htm

Autopromoção

11 Pré-sal atinge produção de 824 mil barris por dia em janeiro

03/03/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pre-sal-atinge-producao-de-824-mil-barris-por-dia-em-janeiro.htm

Autopromoção

12 Presidente Graça Foster destaca nossos avanços no pré-sal

02/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/presidente-graca-foster-destaca-nossos-avancos-no-pre-sal.htm

Autopromoção

13 Presidente Graça Foster fala sobre importância do pré-sal em palestra no Rio

05/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/graca-foster-fala-sobre-importancia-do-pre-sal-em-palestra-no-rio.htm

Autopromoção

45 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/4832608/petrobras-bate-recorde-na-producao-em-dezembro-e-atinge-meta-de-2016>. Acesso em 14 jan. 2017

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89

Continuação

14 Produção do pré-sal triplica em 30 meses

28/10/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-do-pre-sal-triplica-em-30-meses.htm

Autopromoção

15 Produção no pré-sal bate novo recorde e ultrapassa 400 mil barris de petróleo por dia

25/02/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-no-pre-sal-bate-novo-recorde-e-ultrapassa-400-mil-barris-de-petroleo-por-dia.htm

Autopromoção

16 Produção no pré-sal bate novo recorde e ultrapassa a barreira de 500 mil barris de petróleo por dia

01/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/mais-uma-conquista-no-pre-sal-500-mil-barris-por-dia.htm

Autopromoção

17 Produção que operamos no pré-sal bate novo recorde e ultrapassa o patamar de 800 mil barris de petróleo por dia

12/05/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-que-operamos-no-pre-sal-bate-novo-recorde-e-ultrapassa-o-patamar-de-800-mil-barris-de-petroleo-por-dia.htm

Autopromoção

18 Produção total operada no pré-sal cresce 6%

11/08/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/producao-total-operada-no-pre-sal-cresce-6.htm

Autopromoção

19 Resultados comprovam viabilidade técnica e econômica do pré-sal

30/12/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/resultados-comprovam-viabilidade-tecnica-e-economica-do-pre-sal.htm

Autopromoção

20 Tecnologia: desenvolvemos superligas para superar os desafios do pré-sal

28/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/tecnologia-desenvolvemos-superligas-para-superar-os-desafios-do-pre-sal.htm

Autopromoção

21 Campos do pré-sal já respondem por 24% da nossa produção total

13/11/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/campos-do-pre-sal-ja-respondem-por-24-da-nossa-producao-total.htm

Exemplificação

22 Reduzimos em 55% o tempo de perfuração de poços no pré-sal

01/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/reduzimos-em-55-o-tempo-de-perfuracao-de-pocos-no-pre-sal.htm

Exemplificação

23 Um ano de recordes para o pré-sal

26/12/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/um-ano-de-recordes-para-o-pre-sal.htm

Exemplificação

24 Pré-sal aumenta importância da indústria do petróleo na economia

09/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pre-sal-aumenta-importancia-da-industria-do-petroleo-na-economia.htm

Insinuação

25 Estudo de impacto ambiental: respostas à Folha de S. Paulo

26/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/estudo-de-impacto-ambiental-respostas-a-folha-de-s-paulo.htm

Intimidação

26 Aumento da nossa produção: respostas ao jornal O Globo

26/05/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/aumento-da-producao-respostas-ao-jornal-o-globo.htm

Explicações

27 Escoamento de gás: esclarecimento ao Globo

18/06/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/escoamento-de-gas-esclarecimento-ao-globo.htm

Explicações

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90

Continuação

28 'Mais produtivo, pré-sal exige menos investimento': respostas à Folha de S. Paulo

01/04/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/-mais-produtivo-pre-sal-exige-menos-investimento-respostas-a-folha-de-s-paulo.htm

Explicações

29 Poços do Pré-sal: carta à Forbes

13/07/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/pocos-do-pre-sal-carta-a-forbes.htm

Explicações

30 Cotação do brent: resposta à Folha

05/12/2014 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/cotacao-do-brent-resposta-a-folha-de-s-paulo.htm

Justificativa

31 Esclarecimento sobre negociação de áreas no pré-sal com grupo francês Total

22/11/2016 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-sobre-negociacao-de-areas-no-pre-sal-com-grupo-frances-total.htm

