o mundo mágico de harry potter
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Um dos prazeres de ler J.K. Rowling é descobrir as divertidas referências à
história, às lendas e à literatura que ela esconde em seus livros.
O Mundo Mágico de Harry Potter desvenda as pistas deixadas
por Rowling e revela significados habilmente escondidos nas aventuras
de Harry Potter.
Os leitores irão encontrar neste livro as fascinantes origens das
criaturas mágicas citadas nos livros e histórias de alquimistas e
feiticeiros, reais e imaginárias, através da contribuição de escritores tão
variados como Shakespeare, Flaubert, Dickens, Ovídio e Tolkien.
Não se preocupe se jamais tiver percebido nenhuma dessas
pistas. Um dos mais extraordinários talentos de Rowling é sua habilidade
de lançá-las sem quebrar o ritmo da narrativa. No entanto, quando você
descobre que muitas de suas referências fazem parte de lendas de
milhares de anos, as histórias ficam ainda mais saborosas.
Antes de tudo, um escritor é um leitor. Depois de devorar suas
histórias, podemos notar que J. K. Rowling foi uma grande leitora, antes
de se tornar uma grande escritora. Tão impressionante quanto o seu
conhecimento sobre mitos e lendas é sua habilidade de aproveitá-los de
modo tão original e de atualizá-los.
J. R. R. Tolkien, autor de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, criou o
termo “caldeirão de histórias” para descrever uma fervilhante panela,
cheia de idéias, personagens e temas, que ao mesmo tempo fornece
material para os escritores e é continuamente alimentada por eles.
Embora o universo ficcional criado por J. K. Rowling seja
único, ele é construído sobre uma sólida base de mitos e folclore
preservada através do tempo e da distância. A popularidade de seus
livros atesta a riqueza da cultura de onde ela extrai muitos de seus
personagens, imagens e temas.
O Mundo Mágico de Harry Potter revela esses amplos domínios para os fãs
que tiveram sua atenção despertada pela obra de Rowling. Como você
verá, ela utiliza pequenos detalhes de lendas e histórias já existentes para
criar uma coisa totalmente nova. E, ainda assim, permanece totalmente
fiel à essência de suas fontes.
Em um chat online com fãs, ela encorajou um leitor, que
perguntava a origem de uma frase, a “ir em frente e pesquisar. Um pouco
de investigação faz bem a qualquer um”. É isso o que O Mundo Mágico de
Harry Potter faz: uma pequena e descompromissada investigação com o
propósito de divertir e fascinar.
Sobre o autor:
Formado pela Brown University, David Colbert estudou
antropologia e mitologia, embora tenha passado a maior parte de seu
tempo na biblioteca da universidade lendo o que encontrava - o que,
de certa forma, ele continua fazendo até hoje. Além de escrever e editar
vários livros sobre história, como World War II: A Tribute in Art and
Literature e a coleção Eyewitness, Colbert trabalhou como redator-chefe
do programa de televisão Who Wants To Be a Millionaire, similar ao
popular Show do Milhão. Ele mora na Carolina do Norte, nos Estados
Unidos, e seu e-mail para contato é [email protected]
2001 por David Colbert
Título da edição original em inglês: The magical worlds of Harry Potter:
A treasury of myths, legends and fascinating facts
Publicado originalmente por Lumina Press LLC
tradução Rosa Amanda Strausz
preparo de originais Carlos Irineu da Costa
revisão José Tedin Pinto Sérgio Bellinello Soares
capa Raul Fernandes
projeto gráfico e diagramaçâo Valéria Teixeira
Para minhas sobrinhas
Emma, Lillian e Molly, e
meu sobrinho Sam
LEIA OS MITOS COM OLHOS MÁGICOS:
deixe os mitos ficarem transparentes a
seu significado universal, e os
significados dos mitos ficarem
transparentes às suas origens misteriosas.
O primeiro dos “Dez Mandamentos
de Joseph Campbell para se
Ler Mitologia”
SUMÁRIO
Introdução
O Que faz de Harry Potter um herói universal?
Adivinhação Sibila Trelawney já acertou alguma coisa?
Alquimia Os alquimistas procuravam mesmo uma pedra mágica?
Animagos Quais são os mais impressionantes animagos?
Animais fantásticos Quais animais fantásticos saíram das lendas?
Aranhas Como espantar uma aranha
Avada Kedavra O “Avada Kedavra” é um feitiço de verdade?
Basiliscos Basiliscos eram apenas serpentes grandes?
Bichos-papões Criaturas que não sabem a hora de ir embora
Bruxos Quais dos “bruxos e bruxas famosos” existiram de verdade?
Cálice de Fogo, O Por que Harry e Cedrico parecem cavaleiros da Távola Redonda?
Centauros Por que centauros evitam os humanos?
Corujas Além do correio, o que mais significa a chegada de uma coruja?
Dementadores Chocolate, um santo remédio contra dementadores
Demônios da Cornualha Qual é o truque preferido dos duendes?
Dragões Qual é a criatura digna de um rei?
Druidas Quem foram os primeiros magos ingleses?
Duendes Por que os duendes são bons banqueiros?
Dumbledore Se Dumbledore é tão poderoso, por que não luta com Voldemort?
Durmstrang Por que os alunos de Durmstrang viajam de navio?
Egito De onde vem a magia
Esfinge Por que a Esfinge faz uma pergunta a Harry?
Espelhos Por que os espelhos são mágicos?
Fawkes Qual dos personagens é imortal?
Flamel O verdadeiro Flamel foi um alquimista bem-sucedido?
Floresta Por que a floresta próxima a Hogwarts é proibida?
Fofo Por que Fofo pertencia a um “sujeito grego”?
Gárgula Que outro membro da turma de Draco tem nome de dragão?
Gigantes Todos os gigantes são cruéis?
Grifos Qual a criatura que domina tanto os céus quanto a terra?
Grindylows Por que os pais se preocupam com os grindylows?
Hipogrifos Qual é a criatura mágica menos verossímil?
Hogwarts Por que alguém iria para uma escola onde tem uma Sonserina?
Kappas Qual a criatura que não pode inclinar a cabeça?
Labirintos Por que a terceira tarefa se passa em um labirinto?
Latim Qual é o idioma mais importante para os bruxos?
Lulas gigantes Quais criaturas da vida real ainda intrigam os cientistas?
Malfoy Por que os nomes dos Malfoy combinam tanto com eles?
Manticores Por que os bruxos não se aproximam dos manticores?
Marca Negra Por que Voldemort grava a Marca Negra nos Comensais da Morte?
McGonagall Por que a professora McGonagall aparece como uma gata?
Nagini Qual dos aliados de Voldemort é originário da índia?
Nomes De onde vêm esses nomes?
Runas O que são as runas da penseira?
Sereianos Por que teríamos medo de uma criatura do mar?
Sirius Black Por que Sirius Black vira um cachorro negro?
Trasgos Por que os trasgos cheiram mal?
Unicórnios Como pegar um unicórnio?
Vablatsky Quem realmente escreveu o livro de adivinhações?
Varinhas mágicas Por que os bruxos usam varinhas mágicas?
Vassouras voadoras Será que as bruxas sempre usaram vassouras voadoras?
Veelas O que deixa as veelas zangadas?
Voldemort Que pesadelos terão gerado Voldemort?
Posfácio
Agradecimentos
Bibliografia
GUIA DAS ABREVIAÇÕES DOS TÍTULOS DOS LIVROS
Harry Potter e a Pedra Filosofal. A Pedra
Harry Potter e a Câmara Secreta: A Câmara
Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban: Azkaban
Harry Potter e o Cálice de Fogo: O Cálice
Animais Fantásticos e Onde Habitam: Animais Fantásticos
Quadribol Através dos Séculos: Quadribol
INTRODUÇÃO
Um dos prazeres de ler J. K. Rowling é descobrir as divertidas
referências à história, às lendas e à literatura que ela esconde em seus
livros. Por exemplo, a esfinge que surge no labirinto durante o Torneio
Tribruxo pede a solução de um enigma, exatamente como a esfinge da
mitologia grega. Fofo, o cachorro de estimação de Hagrid, é, na verdade,
outro famoso ser da mitologia grega, Cérbero. “Durmstrang”, nome da
escola de magia que só admite bruxos de sangue puro e tem uma ligação
questionável com Lord Voldemort, vem de um estilo germânico
chamado Sturm und Drang, que era o favorito do nazismo alemão. Da
mesma maneira, os estudantes de Durmstrang chegaram a Hogwarts a
bordo de um navio semelhante ao existente em uma famosa ópera do
estilo Sturm und Drang.
Leitores mais atentos já perceberam que Rowling também
esconde pistas divertidas nos nomes que escolhe para seus personagens.
Draco, o vingativo colega de Harry, tem seu nome inspirado na palavra
latina para “dragão” ou “serpente”. A fênix de estimação de
Dumbledore, Fawkes, tem seu nome tirado de uma figura histórica
ligada a fogueiras - e acredita-se que as fênix sejam capazes de renascer
do fogo.
Este livro desvenda as pistas deixadas por Rowling e revela seus
significados habilmente escondidos. Em um chat online com fãs, ela
encorajou um leitor, que perguntava a origem de uma frase, a “ir em
frente e pesquisar. Um pouco de investigação faz bem a qualquer um”. E
isso o que O Mundo Mágico de Harry Potter faz: uma pequena e
descompromissada investigação com o propósito de divertir e fascinar.
Você pode até mesmo compartilhar um sorriso com a própria
Rowling. Como disse a revista Time ao observar que o zelador de
Hogwart, Argus Filch, teve seu nome inspirado no Argus da mitologia
grega - um vigia com mil olhos espalhados pelo corpo -, “é o tipo de
detalhe capaz de provocar um sorriso dentro da cabeça do autor”.
Não se preocupe se você nunca tiver percebido essas pistas. Um
dos mais extraordinários talentos de Rowling é sua habilidade de
colocá-las no texto sem quebrar o ritmo da narrativa. Por exemplo, em
Azkaban, ela ficou satisfeita em fazer apenas uma rápida referência ao
manticora - um horrível monstro devorador de gente. Deixar passar a
oportunidade de descrever detalhadamente uma criatura dessas exige
disciplina. Para Rowling, bastou fazer uma referência casual. No
entanto, quando você sabe o que é um manticora e que ele fez parte de
muitas lendas por milhares de anos, a história fica ainda mais saborosa.
J. R. R. Tolkien, autor de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, criou o
termo “caldeirão de histórias” para descrever uma fervilhante panela
cheia de idéias, personagens e temas, que ao mesmo tempo fornece
material para os escritores e é continuamente alimentada por eles.
Embora o universo ficcional criado por J. K. Rowling seja único, ele é
construído sobre uma sólida base de mitos e folclore preservada através
do tempo e da distância.
A popularidade de seus livros comprova a riqueza da cultura de
onde ela extrai muitos de seus personagens, imagens e temas. O Mundo
Mágico de Harry Potter revela esses amplos domínios para os fãs que
tiveram sua atenção despertada pela obra de Rowling. Como você verá,
ela cria algo totalmente novo usando pequenos detalhes de lendas e
histórias já existentes. Ainda assim, permanece totalmente fiel à essência
de suas fontes.
O QUE FAZ DE HARRY POTTER UM HERÓI
UNIVERSAL?
Os detalhes da vida de Harry são bem conhecidos por seus fãs.
Alguns deles chegaram mesmo a deduzir certas informações que J. K..
Rowling não oferece, como o ano de nascimento de Harry (veja a
legenda abaixo).
Harry, o herói
Mas, se conseguimos entender profundamente o personagem de
Harry Potter, isso não se deve somente aos fatos. Harry, apesar de suas
qualidade únicas, é um herói que nos parece bastante familiar. Desde o
comecinho de A Pedra ele já aparece como um príncipe perdido ou um rei
oculto - assim como Édipo, Moisés, o rei Artur e inúmeros outros de
todas as culturas. Ele nunca soube que era um bruxo - nem mesmo sabia
que existia o mundo mágico - antes de receber a carta chamando-o para
Hogwarts.
Quando nasceu Harry Potter?
Alguns fãs dizem que foi em 1980, calculando a partir do
500º aniversário de morte de Nick Sem-Cabeça, em A Pedra. Nick
morreu em 1492. Dessa forma, A Pedra se passaria em 1992.
Harry tem doze anos nessa ocasião. Apesar de alguns pequenos detalhes
no livro contradizerem essa conclusão, ainda é um bom palpite.
Para torná-lo ainda mais familiar a todos nós, ele é, pelo menos
de acordo com os estranhos padrões dos Dursley, um patinho feio. Assim,
eles o maltratam, como Cinderela foi maltratada, aprisionando-o num
mundo totalmente alheio ao seu, forçando-o a dormir debaixo das
escadas quando uma cama com dossel está à sua espera em Hogwarts, e
alimentando-o de restos, o que o faz ficar espantado com a abundância
dos banquetes de Hogwarts.
Como Harry vê a si mesmo
Apesar de a entrada para o mundo dos bruxos oferecer a Harry,
de imediato, o reconhecimento que ele tão desesperadamente deseja -
todo mundo que ele encontra já ouviu falar no grande Harry Potter -, ele
ainda sente dúvidas, e muitas. A cicatriz brilhante não foi a única marca
deixada por Voldemort. No fundo de sua consciência, ele guarda
recordações daquela luta. Alguma coisa da psique de Voldemort
conseguiu penetrar em Harry. E ele se preocupa com a dúvida em que
ficou o Chapéu Seletor em A Pedra: ele pertence à casa Grifinória, com as
virtudes que isso implica, ou será de Sonserina, suscetível ao Mal? Em A
Câmara, Dumbledore explica-lhe que entre o Bem e o Mal existem
sombras, áreas cinzentas, e não apenas escuridão e luz. A porção de
Voldemort que há em Harry, segundo Dumbledore, simplesmente o
torna mais incomum, ou dotado de mais habilidades do que a média dos
alunos da Grifinória. E também o ajuda a entender Voldemort, o que é
sempre uma vantagem. Nas futuras batalhas, essa força extra e esse
conhecimento sem dúvida vão ajudar Harry.
Linhagem
A mãe de Harry, apesar de ser uma bruxa poderosa, nasceu
trouxa. Para aqueles que dão importância à linhagem, como Draco
Malfoy, Harry é um bruxo inferior. Mas, de alguma maneira, parece
justamente que Harry é ainda mais forte justamente por também ter
sangue de trouxa.
De fato, suas conversas com Draco fazem eco a um incidente
na infância de um outro grande mago britânico, Merlim, contado pelo
antigo historiador Geoffrey of Monmouth: “Uma súbita discussão
irrompeu entre os dois colegas, cujos nomes eram Merlim e Dinabutius.
Em meio à troca de palavras, Dinabutius disse a Merlim: 'Por que você
tenta competir comigo, seu idiota? Como pode pretender que suas
habilidades estejam à altura das minhas? Tenho sangue nobre em ambos
os lados da minha ascendência. Já você, ninguém sabe quem é, já que
nunca teve um pai!'“
Mas o adversário de Merlim, assim como Draco Malfoy, estava
predisposto a equívocos causados pelo próprio orgulho. Seu rompante
atraiu a atenção dos mensageiros do rei Vortigern, que haviam
justamente sido instruídos a encontrar um garoto sem pai. Foi assim que
o jovem Merlim foi levado à presença do rei, e então iniciou sua carreira.
Harry com mil caras
As aventuras de Harry também seguem um padrão que nos
parece sempre familiar. O estudioso Joseph Campbell escreveu um
longo trabalho sobre o herói das mil caras, um personagem comum e
central em diversas culturas por todo o mundo.
De Ulisses, na Grécia Antiga, a Luke Skywalker, de Guerra nas
Estrelas, esses heróis e suas lendas guardam uma intrigante similaridade.
Contando com Harry, são mil e uma caras.
Campbell resume tais histórias da seguinte maneira: “Um herói
se arrisca a deixar o mundo cotidiano e penetra numa região do
sobrenatural e do fantasioso. Forças miraculosas estão à sua espera, e ele
alcança um triunfo decisivo. O herói retorna de sua misteriosa aventura
dotado agora do poder de auxiliar seus semelhantes humanos.”
A jornada do herói segue três etapas, que Campbell nomeia de
Partida, Iniciação e Retorno. Entre essas etapas há pontos em comum com
as aventuras de Harry. Uma olhada rápida nos livros revela a constância
desse padrão:
I. Partida
O herói é chamado a aventura.
De acordo com Campbell, o herói é primeiramente visto no mundo
cotidiano. Ele está iniciando uma nova etapa em sua vida. Um mensageiro pode ser
enviado para anunciar o destino que chama pelo herói.
O início de A Pedra se encaixa bem nesta descrição. Harry está
sofrendo horrores em sua convivência com os Dursley quando descobre
que há um lugar à sua espera em Hogwarts. Como os Dursley
interceptam as primeiras cartas, Hagrid vem pegá-lo.
Harry continua a passar as férias com os Dursley e, portanto, os
livros seguintes começam novamente com Harry no mundo cotidiano.
O herói pode rejeitar o chamado da aventura. Ele pode ter inúmeras razões
para tanto, desde as suas responsabilidades diárias até o egoísmo — ele não quer se
dedicar a ajudar os outros. No entanto, por mais que resista, vai acabar descobrindo
que não tem escolha a não ser seguir em frente.
Embora Harry não percorra essa etapa em A Pedra, vai fazer isso
nos livros seguintes.
Em A Câmara, ele fica perturbado com a atenção dos outros,
provocada por sua aventura anterior, e busca o anonimato. Mas seu
caráter corajoso torna impossível para ele ignorar as misteriosas
ocorrências - que, como manda o destino, têm Harry como alvo.
Em O Cálice, mesmo tendo decidido não enganar o Cálice de
Fogo para participar do Torneio Tribruxo, ele o escolhe da mesma
forma.
O herói encontra um protetor, um guia, que lhe oferece uma ajuda através de
poderes sobrenaturais, freqüentemente sob a forma de amuletos.
Aí está algo que vive acontecendo. Em A Pedra, Hagrid é
mostrado como um dos protetores de Harry desde o nascimento do
garoto. Ele foi o bruxo que levou Harry aos Dursley ainda bebê.
Posteriormente, eles se reencontram, quando Harry está indo para
Hogwarts. Eles visitam o Beco Diagonal, onde Hagrid cuida que Harry
compre uma varinha mágica e outros acessórios de
bruxos. Como presente de aniversário, Hagrid lhe dá
uma coruja, Edwiges. Do mesmo modo, Dumbledore
tem sido um protetor e um guia de Harry.
Em A Pedra, ele dá a Harry a capa da invisibilidade. Em Azkaban,
Harry descobre que Sirius vinha protegendo-o.
O herói encontra a primeira entrada para o novo mundo. O protetor pode
apenas levar o herói até a entrada, ele deve atravessá-la sozinho. O herói pode ter de
lutar, inicialmente, com um guardião da entrada que está ali para impedi-lo de
atravessá-la, ou superá-lo pela astúcia.
O clímax de cada uma das aventuras de Harry começa com a
travessia solitária de uma entrada.
Em A Pedra, Rony pode ajudá-lo a definir quais são os
movimentos a serem dados no xadrez e Hermione auxilia-o a descobrir
as poções que o ajudarão a atravessar as chamas negras. Mas somente
Harry pode entrar na “última câmara”, onde enfrenta Quirrell.
Em A Câmara, apesar de ele, Rony e Lockhart percorrerem o
escoadouro para encontrar o basilisco e salvar Gina Weasley, Harry
precisa vencer sozinho o último e mais perigoso trecho da jornada.
O herói penetra na “barriga da baleia”, uma expressão tirada das lendas,
como a história de Jonas, que representa “ser tragado pelo desconhecido”.
Seja quando entra na Câmara Secreta ou quando penetra no
esconderijo de Lupin, debaixo do Salgueiro Lutador, Harry está na
barriga da baleia.
II. Iniciação
O herói segue um caminho no qual é continuamente posto à prova. O
ambiente é desconhecido. O herói pode encontrar companheiros que o ajudem a passar
pelas provas. Forças invisíveis podem também vir em seu auxílio.
Esses elementos se repetem em todos os livros.
Harry sempre recebe novos amuletos, tal como a Capa
da Invisibilidade, em A Pedra, e o Mapa do Maroto, em
Azkaban. Ele aprende a invocar forças, como o
Patrono.
O herói é raptado, ou precisa empreender uma jornada à noite ou pelo mar.
Harry é literalmente raptado quando toca a Taça Tribruxo, que
havia sido transformada em portal.
O herói enfrenta um dragão simbólico. Ele pode sofrer uma morte ritual,
talvez mesmo desmembramento.
Harry luta contra o basilisco, os dementadores e, é claro, com o
maior de todos os dragões simbólicos - Voldemort.
E parece que em cada aventura Harry sofre novos tipos de
ferimentos - por exemplo, ele é literalmente desmembrado em A Câmara,
quando quebra o braço durante uma partida de quadribol e seus ossos
são acidentalmente removidos por um feitiço malfeito.
O herói é reconhecido por seu pai ou se reúne a ele. Ele começa a entender essa
força que comanda a sua vida.
Em todas as aventuras, Harry vivência um profundo
momento de contato com seus pais, como quando eles
aparecem no Espelho de Ojesed, em A Pedra, e como
imagens fantasmas emitidas pela varinha mágica de
Voldemort, em O Cálice.
O herói torna-se quase divino. Ele ultrapassou a ignorância e o medo.
Harry conquista uma vitória contra o medo em cada aventura.
Embora pareça surpreso por conseguir isso, ele se convence,
progressivamente, a cada embate com Voldemort, que o Lorde das
Trevas não o derrotará. Como diz Dumbledore, ao final de O Cálice,
“Você mediu forças com o poder de um bruxo adulto e enfrentou-o de
igual para igual”.
O herói recebe a última dádiva, o objetivo de sua busca. Pode ser um elixir da
vida. E pode ser diferente do objetivo original do herói, pois ele se tornou mais sábio
durante seu percurso.
Em A Pedra, o Espelho de Osejed coloca a última dádiva -algo que
de fato produz um elixir da vida - bem em seu bolso. Em A Câmara, ele
derrota o monstro que vive nos subterrâneos de Hogwarts há décadas,
salvando Gina Weasley (e inúmeros outros estudantes que poderiam ter
se tornado vítimas do basilisco).
Em Azkaban, ele encontra o prêmio que todos os bruxos vêm
procurando: Sirius Black. Mas, depois de descobrir a verdade sobre
Black, ele arruma um jeito para salvá-lo da inevitável
sentença de morte - o que é a mesma coisa que ter lhe dado
um elixir da vida.
Em O Cálice, o objetivo é óbvio: a vitória no Torneio
Tribruxo. Mas o que Harry descobre é mais profundo. Ele
luta contra Voldemort, varinha mágica contra varinha mágica, e
novamente escapa da morte - dessa vez, em virtude de suas próprias
habilidades. Então, começa a se dar conta do quanto é grande o seu
poder de bruxo.
III. Retorno
O herói empreende um vôo mágico de volta ao seu lugar de
origem. Ele pode ser salvo por forças mágicas. Um de seus protetores
iniciais pode ajudá-lo. Uma pessoa, ou alguma coisa de seu mundo de
origem, pode aparecer para trazê-lo de volta.
Em A Pedra, Harry é miraculosamente salvo, e viaja de volta
enquanto ainda está inconsciente.
Em A Câmara, ele é salvo por Fawkes. A fênix lhe traz o Chapéu
Seletor, que lhe entrega a Espada de Griffindor, com a qual ataca o
basilisco.
Em O Cálice, falando com a imagem de Cedrico Diggory, emitida
pela varinha de Voldemort, Harry jura solenemente levar de volta o
corpo de Diggory para Hogwarts.
O herói volta ao mundo cotidiano, atravessando de novo a passagem. Ele pode
ter alguma dificuldade para se readaptar à sua vida original onde as pessoas não
conseguem compreender o que vivenciou.
Depois de cada período escolar, ele tem de voltar para a
residência dos Dursley, na Rua dos Alfeneiros, onde definitivamente
ninguém o compreende. Mesmo outros bruxos têm dificuldade de
compreendê-lo, como lemos no final de Azkaban. “Ninguém em
Hogwarts sabia a verdade do que acontecera... A medida que o trimestre
foi chegando ao fim, Harry ouviu muitas teorias diferentes sobre o que
realmente acontecera, mas nenhuma delas sequer se aproximava da
verdadeira.”
O herói se torna senhor de ambos os mundos: o do cotidiano, que representa a
sua existência material, e o mundo mágico, que significa seu íntimo.
Encontrar Voldemort é o pior pesadelo da maioria dos bruxos.
Mas Harry encontrou-o muitas vezes e viu coisas que nenhum outro
bruxo jamais viu. Esses encontros o fizeram conhecer uma parte de si
mesmo na qual os demais bruxos jamais pensaram. Todos podem estar
certos de que, eventualmente - mesmo que ele próprio duvide -, essas
experiências vão fazer dele um bruxo até mesmo mais poderoso do que
Dumbledore. (Não há dúvida de que Dumbledore sabe disso, e de que a
perspectiva lhe agrada.)
O herói conquistou sua liberdade para viver como desejar. Superou os medos
que o impediam de viver plenamente.
O medo, assim nos é dito, é o maior inimigo de Harry - maior até
do que Voldemort. Em Azkaban, o professor Lupin não deixa Harry
enfrentar o bicho-papão porque não queria uma imagem de Voldemort
revoando por Hogwarts. Mas Harry lhe diz: “Eu não estava pensando
em Voldemort... Eu lembrei foi dos dementadores.” Lupin fica
impressionado com a percepção de Harry. “Isso sugere que o que você
mais teme é o medo. Muito sábio, Harry.”
Claro que Rowling não segue uma espécie de mapa passo a
passo. Esses padrões e modelos aparecem em seus livros assim como
têm estado presentes na mitologia e no folclore há séculos, já que a
jornada do herói permanece a mesma. Lutar contra as forças das trevas que
existem no mundo exige que o herói enfrente as trevas que existem
dentro de si mesmo e redescubra, a cada aventura, que é merecedor da
vitória. Nós entendemos Harry porque, como Campbell diz, “todos
temos de enfrentar nosso grande desafio”.
