o poder do petrÓleo na formaÇÃo de territÓrios

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Revista VITAS Visões Transdisciplinares sobre Ambiente e Sociedade www.uff.br/revistavitas Nº 2, janeiro de 2012 O PODER DO PETRÓLEO NA FORMAÇÃO DE TERRITÓRIOS 1 Gicélia Mendes 2 Resumo A exploração do petróleo tem sido, há mais de quarenta anos, elemento significativo para a economia sergipana. Neste artigo apresentamos os territórios identificados na Região Petrolífera Sergipana (RPS), cuja constituição é motivada pela presença do petróleo em solo sergipano e pelos desdobramentos sociais, econômicos e políticos desta atividade altamente significativa no cenário da economia mundial. O estudo foi desenvolvido a partir da análise e cruzamento das informações disponíveis na Agência Nacional do Petróleo (ANP), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tribunal de Contas da União (TCU) e PETROBRAS, dentre outros setores públicos e privados. Concluímos que a exploração petrolífera exerce forte influência na formação de territórios que demarcam os poderes dos atores envolvidos no processo de exploração. Palavras-chave: Território, petróleo, royalties, Sergipe. Abstract The exploitation of oil has been a significant element for the economy of the state of Sergipe for over forty years. This paper focuses on the identified oil areas (RPS) of Sergipe and highlights social, economic and political aspects of their development. The study is based on information available in the National Petroleum Agency (ANP), Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), the Court of Audit (TCU) and PETROBRAS, among other public and private sectors. We conclude that the oil industry has a strong influence in the formation of territories as well as in the powers of the actors involved in the process of exploitation. Keyword: oil, territory, Sergipe, Brazil, development, royalties Introdução Os recursos minerais, em seus aspectos mais gerais, são considerados de grande importância na configuração do espaço geográfico. A exploração de jazidas de minerais em determinado ponto da superfície terrestre traz uma série de transformações que interferem na organização do espaço. A exploração do petróleo é uma das atividades mais impactantes do ponto de vista das transformações que consegue provocar. A partir da descoberta do mineral no subsolo de determinada área, são adotados procedimentos para a viabilização da 1 Adaptação do capítulo 4 da tese de doutorado Territórios do Petróleo em Sergipe. 2 Professora Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente PRODEMA/UFS. Pesquisadora do GEOPLAN/UFS e do LACTA/UFF.

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Nº 2, janeiro de 2012

O PODER DO PETRÓLEO NA FORMAÇÃO DE TERRITÓRIOS1

Gicélia Mendes2

Resumo

A exploração do petróleo tem sido, há mais de quarenta anos, elemento significativo para a

economia sergipana. Neste artigo apresentamos os territórios identificados na Região

Petrolífera Sergipana (RPS), cuja constituição é motivada pela presença do petróleo em solo

sergipano e pelos desdobramentos sociais, econômicos e políticos desta atividade altamente

significativa no cenário da economia mundial. O estudo foi desenvolvido a partir da análise

e cruzamento das informações disponíveis na Agência Nacional do Petróleo (ANP), Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Tribunal de Contas da União (TCU) e

PETROBRAS, dentre outros setores públicos e privados. Concluímos que a exploração

petrolífera exerce forte influência na formação de territórios que demarcam os poderes dos

atores envolvidos no processo de exploração.

Palavras-chave: Território, petróleo, royalties, Sergipe.

Abstract

The exploitation of oil has been a significant element for the economy of the state of Sergipe

for over forty years. This paper focuses on the identified oil areas (RPS)

of Sergipe and highlights social, economic and political aspects of their development. The

study is based on information available in the National Petroleum Agency (ANP), Brazilian

Institute of Geography and Statistics (IBGE), the Court of Audit (TCU) and

PETROBRAS, among other public and private sectors. We conclude that the oil industry has

a strong influence in the formation of territories as well as in the powers of the

actors involved in the process of exploitation.

Keyword: oil, territory, Sergipe, Brazil, development, royalties

Introdução

Os recursos minerais, em seus aspectos mais gerais, são considerados de grande

importância na configuração do espaço geográfico. A exploração de jazidas de minerais em

determinado ponto da superfície terrestre traz uma série de transformações que interferem

na organização do espaço. A exploração do petróleo é uma das atividades mais impactantes

do ponto de vista das transformações que consegue provocar. A partir da descoberta do

mineral no subsolo de determinada área, são adotados procedimentos para a viabilização da

1 Adaptação do capítulo 4 da tese de doutorado Territórios do Petróleo em Sergipe. 2 Professora Adjunto do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Mestrado em

Desenvolvimento e Meio Ambiente –PRODEMA/UFS. Pesquisadora do GEOPLAN/UFS e do LACTA/UFF.

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exploração em escala comercial, o que demanda uma série de alterações naquela área,

acarretando modificações na produção do espaço para além da escala local.

O espaço produzido é aqui compreendido como o lugar onde se manifestam os

conflitos e contradições das relações capitalistas de produção. No dizer de Santos (1991), isso

implica um movimento de produção de objetos geografizados (as formas), que obedece a

uma determinada lógica econômica (determinando-lhes as funções), respeitando os

interesses de reprodução das relações sociais de produção. Em A Natureza do Espaço, Santos

(1996, p. 21) considera que o espaço consiste em um ‚*...+ conjunto indissociável de sistemas

de objetos e sistema de ações‛.

Dentro desta perspectiva, a questão central colocada neste artigo é a análise da

formação de territórios impulsionada e gerada pela repartição do espaço regional em blocos

de jazidas que são concedidos para a exploração do petróleo.

Para responder à formação ou não de territórios dentro do espaço regional delimitado

pelos municípios produtores de petróleo no Estado de Sergipe, a abordagem teórico-

metodológica desenvolvida por Santos (1996), que entende o território a partir do seu uso, foi

o referencial utilizado para analisar a Região Petrolífera Sergipana (RPS) destacando as

verticalidades e horizontalidades. Nessa abordagem, o território ora aparece como norma,

ora normatizado. Neste sentido, procuramos explicar as relações com os diversos atores que

interferem, atuam e vivenciam bem como as formas de interação da população ao longo do

processo de produção dos hidrocarbonetos.