Justificativa

32 Investimentos no pré-sal: respostas ao Jornal da Globo

26/08/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/investimentos-no-pre-sal-respostas-ao-jornal-da-globo.htm

Justificativa

33 Licitação de módulos para pré-sal: resposta ao Valor Econômico

20/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/licitacao-de-modulos-para-pre-sal-resposta-ao-valor-economico.htm

Justificativa

34 Preço do petróleo: respostas ao Valor Econômico

23/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/preco-do-petroleo-respostas-ao-valor-economico.htm

Justificativa

35 Viabilidade de produção no pré-sal: resposta ao jornal O Globo

06/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/viabilidade-de-producao-no-pre-sal-resposta-ao-jornal-o-globo.htm

Justificativa

36 Viabilidade econômica da produção no pré-sal: nota de esclarecimento

06/01/2015 http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/esclarecimento-viabilidade-de-producao-no-pre-sal.htm

Justificativa

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nas publicações do Blog Fatos e Dados: acesso em Jan. 2017.

Em suas postagens acerca do pré-sal, a estratégia de gerenciamento de

impressões autopromoção foi majoritariamente utilizada pela Petrobras no intuito de

demonstrar a magnitude das reservas de petróleo no pré-sal, a viabilidade

econômica e os recordes de produção alcançados após sua descoberta e

exploração, conforme demonstrado nos seguintes trechos:

Nosso trabalho exploratório nos leva a constantes descobertas de óleo e

gás, que sustentam nossa produção desses energéticos, repõem o óleo

produzido e elevam a segurança no abastecimento nacional. No presente,

já são 27,4 bilhões de barris de óleo equivalente, entre reservas provadas e

volumes potencialmente recuperáveis, sendo a contribuição do pré-sal da

ordem de 57%. Partimos de 8 bilhões de barris de óleo equivalente

provados em 2003, quando não existia o pré-sal, chegamos a 16 bilhões de

barris provados no presente, que já contam com 27% de contribuição dessa

nova província produtora. E incorporamos descobertas que nos levam à

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avaliação inicialmente feita (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS,

POST 13).

O início da produção do campo de Lapa acontece em um momento

de resultados expressivos no pré-sal. A produção de petróleo por nós

operada nessa fronteira já supera 1,2 milhão de barris por dia e, em

novembro, atingimos a marca histórica de 1 bilhão de barris de petróleo

produzidos no pré-sal (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS,

POST 5).

Outra estratégia utilizada nas publicações do Blog foi a exemplificação,

visando demonstrar a representatividade do pré-sal, tanto nos resultados da

empresa quanto na economia do País, assim como na evolução tecnológica

envolvida na extração do petróleo, reduzindo o tempo de perfuração com a

descoberta de novas tecnologias.

Temos perfurado poços no pré-sal em tempo cada vez menor, sem abrir

mão das melhores práticas mundiais de segurança operacional. Para se ter

ideia da importância dessa atividade, basta dizer que cerca de 50% dos

investimentos no pré-sal são voltados para a construção e avaliação de

poços. Com a experiência adquirida e a introdução de novas tecnologias e

melhores práticas, o tempo médio de perfuração de poços no pré-sal nos

campos de Lula e Sapinhoá passou de 126 dias, em 2010, para 60 dias em

2013, o que corresponde a uma redução de 55% (PETROBRAS, 2014,

BLOG FATOS E DADOS, POST 22).

A estratégia insinuação foi utilizada pela empresa, uma vez que a Petrobras

buscou, por meio de informações sobre a exploração do pré-sal, demonstrar

benefícios para o conjunto da economia e para o desenvolvimento tecnológico do

País.

De acordo com a nova Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na última década, a indústria

extrativista dobrou a participação na composição do Produto Interno Bruto

(PIB). O peso do setor dentro do cenário industrial nacional saltou de 5%

em 2000 para 11,2% em 2010. Entre as explicações para o salto está a

descoberta do pré-sal, em 2006, que aumentou a importância da produção

de petróleo na economia brasileira (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E

DADOS, POST 24).

