o (novo) programa de português do ensino básico · pdf file2 –...
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Programa de Português do
Ensino Básico
António Marcelino Fernandes
Abraveses, 6 e 7 de setembro de 2011
1 – O Programa de Português do Ensino Básico (PPEB): principais características
– algumas orientações sobre a forma, o conteúdo e conceitos chave.
2 – Aprofundamento de conhecimentos sobre cada uma das 5 competências
linguístico-comunicativas, procurando exemplificá-las com algumas atividades:
2.1 – Compreensão do Oral (CO)
2.2 – Expressão Oral (EO)
2.3 – Leitura (L)
2.4 – Escrita (E)
2.5 – Conhecimento Explícito da Língua (CEL)
3 – Documentos referenciais / plataformas de apoio à implementação do PPEB
- DT
- Brochuras PNEP
- Guiões de implementação
- Metas de aprendizagem da Língua Portuguesa, ME – DGIDC, outubro de
2010
- Blogue formação PNEP Abraveses www.pnepabraveses.wordpress.com a)
-Portal da língua portuguesa http://www.portaldalinguaportuguesa.org/ a)
4 – O novo acordo ortográfico
Sumário:
PPEB - Uniformização do nome da disciplina para
português (antes Língua Portuguesa), à semelhança dos
restantes planos de língua nos ciclos de ensino
subsequentes ao 1º.
Plano de Operacionalização
Faseamento da entrada em vigor do Programa
Em 2011-2012: 1.º; 5.º e 7.º anos;
Formação de formadores e acompanhamento da
implementação;
Publicação de quatro guiões de implementação do
Programa;
E- Portal de Português no Portal das Escolas do ME (Fóruns,
Boletim informativo, Sequências didácticas);
DT;
Brochuras PNEP
…
Plano de Operacionalização (cont.)
Programa de
Língua
Portuguesa
1991
O PPEB incorpora não apenas
resultados de análises sobre
práticas pedagógicas, mas
também os avanços
metodológicos que a didáctica
da língua tem conhecido, bem
como a reflexão entretanto
produzida em matéria de
organização curricular.
Programa de Português do Ensino Básico 2009
Pressupostos
Estrutura do PPEB
I Parte: Questões gerais
1. Enquadramento: questões estruturantes e programáticas
2. Fundamentos e conceitos - chave
3. Opções programáticas
II Parte: Programas
1. Organização programática: 1.º Ciclo
2. Organização programática: 2.º Ciclo
3. Organização programática: 3.º Ciclo
4. Referenciais disponíveis
III Parte: Anexos
1. Lista de autores e textos
2. Materiais de apoio
3. Conselho Consultivo
4. Grupo de trabalho
I Parte: Questões gerais
1.1 - Os programas são construídos em função de uma matriz
comum aos três ciclos valorizando o princípio da progressão
(articulação vertical) através de
Aprendizagens significativas
Mobilização de conhecimentos prévios
Níveis crescentes de complexidade
Assim, em cada ciclo, o PPEB tem:
• Caracterização do Ciclo
• Resultados esperados
• Descritores de desempenho
• Corpus textual
• Orientações de gestão
1. Enquadramento: questões estruturantes e programáticas
1.3 - O PPEB , assenta na valorização das competências específicas do
português, em termos de ensino, de aprendizagem e tendo em vista a
avaliação.
1.4 - Desenvolvimento equilibrado de todas as competências.
1.2 - Organização das orientações curriculares por competências,
valorizando o princípio da progressão (articulação horizontal)
Compreensão do oral (CO)
Expressão oral (EO)
Leitura (L)
Escrita (E)
Conhecimento explícito da língua (CEL)
1.5 - Entendimento do ciclo como eixo estruturante do desenvolvimento
curricular, apontando para uma programação contextualizada e flexível dos
conteúdos e das oportunidades de aprendizagem.
1.6 - Concepção do professor de português como agente do
desenvolvimento curricular.
2 – Fundamentos e Conceitos Chave
• Por competências entende-se o conjunto dos conhecimentos e das
capacidades que permitem a realização de ações, bem como a
compreensão dos comportamentos de outrem.
