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15ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE GOIÂNIA
NÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ___
VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, pelo
Promotor de Justiça que esta subscreve, titular da 15ª Promotoria de
Justiça de Goiânia, que integra o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente, com
endereço profissional indicado no rodapé da presente, onde receberá,
pessoalmente, as comunicações processuais de estilo, com fulcro nos
artigos 129, inciso III, artigo 5º, I da Lei 7.347/85 e 225 da Constituição da
República, vem, à presença de Vossa Excelência, ajuizar
115ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim GoiásEdifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
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NÚCLEO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE
AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL, com pedido
liminar
em desfavor de:
USINA XAVANTE S.A, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o nº 08.435.796/0001-17, com sede na GO-080, Km
06, nesta capital, representado pelo seu Presidente, Dr. Jayro Piedrahita
Montoya, portador do CPF de nº. 057.652.717-31,
OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO-ONS,
associação civil de direito privado, estabelecida no Setor de Indústrias e
Abastecimento Sul, Área de Serviços Públicos, Lote A, CEP: 71.215-000,
Brasília-DF;
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA-ANEEL,
pessoa jurídica de direito público inscrita no CNPJ sob o nº 02.270.669-
0001-29, sediada na SGAN, 603, Módulo J, Brasília-DF, CEP 70830-110;
ESTADO DE GOIÁS, pessoa jurídica de direito público
interno, com sede no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, sito à Rua 82, nº 400,
Setor Central, Goiânia - Goiás, representado administrativamente pelo
Excelentíssimo Senhor Governador Marconi Perillo, a ser citado por meio da
Procuradoria Geral de Estado, localizada na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira,
nº 03, Setor Central, Goiânia-GO, que o representa judicialmente;
com base nos fatos e fundamentos jurídicos a seguir
aduzidos.
1. INTRODUÇÃO
215ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim GoiásEdifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
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A presente ação civil pública visa primordialmente e
imediatamente fazer cessar e impedir a propagação de poluição ambiental
causada pelo funcionamento da Usina Termoelétrica XAVANTES, da
Requerida USINA XAVANTE S.A, situada na GO 080, Km 06 nesta
capital, integrante do Sistema Interligado Nacional – SIN, com o fim de
garantir o mínimo de dignidade, qualidade de vida e a saúde aos
moradores vizinhos da referida usina no concernente aos danos causados
pela poluição sonora, bem como a integridade do meio ambiente
saudável.
Tem por objetivo, também, suspender a licença ambiental de
funcionamento nº 2466/2011, expedida pelo Requerido Estado de
Goiás, por meio de sua Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos – SEMARH (fls. 393/394), em razão do descumprimento da
legislação ambiental, especialmente, no que se refere a propagação de
poluição sonora acima dos limites estabelecidos na legislação em vigor.
Objetiva, ainda, a cominação de obrigação de não fazer
endereçada ao Requerido OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA
ELÉTRICO-ONS e à Requerida AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA-ANEEL, para que não determinem o funcionamento da
referida usina termoelétrica, mediante ordem de despacho, ou qualquer
outra forma, até que esteja tecnicamente comprovado em juízo que o seu
funcionamento não irá causar poluição sonora e ou atmosférica.
Tem por escopo, também, determinar que a Requerida
USINA XAVANTE S.A. faça a adequação acústica de sua atividade de
modo a não causar poluição sonora e perturbação do sossego da
população vizinha.
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Por fim, busca a responsabilização ambiental objetiva de
todos os Requeridos para a reparação dos danos ambientais
imensuráveis e irreversíveis e transtornos já ocasionados à população
vizinha e à coletividade decorrentes de poluição sonora e atmosférica.
2. DOS FATOS
Mediante a Portaria 016/2008, datada de 05.03.2008,
instaurou-se Inquérito Civil Público para apurar a ocorrência de poluição
ambiental (sonora, hídrica e do solo) ocasionada pela Termoelétrica
Xavantes Aruanã (nome fantasia da Requerida Usina Xavantes S. A.),
estabelecida na GO-080, Km 06, próximo ao Residencial Nossa Morada,
nesta Capital, bem como a regularidade ambiental da empresa
supracitada, em razão da lavratura do Auto de Infração nº 426 pela
Agência Municipal do Meio Ambiente - AMMA, na data de 08/02/2008, no
valor de R$ 1.500.000,00 (fls. 22 do ICP 305/13).
O referido Auto de Infração foi lavrado em virtude de ter sido
constatado o derramamento de resíduos oleosos em uma lagoa não
impermeabilizada destinada ao recebimento de águas pluviais, o que
poderia ocasionar a contaminação do solo e do lençol freático. Bem como,
em razão da emissão de ruídos em índices acima do permitido em lei.
Apurou-se, inicialmente, que a Requerida USINA XAVANTE
S.A. possuía a licença ambiental de funcionamento GUS nº 527/2007,
expedida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos –
SEMARH do Requerido Estado de Goiás, com validade até 17.05.2010 (fls.
17/18 do ICP 305/13).
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Visando solucionar a questão a Requerida USINA XAVANTE
S.A. firmou, em 17.03.2008, perante o Ministério Público do Estado de
Goiás, um Termo de Compromisso e Ajustamento de Condutas (fls. 54/58
do ICP 305/13), no qual se comprometeu a fazer a recuperação ambiental
e monitoramento da área atingida pelo lançamento inadequado de
substâncias oleosas, bem como a fazer adequação acústica da usina de
modo a não causar poluição sonora.
Tem-se também que, em 24.03.2008, a Requerida USINA
XAVANTE S.A. firmou outro Termo de Compromisso, agora com o órgão
municipal de meio ambiente, a Agência Municipal do Meio Ambiente –
AMMA, no qual obteve a redução de 90% da multa que lhe foi imposta e
recebeu, contra legem, “autorização” para produzir ruídos acima dos
limites permitidos, isto é, de até 60 dB (A) durante as 24 horas do dia (fls.
219/227 do ICP 305/13).
No decorrer do acompanhamento do cumprimento das
obrigações assumidas perante o Ministério Público, esta Promotoria de
Justiça apurou que a Requerida USINA XAVANTE S.A. adimpliu o TAC,
pois realizou as medidas necessárias de recuperação da área degradada,
já que, prontamente providenciou a remoção de todo o material
contaminado (resíduo oleoso com terra) e evitou qualquer tipo de
contaminação do solo ou da água subterrânea.
De igual forma, executou o projeto de contenção acústica,
com a construção de um muro, que, de acordo com vistoria realizada pela
AMMA à época, teria sido suficiente para que os níveis de ruídos
estivessem dentro dos índices permitidos em lei.
Diante desta situação, foi feita a promoção de arquivamento
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do procedimento investigatório (fls. 348/356 do ICP 305/13), a qual foi
homologada pelo Conselho Superior do Ministério Público do Estado de
Goiás, em 20/08/12.
Contudo, na data de 08/01/2013 chegou ao conhecimento
desta Promotoria de Justiça a notícia de fato nº 201200002746,
apresentada pelo Sr. Pedro Rodrigues Cruz, acompanhada de abaixo-
assinado de 279 (duzentos setenta e nove) dos moradores do Setor
Nossa Morada e bairros adjacentes, em que denuncia a propagação de
ruídos em índices acima do permitido em lei, decorrente do funcionamento
da Requerida USINA XAVANTE S.A. (fls. 364/385 do ICP 305/13).