A sucessão de tempos em um mesmo espaço imprime à RPS a configuração de

territórios a partir dos diferentes tempos e das diferentes formas de atuação dos atores sobre

o espaço. Estes tempos simultâneos constroem-se a partir verticalidades e horizontalidades

(SANTOS, 2000; 2002) que caracterizam o uso do espaço a partir de interesses e normas que

resultam em territórios. ‚As verticalidades e as horizontalidades são espaços superpostos e

complementares do espaço geográfico atual‛ (SANTOS, 2000, p. 105).

As ações verticalizadas serão aqui entendidas como aquelas oriundas das normas e

usos impostos aos municípios produtores de petróleo em Sergipe sem que haja participação

dos habitantes das áreas de exploração mineral ou mesmo dos gestores públicos. As

horizontalidades serão tomadas como aquelas ações que, mesmo com a intencionalidade de

domínio que subjaz as atitudes, revelam, de certo modo, a interferência e a participação dos

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atores locais. A delimitação escalar dos aconteceres dentro das horizontalidades permite

identificar ações verticalizadas que funcionam num esquema à forma de rizomas3, dentro da

RPS.

O território pode, assim, ser compreendido como um processo social que ‚*...+

envolve um feixe de inter-relações mediadas por acordos entre distintos agentes que se

interessam por algum(s) tipo(s) de objetos(s) comum a eles, localizado(s) numa porção do

espaço geográfico que se torna território‛ (BRITO, 2004, p. 36)

As verticalidades podem ser entendidas como um espaço de fluxos formado por um

sistema de pontos porque:

O sistema de produção que se serve desse espaço de fluxos é

constituído por redes- um sistema reticular exigente de fluidez e

sequioso de velocidade. São os atores do tempo rápido que

plenamente participam do processo, enquanto os demais tiram todo

proveito da fluidez (SANTOS, 2000, p. 105)

Na RPS os atores dos tempos rápidos são os responsáveis pela imposição das normas

que vêm de cima. São os que mandam. Os atores dos tempos lentos são os que obedecem. Os

macroatores são aqueles que de fora da área determinam as modalidades internas de ação.

Nesse sentido,

É a esses macroatores que, em última análise, cabe direta ou

indiretamente a tarefa de organizar o trabalho de todos os outros, os

quais de uma forma ou de outra dependem da sua regulação.

.........................................................................................................

Tomando em consideração determinada área, o espaço de fluxos tem

o papel de integração com níveis econômicos e espaciais mais

abrangentes. Tal integração, todavia, é vertical, dependente e

alienadora, já que as decisões essenciais concernentes aos processos

locais são estranhas ao lugar e obedecem a motivações distantes.

(SANTOS, 2000, p. 107)

Os territórios são estratos que se sobrepõem e se interconectam direcionados pela

ação dos atores hegemônicos. Estes estratos territoriais remetem ao que Haesbaert (2004)

classifica como multiterritorialidade ou multiplicidade de territórios que se justapõe

convivendo lado a lado.

3 Todo rizoma compreende linhas de segmentaridade segundo as quais ele é estratificado, territorializado,

organizado, significado, atribuído, etc.; mas compreende também linhas de desterritorialização pelas quais ele

foge sem parar. Há ruptura no rizoma cada vez que linhas segmentares explodem numa linha de fuga, mas a

linha de fuga faz parte do rizoma. Estas linhas não param de se remeter uma às outras. (DELEUZE e

GUATTARI, 1995, vol. 2, p. 18)

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Assim,

Multiterritorialidade [...] implica assim a possibilidade de acessar ou

conectar diversos territórios , o que pode se dar tanto através de uma

‚mobilidade concreta‛, no sentido de um deslocamento físico, quanto

‚virtual‛, no sentido de acionar diferentes territorialidades mesmo

sem deslocamento físico, como nas novas experiências espaço-

temporais proporcionadas através do ciberespaço. (HAESBAERT,

2004, p. 343)

Estes múltiplos territórios são variáveis e se formam a partir das relações entre os

agentes sociais que ocorrem no espaço. De acordo com o contexto, com o espaço geográfico

estes territórios variam do concreto até o ciberespaço. No primeiro caso estão os territórios

dos que ainda dependem diretamente do meio físico e, no segundo, os territórios controlados

à distância, por computadores (HAESBAERT, 2004, p. 343).

O petróleo é elemento gerador de territórios concretos e cibernéticos, controlados

presencialmente e à distância justapondo-se ou convivendo lado a lado no cenário das

injunções políticas e econômicas.

Territórios do petróleo em Sergipe

A Região Petrolífera Sergipana (RPS), recorte definido para análise, é formada pelos

municípios produtores de petróleo onshore e offshore: Aracaju, Areia Branca, Barra dos

Coqueiros, Brejo Grande, Capela, Carmópolis, Divina Pastora, General Maynard, Itaporanga

D’Ajuda, Japaratuba, Laranjeiras, Maruim, Nossa Senhora do Socorro, Pacatuba, Pirambu,

Riachuelo, Rosário do Catete, Santo Amaro da Brotas, São Cristóvão e Siriri.

Ao longo dos 40 anos de exploração de petróleo a RPS presenciou a substituição dos

sistemas de objetos tradicionais pelos mais modernos, comandados por um sistema de ações.

A exploração do petróleo trouxe não só novos objetos e novas técnicas, mas também ações

estranhas ao espaço local. Este novo cenário é definido por verticalidades e horizontalidades

de universos escalares diferentes e múltiplos.

Os recortes e definições territoriais são uma abstração empreendida pelo pesquisador

que decide o tamanho do recorte e as tessituras de sua composição. A escala de análise dos

fenômenos é desta maneira, subjetiva do que se conclui que:

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[...] a escala é a escolha de uma forma de dividir o espaço, definindo

uma realidade percebida/concebida, é uma forma de dar-lhe uma

configuração, ma representação, um ponto de vista que modifica a

percepção mesma da natureza deste espaço, e, finalmente, um

conjunto de representações coerentes e lógicas que substituem o

espaço observado. As escalas, portanto, definem modelos espaciais

de totalidades sucessivas e classificadoras e não uma progressão

linear de medidas de aproximação sucessivas (CASTRO, I, 2001, p.