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A última estratégia utilizada pela Petrobras foi a intimidação, empregada em

um caso específico em que a empresa adotou postura agressiva ao responder um

questionamento relacionado aos impactos ambientas no processo de exploração do

pré-sal.

A Petrobras repudia veementemente a afirmação que tem tratado com

descaso no que tange a danos ambientais. A produção do pré-sal, iniciada

em maio de 2009, hoje é responsável por mais de 500.000 barris de óleo

por dia, sem que tenham sido constatados danos ao meio ambiente

(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 25).

Já nas respostas aos veículos de comunicação, a tática explicações foi

utilizada pela empresa com o intuito de expor detalhes das operações no pré-sal, e

informar sobre suas atividades de exploração do petróleo na região.

A Petrobras reafirma que os investimentos já realizados e previstos no

Plano de Negócios (PNG 2014-2018) garantem o cumprimento de todos os

seus compromissos até 2030 sem a necessidade de construção de novos

gasodutos de transporte (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS,

POST 27).

A tática justificativas foi a adotada pela Petrobras em suas respostas, quando

foi percebida pela empresa a necessidade de esclarecer os questionamentos das

reportagens, para assim justificar suas ações e escolhas.

Por razões de procedimento interno, a Petrobras não divulga a lista das

empresas convidadas para o certame (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS

E DADOS, POST 33).

No bojo do Memorando de Entendimentos assinado em 24 de outubro de

2016 entre Total e Petrobras, visando à formação de uma parceria

estratégica, constam diversas iniciativas, como acordos de cooperação

tecnológica, desenvolvimento de estudos conjuntos em áreas no Brasil e no

exterior e negociação de parcerias em determinados ativos, de interesse

comum (PETROBRAS, 2016, BLOG FATOS E DADOS, POST 31).

O jornal Folha de São Paulo publicou reportagem em seu portal46 relatando

críticas de biólogos ao estudo de impacto ambiental do pré-sal, produzido pela

46 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2014/07/1491553-biologos-criticam-estudo-de-impacto-ambiental-do-pre-sal.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017

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Petrobras. De acordo com a reportagem, os biólogos consultados alegaram que a

análise não prevê plano de monitoramento para baías costeiras, incluindo as baías

de Guanabara e Sepetiba, o que representaria uma gravíssima ameaça à

biodiversidade. A Petrobras respondeu que repudiava veementemente as

afirmações, e afirmou que nas atividades do pré-sal não foram constatados danos

ao meio ambiente, fazendo o uso da estratégia intimidação, ao responder com

agressividade os questionamentos levantados pelo jornal.

A Petrobras repudia veementemente a afirmação que tem tratado com

descaso no que tange a danos ambientais. A produção do pré-sal, iniciada

em maio de 2009, hoje é responsável por mais de 500.000 barris de óleo

por dia, sem que tenham sido constatados danos ao meio ambiente

(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 25).

Em outra publicação no seu portal47, o jornal O Globo revelou a necessidade

de aumento de 24,5% das importações de combustíveis pela Petrobras para atender

ao aumento do consumo no país, o que representaria US$18,8 bilhões, um aumento

de US$3,7 bilhões comparado ao ano anterior. Em resposta, utilizando a tática

explicações, a empresa informou a conclusão de oito novas unidades de produção e

ressaltou o aumento de produção decorrente das futuras explorações do pré-sal.

Em mais uma reportagem de O Globo, publicada em seu portal48, o jornal

atestou sobre o crescimento previsto na oferta de gás natural em 68% devido às

explorações do pré-sal. De acordo com a reportagem, seriam necessários

investimentos de US$22 bilhões em infraestrutura logística de transporte. A

Petrobras utilizou novamente a tática de explicações, e respondeu que os

investimentos já realizados garantiriam os seus compromissos até 2030, uma vez

que os 9 mil quilômetros da malha de gasodutos foram projetados para atender a

demanda de longo prazo.

