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1 O Museu vai à escola: Museu de Ciências Itinerante em atendimento às escolas rurais do Município de Juiz de Fora, MG, Brasil. >> Cartilha do Professor <<

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Page 1: O Museu vai à escola: >> Cartilha do Professor

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O Museu vai à escola:

Museu de Ciências Itinerante em atendimento às escolas rurais

do Município de Juiz de Fora, MG, Brasil.

>> Cartilha do Professor <<

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MODALIDADE: “EDITAL FAPEMIG 08/2010 - POPULARIZAÇÃO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA”

PROCESSO Nº. : CRA - APQ-03609-10

PROJETO: “O MUSEU VAI À ESCOLA: MUSEU DE CIÊNCIAS ITINERANTE EM ATENDIMENTO ÀS ESCOLAS RURAIS DO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA, MG, BRASIL. ”

Pró-Reitoria de Extensão - Universidade Federal de Juiz de Fora

Pró-Reitoria de Graduação – Universidade Federal de Juiz de Fora

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Cultivando uma horta Reciclando o papel

A horta como espaçode vivência, integraçãosocial e com a natureza

Metamorfose

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Como fazer compostagem

O Formigueiro de Vidro26 44

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ÍNDICE

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EditorialO objetivo do projeto “O museu vai à escola: museu de ciências itinerante em atendimento às

escolas rurais do município de Juiz de Fora, MG, Brasil” é a criação de um museu de ciências itinerante, visando à expansão da ação educativa e social do Museu de Malacologia Prof. Maury Pinto de Oliveira, por meio do atendimento às escolas rurais do município de Juiz de Fora, MG.

A ação desta proposta será calcada na valorização da cultura rural e na promoção da educação permeada pela arte. Nos últimos anos, a equipe do Museu sentiu a necessidade de expandir sua ação e revitalizar as metodologias e o material educativo utilizado no atendimento ao público. Escolhemos as escolas rurais da microrregião como público alvo da presente proposta, por compreender a importân-cia da valorização da cultura do campo e por considerar que a comunidade dessas escolas tem maiores dificuldades para visitar o Museu e assim usufruir das ações educativas que promovemos. Além disso, consideramos que a realização dessa proposta é uma importante oportunidade de crescimento da nos-sa equipe, através das vivências que poderemos ter ao extrapolar os muros da Universidade.

Nossa proposta de trabalho está estruturada no desenvolvimento das seguintes atividades:

1. realização de exposições itinerantes nas escolas;

2. desenvolvimento de material educativo;

3. criação de vídeos educativos;

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4. criação e apresentação de peças de teatro de fantoches;

5. capacitação e treinamento dos professores.

Para a estruturação da presente proposta, baseamo-nos no ideal de promoção da educação permeada pela arte e aberta aos conhecimentos das distintas culturas. Esperamos, com o desenvolvimento da presente proposta, revitalizar a ação social e educativa do Museu de Malacologia Prof. Maury Pinto de Oliveira; promover a valorização da cultura do campo; aprimorar o ensino de ciências e biologia nas escolas rurais do município de Juiz de Fora e promover a popularização e democratização do saber científico.

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Prezado Professor,

Esperamos que esta cartilha possa ajudá-lo na tarefa de educar nossas crianças, despertando-as para o mundo natural e preparando-as para o desafio desse milênio: vida sustentável e conservação da natu-reza. Nesta cartilha são apresentados quatro temas transdisciplinares, que permitirão diferentes níveis de abordagem. O tema central, Cultivando uma Horta, propõe a criação da horta na escola, como es-paço aberto de vivência, integração social e com a natureza e valorização da cultura rural. O segundo tema, Como Fazer Compostagem, e o terceiro, Reciclando o Papel, convidam ao envolvimento de toda a escola em um processo criativo, permitindo o entendimento das forças transformadoras da natureza, de onde provêm os recursos que utilizamos no dia a dia, que é possível transformar o material que seria inutilizado. O entendimento de como é feito o papel constitui um importante incentivo ao consumo responsável dos recursos naturais. O uso da compostagem na escola é uma atividade complementar à manutenção da horta, que garante a boa nutrição das plantas e a reciclagem do lixo orgânico. Além disso, atividades práticas e experimentos podem ser conduzidos aproveitando-se a prática da compos-tagem. O quarto tema é Metamorfose que, de forma lúdica, permite a compreensão de todas as etapas no ciclo de vida de um animal, e suas interações ecológicas com outros organismos.

Nosso desejo é que esta iniciativa possa se multiplicar em ideias e ações que tornem o aprendizado uma experiência cheia de vida e significado e contribua para o desenvolvimento de nossas crianças em adultos responsáveis e atuantes na perspectiva de um mundo melhor.

Sthefane D`ávilaCoordenadora do Projeto

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Palavras, nossas ou dos outros, nunca podem ser mais do que um comentário sobre a experiên-cia vivida. Ler nunca pode substituir o viver. O que entendo de uma árvore? Subi nos galhos e senti o tronco balançar ao vento, e me ocultei entre as folhas, como uma maçã. Deitei-me entre

os galhos, e cavalguei neles, e rasguei a pele das mãos e o pano das minhas calças subindo e descendo pela áspera casca. Descasquei o salgueiro e afaguei a madeira branca e doce, e meu machado mordeu as fibras puras, e a serra deixou descobertos os velhos anéis e o cerne da madeira. Através do microscó-pio copiei os traços das células, e sacudi as raízes como cabelos nas minhas mãos; e masquei a goma e enrolei a língua em torno da seiva, e senti as fibras da madeira entre os meus dentes. Deitei-me entre as folhas de outono, e minhas narinas beberam o fumo de seu sacrifício. Aplainei o tronco amarelo e bati pregos, e poli a madeira macia com a minha mão.

Agora dentro de mim existem grãos e folhas, uma confluência de raízes e galhos, florestas próximas e distantes, e um solo macio feito de milhares de anos de plantas caídas, e este sussurro, esta lembrança de dedos e narinas, o frágil brotar das folhas reluzindo dentro de meus olhos. Qual é a minha com-preensão das árvores se não esta realidade que está além de pobres nomes? Assim os lábios, a língua, ouvidos e olhos e dedos juntam suas vozes e falam para dentro, para a compreensão. Se eu sou sábio, não tento conduzir o outro para esse lugar estranho, sem lugar, que são os meus pensamentos; mas eu o levo para a floresta e solto-o entre as árvores, até que ele descubra as árvores dentro de si mesmo, e descubra-se dentro das árvores.

Kenneth L. Patton em Stevens, Barry – Não apresse o rio: ele corre sozinho. São Paulo. Summus. 1978.

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Cultivando uma horta Juçara de Souza Marques

Introdução

A participação de crianças na elaboração e em todas as etapas necessárias para o cultivo de uma horta desenvolve o comprometimento destas com o cuidado do ambiente e reafirma os sentimentos humanos que traduzem respeito e carinho, entre eles mesmos e com o ambiente que os cercam.

O contato com a terra e com as plantas aproxima as crianças da natureza e a necessidade de um cuidado maior, como ter que regar, arrancar plantas daninhas, retirar formigas e outros insetos, de-monstra a elas que é preciso a atenção continua, paciência, e entendimento do que está sendo feito. O cultivo de uma horta traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento das crianças além dos que já foram mencionados, como por exemplo, desfaz o estranhamento que muitas delas têm em rela-ção a uma alimentação repleta de verduras, legumes e frutas. Para a escola a experiência de ter uma horta também traz inúmeros benefícios, fornece os alimentos a baixo custo, os quais, dependendo do tamanho da horta e da quantidade disponível, podem ser usados na merenda. Além disso, o nível de higiene no ambiente escolar tende a aumentar, assim como as relações entre as pessoas, promovendo uma melhor integração entre funcionários e alunos.

Os objetivos do cultivo da horta são desenvolver o conhecimento de maneira lúdica, despertando o interesse das crianças e informando sobre diversas propriedades das plantas que estão sendo trabalha-das; estimular o consumo variado dos alimentos e incentivar o desenvolvimento sustentável.

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Material e métodos

Para a elaboração da horta é preciso levar em consideração o terreno e solo, sendo indicada uma região plana ou levemente inclinada, que seja livre de ventos fortes e frios, que tenha uma boa lumino-sidade, recebendo luz do sol na maior parte do dia, e que esteja perto de alguma fonte de água. Além disso, é necessário que a horta esteja distante de sanitários, esgoto e estradas ou rodovias, de preferên-cia em um local isolado, com pouco tráfego de pessoas e animais.

Escolhido o local, é feito o preparo do canteiro, o que já pode ser feito com a participação das crian-ças. O terreno precisa ser limpo, a terra revolvida (revira-se a terra aproximadamente em 15 centímetros), desmanchando os torrões, retirando as pedras e outros objetos e nivelando o terreno. O canteiro pode ser enriquecido com adubo natural, feito a partir do húmus ou oriundo de restos vegetais e animais.

