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Edição 129 de O Minuano, revista do Veleiros do Sul de Porto Alegre, RS, Brasil.

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EXPEDIENTEPALAVRA DO COMODORO

ComodoroNewton Roesch Aerts

Vice-Comodoro EsportivoEduardo Ribas

Vice-Comodoro AdministrativoRicardo Englert

Vice-Comodoro PatrimônioPablo Miguel

Vice-Comodoro SocialEduardo Scheidegger Jr.Conselho Deliberativo

PresidenteLuiz Gustavo Tarrago de Oliveira

Vice-PresidenteCláudio Ruschel

Diretor de Sede e PortoLuiz Vinícius M. de Magalhães

Diretor da Escola de Vela MinuanoBoris Ostergren

Diretor de Parques e JardinsPablo Miguel

Prefeito da Ilha Chico Manoel Luiz Morandi

O Minuano é uma publicação do clube Veleiros do Sul.Fones: 55 (51) 3265-1717 3265-1733 / 3265-1592

Endereço: Av.Guaíba, 2941 Vila Assunção Porto Alegre – Brasil

CEP: 91.900-420E-mails: [email protected]

Twitter: @veleirosdosulSite: www.vds.com.br

PublicaçãoEditor:

Ricardo Pedebos - MTB 5770/RSTextos e Fotos:

Ricardo Pedebos e Ane MeiraFoto Capa:

Ricardo PedebosProjeto Gráfico e Diagramação:

Renato NunesFotolitos e Impressão:

Gráfica CalábriaTiragem: 1.500 exemplares

Distribuição: Sócios do VDS, diretorias dos clubes náuticos e marinas do Brasil. Clubes da

Argentina, Chile e Uruguai.

Prezados Associados,

Mais um ano se encerra, e com ele finda nosso período de Comodoria. Podemos dizer que conseguimos implemen-tar nossas metas, definidas e divulgadas em nosso discurso de posse, em dezembro de 2010.

A prioridade, definida desde o início foi o investimento nos Associados, ou seja, com melhorias no patrimônio, no-vas benfeitorias e manutenção em dia, beneficiando a vida associativa e o convívio dos sócios, familiares e amigos nas dependências do clube.

Temos certeza que conseguimos, e mais, mantivemos o investimento nos esportes náuticos, com a promoção e organização de vários campeonatos e eventos de grande porte. Também estimulamos o crescimento da Escola de Vela Minuano, fortalecendo a nossa vela de base. Consegui-mos ainda dar seguimento e criar novos projetos do Ministério do Esporte, como o pro-jeto Vela Olímpica VDS, que prepara nossos velejadores para o Rio de Janeiro 2016.

Do ponto de vista administrativo o clube já tem um excelente controle de sua situ-ação financeira, pois com a instalação do novo programa de controle gerencial são ge-rados sistematicamente relatórios que atualizam as informações ao órgão administrativo e à Comodoria. O processo continuará em evolução, com os módulos de controle de acesso e de consumo, que permitirão ao associado a opção de pagar seus gastos dentro do clube com a carteira social provida de código de barras.

Também é fácil observar que vida social do clube tem estado cada vez mais alegre, com a participação e convívio intenso dos associados. As nove festas do clube realiza-das em nossa gestão foram sempre alegres e com grande participação de público, cul-minando com os Queijos e Vinhos deste ano, com o show da dupla Tangos e Tragédias, onde estiveram presentes 590 pessoas.

Enfim, é gratificante podermos olhar para trás e constatar que conseguimos realizar o que foi proposto, deixando muito somado a esta grande obra iniciada há 78 anos. Mas também é importante lembrar que, sem o esforço, a dedicação e empenho dos membros da Comodoria, nada teria sido possível.

Portanto, deixo formalmente meus sinceros agradecimentos ao grupo de amigos que assumiu comigo o compromisso de comandar essa grande embarcação. Ao Ricardo Englert, Vice-Comodoro Administrativo, ao Eduardo Ribas, Vice-Comodoro Esportivo, ao Idir Paludo e posteriormente Pablo Miguel, Vice-Comodoros de Patrimônio, ao Edu-ardo Scheidegger Júnior, Vice-Comodoro Social, ao Luiz Morandi, Prefeito da Ilha Chico Manuel, ao Luiz Vinícius Mallmann de Magalhães, Diretor de Sede e Porto e ao nosso querido Bóris Ostergren, Diretor da Escola de Vela Minuano.

Deixamos também votos de muitas felicidades à nova Comodoria, e que tenham muita sorte na condução desta grande nau chamada Veleiros do Sul, pois competência, dedicação e vontade o grupo tem de sobra.

E para terminar, desejamos a todos um excelente final de ano, comemoração das festas com muita saúde e alegria junto de familiares e amigos.

Bons ventos a todos Newton Aerts Comodoro

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A fundação do Veleiros do Sul foi em 13 de dezem-bro de 1934. Sua primeira sede começou a ser construí-da em seguida no bairro dos Navegantes, em Porto Alegre, na Av. Frederico Mentz, e foi inaugurada em 31 de março de 1935. A foto é da soleni-dade de inauguração com o mastro naval onde aparecem bandeiras de 10 nações, foi uma homenagem do novo clube por contar com sócios desses países.

Bandeiras das nações no mastro

do VDS

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Porto Alegre Match Cup:Porto Alegre Match Cup:

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duelo de campeõesduelo de campeões

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Haddad saiu na frente na pontuação da final, mas foi superado por Albrecht por 3 a 1

ela segunda vez consecutiva o título do Porto Alegre Match Cup ficou em casa e com mesmo dono, o bicampeão Samuel Albrecht. A compe-tição que já se firmou no calendário de match race nacional foi realizada entre de 21 a 25 de novembro no Veleiros do Sul. Participaram oito equipes na divisão Open, todas locais, com exce-ção da tripulação do Iate Clube do Rio de Janeiro. A disputa pelo troféu do Porto Alegre Match

Cup pode-se dizer que já era esperada. Os dois principais timoneiros da modalidade de regata de barco contra barco atualmente, Samuel Al-brecht e Henrique Haddad foram os finalistas. A equipe gaúcha, composta por “Samuca”, Gusta-vo Thiesen e Frederico Sidou, venceu na final os cariocas Haddad, Mario Trindade e Matheus Dellagnello por 3 a 1, decidida na série de me-lhor de cinco regatas. E na disputa entre gaúchos pelo bronze, Geison Mendes venceu Fábio Pillar por 2 a 1, na melhor de três regatas.

O confronto final entre os dois coman-dantes foi com matches bem “pegados”, ma-nobras no limite, pênaltis e jogo de táticas na briga para ver quem seria o campeão. Haddad saiu na frente no placar, mas Albrecht con-seguiu empatar e esquentou o confronto fi-nal que começou no penúltimo dia da Copa. Na manhã seguinte voltaram para a raia no Guaí-ba, em frente ao Veleiros do Sul, e começaram o embate, com pré-largadas semelhante a caçada de gato e rato. No entanto o dia estava para Al-brecht que conseguiu ser um pouco melhor que

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A raia foi montada em frente ao Clube

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seu adversário nas duas largadas. Haddad ten-tou algumas manobras para anular a vantagem do adversário, mas sem sucesso. O comandan-te gaúcho conseguiu também velejar com mais velocidade, principalmente nas pernas de popa e soube administrar a liderança nas regatas. No match que decidiria tudo Samuca fez tudo certo e antes mesmo de cruzar a linha de chegada já fez a primeira comemoração com sua equipe, não tinha mais volta, o título estava na mão.

“Terminei com gosto de quero mais. Mas a modalidade de match race é assim mesmo, um dia ganhamos outro perdemos. É uma regata que se decide nos detalhes. Como minha equi-pe é bem treinada as coisas andarem bem. Tanto o Gustavo como Sidou são velejadores de muita experiência em todo tipo de regata. E fiquei con-tente porque a competição mostrou que o nível das tripulações está aumentando. Isso ficou cla-ro aqui”, disse o comandante Samuca, 31 anos. Haddad teve um bom desempenho na pri-meira fase, a round robin, ao terminar em pri-meiro lugar com 100% de aproveitamento. Ele venceu as sete regatas da classificatória, in-clusive ganhando de Albrecht. E na semifinal eliminou o gaúcho Fábio Pilar por 2 a 1. Mas na final não conseguiu manter o mesmo ritmo. “A Copa estava bem organizada e o trabalho do Veleiros do Sul no incentivo ao match race me-

Mendes ficou com o bronze e Pillar na quarta colocação

rece ser destacado. A final foi bem disputada, não conseguimos andar tão bem quanto nossos adversários, eles tinham mais velocidade e domí-nio do barco (Elliott 6m),” comentou o coman-dante carioca, que pretende se dedicar a cam-panha olímpica para o Rio 2016 na classe 470. O Porto Alegre Match Cup, evento de grau 3, da Federação Internacional de Vela (ISAF) teve no total 41 regatas realizadas em três dias com ventos fracos médios e fortes.

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No segundo dia com vento de rajadas de 27 nós

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CLASSIFICAÇÃO GERAL1º - Comte. Samuel Albrecht,

Gustavo Thiesen e Frederico Sidou - VDS2º - Comte. Henrique Haddad,

Mario Trindade e Matheus Dellagnelo - ICRJ3º - Comte. Geison Mendes,

Ana Barbachan e Mathias Melecchi - VDS4º - Comte. Fábio Pillar,

Matheus Teixeira e Alexandre Mueller - VDS

SEMIFINALHaddad 2 x 1 Pillar

Albrecht 2 x 1 Mendes

FINALAlbrecht 3 x 1 Haddad

3º LuGARMendes 2 x 1 Pillar

CLASSIFICAÇÃO DA ROuND RObIN (classificatória)

1º Henrique HADDAD (RJ) - 7 2º Samuel ALBRECHT (RS) - 6 3º Geison MENDES (RS) - 4

4º Fabio PILLAR (RS) – 45º Ader SANTOS 2 (RS) – 2

6º Vilnei GOLDMEIER (RS) – 27º Philipp GROCHTMANN (RS) - 2

8º Adrion SANTOS, (RS) – 2

Pódio com competidores e umpires da Porto Alegre Match Cup

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A tripulação campeã comemorou muito, após a chegada da regata final. Para Albre-

cht e Sidou, 24, foi o segundo título da Por-to Alegre Match Cup que teve início em 2011 quando foi válida pelo Ibero-americano de Match Race e que contou com tripulações, do Brasil, Argentina, Peru e México. Nesta edição Samuca contou com Gustavo Thiesen, 22, na proa. Ele foi campeão sul-americano de match race em agosto em Minas Gerais. O coman-dante ressaltou a participação de seus tripu-lantes para chegar à vitória e também o traba-lho desenvolvido com velejadores de todos os níveis no Projeto Match Race Veleiros do Sul. “Todos merecem os parabéns pelo que vem sendo feito aqui no clube. O Geison Mendes supervisor deste projeto de treinamento, o trei-nador Mathias Melecchi, e também as jovens equipes dos timoneiros Philipp Grochtmann e Vilnei Goldmeier, que fazem parte do projeto, e demonstraram um nível de verdadeiros vele-

jadores match race durante a Copa”, disse o co-mandante que, juntamente com Thiesen, que fazem aprte da tripulação do Soto 40 Crioula que disputará o Mundial da classe em janeiro de 2013 no Chile.

Equipes do Projeto Match Racedisputaram a Copa

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Goldmeier x Santos

Grochtmann x Mendes

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s equipes Veleiros do Sul/Volare/Marcopolo participaram do Campeonato Sul-Americano de Soling, entre os dias 15 e 18 de novem-bro em Punta del Este no Uruguai. O resulta-do não poderia ser mais emocionante com a vitória da equipe Sail in Peace Nando, forma-da por Andre Wahrlich, Manfredo Floricke e Leonardo Gomes que velejou no barco Ideia Fixa, do timoneiro Fernando Krahe, falecido recentemente, e deu pela primeira vez o tí-tulo sul-americano ao Clube dos Jangadeiros. A equipe VDS/Volare/Marcopolo de George Nehm, Marcos e Lúcio Pinto Ribeiro ficou com o vice-campeonato ao fechar a disputa com uma vitória na sexta regata. Eles foram os úni-cos a obterem três primeiros lugares durante o

Flotilha gaúcha foi bem no Sul-Americano de Soling

Tripulações confraternizaram no encerramento do Sul-Americano em Punta

campeonato, mas os maus resultados do início não deram a consistência para o título. Os ar-gentinos Gustavo Warburg, Federico Calegari e Juan Lago ficaram em terceiro lugar.