ADIVINHAÇÃO
Sibila Trelawney já acertou alguma coisa?
A matéria dada pela professora Trelawney, Adivinhação, consiste
em interpretar sinais e ações com o objetivo de predizer o futuro, ver o
passado ou, às vezes, simplesmente encontrar objetos perdidos.
São usados muitos métodos para a adivinhação. Os romanos
preferiam os augúrios e interpretavam o vôo das aves. Outras culturas
usam a hepatoscopia, que é o exame das entranhas de animais
sacrificados.
Não é por coincidência que o primeiro nome da professora
Trelawney vem das famosas profetisas da mitologia, as Sibilas, que
muitas vezes apresentavam suas premonições sem nem mesmo terem
sido consultadas. Sibila Trelawney também é chegada a fazer predições -
muitas vezes aterrorizantes - sem que ninguém tenha lhe pedido nada.
Mal acabou de conhecer Harry e já previu a sua morte. Mas, como bem
lembra a professora McGonagall, “Sibila Trelawney tem predito a morte
de um aluno por ano desde que chegou a esta escola. Nenhum deles
morreu ainda”.
J. K. Rowling parece não acreditar muito em adivinhação, ou
pelo menos mostra uma atitude ambivalente. Hermione acha o assunto
“meio confuso”, mas estuda Aritmancia, que é a adivinhação por meios
dos números. Apesar de completamente obcecados pela leitura do
destino nas estrelas, os centauros da Floresta Proibida são criaturas
bastante inteligentes.
Talvez Rowling se sinta como Dumbledore, que explica a Harry
em Azkaban: “As conseqüências dos nossos atos são sempre tão
complexas, tão diversas, que predizer o futuro é uma tarefa realmente
difícil.”
AO LADO, MAPA DO SIGNIFICADO DAS UNHAS DA MÃO.
Outros tipos de adivinhação e os meios que utilizam para prever o destino:
Belomancia: o vôo das flechas.
Quiromancia: as linhas da mão.
Datilomancia: a oscilação de um anel suspenso.
Dafnomancia: o estalar de folhas de louro incendiadas.
Geloscopia: risadas.
Lampadomancia: o brilho das lamparinas.
Libanomancia: a fumaça do incenso.
Litomancia: pedras preciosas.
Margaritomancia: pérolas.
Metoposcopia: manchas na testa.
Frenologia: formato do crânio.
ALQUIMIA
Os alquimistas procuravam mesmo uma pedra mágica?
Exatamente o que os alquimistas tentavam fazer? Será que eles
chegaram a concluir alguma coisa ou todo o seu trabalho desapareceu
numa nuvem de fumaça? Qualquer um que tenha lido A Pedra sabe que a
alquimia é uma antiga mistura de química com magia. Os alquimistas
tentavam criar ouro a partir de metais menos nobres, assim como
inventar uma poção capaz de curar todas as doenças e tornar seu usuário
imortal.
Acredita-se que a origem da alquimia esteja no mundo árabe. O
nome vem do termo árabe al-kimia, que também gerou a palavra
“química”. No entanto, alguns historiadores dizem que a raiz dessa
palavra árabe vem do grego antigo Khmia, que significa “Egito”. Eles
acreditam que os alquimistas egípcios possam ter existido muito antes de
o mundo árabe iniciar essa prática. De qualquer maneira, a alquimia de
fato se desenvolveu em todo o mundo, inclusive na China e na Índia.
Costumamos imaginar alquimistas como pessoas gananciosas e
ambiciosas, obcecadas por dinheiro e pela imortalidade. Mas algumas
pessoas pensam que o trabalho deles lançou as bases da química
moderna. Vários cientistas sérios estudaram alquimia. O físico e
matemático Isaac Newton foi um deles, e escreveu inúmeros tratados
sobre o assunto. No entanto, Newton respeitou a tradição de manter
suas experiências com a alquimia em segredo, chegando ao ponto de
insistir para que outro alquimista guardasse “segredo total” sobre seu
trabalho.
A capital da alquimia
Nos últimos anos do século XVI, dois imperadores começaram a
recrutar alquimistas para trabalhar na cidade de Praga, localizada na atual
República Tcheca. A concentração de alquimistas no local deu à cidade o
apelido de “capital da alquimia”.
Imperadores, no entanto, podem ser muito temperamentais.
Quando o alquimista inglês Edward Kelley tentou produzir ouro, mas
falhou, foi jogado numa masmorra. Nem mesmo os esforços da rainha
Elizabeth I foram suficientes para livrá-lo da prisão. Kelley morreu
numa tentativa de fuga.
Evidentemente, havia muitas fraudes. Conta-se que, mais ou
menos nessa época, chegou a Praga um árabe, que convidou os homens
mais ricos da cidade para um banquete, prometendo multiplicar todo o
ouro que eles levassem. Depois de juntar todos os objetos de valor
levados ao banquete, o falso alquimista preparou uma mistura estranha
que levava substâncias químicas e diversas esquisitices, como cascas de
ovo e estrume de cavalo. Não tardaram a perceber para que servia a tal
mistura. Uma violenta explosão espalhou pela casa um fedor tão terrível
que atordoou os convidados e permitiu que o charlatão fugisse com todo
o ouro.
Assim como a palavra árabeal-kimia deu
origem aos termos “alquimia” e “química”, a
matemática árabe, uma das mais avançadas do
mundo, nos deu outra expressão muito utilizada nas
salas de aula: al-gebr. Ela quer dizer “igualar”, e é
isso que os alunos fazem com os dois lados de uma
equação algébrica.
A pedra filosofal
Embora alguns estudiosos digam que o verdadeiro processo
seguido pelos alquimistas era “absurdamente complicado”, suas bases
eram bastante simples. De acordo com a teoria básica seguida pelos
alquimistas, todos os metais não passavam de combinações de enxofre e
mercúrio. Quanto mais amarelo o metal, mais enxofre havia na mistura.
Para criar ouro, então, bastaria combinar enxofre e mercúrio na
proporção adequada e seguindo uma seqüência correta.
Após algum tempo, os alquimistas começaram a ficar frustrados,
pois seu método simples não funcionava. Então, iniciaram a procura de
um ingrediente mágico, que chamaram de pedra filosofal. Alguns
alquimistas continuaram a acreditar que o tal ingrediente mágico era
apenas enxofre. No entanto, em A Pedra, ele é descrito como um objeto
vermelho-sangue. É provável que Rowling tenha pensado em alguma
coisa mais interessante...
Veja também:
Fofo
Espelhos
Flamel
ANIMAGOS
Quais são os mais impressionantes animagos?
J.K. Rowling criou o termo “animago” misturando o latim magus
(bruxo) a animal. Um animago é um bruxo que pode virar bicho sem
perder seus poderes mágicos.
A habilidade de transformar-se em animal é tão antiga quanto as
lendas. Na mitologia celta, volta e meia alguém se transforma em cervo,
javali, cisne, águia ou corvo. Os xamãs das antigas tribos indígenas
norte-americanas também costumam assumir formas de animais,
principalmente pássaros.
Um dos primeiros seres a demonstrar essa habilidade foi Proteu,
da mitologia grega. Ele era criado de Posseidon, deus dos oceanos, e
uma de suas habilidades especiais era conhecer o passado, o presente e
o futuro. Por conta disso havia muita gente que o procurava para
perguntar coisas. Proteu então se transformava em
diversos animais e monstros horrorosos para poder ficar
em paz. Ainda hoje dizemos que uma coisa capaz de
mudar de forma é “proteiforme” ou “protéico”.
HOMEM-ÁGUIA. TOTEM DOS HAIDA, DO NOROESTE DO PACÍFICO.
Duelos de animagos
Este tipo de fogo cerrado entre lutadores que mudam
constante- mente de forma foi lembrado pelo autor T. H. White, cuja
história A Espada Era a Lei conta de outra forma a lenda do jovem rei
Artur e seu tutor, o mago Merlim. Neste livro, Merlim combate outra
bruxa, Madame Mim, em um dos mais criativos duelos da literatura:
O objetivo do feiticeiro no duelo era transformar-se em um tipo
de animal, vegetal ou mineral capaz de destruir o animal, vegetal ou
mineral escolhido por seu oponente. Algumas vezes, o duelo levava
horas...
Ao primeiro soar do gongo, Madame Mim imediatamente
transformou-se em um dragão. Era um bom lance de abertura e
esperava-se que Merlim respondesse assumindo a forma de uma
tempestade de trovões ou coisa parecida. Em vez disso, ele surpreendeu
sua oponente virando um ratinho, quase invisível no gramado, dando
uma boa mordida em sua cauda. Madame Mim arregalou os olhos,
procurou por toda a parte durante uns bons cinco minutos até se dar
conta do ratinho com dentes cravados em seu rabo. Quando finalmente
reparou, num piscar de olhos tornou-se um furioso gato listrado.
Artur prendeu a respiração para ver no que o ratinho iria se
transformar - pensou logo em um tigre capaz de matar o gato —, mas
Merlim simplesmente virou outro gato. Ele se plantou diante de
Madame Mim e começou a fazer caretas. Esse procedimento,
muitíssimo irregular, deixou a bruxa espantada, e ela levou mais de um
minuto para voltar a si e virar um cachorro. Quase no mesmo instante,
Merlim já era outro cachorro, sentado diante dela como tinha feito
pouco antes.
“Oh! Bem pensado, Merlim!”, gritou Artur, começando a
perceber o plano.
Madame Mim estava furiosa... Era melhor ela começar logo a
alterar suas táticas e surpreender Merlim.
Decidiu tentar uma nova jogada, deixando a ofensiva a cargo de
Merlim e assumindo uma posição defensiva. Transformou-se em um
imenso carvalho.
Merlim parou, desconcertado, e ficou sob a árvore por alguns
segundos. Então, ousadamente, transformou-se em um minúsculo
passarinho azul, que voou e pousou muito empertigado nos galhos de
Madame Mim. O carvalho ferveu de indignação por um instante. Mas
logo sua raiva ficou bem fria e o pobre passarinho percebeu que estava
sentado não sobre um galho, mas sobre uma imensa serpente. A boca da
serpente estava escancarada e, na verdade, o pássaro estava pousado
sobre seus dentes. Quando a boca se fechou num estalo, o passarinho já
havia escapulido, em forma de mosquito. Madame Mim seguiu-o e a
velocidade da disputa começou a ficar alucinante. Quanto mais rápido o
atacante assumia uma nova forma, menos tempo o fugitivo tinha para
imaginar uma boa saída. As mudanças agora estavam tão rápidas quanto
o pensamento.
A batalha termina quando Madame Mim vira um aullay, animal
semelhante a um imenso cavalo com tromba de elefante. Ela arremete
contra Merlim, mas ele simplesmente desaparece. De repente...
...coisas muito esquisitas começaram a acontecer. O aullay teve
um ataque de soluços, foi ficando vermelho, inchado, com uma tosse
terrível, todo sarapintado, cambaleou três vezes, revirou os olhos e
desabou pesadamente no chão. Suspirou, esperneou e disse adeus...
O esperto feiticeiro tinha se transformado sucessivamente em
diversos micróbios, ainda desconhecidos naquele tempo. Assim, fez sua
oponente pegar soluços, escarlatina, caxumba, coqueluche, sarampo e
varíola. Tudo ao mesmo tempo. Com uma combinação dessas, a infame
Madame Mim rapidamente bateu as botas.
Alguns animagos de J. K. Rowling:
Minerva McGonagall pode virar um gato.
Tiago Potter transformava-se em cervo, de onde seu apelido: Pontas.
Sirius Black significa “cachorro preto”, sendo essa a forma que ele assume.
Rita Skeeter vira um besouro.
Pedro Pettigrew, o Rabicho, disfarçava-se como o rato de estimação de
Rony, Perebas.
As regras de Rowling
Uma grande diferença entre o mundo de Rowling e os mundos
criados por outros autores é que ela criou diversas restrições para os
animagos. De acordo com ela, virar bicho é uma habilidade
relativamente rara, e tão regulamentada que os animagos devem ser
registrados no Ministério da Magia.
No entanto, em praticamente todos os outros mundos
imaginários, os bruxos podem se transformar livremente no bicho que
bem entenderem.
Talvez Rowling se preocupe com os riscos desse tipo de
atividade. Em Quadribol, ela adverte: “O bruxo ou bruxa que se
transfigura em morcego pode voar sem problemas. No entanto, como
também tem um cérebro de morcego, ele esquece para onde vai assim
que levanta vôo.”
Outra escritora famosa, Ursula K. Le Guin, conta na história A
Wizard of Earthsea (O Mago de Mareterra), o que pode acontecer aos
bruxos descuidados:
Como qualquer menino, Ogion achava que seria uma delícia
usar magia para assumir qualquer forma que desejasse, homem ou bicho,
árvore ou nuvem, e então brincar de ser milhares de seres. No entanto,
como bruxo, ele havia aprendido que essa brincadeira tem um preço,
que é o risco de perder a própria identidade ao mudar sua realidade.
Quanto mais distante uma pessoa fica de sua própria forma, maior é o
perigo. Todo aprendiz de feiticeiro estuda a história do mago Beira do
Caminho, que adorava se transfigurar em urso. Ele fez isso tanto, e
tantas vezes seguidas, que o urso cresceu dentro dele. O homem se
esvaneceu a tal ponto, que virou mesmo um urso e acabou matando o
próprio filho na floresta. Teve um fim trágico: foi caçado e morto.
J. K. Rowling costuma dizer que a personalidade de cada
um é determinante na escolha do animal no qual pode se
transformar. E acrescenta: “Pessoalmente, gostaria de virar
uma lontra, que é meu bicho favorito.”
Ninguém sabe, na verdade, quantos dos golfinhos que saltam nas
águas do Mar Secreto já foram homens, sábios homens, que perderam
sua sabedoria e seu nome nos encantos do mar sem fim.
Sem dúvida, Harry, que muitas vezes ultrapassa os limites
normais, vai correr esse risco. Vamos ver em que tipo de animago ele irá
se transformar.
Veja também:
Sirius Black
McGonagall
ANIMAIS FANTÁSTICOS
Quais animais fantásticos saíram das lendas?
Mesmo sendo imaginárias, muitas das criaturas de Animais
Fantásticos são tão conhecidas em nosso mundo quanto no de Harry.
Veja algumas das histórias que alimentaram a imaginação de J. K.
Rowling:
Barretes Vermelhos
De acordo com Animais Fantásticos, os barretes vermelhos
“vivem em covas localizadas em antigos campos de batalha ou em
lugares onde o sangue humano tenha sido derramado... [e] tentam matar
a pauladas os trouxas que passam por ali em noites escuras”. Essa
criatura existe há muito tempo nas lendas da Inglaterra e Escócia, países
vizinhos e muitas vezes envolvidos em guerras violentas. Também é
conhecido como capuz sangrento ou crista vermelha. Dizem que seu
chapéu é vermelho de tanto ser usado para recolher o sangue de suas
vítimas.
Ramora
Seguindo uma lenda milenar, Rowling diz que esse peixe - que
existe mesmo e é conhecido como rêmora - é capaz de deter um navio.
Seu nome deriva da palavra latina usada para designar “atraso”. Graças a
uma ventosa localizada em sua cabeça, as rêmoras se prendem a navios e
tubarões para se alimentarem das sobras. Sua força já havia sido bastante
exagerada desde o século 1 a.C quando Plínio, o Velho, escreveu:
“Furacões podem ser arrasadores e tempestades podem devastar,- mas
este peixe consegue regular a fúria deles, controlar seu vigor e
intensidade e obrigar navios a parar, de um modo que nem cabos nem
âncoras conseguem fazer. Que criatura inútil é o homem, que pode ser
imobilizado e detido por um peixe de apenas seis polegadas!” Plínio
sustentava a tese de que o navio de Marco Antônio havia sido bloqueado
por rêmoras durante a Batalha de Actium, fazendo com que perdesse a
batalha e mudando o curso da história romana.
Hipocampo
O nome desse cavalo-marinho mistura a palavra grega hippos
(cavalo) e a latina campus (terreno, chão). Também é chamado de
Hydrippus - a palavra grega para água é hydro. A carruagem de Posseidon,
o deus grego dos mares, é puxada por hipocampos.
O autor de Animais Fantásticos, Newton (“Newt”) Artemis Fido
Scamander, traz vários trocadilhos embutidos em seu nome. Newts são pequenas
salamandras, os lagartos mágicos que vivem no fogo (veja adiante]. Artemis era a
deusa grega da caça, um nome apropriado para um estudioso que pesquisa criaturas
mágicas. Fido, do latim fidus (fiel), é um nome comum para cachorros. O som de
Scamander lembra o de salamandra, embora seja, na verdade, o nome de um rio
mencionado por Homero em sua Ilíada.
HIPOCAMPO RETRATADO EM XILOGRAVURA ALEMÃ.
Um livro chamado Physiologus, escrito por volta do século II,
conta que algumas lendas consideravam o hipocampo como “o rei de
todos os peixes”. Mas na época em que esse livro foi escrito, o judaísmo
e o cristianismo estavam atropelando os velhos mitos, e a lenda sofreu
uma leve mudança para incorporar a idéia de um peixe dourado que vivia
no Leste. Nessa versão, o hipocampo é um guia, tal como Moisés:
“Quando os peixes se agruparam em cardumes, saíram em busca do
Hydrippus. Quando o encontraram, ele se dirigiu para o Leste e todos o
seguiram, os peixes do Norte e os peixes do Sul. Estavam todos
próximos ao peixe dourado, o Hydrippus à sua frente. E quando o
Hydrippus e todos os peixes chegaram, aclamaram o peixe dourado
como seu rei.”
Salamandra
Rowling diz que são lagartos habitantes do fogo. Eles vivem
“apenas enquanto o fogo do qual surgiram está vivo”. Essa lenda
remonta a milhares de anos. O filósofo grego Aristóteles escreveu, no
século IV a.C, que “o fato de alguns animais serem resistentes ao fogo é
evidenciado pela existência da salamandra, que extingue o fogo
rastejando sobre as chamas”. Acreditava-se que a salamandra
conseguisse essa proeza por ter o corpo extraordinariamente frio. Quase
mil anos mais tarde, Santo Isidoro, bispo de Sevilha, também achava que
a salamandra “vive no meio das chamas sem se machucar e nem ser
consumida”. E acrescentava: “Entre todos os venenos, o seu é o mais
poderoso. Outros animais peçonhentos são mortais, mas este é capaz de
matar várias pessoas de uma só vez. Para isso, a salamandra atravessa
uma árvore e infecta suas frutas, envenenando todos os que as
comerem.”
SALAMANDRA EM CHAMAS, DE UM BRASÃO DE FAMÍLIA.
Erkling
O nome foi inventado por Rowling. É uma pequena inversão
das letras do Ed King ou Erl Kõnig (elfo-rei) das lendas germânicas. Mas
a descrição que ela faz da criatura corresponde à lenda. Trata-se de uma
criatura diabólica que habita a Floresta Negra alemã e seqüestra crianças.
No poema de Goethe, Erl King chama uma criança que viaja pela floresta
acompanhada pelo pai:
“Oh, venha comigo criança querida! Oh, venha comigo! Vamos brincar
tanto, não há perigo.”
O menino tenta alertar o pai, que não pode escutar o Erl King, e
a história acaba mal. Assim como a lenda dos grindylows na Inglaterra e
dos kappas no Japão, a história do Erl King foi concebida pelos pais para
evitar que seus filhos se perdessem nas florestas.
Hoje em dia, muitos restaurantes possuem fornos conhecidos como
salamandras, assim chamados por causa de seus mecanismos de aquecimento, cujo
jormato lembra uma serpente ou a cauda de um lagarto, e são quentíssimos.
Quimera
QUIMERA.
PEÇA DECORATIVA EM BRONZE DO SÉCULO V.
A descrição da quimera feita por Rowling em Animais Fantásticos
pode ser esquisita, mas corresponde exatamente à antiga lenda grega.
Segundo essa lenda, a quimera é um monstro com três cabeças - uma de
dragão, uma de leão e a última de bode. É aparentada à esfinge e ao
Cérbero, o cão de três cabeças que guardava as portas do Inferno.
Rowling menciona casualmente que “só há um caso conhecido
em que uma quimera foi morta, e o pobre mago que conseguiu este feito
morreu em seguida ao cair de seu cavalo alado”. Ela faz uma brincadeira
com a lenda original, segundo a qual o monstro foi vencido pelo herói
Belerofonte, que montava o cavalo alado Pégaso. Belerofonte ganhou a
batalha, mas, em outra aventura, atreveu-se a tentar penetrar no Olimpo,
morada dos deuses, no mesmo cavalo alado. Como punição pela
audácia, Zeus jogou-o para fora do cavalo e aleijou-o para sempre.
O termo “quimera” acabou sendo usado para designar alguma
coisa (normalmente uma criatura viva) criada por humanos a partir da
combinação artificial de elementos naturais.
Kelpie (gênio da água)
Conforme é contado em Animais Fantásticos, o kelpie, um demônio
aquático das lendas celtas, geralmente tem a forma de um cavalo com a
crina de junco verde. Ele atrai as pessoas para montarem em seu
lombo e então as carrega para as profundezas da água. Como Rowling
conta, quem consegue botar rédeas no kelpie o subjuga. Por causa de sua
força extraordinária, ele pode fazer o trabalho de muitos cavalos.
Selkies e merrows
No verbete sobre Sereianos, de Animais Fantásticos, Rowling
menciona os selkies e os merrows. São tipos especiais de Sereianos
conhecidos na Inglaterra. Os selkies são homens-focas das ilhas do norte
do país. Eles podem adquirir belíssimas formas humanas quando estão
em terra firme, mas devem reassumir a forma de focas ao entrar na água.
Matar um selkie provoca uma violenta tempestade.
Já os merrows são da Irlanda. As mulheres são muito bonitas, mas
os homens são horrorosos. Dizem que eles possuem chapéus mágicos e,
se um humano conseguir roubar este chapéu, o merrow não poderá voltar
para o mar.
Veja também:
Bicho-papão
Duendes
Grindylows
Kappas
Sereianos
Veelas
ARANHAS
Como espantar uma aranha
Em Hogwarts, vivem aranhas - algumas comuns, outras
extraordinárias - de todos os tipos. Em sua maioria, são comuns e
inofensivas. Mas algumas poucas, como Aragogue, Mosag e seus
filhotes, são gigantescas, muito inteligentes e dotadas da palavra.
O nome de Aragogue
A origem do nome
Aragogue é a mesma de
aracnídeo, o nome científico
para aranhas. Ambos vêm de
uma personagem da mitologia,
Ariadne, particularmente
prendada nas artes de tecer e
cerzir. Ariadne era muito
orgulhosa, e assim desafiou Minerva, a deusa romana do artesanato, para
um torneio. Ariadne venceu Minerva, mas a deusa ficou tão aborrecida
que transformou Ariadne numa aranha, forçando-a a tecer teias para o
resto da vida. Os nomes Aragogue e Mosag também lembram os nomes
dos gigantes Gog e Magog. E mosag é gaélico, uma palavra que significa
“mulher suja” ou “impura”.
Comedores de gente
Em A Câmara, Aragogue parece bastante satisfeito em deixar seus
filhotes devorarem Rony e Harry. Ele está seguindo uma antiga tradição.
Muitos autores divertiram-se criando monstros comedores de gente
com forma de aranha. Comparados a estas, as aranhas de J. K. Rowling,
ainda que fiquem felizes ao devorar seres humanos, se mostram mais
compreensivas que as outras. São muito mais dóceis do que Shelob, a
aranha criada por J. R. R. Tolkien, em O Senhor dos Anéis:
Ela estava lá há muitas eras, uma coisa maléfica sob a forma
de aranha... e não servia a ninguém senão a si mesma, bebendo do
sangue dos elfos e dos homens, criando e engordando inúmeras
ninhadas graças a seus banquetes, tecendo teias de sombras, já que
todas as criaturas viventes eram alimento, e seu vômito, escuridão...
“Pouco conhecia ou se importava com torres e anéis, ou
com qualquer coisa arquitetada pela mente ou feita por mãos, ela
que apenas desejava a morte dos demais, corpo e mente, e, para si
mesma, saciar-se na sua existência solitária, e crescer até que as
montanhas não pudessem dar-lhe sustento e a escuridão não fosse
mais capaz de abrigá-la.
“Mas seu apetite estava ainda longe de satisfazer-se, e já
fazia tempo que ela estava faminta, escondida em seu covil,
enquanto o poder de Sauron aumentava e a luz e os seres viventes
fugiam de seu alcance; a cidade e o vale estavam mortos, e nenhum
elfo ou humano aproximava-se, à exceção dos infelizes e magros
Orcs, refeição pouco satisfatória. Mas ela precisava comer e não
importava o quanto eles se esforçassem por descobrir novas
passagens aéreas que lhes permitissem sair de seu desfiladeiro e da
torre, pois ela sempre encontrava um meio de apanhá-los em
armadilhas. No entanto, ela sonhava em comer carne mais doce...
A utilidade das aranhas
Aragogue e sua família são bons exemplos do que,
aparentemente, são normas importantes no mundo de Harry: as
aparências enganam e a maioria das criaturas tendem (assim como os seres
humanos) a tratar os outros tão mal como tenham sido tratadas.
Faz sentido quando percebemos que, por baixo
de sua aparência assustadora e seu ódio, Aragogue é
uma criatura com sentimentos, essencialmente
benévola, e não um ser do mal. De fato, ela fornece a
Harry uma pista importante para o garoto resolver o mistério da câmara
secreta. Houve um tempo em que Aragogue, equivocadamente, foi
tomada como o monstro que teria sido libertado da câmara cinqüenta
anos antes das aventuras de Harry. Mas esse monstro, segundo
Aragogue, era na verdade “uma criatura muito antiga que nós, as
aranhas, tememos mais do que a qualquer outra”. Posteriormente, Harry
vai descobrir que Aragogue está se referindo ao basilisco e, quando
percebe que as aranhas estão fugindo de Hogwarts, conclui que a grande
serpente está à solta.