Em 2013 concluímos a construção de oito novas Unidades Estacionárias de

Produção (UEPs), além da disponibilização da plataforma de apoio à

47 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/gasto-da-petrobras-com-importacoes-deve-subir-24-este-ano-para-188-bi-12601159>. Acesso em 15 jan. 2017 48 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/oferta-de-gas-crescera-68-mas-faltam-gasodutos-12890628>. Acesso em 15 jan. 2017

Page 95: O GERENCIAMENTO DE IMPRESSÕES EM EMPRESAS … · Nesta pesquisa, optou-se por um estudo de caso de caráter qualitativo e de natureza descritiva, em que foi utilizada a técnica

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perfuração do tipo Tender Assisted Drilling (TAD) para o campo de Papa-

Terra (PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 26).

A revista Forbes, por meio do seu portal49, publicou uma reportagem

relatando o anúncio da Petrobras sobre a produção do petróleo operada na área do

pré-sal que havia ultrapassado 500 mil barris por dia em apenas oito anos. A

reportagem acrescenta que o aumento da produtividade com o pré-sal é

acompanhada pelo aumento do custo, uma vez que o preço da perfuração de um

poço no pré-sal pode custar entre US$200 e US$300 milhões. O valor é

relativamente alto, comparando com o custo cerca de US$50 a US$150 milhões no

Golfo do México, o que revela uma significativa desvantagem da Petrobras.

Em resposta, a empresa informou que o primeiro poço perfurado em 2005

durou 15 meses ao custo de US$240 milhões, mas que com a incorporação de

melhorias nos projetos, os poços mais recentes alcançaram avanços. Neste caso a

tática explicações foi utilizada novamente pela Petrobras, uma vez que não era

possível questionar a informação; a escolha foi, então, o fornecimento das

informações, a fim de se passar credibilidade em seu posicionamento.

A Petrobras esclarece que o primeiro poço exploratório perfurado pela

companhia no Pré-sal, em 2005, durou aproximadamente 15 meses e

custou US$ 240 milhões. Com a incorporação de várias melhorias nos

projetos dos poços, em materiais e procedimentos operacionais, os poços

mais recentes vêm alcançando resultados cada vez melhores

(PETROBRAS, 2014, BLOG FATOS E DADOS, POST 29).

Tratando do mesmo assunto, a Folha de São Paulo publicou em seu portal

uma reportagem50 relatando a maior produtividade na exploração de petróleo nos

poços do pré-sal, o que consequentemente reduziria os custos de perfuração de

mais poços, ou seja, a estatal consegue produzir mais investindo menos. Utilizando

as explicações como tática, a Petrobras ratificou que os poços em produção até

aquele momento apresentaram produção acima do previsto, o que poderia postergar

a perfuração ou interligação de alguns poços, otimizando os investimentos.

49 Disponível em: <http://www.forbes.com/sites/greatspeculations/2014/07/08/petrobras-prolific-pre-salt-wells-now-pumping-half-a-million-barrels-of-oil-per-day/#6f22a6997cbc>. Acesso em 15 jan. 2017 50 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/04/1610985-mais-produtivo-pre-sal-exige-menos-investimento-da-petrobras.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017

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95

Os poços em produção até o momento nos campos de Lula e Sapinhoá têm

apresentado potencial de produção acima do previsto na época da

aprovação dos projetos. Este fato pode, a depender do desempenho da

recuperação secundária (injeção de água ou gás), fazer com que a

perfuração e/ou interligação de alguns poços que compõem a malha de

drenagem seja postergada, otimizando os investimentos (PETROBRAS,

2015, BLOG FATOS E DADOS, POST 28).

Diversos veículos de comunicação, como a Folha de são Paulo51, O Globo52 e

o Valor53, levantaram dúvidas em relação à viabilidade do pré-sal, devido à queda do

preço internacional do petróleo. A Folha de São Paulo demonstrou que desde 24 de

junho de 2014 até 4 de dezembro do mesmo ano, o preço do barril de Petróleo caiu

de US$112,12 para US$69,64. O Jornal O Globo noticiou a redução do preço do

barril que chegou a US$50,04 em janeiro de 2015. Nas referidas matérias,

especialistas esclareceram que, mesmo ainda sendo viável, o pré-sal deixou de ter a

capacidade de mudar a economia brasileira, como se havia previsto na extensiva

discussão sobre a divisão dos royalties da exploração.

