o mostrengo
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“O MOSTRENGO” Mensagem
José Miguel Oliveira Nº14Margarida Oliveira Nº15Clara Dantas Moura Nº16Simão Silva Nº25
Contextualização
Mensagem “O Mostrengo”
O conjunto de poemas de “Mensagem” está dividido em três partes:
• Brasão• Mar Português• O Encoberto
12 poemas incluindo “O Mostrengo”
Mensagem “O Mostrengo”
Estruturação do poemaTítulo:• A palavra «mostrengo» é derivada por sufixação
(«monstro + engo»). O sufixo «-engo», de origem germânica, tem um valor pejorativo
• Por outro lado, «mostrengo» está relacionado com o verbo «mostrar».
Mensagem “O Mostrengo”
Estruturação do poema1ºParte: O mostrengo que está no fim do marNa noite de breu ergueu-se a voar;À roda da nau voou três vezes,Voou três vezes a chiar,E disse: «Quem é que ousou entrarNas minhas cavernas que não desvendo,Meus tetos negros do fim do mundo?»E o homem do leme disse, tremendo:«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?De quem as quilhas que vejo e ouço?»Disse o mostrengo, e rodou três vezes,Três vezes rodou imundo e grosso,«Quem vem poder o que só eu posso,Que moro onde nunca ninguém me visseE escorro os medos do mar sem fundo?»E o homem do leme tremeu, e disse:«El-Rei D. João Segundo!»
Mensagem “O Mostrengo”
Estruturação do poema2ºParte:
Três vezes do leme as mãos ergueu,Três vezes ao leme as reprendeu,E disse no fim de tremer três vezes:«Aqui ao leme sou mais do que eu:Sou um Povo que quer o mar que é teu;E mais que o mostrengo, que me a alma temeE roda nas trevas do fim do mundo;Manda a vontade, que me ata ao leme,De El-Rei D. João Segundo!»
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Explicação dos versos mais significativos
«[…]sou mais do que eu:Sou um Povo[…]E mais que o mostrengo[…]Manda a vontade, que me ata ao leme,De El-Rei D. João Segundo!»
Metáfora - traduz o vínculo à missão a cumprir, do qual nem o medo o pode libertar
Gradação - o “eu” representa a vontade de um povo; - o povo age de acordo com a vontade maior que o representa: a de D. João II.
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Análise do poema• Esquema rimático:AABAACDCD• Ritmo crescente, crescendo à medida que o homem do
leme “cresce” em coragem; e livre, adaptado à emoção patente no poema.
• Refrão: predominam os sons nasais e fechados, conferindo ao poema um tom pesado e sombrio, de mistério. Por outro lado, nele ressoa a força, a vontade férrea inerentes à figura do rei D. João II, e acentua a lealdade inabalável do marinheiro à vontade do rei.
Mensagem “O Mostrengo”
Análise do poema• Alternância entre a subordinação e a coordenação
(sindética ou assindética), sendo de salientar a frequência da conjunção coordenativa /e/ (polissíndeto).(vv.1-5; 24-25)
• Harmonia imitativa (onomatopeia) produzida pelas aliterações, repetição dos sons /v/, /s/, /ch/, /r/, /z/ que sugerem o ruído do voo do «mostrengo».
• Aliteração em /m/ no verso 15.• Ocorrência de outros sons nasais (em) e fechados (ê, ô),
que emprestam ao poema o referido tom sombrio, de gravidade, de mau presságio.
• A linguagem é emotiva, fática e apelativa. Além disso, é visualista para sugerir o ambiente de terror e mistério, fazendo-se apelo às sensações visuais e auditivas.
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Análise do poema• Anáfora: «de quem (…) / De quem…» (vv. 10-11); «Três
vezes (…) / Três vezes (…) / Três vezes (…)» (vv. 13, 19 e 20).• Metáforas pretendem dar uma imagem do espaço: - «nas minhas cavernas que não desvendo»; - «meus tetos negros do fim do mundo - «E escorro os medos; ‑ «a vontade que me ata ao leme»• Exclamações e interrogações: traduzem a emotividade,
quer do «mostrengo» quer do marinheiro.• Abundâncias de formas verbais que sugerem movimentos
incontroláveis, violentos, de terror e que emprestam ao poema grande dinamismo
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Análise do poema• A abundância de nomes traduz a sucessão incontrolável e
dramática dos acontecimentos. (fim do mar, nau, cavernas, mundo, medos...)
• Os adjetivos são quase inexistentes: «negros», «imundo» e «grosso» (traduzem a noção de mistério e terror).