Na VDS/Volare/Marcopolo ainda se destaca-ram a equipe do Coringa, de Guilherme Roth, Carlos Trein e Roger Lamb, que chegaram em quarto e levaram o troféu Classic, de barcos an-tigos.

A equipe Sail in Peace Nando realizou o sonho de Fernando Krahe, veterano velejador da classe Soling, de levar o seu barco a Punta del Este para o Sul-Americano, e foi como ter um quarto tripulante a bordo, pois eles vele-jaram com desempenho brilhante e nem ne-cessitaram competir na última regata com a

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Os vice-campeões, Lúcio e Marcos Pinto Ribeiro e George Nehm

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Os campeões Classic do barco Coringa: Beto Trein, Guili Roth e Roger Lamb

CLASSIFICAÇÃO DAS TRIPuLAÇÕES bRASILEIRAS

1º Andre Wahrlich/Leonardo Gomes/Manfredo Floricke (CDJ) 112º George Nehm/Marcos Ribeiro/Lucio Ribeiro (VDS) 14

4º Guilherme Roth/Carlos Trein/Roger Lamb (VDS) 265º Kadu Bergenthal/Eduardo Cavalli/Andre Nogueira (VDS) 28

6º Nelson Ilha/Frederico Sidou/ Carlo de Leo (VDS) 2910º Cícero Hartmann/Flavio Quevedo/Andre Renard (VDS) 3915º Niels Rump/André Serpa/Marcelo de Jesus (VDS/ICG) 65

vitória conquistada antecipadamente. Os pais de Fernando Krahe também foram a Punta e assitiram a competição do barco da Comissão de Regatas.

O Sul-Americano teve a participação de 19 tripulações do Brasil, Argentina, Alemanha e Estados Unidos. O próximo Campeonato Sul-Americano será realizado na Argentina em San Isidro, última semana de abril de 2013, no Clube Náutico San Isidro.

O Crioula Sailing Team, do Veleiros do Sul, realizou em dezembro os treinos para o

Campeonato Mundial de S40, que será em ja-neiro no Chile. A equipe que representará a vela gaúcha no Mundial é formada por George Nehm, Renato Plass, Eduardo Plass, Samuel Albrecht, Alexandre Rimoli, Alexandre Rosa (Tandi), Gustavo Thiesen, Diego Garay, Paulo Ribeiro e Bruni Zirilli. A maior parte dos vele-jadores é do Clube.

Neste ano o Crioula Sailing Team foi o melhor brasileiro e quarto colocado no Sul-americano de Soto 40, além vice-campeão da Mitsubishi Sailing Cup.

O Mundial de S40 será disputado entre 25 de janeiro e 03 de fevereiro de 2013 na cidade de Bio Bio. São esperadas 20 tripulações do Chile, Argentina, Espanha, Itália e Inglaterra. Além do Crioula, o Brasil será representado pela equipe do barco Carioca.

Crioula disputará o Mundial de Soto 40

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Atuação quase perfeita no Match Race Brasil

A competição foi de pontos corridos devido ao atraso da programação causado pela falta de vento. VDS foi vice-campeão e campeão PRO AM

Match Race Brasil completou dez anos de dispu-ta mantendo-se como a principal competição do país da modalidade de barco contra barco. Nes-sa edição a Marinha do Brasil foi campeã com 7,5 pontos e levou o segundo título consecutivo, coroando a equipe do comandante Henrique Haddad. O Veleiros do Sul (Samuel Albrecht) ficou com o vice-campeonato, seis pontos, e o Rio Yacht Club (Marco Grael) em terceiro, com 4,5 pontos.

Os representantes da Marinha venceram sete matches e chegaram em segundo lugar na única regata de flotilha do campeonato, chama-da de fleet race. Os vencedores faturaram o prê-mio de R$ 23 mil e a posse transitória do Troféu Roger Wright. O evento foi disputado na Baía de Guanabara e reuniu oito tripulações formadas por clubes náuticos e marinas do país.

“As coisas não foram fáceis, apesar de velejar

em casa, na Baía de Guanabara. Foi igual ao fu-tebol, fomos obrigados a vencer quase tudo para sair como título. O nosso jogo de seis pontos foi contra o Veleiros do Sul (no último dia). Eles va-lorizaram a nossa conquista”, contou Henrique “Gigante” Haddad.

Com desempenho perfeito no início, o Ve-leiros do Sul acabou sendo derrotado pela Ma-rinha do Brasil e Rio Yacht Club nos matches finais. “Nosso desempenho é fruto de muito trei-no e dedicação em Porto Alegre. Pecamos em alguns detalhes e dois erros tiraram a gente no lugar mais alto do pódio. Não poderíamos per-der para a Marinha. Ficou um gostinho amargo, mas a certeza de que vamos corrigir nas próxi-mas edições. Mesmo assim, a prata mostra que nosso trabalho é forte. O match race é levado a sério no clube. Treinamos regularmente e temos até uma escola de formação de velejadores para

Equipe do Veleiros do Sul nas águas da Guanabara

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a modalidade”, revelou Geison Mendes, tático do Veleiros do Sul.

O comandante Samuel Albrecht considerou a melhor atuação do grupo até agora no Match Race Brasil. Na sua avaliação isso mostrou que os velejadores estão evoluindo na modalidade, conhecendo melhor as táticas e regras. No ano passado ficaram em quarto lugar. E ressaltou a participação de Geison Mendes que coordena o Projeto Match Race do Veleiros do Sul.

“A presença do Geison nos ajudou bastante por conhecer bem os fundamentos do match e também a montar um planejamento. Dessa vez todos nossos passos eram estudados, fizemos uma competição bem orientada e isso foi decisi-vo. Teve uma regata que fugiu de nossos planos, mas faz parte do jogo. Acredito que uma de nos-sas regatas contra o RYC foi uma das mais boni-tas do evento.” O comandante Samuca contou na sua equipe com Geison Mendes, André Gick, Alexandre Mueller, Ana Barbachan, Alexandre Rimoli, Gustavo Thiesen e Frederico Sidou.

Para não atrasar o cronograma, que foi pre-judicado pela ausência de ventos nos dois últi-mos dias do Match Race, a Comissão de Regatas mudou a fórmula e deu o título à tripulação que somou mais pontos na fase de classificação, o chamado round robin. Todas as equipes se en-frentaram nas águas cariocas. “É muito mais justo para o velejador e está na regra. Fizemos todos os duelos possíveis, ou seja, todos correram con-tra todos e o confronto direto definiu o melhor na água, assim como no futebol. A primeira fase é sempre de round robin em todas as compe-tições do mundo e toda vez que é necessário

por causa das condições de vento, o campeão sai sem o mata-mata”, revelou Nelson Ilha, juiz internacional de vela e com participação em cin-co olimpíadas.

No Match Race Brasil os veleiros escolhi-dos foram os Beneteau First 40.7, rigorosamente iguais para as tripulações ( 7 homens e 1 mulher ou 10 mulheres).

Nas regatas Pro AM o VDS foi campeão

Liderança na maior parte do evento

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RESuLTADO FINAL1º - Marinha do Brasil (Henrique Haddad) - 7,5 pontos

2º - Veleiros do Sul (Samuel Albrecht) - 6 pontos3º - Rio Yacht Club (Marco Grael) - 4,5 pontos

4º - Búzios Vela Clube (Alexandre Saldanha) - 4 pontos5º - Yacht Club Ilhabela (Maurício Santa Cruz) - 3,25 pontos

6º - Iate Clube do Rio de Janeiro (Thomas Low-Beer) 3 pontos7º - Ciaga (Renata Decnop) - 2 pontos

8º - Clube Naval Charitas (Rafael Pariz) - 1,25 ponto

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Mariana, terceira colocada na 4.7 feminina

Henrique é campeão da Laser Radial no Sul-Brasileiro

O Campeonato Sul-Brasileiro de Laser contou com 53 participantes de sete Estados que vieram testar a raia onde dentro de dois meses vai ocorrer o Brasileiro

de Laser de 2013, que terá sede no Veleiros do Sul. A flotilha de laseristas do VDS teve forte participação no Sul-Brasileiro realizado de 15 a 17 de novembro pelo Clube dos Jangadei-ros.

Com um grande desempenho na disputa, Henrique Dias (VDS) conquistou o título de campeão na classe Laser Radial. Ao lado de Henrique também esteve no pódio da Radial An-tonio Cavalcanti Rosa (VDS), o Totó, que ficou com o terceiro lugar na competição atrás de Martin Manzoli Lowy (YCSA) e foi vice na categoria sub17.

Ainda na Radial, Ana Luiza B. Barbachan (5º lugar geral) foi a campeã no feminino. Também representaram o VDS: Alan Willy (7º), Júlia Fernanda Silva (9ª na geral e 3ª no Femi-nino), Rodolfo Streibel (11º), Augusto Moreira (13º), Lorenzo Medeiros (15º), Rodrigo Quevedo (20º) e Bryan Luiz (23º).

No Laser Standard, Lucas Ostergren obteve o terceiro lu-gar no pódio, precedido pelo campeão Matheus Livramento Dellagnelo (ICSC) e pelo vice João Augusto Hackerott (YCS).

Também disputaram o Standard pelo VDS André Passow (6º), o campeão sub-17 Phillip Grochtmann (8º), Luiz Eduar-do Sokolnik (9º), o campeão Master Roberto Bortolaso (11º), Gustavo Zipperer (12º), Rafael Amorim (13º) e Ader Santos (17º).

Já no Laser 4.7, Mariana Teixeira foi a oitava colocada na classificação e terceiro lugar no feminino.

Lucas Ostergren ficou em terceiro na classe Standard

Ana venceu na Radial categoria feminina e Júlia ficou em terceiro

Henrique e Antonio, o Totó, subiram ao pódio na Radial

Phillip, campeão sub 17 na Standard Bortolaso, campeão master Standard

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um Novo Conceito de navegar

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Comandante Sombra fez uma agradável palestra sobre suas viagens pelo mundo

Sombra foi o palestrante no Jantar dos Cruzeiristas

Os Veleiros do Sul realizou na noite de 7 de novembro o jan-tar mensal dos Cruzeiristas. A

noite começou com uma palestra com o circum-navegador João Francisco Sombra de Albuquerque, o comandan-te Sombra, um dos cruzeiristas interna-cionais mais importantes do país que veio relatar os 17 anos pelo mundo, ve-lejando a bordo do veleiro Guardian.

O cruzeirista falou sobre os luga-res onde esteve, apontando suas pecu-liaridades e os locais favoritos, além de apresentar o seu atual trabalho, como arquiteto especialista em marinas, o

Comandante do CPOR, Waldir Silva Filho e João Sombra receberam os galhardetes do Clube

Projeto Náutico Pesqueiro do RS, que prevê a construção de marinas na cos-ta gaúcha, explorando as suas poten-cialidades, únicas e muito especiais. Sombra acrescentou que o Veleiros do Sul se destaca pela hospitalidade e simpatia com a qual recebe os seus visitantes.

Após a palestra, foi dado início ao jantar que teve como cozinheiro o ex-comodoro José Carlos Tozzi. Foi esco-lhido para o cardápio Javali ao Forno como prato principal, acompanhado de massa e polenta, com pêra ao vinho e sorvete como sobremesa, o que agra-

dou a todos. Além da presença ilustre de João Sombra, que trouxe como con-vidado Hélio Vasconcellos, que ofere-ceu aos Cruzeiristas uma cortesia: sor-teio de uma hospedagem no Maceió Mar Hotel a ser sorteado no próximo encontro. Também esteve presente o comandante do CPOR, o Coronel de Cavalaria Waldir Silva Filho, que foi convidado a trazer ao Clube sua corpo-ração para treinamento.