Com o terreno pronto começa a formação das covas e a plantação. Durante a época de crescimento podem ser feitas atividades nas escolas relacionadas à horta e com a produção de adubo orgânico. Além disso, durante esse período é preciso que a horta seja bem cuidada, sendo regada duas vezes ao dia, sem encharcar o solo, já que isto ajudaria na proliferação de fungos, lembrando-se também que a horta tem que ser mantida limpa, retirando-se as ervas daninhas. Seria recomendável que juntamente com a semeadura, houvesse a plantação de algumas mudas e, desse modo, as crianças poderiam visu-alizar as plantas já adultas ou um pouco crescidas, enquanto observam através da semeadura todas as etapas do desenvolvimento desde as sementes até que um maior porte seja atingido.

Os canteiros podem ser arranjados de diversas formas, sendo escolhida aquela que fique mais ade-

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quada no espaço disponível encontrado nas escolas. Uma alternativa é a separação dos canteiros de acordo com a parte utilizada da planta,como por exemplo:

Canteiro 1 - São plantadas aquelas cujas raízes são utilizadas (exceto temperos): cenoura, beterraba, batata doce, batata inglesa, mandioca, inhame, rabanete, nabo, entre outros;

Canteiro 2 - Temperos: salsa, cebolinha, alho, cebola, orégano, alecrim, louro, manjericão;

Canteiro 3 - Hortaliças de folha: agrião, alface, couve, espinafre, taioba, rúcula, mostarda, repolho

Canteiro 4 - Hortaliças de frutos: tomate, abobrinha, abóbora, chuchu, pimentão, jiló, berinjela, quiabo, vagem, pepino

Canteiro 5 - Hortaliças de flor, como a couve-flor e o brócolis, juntamente com aquelas de semen-tes (ervilha, milho verde, lentilha)

Canteiro 6 - Plantas medicinais: camomila, macela, hortelã, melissa, capim limão, erva-doce, entre outras sugestões.

Essa seria a alternativa que demandaria maior espaço nas escolas, porém o cultivo da horta é facil-mente adaptado de acordo com o terreno disponível e de acordo com interesse das escolas no cultivo de determinados espécies. Outra disposição que pode ser feita para os canteiros leva em consideração o tamanho das hortaliças, dispondo-as de acordo com o sol, de forma que as menores se localizem na frente e as de maior porte na parte de trás, o que garante a todas uma boa iluminação. Nesse caso leva-se também em consideração os diferentes tipos de crescimento das plantas, como por exemplo, as trepadeiras ficam atrás, e as rasteiras na frente.

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Para as escolas que disponham de espaços muito reduzidos, é possível o cultivo da horta em vasos, ou outros tipos de recipientes. A eficácia dessa experiência não depende tanto do porte das hortas, e sim da forma com a qual o tema será abordado, tendo sempre a participação efetiva dos alunos nas diversas etapas, buscando manter vivo o interesse das crianças, informar de maneira lúdica e incentivar o desenvolvimento de maneira sustentável.

Os materiais necessários para o cultivo da horta são:

• Enxada• Regador• Alicate• Pá• Sementes• Mudas• Adubo• Materiais que cerquem os canteiros (garrafas pet, pedaços de bambu, pedras, entre inúmeras pos-

sibilidades)• Vasos entre outros recipientes (para escolas que não comportam a horta no chão)

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Referências

Cultivando hortaliças: uma diversão de crianças; Santino Seabra Júnior, Antonio Ismael Inácio Cardoso, Sueleni de Oliveira Villas Bôas, Ana Maria de Oliveira, Cleide Cristina Figueira, Arlete de Camargo, Rosane Godoy Campos, Viviane Ortega Dezen. Disponível em: http://www.achorticultura.com.br/Biblioteca/Default.asp?id=3314

A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis, Manual para escolas: Horta; Clarissa Hoffman Irala, Patrícia Martins Fernandez, Elisabetta Recine

Projeto Horta; Paty fonte, Elis Regina P. Röesler; disponível em: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/horta.htm

Revista Horta & Pomar; Guia Sítio & Cia, Editora Casa dois

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A horta como espaço de vivência, integração social e com a natureza Sthefane D`ávila

As crianças nos ajudam a perceber a humanidade e a transformar os seus rumos

A humanidade se modifica continuamente e, por esta razão, a educação deve ter um caráter fluido, respondendo aos problemas, reflexões e anseios peculiares a cada época. Atualmente, o problema da degradação ambiental e as perspectivas deste processo para a vida humana atinge o mundo de per-cepções e sentimentos das crianças, de uma forma que elas não são plenamente capazes de acolher e elaborar.

As influências externas que atuam sobre a criança e sua vida devem estar em um processo de equi-líbrio com a sua capacidade de acolhê-las ativamente, elaborá-las e tomar iniciativas a partir delas. Esta interação de fatores exteriores e interiores participa da constituição da pessoa e tem importância essencial para a sua vida. É um processo instável e continuamente em movimento que se desenvolve durante a infância1.

O acolhimento dos acontecimentos externos à criança depende do desenvolvimento da capacidade de compreensão do mundo e da sua participação ativa no ambiente. Tendo em vista esta necessidade, o problema da conservação da natureza pode ser trabalhado de uma maneira coerente com as neces-sidades da criança, aproximando o seu mundo interior ao mundo natural. Neste sentido o educador deve desenvolver ações, posturas e disposições que permitam que estes elementos, quais sejam o cui-

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dado e a afeição com a natureza, o entendimento dos eventos rítmicos e a percepção da relação entre o indivíduo e o mundo natural, façam parte da personalidade da criança em desenvolvimento.

As vivências proporcionadas pela interação com o solo e as plantas podem propiciar o despertar da criança para o mundo natural e a ampliação da consciência social. Plantar, cuidar e colher constitui um exercício de vontade para a criança, particular e único para cada indivíduo. Ao mesmo tempo, todas estas ações se integram em uma ação social, no sentido de ser a horta um ambiente para todos, que depende da ação conjunta dos indivíduos e cujos frutos serão compartilhados.

A construção anímica da horta

Quando a ideia da horta é levada às crianças e o terreno onde ela será construída é visitado pela pri-meira vez por elas, é importante destinar um tempo para observar o ambiente. Depois de observar, as crianças podem desenhar tudo o que puderam ver. Esse período de pura contemplação é essencial para que a fantasia, as faculdades criadoras, as mesmas que a criança utiliza no brincar, sejam colocadas em movimento. Dessa maneira as crianças têm tempo de criar, animicamente, uma realidade interior que depois será concretizada. Esse período é necessário para que o processo ocorra da maneira mais natural e proveitosa para as crianças, uma vez que a experiência só será realmente autêntica se tiver suas raízes em processos criativos internos. Além disso, respeitando e incentivando a imaginação da criança é possível conservar as energias espirituais criadoras por toda a vida do indivíduo.

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Atividades desenvolvidas na horta

O ritmo de desenvolvimento das atividades na horta apresentado aqui é estruturado com base na proposta de prática pedagógica da Educação Waldorf2. Cada aula deve ser uma obra de arte, ter todas as características de uma obra de arte: tensão, inquietude, relaxamento, clímax, prólogo, epílogo2.

Cada criança vem de diferentes lugares e ambientes, e ao chegar à escola suas impressões e emo-ções são heterogêneas. A primeira tarefa do professor, antes de começar a aula de horta, consiste em harmonizar e sintonizar o grupo. A afinação ou a sintonização das almas infantis é um ato que abre os corações, que abre a compreensão para o que se segue depois2. O prólogo inclui música em roda e o recitar de um poema. As etapas seguintes se dirigem às três energias fundamentais da alma: o pensar, o sentir e o querer. A etapa que segue depois do prólogo se dirige ao pensar. O professor rememora com as crianças as atividades realizadas na semana anterior. Em seguida, dirige-se ao sentir das crianças, propondo a nova atividade, trazendo um tema novo, que as enriqueça sentimentalmente e convidan-do-as à ação. A terceira parte, que inclui o agir concretamente, constitui o exercício da vontade, que no caso da horta é intensamente trabalho, uma vez que as atividades são de natureza essencialmente prática (plantar, limpar os canteiros, regar as plantas). O período de realização das atividades práticas deve ser coerente com o tempo em que as crianças conseguem se concentrar. A nossa experiência mostrou que este tempo é em torno de 40 minutos, após o qual elas se dispersam. Ao final das ativi-dades, quando as crianças já estão espalhadas pela horta, brincando, subindo em árvores, correndo, é o momento para a realização do epílogo. O professor convida para a sala de aula para contar uma história, concentrando novamente as energias e a atenção e distribuindo calor às suas almas.

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Os movimentos individuais construindo o movimento comum

As crianças não se comportam da mesma maneira durante as atividades desenvolvidas na horta. Algumas crianças são conquistadas com maior facilidade e participam das atividades propostas com grande seriedade, não uma seriedade cinzenta e tristonha, mas uma seriedade cheia de entusiasmo e fervor2. A dedicação delas às atividades que o professor propõe é um elemento essencial para a reunião do grupo em torno de uma ideia.

