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Revista
ECETUR2008
AEMSFaculdades Integradas
de Três Lagoas – MS
EXPEDIENTE
DIRETORIA GERAL
Profª. Maria Lúcia Atique Gabriel
DIRETOR PEDAGÓGICO
Prof. Edmo Gabriel
COORDENADORA DO CURSO DE TURISMO
Profª. Luziane Albuquerque
CONSELHO EDITORIAL
Profª. Ana Paula Noemy Dantas Saito
Prof.Cleber Pacheco de Almeida
Prof. Diego Gilberto Ferber Peneyrua
Profª.Elisangela Aguiar Alcalde
Prof.Fábio Gomes da Silva
Prof. Flodoaldo Moreno Júnior
Profª.Luziane Albuquerque
Profª. Lygia Vilalba Falco
Profª.Maria Luzia Lomba de Souza
Prof. Luiz Guilherme Gonçalves da Silva
Profª.Samira Gama da Silva
Profª.Silvânia de Fátima Bersani
Profª.Vânia dos Reis Rodrigues Thomé
EDITOR DE PUBLICAÇÕES
Prof. Alexandre Costa
PLANEJAMENTO VISUAL E GRÁFICO
Aline Menezes
APRESENTAÇÃO
Em sua quarta edição a Revista Ecetur firmou-se como veículo de
divulgação dos trabalhos científicos por meio de comunicação e painéis,
desenvolvidos pelos acadêmicos, professores, profissionais e pesquisadores de
Turismo e áreas afins, onde pode debater o papel do Turismo em relação à
globalização, desenvolvimento sustentável, compromisso social e tantos outros
temas que assumem um caráter científico neste encontro.
Hoje não há como não estabelecer este intercâmbio
TURISMO/SOCIEDADE, pois o Turismo "abre as portas" do mundo e para o
mundo; cabe a nós, encararmos esta temática de forma sistemática, ressaltando
assim o devido valor que deve ser atribuído ao planejamento turístico enquanto
objeto de lazer e cultura o qual se dispõe de ferramentas como hotelaria,
gastronomia para resultar num conjunto harmonioso que satisfaça quem o utiliza.
Portanto, obrigada, pela participação de todos.
SUMÁRIO
1. O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO COMO INSTRUMENTO PARA A
ELABORAÇÃO DO ROTEIRO TURÍSTICO FLOR DO CERRADO
SILVA, Mary Claudia da
2. TURISMO E O VOLUNTARIADO – CASOS BRASILEIROS
SOUZA, Claúdio Alexandre de; PAZINI, Thais Akemi Yoshida
3. ARTICULAÇÃO DO TRABALHO ARTESANAL: UMA ALTERNATIVA DE ATIVIDADE
SOLIDÁRIA PARA O MUNICÍPIO DE NOVA XAVANTINA-MT
OLIVEIRA, Silvia Lopes de; RAYE, Roberta Leal
4. A GESTÃO DAS AGÊNCIAS DE VIAGENS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
KELLER, Rodrigo Alex; JAEGER, Tiago Born
5. A HOSPITALIDADE E A SUA RELAÇÃO ENTRE OS ATRATIVOS CULTURAIS E AMBIENTAIS
BOFF, Débora Eloísa; JAEGER, Tiago Born
6. CULTURA E TURISMO: COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO KARAJÁ DA ALDEIA
SANTA ISABEL DO MORRO - TO
SANTOS, Lívia Feitosa
7. A IMPORTÂNCIA DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DO
MUNICÍPIO DE PIRANHAS-GO.
BARBOSA, Rafaella Duarte
8. PROPOSTA DE CARTOGRAFIA PARA O MERCADO TURISTICO: UM EXEMPLO APLICADO
À ROTA PANTANAL PACÍFICO – CAMPO – GRANDE/ CORUMBÁ E FRONTEIRA DA
BOLÍVIA (PUERTO QUIJARRO, PUERTO SUAREZ, PUERTO AGUIRRE)
VIEIRA, Paulo Henrique Vieira; SILVA, Aline Cristina Alves da; FERREIRA, Gisele de Oliveira;
AVELINO, Patrícia Helena Mirandola
9. ANÁLISE DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL PERSONALIZADOS PARA
CENTROS DE INFORMAÇÕES TURÍSTICAS
FERREIRA, Herisnaldo Rodrigues; SANTOS, Lívia Feitosa; BARBOSA, Rafaella Duarte
10. FRUTAS BRASILEIRAS NA GASTRONOMIA
BARBOSA, Wladimir Stein
11. O TURISMO RURAL E O CASO DA FAZENDA PONTAL DAS ÁGUAS
PRIETO, Thiago
12. III FESTA DA FARINHA DE ANASTÁCIO-MS: PERFIL DA DEMANDA
TREVIZAN, Fernanda Kiyome Fatori; SANTOS, Lucicleide Gomes dos
13. FESTA DO BON-ODORI COMO FOMENTO À ATIVIDADE TURÍSTICA
LIMA, Pâmela Rigolo
14. A IMPORTÂNCIA DA HOSPITALIDADADE NO SETOR HOTELEIRO
PADILHA, Fabiana Elias
15. A UTILIZAÇÃO DA REGIÃO DA CASCALHEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO
ECOTURISMO
OLIVEIRA, Juliana Barbosa de
16. TURISMO E IDENTIDADE CULTURAL
SILVA, Magda Fernandes da
SILVA, Bruna Carla de Sousa
17. AS CONDIÇÕES ATUAIS DA CIDADE PARA RECEBER O CRESCIMENTO POPULACIONAL
E INDUSTRIAL
VALE , Márcio Vinícius Guimarães do
18. O PERFIL DO PROFISSIONAL DA HOTELARIA DE TRÊS LAGOAS MS
MAZZONETTO, Nadir Klauck
19. LAZER E RECREAÇÃO NO REASSENTAMENTO PORTO JOÃO ANDRÉ
ALVES, Regiane D Carmem Puci
20. GLOBALIZAÇÃO INEXORÁVEL?
GALVÃO, Halyson Fucks
21. TURISMO, LAZER E TERCEIRA IDADE
GONÇALVES, Vivian Cristina de Souza
22. O TURISMO COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL DO BAIRRO
JUPIÁ
OLIVEIRA, Giselle Soares de
23. PATRIMÔNIO HISTÓRICO: CONSERVAÇÃO DA IDENTIDADE LOCAL
SILVA, Jacqueline Santa Rosa da
SANTOS, Rennã Buzachero dos
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARTICIPATIVO COMO INSTRUMENTO PARA A
ELABORAÇÃO DO ROTEIRO TURÍSTICO FLOR DO CERRADO
SILVA, Mary Claudia da
UNEMAT-TURISMO
Resumo
O turismo vem crescendo consideravelmente, beneficiando não só a comunidade, mas o município
como um todo. No entanto, para que esses benefícios sejam alcançados, é necessário que haja um
planejamento de acordo com as peculiaridades de cada local, para que a atividade ocorra de forma
ordenada e com responsabilidade socioambiental, proporcionando ainda maior participação dos
envolvidos dentro de uma construção coletiva que seja capaz de alcançar objetivos em diferentes
esferas de participação e co-participação visando ao protagonismo da comunidade envolvida, já que
esta é a mais afetada com os efeitos causados pelo turismo. O objetivo deste estudo foi elaborar um
roteiro regional com os municípios de Chapada dos Guimarães, Campo Verde e Nobres, utilizando
como instrumento o planejamento estratégico participativo, através da técnica METAPLAN, aplicada
por meio de oficinas, além dos instrumentos de pesquisa bibliográfica, técnicas observacionais e
entrevistas com a comunidade dos municípios envolvidos. Os resultados obtidos foram satisfatórios,
percebeu-se o interesse da comunidade com o turismo, o que resultou na montagem do Roteiro
Regional Flor do Cerrado. Espera-se, ainda, com este trabalho, ter contribuído para a construção de
uma atividade atenta às transformações do meio e mais humana.
Palavras-chave: planejamento; participação comunitária; turismo; roteiro turístico.
INTRODUÇÃO
As viagens de lazer surgiram na Grécia com os primeiros jogos olímpicos, mas somente após
a revolução industrial, com a primeira viagem coletiva organizada por Thomas Cook, a venda de
pacotes turísticos se tornou freqüente. Sendo que em 1970 e 1990, o turismo foi o setor que
apresentou maior crescimento mundial, ocasionando em um aumento considerável de destinos
turísticos.
A partir de então, o turismo vem crescendo consideravelmente, beneficiando não só a
comunidade, mas o município como um todo, gerando alternativas de renda, movimentando a
economia local, proporcionando a valorização do receptivo, melhorando a infra-estrutura da cidade,
acarretando em maiores opções de lazer, ocasionando, consequentemente, um melhor padrão de
vida e satisfação para a comunidade em relação a sua localidade. Mas para que esses benefícios
sejam alcançados é necessário que se planeje de forma adequada a atividade.
O planejamento deve ocorrer de acordo com as peculiaridades de cada local, já que, a falta
desse planejamento acarreta em impactos negativos com efeito multiplicador em toda a comunidade
receptiva afetando diretamente seu patrimônio ambiental, social e cultural.
De forma pontual, mesmo quando planejado, o turismo provoca efeitos não desejados, pelo
fato da comunidade local, muitas vezes, ser excluída do processo de planejamento.
A metodologia do presente estudo se caracteriza como exploratória e descritiva, e foi
realizada em três fases: primeiramente pesquisa bibliográfica referente ao assunto abordado; em
seguida estudo de campo, onde foram realizadas oficinas e entrevistas, sendo, portanto de caráter
qualitativa e por último utilizado técnicas observacionais na coleta de dados.
Para a realização da pesquisa foi utilizada uma técnica participativa, conhecida por
METAPLAN, dentro da metodologia de planejamento, com o intuito de inserir as comunidades
envolvidas na elaboração de um roteiro turístico, visto que o objetivo desta pesquisa se constitui em
elaborar um roteiro regional com os municípios de Chapada dos Guimarães, Campo Verde e Nobres,
utilizando como instrumento o planejamento estratégico participativo, além da busca dos objetivos de:
realizar diagnósticos participativos nos três municípios para o levantamento das potencialidades
locais; levantar dados e informações relevantes para a montagem do roteiro entre os municípios
envolvidos; montar um roteiro regional abrangendo os municípios envolvidos.
Como resultado da pesquisa foi elaborado um roteiro turístico regional entre os municípios
matogrossenses de Campo Verde, Chapada dos Guimarães e Nobres, com o nome de Flor do
Cerrado e a especial participação da população na construção deste trabalho.
Atividade turística planejada
O desenvolvimento da atividade turística beneficia diretamente a comunidade, pois gera
alternativas de renda, movimenta a economia local, proporciona a valorização do receptivo, melhora a
infra-estrutura da cidade, acarreta em maiores opções de lazer, ocasionando consequentemente, uma
melhor distribuição dos benefícios entre os envolvidos e satisfação com sua localidade. Como reforça
Wahab (apud Dias 2003a, p. 30), quando diz que o turismo beneficia a vida econômica, política,
cultural e psicossociológica da comunidade. Mas para que a atividade gere esses benefícios é de
extrema importância que ela seja bem planejada e com a participação de todos os envolvidos.
Dentro das características de planejamento, os tipos de planejamento são: estratégico, que
abrange a organização como um todo, sendo de longo prazo; tático, que abrange um departamento
ou setor, sendo de médio prazo e operacional, que abrange uma tarefa ou operação, sendo de curto
prazo (PETROCCHI, 1998, p. 25).
O planejamento turístico é essencial, pois se a atividade turística não for bem planejada pode
causar inúmeros malefícios. Esse planejamento deve analisar o potencial de uma localidade e traçar
metas para o desenvolvimento do turismo com responsabilidade socioambiental.
A finalidade do planejamento turístico é estabelecer diretrizes que nortearão as tomadas de
decisões de um município, estado, região. Por meio deste é possível definir as estratégias que serão
seguidas, programas que auxiliarão, tipo de turismo que se pretende desenvolver e público alvo que
busca-se atingir (PETROCCHI, 1998). É sensato que neste processo haja o envolvimento da
comunidade, já que o contato entre esta e o turista é essencial, além do que, a comunidade deve
estar ciente dos impactos negativos e positivos que a localidade pode sofrer.
Planejamento participativo
No processo de planejamento turístico é prudente a participação da comunidade envolvida.
Alguns autores, como Dias (2003b, p. 112-113), acreditam que o planejamento participativo não
passa de um mito, principalmente quando se trata de âmbito nacional, onde não há como incorporar
as massas diretamente, no entanto, existem outros mecanismos para essa inclusão, como partidos
políticos, organizações não governamentais, organização representativa da comunidade, entre outras.
Mas até mesmo esse autor afirma que se o alvo for uma cidade ou uma região é possível esse tipo de
planejamento, e que sem dúvida a participação da comunidade envolvida é necessária. Demo (apud
Dias 2003b, p. 114), discorda do pensamento de que participação não passa de utopia, para ele a
participação é sim realizável, todavia nunca será de modo totalmente satisfatório.
O envolvimento da comunidade pode se dar de diferentes maneiras, independente se esta
terá representatividade no gerenciamento ou não, os benefícios sempre serão notáveis, pois além de
propiciar maior conhecimento da área a essas pessoas, ainda se estimula ao envolvimento e
comprometimento no desenvolvimento da atividade (ELEUTÉRIO e NETO, 2007).
Andrade (p.n.p.) acredita que o planejamento participativo permite um aprendizado recíproco,
onde os envolvidos compreendem melhor as dificuldades enfrentadas na organização de um
planejamento, ficando sensibilizados a tal ação e cooperando para vencer essas dificuldades,
sentindo-se assim envolvidos no processo e responsáveis pela obtenção de resultados positivos.
Para Beni (2006, p. 61), nos projetos de mobilização social o ideal é alcançar o nível de co-
responsabilidade, onde as pessoas envolvidas entendem o quanto sua participação é importante e
passam a agir por se sentirem responsáveis por isso, somente assim é alcançado o objetivo do
projeto.
A utilização do planejamento participativo pode se dar através de várias metodologias. A
melhor forma de trabalhar a participação com grupos é através de oficinas, onde é utilizado o
processo do “aprender fazendo”, havendo troca de experiências, e onde há a diferença entre
participar e estar presente (PERRUCI e CALLOU, p.n.p.).
A visualização móvel é um instrumento facilitador da comunicação que pode ser utilizado em
eventos participativos. A técnica METAPLAN surgiu no início dos anos de 1970, com a empresa
alemã de consultoria Metaplan Gmbh, para facilitar a comunicação nos trabalhos em grupos, e devido
à intensificação de seu uso passou a ser considerado um método. Sua aplicabilidade consiste no uso
de tarjetas, que são feitas de cartolina, com diferentes cores, tamanhos e formatos, onde são
registradas as idéias, propostas, opiniões, fixadas em seguida em um painel, ficando visíveis a todos
os participantes (CORDIOLI, 2001, p. 83).
O uso das cores, do formato e da estruturação das tarjetas, deve ser utilizado seguindo uma
lógica entendida pelo grupo, não há uma regra estipulada que deve ser seguida, só é recomendado
que não usem muitas cores em um só painel para não desviar a atenção, e que as cores sejam claras
para ficar visível a escrita (op cit. p. 90, 91).
Essa técnica é interessante por permitir a visualização das diversas idéias que ficam expostas
até finalizar determinado assunto, não correndo o risco de esquecimentos ou repetições, que se
tornam cansativo.
Roteiro turístico e consórcios intermunicipais
Roteiro turístico é uma atividade inerente do planejamento turístico, que consiste em ordenar
os elementos essenciais em uma viagem, viabilizando o aproveitamento dos atrativos locais (BAHL,
2006, p. 298; BENI, 2006, p. 126).
A oferta de roteiros turísticos facilita ao turista escolher um destino, já que por meio destes é
possível analisar os atrativos e escolher qual atende suas necessidades, e ainda oferece
familiarização do local ao visitante, pois é possível saber dados dos atrativos antes de realmente
conhecê-los.
Bahl (2006, p. 299), aponta os benefícios de um roteiro ao turista, como: seleção dos locais
que lhe interesse financiamento das despesas, previsão de permanência e escolha de serviços de
apoio.
A regionalização do espaço turístico pode ser trabalhada de duas formas, multidestinações,
que corresponde a parcerias entre destinações já existentes para a formação de circuitos, rotas,
corredores e roteiros. E as destinações múltiplas, na qual um mesmo espaço pode oferecer diversos
produtos diferenciados, que venham a atender demandas diferenciadas (BENI, 2006, p. 125, 126).
O Consórcio intermunicipal é a junção de municípios para realizar determinadas ações, sendo
que se esta fosse realizada por um único município os resultados atingidos não teriam tamanha
repercussão positiva, pois com o consórcio aumentam as oportunidades do grupo de municípios
solucionarem os problemas comuns sem perder a autonomia para um nível estadual ou federal (VAZ,
2006).
Os consórcios são úteis e comuns quando o problema afeta mais de um município, quando os
recursos isolados de uma única prefeitura não são suficientes para a realização das ações
necessárias e em casos que, mesmo o município podendo agira isoladamente, os resultados obtidos
em conjunto são mais eficientes e o custo menor. Existem diversos tipos de consórcios, na área de
turismo ainda tem sido pouco freqüente seu uso, apesar de ser um instrumento eficiente na
divulgação do potencial turístico regional e, preparar os municípios para a exploração racional da
atividade (Vaz, 2006).
Resultados e Discussões
Buscando alcançar os objetivos propostos no presente estudo, foi necessária a realização de
oficinas nos municípios de Campo Verde e Nobres. Assim como aconteceria no município de
Chapada dos Guimarães, mas devido às condições climáticas não foi possível à realização desta. No
entanto, a consulta a alguns representantes do trade turístico foi feita através de entrevistas que
ocorreram fora do horário marcado, onde foram levantadas questões que seriam abordadas na
oficina. Esta adaptação de técnica utilizada foi possível devido ao planejamento ser flexível, podendo
ter suas estratégias alteradas e adequadas à situação atual, desde que alcance o objetivo almejado.
Essa flexibilidade também possibilitou a modificação da proposta inicial e montagem do presente
roteiro, que inicialmente tinha como propósito envolver a capital Cuiabá, mas devido à falta de
disponibilidade de auxílio da Secretaria de Desenvolvimento do Turismo no Estado de Mato Grosso
(SEDTUR), infelizmente não houve condições da inserção do município.
As oficinas realizadas consistiram em, primeiramente, uma apresentação através de
dinâmica. Em seguida a proponente da oficina se apresentou e explicou a proposta. Passou-se então
para discussões sobre a atividade turística, roteiros turísticos, seus benefícios, segmentação turística
de mercado e conservação do meio ambiente. Logo após esse diálogo foram organizados grupos,
onde através de dinâmicas, criaram possíveis roteiros de seu município, a partir do recurso
comunicação visual. Esses roteiros foram apresentados no mesmo momento pelos próprios autores
(comunidade envolvida) aos outros participantes e, em trabalho conjunto, que é o princípio do
planejamento participativo, reuniram esses roteiros formando um único, tendo o propósito de integrá-
lo com os outros municípios posteriormente.
Após a montagem de um único roteiro do município, todos os envolvidos sugeriram nomes
para o roteiro final e votaram no que consideraram mais adequado. Dentre os nomes sugeridos nos
dois municípios onde houve as oficinas, surgiu o nome do roteiro “Flor do Cerrado”, indicado no
município de Campo Verde por uma das participantes da oficina, tendo em vista que os três
municípios do roteiro possuem vegetação do cerrado. Após a escolha do nome ao roteiro nas oficinas,
foram esclarecidas dúvidas e encerradas com a apresentação de uma mensagem final de reflexão
sobre o valor dado a todos os bens que se tem na vida.
No município de Campo Verde a oficina foi realizada com representantes do trade turístico,
representante do poder público e alunos do curso de técnico em turismo. Em Nobres a oficina foi com
representantes do trade turístico e com alunos do curso de qualidade no atendimento do SENAI
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
Na oficina do município de Nobres, vários participantes elencaram alguns benefícios da
atividade turística, como: investimentos, geração de capital, valorização da cultura, crescimento da
cidade e geração de empregos. E levantaram como um grande problema do município a falta de
informação à comunidade sobre o turismo, o que ocasiona o desinteresse desta pela atividade, que
não se motiva a conhecer os atrativos da cidade e as agências que prestam serviços locais. A falta de
informação da comunidade também é percebida na fala do guia de turismo de Chapada dos
Guimarães, Faissal, quando afirma: “todos em Chapada deveriam passar por um processo de debate
sobre o turismo. A população, por uma certa ignorância, e os empresários, por certa ganância”.
Quando comentado sobre roteiros turísticos um dos participantes da oficina em Campo Verde
comentou que havia viajado por conta própria para uma determinada região antes de trabalhar com o
turismo, e depois viajou seguindo um roteiro, e que na segunda opção teve a oportunidade de
conhecer mais lugares e aproveitar melhor a sua viagem.
O instrumento de comunicação utilizado nas oficinas, foi a técnica de visualização móvel
METAPLAN, por facilitar a manifestação de todos os envolvidos e a própria visualização do assunto
abordado, já que as tarjetas ficam fixadas onde todos têm visão.
Apesar da técnica ser antiga e bem conceituada entre muitos estudiosos, percebeu-se que
alguns participantes acharam-na cansativa, e desnecessário o uso de tarjetas, já que o assunto era
de interesse de todos e os depoimentos e sugestões verbais de cada participante eram escutados
com atenção pelos outros integrantes. Por outro lado notou-se que vários participantes que não
falavam quando o debate era oral, escreviam nas tarjetas, e após o uso da primeira tarjeta, que
sempre era comentado após ser escrita, essas pessoas começaram a se sentir mais à vontade no
debate.
O planejamento estratégico participativo, utilizado no presente trabalho, é muito criticado por
diversos autores, que não acreditam que seja possível sua utilização. Após a realização deste
trabalho pode-se afirmar que este planejamento é viável e possível, e que seus resultados são de
grande contribuição para o desenvolvimento do turismo, bem como a minimização dos seus efeitos
negativos. É egoísta imaginar que envolver a comunidade na tomada de decisão gera tumulto, ou que
estes não são capazes de opinar sobre algo que os afetará diretamente, como o turismo. Sem dúvida
trabalhar sem consultar os envolvidos, onde se tem o poder da razão inquestionável, é bem mais fácil,
agora afirmar que essa é a melhor metodologia seria insensato.
A comunidade deve ser consultada a respeito da atividade turística em sua localidade, assim
como deve ser orientada e esclarecida. Idéias e soluções simples surgem de pessoas sem elevado
grau de instrução, mas que convivem na prática.
A participação no processo de planejamento ainda é pouco utilizada atualmente, tanto é que
nenhum dos participantes da oficina em Nobres havia participado de um processo de planejamento
antes, independente da área. Essa não participação gera a falta de orientação da população
proprietária dos ativos turísticos.
A falta de orientação da comunidade sobre a atividade turística, principalmente em uma
cidade que já vem desenvolvendo o turismo há vários anos, como Chapada dos Guimarães, pode
ocasionar muitos danos como a exclusão de parte da comunidade, sendo um impacto social negativo,
no processo de desenvolvimento do turismo, falta de valorização da atividade, além de distorção do
que é a atividade. Alguns desses problemas foram relatados pelo entrevistado Faissal em Chapada
dos Guimarães. Segundo ele, o município está perdendo o turista de fora que ia em busca de
tranqüilidade e contato com a natureza, pois atualmente, em Chapada, acontecem muitos eventos do
estilo rave1 e campeonato de som para atrair jovens da região, o que gera renda momentânea, sendo
a preferência da população, mas esses jovens agem com má conduta, causando inúmeros impactos
negativos sociais e ambientais na cidade, no entanto, ele ressalta que com políticas corretas ainda há
chances de recuperação.
Ainda referente a posturas inadequadas, o entrevistado fala sobre o Parque Nacional de
Chapada dos Guimarães, que no momento da entrevista encontrava-se fechado e sem data prevista
para reabertura devido a um acidente que aconteceu com uma jovem que veio a óbito. Faissal trata
do Parque como a “galinha dos ovos de ouro” do município, e comenta sobre a necessidade dos
passeios serem acompanhados de guia de turismo, ou ao menos que o Parque contasse com fiscais
no decorrer das trilhas, para observarem e repreenderem atitudes imprudentes e inconseqüentes dos
1 Rave é um estilo de festa com duração de até dezoito horas ininterruptas
visitantes, fechando com a seguinte frase: “nossa galinha dos ovos de ouro está sendo depenada,
senão daqui uns dias ela vai para a panela, e a economia da cidade depende do Parque”.
A visão do entrevistado realmente é coerente e prudente. Os atrativos de qualquer que seja o
município merecem cuidado especial, é necessário estudos de capacidade de carga e elaboração de
plano de manejo, para que os impactos ao ambiente sejam minimizados e a atividade possa ter
continuidade com futuras gerações. E esse olhar crítico já permeia entre os envolvidos na atividade
dos três municípios pertencentes ao roteiro.
A preocupação em se trabalhar de forma correta é percebida na fala de outra participante da
oficina em Campo Verde, quando diz que a capacidade de carga, plano de manejo e a
conscientização da população são fundamentais para o turismo se desenvolver. Enimar, entrevistado
em Chapada dos Guimarães, destaca que o maior problema do município e do Brasil em relação ao
turismo é a falta de planejamento, que não se costuma trabalhar com capacidade de carga e
sustentabilidade. Afirma que somente a Caverna Aroe Jarí tem um termo de conduta do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), onde exige que as visitas
sejam monitoradas e controlam a capacidade de carga. No entanto, o mesmo entrevistado completa
“tem demanda, os atrativos suportam a demanda” o que remete a um olhar capitalista.
Em Mato Grosso atualmente, as pessoas ainda não estão sensibilizadas para a atividade
turística, desvalorizam os atrativos por morarem em um Estado onde as belezas naturais são comuns
na maioria dos municípios. Em Campo Verde, um dos participantes relatou que há várias pessoas que
vão até a Caverna Aroe Jarí e quando chegam lá não querem pagar para entrar. Assim como quando
lançaram o projeto voucher2 único, reserva antecipada, condutor de município seguro que foi muito
criticado, pois existem outras fazendas no Estado, maiores e que não cobram a visitação. O que
esses visitantes não têm levado em consideração é que o passeio é guiado e que há infra-estrutura
de apoio no local, o que acaba em muitos casos desestimulando os proprietários a investirem na
atividade.
O turismo deve ser desenvolvido de forma sustentável independente de sua localidade ou
segmento, pois são adversos os impactos socioambientais que podem ser causados. Essa política foi
nitidamente percebida no município de Campo Verde, onde apesar de ainda obter pouco fluxo
turístico, percebem-se articulações positivas entre o poder público e os proprietários dos atrativos.
O problema coletivo nesse estudo é o fato desses municípios apresentarem diversos atrativos
de beleza única, mas não trabalharem em conjunto buscando desenvolver o turismo, e através do
roteiro regional é possível a resolução desse problema. Pois como afirma uma das participantes da
oficina de Campo Verde, se o roteiro for regional há um maior poder de persuasão no mercado
consumidor, porque quando se une uma região, automaticamente está “enchendo a cesta” de
variedades.
Uma alternativa cabível na região é a implantação de consórcio entre os municípios que
compõem o roteiro, onde os três municípios pagariam uma taxa mensal, e essa taxa comporia um
fundo de investimento para o turismo que seria revertida em benefício dos próprios municípios. Em
um primeiro momento esse processo pode parecer injusto ao município que apresenta maior infra-
2 Voucher é o comprovante, o contrato onde está mencionado o serviço a ser executado e os dados do estabelecimento contratado, como endereço, telefone, tarifa tratada, o localizador e o nome do titular do voucher
estrutura de apoio ao turista, mas com o passar do tempo esse fundo de investimento acaba
beneficiando a todos os envolvidos, uma vez que a infra-estrutura de apoio ao visitante deve sofrer
reformas. E para que a região se torne um pólo turístico é necessário esse investimento em nível
regional e não somente local, sendo que todos os envolvidos serão favorecidos com os efeitos
benéficos.
O turismólogo Enimar de Chapada dos Guimarães, ao ser entrevistado, fala a respeito de se
fazer um consórcio entre Campo Verde e Chapada para facilitar a manutenção da Caverna Aroe Jarí,
que fica entre os dois municípios. E ao ser questionado a respeito de um consórcio entre os três
municípios ele se coloca a favor afirmando que: ”hoje o mais inteligente é se fazer um consórcio,
porque no turismo não adianta ficar brigando entre atrativos, o melhor é somar esses atrativos, um
ajudando o outro e trabalhando todos os atrativos. E quem sabe até criar um voucher único entre
esses municípios”.
Outra sugestão para o desenvolvimento da região é que esta se dê de forma endógena, ou
seja, valorizando o potencial tanto de atrativos quanto de mão-de-obra local. Assim, o turismo gera
renda alternativa à comunidade, beneficiando e envolvendo o máximo de atores locais possível.
Gerando com esse desenvolvimento o modelo multiorganizacional de cluster, onde os municípios
envolvidos trabalhariam de forma conjunta em busca da qualificação e divulgação, que apesar de não
eliminar a competitividade entre empreendimentos de mesmo caráter, auxilia nas soluções dos
problemas enfrentados pelo conjunto.
Após a escolha dos atrativos, feita pela comunidade através do roteiro, foram realizadas
visitas a alguns atrativos para levantamento de dados que foram necessários para a finalização do
roteiro proposto. Os dados dos atrativos que não puderam ser visitados, seja por motivos de tempo,
interdição temporária do atrativo ou falta de contato com o proprietário, foram disponibilizados pela
secretaria de turismo local e outros estudos similares. As secretarias de turismo dos municípios
envolvidos contribuíram para o estudo articulando representantes para participarem da oficina e
entrevistas, bem como liberação para visita aos atrativos imune de taxas, o que facilitou e possibilitou
a pesquisa.
Para que se percorra todo o roteiro proposto, é necessário no mínimo 15 dias, sendo que há
atividades distribuídas entre os três municípios ao longo do roteiro suficientes para um período bem
mais longo. No entanto nada impede o desfrute de somente parte do roteiro.
O roteiro atende a diversos segmentos, distribuídos nos três municípios pertencentes, os
quais se destacam com características peculiares bem distintas um do outro, Campo Verde com suas
grandes fazendas de plantações, a qual desenvolve o turismo tecnológico; que consiste em conhecer
o processo produtivo desde a plantação até a industrialização, dependendo da época da visita, de
produtos do meio rural; foi aceito nesse ano de 2008 como mais um segmento da atividade, lançado
pelo município de Campo Verde e escolhido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário como
representante da região Centro-Oeste no Salão Brasileiro de Turismo, o que vem a complementar os
atrativos do roteiro. Chapada dos Guimarães com seus chapadões e belezas naturais exuberantes, e
Nobres com suas águas cristalinas e peixes em abundância, o que possibilita ao turista uma grande
opção de atividades.
Por último, aconteceu a montagem do roteiro turístico, que será disponibilizado aos
municípios envolvidos após a defesa da monografia, e que poderão ser reproduzidos para auxiliar na
venda de pacotes turísticos e divulgar a região, não só para os turistas, mas também para a própria
comunidade autóctone, como uma nova opção de lazer. A comunidade por sua vez, é beneficiada
ainda por obter mais uma opção de renda, podendo esta trabalhar como condutor de trilhas ou outras
atividades de sua criatividade.
5. Considerações Finais
O planejamento estratégico participativo visa elaborar e executar ações conjuntas. Esta forma
de planejamento é prudente para o desenvolvimento da atividade turística, já que a comunidade
receptora é a mais atingida com os impactos do turismo, sejam eles positivos ou negativos.
Apesar de algumas contradições, são vários os autores que acreditam que este é o melhor
modo de se planejar o turismo, pois, desta forma, os benefícios atingidos são diversos, como a
aprendizagem recíproca, aumento da eficiência do modelo a ser apresentado, menores custos,
valorização da atividade e comprometimento com seu andamento.
Pensando nesses benefícios foi feita a escolha por um planejamento estratégico participativo,
onde os protagonistas foram as comunidades locais dos municípios do roteiro turístico Flor do
Cerrado.
Roteiro turístico é uma forma de fácil divulgação de localidades, que auxilia o turista na
escolha do destino visitado, além da programação por ele realizada nesses locais. Quando este é
regional, aumentam as oportunidades de desenvolvimento no mercado turístico.
Nas oficinas e entrevistas realizadas nos municípios de Campo Verde, Chapada dos
Guimarães e Nobres, o objetivo foi a montagem de um roteiro turístico regional entre esses
municípios, tendo em vista que, os três municípios apresentam atrativos turísticos de beleza única, e
devido à proximidade entre si, é possível desenvolver de forma conjunta o turismo, facilitado ainda por
estarem próximos da capital.
A partir desse estudo foi possível perceber que, apesar de não ser comum a participação da
comunidade nas ações relacionadas ao turismo, estes são interessados no desenvolvimento da
atividade, e estão cientes dos benefícios que podem vir a obter. Essa iniciativa de inserção dos atores
locais no processo de planejamento serviu para amimá-los, assim como incentivar os gestores de
turismo a utilizarem de tais ferramentas em outros projetos relacionados à área.
Nesses encontros foram também levantados alguns pontos fracos, que serviram para debates
e propostas de possíveis soluções, como o caso da sugestão da criação de um consórcio turístico
entre os municípios do roteiro.
Faissal, guia de turismo em Chapada dos Guimarães, ao ser entrevistado sugere “todos em
Chapada deveriam passar por um processo de debate sobre o turismo. A população, por uma certa
ignorância, e os empresários, por certa ganância”. Sem dúvida esse processo deve acontecer, não
somente em Chapada dos Guimarães, mas sim nos três municípios envolvidos no presente roteiro,
pois o roteiro turístico é uma forma de divulgação de municípios que desenvolvem o turismo de forma
isolada, e a partir de então podem vir a trabalhar em conjunto, mas que sempre devem estar em
processo de esclarecimentos e incentivos à atividade turística explorada de forma prudente.
Ainda como sugestão aos municípios, espera-se que estes reproduzam o roteiro turístico
elaborado por suas comunidades, e que continuem as envolvendo em todo processo. Se esse
procedimento for aderido, a população autóctone se comprometerá com o andamento de um turismo
com responsabilidade socioambiental, bem como usufruirá dos benefícios gerados.
6. Referências Bibliográficas
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TURISMO E O VOLUNTARIADO – CASOS BRASILEIROS
SOUZA, Claudio Alexandre de3
3 Docente do Curso de Hotelaria e Pesquisador do Grupo de Estudos em Organizações Sociais - GEOS do Departamento de
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Parana – UNIOESTE e Mestre em Hospitalidade – UAM; Especialista em Ecoturismo – UFLA; Bacharel em Turismo e Hotelaria – UNIVALI.
PAZINI, Thais Akemi Yoshida4
RESUMO
O serviço de voluntariado no turismo tem como um dos principais objetivos a troca de experiências
culturais, participação na construção de um mundo mais justo para todas as partes envolvidas na
atividade, ativa e passivamente, causando uma alteração real na comunidade, fortalecendo e
promovendo a ação voluntária e o investimento social privado. O objetivo deste artigo é apresentar,
analisar e discutir sobre o aumento da prática da atividade dos visitantes como voluntário nas
destinações onde os mesmos estão praticando suas atividades turísticas, fatos que merece ser
analisado visto que promove um diferencial social nesta atividade. A metodologia utilizada neste
trabalho foi pesquisa de campo em destinações que desenvolvem este tipo de trabalho, pesquisa
documental em destinações que atuam com turistas voluntários e em agências de turismo que
comercializam este tipo de produto, bem como pesquisa bibliográfica em publicações de turismo
físicas e digitais, principalmente artigos técnicos resultados de congressos que abordaram a temática
social no turismo. Este artigo apresenta uma discussão teórica das abordagens sobre a atividade
voluntariada e a correlação com os visitantes em seu local de destino e apresenta e discute três
estudos de caso de serviços voluntários, comercializados como produtos turísticos no território
nacional, onde pode ser observada a consonância desta pratica com o movimento sócio-ambiental
crescente e relacionado com o desenvolvimento do terceiro setor.
Palavras-chave: voluntário; turismo, terceiro setor.
Introdução
A atividade de turismo é um reflexo de atividades oriundas das mudanças globais ocorridas
nas relações humanas e de suas necessidades, e como tanto é um fenômeno resultado das
mudanças comportamentais dos homens sofrendo variações de acordo com as suas demandas nas
diversas áreas do conhecimento.
Verifica-se na atualidade uma gama de tipologias de turismo tal, que a mesma é tida como
uma atividade complexa resultante das particularidades dos indivíduos praticantes da atividade, sendo
sugerido por alguns autores que as tipologias do turismo são singularidades inerentes aos indivíduos
praticante da mesma.
Dentro desta perspectiva a relação da atividade do turismo com a atividade do voluntariado é
somente mais uma interação ocasionada na inter-relação da atividade de turismo com as ações da
sociedade que a pratica.
Compreender melhor esta nova forma de praticar a atividade do turismo faz-se necessária
haja vista que a sensibilização da comunidade esta mudando e compreendo o seu papel na
4 Bacharel em Turismo e Hotelaria – UNITRI; MBA em Planej. Gestão e Marketing Turismo – UCB.
sociedade atual face as novas necessidades do planeta e dos seres humanos, paradoxalmente
conseqüência de ações excludentes desta mesma sociedade.
Este trabalho tem proposta de apresentar não somente casos identificados no Brasil, apesar
dos pesquisadores identificarem ao longo das pesquisas realizadas, este tipo de iniciativa em outros
paises, as quais os mesmos acreditam que devem ser objetos de estudos de outras pesquisas,
respeitando as particularidades de cada pais ou região observada.
O objetivo deste estudo é analisar a prática da atividade de voluntariado realizada por
visitantes sob uma visão antropológica e econômica compreendendo a participação do ser humano
neste tipo de atividade – voluntarismo – em seu período de lazer, período no qual, a mesmo esta
efetivamente investindo financeiramente para o seu bem estar e de sua família.
Este trabalho é resultado de pesquisa bibliográfica e documental na área de voluntariado e de
turismo, bem como de pesquisa de campo junto a agencias físicas e digitais na área de turismo sobre
as ofertas de viagens para prática de serviço voluntário.
Desenvolvimento
O turismo surge segundo estudiosos, como Beni (1998), Barreto (2000) e Rejowski (2001)
como atividade resultante das ações ocorridas no final do século XIX sendo impulsionadas pelas
constantes avanços ocorridos no planeta; principalmente no setor de transporte e de Tecnologia de
Informação e Comunicação – TIC; o que proporcionou um aumento significativo no número de
pessoas viajando pelo mundo atingindo mais de 750 milhões de pessoas viajando em 2004 (OMT,
2005).
Tal atividade tem despertado o interesse dos pesquisadores em compreender este fenômeno
da era Capitalista, em suas mais diferentes facetas inclusive no tocante as tipologias que
possibilitariam a compreensão categorizada da atividade bem como a mercantilização do mesmo de
forma a atender as demandas capitalistas, tão acentuadas neste inicio de século.
Barreto (2000) discute as tipologias sob diversas óticas, e uma delas, popularmente
conhecida e aceita pela academia e pelo mercado concomitantemente, classifica o turismo segundo a
motivação e a atividade desenvolvida pelo visitante no local visitado, como é o caso do turismo
religioso, desportivo, etc...
Esta perspectiva nos coloca frente a um impasse quando observamos na atualidade pessoas
deslocando para praticar uma nova atividade, uma atividade diferenciada das até então classificadas
pelos pesquisadores e entidades da área.
Entretanto esta nova atividade – o voluntariado – ao mesmo tempo que é resultado das
mazelas da sociedade atual é fato observado pela mesma sociedade que procura através de suas
atividades de viagens – turismo – participar de atividades para auxiliar e minimizar estas situações.
Viagens para atuar como voluntariado no local visitado vem aumentando significativamente
ao redor do mundo, a sensibilização com a prática do voluntariado foi estendida do dia a dia do
cidadão para as suas atividades de férias, ou seja, uma prática a ser desenvolvida em todos os
momentos de sua existência.
Tal característica é identificado por Swarbrooke & Horner (2002), quando o mesmo afirma
que as práticas comportamentais dos visitantes nos locais visitados é tão somente resultado das suas
práticas em seu locais de residência habitual.
Isto posto, corroborado pelo que nos apresenta Perez e Junqueira (2002), quando afirmam
em artigos e palestras apresentadas no I Congresso Brasileiro do Voluntariado, organizado em 2001,
que a consciência da humanidade sobre a necessidade de sermos mais solícitos ao próximo; esta
aumentando com estudos que indicam que mais de 30 milhões de americanos e de 20 milhões de
brasileiros estão engajando-se em atividades voluntárias com mais de 5 horas semanais.
Verificamos então que temos um novo tipo de visitante nas localidades, uma nova demanda
viajando à turismo, e não somente para os núcleos tradicionalmente tidos como turísticos, mas sim
para os destinos que necessitam do auxílio de seres humanos para os mais diferentes tipos de
demandas, desde contar histórias até auxílio médico, ou de outro tipo de profissional liberal.
Podemos dizer que temos um turista viajando para ser voluntário, viajando motivado pela
possibilidade de praticar a atividade voluntária e atuando efetivamente como tal no local visitado, e
segundo os critérios utilizados para categorização da atividade do turismo como apresentado pela
Organização Mundial Turismo - OMT (2005), pode chamá-lo de “Turista Voluntário”, e quiçá podemos
ousar a dizer que temos ai o surgimento do Turismo Voluntário. O perfil do Turista Voluntário são
pessoas que querem ir mais fundo no entendimento das complexas realidades da população e ter a
satisfação de compartilhar, aprender e ajudar na construção e visualização de um mundo mais justo
para todos.
Tem-se neste inicio de século várias iniciativas apresentando a prática dessa atividade do
turismo, principalmente, pelo intercâmbio que promove entre os povos como um importante
instrumento para contribuir para a promoção da paz mundial, como preconizado e divulgado
amplamente pelos órgãos oficiais de turismo, sob a coordenação da OMT.
A prática do que chama-se neste trabalho a partir de então, de Turismo Voluntário, vem a
apresentar uma forma de contribuir para a promoção da paz mundial não somente através da
promoção da alteridade entre os seres humanos de forma mais efetiva, mas também da melhoria das
condições de vida das comunidades auxiliadas e da redistribuição de renda para localidades que não
apresentavam perspectivas de obtenção de renda oriunda deste setor, em função das características
do chamado turismo tradicional.
Verifica-se também que a prática da atividade e os instrumentos de comunicação, aliadas as
práticas tradicionais dos visitantes, pesquisadas pelos sociólogos e psicólogos, de autopromoção das
suas atividades em períodos de férias como elemento fortificador de sua posição social perante os
seus pares, tem contribuído para difundir esta prática.
Apresenta-se a seguir os exemplos que serão estudados neste artigo, tendo em vista que são
exemplos de práticas de turismo voluntário coletados aleatoriamente, junto a oferta deste tipo de
atividade no mercado nacional de turismo, e a pesquisa identificou que não há uma oferta significativa
deste tipo, exigindo por parte da interessada em praticá-la grande procura dentre a oferta turística
nacional.
Ressalta-se ainda que os exemplos citados nesta pesquisa foram resultados de pesquisas
junto a publicações especializadas da área de turismo que apresentavam pacotes com esta finalidade
de pratica de atividades voluntárias em meios de comercialização ampla nacionalmente tanto
impressa quanto eletrônicas.
Apesar das mesmas terem divulgadas suas atividades em meios físicos e eletrônicos de
comercialização da mídia nacional, quando os pesquisadores entraram em contato para realização
desta pesquisa todas as organizações apresentaram que estão reestruturando os seus respectivos
programas de voluntariados.
Os dados serão apresentados individualizados visando uma analise de cada item observado
durante a pesquisa por fundação e programa analisados, para melhor compreensão de cada item
relacionado diretamente a cada programa de turismo voluntário.
O Quadro 1, onde identifica-se as atividades, os organizadores, os locais e as áreas de
turismo voluntários, apresenta informações básicas sobre cada programa de turismo voluntário
visando apresentar os mesmos e os respectivos dados citados para que possam ser consultados e
posteriormente aferidos.
Quadro 1: Atividades, Organizadores, Locais e Áreas de Turismo Voluntário.
Nome da
Atividade
Fundação Movimento
OndAzul – OndAzulFazenda Rio Negro
Projeto Sotalia: Golfino
s Tucuxi Organizador Iko Poran CI Brasil Ecovolunteer Program
Local VisitadoRio de Janeiro (RJ) e
exterior
Fazendo Rio Negro (MS),
Ecovila Tiba (RJ)Baía de Sepetiba - RJ
Área
ecologia, educação,
saúde, artística, cultural,
científica
Biologia, TurismoBiologia , Turismo,
ecologia
Fontes: Thais Akemi Yoshida Pazini & Claudio Alexandre de Souza, 2006.
Os programas de turismo voluntário analisados são iniciativas de organizações como
fundações e projetos; ou seja; os mesmos não se caracterizam como iniciativas ou produtos operados
normalmente por empresas como operadoras de turismo tendo em vista que estas são os tipos de
organizações que tradicionalmente ofertam viagens turísticas.
Apesar dos exemplos analisados localizarem com bases no estado do Rio de Janeiro,
destaca-se neste a ação realizada no Mato Grosso do Sul, pelo fato da mesma também ser realizada
em uma área como o estado do Rio de Janeiro de fundamental importância com destinos turísticos
com fortes apelos ambientais como e o caso da Baia de Sepetiba, também se repete no caso do
Pantanal Sul Mato-grossense.
A área ambiental e caracterizada pelas três organizações como foco das áreas de atuações
dos projetos para os voluntários. Em publicações da área de responsabilidade social verifica-se que
juntamente com a educação e ações para as crianças a área ambiental e responsável pela maioria
das ações voltadas pelas pessoas e empresas que desenvolvem ações nesta área.
Acredita-se que o incremento considerável de organização não governamentais - ONG`s no
pais nos últimos anos possa ser uma das impulsionadoras para que este mercado do terceiro setor
tenha resultado na implantação de programas para captar visitantes com motivação para pratica de
atividades de voluntariados.
A seguir apresentam-se os custos que são pagos pelos turistas “voluntários”, uma vez que os
pacotes turísticos para pratica de atividades voluntárias são comercializados de forma tradicional via
agencias de turismo e diretamente junto às organizações que operam os respectivos produtos
turísticos.
Quadro 2: Custos das Praticas de Turismo Voluntário.
Nome da
Atividade
Fundação Movimento
OndAzul – OndAzulFazenda Rio Negro
Projeto Sotalia Golfinos
Tucuxi
Custo
Primeiras quatro semanas
ou menos R$ 1.500,00
Semana adicional R$
180,00
O voluntário pagará
somente o custo de
passagem para a
Fazenda.
incluindo acomodação
R$ 3.246,00
Fontes: Thais Akemi Yoshida Pazini & Claudio Alexandre de Souza, 2006.
Os custos apresentados parecem refletir que este tipo de turismo esta acessível a uma
camada da população que se crê enquadrar ao equivalente à classe média ou superior, visto que os
valores estão variando de quase 05 (cinco) a quase 10 (dez) salários mínimos, entretanto o produto
ofertado pela fazenda São Francisco não cobra pelas atividades ofertadas.
O tempo médio de permanência neste tipo de turismo se apresenta como sendo de longa
duração sendo acima da media dos períodos de permanência media das tipologias tradicionais de
turismo, regularmente pesquisados pela EMBRATUR e OMT, lazer, negocio e ecoturismo.
Quadro 2: Custos das Praticas de Turismo Voluntário.
Nome da
Atividade
Fundação Movimento
OndAzul – OndAzulFazenda Rio Negro
Projeto Sotalia: Golfino
s Tucuxi Tempo de
DuraçãoDe 3 a 24 semanas Mínimo 1 mês 14 dias
Fontes: Thais Akemi Yoshida Pazini & Claudio Alexandre de Souza, 2006.
O tempo mínimo exigido para cada participante deste tipo de atividade é um reflexo do tipo de
turismo que se desenvolve no local, uma vez que para que a pessoa possa contribuir efetivamente
com a comunidade local visitado e integrar-se, minimamente ao projeto, existe um período para
absorção e maturidade do participante de cada projeto.
Os pacotes podem ou não incluir atividades tidas como tradicionais empacotes turísticos
comercias, como transporte, hospedagem e alimentação minimamente, como se vê no Quadro 3, que
refere-se aos serviços incluídos.
Quadro 3: Serviços Incluídos no Turismo Voluntário.
Nome da
Atividade
Fundação Movimento
OndAzul – OndAzulFazenda Rio Negro
Projeto Sotalia Golfinos
TucuxiServicos
IncluidaHospedagem.
Alimentação e
hospedagemHospedagem
Fontes: Thais Akemi Yoshida Pazini & Claudio Alexandre de Souza, 2006.
Todos os projetos analisados ofertam hospedagem aos visitantes que prestarão serviços
voluntários, contudo observa-se que somente a Fazenda Rio Negro disponibiliza também a
alimentação.
Os voluntários são responsáveis de providenciarem sua própria alimentação no local de
realização da respectiva atividade, como um pacote tradicional pela sua refeição, o que pela
característica do local Fazenda Rio Negro no Pantanal isto seria inviável, pelas distâncias e
características das localidades na região.
As atividades desenvolvidas pelos voluntários são apresentadas a seguir, no quadro 4, onde
observa-se que da mesma forma do turismo tradicional há atividades desenvolvidas para ocupação
do tempo deste visitante.
Quadro 4: Atividades Desenvolvidas no Turismo Voluntário.
Nome da
Atividade
Fundação Movimento
OndAzul – OndAzulFazenda Rio Negro
Projeto Sotalia: Golfino
s Tucuxi
Atividades
Desenvolvidas
Reforma ou construção de
escolas, creche, abrigo,
assistência médica,
reflorestamento,
agricultura, psicultura,
apicultura, proteção
ambiental, capacitação
através da troca de
experiências, trabalhos
comunitários,
entretenimento de
deficientes físicos, ou
mentais, recreação
infantil, atividades
artísticas, esportes, e
outros serviços sociais.
A organização utiliza uma
variedade de ferramentas
científicas, econômicas e
de conscientização
ambiental, além de
estratégias que ajudam na
identificação de
alternativas que não
prejudiquem o meio
ambiente para que as
comunidades locais se
beneficiem desta
alternativa econômica e
para que sejam
capacitadas a estabelecer
e gerenciar seus próprios
negócios no setor.
Aos ecovoluntários são
oferecidas palestras de
como o projeto de
conservação ajuda a vida
selvagem e as pessoas
locais e ações de
integração com as
comunidades locais e por
seu meio ambiente.
Fontes: Thais Akemi Yoshida Pazini & Claudio Alexandre de Souza, 2006.
Todos os programas de voluntariado apresentados procuram promover a inserção dos
visitantes às comunidades locais de forma a promover uma sinergia nas ações desenvolvidas por
todos os integrantes no sentido de compreenderem e agirem de forma harmônica com o ambiente do
entorno.
As atividades para os visitantes variam conforme o projeto e são as mais variadas possíveis o
que disponibiliza para eles oportunidades com diversas formações e habilidades.
Desta forma esta pratica torna-se justa no tocante ao requisito área de formação do visitante
voluntário, podendo receber, dentro da característica de cada destino e de cada voluntário, pessoas
das mais distintas áreas de formação.
Os programas procuram adequar os visitantes - voluntários, analisando suas habilidades e
competências para integrar os mesmos a atividades onde possam aplicar de forma efetiva suas
características profissionais ao serviço do voluntário do ambiente onde estão inseridos.
Os programas analisados apresentam uma forma de incentivar a prática da atividade
voluntária, um aporte de mão de obra qualificada e motivada, uma forma de incrementar a renda de
destinos turísticos diferenciados, uma organização que possibilita um fluxo de visitantes regular
garantido uma continuidade na renda e um fluxo de visitantes sustentavelmente equilibrados para as
realidades visitadas.
No próximo quadro observa-se os favorecidos pelas ações realizadas pelos turistas
voluntários via os projetos de turismo.
Quadro 5: Serviços Incluídos no Turismo Voluntário.
Nome da
Atividade
Fundação Movimento
OndAzul – OndAzulFazenda Rio Negro
Projeto Sotalia: Golfino
s Tucuxi
Favorecidos
pela Ação
Ações direta ou
indiretamente a
assistência social a
infância e adolescência e
às populações em estágio
de exclusão social.
Comunidade pantaneira
do entorno da Fazenda rio
Negro.
Organizações
conservacionistas locais
para fortalecer a posição
local de tais organizações.
Fontes: Thais Akemi Yoshida Pazini & Claudio Alexandre de Souza, 2006.
Verificamos uma série de diferentes públicos receptores das ações dos programas de
voluntariado voltado para os turistas que optam por este tipo de atividade em suas viagens de férias,
sendo que desde pequenos grupos ou comunidades a organizações ambientais recebem estes
atendimentos.
O meio ambiente e as comunidades autóctones são as principais beneficiárias deste tipo de
programa, o que nos apresenta uma forma de inserção sócio ambiental dos participantes de forma
ativa junto a problemáticas diferenciadas do seu cotidiano.
A busca por destinações diferenciadas e locais com atividades diversas da realizada no dia-a-
dia dos visitantes e segundo Swarbrooke & Horner (2002.) um dos grandes impulsionadores de fluxo
turístico; elemento este que se encontra presente nas atividades analisadas neste que ora chamamos
de Turismo Voluntário.
Conclusão
Os autores identificaram, para realização deste artigo, ausência de referencial bibliográfico
que investigasse novas tendências mercadológicas que estão se apresentando no setor do turismo
em geral, principalmente no tocante a análise de novas abordagens pragmáticas que a atividade
apresenta.
Necessidades de profissionais qualificados a planejar a atividade do turismo de forma que
esta contribua efetivamente para a paz mundial, auxiliando na estruturação de turismo com
responsabilidade sócio-ambiental, como o apresentado nos exemplos discutidos neste artigo.
Necessidade de campanhas de sensibilização junto as demandas turísticas nacionais e
internacionais apresentando este tipo de atividade a ser desenvolvida visando promover uma
compreensão da demanda no tocante ao tipo de turismo que estes destinos pretendem desenvolver.
Formas de qualificação de docentes e discentes dispostos a quebrar os paradigmas em
relação as formas tradicionalistas de se estudar e observar o fenômeno turístico, apresentando novas
propostas de destinações, que atendam aos desejos de demandas latentes, com propostas de
participação deste segmento tão discutidos na atualidade.
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OLIVEIRA, Silvia Lopes de 5
RAYE, Roberta Leal2
RESUMO
A cultura de um povo é representada por diversas manifestações, tais como: folclore, comida típica,
festas tradicionais, religião, artesanato, entre outras. São pessoas que mantém vivo costumes,
5 Acadêmica regularmente matriculada no 7º semestre do curso de Bacharelado em Turismo na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT do município de Nova Xavantina – MT. 2 Docente da Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT.
histórias e modo de vida de seus antepassados até os dias atuais. O visitante sempre se desloca por
inúmeros motivos, um deles é conhecer a cultura diferente que se encontra em um determinado lugar.
Através de pesquisas bibliográficas, documentais e de campo, com o objetivo de analisar o artesanato
local como uma alternativa de atividade solidária para o Município de Nova Xavantina, objeto de
estudo de presente trabalho, torna-se possível identificar no município o perfil dos artesãos e de que
formar os artesãos se organizam para a confecção e venda dos artefatos. A proposta de implantação
de uma organização entre esse grupo foi elaborada após a analise dos resultados dos objetivos
acima. Percebe-se que essa proposta aumentaria a produção e conseqüentemente a renda dos
envolvidos, contribuindo para o desenvolvimento da atividade turística local e indiretamente
melhorando a qualidade de vida da comunidade, já presente trabalho oferece subsídios para que os
artesãos ofereçam peças de qualidade e representativas do local, uma maneira de conservação e
fortalecimento da cultura existente.
Palavras-chave: Cultura; Nova Xavantina; Artesanato.
Princípios da cultura e suas manifestações
A evolução social sofrida pela humanidade, desde a distinção da espécie humana e de outras
espécies animais até os dias atuais conhecida como civilização, explica a diversidade das culturas
existentes, já que uma grande parte da história acompanha a humanidade, o que expressa
possibilidades de vida social organizada e constata diferentes formas de domínio humano sobre a
natureza (SANTOS, 1996, p. 14, 15).
Ruschmann (1997, p. 44), argumenta que a cultura de uma localidade pode “estimular os
turistas e oferece-lhes a oportunidade de conhecer os habitantes da região, seus modos de vida, suas
atividades profissionais (de agricultura, artesanato etc.)”.
Segundo Lugo (apud RUSCHMANN, 1997 p. 50), os fatores que contribui para melhor
entender a cultura de um povo consistem em “seu posicionamento geográfico, de seu lugar na
historia, da época e das condições do encontro com as outras culturas, e das organizações culturais
previamente existentes”. O ser humano além de ser o criador também é responsável pela
transmissão formal ou informal de sua cultura.
A inter-relação do turismo com os fatos folclóricos sendo bem conduzida em ambas as partes
pode revitalizar as práticas tradicionais de um povo. Esse procedimento de reestrutura das atividades
culturais direcionada ao turista deve sempre manter a originalidade (DIAS, 2003, p. 121-122).
De acordo com Horta (2004, p. 212), Folclore é um dos segmentos da cultura do país, ele nos
permite observar, dentro de uma sociedade, manifestações como danças, mitos, artesanatos,
linguagem, vestimentas, entre outras. Contudo, essas manifestações se diferem de um povo para
outro, fazendo com que cada região possua uma identidade singular. Como exemplo, pode-se usar o
artesanato de barro, produzido em qualquer lugar desde que tenha matéria-prima necessária, sua
prática acaba sendo universal, mas sua concretização recebe características da cultura do artesão.
Artesanato é todo o trabalho manual, em que 80% do produto final são obtidos através da
manipulação da matéria-prima pelo próprio artesão. Esse procedimento vai desde a coleta da matéria-
prima, do uso de técnicas e conhecimentos até a comercialização deste produto ao seu consumidor
em geral (FRANÇA, 2005, p. 10).
O Sebrae relata que as indicações geográficas, entre elas, solo, vegetação, tipografia e clima,
interfiram no artesanato como a sua qualidade e originalidade de cada região. Essas indicações
contribuem no desenvolvimento local; gera riquezas; produz artefatos com qualidade e diferencial com
valor agregado; afirma a imagem do produto e seu reconhecimento; protege a imagem das peças e
de quem as produz; gera emprego e renda (SEBRAE, 2002).
A valorização do artesanato local proporciona a comunidade uma identidade singular, fazendo
com que a população sinta sua cultura mais “viva”, atraindo visitantes e gerando uma alternativa de
renda para essas pessoas.
As características da identidade cultural estão presentes nos costumes, mitos, ritos, cores
ligadas à paisagem local, imagens atribuídas na fauna e flora e, os tipos de povos existentes que
determinam um grupo social dos demais. A produção de artefatos que ligam a uma referência cultural
significa confeccionar produtos que se relaciona com seu lugar de origem, sejam a partir de
elementos simbólicos que levam as origens de seus produtores, a matéria-prima encontrada na região
e as técnicas que são passadas de geração em geração. Para o mercado globalizado esses aspectos
abordados têm grande importância (SEBRAE, 2002).
Parente (apud CARVALHO, 2001, p. 19,20), afirma que o artesanato revitaliza as atividades
econômicas tradicionais; auxilia na preservação dos valores culturais em âmbito local, regional e
nacional favorecendo a criação de identidade; atua como estratégia de ocupação intensiva de mão-
de-obra que ajuda na questão de desemprego.
Continuando a afirmação da autora, o artesanato funciona como instrumento de ocupação
produtiva, gerando renda, fixando o homem no campo, evitando o êxodo rural, intensificando trocas
culturais e comerciais entre os países, incentivo ao turismo e conservação do meio ambiente.
O artesanato ao ser explorado para a comercialização tornou-se uma atividade econômica,
conhecida como “atividade industrial caseira”, gerando uma fonte de renda útil aos artesãos,
contribuindo no desenvolvimento das localidades que o confecciona (CASCUDO, 2001, p. 26).
Os artesãos embora conservem a tradição de suas técnicas e estilos também passa por
evoluções devido à alta concorrência industrial, necessitando de maiores conhecimentos para melhor
aproveitamento da matéria-prima (CASCUDO, 2001, p. 26).
As peças artesanais produzidas para a comercialização devem conter além de sua qualidade
uma etiqueta com as seguintes informações: matérias-primas, descrição dos processos de confecção,
dimensões, peso, características físicas e formais, preço, nome do artesão ou associação, entre
outras. Deve-se também manter os padrões de embalagem (SEBRAE, 2002).
De acordo com Reis (2003, p. 45), é difícil o visitante estar em uma cidade e não levar um
artesanato contigo, por exemplo, passar em Pernambuco e não visitar a famosa feira de Caruaru,
onde encontra-se os bonequinhos de barro; atravessar o rio São Francisco sem conhecer os artesãos
de Carrancas; passear por Bahia e não levar a bonecas baianas ou o berimbau (instrumento utilizado
na capoeira); visitar o estado Espírito Santo sem levar as panelas de barro de Goiabeiras.
Dando continuidade na afirmação do autor, assim como acontece no Brasil também acontece
em outros países, por exemplo: Marrocos que através de estudos do ministério do turismo nos anos
70, apresentou que 54% dos gastos dos turistas ocorrem na compra de itens de artesanato, sendo
que 40% desta produção no país são adquiridos por turistas.
O autor Guimarães (2003, p. 2-3) afirma que:
O turista sempre quer levar algo consigo na sua bagagem, seja material, como um souvenir, ou abstrato, como a lembrança de um desejo concretizado, alguma informação ou conhecimento do povo. Essas formas convencionais de turismo pouco ajudam na distribuição da riqueza internamente pois a renda oriunda da atividade se concentra na mão de poucos. Normalmente os maiores ganhos ficam nas grandes empresas de transportes, agências de viagens, hotéis [...]. Dificilmente parte desse lucro chega na mão de residentes em municípios ou comunidades mais pobre.
Pensando nisso, o artesanato é o objeto e sua produção é caracterizada pelos costumes e
técnicas dos próprios artesãos, isso faz com que esse processo de produção se torne informação e
conhecimentos para o consumidor final, ou seja, o turista que além de comprar, também recebe
informações referentes à cultura do artesão.