Diante da notícia de fato novo, determinou-se o
desarquivamento do Inquérito Civil Público para retomada das
investigações, com a devida cientificação ao Conselho Superior do
Ministério Público, conforme determina o arts. 26 e 27, da Resolução
009/2010, do Colégio de Procuradores de Justiça.
Na continuidade das investigações, apurou-se que a
Requerida USINA XAVANTE S.A. é um Produtor Independente de
Energia – PIE e opera uma Usina Termoelétrica – UTE movida a óleo diesel,
com capacidade instalada para gerar 50.680 kW, por meio de autorização
concedida pela Resolução nº 345/2002 (fls. 514/516 do do ICP 305/13),
expedida pela Requerida ANEEL.
Apurou-se que, inicialmente, a empresa Aruanã
Termoelétricas S.A. foi autorizada pela Requerida ANEEL a instalar 35
unidades motogeradoras em ciclo simples, de 1448 kW cada e 50.680 kW
no total, arranjadas em 02 blocos de energia, sendo um com 17 e outro
com 18 unidades.
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Posteriormente, por meio da Resolução n° 110, de
18.03.2003 (fls. 517 do ICP 305/13), foi autorizada a ampliação das
instalações, adicionando duas unidades motogeradoras e expandindo a
capacidade instalada de operação para 53.576 Kw.
Por meio do Despacho n° 745, de 12.04.2006 (fls. 518 do
ICP 305/13), da Requerida ANEEL, foi determinado o registro da
informação repassada pela empresa Aruanã Energia S.A., nova
denominação da empresa Aruanã Termoelétricas S.A., sobre o
desenvolvimento de estudos objetivando a ampliação da central geradora
termoelétrica Xavantes Aruanã, de 53.576 kW para 101.528 kW, para fins
de habilitação técnica e cadastramento junto à Empresa de Pesquisa
Energética EPE, mas ressalvando a necessidade de adoção das
providências junto aos órgãos ambientais, não gerando qualquer direito ou
autorização para ampliação da capacidade de produção.
A Resolução Autorizativa n° 1167, de 18.12.2007 (fls. 519 do
ICP 305/13), também da Requerida ANEEL, transferiu a Autorização
constante da Resolução nº 345/2002 para a Requerida USINA XAVANTE
S.A.
Atualmente, o empreendimento possui a licença de
funcionamento nº 2466/2011, expedida pelo Requerido Estado de Goiás,
por meio de sua Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
– SEMARH válida até 27.09.2015 (fls. 393/394 do ICP 305/13).
Não obstante a isso, por diversas oportunidades, foram
constatadas emissões de ruídos acima do permitido em lei por parte da
atividade da Requerida USINA XAVANTE S.A. , bem como que o ruído é
intenso e ininterrupto, perturbando o sossego dos moradores vizinhos,
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durante as 24 horas do dia (cf. Termo de Vistoria da Diretoria de
Fiscalização Ambiental de fls. 405 do ICP 305/13).
Em medições dos níveis de emissão de ruídos realizadas
pela Agência Municipal do Meio Ambiente – AMMA, órgão integrante do
SISNAMA, nos dias 29.10.12 e 10.11.12, aferiram-se índices acima do
permitido em lei (57 e 64 db), conforme Boletins de Intensidade Sonora nº
9668 e 9759, razão pela qual foi lavrada pelo órgão ambiental do
Município a Notificação nº 92345, para “promover a adequação de suas
atividades a fim de que o som produzido não ultrapasse o estabelecido em
norma e não cause perturbação/incômodo à vizinhança” (fls. 406/408 do
ICP 305/13).
Em novas vistorias in loco realizadas pela AMMA, em dias e
horários variados, corroborou-se a ocorrência de poluição sonora, vez que
foram aferidos níveis de ruídos em índices acima do permitido em lei,
conforme se aufere da tabela abaixo:
BIS nº data índices* Horário da medição
Fls.
9305 11.12.12 57dB 19:50h 468
9295 12.12.12 60dB56dB
20:05h21:15h
469
9306 12.12.12 56dB55dB
00:10h01:15h
467
9296 13.12.12 56dB59dB
00:05h01:12h
470
11469 13.12.12 57dB63dB
20:07h21:13h
471
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9459 14.12.12 70dB70dB
19:21h20:35h
473
11470 14.12.12 62dB62dB
23:40h00:50h
472
9762 15.12.12 62dB58dB
20:27h21:35h
475
9763 15.12.12 66dB62dB
00:40h01:20h
476
9460 15.12.12 66dB65dB
01:18h02:26h
474
11481 19.12.12 65dB62dB
14:20h14:55dB
477
* Nível máximo permitido para Zona Residencial Urbana é de 55 dB (período diurno1) e 50 dB (período noturno2)
O órgão ambiental municipal, diante da irregularidade
constatada, em 19.12.12, lavrou o Auto de Infração nº 18247, tendo por
motivação o fato da Requerida Usina Xavantes estar causando poluição
sonora em níveis tais que resultem ou possam resultar danos à saúde
humana (fls. 487 dos autos).
Realizada vistoria técnica pela perícia ambiental do
Ministério Público nos dias 06 e 07.05.13, foi elaborado o Laudo Técnico
Ambiental nº 080/2013, segundo o qual o empreendimento possui 189
(cento e oitenta e nove) grupos geradores, com capacidade de 59
(cinquenta e nove) Megawatts, sendo que no momento da vistoria estava
1 O horário diurno é o período entre as 7 (sete) horas até as 22 (vinte e duas) horas.2 O horário noturno é o período entre as 22 (vinte e duas) horas até as 7 (sete) horas do dia seguinte, sendo que,
aos domingos e feriados, o horário noturno encerra, excepcionalmente, às 9 (nove) horas.
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produzindo 42 (quarenta e dois) Megawatts, operando com
aproximadamente 71,18% de sua capacidade total (fls. 432/460 dos
autos).
As medições decibelimétricas realizadas pelos peritos do
Ministério Público, também constataram níveis de ruídos em índices acima
do permitido em lei. Segundo consta, no dia 06/05/2013, no período
diurno, aferiram-se níveis de ruídos de 57,03 e 57,18db e no dia
07/05/2013, no período noturno, índices entre 55,02 e 58,21, portanto,
todos acima do permitido na legislação em vigor.
Ademais, conforme salientado pelos peritos ambientais, “os
níveis de pressão sonora aferidos no período noturno do dia 07/05/2013,
nos interiores de dois imóveis residenciais, localizados nos endereços: rua
Omari; Qd. J; Lote 02 e rua 09; Qd. L; Lote 24, conforme apresentados na
tabela 02 como pontos 05, 06 e 07, também encontravam-se acima do
NCA definido pela NBR 10.151/2000, vez que, conforme a norma
mencionada, para ambientes internos deve-se fazer uma correção no NCA
de -10 dBA (menos dez decibéis na curva A) caso as medições sejam feitas
com a janela do ambiente aberta e -15 dBA (menos quinze decibéis na
curva A) para as medições realizadas com a janela fechada. Visto que as
medições realizadas nos dois imóveis foram feitas com as janelas abertas,
o nível de critério de avaliação no caso em tela deve sofrer a subtração de
10 (dez) dBA, ficando, portanto, como nível máximo permitido de 40 dBA.
Posto isso, observa-se que os níveis de pressão sonora aferidos nos
interiores das residências encontravam-se acima do nível máximo indicado
pela NBR 10.151/2000, a qual é tomada como base pelo Código de Postura
de Goiânia.”