Veja também:
Basilisco
AVADA KEDAVRA
O “Avada Kedavra” é um feitiço de verdade?
No mundo de Harry, esse é o feitiço mais mortífero, a pior das
três Maldições Imperdoáveis. O uso de qualquer uma delas contra um
ser humano pode condenar um bruxo a passar o fim de seus dias em
Azkaban. Foi a maldição que Voldemort utilizou para matar os pais de
Harry, a mesma com a qual tentou assassiná-lo e também a que acabou
com a vida de Cedrico Diggory. Harry foi o único que sobreviveu ao seu
poder fatal.
Embora Rowling costume inventar a maioria de seus feitiços e
maldições, a expressão “Avada Kedavra” tem origem em uma antiga
língua do Oriente Médio chamada aramaico. A frase abbaââa kedhabra
quer dizer “desapareça como esta palavra” e era utilizada por antigos
feiticeiros para fazer doenças sumirem. Não há provas de que tenha sido
usada para matar ninguém. Essa frase tem a mesma origem da palavra
mágica abracadabra. Embora hoje só tenha utilidade para mágicos que
animam festinhas de aniversário, já houve tempo em que era levada a
sério pelos médicos. Quintus Serenus Sammonicus, médico romano que
viveu por volta de 200 a.C, usava-a como feitiço para fazer baixar a febre
de seus pacientes. De acordo com sua receita, era preciso escrevê-la onze
vezes em um pedaço de papel, a cada vez retirando uma letra. Assim:
ABRACADABRA
ABRACADABR
ABRACADAB
ABRACADA
ABRACAD
ABRACA
ABRAC
ABRA
ABR
AB
A
O papel devia ficar amarrado em torno do pescoço do paciente
com uma tira de linho durante nove dias. Depois disso, era preciso
jogá-lo por sobre o ombro num rio que corresse para o leste. Quando a
água apagasse as palavras, a febre desapareceria.
A popularidade desse feitiço cresceu tanto durante os séculos
que sucederam a Sammonicus, que ele foi usado até mesmo contra a
Peste Negra. O leitor mais atento já deve ter percebido que este remédio,
mesmo se não fizer mais nada, ajuda o tempo a passar. Como muitas
doenças desaparecem naturalmente em uma ou duas semanas, o feitiço
provavelmente não tinha nenhum efeito. Por outro lado, não doía!
Veja também:
Latim
BASILISCOS
Basiliscos eram apenas serpentes grandes?
Os basiliscos estão entre as mais temíveis criaturas mágicas. “Das
muitas feras e monstros medonhos que vagam pela nossa terra não há
nenhum mais curioso ou mortal”, descobriu Hermione em A Câmara.
Com certeza o basilisco é muito mais do que uma serpente
grande. Também conhecido como basilisca, ele esteve presente nas
lendas durante muitos séculos. Em Animais Fantásticos, Rowling credita a
um mago grego chamado Herpo, o Maluco, a criação do primeiro
basilisco. Mas ela está apenas fazendo mais uma brincadeira. Herpein é
uma palavra grega que significa rastejar. A ciência que estuda os répteis,
como as cobras e as serpentes, chama-se herpetologia.
No entanto, Rowling não está inventando quando diz que os
basiliscos são resultado do cruzamento de um galo ou galinha com uma
serpente ou um sapo. E exatamente isso o que dizem todas as lendas.
Alguns artistas seguiram essa descrição ao pé da letra e desenharam
monstros estranhos combinando carac- terísticas desses animais. Mas o
mais comum é que os basiliscos sejam retratados
como uma serpente com uma coroa ou uma mancha
branca na cabeça. É provável que as najas, que
possuem essas manchas, tenham inspirado a lenda do
basilisco.
BASILISCO, DE ACORDO COM UMA ANTIGA XILOGRAVURA.
A MEDUSA TINHA COBRAS NA CABEÇA, EM VEZ DE
CABELOS, OS HUMANOS QUE OLHARAM QUE
OLHARAM PARA ELA FORAM TRANSFORMADOS EM
PEDRA.
Os basiliscos foram descritos como seres capazes de matar
mesmo à distância. Segundo o naturalista romano Plínio, “matam os
arbustos sem nem mesmo tocar neles, só com a respiração, e as pedras
racham, tal é o poder diabólico dessas criaturas”. Alguns estudiosos
descrevem três variedades: há o basilisco dourado, que pode envenenar
alguém só com o olhar; um outro tipo capaz de cuspir fogo; e um
terceiro, que, assim como a cabeça cheia de cobras da Medusa, provoca
tamanho horror em quem o olha que suas vítimas ficam petrificadas.
Até William Shakespeare fala de basiliscos em uma de suas peças,
Ricardo III. Logo após assassinar seu irmão, o diabólico personagem
principal vai cortejar a viúva, elogiando seus belos olhos. Mas ela não
está interessada nos elogios e responde: “Quem me dera fosse os olhos
de um basilisco para matá-lo.”
Como vencer um basilisco
Em A Câmara, um basilisco controlado por Lord Voldemort se
infiltra em Hogwarts, quase matando Harry e vários de seus amigos.
Harry é salvo por Fawkes, a fênix de estimação do professor
Dumbledore, que fura os olhos do monstro. O fato de ele ter sido
salvo por um pássaro é muito apropriado. De acordo com a lenda, um
pássaro - o galo - é fatal para o basilisco. Por isso, na Idade Média,
algumas pessoas levavam um galo nas viagens como proteção contra
basiliscos.
BASILISCO, EM UMA ESTAMPA MAIS RECENTE.
Veja também:
Aranhas
Animais Nagini
BICHOS-PAPÕES
Criaturas que não sabem a hora de ir embora
Algumas criaturas mágicas podem ser mais perigosas do que
outras. A primeira vista, o bicho-papão parece ser perigosíssimo. Mas,
como explica Hermione em Azkaban, ele “é capaz de assumir a forma do
que achar que pode nos assustar mais”. Ou seja, incomoda mais do que
machuca.
Bicho-papão em inglês é boggart. Também é conhecido como bogey
ou bogeyman nos Estados Unidos, bogle na Escócia e Boggelmann na
Alemanha. Tidos como espíritos maltratados que se tornaram cruéis, os
bichos-papões adoram brincadeiras de mau gosto e normalmente não
chegam a ser perigosos. Eles gostam de agir à noite, quando ficam mais
convincentes.
Geralmente, bichos-papões assombram casas e, neste caso, a
única maneira de se livrar deles é providenciar a mudança. Isso é mais
fácil de falar do que de fazer, já que o bicho-papão, algumas vezes,
resolve acompanhar uma família que ele acha particularmente divertida.
Quanto mais irritada fica a família, mais o bicho-papão gosta dela.
Harry encontrou bichos-papões em Azkaban e no campeonato
de O Cálice. Ele os derrotou com a ajuda do professor Lupin, que lhe deu
o mesmo conselho que damos às crianças de nosso mundo há centenas
de anos: “O que realmente acaba com um bicho-papão é uma boa
risada.” Obviamente, isso é bem mais fácil para os bruxos, que só
precisam agitar suas varinhas e usar o feitiço Riddikulus para transformar
o bicho-papão em uma coisa inofensiva. Veja também:
Animais fantásticos
Duendes
Goblins
Trasgos
Veelas
BRUXOS
Quais dos “bruxos e bruxas famosos” existiram de verdade?
Quando embarcam pela primeira vez no Expresso Hogwarts,
Rony mostra a Harry as figurinhas dos bruxos e bruxas famosos que
vêm dentro da embalagem dos sapos de chocolate. Ele cita alguns:
Dumbledore, Merlim, Paracelso, a druida Cliodna, Hengisto de
Woodcroft, Morgana, Ptolomeu e Circe. Alguns desses bruxos existiram
mesmo. Outros existem em lendas que já têm centenas de anos.
Agrippa
Heinrich Cornelius Agrippa foi um mago que viveu na
Renascença. Nascido Heinrich Cornelius, perto de Colônia, Alemanha,
em 1486, ele adotou o nome de Agrippa em homenagem ao fundador de
sua cidade natal.
Trabalhou como médico, advogado, astrólogo
e com curas através da fé. Mas fez tantos inimigos
quanto amigos e foi acusado de feitiçaria. Em 1529,
publicou um livro chamado Sobre a Filosofia Oculta,
valendo-se de textos hebraicos e gregos para argumentar que a melhor
maneira de chegar a conhecer a Deus era por meio da magia. A Igreja
declarou-o um herético e o prendeu. Morreu em 1535.
Agrippa foi uma das inspirações de Wofgang Goethe para
escrever a peça Fausto, na qual um homem de ciência faz um pacto com
o diabo - semelhante ao pacto entre Voldemort e seus seguidores. Seu
nome é também o termo usado para designar um livro de magia muito
especial, cortado no formato de uma pessoa.
Bem a propósito, sua figurinha é uma das mais raras.
O FILÓSOFO E MAGO HEINRICH CORELIUS AGRIPPA.
A druida Cliodna
Na mitologia irlandesa, Cliodna desempenha diversos papéis, de
deusa da beleza a mandatária da Terra Prometida - a vida após a morte.
Ela é também a deusa dos mares. Alguns dizem que seu rosto surge nas
praias em cada nona onda que se quebra no litoral. Ela tinha três
pássaros encantados que curavam os enfermos.
Paracelso
Phillipus Aureolus Paracelso, nascido na Suíça em 1493, é
considerado o fundador da química e da medicina modernas. Começou
a vida como médico e depois dedicou-se ao estudo da magia,
especialmente a alquimia e a arte das profecias. Sua reputação como
mago e sua trajetória como médico estão ligadas. Como recusou-se a
ficar limitado à formação médica tradicional e desenvolveu seus
próprios métodos terapêuticos, foi acusado de bruxaria. Mas Paracelso
ignorou seus críticos: “As universidades não ensinam tudo”, ele disse,
“portanto, um médico precisa procurar as anciãs sábias, os ciganos, os
bruxos e os feiticeiros de tribos, velhos ladrões e outros foras-da-lei para
extrair deles o conhecimento. Um médico precisa ser um viajante.
Conhecimento é experiência.”
O TALENTOSO MÉDICO PARACELSO.
Paracelso desenvolveu vários remédios úteis. Também descobriu
a causa da silicose, uma doença comum entre os trabalhadores de minas,
causada pela inalação de vapores metálicos, que anteriormente era
atribuída a maus espíritos. Paracelso ajudou a controlar um surto de
peste, em 1534, usando uma espécie de vacina.
Suas posições e seus êxitos angariaram antipatia no meio médico.
Paracelso passou mais de uma década exilado dos círculos acadêmicos e
foi forçado a fugir para a cidade de Bassel, sob a proteção da noite, em
1528. Mas, por ocasião de sua morte, em 1541, sua reputação já havia
crescido enormemente.
Morgana
Morgana foi uma feiticeira poderosa da mitologia britânica,
especialmente dotada nas artes da cura. Merlim foi seu tutor e, algumas
vezes, é dito que ela era meia-irmã do rei Artur.
Apesar disso, sempre rivalizou com Artur, roubando sua espada,
Excalibur, ou mesmo tramando sua morte.
De acordo com algumas lendas, ela viveu no estreito de
Messina. Uma corrente incomum que atravessa aquela região puxa as
criaturas fosforescentes das profundezas para a superfície, criando a
impressão de estranhas luzes ou de objetos flutuando sobre a água.
Essas figuras são chamadas Fata Morgana, sendo que fata, em italiano,
significa fada.
Merlim
Merlim é considerado um dos mais sábios magos que já
existiram, um bruxo-mestre. Dizem que foi conselheiro dos reis
britânicos Vortigern, Uther Pendragon e Artur. Embora a lenda possa
ter se baseado em alguém que tenha existido de fato, o Merlim que
conhecemos é um personagem tirado da fantasia. Por exemplo, alguns
dizem que foi ele quem colocou no lugar as enormes pedras de
Stonehenge. Outros dizem que ele possuía o dom da profecia porque
vivia ao contrário, do futuro para o passado, e portanto já tinha visto o
futuro.
Merlim é mais conhecido como o mentor do rei Artur. Um
notável paralelo é que ele ocultou o garoto Artur, protegendo-o, do
mesmo modo como Dumbledore escondeu Harry de Voldemort. O
poeta Alfred Lord Tennyson reconta parte dessa lenda em Idylls of the
King:
Por causa da amargura e do sofrimento
Que oprimiu sua mãe, bem antes do seu nascimento,
Artur veio ao mundo, e assim que nasceu
Foi enviado às escondidas
Para Merlim, para ser criado em lugar distante
Até que fosse chegada sua hora-, e tudo porque os lordes
Daqueles dias violentos eram os próprios senhores da violência,
Bestas ferozes que com certeza teriam feito a criança
Em pedaços, dividindo-a entre eles, se soubessem que ela existia,
já que cada um deles
Nada mais almejava senão ser o próprio poder,
E muitos deles odiavam Uther.
Razão pela qual Merlim levou a criança
E a confiou a Sir Anton, um ancião cavaleiro
E antigo amigo de Uther, e sua mulher então
Cuidou do jovem príncipe, criando-o entre seus próprios,
E nenhum homem disso soube.
Assim, os lordes Lutaram uns contra os outros como bestas ferozes,
Enquanto o reino se arruinava.
Posteriormente, Merlim tornou-se tanto o tutor quanto o
conselheiro de Artur, usando sua aguçada inteligência e sua poderosa
magia para ajudar o jovem rei a lutar contra os inimigos da Bretanha.
De acordo com algumas histórias, Merlim foi enganado pela
Dama do Lago, a quem amava, e levado a criar uma coluna mágica feita
de ar, que ela então utilizou para aprisioná-lo para sempre.
Hengisto de Woodcroft
Este mago ou é, ou recebeu seu nome em homenagem ao rei
saxão da Inglaterra. O rei Hengisto e seu irmão Horsa - seus nomes vêm
das palavras em alemão para “garanhão” e “cavalo” - chegaram à
Inglaterra em 449 a.C, como mercenários, para ajudar o rei Vortigern a
derrotar a rebelião dos Pictos e dos Celtas da Escócia. No entanto,
começaram sua própria rebelião. Hengisto fundou o reino de Kent.
Apesar de não ser chamado de Hengisto de Woodcroft nas
crônicas anglo-saxônias, quando inquirido por Vortigern ele proclamou:
“Adoramos os deuses de nossa terra: Saturno, Júpiter e outros que
comandam as leis do mundo, e mais especialmente Mercúrio, que em
nossa língua chamamos de Woden (relativo à madeira). Nossos ancestrais
dedicavam o quarto dia da semana a ele, que até hoje é chamado de
Wednesday (quarta-feira) em alusão a seu nome.” E razoável supor que
Hengisto tenha também chamado seu reino de Woden (croft em inglês
significa “terreno”, “pequena fazenda”).
O mais provável entretanto é que o nome Woodcroft seja
simplesmente um dos que J. K. Rowling descobriu num mapa e gostou.
Em Peterborough, na Inglaterra, no norte de Kent, existe o Castelo
Woodcroft, lugar famoso por seus assassinatos e fantasmas. Em 1648, o
Dr. Michael Hudson, capelão do rei Charles, ali foi morto durante uma
batalha contra as tropas de Cromwell. Conta-se que ele assombra o
castelo, aparecendo sempre no aniversário da sua morte. Rumores de
batalha, então, podem ser ouvidos, assim como os gritos de Hudson
implorando misericórdia.
Circe
No poema épico de Homero, a Odisséia, Circe é apresentada
como a “deusa poderosa e sagaz” que vive numa ilha. Os homens de
Ulisses, voltando para casa depois da
Guerra de Tróia, param em sua ilha e se tornam vítimas de seu
encantamento:
Quando chegaram à morada de Circe, viram que era construída
de pedras cortadas da montanha, num sítio que poderia ser avistado de
longe, do meio da floresta. Por toda a sua volta, era guardada por lobos e
leões ferozes - pobres criaturas, vítimas de seus feitiços, que ela havia
dominado pela magia e submetido às suas poções. Logo atingiram os
portais de entrada da morada da deusa e, ali parados, podiam ouvir que
Circe, lá dentro, cantava enquanto trabalhava em seu tear, tecendo uma
rede tão fina, tão macia, e de cores tão deslumbrantes, que nenhuma
outra deusa poderia tecer. Chamaram e ela desceu ao encontro deles,
abriu os portais e os convidou a entrar. Sem suspeitar de nada, eles a
seguiram.
Uma vez que ela os viu dentro da casa, fez com que se
sentassem e preparou uma bebida com mel, à qual misturou suas
poções venenosas, o que os faria esquecer quem eram e de onde vieram.
Depois que a beberam, transformou-os em porcos com um simples
gesto de sua varinha mágica, para logo a seguir prendê-los no chiqueiro.
Tinham toda a forma de porcos — cabeça, pêlos — e também grunhiam
como porcos; mas sua consciência era a mesma de antes e eles se
lembravam claramente do que haviam sido.
Foi o próprio Ulisses que, tendo tomado uma poção
especial, conseguiu resistir ao encantamento de Circe e,
ao final do episódio, conseguiu libertar os seus
homens.
Alberico Grunnion
Este nome deve ter sido inspirado pelo de Alberico, o poderoso
bruxo do poema épico germânico Nibelungenlied (A Canção dos Nibelungos).
O poema é um registro mítico de um evento histórico - a vitória dos
hunos sobre o reino da Burgundia (hoje, parte da França), em 437 d.C.
Foi a base de muitos trabalhos modernos, sendo o mais importante o
Anel dos Nibelungos, uma série de peças de ópera ligadas entre si,
compostas por Richard Wagner no século XIX. (Quando você vir
desenhos com cantores de ópera usando capacetes com chifres, pode ter
certeza de que estão cantando uma das óperas de Wagner).
Na versão de Wagner, Alberico é o rei dos duendes, cheio de
ódio e de ambição. Quando descobre um tesouro em ouro, guardado
por donzelas inocentes, faz de tudo para obtê-lo, até mesmo renunciar
para sempre ao amor. Ele usa o ouro para fazer um anel que lhe dá
grande poder. Quando o anel é roubado, Alberico joga sobre ele uma
maldição. Todo aquele que o usar padecerá enormes sofrimentos. Na
continuação da história, outros personagens tentam conquistar o anel e
pagam caro por isso.
Veja também
Flamel
CÁLICE DE FOGO, O
Por que Harry e Cedrico parecem cavaleiros da Távola Redonda?
O Cálice de Fogo é “um cálice grande de madeira toscamente
talhado” que “teria sido considerado totalmente comum se não estivesse
cheio até a borda com chamas branco-azuladas, que davam a impressão
de dançar”. Através da mágica, ele seleciona alguns bruxos para testá-los
no Torneio Tribruxo. Esse desafio e sua fonte misteriosa ligam os
competidores, incluindo Harry e Cedrico, às lendas do rei Artur e da
Távola Redonda.
O Cálice de Fogo tem grande semelhança com outro cálice
poderoso que foi responsável por torneios e batalhas: o Santo Graal.
Segundo se acredita, o Graal possui poderes mágicos e teria sido usado
por Cristo na Ultima Ceia. Embora algumas vezes retratado como sendo
feito de prata brilhante, o Santo Graal, usado por um humilde
carpinteiro, provavelmente teria sido feito de madeira - semelhante ao
Cálice de Fogo.
O Graal, assim como o Cálice de Fogo, era um
objeto mágico. Quem bebesse dele obteria curas
miraculosas. E, assim como o Cálice de Fogo, o Graal
pressentiria se determinado cavaleiro o merecia.
De acordo com a lenda, passando um período difícil em seu
reinado, Artur fez uma prece implorando um sinal dos céus.
Como resposta, teve a visão do Graal. Nas primeiras histórias, o
Graal era uma grande travessa,- com o passar dos tempos, tornou-se um
cálice. Ele e seus cavaleiros, então, lançaram-se à sua busca, tentando
obtê-lo, ou pelo menos entender o seu significado.
No mundo de Harry, a última tarefa do Torneio Tribruxo
também é encontrar um Graal, neste caso a Taça Tribruxo, e
conquistá-la para Hogwarts. Nas lendas do rei Artur, o Graal foi
finalmente encontrado por Galahad, porque a sua alma era
imaculadamente pura. Da mesma forma, Harry e Cedrico conseguem
encontrar a Taça Tribruxo por seu caráter e por suas habilidades
mágicas.
É curioso notar que, embora seja Galahad quem encontre o
Graal, a maioria das lendas destaca um personagem chamado Percival.
Nascido numa família de camponeses, Percival viria a provar sua virtude
e a se tornar um cavaleiro da Távola Redonda. Se Percy Weasley algum
dia mostrará as qualidades insinuadas pela semelhança do seu nome com
o do cavaleiro, é algo que ainda veremos.
Veja também:
Labirintos
CENTAUROS
Por que centauros evitam os humanos?
Centauros são animais míticos que têm corpo de cavalo e tronco,
braços e cabeça de gente. Em Animais Fantásticos, J. K. Rowling diz que
eles “preferem manter distância de feiticeiros e trouxas em geral”. É uma
crença que remete a antigas lendas. De acordo com essas histórias,
centauros vêm das montanhas da Grécia, onde costumavam se
relacionar muito bem com os habitantes locais. No entanto, quando
alguns deles exageravam no vinho, tornavam-se selvagens e violentos.
Por causa disso, eram freqüentes as guerras entre centauros e humanos.
Uma das mais famosas começou por causa de uma festa de casamento
para a qual os centauros tinham sido convidados. Como de hábito, eles
exageraram um pouco no entusiasmo e acabaram tentando raptar a
noiva, o que motivou uma guerra intensa na qual foram derrotados. As
cenas dessa guerra eram uma das decorações preferidas nos vasos
gregos.
No entanto, nem todos os centauros tinham
um comportamento bestial. Alguns deles eram
conhecidos por sua nobreza de caráter... Chiron, a quem os deuses
Apolo e Artemis ensinaram as artes da medicina e da caça, fundou uma
escola onde estudaram alguns dos grandes heróis da época, como
Aquiles e Ulisses.
Perdido nas estrelas
Apesar de imortal, Chiron foi ferido por uma flecha com a
ponta envenenada. O ferimento provocado pela flecha causou-lhe um
sofrimento intenso e incessante. Chiron preferiu morrer do que sentir
dores intensas durante o restante de sua vida.
Em reconhecimento pela bondade de Chiron, Zeus o colocou
entre as estrelas da constelação de Sagitário. Outra constelação, a do
Centauro, é uma das mais visíveis do Hemisfério Sul. Duas de suas
estrelas, Alfa Centauro e Beta Centauro, estão entre as dez mais
brilhantes do céu. Alfa Centauro é a estrela mais próxima da Terra e do
Sol, a mais de 4,3 anos-luz.
Tantos centauros no céu explicam por que Firenze, Ronan e
Agouro, os que habitam a Floresta Proibida de Hogwarts, estão sempre
de olho nas estrelas para ler o futuro.
NESSO, O CENTAURO INIMIGO DE HÉRCULES, RETRATADO EM UAI VASO
GREGO DO SÉCULO VII A.C.
CORUJAS
Além do correio, o que mais significa a chegada de uma coruja?
As corujas, é claro, são o principal meio de comunicação entre os
bruxos do mundo de Harry. Mas, em nosso mundo, apesar de todos
gostarem de receber cartas, nem todos gostam de corujas. Muitas
culturas, como a egípcia, a romana e a asteca, têm sentimentos ambíguos
com relação a esse predador. Em muitas partes do mundo, o piado
agudo da coruja é considerado mau presságio, às vezes mesmo o
anúncio da morte. Além do mais, as corujas, como pássaros noturnos,
são há muito associadas com a bruxaria, o que
com certeza apavora algumas pessoas.
No entanto, houve culturas que
reverenciavam esse pássaro. O símbolo de
Atenas era uma coruja, e isso porque havia
muitas delas na região. Havia um ditado
antigo: “Não mande corujas para Atenas”,
significando fazer algo inútil. Hoje em dia, uma frase similar seria:
“Vender geladeiras para esquimós”, já que os esquimós
obviamente não precisam de geladeiras.
Mas, como Atenas era um centro de conhecimento, as corujas
também se tornaram símbolo de inteligência. Eram o símbolo de
Minerva, a deusa romana da sabedoria (derivada da deusa grega Palas
Atenas, protetora de Atenas).
DEMENTADORES
Chocolate, um santo remédio contra dementadores
Como todo fã de Harry Potter sabe, dementadores são criaturas
mágicas letais. Eles não têm rosto e vestem mantos longos, que cobrem
inteiramente seu corpo “cinzento, de aparência viscosa e coberto de
feridas”. Dementadores “esgotam a paz, a esperança e a felicidade do ar
à sua volta” (Azkaban).
A explicação de Rowling
Em uma entrevista, Rowling confirmou que os dementadores
representam a doença mental conhecida como depressão: “É
exatamente o que eles são. Foi uma coisa inteiramente consciente e
totalmente tirada da minha experiência. A depressão foi a coisa mais
desagradável que vivenciei. É uma impossibilidade de imaginar que você
algum dia será uma pessoa alegre novamente. A
ausência de esperança. Um sentimento de apatia muito
diferente da tristeza. A tristeza machuca, mas é um
sentimento saudável, uma coisa necessária. Depressão é
outra história.”
Não podemos deixar de notar que o remédio utilizado para
minimizar os efeitos provocados pelos dementadores é o chocolate, que
os médicos dizem ser capaz de fazer com que as pessoas deprimidas se
sintam mais animadas. O chocolate produz alguns efeitos semelhantes
aos dos remédios receitados pelos médicos. E, como não podia deixar de
ser, chocolate parece ser a cura ideal para a maior parte dos males no
mundo de Harry.