O objetivo do seguinte trabalho é analisar o artesanato local como uma alternativa de
atividade solidária para o Município. Propor aos artesãos assim como para a comunidade trabalhar a
viabilidade de organização para as atividades artesanais. Com isso incrementará no desenvolvimento
do turismo local.
Alternativa de atividade solidária para os artesãos
No Município de Nova Xavantina os artesãos fazem uso da matéria-prima encontrada em
meio à vegetação do Cerrado para a confecção do artesanato. No qual sementes, caules, folhas,
flores, frutos, raízes e fibras, são utilizados e dão origem à produção artesanal de bonecas, quadros,
luminárias, porta retratos, acessórios (colar, brinco e pulseira), entre outros (DIAS, 2005, p. 19). Nova
Xavantina, objeto de estudo do presente trabalho que tem por objetivo analisar o artesanato local
como uma alternativa de atividade solidária para o Município, localiza-se na BR 158 região Leste do
Estado de Mato Grosso. Com uma população estimada de 17.332 habitantes (IBGE, 2004).
Segundo Bonald (apud DIAS, 2005, p. 23-24), os artesãos em geral trabalham em
cooperativas para a comercialização de suas peças, fazendo com que não tenham intermediários,
onde o consumidor compra há preços mais acessíveis, direto com o criador. As atividades artesanais
são hoje reconhecidas como atividade econômica altamente rentável e útil.
As cooperativas são empreendimentos que objetivam formar associações econômicas
solidárias no qual são compostas por grupos de pessoas com o mesmo objetivo e interesses comuns,
com participação igualitária e inclusão. São consideradas importantes fontes de produção, trabalho e
renda, que viabilizam a expansão econômica do país, além de serem alternativas concretas no
combate ao desemprego (UNB, 2007 a, p. 4).
No Brasil a Lei 5.764 de 16 de dezembro de 1971, define o regime jurídico das Cooperativas.
Cada cooperativa é regida pelo seu Estatuto Social, que define suas funções, atos, metas e objetivos,
indicando os direitos e deveres dos associados, natureza de suas responsabilidades e suas
condições de admissão, demissão, eliminação e exclusão e as normas para sua representação nas
assembléias gerais. Sua formação deve conter no mínimo 20 associados (OCB, 2004 b, p. n. p.).
Existem vários tipos de cooperativas como as de produção; de consumo; de troca; de crédito;
de trabalho sendo hoje o segmento que mais cresce; de agropecuária, apresentam maior número de
empreendimentos; de turismo e lazer, é o mais novo segmento que existe; cooperativa mista que
envolve mais de um tipo, entre outras (UNB, 2007 a, p. 6, 7).
Os princípios básicos do cooperativismo são linhas norteadoras para as cooperativas por em
prática seus valores. Esses princípios se apresentam como: adesão voluntária e livre; gestão
democrática; participação econômica dos membros; autonomia e independência; educação, formação
e informação; intercooperação; e interesse pela comunidade (op. cit. p. 43, 44, 45, 46).
Uma rede de cooperação exige requisitos que são básicos para seu funcionamento, tais
como:
- Informação e comunicação: todos os membros devem ser informados e comunicar-se entre
si de tudo que o empreendimento faz ou deixa de fazer;
- Centro: esse centro tanto pode ser físico ou virtual como página da internet, é o ponto de
encontro da rede;
- Logística: envolve desde o transporte, armazenagem, distribuição, etc.;
- Padronização: permite qualificação de produtos ou serviços;
- Regras claras: constitui em transparência das políticas e/ou serviços;
- Solidariedade: busca-se a união dos membros (UNB, 2007 a, p. 16, 17).
As cooperativas promovem a qualificação de seus membros através de cursos, oficinas,
palestras, etc. Com isso obtém-se um desenvolvimento sustentável de suas atividades (op. cit, p. 6,
7).
Segundo Derkoski (1998, p. 39), uma cooperativa tem que estar atenta à concorrência interna
e externa, a serviços e produtos de qualidade, o atendimento e preço do que se oferta. Caso contrário
leva a falência da empresa que recém se fundou.
A Economia Solidária se define com um conjunto de atividades econômicas sustentáveis, tais
como: produção, distribuição, consumo, entre outras que sejam administrados em forma de
autogestão, ou seja, um processo que exige a participação em conjunto nas tomadas de decisões e
metas de um empreendimento, no qual busca-se a participação mútua, valorização do trabalho e do
saber e a criatividade das pessoas, visando assim a melhoria da qualidade de vida através de formas
coletivas de geração de trabalho e renda, sendo articulada aos processos de desenvolvimento
participativo (UNB, 2007 a, p.1-2).
Os principais objetivos dessa economia são: combater a exclusão social; articular o consumo
solidário; contribuir pela elevação da qualidade de vida das pessoas, respeitar o meio ambiente e
articular a criação de empresas autogestoras, grupos solidários, redes solidárias, clubes de troca e
cooperativas e associações de bens e serviços (UNB, 2007 a, p. 2).
A economia solidária estimula a solidariedade entre os membros do empreendimento com a
prática da autogestão, e também desenvolve a solidariedade com toda a comunidade trabalhadora
ajudando os menos favorecidos. Essa economia está integrada ao terceiro setor, apresentada de
forma de organização não-governamental, auxilia no combate ao desemprego e pela inserção social
(CATTANI, 2003, p. 116, 117).
Segundo Zart et al (apud SOUZA, 2007, p. 17), essa nova economia “é composta por uma
rede de organizações solidárias, que tem como segmentos, Cooperativas, Associações, Empresas,
Grupos solidários, Redes solidárias, Clube de troca, etc”.
Esse novo segmento de economia apresenta as seguintes características gerais:
- Cooperação: envolvem o trabalho, interesses e objetivos em comuns com participação
coletiva;
- Autogestão: promove as ações da autogestão e defini as estratégicas sustentáveis dos
empreendimentos;
- Dimensão econômica: agrega esforços, motivação e recursos pessoais para qualquer
atividade do empreendimento, viabilizando a parte econômica;
- Solidariedade: se apresenta em todas as dimensões do empreendimento, tais como: na
capacidade de elevação da melhoria da qualidade de vida, na participação dos processos de
desenvolvimento sustentável, nas relações com o meio ambiente saudável e a sustentabilidade local,
entre outras (UNIB, 2007 b, p 13).
Diante dessas características, a economia solidária promove o desenvolvimento sustentável
gerando trabalho e conseqüentemente distribuição renda, favorecendo no crescimento econômico e
na conservação dos ecossistemas (M.T.E, 2003, p. n. p.).
Segundo UNB (2007 a, p. 1), “é a partir da economia solidária que muitas associações e
cooperativas têm conquistado resultados significativos na elevação da qualidade de vida”. Mas para
chegar nesse resultado envolve um intenso processo de organização social e cooperação contra os
valores capitalistas.
Através de pesquisas bibliográficas e de campo, verifica-se a elaboração de uma alternativa
de atividade econômica solidária para os artesãos de Nova Xavantina seria a criação de uma
cooperativa de artesãos, na tentativa de começarem a trabalhar em conjunto. Com isso cada
associado poderá confeccionar e vender suas peças, participar de cursos e oficinas garantindo maior
qualidade e profissionalismo, participação em eventos como feiras do artesanato nacional e
internacional e demais eventos.
A cooperativa dá subsídios com base em princípios éticos, solidários e sustentáveis, e
oportunidade igualitária aos sócios, sem privilegiar uns e outros. Todos devem ter e lutar pelo mesmo
objetivo, desenvolvendo um trabalho em parceria com os demais (op. cit, p. 2). Dessa maneira o
número de pessoas beneficiadas é bem maior do que se não houvesse uma organização em coletivo,
sendo cada um por si.
O desenvolvimento de uma economia solidária no município faz com que haja a participação
não só do empreendedor, mas sim o envolvimento da comunidade ao todo na movimentação do
capital, obtendo uma redução da exclusão.
A organização em cooperativa do artesão busca resgatar e valorizar a cultura local
possibilitando uma identidade singular do artesanato, sendo referência única em relação às outras
regiões, servindo de atrativo turístico. Resultando numa melhoria de qualidade de vida e gerando uma
alternativa de renda para um maior número de pessoas.
Para que os resultados deste trabalho fossem alcançados foi necessário aplicar duas
pesquisas aos artesãos do município de Nova Xavantina com objetivos diferentes. Em uma (pesquisa
1), questionaram-se vinte artesãos a fim de identificar o perfil e a forma com que vêm trabalhando
com o artesanato. Já a outra (pesquisa 2), foi realizada com seis pessoas que fizeram parte de uma
associação de artesãos criada no mês de julho de 2003, hoje inativa, entre elas artesãos e
participantes. Essa última teve como objetivo verificar os fatos ocorridos nesta época que
ocasionaram a inexistência da associação. Bem como através dos resultados da pesquisa encontrar
uma forma de organização para os artesãos trabalharem em conjunto e comercializar suas peças.
Proposta para os artesãos compatível com a situação atual desse segmento
Acredita-se que os artesãos no geral devam a trabalhar em grupos na tentativa de criar uma
linha de produção que identifica o produto com sua localidade de maneira que a produção ganhe
espaço em meio à concorrência. Esta organização dos artesãos seria através da nova forma de
economia com alternativas estratégicas anti-capitalista, a solidária, que visa beneficiar o maior
número de pessoas utilizando a forma de autogestão que é uma maneira de obter a participação
igualitária na tomada de decisões de uma organização. Essa economia promove o desenvolvimento
participativo e a solidariedade dos envolvidos onde se insere, também trabalha com a articulação da
criação de associações e cooperativas.
Porem o maior desafio da organização é o fato dela ser solidária em um ambiente capitalista.
A formação de uma organização, como associação ou cooperativa, necessita de
procedimentos burocráticos, união e participação dos membros fazendo com que tenham
responsabilidades e conhecimento das ações a serem realizadas para que essa organização saia do
papel e permaneça em vigor conforme seu estatuto.
No caso da associação de artesãos criada no mês de julho de 2003 por pessoas que queriam
constituir uma organização visando melhorar esse setor no município, não tiveram resultados
satisfatórios como pode-se perceber na pesquisa.
A associação nem chegou a ser registrada devido a vários motivos como: falta de união entre
eles, desistência de associados, falta de incentivo e apoio de alguns órgãos, falta de conhecimento
dos membros em como formar e registrar a associação, entre outros. Observamos que o fator que
mais prejudicou na formação da associação foi a falta de interação do grupo em resolver os
problemas que foram surgindo, simplesmente os associados desistiam. Portanto, torna-se impossível
de uma associação se constituir e permanecer em funcionamento, já que exige a participação
igualitária e união dos associados e não cada um pra si ou um único responsável “chefe”.
Percebemos a viabilidade de uma organização já que na pesquisa a maioria dos
questionados afirmam que querem dar continuidade nos trabalhos por eles realizados de forma a se
juntarem objetivando aumentar a comercialização e fazer com que o artesanato ganhe espaço no
mercado. Pois percebem que essa atividade garante que é possível ser fonte de renda única
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, para o desenvolvimento da localidade onde esse
setor é inserido, além de outros benefícios tanto para eles como também para a comunidade no geral.
Diante disso, vejamos como proposta compatível com a situação atual desse segmento a
criação de uma cooperativa, beneficiando um maior número de pessoas que iram se união em prol
dos mesmos objetivos. Os artesãos poderão através da cooperativa criar um local específico para
confeccionar e comercializar as peças, promover a realização de eventos ligados a esse setor,
representar o trabalho artesanal em outras cidades, criar projetos e buscar recursos através de
órgãos governamentais e instituições não-governamentais. São projetos como construir uma casa do
artesão no município já que não tem uma, montar uma feira específica de artesanato, além de outros
ligados a esse setor, e demais ações e benefícios que compete a uma organização desse porte.
A cooperativa dará subsídios aos membros fazendo com que eles consigam confeccionar
produtos que se identifiquem com a localidade, ou seja, o artesanato será a expressão do modo de
vida dos povos presente. Com isso, esse segmento passa ser um símbolo representativo da cultura
preservando a identidade local, já que no município não possui uma cultura predominante e sim várias
culturas em processo de adaptação e transformações devido a sua forma de colonização.
Contudo, os associados poderão trocar material, técnicas de produção e conhecimentos entre
si, como também incrementar o produto de outro associado com seu trabalho resultando numa única
peça com criatividade e acima de tudo qualidade. Pois o mercado capitalista requer produtos de alta
qualidade e durabilidade para a comercialização, sendo assim, os produtos industriais já possuem um
espaço definido na comercialização devido a sua alta tecnologia e grandes quantidades de
mercadoria, já o produto artesanal por ser produzidos em menores quantidades briga por esse espaço
no mercado competitivo. Dessa forma a organização terá suporte para se inserir e concorrer com
mercado industrial.
Sendo assim, acredita-se que o artesanato local contribuirá no setor turístico do município,
pois o turista busca marcar sua viagem levando contigo produtos como souvenir ou artesanato local.
Com a organização os artesãos poderão realizar eventos na cidade atraindo visitantes que irão
encontrar produtos tantos utilitários como decorativos que não são encontrados em outras
localidades, pelo motivo desses artefatos expressarem uma identidade local.
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Projeto de promoção do desenvolvimento local e economia
solidária. Brasília, 2007 a.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA. Projeto de promoção do desenvolvimento local e economia
solidária. Brasília, 2007 b.
GESTÃO DAS AGÊNCIAS DE VIAGENS NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
KELLER, Rodrigo Alex6
JAEGER, Tiago Born7
RESUMO
O objetivo deste artigo é demonstrar que atualmente as mudanças ocorrem numa velocidade
acelerada, aumentando a competição entre as agências de viagem e empresas ligadas a prestação
de serviços. Deste movimento, surge a necessidade de desenvolver um novo estilo e forma de
administração, voltado para a era da informação. Neste contexto, devem-se analisar alguns aspectos
de como a importância e o trato dispensado à necessidade da informação, como a qual ponto é
importante se deter a mesma em nossas empresas. Este artigo tem como objetivo principal
apresentar uma análise de como as novas tecnologias de informação estão modificando a gestão
empresarial nas agências de viagem. A evolução desta gestão na era moderna e sua relação como às
novas tecnologias de informação. Analisar o comportamento da sociedade no mundo globalizado.
Buscar entender quais adaptações é necessário para a permanência das agências de viagem no
mercado atual e pesquisar como a sociedade brasileira utiliza a internet e como isso pode afetar ou
61 Pós-graduando em Turismo, Lazer e Hospitalidade da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. [email protected] Serv. Sebastião B. Silva 135, Jurerê – Florianópoilis – SCPós-graduando em Turismo, Lazer e Hospitalidade da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. [email protected]
melhores as agências de viagem. Quais serviços e produtos podem agregar valor na atividade das
agências e que antes nunca eram mensurados. Quais são os requisitos no mundo dos negócios na
sociedade da informação e sua relação com a gestão das agências de viagem.
Palavras-chave: turismo; informação; agencia de viagem.
1 INTRODUÇÃO
Ao caminharmos para a primeira década do terceiro milênio deparamo-nos com um cenário
mundial muito diferente do anterior, sobretudo a partir da década de 1990. Vários foram os fatores
determinantes que fizeram com que significativas mudanças ocorressem neste período. A busca
incessante por consumidores ávidos por novidades, a conquista de novos e jovens mercados, a
necessidade de se criar produtos e serviços cujas marcas serão as primeiras a serem lembradas pelo
consumidor, a preocupação com a preservação e manutenção do meio ambiente, a velocidade
espantosa de propagação e acessibilidade às informações e o fator globalização sendo cada vez mais
enfatizado e discutido.
No que se refere às informações pode-se dizer que a sua importância, aplicabilidade,
magnitude e abrangência nos dias atuais, em um cenário mundial altamente mutante em que existe o
predomínio de tecnologias muito avançadas em termos de disseminação das mesmas, certamente
não podem ser simplesmente sub-avaliadas ou mesmo ignoradas por todos aqueles que desejam o
sucesso de seus empreendimentos e também em suas vidas pessoais. A presença contínua de
aumento da velocidade da inovação tecnológica tem sido um fator determinante para que as agências
de viagens logrem êxito em seus negócios, desde que estejam sempre atentas a estas mudanças e
tenham a capacidade de não esquecer de seu maior patrimônio: a informação e utilização dela, que
acabam gerando um dos grandes diferenciais no mundo das viagens atualmente.
Conceitos como sinergia, flexibilidade, criatividade, parceria, qualidade total, reengenharia,
readministração, cibernética, informação e marketing, entre outros, constituem, atualmente, o
mecanismo das organizações neste novo milênio e vêm de forma decisiva influenciando as empresas
relacionadas ao turismo e viagens.
2 DESENVOLVIMENTO
Se pararmos para analisar, estamos vivendo em um mundo repleto de transformações
eminentemente aceleradas, a tal ponto, que muitas vezes não nos damos conta que determinado
produto ou serviço já se encontra a nossa disposição e com apenas alguns clique em nossas casas,
escritório, enfim em vários locais, pois com o advento da internet, as coisas se tornaram muito rápidas
e fáceis de adquirir e com o aprimoramento da mesma em suas formas de transmissão de
informações e recepção das mesmas, esta facilidade se tornou maior ainda, cabendo na palma da
mão. A humanidade passou por diversas eras em sua existência, sendo algumas delas mais
aceleradas e confortáveis, proporcionada pelo advento e desenvolvimento da tecnologia, outras nem
tanto, mas ao oposto, foram épocas sofridas, como nos primórdios, onde a noção da informação
ainda não se fazia necessária, era somente caçar para comer e cito, a caça era abundante, não havia
a necessidade da estratégia para se conseguir comer e sobreviver. Após a Revolução Industrial e
invento da máquina a vapor a humanidade deu um salto ao desconhecido, e inclusive em locais onde
antes não se imaginava foi, a lua. Porém tudo isto não seria possível por um motivo básico: a
informação e sua administração.
2.1 A era da informação.
Em 100 anos a humanidade prosperou de forma intensamente significativa. Se pararmos para
pensar, em meados de 1900 as coisas aconteciam de forma tão lenta e dispendiosa, acarretando
assim um aumento no custo dos serviços, mortes, jornadas ao desconhecido, coisas deste tipo ainda
aconteciam em pouco tempo atrás. Mesmo com o invento da máquina a vapor as coisas ainda eram
lentas, porém este foi sem dúvida o grande salto tecnológico antes da internet e transmissão de
dados via satélite.
Com a revolução industrial, após a criação das máquinas a vapor, desenvolve-se o
capitalismo com a única preocupação com a otimização das linhas de produção, sem levar em
consideração as necessidades dos clientes. Essa época é conhecida como sociedade moderna
industrial que tinha acesso apenas a bens produzidos por outras pessoas.
Em 1920 se instituiu nas empresas a produção em massa, onde a mão de obra ainda era o
essencial para a sobrevivência dos seres e das organizações. Em meados de 1950 passamos pela
era da eficiência se despontou como o apogeu e valorização do ser humano em fazer bem feito o que
as instituições a ele atribuíam, como por exemplo, valorizava-se a maneira de uma pessoa manter
seu fichário bem organizado, sua agenda sempre em dia, a maneira como um funcionário aplicava
uma solda em um veículo na sua linha de montagem, etc. Em 1970 entramos na era da qualidade
total, onde para se ter um desempenho favorável no mercado às empresas deveria se ater á
qualidade do produto e serviço final. Era valorizado o fazer bem e sempre dar o suporte necessário á
satisfação total dos consumidores, e este eram o diferencial competitivo entre as instituições.
Com essa transformação nas organizações, desenvolve-se a era da qualidade, resultado do
desenvolvimento de novas tecnologias de produção e informação, assim como o surgimento da
internet.
Após 1970 os meios de comunicação e as trocas de informações se tornaram mais eficientes,
pois havia o telex e o telefone já existia, possibilitando uma aproximação das pessoas por meio de
voz ou sinais. Entretanto a informação ainda não era de suma importância, somente a partir de 1990
as organizações se deram conta de que sem a troca de informações em tempo real era agora o
fantasma que assombrava os diretores e dirigentes, pois sem a detenção e administração de forma
eficiente e eficaz das mesmas, não era mais possível administrar. Em 1990 a qualidade já não era
mais assunto de acirradas discussões e diferencial competitivo, pois todos se deram conta que
produzir sem qualidade era significado de fracasso, pois o mercado e os consumidores iriam
descartar e ignorar nossos produtos ou serviço de maneira rápida. Na metade do século XX, as
organizações percebem que não são sistemas fechados e que é necessário estar sempre atento as
mudanças externas do setor.
É justamente nesta época que o movimento pós-modernismo ganha força e os consumidores
buscam sua auto-satisfação e as organizações buscam a eficiência. A partir disso, que a sociedade
começa a ter acesso além dos bens, aos serviços prestados por outros.
A partir da década de 90, a internet difunde rapidamente, superando qualquer meio de
comunicação. A globalização torna-se o principal concorrente de muitas empresas, pois com o acesso
das informações em qualquer lugar do mundo, os intermediários de muitos serviços foram
desnecessários. Novos referenciais sociais, econômicos, tecnológicos e culturais surgiram.
É a época da competitividade em todos os setores. No setor turístico, como as agências de
viagem, a internet possibilitou que os seus clientes tivessem acesso direto aos seus fornecedores, tais
como: hotéis e empresas de transporte em qualquer cidade ou país. A internet se tornou a principal
forma de negociação e troca das informações. E esta sem dúvida até o momento foi a maior invenção
do homem.
Essa ferramenta tornou nossas vidas mais ágeis e competitivas, a captação, organização e
maneira de se trabalhar com a informação e conhecimento tornaram-se agora o diferencial. Entramos
e estamos na era da globalização onde o que hoje é necessário e tem custo elevado, amanhã pode
apresentar-se como obsoleto e sem valor comercial algum. Vivemos em um mundo repleto de
transições e a globalização mudou a natureza das viagens, deslocamentos e significativo aumento
dos mesmos.
A globalização muda à natureza do turismo internacional, pois traz a prosperidade em nações
emergentes, aumenta a divisão do trabalho internacional e potencializa a informação via web. O
turismo já é o mais importante setor da economia mundial no total de bens e serviços de exportação.
BENNI (2004, p.33)
A utilização da world wide web (www) mais propriamente dito da internet (rede mundial de
computadores), nunca foi tão utilizada como em nossos tempos. Até por tratar-se da coqueluche do
momento. Todos nós em sua maioria esmagadora nos utilizamos, tanto profissional como
pessoalmente desta engenhosidade praticamente dia a dia. A internet se tornou a chave para a era da
informação, e esta porta, cabe a nós abrir.
Desta forma as informações se tornaram imediatas, on line, e disponíveis 24 horas. Para as
empresas e suas logísticas, e, sobretudo as Agências de Viagens e de transporte aéreo, havia uma
possibilidade de agregar todas as informações julgadas pertinentes sobre seus clientes e
fornecedores em um só sistema. Isso desencadeou uma nova forma de lidar com o cliente, criou-se
agilidade e segurança no atendimento, proporcionando assim um ganho de tempo e uma maior
organização de dados.
2.2 As Agências de Viagem frente à era da Informação.
No início da atividade de agência de viagem, sua organização era da seguinte forma:
as comissões de seus fornecedores eram altas; havia pouca concorrência no mercado, seja local ou
regional e o público era seletivo. Esta já é uma realidade ultrapassada.
Após a revolução industrial a classe média passou a ter melhores salários, podendo viajar nas
horas vagas. Muitas reivindicações dos operários foram necessárias para que o trabalhador
adquirisse seus direitos, como diminuição da carga horária e as férias remuneradas, adquirindo
assim, mais tempo de lazer e também auto-realização.
As operadoras turísticas surgem por volta de 1960, elas tinham como função fazer os pacotes
turísticos e distribuí-los às agências de viagem, que revendiam aos consumidores. Com as passagens
aéreas sendo bastante vendidas, os cruzeiros e os trens tiveram um declínio, onde começaram a
depender das operadoras.
Os hotéis também tiveram evolução. Não estavam mais se concentrando nas grandes
cidades, passaram a se espalhar pelas rodovias e possuir estacionamentos. Fazendo assim com que
os que viajassem com carro tivessem onde descansar durante as longas viagens.
Na Suíça foram criadas as primeiras escolas profissionais de hotelaria e começou a era das
grandes cadeias de hotéis padronizados e impessoais. Na década de 1970 houve um aumento na
preocupação pelo meio ambiente. Onde os americanos adoram uma filosofia: é preciso cuidar dos
recursos naturais porque, caso contrário, eles deixaram de dar lucro.
Na América Latina os primeiros paises a ser os pólos receptivos foram: Chile, Argentina e
Uruguai, onde foram tratados como núcleos de praia e mar. No Brasil, o turismo se vinculou ao lazer.
O marco do turismo no Brasil foi à criação da Sociedade Brasileira de Turismo, em 1923. Em 1966, foi
criada a Empresa Brasileira de Turismo – EMBRATUR, que atualmente é o Instituto Brasileiro de
Turismo.
A Organização Mundial do Turismo – OMT foi criada em 27 de setembro de 1970, com sede
na Espanha. Com o objetivo de promover e desenvolver o turismo mundialmente.
Com a invenção dos GDS (Global Distribution System – Sistema Global de Distribuição)
facilitou muito a comunicação entre os fornecedores e os intermediários.
Devido à facilidade da informação e a globalização dos serviços, as agências de viagem
atualmente estão em transição da seguinte realidade: baixa comissão, com alta concorrência e um
público diferenciado para a consultoria gerando receita, mercado altamente segmentado e um
atendimento diferenciado.
A desintermediação dos serviços no setor turístico vem obrigando as agências de viagem a
buscarem novas alternativas de remuneração e de diferencial competitivo.
Atualmente a principal matéria-prima das agências é a informação através das tecnologias,
que é o elemento vital para qualquer empresa. Através da informação a empresa e os seus
profissionais adquirem conhecimento que atualmente é considerado o principal diferencial competitivo
no mundo globalizado.
A internet possibilitou um mundo mais dinâmico. Os serviços que antes demoravam um ou
dois dias para serem fechados, como é o caso de uma reserva de hospedagem, agora é fechado
quase em tempo real.
Com todas as facilidades de informação e as tendências de mercado, os gestores de
agências de viagem obrigaram-se a criar novas fontes de receita. Mesmo com as informações
disponível na internet, o setor turístico sobrevive das necessidades dos clientes, dos desejos das
pessoas. Para reservar um hotel ou fazer uma viagem, os clientes necessitam de confiança. Levando
em consideração esta questão, as agências de viagem estão investindo no conhecimento dos seus
funcionários que começaram a trabalhar como consultores, agregando assim, valor a seus produtos e
serviços.
Porém, a informação também trouxe novas ferramentas de analise de ambientes
possibilitando assim desenvolver estratégias eficientes no mercado competitivo. As TI possibilitam os
gestores a compreender e identificar com antecipação as mudanças e tendências dos ambientes,
criando cenários competitivos através da identificação de ameaças e oportunidades com mais
eficiência.
“Ferramentas de gestão com o CRM, oferecem coordenação completa entre vendas,
atendimento ao cliente, marketing, suporte de campo e outras funções relacionadas ao cliente. O
CRM integra pessoas, processo e tecnologia, para maximizar os relacionamentos com todos os seus
clientes, incluindo clientes eletrônicos, membros de canais de distribuição e clientes e fornecedores
internos, aproveitando, cada vez mais, a Internet”.
O impulso da tecnologia junto ao advento da internet possibilitou um maior fluxo de
informações com maior rapidez e cada vez com maior significância. Como comentado anteriormente o
fluxo de pessoas e viagens aumentou consideravelmente após a era industrial. Viagens estas que
agora se tornaram com maior freqüência e com motivos dos mais diversos possíveis. Pra se ter uma
idéia, de acordo com a agência Reuter8s em 2006, houve um total de 842 milhões de desembarques
no mundo, veja, milhões, agora imagine o montante de informações pertinentes a estas viagens.
O turismo é um dos setores mais significativos e dinâmicos do mundo atual. Algumas
tendências vêm se delineando, como deslocamentos mais curtos, com maior freqüência e em menor
intervalo de tempo. A Organização Mundial de turismo (OMT) estima um crescimento de 4 a 5 por
cento ao ano da área de turismo até o início do século XXI. Esse crescimento é motivado,
principalmente, pelo interesse por produtos turísticos novos e renovados, tais como o rural, de
aventura, e ecológico. BISSOLI, (2000, p. 14).
As agências de turismo são empresas ou organizações que têm como finalidade o lucro sobre
a intermediação de viagens, seus meios e destinos. Não se sabe ao certo quando este mercado teve
início, mas atribui-se ao inglês Thomas Cook a primeira anotação válida de agenciamento de viagens
com o fim de se obter lucro. Vale ressaltar que num mundo informatizado em que vivemos, o bom
proveito da informação não se vale apenas com o intuito de se obter lucro, mas sim de se agilizar a
prestação dos serviços frente a uma disposição infinita de dados. Desta forma, a qualidade não pode
ser simplesmente ignorada.
A seguir um quadro ilustrativo sobre os trâmites do agenciamento de viagens e seus afins.
8 Disponível em: www.br.reuters.com - acessado em 14/06/2008
A Intermediação da agência.
Agência De Viagem
Cliente
Companhias AéreasLocadoras de VeículosEmpresas de EventosGuias de TurismoOperadorasHotéisRestaurantesOutros fornecedores
AgenciaDe
Viagem
Fonte: PETROCCHI, Mário. Agências de Viagens, p. 148.
Com o aumento das viagens, por seus mais diversos motivos entre eles à curiosidade por
experiências novas, uma maior possibilidade de se ter o desejado, a facilidade proporcionada pela
internet, acarretou num aumento enorme de informações geradas por este trânsito de pessoas e
aumento significativo dos vôos e decolagens de aviões no mundo todo. Identifica-se neste momento a
necessidade de as empresas aéreas através da rede mundial de computadores criar um sistema
capaz de coletar, armazenar e distribuir toda e qualquer informação de e para seus clientes e
parceiros, no caso, as Agências de Viagens. Criaram então os um sistema CRS (sistemas centrais de
reservas) e durante muito tempo, anos de 1970, concentraram todas as informações de rotas, preços,
disponibilidades, etc em um só locar, interligando todas as agencias de viagens que possuíssem a
parceria com as empresas aéreas.
Na medida em que o número de rotas e tarifas aumentavam, transportadoras aéreas
precisaram desenvolver sistemas centrais de reservas (CRS) para gerenciar suas operações e
vendas. Durante a década de 1970, as companhias aéreas conectaram suas filiais, assim como as
principais agencias de viagens, a seus CRS. MARIN, (2004, p. 129).
Aos poucos os sistemas CRS desenvolvidos pelas empresas aéreas foram tornando-se
indispensável, assim, a expansão e melhoria dos mesmos era necessária. Com o incrível aumento
das informações, decorrentes do aumento de número de pessoas e crescimento do turismo, agora o
sistema passa-se a ser reconhecido como GDS (Sistema de Distribuição Global), podendo se efetuar
reservas e disponibilidades em hotéis, vôos, empresas de transportes, enfim todas que compõem o
trade turístico9 possuem agora a capacidade de sincronia com uma vasta agilidade de buscar
informações, efetuar reservas on line, adicionar informações, e muito mais o que se pode imaginar.
O enorme crescimento destes sistemas converteu rapidamente os GDS em mega empresas
que suportam alguns dos maiores sistemas informáticos mundiais (o Amadeus tem mais de 250 mil
terminais de reserva no mundo!). Uma vez que o potencial de distribuição eletrônica dos GDS
começou a ser reconhecido, outros serviços, não aéreos foram incorporados aos seus. MARIN, (2004,
p. 131).
O turismo gera uma enorme gama de informações, e estas informações precisam ser
utilizadas e necessitam de uma atenção especial, pois nos dias atuais e daqui a diante se acredita
que os números da economia do turismo só tendem a crescer. Basta verificar em publicações, livros,
9 Trade turístico: Áreas econômicas envolvidas na prestação de serviços para atender às necessidades comuns de todos os turistas. (DUARTE, 1999, p. 19).
jornais e revistas, que o mesmo mantém um crescimento delineado e cresce mais que outras
economias.
A atividade turística gera uma quantidade muito grande de informações que têm importância
e valor estratégico nos negócios turísticos. Isso significa que a informação deve ser tratada como um
elemento de estratégia e planejamento organizacional/institucional. BOSSOLI, (2000, p.66).
Empresas aéreas foram as que tomaram a iniciativa para com a criação de sistemas que
comportassem toda a cadeia de informações de seus vôos, decolagens, etc. Porém com o passar do
tempo e utilização e aprimoramentos dos sistemas GDS´s agora é possível fazer reservas, e
consultas em todo o trade turístico on line. Desta forma o surgimento dos GDS e aprimoramento
destes, facilitou e muito a vida dos agentes de viagens.
São grandes empresas, donas de bancos de dados que reúnem informações sobre tarifas,
rotas, horários de vôos, disponibilidade de assentos nos aviões de companhias aéreas do mundo
todo. Por meio deles um agente de viagens de qualquer lugar do mundo faz a reserva num vôo, emite
bilhete e o entrega ao seu passageiro, em qualquer companhia aérea. Não é necessário mais ligar
para cada uma delas para ver a disponibilidade, fazer a reserva, esperar a confirmação. Com os GDS
´s também é possível fazer reservas para hotéis, locadoras de veículos, cruzeiros marítimos, entre
outros fornecedores. Os sistemas GDS´s tomaram forma e espaço de grande significado, sendo uma
ferramenta indispensável para as agências de viagens, mas mais ainda pelas empresas aéreas.
Cento e cinqüenta mil agências operadoras estão conectadas aos GDS com mais de
quinhentos mil terminais e mais de um milhão de operadores já fazem negócios com novos mercados.
A reserva de um hotel em qualquer localidade do planeta demora hoje apenas sete segundos. BENI,
(2004, p.33).
Milhares de fornecedores e usuários do planeta inteiro estão interligados 24 horas por dia,
365 dias por ano. E o agente de viagens precisa somente estar conectado a um deles (via Internet,
com um terminal dedicado ou outras formas) para oferecer na hora tudo isso a seu passageiro.
No Brasil atuam as quatro principais GDS´s: AMADEUS, GALILEO, SABRE e WORLDSPAN.
Em geral as agências usam apenas um sistema, mas as consolidadas, justamente por trabalharem
com várias agências, costumam adotar dois ou três GDS´s. como este é um mercado muito
competitivo, algumas empresas de GDS assinam com as agências de viagens contratos de
exclusividade de até cinco anos. Mais de 90% das transações feitas via GDS´s referem-se a
segmentos aéreos. PETROCCHI (2002, p. 86).
Estes sistemas organizaram de tal forma o trâmite das viagens e assim uma reorganização e
reformulação nas negociações entre fornecedores, todo o trade turístico e clientes há um impacto
positivo de enorme escala. Com estes sistemas operando de forma on line em tempo real (com o
aumento da velocidade da internet o tempo se reduz), as facilidades de se verificar disponibilidades
em vôos, acompanhar o andamento de determinada carga ou mercadoria, efetuar reservas em hotéis,
transportes, entre tantas outras funções, só veio a somar para o trade turístico. E esta soma além de
extremamente necessária, tende a cada dia se multiplicar e difundir.
2.3 Considerações acerca dos sistemas de informações globais mais utilizados no Brasil.
Os sistemas são ferramentas que ajudam na tomada de decisões, gerenciamento e
aprimoramento das informações que nele se encontram. Ainda, estes sistemas são capazes de
armazenar informações as de distribuí-las simultaneamente em todo território mundial.
Como citado anteriormente 4 são os sistemas de informações (GDS) utilizados no Brasil.
Entretanto destes 4 os mais vistos em operação são o AMADEUS, GALILEO, SABRE e
WORLDSPAN.
Segundo Bissolli, (2000, p. 58), Os principais sistemas de distribuição são:
Sistema SABRE - Travel Information Network: Foi criado em 1959 para informatizar as
reservas da companhia aérea American Airlines, em acordo com a IBM. Em 1997 foi implantado o
Planet SABRE, programa de imagens gráficas, com máscara de informações e outros recursos
visuais que não exige do usuário a memorização de códigos e permite caminhos mais rápidos para
efetuar uma operação.
Sistema AMADEUS: Criado em 1987, é de propriedade das companhias aéreas Air France, Ibéira,
Lufthansa e SAS. Atualmente, cerca de 30 outras empresas aéreas, entre elas a Varig, estão
associadas ao sistema, que está aliado ao System One da Continental Airlines.
Sistema GALILEO: Criado em 1987 em sistema de parceria de algumas empresas aéreas,
como: Swissair, British Airways, United Airlines, USAir, KLM, Air Canadá entre outras.
Sistema ABACUS: Criado por empresas de aviação asiáticas, como All Nipon Airways,
Signapure Airlines, Cathay Pacific e Malasya Airlines.
Observa-se que todos os Sistemas de Distribuição Globais (GDS) foram criados e
incorporados pela fusão de várias empresas aéreas. A união das informações de uma completou o da
outra, e os esforços tanto monetários quanto intelectuais foram unidos com os seguintes propósitos:
unir informações, distribuí-las, armazená-las e gerenciá-las.
2.4 A gestão da informação pelas agencias de viagens. Uma nova perspectiva baseada nas
informações.
O desenvolvimento das tecnologias da informação, no final do Século XX e início do Século
XXI, tem propiciado o desenvolvimento acelerado da Rede Mundial Internet e uma mudança
significativa na vida das pessoas, das instituições e das nações em geral. O que se tem verificado é
que os sistemas abertos baseados na tecnologia de redes são os que têm oferecido mais opções
para coletar, analisar e distribuir informações dentro das organizações.
Com a liberação do uso da Internet para fins comerciais, além da comercialização de
produtos, inúmeros serviços passaram a ser oferecidos, permitindo que compradores e vendedores
se encontrem sem atritos e intermediários.
As páginas da internet são cada vez mais voltadas aos negócios e têm se tornado ferramenta
de marketing para ampliar os negócios empresarias na divulgação de seus produtos e no contato com
seus clientes.
O número de web sites que passou de 250.000 em 1996 para certa de 60 milhões em 2004
mostra como essa tecnologia possibilita tantos crescimentos, seja para grandes empresas como
pequenas e micro-empresas.
A difusão da Internet, se comparada com outras mídias, é analisada da seguinte forma: a
Internet levou apenas 5 anos para atingir 50 milhões de pessoas, enquanto a TV a cabo levou 10
anos para atingir este mesmo público, a TV aberta levou 16 anos e o rádio levou 38 anos.10
Deste modo, verifica-se que a Internet já se constitui no maior e mais eficiente veículo de
comunicação e distribuição de informações verificada pela evolução dos canais de comunicação, em
nível mundial.
Conforme dados publicados no Site do E-Consulting11, existiam em 2003, no mundo, cerca de
825 milhões de usuários conectados à Internet e com projeção de 945 milhões para 2004. Desse
total, cerca de 23% concentram-se nos EUA, somando um total de 187 milhões em 2003, com
projeção de 193 milhões de usuários em 2004. A América Latina, em 2003, participa com apenas 5%
desse total (44 milhões), com uma projeção de crescimento de 33% em 2004, passando para 58
milhões de usuários Internet (6% do nº total).
Efetuando uma análise do crescimento do número de usuários que passaram a utilizar a
Internet, em seus mais diversos tipos de serviços oferecidos, verifica-se que em 1.999 existiam cerca
de 280 milhões de pessoas conectadas e que em 2003 este número passa para 825 milhões,
representando um crescimento de 195%.
O Brasil possui 2% do número total de usuários no mundo, com cerca de 17 milhões de
pessoas conectadas à Internet em 2003 e com projeção de 21 milhões para 2004 e 25 milhões para
2005, mantendo a participação apresentada em 2003, perante o cenário internacional. O crescimento
médio anual apresentado ao longo de um período de três anos é de 25% (anos de 2000 a 2003),
ainda que por estes números apresentados pela E-Consulting Corp o percentual da população que
tem acesso à Internet seja ainda muito baixo.
Esses números demonstram como o mercado brasileiro é promissor em relação à internet.
Por este motivo a GOL Linhas Aéreas obteve tanto êxito quando disponibilizou todos seus produtos e
serviços via web, assim como as comercializações de tickets. A internet simplesmente desintermediou
um dos principais serviços das agências de viagem. É como se os clientes agora tivessem simples
GDS em seu computador doméstico.
Fazendo uma análise do perfil do consumidor brasileiro, numa pesquisa efetuada pelo Grupo
de pesquisas E-bit12, em março de 2003, revela que em termos de renda familiar, 32% das pessoas
que transacionam por meio da Internet, possuem uma renda familiar entre R$ 1.000,00 a R$ 3.000,00;
22% de R$ 3.000,00 a R$ 5.000,00, 13% DE R$ 5.000,00 a R$ 8.000,00 e apenas 6% afirmaram ter
renda familiar abaixo de mil reais.
Isto mostra a importância das agências de viagem na criação e utilização de uma página de
internet com o objetivo de divulgar seus produtos e serviços e também de possibilitar transições, pois
como demonstrado na pesquisa, o brasileiro tem o habito de efetuar transições via web.
Pesquisas mostram que muitas agências de viagem possuem sites, mas poucas
disponibilizam transações on-line. Geralmente o cliente consegue encontrar seu produto desejado,
mas dificilmente consegue concluir a compra. As agências devem estar atento a essas questões, que
pode tornar-se um diferencial, em relação ao seu concorrente.
10 Fonte: The Internet Report – Morgan Stanley11 http://www.e-onsultingcorp.com.br/insider_info/indicadores.shtml12 www.ebit.com.br/empresas
Hoje esta mais fácil de ter uma agencia de viagem, aproveitando-se da internet e seu infinito
horizonte, basta ter um conhecimento básico e condições financeiras para plugar-se em um dos tanto
GDS mencionados anteriormente e após basta comprometimento com a venda ao cliente. O que se
deve entender aqui, é que a competição entre os mercados turísticos esta muito acentuada e de fácil
entrada de novos “aventureiros”.
Os sites de turismo têm crescido numa proporção geométrica em todo o mundo. Para se ter
uma idéia desse crescimento, somente no Brasil o salto nos dois últimos anos foi de 1200 para 6000
sites, ou seja, um aumento de 400%. BENNI, (2004, p.34).
Assim, as novas formas de administrar e gerir as informações alteraram e muito a maneira de
trabalhar nas agências de viagem do mundo todo nas últimas décadas. A concorrência e luta pelo
mercado esta árdua, e só as mais preparadas e que destinarem as novas maneiras, destinos, e
formas de vender seu produto e reter as informações pertinentes de seus clientes (externos e
internos) irão sobreviver.
Com essa nova fase caracterizada pela concorrência mercadológica, podendo esta ser
atribuída à forma de como as informações está disponível a cada indivíduo e sua facilidade de obtê-
las torna-se necessário se trabalhar para o cliente exaustivamente. A internet possibilitou a abertura
de muitas agências “on line”, (diga-se on line entre aspas, pois muitas agencias acreditam ser on line
por estarem 24 disponíveis na internet, mas ainda, não disponibilizam aos clientes consultas e
disponibilidades de forma global, interligadas a um sistema GDS), o que desencadeou numa forte
batalha para se segurar o cliente que as agencias ainda possuíam, e claro, sempre buscando novos
clientes e mercados.
No mercado globalizado, o foco do agente de viagens passa a ser o seu próprio viajante e a
fidelização do cliente, o maior objetivo das empresas. Se nas agências de viagens convencionais
essa personalização pode ser atingida por meio de um atendimento mais esmerado, nas agências de
viagens virtuais e nos call center das empresas (agora chamados de contact centers) a necessidade
de atendimento personalizado a clientes com os quais não se tem um contato pessoal obrigou-as a
desenvolver ferramentas que permitem realizar essas funções. MARIN, (2004, p. 110).
Desta forma a necessidade de se desenvolver novas formas de trabalhos e ferramentas de
vendas se faz necessário para se manter competitivo e ter novos objetivos maneiras e frentes de
trabalho com novas visões e prospecção frente á modernidade e ao desencadear de facilidades na
obtenção de produtos e serviços.
Assim, MARIN, (2004, p.70), define que: “Para se atingir esses objetivos” a agência precisa:
oferecer sempre as melhores condições a cada cliente; personalizar o atendimento a cada cliente;
atender seus clientes todos os dias do ano, a qualquer hora; facilitar as tarefas administrativas de seu
cliente; ajudar a conter as despesas de seu cliente; oferecer informações úteis para a tomada de
decisões do cliente; gerenciar as negociações de seus clientes com fornecedores; oferecer maior
autonomia aos clientes; ajudar as empresas-clientes a oferecer maior valor agregado para seus
funcionários; converter em clientes os funcionários das empresas-cliente e realizar atividades
promocionais.
A possibilidade de transações via internet nos dias atuais esta muito segura, não como se
espera, porém atualmente representa uma grande fatia do montante de vendas de produtos e
equipamentos no mundo todo, hoje não é mais necessário se ir à loja física para se adquirir um
determinado bem, as especificações técnicas já se encontram à frente das lojas virtuais destas
empresas. Detalhe, dependendo a empresa e o bem adquirido, a mesma se encarrega de lhe
entregar na porta de casa e se houver necessidade, montado (a) e funcionando.
A desmaterialização da informação, produtos e serviços, associada à existência de um canal
de comunicação com a Internet, que em frações de segundo leva os consumidores a adotar novos
padrões de referência sobre a velocidade com que recebem as respostas. LAGE, Beatriz, (2003, p.
101).
De acordo com GREENBERG, Paul (2001, p. 33), “O comércio on line esta amadurecendo
rapidamente, moldado pelas mudanças tecnológicas, pelo comportamento dos consumidores e pelas
inovações nos modelos empresariais”. Nos dias atuais nosso tempo este cada vez mais reduzido,
vivemos numa era onde o tramite da informação, esta atuante diretamente em nossas vidas, desta
forma fizemos outras coisas enquanto antes do surgimento da internet e suas facilidades não
fazíamos, e em contrapartida, utilizamos o tempo ganho por este extraordinário invento para fazer
coisas que agora podemos fazer com maior tempo e dedicação, como lazer e vida social por exemplo.
O cliente não quer de forma alguma mais perder tempo quando na sua aquisição de
determinado pacote ou viagem. Ele quer agilidade, customização e preço.
Quanto aos preços de venda dos diversos produtos turísticos, anteriormente foi citado que a
inovação da informação proporcionou ás agencias de viagem um maior ganho de tempo em seus
trâmites burocráticos, desta forma, houve consideravelmente uma redução de custo, pois não se faz
mais necessário um número alto de funcionários para se fazer o trabalho que agora se faz com
apenas alguns segundos e clique na tela.
Vale ressaltar novamente que o giro de informações através dos sistemas globais de
distribuição é enorme, e disto deve-se tirar proveito, pois esta nova realidade nos faz se adequar.
Desta forma podemos dizer que a informação obtida destes canais de distribuição deve ser utilizada
para nossos clientes e esta deve ser organizada e sem falhas antes de tudo.
Para isso surgiu os CRM (customer relationship management) o qual se trata de um sistema
gerencial que auxilia na gestão da informação, visando uma interação da empresa de forma mais
eficaz na prestação dos serviços a seus clientes. Uma empresa não pode alterar o curso da
tecnologia, seu avanço e sua distribuição, mas pode sim controlar e administrar a sua clientela e seu
relacionamento com eles.
Através de um sistema de CRM é possível se mapear toda a “vivência”, custos, preferências,
desilusões, satisfações, montante dos gastos do cliente, suas preferências, tempo que levou para seu
transporte enfim, onde se hospedou, onde demonstrou vontade de hospedar-se ou viajar, suas
experiências, enfim, todos os mínimos detalhes envolvidos em seu processo desde seu primeiro
contato até sua contínua aquisição dos produtos oferecidos pela agência. Continua sim, pois empresa
que possui um CRM ativo, organizado e bem utilizado, com certeza tem seus olhos todos voltados á
manutenção de seus usuários e clientes.
Em sua essência, CRM é uma mentalidade empresarial, um mantra e um conjunto de
processos e políticas de negócios que são estabelecidos para conquistar, manter e servir aos clientes.
De uma maneira geral, CRM inclui os processos de negócios diretos com os clientes, como
marketing, vendas e atendimento ao cliente. GREENBERG, (2001, p. 39).
Desta forma pode-se utilizar e muito o CRM em uma agência de viagem. Todo e qualquer
sistema deve ser adequado a toda e qualquer necessidade. Ou seja, os sistemas estão aí, e muitas
são as empresas que prestam o desenvolvimento de CRM específicos para a realidade de cada
empresa. Sem dúvida o aporte de capital é necessário, mas se deve analisar o quão importante
representa este aporte de capital e o retorno que vai produzir.
A era digital abriu muitas portas para a humanidade. Atualmente empresas de grande porte
já estão praticando suas negociações praticamente todas alicerçadas pela troca de informações via
internet. A necessidade das agências de viagem de estarem inseridas neste contexto é de extrema
relevância. Após o surgimento da internet, e conseqüentemente a necessidade que empresas
sentiram em reter.
Assim, agencias de viagem que não tiverem a sua maneira de administrar suas informações e
reestruturar seu sistema gerencial e de negociação com seus clientes terá uma árdua batalha pela
sobrevivência a travar.
3 CONCLUSÃO
A globalização eliminou barreiras comerciais, aumentou a concorrência, a competitividade e a
agilidade dos serviços. Porém ela também se tornou um grande aliado na gestão empresarial.
A internet junto com as novas tecnologias possibilitou o desenvolvimento de novos produtos e
a agregação de valores em serviços antes nunca mensurados, como a consultoria das agências de
viagem.
A primeira impressão foi à extinção desta atividade, porém muitas agências conseguiram
adaptar-se a essas novas tendências de mercado e criaram novos produtos e serviços como forma de
agregar valor a sua empresa.
Esses novos serviços estão relacionados à área do conhecimento, que até então não era
motivo de muita preocupação nas organizações. No setor turístico, e especificamente nas agências
de viagem, o conhecimento dos recursos humanos torna-se o principal fator competitivo em relação
aos seus concorrentes, surgindo, então a sociedade da informação.
A informação vem tomando espaço decisivo na gestão das empresas. O desenvolver de
novas tecnologias e novas maneiras de trato com as informações estão tendo cada vez mais respaldo
por estudiosos e pesquisadores. Quebrou-se em nossos tempos o paradigma da produção e da era
industrial. Estamos em outros tempos, onde a era da informação esta tomando seu espaço e sendo
cada vez mais utilizada por todos nós e para nós enquanto que consumidores ou não.
Nesse novo contexto, as agencias de viagem que não se estruturarem e não mudarem
radicalmente seu modo de administrar, se relacionar, vender, comprar, enfim negociar terá muita
dificuldade de continuar atuante no mercado. Como mencionado e descrito anteriormente, o advento
da internet abriu as portas para o mundo e hoje, todo e qualquer ser humano pode adquirir, reservar,
comprar, ou até mesmo vender o que e quando quiser. Disto não nos foge a gama de produtos
oferecidos e disponibilizados pelo turismo.
Esse novo modelo de gestão na sociedade da informação demonstra que o setor das
agências de viagem à internet jamais vai conseguir substituir a relação interpessoal entre cliente e
vendedor. Como a atividade turística sobrevive dos desejos de seus clientes, é indispensável à
confiabilidade que o vendedor transmite ao cliente.
As agências de viagem devem sempre utilizar as informações e tecnologias como
ferramentas estratégicas para a criação de cenários futuros como forma de sobrevivência comercial.
A elaboração de produtos de massa personalizados é a nova tendência. O cliente busca,
geralmente, algo novo, diferente para sua viagem, sempre com o objetivo de satisfazer suas
perspectivas.
O mundo dos negócios na sociedade da informação está relacionado a requisitos como a
mobilidade dos serviços, a pró-atividade dos profissionais, o tempo real das transições, os ativos
intangíveis das empresas, a experiência e o compartilhamento dos produtos e serviços e o capital
intelectual dos recursos humanos, que antigamente não era significativo nas organizações, mas agora
é algo indispensável na sociedade moderna.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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São Paulo: Aleph, 2003.
BISSOLI, Maria Ângela Marques Ambrizi. Planejamento turístico municipal com suporte em
sistemas de informação 1.ed. São Paulo: Futura, 1999.
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DUARTE, Vladir. V. Administração de sistemas hoteleiros: conceitos básicos. São Paulo: Senac,
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KLEN, D. A. A gestão do capital intelectual: recurso para economia baseada em conhecimento
– Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.
LAGE, Beatriz Helena Gelas. Turismo, hotelaria e Lazer. 1.ed. São Paulo: Atlas, 2004.
MARIN, Aitor. Tecnologia da informação nas agencias de viagens. São Paulo: Aleph, 2004.
PETROCCHI, Mario. Agências de turismo: planejamento e gestão / Mario Bonna. São Paulo:
Futura, 2003.
A HOSPITALIDADE E A SUA RELAÇÃO ENTRE OS ATRATIVOS CULTURAIS E AMBIENTAIS
BOFF, Débora Eloisa
JAEGER, Tiago Born
Pós-graduandos em Turismo, Lazer e Hospitalidade da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
RESUMO
Este artigo tem como objetivo principal apresentar uma análise da importância da sustentabilidade
sócio-ambiental da atividade turística como uma forte tendência que possibilita novas formas de fazer
turismo visando principalmente a qualidade e identidade da hospitalidade dos destinos turísticos. Essa
prática é influenciada por questões sociais e ecológicas e também de caráter turístico. Pode-se dizer
que a idéia de hospitalidade está extremamente relacionada com a responsabilidade de preservação
de manifestações culturas e do entorno natural. Nesse sentido, a identidade local e suas tradições
servem como ícone que podem representar a maneira como o visitante será recebido e acolhido pelo
visitado. A padronização dos destinos e serviços turísticos impulsionou a crescente demanda para
atrativos e destinos autênticos e personalizados aumentando conseqüentemente o nível de qualidade
exigida em todos os processos da atividade turística. Sendo assim visível a necessidade de criar
ações em conjunto entre a comunidade, o setor público e o setor privado para garantir e assegurar a
continuidade da promoção da atividade turística sustentável.
Palavras-chave: conservação cultural e ambiental; hospitalidade; identidade local; autenticidade e
responsabilidade social-ambiental.
1 INTRODUÇÃO
A atividade turística não pode estar limitada a uma visão estritamente econômica, financeira,
política, social e ou cultural. Ele engloba vários aspectos, particularidades que deveriam ser
analisadas por uma ótica integral que aproxime essas relações e possibilite mensurar os impactos e
benefícios ocasionados por esta atividade.
Existem muitas definições sobre turismo, cada uma possui um enfoque diferente devido às
experiências vividas, mas é sabido que para existir turismo é necessário que um atrativo gere uma
motivação e que faça o indivíduo deslocar-se de seu local de residência até ele.
Identifica-se uma forte tendência de estudos voltados as relações de hospitalidade e da arte
de bem receber. Fator esse que serve de base para a discussão sobre as exigências e expectativas
dos clientes e as práticas aplicadas atualmente nas empresas de turismo. A crescente valorização do
bom atendimento e da qualidade oferecida aos visitantes faz com que o mercado se especialize e
proporcione maior número de atrativos com o intuito de diferenciar-se a fim de surpreender e
satisfazer os desejos demonstrados pelos turistas.
Não podemos esquecer da necessidade da infra-estrutura básica como transporte e meios de
hospedagem, além de pessoas para recepcionar esses visitantes; essas são as peças chave para
ocorrer o turismo.
O mais antigo conceito de turismo de que se tem registro, é do economista austríaco Herman
von Schullard, no ano de 1910 (Schullard apud Oliveira 2002, p.35) turismo é “a soma das operações,
especialmente da natureza econômica, diretamente relacionada com a entrada, permanência e
deslocamento de estrangeiros para dentro e fora de uma país, cidade ou região”. Se analisarmos
esse conceito, a única referência que o autor faz é aos efeitos econômicos que o turismo gera para a
comunidade autóctone. Mas atualmente sabe-se que o turismo contribui muito além do fator
econômico, ele influencia também na qualidade de vida da comunidade receptiva, na cultura local, no
modo de vida da população dentre outros fatores positivos. Além desses aspectos, o turismo pode
gerar impactos negativos como: crescimento populacional, violência urbana, exploração imobiliária,
inflação dos produtos comercializados e poluição, esses impactos são, quase todos, inevitáveis com o
desenvolvimento do turismo, mas se o destino for organizado e planejado para receber a demanda,
esses impactos serão minimizados.
Já a American Express (apud Trigo 1998, p.12) possui uma definição de turismo com enfoque
mais para o turismo empresarial, voltado a indústria turística. “A indústria de viagens e turismo inclui
transporte de passageiros, hotéis, motéis e outras formas de hospedagem, restaurantes, cafés e
similares, serviços de recreação, lazer e cultura”. Esse conceito relata o efeito multiplicador do
turismo, que é o fenômeno gerado pela entrada de capital nacional ou estrangeiro num país ou região,
produzindo riqueza, aumentando o consumo e produção devido às novas necessidades de produtos e
serviços criadas pelo turismo.
2 ASPECTOS AMBIENTAIS
A deteriorização da região turística gera a necessidade de procurar novos espaços de alta
atratividade, gerando um ciclo vicioso de insustentabilidade. Há uma preocupação crescente acerca
do impacto de algumas formas de desenvolvimento de turismo sobre o meio ambiente. Há exemplos
em quase todos os países onde o desenvolvimento do turismo foi identificado como sendo a principal
causa da degradação ambiental.
Deve-se notar que não é apenas o desenvolvimento do turismo que degrada o meio
ambiente. A expansão pouco planejada da indústria e da agricultura também provocou conseqüências
desastrosas em alguns lugares (LICKORISH, 2001, p.116).
Outro aspecto desta questão é a forte atração pelos lucros a curto prazo visado pela maioria
dos empresários. Esta característica resulta na multiplicação dos impactos negativos, dificultando as
ações de sustentabilidade tornando-se exceções.
Não há uma definição completamente aceita de turismo sustentável. Para Swarbrooke (2000,
p.19), o turismo sustentável deveria ser: “uma forma de turismo que satisfaça hoje as necessidades
dos turistas, da indústria do turismo e das comunidades locais, sem comprometer a capacidade das
futuras gerações de satisfazerem suas próprias necessidades.”.
O autor Lickorish comenta o seguinte:
“O relacionamento entre o meio ambiente e o turismo é muito próximo. Muitos recursos do meio ambiente são atrações para os turistas. As instalações e a infra-estrutura do turismo compreendem um aspecto do meio ambiente construído. O desenvolvimento do turismo e o uso de uma área geram impactos ambientais. É essencial que esses relacionamentos sejam compreendidos a fim de se planejar um turismo sustentável que minimizem esses impactos”. LICKORISH (2001, p.117).
As atividades turísticas também estão diretamente ligadas a questão ambiental porque se o
turismo for feito de forma desordenada acaba tornando o local poluído e destruído, não só o
patrimônio natural é degradado mas também o patrimônio histórico-cultural, por isso a necessidade de
se planejar e de se colocar em prática um turismo sustentável.
Encontrar o equilíbrio entre o interesse econômico que o turismo estimula e um
desenvolvimento da atividade que preserve o meio ambiente não é tarefa fácil, principalmente porque
seu controle depende de critérios e valores subjetivos e de uma política ambiental e turística
adequada – que ainda não se encontrou no Brasil e em vários outros países (RUSCHMANN, 1999, p.
44).
Portanto, viabilizar o turismo sustentável seria permitir uma melhor relação entre as pessoas
residentes e os turistas que desejam viver uma experiência de contato com a natureza, trazendo
benefícios tanto para a conservação do meio ambiente como geração de novas oportunidades de
desenvolvimento para futuras gerações.
Numa análise preliminar, as características do turismo sustentável parecem utópicas e
voltadas para uma situação ideal, impossível de ser atingida, considerando como parâmetro a
evolução dos fluxos turísticos da atualidade, o comportamento dos turistas nas destinações e a
construção descontrolada de equipamentos (RUSCHMANN, 2000, p.113).
Neste sentido, o turista, ao visitar uma localidade deve estar preparado para respeitar o modo
de vida da comunidade, adequando-se aos seus costumes e tradições, e não promovendo, a
descaracterização desta sociedade.
Cabe então, a própria comunidade repassar os valores e patrimônios de sua terra para quem
os visita, apresentando assim o seu diferencial.
3 ASPECTOS CULTURAIS
A participação da comunidade no processo turístico é de muita importância, pois inserida no
processo de valorização da cultura local podem atuar diretamente em diferentes serviços, assumindo
responsabilidade pela conservação ambiental, pela identidade da população local e divulgação de
suas riquezas culturais, permitindo fornecer à destinação uma personalidade e originalidade local.
O turismo pode servir de estímulo para a preservação da cultura, pois se justifica como
necessário para sustentabilidade de seus atrativos, ajudando assim a conservar locais históricos,
patrimônios arquitetônicos, artesanatos, danças, festas, músicas, cerimônias, gastronomia,
vocabulário, lendas, histórias e tradições.
O patrimônio não está restrito somente a antiguidades, segundo Pellegrini (2000, p.96),
“...modernamente se compreende por patrimônio cultural todo e qualquer artefato humano, que tendo
um forte componente simbólico seja de algum modo representativo da coletividade, da região, da
época específica, permitindo melhor compreender-se o processo histórico”.
Por outro lado Barretto chama a atenção de que:
“O patrimônio deixou de ser definido pelos prédios que abrigavam reis, condes e marqueses e pelos utensílios a eles pertencentes, passando a ser definido como conjunto de todos os utensílios, hábitos, usos e costumes, crenças e forma de vida cotidiana de todos os segmentos que compuseram e compõe a sociedade”. BARRETTO (2000, p.11).
De acordo com o Ministério do Turismo, patrimônio histórico-cultural define-se como:
“Considera-se patrimônio histórico e cultural os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam a memória e a identidade das populações e comunidades. São bens culturais de valor histórico, artístico, científico, simbólico, passíveis de tornarem-se atrações turísticas: arquivos, edificações, conjuntos urbanísticos, sítios arqueológicos, ruínas; museus e outros espaços destinados à apresentação ou contemplação de bens materiais e imateriais; manifestações como música, gastronomia, artes visuais e cênicas, festas e celebrações. Os eventos culturais englobam as manifestações temporárias, enquadradas ou não na definição de patrimônio, incluindo-se nesta categoria os eventos gastronômicos, religiosos, musicais, de dança, de teatro, de cinema, exposições de arte, de artesanato e outros”. MINISTÉRIO DO TURISMO (2006).