O jornal Valor Econômico divulgou a reposta da Petrobras aos

questionamentos. Em sua contestação, a estatal informou mais uma vez que, com a

queda do preço do petróleo, seriam também reduzidos os seus custos, o que

viabilizaria a exploração do pré-sal até o seu custo, estimado em torno de US$45.

Neste caso, a empresa utilizou a tática justificativas, uma vez que a redução do

preço do petróleo realmente impactaria negativamente os resultados da sua

atividade.

O custo de extração é o custo operacional médio de extração de cada barril

de petróleo. Já a participação governamental é em função do preço do

barril, sendo que o valor de US$ 32,39 por barril é relativo aos preços de

2013. Com a queda do preço do petróleo, os custos também tendem a se

reduzir, tanto da participação governamental quanto de operação. Dessa

forma, os sistemas em fase de produção, enquanto o preço estiver acima de

51 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/12/1557899-petroleo-mais-barato-ameaca-o-pre-sal.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017 52 Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-e-energia/barril-do-petroleo-us-50-traz-duvidas-sobre-viabilidade-do-pre-sal-14975118>. Acesso em 15 jan. 2017 53 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3874650/petrobras-diz-que-basta-brent-acima-do-custo>. Acesso em 15 jan. 2017

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seus custos operacionais, continuam viáveis (PETROBRAS, 2015, BLOG

FATOS E DADOS, POST 34).

Em outra reportagem, O Valor Econômico, em matéria publicada em seu

portal54, revelou a carta-convite enviada pela Petrobras a seis empresas

estrangeiras para disputarem concorrência em recontratação de serviços. Porém,

não foi informado pela empresa o nome das empresas. Em resposta, é dito que por

razões de procedimento interno, a Petrobras não divulgou a lista das empresas

convidadas para o certame, fazendo o uso da tática justificativas em sua resposta.

Por razões de procedimento interno, a Petrobras não divulga a lista das

empresas convidadas para o certame (PETROBRAS, 2015, BLOG FATOS

E DADOS, POST 33).

Após a identificação das estratégias e táticas de gerenciamento de

impressões relacionadas às publicações da Petrobras no Blog Fatos e Dados, foi

possível perceber que nas postagens em que a empresa transmite informações

sobre a exploração de petróleo no pré-sal, as estratégias utilizadas foram a

autopromoção e a exemplificação. O uso dessas estratégias demostra o intuito em

mostrar sua competência e suas habilidades especiais, estabelecendo ainda

comparações que demonstrem sua importância no segmento de exploração de

petróleo e na indústria brasileira.

Quanto às postagens no Blog, motivadas por reportagens dos veículos de

comunicação, a Petrobras utilizou a estratégia da intimidação em um dos casos, em

que respondeu com agressividade às acusações de descumprir normas ambientais

em suas atividades. Nas demais postagens, em que buscou responder as denúncias

e questionamentos, a empresa empregou as táticas de explicações e justificativas.

Tal escolha demonstrou que a Petrobras entendeu ser capaz de minimizar a

severidade das denúncias e questionamentos por meio da exposição de

informações e dados referentes às suas atividades.

54 Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/3867578/petrobras-chama-seis-estrangeiras-em-licitacao-de-modulos-para-pre-sal>. Acesso em 15 jan. 2017

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Embora este estudo não tenha tido a intenção de realizar uma pesquisa

quantitativa acerca da predominância de postagens e suas respectivas categorias,

uma análise geral do uso das estratégias de GI pela Petrobras, por meio das

Publicações no Blog Fatos e Dados, pode ser visualizada na Tabela 3. A estratégia

mais utilizada pela empresa foi a autopromoção, evidenciando o intuito da estatal em

se projetar como uma empresa que ainda apresenta resultados positivos quanto à

produção de petróleo e alta tecnologia empregada nas suas atividades de

exploração submarina.

A segunda estratégia com maior uso por parte da Petrobras foi a suplicação,

o que constata que a empresa buscou se mostrar como vítima nas situações de

corrupção em que esteve envolvida, ressaltando os prejuízos causados em suas

finanças e a sua imagem.

Os resultados percebidos nesta análise vão ao encontro dos encontrados no

estudo de Frühauf et al (2015), que examinou as estratégias de gerenciamento de

impressões dos pacientes em relação aos seus terapeutas, sendo também as mais

frequentes a suplicação e a autopromoção.