DEMÔNIOS DA CORNUALHA
Qual é o truque preferido dos duendes?
Duendes são agitados espíritos domésticos que aparecem nas
lendas do sudoeste da Inglaterra, que inclui a Cornualha. Na maioria das
histórias, vestem roupas verdes e um chapéu pontudo. Possuem traços
juvenis e muitos têm o cabelo ruivo. J. K. Rowling se afasta da tradição
ao descrevê-los, em A Câmara e em Animais Fantásticos, como
“azuis-elétricos com cerca de oito polegadas de altura”.
No folclore, duendes costumam agir de modo semelhante aos
elfos domésticos do mundo de Harry. Podem ser muito úteis, mas basta
que ganhem uma peça de roupa de presente para desaparecerem. No
entanto, diferentemente dos elfos domésticos, que ficam felizes por
fazerem todo o trabalho, os duendes não costumam facilitar a vida dos
preguiçosos.
Duendes adoram dançar à luz do luar. Também costumam retirar
cavalos dos estábulos para galopar durante a noite inteira. Só os
devolvem pela manhã, exaustos e cheios de misteriosos nós na crina.
Mas sua brincadeira preferida é fazer com que viajantes se
percam nas estradas. Por isso, na Inglaterra, sempre que alguém está
confuso ou desnorteado, dizem que foi “guiado por um duende”. O
feitiço desorientador pode ser quebrado se a vítima tirar o casaco e
tornar a vesti-lo pelo avesso.
Desviar viajantes do caminho é um truque também usado por
outro espírito inglês mencionado em Azkaban-, hinkypunk. Como ele é
mais parecido com uma nuvem esfumaçada do que uma pessoa sólida,
também é chamado de Will o' the Wisp.
Veja também:
Bicho-papão
Animais fantásticos
DRAGÕES
Qual é a criatura digna de um rei?
O dragão (do latim draco, como Draco Malfoy) é provavelmente a
criatura mágica mais conhecida da literatura. Perigoso e apavorante, ele é
o adversário mais desafiador que um herói pode encontrar pela frente. O
crítico literário John Clute observa que nas histórias antigas “quem mata
um dragão vira rei”. Por isso, o dragão foi o símbolo escolhido por
muitos soberanos reais ou imaginários. Um deles foi o legendário rei
Artur, cujo sobrenome, Pendragon, significa “cabeça do dragão” ou
“líder dragão”. Seu capacete dourado era decorado com um dragão.
No entanto, como alguns heróis descobriram, dragões são
freqüentemente criaturas mal compreendidas. Eles costumam ser
assustadores, mas também podem ser benevolentes.
Não leve em conta apenas as aparências
A maioria das pessoas teme dragões por causa de
sua aparência. Esta descrição do ano 600 não deixa
dúvidas:
O dragão não é apenas a maior de todas as serpentes: é o maior
ser vivo sobre a face da Terra. Ele tem o rosto pequeno e narinas
estreitas, que usa para respirar e expelir fogo. Se for retirado da caverna
onde vive, ele arremete com tal fúria, que o ar estremece à sua volta. Sua
força não está nos dentes, mas na cauda, capaz de produzir maiores
estragos do que suas mandíbulas. Dragões não são venenosos, mas não
precisam de veneno para matar qualquer coisa que se aproxime deles.
Nem mesmo um elefante, com todo o seu tamanho, estaria seguro.
Dragões crescem no calor escaldante da Etiópia e da Índia.
É fácil perceber por que o dragão sempre está
associado à destruição. A idéia remonta a
milhares de anos. No Novo Testamento, Deus
alerta: “Vou transformar Jerusalém em ruínas e
num covil de dragões, as cidades da Judéia ficarão
desoladas, sem nem um habitante.”
Dragões britânicos
Dragões estão presentes na maior parte das lendas da terra de
Harry. Por exemplo, eles prenunciaram um dos mais importantes
momentos da história britânica. De acordo com a crônica oficial, o ano
de 793 “começou com agourentos sinais por toda a Nortúmbria (um dos
sete reinos britânicos da época), levando o pânico à população. Grandes
faixas de fogo atravessavam o firmamento e flamejantes dragões eram
vistos voando pelos céus com um apetite ameaçador. Pouco tempo
depois, em 8 de junho do mesmo ano, a igreja de Lindisfarne (um
vilarejo no litoral) foi destruída por impiedosos salteadores que
roubaram e assassinaram sem nenhum pudor”. Os “impiedosos
salteadores” eram os nórdicos da Escandinávia. De acordo com a
profecia, a decoração de seus navios lembrava a figura de dragões. Eles
dominaram as ilhas britânicas por centenas de anos.
Não por coincidência, o santo padroeiro posteriormente adotado
pela Inglaterra foi São Jorge, conhecido matador de dragões,
simbolicamente derrotando os forasteiros. Em A Rainha
das Fadas, famoso poema escrito no reinado de Elizabeth I,
o poeta Edmund Spenser descreve o dragão confrontado
pelo “Cavaleiro da Cruz Vermelha”:
Seu corpo era monstruoso, horrível e imenso,
Inflado pela fúria, envenenado e impenetrável.
Como uma couraça de aço, um escudo tenso
Feito de escamas de bronze cobria seu couro,
E nem golpes de espada nem lanças de ouro
Poderiam assaltar tal fortaleza.
Suas asas eram como as velas de um navio,
Um espaço onde o vento se avolumava e ganhava impulso.
Sua longa cauda serpenteava como um rio
Que jazia ondular toda a extensão de seu dorso.
Salpicada de escamas vermelhas e negras,
Ela varria o chão às suas costas, e trazia
Na ponta dois ferrões afiados como aço.
A boca escancarada e já vazia
Mostrava a mandíbula voraz.
Como se fosse as portas do inferno,
Deixava à mostra três fileiras de dentes de ferro
Sujos com o sangue e as vísceras frescas
Dos corpos que acabara de devorar.
O lado bom dos dragões
Nem sempre dragões são inimigos dos humanos. Especialmente
na Ásia, eles costumam ser benévolos - embora, às vezes, um pouco
autoritários. Mas o mais importante é que simbolizam o espírito de
liderança.
O calendário asiático é dividido em ciclos de doze anos, e a cada
ano corresponde um animal. Pessoas nascidas no ano do Dragão são
tidas como líderes naturais e conseguem combinar a força de vontade
com uma natureza generosa.
Na secunda metade do século XX, os anos do Dragão no calendário
asiático corresponderam aproximadamente aos anos de 1952, 1964, 1976, 1988 e
2000 do calendário ocidental.
O que tem dentro da cabeça de um dragão?
Há quem diga que uma pedra mágica, chamada draconita, pode
ser encontrada dentro da cabeça dos dragões. “Ela é retirada do cérebro
dos dragões, mas deve ser extraída enquanto ele ainda está vivo. De
outra forma, a dureza de pedra se desfaz juntamente com a vida do
dragão. Homens muito corajosos e audaciosos procuram os
esconderijos onde os dragões dormem. Ficam espreitando até que saiam
para se alimentar e, passando por eles com a maior rapidez possível,
jogam ervas dormideiras. Quando o dragão cai no sono, estes homens
retiram a pedra da cabeça do dragão e, com o prêmio por sua temerária
empreitada em mãos, aproveitam as honras proporcionadas por sua
audácia. Os reis do Oriente usam essas pedras, embora sejam tão duras
que não se consegue gravar nada em sua superfície. Elas possuem uma
alvura pura e natural.”
Nas lendas antigas, o sangue do dragão também era mágico. Por
isso, na figurinha de Dumbledore, que vem dentro dos sapos de
chocolate, entre seus feitos mais conhecidos se encontra a descoberta do
décimo segundo uso para o sangue de dragão.
DRUIDAS
Quem foram os primeiros magos ingleses?
Existiam feiticeiros na Grã-Bretanha há muito tempo antes da
fundação de Hogwarts. Os primeiros magos eram conhecidos como
druidas (como a druida Cliodna, das figurinhas dos sapos de chocolate
que Harry tanto aprecia). O nome tem origem celta e quer dizer
“conhecimento do carvalho”. Eles formavam a classe de estudiosos e
letrados na Grã-Bretanha e na Gália (atual França).
Os druidas atuavam como sacerdotes, professores e juízes.
Também se reuniam anualmente onde hoje é a cidade francesa de
Chartres para debater questões genéricas e resolver controvérsias.
O imperador romano Júlio César, que conquistou a Gália e a
Bretanha e registrou tudo o que descobriu sobre as novas terras, disse
que os druidas “conhecem profundamente as estrelas e os movimentos
celestiais, o tamanho da Terra e do universo, a natureza essencial das
coisas e os poderes e autoridade dos deuses imortais. Contam todas
essas coisas para seus discípulos”.
O treinamento de um druida podia levar mais de vinte anos.
Como César sugeriu em seu texto, o aprendizado incluía poesia,
astronomia, filosofia e religião.
Os druidas veneravam diversos deuses da natureza —
acreditavam em uma força religiosa que impregnava todas as coisas
vivas. Também acreditavam na imortalidade e na reencarnação. Seus
rituais incluíam sacrifícios de animais e talvez até mesmo de humanos.
De acordo com o relato de César, eles criavam enormes esculturas feitas
com galhos e ramos de árvores, colocavam pessoas dentro e tocavam
fogo. No entanto, alguns estudiosos questionam essa versão, alegando
que César pretendia desmoralizar os druidas por despeito, já que eles
resistiram fortemente à invasão romana.
Veja também:
Feiticeiros
DUENDES
Por que os duendes são bons banqueiros?
Não sendo tão amistosos quanto os elfos, nem mais espertos do
que os gnomos, os duendes do mundo de Harry se rebelaram contra os
bruxos diversas vezes, no passado. A paz entre os dois lados é um tanto
tensa, e de fato os bruxos ainda não aceitam de todo os duendes.
O bom, o mau e o feio
Em inglês, a palavra gobelin, que significa duende, vem do grego
kobalos, que significa errante. A mesma palavra produziu o alemão kobold
ou kobolt e o francês gobelin. Eles geralmente não assombram sequer uma
única família ou casa, mas são dados a vagar pelo mundo.
Há vezes em que os duendes são retratados mais como criaturas
trabalhadoras do que malvadas - muito afeitos à mineração e a trabalhos
com metais, por exemplo. Seus primos, os hobcfoblins,
também são mais inclinados a praticar travessuras do que
maldades. Puck, “aquele alegre errante noturno” da peça de
Shakespeare Sonho de uma Noite de Verão, é o melhor exemplo
deles.
Alguns são conhecidos por praticarem o bem. Muito antes de ter
escrito Uma História de Natal, Charles Dickens escreveu A História dos
Duendes que Roubaram um Sacristão, uma história de Natal na qual duendes
mostram a um homem chamado Gabriel Grub - “um homem de maus
ímpetos, antipático, ríspido; sujeito rabugento e solitário, que não se
entendia com ninguém a não ser consigo mesmo” — o erro de manter
seu modo de ser:
Sentado sobre uma lápide vertical, junto a ele, estava uma
estranha figura. Gabriel imediatamente soube que ela não pertenceria a
este mundo. Suas pernas longas e fantásticas, que alcançariam o solo,
estavam dobradas para cima e cruzadas de um modo exótico e
extraordinário. Seus braços com tendões saltados estavam nus e as mãos
repousavam sobre os joelhos. Seu corpo era pequeno e roliço, e ele
vestia um casaco apertado fechado, ornamentado com pequenos cortes;
um manto pendia de suas costas; o colarinho terminava em curiosas
pontas, que ali estavam no lugar de uma gola ou xale,- e seus sapatos
eram curvados para cima, na altura dos polegares dos pés, fazendo
longas pontas. Sobre a cabeça, ele vestia um chapéu alto com aba larga e
em formato de um bolo.
Para afastar duendes, havia pessoas que costumavam espalhar sementes de
linhaça pelo chão da cozinha. Por alguma razão, os duendes sentiam-se compelidos a
catar as sementes - uma tarefa extremamente tediosa. O duende rapidamente desistiria
e iria procurar diversão em outro lugar.
O chapéu estava recoberto de neve e o duende parecia que estava
sentado ali, naquela lápide, muito confortavelmente, haveria duzentos
ou trezentos anos. Perfeitamente imóvel, com a língua para fora, como
se estivesse debochando de alguém, ele sorria para Gabriel Grub com
um daqueles sorrisos dos quais só um duende é capaz.
— Receio que meus amigos estejam querendo você, Gabriel! —
disse o duende, impelindo a língua ainda mais para fora da boca... E era
mesmo uma língua espantosa. - Receio que meus amigos estejam
querendo você, Gabriel - repetiu o duende.
Como os fantasmas de Lim Conto de Natal, que precisaram
ensinar a Scrooge o significado do Natal, os duendes mostraram a
Gabriel que o mundo não era tão ruim quanto parecia.
No entanto, os duendes são retratados com mais freqüência
como aparecem no poema de Christina Rossetti, Mercado dos Duendes:
Não devemos olhar para os duendes,
Não devemos comprar suas frutas:
Quem sabe em que solo cresceram
Suas raízes sedentas e famintas!...
Suas ofertas não devem nos tentar,
Seus presentes maléficos só nos fariam mal.
Nas crônicas da Terra-Média de J. R. R. Tolkien, os duendes são
chamados de Ores. Robert Foster, um estudioso de Tolkien, chamou-os
de “uma raça cruel”. Segundo ele, “cresceram sob o desprezo dos elfos
e, como os elfos, eram ferozes guerreiros e não morriam de causas
naturais. No entanto, em tudo o mais eram bastante diferentes... Eles
odiavam tudo que fosse belo, e amavam matar e destruir”.
Os duendes de J. K. Rowling parecem ser um meio-termo entre
o Bem e o Mal. Esse equilíbrio fez deles perfeitos guardiões para o
Banco de Gringotes, uma tarefa que exigiria que fossem tanto confiáveis
quanto impiedosos.
Veja também:
Bicho-papão
Demônio da Cornualha
Trasgos
Veelas
DUMBLEDORE
Se Dumbledore é tão poderoso, por que não luta com Voldemort?
Oficialmente, Alvo Dumbledore é apenas o diretor de Hogwarts.
Mas sabe-se que, no mundo mágico, seu papel é muito mais importante.
Ele é o único feiticeiro, além de Harry, a quem Voldemort teme, e um
dos poucos que pronunciam seu nome sem temor. Embora tenha sido
escolhido para ocupar o Ministério da Magia, preferiu permanecer em
Hogwarts, onde atua discretamente como conselheiro do ministro
Cornélio Fudge.
Alto e magro, Dumbledore usa longos cabelos e barba até a
cintura. Tem um grande nariz aquilino, sobre o qual equilibra um par de
óculos em forma de meia-lua. A figurinha que o retrata nos sapos de
chocolate informa que ele é “considerado por muitos o maior bruxo dos
tempos modernos”, e não faltam títulos para prová-lo: a Ordem de
Merlim (Primeira Classe), Grande Feiticeiro, Chefe dos Bruxos,
Suprema Independência, Confederação Internacional dos Bruxos.
Um bruxo à moda antiga
Dumbledore é um bruxo tradicional. Pode-se facilmente
confundi-lo com Merlim ou Obi-Wan Kenobi de Guerra nas Estrelas.
Gandalf, o bruxo criado por J. R. R. Tolkien em O Senhor dos Anéis,
poderia ser seu irmão gêmeo. “Os longos cabelos brancos, sua vasta
barba prateada e seus ombros largos deixavam-no parecido com os
sábios reis das lendas antigas. Em seu rosto envelhecido, sob espessas
sobrancelhas brancas, os olhos escuros pareciam pedaços de carvão
prestes a incendiar-se.” A descrição é incrivelmente parecida com a cena
de O Cálice em que Dumbledore percebe que Barty Crouch Jr. havia
tomado o lugar de Olho-Tonto Moody: “Havia uma fúria gelada em
cada ruga daquele rosto velho, e ele irradiava uma aura de poder como se
Dumbledore desprendesse um calor de brasas vivas.”
Por que não procurar Voldemort?
De acordo com Rowling, Dumbledore “é particularmente
famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das trevas em 1945”.
Como foi o mesmo ano em que a Inglaterra e aliados derrotaram Hitler e
outros inimigos da democracia na Segunda Guerra Mundial, podemos
tomar isso como uma dica que o confronto entre Dumbledore e
Grindelwald foi algo realmente grande. Neste caso, Dumbledore deve
ser um adversário muito poderoso.
Por que, então, ele permite que Harry se arrisque enfrentando
Voldemort? Ele não teria poder suficiente para encontrar o Lorde das
Trevas e acabar com ele de uma vez por todas?
Olhos de criança
Não é tão fácil quanto parece. Apesar de toda sua sabedoria e
habilidade, Dumbledore é apenas humano.
Costumamos vê-lo através dos olhos de Harry: alguém que sabe
tudo e pode fazer qualquer coisa. Ele é o pai ideal - coisa especialmente
importante para Harry, cujos pais foram mortos e cujo padrinho está
foragido. Para Harry, que conhece apenas a versão dos livros de história,
os feitos de Dumbledore parecem impossíveis de serem ultrapassados.
No entanto, Harry tem muitas dúvidas acerca das próprias habilidades.
Mas é claro que Dumbledore é apenas humano. O que alguém
poderia esperar de uma pessoa que gosta de música de câmara, boliche e
drops de limão? Quando era jovem, ele deve ter tido as mesmas dúvidas
de Harry - ou até piores. Os livros registram apenas uma parte da
história, e as figurinhas uma parte ainda menor! Sabemos que
Dumbledore erra, como errou ao contratar Gilderoy Lockhart como
professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. Se ele realmente soubesse
tudo, teria adivinhado as intenções de Lockhart. Mas não se pode
esperar que ninguém saiba tudo.
É possível, e mesmo provável, que Dumbledore tenha um grande
plano bem arquitetado para derrotar Voldemort. Essa hipótese poderia
muito bem desembocar em um duelo entre os dois, como prelúdio para
o confronto final entre Voldemort e Harry. Seja como for, ele parece
conhecer mais segredos do que já revelou até agora, e só vai divulgar
suas intenções quando julgar conveniente. Só para citar um exemplo, ele
ainda não revelou como Voldemort sabia que era tão importante matar
Harry, muito embora ele ainda fosse um bebê de apenas um ano.
Seja qual for o papel de Dumbledore nessa história toda, é certo
que será fundamental para a maturidade de Harry vê-lo como um ser
humano, falível como qualquer outro, apesar de ser tão venerado. Só
assim Harry será capaz de ver sua própria personalidade e seus feitos
como igualmente admiráveis.
DURMSTRANG
Por que os alunos de Durmstrang viajam de navio?
Durmstrang é uma das duas escolas de mágica na Europa
continental. Sua localização exata é mantida em segredo, mas
provavelmente fica em algum lugar na parte nordeste da Europa, a julgar
pelos uniformes — combinando com as túnicas de “vermelho-sangue
escuro”, os alunos vestem casacos de “pele, bastante felpudos” - e pelos
nomes tipicamente russos do diretor Igor Karkaroff e de estudantes
como Poliakoff.
Tempestade e ímpeto
O nome da escola é uma brincadeira com a expressão em alemão
Sturm und Drang (tempestade e ímpeto), que se refere a uma literatura
dedicada à grandeza, ao espetáculo, à rebeldia. Tratava-se de uma
importante tendência da literatura alemã do século XIX. A figura
principal do movimento foi Johann Wolfgang von Goethe, cuja obra
mais famosa, Fausto, descreve o drama de um homem que firmou um
pacto com o demônio, semelhante ao pacto que Karkaroff, um antigo
Comensal da Morte, fez com Voldemort.
Outro artista do movimento, o compositor Richard Wagner,
escreveu diversas óperas sombrias, uma delas baseada na famosa
história do navio-fantasma O Holandês Voador. Esse navio foi
amaldiçoado e sua condenação consistia em vagar interminavelmente
pelos oceanos, tudo porque seu capitão, num acesso de fúria durante
uma tempestade, renunciou a Deus.
O mal de sangue puro
Durmstrang é uma escola muito diferente de Hogwarts.
Enquanto em Hogwarts os alunos aprendem apenas Defesa Contra as
Artes das Trevas, os alunos de Durmstrang têm aulas de Magia Negra
propriamente dita. (Isso ocorre por influência do diretor Karkaroff, um
antigo Comensal da Morte.) Por razões semelhantes, Durmstrang “não
aceita alunos de sangue impuro”, de acordo com Draco Malfoy, cujo pai
é um admirador da doutrina de Durmstrang e está pensando em mandar
Draco para lá. Essa devoção a um conceito maldoso e questionável de
pureza combina bem com o nome da escola. Os artistas do movimento
Sturm und Drang, Wagner especialmente, eram os preferidos do governo
nazista alemão, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas
eram obcecados por matar todos aqueles que não se encaixassem em sua
definição de puro-sangue germânico.
Richard Wagner, compositor que se identificava com o movimento Sturm
und Drang, também escreveu uma série de óperas sobre um feiticeiro chamado
Alberico que, como Harry, tinha uma capa da invisibilidade.
Ocidente versus Oriente?
As diferenças entre Hogwarts e Durmstrang refletem também
uma longa animosidade entre países do Ocidente e do Oriente.
Hogwarts, sob a direção de Dumbledore, é um bom exemplo das
tradições democráticas do Ocidente. Durmstrang é um lugar mais rígido,
formando feiticeiros nos quais não se pode confiar - exatamente como a
Europa Oriental tem sido vista pelos estrangeiros. É bastante
significativo que, ao final de O Cálice, ambos os lados reconheçam que
suas desconfianças devem ser postas de lado para poderem enfrentar o
inimigo comum.
Veja também:
Feiticeiros
Alberico Grunnion
EGITO
De onde vem a magia?
Quando a família de Ron Weasley faz uma viagem para o Egito,
em Azkaban, Hermione confessa: “Estou morrendo de inveja. Os
magos do antigo Egito me fascinam.” Ela, provavelmente, concordaria
com inúmeros estudiosos que consideram o Egito como a fonte original
de todo o conhecimento mágico.
A magia e a religião egípcia
Os hieróglifos - figuras que os antigos egícios
usavam como escrita — registram que a magia e a religião
egípcia estavam intimamente ligadas. Os deuses egípcios,
diferentemente dos deuses de outras culturas, confiaram
aos seres humanos o saber mágico. (Só para comparar: na
mitologia grega, o herói Prometeu - cujo nome quer dizer
pensar à frente - teve de enganar os deuses para dar aos
homens o fogo, que representa a vida e o conhecimento.)
De acordo com a religião egípcia, a magia foi criada
na forma de uma deusa, Heka, logo depois da criação do
mundo. O nome
Heka, de fato, deu origem à palavra magia. Isso depois de a
palavra ter passado pelo grego, quando ganhou um grafia e uma
pronúncia própria, tornando-se mageia, que resultou na palavra que hoje
se usa em português: magia.
Um outro deus egípcio, Thoth, estava ainda mais associado à
magia. Ele dominava as artes da cura - sempre ligadas à feitiçaria nas
culturas antigas -, assim como a astronomia e a matemática. Com
freqüência, era representado carregando uma pena de escrever. Dizia-se
que ele havia escrito livros secretos sobre alquimia e ciência. Um desses
livros estaria supostamente encerrado numa caixa de ouro, guardada
num esconderijo no interior de um templo secreto.
THOTH, DEUS EGÍPCIO, MOSTRAVA SEU CONHECIMENTO DE MACIA EM LIVROS.
Feitiços egípcios
Os egípcios levavam encantamentos e feitiços a sério.
Acreditavam no poder das palavras mágicas, capazes de concretizar em
ações o significado das palavras. Algumas vezes, essas palavras eram
dirigidas a figuras de cera ou argila, que representavam a pessoa ou a
coisa à qual o feitiço era destinado. Os encantamentos eram geralmente
usados para curar, mas também havia quem os utilizasse para praticar o
mal. Havia um bruxo, Webaaner, que diziam ter transformado um
pequeno crocodilo de argila num animal vivo diante da corte. A besta
assassina matou o amante da rainha adúltera, e a seguir o bruxo a fez
voltar à forma original. Um outro personagem, misto de bruxo e
sacerdote, tomou o poder graças à sua capacidade de “comandar todos
os reis pelo poder da magia”. Ele afundava barquinhos representando as
armadas de seus inimigos, fazendo com que os verdadeiros navios
naufragassem também.
O DEUS OSÍRIS
ERA QUEM JULGAVA OS MORTOS.
No entanto, a magia egípcia estava mais preocupada com as
coisas sagradas do que com riquezas materiais. De acordo com um texto
da época: “Aquele que é um sacerdote entre os viventes... pratica o bem
sem buscar recompensa. Um mestre como esse vive uma existência
realmente piedosa.”
Escaravelhos
O Egito é também a origem dos escaravelhos, uma espécie de
besouro que os alunos de Hogwarts conhecem da Aula de Poções.
Os escaravelhos são chamados de besouros de estéreo porque juntam
estéreo e fazem com ele pequenas bolotas, onde depositam seus ovos.
No antigo Egito, essa operação de rolar o estéreo para lhe dar forma
esférica era tida como símbolo do movimento do Sol. Acreditava-se que
era o deus-escaravelho Kephera (Khepri) quem empurrava o Sol,
atravessando os céus.
Os escaravelhos também podiam simbolizar a imortalidade.
Amuletos com entalhamentos representando escaravelhos eram
colocados sobre o coração das múmias de modo a prepará-las para a
jornada da vida após a morte. Escaravelhos são ainda hoje um tema
comum em jóias.
UM DESENHO EGÍPCIO DE UM ESCARAVELHO (COM ASAS) EMPURRANDO UMA BOLA QUE
REPRESENTAVA O SoL
Veja também:
Sirius Black
Fawkes
ESFINGE
Por que a Esfinge faz uma pergunta a Harry?