O turista quando viaja busca diferenças de sua localidade, de seus hábitos e costumes. Cada
destinação possui uma marca própria, uma peculiaridade que a torna diferente das demais e que, por
isso, torna-se um atrativo diferencial. O turista deve ser respeitado na sua busca pelo lazer ligado a
cultura e os agentes de turismo devem atender seus desejos com responsabilidade e originalidade.
Segundo Pellegrini (1997, p.105), há no brasileiro, um padrão cultural de favorecimento ao
novo, de valorização do moderno acompanhando o desprezo pelo antigo. Na sociedade de consumo,
isto é acentuado por veículos de comunicação social que difundem grandemente mensagens
publicitárias induzindo à constante renovação.
Percebe-se, que os autores citados anteriormente, Barretto e Pellegrini, buscam alternativas
para proteção do patrimônio histórico-cultural que podem estar na sua utilização. Porém muitos
preservacionistas acreditam que ela destrói a originalidade do bem cultural, como por exemplo,
transformar um patrimônio arquitetônico em uma loja. O problema é que um bem protegido tem pouca
utilidade social, ou seja, torna-se inviável.
O que se avalia como positivo, é que a revitalização de um bem arquitetônico, é uma
possibilidade que eleva a qualidade de vida dos moradores locais, sem perder suas características
tornando-se assim de utilidade pública.
No entanto, não é somente o patrimônio das culturas passadas, mas também das
comunidades que hoje preservam, mantêm e renovam sua identidade étnico-cultural.
Segundo Pellegrini (1997, p.92) “parece haver uma grande tendência a se considerarem
dignos de preservação apenas artefatos (desde pequenos objetos até conjuntos representativos como
uma cidade ou parte dela) de épocas; coisas velhas, como se diz. Mas no permanente processo
cultural em que estamos inseridos, é importante o registro tanto de facetas passadas como de atuais,
integrantes do complexo socioeconômico...”.
Através do patrimônio preservado, em condições de uso, que ele poderá ser transformado
numa atração turística.
O aumento da procura dos turistas por áreas naturais, históricas e culturais está preocupando
profissionais e historiadores em todo o mundo.
Segundo Ruschmann (1997, p.23), o fluxo grande de pessoas tem contribuído para
agressões sócio-culturais nas comunidades receptoras e para origem de danos, às vezes irreversíveis
aos recursos naturais.
Para que o patrimônio histórico-cultural e o turismo possam ter uma convivência harmoniosa,
deve-se efetuar ações de planejamento, controle e gestão destes atrativos turísticos.
Para que isso possa acontecer, Barretto (2000, p.75), salienta que, “... para que patrimônio e
turismo possam ter uma convivência saudável, é necessário que haja planejamento, o que inclui
controle permanente e replanejamento”.
Pode-se, observar na discussão que o turismo menos agressivo, planejado contribui para o
desenvolvimento da região, com rendas e investimentos. Criando o resgate e a manutenção do
patrimônio histórico-cultural local.
4 RELAÇÃO DA HOSPITALIDADE COM OS FATORES AMBIENTAIS E CULTURAIS
Desses primórdios tempos até a atualidade, a cultura continuou a ser uma das principais
razões para a viagem; com o tempo, modificou-se, porém, a forma como os inúmeros turistas visitam
atrativos turísticos culturais. A própria noção de cultura anteriormente ligada à idéia de civilização
ampliou-se e passou a incluir todas as formas de ser e fazer humanos. Dessa forma, entende-se que
todos os povos são detentores de cultura. Esta é definida como “a totalidade ou o conjunto da
produção, de todo o fazer humano de uma sociedade, suas formas de expressão e modos de vida”13.
A hospitalidade é um fator subjetivo que podemos verificar ou identificar de várias formas na
atividade turística. Sendo assim, umas das principais motivações que gera um deslocamento de
turísticas para uma determinada localidade.
O conceito da hospitalidade não pode ser focado somente nas empresas de turismo, mas sim
englobar toda a estrutura turística disponível, que abrange desde o poder público até a comunidade
13 BRASIL. Sustentabilidade sociocultural: princípio fundamental. MTur: Brasil, 2006
autóctone visando sempre a conservação e preservação cultural e ambiental para bem receber o
turista.
O turismo e o acolhimento estão indissociavelmente ligados. Quando falamos de turismo,
pensamos no acolhimento. E sem bom acolhimento, não há turista satisfeito. (GOUIRAND, apud
Avena, pg. 138).
Na atividade turística a hospitalidade está diretamente ligada o contato entre o visitado e
visitante. Nesta relação o papel de quem está recebendo o turista é estar preparado para acolher e
disponibilizar condições para que a vivência turística seja realizada com plena satisfação.
O reconhecimento do enorme papel dos aspectos psicológicos no acolhimento não pode
implicar na negligencia da importância do local e do ambiente material. Um e outro são indissociáveis
e cada um influencia o outro. O cuidado que aquele que acolhe dá à preservação e ao
embelezamento do espaço do acolhimento é tão significativo quanto a qualidade da relação que se
estabelece no momento do acolhimento. (AVENA, 2006, pg 139).
A utilização de artes, sabores e saberes tradicionais para agregar significados e
conhecimentos para a experiência turística. Os valores e as representações regionais são
fundamentais para personalização e identificação da hospitalidade de um destino turístico.
A partir das características autênticas de uma localidade pode-se desenvolver as percepções
que nos permitem provar o novo, o diferente proposto na motivação da viagem.
A qualidade do ambiente age sobre a qualidade do acolhimento de dois modos: por aquilo
que ele comunica oferecer do ponto do vista do conforto; por aquilo que ele significa. O ambiente tem
sua linguagem própria, ele é em si mesmo um discurso, uma mensagem que implica em promessa de
bem estar, de conforto, de acolhimento. (AVENA, 2006, pg 139).
A promessa de bem receber segundo o autor acima, predispõe da idéia que o turista será
bem recebido não somente por aqueles que trabalham diretamente com o turismo, mas
principalmente perceber que a comunidade está em consonância com a proposta de receptividade
promovida pelas empresas de turismo. As percepções desenvolvidas pelos turistas também avaliam
muito criteriosamente os aspectos negativos conseqüentes da falta de planejamento e principalmente
na consciência coletiva.
Essas experiências negativas na grande maioria das vezes chocam muito mais que todos os
aspectos positivos. Sendo a parte ambiental e cultural as mais valorizadas pelos turistas, porém
notadamente as que menos possuem atenção e investimento por parte do poder público e privado.
Quanto aos estudos específicos sobre a relação turismo e cultura, pode-se afirmar que foram
iniciadas a partir dos anos 1960, pelos antropólogos. Nessa década e na seguinte, o turismo passou a
ser apontado como alternativa para o desenvolvimento mundial, inclusive no Brasil, embora de forma
incipiente. No entanto, o modo como a atividade turística foi implementada em muitos lugares revelou-
se danosa ao patrimônio cultural ou ineficaz como estratégia de promoção, quer pela falta de recursos
humanos especializados, a visitação descontrolada, o desrespeito em relação à identidade cultural
local, a imposição de novos padrões culturais, especialmente em pequenas comunidades, quer pelo
despreparo do próprio turista para a experiência turística cultural.
Pode-se dizer que a relação cultura e turismo fundamentam-se em dois pilares: o primeiro é a
existência de pessoas motivadas em conhecer culturas diversas e o segundo é a possibilidade do
turismo servir como instrumento de valorização da identidade cultural, da preservação e conservação
do patrimônio, e da promoção econômica de bens culturais.
A opção pelo desenvolvimento turístico deve conciliar-se aos objetivos de manutenção do
patrimônio, do uso cotidiano dos bens culturais e da valorização das identidades culturais locais.
O processo exploratório do turismo desenvolve, quando não planejado, uma depreciação das
manifestações artísticas originadas do local, sofrendo forte influência externa para a homogeneização
e padronização para viabilizar o aumento do consumo. Esta padronização acaba resultando na perda
de identidade local e banalizando os atrativos realmente autênticos da região.
Uma das principais características que representa e ajuda a tangibilizar a hospitalidade é a
gastronomia. Ela proporciona quando utiliza as características e ingredientes típicos do local a real
experiência de provar os sabores, as cores, os aromas e as técnicas de manuseio. A gastronomia
também pode ser um fator motivacional na hora do turista escolher seu destino turístico. É visível que
uma das tendências na hotelaria é a utilização da gastronomia típica para agregar valor ao serviço
hoteleiro.
A destinação juntamente com a sua rede hoteleira tem a responsabilidade de bem receber e
atender a demanda turística com atitudes e gestos que demonstrem a satisfação de poder servir e
acolher os visitantes.
O cliente espera que o acolhedor, aquele que o hospeda, faça tudo para protegê-lo, mesmo se ele esta fora do local aonde está hospedado. O hoteleiro que procura evitar esta “responsabilidade”, e que finge ignorar essa expectativa do cliente, é qualificado como não hospitaleiro ou pior ainda, como profissionalmente incompetente. Mas profissões turísticas e particularmente na hotelaria, a expectativa e a exigência de hospitalidade ultrapassa em muito os elementos do conceito inicial de prestação de serviço, pois da hospedagem e da alimentação que fazem parte da prestação de serviço vendida, ela vai além, vai até os componentes da hospitalidade antiga: reconhecimento, proteção, aceitação que são talvez a sua essência e que são totalmente gratuitas por sua natureza subjetiva. (AVENA, 2006, pg 145).
A responsabilidade de promover a hospitalidade em primeiro plano é da rede hoteleira, pois
são eles que literalmente acolhe os turistas. Porém esta responsabilidade não fica isolada somente na
prestação de serviço hoteleiros, mas engloba também toda a política turística e principalmente a
população diretamente ligada ao turismo. Abrangendo principalmente as responsabilidades que dizem
respeito à segurança, limpeza e saneamento dos locais públicos, promover soluções sustentáveis
para o manejo de resíduos sólidos e incentivar e promover programas sócio-ambientais.
Todos os procedimentos de acolhimento que são colocados em pratica num hotel devem
expressar e expressarem-se pelos fatores essenciais do acolhimento: o reconhecimento, a
hospitalidade e o cuidado. (AVENA, 2006, pg 145).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A globalização, a tecnologia que favorece a comunicação entre os povos trouxe consigo a
tendência da homogeneização, porém o turismo pode e deve atuar de maneira a desenvolver a
cultura com ética, provocando as comunidades a oferecer a cultura autêntica e original.
O uso turístico deve sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas. Assim, a
atividade turística é incentivada como estratégia de preservação do patrimônio, em função da
promoção de seu valor econômico.
Diante do exposto vemos que há uma carência visível quando se trata de utilizar as
características culturais de um local para desenvolver algum potencial turístico sustentável.
O que notamos é uma tentativa de “melhorar” as representações culturais a fim de torná-las
mais comercializáveis e atraentes para serem consumidas com mais facilidade. Esta prática
(extremamente comum) banaliza o significado da cultura local e por conseqüência diminui a riqueza
da experiência turística, distorcendo o conceito de hospitalidade.
Controlar e redirecionar essas práticas torna-se indispensáveis para que desenvolva-se o
turismo responsável, que busca a vivência de diferentes experiências sem que o ambiente e a cultura
local sejam explorados e degradados.
A preocupação com a preservação da diversidade (os sotaques, as gírias, as músicas,
histórias e lendas, festividades e tradições) é de extrema importância para garantir a sustentabilidade
dessas características, assegurando assim a continuidade dessas manifestações.
Resgatar as origens das práticas locais, seja a confecção da renda de bilro ou as técnicas
utilizadas na pesca artesanal ou até as histórias dos seus ancestrais e suas práticas culinárias e
estéticas (arte e artesanato) é objetivo da valorização dos costumes que visa garantir que estas
práticas não sejam esquecidas, pois fazem parte da nossa história e cultura.
Assim se faz necessário implementar ações conjuntas, planejadas e geridas entre as áreas
de turismo, cultura e meio ambiente, e de se contemplar o respeito à identidade cultural e à memória
das comunidades na atividade turística. O patrimônio cultural, mais do que atrativo turístico, é fator de
identidade cultural e de memória das comunidades, fonte que as remete a uma cultura partilhada, a
experiências vividas, a sua identidade cultural e, como tal, deve ter seu sentido respeitado14.
A maior interação entre os envolvidos com o turismo provocará consequentemente um fluxo
maior de informação possibilitando o incentivo e a valorização da cultura local, através de passeios,
atividades e festividades promovidas, pelo trabalho conjunto entre agências, comunidade local e
poder público.
Assim, para tornar o desenvolvimento do turismo uma realidade sustentável e realmente
hospitaleira, deve-se somar ao conceito ferramentas e modelos de gestão que possibilitam uma
instrumentalização do setor empresarial, para gerir o crescimento econômico em conjunto com o
desenvolvimento sócio-ambiental local.
Valores, princípios éticos, morais, independentes de quais sejam, são a essência de tudo,
influenciando desde a forma de perceber a realidade, até direcionando o comportamento humano. Por
isso, abraçar princípios que estimulem ações, de conhecimento e de tecnologias respeitadoras da
vida, é o primeiro passo para que um mundo melhor se desenvolva.
Espera-se que o processo de conscientização e educação ambiental e cultural aumente, e
também sirva de base para a realização de planejamentos turísticos sustentáveis. Isto porque sem o
devido planejamento desse tipo de atividade, resultados negativos ocorrem, tanto no que diz respeito
14 BRASIL, MTur. Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Cultural. Brasília: MTur
à redução do ciclo de vida dos serviços de produtos turísticos, quanto aos impactos sociais e
econômicos causados nos empreendimentos e no entorno natural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BARRETO, Margarita (Org.); BANDUCCI JR., A. (org). Turismo e identidade local: Uma visão
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Papirus, 2000.
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LICKRORISH, Leonard J.; JENKINS, Carson L.. Introdução ao turismo. Rio de Janeiro: Campus,
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OLIVEIRA, Antônio Pereira de. Turismo e desenvolvimento: planejamento e organização. 4. ed. rev.
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SWARBROOKE, John. Turismo sustentável. São Paulo: ALEPH, 2000. 5 v.
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Turismo básico. 2. ed. rev. São Paulo: SENAC, 1998.
CULTURA E TURISMO: COMERCIALIZAÇÃO DO ARTESANATO INDIGENA KARAJÁ DA ALDEIA
SANTA ISABEL DO MORRO – TO
SANTOS, Lívia Feitosa
UNEMAT - Turismo
RESUMO
A história e as relações sociais advindas após a intensificação do contato entre os povos indígenas e
os não índios, fizeram com que esses povos estabelecessem outros padrões de comportamento.
Dentre as inúmeras etnias que passaram por esse processo de contato com o não índio, é possível
destacar a comunidade Karajá da aldeia Santa Isabel do Morro localizada na Ilha do Bananal no
estado de Tocantins, que buscam conservar e valorizar suas tradições, através das mais diversas
formas de manifestações culturais, na qual o artesanato é um dos principais elementos. Desse modo,
o presente artigo objetivou identificar a representatividade do artesanato indígena Karajá, tanto para a
conservação e valorização de sua identidade cultural quanto um elemento fundamental para
subsistência dessa comunidade afim de diagnosticar a atuação da atividade turística nesse contexto.
Nesse sentido, o artigo aponta que embora a comunidade esteja bastante integrada com os hábitos e
costumes do não índio, a comercialização do artesanato considerado um fator gerador de renda,
aliada a um planejamento especifico, com ações e estratégias por parte de órgãos responsáveis –
FUNAI - pode contribuir para o desenvolvimento desta atividade, proporcionando a esta população
uma maior fonte de renda e conseqüentemente uma melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Cultura; Artesanato; Etnia Karajá; Turismo.
Introdução
Vista como um elemento precursor no desenvolvimento da evolução humana, a cultura se
manifesta como um fenômeno social, que se materializou a partir da necessidade dos indivíduos em
estabelecer relações de contato entre si e com outros grupos. Nesse sentido Sodré (2003)
contextualiza que a cultura representa um nível de desenvolvimento alcançado pela sociedade em
determinadas etapas históricas, decorrentes de uma série de fatores determinantes, bem como: ética,
moral, regras sociais, direitos e deveres, as quais são seguidas até os dias atuais. Embora, seja
evidente que a sociedade contemporânea tenha um comportamento (modo de vida) bem diferente
das antigas civilizações.
Assim, como toda e qualquer sociedade que se desenvolveu ao longo de sua história,
devido as suas relações com o meio a que pertence e com outros grupos, as comunidades indígenas
viviam em um regime primitivo, ou seja, uma espécie de organização tribal, onde cada etnia ou grupos
tribais desenvolviam suas próprias regras e, principalmente sem estabelecer nenhum contato com a
sociedade “branca”, ou seja, não índio.
Os primeiros contatos registrados no Brasil entre índios e europeus, ocorreram no período
de colonização, e a partir disso, foram constatados inúmeros registros de contato entre as
comunidades indígenas e a sociedade nacional, a qual alguns autores denominam de não índios. É
oportuno ressaltar que, não índio é uma definição adotada no presente projeto para se referir à
sociedade branca ou a sociedade nacional.
Atualmente esse cenário vem se modificando, e muitas sociedades indígenas já acoplaram
características culturais diferentes à sua, contudo é importante mencionar que esses elementos não
são estáticos, e sim constantemente transformados e reelaborados com o passar do tempo.
E dentre as mais diversas formas de manifestações culturais advindas das comunidades
indígenas, como a pintura, a dança, a música e outros elementos, o artesanato é um instrumento de
fundamental importância na caracterização da identidade cultural desses povos. Entretanto, cada
comunidade ou etnia indígena agrega inúmeros valores à estes artefatos, pois é possível
compreender através desses componentes, características da organização social de uma
determinada população.
Nesse contexto, o objeto de estudo do presente artigo é o artesanato indígena da etnia
Karajá, uma comunidade que apesar do inevitável contato com o não índio, preza pela conservação e
valorização de suas tradições culturais, bem como todos os seus rituais tanto de caráter festivos
quanto as cerimônias religiosas e também os elementos que caracterizam a sua cultura material, ou
seja, a elaboração do artesanato. Todavia a confecção de adornos e artesanatos é uma atividade que
faz parte da cultura dos Karajá, mas que também se tornou uma fonte de renda para essa
comunidade, devido a sua comercialização e que conseqüentemente transformou-se em um atrativo
turístico.
Partindo dessas premissas, o presente artigo visa diagnosticar a atuação do turismo para a
comercialização do artesanato e valorização e conservação da cultura indígena dentro da
comunidade de Santa Isabel do Morro, localizada na Ilha do Bananal no estado de Tocantins.
Contextualizando Cultura
Todas as manifestações que implicam o contato humano, ou trocas de experiências, estão
inteiramente ligados ao princípio de uma construção social. Dessa forma, a cultura é elemento
fundamental para a evolução do entrosamento entre as pessoas e possibilita o desenvolvimento de
um pensamento crítico capaz de refletir sobre as diversas manifestações culturais existentes, a fim de
compreender o modo de vida de outros povos, levando em consideração sua história, seus costumes,
sua capacidade de relacionamento, ou seja, tudo que possa caracterizar a cultura de uma
comunidade (SANTOS, 1996), logo pode se afirmar que a cultura está diretamente ligada às relações
sociais, tanto de uma comunidade com suas características particulares quanto a grupos humanos
com práticas, costumes e concepções diferentes.
Desse modo, muitos autores que defendem a cultura como sendo o fator principal para o
relacionamento humano, acredita que sendo ela um fenômeno natural, social e de constante
evolução, o desenvolvimento da humanidade se deu através de contatos e conflitos entre os povos.
Partindo desse princípio pode-se afirmar que a diversidade das culturas conduzem ao processo de
organização e transformação das sociedades humanas.
De acordo com Tylor, cultura em seu amplo sentido etnográfico é “todo complexo que inclui
conhecimento, crença, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos
pelo homem como membro de uma sociedade” (apud LARAIA, 2004, p. 25). Conforme a definição, o
autor defende a idéia de que cultura é todo comportamento aprendido, ou seja, tudo que nos conduz a
estabelecer uma relação sociável, tanto com membros da mesma sociedade quanto com grupos
distintos, logo, a cultura independe de uma transmissão genética (Idem).
Sendo assim, Santos (1996) constata que nenhuma cultura deve ser considerada superior
ou inferior à outra. Embora as características que diferem uma cultura da outra não as classifique por
níveis de superioridade, no entanto é necessário que haja um respeito mútuo, assim cada grupo
social irá conduzir-se de acordo com suas condições, pois não há nenhuma lei que rege essa
afirmação, mas existem processos históricos que as relacionam e estabelecem marcas verdadeiras e
concretas entre elas.
Sendo a cultura, um processo caracterizado pela evolução e adaptação humana, Ferreira e
Silva (1998, p.135) contextualiza cultura como: “complexo de padrões de comportamento, de crenças,
de instituições e doutros valores transmitidos coletivamente, típicos de uma sociedade ou civilização”.
No entanto, todo e qualquer manifesto de caráter social criado por um grupo de indivíduos, está
relacionado a um processo cultural.
Do ponto de vista de Rosental e Iudin (apud SODRÉ, 2003, p. 09), “a cultura é um conjunto
de valores materiais e espirituais criados pela humanidade, no curso de sua história”. Assim, é
fundamental entender que a cultura, em suas etapas históricas alcançadas pela sociedade,
representa progresso, técnica, experiência de produção e trabalho, adaptação, educação, ciências,
artes, e tudo que possa estabelecer a relação entre os indivíduos. Em um sentido mais amplo,
compreende-se que há muitas concepções que envolvem o termo cultura, logo torna-se
imprescindível dizer que cada cultura tem a liberdade de seguir seus próprios caminhos em função
das diversas etapas históricas que enfrentaram. Assim é possível afirmar que toda cultura está sujeita
a mudanças, mas os padrões de comportamento, tanto individual quanto grupal conservam-se mais
ou menos estáveis, dessa forma a persistência desses padrões é mais acentuada nas sociedades
simples, cujas mudanças são as vezes imperceptíveis de uma geração para outra (Idem).
Porém, a busca dos elementos característicos e diferenciais de cada cultura aparece como
uma necessidade de resgatar a identidade cultural, bem como resgate no processo de recuperação
da memória coletiva, da reconstrução da história e também permitem que os membros de uma
comunidade adquiram consciência de seu papel dentro de um contexto social.
Em suma, a cultura se contextualiza diretamente pelo envolvimento “homem-sociedade”,
assim a cultura é fundamentada como o resultado do modo como os diversos grupos humanos são
capazes de resolverem seus problemas ao longo da história. O homem não só recebe a cultura de
seus antepassados como também cria elementos que a renovam. A cultura pode ser considerada
como, tudo que o homem consegue executar através de sua racionalidade, dessa forma, todos os
povos e sociedades são possuidores de sua própria cultura, por mais tradicional e arcaica que seja,
assim todos os conhecimentos adquiridos são passados das gerações passadas para as gerações
futuras. É preciso reconhecer a cultura em sua forma mais ampla, multifacetada e insubstituível,
porque essa riqueza de traços que faz dela o centro do desenvolvimento sociocultural de uma
comunidade.
Cultura e Artesanato
O que difere o homem dos outros animais é sua capacidade de criação de acordo com sua
inteligência e vontade, portanto, ao adquirir o poder de transformar ou modificar tudo que está ao seu
alcance, e ao assumir o controle de seus instintos, o homem produziu uma ruptura entre o universo
natural e o universo das práticas humanas, também conhecido de universo cultural (BIZZOCHI, 2003).
Segundo Cascudo (2001) a origem do artesanato no Brasil se deu antes mesmo da história
do descobrimento, pois essa atividade já era praticada pelos povos indígenas que aqui habitavam,
eles eram hábeis na confecção de armas utilizadas nas atividades de caça e pesca, utensílios
caseiros e até mesmo instrumentos musicais usados em cerimônias festivas.
Cascudo (2001, p. 24) ainda ressalta que “o artesanato na classificação dos fenômenos
folclóricos abrange todo objeto ornamental que tem a função de enfeitar e que geralmente são
produzidos em pequeno ou médio porte e não importa a matéria-prima utilizada”. O artesanato é uma
forma de expressão, pela qual a criatividade se manifesta, demonstrando o estágio cultural a que
pertence esse criador.
Na visão de Funari e Pinsky (2003) a cultura requer circulação, produção e assimilação, e
isso só é possível mediante estímulo à produção de bens culturais e à sua valorização.
Desse modo, Silva (2005) afirma que o homem, para se adaptar ao meio faz uso de sua
criatividade, logo o principal motivo pelo qual as pessoas produziam peças artesanais, eram para
suprir suas necessidades básicas em seus afazeres domésticos.
Assim, Franchetto (2007) afirma que o artesanato é considerado uma forma de
manifestação humana, por ser capaz de contextualizar toda uma história revertida em sua técnica de
produção e por encontrar-se diretamente ligado aos recursos naturais do meio ao qual está inserido.
E dessa forma, auxilia o indivíduo à conservar a matéria-prima utilizada na confecção do artesanato.
Para facilitar a caracterização do artesanato, dada a sua diversidade e abrangência o
Conselho Mundial do Artesanato classifica a produção artesanal como “toda atividade produtiva que
resulte em objetos e artefatos acabados, feitos manualmente ou com a utilização de meios
tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, qualidade e criatividade” (apud SEBRAE,
2007, p. n. p).
Contudo, o artesanato evidencia-se como forma de expressão de seu criador e de sua
ordem estética, pois permite a materialização de algo subjetivo através da produção de objetos, que
se diferenciam uns dos ouros por pequenos detalhes nas formas de criar e manusear a matéria-prima.
Culturas Indígenas
Os indígenas que habitavam o Brasil anterior ao processo de colonização, viviam da caça,
da pesca, e da agricultura de subsistência: milho, amendoim, feijão, abóbora, batata-doce e
principalmente mandioca, tendo em vista que a agricultura era bem rudimentar, pois utilizavam a
técnica de coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio). Essas
atividades são realizadas, porém com técnicas e costumes diferentes, pois o índio assim como o
homem branco, adaptou-se aos novos métodos tanto para realização de atividades de subsistência
como qualquer atividade de caráter social (SETUBAL, 2007).
Assim como as sociedades nacionais, as tribos indígenas possuem uma relação baseada
em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos geralmente acontece em momentos
de guerras, casamentos ou qualquer cerimônia festiva, inclusive em enterros e também no momento
de estabelecer alianças contra um inimigo comum (Idem).
Além do conhecimento acumulado, os índios possuem técnicas diversas conforme o povo. A
pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos a qual pertence determinada
comunidade, sendo assim a pintura e o desenho indígena estão sempre ligados aos artesanatos de
barro e de palha de coqueiros como também de penas de aves. E geralmente os índios associam a
música ao canto e a dança. No entanto, diversos traços da cultura indígena conservam-se devido a
sua língua, as divisões sociais entre os gêneros, ou seja, os papéis sociais do homem e da mulher
dentro da aldeia, o ciclo de vida e também seus mitos e ritos, carregados de sentido ideológico
mantidos pelos símbolos que sustentam (SETUBAL, 2007)..
Nas sociedades indígenas, a arte é um elemento que transcorre em todas suas esferas. A
arte do traçado é uma das mais remotas que a humanidade aprecia e representa a mais diversificada
das categorias artesanais indígenas ao revelar adaptações ecológicas e expressões culturais
distintas. Em sua preparação emprega grandes variedades de matérias- primas, muitas vezes de
origem vegetal que derivam em múltiplas formas técnicas de entrançamento (GRUPIONE, 2000).
Entendendo cultura como o conjunto de respostas que uma determinada sociedade humana
dá às experiências por ela vividas e aos desafios que encontra ao longo do tempo, percebe-se o
quanto as diferentes culturas são dinâmicas e estão em contínuo processo de transformação
(SETUBAL, 2007). No entanto, é importante frisar que as características culturais das sociedades
indígenas modificam-se constantemente e reelaboram-se com o passar do tempo, assim como o
próprio conceito de cultura aponta: é preciso considerar que estas alterações mais ou menos
intensas, aconteceriam mesmo que não houvesse ocorrido o contato com as sociedades de origem
européia e africana.
História de contato: O convívio da etnia Karajá e o não índio
Segundo o lingüista Rodrigues (apud LIMA FILHO, 1999) a família Karajá, pertence ao
tronco lingüístico Macro-Jê, que se divide em três línguas: Karajá, Javaé e Xambioá. Cada uma delas
tem formas diferenciadas de falar de acordo com o gênero do falante, apesar dessas diferenças todos
se entendem.
No passado, colégios jesuítas instalados perto das aldeias começaram a catequizar os
índios e usá-los como mão-de-obra barata, mas a luta pela preservação e divulgação de sua cultura
milenar fez com que a população Karajá se reerguesse. Hoje, os Karajá desenvolvem uma filosofia
própria que consiste em aproveitar as coisas boas do não índio para a partir daí, reivindicar seus
direitos, como demarcação e manutenção de terra, acesso à saúde, educação e cultura (MELLATI,
2001).
O domínio territorial das aldeias Karajá caracteriza-se pelas posses de grupos, famílias
locais, propondo a caça, a pesca, a coleta de produtos silvestres e a matéria-prima para construção
de moradias e confecção de artefatos. As aldeias persistem no mesmo lugar durante muitas
gerações. Assim Barros (2004, p. 68) ressalta que “o índio tem apego as suas terras e uma
identificação mítica e afetiva com seu local de origem”.
A adaptação do espaço físico e social das aldeias do povo Karajá é definida conforme as
estações climáticas e com os ciclos de seus rituais e, também os lugares dos homens e das mulheres
e dos seres sobrenaturais (os espíritos a qual os índios crêem) são rigidamente estabelecidos
culturalmente (Idem).
De acordo com Lima Filho (1999) a relação com a sociedade nacional estabeleceu duas
frentes de contato, sendo a primeira representada pelas missões jesuítas da Província do Pará,
assinalando a presença do Padre Tomé Ribeiro em 1658, que se encontrou com os Karajá do baixo
Araguaia, provavelmente os Xambioá (ou os Karajá do Norte, como preferem ser chamados). Já a
segunda frente de contato está relacionada com as bandeiras paulistas rumo ao Centro-Oeste e Norte
do Brasil, como a expedição de Antônio Pires de Campos, que se estima ter ocorrido entre os anos de
1718 a 1746. A partir destas, várias outras expedições visitaram os Karajá ao longo dos anos e estes
foram obrigados a manter um contato constante com a sociedade nacional.
O processo de contato permanente dos Karajá com a sociedade nacional fez com que eles
adotassem bens culturais dessa mesma sociedade (alimentação, língua, hábitos, ensino, religião
entre outros). A complexidade cultural do grupo é invisível aos olhos dos não índios quando, num
primeiro momento, se deparam com as marcas do sofrimento impostas pelo contato: a tuberculose, o
alcoolismo e a subnutrição, que acarretam uma discriminação, muitas vezes, por partes de pessoas
que não possuem e não querem manter nenhum contato com a cultura indígena Karajá. Entretanto,
esses índios demonstram força de resistência, ao manter suas principais categorias culturais que os
habilitam a negociar este mesmo contato e ao fazer permanecer viva a sua organização cultural e
social, a sua identidade indígena, sem abrir mão da cidadania brasileira, participando inclusive como
vereadores de cidades ribeirinhas.
Na cultura Karajá, o artesanato é um elemento muito apreciado por outras comunidades e
até mesmo por outras culturas. Contudo, apesar de tamanha interferência da cultura do não índio
dentro da comunidade Karajá, eles conservam e valorizam muitos elementos de sua cultura.
Conceituação e características do Turismo Cultural
Os fatores que originaram a cultura de um povo constituem-se de seu posicionamento
geográfico, de seu lugar na história, da época e das condições do encontro com outras culturas e das
organizações culturais previamente existentes. É impossível desconsiderar a cultura como uma das
mais importantes motivações das viagens turísticas, entretanto o desejo de conhecer os modos de
vida de outros povos nem sempre vem acompanhado do devido respeito, da devida consciência do
valor e do legítimo interesse por parte dos visitantes (RUSCHMANN, 2001).
O valor simbólico pelo qual uma determinada comunidade atribui aos objetos e artefatos,
tanto de caráter material quanto imaterial, são decorrentes dos valores a que esses elementos
representam no contexto histórico-social dessa comunidade, além de fomentar a cultura da localidade
em questão e desenvolver a atividade turística. Assim o turismo torna-se parte integrante da política
cultural de uma comunidade, pois contribui para a preservação de seus valores.
Segundo Ignarra (2001) o turismo cultural compreende uma infinidade de aspectos, todos
eles passíveis de serem explorados para a atração de visitantes, assim esse segmento procura
valorizar o cotidiano e não simplesmente produzir uma manifestação cultural para ser exposta ao
turista. O turismo cultural se materializa quando o turista é motivado a se deslocar especialmente com
a finalidade de vivenciar aspectos e situações que podem ser consideradas particularidades da
cultura.
Para desenvolver o segmento de turismo cultural e suas derivações é fundamental
compreender as motivações e o perfil dos turistas que buscam as experiências expressas nesse
segmento, que desempenham importante papel no processo de caracterização e fortalecimento da
identidade de um território (BRASIL, 2006). Entretanto, a simples presença do turista em um núcleo
receptor, implica no contato com uma cultura que geralmente difere da sua. Assim, o visitante integra-
se e interfere em outro processo cultural
O turista cultural relaciona-se com a comunidade, valoriza a cultura em toda sua
complexibilidade e particularidade, movimentando-se em busca de ícones que representam a
identidade local e a memória coletiva (Idem). A relação turismo e cultura remete a um conjunto de
experiências, fatos históricos e elementos culturais comuns a um grupo ou comunidade, e que pode
ser representado pelas diversas motivações que agregam esse segmento do turismo.
Área de estudo: Aldeia Santa Isabel do Morro – TO
Situada dentro do Parque Indígena do Araguaia, na Ilha do Bananal, a aldeia Santa Isabel
do Morro localizada no município Lagoa da Confusão - TO, está localizada a margem direita do rio
Araguaia. Sua disposição geográfica sofre influência da cidade de São Félix do Araguaia – MT, que
se encontra a seis quilômetros na margem esquerda do rio Araguaia (TORAL, 2002).
Na língua nativa, a aldeia é conhecida por Hâwalô Mahadu e possui uma população de 630
habitantes conforme os dados obtidos no censo 2008 realizado pelo DSEI-Araguaia (Distrito Sanitário
Especial Indígena do Araguaia). A maioria das moradias da aldeia são feitas de barro e cobertas com
palhas de buriti. A comunidade de Santa Isabel, assim como outras aldeias que compreendem o
Parque Indígena do Araguaia é jurisdicionada a Administração Executiva Regional do Araguaia –
AERA/FUNAI, em São Félix do Araguaia-MT (FUNASA, 2008).
A organização social da aldeia é composta por uma escola estadual, coordenada pela
SEDUC de Tocantins (Secretária de Educação do Estado de Tocantins) e um posto de saúde,
coordenado pela FUNASA juntamente com o DSEI - Araguaia (FUNASA, 2008).
Na área que compreende a aldeia, é possível encontrar dois tipos de ecossistemas, de
acordo com a época do ano, pois durante o período de estiagem é possível encontrar o ecossistema
de terra firme que se caracterizam pelas matas secas, o cerradão e o cerrado, entretanto durante o
período chuvoso, encontram-se os ecossistemas de terrenos inundados, onde predominam campo,
cerrado, mata inundada e mata ciliar inundada (TORAL, 2002).
Considerações Finais
Sendo o artesanato considerado um “elemento-chave” pela investigação da interação entre
o não índio e a etnia Karajá, foi possível constatar que, com a influência da cultura “branca”, ou seja,
do não índio, e com a aproximação e inserção do mundo globalizado oferecendo-lhes tecnologias e
comodidades, é possível notar que os índios prezam muito pelas suas tradições, seus costumes e
rituais.
A etnia Karajá, assim como outras, apresenta uma grande capacidade de absorção de
conhecimento, onde uma boa parte de seus integrantes são bilíngües, pois conseguem se expressar
tanto na língua portuguesa quanto na língua nativa.
Sobretudo, é impossível negar o grau de conhecimento que essa comunidade possui em
relação à produção artesanal, pois deriva dos ensinamentos adquiridos por seus antepassados ao
longo de sua história.. No passado essa produção era somente praticada para atender as
necessidades domésticas e também na confecção de armas de guerra ou de caça, mas atualmente
se transformou em uma atividade comercial, devido a criatividade e a riqueza de detalhes depositadas
em cada peça confeccionada. Dessa forma, é correto afirmar que a comercialização desses artefatos
já é um fato concreto, logo essa atividade tornou-se parte integrante na cultura dos Karajá.
Além do artesanato, a comunidade indígena de Sanata Isabel destaca-se também pela sua
cultura imaterial, provenientes de seus rituais festivos e religiosos, bem como a festa de Aruanã e
Hetoroky, porém essas cerimônias se destacam, devido ao grau de importância que ambas exercem
perante a comunidade, contribuindo para conservação e valorização de sua identidade cultural.
Vale ressaltar que, tanto a cultura material quanto a cultura imateral são de fato elementos
enriquecedores para os índios Karajá, pois além de representarem simlobicamente as característcas
dessa comunidade também se tornam instrumento positivo na divulgação de sua cultura.
Na cultura Karajá, o artesanato é um elemento muito apreciado por outras comunidades e
até mesmo por outras culturas. Contudo, apesar de tamanha interferência da cultura do não índio
dentro da comunidade Karajá, eles conservam e valorizam muitos elementos de sua cultura.
Em suma cada povo vive de acordo com a sua cultura, a qual é vivenciada na herança de
seus antepassados, assegurando seu bem-estar na vida cotidiana. Entretanto, os povos indígenas
Karajá são uma etnia que apesar de sofrerem pela excessiva facilidade com que são explorados,
ainda guardam muito de suas tradições culturais, que são demonstradas em seus cantos, festas,
cerimônias religiosas, ou seja, em seus costumes e rituais de uma forma geral.
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A IMPORTÂNCIA DO TURISMO PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO DO
MUNICÍPIO DE PIRANHAS-GO.
BARBOSA, Rafaella Duarte
UNEMAT - Turismo
RESUMO
O Turismo atualmente é uma das atividades relacionadas à prestação de serviços que mais tem
crescido no mundo, sendo inclusive considerado como uma indústria econômica, pelos benefícios que
traz para a localidade inserida. Por ser uma atividade abrangente, apresenta controvérsias a respeito
de sua definição, mas possui uma importância inegável no cenário econômico, como fonte de
emprego e renda para inúmeras comunidades. Entretanto, para que uma localidade se torne um
produto turístico, além da presença de atrativos turísticos, é necessário se efetuar um planejamento
adequado, que deve abranger não apenas a mesma, mas todo seu entorno, contando com a
participação conjunta da comunidade local, da iniciativa privada e do poder público. A participação
desse amplo leque de agentes é imprescindível, pois os resultados do Turismo, sejam eles positivos
ou negativos, estarão refletindo na comunidade receptora de forma indiscriminada. Logo, o
planejamento desta atividade deve passar inicialmente por um programa de sensibilização da
sociedade sobre a importância do turismo para o desenvolvimento local. Neste trabalho, que teve
como objeto o município de Piranhas–GO, primeiramente se buscou diagnosticar a opinião da
população local acerca do turismo no municipio, por meio da aplicação de formulários junto à
comunidade local. Após a tabulação e análise dos dados pode-se compreender o nível de
conhecimento que a população possui a respeito da atividade turística. Isto permitiu a elaboração de
uma palestra voltada à socialização das informações mais relevantes da pesquisa e à apresentação
da opinião dos principais autores sobre o turismo como ferramenta de desenvolvimento sócio-
econômico, bem como dos seus principais impactos. Tal palestra foi ministrada pela pesquisadora e
permitiu o alcance do objetivo macro deste trabalho de conclusão de curso que era sensibilizar a
comunidade piranhense sobre a importância de se desenvolver o turismo no municipio, visto que o
evento contou coma participação de aproximadamente 100 pessoas de diferentes segmentos da
sociedade local.
Palavras–chave: Turismo Local; Planejamento; Sensibilização.
Introdução
O turismo, uma atividade ou fenômeno sócio-econômico, tem um enorme potencial para
promover melhoria na qualidade de vida das comunidades onde está inserido. Isto decorre, dentre
outros fatores, da possibilidade de geração de emprego e renda, do aumento de arrecadação de
tributos, da conservação dos atrativos naturais e da cultura local, beneficiando direta ou indiretamente
a sociedade em seu conjunto.
Entretanto, a sua implementação pode também gerar impactos negativos, a exemplo do
aumento da pressão inflacionária na localidade, a exclusão e marginalização da população local,
aumento da poluição e degradação dos recursos naturais.
Logo, é de extrema importância que sua implantação seja precedida de um planejamento
das atividades a serem realizadas e estabelecidas diretrizes para o seu desenvolvimento. Tal
planejamento deve ser participativo, envolvendo os diferentes atores que serão afetados pela
atividade turística na localidade – poder público, iniciativa privada e comunidade – de forma que
sejam potencializados os benefícios e minimizados os impactos negativos.
A participação da comunidade é imprescindível para o sucesso do turismo na localidade, o
que torna relevante um processo prévio de sensibilização da mesma para a importância da atividade
e seus possíveis impactos.
Sensibilizar, em significado amplo, significa despertar a atenção para determinada idéia. No
caso específico deste trabalho significou mostrar a importância de determinada atividade para uma
comunidade ou público definido. Objetivou-se sensibilizar a iniciativa privada, o poder público e
comunidade local do município de Piranhas - GO sobre a importância de se desenvolver o Turismo na
localidade. Após a coleta de informações pertinentes junto a renomados autores e de um diagnóstico
acerca do conhecimento da sociedade local sobre o assunto, promoveu-se uma palestra direcionada
aos membros da comunidade piranhense.
Acredita-se que este trabalho se justifica na medida em que contribui para a discussão de
novas alternativas econômicas que permitirão o desenvolvimento do município objeto do estudo. Além
disso, tem relevância acadêmica, pois se constitui de uma pesquisa-ação voltada à comunidade,
aproximando a academia das necessidades da sociedade na busca de soluções para seu
crescimento econômico com qualidade de vida.
Contextualizando o fenômeno turístico
O fenômeno turístico está relacionado com as viagens, com a visita a um local diverso do de
residência das pessoas. Assim, o Turismo em termos históricos se iniciou quando o homem deixou de
ser sedentário e passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade de comércio com outros
povos (IGNARRA, 2002, p. 15).
O conceito Turismo surge no século XVIII na Inglaterra, referindo-se a um tipo especial de
viagem. A palavra tour é de origem francesa, como muitas palavras do inglês moderno que definem
conceitos ligados à riqueza e à classe privilegiada (BARRETTO, 1995, p. 43). O Turismo tem evoluído
substancialmente ao longo do tempo, especialmente a partir da segunda metade do século XX, e é
considerado nos dias de hoje o segmento que exibe um dos maiores crescimentos no mundo dos
negócios. O mais animador é que a atividade continua a crescer, permitindo vislumbrar perspectivas
positivas para o futuro.
Mais tarde surge a Escola de Berlim que estudou o Turismo nos seus aspectos econômicos.
Arthur Bormann (apud IGNARRA, 2002, p. 23) definiu o Turismo como “o conjunto de viagens que
tem por objetivo o prazer ou motivos comerciais, profissionais ou outros análogos, durante as quais e
temporária sua ausência da residência habitual”.
Por ser uma atividade de prestação de serviços, muito veio se modificando e ampliando de
modo a atender as necessidades dos visitantes e da população envolvida, consequentemente
ocorrem também modificações em sua conceituação. Beni (2001, p. 35) afirma que “como é natural,
várias definições assumiram linhas radicalmente diferentes”.
Apesar de existirem muitas controvérsias acerca do que é o Turismo, pode-se conceituá-lo
como “a soma das operações, principalmente de natureza econômica, que estão diretamente
relacionadas com a entrada, permanência e deslocamento de estrangeiros para dentro e para fora de
um país, cidade ou região” (BENI, 2001, p. 34).
Diante de várias acepções acerca do Turismo, a OMT (apud OLIVEIRA, 2001, p. 35) define
Turismo como “o fenômeno que ocorre quando um ou mais indivíduos se trasladam a um ou mais
locais diferentes de sua residência habitual por um período maior que 24 horas e menor que 180 dias,
sem participar dos mercados de trabalho e capital dos locais visitados”.
Para Dias (2003 b, p. 09), no final do século XX, o Turismo converteu-se na atividade
econômica mais importante do mundo, caracterizando-se por um crescimento espetacular. O
movimento na economia gerado por esse enorme fluxo de pessoas é extraordinário e produz efeitos
nos mais diferentes setores produtivos.
O Turismo, do ponto de vista geral da economia, só tende a ser favorecido, pois, além de
ser importante fonte de receita para os países em desenvolvimento e mesmo para os desenvolvidos,
atende a uma necessidade crescente do ser humano por lazer e entretenimento. Atende ainda outras
necessidades de ocupação do tempo livre como o desenvolvimento espiritual e o aprofundamento
cultural (DIAS, 2003 b, p. 18).
Entretanto, é uma atividade altamente sensível a fatores como variação na renda dos
consumidores, os turistas, oscilação dos preços praticados pelo mercado, efeitos climáticos negativos,
entre outros (FERNANDES, 2002, p. 23).
Outro elemento essencial para definir o Turismo é todo o arcabouço, a preparação
envolvida. Para que uma pessoa possa viajar, existe uma equipe de planejamento do receptor que
presta serviços no local, que providencia vias de acesso, saneamento básico, alojamento,
alimentação, recreação, entre outros tantos serviços que são oferecidos para os visitantes
(BARRETTO, 1995, p. 14).
Nas definições anteriores, que nos permitem distinguir a contextualização do turismo, fica
evidenciado que esta atividade abrange todos os aspectos do movimento de pessoas para fora do
respectivo ambiente habitual, as atividades que realizam e as instalações que utilizam nesses lugares.
Ademais, o turismo pode ser percebido como a soma de fenômenos e relações originados
da interação de turistas, empresas, governos locais e comunidades anfitriãs, no processo de atrair e
receber turistas e outros visitantes (GOLDNER, 2002, p. 23).
Diante dessa evidência, pode-se perceber que o turismo é capaz de causar um respeitável
impacto na economia local, promovendo assim o desenvolvimento regional e ainda motivando novos
investimentos com benefícios sociais.
Impactos sócio-econômicos do Turismo
Sobre o impacto sócio-econômico que o turismo causa Lage e Milone (2000, p. 117)
afirmam que “O turismo na sociedade moderna pode ser considerado um conjunto de atividades
econômicas diversas que englobam: os transportes, os meios de hospedagem, os agenciamentos de
viagens e as práticas de lazer, além de outras tantas ações mercadológicas que produzem riquezas e
geram empregos para muitas regiões e países”.
Oliveira (2001, p. 35) concorda que o turismo é capaz de produzir um respeitável impacto na
economia local. É um meio de redistribuir a renda, captar divisas, gerar novos empregos, incrementar
outros setores econômicos, aumentar a arrecadação fiscal, promover o desenvolvimento regional e
motivar novos investimentos com benefícios sociais.
Numa visão da atividade como uma indústria econômica, devido aos benefícios que traz
para determinada localidade, contribuindo em grande parte para alavancar o desenvolvimento de um
destino turístico, Sancho (2001, p. 25) fala da dependência entre empresas para suprirem-se. Devido
a este fenômeno de interdependência entre diferentes organizações, o crescimento da atividade
turística estimulará o crescimento da demanda dos bens locais.
Paralelamente, o Turismo ajuda a estimular o interesse dos moradores locais em valorizar e
conservar a sua cultura, envolvendo as tradições, os costumes e o modo de vida das pessoas de uma
localidade. Mas, para desenvolver uma atividade turística de qualidade é necessário que o núcleo
receptor ofereça uma infra-estrutura adequada a cada atrativo destinado ao visitante (Idem).
Para determinar a intensidade do impacto econômico, consideram-se vários fatores,
dividem-se os efeitos da atividade em três categorias: primários, secundários e terciários. Os
primários referem-se aos gastos dos turistas que visitam a localidade e às despesas dos moradores
locais, provocando tanto o ingresso como a evasão de divisas. Os efeitos secundários estão
relacionados com a absorção dos gastos em outros setores da economia nacional, e por fim, os
efeitos terciários que não se originam dos gastos diretos dos turistas, mas dos investimentos
estimulados pela atividade turística (RUSCHMANN, 1997, p. 43).
Ainda nesse contexto, Dias (2003 b, p. 42) lembra que os impactos causados pela
circulação e recirculação das despesas do turista, isto é, os impactos contínuos provocados por seus
gastos, causam efeitos diretos e indiretos na economia e são considerados multiplicadores
econômicos.
Dentre as oportunidades que o desenvolvimento turístico proporciona para a localidade se
destaca o aumento de renda, a criação de novos postos de trabalho, o incremento das atividades de
proteção ambiental e cultural e o ressurgimento de festas tradicionais (DIAS, 2003 b, p. 159).
Segundo Lage e Milone (2001, p. 128), “Em qualquer lugar que haja uma atividade turística
ela irá gerar uma variedade de impactos econômicos os quais se classificam em impactos diretos, que
são representados pelo total de renda criada nos setores turísticos; impactos indiretos, representados
pelo total de renda criada pelos gastos dos setores de Turismo em bens e serviços produzidos e
ofertados na economia e por fim impactos induzidos, onde são representados na medida em que os
níveis de renda aumentam em toda a economia como resultada dos impactos diretos e indiretos das
variações dos gastos turísticos”.
Para melhor compreensão sobre os efeitos econômicos diretos e indiretos na economia de
uma localidade, tem-se que os efeitos diretos são os resultantes da despesa realizada pelos turistas
dentro dos próprios equipamentos turísticos e de apoio, pelos quais o turista pagou diretamente
alguma coisa. Já os efeitos indiretos são resultantes da despesa efetuada pelos equipamentos e
prestadores de serviços turísticos na compra de bens e serviços de outro tipo (BARRETTO, 1995, p.
72).
Em meio aos impactos positivos que a atividade turística oportuniza na localidade
desenvolvida se enfatiza o aumento de renda do lugar visitado e o estímulo de investimentos e novos
empregos. Lage e Milone (2001, p. 130) nos lembram que existem, ainda, inúmeras pequenas
unidades comerciais que prestam uma variedade de diferentes serviços que podem ser utilizados
pelos turistas como: bares, restaurantes, lavanderias, farmácias, fotógrafos, lojas de artesanato,
dentre outros.
Se for cuidadosamente planejado, ordenado e gerenciado, o Turismo pode levar benefícios
substanciais as comunidade receptoras. Castrogiovanni (2003, p. 30), ao analisar alguns dos
benefícios do Turismo ressalta “o desenvolvimento dos empreendimentos turísticos locais, estes que
oferecem oportunidades de investimento do capital local, desenvolvendo de forma geral, um senso
empresariado que talvez ainda não existisse na área”.
Vale destacar ainda, que este setor vem ganhando um grande destaque tanto no âmbito
econômico como no social, encorajando nos residentes a formação de consciência ambiental e do
senso de identidade cultural, ao verem que os turistas desfrutam do patrimônio natural, histórico e
cultural do local. Logo, os rendimentos obtidos com os visitantes podem ser revertidos em melhoria da
infra-estrutura e serviços da comunidade, o que ocasionaria um bem estar para a população
residente.
Desenvolvimento Sustentável incluindo a prática do Turismo
O conceito de desenvolvimento sustentável, que inclui a prática do Turismo Sustentável, foi
adotado pelas Nações Unidas, pela OMT e por muitos governos nacionais, regionais e locais.
Castrogiovanni (2003, p. 01) esclarece que o “Turismo Sustentável significa que os recursos naturais,
históricos e culturais para o Turismo sejam preservados para o uso contínuo no futuro, bem como no
presente”.
Para Ruschmann (2001, p. 25) o conceito de turismo ligado à sustentabilidade foi
desenvolvido para evitar os riscos que a condução inadequada da atividade pode provocar no meio
ambiente. O turismo sustentável, segundo especialistas como Krippendorf (apud RUCHMANN, 2001,
p. 36), é visto como a perfeita triangulação entre as destinações (seus habitat e habitantes), os
turistas e os prestadores de facilidades para os visitantes.
Segundo Boiteux (2003, p. 64), “é dever de todos os agentes envolvidos no
desenvolvimento turístico salvaguardar o ambiente e os recursos naturais, na perspectiva de um
crescimento econômico sadio, contínuo e sustentável, capaz de satisfazer equitativamente as
necessidades e as expirações das gerações presentes e futuras”.
Ruschmann (2000, p. 72) considera que o conceito de desenvolvimento sustentável e de
turismo sustentável está intimamente ligado à sustentabilidade do meio ambiente, haja vista que o
turismo sustentável deve considerar a gestão de todos os ambientes, recursos e comunidades
receptoras, enquanto que os processos psicológicos essenciais e a diversão são mantidos através do
tempo.
Neste mesmo contexto, Swarbrooke (2000, p. 19) assegura que a definição de Turismo
sustentável “significa turismo que é economicamente viável, mas não destrói os recursos dos quais o
turismo no futuro dependerá, principalmente o meio ambiente físico e o tecido social da comunidade
local”.
De acordo com a OMT (apud CASTROGIOVANNI, 2003, p. 24), o turismo sustentável deve,
“atender as necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que
protege e amplia as oportunidades para o futuro. É visto como um condutor ao gerenciamento de
todos os recursos, de tal forma que as necessidades econômicas, sociais e estéticas possam ser
satisfeitas sem desprezar a manutenção da integridade cultural, dos processos ecológicos essenciais,
da diversidade biológica e dos sistemas que garantem a vida”.
Sendo que a melhor maneira de alcançar o Turismo Sustentável é através de um
planejamento, desenvolvimento e gerenciamento cautelosos do setor turístico.
Entretanto, Dias (2005, p. 108 e 109) considera que o turismo sustentável está
harmonicamente equilibrado entre três dimensões, onde se destaca: a sustentabilidade econômica,
que deve garantir o desenvolvimento economicamente eficiente, beneficiando a todos os agentes
envolvidos e a comunidade receptora, para que os recursos sejam geridos de modo que beneficiem
também as futuras gerações; a sustentabilidade social e cultural que garantem a diminuição das
desigualdades sociais e a manutenção dos processos ecológicos essenciais, da diversidade biológica
e dos recursos naturais, e por fim, a sustentabilidade ambiental que deve assegurar que o
desenvolvimento seja compatível com a manutenção dos processos ecológico essenciais, da
diversidade biológica e dos recursos naturais.
De acordo com Ruschmann (1997, p. 108), “para prevenir os impactos ambientais do
Turismo, a degradação dos recursos e a restrição do seu ciclo de vida, é preciso concentrar os
esforços em um desenvolvimento sustentável não apenas do patrimônio natural, mas também dos
produtos que se estruturam sobre todos os atrativos e equipamentos turísticos”. Portanto, há uma
necessidade de incentivar um novo relacionamento entre o Turismo e o meio ambiente,
proporcionando a oportunidade de reconciliar o homem com o seu meio, e de contestar os círculos
viciosos e os efeitos perversos dos movimentos turísticos.
Neste mesmo contexto, Bissoli (1999, p. 33) acredita que a sustentabilidade no Turismo,
tem como objetivo assegurar que o desenvolvimento desta atividade não prejudique a manutenção do
processo ecológico [...] e o desenvolvimento econômico. Desenvolver hoje sem comprometer as
gerações futuras.
O desenvolvimento sustentável do Turismo, de acordo com Ruschmann (1997, p. 110),
deve considerar a, “[...] gestão de todos os ambientes, os recursos e as comunidades receptoras, de
modo a atender às necessidades econômicas, sociais, vivenciais e estéticas, enquanto a integridade
cultural, os processos ecológicos essenciais e a diversidade biológica dos meios humanos e
ambiental são mantidos através do tempo”.
De acordo com Sancho (2001, p. 45), a OMT define o turismo sustentável como “aquele
ecologicamente suportável em longo prazo, economicamente viável, assim como ética e socialmente
eqüitativo para as comunidades locais, exigindo integração ao meio ambiente natural, cultural e
humano, respeitando a frágil balança que caracteriza muitas destinações turísticas, em particular
pequenas ilhas e áreas ambientalmente sensíveis”.
Vale ressaltar que esse desenvolvimento representa um novo direcionamento da atividade
e, consequentemente, um grande desafio para os órgãos responsáveis pela preservação ambiental e
pelo Turismo nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
O Planejamento como fator relevante para o desenvolvimento do Turismo
Percebe-se que o turismo é uma atividade que tem grande importância no desenvolvimento
socio-econômico, possuindo grande poder de redistribuição de renda e um importante papel na
conservação do meio natural, pois em algumas regiões é a única atividade econômica que pode aliar
geração de renda e emprego e conservação do meio natural. Entretanto, apesar dos benefícios que o
Turismo pode promover em uma comunidade, o seu crescimento de forma desordenada pode
provocar efeitos mais nocivos do que benéficos (IGNARRA, 2002, p. 61).
De acordo com Petrocchi (1998, p. 18), “planejamento é a definição de um futuro desejado e
de todas as providências necessárias à sua materialização”. Neste contexto, Dias (2003 a, p. 01)
afirma que o “planejamento é um importante instrumento de ação dos governos em todos os níveis,
para promover o desenvolvimento econômico, em bases sustentáveis”.
Bissoli (1999, p. 42) assegura que “planejamento é um processo que analisa a atividade de
um determinado espaço geográfico, diagnosticando seu desenvolvimento e fixando um modelo de
atuação mediante o estabelecimento de metas, objetivos, estratégias e diretrizes”.
O planejamento, portanto, é uma ferramenta de trabalho utilizada para orientar as tomadas
de decisões e organizar ações de forma lógica e racional, de modo que garanta os melhores
resultados, com os menores custos e no menor prazo possível. Como melhor define Matus (1989, p.
74), planejamento é “o cálculo que precede e preside a ação”, ou seja, é um processo permanente de
reflexão e análise para escolha das alternativas que permitam alcançar determinados resultados
futuros desejados.
Molina (2005, p. 45) acredita que planejar em seu significado mais amplo, “implica a
identificação de um conjunto de variáveis, com o objetivo de adotar um curso de ação que, baseado
em análises científicas, permita alcançar um estado ou situação predeterminada”. Assim, ao
planejamento consiste o estabelecimento de um plano de ações para que se possam alcançar
objetivos pré-determinados. O que confirma Ruschmann (apud OLIVEIRA, 2001, p. 191) ao certificar
que, “no Turismo cabe ao Estado zelar pelo planejamento e pela legislação necessários ao
desenvolvimento da infra-estrutura básica que proporcionará o bem estar da população residente e
dos turistas. Além disso, deve zelar pela proteção e conservação e patrimônio ambiental (natural,
psico-social e cultural) e criar condições que facilitem e regulamente o funcionamento dos serviços e
equipamentos nas destinações, necessários ao atendimento dos desejos dos turistas, geralmente, a
cargo de empresas privadas”.
A finalidade do planejamento turístico consiste em ordenar as ações do homem sobre o
território e ocupa-se em direcionar a construção de equipamentos e facilidades de forma adequada
evitando, dessa forma, os efeitos negativos nos recursos, que os destroem ou reduzem sua
atratividade (RUSCHMANN, 1997, p. 09).
Vale lembrar que é imprescindível a participação ativa de amplo leque de atores, merecendo
destaque a comunidade receptora, os órgãos da administração pública, empresários do ramo,
visitantes e organizações do terceiro setor. Assim, o planejamento do Turismo deve passar por um
programa de conscientização da população para a importância dessa atividade (PETROCCHI, 1998,
p. 61).
O planejamento deve envolver ao mesmo tempo toda a comunidade do núcleo turístico. A
participação das pessoas do local é imprescindível para o desenvolvimento do Turismo, pois significa
a conscientização da população para a importância dessa atividade. Sem a participação e o firme
engajamento da comunidade, não há como pensar em crescimento do setor (idem, p. 69).
A comunidade atuante tem que opinar de forma direta nas tomadas de decisões, porque os
resultados sejam eles positivos ou negativos vão refletir diretamente em seus modos de vida, mas na
prática este quesito deixa muito a desejar. Fica evidente que a atividade turística ocasiona
crescimento e desenvolvimento para os municípios, como geração de renda, empregos e divisas, mas
antes de sua implantação deve-se fazer um planejamento cuidadoso analisando de maneira criteriosa
os prós e os contras, que o desenvolver desta atividade acarreta (BISSOLI, 1999, p. 36).
Ao elaborar o planejamento turístico, as autoridades locais devem estar cientes da
existência de uma série de tendências a exercerem influência sobre esse setor, pois é grande o
número de visitantes sensíveis às questões do meio ambiente que procuram visitar lugares bem-
planejados, que não criem problemas ambientais e sociais (CASTROGIOVANNI, 2003, p. 01).
No entanto, não se deve aceitar o Turismo como uma atividade eminentemente positiva. Na
realidade, este segmento não planejado, pode a médio e longo prazo, gerar mais conseqüências
negativas do que positivas sobre a sociedade local (DIAS, 2003 a, p. 28). Ou seja, a atividade,
quando não planejada pode gerar muitos efeitos negativos na comunidade receptora, nos campos
econômico, social, cultural e ambiental.
Área de estudo: Município de Piranhas-GO.
A área de estudo escolhida para o desenvolvimento deste trabalho foi o município de
Piranhas-GO, que de acordo com Martins (1989, p. 28), foi fundada por volta do ano de 1945, e teve
um crescimento vertiginoso, tendo como fator primordial o incremento da lavoura, visto que se trata de
rica zona de boas terras de cultura.
O município de Piranhas conta atualmente, segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (2007), com uma população de 12. 309 habitantes, se dividindo em área
urbana com 10.107 habitantes, e rural com 2.202 moradores. Possui uma localização geográfica
privilegiada pela confluência da BR-158 com a GO-060, que parte de Goiânia-GO rumo ao Sudoeste
de Goiás.