No próximo jantar, último do ano que será “avec”, ou seja, aberto aos fa-miliares dos cruzeiristas, o cozinheiro eleito é Cícero Hartmann.

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O Conselho Deliberativo do Veleiros do Sul elegeu o ad-vogado e velejador Cícero Hartmann para o cargo de

comodoro, biênio 2013/2014. A chapa eleita por maioria de votos dos 27 conselheiros presentes na reunião realizada no dia 4 de dezembro é composta pelo vice-comodoro esportivo, Guilherme S. Roth, vice-comodoro social Carlos A. Trein, vice-comodoro administrativo Paulo A. Hennig e vice-comodoro de patrimônio Luís Antonio Schneider. A posse da nova comodo-ria será na festa de aniversário do clube, dia 15 de dezembro.

Na reunião ordinária também foi escolhido o Conselho Fiscal 2013/2014 que será formado por Newton R. Aerts, Luiz Alberto Morandi e Flávio Neumann, suplentes: Ricardo Englert, Jankiel Koster e Homero Jobim Neto.

Nova comodoria será liderada por Cícero Hartmann

Agora os associados podem ad-quirir no Clube malhas e cole-tes flutuadores especiais para

a prática da vela. Os modelos trazem a marca do VDS no peito e nas costas. A ideia é dar identidade ao nosso ve-lejador, que vai carregar o símbolo do Clube onde quer que ele veleje, nas re-gatas em que for competir.

Ambos foram produzidos pela em-presa NOB. As malhas têm a proprie-dade de bloquear a passagem dos raios ultravioleta (A e B principalmente), pro-tegendo a pele do velejador. Elas estão disponíveis na loja do Clube nos tama-nhos P, M, G e EG com o preço de R$ 95 (preço de custo).

Os coletes são indispensáveis para

Com o VDS no peito, onde quer que você veleje

a segurança na água e possuem o mes-mo modelo dos já utilizados na Escola de Vela Minuano e pelas equipes do Projeto Match Race. Confeccionados em Neoprene Flex, com modelagem mais curta para oferecer conforto e mobilidade, possui flutuadores KNV de

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célula fechada em gomos e bolsos fron-tais. Podem ser vestidos como uma ca-miseta e são resistentes aos raios solares UV, evitando o desbotamento. Para a aquisição do colete é necessário conta-tar a Secretaria Esportiva do Clube pelo e-mail [email protected].

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O Diário de Bordo do Argusviagem do veleiro Argus do Veleiros do Sul a Rio Grande e de volta a Porto Alegre em 1939 foi registrada num diário de bordo em alemão e assim havia permanecido até hoje. Com a importante ajuda de nosso sócio Walther Bromberg o texto foi traduzido para o português e agora publicamos no O Minuano para nossos leitores. Como disse Bromberg: “naquela época se velejava em alemão.”A narrativa da viagem é mais que um diário de bordo, graças ao grande número de fotografias que nos dá um panorama da navegação na época e os lugares em que eles aportaram. Aí está o seu grande valor. Quando estávamos editando a revista descobrimos uma carta enviada de Santos, de 1994, de Jochen Von Ortenberg, um dos tripulantes, na qual manifestava o desejo à associada Wilma Lemke de que o Diário de Bordo fosse traduzido para conhecimento de todos. Os remanescentes do grupo, hoje todos falecidos, tinham a intenção de apresentar o diário nos festejos dos 60 anos do Clube. Sem imaginarmos, agora realizamos o desejo deles 18 anos depois. Convém também ressaltar o próprio diário que foi confeccionado com capas de madeira e com cabos trançados, pelo tripulante Ulrich Dennin.

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DIÁRIO DE bORDOFo

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Uma excursão a bordo de um iate a vela de Porto Alegre a Rio Grande e de volta de 7 a 21 de Maio de 1939.

Às vésperas da Segunda Guerra mundial

Um relato baseado no diário de bordo de JOCHEN von ORTENBERG

ARGUS: Iate a vela (com lastro e bolina, com motor de centro)Medidas: Comprimento sobre convés: 9,00m - Boca: 2,50m

Área vélica: 30m², sem balão - Motor: Marca BUB - 12-14hp - 2 cilindros - 2 tempos

PROPRIETÁRIOS:Ewald Ritter - capitano

Günther Becker (Gigi - pronuncia Gui Gui) - cozinheiro e maquinista

TRIPUlAnTES:Jochen von Ortenberg - navegador e meteorologista

Ulrich Dennin - contramestre e barmixerHans Wiesbauer - marinheiro e comediante

OUTROS:Moses (barco auxiliar levado a reboque) • João Martins (um mulato)

Botos, Golfinhos e Gaivotas • Sra. Schmidt e cebolas e alhosUma Sueca (ok Swenjka) • Gruta Azul • O faroleiro de Itapuan

DOMINGO, 7 de maio de 1939

Com o disparo de um foguete, às 9 horas da manhã, foi dado o sinal de partida, quando, a esta hora da manhã, tudo ainda estava quieto na sede do porto do clube VELEIROS DO SUL. Mesmo as-sim, algumas moças bonitas não se furtaram em comparecer à nossa despedida, desejando-nos BOA VIAGEM. Quase nenhum olho ficou seco. Lenços brancos foram sendo abanados, até que a bruma matinal tudo encobrisse. – Rapidamente alcançamos a CADEIA e a vistosa chaminé da Usina Elétrica, que para, nós, velejadores representa um marco. – Pelas 10 horas já tivemos a Vila Conceição à vista, onde apanhamos o barco auxiliar, nosso futuro pequeno MOSES, e leva-lo a reboque. Ele já balança-va, alegremente, sobre as ondas do GUAHYBA. – Pelas 12 horas já cruzamos a PONTA GROSSA. O tempo clareou, mas o vento morreu. Com auxilio do motor seguimos até a ILHA FRANCISCO MA-NUEL, onde o “ARGUS” ancorou. – O cozinheiro, preguiçoso como é, preparou para a tripulação, somente, um prato frio, composto por pão e frios, mas promete, após ameaças, uma BOIA REFOR-ÇADA, para a noite. – Com calmaria total, não sobrou alternativa, a não ser tocar a motor até a VILA DE ITAPOAN, aonde chegamos por volta das 18 horas, e ainda encontramos um idílico ancoradouro, dentro do riacho. O cozinheiro se apressa em cumprir com sua promessa, e alegra a tripulação com uma bem sucedida macarronada. Então: à saúde!

Dennin Ritter Wiesbauer Gigi Ortenberg

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O MINUANO22

Argus ao lado da sede do VDS na sede no Navegantes em 1936

SEGUNDA-FEIRA, 8 de maio de 1939

7 horas, alvorada (rise-rise). – Droga, o ba-rômetro baixou: garoa e vento Sul fraco. Então, primeiramente: limpeza do barco, premente por causa dos milhares de mariposas mortas no con-vés. Em seguida são completados víveres e com-bustível na venda mais próxima. Finalmente, pe-las 11 horas, o Sol aparece e decidimos velejar, após o almoço, até o “SITIO”, aquela pequena vila de pescadores, localizada, idilicamente, pró-xima ao farol, na desembocadura do GUAHYBA na LAGOA dos PATOS, que com sua praia reple-ta de figueiras, convida para uma visita. – Mal ancoramos, aparecem as crianças dos pescado-res, em suas ágeis canoinhas, para nos obser-var, pois dificilmente encontram oportunidade,

de ver de perto, um moderno veleiro. Natural-mente, podem subir a bordo e examinar tudo, inclusive dentro da cabine. Grandes expressões de admiração, nunca tinham visto algo parecido. Principalmente o equipamento da cozinha! Os filhos dos pobres pescadores não conseguem sair de seu espanto – e nosso cozinheiro, num passe de mágica, coloca sobre a mesa, para comerem, um “corned beef” com salada de batatas, que, conforme seu parecer é “wonderfull”. Um idoso negro, de cabelos brancos, Sr. JOÃO MARTINS, que a tarde toda esteve nos observando, catan-do piolhos e se coçando, indagado a respeito de como estaria o tempo, previu o seguinte: a chuva vai parar em pouco tempo, mas também pode ser que continue chovendo. Como recompensa, recebeu um saco de batatas que aos poucos iam estragando, pois ficaram molhadas, e um bom gole do nosso vinho “TO-HUS” (da casa) - Chuva e mais chuva.

Ancorado na Vila de Itapuã

Profeta do tempo João Martins com Ortenberg

Nosso profeta, o negro velho JOÃO MAR-TINS acertou com sua previsão de tempo. Na enseada rodada de morros, fechamos tudo para a noite. Somente uma pequena lanterna de an-corado marcou nossa posição na escuridão. – GIGI, nosso cozinheiro, quer servir algo especial e carrega sua panela de pressão, emprestada de sua avó, com batatas, toucinho, temperos e outros ingredientes saborosos, e para abreviar o tempo de cocção, pendura um pesado cadea-do na válvula de segurança, para que esta não descarregue a pressão antecipadamente. Não demorou, e com um estouro, a válvula abriu, e toda a beleza de sopa de batatas esguichou ao teto da cabine, de modo que todos tiveram de abrigar-se debaixo da mesa, para não ficarem expostos ao caldo escaldante. Fim do sonho da tão esperada sopa! A desgraçada da panela de pressão foi batizada com o nome de “SPRUZZA-

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TORE”, e o cozinheiro condenado a limpar, com a língua, teto, paredes e piso da cabine. Com fome, a tripulação recolheu-se a seus beliches.

Argus se aproximando do farol de Itapuã

TERÇA-FEIRA, 9 de maio de 1939

Céu aberto, vento Sudoeste fraco. Pelas 9 horas içamos velas e alcançamos o farol de ITA-POAN, com sua estrutura pesada, reluzente-mente branco no sol da manhã, lentamente foi ficando para trás. Três vezes o faroleiro arria e ergue a bandeira nacional, nos respondemos da mesma maneira, depois nos deseja boa viagem por meio de três apitos longos. Estamos agora na LAGOA DOS PATOS, que se estende ante nós em sua imensidão, repleta de segredos, temida, mal explorada por nossos camaradas velejadores. Assim começa nossa aventurosa viagem à distan-te cidade portuária de RIO GRANDE. Será bem sucedida? Determinamos o rumo pela carta, e rapidamente passamos ao largo da baixa ILHA BARBA NEGRA. Infelizmente após pouco tempo o vento desaparece, de modo que, mais uma vez,

Carreta transportando arroz na beira da Lagoa, em Arambaré

QUARTA-FEIRA, 10 de maio de 1939

Com os primeiros raios de sol, vindos do ho-rizonte a leste, entrando na cabine palas vigias, foi saindo do beliche um após outro, esfregando os olhos, lançando-se do alto do trapiche nas águas frias da Lagoa. Um único, cujo nome não quere-mos mencionar, tentou, sem sucesso, esquivar-se do salto na água fria. Após as observações desa-bonadoras dos companheiros, não restou outra solução a não ser saltar, e limpar o corpo das emanações sujas da cozinha. Às 8 horas em pon-to, após reabastecimento do estoque de gasoli-na, que tivemos de carregar em camburões por 500m da cidadezinha, largamos com leve brisa Leste, com rumo Sudoeste, e alcançamos, com vento regular, o temido BANCO DONA MARIA. A duas milhas da costa iniciamos a procura de um FURADO atravessando do extenso banco de areia. A profundidade é de apenas um metro e

tivemos que botar em funcionamento o motor. Pelas 16 horas foi anunciado o farolete de Tapes, a vista 4 traços ( UM TRAÇO NA BUSSULA = 5º) a boreste, à proa. O barômetro subindo, inicia vento fraco de Sudeste. Desenvolvemos boa ve-locidade, e ao anoitecer amarramos no trapiche da BARRA DO VELHACO. Nossa primeira etapa na LAGOA DOS PATOS foi concluída. – Agora o cozinheiro precisa esforçar-se, pois o primei-ro dia na Lagoa dos Patos precisa ser festejado condignamente. Ele serve ótima refeição de ba-tata vapor, salsichas e petit pois, acompanhados de vinho tinto, para lavar os dentes! Pelo menos uma recompensa pelo fracasso de ontem, para a tripulação esfomeada.