Durante a terceira tarefa do Torneio Tribruxo, em O Cálice,
quando Harry vai se aproximando do centro do labirinto, encontra a
esfinge - “uma criatura extraordinária”, parte leão, parte mulher, com
“olhos amendoados”. Ela lhe diz: “Você está muito próximo do seu
objetivo. O caminho mais curto é passando por mim.” Mas, em vez de
lutar contra a esfinge, como faria se fosse um dragão, ele precisa
responder a uma pergunta.
Origens egípcias
A esfinge é uma criatura que tem sua origem na mitologia egípcia.
A enorme figura da Grande Esfinge, no deserto de Giza, Egito,
construída aproximadamente em 2500 a.C, comprova a origem remota
da criatura e sua importância. Milhares de esfinges menores foram
construídas por todo o Egito, vez por outra com a cabeça na forma de
um pássaro predador.
A estranha forma da esfinge e sua postura enigmática a tornaram o próprio
símbolo do mistério. William Shakespeare perguntou, certa vez : “O amor não seria...
tão sutil como uma esfinge?” (Trabalhos de Amor Perdidos, ato IV, cena 3.)
Nos mil anos que sucederam a construção da Grande Esfinge, as
lendas sobre a criatura migraram para a Grécia. Lá, ela era descrita como
um ser alado.
A esfinge de Tebas
Uma esfinge originária das lendas gregas tornou-se
particularmente conhecida. Ela foi enviada pela deusa Hera para punir
Laio, o rei de Tebas, que havia raptado um rapaz. Essa esfinge desafiava
os viajantes que passavam pela estrada para Tebas com um enigma
dividido em três partes, semelhante ao que Harry tem de resolver:
Que animal caminha sobre Quatro patas
pela manhã, Duas ao meio-dia E três à noite?
A nenhum viajante era permitido voltar atrás sem dar a resposta,
e a esfinge matava todos que respondessem incorretamente. Certo dia,
um jovem chamado Édipo aproximou-se dela. Ele era o filho de Laio, e
seu herdeiro, mas, assim como Harry, ignorava sua origem nobre. Édipo
demonstrou sua excepcional inteligência ao decifrar o enigma: “O
homem engatinha sobre seus joelhos e mãos na primeira infância, anda
ereto quando crescido; e, já idoso, caminha com o auxílio de uma
bengala.” Uma vez derrotada, a esfinge matou-se.
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Animais fantásticos
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ESPELHOS
Por que os espelhos são mágicos?
Por milhares de anos, o folclore dos bruxos fez referência a
espelhos. Nos tempos antigos, era muito caro fabricar espelhos. E isso
fazia deles peças muito raras, que tinham o poder de causar surpresa e
espanto. De acordo com algumas lendas, os espelhos eram ferramentas
do demônio, usados para capturar as almas, da mesma forma como
capturavam imagens. Na Idade Média, os bruxos consultavam os
espelhos, nos quais viam o futuro e a resposta para questões
importantes. A isso se chamava perscrutação.
O espelho mágico mais famoso da literatura é sem dúvida o da
Rainha Má, em Branca de Neve. Mas existem muitos outros. Numa das
histórias de As Mil e uma Noites, um gênio dá ao príncipe Alasnam um
espelho que lhe revelaria se poderia confiar ou não em alguém por quem
estivesse apaixonado. Num poema inglês da época elisabetana, The Faerie
Queen, Merlim cria um espelho para o rei Ryence com poderes
semelhantes:
O grande Mago Merlim criou,
Com seu grande saber e temível poder infernal,
Uma superfície de vidro espantosamente polida.
Esse espelho revelava, sem enganos,
Todo ser ou coisa que existisse
Que quem o contemplasse desejasse encontrar.
Fosse qual fosse o mal, de amigo ou inimigo,
Ao olhar, tudo era por ele revelado.
Esse espelho é muito parecido com o descrito por um outro
famoso poeta britânico, que viveu três séculos antes de Spenser.
Geoffrey Chaucer - um dos primeiros poetas a escrever em inglês - criou
uma longa série de histórias chamadas Os Contos de Canterbury, cada uma
delas narrada por um diferente personagem ficcional, em peregrinação a
um santuário de Canterbury, Inglaterra. Numa das histórias, “O Conto
do Escudeiro”, um espelho é dado a um rei chamado Cambinskan pelo
rei da Arábia e da índia:
Esse espelho
Tem tal poder, que nele podem os homens ver
Quando está para lhes ocorrer alguma adversidade,
A vós e a vosso reino também,
E revelar quem é seu amigo e quem é inimigo.
Mais do que isso, se alguma bela dama
Por algum cavaleiro se enamorar,
Se falso ele se mostrar, sua traição ela enxergará.
Portais mágicos
Assim como recurso mágico para fazer profecias, os espelhos são
freqüentemente portais para outros mundos, como aquele imaginado
por Lewis Carroll nas aventuras de Alice em Do Outro Lado do Espelho:
– Espere aí, Gatinha, pare um pouco de falar que eu vou dizer a você o que eu
acho da Casa do Espelho. Primeiro, tem o quarto onde você pode ver através do
espelho - é o mesmo que este nosso quarto aqui, acontece apenas que as coisas
estão ao contrário... Vamos fazer de conta que tenha uma maneira de ir para
aquela sala. Uma maneira qualquer, Gatinha. Faz de conta que o espelho, de
repente, ficou macio como gaze para a gente poder atravessá-lo. Ora, veja só,
está se formando uma espécie de neblina nele. Juro que está. Vai ser fácil
atravessá-la. - Ao dizer isso, ela estava de pé no alto da lareira, embora mal
soubesse como havia ido parar lá. E não havia erro... O vidro do espelho
começava a dissolver-se, transformando-se numa névoa brilhante.
O Espelho de Ojesed
Os espelhos são, principalmente, reflexos de nós mesmos, para o
Bem e para o Mal. É por isso que podem se tornar perigosos. O Espelho
de Ojesed em A Pedra é um bom exemplo deste tipo de espelho. “Era um
magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura em talha
dourada.” No seu topo havia a seguinte inscrição: “Oãça rocu esme
Ojesed osamo tso rueso ortso moãn”, o que evidentemente é o reflexo
no espelho de: “Não mostro o seu rosto mas o desejo em seu coração.”
E o que poderia ser melhor do que isso? Muita coisa, aparentemente,
quando damos atenção ao que Rony diz a Harry: “Dumbledore tinha
razão. Aquele espelho podia deixar você maluco.”
A estudiosa de bruxaria Rosemary Ellen Guiley descobriu certa vez
instruções sobre como fabricar um espelho mágico nos escritos de
Alberto Magno, um bruxo da Idade Média-. “Compre um espelho e
escreva sobre ele-. 'S.Solam S.Tatler S.Echogordner Gematur'. Enterre-o
numa encruzilhada em uma hora ímpar. No terceiro dia, vá para esse
lugar, a mesma hora, cave e retire-o de lá — mas não seja a primeira
pessoa a olhar nesse espelho. E sempre melhor deixar
um cachorro ou um gato olhar primeiro.”
Embora o Espelho de Ojesed seja a “chave para encontrar a
Pedra Filosofal”, representa também um teste para o caráter das
pessoas. A vaidade e o egoísmo -motivações básicas para se olhar o
espelho - são características que facilmente corrompem qualquer um.
Como apenas as pessoas dotadas de virtudes raras merecem realizar seus
desejos, somente aqueles que olham no espelho e vêem os outros (como
quando Harry vê seus pais nele) ou vêem a si mesmos praticando um ato
desprendido (como impedir que a Pedra caia nas mãos de Voldemort)
irão receber aquilo que mais querem.
John Dee (1527-1608), um dos magos favoritos da rainha Elizabeth
da Inglaterra, costumava usar o espelho para jazer profecias.
FAWKES
Qual dos personagens é imortal?
Quando as aventuras de Harry começam, em A Pedra, os
personagens mais velhos são Nicolas e Perenelle Flamel, ambos com
mais de seiscentos anos. Mas eles são privados de sua imortalidade
quando a Pedra Filosofal é destruída. No entanto, outro importante
personagem pode ser realmente imortal: a fênix Fawkes, mascote de
Dumbledore. A fênix é um pássaro mágico. Vive por muitos séculos -
alguns dizem que por mais de quinhentos anos. O poeta latino Ovídio
escreveu:
Quantas criaturas sobre a Terra
Tiveram sua primeira existência sob outra forma?
No entanto, existe uma que é como sempre foi,
Renascida sempre, como se não tivesse idade, no decorrer dos anos.
E o pássaro assírio ao qual chamam fênix.
Ele não come as sementes comuns, nem folhas,
Mas bebe do suco das ervas mais raras, com sua ardência adocicada.
Quando completa quinhentos anos de existência,
Carrega seu ninho para o alto de uma palmeira ondulante
E, com delicadeza e capricho, suas garras preparam o leito
Com cascas de árvore e especiarias, mirra e canela,
E morre enquanto a fumaça do incenso carrega sua alma para o alto.
Então, do seu peito — assim conta a lenda —,
Uma pequena fênix se ergue
Para viver, assim dizem, outros quinhentos anos.
A criatura sagrada, quase sempre descrita como sendo vermelha
e dourada, era conhecida como benu, no antigo Egito, onde se originou.
Era um importante símbolo da cidade de Heliópolis (a Cidade do Sol). No
Livro dos Mortos egípcio, um texto sagrado escrito mais ou menos em
2000 a.C, a fênix proclama: “Sou a guardiã do livro das coisas que são e
das coisas que virão a ser “
Nos hieróglifos egípcios, a fênix representa a passagem do tempo
e permanece até hoje como um símbolo de imortalidade. Muitos
escritores usam a fênix como um símbolo de amor imortal e de lealdade.
Em The Canonization, John Donne, poeta do século XVII, escreve para
sua esposa:
O enigma da fênix guarda ainda mais sabedoria
Para nós, nós dois, sendo um, somos o que ela é.
Assim, numa única criatura cabem ambos os sexos,
Morreremos e renascemos os mesmos, e provamos do
Mistério por meio deste amor.
“Quando o pássaro fantástico morre, a fênix-fêmea, suas cinzas se
reproduzem criando seu novo herdeiro, tão admirável quanto ela mesma fora...”
William Shakespeare, Henrique VIII. (Ato V, cena 2.)
O nome de Fawkes
O nome Fawkes está ligado à lenda da fênix - embora a história
tenha sido um pouco modificada. Obviamente, a criatura recebeu seu
nome por causa de Guy Fawkes, líder de uma famosa tentativa de
atentado que tinha como objetivo explodir o prédio do Parlamento
Inglês, em 5 de novembro de 1605. A Gunpowder Plot (a Conspiração da
Pólvora), como foi chamada, seria deflagrada com a rebelião dos
católicos ingleses que, na época, eram perseguidos. Os conspiradores
esconderam trinta e seis barris de pólvora nos subterrâneos da Casa dos
Lordes, mas havia tantos conspiradores que o plano acabou chegando
aos ouvidos das autoridades, que prenderam e executaram muitos deles
(piorando ainda mais a situação dos católicos). Na Inglaterra, 5 de
novembro é o Dia de Guy Fawkes, celebrado com fogueiras, como a
pira funeral da fênix.
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Sirius Black
Egito
FLAMEL
O verdadeiro Flamel foi um alquimista bem-sucedido?
Como muitos fãs de Harry Potter sabem, Nicolas Flamel existiu
de verdade. Nasceu nas cercanias de Paris, por volta de 1330, e tentou
diversas carreiras - poeta, pintor, escrivão público - antes de se dedicar à
astrologia. Segundo seu relato, em 1357 foi visitado em sonhos por um
anjo que lhe mostrou um livro e disse: “Flamel, olhe este livro. Nem
você nem qualquer outro conseguirão entendê-lo, mas chegará o dia em
que você verá nele algo que ninguém mais será capaz de ver “ No dia
seguinte, ele encontrou aquele mesmo livro na barraca de um vendedor
de livros de rua, em oferta por um preço baixíssimo, já que ninguém era
capaz de entender o que estava escrito. Com grande esforço e a ajuda de
um estudioso em idiomas que sabia ler o hebraico, Flamel decifrou o
texto, que parecia ser um manual de transmutação de metais básicos em
ouro.
Infelizmente, as instruções pediam um ingrediente
especial - uma pedra filosofal ; mas não explicavam do que se
tratava. Por muitas décadas, Flamel tentou encontrar a
misteriosa substância. Em 17 de janeiro de 1 383, de
acordo com suas memórias:
Finalmente, encontrei o objeto de minhas buscas e reconheci-o por seu forte
cheiro: com ele, consegui enfim concluir o rito mágico. Aprendi a preparar o primeiro
agente e depois precisei apenas seguir meu livro, palavra por palavra. Da primeira vez
que executei a operação, trabalhei com mercúrio e transmutei algo em torno de setecentos
gramas na prata mais pura, de melhor qualidade do que a
prata extraída das minas. Testei os resultados muitas e
muitas vezes. Mais tarde, no vigésimo quinto dia de abril,
completei a operação com a pedra-vermelha, trabalhando
com a mesma quantidade de mercúrio, quando transmutei-o
em uma quantidade igual de ouro.
Este ouro era evidentemente superior às amostras mais comuns do metal.
Consegui completar três vezes a operação mágica com a ajuda de (minha esposa)
Pernelle.
Essa descrição - o “forte cheiro” - levou outros alquimistas a
acreditar que a pedra filosofal era enxofre. Mas não se conhece ninguém
que tenha conseguido reproduzir o processo.
De acordo com a história, Flamel morreu em 1410, poucos anos
depois de Pernelle. No entanto, alguns de seus seguidores acreditam que,
além de conseguir produzir ouro, Flamel produziu o Elixir da Vida, que
proporcionava a imortalidade. Muitos dizem que, graças a esse elixir,
Flamel e sua esposa continuam vivos até hoje.
No mundo de Harry, pelo menos, essa crença se mostrou
verdadeira. No começo de A Pedra, Flamel e sua esposa estão vivos e
muito bem de saúde, apesar de terem quase 660 anos de idade.
Infelizmente, quando a pedra é destruída, o elixir não pode mais ser
produzido e assim ambos acabam morrendo.
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Alquimia
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Bruxos
FLORESTA
Por que a floresta próxima a Hogwarts é proibida?
A floresta é uma das ambientações que os escritores mais gostam
de criar, e a Floresta Proibida, próxima a Hogwarts, tem todas as
qualidades que se pode esperar de algo do gênero. A natureza ali é
selvagem, domina o lugar, em contraste com os lugares civilizados,
como Hogwarts e a vila de Hogsmeade. Dentro dela vivem criaturas
mais antigas do que a espécie humana, como o unicórnio. Da mesma
forma, assim como há um conhecimento na natureza que os seres
humanos sempre tentaram compreender - como a sabedoria dos deuses
da natureza adorados pelos druidas; é na Floresta Proibida que os
segredos são guardados e os mistérios podem ser desvendados.
Em A Pedra, Voldemort mata um unicórnio, e isso indica a Harry
que o bruxo está por perto. Em A Câmara, Harry e Rony seguem as
aranhas até a floresta e encontram Aragogue, que lhes dá pistas sobre o
monstro que está atacando Hogwarts.
Assim como as demais florestas da literatura, a Floresta Proibida
de Rowling é também um lugar perigoso, onde uma pessoa pode perder
não só seu rumo mas também seu senso de identidade. Contudo, as
florestas podem oferecer refúgio, e são o lar de espíritos com
conhecimentos especiais sobre a natureza e a arte da cura. Hagrid, por
exemplo, não tem medo algum da Floresta Proibida. E, se algum dia
Harry precisar de um lugar para onde fugir de Voldemort, facilmente
encontrará abrigo na floresta, entre os seus habitantes, que dificilmente
representariam ameaça para ele.
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Centauros
Druidas
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Unicórnios
FOFO
Por que Fofo pertencia a um “sujeito grego”?
Fofo é o mascote de Hagrid e passou a ser o guardião da pedra
mágica de Nicolas Flamel, depois que ela foi retirada do Banco de
Gringotes: “Um cachorro monstruoso, que ocupava todo o espaço entre
o teto e o piso. Tinha três cabeças. Três pares de olhos que giravam
enlouquecidos,- três narizes, que franziam e estremeciam farejando-os; e
três bocas babosas.”
Hagrid comprou Fofo de um “sujeito grego” que encontrou
num pub. E isso faz sentido porque Fofo é, de fato, a criatura da
mitologia grega conhecida como Cérbero. E, originalmente, era mesmo
um sentinela, já que lhe cabia guardar a entrada do Hades, o mundo
subterrâneo, onde as almas dos mortos passavam a eternidade. Seu
trabalho era manter os vivos do lado de fora e devorar qualquer um que
tentasse escapar.
Cérbero e Hércules
Cérbero desempenha um papel de destaque em um famoso mito
grego, a história dos doze trabalhos de Hércules. O herói Hércules,
enganado pela deusa Hera, foi levado a cometer crimes horrendos. Seu
castigo foi se tornar servo de um rei de segunda categoria por doze
anos. O rei exigiu de Hércules o cumprimento de doze tarefas, todas
elas consideradas impossíveis. A maior parte delas consistia em capturar
ou matar algumas feras das mais malignas, como a Hídra, uma criatura
de várias cabeças. O último trabalho, considerado o mais difícil, foi
capturar Cérbero, trazendo-o do seu posto de guarda, os portões do
Hades, e apresentando-o diante do rei. Espantosamente, Hércules
conseguiu cumprir sua missão, bastando para isso usar sua força bruta.
Cérbero e a música
Um outro personagem levou a melhor sobre Cérbero, mas não
graças a seus músculos. Foi Orfeu, um talentoso músico que,
corajosamente, desceu ao mundo subterrâneo para resgatar sua amada,
Eurídice. Sem a força de Hércules, ele tocou a sua lira para amansar
Cérbero. E funcionou. Assim, ele foi capaz de passar pela criatura e
trazer Eurídice para fora. E por isso que o tal sujeito grego disse a Hagrid
que a música poderia amansar Fofo.
CÉRBERO, SEGUNDO UMA ILUSTRAÇÃO FEITA POR VOLTA DÊ 1500.
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Centauro
Esfinge
GÁRGULA
Que outro membro da turma de Draco tem nome de dragão?
Assim como o nome de Draco vem da palavra latina para dragão,
Gregório Goyle soa como gárgula, o monstro que se esconde perto dos
telhados de alguns prédios. Não tão conhecida é a origem do nome:
Gargouille, uma serpente semelhante a um dragão, de origem francesa.
O Gargouille teria vivido no rio Sena. Expeliria água com enorme
força, virando barcos e inundando as margens do rio, na região rural. St.
Romain, o arcebispo de Rouen, na França, usou um criminoso
condenado como isca para atrair o monstro
para fora do rio e subjugou-o com o
sinal-da-cruz. Levou-o então até a cidade,
onde os habitantes o chacinaram.
Mais tarde, artesãos passaram a
esculpir imagens da criatura nas calhas que
construíam para jogar as águas das chuvas
para longe das paredes dos prédios.
Veja também:
Malfoy
Nomes
GIGANTES
Todos os gigantes são cruéis?
A maioria dos humanos - provavelmente sem motivo -acredita
que os gigantes são tão perigosos e cruéis quanto grandes. Seja qual for a
verdade, eles têm sempre uma vida difícil.
Os primeiros gigantes
Os primeiros gigantes pertenceram à mitologia grega. Nasceram
quando o sangue de Urano (o Céu) se derramou sobre Géa (a Terra). Os
gigantes lutaram contra os deuses do Olimpo - Zeus, Hera, Apolo e
outros - e foram derrotados com a ajuda de Hércules, que os deuses
chamaram para defendê-los. Depois de vencidos, foram sepultados por
debaixo das montanhas que, então, se tornaram vulcões.
Uma outra raça de gigantes gregos míticos era conhecida como
ciclopes. Eram monstros que possuíam um único olho e foram criados
pelos relâmpagos de Zeus. No poema épico de Homero, A Odisséia, o
herói Ulisses e seus homens têm um encontro com um ciclope e só
escapam a muito custo.
OS CICLOPES DO MITO GREGO.
Tanto essas raças de gigantes como as que se seguiram são
conhecidas por serem cruéis e comerem carne humana.
Gigantes ingleses
Entre os gigantes mais recentes, a lenda de dois deles, Gog e
Magog, se espalhou pelo mundo, mudando um pouco em cada lugar.
Na Inglaterra, a história sobrevive na forma de duas grandes estátuas,
em Guildhall, Londres. Elas foram erguidas no século XV, e diz-se que
retratam a última raça de gigantes destruída pelo legendário fundador de
Londres. As estátuas, muito populares, foram substituídas duas vezes:
depois do Grande Incêndio, em 1666, e depois de um ataque aéreo na
Segunda Guerra.
Uma lenda inglesa ligeiramente diferente combina os dois
gigantes num único monstro, chamado Gogmagog, que teria vivido
perto da Cornualha. Nessa versão, um bravo soldado atira o gigante de
um penhasco, que até hoje é chamado de O Pulo do Gigante. Outro
legendário gigante inglês, Gargântua, ficou famoso, no século XVI,
como o personagem principal das aventuras cômicas escritas pelo
francês François Rabelais.
Em dois dos primeiros livros da Bíblia, o Gênesis e Ezequiel, Magog é o
nome do lugar de origem de Gog. Num livro posterior, Revelações, Magog aparece
como a segunda criatura ou força que se junta a Gog na tentativa de destruir o
mundo.
De acordo com algumas lendas, ele foi empregado do rei Artur
e conseguiu derrotar Gog e Magog.
Gigantes e magia
De acordo com o historiador Geoffrey de Monmouth,
Stonehenge, o misterioso círculo de enormes pedras encontrado no sul
da Inglaterra, tem sua origem nos gigantes da Irlanda. Segundo seu
relato, Artur pediu a Merlim um conselho sobre a construção de um
memorial de guerra. O mago respondeu:
Se você quiser adornar o solo onde estão enterrados esses homens com um
monumento que dure para sempre, mande trazer o Anel dos Gigantes, que está no
Monte Killaraus, na Irlanda. Lá existe uma construção de pedra que homem nenhum
da nossa era poderia erguer, a não ser que combinasse uma habilidade especial à sua
arte. As pedras são enormes e não há ser vivo forte o bastante para movê-las. Se forem
colocadas ao redor desse sítio, na mesma posição em que foram erguidas lá, ali ficarão
para sempre...
Na peça de Shakespeare, Como Gostares, Rosalinda pergunta
ansiosamente à sua amiga Caia sobre um jovem: “O que ele disse? Qual é a
aparência dele? Para onde ele já viajou? Ele perguntou por mim? Onde ele está
agora? E quando você vai revê-lo? Responda-me tudo em uma única palavra.” Célia,
sem hesitar, replica “Então, primeiro você precisa me dar a boca de Gargântua,
porque tal palavra seria grande demais para a boca de alguém deste nosso tempo.”
(Ato III, cena 2.)
Essas pedras estão ligadas a um ritual religioso secreto e possuem
propriedades medicinais. Muitos anos atrás, os gigantes as trouxeram
dos remotos confins da África e as colocaram na Irlanda, na época em
que viviam naquela região. Sempre que se sentiam doentes, despejavam
água sobre as pedras e preparavam um banho curativo com essas águas.
Além do mais, misturavam essa água com poções de ervas, que usavam
para ajudar a cicatrizar seus ferimentos. Não há nenhuma pedra ali que
não possua virtudes medicinais.
Como Geoffrey nos conta, o rei aceitou o conselho de Merlim e
mandou que trouxessem as pedras à sua presença.
Não é segredo para ninguém
No mundo de Harry, a maioria dos bruxos tem preconceito
contra gigantes. Hagrid jamais contou a ninguém que sua mãe era a
giganta Fridwulfa por se preocupar como seria a reação dos outros. Pela
mesma razão, a diretora de Beauxbatons, madame Olímpia Maxime,
reluta tanto em admitir que é meio-gigante. Mas qualquer um com bom
senso poderia adivinhar isso, só pelo seu nome. Olímpia refere-se aos
gigantes originais do Olimpo, e Maxime quer dizer “máximo” ou “muito
grande” em francês.
Geoffrey de Monmouth, como a maioria dos historiadores antigos, dava
crédito às histórias que escutava. Por isso, sua história da Inglaterra mistura lendas
com fatos comprovados.
GRIFOS
Qual a criatura que domina tanto os céus quanto a terra?
A casa de Harry, Griffindor (na tradução em português,
Grifinória), literalmente significa “grifo de ouro” (em francês, or quer
dizer ouro). É um nome bastante apropriado para uma casa
caracterizada pela coragem e pela virtude.
Os grifos são criaturas mágicas, parte leão, parte águia. São
originários da índia, onde guardavam imensos tesouros em peças de
ouro. No século III, um historiador chamado Aelian escreveu:
Ouvi dizer que o animal indiano chamado grifo é um quadrúpede, como um
leão, que possui garras de enorme força que lembram as garras do leão. As pessoas
contam que o animal tem asas, que as penas ao longo de seu dorso são negras e as do
peito são vermelhas, enquanto as das asas são brancas. E Ctsesias (um historiador
grego) relata que o pescoço do grifo é coberto de penas de um azul mais escuro, que ele
tem o bico de uma águia, assim como a cabeça, exatamente como
alguns artistas o retrataram em pinturas e esculturas. Seus
olhos, diz ele, são como fogo.
Ele constrói sua toca no topo das montanhas. Embora
não seja possível capturar um animal adulto, alguns caçadores
já conseguiram apanhar filhotes. Os grifos lutam com outros animais e os vencem com
facilidade, mas nunca confrontam o leão ou o elefante.