136).

Nesta perspectiva, são identificados cinco territórios na RPS:

1- Territórios petrolíferos: formados pelos campos onde estão localizadas as jazidas;

2- Territórios fronteiriços: compostos pela área de domínio dos limites territoriais

dos municípios sobre os campos de petróleo.

3- Territórios normatizados: definidos a partir das normas da Agência Nacional do

Petróleo que divide os territórios petrolíferos minerais em blocos que são licitados

para a exploração.

4- Territórios empresariais: formados pelas áreas de atuação direta das empresas

exploradoras.

5- Territórios políticos: compostos pelas ações políticas da escala global à local com

poderes de interferência, influência e modificação nos quatro territórios

anteriores. Os territórios petro-polítícos são fluídicos e suas ações estão

entranhadas nos territórios anteriores.

Os Territórios do Petróleo em Sergipe, resultado das múltiplas relações no espaço,

oferecem a possibilidade de compreensão de parte da totalidade configurada pelos diversos

atores e mediada pelas ações políticas.

Territórios Petrolíferos

Os territórios são projeções das relações sociais no espaço que é apenas substrato

material da territorialidade. Estas projeções, em movimentos lentos ou rápidos, formam-se,

dissolvem-se, constituem-se e dissipam-se. ‚Podem ser antes instáveis que estáveis ou,

mesmo, ter existência regular mas apenas periódica, [...] isto apesar de que o substrato

espacial permanece ou pode permanecer o mesmo (SOUZA, 2001, p. 87)

Os territórios petrolíferos em Sergipe circunscrevem os campos de petróleo onshore e

offshore cuja determinação da extensão e potencial energético é definida a partir dos

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resultados das pesquisas e dos investimentos empreendidos e das vontades políticas

direcionadas ao setor. A capacidade das descobertas, o conhecimento do potencial e a

localização destes campos de petróleo vinculam-se não só à capacidade técnica e econômica,

mas também aos direcionamentos estratégicos e políticos do Governo e das empresas. O

controle dos territórios petrolíferos proporciona poder. O poder resulta do controle dos

atores hegemônicos sobre os espaços luminosos da informação e do conhecimento dos

potenciais dos territórios petrolíferos e do controle das técnicas que permitem chegar às

jazidas.

A descoberta de petróleo na bacia Sergipe-Alagoas foi resultado da campanha

exploracionista do Governo brasileiro que, a partir de 1953, estendeu as atividades de

pesquisa pelas bacias sedimentares do país. Estas descobertas demarcam a existência das

jazidas de petróleo, com destaque para as descobertas da bacia sedimentar Sergipe-Alagoas.

Em 2007 os estados de Sergipe e Alagoas produziram juntos, 18.644.620 barris de

petróleo, incluídas os campos onshore e offshore, o que equivaleu a 2,92% da produção

nacional. Excetuando-se o estado do Rio de Janeiro que, individualmente, é responsável por

81,65% da produção total, a produção do estado de Sergipe é representativa no Nordeste e

entre os demais estados produtores de petróleo no Brasil. (Figura 01)

Figura 01: Participação dos Estados na produção nacional de

barris de petróleo, 2007

Fonte de dados: ANP, 2008

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A existência das jazidas é, a priori, natural, mas as interferências políticas subjacentes

à pesquisa direcionam os investimentos para uma ou outra área.

Até o momento, os territórios minerais de petróleo em Sergipe são os campos:

a) Onshore: Carmópolis, Riachuelo, Siririzinho, Castanhal, mato Grosso, Aruari,

Angelim, Aguilhada, Brejo Grande, Atalaia Sul, Ilha Pequena e Tartaruga4;

b) Offshore: Piranema, Guaricema, Tatui, Dourado, Camorim, Caioba, Tartaruga e

Salgo. (Figura 02)

Os territórios petrolíferos estão sob o estrato dos territórios fronteiriços que

demarcam o alcance das compensações financeiras dentro de cada domínio administrativo.

Os territórios fronteiriços têm relativa estabilidade, apesar de estarem sujeitos a alterações

motivadas por interesses econômicos e políticos. Há nos territórios fronteiriços áreas

litigiosas que ainda permanecem no aguardo de definições judiciais.

Territórios petrolíferos

CarmópolisRiachuelo

Siririzinho

Camorim

Caioba

Dourado

Piranema

Guaricema

Salgo

Ilha Pequena

Atalaia Sul

AngelimAruariMato Grosso

Castanhal

Aruari

Aguilhada

Tartaruga

Brejo Grande

Figura 02: Territórios Petrolíferos, 2008

Fonte de dados: ANP, 2008.

Elaboração própria.

4 O campo tartaruga está na interface onhore/offshore.

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Figura ilustrativa sem correspondência com a

localização exata dos campos.

Territórios Fronteiriços

O território fronteiriço é a linha demarcatória das normatizações legais que são

impressas verticalmente nos territórios fronteiriços. Quanto mais extensos os campos, mais

perfurações dentro dos limites territoriais e mais participações governamentais adentram os

cofres públicos.

O estrato dos territórios fronteiriços se superpõe aos campos de petróleo que se

encontram no subsolo. É formado pelos limites territoriais dos municípios. Estes limites

definem os valores a serem recebidos em participações governamentais, pela produção de

cada poço que se encontre dentro da fronteira e também pelas fronteiras estabelecidas pelas

linhas ortogonais e paralelas para aqueles municípios litorâneos que são confrontantes com

campos de petróleo.

Os territórios petrolíferos extrapolam os limites territoriais. Contudo, as normas

estabelecidas para o pagamento das compensações financeiras são efetuadas considerando o

critério de localização das jazidas e da localização dos campos e dos poços de petróleo

(Figura 03).

