o íntimo de uma solidão 15
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Talvez de uma paixão tenha nascido um sonho de escrever poesias. Alimentei a ideia com dedicação e estou colhendo uma obra que com muita alegria posso dividir com você, leitor, que abraça um tempo em sua vida para uma leitura.TRANSCRIPT
O íntimo de uma solidão
São Paulo - 2015
N a r i H u g e N
O íntimo de uma solidão
Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.
Capa Jacilene Moraes
Diagramação Felippe Scagion
Revisão Priscila Loiola
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
________________________________________________________________H887i
Hugen, Nari O íntimo de uma solidão / Nari Hugen. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.
ISBN 978-85-437-0489-0
1. Poesia brasileira. I. Título.
15-26387 CDD: 869.91 CDU: 821.134.3(81)-1________________________________________________________________14/09/2015 15/09/2015
Impresso no BrasilPrinted in Brazil
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br
Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br
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Nada tenho a dizer de concreto, porque as palavras usam-me, para em poesia expressar a alma e torná-las ricas.
Escrevo aos impactos da mente que em relapsos me ocupam. E quando os percebo, abraço-os e devoro-os. Concretizando ao final com minha assinatura que em analogia cifro como MESTRE DAS LETRAS.
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O amor sempre está em cada pessoa, mesmo ela es-tando incrédula, parecendo morta, mas está coberta dele na aptidão de expressá-lo pelos olhos ou na maneira de ser. Muitos esperam que ele seja a sua felicidade, ou a pessoa que designam como parceiras, para concluírem a função.
Qualquer forma de amor não é perfeita, porque ele sem-pre está ligado ao intuito de querer algo em troca. Mas o ver-dadeiro amor, nascido no coração com a remoção do pecado e envolto com o espírito santo, almeja aceitar as diferenças quão perfeitas não forem e com o tempo lapidar o que de ver-dadeiro possa brilhar, sem cegar a visão de quem o enxerga. É como um leito do vale suportando a pressão de uma nascente que vai aceitando todos os outros que vão se adicionando pelo caminho, até chegar ao seu destino, ao mar.
Talvez nosso coração seja semelhante se sujando com o próprio pensamento que muitas vezes se entorna de tal forma que dificilmente consegue contornar os obstáculos que são achados no caminho de vida que percorremos, cobrando sempre do outro ou colocando em outro a cul-pa de nossas falhas, mesmo que simples sejam.
Sem perceber de fato as consequências, nos dei-tamos em jubilo, sem agir, mas mergulhado em uma solidão que joga-nos ao abismo da morte, deficiência de relacionamento, depressão etc. O nosso agir é que nos completa, na certeza do consentimento dos pró-prios atos que governamos e colhemos nossa felicida-de. Basta consentir que depende de nós e que tudo se completa sem medo.
É com erros que se aprende e passa-se a ser lecionador das boas aventuranças, com a segurança de não repeti-los!
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É com muito orgulho que dedico está obra aos meus professores, colegas de serviço, familiares e a DEUS, que me têm proporcionado inspiração e tempo nas minhas loucuras da alma. Não me considero herói, apenas um sofredor: não há um grande poeta sem sofrimentos!
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Hoje acordei sem pensamentos E logo depois de escovar os dentesVi minhas ideias fugirem também
Tão quão apressadasQuanto o vento
Que sopra na direção dos meus olhosPerdidos na sintonia do som
Que farfalha no ladrilho da portaPor onde eu vejo um céu cianoSe espelhando do mar infinito
Roubando o horizonteQue meus olhares se investem
A se inspirar na luz borealQue se deita com o amanhecer do dia
Anunciando pelo gazear dos sabiás No galho seco com sua facúndia
Se prostrando pelas fagulhas do solAcendendo o calor do diaPara mais uma suavidade
De dias de ócioQue me imponho
Como desligar um som de motorMas que meu íntimo
Profere ímpetos de eloquênciaDos quais me coçam o cérebro
Rosnando os tímpanosE secando os lábios
Que se emergem no silêncio parcialQuebrado pelo impacto da onda na rocha.
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Rocha da qual quão verdejanteOferece-se para a minha chegada
Com um tapete de limo Que se interrompe na espuma do mar
E com o sorriso das orquídeasSombreadas por espinheiras
Do qual observo o velho forteCom sua luz do farol ainda acesa
Talvez devolvendo meus pensamentosQue percorrem pela distância
De uma saudade...
Saudade que me faz viajarPela juventude de dias
Que se foram e me deixaram anciãoPreso a passos lentos
Como a sombra que me diz as horasCintiladas pelo arco-íris
Da manhã murcha,Com chuva fina
Cobrindo o verde de véuAnunciando a cerimônia
Como meu coração sozinhoLagrimejando meu penteado
E logo deslizo meus pés descalçosPermitindo gozar da energiaQue se eleva na meditação
Com o silêncio que me deitoEsperando ouvir...