De acordo com as medições realizadas em vários pontos
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pela perícia ambiental do Ministério Público, constatou-se que os níveis de
ruído ultrapassaram o nível de critério de avaliação – NCA definido pela
legislação em vigor. A mesma situação foi identificada nos relatórios de
pressão sonora apresentados pela própria Requerida USINA XAVANTE
S.A (fls. 644/647).
Segundo o laudo pericial do Ministério Público, os grupos de
geradores do empreendimento estão instalados na parte baixa do terreno,
existindo três muros de alvenaria que servem como barreiras
físicas/acústicas, as quais não são suficientes para conter a propagação de
ruídos.
Ainda de acordo com o laudo pericial, estudo realizado pela
empresa ANIMAACUSTICA, apontou a necessidade de construção de uma
terceira barreira acústica com aproximadamente 1,5 metros de distância
dos grupos geradores, bem como a necessidade de ampliação da extensão
e da altura da barreira interna, contudo tais medidas no momento da
vistoria ainda não estavam concluídas.
Ademais, de acordo com os peritos ambientais, o
empreendimento não tem atendido a exigência nº 9 da Licença de
Funcionamento 2466/2011, emitida pela SEMARH, acerca do
monitoramento das emissões atmosféricas, sendo que a empresa
apresentou apenas um relatório referente à análise dos gases do
escapamento de um grupo gerador feito em abril de 2010.
Visando averiguar o ruído ambiente no Residencial Nossa
Morada (ruído de fundo), no momento em que os geradores da empresa
Requerida encontravam-se paralisados, foi determinada a realização de
nova vistoria à perícia ambiental do Ministério Público. Nos dias
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11/09/2013, das 09:20h às 09:40h e 20/09/2013, das 22:20h às 22:30,
foram feitas novas medições, tendo sido verificado que os seguintes
níveis máximos de ruídos: 44,5 dB no período diurno e 38,6 dB no período
noturno (fls. 558/569 dos autos).
Desta maneira demonstra-se tecnicamente que a região
próxima à UTE é predominantemente residencial e tranquila, bem como
que não causa interferência nos índices de ruídos praticados pela
atividade, que estão absurdamente superiores ao permitido pela legislação
vigente.
Cumpre reforçar que a Requerida Usina Xavantes, quando
está em operação, funciona praticamente de forma ininterrupta, isto é
durante as 24 horas do dia. Com isso a população que dali se avizinha está
diretamente exposta à poluição sonora de forma contínua durante todo o
funcionamento da atividade.
Assim, conclui-se que está tecnicamente comprovado que a
Usina Termoelétrica Xavantes impacta diretamente o ambiente da região,
vez que produz ruídos muito acima dos níveis máximos definidos pela
Organização Mundial de Saúde como toleráveis para a saúde humana.
No decorrer da instrução, levantou-se que a atividade de
produção de energia elétrica, objeto da lide, integra o Sistema Interligado
Nacional – SIN, que é o sistema de produção e transmissão de energia
elétrica do Brasil.
Apurou-se que o Requerido Operador Nacional do
Sistema Elétrico – ONS, associação civil de direito público, sem fins
lucrativos, criado pela Lei 9.648/98, com a redação que lhe foi dada pela
Lei 10.848/04, e regulamentado pelo Decreto 5.081/2004, tem como
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função precípua coordenar e controlar a operação das instalações de
geração e de transmissão da energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional – SIN. Dentre outras atribuições, cabe ao ONS o planejamento, a
programação da operação e a execução em tempo real da operação do
SIN. Em outras palavras, é quem define e determina quando e por quanto
tempo a Requerida Usina Xavantes deve funcionar e gerar energia.
Apurou-se, ainda, que a Requerida Agência Nacional de
Energia Elétrica – ANEEL é uma autarquia em regime especial vinculada
ao Ministério de Minas e Energia, foi criada, por meio da Lei nº 9.427/1996
e regulamentada pelo Decreto nº 2.335/1997 com a finalidade precípua
de regular o setor elétrico brasileiro, tendo por atribuições: regular a
produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica;
implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à
exploração da energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciais
hidráulicos; bem como, por delegação do governo federal, promover as
atividades relativas às outorgas de concessão, permissão e autorização de
empreendimentos e serviços de energia elétrica. Neste sentido, conforme
já demonstrado anteriormente, foi quem autorizou a Requerida Usina
Xavantes a integrar o SIN, bem como é o órgão encarregado de fiscalizar o
ONS.
Pois bem, diante destes notórios e claros liames (nexo
causal) entre estes Requeridos com a atividade poluidora desenvolvida, o
Ministério Público, no uso de suas atribuições, formalmente e oficialmente
levou ao conhecimento tanto do Requerido ONS, quanto da Requerida
ANEEL, a constatação técnica elaborada pela Agência Municipal de Meio
Ambiente de Goiânia, órgão municipal de meio ambiente integrante do
SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente, da ocorrência de poluição
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sonora decorrente do funcionamento da Requerida Usina Xavantes; bem
como recomendou que, diante da ciência formal da existência de poluição
ambiental e da irregularidade ambiental da UTE, que adotassem as
providências no sentido de não determinarem o seu funcionamento sem
antes exigirem do concessionário a adequação com vistas a solucionar o
problema de poluição, sob pena de responsabilização ambiental objetiva e
solidária pelos danos causados (fls. 507/509 e 521/523 dos autos).
Em atenção à Recomendação ministerial, o Requerido ONS
esquivou-se do dever constitucional de proteger o meio ambiente, evitar a
poluição e verificar o cumprimento das exigências ambientais por parte
dos agentes conectados ao Sistema Interligado Nacional – SIN, incluindo a
Usina Xavantes, sob a alegação de que tal providência compete à
Requerida ANEEL. Alegou, ainda, que é obrigado a determinar o
despacho aos produtores independentes de energia integrantes do SIN,
sendo fiscalizado pela Requerida ANEEL (fls. 542/545).
A Requerida ANEEL, por sua vez, mediante o Ofício
0607/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU, datado de 10.09.2013, também se
esquivou do dever constitucional de proteger o meio ambiente, evitar a
poluição e verificar o cumprimento das exigências ambientais e informou a
excepcionalidade do funcionamento da UTE Xavantes e que, por se tratar
de usina de interesse sistêmico, tem seu despacho comandado pelo
Requerido ONS. Ademais, informou que autorizou o funcionamento do
empreendimento em tela em razão da apresentação da licença de
operação pelo órgão ambiental competente (cf. Art. 5º da Resolução
433/2003) e que, caso essa licença venha a ser revogada ou suspensa
pelo órgão expedidor implicará na impossibilidade do Operador Nacional
do Sistema despachar a operação da usina e, por conseguinte na
1415ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim GoiásEdifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
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suspensão da autorização pela ANEEL (fls. 579/580).
Diante desta situação, visando solucionar
administrativamente a questão, o Ministério Público recomendou, então, à
Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH do
Requerido Estado de Goiás, na condição de órgão licenciador das
atividades da Requerida Usina Xavantes S.A, a adoção das medidas
administrativas cabíveis visando atender ao dever constitucional de
proteger o meio ambiente, evitar a poluição e verificar o cumprimento das
exigências ambientais do licenciamento concedido.