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N

S

W E

interestadual

intermunicipal

Territórios fronteiriços

Onshore

Offshore

limite municipal

Territórios petrolíferos

Figura 03: Territórios Fronteiriços, 2008

Fonte de dados: ANP, 2008

Elaboração própria

Os poços estão espalhados pelos campos de petróleo. Há municípios nos quais a

perfuração de poços e a produção é relativamente pequena comparando-se aos municípios

que apresentam maior produção. A produção em terra permite que sejam visualizas as ações

mais diretas sobre os territórios fronteiriços (Tabela 01).

TABELA 01

REGIÃO PETROLÍFERA SERGIPANA

TERRITÓRIOS FRONTEIRIÇOS

POÇOS TERRESTRES DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL

2008

Município Quantidade de poços %

Aracaju 02 0,25

Brejo Grande (1) 08 0,99

Carmópolis 276 34,4

Divina Pastora 06 0,73

General Maynard 08 0,99

Japaratuba 338 42,1

Maruim 31 3,86

Pirambu 02 0,25

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Rosário do Catete 81 10,1

Santo Amaro das Brotas 19 2,37

São Cristóvão 07 0,87

Siriri 24 3,00

Total 802 100

Fonte de dados: ANP, 2008.

(1) Poço produtor apenas de gás natural

As informações são referentes aos poços que apresentaram produtividade em outubro de

2008.

A maior concentração de poços está nos municípios de Japaratuba e Carmópolis,

municípios que têm boa parte de seus limites administrativos sobre o Campo de Carmópolis,

maior campo de petróleo terrestre do Brasil. A quantidade de poços existentes em cada

município dão uma idéia do potencial de produção mas não deve ser tomada como único

parâmetro avaliativo porque a produção dos poços varia mensalmente. Além da garantia das

participações governamentais pela existência do poço alguns municípios ainda pleiteiam

junto ao poder judiciário o direito de receber as compensações financeiras pelos demais

critérios que não os de localização da exploração. Dentre estes municípios pode-se listar:

Laranjeiras, Pirambu, Santo Amaro das Brotas, Capela, São Cristóvão, Itaporanga D‛Ajuda,

dentre outros.

Os territórios fronteiriços estendem-se sobre a plataforma continental e determinam o

poder destes municípios sobre os campos offshore, conforme os percentuais de confrontação

que são definidos pelo IBGE (Tabela 02).

TABELA 02

REGIÃO PETROLÍFERA SERGIPANA

PERCENTUAL MÉDIO DE CONFRONTAÇÃO

2008

Campo Contrato de concessão

Município

% Médio de

Confrontação

TATUI 48000.003834/97-72-TTI Aracaju 100,0000

CAIOBA 48000.3836/97-06-CB Aracaju 50,0000

CAIOBA 48000.3836/97-06-CB Barra dos

Coqueiros

50,0000

CAMORIM 48000.003837/97-61-CM Aracaju 50,5675

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CAMORIM 48000.003837/97-61-CM Barra dos

Coqueiros

49,4325

DOURADO 48000.003838/97-23-DO Aracaju 85,8776

DOURADO 48000.003838/97-23-DO Barra dos

Coqueiros

10,7660

DOURADO 48000.003838/97-23-DO Itaporanga

D‛Ajuda

3,3564

GUARICEMA 48000.003839/97-96-GA Aracaju 59,7223

GUARICEMA 48000.003839/97-96-GA Itaporanga

D’Ajuda

40,2777

SALGO 48000.003841/97-38-SG Pacatuba 93,2615

SALGO 48000.003841/97-38-SG Pirambu 6,7385

PIRANEMA 48000.003495/97-89-PRM Estância 49,2426

PIRANEMA 48000.003495/97-89-PRM Itaporanga

D’Ajuda

32,2128

PIRANEMA 48000.003495/97-89-PRM Aracaju 18,5446

Fonte: ANP, 2008

O percentual de confrontação determina os valores correspondentes em participações

governamentais a cada um dos municípios confrontantes. Os percentuais de confrontação

são divulgados mensalmente pela ANP, em razão das possíveis mudanças que podem

ocorrer resultantes das determinações judiciais. Os territórios fronteiriços obedecem à lógica

das perdas e ganhos nas disputas pelo domínio territorial.

Territórios Normatizados

Até a quebra do monopólio do setor de petróleo e gás no Brasil, todas as atividades

relacionadas à exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás eram

exclusivamente efetuadas pela PETROBRAS. A partir da promulgação da Lei n° 9.478/97, a

Lei do Petróleo, passaram a ocorrer rodadas de licitações para exploração desenvolvimento e

produção de petróleo e gás natural. A ANP, órgão regulador, é responsável legal para a

organização da tramitação para a concessão do direito de exercício dessas atividades

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econômicas por parte das empresas que estejam habilitadas para participar da concorrência.

Conforme o Artigo 177 da Constituição Federal, alterado pela Ementa Constitucional n° 9/95,

a União passa a contratar com empresas estatais e privadas a realização das citadas

atividades ligadas ao setor petrolífero (ANP, 2007).

Os contratos são celebrados em nome da União pelo órgão regulador do setor. A

ANP tem a função também de fiscalizar a execução dos contratos celebrados. As licitações

são efetuadas a partir do oferecimento de blocos5 integrantes das bacias sedimentares

brasileiras. O Brasil possui 29 bacias sedimentares com interesse para pesquisa de

hidrocarbonetos, totalizando 7,5 milhões de km2, dos quais aproximadamente 2,5 milhões de

km2 na plataforma continental. Segundo a ANP, menos de 4% dessas áreas estão sob

concessão para atividades de exploração e produção (ANP, 2007).

Todo processo de licitação é feito a partir dos regimentos legais expostos na Lei do

Petróleo e das diretrizes da Resolução n° 8, de agosto de 2003, do Conselho Nacional de

Política Energética (CNPE). Os blocos a serem oferecidos, além das questões legais, estão

submetidos a questões de ordem técnica no tocante à disponibilidade de dados geológicos e

geofísicos sobre a presença e disponibilidade de petróleo e gás natural e também avaliações

ambientais.