Outras crianças são mais agitadas e se dispersam no ambiente, realizando por pouco tempo as atividades propostas. Entretanto, mesmo estas crianças recebem uma contribuição significativa ao seu desenvolvimento. Ainda que esteja no alto de uma árvore, enquanto todas as outras crianças realizam juntas o plantio de mudas, ou retiram as ervas daninhas dos canteiros, essa criança, do alto da árvore, estará observando a horta como um todo e as atividades que o grupo desenvolve. Essa contemplação também é benéfica para ela. Esse olhar para toda a horta é propiciado pela tendência à expansão ca-racterística dessas crianças e atua nos níveis do pensar e do sentir, ainda que não no nível do exercício da vontade. Estas crianças precisam desenvolver o amor pelo professor de horta para serem por eles conduzidas às atividades e atuarem concretamente no ambiente pela força da sua vontade.

Outras crianças mostram-se menos interessadas e não realizam tudo o que é proposto. São mais caladas, com menor vitalidade e fecham-se em si mesmas e por isso precisam ser conquistadas e des-pertadas para a vida social ao seu redor.

Ambas as personalidades recebem os benefícios da aula de horta, assim como as crianças que são

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facilmente conquistadas. Entretanto, é preciso compreender que tais crianças apresentam necessidades diferentes por suas tendências à expansão e ao fechamento em si mesmas, respectivamente. Ao respei-tar os limites que o temperamento nos apresenta, conquistamos o interesse das crianças pela horta, por meio da sensibilidade e respeito.

Em alguns momentos as crianças se distraem com coisas que encontram na horta e que não são ne-cessariamente o objeto da aula: casulos de borboletas, ovos de lagartixa, frutas, sementes, pássaros… Apesar da agitação em torno dessas descobertas conferir uma aparente falta de ordem ou harmonia à aula, elas representam aprendizados importantes: o despertar para a vida natural que se apresenta ao seu redor por meio da investigação e da percepção particular que cada indivíduo tem do ambiente. Neste caso, o professor deve respeitar por um momento o movimento que surgiu espontaneamente, valorizando a descoberta e em seguida conduzir as crianças de volta à atividade proposta no início da aula, solicitando sua contribuição e despertando novamente seu interesse.

Quanto mais harmonizado o grupo, tanto mais a atividade realizada por todos ganhará um caráter de unidade e o resultado será uma criação do grupo, no mais amplo sentido de solidariedade. O mo-vimento como um todo adiciona um valor a mais aos movimentos individuais. Isso não é realizado imediatamente, mas, em um primeiro momento, se conquista a atenção de poucas crianças para a atividade e em seguida as demais vão despertando para aquela ação, se aproximando e em algum tempo o grupo estará realizando algo conjuntamente. Este é o ritmo de um grupo de crianças, que obviamente têm temperamentos e tendências diferentes, sendo necessário que o professor observe a harmonia subjacente à aparente desordem. A multiplicidade de temperamentos, tendências, talentos e

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experiências é também um elemento importante. A criança aprende a lidar com as diferenças de todos que contribuem para formar o movimento em comum. Ela tem que aprender a adaptar seus próprios movimentos aos movimentos dos outros. A criança aprende a misturar suas próprias disposições e con-tribuições com as oferendas dos outros1.

Experimentar a beleza da natureza

Entre os sete e quatorze anos, as crianças observam os fenômenos do mundo exterior com um novo interesse. Um olhar diferente começa a se desenvolver. Nesta fase da vida, as atividades de contem-plação da natureza e ação sobre seus elementos pode se transformar em uma experiência muita rica, permitindo à criança acumular em si um tesouro de experiências e imagens.

O ensino dos processos observados na natureza deve ser realizado de maneira a não transmitir à criança conceitos demasiadamente estreitos e rígidos. Também não devemos forçá-las a entender rela-ções causais. As atividades na horta devem proporcionar à criança experimentar a beleza da natureza, incorporando essas impressões à sua alma2. Experimentar os movimentos de plantar, mexer na terra, colher e transformar a paisagem é mais importante do que a incorporação meramente intelectual de conceitos. Os elementos sensoriais e estéticos que a criança captar e elaborar durante a vivência na horta farão parte da construção da sua visão de mundo mais tarde, a partir dos 14 anos, quando o indi-víduo está pronto para pensar e agir concretamente. O conceito cresce com a criança, sempre em me-tamorfose2 e neste processo, ela começa a compreender os segredos ocultos atrás da beleza do mundo.

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É nesta idade que apontam os primeiros sinais de futuros naturalistas e exploradores2. Aproxima-se a maturidade para a vida na terra e para esta transição não há preparação melhor do que dar forma artística ao saber, aproveitando ao máximo o período em que a criança está aberta para a beleza. Uma experiência muito interessante para integrar arte às atividades da horta pode ser a construção de can-teiros com formas nascidas na imaginação das crianças. Em duas ocasiões construímos junto com elas canteiros com este tipo de configuração. Na primeira vez, demos as mãos em roda e criamos a forma de S desejada para o canteiro. O professor de horta delimitou a forma na terra e depois todos ajudaram a formar o canteiro na área demarcada. Em outra aula, as crianças plantaram mudas de margaridas naquele grande S, admiradas pela beleza das flores e sugerindo que também plantássemos flores de outras cores…

Em outra ocasião, as crianças se dividiram em três grupos e escolheram a forma do canteiro que iriam construir. Dois grupos construíram canteiros em forma de sol e o terceiro, em forma da letra C. As crianças ficaram muito concentradas na atividade e até recusaram a ajuda dos professores, demons-trando sua profunda motivação em criar algo a partir da sua própria vontade e imaginação. Ao término da atividade pudemos ver uma construção fortemente artística. Sugerimos às crianças que trouxessem, na próxima aula, mudas das flores que gostariam de plantar nesses canteiros.

Alimentando a imaginação e a vontade das crianças estimulamos o nascimento do interesse: o afã do investigador, do explorador, interesse pelo mundo que nos circunda, interesse pela natureza, inte-resse pelas observações próprias, interesses e mais interesses2.

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Necessidade de movimento

Com o decorrer do tempo, durante as atividades da horta, as crianças podem manifestar a vontade de usar instrumentos, como a enxada, que antes elas aceitavam ser usados apenas pelo professor. É interes-sante notar que, em algumas ocasiões, elas podem se referir às atividades desenvolvidas como trabalho. Isso pode ser exemplificado na fala de uma criança que brincava enquanto as outras desenvolviam a atividade proposta: daqui a pouco eu vou trabalhar, está bem? Esta mesma criança uma vez se pergun-tou: será que a gente pode ganhar dinheiro com isso? Essa percepção pode refletir a identificação do movimento que elas estão realizando com o movimento dos adultos. E sobre este aspecto podemos no-tar que começa a se formar na criança o embrião das conexões sobre a realidade do mundo dos adultos (que em alguns aspectos interpenetra o mundo da criança) e as ações que ela começa a experimentar. Há uma viva conexão entre os movimentos internos que fazemos enquanto pensamos e os externos que fazemos enquanto exploramos algo fisicamente1. A criança pode então começar a compreender que alguém, no exercício do seu trabalho, plantou o alimento que ela come, teceu a roupa que ela veste...

Essa vivência relacionada aos movimentos torna-se especialmente importante quando levamos em conta as mudanças que o mundo vem atravessando. Atualmente, as pessoas deixaram de realizar mui-tas atividades por causa do avanço tecnológico, que permitiu que o trabalho humano fosse executado pelas máquinas. O papel do movimento na vida da maior parte das pessoas restringe-se a atividades de lazer. Como está na natureza das crianças construir um relacionamento com o mundo dos adultos através da imitação, elas têm cada vez menos vivências que propiciam a tomada de consciência do

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meio ambiente através do movimento. Máquinas e aparelhos causam um distanciamento de seus mun-dos de observação e de experiência1.

A interiorização de elementos da natureza no mundo de sentimentos da criança

Percebemos que as vivências propiciadas pela aula de horta atuam no sentir da criança. Observa-mos seu entusiasmo, afeição e o sentimento do belo, ao admirar uma flor, ou todo o canteiro plantado, ao tratar as plantas com carinho e cuidado. Em certa ocasião, observamos esse sentimento de cuidado, durante o plantio de um canteiro de cenoura. As crianças retiraram as mudas da sementeira e com as pequenas cenouras “bebês” abrigadas na mão em concha, fomaram aos “bercinhos” preparados na ter-ra para plantá-las. É interessante observar que o mundo de sentimentos da criança é capaz de conferir a diferentes elementos (bebês humanos ou cenouras) a mesma afeição. E cultivar e ampliar esse afeto a todos os elementos da natureza é extremamente benéfico para a criança, criando ao seu redor um mundo valoroso ao qual ela pode direcionar o sentir com toda a sua alma.

Todo esse potencial para a sensibilidade que encontramos na criança é uma força poderosa para movimentar profundas mudanças na sociedade humana. Essas mudanças não ocorrem apenas por causa dos adultos que estas crianças serão um dia, mas também por causa das transformações que ocorrem quando se configura um grupo em torno da criança. Este grupo, formado por pessoas que trabalham concretamente, que são social e afetivamente ligadas às crianças experimenta uma forte saúde social. Para estes adultos, as dificuldades, os medos e os aspectos incompreendidos da natureza humana se tornarão ferramentas tanto de desenvolvimento, como de transformação social e individual.