Ouvir apenas um som
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Uma prosa talvezMas minha timidez
Sempre me vem na surpresa!
E como surpresaDói-me meu íntimoNa calada inocênciaE recuso-me a sair
Pois procuro contemplaçãoDos sonhos que se passam
Alados com as nuvensAcelerados com o ventoQue sopra a chuva fina
Em meu rostoRústico e delineado
Pela passagem do tempoQue me pesa...
E imprime diante de mimA demência em forma de loucura
Exposta pela minha açãoFrágil e consequente sem reação
Avassalador como o impacto das ondasSondando a firmeza dos rochedosQue sinto trêmulos sob meus pés
Frios e calejados - Feridos pelos espinhosQue ornaram todos os caminhos
Percorridos por minha pobre pessoaCoberto pelo desânimo
Mas incentivado pelo espírito.
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Espírito quão poderosoRege minha passagemPecaminosa e restrita
Por esse mundo que se faz cruelPelas atitudes de ganância
E pela soberba...Sóbria e desmentida
Fora do controle dos atosFugindo do amor verdadeiroInstituído pela lei da naturezaQue acompanha os sete mares
Vitais como um suspiroAlimentando o sopro sanguíneo
Que assegura um coração com saúdeE pernoites e matinas
De dias sem despedidasPois nunca houve cumprimentos
Sempre regados à solidãoCom olhares avanteSem perceber talvez
Que havia alguém próximo de mimTão próximo que meus próprios pés
Apagaram a sua existênciaDeixando-me perdido
Dentro de meus próprios passosQue se vão, sem deixar rastros
Ou tão leves Quão meus sonhos
Aprisionando-me dentro de mim mesmoComo um fogo de lamparina
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Sem foco algumApenas uma fagulha
Como esse raio de sol Que me aponta
Sentado eu no rochedoDiante de meu ócio.
Ócio que preenchoCom pensamentos férteis
Relembrando meu passadoInocente sem reaçãoQuerendo fugir dele
Mas ele que me ordenaQue minha vida procedeDaquilo que se passou
Ou simplesmenteAquilo que faltou
Provando-me que meus medosForam falhos como lâminas
Ferindo minha históriaQue tão crua e gélida
Parou no tempoEm tempestade contínua
Rodeando-me com blocos de saudade.
Saudade de você Morena dos olhos negros
E da pele fina como algodãoMaciez que apalpa meus pensamentos
E não consigo senti-lo
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Você voou como pássaroNa leveza de outra certeza
Soprando atitudes sem reaçãoAo meu ventre pélvico
Com meu íntimo saindo das víscerasSentindo-me um menino...
Menino sonhador Dentro de um corpo ancião
Cofiando a barba Mais dura e espessa
Como farpados de cercaDividindo os lotes da criadagem
Daquela fazenda verdejanteQue iluminou
Como uma luz reluzenteÀ sua existência
Fazendo pulsar meu coraçãoEm trêmulos impactos
Assim como sinto os rochedosSob os meus pés
Rosnando minhas cicatrizesCélebres iguais ao tempo
Que me dá tapasEm forma de risos
Transgredindo minha derrotaPara uma vida incertaEm que meus erros
Cogitavam meus atosNa maior parte sem ação
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Dementes na loucuraDe um íntimo
Avassalando tudo e todosQue de simples forma
Fizeram parte de minha vida.
Se feliz estou...Não sei!Talvez...
Seja um segredo do meu coraçãoGuardado pelo silêncio do meu íntimo
Ou apenas não expressivoOfuscado pela cegueira dos meus olhos
Que tímidosFalam apenas com meu pensamento
Que se acomoda na iminênciaMas sem meus atos sóbrios
Sóbrios talvez excessivosPorque o amo explode dentro de mim
E soberbo meu coraçãoSente-se algemado
Pela timidez e medoMedo de ferir a quem procede
Você que me ocupa todos os meus pensamentosInclusive enquanto durmo.
Mas é no sono que meus pensamentos Tornam-se mais férteisAssim como uma rosa
Que desabrocha no mais fétido esterco
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Circundando-me por sonhosQue me ocupam...
E me inspiram, talvez ligeiramenteOu dividindo-me apenas da realidade
Mas quão presenteSempre sinto saudade
Que avassaladora comprime-meApertando meu peito
Que reage tímidoSem preponderância
Porque quero me sentir útilNem que seja nos sonhos apenas
Ou talvez me percebas Você que fala apenas pelos lábios
Com o silêncio dos olhos Cutucando suas pupilas
Nos sonhos meusE após acordar
Transcrevo todos os sentimentosEm poemas versáteis
Sendo como sangue meu Que corre acelerado nas minhas veias
Pulsando como as ondas do marOndas das quais
Ferem meus tímpanosEmpurrando-me a realidade
Porque tinha acabado de mergulharAo fundo da magia dos sonhos
Um mundo onde eu ponderava-teImpondo a você, talvez, a minha obediência
Ou criando um mundo só nosso.