Faina de bordo

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após enervante balizamento atravessamos, de-pois de uma hora, o maldito banco. Seguindo no rumo sudoeste em direção ao próximo banco, registrado na carta como BANCO DO VITORIA-NO, com profundidade parecida com a do an-terior. A LAGOA DOS PATOS deve sua má fama a diversos bancos de areia, todos com orienta-ção Leste-Oeste, de modo que a navegação é praticável com segurança, quase que exclusiva-mente, em um canal constantemente dragado, e bem sinalizado.

Navegação a vela era usada para o transporte de mercadorias na Lagoa dos Patos

O canal de navegação tem aproximadamen-te 7m de profundidade, e dá passagem a peque-nos navios oceânicos. – Como o ARGUS tem um calado fixo de somente 80 cm, arriscamos a passar sobre os baixios com bolina recolhida, as vezes até com a tripulação desembarcada, como neste caso, quando o CAPITANO deu a ordem: “ descer do barco, todos!” em manobras difíceis, o barco, agora aliviado é empurrado e arrastado

por cerca de 800m. Somente, ao pôr do sol, nos-so ARGUS está flutuando, com água suficiente abaixo de quilha, permitindo-nos a seguir nosso rumo, com vento regular, de través, em direção ao RIO CAMACUAM. Entrementes, escureceu, mas considerando a boa velocidade que desen-volvíamos com o forte vento Nordeste, decidi-mos seguir até SÃO LOURENÇO, aproveitando a bela noite de luar e a ótima disposição a bor-do. Cerveja foi distribuída, as estrelas brilhavam, todos entoando canções marinheiras em nave-gada veloz. Subitamente o vigia anuncia: luz de sinalização a 2 traços a bombordo! – deve ser o farolete de SÃO LOURENÇO. – Verdade! Pouco mais, já avistamos as luzes da cidadezinha. Na velocidade que desenvolvemos, devemos estar, no máximo, a uma hora do porto. De repente es-cutamos um rugir estranho. No segundo seguin-te o vigia grita: rebentação à proa! O timoneiro ainda tenta uma manobra, mas muito tarde: o bom ARGUS, a toda velocidade, encalha sobre o BANCO DO QUILOMBO, que na escuridão supúnhamos mais a boreste. - M......! E agora? Com auxilio do motor e força humana, não será fácil desencalha-lo, mas com auxilio de Deus e esforço quase sobre-humano, conseguimos ul-trapassar a rebentação e encontrar água mais funda, onde, esgotados, ancoramos. – A noite, até o nascer do sol é horrível. Ao nosso redor o barulho da rebentação. A pergunta é: a ancora vai segurar? Os ânimos a bordo estão péssimos.

QUINTA-FEIRA, 11 de maio de 1939

Temporal de Sudoeste, chuva forte. Nin-guém tem animo para sair do beliche. Preparar café? Nem pensar, pois o cozinheiro voltou a puxar o cobertor sobre a cabeça, e finge estar dormindo profundamente. Graças a Deus, que o maldito BANCO agora nos protege da reben-tação das altas ondas que o temporal faz entrar pelo Sul. Nessas condições, não podemos cogitar em nova saída. Assim resolvemos por ordem a bordo, remendar roupas, lavar e limpar. Durante a tarde o tempo, aos poucos, melhora, e assim tentamos, com auxilio do motor a passar sobre o baixio, mas inutilmente. Única possibilidade de chegar mais ao Sul é contornarmos o BANCO, num percurso de aproximadamente 6 milhas de onde nos encontramos. Mas resolvemos deixar isto para amanhã, ocupando-nos ao longo do que resta deste dia com pescaria, baralho, lavar, remendar e tomar cerveja.Preparando a refeição

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SEXTA-FEIRA, 12 de maio de 1939

Mesmo antes do nascer do Sol apareceu mo-vimentação a bordo, quando se descobriu que havia entrado forte vento NORDESTE. Melhor vento não podíamos pedir. Rapidamente foram içadas as velas, e largamos, pois não queríamos perder tempo tomando café. Este é substituído por conhaque, que também é bom para limpar os dentes. Precisamos deixar o maldito BANCO DO QUILOMBO, que nos custou duas noites e um dia, para atrás. Temos sorte. Depois de pou-co tempo encontramos uma passagem, marcada por estacas pelos pescadores, que nos permita passar sobre o do BANCO. Conseguimos! Graças a Deus! Já às 7 horas temos SÃO LOURENÇO pelo través, a boreste. Sob céu azul, esta cida-dezinha de pescadores, escondida por arvores frondosas, nos apresenta um quadro amigável. Não aportamos neste local, mas aproveitamos o forte NORDESTE para alcançarmos RIO GRAN-DE o quanto antes. Vemos neste momento dois barcos cargueiros, a vela, carregados de cebolas, saindo de SÃO LOURENÇO, tomando rumo a RIO GRANDE, igual a nós. Rapidamente os dei-xamos para traz, pois com o nosso ARGUS faze-mos viagem rápida. Somente agora sai o café da manhã da cozinha, até ovos fervidos são servidos – que coisa! O cozinheiro está sorridente: a água da LAGOA já está com gosto salobra, e os pri-meiros BOTOS aparecem e nos acompanham, provavelmente esperando alguma comida boa. O marinheiro HANS comenta: encima disto um (conhaque) “Dujardain”! ULRICH, o barmixer não se faz de rogado, e já este “elixir da vida” cir-cula. Ao longe, através do binóculo, avista-se o canal de navegação, sinalizado por muitas bóias. Em pouco tempo, com sol a pino, passamos o BANCO DA FEITORIA, e pelas 13 horas temos pelo través a ILHA MARECHAL DEODORO, que infelizmente não consta na carta por ser uma ilhota de areia, criada pela ação de dragagem do canal de navegação. Esta ilhota comprida de areia, nesta época do ano é habitada por diver-sas famílias de pescadores, que ali esperam boas capturas.

Tomamos o rumo da primeira bóia do canal, com vento em popa rasa, rumando em direção a PELOTAS. Na altura do LARANJAL tomamos o rumo de nossa destinação final, RIO GRAN-DE, passando a ILHA DA SARAGONHA. O AR-GUS navega agora em disparada em água verde, transparente, acompanhado por muitos DEL-

Barco ceboleiro deixando São Lourenço rumo a Rio Grande

FINS, praticando seus saltos e nos circundando. Ninguém pensa em almoço. O cozinheiro serve somente alguns sanduíches, e bastante cerveja. Vento aumentando de força e entrando mais de Leste, nos obriga a caçar as escotas, pois o obje-tivo é alcançar o porto ainda antes do escurecer. Nosso valente barco aderna, e todas vigias e es-cotilhas são fechadas. As ondas se tornam mais altas, e formam uma, para nos estranha, faixa de espuma, visível ainda por grande distancia à ré. Como lamentavelmente não temos um LOG não podemos medir a velocidade, que estimamos entre 6 e 7 nós, representando velocidade apre-ciável! Pelas 17 horas já avistamos a chaminé da usina de RIO GRANDE. Quase conseguimos! No BAIXIO DO MOSQUITO, e depois no BAIXIO DO DIAMANTE tocamos levemente o fundo, pois para diminuir o percurso navegamos fora do canal. As escotas são caçadas para adernar o AR-GUS , que rápido como uma flecha, avança so-bre a água com somente 50cm de profundidade, arrastando as velas pela ondas. Em pouco tempo deixamos para trás os baixios, quando o mestre de um rebocador nos criticou por navegar nestas águas traiçoeiras. Mandamos ele ao diabo que o carregue, e juramos dar uma tremenda surra neste mau elemento, caso o encontrarmos em algum bar no porto de RIO GRANDE..Não pode-mos tomar rumo direto ao edifício branco da al-fândega, mas temos de navegar em grande arco, respeitando o balizamento do canal de navega-ção, para alcançar o cais. Ao longe, em direção à barra, vemos um gigantesco vapor transatlântico entrando. Um bando de gaivotas nos circunda, esperando algo comestível. Os últimos biscoitos são sacrificados, e observamos como se atiram, brigando, sobre eles. Agora, na água profunda, o

A chegada no Rio Grande Yacht Club

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canal de navegação está repleto de GOLFINHOS. São criaturas grandes, que aceleram pela água, voando de 4 a 5m pelo ar, caindo novamente na água, de barriga, esparramando espuma. É uma beleza observar esta brincadeira impressionante. Alcançamos a grande bóia de acesso ao porto e com vento de través, singramos pelo longo canal do porto, passando muitos navios e barcaças. Há um cheiro de algas, óleo de peixe e piche no ar. Para nós, cheiros agradáveis. De repente avista-mos bondes, ônibus, automóveis. GIGI, incrédu-lo, exclama: ”mas isso também existe?” Pouco depois das 18 horas amarramos no trapiche do RIO GRANDE YACHT CLUB.

Alguns sócios nos recebem cordialmente e nos ajudam admiravelmente. O primeiro CHO-PP depois de quase uma semana é o paraíso. Telegramas anunciando nossa feliz chegada são despachados da cidade, e a GRUTA AZUL visita-

da para uma janta para valer, onde nós, marujos esfomeados, podemos nos fartar. – Consegui-mos! Nosso sonho, de longa data foi realizado, e com satisfação pudemos anunciar aos nossos camaradas do clube que vencemos os perigos da temida LAGOA DOS PATOS, praticamente sen-do os primeiros de nossa confraria.

Digno de ser mencionado é que ainda an-tes de entrar no porto, toda tripulação, como manda o bom costume, fez uma limpeza e arru-mação geral. Os sacos com as roupas de passeio foram retiradas do castelo de proa, e a cabine se transformou em brechó. Camisas e meias de seda aparecem, também gravatas e sapatos cro-mo, suspensórios e lenços perfumados se apre-sentam. Em seguida desenrola-se um combate heróico com colarinhos engomados e abotoa-duras de punhos. Um acha necessário raspar os pelos de marinheiro da cara, outro troca sua ca-miseta listrada de vermelho e branco por uma camisa limpa, impecavelmente branca e com colarinho engomado. Foi difícil separar-se de sua adorada camiseta furada, suada e imunda, mas por exigência coletiva, ela foi afundada na água salgada.

Barcos no trapiche do clube

Mercado da cidade e barcos na doca

Nossa pequena tropa de cinco homens, to-dos trajando azul e branco, cada um com seu boné branco com insígnias do clube, mãos nos bolsos e andar balanceado, apos excelente re-feição, rumou para a GRUTA, o quarteirão de diversões da cidade portuária, a “REEPERBAHN” (famoso quarteirão de diversões do PORTO DE Hamburgo, Alemanha) de RIO GRANDE. Uma sensação foi uma linda sueca, de idade um pou-co avançada, mas muito atrativa. Perguntada se tem fotos bonitas, respondeu, em dialeto alemão da colônia:” naturalmente tenho fotos bonitas OaK Svenska”. Fomos caminhando de uma luz vermelha a outra, e por volta de meia-noite vol-tamos ao ARGUS.