O relevo e a hidrografia do município proporcionam belas paisagens. Como a maioria dos
rios e córregos nasce nas regiões serranas, descem formando inúmeras quedas d’água, em formas
de saltos, cachoeiras, cascatas e corredeiras. No córrego São Domingos, está localizado o Salto do
São Domingos, uma cachoeira de 96 metros de queda livre, a segunda maior de estado de Goiás, de
grande beleza cênica e excelente para a prática de atividades turísticas (SANTOS, 2001, p. 45).
A principal atividade econômica do município é a pecuária. Mas, o município também tem
importante reserva de granito, atualmente com lavra ativa às pedras: Verde Piranhas, Vermelho
Ravena e Verde Álacre. Piranhas é rica em rochas calcarias descobertas e exploradas desde a
Fundação Brasil Central (SANTOS, 2001, p. 64).
O Turismo se apresenta como uma boa alternativa, já que o município é rico em atrativos
naturais. Em 1999, foi criado o Conselho Municipal de Turismo. No mesmo ano, a Empresa Brasileira
de Turismo (EMBRATUR) outorgou o selo de município prioritário para o Desenvolvimento do
Turismo, e a cidade foi sede do II Encontro de Ecoturismo do Sudoeste Goiano (Idem).
Em 2001, foi criada a Secretaria do Meio Ambiente, Turismo, Comércio e Indústria
(SEMATUCI), objetivando minimizar os aspectos negativos e maximizar os positivos, apontados no
Inventário e Diagnóstico Turístico da cidade de Piranhas (SANTOS, 2001, p. 65).
Considerações Finais
A população Piranhense reconhece a importância de estudos que visem um planejamento
adequado para o desenvolvimento do Turismo na região, como uma nova alternativa de renda local.
Mostraram-se cientes do potencial turístico natural existente, apontando os elementos mais
expressivos a serem explorados pela atividade: o Salto do São Domingos, as Cachoeiras Três
Tombos e Santa Márcia, o Rio Piranhas, as Cachoeiras da Fumaça e Três Barras, o Córrego da
Arnica, o Poço da Sucuri, as Piscinas Naturais, a Pedreira e a Mina de Granito.
Entretanto, na percepção de grande parte dos pesquisados deve atribuir-se somente ao
executivo municipal a responsabilidade pelo sucesso da atividade turística, sendo que, na verdade,
para o sucesso deste segmento é necessário o engajamento do Poder Público, da comunidade local e
da iniciativa privada, num empreendimento conjunto. Por isso é necessário que se dê continuidade a
este trabalho com um projeto de sensibilização junto à comunidade em geral, sobre a “importância de
desenvolver o turismo na comunidade”, para que haja um envolvimento efetivo de todos os atores
para o sucesso do turismo local.
Pode ser percebido no decorrer deste estudo que Piranhas, apesar de ser uma localidade
privilegiada por possuir inúmeros atrativos e pela sua proximidade da capital Goiânia, fato primordial
para o Turismo, pois facilita o acesso à região, é uma localidade que sofre com a falta de
investimentos financeiros para este segmento, para assim criar uma infra-estrutura para receber o
visitante. Logo, torna-se fundamental que se busquem recursos financeiros para os investimentos
junto aos órgãos federais e estaduais, para fomentar o Turismo no município.
Outro fator a ser ressaltado é que a inércia dos responsáveis pelo desenvolvimento do
turismo no município de Piranhas vem beneficiando o município de Caiapônia-GO, uma cidade
próxima que usufrui dos atrativos naturais de Piranhas, fazendo contratos com agências de viagens
em Goiânia, para que divulguem os atrativos naturais da região como pertencentes ao município
vizinho. Apesar de ser algo incorreto, está trazendo benefícios para Caiapônia, que recebe um
significativo número de visitantes e conseqüentes retornos financeiros para o município.
É necessário que a população de Piranhas se sensibilize para o Turismo, não deixando que
as localidades vizinhas usufruam dos atrativos, sem deixar nenhum retorno financeiro para a
localidade. Tais considerações foram feitas inclusive no decorrer da palestra e na discussão posterior.
Finalmente, espera-se que este trabalho tenha contribuído para despertar a população
piranhense para a importância do turismo como alternativa de emprego, renda e qualidade de vida,
bem como gere ações que possam efetivamente promover a implementação da atividade turística no
município.
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SWARBROOKE, J. Turismo sustentável: Conceitos e impactos ambientais. Trad. Margarete Dias
Pulido. São Paulo. Aleph, 2000. Vol. 1.
PROPOSTA DE CARTOGRAFIA PARA O MERCADO TURISTICO: UM EXEMPLO APLICADO À
ROTA PANTANAL PACÍFICO – CAMPO – GRANDE/ CORUMBÁ E FRONTEIRA DA BOLÍVIA
(PUERTO QUIJARRO, PUERTO SUAREZ, PUERTO AGUIRRE)
VIEIRA, Paulo Henrique Vieira
Acadêmico e Bolsista Iniciação Científica CNPq – do Curso de Geografia Bacharelado CPTL/UFMS
Membro Pesquisador do grupo DIGEAGEO – Diretrizes de Gestão Ambiental com uso de
Geotecnologias UFMS & CNPq
SILVA, Aline Cristina Alves da
Acadêmico e Bolsista – do Curso de Geografia Bacharelado CPTL/UFMS
Membro Pesquisador do grupo DIGEAGEO – Diretrizes de Gestão Ambiental com uso de
Geotecnologias UFMS & CNPq
FERREIRA, Gisele de Oliveira
Acadêmico e Estagiária – do Curso de Geografia Bacharelado CPTL/UFMS
Membro Pesquisador do grupo DIGEAGEO – Diretrizes de Gestão Ambiental com uso de
Geotecnologias UFMS & CNPq
AVELINO, Patrícia Helena Mirandola
Professora Doutora Adjunto do DCH/CPTL/UFMS – Líder do grupo DIGEAGEO – Diretrizes de Gestão
Ambiental com uso de Geotecnologias UFMS & CNPq e membro do GEEPI – Grupo de Estudos Estratégicos e
Integrado UFMT& CNPq
RESUMO
Esta pesquisa aborda as geotecnologias e suas aplicações para o mapeamento de Rotas Turísticas
(nacionais e internacionais), no caso específico da Rota Pantanal Pacifico. As geotecnologias são
instrumentos de análise do espaço, que possibilitam e melhoram e entendimento do meio ambiente
(seja urbano ou rural) e, o que nele ocorre, permitindo a elaboração de mapas, rotas e trajetos com
potencial turístico a ser explorado. Com a crescente necessidade da Ciência Geográfica, utilizar
ferramentas, que permitam um melhor conhecimento das dinâmicas espaciais, aliadas à possibilidade
de cartografar, monitorizar e interpretar o espaço, temos os SIGs que se constituem num dos mais
modernos pilares para a operacionalização e interpretação da Geografia. O setor turístico utiliza-se
de um número imensurável dessas informações englobando dados geográficos e sócio-econômicos,
que precisam estar atualizados e disponíveis à população, para viabilizar a gestão do negócio, seja
público ou privado. Para o presente trabalho utilizamos o SPRING® (Sistema de Processamento de
Informações Georeferenciadas) que possui funções de processamento de imagens, análise espacial,
modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais, permitindo eu se faça uma
rota das potencialidades existentes no trajeto Brasil, Bolívia, Peru e Chile com dados
georreferenciados.
A quantidade e o tipo de dados do setor turístico demandam dessa ferramenta de gerenciamento.
Para o setor, um aspecto de grande importância é a necessidade de interligar um banco de dados
com a localização espacial dos pontos turísticos ou de interesse turístico. Assim, a utilização do SIG,
subsidia o gerenciamento e a disponibilização de informações rápidas e precisas para comunidade e
órgãos afins, em região de potencial turístico. A carência de meios de informações sobre o potencial
turístico de rotas já existentes ou em fase de implantação tem sido empecilho ao desenvolvimento
econômico das regiões que nela se inserem. Para o mapeamento de uma rota turística tem-se de
conhecer a distribuição geográfica de recursos naturais, de ocupação e uso do solo e de intervenções
humanas. Informações que irão sustentarão as tomadas de decisões dos administradores públicos e
aos investidores privados. Tradicionalmente, essas informações eram registradas em documentos e
mapas em papel, de fácil acesso e manipulação, mas que ofereciam alto grau de dificuldade para
manutenção, atualização e tratamento, para análises integradas, o que é fundamental para dar
suporte à decisão e implantação de planos estratégicos de desenvolvimento.
Palavras-chave: Potencialidades Turísticas; Banco de Dados; Geotecnologias.
INTRODUÇÃO
O fato do Brasil, por décadas, ter adotado a política de priorizar acordos comerciais com os
países europeus, asiáticos e norte-americanos, impôs à nação certo isolamento frente aos nossos
vizinhos Sul-Americanos. Segundo IPEA (199I), isso sempre dificultou na prática a consolidação dos
acordos regionais como: o Tratado de Amizade, Limites, Navegação, Comércio e Extradição (1867), o
Tratado de Petrópolis (1903), o Tratado de Natal (1928), o Acordo de Roboré (1958), o Convênio de
Transito Livre (1970). Mais recentemente novos Acordos continuam buscando atender ao anseio de
integrar os paises fronteiriços do Centro Sul Americano. É o caso do Acordo Sobre Transporte
Internacional Terrestre - ATITI (de 1990-1995), do Comitê de Fronteiras Cáceres - San Matias (2000),
da Reunião Bilateral de Autoridades Aduaneiras Brasil Bolívia - MRE (2006), e da Coleção de Atos
Internacionais DAI nº. 757.
Considerando que o crescimento das economias tem se configurado pela dependência do
aproveitamento racional do ambiente natural, tem levado os acordos no âmbito da América do Sul, e
por que não dizer de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, com a Bolívia, tem de levar em conta a
sustentabilidade, a longo-prazo. E, a distribuição das suas benesses aos povos que habitam a região.
Essa questão é essencial no âmbito dos acordos regionais porque representa a superação de
conflitos e evita a perda da qualidade ambiental e de vida. Então as políticas regionais mais do que
coordenadas devem ser planejadas, gerando uma distribuição justa dos investimentos e fomentando
a transmissão inter-regional do progresso entre as nações que compõem o Centro-Oeste Sul
Americano. Assim, um planejamento de integração deve gerar condições de inserção – a partir das
especificidades e heterogeneidades regionais – produtiva e social, já que esta última é essencial para
minorar as desigualdades sociais e se possa alcançar, assim, o objetivo da equidade. Para tanto, o
Estado tem um papel importante neste processo, no sentido de tentar manter a identidade nacional.
Que empeça que ocorra uma fragmentação do território, de grandes dimensões, como o Brasil.
“Interessante seria se ocorresse a tão aspirada integração regional e o incentivo aos mercados interno
e externo fosse considerado, de fato, algo fundamental para o desenvolvimento do país” (PINTO,
2006),
Este projeto trás à luz uma questão maior, dá ao Brasil, e nesse contexto ao Mato Grosso do Sul e
Mato Grosso, a chance de promoverem, viabilizar e liderar, a integração Centro-Sul Americana,
através do Turismo, do Comércio e da Cultura.
Neste sentido, a proposta deste plano, busca produzir elementos para a Cartografia do
Mercado Turistico da Rota Pantanal Pacífico – Campo – Grande/ Corumbá e Fronteira da Bolívia
(Puerto Quijarro, Puerto Suarez, Puerto Aguirre).
Portanto, este eixo entre Campo Grande - Corumbá e fronteira da Bolívia (Puerto Quijarro,
Puerto Suarez, Puerto Aguirre, complementa o acesso a diversas potencialidades e produtos
turísticos da Rota Pantanal-Pacífico). Este não deixa de apresentar condições similares à Rota Base,
estudada na I Expedição, mas tem a condição de fortalecer ainda mais a proposta de integração
Brasil e Bolívia. A realidade dessas regiões é similar, guardada as devidas escalas e diferenças
regionais, as que embasaram o sucesso das Rotas Turísticas de Santiago de Compostela, que
envolve dois países europeus - Espanha e França e, do Roteiro Estrada Real entre os estados de
Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, e pode ser um excelente vetor de melhoria das relações
existentes entre os países que cruza.
OBJETIVOS
Objetivo Geral: Gerar um banco de dados sistematizado em Sistemas de Informação Geográficas
(SIG) da Cartografia do Mercado Turístico para divulgação, análise e disponibilização das
informações;
Figura 01 – Localização dos países da Rota Pantanal PacíficoFonte: MIRANDOLA – AVELINO, 2008.
Objetivos específicos:
Promover um inventário turístico dos Municípios (Brasil-Bolívia) do eixo em estudo, a partir do
banco de dados;
Elaborar mapas temáticos de regiões e localidades turísticas naturais e/ou culturais.
Elaborar produtos cartográficos que reproduzam atrativos turísticos: internacionais, nacionais,
regionais e municipais. Tomando por base mapas topográficos, imagens de sensoriamento
remoto, fotografias aéreas e terrestres;
Elaborar um banco de imagens dos atrativos selecionados a partir do inventário;.
Elaborar mapas temáticos, planos cartográficos como plantas, mapas e folders turísticos.
Tornar o aluno capaz de traçar roteiros turísticos locais, regionais e estaduais enfatizando os
aspectos do turismo ecológico e ambiental.
Socializar os dados e informações levantados com as Prefeituras envolvidas e o Governo do
Estado, através de workshop, após o relatório final;
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A indústria do turismo apresenta-se hoje como uma das áreas econômicas de maior sucesso
e rentabilidade, bem como uma das que pode gerar um grande número de empregos, daí a sua
grande importância para um país, como o Brasil, que possui um dos maiores potenciais turísticos do
mundo, tanto em nível de atrativos naturais quanto culturais, espalhados em ambientes bastantes
diferenciados e capazes de atrair grupos diferentes de turistas. Por outro lado à informação turística é
essencialmente geográfica, e pode ser trabalhada em duas vertentes distintas: uma para o
planejamento turístico, visando fornecer subsídios para o desenvolvimento turístico de uma localidade
e outra para a orientação de turistas em visita a um sítio turístico. Nesta última em específico a
informação deve ser transmitida ao turista de forma clara e precisa, visando informá-lo, sobre as
principais características da área que abrange. Desta forma o espaço geográfico, suas características
e a receptividade da informação por parte do turista serão elementos de consideração essencial aos
documentos que serão elaborados e submetidos ao turista.
A Cartografia Turística, no que tange a apresentação da informação turística sob a forma
gráfica torna-se um documento essencial para qualquer área, uma vez que possibilitará ao turista uma
visão geral do espaço geográfico, com as informações que serão importantes para o planejamento
das suas atividades de visitas e coordenação do seu tempo disponível. Para que essas ações sejam
exercidas, a ordenação das informações, em diferentes hierarquias, conjugadas com uma visão global
da área, fornecendo informações adicionais como, por exemplo, o tempo de permanência, tempo de
deslocamento e outras, que permitam ao usuário se posicionar no espaço e no tempo, de forma
simples e direta, sem deixar margem a dúvidas, é uma característica que deve acompanhar toda
informação cartográfica turística.
Por outro lado, os conceitos de transformações cartográficas, geométricas, projetivas e
cognitivas (escala, projeções, generalização e simbolização), devem ser adaptados para uso em
diferentes formas, tais como, mapas em papel, mapas digitais, publicação na internet. A noção de
escala, por exemplo, é essencial para que o turista possa ter uma idéia de seus deslocamentos entre
diferentes sítios.
Por outro lado, a generalização, muitas vezes violenta em mapeamentos turísticos, não pode
mascarar informações que seriam vitais para que o turista possa se localizar, em uma consulta ao
mapa. Neste trabalho são conjugadas as necessidades dos turistas, segundo a capacidade de
transformação das informações turísticas em cartográficas, através da análise de diversos tipos de
mapas, procurando-se ao seu final estabelecer algumas especificações e parâmetros, que permitam a
elaboração de um projeto cartográfico turístico apropriado para diferentes tipos de informações e
usuários.
Conceitua-se a transformação cartográfica como o conjunto de processos que transforma a
informação geográfica em uma informação cartográfica. Assim uma informação cartográfica é uma
informação geográfica capaz de ser representada em um mapa, após ter sido submetida ao processo
de transformação cartográfica.
Envolve basicamente três transformações: transformações geométricas; transformações
projetivas e transformações cognitivas: generalização e simbolização.
As transformações geométricas correspondem àquelas posicionarão os sistemas de
coordenadas terrestres e do mapa, bem como relacionará o tamanho do mapa com a superfície
terrestre. Assim podem ser caracterizadas as transformações de rotação, translação e escala.
A informação turística geográfica pode ser definida por qualquer informação física, social,
biológica, econômica, ecológica, ambiental etc, que possua a possibilidade de ser associada ou
relacionada à um posicionamento sobre a superfície terrestre. Se uma determinada informação
possuir uma localização espacial, sobre a superfície terrestre, vinculada a algum sistema de
posicionamento, caracteriza uma informação turística geográfica. Por exemplo, a tabela de preços da
rede hoteleira de uma cidade, é uma informação turística, porém não geográfica. Porém a localização
de cada um dos hotéis, já é uma informação geográfica. Na grande maioria dos casos da informação
turística, poderá haver uma associação entre dados e informações não geográficas com as
geográficas.
A garantia de um documento cartográfico turístico de qualidade é diretamente relacionado a
transformação dos dados em informações turísticas. Vale ressaltar, inicialmente a diferença entre
dado e informação, onde dado deve ser entendido, segundo MENEZES (2000), como uma
observação ou obtenção de uma medida, sem nenhum propósito pré-definido (ex.: números de
turistas, número de UH’s de um hotel, número de hotéis, dados pluviométricos, de temperatura e
outros).
A informação é o resultado de um processo de transformação (organização, estruturação,
classificação, etc.) de um conjunto de dados. Face ao exposto, a medida que, os dados sofrem
alguma transformação, adquirindo um significado para um determinado estudo, eles originam uma
informação.
Uma informação geográfica possui três atributos básicos: - espacial: que se refere ao
posicionamento, forma e relações geométricas entre as entidades espaciais; - descritivo:
características definidoras da entidade geográfica ou os atributos que a qualificam; - temporal: que se
refere à época de ocorrência do fenômeno geográfico. MENEZES (2000)
As suas características são em linhas gerais as seguintes: - localização; - dimensionalidade; -
continuidade. A localização é o atributo de posicionamento na superfície terrestre. A descrição em
relação à algum sistema de coordenadas, estabelecendo o posicionamento da informação sobre a
superfície terrestre. É o georreferenciamento da informação.
Para a informação cartográfica turística, a percepção posicionamento e de escala é essencial
ao usuário. A qualquer momento ele deve ser capaz de se localizar na representação, como ter uma
noção da distância que deverá percorrer para atingir outros locais. Mesmo em cartogramas cujas
distorções sejam grandes, esta noção deve ser preservada. Na grande maioria da utilização de
mapas turísticos, a localização é estabelecida, pela comparação entre a representação e o mundo
real. A inexistência de elementos, que permitam estabelecer esta comparação, fará com que o
usuário não confie no mapa. A perda desta confiança fará com que automaticamente o usuário
também tenha a mesma impressão em relação à outros serviços que esteja procurando no local. Um
turista, na maior parte dos casos, desconhece completamente o local em que está, necessitando de
documentos que permitam a sua fácil identificação com o mesmo, permitindo deslocamentos e
reconhecimento dos sítios de interesse sem problemas.
Para dar esse suporte iremos nos apoiar também no Geoprocessamento que compreende as
atividades de aquisição, tratamento, análise e representação de dados espacializados, ou seja:
georreferenciados por um sistema de representação da Terra. Isto envolve desde as tecnologias de
Sensoriamento Remoto e Fotogrametria, as técnicas de mensuração por sistemas de posicionamento
GPS o processamento e análise desses dados, em forma de mapas digitais, através dos Sistemas de
Informações Geográficos.
O conjunto de geotecnologias que dão suporte ao geoprocessamento inclui a cartografia de
precisão. Ela é construída com o uso de fontes de dados obtidos por tecnologia de mapeamento
(Sensoriamento Remoto, GPS, entre outras) e produzem dados para serem empregados em análises
espaciais de complexa gama de variáveis (SIGs, Modelos de Rede e GEDs – Gerenciamento
Eletrônico de Documentação).
É recurso fundamental na tomada de decisões o conhecimento do território de intervenção em
sua complexidade, possibilitando diferentes interpretações e de modo ágil. Para alcançar estes
objetivos, o Geoprocessamento é importante ferramenta de gestão, pois é um conjunto de tecnologias
para processamento da informação cuja localização geográfica é uma característica inerente,
indispensável para análise.
O termo Geoprocessamento, surgido do sentido de processamento de dados
georreferenciados, significa implantar um processo que traga um progresso, um andar avante, na
grafia ou representação da Terra. Não é somente representar, mas é montar um sistema e associar a
esse ato um novo olhar sobre o espaço, um ganho
Assim este plano de trabalho irá reunir as informações mais importantes para o Mercado Turístico da
Rota Pantanal Pacifico com o uso de geotecnologias.
METODOLOGIA
A organização de dados para gerar a Cartografia do Mercado Turístico pra implantação da Rota
Pantanal Pacífico, seguirá basicamente as seguintes etapas de trabalho:
ETAPA 1 - Trabalhos de Gabinete
Trabalhos de gabinete as primeiras etapas de atividades de gabinetes constaram de revisão
bibliográfica, levantamento de dados referentes à espacialização das potencialidades do mercado
turístico da Rota Pantanal Pacifico, cuja finalidade foi obter informações referentes ao meio turístico e
econômico de cada município que subsidiaram os mapeamentos. Com o intuito de sistematizar as
informações e criar condições de interpretação da realidade da Rota, num primeiro momento será
necessário realizar alguns trabalhos de gabinete para ter noção dos dados turísticos, ambientais e
socioeconômicos da área.
ETAPA 2 - Levantamento de Campo e Inventário turístico
Os levantamentos de campo consistem em visitas as secretarias de Turismo dos municípios
envolvidos para checar as informações pertinentes as potencialidades de cada município,
concomitantemente a fase do inventário comportará todo o levantamento da realidade turística de
todos os municípios entre Campo Grande - Corumbá e fronteira da Bolívia (Puerto Quijarro, Puerto
Suarez, Puerto Aguirre). O inventário turístico da região será também a base do banco de dados do
turismo sul-matogrossense e poderá ficar disponível na Internet para pesquisa e planejamento.
A análise da oferta será feita com base nos dados obtidos no inventário turístico através de
uma série de cruzamentos que produzem as mais diferentes informações. Os resultados se
concentrarão em torno de dois pontos principais: aspectos quantitativos de recursos e infra-estrutura
turística e qualitativa, identificação, dos níveis em que se encontram (potencial deficiente ou
adequado).
Etapa 3 - Seleção de dados (ortofotocartas, mapas, imagens de satélite);
A montagem da coleção de dados é um trabalho longo e de grande complexidade, que não se
encerrará no período destinado ao projeto, mas estará em constante atualização. Serão trabalhados
os dados relativos ao ambiente, tais como hidrografia, rodovias, localidades, topografia, toponímia e
georreferenciamento de conjunto de ortofotocartas.
A etapa posterior será incorporada as camadas contendo localizações de atividades de apoio
ao turismo e os pontos de visitação.
Etapa 4 - Levantamentos de campo utilizando GPS (Global Position System) e Fotografia Digital
Incorporação de dados relativos à toponímia, hidrografia, limites municipais, localidades, modelo
digital de elevação e rede de estradas associadas a banco de dados alfanumérico sobre rodovias.
Incorporação de banco de dados sobre atividades de apoio ao turismo (locais de visitação,
pousadas, restaurantes, postos de saúdes, postos de gasolina, entre outros) e de localização dos
marcos de demarcação da estrada.
Os dados obtidos no inventário turístico serão localizados a partir do georreferenciamento das
potencialidades do local e fotografados, para comparem os mapeamentos temáticos que farão parte
da Cartografia do Mercado Turístico da Rota Pantanal Pacífico
Etapa 5 - Tratamento das informações coletadas, através da organização dos dados, definição
dos aplicativos a serem utilizados e georreferenciamento das informações;
Tratamento e edição dos dados levantados no campo; separação das fotografias, criação de
tabelas dos dados georreferenciados; organização do material coletado;
Etapa 6 - Utilização do Sistema de Informações Geográfico SPRING 5.0.
Nesta etapa constam métodos e técnicas voltados para o uso da tecnologia do
geoprocessamento. Sua principal finalidade é de garantir uma base de dados compatível à
estruturação de um Banco de Dados Turístico (BDT) associado à Rota pantanal Pacífico ( Brasil –
Bolívia)
A partir deste Banco de Dados, serão elaborados produtos obtidos pelo processamento digital
das imagens LANDSAT - 7 considerando as passagens das imagens 2007-08.
O Processamento digital será associado ao Sistema SPRING® na sua versão 5.0, permitindo
a geração de mapeamentos temáticos.
Estes resultados serviram de subsídios para viabilizar a compreensão da dinâmica espacial
das potencialidades da RPP.
Etapa 7 - Divulgação dos Resultados
Com esse plano de trabalho executado pretende-se a aprovação de recursos para sua
viabilização nos próximos editais disponíveis.
Os dados e materiais levantados serão organizados em banco de dados digitais e analógicos
e tão logo possa ser disponibilizado, servirá para outros pesquisadores que tenham os estudos da
Rota como foco de trabalho, pretende-se ainda futuramente organizar um Atlas multimídia da Rota
Pantanal Pacífico pela UFMS.
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ANÁLISE DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL PERSONALIZADOS PARA CENTROS
DE INFORMAÇÕES TURÍSTICAS
FERREIRA, Herisnaldo Rodrigues
SANTOS, Lívia Feitosa
BARBOSA, Rafaella Duarte
UNEMAT - Turismo
RESUMO
No contexto do atual mundo globalizado propiciado pela constante evolução da tecnologia, sobretudo
da informática, a informação tornou mais do que nunca uma necessidade indispensável em qualquer
âmbito organizacional. A era da informação trouxe grandes mudanças na execução de tarefas dentro
das organizações. Se tornou uma importante ferramenta na vida do usuário, quer seja uma pessoa,
uma empresa ou um país. Essas mudanças oriundas pelos avanços tecnológicos infiltram em todas
as áreas da economia, principalmente na prestação de serviços, onde se insere a atividade turística.
O turismo mais do que nunca é dependente de informações, uma vez que se beneficia com a
praticidade e eficiência dos serviços prestados, contribui para a redução de custos e melhora no
atendimento, em virtude de seu principal produto de consumo se basear na abstração, algo que não
existe a priori. A implantação de um sistema gerencial de informações turísticas é mais do que nunca
uma necessidade para um eficiente, preciso e rápido atendimento de qualidade ao turista, no que
concerne informações sobre o trade turístico de determinada localidade entre outras informações.
Assim sendo, o objetivo do presente trabalho é analisar o sistema gerencial de informações
personalizado de diferentes Centros de Informações Turísticas (CIT), bem como diagnosticar a sua
funcionalidade, e a sua importância para a prestação da qualidade de serviços ao turista. Para servir
como referencial para futura implantação de um sistema gerencial de informações semelhante no CIT
de Nova Xavantina. Para tanto fora aplicados questionários junto a representantes do Sistema de
Informação Gerencial do Centro de Informações Turísticas dos municípios de Foz do Iguaçu no
Paraná, Pelotas no Rio Grande do Sul, São José dos Campos em São Paulo, Blumenau em Santa
Cantarina, Bonito no Mato Grosso do Sul e Poços de Caldas em Minas Gerais. Posteriormente foram
tabuladas em quadros, analisadas e discutidas as informações colhidas, que propiciou admitir que
não existe um modelo mercadológico de sistema gerencial de informações ideal, mas sim uma
necessidade de adaptação do sistema gerencial de informações para atingir os objetivos
organizacionais no ambiente a ser implantado.
Palavras-chave: Administração; Sistemas de Informações; Centro de informações Turísticas.
INTRODUÇÃO
A administração surgiu da necessidade de se registrar e explicar as transações feitas na
Idade Média, entretanto apesar de não se ter uma exatidão quanto a sua origem, pode-se intuir que a
administração sempre esteve presente na vida do homem, da necessidade de planejar e organizar a
produção de alimentos.
Os atuais conceitos de administração decorrem de grandes evoluções de tais épocas, tendo
por sua essência o ser humano. No gerenciamento das atuais organizações a informação tornou-se
uma ferramenta indispensável na tomada de decisões, onde se verifica uma diminuição dos edifícios
em virtude da tecnologia, que contribuiu para o desenvolvimento de eficientes sistemas gerencias de
informações, facilitando na execução e controle de tarefas, conseqüentemente facilitou a vida dos
administradores e minimizou as perdas e maximizou os ganhos das empresas.
O Sistema de Informação Gerencial foi criado com o objetivo de ser uma excelente
fornecedora de sistemas de gestão empresarial a nível nacional, porém existem muitas definições
para este sistema. No entanto o objetivo do presente trabalho é analisar o sistema de informação
gerencial e personalizado de diferentes centros de informações turísticas (CIT), bem como
diagnosticar a sua funcionalidade, e a sua importância para a prestação na qualidade de serviços ao
turista.
Geralmente há dificuldade para avaliar, de forma quantitativa, qual o efeito benéfico de um
sistema de informações gerenciais, ou seja, a melhoria no processo decisório. Entretanto pode-se
trabalhar com base numa lista de hipóteses sobre os impactos dos sistemas de informações
gerenciais de uma determinada empresa, o que propicia o executivo um entendimento, ainda que
genérico, de sua importância.
Neste sentido o objeto de estudo do presente artigo foi trabalhada a aplicação de
questionários voltados aos responsáveis do CIT (Centro de Informações Turísticas), dos municípios
de Foz do Iguaçu - PR, Pelotas- RS e São José dos Campos – SP, com o intuito de analisar os
sistemas para servirem de referencial para futura implantação de um sistema semelhante no CIT de
Nova Xavantina.
O Turismo
Diante dos atuais conceitos e definições de turismo, pode-se dizer que traços desta
atividade já eram percebidos há muitos anos, embora, a motivação das viagens terem variado ao
longo do tempo. Conquistas e descoberta de novos territórios, estudos que visavam expandir os
conhecimentos sobre novas culturas, por razões de saúde, por motivos religiosos, são alguns
exemplos. Assim, não se pode dizer que o único e exclusivo objetivo destas viagens era o lazer, um
dos principais fatores que caracterizam o turismo hoje.
Oliveira (2001, p. 18) relata que o turismo é mais antigo que a própria expressão. Durante a
realização das olimpíadas em 776 a.C. na Grécia antiga, foram promovidas as primeiras viagens para
assistir o evento. Os fenícios contribuíram para facilitar as viagens, desenvolvendo um eficiente
sistema de navegação. Os romanos também construíram muitas estradas, facilitando as viagens, com
isso teriam sido estes os primeiros a viajarem por motivos de lazer.
Com o passar dos anos as transformações da sociedade impulsionadas pelo capital e
avanços tecnológicos, colaboraram para que o turismo evoluísse em sua forma, que passou a se
apresentar sob várias facetas. Classificar turismo é difícil, uma vez que se trata de uma atividade
altamente complexa, a idéia de restringi-lo impõe limites o que torna difícil mensurar esta atividade
mutável que se apresenta sobre diversas facetas, tão logo se torna falha a limitação. Assim deparar-
se com um contingente de conceituações acerca de turismo e suas segmentações são corriqueiras.
Entretanto, apesar da multiplicidade, as acepções são similares, pois remetem a mesma temática.
A Organização Mundial do Turismo (2003) define turismo como “o fenômeno que ocorre
quando um ou mais indivíduos se trasladam a um ou mais locais diferentes de sua residência habitual
por um período maior que 24 horas e menor que 180 dias, sem participar dos mercados de trabalhos
e capital dos locais”.
Dada a sua configuração, a atividade turística apresenta diferentes conceitos, uma vez que
se infiltra em diversos campos da ciência, sendo difícil delimitá-la, por isso os estudiosos o
conceituam sob sua ótica e área de estudo.
Sobre o desenvolvimento do turismo Marques e Bissoli (2002, p. 52) ponderam que este
está vinculado à existência de alguns fatores: motivação, infra-estrutura, segurança, saneamento
básico, salubridade ambiental, divulgação, legislação.
Breve histórico e acepções sobre Administração
As atividades de administração advêm desde os princípios da humanidade, administrar é
uma necessidade do homem, seja em qual atividade for, esteve presente na vida de todos os povos.
Conforme Silva (2001, p. 87), o uso da escrita foi desenvolvido pelos sumérios15 para fins de controle
administrativos e não litúrgicos. As prestações de contas feitas pelos sacerdotes não podiam se
basear na memória ou em recursos grosseiros, era necessário registrar e explicar ao sumo sacerdote
as transações realizadas, fato que culminou no desenvolvimento da escrita para uma melhor
fiscalização administrativa.
Os egípcios também utilizavam práticas de administração para detalhar serviços e tarefas
na sociedade, bem como fiscalizá-las. Prova disso são os grandes legados deixados por esses povos.
Outros povos que mostraram reais exemplos de práticas administrativas antigas foram os babilônios16,
15 Os sumérios foram às primeiras civilizações a se estabelecer na Mesopotâmia, onde hoje é o atual Iraque, desenvolveram um movimentado comércio e eficiente sistema de navegação (CHON; SPARROWE, 2003, p. 3).
16 A Babilônia foi um grande império que se desenvolveu ao longo do vale dos rios Tigres e Eufrates, foi governada durante muito tempo pelo rei Hamurabi (SILVA, 2001, p. 88).
cujas cidades foram obrigadas a se unir para manter a paz e estabelecer uma legislação para
abranger a propriedade pessoal, rural, o comércio, os negócios, a família e o trabalho. Estas leis
denominadas “Código de Hamurabi” vigoraram de 2000 a 1700 a.C. No entanto, há registros de outro
código usado uns 150 anos antes do Hamurabi, o Código Acadiano Eshnunna que vigorava sobre
controles de preços e de penalidades criminais (Idem, p. 87-88).
Na China antiga também há registros de conceitos de organização, cooperação, funções,
procedimentos favoráveis à eficiência e várias técnicas de controle, estabelecidos há mais de três mil
anos. Pode-se citar, a Constituição de Chow escrita por volta de 1100 a.C., que incluía todos os
servidores civis do Imperador, desde o primeiro-ministro até os criados domésticos, nela estava
descritos os poderes do primeiro-ministro, suas atribuições e responsabilidades. A Arte da Guerra,
escrito por Sun Tzu por volta de 500 a.C., é o mais antigo tratado militar do mundo, mantendo-se
atual, apesar de grandes mudanças nas armas e carros de guerra, porque tratou de temas atuais
(Idem, p. 89-90). Isso ilustra que os chineses estavam cientes de princípios ligados ao planejamento,
organização, direção e controle de organizações ou atividades.
Certamente não se pode dizer que os conceitos modernos de administração não provêm de
tais épocas, em virtude de terem sofrido grandes evolução e aperfeiçoamento até chegar aos dias
atuais. Todavia, já se fazia uso de conceitos de administração, mesmo que simples, da necessidade
de se resolver problemas de transportes, alojamento, construção, armazenamento de alimentos.
É importante salientar que “administração” não é administração de empresas. A
administração está ligada a todo o tipo de empreendimento humano que reúne, em uma única
organização, pessoas com diferentes saberes e habilidades, sejam vinculadas às instituições com fins
lucrativos ou não. A administração precisa ser aplicada aos sindicatos, às igrejas, às universidades,
aos clubes, agências de serviço social, tanto como nas empresas, sendo responsável pelos seus
desempenhos (Ibdem).
Para Silva (2001, p. 6) “Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização
eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas
organizacionais”.
Funções administrativas
Seja qual âmbito - doméstico, empresarial, público - é preciso um administrador. Esse líder
deve planejar, organizar, dirigir e controlar, pois a falta de uma administração eficiente leva ao
fracasso. Koontz (apud HOLLANDA; COELHO; CAPELLA, 2005, p. 14) afirma que administrar “é a
arte de realizar coisas com e por meio de pessoas em grupos formalmente organizados”
Para Pereira (2004, p. 12-13). Como processo, a administração pressupõe um modo
sistemático e continuo de realizar algo e compreende uma seqüência de funções que se relacionam
de maneira interdependente e interatuante. A realização dessas funções caracteriza o trabalho do
administrador, independentemente do nível hierárquico em que se situe e do tipo de organização em
que atue, com ou sem finalidade lucrativa, pública ou privada, de manufatura ou de prestação de
serviços.
Breves considerações sobre Tecnologia da Informação
Bem antes da criação da máquina de calcular até os modernos celulares que acessam a
internet, o homem vem evoluindo em caráter tecnológico para resolver problemas e agilizar
informações e, uma das soluções encontradas para sanar os problemas foi o computador.
No início, a computação era tida como um mecanismo que tornava possível automatizar
determinadas tarefas em grandes empresas e nos meios governamentais. Com o avanço tecnológico,
as "máquinas gigantes" começaram a perder espaço para equipamentos cada vez menores e mais
poderosos. A evolução das telecomunicações permitiu que, aos poucos, os computadores passassem
a se comunicar. Como conseqüência, tais máquinas deixaram de simplesmente automatizar tarefas e
passaram a lidar com informação (ALECRIM, 2004).
O Século XX foi considerado advento da Era da Informação. A partir de então, a informação
começou a fluir com velocidade maior que a dos corpos físicos. Desde a invenção do telégrafo elétrico
em 1837, passando pelos meios de comunicação de massa, e até mais recentemente, o surgimento
da grande rede de comunicação de dados que é a Internet, o ser humano tem de conviver e lidar com
um crescimento exponencial do volume de dados disponíveis (EVOLUÇÃO..., 2007).
Atualmente a TI é algo cada vez mais comum no dia-a-dia das pessoas e das empresas e
tudo gira em torno da informação. Portanto, como assinala Alecrim (2004) quem souber reconhecer a
importância disso, certamente se tornará um profissional com qualificação para as necessidades do
mercado.
De acordo com o Ministério do Turismo (BRASIL, 2007, p. n.p): O uso da tecnologia da
informação e da comunicação é fundamental para obter subsídios necessários para a definição e o
estabelecimento de políticas capazes de concretizar as metas estabelecidas para o setor. Trata-se de
uma das estratégias mais eficazes para melhorar a relação custo-benefício da difusão de informações
turísticas.
Quando se fala em Sistemas de Informação e TI é imprescindível se falar em dados, pois é
ele que gera as informações que serão acessadas e redistribuídas. Segundo Ribeiro (1990), é
qualquer elemento identificado na sua forma bruta, que por si só não conduz à compreensão de
determinado fato ou situação.
Conforme Davenport e Pruzak: Dados são um conjunto de fatos distintos e objetivos,
relativos a eventos, sendo que, “em um contexto organizacional, dados são utilitariamente descritos
como registros estruturados de transações”. “Os dados nada dizem sobre a própria importância ou
relevância. Porém, os dados são importantes para as organizações – em grande medida, certamente,
porque são matéria-prima essencial para a criação de informação (apud COELHO, 2004, p. 90).
Assim como a informação provém dos dados, o conhecimento deriva das informações. Da
mesma forma, Davenport e Pruzak (apud COELHO, 2004, p. 91), afirmam que os “[...] dados tornam-
se informação, quando o seu criador lhes acrescenta significado”.
Sistemas de Informação
O avanço tecnológico propiciou maior praticidade e eficiência no cumprimento de tarefas,
antes demoradas e até incertas, essas mudanças se infiltram em todos os setores da economia, com
destaque para a prestação de serviços, onde o setor de turismo se insere cada vez mais neste mundo
altamente avançado da informação.
A este respeito Marques e Bissoli (1999, p. 55) salienta “O setor de turismo estará cada vez
mais vinculado a tecnologias que permitem melhorar a prestação de serviços, reduzir custos,
incrementar a produtividade e melhorar a qualidade do atendimento”.
Para maior compreensão, o mesmo autor acrescenta que com relação à atividade turística a
informação é o principal instrumento e ferramenta de trabalho de um profissional da área. Contudo
para se compreender sobre “sistema” e “informação”, é necessário detalhar sobre o que é cada um.
Sistema pode ser entendido como um conjunto de elementos e das relações entre eles e
entre seus atributos, ou ainda como um conjunto de componentes que se inter-relacionam para
alcançar um objetivo comum. Um sistema é constituído por elementos e suas relações, que recebem
entradas e produzem saídas. Cada sistema pode ser composto por subsistemas, unidades ou
elementos mediante inputs17, produzindo outputs18. São denominadas fronteiras as áreas que
separam um sistema de outro, as fronteiras não são físicas, é a região onde os inputs e outputs
trocam informações com o meio ambiente. Todo sistema organizacional depende em maior ou menor
proporção de um sistema de informação, pois é via de transmissão de dados a uma pessoa ou
departamento, isso pode ocorrer por meio de telefone, memorandos ou por computadores que gera
informações instantâneas a vários usuários (Idem, 68-70).
Contextualizando acerca dos conceitos de sistema, Chiavenato (2003, p. 476) expõe, O
termo sistema é empregado no sentido de sistema total. Os componentes necessários à operação de
um sistema são chamados subsistemas, que, por sua vez, são formados pela reunião de novos
subsistemas, mais detalhados. Assim, a hierarquia dos sistemas e o número de subsistemas
dependem da complexidade do sistema. Os sistemas podem operar simultaneamente, em série ou
em paralelo. Não há sistemas fora de um meio especifico (ambiente): os sistemas existem em um
meio e são por ele condicionados. Meio (ambiente) é tudo o que existe fora e ao redor de um sistema
e que tem alguma influencia sobre a operação do sistema. Os limites (fronteiras) definem o que é o
sistema e o que é o ambiente. O conceito de sistema aberto pode ser aplicado a diversos níveis de
abordagem: ao nível do individuo, ao nível do grupo, ao nível da organização e ao nível da sociedade,
indo desde um microssistema até um supra-sistema. Vai da célula ao universo.
Sistema de Informação Gerencial
No contexto administrativo toda e qualquer decisão tomada resulta de informações
previamente obtidas e analisadas, presumi-se assim que a informação é à base de um sistema. No
que diz respeito ao Sistema de Informação Gerencial Silva (2004, p. 333) afirma,
O termo Sistemas de Informação Gerencial (SIG) se refere ao desenvolvimento e uso de
sistemas de informação eficazes na organização, e isto não se aplica aos níveis gerenciais somente,
17 O input significa a entrada de dados e informações via hardware (MARQUES E BISSOLI, 1999, p. 72).
18 Output é a saída do sistema através do hardware, operado por recursos humanos (MARQUES E BISSOLI, 1999, p. 72).
mas a todos os níveis e pessoas da estrutura organizacional. Uma expressão melhor seria Sistema de
Informação Organizacional, mas a expressão Sistema de Informação Gerencial tem sido consagrada
e aceita. O SIG refere-se à soma de todos os sistemas de informação da empresa. Um sistema é um
conjunto de partes interdependentes que atuam de modo conjunto, efetuando determinada função,
formando um todo equilibrado, com objetivo especifico.
Para Pereira (2004, p. 286) os sistemas de informação são fundamentais aos gerentes, uma
vez que facilitam e promovem seu relacionamento com os membros da organização e com os
elementos do ambiente externo. “Os administradores precisam de informações para lidar com
concorrentes, fornecedores, órgãos governamentais e, sobretudo, com os clientes, auxiliando a
organização a construir sua imagem, divulgar seus produtos e serviços e aproveitar oportunidades”.
Sistema de Informação Turística
O turismo como um fenômeno social que surgiu em decorrência do desenvolvimento atingido
pela sociedade, dá origem a uma série de atividades, transporte, alojamento, alimentação e lazer, as
quais por sua vez dão origem a novas atividades, formando assim um sistema aberto e interligado.
Neste âmbito, Acerenza (2002, p. 235) afirma que, uma vez analisado sob o ponto de vista da
teoria geral dos sistemas, pode-se defini-lo, em seu conjunto, como um sistema aberto composto
basicamente por cinco elementos: um dinâmico, o turista; três geográficos: a região geradora, a rota
de transito e a região de destino; e um elemento econômico, constituído pela indústria turística. Eles
interagem como fatores que, tanto de ordem física, quanto econômica, social, cultural, política e
tecnológica caracterizam o contexto no qual se desenvolve a atividade.
Segundo Cuervo (apud ACERENZA, 2002, p. 196), o sistema turismo se apresenta dividido
em subconjuntos: Os transportes, em todas suas formas; O alojamento, também em todas suas
formas; Os serviços de alimentação, em toda sua gama; Os centros de lazer e de diversão; Os
estabelecimentos comerciais relacionados; Os serviços complementares, tais como agencias de
viagens, guias de turismo, empresas que alugam automóveis, etc. Cada um desses subconjuntos se
subdivide por sua vez em outros subconjuntos, esses subconjuntos integrados formam o grande
conjunto turismo.
O Ministério do Turismo (BRASIL, 2007) explica que o Centro de Informações Turísticas
deve ser localizado em pontos estratégicos das cidades incluídas nos roteiros turísticos. O posto
deverá disponibilizar materiais de apoio, como: listas de endereço e contato das entidades de turismo
locais; mapas de orientação turística; folhetaria de divulgação; guias de turismo; prospectos de
eventos e passeios; informações sobre serviços de hospedagem, transporte, alimentação, dentre
outros.
Considerações sobre a análise dos resultados da pesquisa
Como principal característica destes sistemas de modo geral pode-se citar, agilidade na
busca e disponibilidade de várias informações definidas por segmentos como de hotéis, de eventos,
entre outros, além de atualizações on-line. Neste contexto Albertin e Albertin (2005, p. 51) afirmam
que a informação consiste em dados formatados, textos imagens e som, para serem utilizados pelos
recursos humanos como métodos na prática do trabalho. Assim sendo Silva acrescenta, a informação
é componente muito importante para o processo de tomada de decisão. Ela não garante que a melhor
decisão será tomada, mas diminui a incerteza do processo. Sem informação, a tomada de decisão se
torna apenas intuitiva, o que pode comprometer seu resultado por falta de embasamento na realidade
(apud MARCHETTI; PRADO, 2005, p. 190).
No âmbito do turismo a informação é mais necessária do que nunca, uma vez que o produto
de comercialização se caracteriza pela abstração, assim o turista precisa do maior número de
informações possíveis, que influência decisivamente em um ato decisório. Além também de
informações indispensáveis sobre o trade turístico no destino visitado e sobre os atrativos locais, uma
vez que este necessita de se alimentar, dormir, consumir e deseja como objetivo maior “passear”, ou
seja, visitar os atrativos turísticos.
Foi verificado ainda que na implantação do sistema foi ressaltado alguns obstáculos
durantes este processo, no CIT em Foz do Iguaçu foi a falta de profissionais capaz de operacionalizar
o sistema, como também a inexistência de um sistema ideal, ou seja, foi necessário adaptar o sistema
conforme as necessidades do Centro. No CIT em Pelotas foi identificada a dificuldade na operação
dos computadores, no CIT de São José dos Campos não foi detectado grande obstáculo apenas foi
ressaltada a demora na pesquisa para composição do sistema.
Em outras palavras pode-se dizer que em cada processo têm-se suas peculiaridades na
implantação, uma vez que não existe um sistema adequada como padrão geral, mas sim todo e
qualquer sistema sofre adaptações para adequar as necessidades de cada ambiente.
Conforme justifica Lucas (apud REINHARD, 2005, p. 87) “A implantação de um sistema de
informação é um processo continuo que inclui todo o desenvolvimento do sistema, desde a sugestão
original, passando pelo estudo de viabilidade, análise e projeto do sistema, programação,
treinamento, conversão e instalação do sistema”.
Foi constatada satisfação unânime com o sistema implantado, que favoreceram a emissão
de vários relatórios bem mais detalhados e com maior rapidez. Apenas o representante do SIG de
Foz do Iguaçu justificou que o novo sistema agilizou e desburocratizou o atendimento, como também
contribui na melhora das informações das informações repassadas aos colaboradores.
Porém em contraposição, fora observado ressalvas em relação ao sistema, no sistema
gerencial de informações do CIT de Foz do Iguaçu falta aprimorar o sistema, uma vez que em uma
operação simples é preciso simular um atendimento para se registrar a operacionalização ou fazê-la
manualmente. No sistema gerencial de informações do CIT de Pelotas foi verificada a necessidade de
maior autonomia no gerenciamento do sistema, em virtude deste ser gerenciado pelo serviço de
informática da prefeitura não é possível postar diretamente informações ou imagens. Já o sistema
gerencial de informações do CIT de São José dos Campos foi constatado satisfação com relação a
seu uso.
Considerações Finais
No atual contexto, informações são mais imprescindíveis do que nunca na tomada de
decisões, a informação tem reconhecidamente, uma grande importância no turismo. Os turistas
precisam de informação antes de sair para uma viagem para ajudá-los a planejar e fazer escolhas à
medida que aumenta a tendência no sentido de viagens mais independentes. O tempo tornou-se
muito escasso na sociedade, em particular na ocidental, para muitos consumidores planejar as férias
representa um enorme investimento. Assim, sendo o acesso a informações precisas, confiáveis e
relevantes é essencial para ajudar os viajantes a fazer uma escolha apropriada, uma vez que eles não
podem pré-testar o produto e receber facilmente seu dinheiro de volta, se a viagem não corresponde
às suas expectativas.
O produto turístico é caracterizado pela intangibilidade, não pode ser inspecionado antes da
compra, assim é dependente quase que exclusivamente de representações e descrições, as
preciosas informações a seu respeito, para auxiliar os consumidores a tomar uma decisão de compra.
Assim sendo, se faz necessárias atualizações constantes quanto a informações, utilizadas
como, por exemplo, na efetuação de uma reserva, sobre as mudanças de mercado no setor, sobre os
fornecedores, sobre os produtos, sobre políticas e diretrizes especificas, na prestação de informações
a turistas, enfim são inúmeras as utilidades de informações que facilitam todo esse processo junto às
necessidades do consumidor.
Contudo grande problema enfrentado pelas empresas era como organizar e gerenciar estas
enormes quantidades de informações, os dados, o que acarreta em lentidão nos processos realizados
pela organização. A solução foi alcançada graças ao avanço estupendo da informática, que propiciou
o desenvolvimento de sistemas de gerenciamento destas informações, os chamados bancos de
dados. Estes bancos reúnem centenas de milhares de dados, divididos conforme o setor ou segmento
desejado, que são ligados a rede mundial de computadores a internet, devido a isso as atualizações
são diárias e freqüentes.
Essas mudanças contribuíram também para o surgimento de sistemas personalizados
dentro das organizações, que se denominam extranets e intranets, estes sistemas são baseados na
internet, ambos usam os mesmos meios de comunicação, protocolos e browsers da Web, se
diferenciam pela propriedade e por características de grupo fechado de usuários. As intranets são
geralmente de propriedade e operação de uma única organização e são privadas, por permitir que
somente usuários de dentro da organização tenham acesso a suas páginas. Já quando a abrangência
do sistema é ampliada e os usuários incluem pessoas de fora da organização, o sistema é conhecido
como extranet.
Diante deste contexto, este artigo obteve seu objetivou proposto, o de analisar Sistemas
Gerenciais de Informações de Centros de Informações Turísticas de diferentes municípios brasileiros,
para que se pudesse servir de base para uma futura implantação de um sistema similar no CIT do
município de Nova Xavantina.
Embora alguns sistemas analisados precisem de adequações, observou uma eficiência e
rapidez na qualidade das informações prestadas ao turista, antes demorada e lenta, em virtude do
armazenamento de um maior número de informações referentes ao trade turístico e outras
necessárias, em um banco de dados que disponibiliza e facilita a consulta rapidamente.
Constatou-se, todavia que não existe um sistema gerencial de informações adequado,
pronto para ser implantado em qualquer CIT, mas sim existe a necessidade de adaptar nos moldes a
atingir os objetivos dos processos organizacionais da empresa seja qual sistema for, no caso
especifico do CIT, contribuir para a qualidades na prestação de informações repassadas aos turistas e
outros usuários que solicitar.
Ante o apresentado ressalta-se, sendo o turista o único motivo da existência da atividade
turística, uma vez que é este que seu consumidor, que assim o realiza por meio de viagens, é
necessário que não somente os prestadores de serviços ofereçam estruturas de qualidade que
facilitam a vida do turista no ato da compra e do consumo, mas também o poder público cumpra seu
papel de disponibilizar ao menos um Centro de Informações Turísticas com estrutura necessária para
um atendimento e a prestação de informações de qualidade aos turistas.
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SILVA, Reinaldo Oliveira. Teoria geral da administrativa. São Paulo: Pioneira Thomson Learning,
2004.
FRUTAS BRASILEIRAS NA GASTRONOMIA
BARBOSA, Wladimir Stein
Programa de Mest rado em Hospi ta l idade da Univers idade ANHEMBI MORUMBI
RESUMO
O presente artigo pretende destacar a valorização das frutas nacionais, respeitando fatores regionais,
culturais e sazonais. O fator ‘sustentabilidade’ entra como elemento de relevância nas abordagens em
torno do tema central. A quase inexplorada gama de frutas brasileiras demonstra ser um rico filão de
estudos para a moderna gastronomia brasileira, no âmbito dos alimentos e bebidas. Evidencia-se,
entretanto, a ausência de processos sustentáveis na produção e escala destes ingredientes em níveis
locais e em âmbito comercial.
Palavras-chave: frutas brasileiras; sustentabilidade; gastronomia
INTRODUÇÃO
“Guardo na boca os sabores da gabiroba e do jambo, cor e fragrância do mato, colhidos no pé. Distintos. Araticum, araçá, ananás, bacupari, jatobá... todos reunidos congresso verde no mato, e cada qual separado, cada fruta, cada gosto no sentimento composto das frutas todas do mato que levo na minha boca tal qual me levasse o mato.”- Do livro Menino Antigo - Carlos Drummond de Andrade.
A poesia de Drummond já invocava uma lista de frutas, típicas brasileiras e que, se antes
eram extraídas do mato, hoje são raras e objeto de diversos estudos na área de Alimentos e Bebidas.
Os elementos brasileiros têm sido valorizados por chefs notáveis, como Alex Atala e outros de
relevância, que emergem da alta gastronomia brasileira, invocando como raros elementos da
natureza, ingredientes outrora descritos pelo poeta.
“Os sabores, cheiros e cores definem contornos de um mapa gastronômico que difere do
mapa físico e político” (Chef Mara Salles Simon, Professora do Curso Superior de Gastronomia da
Universidade Anhembi-Morumbi, pesquisadora da cozinha brasileira há 20 anos. Sócia-proprietária e
chef do restaurante Tordesilhas)
O tema revela uma conjuntura complexa, abrangendo História, Geografia, Ecologia, Meio
ambiente, além de aspectos antropológicos, sociais e mercadológicos. O assunto, por esses
caminhos, percorre o território nacional, abrangendo a vasta e farta região amazônica, estendendo-se
pelo Cerrado, atingindo a rara Mata Atlântica e ainda assim, não se esgota.
“Sem a menor sombra de dúvida, a terra brasílica, terra fecunda e abundante, como
pouquíssimas outras regiões do planeta, talvez como nenhuma outra, abriga um impressionante
pomar natural e detém uma incrível capacidade de absorver e gerar, frutiferamente, nossas sementes.
(Helena Fassara – Frutas do Brasil – Silvestre Silva – São Paulo: Nobel, 2001 – pg. 04)
Aspectos sociais
Em pesquisas até agora realizadas sobre o tema, os efeitos do desmatamento e até da
ignorância das populações que habitam as regiões mais profícuas de frutas silvestres, são descritas
por vários autores.
“Na Mata Atlântica, boa parte da cobertura original já foi desmatada, levando junto, as árvores
frutíferas. A jabuticaba branca (fruta dos boêmios cariocas), ou o bacupari (que alimentou os
bandeirantes), estão cada vez mais raras nas cidades brasileiras. O Cambuci já foi símbolo da cidade
de São Paulo e até virou nome de um dos bairros da cidade, no início de sua colonização. O cambuci,
não só fez parte da dieta do paulistano, como chegou a ser exportado para outras regiões,
alimentando tropeiros e mineradores. Hoje ele está na lista das frutas em extinção...“O Brasil pode
estar perdendo alimentos preciosos, capazes de ajudar no combate à fome e à má alimentação
crônicas de algumas regiões do país. Basta ver o caso do mandacaru, que infesta a caatinga e dá,
além de espinhos, um saboroso fruto vermelho, que já salvou muitos nordestinos de morrer de
fome”....Essa ignorância quanto às nossas frutas, não só impede que elas sejam aproveitadas por um
número maior de pessoas, como também ameaça seriamente sua existência futura, pois ninguém
consegue preservar aquilo que não conhece. Muitos deles, sobretudo os que nascem em áreas de
desmatamento descontrolado e das queimadas freqüentes, correm o risco de desaparecerem para
sempre, antes mesmo que os botânicos e nutricionistas tenham tido a chance de estudá-las a fundo”.
– (ROMANINI – 1998 a 7 n 5 maio – Pg. 57 – Revista Caminhos da Terra)
“O número de espécies comestíveis na Amazônia ainda é um desafio para botânicos e
cientistas. Alguns citam aproximadamente duas centenas de espécies com potencial para novas
culturas, outros, um pouco mais, mas ninguém ousa definir um número exato: este é um segredo dos
deuses da floresta. Todos, porém, são unânimes em reconhecer que este é o último e mais
importante repositório de espécies frutíferas tropicais” (José Edmar Urano e Carlos Hans Muller –
Embrapa – CPATV)
Do anúncio em relação à ampla oferta de produtos, por vezes, desconhecida em sua
amplitude, segue, porém, um alerta eloqüente.
“Depois de uma queimada, as árvores sobreviventes levam até dois anos para se
recuperarem e voltar a dar frutos.” (Silva, José Antonio da – Biólogo – Embrapa – BSB)
A correlação entre hábitos culturais, questões sociais arraigadas e a relevância das frutas
no que tange a componentes nutricionais, é objeto de estudo há pelo menos um século, no Brasil.
Uma pesquisa da UnB e do Ministério da Saúde está testando pratos feitos com frutas típicas
das cinco regiões do Brasil, valorizando toda a riqueza nutricional que elas têm.
“Nós aproveitamos o máximo que conseguimos das receitas enviadas pelas secretarias de Saúde e
criamos outras a partir do que a culinária brasileira já tinha de receitas regionais” (Botelho, Raquel –
UnB).
Até o feijão com arroz pode ser incrementado com pequi. “É uma receita de arroz bem
simples, qualquer pessoa pode fazer. É o arroz que comemos no dia-a-dia, que é a cara do brasileiro,
com alho e cebola, como costumamos preparar em casa” (Cortez Ginani, Verônica – UnB).
“A importância do papel que as frutas desempenham na dieta humana residem não somente
no seu valor alimentício, como elemento necessário para o bom funcionamento dos nossos órgãos
digestivos, mas também, fontes de sais minerais, indispensáveis à formação do nosso corpo a saber:
ossos, dentes e sangue”. (Murayama Shizuto – 1914 – Fruticultura – 2ª. Ed. Campinas – Inst.
Campineiro de Ensino Agrícola – 1973 – pg. 07)
Luccock, observador inglês do século XIX, faz um retrato divertido dos hábitos dos cariocas,
relata: “A refeição principal ocorre ao meio dia, por ocasião da qual o chefe da casa, sua esposa e
filhos, às vezes se reúnem ao redor da mesa; é mais comum que tomem no chão”... “ quando há
sobremesas, consta ela de laranjas, bananas e outras poucas frutas” (Gomes, Laurentino, 1808 – SP
– Editora Planeta – 2007 – pg. 159)
Na História da Humanidade, entretanto, as frutas aparecem valorizadas na dieta diária,
inclusive submetidas a processos de conservação.
“A alimentação egípcia compunha-se de muitas frutas, tais como o sicômoro, a bela árvore
consagrada ao culto da Deusa Hathor, os figos (a figueira já era cultivada antes do Alto império). Os
abacates (MIMUSOPS LAURIFOGLIA) amarelos e com sabor semelhante ao da maçã, era
consumidos frescos ou secos, e reduzidos a farinha. O fruto da mandrágora, amarelo, com sépalas
verdes e gosto de pêra, cuja pele contém muitas toxinas de efeito narcótico e até alucinógino, o que
talvez explique as qualidades afrodisíacas e o simbolismo erótico a que atribuíam no Antigo Egito”.
(Bresciani, Edda - História da Alimentação – São Paulo – Estação Liberdade - 1998 – pg. 73)
Produção brasileira de frutas
O Brasil, segundo o IBGE, é o terceiro maior produtor de frutas do mundo. Os números em
relação à produção, consumo e exportação no Brasil, mostram dividendos crescentes e vantajosos,
sob a ótica dos investimentos.
A produção de frutas no Brasil apresenta uma tendência crescente nos últimos anos, apesar
da irregularidade causada, principalmente, pelas variações na oferta da laranja, primeira em
importância no país. De 1990 até 2006 pode-se distinguir três ciclos de produção: o primeiro ciclo de
1990 a 1994; o segundo, de 1995 a 2002; e o terceiro, a partir de 2003 - Fonte: IBGE. 2006:
estimativa. O primeiro período encontra-se sob influência das turbulências inflacionárias e de uma
economia muito fechada.
Sustentabilidade e ciclos produtivos
A palavra “sustentabilidade” dá amplitude e, ao mesmo tempo, generaliza a importância que as frutas
brasileiras recebem por parte dos estudiosos do tema.
“Qualquer análise da sustentabilidade, seja qual for a perspectiva teórica, requer estabelecer
as inter-relações entre a sociedade humana e o mundo circundante. Um primeiro nível de análise
deve ser, então, a relação entre o espaço em estudo — com as suas características físico-naturais —
e a sociedade que atua sobre tal espaço, com as suas características econômicas, demográficas e
sociais”...”Aqui utilizamos o conceito de sustentabilidade social em sentido amplo, incluindo os
aspectos econômicos ...O estudo dos sucessivos sistemas de produção agropecuários através da
história, mostrou ciclos econômicos bastante curtos, como se nenhum produto tivesse êxito
econômico (TOMMASINO et al., 2000)”...”Qualquer sistema de produção implica em combinação de
uma forma de organização social da produção, com um nível de desenvolvimento tecnológico” (http://
www.scielo.br/pdf/asoc/v5n2/a07v5n2.pdf - acesso dia 12/10/2008)
Em se tratando de frutas nativas, muitas delas são extraídas ainda de forma silvestre, sem
cultivos ou ciclos de produção estabelecidos.