O órgão estadual de meio ambiente, em resposta à
recomendação mencionada, encaminhou o Relatório Técnico Ambiental nº
358/2013, o qual constatou-se, em vistoria realizada no dia 06.05.2013,
emissão de ruídos em índices acima dos níveis estabelecidos pela
legislação em vigor, de modo a contribuir para a poluição sonora, tendo
constatado que a UTE “traz impactos negativos ao meio ambiente, a
saúde e ao bem estar da população, tirando assim o seu conforto
acústico decorrente da emissão excessiva de ruídos” (fls. 530/535).
Não obstante a comprovação técnica da poluição sonora, o
Requerido Estado de Goiás, em flagrante omissão, deixou de autuar
administrativamente o empreendimento, sob a desculpa equivocada de
que os níveis encontrados estariam dentro dos parâmetros estabelecidos
pelo TAC firmado entre a Requerida Usina Xavantes e a AMMA.
Diante da injustificada omissão do órgão ambiental do
Requerido Estado de Goiás, o Ministério Público, por ofício, esclareceu
que o referido TAC não tem qualquer valor jurídico, pois foi elaborado por
órgão não competente para o licenciamento, além de estipular
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abusivamente índices contrários à legislação vigente. Diante disto,
novamente recomendou à SEMARH a adoção das medidas administrativas
cabíveis, inclusive no processo de licenciamento ambiental da Requerida
Usina Xavantes.
Mais uma vez o órgão ambiental do Requerido Estado de
Goiás, ao invés de cumprir o seu papel de órgão integrante do SISNAMA,
mesmo ciente da ocorrência de poluição sonora, não adotou qualquer
providência no sentido de evitar a propagação de poluição sonora, tendo
se limitado a fazer vistoria na UTE, quando esta não se encontrava em
funcionamento.
Visando averiguar a intensidade e dimensão do incômodo
causado pela atividade da Usina Termoelétrica Xavantes, foi realizada
entrevista pessoal com os moradores da redondeza, em especial os que
habitam o Residencial Nossa Morada, conforme o vídeo, que consta no
DVD juntado às fls. 725 dos autos, no qual este R. Juízo pode assistir e
compartilhar o drama de trabalhadores, idosos, crianças e pessoas
acometidas com doenças como Alzheimer e câncer, os quais relatam os
transtornos sofridos em razão do barulho intenso e permanente a que
estão sendo submetidos, além, da fuligem emitida pela queima de
combustível que causa náuseas, dores de cabeça; e da trepidação
decorrente do funcionamento dos motores. (fls.581).
Vale transcrever alguns trechos dessas entrevistas:
Entrevista com o Sr. Pedro Cruz, residente no
Residencial Nossa Morada, Rua 9, Qd. J, Lt. 07, há 24 anos:
“os transtornos com o funcionamento da Usina, eles são vários, desde a questão da pertubação pública com o barulho, a questão da disseminação no ar do óleo queimado que é um problema que
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acontece também nos finais de tarde e nos dias de funcionamento, a questão da própria natureza que está sendo diretamente afetada, os pássaros por exemplo desaparecem daqui durante esse período e a questão da agressividade mesmo com que o barulho e o funcionamento ininterrupto da Usina tem causado. Então o que que nós temos aqui na comunidade, nós temos várias queixas de pessoas com dores de cabeça sem explicação e a gente de certa forma atribui isso a essa pertubação permanente, evidentemente que a pessoa vai tendo, o organismo também vai sofrendo com isso, com essas agressões.”
“(…) Com a instalação da Usina, com esse problema todo que ocorre, não temos dúvidas em afirmar que nossos imóveis perderam valor importante do valor venal deles, porque quem é que quer morar junto a um barulho de uma Usina, ninguém quer isso, e muitas das pessoas ainda se mantém aqui por falta de opção, não tem como, não tem para onde ir, esse é o imóvel delas, elas vão ficando, elas não vão ficando simplesmente porque se acostumaram com o barulho. Isso não é verdade, tanto é, que tanto tempo se passou desde 2008 e nos estamos aqui hoje discutindo a questão ainda, porque isso tem um significado, continuamos sendo muito afetados, agredidos pelo funcionamento dessa usina, e por conta disso, nós estamos mobilizados para que ela deixa de funcionar aqui porque ela esta prejudicando a gente em todos os aspectos, financeiro, a valorização dos nossos imóveis, a saúde de nossas pessoas, a agressão a natureza (...)”
Questionado há quanto tempo sofre com a poluição da usina
o Sr. Pedro Cruz afirmou:
“Desde 2008 que ela nos afeta de uma forma mais direta quando ela entra em funcionamento. Primeiro momento, foi uma situação desesperadora, não tem outro termo, porque a gente imaginava até que nossas casas fossem cair, tamanho era a vibração que nos tínhamos em nossas casas pelo barulho dos motores acionados naquela usina, então a gente tem registro de rachaduras em casas, nós temos o registro da própria falta de conforto que as famílias passaram a ter: você não podia ficar dentro de casa que a janela estava batendo, fazendo barulho. Você não podia assistir televisão e não pode quando ela está ligada (...)”
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Questionado se o barulho sempre foi o mesmo ou se houve
alteração após as obras de contenção acústica realizada pela Requerida
Usina Xavantes, o Sr. Pedro Cruz afirmou:
“Não, a Usina, ela teve sim uma redução, a gente não pode negar isso, porque isso é um fato e não tem como a gente negar, é um fato. Houve uma redução que na nossa avaliação não é suficiente porque ainda nos causa transtorno, ainda nos traz problemas e sobretudo por conta do período do funcionamento, funciona 24 horas por dia, sábado, domingo, feriado, o que tira de qualquer trabalhador, a condição de se recuperar, para o dia seguinte voltar as suas atividades, ao trabalho. (...)”
“(...) Lembrar que não é só aqui, quem mora aqui na Mansões do Campo que é uma região ao norte, que fica do outro lado da rodovia que liga Nova Veneza são incomodados com esse barulho aqui, o pessoal que mora no Itatiaia, vocês viram a distância, também se dizem incomodados, já nos procuraram pedindo providências,(...)”
Entrevista com a Sra. Maria Auxiliadora Pires, idosa de
61 anos de idade que reside no imóvel sito na Rua 9, Qd. L, Lt. 25, há
25 anos e possui uma irmã de 62 anos de idade que também mora
no local:
(...)“Todos, eu to estressada, to nervosa. Olha eu não tomo comprimido pra nada até hoje, eu era uma idosa saudável mas agora eu tô uma idosa estressada, com dor de cabeça dia e noite. Eu trabalho numa escola com 700 alunos, imagina o barulho que é minha cabeça e eu chego em casa e não tenho sossego para dormir porque o barulho tá imenso. O meu barraco é quente e eu tenho que fechar as portas pra diminuir o barulho, é desse jeito que eu consigo ficar dentro de casa. A minha vida virou um caos, a minha irmã agora no momento tá trabalhando fora, ela vem terça feira, ela pousa da terça pra quarta e ela não dorme por causa do barulho. Ela tá acostumada, tá trabalhando na fazenda e
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chega aqui esse barulho incrível, ninguém da conta, nos estamos ficando louco aqui.”