Tripulação uniformizada do Argus

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SÁBADO, 13 de maio de 1939

Chuva torrencial, sendo um dia para real descanso e um bom café da manhã, sem pressa. No fim de semana, presumivelmente, teremos muitos sócios do clube visitando o raro visitante de PORTO ALEGRE, e por isso, mais uma vez tudo a bordo é limpo e arrumado. Lampiões de querosene são limpos, colchões recebem cober-tura limpa, as velas são guardadas corretamen-te, cabos são aduchados, e diversas garrafas de WHISKY e GIM são colocadas no gelo. Agora po-dem chegar as visitas! - Jornalistas dos órgãos de imprensa locais chegam a bordo, fotos são tira-das, é felicitada a tripulação, precisamos contar tudo de nossa aventura, etc. Planos são nacem, incentivando os velejadores locais a tentar uma velejada até PORTO ALEGRE. O contato foi feito, e às futuras visitas de parte a parte são erguidos os copos. Atendendo a um convite de Mr. SWIFT para visitar seu enorme matadouro, conhecido em todo mundo, fomos, após o almoço no Clu-be, na limusine que nos disponibilizou, até seu estabelecimento, para conhecer as instalações e assistir à matança. Vapores de suor animal, san-gue e carne fervida nos encobriram. Quando um negro corpulento bateu com um martelo de cabo longo na cabeça de um grande boi para desacor-da-lo e este caiu, o marinheiro HANS soltou um brado de alegria. O animal desacordado foi er-guido pelas pernas e pendurado de cabeça para baixo e morto por degola. O sangue escorria aos jorros... Não foi uma visão edificante. Uma des-crição do processo de fabricação de CORNED BEEF será poupada. EWALD e JOCHEN juraram nesta hora nunca mais comer CORNED BEEF. À noite fomos para um jantar de EISBEIN (pernil de porco com chucrute) no clube GERMANIA. Um tio do EWALD conquistou especial simpatia as-sumindo as consideráveis despesas de nossos co-mes e bebes. Aleluia a ele! – A saída da acolhe-dora cidade de RIO GRANDE foi marcada para domingo de manhã, 10 horas. Despedimo-nos de nossos anfitriões ainda cedo, com exceção de um, que retornou a bordo somente ao clarear do dia... GIGI.

Ceboleiro atracado no porto velho de Rio Grande

ver, como um após outro sai de calção do AR-GUS e se atira n’agua. Mas que banho é este? Mal se cai branco n’água, e já se sai preto como um negro! Este mergulho apelidamos de “banho de lama com água salgada”, e o infortúnio foi so-lucionado com um bom banho de chuveiro, de água doce. Culpa da usina de RIO GRANDE, em cuja proximidade está ancorado o ARGUS. – Às 9 horas em ponto o ARGUS esta amarrado ao trapiche, pronto para zarpar. Os víveres para a viagem de volta foram completados, faltando so-mente algumas garrafas de “CHUPETINHA” que nos foi indicada por sócios do clube, como “água de visada”. Também esta se consegue, e agora está tudo OK para nossa viagem de regresso por PELOTAS. Subitamente aparece alguém corren-do, trazendo um telegrama de PORTO ALEGRE destinado ao ARGUS: FELICITAMOS BRILHAN-TE FEITO CINCO TRIPULANTES! Ass. TREVO

DOMINGO, 14 de maio de 1939

Vento forte de Sudoeste cedo nos saco-de dos beliches. O REBOJO dispersou todas as nuvens de chuva, e o sol, com seus raios ain-da fraco seca tudo que molhou. É um domingo radiante, e do trapiche frente ao clube pode-se

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DE QUATRO FOLHAS. Ótimo, assim recebe-mos, pouco antes de zarpar, o reconhecimento dos camaradas do clube de PORTO ALEGRE. Isto nos renovou a disposição. Ainda cedo houve grande movimentação no clube. Todos os barcos disponíveis não se furtaram a nos acompanhar na saída do porto. Por longo tempo se estendeu a despedida carinhosa de nossos novos amigos. Brados e últimos abanos, e o ARGUS dispara com o velame completo. Braços de moças aba-nam pano branco. Bradamos “VIVAS” e “GRA-CIAS” ao RIO GRANDE YACHT CLUB, receben-do como resposta “boa viagem”. Com vento de popa velejamos, escoltados por barcos do clube, ao longo do cais velho, até a altura de SÃO JOSÉ DO NORTE, onde HUGO ALTMEYER nos deu um último “passem bem” e “até breve”.

Neste meio tempo o Sudoeste tornou-se pequeno vendaval, fazendo o ARGUS adernar e dando-nos bastante trabalho. – Isto não pode assustar um velho marinheiro! Agora é estri-

tamente necessário navegar no canal estreito, recordando as más experiências nestas águas traiçoeiras. Por azar, subitamente nos encontra-mos fora do canal, temendo encalhar em algum baixio. Com esta ventania, um encalhe pode ter graves conseqüências Pretendemos rizar, pois es-tamos com excesso de pano para esta ventania. Não é possível. Algo não funciona, e botamos o motor a funcionar. Com as ondas que se for-maram a tripulação inteira está encharcada. Não importa, temos que prosseguir! A cozinha está em greve: panelas, jarras, latas, tudo rolando desordenadamente. Contudo, não entendemos porque o BARMIXER juramentado não serve uma CHUPETINHA. Com uma palavra de or-dem o CAPITANO o manda descer à despensa, para reanimar a tripulação. Bem, seria ridículo se com esse tempo nada haveria para limpar os dentes! Como sempre nestas condições, não há almoço, somente biscoitos e destilados. – Pelas 15 horas o vigia anuncia a entrada do RIO SÃO GONÇALO à proa, 3 traços a bombordo. A bóia de acesso é contornada, e velozmente navega-mos rio acima. Subitamente água calma, quase sem ondas. Ambas as margens são baixas, e atra-vés da bruma avistamos os contornos da cidade de PELOTAS, com o complexo do FRIGORIFICO ANGLO como referencia. Uma hora mais tarde amarramos no trapiche do YACHT CLUB PELO-TENSE, que é mais dedicado ao esporte de remo do que de vela. Rapidamente nosso ARGUS tem suas velas ferradas e está tudo arrumado. No-vamente os sacos com as roupas de passeio são retiradas do paiol de proa, e um quarto de hora mais tarde se vê cinco alegres ursos do mar, em seus trajes de gala, rumando para a cidadezinha. – Mais uma etapa concluída! Após breve visi-ta a família VOGT, rumamos ao RESTAURANT WILLI, onde cada um pode escolher o que mais gosta de comer – com um olhar de desdém ao nosso cozinheiro. Ainda antes da meia-noite, a tripulação toda, satisfeita, está de volta a bordo.

Navegando pelo rio São Gonçalo

SEGUNDA-FEIRA, 15 de maio de 1939

Já cedo somos acordados por 2 amigos do GIGI. Naturalmente, querem ver o interior do barco, e assim podem se certificar do amor à or-dem da tripulação logo depois de deixarem os beliches. Os senhores naturalmente estão admi-rados! Após uma rodada da garrafa de CHUPE-TINHA os dois se oferecem para buscar gasolina em seu carro. Formidável, isto impressiona! – Pe-

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las 10 horas soltamos as amarras, e rapidamente a silhueta da cidade desaparece na bruma. Após uma hora de navegação a motor, novamente es-tamos na LAGOA, e o motor pifa. Naturalmente são as velas (desde sempre já havíamos afirma-do isto), e dentro de alguns minutos o motor pode voltar a funcionar e voltamos a prosseguir a motor, em água espelhada, no meio do canal de navegação, sinalizado por inúmeras bóias, com rumo à ILHA MARECHAL DEODORO, que alcançamos perto do meio dia. Breve almoço próximo à ilha. Ancoramos, e nesta manobra o cabo de reboque do nosso MOSES se enrosca na hélice. Sem problema: JOCHEN, armado de uma faca, pula na água, mergulha, e com toda força retalha, em diversos ataques, o cabo enros-cado, não poupando seus dedos. Pouco tempo depois a tarefa foi concluída, levantamos ancora, e seguimos. Entrementes, qual sorte, apareceu um vento leve de Sudeste, permitindo seguir no rumo de SÃO LOURENÇO, navegando com vento de traves, ao largo da ILHA DA FEITORIA, a bombordo. Até SÃO LOURENÇO ainda faltam 12 milhas. Como sempre acontece quando se tem pressa, ou o vento desaparece, ou sopra de proa. A Lua aparece, e de fato, o vento passa a entrar pela proa, diretamente de Norte. Que baixaria! Neste momento pusemos a funcionar o motor. Desta vez tudo deu certo, e nosso barco avança, cansativamente lento, caturrando e ba-lançando nas altas ondas. Pelas 22 horas conse-guimos enxergar a luz de aproximação de SÃO LOURENÇO, e pouco tempo depois, as luzes da cidade. – A entrada ao porto, se de dia já é difícil, muito mais à noite, mesmo para conhecedores locais. Somente por um acaso encontramos ilu-minadas por nosso farol, as bóias cegas do canal. Vagarosamente, com motor desligado, medindo a profundidade, nos arrastamos para dentro do riozinho, ao largo de fantasmagóricas copas de arvores e mastros de embarcações. Após uma curva o rio fica mais largo e nos encontramos no meio da cidadezinha.

Amarramos na beira de um campinho. Fi-nalmente, conseguimos! – Enquanto o Capitano e o cozinheiro fritam batatas e bife, com bas-tante banha e cebolas, o restante da tripulação, equipada com camburões, empreende uma ex-cursão à cidade, onde é visitada uma conhecida de PORTO ALEGRE, uma Sra. SCHMIDT, que para nossa alegria no dia seguinte contribui com um saco repleto de cebolas e alho, para “poder-mos dormir bem”. – De manhã tivemos a honra

Ancorado em São Lourenço

da visita do Capitão do Porto e de um repórter jornalístico. A “Autoridade” amigavelmente nos presenteia uma miniatura de uma canoa de pes-ca nativa, e o repórter anotou tudo em seu bloco e com sua câmera, o que nos agradecemos com fartura de whisky e gim. Infelizmente, nunca fi-camos sabendo o que reportou em seu jornale-co a respeito da sensação de nossa visita a SÃO LOURENÇO. Com esta visita iniciou a...

TERÇA-FEIRA, 16 de maio de 1939

Céu azul e calmaria total. Queremos seguir mais ao Norte, por isso chegou a hora de o bom motor ter de trabalhar mais uma vez. – Agora, de dia, a entrada para esta cidadezinha nos parece bem mais fácil que à noite. – SÃO LOURENÇO desaparece na bruma matinal. O maldito BAN-CO DO QUILOMBO, aquele desgraçado banco de areia que na vinda nos custou duas noites e um dia, pelas 9 horas fica ao largo, a bombordo,

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e perto das 12 horas alcançamos o BANCO DO VITORIANO. Novamente atravessamos o ban-co entre a terra firme e ilha, mas desta vez não houve necessidade de desembarcar e empurrar. Tomamos o rumo Nordeste, e pelas 17 horas alcançamos o BANCO DONA MARIA. Camba-mos, e com o novo rumo Norte-Noroeste nos dirigimos à LAGOA DO GRAXAIM, e pelas 19 horas avistamos a iluminação da ponte do luga-rejo PARAGUAÇU. – As últimas milhas até a cos-ta navegamos a vela, sem perigo, em uma hora, até o porto primitivo, onde, com ajuda de um conhecedor do local, entramos no ARROIO DO VELHACO, onde estamos abrigados de qualquer vento. – Janta pomposa: Camarão com arroz e destilados.