“As florestas tropicais sustentam grande parte da biodiversidade do planeta e oferecem um
rol significativo de serviços ambientais indispensáveis para a manutenção da vida humana. Por essa
razão, a questão da conservação e do manejo florestal nas regiões tropicais ganha cada vez mais
espaço e força nas agendas internacionais de ambientalistas e governos. De um lado, existe a
convicção de que o manejo consciente e responsável pode representar um caminho viável para
conservação das florestas, apresentando-se como solução, tanto para a conservação das áreas
protegidas, quanto para a estagnação econômica que as ameaça; de outro, subsiste a preocupação
de que o manejo florestal seja ele próprio, uma ferramenta de devastação, uma vez que procura
compatibilizar o uso das florestas com desenvolvimento social e econômico das comunidades que
nelas vivem”. (Zarin, Daniel – professor adjunto da Escola de manejo florestal e Conservação da
Universidade da Flórida e diretor do programa Florestas Tropicais Produtivas, da mesma
universidade)
Açai – o exemplo
O açaí é um exemplo que se evidencia nos últimos 10 anos, em todo o país e até para o
mercado externo.
“...Provavelmente não existe melhor exemplo de promessa econômica para confrontar a
pobreza nas áreas rurais da Amazônia do que os sistemas de produção da fruta do açaí (Euterpe
olerácea mart), surgindo da iniciativa dos produtores locais, de abastecer uma demanda crescente
pela fruta, e usando e tecnologia e conhecimento local de manejo florestal, a produção do açaí
incorpora os princípios sociais e ambientais que permeiam o discurso do desenvolvimento
sustentável da Amazônia – Eduardo S. Brondízio – De alimentação básica para Alimentação de Moda
– Ciclos e oportunidades de mudanças no desenvolvimento da economia do açaí no estuário
amazônico – pg. 427 –As florestas produtivas nos neotrópicos: conservação por meio de manejo
sustentável? (Daniel J. Zarin...[et al])
Considerações finais
O objetivo desse estudo foi levantar elementos que, de um lado, são redescobertos e
começam a ser valorizados pela pesquisa científica e pelo mercado gastronômico, e de outro,
invocam a preservação do meio ambiente associada à sustentabilidade, com ciclos de produção de
frutas. Tais sabores, formas e cores acabam por torná-los exóticos, mesmo sendo autóctones. Ao
invocar, para o segmento de Alimentos e bebidas, o uso e aplicação de inúmeros frutos como:
guaraná, açaí, sapoti, cambuci, caju, jabuticaba, umbu, mangaba, murici, nêspera-brasileira,
cupuaçu, bacuripari, araticum-do- cerrado, araçá, aroeira-vermelha, bacupari, cambucá, camu-camu,
uvaia, ciriguela, feijoa, dentre tantos outros, típicos do Brasil, salta aos olhos o exemplo do açaí, que
virou produto de exportação brasileiro, gerando emprego, renda e dividendos para a nação, a partir
da aplicação de tecnologias e respeitando processos regionais para sua exploração.
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2005
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www.todafruta.com.br acessado em 05/10/2008
O TURISMO RURAL E O CASO DA FAZENDA PONTAL DAS ÁGUAS
PRIETO, Thiago19
RESUMO
No presente artigo o autor se propôs a discutir o tema Turismo Rural. Como exemplo foi utilizado a
Fazenda Pontal das Águas, localizada em Campo Grande – MS, por ser um empreendimento
referência em Turismo Rural. O propósito da pesquisa foi exemplificar a atividade turística no meio
rural através desta realidade, vivida pelo autor devido ao estágio realizado em 2005 e trabalhos
esporádicos que o mesmo realiza na fazenda. O Turismo Rural busca incluir o turista no dia a dia da
fazenda, fazendo-o conhecer e até participar de certas atividades da lida. No começo é concebida
como atividade complementar à agricultura e à pecuária para depois se tornar a principal fonte de
renda dos proprietários e seus colaboradores. Destaca-se, também, o aumento da renda dos
funcionários da fazenda, já que esposas e filhos dos peões começam a trabalhar e a ganhar por isso.
O meio ambiente também ganha, pois preservado torna-se mais um atrativo para o visitante. Tudo
isso, somado ao profissionalismo de profissionais da área, traduz o sucesso do Turismo Rural na
Fazenda Pontal das Águas.
Palavras-chave: Turismo Rural; Sustentabilidade; Fazenda Pontal das Águas.
1. Introdução
O turismo vem ganhando cada vez mais espaço com as pessoas que procuram deslocar-se
do seu local de origem para obter descanso e lazer em outras localidades. A oferta do mercado
turístico é ampla e faz com que as empresas busquem inovações constantes com a finalidade de
atender as necessidades e as experiências da demanda. Estas inovações resultam nos surgimentos
de várias modalidades de turismo e dentre elas temos o Turismo Rural, uma atividade que, segundo
Salles (apud CUNHA, 2007, p. 01), teve seu início em Lages – SC em 1980.
A busca pelo descanso e pela diversão no meio rural segundo Tropia (1982), tem sido uma
opção cada vez mais procurada e desejada por quem vive e trabalha nos grandes centros urbanos. A
demanda crescente por este tipo de atividade se constitui em uma boa opção para quem possui uma
propriedade agrícola e acredita que pode diversificar as suas atividades produtivas, entretanto os
recursos devem ser arranjados de forma a constituir um produto turístico que possa ser
comercializável.
Para Beni (2001), o Turismo Rural nasce a partir da análise de duas vertentes. A primeira
passa pela experiência de utilizar propriedades rurais produtivas desenvolvendo atividades de lazer e
hospedagem. O turismo é introduzido como um meio de complementação de renda e consolida-se
como principal atividade produtiva, assim surge à denominação Turismo Rural. A segunda vertente
reside nos casos de propriedades não produtivas que possuem instalações de hospedagem e/ou
19 Bacharel em Turismo pela Instituição de Ensino Superior da FUNLEC (IESF) – Campo Grande, MS. [email protected].
ainda possuem valor histórico-patrimonial, permitindo absorver parte de uma demanda diferenciada.
O caso apresentado está ligado com a primeira vertente.
No Turismo Rural o turista acompanha todo o trabalho do cotidiano de uma fazenda, sendo
recebidos por pessoas cordiais, que os tratam como amigos de longa data, e ainda se deparam com
uma vasta variedade da culinária regional e de aspectos culturais até antes não vivido por eles.
O presente artigo trará o caso da Fazenda Pontal das Águas, localizada no município de
Campo Grande – MS, que há 04 anos começou o trabalho com o Turismo Rural com day-use, no qual
os turistas podem conhecer um pouco mais do dia-a-dia no campo, deliciarem-se com a farta e
abundante culinária regional além de entrarem em contato com a beleza única da flora e fauna do
cerrado. Além da pesquisa feita em livros e trabalhos de conclusão de curso, a experiência do autor,
que trabalha na área desde 2005, ano que teve sua primeira oportunidade de estágio na Fazenda
Pontal das Águas, contribuiu para a discussão do assunto. O que era um sonho de uma senhora,
tornou-se um empreendimento que é referência em Turismo Rural no estado de Mato Grosso do Sul.
2. O Turismo Rural e a Sustentabilidade
O Turismo Rural, como citado acima, surgiu no Brasil ma década de 1980, na região de
Lages – SC. Nasceu da necessidade de se criar um produto turístico para o município, como
alternativa econômica, bem como proporcionar uma nova fonte de renda ao produtor rural
(ZIMMERMANN, 1996, p. 21).
Cunha (2007, p. 07) o define como:
O turismo rural é um segmento do turismo desenvolvido em áreas rurais produtivas, nas quais o turista participa das diferentes atividades agropecuárias desenvolvidas neste espaço, quer como lazer ou aprendizado. Deve ser incluída nesta modalidade a oferta de produtos naturais de origem local ou regional, assim como a gastronomia típica e o conhecimento da cultura local.
Incluir o turista nas atividades da fazenda é essencial para seu desenvolvimento e o faz
esquecer dos problemas vivenciados nos grandes centros urbanos (stress, poluição, insegurança,
etc.). Este segmento do turismo tem como clientela àquelas pessoas que são atingidas pela
“monotonia do cotidiano, pela fria racionalidade das fábricas, dos escritórios, dos imóveis residenciais
e da infra-estrutura rodoviária, pelo empobrecimento das relações humanas, da repressão dos
sentimentos, da degradação da natureza e da perda do natural” (KRIPENDORF apud ZIMMERMANN,
1996, p. 50).
Almeida (apud CUNHA, 2007, p. 09) explica que as motivações pela “busca do campo” ou o
“retorno às origens” são aspectos sociológicos e psicológicos, constatadas como legítimo anseio das
populações concentradas em grandes centros urbanos. O contato com a natureza e com a vida
simples, autêntica e peculiar do campo viabiliza a recuperação das energias indispensáveis para o
enfrentamento das dificuldades características da vida moderna. Ainda para Almeida (apud CUNHA,
2007, p. 08), as motivações dos turistas ao escolherem uma área rural ou natural para passar um fim
de semana ou feriado mostram que eles procuram por: uma mudança de ambiente, um tipo de vida
diferente, que lhes permita a recuperação das energias perdidas; um contato mais próximo com a
natureza, na alimentação do mito eterno do retorno; uma vivência com pessoas cujos modos de vida
são tidos como simples, em oposição aos padrões comportamentais urbanos, considerados frios e
despersonalizados; um lugar não-massificado, diferenciado, bucólico, tranqüilo, sem ruídos; algo
autêntico considerado natural.
O Turismo Rural busca a sustentabilidade, definida por Butler (apud ZIMMERMANN, 1996, p.
16) como “o turismo que se desenvolve e se mantém numa área de tal forma e escala que garanta
sua viabilidade por um período indefinido de tempo, sem degradar ou alterar o ambiente (humano ou
físico) em que existe e sem atrapalhar o desenvolvimento de outras atividades”.
Para Zimmermann (1996, p.16 e 17) os princípios de desenvolvimento turístico sustentável
são: sustentabilidade ecológica (desenvolvimento compatível com a manutenção dos processos
ecológicos, diversidade ecológica e recursos biológicos), sustentabilidade social e cultural
(assegurando o controle das pessoas sobre suas próprias vidas paralelamente com a cultura e
valores das que são atingidas pelo desenvolvimento, aumentando e fortalecendo a identidade da
comunidade) e a sustentabilidade econômica (assegurando o desenvolvimento economicamente
eficiente, no qual os recursos são geridos de forma que suportem gerações futuras).
O Turismo Rural de forma sustentável melhora a qualidade de vida da comunidade local,
assegura uma experiência de qualidade elevada ao visitante e mantêm a qualidade do ambiente que
dependemos, ou seja, gera benefícios a todos os elementos envolvidos, desde ao proprietário que já
não fica refém só da agricultura ou pecuária, para seus funcionários que podem aumentar sua renda,
para os turistas que experimentam novas sensações e para o meio ambiente que preservado tende a
valorizar o espaço da propriedade rural.
3. A Fazenda Pontal das Águas
A fazenda Pontal das Águas está localizada em Campo Grande, capital de Mato Grosso do
Sul, na BR 262, Km 312, na saída para Três Lagoas, a 03 km do Autódromo Internacional de Campo
Grande e a 18 km do centro da cidade. A rodovia que leva até a fazenda é pavimentada e de fácil
acesso por possuir várias placas sinalizando o local.
A área total da fazenda media 12.000 ha no ano de 1913, e tinha como proprietário o Sr. João
C. Vidal e a Sra. Leopoldina C. Ribeiro. Estes proprietários da região da fazenda formaram pequenos
lotes e os venderam, passando então a pertencer a famílias, como as de Manuel Joaquim de Morais,
Carolina Borges, Alexandre de Arruda Filho e Adhemar da Costa Morais.
Hoje a fazenda possui 885 ha que tiveram origem do Sr. Adhemar da Costa Morais, que
possuía 5.500 ha, inclusive a parte com a sede da fazenda. Em 1944, o Sr. João Baptista Fernandes
adquiriu a área. Em 1954, ele vendeu 5.000 ha ao Sr. Uzem Ajimura, que em 1960 transferiu a área
para o Sr. Antônio Rainha Filho.
No ano de 1972, o Sr. Antônio Rainha Filho vendeu parte de suas terras aos irmãos Mitsuo e
Akio Kalya, que ficaram com 363 e 522 ha respectivamente. Em 1974, o Sr. José Ladislau da Silva
adquiriu o total das áreas dos irmãos Kayla (885 ha), incluindo a sede original.
Em 1981, o Sr. José Ladislau da Silva doou a propriedade a seu filho João Lima da Silva, o
atual proprietário da fazenda Pontal das Águas, que já a administrava para seu pai desde 1976, tarefa
aprendida desde cedo, pois sempre viveu no ambiente rural.
No ano de 1978, o Sr. João Lima da Silva uniu-se em matrimônio com a Srª. Margareth
Regina de Mello e no mesmo ano passaram a morar na fazenda, constituindo assim uma família
tradicional de cultura campeira e com raízes na vida do campo.
4. O Início de um Sonho: A Implantação do Turismo Rural
Em 1998, a Srª. Margareth viu o grande potencial que a Fazenda Pontal das Águas
apresentava para a realização de atividades voltadas ao Turismo Rural, com isso foi despertando o
interesse por alguns cursos na área de turismo para obter conhecimento teórico para uma captação
da atividade turística na sua propriedade, ingressa na faculdade de Turismo da UCDB (Universidade
Católica Dom Bosco) em Campo Grande – MS em 2001, com conclusão em 2004. Procurou através
da faculdade uma profissão que ocupasse seu tempo livre e encontrou no turismo sua vocação, pois
além de trabalhar em sua propriedade, fazia o que gostava, ou seja, acolher as pessoas em sua casa
para passar um dia diferente e agradável.
Durante a faculdade sua propriedade tornou-se alvo de vários trabalhos acadêmicos que
contribuíram para o crescimento da atividade turística no local. Nesse mesmo período alguns
acadêmicos tiveram participação nas atividades da fazenda como estagiários, contribuindo para um
melhor aproveitamento do espaço.
A Fazenda Pontal das Águas hoje é um empreendimento que atua no mercado há
aproximadamente 04 anos. Recebe turistas nos finais de semana e feriados e conta com toda infra-
estrutura necessária para assim recebê-los. Ela conta com seus atrativos naturais, tais como, o rio, a
cachoeira, os lagos, a trilha em mata ciliar, uma diversificada fauna (com várias espécies de aves, tais
como: galinhas, patos, gansos, araras, tucanos; além de porcos, cavalos, vacas, entre outros), o
pomar e a horta. Os turistas, principalmente as crianças ficam vislumbradas ao ver tantos animais.
Além dos atrativos naturais a fazenda conta os atrativos culturais como: artesanatos, oficinas de
culinária e a ordenha.
O pacote oferecido pela fazenda é o day-use para passar um dia de lazer, pequenas
reuniões, seminários, confraternizações de empresas, escolas e famílias, contendo no seu espaço
quiosques com redes, piscina, campos de vôlei e futebol, rio, cachoeira, lagos para a prática da pesca
esportiva, trilha ecológica cercada pela mata ciliar e toda a lida da fazenda em que o turista pode ter o
contato direto com o ambiente rural.
A fazenda vivia apenas da pecuária e hoje o turismo é a principal fonte de renda aos
proprietários. O turismo rural vem ganhando força graças à sua proprietária, a Srª. Margareth e sua
gerente, a Srª. Bruna de Ávila Bassan.
O local oferece day-use, no qual a pessoa passa o dia na fazenda, no período das 08:00 (oito
horas) às 18:00 (dezoito horas), e paga uma taxa de R$ 65,00 (sessenta e cinco reais) por pessoa.
Crianças de 0 a 05 anos são isentas e as de 06 a 10 anos têm 50% de desconto.
Este pacote inclui três refeições (o café-da-manhã, o almoço e o lanche da tarde). Além da
culinária regional o turista ainda tem à sua disposição algumas atividades realizadas na propriedade,
como o banho de cachoeira (localizada a 1500 m da sede), a trilha de mata ciliar, a ordenha, os
campos de vôlei e futebol, a piscina, as oficinas de artesanato e culinária e participar da pesca
esportiva. Duas atividades não estão inclusas neste pacote. São elas: o bóia cross (que custa R$
10,00 por pessoa e o passeio a cavalo no valor de R$ 3,00 por pessoa).
A capacidade máxima de ocupação da fazenda é de 80 pessoas e a proprietária está com a
idéia de realizar uma ampliação no local, principalmente na cozinha e no restaurante, pois há finais de
semana na alta temporada (de outubro a fevereiro) que a procura é maior que a capacidade de
abrigar os turistas.
As atividades estão divididas da seguinte maneira: no período entre 08:00 (oito horas) e 09:30
(nove e trinta) o delicioso café da manhã é servido, após a primeira refeição os monitores conduzem
os turistas pela caminhada de 1500 m pela trilha na mata ciliar. Se alguma pessoa não quiser ficar na
cachoeira, um dos monitores o acompanha até a volta para a sede. No caminho de volta os turistas
têm a oportunidade de conhecer como se ordenha uma vaca. Além dos monitores, a pessoa
responsável por esta tarefa ensina-os como fazer. Além disso, o peão (como é conhecido o
trabalhador rural) entoa em sua viola uma moda caipira, para delírio dos turistas. Aqui o Turismo Rural
afirma seu importante papel social na valorização e inclusão do trabalhador do campo diretamente
nas atividades relacionadas ao aprendizado e entretenimento dos turistas. Ao chegarem à sede, um
bolinho de arroz os espera como aperitivo para o almoço reforçado, característico de propriedades
rurais.
No período vespertino os monitores conduzem as crianças em um “Farm Tour”, enquanto seus pais
descansam nas redes espalhadas pela propriedade. Depois desta pausa começam as atividades de
pesca esportiva, oficinas de culinária e artesanato, o passeio de cavalo e o bóia cross.
A parte da lida do gado fica com o Sr. João Lima e seus peões, enquanto que o marketing e
agendamento dos turistas fica a cargo da Srª. Simoni Amorim, juntamente com a proprietária a Srª.
Margareth, a gerente administrativa a Srª. Bruna Bassan. A fazenda ainda conta com uma pessoa que
cuida da parte de recreação, o Sr. Thiago Barros, ambos os citados são turismólogos.
A fazenda possui um local onde há produção de bolos, queijos, doces, pães, requeijões,
geléias, licores, entre outros, que são consumidos pelos próprios turistas, pela família e ainda são
utilizados para venda, na própria propriedade e na casa da pessoa interessada, já que uma vez por
semana há o serviço de entrega em domicílio. Há um projeto de construção de um ponto fixo para a
venda destes produtos na cidade.
Passar um dia na Fazenda Pontal das Águas é uma ótima opção para quem deseja fugir do
stress da vida urbana e se refugiar no campo em contato com as belezas naturais e vivenciar os
hábitos e costumes com o pessoal do campo.
5. Novos Planos Novos Rumos
O ano de 2008 pode significar um período de transição e de crescimento para o
desenvolvimento do Turismo Rural na Fazenda Pontal das Águas. Novos projetos começaram a ser
implantados e outros começaram a ser estudados.
O primeiro passo foi a contratação de um profissional para cuidar do marketing e das vendas
da fazenda. Antes a propaganda era através do popular “boca a boca”. Um turista conhecia o lugar,
gostava e indicava a um amigo ou familiar que também conhecia o lugar, se encantava e indicava a
outros amigos e familiares e assim por diante. Observando a necessidade de se buscar novos
clientes, a proprietária a Srª. Margareth, começou a investir mais na área de captação de clientes,
divulgação e marketing contratando uma pessoa especificamente para o cargo. Além da venda de
produtos via telefone e do day-use, a nova funcionária cuida da parte de promoção e divulgação da
fazenda em empresas de Campo Grande.
O Turismo Rural está impulsionando cada vez mais a propriedade que conta com 03
funcionários formados em turismo além de empregar as esposas dos peões e incrementar a renda
dos mesmos. A pecuária passou de principal atividade produtiva da fazenda para se tornar um
atrativo do turismo. Estagiários da área de Turismo também são recrutados para aplicarem na prática
o que aprendem em sala de aula, contribuindo com a empresa e com o seu crescimento profissional.
Além do aspecto econômico e social, o Turismo Rural na Fazenda Pontal das Águas está
contribuindo com o meio ambiente. Além da preservação da mata ciliar uma parceria firmada no
segundo semestre de 2008 com o CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), situado em
Campo Grande – MS, proporcionou aos animais recuperados pelo centro sua readaptação ao meio
natural, já que eles são soltos na fazenda. Até o momento um tamanduá-bandeira e um tamanduá-
mirim já estão integrados à fauna local.
A proprietária já está planejando a instalação de quartos para montar uma pousada. Este será
o próximo passo para tentar manter os turistas na fazenda por mais tempo. Hoje em dia existe uma
colônia de férias para crianças de 06 a 12 anos, que ocorre tanto nas férias de julho, quanto nas de
janeiro.
As crianças ficam abrigadas em barracas armadas ao lado do campo de vôlei. Além de ser
uma opção viável para os dias de baixa ocupação (já que a colônia começa em uma terça-feira e
termina em uma sexta-feira) funciona como laboratório para uma futura pousada.
Pousada esta que terá de ter atendimento 24 horas e que abrirá novas vagas de emprego
para pessoas que atuam na área, além das melhorias estruturais que deverão ser feitas na
propriedade. Novas atividades também deverão ser criadas, pois os turistas terão o período noturno
(entre o lanche e o jantar) ocioso, então a inclusão de alguns passeios noturnos será essencial para
ocupá-lo.
6. Conclusão
O contato lúdico com o meio natural força rupturas com maneiras de sentir, pensar e de
conduzir nossas futuras ações. Procurar a natureza para lazer, descanso e relaxamento, seja através
da contemplação, seja através da “adrenalina” nos remete a imaginar, nessas visitas, uma espécie de
laboratório de experiências e de elaborações de novas relações com o mundo.
O Turismo Rural aparece como uma vertente do Turismo na qual o turista pode interagir com
o cotidiano da lida do campo, esquecendo um pouco do stress, das inseguranças e incertezas da vida
no conglomerado urbano.
Aprende aspectos relacionados à preservação do meio ambiente, da vida simples do campo,
da cultura local e, principalmente, encontra ali um calor humano que vai aliviar um pouco a tensão
provocada pelo estilo de vida imposto pelos grandes centros.
As crianças também ganham muito. Aprendem, por exemplo, que o leite não vem da caixinha
e sim de um animal, conhecem várias espécies de animais até então desconhecidos, curtem um
passeio a cavalo, uma colheita de ovos feita no galinheiro, enfim, vivem uma experiência mágica.
Os proprietários ganham uma forma mais lucrativa de vender o que é produzido na fazenda
(pães, bolos, queijos, doces, geléias, dentre outros) e, além disso, diversificam sua renda não
dependendo tanto da agricultura e pecuária.
Seus funcionários desenvolvem novas habilidades e ainda por cima, complementam sua
renda, pois além do marido, as esposas e filhos podem estar inseridos de alguma forma no processo
e ganhando para isso.
O Turismo Rural abre diversos leques para todas as partes envolvidas, por isso que é de
extrema importância que ele seja conduzido por profissionais competentes da área. O sucesso da
Fazenda Pontal das Águas pode ser traduzido assim: profissionalismo. Tanto da proprietária, bacharel
em turismo, como de seus colaboradores, da parte administrativa e comercial, também bacharéis em
turismo. Eles fazem à diferença.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASSAN, Bruna de Ávila. Implantação Hoteleira na Fazenda Pontal das Águas como forma de
aumentar a renda e reter clientes. Trabalho de Conclusão de Curso. Dourados – MS: UEMS, 2006.
BENI, Mario Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 4ª ed. São Paulo: SENAC, 2001.
CUNHA, Simoni Amorim da Silva. O Lazer no Turismo Rural: O Caso da Fazenda Pontal das
Águas. Trabalho de Conclusão de Curso. Dourados – MS: UEMS, 2007.
DEUS, Ivonete Jesus da Silva; SILVA, Margareth Regina de Mello; RIBEIRO, Marta Helena Zucolloto.
A História Como Diferencial e Atrativo para o Turismo Rural: O Caso da Fazenda Pontal das
Águas. Trabalho de Conclusão de Curso. Campo Grande – MS: Ed UCDB, 2004.
MINISTÉRIO DO TURISMO. Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil.
Brasília, 2003.
TROPIA, Fátima. Turismo no Meio Rural. 2ª ed. Belo Horizonte – MG: Autêntica Editora, 1982.
ZIMMERMANN, Adonis. Turismo Rural: Um modelo brasileiro. Florianópolis: Ed. Do Autor, 1996.
III FESTA DA FARINHA DE ANASTÁCIO-MS: PERFIL DA DEMANDA
TREVIZAN, Fernanda Kiyome Fatori
SANTOS, Lucicleide Gomes dos
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus de Aquidauana
RESUMO
Em 1870, o italiano Vicente Anastácio veio para a região que corresponde atualmente ao Estado de
Mato Grosso do Sul, em busca de presos políticos no Paraguai. Dois anos depois casou-se com
Teodora Machado, adquiriu uma propriedade na margem esquerda do Rio Aquidauana, onde originou
um pequeno vilarejo, que no futuro, iria originar o município de Anastácio-MS, oficialmente
reconhecido em 18 de março de 1964. Sendo o município um local que carece de atrativos turísticos
culturais e gastronômicos, a administração criou a Festa da Farinha de Anastácio-MS com o intuito
não só de promover a atividade turística como também de divulgar a produção artesanal de farinha de
mandioca feita pelos moradores das colônias do município de Anastácio. O presente trabalho buscou
na terceira edição do evento traçar qual o perfil de sua demanda para, desse modo, diagnosticar se o
evento atende ou não as necessidades e expectativas de seu público; e se a organização tem seus
objetivos atingidos; considerando que a visão que a demanda de quaisquer evento é a parte que os
organizadores mais querem atender, sendo que ela irá dizer se o evento está ou não tendo sucesso e
seus objetivos alcançados.
Palavras-chave: turismo; cultura; lazer.
INTRODUÇÃO
O município de Anastácio é formado por pessoas de diferentes regiões do país, destacando-
se os migrantes nordestinos que se estabeleceram na região, colaborando para a formação
populacional e para a formação cultural da sociedade anastaciana.
Os atrativos naturais estão localizados na área rural. Entre esses atrativos podem ser citados
a Cachoeira do São Manoel, localizada no assentamento com mesmo nome; o Morro Azul, que é o
símbolo da cidade; o Rio Taquarrussu, que corta as colônias de assentados; o riacho Acôgo, entre
outros.
No entanto, apesar de suas potencialidades naturais, o município de Anastácio não possui
grande destaque, em âmbito regional ou estadual, de sua atividade turística. Tendo conhecimento
sobre esta deficiência, no ano de 2006, a Prefeitura Municipal criou a Festa da Farinha de Anastácio,
através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e do turismólogo Ricardo Lanzarini Gomes
Silva, na tentativa de promover não somente o município como também a produção artesanal de
farinha de mandioca, além de gerar desenvolvimento e renda para Anastácio e os produtores de
mandioca locais.
No ano de 2008, o município realizou a III Festa da Farinha nos dias 02 e 03 de Maio, como
parte das festividades do aniversário de Anastácio, onde se desenvolveu esta pesquisa. O evento
contou com apresentações de artistas locais e do cantor pernambucano Dominguinhos, com
gastronomia típica pernambucana, onde todos os pratos comercializados dentro do evento tinham em
sua composição a farinha de mandioca ou a própria mandioca. Cabe ressaltar que as pessoas que
venderam seus produtos na festa eram em sua grande maioria das colônias que trabalham com a
produção artesanal da mandioca.
A demanda
Uma participação importante na atividade turística é a demanda, pois sem este público, tanto
potencial como real, a atividade não ocorreria. Segundo BENI (2002, p. 211), a demanda corresponde
“as pessoas que se deslocam temporariamente de sua residência habitual, com propósito recreativo
ou por outras necessidades ou razões [...]”. BENI também afirma que esse deslocamento de pessoas
faz com que surja a necessidade de transportes, seja por terra, água ou ar, para que chegue a seu
local de destino.
A demanda também pode ser considerada como os turistas que “[...] estão motivados por
adquirir determinados produtos e serviços turísticos [...]”, de modo a suprir suas necessidades de
entretenimento, descanso, lazer e cultura (DIAS, 2005 p. 51).
A demanda em eventos pode ser conhecida também como público-alvo, é compreendida
como “todo aquele, pessoa física ou jurídica, que seu evento pretenda atingir em quaisquer
classificações [...]. A atenção e cautela para incluir os possíveis segmentos de participantes que
poderão vir a participar de seu evento devem nortear [...]” sua organização e planejamento.
Em termos de público atingido, a demanda turística é demasiadamente heterogênea, por lidar
com diferentes pessoas, de diferentes locais de origem e com desejos, expectativas e necessidades
diferenciadas. Esses diferentes perfis de turistas fazem com que os destinos turísticos se adequem as
necessidades e desejos dos turistas que os visitam, fazendo do turismo uma atividade muito flexível e
heterogênea.
Os eventos surgem em razão de uma demanda, seja ela turística ou não. No estudo de caso
sobre a III Festa da Farinha de Anastácio-MS não foi diferente, entretanto, a demanda foi da própria
cidade, e tendo como objetivo não só de fomentar a atividade turística na cidade, mas também de
promover, em âmbito estadual, a produção da farinha de mandioca, feita de modo artesanal nas
colônias de nordestinos presentes na área rural do município.
O perfil da demanda da III Festa da Farinha de Anastácio-MS
Os gráficos e dados apresentados a seguir foram obtidos durante entrevistas nos dias 02 e 03
de Maio de 2008, durante a realização da III Festa da Farinha de Anastácio-MS. As entrevistas
consistiram em questionários aplicados ao público do evento, num total de 255 questionários, sendo
que a escolha das pessoas entrevistadas foi feita de forma aleatória.
Os questionários foram divididos em três partes: “dados gerais”, “para turistas” e “para todos”.
À parte de “dados gerais” e “para todos”, eram aplicáveis tanto a turistas, visitantes e a população
local. Já à parte “para turistas” era aplicável somente aos turistas e visitantes, ou seja, quem não
fosse das cidades de Anastácio e Aquidauana.
a) Dados gerais
Esta parte do questionário foi somente introdutória, com o objetivo de traçar o perfil geral das
pessoas que participaram da 3ª edição da Festa da Farinha de Anastácio. Abrange questões a
respeito dos entrevistados, tais como: sexo, idade, escolaridade, renda, entre outros; sobretudo, de
onde eram os entrevistados (cidade de origem) para diferenciar turistas de comunidade local.
Sexo
42,20%
57,80%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Feminino Masculino
Gráfico 01: “Sexo”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
O público da III Festa da Farinha de Anastácio foi, conforme o gráfico 01, composto, em sua
maioria, de pessoas do sexo masculino, correspondendo a 57,80% dos entrevistados.
Idade(em anos)
3,10%
56,63%
23,85%
8,20% 7,03%
1,56% 0% 0%0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Menos de15
15 a 25 26 a 36 37 a 47 48 a 58 59 a 69 70 a 80 Acima de80
Gráfico 02: “Idade (em anos)”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A faixa etária predominante do público do evento é entre 15 anos e 25 anos correspondendo
a 56,63% dos entrevistados, sendo assim, pode-se considerar o público da III Festa da Farinha de
Anastácio composto em sua maioria por pessoas jovens. Pode-se notar também a presença de
pessoas com diferentes idades, até 69 anos, o que demonstra que o evento não é segmentado por
idades, atingindo diferentes faixas etárias.
Escolaridade
6,25%
11,71%
33,20%
16,40%
12,50%
17,18%
1,17% 1,50%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
E. F.Completo
E. F.Incompleto
E. M.Completo
E. M.Incompleto
E. S.Completo
E. S.Incompleto
Pós-graduado Semescolaridade
Gráfico 03: “Escolaridade”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A escolaridade do público do evento, representada no gráfico 03 reflete bem as faixas etárias
predominantes no evento, que predominou entre 15 e 25 anos, correspondendo assim as opções que
obtiveram mais escolhas, Ensino Médio Completo (33,20%), Ensino Superior Incompleto (17,18%) e
Ensino Médio Incompleto (16,40%).
Renda(em salários)
7,03%
43,75%
6,25%1,71% 0,39%
41,40%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
Menos de 1salário
1 a 3 4 a 6 7 a 9 Mais de 9 Sem renda
Gráfico 04: “Renda (em salários)”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A renda da demanda do evento correspondeu à renda básica de um trabalhador assalariado,
de 01 salário a 03 salários. A segunda maior opção escolhida foi “sem renda”, se relacionarmos este
gráfico com os dois gráficos anteriores (“Escolaridade” e “Idade”) pode-se notar que essa opção pode
corresponder a parcela de jovens que ainda estudam, tanto em nível de Ensino Médio – completo e
incompleto, tal como aqueles que cursam o Ensino Superior – incompleto.
Local de origem(População X Turistas/Visitantes)
71,88%
28,12%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
População local Turistas/Visitantes
Gráfico 05: “Local de origem (População X Turistas/Visitantes)”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A população local se apresenta em maioria devido ao fato de ser formada por descendentes
nordestinos e a parcela referente aos turistas ou visitantes pode ser considerada relativamente
expressiva por ser um evento realizado em baixa temporada.
Para caracterizar a festa como anastaciana, temos 39,45% da demanda formada por pessoas
de Anastácio e; 32,43% da cidade de Aquidauana. Preferiu-se considerar a demanda da cidade de
Aquidauana como sendo “população local” devido aos aspectos limítrofes desses municípios,
separados apenas pelo rio Aquidauana, constituindo assim uma sociedade praticamente una.
Local de origem(por estados)
92,57%
2,73% 1,17% 1,17% 0,78% 0,78% 0,39%0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
MatoGrosso do
Sul
São Paulo Rio deJaneiro
MatoGrosso
Paraná SantaCatarina
EspiritoSanto
Gráfico 06: “Local de origem (por estados)”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
O Gráfico 06 expressa o local de origem do público do evento. Nele pode se notar que a
grande maioria das pessoas que participaram desta edição da Festa da Farinha é do Estado de Mato
Grosso do Sul (92,57%). No entanto, conforme os dados obtidos, pessoas de diferentes Estados da
federação estão participando do evento, a começar pelos Estados limítrofes a Mato Grosso do Sul.
Local de origem (Cidades de MS)
42,61%
35,44%
5,90%
1,26% 1,26% 0,84% 0,84% 0,84% 0,84% 0,84% 0,84%
5,48%1,26% 0,84%0,84%0,84%0,84%0,84%0,84%0,84%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
An
astá
cio
Aqu
idau
ana
Mira
nda
Cam
po G
rand
e
Ja
rdim
Ca
mis
ão
Bo
do
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ia
Caa
rap
ó
Ivin
he
ma
Po
nta
Porã
Gráfico 07: “Local de origem (Cidades de MS)”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
No que concerne às pessoas que participaram desta edição da Festa da Farinha, as que são
de origem do Estado de Mato Grosso do Sul, foram 237 pessoas, ou seja, 237 entrevistas. Essas
entrevistas mostram que a maioria das pessoas que participaram do evento é da cidade mesmo.
b) Para turistas
Esta etapa dos questionários era direcionada somente à aqueles que na primeira parte
respondessem ser de outras cidades que não fossem Anastácio ou Aquidauana. Destinava-se a
conhecer os diferentes perfis de turistas e visitantes que freqüentaram o evento ou a cidade na época
do mesmo.
Meio de transporte
47,22%
19,44%23,61%
9,72%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
Carro Ônibus Moto Outro
Gráfico 08: “Meio de transporte”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
No que concerne aos meios de transporte utilizados pelos turistas e/ou visitantes para se
deslocarem de seu local de origem até a cidade de Anastácio, onde foi realizado o evento, obteve-se
47,22% das pessoas que utilizam carro e 23,61% moto, ou seja, transporte individual. Da parcela total
de turistas e/ou visitantes o transporte coletivo aparece em terceiro lugar, com 19,44% das escolhas,
onde pode-se notar uma relação com o tipo de meio de hospedagem que fizeram uso nos dias do
evento.
Tempo de permanência na cidade
11,11%
26,38%
0%
5,55%
11,11%
45,83%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
50,00%
01 Dia 02 Dias 03 Dias Mais de 03dias
Uma semana Mais de umasemana
Gráfico 09: “Tempo de permanência na cidade”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
O gráfico acima expressa a quantidade de dias à demanda de turistas da III Festa da Farinha
iriam permanecer na cidade. Pode-se notar que as opções “Mais de uma semana” e “02 dias” se
destacaram, caracterizando assim essa parcela da demanda como turistas, pois de acordo com a
definição dada pela Organização Mundial de Turismo – OMT (1994 apud SANCHO, 2001 p.p. 41-42),
os turistas se caracterizam por permanecer em uma localidade fora de seu entorno habitual por mais
de 24 horas, sem que exerça atividade remunerada no local.
Hospedagem
38,88%
15,27%
1,38%
44,44%
0,00%5,00%
10,00%15,00%20,00%25,00%30,00%35,00%40,00%45,00%50,00%
Casa deamigos/parentes
Hotel Pousada Outro
Gráfico 10: “Hospedagem”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Este gráfico possui profunda relação com um anterior, de “Meios de transporte”, pois eles
demonstram que o público da III Festa da Farinha foi composto mais por visitantes do que por turistas.
Neste a opção mais obtida foi “OUTRO” com 44,44%; portanto, pode-se considerar que as pessoas
que optaram por essa alternativa sejam apenas visitantes e não turistas.
A relação existente entre os gráficos “Meio de transporte” e de “Hospedagem” está no fato de
que o meio de transporte mais utilizado é o carro, sendo assim, veículos individuais, fazendo com que
o deslocamento dos visitantes seja feito ao bel prazer dos mesmos. Dessa forma, pode-se afirmar que
a demanda da III F esta da Farinha de Anastácio caracteriza-se por pessoas que saem de seus
entornos apenas para a festa, somente no período noturno, permanecendo em Anastácio somente
nas horas de realização do evento, nas duas noites.
No entanto, devemos considerar que as demais formas de hospedagem tais como “Casa de
amigos/parentes” e “Hotel” obtiveram uma quantidade expressiva de escolhas durante as entrevistas.
Fazendo uma relação com o gráfico 09 (Tempo de permanência na cidade), podemos notar que a
demanda do evento também é formada por pessoas que são consideradas turistas, de acordo com a
Organização Mundial de Turismo.
Portanto, a parcela de pessoas que não fazem parte da comunidade local (cidades de
Anastácio e Aquidauana) é composta tanto por turistas como por visitantes, seguindo a premissa da
OMT (1994 apud SANCHO, 2001).
Conhece algum ponto turistico de Anastácio?
69,44%
30,55%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Sim Não
Gráfico 11: “Conhece algum ponto turístico de Anastácio?”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Das pessoas que participaram do evento no ano de 2008, uma parcela expressiva afirma
conhecer pontos turísticos do município. Foram destacados como pontos turísticos do município a
Prainha, a Igreja Matriz (católica), os assentamentos e colônias localizadas na área rural, o Morro do
Chapéu, o Balneário Água Cristalina, a Cachoeira do Assentamento São Manoel, entre outros. Dentre
os entrevistados 69,44% afirmou conhecer algum destes pontos turísticos e, 30,55% disse não
conhecer nenhum dos lugares citados.
Qual?
80%
5,45%1,80%
4,45%1,80% 1,80% 1,80%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Prainha Igreja Ponte (s) Morro doChapéu
BalneárioÁgua
Cristalina
ColôniaPulador
Cachoeirado SãoManoel
Gráfico 11.1: “Qual?”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
O gráfico acima é a continuação do anterior, sendo que neste estão expressos em números
quais os pontos turísticos do município de Anastácio são mais conhecidos pela demanda de visitantes
do evento. Dentre as opções escolhidas pelos entrevistados, a Prainha foi a mais conhecida, fato que
se justifica pela localização desta na cidade, sendo localizada na área central urbana do município e
também pela proximidade do local com o de realização do evento.
Também é necessário ressaltar que nesta pergunta, os entrevistados poderiam responder
mais de um ponto turístico, resultando assim, em um número de respostas maior do que o número de
entrevistados.
c) Para todos
Considerando-se que esta etapa era responsável pelo fechamento das entrevistas,
correspondeu aos questionamentos específicos a respeito do evento, abrangendo questões sobre
motivação que levou a participar do evento, quantas vezes já freqüentou o evento, entre outras.
Porque veio ao evento?
30,46%
21,09%22,26%
10,54%
6,64%
8,98%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
Gatronomia Cultura Atrações Negócios Turismo Outro
Gráfico 12: “Porque veio ao evento?”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A Festa da Farinha é um evento que foi criado com o objetivo de promover a gastronomia e a
cultura nordestina presente no município. Observando o gráfico acima, pode-se concluir que a
motivação “Gastronomia”, que foi a mais escolhida, correspondeu às expectativas dos organizadores
em difundir a culinária local. A opção “Atrações” obteve a segunda maior escolha, considerando que
nesta edição da festa, a principal atração foi o cantor Dominguinhos, que possui fama internacional e
é muito conhecido dentro do país, podendo justificar esse resultado.
Quantas vezes já veio ao evento?
29,29%
37,10%
33,59%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
Primeira Segunda Terceira
Gráfico 13: “Quantas vezes já veio ao evento?”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
O público da Festa da Farinha vem, ao longo das três edições do evento, se tornando um
público “fiel” a partir da realização da 2ª edição da festa, visto que foi esta a primeira a ser realizada
na Avenida Porto Geral, logo após sua revitalização; e também pelo fato de que esta já colhia os
frutos da edição anterior, que foi considerada um sucesso, apesar das dificuldades encontradas para
a realização de um primeiro evento de grande porte.
Nota-se que a maioria das pessoas já compareceu em duas edições do evento, contando a 3ª
edição, ou seja, além do novo local de realização do evento, as formas de marketing mais longas e
mais massificadas.
Avaliação do evento
54,29%
15,62%
28,51%
1,56%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
Boa Regular Ótima Ruim
Gráfico 13: “Avaliação do evento”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
Do ponto de vista da demanda, o evento correspondeu as suas expectativas devido ao fato
de que as opções mais escolhidas pelos entrevistados foi “Boa” (54,29%) e “Ótima” (28,51%),
garantindo o sucesso da festa.
No entanto, não pode-se deixar de lado ou desconsiderar os entrevistados que optaram por
“Regular” ou “Ruim”, pois estes ainda são uma parcela da demanda que deve ser atingida, de modo a
alcançar sucesso total.
Está
10,93%
42,57%
33,59%
12,89%
0%0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
45,00%
Sozinho Com família Com amigos Com parceiro Outro
Gráfico 14: “Está”
Fonte: Pesquisa de campo, 2008.
A Festa da Farinha fica caracterizada como um evento familiar, onde as pessoas participam
com sua família ou familiares, visto que esta opção teve 42,75% das escolhas.
Por possuir um público jovem, com idades entre 15 anos e 36 anos, a opção “Com amigos”
também aparece com expressiva quantidade de entrevistados que optaram por esta opção.
Conclusão
A Festa da Farinha de Anastácio-MS surgiu como uma alternativa para promover a atividade
turística no município, além de divulgar a produção artesanal de farinha de mandioca e gerar
desenvolvimento e renda para a localidade.
A demanda, conforme já foi dito, é de suma importância para um evento, seja ele de cunho
gastronômico, cultural ou qualquer outro. Para que este público seja sua principal forma de marketing,
evento como a Festa da Farinha que já possuem uma tradição em suas cidades de origem e
acontecem uma vez a cada ano, deve ter suas necessidades atendidas.
No evento em questão, a III Festa da Farinha de Anastácio, pode considerar que sua
demanda está satisfeita com o evento e, que apesar de ser composta mais por pessoas da população
local, está bastante divulgado, dessa forma, atingindo ao objetivo da organização, de promover a
cidade e a produção artesanal de farinha de mandioca.
No tocante ao perfil da demanda, especificamente, pode-se afirmar que o evento não está
segmentado em classes ou por idades, abrange a todos, também por ser um evento de entrada
franca, mas fechado, com total segurança para os participantes.
Diante do que foi apresentado, pode-se concluir que a III Festa da Farinha de Anastácio-MS
atingiu não somente os objetivos da organização do evento, mas também da demanda que participou
dele, sendo que esta demanda vem, ao longo de três eventos, se tornando cada vez mais
diversificada e, dessa forma, divulgando em diferentes lugares o município e suas potencialidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CABRAL, C; CABRAL, S. & ANGELO, R. Anastácio 38 Anos. Campo Grande-MS: Gráfica e Editora
Alvorada, 2003.
DIAS, R. Introdução ao Turismo. São Paulo: Atlas, 2005.
LANZARINI, R. Projeto – II Festa da Farinha de Anastácio - MS. Anastácio-MS: S/ed, 2007.
MARTIN, V. Manual Prático de Eventos. São Paulo: Atlas, 2003.
SANCHO, A. Introdução ao Turismo. - São Paulo: Roca, 2001.
FESTA DO BON-ODORI COMO FOMENTO À ATIVIDADE TURÍSTICA
LIMA, Pâmela Rigolo
Acadêmica de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas
RESUMO
O presente artigo visa analisar o evento do bon-odori desenvolvido no município de Três Lagoas
(MS), mostrando sua trajetória histórica, os avanços e desafios, bem como sua importância para a
comunidade local, cultura e fomento à atividade turística. O evento é realizado todos os anos, próximo
ao aniversário da cidade, sendo tradicional na cidade, recebendo pessoas tanto da comunidade local
como de Araçatuba, Andradina, Pereira Barreto, Ilha Solteira, entre outras. Dessa forma pode-se
fomentar que o evento é um atrativo turístico, pois, há uma movimentação de pessoas para seu
entorno que usufrui de bens de serviço e infra-estrutura, gerando renda para a localidade.
Palavras-chave: Cultura; Evento; Tradição; Turismo.
INTRODUÇÃO
O presente artigo visa analisar o evento do bon-odori desenvolvido no município de
Três Lagoas (MS), mostrando sua trajetória histórica, os avanços e desafios, bem como sua
importância para a comunidade local, cultura e fomento à atividade turística. Segundo (GOIDANICH,
et al. apud. BAHL, Miguel, 2003, p. 72) evento é todo fato ou acontecimento, espontâneo ou
organizado, que ocorre na sociedade em lugar determinado e com espaço de tempo predefinido.
O bon-odori é um evento, realizado em Três Lagoas (MS) no Clube Associação Nipo
Brasileira, com o intuito de socialização das colônias japonesas existentes na cidade e região, como
também a restauração cultural japonesa.
Marconi e Pressoto (2007, p. 39) classificam cultura como:
Criada, aprendida e acumulada pelos membros do grupo e transmitida
socialmente de uma geração à outra e perpetuada em sua forma original
ou modificada. Os indivíduos aprendem à cultura ou os aspectos da cultura
no transcurso de suas vidas, dos grupos em que nascem ou convivem.
Os japoneses quando migraram ao Brasil passaram por dificuldades desde o idioma,
alimentação, vestes, climas, etc, passando por um processo de aculturação, fusão entre duas culturas
diferentes, ocasionando alterações em sua cultura, e ajustando-a aos padrões da cultura que a
domina.
A cultura uma vez perdida torna-se difícil retorná-la como era a princípio, sendo
assim o evento tenta trazer de volta alguns costumes, como danças e canções que segundo
crendices traria boa-colheita ao ano seguinte.
Segundo (FLORES. apud. SAVOLDI, 2001, p. 90):
Resgatar a cultura é algo difícil de alcançar. Como recuperar algo que não é
estático, que não tem contornos definidos, muito menos definitivos, que não
é jamais pronto e acabado? A cultura sem uma essência apriorística, é um
processo dinâmico, incessante de construção e reconstrução, de invenção e
reinvenção”. Ela sugere o termo restauração cultural em lugar de resgate
cultural, pelo fato de o termo restauração contemplar a dimensão do tempo.
No entanto, ao efetuar um processo de restauração cultural através de um evento
deve-se tomar alguns cuidados para que, isso não se torne um espetáculo, provocando a
descaracterização do mesmo, e a criação de uma cultura artificial.
As origens da festividade se bon-odori são budistas, vêm de uma oração chamada
nenbutso-odori20,que no Japão é praticada ao longo de todo o ano, e mais acentuada no ano novo e o
mês de julho, considerados como divisores do ano, segundo crendices populares corresponde ao
período em que as almas retornam a terra. Sendo assim, começaram a realizar o bon-odori21
anualmente com a intenção de apaziguar e oferecer cultos a esses espíritos.
No Brasil esta tradição ganhou outra característica, sendo realizada na comemoração
do aniversário de cidades que possuem colônias japonesas, com o intuito de celebrar boas colheitas e
prosperidade no ano que se inicia.
Em Três Lagoas o bon-odri, é praticado desde 1971, no Clube Associação Nipo
Brasileira, sendo o meio encontrado pelas colônias japonesas de se consolidarem e restaurar sua
cultura. Dessa forma, o evento tornou-se tradição, mobilizando a comunidade nipônica local e
regional, com adesão significativa da comunidade local.
O evento é considerado tradicional, entendendo que tradição não é apenas voltada
ao passado, mas também uma designação simbólica, segundo esta pesquisa identificou-se que a
maioria dos participantes do evento o freqüentam de dois a oito anos consecutivos, levando a
compreender a tradicionalidade do evento e sua importância para os freqüentadores.
Segundo (HANDLER E LINNEKIN. apud. GRÜNEWALD, 2001, p.134):
Tradição é inventada porque é necessário reconstruí-la no presente [seletividade], apesar do entendimento de alguns participantes como sendo preservação antes de invenção “(1984, p.279)”. Além disso, (...) tradição nunca é totalmente natural, nem é sempre totalmente não relacionada ao passado. A posição entre tradição simplesmente herdada e aquela que conscientemente moldada é uma falsa dicotomia...O ponto crucial para nossos propósitos é aquele que seu valor como símbolos tradicionais não dependem de uma relação objetiva ao passado... O estudo pode objetar que tais costumes não são genuinamente tradicionais, mas eles têm tanta força e tanto significado para seus praticantes modernos quanto outros artefatos culturais que podem ser
20 Invocação-dança21 Mortos-dança
traçados diretamente do passado. A origem das práticas culturais é amplamente irrelevante para a experiência da tradição; autencidade é sempre definida no presente. Não é a existência de um passado ou a transmissão que define algo como tradicional. Antes, o último é uma designação simbólica arbitrária; um significado designado antes que uma qualidade objetiva.
Durante a pesquisa observou-se que o evento atrai não apenas moradores da cidade
de Três Lagoas (MS), mas de Andradina, Araçatuba, Mirandópolis, Pereira Barreto, entre outras, que
buscam o evento com a finalidade de sociabilização com outras colônias japonesas, já que essas
cidades também possuem colônias japonesas.
No entanto, percebe-se um significativo fluxo de pessoas tornando o evento um
atrativo turístico22, já que o mesmo atrai pessoas para seu entorno, seja a população local ou pessoas
da região. As pessoas que visitam o evento são classificadas como excursionistas, pois permanecem
no local menos de vinte e quatro horas, não pernoitando, porém usufruindo de seus bens de serviços,
e assim gerando renda local e podendo desperta o interesse de passar mais dias no local
visitado.Este significativo fluxo de pessoas estimula a atividade turística local que segundo Andrade:
Quem viaja e permanece menos de 24 horas em receptivo ou localidade que não seja o de sua residência fixa ou habitual, com as mesmas finalidades que caracterizam o turista, mas sem pernoitar no local visitado, usa-se o termo excursionista ou visitante de um dia. (ANDRADE, 2002, p.44.)
O evento é organizado pelos associados à Nipo Brasileira e voluntários que iniciam os
preparativos com seis meses de antecedência, onde são oferecidas comidas típicas da culinária
japonesa, danças e canções que representam à colheita do arroz e também sua decoração é feita
com tyotions23, que significam sabedoria dos antepassados, entre outros.
Considera-se o bon-odori um evento cultural, pois quem o freqüenta não se expressa
pela viagem em si, mas por suas motivações, cujos alicerces se situam na disposição e no esforço de
conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou fatos, em suas variadas manifestações Andrade
(2002), como também pode ser considerado gastronômico já que o mesmo oferece comidas típicas
do Japão, que são completamente diferentes da encontrada no Brasil, como sushi24, udon25,
sashimi26, entre outras, conforme observado muitas pessoas que o freqüentam, vão apenas para
degustação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O evento é realizado todos os anos próximo ao aniversário da cidade de Três
Lagoas-MS, sendo freqüentado por pessoas da própria localidade e também de cidades próximas
como Andradina, Pereira Barreto, Mirandópolis, entre outras. Dessa forma podemos fomentar que o
22 É o recurso natural ou cultural que atrai o turista para visitação. IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Tursimo. São Paulo. Pioneira, 1999. p28 23 Lanternas24 Comida típica do Japão, onde em seu preparo leva arroz cozido, enrolado em alga e no centro é colocado gengibre e cenoura.25 Comida típica do Japão, é uma espécie de sopa com macarrão, carne de porco e cebolinha26 Comida típica japonesa, onde leva peixe tipo filé, cebola, gengibre e shoio.
evento de certa forma é um atrativo turístico, pois há uma movimentação de pessoas para seu
entorno que usufrui dos produtos oferecidos pelo evento.
Consideramos o evento como um fomento à atividade turística, já que a cidade de
Três Lagoas (MS), nos dias em que ocorre o mesmo, torna-se um receptivo, recebendo pessoas de
outras localidades, que usufruem de bens de serviço e infra-estrutura local gerando renda para a
localidade.
Essas pessoas vêm em busca de prestigiar a cultura japonesa e o que o evento pode
oferecer como comidas típicas e danças, tornando-o um incentivo a restauração cultural japonesa.
BIBLIOGRAFIA
AEMS FACUDADES INTEGRADAS DE TRÊS LAGOAS. Manual do Trabalho Acadêmico AEMS.
Três Lagoas, MS, 2007.
ANDRADE, José V. Turismo: Fundamentos e Dimensões. 8ªed. São Paulo, 2002.
BAHL, Miguel (Org). Eventos a Importância para o Turismo do Terceiro Milênio. São Paulo, 2003.
GRÜNEWALD, Rodrigo de Azevedo. Turismo e o “Resgate” da Cultura Pataxó IN:
BANDUCCI, Álvaro; Barreto, Marqarita (Org). Turismo e Identidade Local: Uma visão
Antropológica, Campinas, SP, 2001.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo. São Paulo, 1999.
NETO, Francisco Paulo de. Marketing de Eventos. 4ªed. São Paulo, 2003
PIRES, Mário Jorge. Lazer e Turismo Cultural. 2ªed. Barueri, SP, 2002.
PRANDINI, Renata. Hoje MS, Três Lagoas, 6 jun. 2007, p. 5.
MARCONI, M. A.; PRESSOTO, Z. M. N. Antropologia: Uma Introdução. 6ª ed. São Paulo, 2007
SAVOLDI, Adiles. A Reconstrução da Italianedade no Sul do Estado de Santa Catarina IN:
BANDUCCI, Álvaro; Barreto, Marqarita (Org). Turismo e Identidade Local: Uma visão
Antropológica, Campinas, SP, 2001.
Sites pesquisados:
BON-ODORI.In. Mori, Koichi. Caderno Zaschi: Cultrura Tradicional. [acessado em:7 jun.2007].
Disponível em http://www.nipobrasileira.com.br/2semanal.culturatradicional/319.shtml
MORI, Koichi (Org). Danças Tradicionais do Japão. Caderno Zashi Cultura Tradicional. [acessado
em: 7 jun.2007]. Disponível em http://www.nipobrasil.com.br/2semanal.culturatradicional/389.shtml
A IMPORTÂNCIA DA HOSPITALIDADADE NO SETOR HOTELEIRO
PADILHA, Fabiana Elias
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
Hospitalidade é uma palavra originária do Latim hospitalitate e significa o ato de hospedar; a
qualidade de quem é hospitaleiro; a liberalidade que se pratica, alojando gratuitamente alguém; e por
extensão acolhimento afetuoso. Com relação ao turismo ser hospitaleiro é receber bem os turistas. A
hospitalidade também está relacionada ao receber bem os turistas, ou hóspedes não apenas na
qualidade dos bens e serviços oferecidos no turismo, mas também fazer o turista se sentir como se
estivesse em “casa”. Neste sentido, a qualidade no turismo refere-se ao serviço aliado ao produto e
que o fator qualidade é o único critério que se impõe de maneira natural para determinar o sucesso ou
o fracasso. Desse modo, a hospitalidade no turismo está em todas as atividades relacionadas com o
turismo, desde a facilitação ingresso, permanência, deslocamentos internos e saída dos visitantes, o
desenvolvimento da infra-estrutura, os transportes e comunicações a educação e capacitação e
prestação de serviços. Portanto, é importante salientar que, o referido artigo tem por objetivo mostrar
de forma clara e objetiva que a hospitalidade no setor de hoteleiro, é fator crucial para o sucesso do
empreendedor, podendo levá-lo ao sucesso ou à sua própria derrocada, ou seja, a pessoa ao se
hospedar, procura conforto, bem-estar, qualificação profissional dos colaboradores e praticidade no
atendimento (fatores cruciais para que o hóspede se sinta à vontade e bem atendido).
Palavras-chave: hospitalidade; qualidade de atendimento; hotelaria.
1 CONCEITO DE HOTEL
O conceito de hotel é definido por alguns conceituados autores do setor de hotelaria e
turismo. Neste sentido, hotel é definido como sendo um estabelecimento que deverá fornecer um bom
serviço de alojamento, de refeições, bar, tratamento de roupas, informações turísticas e de caráter
geral (JANEIRO, 1991). Para Torres (1989) o hotel é como uma instituição de caráter público que
oferece ao viajante, alojamento, alimentos e bebidas, assim como entretenimento.
Nesta ótica, Castelli (1987) estabelece que um hotel, é uma empresa prestadora de
serviços e diferencia-se completamente de outras empresas do tipo industrial ou comercial. E ainda o
hotel geralmente oferece aos hóspedes, uma quantidade de serviços além de acomodação.
(CASTELLI, 1991).
Desse modo, observa-se que, as definições de hotel demonstram que o produto principal
de um hotel é a acomodação seguido por outros serviços, que podem ser alimentação, lazer, salas
para reuniões e congressos, informações turísticas, serviços de quarto, lavanderia entre outros.
Partindo deste referencial, o produto hoteleiro esta relacionado diretamente com a
prestação de serviços em um hotel, onde, estes serviços prestados, são todas as atividades de
execução para satisfazer os hóspedes.
São inúmeras as atividades envolvidas em uma empresa hoteleira, entre elas estão:
serviços de quarto, hospedagem, serviços de copa, mini-bar, restaurante, lavanderia, lazer, eventos e
atendimento das solicitações, entre outros.
1.1 Breve Histórico de Hotelaria Mundial
A hotelaria é uma das mais antigas categorias de hospedagem humana e foi sendo
aprimorada através dos tempos. No século IV a.C, haviam as hospedarias, que prestavam serviços,
mais comuns, como alimentação e abrigo. Com a evolução do mercantilismo mundial, os homens
foram obrigados a viajar cada vez mais longe e surgindo assim a necessidade de repouso e
alimentação.
Neste aspecto, a procura por repouso, por parte dos viajantes foi aumentando ao passar
dos tempos conforme a distância das viagens, levando as hospedarias passarem por transformações
como passar dos tempos. (DAVIES, 2003).
É importante salientar que, os hóspedes, precisavam cada vez mais de recursos como: banho,
guardar seus pertences, acomodar seus meio de transportes1, solicitar informações, entre outros
fatores, os quais levaram as hospedarias e abrigos a adaptarem suas instalações para melhor
atenderem. De acordo com Davies (2003) os primeiros viajantes foram peregrinos religiosos,
comerciantes e outros.
Na Roma antiga, as hospedarias de boa qualidade eram identificadas, pela denominação
de “mansiones”, espalhadas por todo o Império. As tavernas também serviam de abrigo para oficiais e
legionários. Cabe ressaltar que, haviam instituições religiosas que criaram abadias e mosteiros para
abrigar peregrinos e viajantes, que segundo Marques (2003) foi na Inglaterra, por volta dos séculos
XVI e XVII, que começou a desenvolver outro tipo de hotelaria. Comerciantes viajantes que
circulavam pela região tinham como meio de transporte predominando grandes carruagens puxadas
por seus cavalos, contribuíram com o sistema rodoviário da época que ligava Vilas entre si e com o
crescimento do número de hospedarias.
Isto posto cabe lembrar outros fatores de grande importância para a evolução dos hotéis
da Inglaterra segundo Marques (2003) foram a revolução industrial, ferroviária e as transformações
sociais.
E também contribuíram para o deslocamento de pessoas de um lugar para outro, fazendo
com que necessitasse de hospedagem. Segundo Castelli (2003) por volta de 1720–1730 foi
descoberto em York Sulphur, Pensilvânia, um manancial de águas térmicas e minerais com essa
descoberta começou o deslocamento com finalidade de apreciação do lugar, consequentemente a
construção de hotéis, foram descobertos outros locais como atrativos na segunda metade do século
XIX, havendo, portanto, a necessidade de hotéis, hospedarias para abrigar estes viajantes.
É importante destacar que, com o passar do tempo a hotelaria mundial foi crescendo e
acompanhando as necessidades e exigências das pessoas, os hotéis procuravam proporcionar a
seus hóspedes o bem-estar, e também bom atendimento. Contudo, pode-se observar que, com a
demanda crescendo do setor hoteleiro, é evidente que a concorrência também existia, e por isso com
o passar dos tempos as hospedarias, hotéis e abrigos foram se aprimorando e levando o mercado à
competitividade.
1.1.1 Panorama da Hotelaria Brasileira
No Brasil, o progresso da hotelaria foi lento, pois tinham suas raízes na cultura
escravocrata que dominou o país até o final do século XIX e meados do século XX. As elites tinham
pouco interesse por esse tipo de serviço, pois a colonização extrativista segundo Baumgartiner (2003)
não estimulava a permanência dos colonizadores ao contrário da norte-americana que buscavam a
exploração da terra pelo seu povoamento.
Dessa forma, o Brasil deixou de evoluir não somente no ramo de hotelaria, mas em
tantos outros aspectos, mesmo tendo um grande potencial, os interesses eram restritos e externos.