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Quando se pensa em conservação da natureza, percebe-se que esse movimento de interiorização dos elementos naturais no mundo de sentimentos das crianças é essencial. As crianças que vivencia-rem a natureza com o sentir provavelmente se tornarão adultos que atribuem ao mundo natural um valor intrínseco e independente de sua importância para outros aspectos da vida e da sociedade.

Referências Bibliográficas1Callegaro, B. 2004. Desafios à encarnação do Eu. Revista Navegantes n0. 1, ano 1.2Lanz, R. A Pedagogia Waldorf. Caminho para um ensino mais humano. 2ª. Edição. Summus Editorial.

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Como fazer compostagem Sthefane D`ávila

A compostagem é uma técnica milenar, baseada no processo de transformação de resíduos orgâ-nicos, como galhos, folhas secas, cascas de vegetais, em adubo orgânico, que pode ser utilizado na horta, no jardim e em maior escala, na agricultura. Este processo é realizado na natureza por organis-mos decompositores, que obtêm a partir da matéria orgânica sua fonte de energia, nutrientes minerais e carbono.Esses organismos ao degradarem a matéria orgânica disponibilizam nutrientes no solo, que são utilizados pelas plantas.

Geralmente a compostagem é realizada em propriedades rurais, para a reciclagem de restos orgâ-nicos e obtenção de adubo para as plantações. Entretanto, a compostagem pode ter a finalidade de reduzir a quantidade de lixo orgânico dispensado nos aterros sanitários nas áreas urbanas, evitando a contaminação do solo e lençóis freáticos. Nesse sentido, existem técnicas para se realizar a compos-tagem doméstica que pode ser empregada para a reciclagem dos resíduos orgânicos produzidos em nossas residências. As composteiras domésticas ocupam pequeno espaço, não produzem odor desa-gradável, são de fácil manutenção e podem ser utilizadas até mesmo em apartamentos.

Composteira doméstica utilizando minhocasEsse tipo de composteira é ao mesmo tempo composteira e minhocário. A composteira doméstica

destina-se a transformar o lixo orgânico que produzimos em nossas casas (restos de alimentos, cascas de frutas, restos de vegetais, restos da poda das plantas) em adubo e fertilizante natural. Essa trans-

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formação é feita por meio da ação de minhocas da espécie Eisenia andrei, popularmente conhecidas como minhocas vermelhas ou californianas. As minhocas ingerem os resíduos orgânicos transforman-do-os em húmus, um composto orgânico muito rico que pode ser posteriormente utilizado em nossas hortas e jardins. As minhocas californianas, diferentemente das minhocas nativas, têm a capacidade de se alimentar de resíduos orgânicos frescos e, por essa razão, são excelentes agentes decompositores.

O uso das composteiras permite que o lixo orgânico seja reciclado, transformando-se em húmus de minhoca e chorume orgânico (biofertilizante líquido), evitando assim a saturação dos aterros sanitários e contaminação dos lençóis freáticos.

A composteira doméstica é formada por um sistema de caixas sobrepostas, sendo duas caixas diges-toras, posicionadas na parte superior e uma caixa coletora na parte inferior. As caixas digestoras são o abrigo das minhocas e é dentro delas que é colocado o lixo orgânico que servirá de alimento para esses animais. O fundo das caixas digestoras é coberto com uma “cama” feita a partir da mistura de terra preta, composto, húmus e serragem. Elas são furadas no fundo para permitir a passagem das minho-cas de um compartimento para outro e o escoamento do excesso de líquido que escorre dos resíduos orgânicos (chorume orgânico) para a caixa coletora. A função da caixa coletora é coletar e armazenar o chorume orgânico, que pode ser utilizado como um biofertilizante líquido usado durante a rega das plantas. Para isso, basta retirar o chorume da caixa coletora e diluí-lo em água, na proporção de uma parte de chorume para 5 a 10 partes de água.

Na composteira doméstica, podem ser colocados restos de frutas, legumes, verduras, grãos e semen-

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tes, além de saquinhos de chá, borra de café com o filtro, cascas de ovos, palhas, folhas secas, serra-gem, palitos de fósforo e, até mesmo, papel toalha e guardanapos usados, papel de pão, embalagens de pizza e papel jornal.

Existem alguns resíduos orgânicos que não podem ser colocados na composteira, como por exem-plo carnes, casca de limão, laticínios, óleos, gorduras, papel higiênico usado, fezes de animais do-mésticos, excesso de frutas cítricas, excesso de sal nas sobras de comida, alho e cebola. Restos de alimentos cozidos ou estragados só podem ser colocados na composteira com moderação. Também é importante tomar cuidado para nunca introduzir na composteira restos que tenham resíduos químicos, como verniz, tinta ou cola.

A composteira deve ficar em um local fresco e arejado. Os resíduos orgânicos devem ser colocados na parte de cima, dentro das caixas digestoras. Quando a primeira caixa estiver cheia, ela deve ser transferida para o meio do sistema, e a caixa que estava no meio deve subir para receber os próximos resíduos orgânicos. A caixa coletora pode ter uma torneira para a retirada do chorume, que deve ser feita semanalmente ou a cada 15 dias. Para a coleta do húmus é preciso puxar o composto para um dos lados da caixa e colocar resíduos frescos no lado vazio. Após alguns dias, as minhocas migrarão para o alimento fresco, facilitando assim a retirada do húmus.

O uso da composteira na escolaA compostagem pode ser adotada na escola, para a reciclagem dos resíduos orgânicos gerados na

preparação da merenda escolar e como forma de gerar adubo e fertilizante para a horta da escola. Essa

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atividade pode ser conduzida de maneira a envolver toda a comunidade escolar, funcionários, profes-sores e estudantes e ajudar a compreensão de conteúdos das disciplinas de Ciências e Biologia, como por exemplo, o ciclo da matéria orgânica, a nutrição das plantas, papel ecológico dos organismos decompositores.

Atividades práticas e experimentos podem ser conduzidos aproveitando-se a prática da composta-gem, contribuindo para o desenvolvimento do espírito investigativo, e tornando o aprendizado uma experiência cheia de vida e significado.

Uma atividade que pode ser realizada com os estudantes é a observação da capacidade de re-ciclagem dos resíduos orgânicos pela composteira. À medida que as minhocas vão crescendo e se reproduzindo, as duas caixas digestoras ficam povoadas e a quantidade de resíduo transformado em húmus aumenta, enquanto o tempo necessário para essa transformação diminui. Pode-se dessa forma, observar semanalmente o tempo necessário para a conversão de resíduo em húmus, pesando-se o material depositado nas caixas digestoras e observando-se dia a dia a sua completa transformação. Se a composteira estiver em condições ideais, em duas semanas há a conversão de todo o resíduo depo-sitado. Os estudantes poderão fazer anotações sobre o experimento e tirar suas próprias conclusões sobre o processo. Como a composteira é também um minhocário, é possível observar o ciclo de vida das minhocas: sua reprodução, as fases de seu ciclo de vida e seu comportamento.

O uso da compostagem na escola é uma atividade completar à manutenção da horta, que garante a boa nutrição das plantas e a reciclagem do lixo orgânico da escola.

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A maneira de fazer a compostagem é a mesma, mas existem diversos tipos de composteiras fabrica-das de acordo com a disponibilidade de espaço e material. É possível comprar a composteira pronta em sites especializados ou você mesmo pode fabricá-la.

Você pode montar um sistema simples de compostagem com engradados de PVC (como aqueles utilizados em supermercados para o transporte de compras).

Para isso, você deve furar o fundo das caixas de PVC para a drenagem e oxigenação do microam-biente que será formado e em seguida forrar a caixa com uma camada espessa de jornal bem úmido. Em seguida, preencha o fundo da caixa com uma camada de 10 cm de húmus de minhoca que pode ser obtido em floriculturas. Adicione as minhocas e cubra com os resíduos orgânicos. Não use em sua composteira restos de alimentos como arroz, feijão, carnes e ovos, que podem atrair insetos e causar mau cheiro. Os resíduos frescos irão atrair as minhocas, que iniciarão o processo de compostagem. Cubras os resíduos frescos com mais uma camada de jornal úmido e coloque uma tampa, fechando bem a composteira para evitar a entrada de insetos indesejáveis, como moscas etc...

Compostagem para obtenção de terra vegetalA compostagem do lixo orgânico também pode ser feita sem a presença das minhocas. A compos-

teira pode formada de apenas um compartimento, por exemplo, em um tambor, no qual você adiciona os resíduos orgânicos frescos na parte de cima e coleta o adubo pronto na parte inferior. Se houver disponibilidade de espaço, a compostagem pode ser feita diretamente sobre o solo, formando-se pilhas de material vegetal seco, resíduos orgânicos frescos, esterco e húmus.