Segundo a ANP,

‚*...+ empresas nacionais e estrangeiras devidamente habilitadas

podem participar das licitações para exploração, desenvolvimento e

produção de hidrocarbonetos. Entretanto, para se tornarem

concessionárias devem ser constituídas sob as leis brasileiras, com

sede e administração no País. Os processos licitatórios transcorrem

sob regras claras e ampla transparência‛. (ANP, 2007)

Conforme estabelecido pela ANP, o processo de organização de uma rodada de

licitações inclui as seguintes etapas:

- Definição de blocos;

- Anúncio da Rodada;

- Publicação do pré-edital e da minuta do Contrato de Concessão;

- Realização da Audiência Pública;

5 Os blocos são partes de uma bacia sedimentar onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção de

petróleo e gás natural. (ANP, 2007)

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- Recolhimento das taxas de participação e das garantias de oferta;

- Disponibilização do pacote de dados;- Seminário Técnico-Ambiental;

- Seminário Jurídico-fiscal; - Publicação do Edital e do Contrato de Concessão;

- Abertura do prazo para a habilitação das empresas concorrentes;

- Realização do leilão para apresentação das ofertas;

- Assinatura dos Contratos de Concessão.

Conforme informações disponíveis no sito da ANP6, após a oferta das empresas para

o processo licitatório, o julgamento é feito observando-se três itens:

a) Bônus de Assinatura, valor em dinheiro oferecido pelo bloco;

b) Programa Exploratório Mínimo, em Unidades de Trabalho que serão convertidas em

atividades exploratórias como sísmica 2D e 3D, métodos potenciais e poços

exploratórios;

c) Compromisso com aquisição de bens e serviços na indústria nacional.

Entre 1998 e 2007 ocorreram nove rodadas de licitação. A bacia sedimentar Sergipe-

Alagoas teve blocos ofertados para licitação em seis das nove rodadas que ocorreram: nas

segunda, terceira, quarta, sexta, sétima e oitava rodadas (Quadro 01).

Os blocos são definidos, licitados e explorados sem que haja nenhuma participação

dos municípios. É neste ponto que os Territórios Normatizados são caracterizados pela

imposição de normas sobre os dois territórios anteriormente descritos. Os territórios

normatizados são um terceiro estrato da configuração territorial na RPS. A população dos

municípios integrantes da região é encoberta pelas ações verticalizadas que são impostas aos

municípios que têm suas áreas territoriais repartidas, leiloadas e concedidas para exploração.

Rodada Ano Participação da bacia Sergipe-

Alagoas

Zero 7- Concessões à

Petrobrás

1998 -

6 www.anp.gov.br

7 A chamada Rodada Zero foi o conjunto de negociações realizadas após a promulgação da Lei do Petróleo para

definir a participação da Petrobras após a abertura do mercado de petróleo. Consolidada em agosto de 1998, a

Rodada Zero ratificou os direitos da Petrobras na forma de Contratos de Concessão, conforme a Lei do Petróleo,

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Primeira8 1999 Não

Segunda 2000 Sim

Terceira 2001 Sim

Quarta 2002 Sim

Quinta 2003 Não

Sexta 2004 Sim

Sétima 2005 Sim

Oitava9 2006 Sim

Nona 2007 Não

Quadro 01: Bacia Sergipe-Alagoas- Participação nas rodadas de licitação

Fonte de dados: ANP, 2007

Elaboração própria

Este é um procedimento que ocorre em todas as bacias sedimentares brasileiras

produtoras de petróleo. O mosaico desenhado sobre as áreas de exploração dão a medida

exata do poder das normas sobre as áreas de exploração. O que está expresso

cartograficamente, representa a realidade da superposição das normas sobre os dois

territórios anteriormente descritos. Os territórios normatizados formam o terceiro estrato da

composição da Região Petrolífera Sergipana. (Figura 04)

Os territórios normatizados são colocados para aquisição pelas empresas por meio de

licitações de blocos exploratórios. Até a sexta rodada foram licitados, em todas as bacias

sedimentares, um total de 1.978 blocos dos quais 343 foram concedidos para exploração.

Na bacia sedimentar Sergipe-Alagoas, entre 1998 e 2007, foram concedidos cinqüenta

e sete blocos que foram arrematados por empresas nacionais e estrangeiras em sistema de

consórcio ou individualmente. Os contratos permitem que blocos arrematados sejam

devolvidos desde que sejam observados os critérios acordados.

sobre 115 blocos exploratórios e áreas em desenvolvimento em que a empresa houvesse realizado investimentos.

(ANP,2007) 8 A Primeira Rodada de Licitações foi realizada pela ANP, no Rio de Janeiro, nos dias 15 e 16 de junho de 1999,

com 38 empresas habilitadas. Desde então, as Rodadas vêm sendo promovidas anualmente. 9 Por questões judiciais a oitava rodada que ocorreria em 2006 foi suspensa

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Bacia Sergipe

Setores- sétima rodada

Blocos oferecidos na sétima rodada

Campos em desenvolvimento ou produção

Rodada 2

Rodada 4

Rodada 6

Territórios Normatizados

N

S

W E

0 40 Km

Aracaju

Figura 38 : Bacia Sedimentar de Sergipe- Territórios Normatizados, 2007Fonte: base cartográfica adaptada de ANP, 2007

Figura 04: Bacia Sedimentar Sergipe- Territórios Normatizados, 2007

Fonte: base cartográfica adaptada de ANP,2007

Na sétima rodada foram oferecidos 1.151 blocos com riscos operatórios e em áreas

inativas com acumulações marginais. Destes, 137 blocos foram ofertados na porção Sergipe

da Bacia Sergipe-Alagoas, dos quais apenas 43 foram arrematados.