Entrevista com a Sra. Adélia da Silva, residente há 18
anos no imóvel sito na Rua 9, Qd. J, Lt. 2, Residencial Nossa Morada,
juntamente com sua mãe que é idosa e filhos ainda crianças:
“Primeiro lugar é que a gente não dorme direito, dorme mas não com aquele pra você descansar e acordar bem. Quando você não dorme bem aí causa dor de cabeça. Igual no meu caso, poluição, tratar minha vista, porque eu não sei o que é, ela arde, aí precisa ir no oftalmologista, eu to usando óculos que eu não usava. O cheiro me causa náusea, eu vou fazer 60 anos também né. Não é todos os dias mas tem dias que o cheiro, assim quando a gente sai fora, ele dá da ânsia de vômito no estômago, parece que ele embrulha o estômago. Tem dia que é mais, não é todos os dias, acho que é de acordo com o vento que ele dá mais, igual esses dias que o vento tá pra esse lado aí ele ataca a gente demais, se ele muda a posição, ataca menos. O cheiro é mais forte sempre na parte da manhã e a tarde, a tarde ele é mais forte.”
“(…) Sofre desde quando começou, porque quando começou eu já morava aí. Agora tá mais calma, agora esses outros dias atrás, você pode ver lá que eu ainda tenho pra provar, ainda tem rachaduras no quarto, foi preciso de mudar o quarto, as telhas lá assim que vai.... o vitro fica assim ó (faz gesto de tremer ) você tem sempre que tá mexendo nele, mudando de posição, porque senão ele fica assim (tatatatatata) que incomoda muito mesmo.”
Entrevista com a Célia Maria Freitas Antunes, idosa de
61 anos de idade que reside no imóvel sito na Rua 6, Qd. J, Lt, 12, há
19 anos:
“(...)Eu tenho 61 anos, morrendo de dor de cabeça como a Maria, eu estou passando pela mesma coisa, estressadíssima.
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Meio período que nós trabalhamos meio período, os adolescentes estudam, um estuda só a noite, então tá o dia trabalhando no computador, sempre tem gente em casa.
Todos já relataram, todos o tipo de transtorno: pânico, a gente vive com pânico, muito medo, acho que eu adquiri esse pânico depois que essa Usina veio pra cá, porque além do barulho, a gente, esses estrondos que acontecem de madrugada a gente assusta muito e isso é terrível a gente conviver com uma coisa que pode explodir, causar doenças, câncer, a gente já teve informação de tudo ruim que pode acontecer para nós.
Todos relataram a mesma coisa: dor de cabeça constante, remédio nenhum passa, a gente toma assim remédio 24 horas, porque ninguém suporta barulho, cheiro, roupa... eu acho assim que muita gente aqui já teve problema com câncer, quem sabe né.”
Entrevista com a Sra. Gildelice Alves da Mota Silva,
moradora da Rua 10 , Qd m , Lt. 17:
“Idoso, eu e meu marido, eu tenho 53 anos e meu marido vai fazer 60. Eu fico o dia inteiro e a noite, meu marido trabalha, passa o dia fora mas a noite tá em casa.
Tá com uns 3 anos que eu to sentindo falta de ar, afetou o meu pulmão, eu sinto falta de ar, não consigo dormir direito a noite, o barulho, quando tá ligado diariamente a gente não consegue dormir com o barulho, o cheiro do óleo incomoda demais, minha casa inclusive está toda rachada e a minha casa não tem laje, é forrada com gesso, o gesso já caiu umas partes, a gente já arrumou e tudo rachado as paredes.
“Meu marido falou, nunca senti problema de cansaço na minha vida, sempre trabalhei com construção civil, com poeira, com água quente, com sol quente com essas coisas, nunca senti nada e agora depois que eu mudei “praqui” eu vivo cansado, tem hora que ele tá cansado né, cansa do cheiro do óleo né.”
“(…) Hoje não tá barulho, agora ontem às 3 horas da tarde tava insuportável, o ano passado foi o ano inteiro, eu fiquei agressiva, nervosa, brigava, qualquer coisa tava brigando porque não dormia a noite né, me atrapalhou muito aquele barulho do ano passado e já começou né, ligaram ontem, mas hoje tá tudo quieto, não sei porque, parece que eles advinham.
2015ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim GoiásEdifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238
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Tem dia que das 22 da noite até 5 da manhã, o barulho é tão intenso que você não consegue dormir.”
Assim, tem-se que há mais de cinco anos os moradores do
Residencial Nossa Morada e adjacências vêm sofrendo com os malefícios
da poluição ocasionada pelo funcionamento das atividades da Requerida
Usina Xavantes.
Por estes fatos que demonstram a ocorrência de poluição
sonora e danos ambientais para a coletividade; a desídia da Requerida
Usina Xavantes em adequar suas atividades de modo a não causar
poluição sonora, bem como as desídias dos Requeridos Estado de Goiás
em não exercer o seu dever constitucional de controle das atividade
poluidoras, Operador Nacional do Sistema e Agência Nacional de
Energia Elétrica em, mesmo cientes da ocorrência de poluição ambiental
e danos a terceiros, determinarem o funcionamento irregular da primeira
Requerida, não resta alternativa ao Ministério Público do Estado de Goiás
senão provocar a intervenção do Poder Judiciário a fim de que se dê fiel
cumprimento da legislação ambiental, utilizando-se, para tanto, da
presente Ação Civil Pública.
3. DO DIREITO E DOS FUNDAMENTOS
3.1. DA POLUIÇÃO SONORA
Nos termos elencados no art. 3°, inciso III, da Lei Federal n°
6.938, de 31.08.81, poluição é:
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"a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;c) afetem desfavoravelmente a biota;d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos."
A Lei Estadual n.º 8544, de 17 de outubro de 1978, que
dispõe sobre o controle de poluição do meio ambiente, estabelece:
“Art. 2º . Considera-se poluição do meio ambiente a presença, o lançamento ou liberação, nas águas, no ar, no solo, de toda e qualquer forma de matéria ou energia, com intensidade, em quantidade de concentração ou com características em desacordo com as que forem estabelecidas em lei, ou que tornem ou possam tornar as águas, o ar ou o solo: I - impróprios, nocivos ou ofensivos à saúde;II - inconvenientes ao bem-estar público;III - danosos aos materiais, à fauna e à flora;IV - prejudiciais à segurança, ou uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.”
O Decreto Estadual n° 1.745, de 06 de dezembro de 1979,
que regulamenta a Lei Estadual n.º 8544, de 17 de outubro de 1978, assim
dispõe, em seus artigo 64, 67 e 69, caput e § 1º:
“Art. 64 – É proibido perturbar o sossego e o bem estar público ou da vizinhança, com ruídos, algazarra, barulhos ou sons de qualquer forma, que ultrapassem os níveis máximos de intensidade toleradas por esta regulamentação.
...
Art. 67 – Os níveis de intensidade de som ou ruído fixados por este regulamento atenderão às normas técnicas estabelecidas e serão medidos pelo "Medidor de Intensidade de Som", em "decibéis" (DB).
...
Art. 69 – O nível máximo de som ou ruído permitido a máquinas, motores, compressores, vibradores e geradores estacionários, que não se
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enquadram no artigo anterior, e de 55 db (B) cinquenta e cinco decibéis medidos na curva (B), no período diurno, das 7 às 19 horas, e 45 db (A) quarenta e cinco decibéis, medidos na curva (A), no período noturno, das 19 às 7 horas, do dia seguinte, ambos à distância de 5m (cinco metros) no máximo, de qualquer ponto das divisas do imóvel onde se localizam ou no ponto de maior nível de intensidade de ruídos do edifício do reclamante (ambiente do reclamante).
§ 1º - Aplicam-se os mesmos níveis previstos neste artigo aos alto-falantes, rádios, orquestras, instrumentos isolados, aparelhos ou utensílios de qualquer natureza, usados para quaisquer fins em residências e estabelecimentos comerciais ou de diversões públicas.