Por estes motivos, havia grande carência, quanto à hospedagem brasileira, e as pessoas
permaneciam em residências por falta de locais apropriados.
Com efeito, os colégios da Companhia de Jesus recebiam hóspedes também fora da
capital da colônia. No Rio de Janeiro os jesuítas hospedavam pessoas pagantes ou não
recomendadas por autoridades. Os monges beneditinos construíram no Rio de Janeiro uma grande
hospedaria que pôde depois, hospedar a Real Academia dos Guardas da Marinha de 1808 a 1839
(BELCHIOR & POYARES, 1997).
A segunda metade do século XIX foi a mais organizada no Rio de Janeiro, diversas
construções surgiram, especialmente para hotelaria, onde algumas já ofereciam banho e em alguns
casos refeições (BAUMGARTINER, 2003). As pensões e os hotéis que foram surgindo ao longo dos
anos geralmente ficavam nas proximidades de estradas de ferro ou portos marítimos e não ofereciam
bons serviços e nem bons hóspedes.
Para Baumgartiner (2003) o crescimento da rede hoteleira no Brasil está ligado ao
desenvolvimento urbano do começo do século XX e ao caminho das ferrovias, como por exemplo a
região sudeste que teve mais benefícios neste aspecto com a cultura cafeeira e a abertura das
grandes fazendas.
Na década de 1940 não era apenas os trabalhadores ou viajantes, os principais clientes
que circulavam nos hotéis, mas haviam outros fatores como o jogo e o termalismo que seguiu
ajudando a manter a ocupação desses hotéis até meados dos anos 1950 (BAUMGARTINER, 2003).
Nesta ótica, Trigo (2000) ressalta que, na década de 1960, o Brasil possuía cerca de 40
mil leitos3, em estabelecimentos de primeira e segunda classes. Por volta dos anos
1970, havia a necessidade de mudanças necessárias como modernização em relação a infra-
estrutura dos hotéis para atender as exigências de seus hóspedes.
Com relação aos hotéis a partir de 2004, Gorini & Mendes (2005) ressaltam que:
Na hotelaria brasileira, existem 14.914 meios de hospedagem no Brasil: 9.943 hotéis, 4.094 pousadas, 532 hotéis-fazenda e 345 apart-hotéis (...). (...), o Hotel Investment Advisors (HIA), estima que cerca de 70% das UHs existentes no país são operados por hotéis independentes das redes (GORINI & MENDES, 2005, p. 17).
Partindo deste referencial, observa-se que o segmento hoteleiro no país possui uma
considerável fatia no mercado, o que vem proporcionar aos hospedes a escolha de um bom hotel.
1.2 Conceito de Hospitalidade
A hospitalidade está relacionada segundo Dias (2002, p. 70) apud Nowen (1975) “Ao ato
de hospedar afetuosamente, podendo significar, portanto, um atributo de quem é hospitaleiro,
levando-nos a pensar, imediatamente, em chás, reuniões e conversas amenas”.
Com efeito, a hospitalidade é apresentada sob diversas formas, por diferentes autores, e
por meio de inúmeros conceitos tais como: confortabilidade, receptividade, liberalidade, sociabilidade,
cordialidade, dentre outros.
Entretanto, há também quem prefira não adotar nenhum conceito por acreditar que o
termo encerra um significado maior do que segundo Dias (2002) qualquer palavra possa expressar.
Para esses autores, a hospitalidade perpassa o modo de pensar, agir e responder dos indivíduos,
compreendendo, assim uma parte de seu caráter.
Isto posto cabe enfatizar que, a hospitalidade está associada a questões mais amplas
que o simples ato de hospedar e alimentar. O exercício da hospitalidade engloba o estudo tanto do
espaço geográfico de sua ocorrência (a cidade ou o campo), quanto dos aspectos que se relacionam
direta ou indiretamente com seu desenvolvimento: o planejamento e a organização de seus recursos
materiais, humanos, naturais ou financeiros (DIAS, 2002).
1.2.1 Abrangência Histórica da Indústria da Hospitalidade
Segundo Chon & Sparrowe (2003), a indústria da hospitalidade compreende uma grande
variedade de negócios, todos dedicados a prestar serviços a pessoas que estão longe de suas casas.
Hoje como no passado, os principais componentes da indústria são aqueles que satisfazem a
necessidade de abrigo e acomodação e aqueles que fornecem alimentos e bebidas a seus clientes.
Neste sentido, a indústria da hospitalidade possui suas raízes na vida social e cultural. Ao
longo da história, a indústria foi moldada pelas sociedades e culturas nas quais se desenvolveu.
Atualmente, a sociedade e a cultura continuam a moldar a indústria de diversas maneiras, como por
exemplo, por meio das questões ambientais, das mudanças econômicas, do aumento no número de
mulheres que viajam a negócios ou de leis referentes ao ato de fumar em restaurantes.
É importante salientar que, hoje a liderança na indústria é muito mais importante do que
as habilidades operacionais tradicionais. Os líderes devem ser capazes de entender e prever como a
hospitalidade será afetada por um mundo em constantes mudanças.
Nesta ótica:
Talvez a globalização seja a mais relevante tendência contemporânea a afetar a indústria da hospitalidade. As nações não existem de maneira independente, mas sim em uma crescente dependência mútua. As culturas e os países ocidentais começaram a reconhecedor a força a vitalidade e a complexidade de outras nações. (...) um aspecto histórico da hospitalidade é a obrigação de tratar estranhos com dignidade, alimenta-los e fornecer-lhes bebidas, e protege-los. À medida que o mundo se torna cada vez
‘menor’ e ciente de sua imensa diversidade, o ‘espírito da hospitalidade’parece especialmente importante (CHON & SPARROWE, 2003, p. IX).
Partindo deste referencial, em muitos países, a qualidade dos serviços de hospitalidade
variava conforme os valores pagos e a localização do estabelecimento. Alguns registros antigos
mostram que existiam hospedarias infestadas de insetos, onde serviam refeições de má qualidade,
mas nem todas eram ruins, por exemplo, os Leches, lugares de encontros sociais na Grécia Antiga,
tinham reputação de servir boa comida. Os hóspedes podiam escolher entre uma variedade de
guloseimas, como queijo de cabra, pão de cevada, ervilhas, peixes, figos, carne de cordeiro,
azeitonas e mel. Os hóspedes segundo Chon & Sparrowe (2003), também podiam escolher
estabelecimento que preferiam freqüentar Atenas possuía 360 hospedarias.
1.2.2 O Símbolo da Hospitalidade
O símbolo da hospitalidade é o abacaxi. Sua origem precisa é desconhecida, mas muitos
acreditam que a idéia de utilizá-lo como símbolo foi emprestada dos primeiros povos a cultivar a fruta.
Esses povos colocavam abacaxis do lado de fora de suas casas para demonstrar que os visitantes
eram bem-vindos (CHON & SPARROWE, 2003).
Os colonizadores europeus levaram a fruta para a Europa e para as colônias norte-
americanas no século XVII. Como a exótica fruta era mais rara e mais cara do que caviar simbolizava
o que havia de melhor em termos de hospitalidade.
Ela era utilizada segundo Chon & Sparrowe (2003) para honrar a realiza e os hóspedes
mais ricos.
Isto posto cabe enfatizar que, a idéia de hospitalidade, data, é claro, de épocas muito
anteriores, desde as evidências históricas encontradas nos primeiros centros da civilização como a
Mesopotâmia (atual Iraque), às referências bíblicas à tradição de lavar os pés dos hóspedes, até os
posteriores registros dos donos de hospedaria ingleses que, com uma caneca de cerveja, recebiam
viajantes cansados.
1.2.3 As Primeiras Regulamentações da Indústria da Hospitalidade
As primeiras regulamentações conhecidas da indústria são encontradas no código de
Hamurabi. Durante o governo de Hamurabi no Antigo Império Babilônico, de 1792 a 1750 a.C., ele
desenvolveu o que foi considerado um sábio e justo “Código de Leis”. O código obrigava as
proprietárias de tavernas a denunciar qualquer hóspede que planejasse um crime (CHON &
SPARROWE, 2003).
O código também proibia adicionar água às bebidas ou enganar quanto à dose servida. A
punição para esses “crimes” era por afogamento. Na época do Império Romano, as normas tinham
evoluído, por exemplo, a mulher de um dono de hospedaria não podia ser punida por desobedecer às
leis contra o adultério, os donos de hospedaria não podiam servir ao exército porque, o exército era
um serviço nobre; e os donos de hospedaria não podiam ter a guarda de crianças menores de idade.
Desse modo:
Algumas vezes, as regras eram instituídas pelos donos de tavernas. No século XVI, na Inglaterra, era comum a existência de leis como: não era permitido mais de cinco pessoas na mesma cama; não era permitido deitar de botas na cama; não era permitido acolher nenhum amolador ou construtor de lâminas; era proibida a presença de cachorros na cozinha; tocadores de realejo tinham de dormir nos sanitários (CHON & SPARROWE, 2003, p. 4).
Isto posto, cabe lembrar que, apesar de algumas normas parecerem absurdas, as
primeiras regulamentações ajudaram no desenvolvimento da indústria e algumas permanecem até os
dias atuais.
1.2.4 A Hospitalidade no Turismo
Segundo Dias (2002) a hospitalidade é um dos temas mais discutidos entre as
abordagens culturais do fenômeno do turismo. Como envolve deslocamento de pessoas e sua
permanência temporária em locais que não são o de sua residência habitual, há uma intrínseca
relação entre turismo e hospitalidade.
“Todo turista está sendo, de alguma forma recebido nos lugares. O que diferencia a
experiência entre um e outro turista no que se refere à hospitalidade é a forma como se dá o seu
acolhimento no destino”(DIAS, 2002, p. 43).
Neste aspecto o marketing turístico vende a noção da hospitalidade dos lugares por meio
do slogan do “sentir-se em casa”. Nesse sentido, o “sentir-se em casa” em termos de hospitalidade
turística significa ter no lugar em que se é “estrangeiro", ou seja, a mesma sensação de acolhimento
que se tem na própria casa, o que significa segundo Dias (2002), em primeiro plano, mas também
conforto e bem-estar de modo geral.
Com relação a hospitalidade atual, ela está voltada também para os sentimentos de
todos os envolvidos no meio turístico, a preocupação vai além da qualidade dos serviços e da
preocupação com o conforto do turista, buscando assim, a satisfação total do visitante (CASTELLI,
2001).
Com efeito, para ser hospitaleiro é preciso esmerar-se na excelência dos serviços
prestados, educar a comunidade para receber os turistas, investir em infra-estrutura básica, porque a
hospitalidade está desde o atendimento na compra dos pacotes, às condições de sinalização,
estradas e até a higiene e segurança dos destinos, podendo ser espontânea ou artificial, esta última
ocorre quando entidades públicas ou privadas, promovem a criação de infraestruturas, que segundo
Castelli (2203) forjando uma hospitalidade profissional e muitas vezes para uso exclusivos dos
turistas.
Observa-se, portanto, que, a hospitalidade está diretamente ligada às necessidades e
desejos das pessoas. Desse modo, a necessidade de rever os serviços prestados e colocar o cliente
como peça fundamental do Sistema de Turismo, oferecendo a ele serviços diferenciados é
imprescindível para conquistá-los, mas deve-se sempre levar em consideração os interesses da
comunidade local, evitando assim, conflitos que possam vir causar a inviabilidade do destino turístico.
Sendo assim, Castelli (2001) afirma que, o aumento da participação das pessoas no turismo fez com
que as empresas hoteleiras, um dos principais suportes do roteiro turístico.
É importante salientar que, a qualidade dos serviços prestados, não se resume em
apenas dominar as técnicas de atendimento com qualidade, mas principalmente deve ser uma prática
constante e todos os colaboradores devem estar capacitados, desta forma, estarão mais efetivamente
satisfazendo sua clientela com a excelência dos serviços prestados (CASTELLI, 2003).
1.2.5 A Necessidade de Hospitalidade
“O convívio social, ou viver em grupo, é uma das necessidades fundamentais de todo ser
humano. A hospitalidade, essência da vida em grupo é uma necessidade natural, biológica e
social” (CASTELLI, 2006, p. 180).
Partindo deste referencial, sabe-se ainda que, o viajante ao chegar ao hotel paga não
somente por um apartamento confortável, mas também pela boa acolhida e pela hospitalidade.
Desse modo, “ (...) o acolhimento, ato imbricado à hospitalidade, passa então, a ser,
‘incontestavelmente’, um dos componentes da troca comercial, presente também na venda de um
apartamento de hotel ou de uma refeição” (GOUIRAND apud CASTELLI, 2006, p. 180). É importante
destacar que, o ato de acolher está presente no cotidiano das pessoas. Não é isso o que acontece na
loja, no consultório médico, no correio, ou igreja? Ou seja, em todos esses estabelecimentos, as
pessoas são, em primeiro lugar, acolhidas. Em seguida, faz-se o restante.
Considerando a questão a hospitalidade é fator essencial, para que às pessoas se sintam
acolhidas, e bem atendidas, pois esse primeiro encontro se causar má impressão será necessário
muitos esforços para desfazer a má impressão que fica.
Já com relação a boa impressão, o cliente poderá até deixar de passar algumas
deficiências encontradas posteriormente.
De acordo com Castelli (2006) devido ao grande incremento das viagens internacionais,
os meios de hospedagem ganharam grandes proporções e uma considerável diversificação para
atender aos diferentes segmentos do mercado. Assim, a necessidade de oferecer um bom
acolhimento tornou-se um imperativo, já que a sociedade de hoje exige qualidade cada vez maior dos
bens e serviços prestados.
Contudo, a necessidade de um acolhimento mais qualitativo é exigência não somente da
prática do turismo em geral, mas segundo Castelli (2006) apud Gouirand (1994) principalmente dos
meios de hospedagem, pois as pessoas buscam neles tudo aquilo que já não mais encontram no seu-
dia-a-dia, em especial, amabilidade, calor humano, reconhecimento, hospitalidade e cuidados,
considerados insumos do produto hoteleiro, ou seja, o hotel tornou-se um dos poucos lugares onde se
pode exigir um acolhimento caloroso e hospitaleiro.
REVISÃO DA LITERATURA
Como referencial teórico, a pesquisa partiu dos estudos realizados através da pesquisa
literária, por autores como: Baumgartner, Chon e Sparrowe, Belchior, Castelli, Dias Davies e Janeiro.
Esses autores apresentaram de forma clara e bastante enriquecedora a Hospitalidade em relação à
hotelaria, levando-nos à fácil compreensão da história em si, pois segundo os autores, a hospitalidade
é um atributo que atravessou os séculos e faz parte do setor hoteleiro, o qual também vem agregado
a questão do marketing, pois uma vez bem atendido o hóspede tende a retornar e ainda
possivelmente indicar a outros amigos (pois segundo estes autores as pessoas que procuram hotéis,
pousadas, entre outros estabelecimentos para passar as férias e repousar ao mesmo tempo,
procuram conforto, praticidade, bem-estar e qualidade nos serviços e produtos oferecidos pelo setor
hoteleiro). Nesta ótica, observou-se a real necessidade de aprofundar a pesquisa literária com a
leitura desse grupo de autores acima mencionados com o intuito de obter maiores informações sobre
o tema do referido artigo.
Isto posto, cabe lembrar que, outra fonte de pesquisa foi necessária para obter maiores
esclarecimentos tais como: Marques, Torre e Trigo, os quais apontaram que é possível sim
proporcionar aos hóspedes conforto e qualidade nos serviços prestados e ainda a hospitalidade tão
importante neste segmento na hotelaria.
MATERIAIS E MÉTODOS
Como método de pesquisa foi utilizado a pesquisa bibliográfica (qualitativa), através de
livros e artigos relacionados à Importância da Hospitalidade no Setor Hoteleiro. Tais pesquisas foram
necessárias para aprofundar a questão dentro do contexto a ser pesquisado. Contribuindo assim, de
forma positiva, para o referido estudo dando, suporte e embasamento literário para a conclusão do
mesmo.
RESULTADO
Para compreender o tema: “A Importância da Hospitalidade no Setor Hoteleiro” fez-se
necessário a pesquisa e estudos quanto à necessidade do tratamento cordial e hospitaleiro para com
o hóspede, para que o mesmo possa se sentir acolhido.
Inserida neste contexto, pode-se avaliar as causas que levam o hóspede a retornar ao
mesmo hotel, pois ao sentir-se acolhido e obtendo o bem-estar através dos tratamentos oferecidos
pelos colaboradores do hotel (mão-de-obra qualificada), o hóspede se sentirá seguro e poderá
recomendar o mesmo hotel aos amigos e parentes (como resultado positivo de sua estadia). A
pesquisa bibliográfica permitiu mostrar de forma clara e objetiva os reais motivos que ocasionam o
retorno do hóspede ao mesmo hotel. Observou-se que não apenas a hospitalidade é fator crucial,
mas o marketing oferecido, o conceito que o mesmo obtém no mercado e ainda a praticidade e os
serviços e produtos oferecidos, fazem partem do contexto avaliado pelo hóspede ao escolher o hotel.
DISCUSSÃO
Foram observadas através das literaturas acima mencionadas que a globalização é um
dos fatores que levam o empresário do setor de hotelaria a qualificar seus serviços e produtos, não
apenas através de sua estrutura, mas também através da qualificação profissional de seus
colaboradores, (pois a cordialidade e a receptividade ao fazer o check-in, é fator crucial para o
estabelecimento).
Os autores também enfatizaram que, as exigências dos hóspedes levam os empresários
do setor à competitividade do mercado. Neste sentido, o marketing, também está inserido neste
contexto, levando o hotel a ser reconhecido não apenas em seu estado, ou cidade, mas até a nível
nacional. Tais fatores são essenciais para que o empresário do setor hoteleiro obtenha êxito em seu
empreendimento.
Os autores também concordaram que, para haver o segmento do setor hoteleiro, e ainda
acompanhar o mercado, é necessário que o mesmo acompanhe as tendências, as novidades,
globalização, pois a competitividade é o motor que impulsiona o mercado seja ele qual for. Entretanto,
cabe enfatizar que, de nada adianta obter tratamento cinco estrelas se não há hospitalidade
(cordialidade, bem-estar) oferecido ao hóspede.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hospitalidade sempre foi e será parte integrante do turismo. A hospitalidade engloba
também as necessidades (exigências) das pessoas, que não são mais as mesmas, o que antes servia
hoje não serve mais. As pessoas têm exigências próprias, únicas, preferem dizer como gostariam de
ser recebidos e servidos.
A hospitalidade constitui não apenas no ato de hospedar, mas principalmente, receber o
turista como um indivíduo com necessidades, desejos a serem correspondidos, e fazer com que ele
perceba que não é apenas objeto de lucro. Desse modo, a importância de se investir em uma
capacitação dos profissionais envolvidos com as atividades turísticas, voltada para a hospitalidade faz
parte do setor hoteleiro, uma vez que o mesmo deve estar apto e atento à globalização (rápida e
exigente), levando o setor à uma competitividade constante.
Partindo deste referencial, sabe-se ainda que o hotel que possui um diferencial em
relação aos outros tende a obter maior sucesso, como por exemplo, aquele que oferece
entretenimento, pois muitos hóspedes vão viajar com suas famílias (crianças) e um hotel que possuir
este diferencial, tende a ganhar a competitividade na hora da escolha (devido à necessidade de lazer
e recreação da família).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2006.
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BAUMGARTNER, Ricardo R, FONSECA–ROSÉS, Cláudia. Org. José Ruy Veloso Campos. Estudo
de viabilidade para projeto hoteleiro. Apud Associação Brasileira de Indústria de Hotéis.Campinas:
Papirus, 2003.
BELCHIOR, Elíso de Oliveira, POYARES, Ramon. Pioneiros da hotelaria no Rio de Janeiro. Rio
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Hospitalidade: conceitos e aplicações. São Paulo: Pioneira Thomson , 2003.
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DIAS, Célia Maria de Moraes (org.). Hospitalidade: reflexões e perspectivas. 1. ed. São Paulo:
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GORINI, Ana Paula Fontenelle; MENDES, Eduardo da Fonseca. Setor de turismo no Brasil:
segmento de hotelaria. BNDES Setorial. Rio de Janeiro, n. 22, p. 111-150, set. 2005.
JANEIRO, Joaquim A. Guia técnico de hotelaria. Lisboa : Cevop, 1991.
MARQUES, Albano J. Introdução a hotelaria. São Paulo: Saraiva, 2003.
TORRE, Francisco de La. Administração hoteleira. México: Trilhas, 1989.
TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Viagem na memória: guia histórico das viagens e do turismo no
Brasil. São Paulo: Senac, 2000.
A UTILIZAÇÃO DA REGIÃO DA CASCALHEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ECOTURISMO
OLIVEIRA, Juliana Barbosa de
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
Na década de 1960, iniciou-se a construção utilizando tecnologia inteiramente brasileira, pela CESP,
da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias (Jupiá), localizada no Salto de Urubupungá. Durante a
construção da usina, em acordo com a Prefeitura Municipal da época, houve a utilização de uma
porção do lado sul mato-grossense das margens do rio escolhida para a remoção de cascalho onde
também houve escavação de um canal para o desvio das águas do Rio Sucuriú durante a construção
da usina, já que o local fica na intersecção dos rios Sucuriú e Paraná. Devido à proximidade da
superfície dos lençóis freáticos da região, os buracos escavados logo se encheram de água formando
lagos, a vegetação nativa foi completamente devastada pelas construções implantadas e máquinas
operadas tanto para extração do cascalho quanto para sua escoação até o local da obra. Atualmente
intitulada Cascalheira a área dispõe do abandono total por parte das autoridades locais e órgãos
ambientais. A seu lado dela há Parque Natural Municipal das Capivaras com visível manifesto da
riqueza biodiversa do local e beleza cênica e forte presença de Mata Atlântica. O entorno do Parque
Natural Municipal das Capivaras, com maior densidade de vegetação, constitui-se da Cascalheira,
região superior ao parque, freqüentada por pescadores, pessoas que procuram frescor em dias de
altas temperaturas, marginais e fugitivos, onde a paisagem é privilegiada e a amplitude do território
possibilita a visitação pública. São encontrados com facilidade, em veículos de divulgação, vídeos de
grupos praticantes de atividades com motos em trilhas presentes na área da Cascalheira. Por
existirem várias formas de o homem interagir com o ambiente, o mercado do turismo ecológico torna
– se diversificado e da origem a diferentes grupos de visitantes com motivações peculiares e
características distintas. As regiões referidas (Parque Natural Municipal das Capivaras e região da
Cascalheira) oferecem potencial para as atividades do Ecoturismo ou Turismo Ecológico, Educação
Ambiental e Turismo Científico, no que tange estudos sobre a mata Atlântica e seus resquícios, sua
preservação e informações adicionais, para este último, e de Turismo de Observação. Além de a área
oferecer contato direto com a natureza, oportunidade para a implantação de trilhas para caminhadas e
trilhas interpretativas, amplos espaços possuem cenários que possibilitam e são atrações para a
observação do meio. O estudo a seguir propõe a implantação da atividade turística nas áreas no
intuito de aliar a necessidade de cuidados à oportunidade do desenvolvimento de novas
oportunidades no âmbito sócio cultural e econômico para a comunidade local.
Palavras–chave: Cascalheira; Parque Natural Municipal das Capivaras; Ecoturismo; Oportunidade.
INTRODUÇÃO
Três Lagoas localiza-se ao extremo leste do estado do Mato Grosso do Sul, faz divisa com o
Estado de São Paulo, na Bacia Hidrográfica do Rio Paraná, que possui 700.000 km² e trata-se da
quinta maior bacia hidrográfica do mundo. Possui ainda, duas sub-bacias importantes: a do Rio Verde
e a do Rio Sucuriú. A rede hidrográfica três-lagoense compõe-se dos rios Paraná, Pombo, Sucuriú e
Verde; além dos ribeirões Baguaçú, Bonito, Brioso, Campo Triste, Imbaúba, Palmito, Piaba, Prata e
Beltrão; e dos córregos Azul, Boa Vista, Cervo, Estiva, Jacaré, Lajeado, Moeda, Pontal, Porto,
Pratinha, Taboca e Urutu.
O município também se situa sobre o maior lago subterrâneo do planeta, o Sistema Aqüífero
Guarani. Assim como os rios subterrâneos, as águas do sistema Aqüífero Guarani facilmente vêm à
tona em escavação. É do aqüífero a água do Ribeirão Palmito, naturalmente muito quente, mas não
muito apropriada para consumo, devido a seu gosto. Trata-se da quarta cidade mais populosa e
importante desse estado. Fundada em 1915, sua colonização iniciou-se na década de 1880 por Luís
Correia Neves Filho, Antônio Trajano dos Santos e Protásio Garcia Leal. A cidade possui três Áreas
de Proteção Ambiental27 o Parque Natural do Jupiá, Parque Natural do Pombo e Parque Natural
Municipal das Capivaras, sendo esta última, em conjunto ao seu entorno, matérias primas deste
projeto.
Na década de 1960, iniciou-se a construção utilizando tecnologia inteiramente brasileira, pela
CESP, da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias (Jupiá), localizada no Salto de Urubupungá,
quando de sua finalização, no ano de 1974, era a maior usina hidrelétrica do Brasil. Em 1978, foi
ultrapassada por Ilha Solteira e, em 1982, por Itaipu. Hoje, continua sendo a terceira maior usina
hidrelétrica do Brasil, considerada muito eficiente, uma vez que sua área alagada é pequena em
relação à destruição ambiental causada e à energia por ela produzida.
A usina dispõe de eclusa, que possibilita a navegação no Rio Paraná e a integração hidroviária
com o Rio Tietê, faz parte do Complexo de Urubupungá (é formado pelas usinas de Jupiá, Ilha
Solteira e Três Irmãos, operando com potência total de 4,6 milhões de quilowatts exercendo influência
em área que se estende pelos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás)
possui um programa de Turismo escolar com aplicação pedagógica em Física – Transformação de
energia; Educação ambiental – Através da visitação à piscicultura (produção de espécies de peixe)
feita pela Empresa para repovoar os rios que têm por objetivo minimizar os impactos causados pela
construção de seus empreendimentos, promover a conservação ambiental dos ecossistemas em toda
a área de influência direta e indiretamente afetada e Tecnologia – Tecnologia desenvolvida nas áreas
de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. As visitações são gratuitas e o horário de
funcionamento é de início as oito e término às dezoito horas, segunda à sexta - feira perante
agendamento prévio.
Durante a construção da usina, em acordo com a Prefeitura Municipal da época, houve a
utilização de uma porção do lado sul mato-grossense das margens do rio escolhida para a remoção
de cascalho onde também houve escavação de um canal para o desvio das águas do Rio Sucuriú
durante a construção da usina, já que o local fica na intersecção dos rios Sucuriú e Paraná. Devido à
proximidade da superfície dos lençóis freáticos da região, os buracos escavados logo se encheram de
água formando lagos, a vegetação nativa foi completamente devastada pelas construções
implantadas e máquinas operadas no local tanto para extração do cascalho quanto para sua
escoação até o local da obra. Após o término da construção da usina hidrelétrica, o local se tornou
Área de Segurança28 até o ano de 2004, sob os cuidados e direitos de utilização apenas do Exército
Brasileiro e neste período, houve recuperação parcial da vegetação.
27 De acordo com Sistema Nacional de Unidades de Conservação No Brasil, uma área de proteção ambiental (APA) é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
28 Área de segurança nacional é uma região definida pela Escola Superior de Guerra, dentro da doutrina de segurança nacional onde as liberdades individuais, os princípios constitucionais e a legislação civil não têm efeito. São, portanto, consideradas áreas de segurança nacional todas aquelas que podem ser alvo de sabotagens, de atos terroristas, ou localidades que podem desestabilizar a segurança do Brasil. Alguns exemplos atuais são as áreas de bases militares, barragens de usinas hidroelétricas, geradoras de energia (termoelétricas e nucleares), fábricas de armas, explosivos e munições, regiões fronteiriças internacionais, entre outras regiões sensíveis ao terrorismo e ações que podem gerar grandes danos à Nação.
Atualmente intitulada Cascalheira a área dispõe do abandono total por parte das autoridades
locais e órgãos ambientais, é inexistente a presença de qualquer posto de informações, Polícia Militar
Florestal, IBAMA ou CONAMA, sinalização de advertência que possa alertar aos mais desatentos
sobre os riscos presentes por onde se passa. O descuido a despreocupação é por parte de todos, dos
que freqüentam apenas para usar o rio como refresco, paisagem romântica, esconderijo aos que são
atraídos pelo solo e ruínas que apresentam diferentes graus de dificuldade de acesso nas
proximidades.
Perante a observação e consideração do dano ambiental referido na presente pesquisa
somado a danos em outras duas áreas de empréstimo, em sete de novembro de 2006 foi assinado o
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre administração municipal de Três Lagoas, a Cesp e o
Ministério Público Estadual que finaliza a Ação Civil Pública (autos n° 021.05.000811-1) em trâmite na
3ª Vara Cível da Comarca de Três Lagoas, promovida pelo Ministério Público contra a Companhia
Elétrica do Estado de São Paulo e o município de Três Lagoas, que assumem reciprocamente
obrigações e direitos, dos quais, o município deverá executar, por sua conta e risco, as obras de
caráter socioeconômico de acordo com projetos elaborados e aprovados pelo Ministério Público com
prazo de execução até o final do exercício de 2008 (Ministério Público terá prazo de 30 dias para
conferir e outorgar ao município, a quitação referente aos pedidos constantes na Ação Civil Pública)
listadas:
- Centro de Referência de Assistência Social e Educacional – CRASE, na Vila Haro.
- Drenagem a pavimentação parciais no bairro Paranapungá.
- Construção de escola municipal com 12 salas de aula.
Por parte da Companhia Elétrica, acordando com o projeto aprovado pelo órgão gestor
competente e respeitado o valor negociado de R$ 9.700.000,00 (nove milhões e setecentos mil reais),
dispensado tanto para serviços de recuperação ambiental da área denominada Cascalheira, serviços
de recuperação ambiental de duas áreas de empréstimo, (a primeira situada aos fundos do posto
Fiscal e a segunda próxima ao Jupiá), quanto para outras obras de caráter socioeconômico, caberia
elaborar e apresentar ao Ministério Público os projetos de recuperação das áreas no prazo de 90 dias
após a homologação do TAC e execução destes com a aprovação pelo Ministério Público, posterior
licenciamento ambiental expedido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA para execução dos serviços, além de efetuar obras de caráter socioeconômico
em áreas determinadas conforme conveniência do interesse local pela Prefeitura dentro do limite do
valor remanescente ao utilizado nos projetos até o valor negociado conforme relação de prioridades
estabelecidas pelo Ministério Público listadas abaixo:
- Construção de edificação a ser destinada exclusivamente a políticas ambientais do município.
- Drenagem e pavimentação parciais nos bairros Santos Dumont, Nossa Senhora Aparecida e Vila
Zucão.
- Drenagem e pavimentação parciais no bairro Jardim Brasília.
- Revitalização do Córrego da Onça, com drenagem e pavimentação parciais.
No entanto não existem obras em andamento ou previsão de atividades de qualquer natureza
na área da Cascalheira. Todavia a área total de 70, 676 ha é destacada pelo visível contraste entre
Parque Natural Municipal das Capivaras e Cascalheira. O Parque Natural Municipal das Capivaras
compõe a área conservada, até então, sem atuação formal da exploração dos recursos naturais se
não apenas por pescadores, abriga uma unidade de conservação, inserida ao Plano Diretor da cidade
de Três Lagoas como Zona Especial de Interesse Ambiental (ZEIA) 29, possui forte presença de
decremento de Mata Atlântica como particularidade importante, do total presente comprovado e
mapeado de 11% de cobertura original de Mata Atlântica e 3% de matas remanescentes de Mata
Atlântica, correspondente a 3736.92 hectares e 124.84 de Decremento de Mata na cidade de Três
Lagoas, em sua fauna são encontradas capivaras, tatus, tamanduás, emas e bugios. Apesar de sua
variedade animal e vegetal o parque apresenta alto grau de fragilidade, o que exige cuidado especial
e regime de preservação da unidade de acordo com os estudos efetuados, porém não divulgados
ainda por uma equipe de especialistas da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
A área chamada Cascalheira inserida na Zona Especial de Interesse Urbanístico (ZEIU) no
plano de manejo da cidade é composta por um território degradado em sua totalidade pela ação
antrópica, apresenta espaços vastos de solo compactado, erosões e ausência quase absoluta de
fauna ou flora devido à pobreza alimentar e descaracterização do habitat, é freqüentada por
desinformados que procuram o rio, cujo acesso é proibido pela defesa civil, correm riscos devido à
presença de ferragens e restos de construção civil deixados de herança pela construção da usina
hidrelétrica.
O chamado Parque Natural Municipal das Capivaras é nomeado e classificado informalmente,
sem que haja qualquer Conselho administrativo, órgão normativo ou organização, constituída pela
sociedade civil ou responsável das causas ambientais municipais ou estaduais, presentes em ação
para a normatização de atuação e exploração da área como é previsto no Sistema Nacional de
Conservação da Natureza (SNUC), instituído pela lei Federal 9.985/2000.
É sabido que especialistas em recursos ambientais naturais da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul em expedição com parceria empresa contratada pela Prefeitura Municipal,
desenvolveram estudos esclarecedores das condições ambientais naturais reais, análise do
ecossistema presente e avaliação geral da área visando o Plano de Manejo, o qual não tem existência
oficial, apesar de ter sido criado no ano de 2000.
Há previsão, porém de data incerta, de ser levado a audiência pública na Câmara Municipal
contando com a participação livre, inclusive dos moradores do entorno do parque. Sendo aprovado, a
administração deverá publicar o ato de forma que o Plano tenha existência oficial, permitindo entre
outros benefícios, receita de ICMS Ecológico e parcerias em projetos ambientais, como a Fundação
Boticário, por exemplo. Em conseqüência, a área não está contida em mapas, registros e listagens
publicadas por regulamentadores de unidade de conservação, como por exemplo, os mapas e
registros do Zoneamento Ecológico- Econômico do Mato Grosso do Sul.
O zoneamento destaca em seus estudos de definição e normatização quais são as presentes
ou possíveis zonas de ocupação, zonas de preservação e/ ou conservação, ou seja, delimita
29 Começa na interseção com limite do perímetro da ZEU 1 no ponto de coordenada UTM de 428897.2885,7705208.7845, deflete a direita margeando limite da ZEU 01 até atingir barranca do rio Sucuriú no ponto de coordenada UTM de 431583.5620,7709310.0926, deflete a direita até foz do rio Sucuriú no rio Paraná segue pela margem direita do rio Paraná ate atingir interseção com ZEIU 03 no ponto de coordenada UTM de 432226.4740,7708804.0607, deflete a direita até atingir o limite da ZI 01 com coordenada aproximada de 431392.9170,7705866.1808, deflete a esquerda contornando os limites da ZI 01 até atingir limite do perímetro da ZEIU 04 no ponto de coordenada UTM de 431165.7251,7706163.0261, deflete a esquerda margeando o limite da ZEIU 04 até atingir o ponto de coordenada UTM de 430915.3215,7706163.0261, deflete a esquerda até atingir o ponto inicial.
geograficamente áreas territoriais com o objetivo de estabelecer regimes especiais de uso, gozo e
fruição da propriedade. O Zoneamento Ecológico- Econômico é um instrumento da Política Nacional
do Meio Ambiente que atua na organização territorial, conforme o Decreto nº 4.297/2002 que
regulamenta o Art.9º, inciso II, da Lei 6.938/1981 e objetiva organizar as decisões dos agentes
públicos e privados quanto aos planos, programas, projetos e atividades que utilizem recursos
naturais através da manutenção do capital e serviços ambientais dos ecossistemas e criar condições
para que as atividades sociais e econômicas sejam adequadamente distribuídas com efetiva postura
de conservação ambiental.
Considerando – se potencialidade o visível manifesto da riqueza biodiversa do local e beleza
cênica, sua proximidade com a zona urbana e ausência de leis normativas e regulamentadoras por
parte de órgãos ambientais responsáveis, assim como fiscalização eficiente e a forte tendência
cultural da comunidade local de se transportar até as margens de rios devido às altas temperaturas
características da região e aumento da população, a vulnerabilidade da integridade ambiental expõe o
potencial local devido à letargia por parte dos responsáveis ambientais quanto as providencias
necessárias para a conservação, preservação, valorização das riquezas de observação ou
exploração, pondo em risco o bioma existente no parque e desperdiça a oportunidade de
desenvolvimento de atividades turísticas, conseqüentemente científicas e educativas, para os
habitantes locais e turistas devido às atrações naturais exclusivas na região.
Na área ocupada pelo Parque Natural Municipal das Capivaras há forte, se não predominante
presença de Mata Atlântica, a qual se caracteriza com alta fragilidade e necessidade de preservação
do ecossistema local, por isso, o preparo e correta exploração do entorno desta é de extrema
importância.
O entorno do Parque Natural Municipal das Capivaras, com maior densidade de vegetação, constitui-
se da Cascalheira, região superior ao parque, freqüentada por pescadores, pessoas que procuram
frescor em dias de altas temperaturas, marginais e fugitivos, onde a paisagem é privilegiada e a
amplitude do território possibilita a visitação pública. São encontrados com facilidade, em veículos de
divulgação, vídeos de grupos praticantes de atividades com motos em trilhas presentes na área da
Cascalheira. Essas práticas envolvem o uso das máquinas em manobras executadas em terrenos
com diferentes graus de acessibilidade e trilhas, a motivação dos grupos para a prática é certamente
o conjunto de características da área: paisagem, presença de pequenos morros e obstáculos naturais,
liberdade de acesso sem restrições de utilização e fiscalização e proximidade da cidade. Grupos de
ciclistas buscam as mesmas experiências que os motoqueiros, considerando-se a diferença do
equipamento utilizado.
A pesca é praticada com maior intensidade e freqüência na área do parque, a qual
igualmente não possui grandes dificuldades de acesso por limitações administrativas ou geográficas,
são pessoas que procuram tranqüilidade aliada a uma atividade de lazer. Quanto aos cuidados
necessários para a utilização da área há um aviso informal, possivelmente fixado por um dos
pescadores.
Nas áreas com maiores aberturas para as margens do rio, em dias de calor há visitação de
banhistas e observadores. Apesar do risco apresentado pelo local para banhos e mergulhos devido
aos restos de construção e estruturas da época construção da Usina Hidroelétrica população procura
pelas águas do rio Paraná no local, tanto famílias quanto grupos de amigos são freqüentadores.
Por existirem várias formas de o homem interagir com o ambiente, o mercado do turismo
ecológico torna – se diversificado e da origem a diferentes grupos de visitantes com motivações
peculiares e características distintas. As regiões referidas (Parque Natural Municipal das Capivaras e
região da Cascalheira) oferecem potencial para as atividades do Ecoturismo ou Turismo Ecológico,
Educação Ambiental e Turismo Científico, no que tange estudos sobre a mata Atlântica e seus
resquícios, sua preservação e informações adicionais, para este último, e de Turismo de Observação.
Além de a área oferecer contato direto com a natureza, oportunidade para a implantação de trilhas
para caminhadas e trilhas interpretativas, amplos espaços possuem cenários que possibilitam e são
atrações para a observação do meio.
Vantagens
Considerando a sinergia de todos os atores envolvidos no processo de desenvolvimento do
turismo de acordo com o planejamento voltado à sustentabilidade e melhor forma de utilização dos
potenciais é seguro afirmar que, a partir da fomentação das atividades turísticas, as vantagens
originadas são certas. Para produção de bens e serviços há geração de emprego de mão de obra, o
que desencadeia o ciclo de aumento da rentabilidade das famílias de menor poder aquisitivo e a
necessidade de especialização da mão de obra no que tange a prestação de serviços diretos ao
consumidor como guias, recepcionistas, recreacionistas, por exemplo, incentiva a intensificação do
interesse e procura pela profissionalização e crescimento pessoal da população autóctone, além de
visar colaborar com os princípios do desenvolvimento sustentável preconizado pela Agenda 21.
A movimentação de turistas exige a disponibilidade de boas condições de utilização dos
empreendimentos alimentícios, restaurantes e lanchonetes, o transporte coletivo deverá se
modernizar pra atender aos visitantes além de favorecer os moradores da cidade, desta forma o
comércio passa a receber maior movimentação para atender a demanda local, como fornecedores
dos empreendimentos locais e aos visitantes que circularão pela cidade eventualmente na busca de
produtos que sejam de necessidade momentânea ou até os que supram os frutos da pura curiosidade
pela cultura e sociedade visitada. Por fim haverá estímulo da competitividade, com o aumento da
produção de bens e serviços, entre os elementos da oferta, os quais buscarão continuamente pela
qualidade dos serviços.
Desvantagens
Como qualquer atividade econômica o Turismo possui desvantagens e riscos, já que, o setor
exige grandes investimentos de capital e, mais intensamente em sua fase inicial de implantação,
quando, a obtenção do mercado consumidor é lenta. A falta de informação e do conhecimento e das
especificidades de sua produção, por parte a sociedade local, representa o risco de impedimento do
sucesso do desenvolvimento da atividade, da mesma forma que a atuação desenfreada do setor
imobiliário e sua tendência à supervalorização dos espaços a qual, fatalmente atinge os altos valores.
Não é anulado o risco de desequilíbrio ambiental, mesmo o Ecoturismo sendo considerado como
atividade de mínimo impacto ambiental, e desgaste dos atrativos.
Em relação aos impactos no ambiente natural e sócio cultural, existem vários aspectos que
precisam ser observados e cuidados para que haja consciência de preservação e resgate deste
ambiente: o acumulo de lixo as margens dos caminhos e trilhas, rios e lagos; uso
de produtos que possam contaminar as águas, comprometendo sua pureza e a vida dos peixes e
vegetação aquática; poluição sonora e ambiental provocada por motores e possíveis embarcações;
coleta, captura de espécies nativas; ruídos que assustam animais e provocam a fuga de ninhos e
refúgios (como palmas, tiros, música, assobios, apitos, etc.).
Turistas que alimentam animais com produtos contendo conservantes e componentes podem
causar doenças e até levar a morte; o abandono de lixo e restos de comida ao ar livre pode atrair
insetos, provocar mau cheiro e cultivar bactérias; alargamento e pisoteio da vegetação das trilhas e
caminhos; caça e pesca ilegal; incêndios nas áreas mais secas provocados por faíscas de isqueiros,
fósforos ou cigarros; descaracterização da paisagem causada por construção de equipamentos cujos
materiais, arquitetura e estilo contrastem o meio natural; descaracterização das tradições e dos
costumes das comunidades receptoras, cujos ritos e mitos, muitas vezes, são transformados em
shows para turistas; choque cultural diante a diferença de hábitos e a ostentação de melhores
condições financeiras que a dos moradores,aumento dos preços e migração de pessoas originárias
de regiões economicamente debilitadas para os novos pólos, em busca de empregos provocando
excedentes na oferta de mão-de-obra e escassez de moradias.
A implantação da atividade turística na área estudada visa o desenvolvimento territorial
passando a comunidade a ser reconhecida a partir dele, com atividades mais complexas que
envolvam o comprometimento da participação de todos os personagens como os programas de
certificações de sustentabilidade, captação de incentivos fiscais, apoio e parcerias com fundações
focadas no desenvolvimento responsável das comunidades, zoneamento e correto manejo das áreas
e a organização do território. Desenvolvimento regional focando no fortalecimento da sociedade civil
entendida como comunidade, indivíduos e região acordados em seus objetivos locais, aproveitamento
dos recursos e potencialidades endógenas existentes e garantia da participação dos cidadãos na
resolução dos problemas regionais considerada como mecanismo complementar às ações dos órgãos
administrativos, governamentais e mercado e espelho da eficiência destes mecanismos.
Desenvolvimento local direcionado para a valorização e melhor utilização e aproveitamento
da área, cuidados de preservação e conservação com a riqueza ambiental presente, abertura e
oportunidade de evolução sócio-econômica por parte da comunidade enquanto inserida em um
cenário caracterizado fortemente por grandes transformações no âmbito industrial as quais
direcionam e centralizam atenções e investimentos econômicos na alçada industrial. Disponibilização
de um atrativo que gere expectativas de diversidade nas opções de lazer da região e suprir as
necessidades atuais de desenvolvimento de produto turístico tangível, através do aproveitamento e
cuidado da riqueza natural e peculiar presente no Parque Natural Municipal das Capivaras, além da
recuperação e uso sustentável da área.
São perspectivas do desenvolvimento do turismo no Parque Natural Municipal das Capivaras
as oportunidades potenciais do ecoturismo acima além das ooportunidades de diversificação e
consolidação econômica, geração de empregos, conservação ambiental, valorização da cultura,
conservação e/ou recuperação do patrimônio histórico, recuperação da auto-estima nas suas áreas
de atuação, consequentemente tais beneficios são objetivos da proposta da mesma forma.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Prefeitura Municipal de Três Lagoas. Plano Diretor. [acessado em 27/05/2007]. Disponível
em http://www.treslagoas.ms.gov.br.
BRASIL. Prefeitura Municipal de Três Lagoas. Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agro
negócio, Pecuária, Ciência e Tecnologia. [acessado em 27/05/2007]. Disponível em
http://www.treslagoas.ms.gov.br
IGANARRA, Luis Renato. Fundamentos do Turismo. - São Paulo, SP: Pioneira, 1999.
LINDBERG, Kreg e HAWKINS, Donald. Ecoturismo: Um guia para o planejamento e gestão. São
Paulo, SP. Senac,2002.
RODRIGUES, Adyr Balastreri. Turismo e Desenvolvimento Local. São Paulo, SP: Hucitec, 1997.
TURISMO E IDENTIDADE CULTURAL
SILVA, Magda Fernandes da
SILVA, Bruna Carla de Sousa
Acadêmicas do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
A crescente sensibilização das sociedades modernas para as questões culturais e ambientais tem
fomentado uma maior abertura e interesse, por parte das instituições governamentais e não
governamentais, para o desenvolvimento e estabelecimento de estratégias de intervenção no âmbito
da preservação, reabilitação e conservação do patrimônio cultural. O tema em questão, atualmente,
atrai atenção das sociedades modernas, no que concerne à proteção do patrimônio cultural, pois este
se encontra ameaçado de destruição e deterioração, devido as mudanças decorrentes de fatores
naturais, bem como as mudanças econômicas e sociais, que agravam a situação. Alguns desses
fatores estão relacionados ao crescente processo de evolução, proveniente da globalização, na qual
tem contribuído para o aumento de tais mudanças. O presente trabalho tem como objetivo apresentar
o conceito, a evolução histórica e a problemática que evolvem o tema, permitindo à população
analisar a relação que tange entre o resgate e o aproveitamento do patrimônio cultural e as
possibilidades de intervenção turísticas. Para isso, foram utilizadas pesquisas bibliográficas referentes
ao assunto.
Palavras-chave: turismo; identidade cultural; conservação; patrimônio
O QUE É PATRIMÔNIO?
A palavra patrimônio tem origem latina, patrimonium, e, primordialmente, estava relacionada
com bens de família, herança e posse.
Essa palavra possui vários significados. Para que possamos entender melhor o conceito de
patrimônio é preciso saber um pouco da história e seu contexto histórico, pois este é tudo aquilo que
faz parte da história, ou seja, o legado deixado pelos antecedentes.
O sentido ou definição mais comum é o conjunto de bens que uma pessoa ou uma entidade
possuem. Desse modo, patrimônio nacional, por exemplo, é o conjunto de bens que pertencem a
determinado país.
O patrimônio pode ser classificado por duas divisões, tais como: natureza e cultura.
Patrimônio natural são as riquezas que estão no solo e no subsolo, tanto as florestas quanto às
jazidas. Já, quanto ao patrimônio cultural, esse conceito vem sendo ampliado na medida em que se
revisa o sentido de cultura.
PATRIMÔNIO CULTURAL: CONCEITO
O conceito de patrimônio cultural evoluiu, ao passar de tesouro artístico a recurso para
desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida das pessoas. Ao patrimônio cultural associa-se um
conjunto de valores, como beleza, antiguidade, identidade, estética, curiosidade, entre outros. Nesse
processo de evolução, o significado da palavra patrimônio passou de tesouro artístico - que era
destinado à contemplação por apenas uma minoria de privilegiados - para monumento histórico-
cultural – de interesse dos Estados-nação - e posteriormente, passou a representar culturas, e ser
instrumento de educação universal.
Essa visão de patrimônio como um recurso econômico, capaz de gerar emprego e renda, está
associada ao crescimento do turismo e à necessidade das pessoas conheceram a diversidade cultural
das regiões, dos territórios nacionais e de todo o planeta.
Atualmente, o patrimônio cultural é considerado um conjunto de bens materiais e não
materiais, que foram legados pelos nossos antepassados e que, deverão ser transmitidos aos nossos
descendentes, acrescidos de novos conteúdos e significados, os quais, deverão provavelmente,
sofrer novas interpretações de acordo com novas realidades socioculturais. Este é composto por
elementos tangíveis e intangíveis, tanto do passado quanto do presente, os quais, caracterizam no
seu conjunto um povo, uma cultura.
Assim, os bens culturais que constituem o patrimônio cultural podem ser divididos em dois
grupos: bens tangíveis – materiais – e intangíveis – não materiais. O primeiro grupo – material ou
tangíveis – está constituído por construções antigas, ferramentas, objetos pessoais, vestimentas,
museus, cidades históricas, patrimônio arqueológico e paleontológico, jardins, edifícios militares e
religiosos, cerâmica, esculturas, monumentos, documentos, instrumentos musicais e outros objetos
que representam a capacidade de adaptação do ser humano ao seu meio ambiente e a forma de
organização da vida social, política e cultural. O último grupo – não material ou intangíveis – é
formado por todos aqueles conhecimentos transmitidos, como as tradições orais, a língua, a música,
as danças, o teatro, os costumes, as festas, as crenças, o conhecimento, os ofícios e técnicas
antigas, a medicina tradicional, a herança histórica, entre outros.
Portanto, os bens patrimoniais formam uma ferramenta educacional importante, pois
permitem que os jovens conheçam seu passado como forma de compreender melhor o presente e, ao
mesmo tempo, consolidem-se valores e se fortaleça o processo de construção de uma identidade
cultural.
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE PATRIMÔNIO
Na idade antiga, a concepção de patrimônio era associada a idéia de coleção de riquezas,
raridades e antiguidades de caráter extraordinário ou de grande valor material, indicadores de poder,
de luxo e de prestígio, como troféus, tesouros, oferendas religiosas, sendo estes de desfrute
individual, inacessível a todos, como uma forma de propriedade privada.
Na idade média, civilizações gregas e romanas consideravam o patrimônio como vestígios de
uma civilização superior, que, por isso, é imitada. Por essa razão, havia o tráfico de obras-de-arte,
bem como cópias de modelos originais. Existia também, uma valorização estética e herança cultural
de interesse pedagógico. Nessa época, a concepção de patrimônio estava associada a idéia de algo
que se respeita, que é sagrado, mas também relacionava-se com relíquias, escavações
arqueológicas.
A partir do Renascimento, o conceito de patrimônio passou a se identificar com o passado
histórico, os objetos artísticos, especialmente belos e meritórios, passaram a ser valorizados por sua
dimensão histórica e rememorativa, como produtos culturais de uma época determinada. Além disso,
os renascentistas passaram a adotar o patrimônio de valor artístico, venerando-o por sua beleza
estética, particularmente nos séculos XV e XVI. Nessa época, buscou-se recuperar e conservar os
bens do passado, pois, o patrimônio passou a ter não só um interesse histórico, como também um
interesse artístico. A obra-de-arte podia ser um documento para se conhecer o passado, idéia
propiciada pelos primeiros estudos rigorosos de história da arte. Entre os séculos XVI e XVIII, os
jovens da nobreza passaram a cultuar e a venerar o passado viajando para as regiões onde se
encontravam o patrimônio monumental das civilizações antigas para se educarem, como uma forma
anterior de turismo, denominado Grand Tour, a qual antecedeu a popularização das viagens iniciadas
por Thomas Cook, em 1841, considerado o marco inicial do turismo moderno.
Em 1789, com a chamada Revolução Francesa, houve uma mudança significativa em todo
esse processo de evolução. O Estado apropriou-se dos bens e coleções da Igreja católica, da
nobreza e da monarquia reunindo-os em museus. Desse modo, com a ascensão da burguesia ao
poder em inúmeros países europeus, aumentou-se significativamente o número de museus por toda a
Europa. Os museus ganharam uma função política, de fortalecimento dos recém-criados Estados-
nação. Assim, o patrimônio, em termos políticos, assumiu um novo papel simbólico, qual seja,
representar a comunidade identificada como nação.
Dessa forma, além do valor histórico e artístico, o patrimônio ganhou um valor político e
passou a ser identificado com o Estado, representante dos interesses gerais da nação. Ao longo de
todo o século XIX e boa parte do XX perdurou essa concepção de patrimônio público, nacional e
estatal, como instrumento de formação e consolidação das identidades nacionais. Durante esse
período, o isolamento do patrimônio em museus, contribuiu para a expansão do turismo ao destaca-lo
e separa-lo do presente, tornando-o objeto de visitação. Com o passar do tempo, os museus foram
perdendo, gradativamente, sua função educativa e passaram a ser freqüentados principalmente pelas
elites e por intelectuais, com o intuito de limitar o acesso ao patrimônio, que era considerado
pertencente à cultura erudita, identificada com as elites.
Somente a partir da metade do século XX esse quadro começou a ser alterado, constituindo-
se a concepção do patrimônio com inúmeras dimensões, passando a considerar o seu potencial
socioeducativo e econômico, além de seu valor cultural. Ampliou-se o público dos museus, retomando
seu papel na educação massiva. O crescimento do turismo de massas no período colaborou para
expandir a concepção do patrimônio, a partir do momento em que amplas camadas da população
passaram a ter acesso às viagens e a desejar conhecer outros povos, outras culturas e a fortalecer
sua própria identidade pelo conhecimento do passado.
Atualmente, a definição de patrimônio, além de valores históricos, artísticos, científicos,
educativos e políticos, incorpora outros, que se relacionam com o território e com a construção da
identidade cultural de uma população. Exige-se o compromisso ético e a cooperação de toda a
população para garantir tanto sua conservação como sua exploração adequada. Essa concepção de
patrimônio associa-se a idéia de riqueza coletiva de importância crucial para a democracia cultural, na
qual há plena acessibilidade e novos usos, participação e envolvimento da sociedade civil,
restauração.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA – PATRIMÔNIO CULTURAL E TURISMO
Época e Desenvolvimento
Década de 30 - Início da valorização do patrimônio arquitetônico brasileiro no contexto do
movimento moderno, marcado pelo sentimento nacionalista, centrado na questão da identidade
nacional. Em 1937 – criado o SPHAN. Lúcio Costa e Mário de Andrade – esforço de construir a
identidade nacional – recuperaram nas artes o estilo barroco e na arquitetura o estilo neocolonial.
Cidades inteiras, conjuntos arquitetônicos e edifícios foram tombados. Ouro Preto, Diamantina,
Olinda, Salvador, São Luís...
Meados do Século XX - Administradores públicos passam a considerar benéficos da
remodelação do espaço público como forma de atrair capital para os centros urbanos. Ex: Museu de
Bilbao – Espanha; Times Square – EUA; Brasil – Rio de Janeiro.
Década de 60 - No Brasil, a arquitetura e o urbanismo passam a ser objeto de interesse
turístico devido à melhoria dos acessos rodoviários.
Década de 70 - Em 1973, foi criado o Programa Integrado de Reconstrução de Cidades
Históricas para promover o desenvolvimento turístico histórico do Nordeste.
Década de 80 - Em 1982, formulou-se conceitos de cultura e desenvolvimento na
Conferência Mundial do México. Este era considerado um processo complexo e multidimensional que
vai além do crescimento econômico e integras energias da comunidade, devendo fundar-se no desejo
de cada sociedade de expressar sua profunda identidade. Já aquela era considerada como um
conjunto de características espirituais e materiais, intelectuais e emocionais que definem um grupo
social; engloba modos de vida, os direitos fundamentais da pessoa, sistema de valores, tradições e
crenças.
Em 1986, na Conferência de Bruntland foi introduzido, pelo documento final Nosso Futuro
Comum, conceitos de sustentabilidade e de biodiversidade, ambos transportados para o campo da
cultura.
Entre 1988 a 1997, a UNESCO declarou Decênio Mundial do Desenvolvimento Cultural.
Em 1989, a UNESCO estabeleceu a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura
Tradicional e Popular e vem, desde então, estimulando a sua aplicação ao redor do mundo. Esse
instrumento legal fornece elementos para a identificação, a preservação e a continuidade dessa forma
de patrimônio, assim como de sua disseminação.
Final do Século XX - Temas de debates sobre a cultura, a identidade, o turismo e o
desenvolvimento. Constataram que o turismo de massa consumista estava matando os lugares.
Como solução para áreas degradas pelo turismo de massa cresce o turismo cultural e o ecoturismo.
Visitantes mais educados e conscientes, à procura de informações e de novas experiências. Tendo
como alvo ambientes naturais específicos e cidades históricas, manifestações culturais, a culinária, a
arte e o artesanato. O turismo cultural passa, então, a ser visto pelos órgãos de preservação como
meio de arrecadar recursos para a manutenção de lugares e manifestações, bem como instrumento
de informação do público visitante.
Década de 90 - Em 1995, criou-se a Comissão Mundial de Cultura e o relatório Nossa
Diversidade Criadora, o qual acrescenta que o desenvolvimento não tem que ser apenas sustentável
mais cultural. Surge, pois, a necessidade de preservar a diversidade cultural como a riqueza máxima
do nosso planeta.
Em 1991, no Tratado de Maastricht, a União Européia designou a cultura como fator de
elaboração de políticas de desenvolvimento. O turismo era visto não apenas como fonte de
crescimento econômico, mas também como forma de manter e reforçar identidades regionais.
Em 1993, o Caminho de Santiago de Compostela, foi inscrito na Lista do Patrimônio Mundial
da UNESCO.
No período de 1995 à 1973, cresceu o número de visitantes de 3 milhões para 34 milhões por
ano na Espanha.
Em 1998, a Conferência de Estocolmo fixou objetivo como a adoção de política cultural como
chave de estratégia do desenvolvimento, a promoção da criatividade, da participação na vida cultural
e da diversidade cultural e lingüística.
Início do Século XXI - Surgem questões como o que preservar e para quem preservar, bem
como da identidade cultural.
Em 2001, a UNESCO criou um título internacional, concedido a destacados espaços e
manifestações da cultura tradicional e popular.
Em 2003, a UNESCO adotou a Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural e
Imaterial. Essa convenção regula o tema do patrimônio cultural imaterial e, assim integra a
Convenção do Patrimônio Mundial, de 1972, que cuida dos bens tangíveis, de modo a contemplar
toda a herança cultural da humanidade.
PRESERVAÇÃO X CONSERVAÇÃO
Preservar não é só guardar uma coisa, um objeto, uma construção, um miolo histórico de
uma grande cidade velha. Preservar também é gravar depoimentos, sons, músicas populares e
eruditas. Preservar é manter vivos, mesmo que alterados, usos e costumes populares. É fazer,
também, levantamentos (de qualquer natureza), de sítios variados, de cidades, de bairros, de
quarteirões significativos dentro do contexto urbano. É fazer levantamentos de construções,
especialmente aquelas sabidamente condenadas ao desaparecimento decorrente da especulação
imobiliária. Preservar significa proteger, resguardar, evitar que alguma coisa seja atingida por alguma
outra que lhe cause dano.
Por outro lado, conservar significa manter, guardar para que haja uma permanência no
tempo. Desde que guardar é diferente de resguardar, preservar o patrimônio implica mantê-lo estático
e intocado, ao passo que conservar implica integrá-lo no dinamismo do processo cultural.
Quanto à legitimidade da conservação como alternativa à preservação não há unanimidade.
Na realidade, os preservacionistas acreditam que a conservação destrói a aura do bem cultural. O
problema, geralmente, é que o bem assim “protegido” transforma-se num equipamento com pouca
utilidade social e nenhuma viabilidade financeira, que onera o poder público responsável. Desse
modo, o patrimônio mantém sua aura, mas não se mantém.
Nessa discussão encontra-se implícita a questão do público e do privado. Muitas pessoas,
como a comunidade científica e a sociedade mais ampla entendem que o patrimônio deve
permanecer público, pois sua privatização seria uma forma de alienação.
Paradoxalmente, então, a preservação acaba sendo uma proposta que leva, muitas vezes, à
destruição gradativa do patrimônio por falta de condições financeiras para obras de restauro ou de
simples manutenção, e a conservação é o que permite evitar a deterioração dos bens, ou seja, é o
que permite proteger o bem dos efeitos do tempo. Portanto, a idéia não é manter o patrimônio para
lucrar com ele, mas sim lucrar com ele para conseguir mantê-lo.
A PROBLEMÁTICA DO PATRIMÔNIO CULTURAL E SUA DESTRUIÇÃO
Uma questão que se coloca, logo de início, à definição de qualquer tipo de patrimônio
(cultural, artístico, histórico, natural...), prendem-se com a importância que as sociedades atribuem
aos diferentes bens e à necessidade de classificação, recuperação e preservação dos considerados
mais importantes enquanto herança das gerações passadas e legado para as vindouras. No entanto,
essa preocupação vai-se desenvolvendo concomitantemente com o próprio desenvolvimento sócio-
econômico, verificando-se, mesmo ao nível legislativo, uma maior atividade no âmbito da
sensibilização e conservação patrimonial nos países tidos como mais desenvolvidos. Nestes, o
patrimônio é cada vez mais identificado com uma herança coletiva a preservar para passar às
gerações vindouras de formas a perpetuar os vestígios direta ou indiretamente ligado à História do
Homem e da Sociedade.
Concluindo, verificamos a necessidade urgente em valorizar e divulgar o patrimônio cultural, o
que deve ser antecedido por um processo de estudo, sistematização, classificação e inventariação, de
forma a desenvolver um esforço concertado de recuperação, preservação e conservação dos
elementos identificados como tal.