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A construção da pilha é iniciada com uma camada de material vegetal seco de 15 a 20 centímetros de altura, com folhas, palhas e capim seco. A camada deve ser regada para que fique bem úmida, mas sem encharcá-la. A segunda camada é formada pelos resíduos orgânicos, tais como restos e talos de verduras, aparas de grama, restos de comida, saquinhos utilizados de chá, borra de café, guardanapos de papel, etc.

A terceira camada é formada por esterco. Se o esterco for de origem bovina, a espessura da camada de esterco deve ser de 5 centímetros; se de galinha, deve ser de, no máximo, de 3 centímetros.

A quarta camada deve ser de terra enriquecida com húmus de minhoca.

Depois que cada camada foi formada, toda a pilha deve ser umedecida, sem encharcar. A pilha deve ter no máximo um metro e meio e a última camada superior deve ser quase plana para evitar a perda de calor e umidade. A pilha deve ser revolvida diariamente para levar oxigênio os microrganismos decompositores.

Referênciashttp://moradadafloresta.org.br/PDFs_para_download/Manual_Composteira_Domestica_2011.pdf

http://www.refazenda.org.br/refazenda/artigos_2009/materia_material_organico/artigo_viveiros_material_organico.htm

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Reciclando o papel Juçara de Souza Marques

Introdução

A atividade da reciclagem artesanal do papel, além de ser um instrumento lúdico no qual as crian-ças podem recriar o material que posteriormente será usado por elas, representa também uma ótima ferramenta para a conscientização sobre a reutilização de materiais e sobre a preservação/conservação do meio ambiente, tornando a natureza mais próxima dos alunos. Além disso, pode-se através dessa atividade, fornecer algumas informações interessantes como, por exemplo, a origem e a forma de fa-bricação dos papéis e, deste modo, o aprendizado passa a envolver diversos temas históricos, artísticos e ecológicos, e torna uma atividade de socialização e democratização do conhecimento.

Material e métodos

Pode-se iniciar a atividade com uma introdução sobre a origem e história do papel ao longo do tempo, sendo que essa exposição pode ser feita de diversas formas, como com o auxilio de painéis, imagens ou mesmo uma apresentação oral.

O papel foi inventado pelos chineses no século II, sendo a sua criação atribuída a Tsai-Lun que, observando o comportamento de vespas na confecção de seus ninhos, viu que estas formavam uma pasta após mastigarem pedaços de bambu. Pressionado pelo imperador chinês para descobrir um novo material para a escrita e tendo observado esse comportamento das vespas, Tsai-Lun fez uma mistura de fibras de casca de amoreira, bambu e pedaços de seda, tornando a mistura uma pasta que após

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ser peneirada e seca ao sol transformava-se numa folha que era usada para a escrita. Além da casca de amoreira, bambu e seda, posteriormente também foram usados para a confecção do papel o arroz, palhas, linho, algodão, entre outros.

A fabricação do papel permaneceu como um segredo durante muito tempo e só após os árabes terem tomado conhecimento da técnica é que se começou a produção do papel em maior escala. Em 1840 na Alemanha o papel foi feito, pela primeira vez, com massa obtida com as fibras da madeira (celulose), sendo esta a matéria-prima utilizada até hoje. A celulose é um elemento fundamental dos vegetais e é obtida principalmente a partir da madeira de árvores como eucalipto e pinho.

Atualmente o papel é feito da seguinte forma: pedaços de madeira são descascados e picados, sendo esses pedaços cozidos com substâncias químicas. O líquido proveniente dessa mistura é arma-zenado, provocando a decantação. A pasta decantada é lavada para retirada de algumas impurezas, seguindo-se a sua secagem. É esta pasta que forma o papel.

A reciclagem artesanal do papel é feita de modo a reutilizar a celulose presente no papel industriali-zado. O papel que será reciclado deve estar limpo e sem pigmentos, colas ou substâncias impermeáveis.

A reciclagem ocorre da seguinte forma: o papel é picotado e colocado de molho por 24 horas em uma bacia de água tendo esta etapa a finalidade de dilatar e soltar bem as fibras. Após as 24 horas, por-ções do papel umedecido são espremidas e postas no liquidificador, acrescentando-se água na porção de 1 parte de papel amolecido para 2 ou 3 partes de água (o grau de granulosidade do papel reciclado depende da diluição da massa). A mistura é batida por volta de 5 minutos até a pasta se tornar homo-gênea. A massa é então transferida para uma bandeja (bacia), sendo acrescentados mais 2 ou 3 porções

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da medida anteriormente usada, sendo a massa misturada. Com uma peneira são feitos movimentos na mistura a fim de promover uma deposição uniforme da massa. Após esse processo a peneira é colocada na horizontal, e depois é elevada trazendo um pouco da massa e deixando escorrer o excesso de água. A peneira com a massa obtida é colocada em cima de uma pilha de jornais e coberta com algum pano. Um outro pedaço de pano ou uma esponja é usado para pressionar a massa e retirar o excesso de água. Feito isso, a peneira pode ser virada, soltando a massa de papel sobre um outro pedaço de pano ou mesmo sobre jornais. Em seguida, para tornar a superfície mais regular, a massa pode ser passada com ferro ou prensada entre tabuas de madeira (livros, ou outros pesos) que ficarão por cerca de 1 hora. Feita a prensagem, a folha de papel é posta para secar em um varal, presa por prendedores de roupa, podendo essa etapa de outras formas, desde que promovam a secagem ao ar livre e na sombra. Após a massa estar seca recomenda-se um novo processo de prensagem a fim de que a celulose se retraia uniformemente, evitando ondulações.

Algumas modificações podem ser feitas a fim de melhorar a qualidade do papel, como por exem-plo, o acréscimo de gelatina ou cola na massa presente na etapa do liquidificador com o propósito de aumentar a resistência e a impermeabilidade do papel. Nesse caso, para cada litro de água é utilizada uma colher de sopa de cola no liquidificador, após 3 minutos do inicio do processo, prosseguindo até dar 5 minutos. Além disso, a massa pode se tornar mais homogênea usando o quiabo ou a flor de hi-bisco. Para isso o quiabo e a flor de hibisco podem ser deixados de molho até que se forme uma calda do tipo baba. Essa calda pode ser adicionada após a massa ter sido peneirada. Podemos também tornar o papel menos absorvente a tintas, mergulhando-o em solução bem diluída de gelatina.

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Caso queira-se uma a massa mais clara pode-se adicionar água sanitária ou oxigenada na água usada para o repouso da mistura. É possível também fazer o tingimento do papel usando tintas solúveis em água, sendo estas adicionadas no copo do liquidificador no momento da trituração, permitindo a impregnação da tinta nas fibras.

Com os papeis reciclados em mãos é possível a continuação das atividades utilizando-os na confec-ção de cartões que pudessem ser trocados entre os alunos, ou nos quais as crianças pudessem expres-sar suas impressões e o aprendizado da experiência. Outra atividade que poderia ser feita a cerca da reciclagem do papel é a confecção de mascaras que poderiam ser usadas pelos alunos em uma peça de teatro envolvendo outros temas, entre inúmeras possibilidades.

Os Materiais necessários são:• Liquidificador• Bacias• Peneira • Água• Panos velhos, grandes e também retalhos• Jornais• Folhas usadas que serão recicladas• Corda para fazer o varal• Prendedores

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• Pesos como tábuas de madeira ou livros (ou o uso do ferro de passar roupa)

No caso das alterações no tipo de material que será desenvolvido, ainda podem ser necessários:

• Gelatina• Cola• Água sanitária• Quiabo ou flor de hibisco• Tintas

Referências

Reciclagem artesanal do papel, Cartilha da Fundacentro, São Paulo, 2002

Como fazer papel artesanal, Diva Elena Buss, Parte prática da dissertação de Mestrado “Papel artesanal: Veículo criativo na arte e na sociedade”, São Paulo, 1991

Papel nosso de cada dia, José Maria Gusman Ferraz, Embrapa publicações, 2009, disponível em: http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2009/O papel nosso de cada dia_JoseMaria.pdf

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Metamorfose: Uma jornada para a vida! Fernanda Luiza de Almeida

Muitos animais de diferentes grupos passam por grandes transformações tanto no formato corporal como no tipo de alimentação e ambiente em que vivem. Ao conjunto dessas grandes modificações damos o nome de metamorfose.

Dentre os animais que sofrem essas mudanças estão os insetos como as borboletas do Manacá e os besouros do gênero Tenebrio. Estes animais quando adultos apresentam asas, antenas, pernas e olhos bem visíveis quando olhamos de perto. Porém, quando nascem são bem diferentes da forma que são vistos quando adultos.

A borboleta coloca um ovo sobre a folha de uma planta. Do ovo sai uma larva bem pequena que também é chamada de lagarta. Ela tem um corpo cilíndrico e muitas pernas onde as de trás possuem ventosas que a prendem firmemente no ambiente onde está e assim as pernas da frente podem se movimentar mais facilmente para captura de alimentos, como folhas de árvores do Manacá, já que esse é um estágio da vida que o animal se alimenta bastante para que seu desenvolvimento se complete.