Programa de Português do Ensino Básico, 2009: 15 … aprender a aprender…
… articular o saber e o fazer…
… autonomizar-se na selecção, organização e sistematização da informação…
… explicitar os resultados da aprendizagem formal…
… aprender a gostar…
… posicionar-se criticamente…
2.1 - Competências
2.1.1 - Competências linguístico-comunicativas (específicas)
• As competências linguístico-comunicativas são aquelas
que permitem a um indivíduo agir, utilizando instrumentos
linguísticos, para efeitos de relacionamento com os outros e
com o mundo. As actividades linguísticas abrangem a
competência comunicativa em língua oral ou escrita, em
práticas de receção ou de produção. No caso do Português
são: Compreensão do oral (CO); Expressão Oral (EO); Leitura
(L); Escrita (E); Conhecimento Explícito da Língua (CEL)
Programa de Português do Ensino Básico, 2009: 15
2.3 – Descritor de desempenho
O descritor de desempenho apresenta-se como um enunciado sintético,
preciso e objectivo, indicando o que se espera que o aluno seja capaz de
fazer. Ex: “Pedir informações e esclarecimentos para clarificar a
informação ouvida” Compreensão do Oral 3.º e 4.º anos
Cada descritor cruza conteúdos programáticos com operações de diversa
natureza (da ordem do saber-fazer, do saber-ser, do saber-aprender e do
saber declarativo).
Encontram-se agrupados por grandes linhas orientadoras que são
designadas organizadores dos descritores.
Programa de Português do Ensino Básico, 2009:17
Participar em situações
de interacção oral
Compreensão do oral
Escutar para aprender e construir conhecimento(s)
Expressão oral
Falar para aprender (aprender
a falar; para construir e
expressar conhecimento)
Leitura
Ler para apreciar
textos variados
Ler para aprender (aprender a
ler, obter informação e
organizar o conhecimento)
Escrita
Escrever em termos
pessoais e criativos
Escrever para aprender (aprender a
escrever, obter informação e
organizar o conhecimento(s)
2.4 – Conteúdos
Termos que significam conceitos, relativos às diferentes competências,
progressivamente mais elaborados. A cor cinzenta indica que o conceito
subjacente ao conteúdo pode ser trabalhado, mas sem explicitação do
termo aos alunos, uma vez que ele fará parte apenas da metalinguagem
do professor.
Programa de Português do Ensino Básico, 2009:16
Sugestões de actividades e clarificações que não pretendem condicionar
a acção do professor.
2.5 - Notas
Competência específica
Descritores de desempenho Conteúdos
Trabalhado o
conceito e a
metalinguagem
Trabalhado só o conceito Organizadores do descritores
• Clarificação dos referenciais de desempenho dos alunos;
• Interligação permanente entre as actividades de escrita e de leitura que
são, neste nível de ensino, complementares e indissociáveis;
• Reforço assinalável do Conhecimento Explícito da Língua enquanto área
de saber, e a necessidade de sistematização desses conhecimentos ao
longo do ciclo, privilegiando as progressões incisivas e devidamente
articuladas dos conteúdos, sobretudo com os ciclos seguintes;
• Inclusão de um glossário terminológico (DT)capaz de permitir aos
professores uma acentuada estabilidade e harmonização metalinguística
em torno dos conceitos-chave utilizados;
3 - Opções programáticas
• No que toca ao 1.º Ciclo, quer a definição dos conteúdos, quer das
competências, nos dois primeiros anos de escolaridade são apresentadas e
tratados como um todo, assim como os 3.º e 4.º anos, isto é o PPEB
não se encontra anualizado contrariamente ao que é habitual, assumindo
assim uma lógica de complementaridade.
• Apesar de se apresentarem desempenhos específicos para cada uma
delas, tal facto não significa que o trabalho a realizar na aula não promova
um desenvolvimento integrado de todas as competências
• Significa, isso sim, que actividades planificadas com o objectivo de
desenvolver uma competência específica devem coexistir com actividades
onde as diferentes competências são trabalhadas de forma integrada
II Parte: Programas
• 1. Num primeiro momento é caracterizado o ciclo de estudos,
enquanto etapa de aprendizagem própria;
• 2. São depois formulados os resultados esperados para a
aprendizagem do Português, em cada ciclo;
• 3. Procede-se depois à apresentação do quadro de descritores de
desempenho e conteúdos;
• 4. Contempla-se depois, sempre ciclo por ciclo, o corpus
textual, com critérios de selecção e quadro-síntese;
• 5. Enunciam-se por fim orientações de gestão para cada ciclo.
1 – Organização programática do 1º Ciclo
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DO PORTUGUÊS (agrupadas por
grandes linhas orientadores – organizadores dos descritores)
Princípio da progressão (articulação vertical)
Leitura
Princípio da progressão (articulação horizontal)
Articulação horizontal
Progressão vertical
Progressão vertical (cont.)
Progressão vertical (cont.)