O resultado do estudo de Cheng, Chiu e Chang (2015) demonstrou que os

funcionários de várias indústrias em Taiwan que empregaram as táticas do

gerenciamento de impressões autopromoção em suas tarefas tiveram reajuste

salarial e satisfação profissional maiores que os que não empregaram.

Resultado similar foi encontrado por Ferreira, Gondima e Pilati (2014), pois

identificaram que, em entrevistas de emprego, a estratégia de autopromoção

influencia mais positivamente a avaliação do entrevistador.

O estudo de Carrera (2013), que estudou o gerenciamento de impressões dos

usuários do Facebook em suas postagens, também encontrou a suplicação como

uma das estratégias mais utilizada. Do mesmo modo ocorreu no caso da Petrobras,

conforme será demonstrado adiante, em que a tática justificativas também foi

identificada como bastante recorrente nas postagens dos usuários da rede social

analisada.

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98

Tabela 3: Estratégias de GI utilizadas por caso Caso 1: Lava

Jato Caso 2:

Pasadena Caso 3: CPI Caso 4:

Pré-sal Total

Insinuação

0

1 0 3 4

Autopromoção 2 1 0 18 21

Exemplificação 0 0 0 3 3

Intimidação 4 0 0 1 5

Suplicação 6 3 1 0 10

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

No que se refere às táticas de gerenciamento de impressões, as publicações

voluntárias da empresa se valeram das táticas dispositivos de memória, quando a

companhia considerou oportuno resgatar sua história; e exposição de atitudes, nos

momentos em que buscou demonstrar proatividade na investigação das denúncias.

A tática culpar e atacar os outros foi utilizada sobretudo quando era

necessário se distanciar dos atos de corrupção cometidos por ex-funcionários ou

atores externos dos quais a empresa se julgava prejudicada; as táticas explicações

e justificativas foram usadas quando a empresa entendeu ser capaz de minimizar ou

evitar desgastes à sua imagem por meio da divulgação de informações, dados e

posicionamentos oficiais fornecidos pela própria organização.

Com base na Tabela 4, foi possível identificar que as táticas mais utilizadas

pela empresa foram as justificativas e as explicações, respectivamente, revelando

que nas situações em que foi questionada pelos diversos veículos de comunicação,

buscou reduzir os impactos negativos ou minimizar a severidade das denúncias, por

meio do fornecimento de dados e do esclarecimento das informações.

A segunda tática mais utilizada foi a exposição de atitudes, demonstrando

que nos momentos em que a empresa, percebendo não ser capaz de justificar ou

explicar as denúncias e questionamentos, procurou mostrar que tomara as devidas

atitudes na elucidação dos fatos para colaborar com as investigações das

autoridades competentes.

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Tabela 4: Táticas de GI utilizadas por caso Caso 1: Lava

Jato Caso 2:

Pasadena Caso 3: CPI Caso 4:

Pré-sal Total

Culpar e atacar outros

1

1 0 0 2

Dispositivos de memória

1 0 0 0 1

Explicações 5 10 0 4 19

Exposição de atitudes

8 2 3 0 13

Justificativas 3 6 5 7 21

Comportamento Pró-Social

0 2 0 0 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

No estudo de Oliveira (2014), que analisou as ações de responsabilidade

social e ambiental da Renault do Brasil, a tática defensiva mais utilizada pela

empresa foi a retratação. O que chama a atenção no resultado deste trabalho é que

não foi encontrada em nenhuma ocorrência a utilização desta tática pela Petrobras,

mesmo nos momentos em que foram abordados assuntos relacionados a práticas

negativas da empresa.

Assim como na Petrobras, o estudo de Jatahi (2004), demonstrou que o

Banco Central do Brasil, desde a sua criação, encontrou no gerenciamento de

impressões um instrumento a ser utilizado na construção de uma imagem de

autoridade e eficiência, canalizando recursos do ambiente institucional para garantir

a sobrevivência da organização.

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100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O gerenciamento de impressões é uma ferramenta utilizada pelas

organizações para a construção de uma imagem institucional positiva e de

relacionamento com os stakeholders. Portanto, torna-se importante para as

empresas que suas práticas sejam compatíveis com a imagem que se deseja

transmitir.