Argus entrando no arroio Velhaco

QUARTA-FEIRA, 17 de maio de 1939

A tripulação esfrega os olhos, olha através das vigias e admira-se que o Sol já está alto. Um olhar no cronômetro – bem, já são 9 horas – mas não necessita ir ao escritório, estamos de férias! – Quatro membros da tripulação usam o MO-SES para remar até as dunas brancas, na margem oposta, na desembocadura na LAGOA. O banho matinal é absolvido. Somente um novamente ficou para traz. Será que quer se esquivar do

banho matinal? Mas não: do alto da duna pode-mos observar como ele, desta vez de camiseta listrada de azul e branco, está lavando bule de café e louças. MUITO BOM ASSIM! – Pelas 11 horas largamos, com ótimo tempo e leve ven-to Sul, a vela, atravessamos, sem empecilhos, o BANCO DOS DESERTORES, e perto do meio dia estamos ao largo do farolete de TAPES. Por milhas, até onde alcança a vista, nada se vê alem de uma margem baixa, dunas, e alguma arvore deformada pelo vento. – Na altura do CAPÃO DA LANCHA, com o mesmo vento leve de Sul, tomamos o rumo Norte-Nordeste, diretamente na direção de ITAPOAN. Justamente agora o vento Sul nos abandona e desaparece. Nosso entendido em condições de vento afirma que, com certeza o vento vai mudar para Norte. Dito e feito! Após meia hora o vento entrou bem de proa, vindo de Norte-Nordeste. E agora? Com pouca gasolina no tanque, ligamos o motor, para chegarmos a ITAPOAN ainda antes do escure-cer. Nada feito: o motor para. – Vista conheci-

Crianças vendem suas canoinhas

da, o FAROL DE ITAPOAN lampeja ao anoitecer desde as águas do RIO GUAHYBA. A ILHA DA BARBA NEGRA está no través. Uma olhada no tanque de combustível mostra que não há mais gasolina, o tanque está seco! E agora? Não temos gasolina nem óleo. Mas ainda temos querosene de iluminação, mas não temos óleo. Momento: ainda temos estoque do bom Óleo Salada. Ali-mentado com esta mistura, o bom motor BUB a engole e trabalha, mas emite cheiro repugnante. Bem: deixa o feder enquanto ainda trabalha. Em pouco tempo temos o MORRO DA FORMIGA pelo través, e poucas milhas nos separam do FA-ROL DE ITAPOAN. Com auxilio da buja, contor-namos a ponta, e na escuridão encontramos um bom ancoradouro para pernoitar, junto à praia. Bravo ARGUS e bravo motor BUB, que na últi-ma etapa exalava cheiro de bolinho de batata queimado.

Praia do Sítio

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QUINTA-FEIRA, 18 de maio de 1939

Fortes batidas no convés, lembrando tam-bores. Um após outro acorda assustado: o que está havendo? É um escândalo, já são somente 8 horas! Ser acordado desta maneira a esta hora da madrugada! – Foi somente uma chuva torren-cial que atravessou nosso caminho. Os topos dos morros que circundam a baía estão encobertos por nuvens. “Precisamos suportar um tempo des-tes nas férias?” comenta o CAPITANO, antes de se virar no beliche, se cobrir bem e continuar a dormir, não ligando mais para o barulho no con-vés. Somente perto das 11 horas, um após outro sai do beliche quentinho. Uma breve olhada em torno: a chuva parou, as nuvens desapareceram, e nosso ARGUS balança em águas caseiras. – Ve-mos muitos pescadores na praia, dedicados a di-versos afazeres. Lá redes são consertadas, canoas reparadas, roupa é lavada e fervida gordura de peixe. Neste momento alguns pescadores voltam da captura e descarregam grandes PIAVAS, que ainda se debatem. Vemos a criançada da vila passar o tempo com uma canoinha de meio a um metro de comprimento, feita por elas. Nosso CAPITANO deseja levar uma destas canoinhas para casa, como lembrança. Não demora, e se desenvolve viva negociação pelo preço de lado a lado. Uns 10 guris querem nos vender, cada um o seu barquinho, todo seu orgulho. Remaram até nos, para nos levar à praia.

Uma guerra de concorrentes se desenvolve entre a gurizada. O barco mais bonito foi es-colhido e remunerado com o dobro do preço de oferta, que despertou grande alegria. Todos os 10 guris foram por ele convidados a visitar o ARGUS. Foi uma estupefação geral pelos obje-tos desconhecido na cabine, A maior admiração valeu ao gramofone, pois nunca tiveram oportu-nidade de ver ou ouvir objeto milagroso como este. – Após o almoço planejamos uma visita ao faroleiro, um soldado da Marinha. Após uma ca-minhada de uma hora, vencendo densas mace-gas, pedras e abismos, estamos ao pé do farol. O faroleiro nos recebe na porta de sua moradia e nos pede para entrar. Grandes cumprimentos! Sua mulher nos recebeu cordialmente, grata por ter pessoas ao seu redor, interrompendo o isola-mento em que vive. Nos prepara o tradicional café de recepção. – Com seu marido subimos os inúmeros degraus, ao longo de espessas paredes que datam do tempo da colonização e lembram uma fortaleza, até o mecanismo de lampejo.

Nosso amigo nos conduz ao lado de tubu-lações de cobre, caprichosamente polidos, até o farol propriamente dito: uma pequena chama que tem sua luminosidade mil vezes intensifica-da, sendo avistada a 15 milhas de distância, com lampejo controlado por um sistema de obscure-cedores, comandados por mecanismo de relojo-aria... Cá em cima sopra forte vento. Lá em bai-xo se estende a LAGOA DOS PATOS, misteriosa, que nós sobrepujamos. Sentimento de alegria nos domina. A Nordeste se estende o GUAHYBA com suas numerosas enseadas e ilhas. Diminuto, reconhecemos o ARGUS ancorado. Ainda an-tes do por do Sol nos despedimos do simpático casal, que deixamos para traz em sua solidão. Como são agradecidas estas pessoas por uma visita e reconhecimento por seu duro trabalho e

Farol de Itapoã

Pescador consertando as redes

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SEXTA-FEIRA, 19 de maio de 1939

Decidimos estar de volta ao clube somente domingo à tarde. Assim nos sobra tempo para explorar a bela e selvagem paisagem... Em uma pequena excursão de barco às proximidades, descobrimos impensáveis belezas nesta região maravilhosa... Na praia crescem frondosas fi-gueiras, com longos braços. Com um olhar mais atento da pequena vila de pescadores percebe-se quão simples e despretensiosa é a vida dos pescadores. Bronzeados e trajando poucas pe-ças de roupa, cumprimentamos e trocamos al-gumas palavras com os nativos. Alguns vivem em casas de pau a pique, outros em casebres de tabuas. Somente a escola e a capela são de alvenaria de tijolos. Como o dia está lindo, faze-

mos uma excursão ao topo do morro mais alto da redondeza, o MORRO DA GRUTA (GROTA). Cá de cima tem-se uma impressionante visão de 360°. Ao Sul, até onde a vista alcança, a LAGOA DOS PATOS; a Leste somente uma tênue faixa de areia a margeia, para perder-se no horizonte; a Oeste reconhece-se praias brancas, interrom-pidas por capões, e o longo baixio da BARBA NEGRA; ao Norte reconhece-se a longa faixa de terra do morro da PONTA GROSSA, e na bru-ma, a cidade de PORTO ALEGRE, nosso porto de origem. Através do binóculo vê-se a branca torre da igreja da BARRA DO RIBEIRO. No fun-do o FAROL DE ITAPOAN e no canal de nave-gação, no local de maior profundidade do RIO GUAHYBA (60m) um vapor, formando densa e escura nuvem de fumaça, passa ao largo da ILHA DO JUNCO. - Para o almoço o cozinhei-ro oferece algo gostoso. Em homenagem ao dia serviu piava com batata vapor, palmitos e ovos fritos. Até cerveja desencravou para a tripulação, toda com imensa sede. Após breve sesta, içamos as velas e zarpamos, não antes de nos despedir calorosamente dos pescadores do SITIO, e ru-mamos à VILA DE ITAPOAN. – pelas 18 horas entramos no canal desta cidadezinha simpática, e amarramos em nosso antigo atracadouro, ao pé da figueira. Radiantemente nos cumprimenta nosso velho amigo JOÃO MARTINS, farejando um bom trago. Completamos nosso estoque de gasolina e óleo, pois nunca se sabe o que o tem-po nos reserva e fomos dormir cedo, após uma refeição de bolinhos de batatas.

SÁBADO, 20 de maio de 1939

O penúltimo dia de nossa aventurosa viagem inicia com esfregar, lavar e limpar. A água salga-da atacara agressivamente tudo: velas, cordame, roupas e peças de metal a bordo. Precisa se feita uma limpeza caprichada, para evitar estragos. Parte da tripulação se encarrega de completar o estoque de mantimentos e líquidos eufóricos, outra parte prepara o almoço. Depois dos tra-balhos concluídos, o ARGUS zarpa sob todos os panos, pois pretendemos passar a ultima noite na SERRARIA. Ainda antes do escurecer contor-namos a PONTA GROSSA e rumamos para a SERRARIA. Ancoramos em um riacho estreito, entre juncos e arvores. Divino silêncio, somente muitos mosquitos. Ao longe, nos cumprimentam as luzes de IPANEMA, PEDRA REDONDA e VILA CONCEIÇÃO. De PORTO ALEGRE somente se

responsabilidade. De volta abordo, degustamos uma reforçada macarronada com champignons. Corned Beef somente para aqueles que, lem-brando Mr. SWIFT, não sentem ou repugnam.

Vista do Guaíba e Lagoa dos Patos do alto do morro da Grota

DIÁRIO DE bORDO

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DOMINGO, 21 de maio de 1939

Um cara doido teve a infeliz idéia de já ao nascer do Sol soltar alguns dos nossos foguetes, e tirar a população toda da VILA CONCEIÇÃO debaixo dos cobertores. Naturalmente, é o fim da nossa soneca. A cozinha nos aguarda com opulento café da manhã: ovos mexidas com tou-cinho (ham and eggs), batata frita, pão torrado com “confiture” e “café au lait” Simplesmente maravilhoso após a bebedeira da madrugada. Agora cada um se prepara para a esperada che-gada ao clube. Primeiro um bom banho, raspar a barba e vestir roupas adequadas. Pelo meio dia velejamos até a PEDRA REDONDA para deixar para traz nosso fiel companheiro MOSES. Depois deixando a ILHA DA POLVORA ao largo, toma-mos o rumo da chaminé da usina. Um barco do

Argus chega no Clube após o seu “cruzeiro”

Tripulação é recepcionada por um grupo de jovens

vê o clarão das luzes refletido pelas nuvens. En-graçado, por que todos a bordo estão calados? Será que é por causa das diversas impressões da viagem ou a sensação de despedida? Quem sabe? – Ao longe escuta-se os acordes de uma gaita, e subitamente esta velha canção brasilei-ra, que fala de saudade, nos reúne a um mun-do que deixamos para trás a duas semanas. Mal esta melodia saudosa terminou, um único pen-samento se faz presente: para frente, vamos par-tir! – disparamos alguns foguetes, e para nosso desencanto, nem temos bebida suficiente para a ultima noite. Mas um teve a idéia: VILA CON-CEIÇÃO – bem próximo está a geladeira do CA-PITANO! Esta noite ainda ela deve ser assaltada! vamos partir! – Depois da meia noite ancoramos na enseada. Três homens, em passos silenciosos, arrastam WHISKY, RUM GIM e GELO abordo, e somente na madrugada a tripulação cai em sono profundo.

clube vem ao nosso encontro para nos saudar. –Ao Sul aparecem negras nuvens de temporal, já está relampejando, e rapidamente vigias e escotilhas são fechadas. O saco com as roupas para mau tempo é retirado pela ultima vez, e com ventania de temporal avançamos rapida-mente. Chuva diluvial nos açoita e ondas inun-dam o convés. Tudo isto não pode assustar um velho marinheiro! – Após meia hora o temporal passou, e enfrentamos calmaria total. A pouca distancia de nosso destino, o porto do clube no NAVEGANTES, fazemos subir os últimos rojões para anunciar nossa chegada. Embandeirado so-bre o topo e uma fita de 5m de comprimento, simbolizando a bandeira de retorno ao porto de origem (heimatwimpel), atracamos às 17 horas. – Muitas moças bonitas nos aguardavam no tra-piche e muito teve de ser relatado, mas a respei-to disto cala-se a delicadamente o narrador.

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Bruno Zimmermann a bordo do Argus na sua despedida de Porto Alegre, em maio de 1943. Ele foi o 1º secretário do Clube.