A entrada de empresas estrangeiras ou nacionais tem ocorrido, com frequência, por

meio de consórcios. A sétima rodada apresentou maior número de empresas que

manifestaram interesse e também o maior número de empresas vencedoras. Os números

podem ser explicados tanto pelo número significativo de blocos ofertados quanto por serem

blocos com riscos exploratórios e também áreas inativas com acumulações marginais. Estas

características proporcionam às empresas a possibilidade de apresentarem valores

relativamente baixos para a concorrência das licitações. Enquanto nas rodadas anteriores o

bônus de assinatura dos blocos ofertados na Bacia Sergipe-alagoas, variou entre R$

105.000,00 e R$ 40.000.000,00, nas áreas com riscos exploratórios e marginais a variação

esteve entre R$ 11.000,00 e R$ 1.900.00,00. Nas rodadas de licitações que foram efetuadas até

2007, 375 empresas manifestaram interesse; 344 efetuaram pagamento de taxa de

participação; 244 foram habilitadas; 207 apresentaram ofertas e 107 venceram as licitações.

(Tabelas 08 e 09)

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TABELA 08

RODADAS DE LICITAÇÕES

N° DE EMPRESAS HABILITADAS E OFERTAS VENCEDORAS

Roda

da 1

Rodada

2

Rodada

3

Rodada

4

Rodada

5

Rodad

a

6

Rodada

7

Blocos

Licitados

27 23 53 54 908 913

Blocos

Concedid

os

12 21 34 21 101 154

Blocos

com risco

exploratór

io

licitados

1134

Blocos

arrematad

os

251

Áreas

inativas

com

acumulaç

ões

marginais

licitadas

17

Áreas

inativas

com

acumulaç

ões

marginais

arrematad

as

16

Bônus de

assinatura10

321.6

56.63

7,00

468.259.

069,00

594.944.

023,00

92.377.9

71,00

27.448.4

93,00

665.196

.028,00

1.085.802.800

,00(A)

3.045.804,00(

B)

Fonte: ANP, 2007

TABELA 09

10

Em virtude dos contratos de concessão ainda estarem sendo assinados, até 8/5/200 foram arrecadados R$

1.085.802.800,00, parte A e 3.045.804,00, parte B

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RODADAS DE LICITAÇÕES

Nº DE EMPRESAS PARTICIPANTES

1998-2007

R

1 R 2 R 3 R 4 R 5 R 6 R 7 Total

Manifestação

de interesse

58 49 46 35 18 30 Parte A - 53

Parte B -113

375

Pagamento de

taxa de

participação

39 48 44 33 14 27 Parte A- 47

Parte B- 92

344

Habilitadas 38 44 42 29 12 24 Parte A- 46

Parte B- 91

244

Apresentaram

ofertas

13 27 26 17 66 21 Parte A- 32

Parte B- 53

207

Vencedoras 11 16 22 14 6 19 Parte A- 30

Parte B- 16

107

Fonte de dados: ANP, 2008

Apesar da abertura do mercado do petróleo no Brasil a participação da PETROBRAS

como empresa exploradora ainda é preponderante na atividade de exploração de petróleo no

país. A bacia Sergipe-Alagoas participou de quatro das oito rodadas realizadas no período

1998/2007. Na segunda rodada de licitações foram arrematados cinco blocos na bacia

Sergipe-Alagoas que ficaram assim distribuídos entre as empresas: 20% com a PETROBRAS,

20% PETROBRAS/consorciada; 20% outras empresas consorciadas; 40% outras empresas

individualmente. Na quarta rodada de licitações 100% das concessões foram feitas a

consórcios entre a PETROBRAS e outras empresas. Na sexta rodada de licitações, 62,5% das

concessões ficaram sob a tutela da PETROBRAS e 37,5% com a PETROBRAS consorciada

com outras empresas. Na sétima rodada a participação de outras empresas de exploração foi

maior, pelas razões colocadas anteriormente. A PETROBRÁS obteve 18,6% das concessões;

16,27% foram concedidos à PETROBRÁS em consórcio com outras empresas; 27,9% a

empresas individualmente e 37,2% a consórcios de outras empresas (Figura 05)

A despeito de a rodada zero ter representado a ratificação da exploração das áreas já

sob o domínio da PETROBRÁS, observa-se que a PETROBRÁS ainda é a empresa que exerce

controle sobre as áreas produtoras de petróleo na bacia Sergipe-Alagoas e em Sergipe,

particularmente.

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4ª Rodada

6ª Rodada

7ª Rodada

EMPRESAS VENCEDORAS

PETROBRAS OUTRAS

EMPRESAS

PETROBRAS/CONSÓRCIO

OUTRAS

EMPRESAS/

CONSÓRCIO

Figura 05: Empresas vencedoras nas rodadas de

licitações dos blocos da Bacia Sedimentar

Sergipe-Alagoas.

Fonte de dados: ANP, 2007

As empresas representam a ação mais efetiva das verticalidades impostas aos

municípios produtores de petróleo, assim como a ação das horizontalidades. Verticalidades e

horizontalidades se entrecruzam no território de atuação das empresas. São as empresas que

agem sobre os territórios petrolíferos extrapolando os territórios fronteiriços. Os territórios

empresariais caminham horizontalmente imprimindo, efetivamente, os comandos

verticalizados dos territórios normativos e criando outros resultantes das relações do

processo de exploração.

Territórios Empresariais

Os territórios empresariais são os que, de fato, entram em contato com os territórios

petrolíferos e com os territórios fronteiriços. No primeiro caso ocorre por meio da exploração

2ª Rodada

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do minério e, no segundo, pelo trânsito e pelo uso e instalação de equipamentos dentro dos

limites territoriais dos municípios. A ação e a interferência dos territórios empresariais dão

uma noção exata do quão impactante são atividades de exploração mineral.

Na exploração ohshore o território das empresas se sobrepõem aos territórios

fronteiriços. A entrada é agressiva e obriga a população a adequar-se por entre os espaços

deixados em meio à rede de dominação da atividade que domina a área dos municípios

produtores através de pontos de exploração ligados por redes físicas, informacionais e de

poder que retiram dos atores locais qualquer possibilidade de participação efetiva. Aos

poucos que dela participam restam os papéis de coadjuvantes.

Os territórios empresariais representam a concretização dos territórios normatizados.