Quando a lagarta fica bem grande ela para de se alimentar, faz a muda, que é uma espécie de troca de pele em que a lagarta sofre. Logo após a muda, seu corpo colorido e se fecha em um casulo, também chamado de crisálida, que fica pendurado em um local mais protegido. Nesse estágio a lagarta não se alimenta mais, começa a mudar de forma ganhando o formato de adulto ainda dentro do casulo.

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Quando seu corpo está todo formado, a borboleta rompe o casulo e vem para o ambiente. Ainda com as asas bem dobradas, ela fica um tempo sem se mover. Então suas asas começam a desdobrar com a circulação do seu sangue, chamado de hemolinfa, para que o primeiro vôo de sua vida possa ser realizado.

Na sua fase adulta o animal tem preferência por se alimentar de néctar ou frutas e procura um parceiro para se reproduzir e colocar ovos nas folhas para que, assim como ela, uma nova lagarta possa nascer, comer, empupar e sair do casulo como uma nova borboleta adulta.

Os besouros como o Tenébrio também fazem metamorfose. A fêmea coloca seus ovos na terra, em pães, farinha ou açúcar onde eclodem as larvas. Estas também nascem bem pequenas e à medida que vão se alimentando crescem e se tornam pupas. Diferente das borboletas, a pupa desse besouro pode se mexer ao se sentir ameaçada já que ela não fica presa a um local. Após cerca de três semanas, a pupa sofre muda e se transforma em um adulto chamado de imago. Este também tem a função de se reproduzir e a fêmea coloca mais ovos no ambiente para que o ciclo aconteça novamente.

O Jogo da Metamorfose

Nós propomos que os conceitos relacionados à metamorfose sejam trabalhados ludicamente através do jogo da metamorfose. Ao jogar, a criança aprenderá de forma divertida conceitos sobre ciclo de vida e relações ecológicas entre espécies.

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O formigueiro de vidroO livro “O formigueiro de vidro” apresenta, de modo literário, diversos conceitos sobre a biologia

das formigas. Várias situações descritas ao longo da história podem ser utilizadas pelos professores para a introdução de questões relacionadas, por exemplo, com:

1. A morfologia dos insetos:

O estudo dos artrópodes pode ser introduzido à partir das formas mais familiares aos alunos: os insetos. Considerando-se que as classes desse filo são, à priori, diferenciadas com base no número de segmentos e apêndices corporais, é importante que os discentes reconheçam nas formigas e nos demais insetos, as regiões “cabeça, tórax e abdômen”, bem como os três pares de pernas e as antenas, como características que diferenciam este grupo dos demais artrópodes.

2. Diversidade de formigas: diferentes espécies, com diferentes hábitos alimentares:

As formigas descritas no livro fazem referência ao gênero Acromyrmex. Por isso elas se alimentam de fungos cultivados no formigueiro. Entretanto, existe um grande número de espécies de formigas, com diferentes hábitos alimentares. Há as que se alimentam de vegetais, outras que são predadoras. Sabe-se também que em algumas espécies ocorrem castas especializadas em alimentar os demais membros da colônia, liberando secreções açucaradas que armazenam no abdômen. A compreensão da existência da diversidade é sempre importante no estudo sobre os seres vivos.

3. A diferenciação das castas: Como ocorre?

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Apesar das diferenças observadas entre operárias, soldados e rainhas de um mesmo formigueiro, deve-se salientar que são todas castas da mesma espécie. Esta diferenciação morfológica e fisiológica pode ocorrer por fatores genéticos, ou seja, a formiga já nasce predeterminada a pertencer a certa cas-ta, ou por fatores ambientais, como o tipo de alimentação e a competição com outras formigas. Vale lembrar que cada espécie de formiga apresenta seu próprio tipo de diferenciação.

4. Higiene doméstica: formigas dentro de casa?

Apesar de o estudo das formigas ser um interessante tema para despertar nos jovens estudantes o gosto pelas ciências biológicas, deve-ser evidenciar que a falta de cuidado com os alimentos e com os resíduos que os seres humanos produzem pode atrair esses animais para lugares indesejados. Este desequilíbrio, causado pela higiene inadequada, pode contaminar utensílios domésticos e alimentos com diversos patógenos trazidos do solo pelas formigas.

5. Relações tróficas: herbívoros, carnívoros e onívoros;

Considerando-se que as formigas citadas no livro se alimentam de fungos e que também servem de alimento para pássaros e outros animais, a história pode ser utilizada para apresentar aos alunos os principais aspectos das cadeias alimentares. Conceitos como autótrofos e heterótrofos, bem como herbivoria, predação e onivoria podem ser introduzidos.

6. O que são os fungos?

A classificação didática dos 5 reinos (apesar das limitações que a tornam simplesmente didática)

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pode ser uma interessante estratégia de apresentação de temas como Sistemas de Classificação Bioló-gica e/ou Biodiversidade. Os fungos, dos quais as formigas do livro se alimentam, pode ser o ponto de partida para maiores explicações sobre este grupo que apresenta nutrição sapróbia, ou seja heterotró-fica por absorção, com células especializadas denominadas hifas, as quais apresentam parede celular e vacúlo, etc.

O Formigueiro de Vidro Instrumentação em Zoologia – UFJF

Marcos sempre soube que oitava série não seria fácil. Alguns de seus colegas já tinham repetido o ano e várias vezes comentaram sobre as dificuldades de conseguir passar para o Ensino Médio... Mes-mo assim as matérias mal entendidas se acumularam e as notas abaixo da média também... Já no últi-mo bimestre do ano, o elevado risco de repetência preocupava os pensamentos de Marcos... Inclusive durante a prova de física, quando ele percebeu que a última questão não fazia muito sentido:

QUESTÃO 5 - Uma formiga com massa de 7 gramas está no alto de uma árvore. Ela coleta uma folha com massa 5 vezes maior que a sua. Por não suportar o peso, a formiga cai sem soltar a folha. Calcule a força aplicada no solo no momento do impacto.

Antes que Marcos pudesse organizar seus pensamentos o sinal tocou - Fim da linha! - e o professor começou a recolher as provas... Marcos apressou-se para escrever alguma coisa, tentando ganhar pelo menos meio ponto nessa última questão... Mas assim que recolheu a prova de Marcos, o professor deu uma rápida olhada nas respostas do garoto e balançou a cabeça com um sorriso discreto, como se lamentasse com ironia a situação do seu aluno.

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Não havia mais nada a ser feito. Marcos guardou a caneta e o corretivo na mochila e saiu da sala. Alguns minutos depois, já no pátio, caminhando em direção ao portão da escola, o garoto desabafava com seus amigos, Túlio e Thiago:

– Cara, não vai ter jeito não... Acho que vou rodar esse ano...

– Fala isso não, Marcos! Você sempre tirou notas boas, ainda tem chance de se recuperar... – Túlio respondeu.

– Ah, sinceramente... Não tô vendo solução não... Eu devo ter menos de um por cento de chance de passar... – Marcos lamentava.

– Mas calma aí, gente... Ainda tem a feira de ciências no final do ano, né... Se a gente conseguir fazer um trabalho bom, dá compensar essa prova de hoje! – Thiago falava, tentando dar alguma espe-rança aos amigos...

– Pode até ser, mas o jeito é esperar até amanhã e ver o resultado da prova... Aí sim a gente vai saber se ainda tem chance de passar ou não de ano... Túlio respondeu.

Apesar das palavras de Túlio, as notícias do dia seguinte não foram totalmente boas. O professor de física não chegou para as aulas, mas mandou pela secretaria uma lista com as notas dos alunos: Thiago e Túlio conseguiram tirar uma nota em cima da média, porém Marcos ganhou mais uma nota vermelha... Como estavam com o horário vago, devido à ausência do professor, os alunos conversavam no pátio, próximos ao canteiro:

– Eu sabia... Aquela última questão, falando que a formiga não agüentava o peso da folha... Não tem

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nenhuma lógica – Marcos lamentava.

– Pois é cara, a questão tava mal elaborada mesmo... Mas agora não tem mais jeito de você passar não? – Túlio perguntou.

– Ah, agora eu tô dependendo da feira de ciências... E estudando física nas aulas de ciências, não sei se vai dar certo...

Nessa hora Thiago percebeu que havia algo diferente na parte mais distante do jardim:

– Olha lá aquela professora de biologia fuçando no canteiro...

Os outros riram do comentário do colega e também estranharam o comportamento da professora! Na verdade, eles sempre viam a professora Drica vestida com o jaleco, observando os detalhes do jardim... Enquanto Túlio e Thiago ainda zoavam com aquela situação, Marcos ficou alguns instantes olhando o canteiro, como se também estivesse prestes a descobrir algo... Foi quando teve uma ideia:

– A gente bem que podia fazer um trabalho de biologia para a feira de ciências, hein! É melhor que continuar dependendo do professor de física!

– É, seria bem melhor mesmo! Mas a gente ainda não tem aulas de biologia... – Túlio comentou.

– Ah, mas vamos lá falar com ela, quem sabe ela ajuda a gente... – Marcos insistia.