O Argus atracando no trapiche do Yacht Club Porto Alegre, no bairro Tristeza. Foto tirada no dia 23 de abril de 1933. Este clube teve um curto período de existência e depois encerrou suas atividades

MEMÓRIA

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salão social recebeu associados e convidados para mais um jantar temático no Veleiros do Sul. E a gastronomia portuguesa foi a escolhida para o en-contro do mês de novembro. Os “cheirinhos” sa-borosos já antecipavam uma noite prazerosa com pratos que satisfizeram os gostos mais apurados. Como não poderia deixar de ser, “o fiel amigo” se fez presente nos dois pratos principais: bacalhau assado e bacalhau às natas. Eles foram preparados por quem entende do assunto. O nosso associado Manoel Magalhães de Souza, o estimado Mane-ca, comandou a cozinha acompanhado dos casais patrícios Antonio Ferreira e Maria Emília e José Paz e Maria de Fátima. Além dos pratos principais as sobremesas também fizeram a alegria dos pre-

“Portugal na Mesa” regalou o jantar temático

Maria Augusta e Maneca Souza

sentes, destacando-se os pastéis de Santa Clara. O comodoro Newton Aerts falou na abertura do jantar sobre o evento e agradeceu a presen-ça das 120 pessoas entre associados e convida-dos, entre os quais Cesar Miranda, presidente da Casa de Portugal. Mais tarde o comodoro e vice-social Eduardo Scheiddeger Jr. homenagea-ram o Maneca e os casais pela excelente culinária apresentada. As mulheres receberam buques de flores e os homens souvenires do Veleiros do Sul. O comodoro Newton também anunciou a festa de aniversário dos 78 anos do Clube, que será no dia 15 de dezembro. O jantar comemorativo con-tará com a apresentação do “Guri de Uruguaia-na”, que promete vir pilchado de Papai Noel no seu novo show. O jantar Portugal na Mesa teve ainda uma degustação de vinhos proporcionada pela importadora Vinhos do Mundo.

Bacalhau Assado e as Natas foi o prato principal

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SOCIAL

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SOCIAL

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Cada vez mais associados do VDS se unem para rea-lizar passeios náuticos no Guaíba e Delta do Jacuí. O grupo tem planejado boas navegadas e visitação a

lugares diferentes e pitorescos. O número de lanchas tem se multiplicado nas confraternizações. A maior parte das embar-cações conta a bordo com famílias e algumas até com seus animais de estimação.

Todos os encontros incluem saudável concurso de gas-tronomia e prática de esportes, como esqui, wakeboard e stand up paddle (SUP). Pensando nisso é que o grande incen-

Associados se reúnem aos fins de semana com suas lanchas

tivador da prática destes passeios, o associado e diretor de sede e porto do VDS, Luiz Vinícius Mallmann de Magalhães, já tem planos para 2013. Em conversa com o vice-comodoro esportivo eleito, Guilherme S. Roth, recebeu apoio para a realização desses encontros náuticos, como o promovido pelo Clube para a fazenda do Borghetti, em julho passado. E principalmente para a grande novidade de 2013, um Rali Náutico, evento que ocorre com regularidade em diversos outros Estados, onde toda a família VDS já está convidada a participar.

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A entrega de prêmios dos campeonatos estaduais das classes Oce-ano, J/24, Snipe e 420 foi realizada no dia 11 de novembro pela Fevers com o apoio do Veleiros do Sul. As classes Snipe e 420

foram as últimas a realizarem seus estaduais em novembro. Na classe Oce-ano foi a soma de pontos do Circuito Conesul e Troféu Cayru.

A premiação foi realizada na Vento Sul, com a presença do presiden-te da Fevers, Carlos Henrique De Lorenzi, e os vice-comodoros do VDS, Eduardo Ribas e Eduardo Scheiddeger também participaram da entrega de prêmios. O Veleiros do Sul destacou-se na classe Oceano com a con-quista dos títulos nas classes RGS A, C’est la vie, de Henrique Dias, RGS B, Taz, de Augusto Moreira, J/24, com Tango, de Boris Ostergren e na HPE-25, André Gick.

Misto: Carlos F. Hofstaetter/ Fernanda Righi (VDS)

Estreantes: Gilberto Eloy/Marília Bassoa (ICG)

Classe Microtoner 19: 1º Thoa Thoa - Carmen Sprinz (SAVA); 2º Thermopylae - José Antônio Campello (CDJ) e 3º 14 Bis - Humberto Blauner (SAVA)

Classe Oceano RGS A: 1º C’est La Vie VI - Henrique Silva Dias (VDS); 2º Hobart - Airton Schneider (CDJ) e 3º Kamikaze XI - Hilton Piccolo (CDJ)

Classe Oceano RGS b: 1º Taz – Augusto Moreira (VDS); 2º Hawa – Marcelo Kern (CDJ) e 3º Anarquia – Roberto Trindade (CDJ)

Classe J/24: 1º Tango - Boris Ostergren (VDS); 2 º Iuca - Cláudio Ruschel (VDS) e 3 º Sapeca II - Walther Bromberg (VDS)

Classe J/24 de 2011: 1º Tango - Boris Ostergren (VDS); 2 º Iuca - Cláudio Ruschel (VDS) e 3º Diferencial – Nelson Ilha (VDS)

Classe Snipe: 1º Alexandre Paradeda / Gabriel Kieling (CDJ); 2º Fábio Pillar / Marcelo Azevedo (CDJ) e 3º Adriano Santos / Christian Franzen (ICSC)

Premiados dos Estaduais de Oceano e Monotipos

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Stand Up Paddle: um esporte que vem para ficar!

Por Geraldo G. Gomes da Silveira

Inspirada em idéias que surgiram no Hawaii há mais de 50 anos, a modalidade esportiva caracterizada pelo ato de remar em pé sobre uma prancha vem crescendo de forma espetacular no mundo todo, e, considerando as suas diversas sub divisões (race, cruiser, wave e hybrid), tem sido considerada a atividade outdoor de maior expansão nos últimos tempos.

Embora a remada em pé já tivesse sido experimen-tada por diversas civilizações, incluindo algumas tribos indígenas brasileiras, a sua evolução espor-tiva parece ter sido inspirada nos beachboys da praia de Waikiki, que, nos anos 40, utilizavam remos de canoa havaiana e ficavam em pé sobre as suas longboards para dar aulas de surf, tendo assim maior controle sobre os seus alunos. Entre uma aula e outra pegavam ondas utilizando o remo, inventando uma nova maneira de surfar.

No final da década de 90 o esporte come-çou a se desenvolver e se popularizar, especial-

mente através do super waterman havaiano Laird Hamilton, que, trazendo no currículo a invenção do Tow-in e o fato de ter surfado a onda mais incrível já registrada, tornou-se um dos mais in-fluentes criadores do Stand Up paddle atual.

A rápida disseminação da modalidade deve-se, possivelmente, à curta curva de aprendizado necessária, ao prazer do contato com a água e a possibilidade de ser praticada nos mais diver-sos locais, como rios, lagos, lagoas, mares e até mesmo em raias de remo. É um esporte prati-camente completo, com treinamento muscular

Geraldo remando sua prancha dentro da marina do VDS

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bem concentrado no tronco, trabalhando muito abdominais e regiões dorsal e lombar.

Em Porto Alegre não é diferente, o esporte cresceu consideravelmente nos últimos anos, e, aqui, um dos maiores responsáveis por isso é o atleta, empresário e professor de Stand Up pad-dle André Torelly, que incentiva e qualifica tec-nicamente os que estão começando. O rio Gua-íba é perfeito para a modalidade race, na qual a prancha tem forma semelhante a uma canoa, tornando-se mais veloz em águas calmas.

No Veleiros do Sul tenho praticado regular-mente, treinando três a quatro vezes por semana, totalizando uma média de seis horas semanais na água. Recentemente, junto com os amigos rema-dores Fabíola Perin, Cláudio Faermann e Ademar Martim Jr, realizamos um percurso de longa dis-tância entre o Veleiros e a ilha Chico Manoel, tota-lizando 48 Km em 7 hs e 20 min de remada, sem barco de apoio. Este feito mostra um potencial interessante da modalidade cruiser, tornando-a uma bela e saudável opção para deslocamentos na água, e o nosso rio oferece inúmeros destinos para expedições como esta, proporcionando aos remadores desfrutar de lindas paisagens e contato íntimo com a natureza.

O quarteto de remadores que foram à Chico Manoel

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Expedição à ilha Francisco “Chico” Manoel

O grupo chegando na ilha Chico Manoel

Por volta das 7h45min da manhã do dia 20 de ou-tubro saí do Veleiros do Sul e, na água, encontrei com o restante do grupo, Fabíola e Cláudio, do

Iate Clube Guaíba e Jr Martim, do SAVA Clube. Conforme previsões meteorológicas, teríamos um dia quente, com máxima em torno dos 31 graus, e pouco vento, o qual seria de quadrante sul à tarde. Com todos preparados, ini-ciamos a nossa jornada, cujo rumo inicial era o morro da Ponta Grossa. Lá estávamos às 10 horas! Paramos alguns minutos para reabastecer as energias com um pequeno lanche e aproveitar a beleza natural do local, lembrando que este tipo de atividade requer hidratação constante, a qual nós realizamos com mochilas de água tipo camel bak.

O percurso de ida e voltaPranchas na praia da Chico

Retomado o percurso, rumamos então ao nosso destino, a ilha Chico Manoel. Chegamos às 12h30min e fomos re-cebidos pelo simpático e atencioso Varli. Após uma hora de sombra e banhos de rio, além do tradicional banquete de carboidratos em formas variadas (géis, líquidos e bar-ras), partimos então no caminho de volta. O forte calor e a ausência de vento exigiram rápidos banhos durante o percurso, para controle térmico. Passando a Ponta Grossa tivemos a grata companhia de uma brisa de sul, que, em-bora fraca, foi muito bem-vinda. Em torno das 17 horas cruzamos o farol do Veleiros, momento em que a satisfa-ção neutralizava completamente qualquer percepção de cansaço. Missão comprida; agora cumprida!

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o pioneiro da vela gaúchaMônaco,

o pioneiro da vela gaúchaMônaco,

MEMÓRIA

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uando ninguém no estado pensava na vela como uma fonte de lazer e esporte, José Andino Môna-co já se aventurava em seu barquinho pelo Gua-íba, tranquilo e feliz por ter um companheiro. Era um fato muito estranho na época, por isso ele recebia inúmeras críticas, como excêntrico e rebelde ou “vai morrer afogado”. Mas a opi-nião alheia não o assustava, ao contrário, “era um estímulo para continuar e mostrar a toda essa gente que velejar não é rebeldia, mas sim, um esporte sadio que mostra valores mais profundos da vida, como a natureza”.

O gosto pela vela foi algo que ele acreditava que estivesse em seu sangue, pois era descen-dente de ilhéu. Seu brinquedo favorito, quando criança, era a construção de barquinhos, sozinho, visto que a garotada não se interessava por este tipo de diversão. Naquele tempo as informações sobre iatismo eram praticamente inexistentes,

apenas escutavam falar alguma coisa sobre a Ma-rinha Mercante, que usava a embarcação a vela como um dos principais meios de transporte.

O tempo foi passando e Mônaco continuou com a idéia fixa de velejar. Mas como se não havia barcos? Em meados de 1924 o vento lhe soprou favorável. Encontrou por acaso um se-nhor que estava terminando a construção de um barco que fizera por experiência em sua casa. Mônaco não hesitou e comprou o tal barco, que passou a chamar-se de Albatroz. Este barco era com quilha de chumbo e duas velas, chamado depois de classe Jangadeiros.

A partir de então José Andino Mônaco co-meçou sua longa vida de velejador com peque-nos circuitos nas proximidades do cais do porto, e aos poucos foi avançando para a Ponta da Ca-deia, Ponta Grossa e Barra do Ribeiro, sempre solitário, até que alguns jovens decidiram lhe acompanhar em suas aventuras. Entre eles esta-vam Eugênio Alcaraz, Breno Caldas, Egon Barth, Ewaldo Ritter e outros, formando um grupo ani-mado de apoio e incentivo mútuo.