O significado dos grifos
Os grifos fazem parte da literatura e da mitologia há doze
séculos. Daquela época até hoje, seu significado mudou muito. O
estudioso Hans Biedermann explica:
Um animal fabuloso, simbolicamente significativo por dominar tanto os céus
quanto a terra, graças a seu corpo de leão e sua cabeça e asas de águia. Na Grécia, o
grifo simbolizava a tenacidade vigilante. Apolo costumava montar um animal dessa
espécie, e os grifos eram responsáveis pela guarda do ouro da Hiperbórea (uma região
mítica onde o sol brilharia ininterruptamente e a felicidade não cessaria, localizada
“para além do vento norte”). O grifo também
incorporava Nêmesis, a deusa da vingança, e era
quem girava a sua Roda da Fortuna. Nas
lendas, a criatura era o símbolo da superbia
(orgulho extremo, arrogância) porque dizia-se
que Alexandre, o Grande tentara voar montado
em grifos para alcançar os confins dos céus.
No início, o grifo foi retratado como uma figura satânica que armava ciladas
para aprisionar as almas dos homens. No entanto, mais tarde tornou-se o símbolo da
dupla natureza (humana e divina) de Jesus Cristo, precisamente pelo seu domínio dos
céus e da terra. A associação com o Sol tanto da águia quanto do leão favoreceu essa
interpretação positiva do mito. O grifo, por conseqüência, tornou-se o adversário das
serpentes e dos basiliscos, já que ambos eram tidos como encarnações de demônios.
Nos últimos mil anos, o grifo mostrou-se a figura mais constante
dos brasões de família. Um especialista em heráldica diz: “O grifo é
muito popular porque, aparentemente, possui inúmeras virtudes e
nenhum vício. Entre essas virtudes destacam-se a nobreza, a coragem e a
força.” E essas são exatamente as qualidades incorporadas pelo
fundador de Hogwarts, Godric Gryffindor, e pelos membros da Casa
Grifinória.
Veja também:
Animais fantásticos
Hipogrifos
GRINDYLOWS
Por que os pais se preocupam com os grindylows?
Os grindylows são demônios da água, tirados das lendas da região
inglesa chamada Yorkshire. J. K. Rowling os apresenta em Azkaban:
“Um bicho de cor verde-bile, com chifrinhos pontiagudos, comprimia a
cara contra o vidro, fazendo caretas e agitando os dedos longos e
afilados.”
Essa criatura perigosa gosta de viver em lagos, onde é mais fácil
apanhar e arrastar para o fundo crianças desavisadas que se aproximam
da beira dágua. Em Lancashire, o mesmo demônio é conhecido como
Jenny Greenteeth (Jenny Dentes-Verdes). Em outras partes da Inglaterra, é
também chamado de Nellie Long-Arms (Nelly Braços-Longos). Um
parente do grindylow, Peg o' the Well (Peg do Poço), assombra os poços de
água.
Carol Rose, uma especialista em demônios e espíritos, chama os
grindylows de “bichos-papões, descritos com exagero por babás vigilantes
e pais preocupados, com o objetivo de evitar que seus filhos morram
prematuramente em acidentes nesses lugares perigosos”. Mas, quando
Harry mergulha no lago de Hogwarts para salvar Rony, durante a
segunda tarefa do Torneio Tribruxo, o grindylow que agarra sua perna e
seu manto parece bastante real para o garoto.
Veja também:
Kappas,
Lula Gigante,
Sereianos
HIPOGRIFOS
Qual é a criatura mágica menos verossímil?
Bicuço, o hipogrifo que surgiu pela primeira vez em Azkaban, é
mais do que uma simples criatura mágica. Com a cabeça de ave e as patas
dianteiras de um grifo num corpo de cavalo, os hipogrifos, sem dúvida,
são uma combinação muito estranha. E essa foi justamente a intenção
do homem que os imaginou, no século XVI, um escritor com bastante
senso de humor.
Certa vez, para enfatizar a impossibilidade de um certo episódio,
o poeta romano Virgílio disse que tal coisa só ocorreria “quando um
grifo cruzasse com um cavalo”. A frase ficou famosa. Por muitos
séculos, foi usada como hoje usamos “no dia em que os porcos criarem
asas”.
Ludovico Ariosto, poeta italiano do início do século XVI,
lembrou-se da frase quando estava escrevendo Orlando, o Furioso, história
épica sobre os cavaleiros de Carlos Magno, rei que dominou quase toda a
Europa no século IX. Decidido a finalmente criar o ser impossível de
Virgílio, ele inventou o hipogrifo (Hipo é a palavra grega para “cavalo”.)
De acordo com Ariosto, o hipogrifo seria originário dos montes
Rifaina, “para além dos mares congelados”. A criatura aparece na
história quando a corajosa sobrinha de Carlos Magno, Bradamante,
procura por seu amado, um cavaleiro chamado Rogério. Bradamante
encontra Rogério, que está aprisionado por um feiticeiro que usa a
estranha criatura como montaria. Poucas pessoas haviam visto um
hipogrifo até então. Após derrotar o feiticeiro e libertar Rogério,
Bradamante tenta se aproximar do animal:
Desceram a montanha até o local onde o encontro ocorrera. Encontraram o
hipogrifo, com o escudo mágico no envoltório, pendurado na bolsa lateral da sela.
Bradamante adiantou-se para tomar os arreios e pareceu que o hipogrifo esperaria por
ela. No entanto, antes que ela chegasse, ele estendeu suas asas e voou em direção a uma
elevação próxima, e fez a mesma coisa na segunda tentativa, outra vez frustrando os
esforços da moça.
Rogério e os outros cavaleiros libertados espalharam-se pela planície em volta
e pelo topo das elevações, tentando capturá-lo. Finalmente, o animal permitiu que
Rogério se aproximasse o suficiente para segurá-lo pelo bridão. O destemido Rogério
não hesitou em montá-lo, e suas esporas aguilhoaram o animal de tal maneira que,
depois de galopar por uma curta distância, de repente esticou as asas e elevou-se no céu.
Bradamante sofreu a dor de ver seu amor arrebatado quase imediatamente após tê-lo
reencontrado. Rogério, que não sabia como cavalgar o animal, foi incapaz de direcionar
o vôo. Viu-se carregado para o pico de montanhas tão altas que mal podia distinguir,
lá embaixo, a terra da água.
O hipogrifo tomou a direção do oeste e
cortou os ares com a rapidez de um navio novo
singrando as ondas, impulsionado por ventos mais
frescos e favoráveis.
Em outro episódio da história, um
cavaleiro diferente, Astolfo, atravessa o
mundo montado no mesmo hipogrifo:
O falcão e a águia pairam nos ares com menos liberdade. Sobre a selvagem
terra da Gália, o guerreiro voou dos Pireneus até o Reno, de mar a mar. A caminho
de Aragão, passou por Navarra, deixando as pessoas lá embaixo abismadas com tal
visão. Então, atravessou Castela, Galícia, Lisboa, Sevilha e Córdoba. Não deixou de
explorar nenhuma região do litoral ou do interior da Espanha.
Do Atlântico aos extremos do Egito, fez a volta sobre a África e retornou.
Marrocos, Fez e Oran,- olhando para baixo, viu a nobre Biskra, Tunes, Trípoli,
Bernícia e Ptolomita, e das terras asiáticas seguiu para o Nilo.
Astolfo acabaria cavalgando o hipogrifo até chegar ao Paraíso.
Posteriormente, em sinal de respeito, ele o libertou. E por isso que
podemos entender por que J. K. Rowling diz em Animais Fantásticos que
o hipogrifo “é hoje encontrado em todos os lugares do mundo”.
Veja também:
Animais fantásticos
Grifo
HOGWARTS
Por que alguém iria para uma escola onde tem uma Sonserina?
O escritor Pico Iyer, que freqüentou duas antigas escolas
britânicas - a Dragon School e a Eton -, diz que “muita coisa no universo
de Harry Potter parece familiar”:
Lá estão todos os rituais que eu recordo tão vividamente quanto drops de
limão: a lista criptografada de instruções que chegava de repente pelo correio,
descrevendo o que deveríamos — e o que não deveríamos — levar para a escola (o
objetivo de todas aquelas regras não era tanto manter a ordem, mas forçar a
obediência), a peregrinação por velhas lojas empoeiradas, com antigos nomes de família
- New & Lingwood ou Alden & Blackwell -, nas quais homens idosos nos vendiam
os itens do uniforme da escola e do material requerido, assim como fizeram com nossos
pais e com os pais deles,- o trem especialmente reservado pela escola, que estaria
esperando por nós em alguma estação de Londres e nos transportaria diretamente para
nossas células. Uma vez cerradas as portas, com um estalido, às nossas costas, nos
encontraríamos dentro de uma nova realidade onde as regras comuns não tinham
qualquer valor...
Talvez seja possível dizer que, quanto mais estranhos são os detalhes no
mundo de Rowling, mais eles se aproximam de algo tão banal para nós quanto
mingau de aveia. Harry joga quadribol, um jogo peculiar cujas bolas são goles, balaços
e o pomo; tínhamos três esportes brutais, que não eram praticados em nenhuma outra
escola, sendo que no mais selvagem deles havia barreiras e reta-guardas e nenhum gol
havia sido oficialmente assinalado desde 1909. Na escola de Harry,
inexplicavelmente, “o corredor do terceiro andar do lado direito está proibido”; em
Eton, era proibido andar num dos lados da estrada principal que levava à cidade (por
razões que não eram reveladas). Quanto aos fantasmas, comíamos,
dormíamos e estudávamos cercados de bustos e de retratos e das
assinaturas na mesa que vinham de (primeiros-ministros britânicos)
Gladstone, Wellington, Pitt e Elder.
Mas algumas pessoas dizem que Hogwarts é diferente da maioria
dos internatos. É uma escola onde se tem prazer de estar: a comida é
deliciosa, e Harry dorme numa cama de quatro colunas. É tolerante:
mesmo que a desobediência possa custar à casa do aluno a perda de
alguns pontos, os professores são indulgentes. E, acima de tudo,
Dumbledore a torna um lugar onde prevalece a justiça.
Então, sendo uma escola tão gostosa, o que a Casa Sonserina está
fazendo lá? Aparentemente, não há um problema sequer que não seja
causado por um aluno da casa fundada por Slytherin (sly em inglês
significa “matreiro”, “trapaceiro”, “enganador”). E parece também que
não há um único aluno decente na casa. Tudo indica que sua filosofia foi
expressada por Quirrell, em A Pedra: “Não existe bem nem mal, só existe
o poder, e aqueles que são demasiado fracos para o desejarem.”Salazar
Slytherin, um dos fundadores de Hogwarts - a casa recebeu o nome em
sua homenagem -, era tão desonesto que chegou a construir a Câmara
Secreta sob a escola sem contar para os demais. Então, não seria mais
lógico se livrarem da Sonserina?
Faz sentido que Harry inicie seu ano escolar com o embarque no Expresso
de Hogwarts. Afinal, J. K Rowling teve a idéia para as histórias durante uma
viagem de trem.
Na verdade, isso seria o oposto da filosofia de J. K. Rowling. A
presença dos alunos da Sonserina em Hogwarts indica bem quais são as
idéias dela sobre bem e mal.
Dentro das paredes de Hogwarts, a liderança de Dumbledore
gerou um ideal atraente. O mal não deve ser afastado medrosamente,
nem mesmo enfrentado com força e coragem. Deve ser contraposto
pela compaixão. Mais de uma vez, Dumbledore já demonstrou sua forte
crença na possibilidade de recuperação de bruxos corrompidos pelo mal.
Cada um dos quatro fundadores de Hogwarts tem qualidades
individuais que formam um todo equilibrado. Mesmo a ambição de
Slytherin pode ser direcionada para o bem, uma vez contrabalançada
com as características demonstradas pelas outras casas. É parte da
realidade, parte de todo indivíduo - assim como Harry tem um pouco de
Voldemort em si. Tentar eliminar isso seria tolo e, também, impossível.
Veja também:
Durmstrang
KAPPAS
Qual a criatura que não pode inclinar a cabeça?
Em Azkaban, Harry fica conhecendo os kappas, “assustadores
seres da água que parecem com macacos escamosos”. Eles são
mencionados de novo em Animais Fantásticos.
J. K. Rowling não inventou os kappas. Como está dito em
Animais Fantásticos, eles são demônios da água tirados das lendas
japonesas. (Em Azkaban, o professor Snape comete um equívoco ao
ensinar à turma de Harry que “os kappas são mais comumente
encontrados na Mongólia”) Assim como os grindylows, que vivem perto
de Hogwarts, os kappas vivem em lagos e rios, e capturam pessoas,
arrastando-as para a água. Também são conhecidos como Kawako, que
significa “filho do rio”.
A descrição feita em Animais Fantásticos, mesmo que soe estranha,
é fiel à lenda. Alguns kappas podem ser mórbidos o bastante para
apreciar o sabor do sangue. No entanto, um ser humano pode escapar de
um kappa explorando a principal fragilidade da criatura. Toda a sua
energia é tirada de uma reentrância, com o formato de um pires, no alto
da cabeça, que deve permanecer cheia de água. Então, se alguém
curvar-se diante do kappa, polidamente, cumprimentando-o, ele será
obrigado a retribuir o gesto. Nisso, a água escorre e o kappa se vê
derrotado. Do mesmo modo, por alguma razão há muito esquecida, os
kappas apreciam pepinos tanto quanto gostam de sangue humano. Dar
pepinos de presente a um kappa pode conquistar a sua amizade e levá-lo
a revelar importantes segredos medicinais.
Veja também:
Grindylows
Animais fantásticos
Sereianos
LABIRINTOS
Por que a terceira tarefa se passa em um labirinto?
A terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo se passa dentro de
um labirinto especialmente construído para tal propósito. Dentro dele,
os competidores encontram um bicho-papão, uma esfinge, um
explosivim, uma aranha gigante e uma névoa dourada que vira todos de
cabeça para baixo. No centro de tudo está a Taça Tribruxo.
O labirinto de Creta
O labirinto é a figura central de um dos mais conhecidos mitos
gregos sobre a prova de habilidade de um herói - a história de Teseu e do
Minotauro. O labirinto foi construído na ilha de Creta por Dédalo,
provavelmente o maior gênio-inventor do seu tempo. Foi criado para
abrigar o mascote do rei Minos - um monstro comedor de gente com
corpo de homem e cabeça de touro, conhecido como Minotauro.
O MINOTAURO, DE UM VASO DO SÉCULO V A.C.
Naquele tempo, Creta dominava Atenas, que era forçada a pagar
um tributo anual de sete rapazes e sete moças a Creta. Todos os anos,
esses desafortunados jovens eram atirados dentro do labirinto, do qual
ninguém escapava, e terminavam sendo devorados pelo Minotauro. Em
determinado ano, Teseu, filho do rei de Atenas, foi incluído entre os
jovens entregues a Creta. Ocorreu entretanto que a filha de Minos,
Ariadne, apaixonou-se por ele antes que fosse atirado no labirinto. Para
salvar a sua vida, ela lhe deu uma espada para matar o monstro e um
carretei de linha para marcar o caminho, de forma que ele pudesse
retornar por onde tinha ido e encontrar de novo a saída.
Embora Teseu tenha sido extremamente ingrato a Ariadne,
depois de seu triunfo no labirinto tornou-se um dos maiores reis de
Atenas.
Veja também:
Centauros
Fofo
LATIM
Qual é o idioma mais importante para os bruxos?
Diferentemente de muitas escolas, Hogwarts, aparentemente,
não enfatiza o aprendizado de idiomas estrangeiros, pelo menos não nos
primeiros anos. Mas existe uma língua com a qual, desde o primeiro ano,
os estudantes vivem esbarrando: o latim. Muitos encantamentos, feitiços
e maldições são nada mais do que palavras em latim que expressam o
efeito desejado. Por exemplo, lumos, a palavra mágica que faz uma luz
aparecer na ponta da varinha mágica dos bruxos, vem da palavra em
latim que significa “luz”. Nox, a palavra para apagar essa mesma luz, em
latim significa “escuridão”. O latim é usado também em outros lugares.
Por exemplo, Olho-Tonto Moody, tempos atrás, foi um Auror, um
policial cujo trabalho era levar os bruxos malvados à justiça. Em latim,
“aurora” é outra palavra para “luz” (nascer do dia), e assim Auror é um
nome perfeito para quem luta contra as trevas. Também o lema de
Hogwarts é em latim: Draco dormiens nunquam titillandus (“Nunca
provoque um dragão adormecido”). J. K. Rowling, pessoalmente, disse
certa vez: “Gosto de imaginar os bruxos usando essa língua morta
como se ela ainda estivesse viva.”
Os historiadores dizem que o exemplo mais antigo de latim são quatro
palavras gravadas num alfinete para capas do século VII ou VI a.C, elas
identificavam o dono da casa.
E de fato faz sentido que o latim seja tão importante. Depois
que os romanos conquistaram a Europa (a Inglaterra, inclusive), há cerca
de dois mil anos, o latim tornou-se uma língua geral, que poderia ser
usada em qualquer lugar do império. Os estudiosos confiavam nisso
para assegurar que seu trabalho poderia ser compartilhado amplamente.
O latim foi também a língua do primitivo cristianismo. Por muitos
séculos, a maioria dos livros somente era escrita em latim, já que toda
pessoa instruída sabia latim.
Latim para bruxos
Não tente fazer isso em casa!... O ministério prescreve que três maldições são
“imperdoáveis” e qualquer bruxo que as praticar contra um ser humano será punido
com uma sentença de prisão perpétua em Azkaban. São elas Crucio, que causa dor
extrema (crucio, em latim, quer dizer tortura, suplício). Impero, que coloca a vítima
sob controle total do bruxo (impero significa uma ordem ou comando) e Avada
Kedavra, a Maldição Mortal. (Veja-. Avada Kedavra.)
Aqui estão algumas palavras mágicas que vêm do latim:
Accio: Encanto de chamamento. Do latim accio, “chamar”,
“convocar”.
Aparecium: Faz a escrita em tinta invisível aparecer. De appareo,
“tornar-se visível”, “aparecer”.
Maldição de Conjunctivitius: Prejudica a visão alheia. De
conniugo, “reunir”, “ligar”. Os olhos têm um tecido conectivo chamado
conjuntiva. Quando esse tecido infecciona-se, a pessoa pega conjuntivite,
ficando com os olhos vermelhos.
Deletrius: Faz as coisas desaparecerem. De deleo, “deletar”,
“apagar”, “destruir”.
Densaugeo: Faz com que algo cresça incontrolavelmente.
Talvez venha de denso, “engrossar”. (Draco Malfoy lança este feitiço
contra Harry, mas ele ricocheteia e acerta Hermione nos dentes).
Diffindo: Separa coisas. De diffindo, “separar”, “dividir”.
Dissendium: Abre coisas, tais como a estátua da feiticeira que
guarda a passagem secreta entre Hogwarts e Honeydukes. De dissiedo,
“ser separado”.
Enervate: Revigora coisas. (Curiosamente, esta palavra mágica
tem um efeito exatamente oposto ao que seu semelhante significa em
latim e em inglês. Em inglês, enervate quer dizer “enfraquecer”, e sua raiz
latina, enervo, significa o mesmo. Nenhuma das duas palavras significa
energizar.)
Expecto Patronum: Produz um patronus (um guardião). De
expecto, “expelir”; e patronus, “guardião”, “protetor”.
Expelliarmus: Desarma o oponente. De expello, “expelir”,
“soltar”, e arma, “arma”.
Feitiço Fidélius: Deposita um segredo numa pessoa de
confiança. Defidelus, “fiel”, “confiável”, “digno de confiança”.
Finite Incantatem: Termina outros encantamentos. De finite,
“fim”, e incantatem, “palavra mágica ou feitiço”.
Impedimenta: Detém uma pessoa ou alguma coisa. De
impedimentum, “impedimento”, “obstáculo”.
Incêndio: Feitiço usado para fazer fogo. É comumente usado
para incendiar lareiras antes que o pó-de-Flu possa ser usado para
transporte dos bruxos. De incendia, “fogo”.
Obliviate: Faz uma pessoa esquecer. De oblivio, “esquecer”.
Petrificus Totalus: Imobiliza uma pessoa. De petra, “pedra”.
Prior Incantatem: Revela o feitiço que foi executado
imediatamente antes por uma varinha mágica. De prior, “prévio”; e
incantatem, “encantamento”, “feitiço”.
Rictusempra: Cócegas. De ríctus, “uma risada”, “sorriso”.
Riddikulus: Faz alguma coisa parecer engraçada. Usado para
afugentar um fantasma. De ridiculus, “ridículo”, “engraçado”.
Ruparo: Conserta coisas. De reparare, “consertar”.
Vigardium Leviosa: Faz coisas saírem voando. De levis, “leve”
(como na palavra levitar, “fazer flutuar no ar”).
Muitas palavras em inglês — as estimativas variam de 30 a 60% delas - têm
raízes no latim.
Uma das regras básicas da magia diz que, para lançar um feitiço, não basta
pronunciar algumas palavras. O importante é a maneira como o feitiço é dito - por
exemplo, o grau de autoconfiança pode ter grande influência. Conjurar um feitiço
pode requerer um enorme esforço e muita energia. Assim, o poder do feiticeiro é
também fator importante.
Veja também:
Malfoy
Nomes
LULAS GIGANTES
Quais criaturas da vida real ainda intrigam os cientistas?
No lago de Hogwarts vive uma criatura do mundo real que é tão
misteriosa quanto qualquer fera mágica. E ela não é intrigante por ser
pequena. Pelo contrário, é o maior invertebrado da face da Terra. É a
lula gigante, que vive em águas tão profundas e distantes de qualquer
litoral, que nenhum ser humano até hoje já viu um espécime vivo.
A Architeuthis, como é chamada pelos cientistas, pode alcançar o
comprimento de vinte e dois metros. Seus olhos, maiores do que os de
qualquer outro animal, são plenamente adaptados à pouca luz das
profundezas em que vive. A luz do sol não chega até lá, mas algumas
criaturas carregam elementos químicos em seus corpos que as fazem
brilhar na escuridão. O autor de ficção científica francês Júlio Verne
colocou uma lula gigante em sua novela Vinte Mil Léguas Submarinas. A
criatura atacou o submarino elétrico da história, o Nautilus:
Diante dos meus olhos estava um monstro horrendo, merecedor de figurar
entre as lendas das maiores maravilhas existentes. Era um imenso molusco, de mais
de sete metros de comprimento. Veio nadando de encontro ao Nautilus, em grande
velocidade, nos fitando com aqueles enormes olhos verdes. Seus oito braços, fixados à
sua cabeça — que deram o nome de cefalópode a esse animal —, eram duas vezes mais
compridos do que o corpo e retorciam-se como a cabeleira das Fúrias. Era possível
observar duzentos e cinqüenta ventosas no lado interno dos tentáculos. Na boca do
monstro havia um bico de textura óssea curvado, como o de um papagaio, que se abria
e fechava num movimento vertical. Sua língua, parecida com um tentáculo, mostrava
várias fileiras de dentes afiados, e surgiu estremecendo por entre aquele verdadeiro par
de tenazes.
Verne seguia uma longa tradição ao tornar a lula gigante uma vilã.
Mas, revirando pelo avesso nossas expectativas em relação a monstros, a
lula gigante de J. K.. Rowling é bastante afável. Quando Denis Creevey
cai no lago, em O Cálice, a lula o salva e o coloca de volta no bote.
MALFOY
Por que os nomes dos Malfoy combinam tanto com eles?
JK. Rowling deve ter se divertido muito ao escolher os nomes
dos vilões Malfoy. Cada um desses nomes é repleto de significados e
histórias.
O nome da família vem do latim maléficas-, alguém que faz mal
aos outros. Na Idade Média, a palavra era usada para referir-se a bruxas,
cujos atos malvados eram também chamados de maleficia (malefícios). A
estudiosa de bruxaria Rosemary Ellen Guiley escreve: “Em sua definição
mais estrita, maleficia significava danos causados à colheita, doença ou
morte de animais. Num sentido mais amplo, incluía qualquer coisa
negativa que acontecesse a uma pessoa: perda de um amor, tempestades,
insanidade, azar, problemas com dinheiro, infestação de piolhos, e
mesmo a morte. Se um morador de um vilarejo resmungasse alguma
ameaça ou rogasse uma praga contra alguém e ocorresse qualquer
contratempo ou desgraça com essa pessoa - maleficia. Se a curandeira
local administrasse um remédio contra alguma doença e o paciente
piorasse ou morresse - maleficia. Se uma chuva de granizo destruísse a
colheita, se as vacas parassem de dar leite ou o cavalo começasse a
mancar - maleficia.” Um dos primeiros livros sobre feitiçaria e
encantamento, o mais importante desse tempo, era intitulado Malleus
Maleficarum (O martelo da feiticeira). Publicado em 1486, foi escrito por
dois caçadores de bruxas para ajudar outras pessoas a caçarem bruxas.
Em 1484, os autores do Malleus Maleficarum receberam do Papa
Inocêncio VIII instruções para levarem a julgamento as bruxas na Alemanha.
Por duzentos anos, foi o livro mais popular depois da Bíblia. A
palavra em latim foi preservada em muitas línguas. Por exemplo,
maleficent em inglês está definido como nocivo, pernicioso, seja em
intenção ou em efeito. Em português, malefício tanto é um dano, um
prejuízo, quanto uma palavra diretamente associada à bruxaria. Em
francês, Mal foi quer dizer “má-fé” (mentira, intenção de enganar ou de
prejudicar).
Draco é um nome com duplo significado em latim. Quer dizer
tanto “dragão” quanto “serpente”. (Muitas línguas usam a mesma
palavra para ambos.) Portanto, não surpreende que Draco Malfoy tenha
sido colocado na Sonserina.
O pai de Draco é Lúcio Mafoy - um nome que lembra Lúcifer, um
dos nomes do diabo. Isso combina bem com Lúcio, um poderoso
Comensal da Morte.
A mãe de Draco chama-se Narcisa. Seu nome vem de um mito
grego. E a história de um belo jovem chamado Narciso,
demasiadamente vaidoso, e que por isso foi condenado por um deus a
apaixonar-se por si mesmo. Enquanto admirava seu próprio reflexo,
Narciso acabou caindo num rio e afogou-se.
Veja também:
Gárgula
Nomes
MANTICORES
Por que os bruxos não se aproximam dos manticores?