Depois de alguns instantes de indecisão, os garotos entraram no jardim e foram até a professora. O gramado era um pouco escasso, mas havia alguns arbustos com flores, ypês, pés de ameixa, um pé de goiaba e um eucalipto enorme. A terra seca por causa do inverno sujava os tênis de poeira... Quando

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chegaram no final do jardim, Marcos disse:

– Professora, com licença... A gente tá querendo fazer um trabalho para a feira de ciências...

– Esperem só um pouco! Eu estou quase encontrando! Deixa eu ver isso aqui... – Interrompeu a professora, concentrada em sua pesquisa de campo.

A professora Drica seguia uma formiga na pequena trilha, quase escondida entre as folhas caídas no chão. Quando encontrou a entrada do formigueiro, ela exclamou:

– Achei! Consegui encontrar a colônia! Preciso mostrar isso para os meus alunos!

Ela parou por um instante, ajeitou os cabelos e, voltando sua atenção para os garotos, a professora disse:

– Desculpe, eu estava um pouco ocupada aqui... Vocês falaram sobre a feira de ciências não foi?

– Isso mesmo... A gente queria fazer um trabalho sobre biologia...

– Ah, que bom! E de qual parte da biologia vocês gostam mais?

– Na verdade não é que a gente goste de biologia... A gente não gosta de física, então...

A professora sorriu, surpresa com a sinceridade dos garotos. Mas apesar da justificativa, os três esta-vam dispostos a fazer um trabalho de biologia.

– Deixem-me ver... Vocês podem apresentar algo sobre morfologia de folhas ou sobre a contamina-ção dos córregos da cidade...

Enquanto a professora pensava em um tema interessante para orientar os alunos, Marcos percebeu

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um movimento diferente no canteiro: Uma quantidade muito grande de formigas estava saindo de uma só vez do formigueiro! Eram muitas, bem mais do que o normal!

– Olha isso aqui pessoal!

Quando Marcos mostrou aos outros o estranho comportamento daqueles insetos, uma nova surpre-sa: As formigas que estavam deixando o formigueiro tinham asas e começaram a voar!

Marcos, Túlio e Thiago deram um passo para trás enquanto a nuvem de formigas levantava-se diante deles. Eram formigas maiores do que as que os garotos viam todos os dias nos canteiros da escola. E voavam em todas as direções, inclusive sobre os garotos, que estavam bem perto do formigueiro!

Marcos e os outros começaram a espantar as formigas distribuindo tapas para todos os lados e piso-teando as que ainda estavam sobre o gramado, assustados com aquela grande quantidade de insetos!

– Esperem! Não façam isso! – Interrompeu a professora, afastando os meninos do formigueiro.

– O que está acontecendo com as formigas? Olha só, tem algumas aí no seu jaleco! Marcos comen-tou.

– Calma gente, isso é um momento muito especial. Estamos diante de uma revoada!

– Eu estou vendo que elas estão voando! E se elas entrarem na sala de aula e picarem os alunos?- Túlio respondeu ansioso.

– Não é isso! Elas estão voando porque isso faz parte do ciclo de vida delas! Elas estão voando para se reproduzirem!

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– Mas é formiga demais! – Thiago comentou.

– Mas tem que ser muita mesmo... Apenas uma dessas formigas em cada mil consegue sobreviver e construir um novo formigueiro...

Com um ponto de interrogação estampado nos olhos, Marcos perguntou:

– Só uma a cada mil? Por quê só isso?

Voltando o rosto para a revoada, a professora começou a explicar:

– Elas precisam superar muitos desafios...

...A primeira limitação são os predadores. Olhem aqueles pássaros, por exemplo. Normalmente eles se alimentam mais no final da tarde, mas hoje eles estão aqui mais cedo para comerem as formigas! Elas são uma importante fonte de proteína!

– Ah, que isso, as árvores ali cheias de ameixa e os passarinhos comendo formiga?- Marcos pergun-tou.

– Nem todos os passarinhos comem frutas, muitos se alimentam somente de insetos... Mas fiquem vocês sabendo que muitas pessoas também usam certas formigas na culinária... Eu nunca provei, mas dizem que dá pra fazer uma farofa bem saborosa!

Depois que as formigas saem do formigueiro e começam a voar, elas precisam encontrar um par para se reproduzirem... Achar o par certo não é uma escolha simples... Tanto os machos quanto as fêmeas liberam substâncias, como se fosse um perfume especial, para atrair o parceiro ideal, no meio

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daquela multidão de formigas!

Assim que terminam a cópula, os machos morrem... No caso das fêmeas, as asas caem e então elas começam a escavar o solo...

Essa é mais uma dificuldade... Com o solo muito seco, elas não conseguem cavar um ninho! Só aquelas que encontrarem um lugar mais úmido, com a terra mais amolecida vão ter sucesso, e sobre-viverão. O ninho ainda precisa ter a profundidade certa: Se for muito raso a temperatura externa pode atrapalhar o desenvolvimento dos ovos...

– Então elas botam ovos mesmo, né? – Marcos perguntou.

– Sim, as formigas rainhas botam milhares de ovos para formar a colônia.

– Essas aqui são rainhas?

– Muitas dessas são rainhas e podem sim formar um novo formigueiro!

...Depois que a formiga rainha consegue escavar o solo, ela fecha a entrada desse seu ninho e faz a postura de seus ovos. A única fonte de alimento para a rainha e para as primeiras operárias que nasce-rem é uma pequena parte de uma colônia de fungos que a rainha engoliu antes de sair do formigueiro antigo. Ela então regurgita essa colônia e começa a cultivar o fungo em seu novo ninho. Se o fungo não crescer, todos no ninho morrerão de fome...

– As operárias são escravas da rainha? – Thiago perguntou.

– Não! – Respondeu a professora Drica, sorrindo – As operárias são filhas da formiga rainha, mas

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elas não podem se reproduzir... Elas são importantíssimas para o formigueiro, pois são elas que cole-tam alimento, cuidam dos ovos, realizam a limpeza do formigueiro... Outra casta que existe é a dos soldados, que são especializados na defesa do formigueiro contra invasores. Além dos pássaros, muitos outros animais se alimentam de formigas, como alguns lagartos, tamanduás e alguns insetos...

A professora olhou atentamente para o chão e, perto de uma árvore, pôde ver uma daquelas formi-gas escavando o solo.

– Estão vendo? Apesar de toda aquela quantidade de formigas terem saído do formigueiro, apenas essa aqui conseguiu escavar um novo ninho. Como eu tinha falado para vocês, uma em cada mil...

– Nossa, uma em cada mil... – Marcos disse, pensativo, olhando para o pequeno inseto.

– Sim, para a formiga é bem difícil. Na verdade, se todas elas conseguissem formar um novo ninho, haveria formigas suficientes para consumir todas as plantas dessa escola! Ou até mais que isso!

Marcos e os outros ficaram interessados em todas aquelas informações sobre a biologia das formi-gas. Para Marcos, no entanto, o principal foi saber que um daqueles insetos tinha conseguido cavar seu ninho, mesmo com todas aquelas dificuldades... Nessa hora ele lembrou-se de quando disse que sua chance de passar de ano era de menos de um por cento... Depois dessa conversa com a professora Drica, Marcos estava determinado a se dedicar ao máximo para o trabalho da feira de ciências...

Os dias passavam e a feira de ciências se aproximava... Em todas as tardes, Marcos, Túlio e Thiago se reuniam na escola com a professora para desenvolverem o projeto... Os três trabalhavam juntos na montagem do material que seria apresentado... A professora Drica acompanhava tudo, dando algumas

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idéias e explicando tudo com livros e alguns vídeos da internet...

No dia da apresentação, os três amigos estavam ansiosos... Uma nota muito boa era preciso! A pro-fessora Drica, no entanto, já sabia que Marcos, Túlio e Thiago tinham se dedicado e estudado bastan-te... Se dependesse dela, os três alunos já estariam aprovados, mas quem iria avaliar os garotos seria um antigo conhecido deles: o professor de física...

Marcos e os outros estavam no pátio da escola com o projeto ainda coberto por um pano branco. Quando chegou o momento da sua apresentação, muitos alunos estavam ao redor, curiosos para sabe-rem do que se tratava... O professor de física também já estava lá, com a caneta vermelha nas mãos...

Quando Marcos puxou o pano que cobria seu projeto, todos que olhavam abriram um largo sorriso - E puderam ver perfeitamente um formigueiro dentro de uma caixa de vidro!

Através do vidro, todos podiam observar como é a vida das formigas dentro do formigueiro! As ope-rárias cavando novos túneis, coletando e carregando pequenos pedaços de folhas e flores, removendo a sujeira e levando as formigas mortas para um lugar separado...

...Também observaram os soldados, maiores que as operárias, percorrendo as galerias e a parte externa da colônia, sempre dispostos a enfrentar qualquer invasor. Podia-se ver também a rainha, bem grande com muitos ovos minúsculos, que estavam sempre acompanhados de um grupo de operárias...