O meio ambiente ecologicamente equilibrado é bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida (CF, art. 225, caput),
configurando degradação da qualidade ambiental a alteração adversa de
suas características (LF n° 6.938/81, art. 3°, inciso II).
Existindo, portanto, padrões de aceitabilidade e intolerância
estabelecidos em norma técnica (NBR n° 10.152-ABNT), são expressa e
inequivocamente considerados prejudiciais à saúde e ao sossego
público os ruídos emitidos ou propagados em decorrência de
quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais, recreativas ou
relacionados a propaganda política que extrapolem aqueles limites
segundo se depreende da norma legal vigente, in casu a Resolução
CONAMA n° 01/90, itens I e II.
Destarte, tem-se que aquelas atividades quando ruidosas
acima dos níveis considerados aceitáveis culminam por prejudicar a
saúde, a segurança e o bem-estar da população, a par de criarem
condições adversas às atividades sociais e econômicas, caracterizando
prática de poluição sonora.
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Importa enfatizar, por oportuno, que a nocividade decorre
de presunção normativa, conforme deliberou o CONAMA, no uso de suas
atribuições regulamentares, ao editar a Resolução n° 01/90, ou seja,
independe e torna mesmo desnecessária produção de prova tendente a
demonstrar a efetiva produção de resultado lesivo.
O Código de Posturas do Município de Goiânia, Lei
Complementar 014/92, também estabelece limites máximos de produção
de ruídos, em seu artigo 49, vejamos:
Art. 49 – A intensidade de som ou ruído, medida em decibéis, não poderá ser superior à estabelecida nas normas técnicas da ABNT.
§ 1º Os níveis sonoros máximos permitidos em ambientes externos são os fixados pela NBR 10.151 – Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas Visando o Conforto da Comunidade – ABNT.
...
§ 3º O nível máximo de som ou ruído permitido para a produção por pessoas, atividades ou por qualquer tipo de aparelho sonoro, orquestras, instrumentos, utensílios ou engenhos máquinas, compressores, geradores estacionários ou equipamentos de qualquer natureza, terá por limite ou valores estabelecidos conforme as zonas, os níveis de decibéis nos períodos diurno e noturno são os seguintes:
ÁREA PERÍODO DECIBÉIS
Zonas de Hospitais
Diurno Noturno
50 45
Zonas Residencial Urbana
Diurno Noturno
55 50
Centro da Capital
Diurno Noturno
65 55
Zona Predominantemente Industrial
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Diurno Noturno
70 60”
Além disso, o direito do cidadão à tranquilidade e ao
sossego, mormente no recesso do seu lar, encontra-se amparado nas
disposições constantes do artigo 1277 do novo Código Civil:
“O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e a saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha. “
Procurou o legislador, dessa forma, vedar o uso nocivo, sob
qualquer forma, da propriedade, pois no artigo 1228, § 1º, estabelece que:
“O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com ao estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, às belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.”
Assim, vê-se que a legislação em matéria de poluição sonora
é farta e suficiente para assegurar o meio ambiente ecologicamente
equilibrado aos cidadãos, cabendo ao judiciário resguardar esse direito,
caso ameaçado, como no presente caso.
3.2. DOS DANOS AMBIENTAIS
No que pertine aos danos ambientais, estes restaram
cabalmente comprovados pelos laudos periciais elaborados pela Secretaria
do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos – SEMARH, pela Agência
Municipal do Meio Ambiente- AMMA e pela perícia ambiental do Ministério
Público.
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Constatou-se, por meio destes laudos técnicos periciais
constantes dos autos, que no imóvel situado à GO-080, Km 06, próximo ao
Residencial Nossa Morada, nesta Capital, onde está instalada a Requerida
USINA XAVANTES S/A, há a propagação de poluição sonora com a
emissão de ruídos acima dos limites permitidos na legislação.
Há nos autos, ainda, as entrevistas dos moradores vizinhos
diretamente atingidos pela propagação de poluição sonora, inclusive há
relatos de idosos que demonstram ser o barulho insuportável responsável
pela perda da saúde e da qualidade de vida.
Assim, inevitável concluir que as atividades desempenhadas
naquele local causaram e estão causando sérios danos ao meio ambiente,
bem como danos à saúde da população que dali se avizinha.
Como é regra, os danos ambientais possuem características
próprias, dentre elas podemos inicialmente destacar que a danosidade
ambiental possui uma dupla face, haja vista que seus efeitos alcançam
tanto o ser humano quanto o ambiente que o cerca. Assim é imperioso
que a responsabilização ambiental no presente caso alcance não somente
os moradores vizinhos diretamente atingidos, mas principalmente os
interesses difusos de toda a coletividade.
Outra característica do dano ambiental decorrente da poluição
sonora é a dificuldade de quantificar, mensurar e valorar a extensão do
dano. Isto, contudo, não quer dizer que o mesmo seja inexistente.
Na presente lide, para fins de recuperação, é imperioso que o
provimento jurisdicional seja no sentido de impedir que se continue com a
propagação de poluição sonora, com o fim de restabelecer a qualidade
ambiental perdida.
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Quanto a necessária indenização, urge que se imponha aos
Requeridos o dever de reparar pecuniariamente o dano causado
diretamente à coletividade, bem como os praticados em desfavor dos
vizinhos atingidos, em valor a ser definido em sentença.
Inconteste, também, o nexo causal entre as condutas dos
Requeridos e os danos sofridos pelo meio ambiente.
A Requerida USINA XAVANTES S/A, no exercício da
atividade de geração de energia, propaga ruídos acima dos limites
permitidos na legislação vigente, causando poluição e danos ambientais à
coletividade. O Requerido OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA
ELÉTRICO -ONS ao ordenar e controlar o funcionamento da UTE Xavantes
sabendo que ela causa poluição, bem como a Requerida AGÊNCIA
NACIONA DE ENERGIA ELÉTRICA-ANEEL ao manter autorização para
atividade que está comprovadamente causando poluição, também
contribuem para a degradação ambiental, pois cabe somente a estas o
exercício do poder de determinar o funcionamento ou não da UTE. Além
disso, o Requerido Estado de Goiás, por seu órgão ambiental, é
responsável pelo controle ambiental no âmbito do seu território e, mesmo
ciente da existência da poluição ambiental, quedou-se inerte no exercício
do seu poder de polícia administrativo e não determinou nenhuma
providência ao licenciado para adoção das medidas visando a
regularização ambiental da atividade, nem adotou providências no sentido
de suspender e ou cassar o licenciamento ambiental de operação de uma
atividade poluidora e danosa à coletividade.
Assim, todos os Requeridos são responsáveis solidários pela
reparação e indenização dos danos ambientais causados, nos termos do §
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1º, do art. 14, da Lei Federal 6.938/81, Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente.
O art. 3º, IV, da referida lei, estabelece que é considerado
poluidor “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”.
Segundo esse preceito quem quer que contribua para a
degradação do meio ambiente é civilmente responsável pelos danos daí
decorrentes3.
Estabelece ainda, a Lei 6.938/81, dentre seus objetivos, que a
mesma visará a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de
recuperar e/ou indenizar os danos causados.
4. DA NECESSIDADE DE LIMINAR
Para a plena efetividade da atividade jurisdicional em
matéria ambiental, é necessária, antes de tudo, a garantia da preservação
do bem jurídico tutelado ou, ainda, caso venha a ocorrer o efetivo dano
ambiental, sua restauração ao status quo ante, o mais breve possível.