Em Azkaban, na tentativa de encontrar um precedente legal que
pudesse salvar Bicuço, o hipogrifo, Hermione encontra uma referência
reveladora: “Isso aqui pode ajudar, escutem... um manticore atacou
alguém em 1296 e eles o deixaram livre porque... ah, não... foi só porque
estavam todos com medo de chegar perto dele.”
Não chega a ser uma surpresa. Acontece que o manticore é a mais
terrível de todas as criaturas mágicas. E uma combinação de homem
com besta, com dentes afiados e comportamento agressivo. O nome
vem do persa antigo martikhora, que siginifica “comedor de gente”.
Parece que os manticores viveram na Ásia antiga. Uma
assustadora descrição foi esboçada no século II por um historiador
romano que a extraiu de relatos escritos sete séculos antes:
Existe na índia uma besta selvagem, poderosa, ousada, tão grande
quanto um leão, da cor vermelha do cinabre, peludo como um cachorro,
e, no idioma dos hindus, é chamado de marticoras. Não tem entretanto as
feições de uma besta-fera, mas de um homem, e tem três fileiras de
dentes em sua mandíbula superior e três na inferior, sendo que esses
dentes são extremamente afiados e maiores do que as presas de um cão
de caça. Suas orelhas também se assemelham às humanas; seus olhos são
de um azul-cinzento e também iguais aos dos homens, mas suas patas e
garras, como você deve imaginar, são como as do leão.
Carol Rose, uma especialista em criaturas mágicas, diz que, na Idade
Média, acreditava-se que o manticore fosse uma representação do projeta Jeremias.
Essa ligação deve-se à crença de que o manticore vivia nas profundezas da terra e
Jeremias havia sido aprisionado num calabouço.
Na extremidade de sua cauda existe um ferrão, como nos
escorpiões, e ele pode ter comprimento maior do que um cúbito
(aproximadamente 66cm). E a cauda também tem ferrões, a curtos
intervalos um do outro, em ambos os lados. Mas é o ferrão da
extremidade que dá picadas em qualquer um que se aproxime, causando
a morte imediata.
Se alguém sai no encalço da besta, ela projeta os ferrões de sua cauda,
como se fossem flechas, de lado, e eles podem alcançar uma grande
distância. E quando ela lança seus ferrões para a frente, ela dobra sua
cauda para a frente, mas, se os projeta para trás, então distende sua cauda
o máximo que pode. Qualquer criatura que seja atingida pelos projéteis
morre. Só o elefante sobrevive. Esses ferrões têm mais ou menos 30 cm
de comprimento e a espessura de um junco. Um escritor assegura (e ele
diz que os hindus podem confirmar as suas palavras) que nos locais de
onde esses ferrões caíram, outros brotam, de modo que essa coisa do
mal acaba gerando uma colheita.
UM MANTICORE, TIRADO DE UM ENTALHE EM MADEIRA DE 1607.
De acordo com o mesmo escritor, os manticores devoram seres
humanos. De fato, eles assassinam um grande número de pessoas
porque um manticore não se satisfaz com um único homem, mas arma
seu bote contra dois ou mesmo três, superando-os com facilidade.
Os hindus costumam caçar esses animais quando ainda são
novos e não têm os ferrões em suas caudas, que então esmagam com
uma pedra, de modo a evitar que nelas cresçam os ferrões. O som que
emitem parece o de uma trombeta.
Uma descrição mais recente vem do famoso poeta e novelista
francês do século XIX, Gustave Flaubert. Em A Tentação de Santo
Antônio, o manticore de Flaubert faz de si mesmo uma apresentação
colorida: “O brilho de meu manto escarlate se mistura à claridade
cintilante das areias do deserto. Através de minhas narinas, exalo o
horror de solitários recantos da Terra. Minha saliva é pestilenta. Eu
devoro os exércitos quando eles se arriscam a penetrar nos desertos.
Minhas unhas são como garras curvas, como ferramentas para rasgar e
perfurar, meus dentes cortam como os de um serrote. Minha cauda
irrequieta dispara dardos, que posso dirigir para a esquerda e para a
direita, para a minha frente e para minhas costas. Observe!”
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Animais fantásticos
MARCA NEGRA
Por que Voldemort grava a Marca Negra nos
Comensais da Morte?
A Marca Negra é o mais apavorante sinal de Lorde Voldemort.
No final do Campeonato Mundial de Quadribol, em O Cálice, “uma
coisa enorme, verde e brilhante irrompeu do lugar escuro... Era um
crânio colossal, aparentemente composto por estrelas de esmeralda e
uma cobra saindo da boca como uma língua”. O mesmo símbolo
aparece nos braços dos seguidores de Voldemort, ficando mais visível
quando Voldemort recupera as forças e se aproxima.
A Marca Negra é a versão de Voldemort para a Marca do Diabo,
uma idéia que circulava na Idade Média. De acordo com demonologistas
medievais, “o diabo costuma marcar especialmente as pessoas de cuja
lealdade duvida. A marca varia de tamanho e formato. Algumas vezes é
parecida com uma lebre, às vezes lembra a pata de um sapo, uma aranha,
um cachorrinho ou um rato silvestre. E gravada nas partes mais
escondidas do corpo. Nos homens, costuma ficar sob as pálpebras, nos
sovacos, nos lábios ou ombros. Nas mulheres, fica nos seios ou nas
partes íntimas. Para produzir essas marcas, o diabo usa suas garras como
carimbo”.
Morsmorde, o comando que faz a Marca Negra aparecer, quer dizer
“morda um pedaço da morte” em francês, e é um encantamento que
combina bem com os Comensais da Morte.
Estiletes eram usados para espetar supostas bruxas e
verificar se os sinais que possuíam eram Marcas do Diabo. O
desenho mostra um falso estilete, cuja lâmina não machuca.
Freqüentemente, caçadores de bruxas
interpretaram cicatrizes, marcas de nascença, verrugas e
outros sinais como a Marca do Diabo. As bruxas acusadas eram
completamente depiladas para que cada parte de seu corpo pudesse ser
examinado.
Mas os caçadores de bruxas não procuravam apenas a Marca do
Diabo. Buscavam também a Marca da Bruxa. Só a Marca do Diabo
significava um pacto especial, como o firmado entre Voldemort e os
Comensais da Morte. No entanto, embora considerada menos grave, a
Marca da Bruxa podia ser fatal para as acusadas. Acreditava-se que toda
bruxa tinha uma. E qualquer pinta, até mesmo uma verruguinha ou uma
sarda um pouco maior, podia ser identificada como o sinal fatídico.
Entre as crenças da época havia uma que dizia que a Marca da
Bruxa não sangrava nem doía. Por isso, as acusadas de feitiçaria eram
espetadas com estiletes para serem testadas. Como muitos caçadores só
recebiam o pagamento por seu trabalho se conseguissem pegar uma
bruxa, eles muitas vezes trapaceavam. Usavam estiletes muito
parecidos com os que os mágicos de circo usam hoje em dia, cuja ponta
some quando é pressionada contra a pele, sem ferir e sem causar dor.
Assim, não é de espantar que tantas bruxas fossem encontradas...
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Vassouras voadoras
Voldemort
MCGONAGALL
Por que a professora McGonagall aparece como uma gata?
A primeiríssima bruxa a aparecer em A Pedra, mesmo antes de
Harry, é Minerva McGonagall, que se disfarça, na Rua dos Alfeneiros nº
4, sob a forma de uma gata malhada. (Um gato lendo um mapa - na
verdade, uma visão chocante para o Sr. Dursley, que não está
inteiramente convencido de que uma coisa dessas seja possível ou se
“não seria um efeito da luz?”.)
Ainda que o gato seja o animal que melhor reflete a
personalidade da professora McGonagall, um gato seria também a
escolha mais adequada para muitos bruxos e bruxas. Os gatos são
antigos mascotes dos homens civilizados - estando domesticados há
milhares de anos - e sempre foram associados à magia. Como um ser
noturno, eles naturalmente aparecem ligados à escuridão, à Lua e ao
mundo espiritual.
Gatos na antigüidade
Os gatos foram reverenciados pelas culturas ancestrais do Egito
e da índia, onde se originou o misticismo. A cidade de Bubasti, que já foi
a capital do Egito, devotava-se ao culto de uma deusa com cabeça de
gato, Bast. Centenas de milhares de peregrinos vinham à cidade, todos
os anos. Aos gatos era dado um funeral luxuoso.
BAST, A DEUSA-GATA EGlPCIA.
Na Europa também se desenvolveram rituais sagrados para
homenagear os gatos. Na Roma antiga, a deusa Diana tinha o poder de
se transformar nesse animal. Na Escandinávia, dizia-se que Freya, a
deusa nórdica do amor, do casamento e da fertilidade, viajava numa
carruagem puxada por dois gatos. Os gatos também eram reverenciados
em épocas primitivas na Inglaterra. Mas quando o cristianismo tomou o
lugar do paganismo os gatos tornaram-se objeto de desprezo, medo e
superstição.
Quando o Sr. Dursley
arregala os olhos para a gata
malhada - a professora
McGonagall - e ela lhe devolve
o olhar, não é surpresa que
Dursley tenha (por um instante
apenas, antes que sua atenção se
desvie do felino) um
pressentimento.
Veja também:
Animagos
Sirius Black
NAGINI
Qual dos aliados de Voldemort é originário da índia?
Em O Cálice, Voldemort é mantido vivo pelo veneno de uma
enorme serpente, Nagini. Mas ela não é uma serpente comum. Tem uma
linhagem nobre e um importante papel na mitologia.
Naga é uma palavra do sânscrito que quer dizer cobra, e nagi é a
palavra para o feminino (nac) é também a palavra para cobra em diversos
idiomas modernos). No budismo e no hinduísmo, as najas são a raça de
cobra semidivinas, dotadas de grandes poderes. Vivem numa belíssima
cidade dos subterrâneos. Algumas têm muitas cabeças. Na cabeça do rei
das najas, Vasuki, está uma jóia brilhante, Nagamani, com
extraordinários poderes de cura. Em algumas lendas, as najas são
humanas da cabeça até a cintura e serpentes da cintura para baixo. As
najas-fêmeas são conhecidas como nagini.
Conta-se que uma naja deu proteção a Buda, que meditava
debaixo de uma árvore durante uma forte tempestade. A serpente
enroscou-se em Buda e inflou sua cabeça para formar um guarda-chuva
para ele. Do mesmo modo, há lendas que dizem que o mundo repousa
sobre as muitas cabeças de uma naja chamada Ananta. E a rainha das
najas, Vasuki, foi usada pelos deuses para revolver os oceanos e criar
Amrita, um elixir da imortalidade. Não por coincidência, é justamente
isso o que Voldemort deseja.
UMA NAJA TIRADA DE UM ENTALHE NUMA PEDRA NO SRI LANKA.
As najas têm uma interessante conexão com o basilisco. Assim
como os galos são inimigos dos basiliscos, o inimigo mais constante de
uma naja é a garuda, um poderoso pássaro mitológico.
NOMES
De onde vêm esses nomes?
Haverá algum escritor que crie nomes com mais cuidado e senso
de humor do que J. K.. Rowling? Ela usa palavras estrangeiras,
trocadilhos, anagramas, faz referências à história e à mitologia, e muitas
vezes tira nomes dos mapas. Algumas vezes ela simplesmente os
inventa, como é o caso do quadribol. Um fã mais esperto reparou certa
vez que as letras do nome do jogo estavam relacionadas aos nomes das
bolas. Quidditch (nome do quadribol em inglês) seria formado por letras
tiradas de: Quaffle (goles), bludger (balaço), e snitch (o pomo). Mesmo
que Rowling não tenha usado a mesma lógica, podemos ver por que o
nome pareceu apropriado para ela.
Rowling não apenas inventa palavras, ela também inventa
histórias engraçadas para elas. Em Quadribol, escrito muito depois de ela
nos apresentar o jogo, Rowling habilidosamente responde a muitas
perguntas de seus fãs, simplesmente revelando que no mundo de Harry
o jogo ganhou esse nome por conta do lugar onde foi disputado pela
primeira vez: Queerditch Marsh.
Freqüentemente, os nomes revelam alguma coisa acerca da
personalidade do personagem. Algumas vezes, as referências são tão
obscuras que podemos até imaginar que Rowling esteja fazendo uma
piada para si mesma. Uma coisa é certa: vale a pena investigar um pouco
sobre cada um dos nomes, procurando significados ocultos. Abaixo,
estão alguns deles.
Acrônimos
N.O.M.: Níveis Ordinários de Magia. No original, Ordinary
Wizarding Leveis (O.W.L.s, “coruja” em inglês). Passar nesse teste prova a
habilidade de alguém.
N.I.E.M.: Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia. Em
inglês, no original, Nastily Exhausting Wizarding Tests é abreviado como
N.E.W.T.s. Newts, em inglês, é um tipo de Salamandra. A poção
preparada pelas três bruxas, no início do Macbeth, de Shakespeare, leva:
“O olho de uma Salamandra e um dedo do pé de um sapo, pêlo de
morcego e a língua de um cão.”
Geografia
Bagshot, Bathilda (autora de História da Magia): Bagshot é
uma pequena cidade perto de Londres.
Dursley: Uma cidade próxima à terra natal de Rowling.
Firenze: Nome em italiano da cidade de Florença.
Flitwick, professor de encantamentos: Flitwick é uma pequena
cidade da Inglaterra.
Snape, Severus: Snape é o nome de outro vilarejo na Inglaterra.
Os Potters ganharam seu nome em homenagem a vizinhos de J. K.
Rowling
Palavras estrangeiras
Beauxbatons: Palavra francesa que significa “belas varinhas”.
Delacour, Fleur: Expressão francesa que quer dizer “flor da
corte”, uma mulher da nobreza.
Mosag: Termo galês que significa “mulher malvada, suja”.
Literatura
Diggory, Cedrico: Diggory Kirke é o herói de algumas das
histórias de um dos livros prediletos de Rowling, The Chronicles oj Narmia,
de C. S. Lewis.
Flint, Marcus (capitão do time de quadribol da Sonserina):
Possivelmente, recebeu seu nome do capitão John Flint, de A Ilha do
Tesouro, de Robert Louis Stevenson. (Rudolf Hein, criador de um website
dedicado a Harry Potter, foi quem fez essa associação inteligente.)
Lockhart, Gilderoy: O primeiro nome desse farsante sugere
que ele é folheado a ouro - em inglês, gilded -, o que o faria parecer
atraente e inteligente. O sobrenome encaixa bem no seu papel de
escritor de histórias de magia. Um homem chamado J.
G. Lockhart foi genro e biógrafo de Sir Walter Scott, o
autor escocês cuja habilidade inspirou a alcunha de “O
Mago do Norte”.
História
Elfric the Eager (um bruxo malvado): Elfric (também se
escreve Aelfric) era um nome bastante comum na Inglaterra
anglo-saxônia. Um homem chamado Elfric foi um notório traidor, o
comandante de um exército que, na véspera da batalha, fingiu estar
doente e alertou o inimigo, conseguindo assim escapar.
Grey, Lady: Lady Jane Grey foi rainha da Inglaterra por nove
dias, em 1553, antes de ser deposta. Tinha apenas quinze anos, na
época, e foi decapitada no ano seguinte.
Slytherin, Salazar: Antônio de Oliveira Salazar foi ditador em
Portugal - onde J. K. Rowling viveu certa época - entre 1932 e 1968. Ele
era conhecido por exercer o poder impiedosamente. (Outra associação
perspicaz feita por Rudolf Hein.)
Religião e mitologia
Hermes: A coruja de Percy Weasley. Hermes era o mensageiro
dos deuses gregos.
Lupin, Remo (um lobisomem): Lúpus em latim significa
“lobo”. Os lendários fundadores de Roma, que foram amamentados por
uma loba, chamavam-se Rômulo e Remo.
Patil, Parvati: Parvati é uma deusa hindu.
Santos
Edwiges: Uma santa que viveu na Alemanha
nos séculos XII e XIII. É a padroeira de uma ordem de
freiras que escolheram como missão cuidar da
educação de crianças órfãs - como Harry.
Ronan (centauro): Um santo irlandês. (Como alguns leitores
lembram, Ronan, o centauro, tinha cabelos ruivos.)
Miscelânea
Jigger, Arsênio (autor de Bebidas e Poções Mágicas): O
arsênico é um veneno usado em muitas misturas mágicas. Um jigger uma
unidade de medida de líqüidos.
Skeeter, Rita: Skeeter, em inglês, é um tipo de mosquito, um
inseto sugador de sangue e irritante, que todo mundo quer matar com
um tapa. Combina bem com a Rita...
Spore, Felícia (autor de Mil Ervas e Fungos Mágicos): Vem
de “esporos”, sementes. Phylum, em grego, significa “folhas”.
Beco Diagonal: Típico de um mundo de bruxos, onde uma rua
não segue reto, mas na diagonal.
Travessa do Tranco: Rua pouco
recomendável, onde lojas como a Borgin & Burkes
atendem àqueles que praticam as Artes das Trevas.
RUNAS
O que são as runas da Penseira?
Dumbledore tem tantas lembranças, que guarda parte delas
numa penseira, uma “bacia de pedra rasa, com entalhes estranhos na
borda”. J. K. Rowling criou a palavra pensieve (como no texto original) a
partir do francês penser (pensar) e sieve (coador), utensílio usado para coar
substâncias líquidas, livrando-as de resíduos indesejáveis. Em português,
a pensieve foi traduzida por “Penseira”.
Harry reconhece algumas dessas inscrições - são runas. Mas o
que são runas e por que existem inscrições rúnicas na penseira?
As runas são o primeiro alfabeto conhecido das tribos do norte
da Europa, usado na Bretanha, Escandinávia e Islândia. Surgiram
aproximadamente no século III d.C. e estiveram em uso por mais de mil
anos. As primeiras seis letras eram f, u, th, a, r e k; por isso, esse alfabeto
é às vezes chamado de futhark. Rûn é a palavra gaélica para “segredo” e
helrûn significa “profecia”, sugerindo que esse alfabeto teria sido usado
em rituais mágicos. Dizem também que ele vem dos próprios deuses.
Odin se pendurou por nove dias na Yggdrasil, a grande árvore - um
freixo - que sustentaria a terra, o paraíso e o inferno, para obter o
conhecimento das runas. O sacrifício de Odin simboliza o grande valor
dado ao conhecimento. De fato, primitivamente, quando as runas foram
usadas, havia pouca distinção entre conhecimento e magia. Por vezes, as
runas eram utilizadas para jazer profecias e, nos anos recentes, essa prática
voltou a se tornar popular. Os símbolos rúnicos são lidos assim como
alguns tarólogos lêem as cartas do tarô.
RUNAS WONGS, GRAVADAS NUMA PEDRA
As runas aparecem constantemente em J. R. R. Tolkien, no
correr das aventuras de O Senhor dos Anéis. O anel, tão importante nessa
história e mencionado no título, tem uma mensagem gravada com
inscrições rúnicas. Tolkien, que adorava criar novas palavras, assim
como Rowling, criou todo um alfabeto e uma língua rúnicas.
PLACA GRAVADA COM RUNAS DO ANO 1000 D. C.
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Adivinhação
SEREIANOS
Por que teríamos medo de uma criatura do mar?
Sereia vem do latim sirena, significando “aquele que canta de
maneira agradável”. São seres que têm torsos humanos, mas caudas de
peixe prateadas no lugar de pernas. Os Sereianos, povo que mora no
lago de Hogwarts, como outros na literatura, têm pele verde e longas
cabeleiras verdes. ( J. K. Rowling acrescentou alguns detalhes para fazer
seus seres do mar únicos. Suas casas são organizadas em vilas, como as
casas dos subúrbios, em terra firme, e eles têm grindylows como
mascotes.)
As lendas sobre os seres do mar estão presentes em quase todas
as culturas. Por exemplo, uma vez foi dito que a aristocracia francesa
descendia da sereia Melusina.
As sereias da mitologia grega cantam para os marinheiros que
passam ao largo, enfeitiçando-os a ponto de atraí-los para a morte,
contra as rochas.
Quando Harry conhece os Sereianos, durante a segunda tarefa
do Torneio Tribruxo, depara-se com os mesmos perigos que o contato
com um sereiano sempre simboliza: o risco de o mar se tornar tão
sedutor que as pessoas jamais retornem à terra firme. Assim como um
personagem de Twice-Told Tales, do escritor americano do século XIX
Nathaniel Hawthorne, conta a uma jovem: “Vislumbro você como
pessoa aparentada à raça das sereias e penso como seria delicioso morar
com você em uma enseada escondida, à sombra dos penhascos, e seguir
sem destino, abrigado em praias da areia mais pura. E, quando nossos
litorais do norte se tornarem desertos, iremos assombrar as ilhas, verdes
e solitários, longe adentro dos mares quentes.”
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Animais fantásticos
Grindylows
Kappas
SIRIUS BLACK
Por que Sirius Black vira um cachorro negro?
Sirius Black, padrinho de Harry, é um fugitivo do Ministério da
Magia, que acredita, erroneamente, que ele é um Comensal da Morte.
Ele só conseguiu escapar de Azkaban porque é um animago.
Transformou-se em cachorro, se esgueirou entre as barras da cela e fugiu
nadando.
A estrela do cão
A forma de cachorro negro combina perfeitamente com o
padrinho de Harry. Sirius é o nome de uma estrela, assim chamada por
ser a mais brilhante de todas - a palavra grega seirios quer dizer
“incandescente”. Essa estrela também é conhecida como Cão, por ser
parte da constelação do Cão Maior.
Sirius, a estrela, tem grande significado para o mundo mágico.
Ela é o símbolo da deusa Ísis, uma das mais importantes na religião e
filosofia do antigo Egito, onde se originou a maior parte da magia.
Os egípcios usavam Sirius para marcar o calendário, porque seu
movimento está ligado às estações do ano. No primeiro dia do verão, ela
nasce um pouco antes do Sol. Este era o dia do ano novo no antigo
Egito. Sirius também prenunciava a enchente anual do Nilo, que tinha
importância vital para a fertilidade dos campos de plantação. Em alguns
países, os dias de verão - longos e quentes - ainda são chamados “dias de
cão” porque Sirius marca sua chegada.
A DEUSA EGÍPCIA ÍSIS.
Para os egípcios, Sirius não era apenas significativa para a vida na
Terra. Como conta um egiptólogo, Sirius era “a casa das almas que se
vão”. A estrela era tão importante que templos eram erguidos de forma a
estarem alinhados com sua órbita através do céu. Um arqueólogo
verificou que os maiores túneis ou respiradouros da Grande Pirâmide
deixam entrever estrelas durante o dia, e a parte do céu visível é
justamente onde Sirius aparece. Outro estudioso afirmou que “essas
aberturas eram caminhos para a alma”.
Padfoot (Almofadinha)
Não é só o nome que mostra como o cachorro negro é o animago
apropriado para Sirius Black. Cães negros mágicos aparecem
misteriosamente em toda a Europa e América do Norte. Vários foram
descobertos na Grã-Bretanha, onde são conhecidos por nomes como
Black Shuck, Old Shuck, Shucky Dog, Shung Monster e Shag Dog.
Todos esses nomes possuem em comum o fato de derivarem da
palavra anglo-saxônia scucca, que quer dizer “demônio”. Os habitantes de
Staffordshire, na Inglaterra, deram a esse cão mágico o mesmo nome
que Sirius adota: Padfoot, transformado em Almofadinha na tradução
brasileira.
Não se sabe a origem de Snuffles, nome pelo qual Sirius pede para ser chamado
por Harry em conversações casuais com Rony e Hermione. Talvez ele imagine que seja
um nome inocente, incapaz de atrair a atenção dos bisbilhoteiros.
Há quem acredite que esses cachorros protegem os pátios das
igrejas ou as estradas. Outros dizem que eles perambulam a esmo
durante a noite. Testemunhas oculares afirmam que eles aparecem de
repente, muitas vezes ao lado de um viajante solitário. Eles costumam
ser maiores do que os cães normais. E podem desaparecer em um
segundo ou ir sumindo aos poucos. Ocasionalmente, aparecem sem a
cabeça. Seus olhos quase sempre são descritos como enormes e
faiscantes. Surpreendentemente, costumam ser silenciosos.
Em tempos passados, alguns estudiosos achavam que o cão
negro era a forma preferida pelo diabo. Mesmo entre pessoas menos
impressionáveis, é comum que os cães negros despertem pavor. Muitos
o consideram como um presságio de morte. E é precisamente isso o que
a professora Trelawney diz a Harry a respeito de seus primeiros
encontros com Sirius. Ela se refere ao cachorro negro como o Sinistro,
outro nome muito usado.
Os relatos de testemunhas oculares remontam a muitos séculos
atrás. Uma impressionante história de 1577 descreve a chegada de um
cachorro negro a uma igreja: “Ali
chegou, em sua mais terrível forma,
um cachorro negro, juntamente
com lampejos de fogo tão
apavorantes que muitas pessoas
acharam que era chegado o dia do
Juízo Final. Esse cachorro - ou o diabo em tal disfarce - correu toda a
extensão da igreja com grande rapidez e incrível velocidade, passou entre
duas pessoas enquanto elas se ajoelhavam e arrancou o pescoço das duas
ao mesmo tempo.”
Talvez este tenha sido um incidente horrível. Mas nem todas as
aparições são tão apavorantes. Em relatos mais recentes, o cachorro
negro parece menos malévolo. De acordo com um estudioso, “há mais
evidências de que os cachorros negros são amigáveis - ou pelo menos de
que não são agressivos - do que o contrário. Os cachorros quase sempre
são úteis para o homem”.
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Animagos
Egito
McGonagall
TRASGOS
Por que os trasgos cheiram mal?