Os resultados das rodadas de licitação demonstram que as empresas buscam o controle de

áreas promissoras e de menor risco. As áreas próximas às já comprovadamente

economicamente viáveis são as mais concorridas (Figura 06).

Os territórios empresariais, enquanto efetivação das verticalidades da cadeia

produtiva do petróleo implanta nos territórios fronteiriços sistemas de objetos técnicos e

implementam ações que servem ao desenvolvimento da atividade produtiva. Ao tempo em

que impõem a convivência dos habitantes com objetos estranhos, obriga-os à neutralidade

diante do sistema de ações. Os objetos técnicos (poços, oleodutos, gasodutos, plataformas,

sondas de perfuração, redes de alta tensão), por mais que estejam instalados nos territórios

fronteiriços há décadas, ainda são objetos estranhos à maior parte das pessoas da RPS, já que

poucos compreendem e participam do complexo funcionamento entre eles.

Ocorre que

Toda criação de objetos responde a condições sociais e técnicas

presentes num dado momento histórico. Sua reprodução também

obedece a condições sociais. Algumas pessoas adotam a novidade em

breve espaço de tempo, enquanto outras não reúnem as condições

para fazê-lo, ou preferem recusá-la, permanecendo com modelos

anteriores (SANTOS, 2002, p. 68).

Os objetos que no passado correspondiam aos interesses e propósitos de cada

sociedade, hoje representam os interesses e racionalidades vindas de fora. Hoje os objetos

estão colocados para favorecerem a fluidez. Estes objetos ganham sentido a partir das ações

e dos comandos que são direcionados a eles.

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Bacia Sergipe

Setores- sétima rodada

Blocos Exploratórios sob Concessão

Campos em desenvolvimento ou produção

Territórios Empresariais

Aracaju

PETROBRÁS

PETROBRÁS/CONSÓRCIO

OUTRAS EMPRESAS

OUTRAS EMPRESAS/CONSÓRCIO

400 Km

N

S

W E

Figura 40: Bacia Sedimentar de Sergipe- Territórios Empresariais, 2007Fonte: base cartográfica adaptada de ANP, 2007

Figura 06: Bacia Sedimentar Sergipe- Territórios Empresariais, 2007

Fonte: base cartográfica adaptada de ANP,2007

A inserção de investimentos de grande porte em uma região/território provoca

mudanças socioespaciais que, em certa medida, passam a normatizar as relações

socioeconômicas oriundas do processo de implantação de tais empreendimentos por meio de

ações, geralmente vindas de fora por que:

As ações são cada vez mais estranhas aos fins próprios do homem e

do lugar. Daí a necessidade de operar uma distinção das ações e a

escala do seu comando. Essa distinção se torna fundamental no

mundo de hoje: muitas das ações que se exercem num lugar são

produtos de necessidades alheias, de funções cuja geração é distante e

das quais apenas a resposta é localizada naquele ponto preciso da

superfície da Terra (SANTOS, 2002, p. 80).

As respostas pontuais das necessidades alheias podem ser demonstradas através de

alguns exemplos das ações PETROBRAS em Carmópolis. São sistemas de objetos técnicos

comandados por sistemas de ações que constroem uma rede complexa de eventos sobre a

qual os atores dos movimentos lentos transitam exaustivamente sem que se chegue a lugar

algum.

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Carmópolis é o município que, ao lado de Japaratuba, comporta a maior quantidade

de poços de petróleo em seus limites políticos. Atualmente há, no município, 274 poços de

petróleo. Em Japaratuba, município vizinho e também acentado sobre o campo Carmópolis o

número de poços de petróleo alcança 338 unidades. Os poços de petróleo se espraiam ao

longo dos territórios fronteiriços oferecendo aos municípios, numa relação

proporcionalmente quantitativa, royalties e impactos. (Figuras 07 a 10).

Figura 07: Vista parcial do Campo

Carmópolis/SE.

Fonte: Google Earth 2008.

Acesso em outubro de 2008.

Figura 09: Vista parcial de poços de

petróleo do Campo Carmópolis/SE

Fonte: Google Earth 2008.

Acesso em outubro de 2008.

Figura 08: Vista parcial de poços de

petróleo do Campo Carmópolis/SE

Fonte: Google Earth 2008.

Acesso em outubro de 2008.

Figura 10: Vista de poços de petróleo na área

urbana do município de Carmópolis/SE

Fonte: Google Earth 2008.

Acesso em outubro de 2008.

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Os objetos técnicos estão espalhados por todo o município. Os cavalos-de-pau são

comuns no território e estão espalhados por toda a área. O território das empresas é invasivo

e excludente porque tira dos habitantes a possibilidade de manutenção de atividades

econômicas anteriores à exploração mineral e impede a inserção na atividade atual (Figura

12).

O gado divide o espaço com os ‚cavalos-de-pau‛, demonstrando que os territórios

empresariais se sobrepõem aos territórios petrolíferos e fronteiriços numa relação de

desigualdade de forças porque aonde chegam o petróleo e todos os objetos técnicos que o

acompanham, desaparecem atividades econômicas tradicionais e não surgem outras

substitutivas que congreguem a mão-de-obra local (Figura 13).

Figura 12: Vista Parcial do Campo

Carmópolis/SE. No primeiro plano

cavalos-de-pau e linhas de transmissão

elétrica. Ao fundo estação coletora.

Figura 13: Gado bovino em área de campo

de produção em Carmópolis

As convergências e as divergências entre os territórios do petróleo são mediadas pela

ação política. O mesmo poder das ações que agem sobre os objetos dando a eles

características peculiares de exclusão deverá ser o mesmo a promover alterações nas relações

de produção nos territórios do petróleo. Do contrário, mantidas as atuais relações entre o

sistema de objetos, os sistemas de ações e as populações dos municípios produtores,

presenciar-se-ão o crescimento da pobreza e da exclusão nos municípios que produzem

riquezas e cultivam desesperanças.

Territórios Políticos

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O território é recorte e conteúdo configurado a partir de interesses políticos.