Quando há a ocorrência de poluição sonora, não há como
fazer a plena restauração do meio ambiente, porquanto a lesão já estará
absolutamente consumada. Assim é que, para a efetiva proteção do meio
ambiente no presente caso, é necessária a observância do princípio
ambiental da prevenção, priorizando o equilíbrio ambiental, obstando a
realização das atividades da Usina Termoelétrica Xavantes até que a
mesma demonstre judicialmente ter tomado todas as medidas técnicas
necessárias e eficazes a fim de evitar a propagação de ruídos, bem como
3 MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2000, p. 341
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determinando a suspensão da licença ambiental até a regularização
ambiental da atividade.
O artigo 12 da Lei n.º 7.347/85, estabelece que é permitido
ao Juiz o poder de conceder, sem justificação prévia, MEDIDA LIMINAR,
onde lhe é permitido ainda cominar multa para o descumprimento (artigo
12, parágrafo 2º).
Trata-se de verdadeira medida antecipatória do provimento
do mérito, tal qual nas liminares de procedimento especial, e não mera
providência cautelar, perfeitamente possível, compatível e autorizada por
lei, podendo ser concedida nos próprios autos da ação civil pública (cf. RTJ
- JESP 113/312).
A medida liminar tem, assim, perfeita aplicabilidade ao caso
em questão, pois, a suspensão imediata da conduta lesiva ao meio
ambiente praticada pelas Requeridas é a única forma real de se garantir a
sobrevivência dos recursos naturais afetados e a devolução da qualidade
de vida à população diretamente prejudicada.
Para tanto, bastam a presença do fumus boni juris e do
periculum in mora, além da caracterização de possíveis danos irreparáveis
ou de difícil reparação ao meio ambiente e às pessoas ou que mereçam a
imediata ação do Poder Judiciário.
A fumaça do bom direito reside na farta legislação em
matéria de poluição sonora, de ordem federal, estadual e municipal, que
estabelecem os limites aceitáveis de produção do ruído para resguardar o
meio ambiente e a saúde da população.
O periculum in mora está configurado na persistência diária da
propagação de poluição sonora das atividades realizadas no imóvel sito
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GO-080, Km 06, próximo ao Residencial Nossa Morada, nesta Capital, que
está afetando o bem-estar, a tranquilidade e a saúde da população das
imediações da empresa.
Mais uma vez é imperioso destacar o abaixo assinado das
vítimas da poluição sonora (fls. 364/385) e as entrevistas realizadas com a
população atingida (fls. 725), que demonstram o sofrimento e a
impotência dos cidadãos diante de um problema que aparenta não ter fim,
salvo a imponente intervenção do Poder Judiciário a por um basta imediato
em tamanho desrespeito.
O perigo da demora inverso, ou seja, em caso de não
concessão da medida liminar, equivale ao respaldo institucional à
atividade ilegal, estímulo à propagação de poluição e à deterioração da
sadia qualidade de vida, além da permissão para que as Requeridas
persistam nas reiteradas agressões à saúde da população vizinha e ao
meio ambiente. Se a liminar não for concedida, certamente o provimento
jurisdicional final restará ineficaz, tendo em vista já terem ocorridos graves
danos à saúde dos cidadãos.
Por outro lado, o deferimento da liminar não irá causar
consequências negativas ao SIN – Sistema Interligado Nacional de
geração e distribuição de energia elétrica, muito menos será o responsável
por possíveis apagões ou a instituição de racionamento de energia elétrica
aos consumidores.
Isto porque, em primeiro lugar, a capacidade de geração
programada, isto é a potência ativa bruta, da UTE Xavantes é muito
pequena (59 MW). Soma-se a isso, o fato de que a geração verificada, isto
é a energia efetivamente gerada, ser bem menor (42 MW), o que
evidencia a sua baixa eficiência energética, que, aliado ao Custo Variável
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Unitário (CUV) elevado, onera de sobremaneira o bolso da coletividade e a
coloca em um situação de estar sistematicamente entre as termoelétricas
que somente são acionadas em situações emergenciais, sendo sempre
uma das primeiras a serem desativadas, devido ao enorme prejuízo que o
seu funcionamento causa.
Segundo a própria Requerida ANEEL os motivos que levaram
a UTE Xavantes a operar nos últimos anos foram a necessidade de
contribuir para o replecionamento (enchimento/elevação) dos
reservatórios do País, bem como atender a restrição elétrica no Estado de
Goiás, tendo em vista a ocorrência de indisponibilidade de
transformadores.
Pois bem, quanto a primeira justificativa, tem-se que a
mesma não prospera, haja vista informações constantes da página da
internet do Requerido ONS, que demonstram que a energia armazenada
em janeiro de 2014 é superior ao mesmo mês do ano anterior, o que
proporcionou um acréscimo na geração de energia no mesmo período.
Recentemente o Ministério de Minas e Energia, por seu Secretário
Executivo, rechaçou o boato da necessidade de racionamento de energia e
afirmou que estamos num cenário elétrico confortável.
Quanto ao segundo motivo, o mesmo não é plausível, haja
vista que há mais de 05 anos que esta UTE vem funcionando e causando
sérios transtornos e prejuízos ambientais e econômicos, sem que o
Sistema Elétrico Brasileiro adote providências a fim de sanar um problema
estrutural de pequena complexidade, qual seja a ausência de
transformadores suficientes.
A paralisação liminar da UTE não irá causar prejuízos
financeiros à Requerida Usina Xavantes, haja vista que, nos termos do
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contrato de disponibilidade assinado, a UTE Xavantes recebe uma Receita
Fixa para recuperar os investimentos e manter a usina disponível para a
operação.
Ademais, a persistir o funcionamento da UTE Xavantes sob o
argumento do improvável risco de desabastecimento, significará a
premiação pela inoperância do poder público, que será beneficiado pela
sua própria inação em disponibilizar a estrutura para produção de
distribuição de energia no País, ao mesmo tempo que vaticinará aos
moradores vizinhos, diretamente prejudicados, a sina de viverem
expostos à poluição.