Os trasgos são uma raça de ogros cuja aparência é tão
desagradável quanto sua personalidade. Em A Pedra, o professor
Quirrell, que mais tarde diz ter “um talento especial para lidar com
trasgos”, secretamente leva um deles para Hogwarts: “Era uma visão
medonha. Quase quatro metros de altura, a pele cinzenta e baça, o
corpanzil cheio de calombos como um pedregulho e uma cabecinha no
alto, que mais parecia um coco. Tinha pernas curtas, grossas como um
tronco de árvore e pés chatos e calosos. O cheiro dele era inacreditável.”
As lendas sobre os trasgos são originárias da Escandinávia, onde
essas criaturas costumavam assustar os habitantes da região rural com
seus poderes mágicos e seu tamanho. De acordo com algumas dessas
lendas, eles viviam em castelos subterrâneos. Só saíam à noite e podiam
ser transformados em pedra pela luz do sol.
Quando os escandinavos migraram para a Inglaterra, os trasgos
os acompanharam. Costumavam construir suas moradas debaixo de
pontes. Isso pode explicar por que cheiram a água de esgoto. Conta-se
que algumas enormes rochas no norte da Inglaterra são na verdade
trasgos que foram pegos pelo nascer do sol.
Sua má reputação entre os humanos provém de inúmeras lendas.
Eles detestam o barulho que as pessoas fazem e que os deixa muito
irritados. Atacam mulheres e crianças. Alguns deles são canibais.
Em Peer Gynt, uma famosa peça de teatro do norueguês Henrik
Ibsen, o personagem que lhe dá o título age como um trasgo, brincando,
ao avisar: “Virei para o seu lado hoje à meia-noite. Se você escutar
alguém silvando e cuspindo, não pense que se trata de um gato. Sou eu,
moça! Vou recolher o seu sangue numa taça e, quanto à sua irmãzinha,
vou devorá-la.”
Podemos imaginar que os trasgos sofram o mesmo preconceito
que os gigantes. Mais à frente, na peça de Ibsen, Peer Gynt encontra um
trasgo que lhe diz: “Nós, o povo trasgo, meu filho, não somos tão feios
quanto nos pintam.” Apesar de ser difícil acreditar que sejam seres
amigáveis, é possível perceber que eles não são piores do que os
humanos. Em dado momento, o amigo de Gynt lhe pergunta: “Qual a
diferença entre os trasgos e os homens?” E Gynt responde: “Nenhuma,
pelo que eu entendo. Trasgos grandes irão pôr você para assar, e trasgos
pequenos vão mordê-lo. Conosco se daria a mesma coisa, se os
humanos se atrevessem a fazê-lo.”
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Gnomos
UNICÓRNIOS
Como pegar um unicórnio?
Poucas criaturas mágicas estimularam tanto a imaginação dos
seres humanos, e de forma tão profunda, quanto o elegante unicórnio.
Mesmo no mundo mágico de Harry, com tantos seres fantásticos, o
unicórnio é um símbolo sagrado. Em O Cálice, J. K. Rowling descreve
filhotes de unicórnio que são de “puro ouro” com “sangue prateado”. O
pêlo deles também se torna prata quando têm por volta de dois anos, e
eles “ficam imaculadamente brancos” na idade madura.
Antigos unicórnios
Os unicórnios aparecem na arte e na mitologia da antiga
Mesopotâmia, China e Índia. O naturalista romano Plínio, baseado em
relatos orais, chamou-os de “uma besta extremamente feroz, similar no
corpo a um cavalo, com cabeça de cervo, cascos de elefante, cauda de
javali, voz profunda e um chifre negro, de dois cúbitos (cerca de um
metro) de comprimento, que se projeta do centro da testa.”
Um viajante do início do século XVI conta ter visto dois
unicórnios em Meca:
O mais velho parece um potro de trinta meses de idade e tem um chifre do
comprimento de três braços no meio da testa. O outro lembra um potro de um ano e
tem um chifre de aproximadamente trinta centímetros. Sua cor é como a do cavalo
baio, e sua cabeça se assemelha à do cervo macho. Seu pescoço não é muito comprido,
com pêlos grossos e curtos que caem para os lados. As patas são esguias e recurvadas
como as das cabras. Os cascos são em forma de trevo na parte frontal e compridos como
os das cabras, com um pouco de pêlo na parte traseira. Em verdade, esse monstro deve
ser muito selvagem e solitário. Esses dois unicórnios foram oferecidos ao sultão de Meca
como se fossem o mais precioso presente que se poderia oferecer nos dias atuais, e como
o maior tesouro já dado por um rei da Etiópia, ou seja, por um monarca mouro. Ele
enviou tal presente com o objetivo de consolidar a aliança com o dito sultão de Meca.
Plínio relata que o unicórnio “não pode ser capturado vivo”.
William Shakespeare refere-se a essa mesma natureza fugidia do animal:
“A maior glória, eterna seja, é serenar reis beligerantes, desmascarar a
falsidade e trazer a verdade à luz... e domesticar o unicórnio e o leão.”
Outros escritores sugerem que o truque é usar como isca para o
unicórnio uma jovem virgem - e, embora esse método nunca tenha
funcionado, ele combina bem com a característica atribuída ao unicórnio
de representar a pureza e a castidade. Muitas tapeçarias medievais
retratam cenas com unicórnios para aludir ao poder sagrado da devoção.
O Velho Testamento refere-se ao unicórnio várias vezes: “Deus os tirou
do Egito e lhes deu o poder do unicórnio” (Números, 23:22); “Seus
chifres eram como os do unicórnio: com eles, deveria conduzir o povo
unido até os confins da Terra” (Deuteronômio, 33:17), “Meu chifre
devem eles exaltar, como ao chifre do unicórnio” (Salmos, 92:10);
“Estará o unicórnio disposto a servi-los ou aguardará no estábulo?” (Jó,
39:9). Essas referências, para alguns estudiosos, indicam que o unicórnio
é na verdade um símbolo de Cristo.
Os poderes mágicos de cura
O poder do unicórnio de salvar o corpo e a alma de uma pessoa
incorporou-se às lendas. Ctesias, um médico grego a serviço do
mandatário da Pérsia, por volta de 400 a.C, escreveu um dos primeiros
registros sobre o unicórnio:
Existem na índia certos asnos selvagens tão grandes quanto cavalos, ou
mesmo maiores. Seus corpos são brancos, suas cabeças vermelho-escuro e seus olhos de
um azul profundo.
Eles têm um chifre na testa que tem aproximadamente meio metro de
comprimento. O pó extraído desse chifre é administrado numa poção como proteção
contra drogas mortais. A base do chifre, até dois palmos mais ou menos de sua raiz,
é do branco mais puro. A extremidade superior é pontuda e do rubro mais vivido, e o
restante, ou o meio, é preto. Segundo dizem, aqueles que bebem nesses chifres
transformados em taças se livram de convulsões e da Doença Sagrada (epilepsia). De
fato, tornam-se imunes a venenos, antes ou depois de ingeri-los, se beberem vinho, água
ou qualquer outra coisa usando esses chifres.
UNICÓRNIO TIRADO DE UM BRASÃO DE FAMÍLIA
Essas qualidades medicinais, tão importantes para uma pessoa
em estado crítico como Voldemort - que, em A Pedra, mata um
unicórnio para beber seu sangue e assim manter-se vivo -, fizeram do
unicórnio, há muito, alvo de caçadores. Mas, como diz Firenze, o
centauro, “abater um unicórnio é crime monstruoso”.
Veja também:
Ceutauros
Floresta
VABLATSKY
Quem realmente escreveu o livro de adivinhações?
O livro usado pelos alunos de Hogwarts nas aulas de
adivinhação - Esclarecendo o Futuro — foi escrito por uma mulher
chamada Cassandra Vablatsky. O nome vistoso é bem apropriado para
uma especialista em adivinhar o futuro. Vem de duas pessoas cujas vidas
estiveram associadas à formulação de profecias e à magia.
Na mitologia grega, Cassandra era uma vidente - podia prever o
futuro. Recebeu esse dom do deus Apolo, que a amava. Ele lhe
prometera o dom da profecia se ela retribuísse seus sentimentos. Mas,
depois de se tornar clarividente, ela mudou de idéia, e Apolo, enfurecido,
amaldiçoou-a. Sua condenação foi que ninguém jamais acreditasse em
suas palavras, o que trouxe a Cassandra muito sofrimento.
Cassandra aparece na bem conhecida história do cavalo de Tróia.
Como filha de Príamo, rei de Tróia, ela estava na cidade quando os
gregos atacaram. Posteriormente, quando fingiram desistir, deixando
para trás, como presente, um enorme cavalo de madeira, ela avisou ao
pai que ele não deveria ainda começar a comemorar - e, principalmente,
não deveria trazer o cavalo para dentro dos muros da cidade. No
entanto, devido à maldição de Apolo, o pai não lhe deu atenção. Como
se sabe, os soldados gregos estavam escondidos no interior do cavalo.
Eles esperaram até que todos os habitantes estivessem adormecidos e
então, sorrateiramente, saíram do seu esconderijo e tomaram Tróia.
O sobrenome Vablatsky vem, sem dúvida, de Helena Petrovna
Blavatsky (1811-1891). Ela foi uma das fundadoras da Sociedade
Teosófica, cujos objetivos incluem “investigar as leis inexplicáveis da
natureza e os poderes latentes na humanidade” - em outras palavras,
estudar magia.
Veja também:
Adivinhações
Runas
VARINHAS MÁGICAS
Por que os bruxos usam varinhas mágicas?
Não há dúvida de que a varinha mágica é a ferramenta mais
importante dos bruxos. No mundo de Harry, elas são feitas de uma
combinação de matéria-prima obtida de criaturas mágicas - tais como
“pêlos de unicórnios, penas da cauda da fênix, fibras do coração de
dragões” - com madeira de salgueiro, mogno, teixo, carvalho, faia, bordo
e ébano. Cada varinha não apenas combina com a personalidade do seu
dono, mas, na prática, é ela que escolhe o bruxo a quem pertencerá.
Varinhas antigas
Ao que parece, os bruxos sempre usaram varinhas mágicas.
Esses pequenos bastões - em alguns casos, não tão pequenos assim - são
capazes de concentrar o poder mágico.
Há antropólogos que acreditam que algumas pinturas de
cavernas, datadas da Idade da Pedra, mostrando pessoas portando
pequenas varas, retratam os líderes das tribos com suas varas atestando o
seu poder. Isto é apenas um palpite, mas há fatos comprovados que
remontam pelo menos ao antigo Egito. Existem hieróglifos mostrando
sacerdotes segurando pequenos bastões. Hermes, o mensageiro dos
deuses gregos, carregava consigo uma vara especial chamada de caduceu,
com asas e duas cobras enroscadas, significando a sabedoria e os
poderes de cura. Os médicos adotaram essa vara como seu símbolo,
centenas de anos atrás, e o usam até hoje.
No passado, alguns dos bruxos fizeram varas da madeira do
sabugueiro, que é considerada especialmente dotada de magia. Aqueles
que praticam a magia negra usam, com freqüência, o cipreste, que é
associado à morte. No entanto, J. K. Rowling nos conta que a varinha de
Voldemort é feita de teixo. E isso também faz sentido. O teixo tem
imenso poder sobrenatural. Houve tempo em que o teixo era uma das
poucas árvores que permaneciam sempre verdes, na Inglaterra, e assim
tornou-se símbolo tanto da morte quanto do renascimento - a mesma
imortalidade que Voldemort desesperadamente deseja.
Os druidas possuíam diferentes varinhas mágicas para cada um dos sete
níveis de sacerdócio.
O DEUS EGÍPCIO TOTH TAMBÉM FOI RETRATADO CARREGANDO UMA
VERSÃO PRIMITIVA DO CADUCEU.
Veja também:
Druidas
Egito
VASSOURAS VOADORAS
Será que as bruxas sempre usaram vassouras voadoras?
De acordo com a lenda, vassouras voadoras são o meio de
transporte mais comum entre as bruxas. Um popular escritor
norte-americano do século XIX, chamado Oliver Wendell Holmes,
compôs estes versos:
O condado de Essex tem muitos telhados
Bem conhecidos pelo diabo.
As panelinhas quadradas ficam totalmente à vista,
O que facilita que as bruxas da meia-noite,
Como sombras contra o céu,
Montem suas bem-treinadas vassouras voadoras,
Atravessem o caminho das corujas e morcegos,
E agarrem antes deles seus gatos negros como carvão.
Vassouras são objetos domésticos, mais comumente associadas a
mulheres do que a homens. Este é o motivo provável pelo qual bruxas -
e não bruxos - utilizam vassouras como meio de transporte. Feiticeiros
voadores costumam usar forcados - um tipo de garfo grande usado na
lavoura. Por razões desconhecidas, era mais comum avistar bruxas
voando na Europa e na América do que na Inglaterra.
As vezes, as bruxas eram acusadas de voar para o mar com a finalidade de
produzir tempestades.
Acreditava-se que as bruxas untassem suas vassouras com
substâncias mágicas para fazê-las voar, o que lembra um pouco o
pó-de-flu. De acordo com a lenda, elas saíam direto pelas chaminés.
Provavelmente, trata-se de um exagero sobre uma prática real. Era
costume empurrar uma vassoura chaminé acima para avisar aos vizinhos
que não havia ninguém em casa.
Quando os aldeões suspeitavam da presença de bruxas à solta
pelos céus, eles tocavam os sinos da igreja, que supostamente tinha o
poder de derrubar as bruxas de suas vassouras.
NESTA GRAVURA DO SÉCULO XVI, UMA BRUXA SAI PELA CHAMINÉ, ENQUANTO OUTRA SE
PREPARA PARA FAZER O MESMO.
VEELAS
O que deixa as veelas zangadas?
Veelas, os sedutores espíritos da natureza que aparecem pela
primeira vez em O Cálice, têm sua origem na Europa Central. São - ou
parecem ser - belíssimas jovens. Em algumas histórias, diz-se que são os
fantasmas de mulheres que não foram batizadas, cujas almas não
conseguem deixar a terra. A beleza delas é espantosa e por isso podem
fazer os homens agir como idiotas. Elas têm cabelos tão claros que
parecem brancos.
O lado sombrio das veelas
As veelas são bastante invejosas. Uma famosa lenda servia, O
Príncipe Marko e a Veela, conta a história do encontro com uma delas,
chamada Ravioyla:
Dois irmãos, Duke Milosh e Kralyevich Marko, percorriam juntos, a cavalo,
a estrada da magnífica montanha Miroch. Quando o sol se levantou, Marko caiu no
sono sobre a sela. Despertou assustado. 'Milosh', ele disse, 'não consigo me manter
acordado. Cante para evitar que eu durma.'
Duke Milosh respondeu: 'Oh, Kralyevitch Marko, eu não posso cantar para
você. Na noite passada, estive com a veela Ravioyla e bebi demais, além de cantar alto
demais e bem demais. Então, a veela me avisou que, se eu cantar em sua montanha,
ela vai disparar suas flechas contra mim.'
Kralyevich Marko replicou: 'Irmão, você não deve ter medo de uma veela. Eu
sou Kralyevich Marko. Com meu machado de guerra feito de ouro, estamos ambos a
salvo.' Assim, Milosh entoou uma canção que contava a história de reis e reinados e
das glórias de nosso país.
Marko escutava, mas a canção não o manteve desperto. Logo, estava de novo
entregue aos sonhos.
A veela Ravioyla escutou Milosh e cantou para ele, também, com sua bela
voz. Mas Milosh respondeu com uma voz ainda mais bela, e isso a irritou tanto quanto
da vez anterior. Ela voou até a montanha Miroch e, com perícia, disparou duas flechas
do seu arco. Uma atingiu Milosh na garganta, silenciando-o. A outra atravessou seu
coração.
Ambos os cavalos se detiveram e Marko acordou. Com grande esforço,
Milosh foi capaz de falar, mas era somente seu último suspiro. Ele disse para Marko:
'Meu irmão! A veela Ravioyla disparou suas flechas contra mim porque cantei na
montanha Miroch.'
As veelas também são versadas nas artes da cura e possuem
conhecimentos extraordinários sobre remédios naturais. Na história
acima, Ravioyla cura Milosh e avisa a outras veelas que não devem
perturbar aqueles homens. De fato, as veelas em geral são gentis com os
seres humanos - e sabe-se que se casam freqüentemente com mortais. O
que mais as aborrece é quando alguém interrompe o seu ritual de dança.
Se isso acontece, podem ficar furiosas. Como espíritos do vento, as
veelas podem invocar redemoinhos e tempestades e é o que fizeram
durante a Copa Mundial de Quadribol.
Veja também:
Duendes
VOLDEMORT
Que pesadelos terão gerado Voldemort?
Nada faz um herói brilhar mais do que um grande vilão. Lord
Voldemort - o semitrouxa nascido Thomas Marvolo Riddle - se encaixa
bem nessa fórmula. Não é à toa que os bruxos o chamam de Senhor das
Trevas. O título descreve toda uma longa linhagem de vilões com os
quais Voldemort tem muito em comum.
Os críticos John Clute e John Grant destacam alguns elementos
que caracterizam um clássico Senhor das Trevas:
* Freqüentemente, é um ser que foi derrotado - mas não
destruído - num tempo remoto.
* Aspira a se tornar o Príncipe deste mundo.
* É uma “força abstrata”, menos carne e sangue e mais energia
sobrenatural.
* Representa “redução”, a idéia de que, “antes de a história escrita
ter começado, houve uma queda”, tal como o caos e as mortes que
Voldemort provocou antes de Harry ser enviado para os Dursley.
* Também simboliza “degradação”, um colapso moral
freqüentemente como resultado de uma barganha questionável, como a
posta em curso pelos Comensais da Morte, que visavam obter poder
por meio de sua aliança com Voldemort.
* Pratica o mal por inveja.
Por todas essas características, Voldemort é um perfeito modelo
de Senhor das Trevas.
Além disso, por sua similaridade com outros vilões, Voldemort
incorpora a definição particular de J. K. Rowling para o mal. Seus
objetivos estão relacionados à nossa sociedade atual, do modo como
Rowling a entende e escreve sobre ela.
Voldemort, e a imortalidade
Voldemort não deixa dúvidas sobre suas intenções. Como revela
aos Comensais da Morte que o seguem, no final de O Cálice- “Você sabe
o que pretendo - vencer a morte.”
A questão da imortalidade está sempre na imaginação de J. K.
Rowlings. Todo o primeiro livro é dedicado à procura de Voldemort
pela Pedra Filosofal, um objeto que lhe garantiria tornar-se imortal.
“Uma vez que eu tenha o Elixir da Vida”, ele diz em A Pedra, “poderei
criar um corpo só meu.” E, claro, ele se tornaria capaz de evitar a morte,
como fizeram os Flamel por centenas de anos.
Essa obsessão pela vida eterna é a essência da depravação do
Senhor das Trevas. Mas o que ele tem de diferente, em relação a isso, de
tantas pessoas de nosso mundo que tentam viver o máximo que podem?
Dumbledore diz a Harry: “A pedra não foi uma coisa tão boa assim.
Todo o dinheiro e vida que a pessoa poderia querer. As duas coisas que
a maioria dos seres humanos escolheriam em primeiro lugar. O
problema é que os humanos têm o condão de escolher exatamente as
coisas que são piores para eles.” Os Flamel possuíam tal poder, mas não
o obtiveram pela prática do mal, nem o usavam de modo a prejudicar
ninguém. Em todas as culturas, a imortalidade, apesar de desejável, fere
as leis da natureza. As coisas precisam morrer para que outras possam
nascer.
Ganância
As leis naturais tornam impossível que todos se tornem imortais.
Assim, não chega a ser surpresa que o objetivo de Voldemort seja
conseguir a imortalidade exclusivamente para si. Ele irá recompensar os
Comensais da Morte de outro modo, satisfazendo sua necessidade de
sucesso ou lhes dando poder.
Embora vá matar muita gente para atingir seu objetivo, ele não
hesita. As pessoas não importam para ele - especialmente se forem
trouxas. Como seu pai abandonou sua mãe, ele odeia trouxas com uma
intensidade que Rowling chamou de “paixão racista”.
Voldemort não se dá conta de que sua ambição egoísta rompe o
equilíbrio da natureza. Mas, dada a situação do mundo, quando Rowling
concebeu as histórias - guerras genocidas na África e nos Bálcãs, guerra
no Oriente Médio, e uma crescente distância entre países ricos e pobres
-, qualquer um pode facilmente ver a partir de onde foi desenvolvida a
personalidade de Voldemort.
Veja também:
Marca Negra
Dumbledore
POSFÁCIO
Antes de tudo, um escritor é um leitor. Depois de devorar suas
histórias, podemos notar que J. K. Rowling deve ter sido uma grande
leitora antes de se tornar uma grande escritora. Tão impressionante
quanto o seu conhecimento sobre mitos e lendas é sua habilidade de
aproveitá-los de modo tão original e de atualizá-los.
Na bibliografia deste livro, você vai encontrar sugestões de livros
interessantes para futuras leituras. O melhor é começar por uma coleção
sobre mitologia grega e romana. Se você quiser ir ainda mais fundo, um
ótimo livro de referência, com sugestões de leitura detalhadas, é The
Encyclopedia of Fantasy, de John Clute e John Grant. Se você está
particularmente interessado em criaturas mágicas, vai gostar das
enciclopédias de Carol Rose, Giants, Monsters and Dragons e de Spirits,
Fairies, Leprechauns and Goblins. Para informações sobre bruxos, temos
boas fontes em The Encyclopedia of Witches and Wichcraft, de Rosemary
Ellen Guiley, e em Wizards and Sorcerers, de Thomas Ogden. Você
também vai achar maravilhoso o Dictionary of Imaginary Places, de Alberto
Manguei e Gianni Guadalupi. Muitos livros explicam diversas coisas
sobre pessoas e criaturas, mas este talvez seja o único que fale também
sobre mundos da fantasia.
Como muitos leitores já sabem, a Internet está repleta de
informações sobre os livros de Harry Potter. Por exemplo, alguns sites
são dedicados inteiramente aos significados por trás dos nomes que J.
K. Rowling cria. Outros, como o Bartleby.com, oferecem também uma
boa base sobre mitologia. Alguns endereços na Internet estão listados na
biografia.
Seja lá o que você for ler - ou escrever - enquanto espera pelo
próximo Harry Potter, sempre poderá encontrar conexões ocultas entre
o mundo de Harry e diversos outros mundos mágicos que J. K. Rowling
formulou em seu processo de criação. Essas conexões estiveram sempre
com ela, e ficarão também com você.
AGRADECIMENTOS
Mais uma vez, ter uma família de escritores profissionais e de
editores provou ser algo crucial. Sou grato a meus pais e irmãs por seus
conselhos especializados e por muitas horas de leitura. Os conselhos de
Lena Tabori também se mostraram essenciais. Especial agradecimento
para Laurie Brown, Max e Emily de La Bruyère, Natasha Tabori Fried,
Katie Kerr, Lyuba Konopasek, Miles Kronby, Arif Lalani, meu editor de
texto, Stacy Schiff, Ben Shykind, John Ward da Ward & Olivo, Terry
Wybel e a equipe da Continental Sales e da Bristol Books de Wilmington,
Carolina do Norte.
BIBLIOGRAFIA
Borges, Jorge Luís, com Margaritta Guerrero. O Livro dos Seres
Imaginários. Ed. Globo, 1987.
Campbell, Joseph. O Herói de Mil Faces. Ediouro, 2001.
Clute, John and John Grant. The Encyclopedia of Fantasy.
Nova York: St. Martins, 1999.
Foster, Robert. The Complete Guide to Middle-earth. Nova York:
Ballantine, 1979.
Guiley, Rosemary Ellen. The Encyclopedia os Witches and Witchcraft.
Nova York: Facts on File, 1999.
Helms, Randel. Tolkiens World. Boston: Houghton Mifflin, 1974.
Le Guin, Ursula K. O Mago de Terramar, Trilogia de Terramar v.
1.
Nigg, Joseph. The Book os Fabulous Beasts: A Treasury oj Writtings
from Ancient Times to te Present. Nova York: Oxford University Press, 1999.
Ogden, Tom. Wizards and Sorcerers-. from Abracadabra to Zoroaster.
Nova York: Facts on File, 1977.
Rose, Carol. Giants, Monsters and Dragon: An Encyclopedia oj
Folklore, Legend, and Myth. Santa Bárbara, Califórnia: ABC-CLIO, 2000.
Rose, Carol. Spirits, Fairies, Leprecbauns, and Goblins: An
Encyclopedia. Nova York: Norton, 1998.
Tolkien, J. R. R. O Senhor dos Anéis. Martins Fontes, 2001.
White, T. H. The Sword in the Stone. Nova York: Putnams, 1939.
Willis, Roy. Dictionary os World Myth. Londres: Duncan Baird,
1995.
FONTES INTERESSANTES NA INTERNET
Do You Know Mundungus Fletcher?, de Rudolf Hein
http://www.rudihein.de/hpewords.htm
Whats in a Name?, de EUie Rosenthal
http://www.theninemuses.net/hp/
The Encyclopedia Potterica
http://www.harrypotterfans.net/potterica/index.html
Como tudo na Internet, os sites sobre Harry Potter estão em
constante mudança, e portanto é impossível imprimir uma lista sempre
atualizada de links. Sugerimos que o leitor interessado consulte a página
relativa ao livro “O Mundo Mágico de Harry Potter” no site da Editora
Sextante -www.esextante.com.br — onde ele poderá encontrar uma lista
sempre atualizada para sites nacionais e estrangeiros sobre Harry Potter.
Sites brasileiros
http://www.aluado.hpg.ig.com.br/index.htm
http://www.freewebz.com/edwigeshomepage/index.htm
http://www.sobresites.com/harrypotter/
http://www.terra.com.br/kids/harrypotter/
http://br.geocities.com/meianoiteemhogwarts
http://www.harrypotterbrasil.homestead.com/
http://www.portal912br.hpg.ig.com.br/index.htm
http://www.arte.pro.br/potter/
http://www.harryp.hpg.ig.com.br/index.html
http://www.clik.to/potterviciados
http://groups-beta.google.com/group/Viciados_em_Livros
http://groups-beta.google.com/group/digitalsource