A mudança no conceito de patrimônio acompanha a mudança no conceito de história, ciência
esta que por muitos séculos registrou apenas os grandes feitos políticos. A história oficial, que conta
os grandes feitos e batalhas, passou para a história social, na qual passa a contar também o cotidiano
das pessoas. A tendência(substituir por um sinônimo) é levar em conta tanto os grandes feitos quanto
a história das minorias, ou seja, dos relegados, e a relação entre diferentes segmentos que compõem
as sociedades estudadas, incluindo as relações econômicas e sociais, a vida doméstica, as condições
de trabalho e lazer, a atitude para com a natureza, a cultura, a religião, a música, a arquitetura, a
educação.
Desse modo, o patrimônio deixou de ser definido pelos prédios que abrigaram reis, condes e
pelos utensílios a eles pertencentes, passando a ser definido como o conjunto de todos os utensílios
hábitos, usos e costumes, crenças e forma de vida cotidiana de todos os segmentos que compuseram
e compõem a sociedade.
Ainda que, no meio acadêmico haja quase um acordo nessa visão de patrimônio, nos âmbitos
oficiais, prevalece a ênfase na identificação do patrimônio com monumentos, arquitetônicos ou
escultóricos e, já que o patrimônio é considerado importante para a manutenção da identidade
nacional, há o implemento em muitos países de políticas de preservação que visam evitar que a
especulação imobiliária acabe com as construções consideradas históricas em sentido estrito. Em
muitos países, ampliaram essa visão e tomaram medidas legais para evitar o contrabando ou a venda
legal de material arqueológico, obras de arte e outros utensílios tidos como patrimônio nacional para
grandes centros, museus ou coleções particulares.
Em 1972, na convenção do Patrimônio Mundial da Unesco, determina-se patrimônio cultural
como conjunto de bens ou valores, constituídos por monumentos, conjunto de edificações e sítios.
A convenção de 1972 advertiu que o patrimônio está cada vez mais ameaçado de destruição,
tanto pela deterioração normal, derivado de fatores naturais, como por mudanças nas condições
econômicas e sociais, que agravam a situação, e em meio as quais estaria o turismo. Os fatores
naturais que podem estragar um bem são as enchentes, a erosão, as inclemências do tempo em
geral. Entre os outros fatores, estão a respiração humana e animal, os excrementos, as emanações
decorrentes dos escapamentos dos automóveis ou das chaminés de fabricas, a falta de reparações
ou reparações malfeitas, e o vandalismo (incluindo as pichações).
Políticas de Preservação
Para que o patrimônio seja protegido dessas ameaças, são necessárias as políticas de
preservação. Essas políticas não são neutras, refletem a ideologia dos que fazem as leis. Definir o
que é digno de preservação é uma decisão político-ideológica, que reflete valores e opiniões sobre
quais são os símbolos que devem conservar para retratar determinada sociedade ou determinado
momento, donde os grandes questionamentos sobre quem tem ou deveria ter autoridade para decidir.
Em relação à questão da preservação, observa-se que o Estado que legisla sobre esses bens
raramente pode manter o patrimônio em bom estado e os utensílios em espaços adequados, sejam
eles museísticos ou não.
As políticas de preservação referentes ao patrimônio arquitetônico tendem a impedir de tocar
os bens, a preserva-los, no sentido estrito da palavra, a resguarda-los, o que implica deixar os prédios
fechados. O problema se minimiza quando essas políticas são aplicadas a edificações já pertencentes
ao Estado, mas, quando são aplicadas a bens particulares, há uma colisão com os interesses da área
imobiliária, que podem levar à ações extremas por parte dos proprietários.
No caso do Brasil, segundo Fonseca (1997, p.111), “(...) as políticas de preservação se
propõem a atuar, basicamente, no nível simbólico, tendo como objetivo reforçar uma identidade
coletiva, a educação e a formação de cidadãos....”.
A medida legal mais palpável para proteger o patrimônio é o tombamento. Este consiste num
registro do bem num “livro de tombo”, em cujas páginas ficam registrados os bens considerados
valiosos e sujeitos às leis de preservação do patrimônio, o que sugere não poderem ser demolidos
nem modificados em seu aspecto externo ou em suas características essenciais, sugerindo também
que, num raio de 300 metros, nada pode ser alterado.
O Estado tomba prédios históricos para protege-los da destruição rápida da demolição, mas,
dificultando suas possibilidades de utilização, condena-os à destruição lenta do abandono, sem poder
adotar medidas por falta de orçamento para tal.
A conservação dos prédios mediante reaproveitamento por parte de empresas privadas, para
finalidades acordes com as necessidades do presente, tem sido uma sugestão para viabilizar a
manutenção do patrimônio.
É marcante na Constituição Federal de 1988 a intenção do constituinte em ressaltar a
importância da proteção do patrimônio cultural nacional, indicando a obrigação do Estado em garantir
o pleno exercício dos direitos culturais, bem como, garantir o acesso às fontes da cultura nacional.
A Constituição Federal de 1988 evoluiu em comparação as anteriores e definiu com forte
delimitação a importância da preservação do patrimônio cultural considerando, inclusive, passível de
punição, os danos e ameaças ao patrimônio cultural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que, com o passar do tempo, devido ao processo de globalização, o
conceito de patrimônio evoluiu, e o turismo foi se associando e identificando-se cada vez mais com o
patrimônio cultural. Um fato que comprova essa realidade é o crescimento de patrimônios históricos
tombados, restaurados e conservados, conseqüentemente ampliando as visitas em cidades
históricas, bem como, aumentando o interesse e incitando a curiosidade nas pessoas em conhecer
outras culturas, povos, línguas, costumes, tradições, nações.
Além disso, houve uma mudança concernente aos valores patrimoniais históricos, artísticos,
científicos, políticos, econômicos e culturais, permitindo as pessoas a tomarem conhecimento do
legado deixado pela história da nação, bem como, conscientiza-las de que o passado, o presente e o
futuro estão interligados, e que toda população deve construir sua identidade cultural. Vale dizer que,
o turismo tem ajudado na construção dessa identidade cultural, ao passo que, incentiva a população a
preservar e conservar os patrimônios, mantendo assim o crescimento das cidades e dos recursos.
A participação da comunidade nos atos de proteção do patrimônio cultural pode ocorrer por
duas formas: a primeira, pela participação da comunidade organizada nos conselhos de cultura e nos
organismos que decidem os objetos material ou imaterial a serem preservados; a segunda é traduzida
pela utilização de mecanismos legais, tais como a ação popular para coibir os atos políticos que
ponham em riscos os valores de importância cultural definido pela coletividade.
Segundo Ana Luiza Piatti, Arquiteta e Urbanista Consultora da Embratur – UNESCO: “O
turismo cultural deve ter uma relevância direta para a vida no mundo de hoje. Depois que o visitante
se forem, deve-se perguntar-se, como resultado da visita, eles passaram a compreender melhor a
relações entre gente e lugar, como as estruturas são construídas e sobrevivem, como artistas
interpretam uma área e a vida em épocas passadas, como a dança e a música se desenvolvem em
determinado lugar. Desafio é integração do patrimônio com a vida moderna, não apenas atingir uma
meta de lazer, desvinculada da vida cotidiana do lugar.”
Ressalte-se que, existe um país caracterizado por diferenças culturais e por desigualdades
sociais, pretensamente unificado por um projeto cultural do grupo dominante, que procurou construir
uma cultura nacional homogênea baseada na destruição das culturas particulares e na imposição de
valores considerados universais. Esse tipo de concepção de patrimônio cultural impede a aplicação
de uma política de proteção e preservação à totalidade dos objetos culturais que formam o patrimônio
cultural real do país; impedindo, ao mesmo tempo, que diversos grupos sociais existentes
identifiquem-se com inúmeros bens culturais selecionados como patrimônio nacional.
Assim, como a identidade de um indivíduo ou de uma família pode ser definida pela posse de
objetos que foram herdados e que permanecem na família por várias gerações, também a identidade
de uma nação pode ser definida pelos seus monumentos – aquele conjunto de bens culturais
associados ao passado nacional. Esses bens constituem um tipo especial de propriedade: a eles se
atribui a capacidade de evocar o passado e, desse modo, estabelecer uma ligação entre passado,
presente e futuro. Em outras palavras, eles garantem a continuidade da nação no tempo.30
Dessa forma, a necessidade de manter a identidade cultural de um país e de um povo com
medidas preservacionistas é garantir o equilíbrio entre o crescimento e o progresso sem desaparecer
o passado e a memória da sociedade no desenvolvimento geral da grande nação universal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
30 GONÇALVES, 1998, p. 267.
BARRETO, Margarida. Turismo e legado cultural – as possibilidades do planejamento. 2. ed.
Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.
DIAS, Reinaldo. Turismo e patrimônio cultural – recursos que acompanham o crescimento das
cidades. São Paulo: Saraiva, 2006.
RODRIGUES, José Eduardo Ramos. Tombamento e patrimônio cultural. In: BENJAMIN, Antônio
Hermem V. (Coord). Dano ambiental, prevenção, reparação e repressão, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 1993.
AS CONDIÇÕES ATUAIS DA CIDADE PARA RECEBER O CRESCIMENTO POPULACIONAL E
INDUSTRIAL
VALE , Márcio Vinícius Guimarães do
Acadêmico do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
A cidade de Três Lagoas está passando por mudanças inesperadas, devido ao preparo para o
crescimento industrial e populacional acelerado em todo seu território nos últimos dois anos. Com a
vinda de diversas empresas, a cidade passa por um crescimento populacional, inesperado e
repentino. Isso se explica principalmente pela instalação da International Paper e outras empresas a
ele relacionada. A International Paper é uma empresa multinacional que trabalha com a fabricação de
papel e celulose, grande responsável pelo crescimento atual de Três Lagoas. Empresa consolidada
no mercado há vários anos com sede nos EUA e que está sendo implantada no município de Três
Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul. A citada empresa compreende a instalação de uma de suas
unidades devido às condições favoráveis em localização geográfica e incentivos industriais. Essa
empresa junto com a VCP, que é sua subsidiária, estará em destaque, no provimento de mão de obra
e matéria prima. O artigo pretende reunir dados sobre as empresas e de sua instalação bem como os
possíveis impactos que elas irão trazer à cidade tanto do lado social (político, educacional, saúde e de
turismo), tanto do lado tecnológico. Será utilizada a metodologia de coleta de dados por meio de
textos jornalísticos, noticiários e da própria empresa.
Palavras-chave: International Paper; Impactos sócio-culturais; município de Três Lagoas.
INTRODUÇÃO
A International Paper é uma empresa que está investindo bilhões instalando uma de suas
filiais na cidade de Três Lagoas. A empresa será inaugurada em 2009 e vai ser responsável pela
produção de papel e celulose.
Três Lagoas é um município do estado do Mato Grosso do Sul, localizado às margens do rio
Paraná, divisa com o estado de São Paulo, com cerca de noventa mil habitantes. A cidade já possui
um pólo industrial significativo e de grande relevância, tal situação ocorre devido às leis de incentivos
industriais do município, propiciando um maior desenvolvimento econômico e industrial na cidade de
Três Lagoas.
Com sua implantação, terá benefícios e malefícios para a cidade. Em se tratando de
benefícios, protegerá a natureza e a política de desenvolvimento sustentável; se comprometerá a
melhorar continuamente a produtividade de suas florestas, com a adoção de práticas econômica e
ambientalmente responsáveis, oferecendo oportunidades educativas para a comunidade e
conservando os recursos naturais; manterá programas de formação pessoal, por meio de processos
educativos e treinamentos específicos, visando a construção de uma força de trabalho que
desempenhe suas atividades de maneira profissional e moralmente responsável face ao meio
ambiente, segundo a própria empresa “os impactos (alterações que ocorrerão na água e no ar) serão
de pequena magnitude e, mesmo somados às emissões/concentrações já existentes na região, não
ultrapassarão os limites estabelecidos na legislação”, mas de uma forma ou outra, há sim um impacto
na cidade e região
Em se tratando de malefícios à cidade de Três Lagoas, podemos dizer que a cidade não
estava preparada pra receber essas empresas, pois falta infra-estrutura adequada, como falta de
moradia, falta de hotéis, restaurantes, supermercados, hospitais, etc. Além da falta desse tipo de
infra-estrutura ainda existe o problema de falta de mão de obra capacitado para atender as
necessidades do novo publico ou moradores que estão por vir.
Outro aspecto que será afetado, é a mistura de cultura, pois pessoas de outras cidades e
culturas estão e virão habitar aqui, havendo um choque cultural na cidade com a chegada de
aproximadamente de 7 a 10 mil pessoas, havendo vários tipos de discriminação tipo racismo, etc.
Os dois hospitais N. Senhora Auxiliadora e Remo Massi, que já atendem a toda região, não
serão o suficiente, tendo que haver breves investimentos não só na estrutura dos hospitais, mas
também em toda a equipe médica, ou seja, deve-se investir na infra-estrutura urbana básica que
envolve além de atendimento médico, saneamento básico, pavimentação das ruas, construção de
casas, educação, segurança entre outras coisas.
A cidade tem pouco asfalto e rede de esgoto, pois cidade com um fluxo de habitantes tão
intenso é imprescindível saneamento básico para a toda população.
Impactos Sócio-Culturais
Tem-se notado que os impactos econômicos do turismo são freqüentemente observados em
curto prazo, ou até mesmo imediatamente. E isso é o que o preocupa os responsáveis pelas
indústrias. O Turismo é um fenômeno de aproximação ou do afastamento das pessoas. Através do
contato que promove entre as diferentes culturas, uma vez que coloca ao mesmo tempo em um
espaço temporariamente compartilhado a pluralidade cultural da humanidade.
Apesar da mudança de cultura na cidade não afetar o turismo diretamente, pois o turista leva
consigo todos os seus hábitos, tradições e comportamentos de consumo para a região de destino,
provocarão certo impacto entre moradores da cidade e região. Se fossemos analisar a questão de um
ponto de vista econômico, veríamos que a empresa vai gerar divisas para a cidade e com isso
aumentar o poder de compra dos moradores locais, fomentando o setor comercial de Três Lagoas,
contudo não podemos ver as coisas por um ângulo só, por isso é importante fazer uma análise crítica
e imparcial do tema.
O turismo e Desenvolvimento
É fato notável, que o turismo, é uma atividade econômica que mobiliza grandes fluxos em
todo o mundo e, que por sua vez, gera altíssimos índices de trocas comerciais e negócios entre as
regiões de emissão e recepção. Um ramo do turismo que vai ser diretamente afetado é o que
chamamos de turismo empresarial (business). Tão relevante quanto o aspecto econômico de tal
atividade turística, é a dimensão social e cultural que o abriga. Existem fatores que poderão
determinar o grau de impacto sócio-cultural na cidade receptora, nesse caso Três Lagoas/MS, tais
como:
A coerência e força da cultura local;
O grau de desenvolvimento da população;
As medidas tomadas pelo setor público para minimização dos impactos sócio-
culturais.
Vemos com isso a grande possibilidade de ameaça dos hábitos tradicionais da população local, pela
vinda da empresa International Paper.
Mesmo que isso represente custos sociais altos em longo prazo, em decorrência da ausência
de uma preocupação com o devido planejamento e controle da atividade, bem como de seus
resultados sobre a comunidade. Segundo RODRIGUES:
No mundo ocidental, o crescimento econômico, o aumento da produção e da riqueza, fez-se um contexto de prosperidade e de segurança internacional, que permitiram mercados, reestruturações produtivas, redistribuição dos frutos do crescimento e efetivação de objetos de coesão econômica e social. (RODRIGUES, 2001, p.94)
De acordo com a autora, em todo o planeta podemos ver crescimento populacional e
econômico devido ao aumento de produção, que é o caso da nossa cidade. Produz-se cada vez mais
e isso faz com que haja um desenvolvimento econômico.
O projeto em Três Lagoas representa um investimento de US$ 300 milhões sendo US$ 121
milhões investidos somente em 2007. A Fábrica Três Lagoas se insere em um mercado em franco
crescimento. Com a instalação da unidade no Mato Grosso do Sul, haverá também a atração de
novos investimentos e desenvolvimento de setores já instalados na região.
Com a vinda da empresa para o município, diversas outras empresas se instalaram na cidade
e região para atender a multinacional desde sua construção até seu consumo final. Com isso,
diversas pessoas chegaram à cidade, em busca de emprego dificultando assim moradia na cidade
Perante um investimento econômico tão alto e vinda de tantas pessoas, a cidade será mais
freqüentada por pessoas do Brasil e do mundo. As autoridades do município, devem estar a par do
que está por vim na cidade.
Segundo a prefeita, está bem acelerado os preparativos para uma bom desenvolvimento na
cidade. Pois desde quando assumiu o poder até o momento, a cidade tem se desenvolvido e
progredido para a chegada das empresas. Com a notícia, diversos empresários despertaram o
interesse de abrir algum investimento na cidade. Isso justifica a vinda de novos hotéis à cidade, novos
restaurantes, novas agencias de automóveis e até agências de viagens. E isso não vai parar por aqui,
com o decorrer dos anos, depois que mais industrias vierem à cidade, vai aumentando assim, a
chegada de novos empreendimentos, tanto para o bem estar da população tanto para a manutenção
das empresas.
Os meios de transporte
Os meios de transportes existentes em Três Lagoas e região também mudou muito, pois o
tráfego de ônibus na cidade, faz com que haja engarrafamento em determinados pontos de
movimento. Outra mudança importante é a vinda de novas empresas rodoviárias no município, sendo
mais um tópico a se pensar com a chegada de tantas pessoas de fora da cidade que utilizam
transporte rodoviário para visitar suas famílias que moram longe.
Além da Motta e Andorinha, a Reunidas, São Luiz e Contijo operam na cidade e vão para
vários destinos do Brasil, como também para o Nordeste.
O aeroporto do município, não atende às necessidades da cidade nem atualmente e nem com
a chegada das indústria não havendo nenhuma empresa aérea operando na cidade, pois empresário
que terão que vir à Três Lagoas, terão que usar transportes particulares como carros, aviões, etc. O
aeroporto tem uma pista boa, maior que a do aeroporto de congonhas, podendo assim pousar aviões
de médio porte, pois o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, já pousou aqui na cidade
com um Boeing 737 com capacidade para 180 pessoas.
Considerações finais
Conclui-se nesse trabalho, a pesquisa feita na região, visualiza o que veio e o que tem de vir
na cidade de Três Lagoas / MS. De uma forma geral percebe-se que a vinda de empresas de grande
porte acarretará em impactos diretos e indiretos ao município, podendo também fazer com no futuro,
venha aumentar os casos de epidemia e doenças respiratórias devido ao excesso de poluentes
lançados ao ar. Mas por outro lado, haverá ainda mais, progresso na cidade, pois quem pensa que a
cidade já mudou, pode ter certeza de que nos próximos 10, 20 anos haverá uma mudança muito
maior do que a atual. A cidade já tem um projeto de ampliação para atender às grandes demandas
gerando maiores investimentos constantes, podendo possivelmente se tornar a segunda maior do
estado.
A cidade também ficará mais conhecida no mundo todo, pois atualmente, já foi apontada pela
revista Exame, como uma cidade industrializada, exportará grande quantidade no porto de Santos
para o exterior. Envolver-se-á possivelmente com negócios nacionais e internacionais.
BIBLIOGRAFIA
CASTROGIOVANNI, Antônio. Turismo Urbano ( org ) – São Paulo : Contexto, 2000
RODRIGUES, Adyr A. B. Turismo e Geografia: Reflexões teóricas e enfoques regionais. São
Paulo, 2001
SWABROOKE, John. Turismo Sustentável : conceitos e impacto ambiental, vol. 1 / John
Swarbrooke; ( tradução Margarete Dias Pulido ). – São Paulo : Aleph, 2000
SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável : Turismo cultural, ecoturismo e ética, vol 5 / John
Swarbrooke; [ tradução Saulo Krieger ]. – São Paulo : Aleph, 2000 - Turismo
Sites pesquisados:
Pesquisa efetuada no dia 02 de setembro de 2007 www.internationalpaper.com.br
O PERFIL DO PROFISSIONAL DA HOTELARIA DE TRÊS LAGOAS MS
MAZZONETTO, Nadir Klauck
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
As transformações que vêm acontecendo no município de Três Lagoas atingem inevitavelmente a
vida de toda população. Conhecido por sua economia baseada na pecuária, a cidade assiste, agora, a
instalação de várias indústrias, a geração de empregos, oportunidades e desafios. Junto com a
industrialização outros setores como o comércio e os serviços também são beneficiados.Um dos
setores que mais tem desenvolvido é o setor hoteleiro. A cada dia inauguram-se novas unidades
habitacionais que logo são ocupadas. Com altas taxas de ocupação nos hotéis, é grande o aumento
de vagas de empregos na área. No entanto, os empreendedores do setor encontram muitas
dificuldades para preencher essas vagas, em virtude da falta de qualificação dos candidatos. Uma
pesquisa de amostragem efetuada com os funcionários dos quatro hotéis de maior destaque na
cidade, no segundo trimestre de 2008, aponta a rotatividade como um dos maiores obstáculos para
oferecer atendimento de qualidade aos clientes. Os empresários do setor procuram corrigir essa
deficiência oferecendo treinamento nas empresa, mas a alta rotatividade dificulta o investimento em
treinamento e qualificação dos profissionais. O setor hoteleiro apresenta características diferenciadas
dos demais setores com relação aos turnos de trabalho. Os trabalhadores nem sempre conseguem
adaptar-se a estes horários e optam em migrar para outros setores, principalmente pela grande oferta
de empregos que a cidade possui na atualidade.
Palavras-chave: industrialização; hotelaria; profissionais; treinamento; qualificação.
INTRODUÇÃO
A cidade de Três Lagoas, situada no extremo leste do Estado do Mato Grosso do Sul, aos 93
anos de fundação, passa por um momento de grandes transformações, especialmente em sua
economia.
Há poucos anos o município era conhecido como o terceiro maior produtor de gado bovino do
país e o segundo do Estado, hoje apresenta uma revolução no setor industrial.
Três Lagoas é o centro do chamado Bolsão Sul-mato-grossense, região rica em arrecadação de
impostos do Estado de Mato Grosso do Sul. Desde o seu início, Três Lagoas demonstrou vocação
para a pecuária, sendo a principal atividade desenvolvida pelos pioneiros do local.
Quando as portas se abriram para exportação na década de 1990, o município destacou-se na
exportação da carne para diversos países.
Em outubro de 2005 a pecuária da região entrou em crise com a descoberta de focos de febre
aftosa no extremo oeste do estado na fronteira com o Paraguai. O Estado de Mato Grosso do Sul, o
maior produtor de carne bovina do país, passou a sofrer com barreiras sanitárias internacionais e com
graves dificuldades financeiras advindas da queda do preço da arroba do boi e da terra em áreas
rurais, e por conseqüência os setores de comércio e serviço foram também atingidos.
Com a crise no setor pecuário as últimas administrações municipais focaram suas atenções no
desenvolvimento industrial na cidade. Desde então muitas indústrias se instalaram na cidade, entre
elas, o maior investimento será feito pela Internacional Paper e o Grupo Votorantin, que já estão em
fase de implantação da fábrica de papel branco, com previsão de entrar em funcionamento no
primeiro trimestre de 2009, e prevê a triplicação do PIB municipal.
Com o aumento do parque industrial, ampliou a procura por hospedagem, em virtude da vinda
para a cidade de profissionais para a construção das unidades industriais.
O parque hoteleiro, que há dez anos possuía somente pequenos hotéis com administração
familiar, hoje conta com vinte e um hotéis, e a cada dia novas unidades habitacionais são colocadas à
disposição, ora pela construção de novos empreendimentos, ora pela ampliação dos já existentes.
Com a vinda das novas indústrias, a abertura de novos empreendimentos e o aumento de vagas
de emprego, uma preocupação se sobressai. Como conseguir mão de obra qualificada para atender
essa demanda.
Assim como na indústria, no comércio e nos outros serviços, o setor hoteleiro também sofre com
esse dilema. Com o aumento da demanda, o maior desafio é conseguir contratar pessoal com perfil
para atender clientes mais exigentes, acostumados a um atendimento que o profissional de Três
Lagoas não está preparado para oferecer. A vida simples de uma cidade interiorana não exigia essa
profissionalização com qualidade, e acompanhar esse tempo de mudança requer, tanto dos
empreendedores quanto dos seus colaboradores, mente aberta para aceitar essa variação de público,
disposição para aprender novos conceitos e capacidade para colocar em prática essa forma de
atendimento, onde a qualidade é o diferencial.
A qualidade do atendimento no setor de serviços.
Uma construção com arquitetura arrojada, decoração moderna, quartos confortáveis, instalações
perfeitas, tecnologia atual, infra-estrutura completa, localização privilegiada, são aspectos muito
considerados pelos clientes que buscam uma opção de hospedagem. No entanto tudo isso perde
praticamente todo valor se não vier acompanhado por um serviço de qualidade. Segundo Berry:
Excelência em serviços é uma abordagem integrada para a melhoria contínua. É um quebra-cabeça com peças que se encaixam. È investir na tecnologia que seja certa para a estratégia, certa para a missão, e não somente em tecnologia moderna para ser tecnologicamente correto. È contratar as pessoas certas para a empresa e não somente contratar pessoal. È se estruturar para a implementação da estratégia e não se curvar frente à quimera organizacional mais recente. Excelência em serviços é um pensamento holístico. (BERRY, 1996, p. 273).
Atender pessoas é uma arte. Há quem pense que atender com qualidade é ser gentil, educado e
solícito. No entanto, atendimento com qualidade é encantar o cliente, é surpreendê-lo com atitudes
que vão além de suas expectativas, é um esforço e, um cuidado extra, é valer-se de detalhes e de
pequenas atitudes para alcançar um excelente nível nos serviços. Atender bem é servir sem ser
servil.
Ao atender o cliente é necessário que se ouça o que ele diz e que se perceba o que ele não
disse. Essa percepção é fundamental para poder agregar valor ao serviço. Agregar um valor que o
cliente valorize e que atenda sua necessidade naquele momento. Conforme afirma Berry:
Excelência em serviços é tomada de decisão com base em informações. È saber o que é importante para os clientes, os não-clientes, os funcionários e outros interessados na empresa. É saber quão bem a empresa está desempenhando seus serviços. (BERRY, 1996, p. 273.)
O atendimento com qualidade não depende somente do funcionário que mantém contato direto
com o cliente. Ele precisa ser um compromisso de todos os colaboradores. Para que isso ocorra o
atendimento com qualidade também deve ser aplicado ao cliente interno. Boas relações
interpessoais, entre todos os níveis da organização, informações completas e pontuais a todos os
setores. Cada parte do processo é crucial. A falta ou a deficiência, nem que seja de apenas uma das
partes, limita o potencial para a real qualidade no atendimento. Nas palavras de Berry:
Excelência em serviços é colaborativa. É a confiança dos funcionários uns nos outros, ajudando-se mutuamente, motivando-se uns aos outros, unindo-se para um bem maior. É a comunicação aberta, honesta e freqüente. (BERRY, 1996, p. 274)
É o momento de se inverter a pirâmide hierárquica das empresas. Para entender como esse
conceito é verdadeiro é só perceber quem interage com o cliente consumidor. Essa função
dificilmente é de competência da diretoria ou da média gerência. Se for feita uma análise nas
empresas prestadoras de serviços a percepção será a mesma. O funcionário, o colaborador, aquele
que está na base da pirâmide, é quem atua diretamente no atendimento do cliente.
Portanto, essa inversão tem que acontecer. Na base da pirâmide hierárquica a diretoria, que
fornecerá subsídios materiais e psicológicos, além de informações aos gerentes, que por sua vez os
fornecerão aos chefes de setores, que atuarão para dar condições gerais e irrestritas aos funcionários
da retaguarda e esses repassarão tudo isso aos funcionários do atendimento, que poderão, com
muita eficiência e segurança, oferecer um atendimento excelente a quem está no topo – o cliente – a
principal razão de existir da empresa. Sem cliente não há serviço, sem serviço não há empresa, sem
empresa não há empregos. “Para garantir a sobrevivência da empresa é preciso apostar na
qualidade.” (CASTELLI, 2000, p. 29).
O Treinamento e a profissionalização.
Quanto mais qualificados são os colaboradores, maior é a produtividade, melhor é a qualidade,
menor é o custo dos produtos e serviços gerados e melhores serão os resultados da empresa.
Quando se menciona treinamento e profissionalização, muitos logo lembram dos cursos técnicos,
profissionalizantes ou cursos superiores que os candidatos a empregos devem possuir. Não
podemos, é claro, negligenciar a busca pessoal por educação, conhecimento, capacitação, inovação
e por formação profissional. Todos devem buscar o aperfeiçoamento. E essa busca é de forma
continuada. Os novos tempos não aceitam mais a educação somente até a idade adulta.
No entanto, muitas empresas optaram por exigir que as pessoas buscassem, gerenciassem e
patrocinassem o seu auto-desenvolvimento. Essa atitude ocasionou um grande distanciamento entre
o que as empresas precisam e o que as pessoas buscam em sua formação. Os profissionais, muitas
vezes motivados pela instabilidade no trabalho, optam por um desenvolvimento focado num mercado
mais amplo.
Esse equívoco na decisão das empresas tem gerado alta rotatividade de pessoas que não se
encaixam nas atividades para as quais foram contratadas, pois sua formação é deficiente e
desalinhada com as necessidades das organizações. Como menciona Castelli:
As empresas prestadoras de serviço devem apostar fundamentalmente na qualidade do elemento humano, já que a excelência do serviço, condição da competitividade e sobrevivência da empresa, depende de como esse elemento humano está interagindo com os clientes. Essa qualidade se obtém através da educação e do treinamento. (CASTELLI, 2000, p. 29.)
É imprescindível, que as empresas que buscam se manter e crescer no mercado criem
condições para que seus colaboradores possam desenvolver suas competências nas práticas diárias
da empresa. Ou seja, que a empresa treine seus próprios talentos, investindo recursos e tempo no
seu desenvolvimento. Educar e reeducar, continuamente, todos os funcionários, inclusive os altos
executivos. Segundo Giangrande e Figueiredo:
A força da energia liberada quando a imaginação e a aspiração das pessoas se juntam dá as exatas diretrizes de conduta para os negócios prosperarem. Os dirigentes têm de descer de seus pedestais, passar a ser mais humildes e entender que gerir uma empresa consiste num processo contínuo e infinito de aprendizagem. Todos aprendem o tempo todo. (GIANGRANDE, FIGUEIREDO, 1997, p. 111).
Ainda há, no mercado, empregadores que não investem no treinamento e educação de seu
quadro funcional, por considerar um desperdício de tempo e dinheiro, pois esse funcionário depois
sairá para trabalhar em outras empresas, provavelmente na concorrência. Segundo Castelli:
Afinal todo o bom profissional possui ambição, quer crescer. Se a empresa ao aperfeiçoá-lo não lhe oferecer novas oportunidades para materializar sua ambição, então é natural que vá em busca de novas oportunidades. (CASTELLI, 2000, p.50).
Uma visão infeliz, pobre e míope. Se todos os empresários pensarem dessa forma, cada vez o
mercado oferecerá menos mão de obra qualificada, e cada vez serão maiores as dificuldades para
preencher as vagas e promover o desenvolvimento e a geração de lucros nas empresas. Agindo
dessa forma deixarão de cumprir com o seu papel social que é de participar da formação da
comunidade onde atua. . “Mas é certo que a empresa fez um grande bem para ele ao dar-lhe a
chance de crescer como pessoa e profissional. Talvez esta seja uma vocação altruísta da empresa”.
(CASTELLI, 2000, p. 50.)
O capital humano
Nas últimas décadas, o mundo tem vivenciado um rápido período de mudanças tecnológicas,
econômicas e sociais. A riqueza dessa nova sociedade é a inteligência criadora. Informação e
conhecimento substituem capital físico e financeiro, e tornam-se uma das maiores vantagens
competitivas nos negócios.
O centro dessa transformação é o capital humano, pessoas que detém o conhecimento e a
informação. Conforme menciona Crawford:
Conhecimento é a capacidade de aplicar a informação a um trabalho ou a um resultado específico. .Somente os seres humanos são capazes de aplicar desta forma a informação através de seu cérebro ou de suas habilidosas mãos. A informação torna-se inútil sem o conhecimento do ser humano para aplicá-la produtivamente. (CRAWFORD, 1994, p. 21.)
As pessoas emprestam seu capital humano para as organizações porque esperam receber algo
em troca. Esse retorno, que a princípio, podem ser as recompensas financeiras – o salário,
benefícios, bonificações - deve vir, também, sob outras formas.
Assim como o cliente só mantém negócios com a empresa quando está satisfeito, os
funcionários também só permanecem numa organização quando tem suas necessidades satisfeitas.
Muitas vezes, as organizações têm dificuldades de perceber as outras formas de valor que motivam o
funcionário.
Um profissional espera encontrar qualidade de vida no trabalho, que envolvem liberdade e
autonomia para tomar decisões e para criar, ambiente agradável, horas adequadas de trabalho, além
de executar tarefas significativas e agradáveis.
As pessoas possuem habilidades diferentes. Recrutar e selecionar, isto é, colocar as pessoas
nos lugares certos, treinar, preparar integrar e orientar os funcionários, desenvolver as habilidades,
proteger a saúde, manter elevado o moral de cada um, adotar soluções sob medida para cada pessoa
de acordo com sua diferenças individuais, são atitudes da empresa que contribuem para a motivação
do funcionário. De acordo com Chiavenato:
Antigamente a ênfase era colocada nas necessidades da organização. Hoje se sabe que as pessoas precisam ser felizes. Para que sejam produtivas, as pessoas devem sentir que o trabalho é adequado às suas
capacidades e que estão sendo tratadas equitativamente. Para as pessoas, o trabalho é a maior fonte de identidade pessoal. As pessoas despendem a maior parte das suas vidas no trabalho, e isto requer uma estreita identidade com o trabalho que fazem. Pessoas satisfeitas não são necessariamente as mais produtivas. Mas pessoas insatisfeitas tendem a desligar-se da empresa, a se ausentar frequentemente e a produzir pior qualidade do que pessoas satisfeitas. A felicidade na organização e a satisfação no trabalho são fortes determinantes do sucesso organizacional. (CHIAVENATO, 2004, p. 11)
Durante muito tempo se pensou, de forma generalizada, que as dificuldades de desenvolvimento
das empresas estavam na falta de capital financeiro. Hoje, as empresas mais atentas, já percebem
que a inabilidade das empresas em recrutar e manter uma boa equipe de colaboradores é que
emperra o desenvolvimento das empresas.
O perfil do profissional da hotelaria de Três Lagoas MS
Através da pesquisa de amostragem efetuada com os funcionários dos quatro hotéis de maior
destaque na cidade de Três Lagoas MS, durante o segundo trimestre de 2008, objetivou-se identificar
o perfil do profissional da hotelaria da cidade.
A pesquisa foi efetuada com o auxílio de um questionário composto de 17 questões fechadas e
uma aberta. O questionário foi aplicado de forma individual, através de entrevista com funcionários de
todos os setores e todos os níveis dos hotéis selecionados.
Participaram da pesquisa os hotéis Vila Romana Park hotel, Mediterrâneo Park Hotel, Hotel OT e
Real Palace Hotel. Os quatro hotéis possuem um total de 119 funcionários, dos quais 103 foram
entrevistados, perfazendo 86.55% do quadro funcional.
Objetivando identificar especialmente os pré-requisitos exigidos para contratação dos
profissionais, foram selecionados hotéis que possuem em seu quadro de gerência e chefia
funcionários selecionados no mercado de trabalho, a fim de perceber a preocupação dos proprietários
com seu grau de capacitação, uma vez que, na cidade é bastante comum os hotéis possuírem
administração familiar.
Por meio dos dados coletados percebeu-se que o profissional da hotelaria em Três Lagoas é
formado em sua maioria por mulheres num percentual de 78%. As faixas etárias são bem distribuídas,
empregando pessoas dos 18 até mais de 50 anos. Levantou-se também que 72% possuem
dependentes, desses, 44% possuem apenas um dependente, 31% possuem dois, e 25% possuem
três ou mais. Nesta questão considerou-se além dos filhos e cônjuges, netos e ou pais que estejam
sob responsabilidade dos entrevistados.
Com relação à naturalidade dos entrevistados, identificou-se que 51% são nascidos em Três
Lagoas. Dos 49% que vieram de outras localidades, 28% são naturais de outras cidades do estado do
MS, 54% são nascidos em cidades do estado de SP e 18% são provenientes de outros estados do
país. No entanto, dos 49% que são naturais de outras cidades dos 66% já residem em Três Lagoas
há mais de cinco anos.
O levantamento sobre o emprego identificou que 48,5% trabalham na empresa atual há menos
de um ano. Do total de entrevistados 96% já haviam trabalhado antes, no entanto 62% não tinham
nenhum tipo de experiência anterior na atividade. Nesta questão foram considerados como
experiência anterior trabalhos que possuíssem alguma relação com a atividade desenvolvida no
momento, mesmo que não sendo em hotelaria.
O nível de escolaridade também apresentou dados bem diversificados. 20% não completaram o
ensino fundamental, 11% possuem o ensino fundamental completo, 21% não completaram o ensino
médio, 26% possuem o ensino médio completo, 12% estão cursando nível superior e 10% possui
curso superior completo. Dos entrevistados quatro funcionários possuem formação em administração,
ou seja, 3,9%, quatro são turismólogos, 3.9% e dois são pedagogos, equivalente a 1,9%. Com relação
a cursos de idiomas, 14,5% comunicam-se numa segunda língua, 13% possui curso básico e 72,5%
nunca fizeram curso de idiomas. Considerando os cursos profissionalizantes na área 64% não
possuem curso profissionalizante. Questionados sobre o interesse em fazer um curso
profissionalizante na área 72,8% mostraram interesse.
O interesse em fazer carreira na área de hotelaria é de 50% dos profissionais entrevistados, 29%
não pretendem continuar na área e 21% ainda não sabe.
A pesquisa realizada mostra que os hotéis de Três Lagoas encontram bastante dificuldades em
formar uma equipe de trabalho. A maior dificuldade é a alta rotatividade no setor. Com dificuldades de
contratar pessoas com experiência, a forma encontrada é contratar as pessoas disponíveis no
mercado e optar pelo treinamento na empresa. Esse fator aumenta a rotatividade porque muitos
contratados não se identificam com o trabalho
O trabalho no setor de hotelaria difere das outras atividades profissionais por não apresentar um
horário fixo de trabalho, comprometendo sobremaneira a organização do lazer e convívio dos
colaboradores com seus familiares.
Considerando que a maioria dos funcionários da hotelaria são mulheres e grande parte possui
dependentes, via de regra, a educação e o cuidado desses dependentes fica sob a responsabilidade
delas, permanecer nessa atividade é difícil. A principal queixa feita por elas é a dependência das
escolas ou creches para deixar os filhos em horário de trabalho. Como as creches e escolas
trabalham em horários pré-fixados, existe sempre a preocupação de onde e com quem deixar seus
dependentes no horário de trabalho, que apresenta variações devido às escalas de serviço em
domingos e feriados.
A qualidade no atendimento e a profissionalização da mão de obra do setor requerem educação
e treinamento. Mas a principal alegação dos contratados é falta de tempo, pois os cursos
normalmente são diurnos, e não há um comprometimento das empresas em montar uma estratégia
que favoreça os interessados na sua formação.
Outras dificuldades encontradas pelos profissionais são as dificuldades financeiras para arcar
com esse investimento, além da distância entre a residência e o local do curso e falta de transporte
coletivo.
Algumas empresas do setor oferecem anualmente um treinamento dentro da empresa, através
de empresas de consultoria na área, mas a grande rotatividade de empregados compromete a
eficácia dessa ação.
Considerações finais
A grande demanda por mão de obra no setor hoteleiro, advinda da forte procura por meios de
hospedagem pelas pessoas ligadas ao desenvolvimento industrial da cidade de Três Lagoas, revelou
que a cidade não possui mão de obra qualificada para preencher as vagas que se abrem a cada dia.
A falta de qualificação compromete a qualidade no atendimento, o que requer por parte da
população local buscar educação, conhecimento e profissionalização. É chegada a hora das
empresas reverem seus conceitos sobre sua parcela de comprometimento em educação treinamento
e profissionalização da comunidade local.
É imprescindível que empresas e poder público se preocupem em montar estratégias para
auxiliar a população nessa formação, chamando para si, a responsabilidade de preparar essa mão de
obra.
Investir no capital humano é a nova realidade que se apresenta. Principalmente no setor de
serviços, ele é o principal patrimônio da empresa.
Investir em prédios confortáveis, em infra-estrutura geral e em tecnologia, para hospedar o
cliente com conforto é sem dúvida uma necessidade, mas sem o capital humano para oferecer
qualidade ao cliente os outros investimentos ficam sem sentido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERRY, Leonard L. Serviços de Satisfação Máxima: Guia prático de ação. Rio de Janeiro: Campus,
1996.
CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. 7ª ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2000.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas. 2. ed Rio de Janeiro, Elsevier, 2004.
CRAWFORD Richard. Na Era do Capital Humano. São Paulo: Atlas, 1994.
LAZER E RECREAÇÃO NO REASSENTAMENTO PORTO JOÃO ANDRÉ
ALVES, Regiane D Carmem Puci
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
O trabalho aqui apresentado tem por objetivo analisar as formas de lazer e recreação que a
comunidade do Reassentamento Porto João André utiliza; os motivos pelos quais não podem praticar
outras atividades além das que possuem. A pesquisa pretende verificar as atividades de lazer que
eles exerciam em seu local de origem, e através de questionário ter acesso às opiniões que a
comunidade tem para melhorar essas atividades. Toda a pesquisa será efetuada através de
questionário, pesquisas bibliográficas e pesquisas de campo no local estudado, totalmente de acordo
com a posição e situação do pesquisador.
Palavras-chave: Recreação, Lazer, Necessidade da Prática, Reassentamento.
INTRODUÇÃO
O Lazer e a Recreação têm importância fundamental na vida do homem na atualidade, por
ser uma forma de relaxar e de se ver livre das atividades habituais. A partir do momento em que o ser
humano deixa de dedicar a si próprio um momento de descanso, ele passa ter uma maior incidência
de doenças nervosas, causando a si próprio problemas que podem se tornar irreversíveis.
Após responder as perguntas seguintes daremos inicio a discussão que enfoca o Lazer e a
Recreação no Reassentamento Porto João André, desde as formas de lazer que utilizavam
antigamente até as utilizadas nos dias atuais.
Lazer e Recreação
A palavra Recreação vem do latim Recreatio, que significa recriar, restaurar. A atividade na
recreação é espontânea, mas ao mesmo tempo não deve ser “um fazer por fazer” e sim “UM FAZER
PARA SER”. A recreação se utiliza principalmente do jogo, que vem do latim Jocus, que significa
brincadeira, zombaria, divertimento, desafio, representação.
Para falar de lazer alguns autores usam como referencia alguns parâmetros, como exemplo,
tempo livre, escolha pessoal, gratuidade e atitude. A seguir temos algumas definições deste tema que
já foi muito estudado e ainda é.
“Tempo de que se pode livremente dispor, uma vez cumpridos os afazeres
habituais.” (Dicionário Aurélio, 1986 apud Larizzatti, 2005, p.13)
“O tempo em que temos autonomia e limites para buscarmos experiências significativas sem
comprometer normas e costumes da sociedade, que valorizem o desenvolvimento individual, grupal e
coletivo.” (World Leisure and Recreation Association apud Larizzatti, 2005, p.13)
Para CAMARGO31, 1989 (apud Larizzatti, 2005, p.13), lazer possui algumas propriedades, as
quais seriam:
• Escolha Pessoal: Para ser lazer temos que fazer aquilo que queremos.
• Gratuidade: Em geral, o lazer não tem interesses econômicos voltados para ele.
• Prazer: Podemos dizer que lazer é sinônimo de prazer, de hedonismo32. Sem prazer certamente
deixaríamos de fazer a atividade do lazer.
• Liberação: Envolve se liberar das obrigações do dia-a-dia, fazendo coisas diferentes da rotina do
trabalho.
Segundo PARKER (1978, p.19-20 apud Larizzatti, 2005, p.14), são três as definições de
lazer:
• Consideramos as 24 horas do dia e subtraímos trabalho, sono, alimentação,necessidades
fisiológicas etc.;
• Não envolve o conceito do tempo, mas sim, a qualidade da atividade a que alguém se dedica.
Envolve aspectos mentais e espirituais.
• União dos dois itens anteriores, resultando num “tempo de que o individuo dispõe, livre do
trabalho e de outros deveres e que pode ser utilizado para fins de repouso, divertimento,
atividades sociais ou aprimoramento social” ou de “atividades de livre e espontânea vontade”.
Para DUMAZEDIER, 1976 (apud Larizzatti, 2005, p.15), lazer é: “Conjunto de atividades
desenvolvidas pelos indivíduos seja para descanso, seja para divertimento, seja para o seu
desenvolvimento pessoal e social, após cumpridas suas obrigações profissionais, familiares e
sociais”.
Muitos autores não distinguem diferenças entre lazer e recreação, pois acreditam ser a
mesma coisa. Para outros, recreação é uma função do lazer.
A comunidade a seguir descrita reside neste reassentamento por motivo da realocação
existente pela Companhia Energética de São Paulo (CESP), pela construção da Usina Hidrelétrica
Sérgio Motta. Criado a cerca de oito anos, este reassentamento deveria tentar suprir todas as
necessidades da comunidade, porém na opinião da comunidade em pesquisas realizadas
31 Camargo, Luis Otavio.32 Doutrina que afirma constituir o prazer o fim da vida.
anteriormente, os problemas e as necessidades estão estampadas a cada pessoa. Uma dessas
necessidades é o Lazer e a Recreação.
O Reassentamento Porto João André é um distrito industrial cerâmico, que ainda não está
nas posses da prefeitura, situado a 8 km de Brasilândia – MS e 42 km de Três Lagoas - MS, contendo
36 (trinta e seis) cerâmicas, que fabricam blocos e tijolos, e 150 (cento e cinqüenta) casas, onde 75%
estão ocupadas por famílias que habitavam na antiga vila Porto João André e os outros 25% por
pessoas que vieram de outras localidades em busca de empregos nas cerâmicas.
Este reassentamento conta com: 1 (um) creche (fora de funcionamento), 1 (um) prédio onde
será instalada a delegacia futuramente, 1 (um) prédio onde será instalado o posto de saúde,1 (um)
posto de saúde provisório, 1 (uma) igreja católica, 1 (uma) igreja evangélica, 1 (um) Centro
comunitário que se encontra fechado, 1 (um) campo de futebol que está inutilizado e 1 (um) campo de
futebol de areia que a comunidade construiu ( porém não se encontra em estado de uso).
Muitos dos prédios descritos que ainda se encontram fora de funcionamento, só poderão ser
utilizados a partir do momento em que a Prefeitura Municipal tomar posse do local, porém toda a
comunidade sabe que os Gestores Municipais não querem tomar posse, pois muitas das obras feitas
pela CESP ainda têm que ser terminadas e outras ainda devem ser feitas.
Na antiga Vila Porto João André, onde a população residia antes de ser realocada para este
reassentamento, os ribeirinhos tinham várias formas de desfrutar do lazer. Eles Jogavam bola no
campo, na areia na beira do rio, nadavam, jogavam vôlei na areia, estavam sempre procurando uma
forma de se divertir.
Atualmente no reassentamento onde vivem, encontram problemas para realizar atividades
com sentido de descanso e lazer. Criaram suas formas de descanso e divertimento, como sentar na
calçada e tomar tereré, ouvir música, ficar em casa e juntar uma turma para ver televisão, fazer
churrascos com intuito de diversão, ir para a cidade a noite comer pizza ou um lanche, ir a bailes, ir ao
córrego e ao rio nadar e pescar, ir aos bares jogar cartas (truco e caxeta) e jogar sinuca.
Nas palavras de MARCELLINO (2002 p.30-31):
A precariedade na utilização dos equipamentos não-específicos coloca-nos duas questões
igualmente importantes:
1) A necessidade de desenvolvimento de uma política habitacional, que considere, entre outros
aspectos, também o espaço para o lazer – o que não é fácil num país como o nosso, com alto
déficit habitacional, e que deve, portanto, estimular alternativas criativas em termos de áreas
coletivas;
2) A consideração da necessidade da utilização dos equipamentos específicos para o lazer,
através de uma política de animação.
Na visão da comunidade, o reassentamento necessita da liberação do centro comunitário para
que realizem festas e também a liberação do playground existente ao redor da creche. A revitalização
do campo de futebol é necessária, pois este não conta com gramado em bom estado, precisando,
então, ser feita a troca de gramado e a planajem do terreno.
Ainda na visão da população seria muito bom se fosse implantado um centro poliesportivo para
que os jovens pratiquem esportes variados, e a criação de uma praça com mesas de jogos para idoso
e brinquedos para crianças, pois o lazer e a recreação devem ser praticados por todas as idades.
Considerações Finais
As pesquisas efetuadas neste trabalho demonstram a necessidade que a comunidade do
Reassentamento Porto João André tem de implantar uma área exclusiva para a pratica do lazer e da
recreação em todas as idades. Sendo assim a melhor forma de suprir essa necessidade é com a
implantação de uma quadra poli esportiva, visando benefícios físicos e mentais a toda a comunidade,
sem esquecer da diminuição que ocorrerá na quantidade de crianças brincando nas ruas, evitando
assim acidentes.
Bibliografia:
GUTIERREZ, Gustavo Luis, LAZER E PRAZER Questões Metodológicas e Alternativas Políticas.
Campinas – SP, Autores Associados, 2001.
LARIZZATTI, Marcos F., LAZER E RECREAÇÃO PARA O TURISMO. Rio de Janeiro, Sprint, 2005.
MARCELLINO, Nelson Carvalho, ESTUDOS DO LAZER Uma introdução. 3ª ed. Campinas – SP,
Autores Associados, 2002.
GLOBALIZAÇÃO INEXORÁVEL?
GALVÃO, Halyson Fucks
Acadêmico do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
A globalização vem demonstrando sua grande capacidade de aumentar a desigualdade econômica e
a exclusão social entre as nações e no interior das mesmas. Cenário de incertezas, instabilidade
estrutural e contradições, aí prosperam ao menos três grandes revoluções imbricadas, acelerando o
fenômeno: tecnológica, em especial a digital; econômica, unificando; cultural, promovendo a
uniformização de valores, atitudes, produtos, estilos de vida. Tal homogeneização cultural Poe em
risco a identidade e cultura locais, regionais, nacionais, universalizando uma cultura mundial.Tal
questão leva a cada reunião de cúpula de países centrais a debaterem este assunto cada vez com
mais ênfase. Neste estudo escolhe-se e dimensão cultural do desenvolvimento sustentável como
ponto de partida para a reflexão sobre este novo paradigma, patenteando aspectos voltados ao uso
do patrimônio cultural, histórico e natural.
Palavras-chave : Globalização; Patrimônio
INTRODUÇÃO
A globalização tem demonstrado constituir-se uma nova e surpreendente ameaça, ao
exacerbar a desigualdade econômica e a exclusão social entre as nações e no interior delas mesmas.
A mesma dinâmica uniformizadora que se supõe integrar os países, globaliza a miséria. Além disso, o
frenesi da modernização e do consumo exacerba os custos sociais e ambientais locais e globais.
Nesse contexto, as dúvidas e contradições se projetam e permanecem sem respostas. Trata-
se de um novo fenômeno, originado desde a expansão capitalista do século XVI? De um mito, farsa
ou falsa integração, nova forma de dominação política, econômica e cultural das sociedades do
conhecimento (um quinto da população mundial efetivamente beneficiário) sobre o resto do mundo?
De um conceito sinônimo de internacionalização dos mercados, das finanças, dos problemas
ambientais e exclusão das maiorias? Da formação de nichos mercadológicos excluindo, ou melhor,
usando como canteiros industriais regiões mais pobres do Globo? De crescimento econômico
espetacular dentro da desigualdade, da miséria e das calamidades sociais? Ou ainda de
uniformização cultural e de alienação, acompanhadas, de uma nova cidadania global, mas contrária à
própria globalização?
1. GLOBALIZAÇÃO E PADRONIZAÇÃO DO MUNDO: FENÔMENO DOLOROSO?
Embora o cenário apresente-se de profunda instabilidade estrutural, cuja única certeza é de fato
a incerteza, evidencia-se do quadro contraditório da globalização, ao menos, três grandes ruptura
(RAMONET, 1997) – ou revoluções, se observadas com otimismo –, imbricadas e
convergentes, a seguir delineadas sumariamente, acentuando-se a última delas por vincular-se
diretamente ao tema aqui tratado:
• Tecnológica: a máquina, que substituía os músculos, agora, substitui o cérebro – eletrônico –
fruto direto da revolução digital, permitindo a comunicação em tempo real, a aproximação dos lugares,
dos indivíduos, dos grupos, das populações (pelo aumento da velocidade, pela diversificação dos
meios e pela redução dos custos de transporte) e a superação das fronteiras do tempo (transgredindo
o passado-presente-futuro, em função da posição do sujeito, em relação à longitude) e do espaço (a
visão da cena, em tempo real, em qualquer ponto observado do Planeta). A serviço dos governos, tal
revolução amplia os controles sobre o indivíduo. A serviço do mercado, especialmente financeiro,
abre as possibilidades às atividades permanentes (Bolsas), imediatas (decisões) e imateriais (capitais
por impulsos eletrônicos).
• Econômica: a unificação ou integração dos mercados e a movimentação espetacular dos
fluxos mercantis e financeiros resultam das possibilidades oferecidas pela ruptura ou revolução
precedente.
Tal unificação é marcada pela liberalização e desregulamentação dos mercados de bens e
serviços, pela produção e consumo desenfreados, pela marchandização de tudo. Ela caminha para a
insustentabilidade, pela falência do modelo, diante da insuportável desigualdade e exclusão, pela
divisão da humanidade em duas classes: uma minoria globalizada e a maioria que jamais terá acesso
aos benefícios desse processo, levando o mundo ao risco de uma explosão social decorrentes de
violência, miséria, fome, migrações em escala mundial. A insustentabilidade do modelo também se
revela pela pressão acelerada e exponencial sobre o meio ambiente, fornecedor de recursos e
receptáculo de resíduos, inclusive da obsolescência programada dos produtos.
• Cultural: as potências destruidoras do neoliberalismo globalizado manifestam-se gravemente
pela tentativa de padronização do mundo, conduzindo ao pensamento único, à uniformização de
valores, atitudes, comportamentos, produtos, estilos de vida, espaços urbanos, às sociedades
supostamente planetárias, conduzidas, no momento, pelos ideais e estilo de vida de apenas uma
delas – a norte-americana - como se as demais estivessem anestesiadas por um processo de
macdonaldização do mundo.
Tal homogeneização cultural põe em risco a identidade e o simbolismo do patrimônio cultural
local, regional e nacional, misturando-lhes, ou mesmo superpondo-lhes concepções e valores de uma
cultura mundial, decretando a morte da tradição, provocando segregações e frustrações sociais e,
graves conflitos entre classes sociais e entre o local e o universal.
Do ponto de vista político, concomitantemente ao processo de simplificação cultural,
mediatizado, assiste-se ao enfraquecimento do Estado-Nação, que demonstra não só sua impotência
e incompetência gestionária, referente ao seu papel regulador do mercado e de protetor dos
interesses da sociedade, mas também a redução de seu espaço de atuação política, diante de sua
interdependência ou mesmo dependência dos blocos regionais, demonstrando a perda de sua
significância, em favor das organizações financeiras e empresas supranacionais, como
exemplificados nas recentes crises financeiras regionais.
Localizadas nas metrópoles mundiais - centros hegemônicos do poder econômico e político -,
estas organizações, ditam modelos de produção e consumo, que influenciam a organização espacial
das metrópoles e cidades periféricas, direcionadas para suas minorias privilegiadas, por quem
somente podem ser assimiladas.
2 PATRIMÔNIO: SIGNIFICAÇÃO COMPLEXA E PLURAL
A noção de patrimônio evoca significados distintos relacionados à herança, ao legado e
conseqüentemente à posse, pessoal ou coletiva, mas também ao sentimento de pertencer, de
pertencimento. Conceito fragmentado e polivalente é comumente associado às posses individuais,
mas também à responsabilidade em relação às gerações futuras. O patrimônio cultural é, por sua vez,
um termo já consagrado, embora limitado, desde o início, pela sua associação aos bens tangíveis –
proteção de grandes monumentos, sítios históricos, obras de arte. A evolução e extensão do conceito
resultam na sua visão contemporânea, através da qual é associado à construção social, reunindo
indivíduos e grupos em torno de um sentimento identitário, de uma entidade coletiva, abstrata, mas
visível por aqueles que aí se reconhecem (MICOUD, 1995). Construído a partir de referências, os
bens intangíveis – história, tradições, oralidade, valores, saberes locais... - embora ainda mais frágeis
que os primeiros e mutáveis no tempo, adquirem a importância devida, sobretudo porque somente
através destes últimos, os bens tangíveis, são interpretados
Ao renovar-se, o conceito de patrimônio, vem traduzindo, atualmente, não exclusivamente os
bens culturais, mas também o patrimônio natural (BRUNDLAND, 1991), os quais se tornam
complementares, sinérgicos e indissociáveis. Nesse sentido, é importante observar que a natureza,
além de provedora de recursos, se apresenta como marco cultural, contribuindo para a definição de
uma identidade local (as comunidades lagunares?), regional (o sertanejo?), nacional (o país tropical).
Além disso, a importância da cultura e sua relação intrínseca com a natureza têm sido reconhecidas
como instrumento do processo de desenvolvimento (UNESCO, 1997). Mas, apesar da integração
desses dois domínios, os discursos e práticas oficiais, sejam nacionais ou internacionais, revelam que
somente o patrimônio em escala monumental ou de valor excepcional, é objeto de reconhecimento,
valorização e regulamentação, em detrimento do patrimônio nacional. Entretanto, essa interação entre
as dimensões naturais e culturais do patrimônio apresenta importância prática e significativa na
construção de outro desenvolvimento. Trata-se de valorizar o patrimônio, natural, cultural ou
combinado, atribuindo-lhe um novo papel no cenário atual, perverso, dito globalizado.
3 PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL: DIMENSÕES DE OUTRO DESENVOLVIMENTO
Nesse contexto mundial em rápida mutação, a progressiva imposição de uma cultura
uniformizada, destruidora de formas, sistemas e valores vêm gerando um cenário de crise de
identidade em escalas diferentes e um grave clima geral de insatisfação. Esse cenário requer urgente
mudança de paradigma diante da insustentabilidade do modelo de desenvolvimento socioeconômico
capitalista, então prevalecente. Nesse sentido, é importante ressaltar o conceito de desenvolvimento
sustentável que preconiza a harmonização de objetivos sociais, ecológicos e econômicos, já
explicitada nos fundamentos ainda não superados do seu conceito predecessor –
O eco-desenvolvimento (Que Faire? - 1975): endógeno, contando com suas próprias forças;
voltado à satisfação das necessidades fundamentais – materiais e não-materiais das populações
envolvidas; em harmonia com o meio ambiente; fundado sobre transformações estruturais.
Conceito institucionalizado pelo Relatório Brundtland, em 1987, as suas dimensões vêm sendo
ampliadas, tendo sido propostas, recentemente, oito delas (SACHS, 1996), a seguir sumarizadas:
social
(equidade); econômica (eficiência no uso dos recursos); ecológica (capital natural); ambiental
(reprodutibilidade, regeneração natural); espacial (compatibilidade e complementaridade de
usos); política nacional (democracia, coesão social); política - internacional (co-desenvolvimento
norte-sul); cultural
(inserção global, modernização com preservação da identidade local).
Embora constituam dimensões indissociadas, o limite da abordagem deste modesto estudo
enfoca as componentes culturais e naturais do desenvolvimento sustentável e mais precisamente, o
patrimônio – em sua acepção plena, já referida – elegendo-o como ponto de partida para a reflexão
sobre um novo paradigma, confrontado com o processo de globalização e seus reflexos na cidade -
ambiente construído por excelência - sem desconhecer, ao mesmo tempo, o grande desafio e a
importante oportunidade que apresenta para desencadear elementos de mudança.
a) O patrimônio como desafio:
Indiscutivelmente um desafio, diante do maremoto avassalador do processo em apreço,
exigindo enfrentamento que envolve, ao menos, três ações estruturadoras:
• Questionar o processo da globalização: realidade ou mito mediático? Neologismo para um
processo cíclico? Integração dos mercados ou desigualdade e exclusão de 4/5 da humanidade?
• Apreender a sua verdadeira extensão: globalização de quê? Quais os domínios afetados?
• Aproveitar as possibilidades instrumentais que o processo oferece através das três
revoluções supracitadas, considerando-o como via de duas mãos, mas privilegiando a qualidade,
propriedade e os interesses locais.
b) Patrimônio como oportunidade de mudanças:
Tal oportunidade significa tirar partido do pluralismo cultural como resposta coletiva para a
reversão da tendência em curso, através da revalorização do patrimônio, como núcleo de resistência
e refúgio da identidade, mas também como possibilidade de inserção do local, do regional, do
nacional, no global. Nesse sentido, torna-se útil verificar as relações do patrimônio – cultural e natural
– com os fundamentos do conceito original, o eco desenvolvimento.
• Patrimônio e desenvolvimento endógeno.
Tratam-se da promoção de um processo de modernização, de dinamização ou revitalização
econômica, dentro dos limites (dinâmicos) da continuidade cultural, o que supõe, ao mesmo tempo,
seletividade e adaptação das soluções e modelos exógenos, mas, sobretudo mobilização e
revalorização dos recursos patrimoniais – naturais e culturais tangíveis e intangíveis – disponíveis
localmente: recursos do meio natural, monumentos e sítios históricos, mas também, folclore,
conhecimento, saberes tradicionais, técnicas, criatividade e mesmo artimanhas da subsistência
cotidiana, significando:
• Valorizar não apenas o patrimônio monumental e excepcional, mas também o patrimônio
vernáculo e suas expressões convivias e cotidianas, os recursos patrimoniais não utilizados,
subutilizados ou desperdiçados através de projetos geradores de emprego e renda para as
comunidades locais. ,
• Associar a recuperação, conservação e preservação aos interesses das cidades e
comunidades herdaram, construiu e expressa, garantindo-lhes o direito de usufruí-lo, criteriosamente.
• Reconhecer o papel do turismo seletivo, insubmisso e de baixo impacto, como fator de
dinamização social e econômica, de integração local, regional, nacional, mundial e como fator de
fixação da comunidade em seu próprio contexto e, inversamente, de sua atratividade.