Orientado pelo objetivo de identificar as ações de gerenciamento de

impressões empreendidas pela Petrobras por meio de suas atividades institucionais

de comunicação, este estudo buscou demonstrar a utilização das estratégias e

táticas pela Petrobras mediante análise das publicações no Blog Fatos e Dados.

A Petrobras enfrentou, no período analisado, um momento bastante peculiar

da sua história. Pouco tempo depois da euforia da descoberta de petróleo no pré-

sal, a estatal foi obrigada a concentrar seus esforços em manter sua reputação após

as denúncias envolvendo casos de corrupção e decisões equivocadas que lhe

renderam prejuízos bilionários.

Ao analisar as publicações do Blog, foram identificadas a utilização de

diversas estratégias e táticas de gerenciamento de impressões, tanto na tentativa de

construção da imagem desejada, quanto nos momentos em que a empresa buscou

se defender das acusações ou minimizar os danos provocados pelas denúncias

sobre eventuais irregularidades.

Em relação às estratégias de gerenciamento de impressões, associadas ao

posicionamento de longo prazo da empresa, ficou evidente que, quando a estatal

buscou publicar as notícias positivas em relação às suas atividades, as postagens

puderam ser relacionadas às estratégias de autopromoção e exemplificação, uma

vez que o intuito da empresa era demonstrar sua capacidade de produção e a sua

importância econômica e simbólica para o país.

Por outro lado, nos momentos em que as publicações eram motivadas por

denúncias de irregularidades, as respostas utilizaram as estratégias de suplicação e

intimidação. A escolha dependia da comprovação, ou não, das denúncias. Quando

as acusações apresentadas eram frágeis de comprovação, a empresa respondia

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atacando, mostrando-se indignada e condenando os veículos de imprensa ou

jornalistas; já nas situações em que eram fortes as evidências, ou comprovadas as

denúncias, a empresa se mostrava como vítima lesada pelos maus feitos apontados.

Os resultados aqui apresentados limitam-se às publicações escolhidas, não

tendo a intenção de generalizar os resultados para as demais ações da Petrobras ou

outras empresas.

Em meio às constatações de corrupção envolvendo a estatal, e dos prejuízos

decorrentes das escolhas equivocadas por parte de seu comando, entende-se que a

estatal se mostrou mais interessada em gerenciar as impressões na tentativa de

preservar sua imagem do que em, efetivamente, atuar no sentido de acabar com a

corrupção instalada em diversas áreas da empresa, uma vez que, com base nas

reportagens analisadas, mesmo após comprovadas as irregularidades, a empresa

atuou para evitar CPIs no Congresso Nacional, e patrocinou o treinamento de seus

executivos e ex-executivos para os depoimentos, após receber de integrantes do

governo, à época, as perguntas que seriam feitas.

Diante disso, e com base nas informações colhidas no decorrer deste estudo,

constatou-se que a interferência política e o comando do governo em relação à

empresa foi o ponto central para a crise gerencial, financeira e moral desencadeada

na estatal. Em diversos momentos ficou patente o protagonismo de integrantes do

governo federal nas decisões da Petrobras. Um exemplo se deu quando o ex-

presidente Lula assumiu o protagonismo na divulgação da descoberta do Pré-sal,

inclusive teve um dos campos batizado com o seu nome.

Outros casos que ilustram a interferência por parte do governo na gestão da

companhia deram-se quando o Conselho de Administração da estatal, presidido pela

então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, aprovou a compra da refinaria de

Pasadena; posteriormente, quando o Conselho de Administração, presidido pelo

então Ministro da Fazenda Guido Mantega, optou pelo represamento dos preços de

combustíveis para controlar a inflação. Nos dois casos, geraram-se prejuízos

bilionários para a companhia.

Outro episódio ilustrativo aconteceu quando o então Ministro José Dirceu, por

determinação do presidente Lula, conforme declaração do próprio presidente,

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orquestrou a divisão das Diretorias da estatal entre os partidos aliados do governo.

Daí originou-se o esquema de corrupção envolvendo: empreiteiras, que

superfaturaram as obras; diretores indicados para a estatal além de políticos e

partidos, beneficiados pelo recebimento das propinas.