O professor olhou aquele formigueiro de vidro por todos os ângulos... Olhou cada detalhe até dizer:

– Está muito bem feito este formigueiro... Mas o que vocês tem a dizer sobre as formigas?

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Marcos sorriu e começou sua explicação:

– As formigas são insetos que vivem em sociedade. Não são apenas pragas que destroem nossas plantas. Cada um desses diferentes tipos que a gente pode observar no formigueiro são castas diferentes da mesma espécie, e cada um deles desempenha uma função diferente para manter o ninho sempre em equilíbrio...

...Talvez a característica mais interessante das formigas seja sua capacidade de comunicação. Elas liberam algumas substâncias químicas para marcar o caminho até uma fonte de alimento e, assim, formam essas longas trilhas que a gente sempre vê no pátio... Também utilizam as antenas para inte-ragirem umas com as outras, para se reconhecerem e para trocarem informações sobre a presença de alimentos ou de alguma ameaça para o ninho.

... A picada de algumas formigas é bastante dolorida porque elas liberam ácido fórmico quando precisam usar suas mandíbulas para se defenderem ou para atacarem...

...Estas formigas cultivam fungos para se alimentarem e também criam outros insetos, os pulgões, porque elas também se alimentam das fezes açucaradas destes insetos. Elas até mesmo protegem os pulgões contra joaninhas, que são seus predadores naturais.

Túlio e Thiago completaram a apresentação com o jogo “Batalha dos Insetos!”. Trata-se de um game de cartas, com as características de vários desses animais! Túlio pesquisou com a professora Drica as curiosidades de cada tipo de inseto e Thiago fez os desenhos que foram impressos nas cartas... Os alunos que estavam observando o formigueiro puderam aprender ainda mais sobre esses animais en-

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quanto disputavam as partidas do jogo!

Apesar de tudo ter corrido muito bem, Marcos, Túlio e Thiago estavam ansiosos para saber a nota final... Eles estavam no pátio da escola, procurando o professor para enfim saber se tinham ou não conseguido passar de ano.

– Será que ele vai falar as notas ainda hoje? – Túlio perguntava ansioso.

– Olha ele ali assentado na escada! – Thiago respondeu – Vamos lá falar com ele?

Marcos percebeu que o professor ainda estava com a caneta vermelha nas mãos... Mas mesmo as-sim, o garoto foi até ele...

Quando aproximaram-se, os três amigos perceberam que o professor estava jogando “Batalha dos Insetos” com a professora Drica! Mas assim que percebeu que os alunos chegavam, o professor levan-tou-se depressa e disfarçou...

– Professor... A gente queria saber se você já pode falar a nota do nosso trabalho...

O professor respirou profundamente, ajeitou os óculos e colocou a caneta vermelha no bolso. Ele então disse:

– Olha, eu vi que vocês se esforçaram para construir o formigueiro de vidro, vi que vocês pesquisa-ram para fazer a apresentação e esse joguinho... Então, eu não tenho alternativa, a não ser...

...Dar nota máxima para todos vocês! Meus parabéns, fazia tempo que eu não via um trabalho tão interessante assim! Excelente!

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Os garotos explodiram de alegria ao saber que enfim, tinham superado o desafio de passar de ano! Eles se abraçaram, sabendo que essa conquista era resultado do dedicado trabalho que todos eles fize-ram. Nesse momento, a professora Drica se aproximou e disse:

– Meus parabéns a todos vocês! Eu também fiquei muito feliz com essa notícia! Mas, acho que você esqueceu de falar alguma coisa sobre as formigas Marcos...

Marcos olhou para a professora tentando se recordar... Ela então respondeu:

– Aquilo que você tinha falado sobre a organização do formigueiro, lembra?

O garoto sorriu e disse:

– Ah, sim! Será que eu poderia completar minha apresentação, professor?

– Claro! A nota já está dada, mas se você quer dizer mais alguma coisa...

– Certo... Bom, é sobre a estrutura do formigueiro... Como eu disse, as formigas vivem em socieda-de, de um modo parecido com as sociedades dos seres humanos...

...Mas apesar de conseguirem carregar sozinhas, um peso mais de DEZ vezes maior que o seu, elas sempre cooperam umas com as outras... Elas se ajudam inclusive no cuidado com as formigas mais jovens...

...E apesar de terem, juntas, a capacidade para destruir toda a vegetação do lugar onde vivem, as formigas não fazem isso...

...E mesmo sendo capazes de superar sozinhas todas as dificuldades de construir um formigueiro, as

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formigas só prosperam mesmo se trabalharem como uma grande família!

Não é um bom exemplo para a nossa sociedade?

Aula Prática: Construindo um formigueiro para pesquisasSe vocês ficaram interessados em observar as formigas bem de pertinho, da mesma forma que o

Marcos, o Túlio e o Thiago, vamos construir juntos um formigueiro também!

O mais importante é lembrar que as formigas são seres vivos, e assim, tem suas necessidades eco-lógicas, como alimentação, temperatura e umidade ideais. Elas são animais capazes de sentir dor e es-tresses, portanto, não se deve usá-las como brinquedos. Certamente será muito mais divertido observar as formigas vivendo em harmonia do que ver seu formigueiro entrar em extinção!

A primeira coisa que meus alunos fizeram foi coletar algumas formigas no jardim e colocar no vidro. Para surpresa deles, as formigas se estranharam e brigaram tanto que por fim, todas estavam mortas... Por que será que isso aconteceu?

Os garotos cometeram uma pequena desatenção. Eles colocaram em um mesmo frasco formigas de espécies diferentes. Na verdade, até mesmo formigas da mesma espécie podem se matar caso perce-berem em seu território alguma invasora vinda de outro ninho.

O ideal é conseguir capturar uma rainha durante a revoada. Vocês devem preparar um pouco de gesso (que se compra em lojas de material de construção ou artesanato) e cobrir o fundo de um pote. O gesso serve para manter a umidade que a rainha precisa. Feito isto, basta colocar a rainha no frasco. Ela começará a cultivar o fungo que ela traz consigo e também irá começar a postura dos ovos.

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Caso não seja época de reprodução das formigas, pode-se capturar um formigueiro já estabelecido! É isso mesmo... Com um pote plástico e uma pequena pá, procure no jardim um formigueiro. O pro-cedimento é simples: cave em volta do formigueiro, e remova-o sem desmanchar o bloco de terra em que ele se encontra. Coloque este bloco em um pote de plástico e leve para o laboratório. As formigas podem se tornar agressivas no momento da escavação, portanto, é necessário a presença de um pro-fessor ou de outro responsável para ajudar.

No laboratório, vamos utilizar mais dois potes de plástico. Em um deles ficarão as fontes de alimen-to: folhas e flores e um algodão embebido em água. Mas deixe o outro frasco vazio, pois será onde as operárias depositarão o lixo da colônia e as formigas mortas... Conecte os três potes com mangueiras, deixando o pote com o formigueiro no centro. Pronto! As operárias começarão a reorganizar a colônia e vocês poderão observar tudo sobre a vida das formigas!

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Coordenador do Projeto:

Profa Dra Sthefane D`ávila – Professor do Departamento de Zoologia, Orientadora do Curso de Pós-Graduação

em Ciências Biológicas - Comportamento e Biologia Animal e Pesquisadora do Museu de Malacologia Prof.

Maury Pinto de Oliveira, da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Equipe:

Profa Dra Elisabeth Cristina de Almeida Bessa - Coordenadora do Núcleo de Malacologia da Universidade Federal

de Juiz de Fora.

Maria Alice Allemand Carvalho - Vice-Coordenadora do Núcleo de Malacologia. Bióloga e Técnica em Coleções

Malacológicas.

Prof. Dr. Roberto da Gama Alves - Pesquisador do Núcleo de Malacologia da Universidade Federal de Juiz de

Fora.

Prof. Dr Cristiano Lara Massara – Pesquisador do Laboratório de Helmintologia e Malacologia Médica do Centro

de Pesquisas Renné Rachou / Fiocruz / Belo Horizonte.

MSc Lidiane Cristina da Silva – Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro e pesquisadora do Museu de Malacologia Prof. Maury Pinto de Oliveira, da

Universidade Federal de Juiz de Fora.

Tércia dos Santos Vargas – Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Comportamento e Biologia

Animal, Universidade Federal de Juiz de Fora.

Patrícia Aparecida Daniel - Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Emily Oliveira Santos - Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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Fernanda Luiza de Almeida – Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de

Fora. Bolsista de Treinamento profissional.

Bruno Simões Stephan - Graduando do Curso de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista

de Extensão

Mariana Paiva Mattos – Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora..

Evelyn Durço

Bárbara Marum Rocha Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Comportamento e Biologia Animal,

Universidade Federal de Juiz de Fora.

Phillipe Vieira Alves Graduando do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Rafael - Graduando do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Karen - Graduando do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Vitor Ribeiro Halfeld Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas – Comportamento e Biologia Animal,

Universidade Federal de Juiz

Emmanuel

Wellington

Erika Carvalho Guerra - Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Michaella Ladeira de Melo - Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Fabiana Tostes - Graduanda do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora.

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