Assim, o Ministério Público requer, nos termos do artigo 12
da Lei nº 7.347/85, initio litis e observada a regra do art. 2º da Lei Federal
8.437/92, a concessão de MEDIDA LIMINAR, até final julgamento da
presente demanda, consubstanciada em:
1. Proibir a Requerida USINA XAVANTES S/A a emitir ou propagar
sons ou ruídos em níveis superiores àqueles estabelecidos pela
Resolução CONAMA n° 001/90, c.c. a Norma NBR n° 10.152, da ABNT
e pelo Decreto Estadual 1745/79, prejudiciais à saúde e ao sossego
coletivo ou difuso, no imóvel situado na GO-080, Km 06, próximo ao
Residencial Nossa Morada, nesta Capital;
2. Interditar e paralisar imediatamente as atividades da Requerida
USINA XAVANTES S/A, no imóvel situado na GO-080, Km 06,
próximo ao Residencial Nossa Morada, nesta Capital, até a
comprovação em juízo da execução e eficiência de projeto técnico
de isolamento acústico aprovado pelo órgão ambiental competente;
3. Determinar à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos
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Hídricos – SEMARH, do Requerido Estado de Goiás a imediata
SUSPENSÃO da licença de funcionamento nº 2466/2011, até a
comprovação em juízo da execução e eficiência de projeto técnico
de isolamento acústico aprovado pelo órgão ambiental competente e
a a regularização das atividades da Requerida Usina Xavantes, de
modo a não causar poluição sonora;
4. Determinar ao Requerido OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA
ELÉTRICO – ONS que se abstenha de determinar, por despacho ou
outra forma, o ligamento ou a produção de energia por parte da UTE
Xavantes, até a comprovação em juízo da execução e eficiência de
projeto técnico de isolamento acústico aprovado pelo órgão
ambiental competente;
5. Determinar à Requerida AGÊNCIA NACIONA DE ENERGIA
ELÉTRICA-ANEEL que suspenda as autorizações de funcionamento
concedidas para a UTE XAVANTES, por meio da Resolução 345/2002,
Resolução 110 (18.03.2003), Despacho 74 (12.04.2006) e Resolução
Autorizativa 1167(18.12.2007), até a comprovação em juízo da
execução e eficiência de projeto técnico de isolamento acústico
aprovado pelo órgão ambiental competente
6. Oficiar à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos –
SEMARH, à Secretaria Municipal de Fiscalização - SEFIS e à Agência
Municipal de Meio Ambiente - AMMA, dando-lhes conhecimento dos
termos da liminar concedida e determinando-lhes a realização de
fiscalização do cumprimento da ordem judicial.
7. Requer, por fim, em sede liminar, cominação de multa diária, no
valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), pelo descumprimento
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da liminar concedida, revertida ao Fundo Municipal do Meio
Ambiente, conta corrente nº 54-0, Operação 006, Agência 1842
(Apinajés), Caixa Econômica Federal.
5. DOS PEDIDOS
Em face de todo o exposto, o Ministério Público do Estado de
Goiás requer:
A - Seja a presente ação recebida, autuada e processada na
forma e no rito preconizados;
B - A concessão initio litis da medida liminar, na forma
pleiteada;
C - A citação das Requeridas, na pessoa de seus
Representantes Legais, para, querendo, virem responder aos termos da
presente ação, no prazo legal, sob pena de aplicação dos consectários
jurídicos legais do artigo 319 do CPC;
D - Seja a Requerida USINA XAVANTES S/A condenada
nas seguintes obrigações:
I - Obrigação de NÃO FAZER consubstanciada em não emitir
ou propagar sons ou ruídos em níveis superiores àqueles estabelecidos
pela Resolução CONAMA n° 001/90, c.c. a Norma NBR n° 10.152, da ABNT,
pelo Decreto Estadual 1745/79 e pelo Código de Posturas do Município de
Goiânia, Lei Complementar 014/92, considerados prejudiciais à saúde e ao
sossego coletivo ou difuso, no imóvel situado na GO-080, Km 06, nesta
Capital;
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II - Obrigação de FAZER consubstanciada em elaborar,
executar e comprovar, em juízo, a eficiência de projeto técnico de
isolamento acústico das atividades da UTE Xavantes no imóvel sito GO-
080, Km 06, próximo ao Residencial Nossa Morada, nesta Capital;
E - Seja o Requerido OPERADOR NACIONAL DO
SISTEMA ELÉTRICO-ONS condenado na obrigação de NÃO FAZER
consubstanciada no dever de se abster de determinar, por despacho ou
outra forma, o ligamento ou a produção de energia por parte da UTE
Xavantes, até a comprovação em juízo da execução e eficiência de projeto
técnico de isolamento acústico aprovado pelo órgão ambiental
competente;
F - Seja a Requerida AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA-ANEEL condenada na obrigação de FAZER consubstanciada
no dever de suspender as autorizações de funcionamento concedidas
para a UTE XAVANTES, por meio da Resolução 345/2002, Resolução 110
(18.03.2003), Despacho 74 (12.04.2006) e Resolução Autorizativa
1167(18.12.2007), até a comprovação em juízo da execução e eficiência
de projeto técnico de isolamento acústico aprovado pelo órgão ambiental
competente;
G - Seja o Requerido Estado de Goiás condenado na
obrigação de fazer consubstanciada no dever de suspender e rever o
processo de licenciamento ambiental da Requerida USINA XAVANTES
S/A, para exigir a elaboração, execução e comprovação de eficiência de
projeto técnico de isolamento acústico das atividades da UTE Xavantes, de
modo a não emitir ou propagar sons ou ruídos em níveis superiores
àqueles estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 001/90, c.c. a Norma
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NBR n° 10.152, da ABNT, pelo Decreto Estadual 1745/79 e pelo Código de
Posturas do Município de Goiânia, Lei Complementar 014/92, sob pena de
cassação da licença de funcionamento nº 2466/2011 e suas possíveis
renovações;
H – Sejam todos os Requeridos condenados solidariamente
a reparar os danos ambientais irreversíveis e imensuráveis já causados à
coletividade em decorrência da poluição ambiental praticada pela
atividade da UTE Xavantes, mediante indenização na quantia mínima de
R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais), a ser depositada na conta do
Fundo Municipal do Meio Ambiente, conta corrente nº 54-0, Agência nº
1842 (Apinajés), Operação 006, Caixa Econômica Federal;
I - Sejam todos os Requeridos condenados solidariamente
a reparar os danos ambientais irreversíveis e imensuráveis já causados
aos moradores vizinhos diretamente prejudicados, ao pagamento da
quantia mínima de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), para cada um das 279
pessoas que assinaram o abaixo-assinado de fls. .
J - A publicação de edital para dar conhecimento a terceiros
interessados e à coletividade, considerando o caráter erga omnes da Ação
Civil Pública;
K - Protesta provar o alegado, por todos os meios de prova
em direito admitidos, pleiteando, desde já a juntada da documentação
anexa como meio de prova dos fatos expostos;
L - Protesta, ainda, por possível emenda ou retificação à
presente inicial, caso seja necessário;
M - Sejam os Requeridos condenados ao pagamento de
custas e demais cominações legais, em sendo o caso;
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N - Requer, ainda, a procedência in totum dos pedidos, com
atendimento dos objetivos elencados;
O - Requer, desde já, a produção de prova pericial, bem
como de todos os demais meios de prova permitidos em lei, além das já
produzidas nos autos do Inquérito Civil Público nº 305/2013 instaurado
perante a 15ª Promotoria de Justiça, que instrui esta inicial;
P - Requer, por fim, imposição de multa diária, no valor de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), pelo descumprimento das obrigações
de fazer e não fazer impostas na sentença a ser prolatada, revertida ao
Fundo Municipal do Meio Ambiente, conta corrente nº 54-0, Operação 006,
Agência 1842 (Apinajés), Caixa Econômica Federal.
Conquanto de valor inestimável, dá-se à causa, para os
efeitos legais, o valor de R$ 8.580.000,00 (oito milhões, quinhentos e
ointenta mil de reais), ressalvando, no entanto, que este é um valor
estimativo e formal, não impedindo o arbitramento de eventual
indenização em nível superior.
Termos em que
Pede deferimento.
Goiânia, 17 de fevereiro de 2014.
JULIANO DE BARROS ARAÚJOPromotor de Justiça
3715ª Promotoria de Justiça de Goiânia - Núcleo de Defesa do Meio AmbienteRua 23 esquina com Avenida B, qd 06, lts. 15/24, sala 163, Jardim GoiásEdifício Sede do Ministério Público, Goiânia/Goiás – CEP.: 74.805-100e-mail – [email protected] Telefone: (62) 3243-8238