Mônaco teve como tripulação constante no seu segundo barco, o Pampeiro, Egon Barth, Ralph Bercht, José Esperança, Ricardo Weber e Darcy Bastos. No Pampeiro fixou residência por mais de cinco anos à bordo no Guaíba, nas pro-ximidades do VDS, no Saco dos Navegantes.

Pampeiro atracado na doca do cais de Porto Alegre

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Pampeiro navegando pelas águas do Guaíba em 1936

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Mônaco e Egon Barth, a velha camaradagem

Em 1936, Mônaco e seus tripulantes realiza-ram a proeza de atravessar a Lagoa dos Patos e ir até o Farol do Albardão, na barra do Chuí, frontei-ra com o Uruguai. Esta foi a primeira vez que um veleiro gaúcho de recreio saiu das águas da Lagoa e se aventurou em enfrentar o mar. Egon comen-tava: “o Pampeiro era uma embarcação segura, só que deixava a desejar”. Mônaco e Egon foram sócios no primeiro veleiro Órion em 1941.

Começava a idéia de prática da vela como esporte com uma conotação mais simpática, deixando de ser apenas um meio de transpor-te. Daí, então, tudo passou a ir mais depressa, pois Leopoldo Geyer se uniu ao grupo pioneiro, trazendo seus amigos e, cada um que chegava trazia também os amigos. Muitos barcos foram comprados em um curto espaço de tempo até que se tornou necessário a compra de um local para guardar os barcos.

Veio então a fundação do Veleiros do Sul. Mônaco, porém, foi o único que não levou seu barco ao clube, pois seu barco era grande em proporção ao tamanho dos primeiros boxes. Uma pessoa excêntrica de muita experiência tinha sempre suas atiradas no momento certo. Quando via um barco mal feito ou que não ti-nha bom rendimento comentava: “este barco não tem família”. Referindo-se de que seu cons-trutor não era bom ou que não o tinha feito com capricho.

Fonte: O Minuano, 1981, jul/ago, pag.11

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O primeiro barco construído no estaleiro do Veleiros do SulO Veleiros do Sul contava no tempo da inauguração de sua sede, em março de 1935, com um estaleiro que produziu barcos de madeira de diversas classes e que se destacaram no iatismo da época. O jornal Correio do Povo de 17 de maio de 1935 publicou a notícia sobre o lançamento do “Apas”, primeiro barco monotipo construído no Veleiros do Sul.

Apas pertencia a antiga classe U e foi construído por Roberto Funck

“Foi lançado à água o primeiro barco construído nos Veleiros do Sul”

No sabbado transacto foi lan-çado n’água com grande as-sistência de sócios, o primeiro

barco a vela construído no estaleiro dos Veleiros do Sul. Este barco que recebeu o nome de “Apas” pertence a classe U de Montevidéo, e foi mandado cons-truir pelo dr. Alberto D. Aydos, que já inscreveu o barco no registro dos Velei-ros do Sul.

Após um pequeno bordejo de expe-riência foi feita a entrega official do bar-co ao dr. Aydos, fazendo-se ouvir, nessa occasião, diversos oradores. Depois de receber as felicitações dos presentes pelo magnífico acabamento do “Apas”, o seu proprietário fez uma pequena ex-cursão em redor das nossas ilhas, tendo como escolta de honra os barcos “Bavá-ria” e “Sul”.

De regresso desse pequeno “raid”, o dr. Aydos mandou servir aos presentes um chopp Continental, sandwichs e do-ces. Já ia escurecendo, quando os últimos

veleiros deixavam a sede todos unânimes em lisonjear o optimo trabalho do esta-leiro dos Veleiros do Sul, sob a direcção do Sr. Roberto Funck e Jacob Zeller.

Ancorado ao lado do trapiche da sede

Na carreira do estaleiro do VDSNavegando armado com as velas próximo ao Clube, no Saco dos Navegantes

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Quando as mulheres conquistaram o timãoAs memórias de Liana Bercht, uma das pioneiras na vela feminina gaúcha

Timoneiras da primeira regata feminina no RS, em 1942: Hildegard Hennig, Lise Hillmann, Lori Tyedmers, Vera Melchers, Vera Tyedmers, Wibke Bolten, Hansi Ortenberg e “frau” Leske

A década de quarenta ensinou às mulheres a atitude que pre-cisavam ter para conquistar

independência. A guerra as fez ocu-parem postos de trabalho fora de casa e vivenciarem o mundo ativamente, experimentando coisas que a cultura patriarcal antes negava, como o lazer e os esportes. Nesse cenário surgiu a vela feminina no sul do país.

No Veleiros do Sul a primeira re-gata com participação feminina que se tem notícia ocorreu em 1942 nos Shar-pies e teve caráter muito mais recreati-vo que competitivo. Apesar de ser bati-zada como I Regata Feminina do VDS, na verdade ela foi mista, com as garotas no timão acompanhadas de proeiros. Competiram Lise Hillmann, Edith Ka-doch, Lory Tyedmers, Wibke Boltan e as vencedoras Joana Albig (von Orten-berg posteriormente), Ingeborg Muller, “frau” Leske.

Desde então a condução dos ro-bustos Sharpies por mulheres passou a ser mais frequente no Clube, à época localizado no bairro Navegantes. Liana Bercht não só timoneou os barcos, mas também se envolveu no cotidiano do Clube e no trato com os barcos, confor-me relembra. Aos 84 anos, os olhos ver-des e vívidos de Liana, viúva de Alfredo Bercht, conservam daquela atitude das pioneiras na vela gaúcha.

Desde criança Liana tinha um inegável encanto por barcos, talvez herdado da família do pai, de origem genovesa. Tanto que guarda até hoje a lembrança da primeira vez que viu o barco Cayru, aos sete anos, na Ex-posição do Centenário da Revolução Farroupilha de 1935 apresentado por Leopoldo Geyer. “Aquilo não era um barco, era um altar, as pessoas olhavam deslumbradas e com respeito para o Preparação dos barcos para regata de 1950

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barco, admiradas”, recorda.Liana Salvador chegou ao VDS aos

14 anos, acompanhando o tio, Carlos Profé, que era sócio do Clube. Come-çou como tripulante e todos os finais de semana vinha ao Clube com um uni-forme para velejar: blazer, blusa com gola alta, saia comprida pregueada que na hora de velejar era trocada por uma calça que ia até a altura das canelas. Não era muito confortável, mas era ele-gante e discreto. O cuidado com a pele também era observado. Se passava óleo de coco nos braços e pernas e no ros-to, creme Nívea para proteger do sol do verão. Nas mãos, luvas de couro, que tinham a pontinhas dos dedos extirpa-das e cerzidas para dar acabamento e firmeza. Gorrinhos protegiam do vento os cabelos presos em tranças. Também carregavam com elas latas de azeite

Regata Feminina de Sharpie 12m em 1950: Joana Von Ortenberg, Erica Hecktheuer, Edith Stephan, Elizabeth Baumann, Hildegard Hennig e Inge Hennig

para tirar a água que insistia em entrar nos Sharpies.

“Muitas de nós já trazíamos no-ções de vela herdadas da família, ou-tras aprendiam com namorados, noivos e maridos. Eu gostava do trabalho, me envolvia sempre na preparação das re-gatas”. Os homens eram os juízes de regata e algumas vezes eram até par-ciais demais para a função. “Na raia até discutíamos, mas não tinha briga. De-pois, de volta ao Clube era só tomar um chope e tava tudo bem”, brinca Liana que afirmando que “as regatas tinham muito mais cordialidade que profissio-nalismo”.

As velejadoras do VDS em geral corriam em regatas internas. “No Jan-gadeiros quando surgiram velejadoras, já era nos Snipes que as regatas acon-teciam e só então foi possível fazer dis-putas interclubes”, conforme Liana. Os jornais, que na época acompanhavam mais as disputas da vela do que nos dias atuais, também noticiavam as regatas fe-mininas. Em abril de 1949 o Correio do Povo saudava a vitória da dupla Elizabe-th Baumann e Edith Woltmann (passou a se chamar Stephan após o casamento com Karl Stephan) no Acaraú, seguida

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Hildergard Hennig na proa do sharpie

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pelo Paloma com Inge Hofer e Hilde-gard Hennig e com o Tipsy com Joana von Ortenberg e Érika Heckteuer. Liana reafirma que Elizabeth Baumann era a melhor velejadora daquela turma.

Liana timoneava o Sharpie Inca e tinha Vera Bercht como proeira. Na capa de O Minuano de maio de 1955, posa ao lado de Joana von Ortenberg, Elizabeth Baumann, Érika Heckteuer, Helena de La Rue, Edith Stephan e Wil-ma Lemke.

Casada com Alfredo Bercht, Liana foi diminuindo a participação nas rega-tas após o nascimento dos filhos, Mário e Jorge, e assim como as companheiras de Clube tinha cada vez menos tempo para velejar. Mas como além da vida, dividia com o marido o amor à vela, não deixou de lado o cuidado com os barcos.

Compravam algodão com a trama escolhida a dedo e Liana costurava as

Turma de mulheres de 1955: Liana Bercht (3ª) Joana von Ortenberg, Elizabeth Baumann, Érika Heckteuer, Helena de La Rue, Edith Stephan e Wilma Lemke.

Liana Bercht, 84 anos, relembra as regatas na década de 1950

velas à mão no chão do salão do Le-opoldina Juvenil. Quando prontas, era preciso domar o tecido, que só ficava bom para velejar após 80h de uso. Com o fim do verão, desaparafusavam todo o barco, lixavam os pregos, reaparafusa-vam e o isolavam novamente na madei-ra, lixavam partes do casco com cacos de vidro. “Era um trabalho dadivoso”, enfatiza com as mãos ainda ágeis. O casal viajava muito e Liana não hesitava em dispensar novos vestidos para tra-zer material para velejar. Para burlar a Alfândega, fazia colares de manilhas e trazia na bagagem de mão tecido para as velas, assim podia investir mais nos barcos.

Quando não podia estar na raia, já na sede do Cristal, Liana colocava os filhos no carro, subia a Vila Assunção e no topo do morro deixava as crianças brincando entre as primeiras constru-ções para acompanhar com o seu in-

separável binóculo as regatas em que o marido participava. “A gente teve o privilégio de assistir o início da vela em Porto Alegre”, diz orgulhosa.

O MINUANO 49

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JANEIRODias 19 a 29 - 39º Campeonato Brasileiro da classe Laser Standard, Radial e 4.7Dia 16 - Regata Noturna - 20 horas - por do sol às 20h30 - Lua 22%

FEVEREIRODia 27 - Regata Noturna - 19 horas - por do sol às 19h01 - Lua 98%

MARÇODia 13 - Regata Noturna - 19 horas - por do sol às 18h44 - Lua 2%Dias 21 a 31 - Campeonato Sul-Americano da classe Optimist

A entrada principal do Clube está passando por uma grande reforma que irá deixá-la mais funcional e moderna. A guarita da

portaria já está em novo local e logo entrará em funcionamento o novo sistema de acesso com ca-tracas e cancelas que utilizarão cartões magnéticos sociais. Do lado direito ficará uma escultura de cha-pa de aço e a âncora que já fazia parte da entrada foi para esquerda e recebeu novo pedestal.

O Clube entrará 2013 com muitas obras em andamento, como a reforma dos alojamentos que serão transformados em módulos menores, propor-cionando mais conforto aos hóspedes. A secretaria do Clube passará por mudanças com ampliação de sua área e novo acesso que contribuirão para o me-lhor atendimento dos sócios no Clube. Já a churras-queira Vento Sul conta agora com ar climatizado. Um aparelho de 60 mil BTUS foi instalado no seu salão que hoje é um dos espaços mais procurados para eventos dos associados.

Modernização na área de acesso ao Clube

CALENDÁRIO TRIMESTRAL DE 2013

PATRIMÔNIO

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