• Redefinir as relações do contexto abordado – comunidade, região, país - no espaço e no
tempo. No primeiro, através do aproveitamento das possibilidades instrumentais, para assegurar com
vantagem a inserção do local no universal. No segundo, através do exercício da solidariedade intra e
intergeracional, prevalecendo os princípios de equidade no presente, respeito e reverência ao
passado e responsabilidade em relação ao futuro, concernente ao patrimônio coletivo.
• Patrimônio e satisfação das necessidades fundamentais – materiais e imateriais
Na identificação primária das necessidades fundamentais, materiais e imateriais, as primeiras
se apresentam mais visíveis, embora não se reduzam ao trinômio alimento-vestimenta-abrigo, as
segundas compreendem subjetividades inerentes ao desabrochar dos indivíduos, ao seu bem-estar,
às suas realizações, à sua felicidade e à sua razão de existência. Tais necessidades devem, portanto,
ser expressão dos próprios indivíduos e comunidades, mas exigem, para a sua satisfação, o exercício
de solidariedade sincrônica – permitindo o atendimento das gerações presentes (viver em plenitude) –
e diacrônica, através da qual o legado dos recursos patrimoniais, culturais e naturais poderá ser
garantido às gerações futuras, permitindo-lhes atender as suas próprias necessidades e decidir o seu
próprio futuro (UNESCO, 1997).
• Patrimônio e sua harmonização com o meio ambiente
O patrimônio é, por excelência, indissociável do meio ambiente, ao menos por três razões
fundamentais: o meio ambiente é patrimônio que se constitui dele mesmo, em sua dimensão natural;
em sua dimensão cultural, o patrimônio relaciona-se ao meio ambiente, base de atividades que o
influencia e condiciona; o patrimônio exige e requer um meio ambiente de qualidade para poder existir
e subsistir. Além disso, a distinção entre patrimônio natural e cultural é por si mesma cultural. A
ampliação científica do conceito deverá proporcionar novas relações entre cultura e natureza e nova
abordagem sobre a significância do exemplo excepcional e do aparentemente banal, e da analogia
entre diversidade biológica e diversidade cultural, como patrimônio indispensável da humanidade.
• Patrimônio e transformações sociais
• A consideração do patrimônio no novo paradigma pode significar a oportunidade e a
necessidade de reforçar o papel do Estado – tornado insignificante no processo globalizante já
referido – sobretudo como refúgio de identidade e garantia da diversidade, ao garantir uma cultura
legítima: a sua própria.
O Estado terá também os instrumentos incitatórios de mobilização e de coordenação dos
demais atores sociais, para o relançamento do processo de planejamento de caráter participativo,
resultando em ações conseqüentes, pactuadas. Desta forma, reafirma o seu papel de planejador, de
coordenador e de indutor do desenvolvimento mais solidário, definindo estratégias descentralizadas, a
partir de bases, iniciativas e contextos locais, naturais e culturais, levando em consideração
horizontes de curto, médio e longos prazos.
Notoriamente temos algo incessante que abrange à comunidade mundial, no qual podemos
citar com ênfase nesse artigo:
4 GLOBALIZAÇÃO x PATRIMÔNIO x AMAZÔNIA
A internacionalização da Amazônia vem sendo discutida às presas e há muito tempo por lideres
e comunidades de todo o Globo.
Em recente visita aos Estados Unidos, o atual jovem Ministro da Educação brasileiro, foi
confrontado com uma pergunta de um jornalista norte-americano sobre o que pensava em relação à
internacionalização da Amazônia, enquanto humanista, tendo respondido o que o texto coloca em
evidência alguns dos princípios de que o modelo de globalização em curso arrogantemente manifesta.
De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro… O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos,ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de
todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país.Não faz muito, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio,mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua historia do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas,provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!” (http://ideias-soltas.net/2004/03/26/cristvam-buarque-sobre-a-amaznia-e-sua-globalizao/ )
Fica evidente que a idéia de internacionalização da Amazônia nada mais é que o Ápice da
globalização exacerbada e irracional. “Perder” o nosso maior patrimônio para o mundo, esse mundo
que destrói para o capitalismo, esse mundo que se torna irrisório a cada passo dado, seria o fim da
credibilidade que ainda nos resta. Precisamos sim cuidar do que temos e não dar ao mundo (Países
ricos), para fazer o que bem entender enquanto assistimos de camarote a tudo, Camarote este
financiado pelos países ricos. Nós não precisamos do mundo colocando as mãos em nosso
patrimônio, para mais tarde quando tudo estiver acabado colocarem a culpa em nós por termos
concordado com tal acordo insano. A globalização tem seu ponto primordial quando ela une , quando
ela iguala ,quando ela proporciona uma identidade. A Amazônia precisa fugir desse paradigma.
Somos capazes sim de cuidar do que é nosso não precisamos de ninguém gerenciando nosso maior
Bem. Precisamos sim, de políticas publicas eficazes que saibam gerenciar nosso maior patrimônio,
para o bem geral da nação e a todos.
CONCLUSÃO
Circunscrito em seu quadro tradicional, apesar de suas contradições, o patrimônio – natural e
cultural – representa grande problema para as nações e comunidades contemporâneas: como
protegê-lo, restaurá-lo, preservá-lo e transmiti-lo às gerações futuras, diante da explosão
avassaladora de uma cultura globalizada, pós-moderna, que elegeu a padronização, a efemeridade e
a autofagia como elementos fundamentais de sua dinâmica?
Contraditoriamente, um mundo cada vez mais interdependente não tem feito dessa
interdependência expressão de solidariedade. Além disso, essa mesma dinâmica uniformizadora, que
integra países através de mercados, exacerba as desigualdades e a exclusão da grande maioria da
humanidade, situando a marginalidade numa perspectiva mundial. Crescente globalização da miséria,
sobretudo diante do grande vazio existente, ocasionado pela perda da ideologia que defendia os mais
pobres. Como justificar, então, a prioridade de alocação de vultosos investimentos para a
recuperação, conservação e preservação de um patrimônio cultural, por um lado, anacrônico diante
dos novos valores e, por outro, não raramente até renegado pela própria comunidade que lhe é
depositária? Como também justificá-los, quando se trata de ambientes naturais exauridos,
contaminados ou já em alto grau de artificializarão?
Entretanto, no momento em que se expande o conjunto de crises econômicas, sociais, culturais
e se perdem valores e ideologias, a idéia de patrimônio enraizado no passado, assegura, dá
confiança e esperança na reafirmação da própria identidade, mas também mobiliza para restaurar a
capacidade de decidir o próprio futuro, pela escolha de alternativas para outro desenvolvimento, partir
da valorização dos recursos do patrimônio
Local - cultural e natural tangível e intangível – portanto, mais próximo do ideal de ser
ecologicamente prudente, socialmente mais justo, economicamente viável, numa perspectiva
sustentável, de longo prazo.
Globalizem-se os sonhos e também as percepções de que a diversidade humana, longe de
nos empobrecer, constitui as bases para o enriquecimento de nosso patrimônio humano, que,
antes de tudo, é universal. A verdadeira globalização haverá de nascer da compreensão sólida de
que somos cidadãos de um mesmo mundo, de uma mesma pátria comum, de uma única
humanidade. Repensar os efeitos nocivos da globalização hoje em dia é algo inadiável. Uma
questão de direito... Planetário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DIAS, Reinaldo. - Turismo e Patrimônio Cultural.
FONTELE SAMPAIO CUNHA, Danilo - Patrimônio Cultural – Proteção Legal e Constitucional.
Editora Letra Legal,
HOBSBAWM, E. O Novo Século. São Paulo: Companhia das Letras, 2000
PEREIRA, Gislene; ULTRAMARI, Clovis. Sustentabilidade no meio urbano: algumas
considerações. Salvador, ENTAC, abril de 2000 - CD-ROM.
RODRIGUES, José Eduardo R. Patrimônio Cultural: análise de alguns aspectos polêmicos.
Revista de Direito Ambiental. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. jan/mar. 21. p. 174-91.
SANTOS, Milton et al. Território, Globalização e Fragmentação. São Paulo: Hucitec, 1994.
UNESCO. Nossa diversidade criadora: relatório da Comissão Mundial de Cultura e
Desenvolvimento
VELHO, O. “Globalização: Antropologia e Religião”. Mana – Estudos de Antropologia Social. Vol.
3, no. 1, abril de 1997, pp. 133-53.
Site: http://worldroom.wordpress.com/2007/10/01/globalizacao-a-pedir-reformas/ (15/10/08)
Site: http://ideias-soltas.net/2004/03/26/cristvam-buarque-sobre-a-amaznia-e-sua-globalizao/
(15/10/08)
Site: http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/.php?cod=108 (15/10/08)
PARANAPIACABA A REVITALIZAÇÃO DE UMA HISTÓRIA
ALVARADO, Ariane Leiria
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
Paranapiacaba um lugar de onde se vê o mar, em tupi-guarani. Num dia claro, esta era a visão que
tinham os povos indígenas que passavam por ali, depois de subir a Serra do Mar rumo ao planalto.
No século XIX, naquele caminho íngreme utilizado pelos índios, desde os tempos pré-coloniais, seria
construída uma estrada de ferro que mudaria a paisagem do interior paulista e ocasionaria a fundação
da Vila de Paranapiacaba.
Palavras-chave: revitalização; turismo; patrimônio
1 LOCALIZAÇÃO
Quem vive na cidade de São Paulo dificilmente imagina que a poucos quilômetros da capital
exista uma pequena vila, reduto de Mata Atlântica e museu a céu aberto da estrada de ferro Santos -
Jundiaí. Assim é Paranapiacaba, distrito do município de Santo André, localizado a 60 quilômetros da
capital.
2 HISTÓRICO
O local surgiu como uma vila operária e centro de controle operacional da companhia inglesa
São Paulo Railway. A história do vilarejo, que conserva até hoje as moradias do período, remete ao
século 19, mais especificamente 1867, quando a companhia inaugurou sua primeira linha férrea na
serra. Inicialmente, a estrada transportava passageiros de Santos, passando por São Paulo, até
Jundiaí. Em seguida, serviu como via de escoamento da produção de café paulista até o porto
santista.
A Vila iniciou-se apenas por um acampamento de operários. Com a ampliação das obras a
vila mudou seu estilo, ganhando ares europeus, suas construções passaram a ter arquitetura Inglesa.
Relata um morador antigo da Vila que as pessoas viviam como uma grande família na época.
As ruas arborizadas e casas pintadas, as famílias tinham sua vida social intensa, com
atividades sócias cultural; bailes; jogos de salão; encenações teatrais. Em 1946 termina a concessão
da São Paulo Railway, e todo o seu patrimônio passa para a União, antigos moradores da Vila
apontam este fato como a decadência da mesma.
Com o fim da concessão da São Paulo Railway, em 1946, a estrada de ferro passou para o
controle da União, adotando o nome de Estrada de Ferro Santos-Jundiaí.
Em 1987, a Vila de Paranapiacaba, seu patrimônio tecnológico e entornos de Mata Atlântica
foram tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico
do Estado de São Paulo.
Não podemos deixar este patrimônio ser destruído, as obras de construção da estrada férreas
iniciaram-se em 1860 comandadas pelo engenheiro inglês Daniel M Fox. Que anos mais tarde foi
denominada Estrada Santos Jundiaí.
O nome Paranapiacaba significa em Tupi Guarani Lugar onde se vê o mar.
3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO CULTURAL
O tempo foi passando novas tecnologias foram surgindo e com elas a desativação aos
poucos do sistema vai surgindo, funcionários vão sendo dispensados outros se aposentam, ficam
alguns para cuidarem do sistema de transposição da Serra.
E no inicio de 1980, a Vila praticamente não possui mais o sentido de lugar habitado por
ferroviários e sim por uma nova geração sem empregos, um local sem infra-estrutura no comércio,
contavam com alguns locais comerciais, porém os moradores descontentes e desmotivados. Suas
casas precisavam de reformas, a Vila passava a ser um local abandonado. Esse valioso patrimônio,
porém, estava em risco.
Segundo Reinaldo Dias “o patrimônio pode ser compreendido como mais um recurso á
disposição das comunidades para o desenvolvimento”.
Em 1999, uma organização norte-americana que acompanha os monumentos e sítios
históricos de relevância mundial, incluiu Paranapiacaba dentre os 100 sítios ou monumentos
ameaçados de extinção.
Segundo o mesmo autor “preservar não é só guardar uma coisa, um miolo histórico de uma
grande cidade velha. É manter vivos, mesmo que alterados usos e costumes populares”.
Identificando também, problemas de conservação daquela vila centenária como: a
deterioração das construções, as reformas, acréscimos e adaptações sem critérios sofridas ao longo
do tempo e a necessidade de revisão da infra-estrutura urbana, dentre outros, que surgem como
alternativas de trabalho e renda para a população local é outro desafio a ser enfrentado.
Segundo o mesmo autor, “a partir da evolução histórica do conceito de patrimônio podemos
identificar algumas dimensões como: uma dimensão econômica, relacionada a sua exploração
econômica, que pode ser ofertada para um determinado mercado turístico. O qual, ao ser explorado
gera renda e trabalho de modo a contribuir para o desenvolvimento local”.
Neste mesmo ano foi criado o Movimento Pró-Paranapiacaba, o movimento consiste em
viabilização de um cenário de desenvolvimento sustentável para a Vila de Paranapiacaba e entorno,
definindo os instrumentos de política urbana e ambiental aplicável. A população totaliza 2868
habitantes, dos quais cerca de 60% estavam desempregados. Dos 40% empregados, 10%
trabalhavam na própria vila, se utilizando do turismo como fonte de renda, alguns moradores
trabalham na Solvay do Brasil e o restante da população economicamente ativa se distribuem em
atividades industriais, comerciais e serviços das cidades mais próximas.
Em função do valor histórico da Vila o CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), tombou a Vila, fazendo a manutenção das
casas, das linhas e instalações.
Na verdade o significado de patrimônio histórico envolve também a preservação de elementos
referentes às técnicas e ao saber fazer; os elementos pertencentes à natureza e ao meio ambiente e
por fim os culturais que fazem parte do que é produzido pelo ser humano.
Utilizando a visão da arquitetura histórica e natural da Vila que apresenta um cenário peculiar
cercado pela exuberante mata nativa e da serra do mar, que o local torna-se um grandioso centro
histórico-turístico, envolvendo tanto turistas como pesquisadores.
Como nos coloca Reinaldo Dias, “o patrimônio é considerado, atualmente, um conjunto de
bens materiais e não materiais, que foram legados pelos nossos antepassados e que em uma
perspectiva de sustentabilidade, deverão ser transmitidos aos nossos descendentes acrescidos de
novos conteúdos e de novos significados, que deverão sofrer novas interpretações de acordo com
novas realidades socioculturais”.
TURISMO A SOLUÇÃO
Paranapiacaba não depende mais da ferrovia, que entrou em declínio e terminou sendo
desativada. Com isso, o turismo tornou-se a principal atividade da população. "O turismo sempre foi
importante aqui, mas agora estamos desenvolvendo essa atividade de uma forma mais organizada,
pois Paranapiacaba está se preparando para uma nova realidade: a exploração do seu valioso
patrimônio histórico, cultural e natural", ressalta Zélia moradora da Vila.
A prefeitura de Santo André fez uma pesquisa com os moradores para levantar dados a
respeito, do que era conhecido pelos mesmos da História da Vila e o que imaginavam do turismo
como meio de vida.
Segundo John Swarbooke, “o controle local é um elemento chave da ideologia do turismo
sustentável, a comunidade dita as regras e as controla. A renda do evento é usada não apenas para
ajudar na proteção do legado cultural da região mais também para sustentar a comunidade que ali
reside e suas atividades culturais”.
Surgiram várias possibilidades de atuar no setor turístico e, assim, criar novas fontes de renda
para os moradores. Como Paranapiacaba não tem hotéis, adotou-se na cidade uma prática muito
comum entre os ingleses: o Bed & Breakfast, sistema em que aqueles que têm quartos e leitos
disponíveis em suas residências recebem o turista, oferecendo-lhe estadia e café da manhã.
A prefeitura de Santo André incentivou os moradores a mobiliarem suas casas com novos
móveis, que foram financiados através de empréstimo no banco do Brasil, para receber os turistas.
Outro projeto é o Portas Abertas, em que os moradores preparam refeições para os turistas.
Como não existem restaurantes na cidade, alguns moradores receberam treinamento e ajuda
financeira para comprar utensílios e adaptar suas casas a fim de poderem preparar boas refeições
para os visitantes. "O meu forno a lenha é um dos melhores da Vila. A rabada e a vaca atolada são os
pratos que fazem mais sucesso", diz Luzinete Machado Freitas.
PATRIMÔNIO NATURAL MATA ATLÂNTICA
A Associação de Monitores Ambientalistas (AMA) nasceu de uma necessidade dos
moradores de potencializar o ecoturismo, com pessoas credenciadas para trabalhar no Parque
Municipal e também no Parque Estadual. "Tudo começou com um curso promovido por técnicos do
Instituto Florestal destinado a capacitar pessoas da comunidade local para trabalhar com ecoturismo.
Agora já somos 24 monitores", explica Eduardo Pin.
O curso capacita as pessoas para trabalharem não apenas como monitores, mas também
para realizarem outras atividades ligadas ao turismo, como o artesanato. "O curso vem de uma lei
estadual que criou a função de monitor ambiental. Tem um critério muito interessante: as pessoas
envolvidas têm de morar no entorno da área que se deseja conservar”.
Os monitores acompanham os passeios nas áreas de preservação ambiental promovendo
educação ambiental, estudo do meio ambiente e turístico.
A região dispõe de várias trilhas e cachoeiras que atraem muitos turistas pela beleza natural.
Entre esses passeios ecológicos está o Caminho do Mirante de onde se avistam, do topo, o Rio Mogi,
as encostas da Serra do Morrão e o litoral paulista, Santos, Bertioga, Guarujá. Com cerca de 1.500
metros, é uma subida que, com certeza, valerá a pena pelo espetáculo visual. No Núcleo Olho D'Água
são desenvolvidas atividades ambientais interativas em duas trilhas, que são pontos privilegiados
para a contemplação da perfeita integração entre a engenharia e a natureza que caracterizam o lugar.
É outro passeio imperdível.
TURISMO CULTURAL
No turismo cultural e histórico descobrem-se muitas curiosidades, como por exemplo, o
Campo de Futebol do Serrano, construído em 1894, onde um funcionário da SPR jogou sua primeira
partida de futebol no Brasil. Seu nome, Charles Miller. Este campo presenciou várias outras partidas
do Serrano Atlético Clube contra grandes times como Santos e Corinthians.
O Museu Funicular e o Clube União Lyra Serrano, que foi por muito tempo a maior edificação
em madeira da América Latina, Relógio da Estação, réplica do Big Ben, e a Igreja Bom Jesus de
Paranapiacaba, edificada em 1887, são outros lugares que não podem deixar de ser visitados.
EM PARANAPIACABA EXISTEM VÁRIOS PONTOS TURÍSTICOS
O Museu do Furnicular abriga ainda as máquinas que faziam a tração dos trens. Para
vencer os 800 metros de altitude do alto da serra em pouco mais de oito quilômetros, os engenheiros
ingleses optaram pela instalação deste sistema. Pelo método furnicular, os trens são rebocados por
cabos de aço. Para equilibrar as forças, eles partiam sempre ao mesmo tempo, um em cada extremo
da linha. O Museu conta ainda com objetos de uso ferroviário, fotos e fichas funcionais de ex-
funcionários da ferrovia.
Digna da disciplina inglesa, a vila operária de Paranapiacaba tinha suas ruas divididas de
acordo com o estado civil do funcionário ou sua posição hierárquica na empresa. Para controlar tudo
isto, foi construído o "Castelinho", ex-casa do engenheiro chefe e hoje Museu do Castelo. Localizado
no alto de uma colina, com excelente vista para toda a vila, era de lá que o engenheiro controlava
todos seus subordinados, não hesitando em demitir um solteiro caso o encontrasse caminhando à
noite pelas ruas dedicadas aos casados.
No âmbito religioso, a Igreja de Paranapiacaba, originalmente chamada de Capela do Alto
da Serra, sediou pela primeira vez uma missa no ano 1884. Como padroeiro, os parocos escolheram
Bom Jesus. Em 1911, a igreja de Bom Jesus do Alto Passou a ser ligada a ela. Hoje, ambas
pertencem à paróquia de Rio Grande da Serra.
Para atribuir um ar londrino, a vila também possui o seu Big Ben. O Relógio da Estação foi
erguido em meados de 1898. Suas badaladas regulavam não apenas os horários dos trens, como
entrada e saída dos funcionários e seu ritmo de vida. Hoje, após restauração, o relógio da marca
Johnny Walker - London voltou a funcionar.
TURISMO DE AVENTURA NAS TRILHAS
Já para quem prefere se aventurar nas trilhas e cachoeiras em meio à Mata Atlântica,
Paranapiacaba oferece diversas oportunidades. Agências locais agendam e orientam os passeios.
Uma das mais populares, a Trilha da Cachoeira Escondida possui seis quilômetros de extensão
com vista panorâmica da Serra do Mar e da Baixada Santista, além, é claro, da própria Cachoeira
Escondida, alternativa é a Trilha do Lago de Cristal, que tem como atrativos os mergulhos em uma
piscina natural e banho de cachoeira. Em média, o passeio de seis quilômetros leva cinco horas para
ser percorrido, com uma hora de refresco no lago. Completam o mapa a Trilha do Poço Formoso,
também com piscina natural e mirante, e a Trilha da Cachoeira da Fumaça.
De qualquer forma, o maior desafio de Paranapiacaba é a Trilha da Raiz da Serra, caminho
de 15 quilômetros entre a cidade e Cubatão. A trilha é preenchida por diversas cachoeiras e piscinas
naturais, em meio ao Vale do Rio Mogi. Em média, são necessárias oito horas para atravessar o
caminho.
AS ARTES
Reduto bucólico, Paranapiacaba foi escolhida por diversos artistas plásticos como cenário
para sua arte. Para alojá-los, a administração local criou o Ateliê Residência, onde os artistas, dez
no total, expõem e comercializam seus trabalhos. São quadros, pinturas, tapetes, artesanato, todos
feitos em harmonia com o ambiente e refletindo a inspiração climática serrana local.
A GASTRONOMIA
No campo gastronômico, os restaurantes locais têm investido na popularização do Cambuci,
fruta nativa da Mata Atlântica, pertencente à mesma família da goiaba, araçá e jabuticaba. Em abril
passado, Paranapiacaba realizou a Festa do Cambuci, onde empreendedores da vila e demais
moradores apresentam suas receitas com a iguaria. Restaurante e Confraria do Cambuci é o mais
especializado em servir pratos e sobremesas da fruta.
Em matéria de sobremesas, o destaque é o Espaço Gastronômico. Para os casais que
procuram por um ambiente mais intimista, a Taberna Refúgio Cigano é o local ideal com sua meia-luz.
Um pouco mais descontraído, o Bar e Pizzaria Santa Rita de Cássia é outro point das noites em meio
às montanhas de inspiração inglesa de Paranapiacaba.
É beneficiada também pelo clima frio, sempre com uma neblina por isso chamam de
Inglaterra brasileira, o que beneficia o mais recente investimento da Prefeitura de Santo André que é o
Festival de Inverno.
Com um pouco de imaginação, dá para sentir um certo ar inglês. Há fog (o nevoeiro que
encobre Londres), casinhas em estilo britânico e até uma réplica do Big Ben em Paranapiacaba, a 60
quilômetros da capital, que atrai turistas todos os finais de semana por causa dessas curiosidades. No
mês de julho a vila localizada nas franjas da Serra do Mar fica cheia de gente por outro motivo: o
Festival de Inverno. Mais popular que o festival de Campos do Jordão, o evento em Paranapiacaba
atrai um público mais jovem e menos sofisticado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aprendizado que tivemos com este estudo foi, o compromisso da sociedade em relação ao
espaço em que vive e dos órgãos envolvidos em sua defesa se faz necessário num momento como
este, sendo, portanto um primeiro passo imprescindível para reverter esse processo de deterioração.
Além do treinamento cívico da população em relação ao meio em que vive e a ação efetiva dos
órgãos protetores, a vila de Paranapiacaba clama por intervenções no seu espaço urbano, que
valorize tanto o conjunto arquitetônico formado pelas antigas casas da vila e pelas edificações onde
funcionava a ferrovia, quanto o meio ambiente (Serra do Mar) enfatizando assim o seu uso voltado ao
eco-turismo.
Podemos perceber também que existe o lado desvantajoso na vila com relação ao turismo um
exemplo é que os moradores não podem ter suas casas com garagens cobertas, muitas vias de
acesso serão fechadas, não se pode trocar sequer um vidro nas residências, sem a devida
autorização do município, com penalidades caso isso aconteça.Vemos que para realizarmos uma
mudança na vida dos habitantes da vila, existem algumas transformações inclusive culturais que não
agradam a muitos.
Outros agravantes que percebemos ao conversar com moradores da Vila é que muitos se
sentem excluídos do processo de transformação da Vila em local turístico, um exemplo é o processo
migratório dos antigos moradores da Vila para Santo André, deixando suas casas alugadas para
pessoas de fora. As quais transformam o local em pousadas, restaurantes, introduzindo no local uma
cultura diferente, outros costumes e hábitos. O que temos hoje em nossa Vila é uma exploração
desenfreada, na qual a população local não consegue acompanhar. Uma moradora comenta: agora
Paranapiacaba reservou parte de seu território para receber serviços diferenciados de bem-estar,
incluindo massagem, relaxamento físico e mental, retiro espiritual. O antigo hospital deverá virar um
spa. Outro quarteirão foi destinado aos boêmios, para bares e restaurantes da recém-criada zona de
"atividades noturnas" --ainda bastante incipiente. "A vila não tem esse perfil. Precisamos aqui de
recursos para os moradores locais não somente atividades que beneficiam os turistas. O silêncio aqui
sempre foi valorizado", reclama Zélia Maria Paralego, 56, da entidade de preservação de
Paranapiacaba.
Temos uma situação bem complicada, pois os novos empreendimentos do local, só
mantiveram a fachada característica, pois estão totalmente desalinhados com os costumes do local,
uns exemplos é a casa de massas que inaugurou no local recentemente, o que não é um costume do
local, ou seja, os pratos típicos da região são elaborados com iguarias locais.
Para trabalhos futuros a Prefeitura planeja inclusive a retomada do cinema no Clube União
Lyra Serrano --que abrigou a segunda sala de filmes do Brasil, em 1903. Nos últimos seis anos, foram
lançados festivais, houve incentivos para a instalação de 172 leitos de hospedagem, exposição do
artesanato local, e a demanda de visitantes saltou de 41 mil para 220 mil por ano. A principal tacada
dos planos turísticos é à volta de um trem semelhante ao que fazia a ligação da vila à estação da Luz,
no centro, e que foi gradualmente desativado nos últimos anos.
A idéia, em discussão com União e Estado, é que haja uma composição só aos finais de
semana para percorrer 17 km até Rio Grande da Serra --onde já existe uma estação da CPTM. O
presidente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Luiz Fernando de Almeida,
visitou Paranapiacaba na semana passada e encampou a proposta. "Vamos trabalhar para ter esse
trem turístico no curto prazo [que, nesse caso, deve ser interpretado como uns dois anos]", promete
Almeida, que define a vila como "a Ouro Preto do patrimônio ferroviário no Brasil".
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS. Reinaldo. Turismo e Patrimônio Cultural – recursos que acompanham o crescimento das
cidades. São Paulo: Saraiva, 2006.
SWARBOOKE, John. Turismo Sustentável: turismo cultural ecoturismo e ética. São Paulo Aleph
2000
TURISMO, LAZER E TERCEIRA IDADE
GONÇALVES, Vivian Cristina de Souza
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
Este trabalho tem o intuito de ressaltar sobre a relação entre o turismo e lazer na terceira idade.
Atualmente, o turismo cresce de forma acelerada nos locais que apresentam potencialidades para tal
atividade. Como atividade de lazer, o turismo é um eficiente meio para difusão cultural e informacional
sobre uma determinada localidade ou região, proporcionando direta e indiretamente, além do
desenvolvimento turístico, o progresso econômico e social para as mesmas. O aumento da população
idosa, fora do processo produtivo, vivendo de aposentadoria, pode ser um vilão para a atividade
turística, pois já estão com a vida financeira estável, isto é, já criaram os filhos, já se aposentaram,
adquiriram a maioria dos bens materiais, restando tempo livre para conhecer novos lugares. Sendo
assim, segundo Moletta (2000, p. 8), pode-se conceituar o turismo da terceira idade como sendo “um
tipo de turismo planejado para as necessidades e possibilidades de pessoas com mais de 60 anos,
que dispõem de tempo livre e condições financeiras favoráveis para aproveitar o turismo”. Além disso,
o turismo acaba sendo um instrumento importante para fazer com que as pessoas continuem a ser
"interessantes" para o sistema capitalista mesmo depois de encerrada a exploração da força de
trabalho, pois permanecem, produtivas para a economia. Os idosos carregam consigo muita energia e
alegria, tornando-se necessário ocupá-los, oferecendo-lhes momentos agradáveis em companhia de
amigos. Daí entra o Turismo, que é capaz de revigorar as energias e até mesmo, curar muitos males,
contribuindo para uma longevidade saudável.
Palavras-chave: turismo; lazer; idosos;
INTRODUÇÃO
Segundo Fromer, Betty,( 2003, p.58):
O turismo é um conjunto de atividades e relações existentes nos deslocamentos temporais voluntários, realizado pelo afastamento da morada permanente por diferentes motivos, com intenção de retornos, e a utilização total ou parcial dos bens e serviços orientados para a satisfação dos viajantes.
Viajar em qualquer idade sempre foi fonte de imenso prazer e distração. O cliente "jovem", de
meia idade, aproveita essa fase da vida para conhecer lugares sonhados, ou voltar onde um dia
passou e gostou. Existem pacotes turísticos próprios para a terceira idade. Alguns hotéis fazenda
contam com estrutura médica, nutricionistas e professores de educação física que estão preparados
para supervisionar os passeios e atividades. É importante não confundir aposentadoria com lazer. Ela
é apenas um momento de descanso, direito de quem trabalhou longos anos. Deve-se somar à
aposentadoria uma rotina saudável, que inclua diversão e exercícios leves, que podem melhorar as
condições físicas e afastar o fantasma do mau humor e da depressão.
A terceira idade, antes era um segmento não muito explorado pelo turismo, onde os
profissionais de turismo não reconheciam os idosos como um público atraente, onde ele somente
buscam o conforto, satisfação e valorização de seu bem-estar. Essas pessoas não medem esforços
para estarem sempre satisfeitas, geralmente são as únicas pessoas que não se importam com os
gastos previstos, geralmente ficam nos melhores hotéis, compram pacotes completos, com visitas,
shows, festas culturais, recreação e diversos tipos de serviços oferecidos pelo turismo.
Já nos dias de hoje, as empresas turísticas já estão se preparando para atender melhor ao
público da terceira idade, podendo assim oferecer alternativas de viajens e serviços turísticos mais
adequadas a terceira idade.
O lazer assume nos dias atuais um caráter essencial frente à busca pela melhoria na
qualidade de vida. Dumazedier (1973,p.46):
Define o lazer como sendo: “um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.
Apesar das perdas que sofrem devido à idade avançada, os idosos mantêm as mesmas
necessidades psicológicas e sociais que possuíam nas outras fases da vida e, por isso, reconhecem e
valorizam o lazer. Mesmo com todas as dificuldades com que se deparam no dia-a dia, eles não
abrem mão de vivenciar o lazer, pois isso se consiste em um tempo privilegiado para a obtenção de
bem-estar em qualquer que seja a idade.
O lazer pode ser vivido sob várias formas, ele compreende a vivência de inúmeras práticas
culturais, como o jogo, a brincadeira, a festa, o passeio, a viagem, o esporte e também as formas de
arte, dentre várias outras possibilidades. Dentre estas possibilidades, o Turismo é uma das atividades
que mais se destaca no cenário atual. Sua prática é uma das atividades que mais crescem no mundo.
O turismo se torna uma expressão do lazer quando o objetivo da viagem é o descanso, a diversão, o
relaxamento.
O turismo ganha cada vez mais adaptos na terceira idade. Ainda mais em se tratando de
Brasil, um país de inúmeros atrativos naturais, culturais e históricos. Os idosos gostam de viajar e
fazem disso um hábito. Esta prática lhes proporciona uma vida mais prazerosa e significativa.é claro
que problemas como a falta de saúde, falta de companhia, violência urbana e baixos rendimentos,são
fatores que os impossibilitam de realizar esta prática, mas ainda assim, na medida do possível, não a
deixam de realizar.
Os idosos costumam viajar em épocas de baixa temporada, onde os movimentos são
menores, favorecendo assim, a economia do local; costumam usufruir do lazer e levarem consigo
souvenires para toda a família. Estes são alguns exemplos de como os idosos podem contribuir para
o sistema capitalista; e, mais importante que isso, o seu tempo livre é um grande atrativo para o
sistema, que através do Turismo o transforma em lucros.
A atividade turística é vista geralmente pelo seu caráter econômico, esquece-se porém que
ela possui uma importante função sociocultural. O turismo não pode ser visto apenas como uma
procura por prazer ou fuga da realidade. Sua prática estimula novos olhares, novas
perspectivas, novos valores e compreensão nas relações com o outro.
BENEFÍCIOS DO TURISMO PARA A TERCEIRA IDADE
O turismo para a terceira idade contribui muito para a saúde e auto-estima dessas pessoas,
favorecendo a elas uma melhor saúde física e mental, dispertando alegria, e prazer para os mesmos.
Favorecem também a esse público novas descobertas, aprendizagens, conhecer novos lugares,
proporcionando o acesso a novas culturas e integração social e outros.
OS TIPOS DE TURISMO QUE A TERCEIRA IDADE USUFRUI COM MAIOR FEQÜÊNCIA
OTurismo Ecológico; realizado em lugares que exploram o contato e as belezas da natureza,
tais como: caminhada, praias, campos, meio rural entre outros.
t Turismo de férias; realizado por famílias e amigos.
T Turismo Terapêutico ou de saúde; realizados em estâncias termais e hidrominerais, salinas,
etc.
e Turismo Cultural; apresentada como atração das religiões turísticas, as chamadas
motivadoras, como; artesanato, idiomas, tradição, gastronomia, artes, músicas, histórias de religião
(monumentos, edifícios e patrimônios culturais e naturais)
( Turismo Esportivo: realizado por um grupo de pessoas que desejam participar ativamente de
treinamentos, campeonatos, eventos desportivos etc.
t Turismo Religioso; realizado por grupo de pessoas que tem como meta conhecer lugares
religiosos, espirituais, enfim, assuntos pertinentes a religião a qual pertence.
r Turismo de Eventos; enquadram-se aqui turismo de negócio, férias, cursos, seminários,
jornadas, eventos religiosos e esportivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve por finalidade argumentar sobre o tema (Turismo,Lazer e Terceira
Idade),ressaltando assim a participação da terceira idade diante ao turismo e lazer.
O turismo tem uma grande aceitação pela Terceira Idade, mas para que ele seja bem aceito e
executado é preciso um planejamento com objetivos bem definidos, objetivos que levem os interesses
e necessidades da terceira idade. Onde através desse planejamento o sucesso das empresas
turísticas sejam satisfatórios.
O turismo é um meio de proporcionar novas perpectivas de vida devido aos conhecimentos
que este proporciona, fazendo com que ele amplie sua visão do mundo.
BIBLIOGRAFIA
AEMS - FACULDADES INTEGRADAS DE TRÊS LAGOAS, Manual do Acadêmico 2007.
BENEDETTI, T. B.; LOPES, M. A.; MAZO, G. Z. Atividade Física e o Idoso: Concepção
Gerontológica. 2ª ed. Porto Alegre, 2004.
FROMER, B.; VIEIRA, D. D. Turismo e Terceira Idade. São Paulo, 2003.
MICHEL, J.P.; MANIDI, M. J. Atividade Física para Adultos com mais de 55 Anos: Quadros
Clínicos e Programas de Exercícios. Barueri,2001.
MORENO, Guilherme. Terceira Idade: 250 Aulas. 2ª ed. Rio de Janeiro, 2003.
O TURISMO COMO ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL DO BAIRRO JUPIÁ
OLIVEIRA, Giselle Soares de
Acadêmica do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
Organizar o turismo para que ele seja uma atividade fortemente lucrativa e benéfica e
consequentemente atenda as necessidades dos turistas e principalmente da comunidade local, não é
uma tarefa fácil, pois o turismo é uma atividade muito complexa e repleta de singularidades. Mas
através de uma expectativa de desenvolvimento local, do planejamento e consequentemente da
participação da comunidade neste processo, surge à perspectiva de solucionar problemas sociais e
econômicos da localidade. Nesta visão e conhecendo o potencial turístico do Bairro Jupiá surge à
idéia do turismo com alternativa para o desenvolvimento local.
Palavra -chave: Turismo; Desenvolvimento local; Potencialidades
1- Introdução
O Jupiá é um Bairro de Três Lagoas, inicialmente era conhecido como vila de pescadores,
possui uma localização privilegiada que além de se encontrar as margens do Rio Paraná e possuir
várias belezas naturais ainda está praticamente na divisas entre os estados de Mato Grosso do Sul e
São Paulo, permitindo o fácil acesso de turistas de outros estados. Mas embora possua muitos pontos
positivos não consegue se destacar no turismo devido às péssimas condições que o local se
encontra. Tanto os governantes quanto os empresários e a população devem almejar os mesmos
objetivos e irem à busca da sua concretização, pois só assim esta atividade poderá ser desenvolvida
e de maneira responsável.
O turismo responsável e planejado traz muitos benefícios para a comunidade e proporciona o
desenvolvimento do local. Mas o desenvolvimento que se deve buscar é o sócio espacial, onde visa à
melhoria da sociedade e do espaço onde o turismo esta sendo realizado e não o crescimento
econômico, embora seja indispensável, não é fundamental, pois deve preocupar com as
necessidades da população, tanto individual quanto coletiva.
2- O Bairro Jupiá: Caracterização e Contextualização
O Jupiá está localizado na margem direita do Rio Paraná, a 8.6 km do Relógio Central que se
situa entre as Avenidas Paranaíba e Antonio Trajano dos Santos, no centro da cidade, o bairro possui
uma área de aproximadamente 50 hectares.
Sua ocupação humana iniciou-se nas primeiras décadas do século XX, onde as pessoas
atraídas pela beleza do rio Paraná e pela construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, uma
grande influencia também para a ocupação de todo município de Três Lagoas, vieram para a região
e com o passar do tempo se fixaram no local, tendo como principal fonte de renda a pesca artesanal.
No inicio da década de 1960, o bairro passou por um processo de crescimento populacional,
decorrente do inicio das obras de construção da Usina Hidrelétrica Souza Dias (Jupiá), mas após o
término da construção os trabalhadores de outras regiões que vieram trabalhar no local foram
embora ficando apenas os moradores originais que eram em sua maioria pescadores.
A construção da usina provocou grandes impactos tanto sociais quanto ambientais para a
população local que vivia em sua maioria exclusivamente da pesca, esses moradores sofreram uma
mudança significativa em suas vidas e tiveram que se adaptar a nova realidade que lhes foram
impostas.
2.1- Caracterização sócio-econômica
Os moradores da região realizam funções diversas, para sobreviverem, mas ainda hoje
encontramos pessoas que vivem da pesca, não exclusivamente, pois o rio já não proporciona tanta
fartura de peixes como anos atrás. Os poucos pescadores profissionais que ainda residem no local,
precisam realizar outras funções para auxiliar no orçamento doméstico.
O bairro possui uma escola estadual, uma creche municipal, um posto de saúde municipal e
uma quadra poli esportiva, onde se situa a sede da Associação de Moradores e Amigos do Jupiá
mas ainda carece de muita infra-estrutura, como: farmácia, mercado, açougue e posto policial. Os
habitantes se sentem isolados e abandonados pelos órgãos públicos conforme relatos do morador e
pescador Sebastião “Eles só lembram da gente na época da política” e completa “Teve um político aí
que jogou dois caminhões de areia na beira do rio e saiu falando por aí que fez uma prainha no
Jupiá”.
3- Perspectiva do desenvolvimento do turismo no bairro Jupiá
O bairro Jupiá possui vários atrativos turísticos, mas uma precária infra-estrutura. Famoso
por seus bares e restaurantes que servem o pescado retirado do rio, o Jupiá é um local para pescaria
e outros atividades recreativas como: caminhar e tomar banho no rio. Entretanto ainda falta maior
divulgação sobre essas opções e a manutenção dos atrativos.
A cidade de Três Lagoas é conhecida como a “Cidade das Águas” e por esse motivo possui
vocação para desenvolvimento de atividades aquáticas. No bairro Jupiá são realizados vários
eventos como: o arrancadão de barcos33, no sexto ano de realização, a festa anual do pescador, e
campeonatos de jet ski, entre outros. Observa-se que o público que prestigia os eventos e o local
ainda é pequeno, apesar de receber visitantes de varias partes do Brasil, sobretudo do Rio de
Janeiro e São Paulo, que se deslocam à região para praticar atividades relacionadas à pesca, entre
33 Disputa entre barcos
outras. A população da cidade, geralmente procura a região nos finais de semana, freqüentando os
bares e restaurantes, a procura de lazer, aproveitando para saborearem a gastronomia do local.
Com uma vista privilegiada do rio Paraná, a área ribeirinha do bairro Jupiá é uma das poucas
opções de lazer para a população de Três Lagoas, por se tratar de um território que hoje é
propriedade da Companhia Energética de São Paulo (CESP), a encosta do rio com bares e
restaurantes carece de obras de infra-estrutura. Os donos dos bares e restaurantes vivem um clima
de incerteza em relação às áreas de desapropriação da CESP, onde a qualquer momento podem
perder seus estabelecimentos comerciais. Pelo exposto os proprietários não investem na melhoria
dos seus empreendimentos, pois estão buscando na lei uma maneira de não perderem os mesmos.
A maioria dos proprietários dos bares e lanchonetes, localizadas na beira do rio não
possuem outra profissão e dependem da renda advinda de seu comércio para sobrevivência e
sustento de suas famílias, por isso estão lutando na justiça pelo direito de permanecerem no local,
trabalhando honestamente e dando a oportunidade para outras pessoas prestarem serviços
temporários ou permanentes nos empreendimentos, proporcionando aos visitantes um local para
lazer e descontração nos finais de semana.
3.1- As potencialidades culturais como produtos
A região além de possuir uma belíssima paisagem natural ainda conta com um grande
patrimônio histórico constituído pela privilegiada presença da Ponte Francisco de Sá, cujo é
considerada um patrimônio histórico de Três Lagoas, inclusive é um bem tombado na cidade. A
Ponte Francisco de Sá, possui 1200 metros de comprimento e foi inaugurada oficialmente em doze
de outubro de 1926, sua construção iniciou em 1918 durante a gestão de Arlindo Gomes Ribeiro da
Luz, Diretor da NOB34, mas só foi concluída em 1925 na gestão do Engenheiro Alfredo de Castilho.
Ela liga o extremo oeste do estado de São paulo à cidade de Três Lagoas, no estado de Mato
Grosso do Sul, transpondo o Rio Paraná.
Mede 1.024 metros de comprimento, possui cinco vigas contínuas de dois vãos cada e uma viga tipo “cantilener” de 350 metros, proveniente da Inglaterra, França e Estados Unidos. Foi Construída Abaixo do salto de Urubupungá, nas corredeiras de Jupiá, onde o canal é mais estreito, permitindo um arco de apenas 100 metros. Os engenheiros responsáveis pela obra foram os Doutores Agnello de Albuquerque, Álvaro de Souza Lima (chefes de construção) e Ary Duarte de Souza (auxiliar da construção). (LEVORATO 1999, p. 57)
Com a expansão da economia paulista, a malha ferroviária do estado de São Paulo
necessitava se expandir para possibilitar o escoamento de seu principal produto, o café. Com o auxilio
de empréstimos no exterior, tendo como garantias os lucros com o café e outros benefícios que
conquistariam do Governo Federal, esse estado passou a investir em sua infra-estrutura,
beneficiando, assim, os estados vizinhos, inclusive o estado de Mato Grosso do Sul. Surge então a
Noroeste do Brasil com a lucrativa possibilidade de ligar o Porto de Santos no Oceano Atlântico ao
Oceano Pacífico, passando pelo interior de São Paulo, sul de Mato Grosso do Sul, Blívia e Chile.
34 Noroeste do Brasil
Antes de sua construção a atravessia do rio naquele ponto era feita através de balsas. Ela
passou a ser utilizada depois da privatização em 1996 pelos cargueiros da Novoeste e foi adquirida
em 2006 pela ALL35.
O nome da ponte foi dado em homenagem ao grande estadista da Republica Francisco de Sá, um parlamentar ilustre, orador famoso, administrador modelar, que pela segunda vez, ocupava o Ministério da Viação e Obras Públicas no quatriênio de Artur Bernardes (de 1922 a 1926). (LEVORATO 1999, p. 59)
O bairro ainda é contemplado com a presença da antiga Estação Ferroviário do Jupiá onde o
prédio atual foi construído em 1926. A Estação do Jupiá do Lado paulista foi construída em 1910, às
margens do Rio Paraná, era o ponto aonde chegava o trem na margem paulista do rio. Em outubro de
1926, com a inauguração da ponte Francisco Sá, a estação de Jupiá que se localizava no lado do
Estado de São Paulo foi fechada e aberta outra com o mesmo nome, na margem do rio que fica no
Estado de Mato Grosso do Sul, passando a ser então a primeira estação do lado sul mato-grossense.
Portanto, existiram duas Jupiás, a paulista, até 1926, e a sul mato-grossense, de 1926 até hoje.
No centro do bairro existe uma capela onde está enterrado o Fundador do Jupiá srº José
Gonor, conhecido como José Russo, que foi assassinado em vinte e quatro de maio de 1959, devido
a disputas por terras no local, próximo a esta capela existe uma igreja católica cujo data de sua
construção é desconhecida, mas devido a relatos de moradores ela possui mais de 50 anos e sua
inauguração oficial foi marcada pelo velório do srº José Russo em 1959.
3.2- Principais problemas vigentes no bairro Jupiá
A beira do rio no atrai nos finais de semana muitas pessoas. Segundo informações da
Associação de Moradores e Amigos do Jupiá, no domingo cerca de 500 pessoas se concentraram no
local. Mas vários problemas afastam as pessoas do bairro, sendo eles:
• Falta de policiamento, principalmente no domingo que é o dia que mais tem
movimento na região ribeirinha do bairro. Os proprietários dos bares e restaurantes,
afirmam que já tiveram vários prejuízos por causa de brigas entre as pessoas que
ali freqüentam.
• Falta de fiscalização da vigilância sanitária, pois muitas pessoas que pescam nos
arredores soltam toda a barrigada36 dos peixes no rio deixando-o sujo e com cheiro
desagradável, incomodando as pessoas que estão nas proximidades.
• Péssima situação do rio que não está atualmente em boas condições para ser
utilizado para o banho.
• Más condições da estrada que dá acesso à beira do rio, pois a mesma não é nem
asfaltada e nem cascalhada, prejudicando a circulação dos veículos, principalmente
nos dias chuvosos.
4- O turismo como alternativa para o desenvolvimento local
35 América Latina Logística36 Restos dos peixes que não são utilizados para o consumo
No que se concerne ao desenvolvimento local o turismo é uma excelente alternativa, o bairro
Jupiá atualmente vivencia uma situação lastimável com praticamente todos os seus patrimônios
destruídos e embora possua ótimas condições para a realização da atividade turística não há o
investimento necessário para a melhoria dos seus atrativos. Existem vários exemplos de
desenvolvimento local após a realização do turismo, como o caso dos índios pataxós de Coroa
Vermelha (BA), que através da venda de seus artesanatos para os turistas conseguiram sair das
péssimas condições de subsistência que se encontravam.
Assim, em vez de o turismo agir de modo degradante sobre a cultura indígena, age de modo contrário, fazendo os pataxós emergirem de forma diferenciada na região, e proporcionando, mesmo que indiretamente, uma produção cultural indígena recente e instrumental, que visa a construção de traços culturais constituintes da identidade étnica e que as mostra não como índios aculturados ou em aculturação, mas como sujeitos criativos e inventivos que geram sua própria cultura com base em elementos seletivamente acionados a partir de origens diversas.(GRÜNEWALD 2001, p. 133)
Segundo o Mini Aurélio37 desenvolvimento significa: “1. Ato ou efeito de desenvolver (-se); 2.
Crescimento, progresso”. No entanto, em geral, as pessoas têm o hábito de relacionar a palavra
desenvolvimento ao crescimento econômico e progresso tecnológico, mas deve-se buscar com o
turismo não só a evolução econômica e tecnológica, mas também a superação de problemas sociais,
conquistando boas condições para a população local, fazendo com que todas as necessidades da
comunidade sejam atendidas, permitindo que os moradores também se beneficiem com a realização
desta atividade, propiciando a alegria e a satisfação tanto individual quanto coletiva.
Desenvolvimento não deve ser entendido, sublinhe-se, como sinônimo de desenvolvimento econômico, embora muitos e não só economistas, continuem a reduzir aquele a este. O chamado “desenvolvimento econômico” é basicamente, o binômio formado pelo crescimento econômico(mensurável formado por meio do crescimento do PNB ou do PIB) e pela modernização tecnológica, em que ambos se estimulam reciprocamente [...] o termo “desenvolvimento”, no essencial, e devidamente despido de sua carga ideológica conservadora (etnocêntrica e capitalistófila), deve-se designar um processo de superação de problemas sociais, em cujo âmbito uma sociedade se torna, para seus membros, mais justa e legítima, o reducionismo embutido na idéia de “desenvolvimento econômico” precisa ser energeticamente recusado. (SOUZA 2000, p. 19)
Os resultados advindos do crescimento econômico podem ou não, trazer benefícios para a
população e para o meio ambiente, por isso este crescimento não é considerado suficiente para o
desenvolvimento local, mas ele é indispensável, pois é através da renda gerada pelo turismo que a
comunidade vai receber melhorias e investimentos tanto estruturais como sociais.
A idéia de desenvolvimento esta associada a uma mudança estrutural da comunidade, com o
uso racional dos produtos naturais e igual distribuição de renda entre a população. O ponto mais
37 Mini dicionário da língua portuguesa
importante do desenvolvimento é o ser humano e a natureza, todos os seus interesses devem ser
atendidos visando à melhoria na qualidade de vida, preservação ambiental, socialização do poder,
distribuição justa da renda, acesso aos serviços públicos e aos benefícios da tecnologia.
Embora o desenvolvimento econômico seja indispensável deve-se buscar um
desenvolvimento sócioespacial, permitindo que toda a comunidade presencie os resultados positivos
trazidos pelo turismo no local, e desta forma participem livremente deste processo, fazendo com que
os benefícios e a atividade sejam duradouros na região.
O poder público deverá possibilitar oportunidades para que o desenvolvimento local seja
impulsionado, através de investimentos e projetos junto com a população. O Estado é constituído
com o principio de defender os interesses da comunidade como um todo, mas muitas vezes cria-se
um ambiente de contradição, colocando em oposição o Estado e a comunidade em questão. Devido
isso os governos devem buscar no turismo uma alternativa para o desenvolvimento sócioespacial de
regiões com grande potencial turístico como o bairro Jupiá, visando à melhoria das condições do
local e arrecadando divisas para a cidade, mas para que se possa ter uma atividade turística
organizada e com resultados positivos é fundamental a participação do poder público e privado,
população local e planejadores. Quando o turismo é planejado de forma responsável e sistêmica os
benefícios conquistados é para todos os envolvidos inclusive para a população local.
5 – Considerações finais
Levar uma localidade a se tornar um grande ponto turístico é muito difícil, mas é através do
planejamento e pesquisas junto com a população local que irá se buscar através das possibilidades a
chance desse desenvolvimento turístico desejado. O Jupiá e um bairro privilegiado que além de
possuir belezas naturais ainda se beneficia com a presença de várias belezas arquitetônicas e devido
isso possui um grande potencial turístico, mas esta totalmente abandonado e sem valor diante da
população da cidade que em sua maioria não conhece a história do bairro e por isso não valorizam
aquela localidade, pois ninguém cuida de algo que não conhece.
Vários problemas são visíveis no bairro e muitos deles só poderão ser resolvidos com o
auxílio dos governos através de investimentos no local. Um grande empecilho para a atividade
turística é o problema da desapropriação da região ribeirinha do bairro pela CESP, que atualmente é
o local mais procurado nos finais de semana pela população da cidade, que não recebem
investimento algum devido este impasse entre a CESP e os órgãos públicos que não conseguem
resolver este problema de maneira justa. Com isso quem sofre é populações da cidade que embora
possua próximo de suas residências um local agradável, com uma história magnífica e com uma
belíssima paisagem natural não podem usufruir delas devido às péssimas condições que se
encontram.
A realização da atividade turística no bairro Jupiá, traria muitos benefícios para a população
local, principalmente para as pessoas que viviam exclusivamente da pesca e hoje devido à falta de
peixe no rio não conseguem sobreviver somente pescando. O turismo iria trazer emprego para a
população e renda para a localidade onde deveria ser investido exclusivamente para a melhoria do
local. Os planejadores deveriam trabalhar junto com a população local, com o objetivo de atender as
exigências dos turistas e satisfazer os desejos da comunidade, as divisas advindas do turismo na
região deveriam ser revertidas para a população, ou seja, deveria se buscar com o turismo o
desenvolvimento sócioespacial.
6- Bibliografia
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SOUZA, Marcelo José Lopes de. Como pode o turismo contribuir para o desenvolvimento
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BANDUCCI, Álvaro e BARRETTO, Margarita (Orgs.). Turismo e identidade local. Campinas, SP:
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GRÜNEWALD, Rodrigo de. Turismo e o “resgate” da cultura pataxó. IN: BANDUCCI, Álvaro e
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127-148.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO: CONSERVAÇÃO DA IDENTIDADE LOCAL
SILVA, Jacqueline Santa Rosa da
SANTOS, Rennã Buzachero dos
Acadêmicos do Curso de Turismo
AEMS - Faculdades Integradas de Três Lagoas/MS
RESUMO
Patrimônio em sua definição geral resume-se em um bem móvel ou imóvel, material ou natural, que
possua valor significativo para uma pessoa ou sociedade. Este valor significativo que acaba se
tornando o fundamento de várias questões referentes ao patrimônio. Na verdade, para que se haja
uma importância para as pessoas, estas devem no mínimo saber do que se trata, qual sua
funcionalidade naquele determinado espaço, ou mesmo qual foi sua representação em certo período
de tempo.
Para o turismo o entendimento e a cultivação de bens de valor de caráter histórico cultural são
importantíssimos, já que a atividade turística depende e sobrevive da descoberta e da apresentação de
diferentes e novas culturas e valores sócio-culturais.
A grande questão que cabe a este trabalho é a discussão da forma de manter o patrimônio material,
imaterial e arquitetônico, propriamente dito em seu melhor estado, o mais parecido possível com seu
original. Conservar ou preservar?
Trata-se de uma discussão longa e árdua, que não depende só do poder publico ou privado, mas
também da educação e preparo da população para entender a real importância no sentido histórico,
cultural e natural.
Assim já dita uma frase de autor desconhecido “A valorização do patrimônio cultural depende,
necessariamente, de seu conhecimento. E a preservação sustentável, do orgulho que o povo possui
da própria identidade e cidadania”.
Palavras – chave: Patrimônio histórico, conservação, preservação, cultura.
INTRODUÇÃO
Uma das maiores motivações que levam uma pessoa ou um grupo a praticar o turismo, é o
conhecer novas culturas, novos hábitos, novas línguas. Mesmo que este não seja o principal motivo,
assim mesmo o turista o fará. Antes de mais nada, o turista deve ter dentro de si a consciência de
que nenhuma cultura é superior à outra. Sendo assim a viagem será muito mais proveitosa, tendo o
devido valor e respeito para com o próximo.
Reinaldo Dias em outras palavras coloca a importância do contato entre turistas e
comunidade receptora, já que esta relação deixará nítida as diferenças e a identidade do grupo,
identificando quem são os semelhantes e quem são os diferentes diante a cultura presente,
valorizando a diversidade.
As sociedades que permitem aos seus membros amplo contato com outras sociedades poderão esperar mudar mais rapidamente e tornar-se mais complexas do que as sociedades cujos componentes têm pouco contato fora de seus agrupamentos locais. Quanto maior o âmbito de novidade a que o povo é exposto, maior a probabilidade de que adote novas formas. O contato entre sociedades é o maior determinante da mudança de cultura. (FOSTER, 1964, p.33)
O turismo cultural, por si trás impactos positivos e negativos tanto para quem o realiza como
para quem o recebe (população residente), são sofridas alterações de comportamento devido ao
contato externo com outros tipos de pessoas, de culturas.
Ou seja, são indícios da globalização que aparece e cada vez mais se torna presente nas
sociedades.
Considerado como um problema relacionado não só diretamente com o turismo cultural, mas
com a própria população local, mesmo sendo contraditório pelo fato do turismo cultural utilizar o
patrimônio como recurso para seu desenvolvimento, o descaso com símbolos historicamente e ou
culturalmente importantes para a região ainda existe, e muitas vezes tal situação ocorre pelo
desconhecimento e esquecimento de seu significado. Como exemplo claro da perda de valor para
com os patrimônios tombados, pode-se citar a cidade de São Paulo, que prédios comerciais e
residenciais, arranha-céus tomam conta do espaço urbano, escondendo casarões da época dos
barões do café. O grande contraste é nítido, onde a evolução ganha espaço e toma conta do espaço
reservado para a memória do passado, aos olhos de muitos tal situação é vista como uma poluição
visual, entendendo que aquela casa antiga não tem sentido para o local, sendo assim, não recebendo
o devido valor e os precisos cuidados, patrimônios tombados estão se auto consumindo devido ao
tempo e condições climáticas que o atingem. Patrimônios, ainda não tombados, logo não
reconhecidos como tal, também, se não são considerados como um bem da população são
destruídos por ato de vandalismo, ou são vítimas dos efeitos do tempo.
Quando se pensa na conservação de um patrimônio histórico, logo vem à cabeça o
questionamento de qual contexto este patrimônio se adequa, afinal em pleno século XXI vive e
cultiva-se o valor do belo, do novo, do atual e o contexto de patrimônio remete a algo antigo e
ultrapassado, mesmo que não o seja, porém este é o conceito já fixado nas atuais gerações. Tal
ocorrência se dá pelo fato que no Brasil não há e, quando existente é muito pouco ou muito falho, um
programa de educação cultural, para a interação de pessoas com símbolos importantes para a
história de sua região, ou país, deixando clara a importância do cultivo de bens como estes.
A grande dúvida em relação a tudo isso é como manter o patrimônio, já que se preservá-lo,
este aos poucos irá se degradando por conta dos efeitos do tempo, lembrando que preservar é
manter intacto, ou seja, não se pode usá-lo como um bem material ou algo comercializável. Logo, não
é viável tal proteção, pois na verdade um patrimônio não tem sentido por si só, este não se mantém.
Nas palavras de Reinaldo Dias (2006, p.101) “Patrimônio não existe por si mesmo, é criado pelos
seres humanos por meio de um processo de seleção diretamente relacionado ao grupo social a que
pertence”.
Cabe então ao responsável, seja ele o poder público ou privado, conservar o patrimônio, pois
assim este se manterá característico de sua época, não igual, pois não existe uma maneira que
paralise o processo de evolução, mas ainda assim essa conservação o fará parecer o máximo
possível com sua criação. Reinaldo Dias (2006, p.101) coloca que “por meio do turismo o patrimônio
tem mais chance de tornar-se um recurso renovável”, mas isto só ocorrerá com a manutenção do bem
patrimonial, o benefício da conservação é justamente a possibilidade de uso do patrimônio, sendo
assim ele terá algum valor para sociedade, sendo cada vez mais valorizado mostrando que este
representa fundamental importância para a melhoria de vida em uma condição sustentável. Segundo
Margarita Barreto (2000, p.17) “A idéia não é manter o patrimônio para lucrar com ele, mas lucrar com
ele para mantê-lo”.
Visto que a conservação de um bem da população é mais viável do que sua preservação,
cabe a cada cidadão perceber que o patrimônio histórico é importante para manter a identidade
nacional, entendendo o patrimônio como um recurso da comunidade que favorece em seu
desenvolvimento.
Assim como a identidade de um indivíduo ou de uma família pode ser definida pela posse de objetos que foram herdados e que permanecem na família pela posse por varias gerações, também a identidade de uma nação pode ser definida pelos seus monumentos – aquele conjunto de bens culturais associados ao passado nacional. Esses bens constituem um tipo especial de propriedade: a eles se atribui a capacidade de evocar o passado e, desse modo, estabelecer uma ligação entre passado, presente e futuro. Em outras palavras, eles garantem a continuidade da nação no tempo. (Gonçalves 1988, p. 267).
Quando se diz valorizar e cultivar, conservar seus elos com a história, não se diz pelo valor
material isoladamente.
O valor simbólico que atribuímos aos objetos ou artefatos é decorrente da importância que lhes atribui à memória coletiva. E é esta memória que nos impele a desvendar seu significado histórico – social, refazendo o passado em relação ao presente, e a inventar o patrimônio dentro de limites possíveis, estabelecidos pelo conhecimento. (Camargo 2002, p.31)
Uma nação, cidade, ou região que não tem um vínculo com o passado através de
patrimônios, da mesma forma como esqueceu o seu ontem, será esquecida no seu amanhã.
BIBLIOGRAFIA
CAMARGO, Haroldo Leitão. Patrimônio histórico cultural, São Paulo: Aleph, 2002.
BARRETO, Margarita. Turismo e legado cultural: as possibilidades do planejamento. 2.ed.
Campinas / SP: São Paulo, 2000.
PIRES, Mario Jorge. Levantamento de atrativos históricos em turismo – uma proposta metodológica.
Turismo Teoria e Prática.
DIAS, Reinaldo. Turismo e patrimônio cultural - recursos que acompanham o crescimento das
cidades, São Paulo : Saraiva, 2006.
IPHAN. Disponível em www.iphan.gov.br