• Tipos de frase: ‑ Declarativa: narração e parte do discurso do «homem do leme»; ‑ Interrogativa: discurso do «mostrengo»; ‑ Exclamativa: discurso do marinheiro.• Inversão, assumindo por vezes a violência do hipérbato
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A estrutura narrativa do poema
A ação :• Recurso a versos dinâmicos típicos das estruturas
narrativas: erguer, voar, repreender, tremer,…• Preferência pelo pretérito perfeito, nos momentos de
avanço da ação: “ergueu-se”, “voou”, “disse”,…• Utilização do verbo introdutor de relato de discurso direto
- nas vozes das personagens – seguido de aspas: “disse”
Modos discursivos privilegiados: Narração - “O mostrengo que está no fim do mar/Na noite de breu ergueu-se a voar;/À roda da nau voou três vezes,/Voou três vezes a chiar,/E disse”
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A estrutura narrativa do poema
Modos discursivos privilegiados: O diálogo - «Aqui ao leme sou mais do que eu:/Sou um Povo que quer o mar que é teu;/E mais que o mostrengo, que me a alma teme/E roda nas trevas do fim do mundo;/Manda a vontade, que me ata ao leme,/De El-Rei D. João Segundo!»
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A presença das personagens
O Protagonista/ herói: o homem do lemeUm herói coletivo individualizado – um povo
“sou mais do que eu:/Sou um Povo que quer o mar que é teu;/E mais que o mostrengo, que me a alma teme/E roda nas trevas do fim do mundo;/Manda a vontade, que me ata ao leme,/De El-Rei D. João Segundo!”
Mensagem “O Mostrengo”
Simbologia inerente:•A extensão do poema parece querer simbolizar o longo e difícil processo de conquista do mar.• O seu caracter narrativo;• A dimensão simbólica do homem do leme: anónimo
que dá voz ao sentir e à ousadia de um povo;• A insistência no número 3 e a sua simbologia;• O diálogo a três vozes: sujeito poético, Mostrengo e homem do leme;• Visão do poema como eco da tradição lendária: o
desafio do homem face aos limites da sua condição humana;
• O domínio do Mostrengo pelo homem do leme simboliza a vitória dos portugueses sobre os medos e os perigos do mar.
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Simbologia inerente:
O Mostrengo: Simboliza o desconhecido, as lendas do Mar, os obstáculos e os medos dos navegadores portugueses.• “Quem é que ousou entrar/Nas minhas cavernas
que não desvendo,/Meus tetos negros do fim do mundo?” O homem do leme: Alegoria do povo português
O leme: Símbolo de responsabilidade
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Simbologia inerente:Os Símbolos pessoanos:• O número 3: representa o fim do medo; a
totalidade e a conclusão; e a conquista do mar;• O número 7: representa a conclusão cíclica e a
renovação; a passagem do desconhecimento para o conhecido; e a conquista do mar ( “Possessio maris”)
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A noite:• Tradicionalmente: o domínio do inconsciente e do
mundo das trevas povoado de medos e de monstros;
• A noite em Mensagem: morte iniciática da vontade do herói que treme/ teme, para renascer como alma de Portugal. “(…) a vontade, que me ata ao leme, De El-Rei D. João Segundo.”
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O Herói como predestinado:• Importância de Deus
• Aquele que vence os seus próprios medos. (3 vezes treme perante o medo corporizado no Mostrengo, que 3 vezes roda à sua volta)
• Aquele que tem um sentido de missão superior a si e ao povo que representa – “ cumprir o mar”. ( 3 vezes invoca a vontade de D. João II)
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Intertextualidade: O Mostrengo O AdamastorDescrição do gigante Pouco definido: “imundo e grosso”,
voa, chia, vê, ouve e falaÉ descrito com pormenor e, ao longo do episódio, vai adquirindo feições humanas
Atitude do Homem face ao desconhecido
Ousadia Ousadia
Atitude do “monstro” face os portugueses
Interroga-os Ameaça-os
Reação do homem do leme e de Vasco da Gama
Enfrenta-o depois de tremer três vezes
Primeiro sente medo e depois enfrenta-o, interrogando- o
Desfecho Ao responder, na 3 estrofe, que não é apenas ele que ali está mas sim “um povo”, o homem do leme aniquila o mostrengo pela força da sua missão
Quando Vasco da Gama, através da pergunta “Quem és tu?”, leva o Adamastor a nomear-se, obriga-o a autodestruir-se pois deixa de ser “oculto
“O Mostrengo"