Conceito: Por Compreensão Oral entende-se a competência
responsável pela atribuição de significado a cadeias fónicas produzidas
de acordo com a gramática de uma língua. Quer isto dizer que aquilo
que está em causa no desenvolvimento desta competência é a
capacidade de os alunos ouvirem informações orais e as processarem
adequadamente, para poderem reagir a elas. Quando damos uma
ordem a um aluno, ou lhe damos uma instrução, ele deve ser capaz de
receber essa informação e, fixando-a, reagir de forma adequada.
Compreensão do Oral
Por Expressão Oral entende-se a capacidade de produzir
cadeias de sons, dotadas de significado e conformes à
gramática da língua. Para que a expressão aconteça
eficazmente, é necessário que o aluno tenha em conta três
aspectos fundamentais:
i) planeamento e organização do que se vai dizer;
ii) escolha das melhores palavras e expressões para transmitir
adequadamente essas ideias;
iii) articular adequadamente essas palavras num discurso
claro e compreensível.
Expressão Oral
Por leitura entende-se o processo interactivo entre o leitor e o
texto (e, de certa forma, também o contexto). Neste processo,
aquilo que se espera (e que o professor deve procurar com
insistência) é que o leitor reconstrua o significado do texto.
Partindo das aprendizagens já realizadas, a base de partida para
a leitura deve ser a decifração, não esquecendo a consciência
fonológica como preditor facilitador desse processo. Aprendidas
as técnicas é fundamental o ensino explícito de estratégias de
compreensão.
Na leitura, falamos de 3 etapas fundamentais: pré-leitura, leitura
e pós leitura.
Leitura
A escrita consiste no processo complexo de produção de
comunicação escrita. É, em síntese, a representação do oral.
Não sendo uma actividade de aquisição espontânea, exige
ensino explícito e sistematizado e uma prática frequente e
supervisionada, trabalhando as 3 dimensões: gráfica,
ortográfica e compositiva e tendo presente sempre três
momentos; a planificação, a textualização e a revisão.
Duas ideias centrais acerca da expressão escrita:
1.º enquanto processo complexo de produção
2.º enquanto processo de comunicação
Escrita
O conceito do CEL tem a ver com a progressiva tomada de
consciência e sistematização do conhecimento implícito do uso da
língua. Isto significa partir de um pressuposto que é fácil de
evidenciar: quando os alunos chegam ao 1.º CEB, já dominam um
vasto conjunto de regras gramaticais. É esse domínio que lhes
permite usar adequadamente a língua para falar (e nesse uso,
podemos observar como usam bem regras que vão desde a flexão,
nominal e verbal, a escolha adequada de classes de palavras ou o
recurso a regras de organização da frase (sintaxe), para darmos
apenas alguns exemplos). Esse uso que fazem da língua acontece,
porém, sem que elas tenham tomado qualquer decisão consciente
para esse uso. Trata-se apenas do processamento automático da
linguagem pelo nosso cérebro. A isto, chamamos conhecimento
implícito. Aquilo que se pretende aqui é trazer esse conhecimento
(que, como acabámos de demonstrar, já existe no aluno) para um
nível mais consciente, para que ele possa pensar nessas regras e
transferi-las para novas situações.
Conhecimento Explícito da Língua
Os Planos do CEL apresentado são os seguintes (à frente, entre
parêntesis, aparece a entrada para o Dicionário Terminológico (DT)):
Plano Fonológico (DT B1). Onde se trabalham os conteúdos
relacionados com os sons da língua e a forma como os
alunos os processam mentalmente.
Plano Morfológico (DT B2). Onde se trabalham as questões
da forma das palavras, ou seja, a forma como se constituem e
modificam.
Plano das Classes de Palavras (DT B3). Onde se
apresentam e trabalham as classes de palavras. Na prática
mais tradicional, as classes de palavras apareciam sempre
ligadas à análise morfológica. Esta separação tem a ver com
o facto de a classe ter também muita relevância para a
sintaxe).
Plano Sintáctico (DT B4). Onde se trabalham os conteúdos
relacionados com a organização da frase e com as funções
dos seus elementos.
Plano Lexical e Semântico (DT B5.B6). Onde se trabalham
as questões do significado das palavras e das relações que se
estabelecem entre elas.
Plano Discursivo e Textual (DT C). Onde se trabalham as
questões relacionadas com a construção de texto e com a
adequação desses textos aos contextos de produção e
apresentação.
Plano da Representação Gráfica e Ortográfica (DT E). Onde
se trabalham as questões relacionadas com as marcas
gráficas e ortográficas da escrita. Como facilmente se percebe,
este plano, apesar de aparecer em último lugar no PPEB, é
dos primeiros a ser trabalhado em sala.