(CASTRO, I. 2005). A presença do petróleo em solo sergipano promove disputas, conflitos e

negociações, impulsionadas por vontades diversas, que vêm transformando e criando

territórios em diversas escalas. Os Territórios do Petróleo em Sergipe podem ser entendidos

como ‘meio’ e ‘fim’ das relações políticas que se organizam a partir das e para as atividades

petrolíferas.

As relações políticas agrupam normas impostas aos territórios petrolíferos definindo

o poder de ação dos atores hegemônicos e controlando a ação dos demais porque ‚*...+ o

espaço geográfico é intrinsecamente político, ou seja, ele é arena de conflitos e,

conseqüentemente, de normas para a regulação que permite o controle‛ (CASTRO, I., 2005,

p. 139).

Os territórios políticos não possuem configuração espacial definida. Ele é fluídico e

perpassa os demais:

a) Nos territórios petrolíferos quando determinam a aplicação espacial dos

investimentos em pesquisas e para descobertas de jazidas;

b) Nos territórios fronteiriços quando interferem nos limites territoriais dos

municípios, por meio de disputas políticas e judiciais para a permanência ou

alteração de fronteiras;

c) Nos territórios normativos alterando, criando ou revogando normas que serão

implantadas nos demais territórios;

d) Nos territórios empresariais promovendo articulações tanto na escala macro

quanto na micro de decisões que interferem positiva ou negativamente na atuação

das empresas sobre os territórios petrolíferos e fronteiriços.

Há alguns exemplos práticos que demonstram a força de atuação da política, em suas

várias conotações, sobre os territórios do petróleo. Tem se tornado comum na RPS, grupos

políticos movimentarem-se pelos territórios fronteiriços com pretensões eleitorais. Os grupos

políticos externos aos municípios instalam-se e se fixam, geralmente, utilizando-se das

fragilidades e necessidades da população. Como as carências sociais dos municípios

petrolíferos são significativas e carecem de resolução urgente, a entrada e permanência dos

que chegam com promessas de emprego, saúde ou assistência social não é dificultada. O

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grande atrativo para a instalação dessas ‚novas‛ lideranças políticas parecem ser as rendas

petrolíferas, uma vez que, não se verifica a disputa pela gerência de prefeituras com

potencial econômico baixo. Nas últimas eleições municipais estes grupos políticos

concorreram ao pleito e alguns saíram vencedores (Figura 14).

N

S

W E

Grupos políticos

A

B

C

D400 Km

Figura 14: RPS- Movimento de grupos políticos, 2008

Estas disputas retratam o grau de aleijamento da estrutura social dos municípios

petrolíferos. Estivessem os atores locais munidos dos requisitos para a condução dos seus

próprios destinos a situação seria inversa. Estas disputas poderiam representar,

parafraseando Castro, I. (2005), uma expressão concreta da territorialidade dos conflitos que

existem em todas as sociedades complexas e desiguais. Elas seriam resultado da disputa

política por interesses vinculados aos territórios em que os atores sociais habitam, trabalham,

produzem riqueza e lutam para se apropriarem de parte dela. Contudo, a realidade posta aos

municípios petrolíferos de Sergipe é a de um povo carente de participação tanto na

construção da estrutura econômica de seus municípios quanto da decisão de seus próprios

destinos. Aos estranhos é dado o poder de controle e dominação sobre os homens e sobre as

coisas. Raffestin (1993) refere-se a três trunfos ao se referir ao domínio sobre os homens e

sobre as coisas: a população, o território e os recursos. A população é colocada em primeiro

lugar porque ‚*...+ nela residem as capacidades virtuais de transformação; ela constitui

elemento dinâmico de onde procede a ação‛ (RAFFESTIN, 1993, p. 58). Raffestin (1993)

prossegue afirmando que o território é importante porque é nele onde o poder é exercido e

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onde as relações ocorrem mas que sem a população é apenas potencialidade. Os recursos,

segundo ele, determinam o alcance da ação. São eles que direcionam os caminhos a seguir as

conexões a realizar.

Tudo isso para dizer que os Territórios do Petróleo em Sergipe estão imbricados de

pessoas e que devem ser tomadas como trunfos porque o ‚*...+ território é o espaço político

por excelência, o campo da ação dos trunfos‛. (RAFFESTIN, 1993, p.60)

Isso porque,

Quando Bulding fala da urgente necessidade de uma ‚economia

heróica‛, baseada numa ‚ética heróica‛, poder-se-ia acrescentar que

se torna igualmente urgente encontrar homens de boa fé para uma

‚geografia heróica‛ baseada numa ‚ética heróica‛. Isto significa que

se deve estar preocupado, com o espaço social, o espaço de todos, e

não com espaço de empresas, o espaço de alguns, erroneamente

chamando de ‚espaço econômico‛ (SANTOS, 2003, p. 34).

As mudanças estruturais que as populações dos municípios produtores de petróleo

em Sergipe reclamam dependem de mudanças no quadro político, aqui entendido de forma

ampla já que é a partir do político que os encontros e desencontros entre os territórios

acontecem.

Considerações finais

As verticalidades e horizontalidades presentes nos territórios dão a eles um caráter

particular em razão da associação e formas diferenciadas apresentadas por estes processos.

Estes arranjos e relações permitem desnudar a relação de elementos diversos que agem

individualmente ou em grupo, numa trama de relações por onde passam informação e poder

ignorados pela maior parte dos atores envolvidos no processo de formação dos territórios.

A exploração do petróleo é uma atividade que imprime às áreas de exploração

relações bastante diferenciadas do ponto de vista não só da logística, mas, sobretudo, dos

comandos que são direcionados aos setores da cadeia de produção. Na Região Petrolífera

Sergipana tais relações resultaram na formação de territórios que são originados a partir das

horizontalidades e verticalidades representadas pelas normas, pelos objetos técnicos, pelo

recurso e pela política. Os cinco Territórios do Petróleo identificados na RPS atestam o grau

de pressão existente na área. Os territórios se superpõem obedecendo a uma lógica movida

por relações de poder que obedecem a normas geralmente vindas de fora e de cima.

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