Todas essas ações prejudicaram principalmente os acionistas minoritários55

da empresa, que perderam seus recursos pois investiram em uma empresa cuja

gestão se provou ineficiente; os fornecedores56 que tiveram dificuldades para

recuperar seus ativos; os mais de 170 mil funcionários que foram demitidos da

estatal57; e, enfim, o país como um todo, que percebeu a fragilidade do seu setor

econômico de petróleo e gás, e a insegurança quanto ao seu mercado de capitais.

Finalmente, responde-se, neste parágrafo, o problema da pesquisa. A

Petrobras, por meio de interações com a sociedade, utilizando o seu Blog

institucional Fatos e Dados, buscou atribuir significado ao seu papel de grande

empresa nacional. A companhia, na tentativa de gerenciar as impressões alheias,

resguardar e recuperar a sua imagem, apresentou em suas postagens os elementos

que considerou pertinentes. Utilizou-se, por exemplo, da sua história, de suas ações

de colaboração nas investigações de irregularidades e dos resultados positivos de

suas atividades, para superar o momento de dificuldades pelo qual atravessava no

período analisado. Dessa forma, ficou evidente que as expectativas sociais norteiam

as suas ações de comunicação com o público, justificando o uso de diversas

estratégias e táticas de gerenciamento de impressões em suas postagens.

5.1. Limitações e sugestões para pesquisas futuras

Com base no material analisado neste estudo, supõe-se que o maior

beneficiário desse esquema foi o governo do PT e seus aliados, visto que utilizou a

imagem da empresa como capital político, recebeu parte dos recursos desviados, e

repartiu a outra parte com outros partidos em troca de apoio, ou seja, a Petrobras foi

utilizada como um dos pilares do seu projeto de poder.

55 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/08/1668649-acionistas-da-petrobras-no-brasil-irao-a-justica-por-prejuizos-com-corrupcao.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017 56 Disponível em: <http://www.fiesp.com.br/sindileme/noticias/crise-da-petrobras-afeta-empreiteiras-estaleiros-e-20-mil-fornecedores>. Acesso em 15 jan. 2017 57 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/03/1755010-pos-lava-jato-petrobras-ja-demitiu-170-mil-funcionarios.shtml>. Acesso em 15 jan. 2017

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103

Assim sendo, e reconhecendo a limitação deste trabalho quanto aos objetivos

estabelecidos previamente, identificar a interferência do governo federal e dos

partidos políticos integrantes do governo é uma limitação deste estudo.

Acrescenta-se que a utilização de entrevistas com stakeholders é uma

limitação deste trabalho, o que poderia acrescentar ainda testes estatísticos e

análises quantitativas. Por fim, ressalta-se que, até o momento da conclusão deste

estudo, ainda se encontravam em curso as investigações acerca das irregularidades

nos negócios da empresa e de todos os envolvidos, sendo esta outra limitação desta

pesquisa.

Sugere-se que estudos futuros aprofundem a análise na relação entre a

estatal e o governo brasileiro. Outros estudos, que podem ser complementares a

este, são aqueles que analisem a relação de governos com outras estatais ou com

empresas privadas que possuam forte influência governamental. Sugere-se até

mesmo o uso de outras teorias, como a de governança corporativa, a de agência e

da dinâmica do poder nas organizações, que podem ser úteis na interpretação

destes acontecimentos.

5.2. Implicações acadêmicas e gerenciais

Em relação às implicações acadêmicas e gerenciais deste trabalho, espera-se

que sirva de inspiração para novas pesquisas, e que principalmente contribua para

tornar a teoria do gerenciamento de impressões mais utilizada como uma ferramenta

de análise nos estudos em âmbitos organizacionais, uma vez que pode ser melhor

explorada, colaborando na compreensão das atividades empresariais,

governamentais e profissionais, e desta forma contribuindo para o desenvolvimento

cultural, econômico e social.

As organizações e os profissionais da área de gestão, mediante o

conhecimento da teoria do gerenciamento de impressões, podem se beneficiar do

seu uso, tanto na promoção de suas ações e defesa em eventuais situações de

ameaças, quanto para identificarem o seu uso por parte de terceiros.

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